Revista Encontro 171

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❚ EDUCAÇÃO ALIMENTAR PARA EVITAR PROBLEMAS FUTUROS, DIETA SAUDÁVEL DEVE COMEÇAR NO BERÇO

❚ ENTREVISTA FUNDADOR DO MATER DEI, O MÉDICO JOSÉ SALVADOR SILVA FALA SOBRE PROFISSÃO, FAMÍLIA E DETERMINAÇÃO Agosto de 2015 | Ano XIV | Nº 171

ESPELHO,

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O músico Samuel Rosa se apaixonou pela profissão ao acompanhar, desde menino, a carreira de Lô Borges: virou fã de carteirinha e decidiu seguir os passos do ídolo

ESPELHO

ISSN 1679-0146

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Seis mineiros bem-sucedidos em diversas áreas revelam quem são as pessoas que serviram de inspiração em suas vidas

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NESTA EDIÇÃO

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Samuel Gê

ENTREVISTA Fundador do Mater Dei fala sobre empreendedorismo e família

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TRÂNSITO Reforma do Anel e construção do Rodoanel não saem do papel

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CIDADE Mercado Novo sofre por falta de planejamento e abandono

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CULTURA Grupo de arte inaugura espaço em Barbacena ARTES PLÁSTICAS A temática ambiental da artista Mara Ulhoa CAPA As fontes de inspiração de seis mineiros bem-sucedidos

PATRIMÔNIO Insegurança e mau uso da praça Raul Soares FITNESS Pole dance cai no gosto dos mineiros

SAÚDE Medicamento para diabetes tem promessas inovadoras DIETA Educação alimentar na rotina da criança

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PET Atenção aos olhos dos animais de estimação COMPORTAMENTO Pais estimulam filhos a praticar boas ações AGRONEGÓCIO Cultivo de camarão se expande em Minas DEZ PERGUNTAS PARA A defensora pública-geral fala sobre os projetos da instituição VEÍCULOS Primeiro avião da Honda chega ao mercado brasileiro Foto capa: Pedro Nicoli

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NESTA EDIÇÃO Henrique Gualtieri

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MODA Cor básica para o dia a dia do homem contemporâneo

120

BEM-ESTAR Inscrições abertas para a Corrida Encontro Delas

130

VITRINE Dicas de presentes para o Dia dos Pais

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RECEITAS Chefs dão sugestões para agradar a todos os pais GASTRÔ Festival de Tiradentes está de cara nova EVENTOS Os 30 anos do Forró do Capão

COLUNAS 18 20 28

DECORAÇÃO Cinza é a nova aposta para qualquer ambiente

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NO PODER Novo player I e II DEU O QUE FALAR “Quem não gostaria de ter um bico e receber mais de R$ 25 mil todo mês?” RETRATOS DA CIDADE A praça Sete era aqui GENTE FINA Coroa suada COLUNA DE DIREÇÃO Pequeno poderoso ENCONTRO INDICA Chitãozinho e Xororó fazem show em BH NA MESA Combina com salada NA SOCIEDADE Original e delicado

ARTIGOS 16 86 146

ARISTÓTELES DRUMMOND Sinal vermelho

JOSÉ JOÃO RIBEIRO O pequenino da turma

LEILA FERREIRA Agosto sem desgosto

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CARTA DO EDITOR revistaencontro.com.br

Diretor-Presidente

Álvaro Teixeira da Costa

KÁTIA MASSIMO / EDITORA-CHEFE Diretor-Executivo Vice-presidente de Negócios Corporativos Diretor de Publicidade Diretor Jurídico

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André Lamounier Kátia Massimo Fábio Doyle Aline Gonçalves Daniela Costa Geórgea Choucair Marina Dias Rafael Campos Carolina Daher Gui Torres Neide Magalhães Amanda Aleixo Edmundo Serra Roger Simões Antônio de Pádua Bruno Schmitz Gustavo Paiva Heitor Antônio Júnior Oliveira Ana Luiza Kennedy Talita Santos Nayara Fagundes Lílian de Oliveira Solange Rabelo Laila Soares Agata Utsch Andreza Braga Shyrlei Roque Roberta Magalhães Cristiane de Marco Natália Santos Nicole Fischer André Lima Jaqueline Souza Editora Encontro

João Paulo Martins Bruna Sales Vinícius Andrade Prol Vip (31) 2126-8770 (31) 2126-8000 (31) 2126-8000

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Motivação e escolhas

Fiz a opção pelo jornalismo quando estava no segundo grau – hoje, ensino médio. E a inspiração veio, acreditem, de um professor de religião. O primeiro nome, Eduardo, nunca esqueci. O sobrenome se apagou da memória. Mas guardei bem o que ele tentava transmitir a todos nós – na verdade, princípios morais, sem viés religioso: sejam pessoas sensíveis, capazes de atitudes que melhorem a vida dos outros... e outras coisas do tipo. Ele conseguia calar a plateia de adolescentes, ávida por alguém que lhes lançasse luz sobre o caminho. E eu pensei que podia incorporar seus ensinamentos ao escolher o jornalismo – quem, nesta profissão, não tem veia idealista? Outros colegas, com o mesmo estímulo passado pelo nosso professor-ídolo, optaram por medicina, engenharia, pedagogia... Cada um querendo tornar o mundo melhor a sua maneira. O que não falta por aí são histórias de pessoas que serviram de estímulo a outras, mesmo sem saber. Mas o imbatível nesse quesito ainda é o campeão Ayrton Senna. Mesmo 21 anos após a sua morte, ele segue servindo de modelo para muitos atletas dentro e fora das pistas. Lewis Hamilton, César Cielo e Gabriel Medina, por exemplo, já declararam que o ídolo foi a maior Pádua Carvalho inspiração para a carreira esportiva. Foi a busca por histórias assim que motivou a capa desta edição. A tarefa de descobrir quem foi a figura capaz de ditar os passos de mineiros bem-sucedidos coube à experiente jornalista Carolina Daher. Com a bagagem de quem está há 18 anos nesta estrada – já passou por publicações como Playboy e Veja BH –, ela estreia em Encontro assinando a matéria de capa. Carolina descobriu fontes de inspiração na figura de mãe-empresária, tio bailarino, ídolo músico. O resultado foi um belo texto, capaz de emocionar e, por que não, inspirar. Afinal, o jornalismo, com todos os percalços, conserva essa magia de disseminar também boas atitudes. Ainda bem! Era exatamente o que pensava quando fui motivada a fazer essa escolha. Hoje tenho a convicção de que enveredei A jornalista Carolina Daher: entusiasmo pelo caminho certo. ❚ na busca por histórias inspiradoras

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FALE COM A ENCONTRO | CARTAS@REVISTAENCONTRO.COM.BR (31) 2126-8000 AS 35 MELHORES EMPRESAS PARA TRABALHAR EM MINAS I

CADÊ A BLITZ? A nova estratégia de fiscalização da Lei Seca é realmente uma boa forma de coibir os abusos daqueles que insistem em beber e pegar o volante. Carlos Soares Belo Horizonte/MG

Acredito que qualquer empresa só será bem-sucedida se souber valorizar seus funcionários e trabalhar em regime de parceria, angariando respeito e credibilidade da equipe.

LEITES VEGETAIS Nunca me dei muito bem com leite de vaca. Com tantas opções de leite vegetal, vou aproveitar as dicas para fazer em casa.

Pedro Luiz Belo Horizonte/MG

AS 35 MELHORES EMPRESAS PARA TRABALHAR EM MINAS II Melhorar o ambiente de trabalho e motivar a equipe deveria ser o objetivo de toda empresa de visão. Assim todos ganham, afinal, funcionário motivado é retorno certo. Henrique Pereira Belo Horizonte/MG

DIVERSÃO PARA A CRIANÇADA Foi de grande valia saber os locais onde posso deixar meus filhos para se divertir nas férias com segurança. Adorei a dica.

SEMPRE É TEMPO DE SER FELIZ Emocionante a matéria que mostra que não existe limite de idade para ser feliz. Um grande incentivo para pessoas que chegam a pensar em desistir dos sonhos na terceira idade. Marina Lopes Belo Horizonte/MG

IGREJAS DISPUTADAS Não sabia que os casamentos nas paróquias são tão disputados hoje. Sinal de que os jovens ainda valorizam a constituição da família.

ENCONTRO ESPECIAL LUXO

“O SENHOR DOS ANÉIS...” Ficou excelente a entrevista, muito boa. Agradeço pela dedicação e pelo cuidado.

Manoel Bernardes Belo Horizonte/MG

POLO EQUESTRE A matéria ficou muito bacana, tanto o texto quanto as fotos! A abordagem positiva superou expectativas! Eduardo Ferraz Belo Horizonte/MG

Cida Rodrigues Belo Horizonte/MG

Kátia Sousa Belo Horizonte/MG

ERRAMOS

Bruna Silva Belo Horizonte/MG

Pedro Nicoli

Na página 188, na matéria “Equipe em Sintonia”, a foto publicada é do presidente do Mercantil do Brasil, Luiz Henrique de Araújo. O atual vice-presidente Executivo da instituição financeira é Marco Antônio Andrade de Araújo, diferente do que foi publicado.

Na página 155, a foto publicada é dos diretores da Cultura Inglesa, Giuliano Laucas (à frente) e Olavo Laucas (esq.) e parte da equipe de funcionários; a instituição não tem licença maternidade de 165 dias. A licença-maternidade é de 120 dias e, sempre que é possível, somam-se férias de até 30 dias e aleitamento com afastamento de 15 dias; para concorrer à vaga de gerente de unidade, o professor precisa passar por processo seletivo interno.

Na página 184, o correto é dizer que o trabalho dos professores do Centro Universitário UNA, controlado pelo Grupo Anima Educação, é reconhecido por meio de projetos que incentivam boas práticas em sala de aula, e não pelo cumprimento de metas.

ENCONTRO ESPECIAL LUXO Na página 66, na matéria “Apesar da Crise”, o projeto do ambiente do empreendimento residencial Union Square, da construtora Patrimar, é de autoria da arquiteta Angélica Araújo e foi criado para a Casa Cor 2014.

Fale com a Revista ENCONTRO: Comentários sobre o conteúdo editoral da Encontro, sugestões e críticas a matérias: R. Haiti, 176, 3°andar - Sion - CEP : 30.320-140, Belo Horizonte, MG | E-mail : cartas@revistaencontro.com.br. Cartas e mensagens devem trazer o nome completo e o endereço do autor. Por razões de espaço ou clareza, elas poderão ser publicadas resumidamente. PARA ANUNCIAR: R. Haiti, 176, 3°andar - Sion - CEP: 30.320-140 - Belo Horizonte, MG | Tel: (31) 2126-8000 | Fax: (31) 2126-8008 RELEASES: redacao@revistaencontro.com.br | Fax: (31) 2126-8781 | ASSINATURAS: Tel: (31) 2126-8770

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ARTIGO | ARISTÓTELES DRUMMOND adrummond@editoraencontro.com.br

Sinal vermelho Estamos em área de turbulência. As péssimas práticas administrativas perduram, como se não bastassem as dificuldades crescentes na economia, as dúvidas em reverter a desconfiança dos mercados em relação ao ambiente de negócios no Brasil, os escândalos envolvendo corrupção nos mais altos níveis da República, a crise mundial que impossibilita a obtenção de financiamentos e de novos investimentos. Nada leva os governantes em geral a uma maior atenção no uso das entidades públicas, especialmente estatais, para fins políticos menores. Os casos de corrupção seriam contidos com medidas pragmáticas, tais como acesso das empresas de auditoria a contratos e seus valores na prestação de serviços e compra de equipamentos e materiais. Também informar mensalmente quais os dez maiores salários ou contratos de consultoria, o maior e menor salário pago no mês e os índices de absenteísmo. Nas estatais, não existem estatísticas confiáveis e não se pensa em descontar ausências ao serviço. Um corporativismo que afronta o trabalhador do setor privado. E passa de governo a governo. No entanto, o mais curioso é que, depois de uma clara condenação da sociedade ao que se convencionou denominar de “aparelhamento do Estado”, as estatais, federais ou estaduais, contratam e requisitam, criando constrangimentos no funcionalismo de empresas que nunca passaram por uma situação como esta. E mais: quando se verificam erros de gestões anteriores, no lugar da devida correção, o que vem ocorrendo é o que o povo denomina de “operação troca de moscas”. Os próprios salários de dirigentes de estatais ou empresas com participação significativa de estatais são superiores aos praticados no mercado. Muita gente de responsabilidade não sabe que são comuns salários superiores a R$ 20 mil e R$ 100 mil, em subsidiárias travestidas em empresas privadas. Essas práticas, a bem da verdade, ocorrem em gestões de diferentes partidos políticos, criando ilhas paradisíacas no setor produtivo. E como as maiores empresas privadas do Brasil hoje recrutam quadros no setor público, ou fora de controladores, a cumplicidade leva a uma verdadeira cortina de silêncio. E a nenhum compromisso com a eficiência. É preciso atender aos reclamos da sociedade, que quer saber quem anda nos jatinhos, quais as despesas de cartões de crédito de autoridades e dirigentes de estatais e quais os critérios na emissão de bilhetes aéreos. Tudo seria fácil com vontade política. Nessa mania de se criticar tudo o que aconteceu nos governos militares, ninguém se lembra que toda e qualquer nomeação, na administração direta ou indireta, passava pelo crivo do SNI, para verificar os antecedentes dos indicados. Só depois do “nada consta” a nomeação era feita. Os vetos eram baseados em fatos concretos, tais como processos civis, criminais, fiscais, inquéritos administrativos e outros. E o padrão de vida dos ocupantes de cargos públicos, e seus parentes, era alvo de acompanhamento.

“É preciso atender aos reclamos da sociedade, que quer saber quem anda nos jatinhos, quais as despesas de cartões de crédito de autoridades e dirigentes de estatais e quais os critérios na emissão de bilhetes aéreos” Tudo isso é observado pelos analistas econômicos, daqui e de fora, gerando dúvidas sobre a conveniência de se investir em país com burocracia, altos impostos, corrupção e descaso no trato da coisa pública. A situação da Petrobras, como maior empresa devedora do mundo, ainda dará o que falar. Assim como estranhas operações de recursos nacionais transferidos para países sem tradição de honrar compromissos financeiros. Estamos no meio do ano e muito pouco foi feito de concreto, confirmando os temores de que, no final, tudo ficará como antes. Crise na economia, inflação, impunidade, quebra da confiança popular nas instituições. O Brasil não acaba com a geração que está no poder. A maioria da população é jovem, aspira a viver em país sério, com segurança, justiça e progresso, mirando nas sociedades mais avançadas, não naquelas que não conseguem sair do atoleiro da corrupção e da incompetência, com raiva dos ricos e sem pena dos pobres. ❚

*Aristóteles Drummond é jornalista e escreve bimestralmente na Encontro

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NO PODER | BERTHA MAAKAROUN bmaakaroun@editoraencontro.com.br

Paulo Márcio

NOVO PLAYER I Chega este mês à Câmara Municipal de BH o projeto de alteração da Lei de Uso e Ocupação do Solo e do Plano Diretor da cidade. A matéria ainda nem tramita, mas já desperta intensa polêmica. A maior delas: o coeficiente de aproveitamento dos terrenos (a área permitida para a construção) pode passar a ser em toda a cidade de apenas a área do lote (igual a 1). Ou seja: qualquer construção com mais de um andar deverá ser negociada com a administração municipal. O aproveitamento dos terrenos varia hoje de 1 a 2,7 vezes a área, dependendo da localização. “O mercado da construção civil, que atualmente é regulado pelo mercado, passará a ter um novo player, a prefeitura”, critica Lucas Guerra Martins, vice-presidente da área imobiliária do Sinduscon/MG.

NOVO PLAYER II Lucas Martins diz que o momento para essas mudanças em um mercado retraído não poderia ser pior. “Os proprietários de uma casa não baixarão o valor da venda do terreno porque o coeficiente de construção foi alterado. E as empresas terão de adquirir do poder público o espaço aéreo da construção”, afirma. Na avaliação de Martins, Belo Horizonte já tem os imóveis mais caros do Brasil, só perdendo para Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. “Se passar essa proposta, haverá aumento no custo do imóvel de no mínimo 30%. E a conta final será do consumidor”, afirma Lucas.

Thiago Mamede

ON-LINE, OFF-LINE Os vereadores de Belo Horizonte ainda engatinham na comunicação digital. Alguns, como o líder do prefeito, o vereador Preto (DEM), estão completamente desplugados. “A minha política é à moda antiga. Sola de sapato e corpo a corpo com o eleitor”, avisa ele. Entre os 41 em plenário, o Facebook é a mídia mais usada: 39 mantêm perfis. Mas a maior presença digital da Casa é de Daniel Nepomuceno (PSB), no Twitter. Em razão de sua atuação como presidente do Clube Atlético Mineiro, tem mais de 70 mil seguidores.

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A TODO VAPOR A despeito da crise, o publicitário Roberto Hilton e sua Jbis Comunicação contabilizam bons resultados. A empresa cresceu cerca de 5% no primeiro semestre deste ano e está em nova sede, no Vila da Serra (Nova Lima), que demandou investimentos de R$ 1 milhão. “A agência não pode mais focar só em propaganda”, afirma Hilton. “Ela tem de ser um braço estratégico, fonte de inovação.” O cliente, diz, muitas vezes precisa repensar e reconstruir o negócio. “Fatores como preço e prazo de entrega estão mudando.” A Jbis atende a empresas públicas e privadas, como o shopping Ponteio, a Conartes Engenharia, a Morada Imóveis e a JAM Engenharia, além do governo de Minas. (por Geórgea Choucair)

RECEITAS EM QUEDA Se no plano estadual o que segura a queda da arrecadação do principal tributo do estado, o ICMS, é o reajuste das tarifas de energia elétrica e de combustíveis, no âmbito da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte o “salvador” do caixa foi o aumento da alíquota de Imposto sobre Serviços (ISS). Segundo o secretário municipal de Planejamento, Orçamento e Informação, Thiago Grego, a revisão das alíquotas em vigor desde fevereiro representaram, na contramão da retração econômica, algo próximo a R$ 100 milhões a mais na arrecadação nos três primeiros meses. Apesar dessa injeção, quando comparado o primeiro semestre deste ano com o do ano anterior, a arrecadação municipal perde para a inflação. “Arrecadamos, de janeiro a junho, R$ 4,85 bilhões, contra R$ 4,88 bilhões em valor nominal no mesmo período do ano passado”, afirma.

Arquivo Pessoal

Juarez Rodrigues/EM

TRÊS EM UM Um dos nomes cotados no PT para concorrer à Prefeitura de Belo Horizonte, o secretário de Estado do Planejamento, Helvécio Magalhães, acumula a partir deste mês mais funções no estado. Embora já integre conselhos de 13 empresas, Magalhães presidirá duas das três instâncias centrais de governança criadas por decreto pelo governador Fernando Pimentel (PT): o Colegiado de Planejamento e Gestão Estratégica e a Câmara de Orçamento e Finanças. Os dois órgãos serão responsáveis por todas as ações de planejamento, gestão, orçamento e finanças. Já a terceira instância, a Câmara de Coordenação de Empresas Estatais, ficará sob o comando do secretário da Fazenda, José Afonso Bicalho.

IRRITADOS NA REDE Se o tema das eleições presidenciais de 2014 já alcançou, no ano passado, o terceiro tópico no ranking global das mídias digitais, para as eleições municipais do ano que vem é esperado o debate virtual mais intenso e agressivo da história brasileira. Até o momento, já são registrados 150 milhões de smartphones e 85 milhões de cidadãos que acessam a internet. Jovens, irritados com a política e intolerantes com opiniões diferentes

PAI DA CRIANÇA são características daqueles que mais divulgam e reproduzem conteúdo ofensivo às reputações. O perfil foi identificado pelo advogado e especialista em direito digital Alexandre Atheniense. Em plena vigência do marco civil da internet, difamar pode custar caro. “A nova lei garante maior efetividade para apurar crimes digitais porque o provedor é obrigado a preservar os registros eletrônicos que identifiquem o emissor”, diz.

Vereadores já brigam pelo voto, a um ano das eleições. Em Venda Nova, Leo Burguês (PTdoB) e Bim da Ambulância (PTN) disputam a autoria da intermediação de um quebra-mola. O segundo pediu ao Executivo, mas o primeiro correu e pôs a faixa. Não são os únicos a alegar a paternidade dos “feitos” cidade afora. O tom alto é generalizado. AGOSTO DE 2015

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DEU O QUE FALAR | AMANDA ALEIXO “O torcedor vai sofrer com a gente. Será um pouco doído” VANDERLEI LUXEMBURGO, técnico do Cruzeiro, descartando qualquer possibilidade de conquistas na temporada de 2015. Quanta franqueza!

“Antes éramos caipiras. Agora tomamos um banho de loja” ROGÉRIO FLAUSINO, VOCALISTA DO JOTA QUEST, sobre as mudanças vividas ao longo dos 20 anos de carreira

“Quem não gostaria de ter um bico e receber mais de R$ 25 mil todo mês?” SARGENTO RODRIGUES (PDT), deputado estadual, criticando colegas de trabalho que faltam às sessões e dificultam o andamento da casa. Ele só não deu nome aos bois

“As artes plásticas são o priminho pobre ou o patinho feio”

“Sou um homem idiossincrático, e idiossincrasias não se explicam” RUBEM FONSECA, romancista mineiro, ao receber o Prêmio Machado de Assis na Academia Brasileira de Letras. Aos 90 anos, o escritor coleciona honrarias, como o Prêmio Camões e o Prêmio Jabuti de Literatura.

Zeca Fonseca/Divulgação

YARA TUPYNAMBÁ, artista plástica, lamentando o atual cenário da cultura em BH

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ENTREVISTA | JOSÉ SALVADOR SILVA Fotos: Rogério Sol

“Viver com entusiasmo é motor de vitalidade”

Perto de completar 84 anos, o fundador de um dos mais modernos hospitais do Brasil fala sobre medicina, sucessão e educação dos filhos — e se emociona ao se lembrar dos pais, de quem herdou o gosto pelo trabalho e a persistência

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MARINA DIAS

“Por favor, não me chame de senhor. Até meus netos me tratam por você.” Foi com boas-vindas intimistas que o médico Salvador Silva recebeu a equipe de Encontro para esta entrevista na diretoria do Mater Dei, hospital que fundou há 35 anos e do qual hoje é presidente do conselho. Apesar de ter insistido para que a conversa fosse com algum de seus filhos — três médicos, um engenheiro —, que, segundo ele, teriam mais o que dizer, cedeu. Ainda bem. O ginecologista e obstetra, primeiro a se formar em medicina entre seus compatriotas de Santana do Pirapama (MG), é uma fonte de sabedoria. Ávido leitor de uma vida inteira, deixa escapar frases inspiradoras como um adolescente solta gírias. Algumas delas vêm de autores, filósofos e personagens que o motivaram a persistir e a enxergar a vida de forma otimista. Outras vieram dos pais, de quem herdou a humildade e o gosto pelo trabalho e cuja memória o levou às lágrimas, neste entrevista. O médico é exemplo de quem lutou toda a vida – e continua lutando – para realizar seu sonho, a construção do Mater Dei, iniciada em 1980, com a primeira unidade hospitalar. No ano passado, foi inaugurado o mais novo e moderno hospital do grupo, que já tem dois terrenos comprados para futuras expansões. O sonho do médico Salvador não se acaba, assim como sua tenacidade e disposição para avançar – o que não deixa de ser surpreendente para quem vai completar, neste agosto, 84 anos de idade. “Só sabemos quem somos quando tentamos ir além de nossos limites”, diz ele. ENCONTRO - A que atribui a vitalidade que tem hoje, aos 84 anos? JOSÉ SALVADOR SILVA - Isso está li-

gado a algumas coisas. Primeiramente, a uma vida saudável. Eu nunca fumei. Na minha família, somos oito irmãos, dos quais quatro fumavam. Todos esses que fumavam já morreram, todos mais novos que eu. E morreram de doenças provocadas pelo fumo – câncer de pulmão e enfisema. Em segundo lugar, sempre tive alimentação saudável, e o mérito disso é da Norma [sua mulher, também ginecologista], que sempre foi preocupada com essa questão. Gosto de

QUEM É JOSÉ SALVADOR SILVA 83 ANOS ORIGEM Santana do Pirapama (MG) FORMAÇÃO Ginecologista e obstetra graduado pela Universidade Federal de Minas Gerais CARREIRA Fundador do hospital Mater Dei, do qual foi presidente até 2011. Hoje, é presidente do conselho administrativo da instituição. É sócio honorário da Sociedade Brasileira de Mastologia; sócio titular da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia; membro do Colégio Internacional de Cirurgiões; membro da Academia Mineira de Medicina. Foi diretor e membro consultivo da Associação Médica de Minas Gerais.

Sempre tivemos um princípio, que foi criar os filhos sob o binômio de amor e disciplina. Se você usa só disciplina, está repetindo a Febem. Se criar só com amor, torna-se uma fábrica de moloides”

doces, como o de casca de laranja, mas não dá para comer todo dia, porque engorda. E sempre me preocupei com meu peso, sabe por quê? Você conhece velhos gordos? Não existem, com raríssimas exceções. A pessoa obesa não fica velha, morre antes. Em terceiro lugar, fazer exercícios. Todo dia que quiser me encontrar, estou na praça da Assembleia às cinco da manhã, faça frio, faça calor. Isso é muito importante, pois, à medida que se faz exercício, seu sistema imunológico é reforçado, seu coração é protegido e seu cérebro também. São hábitos que considero saudáveis. Os hábitos saudáveis, então, são o mais importante para a vitalidade?

Não, há outra coisa também: viver com entusiasmo. A palavra entusiasmo, que vem do grego, significa “Deus em nós”. Viver com entusiasmo é motor de vitalidade. Também é preciso ter sonhos e ideais, que não envelhecem. Ontem, por acaso, estava lendo o discurso que fiz há 60 anos como orador da minha turma de medicina. Eu tinha 25 anos. Tive até orgulho do que escrevi. Percebi como eu pensava coisas que continuo pensando. Sempre com ideais, sonhando. Sonhar é muito importante, nos põe para frente. E também é essencial ter por que viver. A palavra depressão não existe na minha casa. É preciso sempre conduzir suas energias para algo. Isso nos estimula. Nos 40 anos de prática da medicina e no tempo em que esteve à frente do hospital, o sr. conseguia manter uma rotina saudável?

