IF (CHSA) – Volume 1 – Redes Sociais

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Ciências humanas e sociais aplicadas Ensino Médio

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ITINERÁRIOS FORMATIVOS

Redes Sociais

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Diretor-geral Ricardo Tavares de Oliveira Diretor Adjunto Cayube Galas Gerente de Conteúdo Júlio César Domingas da Silva Ibrahim Editora Amanda Bonuccelli Voivodic Editora Assistente Thais Alves de Souza Elaboradores de Original Camila Caldas Petroni Marília Alves Gonçalves Henrique Bosso da Costa Caio Cobucci Leite Colaboradoras Anaclara Volpi Antonini Paula Feijó de Medeiros Marília Alves Gonçalves Assistente Editorial Pedro de Barros Vidal Coordenador de Eficiência e Analytics Marcelo Henrique Ferreira Fontes Assistente de Fluxo Letícia Bovolon Bezerra Supervisora de Preparação e Revisão Adriana Soares de Souza Preparação e Revisão Equipe FTD Coordenadora de Imagens e Textos Marcia Berne Pesquisa Equipe FTD Gerente de Produção e Design Letícia Mendes de Souza Coordenadora de Criação Daniela Máximo Supervisor de Produção e Arte Fabiano dos Santos Mariano Projeto Gráfico e Capa Juliana Carvalho Editora de Arte Bianca Giglio de Almeida Diagramação IEA Soluções Educacionais Supervisora de Arquivos de Segurança Silvia Regina E. Almeida Diretor de Operações e Produção Gráfica Reginaldo Soares Damasceno

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Itinerários formativos : ciências humanas e sociais aplicadas. – 1. ed. – São Paulo : FTD, 2022. Vários autores FTD. ISBN 978-65-5742-368-4 (aluno) ISBN 978-65-5742-369-1 (professor) 1. Ciências humanas (Ensino médio) 2. Ciências sociais (Ensino médio) 21-69885

CDD-373.19

Índices para catálogo sistemático: 1. Ensino integrado : Livro-texto : Ensino médio 373.19 Maria Alice Ferreira - Bibliotecária - CRB-8/7964 1 2 3 4 5 6 7 8 9

Reprodução proibida: Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Todos os direitos reservados à EDITORA FTD. Rua Rui Barbosa, 156 – Bela Vista – São Paulo – SP CEP 01326-010 – Tel. 0800 772 2300 https://ftd.com.br/ central.relacionamento@ftd.com.br Produção gráfica

Avenida Antônio Bardella, 300 - 07220-020 GUARULHOS (SP) Fone: (11) 3545-8600 e Fax: (11) 2412-5375

Envidamos nossos melhores esforços para localizar e indicar adequadamente os créditos dos textos e imagens presentes nesta obra didática. No entanto, colocamo-nos à disposição para avaliação de eventuais irregularidades ou omissões de crédito e consequente correção nas próximas edições. As imagens e os textos constantes nesta obra que, eventualmente, reproduzam algum tipo de material de publicidade ou propaganda, ou a ele façam alusão, são aplicados para fins didáticos e não representam recomendação ou incentivo ao consumo.

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APRESENTAÇÃO Caro(a) estudante, A FTD Educação apresenta uma solução educacional completa que o acompanhará ao longo do Ensino Médio, auxiliando você a trilhar seus caminhos para além da educação básica. Nesta coleção, partimos do entendimento de que o Ensino Médio é a etapa em que você tem a oportunidade de consolidar seu projeto de vida. Nos Itinerários Formativos você vai poder conhecer mais sobre as áreas de conhecimento do seu interesse, em uma trajetória de autoconhecimento que vai ajudá-lo a planejar o futuro. Os Itinerários Formativos são construídos com base em quatro eixos: Mediação e intervenção sociocultural, Empreendedorismo, Investigação científica e Processos criativos. Esses eixos norteadores possibilitam uma reflexão sobre a realidade e uma atuação social constante, oferecendo importantes ferramentas para você seguir novos caminhos.

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Desejamos a você uma ótima jornada!

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Sumário

IMAGENS: IRINA STRELNIKOVA/SHUTTERSTOCK.COM

REDES SOCIAIS CAPÍTULO 1 Redes sociais: como chegamos até aqui? .............................8 CAPÍTULO 2 Redes sociais: usos políticos ....................................................32 CAPÍTULO 3 Qualidade da informação ....................................................... 58 CAPÍTULO 4 Dados pessoais e internet ....................................................... 82 CAPÍTULO 5 Empreendedorismo e economia nas redes sociais ...... 106 CAPÍTULO 6 Ética e direito no mundo virtual ......................................... 130

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CAPítulo 1

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Redes Sociais: como chegamos até aqui? Se você usa redes sociais, certamente consegue identificar várias mudanças que ocorreram desde que começou a usá-las. Novas redes e plataformas surgem o tempo todo, assim como as que já existem estão em constante atualização, com novas interfaces e ferramentas. Você consegue se imaginar um pouco antes, em um mundo sem internet e sem redes sociais digitais? Como dar uma festa sem criar um evento nas redes? Como ir a um endereço desconhecido sem usar um sistema de posicionamento global, o famoso GPS (Global Positioning System)? Estamos acostumados a pensar em tudo que a internet nos oferece de uma forma tão integrada à nossa rotina, que parece que ela sempre esteve lá. Por isso, raramente pensamos sobre o que está envolvido no uso que fazemos desse serviço, como diferentes processos técnicos, econômicos, políticos, sociais e culturais. Desde a década de 2000, as redes sociais vêm influenciando a forma como nos relacionamos, como vemos e interagimos com o mundo. Que interesses existem nos bastidores dessas redes? Como e para que são planejadas? a) Pense em sua rotina hoje. Quantas atividades fundamentais no seu dia a dia envolvem, de alguma forma, o uso da internet ou das redes sociais?

ABERTURA Aqui você terá conteúdo para contextualizar o assunto que será estudado em cada capítulo.

b) Existe alguma atividade que você realiza com o uso dessa rede mas que poderia ser feita sem ela? c) Em sua opinião, como a internet e as redes sociais podem influenciar o modo como vivemos, individual e coletivamente? Pessoas usando o celular no transporte público de Bangcoc (Tailândia), 2019. Desde a década de 1990, o uso da internet vem se popularizando de forma crescente, especialmente em grandes cidades. Em 2019, 95% da população da região Ásia-Pacífico era coberta por uma rede de internet móvel. 8

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Seções 1 Exercícios

Pratique

PRATIQUE Ao longo da teoria, você terá exercícios inéditos ou de vestibulares e Enem para praticar os conteúdos trabalhados.

Passageiros no metrô de Londres (Inglaterra) em 2017.

Leia o texto para responder às questões 6 e 7 a seguir. 2

O primeiro like da história do Facebook foi dado no dia 9 de pois, os números mostram o “curtir” como um dos maiores fenô 1,8 milhão por minuto ou 4,5 bilhões diários na rede social criad espalhou por outros sites. Por trás desse sucesso está a relação a ferramenta. Ter uma postagem curtida, assim como curtir alg forma de ganhar reputação, repercussão. Você só existe se é cu de sentimento já influencia a vida das pessoas. [...] Esse Campeonato da Curtição, em que se mede o índice número de curtidas, seguidores, amigos ou republicações de documentário nos Estados Unidos. É Generation Like, dirigido p “Você é o que você curte”.

KEYSTONE-FRANCE/GAMMA-KEYSTONE/GETTY IMAGES

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SAM MELLISH/IN PICTURES/GETTY IMAGES IMAGES

Observe as imagens para realizar as atividades 4 e 5.

Passageiros no metrô de Londres (Inglaterra) em 1955.

4. As duas fotos mostram o uso de meios de comunicação em épocas distintas. Compare-as e aponte o que esses meios de comunicação têm em comum e o que têm de diferente.

BRESSANE, Ronaldo. Tudo por um like. Revista Galileu, 23 maio 2014. Di Revista/noticia/2014/

6. Logo no começo, o autor destaca a palavra “curtir” entre aspa estava totalmente integrado ao vocabulário. No momento em q tão comum utilizar essa palavra com o sentido que ela tem hoje coração na postagem de outra pessoa em alguma rede social. Gri que ganharam sentido próprio com o desenvolvimento das rede

5. A foto 2 mostra pessoas que recebem a informação, mas não podem reagir instantaneamente a ela. Em sua opinião, quais são os aspectos positivos e negativos da interação instantânea possibilitada pelas redes sociais e pela internet, de modo geral?

7. Forme um grupo com alguns colegas e produzam um glossári muito utilizadas nas redes sociais atualmente, descrevendo seu deve ser extraída do texto de Ronaldo Bressane. Se a palavra tiv corrente, descrevam-no também. Compartilhem o trabalho co diferentes palavras que identificaram. Resposta pessoal. A linguagem é um aspecto central da sociabilidade. O objetivo

quem palavras e símbolos que ganharam novo sentido na nossa sociedade por mei

#A linguagem das redes sociais

reflitam sobre como as redes influenciam nossa vida e alteram nossa sociabilidad

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Para usar as redes sociais basta ter internet, um celular ou um computador e uma conta de acesso, certo? Hum... Não é bem assim. Além de apresentar novas maneiras de se informar e se conectar com outras pessoas, as redes sociais também ditam uma nova linguagem, uma nova gramática. Diversas expressões passam a ter novos significados, outras são inventadas e, com tudo isso, a linguagem com a qual nos comunicamos muda bastante. Há alguns anos, por exemplo, se você dissesse “curti a foto da Ana”, seu receptor ou interlocutor (a pessoa com quem você estivesse falando) poderia entender várias coisas. Daria para entender que você gostou de ser fotografado pela Ana ou que você viu uma foto da Ana e achou bonita, por exemplo. Hoje em dia, não haveria dúvidas: ao dizer que “curtiu” uma foto, você estaria se referindo a um like dado para aquela imagem em alguma rede social. Essas transformações acontecem de maneira sutil, quase nem percebemos. Mas são muito importantes porque fazem parte das novas maneiras que usamos para nos comunicar e influenciam inclusive a nossa sociabilidade. Elas podem distinguir as formas como as pessoas interagem nas redes, por exemplo. Tem gente que adora um textão, não é? Outros são ótimos com as hashtags. E quem nunca teve de explicar a algum parente o que é um Youtuber?

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que associem “memes” ou “gifs” para ilustrar algumas expressões.

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PROJETO Proposta para o estudante colocar em prática o conhecimento do Volume.

2 Projeto PROJETO

PROJETO

Ao final deste capítulo, você e os colegas criarão um manual de segurança on-line. Neste capítulo, serão trabalhados os riscos da internet e das redes sociais, os diversos tipos de crimes cibernéticos, as leis e direitos relacionados ao ambiente virtual no Brasil e no mundo e algumas dicas de segurança na internet. Isso auxiliará vocês a elaborar as seções do manual relacionadas a ética e direito no mundo virtual. No final do capítulo, são apresentadas mais instruções sobre a realização do projeto.

Durante este volume, você conheceu diversos aspectos das redes sociais, desde sua origem, papel na sociedade e funcionamento até o estudo do uso econômico e das diretrizes éticas e legais da internet. Para finalizar o trabalho, você e os colegas deverão elaborar um manual de segurança on-line, intitulado Navegando com Segurança. Como base para a elaboração do manual, devem ser utilizadas as questões tratadas ao longo de todo este volume, assim como os produtos elaborados nas atividades. Dê destaque aos seguintes temas: acesso à internet, usos sociais e políticos da internet e das redes sociais, qualidade da informação, proteção aos dados pessoais, padrões de comportamento, economia e redes sociais, direito e ética na internet.

OS RISCOS DA INTERNET E DAS REDES SOCIAIS Em nosso trajeto até aqui, exploramos os benefícios da internet e das redes sociais e vimos suas inúmeras possibilidades de uso, inclusive na luta por mudanças políticas, sociais e econômicas. Também vimos que as redes sociais podem ser utilizadas como ferramentas para manipular informações, influenciar negativamente processos eleitorais e espalhar mentiras. Ou seja, a internet e as redes sociais podem também ser espaço de prática de condutas inadequadas e prejudiciais à sociedade. O filósofo grego Aristóteles foi um dos Por isso, é importante para nós, como primeiros pensadores a tratar a ética sociedade, realizar uma reflexão ética do como ciência responsável por uma uso dos recursos digitais. A ética é o ramo boa conduta humana. A fotografia da filosofia que questiona os motivos pelos mostra um busto de Aristóteles em mármore em Vilnius (Lituânia), 2019. quais devemos agir de determinada maneira e não de outra. Mais do que prescrever determinações normativas, a ética digital envolve o conhecimento e a análise dos fenômenos virtuais, das ações das pessoas no campo digital e das normas e legislações já estabelecidas em relação a isso.

O projeto deverá ser desenvolvido nas seguintes etapas: 1 Formem grupos e realizem o levantamento dos temas trabalhados nos capítulos que devem compor o manual. 2 Com os outros grupos, elaborem propostas para fazer a avaliação coletiva dos trabalhos finais. 3 Cada grupo deve apresentar à turma os pontos levantados na primeira etapa. Em seguida, realizem um debate coletivo sobre o que deve ser inserido no manual.

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Uma internet sem ética não pode funcionar Leia no link a seguir uma entrevista realizada pelo Goethe-Institut com Petra Grimm, professora universitária de Ciências da Mídia e diretora do Instituto de Ética Digital em Stuttgart. 1. Segundo Petra Grimm, qual é a diferença entre ética e moral? 2. No que consiste a “miopia empática”? 3. Com base na entrevista, como você avalia o compartilhamento de imagens chocantes?

Navegando com Segurança

4 Montem juntos o sumário do manual e separem uma ou mais seções que deverão ser desenvolvidas por cada grupo. 5 Retomem os grupos para que cada um desenvolva sua seção. Os tópicos devem apresentar textos, imagens, indicações de links e, se possível, gráficos e ilustrações. Atenção! Neste momento, é importante identificar as qualidades e fragilidades de cada integrante para que todos se ajudem na realização da tarefa. 6 Juntem todas as seções desenvolvidas e façam a composição final do manual, que deve passar pela revisão do máximo de pessoas possível.

https://ftd.li/dr6emk

7 Após a conclusão, o manual pode ser distribuído na escola de forma on-line (nas redes sociais da escola, por exemplo).

Classificação dos crimes cibernéticos

https://ftd.li/bxfzu3

Muitas das condutas nocivas realizadas na internet são crimes. Vamos entender melhor o que são crimes virtuais? Provavelmente você já ouvir falar deles — que também são chamados de crimes cibernéticos ou cibercrimes — e conhece alguns exemplos, como os mostrados no vídeo STJ Cidadão #18 - Crimes Cibernéticos. De maneira simples, podemos dizer que crimes virtuais são aqueles praticados na internet ou que têm como alvo algum sistema informático. Eles podem ser executados de diversas formas e utilizando diferentes meios. No Brasil, a Lei nº_ 12.737/2012, conhecida como Lei Carolina Dieckmann ou Lei dos Crimes Cibernéticos, definiu alguns crimes virtuais, como a invasão de

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CONSTRUÇÃO DO PROJETO Apresentação de como o capítulo contribui para o Projeto ao qual ele está vinculado.

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3 Final de capítulo Síntese A primeira rede social surgiu ainda nos anos 1990, mas foi só a partir do final da década de 2000 que as redes se popularizaram no Brasil. A primeira rede social popular no Brasil foi o Orkut.

Apenas a partir da década de 1990 a internet foi disponibilizada à população civil de países como os Estados Unidos. A partir daí, o uso privado cresceu de forma acelerada. Hoje, no Brasil, o acesso se dá majoritariamente em smartphones.

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As quatro redes sociais mais utilizadas no Brasil em 2019*

A primeira ligação por rede entre computadores ocorreu na década de 1960 nos Estados Unidos, no contexto da Guerra Fria, por uma demanda militar. A rede se chamava Arpanet.

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YOUTUBE; FACEBOOK; INSTAGRAM; TWITTER

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SÍNTESE Resumo esquemático dos conteúdos do capítulo.

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1o YouTube: 95% 2o Facebook: 90% 3o Instagram: 71% 4o Twitter: 43% (*por pessoas com acesso à internet) Fonte: We Are Social e Hootsuite. DIGITAL 2019: BRAZIL. Disponível em: <https://datareportal.com/reports/ digital-2019-brazil>. Acesso em: 16 set. 2020.

Ainda hoje, muitas pessoas no Brasil e no mundo não têm acesso à internet. As dificuldades de conexão se relacionam com a desigualdade de renda, a escolarização e a distribuição desigual da infraestrutura necessária para o acesso.

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O final da década de 2010 foi marcado por uma série de questionamentos a respeito das redes sociais: sobre o uso dos dados dos usuários; a concentração de propriedade das empresas; o enriquecimento dos donos de empresas de tecnologia; a influência política das redes; e outros temas.

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boxes DESENVOLVENDO HABILIDADES Atividade inédita e contextualizada.

EU NO MUNDO

AMPLIE

Neste boxe você verá como é a relação do conteúdo estudado com o mundo fora da escola.

Indicações de conteúdo complementar que ampliam o seu repertório sobre o assunto do capítulo.

INVESTIGAÇÃO

EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

Atividades práticas e diferenciadas: seminários, debates, pesquisas, investigação, práticas de laboratório, experimentos e afins.

Exercícios de vestibulares ou Enem com resolução detalhada.

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Ao longo do material você encontrará outros links e QR Codes indicativos de conteúdo digital.

FIQUE ATENTO! Ao longo do material você vai encontrar experiências interdisciplinares.

