PNLD 2022: MANUAL DO PROFESSOR

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Ilustrado por Martina Carvalho
LIVRO DO PROFESSOR Material Digital Do Professor escrito Por Jessica sPilla
Escrito por Jessica Spilla

Copyright©2021

Jessica Spilla

Material Digital do Professor baseado na obra

Para lá e para cá, escrita por Jessica Spilla e ilustrada por Martina Carvalho. As autoras declaram anuência para a elaboração deste guia com base em sua obra.

DIREÇÃO EDITORIAL

Ricardo Soares

ILUSTRAÇÃO

Martina Carvalho

PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO

Soma - palavra e forma

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Spilla, J.

Para lá e para cá – Livro do Professor / Material Digital do Professor. / Jessica Spilla. 1ª edição. São Paulo: SG-Amarante, 2021.

47 p. : il. , 20,5 x 27,5 cm

ISBN 978-65-99000-93-5 CDD 028.5

1. Literatura infantil. 2. Alfabetização. 3. Natureza.

4. Os sentidos. 5. Desenvolvimento infantil.

6. Educação infantil (creche). I. Autor. II. Título.

Índices para catálogo sistemático:

1. Educação infantil (creche) : narrativa curta - 028.5

2. Educação infantil (creche) : descoberta de si e do outro - 028.5

3. Educação infantil(creche) : natureza - 028.5

ISBN LIVRO DO ALUNO 978-65-99000-92-8

ISBN LIVRO DO PROFESSOR 978-65-99000-93-5

NOSSA MISSÃO

Publicar livros de qualidade que permaneçam na mente dos nossos leitores como fonte preciosa de conhecimento e de entretenimento.

2021 - Todos os direitos reservados.

SG-AMARANTE EDITORIAL

Rua Cônego Eugênio Leite, 916 . cj. 61

São Paulo/SP . CEP 05414-001

Conheça os nossos livros: w w w.sg-amarante. com .br

CARA PROFESSORA, CARO PROFESSOR,

Que alegria saber que o livro Para lá e para cá chegou até você! Essa é uma obra que fala, desde o título, de movimento. Assim como as crianças que você ensina com tanto carinho e dedicação, temos aqui um bebê protagonista que corre, brinca, descobre e se movimenta sem parar em suas descobertas.

Para lá e para cá fala de infância, de família, de natureza. Um livro que mostra a curiosidade e a energia da criança bem pequena em explorar e aprender e que convida os leitores a se identificarem com o personagem. Afinal, todos nós já vivenciamos de alguma forma a maravilha de poder explorar e se sentir conectado com o nosso redor, as outras pessoas, as plantas e os animais. Nessa obra, um mundo de descobertas e relações se abre a partir de um simples passeio a uma praça – que pode ser o jardim da creche, da casa ou do prédio; a praça da esquina; aquela que vemos no caminho do trabalho – porque o que importa não é o tamanho, mas o que há nela para ser percebido, sentido, experimentado. É aquela flor que desabrocha e enche o lugar de beleza e alegria. É o banco em que a borboleta pousa, é a árvore que balança com o vento e faz a mais bela música, o som da natureza... É por esse caminho que o livro nos convida a seguir. Esperamos que você goste do livro e deste complemento digital. Aqui, traremos informações mais aprofundadas sobre a obra, informações pedagógicas e culturais que o livro propõe e atividades para o serem realizadas antes, durante e após a leitura do livro. Agradecemos mais uma vez pela oportunidade de lhe apresentar o nosso livro, seguimos juntos pela construção de uma educação de qualidade e a formação de leitores conscientes. Que estejamos sempre nesse movimento de espalhar livros e leituras!

Abraços, Jessica Spilla

SUMÁRIO SOBRE A OBRA 5 A história por detrás da história 7 Qual é mesmo a história? 8 Quem? Quando? Onde? 8 Virando a página 9 S obre a autora e a ilustradora 10 A FORMAÇÃO DO LEITOR NA PRIMEIRA INFÂNCIA 11 Os livros para a primeira infância 11 A leitura para crianças bem pequenas 13 O livro Para lá e para cá e o desenvolvimento da criança 15 A rotina da criança como temática do texto literário 17 A br incadeira na literatura 19 Os s entidos como tema do livro infantil 20 O livro Para lá e para cá e a BNCC – Educação Infantil 22 A LEITURA DO LIVRO 24 Antes da leitura 24 Durante a leitura 25 Depois da leitura 26 O livro, página a página 27 SUGESTÃO DE ATIVIDADES 39 As folhas das árvores – explorando a natureza 39 Areias divertidas 40 Piquenique de fr utas 40 Pintando e colando 40 Um passeio à praça 41 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 42

SOBRE A OBRA

PÚBLICO-ALVO, CATEGORIA E TEMÁTICAS

Título: Para lá e para cá

Autora: Jessica Spilla

Ilustradora: Martina Carvalho

Categoria: Creche II - crianças de 1 e 6 meses a 3 anos e 11 meses

Especificação de uso: Leitura do professor

Temas:

1. Cotidiano, relacionamento pessoal e desenvolvimento de sentimentos de crianças nas escolas, nas famílias e nas comunidades (urbanas e rurais); 2. Jogos, brincadeiras e diversão; 3. Corpo humano e suas características.

Gênero literário: Narrativo – história curta, texto com repetições.

Para lá e para cá é um livro feito especialmente para a criança bem pequena valorizar a sua conexão com a natureza. A obra aborda temas do dia a dia da primeira infância: o convívio em família, a descoberta do outro em um espaço público, a presença da natureza em um espaço urbano, as sensações que a natureza desperta, a alimentação, o sono, as aprendizagens e surpreende os leitores de todas as idades porque os convida a refletir sobre as suas próprias percepções e sensações em relação à natureza. O livro infantil pode e deve trazer um conteúdo especial para os leitores que favoreça a descoberta de si e da natureza. O livro para criança também pode ser, por que não, interessante para os adultos – incentivando a leitura em família de forma a instigar também a curiosidade e o desejo de ler de seus integrantes. Assim é esse livro: uma narrativa para crianças bem pequenas que encanta a leitores adultos pela sua narrativa textual, pelas ilustrações que apresenta e também pela temática singela que aborda: o passeio à praça com a família. E por que falar da natureza no livro infantil? Os livros podem ser a porta de acesso e a fonte de inspiração para o contato com a natureza, mesmo que em um primeiro de

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forma indireta. A Sociedade Brasileira de Pediatria enfatiza que brincar em contato com a natureza pode melhorar a força motora, o equilíbrio e a coordenação das crianças, além de aumentar os níveis de vitamina D. Além desses benefícios físicos, esse contato também auxilia nos aspectos sociais, emocionais e psíquicos. A exposição à natureza pode melhorar os sintomas

de depressão, ansiedade e déficit de atenção associado à hiperatividade. Crianças mais conectadas à natureza geralmente são mais propensas a agir de forma sustentável. Quanto mais as crianças demonstraram atenção e preocupação com o meio ambiente, mais se mostram também altruístas e com senso de justiça, com maior probabilidade de se sentirem felizes!

AQUI TEM NATUREZA

Para lá e para cá traz o selo Aqui tem Natureza indicando que a obra valoriza a integração da criança com a natureza através de uma narrativa que revela o nosso orgulho e sentimento de pertencimento à natureza. Criado no contexto da campanha mundial do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA/ONU) pela transformação das condições da infância, esse selo tem a função de apresentar às crianças e aos adultos livros que trazem as riquezas naturais do planeta do passado e do presente. Também tenciona conscientizar ainda mais o leitor para a necessidade de proteger a cada bichinho que aqui vive e o seu habitat, as praças, bosques, matas e florestas do mundo todo. A (re)conexão das crianças com natureza é uma forma de ajudá-las a perceber que fazem parte de algo maior e a crescer com o sentimento de respeito e cuidado em relação ao ambiente. A leitura desse livro, que valoriza a natureza e a vida ao ar livre, certamente representará uma primeira aproximação da criança a essa transformação de (re)conexão que todos nós tanto almejamos.

Para lá e para cá é um livro concebido para o manuseio de crianças bem pequenas, apresentando ilustrações vivas, atrativas e adequadas à faixa etária. Os personagens são retratados de forma clara, sem margem a ambiguidades, elaborados a partir das características reais de pessoas, lugares e elementos naturais – tendo como ponto de partida a realidade brasileira. As crianças terão facilidade em identificá-los,

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reconhecendo os principais elementos que lhes conferem identidade. Os objetos e cenários foram elaborados a partir de cores fortes e com contrastes bem delineados. A presença do azul na obra traz energia e vivacidade. Os tons de marrom e verde rementem à natureza. As ilustrações estão altamente correlacionadas ao texto e ainda apresentam, de forma coerente e consistente ao texto, informações adicionais, conferindo ainda mais graça à narrativa textual.

O texto é constituído por frases simples e rimadas que formam uma melodia especial. O vocabulário empregado é familiar à faixa etária e está apresentado em contextos que auxiliam na construção de significados pelas

crianças. Um texto que elas facilmente se apropriarão e farão uso, espontaneamente, para “ler” o livro mesmo que ainda não saibam ler convencionalmente. Ao longo da leitura do livro e a partir da proposta de trabalho descrita neste guia, as crianças também serão estimuladas a se apropriar desse vocabulário em situações de conversação, ampliando suas capacidades comunicativas. Quando a criança é bem pequena, o seu desenvolvimento leitor depende do leitor mediador que lhe apresentará não apenas o texto através da sua leitura em voz alta, mas também lhe servirá como modelo, mostrando-lhes os gestos da leitura e compartilhando com ela importantes estratégias de leitura.

A história por detrás da história

Quando a criança conhece um livro que tem um personagem com o qual pode se identificar, com cenários em que pode reconhecer um espaço, uma brincadeira ou uma forma, a leitura causa uma sensação de pertencimento ainda maior. É essa identificação que o livro Para lá e para cá quer oferecer, pois o protagonista é um bebê que se diverte em um passeio a uma praça, que pode ser qualquer praça. Essa é uma obra que traz um pedacinho de natureza em meio à urbanização, que mostra um adulto que reserva uma parte de seu dia para brincar com o bebê, em um horário qualquer de um dia qualquer. Na narrativa, há também uma irmã mais velha que brinca e compartilha novas descobertas com o irmão, que descobre a autonomia de poder andar livremente em um espaço aberto. Há a representação da beleza de se pegar uma folha ao vento, de sentir a areia nos pés e de ter contato com animais que também oferecem diversas possibilidades de interação, como o cachorro da vizinha e as formiguinhas que levam alimentos para o formigueiro. Quanta beleza em atitudes tão simples! Essa história é contada por meio de um texto rimado de frases curtas, que chamam a atenção pela sonoridade. As ilustrações, que conversam com o texto e que ora

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mostram um olhar amplo do espaço, ora com foco no próprio bebê, são feitas em aquarela com cores cálidas e harmoniosas e que fazem uma poesia visual, tão delicada quanto o protagonista.

Todo o livro é pensado e trabalhado para oferecer uma obra de qualidade para a criança, que não merece nada menos do que isso. Entretanto, esse livro também é pensado para o adulto mediador, que lerá a história em voz alta, que virará cada página e se identificará igualmente com o que verá no livro. Afinal, quem nunca sentiu saudades da infância, esse período tão importante da vida? Quem não gosta de descobrir coisas novas, de se sentir livre e conectado com a natureza e consigo mesmo? Mais do que um livro para crianças bem pequenas, Para lá e para cá é um livro que convida a leitores de todas as idades para estabelecer essa conexão.

Qual é mesmo a história?

Uma ida à praça ou a um parque qualquer pode ser uma tarefa simples e sem grandes novidades para um adulto, nada além de um passeio para um pequeno lazer. E para um bebê e para uma criança bem pequena? Quais serão as sensações? O que despertará a sua curiosidade?