Uma coisa que aprendi na vida é que, se você dormir 10 horas por noite, seu organismo se adapta a dormir esse tanto. Se for reduzindo, ele se adapta também. Eu dormia quatro horas por noite e estava satisfeito. Outra coisa que aprendi é o seguinte: eu saía de casa de madrugada — quase toda noite eu era chamado para ir ao hospital Vera Cruz — e levantava pensando que minha vida era uma desgraça, que eu estava cansado e precisava levantar para trabalhar. Mas aí eu ia andando no meu carro, um Chevrolet 47, debaixo de chuva, frio, e via alguém andando na rua a pé com o guarda-chuva. Aí eu pensava que tinha gente que estava em situação pior. Quando AGOSTO DE 2015

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ENTREVISTA | JOSÉ SALVADOR SILVA você se compara com quem está melhor que você, vai ser infeliz. Mas, quando se compara com alguém que está pior, isso o ajuda a ser feliz. Isso me valeu para a vida toda.

Segundo, ter trabalhado num hospital do tamanho ou maior que o Mater Dei fora de BH. Terceiro, fazer concurso para concorrer à vaga de MBA em uma das cinco melhores universidades do mundo. Além do mais, somente um neto de cada uma das quatro famílias pode participar do processo, para que aqui não vire cabide de emprego.

E sobrava tempo para os filhos?

Sempre tivemos um princípio, que foi criar os filhos sob o binômio de amor e disciplina. Se você usa só disciplina, está repetindo a Febem. Não funciona. Se criar só com amor, torna-se uma fábrica de moloides. E a mulher tem um poder enorme na educação dos filhos. Isso porque a criança fica dentro dela, mama nela, e é ela quem cuida do bebê no princípio. O relacionamento de mãe e filho é visceral, sendo que, com o pai, a relação é construída. Assim, a mãe consegue jogar o filho contra o pai, se ela quiser, e ele [filho] passa a ter medo do pai para o resto da vida. A Norma teve essa sabedoria e nunca afastou meus filhos de mim, eu sempre fui muito presente. Atenção: o pai pode criar um relacionamento muito forte com o filho, amor maior até do que o da mãe, mas é necessário ter um tempo para isso. E a mãe tem um poder ditatorial nessa relação. E agora, com os netos. Como educar no contexto atual?

Eu não falo o que eles têm que fazer, não gosto de interferir. Respeito suas decisões. Mas eu diria que eles precisam ser atleticanos. (Risos) Durante algum tempo, o sr. se dedicou também à construção civil. Gosta tanto dela quanto da medicina?

Quando resolvi que ia fazer o Mater Dei, precisei ter outra atividade, pois só com honorários médicos não ia conseguir. Aí passei a construir prédios e vendê-los prontos. Com isso, adquiri experiência de construção. No prédio da avenida do Contorno [mais recente unidade do hospital, inaugurada em 2014], tudo ficou nas minhas mãos. Lá eu era mestre de obras. Mas vivi um dilema grande nessa época: alguns colegas começaram a falar que eu iria abandonar a medicina para focar na construção, mas eu não faria isso, porque sou apaixonado pela medicina. O sonho de fazer o Mater Dei era uma coisa muito grande, eu pensava até que era uma forma de eu 24 |Encontro

E todos aceitaram bem?

O pai pode criar relacionamento muito forte com o filho, amor maior até do que o da mãe, mas é preciso tempo para isso” continuar a ser médico mesmo depois que morresse. Vivi esse conflito porque muita gente criticava. Mas há dois anos, o Conselho Regional de Medicina resolveu homenagear 10 médicos em Minas com a placa Honra à Ética, e eu fui um deles. Aquilo foi uma espécie de salvo-conduto para mim. A que atribui o êxito no processo de sucessão do Mater Dei?

Espantou-me muito uma estatística que é quase universal: somente 10% das empresas sobrevivem à terceira geração. Isso significa que 90% delas vão à falência antes de chegar à quarta. Isso é dramático. Sempre pensei nesse fato e me preparei para isso. Em 1998, comecei a fazer uma preparação com a Fundação Dom Cabral. Fizemos um estatuto, registrado em cartório, no qual está estabelecido que os netos, para trabalharem aqui, têm de seguir uma série de etapas. Em primeiro lugar, fazer curso superior.

Eu deixei claras as regras do jogo desde o início. Disse que quem quisesse teria que fazer isso, isso e isso — coisas importantes para o perfil de alguém que vai administrar um local como o Mater Dei. O Henrique foi quem mais se preparou. No dia em que falei que pararia aos 80 anos e que a diretoria seria o Henrique na presidência e Maria Norma e Márcia como diretoras, todo mundo aceitou bem, não teve nenhum problema. Já era um caminho que tinha sido traçado, e minhas filhas reconheciam a liderança dele nesse processo. Como o sr. e sua mulher contribuíram para que os filhos gostassem da área?

Filho não é burro. A coisa mais comum que tem é o pai médico ser chamado de madrugada para o trabalho e ficar reclamando, dizendo que está sempre cansado. E depois quer que o filho vire médico. Não vai virar! Nossos filhos sempre ouviram nosso entusiasmo e paixão pela medicina. É por isso que Henrique, Maria Norma e Márcia são médicos. Só Renato é que escolheu a engenharia. Além disso, eu procurava aproximá-los o máximo possível do dia a dia do hospital. Vinham para cá, assistiam a palestras, conviviam, viam as dificuldades e os problemas. Eu sempre digo: “Por que não me casei com uma japonesa? Por que não conheço uma”. Para gostar, é preciso conhecer. Eles entraram no ambiente, foram se acostumando e gostando de participar. Conversávamos muito com eles sobre as dificuldades e comemorávamos os pequenos sucessos. Isso também foi importante. No dia do leilão do terreno, em 1972, por exemplo, o Henrique tinha 13 anos e o Renato, 12, e eles estavam lá, comigo. A despeito das conquistas, é um ho-

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cia

ENTREVISTA | JOSÉ SALVADOR SILVA mem austero. O que diria às pessoas em relação ao dinheiro?

pessoas, algo parecido se aplica. Também precisamos ter freio e acelerador. Mas tem gente que só tem freio, é pessimista. Aconselho sair fora.

Dinheiro não é o mais importante. Costumo dizer uma frase que eu ouvia de meu pai: há pessoas que são tão pobres que a única coisa que têm é dinheiro. Há pessoas que são verdadeiras caixas-registradoras. O dinheiro não é para isso. Deve ser uma forma de se chegar a um ideal. Acima de tudo, é preciso acreditar nas coisas.

Isso foi algo que aprendeu por experiência própria?

Como educou os filhos em termos financeiros?

Meus filhos começaram a trabalhar cedo. Descobri na vida uma coisa: todo pai manda filho para a escola, mas poucos pais ensinam os filhos a trabalhar. Quando o Renato e o Henrique estavam no ginásio, entreguei a eles um lote na rua Pernambuco, onde depois fiz um prédio, para administrarem um estacionamento. Ensinar os filhos a trabalhar é muito importante. E tem de haver união de propósito entre mulher e marido. Quando cada um tem uma opinião, o filho tira proveito disso. O sr. diz que é importante superar limites. De onde tirar essa força?

Em novembro passado eu quase morri. E estava pronto para isso, mas não para ficar cego, porque, aí, não poderia ler mais"

Eu fracassei três vezes antes de conseguir o êxito do Mater Dei. E nunca imaginei que ele fosse ser tão grande. Mas a gente tem que se testar para ver até onde vai. Nesse sentido, segui sempre alguns pensamentos. Um deles é do Goethe: “vencedor não é aquele que sempre vence, mas aquele que nunca para de lutar.” Outro é do Nietzsche: “tudo o que não nos destrói nos torna mais fortes.” Também tenho um que é meu mesmo: “só sabemos quem nós somos quando tentamos ir além de nossos limites”. É preciso forçar o motor. Somos muito mais capazes do que pensamos. Isso se tivermos um ideal e capacidade para trabalhar.

do navio, comendo restos que sobram nele. O Fernão percebeu que aquilo não tinha sentido e resolveu aprender a voar mais alto. Quando começou a fazer isso, o bando o expulsou. Então ele foi subindo, subindo, e encontrou outros que também tinham sido expulsos e tinham uma maneira de pensar semelhante à dele. Quando você ousa pensar mais alto, outros que pensam parecido se aproximam.

Que dicas daria a um empreendedor que deseje sempre se testar?

Devemos então buscar conviver com aquilo que queremos do futuro?

Três coisas: primeiro, trabalho. Segundo, trabalho. Terceiro, trabalho. E também é preciso ter um padrão de ética de comportamento consigo mesmo, com a família e com sociedade. O resto vem por acréscimo. Tem um livrinho do qual gosto muito, Fernão Capelo Gaivota. Na história, as gaivotas ficam por perto

Sim. Amigos devem ser pessoas que o estimulem a aprender, a crescer. Então é preciso fazer uma seleção. Não pelo dinheiro, pela fama, mas pela qualidade da pessoa. Tem gente que só tem freio. Eu costumo dizer que dirigir empresa é como dirigir automóvel: tem momento de acelerar e de frear. Com

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E com meus pais. Eu cresci na fazenda, depois saí de lá para estudar e trabalhar. Mas chega um momento em que se passa a ter fome de terra. E uma das coisas que ajudou muito na educação dos meus filhos foi isso, passar tempo na fazenda. Eles adquiriram facilidade para se relacionar com todo tipo de gente. Gente humilde, simples, o que na fazenda é uma rotina. E na minha fazenda todos se sentam à mesa juntos, somos próximos. São pessoas bem-intencionadas, sérias, éticas. Não são ricas, mas isso não é valor para mim. Minha mãe ensinava uma coisa [ele chora]: quando a cozinheira fizer um frango gostoso, você levanta, vai lá, agradece e a cumprimenta. As lembranças de seus pais são sempre muito fortes...

Eu tenho orgulho deles [emociona-se]. Tenho dó do filho que não tem orgulho dos pais. Quais foram os ensinamentos mais fortes que seus pais lhe passaram?

O mais forte foi a importância do trabalho. Tanto meu pai quanto minha mãe trabalhavam muito e passaram para mim o valor que é o trabalho. O sr. é um ávido leitor de uma vida inteira. Pode apontar obra preferida?

É muito difícil classificar uma obra da vida. Eu leio muito, e isso me proporciona grande prazer. Em novembro passado, eu quase morri [sofreu de forte obstrução intestinal e passou por uma cirurgia de urgência]. E estava preparado para isso, mas não para ficar cego, porque, aí, eu não poderia ler mais. Para morrer, estou pronto e vou tranquilo. Morrer não é difícil. A natureza é sábia. Vi isso com meu pai, que estava com ureia alta, por causa do mau funcionamento do rim. Quando a uréia fica alta, ela vai anestesiando o corpo. Não ocorre aquele sofrimento do qual temos medo. E para mim o maior sofrimento é estar vivo e não conseguir ler z

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RETRATOS DA CIDADE | RAFAEL CAMPOS rcampos@revistaencontro.com.br

A PRAÇA SETE ERA AQUI A praça Benjamim Guimarães fica no cruzamento das avenidas Afonso Pena com Getúlio Vargas, no Funcionários. Mas, provavelmente, a maioria a conhece como ABC, uma referência à padaria de Emílio Pampolini, que funcionou por 51 anos na região. Aliás, o espaço público foi rebatizado duas vezes. Até 1922, centenário da Independência, era chamado Sete de Setembro (praça Sete mesmo), mas a administração municipal da época decidiu que o nome cairia melhor na praça do Pirulito, que fica bem no centro da capital, entre as avenidas Afonso Pena e Amazonas. Assim, a praça do Funcionários foi rebatizada de Doze de Outubro. Em 1948, ganhou o nome atual. Hoje, está de cara nova. A calçada portuguesa foi restaurada e ganhou novos espécimes de flores e plantas. Mais convidativa para um descanso, faz lembrar a época na qual intelectuais aproveitavam a acolhida do lugar para assistir a filmes ao ar livre.

PARA APRECIAR E FOTOGRAFAR Todos os anos, a cena se repete. Os ipês florescem e colorem ruas e avenidas de Belo Horizonte. E quem pode resistir a tanta beleza? Por vários cantos da cidade, como na rua Gonçalves Dias com Bahia, os tradicionais ipês se destacam na cena urbana. E vale a pena fazer um pit stop na correria do dia a dia para recarregar as energias apreciando os exemplares, já que a floração dura, em média, um mês, segundo Maria Guadalupe Carvalho, bióloga do Jardim Botânico da Fundação Zoo-Botânica de BH.

Fotos: Rogério Sol

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BREU NA PATAGÔNIA A rua Patagônia, no Sion, é uma pedra no sapato de pedestres e motoristas. Se não bastasse o trânsito carregado, sobretudo nos horários de rush, e o estacionamento irregular, ela está mal iluminada. É o que denunciam os moradores. Esta Coluna foi conferir. Na esquina com a rua Haiti, dois postes estavam com as lâmpadas apagadas e os pedestres ficariam às escuras se não fossem os faróis dos veículos. Na altura da rua Santa Fé, a história se repete. A Secretaria de Obras da prefeitura, responsável pela manutenção da iluminação pública desde janeiro, informou que vai realizar uma vistoria no local.

BORA PRA VARANDA? Em vez de carros estacionados, uma varanda urbana. E, pelo visto, elas serão cada vez mais comuns em BH. A avenida Bandeirantes, entre as ruas Ribeiro Junqueira e Júlio Vidal, no Mangabeiras, acabou de ganhar a sua, depois de a primeira estacionar na rua Goitacazes, entre Espírito Santo e Rio de Janeiro, no Centro. Diferente do projeto da área central, a estrutura da região Sul oferece cobertura e banco contínuo. A ideia, também conhecida como Parklet ou Vaga Viva, foi importada de São Francisco, nos Estados Unidos, e abraçada pelos lojistas que patrocinam o projeto na capital mineira. Na era das hashtags, que tal criarmos uma? #borapravaranda.

Cláudio Cunha

ÍCONE DO PASSADO Entre 1928 e 1929, nada menos que 229 prédios particulares foram concluídos na cidade. É o que diz o relatório do então prefeito Christiano Monteiro Machado. Entre eles, estava o edifício Aurélio Lobo, na esquina da avenida Amazonas com rua Caetés. O imóvel, em estilo eclético de inspiração neoclássica, foi desenhado pelo mineiro Luiz Signorelli, um dos principais nomes da arquitetura no estado. O prédio de seis andares, que chegou a ser considerado o mais alto de BH, segue a vocação de abrigar hotéis e faz parte do conjunto arquitetônico do corredor cultural da rua Caetés, com outros 50 imóveis tombados.

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informe publicitário Fotos: Samuel Gê

Doutores da autoestima Além de diminuir os efeitos do tempo sobre a pele, tratamentos dermatológicos a laser devolvem a autoestima aos pacientes e melhoram sua qualidade de vida Estrias, celulite, flacidez, manchas, pelos e envelhecimento da pele podem ser um transtorno para muita gente. A boa notícia é que, com o avanço da ciência dermatológica e das novas tecnologias a laser, esses pequenos incômodos podem ser resolvidos com tratamentos rápidos, mais seguros e eficazes, devolvendo a autoconfiança às pessoas. E essa é a sensação procurada por um número cada vez maior de pessoas, como atesta a clínica Lumina Laser, uma das pioneiras nos tratamentos com laser em Belo Horizonte, que neste ano celebra 15 anos de existência e aproxima-se dos 40 mil pacientes atendidos. “Para sermos felizes precisamos estar bem por dentro e por fora. A conquista da autoestima é o primeiro passo para que isso aconteça”, diz a dermatologista

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Rachel Guerra, da Lumina Laser. Segundo ela, hoje existem inúmeras possibilidades de tratamento com os equipamentos de última geração, que incluem aparelhos de luz pulsada, lasers fracionados, radiofrequência, ultrassom, terapia fotodinâmica, laser de depilação, dye laser, entre outros, indicados para os mais variados tipos de procedimentos estéticos e de saúde. “Na Lumina Laser estamos preparados para atender a quase todas as demandas na área da dermatologia”, diz a dermatologista Gláucia Vianna. A Lumina Laser nasceu do sonho de alguns dermatologistas de democratizar a utilização do laser. “O custo dos aparelhos sempre foi muito alto, e é muito difícil para um único profissional adquirir todos os modelos”, diz a dra. Rachel. “Com o intuito de possuir os melhores

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aparelhos, 15 colegas se uniram para criar um espaço comum. Essa união tornou possível a compra de modernos aparelhos e a expansão no volume de atendimento”, conta a dra. Gláucia. O endereço central da clínica (av. Brasil com av. Afonso Pena) ajudou, e a parceria deu tão certo que o número de sócios foi ampliado. “Hoje somos 36 dermatologistas no quadro clínico, trabalhando juntos no mesmo local, algo inédito no Brasil”, reforça o dr. Leonardo Bueno Neves. O acesso de outros médicos de fora do grupo foi viabilizado, ampliando o alcance dos tratamentos oferecidos. Para manter-se competitiva e oferecer o melhor serviço a seus pacientes, a clínica investe continuamente em qualificação profissional e em tecnologia de ponta, acompanhando a evolução do laser. Os tratamentos, que inicialmente se resumiam à depilação a laser e à luz pulsada para retirada de manchas, passaram a se voltar também para várias doenças dermatológicas, com grande precisão. Procedimentos hoje incluem remoção de cicatrizes, tatuagem, celulite, estrias, tratamento de olheiras e flacidez, oferecendo resultados cada vez melhores. O laser pode ser aplicado em todos os tipos e cores de pele e em pessoas de todas as idades, até mesmo crianças pequenas, no caso de tratamentos de algumas lesões vasculares congênitas (sempre sob a avaliação do dermatologista). Embora as mulheres sejam os clientes predominantes hoje, o público masculino é crescente. Atletas (como nadadores) estão entre os mais assíduos, mas há os que buscam soluções de conforto. “A maioria nos procura para a depilação a laser da barba, pois sofrem com pelos encravados na face”, explica a dra. Gláucia. Há também a questão estética e do autocuidado, ditada pelos novos tempos. “Muitas mulheres hoje preferem homens depilados, e eles respondem a essa tendência.”

Av. Brasil, 1.438 – 11º andar Funcionários – BH Telefone: (31) 3213.8252 www.luminalaser.com.br Leandro Bifano/divulgação

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GENTE FINA | GUI TORRES gtorres@editoraencontro.com.br

Cadu Fernandes/divulgação

COROA SUADA Apesar da beleza notória, a advogada Stéfhanie Zanelli teve de suar a camisa para conquistar o título de Miss Minas Gerais 2015, em meados de julho. A Miss Ubá, de 25 anos, chegou à capital em março para se preparar e entrar nas medidas da disputa, que hoje permite centímetros a mais do que o tradicional 90x60x90. Nesse tempo, perdeu 12 kg e abandonou o manequim tamanho 40. Mudou também a cor dos cabelos de loiros para castanhos, seu tom natural, e alterou o desenho dos dentes, além de cumprir uma rotina exaustiva de aula de passarela, malhação e tratamentos de beleza. “Mas acredito que ganha quem transparece leveza, tranquilidade, além de calma para atravessar a passarela”, diz. Para o Miss Brasil, que acontece em São Paulo, no fim do mês, ela vai exibir menos de si mesma. “Agora só quero perder mais dois quilinhos.”

GUINADA NA CARREIRA O cantor Rick Villas está prestes a carimbar seu passaporte para a fama. Depois de 12 anos se apresentando ao lado do irmão Ricardo, o sertanejo foi convidado pelo próprio Sorocaba para integrar o escritório Fernando e Sorocaba Produções Artísticas (FSPA), que gerencia a carreira de artistas como Lucas Lucco e as duplas Marcos e Belutti e Thaeme e Thiago. A contragosto do pai, que lançou os irmãos e não queria vê-los separados, Rick aceitou a proposta de fazer nova dupla com o cantor e compositor Caco Nogueira. “Eu não vejo como rompimento, mas sim como soma de forças. Quero crescer e levar a nova formação da Rick e Ricardo comigo”, diz. O primeiro disco da dupla Rick e Nogueira, De Boteco em Boteco, com 10 canções, sairá ainda neste mês.

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Júnia Garrido/divulgação

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Tati Zanghi/Divulgação

ESTREIA AFINADA O folhetim Malhação, da Rede Globo, é uma fábrica de atores que anos depois se tornam estrelas queridinhas dos telespectadores. E, se depender de insistência e preparo, deve estourar também Amanda de Godoi, que estreia na telinha neste mês durante a temporada que marca os 20 anos da novela. Aos 21 anos, a moça estudou teatro na PUC Minas, fez curso na New York Film Academy, em Paris, e segue atenta às orientações do famoso preparador de elenco Sérgio Penna. “Desde que cheguei ao Rio, em 2013, já havia feito seis testes na Globo e sempre recebendo um não, mas feliz por estar nessa peneira”, diz. Depois de ser testada por quatro meses e vencer cinco etapas para entrar em Malhação, ela comemora com os pés no chão. “É um sonho, e encaro como um emprego que tem de ser levado a sério, sem cair na sedução da fama.”

Mariana Neaime/divulgação

DA CHINA, COM ORGULHO Em 2000, quando a capital ainda estava longe de ser conhecida internacionalmente como polo de empreendedorismo tecnológico, o belo-horizontino Hugo Barra já fundava sua primeira startup nos Estados Unidos. Passada mais de uma década e diversas experiências, entre elas a de gerente de produtos do Google, ele encara agora seu maior desafio. Comanda hoje a internacionalização da marca chinesa de smartphones e acessórios Xioami, que acaba de chegar ao Brasil. Encontro conversou com ele: 1) Como encara ser considerado o brasileiro mais poderoso da tecnologia na atualidade? O importante é ser reconhecido pelo valor do trabalho e pelo compromisso com a excelência em tudo que me proponho a fazer. Eu amo o que faço, e sou feliz na minha área, isso sim é importante para mim. 2) Na época de escola, você já tinha um perfil ‘tecnológico’? Havia aquele rótulo de nerd? Eu sempre tive interesse em várias outras atividades além da tecnologia: arte, desenho, música, fotografia, e nunca tive dificuldade de me expressar. Fui orador da minha turma no MIT (Massachusetts Institute of Technology) e era o porta-voz global de Android no Google. Hoje, subo constantemente ao palco, seja para apresentar lançamentos na Xiaomi, seja para participar das festas que fazemos com os fãs. Nunca foi uma preocupação que me chamassem de nerd ou geek. Quem ama tecnologia sempre tem um pouco – ou muito! – de geek. 3) No Brasil, produtos chineses são interpretados como “xing ling”, de baixa qualidade. Como driblar isso? As avaliações que temos da indústria e imprensa especializada em tecnologia mostram que os produtos primam pela qualidade. Trabalhamos com os melhores processadores, as melhores telas, as melhores câmeras e lentes. Na verdade, nossa estratégia passa por inovar sempre e praticar preços justos. AGOSTO DE 2015

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CIDADE | TRÂNSITO

Ainda em compasso de espera Reforma do Anel Rodoviário e construção do Rodoanel, obras urgentes para a cidade e região metropolitana, não saem do papel. Enquanto isso, cerca de 120 mil motoristas enfrentam riscos diariamente

RAFAEL CAMPOS

Os belo-horizontinos sonham com antigas promessas de melhorias para o trânsito. Entre elas, a reforma completa dos 27,3 quilômetros do Anel Rodoviário. A via com tráfego diário de 120 mil veículos é temida por motoristas, motociclistas e caminhoneiros. Não é difícil entender o por quê. De acordo com a Polícia Rodoviária Estadual (PRE), de janeiro a junho deste 34 |Encontro

ano foram registrados 918 acidentes, com 377 feridos e 11 mortes. Apesar da queda dos números na comparação com o mesmo período do ano anterior (redução de 36% em acidentes e 30% de feridos), os condutores estão longe de se sentirem seguros na via. Um dos trechos mais críticos, segundo especialistas, fica entre os bairros Olhos D’Água e Betânia. Apenas em junho, três graves acidentes foram registrados no local. Uma pessoa mor-

reu e duas ficaram feridas. Sem contar que em uma das ocorrências uma carreta perdeu o controle e ficou em L, fechando a pista nos dois sentidos e travando o fluxo por horas. Em maio, ainda no trecho, outro acidente fatal, quando uma carreta desgovernada atingiu dois veículos de carga e mais nove carros de passeio. Acidentes como esse já não mais surpreendem quem passa com frequência por lá. Daniel Moreira França,

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Flagrante de imprudência: contrariando a legislação de trânsito, caminhões e carretas circulam pela faixa da esquerda

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Serão 66 quilômetros de pista, passando pelos municípios de Sabará, Santa Luzia, Vespasiano, São José da Lapa, Pedro Leopoldo, Ribeirão das Neves, Contagem e Betim. De acordo com o projeto, 60 mil veículos deixariam de circular diariamente pelo Anel Rodoviário. A rodovia terá pista dupla em ambos os sentidos. O custo da obra, de R$ 7,1 bilhões, está sendo revisado pelo governo estadual

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CIDADE | TRÂNSITO de 34 anos, é proprietário de uma loja de autopeças próxima a uma das saídas do Anel Rodoviário, na altura da avenida Antônio Carlos. “Há 11 anos circulo pela via entregando produtos para clientes e posso dizer que não é nada agradável passar por esse lugar”, diz Daniel. Um dos graves problemas é o estreitamento de pista. Iago Veloso, de 21 anos, trabalha como entregador em uma empresa na mesma região. “O pior são os caminhões, em grande quantidade, e que circulam pela faixa da esquerda”, diz. A reportagem de Encontro percorreu os trechos mais perigosos: altura do bairro Betânia, próximo à avenida Tereza Cristina, e sobre a avenida Antônio Carlos. Em todos os pontos foi notado tráfego intenso de caminhões e carretas e, o pior, com os veículos de carga transitando pela faixa da esquerda, infringindo o que prevê a legislação de trânsito. Um remédio para amenizar o problema foi anunciado há três anos: a construção do Rodoanel. A nova via, em sua primeira fase chamada de Contorno Norte, ligaria os municípios de Sabará a Betim com a promessa de tirar 48% do tráfego pesado do confuso Anel Rodoviário. A largada para a obra foi dada em junho do ano passado. A licitação foi vencida pela concessionária Rota do Horizonte, formada pelas empresas Odebrecht TransPort, EcoRodovias Infraestrutura e Logística e Barbosa Mello Participações e Investimentos. Entretanto, o governo atual informou, em nota, “que o valor do empreendimento, licitado na modalidade parceria público-privada (PPP) , de R$ 7,1 bilhões, foi considerado incompatível com a disponibilidade orçamentária do estado.” Portanto, ainda sem data para as obras, que levariam três anos. Apesar de a abertura do Contorno Norte se tratar de um avanço, para o consultor de transporte e trânsito Osias Baptista Neto não será suficiente para amenizar o tráfego no trecho mais perigoso, entre os bairros Olhos D’Água e Betânia. “Os caminhões vão continuar passando por lá até chegarem à avenida Amazonas”, diz o consultor, lembrando que a solução só viria com a construção do Contorno Sul, que ainda está no campo das discussões. Para o especia36 |Encontro