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INTERDISCIPLINARIDADE

+ Linguagens e suas tecnologias

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Habilidades dos Itinerários Formativos trabalhadas neste capítulo: EMIFCG01; EMIFCG02; EMIFCG03; EMIFCG07; EMIFCG12; EMIFCHSA01; EMIFCHSA02; EMIFCHSA03; EMIFCHSA04; EMIFCHSA07; EMIFCHSA10. O texto na íntegra das habilidades encontra-se no Manual do Professor.

a) Os estudantes podem tomar consciência da presença da internet e das redes sociais na rotina deles e na forma como se relacionam com os outros, se entretêm, se informam, consomem etc.

CAPítulo 1

Redes Sociais: como chegamos até aqui? Aula 1

Se você usa redes sociais, certamente consegue identificar várias mudanças que ocorreram desde que começou a usá-las. Novas redes e plataformas surgem o tempo todo, assim como as que já existem estão em constante atualização, com novas interfaces e ferramentas. Você consegue se imaginar um pouco antes, em um mundo sem internet e sem redes sociais digitais? Como dar uma festa sem criar um evento nas redes? Como ir a um endereço desconhecido sem usar um sistema de posicionamento global, o famoso GPS (Global Positioning System)? Estamos acostumados a pensar em tudo que a internet nos oferece de uma forma tão integrada à nossa rotina, que parece que ela sempre esteve lá. Por isso, raramente pensamos sobre o que está envolvido no uso que fazemos desse serviço, como diferentes processos técnicos, econômicos, políticos, sociais e culturais. Desde a década de 2000, as redes sociais vêm influenciando a forma como nos relacionamos, como vemos e interagimos com o mundo. Que interesses existem nos bastidores dessas redes? Como e para que são planejadas? a) Pense em sua rotina hoje. Quantas atividades fundamentais no seu dia a dia envolvem, de alguma forma, o uso da internet ou das redes sociais? b) Existe alguma atividade que você realiza com o uso dessa rede mas que poderia ser feita sem ela? c) Em sua opinião, como a internet e as redes sociais podem influenciar o modo como vivemos, individual e coletivamente? P essoas usando o celular no transporte público de Bangcoc (Tailândia), 2019. Desde a década de 1990, o uso da internet vem se popularizando de forma crescente, especialmente em grandes cidades. Em 2019, 95% da população da região Ásia-Pacífico era coberta por uma rede de internet móvel. 8

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b) Ao refletir sobre as diferentes formas de fazer atividades do dia a dia para além da dependência da internet, os estudantes podem questionar a necessidade de uso dessa rede em determinadas tarefas rotineiras. Se julgar pertinente, incentive-os também a avaliar se consideram seu uso excessivo ou não.

c) Estimule os estudantes a refletir sobre as influências da internet e das redes sociais tanto no próprio comportamento e nas atividades que realizam quanto no comportamento coletivo e na organização da sociedade como um todo. TY LIM/SHUTTERSTOCK.COM

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PROJETO Ao final deste volume, você construirá um manual de segurança on-line utilizando os conhecimentos desenvolvidos ao longo de cada capítulo. Neste capítulo, você discutirá temas que ajudarão a elaborar o manual, como as características das redes sociais, o papel das grandes empresas de tecnologia e as diferentes condições de acesso à internet no mundo. Aulas 2 a 4

COMEÇANDO DO COMEÇO: A CRIAÇÃO DA INTERNET

Comunicação descentralizada: comunicação

que pode ocorrer de maneira direta entre os dispositivos que compõem a rede, não dependendo de um único dispositivo central para a troca de serviços e informações.

Guerra Fria: Período entre 1945 e 1991 marcado pelo enfrentamento entre Estados Unidos (capitalista) e União Soviética (socialista) pela hegemonia mundial sem confrontos diretos, mas por meio de disputas ideológicas, científicas e armamentistas, entre outras.

ROBYN BECK / AFP

S ala da qual foram enviadas e onde foram recebidas as primeiras mensagens pela Arpanet, na Universidade da Califórnia (Estados Unidos), 2019. No início do desenvolvimento da “mãe” da internet, era necessária uma estrutura fisicamente maior do que a usada hoje.

Sabemos que as redes sociais não existem desde sempre, não é? Provavelmente seus pais ou avós viveram a juventude deles sem contato com a internet ou com as redes sociais virtuais. Mas quando e como isso surgiu? Para entender os aspectos ligados ao uso feito hoje das redes sociais, vamos conhecer a história dessas tecnologias — sem as quais achamos que não podemos mais viver — e os interesses que moveram o desenvolvimento delas. A primeira vez em que ocorreu a comunicação descentralizada entre computadores foi na década de 1960, nos Estados Unidos. Com o fim da Segunda Guerra Mundial e as bombas atômicas lançadas pelos Estados Unidos nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki em 1945, a possibilidade de eclosão de uma guerra entre Estados Unidos e União Soviética apontava para uma perspectiva ainda mais catastrófica do que a das guerras ocorridas até então. O contexto era a Guerra Fria, e o governo estadunidense buscou, então, criar um aparato de comunicação mais rápido e seguro, que pudesse ser mantido caso as estruturas de comunicação fossem destruídas.

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Denominado Arpanet (Advanced Research Projects Agency Network) e desenvolvido pela agência de pesquisas do departamento de defesa dos Estados Unidos, Arpa (Advanced Research Projects Agency), o modelo possibilitava a conexão entre compu­ tadores de uma rede predeterminada. Por exemplo, uma máquina na Universidade da Califórnia só podia se comunicar por sistemas previamente interligados a outra máquina. Algumas fotografias, ilustrações, mapas e esquemas deste volume não correspondem à escala real. As ilustrações podem apresentar cores fantasias.

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Em 1970, existiam apenas 13 sistemas interligados dentro dos Estados Unidos; somente a partir de 1973, instituições de outros países começaram a se conectar a essa rede. A virada aconteceu quando foi criada uma linguagem que permitia a conexão de redes diferentes, chamada internetwork ou internet. Até o fim da década de 1980, no entanto, a internet havia se expandido apenas para uso no meio acadêmico, conectando universidades e centros de pesquisa em grandes cidades do mundo. Ela chegou ao Brasil por meio da articulação entre universidades brasileiras, dos Estados Unidos e da Europa. Leia o artigo para saber mais sobre o início do uso da internet no Brasil. Até a década de 1990, essa rede só possibilitava a troca de e-mails. Com a criação da rede mundial de computadores (World Wide Web – www), a internet passou a ser usada em âmbito privado, por pessoas e empresas. No início, a conexão era feita pela linha telefônica, a chamada internet discada. Você nem pode imaginar o tempo que levava para conseguir se conectar e enviar uma mensagem. Mandar vídeos? Nem pensar! O valor da conexão era equivalente ao de uma ligação telefônica. Por isso, era muito comum que as pessoas só se conectassem de madrugada, quando o custo da ligação era menor. Um detalhe: a linha telefônica ficava ocupada durante a conexão! Conheça o som característico da conexão discada e para que esse código sonoro funcionava. A internet discada, rápida como uma carroça, possibilitou que as pessoas se conectassem, trocassem opiniões, publicassem fotos e histórias. Hoje em dia, a conexão é muito mais veloz graças à chamada banda larga, que permite a transmissão digital de dados e pode ser utilizada até mesmo sem a necessidade de uma linha telefônica. Com o desenvolvimento das tecnologias da informação e da comunicação, a disseminação dos telefones celulares e o aumento de usuários, as redes sociais chegaram para revolucionar ainda mais essas conexões !

https://ftd.li/s6enss

https://ftd.li/cte5cs

Pratique 1. Qual era o contexto político do desenvolvimento tecnológico que impulsionou a criação da internet? A criação da internet iniciou-se no contexto da Guerra Fria, quando Estados Unidos e União Soviética disputavam a hegemonia mundial. Esse contexto político impulsionou, entre outras coisas, o desenvolvimento de diferentes tecnologias, como é o caso da internet.

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1. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes reflitam sobre o questionamento da canção sobre os usos e efeitos das “invenções”, ou seja, do desenvolvimento tecnológico. Além disso, a canção chama a atenção para a distribuição e o acesso ao desenvolvimento tecnológico. 2. A motivação militar responsável pela criação das tecnologias da Arpanet que levaram à criação da internet mostra que a ciência e a tecnologia foram desenvolvidas com base em interesses militares, políticos, sociais, econômicos e, portanto, de cunho parcial. As atividades deste boxe buscam incentivar a discussão sobre a suposta neutralidade das tecnologias e o contexto de seu desenvolvimento.

https://ftd.li/r6bx99

A canção “Queremos saber” é uma composição de Gilberto Gil, lançada em 1976 no disco O Viramundo. Nela, o compositor faz questionamentos relevantes em um período de grandes investimentos em novas tecnologias, motivados especialmente pelas disputas entre Estados Unidos e União Soviética durante a Guerra Fria. Muitas vezes pensamos na tecnologia como se fosse neutra ou isolada da realidade social. Porém, a música de Gilberto Gil nos pergunta justamente a quem são destinadas as “novas invenções”, atentando para o fato de que o desenvolvimento da ciência e da tecnologia não é imparcial e influencia diferentes aspectos da nossa existência. Ouça a gravação de “Queremos saber” e discuta com seus colegas os itens a seguir.

POLYGRAM

Todos queremos saber!

apa do disco O C Viramundo (1976), de Gilberto Gil.

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1. Como a canção aborda a responsabilidade ética sobre o uso final dos bens tecnológicos produzidos pela humanidade? 2. Como a história da criação da Arpanet pode ser analisada com base no questionamento proposto pela canção sobre a intencionalidade por trás do desenvolvimento tecnológico?

E como funciona? Aulas 5 e 6 Você já deve ter ouvido falar de “nuvem”, aquele ambiente virtual imaginário em que podemos guardar mensagens, fotos, vídeos e diferentes arquivos. É uma metáfora curiosa a da nuvem por nos remeter à ideia de algo fluido, que não se pode segurar. Na verdade, a estrutura que permite a existência de uma conexão mundial entre os computadores (e celulares, tablets, leitores digitais etc.) é bastante palpável. Ela é formada por uma infinidade de cabos que conectam os continentes pelo fundo dos mares e oceanos e por satélites que orbitam o planeta Terra. A estrutura primária para os cabos submarinos existe desde o século XIX e foi criada para as redes de telefonia. A partir da década de 1960, as estruturas de telefonia começaram a ser utilizadas para a passagem dos cabos de fibra ótica, mais adequados para a transmissão de dados. Conheça um pouco mais sobre os desafios da instalação e o funcionamento dos cabos submarinos. Mas por que estamos falando disso? Porque toda essa estrutura física é o que faz a internet funcionar. Ela é chamada de hardware e é composta desse esqueleto gigante de cabos submarinos que permitem a transmissão de dados, mas também de cada telefone celular, computador, placa, chip etc.

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Contudo, a estrutura física não é suficiente para fazer uma mensagem do seu WhatsApp chegar ao WhatsApp do seu amigo, certo? O hardware funciona com um software, que compõe a parte lógica do funcionamento da internet. O software é o componente “imaterial“ responsável por fazer com que os dados sejam transmitidos de forma que sejam legíveis para os hardwares. Ou seja, é preciso codificar essa mensagem para que ela seja legível para a máquina, bem como criar uma lógica de transporte. Assim, sua mensagem pode chegar ao WhatsApp correto e ser legível também para seu amigo.

I nstalação de dutos de cabos submarinos no Sul da França, às margens do mar Mediterrâneo, 2016. Os cabos submarinos de fibra ótica permitem a transmissão de dados entre diferentes continentes.

A internet mudou o mundo, mas, antes dela, o telégrafo conectou a humanidade de uma maneira sem precedentes. O impacto dessa invenção foi enorme porque antes dela era preciso que as mensagens de um indivíduo para o outro fossem transportadas fisicamente. Com o telégrafo, as mensagens passaram a ser transmitidas com uma velocidade mais alta do que a de meios de transporte como a locomotiva. A história do telégrafo está relacionada à da internet, pois foi depois de sua popularização que surgiram os cabos submarinos, permitindo que a informação viajasse entre os continentes.

EVERETT COLLECTION/SHUTTERSTOCK

O telégrafo e a revolução na comunicação

ravura representando G Samuel Morse com um aparelho de telégrafo. Ele inventou o Código Morse e ajudou a revolucionar a comunicação no século XIX.

1. Pesquise sobre a criação do telégrafo e do Código Morse, o alfabeto utilizado por esse meio de comunicação e discuta a importância dessa invenção para o desenvolvimento dos meios de comunicação. 2. Compare o processo de transmissão de uma mensagem por meio do telégrafo e por meio da internet de banda larga. O que mudou no alcance das tecnologias da comunicação e da informação desde a criação do telégrafo?

Respostas pessoais. Ao pesquisar sobre o telégrafo, os estudantes podem conhecer as primeiras tecnologias da informação e comunicação e refletir sobre as diferenças entre o alcance das tecnologias antigas e atuais.

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Aulas 7 a 10

BARRY BARNES/SHUTTERSTOCK

INTEGRAÇÃO GLOBAL

Antena de telecomunicações em área rural na Iglaterra, 2018. Com o desenvolvimento e a popularização das TICs, a internet não está presente apenas nas grandes cidades.

Você já ouviu falar nas TICs? Essa é a sigla das Tecnologias da Informação e Comunicação, que são as tecnologias desenvolvidas para o tratamento e a transmissão de informações. A telefonia, por exemplo, é uma TIC. O advento da internet e a disponibilização dessa tecnologia para o uso civil a partir das décadas de 1980 e 1990 influenciaram as formas como a sociedade se comunica e, inclusive, se organiza. O desenvolvimento das TICs, aliado à evolução dos meios de transporte, foi fundamental para o processo de globalização, caracterizado pela intensificação dos fluxos produtivos, financeiros, informacionais e de pessoas entre países, instituições e empresas que estão geograficamente distantes. Isso mesmo: a internet está intimamente ligada à globalização! Além da integração física e virtual ocorrida com a intensificação das trocas econômicas, a globalização é marcada pelo aumento do intercâmbio cultural. Alguns pesquisadores apontam que o acesso ampliado a culturas, produtos e propagandas de diferentes partes do mundo favorece o desenvolvimento de uma homogeneização cultural e a formação de uma série de padrões de comportamento, o que é conversa para outro capítulo.

Esta atividade colabora para o desenvolvimento da habilidade EMIFCHSA07 dos Itinerários Formativos.

O termo “aldeia global” foi frequentemente usado para se referir ao mundo globalizado, remetendo à ideia de que as pessoas podem estar ligadas como estariam se morassem em uma pequena cidade. O geógrafo Milton Santos, porém, faz considerações críticas a respeito do que é compreendido como globalização, apontando contradições que contestam o discurso de aldeia global. Aldeia global tanto quanto espaço-tempo contraído permitiriam imaginar a realização do sonho de um mundo só, já que, pelas mãos do mercado global, coisas, relações, dinheiros, gostos largamente se difundem por sobre continentes, raças, línguas, religiões, como se as particularidades tecidas ao longo de séculos houvessem sido todas esgarçadas. Tudo seria conduzido e, ao mesmo tempo, homogeneizado pelo mercado global regulador. Será, todavia, esse mercado regulador? Será ele global? O fato é que apenas três praças, Nova Iorque, Londres e Tóquio, concentram mais da metade de todas as transações e ações [...]. SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2008, p. 41.

1. Resposta pessoal. Estimule a discussão sobre os diferentes processos de homogeneização resultantes da globalização e o papel da internet diante desses processos. 2. O texto aponta que, mesmo com a globalização, mantém-se a concentração do poder econômico. Isso pode ser percebido quando o autor faz referência ao papel das bolsas de Nova Iorque, Londres e Tóquio no comércio mundial.

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A revolução da comunicação A comunicação é o processo pelo qual um emissor envia uma mensagem a um receptor. Uma carta, por exemplo, é um meio de comunicação. Por meio dela, um emissor envia uma mensagem a um receptor. A televisão também é um meio de comunicação. No entanto, por esse meio, é possível que um emissor envie uma mensagem para um número muito maior de receptores. Você consegue perceber como o processo da comunicação é modificado? Com o surgimento da internet, torna-se possível que o número de emissores aumente vertiginosamente. O desenvolvimento das TICs e sua popularização permitem que um número muito maior de indivíduos no mundo tenha em suas mãos meios de comunicação com os quais podem enviar mensagens para um número grande de receptores, o que antes só era possível para os veículos de imprensa como jornais ou emissoras de TV. Em certo sentido, então, pode-se dizer que a expansão da internet significou um processo de democratização da comunicação. Com o surgimento das redes sociais digitais, as possibilidades de emissão de mensagens também se ampliam de forma significativa. Pense que, antes do surgimento das primeiras redes sociais, era possível criar um blog ou um site e enviar sua mensagem para vários receptores. A ideia possibilitada pelas redes sociais é de que vários emissores estejam publicamente em contato, emitindo e recebendo mensagens, interagindo. Esse modelo também muda a forma como as pessoas se comunicam. Mas é sempre fundamental lembrar que, para usufruir das novas TICs, é preciso ter um hardware, ou seja, um computador, smartphone, tablet. Além disso, é preciso ter um serviço de transporte de dados, normalmente contratado de alguma empresa de telecomunicação. Em um mundo em que as tecnologias de informação e comunicação (TICs) são cada vez mais utilizadas, aqueles que não têm acesso a elas acabam excluídos das ferramentas de sociabilização, de comunicação e dos meios produtivos da atualidade. Contraditoriamente, apesar da expansão do acesso pelo uso da internet, o meio digital transforma-se em mais um canal de exclusão daqueles que já são marginalizados. 4. Resposta pessoal. Incentive os estudantes a listar os problemas apresentados pelo documentário e a identificar quais deles ainda são presentes ou se intensificaram atualmente. 5. Resposta pessoal. Estimule os estudantes a identificar problemas atuais relacionados à globalização que não eram tão evidentes ou não ocorriam na época em que o documentário foi produzido.

