Revista Encontro 154

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Março 2014 | Ano XIII | Nº 154

www.revistaencontro.com.br

ESPECIAL BEM-ESTAR ALIMENTOS DA FELICIDADE E DICAS PARA DORMIR BEM TINDER A PAQUERA VIRTUAL ESTÁ BOMBANDO TAMBÉM ENTRE OS MINEIROS

Os estudantes Cristyan dos Santos, cotista mineiro; Gabriela Barreto, sergipana; e Erik de Morais, pernambucano: mistura de culturas, sotaques e classes sociais

Tradicional território de mineiros das classes A e B, a instituição tem hoje novo perfil, com crescente número de estudantes de outros estados e de cotistas sociais

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A NOVA CARA DA

UFMG 11/03/14 00:39


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NESTA EDIÇÃO

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ENTREVISTA Coronel da PM de BH fala sobre segurança

CIDADE Capital sofre com aumento dos assaltos e dos roubos

SEGURANÇA Medo aumenta a procura por blindagem de carros

PET Calopsitas: bichos ideais para interagir com todos

TURISMO Vai viajar na Copa? Veja opções de lugares

SEMANA SANTA Celebrações da fé em cidades históricas de MG

62 64 68 70 74 78

ESPORTE Cepel vai mudar de casa: da Pampulha para o Alphaville

COMPORTAMENTO Bom senso na hora de usar bermudas no trabalho

ATITUDE Conheça os movimentos que pregam o desapego

ECONOMIA Como usar a internet para prestar contas ao Leão

VEÍCULOS Carros compartilhados: a ideia vai pegar no Brasil?

APLICATIVO Tinder é a mais nova mania da paquera entre solteiros

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FACEBOOK Dez anos depois, líder das redes sociais perde força

CULTURA Zacarias e Henfil: dois mineiros que fazem falta

ARTES PLÁSTICAS Segredos das surpreendentes esculturas de Maíra Martins

CAPA Com mais estudantes de outros estados, UFMG tem nova cara

MODA Outono: estação pede tecidos fluidos e bem cortados

ESTILO Mistura de referências e tendências nas ruas de BH

Fotos: Samuel Gê

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NESTA EDIÇÃO

ESPECIAL 146 BEM-ESTAR 98 148 ALIMENTAÇÃO Dieta saudável: ela também ajuda a levantar o astral

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CROSSFIT Malhação pesada: solução para manter a forma

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ÓLEOS ESSENCIAIS Aromaterapeutas explicam vantagens do uso constante

158

SONO Principais distúrbios e dicas para dormir bem

LEITURA CORPORAL Saiba por que os sinais do corpo ajudam na saúde

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VITRINE Sombrinhas cheias de charme para as chuvas do fim do verão

DECORAÇÃO Revestimentos hidráulicos de pisos e paredes: em alta

GASTRÔ Novo restaurante asiático na Pampulha: cardápio inovador

FESTIVAL Restaurante Week reúne 60 das principais casas de BH

TRADIÇÃO Quitandas bem mineiras dão mais sabor ao café da manhã

COLU NAS 18 21 28 30 72 76 88 154

Geraldo Goulart

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NO PODER A largada tucana

DEU O QUE FALAR “A remuneração é miserável”

RETRATOS DA CIDADE Quatis atrevidos

GENTE FINA Ela tirou o fôlego

COLUNA DE DIREÇÃO Onda de maxivans

VIDA DIGITAL Poesia em plug&play

ENCONTRO INDICA Espetáculo Irmãos de Sangue

NA MESA 50 anos de sucesso

NA SOCIEDADE A figurinista das estrelas

ARTIGOS 16 96 178

CLÁUDIO DE MOURA CASTRO Não vejo a hora de ficar surdo!

JOSÉ JOÃO RIBEIRO A zebra dos veteranos

LEILA FERREIRA A arte de falar baixo CAPA FOTO: Cláudio Cunha Agradecimento à Casa Cabana

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CARTA DO EDITOR revistaencontro.com.br

Diretor-Presidente

Álvaro Teixeira da Costa

KÁTIA MÁSSIMO - EDITORA-CHEFE kmassimo@revistaencontro.com.br Diretor-Geral Diretor-Executivo Diretor de Redação Diretor de Publicidade Diretor Jurídico

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Alysson Lisboa Neves Heitor Antônio Cláudio Cunha Eugênio Gurgel Geraldo Goulart Secretaria de Redação Jaqueline Dias Nayara Fagundes Revisão Lílian de Oliveira Gerente Financeira Anneth Faria Gerente Administrativa Solange Rabelo Gerente Comercial Laila Soares Departamento Comercial Agata Utsch Andreza Braga Myrta Lobato Shyrlei Roque Assistente Comercial Marketing e Eventos

Distribuição Projeto Gráfico Impressão Distribuição Para Assinar Para Anunciar Atendimento ao Leitor

Roberta Magalhães Cristiane de Marco Natália Santos Nicole Fischer André Lima Mariana Vieira Thiago Henrique Editora Encontro Ibep Vip (31) 3342-5000 (31) 2126-8000 (31) 2126-8000

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E na Copa? Não é exagero chamar de privilegiado quem ainda não sofreu algum tipo de violência em BH. Foram mais de 28,5 mil ocorrências de roubo só no ano passado. O resultado não poderia ser outro senão muito medo. Dá para entender por que motoristas assustados chegam a desembolsar até R$ 75 mil para blindar o carro e sentir-se menos vulnerável. A procura pelo serviço dobrou em algumas oficinas de BH. E o que era considerado luxo vem se tornando necessidade, como mostra matéria desta edição, mas ainda é recurso para poucos. O pior é que a própria comandante do Policiamento da Capital, coronel Cláudia Romualdo, entrevistada deste mês, admite: “O criminoso não tem medo de ficar preso”. Então, ele tem medo de quê? A população, sim, está preocupada, mesmo com o aumento do efetivo de policiais nas ruas de BH – são 800 militares a mais, somados a outros 7 mil. A medida, no entanto, ainda não foi suficiente para reduzir a sensação de insegurança. E aí vem a pergunta recorrente: “Já imaginou na Copa?”. Esperamos que iniciativas mais eficazes sejam tomadas até lá e impeçam que a sensação de insegurança se instale de vez em nossa tranquila e hospitaleira cidade. Outro tema também relevante para BH mereceu destaque de capa desta edição. Percorremos o campus da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) após a adoção do Enem como único processo seletivo, a partir deste ano, e o que enxergamos foi um retrato do Brasil: sotaques de norte a sul, misturas de culturas, raças e classes sociais. A instituição, uma das mais antigas e respeitadas do país, foi invadida por estudantes paulistas, capixabas, nordestinos. E tem também os cotistas – negros e oriundos de escolas públicas –, que entraram em maior número. O resultado: a concorrência fi cou mais acirrada e vários mineiros foram obrigados a fazer o caminho inverso e buscar vagas em outros estados. A justificativa é de seleção mais democrática. Cláudio Cunha Porém, o sistema de cotas está longe de ser considerado a melhor solução. O que é preciso mesmo é investir na educação básica, pública e privada, para que todos os estudantes estejam aptos a enfrentar a concorrência por meritocracia, sem necessidade de favorecimentos. Este é o caminho seguro para reduzir desigualdades e a violência. E, sem dúvida, A jornalista Pabline Félix entrevista a estudante sergipana é o que todos realmente deGabriela Barreto no campus da UFMG: apuração rigorosa para mostrar o novo retrato da instituição sejam! ❚

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FALE COM A ENCONTRO | CARTAS@REVISTAENCONTRO.COM.BR (31) 2126-8000 ANDREA NEVES I Sou fã incondicional! Talento, educação inteligência. Meg Calil Zarur São João del-Rei/MG

ANDREA NEVES II Tomara que Andrea participe diretamente da campanha, por sua competência somará – e muito – na equipe. Giulia Gomes Costa Foz do Iguaçu/PR

ANDREA NEVES III Apesar de irmã, Andrea tem muito a contribuir com a campanha de Aécio Neves. Renata Sousa Contagem/MG

ANDREA NEVES IV Fazem de tudo para difamar a Andrea em Minas, mas, pela entrevista e pelo que já vi, ela não condiz com a fama imposta. Aline Ruas Belo Horizonte/MG

ANDREA NEVES V É uma figura que sempre esteve presente de alguma forma nas campanhas do irmão Aécio Neves e juntos eles sempre obtiveram sucesso. Espero que seja mais uma parceria de resultados vitoriosos.

A CAMPEÃ DO ENEM I Parabéns, Mariana! Um grande exemplo para nós, já idosos! Tenho 81 anos de idade e até hoje gosto de estudar. Estudo todos os dias. Como nos disse Picasso: “Mesmo que você tenha 100 anos, nunca deixe de aprender”! Estudar para vencer! Vencer para ser útil! Ser útil para ser feliz! Maria da Conceição Duarte Tibães Belo Horizonte/MG

A CAMPEÃ DO ENEM II Parabéns, Mariana! Você mereceu, é assim mesmo! Todos temos capacidades, mas só alguns têm garra e perseverança para seguir em frente! Daisy A Pinheiro Pouso Alegre/MG

A CAMPEÃ DO ENEM III Vale a pena ler. Essa menina é fantástica! Lincoln Las Casas Belo Horizonte/MG

Fátima Silva Medeiros Belém/PA

PÚBLICO OU PRIVADO? Ficou muito claro que essa reportagem tinha como seu principal objetivo denunciar a posse do parque Cássia Eller pelos moradores do condomínio Fazenda da Serra. Gostaria de deixar bem claro que tudo que foi visto ali foi pago com dinheiro dos moradores, o paisagismo, quadras, vestiários, passeio para caminhada e até a iluminação, gostariam que tivessem vindo antes quando era um buraco, cheio de mato e com mau cheiro. Alex Miranda Belo Horizonte/MG Nota da redação: As benfeitorias realizadas pelo condomínio na área foram exigência do poder público como compensação ambiental para a construção das casas no terreno, o que não dá o direito de uso privado do parque.

ERRATA Na edição 153, na página 75, “Informe Dra. Patrícia Lombardi”, a foto utilizada não é do arquivo pessoal, e sim do fotógrafo Eugênio Gurgel.

Fale com a Revista ENCONTRO: Comentários sobre o conteúdo editoral da Encontro, sugestões e críticas a matérias: R. Haiti, 176, 3° andar - Sion - CEP : 30.320-140, Belo Horizonte, MG | E-mail : cartas@revistaencontro.com.br. Cartas e mensagens devem trazer o nome completo e o endereço do autor. Por razões de espaço ou clareza, elas poderão ser publicadas resumidamente. PARA ANUNCIAR: R. Haiti, 176, 3° andar - Sion - CEP: 30.320-140 - Belo Horizonte, MG | Tel: (31) 2126-8000 | Fax: (31) 2126-8008 RELEASES: redacao@revistaencontro.com.br | Fax: (31) 2126-8781 | ASSINATURAS: Tel: (31) 2126-8770

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Este matrial tem caráter meramente ilustrativo por se tratar de bem a ser construído. O mobiliário e os equipamentos não fazem parte do contrato de compra e venda. Os materiais e cores representados poderão sofrer pequenas alterações sem prévio aviso em função da disponibilidade dos mesmos no mercado. Contrato padrão e demais condições estão disponíveis em nosso plantão de vendas. As condições ora indicadas poderão sofrer alterações sem prévia comunicação ou anuência dos interessados, para adequação ao mercado. Consulte tabela de juros de cada instituição. Preço para compra à vista R$ 332.330,00 - bônus de R$ 50.090,00 = R$ 282.240,00. Valores de assessoria de corretagem devidos à imobiliária/corretor não integram o preço do imóvel. Desconto de R$ 50.090,00 (Cinquenta mil e noventa reais) sobre o valor do imóvel incidente sobre os preços da tabela de Fevereiro de 2014, referente a unidade de 2 quartos, bloco 04, unidade 1204 do empreendimento Spazio Eco Vitta para pagamento à vista. Estes descontos são válidos para utilização em aquisições realizadas até 31/03/2014 nos contratos efetivamente assinados nesse período, enquanto durarem os estoques. O desconto é pessoal, intransferível e não cumulativo com outras promoções. Válido somente para novas aquisições e não pode ser utilizado para quitação de parcelas ou amortização de financiamento. Promoção válida até março de 2014 ou enquanto durarem os estoques, o que ocorrer primeiro. Esta oferta não é cumulativa com outras promoções.RI 106.836 -1º Ofício de Registro de Imóveis -BH- MG

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ARTIGO | CLAUDIO DE MOURA CASTRO ccastro@editoraencontro.com.br

Não vejo a hora de ficar surdo! Diante de uma barata, há quem entre em pânico. Vi uma senhora dar um chilique, na boleia de um caminhão em movimento, porque uma cobra, pacificamente, cruzou a estrada. No meu caso, o barulho me descompensa. Quando morava no Rio, construí uma casa no alto do Cosme Velho, para escapar dos decibéis de Ipanema. Mas não sou o único. Soube de uma alma irmã que fulminou a tiros o som do vizinho. Por fazer justiça com as próprias mãos, sofreu um grave processo. Na Suíça, onde vivi, após as dez horas da noite, os edifícios proíbem tomar banho e puxar a descarga. Os ônibus são silenciosos e aviões barulhentos não pousam lá. Os cachorros não latem e as crianças não berram. É proibido cortar grama nos domingos, pelo barulho das máquinas. Eclodiu um célebre processo judicial contra os cincerros das vaquinhas, pois a tradição milenar incomodava um vizinho. Fiquei mal-acostumado, adquiri hábitos alienados. Hoje, vivo no país dos decibéis. Como pesquiso educação, começo com as salas de aula. Nenhuma tem tratamento acústico. A norma da ABNT para salas de aula estipula um máximo de 40-50 db, mas o nível de ruído atinge 75 db, em casos comprovados. Com a barulheira, cai a concentração ou nem se ouve o professor. Nos restaurantes, os decibéis não estão no cardápio, mas fazem parte do serviço. É como se o objetivo de manter uma conversação relaxada e inteligente fosse coisa subversiva, a ser impedida pelas múltiplas ressonâncias – amplificadas pelas superfícies lisas e paralelas. Segundo um proprietário experiente, restaurante silencioso espanta clientes. A cachorrada da vizinhança tem cordas vocais de aço molibdênio. As igrejas e cultos confundem decibéis com fé e reclamações com perseguição religiosa. Os ônibus e caminhões urram dentro da lei dos 88 decibéis máximos, quando na Europa a norma é 74 (sendo a escala de decibéis logarítmica, o volume de som é muitas vezes maior!). Roncam motos barulhentas. Ainda dá para entender os pobres emergentes, mostrando a pujança de suas cilindradas. Mas e os ricos, que retiram os silenciosos das Harleys? A culminância da agressão sonora são os alto-falantes nos porta-malas de automóveis, terríveis usinas de decibéis. As razões para se exibir sonoramente são as mesmas que levam os passarinhos a cantar, para impressionar as passarinhas. Ou os que

“Na Suíça, onde vivi, após as dez horas da noite, os edifícios proíbem tomar banho e puxar a descarga. Os ônibus são silenciosos e aviões barulhentos não pousam lá”

romanticamente faziam serenata, às janelas de suas amadas. Biólogos e antropólogos entenderam o exibicionismo dos machos faz tempo. Tudo bem, um sabiá cantando para sua amada ou “Céu de estrelas” acompanhado por violão. Mas há uma patologia social quando, para impressionar alguma fêmea anônima, centenas de pessoas são sonoramente agredidas por um só macho, exibindo os decibéis descomunais da moto ou dos seus alto-falantes.

*Claudio de Moura Castro é economista, pesquisador em educação e autor de diversos livros. Escreve bimestralmente na Encontro

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NO PODER | BERTHA MAAKAROUN bmaakaroun@editoraencontro.com.br

A LARGADA TUCANA O PSDB ofi cializou, no mês passado, o que todo mundo praticamente já sabia: o ex-prefeito de BH e ex-ministro das Comunicações Pimenta da Veiga, do PSDB (terceiro da esquerda para direita), vai encabeçar a chapa tucana ao governo de Minas. Ainda não formalizada – o que vai ocorrer

neste mês –, mas também já certa, é a indicação de Dinis Pinheiro (PP), presidente da Assembleia Legislativa, para vice. Antonio Anastasia (PSDB) deixará o governo em 4 de abril para concorrer ao Senado Federal. Em evento no ginásio Mackenzie, do qual participaram prefeitos, deputados e

cabos eleitorais de 19 dos partidos que integrarão a coligação majoritária, inclusive o PSB e PSD, o senador Aécio Neves, presidente do PSDB nacional, discursou como candidato ao Palácio do Planalto. “Hoje quero dizer que aceito o desafio. Estou pronto para percorrer o país”, afirmou. Juarez Rodrigues/D.A. Press

Gladyston Rodrigues/D.A. Press

LULA EM CAMPO Com a candidatura de Aécio Neves (PSDB) à Presidência da República, a disputa em Minas ao Palácio Tiradentes passa a ser prioridade para o PT nacional. Não à toa, Belo Horizonte foi a primeira cidade escolhida pelo ex-presidente Lula (PT) para o lançamento da candidatura de um aliado. O ex-prefeito de BH e ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Fernando Pimentel (PT) (na foto, abraçado com Lula) vai encabeçar chapa ainda indefi nida, já que o PMDB e o PCdoB – com a deputada federal Jô Moraes –, tradicionais aliados em eleições anteriores, também anunciam candidatura própria. Pimentel trabalha para atrair o PMDB.

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PMDB RACHADO O pré-candidato do PMDB que se coloca para brigar pelo Palácio Tiradentes é o senador Clésio Andrade. Tem apoio nas bases. Mas, inter namente, disputa com um grupo minoritário que defende apoio aos tucanos e com a forte corrente de Antônio Andrade (PDMB), ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que se desincompatibilizará do cargo. Andrade defende a aliança com petistas e é cotado para vice na chapa de Fernando Pimentel. O empresário Josué Gomes da Silva (PMDB) é o nome para concorrer ao Senado. “A maioria quer compor com o PT. Mas temos de ver como vai ficar o partido, antes de pensar no vice”, afirma Andrade.

MINEIROS NO TST O mineiro Carlos Alberto Reis de Paula concluiu o mandato. Mas o ministro Antonio José de Barros Levenhagen, nascido em Baependi, no Sul de Minas, acaba de assumir a presi dência do Tribunal Superior do Trabalho (TST). Levenhagen ingressou por concurso público no Judiciário do Trabalho aos 25 anos. Leitor atento da obra de Freud, o novo presidente do TST acredita que uma formação humanística ampla seja fundamental ao exercício da magistratura. Sem ela, afirma, o juiz não estaria capaci tado para inteirar-se das “múltiplas facetas dos conflitos sociais” e de decisões que devem pautar-se pela “ética e pela percepção de suas consequências socioeconômicas”. Por isso mesmo, as obras em sua cabe ceira varrem um espectro amplo, da psicanálise à filosofia, passando por sociologia, história e literatura.

ÚLTIMA PATENTE Depois de ter passado pela coordenadoria de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público Estadual e pelo comando do 22º Batalhão da Polícia Militar, Ricardo Machado, de 48 anos, foi promovido coronel. Ele é assessor militar de Rômulo Ferraz, secretário deEstado da Defesa Social.

Alexandre Guzanshe/D.A. Press

CONSULADO AMERICANO Definida no bairro Alto Santa Lúcia a sede do consulado dos Estados Unidos em Belo Horizonte, a embaixadora Liliana Ayalde anunciou, ao lado do governador Antonio Anastasia (PSDB), a inauguração do local para 2016. A partir de então, solicitantes de vistos não precisarão mais viajar para as entrevistas em outros estados. Empresários também terão mais facilidade para negócios. Depois da China, os Estados Unidos são o país que mais importa de Minas, respondendo, entre 2011 e 2013,

por US$ 2,1 bilhões – 6,4% – de todas as vendas externas mineiras. Também muito procurado da classe média alucinada por compras, no ano passado, 1,8 milhão de brasileiros deixou em solo americano US$ 9,3 bilhões. Na via inversa, foram apenas cerca de 640 mil americanos visitando o Brasil. As recentes denúncias de que a National Security Agency (NSA) espiona empresários e autoridades brasileiras não afetarão o que chama de “ampla agenda positiva” entre os países, afirma Liliana. Rogério Sol

PRIMEIRA-DAMA O vice-governador Alberto Pinto Coelho (PP) assumirá o comando do estado em 4 de abril. Mas, à frente do Servas, a primeira-dama, Célia Pinto Coelho, que se define como “barranqueira do São Francisco”, onde foi criada, e há 16 anos é comprometida com ações sociais e de voluntariado, diz sentir-se desafiada pela tarefa de levar adiante os projetos de transformação social promovidos pelo Servas. O VitaVida é um deles. A partir de doações de produtores agrí-

colas e comerciantes, quatro fábricas no estado – Contagem, Janaúba, Montes Claros e Uberaba – processam os alimentos em itens desidratados como mix de legumes, soja texturizada e ma carrão – distribuídos a cerca de 700 entidades assistenciais. Segundo Célia, são produzidos 2 milhões de refeições por ano. No Norte de Minas, mais de 3 mil crianças de núcleos próximos da Pastoral da Criança recebem os alimentos desidratados do programa. MARÇO DE 2014

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DEU O QUE FALAR | FERNANDA NAZARÉ “A remuneração é miserável” JOAQUIM BARBOSA, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), criticando valor de R$ 10 mil que procuradores da Fazenda recebem para assessorar magistrados. O que ele tem a dizer sobre o salário mínimo de R$ 724?

“O senhor surtou!” AUTAIR GOMES (PSC), vereador de BH, esbravejando Na Câmara de BH, após o anúncio da extinção da verba indenizatória aos parlamentares. Mexeu em casa de marimbondo!

“É o melhor lugar visto nos últimos 20 anos” JOHN ANDERSON, diretor da delegação do Reino Unido, sobre as instalações na Lagoa dos Ingleses para treino da equipe de canoagem para as Olimpíadas 2016. Ponto para nós!

“E estou feliz por colocar Araxá na história” TÚLIO MARAVILHA, atacante do Araxá Esporte Clube, em arroubo de pretensão, depois que alcançou a marca de mil gols na cidade do interior de Minas

“Nunca conferimos se as mulheres realmente estavam sem calcinha” NOTA OFICIAL dos organizadores do evento Baile Funk de Carnaval, realizado em BH, em retratação após críticas à promoção que premiaria com um drink as primeiras 50 mulheres que fossem ao evento sem calcinha. Eu, hein! Celina Carvalho/Divulgação

“As pessoas falam em música de qualidade. Para quem, já que estamos diante de uma geração inteira sem referência?” TAVITO, compositor mineiro, ao afirmar que a música é vítima da tecnologia e da banalidade da internet. Desabafou...

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ENTREVISTA | CORONEL CLÁUDIA ROMUALDO Fotos: Cláudio Cunha

Comandante da Polícia Militar diz que há mais rigor na prevenção do crime em BH, mas a população precisa ajudar para garantir a própria segurança

“HOJE, NINGUÉM TEM MEDO DE SER PRESO” 22 |Encontro

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MARINA DIAS

Os números não deixam dúvidas: a criminalidade violenta aumentou 21% em Belo Horizonte em 2013, na comparação com o ano anterior, com 31 mil ocorrências, segundo dados da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds). Mas poderia ser pior se a polícia não atuasse ostensivamente na prevenção. Segundo a coronel Cláudia Romualdo, comandante da 1ª Região de Polícia Militar de Minas Gerais (ou Policiamento da Capital), não há como medir o crime evitado, especialmente aqueles mais violentos. “O que se mede é o fato acontecido, e a característica da PM é a prevenção ostensiva, para não permitir que o crime ocorra”, diz. “E temos aumentado a nossa ostensividade.” Uma das medidas nesse sentido, e que contribui para reduzir a sensação de insegurança da população, é a maior presença de políciais na rua, como anunciado pelo governador Antonio Anastasia em janeiro. Segundo a comandante, é imprescindível gerar sensação de segurança nas pessoas – apesar de subjetiva, essa sensação é um indicador importante para a polícia e para o estado. Responsável por liderar um efetivo de 5.400 policiais, a comandante sabe bem do que está falando. Ela tem uma carrei ra de 28 anos na corporação, onde ingressou perto de completar a maioridade. A vocação profissional se manifestou bem precocemente. O desejo de se tornar policial já era certo aos 12 anos. Foi quando ela, filha de policial militar, viu a primeira turma de mulheres do curso de forma ção de sargentos aprendendo a marchar, ao som do bumbo. “Subi no muro para vê-las, e foi ali que soube”, diz, sem esconder o sorriso no rosto. Expansiva e falante, Cláudia insiste na importância de, como chefe, ir às ruas e acompanhar o trabalho dos PMs sob seu comando. Ela observa não só como estão atuando, mas, principalmente, quais são os maiores anseios das pessoas em relação à polícia – que, segundo a coronel, é vista como refe rência – e se estão sendo atendidos. Nesta entrevista, ela avalia a segurança em BH e as novas medidas anunciadas, além de adiantar o que será feito para garantir que tudo corra bem durante os

jogos da Copa do Mundo. Isso incluiu providências para controlar possíveis protestos. A comandante chama a atenção para a importância do trabalho conjunto, inclusive com o cidadão, para se chegar ao objetivo maior: “Que as pessoas se sintam seguras de ir e vir na capital”. ENCONTRO – A criminalidade violenta aumentou em BH de 2012 para 2013. A cidade está mais perigosa? CORONEL CLÁUDIA ROMUALDO – É

QUEM É CORONEL CLÁUDIA ARAÚJO ROMUALDO, 46 ANOS ORIGEM Belo Horizonte, Minas Gerais FORMAÇÃO Graduada em direito pela UFMG CARREIRA Ingressou no curso de formação de sargentos da Polícia Militar de Minas Gerais há 28 anos. Passou pelas áreas de ensino, Estado-maior, recursos humanos. Em 2011, assumiu o comando de unidade no 36ª Batalhão, em Vespasiano, e em fevereiro de 2013 tornou-se comandante da 1ª Região de Polícia Militar

Não podemos concordar com um crime praticado para resolver outro, mas precisamos ter a sensibilidade de entender que o cidadão se aproxima do limite de tolerância”

preciso entender que o que se mede é o fato acontecido, não o prevenido. E a ca racterística da PM é a prevenção ostensiva, para não permitir que o crime ocorra. Quando não conseguimos prevenir, tentamos fazer repressão qualificada – identificar autor do crime e efetuar sua prisão e apreensão de material. Isso é o que se mede. Além disso, a polícia é apenas um elo de um sistema grande, do qual o cidadão também faz parte, e deve nos ajudar a ajudá-lo. Mas, como for ma de medida, a estatística demonstra aquilo que aconteceu, e esses números, sem dúvida, servem como referência para que possamos adotar providências específicas. Contudo, não se pode tratar casos apenas como números. Pode explicar melhor?

Se olharmos um crime de roubo, por exemplo (crime em que há emprego de arma ou violência), um roubo na rua, em que a pessoa o empurra e pega um bem seu, não se compara, em termos de trauma, à sensação de alguém entrar na sua casa com uma arma, render sua família e pegar seus bens. E ambos são contados como roubo. Temos a preocupação de não enxergar casos apenas como estatística pura e simples. Em termos de números, eles apontam fatos ocorridos e registrados. E como prevenir os crimes?

Aumentando a ostensividade. Nós fa zemos lançamento do nosso efetivo tendo como referência os pontos onde crimes estão acontecendo, confor me os registros demonstram. Temos a ferramenta Igesp Focal (Integração da Gestão em Segurança Pública), que permite identificar quais os principais problemas de determinado local e quais as melhores medidas para MARÇO DE 2014

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ENTREVISTA | CORONEL CLÁUDIA ROMUALDO solucioná-los e para que a criminalidade se reduza em termos numéricos. Qual é a relação entre os números da criminalidade e a sensação de insegurança?

Às vezes os números de uma região, em termos de criminalidade violenta, estão em patamar abaixo do referencial do ano anterior. Mas pode ser que um fato com grande repercussão na mídia traga às pessoas uma intranquilidade. E o que mais faz com que haja sensação de segurança é ver a polícia. Quando veem policiais nas ruas, as pessoas se sentem seguras. Em BH, temos adotado a prática, em conjunto com a Polícia Civil, de investimento em visibilidade, em presença real da polícia na rua. Já são percebidos resultados da medida que o governador anunciou sobre a ida para as ruas de policiais em treinamento e de PMs que atuavam na área administrativa?

Eles já estão nas ruas, e foram lançados nas regiões (e horários) com maiores registros pelo Igesp. Isso tem aumentado a visibilidade e as operações de cunho eminentemente preventivo. No entanto, a medida foi adotada há menos de 30 dias, então, ainda não é possível apresentar números, principalmente no que tange à questão da prevenção. A sra. diz que, em um crime, a possibilidade de atuar na motivação do infrator é mínima, sendo preciso atuar nas outras duas pontas: evitar a vítima vulnerável e o ambiente favorável. Por quê?

É preciso atuar na vítima vulnerável, passando dicas de segurança, e no ambiente favorável, monitorando-o por câmeras, estabelecendo ações de presença policial, etc. Sobre a motivação do infrator, você acha que alguém tem medo de ser preso hoje? Ele escolheu que será criminoso, traficante, fará parte de uma quadrilha. Não tem medo. Há uma fragilidade da lei nesse sentido; estamos trabalhando com privação de liberdade como exceção. Se o cidadão escolheu viver de um crime e ele sabe que não vai ficar preso, não tem medo disso. No bairro Santo Antônio, um homem foi amarrado a um poste após ten-

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Um roubo na rua não se compara, em termos de trauma, à sensação de alguém entrar na sua casa com uma arma, render sua família e pegar seus bens. E ambos são contados como roubo” tar roubar um carro. Algo parecido ocorreu no Rio de Janeiro, onde um jovem foi preso, nu, em um poste. As pessoas estão tentando fazer justiça com as próprias mãos?

Você está retratando esse caso do Santo Antônio, e eu ouvi sobre outro hoje. Um cidadão, na rua Timbiras, tentou pegar a correntinha de uma moça, e os populares viram e fizeram a contenção. Pelo que ouvi, ele apanhou no local. Primeiramente, é importante considerar que, se a pessoa estiver armada, tentar uma reação contra ela é colocar-se em risco. Se não há arma e se pessoas conseguem contê-la e acionar a PM, não tem pro-

blema. A Constituição estabelece que qualquer um pode prender alguém em flagrante. Conter e acionar a PM, sem dúvida, é uma ajuda. Mas, quando se imobiliza a pessoa e a agride, aquele que agride passa a cometer um crime. Você, que teria razão por ser a vítima de um crime, passa a ser autor de outro. E não se soluciona um crime cometendo outro. Sem dúvida, isso retrata a sensação de indignação a que o povo já chegou, por ver a mesma pessoa sendo presa várias vezes, ver a demora no processamento e julgamento de quem comete um crime, ver a preocupação de se ter um auxílio para a família do autor, mas não da vítima. São fatores que vão se somando nessa sensação de indignação. Nós não podemos concordar com um crime praticado para resolver outro, mas precisamos ter a sensibilidade de entender que o cidadão se aproxima do limite de tolerância daquilo que não tem ocorrido da maneira como gostaria em termos de segurança. O que se aprendeu com as manifestações do ano passado?

Nós nos deparamos com uma situação nova. As manifestações apresentavam interesses e solicitações difusos, pessoas totalmente heterogêneas, e não havia lideranças. Nesse contexto, é difícil fazer intervenção, funcionar como intermediário. A polícia estava acostumada com manifestações quase diárias, mas de categorias específicas, com lideranças estabelecidas e propostas definidas. Assim, é possível fazer um acordo, combinar o itinerário. E, quando a liderança é eleita, as outras pessoas obedecem: “Vamos caminhar em uma de três pistas, manifestar por 30 minutos, depois nos dispersamos. Combinado? Combinado.” Foi o que fizemos na manifestação das professoras, que aconteceu no mesmo dia em que houve o protesto na avenida Antônio Carlos, no primeiro dia de jogo em BH. Nesta última, um pequeno grupo se desprendeu dos manifestantes – que já tinham, inclusive, dado por encerrada a manifestação – e decidiu que não pararia, partindo para cima da polícia, agredida com pedradas, bola de gude, estilingue, coquetel molotov. Mas essas observações nos permitiram estabelecer a atuação na manifestação do 7

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EdifĂ­cio Panorama

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ENTREVISTA | CORONEL CLÁUDIA ROMUALDO de setembro, pois já sabíamos qual era o grupo que vinha com o propósito de prática de violência e dano. A ação das polícias foi legal e legítima, baseada em planejamento de atuação. Um grupo está se reunindo para discutir a questão das manifestações na Copa do Mundo, estamos com um trabalho adiantado para impedir que ações criminosas aconteçam. Segundo a Secretaria de Defesa Social, em BH, o carnaval deste ano foi menos violento do que o de 2013, apesar de ter reunido mais pessoas. Houve um planejamento especial?

Muito planejamento e acordo com as comunidades. Os blocos de rua se cadastraram na prefeitura, e foram acordados horário e local de concentração, bem como itinerário. Fora isso, havia palcos em locais específicos, tudo acordado com a PM, com hora de começar a acabar. Além do planejamento, outro fator significativo foi o estado de espírito do folião, que foi para a rua para se divertir. Tivemos algumas ocorrências policiais – extravios de documento, alguns furtos, pequenos roubos, algumas brigas –, mas foi possível um carnaval seguro, devido às reuniões de planejamento com prefeitura, associações de bairros, comerciantes. Os blocos que não se cadastraram, por sua conta e risco, ficaram sem a presença da polícia, e quem lidera isso assume o risco – mas é importante considerar que o policiamento ordinário se manteve em toda a cidade. Quais são as prioridades da PM hoje?

Manter o foco na busca da redução dos índices criminais, mas, principalmente, atuar na sensação de insegurança do cidadão. Precisamos estar cada vez mais próximos das pessoas, para que, juntos, possamos encontrar soluções para os problemas que temos, uma vez que o nosso propósito maior é este: que as pessoas se sintam seguras de ir e vir na capital. O importante é o trabalho conjunto. Houve avanços da segurança em BH?

O mais positivo em BH é a participação massiva e efetiva do cidadão, que hoje é consciente e preocupado com sua segurança. Antigamente, se você perguntasse a uma pessoa onde ficava, no bairro 26 |Encontro

Os protestos do ano passado tinham interesses difusos. A polícia estava acostumada com manifestações de categorias específicas, com lideranças definidas. Era possível fazer acordo” dela, a igreja, o hospital, o supermercado, ela saberia dizer. Mas, se perguntasse onde era a polícia, não saberia dizer. Hoje, ela sabe. Porque se tem trabalhado cada vez mais na proximidade entre o cidadão e a polícia, para que ele sempre saiba a quem recorrer em caso de necessidade. A consciência do cidadão sobre sua importância na construção da segurança pública aumentou muito, e isso é um dos fatores de maior relevância para que a polícia tenha condição de fazer um trabalho de maior excelência. Como é ser mulher em um cargo tradicionalmente ocupado por homens?

A mulher está na polícia há 33 anos, e nossa instituição é extremamente democrática. Qualquer um que a integra pode chegar ao último posto, basta que se prepare, se qualifique e seja dedicado. Um cônsul japonês uma vez me disse que uma das coisas que os levaram a ter mais mulheres na polícia é a facilidade que temos na verbalização. Mas, em Minas, vejo que isso não é característica da mulher policial, é no geral. Apesar de mineiro ser pensado como mais desconfiado, conservador, o PM mineiro recebe treinamento para buscar expansividade no trato com as pessoas. O que há de diferença entre homens e mulheres é que não temos a mesma força física que eles, mas a instituição permite o exercício de todas as funções. Mulheres já foram de soldado a coronel; o fato de ser mulher não é tão marcante. Como a sra. se descreve no cargo?

Tenho como característica acompanhar tudo de perto. Gosto de ir à rua diariamente, acompanhar as atividades. Claro que tenho as atividades administrativas, as reuniões, mas gosto de acompanhar ocorrências. Assim, vejo como o planejamento está sendo executado, vejo as dificuldades com as quais os policiais se deparam no trabalho, como podemos auxiliar na solução, e converso com os cidadãos, para ver se o trabalho da polícia está atendendo aos anseios da população. Indo ao lugar, consegue-se enxergar com mais facilidade essas questões e, às vezes, adotar soluções naquele mesmo momento. O interesse pela profissão vem de família?

Meu pai é policial militar, hoje na reserva. Eu o via trabalhando, e isso me interessou. Lembro-me do dia exato em que decidi entrar para a polícia: foi aos 12 anos, quando estava no Clube dos Oficiais, que fica ao lado do pátio da academia. Vi a primeira turma de mulheres que entrou na polícia, alunas do curso de formação de sargento, e elas estavam na aula de ordem unida, ou seja, para aprender a marchar. Eu as vi marchando ao som do bumbo e sabia que queria ser aquilo. No mês em que faria 18 anos, entrei para o curso, no edital da terceira turma. De lá para cá, já são 28 anos de serviço. z

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RETRATOS da cidade | rafael campos rcampos@revistaencontro.com.br

Quatis atrevidos Os famosos quatis do parque das Mangabeiras, a maior área verde de Belo Horizonte, têm dado o que falar. Eles estão cada vez mais atrevidos, roubando frutas e outros alimentos dos visitantes. Não respeitam nada. O pior é que a culpa é exatamente de quem dá comida a eles. “São animais silvestres, mas com o comportamento alterado, já que deixam seu hábitat para buscar alimentos com os visitantes”, diz a bióloga Nadja Simbera, coordenadora do Projeto Quatis

João Carlos Martins

da UFMG, em parceria com a Fundação de Parques. De acordo com a especialista, cerca de 180 quatis moram na área verde, o que representa 50 por quilômetro quadrado. E tem mais: tal situação pode afetar a regeneração da mata, já que os animais deixam de cumprir seu papel. Há sementes que só germinam após passar pelo intestino e estômago deles. Portanto, pode ser divertido atrair os quatis para alimentá-los, contudo, a natureza não agradece!

