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º22/23/24/25 - SETEMBRO A DEZEMBRO E D I Ç Õ E S
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H Ó R U S
HÓRUS CULTULITERARTE I S S N :
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Entrevista a Susana Galveia
POESIA RESENHAS CONTOS NOVIDADES LANÇAMENTOS DIVULGAÇÃO
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QUALIDADE & HONRA O livro é para sempre!
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Entrevista a Susana Galveia Quando é que a Susana percebeu que o seu destino era ser escritora? Susana: Foi tudo ao acaso. Comecei a escrever, ainda estudava, mas não levei muito a sério essa ideia, depois comecei a escrever para mim, escrevia sobre tudo, para os meus amigos, até que decidi editar o meu primeiro romance, Um Significado, pela Chiado Editora, que na altura aceitou ler o meu projeto que era um trabalho final da faculdade. A partir daí, tudo começou a fazer sentido. Escrever. De onde vêm os personagens? Relacionam-se de alguma forma com alguém que conhece? Susana: Muitos dos personagens são retratos de pessoas que foram aparecendo ao longo da minha vida e outros são fruto do meu imaginário. Gosto de escrever sobre as minhas experiências. E as personagens e situações são o retrato disso mesmo. Qual é o seu livro e autor favorito? Guiou-se por eles na escrita do seu livro? Susana: Tenho vários autores que me inspiram. A primeira inspiração foi através dos livros da saudosa Rosa Lobato Faria, depois outro autor se destacou, tal como as suas obras, o autor José Luís Peixoto e o um dos meus livros favoritos: “Galveias”. Atual na sua escrita e com uma sensibilidade fantástica, inspiro-me muito no que escreve, como escreve e como descreve as situações e locais. Qual é a sensação de ir a uma loja e encontrar um livro seu à venda? Susana: É muito bom, vermos o nosso trabalho exposto. Significa que vale a pena continuar a escrever. E se não houvesse qualidade não seria publicado, é certo. Já alguma vez se cruzou com alguém a ver o seu livro? Susana: Já sim e a sensação é igual de quando o vejo exposto num espaço comercial, esboço um sorriso daqueles. Uma vaidade sem malícia. (riso) Atualmente, cada vez é mais difícil publicar um livro, principalmente devido a motivos financeiros. Qual foi a sua maior dificuldade na publicação? Susana: Uma das dificuldades que tive em publicar um livro foi encontrar uma editora que o publicasse, e claro, financeiramente, pois é um investimento que se não tiver retorno financeiro, é um risco. E desanimamos, óbvio. Sabia na altura que o Não estava garantido, por isso, não me iludi, mas é uma moeda de duas faces, por acaso, não levei muitos nãos, mas depois de o ter editado e das coisas até terem tido um feedback positivo, tinha de continuar e o apoio da editora foi essencial, não é só investir numa obra, num nome, há muito caminho a percorrer. E isso, é mais que um investimento. Enquanto está a escrever, partilha a história com alguém para pedir conselhos? Susana: Falando de poesia é muito raro, porque é muito meu, é uma história minha. E gosto de surpreender, no caso de ser um romance opto por pedir conselhos, agora por exemplo, estou a trabalhar no meu próximo livro e já procurei conselhos, ideias, para estar tudo como desejo. Quanto tempo demorou a escrever o livro? Susana: Demorei um ano, entre pesquisas, e teste de capa, cores, etc… Dedica quanto tempo à escrita por dia? Susana: Costumo dizer: adormeço a escrever e acordo a escrever, preparar publicações, novos textos, livros, blog …. Invisto muito tempo, na escrita. 2
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Como lhe surgem as ideias para escrever? Susana: A melhor inspiração vem do meu dia a dia e dos locais por onde passo. Uma boa música também é uma ótima inspiração. Gosta de trabalhar em silêncio absoluto ou prefere ouvir música enquanto trabalha? Susana: Não consigo criar num silêncio absoluto, tenho de estar a ouvir música. Das obras que escreveu, tem alguma que seja a sua favorita? Susana: Um Significado, porque foi a minha primeira obra e o início de muitas outras, depois, as fábulas que escrevi que também diz me muito. Se estivesse agora a começar a sua carreira como escritora, mudaria alguma coisa? Susana: Faria pequenas alterações, mas quanto à melhor forma e altura para entrar no mercado literário, por exemplo, para tudo um timing. Mas nada de significante, quanto à forma de escrita, não mudaria nada. É a minha essência que está exposta e que não mudo. Compare a situação de Portugal na literatura relativamente aos outros países. Neste caso publicou em Portugal, acha que teria mais ou menos sucesso se publicasse as mesmas obras mas noutros país? Susana: (pausa) Portugal a nível cultural precisa de mudanças, apoios. Quem inicia qualquer projeto, não tem muitas alternativas, é um mercado fechado aos novos, ou se tem sorte e talento, claro, ou então verá a sua aspiração a escritor, negada. E duvido que nos outros mercados literários, seja muito diferente, quanto mais, quando somos estrangeiros. Mas reparei num tratamento diferente, tanto no mercado português, como no brasileiro, quando já tinha no meu portfólio publicações em mais de duas antologias, incluindo colaboração numa antologia luso-brasileira, um romance, etc., aí vi os caminhos desbloqueados, que noutra ocasião, não tive. Se não tivesse nada publicado, seria mais complicado. Por isso, não há muita diferença, há que lutar e acreditar no que se cria e no seu próprio talento. E acima de tudo, tentar. Qual dos seus livros teve maior sucesso? Susana: O meu primeiro romance Um Significado. Foi o primeiro, foi a minha primeira aventura na literatura, tudo a partir de um guião e criado ao som da música “Tango Santa Maria”. Biografia: Susana Galveia autora e jornalista freelancer. Nasceu e cresceu em Sintra em 1978. Escreve poemas, já publicados em coletâneas. O seu primeiro romance, Um Significado, foi publicado pela Chiado Editora. É criadora do Jornal Terrugem Online e da Folha de Papel um Blog mensal de coisas, e com frequência empreende projetos de publicação independente. Recentemente apostou num projeto de Teatro Musical, como letrista.
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Poema de Marisa Alves Poema ou pele? Sinto a poesia na pele como se dela fosse o lar e poeticamente no papel vou sorvendo cada célula, cada poro, e noto o sangue a fervilhar… Na pele sou a antítese do viver, a comparação do incomparável, sou aquilo que quero ser, metáfora do inigualável. Na pele sou o pleonasmo do meu amar, a personificação a cada amanhecer, sou assonância, eufemismo, sou o que pareço sem ser. Na pele escrevo palavras que não se veem, ouço sons inaudíveis, gero frases incompletas em verdades impossíveis. E numa sinestesia de sensações faço do papel vida… Nesta mescla de emoções, sou poema sentido e pele ferida…
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1° VENCEDOR DO CONCURSO : 3º ANIVERSÁRIO EDIÇÕES HÓRUS
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ISSN : 2183-9204 EDITORA EDIÇÕES HÓRUS EDITOR CHEFE
INÊS NABAIS COLUNISTAS SUSANA GALVEIA GRÉGOR MARCONDES MARISA ALVES PEDRO OBREIA GABRIELA ALMEIDA RICARDO SOUSA ANA SOPHYA LINARES MARIA TERESA MOREIRA CLÁUDIO LOES CLÁUDIA LUDGREN Richard Zajaczkowski ADRIANA QUEZADO JERACINA GONÇALVES AUGUSTO GRAÇA MANUELA SÁ PATRÍCIA ADRIANA
GRÁFICOS E DESIGN PIXABAY
CONTACTO 968 487 291
WEBSITE
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© 2018 por Edições Hórus. Todos os direitos reservados. A sua reprodução em um todo ou em parte é proibido. A revista Hórus Cultuliterarte é marca registada da Editora. Os textos publicados são da inteira responsabilidade dos autores e não dizem respeito à opinião do editor e seus conselheiros, isentos de toda e qualquer informação que tenha sido apresentada de forma equivocada por parte dos autores aqui publicados. .
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EDITORIAL
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esta Edição da Hórus Cultuliterarte celebramos 2 anos de revista e queremos destacar e divulgar os magníficos textos e poemas que nos foram enviados até ao fecho desta edição.