1. Em sua opinião, que consequências negativas a homogeneização das “coisas”, “relações”, “dinheiros” e “gostos” pode trazer às sociedades? Como o uso da internet pode agravar ou amenizar essa situação? 2. Explique a crítica feita pelo autor ao apontar aspectos negativos da globalização no contexto econômico. CALIBAN PRODUÇÕES CINEMATOGRÁFICAS

3. Agora, assista ao documentário Encontro com Milton Santos, dirigido por Silvio Tendler e lançado em 2006, que aborda diferentes problemas relacionados à globalização, dialogando com os debates desse geógrafo sobre o processo. 4. O documentário é dos anos 2000 e muita coisa já mudou desde então. Quais dos problemas apresentados permaneceram ou se intensificaram nos dias atuais? 5. Em sua opinião, que novos problemas relacionados à globalização são enfrentados atualmente?

E ncontro com Milton Santos. Direção: Sílvio Tendler. Brasil: Caliban, 2006.

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Pratique 2. (Enem/MEC) As tecnologias de informação e comunicação (TIC) vieram aprimorar ou substituir meios tradicionais de comunicação e armazenamento de informações, tais como o rádio e a TV analógicos, os livros, os telégrafos, o fax etc. As novas bases tecnológicas são mais poderosas e versáteis, introduziram fortemente a possibilidade de comunicação interativa e estão presentes em todos os meios produtivos da atualidade. As novas TIC vieram acompanhadas da chamada Digital Divide, Digital Gap ou Digital Exclusion, traduzidas para o português como Divisão Digital ou Exclusão Digital, sendo, às vezes, também usados os termos Brecha Digital ou Abismo Digital. Nesse contexto, a expressão Divisão Digital refere-se a a) uma classificação que caracteriza cada uma das áreas nas quais as novas TIC podem ser aplicadas, relacionando os padrões de utilização e exemplificando o uso dessas TIC no mundo moderno. b) uma relação das áreas ou subáreas de conhecimento que ainda não foram contempladas com o uso das novas tecnologias digitais, o que caracteriza uma brecha tecnológica que precisa ser minimizada. c) uma enorme diferença de desempenho entre os empreendimentos que utilizam as tecnologias digitais e aqueles que permaneceram usando métodos e técnicas analógicas. d)um aprofundamento das diferenças sociais já existentes, uma vez que se torna difícil a aquisição de conhecimentos e habilidades fundamentais pelas populações menos favorecidas nos novos meios produtivos. e) uma proposta de educação para o uso de novas pedagogias com a finalidade de acompanhar a evolução das mídias e orientar a produção de material pedagógico com apoio de computadores e outras técnicas digitais. EMOJI NESTA PÁGINA: CHAIM DEVINE/SHUTTERSTOCK.COM

CAIU NA REDE É PEIXE

Aulas 11 e 12

MAIKE HILDEBRANDT/SHUTTERSTOCK.COM

Vamos voltar à discussão proposta na abertura deste capítulo. Como seria seu dia a dia sem redes sociais? Como você falaria com seus amigos? Como conheceria pessoas novas e desenvolveria novos gostos? Como saberia que o colega que se senta a seu lado passou férias na praia, gosta de jogar frescobol e torce pelo rival do seu time ? Você certamente sabe o que é uma rede social. Mas é capaz de defini-la? O que torna um site uma rede social? O que elas têm de específico? Antes de tentar fazer isso juntos, veja a definição que um grupo estrangeiro de pesquisadores deu para as redes em 2008. Definimos sites de redes sociais como serviços baseados na web que permitem que os indivíduos (1) construam um perfil público ou semipúblico dentro de um sistema limitado, (2) articulem uma lista de outros usuários com os quais compartilham uma conexão e (3) visualizem e percorram sua lista de conexões e aquelas feitas por outras pessoas dentro do sistema. BOYD, D. M., & ELLISON, N. B. Social network sites: definition, history, and scholarship. scholarship. Journal of Computer‐Mediated Communication, n. 13, 2008, p. 211. Disponível em: <https://onlinelibrary. wiley.com/doi/full/10.1111/j.1083-6101.2007.00393.x>. Acesso em: 15 set. 2020. (Tradução livre)

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Essa definição destaca de maneira simples o que torna as redes sociais únicas: elas nos permitem construir perfis pessoais e, por meio deles, interagir com outros usuários. É na interação com esses usuários que vamos conhecer outras pessoas que também já interagem com eles e então a mágica acontece: a rede se constrói entre um amplo universo de pessoas que nem sempre se conhecem pessoalmente.

As redes sociais hoje são muito diferentes de como eram no seu surgimento. A dinâmica na internet no início dos anos 2000 e as TICs mudaram muito desde então. Para conhecer um pouco mais sobre essas diferenças, junte-se a outros dois colegas de sua turma. Cada um de vocês vai entrevistar uma pessoa mais velha que utilize redes sociais desde o início dos anos 2000. 1. Antes da entrevista, montem conjuntamente um roteiro de perguntas. Por exemplo, vocês podem perguntar sobre que diferenças elas sentem no uso das redes antigas e das atuais, se elas confiavam mais nas informações a que tinham acesso antigamente, se elas se sentiam mais seguras ao transmitir uma informação pela rede etc. 2. Contatem as pessoas escolhidas e realizem a entrevista no dia combinado. 3. Depois da entrevista, sistematizem as respostas e discutam os resultados com seus colegas.

O objetivo desta atividade é levar os estudantes a trabalhar em conjunto ao elaborar o roteiro das entrevistas e analisá-las, identificando as principais mudanças no uso e na percepção dos entrevistados sobre as redes sociais que utilizavam desde o início dos anos 2000. Busque explorar nas entrevistas o aspecto da segurança de dados pessoais nas redes sociais e aspectos sobre a procedência das informações que acessam pelas redes, o que será útil para a elaboração do projeto final do volume.

Aulas 13 a 15

Uma história em processo Não há consenso entre os pesquisadores sobre qual foi a primeira rede social criada. Diferentes estudos indicam variadas redes pioneiras. Aqui, nós vamos estabelecer uma linha do tempo respeitando os critérios que discutimos anteriormente: rede social é aquela que reúne perfis públicos ou semipúblicos de indivíduos com o objetivo de conectá-los com outros. É por isso que, por exemplo, não vamos considerar o Bulletin Board System (BBS), criado no final dos anos 1970. O BBS permitia a troca de mensagens, mas não a criação de perfis e a interação por meio deles. Como vimos, sem o desenvolvimento das TICs e a popularização da internet a partir da década de 1990, não seria possível existirem redes sociais. Nem faria sentido! Isso porque a velocidade e o meio pelo qual se comunica alteram a mensagem e a forma como nos comunicamos. Já parou para pensar que você tem muito mais fotografias do que sua avó, que tem muito mais anos de vida? É porque, quando sua avó era jovem, ainda que ela tivesse uma câmera fotográfica, não fazia sentido tirar tantas fotos. Muito menos enviá-las para tantas pessoas. As pessoas não se comunicavam da mesma forma. Ciências Humanas e Sociais Aplicadas | FTD

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SIXDEGREES

FRIENDSTER

MYSPACE

LINKEDIN

ORKUT

FACEBOOK

Podemos dizer que a primeira rede social propriamente dita surgiu em 1997. O site chamava-se SixDegrees e chegou a mais de 3 milhões de membros quando foi encerrado em 2001. Ele foi pioneiro na possibilidade de criar perfil de usuário que podia ser consultado por outros membros da rede. Uma curiosidade: no SixDegrees ainda não era possível postar fotos ! No início dos anos 2000, surgiram várias redes similares ao SixDegrees, mas uma se estabeleceu de maneira mais consolidada e arrebatou o coração — ou o login — de milhões de usuários. O Friendster chegou a ser usado por 1 em cada 126 usuários da internet na época e permaneceu ativo até 2015. Nessa rede social, o usuário participava de círculos de amizades e, com isso, expandia seus contatos. Em 2003, surgiram duas redes que funcionam até hoje. O Myspace foi criado por causa do sucesso do Friendster e foi a primeira rede multimídia. Ele permitia personalizar o perfil até com vídeos e essa foi uma grande novidade. É desse período também o LinkedIn, rede focada no mundo dos negócios e na criação de perfis profissionais. Em 2004, surgiu a primeira rede que se popularizou no Brasil: o Orkut. No início, só podia entrar nessa rede quem recebesse um convite enviado por algum usuário. Naquela época todo mundo desejava um convite para o Orkut! Os usuários podiam fazer um perfil, publicar fotos e compartilhá-las, comentar no perfil dos amigos, fazer parte de comunidades sobre diferentes assuntos e participar dos fóruns de debate sobre eles. O nome da rede veio do seu criador, o engenheiro turco e funcionário do Google, Orkut Büyükkokten. O Orkut fez muito sucesso por 10 anos e foi um marco de uma nova era das redes sociais, já que foi bastante popular. Aos poucos, o Orkut foi sendo substituído pelo Facebook, com a migração gradual dos usuários de uma rede para a outra. O Facebook começou com uma versão restrita criada em 2004, no mesmo ano em que o Orkut chegou ao mundo. Mark Zuckerberg, Dustin Moskovitz, o brasileiro Eduardo Saverin e Chris Hughes desenvolveram essa rede para conectar os colegas da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, e, aos poucos, expandiram a possibilidade para a criação de perfis entre estudantes de outras universidades. Foi só em 2006 que qualquer usuário com mais de 13 anos passou a poder criar seu próprio perfil no Facebook, que se expandiu e é até hoje a maior rede social do mundo.

O filme A rede social, lançado em 2010, é uma biografia de um dos criadores do Facebook, Mark Zuckerberg. Em 2020, o Facebook ainda era a maior rede social do mundo, com mais de 2 bilhões de usuários cadastrados. Além disso, essa rede tem uma grande influência nas áreas econômica, política e social. • Assista ao filme e debata com os colegas os aspectos que mais despertaram o seu interesse na história do Facebook.

Estimule os estudantes a debater os diferentes aspectos sobre a criação do Facebook e sua repercussão.

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RELATIVITY MEDIA

A história do Facebook

A rede social. Direção: David Fincher. Estados Unidos: Columbia, 2010.

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TIKTOK

GOOGLE+

SNAPCHAT

PINTEREST

INSTAGRAM

TWITTER

YOUTUBE

Aulas 16 e 17

Em paralelo ao avanço do Orkut e do Facebook, inicia-se o reino dos vídeos on-line graças ao progressivo aumento da velocidade da internet e à maior facilidade de acesso aos equipamentos de produção audiovisual, como as câmeras digitais. Foi assim que surgiu o YouTube, em 2005. No ano seguinte, o Twitter abriu suas “portas” com a inovação da troca de mensagens de até 140 caracteres, que foram ampliadas para 280 caracteres em 2017. Desde então, muitas redes sociais têm surgido. Em 2010, surgiram Instagram e Pinterest, redes que privilegiavam a publicação de fotos. Em 2011, foi a vez de o Snapchat inovar com as imagens que ficavam apenas 24 horas no ar — sim, foi o Snapchat que deu origem aos “Stories” de outras redes . O Google+ também surgiu em 2011, mas não aguentou a competição com o Facebook. Apesar de ter muitos usuários por causa da quantidade de contas de e-mail existentes, a rede nunca foi muito popular. A mais jovem rede social que está entre as mundialmente populares é o TikTok. O aplicativo foi criado na China em 2017 e ganhou o mundo no ano seguinte, chegando a ser o aplicativo mais baixado nos Estados Unidos em 2018. Com uma série de ferramentas para a gravação de vídeos interativos e divertidos, essa rede social permite a interação com os vídeos dos outros usuários e o compartilhamento em outras redes, como Facebook, Instagram e Snapchat.

Smartphones

https://ftd.li/p8u2su

ARTISTDESIGN29/SHUTTERSTOCK.COM

A criação e a ampliação do uso dos smartphones, além da sua contínua evolução tecnológica, possibilitaram a incorporação progressiva de novas funcionalidades aos aparelhos celulares, como internet móvel e câmera, e influenciaram as mudanças nas próprias redes sociais. Conheça algumas curiosidades da história dos smartphones.

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Geopolítica e redes sociais O crescimento da rede social TikTok e as disputas geopolíticas entre China e Estados Unidos são o tema do podcast “Café da Manhã”, da Folha de S.Paulo, de 27 de julho de 2020.

https://ftd.li/egf7an

É importante associar o sucesso do TikTok à popularização dos smartphones. Entre 2004 e 2007, quando Orkut, Facebook e YouTube já conquistavam corações, a maioria das pessoas utilizava a internet em computadores, uma realidade que mudou nos últimos anos. Segundo uma pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP) em 2019, havia naquele ano 230 milhões de aparelhos celulares no Brasil, enquanto em 2015 esse número era de menos de 40 milhões de aparelhos. A mesma pesquisa afirma que em 2019 havia (apenas) 180 milhões de computadores, tablets ou notebooks no Brasil. Considerando que nossa população era formada por mais de 210 milhões de habitantes em 2020, isso significa que, em média, havia mais de um smartphone ativo por habitante. Mas, não se engane, há muitas pessoas sem acesso a aparelhos celulares e à internet, como veremos mais adiante. O fato é que o celular se tornou a principal forma de acessar a internet. O TikTok e o Instagram surgiram como aplicativos já criados para esses aparelhos e que, aos poucos, foram transformando as relações das pessoas com as imagens feitas pelo celular e abrindo um mundo de possibilidades a esse respeito.

MySpace e LinkedIn: duas redes antigas que ainda persistem.

SixDegrees a pioneira.

1997

2002

2003

Friendster

Facebook: o início da YouTube: maior rede do os vídeos se mundo. popularizam.

2004

2005

Orkut: a primeira rede muito popular no Brasil.

Instagram e Pinterest: as imagens ficam mais populares que o texto.

2006 Twitter: uma ideia pode caber em 140 caracteres?

2010

TikTok: a interação por meio dos vídeos.

2011

2017

Snapchat e Google+

Pratique

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3. Que tal usar o primeiro formato do Twitter para falar, com até 140 caracteres, de um aspecto da história das redes sociais que chamou sua atenção? Use a criatividade; afinal, quando é divertido, viraliza.

50%

14:00

Tweetar

Cancelar |O que está acontecendo?

Resposta pessoal. A proposta de escrever sobre a história das redes sociais no formato do Twitter desafia a capacidade de síntese e a criatividade dos estudantes.

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Aulas 18 e 19

Viralizou

ALEX SILVA

Em pouco mais de 20 anos, as redes sociais ganharam o mundo, os celulares, as mentes e nossa vida. É difícil imaginar uma pessoa passando um dia sem checar quantas curtidas a postagem que ela fez recebeu, sem fazer algo legal e publicar quase que imediatamente ou mesmo sem abrir as redes para se informar. Elas são usadas para fazer amigos, tirar dúvidas, aprender receitas, fazer compras, saber notícias da família ou só passar o tempo. De acordo com o relatório Digital 2019, das empresas We Are Social e Hootsuite, os brasileiros gastam em média 3 horas e 34 minutos nas redes sociais todos os dias! Se considerarmos que uma pessoa dorme por 8 horas, isso quer dizer que mais de 20% do tempo acordado é gasto nas redes sociais. É muita coisa! O mesmo relatório mostrou que 45% da população mundial com 13 anos ou mais estava ativa nas redes sociais em 2019. A conexão instantânea e excessiva, no entanto, não é feita só de diversão. A expansão do uso das redes trouxe uma série de novas questões para a sociedade sobre invasão de privacidade, desinformação, fake news, novas relações de consumo etc.

Fonte: WE ARE SOCIAL; HOOTSUITE. Digital 2019: Brazil. Disponível em: <https://datareportal. com/reports/digital-2019-brazil>. Acesso em: 16 set. 2020.

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Pratique

Passageiros no metrô de Londres (Inglaterra) em 2017.

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KEYSTONE-FRANCE/GAMMA-KEYSTONE/GETTY IMAGES

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SAM MELLISH/IN PICTURES/GETTY IMAGES IMAGES

Observe as imagens para realizar as atividades 4 e 5.

Passageiros no metrô de Londres (Inglaterra) em 1955.

4. As duas fotos mostram o uso de meios de comunicação em épocas distintas. Compare-as e aponte o que esses meios de comunicação têm em comum e o que têm de diferente. Ambas as fotos mostram o uso de meios de comunicação. A foto 1 mostra meios de comunicação digitais (smartphones e tablets) e a foto 2, um meio de comunicação analógico (jornal). Com a internet e os meios de comunicação utilizados na foto 1, é possível realizar conexões virtuais instantâneas, o que não ocorre com o meio utilizado na foto 2.

5. A foto 2 mostra pessoas que recebem a informação, mas não podem reagir instantaneamente a ela. Em sua opinião, quais são os aspectos positivos e negativos da interação instantânea possibilitada pelas redes sociais e pela internet, de modo geral? Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes reflitam sobre o caráter instantâneo das interações, apontando aspectos que consideram positivos e negativos. Se julgar pertinente, organize um debate com toda a turma para problematizar coletivamente alguns dos aspectos levantados por eles.