Nadja Swimbera

Novo viaduto Imortalizado na obra O Encontro Marcado, de Fernando Sabino, o viaduto Santa Tereza está em reforma. Sob a estrutura, que ao longo dos últimos anos se transformou em palco de diversas manifestações culturais, a PBH planeja instalar um circuito de esportes radicais. Pistas de skate, de bicicleta e de basquete estão previstas para o local, além da recuperação das estruturas de concreto. Contudo, nem mesmo durante as obras o lugar perdeu seu fôlego reivindicatório, pois manifestantes ocuparam parte do canteiro de obras exigindo da administração municipal mais transparência e participação popular na reforma. A prefeitura informou que, desde 2012, vem realizando reuniões com a participação de vários setores direta ou indiretamente ligados ao tema, para tratar da revitalização da parte de baixo do viaduto Santa Tereza.

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Verde ou vermelho? Quem passa pela avenida do Contorno, um dos principais corredores de Belo Horizonte, deve ter atenção redobrada. A visualização de alguns semáforos está prejudicada devido a galhos de árvores, principalmente, na altura dos bairros Funcionários e Serra. Na esquina com a rua Monte Alegre, por exemplo, sentido Santa Efigênia, o motorista só consegue enxergar o sinal quando está bem próximo à faixa de pedestre. A história se repete em frente ao Colégio Padre

Machado, no Funcionários, sentido avenida Nossa Senhora do Carmo. A Regional Centro-Sul da PBH informou que a BHTrans, empresa que gerencia o trânsito da capital, tem autorização para realizar as chamadas podas semafóricas. Contudo, em contato com o órgão de trânsito, a reportagem apurou que tais podas dependeriam do grau de extensão. Trocando em miúdos, ambos os órgãos informaram que os motoristas devem ligar no 156 e relatar o problema à PBH.

Com Visa pagou. Na final chegou.

Fotos: João Carlos Martins

Que muro é esse? Um muro de alumínio com arame farpado se destaca na paisagem da tradicional rua Congonhas, entre as ruas Santo Antônio do Monte e Leopoldina, no Santo Antônio. A estrutura é o símbolo de um imbróglio. No terreno, há 11 imóveis tombados pelo patrimônio histórico, entre eles, a casa onde viveu o escritor Guimarães Rosa. Entretanto, a área foi adquirida pela construtora Canopus, que pretende erguer torres no local, preservando as casas. Pelo menos sete imóveis, onde funcionavam restaurantes e lojas, foram desocupados e o restante dos proprietários entrou na Justiça contra a desapropriação. Enquanto a situação não se resolve, moradores relataram que o quarteirão se transformou em moradia de mendigos e ponto de drogas. A solução da PBH foi cercar até que o caso se resolva.

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GENTE FINA | IZABELLA FIGUEIREDO redacao@editoraencontro.com.br

ELA TIROU O FÔLEGO Mineira de Itambacuri e ex-moradora de Contagem, nortea modelo Camila Alves, que que éécasada casadacom como oator ator nortemarcou presença -americano Matthew MatthewMcConaughey, McConaughey, marcou presença nas listas das mais bem vestidas do Oscar. Com um longo rosa claro custom custom made madeGabriela GabrielaCadena, Cadena,clássico clássicoeesem sem decote, ela acompanhou oo marido marido ààcerimônia, cerimônia,em emque quese se leira. A modelo de 32 anos chegou sentaram na primeira fifileira. chegou justamente para para não não ofuscar ofuscar oo a dizer que escolheu o look justamente parceiro, que levou a estatueta de melhor ator. Mas a tentativa de não roubar a cena não deu certo. Na cobertura do ngton Post Post mencionou mencionou que, que, evento, o site de notícias Huffi ngton “apesar de McConaughey McConaughey ter tersido sidopáreo páreoduro duronanadisputa disputa pelo holofote, Alves recebeu a maioria da atenção atenção em em seu seu vestido de tirar tirar oofôlego.” fôlego.”AAbeldade beldadetambém tambémfoi foiindicada indicada TVTV como a mais mais bem bemvestida vestidapelo peloprograma programade demoda modadada fechada Fashion Police. Ela também recebeu atenção total do marido, que deu um um beijo beijo carinhoso carinhoso na naamada amadaao aoouvir ouvir o anúncio de que havia arrebatado a estatueta estatueta ee foi foi menmencionada em seu seu discurso discursode deagradecimento, agradecimento,junto juntoaos aosos os lhosdo docasal. casal.(Marina Dias) três filhos

Gregg DeGuire/Getty Imagens

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Geraldo Goulart

ÍCONE DA MODA Difícil alguém no meio da moda em Minas não conhecê-la. Referência no processo de dar forma e mo vimento ao vestuário, a ex-jornalista e uma das pre cursoras do curso de estilismo da UFMG Junia Melo ministra, ao lado de sua irmã Letícia Barcellos, há mais de 20 anos, oficina de moda que leva seu nome. Aos 80 anos e com uma juvenilidade invejável, Junia escolheu 2014 como o último para transmitir seus ensinamentos em aulas práticas. Mas não se trata de aposentadoria. A fim de colocar no papel todo seu conhecimento so bre a arte da modelagem, uma das mais difíceis etapas de uma confecção, a partir de janeiro de 2015 ela vai se dedicar a um livro sobre o assunto. “Existe um buraco na literatura didática sobre a modelagem no Brasil. Quero preenchê-la”, diz. (Ana Cláudia Esteves)

Samuel Gê

AGORA NOS GRAMADOS Há seis anos na Globo Minas, Diego Bertozzi contabiliza em seu currículo coberturas de casos como o do goleiro Bruno e as manifestações de 2013. A partir deste mês, entretanto, o repórter vai estrear nos gramados. Recém-contratado pelo canal fechado Fox Sports, Diego deixa a emissora global com duas missões na nova casa: cobrir a Copa do Mundo focando nos seis jogos sediados em Belo Horizonte e seguir os passos de Atlético e Cruzeiro na Libertadores. “A área do esporte sempre mexeu comigo. Além disso, é necessário ter novos desafios”, diz. Recatado, Bertozzi jura imparcialidade total na hora de transmitir êxitos – e, quem sabe, fracassos – do Galo e da Raposa no Mundial. “Não tenho essa de preferência”, garante.

Leo Araújo

UM EM CEM MIL Há oito anos, o engenheiro Daniel Cardozo se inscreveu em uma iniciativa de doadores voluntários de medula óssea na empresa na qual trabalhava, em BH. “Participei do movimento por participar”, diz. Em setembro do ano passado, ele recebeu telefonema do Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea informando que havia um receptor compatível. Foi em um hospital de Jaú (SP), em fevereiro, que passou por 160 punsões da medula, não sem antes se emocionar com a quantidade de crianças que guarda por doações. “Dói muito, mas passaria por tudo outra vez”, diz. Sobre o receptor de sua medula, Daniel pouco sabe, já que é confiden cial. Ainda assim aguarda o feedback para saber se deu tudo certo. Caso os dois queiram se encontrar, isso é possível, mas só após um ano e meio. O engenheiro, no entanto, prefere deixar essa escolha para o receptor. “Minha parte eu já fiz e não quero nada em troca”, diz. MARÇO 2014

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CIDADE | VIOLÊNCIA

Onde vamos parar? Número de assaltos e roubos cresce na capital e desperta sensação de insegurança na população. Alvos principais são a área da Savassi e bairros da região Centro-Sul, como Sion e Anchieta. Comerciantes e moradores estão assustados Blitz da Polícia Militar na Praça Sete, centro de BH: ações preventivas para coibir a criminalidade estão sendo intensificadas

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GEÓRGEA CHOUCAIR

O ritual de trabalho do empresário Yonel Hofman, proprietário da relojoaria Tic Tac, no coração da Savassi, é o mesmo há 36 anos. Ele entra na loja uma hora antes de a freguesia chegar, varre o chão, limpa os vidros e só depois abre as portas. Mas se dentro da sua loja – sempre cheia – a rotina não mudou, o mesmo não se pode dizer do cenário a seu redor, na avenida Getúlio Vargas, quase esquina com avenida Cristóvão Colombo, onde a Tic Tac está instalada. O glamour da praça Diogo de Vasconcelos (praça da Savassi), vizinha da loja de Hofman, parece, aos seus olhos, ter desaparecido. “Depois que colocaram as fontes de água, os pivetes passaram a tomar banho e lavar roupa por aqui. Teve até homem pelado rodando na vizinhança”, afirma. O charme da região, segundo ele, foi se esvaindo principalmente depois que os mendigos passaram a se abrigar do outro lado da

avenida, onde tem loja. “A reforma da Savassi só trouxe dor de cabeça. Quebrou muito lojista. Poucos permaneceram da minha turma”, diz ele, com olhar triste e feição desolada. Hofman fala com propriedade da região, já que trabalha e mora há anos na Savassi, na rua Alagoas. “A situação como morador tem piorado também. É muita insegurança e assalto. À noite, escuto muito alarme disparar”, diz o empresário. A preocupação dele, que se alastra para moradores e comerciantes de Belo Horizonte, não está baseada apenas na sensação de insegurança. Ela é comprovada em números. O volume de roubos consumados em Belo Horizonte teve alta de 24,35% de 2012 para 2013, segundo dados da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds). Os roubos saltaram de 22.965 para 28.558 no ano. Na prática, isso significa que, no ano passado, um morador da capital foi roubado a cada 18 minutos. Assustador? Muito. Jair Amaral / EM / DA Press

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PISCA-ALERTA Roubos consumados em BH

Algumas medidas anunciadas pelo governo para combater a violência:

30.000

28.558

29.000

28.000

Alta de

24,35%

27.000

26.000

Dois novos batalhões foram criados, com 400 homens em cada um. Outros 163 cadetes do curso de formação de oficiais vão compor três novos batalhões da Polícia Militar na região metropolitana de Belo Horizonte. Esses policiais serão deslocados para as áreas onde há a necessidade de complementação do efetivo

25.000

A Polícia Militar vai receber 378 novas viaturas e a Polícia Civil contará com reforço de cerca de 450 veículos em sua frota a partir deste mês

24.000

23.000

22.965

22.000

Os registros de ocorrência mais simples, como o extravio de documentos e os acidentes de veículos sem vítimas, poderão ser feitos diretamente pelo sistema on-line, por meio de uma delegacia virtual, que vai demandar R$ 2 milhões em investimentos

21.000

20.000

2012

2013

Áreas de maior índice de roubos nas regiões Centro-Sul e Central: Savassi (Tomé (Tomé de de Souza, Souza, 1 entre Cristóvão Colombo e Pernambuco)

A Polícia Civil vai investigar furtos e roubos de perdas a partir de 20 salários mínimos (R$ 14,48 mil). Antes, só prejuízos acima de 120 salários mínimos (R$ 86,88 mil) eram apurados BELO HORIZONTE

Santo Antônio (áreas mais 2 residenciais, que ficam sozinhas durante o dia) 3

4

Lourdes e Gutierrez (proximidade de bares)

6

Avenida Nossa Senhora do 4 Carmo, no trevo do Belvedere 5

Serra (saída para a favela)

6 Prado 7

Sion (proximidade de igreja e saídas para as favelas)

8

Centro (rua Guaicurus e av. Santos Dumont)

9 Gutierrez

5 3

2 1

9

8

7

Nos próximos meses, começam a ser implantados painéis eletrônicos similares aos utilizados em aeroportos e um sistema de senhas nas 12 delegacias de plantão da região metropolitana de Belo Horizonte e das maiores cidades do interior Cerca de 2,5 mil viaturas das polícias Militar e Civil de região metropolitana de Belo Horizonte vão contar com equipamentos para rastreamento veicular por Global Positioning System (GPS). O objetivo é aprimorar o monitoramento e o controle da frota, reduzindo, assim, o tempo de atendimento às demandas dos cidadãos Fonte: Seds, PM e lojistas

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CIDADE | VIOLÊNCIA Cláudio Cunha

Batida policial na avenida Nossa Senhora do Carmo, próximo ao trevo do Belvedere: região registra assaltos constantes a motoristas parados no sinal

A criminalidade levou o governador Antonio Anastasia a anunciar, no dia 17 de fevereiro, um pacote de medidas para tentar frear o avanço da violência no estado e aumentar a sensação de segurança da população. Cerca de 1,3 mil servidores civis aprovados em concurso da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) serão convocados para trabalhar no setor administrativo da corporação, liberando outros militares para o policiamento onde eles mais fazem falta: nas ruas. O governador afirmou que o estado trabalha com dois indicadores de violência: os dados estatísticos e a sensação subjetiva de segurança. O governo designou, ainda, 163 cadetes do curso de formação para reforçar o policiamento preventivo nas regiões com maior índice de crimes violentos. Até 30 de maio, os cadetes vão atuar no hipercentro, avenida Nossa Senhora do Carmo, Gutierrez, Padre Eustáquio, Caiçara, Savassi, Sion, Serra e Santo Antônio.” Estamos somando esforços com eles. Vamos unir os ensinamentos da academia à prática de rua”, afirma o subcomandante do batalhão acadêmico da PM, 34 |Encontro

Fernão Campelo, Clodoaldo Costa. As assembleias de bairros que estão sendo convocadas pelas associações de moradores com faixas nas ruas e divulgação nas paróquias da capital têm um tema em comum: a violência. No dia 24 de fevereiro, os moradores do bairro Gutierrez, região Oeste, reuniram-se com a PM para debater a criminalidade na região. “Depois de mais uma morte que aconteceu por aqui, queremos segurança preventiva, que hoje não existe. Ninguém quer perder a vida para só depois a polícia aparecer”, afirma Guilherme Neves, presidente fundador da Associação SOS Bairros, que reúne os bairros Gutierrez, Prado, Calafate e Bar roca. No início de fevereiro, o universitário Matheus Salviano foi morto a tiros quando voltava para buscar o carro por volta das 22h no Gutierrez. “A falta de segurança nessas regiões está terrível. A Polícia Militar está transferindo para os cidadãos as responsabilidades que seriam dela”, diz Neves. A aposentada Miriam Flores mora no Gutierrez há 25 anos. No fim do ano passado, seu prédio sofreu dois assaltos. “Há dez anos não vejo policiamen -

to, ronda ou posto policial no bairro. A cidade está mal iluminada, com ruas muito escuras”, diz. O estudante Bru no Raydan participou da assembleia que tratou da violência no Gutierrez. Ele mora no bairro desde 2009. “Nos últimos dois anos, aconteceram alguns incidentes na rua onde moro, como roubo de carro e arrombamento de residências. Deveria ter um patrulhamento mais ostensivo no bairro”, afirma. No Anchieta, região Centro-Sul da capital, foram espalhadas faixas por todo o bairro convocando os moradores para reunião para tratar da segurança. “Já que o governo anunciou algumas medidas e prometeu mais policiais na rua, queremos saber o que está trazendo de novo para o nosso bairro”, diz Paulo Omar Nascimento Pereira, que mora há 42 anos na região e é presidente da Associação dos Moradores do Anchieta (Amoran). A segurança também foi tema de assembleia no dia 18 de fevereiro no bairro Buritis, região Oeste da capital, onde tiveram presentes 200 moradores, deputados, representantes da Polícia Militar e da Ordem dos Advogados do Brasil

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CIDADE | VIOLÊNCIA Samuel Gê

Paulo Márcio

Roberto Rocha

Josilene Soares, gerente de uma loja de lingerie: “Estamos perdendo o movimento nas lojas porque as pessoas preferem a segurança dos shoppings”

Yonel Hofman, dono da relojoaria Tic Tac e morador do Sion: “É muita insegurança e assalto. À noite, escuto muito alarme disparar”

A comerciante Maria Auxiliadora Teixeira de Souza, presidente da Associação de Lojistas da Savassi: “As fontes aqui viraram banheiro público”

(OAB). “Temos visto muita violência aqui no bairro, com vários assaltos e sequestros relâmpagos. Achamos que acontece em função da impunidade, pelo fato de ter muito menor envolvido”, observa Maria Consuelo Arreguy, presidente da Associação de Moradores do bairro Buritis. No dia 29 de janeiro, um homem foi morto no bairro, depois de ser baleado ao sair de carro da academia. Na análise de Ludmila Ribeiro, professora-adjunta do Departamento de Sociologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pesquisadora do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública (Crisp), a violência tem acontecido em função da perda de análise e de entendimento das causas. “Temos observado, nos últimos anos, mais ações de cunho repreensivo do que preventivo”, afirma. Além disso, diz, há a perda de compartilhamento das informações entre a Polícia Militar e a Polícia Civil. “Hoje cada organização trabalha com suas informações. Aí fica difícil definir onde serão feitas as investigações prioritárias”, esclarece. Moradora e empresária da zona

Sul de Belo Horizonte, a comerciante Maria Auxiliadora Teixeira de Souza, presidente da Associação de Lojistas da Savassi, sofre com os incidentes na região nos últimos anos. Sua casa, no bairro Sion, teve oito tentativas de arrombamento só no ano passado. Os ladrões não tiveram sucesso em função do aparato gigantesco de segurança que Maria Auxiliadora tem na casa: 30 sensores de presença, cinco sirenes e uma cerca elétrica. “Meu marido não quer se mudar, pois tem apego pela casa pelo fato de ter sido o pai dele que a construiu. Mas os ladrões só não conseguiram entrar porque temos muito alarme. Aqui está muito perigoso. As ruas são escuras e é rota de fuga para a favela”, diz a empresária. Maria Auxiliadora cresceu na Savassi e se entristece ao falar da região onde tem o seu comércio de bijuterias. “O ano de 2013 foi o pior de todos os tempos da Savassi, em consequência da economia do país e das reformas na região. Mais de 60 lojas fecharam. As quatro fontes instaladas aqui viraram banheiro público e dormitório de mendigos”, diz. Apesar de moradores e lojistas cita-

rem alguns pontos de maior incidência da violência, a PM alega que as ocorrências são espalhadas e evita mapear áreas mais perigosas. “Cada bairro contribui com o aumento da estatística. As ocorrências acontecem em todos eles. Não é característica de uma rua específica”, afirma o capitão Jackson Ramos, assessor de comunicação do 22º Batalhão da Polícia Militar na região Sul da cidade. A sua área abrange bairros como São Bento, Belvedere, Mangabeiras, Santo Antônio, Gutierrez, Sion e Anchieta. Ele ressalta que o batalhão tem intensificado o policiamento preventivo na região com viaturas (patrulhas de bairro), táticas móveis e agrupamento de motocicletas, que ganham maior mobilidade. “Temos feito ainda reuniões comunitárias para que, trabalhando em conjunto com a comunidade, possamos aumentar a sensação de segurança das pessoas”, diz Ramos. Contudo, no dia a dia, o que tem reinado entre os comerciantes é a insegurança. Alguns preferem não se identificar, com medo de represália. O empresário Olímpio Soares tem duas óticas na Savassi, uma na rua Tomé de

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e projeto ISO 50.001 (eficiência energética), além da certificação de conformidade a 100% dos requisitos legais e diversos prêmios nacionais e internacionais, obtidos em reconhecimento à boa gestão, acolhimento diferenciado, competência dos profissionais de saúde e moderna tecnologia. Todo esse esforço é recompensado pelo carinho diário dos Pacientes e da nossa Sociedade.

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CIDADE | VIOLÊNCIA Eugênio Gurgel

Faixa colocada nas ruas do bairro Anchieta convoca moradores para reunião sobre a questão da segurança: associações de bairros estão mobilizadas

Souza e outra na rua Pernambuco. Nos últimos três meses, ele já sofreu três furtos na loja. “Se for depender da polícia, eles não chegam. Aqui virou uma terra sem lei”, diz. A gerente da loja de lingerie Carolina Etz, Josilene Soares, tomou duas medidas para evitar danos à loja e às funcionárias: ela vai passar a trabalhar de portas fechadas e encerrar o expediente mais cedo. Tudo isso em função da insegurança na Savassi, depois de sofrer assalto no ano passado, no horário de fechamento da loja. Josilene evita falar do prejuízo. Apenas afirma que há necessidade de maior fiscalização e monitoramento da polícia na região. “Estamos perdendo o movimento nas lojas porque as pessoas preferem ir para os shoppings, que oferecem mais segurança”, afirma. Os ladrões, diz, chegam a entrar na loja para oferecer celular roubado. “Eu não vejo policiamento fixo. É só viatura passando”, afirma. O comandante Marcellus de Castro 38 |Encontro

Machado, da 4ª Companhia do 1º Batalhão da Polícia Militar, responsável pela região da Savassi e Lourdes, explica que o objetivo da polícia não é deixar as viaturas paradas em um só local. “Na Savassi, fazemos a mobilidade para atender à necessidade pontual do bairro. O nosso objetivo não é ficarmos parados em um só local”, diz. A PM, segundo Machado, pretende desenvolver um Conselho de Segurança Pública na região da Savassi e Lourdes, com participação do comércio e lideranças comunitárias para recolher toda a informação, necessidades e demanda que a comunidade precisa. “A nossa intenção é ter a participação da comunidade nos assuntos referentes à segurança pública”, diz. Se for depender da opinião pública, a PM terá muito trabalho pela frente. O comerciante Rubens Batista, proprietário da Status Café, Cultura e Arte, não poupa esforços em falar da Savassi. “É preciso que os órgãos públicos entendam que a região é um dos pontos

mais importantes da capital, é o cartão-postal”, afirma Batista. Ele é um dos comerciantes mais antigos da área. Chegou há 40 anos como jornaleiro, em uma banca de revista em frente à Padaria Savassi, onde atualmente funciona uma operadora de telefonia. Com saudosismo, recorda-se do ponto da esquina entre as avenidas Getúlio Vargas e Cristóvão Colombo, onde se encontravam na padaria personalidades da política, cultura, do empresariado e das artes. “Comíamos pão com salame lá e tudo ainda era retornável, como o casco de refrigerante. O leite era armazenado em garrafas com aquela tampa de alumínio”, lembra. Hoje, Batista é proprietário da Status, na rua Pernambuco. Ele afirma que praticamente “mora” na Savassi, já que chega às 10h no trabalho e só sai por volta da 1h. “O objetivo da revitalização era dar cara nova à Savassi, mas até agora não adiantou. Depende do poder público colocar os olhos voltados para cá. Os mendigos continuam aqui. E o carro

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CIDADE | VIOLÊNCIA João Carlos Martins

Morador de rua se refresca na fonte da praça da Savassi: comerciantes reclamam que banhos constantes e até lavagem de roupa afugentam clientes

da polícia fica alguns dias e vai embora”, diz o empresário. A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) alega que os moradores de rua são pessoas em situação especial e que devem receber acompanhamento social. Se gundo a PBH, se algum morador for flagrado cometendo algum delito em área de atuação da Guarda Municipal, as providências serão tomadas. Caso contrário, o direito de ir e vir é assegurado a qualquer cidadão. Já o coordenador do Conselho da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) da Savassi e presidente da Associação de Moradores e Amigos da Savassi (Amas), Alessandro Runcini, diz que os moradores de rua estão se apropriando de algo que é público, como as quatro fontes de água da Savassi. “A situação é grave e crítica. Precisa ser resolvida de forma abrangente e que seja boa para os dois lados. Não queremos nenhuma limpeza, mas sim moradia mais digna”, diz. 40 |Encontro

Ele ressalta ainda que o Orçamento Participativo de 2011 para 2012 ainda não foi implementado. “O primeiro item a ser tratado eram as câmeras para a região. Só agora, depois de dois anos, que está sendo feita a licitação desses equipamentos”, diz. Runcini revela que a Savassi conta atualmente com seis câmeras de vigilância. “Desse total, ficamos sabendo que só uma estava funcionando”, diz. A CDL fez, no fim do ano passado, um ofício para a PM pedindo que seja efetuada a manutenção e conserto das câmeras danificadas, além de maior reforço do número de policiais na praça da Savassi. “A verdade é que a violência aumentou não só na região, mas em toda a Belo Horizonte. A segurança está pior”, ressalta Runcini. Câmeras sem funcionar também são a realidade das ruas da região central da capital. “Com isso, os bandidos estão percebendo que há uma brecha

para atuarem. Os pequenos crimes tinham sido reduzidos com a instalação de câmeras e saída dos camelôs das ruas, mas voltaram a acontecer”, diz Flávio Fores Assunção, presidente da Associação dos Comerciantes do Hipercentro de Belo Horizonte, que reúne cerca de 3 mil lojistas. Ele revela que a região central contava, no passado, com cerca de 700 policiais – e, hoje, são apenas 230. “Há uma defasagem de pessoas. A maré virou outra vez”, diz. O capitão Gibran Maciel da Silva, da 1ª Região da Polícia Militar, afirma que será feito reforço de policiamento preventivo nas áreas de Belo Horizonte que registraram maior número de ocorrências no ano passado, na comparação com 2012, bem como naquelas que apresentaram tendência de aumento nos primeiros meses de 2014. É esperar para ver se a presença de fardas vai crescer entre um quarteirão e outro. z

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COMPORTAMENTO | BLINDAGEM Cláudio Cunha

“A situação é caótica. A insegurança está extrapolando de tal maneira que a sensação de medo se tornou realidade”, diz o empresário Joel Ayres

Movidos pelo medo Aumentou em BH o número de pessoas que investem na blindagem do carro para tentar escapar da violência. O serviço é caro, não sai por menos de R$ 37 mil, mas deixou de ser visto como luxo

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PEDRO ROCHA FRANCO

Antes, eram só estatísticas. Até que a violência bateu à porta de casa. Primeiro foi um vizinho que teve o relógio roubado em um semáforo de Belo Horizonte por um ladrão armado; outro conhecido ficou sem o celular e a carteira. Já a cunhada se arriscou ao arrancar o veículo enquanto um criminoso apontava um revólver para sua cabeça. Foi então que o empresário Joel Ayres não teve dúvidas. Mandou blindar o carro da família. “A situação é caótica. A insegurança está extrapolando de tal maneira que a sensação de medo se tornou realidade”, diz Joel. Além do investimento em blindagem, próximo de US$ 20 mil, ele decidiu instalar câmeras e contratar seguranças para sua residência. Com isso, Joel é obrigado a viver praticamente em uma redoma em busca de maior segurança. “Antigamente, tínhamos notícia de uma pessoa assaltada. Depois,

começamos a ter amigos assaltados. Agora são várias pessoas próximas”, diz. As muitas medidas adotadas pelo empresário para diminuir os riscos de ser mais uma vítima assustaram amigos chilenos em visita à casa dele. “Eles ficaram impressionados. No Chile, isso é impensável”, afirma o empresário. O aumento dos casos de crime em regiões nobres da capital mineira tem levado ao crescimento desse tipo de serviço. Na MG Blindados, uma das empresas do ramo em BH, só nos dois últimos meses do ano passado, 13 carros foram equipados com o sistema de blindagem. O número equivale à procura que era registrada em oito meses, há três anos, segundo o proprietário Alexandre Maia da Fonseca. “Era raro alguém procurar o serviço em BH. Tínhamos um mercado muito pequeno. Hoje é crescente”, diz ele. Na ATM Blindados, a procura em janeiro foi o dobro em relação ao mesmo mês do ano passado. “Todas as empresas de blindagem estão lotadas. O

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BATMÓVEL O que muda no carro com a blindagem O vidro normal é substituído por um dez vezes mais espesso e se usam resina e policarbonato, que, sobrepostos, formam a blindagem

Na lataria, uma manta de aramida faz todo o revestimento, enquanto nos acabamentos (maçanetas, retrovisores, etc.) instala-se aço

Os pneus são reforçados para permitir a fuga caso sejam furados por tiro. Com o uso de materiais mais leves, o carro blindado passou a ficar bem menos pesado que uma década atrás

Tipos e eficácia

NÍVEL 1

NÍVEL 2

NÍVEL 2A

NÍVEL 3A

NÍVEL 3

Suporta tiros de armas calibres 22 e 38, e ataques com ferros e pedras

Suporta tiros de armas calibres 22 e 38, e do tipo Magnum 35

Suporta tiros de armas calibres 22 e 38, Magnum 35 e pistola 9 mm

Suporta tiros de armas calibres 22 e 38, Magnum 35, pistola 9 mm, Magnum 44 e submetralhadora 9 mm

Suporta tiros de armas calibres 22 e 38, Magnum 35, pistola 9 mm, Magnum 44, submetralhadora 9 mm e fuzis AK 47, AR 16 e FAL

Custo de instalação O preço varia conforme o tamanho do carro e da área a ser envidraçada. Pode custar o valor equivalente a um ou dois carros populares. É o caso do nível 3A, o mais usado, que custa entre R$ 38 mil e R$ 70 mil

Por exemplo, em um Toyota Corolla, o equipamento chega a R$ 42 mil

Peso extra

Consumo de combustível

Dependendo do carro, o peso extra pode passar de 130 kg. Só os vidros passam de 2 mm para 21 mm de espessura

Aumenta entre 10% a 15%

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COMPORTAMENTO | BLINDAGEM que há três, quatro anos era um produto para milionário, hoje, é para um cliente assustado”, afirma o consultor técnico e especialista no segmento de blindados, Carol Figueiredo. O carro blindado praticamente isola os ocupantes dos riscos do mundo exterior. Com os vidros fechados, dificilmente o motorista e os passageiros serão coagidos pelo criminoso. Além de resistentes a disparos de revólver e até fuzis (dependendo da categoria de blindagem), o veículo é equipado com uma série de acessórios que facilitam a fuga e praticamente impedem que um assaltante tenha acesso ao interior do automóvel. Um exemplo é o sistema comunicador com sirene. Os ocupantes conseguem escutar o que se fala do lado de fora, enquanto o ladrão escuta por meio de um alto-falante. Além disso, uma sirene, semelhante à de viaturas, é acionada para indicar o assalto, chamando a atenção de quem passa. E mais: os pneus são reforçados com um sistema que permite ao condutor dirigir por tempo suficiente para escapar de um local de crime, caso ele tenha sido furado por um tiro. Especialista no sistema, Carol Figueiredo, no entanto, aconselha aos proprietários de veículos blindados a se preparar para saber usar o carro em certas ocasiões. Entre os conselhos dados por ele, está o de nunca baixar os vidros, não parar em locais desconhecidos e perigosos na madrugada e fazer curso de direção defensiva. “É preciso saber que ele não é o Batman. No dia em que uma pessoa aponta um revólver em sua direção, mesmo atrás de um vidro blindado, você precisa estar preparado, porque as pernas tremem”, afirma Figueiredo. Na lista de pessoas que têm optado por equipar o automóvel para ter maior segurança estão advogados, engenheiros, médicos, empresários e, claro, famosos, como jogadores de futebol, músicos e atores. O fotógrafo Alberto Wu é um dos adeptos. Há quase duas décadas, ele e a família decidiram trocar São Paulo por Belo Horizonte em busca de mais segurança e tranquilidade. Pacata, a capital mineira era a esperança para se escapar do caos da maior metrópole do Brasil. Alberto não faz parte da lista de ví 44 |Encontro

João Carlos Martins

Além do próprio carro, o empresário Marcelo Cohen mandou blindar o carro da mulher, das filhas e de um irmão: “Fico muito preocupado com minha

timas da violência – pelo menos diretamente. Por outro lado, ele vê a criminalidade aproximar-se. Escutar histórias de colegas de profissão assaltados se tornou algo “comum”. Como anda com equipamentos de trabalho que podem valer até R$ 20 mil, decidiu se prevenir para dificultar a ação de criminosos. “Seja classe A, B ou C, estão todos insatisfeitos. Os índices de criminalidade chegaram a níveis tão altos que leva os cidadãos a se precaver. A blindagem deixou de ser luxo e tornou-se necessidade”, diz. Grávida, a empresária Bárbara Santos Aguiar perdeu um pouco da agilidade, “gastando mais tempo para entrar e sair do carro”, o que, nas proximidades do parto, inclusive, fez com que, por questão de segurança, deixasse de fazer certas atividades por não querer dirigir. A gota d’água para decidir por comprar um carro blindado, no entanto, foi o as-

salto sofrido por sua mãe, acompanhada de seu filho, de 5 anos. De moto, dois assaltantes roubaram a bolsa e o celular da mãe e a mochila do garoto. “Meu filho ficou muito impressionado. Sem saber por que uma pessoa que ele não conhece tirou um bem dele. Tive de tentar explicar a situação para ele”, explica Bárbara. O carro blindado foi uma das formas encontradas por ela para tentar recuperar um pouco a segurança do filho e de toda a família. O menino teve de entender o funcionamento do carro e ainda fez teste para verificar se realmente es tava seguro: “Ele deu um chute no pneu para ver se furava”, conta ela, que lamenta o fato de o filho ter de se preocupar com coisas que ela nem pensava quando pequena, como o simples fato de poder andar com o vidro do carro aberto. Amedrontado, o pai de Bárbara também mandou blindar o carro da esposa e pla-

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COMPORTAMENTO | BLINDAGEM Léo Araújo

Diretor de empresa de blindagem em BH, Alexandre Maia executou o serviço em 13 carros só em janeiro e fevereiro deste ano: o número equivale à procura que era registrada em oito meses, há três anos

Cláudio Cunha

Há quatro anos, o fotógrafo Alberto Wu decidiu equipar seu SUV com o nível 3A, eficaz até contra submetralhadora 9 mm: “A blindagem deixou de ser luxo e tornou-se necessidade”

neja fazer o mesmo com o dele. Mas, diferente da família de Bárbara, que foi vítima direta da violência, na maioria dos casos, quem tem optado por blindar o carro o faz por receio e prevenção, explica o especialista Carol Figueiredo. Nos casos do empresário Marcelo Cohen e do advogado Sérgio Rodrigues, bastaram a repetição de crimes com pessoas próximas para eles tomarem essa providência. “É o conjunto da obra”, afirma o Sérgio Rodrigues. Além do próprio carro, há nove meses, Marcelo Cohen investiu também na blindagem dos automóveis das filhas, da mulher e de um irmão.

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“Tenho escutado muitos casos de roubos de relógio, de bolsa. Fico preocupado com minha família”, diz ele, que, por precaução, não usa mais relógio. Além de blindar o carro, o advogado Sérgio Rodrigues decidiu fazer treinamento para ter porte de arma, mesmo sem saber ainda se andará com um revólver ou se apenas o manterá em casa. “Não me preocupo somente comigo. Do ano passado para cá, muitos amigos foram vítimas no trânsito e tenho de me resguardar”, diz, pensando no filho. Para ele, o carro blindado impede que ele seja surpreendido até mesmo ao entrar em casa. z

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PET | AVES Denis Medeiros

A auxiliar de cabeleireira Fernanda Cristina Clif já aprendeu a lidar com o aparo das asas de suas calopsitas. “É necessário para que possamos passear com segurança com a Pipica e o José. Meu filho Breno, de 7 anos, adora, e os trata como seus irmãozinhos”

Charmosas e exóticas Para quem quer ter um bicho de estimação mas não dispõe de muito espaço, uma boa opção são as calopsitas, que, além de pequenas, adoram interagir com os seres humanos

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DANIELA COSTA

Pequenas, espertas e muito brincalhonas. Assim são as calopsitas, aves exóticas consideradas animais domésticos pela legislação brasileira. A facilidade de interagir com o ser humano vem tornando a espécie uma das mais procuradas pelos amantes de bichos de estimação. Algumas, como o Pituco, de 9 anos, conquistaram destaque de celebridade nas redes sociais – isso porque, além de fazer poses para tirar foto, ele entra sozinho no box para tomar banho com sua dona e dá chilique se alguém se aproxima do seu ninho, uma caixa de papelão toda picotada. Também adora fazer barulho, principalmente, imitar a campainha do telefone ou de sirine de ambulância, e faz questão de receber carinho. “Eu sempre gostei de pássaros, cheguei a ter um periquito, mas depois que comprei o Pituco me apaixonei pelas calopsitas. Ele é tão inteligente que,

desde 2006, decidi filmar o seu dia a dia e postar na internet. Foi um sucesso”, conta a publicitária Brena Braz, de 32 anos. A saga de Pituco, que segundo sua dona pensa que é gente, já chegou a ter mais de 700 mil visualizações em um único post. Nem todas as calopsitas são sociáveis como o Pituco. Existem algumas mansas, mas outras são bem ariscas. O que vai moldar o seu temperamento é o contato direto que a ave tem com as pessoas desde filhote. “Não acredito em calopsita amansada, por isso recomendo que o cliente adquira a ave a partir dos 3 meses de idade, quando já está independente e pronta para se adaptar ao seu dono”, diz Raquel Munayer Solto Bernardes, proprietária do Villazoo Criatório. O preço médio da ave varia de R$ 190 a R$ 600 e, quanto mais exótica, mais cara. “A variação de cores, a carga genética e o sexo influenciam na definição do seu valor comercial”, explica Raquel.