Foram muitas as candidaturas e tivemos que cancelar as inscrições mais cedo, pois já tínhamos as suficientes num espaço de dias. Assim constatamos o quanto estamos a ter sucesso com esta nossa Revista que está ao alcance de todos que nela queiram participar e divulgar os seus trabalhos basta que nos seja enviado um e-mail até dia 29 de cada mês para edicoes.horus@gmail.com. No decorrer da revista irão encontrar poemas, resenhas, textos, contos, uma entrevista, divulgação de obras, publicidade e Novidades!
"Saúde, Amor, Trabalho, Dinheiro, Prosperidade, Paz, Esperança para todos em 2019"
Quero dar as boas-vindas a todos os participantes desta edição de muitas, e aproveitar para convidar novos participantes para as próximas edições. Esperando que esta edição vos agrade! Feliz Natal e um Bom Ano Novo cheio de sucessos para todos! Até à próxima edição!
Inês Nabais Gerente/Editora das Edições Hórus e Autora desde os doze anos. Participa em Antologias. Publicou dois Livros pela Corpos Editora “Pedaços de Mim” e “Eu sou tu e tu sou Eu”, pela Poesia Fã Clube "Sonhos Coloridos" e em Edição de autor "O Sonho e a Sombra de Eduardo".
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Gabriela Almeida Não sei se poderei chamar de injustiça! Talvez não seja este o termo apropriado! Mas há sem dúvida; uma discrepância enorme entre escritores conhecidos. Quer sejam escritores propriamente ditos, ou figuras públicas cujo nome é conhecido do público, o que é um fator a jogar a seu favor. E os pequenos autores, que bem se podem intitular de anónimos. Qualquer um dos primeiros, ao editar um livro, seja de que natureza for, automaticamente está vendido, não pelo conteúdo, mas sobretudo pelo nome que se lhe soma. Nos meios pequenos, os casos não são diferentes! Se o autor em causa tiver um canudo, ou uma certa posição social. Também a salas de apresentações estarão cheias, o que lhe permite escoar os livros adquiridos. O que não acontece com autores, dum nível de formação baixa! Os quais as próprias populações não levam a sério, ignoram as competências e saberes. O que os leva a permanecerem no anonimato e por vezes a «mendigar» para darem a conhecer, aquilo que com tanto gosto escreveram e de que tanto se orgulham. As classes protegem-se! Nada contra! Mas para estes últimos, deveria haver outro modo de se darem a conhecer. Principalmente; mais acolhimento do público. E da comunicação social! Que por sua vez, só publicita quem já tem a fama na bainha. Lembrem-se! Os grandes; já por cá passaram. Gabriela Almeida
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Ana Sophya Linares
Uma viagem de táxi desvendadora.
PHOTO BY FIRSTY LASTY
Gaspar queria apanhar um táxi no aeroporto. Estava de regresso ao seu país para o funeral do seu pai. Ele não se dava bem com ele, mas, por obrigação familiar, retornava. Estava difícil encontrar um táxi. Até que um parou perto de si. Um padre estava por perto, também procurando por um táxi. Os dois correram até esse táxi. - Desculpe-me, eu cheguei primeiro. – Disse Gaspar. - Tanto faz meu filho. Porque simplesmente não partilhamos o táxi? – Disse o padre. Gaspar assentiu. Na verdade, não estava com vontade de partilhar o táxi. Mas, por uma razão de educação, resolveu partilhá-lo. - Obrigado. – Disse o padre, depois de se sentar. Gaspar entrou em seguida. - Me chamo padre Justino. E o senhor? - Gaspar. - Muito bem, senhor Gaspar. Posso questioná-lo o que trás a este país? - Estou de regresso para o funeral do meu pai. - Ah… As minhas condolências. O senhor chama a si os justos… - Obrigado. Mas ele não era justo. Na verdade, era um filho da mãe. Desculpe-me a expressão. - Está desculpado. Mas, diga-me, porque diz isso? - São questões pessoais. Preferia não falar nisso. - Para onde vai? - Para Barreiro. ....................................................................................................................................................................................................
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- Bem, parece-me que teremos muito tempo, afinal. Porque não me conta a sua história? Será segredo de confissão. - Eu não acredito em padres. Acho que tudo o que eles fazem é mentir. - Isso não é verdade, meu caro… - … E foram os padres que destruíram o meu pai. Ele ainda tinha esperança, lutava. Mas a minha mãe enfiou o padre lá em casa, para lhe fazerem a extrema unção, falarem sobre a vida após a morte, incentivarem-no a fazer um testamento de benefício à igreja. - Tenho pena que os meus colegas de profissão tenham tido tais atitudes. Mas isso não me faz igual a eles. Se há algo em que acredito é que nunca se deve retirar esperança a ninguém. A extrema unção só se dá quando a pessoa está mesmo a morrer e a pedido expresso desta, não de um familiar. - Tem razão. - Quer agora me contar a vida do seu pai? - Ele foi militar. Sempre sério e bruto. Queria que seguisse carreira militar, como ele. Mas eu nasci livre, não pretendia ingressar por esses caminhos. Fui obrigado a emigrar, para escapar. Passei fome, vivi na rua. Mas batalhei e consegui sair dessa situação. Hoje em dia sou um empresário. Tenho um grupo de lojas de produtos portugueses em Inglaterra. - Realmente vejo que a sua vida foi difícil. Não tornou a falar com o seu pai? - Não, só falava com a minha mãe. Mas ele foi sempre um batalhador. A minha mãe é que é demasiado religiosa. Daí a minha revolta contra a igreja. - Mas acredita em Deus, certo? - Se Deus existisse, não teria levado alguém tão batalhador. O meu pai era isso, um lutador. - Mas, todavia, deve acreditar n’Ele. Se não, porque haveria de ter esperança? - A esperança é algo inevitável no ser humano, nada tem a ver com Deus. - Muito bem. Conte-me mais histórias sobre si. - Falarei depois de me falar de si, o que levou a essa vida? - Desde pequeno que senti o chamamento de Deus. Agradava-me ir à igreja, ver as velas de devoção. Ver a alegria das pessoas crentes. Ajudava o padre da minha paróquia nas suas missas. Quando não estava na escola, era lá que me encontrava. Por fim, os meus pais acederam a enviar-me para um seminário. Lá cresci e aprendi esta arte, se assim se pode chamar. - Nunca senti grande vontade em ir à igreja. Era obrigado pela minha mãe a ir lá. O meu pai gostava de cuidar dos nossos terrenos no fim-de-semana. Eu ia ajudá-lo, para fugir à igreja. - Vejo que tem alguns pontos em comum com o seu pai. Mas, parece-me, no final, o seu pai aceitou a palavra de Deus. Porque você não aceita também? - O meu pai não aceitou nada. Estava com cancro no cérebro, inoperável. Foi levado pelas crenças inúteis da minha mãe que viveria pouco. Se ele tivesse mais esperança no futuro, viveria mais, estou certo disso. – Disse Gaspar. - No entanto, é Deus que nos faz ter esperança. É o Seu amor que nos faz crer na vida após a morte. É Ele que nos dá segurança sobre um futuro melhor. O seu pai provavelmente viveu o que tinha a viver. Mais não pode ser feito por ele, se não ainda estaria vivo. - Não. Eu falei com o seu médico. Ele próprio disse que, se o meu pai tivesse tanta esperança no futuro como antes, que teria vivido mais um ano, pelo menos. Mas ele perdeu-a toda. Acreditou que morreria mais cedo. Malditos padres e a sua extrema unção. Sem ofensa. 11
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- Não me ofende. Partilho, de certa maneira, a sua opinião. Como já disse, apenas se deve dar a extrema unção no final das forças de uma pessoa e apenas a pedido expresso desse. - O testamento foi feito a beneficio da igreja. Os terrenos foram para eles. Agora a minha mãe espera que eu cuide dela, que a leve comigo. - Certamente, que se encontra de bem na vida, como empresário. Não lhe será difícil dar apoio à sua mãe. - Difícil é olhar para ela e saber que parte da culpa da morte do meu pai se deve a ela. Não como gerir isto… - Não se preocupe, a vida será grata a si, pelo seu apoio. Quer creia em Deus ou não, Ele acredita em si e na sua bondade. Enquanto isso o táxi estaciona. - Bem, cheguei. – Diz Gaspar. - Bem-haja, que o meu caminho ainda é longo. Tenha uma boa vida. – Diz o padre. - Grato… Gaspar tira a mala do táxi e toca à campainha de um prédio. O táxi ainda está na rua quando um homem e uma mulher saem do prédio e abraçam intensivamente Gaspar. Pelos gestos, percebe que são os seus pais. - Mentiu-me… - Diz o padre, incrédulo. - É para ver, nem sempre se pode confiar numa pessoa que nos conta a sua vida. – Disse o taxista, rindo-se. - Pelo menos, espero ter feito chegar esperança ao seu coração…
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“50 Tons Da Menopausa “ de Maria Teresa Moreira à venda na Amazon APRESENTAÇÃO
Menopausa.