#A linguagem das redes sociais Aulas 20 a 22 Para usar as redes sociais basta ter internet, um celular ou um computador e uma conta de acesso, certo? Hum... Não é bem assim. Além de apresentar novas maneiras de se informar e se conectar com outras pessoas, as redes sociais também ditam uma nova linguagem, uma nova gramática. Diversas expressões passam a ter novos significados, outras são inventadas e, com tudo isso, a linguagem com a qual nos comunicamos muda bastante. Há alguns anos, por exemplo, se você dissesse “curti a foto da Ana”, seu receptor ou interlocutor (a pessoa com quem você estivesse falando) poderia entender várias coisas. Daria para entender que você gostou de ser fotografado pela Ana ou que você viu uma foto da Ana e achou bonita, por exemplo. Hoje em dia, não haveria dúvidas: ao dizer que “curtiu” uma foto, você estaria se referindo a um like dado para aquela imagem em alguma rede social. Essas transformações acontecem de maneira sutil, quase nem percebemos. Mas são muito importantes porque fazem parte das novas maneiras que usamos para nos comunicar e influenciam inclusive a nossa sociabilidade. Elas podem distinguir as formas como as pessoas interagem nas redes, por exemplo. Tem gente que adora um textão, não é? Outros são ótimos com as hashtags. E quem nunca teve de explicar a algum parente o que é um Youtuber? 22

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Pratique Leia o texto para responder às questões 6 e 7 a seguir. O primeiro like da história do Facebook foi dado no dia 9 de fevereiro de 2009. Cinco anos depois, os números mostram o “curtir” como um dos maiores fenômenos culturais da atualidade. São 1,8 milhão por minuto ou 4,5 bilhões diários na rede social criada por Mark Zuckerberg. A moda se espalhou por outros sites. Por trás desse sucesso está a relação que os jovens desenvolveram com a ferramenta. Ter uma postagem curtida, assim como curtir algo postado por outra pessoa, é uma forma de ganhar reputação, repercussão. Você só existe se é curtido ou compartilhado. Esse tipo de sentimento já influencia a vida das pessoas. [...] Esse Campeonato da Curtição, em que se mede o índice de popularidade de alguém pelo número de curtidas, seguidores, amigos ou republicações de seus posts, acaba de ganhar um documentário nos Estados Unidos. É Generation Like, dirigido por Douglas Ruschkoff, que afirma: “Você é o que você curte”. BRESSANE, Ronaldo. Tudo por um like. Revista Galileu, 23 maio 2014. Disponível em: <https://revistagalileu.globo.com/ Revista/noticia/2014/05/tudo-por-um.html>. Acesso em: 17 set. 2020.

6. Logo no começo, o autor destaca a palavra “curtir” entre aspas, o que significa que o termo não estava totalmente integrado ao vocabulário. No momento em que o texto foi escrito, ainda não era tão comum utilizar essa palavra com o sentido que ela tem hoje, ou seja, deixar um “joinha” ou um coração na postagem de outra pessoa em alguma rede social. Grife as palavras e expressões no texto que ganharam sentido próprio com o desenvolvimento das redes sociais. 7. Forme um grupo com alguns colegas e produzam um glossário com cinco palavras e expressões muito utilizadas nas redes sociais atualmente, descrevendo seu significado. Pelo menos uma delas deve ser extraída do texto de Ronaldo Bressane. Se a palavra tiver outro significado na linguagem corrente, descrevam-no também. Compartilhem o trabalho com os outros grupos, discutindo as diferentes palavras que identificaram. Resposta pessoal. A linguagem é um aspecto central da sociabilidade. O objetivo desta atividade é que os estudantes identifiquem palavras e símbolos que ganharam novo sentido na nossa sociedade por meio da popularização das redes sociais, e assim reflitam sobre como as redes influenciam nossa vida e alteram nossa sociabilidade. Se julgar pertinente, sugira aos estudantes que associem “memes” ou “gifs” para ilustrar algumas expressões.

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15 MINUTOS (OU MAIS) DE FAMA Aulas 23 a 25

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As redes sociais transformaram as relações entre as pessoas, as formas de se comunicar, de consumir e até de se informar. Diante dessa constante transformação, precisamos aprender a lidar com novos parâmetros éticos, pois novas profissões surgem e coisas que há pouco tempo nem poderiam ser imaginadas passam a fazer parte do cotidiano. Com as redes sociais, quase qualquer um pode desenvolver seu canal e falar para o mundo. Você pode fazer um programa no YouTube, ter um perfil que apresenta receitas culinárias no Instagram, criar um grupo gigante no Facebook para as pessoas trocarem objetos usados... Hoje em dia não é difícil imaginar que uma pessoa pode trabalhar desenvolvendo um podcast ou administrando um perfil no Twitter que divulgue dados sobre animais marinhos. Esse novo mundo abre um mar de possibilidades e com ele surgem os influenciadores digitais, produtores de conteúdo mais conhecidos como influencers, Youtubers, Instagrammers etc. Essas pessoas não trabalham sozinhas. Outros profissionais contribuem com a produção de conteúdo, o uso da tecnologia necessária para isso e a divulgação do conteúdo produzido. Muitos dos influenciadores profissionais têm ao seu lado designers, produtores de vídeo, editores, programadores, roteiristas, fotógrafos. Claro que nem todo mundo pode contratar tantos profissionais assim, por isso muitos influenciadores acabam aprendendo um pouco de todas as atividades ou trabalham com amigos. Portanto, as redes sociais mudam muita coisa, mas os conhecimentos especializados e as profissões que já existiam não são dispensáveis e não desapareceram. Pelo contrário, são integradas e adaptadas por essa nova dinâmica das redes.

Oi, galera! Dá seu like e se inscreve no canal! Você já deve ter se deparado diversas vezes com essa frase ao assistir a vídeos no YouTube. Ter um canal no YouTube é desejo de muitos jovens. Mas não basta ter essa vontade. É preciso ter equipamentos, conteúdo, editar os vídeos e fazer uma arte para eles. Muito trabalho? O YouTube não é a única rede que permite esse tipo de interação. O Instagram também está cheio de perfis assim. Até perfis que só promovem memes fazem muito sucesso e são visitados diariamente por centenas de milhares de pessoas. No Twitter, o forte é compartilhar informações e dados científicos. O pesquisador Atila Iamarino, por exemplo, ficou conhecido no contexto da pandemia de covid-19 por causa da divulgação de informações sobre a doença. Atila passou a ter uma coluna em um https://ftd.li/d74fsv jornal e conquistou mais de um milhão de seguidores.

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Pratique 8. Junte-se a alguns colegas e compartilhem exemplos de influenciadores que vocês conhecem e julgam relevantes ou divertidos. Lembrem-se de ressaltar o que eles têm de especial, que tipo de conteúdo produzem e outras informações que considerem significativas. Resposta pessoal. Estimule os estudantes a considerar exemplos de influenciadores de distintas áreas de atuação, que abordem assuntos diversos, com diferentes posturas e estilos.

9. Você certamente tem ideias para divulgar algum tipo de conteúdo nas redes sociais. Então, se você fosse um influenciador digital, o que gostaria de compartilhar? Monte um esquema com o que você gostaria de fazer, com exemplos de postagens e conteúdos que gostaria de criar nessa área. Resposta pessoal. Ao refletir sobre o planejamento de um conteúdo para redes sociais, os estudantes podem considerar as fases do processo de criação de conteúdo, o roteiro e a organização do trabalho e alguns dos desafios e dificuldades envolvidos nesse tipo de atividade.

10. Agora, faça uma lista de profissionais que poderiam ajudar você nesse trabalho. Resposta pessoal. Podem ser listados diferentes profissionais que são importantes para o processo de organização e produção de conteúdo, produção de fotografia e vídeo, edição, divulgação, entre outros.

11. Que outras profissões podem estar relacionadas à internet e às redes sociais? Faça uma pesquisa e anote pelo menos três dessas profissões e suas principais funções no funcionamento dessas TICs. Resposta pessoal. Incentive os estudantes a pesquisar diferentes profissões relacionadas à internet e às redes sociais, sejam elas ligadas à área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas ou não, como programação, gestão e análise de dados, segurança da informação, direito, jornalismo, marketing digital, design gráfico, design digital, publicidade, serviços financeiros, vendas on-line, logística etc. Se julgar pertinente, pode ser feito um trabalho complementar com entrevistas a profissionais das áreas pesquisadas pelos estudantes ou uma pequena feira de profissões relacionadas ao tema para os estudantes do Ensino Médio.

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PODERES EM JOGO

Aulas 26 a 28

SUNDRY PHOTOGRAPHY/SHUTTERSTOCK.COM

Por trás das redes sociais que estudamos até aqui, estão grandes empresas de tecnologia que conquistaram muito poder, capital e capacidade de influenciar nossa vida. A maioria delas surgiu no Vale do Silício, região que fica no estado da Califórnia, nos Estados Unidos, e se destaca por concentrar pesquisadores e empresas que atuam no desenvolvimento de soluções tecnológicas. Google, Facebook, Netflix, Apple, Microsoft, Intel, Yahoo! e outras tantas companhias surgiram nessa região ou estão sediadas por lá.

E scritório do Facebook em Menlo Park, no Vale do Silício (Estados Unidos), 2019.

Inteligência artificial (IA):

área da ciência da computação que busca configurar computadores ou aplicativos para simular capacidades humanas. No âmbito das redes sociais, o termo se refere a programas desenvolvidos para nos direcionar conteúdos específicos de nosso interesse, filtrando anúncios e tudo o que visualizamos por lá.

Atualmente, ninguém na região tem tanto protagonismo quanto Mark Zuckerberg, presidente e um dos fundadores do Facebook. A história dessa rede social não se resume ao filme que vimos há algumas aulas, e é preciso compreender também os riscos da concentração de capital com empresas como essa. Empresas do setor tecnológico como Apple, Google, Microsoft, Facebook e Amazon estão entre as mais valiosas do mundo. Em 2020, somavam aproximadamente 5 trilhões de dólares em valor de mercado. Sozinho, o Facebook foi avaliado em quase 600 bilhões de dólares. Essas empresas são muito poderosas, principalmente por dois fatores: possuem bens valiosíssimos e constituem verdadeiros monopólios. Mas por que elas são tão ricas? Quais são os bens que possuem? São os nossos dados! O conjunto de informações que oferecemos a elas — com curtidas, fotos, textos, memórias e todo tipo de interação que fazemos na internet e nas redes sociais. Todos esses dados são muito importantes para desenvolver a chamada inteligência artificial (IA), esse importante recurso utilizado para oferecer mercadorias de todos os tipos e manipular gostos e desejos. Quantas vezes a publicidade do Instagram não apareceu para uma pessoa mostrando exatamente algo que queria muito? Imagine o valor de um banco de dados que sabe exatamente o que cada um de nós gosta, deseja e está disposto a comprar. Na verdade, essas empresas são valiosas pela publicidade que vendem usando as informações que cedemos a elas ao usá-las.

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Esta atividade colabora para o desenvolvimento da habilidade EMIFCHSA03 dos Itinerários Formativos.

A Interbrand é uma consultoria global de marcas que publica, anualmente, o ranking das 100 marcas mais valiosas do mundo. Até ser ultrapassada pela IBM em 2013, a marca mais valiosa do mundo era a Coca-Cola. Leia o trecho a seguir de uma reportagem de 2010.

DIGITALVISION VECTORS/GETTY IMAGES

A Coca-Cola continua sendo a marca mais valiosa do mundo, segundo o ranking da Interbrand. Valendo US$ 70,452 bilhões, ela está à frente da IBM, Microsoft, Google, GE, McDonald’s, Intel, Nokia, Disney e HP, as dez maiores em 2010. Há vários destaques no levantamento deste ano. O maior é o crescimento da marca da Apple em 37%, calculada em US$ 21,143 bilhões, o que a coloca como a 17ª de maior valor. MELLO, Bruno. Coca-Cola é a marca mais valiosa do mundo em 2010. Exame, 10 out. 2010. Disponível em: <https://exame.com/marketing/coca-cola-marca-mais-valiosa-mundo2010-apple-mais-valorizou-596659/>. Acesso em: 18 set. 2020.

Em 2016, o Facebook apareceu pela primeira vez no ranking das 15 maiores marcas, enquanto marcas como Ford e Mercedes-Benz perderam significativamente seu valor entre 2000 e 2018. A Forbes é uma revista de negócios e economia que divulga anualmente uma lista das pessoas mais ricas do mundo. Segundo a lista de 2020, Jeff Bezos, dono da Amazon, foi considerado a pessoa mais rica do mundo pelo terceiro ano consecutivo, seguido de Bill Gates (Microsoft) e de Mark Zuckerberg (Facebook). 1. Analise os dados apresentados e descreva as características das empresas que ganharam e das que perderam valor a partir da década de 2010. 2. Pesquise sobre os empresários que atualmente estão entre os mais ricos do mundo e descreva as características das empresas e do trabalho desses bilionários. 3. Agora, compare o perfil e os ramos de atuação dos empresários mais ricos nos anos 2010 e 2020; em seguida, analise os possíveis motivos para as mudanças no perfil dos empresários que ocupavam os primeiros lugares nesses anos.

A concentração de capitais

Aulas 29 e 30

Quanto mais ricas, mais as grandes empresas vão às compras. O Facebook comprou o Instagram, o WhatsApp e uma série de outros aplicativos que utiliza em seu sistema. A Alphabet, que gerencia o Google, possui também muitas empresas: o YouTube, o sistema Android, a maior plataforma de anúncios da web, o AdSense, e muitas outras. Apesar de a livre concorrência ser uma das premissas do capitalismo, nem sempre as empresas a respeitam. Comprar ou controlar os concorrentes garante mais poder e capital para empresários e megacorporações, pois empresas menores ficam dependentes das regras de mercado que as gigantes impõem. É assim que funcionam trustes, cartéis e holdings. Os trustes acontecem quando duas empresas se juntam, formando uma única empresa ou um grupo de maior porte. Além de buscar reduzir a concorrência, os trustes podem surgir com o objetivo de expandir o mercado de uma empresa para outros ramos da economia.

Oriente os alunos na análise dos dados apresentados e na realização da pesquisa. O que se observa nos dados é que as empresas que trabalham com tecnologia – Amazon, Apple, Facebook, Google etc. – foram ficando cada vez mais valiosas, assim como seus donos, mais ricos. Em contrapartida, as empresas que perderam valor são principalmente dos setores automobilístico e de alimentação, ou seja, que produzem mercadorias e que historicamente geram muito lucro. Os estudantes devem ser capazes de perceber a ascensão das empresas de tecnologia e o crescimento econômico que o mercado da informação apresentou nos últimos anos.

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https://ftd.li/zjha6h

CEO da Google, Sundar O Pichai, testemunha por videoconferência na audiência “Plataformas on-line e poder de mercado”, no Subcomitê Judiciário da Câmara sobre Antitruste, Direito Comercial e Administrativo dos Estados Unidos, em julho de 2020.

MANDEL NGAN/REUTERS/FOTOARENA

Gigantes da tecnologia na berlinda O podcast indicado traz diversos elementos para refletirmos sobre o poder das grandes empresas de tecnologia e a investigação sobre elas no Congresso dos Estados Unidos. Acompanhe o andamento desse debate buscando por notícias mais atuais.

Os cartéis, por sua vez, são acordos não divulgados oficialmente que ocorrem entre empresas para ajustar o preço e manter as margens de lucro. É uma prática ilegal na maior parte dos países, mas acontece com frequência. Finalmente, as holdings são grandes conglomerados empresariais, formados por diversas empresas menores, que podem ser de diferentes ramos ou concorrentes entre si. Pense, por exemplo, que a mesma empresa, o Facebook, é dona do WhatsApp e do Messenger. Mas esses dois aplicativos não são concorrentes? Essa concentração de capitais (e de poder) de determinadas empresas de TICs vem sendo questionada por diversas instituições, principalmente nos Estados Unidos e na Europa. Os governos temem que tanto poder de mercado possa ser utilizado para eliminar a concorrência e para manipular os usuários.

Pratique Leia o texto a seguir para responder às questões 12 e 13. Nos Estados Unidos, procuradores-gerais de vários estados abrem inquéritos para apurar se gigantes da internet agiram de maneira irregular no mercado, sufocando a concorrência e ferindo os direitos dos consumidores. As gigantes da internet Facebook e Google se tornaram alvo de investigações por suspeitas de violação da lei antitruste nos Estados Unidos [...]. Alguns críticos acusam o Facebook de esmagar a concorrência adquirindo essas empresas concorrentes ou utilizando enormes somas para copiar os produtos que elas oferecem. Isso pode resultar na diminuição das opções de escolha para os consumidores. FACEBOOK e Google são investigados por práticas antitruste. Terra, 7 set. 2019. Disponível em: <https://www.terra.com.br/noticias/ facebook-e-google-sao-investigados-por-praticas-antitruste,0957056a6a6a978435f25abcf59aff4csh65ctpi.html>. Acesso em: 18 set. 2020.

12. Aponte uma razão pela qual os empresários de tecnologia buscam vencer a concorrência. As empresas lucram com os dados dos usuários e, portanto, é lucrativo ter mais usuários e concentrar esse controle sobre os dados. A concentração de usuários e dados faz com que essas empresas recebam mais por anúncios e vendas de outros produtos. É possível inferir também que, ao adquirir um concorrente, a empresa incorpora as tecnologias desenvolvidas por ele, o que a torna ainda mais atraente para o mercado.