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As vantagens de se ter uma dessas pequenas notáveis em casa é que, além de ocupar pouco espaço, elas possuem menor custo de manutenção que cães e gatos. Foi o que levou a artesã Patrícia de Oliveira Lourenço, de 37 anos, a comprar duas aves – o Queijinho e o Goiabada. “Moro em apartamento e meus filhos sempre me pediram um bichinho de estimação. Como dispomos de pouco espaço, pensamos em algumas alternativas, até que descobrimos a calopsita. Hoje, eles são a alegria da casa e interagem o tempo todo com as crianças”, diz. No entanto, para que vivam sempre felizes e tenham qualidade de vida, as aves precisam de uma boa alimentação e de acompanhamento veterinário. “A base da dieta de uma calopsita deve ser ração extrusada desenvolvida para a espécie e uma mistura de sementes de qualidade, como o alpiste, a aveia e o arroz-cateto. Também recomendamos dar frutas, verduras e legumes. Além de água potável à vontade”, orienta o veterinário

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Eugênio Gurgel

Brena Braz, publicitária: “Eu sempre gostei de pássaros, cheguei a ter um periquito, mas depois que comprei o Pituco me apaixonei pelas calopsitas”, conta. A saga de Pituco já tem mais de 700 mil visualizações no Youtube

Marcus Vinícius Romero Marques, mestre em ciência animal. E todo cuidado é pouco. Doces, chocolates, comida caseira, pão, café, leite, cebola e abacate são extremamente tóxicos para as aves. Assim como a folha de alface, que, por ser rica em água, pode causar diarreia. Ao contrário do que muitos pensam, a famosa semente de girassol não deve ser dada, já que seu alto teor de gordura leva à obesidade e prejudica o funcionamento do fígado, podendo ocasionar a morte do animal. Para manter uma média de vida de 15 anos, o ideal é realizar um checape periódico a cada seis meses, para avaliar a saúde da ave e prevenir doenças fúngicas, bacterianas, virais e comportamentais, já que elas não são vacinadas. “Qualquer tipo de tratamento com antibióticos ou vermífugos só deve ser feito com orientação especializada”, diz Marques. A origem da ave é outro fator determinante para a sobrevida da calopsita, que deve ser adquirida apenas de criadouros que possuam manejo sani-

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PET | AVES Eugênio Gurgel

Patrícia de Oliveira Lourenço, artesã: “Queijinho e Goiabada são hoje a alegria da casa e interagem o tempo todo com as crianças”

SAIBA MAIS SOBRE SEU BICHINHO

Sabemos da importância que ele tem para você e sua família. Assim, buscamos sempre os melhores e mais modernos tratamentos da medicina veterinária para o bem-estar de seu melhor amigo.

Principais Características da Calopsita: • Origem: Austrália • Altura: 30 cm • Peso: de 85 g a 120 g • Maturidade sexual: a partir dos 12 meses • Período de reprodução: o ano inteiro, com quatro a sete ovos por postura e 17 a 22 dias de incubação • Expectativa de vida: pode chegar aos 25 anos, mas a maioria vive bem até os 15 anos Cuidados necessários • Deixe sua ave solta somente sob a supervisão de algum responsável • Evite produtos e objetos que possam intoxicá-la ou feri-la, como perfume, produtos de limpeza e vela acesa • Opte por gaiolas com espaçamento das grades pequeno para evitar que a ave fique presa entre os vãos • Use grades de segurança nas janelas e tenha cuidado com o ventilador de teto • Evite apertá-la ou deixá-la desconfortável • Deixe na gaiola brinquedos próprios para aves, para que ela possa se distrair na sua ausência

tário adequado, assistência veterinária constante, boa higienização das gaiolas e demais instalações e respeito pela vida animal. “Por isso, a visita ao local antes da compra da ave é de extrema importância para assegurar a aquisição de calopsitas saudáveis”, destaca o veterinário. Criadores sérios já vendem a ave com o exame de sexagem por DNA feito em laboratório, que define qual o seu sexo. O aparo das asas da calopsita é outro assunto polêmico. Apesar de necessário para que possam circular livremente fora da gaiola, deve ser feito somente a cada dois meses – e na medida certa, de forma que permita à ave manter o seu equilíbrio e realizar voos curtos, evitando-se a colisão direta com o chão, o que pode provocar lesões, fraturas e rompimento de vísceras. A auxiliar de cabeleireira Fernanda Cristina Clif, de 26 anos, já aprendeu a lidar com a poda. “É necessária para que possamos passear com segurança com a Pipica e o José no ombro. Meu filho Breno, de 7 anos, adora, e os trata como seus irmãozinhos”, diz. z

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TURISMO | FÉRIAS

Enquanto o Brasil se prepara para receber turistas estrangeiros durante a Copa, muitos mineiros aproveitam as férias escolares de junho e julho para viajar e fugir da agitação dos jogos. Confira os destinos mais procurados dentro e fora do país

De malas prontas MARINA SANTOS

No dia 12 de junho, a seleção brasileira entra em campo no estádio do Itaquerão, em São Paulo, contra a Croácia, dando início aos jogos pela maior competição de futebol do planeta. Na mesma data, a empresária Maria Angélica Ribeiro, seu marido, Sérgio, e a filha, Martina, embarcam rumo a Portugal para uma viagem de 22 dias, que ainda incluirá no roteiro visita à Espanha. Para a família, a Copa do Mundo da Fifa, que se estenderá até 13 de julho, foi mais um incentivo para planejar a já sonhada viagem. Maria Angélica explica que a decisão levou em consideração vários fatores. “É uma época 52 |Encontro

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mais tranquila para me desligar do trabalho e queríamos aproveitar as férias da nossa filha.” Em função do evento esportivo, as escolas terão o período de recesso escolar prolongado este ano. O clima mais caloroso no hemisfério norte, com a chegada do verão, é outro atrativo. “Como não gosto de futebol, não estava planejando assistir a nenhuma partida” , diz. A estudante Roberta Amin também já está com as passagens compradas. O destino: Paris. Roberta já morou na capital francesa, onde o pai ainda vive. Agora, planeja uma visita à cidade, mas, dessa vez, acompanhada do namorado, Diego. Para o casal, a escolha procurou unir o útil ao agradável. “Belo Horizon-

te já é cheia normalmente. Com a Copa, virão mais turistas e acredito que tudo vai estar mais caro”, diz. Eles querem escapar da “bagunça” provocada pelos jogos e selecionaram um destino turístico bem romântico, já que aproveitarão o passeio para ficarem noivos por lá. Já para André Seabra, engenheiro de produção, são os interesses profissionais que pesaram no planejamento de uma viagem para o período de junho e julho. “O país deve parar durante a Copa. Quero aproveitar esse período para investir no meu inglês”, explica. Com parentes na Irlanda, ele já está com a hospedagem garantida, mas falta comprar a passagem. Para quem ainda tem intenções de

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Rogério Sol

Samuel Gê

Roberta Amin e seu namorado, Diego: passagens compradas para Paris, onde decidiram ficar noivos

Maria Angélica com o marido, Sérgio, e a filha, Martina: rumo à Europa para uma viagem de 22 dias

viajar durante o período, é melhor se organizar. Segundo o gerente da agência de viagens Belvitur, Rodrigo Matos, muitos acreditavam que ir para o exterior durante a Copa do Mundo seria uma ótima oportunidade do ponto de vista econômico. “Imaginou-se que quem fi zesse isso estaria no ‘contrafluxo’ e, por esse motivo, conseguiria preços mais atrativos.” No entanto, a “profecia” não se cumpriu. “Na verdade, isso não ocorreu até o momento, basicamente, devido ao preço alto das passagens aéreas durante o período”, afi rma. O vice-presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), José Maurício de Miranda Gomes, explica que os custos de viagens

devem subir, já que o evento provoca um prolongamento no intervalo de férias. “Houve uma mudança em nosso calendário. O período da Copa passa a ser também de alta temporada, que este ano abrangerá os dois meses, junho e julho”. José Maurício ainda pondera que o comparativo entre gastos para destinos internacionais ou nacionais são relativos. “Devem-se levar em conta a qualidade da hospedagem e a distância percorrida. Muitas vezes o exterior fi ca mais barato que o interior do Brasil, mas não é regra. Principalmente porque o dólar e o euro estão mais valorizados em comparação a anos anteriores”, diz. Em relação aos destinos internacio-

nais, os Estados Unidos, com destaque para Miami e Orlando, continuam liderando a saída dos brasileiros, segundo informa o vice-presidente da Abav. A Argentina aparece de forma bastante acentuada durante o período do inverno, atraindo turistas para suas estações de esqui. Em seguida, o Chile também é muito considerado. Depois a região do Caribe, como Cancun e Punta Cana, é predileta. Por fi m, a Europa como um todo, sendo Portugal a principal porta de entrada para os brasileiros. Já para viagens domésticas, o Nordeste concentra a maior preferência, estando o Sul da Bahia em primeiro lugar. Confi ra os destinos mais procurados, dentro e fora do país, para quem quer fugir da Copa. MARÇO DE 2014

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TURISMO | FÉRIAS

PUNTA CANA Atrações: Capital do turismo internacional da República Dominicana, possui paisagem paradisíaca, com belas praias de areia branca, palmeiras e céu azul, com vários resorts que se estendem pela orla na região do Caribe Inclui: Hotel all inclusive Duração: 6 noites Preço: A partir de U$ 1.781 por pessoa em apartamento duplo Quem leva: Belvitur (31) 3290-9090 www.belvitur.com.br

MIAMI E ORLANDO Atrações: Diversão nos parques do complexo Disney, Busch Gardens, Islands of Adventure, Sea World e Universal Studios, visitas ao centro espacial da NASA – Kennedy Space Center – e a Miami Beach Inclui: Hospedagem, passagem aérea em classe econômica, ingressos e traslados nos passeios, kit viagem e guias turísticos Duração: 17 dias - 20/06 até 06/07 Preço: A partir de U$ 3.666 por pessoa em apartamento quádruplo Quem leva: Master Turismo (31) 3330-3655 www.masterturismo.com.br

ORLANDO E NOVA YORK Atrações: Parques do complexo Disney, Busch Gardens, Islands of Adventure, Sea World, Universal Studios e Hollywood Studios. City tour de limusine por Manhattan, Nova York, além de festa exclusiva para os participantes da excursão Inclui: Hospedagem (com café da manhã em Orlando), ingressos e traslados para os passeios, kit viagem e guias turísticos Duração: 16 dias - 12/06 até 28/06 Preço: U$ 2.498 por pessoa em apartamento quádruplo Quem leva: GreenTours (31) 3311-8585 www.greentours.com.br

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Fotos: Divulgação

CROÁCIA E ESLOVÊNIA Atrações: Com natureza exuberante, a Croácia possui uma das mais belas orlas do Mediterrâneo. Na Eslovência, é possível desfrutar da riqueza história de sua encatadora capital, Ljubljana, fundada durante o Império Romano. Inclui: Hospedagem em apartamento duplo com café da manhã, passagem aérea em classe econômica com embarque em São Paulo, traslados e guias turísticos em português, espanhol ou eventualmente em inglês, cartãoseguro e assistência internacional Duração: 20 dias e 17 noites - saídas em 02/06 ou 07/07 Preço: A partir de 6.395 euros Quem leva: Mappa Turismo (31) 3071-4000 www.mappaturismo.com.br

CANCUN Atrações: Localizado no Sudeste do México, é conhecido por suas praias de areias brancas e águas cristalinas, onde se pode desfrutar de uma variedade de esportes aquáticos. Também é famoso por seus parques ecológicos e possui agitada vida noturna. Inclui: Hospedagem em regime all inclusive, traslados, city tour e seguroviagem Duração: 7 noites Preço: U$ 2.179 por pessoa em apartamento duplo Quem leva: Visa Turismo (31) 2111-5872 www.visaturismo.tur.br

CANADÁ Atrações: O circuito inclui as principais cidades da costa leste canadense, como Toronto, Cataratas do Niágara, Quebec, Montreal e a capital Ottawa. O visitante pode desfrutar de uma mistura de belas paisagens com a cultura francesa Inclui: Hospedagem com café da manhã, passagem aérea saindo de Guarulhos, traslados, seguro-viagem e acompanhamento de guia em português ou espanhol Duração: 11 dias e 10 noites - saída em 07/06 Preço: U$ 3.130 por pessoa em apartamento duplo Quem leva: Primus Turismo e Viagens (31) 3228-6007 www.primus.com.br *Valores sujeitos a alteração sem aviso prévio e a disponibilidade MARÇO DE 2014

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TURISMO | FÉRIAS EUROPA JOVEM Atrações: Visitas aos marcos turísticos de Lisboa, como a Torre de Belém, o Bairro Alto e o Chiado. Em Londres, um tour pelo parque do Harry Potter. Na Rússia, passeio pela capital imperial, São Petersburgo, e à residência de verão dos czares. Inclui: Hospedagem em hotel de categoria superior com café da manhã, ingressos e traslados para os passeios e guias turísticos Duração: 15 dias - 15/06 até 30/06 Preço: 2.988 euros por pessoa em apartamento duplo Quem leva: GreenwichTours (31) 3296-1399 www.greenwich.com.br

ILHA DE COMANDATUBA (BA-BRASIL) Atrações: No litoral sul da Bahia, a apenas 60 km de Ilhéus, Comandatuba é um dos pontos turísticos mais procurados do país, famosa por suas belas praias Inclui: Passagem aérea, hospedagem em apartamento superior com café da manhã e jantar, traslados e espaço Copa durante os jogos do Brasil Duração: 7 noites Preço: A partir de R$ 4.995 por pessoa em apartamento duplo Quem leva: Interpool Viagens (31) 3194-7050 www.interpoolviagens.com.br

BONITO (MS-BRASIL) Atrações: O município localizado no estado do Mato Grosso do Sul possui grutas, trilhas com cachoeiras e piscinas naturais, além da famosa Nascente Azul, onde os visitantes podem flutuar em meio à fauna e flora local Inclui: Passagens aéreas, hospedagem com café da manhã, ingressos e traslados nos passeios e guias turísticos Duração: 5 dias - 14/06 até 18/06 Preço: A partir de R$ 1.930 Quem leva: CVC (31) 3280-6990 www.cvc.com.br ❚ *Valores sujeitos a alteração sem aviso prévio e a disponibilidade

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TURISMO | RELIGIÃO Juarez Rodrigues/EM/DA Press

OURO PRETO Distância de BH: 89 km Como chegar: de BH, pegar a BR040, sentido Rio de Janeiro. Após cerca de 20 km, entrar na BR-356 pelo trevo no sentido Ouro Preto Programação: a cidade se enfeita com os tradicionais tapetes de serragem, que formam figuras coloridas e remetem a temas religiosos. Além das encenações da Paixão de Cristo, uma curiosidade da cidade é que as celebrações litúrgicas da Semana Santa são feitas, em anos alternados, pelas paróquias Nossa Senhora da Conceição e Nossa Senhora do Pilar, devido a uma rixa entre portugueses e paulistas na antiga Vila Rica. Informações: (31) 3559-3269

Celebração mineira da fé Um roteiro com sete cidades históricas de Minas, que têm celebrações tradicionais e emocionantes da Paixão de Cristo, ideais para quem quer fazer um passeio cheio de reflexão na Semana Santa 58 |Encontro

JOÃO PAULO MARTINS

Para os seguidores do cristianismo, a semana de 13 a 20 de abril, considerada santa, é o momento de relembrar os passos de Jesus Cristo, de sua perseguição pelos romanos à ressurreição no monte das Oliveiras. Esse período, celebrado em todo o mundo, começa com o domingo de Ramos e a tradicional missa de bênção dos fiéis e culmina no domingo de Páscoa, a festa que marca o momento-símbolo da vida e da morte de Jesus Cristo. Em Belo Horizonte, o destaque é a quinta-feira, marcada pela Missa da Unidade, em que bispos, padres, seminaristas, vocacionados, leigos, jovens, instituições e milhares de cristãos participam da celebração, normalmente

presidida pelo arcebispo da capital. Na ocasião, é realizada a Bênção dos Santos Óleos, que são distribuídos para as 265 paróquias da Arquidiocese de BH. As cidades do interior de Minas Gerais também reservam uma programação especial para os turistas. Além dos tradicionais tapetes de serragem, que enfeitam as ruas e trazem imagens religiosas e até mensagens sobre assuntos da atualidade, as missas e procissões unem visitantes e moradores no momento de reflexão e fé. Pensando em quem vai pegar a estrada no feriado religioso, selecionamos sete cidades históricas mineiras que prezam por ritos tradicionais, muitas vezes seculares, que lembram a Paixão de Cristo, com suas ruas de pedra e igrejas ricamente adornadas pelo barroco.

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Beto Novaes/EM/D.A Press

CONGONHAS Distância de BH: 83 km Como chegar: partindo de BH, seguir pela BR040, sentido Rio de Janeiro, até chegar à cidade Programação: com mais de 200 anos de tradição, a cidade dos profetas de Aleijadinho apresenta aos visitantes encenações, procissões pelos lugares históricos e pelas ruas enfeitadas com serragem. Na Sexta-Feira da Paixão, o destaque fica por conta da dramatização da crucificação e ressurreição de Cristo, que acontece na basílica do Senhor Bom Jesus de Matosinhos Informações: (31) 3731-3133

Geraldo Goulart

CAETÉ Distância de BH: 59 km Como chegar: de BH, seguir pela avenida Cristiano Machado até o entroncamento com o Anel Rodoviário. Nesse momento, pegar a BR-381, sentido Vitória. Ao chegar ao trevo com a MG-435, seguir na rodovia até Caeté Programação: com ritos bem típicos do interior, a cidade, onde se localiza o Santuário de Nossa Senhora da Piedade, inicia as celebrações da Semana Santa no domingo, dia 13, com a Bênção dos Ramos. Já na quarta-feira é realizada a tradicional Procissão do Encontro e, à meia-noite, a das Almas. Além disso, os visitantes poderão participar de encenações, da Via Sacra e de missas Informações: (31) 3651-4910

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TURISMO | RELIGIÃO Fotos: Divulgação

SÃO JOÃO DEL-REI Distância de BH: 186 km Como chegar: de BH, seguir pela BR-040, sentido Rio de Janeiro, até passar a cidade de Congonhas. Ao chegar ao cruzamento com a BR-383, pegar esta rodovia até São João del-Rei Programação: a terra natal de Tancredo Neves celebra a Paixão de Cristo com diversas atividades religiosas, incluindo missas com cânticos em latim na catedral do Pilar. Os tradicionais toques de sinos da cidade marcam as encenações, procissões e, na Sexta-feira Santa, os visitantes podem acompanhar o tradicional Descendimento da Cruz, na escadaria da igreja Nossa Senhora das Mercês Informações: (32) 3379-2900

DIAMANTINA Distância de BH: 296 km Como chegar: a partir de BH, pegar a BR-040, sentido Brasília. Ao chegar à cidade de Paraopeba, no trevo, seguir pela BR-135 até Curvelo, quando se deve entrar na BR-259 até Diamantina Programação: organizada pela paróquia Santo Antônio da Sé, a programação religiosa começa no domingo de Ramos, com bênção na praça Dr. Prado e procissão até a Catedral Metropolitana. A semana ainda traz celebrações eucarísticas, procissões e a encenação da Via Sacra, na sexta-feira, com as 14 estações da Paixão de Cristo. Destaque para os 200 guardas romanos que acompanham o esquife que leva o corpo de Jesus Informações: (38) 3531-9220

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Beto Novaes/EM/DA Press

SABARÁ Distância de BH: 20 km Como chegar: a partir do centro de BH, seguir pela av. Cristiano Machado, sentido Cidade Nova. Em seguida, entrar na av. José Cândido da Silveira, sentido São Geraldo, e entrar na BR-381 até o trevo de Sabará Programação: o grande destaque das celebrações religiosas na cidade histórica fundada por Borba Gato é a tradicional procissão de Nossa Senhora das Dores, que parte na madrugada da Sexta-Feira Santa da igreja de São Francisco e segue até a capela do Senhor Bom Jesus, no morro da Cruz. Os visitantes também podem assistir a missas e às tradicionais encenações da Paixão de Cristo Informações: (31) 3671-1403

Divulgação

SERRO Distância de BH: 310 km Como chegar: partindo de BH, pegar a BR-040, sentido Brasília. No trevo para Sete Lagoas, seguir pela BR-135, sentido Curvelo, até chegar ao entroncamento com a BR-259. Pegar esta rodovia até o Serro Programação: na terra dos famosos queijos artesanais, a Semana Santa começa na sextafeira anterior, dia 11 de abril, com a tradicional procissão de Nossa Senhora das Dores. As ruas são decoradas com serragem colorida, e os visitantes podem assistir, no dia 18 de abril, à encenação da Via Sacra, realizada pelo Grupo Marte de Teatro. No Domingo da Ressurreição de Cristo, é realizada a procissão do Santíssimo Sacramento Informações: (38) 3541-2754 z

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BELO HORIZONTE

ESPORTE | HIPISMO Samuel Gê

BR-040

O presidente do Cepel, Pedro Paulo Lacerda, na futura sede da hípica: nova estrutura terá o dobro do tamanho atual

JARDIM CANADÁ BR-040

ONDE FICA LAGOA DOS INGLESES

BR-356

HÍPICA DA LAGOA

RIO DE JANEIRO BR-040

OURO PRETO

O salto do Cepel Tradicional centro hípico de Minas será transferido para Nova Lima e ganhará mais espaço em um condomínio de luxo RAFAEL CAMPOS

Uma das hípicas mais tradicionais do estado está se preparando para mudar de endereço. O Centro de Preparação Equestre da Lagoa (Cepel), localizado há mais de 30 anos na Pampulha, será transferido para Nova Lima, na região metropolitana de BH. O novo centro hípico fará parte do condomínio Hípica da Lagoa, que está sendo projetado na altura da BR-356, ao lado da lagoa das Codornas, a 4 km do Alphaville. A previsão é de que as obras comecem no próximo ano e em 2016 o espaço seja inaugurado. Enquanto isso, os amantes da charmosa modalidade esportiva podem ficar tranquilos, pois o Cepel deve dobrar de tamanho – de 16 mil m² para 45 mil m², quase o triplo da área atual – e receberá 62 |Encontro

mais eventos e competições do cenário nacional do hipismo e da equitação. A expansão do centro hípico já era um desejo antigo de Pedro Paulo Lacerda, presidente do Cepel: “BH necessita de bons espaços para sediar grandes eventos. A nova estrutura vai oferecer pista com grama e pista coberta, hospital veterinário, lojas e uma escola totalmente equipada”, diz. Estão previstas ainda cerca de 140 cocheiras e uma estrutura completa para a prática da equitação, além do serviço de equoterapia. De acordo com o também cavaleiro Pedro Paulo Lacerda, atualmente, a hípica conta com cerca de 90 cavalos estabulados. O projeto está sendo tocado em parceria com o Grupo EPO, responsável pela construção do condomínio, com lotes de 5 mil m² e glebas de 20 mil m².

A proposta de levar a hípica para o empreendimento surgiu a partir da ideia de um cliente em comum da EPO e do Cepel. “Ele procurava um lugar para guardar os cavalos. A partir daí, desenvolvemos um conceito maior que pudesse abrigar a hípica, com toda a sua estrutura de pistas, e um lugar onde as pessoas pudessem também morar”, afirma Eduardo Luiz, gerente de novos produtos do Grupo EPO. Sobre o investimento que será feito, o gerente diz que os valores ainda estão sendo definidos, já que os projetos estão em andamento. Pedro Paulo Lacerda está entusiasmado com a nova casa: “Acreditamos que o movimento aumentará na hípica, pois a região é de fácil acesso e vive uma expansão imobiliária”. É o salto mais alto do Cepel. z

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EUROPA

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Roma e Costa Amalfitana 05 Noites. Visitando: Roma e Sorrento Entrada de:

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Encantadora Turquia 09 Noites. Visitando: Istambul, Ankara, Capadócia, Pamukkale, Kusadasi e Bursa. Entrada de:

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COMPORTAMENTO | ROUPA Cláudio Cunha

Rafael Nascente e Tiago Alves (em primeiro plano, da esq. para dir.) trabalham de bermuda no programa de aceleração de start ups do governo de Minas: lá, o estranho é não usar a peça

Vai de bermuda? O calor insuportável do verão brasileiro e a entrada da geração Y no mercado de trabalho têm feito a peça ganhar cada vez mais espaço no ambiente corporativo. Mas atenção: é preciso bom senso para usá-la sem perder a credibilidade 64 |Encontro

MARINA DIAS

Ela é sinônimo de calor, praia, lazer e fim de semana. Combina com óculos escuros, regata e chinelo. Cai bem nos dias de folga. Certo? Ok. Mas, neste verão, a bermuda deu um grande passo em direção ao armário corporativo e promete se consolidar no dress code profissional – ao menos, nos dias mais quentes. Afinal, com as temperaturas chegando a 30° C quase todos dias em BH – e superando 40° C em outros lugares do país –, não foi fácil para os homens manter a pose, trajando calça e camisa social, ao longo de toda a estação. Daí a força que a bermuda vem ganhando: para os homens, ela faz o papel das saias e vestidos que as mulheres costumam usar para trabalhar. Órgãos públicos de cidades como São Paulo (SP),

Porto Alegre (RS), Taquara (RS) e Curitiba (PR) liberaram, até o fim do verão, usos da bermuda para servidores em algumas situações. Entre empresas privadas, o tradicional Grupo Ibope entrou na onda e também passou a permitir a peça este ano. A questão ganhou força – e mais de bate – em dezembro, quando uma grande manifestação a favor da bermuda começou no Rio de Janeiro (onde, aliás, a peça já é permitida para servidores públicos municipais há dez anos, durante o verão), com o movimento on-line Bermuda Sim. Os publicitários Ricardo Rulière, Guilherme Anchieta e Vitor Damasceno – todos de 20 e poucos anos – criaram uma página em uma rede social pedindo o uso da bermuda em ambientes corporativos. A página já foi curtida por mais de 17 mil pessoas.

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Cláudio Cunha

O empresário Adriano Guimarães (sexto, da esq. para a dir.) liberou o dress code de sua equipe: “O funcionário tem de estar confortável para fazer seu trabalho, o que inclui uma vestimenta menos rígida” Samuel Gê

Fernando Lopes (à frente) e seus colegas, que podem usar bermuda no trabalho desde janeiro: “Temos ar condicionado, mas o calor é forte durante o almoço e na ida e volta para o escritório”

No site que criaram em seguida, em janeiro, além de dicas de como usar a peça, oferecem uma ferramenta com a qual qualquer pessoa pode enviar um e-mail anônimo para o chefe, pedindo a flexibilização do código de vestimenta da empresa. Até agora, já foram 18 mil e-mails enviados. “Vemos a bermuda como um símbolo. É claro que um escritório de advocacia não tem como liberar a peça, mas pode abandonar gravata e terno quando os empregados estiverem dentro do escritório”, diz Ricardo, lembrando que tribunais de Justiça do Rio e de São Paulo já tiraram a exigência de terno e gravata, exceto em dias de audiência, até o fim de março. “Estamos vendo a adesão em todo tipo de ambiente, desde empresas menores e mais novas até algumas mais tradicionais”, diz, comemorando. “É um desejo de muita gente. O jeito com que nos vestimos não tem a ver com o Brasil”, diz. Entre os empreendedores mais jovens, a medida é muito popular. No Startups and Entrepreneurship Ecosystem Development (SEED), programa de aceleração de start ups do governo de Minas, que mantém um espaço de trabalho em Belo Horizonte, o difícil é achar alguém que não esteja de bermuda. Os sócios Tiago Alves, de 27 anos, e Rafael Nascente, de 24, usam a peça com

OS DEZ BERMUDAMENTOS

Fonte: www.bermudasim.com.br

Não é só colocar a bermuda e ir trabalhar: também há formas de conduta para o uso da peça. Veja as sugestões do bem-humorado movimento Bermuda Sim 10 MANDAMENTO

20 MANDAMENTO

30 MANDAMENTO

40 MANDAMENTO

50 MANDAMENTO

Bermuda só a partir dos 29,8ºC

Tamanho: três dedos acima ou abaixo do joelho

Short de surfe não é bermuda

Uniforme de time não é bermuda

Samba-canção... Ah, toma vergonha na cara

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70 MANDAMENTO

80 MANDAMENTO

90 MANDAMENTO

100 MANDAMENTO

É proibido usar floral. Proibido! Em qualquer lugar!

Dia de reunião, nada de bermuda!

Não é porque está de bermuda que pode usar regata

Mais de duas pessoas zoaram sua bermuda? Ela não é apropriada

Não repetir a bermuda mais de duas vezes na semana. Não força, vai...

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COMPORTAMENTO | ROUPA frequência quando estão no SEED, onde desenvolvem sua empresa de tecnologia. “O estranho, aqui, é alguém chegar engomadinho”, brinca Rafael, que, antes de virar empreendedor, ia trabalhar em uma empresa cujo dress code era formal. “Desisti. Não só pelo código, mas pela rigidez”, afirma. Os dois sócios admitem que essa liberdade para se vestir é algo mais comum nas gerações mais novas e nas empresas lideradas por jovens – principalmente nas áreas de tecnologia e pu-

blicidade –, que não se preocupam tanto com formalidade no traje. Por isso, Tiago reforça a importância de se adequar a cada ambiente, motivo pelo qual admite vestir uma roupa mais formal quando vai visitar clientes. “Se o cliente é mais formal, é preciso respeitá-lo. Mas, se ele vier até aqui, verá várias pessoas de bermuda”, diz. Para a consultora de moda Glória Kalil, a ideia é bem aceita entre os jovens, mas tende a se popularizar. Segundo ela, o código de vestimenta do Brasil é

importado da Europa, o que faz dele inadequado para os trópicos. Além disso, ela lembra que esse código nunca foi revisado e, hoje, não se pensa da mesma forma. “A etiqueta moderna tem menos a ver com convenção e mais a ver com sentido. O que não faz sentido tende a cair com o tempo”, explica. Mas não é só a geração Y que foi seduzida pela bermuda. Depois de passar anos da carreira obrigado a seguir códigos formais e a usar terno e gravata diariamente, o empresário Adriano

ETIQUETA DE BERMUDA Veja dicas para escolher peças adequadas ao ambiente corporativo Para um look mais formal, combine com camisas e com blazers de linho. Se não for necessário, vale o uso da camiseta mais esportiva, a exemplo da pólo

O uso do cinto é uma opção para deixar o look mais social

Evite peças com muitos bolsos ou oversize

Fuja de estampas (principalmente florais) e escolha cores sóbrias, como marinho, tons de bege, cinza e preto

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Opte por bermudas de cortes clássicos e retos

Prefira meias de cano curto, que não apareçam para fora do sapato

O comprimento ideal da bermuda é logo acima do joelho – nem short, nem calça curta

Dê preferência a tecidos nobres, que lembrem alfaiataria, como linho e sarja

Para os pés, a opção mais formal é o sapato. Se o código for flexível, docksides e sapatênis também cabem na produção

Fontes: estilista mineiro Rodrigo Fraga, especialista em moda masculina, e portal Chic, de Glória Kalil

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Guimarães, de 41 anos, decidiu fazer diferente na sua própria empresa. Há três anos, liberou o dress code da equipe – vale ir de bermuda, camisa de malha e até chinelo. “Tratamos de inovação. Então, entendo que o funcionário tem de estar confortável para fazer seu trabalho da melhor forma, desde um ambiente acolhedor até uma vestimenta menos rígida”, conta ele, que prefere a calça jeans e blusa polo, mas também é fã de uma bermuda. “Temos muitos jovens em início de carreira. Exigir desse pessoal que sejam muito formais não faz sentido: a roupa não pode ser um fator impeditivo”, completa. Fora do ambiente de tecnologia e criação, há também alguns que resistem ao código europeu. O engenheiro químico Leandro de Oliveira, de 49 anos, é professor universitário e adepto da bermuda, que usa em sala de aula, orientação de alunos e até nas reuniões que não exigem muita formalidade. Apesar de a instituição onde trabalha não ter dress code formalizado, o acadêmico diz que percebe, por parte de colegas,

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olhares de reprovação. “É interessante perceber que, para determinadas profissões, como a de carteiro, a bermuda é perfeitamente aceitável como parte do uniforme”, observa ele, que já morou no Havaí (EUA). “Lá, e em outros lugares do mundo, a bermuda é aceita, mesmo em ocasiões de maior formalidade”, afirma. Como no Brasil a peça ainda não foi oficialmente incorporada ao armário corporativo, especialistas em recursos humanos sugerem cautela por parte dos empregados. Segundo Beatriz Delgado, diretora executiva da Associação Brasileira de Recursos Humanos de Minas Gerais, o dress code faz parte da cultura organizacional, por isso, o processo é lento para sua mudança, já que envolve mexer nos valores das empresas – algumas delas, muito tradicionais. “A mudança começa nas empresas jovens, criativas, com pessoas desapegadas a esse tipo de código, e a tendência é que seja incorporada ao modo de vida das empresas. Mas, nas mais tradicionais – e o mercado mineiro tem essa característica –, o processo é lento. Nem sei se,

algum dia, a bermuda será totalmente aceita”, diz. No entanto, Beatriz incentiva os funcionários a conversar sobre o código de vestimenta no trabalho e a perguntar sobre a possibilidade do uso da bermuda. “Hoje, a comunicação é transparente dentro das empresas. É melhor perguntar e saber se pode ou se incomodará”, afirma. Algumas empresas entenderam essa demanda e decidiram adaptar o dress code, como a Totvs, uma das referências em tecnologia no país. A companhia reformulou seu código – basicamente, o uso de roupa social – e, desde janeiro, permite uso de bermudas jeans e de sarja. Em Belo Horizonte, o líder de inovação Fernando Lopes, de 29 anos, já virou adepto do novo traje. “Achei ótimo. Nós temos ar condicionado, mas o calor é forte durante o almoço e na ida e volta para o escritório”, diz ele, que guarda uma calça na gaveta para ocasiões mais formais que possam surgir de surpresa. “A bermuda traz mais conforto e, consequentemente, pode trazer mais bem-estar e produtividade”, afirma. z

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COMPORTAMENTO | ATITUDE Rogério Sol

A arte do desapego A publicitária Fabiana Soares criou a ação Brigadeiro por Desapego, para incentivar as doações: “Desapegar-se é o primeiro passo para você seguir outro caminho na vida”

Movimentos em prol da doação e da gentileza urbana têm surgido em BH, impulsionados pelas redes sociais. A ideia é mostrar que não é preciso acumular bens para ser feliz

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MARINA DIAS

O desapego de outras pessoas foi importante na vida da psicóloga Raquel Resende, que ganhou um piano Essenfelder raro, cedido por meio de um grupo de doação on-line. “Um amigo participante do grupo pediu que a dona do piano o doasse para mim, afirmando que o instrumento não seria apenas para uso próprio, mas para que eu pudesse ofertar música a crianças portadoras de necessidades especiais e em vulnerabilidade social”, diz ela, sócia de uma clínica que trabalha com esse público. “Minha tarefa é compartilhar com o público infantojuvenil um pouco da graça que é poder retornar a esse universo”, diz. As redes sociais têm papel essencial nesse tipo de ação. Os eventos e projetos voltados para o desapego têm páginas no Facebook para divulgar informações, combinar encontros e reunir pessoas. Há comunidades de doação e

troca on-line, como Reciclistas BH, Desmaterialize-se e Escambo BH, nas quais as pessoas “anunciam” o que têm para doar e os interessados em receber se manifestam. Para Joana Ziller, pesquisadora de comunicação digital do Centro de Convergência em Novas Mídias da UFMG, essas redes permitem que pessoas com o mesmo interesse, mas geograficamente dispersas ou que não se conhecem, entrem em contato. “Os interesses não são novos, mas foram impulsionados pela rede, pois essas pessoas dificilmente se conheceriam de outra maneira, e a grande mídia não falaria de temas como esse”, diz. O Ponto do Livro, projeto inaugurado em janeiro deste ano, reverbera um movimento mundial de troca de livros. A ideia é que pessoas se engajem na proposta de doar, deixando exemplares em bolsões de plástico instalados em pontos de ônibus da praça da Liberdade. As obras ficam disponíveis para quem quiser pegar,

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Leo Araújo

Thiago Mamede

A psicóloga Raquel Resende: ela voltou a tocar piano para crianças em situação de risco social

