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As startups no centro do palco

Web Summit 2020 apresenta mais de 2.000 startups e mostra os caminhos de crescimento para a realidade brasileira

Com mais de 2.000 startups presentes, o Web Summit é o maior encontro mundial do setor. E mesmo sendo em 2020 uma edição virtual, houve muita oportunidade para conhecer ideias, projetos, soluções e obter insights sobre os caminhos da inovação em todo o mundo.

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Como parte da atividade de curadoria, a programação do OASISLAB no Web Summit contou com uma sala de discussões dedicadas às startups. Nas transmissões ao vivo realizadas ao final das palestras, os curadores debateram as tendências vistas no evento e traduziram para a realidade brasileira o que de mais importante foi visto. Na plataforma de vídeos do OASISLAB, você pode acessar as lives dos três dias de Web Summit. Acesse a Sala Algarve e confira os grandes destaques das startups mundiais e seu impacto para a realidade brasileira.

E por que Sala Algarve? Porque a região do Algarve, no sul de Portugal, foi considerada pelo World Travel Awards como o melhor destino de paria do mundo em 2019.

E a Sala Algarve se tornou, durante o Web Summit, o melhor destino para startups, aceleradoras e demais empresas ligadas ao universo da inovação

Ao longo dos três dias de Web Summit, a equipe de curadores do OASISLAB fez uma varredura das mais de 2.000 startups que participaram do evento. A partir daí, foram selecionadas aquelas ligadas aos temas mais importantes do evento no curto prazo e às verticais que tiveram o conteúdo das palestras acompanhado pela equipe (Educação, Finanças, Saúde, Legislação, Marketing, Varejo e RH).

O passo seguinte foi fazer o link entre esses temas e as startups brasileiras, discutindo os principais insights e conclusões para a realidade nacional. O mapeamento das empresas semifinalistas, finalistas e da vencedora do competição de startups do Web Summit também traz uma série de reflexões sobre os potenciais caminhos da inovação mundial e seu impacto na transformação da sociedade e da economia globais.

Startups: as grandes tendências

No que diz respeito às soluções trazidas pelas startups presentes no Web Summit 2020, duas tendências tiveram muita força. “A primeira é a Inteligência Artificial, que permeou praticamente tudo o que havia de novidade no evento e teve um enorme salto em relação ao ano passado. A outra tendência forte é a evolução da tecnologia na área de Saúde, um movimento que foi muito impulsionado pela Covid-19”, analisa Igor Paparoto, parceiro europeu do OASISLAB e um dos idealizadores da delegação virtual brasileira ao Web Summit.

Um ponto de inflexão é o desenvolvimento da Inteligência Artificial as a Service, democratizando o acesso à tecnologia e viabilizando uma expansão ainda mais acelerada de seu uso. “Vimos no Web Summit startups que oferecem, a partir de 800 euros por mês, uma equipe de cientistas de dados e algoritmos para análise de dados para todas as verticais do varejo. Esse é um exemplo do quanto a tecnologia caminha para se tornar acessível e gerar avanços exponenciais”, comenta.

A visão computacional (computer vision) é outra variante da IA com forte potencial de crescimento, em aplicações ligadas à análise do comportamento do consumidor. “Especialmente quando ligada a aplicações de machine learning para análise de imagens em tempo real sem interferência humana, é uma tecnologia em expansão”, analisa. Um exemplo é o uso da combinação de machine learning e visão computacional para avaliar a performance de atletas em treinos, permitindo personalizar o treinamento e aumentando a eficiência da recuperação muscular. Para o varejo, esse tipo de recurso pode ser aplicado para melhorar o

entendimento do comportamento dos consumidores nos pontos de venda e para questões ligadas à segurança.

Mas é preciso tomar cuidado, pois muita gente diz que tem Inteligência Artificial, mas nem todo mundo cumpre o que promete. Um estudo realizado nos 27 países da União Europeia com 2.400 startups mostrou que 40% das que diziam usar IA na realidade não estavam utilizando a tecnologia. “As empresas precisam ter, em suas equipes, pessoas que saibam analisar as soluções oferecidas e não comprem gato por lebre”, recomenda Paparoto.

Na área da Saúde, o especialista conta que o evento apresentou uma mudança importante na visão sobre seu papel na vida das pessoas. Tradicionalmente, esse é um setor voltado à cura de doenças, a “consertar estragos”. “Esse é um aspecto que continua sendo importante, mas existe uma mudança de conceito nas startups, que vêm apresentando soluções para a prevenção de doenças”, afirma. Curar sempre será importante, mas prevenir é ainda mais importante, seja do ponto de vista econômico-financeiro, seja pelo bemestar das pessoas.