Nessa narrativa, temos um bebê protagonista que chega com a sua família a uma praça e percebe o quanto há a explorar no ambiente. As sensações são muitas: sentir o cheiro das flores no canteiro, o encantamento ao ver as folhas das árvores dançando ao vento, a areia nos pés. Esse bebê descobridor observa atentamente cada elemento

do lugar, interage com os elementos da natureza e estreita e constrói relações, seja com a irmã mais velha e parceira de brincadeiras ou com os novos amigos que encontra na praça. Os animais também se tornam seus amigos e o convidam a brincar: o cachorro da vizinha é um amigão, as formiguinhas em seu vai e vêm, os pássaros que colorem os céus e cantam alegremente. O que era pra ser um passeio de rotina com a família vira um evento de cores, sons e sensações. Para lá e para cá é um livro de descobertas para as crianças bem pequenas, que irão se identificar com o protagonista curioso, e um livro de memórias e observações para os adultos.

Quem? Quando? Onde?

Há três personagens centrais nessa história: o bebê, a irmã e a mãe. Mas outros personagens aparecem no percurso de descobertas do bebê: o bem-te-vi, as formigas, as maritacas e até mesmo o cachorro da vizinha o convidam para explorar e fazer novas descobertas. A praça, cenário central, também se torna um lugar

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de identificação e afeto. Quem é esse bebê? Onde ele se encontra? Quando esse passeio acontece? Essas são algumas questões norteadoras que o leitor mediador poderá considerar antes, durante depois da leitura do livro. Quem mais aparece nessa história? As crianças poderão ser convidadas a descobrir. E, no final, uma surpresa: um personagem especial entra em cena – o pai aparece em um momento importante: a hora de dormir.

Virando a página

A estrutura do livro foi planejada de modo que o próprio projeto gráfico fornecesse pistas para a construção inicial de importantes procedimentos de leitura, como a antecipação e a localização – além das múltiplas inferências e extrapolações que podem ser elaboradas a partir da leitura da obra. A narrativa textual, toda registrada em letra bastão para garantir uma

padronização do desenho das letras do alfabeto, recebeu uma tipologia fina e delicada que é coerente com a opção gráfica das ilustrações: o traço linha delineia as representações dos personagens e os elementos dos cenários. Texto e imagem estão claramente dispostos em um fundo claro no qual cada qual ganha o seu espaço, tornando ainda mais evidente para a criança o que é escrita e o que é desenho. As ilustrações foram feitas a partir de elementos encontrados na realidade brasileira. As plantas e os animais retratam espécies geralmente encontradas em praças e jardins presentes nos centros urbanos. Justamente porque contam outra história, foi fundamental manter essa correspondência entre as ilustrações e a nossa realidade, proporcionando uma maior identificação da criança com a obra. Certamente ela reconhecerá no seu entorno elementos da ilustração, como o bem-te-vi ou o jasmim-manga.

SENSAÇÕES QUE ESCAPAM DO LIVRO

No livro para crianças bem pequenas é raro encontrar ilustrações feitas em aquarela. Em Para lá e para cá, a sensação de fluidez que a arte em aquarela transmite foi uma opção consciente: as folhas balançando ao vento, o sabor da fruta, o azul profundo do céu, a maciez do pelo do cachorro ganharam, ao serem registrados através dessa técnica, um tratamento ainda mais especial. A aquarela, sem dúvida, aguça os sentidos de visão e de profundidade do leitor, que se sentirá convidado a também mergulhar nessa fluidez de sensações.

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Sobre a autora e a ilustradora

Jessica Spilla é mestra em estudos editoriais pela Universidade de Aveiro, Portugal, e tem como linha de pesquisa as publicações de livros infantojuvenis e para jovens adultos (young adult). Obteve o título de mestra com uma dissertação sobre livros para bebês e crianças bem pequenas, que busca analisar a produção, o mercado editorial e a importância dos livros para essa faixa etária como um suporte de comunicação, educação e desenvolvimento. É graduada em tradução e, atualmente, cursa uma licenciatura em letras. Trabalha no mercado editorial, especificamente na produção de livros infantis. Para lá e para cá é o seu livro de estreia e traz um olhar sobre o cotidiano do bebê, sendo o livro fruto de seus estudos e também das próprias vivências da maternidade.

Martina Carvalho é ilustradora autodidata, musicista e ama dar vida a histórias como esta, com cores, lápis e pinceis, mas o que mais ama mesmo é saber que os livros que ilustra serão lidos por um público tão especial, as crianças pequenas com seu olhar de encanto, que sabem ver graça nas coisas mais simples e cotidianas. Acredita que esse olhar é o que todo adulto deve manter, pra deixar sempre livre a criança que leva dentro!

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A FORMAÇÃO DO LEITOR NA PRIMEIRA INFÂNCIA

A primeira infância, que compreende os primeiros seis anos da criança, é uma fase de descobertas infinitas, em que o cérebro cria milhares de conexões por segundo e se desenvolve como em nenhuma outra fase da vida. É o período inicial de identificação e pertencimento, de autoconhecimento, do conhecimento do outro e do mundo que o cerca. Nessa etapa, as descobertas são ainda mais intensas, a criança passa de um período extremamente dependente do outro para os seus primeiros atos de autonomia e consciência, como andar, falar, decidir, aprender regras e limites, desenvolver seus gostos pessoais, perceber a si mesma e ao outro de forma mais intensa. E sobre os livros e a literatura para essa faixa etária, como tudo isso se reflete?

Os livros para a primeira infância

No mercado editorial, há uma variedade de livros para crianças bem pequenas. Dentro desse grupo, estão diversos livros-brinquedo, livros com suporte cartonado, de pano, de banho e com outras características específicas. Todos esses objetos são interessantes do ponto de vista lúdico e sensorial; contudo, os livros tradicionais, com capa e folhas de papel, também devem ser oferecidos às crianças desde a mais tenra idade, para que elas conheçam o objeto livro tal como ele se apresenta socialmente e se familiarize com ele, sem que haja a confusão de que tal objeto é um brinquedo (ainda que, entre outras características, o livro também é feito para divertir, e essa é uma de suas características principais).

Para melhor compreender a importância do contato da criança bem pequena com um livro de papel, é possível fazer um paralelo com a alimentação. Ninguém duvida da importância de deixá-la pegar a comida com as próprias mãos: trata-se de um estimulo para o desenvolvimento da autonomia e também do paladar. Ela fica com o rosto todo sujo e as mãos enlambuzadas; suas roupas manchadas; a cadeira, a mesa, o chão... Tudo em volta parece ficar cheio de pedacinhos de comida. E a reação das pessoas? Pura alegria!

Mas, quando se trata de deixar uma criança bem pequena pegar um livro de papel com as próprias mãos, muita gente ainda hesita. E se

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rasgar uma página? Colocar na boca e babar em cima? Cortar a mãozinha? Comer o papel? Amassar o livro? Pois é, embora os livros sejam o alimento da alma, ainda existem aqueles que acreditam que livros e crianças bem pequenas não combinam. Afinal, elas nem conseguem entender o que está escrito, não é mesmo?! Não, não é. No processo de literacia, é fundamental que as crianças bem pequenas sejam expostas a livros de papel, com todas as suas características reais.

Livros de plástico, de pano e até livros brinquedos podem fazer parte da sua biblioteca. Mas é com o livro de papel que a criança terá as melhores oportunidades para perceber-se como um leitor ativo inserido em uma comunidade leitora. Ao estimular o contato frequente com um objeto social real, tal como ele existe concretamente em nosso dia a dia, a criança aprenderá, gradualmente, a manipulá-lo com segurança, reconhecendo desde o início os cuidados necessários para a sua conservação.

Mas o suporte do livro para a primeira infância não deve ser o único ponto a ser levado em conta: o suporte, a ilustração e o texto formam a tríade perfeita para um livro de qualidade. As cores, as formas representadas, as

imagens que complementam o texto chamam a atenção das crianças pequenas que veem o adulto mediador segurando o livro, ou quando já possuem a independência de folhear os livros por si sós. Da mesma forma o texto, quando lido em voz alta, convida às crianças a entrarem no universo apresentado pela história, auxilia na construção do vocabulário, estimula a capacidade de concentração e, mais importante do que tudo isso, diverte e forma futuros leitores, contemplando o conceito de literacia. Inserir a leitura na rotina da criança, independentemente da idade, é um fator preponderante para que elas aprendam a reconhecer o valor da leitura e para que a criança tenha a consciência de que esse é também um momento de diversão, mas também de aprendizado e até de reconhecimento. Por isso, é importante que sejam lidos livros de diversas temáticas, com características diferentes e que podem ora se focar em um objeto, ora na rotina, ora em um lugar, ora em uma pessoa ou um animal... as possibilidades são muitas. Com o passar do tempo, as crianças perceberão qual tipo de história e de temas preferem e passarão a eleger seus livros favoritos a partir de seus gostos pessoais.

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LÊ DE NOVO?!

Durante a primeira infância, as crianças gostam da repetição. Para elas, repetir um mesmo passeio, comer uma mesma comida, ouvir várias vezes uma mesma história e ler e reler o mesmo livro é uma estratégia de aprendizagem emocional e cognitiva. Por isso é muito importante reler o mesmo livro várias vezes. As crianças sempre poderão fazer uma interpretação diferente do que foi lido, observar um novo detalhe na ilustração e se sentir mais segura ao saber que já conhece o texto. Esses são pontos que podem estimular a concentração delas e fazer toda a diferença em seu processo de desenvolvimento enquanto leitoras.

A leitura para crianças bem pequenas

A leitura para crianças bem pequenas é necessariamente uma leitura em voz alta realizada por um leitor mais experiente. Ao ler para uma criança bem pequena, não se está apenas traduzindo oralmente aquilo que está escrito no livro ou representado em suas imagens, mas o adulto também é, nesse momento, um modelo de leitor. Os gestos ao segurar o livro e ao virar as páginas; a direção do olhar pelo livro; a entonação da voz... Tudo isso serve como pista para a criança que observa o mediador (ora de forma mais atenta, ora de forma mais dispersa, mas sempre observando) e, logo, se sente estimulada a imitá-lo. A criança bem pequena que participa de situações de leitura de forma frequente (em casa ou na creche), quando diante de um livro, começa a mexer os lábios como se estivesse ela também lendo em voz alta; percebe que é preciso olhar para as páginas do livro; aprende a apontar com o dedinho para algum conteúdo específico; começa a antecipar o conteúdo do texto e da imagem; passa a ter domínio crescente dos gestos da leitura. E, sobretudo, reconhece o objeto livro como sendo um objeto socialmente importante, a ser explorado como fonte de conhecimento e de entretenimento. A leitura para a criança bem pequena deve ser sempre uma situação de cuidado e afeto, proporcionando um intenso momento de convívio entre as crianças e os educadores e entre elas e seus familiares. Na sequência, apresentamos algumas dicas que podem ajudar no planejamento das situações de leitura e no desenvolvimento, por parte das crianças, da comunicação oral e do conhecimento linguístico.

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1. Explorar o livro antes de ler.

É importante que o adulto mediador conheça o livro antes de ler para que possa para estar inteirado de seu conteúdo e melhor explorá-lo durante a leitura.

2. Preparar a leitura.

A leitura se torna mais estimulante para a criança bem pequena se o livro render conversas, muitas conversas. Tecnicamente, essas conversas são situações de interpretação do texto (e da ilustração) e o adulto servirá como um modelo para as crianças leitoras. O ideal é ler o livro para planejar aquilo que será comentado sobre cada página. Os comentários podem ser sobre o texto ou sobre as ilustrações. Recorrer a eventos vivenciados pela criança, fatos da rotina, outras histórias, livros e até mesmo às suas memórias de infância é sempre interessante, “caldo” para uma boa conversa.

3. Desenvolver um estilo próprio.

Criar um estilo próprio para ler em voz alta. Não existem regras. Algumas pessoas preferem uma leitura mais teatral. Outras preferem ler com a voz séria e baixa. Algumas pessoas preferem ler e contar; outras apenas ler. Mas jamais deixe de efetivamente ler o livro. Muitos adultos acabam apenas contando a história, o que não é interessante para a formação do leitor. Ler é sempre essencial.