13. De que forma o funcionamento atual das empresas de tecnologia dialoga com o processo de globalização? O processo de globalização se relaciona com o aumento das trocas econômicas globais e a disseminação mundial de grandes grupos empresariais graças ao desenvolvimento dos meios de transporte e de comunicação, favorecendo a concentração de poder econômico por poucas empresas, países e/ou pessoas.

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EMOJIS NESTAS PÁGINAS: CHAIM DEVINE/SHUTTERSTOCK.COM

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Aulas 31 a 33

TODO MUNDO ESTÁ ON-LINE ? Estudamos até aqui como a internet e as redes sociais estão atreladas ao nosso dia a dia. É provável que a maior parte dos seus amigos esteja on-line e tenha contas no Facebook, Instagram etc. Por isso, pode ser difícil imaginar que há uma expressiva quantidade de pessoas no mundo que não acessa a internet. Pois é, o mundo é mais vasto do que as comunidades nas redes sociais. Observe o mapa a seguir. Mundo: acesso à internet (2016) 0°

OCEANO GLACIAL ÁRTICO

Círculo Polar Ártico

OCEANO ATLÂNTICO

Trópico de Câncer

OCEANO PACÍFICO

Trópico de Capricórnio

Menos de 20 De 20 a 40 De 40 a 60

OCEANO ÍNDICO

0

De 60 a 80 Mais de 80

Círculo Polar Antártico

3 395

OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO

ALLMAPS

População com acesso à internet (%)

Meridiano de Greenwich

Equador

OCEANO PACÍFICO

Sem dados

Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 8. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2018. p. 85.

F amília em área montanhosa no Peru procurando sinal de internet para acessar o serviço de educação remota durante a pandemia de covid-19, em 2020.

CARLOS MAMANI / AFP

O acesso à internet depende tanto da infraestrutura necessária para realizar a conexão quanto do conhecimento básico para utilizar essa tecnologia. Em 2018, 51% da população mundial tinha acesso à internet, segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Porém, esse acesso é distribuído de maneira desigual, dependendo da região em que as pessoas vivem. O mapa acima mostra que o acesso à internet em 2016 era muito menor para a população de alguns países localizados na África e na Ásia. Além disso, dentro de um mesmo país há fatores que contribuem para um maior ou menor acesso a essa tecnologia, como a situação da residência (em área rural ou urbana), a renda, a escolaridade, a idade e o gênero, entre outros. No Brasil, 181,9 milhões de pessoas acessaram a internet em 2018, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Isso significa que um em cada quatro brasileiros simplesmente não acessa a rede . É bem verdade que o número de conectados tem crescido: em 2005, apenas 20,9% das pessoas com dez anos ou mais haviam se conectado pelo menos uma vez naquele ano; em 2013, esse percentual chegou a 49,4%. Mas precisamos considerar que aproximadamente 25% da população continuava desconectada. A escolarização e a renda também influenciam o acesso. Embora as redes sociais pareçam representar o país inteiro, o acesso à internet no Brasil ainda é, na verdade, bastante limitado em algumas situações. Enquanto nas áreas urbanas 79,4% da população utilizou a internet em 2018, nas áreas rurais esse índice chegou a 46,5%. Ou seja, mais da metade da população residente em áreas rurais estava desconectada.

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Veja a seguir outros dados sobre o uso da internet no Brasil em 2018. Brasil: porcentagem da população com acesso à internet (2018) 100

100

100

90,7% 79,4% 75

50

75

75

50

46,5%

73,6%

75,7%

Homens

Mulheres

50

38,7% 25

0

25

Áreas rurais

Áreas urbanas

0

25

25 a 29 anos

60 anos ou mais

0

ALEX SILVA

Internet móvel e celulares Um dado interessante sobre o acesso à internet no Brasil é que, em 2013, o microcomputador era o principal equipamento usado para se conectar, predominando em 88,4% dos domicílios segundo o IBGE. Já em 2018, o principal hardware utilizado para conexão era o telefone celular, utilizado em 99,2% dos domicílios. Quando surgiu no Brasil, o celular era um artefato exclusivo das classes sociais mais ricas, o que se observou também com a chegada dos smartphones. Como estudamos, já na década de 2010 começaram a surgir aplicativos exclusivos para esses aparelhos. Além do desenvolvimento de tecnologias de internet móvel, a facilitação de acesso ao crédito e a financiamentos foi um dos motivos para esse crescimento.

Fonte: IBGE. PNAD Contínua TIC 2018. Disponível em: <https://www.ibge.gov.br/ estatisticas/multidominio/condicoes-de-vida-desigualdade-e-pobreza/17270-pnadcontinua.html?edicao=27138&t=sobre>. Acesso em: 18 set. 2020.

Depois dessa chuva de dados estatísticos, podemos concluir que o motivo principal que faz com que as pessoas não estejam conectadas é a desigualdade social. Os déficits no acesso à educação, aos serviços essenciais e à renda se refletem na distribuição desigual das infraestruturas de acesso à internet e se associam à falta de conexão.

Pratique Leia o texto indicado, que discute algumas características da desigualdade de acesso à internet no mundo com base em dados estatísticos, e responda às questões 14 a 16. 14. Segundo o texto, quais são as regiões e os grupos sociais mais desfavorecidos em relação ao acesso à internet no mundo?

https://ftd.li/9tcwpn

O texto apresenta informações sobre as regiões e os grupos sociais com menos acesso à internet e permite reconhecer as desigualdades mundiais de acesso. A maior parte da população sem acesso à internet está nos países menos desenvolvidos. Além disso, as mulheres são mais desfavorecidas em relação aos homens.

15. Quais as razões da exclusão digital? Aponte também outras razões além das apresentadas no texto. O texto menciona principalmente a falta de acessibilidade, de habilidades digitais e de conhecimentos básicos de informática como as barreiras para o amplo acesso à internet. É possível mencionar também fatores como a desigualdade de renda, de escolarização e de acesso à infraestrutura básica, entre outros.

16. Em sua opinião, que ações poderiam ser tomadas pelo poder público para diminuir a exclusão digital? Resposta pessoal. Incentive os estudantes a refletir tanto sobre ações de melhoria de infraestrutura e de acesso às TICs, como também de políticas que contribuam para o acesso a conhecimentos de informática e de habilidades digitais.

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Síntese

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Aula 34

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A primeira rede social surgiu ainda nos anos 1990, mas foi só a partir do final da década de 2000 que as redes se popularizaram no Brasil. A primeira rede social popular no Brasil foi o Orkut.

1

As quatro redes sociais mais utilizadas no Brasil em 2019*

A primeira ligação por rede entre computadores ocorreu na década de 1960 nos Estados Unidos, no contexto da Guerra Fria, por uma demanda militar. A rede se chamava Arpanet.

5

YOUTUBE; FACEBOOK; INSTAGRAM; TWITTER

LINEAR_DESIGN/SHUTTERSTOCK.COM

Apenas a partir da década de 1990 a internet foi disponibilizada à população civil de países como os Estados Unidos. A partir daí, o uso privado cresceu de forma acelerada. Hoje, no Brasil, o acesso se dá majoritariamente em smartphones.

1o YouTube: 95% 2o Facebook: 90% 3o Instagram: 71% 4o Twitter: 43% (*por pessoas com acesso à internet) Fonte: We Are Social e Hootsuite. DIGITAL 2019: BRAZIL. Disponível em: <https://datareportal.com/reports/ digital-2019-brazil>. Acesso em: 16 set. 2020.

Ainda hoje, muitas pessoas no Brasil e no mundo não têm acesso à internet. As dificuldades de conexão se relacionam com a desigualdade de renda, a escolarização e a distribuição desigual da infraestrutura necessária para o acesso.

4

O final da década de 2010 foi marcado por uma série de questionamentos a respeito das redes sociais: sobre o uso dos dados dos usuários; a concentração de propriedade das empresas; o enriquecimento dos donos de empresas de tecnologia; a influência política das redes; e outros temas.

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Explore os elementos das imagens da abertura com os estudantes. Com base na primeira pergunta, observe se eles reconhecem os eventos retratados nelas – as legendas podem ajudar na identificação. Explique a eles, brevemente, o contexto de cada uma delas: manifestações contra os governos ditatoriais no Oriente Médio, no contexto da Primavera Árabe, Cairo, Egito, 2011; manifestações do movimento Occupy Wall Street contra a desigualdade econômica e social relacionada à influência de grandes empresas no governo estadunidense, Nova York, EUA, 2011; manifestações contra o aumento da tarifa do transporte público em São Paulo, junho de 2013; manifestações contra o governo comunista chinês e seus projetos de lei, Hong Kong, 2019; manifestações contra o aumento da tarifa do metrô em Santiago, Chile, 2019.

CAPítulo 2

Redes sociais: usos políticos

b) Você costuma acompanhar alguma página de movimentos sociais, de partidos ou representantes políticos nas redes sociais? Quais? Por quê?

Nova York (EUA), 2011.

MUHAMMED EMIN CANIK/ANADOLU AGENCY/GETTY IMAGES

No capítulo anterior, pudemos conhecer mais profundamente o que são as redes sociais e sua história. Agora, vamos pensar sobre as possibilidades de utilizar esses espaços virtuais para ações políticas e sociais reais e de que forma essas ações podem influenciar nosso dia a dia. No século XXI, especialmente na década de 2010, houve um aumento de cerca de 60% no tempo que as pessoas passam utilizando as redes sociais em todo o mundo. Isso se deve à ampliação das funcionalidades das redes sociais, cujo objetivo primordial era apenas conectar pessoas com interesses comuns. Uma das principais funções expandidas diz respeito às mobilizações sociais e à política. Pudemos acompanhar o crescimento dessa tendência nos últimos anos e, inclusive, nos envolver em algumas dessas ações, cada vez mais familiares a nós. É possível que você já tenha estabelecido um diálogo com frases como “Você vai ao ato em defesa da educação? Estão organizando pelo Facebook, já tem mais de 19 mil pessoas confirmadas!”. Pelas redes, hoje, as pessoas podem ir além de compartilhar seus gostos musicais, suas fotografias preferidas ou seus pensamentos mais diversos. É possível partilhar interesses políticos e se mobilizar socialmente. a) Observe as fotografias. Você reconhece os eventos retratados nelas?

EDUARDO MUNOZ/REUTERS/FOTOARENA

Aulas 1 e 2

Santiago (Chile), 2019.

c) Você já participou de alguma mobilização social que foi organizada nas redes sociais? Qual? Por quê? d) O que vem à sua mente quando você pensa na relação entre as redes sociais e a política?

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Habilidades dos Itinerários Formativos trabalhadas neste capítulo: EMIFCG01; EMIFCG02; EMIFCG03; EMIFCG04; EMIFCG07; EMIFCG08; EMIFCG09; EMIFCHSA01; EMIFCHSA02; EMIFCHSA04; EMIFCHSA07; EMIFCHSA08; EMIFCHSA09; EMIFCHSA10; EMIFCHSA11; EMIFCHSA12. O texto na íntegra das habilidades encontra-se no Manual do Professor.

Cairo (Egito), 2011.

ANTHONY KWAN/GETTY IMAGES

MANOOCHER DEGHATI/AP PHOTO/GLOW IMAGES

Em seguida, sugira que os estudantes façam as reflexões propostas nas demais questões da abertura. As respostas são pessoais. No caso da última pergunta, é possível que os estudantes mencionem tanto impressões positivas quanto negativas que têm sobre a relação entre as redes sociais e a política. Eles ainda podem fazer um levantamento de páginas que acompanham e do porquê.

São Paulo (SP), 2013.

ALAN CARVALHO

NELSON ANTOINE/FOTOARENA

Hong Kong (China), 2019.

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PROJETO Ao final deste volume, realizaremos um projeto, em que você fará um manual de sobrevivência on-line com base nos conteúdos vistos neste material. Este capítulo contribuirá para esse projeto com a apresentação dos assuntos: mobilizações político-sociais nas redes, uso de dados pessoais como ferramenta política, Lei Geral de Proteção de Dados e ética nas redes sociais. Aulas 3 a 5

INTERNET E REDES SOCIAIS: FERRAMENTAS POLÍTICAS

AL A

NC

A RV ALH

O

As redes sociais proporcionam maneiras de se encontrar e de se conectar com o outro. Isso permite que pessoas com interesses comuns se aproximem, compartilhando arte, música e posicionamentos políticos e sociais. Temos presenciado cada vez mais a aproximação de pessoas com os mesmos interesses políticos e sociais em plataformas como o Facebook, o Twitter, o YouTube e o Instagram. Mas o fato é que, apesar dessas aproximações ocorrerem em espaços virtuais, seus resultados extrapolam essa limitação; é possível utilizar as redes sociais para promover petições, debater e disseminar ideias, organizar greves, passeatas, protestos e, assim, proporcionar mudanças. Antes da possibilidade de estarmos amplamente conectados, o poder de ação individual era limitado às pessoas mais próximas dos idealizadores de movimentos sociais, que, além de compartilharem o mesmo interesse, ainda teriam de ter a disponibilidade de participar presencialmente de seus encontros para debater ideias e organizar suas mobilizações. Agora, os ambientes virtuais, além de proporcionarem mais conexões entre pessoas com interesses comuns, também oferecem flexibilidade, pois não é mais preciso estar geograficamente no mesmo local ou no mesmo fuso horário para comunicar-se com as pessoas. Nesse sentido, as redes sociais expandiram em larga escala o alcance dos movimentos políticos e sociais – veremos, no decorrer do capítulo, alguns exemplos reais de como as redes sociais foram usadas para impulsionar alguns dos movimentos político-sociais mais importantes no mundo.

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2. Resposta pessoal. Os estudantes podem coletar os dados de diferentes formas, manualmente ou usando tecnologia. No gráfico podem constar diferentes níveis de relevância como: muito importante, importante, indiferente, pouco importante e nada importante. É recomendável que a enquete apresente um momento de justificativa para que o entrevistado argumente o porquê de sua resposta. É importante que os resultados lhes proporcionem um maior entendimento de como outras pessoas pensam o assunto.

O poder das redes sociais Leia o texto e responda às questões a seguir. A internet possibilita uma fonte de interação entre os movimentos sociais na promoção de uma nova sociedade, expandindo os efeitos coletivos e individuais na construção de uma sociedade participativa através destes novos meios de comunicação. BARTTKIW, Paula Izabela Nogueira. O poder da comunicação das redes sociais nos movimentos populares. Rev. Estud. Comun. Curitiba, v. 17, n. 42, p. 120-135, jan. /abr. 2016. Disponível em: <https://periodicos.pucpr.br/index.php/estudosdecomunicacao/ article/view/22547/21631>. Acesso em: 15 set. 2020.

1. Com base em sua reflexão sobre a leitura, responda: Você acredita que as redes sociais são ferramentas importantes para movimentos políticos e sociais? Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes expressem sua opinião embasada no conteúdo abordado e em suas experiências pessoais.

2. Promova uma enquete com os integrantes de sua família e da comunidade fazendo a mesma pergunta. Após coletar as respostas, monte um gráfico baseado nelas. 3. Agora reúnam todos os gráficos individuais para que os resultados se unifiquem em apenas um gráfico. Resposta pessoal. Ao unificar os dados, os estudantes ampliam a visão de mundo já explorada no tópico anterior.

4. Debatam os resultados apontando se concordam ou não com eles. Quais conclusões você pode extrair da análise dessas informações? Resposta pessoal. Os estudantes devem confrontar o resultado da enquete com suas próprias opiniões; é preciso compreender e respeitar como outras pessoas pensam. Ao analisar os dados, devem ser observadas as variações de respostas entre as diferentes faixas etárias e conforme os diversos tipos de relação que as pessoas têm com a internet e as redes sociais.

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Aulas 6 a 8

Ativismo virtual O texto a seguir mostra como as redes sociais são usadas cada vez mais como espaços de atividades políticas e sociais. Leia-o com atenção. Utilizando as redes, pessoas do mundo todo criam movimentos, levando outras pessoas a aderirem às suas causas. Inúmeros exemplos atestam o poder das mídias e redes sociais e sua influência nas ações afirmativas [...]. Os atores sociais conectados podem compartilhar abaixo-assinados – por exemplo – no site Avaaz, que promove campanhas de mobilizações fortemente coletivas [...], e utiliza as redes sociais para difundir as suas demandas. Além do mais, neste espaço que acolhe as reivindicações coletivas, notamos os indivíduos, atores-em-rede, fazendo valer os seus direitos. [...] SILVA, Irley David Fabrício da; CARVALHO JÚNIOR, José Genildo Alvez de. As redes sociais como espaço de articulação dos protestos sociais no contexto democrático do século XXI. Temática. Ano XI, n. 5, mai. 2015. Disponível em: <https:// periodicos.ufpb.br/index.php/tematica/article/download/24360/13349/>. Acesso em: 31 ago. 2020.

O Avaaz, citado no texto, é uma rede de mobilização social fundada em 2007 pela Res Publica, grupo de advocacia global, e pelo MoveOn.org, grupo estadunidense de ativismo virtual, que oferece uma ferramenta de abaixo-assinados on-line. Você conhece essa rede? Já criou ou participou de abaixo-assinados nela? Que tal desenvolvermos um projeto usando essa rede? 1. A turma, em conjunto, deve definir com clareza sua reivindicação – ou suas reivindicações. Pensem em algo que vocês acham que precisa mudar na escola, no bairro ou na comunidade. 2. Façam uma pesquisa sobre o tema para conhecê-lo mais profundamente e saber se já há algum movimento ou ação que esteja mobilizando essa reivindicação. 3. Com base em seus conhecimentos, criem um projeto de abaixo-assinado on-line – escrevam o texto-base do abaixo-assinado, explicando sua solicitação e os motivos para realizá-la. Depois, basta publicá-lo no Avaaz e levar os resultados para os representantes políticos da comunidade.