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Anel Rodoviário, entre os bairros Olhos D’Água e Betânia: trecho é considerado o mais perigoso da rodovia

lista, os vários problemas são fruto dos governos que nunca priorizaram, de fato, a rodovia. “Hoje, as principais vítimas são motociclistas e pedestres. As pontes e os viadutos não têm larguras adequadas, o estreitamento de faixas, além de provocar retenção, deixa o trânsito confuso e perigoso”, afirma. Já a reforma completa do Anel está mergulhada no oceano das indefinições. Segundo o governo estadual, “a Secretaria de Transportes e Obras Públicas apresentará ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), no final de agosto, o anteprojeto para a reforma de todo o Anel Rodoviário de Belo Horizonte. O objetivo é licitar o empreendimento, pelo regime diferenciado de contratação (RDC), ainda neste

ano”, diz a nota. Mas não há datas para o começo das obras. "Ninguém conhece o projeto de intervenções. Não sabemos o que está se propondo. Fica passando do governo estadual para o federal e vice-versa. É preciso entender que o Anel é um lugar onde se mata e morre”, diz Osias. Desde abril do ano passado, os condutores observam obras no trecho entre os bairros Califórnia e Olhos D’Água, contudo, trata-se de melhorias da empresa Via 040 – Invepar, concessionária responsável pelo trecho de 936,8 quilômetros da BR-040 entre Brasília e Juiz de Fora e que afeta 10,5 quilômetros do Anel. Portanto, resta torcer para que as obras alcancem definitivamente toda a via e apague o estigma de rodovia do medo. ❚

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CIDADE | COMÉRCIO

Velho Mercado Novo Comerciantes do local sofrem com falta de planejamento e abandono. Projetos culturais reacendem a esperança de revitalizar o prédio

Fotos: Léo Araújo

RAFAEL CAMPOS

O solitário gato circula à vontade pelo corredor de lojas fechadas e iluminado apenas pela luz natural que atravessa os cobogós. Logo à frente, no mesmo corredor, o movimento é outro. Clientes saboreiam o almoço do restaurante Tia Beth. Mas lá, não se consegue ouvir o telejornal do final da manhã, já que o som fica abafado pelo ruído insistente da impressora da gráfica ao lado. A cena se passa no interior do Mercado Novo, erguido na década de 1960, na avenida Olegário Maciel, no centro de BH. O local nunca tomou de fato para si o adjetivo de batismo. A construtora faliu e a obra não chegou a ser concluída. Resultado: comércios instalados sem organização ou lógica. No lugar de mais lojas, um estacionamento. A rampa de entrada dos veículos é a mesma dos frequentadores. Dos comerciantes se ouvem depoimentos saudosistas, mas também rancorosos, já que o sentimen-

Estrutura precária: lojas fechadas e pedestres dividindo a rampa de acesso com veículos

Prédio do Mercado Novo, entre a avenida Olegário Maciel e rua Tupis, no centro: erguido na década de 1960, nunca teve as obras concluídas

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to é de que o local se transformou no patinho feio, ao compará-lo com o irmão mais velho, o Mercado Central, nascido em 1929. É comum também ouvir relatos do incêndio ocorrido em 2004, no primeiro andar do prédio, que deixou comerciantes e visitantes assustados. Atualmente, o mercado é mais conhecido pelas gráficas, que somam 65, distribuídas em dois andares. Há também lojas de uniformes, embalagens, consertos de roupas, sebos, barbearia e lanchonetes. As bancas de hortifrúti estão no térreo. Entretanto, mais de 80 espaços estão com as portas fechadas, de acordo com Antônio Gabriel de Castro Filho, superintendente do mercado e diretor da Rege, empresa proprietária de 70% das lojas. Em meio à ociosidade, há comerciantes que não se rendem ao clima de abandono do lugar. José Evangelista de Avila tem 69 anos, dos quais 30 dedicados à lanchonete no primeiro andar. “Criei meus quatro filhos com a ajuda desse negócio. Não saio daqui por nada”, diz. Já Antônio Baião, de 67 anos, mais conhecido como Toninho Baião, aluga outra pequena loja onde comercializa vinis. Ele considera que o mercado merecia estar mais bem cuidado. “A iluminação é ruim e o visual não atrai tantas pessoas. Tem gente que entra e fica assustada. Sai correndo, achando que vai ter algum problema, mas aqui é seguro”, afirma. O superintendente Antônio Gabriel, que vivencia o edifício desde a década de 1970, ainda tem esperanças de que o mercado vire de vez essa página. Segundo ele, a situação começou a tomar novo rumo com a inauguração do Mercado das Borboletas, em 2010, na ponta esquerda do terceiro piso, até então inutilizado. O Borboletas, como é conhecido, deu uma sobrevida ao andar. Vários eventos com roupagem de alternativos atraíram a moçada e o inacabado cenário ganhou contornos underground. “É difícil abater o artista brasileiro. Levamos na raça mesmo”, diz Tarcísio de Campos Ribeiro, artista plástico e diretor do Mercado das Borboletas, sobre as dificuldades de tocar o projeto. De acordo com ele, o prédio sofre por não ter sido acabado e adequado às normais de engenharia atuais. “Es-

Antônio Gabriel de Castro Filho, superintendente do mercado: “Vamos acabar de vez com a ideia de que aqui nada funciona”

Antônio Baião, vendedor de vinis: “Tem gente que entra e fica assustada. Sai correndo, achando que vai ter algum problema, mas aqui é seguro”

José Evangelista, dono de lanchonete: “Criei meus quatro filhos com a ajuda desse negócio. Não saio daqui por nada”

tamos fazendo isso agora. Já gastamos cerca de R$ 20 mil”, diz. No fim de junho, comerciantes, moradores do entorno e visitantes viram reacender nova chama da esperança de ver o lugar, enfim, transformado. Com o nome de Apropria Mercado Novo, o projeto prevê ocupar o lado direito do terceiro piso, uma área de 4 mil metros quadrados, com o conceito de economia criativa. A intenção é atrair grupos de empreendedores especialmente da área cultural. Os interessados deverão arcar apenas com os custos do projeto de arquitetura e o valor do aluguel. O superintendente Antônio Gabriel, entusiasmado com a iniciativa, espera começar as obras o quanto antes. “Vamos acabar de vez com a ideia de que aqui nada funciona”, afirma. Este seria o pontapé para que todo o mercado seja revitalizado. Tal como alguns de seus corredores, a história do Mercado Novo é obscura. O prédio foi projetado para ser um dos mais modernos da América Latina. Em parceria com a iniciativa privada, foi erguido no terreno onde funcionava uma oficina especializada em trólebus e bondes. Entretanto, não foi totalmente acabado e, depois que a construtora faliu, os comerciantes que investiam no espaço mudaram os rumos para o Mercado Central. A partir daí, sucessivos problemas passaram a fazer parte da vida do lugar, como a presença de intermediários e atravessadores exercendo comércio ilegal e concorrência desonesta, conforme descrito no livro Belo Horizonte e Comércio – 100 anos de história, da Fundação João Pinheiro. Para Vitor Diniz, presidente da Associação dos Moradores e Amigos da Área Central, agora, é preciso, sobretudo, encontrar a vocação do Mercado Novo. “As funções dele foram mudando ao longo dos anos. Hoje, atende empresários, por causa das gráficas e lojas de embalagens, por exemplo”, afirma. As iniciativas de ocupação, para ele, são bem-vindas. “Os moradores da região e da cidade reconhecem o lugar como importante patrimônio, mas é preciso que circule por lá coisas positivas, melhorando o aspecto interno e externo. O entorno precisa disso”, afirma. Fica a torcida para que o Mercado seja, de fato, novo. z AGOSTO DE 2015

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CIDADE | PATRIMÔNIO Fotos: Paulo Marcio

A praça Raul Soares em dois momentos: hoje, com a fonte desligada e o lago sendo usado para banhos e em 2008 (em detalhe), logo após a revitalização

Beto Novaes/EM/D.A.Press

E aí, Raul? Moradores e comerciantes reclamam de insegurança e mau uso da praça Raul Soares, um dos símbolos da cidade. Sete anos após ser reinaugurada, bancos e postos de iluminação estão danificados e a fonte, desligada 40 |Encontro

RAFAEL CAMPOS

La Primavera, do compositor italiano Antônio Vivaldi, marcou a reinauguração da praça Raul Soares, em 2008. A bela fonte luminosa, em estilo art déco, voltava a funcionar, com grande número de pessoas acompanhando a cerimônia que entregava oficialmente as melhorias de um dos lugares mais tradicionais da cidade. Sete anos depois, o som está mais para uma orquestra desafinada. A praça não é mais a mesma daquele dia. Uma série de problemas é facilmente identificada, como sujeira, postes de iluminação e bancos danificados. Muitos frequentam o local para consumir drogas livremente, e moradores de

rua estão espalhados pelos canteiros, com carrinhos de compras e colchões, e utilizam da água do lago – que antes jorrava da fonte, agora desligada – para tomar banho e lavar roupa. O gramado dos canteiros serve de espaço para secá-las. Tudo isso, em plena luz do dia. A reforma, que levou 10 meses, custou R$ 2,6 milhões aos cofres públicos, mas a deteriorização impede que hoje a praça cumpra a função de ser espaço de convivência e descanso. “A situação daqui é bem constrangedora. Há pessoas que fazem deste lugar a casa delas. Às vezes, queremos descansar, ler um livro ou namorar por aqui, mas não dá. Sem falar do mau cheiro”, diz a consultora de

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Problemas se acumulam: moradores de rua tomam vários canteiros da praça, o gramado é usado para secar roupas, muitos bancos depredados, postes de iluminação danificados e o lixo se acumula

moda Fernanda Teixeira Carvalho. Para diminuir a sensação de insegurança, o major Rodrigo Piassi, comandante da 5ª Companhia da Polícia Militar, anunciou a instalação de uma base comunitária móvel da PM no local nos horários de maior movimento. “Vamos trabalhar em parceria com a Guarda Municipal para restabelecer a importância da praça Raul Soares”, diz o major. Para Fausto Izac, coordenador do Conselho Regional da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) do Barro Preto, a situação já passou dos limites. “Virou um acampamento de pessoas. Desfavorece os negócios da região, um polo de moda”, afirma ele, que já encara como rotina notícias de tráfico de

drogas e até de prostituição na praça. “À noite, vira terra de ninguém.” Fausto Isac não consegue mensurar a queda nas vendas, mas diz que é visível que os clientes se sentem intimidados por terem de atravessar o lugar. A assessoria da Secretaria Municipal de Segurança Urbana e Patrimonial da PBH informou que, atualmente, três guardas municipais fazem a vigilância da Raul Soares. Ainda de acordo com o órgão, não é crime tomar banho – sem se despir – ou lavar roupa na fonte luminosa, mas, se qualquer pessoa for flagrada depredando o patrimônio ou consumindo drogas ilícitas, será presa e conduzida à delegacia. Marcelo de Souza e Silva, secretário

da regional Centro-Sul da prefeitura, diz que está atento aos problemas do local, entre eles, a presença ostensiva de moradores de rua. “É feito um acompanhamento sistemático das pessoas que ficam na praça, a fim de promover a inserção delas na rede de serviços socioassistenciais. Em nenhuma hipótese é feita a retirada compulsória”, afirma. Ainda de acordo com o secretário, objetos que obstruam a passagem dos pedestres são retirados, entretanto, preservando os direitos da população em situação de rua, previstos em lei. Sobre os bancos danificados, informa que há levantamento dos reparos necessários para a manutenção, a exemplo dos postes de iluminação. z AGOSTO DE 2015

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SAÚDE | FITNESS

Sensualidade e boa forma A jornalista Sandramara Damasceno começou a atividade como brincadeira e tornou-se adepta: “Fiquei impressionada como ajuda a definir o corpo e a perder medidas

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Fotos: Rogério Sol

Misto de esporte e dança, o pole dance caiu no gosto dos mineiros graças aos benefícios para o corpo. O melhor é que não há restrição de sexo ou idade DANIELA COSTA

Os movimentos são ousados, precisos e, não raras as vezes, muito sensuais. Em uma barra vertical de metal polido, escaladas, giros e acrobacias combinam-se com exercícios de dança e ginástica em uma só atividade, o pole dance. A modalidade surgiu da prática do Mallakhamb, tipo de ioga indiana, e, posteriormente, ganhou conotações sensuais graças ao filme Striptease, estrelado em 1996 pela atriz Demi Moore, e da novela global Duas Caras, em 2007, em que a personagem interpretada pela atriz Flávia Alessandra arrancava suspiros de admiração e popularizou a atividade no Brasil. Agora, a situação é diferente. O pole dance vem conquistando adeptos na capital mineira, mas pelos benefícios que traz ao corpo. A jornalista Sandramara Damasceno, de 31 anos, surpreendeu o noivo no dia do casamento, realizado em junho, com um presente especial. “Tive a ideia de fazer aulas e gravar as performances em vídeo para ele”, conta. O que no início era apenas uma brincadeira de casal tornou-se o esporte preferido dela. “Fiquei impressionada como o pole dance ajuda a definir o corpo e a reduzir medidas”, diz Sandramara. “Deixei a musculação de lado e faço aulas quatro vezes por semana.” Mesclando esporte, dança e arte, a atividade se assemelha a modalidade esportiva com movimentos livres, de ginástica olímpica, balé e dança contemporânea. “É uma atividade física

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SAÚDE | FITNESS

O estudante Marcelo Marques Ribeiro não teve medo do preconceito: “Ganhei definição, força e equilíbrio”

completa, que exige força, equilíbrio e flexibilidade. Todos os movimentos são feitos sustentando-se o peso do próprio corpo”, explica Luiza Senra, professora do Studio A. Segundo ela, os praticantes se mobilizaram junto à Federação Brasileira de Pole Dance para que, em 2016, a prática seja reconhecida como esporte olímpico. Ao todo, são 100 estúdios credenciados no país. O objetivo é desmistificar a ideia de que se trata apenas de dança erótica. Sem medo do preconceito que ainda existe e em busca de uma atividade física que o ajudasse a manter a forma sem cair na monotonia, há um ano o estudante Marcelo Marques Ribeiro, de 27 anos, fez sua escolha. “Fiz uma aula experimental e me apaixonei. Desde então, o meu corpo mudou radicalmente. Ganhei definição, força e equilíbrio”, diz. Além de trabalhar toda a musculatura, o pole dance é uma atividade aeróbica de baixo impacto e com alto gasto calórico. “Aumenta a resistência física, 44 |Encontro

A miss plus size Aline Birkeller tem como objetivo enrijecer a musculatura: “Meu foco não é emagrecer, então faço exercícios que me ajudem a manter o corpo durinho”

MOVIMENTO E FORÇA MODALIDADES Pole Dance Fitness: atividade física que trabalha vários grupos musculares e ajuda a manter a forma Pole Dance Artístico: performance com apresentação de coreografias e acrobacias Pole Dance Sensual ou Erótico: foca movimentos corporais que transmitam sensualidade NÍVEIS Básico: adquirem-se consciência corporal, força, resistência, equilíbrio e movimentos mais simples com giros e escaladas Intermediário: início das inversões (movimentos de cabeça para baixo) e acrobacias Avançado: realizam-se todos os giros e inversões

melhora a postura, tonicidade da pele e traz nova consciência corporal”, diz Márcia Bazzoni, professora do Bella Forma Studio. A atividade não tem restrição de idade, sexo ou peso e, de acordo com os especialistas, em pouco tempo é possível executar alguns movimentos no bastão, como giros básicos, escaladas e até virar de ponta-cabeça, tanto que a maioria dos praticantes tem a barra em casa para treinamento. A miss plus size Aline Birkeller, de 27 anos, encontrou na modalidade uma maneira de fortalecer e enrijecer a musculatura. “Nos três primeiros meses, fiquei assustada porque perdi sete quilos. Mas como meu foco não é emagrecer, por conta da minha profissão, agora faço exercícios que me ajudem a manter o corpo durinho, sem perder peso”, diz. Os quilinhos a mais não são problema. “Consigo fazer vários movimentos, alguns até mais complexos. Sem dúvida, é uma atividade que qualquer um pode praticar”, diz Aline. z

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SAÚDE | DIABETES

Tratamento mais eficaz Novos medicamentos para diabetes tipo 2 melhoram a qualidade de vida dos usuários. Mas o preço ainda é elevado e endocrinologistas recomendam o uso com restrições GEÓRGEA CHOUCAIR

O analista de custo e orçamento Marcus Alexandre Oliveira convive com o diabetes tipo 2 há 33 anos. Ele enfrentou por anos o desafio de emagrecer, o que só aconteceu agora, aos 53. Marcus começou a fazer atividade física, mudou hábitos alimentares e passou a tomar novo medicamento para diabetes tipo 2, a dapagliflozina, comercializada no Brasil com o nome de Forxiga desde maio do ano passado. “O remédio contribui para perda de peso. Eu tinha tentado outras vezes, mas sem sucesso”, afirma Marcus, que saiu de 109 para 101 quilos.

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O medicamento, assim como outros da mesma classe terapêutica (gliflozina), tem promessas inovadoras no tratamento oral do diabetes tipo 2. Todos garantem eliminar seis colheres (sopa) de açúcar (78 g), o equivalente a 312 calorias por dia (ou uma hora de caminhada), pela urina. Além da perda de peso, ajudam na redução da pressão arterial, fatores importantes para a prevenção de futuras complicações, como as doenças cardiovasculares. Outros dois com funções semelhantes chegaram ao Brasil neste ano. Em março, foram lançados o Invokana (canagliflozina) e o Jardiance (empagliflozina). Os três remédios estão nas prateleiras por valores entre R$ 100 e R$ 180, a caixa, e pertencem à classe dos inibidores do SGLT2 (vem de uma sigla em inglês que se refere ao transportador de sódio e glicose presente nos rins). Quando o SGLT2 é inibido, a glicose em excesso não retorna à circulação sanguínea e é removida do corpo pela urina, reduzindo-se os níveis de açúcar no sangue. É necessária a ingestão de apenas um comprimido diário do medicamento para que o paciente comece a eliminar a glicose pela urina. Os médicos endocrinologistas alertam, no entanto, que, por se tratar de remédios novos no mercado, requerem observação maior e cuidados em alguns tipos de tratamento, como em pessoas com problemas na função renal. “Como aumenta a concentração de glicose na urina, esses medicamentos podem

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SAÚDE | DIABETES Eugênio Gurgel

O remédio associado à atividade física ajudaram Marcus Alexandre Oliveira a perder nove quilos: “Eu tinha tentado outras vezes, mas sem sucesso”

Geraldo Goulart

O endocrinologista Rodrigo Lamounier alerta para os cuidados na indicação: “São medicamentos novos, que merecem atenção”

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elevar o risco de infecção urinária”, afirma o médico endocrinologista Rodrigo Lamounier. “Além disso, são fármacos novos, que merecem atenção.” O endocrinologista Adauto Versiani também chama a atenção para o risco que representa aos idosos. “Para pessoas com mais de 65 anos, por exemplo, não é recomendável”, diz. O médico destaca outro cuidado com os inibidores do SGLT2: no caso de o paciente estar desidratado, ou com perda de peso, deve usar os remédios com cautela, por risco de complicações da doença. Para aquelas pessoas que não têm diabetes, mas ficaram com os olhos brilhando com a notícia de fazer urina doce e emagrecer, o endocrinologista Rodrigo Lamounier é enfático: “Apesar da boa aceitação por favorecer a perda de peso dos diabéticos, é importante destacar que não são medicamentos para emagrecimento”, afirma. “A medicação não foi estudada para pacientes obesos não diabéticos”, completa a endocrinologista Gabriela Luporini Saraiva, gerente do grupo médico do laboratório AstraZeneca, fabricante do Forxiga. O empresário Walmer Teixeira Silva, de 45 anos, descobriu há seis que tem diabetes tipo 2. O uso da medicação ajudou não só na perda de peso, como no controle da doença. “Auxiliou a regular a glicose. Antes tinha dificuldade”, afirma Walmer. O peso caiu de 94 para 90 quilos. “Bebo mais água”, diz. Segundo os laboratórios, os pacientes costumam perder, em média, de dois a três quilos com os novos medicamentos. “Mas é importante ressaltar que qualquer remédio que trata o diabetes deve ser associado a alimentação saudável, prática regular de exercício físico e acompanhamento médico”, afirma a endocrinologista Patrícia Amaral Fulgêncio. O diabetes atinge mais de 383 milhões de pessoas no mundo e até 2035 a previsão é de que esse número chegue a 592 milhões. O Brasil ocupa a quarta posição do ranking, com 12 milhões de diabéticos, perdendo apenas para China, Índia e Estados Unidos, segundo relatório divulgado pela Federação Internacional de Diabetes (IDF). O diabetes tipo 2 representa 90% dos casos da doença e está intimamente ligado a obesidade, hereditariedade, sedentarismo, hipertensão, níveis altos de colesterol e triglicérides, especialmente em pessoas com idade acima dos 30 anos e estresse emocional. A doença progride em silêncio, com sintomas leves e lentos. “No princípio, é assintomática”, observa a endocrinologista Patrícia Amaral. Exatamente por ser silenciosa, cerca de 50% dos portadores de diabetes tipo 2 desconhecem sua condição, de acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). Já o diabetes tipo 1 aparece em geral na infância e adolescência e em 100% das vezes a pessoa precisa de insulina para sobreviver. Nesse caso, não há relação com o ganho de peso e estilo de vida. ❚

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EDUCAÇÃO | DIETA

Alimentação saudável também é coisa de criança Para evitar obesidade e problemas de saúde no futuro, não há segredo: educação alimentar deve fazer parte da rotina da criança desde o primeiro ano de vida

Divulgação

MARINA DIAS

Banana-da-terra, batata-doce, granola feita em casa e água. Esses foram os ingredientes de uma das polêmicas alimentícias criadas recentemente pela nutricionista e apresentadora de programa culinário Bela Gil. A baiana postou uma foto, em sua página do Facebook, dos alimentos que sua filhinha levaria na merendeira para a escola naquele dia. Pronto: a confusão se instalou. Até foram feitos comentários a favor, mas a maioria deles era contra, criticando o lanche por ser “saudável demais”, “sem graça” e “sem gosto”. Em tom de brincadeira, chegaram a dizer que, sem conhecer salgadinhos, refris e chocolate, a menina não teria uma infância de verdade. Em seu blog, Bela se defendeu. Disse que a filha gosta dos alimentos oferecidos e que o lanche escolar não é uma ocasião espe-

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Rogério Sol

cial, já que é atividade de cinco vezes na semana. Polêmica natureba à parte, Bela levanta uma bandeira importante, mas muitas vezes negligenciada pelas famílias e escolas: a necessidade da educação alimentar. É consenso entre especialistas que alimentação deve fazer parte da educação da criança desde cedo, o que já está sendo tratado como questão de saúde pública. Isso porque 36,6% das crianças entre 5 e 9 anos estão com sobrepeso ou obesidade no Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além do mais, uma criança de 3 a 5 anos com sobrepeso será um adulto obeso em 80% dos casos, o que significa que a única forma eficaz de se combater a obesidade é preveni-la na infância. “E isso tudo tem a ver com a educação da criança e seus hábitos desde pequena”, afirma a presidente da Sociedade Mineira de Pediatria, Raquel Pitchon. Até os 6 meses de idade, recomenda-se o aleitamento materno, e que, a partir daí, sejam introduzidos novos alimentos. E quais seriam esses? “Os naturais, como frutas, legumes, verduras, carne, arroz, feijão”, afirma Pitchon. Em relação a sal, açúcar e industrializados, deve-se esperar pelo menos até 1 ano de idade. A explicação é simples. Produtos industrializados, além de conterem conservantes e outras substâncias que não fazem bem à saúde, exageram no sal e no açúcar. “São saborosos, mas isso faz o paladar da criança não se despertar tão facilmente para outros produtos de sabor menos exagerado, porém, com maior valor nutricional”, explica o endocrinologista pediátrico Antônio Chagas, presidente do Comitê de Endocrinologia Pediátrica da Sociedade Mineira de Pediatria. Por isso, o ideal é atrasar ao máximo o contato dos pequenos com esses alimentos, enquanto se investe na introdução dos naturais. E não vale apenas colocar legumes ou frutas na papinha e pronto. É importante apresentá-los à criança, deixá-la ter contato com a comida e oferecer sempre novas opções. “A partir dos 9 meses, os pais devem separar os alimentos no prato para que o filho possa começar a distingui-los e

A educadora Letícia Fernandes evita oferecer qualquer tipo de produto industrializado ao filho João, de 1 ano e meio: “Não é fácil, pois envolve mudança na rotina da família toda. Não temos, por exemplo, mais refrigerante em casa. Mas é o melhor para ele, então vale a pena”