4. Variar a posição do livro durante a leitura.

A criança pode estar ao lado do adulto, os dois observando o livro do mesmo angulo. O adulto pode ler de frente para a criança, com o livro aberto voltado para ela. Assim ela não apenas enxergará o livro como também poderá visualizar as expressões do rosto do adulto durante a leitura. A leitura pode acontecer ainda em lugares abertos ou fechados. Essa variação é muito importante, pois permite que a criança bem pequena tenha diferentes interações com o objeto livro. Em determinados momentos também é interessante deixá-la manipular o livro livremente, mesmo ele sendo de papel. Assim ela atuará plenamente como leitora, folheando o livro e atribuindo sentidos ao texto e às ilustrações de forma espontânea.

5. Ler e reler o mesmo livro.

As crianças bem pequenas adoram quando os adultos repetem a leitura de um mesmo livro. Maiorzinhos um pouco, essa diversão acaba virando uma necessidade e, a partir dos 2 ou 3 anos, elas chegam a pedir para repetir eternamente as histórias, os livros, os filmes, as canções. Esta repetição é fundamental para o seu desenvolvimento. Permite que elas lembrem, relacionem e compreendam cada vez mais e melhor um mesmo fato ou sentimento.

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6. Criar uma rotina de leitura e relativizar as expectativas. Criar uma rotina agradável e prazerosa de leitura para as crianças bem pequenas, de preferência envolvendo mais de um adulto. Na instituição escolar, esse adulto será, sobretudo, o(a) educador(a) que cuida deles; em casa serão seus familiares. É importante determinar um horário fixo na rotina para a leitura no qual as crianças já estejam alimentadas e com suas necessidades de sono já resolvidas. Assim, elas se sentirão mais confortáveis para aderir a alguns procedimentos que, pouco a pouco, devem aprender: como escutar, esperar a sua vez para falar, olhar o livro. A atenção, principalmente da criança bem pequena, porém, é fragmentada e de curta duração. Mesmo que ela pareça desinteressada ou agitada, é possível prosseguir com a leitura, pois de alguma forma ela estará prestando atenção – salvo, é claro, naquelas ocasiões nas quais manifestar claro descontentamento com a situação.

A LEITURA EM FAMÍLIA

As indicações feitas aqui podem ser sugeridas aos familiares. A leitura fora do contexto da creche é similar àquela realizada na creche: o adulto leitor precisa estar preparado, o local e a hora da leitura devem estar previamente planejados. Como o livro Para lá e para cá aborda uma temática do cotidiano das famílias, a sua leitura será carregada de significados para todos, facilitando a formação de uma comunidade de leitores também em casa.

O livro Para lá e para cá e o desenvolvimento da criança

O livro Para lá e para cá é uma narrativa curta formada por um texto rimado que uma história que estimula uma leitura prazerosa em um parque, em casa ou na creche, seja em um momento de integração e leitura coletiva ou na hora de dormir.

Para lá e para cá retrata um dia na vida de um bebê que convive com pessoas da família e amigos, que brinca à vontade, que participa de um espaço coletivo, que explora o lugar e tudo o que ele oferece, que se expressa em falas e gestos e que, principalmente, conhece

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a si mesmo e a natureza ao seu redor. Com isso, o livro contempla todos os seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento previstos para a Educação Infantil na Base Nacional Comum Curricular. A base também aborda cinco campos de experiência, que trazem as situações e experiências da vida cotidiana, e essas definições também estão presentes no livro.

L O eu, o outro e o nós Essa interação está presente em todas as páginas do livro. O bebê protagonista da história conhece a si mesmo e ao seu corpo quando se alimenta, quando percebe o vento e se equilibra, quando sente sono. Da mesma forma, a interação com o outro e o nós também é relatada em diversas situações, ao brincar com a irmã e demais crianças no parque, ao socializar na caixa de areia, no encontro com a vizinha, na relação com o pai e a mãe. Essas vivências são fortalecidas com as atividades e com as memórias criadas nos momentos mais simples e corriqueiros, além de explorar a rotina, assunto pertinente para ser tratado de modo lúdico com as crianças.

L Corpo, gestos e movimentos

A ilustração do livro auxilia na percepção dessas experiências que a criança bem pequena tem. É possível ver o bebê protagonista brincar no chão, seus movimentos quando brinca com a bola e se abaixa para buscá-la, quando ele se estica a língua para fora da boca para sentir uma gotinha da chuva. Importante destacar que as ilustrações mostram diferentes pontos de vista desde a perspectiva do bebê protagonista: a bola vista do chão; as formigas marchando em trilha vistas de cima; o banco que cresce, pois o bebê é pequeno. Os próprios movimentos da criança são registrados: ela se equilibra ao mesmo tempo em que as folhas das árvores também balançam ao vento; ela sente a maciez do pelo do cachorro; o sabor da fruta se destaca; a escuta atenta aos gritos das maritacas... A audição, o olfato, a visão, o tato, o paladar e o equilíbrio são explorados na obra, estimulando, assim, conversas e atividades em casa e na creche sobre os sentidos e as nossas percepções.

L Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações

A narrativa mostra linearmente um dia na vida de um bebê. Ela traz noções de espaço e de tempo, mostra a chegada no parque, a duração da brincadeira, o momento de ir embora e contempla essa rotina até a hora de dormir. A relação de quantidade também é expressa através de elementos que aparecem para compor a obra, como um cachorro, muitas formigas; uma flor na mão, muitas flores no arbusto. A passagem do tempo

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também é mostrada através das cores no céu, que está tão azul no início do livro e que se transforma em um colorido pôr do sol ao final da narrativa.

L Escuta, fala, pensamento e imaginação

A narrativa é apresentada em primeira pessoa nesse livro, ou seja, a história é contada a partir da interpretação do bebê, é como se escutar os seus pensamentos. Em alguns pontos, há conversas simples, mas que são carregadas de expressão, como quando o bebê convida a irmã a partilhar uma fruta com ele ou quando ele brinca com o cachorro da vizinha. Na última página, já na hora de dormir, o bebê está ouvindo o pai ler uma história antes de adormecer, que infere à imaginação da criança que escuta a história e a relaciona com o seu dia a dia.

L Traços, sons, cores e formas

A narrativa se passa em uma praça que apresenta à criança muitas cores, sons, formas e sensações. No fim do livro, há a figura do pai que lê um livro infantil e que, com isso, estimula o imaginário e constrói e amplia a cultura da criança. O livro convida os educadores e a família a conhecerem melhor o espaço do seu entorno e a desbravar as praças e parques perto de casa, assim como a cultura de sua região, e incluir as crianças nessas descobertas.

Todos os pontos presentes na Base Nacional Comum Curricular exploram questões importantes para o desenvolvimento das crianças bem pequenas e, por isso, são também abordadas no decorrer do livro Para lá e para cá, que tenciona abranger de maneira completa muitas possibilidades de trabalho e interação entre as crianças bem pequenas e o livro e entre elas e as pessoas e os lugares ao seu redor.

A rotina da criança como temática do texto literário

Estudos apontam para a importância da rotina no dia a dia das crianças, sobretudo na primeira infância. Saber que há a hora de se alimentar, de descansar, de tomar banho e fazer a higiene bucal e também, é claro, de ler, brincar e aprender ajuda as crianças a terem mais consciência do tempo, do espaço em que habita e de suas atividades individuais e coletivas, colocando-as como protagonistas no aprendizado e de seu próprio desenvolvimento. A rotina deve ser respeitada em casa e no ambiente escolar, oferecendo tempo e liberdade para que as crianças tornem-se cada vez mais independentes e autônomas. Como citam Barbosa e Horn no artigo “Organização do tempo e espaço na Educação Infantil”:

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“A ideia central é que as atividades planejadas diariamente devem contar com a participação ativa das crianças, garantindo às mesmas a construção das noções de tempo e de espaço, possibilitando-lhes a compreensão do modo como as situações sociais são organizadas e, sobretudo, permitindo ricas e variadas interações sociais”.

(BARBOSA; HORN, 1998, p. 67-69)

Essa percepção da rotina pode ser estimulada também pela leitura de Para lá e para cá, uma percepção que será estimulada de modo lúdico, divertido e acessível através de um texto literário. No decorrer da narrativa, o leitor pode acompanhar a passagem de algumas horas do dia desse bebê protagonista que mostra, através da sua experiência, o desenvolver da criança e representa a infância em algumas de suas inúmeras possibilidades.

O protagonista está em um momento de interação com a família, em um simples passeio que releva a necessidade e importância da interagir com outras pessoas e com a natureza do entorno. No decorrer do livro, é possível acompanhar diversas tarefas do cotidiano do personagem, reforçando a importância do cuidado com a rotina da criança bem pequena: a alimentação saudável, o descanso, o desejo e a percepção da importância do banho (aqui representado pelo desejo do bebê protagonista em ir para casa para se banhar após momentos de brincadeira) e, finalmente, a hora de dormir, retratada em uma página cheia de sutis elementos indispensáveis para o sono de qualidade da criança – o lugar calmo, o conforto de uma cama quente, o acolhimento do adulto que está por perto transmitindo segurança e cuidado. Além de apresentar a rotina da criança bem pequena e o seu contato com os outros, Para lá e para cá tem a função principal de mostrar a importância do ato de brincar. A brincadeira com o próprio corpo, de modo individual, coletivo, a utilização de brinquedos simples e muitas vezes relacionados à natureza, a percepção da diversão em explorar o ambiente em que se está para descobrir coisas novas, utilizando os sentidos com base para o seu desenvolvimento. É o uso pleno do corpo: o desenvolvimento das habilidades físicas e a coordenação motora e o desenvolvimento intelectual, sempre de modo lúdico e interativo.

“É na situação de brincar que as crianças se podem colocar desafios e questões além de seu comportamento diário, levantando hipóteses na tentativa de compreender os problemas que lhes são propostos pelas pessoas e pela realidade com a qual interagem. Quando brincam, ao mesmo tempo em que desenvolvem sua imaginação, as crianças podem construir relações reais entre elas e elaborar regras de organização e convivência. Concomitantemente a esse processo, ao reiterarem situações de sua realidade, modificam-nas de acordo com suas necessidades. Ao brincarem, as crianças vão construindo a consciência da realidade, ao mesmo tempo em que já vivem uma possibilidade de modificá-la”. (WAJSKOP, 1995, p. 33)

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A linearidade cronológica é representada pela passagem do tempo no livro, que mostra que há tempo para tudo: para a brincadeira, para a alimentação, para a higiene, para o sono. A organização do tempo no decorrer do dia é fundamental para que a criança possua maior consciência da sua rotina e tarefas, sempre respeitando o seu ritmo.

“Para dispor de tais atividades no tempo é fundamental organizá-las tendo presentes as necessidades biológicas das crianças como as relacionadas ao repouso, à alimentação, à higiene, e à sua faixa etária; as necessidades psicológicas que se referem às diferenças individuais como, por exemplo, o tempo e o ritmo que cada uma necessita para realizar as tarefas propostas; as necessidades sociais e históricas que dizem respeito à cultura e ao estilo de vida, como as comemorações significativas para a comunidade onde se insere a escola e também as formas de organização institucional da escola infantil”. (BARBOSA, HORN, 2001, p. 68)

Para lá e para cá não é apenas um livro divertido. Através da obra, as crianças bem pequenas podem perceber que existem rotinas diferentes das que estão acostumadas, refletindo que o que é importante é o bem-estar e o seu desenvolvimento saudável. Afinal, o bebê protagonista e a irmã estão crescendo, assim como as crianças leitoras do livro.

A brincadeira na literatura

A Base Nacional Comum Curricular aponta que a brincadeira é um dos direitos de aprendizagem e desenvolvimento na Educação Infantil.