Pratique

Esta atividade colabora para o desenvolvimento da habilidade EMIFCG09 dos Itinerários Formativos. Ao propor um abaixo-assinado com base em uma causa real da comunidade, os estudantes estão se mobilizando para oferecer uma intervenção em problema de natureza sociocultural.

Leia o texto a seguir e responda às perguntas. Ao conectar de forma on-line as redes de contato “off-line” dos indivíduos, as redes sociais podem facilitar o acesso a um grande número de relações pessoais, assim permitindo aos movimentos sociais atingirem uma quantidade de interessados que gere uma “massa crítica” [...]. As redes sociais também podem promover a construção de identidades pessoais e de grupo [...]. Estes sites podem também operar como centros de informação [...]. Usuários do Facebook, por exemplo, possuem um “Feed de Notícias” para monitorar seus contatos pessoais e se manterem atualizados sobre o que está acontecendo com seus amigos. Por outro lado, esses serviços permitem que seus usuários criem e se juntem a grupos baseados no interesse comum. Assim, aqueles que se unem a movimentos sociais e grupos políticos na rede podem receber informações de mobilização que não poderiam obter em nenhum outro lugar, encontrando, desta forma, mais oportunidades de engajamento em atividades políticas [...]. 36

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Ao mesmo tempo, o aumento na participação em redes sociais online tipicamente ajuda na construção de relacionamentos baseados na confiança entre seus membros [...], ampliando ainda mais o potencial das redes sociais de aumentar o engajamento em protestos e outros comportamentos políticos. [...] VALENZUELA, Sebastián. Analisando o uso de redes sociais para o comportamento de protesto: o papel da informação, da expressão de opiniões e do ativismo. Tradução Letícia Perani. Revista Compolítica, n. 4, vol. 1. ed., jan.-jul., 2014, p. 17-18. Disponível em: <http://compolitica.org/revista/index.php/revista/article/download/56/58/>. Acesso em: 28 ago. 2020.

1. Explique o que o autor quis dizer quando afirmou que as redes sociais conectam de forma on-line as redes de contato “off-line” das pessoas. O fato de as redes sociais conectarem de forma on-line as redes de contato "off-line" das pessoas significa que as redes sociais levam para o mundo virtual parte das relações do mundo "real", possibilitando o aumento das conexões entre pessoas.

2. Segundo o texto, ao unir pessoas, qual a contribuição das redes sociais aos movimentos sociais? Ao unir pessoas com algo em comum, as redes sociais permitem que os movimentos sociais atinjam uma quantidade maior de interessados, gerando uma massa crítica.

3. O que você entende por “massa crítica”, mencionada no texto? Resposta pessoal. É interessante que os estudantes percebam que “massa crítica”, nesse contexto, é um grupo de pessoas que, por compartilhar valores e ideias, podem sustentá-los.

4. Além de uma geração de “massa crítica”, identifique no texto quais ações as redes sociais podem promover. Segundo o texto, as redes sociais também podem promover a construção de identidades pessoais e de grupo; a criação de grupos com interesses em comum; a troca de informações; oportunidades de engajamento em atividades políticas e a construção de relacionamentos.

5. Levante uma hipótese sobre como o uso das redes pode proporcionar às pessoas mais engajamento em atividades políticas. Resposta pessoal. Ao se conectar a movimentos sociais ou a grupos políticos nas redes sociais, as pessoas podem obter informações sobre temas importantes, participar de debates, organizar e participar de mobilizações. São exemplos de atividades em que as pessoas possivelmente não teriam a oportunidade de se envolver fora das redes sociais.

REDES SOCIAIS E MANIFESTAÇÕES PELO MUNDO

Aulas 9 a 14

Os últimos anos nos mostraram o aumento das possibilidades políticas dos usos das redes sociais. Presenciamos, no mundo todo, manifestações de proporções gigantescas organizadas ou fortalecidas virtualmente e que viralizaram em tempo recorde.

Protestos na América Vamos relembrar algumas das manifestações mais importantes realizadas em terras americanas. Em Nova York, nos Estados Unidos, em ­s etembro de 2011, surgiu o movimento Occupy Wall Street (Alexandre Carvalho, um de seus idealizadores, explica o movimento no vídeo). Sua origem está em um e-mail que a revista Adbusters encaminhou aos seus assinantes, lançando a hashtag #­occupywallstreet. Cerca de dois meses depois, o que era apenas um slogan tornou-se uma campanha mundial que mobilizou, por meio das redes sociais, milhares de pessoas a irem às ruas questionar as desigualdades políticas, econômicas e sociais promovidas pelo capitalismo.

http://ftd.li/vyrg3e

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anifestantes em Nova M York (EUA), em outubro de 2011. “We are the 99%” é um dos lemas do Occupy Wall Street, que incita a união dos 99% da sociedade em oposição aos que fazem parte do 1% que permanece enriquecendo.

http://ftd.li/z8geq4

No contexto dessas manifestações, as redes sociais foram utilizadas não somente para divulgar os eventos e convocar as pessoas, mas para mostrar imagens dos atos nas ruas, inclusive da repressão policial contra os manifestantes (saiba mais sobre o uso das redes sociais como forma de denúncia, acessando o link). Alguns anos depois das manifestações do movimento Occupy Wall Street, o Brasil presenciou, em 2013, o que alguns estudiosos chamam de Jornadas de Junho. Inicialmente com uma pauta bem definida, o Movimento Passe Livre (MPL) organizou manifestações na cidade de São Paulo contra o aumento das tarifas do transporte público, reunindo milhares de pessoas. Com a divulgação dos atos na mídia tradicional (muitas vezes de maneira depreciativa) e nas redes sociais (que impulsionou o surgimento de mídias alternativas), e com o aumento da violência policial para conter os manifestantes, outros grupos e movimentos sociais uniram-se às manifestações do MPL. O crescimento do número de manifestantes trouxe também a diversidade de demandas, que, inclusive, eram até opostas umas às outras. Ou seja, não havia mais unidade de demandas nos protestos, tendência que se perpetuou em manifestações nos anos seguintes. Em 2015, por exemplo, o Brasil passava por uma crise política e econômica, e nesse cenário, teve início o processo de impeachment da então presidente Dilma Rousseff, acusada de crime de responsabilidade fiscal. Nesse contexto, também foram organizadas manifestações a favor e contra o impeachment, sempre com a ajuda das redes sociais, que evidenciaram a extrema polarização ideológica do período e deram corpo a grupos identificados com a ala direita da política, como o Movimento Vem Pra Rua (2014) e o Movimento Brasil Livre (2014).

NACHO DOCE/REUTERS/FOTOARENA

anifestação em São Paulo M (SP) em março de 2015, em apoio a Dilma Rousseff durante o processo de impeachment.

KEVORK DJANSEZIAN/GETTY IMAGES

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Ainda na América, outro exemplo importante no campo das manifestações populares é o Chile, em 2019. Inicialmente, assim como no Brasil, manifestantes saíram às ruas contra o aumento da tarifa do metrô na capital do país, Santiago. Posteriormente, conforme as mobilizações virtuais cresceram, suas reivindicações se transformaram e abrangeram questões nacionais, como a falta de serviços públicos (saúde e educação, por exemplo), resultado das intensas práticas neoliberais que regem o país há décadas. A violenta repressão do Estado durante os atos, nos quais manifestantes foram baleados por militares, fez o movimento ganhar mais força. Em outubro de 2019, um protesto realizado em Santiago reuniu cerca de 1 milhão de pessoas — a maior manifestação chilena desde o fim da ditadura, em 1990 (o vídeo a seguir mostra o histórico de como as manifestações chilenas evoluíram). http://ftd.li/vazcd5

Pratique [...] o alvorecer do século XXI proporcionou novos mecanismos de organização sociopolítica e, através deles, novas ferramentas e estratégias de mobilização. A comunicação móvel, associada às redes sociais, potencializaram as manifestações e, através desses recursos, proporcionaram o surgimento de um novo método de ativismo político. TELES, Paulo Roberto Alves. Sob a névoa: o que os movimentos Occupy Wall Street e Los Indignados têm a nos dizer? XXIX Simpósio Nacional de História, 2017, p. 10. Disponível em: <https://www.snh2017.anpuh.org/resources/ anais/54/1488912424_ARQUIVO_SOBANEVOA-OQUEOSMOVI MENTOSOCCUPYWALLSTREETELOSINDIGNADOSTEMANOSDI ZER.pdf>. Acesso em: 31 ago. 2020.

7. Observe a fotografia a seguir, da manifestação chilena em 2019. a) No cartaz, que diz "A TV mente! Agora somos nós que damos as notícias!", há um indício de uso de novas formas de obtenção e divulgação de informações. Qual é esse indício?

ANTILLANCA/SHUTTERSTOCK.COM

6. Leia o texto a seguir e faça o que se pede.

Manifestação em Santiago (Chile), outubro de 2019.

Avalie se é possível dizer que o Occupy Wall Street utiliza o método de ativismo político, surgido no século XXI, mencionado no texto.

No cartaz, os dizeres "a televisão mente" indicam a necessidade de utilizar outros meios de obtenção e

Sim. O Ocuppy Wall Street utiliza o método de ativismo

às próprias manifestações.

político mencionado no texto, que tem as redes sociais como grandes aliadas. Por meio delas, o movimento

divulgação de informação e ideias, inclusive relacionados

b) Em sua opinião, de que maneira as novas formas de obtenção e divulgação de informações diferem dos meios tradicionais?

promoveu manifestações com a participação de milhares de

Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes ponderem sobre como as redes sociais, diferentemente dos meios

pessoas no mundo todo.

tradicionais, como a televisão, apresentam uma pluralidade maior de pessoas contribuindo com a circulação de informação. É possível ir além nessa reflexão e questionar os estudantes com a seguinte afirmação: não é porque a televisão mente que a internet é um meio seguro e confiável de informação.

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A atividade possibilita que os estudantes confrontem como os políticos e/ou páginas que se dedicam a discutir questões políticas abordam certos assuntos de maneira crítica, refletindo sobre como essas abordagens impactam seus seguidores e a imagem desses produtores de conteúdo.

Manifestações, polarização ideológica e redes sociais Para compreender melhor as redes sociais e sua ligação com os processos de polarização ideológica no Brasil e no mundo, acesse a reportagem no QR Code. 1. Reúnam-se em grupo e, juntos, releiam e analisem os dados que a notícia apresenta. http://ftd.li/dejx69

2. Façam um levantamento de perfis e páginas em redes sociais dedicados a abordar questões políticas. Nessa busca, é importante selecionar veículos de diferentes posicionamentos políticos e ideológicos. 3. Pesquisem temas polêmicos que contribuíram para reforçar a polarização ideológica nas redes sociais e como os perfis e as páginas selecionados anteriormente abordaram esses temas. 4. Analisem e comparem os dados sobre como um mesmo assunto foi abordado de forma diferente, dependendo da página ou do perfil analisados. Fiquem atentos à linguagem usada, ao enfoque do texto, às imagens utilizadas para ilustrar o assunto etc. 5. Em seguida, com base nos dados levantados nas etapas anteriores, criem um quadro comparativo sobre como um mesmo tema foi abordado por páginas e perfis diferentes. 6. O resultado da pesquisa pode ser divulgado em suas redes sociais pessoais e até mesmo na da escola. Aulas 15 e 16

O Oriente Médio e a África vão às ruas

P anfleto com o seguinte questionamento: “Onde está meu voto? Ahmadinejad não é meu presidente”. Berlim (Alemanha), julho de 2009.

360B/SHUTTERSTOCK.COM

No Irã, em meados de 2009, a população foi às ruas após o resultado das eleições presidenciais recém-realizadas, que reelegeram Mahmoud Ahmadinejad. A principal motivação foi a alegação, pela oposição, de que houve fraude no processo eleitoral. Para driblar a censura e as restrições às mídias impostas pelo governo, os iranianos utilizaram redes sociais como Facebook, Twitter e YouTube para organizar os atos, protestar virtualmente e divulgar ao mundo o que acontecia no país.

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Para conter o ativismo na rede e retomar o controle daquilo que era noticiado sobre o país, o governo bloqueou o acesso a algumas dessas plataformas — que só foi liberado novamente cinco anos depois, em 2013. Dois pontos se destacam nesse processo: a brutalidade da reação do governo contra os manifestantes nas ruas, denunciada via redes sociais, e o ciberativismo da população iraniana (o grupo ciberativista Anonymous deu grande suporte ao movimento iraniano, ajudando a driblar a censura no país em 2009; veja sua história), que levou pessoas no mundo todo a manifestar seu apoio à causa. Leia uma reportagem de 2009 sobre o movimento. Um ano após o ocorrido no Irã, teve início um dos mais conhecidos exemplos deste século do uso das redes sociais em contextos de manifestações sociais: a Primavera Árabe, uma série de movimentos que começou na Tunísia contra o ditador Zine El-Abidine Ben Ali, e que ganhou força ao ser divulgada pelas redes sociais.

http://ftd.li/w5jubf

http://ftd.li/egrsmm

MARWAN NAAMANI/AFP/GETTY IMAGES

anifestante em Dubai M (Emirados Árabes), com uma fotografia que mostra a repressão policial no Irã no contexto das manifestações pós-eleições presidenciais, em junho de 2009.

A contestação a governos autoritários, às altas taxas de desemprego e às precárias condições de vida se espalharam para outros países árabes, como Egito, Síria, Iêmen, Marrocos e Argélia. Essa onda de manifestações organizadas pelas redes sociais levou milhares de pessoas às ruas, com demandas diversas, embora a maioria levantasse discursos em prol da democracia. Assim como no Irã em 2009, a brutalidade na repressão às manifestações da Primavera Árabe, que resultou em muitos mortos e feridos, foi denunciada nas redes sociais, sem as quais, provavelmente, os protestos não teriam sido tão massivos nem teriam gerado essa enorme onda de mobilizações na região. A participação popular durante a Primavera Árabe despertou um grande ativismo político que resultou em algumas conquistas, como a queda do ditador Hosni Mubarak no Egito (que logo voltou a ser uma ditadura) e a transição da Tunísia para uma democracia.

Hacktivismo Embora o termo hacker seja associado a pessoas que cometem crimes virtuais, na verdade, seu significado remete a qualquer um que se dedique tão intensamente a uma área específica de uma tecnologia que encontra meios de controlar um sistema de forma única. Inclusive, há grupos de hackers defensores de causas políticas e sociais. Conheça mais sobre o hacktivismo:

http://ftd.li/bn2jw7

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Pratique

A alternativa 01 está incorreta, pois as redes sociais não são espaços desprovidos de mecanismos de poder, de controle social e de interferência de organizações políticas e sociais. Ao mesmo tempo que as redes proporcionam possibilidades de conexão entre as pessoas, elas são espaços que possibilitam diversos tipos de controle. A alternativa 02 está incorreta, pois o estabelecimento de um ambiente comunicacional mediado pelas máquinas, ou seja, tecnológico, não impede que sejam construídas relações com características que lembrem as relações estabelecidas com a proximidade física.

8. (UEM-PR) Considerando os temas comunicação, cultura e ideologia, assinale o que for correto. 01. As redes sociais da internet são lugares de expressão subjetiva, livre, espontânea e autônoma, desprovidas de mecanismos de poder, de controle social e de interferência de organizações políticas ou empresariais. 02. A instituição de um ambiente comunicacional mediado pelas máquinas impede a construção simbólica dos processos de troca de significados, uma vez que este se baseia na proximidade entre as pessoas e no contato face a face. 04. As insurreições árabes desta última década e as ações de resistência como o Occupy Wall Street utilizaram as redes sociais da internet como espaços de construção de poder, de propagação de propostas de mudança social e de deliberação. Essas ações tiveram impacto tanto no ciberespaço quanto no espaço urbano, por isso podem ser chamadas de movimentos sociais em rede. 08. As plataformas tecnológicas comunicacionais criam espaços de interação que muitas vezes se assemelham a uma “economia da dádiva”, fomentando iniciativas de compartilhamento de conteúdos, trocas e retribuições. 16. A contínua transformação da tecnologia na era digital amplia o alcance dos meios de comunicação para todos os domínios da vida social, num processo que é simultaneamente global e local, genérico e personalizado. Soma: 28 (04 + 08 + 16). 9. Vimos que a Turquia censurou os veículos m ­ idiáticos e, ­posteriormente, o acesso a algumas redes sociais quando os protestos da Primavera Árabe eclodiram no país. Em 2013, quando as manifestações estavam mais intensas, a CNN Internacional transmitiu ao vivo os protestos, enquanto a CNN Turca transmitiu um documentário sobre pinguins. Apesar da grandiosidade desse movimento, a Turquia ainda vive sérios problemas com relação ao acesso à informação e à liberdade de expressão. Assista à reportagem de 2017.

http://ftd.li/gs674f

Com base nas informações da reportagem, pondere sobre a influência das redes sociais no cotidiano dos turcos a partir da Primavera Árabe, considerando as limitações e possibilidades dessa ferramenta. Resposta pessoal. Possibilidades: as redes sociais conseguiram mobilizar uma grande quantidade de pessoas; as informações se expandiram para outros continentes, que compartilhavam reivindicações similares; ajudaram a denunciar e a divulgar informações que os meios de comunicação tradicionais não podiam veicular etc. Limitações: por mais que as redes sociais tenham impulsionado esses movimentos, os problemas de acesso à informação e de liberdade de expressão continuam presentes. Ou seja, as redes sociais não tiveram o poder de superar essas dificuldades históricas.