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EDUCAÇÃO | DIETA a ver as diferentes cores”, afirma Raquel Pitchon. Mais para frente, diz, a criança pode ajudar nas compras no mercado, a preparar a salada e participar na cozinha. Mãe de João, de 1 ano e meio, a educadora Letícia Fernandes, de 33 anos, sempre teve como princípio garantir ao pequeno a alimentação mais natural possível. Ela tem tentado evitar ao máximo os produtos industrializados: chips, refrigerante, biscoito recheado e chocolate, nem pensar. “Não é fácil, pois envolve mudança na rotina da família toda. Éramos mais acostumados a lanchar, hoje jantamos sempre, e não temos, por exemplo, mais refrigerante em casa. Mas sei que isso é o melhor para ele, então vale a pena”, diz. Outra ação que ela encoraja é justamente a de o filho ter contato com a comida: cheirá-la, tocá-la, experimentá-la, inclusive durante as refeições. “Claro que faz bagunça, e não é sempre que dá, mas faço isso sempre que posso. Além disso, sentamos junto com ele, comemos em família. E vejo que o João tem uma relação boa com a alimentação, ele gosta”, explica. Um ponto importante é ter a escola como aliada no processo — algo positivo na vida de João, cuja escolinha não permite refrigerantes, biscoitos recheados e outras coisas do tipo, mesmo nas festinhas de aniversário. Hoje, o envolvimento da escola é cada vez mais comum, mas ainda é preciso estar atento, pois não são todas as instituições que promovem um cardápio saudável. De acordo com Maria Cristina Lamounier, diretora da Escola Bilboquê, existe uma lei que fala sobre o que é ou não permitido nas merendas escolares em Minas Gerais, mas não é possível saber se ela é seguida em todos os lugares. Na Bilboquê, onde há preocupação com esse aspecto, mais de 80% dos alunos optam pelo cardápio oferecido no local — que é balanceado, natural e elaborado pela nutricionista da instituição. Mesmo os que preferem trazer de casa têm orientações quanto ao que podem ou não levar. “Começamos a verificar que os lanches estavam vindo péssimos. As crianças traziam o que era mais fácil, o que elas mais gostavam, não o que era mais saudável. A 52 |Encontro

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TUDO COMEÇA NO BERÇO Dicas para que a alimentação das crianças seja a melhor possível desde muito pequenas Atrase ao máximo o contato da criança com açúcar e sal — no mínimo, depois de 1 ano de idade Evite sempre fast foods, comidas industrializadas e processadas, refrigerantes e sucos de caixinha; prefira oferecer alimentos naturais, de alto valor nutricional Limite a quantidade diária de suco de fruta, mesmo que natural, a 200 ml; dê preferência à água Sempre que possível, prepare as refeições em casa Não barganhe com a criança ou prometa guloseimas em troca de atitudes corretas da parte dela. Comida não deve ser tratada como recompensa Envolva a criança na preparação das refeições e até nas compras dos alimentos

Não tenha em casa os alimentos que não quer que a criança consuma diariamente, como refrigerantes, balas, biscoitos recheados, chocolate É importante estabelecer prioridades e se organizar para conseguir manter uma alimentação saudável e natural: estabeleça rotinas de ida a mercado, horários das refeições e preparo dos alimentos Procure saber qual é a política da escola quanto a doces, refrigerantes e industrializados: se são permitidos sempre ou apenas em festas de aniversário; o que é vendido na cantina, etc. Dê preferência a lanches naturais e, caso a escola não ofereça um cardápio saudável, procure levar os lanches de casa

Fonte: especialistas consultados

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EDUCAÇÃO | DIETA Samuel Gê

Na mesa da estudante de enfermagem Narriman Vilhena só cabem alimentos saudáveis e naturais, que a filha Yasmim, de 8 anos, adora: “Fico muito tempo na cozinha, mas quero ensinar como é importante saber o que se está comendo”, diz Narriman

SAUDÁVEL PARA QUÊ? A alimentação errada leva à obesidade, que é considerada doença crônica pela Organização Mundial de Saúde e pode gerar outros problemas de saúde, como: Diabetes Aumento da pressão arterial Aumento do colesterol Maior tendência a acidentes vasculares cerebrais Problemas cardíacos Diminuição da longevidade

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Mesmo que não cause obesidade, a dieta pouco saudável pode levar à falta de nutrientes necessários à atividade normal do corpo Fonte: especialistas consultados

partir daí, começamos a focar cada vez mais na nutrição”, explica. “Tem dado certo. Não tenho alunos obesos, e eles adoram as opções que ofertamos”, diz Maria Cristina. Para Ana Helena Uchôa Costa Dreistein, diretora da Escola Infantil Visconde de Sabugosa, a conscientização dos pais é muito maior hoje do que há 10 anos. Eles se interessam por saber qual é o cardápio que oferecem — todo produzido na própria escola —, que fica pregado na escola diariamente e está sempre disponível no site. E quem quer levar de casa também é orientado a seguir a proposta do cardápio. “Assim, todos se alimentam com a mesma filosofia e se acostumam com os alimentos mais saudáveis”, afirma. Da parte dos pais, o interessante é não ter em casa os hábitos que não se quer que os filhos adquiram. “Pais devem ter em mente que o padrão alimentar é ditado por eles. Não adianta eles mesmos trazerem esses produtos sem valor nutricional para casa, continuarem oferecendo e depois dizerem que não se deve consumi-los”, diz Antônio Chagas. Quando a criança tem contato com doces, refrigerantes e industrializados em determinadas ocasiões, como festas de aniversário ou fins de semana, o endocrinologista diz que é importante os pais explicarem que, apesar de poderem comer em pequenas quantidades de vez em quando, esses produtos não são saudáveis e que não serão consumidos em casa. “Isso também prepara o filho para se defender das conversas que talvez escute por aí. Ele tem de saber que está fazendo a coisa certa e que o menino que leva refrigerante para a aula não é exemplo a ser seguido”, afirma Antônio. A estudante de enfermagem Narriman Vilhena trabalha isso diariamente com as filhas Yasmim, de 8 anos, e Sofia, de 15. Para oferecer opções mais saudáveis sem privá-las de variedade, ela costuma cozinhar em casa. E sempre fez, ela mesma, o lanche escolar — já que a escola não tem um cardápio especialmente saudável. “A Yasmim, que é mais nova, comenta que os colegas às vezes acham esquisito, pois o aspecto das comidas integrais, artesanais, pode ser

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EDUCAÇÃO | DIETA

Procure saber quem são os fornecedores de lanches da escola ou opte por merendas saudáveis e variadas, feitas em casa. Os seguintes alimentos devem ser priorizados: Suco natural ou de polpa, água Frutas frescas Frutas secas, castanhas Biscoitos ou bolos integrais (podem ser enriquecidos com grãos ou frutas)

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Sanduichinhos de pão integral e queijos magros Torradas integrais com geleias de frutas sem adição de açúcar

Fonte: Ana Luíza Vieira, nutricionista da Escola Bilboquê

diferente”, afirma. “Ou há casos em que os alunos nem reconhecem o alimento, como uma ameixa que a Yasmim levou outro dia para a aula”, afirma. Ela admite que pode ser difícil trabalhar essa questão e evitar os produtos industrializados, especialmente por ter de ficar muito tempo na cozinha. “Mas quero que minhas filhas aprendam a saber o que estão comendo”, afirma. É claro que o contato com alimentos industrializados ao longo dos anos é inevitável, que a propaganda da indústria alimentícia é pesada e que as rotinas modernas têm dificultado a alimentação no lar. Para Raquel Pitchon, o importante é avaliar o que é possível: o ideal é dar preferência à comida de casa, mas, se a família não conseguir isso sempre, é preciso procurar algum restaurante com comida próxima à caseira, com variedade de legumes e verduras, etc. “E isso tudo é um processo. Se a família não consegue agora, quem sabe não se organiza para conseguir em seis meses?”, diz. ❚

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Crianças da escola Bilboquê participam de lanche coletivo preparado por nutricionista da instituição: a escola deve ser aliada dos pais na rotina de bons hábitos alimentares

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PET | SAÚDE

Proteja os olhinhos Saiba quais doenças oftalmológicas colocam em risco a visão do seu pet. Especialistas explicam como identificá-las e preveni-las DANIELA COSTA

O que no início era apenas uma vermelhidão nos olhos, em poucos meses evoluiu para uma névoa esbranquiçada e o exame clínico constatou que o diagnóstico era catarata. A maltês Jade, de 7 anos, já não conseguia subir as escadas e perdeu o senso de direção. Para recuperar a visão, especialmente do olho direito, foi submetida à cirurgia. “Se não tivéssemos realizado o procedimento, sem dúvida ela teria ficado completamente cega. Hoje faz uso apenas de colírio e voltou a subir as escadas”, diz o auditor fiscal Alexandre Cury de Melo, dono da cadelinha. Apesar de comuns, nem sempre os problemas oftalmológicos nos animais de estimação são levados a sério. Na maioria das vezes, passam desapercebidos, o que pode resultar até mesmo em cegueira. Entre as doenças que atingem tanto cães quanto gatos, estão lesões na córnea, alterações nas pálpebras e doenças da retina. “Nos 58 |Encontro

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Fotos: Rogério Sol

A designer de interiores Mali Caldeira com o cão Buddy, que foi diagnosticado com glaucoma: “A princípio trataram a doença como conjuntivite, mas, como nunca melhorava, buscamos ajuda de especialista”

felinos, são mais comuns as retinoses, uveítes e os derrames intraoculares”, explica o médico veterinário Marco Túlio de Oliveira, especialista em oftalmologia da Clínica Veterinária São Francisco de Assis. O pequinês Augusto, de 9 anos, perdeu momentaneamente a visão depois de um procedimento de limpeza de tártaro nos dentes. “A bactéria presente na boca caiu na corrente sanguínea e infeccionou os dois olhos”, conta a professora da UFMG Maria Márcia Machado. O tratamento foi longo, mais valeu a pena. “Ele recuperou a visão parcialmente, o suficiente para viver com qualidade de vida.” A boa notícia é que, quando tratados a tempo, a maioria dos casos tem solução. Segundo o médico veterinário Fernando Ernesto de Oliveira, coordenador do serviço de oftalmologia do Hospital Veterinário Santo Agostinho, os equipamentos utilizados nos procedimentos são modernos e seguros. “O melhor exemplo é a cirurgia de cata-

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rata realizada rotineiramente em cães, gatos e equinos”, diz. A técnica utiliza ondas ultrassônicas de alta frequência para dissolver e aspirar o conteúdo do cristalino, além de substituí-lo pelo implante de lente intraocular artificial. As doenças dos olhos podem atingir todos os animais, no entanto, fatores como raça e idade podem influenciar. Exemplo disso são as cataratas comuns nos cães da raça poodle, o glaucoma nos beagles e a ceratoconjuntivite seca (olho seco), incidente nas raças pug, buldogue inglês e cocker spaniel americano. Apesar de não ter raça definida, o cão Buddy, de 9 anos, foi diagnosticado com glaucoma. “A princípio trataram a doença como conjuntivite, mas, como nunca melhorava, e seus olhos foram ficando esbugalhados e esbranquiçados, buscamos ajuda de especialista”, diz a designer de interiores Mali Caldeira. Com o diagnóstico tardio, o problema se agravou. “Ainda não sabemos se ele vai recuperar a visão, mas já observamos melhoras.”

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PET | SAÚDE Cláudio Cunha

ATENÇÃO AOS SINAIS Mudanças de comportamentos podem indicar doenças SINTOMAS Coçar os olhos com as patas ou esfregá-los em objetos como almofadas e tapetes Colisão em objetos ou obstáculos, necessidade de se esconder em ambiente escuro Lacrimejamento excessivo, vermelhidão, secreção ocular, fechamento contínuo das pálpebras Alteração da cor, tamanho ou posição dos olhos, fotofobia DOENÇAS MAIS COMUNS Traumas oculares, que podem provocar lesões na córnea, como úlceras e perfurações

A professora Maria Márcia Machado e a filha Maria Paula com o pequinês Augusto, que quase ficou cego depois de limpeza de tártaro: “Ele recuperou a visão parcialmente”, diz Maria Márcia Alexandre Rezende

Alterações nas pálpebras como o entrópio (pálpebra se vira sobre si mesma), ectrópio (pálpebra se vira para fora), blefarite (inflamação rente aos cílios), ceratoconjuntivite seca (olho seco) Doenças da retina como descolamentos e degenerações retinianas Tumores oculares, uveítes (inflamação da úvea, formada pela íris, corpo ciliar e coroide), catarata e glaucoma

O auditor fiscal Alexandre Cury de Melo percebeu que a maltês Jade perdeu o senso de direção: “Hoje faz uso apenas de colírio e voltou a subir as escadas”

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Além de ficar atento aos sintomas e procurar atendimento de especialistas na área de oftalmologia, algumas medidas preventivas também podem evitar a incidência de problemas oculares nos pets. O vento e o calor provocados pelo secador de cabelos direto nos olhos dos animais, assim como o vento das janelas dos carros e os resíduos lançados pelos pneus, provocam ressecamento e irritação da córnea, levando a lesões graves e até mesmo perfuração ocular. “O uso de colírios também deve ser feito apenas com recomendação de especialista, caso contrário, pode levar à perda total da visão”, alerta a médica veterinária Marcela Fantoni, especializada em oftalmologia. ❚

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COMPORTAMENTO | PAI Leo Araújo

Exemplo que ensina Conheça história de pais que encontram tempo em sua rotina para ajudar a quem precisa. E o que é melhor: eles estimulam os filhos a seguir o mesmo caminho

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O promotor de vendas Lourenço Lopes Santiago se veste de Lanterna Verde e a filha, Júlia, de abelha, para levar alegria e donativos a algumas instituições da capital: “Eu acho que o pai tem a obrigação de passar valores práticos e reais aos filhos”, diz Lourenço

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Alexandre Rezende

No lar de idosos Maria Clara, em Contagem, o médico veterinário Denerson Ferreira Rocha se transforma em mágico e, ao lado dos filhos gêmeos Gabriel e Daniel, e da filha Ananda (de pé), alegra os moradores da casa: “Esse é o legado que quero deixar a meus filhos”, diz Denerson

DANIELA COSTA

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dia é de emoção para o médico veterinário Denerson Ferreira Rocha, de 46 anos, e os filhos Gabriel e Daniel, de 7 anos, e Ananda, de 10. Ansiosos, eles se preparam para mais um programa especial em família. Dessa vez, o passeio não será em nenhum cinema ou shopping da capital. O destino é o Lar Maria Clara, casa de idosos localizada em Contagem, região metropolitana de BH. Nem por isso a alegria deixa de estar estampada nos rostos infantis. A explicação é simples. “Vamos levar um pouco de

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alegria para os velhinhos que moram lá”, diz Ananda. O pai conta que, apesar da rotina corrida, sempre faz questão de que os filhos o acompanhem em atividades sociais. Nas horas vagas, não raras as vezes, Denerson se transforma em mágico e sai para visitar asilos, hospitais e comunidades carentes. “Espero que meus filhos enxerguem o mundo da forma como é, conhecendo suas várias realidades, sem jamais fazer uso de julgamentos ou preconceitos”, diz o veterinário. “Esse é o legado que quero deixar a eles.” Os exemplos dados pelos pais interferem diretamente na formação

do caráter e da personalidade dos filhos. Não por acaso, as crianças tendem sempre a observar e imitar o seu comportamento, na maneira de falar, interagir ou gesticular. São a referência em que se espelham. A explicação é da psicóloga Milene D’Arc Lima e Costa. “As noções de respeito ao próximo, de limites, de direitos e deveres são fundamentais. Só assim a criança passa a olhar para o outro com compaixão e generosidade”, diz Milene. Para servir de exemplo, o pai não precisa ser um super-herói e realizar grandes feitos. Pequenas atitudes influenciam de forma positiva na formação da criança. “O aprendizado

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COMPORTAMENTO | PAI Alexandre Rezende

O publicitário Maurilo Andreas criou o projeto Biblioteca Solidária e junto da filha Sophia doa livros, brinquedos e cobertores à creche Morada Nova, no Morro do Papagaio. “Ela prefere doar os brinquedos, mas já consegue abrir mão de alguns livros para doação”, diz o pai

se dá muito mais pelo que se faz do que pelo que se diz”, explica Milene. O publicitário Maurilo Andreas, de 43 anos, é adepto de uma boa leitura e coleciona vários livros em casa. Com o tempo, sentiu necessidade de compartilhar conhecimento, possibilitando que crianças carentes tivessem acesso ao mundo encantado da literatura. Foi a partir desse desejo que surgiu, em 2009, a ideia de criar o projeto Biblioteca Solidária. “Tinha muitos livros interessantes que não releria, e então pensei: por que não dar a mesma chance a outras pessoas?”, diz. O projeto consiste na doação de livros ou venda a custo mais baixo. O recurso arrecadado é usado para compra de novos livros, brinquedos e cobertores, que também são distribuídos a pessoas carentes. Seguindo os passos do pai, Sophia Comelli Musetti Silveira, de 9 anos, também é apaixonada por livros e faz questão de acompanhá-lo nas visitas à creche Morada Nova, localizada 64 |Encontro

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no Morro do Papagaio, onde são distribuídas as doações. O pai conta que até mesmo os livros, aos quais Sophia é apegada, ela aprendeu a compartilhar. “Ela prefere doar os brinquedos, mas já consegue abrir mão de alguns volumes para doação”, diz. Sophia faz questão de contar qual é a sua motivação. “É muito legal saber que estou ajudando crianças que não têm a mesma condição que eu”, diz ela. Para a psicóloga Milene D’Arc, o ato de doar leva a criança a desenvolver um sentimento importante, a gratidão. “Essa inserção social com a figura do pai leva a criança a se sentir segura, protegida, e, ao mesmo tempo, grata pelo que tem, o que evita vários conflitos familiares”, diz a psicóloga. Praticar ações sociais é um ato que na família do promotor de vendas Lourenço Lopes Santiago, de 44 anos, passou de geração para geração. Primeiro foi a avó que doava cestas básicas, depois a mãe, que seguiu o exem-

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plo. Hoje, tanto ele quanto a filha, Júlia Lima Santiago, 15 anos, dedicam tempo e atenção a quem precisa. “Sou paulista e desde que me mudei para BH, em 2004, quis participar de algum projeto social”, explica Lourenço. Foi quando conheceu o grupo Força do Bem, onde cada voluntário se veste de um personagem para levar alegria e donativos a algumas instituições da capital mineira, especialmente creches. Lourenço é o Lanterna Verde, e a filha optou por uma fantasia de abelha. “A ideia é alimentar o sonho e a fantasia dos mais necessitados”, diz Júlia. A adolescente também dá aulas de reforço para crianças com dificuldades de aprendizado e portadores de deficiência, além de fazer parte da rede de voluntários do Instituto Mário Penna. “Eu acho que o pai tem a obrigação de passar valores reais aos filhos. E doar carinho, afeto e amor ao próximo faz mais bem a nós mesmos do que aos outros”, diz Lourenço. ❚

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AGRONEGÓCIO | PRODUTO Cleiton Borges

Camarão à mineira

Com mercado promissor, cultivo do crustáceo começa a se expandir por Minas Gerais, com produção no Triângulo e em laboratórios da UFMG. A universidade vai repassar a técnica a produtores interessados GEÓRGEA CHOUCAIR

O exótico e desconhecido camarão de água doce, que costuma ser confundido com a lagosta: ele se difere do tipo de água salgada por ter cheiro mais suave e 30% menos colesterol

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O camarão fresco, crustáceo saudável e apetitoso, pode se tornar mais frequente nos pratos mineiros. Pesquisadores e produtores rurais estão debruçados em projetos para expandir a produção no estado. A iniciativa começou no cerrado, com o camarão de água doce, por meio da criadora Maria Aldeide da Costa Borges, proprietária da fazenda São Pedro, em Prata, no Sul de Minas. Ela é a única do Brasil a ter o selo do Serviço de Inspeção Federal (SIF) para o abate de camarão de água doce, emitido pelo Ministério da Agricultura. E os camarões de água salgada, ou camarão marinho, também estão sendo produzidos em solo mineiro, na Escola de Veterinária da UFMG. Os tanques experimentais do crustáceo no laboratório de maricultura em breve serão desenvolvidos em propriedades rurais. “Chegamos à conclusão de que é viável criar camarão longe da costa marítima. Já temos pelo menos 15 produtores interessados na atividade, que vão fazer curso preparatório”, afirma o professor Kleber Campos Miranda Filho, oceanógrafo e coordenador do laboratório, ao lado da professora Cintia Nakayama. O camarão de água doce é um crustáceo tão exótico quanto desconhecido. Ele se difere do tipo de água salgada por ter cheiro mais suave e 30% menos colesterol. Muitas vezes confundido com a lagosta, em função do seu tamanho, ainda é pouco consumido no mundo. Atraiu a atenção da criadora Maria Aldeide pelo sabor

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AGRONEGÓCIO | PRODUTO Samuel Gê

“Chegamos à conclusão de que é viável criar camarão marinho longe da costa”, diz o oceanógrafo Kleber Miranda Filho, professor da UFMG, que desenvolveu a técnica em laboratório da universidade e agora vai repassá-la a produtores mineiros

e pela rentabilidade elevada. “É um negócio rentável, os produtores ainda não acordaram para isso. Aqui é uma região de bacia leiteira. A atividade é uma alternativa para diversificar a produção”, afirma Aldeide. A expectativa da produtora rural é de que a atividade se multiplique pelas propriedades hoje voltadas para a criação de gado. Segundo ela, o clima da região, entre 25˚ C e 30˚ C, é favorável ao negócio. “O potencial é maior nas regiões mais quentes do estado. A cultura exige temperaturas mais elevadas”, afirma Dirceu Alves Ferreira, coordenador técnico estadual de pequenos animais da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater). Ele ressalta, no entanto, alguns obstáculos da atividade: a ração tem custo alto e o canibalismo afeta a produtividade. “São aspectos dificultadores, mas não impeditivos”, diz. Segundo ele, o preço de mercado do ca68 |Encontro

marão é compensatório, com bons resultados financeiros, no caso de a produção ser elevada. “Tudo que se produz é vendido”, diz Dirceu. O camarão produzido na fazenda São Pedro tem custo de produção de R$ 15 a R$ 20, o quilo, e é vendido no varejo por valor entre R$ 35 e R$ 45, principalmente em restaurantes orientais de São Paulo. Aldeide tem em sua fazenda 21 viveiros, com capacidade para a criação de 640 mil camarões por ano. Ela explica que para a eclosão dos ovos acontecer é preciso que a água esteja em salinidade de 4%, sendo que para o desenvolvimento do camarão é necessária salinidade de 12%. A água salgada, ela busca em Cananeia, no litoral de São Paulo. “Depois que o camarão se transforma em pós-larva, vai para um tanque de água doce, onde aprende a comer ração”, explica Aldeide. No laboratório de camarões de água salgada da UFMG, foi criado um am-

biente aquático ideal para que eles sobrevivam como se estivessem no mar. A tecnologia, importada dos Estados Unidos e chamada de “biofloco”, é uma cultura de bactérias e protozoários que mantêm a integridade do meio e, ao mesmo tempo, alimentam camarões. O sistema permite de 300 a 350 camarões por metro quadrado. Os camarões são colocados em tanques escavados revestidos com lona preta. Ainda neste ano, funcionará na UFMG também uma estufa para a criação de camarão. “O projeto visa passar para o produtor algo mais próximo da realidade”, observa o professor Kleber. Os camarões da UFMG são da espécie marinha Litopenaeus vannamei, originários do leste do Pacífico. É a espécie mais cultivada no mundo e precisa de águas em temperaturas mais quentes para sobreviver, como o mar do Nordeste – principal produtor de camarões brasileiros.

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AGRONEGÓCIO | PRODUTO Cleiton Borges

A produtora Maria Aldeide da Costa Borges é a única no Brasil a ter o selo do SIF para o abate de camarão de água doce: “Precisamos de mais gente investindo na atividade”

EM CRESCIMENTO Produção de camarões marinhos no Brasil (em toneladas) 100

90 mil

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Consumo per capita em 2014: 0,6 kg por habitante Fonte: Associação Brasileira de Criadores de Camarão - ABCC

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Já os camarões de água doce são do gênero Macrobrachium, conhecido como camarão da Malásia. Eles estão distribuídos por todo o mundo e há mais de 120 espécies catalogadas, encontradas em regiões tropicais e subtropicais, em locais como lagos, rios, pântanos e estuários. Algumas espécies precisam da água salgada para fechar o ciclo de vida. Outras não, vivem basicamente da água doce. O camarão de água doce se destaca, segundo Aldeide, por ter comportamento não agressivo, rápida taxa de crescimento, resistência às doenças e preço elevado. É criado na terra, em tanques escavados, sem a necessidade de alvenaria. O prazo de abate vai de cinco a nove meses. O sistema agroindustrial desse crustáceo é composto de três segmentos: a larvicultura (laboratório para eclosão de larvas), as fazendas de engorda e os centros de processamento. Aldeide acaba de construir o laboratório em sua fazenda, com capacidade para produzir 2,6 milhões de pós-larvas ao ano. Hoje, ela compra anualmente cerca de 600 mil pós-larvas. “Ou seja, poderei vender o excedente do laboratório. É uma vitória”, afirma. Com isso, vai fechar o ciclo produtivo, desde o estágio de larva até o processamento. Ela ministra em sua fazenda cursos de criação de camarão de água doce para alunos do mundo inteiro. Já recebeu visitas de paraguaios, ingleses, africanos, venezuelanos, congoleses, entre outros. Outros visitantes estrangeiros também bateram à porta de Aldeide, mas com outro objetivo: importar a produção. “Por enquanto, prefiro não fazer esse tipo de negócio. Quero primeiro levar o camarão de água doce à mesa do brasileiro”, diz. O laboratório de pós-larvas é um avanço, mas o passo é pequeno frente à demanda do mercado. Mais camarões precisam cair nas redes mineiras. Segundo ela, só na região do Triangulo Mineiro e Goiás a demanda pelo camarão é de 17 toneladas por semana. Aldeide produz cinco toneladas anuais. “As pessoas têm medo do desconhecido, mas precisamos de mais produtores investindo na atividade”, diz Aldeide. ❚

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DEZ PERGUNTAS PARA | CHRISTIANE PROCÓPIO

“Os cidadãos não conhecem seus direitos” A chefe da Defensoria Pública de MG conta sobre a luta para divulgar a importância da instituição na defesa do cidadão e ampliar o número de atendimentos

das cidades também pode explicar os números. Dados do IPEA de 2013 mostram ausência de defensores públicos em 72% das comarcas brasileiras — em Minas, ela está presente em apenas 103 das 296 comarcas. Mas Christiane Procópio está otimista. Na chefia da instituição há um ano e defensora pública há 10, ela lista os projetos recentemente implantados, como o mutirão do direito a ter pai e o convênio com a saúde, para agilizar e evitar ajuizamentos de demanda. “Meu grande desafio é buscar o fortalecimento”, diz.

necessitados. E esses serviços se dão em três grandes áreas, família, cível e criminal. Em algumas comarcas, temos também defensorias especializadas, como direitos humanos, saúde, etc. 2 | Na saúde, por exemplo, como é essa atuação?