“Brincar cotidianamente de diversas formas, em diferentes espaços e tempos, com diferentes parceiros (crianças e adultos), ampliando e diversifIcando seu acesso a produções culturais, seus conhecimentos, sua imaginação, sua criatividade, suas experiências emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais”. (BRASIL, 2018, p. 38)

A brincadeira é atividade fundamental para o desenvolvimento infantil. É a partir da brincadeira e do lúdico que a criança começa a criar relações e referências entre o jogo imaginário e o real. Quando uma criança bem pequena brinca de cuidar de uma boneca, de um bichinho de brinquedo ou se imagina como um explorador ou qualquer outra profissão, ela está assimilando a realidade e criando consciência da importância do cuidado, da proteção, da segurança, do que lhe é possível realizar.

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Mesmo a brincadeira fantástica e que não representa necessariamente atitudes e realidades verossímeis também a auxilia nesse processo de assimilação e desenvolvimento. É uma maneira de expressar seus conhecimentos prévios, de explorar o novo, de conviver com os amigos, familiares, criar novas relações e participar de construções de novos aprendizados. Permitir que a criança bem pequena seja cada vez mais autônoma e independente no seu processo de desenvolvimento, sempre a partir do lúdico e de atividades condizentes com a sua faixa etária, é fundamental para o seu

crescimento de forma saudável. É um convite para que a criança aprenda e seja consciente de tudo o que acontece ao seu redor e, principalmente, de seu lugar no mundo.

Essa é uma das propostas do livro Para lá e para cá , já que o protagonista é um bebê que está assistido a todo o momento, mas que se sente livre e confortável para explorar o entorno e interpretar tudo o que vê e sente de forma muito especial. É através de cada brincadeira, cada sensação e cada relação que ele vai construindo, de forma lúdica, a sua própria interpretação de cada novidade.

Os sentidos como tema do livro infantil

Para lá e para cá é um livro que tenciona mexer com as sensações do leitor. A obra possui um texto narrativo cheio de descobertas, não só para o personagem principal como para o próprio leitor. A escolha da ilustração em aquarela, incomum para livros infantis, pretende oferecer um visual extremamente sensorial, oferecendo uma paleta de cores quentes e pinceladas que causam a impressão de diferentes texturas. Todo esse cuidado com a produção se deve ao desejo de fazer um livro que promove uma experimentação sensorial de muitas formas: pelo texto, pela imagem, pela sonoridade, pelo toque e pela memória de sensações que os leitores já conhecem.

A obra explora todos os sentidos de forma lúdica e acessível, mas que despertam sensações importantes para o leitor, convidando as crianças bem pequenas a desenvolverem e potencializarem as suas habilidades. Sobretudo na primeira infância, faixa etária para a qual o livro é destinado, cada cor, cheiro, som, sabor ou toque acarretam em um descobrimento carregado de significado.

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“Na fase de zero a seis anos de vida da criança, ela passa por diversas mudanças pontuais e importantes que estabelecem um direcionamento em sua personalidade, suas características estruturais, quanto às percepções do mundo e das pessoas do seu cotidiano, e seu desenvolvimento harmonioso. Assim sendo, é importante um ambiente estimulador, onde a criança tenha oportunidades e possibilidades de ver, ouvir, sentir, explorar e desenvolver suas necessidades e habilidades, conhecer seus limites, e, desta maneira, formar sua personalidade”. (SCHIAVO; RIBÓ, 2007, p. 3)

L A visão

Estudos apontam que a visão é um sentido que vai se desenvolvendo com o passar do tempo. Ao nascer, o ser humano possui a visão apenas como imagens desfocadas, que vão ganhando contraste, nitidez e maior alcance com o passar dos anos. É apenas entre os cinco aos sete anos que a visão da criança é completamente desenvolvida, enxergando como os adultos. O livro explora a visão em diferentes aspectos, auxiliando na percepção de cores e perspectivas: as cores do céu, das plantas e dos animais; os objetos vistos de cima e de baixo. Tudo contribui para que a criança também perceba como a visão pode auxiliá-la a perceber cada detalhe e observar cada pequeno e grande elemento que o seu entorno pode lhe oferecer.

L O tato

O tato é o primeiro sentido desenvolvido pelo bebê. Estudos científicos apontam que ele é desenvolvido ainda na sétima semana de gestação, com o auxílio do líquido aminiótico. No decorrer da infância, o tato é um grande aliado para a descoberta do mundo, assim como um sentido de proteção e segurança. Quem nunca se encantou em ver um bebê segurando firmemente o dedo do adulto que o embala ou se sentiu orgulhoso por vê-lo segurar um objeto pela primeira vez? O tato também ajuda a criança a entender melhor a textura e a temperatura de tudo o que o cerca, experimentando diferentes sensações, além, é claro, do contato de carinho pele a pele com aqueles com quem convive, algo tão importante para as crianças. No decorrer do livro temos abraços, contato com um cachorro de pelo muito macio, a brincadeira na areia. São formas diferentes de explorar o sentido através da literatura, evocando também sensações prazerosas para o leitor.

L A audição

A audição também é um sentido desenvolvido ainda durante a gestação do bebê. Por isso, é tão recomendado que os pais conversem com o bebê ainda durante a gravidez, pois já nesse período ele é capaz de reconhecer a voz de quem está próximo e outros sons. Para lá e para cá possui um texto rimado, o que exalta a sonoridade da narrativa. Algumas passagens no decorrer do livro também evocam imaginação do

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leitor para os sons propostos, como a gritaria das maritacas e o som da voz do pai, que conta uma história para o filho no fim da narrativa. Ouvir a leitura da história não apenas faz com que a criança compreenda o texto que ainda não sabe ler, mas cada entonação, cada rima e cada palavra podem fazer a diferença.

L O olfato

O olfato também é um sentido desenvolvido rapidamente. Desde bebês, as crianças já utilizam o olfato para reconhecer o cheiro da mãe e do seu principal alimento, o leite materno. Ter memórias olfativas é resgatar muitas sensações para além do odor em si, para as emoções que determinados objetos podem causar. No livro, já no início do texto, o bebê protagonista utiliza o olfato para reconhecer o ambiente em que está chegando. Ele comenta sobre as flores que vê na praça e o cheiro delas, o que o agrada. Da mesma forma, o leitor, quando é estimulado a se lembrar de um cheiro que gosta, não se lembra apenas do odor, mas também da sensação agradável que sente e da lembrança que ele pode evocar.

L O paladar

Os primeiros meses do bebê possuem apenas o leite materno como dieta. Após esse primeiro período, há a introdução alimentar de alimentos sólidos, e a partir daí, cada novo sabor é uma nova descoberta: o doce, o salgado, as sensações que os gostos podem oferecer. Em Para lá e para cá, o protagonista divide um suculento caqui com a irmã e a ilustração os registra comendo sozinhos, sem a ajuda de um adulto. A imagem reflete o início da independência, da autonomia para experimentação, mas isso não quer dizer que esse ato não aconteça sem qualquer sujeira. As crianças leitoras perceberão que as crianças do livro estão comendo livremente, todas lambuzadas! É, mais uma vez, a empatia e o reconhecimento.

L O equilíbrio

O equilíbrio é um dos nossos sentidos, geralmente esquecido pelos trabalhos didáticos na escola. Quando por motivo de doença perdemos o equilíbrio, somos muitas vezes incapazes até mesmo de nos locomover. E o bebê protagonista do livro mobiliza todo o seu sentindo de equilíbrio para andar, correr, levantar, subir, descer, saltar. Ele também nota o equilíbrio ao seu redor, como as folhinhas das árvores balançando ao vento.

O

– Educação Infantil

No decorrer deste guia, são descritos diversos conteúdos e habilidades que podem ser trabalhados com as crianças a partir do livro Para lá e para cá, além de

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livro Para lá e para cá e a BNCC

propostas de atividades a serem realizadas antes, durante e após a sua leitura. Todas as sugestões foram pautadas nas habilidades constantes na Base Nacional Comum Curricular, a partir dos cinco campos de experiência. A seguir, estão listados os objetivos de aprendizagem presentes da BNCC, os quais são atendidos tanto pela leitura do livro quanto pelas propostas deste material de apoio. Um apoio ao educadora e à educadora para a organização do seu planejamento.

Campo de experiência

Eu, o outro e o nós

Eu, o outro e o nós

Corpo, gestos e movimentos

Corpo, gestos e movimentos

Corpo, gestos e movimentos

Traços, sons, cores e formas

Escuta, fala, pensamento e imaginação

Escuta, fala, pensamento e imaginação

Escuta, fala, pensamento e imaginação

Escuta, fala, pensamento e imaginação

Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações

(EI02EO03) Compartilhar os objetos e os espaços com crianças da mesma faixa etária e adultos. X

(EI02EO04) Comunicar-se com os colegas e os adultos, buscando compreendê-los e fazendo-se compreender. X

(EI02CG01) Apropriar-se de gestos e movimentos de sua cultura no cuidado de si e nos jogos e brincadeiras. X

(EI02CG02) Deslocar seu corpo no espaço, orientando-se por noções como em frente, atrás, no alto, embaixo, dentro, fora etc., ao se envolver em brincadeiras e atividades de diferentes naturezas.

(EI02CG03) Explorar formas de deslocamento no espaço (pular, saltar, dançar), combinando movimentos e seguindo orientações. X

(EI02TS02) Utilizar materiais variados com possibilidades de manipulação (argila, massa de modelar), explorando cores, texturas, superfícies, planos, formas e volumes ao criar objetos tridimensionais.

(EI02EF01) Dialogar com crianças e adultos, expressando seus desejos, necessidades, sentimentos e opiniões.

(EI02EF02) Identificar e criar diferentes sons e reconhecer rimas e aliterações em cantigas de roda e textos poéticos. X

(EI02EF03) Demonstrar interesse e atenção ao ouvir a leitura de histórias e outros textos, diferenciando escrita de ilustrações, e acompanhando, com orientação do adulto-leitor, a direção da leitura (de cima para baixo, da esquerda para a direita).

(EI02EF04) Formular e responder perguntas sobre fatos da história narrada, identificando cenários, personagens e principais acontecimentos.

(EI02ET02) Observar, relatar e descrever incidentes do cotidiano e fenômenos naturais (luz solar, vento, chuva etc.). X

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Objetivo Objetivo atendido
X
X
X
X
X

A LEITURA DO LIVRO

A leitura do livro infantil para crianças bem pequenas possui, em nossa experiência didática, três eixos fundamentais: a leitura do texto escrito, a leitura da narrativa visual (as ilustrações) e o momento de conversação. É muito importante levar em conta esses três eixos no planejamento da leitura, considerando o que se pode fazer antes, durante e após a sua realização. Decidir se o livro será trabalhado apenas no momento de leitura (as rodas de leitura) ou se será o ponto de partida para o desenvolvimento de uma ação maior (seja ela um projeto ou uma sequência de atividades) é outro fator importante a ser considerado. Para lá e para cá é um livro que abre inúmeras possibilidades, além da leitura literária. Por tratar de um tema tão importante para a primeira infância, o contato com a natureza, a sua leitura pode se desdobrar em ações mais amplas, envolvendo inclusive toda a família. As atividades apresentadas nesse tópico são sugestões sobre como a leitura de Para lá e para cá pode ser realizada em meio a contextos mais amplos, com atividades a serem realizadas antes, durante e depois envolvendo educadores e familiares. Vale destacar, porém, que mesmo o trabalho com o livro apenas no momento da roda de leitura já representará uma experiência literária intensa para as crianças bem pequenas, que se encantarão em descobrir o mundo ao seu redor.

Antes da leitura

O ideal é que o momento da leitura ocorra em lugar calmo, arejado e iluminado, tornando a leitura ainda mais prazerosa. E que as crianças estejam confortáveis. A escolha de quando e onde a leitura será realizada pode ser parte do planejamento do/da educador/educadora, antes que a leitura do livro ocorra.