Ela me encontrou há alguns anos, e fez um rebuliço em minha vida! Eu achava que a conhecia, mas….ledo engano…! Conviver com ela não é nada parecido com aquelas leituras e pesquisas que eu havia feito com espírito de “boa vizinhança”...! Oh, não…! Ler a respeito é tão diferente de conviver com ela quanto estudar sobre a maçã é diferente de realmente dar uma boa mordida….! Creio que não preciso dizer mais…! Pois bem, do trabalho desse relacionamento com essa visitante nasceu a Maria Teresa Poetisa. Foi uma das maneiras que encontrei ( ou melhor dizendo: que também me encontrou! ) para lidar com tudo o que se passava em mim: -um corpo que antes eu conhecia tão bem mas que agora me era estranho…emoções e reações completamente incomuns até então...- e fora de mim: -cinco mudanças de cidade, filhos casando, netos chegando, marido aposentando. Não que essas realidades fossem ruins, é claro, mas obviamente exigem um bocado de adaptação, especialmente porque ocorrem todas ao mesmo tempo. Enfim, a Poesia foi uma grande amiga! Me ajudou a passar os dias, refletir sobre o que ia acontecendo, me permitia colocar para fora o que sentia, a tomar certa distância e respirar mais livremente. Conversando com tantas outras amigas que estavam também recebendo a mesma visita da Menopausa, ficou muito claro o quanto, apesar das diferentes situações de vida, na verdade os sentimentos e sensações eram praticamente os mesmos! Porém em geral, não se tem a chance ou a abertura para se conversar sobre isso…! Por isso, entre outras razões, resolvi compartilhar meus poemas. Quero estar junto a outras mulheres que estiverem passando por essa situação! Desejo que elas possam se identificar com o que leem nesses poemas, a ponto de não se sentirem só! Quero muito poder de alguma forma ajudá-las a passar pelos momentos mais exigentes e mesmo lhes refrescar o coração quando se sintam sós! A Menopausa é uma visita: ela eventualmente vai embora! Penso também nos familiares e amigos dessas mulheres, que por vezes não conseguem entender bem o que está se passando… Eles também poderão aproveitar essa leitura para mergulharem um pouco na realidade e no coração de quem está recebendo essa Visitante desafiadora e assim entender e conviver melhor com as mulheres de sua vida. Poesia é uma das melhores formas para se tratar desse assunto, eu acredito, porque a Poesia fala muito além das palavras, e assim pode revelar, desvelar, não tanto à mente quanto ao coração…..! Ela provoca um certo silêncio interior, tão raro e tão urgente em nosso tempo, e assim nos ajuda a ver melhor, a partir de uma perspectiva nova, diferente. Eis, aqui, um dos 50 dos tons da danada da Menopausa, para que conheça!! LUTA Já faz tanto tempo... Eu chego a perguntar Desconfiada: Sou a que sou Ou serei esta Que estou?? Gosto como sou E me recuso ser A que ando Me recuso, nego Não a mim Mas ao estar Sigo lutando Dando tudo de mim Vencendo cada dia Até que eu volte! 14
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Foto de melissaflor
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Venha mergulhar em um mundo de “Sonho” do autor Cláudio Loes
Cláudio Loes
claudio.loes@gmail.com ecophysis.com.br religar.net claudioloes.ecophysis.com.br
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“Sonho” nasceu primeiro na internet, formato eBook pela Amazon, mas o desejo de lançar um livro impresso saiu da gaveta e ganhou forma. Hoje, os apaixonados por poesia, assim como o escritor, podem mergulhar no universo da leitura preservando a magia única do livro. Folhear cada página levará os leitores a dezenas de poemas, que expressam diversos temas vivenciados pelo autor ao longo dos anos. Com escrita leve e envolvente, “Sonho” é uma coletânea de poemas que revelam a sensibilidade de Loes e principalmente suas experiências. O próprio título é uma prova de que o escritor apostou na realização de seus anseios. Publicar seu primeiro livro era um “sonho” de Loes, e a cada obra ele retrata as aspirações que estão pelo caminho. Segundo o autor, os poemas fortalecem os vínculos entre quem lê e quem escreve, possibilitando uma troca de emoções e significados. A obra literária de “Sonho” brinca com nuances reflexivas, que levam aos leitores possíveis mudanças de atitudes e pensamentos. São os sonhos que movem as pessoas e são por meio deles que cada um pode conquistar sua verdadeira essência. Nascido em Blumenau (SC), no ano de 1959, atualmente Cláudio Loes reside em Francisco Beltrão, no Sudoeste do Paraná. Além do vasto currículo, desenvolveu e coordena o projeto “Aqui Livros”, que tem o papel fundamental de incentivar a leitura pela socialização e circulação de livros. Para se ter uma ideia, o Aqui Livros transformou geladeiras “velhas e sem uso” em bibliotecas que inspiram crianças e adultos. E Loes não para por aí: também está à frente de projetos relacionados ao meio ambiente. Para escolas leva conhecimento por meio do Projeto de Compostagem, certificado pelo Ministério do Meio Ambiente do Brasil. Também mobiliza pessoas de todas as idades no monitoramento e limpeza de rios, bem como mapeamento das paisagens naturais da região Sudoeste do Paraná. Um trabalho feito com amor e por amor à natureza, que garante qualidade de vida e preservação ambiental.
Conheça mais sobre o autor nas redes sociais: amazon.com/author/claudioloes; Instagram @loesclaudio; facebook.com/claudio.loes/ e www.claudioloes.ecophysis.com.br e seus demais projetos em www.religar.net
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Durante este período de férias (24.12 a 02.01) apenas estaremos a receber trabalhos para livros a solo e para as nossas antologias. Aos autores que irão em breve publicar com as Edições Hórus, entraremos em contato tão breve quanto nos seja possível.
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Para mais informações: edicoes.horus@gmail.com
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Minha amiga flor de Claudia Lundgren Fala pra ele, flor Quando passar por aqui Que lhe tenho muito amor Fala pra ele, flor Os segredos que lhe falei Conte no ouvido dele Que tenho muitas saudades Flor, conte pra ele Exala o teu perfume O aroma doce do amor Pra quando ele passar Lembrar-se de mim, oh flor! Que ao olhar tuas pétalas Se lembre da minha tez O rosa claro, a suavidade Delicadeza, fragilidade Fala pra ele, flor Num poema o eternizei A mais linda poesia Que outro alguém jamais fez.