Nesse sentido, se destacam muitas soluções ligadas ao teletrabalho, à telemetria, aos diagnósticos por voz e ao uso de hardwares específicos, viabilizando consultas remotas e tirando a necessidade de deslocamento para a realização de exames. A ideia é que, ao descentralizar a prática da saúde, hospitais e clínicas ficam menos saturados, podem aumentar a qualidade do serviço prestado e viabilizam o acesso para populações em localidades distantes.

A democratização do acesso à saúde não parece ser uma questão crítica nas grandes cidades, mas é dramática em regiões mais remotas. Não é à toa que a startup vencedora do competição do Web Summit é uma health tech do coração da África (mais sobre isso mais adiante). Para viabilizar essa democratização, o uso de cloud se torna essencial: tudo transita pela nuvem, sendo analisado a partir de Inteligência Artificial, machine learning e computer vision, com uma tendência marcante de aceleração do uso de IoT nos sistemas de saúde. A disseminação da conectividade 5G, que abre novas perspectivas de aplicação de sensores conectados e entrega comunicação em alta velocidade com menor uso de recursos, promete revolucionar os cuidados com as pessoas.

Uma área que, segundo o Web Summit, deve vivenciar nos próximos anos uma grande evolução é o uso de wearables, sensores e equipamentos portáteis para monitoramento de pacientes, coleta e análise de materiais. A união de IoT com WiFi, por exemplo, permite obter recursos de telemetria para idosos e cuidadores. “O envelhecimento da população, especialmente na Europa, cria a demanda por cuidados especiais para prevenir doenças e acelerar os diagnósticos. O acompanhamento ao longo da vida se torna uma tendência muito forte”, avalia Paparoto.

E não é só isso...

Embora Inteligência Artificial e Saúde tenham sido os temas dominantes entre as startups do Web Summit 2020, houve muito mais. Alguns temas que se destacam entre as soluções apresentadas são:

Foodtechs

• Supermercados cashless, como a

Amazon Go, deverão ter um forte avanço em 2021, especialmente no mercado europeu. A conveniência 24/7, a segurança de minimizar o contato humano no início do pós-Covid e a possibilidade de entender melhor o comportamento do consumidor impulsionam a adoção desse tipo de solução, cada vez mais acessível ao varejo.

• A tecnologia de scan & go, que ainda exige o escaneamento de produtos, fica ainda mais acessível e passa a ser adotada em maior escala, reduzindo o atrito nos processos de pagamento. • O varejo físico passa a estar disponível em qualquer lugar, a partir de soluções como freezers inteligentes cashless que podem ser implementados em hospitais, condomínios, escritórios e outros locais. Nem sempre o cliente irá à loja: em muitos casos, a loja irá ao cliente.

• O próximo passo da automação do foodservice deverá ser a criação de dark kitchens 100% automatizadas, eliminando o contato humano na manipulação dos produtos (a montagem e preparação dos pedidos é feita por robôs).

• Drones e veículos autônomos saem do mundo da ficção, ainda que em aplicações limitadas. Experiências em vários países (incluindo o Brasil) já contam com drones fazendo a entrega de última milha ou acelerando o delivery entre a cozinha e a central de distribuição, enquanto nos EUA e Reino Unido veículos autônomos substituem os motoboys. É natural que essas soluções deixem de ser apenas recursos de marketing e ganhem escala.

• Impressoras 3D de alimentos também não são uma novidade, mas essa é uma tecnologia que vem ganhando maturidade rapidamente.

Agrotechs

Esse é um segmento que traz ligações importantes com as foodtechs, por razões óbvias. Mas, além desse link, vale destacar algumas tendências marcantes:

• Drones com visão computacional coletam informações sobre o estado das colheitas, lançam para a nuvem e analisam informações em tempo real.

É uma forma mais rápida, ágil e barata do que métodos tradicionais, como o sobrevoo com aviões ou satélites.

• Robôs passam a assumir tarefas no campo, seja no controle da irrigação em grandes superfícies, seja na polinização das flores nos campos.

Martechs / Adtechs

• Analisar o comportamento dos consumidores é cada vez mais importante para as atividades de marketing. O uso de computer vision para analisar gestos e a face para identificar o estado de espírito do cliente é uma forte tendência.

• Gamificação, Realidade Aumentada e

Realidade Virtual ganham força em um mundo no qual as fronteiras entre físico e digital são cada vez mais fluidas.

• O uso de assistentes por voz, como a

Alexa e o Google Home, para atividades de marketing e publicidade tem um imenso potencial para, nos próximos anos, entregar ofertas personalizadas a partir de comandos por voz. Ao mesmo tempo, levanta sérias questões em relação à privacidade dos usuários e ao uso ético das informações.

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