Outro ponto interessante é ler o livro antes de apresentá-lo às crianças, preparar a leitura em voz alta, decidir o

que e quando será destacado. A entonação, o ritmo e a velocidade podem ser ensaiados pelo leitor mediador que, assim, imprimirá a sua marca, o seu modo de ler, à leitura do livro. Com relação às crianças, é importante que elas saibam que existe um momento de leitura na rotina da creche e que agora, pouco a pouco, elas já sabem o que acontecerá e o que se espera que elas façam. Para aquelas que recém ingressam na creche, será todo

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um aprendizado inicial. Por isso mesmo é importante que, antes da leitura, o leitor mediador antecipe o que acontecerá: “agora vou ler um livro; é importante prestar atenção, ouvir o que eu estou lendo, esperar a vez para falar”. Essas são pistas que orientam a criança bem pequena que, sem dúvida, com o passar do tempo compreenderá o que fazer nos momentos de leitura. A organização do espaço e do tempo para a atividade que ocorrerão na sequência da leitura do livro também é muito importante. Assim, leitura e ação ocorrerão com maior fluidez e as crianças se sentirão bem orientadas. Importante ainda planejar como será a interação do livro com as famílias, envolvendo-as na leitura da obra e também na reflexão do tema que ela apresenta.

LENDO COM O CORPO

Por vezes, as crianças podem interromper a leitura, apontar ou comentar sobre uma ilustração que gostam e interagir com a narrativa ao oferecer exemplos e comparações com as suas próprias vivências. Isso é ótimo! Ainda que essas ações possam interromper o andamento da leitura, tais atitudes por parte das crianças significam que elas estão interessadas e se sentindo estimuladas a participar. Vale lembrar que as crianças bem pequenas praticamente “leem com o corpo”, ou seja, expressam suas reações à leitura não apenas por meio de palavras mas também com movimentos. É interessante acolher essa movimentação, compreendendo que ela faz parte do desenvolvimento infantil.

Durante a leitura

A leitura começa pela capa. Se possível, comece mostrando às crianças onde, na capa do livro, encontram-se as informações sobre o nome dos autores, o título da obra e o nome da editora. É interessante que as crianças bem pequenas saibam o que faz o autor do livro e também o ilustrador. Informe-lhes sobre o trabalho deles na produção de um livro e quem participa dessa produção:

L o autor é quem teve a ideia do texto e depois o escreveu;

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L o ilustrador é quem desenhou os personagens, elementos e cenários do livro – muitas vezes é o autor do texto quem dá as dicas sobre o que desenhar para o ilustrador; L a editora é a empresa que faz o livro chegar até o leitor.

Aponte para a sonoridade e também para o significado do título, pergunte para as crianças se elas sabem o significado das palavras “lá” e “cá” e como essas palavrinhas já demonstram uma noção de movimento. Comente sobre a ilustração: as crianças gostam? Instigue a curiosidade delas, perguntando sobre o que pode ter na história desse livro, será que as crianças já fizeram a mesma coisa que o bebê que está na capa? Faça a leitura da história em voz alta e com clareza, em uma velocidade que as crianças acompanhem con fortavelmente e mostre as páginas com calma para que elas possam observar todas as ilustrações. Não há problema caso a criança interrompa a leitura para fazer uma pergunta ou apontar algo na imagem, pelo contrário, é sinal que ela está interessada e que há inte ração com o momento.

Depois da leitura

É interessante que as crianças manuseiem o livro, folheiem as páginas e, após a leitura, revejam os pontos que mais gostaram trocando ideias e impressões entre si. Finalizar a leitura perguntando qual foi a parte favorita na história e o porquê também inclui a criança e faz com que ela se sinta parte do momento de leitura. É importante que ela compartilhe o seu gosto pessoal e seja estimulada a argumentar sobre as suas escolhas e percepções, pois além de reforçar a atividade e memória do que lhe foi apresentado, ela também sente que a sua opinião é importante e relevante, que é ouvida e respeitada. Algumas perguntas também podem ser feitas nesse momento após a leitura, questões simples que façam as crianças relembrarem as ilustrações e o texto.

L Quem é esse personagem do livro? Vocês conhecem um bebê como ele? Será que ele estuda em nossa creche ou é um amigo da família?

L O que ele foi fazer na praça?

L Qual brincadeira você acha que ele gosta mais? E a sua brincadeira favorita?

L Qual é o nome do cachorro que aparece na história? Você gosta de cachorros? Tem um bichinho de estimação? Qual?

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L Quantas formigas ele viu caminhando para o formigueiro?

L Quando o bebê foi brincar na praça, estava dia ou já era noite? Por que você acha isso?

L Onde será essa praça que ele foi brincar? Você já brincou em uma pracinha também? Onde ela fica, perto da sua casa ou da creche?

L O bebê dividiu um caqui com a irmã na hora do lanche. Você conhece essa fruta? Qual é a sua fruta favorita? Por quê? Qual é a cor dela? É a sua cor favorita?

Caso o livro seja lido em casa, juntamente com a família, as perguntas podem ser encaminhadas para os responsáveis, para que eles possam conversar com as crianças após a leitura e assim, também, criar o hábito de falar sobre as leituras compartilhadas. A seguir, há algumas atividades para serem feitas com as crianças após a leitura, enfatizando o trabalho com o livro em sala de aula, mas com proposições que também podem ser passadas às famílias.

O livro, página a página

As indicações apresentadas na sequência são como uma palavra da autora ao educador/educadora, revelando suas intenções e desejos ao produzir o conteúdo de cada uma das páginas do livro. São sugestões que podem estimular a criança a localizar, antecipar, inferir e extrapolar o conteúdo do texto e da ilustração, adquirindo uma maior consciência de sua percepção e interpretação da história. Um guia para as conversas que surgirão de forma espontânea ou estimulada pelo educador/educadora. Vale lembrar que ler para a criança bem pequena é conversar para compartilhar aquilo que compreendeu, lembrou e emocionou cada um dos leitores, estreitando os laços de afeto e consolidando a primeira comunidade de leitores da qual eles irão participar e, durante a sua escolarização, vivenciarão de outras inúmeras formas.

Nesse momento, ao se preparar para ler o livro, o educador e a educadora poderão decidir se realizarão inicialmente toda a leitura do livro, sem interrupção, voltando a ler novamente dessa vez fazendo comentários e dialogando com as crianças. Ou o contrário, se será realizada uma primeira leitura comentada para posteriormente realizar outras em situações de diálogo. Ambos os encaminhamentos são importantes, sempre lembrando que é a diversidade de situações que ajuda a criança a construir os procedimentos para participar de um momento de leitura: ouvir, prestar atenção, permanecer em silêncio, refletir, esperar a sua vez para falar.

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LENDO COM A PONTA DO DEDO

Apontar o texto ou a ilustração com a ponta do dedo indicador é um recurso simples, mas de grande valia para as crianças bem pequenas. Esse gesto corriqueiro para os adultos é um importante instrumento de localização, de identificação do sentido e da direção da leitura (a linearidade do texto) e de reconhecimento entre aquilo que se fala quando se lê em voz alta e aquilo que está escrito no texto (relação fonema/grafema, início do processo de conscientização fonológica que as crianças podem começar a desenvolver, mesmo quando ainda muito pequenas). Com o livro em suas mãos ou com ele apoiado em uma superfície, é fundamental que o leitor mediador use esse recurso ao ler para crianças.

A leitura de um livro começa pela capa. Ou melhor, pela 1ª capa. Aqui, há importantes informações textuais como o título da obra, o nome dos autores e da editora, que podem ser compartilhadas com as crianças. No caso do livro ilustrado, é a arte da capa que já começa a contar a história. Quem ali aparece? Quem será esse bebê? O que ele está fazendo? Qual é o nome desse brinquedo? O que esse brinquedo faz? O que mais você vê na ilustração da capa? Essa exploração é muito importante, pois ela fornecerá pistas sobre o texto que será lido na sequência. Vale destacar que o pequeno desenho ao pé da página é o logo da editora, um elemento gráfico que traz

imagem e texto que se repete em outras passagens da obra: na 4ª capa e na página 2, no expediente.

A capa é formada pela 1ª capa e também pela 4ª capa, o verso do livro. Geralmente, aqui se encontra a sinopse da obra. Uma breve resenha que pode e deve ser lida para as crianças. A ilustração também deve ser observada: o que aparece ali? É interessante comentar que nessa capa aparecem outros personagens, enquanto na capa há apenas a ilustração do bebê. Nessa imagem, há uma demonstração de carinho e afeto entre o bebê protagonistas e duas personagens que, durante a leitura, os leitores descobrirão

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ser a mãe e a irmã do bebê. Aqui há um QRCode que linka com o site da editora e dali para as redes sociais. Para o/a educador/educadora, há diversas informações complementares sobre esta obra e sobre a leitura na primeira infância que podem ser interessantes.

A primeira página do livro, chamada de “rosto’ ou “front”, geralmente repete o conteúdo da capa, mas sem o mesmo trabalho gráfico. Essa é uma informação importante para o(a) educador(a), que poderá compartilhá-la com as crianças se julgar adequado. Que novidades essa página apresenta com relação à capa? Mostre às crianças o que se repete e o que muda entre uma e outra.

Esta página é chamada de expediente. É nela que a editora informa os dados da empresa, tais como o endereço e as redes sociais. É no expediente que também estão os dados do livro, a sua ficha de identificação, informações sobre o nome dos autores e o ano de publicação, tamanho do livro e o número de páginas. Nela, também consta o número do ISBN, que é a identificação da obra. Trata-se de um número internacional, válido no

mundo todo, como se fosse o número da carteira de identidade de uma pessoa. Vale lembrar que mostrar a estrutura de um livro para uma criança bem pequena tem como principal objetivo aproximá-la desse objeto cultural e suas características. Não é necessário de modo algum que ela “decore” ou entenda as informações sobre a obra.

Nesse livro, a página 3 traz uma apresentação à leitura, uma frase de motivação para despertar a curiosidade das crianças pelo texto. Trata-se de um momento de pré-leitura, no qual as crianças podem ser convidadas para falar sobre o que acham que verão no livro: o texto fala de um bebê, quem será ele? Quem será que vai com ele? Será que encontraremos bichinhos pelo caminho? Você sabe qual som do bichinho que estamos vendo nesta página? Ao compartilhar os seus conhecimentos prévios, as crianças reforçam os seus vínculos enquanto leitores, construindo certa cumplicidade para a leitura que se realizará na sequência.

Aqui, há o bebê chegando com a mãe e uma menina na praça. O texto nos mostra esse bebê, que narra o livro em primeira pessoa, já comentando sobre suas impressões sensoriais: ele fala sobre as lindas flores brancas que vê e também percebe o seu perfume. Logo, a visão e o olfato já são explorados

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aqui, convidando o próprio leitor a observar as flores da página e imaginar o seu perfume. A mãe também apresenta uma informação nova para ele: o bebê aprende que o nome da flor é jasmim.

A ilustração traz muitos elementos cheios de significado: as crianças poderão conhecer a flor branca que o texto cita, o bebê narrador que está no carrinho e a mãe. Além desses dois personagens, há também uma menina um pouco mais velha, que carrega um brinquedo. Quem será ela? Será que as crianças sabem responder quem pode ser essa menina? Qual brinquedo ela carrega? Qual é a cor desse brinquedo? Mais tarde, as crianças saberão que a menina é a irmã do bebê.

Antes da leitura, se possível, permita que as crianças observem a ilustração: será que está frio ou calor nesse dia? Será que esse passeio está acontecendo à tarde ou à noite? As roupas que eles estão usando podem revelar se nesse dia está frio ou calor? A ilustração, de modo geral, mostra que essa família esta chegando em um lugar que possui muita natureza. Como a menina está segurando uma bola, a ilustração denota que eles estão indo em algum lugar para brincar.

Após a leitura, é interessante comentar com as crianças sobre esse passeio e quantas coisas ainda poderão ser vistas no livro, criando uma expectativa. Essa dupla de páginas apresentou uma flor branca, que agora eles já sabem que se chama jasmim e que é cheirosa. Se possível, comente com as crianças sobre o que eles se lembram que possui um cheiro bom, evocando a sua memória e também despertando a consciência olfativa. Caso eles não deem nenhuma resposta de início, algumas sugestões podem ser oferecidas, não necessariamente algo ligado à natureza, podendo também evocar a sua rotina: o sabonete que eles usam no banho, uma comidinha gostosa, entre outros exemplos.