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Participe na nossa revista! Envie os seus textos/artigos para: edicoes.horus@gmail.com
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Ode ao idoso Richard Zajaczkowski
Foto de Leroy_Skalstad
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Tu não te lembras dos primeiros anos quando nasceste, mas uma década e um lustro depois, já consideravas teu genitor um “coroa” ultrapassado e “démodé”, eufemismo pejorativo para qualificar aquelas pessoas que estão a poucos decênios entrando para os preocupantes estudos da gerontologia. Também assim se comportava teu pai em relação ao avô, que não o considerava um idoso saudável, mas alguém que principiava a dar sérios problemas familiares, mantinha a mente ocupada no sentido de colocar teu avô em uma Casa para Idosos, lugar adequado para velhos. Mais um arquétipo de conduta ofensiva que colecionas, ao longo de tua vida de sentido depreciativo. Não percebeste no decorrer de tua juventude e maturidade, os soberbos sacrifícios que o coroa e o velho fizeram por ti para te dar polidez de conduta social, educação e conhecimento na arte dos saberes. Cuidaste apenas do mundo circunferencial à tua volta, preocupando-te, prima facie, em abrandar tua alma materialista, recheada de prazeres, diversões, bebedeiras e quando muito, o mundo degenerado da lascívia, cujo comportamento, rebaixa-te a níveis animalescos. Nunca percebeste que essa vida de necessidades materiais, perdulárias e sem objetivo definido, tu a deves aos incomparáveis esforços do teu pai e do teu avô? Que ao longo da vida, ao invés de receberem respeito e carinho, são insultados e ridicularizados, em ordem ascendente de gerações humanas ingratas? Tu te comportas como se fosses um imortal, imune ao convívio dos anosos, que inconscientemente, após hauridas todas as glórias da materialidade, almejas ser alçado para um mundo melhor ainda com a plenitude juvenil do corpo. Com essas reflexões, tu nem de longe imaginas o estado decrépito de tua alma, que não somente se alimenta das atitudes nobres da conduta humana, como também, é fornecida pelo comportamento ávido dos prazeres materiais, e que se consomem no amargo tratamento para com as pessoas, estejam elas na flor da idade ou na fase vetusta. Richard Zajaczkowski
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Defunto roubado de Adriana Quezado
Uma senhora tinha um gatinho de estimação. Ela cuidava dele como a um filho. Filho do amor, pelo amor e para o amor. Assim era a vida de ambos: amando-se carinhosamente. Mas chegou o dia do gatinho partir: ele morreu. Um amigo se ofereceu para ir buscá-lo e enterrá-lo em seu quintal. Mas a dona do gatinho não aceitou. Disse-lhe que ela mesma o levaria. Embalsamou o filhote entre lágrimas e tristezas e colocou-o numa sacolinha. Levou-o. Na rua, um fora-da-lei apontou uma arma pra ela, dizendo-lhe para passar a sacola, achando que tinha coisa valiosa. E tinha mesmo: muito valiosa. Ela tentou explicar. Ele não quis conversa. Só queria a sacola com tudo dentro. Ela entregou com muito pesar. Ambos seguiram seus rumos. A senhora voltou para casa chorando com muita dor no coração. E o fora-da-lei feliz com o seu lucro. Assim pensava. Assim que abriu a sacola deu um grito estarrecedor. Tinha um corpo inerte de um gato. E ele ouviu em pensamento: miauuuuu!! Agora, quando vai assaltar alguém, pede antes para que abra a sacola: miauuuuuu!!
Biografia:
O hábito e o prazer de ler fizeram-me sentir que precisava desabrochar algo que estava em mim. Descobri o início do talento e o esforço da dedicação. Assim, comecei a escrever. Redijo textos no site Recanto das Letras e publiquei um livro de minha autoria e, outros, em parceria com diversos escritores. Depois da escrita, surgiu o gosto por outras artes: designer, artesanato e fotografia, fazendo-me uma artista com vários talentos, mostrando que a literatura e a arte são o meu lugar. Em 2015, lancei o meu primeiro Ebook,disponível no Recanto das Letras, endereço abaixo. Desde julho de 2016,participo das Antologias LOGOS da FENIX e A Revista EisFluências. Relancei o livro Coração Literário que se encontra a venda na Edésio do Center Umem Fortaleza-CE. Aniversário 23/10. adriqazulaygmail.blogspot.com.br http://www.recantodasletras.com.br/autores/adrianaquezado http://www.recantodasletras.com.br/e-livros/5580800 Meu aniversário é dia 23/10 Minha I Comunhão foi 24/10 e a minha Crisma foi 29/10
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27 Cópia de prova: Não otimizada para impressão de alta qualidade ou distribuição digital
Ilustração de avalonbears
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Resenha de Jeracina Gonçalves
Uma folha de papel em branco a descansar inerte sobre a secretária do meu escritório convidame a verter sobre o seu corpo imaculado todo o sentir menos positivo, que ao longo do dia fui acumulando - e me atormenta ainda - salpicando-o com as minhas dores, as minhas angústias, as minhas inquietações e toda a espécie de emoções negativas deixadas sobre os meus ombros pelos que comigo contracenaram neste dia. Vocacionada para aliviar o sofrimento alheio, sou mulher, sensível e humana, e tenho as minhas próprias dores, e problemas exclusivamente meus, que muitas vezes não sei também como gerir. E a esses juntam-se os que me são passados pelos meus pacientes e seus familiares, que procuram em mim a ajuda para solucionar muitas das suas dificuldade e inquietações, especialmente quando relacionados com a saúde, mercê da minha profissão. A folha de papel em branco é a catarse, é a terapia de que necessito ao fim de cada dia de trabalho. E costuma resultar. Para ela purgo e faço pingar em gotas sofridas a angústia que me ficou em mãos, depois de um dia de trabalho a lidar com toda a espécie de males e de dores suportadas pelas crianças que padecem no hospital público onde trabalho, e são meus pacientes, e com a ansiedade dos pais e de outros familiares, muitas vezes bem mais complicada de gerir. É difícil e muito mau ver adultos a debaterem-se com o sofrimento sem ter meios para lho aliviar rapidamente; mas mais difícil é vermos as crianças a sofrerem e não podermos minorar a sua dor de imediato. A folha de papel em branco desempenha em cada dia a função do psiquiatra ou do psicólogo. Garatujando para o papel essas emoções menos positivas, que às vezes me devastam, preservo a minha saúde mental e física e a capacidade para poder lidar tranquila e serenamente com a minha família, em cada dia, e com o trabalho no dia seguinte. Para que o trabalho do médico seja positivo, por mais complicada que a doença seja, por mais desconforto que sinta perante ela, tem de passar ao doente e aos seus familiares uma imagem de serenidade e de calma. Tem de se mostrar disponível, afável, sereno e confiante, e conseguir passar ao seu doente essa imagem de confiança, tão necessária à sua cura. É pois indispensável que passe aos meus doentes e seus familiares serenidade, calma, energia positiva. Mas o dia de hoje foi especialmente pesado e estou com enorme dificuldade em libertar-me dele e fazer a tal catarse tão necessária à minha paz interior. Começou a desviar-se do modelo habitual logo pela manhã, bem cedinho, ainda antes das sete horas, quando o telefone tocou e, para meu grande desconforto e desencanto, a empregada comunicou-me que não poderia vir trabalhar, pois estava com 39 graus de febre, fortes dores de cabeça e dores pelo corpo todo. 28
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Ora, aquela empregada é o motor que movimenta esta casa. Chega todos os dias às sete e meia, prepara os pequenos-almoços, ajuda a arranjar as crianças, dá-lhes de comer e leva-as ao Infantário e à Escola. Faltando, tudo emperra, tudo desaba sobre os meus ombros. E, então, hoje, que não tinha, sequer, a ajuda do Jorge, desde há dois dias em viagem de trabalho, no estrangeiro, por conta da empresa onde trabalha. Tive de assumir, sozinha, todo o trabalho de cuidar das crianças, levá-las à Escola antes de ir para o Hospital e chegar ao Hospital a horas, disponível e bem-disposta para resolver os problemas que fossem surgindo no desempenho da minha actividade profissional. E, logo que me libertei do telefonema da empregada, depois de medicá-la, claro, corri para dentro da banheira, tomei um duche bem vigoroso para me ajudar a acordar e estimular fisicamente, fui acordar as crianças, dei-lhes banho, vesti-as, dei-lhes o pequeno-almoço, arranjei-me, meti-as e meti-me no carro, e saímos os quatro a caminho da Escola do Diogo e da Sofia, que frequentam uma escola particular onde estão até às seis da tarde. Aí comem, brincam, fazem os deveres e têm actividades: natação, inglês, pintura, e outras actividades extracurriculares importantes para a sua formação, sem necessitar de andar a transportá-los de um lado para o outro. E eles gostam muito da escola, o que me deixa bem tranquila e sem necessitar de conduzi-los de umas