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Aulas 17 a 20

Casos na Ásia É possível que, desde 2018, você tenha ouvido falar dos protestos em Hong Kong, seja na televisão, na internet e, principalmente, nas redes sociais. A região de Hong Kong foi administrada pelo Reino Unido de 1842 a 1997, quando foi devolvida à China sob o acordo conhecido como “Um país, dois sistemas”. Hoje, esse território funciona de forma semiautônoma, mas a situação deve mudar em 2047, data que, segundo o acordo, a região passará a ser administrada totalmente pelo Partido Comunista da China. Para entender melhor esse complexo contexto político administrativo, leia a reportagem do jornal Brasil de Fato e assista ao vídeo do canal Gazeta do Povo sobre o assunto. Mas o que isso tem a ver com os protestos? Bem, eles se iniciaram a partir das críticas a um projeto de lei que autorizaria que suspeitos de crimes em Hong Kong fossem extraditados para a China para serem julgados, ameaçando as liberdades individuais de Hong Kong e desequilibrando o poder entre a região e a China. O projeto de lei foi encarado como uma forma de antecipar o fim dos 50 anos de capitalismo em Hong Kong, o que aterroriza os valores ocidentais e a forma de viver dos moradores da região. O receio da interferência do governo chinês em Hong Kong impulsionou as manifestações, majoritariamente organizadas pelas redes sociais, fator usado estrategicamente para driblar a polícia. Os manifestantes, por exemplo, marcavam “caças a pokémons” em grupo (feitas por meio do jogo Pokémon Go) ou enviavam mensagens com horários e locais das manifestações a outros celulares via bluetooth em locais públicos, como o metrô.

http://ftd.li/j4zayf

http://ftd.li/dhmro3

Protestos em Hong Kong e o mundo dos games Os protestos em Hong Kong impactaram também o mundo dos games. Em outubro, Chung Ng Wai, um competidor do jogo on-line Hearthstone, foi suspenso ao expressar ao vivo, após uma partida, seu apoio às manifestações em Hong Kong. Leia a matéria sobre o caso.

ISAAC LAWRENCE/AFP/GETTY IMAGES

http://ftd.li/cqy6ph

anifestantes em Hong Kong M (China), em junho de 2019. O guarda-chuva, utilizado pelos manifestantes como proteção, virou um símbolo desses atos.

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Casos na Europa

A intensidade dos protestos mobilizados virtualmente é refletida em suas conquistas? É importante destacar que muitas das manifestações mencionadas até o momento não formaram um movimento unificado. As redes sociais conseguiram chamar muitas pessoas para as ruas, mas, na maioria das vezes, esse grupo é diverso em termos ideológicos e no que diz respeito a interesses e pautas. O poder de mobilização das redes sociais não conseguiu fazer com que os movimentos que elas ajudaram a idealizar solucionassem os problemas e atendessem às demandas reivindicadas na mesma proporção e intensidade que ocorreram os protestos. • Veja como a socióloga e tecnologista Zeynep Tufekci aborda o assunto. Em seguida, debatam o conteúdo em conjunto, tentando responder à pergunta anunciada no título.

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JON NAZCA/REUTERS/ FOTOARENA

http://ftd.li/9tt355

Na Espanha em 2011, surgiu o movimento conhecido como “Los indignados”. Também organizado via redes sociais, sua origem está relacionada à crise econômica espanhola de 2008 e à forma como o governo lidou com a situação (para entender melhor essa crise e suas consequências, acesse a notícia Crise financeira de 2008: você sabe o que aconteceu?). Insatisfeita com o cenário político e social, a população foi às ruas por emprego, educação e mudanças na política, buscando uma democracia direta plebiscitária. A primeira manifestação ocorreu em 15 de maio — por isso, o movimento também é conhecido como 15-M — e foi planejada pela Democracia Real YA!, organização surgida na internet no início de 2011 e ainda atuante. Essa articulação se alastrou por toda a Espanha, e em diversos locais os manifestantes organizaram acampamentos em praças públicas para continuar com as reivindicações e fortalecer o movimento. Um dos principais efeitos dos movimentos espanhóis de 2011 foi a criação do partido político Podemos, de orientação progressista. Formado por membros do movimento 15-M, sua oficialização data de janeiro de 2014; ainda em seus primeiros meses de existência, chegou a eleger, com mais de 1 milhão de votos, cinco deputados para o Parlamento Europeu. Manifestação organizada pelo movimento Democracia Real YA! na cidade de Málaga (Espanha), 2011. A faixa de O partido tem a interprotesto diz: “Não somos mercadoria nas mãos de políticos net como importante aliae banqueiros”. da e utiliza as redes sociais como meio de divulgação de ideias e mobilização da população. Além disso, o Podemos mantém canais on-line pelos quais a população pode participar ativamente de debates e projetos.

• Ciberativismo Vimos que as redes sociais são ferramentas essenciais para a organização de grandes movimentos políticos e sociais que mobilizam milhares de pessoas ao redor do mundo. Mas, o ciberativismo pode ir além de protestos, ele pode ser um meio de as pessoas criarem http://ftd.li/razkfo soluções para diversos problemas. Assista ao vídeo no qual André Bordignon, um dos fundadores da organização Minha Campinas, apresenta alguns exemplos de como o ciberespaço pode contribuir para a materialização dessas soluções.

O debate provocado pelo vídeo deve trazer à tona a reflexão de que, embora as redes sociais sejam muito efetivas em mobilizar grandes quantidades de pessoas em torno de certas causas, elas também apresentam limitações daquilo que se pode alcançar por meio dessas mobilizações – é preciso que laços humanos sejam criados e fortalecidos.

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Pratique 10. (UENP) Produza um artigo de opinião, assumindo o papel social de um leitor de jornal que intenciona publicar seu ponto de vista em relação à questão polêmica: De modo geral, o ativismo nas redes sociais, ou ciberativismo, tem repercussões significativas na sociedade ou fica restrito ao mundo virtual? Não se esqueça de que o artigo de opinião é um texto argumentativo, por isso, além de se posicionar frente à questão exposta, é preciso selecionar bons argumentos para a defesa da sua tese. Os textos a seguir abordam a questão apresentada, mas lembre-se de que eles podem ser usados apenas como suportes para a sua argumentação e nunca copiados deliberadamente. Você será avaliado pelo grau de autoria do texto! Texto 1 Ciberativismo: ativismo nasce nas redes e mobiliza as ruas do mundo [...] Quando você busca apoiar uma causa social, o que faz? Provavelmente uma das primeiras coisas é acessar a internet: fazer uma doação, compartilhar campanhas e experiências, assinar uma petição ou confirmar presença em algum protesto. Esses são alguns dos exemplos de como a rede vem ampliando o ativismo social e político e criando novas formas de atuação e mobilização, compondo o que é chamado de ciberativismo. O ciberativismo é um termo recente e consiste na utilização da Internet por grupos politicamente motivados que buscam difundir informações e reivindicações sem qualquer elemento intermediário com o objetivo de buscar apoio, debater e trocar informação, organizar e mobilizar indivíduos para ações, dentro e fora da rede. Com essas possibilidades, todos podem ser protagonistas de uma causa. [...] Andréia Martins, da Novelo Comunicação 04/02/201412h53. (Disponível em: <https://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/ atualidades/ciberativismo-o-ativismo-da-rede-para-as-ruas.htm>. Acesso em: 22 ago. 2017.)

Texto 2 As redes sociais e sua influência na sociedade [...] Alguns importantes acontecimentos mundiais tiveram uma intensa participação das redes sociais e parte da solução dos problemas foi derivada das atuações nelas. Um exemplo? Vamos ao caso da tragédia na região serrana do Rio de Janeiro. Aos poucos, foram surgindo comunidades e grupos no Orkut e no Facebook e perfis no Twitter. A sociedade mostrou-se madura, solidária e participativa, conseguindo junto aos órgãos públicos grandes conquistas para as comunidades sofridas, agilizou os processos de doações de remédios a coletas de sangue, divulgou a situação de várias áreas através de fotos e dicas de acesso, dados de meteorologia e mapas. [...] As redes mostraram a sua importância, deixando de lado tempo e espaço, influenciando o destino de dezenas de pessoas, através da rápida disponibilização de informações relevantes, de forma que muitos puderam usufruir deste ambiente e agir junto aos necessitados. [...] Por Alexandre Mendes, em 24/02/2011 (Disponível em: <https://imasters.com.br/artigo/19889/redes-sociais/ as-redes-sociais-e-sua-influencia-na-sociedade?trace=1519021197&source=single>. Acesso em: 22 ago. 2017).

Texto 3 Quando as redes sociais favorecem um “ativismo preguiçoso” São meios eficientes quando não se requer mais do que o compromisso dos usuários [...] Hoje em dia, para muita gente, entrar no Facebook ou no Twitter significa mergulhar em um grande protesto, onde as pessoas comentam sem parar artigos das edições digitais da imprensa e notícias dos onipresentes casos de corrupção entre políticos e empresários, convocam atos políticos ou simplesmente desabafam contra aqueles que consideram como os responsáveis pelo desastre de nosso país. Ciências Humanas e Sociais Aplicadas | FTD

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[...] O paradoxo é que o Facebook me mostra um entorno social e a rua, outro. As redes sociais fervem de agitação política. No mundo “real”, nada muda. [...] A realidade, aparentemente, é que as redes sociais criam bolhas ideológicas. Duas pesquisas divulgadas nos últimos meses ratificam essa ideia. Segundo um estudo do Pew Research Center, as pessoas de direita tendem, predominantemente, a ter amigos que concordam com suas ideias políticas e a fazer parte de grupos com ideias parecidas, enquanto os esquerdistas têm uma tendência maior a apagar ou bloquear amigos por causa de divergências políticas. Outro estudo, publicado na revista Science, confirma que as pessoas constroem uma espécie de “sala de espelhos” digital de suas próprias opiniões, e que o usuário médio das redes tem apenas cerca de 23% de amigos com ideias políticas diferentes das suas. Além disso, os especialistas no assunto descobriram que o Facebook e o Twitter amplificam aquilo que, em ciência política, se chama “espiral do silêncio”: os usuários têm medo de publicar opiniões políticas quando pensam que elas podem ser lidas por outros com ideias diferentes. [...] Resposta pessoal. A atividade propõe que os estu- JAVIER CALVO, 31 MAI 2015 - 18:05 BRT (Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/ dantes escrevam um texto argumentativo acerca dos 2015/05/31/internacional/1433106323_876086.html>. Acesso em: 22 ago. 2017). impactos do ciberativismo na sociedade, refletindo se A atividade mostra como o tema do ciberativismo, trabalhado o ciberativismo é capaz de ir além das suas limitações Texto 4 na área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas possui grande virtuais. Os casos estudados no volume e os textos interdisciplinaridade, tendo aparecido, por exemplo, na proposta apresentados na questão fundamentarão os posiciode redação da Universidade Estadual do Norte do Paraná. namentos dos estudantes.

(Disponível em: <http://3.bp.blogspot.com/-N-DlCJYW__A/ViQgWfUlOWI/AAAAAAAADtU/fSucd_N1puo/s1600/ ativista-internet-cyberativistasfacebook- rede-social-twitter.jpg>. Acesso em: 22 ago. 2017).

11. Aponte o diferencial do uso das redes sociais nas manifestações em Hong Kong em 2019. A população utilizou diversas estratégias em redes sociais e aplicativos para se organizar e divulgar as manifestações sem que o governo e a polícia soubessem, como eventos camuflados e disseminação de informações por bluetooth em espaços públicos de alta circulação de pessoas.

12. Além divulgar informações, as redes sociais foram utilizadas pelo movimento 15-M para receber sugestões de toda a população. Dessa forma, podemos dizer que as redes sociais podem ajudar a transformar esses processos em ações mais democráticas? Sim. Quando usadas de maneira ética e colaborativa, as redes sociais servem para a troca de ideias, impressões e reflexões, ampliando a participação popular e tornando processos, como os movimentos do 15-M, mais democráticos.

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Aulas 21 a 25

Anteriormente, vimos como movimentos políticos e sociais usaram as redes sociais a seu favor. Mas alguns desses movimentos estudados destacaram-se por terem seus desdobramentos direta e profundamente relacionados com a política mundial. Vimos, no caso do Brexit, que é possível utilizar as redes sociais para disseminar anúncios e propagar fake news e, assim, influenciar a opinião pública com base na manipulação de dados on-line. Essa estratégia tornou-se muito popular em diversos países. Durante a campanha das eleições espanholas de novembro de 2019, por exemplo, diversos partidos, incluindo o Podemos, com origem no 15-M, tiveram suas contas no WhatsApp bloqueadas por terem disparado mensagens em massa, desrespeitando as determinações de uso do aplicativo. Veremos agora outros casos de destaque sobre uso estratégico das redes sociais em campanhas eleitorais.

Europa

DANIEL LEAL-OLIVAS/AFP/GETTY IMAGES

REDES SOCIAIS E ELEIÇÕES

igel Farage, político britânico, em frente N a uma propaganda anti-imigração durante campanha a favor do Brexit. Muitas fake news espalhadas pelos grupos pró-Brexit apresentavam mensagens xenófobas, Londres (Reino Unido), 2016.

Em 2016, o Reino Unido promoveu um plebiscito que decidiu por sua saída da União Europeia, evento conhecido como Brexit e que traria impactos econômicos, políticos e sociais para todos os países do bloco. Após o resultado, surgiram acusações de que os grupos pró-Brexit, com a ajuda de empresas privadas de análise de dados, como a Cambridge Analytica, utilizaram ilegalmente informações de usuários do Facebook para o direcionamento de anúncios e a disseminação de fake news durante a campanha. Para alguns estudiosos, o uso político das redes sociais feito pelos grupos pró-Brexit fortaleceu a estratégia política da construção da pós-verdade, que nos dias atuais é amplamente utilizada em campanhas políticas em outros contextos e países. Para entender melhor essa estratégia, leia o ­artigo da BBC News sobre o assunto. Este caso mudou a forma como lidamos com as redes sociais e trouxe à tona como elas podem ser usadas como armas antidemocráticas, embora elas também sejam usadas como ferramentas democráticas.

Estados Unidos

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AHMAD FAIZAL YAHYA//SHUTTERSTOCK.COM

Barack Obama, presidente dos Estados Unidos de 2009 a 2017, usou a internet como ferramenta determinante em sua campanha. É importante destacar que um dos diferenciais da campanha on-line promovida pelo time de Obama foi utilizar as redes sociais e os demais canais virtuais não apenas como meio de divulgar informações sobre o então candidato, mas também para “ouvir” as pessoas, construindo, assim, uma via de mão dupla – postura que não era comum à época. fotografia que mostra o casal Obama se abraçando, A postada no perfil oficial de Barack Obama para comemorar sua reeleição em 2012, foi a mais curtida de toda a rede social até aquele momento.

Ciências Humanas e Sociais Aplicadas | FTD

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SCOTT OLSON/GETTY IMAGES

onald Trump e Hillary D Clinton se cumprimentam durante um dos debates presidenciais, St. Louis (Estados Unidos), 2016.

A campanha de Obama em 2008 promoveu ações em diversas redes sociais, como Facebook, Twitter, MySpace, YouTube, BlackPlanet, Migente.com, com conteúdos diversos e foco na proposta de aproximação do candidato com a população estadunidense. Já para a campanha de 2012, a estratégia do foco nas redes sociais foi expandida e aprimorada. Uma delas foi o lançamento do documentário The Road We’ve Traveled, disponibilizado no YouTube, mostrando os feitos de Obama no primeiro mandato. O esforço das campanhas políticas de Obama surtiram efeitos e ele saiu vitorioso em 2008 e 2012, tornando-se o primeiro presidente negro dos Estados Unidos. A partir de então, o uso das redes sociais em campanhas eleitorais tornou-se um fator essencial para conquistar eleitores e tornar suas plataformas mais visíveis a eles. Para ajudar a refletir sobre o impacto do uso das redes na escolha dos eleitores: em 2020, mais da metade da população adulta estadunidense usou a internet para obter e divulgar informações sobre os candidatos. Após o segundo mandato de Obama, Donald Trump assumiu a presidência dos Estados Unidos no início de 2017. Durante sua campanha, os principais veículos impressos do país apoiaram a candidata Hillary Clinton, que, como Trump, também investiu nas redes sociais. Sem o apoio das mídias tradicionais — canais de televisão, jornais e revistas —, que se posicionaram abertamente, Trump promoveu uma campanha focada nas redes sociais, principalmente no Facebook e no Twitter, que incluiu funcionários dessas duas plataformas e do Google trabalhando diretamente com sua equipe. Assim como nas eleições do Brexit, em que houve o uso irregular das redes sociais, a campanha eleitoral de Trump foi acusada de usar informações de cerca de 70 milhões de usuários do Facebook, que o ajudaram a direcionar materiais de campanha de forma mais certeira ao traçar um perfil psicológico avançado do usuário e atuar em cima de seus pontos mais frágeis — o que podemos chamar de publicidade política. O ocorrido gerou um escândalo, e as investigações sobre a possível fraude ainda estão em andamento. Igualmente em razão desse ocorrido, o Facebook, em 2018, viu despencar o preço de suas ações na bolsa de valores dos Estados Unidos, e a Cambridge Analytica (do caso Brexit) encerrou suas operações. Esses casos demonstram o outro lado das redes sociais: ao mesmo tempo que elas são ferramentas que conectam pessoas e ajudam movimentos políticos e sociais a se mobilizarem, elas também são desenhadas para que seus usuários forneçam cada vez mais informações, que, por sua vez, são usadas como meios de persuadi-los.