O texto dessa página já traz uma informação sobre outro sentido muito importante, mas que nem sempre é lembrado: o bebê percebe a necessidade de se equilibrar! O equilíbrio é um sentido fundamental nesse momento da vida, pois a criança já anda, mas ainda não possui tanta segurança e firmeza quanto o adulto. A visão é igualmente explorada, já que o bebê comenta sobre as folhas que voam com o vento e que lhe chamam a atenção. A ilustração representa perfeitamente o texto. O bebê aparece apoiado em apenas um pé, o que reforça a sensação de que ele está buscando o equilíbrio, enquanto

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as folhas estão voando, aumentando o seu tamanho gradualmente conforme vão se aproximando do final da página, ou seja, do próprio leitor. Um elemento muito importante a ser observado nessa página também é o cachorro, que está junto de uma pessoa no canto da página. Antes da leitura, permita que as crianças observem todos esses elementos da dupla de páginas, pois eles são carregados de sentido. Não é possível ilustrar o vento, mas será que as crianças conseguem percebê-lo na ilustração? Como? Comente com eles sobre as folhas soltas nas páginas.

Depois da leitura, é interessante comentar com as crianças que a natureza pode estar em todos os lugares e em todos os tamanhos: sejam as folhas das grandes árvores ou as pequenas folhas de uma planta de um pequeno vaso, tudo é importante.

O texto, nessa dupla de páginas, nos apresenta quem é o cãozinho visto na página anterior: é o Quindim! Através da narrativa, o bebê demonstra o seu afeto pelo animal e o convida a brincar com ele, interagindo com o bichinho.

A ilustração deixa em evidência o tamanho e a pelagem do cachorro, que é amarelada, fazendo referência ao seu nome. O bebê parece pequeno atrás do cão, sendo possível ver apenas o seu rosto e as mãos que acariciam o animal. A técnica da aquarela permite uma visão que desperta a nossa sensação – o pelo do Quindim parece muito macio!

Antes de ler o texto, convide as crianças a pensarem na sensação do toque no cachorro: será que elas já fizeram carinho em um cãozinho? Qual será a sensação ao tocar o pelo do cachorro, é macio e quentinho ou duro e gelado? O fato de a ilustração evidenciar sobretudo o cão convida o leitor a ter quase uma experiência sensorial, despertando os sentidos do tato e da visão, além de mexer com o imaginário. Após a leitura, se possível, permita que as crianças toquem a página e façam carinho no bichinho ilustrado. Elas terão o contato físico com o papel, mas serão, nessa hora, convidadas a imaginar o toque em um cachorro real, de pelo macio e quentinho. É interessante, também, oferecer um objeto nessa hora que possa causar um efeito de comparação: que tal oferecer um pedaço de algodão ou um pouco de lã às crianças, será que elas também vão considerá-los macios?

O texto mostra uma hora gostosa da rotina das crianças: o momento do lanche. Aqui, o bebê convida a irmã a se sentar e compartilhar uma fruta com ele, reforçando a importância de se dividir o que se tem com os outros, a alimentação saudável e também mostra como é agradável partilhar momentos do dia a dia com outras

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pessoas. A fruta escolhida para o texto é o caqui, fruta bem brasileira, reforçando ainda mais o conceito do livro de apresentar o que se há de melhor e mais identitário às crianças. A ilustração retrata as crianças em um banco grande, deixando-as pequenas. Essa é justamente a visão de uma criança bem pequena quando se senta em um banco de praça e é esse o efeito que a imagem pretende causar, já que a criança é a leitora e é com as sensações e o imaginário dela que o livro pretende mexer. Também é perceptível visualizar que a boca do bebê e da irmã estão sujas, pois a fruta possui muito sulco e é normal que as crianças se sujem ao realizar as refeições sozinhas, no processo de desenvolvimento da autonomia e independência. Antes da leitura, permita que as crianças observem a ilustração atentamente. Será que elas sabem que fruta os personagens estão comendo? Qual é a fruta favorita das crianças? Que cor essa fruta? Ela é doce? Essa dupla de páginas propõe estimular o sentido do paladar, não somente apresentando a fruta com os quais os personagens estão se alimentando, mas também despertar a consciência do sabor da fruta favorita da própria criança, além de também estimulá-la a pensar nas cores e formas de seus alimentos favoritos.

Após a leitura, vale reforçar a importância da higiene pessoal antes das refeições, como lavar os alimentos e as mãos, e depois, lavando as mãos novamente e escovando os dentes.

O texto revela que os irmãos estão alimentados e que agora eles estão brincando juntos, mas em um determinado momento a bola se perde após subir muito, muito alto. Aqui, o texto propõe oferecer a consciência espacial à criança, comentando sobre o fato de a bola ter subido muito alto. O texto termina com uma pergunta: onde a bola foi parar? A questão desperta a curiosidade e atenção do leitor, deixando-o concentrado para descobrir a resposta. Já a ilustração mostra a imagem em uma perspectiva diferente de até então. Agora, é possível ter uma visão a partir de baixo, como se fosse um retrato de baixo para cima. As crianças olham para o alto e acompanham o movimento da bola, que parece alcançar a copa das árvores, o que dá uma sensação ainda maior da altura. Se possível, antes de ler o texto, questione as crianças se elas gostam da brincadeira de bola e qual a sua brincadeira favorita. Será que elas sabem o que é alto e baixo?

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No caso da ilustração, parece que a bola está no alto ou embaixo? Ela subiu em direção ao céu ou desceu em direção ao chão? Perguntas como essas, com opções e que fazem com que a criança observem novamente a ilustração para responder, igualmente despertam o interesse, fazendo com que a criança se aproprie de cada detalhe que o texto e ilustração do livro podem oferecer. Após a leitura, vale a representação prática, levantando e abaixando os braços ou mostrando objetos na sala que estejam no alto ou embaixo, exemplificando os conceitos para as crianças e convidando-as a observarem o que há ao seu redor e as posições de cada objeto, novamente explorando a visão da criança.

O texto oferece a resposta sobre o paradeiro da bola: ela foi parar ao lado de um formigueiro! É notável como o formigueiro prendeu a atenção do bebê, que observa o movimento das formigas, comentando que elas andam de modo ligeiro. As formigas também são representantes da natureza aqui e o bebê mostra respeito ao não mexer com o curso dos pequenos insetos, tampouco com a sua “casa”; ele apenas observa e descobre como elas trabalham.

A ilustração reflete a atenção do bebê para o formigueiro e dão detalhes do espaço da cena: é possível ver que o bebê está abaixando e parece muito grande perto do formigueiro, revelando às crianças que o habitat das formigas é realmente bem pequeno. Ele segura firmemente a bola e olha o andar das formigas, que podem ser também utilizadas, aqui, para uma contagem.

Será que as crianças sabem contar quantas formigas há na página? Que tal contarem todos juntos? As crianças já viram um formigueiro antes? Permita que elas observem atentamente todos os detalhes da ilustração, que evoca o sentido da visão. Comente com as crianças que algumas formigas estão carregando pedacinhos de folhas até maiores do que ela. Essas folhas servirão de alimento para todo o formigueiro.

Após a leitura, convide as crianças a ficarem na mesma posição que o bebê do livro ficou para observar o formigueiro. Elas perceberão que precisarão utilizar outro sentido já visto no início do livro: o equilíbrio, já que não é uma posição natural. Se possível, coloque pequenos objetos perto delas para que tenham a mesma sensação de observar algo pequeno perto delas.

Essa dupla de páginas traz muitas sensações. O texto, mesmo curto, apresenta muitas informações: o bebê está em uma brincadeira coletiva, compartilhando a diversão com outras crianças, e juntos encontram uma caixa de areia. O texto

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também evoca uma sensação gostosa: a areia entrou na meia do bebê, lhe fazendo cócegas. A ilustração faz com que os leitores quase adentrem à caixa de areia com os personagens, já que vemos a caixa de areia a partir de uma visão superior, preenchendo toda a página. As crianças parecem estar concentradas, divertindo-se muito, enquanto exploram de diferentes formas o lugar em que estão: uma pega areia com as mãos para fazer um montinho, a outra enche um caminhão de brinquedo enquanto o bebê, conforme o texto, está concentrado na sensação causada pela areia em outra parte do corpo – o pé – retratando a consciência corporal de cada personagem.

Antes da leitura, se possível, pergunte para as crianças se elas gostam de brincadeiras coletivas, principalmente na caixa de areia. Será que elas se lembram da sensação de ter areia nas mãos e pés? Conseguem descrever? Aqui, o tato é uma sensação extremamente explorada pelos personagens do livro. Após a leitura, convide-os a pensar na sensação de carinho e de cócegas. Como é ter algo de textura diferente em contato com a sua pele? Se possível, permita que as crianças mexam em objetos de diferentes texturas nesse momento. Se houver uma caixa de areia no parque da creche, leve-os para brincar após a leitura, trabalhando com eles a consciência corporal e o resgate da sensação que o bebê teve, lembrando-os da leitura.

No texto, o bebê mostra a consciência de que, nesse momento, a brincadeira dele é diferente da irmã e que tudo bem, pois conforme as crianças crescem, vão adquirindo novas habilidades. Da mesma maneira, ele se diverte no chão, explorando o ambiente e fazendo uma comparação à minhoca, animal pequeno e rastejante. A ilustração mostra esse bebê brincante de modo muito próximo, engatinhando e observando uma borboleta, enquanto a irmã anda de bicicleta ao longe. A paleta de cores do céu já muda ligeiramente, o que revela a passagem de tempo, e a natureza também é registrada em muitos detalhes: as flores próximas, as abelhas, as árvores.

Antes da leitura, é interessante apontar para essa mudança de cores na ilustração do céu, comentando com eles sobre a passagem do tempo. Com relação ao cenário, é importante pontuar que tudo ali é a representação da natureza, independente do tamanho: as árvores, as flores, as folhinhas, a abelha... cada um desses elementos

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tem importância e contribui de alguma forma para o meio ambiente. Da mesma forma, também é importante apontar que essa dupla de páginas mostra que há diversas formas de brincar: sozinho, com um brinquedo, em posições diferentes e que também é muito divertido explorar tudo o que há ao nosso redor! Depois da leitura, comente com as crianças sobre a comparação que o bebê fez: ele falou que faz como a minhoca, que brinca no chão. Como é a minhoca, grande ou pequena? De qual cor? Qual movimento ela faz? Com essas respostas, convide as crianças a também imitarem uma minhoquinha, com certeza, será muito divertido!

O texto fala sobre o brincar na chuva, algo que muitas vezes acontece durante os passeios ao ar livre, tomando de surpresa a crianças e adultos.

A ilustração apresenta uma grande transformação: as cores da paisagem mudam, sobretudo do céu que agora está cinza. Antes de ler o texto, é possível perguntar às crianças o que elas observam de diferente na ilustração e o que será que vai acontecer. Onde estão os personagens e quem são eles são outras duas questões interessantes de se fazer, estimulando o reconhecimento dos personagens no tempo e espaço da narrativa. O que será que vai acontecer e como será que os personagens vão reagir são questões que estimulam a capacidade de inferir e antecipar das crianças que, certamente, encontrarão muitas pistas na ilustração para respondê-las. Ou, ainda, elas poderão extrapolar o texto e comentar sobre temas que já se referem à sua interpretação: o que muda na paisagem quando a chuva cai, os cheiros e sensações de frio e umidade que a chuva nos provoca. Incentive-as a justificar as suas hipóteses, conectando as informações do livro com suas experiências de vida. Após a leitura do texto, conversar sobre a chuva pode ser algo bem estimulante. Nessa faixa etária, algumas crianças ainda se assustam com a chuva e têm medo das nuvens cinzentas e dos raios e trovões. Outras podem compartilhar experiências positivas, como o brincar nas poças d´água que se formam após a chuva. Aqui, cabe ao educador e à educadora escolher os rumos dessa conversa que poderá, inclusive, tratar da importância da água para todos os seres vivos.