actividades para as outras. E sei que são bem cuidados. Deixei-os e segui com a Mariana para o Infantário, onde também fica até às seis horas. Por esse lado tudo correu bem; e, ficando livre de preocupações com os filhos até às seis da tarde, segui para o Hospital, onde consegui chegar sem qualquer atraso. Mas aí começaram as coisas a complicar-se: Apesar de a sala de consultas estar a abarrotar, sentindo-me já incapaz de raciocinar eficazmente e a precisar urgentemente de um café que me espevitasse os neurónios e activasse a concentração, antes de dar início às consultas fui ao Bar tomar um café e fiquei a saber do acidente da Joana, a minha irmã mais nova, e da sua entrada na Urgência. Inquieta, como é de calcular, corri para lá. Felizmente não sofrera nada de muito grave. Apenas uma fractura no braço direito e algumas escoriações espalhadas pelo rosto e pelas costas. Nada que merecesse qualquer cuidado especial, mas, ainda assim. a precisar de uma cirurgia ao braço direito. Estive com ela apenas um ou dois minutos. Claro que gostaria de ter ficado mais tempo, mas tinha deixado a Consulta a abarrotar - como já disse - e regressei para dar início às consultas. E também aí nada me foi facilitado, e houve casos bastante complicados, que mexeram profundamente com a minha sensibilidade de mulher e de mãe. Desde broncopneumonias, a apendicites agudas e outros casos delicados, tudo apareceu hoje. Nada foi corriqueiro ou banal. E aquela miúda, que encaminhei para o Serviço de Urgência – e ainda bem que o fiz - para que fosse por aí internada, deu-me que pensar… Verificou-se exactamente aquilo de que suspeitei, mas o quadro não era nada característico. Se tivesse protelado, poderia estar agora com enorme problema de consciência. Felizmente havia cirurgião e anestesista a postos, o que nem sempre acontece, e foi imediatamente para a sala de operações e operada. Esse caso resolveu-se bem, felizmente. Já o caso do João… O caso do João está a desgastar-me excessivamente. É um daqueles casos que, às vezes, nos fazem pensar se escolhemos bem a profissão e se somos suficientemente fortes para lidar com o sofrimento alheio. Os resultados dos exames chegaram hoje e vieram confirmar as minhas piores suspeitas. Amanhã terei de chamar os pais. Mas como dar-lhes tal notícia, conhecendo-os, como os conheço, e sabendo tão bem a história do nascimento do João? Como farei? Não sei como fazer. Aquele casal fez tudo para ter aquele filho. Submeteram-se, os dois, a todo o tipo de exames, a todo o tipo de tratamentos, e gastaram muito tempo e muito dinheiro. Éramos vizinhos na época e acompanhei por dentro, passo a passo, todo o processo desde o início. Tive conhecimento de toda a luta travada e do seu enorme empenho em terem um filho seu, do seu sangue e do seu amor. 29 Por fim a Susana engravidou e nunca vi alguém tão feliz por estar grávida. E, então, quando o João nasceu… foi um delírio. E o menino crescia bonito e saudável. 30 Acompanhei-o desde o início, desde a primeira consulta e, depois, sempre que foi Cópia de prova: Não otimizada para impressão de alta qualidade ou distribuição digital preciso, em bebé…
Por fim a Susana engravidou e nunca vi alguém tão feliz por estar grávida. E, então, quando o João nasceu… foi um delírio. E o menino crescia bonito e saudável. Acompanhei-o desde o início, desde a primeira consulta e, depois, sempre que foi preciso, em bebé… E sempre, até agora, já rapazinho. Sempre saudável. Sem nunca ter tido nada de mais grave. Agora, com dez aninhos (é pouco mais velho que os gémeos. Estava grávida quando ele nasceu), lindo, inteligente, cheio de vida… Há duas semanas aquelas queixas, que não me agradaram e me deixaram de “orelha em pé”. Suspeitei logo de algo bastante grave e internei-o. Mandei-lhe fazer alguns exames e as minhas piores suspeitas confirmam-se. Vi os exames quando, depois das consultas, passei pela enfermaria e a enfermeira, que sabe o quanto aquele caso está a preocupar-me, disse-me que os exames tinham chegado. E confirmam exactamente as minhas piores suspeitas. Quero mostrá-los ao Miguel, amanhã. Quero ouvir a sua opinião antes de chamar os pais. Como neurocirurgião pediátrico poderá avaliar melhor qual a possibilidade de operar e as probabilidades de êxito. Mas como se diz a uma mãe e a um pai - que tantos anos batalharam para terem um filho que o seu filho, o seu único filho, de dez anos, tem um tumor no cérebro? Vou ter de chamá-los amanhã. Mas como comunicar-lhes isto? Ah… como agora estou de acordo com a teoria do André, que defende que o médico precisa de ter a seu lado um apoio psicológico e que o psicólogo deve estar nas equipas hospitalares para apoiar o médico, para o ajudar a comunicar com o doente e com os seus familiares e não, propriamente, para apoiar o doente. “É o médico quem deve lidar com o doente e com os familiares deste, durante a doença, e precisa de ter conhecimentos sobre as técnicas psicológicas para saber apoiar tanto o doente como os seus familiares; mas precisa de ter o psicólogo a seu lado para se apoiar nele. “O psicólogo deve estar nas equipas hospitalares para dar apoio ao médico” – costuma dizer. Sempre achei a sua pretensão disparatada. E, na minha opinião, o psicólogo estar nas equipas hospitalares, sim, mas para apoiar os doentes e os familiares destes. Agora estou inclinada a concordar 100% com ele. Apoiando o médico, o psicólogo apoia, indirectamente, também o doente e os familiares deste. O caso do João está a deixar-me destroçada e estou com muita dificuldade em lidar com ele. Há em mim um tumultuar de emoções que me aprisionam e não me deixam raciocinar. Sinto uma enorme dificuldade em libertar-me, em fazer a tal catarse essencial à minha saúde psíquica, e o método habitual não está hoje a resultar. Nem o meu cérebro, nem o meu coração querem hoje colaborar. Sinto que irei precisar de ajuda especializada para lidar com este caso. Mariana levanta-se, corre para os quartos dos filhos já adormecidos, dá-lhes um beijo, aconchega-lhes a roupa, apaga-lhes a luz e segue para o seu quarto para tentar conciliar o sono, o que não será fácil, pelo tumultuar de sentimentos que tem dentro de si. Mas tem de tentar. Amanhã terá um dia muito difícil pela frente A folha de papel branco continua imaculada sobre a secretária do seu escritório. Jeracina Gonçalves
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Os livros São Brinquedos de Natal de Augusto Graça Há um grande mistério no Natal. O Natal é muito parecido com a marmelada feita pela nossa avó. Não percebemos bem porquê mas sabe sempre melhor que outra qualquer marmelada do Mundo. A minha avó teria muita dificuldade em mexer no telemóvel por causa dos seus dedos grossos. È claro que há outras festas durante o ano, mas nenhuma é como o Natal. Por exemplo aqueles que pomposamente declaram alto e bom som que não acreditam no Pai Natal e muito menos no Natal, estão um bocadinho imbuídos do espírito do Carnaval que é só daí a uns quarenta dias. Quando à noite tiram a máscara sisuda sorriem ao lembrarem-se do Pai Natal. Feitios. Durante o ano, somos acometidos de muitas saudades do Natal e tornamo-nos logo bonzinhos a ver se o Natal reaparece como que por encanto. Hoje sou um homem quase perfeito, com muitos defeitos que não se vêem porque tento esconder. Gostava de voltar para aqueles dias de Natal. Para falar do Natal, regressando aos meus tempos de criança, quando ia em direcção à Escola do Bom Sucesso, ficava fascinado com as faíscas que saíam dos tróleis dos eléctricos. Os eléctricos naquele tempo eram sinónimo de desenvolvimento nas cidades mais desenvolvidas e os carros podiam contar-se pelos dedos das mãos. Ainda não tinham aparecido os parquímetros, os passeios chegavam e sobravam para os poucos carros que queriam estacionar. Outro sinal de desenvolvimento estava patente na concentração dos telemóveis todos dentro de uma caixinha preta munida de um disco que existia à razão de uma por rua, instalada sempre dentro de uma mercearia. Todas as ruas tinham uma mercearia porque não havia supermercados (coitados) e quem quisesse telefonar para os parentes lá na terra, ia à mercearia. Eles atendiam do outro lado, noutra mercearia e todas os clientes das mercearias ficavam a ouvir o telefonema, um bocadinho parecido com o que hoje se passa no Facebook. Por falar em Facebook e em telemóveis, naquele tempo aconteciam nos lavadouros públicos. Parte do rio era conduzido para dentro de um tanque em pedra as mulheres traziam de casa a roupa suja para lavar e contavam umas às outras as diversas nódoas que as peças de roupa traziam e conferenciavam entre si a melhor maneira de as tirar. No Natal nunca soube bem qual a razão, os meus pais pareciam ter mais dinheiro e estavam sempre a perguntar-me se eu já tinha escrito ao Pai Natal a dizer o que queria como prenda de Natal. Agora que me lembro, no próximo Natal vou tentar mandar uma SMS para o Pai Natal, vou ver se descubro o número do telemóvel dele e