A blogueira Thalita Alvarenga, uma das doadoras do projeto Ponto do Livro: “Uma das missões de quem gosta de ler é incentivar os outros a adquirir o hábito também”

ler, levar para casa, sem a obrigatoriedade de deixar algo em troca ou de devolver o que pegou. O publicitário Arthur Sant’Ana é líder do Desestressa BH, um dos coletivos responsáveis pelo projeto. Para ele, as pessoas ainda estão se acostumando com a proposta: “Eles descobrem que não serão os únicos a ter o privilégio daquele conhecimento”, diz. Difícil ser mais apaixonada por livros do que a blogueira de literatura Thalita Alvarenga, quee estima ter em sua estante quase 200 obras. Quando conheceu o Ponto do Livro, quis colaborar, mas esbarrou numa questão pessoal: como se desapegar das suas maiores paixões? Resposta: pensando que uma das mis sões de quem gosta de ler é exatamente incentivar os outros a adquirir o hábito também. “É um apego material, vamos acumulando, mesmo sem precisar. Não costumamos olhar o lado de que há outros precisando”, afirma. Para Cristiane Barrreto, psicanalista da Escola Brasileira de Psicanálise, a

dificuldade em se desfazer de objetos pode vir da função importante que eles ocupam na vida das pessoas. “Esses objetos podem funcionar como forma de tamponar vazios, representar momentos ou pessoas especiais, ou, ainda, podem implicar um sintoma de acumular, ter acesso aos objetos produzidos pelo mercado de forma compulsiva”, explica. O desapego seria, portanto, um exercício, uma tentativa de se dedicar a uma construção que não privilegie o excesso. Esse exercício é praticado, das mais diversas formas, sempre que acontece a Feira Grátis da Gratidão, que já teve seis edições em BH, em lugares como as praças Floriano Peixoto, Duque de Caxias e da Liberdade. Como o próprio nome diz, não há dinheiro ou obrigações envolvidas. O lema é “Traga o que quiser (ou nada) e leve o que você quer (ou nada)”. Sem líderes ou local fixo, ocorre à medida que pessoas chegam e escolhem o melhor lugar e a data para o evento. Lá, disponibilizam abraços, conselhos,

sorrisos, vestimentas, livros, vinis, CDs, balas, brigadeiros, massagens, reiki. Segundo Ayala Melgaço, uma das representantes da feira, a ideia, que surgiu no Uruguai, é levantar valores como gratidão, consumo consciente, respeito à natureza e à diversidade. Ela estima que a média de comparecimento na feira de mais de 500 pessoas. Como gentileza gera gentileza, várias ações menores foram se desenvolvendo na feira. Uma delas é a Brigadeiro por Desapego, criada pela publicitária Fabiana Soares, a Fabi, durante a primeira edição do projeto, no início de 2013. Ela dá um brigadeiro para cada um que doar algo, seja objetos seja pensamentos. Os primeiros vão para doação, junto de outras arrecadações da feira, e os últimos, para a fogueira. “É um gesto simbólico sobre o que estão carregando na vida e que não precisam mais”, conta Fabi, que pretende continuar com a ação neste ano, quando houver novas edições do evento. z MARÇO DE 2014

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ECONOMIA | IMPOSTO DE RENDA João Carlos Martins

Acerto de contas

com o Leão

Especialista fala sobre entrega exclusiva pela internet, a grande novidade do Imposto de Renda este ano e sobre o chamado e-CPF, que facilita – e muito – o preenchimento da declaração JOÃO PAULO MARTINS

O contador Geraldo Vieira explica que só é possível preencher o modelo de declaração completa pelo computador: “Dispositivos móveis, como tablets, só para quem for entregar a declaração simplificada”

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Antes de começar a se preocupar com os jogos da Copa do Mundo, lembre-se de ouvir o chamado – ou rugido – do Leão. Já estamos no período de entrega da declaração do Imposto de Renda e, neste ano, o contribuinte perdeu, de cara, cinco dias no prazo. É que a Receita Federal liberou o acesso ao programa do IRPF 2014 apenas no dia 6 de março, devido ao feriado de carnaval, e o prazo limite para envio continua sendo à meia-noite de 30 de abril. Ou seja, neste ano são 56 dias para ficar em dia com o fisco, ao contrário dos 61 que seriam possíveis. A grande novidade em 2014 é que não é mais possível entregar a declaração nos bancos autorizados, usando disquete, CD ou DVD. Agora, o Leão só per mite o envio pela internet, seja por meio do software instalado no computador, seja pelo aplicativo disponível para tablets e smartphones. Mesmo com tanta opção, deve-se ter atenção com relação à diferença na complexidade dos softwares: “Só é possível preencher o modelo de declaração completa pelo programa de computador. Dispositivos móveis, como tablets, não possuem os mesmos campos do software IRPF instalado em desktops. Os aplicativos são mais simples e indicados só para quem for preencher a declaração simplificada”, diz o contador Geraldo da Silva Vieira, diretor do Grupo GV. Muita gente tem receio de usar um celular para fazer algo tão sério. O grande temor é que aconteça algum problema

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EM DIA COM A RECEITA FEDERAL Quem deve declarar Imposto de Renda em 2014 Quem recebeu rendimentos tributáveis acima de R$ 25.661,70 em 2013

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Quem recebeu rendimentos isentos, não tributáveis ou tributados exclusivamente na fonte acima de R$ 40 mil no ano passado Obteve ganho de capital (lucro) na venda de bens ou direitos

Fez operações em bolsas de valores, de mercadorias ou de futuros

Adquiriu bens ou direitos com valor superior a R$ 300 mil

Obteve receita bruta com atividade rural acima de R$ 128.308,50

Descontos possíveis O limite de dedução por dependente é de R$ 2.063,64

O gasto com educação se restringe a R$ 3.230,46

O desconto na declaração simplificada é de 20%, limitado a R$ 15.197,02

com a conexão ou travamento do sistema durante o processo de envio da declaração. Segundo Geraldo Vieira, se isso acontecer no último dia e o contribuinte perder o prazo de entrega, terá de pagar multa, que varia de R$ 165,74 a 20% do imposto devido: “Caso o erro aconteça antes do dia 30 de abril e o programa não tenha gerado o recibo, é possível mandar de novo”, diz Geraldo. Para acalmar os contribuintes mais temerosos, o software do IRPF não permite a duplicidade no envio da declaração. Ele avisa caso a pessoa já tenha entregado anteriormente. “Só existe uma forma de enviar os dados pela segunda vez: quando se precisa fazer correções, e o programa gera a chamada declaração retificadora.” A Receita Federal espera receber 27 milhões de declarações até o final de abril. Para quem quer gastar menos tempo na hora de preencher a declaração do Imposto de Renda, uma boa

opção é usar o chamado e-CPF (para pessoas jurídicas existe o e-CNPJ), que corresponde a um certificado digital. Ele gera um código de acesso, que pode ser usado, por exemplo, para entrar numa área específica do site da Receita, onde o contribuinte tem acesso a quase todas a suas informações fiscais. Além disso, e ainda mais importante, é que o e-CPF facilita o preenchimento do programa do IRPF. “As pessoas costumam cometer erros, muitas vezes por desconhecimento. Por exemplo, ao inserir o gasto com plano de saúde no programa, faz o cálculo de janeiro a dezembro. Só que a empresa de seguro-saúde emite a cobrança referente ao mês anterior. Com isso, o valor enviado à Receita pelo contribuinte acaba sendo diferente daquele informado pelo plano. Com o e-CPF, esse dado é incorporado automaticamente no software do Imposto de Renda”, explica Geraldo Vieira.

Apenas a emissão do certificado digital custa, em média, R$ 165, e é feita por empresas autorizadas pelo governo federal. Por meio de um token – espécie de pendrive –, que o contribuinte insere na porta USB do computador, o programa do IRPF busca informações vinculadas ao CPF no banco de dados da Receita e preenche automaticamente vários campos, como gastos com educação, saúde e até mesmo compra de veículos ou imóveis. “Isso é algo novo e ainda não foi plenamente divulgado. Com o e-CPF, a chance de cair na malha fina é zero”, afirma o diretor do Grupo GV. Quem quiser informações sobre aquisição do certificado digital – consulte o prazo de emissão para saber se ainda dá tempo de ser usado este ano – e mesmo para baixar o programa do IRPF 2014, basta acessar o site www.receita.fazenda.gov.br.❚ MARÇO DE 2014

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COLUNA DE DIREÇÃO | FÁBIO DOYLE fdoyle@editoraencontro.com.br

ONDA DE MAXIVANS Sérgio Habib, que tem um faro especial para novos nichos de mercado, parece ter acertado em cheio ao sair na frente apresentando o chinês JAC T8, um furgão “de luxo” para o transporte de até sete passageiros. Ainda sem concorrentes diretos, essa situação de dono da festa não deverá durar muito. Não falta muito tempo para a Mercedes-Benz lançar seus representantes do segmento, que, para a marca, será a Classe V: o Vito e o Viano, que de acordo com os planos, na América do Sul, serão produzidos no Brasil e Argentina, respectivamente. Na

Europa, a produção fica a cargo da fábrica de Vitória, na Espanha. A nova geração transfere esse furgão da divisão Daimler Trucks (caminhões, ônibus e veículos comerciais) para a de carros de passageiros. Um dos diferenciais interessantes dos representantes da nova Classe V, assim como do JAC T8, é que são veículos que podem ser conduzidos por quem tem apenas a categoria B da carteira de motorista. Os atuais furgões para o transporte de passageiros como o Fiat Ducato e Renault Master, por exemplo, exigem categoria C. Mercedes-Benz/Divulgação

FOCO ECOLÓGICO Na edição 2014, o mais civilizado salão do automóvel do mundo, o de Genebra (Suíça), ficará aberto ao público até 16 de março. Mais uma vez, o tema serão os carros ecológicos. O programa inclui a apresentação de cerca de 900 veículos “para hoje e amanhã”, e os visitantes poderão dirigir e testar os modelos elétricos em um circuito especialmente construído para esse fim. A expectativa do organizadores é receber 700 mil visitantes. Nos dois dias que antecedem a abertura oficial, o pavilhão de Ge-

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nebra dará acesso exclusivamente a jornalistas, que na ocasião presenciarão a última etapa da eleição do Car of the Year (Carro do Ano). A votação final será feita entre sete carros finalistas, um grupo que inclui pela primeira vez dois modelos 100% elétricos: o esportivo Tesla Model S e o BMW i3 city car. Os dois dias da imprensa em Genebra terão nada menos que 65 coletivas de imprensa e mais de 100 nos carros europeus e mundiais serão apresentados.

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Porsche/Divulgação

A JOIA DA SHARAPOVA Embaixadora da Porsche, Maria Sharapova, musa do tênis, terminou o ano passado lançando o Macan, o utilitário esportivo compacto da marca, e iniciou este apresentando uma versão do Panamera (o sedã da marca alemã), por ela assinado. A tenista, que está perto de abandonar as quadras, está cada vez mais atuante como desenhista e acrescenta agora a suas coleções de acessórios de luxo, vestuário e até mesmo doces nada mesmo que um carro. A cor do Panamera GTS é branca. Há toques esportivos e de alto brilho na parte externa, com faróis principais de LED na cor preta que incluem o sistema de iluminação dinâmica Porsche Plus (Porsche Dynamic Light System Plus, PDLS+), os faróis traseiros de LED coloridos, as ponteiras do escapamento do sistema de exaustão esportiva na cor preta e as rodas esportivas Panamera de 20 polegadas, também na cor preta. O modelo tem motor V8 de 4,8 L e desenvolve potência de 446 cv a 6.700 rpm. Ele acelera de 0 a 100 km/h em 4,4 segundos e alcança uma velocidade máxima de 288 km/h. O Panamera da tenista Sharapova vem com acabamento em couro no interior, costura decorativa na cor creme e um acabamento parcial em carbono. O painel de instrumentos é da mesma cor da carroceria – a Carrara White –, a exemplo da chave do veículo. O emblema da Porsche bordado está nos apoios da cabeça dianteiros e traseiros. Já os protetores para a porta em carbono levam a inscrição individual “Maria Sharapova”.

TETO BAIXO Depois de conseguir que a isenção do ICMS incidente na compra de veículos para pessoas com deficiência beneficie também os não condutores, a Associação Brasileira das Indústrias e Revendedores de Produtos e Serviços para Pessoas com Deficiência (Abridef) agora está trabalhando para reajustar o limite máximo do valor do carro com isenção. Hoje, pessoas com deficiência só podem se beneficiar da isenção do imposto na compra de

carros com preço máximo de até R$ 70 mil, o que deixa fora da lista os veículos maiores, muitas vezes necessários para o transporte de equipamentos de locomoção e uso diário, necessários para algumas deficiências. “Queremos que o valor do teto seja reajustado pelos índices da inflação do período até os dias de hoje, pois o último reajuste aconteceu em 2009”, diz Rodrigo Rosso, presidente da entidade. Renault/Divulgação

TWINGO ESTÁ DE VOLTA O Twingo, talvez o mais icônico carro da francesa Renault, é agora, 20 anos depois, reinventado e apresentado no Salão de Genebra. Como o modelo original, lançado em 1992, o novo Twingo é um típico veículo urbano, ágil, inovador e lúdico. A novidade é que se trata de um projeto que leva também a assinatura da alemã Daimler e, fugindo ao lugar-comum, tem motor traseiro. Outro fato relevante é que dessa parceria surgirá, além do novo Twingo, o Smart de dois e quatro lugares. A solução do motor traseiro, informa a Renault, beneficiou a manobrabilidade e a agilidade no trânsito urbano e beneficiou o espaço interno. Se virá para o Brasil, ninguém sabe ainda.

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VEÍCULOS | MOBILIDADE Fotos: Daimler/Divugação

Coisa de Primeiro Mundo

Frota do Smart em Colônia, Alemanha: conceito do carro compartilhado pode ser uma alternativa para a questão do trânsito no país

Os carros compartilhados, sucesso na Europa e América do Norte, ganham adeptos no Brasil, mas ideia depende da vontade do poder público e da iniciativa privada FÁBIO DOYLE

Deixando Belo Horizonte para trás, Leonardo e Maria chegaram em abril de 2012 a Stuttgart, na Alemanha, preparados para lá viverem por dois anos. Ela, advogada contratada por uma empresa de consultoria internacional, e ele em busca de novos conhecimentos. O casal logo se instalou em um apartamento na cidade sede da Daimler, a conhecida marca da estrela de três pontas, fabricante 74 |Encontro

dos automóveis Mercedes-Benz e do subcompacto Smart. Resolvidas as questões de moradia, Leonardo Kubitschek saiu em busca de um meio de locomoção. A ideia era comprar um carro. Escolheu um Audi A3 pelo sistema de leasing. Daria entrada de 2 mil euros e prestações mensais de 350 euros por dois anos. Antes de fechar o negócio, ele lembrou que seu prédio não tinha garagem. Pesquisando, descobriu que poderia inscrever seu veículo na prefeitura da cidade, de forma a ter direito a estacionar em locais públicos no bairro em que vivia, mas observou que, além das dificuldades para achar vagas, fora do seu bairro as dificuldades seriam maiores e mais caras. Na busca de alternativas, viu que é muito fácil se locomover sem carro na cidade berço do automóvel. O transporte público é perfeito. Metrô, trens urbanos e ônibus funcionam com precisão de relógio suíço. Descobriu ainda que a cidade oferece o sistema de bicicletas compartilhadas (bike sharing) e, como se não bastasse, verificou que, para os momentos em que um carro é necessário, a cidade, em parceria com a Daimler, a locadora Europcar e a com-

panhia de energia local, oferece, desde 2008, o sistema Car2Go. É o sistema car sharing, ou carros compartilhados, que funciona de forma semelhante ao bike sharing. Se precisar de um carro para fazer compras ou simplesmente optar pelo uso de um carro para ir a algum lugar, basta pegar o veículo nas proximidades de onde estiver e devolvê-lo onde for mais conveniente. A Daimler fornece a frota de carros Smart, a locadora gerencia o negócio e a empresa distribuidora de energia abastece a frota de carros 100% elétricos. Diante de tamanha facilidade, Kubitschek não pensou duas vezes. Abandonou a ideia de comprar um automóvel e se cadastrou no sistema Car2Go. Aproveitou a promoção de custo zero para novos participantes e logo recebeu em casa o cartão magnético, que é a chave de acesso aos carros. Entre três empresas que operam o car sharing em Stuttgart, ele optou pela Car2Go. No mês passado, o sistema foi ampliado com a introdução do Car2Go Black, que acrescentou à frota 200 unidades do Mercedes-Benz Classe B. O sistema do car sharing é simples e funcional. A frota do Car2Go fica acessí-

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vel em todas as cidades onde o sistema está implantado. São 25 localidades em sete países europeus, nos Estados Unidos e no Canadá. O cartão de identificação funciona como a chave do veículo. Os carros estão espalhados pela cidade e podem ser estacionados/devolvidos em qualquer lugar dentro da área de atuação definida pelo sistema. Para isso, o GPS no painel do veículo, além de navegar o cliente até o seu destino, orienta sobre os procedimentos de uso e encerramento do serviço. Quando o usuário necessita do carro, ele localiza o mais próximo com ajuda de um aplicativo em seu smartphone. Vai até ele e, com o cartão, abre o veículo e dali inicia o uso, que é cobrado pelo tempo, sem limite mínimo. “A devolução do automóvel pode ser em qualquer lugar, desde que em local permitido e dentro da área de atuação do sistema”, explica Kubitschek. Ele conta que sua despesa com o Car2Go era de aproximadamente 30 a 40 euros por mês – e que só o utilizava quando realmente precisava de um meio individual de transporte. No dia a dia, o casal Kubitschek utilizava, de forma integrada, a bicicleta, o metrô e os trens, sempre levando no ombro a roller, uma patinete dobrável, colocada em ação em trajetos mais curtos e planos. Era a forma de percorrer, com maior rapidez e conforto, trechos planos que normalmente seriam feitos a pé. Foi a partir dessa experiência e da forma como o sistema car sharing o impressionou que Leonardo se interessou pelo tema mobilidade, que hoje é o foco de sua carreira. Nos dois anos em que viveu na Alemanha, além de aprender o idioma, trabalhou na Daimler em projetos voltados para a área de marketing e publicidade. Ao contrário do que está sendo apregoado em debates sobre mobilidade urbana, Kubitschek acha equivocada a qualificação do carro como “o cigarro do futuro” (ou seja, de uso cada vez mais restrito). Ele defende o automóvel como forma integrante e necessária à mobilidade e diz que o carro, como transporte individual, é apenas uma das modalidades que fazem parte da mobilidade urbana – que deve ser estudada e planejada no contexto da evolução e desenvolvimento dos centros urbanos.

João Carlos Martins

Leonardo Kubitscheck, especialista em mobilidade: “Para que as pessoas deixem o carro na garagem, basta ter oferta, confortável e pontual, de transporte coletivo”

Cartão que serve como chave e cadastro para os usuários dos carros compartilhados

RESULTADO: O sistema Car2Go torna o ato de dirigir na cidade tão fácil como dar um telefonema

O carro, diz ele, é injustamente colocado como o culpado dos caos urbano, mas é na verdade a tábua de salvação para quem precisa se locomover em uma grande cidade onde não existe planejamento de trânsito e a oferta de transporte coletivo é precária. “É óbvio que, se nas grandes cidades brasileiras houvesse ofertas confiáveis, confortáveis e pontuais de transporte coletivo, as pessoas deixariam seus carros na garagem e optariam pelo mais prático e racional. Culpar e condenar os automóveis não leva ninguém a lugar nenhum. O estágio em que se encontra a questão da mobilidade no Brasil está anos-luz atrás do que já existe em centros urbanos na Europa. O que precisamos é de vontade e seriedade política para planejar e colocar em prática as soluções da mobilidade urbana, ressalta. “Na área do compartilhamento, precisamos que, como na Alemanha, onde a iniciativa privada implantou o serviço, os grupos do setor assumam a iniciativa e transfiram para os centros urbanos do Brasil as experiências já comprovadas e aprovadas na Europa”, completa. Há quem afirme que, diante do crescimento cada vez menor na demanda de carros, principalmente em mercados já maduros, a salvação da indústria automobilística é o car sharing. A frota do sistema Car2Go conta hoje com 10 mil unidades do Smart, mais de 600 mil clientes cadastrados e mais de 18 milhões de operações realizadas. O sistema de compartilhamento de bicicletas no Rio de Janeiro é exemplo da viabilidade dessa iniciativa. Em São Paulo, um empreendedor de pequeno porte implantou na capital paulista, há quatro anos, o Zazcar, sistema de compartilhamento de carros. A iniciativa funciona, mas é ainda limitada e tímida: tem frota de 14 carros e 350 clientes. De volta ao Brasil, Kubitschek, sobrinho-bisneto de ex-presidente Juscelino Kubitschek, o homem que trouxe para o Brasil a indústria automobilística e as rodovias, já está de malas prontas para nova mudança. Desta vez, vai para São Paulo, contratado por um empresa de consultoria internacional, onde trabalhará com o tema mobilidade – e, quem sabe, conseguirá a tropicalização do car sharing. ❚ MARÇO DE 2014

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VIDA DIGITAL | ALYSSON LISBOA NEVES alisboa@editoraencontro.com.br

POESIA PLUG&PLAY Você já ouviu falar do penbook? A ideia saiu da cabeça do escritor e diretor do ateliê Ciclope, Álvaro Garcia. O livro-poema Grão 1.0, que já estava disponível na internet, tablets e smartphones, ganha mais um suporte. A embalagem, produzida artesanalmente, foi desenhada pela artista Daniela Karam. Segundo Álvaro, “a ideia é experimentar uma forma de comunicação por meio do pendrive”. O conteúdo está desbloqueado e os vídeos têm resolução full HD. Para conhecer o poema, basta usar um computador com sistema Windows. Grão 1.0 é um trabalho multimídia sobre a criação do mundo por meio das palavras que se misturam com recursos de áudio, vídeo e imagens. O penbook pode ser encontrado em livrarias ou pelo site: ciclope.com.br.

Eugênio Gurgel

Um livro-poesia que mistura sons, imagens e vídeos agora em um pendrive

TRÊS PERGUNTAS PARA | JÚLIO MADUREIRA Após a espionagem norte-americana que deflagrou a fragilidade da segurança de dados no Brasil, o marco civil regulatório da internet finalmente chegou à Câmara dos Deputados para ser votado. O projeto de lei recebeu dezenas de emendas e tem gerado discussões sobre as mudanças que podem afetar a vida do internauta brasileiro. Encontro ouviu o advogado e professor de sistemas e redes de computadores do Centro Universitário UNA, especialista em direito e ética na computação para falar sobre o assunto. 1) Qual é a proposta do projeto de lei? Estabelecer direitos e deveres para os usuários e provedores de acesso. Uma estrutura jurídica voltada para a internet. Mas não devemos confundir. A Constituição Federal já protege a imagem, a liberdade e o direito da livre informação. Direitos fundamentais não podem ser restritos ou violados.

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2) O que muda na coleta e armazenamento de dados dos usuários? Em relação à manutenção de dados no Brasil, isso ainda não está muito claro. Não se sabe ao certo quais seriam esses dados. Devemos lembrar também que, caso a lei exija que provedores de e-mail se instalem no país, isso deverá ir de encontro aos interesses das empresas em continuar fornecendo o serviço no país. 3) Estaremos mais seguros depois da aprovação da lei? Uma solução jurídica representa o primeiro passo para isso. Porém, não existe apenas a perspectiva jurídica, devemos observar também a questão tecnológica. Mesmo que os dados sejam hospedados no país, ainda assim haverá tráfego de dados em servidores internacionais, porque a internet é uma rede mundial. Um sistema absolutamente seguro e local é impossível. Mas, sem dúvida, estaremos mais seguros do que hoje.

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APPS APPS PODEMOS CHAMAR DE INOVAÇÃO? A coreana Samsung lançou o smartphone Galaxy S5 durante o Mobile World Congress, realizado em Barcelona no fim do mês passado. Entre as poucas novidades, o aparelho será à prova d’água e estará disponível nas cores preto, branco, azul e dourado. A Samsung copia algumas funções que já estão em diversos aparelhos concorrentes. Ele também não traz mudanças significativas no design do aparelho, o que deixou os fãs da marca coreana um pouco frustrados. O ponto forte – e que deve virar tendência entre os futuros gadgets – é a integração entre dispositivos. Conhecida como tecnologia vestível, cada vez mais teremos aparelhos ligados ao corpo. Prova disso é o Gear Fit, também mostrado no evento na Espanha, um híbrido que alia funções como relógio de pulso inteligente, monitor de atividades físicas e frequência cardíaca. O novo celular e o relógio inteligente serão lançados no dia 11 de abril em 150 países, incluindo o Brasil. O preço não foi divulgado, mas o smartphone deve custar mais de R$ 2,3 mil, valor superior ao modelo anterior S4.

E se o WhatsApp acabasse...

Divulg

ação

TÍTULO Texto Texto Com 400 milhões de usuários em 193 países, o Viber já fazia o que o WhatsApp está se propondo agora: realizar chamadas de voz. Com boa aceitação, o app vem crescendo a incríveis 400% por semana no Brasil, segundo a empresa. Grátis Disponível para Windows Phone, Android e iPhone VIBER

Novo Galaxy S5 pode ser integrado ao Gear Fit. Proposta deve virar tendência no mercado dos dispositivos móveis

RAIO-X DO GALAXY S5 Processador: Snapdragon 805 - quadcore de 2,5 GHz Memória RAM: 3GB RAM Câmera: 16 MP. O Nokia 1020 tem câmera com resolução de 41MP Tela: Super AMOLED de 5,1”. À prova d’água e poeira. O Sony Xperia Z1 já tem esse recurso Bateria: 2800 mAh Sensor biométrico: Foi lançado primeiramente pela Apple no iPhone 5

TÍTULO

KIK

Texto Texto

O app de mensagens Kik tem ganhado fama entre os adolescentes. Com 100 milhões de usuários, o programa investe mais em segurança porque é criada uma identidade específica para se usar no bate-papo. Simplicidade é um atrativo do app. Grátis Disponível para Windows Phone, Android e iPhon

TÍTULO Texto Texto Com funções muito semelhantes de chamadas de voz e mensagens grátis ilimitadas, o app, segundo a empresa, está presente em 231 países e já conta com 360 milhões de usuários. Repleto de stickers e bichinhos coloridos, é sucesso entre a garotada mais jovem. Grátis Disponível para Windows Phone, Android e iPhone LINE

João Carlos Martins

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TECNOLOGIA | COMPORTAMENTO

Azaração Para quem quer paquerar, uma nova opção são aplicativos como o Tinder, que localizam a qualquer hora, e em qualquer lugar, o parceiro ideal. A moda está pegando

virtual O estudante de geologia Brunno Mabub conta que já conheceu várias pessoas interessantes: “Acho fantástica essa possibilidade”

DANIELA COSTA

Já ouviu falar naquela expressão “de anteninhas ligadas”? No caso dos aplicativos de paquera como o Tinder, a frase correta é: “de radar ligado”, literalmente. Isso porque, após baixar o app gratuitamente em seu smartphone (Android ou iOS), o usuário aciona o radar no raio de distância de sua preferência e descobre quais os solteiros e solteiras disponíveis, e o melhor, bem pertinho. Daí é só selecionar aqueles que mais lhe agradam. Clicar no ícone de coração ou arrastar a foto para a direita significa que gostou. Caso não tenha interesse, basta clicar no “x” ou arrastar a foto para a esquerda. Antes de fazer a escolha, a pessoa ainda pode clicar na opção “i” e ver mais fotos de sua possível paquera.

Geraldo Goulart

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Tiago Mamede

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Fotos: co ps loque sem pre fotos afinal, se atuais e n rolar um e ítidas, ncontro ca vai correr ra a cara, o risco de você não ser confu ou a sua ndido com mãe. E lem o seu pai b re estão inte -se que o s pretend ressados entes em ver vo amigos o cê, e não u animais sua famíli de estima fotos em a, çã o que você . Portanto esteja ne , priorize las Descrição : seja o m ais verda nenhuma deiro pos mentira d sível, já qu ura por m e uito temp o Seja bem informad o: começa difícil é m r o bate-p antê-lo. P apo é fáci or isso, é assuntos l, sempre b diferente om ter s para ab ordar Ortografi a: verifiqu e se o seu dia. Algun portuguê s erros ort s está em ográficos são impe rdoáveis Encontro s: para ev itar situaçõ marque-o es embara s sempre çosas, em locais possível, públicos e com amig , se os por pe rto Expectati vas: os ap licativos d os encon e paquera tros, mas s facilitam é bom lem usuários brar que s são pratica eus m ente as m que você encontrari esmas pe ssoas a em bala Alguns em das ou ba busca de rzinhos. co busca de m p ro m is so, e a ma aventuras ioria em . Portanto , seja cau teloso

O legal é que, seja qual for a opção, o outro não fica sabendo, e o usuário só vai interagir com alguém se essa pessoa também curtir o seu perfil. Quando acontece o interesse de ambas as partes, o aplicativo avisa que houve um encontro e disponibiliza um chat de bate-papo para que possam se conhecer melhor. Caso o assunto renda um pouco mais, o ideal é transferir o contato para outro app, o WhatsApp. O detalhe é que só tem acesso ao aplicativo quem tem conta ativa no Facebook, pois é de lá que vêm todas as informações. O app divulga as últimas cinco fotos do perfil, que posteriormente podem ser editadas. Mas tudo é muito sigiloso: o que

Tímida, a designer Patrícia Suevo é adepta do aplicativo, mas faz um alerta: “Tomei um susto quando encontrei um cara e ele era dez anos mais velho do que na foto”

acontece no Tinder fica no Tinder, e nenhuma informação éé divulgada divulgadano noFacebook. Facebook. O que se vê ao clicar em alguém são apenas os amigos e interesses em comum, além da descrição pessoal. Foi por acaso que o estudante de geologia, formado em farmácia, Brunno Mabub, de 35 anos, conheceu o Tinder. “Um amigo me deu a dica dizendo ter muita gente bonita. Fui logo conferir”, diz. E não se arrependeu. Depois que baixou o aplicativo, conheceu várias pessoas interessantes. “Acho fantástica essa possibilidade de fazer contato com gente de várias áreas. É uma interface de fácil manuseio que faz a ponte entre universos diferentes”, diz Brunno. Ao baixar o aplicativo, basta ir às configurações e definir o que procura. Homens, mulheres, ou as duas opções. É possível limitar qual a distância máxima de procura, qual a faixa etária dos pretendentes, e começar a

caça. Para quem é tímido ou mais caseiro, descobrir que o cupido também ataca longe das baladas e dos barzinhos é um grande achado. No app é fácil puxar conversa e render um bom papo. Há dois meses, quando o seu último relacionamento chegou ao fim, a designer Patrícia Suevo, de 34 anos, soube do aplicativo que estava fazendo a cabeça da galera. “Minha irmã me disse que era o que estava bombando no momento, e então resolvi experimentar”. Tímida, considerou ser uma ótima opção para quebrar o gelo, mas alerta: “Conheci gente bacana, mas tomei um susto quando encontrei um cara e ele era dez anos mais velho do que na foto. É bom ficar atenta”. E, mesmo para os baladeiros de plantão, rastrear pessoas disponíveis em um mesmo ambiente é grande facilitador. Não por acaso, o Brasil já é o quinto país com maior número de usuários do Tinder no mundo. Em novembro de 2013, já eram mais de 2 MARÇO DE 2014

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TECNOLOGIA | COMPORTAMENTO Samuel Gê

Glauber Rocha prefere o contato pessoal, mas aproveita a hora da malhação para dar uma olhada no Tinder: “Nunca se sabe quando a pessoa certa vai pintar”

milhões de usuários no país, onde foi lançado em agosto do mesmo ano. “Com o avanço da tecnologia, a comunicação em todos os setores ficou mais fácil. E conhecer pessoas por meio de redes sociais e aplicativos tem se tornado cada vez mais comum. Não só pela comodidade, mas também como maneira de selecionar pessoas com atrativos específicos”, explica a sexóloga Walkiria Fernandes. Mesmo tendo facilidade para fazer amizades e se relacionar, o funcionário público Glauber Araújo Silva, de 38 anos, resolveu conhecer o Tinder. “É uma oportunidade bacana de trocar uma ideia, mas não abro mão do contato pessoal. Ainda prefiro o olho no olho”, diz. Mesmo assim, não perde a oportunidade. “Sempre que estou de bobeira, na academia ou no trânsito, dou uma bisbilhotada. Nunca se sabe quando a pessoa certa vai pintar.” Apesar de terem aderido à moda, as mulheres afirmam que ainda existe preconceito. “Acabei saindo

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do aplicativo depois de ouvir amigos dizendo que era um cardápio de mulheres”, conta Nayara Sampaio, de 25 anos, assistente de estilo. No entanto, nem todos os homens compartilham da mesma opinião. “É um cardápio de homens também. E a seleção é semelhante ao que aconteceria na noite, exige o mesmo cuidado”, diz o fotógrafo Igor C.P., de 32 anos. De fato, qualquer lugar é lugar para se paquerar. Nos últimos Jogos Olímpicos de Inverno, que aconteceram em Sochi, na Rússia, os atletas não desperdiçaram o tempo livre e declararam: “A primeira coisa que as pessoas fazem quando chegam à Vila Olímpica é checar quem está usando o Tinder”, disse o esquiador norte-americano Gus Kenworthy. Adotando certas medidas de segurança, todas as possibilidades são válidas. “Como em qualquer relação, o aplicativo só será frustrante se não houver maturidade em sua utilização”, diz o psicólogo Luiz Cláudio de Araújo. z

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Informe Jurídico Rogério Sol

ADVOGADO: PROFISSIONAL VALORIZADO E PROTEGIDO

NOVA CAA traça metas para ampliar benefícios para a classe em 2014

B

usca incessante pelo reconhecimento, qualificação, modernização e valorização da classe. Essa é a missão da Caixa de Assistência dos Advogados de Minas Gerais (CAA/MG), entidade que completa 72 anos em 2014 com os olhos voltados para o futuro. Presente em mais de 200 cidades de Minas Gerais, a NOVA CAA começa o ano com uma série de projetos que irão ampliar ainda mais os serviços e benefícios disponíveis para os advogados do estado. Uma das metas da NOVA CAA é dobrar o número de lojas da Drogaria Santo Ivo, que permite aos advogados comprar, com preços diferenciados, não apenas medicamentos, mas artigos de perfumaria, higiene pessoal e produtos naturais. A rede, que hoje conta com lojas em Belo Horizonte e outras seis cidades do interior, será ampliada, com previsão de novas unidades em Juiz de Fora, Varginha e Pouso Alegre. Ainda no âmbito da saúde, a NOVA CAA está perto de anunciar parcerias com o Hospital Vera Cruz, Hospital Evangélico e o Socor. A partir desses convênios, 650 novos leitos estarão disponíveis para os associados, de modo a propiciar mais qualidade e conforto para os pacientes. Mas as novidades não se limitam à capital. “Após a estruturação da Rede Saúde na região metropolitana, o grande desafio a

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ser vencido, ainda no primeiro semestre de 2014, é a expansão da rede para todo o estado”, garante o presidente da NOVA CAA, Sérgio Murilo Braga. A NOVA CAA também tem trabalhado para ampliar sua rede de convênios com outras modalidades de estabelecimentos, como academias, escolas de idiomas, livrarias, hotéis e faculdades. Por meio do cartão Mais Vantagens, que pode ser solicitado no site www.cartaomaisvantagens. com.br, advogados e dependentes garantem descontos e uma série de outros benefícios em produtos e serviços. Agora neste mês de março, a OAB Saúde, a Drogaria Santo Ivo e a Ótica Santo Ivo terão uma nova sede em Belo Horizonte: a Mega Store. Com a inauguração prevista para o dia 24, a grande loja na Avenida Augusto de Lima, no Barro Preto, próxima ao Fórum Lafayette, reunirá estes três importantes serviços oferecidos pela NOVA CAA. Será um grande espaço, com 250 metros quadrados onde o advogado e seus familiares encontrarão, além de todo conforto e comodidade, muitas promoções e um amplo leque de serviços. CAPACITAÇÃO Uma das principais preocupações da diretoria da NOVA CAA é com a qualificação profissional da classe. Por isso, a entidade irá

promover cursos de extensão e treinamento sobre os novos processos digitais não apenas na capital, mas em todas as subseções da OAB no interior do Estado, com previsão de início ainda neste semestre. “A função das salas de treinamento é capacitar os advogados para a utilização dos processos eletrônicos em uso no Judiciário”, explica Sérgio Braga. “Muitos profissionais ainda têm dúvidas e precisam da devida orientação para fazer o registro da Certificação Digital e adaptar suas rotinas em seus escritórios”, completa. Todos os cursos serão oferecidos gratuitamente. Os feitos e conquistas de 2013, apesar de muito comemorados, já ficaram para trás. São inúmeros os desafios que a NOVA CAA terá pela frente em 2014, o que tornará constante o trabalho realizado pela entidade. Sempre no intuito de melhorar as condições de vida e permitir a evolução e o desenvolvimento profissional dos advogados mineiros. OAB-MG/CAA Tel: 2125-6301 Rua: Albita, 260 – Bairro Cruzeiro www.caamg.com.br

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COMPORTAMENTO | INTERNET Samuel Gê

A estudante Renata Paiva com o filho Miguel, de 7 meses: “Sempre me pediam para postar fotos do Miguel. Comecei a achar que meu filho ficava muito exposto e resolvi sair”

Fora da rede 82 |Encontro

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DIÁRIO VIRTUAL Uma década de acontecimentos que marcaram a história da maior rede social do mundo

ABRIL DE 2006

A versão virtual do serviço é lançada para smartphones

4 DE FEVEREIRO DE 2004

Mark Zuckerberg, junto com Chris Hughes, Dustin Moskovitz e Eduardo Saverin criam o The Facebook, a princípio, uma rede para os universitários de Harvard

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AGOSTO DE 2005

SETEMBRO DE 2006

MARINA SANTOS

revelou que o site estava perdendo espaço entre o público jovem. Segundo a pesquisa, mais de 3 milhões de adolescentes americanos haviam deixado o Facebook nos últimos 3 anos – ou seja, nos Estados Unidos, 1 milhão de jovens, em média, estão deixando a rede todos os anos. Junto a isso, estudiosos da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, trouxeram polêmica ao cenário das mídias sociais. Utilizando-se de modelos usados para calcular o ciclo de vida de epidemias, os pesquisadores constataram que, até 2017, o Facebook perderia 80% de seus usuários. Ao comparar a rede a uma doença, o estudo afirmava que, passada a fase de “contaminação”, as pessoas “infectadas” iniciariam um processo para se tornarem imunes. Loucura ou não, a projeção apocalíptica chamou a atenção da mídia e instaurou um debate sobre qual seria o futuro do site. Esta-

O site perde o artigo “the” em frente ao nome

Com dez anos de história, o Facebook continua líder mundial entre as mídias sociais, mas seus usuários começam a demonstrar cansaço com o excesso de exposição e a contestar os benefícios de se manterem conectados

No dia 19 de fevereiro, uma oferta de dezesseis dígitos reposicionou as fronteiras do universo virtual. O Facebook, líder entre as redes sociais de todo o mundo, estendeu sua hegemonia ao adquirir o aplicativo de bate-papo Whatsapp por US$ 16 bilhões – valor bem acima de outras transações já feitas no meio. Em abril de 2012, o Face já havia desembolsado US$ 1 bilhão na compra do aplicativo de compartilhamento de fotos Instagram. A diferença é que, dessa vez, a ação veio como um contra-ataque do exército de Mark Zuckerberg, fundador e presidente-executivo do Facebook, àqueles que profetizavam o fim de seu império. A rede, que completou recentemente 10 anos, não tinha até então, tantos motivos para comemorar. Em janeiro, um levantamento da consultoria iStrategy

O Facebook é aberto a todos, desde que maiores de 13 anos

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COMPORTAMENTO | INTERNET DIÁRIO VIRTUAL FEVEREIRO DE 2009

OUTUBRO DE 2010

Surge o ícone “Curtir”

“A Rede Social”, filme que conta a história do Facebook e foi premiado com 3 Oscar, chega às telonas

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NOVEMBRO DE 2006 A rede social passa a ter a opção “Compartilhar”

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JULHO DE 2009

Facebook ultrapassa o MySpace e assume a liderança entre as redes sociais dos EUA. A China anuncia bloqueio à rede

CURIOSIDADES

Com mais de 1,19 bilhão de pessoas cadastradas

Se o Facebook fosse um país, seria o terceiro mais populoso do mundo perndendo apenas para China e índia

China (1,35 bilhão de habitantes)

1º Estados Unidos

2º Índia (1,23 bilhão de habitantes)

O Brasil é o terceiro país em número de usúarios da rede atrás do Estados Unidos e da Índia

3º Brasil

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ria o Facebook atravessando uma fase de saturação ou atingindo sua maturidade? Agora que Zuckerberg parece ter virado o jogo com a compra do Whatsapp, as previsões nefastas sobre seus negócios foram afastadas. Ainda assim, existe uma legião disposta a resistir aos domínios do Facebook – e os motivos são vários. Há três meses, a estudante Renata Paiva, de 21 anos, colocou na balança sua privacidade e a do filho Miguel, de apenas 7 meses. Resultado: decidiu se desconectar. “Sempre me pediam para postar fotos do Miguel. Comecei a achar que meu filho ficava muito exposto”, explica. Quando criou a conta, 8 anos atrás, a estudante queria se comunicar com uma tia que mora nos Estados Unidos. Mas, à medida que outros colegas entraram na rede, a ferramenta perdeu sua função primordial e passou a ser uma prioridade em seu dia-a-dia. “Fiquei escrava do Facebook. Estava amamentando o meu filho com o celular na mão. Às vezes, deixava de dar atenção a ele, pois queria sempre saber as atualizações, ver fotos. Era uma necessidade.” Como Renata, Ana Carolina Vitorino, estudante de 18 anos, afirma que decidiu sair da rede social quando percebeu que o acesso estava tomando muito o seu tempo. Porém, para ela, o principal motivo foi o descontentamento com o conteúdo. “Muitos não sabem fazer bom uso da rede, com excesso de postagens e exposições desnecessárias. Ficou cansativo”, diz. Afastada desde outubro, ela não se arrepende. “Me perguntam como estou conseguindo viver sem o Facebook. Acordava e a primeira coisa que fazia era entrar no site. Hoje, nem acredito nisso. Andava na rua mexendo no celular, desatenta. É até perigoso”, alerta. O “basta” para Bruno Rocha veio muito antes. Há dois anos, ele optou por abrir uma conta, porém permaneceu ativo por apenas 3 meses. “Entrei por pressão. Minha esposa e amigos falavam que era legal. Mas não vi utilidade”, afirma o engenheiro de 29 anos. Bruno preferiu outras ferramentas, como o Twitter e o LinkedIn – rede de contatos profi ssionais – que, segundo ele, atendem melhor aos seus interesses. Já Orozimbo Henriques Campos, farmacêutico de 29 anos, não chegou nem perto de fazer seu cadastro no Facebook.