E se acontecer de chover em um dia em que as crianças estão na creche, que tal dar uma paradinha para observar como a chuva cai, o que acontece no ambiente, com as pessoas e os demais animais? Certamente será uma interessante transposição da história para as vivências das crianças. A elaboração de um desenho dessa manhã (ou tarde) chuvosa dará ainda mais significado à essa observação e as experiências individuais poderão ser compartilhadas de modo a reforçar o sentimento de pertencimento a essa comunidade leitora ativa e curiosa.

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O texto nessa dupla de páginas traz muitos verbos, que representam as ações e movimento do bebê protagonista, que também são muito conhecidos pelas crianças.

A ilustração traz a representação do bebê em diferentes posições: várias brincadeiras que fazem com que o bebê conheça mais o seu próprio corpo e as suas habilidades. A falta de elementos ou cores no fundo da ilustração ressalta ainda mais o protagonismo do bebê, que ora brinca com a bola, interage com a natureza ao brincar com a borboleta e com a flor, mas que também se descobre e percebe o quanto pode ser divertido explorar as suas habilidades!

Antes de ler o texto, é interessante perguntar às crianças se elas também gostam de brincar e qual é a sua posição favorita. Perguntas que as motivem a explorar seus corpos também podem tornar esse momento muito divertido: quem gosta de pular bem alto? Quem consegue pegar na pontinha do pé? E ficar em um pé só? Aqui, as crianças aliam a observação da ilustração com a possibilidade de reproduzir seus movimentos favoritos na prática, extrapolando a leitura. Também é interessante a observação de que as crianças podem, em um momento de descontração e diversão, explorar o equilíbrio, considerado o sexto sentido e que é tão importante para o desenvolvimento e coordenação.

Após ler o texto, as crianças saberão que o bebê já brincou bastante e agora deseja voltar para casa e tomar um banho. É interessante comentar o quanto é divertido brincar, mas como é bom podermos voltar para casa e descansar! Afinal, o descanso e a nossa higiene pessoal são tarefas muito importantes da nossa rotina diária. Se possível, comente com a família sobre a leitura feita na creche e as temáticas abordadas no decorrer da narrativa. O adulto pode, na hora do banho, lembrar a criança que o bebê do livro queria tomar um banho, será que o banho dele era tão quentinho e gostoso quanto o da criança? Qual é a sensação que a criança sente depois do banho, está se sentindo limpa? O banho foi refrescante ou a aqueceu? Conversar sobre essas sensações após a experiência prática do banho vai fazer com que a criança se recorde da leitura e perceba ainda mais o bem-estar e as sensações que o banho vão lhe causar.

O texto mostra a passagem do tempo, já que comenta que a família chegou em casa ao pôr do sol. O bebê observa os pássaros voando ao longe e entende que eles também vão descansar, assim como ele e a família, já que a noite está chegando. A espécie escolhida para o texto, a maritaca, é mais uma homenagem a fauna típica do Brasil, além de a sonoridade do nome também despertar a curiosidade dos leitores. A audição, aliás, é um sentido explorado nessa dupla de páginas, pois o bebê presta atenção no som que as maritacas fazem ao longe.

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A ilustração reflete muito bem essa passagem do tempo, já que o céu, diferente das outras páginas, está supercolorido, retratando o lindo pôr do sol. A textura da aquarela faz com que a sensação seja justamente de poder tocar as nuvens. Como as maritacas estão longe, elas são ilustradas em tamanho bem pequeno, o que traz ainda mais a noção de perspectiva.

Antes de ler o texto, comente com as crianças sobre esse céu: quantas cores! O bebê e sua irmã estão admirando as cores do céu, além de terem trazido um pouquinho da natureza para casa: será que as crianças perceberam que o bebê e a irmã estão com uma flor cada? Se possível, comente com as crianças que devemos respeitar e cuidar bem da nossa flora, e que com certeza, o bebê e a irmã cuidarão muito bem dessa florzinha.

Após a leitura, vamos olhar o céu pela janela da sala? Como está o céu nesse momento da leitura? Azul, cinza? Há muitas nuvens? Será que conseguimos ver um pássaro ou um avião? É interessante que as crianças possam também ter experiência de observação e que se sintam interessadas em compartilhar as suas impressões.

Nessa última dupla de páginas, há um bebê que se expressa, que comenta que está cansado, e que também se sente feliz e seguro ao lado do pai, que lê uma história para o filho dormir. Aqui, há a reunião de dois sentidos, os quais estão sendo trabalhados pelas crianças no momento da leitura: assim como elas, o bebê do livro também está vendo um livro cheio de imagens e ouvindo uma história. É uma relação divertida: as crianças estão vendo e ouvindo uma história de um livro que tem um bebê que também ouve e vê uma história em um livro.

Com relação à ilustração, é possível muitos elementos: o céu escuro que representa a noite, os brinquedos do bebê, a cama colorida com o cobertor, o pai que também está de pijama. As cores mais cálidas e azuladas dão a sensação de penumbra, mostrando um ambiente calmo e propício para o sono.

Antes de ler o texto, se possível, comente com os alunos: será que o bebê vai fazer uma soneca à tarde ou já é noite? Por que elas acham isso? Será que está frio ou calor? Será que podemos sentir a sensação de que o bebê está quentinho em sua cama? É interessante evocar essas sensações nas crianças, fazendo comparações com o que elas estão sentindo no momento. Agora, no momento da leitura, está

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frio ou calor? Elas estão quentinhas ou estão usando roupas frescas para o verão?

Após a leitura, as crianças podem comentar também sobre o seu espaço e a sua própria rotina: os responsáveis também leem para ela? Como é o ambiente em que ela dorme, tem um bercinho ou uma cama? Alguém compartilha o quarto com ela? É interessante permitir que a criança faça inferências entre o que ela viu na narrativa até o momento com a sua realidade.

ser compartilhadas com as crianças. É muito importante que elas aprendam que um livro é resultado do trabalho de alguém, que geralmente estuda e passa horas se dedicando à sua produção.

Página com dicas para a formação do leitor na primeira infância, um texto a ser compartilhado com os familiares em momentos de reunião pedagógica e a ser debatido em situações coletivas entre os educadores na creche, junto à coordenação.

Essa dupla de páginas traz um paratexto informativo sobre a obra, conteúdo interessante para o leitor adulto que poderá conhecer as intencionalidades da autora e da editora e se informar sobre como a leitura desse livro pode ser instigante para a criança bem pequena.

Há uma ilustração que evoca muito carinho, o bebê no colo da mãe e abraçado com a irmã! Ilustração excelente para abordar a temática “sentimentos” com as crianças. É muito bom compartilhar demonstrações de afeto! Essa capa também traz um pequeno texto, uma sinopse do conteúdo do livro.

Esta seção traz informações sobre a autora e a ilustradora, que podem de

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SUGESTÃO DE ATIVIDADES

A seguir, há um conjunto de atividades que podem ser realizadas antes, durante ou após a leitura do livro, de forma pontual ou em contextos mais amplos, como projetos maiores que envolvam também os familiares. São atividades lúdicas, relacionadas aos campos de experiência da BNCC, e que visam potencializar as aprendizagens das crianças e seu desenvolvimento cognitivo, motor e emocional por meio da leitura do livro Para lá e para cá . Em todas elas as crianças são convidadas a produzir pequenos textos, a organizar as suas ideias para falar publicamente e a se expressar através da arte e do movimento. As famílias também podem ser envolvidas e, assim, perceber como a leitura de um livro infantil pode gerar conhecimentos e vivências ricas e plenas de significado para todos, adultos e crianças.

É hora de as crianças experimentarem a sensação de brincar com elementos da natureza, como apresentado no livro. Agora, elas irão ter a mesma experiência que o bebê protagonista do livro, que brincou com as folhas de uma árvore. Caso em sua creche haja um parque ou um espaço aberto com plantas, leve as crianças até lá. Se não, recolha algumas folhas de árvores de diferentes tonalidades e tamanhos e ofereça às crianças. Explique para elas que são de diferentes árvores e permita que eles peguem todas elas, estimulando o tato e a visão. Pontue a diferença entre elas, como quais são maiores e menores, as cores, quais são mais grossas. As

crianças podem compartilhar as folhas entre si, brincar à vontade e jogá-las para verem o seu movimento ao vento, como o bebê faz na história. Perguntas como: “qual é a textura da folha, ela é macia? É dura? E sobre a temperatura, é quente ou fria?” podem ser interessantes para que as crianças reflitam sobre o objeto que possuem em mãos e que expressem as suas opiniões. Após a brincadeira, guarde as folhas das árvores entre folhas de jornal e deixe secando. Depois desse processo, a sala terá vários tipos de folha para montar uma coleção! Ela poderá ficar exposta, para que as crianças tenham a lembrança da atividade e relembrem as sensações percebidas durante a brincadeira.

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As folhas das árvores – explorando a natureza

Areias divertidas

Outra brincadeira que estimula bastante o tato é brincar de areia, a mesma que faz cócegas no pezinho do nosso protagonista. Caso haja um tanque de areia na creche, leve as crianças e proponha brincadeiras no tanque, como colocar as mãos e os pés e deixar marcas, criar formas e montes. Uma sugestão interessante também e fazer areia caseira para as crianças brincarem: nesse caso, envolva-as no processo de produção. Para isso, você vai precisar de:

• 8 xícaras de farinha de trigo;

• 1 colher de sopa de óleo. Aqui, se a ideia é que as crianças brinquem à vontade e o ideal é que seja óleo de cozinha. Se desejar estimular o olfato e obter uma areia cheirosa e macia, a melhor opção é óleo corporal infantil;

• corante alimentício de diferentes cores. Coloque a farinha em um recipiente junto com o óleo e mexa com as mãos até que ela adquira a consistência de areia. As crianças podem ajudar a misturar e amassar a farinha. Após, divida a areia em potes pequenos e ofereça às crianças. Deixe que elas escolham a cor que desejam e pingue algumas gotinhas de corante no pote. Pronto, diversão garantida!

Piquenique de frutas

Que tal convidar as crianças a fazerem um piquenique com os seus sabores favoritos? Mostre novamente a página do livro em que o bebê come uma fruta com a irmã e questione as crianças quais são as suas frutas favoritas. Faça uma lista com os nomes das frutas que elas disserem e, se possível, entregue o desenho dessas frutas para eles pintarem. Esse desenho se tornará o convite para o piquenique, uma forma visual de evocar o sabor e a memória de como essa fruta é! No dia seguinte, reúna-os para um gostoso lanche com as suas frutas favoritas. Se possível, é interessante que essa atividade aconteça ao ar livre.

Pintando e colando

Ofereça folhas de papel e alguns lápis de cor e giz de cera para as crianças. Peça que elas façam um desenho que represente o livro lido. Você pode pontuar elementos interessantes para que todos façam o mesmo desenho, como: “vamos todos desenhar uma flor?” e mostre giz e lápis de diferentes tons para que ela possa escolher. “Agora, vamos desenhar o céu? De qual cor você gostaria de pintá-lo?”. Recorte algumas imagens de diferentes raças de cachorro (pode ser de revistas ou imagens da internet) e coloque no centro da roda. Peça que cada criança escolha

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um recorte e ajude-as a colar em uma folha em branco. Pergunte para as crianças qual nome elas gostariam de dar para os seus cãezinhos, onde acha que elas estão e convide-as a desenhar elementos para colorir o restante da página. Pode dar sugestões, como: “o cachorro está na praça, no parque ou em casa?”; “Está de dia ou de noite?”; “Será que ele está com fome?”; “Vamos desenhar algo para ele comer?”. Ainda que nessa fase o traço da criança ainda seja inseguro e ela não tenha habilidade para fazer desenhos que sejam realistas e reconhecíveis, é muito importante que elas sejam estimuladas a fazer representações e que usem a imaginação para desenhar e descrever cenas e objetos.