agradeço se algum leitor o souber que mo diga. Eu em pequenino, aí pela segunda classe, logo depois de fazer anos que era logo na primeira semana de Dezembro aproveitava os perdões momentâneos da minha mãe e na mesa de mármore branca da cozinha, tentava escrever uma carta a pedir prendas ao Pai Natal. Uma carta era uma caixinha de papel, parecida com um telemóvel mas toda branca, em cima do lado esquerdo eu punha o meu nome e do lado direito com letra grande escrevia: “Senhor Pai Natal” Posto dos Correios no Céu. Depois lá dentro numa folhinha muito leve e transparente preparada para ser transportada de avião para o céu. A folhinha levava as minhas palavras todas arrumadas sem erros nenhuns, muito bem aprumadas dentro de vírgulas e pontos finais, que a minha mãe nisso era muito rigorosa e achava que o Pai Natal detestava que déssemos erros. Cada erro era um chocolate a menos. Falei desta invenção extraordinária (as cartas) e não foi por acaso. Ainda guardo a primeira carta que recebi da minha namorada. Acho que ela ainda guarda as minhas numa gaveta secreta e quando está triste as relê e fica com as faces avermelhadas quando lê «eu gosto muito de ti». Coisa bem diferente e mais evoluída que as mensagens que se mandam hoje por telemóvel. Não percebo em que lugar do paraíso as mensagens de amor agora são guardadas e não troco as cartas das minhas namoradas por nada deste mundo. 32
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Depois de meter a carta na caixa dos Correios, eu começava até ao Natal a sonhar com as prendas que o Pai Natal me ia trazer. Espreitava por cima dos tachos e das panelas e custava-me a imaginar o Pai Natal a descer por aquele buraco, ainda para mais carregado com os meus jogos da Majora, uma pistola de revólver igual à do Cisco Kid, dois puzzles e os aviões de montar do tempo da Grande Guerra. À excepção do Monopólio todos estes brinquedos por magia só chegavam ao Carnaval e por isso hoje não tenho nenhum nem para recordação. Cansava-me logo dos tirinhos e o avião depois de montado ia para a estante. No meio dos brinquedos que o Pai Natal deixava em cima do fogão guardo com muita saudade a primeira bicicleta que tive e a primeira cana de pesca para ir pescar com o meu pai. Havia, vá lá a gente entender os pais e os avós sempre com vontade de nos contrariarem, ao lado meia dúzia de livros que o Pai Natal tinha deixado, que por milagre depois de rasgado o embrulho vinham lá com uma dedicatória carinhosa do meu pai e da minha mãe. A princípio custou-me a perceber como o Pai Natal conseguia ter aquela trabalheira toda com tantas crianças que havia no mundo e acertava sempre no meu nome e nunca deixou em cima do fogão um livro que não fosse para mim. Acertava sempre! Velhinho, trôpego mas com muita memória. Muitos, se não a maior parte vinham embrulhados em papel com a palavra carinho várias vezes repetida e com um lacinho discreto no canto. Rasgava o papel e lá aparecia uma capa a cores das Aventuras dos Cinco de Enid Blyton com o mesmo poder e a mesma magia que há pouco tempo revivi com Harry Potter e claro as aventuras desembaraçadas de Asterix e Obelix. O Pai Natal aí sim merece esta reclamação; por engano mandava-me sempre embrulhos, mas com livros em francês. È certo que hoje talvez por isso entenda francês e no liceu fiz essa cadeira com uma perna às costas. Manias do Pai Natal. Quando entro em livrarias, sinto uma emoção muito especial com tantos livros cheios de palavras e ideias inteligentes a pedirem-me para as levar para casa. Não sei se já namoraram, se já se emocionaram com olhares que talvez não tenham acontecido, se os outros sentidos além daqueles cinco que os médicos dizem que temos vos transportaram para o mundo em que todos os dias são Natal. Por mim, ainda guardo alguns dos livros que recebi na infância. Recordo os olhares misteriosos dos meus pais e dos meus avós embevecidos quando eu rasgava o papel e ficava a olhar para Os Cinco, O Asterix, o Sandokan, A Madame Curie, a curiosidade do Edison, depois há menos tempo a aventura extraordinária do Papillon. Lia sem os meus pais saberem o Eça de Queiroz e o Aquilino Ribeiro a altas horas da noite numa tenda improvisada por baixo da minha cama. Um livro é um furacão de vida, um monte de onde só se avistam paisagens bonitas, de futuros que se modificam para o bem à medida que se lêem e uma mensagem física e real do melhor que há em todos os Homens que acreditam no Natal, onde também estão os que dizem que não acreditam. Ao darmos um livro a um filho, neto ou a outro a quem se queira bem estamos a contribuir para momentos mágicos de prazer, repetíveis quando quisermos e muito duradouros, que por sua vez passam de pais para filhos, como os meus que o Pai Natal me deu nos Natais de minha felicidade, embrulhados no papel a dizer amor. Obrigado Pai Natal, pelas prendas que me deste quando eu era criança, por mim e por todos os que continuam a teimar que não acreditam em Ti. 4 de Dezembro de 2018 Augusto Meireles Graça
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Manuela Sá Minha pinha mágica (Conto de Natal) A vida é feita de surpresas! Agradáveis e como tal inesperadas! Esta foi também fantástica. Aconteceu há um ano mas podia ter sido hoje. O Natal estava a chegar e a magia do amor também! E foi por amor que isto me aconteceu! Porque amei concretizar o meu desejo, principalmente pela forma como tudo se passou. Pois bem comecemos! Numa das caminhadas feitas nesta linda vila de Cortegaca, pela avenida abaixo, com direcção ao mar, é acompanhada por uma vasta área florestal, ia observando a paisagem. Ia foçada especialmente no musgo que estava muito fofo e com uma viva cor verde. Pensei e comentei co o meu marido, sempre presente, que o musgo só estava a aparecer agora devido às recentes e atrasadas chuvas e que o ajudaram a crescer. Entretanto lembrei-me das pinhas que são ópticas para enfeites de Natal. Queria levar uma pinha para casa. Adoro pinhas.Sao lindas. Com pequenas lascas de madeira que lembram pétalas de uma flor, harmoniosamente encadeadas, colarinhos nos ramos dos pinheiros, filhas ou talvez netas, fazem-me vibrar ao olhar o cimo dos pinheiros e sonhar com o alcance de algo longínquo é maravilhoso, pois os seus ramos rasgam o céu parecendo quererem prolongar-se até ao infinito. Como é fácil sentirmo-nos em harmonia e felizes. Caminhei então, sempre a tentar ver uma pinha no chão que não aparecia. Pensei" Pois é normal não aparecerem pinhas, pois nesta zona predominam austrálias e eucaliptos. Vi uma pinha mas muito pequena e estava coberta de folhas secas e terra e resolvi não apanha-la. Decidi mentalmente começar a dizer para mim que ia encontrar a dita pinha, pois o poder da mente é grande. Continuei a caminhada e depois de deixar o ambiente florestal, a pinha que eu queria, não tinha aparecido. Fiquei decepcionada, mas esqueci. Passados uns dias, tive um sonho que me encheu de alegria. Fiquei tão contente, pois nesse sonho via muitos pinheiros pequenos, baixinhos e com muitas pinhas e no meio de todas elas destacava-se a pinha mais linda e que eu nunca tinha visto na minha vida. Disse: Olha ela a minha pinha. Encontrei-a e é tão linda. De manhã quando acordei lembrei-me logo do sonho. Sentia uma sensação incrível de felicidade! Dentro de mim estava a imagem daquela pinha , muito aberta, redonda, de um castanho claro, Mágica e que eu tanto desejei! No fim de semana seguinte, fui caminhar novamente! Fiz parte do percurso de carro, pois queria ir numa de relax e sem a intensidade que a caminhada exige! Ia com a intenção de encontrar a minha pinha. Após alguma hesitação, lá arranhei um lugar ao sol e estacionei o carro. A minha direita estava uma rua. Olhei e constatei que ao fundo estava uma zona de pinhal. Segui-a. O acesso ao pinhal não era fácil, pois a rua estava ladeada de arbustos! Fui andando e de repente vi um pequeno caminho, tipo canal estreito e que me conduziu pelo pinhal dentro. Nessa altura lembrei-me de uma meditação que fiz de Louise Hay! Segui esse caminho olhando atentamente para o chão! Passei por várias pinhas caídas no chão mas que não correspondiam à pinha do meu sonho é que eu queria. Dizia: Não é esta... Não é esta...Não é esta. De repente, junto de um aglomerado de ervas florestais, está uma pinha, castanha, dourada, arredondada, muito aberta, a olhar para mim, com um brilho que a banhava pelo sol! Disse: Oh, cá está ela, é esta a minha pinha! Tão linda! Tão dourada! Tão especial! 34 Peguei nela como se de um tesouro se tratasse,e regressei à estrada, feliz a admira-la, A emoção era enorme! Alegria, fantasia, magia e amor aquela pinha que tanto desejei. 35 Cópia de prova: Não otimizada para impressão de alta qualidade ou distribuição digital Hoje faz parte dos enfeites do meu lar e este Natal muitas mais pinhas existirão! E aquele sítio no pinhal tornou-se mágico para mim! Hoje destruído, pois com a limpeza arbusto florestal também desapareceu!Mas a magia mantém-se!