SINAIS DE ALERTA É importante identificar quando a “curtição” se transforma em vício. Alguns sintomas indicam quando o acesso às redes sociais passou da conta: 1) Sente necessidade de se manter conectado ao mundo virtual, apresentando-se irritado e mal-humorado quando a conexão não é possível 2) Apresenta euforia ou uma espécie de excitação quando se conecta 3) Mesmo em reuniões entre amigos e familiares, não deixa de estar online 4) Precisa checar postagens e novidades dos seus amigos nas redes várias vezes ao dia, com receio de ficar desatualizado 5) Chega a comprometer sua vida profissional em função da ocupação com a internet 6) Sente-se mais encorajado ou à vontade em estabelecer relações virtuais por acreditar que são mais possíveis de serem mantidas que as reais 7) Quando percebe que a conexão virtual corresponde a uma ficção, se frustra e se angustia, o que pode chegar à depressão 8) Tenta diminuir o tempo que passa conectado e não consegue

Natural de Igaratinga, em Minas Gerais, mas hoje estabelecido em Belo Horizonte, ele acredita que as relações nesse contexto são muito superficiais. “No interior, as pessoas realmente convivem umas com as outras. Acredito que as redes sociais sejam uma maneira de se relacionar, principalmente nas grandes metrópoles, em função da distância. Mas o problema é que muitos usam a

ferramenta para mostrar à sociedade como estão felizes, o que têm feito, por onde têm andado. Não há necessidade disso”, diz. A mestranda em antropologia Bárbara Altivo, de 23 anos, compartilha do mesmo pensamento. “É incômoda a maneira como as pessoas expõe assuntos pessoais. Há um narcisismo, um culto de si próprio nessas redes, principalmente MARÇO DE 2014

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COMPORTAMENTO | INTERNET pela juventude. Além disso, pessoas que eram minhas amigas no Facebook não me cumprimentavam quando me viam na rua. Comecei a questionar esse tipo de relação.” A conta, desativada há um ano, abriu espaço para que ela descobrisse novas formas de vivenciar a internet, direcionando o uso para blogs e sites cujos conteúdos lhe parecem mais interessantes. Com o pé atrás, Bárbara vai mais além e questiona a segurança das informações que são disponibilizadas na rede. “Vivemos hoje em um mundo extremamente conectado. Em situações de crise e espionagem, o Facebook é uma fonte de informações”. Em meados do ano passado, o jornal londrino The Guardian revelou que o acervo da rede teria sido usado para investigações pela Agência Nacional de Segurança (NSA) americana. Àqueles que sentem necessidade de estar constantemente “online”, a psiquiatra e especialista em distúrbios causados pelo uso patológico da internet Gilda Maria Paoliello alerta para o risco de aprisionamento no mundo virtual. “As redes parecem oferecer recursos inestimáveis para preencher a demanda humana por conexão social. Mas podem gerar compulsão ou alienação”, afirma. Para identificar sinais de abuso, é mais importante levar em conta o uso que se faz das redes do que a freqüência de acesso – já que algumas pessoas trabalham longo tempo conectadas à internet. “Porém, se a pessoa percebe que está perdendo o controle sobre o tempo que passa conectada e que sofre quando está fora da rede, ela deve colocar limite”. Familiares e amigos próximos podem ajudar a monitorar a freqüência. Se o problema persistir, a pessoa deve procurar ajuda profissional. Para aqueles que estavam na torcida pelo declínio do Facebook, o pesquisador em mídias sociais e doutorando em Ciência da Informação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Ruleandson do Carmo adianta que a rede está longe de ter seus dias contados. “Rede social também é uma questão de status. Quando surge uma novidade, vira modismo, e passa a ser brega manter-se na versão anterior”. Algo semelhante aconteceu com o Orkut, outra rede de relacionamentos. “Criado praticamente junto ao Facebook, em janeiro 86 |Encontro

Geraldo Goulart

Ana Carolina Vitorino, estudante: “Muitos não sabem fazer bom uso da rede, com excesso de postagens e exposições desnecessárias. Ficou cansativo”

QUEM É QUEM Ranking das redes sociais mais populares em razão do número de usúarios ativos por mês (Dezembro de 2013)

FACEBOOK

YOUTUBE

1,0 BILHÃO

GOOGLE+

540 MILHÕES

WHATSAPP*

450 MILHÕES

LINKEDIN

260 MILHÕES

TWITTER

230 MILHÕES

TUMBLR

220 MILHÕES

INSTAGRAM

150 MILHÕES

FLICKR

90 MILHÕES

PINTEREST

70 MILHÕES

10º

1,19 BILHÃO

*Dado referente a fevereiro de 2014 Fonte: Jornal Independet (Inglaterra) e blog.whatsapp.com

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DIÁRIO VIRTUAL 4 DE FEVEREIRO DE 2014

A rede completa 10 anos de história

JUNHO DE 2013

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O jornal britânico The Gardian levanta polêmica a respeito do uso de dados do Facebook pela NSA (National Security Agency) dos EUA

ABRIL DE 2012 Facebook adquire o Instagram por 1 bilhão de dólares

19 DE FEVEREIRO

201

3

/ 2012

Facebook compra o Whatsapp por 16 bilhões de dólares

SETEMBRO DE 2013

O Facebook atinge a marca de 1,19 bilhão de usuários Samuel Gê

Orozimbo Henriques Campos, farmacêutico: “No interior, as pessoas convivem umas com as outras. Acredito que as redes sociais sejam uma maneira de se relacionar, mas muitos as usam para mostrar como estão felizes, o que têm feito, por onde têm andado. Não há necessidade disso”

de 2004, o Orkut fez sucesso primeiro no país. Chegou a ser o site mais acessado pelo brasileiro, à frente até mesmo do Google. Era um fenômeno!” Com a ascensão do Facebook, hoje praticamente caiu no esquecimento. Segundo o pesquisador, a internet é muito dinâmica, sendo difícil prever até quando um site permanecerá popular. Embora seja possível detectar sinais de desgaste em usuários do Facebook, Ruleandson afirma que interpretá-los como o colapso da maior rede social do mundo não condiz com a realidade. “Vejo que algumas pessoas se cansaram de tanta exposição, jovens que estão incomodados com a presença da família e de adultos na rede e que optam por sair. Mas o Facebook fez algo inédito, conseguindo reunir vários serviços na mesma plataforma e, até então, não surgiu nenhum site que o tenha impactado”, conclui. E, pelo visto, a equipe de Mark Zuckerberg está disposta a agir ao menor sinal de ameaça. What’s up, Zuck?. ❚ MARÇO DE 2014

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ENCONTRO INDICA | JOÃO POMBO BARILE Xavier Cantat/divulgação

ARTES CÊNICAS | ESPETÁCULO Irmãos de Sangue é o nome do espetáculo que a Cia. Dos à Deux apresenta, até 6 de abril, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), no Circuito Cultural Praça da Liberdade. Sauda da com entusiasmo durante o Festival de Avignon (França) do ano passado, a montagem tem direção, coreografia e cenário de André Curti e Artur Ribeiro. Os ingressos custam a partir de R$ 5 e podem ser comprados na bilheteria do teatro (praça da Liberdade, 450). Outras informações: (31) 3431-9400. Por que ir: A nova montagem do grupo retoma o tema da família, presente nos dois trabalhos anteriores da trupe (Saudade em Terras d’Água e Fragmentos do Desejo) de forma delicada e sensível.

Lucia Adverse/divulgação

FOTOGRAFIA | EXPOSIÇÃO A dica vai para quem quiser conhecer um pouco do trabalho da fotógrafa mineira Lucia Adverse. Com curadoria do crítico Ricardo Chaves, a exposição Der Sturm/A Tempestade reúne 23 fotografias feitas pela artista em preto e branco em grandes dimensões, ins piradas no movimento expressionista alemão e no cinema noir. As fotos são o resultado de uma pesquisa de Lucia em cidades como Nova York, Berlim e Paris. Em BH, a série de fotos sobre Berlim será o destaque. A exposição pode ser vista no Museu Inimá de Paula (rua da Bahia, 1.201, centro) até 7 de abril, com entrada franca. Por que visitar: O trabalho de Lucia Adverse consegue captar, de maneira precisa e bela, a arquitetura do século XX em várias partes do planeta.

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Leonardo Fernandes/divulgação

MÚSICA | SHOW Os Paralamas do Sucesso vão tocar na capital no dia 29 de março. O show da turnê que comemora os 30 anos de carreira da banda acontece às 22h, no Chevrolet Hall (av. Nossa Senhora do Carmo, 230, Savassi). Herbert Vianna, Bi Ribeiro e João Barone, acompanhados do tecladista João Fera e da dupla dos sopros Bidu Cordeiro e Monteiro Júnior, prometem animar o público com os principais hits da banda. Os ingressos custam de R$ 30 a R$ 120 e podem ser comprados na bilheteria do ginásio ou pelo site www.ticketsforfun.com.br. Por que ir: É sempre bom ouvir a turma, que começou a carreira em Brasília, tocar ao vivo canções como Quase um Segundo, Meu Erro, Romance Ideal, Óculos e Lanterna dos Afogados. Maurício Valadares/divulgação

Arquivo pessoal

LITERATURA | LIVRO

TEATRO | ESPETÁCULO Com a montagem de Sombras – Toda Vaca Tem Nome Próprio,, do dramaturgo e diretor argentino Hector Oliboni, a Cia. Dupla de Teatro encena um drama latino em que duas mulheres e um homem fazem um acerto de contas com o passado. A direção é de Marcelo do Vale e o elenco reúne Raquel Dutra, Raquel Lauar e Rodrigo Mangah. O espetáculo poderá ser visto na Sala Juvenal Dias do Palácio das Artes (av. Afonso Pena, 1.537, centro), de 21 a 30 de março, sextas e sábados, às 21h, e domingos, às 19h. Ingressos a R$ 24 (inteira) e R$ 12 (meia). Por que ir: A montagem, assinada pelo renomado dramaturgo e diretor, marca a estreia da Cia. Dupla de Teatro nos palcos mineiros.

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Um dos mais importantes escritores modernistas, o mineiro Cyro dos Anjos está de volta às livrarias com Montanha (Editora Globo, 360 páginas, R$ 44,90). Publicado pela primeira vez em 1956, o livro, de clara inspiração autobiográfica, rememora os anos do governo de Getúlio Vargas. Por que ler: Autor de O Amanuense Belmiro, um dos melhores romances da nossa literatura no século XX, Cyro dos Anjos retrata no volume dos anos 1950 os meandros da política brasileira: politicagem, lobby, sujeira e chantagem, temas ainda muito atuais.

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CULTURA | MEMÓRIA

A falta que eles

fazem

Referências do humor brasileiro nos anos 1970 e 1980, os mineiros Henfil e Zacarias são hoje pouco conhecidos dos mais jovens JOÃO POMBO BARILE

“A cada 15 anos, o Brasil esquece os últimos 15 anos.” A frase do escritor Ivan Lessa resume bem a maneira como o Brasil se relaciona com a cultura. O próprio Lessa, morto em 2012, já caiu no esquecimento e é um anônimo para a nova geração, mais interessada no Facebook e no WhatsApp. Espécie de praga

O DOCE TRAPALHÃO Mauro Faccio Gonçalves, ou simplesmente Zacarias, nasceu em Sete Lagoas em 18 de janeiro de 1934. O menino, que sempre quis ser artista, começou sua carreira em 1954, na Rádio Cultura de Sete Lagoas. Três anos depois, mudou-se para Belo Horizonte para estudar arquitetura, curso que nunca concluiu. Na capital, trabalhou na Rádio Inconfidência e na TV Itacolomi, até ser descoberto pelo diretor carioca Wilton Franco, que o levou para a TV Excelsior em 1963. O personagem Zacarias, ao lado de Didi, Dedé e Mussum, formou o quarteto Os Trapalhões, em 1977, humorístico que durante anos foi sucesso de audiência na TV Globo e tema de série de filmes, alguns deles entre as maiores bilheterias do cinema brasileiro. A partir de um tipo popular, o ator Mauro Gonçalves criou o ingênuo e doce Zacarias, referência na infância de milhões de brasileiros. O ator, locutor e humorista morreu no Rio de Janeiro em fevereiro de 1990, aos 56 anos, de insuficiência respiratória, e seu corpo foi sepultado em Sete Lagoas. Seu enterro levou milhares de pessoas às ruas da cidade. Reprodução/Cláudio Cunha

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nacional, o esquecimento acaba de fazer mais duas vítimas: o humorista Zacarias, morto em 1990 e que em janeiro teria feito 80 anos; e o cartunista Henfil, que morreu em 1988 e que em 2014 completaria 70 anos. O aniversário dos dois mineiros passou meio batido da grande mídia e nem de longe tiveram a cobertura e o destaque merecidos. “Hoje, não é todo mundo mesmo que conhece o Mauro”, atesta a simpática Marly Gonçalves, irmã do eterno Zacarias, personagem criado pelo ator Mauro Gonçalves e que durante décadas divertiu milhões de brasileiros na TV e no cinema (veja box). “Geralmente, só quem tem mais de 20 anos é que ainda se lembra dele”, diz. Wilma Gonçalves, outra irmã do artista, revela que, na intimidade, Mauro

nem de longe lembrava o Zacarias da TV. “Quem o viu na televisão não tem ideia de como ele era na intimidade. O Mauro era reservado, tímido, brincava só com os conhecidos e a família”, explica. Tanta sisudez só acabava quando o irmão, ainda menino, começava a brincar de ser ator, e aí ele se transformava: “É verdade. Desde pequeno, ele já gostava dessa coisa de artista: pegava as roupas da mãe e fi cava imitando um monte de gente. O mais curioso é que lá em casa ninguém mexia com isso. Era um dom dele mesmo”, conta Wilma. As duas irmãs se emocionam ao lembrar-se do irmão e da relação que ele tinha com a mãe. Muito ligado a dona Virgínia, que morreu em 2000, Marly conta que Mauro viajava todo ano até Sete Lagoas para passar o Natal com a

mãe. “Depois, os dois iam juntos para o Rio para ver os fogos em Copacabana. Nossa mãe amava ver o espetáculo da queima na praia”, diz. Mas a lembrança de Zacarias, pelo menos na sua terra natal, fica apenas entre os familiares. Em Sete Lagoas, a única homenagem ao artista está localizada no Centro Cultural Nhô-Quim Drumond, mais conhecido como Casarão. Em uma sala, de maneira improvisada, funciona um memorial. No pequeno espaço, parte do acervo do Trapalhão mineiro doado pela família e pela TV Globo: roupas que foram usadas por ele, fotos, reportagens, discos e até algumas das famosas perucas. “Muita coisa já sumiu, foi roubada”, diz Wilma. Realistas, as duas irmãs não acreditam mais que um memorial, feito es-

HENFIL, O ENGAJADO Henrique de Sousa Filho, Henfil, o irmão do sociólogo Betinho cantado por João Bosco e Aldir Blanc em O Bêbado e o Equilibrista (no verso “a volta do irmão do Henfil”), nasceu em 5 de fevereiro de 1944, em Ribeirão das Neves, na Grande BH. Autor de personagens e tirinhas que se tornariam referências das HQs nacionais, como Graúna, Fradinhos, Cangaceiro e o bode Francisco Orellana. Foi ainda o criador do bordão Diretas Já, em 1984, que deu nome à campanha pelas eleições diretas para presidente. O artista mineiro atuou também como escritor, tendo lançado livros como Diário de um Cucaracha (1976) e Cartas da Mãe (1986). Henfil morreu em janeiro de 1988, aos 43 anos, no Rio de Janeiro, onde foi enterrado. Assim como seus irmãos Betinho (que morreu em 1997) e o músico Chico Mário (morto em 1988, dois meses depois de Henfil), ele era hemofílico. Os irmãos morreram em decorrência da Aids, contraída em uma das inúmeras transfusões sanguíneas necessárias por causa da doença. A triste história dessa família mineira gerou, a partir da Constituição de 1988, um rigoroso controle nos hospitais, clínicas e bancos de sangue do país. José Pereira/EM

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CULTURA | MEMÓRIA pecialmente para homenagear Zacarias e uma promessa da prefeitura de Sete Lagoas há mais de 30 anos, algum dia se tornará realidade. “Entra prefeito, sai prefeito, e eles sempre falam que vão fazer. Ouvimos essa conversa desde a época em que o Mauro era vivo. Sinceramente: não acreditamos mais”, constatam, resignadas. Já no caso de Henfil (veja box), a praga do esquecimento parece ter feito um pouco menos estrago. Se seu nome nem de longe tem a popularidade que teve nos anos 1970/80, quando durante a luta pela anistia escrevia cartas para a mãe, dona Maria, e criticava o então general João Batista Figueiredo (último presidente militar do Brasil), Henfil tem alguns fãs nas gerações mais novas. Sobretudo entre a moçada que curte quadrinhos. No ano passado, a Coleção Fradim começou a ser lançada: serão 31 edições que reúnem um pouco do trabalho do genial artista mineiro. “Henfil, de fato, ainda é pouco conhecido das novas gerações, num país em que prevalecem a cultura conformista, o consumismo alienante e o desprezo pela memória histórica”, acredita Dênis de Moraes, autor da mais importante biografia escrita sobre Henfil. Moraes, que é professor do Departamento de Estudos Culturais e Mídia da Universidade Federal Fluminense (UFF), espera que, com a reedição do seu livro neste ano, ele seja mais lembrado. “Com a nova edição, revista e ampliada do meu livro O Rebelde do Traço: A Vida de Henfil, espero contribuir para um conhecimento mais amplo da trajetória de um dos mais criativos e combativos artistas brasileiros do século XX”, diz. Dênis de Moraes, no entanto, relativiza o completo desconhecimento das novas gerações sobre o trabalho de Henfil. E chama a atenção para a permanência de Henfil no imaginário das novas gerações que acompanham seu trabalho. “Nos recentes eventos em memória aos 70 anos do artista, a circulação de artigos e desenhos de Henfil pelas redes sociais foi enorme e surpreendente”, conta. O cartunista Laerte Coutinho, um dos mais geniais quadrinistas brasileiros da atualidade, não acredita que Henfil, de quem era amigo, tenha sido 92 |Encontro

Fotos: Cl

áudio Cu

nha

Cartaz do filme Os Trapalhões na Serra Pelada: um dos maiores sucessos de bilheteria estrelado pelo quarteto

As irmãs Marly e Wilma Gonçalves, com a foto de Zacarias: elas mantêm parte do acervo do humorista em um centro cultural de Sete Lagoas

esquecido: “Pelo menos na minha área, o Henfil ainda é muito conhecido. Ele é uma referência obrigatória para qualquer um de nós”, comenta o artista, que se diverte ao tentar imaginar o que seu querido amigo estaria desenhando hoje. “Não faço a mínima ideia de como o Henfil estaria vendo o mundo de hoje. Mas acho que, certamente, ele estaria

ironizando muito os ditos poderosos”, diz Laerte. Em 2009, o único filho de Henfil, Ivan Cosenza de Souza, fundou o Instituto Henfil, para preservar a memória do cartunista, escritor, quadrinista e jornalista. O acervo tem milhares de originais, além de outros documentos reunidos pela família. ❚

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CULTURA | ARTES PLÁSTICAS Fotos: Rogério Sol

A escultora Maíra Martins explora os valores familiares para criar suas peças: vocação para lidar com mais emoções

Valores consolidados Artista plástica mineira transforma sentimentos em esculturas que tocam o observador e humanizam o ambiente 94 |Encontro

FERNANDA NAZARÉ

A fascinação pelas cores, pincéis e telas em branco começou cedo. Aos 9 anos, uma mineirinha de Três Pontas, no Sul do estado, já produzia seus quadros. Mais tarde, Maíra Martins, hoje com 50, formou-se em letras, mas seu verdadeiro chamado foi a arte. Começou trabalhando com telas figurativas, depois passou para as abstratas. Apesar de ter ganhado o Troféu Tancredo Neves em 2002 – Pintura Noite das Personalidades, exposto telas em faculdades e participado de leilões em Brasília e em São Paulo, há cerca de dez anos, com a mesma vontade de trabalhar com os pincéis na infância, Maíra começou a sentir necessidade de colocar a mão na massa e trabalhar com esculturas.

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O caminho do abstracionismo, que seguiu durante anos na pintura, foi deixado de lado na criação de esculturas, privilegiando formas suaves e expressões humanas. Ela começou a produzir bustos, depois fez formas femininas e em seguida evoluiu para a construção de imagens de casais interagindo. “Observo tudo do cotidiano que possa me inspirar: a interação das pessoas, um casal junto ou o movimento de uma bailarina”, conta Maíra. Há cerca de um ano, a artista começou a mesclar figuras humanas com formatos geométricos em suas peças. A primeira série foi Envolvimento, esculturas com um personagem só, e depois Encontro, com dois personagens. Na próxima, que está em processo de estudo, Maíra pretende colocar uma terceira pessoa. Uma de suas inspirações para esta nova fase é a obra do escultor brasileiro Bruno Giorgi (19051993), que harmonizava linhas curvas

e formas angulares. Os trabalhos mais conhecidos de Giorgi são Os Candangos e Meteoro, instalados em frente ao Palácio do Planalto, em Brasília. As esculturas de Maíra são finalizadas em bronze ou em mármore com resina. As peças que ganham cor, como vermelho, preto e amarelo, são feitas com resina de cristal e tinta de carro. Segundo ela, a tinta automotiva tem mais brilho e valoriza a obra no ambiente em que está inserida. De acordo com a artista, quem busca suas criações são pessoas que procuram uma arte acolhedora, que traga paz ao ambiente. “Comecei a materializar, no meu trabalho, alguns dos meus principais valores, inspirada na relação com a minha família”, explica. Pelos títulos dos trabalhos – O Abraço, A Família, Encontro –, percebe-se a vocação da artista em dar forma às emoções, com a ponta do pincel na tela ou com os dedos na argila. z

As esculturas A Família, Encontro e Sedução: figuras humanas com formatos geométricos

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NAS TELAS | JOSÉ JOÃO RIBEIRO jribeiro@editoraencontro.com.br

A ZEBRA DOS VETERANOS

Divulgação

A seleção dos indicados para melhor filme no Oscar 2014 é, de longe, a melhor em muitos anos. Todos os filmes, com suas marcantes diferenças, estão muito acima da média, e houve o nítido empenho na escolha consciente pela emoção. A Academia, mesmo sofrendo severas pressões nas dispendiosas campanhas, acertou em cheio, primando pela mais refinada qualidade. Mesmo os concorrentes, sem chances na competição, impressionam, sobretudo pelo padrão independente e atual assumidos. Esses são os casos das duas preciosidades Nebraska e Philomena, dirigidos por experientes craques, calejados de premiações, e protagonizados por intérpretes tarimbados. Sempre perseguindo a crônica de costumes das comunidades norte-americanas, o diretor Alexander Payne fez de Nebraska a sua grande obra-prima. Mistura de road movie, com histórias de conflito familiar, o longa-metragem é protagonizado pelo sempre acessível Bruce Dern, indicado para o Oscar, uma referência em Hollywood. Bruce está sensacional, defendendo o papel do velhinho desorientado e bêbado, que enfi a na cabeça o objetivo, quase lunático, de atravessar vários estados do país, em busca do resgate de uma promessa milionária, vinda de uma carta de promoção para a assinatura de revistas. No começo da viagem, o determinado senhorzinho conta com a companhia do filho, vivido por Will Forte, que enxerga nessa aventura a oportunidade de aproximação com o pai. Logo em seguida, surge a esposa, June Squibb, magnífi ca, também indicada na categoria de melhor atriz coadjuvante. June é um achado de Alexander Payne. É, principalmente, quando ela está em cena que o afiado filme tem suas tiradas mais hilárias. E as figuras da norte-americana caipira enchem a produ96 |Encontro

Judi Dench no papel de Philomena Lee: talento mereceu indicação ao Oscar de melhor atriz

ção de ternura e realidade. Os diálogos inspirados e o elenco comprometido, mostrados em perfeita e lindíssima fotografi a em preto e branco, credenciam Nebraska como um gênero múltiplo e rico, capaz de permanecer por muitos dias em nossos pensamentos. Ainda na lista dos nove indicados, o outro azarão do Oscar é a produção com pedigree inglês Philomena. Na história verídica, Philomena Lee (a grande dama Judi Dench) guarda o terrível segredo de um filho tirado à força enquanto vivia, ainda muito jovem, sob a “proteção” de irmãs de caridade, em um convento na Irlanda. Depois de passados 50 anos com esse doloroso sofrimento preso na garganta, a simpática senhora recebe a promissora ajuda

de um consagrado jornalista da BBC (Steve Coogan) para descobrir o paradeiro do filho desaparecido. Novamente laureada com uma indicação de melhor atriz, a formidável Judi Dench mostra toda a extensão e supremacia da escola de interpretação britânica. Seu comedimento e simplicidade fazem da sua Philomena uma personagem inesquecível. Merece todo mérito, também, a direção de Stephen Frears, o mais inglês dos cineastas. Stephen sabe desviar, sabiamente, todas as armadilhas de pieguices e repetições, em que a ficção periga cair. Todo o roteiro é focado em transmitir uma tocante e doce história, sem se esquecer de mencionar os sérios abusos cometidos pela Igreja Católica no território irlandês. ❚

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ESPECIAL BEM-ESTAR | ALIMENTAÇÃO Geraldo Goulart

A bailarina Aixa Carretero não resiste ao chocolate: “Sinto-me realmente feliz. É uma válvula de escape”

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Eugênio Gurgel

Não é novidade para ninguém que uma dieta saudável proporciona saúde e bem-estar. Mas a alimentação é importante até mesmo para manter o humor sempre em alta. Faça sua escolha DANIELA COSTA

Fazer a escolha certa na hora de montar o prato pode trazer bem-estar e disposição física. Até aí, todo mundo sabe. Mas o que muita gente desconhece é que o critério sobre o que comer ou não é importante até mesmo para manter o bom humor. Mesmo porque uma alimentação inadequada resulta em estresse, insônia, irritabilidade, cansaço, sem falar em doenças graves como colesterol alto, obesidade, infertilidade, diabetes e câncer. A explicação é simples. “Alguns alimentos estimulam a produção e a liberação de neurotransmissores como a serotonina, dopamina e a noradrenalina, que estão diretamente ligados à sensação de prazer”, diz a nutróloga Simone Miranda. Não por acaso, o chocolate traz aquele gostinho de bem-estar. Rico em tirosina – aminoácido que estimula a produção de serotonina – e em minerais como o cobre, manganês e magnésio, é ideal para o combate à temida TPM. Além de estimular a atividade cerebral, desencadeia a produção de endorfina e dopamina, que trazem a sensação de relaxamento. A bailarina Aixa Carretero, de 29 anos, não resiste aos seus encantos. “Sinto-me realmente feliz quando como chocolate, é uma válvula de escape. Estou até aprendendo receitas com o cacau puro”, diz. Mas nada de exageros. Para manter a silhueta em forma, ela dá preferência para os chocolates com 70% de teor de cacau, menos calóricos e mais concentrados. Já o ator Daniel Satti, de 39 anos,

As frutas são as preferidas da analista de projetos Brenda Lícia, principalmente a melancia: “Gosto de comer ao natural e tomar o suco” Samuel Gê

O ator Daniel Satti não abre mão da banana com aveia e mel: “Faço questão de me alimentar bem e praticar atividade física para estar sempre bem-humorado”

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ESPECIAL BEM-ESTAR | ALIMENTAÇÃO ALTO-ASTRAL Frutas e outros alimentos indicados para a saúde mental

ABACATE: é rico em potássio – mineral que regula a atividade dos músculos e protege o organismo de problemas cardiovasculares –, além de vitaminas do complexo B, ácido fólico e colina. Por tudo isso, é dos mais indicados para melhorar a saúde física e mental

ALFACE: rica em betacaroteno, pectina, fibra, lactucina e uma grande variedade de vitaminas como, A, E, C, B1, B2 e B3. Também possui cálcio, magnésio, potássio e sódio. Seu efeito calmante ocorre graças à lactucina presente no talo da planta

ALHO: melhora o fluxo sanguíneo e a absorção dos alimentos da felicidade no cérebro. É ainda anti-inflamatório, por conter alicina

AVEIA: possui vitaminas do complexo B, fundamentais para garantir o bem-estar do organismo. Como é rica em fibras, ajuda a diminuir a absorção de gorduras e de açúcares, auxiliando no controle do colesterol e dos níveis de açúcar no sangue Cláudio Cunha

GRÃO-DE-BICO: rico em triptofano, também encontrado em queijos, peixes, ovos, carnes, frutas e castanhas, e um forte aliado na manutenção da vitalidade do organismo e no combate aos distúrbios do sono

LEITE: fonte de triptofano, fundamental na formação da serotonina, ligada ao bem-estar

LINHAÇA: rica em ômegas 3 e 6, ajuda a manter o sistema nervoso saudável, afastando a ansiedade e a irritação, além de combater as doenças cardiovasculares

PIMENTA: rica em capsaicina, aumenta os níveis de endorfina, substância associada ao prazer e ao bem-estar. Possui propriedades analgésica, energética, expectorante, digestiva e antioxidante

que estreou recentemente na novela Pecado Mortal, da Record, com o personagem Pente Fino, não abre mão da banana com aveia e mel. “Faço questão de me alimentar bem e praticar atividade física para estar bem condicionado e bem-humorado quando subo ao palco do teatro ou estou no estúdio de gravação”, explica Daniel. Estudos comprovam que optar 100 |Encontro

por uma dieta saudável traz mais estabilidade emocional, diminui a depressão e ajuda a controlar a ansiedade, sentimentos que contribuem para aquele mau humor. Apesar de considerados os vilões da balança, os carboidratos desempenham papel importante na luta contra o mau humor. “Os nutrientes encontrados em massas, pães, arroz e biscoitos

MARACUJÁ: diminui a irritação por ter alta concentração de fitoquímicos com poder calmante, além de ser rico em vitamina C. Assim como a laranja e o abacaxi, contém vitaminas do complexo B QUINOA: rica em proteínas e cálcio, ajuda no fortalecimento muscular. Possui ômegas 3 e 6, que previnem doenças cardiovasculares, reduzem o colesterol e controlam a depressão

são fundamentais para o bom funcionamento do cérebro, mas devem ser consumidos com moderação”, lembra Tarsila Gomide, nutricionista do Senac. Outra dica para garantir boas risadas é incluir no cardápio alimentos ricos em triptofano, que ajudam na formação da serotonina. Um ótimo remédio para quem já acorda com a ‘cara virada’. “Durante o sono,

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Fotos: Divulgação

BANANA: rica em carboidrato, serotonina e fibra solúvel, que traz a sensação de saciedade e auxilia na regulação do trânsito intestinal

CHOCOLATE: rico em substâncias que estimulam a atividade cerebral e aumentam o bem-estar, como a tirosina – substância que estimula a produção de serotonina –, além de minerais importantes como cobre, manganês e magnésio. Ameniza os sintomas da TPM

FOLHAS ESCURAS: espinafre, rúcula, por exemplo, possuem ácido fólico e vitamina B, que atuam no sistema nervoso, na formação da serotonina e no combate ao estresse

FRUTAS OLEAGINOSAS: nozes, castanhas, amêndoas. Auxiliam na diminuição do estresse metabólico por conter importante antioxidante, o selênio. São fonte de gordura saudável, proteínas e ricas em triptofano

MEL: composto por triptofano, é um poderoso calmante natural, especialmente o da flor de laranjeira. Também possui poder cicatrizante e ajuda no combate às doenças respiratórias

MELANCIA: rica em vitaminas A, B6, C, fonte de potássio e licopeno. Tem alto poder de hidratação, ajuda na produção de anticorpos, normaliza as funções neurológicas e fortalece o sistema imunológico. Também ajuda o corpo a desinchar

MILHO: fonte de betacaroteno, melhora o sistema nervoso central e traz sensação de bem-estar

PEIXES: auxiliam no tratamento da depressão ou de depressão pós-parto por conter ômega 3

SEMENTE DE ABÓBORA: rica em triptofano, auxilia na manutenção do bom humor e diminui a ansiedade

o sistema nervoso central consume grande quantidade de glicose. E nada melhor do que um café da manhã reforçado para repor as energias e combater o mau humor”, reforça Tarsila. A consultora em etiqueta Luiza Miranda, de 50 anos, não abre mão de uma receitinha especial. “O patê de grão-de-bico regado a alho e azeite em uma torradinha tem o seu lugar.