Temos um termo de cooperação técnica com a secretaria de estado e do

MARINA DIAS

Você sabe quais as funções da Defensoria Pública? Embora seu papel seja central na promoção dos direitos humanos e na defesa do cidadão carente, os mineiros (mesmo aqueles que têm direito à assistência jurídica gratuita) desconhecem a importância da instituição, apesar de estar completando 39 anos de atuação. Pelo menos é essa a avaliação da defensora pública-geral de Minas Gerais, Christiane Procópio. Segundo ela, um dos grandes desafios ainda hoje é divulgar suas ações – uma porta de acesso à Justiça – e ampliar o número de atendimentos. Para Christiane, as dificuldades têm a ver com a desvalorização histórica do órgão, que apenas recentemente tem começado a ganhar mais espaço e se estruturar. Mas isso não é um problema apenas de Minas. Segundo os últimos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 82% da população brasileira que recebe até três salários mínimos é potencial usuária da Defensoria Pública. No entanto, de 160 milhões de pessoas, apenas 45 milhões têm acesso à instituição. A ausência de representação em grande parte 72 |Encontro

1 | ENCONTRO - Quando se fala em Defensoria Pública, logo vem à mente a defesa sem custo ao cidadão de baixa renda. Mas o papel vai muito além disso, certo? CHRISTIANE PROCÓPIO - A Defenso-

ria, com o novo conceito trazido pela emenda constitucional 80, promulgada em 2014, é instituição permanente, ou seja, não existe Estado democrático de direito sem ela. E o que inclui? Orientação jurídica, promoção dos direitos humanos e a defesa em todos os graus (tanto em primeira instância e tribunais, quanto extrajudicial), o que significa a defesa dos direitos individuais e coletivos. Isso quer dizer que ela não atua só para uma pessoa. Se uma coletividade se enquadra no perfil que precise de ação civil pública, a Defensoria é legitimada a ajuizar ações civis públicas coletivas. Tudo isso de forma integral e gratuita aos

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município, por meio do qual temos farmacêuticos que vêm à defensoria para fazer a análise de medicamentos, quando o cidadão nos procura para conseguir remédios. Se estiver na lista de medicamentos fornecidos gratuitamente pelo estado, já fazemos a requisição administrativa, e a pessoa vai direto buscar o remédio – não precisa ajuizar demanda, o que demoraria muito tempo no Poder Judiciário. Com isso, houve redução de 25% de ajuizamentos de demanda na área da saúde, o que é importantíssimo, pois há remédios de custo muito alto e sem os quais, se a pessoa não tiver acesso à Defensoria, ela morre. A Defensoria especializada da saúde trata também de internações, cirurgias, próteses, entre outros. 3 | Quem se encaixa no perfil de atendimento?

O perfil socioeconômico da pessoa é avaliado através de triagem, a partir do momento em que ela se apresenta para atendimento. Temos um parâmetro interno de hipossuficiência: atendemos hoje a pessoas com renda individual de até três salários mínimos e renda familiar de até cinco. Mas se a pessoa que busca atendimento, embora fuja do perfil, demonstrar com provas documentais que está em situação de vulnerabilidade, pode ser atendida também. É um conceito flexível, considerando a situação momentânea, principalmente ligada à saúde, à mulher vítima de violência, criança e adolescente e sistema prisional. 4 | Os mineiros têm conhecimento do papel da Defensoria?

Um dos grandes desafios hoje é exatamente a divulgação da instituição, porque muitos cidadãos carentes, pessoas que têm direito a essa assistência jurídica integral e gratuita, não conhecem seu direito de acesso à Justiça. 5 | E quais as consequências de os cidadãos não conhecerem esse direito?

Muitos que não conhecem seu direito às vezes nem conseguem ter acesso à Justiça. Acontece também de contratarem um advogado particular sem ter condições de fazê-lo. Somos a porta de

entrada do cidadão carente à Justiça. A partir do momento em que ele sabe que a Defensoria existe para atendê-lo, encontra respaldo não só jurídico, mas também psicossocial, pois nós fazemos um acolhimento humanizado. Essa é a diferença de termos uma Defensoria forte e estruturada.

Somos a porta de entrada do cidadão carente à Justiça. Ele encontra respaldo não só jurídico, mas também psicossocial 6 | Quais são os principais motivos pelos quais a Defensoria é procurada hoje?

A área de família é aquela com o maior número de atendimentos – criamos inclusive projetos para que possamos atender de forma mais célere. Um exemplo é o mutirão do direito a ter pai, que acontece simultaneamente em 31 comarcas, uma ou duas vezes ao ano. Passam até 2 mil pessoas nessa ação, em que o exame de DNA é feito dentro da própria Defensoria, por meio de convênios com laboratórios e o cartório de registro civil. Há também o mutirão das famílias. Identificamos que muitas precisam regularizar sua vida civil – casar, divorciar, dissolver união estável, etc. – para que possam se inscrever em programas do governo federal. Diante disso, aconteceu em maio a primeira edição, na comarca de Juiz de Fora. Foram 1,5 mil pessoas beneficiadas. Só casamentos, foram 400.

o conflito e as partes concluem que a solução é a melhor possível, elas não voltam — algo que se percebe muito quando não há conciliação ou mediação. E aí são milhares de ações que são levadas, abarrotando o Poder Judiciário. Nosso grande papel é essa atuação extrajudicial, visando primeiro ao atendimento ao cidadão de forma mais ágil, mas também visando desafogar o Poder Judiciário. E, como nós não estamos em todas as comarcas ainda, temos realizado o papel da Defensoria itinerante – um “ônibus-escritório”, que existe há um ano. 8 | Qual é a situação das defensorias no Brasil?

Os desafios são os mesmos que os nossos, mas temos alguns modelos nos quais tentamos nos basear para alcançar um patamar de estruturação, como São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Ceará, Pará, DF. São modelos muito mais estruturados do que de Minas, por questões históricas de valorização da instituição, que tem sido gradativa. Hoje, meu grande desafio como chefe da instituição é buscar esse fortalecimento. 9 | Como vê a atuação em Minas?

Nos últimos 10 anos, principalmente, cresceu muito, exatamente a partir da maior valorização da instituição pelo estado, com o ingresso de mais defensores, abertura de novas comarcas, melhoria do subsídio do defensor. Mas temos muito ainda para avançar: não temos quadro próprio de servidores. Outro desafio é o processo judicial eletrônico, trazido pelo Conselho Nacional de Justiça. Precisamos do apoio do governo para nos estruturarmos em relação a isso.

7 | Eventualmente se abre a possi-

10 | Qual a avaliação sobre a sua gestão?

bilidade de conciliação e mediação? Muitos se abrem para essas possibilidades depois de serem orientados. Precisamos da anuência deles para que isso ocorra. Se concordam, abrimos o procedimento. Não há números ainda, pois temos feito isso de forma mais efetiva no último ano, mas o que percebemos é que, quando conseguimos mediar

Enfrentamos desafios todos os dias. Porém, o mais importante na minha função como chefe da instituição, que também é um trabalho político, é conversar com todas as autoridades, mostrar a importância da instituição, buscar melhores condições estruturais e orçamentárias, enfim, nos fortalecer para servir ao cidadão. z AGOSTO DE 2015

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COLUNA DE DIREÇÃO | FÁBIO DOYLE fdoyle@editoraencontro.com.br

DURA JORNADA A jornada para melhorar a posição do up! no ranking de vendas será árdua. No ano passado o compacto VW terminou em quarto lugar, com 58.894 unidades vendidas, atrás do Fiat Palio (183.736), VW Gol (183.355), Fiat Uno (122.241). Neste ano, até junho, o up! ocupava a quinta posição, com 27.809 unidades emplacadas, atrás de Fiat Palio, Ford Ka, VW Gol e Fiat Uno. Os números são da Fenabrave, a associação dos revendedores.

MOBILIDADE CONSCIENTE Em busca da mobilidade consciente e sustentável, surge uma nova sigla: PGV. São Polos Geradores de Viagens, empreendimentos de grande porte que atraem ou produzem grande número de viagens, causando reflexos negativos na circulação viária em seu entorno. A ideia é que essas empresas intervenham de forma proativa sobre a mobilidade de seus funcionários para racionalizar a questão. Nos EUA é lei. No estado de Washington uma lei determina que as empresas criem condições de forma a evitar que na viagem casa-trabalho-viagem seus funcionários usem carro com apenas um ocupante. A medida já envolveu mais de 1.000 empresas que desde 2007 conseguiram reduzir em 253 milhões de quilômetros a distância percorrida por veículos individuais motorizados e com isso economizaram mais de 11 milhões de litros de gasolina. Leia mais sobre o tema em www.autofato.com.br.

PEQUENO PODEROSO O compacto up!, a aposta da Volkswagen para reconquistar a liderança do mercado brasileiro após a semiaposentadoria do Gol, chega a sua edição 2016 oferecendo nova alternativa de motorização. É ainda o 1.0 de três cilindros, só que agora TSI com injeção direta, turbocompressor e mantendo a tecnologia flexível (etanol e gasolina). O desempenho é, segundo o fabricante, o melhor da categoria: zero a 100 km/h em 9,1 segundos, com velocidade máxima de 184 km/h (quando abastecido com etanol). Marcando a chegada do novo motor, uma nova versão foi introduzida: a speed up!, com preço sugerido de R$ 49.990.

Fotos: Divulgação

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Fotos: Divulgação

LUNÁTICO Lembrando que há 46 anos, em 20 de julho de 1969, o homem pisou pela primeira (e única) vez na Lua, a Ford criou uma edição especial do Mustang inspirada nas missões espaciais Apollo. O carro foi leiloado no dia 23 de julho durante o EAA AirVenture Oshkosh 2015, um dos principais eventos de aviação do mundo. O carro traz difusor dianteiro de fibra de carbono, aerofólio traseiro e iluminação em LED sob o assoalho para simbolizar a reentrada da nave na atmosfera. Sob o capô, o motor de 635 cv é garantia de desempenho de um foguete.

CINCO ESTRELAS A FCA – Fiat Chrysler Automobile – comemora as cinco estrelas obtidas pelo Jeep Renegade no Programa de Avaliação de Carros Novos para América Latina e o Caribe, Latin NCAP. A nota máxima foi atingida nos testes de colisões frontal e lateral do modelo produzido e comercializado no Brasil. O Renegade foi o primeiro modelo nacional testado a obter cinco estrelas para todos os ocu-

pantes, incluindo crianças. O Latin NCAP é um programa independente que faz avaliações de segurança em veículos utilizando métodos de provas internacionalmente reconhecidos, qualificando entre zero e cinco estrelas (pontuação máxima) a proteção oferecida para adultos e crianças. O modelo avaliado foi o Jeep Renegade Sport (versão de entrada), com os dois airbags de série.

AGORA VAI Após muitos planos e tentativas que não vingaram, a muito esperada picape média da Fiat deverá ser lançada ainda neste ano. Deve receber o nome de Toro (touro em italiano) e utilizará a plataforma do Jeep Renegade, com as mesmas motorizações. Será o segundo modelo fabricado em Pernambuco. A vontade de disputar esse interessante segmento teve início ainda na época do já desativado Tempra, quando teve início o projeto de uma picape sobre a plataforma do sedã. Houve ainda a tentativa de desenvolver o projeto de uma picape média com a marca Tata, quando o grupo indiano se tornou parceiro da marca italiana.

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VEÍCULOS | NOVIDADE

O nariz do HondaJet cria fluxo de ar que, em combinação com o novo motor, resulta em economia de combustível: até 35% em comparação com outros jatos da categoria

Um Honda no hangar O primeiro avião construído pela fabricante de carros e motocicletas Honda chega ao Brasil prometendo causar reviravolta no segundo maior mercado de jatos executivos do mundo FÁBIO DOYLE

Um pequeno jato de nariz longo e empinado e turbinas instaladas em inédita posição sobre as asas tem planos de conquistar a preferência do transporte aéreo executivo. A Honda Aircraft Company, divisão aeronáutica da marca japonesa mais conhecida como fabricante de automóveis e motocicletas, anunciou, no final de julho, sua decisão de expandir as vendas do HondaJet para a América do Sul. As vendas se iniciarão no Brasil com a apresentação do jato executivo da Honda na LABACE 2015, Exposição e Convenção Latino-Americana de Aviação Executiva, em São Paulo, em agosto. Com a inclusão do Brasil, a rede de distribuição do jato executivo passa a abranger três continentes e inclui 11 países na América do Norte, Europa e América do Sul. Lançado comercialmente no mun76 |Encontro

do em 2014, a abertura das vendas para o mercado brasileiro levou em conta o fato de o Brasil ser o segundo maior comprador de jatos executivos novos, diz o Presidente e CEO da Honda Aircraft, Michimasa Fujino, que é também o responsável pelo desenvolvimento do projeto. A Honda prefere não revelar suas expectativas de vendas no Brasil. De acordo com Marco Túlio Pellegrini, vice-presidente de operações da Embraer para a América Latina, a previsão de negócios nesse segmento ficará entre US$ 12 bilhões e US$ 16 bilhões até 2021, o equivalente a algo entre 700 e 900 unidades. O Brasil deve responder por 50% desse volume. A frota brasileira de aviação geral, que engloba aviões particulares e aviação executiva, segue em crescimento. Os dados mais recentes da Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag) mos-

traram um avanço de 4,9% em 2013, com a aquisição de 756 aeronaves, sendo 283 novas e 473 usadas. No Brasil, o atendimento aos clientes do HondaJet será prestado pela Líder Aviação, com sede em Belo Horizonte, que foi nomeada revendedora exclusiva do jato japonês, fabricado nos Estados Unidos. A sede e fábrica da Honda Aircraft é em Greensboro, na Carolina do Norte. A Líder Aviação é também representante para o Brasil dos aviões Beechcraft e Bombardier. A solução mais radical do HondaJet foi colocar os motores sobre as asas, uma configuração que os mais céticos diziam que nunca iria funcionar. Mas, no final da década de 1990, Fujino identificou um “ponto ideal” sobre as asas onde o fluxo de ar se tornou ótimo e testes em túneis do vento comprovaram a teoria do designer. A Honda solicitou patente para a

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Fotos: Divulgação

A fuselagem é feita em compósito de carbono e a asa é construída com painéis inteiriços de alumínio: superfície mais lisa e eficiente

A cabine de passageiros, com 1,60 m de altura, leva quatro pessoas: considerada espaçosa para um jato leve

A cabine de comando traz nova geração do GPS Garmin G3000 customizado para o jatinho Honda

configuração do motor em 1999, e um protótipo da aeronave levantou voo pela primeira vez em 3 de dezembro de 2003, no dia do centenário do primeiro voo dos irmãos Wright no Kitty Hawk. A inédita posição do motor permitiu ao projetista aumentar o espaço interno da cabine, que tem pouco menos de 5 pés (1,60 m) de altura, sem a necessidade de aumentar o tamanho do avião ou comprometer sua velocidade (485 milhas por hora a 30 mil pés). Para maximizar a eficiência aerodinâmica do jato, a fuselagem usa fibra de carbono, mesmo material utilizado em seus carros de corrida. Já na empenagem (asas), por questões de custo e como não sofre tanta fadiga como a fuselagem, o material usado é alumínio. O desenvolvimento das turbinas contou com a parceria da General Electric. Fujino diz que o projeto é de 30%

a 35% mais eficiente em consumo de combustível em relação a outros jatos leves. Ele pode voar cerca de 2.590 quilômetros sem parar e atingir altitude de 43 mil pés (mais de 13 mil metros). O projetista fala com orgulho no nível de conforto do jato para cinco passageiros, ressaltando que o lavatório é “muito discreto” e o espaço para bagagens tem ótimo tamanho. Eduardo Vaz, CEO da Líder Aviação, ressalta que a configuração exclusiva dos motores no topo das asas, o fluxo natural laminar da asa e a fuselagem foram desenvolvidos a partir de extensas atividades de pesquisa, iniciadas em 1996, quando o projeto HondaJet nasceu sob a coordenação do mesmo Michimasa Fujino, que hoje comanda a Honda Aircraft. O fabricante informa que o HondaJet “é o jato executivo mais avançado do mundo, com excepcionais vantagens

em performance, conforto, qualidade e eficiência, além de ser o mais rápido, que voa a maior altitude, o mais silencioso e com a melhor eficiência em consumo de combustível na categoria”. O HondaJet, impulsionado por dois motores turbofan GE Honda HF120, é equipado com “a mais sofisticada” cabine de comando em vidro da categoria, traz nova geração do Garmin G3000, customizado pela Honda com sistemas aviônicos totalmente em vidro compostos por três displays de 14 polegadas e duplos controles touch screen. O preço para o Brasil está definido apenas na forma FOB (sem frete, seguros e impostos) a US$ 4,5 milhões. Nos EUA, o preço aproximado divulgado por revistas do setor é US$ 3,75 milhões. Os principais concorrentes do HondaJet são o Cessna Citation M2, o Eclipse 550, os Embraer Phenom 100 e Phenom 300. z AGOSTO DE 2015

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ENCONTRO INDICA | NEIDE MAGALHÃES MÚSICA | SHOW O que acontece quando uma das duplas sertanejas mais aclamadas do Brasil decide homenagear um dos maiores compositores da música brasileira? Um grande espetáculo, claro! Pois é o caso dos irmãos Chitãozinho & Xororó, que se renderam à obra do maestro Tom Jobim (1927-1994). O resultado é o show Tom do Sertão, que a dupla apresenta no Grande Teatro do Palácio das Artes (av. Afonso Pena, 1.537, Centro), dias 26 e 27 de agosto, às 21h. Os ingressos custam a partir de R$ 200. Acompanhados de banda – Claudio Paladini (teclados e vocal), Adilson Pascoalini (guitarra, violões e viola), Daniel Quirino (vocal e violão), Antonio Vendramini (sax, flauta, rabeca e percussão), Marcelo Modesto (guitarra, banjo, cello, mandolim e violão), Fábio Almeida (baixo), Renato Britto (bateria) e Frank Joni (acordeom) –, Chitãozinho e Xororó vão interpretar canções como Eu Não Existo sem Você, Correnteza e Águas de Março. A escolha do repertório do disco privilegiou músicas que tratam de temas habituais na carreira da dupla, como a vida em harmonia com natureza e o amor. Tom Jobim também dedicou boa parte de sua obra a essas temáticas, o que fez esse universo sertanejo clássico ficar ainda mais bonito. Por que ir: Com mais de 40 anos de estrada, a dupla – que já vendeu milhões de cópias, fez milhares de shows, teve centenas de músicas gravadas e ganhou inúmeros prêmios – tem uma história digna de ser vista e revista. E são muito, muito bons no palco também. Renato Weil/divulgação

EXPOSIÇÃO | LIVRO Fica em cartaz até o dia 27 de setembro, no Memorial Minas Gerais Vale, na Praça da Liberdade, a exposição O Mundo em Minas. Depois de passar por 59 países, dos cinco continentes, o fotógrafo Renato Weil e a

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jornalista Glória Tupinambás fazem um paralelo entre diversos lugares do planeta e Minas Gerais. Para isso, o casal viajou ainda por mais de uma centena de cidades no interior do estado em busca dessas semelhanças geográficas e culturais. O resultado é uma mostra surpreendente, na qual a Mercearia Pa-

raopeba, em Itabira, é comparada aos mercados árabes do Marrocos, Tunísia e Turquia. Por que ir: Para quem gosta de viajar, é uma oportunidade de ver rituais, ofícios e folclore de países distantes. Destaque para o retrato das carroças de bois de Myanmar, no Sudeste asiático. (Por Carolina Daher)

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Júnior Lima/divulgação

LITERATURA | ROMANCES O escritor mineiro Lino de Albergaria lança, dia 22 de agosto, a partir das 10h30, na Livraria Scriptum (rua Fernandes Tourinho, 99, Savassi), dois livros de uma só vez: os romances Os 31 Dias e Um Bailarino Holandês. O primeiro tem como cenários ruas imaginárias de BH, e o segundo, o Palácio das Artes. O lançamento é aberto ao

Sebastiano Pellion di Persano/divulgação

público e comemora os 30 anos de vida literária de Albergaria. Por que ler: São 80 títulos publicados, a maioria de literatura juvenil, especialidade do autor, que também é editor e tradutor, já tendo traduzido livros franceses para crianças e adaptado obras de autores clássicos como Mark Twain, Camões, Dante e Cervantes.

Léo Aversa/divulgação

Edouard Fraipont/divulgação

ARTES PLÁSTICAS | EXPOSIÇÃO I

ARTES PLÁSTICAS | EXPOSIÇÃO II

LITERATURA | FESTIVAL

Mais de 150 obras do artista plástico cearense Leonilson (1957-1993) estão em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil (praça da Liberdade, 450, Funcionários) até 28 de setembro. A exposição Leonilson: Truth, Fiction, com curadoria do diretor do Masp, Adriano Pedrosa, reúne pinturas, desenhos e bordados como El Puerto (1992), produzidos nos últimos cinco anos de vida do artista. Dividida em seis núcleos, a mostra pode ser vista de quarta a segunda, das 9h às 21h, com entrada franca. Por que ir: José Leonilson Bezerra Dias, um dos integrantes da famosa Geração 80, deixou seu nome entre os grandes da arte contemporânea brasileira e tem peças no acervo de importantes museus pelo mundo, como o MoMA, de Nova York, e o Instituto Inhotim, em Brumadinho.

Até 7 de setembro, a Casa Fiat de Cultura (praça da Liberdade, 10, Funcionários), no Circuito Cultural Praça da Liberdade, sedia a mostra com a seleção de obras de jovens artistas italianos contemporâneos, como Anna Madia, Marco Memeo e Nicola Bolaffi, que trabalham na região do Piemonte, especialmente na cidade de Turim, com sua forte indústria automobilística. A entrada é gratuita. Para a visitação, informe-se pelo telefone (31) 3289-8900 ou no site www.casafiatdecultura.com.br. Por que ir: Uma Certa Itália – 15 Artistas do Piemonte na Casa Fiat de Cultura traz 45 telas de 15 artistas (três peças de cada um deles), além de uma instalação, que mostram boa faceta da produção artística contemporânea na Itália.