Disse: Oh, cá está ela, é esta a minha pinha! Tão linda! Tão dourada! Tão especial! Peguei nela como se de um tesouro se tratasse,e regressei à estrada, feliz a admira-la, A emoção era enorme! Alegria, fantasia, magia e amor aquela pinha que tanto desejei. Hoje faz parte dos enfeites do meu lar e este Natal muitas mais pinhas existirão! E aquele sítio no pinhal tornou-se mágico para mim! Hoje destruído, pois com a limpeza arbusto florestal também desapareceu!Mas a magia mantém-se!
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SUBLIME ILUSÃO de Grégor Marcondes A noite é o refugio dos inquietos E a tormenta daqueles que têm boa memória, Desavisada, traz à tona você, Naqueles dias em que éramos chamas E ardíamos alheios ao mundo, Do amor e da vida, Sabíamos um pouco e, Inventamos todo o resto, Colorimos de vermelho e negro Nosso próprio paraíso, Deixamos nele nossas digitais, E algumas cicatrizes, Envelhecemos sem perceber o destino que corria atrás de nós, Até sermos alcançados pela malícia do tempo, Fomos inteiros da nossa maneira, Amantes desajustados, Que por um descuido do mundo, Puderam experimentar um pouco de felicidade...
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fragmento o projeto poético Koxerê Patrícia Adriana " Sororidade é a consciência de que somos irmandade, Partes de uma mesma unidade, sem vaidade; Nossa força depende de nossa união, não importa a idade, Temos de transmitir isso as jovens, que elas venham a ter sua identidade, Podemos ser aquilo que nos der na telha, sem papo de castidade .. A busca é ardua, onde culturalmente já não há equidade, Mas erguemos nossas cabeças e seguimos com hombridade.. Nossa luta é justa, buscamos igualdade! " Educadas para serem amigas da onça, falarmos de forma indiscriminada de outra mulher, desde que seja para nos elogiar, ou estar por cima, aprendemos que homens são companheiros de fato, e mulheres, bom, ronda entre elas a falsidade, uma puxando o tapete da outra, não da pra confiar, nunca se sabe quando não esta apenas de olho no seu homem. Quantas destas afirmações fizeram parte de sua vida? De que forma mudar este ciclo estabelecido a nós? Sororidade é o caminho, nos trás a compreensão de que somos irmãs, ou seja, igualmente mulheres, e que devemos nos ver como aliadas, nos proteger, nos dar voz, isso gera empoderamento, permiti que outra mulher se fortifique com sua fala, dividimos as mesmas duvidas, e a resposta de uma, pode salvar a vida de outra. Este movimento vem se tornando cada vez mais forte, e deve assim caminhar, para que gradativamente possamos amenizar esta diferença social, principalmente quando falamos de mecardo de trabalho, condições e salários, e o assedio; Não devemos, nem podemos mais nos calar, devemos meter a colher sim, quando a mesma for para salvar a vida de uma mulher em um relacionamento abusivo, nunhuma mulher merece ficar presa a uma relação de sofrimento, sem que tenha a oportunidade de receber ajuda, nem todas conseguem aceitar com facilidade, na verdade a grande maioria nem consegue assumir a situação em que esta, por vergonha, por coação, por falta de acesso a informação, por todo o multilamento psicosocial que vem sendo exposta, adormecida, inerte. Não cabe a ninguém julgar uma mulher por ter começado um relacionamento que se tornou abusivo, e muito menos, o por não conseguir sair dele, devem sempre serem acolhidas pelos mais próximos, compreender que ela esta ferida, até mais que fisicamente, mentalmente (como um guerrilheiro ao retornar de um campo de batalha, sem lesões físicas, mas lembranças que irão lhe assombrar). Mulheres que sofreram algumm tipo de abuso, e que seguiram suas vidas, possam ser exemplo e afago a .................................................................................................................................................................................................... 39
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a mulheres que ainda não conseguiram de alguma forma lidar com este trauma, não é simples, entender que se é a vitima, que não se tem culpa, não provocou e por mais que tenha deixado acontecer, não concentiu, aliviar o coração desta irmã, verás que ajudará a aliviar o próprio coração, seja de qual dor for. Precisamos nos olhar com EMPATIA, esta talvez seja a palavra que melhor traduza, Sororidade, pois nos faz refletir, sobre se por no lugar, mesmo que não lhe caiba, em especial de nossas pares, que de algugma forma, são parte de nós, olhe para mulher mais próxima de você neste momento, e diga que esta com ela, e perceba como saber que pode contar com uma mulher, lhe trás a paz, de saber que alguém que lhe compreende, lhe tem afeto, lhe acolherá, no momento de dificuldade, isto irmã é a Sororidade, pratique.
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2° VENCEDOR DO CONCURSO : 3º ANIVERSÁRIO EDIÇÕES HÓRUS
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Quando nada de bom sobrar Há a possibilidade que em mim nada mude quando em ti eu morrer, até mesmo quando o fogo do teu pequenino e mal formado desequilíbrio beijar os meus olhos e o meu ser. Esse fogo, atiçado pelo vento duvidoso do teu ódio, queimará todas as novidades destinadas à tua pessoa, todos os calores da tua natureza, inflamará tudo o que tocares, tudo o que pouco de bom ainda conseguires sentir. No entanto a minha paz absorverá todas as macumbas que lançarás, até toda a solidão que me almejarás. Há a possibilidade que em mim nada mude quando carpires mentiras e acreditares que a nossa intimidade nunca passou de um nojo que permanecem colado à tua memória, quando quiseres fazer crer ao vento que nunca incendiei a superfície incolor das tuas horas por natureza corriqueiras e pobres. A monstruosidade que tentarás fazer crer que sou passará a lamber a tua realidade, sugará todo o teu querer, e respirará o oxigénio que rodeará todos os teus suspiros aziados. A longa agonia que me desejarás desfazer-me-á em pó antes da chegada ao destino, e povoar-te-á sem misericórdia, apelo ou agravo, a ti! Na verdade matar-te-á com naturalidade. Paz à tua alma. Há a possibilidade que em mim nada mude quando em ti eu morrer, e quando de ti, em mim, nada de bom viver.