Busco sempre alimentos que me proporcionem alegria e bem-estar”, diz. O grão-de-bico é rico em triptofano, aminoácido encontrado em queijos, peixes, ovos, carnes, frutas e castanhas, bem como um forte aliado na manutenção da vitalidade do organismo e no combate dos distúrbios do sono. Combinado com a tirosina, que também aumenta a alegria, com-

SEMENTE DE GIRASSOL: fonte de nutrientes para a saúde mental e emocional. Possui alto teor de vitamina B, fundamental para o bem-estar psicológico, e vitamina B1, que ajuda a manter o cérebro

bate a depressão e, associado ao ômega 3, diminui o estresse. E nada de passar fome. Ficar muito tempo sem se alimentar é um erro recorrente que favorece o mau humor e prejudica a saúde. Para que os níveis de glicose do organismo não sejam reduzidos, o ideal é dividir as refeições em seis porções diárias: café da manhã, lanche, almoço, lanche, jantar e ceia. A MARÇO DE 2014

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ESPECIAL BEM-ESTAR | ALIMENTAÇÃO Samuel Gê

Receitas do bom humor A consultora em etiqueta Luiza Miranda não abre mão de uma receitinha especial. “O patê de grão de bico regado a alho e azeite em uma torradinha tem o seu lugar”

pelo chef Marcus Monteiro (Senac-MG)

Bolinho frito de milho e(Serve semente de abóbora 4 a 6 pessoas) INGREDIENTES 4 milhos verdes frescos 4 colheres (sopa) de semente de abóbora picadas grosseiramente 6 ramos de cebolinha picados 4 colheres (sopa) de farinha de trigo 1 ½ xícara de fubá bem fino 2 ovos ½ colher (sopa) de açafrão da terra ou cúrcuma Sal e pimenta-do-reino a gosto MODO DE PREPARO Passe uma faca, cortando o máximo de milho que conseguir, deixando a espiga bem limpa. Em uma tigela, coloque o milho, a cebolinha, os ovos, a semente de girassol e a cúrcuma. Peneire as duas farinhas juntas e adicione ao milho. Misture bem até formar uma massa. Adicione leite ou água até adquirir consistência, ficando firme o bastante para não escorrer da colher. Tempere com sal e pimenta-do-reino. Para fritar, aqueça o óleo e, quando estiver quente, despeje colheres da massa até formarem bolinhos. Frite até que fiquem dourados. Ao retirar, coloque sobre papel absorvente. Sirva com o dip de abacate e iogurte (confira receita).

Dip de abacate e iogurte (Serve 4 a 6 pessoas) INGREDIENTES 1 abacate médio maduro (tipo avocado ou manteiga) 1 copo (200 mL) de iogurte natural ou grego 1 colher (sopa) de azeite de oliva extravirgem 1 dente de alho pequeno bem picado 1 ½ colher (sopa) de coentro fresco picado 1 ½ colher (sopa) de hortelã fresca picada 1 colher (sopa) de suco de limão-taiti ½ colher (chá) de cominho ou curry em pó Sal e pimenta-do-reino a gosto MODO DE PREPARO Amasse o abacate até formar uma pasta homogênea. Misture os demais ingredientes até a consistência de creme com textura lisa e boa para se espalhar. Ajuste o tempero com sal e pimenta-do-reino. Refrigere e decore com ervas ou raspas de limão antes de servir.

analista de projetos Brenda Lícia Fonseca Pereira, de 22 anos, aposta na melancia para quebrar o jejum a qualquer hora do dia.“Gosto de comer a fruta ao natural ou tomar o suco. Aliás, suco de melancia com água de coco é o meu favorito”, diz. E não se trata de mito. A fru 102 |Encontro

ta realmente proporciona bem-estar, pois evita o acúmulo de ácido úrico no organismo, hidratando e desinchando o corpo. Além de possuir alta concentração de vitamina C e licopeno. Outras dicas são tomar banho de sol – com moderação – e se exercitar. “A exposi-

ção à luz solar auxilia no tratamento da depressão, além de ativar a produção de vitamina D. A prática de atividade física aumenta os níveis de serotonina no organismo”, diz a nutricionista Livia Campos. gredinhos mágicos para garantir o alto-astral. z

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Informe Publicitário Arquivo Pessoal

O dr. Bruno Sander, diretor da Clínica Sander: “É fundamental promover a reeducação alimentar e a mudança do estilo de vida para o sucesso do tratamento”

MAIS QUALIDADE DE VIDA Balão Intragástrico potencializa a perda de peso sem cirurgia

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tratamento da obesidade com o uso do balão intragástrico auxilia no emagrecimento com qualidade de vida e saúde. A obesidade, em ritmo crescente e acelerado, tem deixado de ser uma questão apenas estética e se tornado um problema social e de saúde pública. Uma pesquisa recente do Ministério da Saúde mostrou que o percentual de pessoas com excesso de peso superou, pela primeira vez, mais da metade da população brasileira. Segundo o estudo, 51% da população maiores de 18 anos estão acima do peso ideal. Em 2006, o índice era de 43%. Quem faz parte dessa estatística vive em busca de métodos emagrecedores, porém não são todos que conseguem alcançar o peso ideal sem sofrer, mais cedo ou mais tarde, o desagradável “efeito sanfona”. Tudo isso acontece quando o paciente não muda os hábitos alimentares e comportamentais em sua rotina diária. Por isso, o médico cirurgião e gastroenterologista Bruno Sander, especialista em tratamento da obesidade com o uso do Balão Intragástrico e

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responsável pela Clínica Sander, em Belo Horizonte, indica o uso do balão para pacientes com índice de massa corporal acima de 27, que desejem potencializar a perda de peso e mudar seus hábitos. Aprovado pela Anvisa, o Balão Intragástrico é feito de silicone e atua ocupando a área de reserva do estômago, oferecendo uma sensação de saciedade precoce. O especialista explica que ele é introduzido e retirado do estômago por endoscopia. “Ao chegar ao estômago, o balão é preenchido com um volume de até 700 ml de solução salina (soro fisiológico) e corante (azul de metileno). O procedimento é simples como uma endoscopia (com sedação leve: sem necessidade de internação ou anestesia geral) e normalmente não exige afastamento das atividades diárias. O paciente pode, inclusive, continuar com uma vida normal”, esclarece o dr. Sander. O uso do balão é recomendado por um período de até seis meses, e o resultado é mais satisfatório quando associado a um acompanhamento nutricional e psicológico. “É fundamental promover a reeducação alimentar e a

mudança do estilo de vida para o sucesso do tratamento e a manutenção do peso perdido”, afirma o especialista. De médico a paciente O dr. Bruno Sander já usou o balão intragástrico e, com ele, conseguiu perder 36 quilos. “Fiquei muito satisfeito com o tratamento. Consegui mudar os meus hábitos e melhorei a qualidade de vida. Minha alimentação agora é saudável não por obrigação, mas por escolha. Não adianta colocar o Balão Intragástrico e manter os hábitos que levaram a pessoa a tornar-se obesa. Não existe nenhum milagre, mas um processo de mudança comportamental”, explica.

CLÍNICA SANDER Contatos: (31) 8508-5000 ou 3588-1155 www.clinicasander.com.br atendimento@clinicasander.com.br Rua Alagoas, 601 – Funcionários - BH

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ESPECIAL BEM-ESTAR | MALHAÇÃO Samuel Gê

Em apenas três anos, Belo Horizonte já tem cerca de 10 academias de CrossFit: treinamento inspirado nas bases militares norte-americanas

O novo vício nas academias Levantar peso, correr na esteira ou fazer spinning parece moleza perto do CrossFit, que está cada vez mais ganhando espaço no universo da malhação

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FERNANDA NAZARÉ

A inspiração e a motivação vêm do treinamento militar. À primeira vista, assusta quem vai acompanhar pela primeira vez um treino de CrossFit, ainda mais se for um sedentário. Levantamento de sacos com pesos, pulos de caixas de madeiras e escalada de cordas penduradas no teto são algumas das características marcantes da atividade física que está ganhando mercado na cidade. Desde a primeira academia especializada inaugurada no país, em 2011, já surgiram 120 unidades no Brasil, pelo menos dez apenas na capital mineira, segundo dados da matriz da empresa que criou a modalidade. No site oficial, é possível ver em um mapa todas as localidades do mundo onde há academias

licenciadas para dar aulas da atividade. Criado nos Estados Unidos, em 2000, pelo ex-treinador da polícia de Santa Cruz, na Califórnia, Greg Glassman, o Crossfit mistura exercícios da ginástica olímpica, levantamento de peso e exercício aeróbico. Quem conversa com a jornalista Fernanda Lassi, de 37 anos, praticante do esporte, percebe por que a modalidade vem crescendo em números de adeptos e em popularidade. “Não saio desse esporte nunca mais. Não consigo nem me imaginar na academia convencional novamente”, conta ela, que pratica a modalidade há um ano e três meses e já emagreceu 10 kg. O diferencial oferecido pelas academias é um treinamento diversificado a cada dia e adaptado ao aluno em in-

MALHAÇÃO PESADA Conheça alguns dos exercícios mais comuns do CrossFit

SALTO NA CAIXA

PULL-UP

A partir de uma posição de pé, saltar com os dois pés em cima de uma caixa/step e estender totalmente as pernas antes de voltar para o chão

Em posição de suspensão com os braços esticados, puxar para cima até que o queixo fique sobre a barra. Para iniciantes, a banda elástica como apoio permite que o movimento seja completado menos do que o peso corporal

KETTLEBELL Peso russo. Pela sua versatilidade e funcionalidade, foi adaptado como uma das ferramentas de eleição do CrossFit

ESCALADA NA CORDA Começar a partir do solo, subir em uma corda e tocar num ponto, a uma altura designada

MUSCLE-UP

WALL BALL SHOTS

Movimento básico de ginástica com argolas. Consiste em levantar o corpo por cima das argolas

Lançar uma bola medicinal a 3 m de altura e fazer agachamentos para receber a bola. Lançá-la aproveitando o impulso do retorno do agachamento, repetindo o exercício até o número desejado

HANDSTAND PUSH-UP Flexões efetuadas com o corpo na vertical e com a cabeça virada para baixo. Pode-se efetuá-las encostado à parede ou sem apoio, mantendo o corpo em equilíbrio. Exercício básico que deve ser aprendido progressivamente

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ESPECIAL BEM-ESTAR | MALHAÇÃO tensidade e carga. O treino começa com 15 minutos de aquecimento, depois são mais 30 de técnica que trabalha equilíbrio, força e flexibilidade. Por último, vem o Work out of the day (WOD), o treino considerado a missão do dia, feito em 15 minutos. As aulas são em grupo e cada resultado de desempenho do dia é anotado em um quadro na academia. Ao lado do nome do aluno tem a data e o tempo dos exercícios, e esse método é usado como forma de motivação. “Ninguém quer ficar com o resultado feio no quadro”, afirma Cadu Vidal, um dos sócios da academia

CrossFit BH, unidade São Bento. Formado em educação física e nutrição, o empresário abriu o negócio na região Centro-Sul de BH, em janeiro deste ano, e logo no primeiro mês já havia 160 alunos matriculados. Na primeira unidade, inaugurada há três anos, localizada na região central da capital, há cerca de 350 “crossfiteiros” – termo com que eles se denominam. Outra curiosidade dessa modalidade é a ausência de espelhos no ambiente, o que ajuda os praticantes a se concentrarem nos exercícios. “Estamos indo na contramão das academias convencionais. Queremos resgatar

a consciência corporal. A estética é uma consequência, não o foco”, afirma Vidal. Confrontando a rotina das fichas de exercícios montadas nas academias convencionais – que muitas vezes podem ser monótonas –, a proposta do CrossFit é acabar com o tédio e oferecer uma aula tão concentrada de exercícios que não permite moleza para o aluno. Para a relações-públicas Mariana Couto, de 32 anos, a estratégia deu certo. Dois anos antes de aderir ao esporte, ela malhava em academia com personal trainer, mas a adrenalina do “treinamento militar” e o condicioEugênio Gurgel

ONDE FAZER Algumas academias que oferecem a modalidade, com mensalidades para duas aulas por semana CROSSFIT BH A partir de R$ 201 (31) 3222-5862 CROSSFIT GUERREIROS A partir de R$ 250 (31) 3421-4444 CROSSFIT PAMPULHA A partir de R$ 164,50 (31) 3654-6192 ENCONTRO A partir de R$ 329 (pacote com musculação e outras 15 modalidades) (31) 3244-1020 GERAÇÃO CROSSFIT A partir de R$ 160 (31) 7514-9625 THE BOX CROSSFIT A partir de R$ 285 (31) 2510-0595 TURNER A partir de R$ 209 (31) 3309-9661 VIVA FIT A partir de R$ 170 (31) 3482-5055

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Ex-nadador profissional e fisioterapeuta, Filipe Galdino se apaixonou pela modalidade: de funcionário da academia a aluno

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Samuel Gê

A jornalista Fernanda Lassi treina com Cadu Vidal, da CrossFit BH: ela abandonou de vez as academias tradicionais pelo esporte

Rogério Sol

Mariana Couto, que há seis meses treina cinco dias por semana e se diz viciada nos exercícios: “Em seis meses perdi 5 kg de gordura”

namento que está obtendo agora a conquistaram de vez, transformando a prática em um verdadeiro vício. “Em seis meses perdi 5 kg de gordura. Mesmo fazendo reeducação alimentar, anteriormente eu não obtinha um décimo desse resultado”, conta ela, que treina cinco dias por semana. Além de uma barriga chapada, para Mariana, o melhor é sentir a motivação dada pelos colegas de aula e o sentimento de superação diária. Mesmo no recesso de carnaval, a turma se reuniu na rua para treinar. “Já estou providenciando uma barra para instalar em casa para treinar no fim de semana. Quero começar a participar de competições”, conta Mariana, que viajou para Guarulhos, em São Paulo, no último campeonato nacional apenas para dar apoio. Responsável pelas avaliações físicas dos candidatos a “crossfiteiros” da The Box, o fisioterapeuta afirma que o CrossFit quebra qualquer barreira das impossibilidades, seja por idade, por sexo ou talvez por alguma fragilidade ou limitação física. “É necessário apenas ter boa vontade, disposição e uma garrafinha de água”, afirma. Porém, antes de começar a praticar o esporte, os alunos devem ser submetidos a avaliação fisioterápica e análise de composição corporal, além de apresentar atestado cardiológico. É o que aconselha o fisioterapeuta. O CrossFit também tem atraído atletas e adeptos da malhação pesada. O ex-nadador do Minas Tênis Clube e atual fisioterapeuta da academia especializada na modalidade The Box, Filipe Galdino, de 29 anos, foi outro que se rendeu à prática. Depois que largou as piscinas para fazer faculdade, após 20 anos de dedicação, Filipe ganhou uns quilinhos e quis recuperar o tempo que ficou parado. “Depois de uma viagem aos Estados Unidos, descobri esse esporte e voltei para o Brasil louco para praticá-lo. Logo depois, um amigo me chamou para trabalhar em sua nova academia”, diz. O amigo em questão é o nadador Nicolas Oliveira, da seleção brasileira de natação, que inaugurou a The Box CrossFit. “Desde então, fui picado por esse mosquitinho”, brinca Filipe Galdino, que já recuperou a forma física dos tempos de atleta. z MARÇO DE 2014

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ESPECIAL BEM-ESTAR | ÓLEOS Cláudio Cunha

Eles são

poderosos Extraídos de plantas com propriedades terapêuticas, óleos essenciais estão em alta, mas seu uso deve ser indicado por aromaterapeutas

O poder das plantas: substâncias ajudam a combater os sintomas de inúmeras doenças

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RAFAEL CAMPOS

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imão no combate ao mau colesterol, laranja-doce como ansiolítico e hortelã-pimenta como analgésico. Há muito se fala sobre as propriedades terapêuticas dos vegetais. A cada verão nos acostumamos a notícias de novidades milagrosas, mas que na verdade não passam de modismos. Agora, a história é outra: esses pequenos vidrinhos parecem, de fato, guardar algo bem mais importante do que mais uma nova febre da estação. A prática é milenar, mas foi apenas no fi m dos anos 1920 que o químico francês René-Maurice Gattefossé criou o conceito de aromaterapia. A partir daí, a ciência passou a enxergar o assunto com outros olhos. Já foram constatadas propriedades antibióticas, analgésicas, anti-inflamatórias e até anticancerígenas, nos últimos anos, em diversas plantas. Pesquisas científicas avançaram no sentido de atestar o real poder da natureza. Prova disso são os chamados óleos essenciais. Essas poderosas substâncias são extraídas das plantas e concentram 100% de sua energia vital.

Suas propriedades servem no combate a incontáveis doenças e ainda atuam em cheio na promoção do bem-estar. De acordo com Fabian Laszlo, aromaterapeuta, pesquisador e proprietário da empresa mineira que leva seu sobrenome, estão cada vez mais frequentes os

SAIBA MAIS Óleos essenciais são substâncias aromáticas extremamente voláteis, obtidas na maioria das vezes por destilação. São altamente ativos e possuem usos muito variados, como na medicina, aromaterapia, perfumaria, cosmética, flavorizante e usos industriais. Há dois tipos de óleos essenciais: os mais conhecidos como essenciais, usados diretamente em tratamentos variados; e os carreadores, que são diluídos em água ou em outros óleos e servem, por exemplo, para fazer massagem.

estudos que envolvem o tema. Pesquisa feita em 2006 pela Universidade de São Paulo (USP) mostrou que o óleo de copaíba possui potencial anti-inflamatório duas vezes mais forte do que o diclofenaco de sódio, substância que geralmente é indicada para as inflamações em geral. “A cada ano, as pessoas estão mais voltadas para o tratamento natural, orgânico, buscando saúde e qualidade de vida”, afirma Fabian. Há 14 anos no mercado dos aromas, a Laszlo, única empresa especializada no estado, não realiza destilação dos óleos. Eles são adquiridos de outros países como Índia, Indonésia, Estados Unidos, França, Rússia e Marrocos. Em Juiz de Fora (MG), são envasados e distribuídos para várias partes do país. Há produção apenas de óleos brasileiros, como das sementes de sucupira, com propriedades cientificamente estudadas para tratamento de câncer e inflamações severas. Há também o óleo da pindaíba, eficiente como analgésico, similar à dipirona ou ao paracetamol. A astróloga Alexia Ferreira Durso, de 54 anos, é fã dos produtos: “Estou conecSamuel Gê

COMO USAR Especialistas indicam as quantidades certas de óleo para cada uso AROMATIZADOR Coloque de seis a 15 gotas de óleo essencial com água

A terapeuta holística Daniela Cuccia com o filho Pedro: “É impressionante o resultado. Em apenas um dia de uso, você começa a sentir os efeitos do tratamento”

PARA A MASSAGEM Para cada 100 mL de óleo carreador, use de 50 a 60 gotas de óleo essencial NA BANHEIRA E NO ESCALDA-PÉS Dilua de seis a 12 gotas de óleo essencial num copo com água e xampu. Misture e despeje na banheira. No escalda-pés, use de três a seis gotas na água Fonte: Instituto Brasileiro de Aromatologia (Ibra)

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ESPECIAL BEM-ESTAR | ÓLEOS OS 10 MAIS Conheça os óleos essenciais mais procurados e algumas de suas indicações terapêuticas. Antes de usar, é importante consultar profissionais especializados, como aromaterapeutas ou aromatologistas

Alecrim-do-campo (vassoura) É cicatrizante, útil em alergias de pele e psoríases, e importante regenerador e hidratante da pele

Camomila-romana Excelente calmante, sedativo e anti-inflamatório. Útil em problemas como conjuntivites, dores reumáticas, nervosismo e insônia. Age no tratamento da depressão e da síndrome do pânico Cipreste comum (cipreste europeu) Anti-inflamatório, seca pus, abscessos, furúnculos e acnes. É antifúngico (micoses), indicado também em cistos sebáceos, hemorroidas, má circulação, varizes (dissolve coágulos), gengivite. Melhora a concentração e combate o estresse Copaíba branca Para problemas de pele em geral, como alergias e inflamações, em úlceras estomacais, gastrite, cabelos sem brilho, manchas senis de pele, queimaduras, hemorroidas e problemas renais Hortelã-pimenta Útil em dores de cabeça, enxaquecas e em todos os tipos de enjoos, principalmente durante viagens e na gravidez. Estimulante circulatório, útil no combate a celulite, varizes e manchas na pele

Laranja-pera É um calmante suave que estimula a alegria. Na área digestiva, atua estimulando o apetite e diminuindo problemas como flatulência. Muito bom em xampus para tratamento de caspa, seborreia e queda de cabelo Lavanda Atua acalmando a agitação, útil em problemas de insônia e de nervosismo. Empregada em queimaduras, estresse, insolação, como citofilático e regenerador celular Limão-siciliano Antivirótico, antibacteriano, bom para tratar infecções e resfriados. Usado em casos de obesidade, retenção hídrica, celulite e estrias. Atua em acne, anemia, intoxicações, câncer, gastrite e problemas hepáticos Orégano comum Possui propriedades anti-inflamatórias e anti-infecciosas, sendo útil para o tratamento de praticamente todos os tipos de infecções. Têm ação anticancerígena, antioxidante, larvicida e é um estimulante digestivo Tea Tree australiano ou brasileiro Antibiótico natural que pode ser empregado em todas as doenças fúngicas, bacterianas e viróticas. Cândida, inflamações, micoses, amigdalite, problemas respiratórios, cistite e serve como imunoestimulante

Fonte: Aromaterapeuta e pesquisador Fabian Laszlo

tada com a energia dos aromas há muitos anos”, diz. Alexia conta que costuma usar óleos de lavanda, cedro, cipreste, cedro-vermelho e limão-siciliano. “Sinto que as pessoas estão abrindo o coração para os aromas. A aromaterapia é semelhante à homeopatia, ou seja, não trata só o problema, mas a causa dele”, afirma. Daniela Cuccia, de 37 anos, terapeuta holística e instrutora de ioga, não usa os óleos essenciais somente em seu trabalho. Ela também já os incluiu em seu dia a dia: “É impressionante o resultado. Em apenas um dia de uso, você começa 110 |Encontro

a sentir os efeitos do tratamento”, afirma. Ela conta que utiliza vários tipos de óleos. “Uso muito o Tea Tree também para dor de garganta, imunidade baixa, picada de insetos, queimadura e infecção, substituindo o excesso de antibióticos. Sempre coloco algumas gotas na gola da blusa do meu filho para evitar infecções”, diz. Há ainda muita falta de informação sobre os óleos essenciais. É o que afirma André Ferraz da Costa, aromaterapeuta do Instituto Brasileiro de Aromatologia (Ibra). “Muitas pessoas acham que os óleos essenciais ou a própria aromaterapia

é do campo da superstição. Entretanto, há centenas de artigos científicos publicados que comprovam os benefícios”, explica André. Segundo ele, a diferença de um óleo 100% puro está em sua concentração: “Ele chega a ser 99 vezes mais potente que a planta in natura. Para se ter ideia, para produzir um litro de óleo essencial de rosas, são necessárias quatro toneladas de flores”, diz. O aromaterapeuta ressalta ainda que o uso dos aromas deve ser acompanhado de uma mudança de hábitos de vida e, claro, tudo acompanhado por um especialista. ❚

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9ª EDIÇÃO

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ESPECIAL BEM-ESTAR | SONO Shutterstock/Divulgação

Para dormir como um anjo

Saiba quais são os principais distúrbios do sono e confira algumas dicas para desfrutar de uma noite tranquila

RAFAEL CAMPOS

Você já deve ter escutado alguém dizer: “Dormir é perda tempo”. Então responda rápido: o que você faz antes de dormir? Como é o seu quarto? Quais atividades você se propõe a fazer na cama: comer, estudar, ouvir música, teclar no smartphone ou simplesmente dormir? São perguntas simples, mas que ajudam a elucidar as causas de alguns problemas que podem ocorrer e atrapalhar uma 112 |Encontro

boa noite de sono. No Brasil, mais de 60% das pessoas têm algum tipo de desconforto enquanto dormem, ao longo da vida. Portanto, o problema é sério, e a máxima de que uma boa noite de sono é fundamental, também. Prova disso é que o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) resolveu tornar obrigatória a certificação dos colchões e colchonetes de espuma, que atesta, por exemplo, a densidade e resistência desses produtos. A lei já está

em vigor, e a partir de fevereiro de 2015 nenhum colchão poderá ser comercializado sem os selos. De acordo com a pneumologista Regina Magalhães Lopes, coordenadora do laboratório do sono do Hospital Mater Dei, existem mais de 80 tipos de distúrbios do sono e os mais comuns continuam sendo a insônia, mais recorrente em mulheres, e a apneia, que é uma pausa respiratória, com maior incidência em homens. A médica ex-

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ESPECIAL BEM-ESTAR | SONO NÃO FALTAM QUEIXAS O último e mais completo estudo sobre sono no Brasil foi publicado em 2007, mas ainda é a principal referência dos pesquisadores. Confira os resultados

63%

dos entrevistados têm pelo menos uma queixa relacionada ao sono

Sobre queixas com frequência superior a três vezes por semana, o estudo revelou:

53%

de chutes involuntários

37%

reclamaram de apneia

O ronco é mais comum em homens, representando

35%

dos entrevistados

61%

reclamaram de ronco

As mulheres são as que mais reclamaram de insônia e pesadelo, representando

40% 25% e respectivamente

35%

reclamaram de insônia

,

17%

reclamaram de pesadelos

Fonte: Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)

BOA NOITE Dicas simples para ter bons sonhos

RITUAL A preparação para dormir deve ser como um ritual. A ideia é que o seu organismo saiba que a hora de dormir está se aproximando. Portanto, escovar os dentes, ir ao banheiro e conferir portas e janelas todos os dias é uma boa rotina

HORÁRIO Deitar-se e levantar-se em horário regular, mesmo nos fins de semana, favorece o funcionamento do relógio biológico

ALIMENTAÇÃO Escolha produtos mais leves à noite: evite café, mate, chá preto e refrigerantes

ATIVIDADE FÍSICA Realize exercícios físicos até quatro horas antes do horário de dormir

114 |Encontro

AMBIENTE O quarto deve apenas representar o lugar de dormir, ou seja, nada de assistir à TV, ler ou fazer refeições na cama. A ideia é que o quarto disponha de pouca luz, sem barulho e com temperatura agradável

BEBIDAS ALCOÓLICAS Não devem ser ingeridas antes de dormir

plica que o sono possui quatro fases, sendo as três primeiras caracterizadas por estágio não REM (da sigla em inglês Rapid Eye Movement, ou Movimento Rápido dos Olhos). A quarta fase é caracterizada pelo sono REM, mais profundo e marcado pelo movimento dos olhos. É nesse período que os sonhos acontecem: “Cerca de 65% do sono de um adulto saudável que dorme oito horas por dia passa pelos estágios um e dois, e depois pelos outros”, afirma. Segundo a pneumologista, a qualidade do sono é sentida quando há preservação desses quatro estágios. “O sono não é um período passivo. Quando ele é bom, há reestruturação do ponto de vista físico e cognitivo”, diz. E quando o sono não anda bem? Irritabilidade, dor de cabeça ao acordar, diminuição da libido, parte intelectual prejudicada são alguns dos problemas que podem surgir. Se você sente tais incômodos com certa recorrência, comece agora a responder as questões levantadas no início desta matéria. De acordo com a especialista em medicina do sono, a insônia, por exemplo, pode ser o resultado de como a pessoa lida com o sono, ou melhor, sinal de que ela não valoriza tanto assim as tão preciosas horas na cama. “É preciso tirar a imagem de que o quarto é um ambiente em que você faz de tudo”, diz a médica Regina Magalhães. Ela lembra que o quarto é lugar de descanso, para a pessoa repor, enquanto dorme, as energias perdidas durante o dia. A publicitária Ivonéria Rodrigues bem que gostaria de aproveitar as oito horas de sono tão recomendadas pelos especialistas, mas a insônia que a persegue não permite. “Só consigo ir para a cama às 3h da manhã”, diz. Devido ao trabalho, ela dorme, em média, apenas quatro horas por dia. “Aproveito a madrugada para ler e-mails, conferir as notícias e repensar a vida”, conta. O resultado não poderia ser outro: “Gostaria de dormir o dia inteiro. Levantar cedo é um problema para mim desde o meu nascimento”, brinca a publicitária que sofre com a insônia há 20 anos. Já para o engenheiro civil Saulo José Reis o problema é a apneia, ou melhor, era. “Eu acordava com dor de cabeça e muito cansado. Além disso, minha mulher

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ESPECIAL BEM-ESTAR | SONO Geraldo Goulart

Para o motorista Cláudio Luis Gomes, o alívio veio com o tratamento e o uso do aparelho que monitora seu sono: “Estou mais disposto para o dia a dia e minha pressão se regularizou”

Rogério Sol

A pneumologista Regina Magalhães, especialista na área médica: “Existem mais de 80 tipos de distúrbios do sono e os mais comuns continuam sendo a insônia, mais recorrente em mulheres, e a apneia, com maior incidência em homens”

CONFORTO POR MAIS TEMPO Alguns cuidados podem fazer com que seu colchão dure mais e contribuir para um sono tranquilo

percebia que algo estava errado com a minha respiração enquanto eu dormia”, diz. Saulo procurou ajuda no laboratório do sono do Mater Dei, mudou seus hábitos e está dormindo provisoriamente com a ajuda de um aparelho chamado CPAP (Continuous Positive Airway Pressure ou Pressão Aérea Positiva Contínua). É uma espécie de máscara com compressor de ar, que leva pressão aérea para o paciente. “Levo o aparelho para todos os lugares”, diz. É o que também acontece com o 116 |Encontro

Retire a embalagem plástica e utilize o colchão sobre um estrado vazado

motorista Cláudio Luís Gomes: “Minha mulher dizia que eu roncava demais. Hoje, durmo feito um anjo. Estou mais disposto para o dia a dia e minha pressão se regularizou”, afirma Cláudio. Cláudio e Saulo fizeram um exame muito comum e até então mais indicado para detectar problemas durante o sono, que é a polissonografia, conhecido como exame do sono. No hospital, o paciente é monitorado durante a noite a fim de se verificarem alguns aspectos significativos enquanto dorme: ativida-

Não coloque entre o estrado e o colchão papel, papelão, plástico, etc.

de elétrica do cérebro, movimento dos olhos, das pernas, fluxo de ar que sai pelo corpo, batimento cardíaco, oxigenação do corpo, entre outros. Para Cheng T-Ping, presidente da Sociedade Mineira de Otorrinolaringologia, além dos fatores ambientais, os distúrbios do sono podem estar ligados a transtornos psíquicos, como ansiedade e fobias, uso de medicamentos ansiolíticos, consumo de bebidas alcoólicas e cafeinadas. “A sensação de queimação e dor na região do epigástrio causada pelo

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Rogério Sol

O engenheiro civil Saulo José Reis, que teve a ajuda da mulher para descobrir que algo estava errado com sua respiração enquanto dormia: “Agora, levo o aparelho para todos os lugares”

Samuel Gê

A publicitária Ivonéria Rodrigues tem insônia há 20 anos: “Aproveito para ler e-mails, conferir as notícias e repensar a vida”

Fonte: Instituto Nacional de Estudos do Repouso

Não dobre, não derrame líquido e não passe roupas sobre o colchão

refluxo gastroesofágico ou gastrite, a obstrução nasal da rinite alérgica e o aumento da frequência da micção noturna (problemas de bexiga, esfíncter urinário, ingestão de líquidos, uso de diuréticos) podem provocar intervalos do sono e induzir a distúrbios”, afirma o especialista. Sobre a apneia, doença com incidên cia maior em homens, Cheng explica que ela pode estar associada a vários motivos, como hipertrofia amigdaliana, aumento do diâmetro cervical, obesidade, alterações nasais como o desvio

Escove, aspire e ventile o colchão periodicamente, isso evita a proliferação de ácaros e outros micro-organismos

de septo, aumento das conchas nasais e rinite alérgica, além do uso de sedativos. O professor Maurício Viotti, do Departamento de Saúde Mental da Facul dade de Medicina da UFMG, atribui aos problemas durante o sono à alta carga de tarefas que as pessoas têm de cumprir no dia a dia. Horários irregulares para dormir também contribuem para um sono conturbado: “O organismo gosta de rotina. Caminhadas matinais são importantes, pois é quando se mostra para o organismo que é dia”, diz o psiquiatra.