De 26 a 30 de agosto, uma cidade mineira torna-se o centro literário do país, com a realização do Festival Literário de Araxá – Fliaraxá, que neste ano homenageia escritora gaúcha Lya Luft e ainda tem como participação especial Nélida Piñon, a primeira mulher a presidir a Academia Brasileira de Letras, em 1996. Entre os convidados do evento estão os autores brasileiros Luiz Ruffato, Marina Colasanti, Bernardo Carvalho, Xico Sá, Marçal Aquino, Pedro Gabriel e Carlos Herculano Lopes, o português Gonçalo Tavares e o argentino Leopoldo Brizuela. Por que ir: Tendo como curador o escritor e produtor cultural Afonso Borges, o Fliaraxá se firma como um dos mais importantes eventos da área no Brasil. AGOSTO DE 2015

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CULTURA | INTERIOR

Fábrica dos

sonhos Gabriel Castro/ divulgação

Patrimônio da arquitetura italiana, jardins criados pelo Instituto Inhotim, calçamento de mármore, iluminação de LED e mata atlântica no entorno: um presente para Barbacena

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Garimpando boas histórias e construindo belos espetáculos, o grupo Ponto de Partida inaugura em Barbacena um espaço de arte como poucos no Brasil

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NEIDE MAGALHÃES

Não foi por acaso que o Ponto de Partida, nascido, criado e sedimentado em Barbacena há 35 anos, conquistou artistas dos quilates de Fernanda Montenegro, Sérgio Brito e Milton Nascimento (o Bituca) – como bem escreveu o poeta Fernando Brant. A parceria com Bituca, aliás, é tão forte que ele dá nome à Universidade de Música Popular que o grupo mantém há 10 anos. Teatro, música, literatura, dança – tudo está na raiz do que brota nos palcos. Mas o incansável grupo não se ateve a montar belos espetáculos e a levá-los onde o povo está. Fez mais, como sempre: quis dar à cidade mineira um presente para ficar na his-

tória. Com a Estação Ponto de Partida, Barbacena passa a ter um dos centros culturais mais bonitos e importantes do país. “A vida prova que não existe o impossível”, diz Regina Bertola, diretora do grupo, sobre a concretização desse sonho, que somente acontece agora porque há “a força do trabalho coletivo”, como ela destaca. “O Ponto de Partida nasceu em torno de uma causa genuinamente brasileira e construiu uma obra que valoriza as coisas da terra”, completa. Da antiga fábrica de seda que os imigrantes italianos inauguraram em 1912 – e que deu seus últimos suspiros no início da década de 1970, passou por muitas mãos, pelo abandono e pela depredação –, aos dias de hoje, o final

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CULTURA | INTERIOR Divulgação

Em 1941, sede da Divisão de Fomento de Produção Animal: fábrica de sericultura foi erguida pela colônia italiana que se instalou na região no século XIX

A ESTAÇÃO EM NÚMEROS

Detalhes do novo espaço cultural de Barbacena

1912

1970

Inauguração da fábrica de seda

Fechamento da fábrica

5 mil m2

3 casarões

de área, com jardins, mata e uma nascente

19 mil

mudas plantadas nos jardins

restaurados

300 refletores de LED na iluminação cenográfica

Fonte: Ponto de Partida

Sala de concertos na Universidade de Música Popular: escola que leva o apelido de Milton Nascimento é outro sonho realizado do Ponto de Partida

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Gabriel Castro/divulgação

não poderia ser mais feliz. A Estação está em um verdadeiro parque, rodeada por belos jardins com paisagismo do Instituto Inhotim, e alguns casarões construídos com mármore, madeira, ladrilhos e azulejos. Além de sediar a fábrica, as construções serviam de moradia e para outras atividades, formando uma vila de casas próximas à Colônia Rodrigo Silva. E, como se não bastasse, o entorno tem um bom pedaço de mata atlântica. Três desses exemplares da arquitetura italiana em solo brasileiro formam o novo centro cultural: Casa Palavra, Casa do Ponto e Bituca: Universidade de Música Popular. A restauração começou em 1998, quando o Ponto de Partida se instalou na Casa do Ponto, que era a sede da fábrica. A universidade já ocupava a antiga escola de ofício das operárias desde 2009, depois de quatro anos de obras, e hoje tem 255 alunos, vindos de 65 cidades de sete estados brasileiros. Já a Casa Palavra, última obra concluída, e que funcionou como sede administrativa da empresa, agora se torna o centro propriamente dito, com café, biblioteca, entre outros espaços. A restauração ficou a cargo dos arquitetos Alexandre Rousset, Luciana Araújo e Tereza Bruzzi, enquanto a verba veio de empresas particulares e do poder público, por meio das leis de incentivo à cultura. Para o grupo chegar até aqui, foram muitas batalhas e nenhum esmorecimento. Muitas parcerias e muitos apoios, o maior deles da cidade que abraçou o grupo com muito orgulho. Nada mais justo. Da descoberta da obra de Carlos Drummond ao bonito trabalho com os Meninos de Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha, o Ponto de Partida trilhou seu caminho em busca da perfeição. “O que nos cabe, nós fazemos, o mundo nos ajuda e as pessoas se encantam com os projetos”, diz Regina Bertola. Na segunda quinzena de agosto, a companhia entrega a Barbacena a Estação Ponto de Partida, e nada mais apropriado do que reunir Milton Nascimento e Os Meninos de Araçuaí no palco, com o premiado espetáculo Ser Minas Tão Gerais. A programação completa de inauguração e outras atrações já confirmadas no ano podem ser conferidas no site www.grupopontodepartida.com.br. ❚

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CULTURA | ARTES PLÁSTICAS

A artista plástica Mara Ulhoa deixou a engenharia civil para se dedicar à arte: “Minha proposta é conscientizar sobre a necessidade da preservação da natureza”

Tributo à natureza Com cores vivas e alegres, a artista plástica Mara Ulhoa destaca em seus quadros a temática ambiental em contraste com a ocupação dos espaços urbanos

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DANIELA COSTA

Nas mãos da artista plástica Mara Ulhoa, de 55 anos, os contrastes da metrópole e o meio ambiente ficam explícitos em pinturas feitas com aquarelas que trazem cores marcantes e traduzem sua visão sobre a realidade. Formada em engenharia civil, a temática ambiental reflete a experiência adquirida ao longo de vários anos de trabalho. “Minha proposta é conscientizar sobre a necessidade da preservação da natureza, mesmo quando integrada em contextos urbanos”, diz. Nascida em Paracatu, região Noroeste do estado, foi lá que descobriu o gosto pela arte. “Minha mãe era professora e o

meu pai, fazendeiro. Passávamos muito tempo na fazenda. A natureza vasta e exuberante do local me fez querer eternizar aquelas imagens em meus quadros”, conta. Percorrendo campos e veredas, Mara trazia as paisagens para suas obras e, ao mesmo tempo, tentava fazer com que suas pinturas dissessem mais do que uma simples imagem. O gosto pelo desenho se tornou paixão, e a necessidade de aperfeiçoar sua técnica fez com que ingressasse, em 1995, já aos 35 anos e morando na capital mineira, no curso de artes plásticas da Escola Guignard. “Pintar sempre foi um sonho adiado. Primeiro porque precisava trabalhar para pagar os meus estudos, depois porque me ca-

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Fotos: Alexandre Rezende

e t r a e d a l o c s e

matrículas

abertas CURSO S PRÁ TICOS desen ho artíst ico

desenho d e moda pintura sobre tela aquarela

yara tupynambá e grande equipe

ICOS R Ó E T S O S R CU história da arte

As aves e a urbanização são temas recorrentes nas aquarelas da artista: “As cores vivas, diversificadas e alegres sempre me encantaram”

sei, na sequência vieram os filhos. Mas hoje posso dizer que me realizo”, diz. O contato com artistas renomados, entre eles Yara Tupinambá, Miguel Gontijo e Sandra Bianchi expandiu seus horizontes e possibilitou que expusesse suas obras em mostras nacionais e internacionais. “Em 2014, participei de uma coletiva em Viena, e em Londres. Foi muito gratificante”, diz. Como engenheira, Mara trabalhou com o projeto Vila Viva, e a experiência a inspirou. Com o decorrer dos anos, as aves passaram a dar novo sentido ao seu trabalho, surgindo em contraposição a prédios, poluição e urbanização das favelas. “O projeto buscava soluções para a ocupação desenfreada do espaço urbano, tema recorrente em meus quadros.” Para

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ela, os pássaros têm um significado à parte, especialmente as araras, suas preferidas. “São aves símbolo do cerrado. As cores vivas, diversificadas e alegres de sua plumagem sempre me encantaram”. Aos poucos, os peixes também começaram a surgir nas aquarelas, sempre imersos no torvelinho das águas dos rios e oceanos, contaminados por detritos humanos. Atualmente, a artista se dedica à produção da série intitulada Ninho Ameaçado, etapa em que introduz novos elementos em seus quadros como colagem e outros tipos de materiais. Com exposição programada para o final do ano, sua proposta é retratar a fauna e flora em extinção. “A arte significa vida, e é por isso que represento as espécies e o direito que têm de viver.” ❚

arte brasileira

te estética da ar

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Av. Bento Simão, 255 São Bento Belo Horizonte-MG Tel:. (31) 3261 5885 (31) 3261 1225

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NAS TELAS | JOSÉ JOÃO RIBEIRO jribeiro@editoraencontro.com.br

Homem-Formiga chega ao circuito resgatando a graça e as excelentes propostas da Marvel: padrão de qualidade reconhecido pelo público

papel confiado ao hilário e carismático Paul Rudd. A solução deu muito certo e a polêmica transição foi bem aceita pelo público mais cativo. O roteiro, repleto de humor e espirituosas sacadas, serve, antes de tudo, para apresentar o personagem. O antigo justiceiro, Dr. Pym (Michael Douglas), procura quem possa ocupar seu lugar, em meio ao grande risco de seu ex-pupilo, o vilão Dr. Darren Cross (Corey Stoll), dominar a tecnologia e com isso poder vender as armaduras, que reduzem os tamanhos dos soldados, ao mesmo tempo com o poder de multiplicar a força física em 50 vezes. Com o novo Homem-Formiga (Paul Rudd), devidamente inserido na trama, o Dr. Pym terá o auxilio da filha Hope van Dyne (Evangeline Lilly), para treinar e fazer do engraçado ex-fora-da-lei um exímio comandante de um exército de inúmeras espécies do seu inseto inspirador. Na estratégia de interligar as histórias, o Homem-Formiga tem como um de seus primeiros desafios a missão-treino de invadir o quartel dos Vingadores, para roubar

um componente tecnológico escolhido por seu mentor Hank Pym. Nessa sequência, o pequenino herói bate de frente com um dos Vingadores, que, aliás, no último filme, Vingadores: Era De Ultron, não caiu nas graças da crítica. Homem-Formiga chegou ao circuito resgatando a graça e as excelentes propostas da Marvel, quase com a mesma sintonia dos Guardiões da Galáxia. Na tradição do estúdio, fica o alerta para duas imperdíveis cenas secretas, dando uma leve pista dos novos rumos traçados para os super-heróis. É uma heresia levantar-se da poltrona antes de acabarem todos os créditos. Vale ver também um francês com gostinho de Hitchcock e Almodóvar. O cineasta francês François Ozon é um dos mais atuantes em seu país na atualidade. Com uma produção nova praticamente todo ano, Ozon desperta intensas emoções (O Tempo que Resta), brinca e tira sarro de tradições francesas (Ricky, Potiche – Esposa Troféu), além de homenagear consagrados gêneros (8 Mulheres, Swimming Pool). Seu mais recente filme, Uma Nova Amiga (Une Nouvelle Amie), paquera o suspense de Alfred Hitchcock e a rebeldia gaiata de Pedro Almodóvar. Um longa-metragem brilhante, a partir da linda amizade de duas moças, com direito a pacto de sangue. Destaque para o gigante Romain Duris, mostrando por que é um dos maiores atores da Europa, e, ainda, o belo e atraente casal interpretado por Anaïs Demoustier e Raphaël Person. ❚

Divulgação

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Longo Caminho de um rapaz apaixonado, 1989. Aquarela e tinta preta sobre papel, 12 x 18cm. Foto: Eduardo Fraipont

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O pequenino da turma A Marvel tomou proporções gigantescas, com a quantidade enorme de franquias que tem para desenvolver. Seja com o proprietário de fato, o conglomerado Disney, seja na parceria antiga, com algum estúdio, em personagens pontuais (exemplo do Homem-Aranha com a Sony), a marca dos quadrinhos tem conseguido manter um padrão de qualidade, ao mesmo tempo que costura, com extrema habilidade, todas as aventuras de seus heróis. As pontas nunca permanecem soltas. A concorrente DC Comics, que detinha uma distante hegemonia até o final do século XX, hoje come poeira. E em mais um agradável acerto, com o colorido e infantil (no melhor sentido da palavra) Homem-Formiga, da criação do mestre Stan Lee, abre-se nova potencial saga, na já saturada lista de invencíveis personagens. Com direção de Peyton Reed, calejado no comando de comédias, a história, no início, despertou a desconfiança dos fãs da Marvel, uma vez que o herói original das revistinhas, Dr. Hank Pym, interpretado por um comprometido Michael Douglas, cede seu posto e o uniforme mutante para um novo personagem, Scott Lang, um ex-bandido atrapalhado,

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Ministério da Cultura apresenta Banco do Brasil apresenta e patrocina

Exposição

Longo Caminho de um rapaz apaixonado, 1989. Aquarela e tinta preta sobre papel, 12 x 18cm. Foto: Eduardo Fraipont

Leonilson: Truth, Fiction

As qualidades minimalistas de um dos maiores artistas da arte contemporânea brasileira.

Até 28 de setembro, quarta a segunda, das 9h às 21h Entrada franca CCBB Belo Horizonte Praça da Liberdade, 450

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Número do alvará: 2013155660 Data de validade: 12/08/2018 Órgão emissor: Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, Minas Gerais (MG)

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Apoio

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Realização

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CAPA | COMPORTAMENTO

FONTE DE INSPIRAÇÃO

Existem pessoas que viram referência de vida e acabam determinando os caminhos escolhidos por alguns. Seis mineiros bem-sucedidos contam quem são seus exemplos e por que resolveram seguir a mesma estrada de seus ídolos CAROLINA DAHER

Em uma época em que músicas não eram baixadas pela internet, o menino Samuel Rosa estava sempre de ouvidos atentos ao som que vinha da vitrola do pai. Curioso e aficionado por música, o psicólogo Wolber de Alvarenga tinha uma coleção e tanto de vinis. Estavam lá Help e Abbey Road, dos Beatles, e um LP com dois garotos na capa, um negro e um branco, sentados em uma estrada de terra. Era um tal de Clube da Esquina, gravado por Lô Borges e Milton Nascimento, em 1972. Samuel achava o máximo pensar que aqueles artistas eram amigos desde criança. “Quando soube que a foto não era deles, foi como descobrir que Papai Noel não existe”, relembra o líder do Skank. Mais do que a lembrança visual, Samuel teve a música do Clube da Esquina como trilha sonora da infância. Cresceu ouvindo Paisagem na Janela e Trem de Doido. Mas só na adolescência, lá pelos seus 15 anos, quando já dominava as primeiras notas no violão, que voltou a se encontrar com o som feito por aqueles dois músicos mineiros. Virou fã de carteirinha de Lô Borges. Se tinha lançamento de disco, lá estava ele. Show em Santa 88 |Encontro

Teresa ou no Palácio da Artes, não perdia um. Exibia orgulhoso em sua coleção os LPs A Via Láctea e Nuvem Cigana. Para Samuel, aquilo era rock cantado em português. “Era música de gente jovem feita para gente jovem”, afirma. Além do som – que era inovador no início dos anos 1970, uma mistura de instrumental, jazz, rock, bossa nova e música folclórica mineira – o que mais inspirava o jovem era o fato de Lô ser seu vizinho. Cansou de encontrar o ídolo comendo macarrão no Bolão no fim de noite ou em um jogo no Mineirão. “Ele encarnava a possibilidade real de que, mesmo nascendo e crescendo em Belo Horizonte, vivendo nesta cultura, era possível fazer uma música viável, interessante aos ouvidos do resto do Brasil e até do mundo”, afirma Samuel. Só em 1999, já com o Skank tocando em todas as rádios do país, Samuel efetivamente conheceu Lô. Foi durante um almoço na casa do músico e compositor Chico Amaral, na Mata do Jambreiro, em Nova Lima. Ali surgia uma amizade e uma parceria que já dura 16 anos. O show Samuel Rosa & Lô Borges, gravado ao vivo no Cine Theatro Brasil Vallourec no início deste mês, é a concretização de um sonho antigo. “Nada mais coerente para a minha

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FERNANDA VIANNA Atriz Exemplo de vida: o coreógrafo e bailarino Klauss Vianna, seu tio Ele estava sempre brincando, falando coisas engraçadas, e fez com que a sobrinha visse o mundo sob uma nova ótica. Hoje, Fernanda Vianna compreende várias coisas ditas pelo seu tio Klauss que, quando menina, não faziam muito sentido. “Ao subir ao palco sinto como o seu trabalho e suas palavras estão impregnados na minha alma. O que dói é não poder trocar essa experiência com ele. Acho que seríamos grandes cúmplices na arte.” Klauss Vianna morreu em 1992, em decorrência de problemas cardíacos.

Samuel Gê

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CAPA | COMPORTAMENTO Tom Macon/Divulgação

MARCELO MELO Tenista Exemplo de vida: o técnico Daniel Melo, seu irmão Foi em 2007 que Marcelo Melo, o Girafa, viu sua vida nas quadras mudar. Daniel assumiu o cargo de técnico e fez o irmão trocar a carreira de jogador simples para duplista. A partir de então, a parceria rendeu mais de 15 títulos importantes, incluindo a conquista inédita do título de dupla em Roland-Garros. “O que mais admiro no Daniel é a sua visão de mundo. É muito positivo. Não existe problema, ele sempre traz solução. Isso não só como treinador, mas como irmão. Só de me olhar, sabe exatamente o que estou sentindo e do que preciso para melhorar.”

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existência, para minha formação, do que dividir o palco com quem inspirou a minha carreira”, diz Samuel. Um som também marcou os tempos de criança do estilista Victor Dzenk. Mesmo sem harmonia ou notas elaboradas, a melodia que vinha da máquina de costura da sua mãe acalentou muitas tardes de sua infância. Era na varanda de casa, em Lagoa Santa (onde hoje funciona a fábrica da grife que leva o seu nome), que a professora Tereza passava horas costurando para os três filhos. “Cresci aos pés da máquina”, lembra ele, que sempre dava “pitacos” nos modelos que ela confeccionava. Filho do suboficial Vitautas, Dzenk cursou o ensino médio no Colégio Militar, na região Norte da capital. Excelente aluno, conquistou uma vaga na Academia Militar das Agulhas Negras, que forma oficiais para o Exército, em Resende, no interior do Rio de Janeiro. Com uma criação conservadora, precisou de coragem para trocar a carreira militar pelas linhas e agulhas. “A minha mãe foi o meu maior modelo”, afirma. Por debaixo dos panos, Tereza conseguia driblar a rigidez imposta pelo marido e, vira e mexe, atendia aos desejos do filho, que já tinha ideias vanguardistas sobre moda. Aos 14 anos, pediu que a mãe costurasse um terno de linho branco com ombreira dupla e corte triangular. Ficou exatamente como havia imaginado. Foi o que faltava para ele decidir que era hora de escrever os primeiros capítulos de sua história. Matriculou-se em um curso de desenho de moda do Senac. Pouco menos de um ano depois, começou a trabalhar na tradicional Casa Rolla. Em 1989, foi estudar moda na escola Esmod, em Paris. Ficou na capital francesa por quatro anos e, ao voltar para Belo Horizonte, só pensava em abrir sua própria confecção, o que viria a acontecer em 1998. Hoje, sua marca está à venda em cerca de 150 endereços no Brasil e mais de 20 no exterior. É queridinho de estrelas como Camila Pitanga, Paola Oliveira e Cleo Pires. “A maior lição que aprendi com ela é o cuidado com a peça. O avesso precisa estar perfeito, porque costurar não é só se sentar à máquina”, diz Dzenk. Veio também de casa a maior inspiração do empresário Helder Mendon-

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O M tran com vai colo

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O MOVE já melhorou a vida de muita gente. E agora o que vai melhorar é a sua proteção.

MOVE 1 ANO O MOVE de Belo Horizonte está completando 1 ano transportando cerca de meio milhão de passageiros por dia com mais conforto, rapidez e economia. E agora o MOVE vai melhorar também a sua proteção. A Prefeitura está colocando equipes de vigilância 24 horas, sete dias por

semana, em todas as estações do MOVE de BH. Ou seja, mais segurança e tranquilidade para quem usa o transporte na capital. Faça você também a sua parte e cuide do que é de todos nós. Um transporte coletivo com mais conforto, rapidez e segurança. É assim que a gente faz a melhor capital do Brasil.

CONFORTO

RAPIDEZ

ECONOMIA

Antônio Pedrosa

Marcos Aguiar

Marilene Martins Terrinha

Morador do Bairro Etelvina Carneiro

“Pego o MOVE na Estação Vilarinho e gasto em torno de 25 minutos até o Centro. É uma terapia, pois os ônibus são realmente muito confortáveis.”

Morador do Bairro Santa Mônica

“Do Centro até o Santa Mônica, eu gastava 1 hora e 10 minutos. Com a chegada do MOVE, hoje eu gasto meia horinha.”

Para saber mais, ligue 156 ou acesse www.bhtrans.pbh.gov.br

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Moradora do Bairro Vitória

“Do Bairro Vitória até a Estação São Gabriel, gasto de 20 a 30 minutos e, da Estação São Gabriel até o Centro, no máximo 20 minutos, e gasto só uma passagem.”

A MELHOR CAPITAL DO BRASIL

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CAPA | COMPORTAMENTO Pedro Nicoli

SAMUEL ROSA Cantor Exemplo de vida: o cantor Lô Borges, seu conterrâneo Samuel Rosa costuma dizer que seu primeiro encontro com Lô Borges foi através da música. Ainda era menino quando escutou – e apaixonou-se – pelo Clube da Esquina, LP que fazia parte da coleção de seu pai. Décadas se passaram e, neste mês, o líder do Skank realizou o sonho de gravar um DVD ao lado de seu ídolo. “O Lô continua me inspirando. Acho íntegra sua carreira. Hora nenhuma ele se desvirtuou ou foi concessivo para fazer sucesso. Seu trabalho é genuíno, e é bonito ver um artista permanecer com a sua assinatura, independentemente se o tempo está ou não a favor.”

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ça, da Forno de Minas. Ele aprendeu desde cedo que não há batalha que não se vença com perseverança. Aos 8 anos, perdeu o pai, Helio Mendonça, em um acidente de carro. Fazia apenas dois anos que a família tinha trocado João Pinheiro, a 400 quilômetros da capital, por Belo Horizonte. A mãe, Dalva, ficou viúva na cidade grande, com quatro filhos pequenos para criar. Resistiu à pressão familiar e não voltou para o interior. Queria que as crianças frequentassem boas escolas. No início, vendeu uma fazenda e com o dinheiro comprou um imóvel na planta que mais tarde revendeu. E depois outro, e outro. Em pouco tempo, tinha sua própria imobiliária. “O que me lembro na infância é da minha mãe sempre trabalhando”, diz o empresário. Aos domingos, eles iam com Dalva mostrar os apartamentos aos interessados. Levavam o material escolar e, depois de fazer a lição de casa, ficavam colorindo enquanto a mãe atendia os clientes. “Ela sempre foi uma mulher de garra”, completa Helder. Daqueles tempos, lembra-se com saudades das férias na fazenda dos avós. Era na cozinha de dona Ernestina que uma verdadeira mágica acontecia. A família se reunia para fazer biscoito, bolo e goiabada. Virava uma festa. De um dos livros de receitas usados nesses eventos é que veio o modo de fazer do famoso pão de queijo da Forno de Minas. Foi na década de 1990, durante o Plano Collor, que mãe e filho resolveram criar um novo negócio. Helder tinha acabado de chegar dos Estados Unidos e estava empolgado com o consumo de comidas congeladas. Fundaram a Forno de Minas, que passou a oferecer o quitute mineiro para ser assado na casa do consumidor. Depois de 10 anos, venderam a marca para a multinacional americana General Mills, dona dos sorvetes Häagen-Dazs. Não deu certo, as vendas caíram pela metade. Em 2009, a família Mendonça retomou o negócio. “Eu estava cauteloso, os números não eram animadores, a empresa estava operando no vermelho”, lembra Helder. Por outro lado, Dalva, acostumada a dar a volta por cima, queria colocar as coisas nos trilhos. E acertou de novo. No ano passado, a Forno de Minas registrou fa-

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CAPA | COMPORTAMENTO Samuel Gê

RICARDO LEÃO Ginecologista Exemplo de vida: o médico Selmo Geber, professor e especialista em reprodução humana Foi no sétimo período da Faculdade de Medicina da UFMG que Ricardo Leão conheceu seu mentor profissional. O jovem desistiu da cardiologia para trilhar o caminho da ginecologia graças às aulas de Geber. “Ele nunca diferenciou um paciente. Da mulher com posses que procura a sua clínica àquela que vem pelo SUS, todas têm o mesmo atendimento, o mesmo comprometimento da parte dele. Isso é a verdadeira essência da medicina. Além disso, é um homem que nunca parou de estudar. Talvez essas sejam as grandes lições que ele deixou na minha vida.”

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turamento de R$ 231 milhões. “Minha mãe é incansável. É uma formiguinha, está em todos os lugares, resolve tudo ao mesmo tempo”, afirma Helder. A mistura perfeita dos ingredientes deu liga à vida dos Mendonças. Não existe, no entanto, uma receita para que um determinado indivíduo sirva de inspiração para outro. Para a psicóloga Delba Barros, coordenadora do programa de orientação profissional da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), todos têm, em algum momento, alguém que lhe serve como modelo diante de suas escolhas. “Às vezes, nem paramos para nomear esse sentimento, mas ele existe naturalmente”, afirma. É o caso de um filho que segue a carreira do pai ou que, apesar de não trilhar o mesmo caminho profissional, se espelha na forma como o progenitor trabalha. “Ele quer reproduzir o esmero, a dedicação, a paixão com que o seu modelo exerce seu ofício”, completa. O amor pela arte. Essa é a principal herança que o bailarino e coreógrafo Klauss Vianna deixou para a sobrinha, a atriz Fernanda Vianna. “Poucos artistas tiveram a sua coragem e entrega”, diz Fernanda. Klauss, com seus quase dois metros de altura, filho de um médico e uma enfermeira, decidiu ser bailarino em plena Belo Horizonte da década de 1940. “Foi um escândalo”, afirma Fernanda. Tornou-se um dos nomes mais importantes do cenário artístico brasileiro. Como coreógrafo, criou um método próprio, que tem por fundamento respeitar o corpo e a anatomia de cada bailarino. Mundialmente reconhecido por seu trabalho pioneiro como preparador corporal, para Fernanda, Klauss era o tio “gente boa”, que a fazia cometer as mais deliciosas loucuras. “Lembro-me da gente andando de carro pela cidade e ele mandar abrir as janelas e gritar palavrões”, diz, rindo. Sempre provocativo, ousado e libertário, o coreógrafo nunca gostou de regras. “Durante as férias, ia para o seu apartamento no Rio. Lá estava sempre cheio de atores e não tínhamos hora para comer, dormir”, conta a sobrinha. “Era um sonho.” Foi por causa do tio amado que Fernanda começou, aos 8 anos, a fazer aulas de balé. Em uma de suas andanças pelo Brasil, o coreógrafo mudou-se

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CAPA | COMPORTAMENTO Pedro Nicoli

HELDER MENDONÇA Empresário Exemplo de vida: a empresária Dalva Mendonça, sua mãe Incansável. Esta é a melhor definição que Helder encontrou para descrever a mãe, Dalva. Eles fundaram juntos, na década de 1990, a Forno de Minas, que, anos mais tarde, foi vendida para uma multinacional americana e retomada pela família em 2009. Dona Dalva, como é conhecida no mercado, era a mais empolgada em ter a empresa de volta, mesmo que, na época, os negócios estivessem no vermelho. “A minha mãe é um exemplo de empenho. Parece que tem 30 anos, não para nunca. São poucas as pessoas que exibem tanto prazer e brilho nos olhos com o que faz. Ela tem muito mais energia do que eu, e não tenho a menor vergonha de assumir isso.”

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para um imóvel onde não cabia o piano. O jeito foi enviar para a casa do irmão, Rui, em Lourdes. A sobrinha, então, aprendeu a tocar o instrumento. Aos 15 anos, Fernanda iniciou sua atividade profissional como bailarina com o Grupo Transforma. Em 1995, entrou para o Grupo Galpão, onde participou de peças como Romeu e Julieta e Tio Vânia (Aos que Vierem Depois de Nós). Na TV, viveu Berenice na novela Além do Horizonte, na Rede Globo. Já no cinema, conquistou um Kikito no Festival de Gramado por sua atuação no filme O que se Move, assinado pelo diretor Caetano Gotardo. “Você é o culpado disso tudo. Era isso que falaria se pudesse encontrá-lo hoje”, diz Fernanda, emocionada. Klauss morreu em 1992, vítima de problemas no coração. A paixão é, talvez, um dos principais elos entre as pessoas. Para os irmãos Daniel e Marcelo Melo, o amor em comum é o tênis. Quando ainda nem tinha força suficiente para levantar a raquete, Marcelo – também conhecido como Girafa, apelido de fácil compreensão diante de seus 2,03 metros de altura – já acompanhava os passos do irmão mais velho no circuito profissional de tênis. Vibrou quando Daniel foi campeão do Brasil Open, em duplas, na edição inaugural, em 2001. “A vida dele era inspiradora. Estava sempre viajando, competindo”, diz Marcelo, que primeiramente tentou se firmar – sem muito brilho – como jogador de simples, disputando torneios para esportistas em início de carreira. Mas foi em 2007, quando voltou a treinar em BH e elegeu Daniel como técnico, que viu sua vida mudar. “Ele foi determinante para eu ter virado duplista”, afirma Girafa, que logo de cara, ao lado do veterano André Sá, chegou à semifinal de Wimbledon. De lá para cá, os irmãos Melo conquistaram juntos 15 títulos importantes e comemoraram, em junho, a conquista inédita do título de dupla em Roland-Garros, o saibro sagrado onde Gustavo Kuerten, o Guga, foi tricampeão simples, há 14 anos. “O Daniel sabe o quanto foi importante nesta conquista. Foi uma recompensa de todo o trabalho feito ao longo destes anos”, diz. Girafa atualmente ocupa a terceira posição no ranking da Association of Ten-

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CAPA | COMPORTAMENTO Pedro Nicoli

VICTOR DZENK Estilista Exemplo de vida: a professora Tereza Neuma, sua mãe O som da máquina de costura da mãe embalou a infância de Victor Dzenk. Aos 15 anos, ele decidiu seguir os passos de Tereza e se inscreveu em um curso de desenho de moda. Nunca mais parou. Hoje, sua marca está em mais de 150 endereços no Brasil e mais de 20 no exterior. “O mais gratificante é pensar que desde o início a presença dela é marcante na minha carreira. Hoje, trabalhamos juntos e, apesar de ser minha mãe, há uma grande troca de experiências. Fizemos uma parceria de vida.”