Confissão Podias sentar-te um bocadinho a meu lado, só um bocadinho, vais ver que não custa nada. Já viste como brilham as estrelas esta noite? Sabes, por vezes as ruas da minha mente estão desertas, os pensamentos circulam invisíveis roçando os ossos pelas paredes livres de espantos e circunstâncias inúteis, e a imaginação espia os espaço livre da minha não presença. Mas quando te sentas a meu lado, consigo ver o céu e o brilho das estrelas. A tua presença centra a minha visão, transforma as minhas emoções incertas em sorrisos certeiros, a minha descença em fé. Na verdade, contigo a meu lado, consigo sentir o doce arrepio da não ausência, consigo deixar de viver num soluço do tempo, num leve retrocesso a que volto sempre que não estás sentada a meu lado, e quase consigo voltar a gostar de mim. Sabes, por vezes sinto-me tão findo quanto as cinzas de um fogo posto, necessito de estímulos intensos para renascer, por isso, quando estás sentada a meu lado, estranha como os anjos, secretamente suplico para que não deixes morrer essas estrelas que vivem no teu olhar.
Vida comum Assim vai a vida, como sempre, numa decadente ousadia formal. Pela janela do meu olhar observo a asa invisível que pousa sobre nós, observo a sentença fina da realidade, e deprimo-me. Assim vai a vida observando-a daqui, do submundo da existência, de onde se pode ler a tocante inumanidade escrita nas páginas do dia-a-dia. Pela sombra dessa asa impõe-se o traço do tempo que passa, impõem-se nesgas de certezas incertas, nesgas de mundo sem mundo, impõe-se a perturbante arte de ser vida. Sem decoro, assim vai ela, a vida, a cada dia mais ordinária. Pedro O
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Foto de jplenio
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Marisa Luciana Alves tem 5 livros publicados e participou nos últimos anos em várias antologias, dentre as quais, as da Edições Hórus: · (2018) “A lua cheia e a quebra do fadário”, (conto fantástico), in Contos Fantásticos (vol. II); · (2017) “A tartaruga que queria ser mocho”, (conto infantil), in Histórias para dormir e sonhar; · (2017) “O Papel de Embrulho de Natal”, (conto infantil), in Sonhos de Natal. A autora Marisa Luciana Alves acaba de publicar o seu 5.º livro, intitulado O que Zeus mostrou aos homens, editado pela Edições Toth, de Braga. Este livro infantojuvenil tem como alvo os jovens leitores a quem é apresentada a mitologia grega, nomeadamente os Deuses. Nele ficamos a conhecer a relação entre os Deuses do Olimpo, os seus defeitos e virtudes. Paralelamente a essa descrição vai surgindo a apresentação do estado da Natureza e do meio ambiente na Terra, que os Homens têm vindo a menosprezar. Incapazes de verem o mal que têm estado a fazer à Terra, os homens foram abordados pelos Deuses do Olimpo que, ao chegarem à conclusão das suas atitudes face à Terra, vão reunir para decidir o que fazer, de forma a evitar males maiores para a raça humana e para a Natureza. A magnitude de um Deus superior, a bondade de uma deusa e as considerações de outros deuses permitem levar a bom porto esta história. A protecção ambiental, o efeito de estufa, a poluição e a reciclagem são alguns dos conceitos que surgem neste livro e que permitem ao leitor tomar contacto com a defesa do Ambiente, levada a cabo pelo arbítrio dos deuses. Não percam a oportunidade de saber o que Zeus mostrou aos homens!
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Excerto de O que Zeus mostrou aos Homens
Zeus morava no Monte Olimpo, a mais alta montanha da Grécia, que passava para lá das nuvens. Ali, num palácio gigantesco, gozava o descanso a que um Deus com a sua idade tinha direito. Estava uma tarde linda e calma. O sol resplandecia e não havia naquele céu uma única nuvem. Zeus estava descansando no jardim, como fazia todas as tardes. Refastelado no seu sofá, tinha por companhia uma empregada, que sacudia um abanico, para que ele não tivesse calor. A vida de Zeus era repleta de mordomias, afinal, ele era o Rei dos Deuses e dos Homens. Apesar de já ter alguma idade (a barba branca não enganava), ele continuava musculado, com um porte atlético. Não se ouvia barulho nenhum. Tudo permanecia exatamente como Zeus exigia. Ai de quem ousasse perturbar o seu descanso diário! Quando isso acontecia, o Deus dos Poderes Atmosféricos, produzia relâmpagos e trovões, tal era a sua raiva. Por vezes, a chuva que mandava para a Terra era tanta que chegava a destruir os cultivos dos homens que lá habitavam. De repente, no silêncio que reinava no jardim, repleto das mais belas flores, que espalhavam um cheiro magnífico, chegou Hermes, filho de Zeus, e dirigiu-se a este: - Meu Pai…- disse, baixinho, chegando-se perto do ouvido dele. - Como ousas interromper o meu descanso, Hermes?- perguntou, com voz rude, mantendo-se com os olhos fechados. - Senhor, tens de agir! Os homens estão a destruir o planeta! O quê? Como é que isto aconteceu? Debaixo do meu nariz!!!!!!!!!!!!- exclamou Zeus.- Por que razão nunca me disseste nada?- perguntou. - Pai, a tua idade avança e se não te disse nada foi porque não queria que te enervasses. Além disso, deixei passar o tempo, para ver se os homens mudavam de atitude. – explicou Hermes. - Hummm… - murmurou, pensativo.- Há quanto tempo isto acontece? – perguntou-lhe com olhar sisudo.
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O Tamanho do meu coração Lembro-me que estávamos no meio de uma aula de Português e que do nada um amigo virou-se para mim e disse "Sabias que o tamanho do nosso coração é mais ou menos o tamanho da nossa mão quando fechada?". Não me lembro do que o professor disse porque sei que estava no meu mundo e que estava a fechar o punho para ver o tamanho do meu coração. Com certeza aquilo que eu estava a sentir era maior do que a minha mão tão frágil... Não! Não aceitava que algo tão poderoso pudesse ser deste tamanho. Eu sabia que aquilo que estava a sentir era maior do que algo que tivesse sentido antes... Fechei os olhos... E com uma força tremenda ataquei a mesa com a minha mão. A pele sobre a mão começou a abrir.. Sangue a jorrar por tudo o que era sítio.. Uma dor horrível a trepar-me o braço inteiro. Metade da turma ficou em choque. Mas mais chocado ficou o professor e o director quando perguntado sobre o porque de ter feito o que fiz apenas soube responder com "Queria testar a força do meu coração"... Estes dias ainda fecho a mão e fico simplesmente a admira-lo. Faço isto diariamente e a verdade seja dita, sim por vezes ainda bato nalguma coisa dura como uma parede, uma mesa, vidros... E sabem porquê ? Porque embora o meu punho tenha ficado maior desde aquele dia, ainda consigo fazer como que as fendas se abram e a dor e sangue continuam lá... A diferença é... Sabem uma coisa? Eu dantes era aquele tipo de pessoa que se apegava demasiado às coisas. Apegava-me demasiado às memórias, aos objetos, às pessoas e nunca, nunca fui bem capaz de largar, mesmo sabendo que não me sabia bem. Mesmo sabendo que as coisas não estavam certas e que eu estava iludido e a viver no meu mundo à parte. E porquê? Bem, a resposta é simples: medo! Sempre pensei que o medo e que a dor valia imenso a pena. Costumava pensar que ao deixar as coisas partir, que eu estava a perder parte de mim também. Que ao fazer isso, iria estar a transformar-me muito lentamente numa pessoa completamente diferente. O meu coração deixava de querer entender. No entanto, certo dia aconteceu algo. Algo que nem eu estava à espera. Larguei aquilo que até então era o que me prendia. O meu coração bateu melhor. A minha alma parecia mais leve e o meu sorriso, a única coisa que realmente era motivo do meu orgulho, voltou a aparecer. Ensinei o meu coração a ter esperança. Ensinei o meu coração a voltar a amar. A serenidade daquilo que nos rodeia acaba por incutir em nós um medo que achamos que vai tomar conta da nossa vida, mas isso é de longe verdade. Nunca foi nem nunca será. Entende que há coisas que valem a pena por que lutar e outras que não. Mas faz dessas pequenas lutas, pequenas vitórias. E dessas pequenas vitórias, motivos de enormes celebrações. Não tens que te agarrar àqueles que não te fazem rir. Não tens que sentir pena por ti mesmo. Aprende que nem tudo é um caso perdido, e aquilo que foi, era para ser… A diferença aqui, é que tu é que acabas por escolher aceitar ou não… Ricardo Sousa
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