Mude a posição do colchão, conforme as instruções contidas no Certificado de Garantia

Pegar no sono também pode ser mais difícil se você não consegue desgrudar de computadores, telefones celulares e da TV, pois o hormônio da melatonina que inibe o estado de alerta não se fortalece quando há muita luz no ambiente. Portanto, o sono é, sim, o momento mais importante do dia. É quando o organismo aproveita para recarregar as energias para o dia seguinte. “Não se trata de perda de tempo, e sim de ganhar saúde e anos de vida”, afirma a pneumologista Regina Magalhães. z MARÇO DE 2014

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especial bem-estar | terapia

O corpo fala

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Observar os sinais que o organismo emite e aprender a lidar com os sentimentos podem curar problemas físicos e emocionais. É a chamada leitura corporal. Especialistas explicam como funciona

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Fotos: Paulo Márcio

Daniela Costa

“Quando a boca cala, o corpo fala. Quando a boca fala, o corpo sara.” É com essa filosofia que a terapia de leitura corporal propõe traduzir os sintomas que o corpo emite identificando suas causas e otimizando sua cura. Entender os sinais significa aprender a lidar com os próprios sentimentos e com as doenças que eles podem atrair. O convite é para a reflexão sobre o que se deseja e o que se busca, o que se quer e o que se faz, o que se sente e o que se expressa. Foi olhando dentro de seus próprios olhos que a terapeuta Rita Cássia Costa, de 51 anos, se descobriu. “Alguns anos após começar a estudar a terapia corporal e a praticar meditação, minha mestra me pediu para levar um espelho para sala de aula. Pela primeira vez analisei a minha própria fisionomia”, conta Cássia. Foi quando ela entendeu toda a carga genética que trazia de seus pais e descobriu qual era sua missão. “Minha mãe morreu em consequência de um câncer de fígado e meu pai, por conta de problemas cardíacos. Descobri que precisava modificar minha energia para me livrar de toda aquela herança familiar.” Especialistas afirmam que trabalhar a emoção e o comportamento leva a um processo de evolução e autoconhecimento capaz de trazer a cura para problemas físicos e emocionais. “Quando bem acolhidas, compreendidas e validadas, as manifestações do corpo físico nos indicam o caminho certo a percorrer daquele ponto em diante. Além de nos levar a analisar nossa própria história, nossas experiências, mostrando em qual momento nos desviamos da rota principal”, explica a fisioterapeuta Nereida Fontes Vilela, fundadora do Núcleo de Terapia Corporal. Aos 27 anos, a empresária Lígia Ferraz Martins sofreu anos a fio com a enxaqueca. Um problema congênito em sua família. “Já havia buscado vários tratamentos e nada melhorava a dor que eu sentia. Foi somente depois que comecei a fazer as massagens indicadas na terapia que minhas crises praticamente acabaram”, explica Lígia. Isso porque o corpo é o reflexo do que somos e pensamos. “As doenças psicossomáticas nada mais são do que gritos emocionais. Quando uma pessoa está fe-

A empresária Lígia Martins conseguiu curar uma enxaqueca crônica com leitura corporal e massagens: “Já havia buscado vários tratamentos e nada melhorava a dor que eu sentia”

O psicoterapeuta Fábio Oliveira da Silva é um estudioso dos sinais do corpo humano: “Pelo menos 90% das pessoas que vão ao meu consultório estão vivendo sintomas de depressão e menos-valia”

A terapeuta Rita Cássia Costa começou a estudar terapia corporal e a meditar há alguns anos: “Levei um espelho para a sala de aula e pela primeira vez analisei a minha própria fisionomia”

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especial bem-estar | terapia Atenção aos sentimentos Como os orgãos do corpo humano são afetados pelas emoções Brônquios: desenvolve a noção de pertencimento Coração: centro de processamento da emotividade, órgão que trabalha para a criação do ser emocional Rins: traz as noções de limite e da capacidade de cada indivíduo de atuar com suas próprias competências Glândula suprarrenal: centro promotor do estado de presença Pâncreas: gerencia o amadurecimento e o aproveitamento das competências de cada um. Rege as funções de conceder e assumir o que é próprio

Gônadas: ordenadoras dos aspectos femininos e masculinos que constituem a identidade

Cérebro: computador que recebe as informações que o corpo transmite e que organiza as ações necessárias para a sua manifestação Pulmão: estrutura que desenvolve a habilidade da troca e do compartilhamento Esôfago: filtra as informações e estímulos do esterno e trabalha para que o indivíduo esteja de acordo com suas disponibilidades reais Baço: centro da integridade pessoal Intestino: o grosso trabalha a relação de perda e ganho. O delgado trabalha a relação custo/ benefício. Os dois em conjunto trabalham o aproveitamento e a forma de utilização do que se tem como posse

Coluna vertebral: pilar da estrutura óssea e muscular, simboliza as raízes genealógicas e tudo o que o indivíduo suporta ao longo da vida. Nela se concentram os seis medos primários: Atlas medo da morte Cervical medo da rejeição Torácica medo da traição Lombar medo do abandono Sacro medo do desconhecido Cóccix medo da vida, dificuldade de enfrentar mudanças

Fígado: foco da raiva, objetividade, assertividade, paciência, capacidade de ordenação de projetos de vida

Fonte: especialistas consultados

liz, seu corpo sinaliza de forma positiva. Mas quando está triste o olhar é para baixo, seus ombros ficam caídos, a sensação de aperto no peito e a angústia se manifestam”, explica o terapeuta Leandro Xavier. Há algum tempo, uma de suas pacientes o procurou dizendo sentir muita dor no corpo e, principalmente, dores na nuca. Ao relatar seu problema, ele observou que a mulher colocava e retirava a aliança do dedo sem parar. “A atitude nos deu uma pista sobre o que estava acontecendo. Quando questionada sobre seus relacionamentos, ela logo relatou que o marido havia pedido o divórcio, e seu corpo, na verdade, apenas sinalizava o medo do abandono e da rejeição”, conta o terapeuta. A leitura corporal foi um divisor de águas na vida do psicoterapeuta Fábio Oliveira da Silva, de 55 anos. “Depois que

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comecei a estudar e a vivenciar a leitura corporal, meu trabalho ficou mais fortalecido e mais humano, considerando que 90% das pessoas que vão ao meu consultório estão vivendo sintomas de depressão e menos-valia”, diz Silva. Posturas, comportamentos, sensações, sintomas físicos e conteúdos mentais interligam a linguagem corporal ao estado de saúde física, emocional e espiritual do indivíduo. “O que nos traz a certeza de que as doenças tomam formas individualizadas e de que a cura depende de cada um”, diz Nereida. Por meio da terapia, é possível identificar a causa do problema. “A raiva, por exemplo, não é ruim, é uma qualidade de emoção passível do ser humano. O que nos adoece é a forma como lidamos com ela. A negação dos sentimentos pode levar a doenças como o câncer”, explica a fisioterapeuta. Convi-

ver com as próprias emoções e entender o seu significado é uma oportunidade de renovação. Um exemplo é a pressão sofrida no ambiente de trabalho. “Dependendo da situação, o indivíduo pode sentir dores de cabeça constantes, problemas de ouvido, insônia e até desenvolver úlceras nervosas. E ao identificar a origem de tantos problemas e aprender a lidar com eles, tudo se transforma”, explica Leandro. Na terapia de leitura corporal as formas de tratamento são várias, entre elas a prática de exercícios realizados com bolas, na água, massagens, receitas feitas com nutrientes específicos e muito diálogo. “Tudo com o objetivo de promover o bem-estar e a saúde, e conduzir ao entendimento dos conflitos que limitam o prazer de viver”, diz a fisioterapeuta Luciana Lobato de Almeida. z

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CAPA | EDUCAÇÃO

Novos tempos, novo perfil LEILIANY LEITE MARTINS DE VASCONCELOS (ao centro) 22 anos Farmácia Cotista nas categorias renda e escola pública Augusto de Lima (MG)

“Sempre quis estudar nessa universidade, tanto pela qualidade do ensino quanto pelo reconhecimento que tem o profissional formado nela. A sensação de ser aprovada – e duas vezes! – é inexplicável, especialmente com um histórico tão desfavorável a mim. Vir da escola pública e passar em nutrição e, depois, em farmácia, que eu tanto desejava, é a realização de um sonho de muitos anos. Espero conseguir me manter aqui"

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Ao adotar processo seletivo nacional (Sisu), a UFMG tornou-se a universidade federal mais concorrida do país e, antes reduto de mineiros de alta renda, agora abriga alunos de outros estados e cotistas sociais. A concorrência ficou mais acirrada Samuel Gê

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PABLINE FELIX

“Galucho”, “novato”, “bicho” ou o tradicional “calouro”. São muitos os nomes usados em todo o país para identificar – e, é claro, tirar uma “onda” com – os novos universitários. Recém-ingressados na vida acadêmica, eles recebem a zoação com o sorriso aberto. Afinal de contas, a chacota é para poucos: mais de 2,5 milhões de estudantes tentam ingressar na educação superior hoje, mas as vagas no ensino público não chegam a 172 mil. E, quando se fala em aprovação em instituições de renome nacional e internacional, como é o caso da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), parece que a palavra “calouro” ganha um significado ainda mais especial. Neste ano, as várias mudanças aplicadas no sistema de seleção da UFMG prometem dar uma nova e mais democrática cara para a histórica instituição, selecionando calouros com um perfil mais diversificado do que de costume. É que, apesar de federal, a universidade era dominada por estudantes de Minas Gerais, que contavam com o privilégio da proximidade para realizar as provas de primeira e segunda etapas. Entre os mineiros, o comum era encontrar estudantes brancos, de classe média alta e com formação em escolas particulares, características que passam longe de ser comum fora do campus. Agora, as coisas mudaram. Pela primeira vez em 87 anos, a UFMG dispensou a realização de prova própria e adotou o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como único método avaliativo – apenas as provas de habilidade em cursos como música, artes visuais, dança, teatro e cinema de animação foram mantidas. A inscrição para os mais de 150 cursos ofertados foi feita por meio do Sistema de Seleção Unificado (Sisu), do governo federal, que permitiu a estudantes de todo o país tentarem a sorte em busca de uma vaga em terras mineiras. O resultado é que, no primeiro ano de participação, a UFMG foi a universidade mais concorrida do país, com 52,65 candidatos por vaga, índice quase seis vezes superior ao ano anterior. Foram 186.123 inscritos para 3.535 vagas, enquanto em 2012 foram 60.264 candidatos para 6.670 vagas. Além do

CONCORRÊNCIA NACIONAL A adoção do Sisu no vestibular 2014 fez com que a concorrência na UFMG fosse quase seis vezes maior do que no ano anterior. Além de um número de inscritos três vezes maior, as vagas foram divididas em duas entradas. No meio do ano, uma nova seleção permitirá que 2.720 vagas sejam ocupadas

186.123

200.000

Inscritos 150.000

100.000

61.580

8.000 7.000

61.276

2012

2013

6.670

6.670

Ano

2014

6.000 5.000

Vagas

4.000

3.535

3.000 2.000 1.000

Ano

2012 2012

2013

2014

2013

9,23

candidatos/vaga

9,19

candidatos/vaga

2014 2012

vestibular próprio

2013

vestibular próprio

2014

organizado pelo Sisu

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candidatos/vaga

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CAPA | EDUCAÇÃO aumento na procura, consequência da “nacionalização” do exame seletivo, o número de vagas caiu quase pela metade, já que a diretoria decidiu fazer duas entradas anuais – uma em janeiro e outra em julho – de maneira desvinculada. Antes, os estudantes das duas entradas eram selecionados simultaneamente no início do ano. Quem conseguiu ser aprovado fi cou com um gostinho ainda melhor na boca, podendo cantar aos quatro ventos ter vencido uma alta concorrência. Petra Faria Fantini, por exemplo, caloura do curso noturno de comunicação social, comemora o investimento de um ano de estudos com a vitória sobre outros 87 candidatos, maior relação da história para o curso. “Já havia tentado uma vez e

não consegui ser aprovada. Nesta segunda tentativa, tive de me dedicar mais a matérias como matemática e física, que não são o meu forte, para me sair bem na nota geral. Por ter sido uma concorrência nacional, a pressão foi maior: antes, a relação por vaga era de menos de 20 candidatos, por exemplo. De todo modo, considero um esforço válido. Faz mais sentido do que fazer um monte de prova por aí”, diz a estudante de 19 anos que mora em Lagoa Santa, cidade da região metropolitana. João Victor Saraiva, de 18 anos, calouro de ciências sociais, também não esconde a alegria de ingressar em uma das melhores universidades do país e, assim, complementar os estudos em relações internacionais, carreira que es-

colheu e para a qual se prepara na PUC Minas. Apesar de ser negro, a formação em escolas particulares da capital não o permitiu ser benefi ciado pelas cotas, outra grande novidade no processo de seleção de 2013. “Compreendo a lógica, apesar de algumas universidades terem o benefício relacionado apenas à etnia. Estudei em boas escolas, pude pagar cursinho para me preparar para o Enem. Mesmo com a maior concorrência, esta foi minha segunda tentativa e eu já estava mais preparado”, explica. Se antes o número de estudantes de outros estados era tímido – apenas 4% entre os inscritos em 2011 –, a unifi cação do sistema seletivo permitiu que muitos candidatos passassem a considerar a UFMG e, assim, fi zessem pular para 17%

Dênis Medeiros

CHRYSTIAN DOS SANTOS RODRIGUES SOUZA 18 anos Aquacultura Cotista nas categorias escola pública e ascendência negra Betim (MG)

“Sempre tive a UFMG como objetivo. Sempre teve algo sobre ela que me chamava a atenção, apesar de eu nunca ter conseguido explicar esse fascínio. Não tentei ingressar em outra universidade porque sabia que era aqui que queria ficar. Fiz duas opções de curso, ciências biológicas e aquacultura, pois tenho uma afinidade e amor único por animais. Então escolhi os cursos que me pareciam mais ligados a eles”

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Cláudio Cunha

DAYSE CRISTINA GOMES 22 anos Nutrição Cotista nas categorias renda, escola pública e raça Contagem (MG)

“Quando estive aqui na Mostra das Profissões, é claro que eu sonhava em passar, em estudar na UFMG. Esse nome vale muito para nós. Mas, como estudei a vida inteira em escola pública, que não tem lá o melhor ensino, ficava em dúvida. Ter ficado desempregada no ano passado foi o que me permitiu estudar e, com apenas três meses de dedicação, fui aprovada. Quase não acreditei quando vi o resultado! Quero aproveitar a oportunidade para ter uma boa formação e continuar assim, esperançosa no futuro”

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O Sistema FIEMG é SESI e SENAI, é FIEMG, CIEMG e IEL. São cinco organizações privadas que atuam ao lado dos empresários mineiros para que a indústria produza mais e melhor. O Sistema FIEMG é segurança e saúde no trabalho. É tecnologia e inovação. É educação e formação profissional. O Sistema FIEMG é mais desenvolvimento para todos. Para a indústria. E para você. www.fiemg.com.br

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CAPA | EDUCAÇÃO o número daqueles que vêm “de fora”. O maior grupo é o dos paulistas, que corresponde a 10% do total de novos alunos. Entre eles, está Ana Luiza de Souza Lima, de 18 anos, que deixou Taubaté, no inte rior de São Paulo, para estudar química em Minas Gerais. Dedicada aos estudos, ela conta que sua nota no Sisu a permitiria entrar em outras instituições mineiras, como as federais de Itajubá (Unifei), Alfenas (Unifal), Lavras (Ufla) e Viçosa (UFV). Em São Paulo, passaria também na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Mas ela preferiu a UFMG. “Esse novo sistema amplia as nossas opções, permitindo que tentemos faculdades que antes não tentaríamos em razão da distância. Escolhi a UFMG pela fama da faculdade e pelas grandes oportunidades que teria aqui, tanto agora, durante o curso, quanto depois de formada. Tenho grandes esperanças em relação a Belo Horizonte”, conta. Já para João Vitor Turchetti, de 18 anos, a UFMG sempre foi a primeira opção. Por isso, desde o 2º ano do ensi-

no médio ele decidiu deixar a família e a cidade de Vitória (ES) e mudar-se para a capital mineira, a fim de se preparar melhor para o vestibular. A opção da UFMG pelo Enem não afetou a escolha do jovem, e ele foi aprovado na primeira tentativa “para valer”, como defende: “Já tinha feito como ‘treineiro’, mas esse foi o primeiro que valeu mesmo”. A aprovação no curso de engenharia aeroespacial foi comemorada. “A UFMG é reconhecida nacionalmente por sua excelência. Além disso, pesquisando sobre o meu curso, descobri que ele é mais bem-visto do que o de outras universidades, como o da USP”, afirma. Perto de grupos grandes como os paulistas (com cerca de 350 alunos) ou os capixabas (60 alunos), os que vêm do Nordeste ainda são minoria, mas o sotaque “arretado” já se faz notar entre os calouros. Gabriela Falcon, de 17 anos, mudou-se de Aracaju, capital do Sergipe, para Belo Horizonte, certa de que, para ela, só a carreira na engenharia aeroespacial serviria. Considerou investir na

prova do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), mas a aprovação na UFMG na primeira tentativa acabou com a dúvida. Com pais e quatro irmãos com passagem pela educação superior, ela conta que ingressar em uma universidade pública sempre esteve em pauta na sua casa. “Minha mãe e meu irmão mais velho têm doutorado, outro irmão tem mestrado, o de 18 anos está na federal do Sergipe. Então, para mim, era um caminho natural”, afirma. Exclusivo de universidades do Sudeste do país, o curso escolhido por Gabriela fatidicamente a obrigaria a se mudar. A diferença é que, com a adoção do Enem, ela pôde economizar o trabalho – e mais de R$ 1 mil – para vir à cidade prestar provas da primeira e segunda etapas, quase a mesma economia que o calouro de artes visuais Erik Ordanve pôde fazer. É que, nos cursos voltados para a área artística, a prova de habilidades, equivalente à segunda etapa, foi mantida. Apesar de já ser universitário, o jovem de 26 anos decidiu trocar a Universida-

NOVIDADES A CADA ANO

VESTIBULAR 2010 (realizado em 2009) e VESTIBULAR 2011 (realizado em 2010) Duas etapas Provas organizadas pela UFMG Bônus: acréscimo de 10% para estudantes com sete anos cursados em escola pública Bônus: acréscimo de 15% para pessoas autodeclaradas negras ou pardas VESTIBULAR 2012 (realizado em 2011) e VESTIBULAR 2013 (realizado em 2012) Duas etapas: 1ª etapa: Enem 2ª etapa: organizada pela UFMG Bônus: acréscimo de 10% para estudantes com sete anos cursados em escola pública Bônus: acréscimo de 15% para pessoas autodeclaradas negras ou pardas

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VESTIBULAR 2014 (realizado em 2013) Única etapa: Enem Inscrição realizada pelo Sisu 12,5% vagas reservadas para cotistas

O A E H

VESTIBULAR 2015 Única etapa: Enem Inscrição realizada pelo Sisu 25% de vagas reservadas para cotistas

Q VESTIBULAR 2016 37,5% de vagas reservadas para cotistas

VESTIBULAR 2017 50% de vagas reservadas para cotistas

C e d P o

Q

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O e e p

P

Não foram poucas as alterações na distribuição das vagas da UFMG. Veja as mudanças estabelecidas ano a ano no vestibular da instituição e as que estão previstas, lembrando que, de acordo com a política nacional de cotas, todas as universidades federais brasileiras terão de reservar, até 2017, 50% das vagas para cotistas VESTIBULAR 2009 (realizado em 2008) Duas etapas Provas organizadas pela UFMG Sem bônus, sem cotas

O

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BRT MOVE. ESTÁ NA HORA DE VOCÊ CONHECER O NOVO SISTEMA DE TRANSPORTE COLETIVO DE BH.

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NÃO PARA DE TRABALHAR POR VOCÊ.

PREFEITURA DE BELO HORIZONTE.

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CAPA | EDUCAÇÃO de Federal de Pernambuco (UFPE) pela escola mineira em busca de uma formação mais focada. “Em Recife, o curso é voltado para a formação de professores de artes, enquanto eu queria cursar o bacharelado. A UFMG é uma das poucas que oferece essa modalidade, além de ser uma das melhores do país. Mesmo tendo um custo alto para me manter na cidade, decidi apostar”, afirma. Apesar de mineira, Elaíne Faria de Godoi, de 19 anos, é outra que se encaixa no perfil de estudantes que só chegaram à UFMG graças à unificação das provas. Natural de Pouso Alegre, no Sul de Minas, seus familiares preferiam que a garota fosse para outras instituições, como a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) ou a Universidade de

São Paulo (USP), pela menor distância de casa. Mas ela bateu o pé. “Desde que entramos nesse mundo de vestibular, já ficamos sabendo da fama das universidades, e a UFMG sempre foi muito elogiada por colegas e professores. O curso de economia da UFMG está entre os melhores do país, e confesso que, quando vi o prédio da Faculdade de Ciências Econômicas pela internet, fiquei apaixonada”, afirma. Determinada a ingressar em uma universidade, Elaíne prestou vestibular em mais duas universidades, além do Enem. Com conhecimento de causa, pondera que o sistema unificado facilita muito a vida do estudante, que não tem de coordenar calendários nem viajar para fazer provas.

Outra importante mudança neste ano na nova face da UFMG esteve na política de inclusão da universidade, que deixou de ser iniciativa isolada e integrou-se à Lei das Cotas, nome pelo qual ficou conhecido o Decreto 12.711, assinado em 2012 pela presidente Dilma Rousseff, e que garante a reserva de 12,5% das vagas para estudantes de escolas públicas, com baixa renda e de ascendências negra, parda ou indígena. Essa porcentagem deve crescer 12,5% anualmente até 2017, quando 50% das vagas de instituições federais de ensino superior deverão ser exclusivas para cotistas. A introdução das reservas, apesar de obrigatória, dá continuidade a um esforço inaugurado em 2009 pelo ex-reitor Ronaldo Tadeu Pena e continuado por

Nereu Jr.

Rogério Sol

JOÃO VITOR TURCHETTI 18 anos Engenharia aeroespacial Sem cota Vitória (ES)

GABRIELA FALCON BARRETO 17 anos Engenharia aeroespacial Sem cota Aracaju (SE)

“A UFMG sempre foi a primeira opção, por estar localizada em uma cidade onde tenho vínculos familiares e por ser reconhecida nacionalmente por sua excelência. O curso de engenharia aeroespacial é muito conceituado no país. Por isso, fiquei muito feliz com a aprovação e, de certa forma, orgulhoso de mim mesmo. Analisando a minha trajetória até ingressar na faculdade, vejo que foram necessários esforço e dedicação no colégio. Hoje, saber que terei a UFMG no currículo é sensacional”

“Minha família tem experiência na carreira acadêmica, então sempre aprendi o valor de uma boa unviersidade. A sensação é de realização total. E não só minha: de todos os amigos e parentes que me incentivaram. Além de alívio, né? Acabaram ensino médio e vestibulares! Fazer 15 anos é uma bela de uma balela, um dogma cultural machista. Você se sente adulto mesmo é quando ingressa em uma universidade”

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Clélio Campolina, que assumiu a cadeira em 2010 e que a deixa agora, em 17 de março, sob a responsabilidade de Jaime Arturo Ramirez. “As cotas são medidas paliativas, têm de ser temporárias. Elas são resultado da desigualdade do país. Não afetam, de forma alguma, a qualidade do conhecimento produzido na universidade. Quando tivermos escolas fundamentais e médias de qualidade, não precisaremos mais desses artifícios. Mas, por enquanto, eles são necessários”. Uma das aprovadas entre os cotistas é Dayse Cristina Gomes, de 22 anos. Negra, com renda familiar inferior a um salário mínimo per capita e vinda da educação pública, ela é um bom exemplo de que basta incentivo para que o sonho da universidade se torne realidade. “Sem-

pre quis fazer nutrição. Mesmo depois da minha primeira reprovação, aproveitei a oferta de um curso do governo estadual na área e me formei no nível técnico. Mas ainda assim sonhava com a UFMG. Foi graças a um período de três meses desempregada que consegui estudar para o Enem e tirar uma boa nota. Não esperava ser aprovada, mas agora, que fui, quero aproveitar a oportunidade para mudar o meu futuro”, conta a estudante, que permanece morando com os pais, um vigia e uma auxiliar de serviços escolares, e a irmã caçula, em Contagem. Para chegar às aulas matutinas no campus Pampulha, com início às 8h, ela acorda às 5h, sai de casa às 6h e caminha até o metrô de Contagem, onde pega um ônibus intermunicipal que a

deixa na avenida Antônio Carlos. Não é pouco esforço, tampouco barato. Apesar de ser boa aluna, Dayse credita às cotas sua entrada na faculdade. “É muito difícil competir com estudantes que não têm de trabalhar, podem somente estudar. Tive a sorte de estudar em uma boa escola municipal no ensino médio, mas ainda assim não é o mesmo padrão das escolas particulares. E, se não fosse em uma instituição pública, seria impossível pagar faculdade”, afirma. Para Chrystian dos Santos, de 18 anos, manter-se na UFMG será um desafio tão grande quanto o de entrar. Aluno do curso de aquacultura e cotista nas categorias escola pública e ascendência negra, ele considera inviável conciliar uma rotina de estudos e trabalho, mas sabe que são

Samuel Gê

Credito

ERIK ORDANVE DE MORAIS 26 anos Artes visuais Sem cota Recife (PE)

ELAÍNE FARIA DE GODOI 18 anos Ciências econômicas Sem cota Pouso Alegre (MG)

“Escolhi trocar a UFPE pela UFMG por esta ser uma das poucas opções no país para o bacharelado em artes visuais, além, claro, de ser uma das melhores do Brasil. Ser aprovado traz um sentimento de realização tão grande que até esquecemos que estamos só começando a jornada. Temos professores que nos inspiram a pensar, mudam paradigmas, desmontam estereótipos. Esta realização é um sentimento diário”

“É um sentimento indescritível quando você abre a lista e vê que seu nome está lá, ainda mais na faculdade que você quer. Sensação muito boa a de ser recompensada. Eu me esforcei muito para estar onde estou agora e, apesar da insegurança, que acho ser normal nesse começo, estou muito feliz e animada com a minha vida nova”

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Foto: Acervo Setes-MG

CAPA | EDUCAÇÃO


Foto: Acervo Setes-MG

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CAPA | EDUCAÇÃO altos os custos para se manter, mesmo em uma instituição gratuita. Morador de Betim, na região metropolitana da capital, onde vive com a mãe, Chrystian terá um gasto considerável apenas para se transportar até o campus Pampulha. Há ainda despesas com livros, refeições e material escolar – para dizer o mínimo. Por isso, muitos estudantes recorrem à assistência estudantil oferecida pela Fundação Mendes Pimentel (Fump), que tem como objetivo auxiliar os estudantes para que eles consigam desenhar a melhor trajetória possível. “Contar apenas com minha mãe para bancar a casa é complicado”, diz. No caso de Leilianny Martins de Vasconcelos, de 22 anos, a situação é ainda mais difícil. Cotista nas catego-

rias baixa renda e escola pública e residente em Augusto de Lima, cidade no extremo norte do estado, ela conta que está se mantendo com o acerto do último emprego, que logo deve acabar. “Meu pai não pode me manter, já que só ele trabalha em casa e ganha pouco mais de um salário mínimo. Sem a ajuda da Fump, será impossível continuar. Só com o transporte, gasto mais de R$ 300 por mês, fora o aluguel em Betim, alimentação, água, luz e a internet, que ainda preciso ter em casa”, diz. De origem humilde, mas determinação de quem sonha alto, Leilianny sempre foi boa aluna e sonhava estudar na UFMG. “Nunca pude comprar plástico para encapar meus cadernos, era sempre com a embalagem de ovo de páscoa

ou jornalzinho de campanhas políticas. Mas eu era cuidadosa e a única na turma que tinha o material completo”, lembra hoje, em tom de comemoração. E não é à toa: aprovada na primeira chamada para nutrição, sua segunda opção, a segunda chamada da universidade tornou concreto o seu sonho de cursar farmácia. “Estudar na UFMG é um sonho de muitos anos. Acho a política de inclusão muito importante, pois faz valer os reais objetivos das escolas públicas. Não que tenha de ser uma universidade somente para pobres, negros e índios, mas principalmente para esses, que já foram tão desfavorecidos durante toda sua vida escolar”, completa. A administração da UFMG diz estar ciente da necessidade de ampliação da

Rogério Sol

Nereu Jr.

ANA LUIZA DE SOUZA LIMA 18 anos Química Sem cota Taubaté (SP)

JOÃO VICTOR MARTINS SARAIVA 18 anos Ciências sociais Sem cota Belo Horizonte (MG)

“Quando recebi o resultado, fiquei muito empolgada. Mal acreditava que viria para Belo Horizonte e, apesar de deixar minha família para viver sozinha em uma cidade onde não conhecia nem uma pessoa, não pensei duas vezes, pois sabia que não poderia desperdiçar a grande oportunidade de estudar na UFMG, uma instituição de renome. Tenho muitas esperanças”

“Entrar na UFMG era algo que eu queria muito. Apesar de a universidade não oferecer o curso que eu quero, que é relações internacionais, que eu faço pela PUC Minas, ter a experiência de estudar aqui é algo sem preço. Quero complementar meus estudos com matérias de outros cursos, além de enxergar que as ciências sociais têm muita relação com o meu campo de estudo”

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CAPA | EDUCAÇÃO Gláucia Rodrigues

NO BRASIL

DADOS SOBRE O SISU

2.559.987

estudantes inscritos no Sisu/1ºsemestre

171.401

vagas disponibilizadas

EM MINAS

616.419

estudantes inscritos – o maior do país

186.123 inscritos só na UFMG

18 instituições participantes

20.029 vagas 3.535 vagas na UFMG

POR DENTRO DA UFMG 50 mil estudantes 4.500 funcionários,

PETRA FARIA FANTINI 19 anos Comunicação social Sem cotas Lagoa Santa (MG)

entre terceirizados e servidores

2.800 professores

R R

77 patentes reconhecidas em 2013, 13 já com contratos de transferência 42 patentes internacionais concedidas 31 dos seus 63 programas de doutorado avaliados com padrão de excelência

370 convênios com universidades de 38 países 1.274 alunos da UFMG enviados em intercâmbio em 2013 assistência estudantil, até porque ela já existe há mais tempo. A chegada de mais alunos de outros estados e com perfil socioeconômico “carente” só agrava o problema. Segundo Campolina, a verba dedicada a iniciativas de suporte já foi aumentada e deve dar conta de todos os casos. O orçamen to, que era de R$ 11,5 milhões em 2010, passou para R$ 23,5 milhões em 2013. Em 2014, deve chegar a R$ 36 milhões e atender a mais de 12 mil alunos em situações desfavoráveis. 134 |Encontro

“Durante um ano, estudei muito. Nos últimos seis meses, frequentei o cursinho para ajudar a me sair bem no Enem. Mas tudo valeu a pena quando constatei a aprovação! É uma alegria indescritível, que aumentou quando vi que no meu curso a relação candidato por vaga foi 88!”

Outra boa notícia é o anúncio de construção de uma nova moradia universitária na avenida Fleming, no bairro Ouro Preto, onde já existe uma unidade. O número de vagas deve subir de 740 para 1.126 até o fim de 2015. Paulo Antônio Romano de Mello, estudante de ciências sociais e coordenador-geral do Diretório Central de Estudantes (DCE), órgão representativo discente, aponta três principais desafios a serem vencidos pela universidade para que ela tenha, enfim, uma nova cara – e não uma nova máscara. O primeiro é a ampliação de vagas, especialmente no turno da noite, ação vista como em prol, sobretudo, dos jovens pobres trabalhadores; o segundo é a assistência e o acompanhamento dos estudantes carentes; e o terceiro é o combate a ações violentas de caráter sexista, machista, homofóbico ou racista, fruto da própria cultura. “Há uma série de questões que merecem mais cuidado dentro da universidade, mas acredito que esses são os três desafios cujas soluções nos fariam avançar firmemente no sentido de construir um espaço a serviço da maioria da população”, diz. z

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Vestido: Camisa e pele: Cinto: Pulseiras: Colares: Brincos:

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Fruta Cor Mares PatrĂ­cia Motta ClĂĄudia Marisguia Lita Raies Acervo pessoal

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MODA | EDITORIAL

Macacão: Vestido: Casaco e pelos: Brincos: Acessórios:

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Ateen Butic Bardot Mixed Cláudia Marisguia lita raies

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Camisa de renda: Conjunto rosa e colete de pele: Cinto: Acess贸rios:

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Mixed Mares Alphorria Lita Raies

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MODA | EDITORIAL

Vestido e pulseiras: Colar: Brincos: Bolero: Cinto:

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Fruta Cor Ateen Lita Raies Patrícia Motta Acervo pessoal

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Vestido: Corselet: Camisa: Cinto: Brincos, colar e pulseira com pedras: Pulseira metal: Pingente: Bolsa:

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Alphorria Ecow Ateen Fruta Cor Clรกudia Marisguia Lita Raies Villa Vittini Ateen

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MODA | EDITORIAL

Vestido: Xale: Cinto: Pele: Pulseiras e brincos: Chapéu:

Ateen Alphorria Mixed Patrícia Motta Claudia Marisguia Acervo pessoal

FICHA TÉCNICA: Styling: Edição: Fotos Beauty:

Marcelo Brasiliense Ana Cláudia Esteves Rodrigo Mendes (Mineral) Marcela Quintino (Art & Maquiagem) Modelo: Jordana Ribeiro (Joy Management) Locação: Fazenda Lage Agradecimento: Astério Loureiro

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MODA | NAS RUAS

Hippie repaginado FLAVIA CHIARI

ERIKA TERENZI

FLAVIA BRANDÃO

ARQUITETA

DESIGNER DE AMBIENTES

DESIGNER

Flavia prova o quanto o informal não quer dizer desarrumado. Ela é a personificação do estilo wild and free! “Eu adoro looks assim! Acho que é possível colocar muito da minha personalidade na produção. Como não trabalho em um ambiente formal, posso sair assim no dia a dia e ainda brincar com a mistura de cores e texturas.” Destaque para o lenço na cabeça que ganha status de turbante.

Uma ótima opção para quem quer investir nesse estilo é apostar em um vestido longo e branco. Se for rendando, melhor ainda! Esta foi a escolha de Erika Terenzi, que não abre mão da praticidade e do conforto na hora de compor suas produções diárias. “Branco é minha cor favorita. É leve, fresco e é a melhor alternativa para os dias mais quentes”, diz. O toque boho também ficou por conta da bolsa com franjas.

Como uma das referências do boho é o estilo hippie, a calça flare (antigamente chamada de boca de sino) é uma peça-chave, principalmente no tom burgundy. Flavia ainda conjugou o look com uma bata delicada, com mangas amplas que ganharam um detalhe em renda. “Eu amo essa mistura dos anos 1970 com o clássico, tem tudo a ver comigo. Sempre penso em produções com esse mix.”

Fotos: Geraldo Goulart

Short – Zara Blusa – Maria Filó Bolsa – Balenciaga Bota – Iorane

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Vestido – Forever 21 Bolsa – Acervo Sandália – Arezzo

Sapato – Luiza Barcelos Calça – Shoulder Bata – Dress To Colar – Zara

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FABÍOLA PAIVA E LUDMILLA RANGEL

O que é o tão falado estilo boho? É uma mistura de referências que traz pitadas do hippie, cigano, étnico, folk, vintage, punk e, claro, um toque de romantismo. Tudo para demonstrar atitude e ousar em dias de informalidade. Há quem diga que o boho surgiu em meados de 2004, na Inglaterra, em looks perfeitos para os aclama dos festivais de música. No entanto, não podemos negar: este estilo é, na verdade, uma releitura do clássico hippie dos anos 1970. Mas agora ele chega repaginado, com uma dose contemporânea de ousadia e sofisticação. Inspire-se! z

KAMILA CAMPOS

MIRELLY NEVES

JULIANA BALBI

ESTUDANTE

ESTUDANTE

ECONOMISTA

Kamila apostou em uma calça em tom vibrante e arrematou com a leveza da bata branca. O ponto alto da produção ficou por conta dos acessórios dourados. “Amo esse estilo, acho casual e pode ser usado em várias ocasiões. Acredito que o diferencial está na mistura de colares, anéis e pulseiras.” Destaque para o headband, adorno de cabeça que promete ser hit nesta temporada.

Um ar de leveza é obrigatório para compor uma produção de sucesso. E a estudante de moda trouxe exatamente essa pegada ao escolher o vestido longo. “Esse é um estilo leve e despojado. Mostra uma pessoa desencanada e original. A mulher pode realçar ainda mais a sua feminilidade”, diz. Mirelly arrematou com uma botinha de cano curto, que chama a atenção pelos bordados artesanais.

Um vestido rendado também pode ser considerado peça-chave para compor um look com pegada boho. E Juliana Balbi investiu em um modelo romântico e delicado. Para finalizar o visual, a economista lançou mão de um colar em tom ouro velho e botinha com franjas. Produção fácil de copiar!

Calça – Be Live Bata – Amanda Leão Sapato e acessórios – Ligiane Almeida

Bota e vestido – Zara Bolsa e brinco – Renner Cinto – Antix

Vestido – Zara Bota – Acervo Bolsa – Aldo Colar – Feito por ela

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3/10/14 10:44 PM


VITRINE | ESTILO

São as águas de março...

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Print de girafa Mercado R$ 98 (31) 3261-3173

MARÇO DE 2014

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Estampa de oncinha Fridda R$ 32 (31) 3225-7510

Dupla vermelha Fabiano Valente R$ 150 (31) 2535-7744

Poรก com babado Fridda R$ 45 (31) 3225-7510

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DECORAÇÃO | REVESTIMENTO

Se essa casa fosse minha, eu mandava ladrilhar... Do clássico ao contemporâneo, os ladrilhos hidráulicos estão em alta e são boa opção para quem deseja customizar diferentes ambientes MARINA SANTOS

Após um período de esquecimento, os ladrilhos hidráulicos retornam à cena como uma opção que alia sustentabilidade e versatilidade. O material, que pode ser usado para o revestimento de pisos, paredes inteiras ou apenas em marcações pontuais, dá um toque de cor e charme a mais à decoração. A técnica remonta aos antigos mosaicos bizantinos, bastante apreciada em palácios e grandes feitos da arquitetura europeia. Introduzidos no Brasil, principalmente, por influência dos portugueses, os ladrilhos tiveram seu apogeu na primeira metade do século passado, sendo por isso mais facilmente encontrados em construções antigas. Mas em função da concorrência com a indústria cerâmica, cuja produção é automatizada, caíram em desuso. “É uma opção ecologicamente correta, pois dispensa o uso de máquinário elétrico. Sua produção é toda manual, feitos um por um”, diz o arquiteto e designer de interiores Cioli Stancioli, que desenha coleções de ladrilhos. No processo de confecção, as peças são imersas em água, daí o nome hidráulico. Por sua característica artesanal, o uso dos ladrilhos resulta em um sem-fim de possibilidades criativas e caíram no gosto dos profissionais da área por proporcionar liberdade compositiva. Geralmente, são obtidos por encomenda, e a singularidade das peças transforma os projetos em verdadeiras obras de arte. Além das qualidades decorativas, outros atributos como durabilidade e opções antiderrapantes para aplicação em pisos valorizam o material. 148 |Encontro

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Jomar Bragança/divulgação

LIÇÃO DE GEOMETRIA Na mostra Casa Cor 2013, a arquiteta e designer de interiores Andréa Buratto reformulou este espaço de garagem para transformá-lo em aconchegante sala de estar e área de descanso. O ambiente é predominantemente masculino, com o uso de cores mais sóbrias, como o cinza e o preto. Ao fundo, o painel de ladrilho hidráulico, que combina diferentes desenhos e explora formas geométricas, dá um ar moderno, além de agregar requinte ao espaço.

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DECORAÇÃO | REVESTIMENTO

B. Dutra/Divulgação

CLÁSSICO ALIADO AO RÚSTICO A cozinha desta casa de campo em Lagoa Santa recebeu revestimento em ladrilho hidráulico, que demarca a área de churrasqueira e acompanha o desenho nas paredes acima de algumas bancadas. Segundo a arquiteta Beatriz Henriques, que assina o projeto, a escolha do material deve-se, principalmente, por seu aspecto ecológico, além de alegrar o espaço. O resultado deixa o ambiente mais charmoso, ao mesmo tempo conserva a atmosfera das cozinhas mineiras de fazendas.

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Fotos: Jomar Bragança/Divulgação

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COMBINAÇÃO DE ESTILOS Este bar e restaurante, localizado em frente à praça Marília de Dirceu, no Lourdes, recebeu a aplicação de ladrilho hidráulico no piso em duas diferentes propostas. A parte em xadrez preto e branco possui uma característica mais moderna, fazendo uma releitura de pisos dos antigos botecos cariocas. Já o ladrilho menor, com desenho provence, dá um toque clássico ao ambiente. O ladrilho foi escolhido pelas arquitetas Fernanda Sperb e Lígia Jardim em função da praticidade e fácil manutenção do material.

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DECORAÇÃO | REVESTIMENTO Fernanda Nasser/Divulgação Carol Reis/Divulgação

DESIGN DE PONTA Esta varanda de um apartamento no bairro Buritis foi transformada por Cioli Stancioli em espaço gourmet. O destaque do ambiente é dado pelo painel em ladrilhos hidráulicos, que trabalha com cores cinza, off white e verde. O arquiteto e designer de interiores explica que as formas das lanças foram combinadas em duplas dispostas em três sentidos diferentes para criar um desenho único, dando um toque diferencial e sofisticado à decoração.