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nis Professional (ATP). “Todos os dias temos novas histórias”, diz. Algumas divertidas, como na vez em que o tenista comprou uma passagem de avião para a Austrália via África do Sul, o que fez Bruno perder quase um dia voando. “Fiz uma economia de US$ 200, mas ele até hoje não me perdoa”, lembra, rindo. Se muitos decidem o que querem ser ainda crianças, outros encontram seu destino já sentados na cadeira da universidade. Ricardo Leão entrou na Faculdade de Medicina da UFMG decidido a ser cardiologista, tal como um tio. A vontade durou até o sétimo período, quando começou a ter aulas com o ginecologista Selmo Geber, um dos fundadores da Clínica Origen, de Belo Horizonte, referência em reprodução assistida na América Latina. “Quando me formei, ele me disse que, se tivesse interesse em trabalhar com reprodução, as portas da clínica estariam abertas para mim”, conta Leão, que acabou fazendo sua residência em ginecologia e obstetrícia na maternidade Odete Valadares e, depois, por recomendação de Geber, fez outra em cirurgia ginecológica endoscópica pelo Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg). “A conclusão da faculdade é um momento em que a maioria dos jovens está perdida. Eu não fui diferente, e o dr. Selmo foi um norte na minha vida”, afirma. Já trabalhando na Origen, Leão foi atrás de um título, que conquistou pela Rede Latino-americana de Reprodução Assistida. Foi o primeiro da turma. Recebeu, orgulhoso, o diploma no Panamá, das mãos de seu “padrinho” profissional. “Ele está sempre ao meu lado.” Em 2012, novamente guiado por Gerber, Leão assumiu a diretoria da Santa Fértil, um braço da Origen dentro do Hospital da Mulher e Maternidade Santa Fé. “Eu só tenho a agradecer, sou muito feliz com o que faço.” E parece que, aos 37 anos, Leão já é inspiração para outros que estão chegando. Felipe, seu filho de 6 anos, jura que quer ser médico quando crescer. “Ele também quer ser guitarrista e jogador de futebol”, diz, aos risos. Mas o doutor sabe, que, independente do caminho que o herdeiro seguir, se exercer seu ofício com amor, a vida está ganha. ❚

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Calça e colete: Klus Camisa e gravata: Zak Echarpe: Acervo pessoal

MARCELO BRASILIENSE

Em um cotidiano cercado de compromissos sociais, o homem contemporâneo opta pela facilidade de se vestir sem perder a elegância. A cor cinza, um clássico atemporal do guarda roupa masculino, aparece em looks sóbrios e monocromáticos, mostrando ser versátil em todos os momentos.

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MODA | EDITORIAL

Terno: Camisa: Sobretudo: Rel贸gio: Cinto: Sapato:

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Villa Vittini Klus La Corte Manuel Bernardes Mont Blanc Villa Vittini

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Cardigรฃ: Camisa: Calรงa e gravata borboleta: Sapato: Pulseira e anel:

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Villa Vittini Zak Klus Zak Mont Blanc

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MODA | EDITORIAL

Calça e blazer: Camisa e tênis: Cinto: Xale:

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La Corte Black Market Zak Acervo pessoal

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Terno: Pul么ver: Rel贸gio: Sapato:

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Zak La Corte Manuel Bernardes Black Market

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MODA | EDITORIAL

Blusa em gola v: Jaqueta e sapato: Calรงa: Bolsa:

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FICHA Tร CNICA: Fotos: Henrique Gualtieri Styling: Marcelo Brasiliense Modelo: Max Malvicino (Mega Models) Make: Marcela Quintino

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12ª EDIÇÃO

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BEM-ESTAR | CORRIDA Rafael Tavares

Largada de inscrições Em sua 12ª edição, a Corrida Encontro Delas/Circuito Itambé atrai público de faixas etárias variadas. Prova acontece no último fim de semana de setembro GEÓRGEA CHOUCAIR

A empresária Bárbara Laucas, de 31 anos, sempre praticou atividade física. Há três anos, depois de ter o terceiro filho, decidiu entrar para o mundo da corrida e não saiu mais. “Gostei muito, não é preciso muita coisa para correr. Bastam o tênis, a roupa de ginástica e o fone de ouvido. Levo para as viagens, para qualquer lugar”, diz. A 12ª edição da Corrida Encontro Delas/Circuito Itambé vai marcar sua quarta participação na prova. “É uma competição saudável, com clima alegre e gente bonita, de todas as idades. Costumo levar toda a família”, afirma. As inscrições para a corrida, que será realizada no dia 27 de setembro, estão em ritmo acelerado. A expectativa dos organizadores é preencher novamente as 1,5 mil vagas, disponíveis tanto para atletas quanto para iniciantes. Ou seja, quem quiser participar da competição, que tem percurso de 6 km, deve se apressar para garantir sua vaga. Um dos aspectos que mais agrada às participantes é que, além da pre108 |Encontro

SAIBA MAIS 12ª Corrida Encontro Delas/Circuito Itambé DATA: 27 de setembro HORÁRIO/LARGADA: 9h RETIRADA DO KIT E DAY CARE: 26/09 HORÁRIO: das 9h às 18h LOCAL: Lagoa Seca/ Belvedere PERCURSO: 6 km INSCRIÇÕES: Até 23 de setembro (ou até que se esgotem as vagas) Valor: R$ 120 (para assinantes de Encontro e do Clube A do Estado de Minas: R$ 100) A empresária Bárbara Laucas, que vai correr na próxima Encontro Delas, já participou de três edições: “É uma competição saudável, com clima alegre”, diz

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Alexandre Rezende

PREPARE-SE Saiba como potencializar o resultado das atividades

Não pule refeições

Nunca treine em jejum Percusso de 6 km, com ruas íngremes, exige esforço das participantes: especialistas recomendam cuidados antes da prova Renata Caldeira

Dedique atenção especial às refeições antes, durante e pós-treino

Coma alimentos ricos em fibras, vitaminas e sais minerais

Beba líquidos Fonte: nutricionista Dayanne Faria do Couto

miação às vencedoras gerais, a Encontro Delas premia as três primeiras colocadas de cinco diferentes categorias, divididas por idades. “É um evento que incentiva a prática esportiva e o cuidado com a saúde da mulher. É uma honra ser um dos patrocinadores e ter acompanhado a evolução e o sucesso da competição”, afirma Roberto Gosende, diretor de marketing do Epa Supermercados. Para quem é iniciante na atividade, o professor de educação física Rerison Lucas Meireles de Souza, do grupo de corrida da Companhia Athletica, considera importante contar com a orientação de um profissional da área. “Assim, a pessoa passa pelo teste físico e sua capacidade é avaliada. Com base nos resultados são elaborados os treinos”, explica. Ele aconselha ainda às marinheiras de primeira viagem que intercalem a corrida com a caminhada. Quando orientada por especialistas,

Brincadeiras educativas e muita diversão no Espaço Kids: aberto para os filhos das participantes no sábado e domingo

os benefícios da atividade acontecem em áreas diversas: social, física e psicológica. “O corredor fica mais disposto, melhora a capacidade cardiorrespiratória, a autoestima e combate o sedentarismo”, afirma Rerison. No caso da Encontro Delas, o percurso tem áreas íngremes, que exigem alguns cuidados da corredora. “O ideal é que o treino seja realizado em morros semelhantes ou iguais aos da prova”, sugere o professor. Para quem não tem o hábito de correr em áreas parecidas, Rerison dá uma dica: inclinar levemente o tronco, aumentar a movimentação dos braços, pisar na ponta dos pés e flexionar os joelhos. Os cuidados com a alimentação não podem ser deixados de lado: é importante não correr com o estômago vazio ou muito cheio. “No dia anterior à competição, devem ser consumidos alimentos que sejam fonte de carboidratos, especialmente os complexos,

como batata-doce, aveia, milho e pães integrais”, afirma Dayanne Faria do Couto, nutricionista da Itambé, patrocinadora do evento. Os carboidratos, diz, são rapidamente digeridos pelo organismo e, por isso, são considerados ideais para o trabalho muscular. “Depois da corrida, sugiro a ingestão de vitaminas de fruta com leite, iogurtes e derivados. São alimentos que ajudam a recuperar os músculos desgastados pelo esforço”, diz Dayanne. Encontro Delas já faz parte do calendário de Belo Horizonte como uma das mais atraentes corridas de rua da cidade. As participantes aproveitam ainda outros serviços, como os espaços para crianças e massagens. Este ano, a bolsa que compõe o kit da atleta leva novamente a assinatura do estilista Rogério Lima e será térmica. O ambiente de lazer vai proporcionar diversão tanto para as corredoras quanto para toda a família, antes e depois do evento. z AGOSTO DE 2015

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dedicação DVD PINK FLOYD - PULSE Leitura R$ 69,90 PERFUME DIESEL The Beauty Box R$ 434,90

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AMANDA ALEIXO

Quem não se lembra da primeira vez que foi ao campo de futebol, ganhou uma camisa do time ou subiu na garupa de uma velha moto? Em todas as situações, ele estava lá, orgulhoso de transmitir suas paixões aos filhos. Não importa o estilo, os papais são todos iguais. São eles que contam as melhores histórias, nos encorajam como ninguém e cumprem as funções de herói diário e melhor amigo. Para agradecer por tamanha dedicação, vale presenteá-lo com bom gosto.

BOLSA DE COURO Zak R$ 699

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Foto: Samuel Gê Agradecimentos: Chuck Wash

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DECORAÇÃO | COR

Cinza é o novo branco

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Jomar Bragança/Divulgação

A aposta dos decoradores para um ambiente sofisticado e marcante é a paleta cinza. A cor é a mais eclética para combinar com outros tons pastéis ou mesmo vibrantes

Cláudio Cunha

AMANDA ALEIXO

Ano após ano, cores e materiais ganham destaque e apresentam novas características que somam requinte e luxo ao décor. Recentemente, a cartela de cores neutras ganhou mais um aliado, o cinza. Versátil como o branco, o tom combina com todas as cores e funciona muito bem para quebrar nuanças fortes, abrindo um leque de possibilidades na hora de compor espaços. “A paleta cinza é fácil de ser usada. Ela aceita o branco, preto e coloridos, sejam eles vibrantes ou pastéis”, explica a decoradora Luciana Lage. A criação de uma base harmônica depende do gosto pessoal. Se o objetivo é um espaço rebuscado, o cinza deve vir acompanhado de cores escuras e terrosas, que criam um clima mais austero ou clássico. Os amantes do estilo moderno podem apostar em cores variadas, como vermelho e amarelo, que estabelecem um tom descontraído e jovem. Por ser eclético, o cinza permite brincadeiras com outras cores, mas é preciso cuidado para não carregar o ambiente ou fechá-lo demais. O arquiteto David Guerra dá dicas para acertar a mão. “Locais com muita madeira, tons caramelos e marrons permitem que o cinza proporcione um contraste interessante na composição do espaço”, diz o arquiteto David Guerra. Para destacá-lo, materiais com tons médios, preto, azul e amarelo são interessantes, segundo ele. Destacamos alguns projetos para servir de inspiração.

CHARMOSO E SÓBRIO Substituindo os tons neutros mais comuns – como o bege –, o projeto deste quarto de casal aproveita a cartela cinza para inovar. Presente em vários elementos do espaço, como papel de parede e cortina, a cor traz elegância e imprime originalidade. A opção dos tons feita pela arquiteta Graziella Nicolai cria a base para um lugar de descanso físico e mental.

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DECORAÇÃO | COR

ESTILO DESPOJADO

Henrique Queiroba/ Divulgação

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Projetado para um casal sem filhos, este loft aposta no contraste de elementos despojados e clássicos para criar um ambiente de destaque. Seguindo um estilo industrial, que recorre à tonalidade cinza, o mix de elementos populares e sofisticados – como arranjos de flores de plásticos e móveis de design – ajuda a criar uma sala moderna e irreverente. Toda essa brincadeira conceitual fez com que a projeto assinado por Marina Dubal trouxesse graça e criatividade ao ambiente.

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Henrique Queiroba/Divulgação

Jomar Bragança/Divulgação

Samuel Gê

HARMONIA E EQUILÍBRIO A ampla sala deste apartamento dedica-se ao conforto de uma grande família. O tom da madeira ebanizada e a pintura em tons escuros, que reveste grande parte do espaço, são contrapostos aos painéis de laca clara do jantar. Tudo isso garante harmonia e equilíbrio à decoração. A iluminação do projeto, assinado por Cícera Gontijo, ficou por conta de peças embutidas, que criam ambientes e cenas diferentes para cada ocasião.

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DECORAÇÃO | COR

Rodrigo Câmera/Divulgação

ELEGANTE E CONVIDATIVO Atendendo ao pedido da família, a arquiteta Laura Santos criou um espaço gourmet que, além de funcional e refinado, proporciona conforto aos amigos e familiares. A ilha central e a bancada funcionaram bem em um layout que permite total comunicação com as pessoas na mesa de jantar. A parede cinza, que aparece ao fundo, deu um toque aveludado ao décor e fugiu do tradicional. Na finalização, granito Café Imperial na bancada, pedra filetada São Tomé na parede de canto e granito Acqualux no piso.

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Jomar Bragança/Divulgação

Henrique Queiroba/Divulgação

Eugênio Gurgel

CONTRASTE ACOLHEDOR Na cozinha deste apartamento, o arquiteto David Guerra buscou peças que marcassem o ambiente com elementos contemporâneos, respeitando a característica acolhedora da família. A tonalidade cinza, que está presente nos armários em vidro, piso, bancada e paredes, preenche o espaço em contraste com as cadeiras italianas amarelas. A finalização recorre à madeira, sempre acolhedora, na mesa central e nas portas. z

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NA MESA | ALINE GONÇALVES agoncalves@editoraencontro.com.br

COMBINA COM SALADA Samuel Gê

A ideia não é desaparecer com as tradicionais carnes assadas na brasa, mas fazer inclusões significativas na parte dedicada à culinária saudável. É assim que o Assacabrasa quer chegar aos seus 22 anos, completados no fim de agosto. As mudanças começam pela unidade no bairro de Lourdes. “Vamos trazer sucos naturais, sanduíches, omeletes, além de continuar oferecendo uma diversidade de salada no nosso bufê de almoço”, diz o empresário José da Costa Carvalho, sócio ao lado da irmã Gabriela Furtado. Os dois são filhos da fundadora, Míriam Furtado. Para colocar as alterações em vigor, foi necessária uma obra, já que a ideia é também mudar a cara do local. “Até pelo perfil do bairro, não queremos ser vistos como bar, mas como restaurante frequentado por moradores, por pessoas que vão ao clube aqui perto”, diz José. Se a proposta fizer sucesso, ele não descarta levá-la a outras das sete casas do grupo.

SOB NOVA DIREÇÃO Os irmãos Bruno Almeida e Henrique Almeida resolveram assumir mais um ponto gastronômico de BH em meados de junho – eles já são sócios no Mixido, na Savassi – e, assim, deram novas perspectivas ao restaurante Santino’s, no Vila da Serra (o antigo dono era amigo dos dois e se mudou do Brasil). A primeira providência foi abrir a casa no período noturno. Como Henrique é chef de cozinha com passagem por estabelecimentos internacionais, houve investimento no conceito nova-iorquino Surf and Turf, cuja ideia é misturar, em um prato, massa, grelhado e frutos do mar. “É um tipo de comida que ainda não vimos em BH, não tem nada parecido. No cardápio à la carte, serão 12 opções, sendo seis dessa linha, além de entradas e sobremesas”, diz Henrique. O almoço também mudou e ganhou comida japonesa, além de novos cortes de carne, vindos do Uruguai.

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Samuel Gê

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Cláudio Cunha

NOVO MODELO PARA EXPANDIR

SABOR MINEIRO NO COPO Recém-contratado do bar Gilboa, no Sion, o mixologista Tiago Santos (ex-Meet Me At The Yard) está cheio de ideias para incrementar a carta de drinques do local. Uma delas é incluir ingredientes mineiros nos coquetéis. Jabuticaba, queijo e paçoca de amendoim são alguns dos produtos testados e aprovados. “Há tempos queria trabalhar com esses ingredientes, porque minha intenção é colocar a tradição

de Minas na cultura líquida”, diz. “A mudança de casa trouxe um desafio e estimulou a busca por inovação”, explica. Segundo Tiago, o trabalho está sendo feito em partes, já que o barman precisa de tempo para conhecer as características do estabelecimento. Ele revela, por exemplo, ter notado a preferência do público do Gilboa por drinques adocicados. “O próximo passo será trabalhar mais com cachaça”, diz.

Podia ser apenas uma sanduicheria de bairro, mas a Bistrô Burger, no Padre Eustáquio, quer conquistar fronteiras para além da região Noroeste. Com esse intuito, o chef e empresário Daniel Gomes resolveu implantar o modelo de franquia. “Três pessoas já me procuraram para abrir unidades do Bistrô Burger”, diz ele. “Um ponto deve ser na região Centro-Sul, outro na Pampulha e o terceiro em uma cidade da região metropolitana”, explica. Antes de as aberturas acontecerem, o que deve ocorrer no início do ano que vem, será necessário fazer alterações diversas, inclusive na logística da burgueria, com a criação de um centro de produção, para garantir, assim, padronização de molhos e sobremesas, por exemplo. Alexandre Rezende

TEM CHEF PERUANO NA PIZZARIA

Alexandre Rezende

O chef Pierre Sablich já se tornou conhecido dos mineiros por seu trabalho como consultor no restaurante Inka – até aí nenhuma surpresa, já que ele nasceu no Peru, país que serve de inspiração para a culinária servida na casa. A novidade, agora, é que o especialista também está responsável por inclusões no menu da tradicional pizzaria Donna Margherita. “Trouxe um cardápio pequeno, com oito petiscos, seis pratos e quatro sobremesas”, diz. Como não tinha feito nenhum trabalho parecido antes, Pierre optou por não mesclar coisas peruanas nesse caso. Linguicinhas, bolinhos e massas, como um capeletti de queijo com manjericão, estão entre as novas opções. “Ficamos nos clássicos, até porque não queremos perder o foco da casa, que são as pizzas”, diz. AGOSTO DE 2015

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GASTRÔ | RECEITAS

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A O R A S P P A U I N

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Fotos: Pedro Nicoli

GUI TORRES

Nada de churrasco para comemorar o Dia dos Pais. Embora a maioria seja adepta da famigerada carne assada na brasa, também há quem não dispense uma boa massa, frutos do mar e, por que não, uma sobremesa para arrematar. Os pratos são sugestões de cinco chefs da capital. De fato, a clássica e suculenta picanha não pode faltar. Em bifes generosos, ela é a vedete da receita assinada pelo chef Ramon Rodrigues, do Pinguim, que acompanha risoto de alho-poró e batatas no alecrim. Já os mais moderados, fãs de massas ou veganos, podem se render sem culpa ao macarrão de trigo-sarraceno com legumes variados e cogumelos, do chef Gustavo Castello, do Buffet Gustare. Para agradar aos papais que fazem a linha fitness e saudáveis, o mix de frutos do mar, que leva polvo, camarões, mexilhões e ostras, acerta em cheio. Mas, se a ideia é fartar-se, a melhor pedida é o pernil à moda Dona Lucinha, da chef Elza Nunes. Marinado na véspera, é assado por cerca de cinco horas e coroado, ainda, com molho de rapadura. A sobremesa é inspiração do chef Léo Mendes, do Ah Bon!, que adoça a data especial com um Pavlova de cereja fresca e noz pecã.

Pérolas do mar

Serve 10 pessoas

Para inspirar um almoço especial, cinco chefs da cidade dão receitas de pratos que agradam desde veganos até os apaixonados por carnes e cerveja

Por Clovis Viana, chef do Patuscada

INGREDIENTES 250 g de polvo 10 unidades de camarões 500 g de mexilhões 10 unidades de ostras 500 g de salmão 100 ml de azeite extravirgem 100 g de alho 100 g de cebola

100 g de cogumelo shiitake 100 g de cogumelo shimeji Tomilho e sálvia Vinho branco seco 1 limão siciliano Sal e pimenta

PREPARO Grelhe os frutos do mar e o salmão em refogado de alho e cebola no azeite extravirgem por cinco minutos. Acrescente os cogumelos e flambe com vinho branco. Deixe por mais cinco minutos e tempere com sal e pimenta a gosto. Minutos antes de servir, tempere com suco de meio limão siciliano. Para acompanhar, salada mista de alface americana, alface roxa, hortelã e tomate-cereja. Tempere com limão e azeite extravirgem. AGOSTO DE 2015

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GASTRÔ | RECEITAS Samuel Gê

Pernil à moda Dona Lucinha

Serve 20 pessoas

Por Elza Nunes, chef do Dona Lucinha Luna Garcia/divulgação

INGREDIENTES Para a carne 1 pernil suíno de 6 kg aproximadamente 1 colher (sobremesa) de sal para cada quilo de pernil 4 cabeças de alho 6 cebolas grandes fatiadas bem finas 1 molho de salsinha 1 molho de cebolinha 1 ramo de alfavaca 1 litro de vinho branco 1 pitada de noz-moscada 4 folhas de louro Pimenta a gosto Para o molho de rapadura 1/2 quilo de rapadura 1 xícara de chá de vinagre branco Molho de mostarda a gosto

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MODO DE PREPARO Para a carne Fure o pernil tendo o cuidado para não perfurar a pele. Bata todos os temperos no liquidificador. Tempere de véspera usando todos os ingredientes e vire a peça sempre que possível. Coloque-a no forno com a pele para cima e coberta com papel-alumínio por quatro horas. Retire o papelalumínio, jogue um fio de óleo por cima e volte ao forno até dourar. Retire do forno e pincele o molho de rapadura. Sirva com arroz de nozes e frutas secas, farofa do próprio caldo do pernil, decore com abacaxi grelhado, ameixas pretas, cerejas frescas e fios de ovos. Para o molho de rapadura Em uma panela, dissolva a rapadura junto com o vinagre e acrescente molho de mostarda a gosto. Deixe ferver mexendo sempre. Regue a carne pronta.

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GASTRÔ | RECEITAS Fotos: Alexandre Rezende

Macarrão de trigo-sarraceno com legumes e cogumelos Serve duas pessoas

Por Gustavo Castello, chef do Buffet Gustare Alta Gastronomia

INGREDIENTES 40 ml de azeite 200 g de macarrão de trigo sarraceno sem ovo 150 g de aspargos frescos em lâminas 100 g de ervilhas congeladas 100 g de tomate seco em tiras 150 g de palmito pupunha em cubos 100 g de shiitake em lâminas 100 g de cogumelos shimeji em ramos pequenos 100 g tomate-cereja amarelo 1/2 cálice de vinho branco seco 100 g de queijo tipo Grana Padano MODO DE PREPARO Cozinhe a massa al dente e reserve. Branqueie os aspargos rapidamente. Doure o palmito no azeite, adicione os cogumelos, os aspargos e doure rapidamente. Adicione as ervilhas e o tomate-cereja. Coloque a massa, adicione o vinho e deixe evaporar. Após, adicione o tomate seco e sirva com um pouco de queijo Grana Padano. Com o restante dos cogumelos, pode-se fazer um tempurá. Basta marinar os cogumelos rapidamente em água temperada com um pouco de vinagre, sal, açúcar e pimenta-calabresa. Passe na farinha de trigo e frite até dourar.

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obrigado aos milhares de votos recebidos na eleição da encontro gastrô

em breve, os melhores de bh

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GASTRÔ | RECEITAS Fotos: Samuel Gê

Pavlova de cereja fresca e noz pecã

Serve quatro pessoas

Por Léo Mendes, chef do Ah Bon!

INGREDIENTES

MODO DE PREPARO

Para o merengue 4 claras de ovos 250 g de açúcar 1 fava de baunilha 1 colher (chá) de limão 1 colher (chá) de amido de milho 300 g de cereja fresca sem caroço

Préaqueça o forno em 150º C, juntamente com tabuleiro forrado com papel-manteiga. Em um bowl, bata as claras em ponto de neve (mas não seca). Gradualmente, de colher em colher, adicione o açúcar. Adicione a semente de fava de baunilha, limão e amido de milho. Com ajuda de um saco confeiteiro, forme círculos com a mistura, começando do centro para bordas até atingir o tamanho aproximado de 20 cm diâmetro. Asse por uma hora.

Para a cobertura 500 ml de creme de leite

Para a cobertura Bata o creme de leite até formar picos rígidos

Para redução da cereja: 200 g de cereja fresca sem caroço 10 ml de vinagre de jerez 50 g de açúcar 10 ml de limão

Para redução da cereja Misture os ingredientes e leve-os ao fogo para reduzir até 1/3 de volume. Coe e deixe esfriar.

Para a noz pecã: 200 g de noz pecã 100 g de açúcar 150 g de água

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Para a noz pecã Misture metade de água e metade de açúcar em fogo brando ao ponto de calda suave. Despeje sobre a noz pecã sobre uma tela. MONTAGEM Coloque os merengues em pratos. Monte o creme por cima. Em seguida, as cerejas frescas, nozes caramelizadas e a redução de cereja.