Um passeio à praça

Pode ser a pracinha próxima à creche. Ou um pequeno jardim. Observaras plantas e os animais, sentir o vento, olhar para o céu e se der correr, pular e saltar. Proporcionar momentos de contato com a natureza, mesmo nos grandes centros urbanos, será uma experiência incrível para as crianças. Junto com seus educadores, elas poderão listar aquilo que percebem e, após o passeio, escrever o nome daquilo que puderam perceber. As famílias também poderão ser estimuladas a visitar alguma área verde. Em uma reunião de pais, é interessante compartilhar essa ideia, de (re)conexão com a natureza.

PARA FAZER COM A FAMÍLIA

Essas são atividades que podem ser feitas em sala, mas também podem ser enviadas como orientação às famílias; afinal, é muito importante que a família também estimule a leitura e que participe do processo de aprendizado das crianças. Compartilhe com elas as atividades já feitas na creche e sugira que os responsáveis continuem as brincadeiras em casa. Que tal mandar uma folha de árvore junto com um bilhetinho na agenda da criança? Ela poderá usar a folha como molde para desenhá-la num papel, pode comparar a folha da árvore com a folha de alguma planta que tenha em casa, pode fazer uma colagem com ela. Assim como temos na última página do livro, peça que um dos responsáveis pela criança leia ou conte uma história para a criança dormir e compartilhe o resultado com os colegas no dia seguinte, ele pode mandar uma foto ou um pequeno relato de como foi a experiência.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

O Para lá e para cá é um livro que estimula a leitura, a descoberta de si e do outro, a exploração do entorno e também a percepção da natureza presente no dia a dia das crianças. Para abordar todas essas questões, a seguir são apresentadas algumas referências e sugestões de leituras para os educadores e também para os mediadores de leitura. Há também a sugestão para que educadores e familiares assistam a um documentário que trata da relação das crianças pequenas com a natureza, seu desenvolvimento e a importância de reforçarmos seu contato com os elementos naturais que existem a seu redor, cujo link para o trailer está abaixo.

O COMEÇO DA VIDA 2: LÁ FORA. Direção: Ana Lúcia Villela. Produção: Maria Farinha Filmes. Brasil, 2020. DVD. Documentário que trata das conexões entre as crianças e a natureza, sobretudo em grandes contextos urbanos. De forma acessível, o filme traz depoimentos de educadores, pais, estudiosos do tema e das próprias crianças sobre suas experiências e convívio em espaços urbanos, mas nos quais descobrem maneiras de manter o contato com a natureza de diferentes formas. O documentário está disponível em diversas plataformas e o trailer pode ser conferido em: w w w.you tube. com / watch? v=9yNv6 U02W1M (acesso em 14/04/2021).

Brasil. Ministério da Educação. Secretaria de Alfabetização. Conta PraMim: Guia de Literacia Familiar. Brasília: MEC, SEALF, 2019. Um guia sobre a importância da leitura em família com sugestões práticas para que os educadores possam apresentar roteiros e sugestões de atividades a serem realizadas em casa, no âmbito familiar. A valorização de livros infantis que estimulem a construção de uma comunidade leitora na família, baseada em momentos de convívio, diálogo e interações através de situações simples como conversar, passear, cozinhar, desenhar ou, simplesmente, ler. Disponível em: http: //alfabetizacao. mec . gov.br/images /pdf/conta-pra-mim-literacia.pdf (acesso em 14/02/2021).

Brasil. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Brasília, 2018.

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A BNCC foi amplamente utilizada para a construção desse manual e é um rico material de consulta para os educadores. Para a organização do planejamento das atividades de leitura, é interessante consultar a BNCC para identificação de conteúdos e objetivos de aprendizagem. Disponível em: http: // basenacionalcomum . mec.gov.br /abase/ #infantil (acesso 14/04/2021).

BAJOUR, C.Ouvir nas entrelinhas: o valor da escuta nas práticas de leitura. 1ª edição. São Paulo: Pulo do Gato, 2013. Os quatro textos que compõem a obra discorrem sobre a importância da “escuta”, da “conversação literária” e do “registro” para o êxito no trabalho com a leitura literária. Chamam a atenção para a importância da formação do mediador, responsável, em grande parte, pelo sucesso ou pelo fracasso das ações promotoras da formação do leitor nas instituições escolares.

BARBOSA, M. C. S.; HORN, M. G. S. “Organização do espaço e do tempo na escola infantil”. In: CRAIDY, C.; KAERCHER, G. E. (Orgs.). Educação Infantil: pra que te quero?. Porto Alegre: ArtMed, 2001. p. 67-79. O dia a dia das escolas é repleto de atividades organizadas por educadores que, de uma maneira ou de outra, lidam com o espaço e o tempo a todo o momento. Como organizar tempos de brincar, de tomar banho, de se alimentar, de repousar de crianças de diferentes idades nos espaços das salas de atividades, do parque, do refeitório, do banheiro, do pátio? É tarefa dos educadores organizar o espaço e o tempo das escolas infantis, sempre levando em conta o objetivo de proporcionar o desenvolvimento das crianças.

BENJAMIN, W. Reflexões sobre a criança, o brinquedo e a educação. 2ª edição.

São Paulo: Editora 34, 2009.

Estes ensaios apresentam a suma do pensamento de Benjamin sobre a educação. O autor discorre sobre aspectos da vida universitária, o aprendizado da leitura, a prática do teatro, brinquedos, jogos, livros infantis e, ainda, os contrastes entre a educação burguesa e os desafios de uma pedagogia revolucionária. Um livro clássico sobre a infância, que nos ajuda a compreender melhor as crianças e a sociedade.

DEBUS, E. Festaria de brincança: a leitura literária na Educação Infantil. 1ª edição. São Paulo: Paulus, 2006.

Obra interessante para educadores da Educação Infantil, pois fala da leitura literária para crianças pequenas. O livro explana sobre o contato das crianças pequenas com vários tipos de livros (livros tradicionais, livros-brinquedo etc) e trata da importância da leitura no ambiente escolar.

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DELORME, M.I.C. Criança e natureza nas cidades . 1ª edição. São Paulo: Baobá, 2019. Esta produção apresenta uma coletânea de estudos sobre os espaços de brincar e as tantas relações que se estabelecem nestes espaços. De tantos aspectos essenciais tratados na obra, é possível destacar as inúmeras possibilidades de interação com a natureza como parte do que há de mais genuíno nas infâncias: a brincadeira, a imaginação, a criação e a liberdade. Os estudos interagem e dialogam entre si, através de escritas entre articuladas que inserem os leitores nas praças, nos parques e nas quadras. As autoras assumem um projeto de formação humana, o qual se constrói com sensibilidade, escuta, voz e autoria de quem aprende e ensina, com e para as diversidades, as experiências criadoras e, por que não dizer, o amor.

JUNQUEIRA, R (org). Ler e Ensinar: gestos de leitura na Educação Infantil. 1ª edição. Presidente Prudente: Educação Literária, 2019. Nesse pequeno livro é ampliada a discussão e a teorização sobre literatura, mediação de leitura e livros para crianças pequenas. Ficamos no desejo de que o livro atraia a todos os leitores, como o tema tem seduzido centenas de professores e pais por muitos anos. Também, esperamos que filhos, netos e alunos tenham oportunidade de desenvolver esses gestos embrionários de leitura, que os colocarão frente ao ato de ser leitor.

JUNQUEIRA, R (org). Literatura e Educação Infantil: Livros, imagens e práticas deleitura (1). 1ª edição. Campinas: Mercado de Letras, 2016. Deve-se aproximar livros infantis de crianças pequenas? Pode-se provocar ações de leitura nas crianças bem pequenas? Sim, sim se houver o entendimento dos espaços da Educação Infantil como um ambiente que pode e deve impulsionar a humanização através da educação literária. Assim, nessa obra o leitor conhecerá um pouco mais sobre livros infantis, imagens e práticas de leitura para a primeiríssima e a primeira infância.

LAJOLO, M. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. 6ª edição. São Paulo: Ática, 2002.

Nessa obra, Marisa Lajolo trata sobre a leitura dentro do ambiente escolar, a sua importância e consequência. Um livro interessante para educadores da Educação Infantil e também para o Ensino Fundamental, pois traz, de maneira acessível, a discussão acerca do contato com os livros e como a leitura influencia diretamente o aprendizado dos alunos.

MCGUINNESS, Diane. Cultivando um leitor desde o berço.Editora Record, 2006. Repleto de comentários fascinantes a respeito do comportamento infantil, este

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livro não apenas torna mais simples a compreensão sobre os estágios de aquisição da linguagem como também orienta sobre como aumentar a interação de pais e filhos. A autora apresenta seu programa inovador que facilita o domínio da leitura e revela o quanto crianças que ainda estão aprendendo a andar e aquelas em fase pré-escolar sabem e podem expressar desde os primeiros meses de vida.

NINFAS, P. Do ventre ao colo do som a literatura – livros para bebês e crianças. 1ª edição. Rio de Janeiro: RHJ Livros, 2012. Qual a diferença entre livros e literatura para os pequenos? Essas e outras questões são discutidas nessa obra, com exemplos comentados de livros destinados aos bebês e às crianças bem pequenas. Obra recomendada aos pais, educadores, professores, pedagogos, psicopedagogos, psicólogos e psicanalistas, aos cuidadores dos bebês e das crianças.

REYES, Y.Ler e brincar, tecer e cantar: literatura, escrita e educação. 1ª edição. São Paulo: Pulo do Gato, 2012.

O título já anuncia como a autora está comprometida com a linguagem, a educação, a formação de leitores e a literatura, que “embora não transforme o mundo, pode fazê-lo ao menos mais habitável, pois o fato de nos vermos em perspectiva e de olharmos para dentro contribui para que se abram novas portas para a sensibilidade e para o entendimento de nós mesmos e dos outros”. Uma obra de referência para educadores.

REYES, Y.A casa imaginária. 1ª edição. São Paulo: Global, 2010. Resultado de 15 anos de pesquisa da autora, este livro reúne as mais recentes descobertas das ciências que valorizam as etapas iniciais do desenvolvimento infantil. Sua missão é convencer o público tanto sobre a necessidade de se começar já a tarefa de formar leitores quanto do imenso prazer de ler com as crianças pequenas.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA - Grupo de Trabalho em Saúde e Natureza. Manual de Orientação Benefícios da Natureza no Desenvolvimento de Crianças e Adolescentes. SBP, 2019. Um documento que apresenta informações sobre a importância do contato coma natureza, considerando tanto aspectos médicos como psicológicos. Traz indicações de atividades, vídeos e sugestões de atividades para fazer com as crianças. Disponível em: https: //www.sbp. com .br /fileadmin/user_upload/ manual_orientacao_sbp_cen1.pdf (acesso em 14/04/2021).

TUSSI, R.C. Programa Bebelendo: uma intervenção precoce de leitura. São Paulo: Global, 2009.

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Recuperar a importância de conversar com a criança ainda em gestação e, após o nascimento, de cantar canções de ninar e de brincar, de recitar, de contar pequenas histórias são ações que irão propiciar comportamentos precoces de leitura a partir da primeira infância. Assim, a participação dos pais e adultos se faz primordial para que se crie uma nação de leitores. Uma dica de leitura para os educadores interessados em aprofundar seus conhecimentos sobre a importância da formação de crianças leitoras.

WAJSKOP, Gisela. Brincar na Pré-Escola. 1ª edição. São Paulo: Cortez, 1995. O texto apresenta uma abordagem sócio-histórica sobre o brincar e faz um panorama sobre a evolução nas teorias e práticas pedagógicas na Educação Infantil ocidental. Como o livro Para lá e para cá também propõe a brincadeira e a imaginação a partir do livro, a obra torna-se uma boa sugestão de leitura para os educadores.

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NOSSA MISSÃO

Publicar livros de qualidade que permaneçam na mente dos nossos leitores como fonte preciosa de conhecimento e de entretenimento.

w w w. sg-amarante. com .br

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