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Ludmila Loureiro/Divulgação

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Jomar Bragança/Divulgação

DIVERSO E DESCONTRAÍDO Para a cozinha deste apartamento no bairro Serra, Mariana Corrêa optou pelo piso em ladrilho, fazendo um interessante jogo de cores e desenhos. Segundo a arquiteta, a posição de cada peça foi definida cuidadosamente no projeto para um efeito harmônico. A vivacidade do piso é equilibrada por atmosfera mais clean, proporcionada pelas bancadas e pelos armários em tons neutros. O tapete persa antigo colocado na sala de jantar e que remete às cores do ladrilho aumenta a integração dos espaços. ❚

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NA MESA | AUGUSTO FRANCO afranco@revistaencontro.com.br

50 ANOS DE SUCESSO Apesar de tradicional na gastronomia mineira, brasileira e latina, o caldo de mocotó não é preferência nacional. Pelo contrário. Mas, para quem gosta do preparo, uma espécie de sopa encorpada graças ao colágeno presente no tutano de ossos bovinos – o popular mocotó

–, existe uma unanimidade em Belo Horizonte. Trata-se do Bar do Nonô, o Rei do Mocotó, que há 50 anos oferece em seu cardápio única receita, que pode ser acrescida de ovos de codorna poché e bacon cozido. Em comemoração ao meio século de muito trabalho – o estabelecimento

funciona ininterruptamente das 6h da segunda-feira até a meia-noite de sábado –, os filhos do criador do caldo, Raimundo Corrêa, lançam um livro contando a história da casa. Os autores são Osias Ribeiro Neves e Marina Camisasca, e a publicação foi editada pelo Escritório de Histórias. João Carlos Martins

Os donos do Bar do Nonô, Clelson, Dércio e Clério Corrêa, com os autores do livro, Marina Camisasca e Osires Neves: a histórias do caldo de mocotó mais famoso de BH

VINHOS E CACHAÇAS

Crédito

Samuel Gê

Foram 30 anos de andanças pelo interior de Minas, Goiás e São Paulo. Depois de todo esse tempo, o comerciante e especialista em vinhos, azeites e cafés Ozires Dias Paranhos resolveu montar o próprio negócio bem pertinho de casa, no Buritis, a Osíris Vinhos. Escolheu uma loja dentro de um centro comercial, onde oferece uma seleção de vinhos, cachaças, azeites, geleias, compotas e outros quitutes. Entre as recomendações do andarilho gourmet está a cachaça Milagre de Minas, produzida em Ouro Preto e envelhecida em barril de umburana. Outra recomendação é aproveitar a simpatia do dono, que sempre tem um causo na manga ou uma pequena anedota sobre cada um dos produtos vendidos lá.

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Samuel Gê

DE OLHO NA COPA Mirando a leva de clientes extras na cidade durante a Copa do Mundo e a ampliação do turismo de eventos em Belo Horizonte, a unidade da Savassi da rede de churrascarias Fogo de Chão está em obras. Até o fim de maio, vai expandir o salão dos atuais 230 lugares para 310. Uma nova cozinha será totalmente construída em parte do espaço ocupado pelo estacionamento, que perderá 30 vagas. O local onde hoje funciona a cozinha receberá novo salão e o principal passará por pequenas adaptações. De acordo com o presidente do grupo Fogo de Chão no Brasil, Jandir Dalberto, o investimento para a ampliação em BH será de R$ 2 milhões. “Vamos montar uma cozinha com o que há de mais moderno no mercado”, assegura. O número de funcionários também vai aumentar: de 72 para 88, pelo menos por enquanto. Divulgação

SASHIMI COM PICANHA Foi na época em que ainda estudavam no Colégio Santo Agostinho que os agora sócios Rodrigo Canto e Bruno Pellizaro se conheceram. Quinze anos depois, os dois trabalham juntos para dar uma nova cara ao japonês Sakê. Fundado em 2006, foi uma das primeiras casas a oferecer o conceito fusion no Lourdes. A mistura de tiras de peixe cru com ingredientes nacionais foi elevada, agora, a outro patamar. Com carta branca para criar, o chef e sushiman Rodrigo Canto acerta a mão em preparos como o sashimi de picanha levemente grelhada na chapa, servida com uma curiosa combinação de purê de cará e folha de ora-pró-nóbis tempurá (empanada ao estilo japonês). Sushis e sashimis com pupunha, lichia e queijo coalho também compõem o cardápio. A casa, reformada, ganhou nova decoração, um espaço coorporativo e carta com uma dúzia de opções de saquês nacionais e importados. Samuel Gê

CARA NOVA NA ABS A seção mineira da Associação Brasileira Sommeliers (ABS-MG), um dos principais redutos dos amantes do vinho na cidade, tem nova presidente. Trata-se de Lícia Vieira, que já ocupava o cargo de diretora de eventos do órgão. Proprietária da distribuidora Gusto, Lícia é conhecedora e importadora de cervejas, bebidas que vêm ganhando espaço rapidamente em Minas. Tanto que seu primeiro desafio será melhorar o curso de sommelier de cervejas já oferecido na ABS-MG. “Tenho muito claro que a nossa missão é tornar as refeições e os encontros mais agradáveis. Para isso, a bebida pode ser o vinho, a cerveja ou um drinque”, filosofa. MARÇO DE 2014

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GASTRÔ | NOVIDADE Rogério Sol

Japa moderninho O sushiman Marcelo San está à frente da nova casa, criada em modelo de franquia

Restaurante de comida asiática, que inova nos acompanhamentos, inaugura nova unidade na Pampulha

AUGUSTO FRANCO

Trata-se de um daqueles vizinhos que todo mundo gostaria de ter. Seu nome é Hannah, casa de comida asiática fusion – modalidade em que os cortes de peixe cru ganham acompanhamentos menos tradicionais, como o cream cheese e temperos brasileiros. A primeira unidade de Belo Horizonte fica em um centro comercial da avenida Portugal, no bairro Santa Amélia, na região da Pampulha. A matriz, em Ouro Preto, está aberta desde 2013. A proposta é que o restaurante, concebido para se multiplicar em sistema de franquia, logo esteja em outros bairros de BH. Um ponto no Anchieta, na Zona Sul, já está na mira dos donos do Hannah. Quem garante é o sócio da casa, o 156 |Encontro

sushiman e chef carioca Marcelo San, que comandou durante cinco anos a cozinha do Udon, premiado japonês com toques de modernidade no Lourdes. Mineiro por adoção há uma década, o mestre das facas decidiu mudar de ares no fim do ano passado. Em outubro, San se estabeleceu em Ouro Preto, mas o sossego durou pouco. “Queria repensar minha vida, até cogitei voltar para o Rio de Janeiro. Mas fui procurado por um grande amigo, cliente antigo, e ele me convenceu a ficar em BH”, conta o chef. O amigo em questão é o empresário Luiz Gustavo Pereira, vice-presidente da Tracbel, uma das principais revendedoras de maquinário pesado do Brasil, com sede em Contagem. Foi ele quem criou o modelo administrativo, de olho na expansão da procura

dos moradores da cidade por restaurantes mais sofisticados fora da região Centro-Sul. “A Lei Seca veio para ficar e está mudando muito rapidamente os hábitos de consumo da população. Com medo das blitze, nosso cliente quer comer bem, de preferência num lugar onde ele possa ir a pé ou pagar barato no táxi. Se não, a experiência não vale a pena”, avalia Marcelo San. O cardápio da casa conta com alguns conhecidos do público, caso do ebidom, enrolado de camarão com cream cheese envolto em uma tira de salmão cozida com maçarico; robatas e makis. “Trouxe a minha bagagem comigo. Tenho muitos amigos que adoraram a oportunidade de conhecer alguns preparos”, comemora o chef, morador da Pampulha desde que se estabeleceu nas alterosas. ❚

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N o vo chef , novo cardรกpi o e s a b o r e s s imples ment e a pai xonant es .

R u a Curi ti b a, 2 2 0 2 - L o u r d es - B H - 3 1 32 9 2 9 8 1 0 - w w w.o d a d iva .co m .b r

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GASTRÔ | FESTIVAL RESTAURANT WEEK Denis Medeiros/divulgação

Pitada de brasilidade AUGUSTO FRANCO

Criado em Nova York nos anos 1990, como uma semana especial para que operários e classe média tivessem acesso aos principais restaurantes da cidade, o Restaurant Week, festival gastronômico que se espalhou pelo mundo, chega a sua oitava edição na capital mineira. Participam 60 das principais casas de Belo Horizonte, que entre os dias 17 e 30 de março oferecem cardápios com direito a entrada, prato principal e sobremesa, ao preço fixo de R$ 37,90, no almoço, e a R$ 49,90, no jantar. A taxa de serviço não está incluída no preço.

BH Restaurant Week, festival gastronômico dos mais badalados da cidade, tem como tema Sabores do Brasil

Neste ano, os chefs foram desafiados a criar combinações com o tema Sabores do Brasil. A intenção, explica o realizador do festival no Brasil, Fernando Reis, é estimular os restaurantes a elaborar pratos exclusivos e favorecer fornecedores locais e sazonalidades em cada uma das praças onde o festival acontece. “Os chefs buscam ingredientes de qualidade e criam pratos que agradam ao paladar, olfato e visão. Alguns são verdadeiras obras de arte gastronômicas”, diz Reis. Caso do filé com crosta de panceta servido com purê de carazinho e redução de feijoada, criado pelo

Filé em crosta de panceta com musseline de carazinho e redução de feijoada: uma das opções do Oak no jantar

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Denis Medeiros/divulgação

Na Osteria Degli Angeli, o bobó de camarão com arroz de pimentões salteados será servido somente à noite Divulgação

O empresário Fernando Reis, realizador do festival no Brasil: “Os chefs buscam ingredientes de qualidade e criam pratos que agradam ao paladar, olfato e visão”

chef e sócio do restaurante Oak, no Lourdes, Bruno Albergaria. A casa é uma das que participam desde a primeira edição do Restaurant Week e apresenta cardápios para almoço e jantar. O filé entra no menu como uma das três opções de prato princi pal no jantar. As outras duas são o salmão com purê de maracujá e banana e o risoto de pato com laranja e crisp de poró. Segundo Albergaria, o evento é uma oportunidade para divulgar a casa entre um público diferente: “Nosso movimento chega a dobrar. Tem gente que vem para conhecer e depois volta ao longo do ano”, assegura. De acordo com Carlinhos Almeida, gerente da Osteria Degli Angeli, no Anchieta, além do movimento 70% acima do normal, a casa aproveita para aumentar a venda de vinhos: “Criamos opções especiais, harmonizadas com o menu. A aceitação é muito boa”, destaca. Apesar de italiana, a osteria vai oferecer, nesta edição, bobó de camarões, servido com arroz de pimentões salteado na manteiga, que leva o nome de Soterapolitano. O prato é servido apenas no jantar, que ainda tem como opção a costelinha suína confitada, molho pomodoro, purê de mandioca e crisp de couve, ou Serra das Gerais. Outra novidade do primeiro semestre é a realização do evento, simultaneamente, em BH, São Paulo, Campinas, Ribeirão Preto, Rio de Janeiro e também no estado do Espírito Santo. Algumas casas também estreiam no festival. São elas: Olegário Savassi, Pletora, Anda, BM Design Restaurante, Verona Pasta e Pizza, CMYK Bar & Restaurante, Del Mare, Dorival, La Macellaria, Mangia, Monjardim e Hannah Asian Sushi Bar. A cada menu servido, os participantes são convidados a doar R$ 1, que é encaminhado para uma instituição de caridade das cidades participantes. Em BH, os fundos arrecadados serão repassados à Jornada Solidária, promovida pelos Diários Associados. Em 2013, foram vendidos pouco mais de 67 mil menus e as doações chegaram a R$ 24 mil. z MARÇO DE 2014

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GASTRÔ | FESTIVAL RESTAURANT WEEK 2013 Internacional 31 3327 6766

2-6

68 La Pizzeria Italiana (31) 3292-0208

Del Mare Frutos do Mar (31) 2514-3208

D

Na Mata Café Contemporânea (31) 3654-1733

Donna Margherita - Luxemburgo Italiana (31) 3296-5040

Nonna Carmela Italiana (31) 3243-6754

Dorival Carnes nobres (31) 3643-4311

O Conde Contemporânea (31) 2531-6964

AA Wine Experience Contemporânea (31) 2512-0942

Duke‘N’Duke Carnes/grelhados (31) 3264-9857

O Kabuto Japonesa (31) 3225-3522

Ah! Bon Contemporânea (31) 3281-6260

Ephigênia Bistrô Contemporânea (31) 2535 3065

Amadeus Contemporânea (31) 3261-4292

Ficus Contemporânea/Francesa (31) 3225-4007

Anda Food/Drink/Music Contemporânea (31) 2531-5942

Flores Variada (31) 3227-6760

Atlântico Pescados (31) 3275-3384

Floriano Variada São Bento (31) 2526-4180

A Osteria Gusto Italiana (31) 3337-7543

Badejo Capixaba (31) 3261-2023

A

B

Bangkok Royal Thai Cuisine Tailandesa (31) 3582-7348 Benvindo Contemporânea (31) 2515-8883

Chalé Sante Contemporânea (31) 3581-7732 Chez Fumoir Contemporânea (31) 3261-1361 CMYK Bar & Restaurant Contemporânea (31) 3245-1745 Cult Club Cine Pub – CCCP Internacional (31) 3582-5628

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C

Osteria Degli Angeli Italiana (31) 3281-7965

G

Hannah Asian Sushi Bar Japonesa (31) 3327-9148

H

Più Pizza Italiana (31) 3335-1977 Pletora Árabe (31) 8475-3721

I L

Massas Pichita Lanna Italiana (31) 3261-3562 Maurizio Gallo Italiana (31) 2514-3020 Mes Amis Francesa (31) 2526-4888 Monjardim Carnes/grelhados (31) 2555-2076

Quinto do Ouro Internacional (31) 3429-4891

Q

Saatore Restaurante Italiana (31) 3339-3184

S

SantaFé Internacional (31) 3261-6446 Sorrento Italiana (31) 3614-6514

L’Entrecôte Francesa (31) 3275-0250 Maharaj Indiana (31) 3055-3836

P

Parrilla Diamond Portenha/Brasileira (31) 2512-2858 Patuscada Variada (31) 3213-3296

La Macelleria Carnes/grelhados (31) 3223-6255

Botequim Arantes Carnes/grelhados (31) 3337-3764

Oak Internacional (31) 2511-6694

Gomide Francesa (31) 3292-4928

Inka Peruana e Japonesa (31) 3293-1461

BM Design Regional (31) 3287-4120

Casa Infinita Contemporânea (31) 2531-3888

F

Hermengarda Contemporânea (31) 3225-3268

Bistrotecaria Brasileira (31) 3267-0234

O

Olegário Savassi Contemporânea (31) 3261-1552

Haus Cervejaria e Mercearia Alemã (31) 3291-6900

Bistrô do Divino Internacional (31) 3286-8431

Cantina Piacenza Italiana

E

N

M

Speciali Italiana (31) 3284-7060

T

Trindade Brasileira (31) 2512-4479 Verano Studio Gourmet Contemporânea (31) 2514-9927

V

Verdinho São Bento Brasileira (31) 3293-4047 Verona Pasta e Pizza Italiana (31) 2513-9991 Participa no almoço

Participa no jantar

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GASTRÔ | TRADIÇÃO Cláudio Cunha

Do jeito bem mineiro Quitandas como pão de queijo, bolo de fubá e biscoito frito, acompanhadas de um bom cafezinho, são nossas boas-vindas aos turistas na Copa do Mundo 162 |Encontro

SÍLVIA LAPORTE

Na tradição das casas mineiras, o café recém-coado dá as boas-vindas às visitas, sempre bem acompanhado por quitandas, termo que, em Minas Gerais, engloba todas as delícias (com exceção do pão), que chegam à mesa do café. “São bolos, biscoitos, sequilhos, roscas, broas de fubá e canjica, sonhos e até alguns doces e frutos tropicais hoje considerados sobremesa”, explica o chef Edson Puiati, coordenador pedagógico do curso de gastronomia do Centro Universitário UNA. Feitos com ingredientes de sota-

que mineiro como o polvilho, o fubá de canjica e o queijo de minas, esses quitutes vêm se tornando mais conhecidos fora das fronteiras do país desde a edição 2013 do Madrid Fusión, maior evento de gastronomia do mundo, cujo tema foi a nossa cozinha. E certamente vão se tornar um atrativo a mais para turistas que vierem para cá a fim de assistir aos jogos da Copa do Mundo marcados para o Mineirão. O pão de queijo é, sem dúvida, a mais famosa dessas quitandas. Quem já ouviu falar em Minas Gerais ouviu falar nessa delícia típica daqui. O chef Rubens Beltrão, que morou durante

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Cláudio Cunha

Pão de Queijo Mineiro

Receita da Cafeteria da Fazenda INGREDIENTES 1 xícara (de chá) de leite 50 mL de óleo de soja 50 mL de água 250 g de polvilho azedo 1/2 colher (de sopa) de sal 1 ovo 250 g de queijo de minas (meia cura ou padrão) ralado MODO DE PREPARO Leve ao fogo o leite e o óleo até começar a ferver. Numa tigela, coloque o polvilho e o sal. Depois de levantar fervura, coloque a mistura da panela na tigela do polvilho, escaldando-o. Quando a massa estiver menos quente, adicione o ovo e o queijo. Sove bem a massa até que ela fique uniforme e grudando pouco nas mãos. Leve a massa à geladeira por 30 minutos, para que fique firme. Retire-a da geladeira, unte as mãos com óleo e forme bolinhas com a massa, dispondo-as em assadeira untada. Leve ao forno preaquecido até que os pães de queijo dourem.

Paulo Márcio

Denis Medeiros

O chef Edson Puiati no empório De Lá: receitas preparadas com ingredientes selecionados

Os italianos já se renderam às quitandas mineiras, segundo Rubens Beltrão: ele não viaja para a Itália sem levar o polvilho do pão de queijo

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GASTRÔ | TRADIÇÃO Denis Medeiros

Broa de Fubá de Canjica Por Márcia Nunes, do Armazém Dona Lucinha INGREDIENTES 11 colheres (de mesa) de fubá de canjica 1/4 de L de leite 5 ovos 3 colheres (de mesa) de açúcar 200 mL de óleo 1 pitada de sal MODO DE PREPARO Em um recipiente, coloque os ovos, o açúcar e o óleo e bata bem. Acrescente os outros ingredientes e misture-os. Caso a massa fique mole, acrescente um pouco mais de fubá. Para saber, enrole a primeira broa. Unte e polvilhe uma tigela com fubá de canjica e retire o excesso. Em seguida, use uma colher para retirar uma porção da massa, conforme o tamanho que desejar para a broa. Com a ajuda dos dedos, faça soltar a massa sobre a tigela. Dê uma rodada para moldá-la. Antes de colocar no tabuleiro, faça sobre ela dois cortes em forma de cruz. Leve ao forno quente para assar durante cerca de 40 minutos, tendo o cuidado de reduzir a temperatura depois da broa crescida, para deixá-la secar.

uma década na Itália, conta que vivia “contrabandeando” produtos regionais para atender a pedidos de italianos que haviam morado no Brasil. “Eles sentiam saudade de comer pão de queijo. Eu levava polvilho e fazia para os meus amigos”, diz. O proprietário do restaurante Via Destra (Tiradentes-MG) lembra que teve de explicar à alfândega romana 164 |Encontro

que pó branco era aquele que carregava na mala: “Mas tudo terminou bem, pois o oficial encarregado já havia visitado o Brasil e conhecia o pão de queijo”. Beltrão também apresentou outras delícias da mesa mineira aos italianos: “As mais apreciadas foram, pela ordem de preferência, pão de queijo, biscoito de polvilho frito, biscoito assado, broa de fubá, sequilho de polvilho, biscoito

de araruta e biscoito de fubá”, conta. Durante a Copa, os turistas encontrarão tudo isso e mais um pouco por aqui. No entanto, como a nossa cozinha oferece um sem-número de opções originais para atiçar o paladar dos forasteiros, Edson Puiati selecionou dois quitutes que, além do pão de queijo, precisam ser degustados por quem quer conhecer melhor a nossa cultura gastronômica.

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Denis Medeiros

Biscoito de Polvilho Frito Por Flávio Trombino, do restaurante Xapuri INGREDIENTES 1 kg de polvilho doce 300 mL de água 300 mL de óleo 8 ovos 1 colher (de sopa) de sal MODO DE PREPARO Misture a água e o óleo em fogo alto, mexendo sem parar. Quando ferver, escalde o polvilho (dica: a água quente com óleo tem de chiar quando derramada sobre o polvilho). Espere esfriar, misture bem, acrescente os ovos um a um e sove a massa até ficar bem lisa. Enrole os biscoitos e frite-os em óleo na temperatura média de 160° C. Sirva com café e uma boa prosa.

O chef destacou a broa de canjica e o biscoito de polvilho. A primeira leva fubá de canjica de milho branco e, tradicionalmente, explica ele, “é preparada com uma técnica de enrolar uma a uma na xícara e assada em forno de lenha”. Por sugestão de Puiati, Encontro pediu à historiadora Márcia Nunes (coautora do livro A História da Arte da Cozinha Mineira por Dona Lucinha)

que ensinasse a receita da sua família dessa quitanda tradicional (veja receita). Uma das filhas de dona Lucinha Nunes, famosa chef mineira dona do restaurante que leva seu nome, Márcia mostra os segredos de uma delícia que é a cara de Minas. Como parte da preparação para receber os turistas durante a Copa do Mundo, o restaurante Xapuri – oito

vezes eleito a Melhor Cozinha Mineira por Encontro Gastrô – vem introduzindo iguarias mineiríssimas no cardápio, como conta Flávio Trombino, filho de dona Nelsa, que hoje comanda a cozinha da casa no dia a dia. Uma delas é, justamente, o biscoito de polvilho frito. “A receita da dona Nelsa é preparada com um polvilho selecionadíssimo”, garante Puiati. z MARÇO DE 2014

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NA SOCIEDADE | HELVÉCIO CARLOS hcarlos@editoraencontro.com.br

A FIGURINISTA DAS ESTRELAS De cara, o nome Isabela Braga pode não dizer muito fora do universo do cinema. Mas ela é bem familiar para aqueles que não saem da sala de exibição até que subam, na tela, os créditos da produção. Mineira de Belo Horizonte, Isabela está na equipe técnica de filmes de grande sucesso no cinema e produções para a televisão ao longo de 32 anos de carreira. A figurinista esteve de férias em Belo Horizonte e voltou para Los Angeles atendendo convite para integrar a equipe de produção do

mais recente trabalho dos estúdios Disney, Blackshi, com Tracy Ross e Lawrence Fishbourne. Conquistar a indústria do cinema norte-americano nunca foi o objetivo dela, que é formada em engenharia civil. Começou a trabalhar com moda no teatro e em filmes nacionais, como O Homem da Capa Preta e Ópera do Malandro. E ganhou do pai, o angiologista José Luiz de Vasconcelos Barros, um empurrãozinho para estudar moda no Fashion Institute Tecnology de Nova York. De lá, seguiu para LA. Samuel Gê

TRÊS PERGUNTAS PARA ISABELA BRAGA Entre tantos atores e atrizes do primeiro time de Hollywood, de quais você tem as melhores recordações? Trabalhei com Jeff Bridges em The Amateurs (2005, dirigido por Michael Traeger). Ele, que além de ser um ótimo ator – em 2009 ganhou o Oscar por sua performance em Crazy Hearts –, é um excelente fotógrafo. Entre um intervalo e outro das gravações, fotografava todos da equipe. Quando terminamos o trabalho, ele editou um livro lindo e deu de presente para cada um da equipe. Dele também ganhei o apelido de Izzy. Jeff tem uma filha chamada Isabela e o apelido dela é Bela. Tom Hanks é extraordinário. Tem um respeito humano incrível. Você é formada em engenharia, mas está em um mercado de trabalho que não tem nada a ver com sua graduação. Como explica isso? Venho de uma família que sempre trabalhou com moda. Uma das minhas tias, Maria Helena Braga, era referência em vestidos de noiva nos anos 1970. Minha família montou em Belo Horizonte a primeira butique infantil da cidade, a Peter Pan. No Rio de Janeiro, tive como grande incentivadora Kalma Murtinho, que morreu em outubro do ano passado. Existe alguma possibilidade de trabalhar no mercado nacional quando voltar ao Brasil? Acho que nem mesmo o Sérgio Rezende, com quem trabalhei em O Homem da Capa Preta (1987), lembra-se de mim. As pessoas não me conhecem no Brasil. Assim, é difícil entrar no mercado de trabalho. Mas o que quero mesmo, quando voltar ao Brasil, é descansar e curtir minha aposentadoria.

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SOB AS BÊNÇÃOS DE IEMANJÁ Seguindo a tendência das cerimônias com número reduzido de convidados, à beira-mar, Martha Ramos e Leonardo Fleury Dantas (esq.) e Gabriela Rodrigues Mattos e Samir Chequer Chammas (dir.) –, ambos bem relacionados em Belo Horizonte, casam-se em breve. Gabriela marcou as bodas para abril do ano que vem. Marta, no fim do mês. “Escolhemos nos casar no litoral, pois queríamos um casa mento diferente, mais despojado. E, além disso, o ‘evento’

casamento não fica restrito a apenas oito horas de festa, e sim a um fim de semana inteiro na companhia dos nossos melhores amigos e das famílias”, conta Gabriela, que optou por Búzios. “Acho linda a cerimônia pé na areia em um lugar paradisíaco” afirma Martinha, que se casa na Pousada Bahia Bonita, em Trancoso. Sobre o vestido, as noivas também tem em comum o fato de ter sido encomendado nos Estados Unidos.

Arquivo pessoal

Raquel Colares

PELAS FAZENDAS Quinto livro de Patrícia Soutto Mayor, Minas: Fazendas e Sabores do Leite será lançado no dia 20 de maio no Palácio das Artes. A obra reúne 72 receitas de quitandas, doces, sobremesas e pratos, reunidas em visitas feitas por Patrícia a 12 fazendas no estado. “A

Eugênio Gurgel

ideia era focar receitas com leite de vaca, mas ampliei para outras variedades com leite de cabras, ovelhas e búfalas”, diz a autora. “Saía de casa na sexta e só retornava no domingo. Isso desde de dezembro ao início do mês de março”.

CINQUENTÃO FESTEIRO Rodrigo Mascarenhas curte a valer as comemorações de seu aniversário. Todos os anos, faz questão de reunir grupo muito próximo para celebrar a data. Neste ano, para marcar os 50, vai fazer um encontro para 800 convidados no final de maio, no Dommus. “Por enquanto, está dando uma mão de obra danada. A curtição mesmo só será às vésperas da festa. Mas sou festeiro. Gosto de tudo isso”, comenta, bem-humorado. E “dor de cabeça” para o aniversariante, além dos cuidados com todos os detalhes do encontro, é também a escolha das atrações que vão animar a pista. “Está quase tudo acertado com duas bandas”, resume, sem revelar quais. Rodrigo acredita que só tem a comemorar o fato de chegar aos 50 como chegou. “Tenho quatro filhas maravilhosas (Luiza, 26 anos, Izabela, 24, Marina, 19, e Laura, 9); uma mulher maravilhosa (Nanda Maciel) e o trabalho, bom, esse já foi”, lista o empresário. MARÇO DE 2014

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SOCIEDADE

Fábio, Carlos Antônio da Rocha Azevedo, Luiz Gustavo Lage, Marcelo Oliveira, Diego Tardelli, Serginho, Éder, Wallace, William, Victor Leandro Bagy, Jô e Leonardo Silva

Festa do esporte

A 13ª edição do Troféu Tele Santana, promoção da TV Alterosa, emissora dos Diários Associados, contou este ano com a participação especial do estilista Ronaldo Fraga. Foi ele quem assinou o conceito e a cenografia da cerimônia prestigiada por atletas e autoridades, que lotaram o Grande Teatro do Palácio dasArtes. Os destaques deste ano foram o tenista Bruno Soares, melhor brasileiro na história do ranking mundial de duplas, e Serginho, melhor líbero da Superliga e do Mundial de Vôlei. O Cruzeiro, o Minas Tênis Clube e o Atlético receberam prêmios especiais. Fotos: Dudua’s Profeta.

Alfredo Alves e Eliane Parreiras

Dirceu Lopes Mendes e Dadá Maravilha

Geraldo Teixeira da Costa Neto e Álvaro Teixeira da Costa

Dinis Pinheiro

Antonio Anastasia

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MARÇO DE 2014

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Tiago Lacerda e Marcio Lacerda

Daniel Nepomuceno

Diego Tardelli

Victor Leandro Bagy

Ronaldo Fraga

Ludmila Werneck

William, Éder e Wallace

Lucas Fonda, Léo Dias e Juninho Paim

MARÇO DE 2014

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SOCIEDADE

Bob Wildmann e Leila Abe

Gina Furletti, Álvaro Teixeira da Costa e Gládina Procópio

Tênis empresarial Em abril começam as partidas do 18º Torneio Empresarial de Tênis Estado de Minas/Encontro, um dos mais importantes do estado, que reúne nomes de destaque do empresariado mineiro. O campeonato tem como novidade a parceria da revista Encontro como realizadora do evento ao lado do jornal Estado de Minas. As regras do torneio são de responsabilidade de comitê formado por empresários de diversos segmentos. As partidas serão disputadas na academia BH Tênis e a festa de encerramento, dia 13 de abril, no Espaço Meet do Porcão. Fotos: Renata Caldeira.

Rachel Haaz Gaetani, Eunice Jardim e Gina Furletti

Franco Meloni, Joel Ayres Motta, Guilherme Jardim e Mauro Pinhel

Patricia Nogueira e Franco Meloni

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SOCIEDADE Carlos Olimpia/Divulgação

Mauro e Lilian Tunes

Entre amigos O aniversário de 50 anos de Mauro Tunes será lembrado como uma das melhores festas do ano. A comemoração, surpresa para o aniversariante até a véspera do encontro na Casa Tua, foi organizado por sua mulher, Lilian Tunes. A banda Biquini Cavadão, sucesso dos anos 1980 e um dos grupos preferidos por Mauro, animou a pista. Fotos: Eugênio Gurgel.

Paulo Junqueira e Flavio Castro

Sergio Sette Câmara e Janaína Sette Câmara

Gustavo Paulino e Renata Paulino

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Mariana Pentagna Guimaraes Lasmar e Rodrigo Lasmar

Ana Maria Melo Vianna e Riva Ranieri

Ana Gutierrez e Dhiego Lima

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SOCIEDADE

Diego e Cláudia Ribeiro, Bernardo e Izabel Couto

Henrique e Silvia Freire

Festa surpresa Sílvia Freire, esposa de Henrique Freire, do escritório Silva Freire Advogados, presenteou o marido com festa de aniversário surpresa. O encontro foi na residência do casal, no Vila da Serra. Henrique ficou emocionado com a homenagem da esposa e o carinho dos amigos que foram prestigiá-lo. Fotos: Cleber Piuzana/Divulgação.

Thales Oliveira, Renata Campos, Juliana e Gustavo Freire

Glenda Freire, Flávio e Fernanda Maciel

Priscila e Paulinho Borges

Elerson e Renata Murta, Leonardo e Cláudia Cardoso

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Marianne e Luiz Felipe Freire

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SOCIEDADE

Balada aos domingos A dupla Henrique e Diego, sucesso com os hits Oh Delicia e Com você, animou um dos domingos de fevereiro da Wood’s. Os sertanejos, naturais do Mato Grosso, repetiram na casa do Três Pistas o sucesso da noite anterior, quando fi zeram apresentação exclusiva no camarote da Wood’s, no show de despedida do Chiclete com Banana. Fotos: Dudua’s Profeta.

Henrique e Diego

Juliana Prazeres e Giulia de Paula

Kamila Pelegrino e Luís Francisco

Tatiane Veloso, Keilla Castro e Raquel Rezende

Amanda Souza e Lara Valadares Laís Rodrigues, Patrícia Nunes e Bárbara Pimenta MARÇO DE 2014

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SOCIEDADE

Don e Juan

Sarah Narayamy e Patrícia de Araújo

Novidade A dupla Don & Juan marcou o lançamento de seu mais recente CD e videoclipe da canção La vida, uma das faixas de trabalho, com show animadíssimo na Wood’s. A canção foi composta em parceria com o compositor César Augusto e o cantor uruguaio Augusto Cabrera. “A intenção é passar uma mensagem positiva, transmitir alegria e entusiasmo e remeter a descobertas, às aventuras e a uma vida cheia de significado, que realmente valha a pena”, explica a dupla. Fotos: Renata Caldeira.

Rodrigo Fernandes, Carlos Leoni e Dhiego Pardini

Isabela Garchet e Bia Gomes

Nayara Valinho, Marina Figueiredo e Marcela Mesquita

Marcelo Romanelli, José Rodolfo Castro e Thiago Costa

Acaz Souza e Nicole Jonov

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SOCIEDADE

Gustavo Tasca, Lucas Lucco, Alexandre Pampolini e Manueljuvêncio Ottoni

Júlia Mara e Ana Luiza Cotta

Em clima de Escarpas Folia Lucas Lucco, mineiro de Patrocínio, foi atração principal do aquecimento do Escarpas Folia, na Wood’s. O sertanejo é um dos nomes de maior sucesso. Com cerca de 20 shows por mês, Lucas é fenômeno nas redes sociais. No Instagram (http://instagram.com/lucaslucco), são mais de 500 mil seguidores e, no Twitter (https://twitter.com/lucasslucco), 249 mil. No Youtube, o clipe Mozão, lançado no final de janeiro, conta com mais 450 mil visualizações. Fotos: Renata Caldeira. Cássio Ribeiro, Águida Braga e Raquel Carvalho

Pedro Araújo e Isabella Alves

Simone Louzada e Lara Andrade

Cibele Haaz e Marco Antonio Tobias

Fadel Zein e Mauro Soares

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ARTIGO | leila ferreira lferreira@editoraencontro.com.br

A ARTE DE FALAR BAIXO Nunca convivi com Audrey Hepburn ou Jacqueline Kennedy. Presumo que você, leitor ou leitora, também não. Mas você consegue imaginar uma dessas duas mulheres conversando aos gritos? Acha possível alguém, algum dia, ter pedido a elas que falassem mais baixo? Talvez um marido, numa daquelas contendas domésticas que tiram qualquer um do sério. Jacqueline Kennedy, por exemplo, não deve ter expressado em sussurros seu descontentamento quando descobriu que estava sendo traída com ninguém menos que Marilyn Monroe. Gritos com certeza ecoaram pela Casa Branca. Mas, brigas de casal à parte, fica difícil imaginar uma situação em que esses dois símbolos de classe e elegância tivessem chamado a atenção por falar alto. Porque falar alto, convenhamos, não combina com elegância e classe. Pessoas finas ou “distintas”, como se dizia antigamente, quase sempre falam baixo. Não tão baixo que obriguem os outros a se esforçar para ouvir. Afinal, o mundo hoje é tão pródigo em ruídos que pessoas que conversam como se estivessem em um mosteiro zen-budista só conseguem irritar seus interlocutores. Mas, mesmo em meio à cacofonia generalizada em que vivemos, dá para controlar os decibéis da própria voz. Estou escrevendo esta crônica num voo para o Rio e as duas passageiras sentadas ao meu lado conversam como se estivessem separadas por uma distância de dez metros. O que me faz lembrar de mais uma expressão de antigamente. Quando uma pessoa tinha o hábito de falar muito alto, sempre havia alguém para dizer: “Esse aí foi criado perto de cachoeira”. Não estamos em Foz do Iguaçu, não há nenhum riacho por perto, nem torneiras abertas, mas elas falam como se competissem com o barulho das águas (o das turbinas já anularam faz tempo), e sou obrigada a compartilhar. Os vizinhos das cachoeiras estão por toda parte: salas de espera, ambiente de trabalho, salões de beleza, ônibus, aeroportos... Aliás, alguém sabe dizer por que os anúncios de voos nos aeroportos brasileiros são feitos aos berros? É como se as companhias aéreas competissem para ver quem grita mais na hora de convocar seus passageiros. E é só aqui, pelo que eu saiba. Em nenhum outro país vi aeroportos com chamadas de voo tão ensurdecedoras. Mas tem também o capítulo restaurantes. E a gente se pergunta: conversar aos gritos nos restaurantes por quê? Também somos especialistas nessa arte. Há uns dois anos entrei num restaurante no Camboja e brinquei, ao ver que havia uma única mesa em que todos falavam alto: “Aposto que são brasileiros”. Não deu outra. Até no Camboja. Aí eu engulo em seco e me policio, porque, se não ficar atenta, também fico acima dos decibéis recomendáveis. O fato é que o volume das vozes está subindo assustadoramente e essa espécie de coral desafinado e sem regência vai deixando o cotidiano cada vez mais pesado – para não dizer mais indiscreto. Porque quem tem o hábito de falar alto muitas vezes se esquece de filtrar o que diz e lá se vão as intimidades anunciadas a quatro ventos. Às vezes, estamos conversando com uma dessas pessoas num lugar público e somos ata-

“ Parece que, quanto mais desinteressante o assunto, mais a pessoa faz questão que os outros ouçam.” cados pela tal da vergonha alheia. Todo mundo olhando, nosso interlocutor indiferente ao entorno (e ao nosso constrangimento), e nós falando cada vez mais baixo, para ver se ele ou ela se toca – no final, estamos quase recorrendo à linguagem de sinais. E quem disse que adianta? Mas o pior mesmo é o que ocorre com o celular. Já foi comprovado que, quando estão ao celular, as pessoas falam em média 30% mais alto do que o normal. Se o normal já é alto, isso significa que elas gritam. E, como a população do planeta está cada vez mais viciada em seus celulares, a chance de ter alguém gritando em lugares públicos é astronômica. Se pelo menos as conversas fossem interessantes, mas não. Parece que, quanto mais desinteressante o assunto, mais a pessoa faz questão que os outros ouçam. Não é à toa que um restaurante em Israel está dando 50% de desconto para os clientes que desligarem seus celulares. O proprietário afirmou que quer resgatar o prazer da boa conversa acompanhada por uma boa refeição – inviável quando há celulares em uso na própria mesa ou nas mesas ao lado. Se ele aumentar o desconto para, digamos, 70%, para pessoas que, além de desligar o celular, conversam em voz baixa, juro que me mudo para Israel. Ou quem sabe a moda pega por aqui? A sugestão está dada. z *Leila Ferreira é jornalista, escritora e palestrante

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março de 2014

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