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GASTRÔ | RECEITAS Alexandre Rezende

Picanha ao molho de cerveja com risoto de alho-poró e batatas no alecrim Serve duas pessoas

Por Ramon Rodrigues, chef do Pinguim

Geraldo Goulart

INGREDIENTES Para a carne 300 g de picanha em tira 100 g de cebola picada 200 ml de chope escuro ou cerveja preta 100 g de farinha de trigo Sal, pimenta, folha de louro e sal grosso a gosto Para o risoto 1 talo de alho-poró picado 150 g de arroz para risoto cozido 50 ml de azeite 50 g de manteiga 80 g de queijo parmesão ralado Caldo de legumes Para as batatas no alecrim 3 batatas médias com casca cortadas em diagonal 50 ml de azeite 30 g de alecrim fresco 50 g de alho picado MODO DE PREPARO Para a carne Numa frigideira, grelhe a picanha por três minutos de cada lado. Reserve. Na mesma frigideira, acrescente o alho, cebola, louro e o chope escuro ou cerveja preta e deixe levantar fervura. Acrescente a farinha de trigo diluída em água. O molho deve ficar cremoso. Para as batatas no alecrim Cozinhe as batatas por 10 minutos. Retire da água e acrescente 50 ml de azeite, sal grosso a gosto e o alecrim. Leve ao forno por mais 10 minutos. Para o risoto Numa panela, coloque 50 ml do azeite, deixe aquecer e acrescente o alho-poró e o caldo de legumes. Refogue o arroz para risoto, acrescente o queijo ralado e por último a manteiga. z

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GASTRÔ | EVENTO Leandro Couri/EM/D.A Press

Reinvenção

Nas duas praças da cidade, aulas gratuitas e estandes de restaurantes atraem o público: cerca de 40 mil pessoas são esperadas neste ano

do tradicional

Festival Cultura e Gastronomia Tiradentes, o mais conhecido de MG, passa por mudanças, mas não perde foco em apresentar heranças culinárias e novas tendências ALINE GONÇALVES

Os chefs franceses estarão lá. Os jantares especiais continuam. Há pratos sofisticados e aulas. Olhando assim, parece que o Festival Cultura e Gastronomia Tiradentes não mudou tanto. Só parece. Apesar das semelhanças com as versões anteriores, quando a 18ª edição tiver início, no dia 21 deste mês, será possível notar que a 130 |Encontro

iniciativa passou por várias alterações. O objetivo dessas transformações é a maior integração do evento à cidade. Para conseguir isso, a programação terá novos cursos, vários deles interativos, como os do Espaço Experiência, onde chefs e sommeliers vão mostrar preparo de pratos e harmonizações. Ainda haverá ampliação no número de estandes de receitas oferecidas nas duas principais praças da cidade – o Largo das Forras e o Largo dos Chefs. Também foram criados roteiros gastronômicos rurais, para que os visitantes possam conhecer produtores que trabalham no entorno do município. Os jantares especiais, antes realizados em pousadas, seguem o modelo de 2014 e ocorrem nos restaurantes locais. Neste ano, além de Trattoria Via Destra, Pacco & Bacco e Angatu, servirá como base o Kitanda Brasil, da chef Tanea Romão, contabilizando, assim, 16 eventos. A grande diferença é que, desta vez, os chefs “anfitriões” vão cozinhar ao lado dos convidados. Além disso, outros estabelecimentos da cidade ofertarão cardápios especiais durante a iniciativa. “Quanto

mais Tiradentes estiver envolvida, mais desenvolvimento gastronômico ela terá durante o ano inteiro, não só durante o evento”, diz o organizador do festival, Rodrigo Ferraz. “Hoje nos voltamos para o Brasil e investimos em educação além das atrações”, explica, fazendo referência à Expedição Fartura Gastronomia, que, ao longo dos últimos quatro anos, rodou 130 cidades, de 21 estados. Entre 2014 e 2015, a expedição passou por Maranhão, Goiás, Tocantins, Pará e Piauí. Desses lugares, vêm os ingredientes e alguns dos chefs que participarão desta vez. Para selecioná-los, o curador gastronômico Rusty Marcellini experimentou diferentes sabores. “Eu me surpreendi com o Tocantins, um lugar que não conhecia”, diz Marcellini. “Imaginava que seria parecido com Goiás, mas vi que eles têm uma cultura própria. Por exemplo, não consomem tanta carne como os goianos, mas usam muito peixe”, diz. Baunilha do cerrado (de Goiás), queijo de búfala (do Marajó/Pará), cajuína (suco comum no Piauí) são alguns itens que Rusty encontrou – e que o público pode esperar ver em Tiradentes. Muitos

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FIQUE ATENTO 18º Festival Cultura e Gastronomia Tiradentes Período: de 21 a 30 de agosto Atrações: jantares, aulas gratuitas, rotas turísticas, 83 apresentações artísticas, sendo 21 cênicas e 62 musicais Público: expectativa de 35 a 40 mil pessoas www.farturagastronomia.com.br

serão levados pelos próprios produtores, como Nazareno Alves, de Belém, que falará sobre o peixe com açaí, comum no Norte do país. “Ao trazer a culinária de outros estados, mostramos aos mineiros que o Brasil é grande e que Minas tem potencial para se desenvolver no turismo gastronômico”, diz Rusty. Além dos chefs que a expedição conheceu, como Daniela Martins (Lá em Casa/PA) e Rosa Nunes (Cabana do Lago/TO), estão confirmados nomes famosos da gastronomia nacional, como Manu Buffara (Manu/PR), Rafa Costa e Silva (Lasai/RJ) e Rolland Villard (Le Pré Catelan /RJ). Uma das responsáveis pelos jantares do dia 28, Márcia Pinchemel (Antonia Bistrô/GO) vai trazer produtos típicos do cerrado. Natural da Bahia, ela trilhou sua trajetória gastronômica em Goiás. “A minha bandeira são os frutos e meu rei é o baru. Por isso, vou servir um prato que é o surubim com cagaita, batata-doce, gengibre, arroz negro com baru e raspas de limão-siciliano”, diz. Proprietário do restaurante Angatu, que vai receber, além de Márcia, outros quatro profissionais, o chef Rodolfo Mayer comemora as mudanças que trouxeram os jantares para dentro dos restaurantes. “O público ficou satisfeito. O jantar ficou intimista”, diz. Para ele, que defende o uso de produtos brasileiros, a experiência de cozinhar com outros é importante. “Essa troca de informações é bacana, porque é difícil ter contato com tantas culturas gastronômicas diferentes, ainda mais em duas semanas”, diz Rodolfo. z

França mais perto de Minas Uma grande novidade desta edição do Festival Cultura e Gastronomia Tiradentes será o intercâmbio inédito com outro evento. Quatro chefs mineiros participarão da 10ª edição do Festival L’Etoile de Mougins, na cidade de Mougins, Sul da França, em setembro, enquanto franceses virão para Tiradentes na última quinzena de agosto. A ideia dessa troca partiu de uma sugestão do chef Ivo Faria, do restaurante Vecchio Sogno, que foi ao evento francês em 2013 e apontou semelhanças em relação ao tratamento dado aos produtos e aos chefs, em ambos, com a valorização da culinária nacional. Além de Ivo, os representantes brasileiros serão Leonardo Paixão (Glouton/BH), Fred Trindade (Trindade/BH) e Rodolfo Mayer (Angatu/Tiradentes). “Cada um de nós dará uma aula com temáticas diferentes. Eu vou falar da mandioca e vou fazer uma sobremesa com esse ingrediente, que será um cuscuz. Será uma aula demonstrativa e com degustação”, explica Rodolfo. Além disso, o quarteto irá apresentará um prato preparado em conjunto durante um jantar. Antes, em Tiradentes, os chefs franceses Xavier Burelle (Hôtel de Mougins), Laela Mouhamou (La Brasserie de laMéditerranée), Emmanuel Ruz (Lou Fassum) e Serge Chollet (Le Moulin de Mougins) assinarão jantares e ministrarão aulas. Fotos: Geraldo Goulart e Eugênio Gurgel

Intercâmbio de sabores e de conhecimento: chefs Leonardo Paixão, Ivo Faria, Rodolfo Mayer e Frederico Trindade foram os escolhidos para levar ingredientes mineiros ao festival em Mougins

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NA SOCIEDADE | HELVÉCIO CARLOS hcarlos@editoraencontro.com.br

Mariel Pelli/Divulgação

ORIGINAL E DELICADO O que não falta no mercado é opção para presentes de casamento. Caros, baratos, modernos e práticos. Mas quando entram na categoria de raríssimos, verdadeiras obras de arte, a emoção dos noivos ao recebê-los é ainda maior. Ana Paula Junqueira e Fernando Terassi, que se casaram no início de agosto, ganharam de Eliana Martins Gualberto Ribeiro cerca de 2 mil enfeites para embalar parte dos doces servidos na festa. Uma ideia tão original, de tanta beleza e delicadeza, já havia conquistado outros admiradores, como a princesa Diana, que, dois anos antes de sua morte, recebeu da embaixatriz Lúcia Flecha de Lima uma caixa com doces enfeitados. “Procuro fazer modelos diferentes. A graça é surpreender as pessoas”, afirma Eliana, que herdou o talento da mãe, Beatriz Borges Martins, e começou a fazer enfeites para os 15 anos da filha Alessandra. Desde então, tem sido um sucesso. Paulo Márcio

FESTA PARA CHRISTIANE Nada mais natural para Vittoria Brunazzo do que comemorar seus 15 anos com uma festa superanimada no Ilustríssimo, em setembro. “Ela é festeira desde 1 ano de idade”, brinca a mãe da garota, Christiane Ribeiro Brandão. Vittoria, que nasceu na Itália – é filha de Pierluigi Brunazzo –, acompanha os preparativos da comemoração ao lado da mãe. “Como temos gosto muito parecido, está sendo tudo muito tranquilo”, diz Christiane, que, por enquanto, não revelou o nome do convidado especial com quem a filha vai dançar a valsa, também atração musical da noite. “Ela ficará sabendo poucos dias antes da festa, para evitar ansiedade na hora da comemoração.” Além do convidado surpresa, Christiane vai dançar com 15 pares escolhidos entre colegas da Fundação Torino e da equipe de natação do Minas Tênis Clube.

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Luiza Ferraz/Divulgacao

LIÇÕES DE UM GÊNIO Sobrinha-neta de Alceu Penna, autor das inesquecíveis garotas do Alceu, Gabriela Ordones Penna é uma das responsáveis pela exposição Alceu Penna é 100!, que pode ser visitada no Centro de Referência de Moda. “Os desenhos do meu tio-avô permeiam minha vida desde muito cedo. Meu avô Josaphat Penna – que Alceu chamava carinhosamente de “Fazinho” – era um admirador confesso do irmão”, diz. Gabriela redescobriu a obra de Alceu há 10 anos, como pesquisadora, durante o mestrado em moda, cultura e arte no Senac em São Paulo. De lá para cá, estudou a famosa coluna As Garotas do Alceu, que tornou Alceu Penna referência nacional em moda e comportamento. “Um universo se abriu diante de mim”, diz. O resultado foi gratificante e, em 2009, Gabriela foi convidada a apresentar trabalho na 11th Internacional Foundation of Fashion Technology Institutes (IFFTI), no London College of Fashion, na Inglaterra. Em 2010, publicou o livro Vamos Garotas! Alceu Penna, moda, corpo e emancipação feminina (1938-1957), pela editora AnnaBlume. Arquivo Pessoal

SIM EM COMANDATUBA Júlia Salvador e Fernando Soares marcaram o casamento para maio do ano que vem em Comandatuba. “A nossa intenção sempre foi nos casarmos fora de Belo Horizonte, à beira-mar. E em Comandatuba vamos conseguir reunir todos os nossos convidados em um único hotel”, diz a noiva, que ainda este mês fará uma visita ao hotel para definir os detalhes da cerimônia e recepção — já está certo que, na véspera, ela e o noivo receberão os convidados em um luau na praia. No mês que vem, Júlia segue com a mãe, Nora Dias, para Nova York, onde escolherão o vestido. Ela conta que foi pega de surpresa com o pedido de noivado no Dia dos Namorados, em Lavras Novas. Dias antes, Fernando já havia garantido o consentimento do pai de Júlia, José Henrique Salvador.

Arquivo Pessoal

DIVERSÃO EM SALVADOR Aproveitando as férias dos filhos Gabriel, de 9 anos, e Pedro, de 7, Manu Diniz, mulher de PJ, baixista do Jota Quest, curtiu temporada na casa dos pais, Sônia e Eduardo Neves, em Salvador. “Sempre que podemos vamos à cidade. As crianças adoram a capital baiana, os passeios e o banho de mar”, diz. “Mas, para elas, nada se compara à casa dos avós. É onde têm a vida que pediram a Deus”, diverte-se Manu, que levou a tiracolo as cachorras Zabelê e Petúnia. “Elas são supertranquilas e gostam de ficar ao ar livre.” PJ passou o período em Belo Horizonte, onde o Jota Quest está gravando o próximo disco da banda.

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SOCIEDADE

Capão trintão Os 30 anos do forró do Capão foram comemorados com uma das melhores edições da festa junina mais tradicional da região metropolitana de Belo Horizonte. Produção bem cuidada, que incluiu cardápio de dar água na boca, com caldos e a fartura de doces, o evento também tem seu lado social. A renda obtida com a venda dos convites é revertida para o Instituto Gil Nogueira e o Projeto Cidadão, de Sabará. O bom humor também é marca da festa. Neste ano, José Ricardo, o puxador oficial da quadrilha, buscou inspiração nos fatos atuais da política brasileira, fantasiou-se de Dilma e tirou gargalhadas da plateia. A festa foi até a madrugada com a banda SP 3, de São Paulo, e o DJ Guilherme Aum. Fotos: Carla Lima/Divulgação.

Lais Nogueira, Ana Cristina Freire e Luiza Lamounier

Quadrilha

Ritinha, Gabriela Tavares, Mayara Tavares e Luana Tavares

Bruno Nogueira e Laila Nogueira

Alessia Nogueira, Franco Meloni, José Ricardo Tavares, Patricia Meloni, Lilian Bicalho e Renata Martins

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Quadrilha

Dea Malard, Larissa Assad e Thiago Neves

Quadrilha

Cristina Katz, Maria Auxiliadora, Maria Augusta Dicker e Leonardo Dicker

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Otávio Neiva, Giuliane Nogueira, Ana Paula Manata e Alexandre Manata

Quadrilha

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Maria José Tavares, Marcos Dalariva e Rosilda

José Eduardo Paixão e Tânia Pazsternack

Bruno Lobato e Larissa Marinho

Giuliane Nogueira e José Ricardo Tavares

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SOCIEDADE

Alvaro Bonavina, Raquel Faria e Thiago Felipe

Fernanda Santos, João Pinto Ribeiro e Viviane Magalhães

Fernando Vaz e Maria de Fátima Ramos Prumo

As melhores Em sua segunda edição, o prêmio Great Place To Work (GPTW) apontou as 35 melhores empresas para se trabalhar em Minas Gerais. Das 189 inscritas, 35 foram premiadas em três categorias: de 50 a 249 funcionários; de 250 a 999 funcionários e acima de mil funcionários. A premiação foi realizada durante café da manhã no Teatro Alterosa. Fotos: Duduas Profeta e Léo Araújo. João Pinto Ribeiro, José Geraldo Teixeira da Costa Neto e João Batista Carvalho

Paula Costa, Luciano Moraes, João Vinhas e Fabia Mendes

Giovani Pinheiro e Rogério Pereira

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Nayara Bandeira, Raissa Bruno, Patricia Mourão e Isabella Santos

Silvia Bernardes e João Gabriel Sá

Flávio Galizzi, Rodrigo Naves, Patricia Aun, Leonardo Martini e Sérgio Gazire

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José Inácio e Gizele Alves

Clécio Wanis e Daniel Negreiro

Marcelo Gomes, Paulo Castellari e Fernando Laje

Giuliano Laucas

Núbia Freitas e Guilherme Oliveira

Marco Túlio Guimarães, Maria Júlia Moreira e Alexandre de Oliveira

Funcionários Anglo American

Fabricio Martins e Nielve Matias

André Xavier, Deise Souza, Caroline Maffezzolli e Edgard Fiuza

Jane Soares e Cristiene Prado

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SOCIEDADE

Oftalmologia em alta O Hospital de Olhos Rui Marinho realizousua1ªJornadaCientífica,emcomemoração aos 40 anos de serviços prestados na área da oftalmologia. O evento ocorreu na Associação Médica de Minas Gerais e contou com palestras de renomados médicos da oftalmologia mineira. Fotos: Andreatta Produção Visual Davidson Gomes/ Divulgação. Fábio Kanadani, Luis C. Molinare, Rui Marinho, Maria Inêz Costa e Christian Marcellus Campos

Marcus Vinicius Cardoso, André Batista Ferreira, Juliana Souza, Marcos P. Vianello, Daniel Fulgencio Moura e Albert Maximilian

Leonardo Gontijo, Juliana Souza e Rui Marinho

Leonardo Gontijo, Rui Marinho e Marcus Vinicius Cardoso

Luis Felipe Carneiro e André Batista Ferreira

Fábio Kanadani, Rui Marinho, Marcos Vianello e Daniel Fulgêncio

Luis Fernando Nominato, Roberto Márcio, Barbara Ribeiro e Ricardo Campolina

Luis Felipe Carneiro, Doroth Dántes, Alessandra Leite e Ana Gabriela Zum Bach

Adryana Assunção e Fábio Kanadani

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SOCIEDADE

Inauguração O Grupo Hermes Pardini realizou coquetel de inauguração do Núcleo Especializado em Saúde da Mulher na unidade da rua Aimorés. O objetivo é atender pacientes com serviços especializados, individualizados e mais ágeis. Coordenado pelo dr. Cláudio Saliba, o núcleo contará com médicos radiologistas com atuação em saúde feminina para a realização de exames como mamografias, ultrassons e densitometrias ósseas, realização de exames laboratoriais para saúde feminina, além de vacinas. Fotos: Renata Caldeira e Marjorie Zocrato.

André Coelho, Adriene Campos, Ivie Braga, Claudio Saliba de Avelar, Dierre Alvim e Adriana Rolla Linhares

Estevão Andrade, Adriana Rolla Linhares e Paula Gomide

Taís Andrade e Alexandra Villela

Ana Carolina Armani, Paula Gomide, Adriana Marinho e Érica Resende

Thadeu Provenza, Jose Oscar Macedo e José Cateb

Cristiane Ventura, Aline Gontijo e Marina Amaral

Cláudio Saliba, Mônica Castro, Gabriel de Almeida Silva Júnior e Adriana Linhares

Luiz Fernando Ribeiro, Juliana Joukhadar e Claudio Saliba de Avelar

Bernardo Dória e Rafael Araújo

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SOCIEDADE

Entre amigas Como boa festeira, volta e meia, Patrícia Soutto Mayor reúne as amigas em encontros descontraídos em sua casa, no Belvedere. Como neste ano o Buffet Célia Soutto Mayor comemora 45 anos, Patrícia surpreendeu as convidadas com um menu que incluía suspiros – "o must quando o negócio começou" –, petiscos, morangos in natura e em receitas deliciosas, como estrogonofe de morango. A reunião começou com hora marcada, às 18h, e terminou à meia-noite. Fotos: Samuel Gê.

Laura Carvalho e Cícera Gontijo

Célia Soutto, Patrícia Soutto, Gabriela Soutto e Celinha Soutto Mayor

Anna Cecília e Mercês Guerra

Márcia Mundim, Glorinha Tasca, Márcia Barbosa e Valéria Cota

Bernardo Soutto Mayor e Patrícia Soutto Mayor

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Elizabeth Mariani e Maria Inês Etrusco

Bia Bicalho e Iaiá Resende

Maria Inês Safar, Emília Guerra e Mary Dayrell

Cláudia Travesso e Michella Marchi

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SOCIEDADE

Apoiadores da comemoração de um ano do BHZ Espaço

1 ano de BHZ

Amanda Ribeiro, Ângelo Caffaro e Daniele Matioli

O BHZ Espaço deu início a uma temporada muito especial: com a chegada de seu primeiro aniversário, a casa apresentou um novo conceito em realização de eventos e convidou os mais renomados profissionais da área a vivenciarem a versatilidade dessa experiência. No último dia 1º de julho o BHZ Espaço recebeu amigos e apoiadores para brindarem a temporada e contou com mais de 15 dos maiores nomes em realização de eventos da capital mineira. Para embalar a festa, o DJ Mauricio Lobato foi acompanhado pelo novo show de Maíra La Banca e pela banda Bless. Fotos: Rodrigo Lana / Divulgação.

Rodrigo Lana, Iaiá Resende, Márcio Resende e Marcos Luciani

Frederico Costa, Nani Moraes, Alessandro Resende e Carlos Filho

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Daniel Diniz, Renato Lage, Mônica Ferreira, Chiari e Antônio Hamilton

Elaine Vale, Bel Ornelas e Érica Gonçalves

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Giovana Ribeiro, Izabela Dias e Daniel Marquez

Cássia Lavalle, Valéria Rodrigues e Luciana Faiçal

Felipe Mol e Caroline Ferreira

Natália Resende

Patrícia Soutto Mayor

Juliana Freitas, Mônica Ferreira e Patrícia Bottrel

Karen Viana e Gilberto Alves

Márcio Resende, Keiko Tanaka, Carlos Chiari e Iaiá Resende

Flávia Azevedo, Mônica Lipiani, Elisa Figueiredo, Fernanda Figueiredo e Sérgio Mendes

Regiane Miciano e Iaiá Resende

Mônica Ferreira, Túlio Pires, Iaiá Resende e Márcio Resende

Rodrigo Mol e Daniela Mol

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ARTIGO | LEILA FERREIRA lferreira@editoraencontro.com.br

Agosto sem desgosto Agendas abarrotadas? Listas infinitas de compromissos? Sensação de que as 24 horas do dia não dão nem para o começo? É assim que quase todos nós vivemos hoje, em dívida permanente com tudo e com todos porque nos falta tempo. E poucas coisas estressam (e angustiam) tanto quanto esse descompasso crônico entre o que queremos ou devemos fazer e o tempo disponível para cumprir a agenda. Por isso, achei que valeria a pena citar aqui, em pleno agosto, uma lista de resoluções de Ano Novo publicada pelo jornal inglês The Guardian. Feita pelo colunista Oliver Burkeman, a lista consiste de apenas três sugestões (para ele próprio e para os leitores), e a que me pareceu mais interessante trata justamente da questão do tempo – ou da falta dele. O que Burkeman propõe é selecionar uma ou duas atividades do nosso dia a dia que consideramos prazerosas ou positivas, mas consomem um tempo que não temos, e riscá-las sem dó da agenda. Parece estranho cortar o que é bom, mexer na lista das coisas boas da vida? Sim, mas a estratégia está justamente aí, porque o que é negativo a gente acaba cortando uma hora ou outra (ou pelo menos deveria). Mas das coisas prazerosas ou gratificantes nós não queremos abrir mão, e vamos empilhando os compromissos – até que eles acabam nos engolindo. Pode ser um curso de degustação de vinhos, o clube do livro, um curso de língua estrangeira, os encontros semanais com os amigos, as duas aulas de pilates por semana, mais as três de musculação, as horas gastas no Facebook ou no WhatsApp com o grupo da família, um curso de pós-graduação e por aí vai. São coisas que queremos fazer e que, em tese, nos divertem, instruem, acrescentam. O problema é que, somadas à pilha diária de compromissos, elas acabam virando um problema. Deixam de nos fazer bem, porque, ao diminuir o tempo que já não temos, geram mais ansiedade que prazer. Recentemente, tive que deixar minhas aulas de francês (que eu amo), as aulas de dança (amo mais ainda), desisti de voltar a estudar piano, depois de décadas parada, e estou devendo happy hours, cafés ou almoços para mais de uma dúzia de pessoas queridas. Não ter tempo para coisas como essas é extremamente frustrante. Mas insistir em fazê-las, brigando com o relógio a cada segundo, seria pior. Por isso, concordo com a sugestão do inglês e com algo que ele destaca: hoje há uma oferta imensa de atividades e programas atraentes. E, no ritmo hiperativo em que aprendemos a viver, a tentação de querer fazer mais do que as horas permitem ou o bom senso recomenda é enorme. Mas é preciso enxugar a agenda, se não quisermos acabar derrotados pelos compromissos. Os amigos que são amigos de verdade entendem, porque estão no mesmo barco e porque são amigos. E o piano, a dança, os eventos sociais, os cursos, as viagens esperam – até que tenhamos tempo e energia para estar neles por inteiro. Quanto às outras duas sugestões de Oliver Burkeman, ficam registradas aqui para quem quiser tentar (eu, pelo menos, estou decidida). A primeira tem como ponto de partida um fato que ninguém contesta: somos seres imperfeitos, todos nós. Principalmente quando estamos estressados ou

“É preciso enxugar a agenda, se não quisermos acabar derrotados pelos compromissos. Os amigos que são amigos de verdade entendem, porque estão no mesmo barco e porque são amigos” confusos, cometemos erros e tomamos decisões equivocadas. Por isso mesmo, o inglês propõe que aprendamos a cobrar menos dos outros e de nós próprios. Que sejamos menos implacáveis nos nossos julgamentos. Menos rigorosos nas nossas exigências. Em casa, no trabalho, na relação amorosa – em qualquer esfera, vira e mexe é melhor dar um desconto, aprender a deixar por menos. Por último, uma resolução que para alguns pode parecer bobagem, mas não é: começar (ontem!) a meditar. Por tudo que já li e ouvi, a meditação é uma prática transformadora. Muitos dividem a vida em antes e depois de começar a meditar. Menos angústia, menos estresse, mais foco, mais serenidade... Meditar abre janelas internas e nos oxigena – isso, em um mundo que vem sofrendo de falta de ar. A desculpa da falta de tempo não cola: bastam cinco minutos por dia. E há vários sites que dão instruções para os primeiros passos. Isso posto, ficamos combinados: a partir de agora, agosto não tem mais que ser o mês do desgosto. Pode ser o mês das resoluções e do recomeço, porque nunca é tarde para a gente reinventar a vida – e, claro, se reinventar. z *Leila Ferreira é jornalista, escritora e palestrante

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