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Brasil

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Live: transmissão ao vivo feita por meio das redes sociais. As lives podem ser realizadas por qualquer pessoa e para tratar de assuntos diversos.

ANTONIO SCORZA/SHUTTERSTOCK.COM

A intensa polarização política que ganhou força no Brasil a partir de 2013 continua presente, e as eleições presidenciais realizadas em 2018 evidenciaram muito esse contexto. No segundo turno, Jair Bolsonaro, representante do Partido Social Liberal, venceu o adversário Fernando Haddad, representante do Partido dos Trabalhadores, com 55% dos votos. Essa oposição ideológica serviu de munição para a atuação de ambas campanhas eleitorais, sobretudo nas redes sociais. Com somente 8 segundos na propaganda eleitoral transmitida pela televisão, Jair Bolsonaro focou sua campanha nas redes, e sua vitória evidencia que a estratégia gerou o resultado esperado (ouça a análise do professor de filosofia e cientista político Renato Janine Ribeiro sobre o uso da internet como meio de comunicação nas eleições brasileiras de 2018 — antes dos resultados do segundo turno). Nessas eleições, a intensificação do uso das redes sociais nas campanhas oficiais foi algo que marcou todo o processo. A comunicação on-line disseminou de forma massiva muitas informações falsas em plataformas como Facebook, Instagram, WhatsApp etc. Os boatos espalhados, geralmente pautados em dicotomias simplistas como “o bem contra o mal”, geraram medo, tensão e repulsa. É importante destacar que os eleitores tiveram grande papel nessa ampla rede de informações falsas divulgadas no período das eleições. Além disso, telefones de usuários foram coletados no Facebook e utilizados no WhatsApp para que mensagens fossem disparadas em massa (prática que, como vimos anteriormente, é ilegal). Como uma das principais diferenças na campanha de Bolsonaro em relação a outros candidatos, podemos mencionar a ausência em debates televisivos e a presença em lives promovidas por sua equipe nas redes sociais. Após ser eleito, os perfis oficiais de Bolsonaro nas redes sociais continuam sendo um dos principais canais de conexão entre ele e seus apoiadores.

as eleições realizadas no Brasil em 2018, as redes sociais foram utilizadas de diversas formas tanto por candidatos quanto por N eleitores. Juiz de Fora (MG), 2018.

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Pratique 13. Assista ao vídeo sobre a manipulação de dados das redes sociais e responda aos itens que seguem. a) Com base no vídeo, explique brevemente como ocorre a manipulação de dados nas redes sociais.

http://ftd.li/5anbrq

Comprando robôs, ou seja, perfis falsos, para curtir ou comentar postagens. Dessa forma, algoritmos reconhecem uma atividade alta sobre um tema e o classificam como popular nas redes.

b) Aponte um dos principais problemas trazidos por essa manipulação. Ao controlar a popularidade de certos assuntos, é possível influenciar a opinião das pessoas e, assim, manipular disputas políticas, por exemplo.

c) Com o uso de robôs, também é possível fazer contracampanhas na internet. Como elas funcionam? Quando uma contracampanha é lançada sobre um assunto em alta, robôs popularizam outros assuntos, fazendo com que as

hashtags em alta anteriormente percam popularidade e não sejam mais vistas e compartilhadas por muitas pessoas.

14. A campanha a favor do Brexit utilizou novas estratégias políticas digitais. Quais foram elas? E como elas alteraram a política mundial? O uso ilegal de dados de usuários de redes sociais e a disseminação de fake news, as quais revelaram a sistematização da pós-verdade como estratégia política, amplamente usada na atualidade.

15. Que inovações fizeram parte da campanha presidencial de Barack Obama nas eleições de 2008? E qual o impacto delas na política posterior ao seu mandato? A campanha de Obama utilizou intensamente as redes sociais para se conectar com a população estadunidense, produzindo e divulgando conteúdos em diferentes plataformas. Essa estratégia foi um marco na utilização das redes sociais em campanhas políticas, tornando-se imprescindível para uma campanha bem-sucedida. Por meio delas, os candidatos conseguem compartilhar opiniões diversas sobre diferentes assuntos e criar um canal de diálogo para "ouvir" a população, criando uma conexão com o público, o que resulta na aproximação entre eleitorado e políticos.

16. Assista ao vídeo Como a Cambridge Analytica analisou a personalidade de milhões de usuários no Facebook, produzido pela BBC Brasil, e responda às perguntas. a) Que ação foi promovida pela equipe de Donald Trump durante a campanha das eleições de 2016 nos Estados Unidos após a obtenção de informações de usuários do Facebook?

http://ftd.li/xzfg9y

Houve a publicação diária de milhares de anúncios no Facebook, direcionados aos diferentes perfis dos usuários. Esses anúncios personalizados tinham o intuito de difundir a plataforma política de Trump, levando em conta a personalidade dos usuários.

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b) Por que não é possível provar que ações como as adotadas na campanha de Trump podem levar um candidato a vencer as eleições? Porque não é possível rastrear, retrospectivamente, em quais candidatos as pessoas que receberam anúncios votaram.

17. (UFMS-RS) O pleito eleitoral para a presidência do Brasil de 2018 foi marcado pela polarização entre partidos de direita e esquerda, fato que em raros momentos da história democrática brasileira foi verificado. Os acontecimentos dessa campanha política foram marcados por situações novas e que acarretam mudanças na sociedade do presente. Assinale a alternativa que caracterizou as últimas eleições presidenciais do Brasil e que demonstra uma transformação da sociedade. a) A retomada dos grandes comícios públicos com os candidatos e a mobilização de multidões para a divulgação das campanhas de governo, aos moldes de governos populistas. b) A transmissão de longos debates entre candidatos, via rádio e internet, como forma viável para o eleitor decidir seu voto, além de exercitar a democracia e apresentar as propostas dos candidatos concorrentes. c) A utilização da internet como plataforma de divulgação de ideias no formato mais inovador de mídias, sendo que as redes sociais tiveram importante e decisivo destaque na exposição de ideias e defesas contra as chamadas fake news. d) As associações entre os grandes partidos de esquerda e os grandes partidos de direita, que formaram blocos políticos nunca antes vistos e que dividiram o Brasil entre as ideias que se posicionaram antagonicamente. e) A interferência de grandes grupos econômicos internacionais que, com a polarização política, encontraram ambiente favorável à disseminação de ideias e conceitos de governança já testados em países em desenvolvimento, como Índia e África do Sul.

As eleições brasileiras de 2018 foram marcadas pela intensa polarização política que ganhou força desde as manifestações de 2013 e pela utilização da internet como meio de divulgação de ideias de partidos e políticos e de aproximação do eleitorado. Nesse contexto, a divulgação de informações falsas ganhou força, mas o espaço das redes sociais também foi utilizado para desmenti-las.

Privacidade hackeada O documentário Privacidade hackeada apresenta as polêmicas da empresa de consultoria Cambridge Analytica sob a perspectiva do professor de design de mídia David Caroll, que leva seu caso à corte inglesa, já que a lei estadunidense não protege suas informações digitais. Veja o trailer.

TCD/PROD.DB/ ALAMY/ FOTOARENA

Privacidade hackeada. Direção: Karim Amer e Jehane Noujaim. EUA: The Othrs e Netflix, 2019 (114 min).

http://ftd.li/7ct4ss

1. Assistam ao filme juntos e, em seguida, debatam sobre as ações da Cambridge Analytica. 2. Após o debate, escrevam uma crítica de cinema sobre o documentário. Capa do documentário Privacidade hackeada.

Questione os estudantes se há ética envolvida nos casos destacados pelo documentário, como o uso de dados pessoais para influenciar eleições e se eles concordam ou não que esse uso de dados é considerado uma arma. Faça-os refletir sobre seus próprios dados on-line, que são usados para influenciá-los, mesmo não

sendo considerados como adultos pelo governo. Outra possibilidade de análise é pensar na quantidade de dados que as redes sociais possuem deles em comparação com os da população mais velha, já que eles nasceram em um mundo completamente digitalizado. Ciências Humanas e Sociais Aplicadas | FTD

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Aulas 26 a 29

REDES SOCIAIS, ÉTICA E POLÍTICA A questão é que os casos dos Estados Unidos e do Brasil não são a exceção. Segundo o relatório “Desafiando a verdade e a confiança: um inventário global da manipulação organizada nas mídias sociais” (Challenging Truth and Trust: A Global Inventory of Organized Social Media Manipulation, em inglês), desenvolvido em 2019 pelo Instituto de Internet da Universidade de Oxford, na Inglaterra, essa estratégia de manipulação usando dados das redes sociais está presente em 70 países. Em 2018, a pesquisa levantou que 48 países já usavam esse serviço desde 2010. Isso é possível por meio das chamadas tropas cibernéticas, ou cibertropas, contratadas para coletar dados, direcionar propagandas, divulgar informações falsas, propagar discursos de ódio e dar popularidade a certos temas. Segundo o relatório, as campanhas de desinformação ocorrem, como vimos, principalmente durante períodos de eleições ou de crise política. Mundo: densidade de tropas cibernéticas (2017) 0º

Círculo Polar Ártico

OCEANO PACÍFICO

Densidade de tropas cibernéticas* 1 2 3 4 5

Fonte: BRADSHAW, Samanta. HOWARD, Philip N. Troops, trolls and troublemakers: a global inventory of organized social media manipulation. Computacional Propaganda Research Project, University of Oxford, 2017. p. 22.

http://ftd.li/ryh9ua

OCEANO ÍNDICO

0

2 655

RENATO BASSANI

Trópico de Capricórnio

Meridiano de Greenwich

Equador

OCEANO PACÍFICO

OCEANO ATLÂNTICO

Trópico de Câncer

*Esse valor tem como base a variedade de formas organizacionais (governo, partidos políticos, sociedade civil, cidadãos individuais ou empresas terceirizadas) que dispõem de tropas cibernéticas por país. Quanto maior a densidade de cibertropas, maior a quantidade dos tipos de organização que as utilizam.

Na prática, essas tropas utilizam perfis falsos nas redes, administrados por pessoas reais ou robôs, e que podem ser divididos de acordo com suas funções: há os perfis que encabeçam o conteúdo, há aqueles que amplificam o que foi idealizado e há ainda os perfis que reproduzem em massa os assuntos, o que gera a sensação de que a maioria das pessoas possui o mesmo posicionamento sobre uma determinada questão. O objetivo de seus serviços está em categorizar usuários de acordo com seu nível de suscetibilidade (para entender melhor como você colabora com dados, assista ao vídeo) e agir de acordo com sua pessoalidade, não necessariamente para convencer de uma notícia falsa, mas para fazer você se colocar em dúvida em relação a certos tópicos. O jornalista Adrien Chen escreveu em uma de suas matérias para a revista estadunidense The New Yorker que essa estratégia, de gerar apreensão e paranoia, visa destruir o uso democrático da internet e de suas plataformas, enquanto os grupos que contratam esses serviços são beneficiados.

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Preso em nome da lei!? Mas, e aí? Quer dizer que as redes podem servir aos interesses de determinados grupos por meio de ações ilícitas e sem transparência, e tudo bem? Não é bem assim, pois cada país tem sua legislação em relação ao assunto e suas formas de fiscalização. Mas essas regras estão sempre mudando. Nos Estados Unidos, desde o atentado de 11 de setembro, o país tem revisto suas leis de privacidade digital, sob a justificativa de combate ao terrorismo. E essas questões têm se intensificado; por exemplo, ainda no início de 2020 Trump ameaçou banir a rede TikTok, de origem chinesa, dos EUA, alegando questões de soberania (o que potencialmente alerta que os Estados Unidos podem estar fazendo o mesmo com suas redes sociais). Outro detalhe: a proibição dessas redes sociais na China não é vista pelos EUA sob uma ótica de proteção à soberania do país, mas sim como censura pura. Já em meados de 2020, durante a pandemia de covid-19, o Twitter sinalizou que as publicações de Donald Trump continham informações falsas. Com isso, Trump assinou um decreto que altera partes da Lei de Decência na Comunicação dos Estados Unidos. Em termos de regulamentação das redes sociais, o decreto revisará a lei atual que impede que as plataformas sejam responsabilizadas por conteúdos postados por seus usuários, colocando como prioridade a liberdade de expressão dos indivíduos, algo que, sob o olhar de Trump, não está garantido nas redes sociais, uma vez que elas têm o poder de excluir comentários e bloquear usuários, por exemplo. Veja a notícia: Trump assina decreto que reduz proteção de redes sociais. No Brasil, a intensa utilização da internet com o intuito de manipular a opinião pública durante as eleições de 2018 levou à criação da chamada Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News, em 2019. Formada por deputados e senadores, a CPMI tem como objetivo investigar as ações de grupos que produziram e divulgaram notícias falsas, atacaram virtualmente usuários e agentes públicos vulneráveis, aliciaram menores para fins diversos na internet, entre outros crimes. Um dos principais focos da CPMI é a campanha de Jair Bolsonaro à época das eleições. Inicialmente, a Comissão deveria encerrar suas atividades em 13 de abril de 2020, mas foi prorrogada por prazo indeterminado. Em agosto de 2020, as leis de proteção de dados virtuais no Brasil foram alteradas. Veja como funciona a nova estrutura no link da página Politize!.

http://ftd.li/2j2vkg

http://ftd.li/hycp79

Pratique 18. Pondere sobre o posicionamento do jornalista Adrien Chen sobre como a estratégia política envolvendo tropas cibernéticas impacta nossas vidas. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes ponderem sobre o uso político envolvendo tropas cibernéticas e como isso impacta suas vidas, analisando que tipo de notícias e outros materiais estão mais ou menos presentes em suas redes sociais e como reagem aos conteúdos que chegam até eles.

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19. Vimos que cada país possui suas próprias leis em relação à proteção de dados virtuais, embora a internet seja uma rede internacional. Julgue se é válido que os países se unam e elaborem um único conjunto de leis para esta questão. Resposta pessoal. Os estudantes podem alegar que uma única lei de proteção de dados internacional pode ser algo positivo, já que todas as pessoas estariam protegidas da mesma maneira, ou que uma única legislação sobre o tema exclui especificidades sociais, políticas e culturais que mereçam ser levadas em conta na construção das leis.

20. Acesse novamente o link da página anterior com a matéria da Politize! sobre as mudanças na legislação referente à proteção de dados e reflita sobre elas. Em seguida, escreva seu posicionamento a respeito das mudanças. Resposta pessoal. Os estudantes deverão comparar a antiga e a nova legislação sobre proteção de dados e julgar se as mudanças foram positivas ou negativas. Oriente os estudantes a pensar em um roteiro básico para que a estrutura do podcast tenha começo, meio e fim. Os grupos devem pensar se haverá blocos específicos no podcast, elencar os principais pontos que os participantes vão abordar e selecionar um mediador, principalmente se houver pessoas com posicionamentos opostos.

Rodas de conversa O programa Canal Livre, que compõe o quadro jornalístico da Band, debateu em um de seus programas “A política na era das redes sociais”. Veja o resumo dos principais pontos discutidos neste episódio. 1. Em conjunto, assistam ao vídeo e sistematizem as principais palavras-chaves ditas no debate.

http://ftd.li/ftpkbg

2. Dividam-se em grupos e elaborem um podcast. Inspirem-se nas reflexões do vídeo e atentem-se às palavras-chaves levantadas anteriormente para enriquecer a conversa. Em seu programa, busquem ponderar sobre a seguinte questão: O que há de bom e de ruim nas redes sociais? http://ftd.li/u5kucs

OS DEBATES NAS REDES

Aulas 30 a 33

Até agora, exploramos como as redes sociais podem ser usadas como instrumentos de mobilização política e também como meio de espalhar desinformação e até de manipular pessoas. Afinal, as redes sociais proporcionam espaços de criação e obtenção de informação que contribuem para a formação de uma inteligência coletiva, fortalecendo a cidadania? Ou elas abrem espaços para mais desinformação? Na verdade, elas são as duas coisas! Mas ainda há outra problemática importante a ser pensada sobre o uso das redes sociais. Ao funcionarem como espaços nos quais as pessoas podem se expressar livremente (desde que sigam os termos de serviço da plataforma), além de possibilitarem, como vimos, a disseminação de opiniões eticamente inadequadas, esses locais virtuais de exposição de ideias e opiniões tão polarizadas estão se tornando também um espaço de julgamento rápido, rígido e constante. A prática de julgar os outros é acompanhada de sentença: a cultura do cancelamento (assista ao vídeo que explora o assunto). Você conhece essa prática? Ela consiste, basicamente, em expor nas redes opiniões de outras pessoas ou grupos diferentes das nossas, em tom de denúncia, para que essas pessoas ou grupos sejam “cancelados”, ou seja, boicotados. 54

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Essa cultura tem feito muitos se questionarem sobre suas postagens, além de ter levantado e construído debates importantes para a sociedade, o que é positivo (veja o que o rapper brasileiro Emicida falou sobre essa prática). Mas a concepção de que, se cometermos um erro em uma publicação, podemos ser cancelados também tem feito as pessoas carregarem o medo de se expressar e de falhar. E falhar é uma característica humana, não é mesmo? Sob a perspectiva da cultura do cancelamento, você acredita que as redes sociais têm se distanciado de seu âmbito democrático? Você acha que essa prática tem sido mais usada para endurecer o debate público ou que ela tem proporcionado mais discussões enriquecedoras e aprendizados? Leia como a revista Piauí refletiu sobre esse tema. A seguir, vamos conhecer exemplos de pessoas públicas que foram “canceladas” nos últimos tempos em decorrência de determinadas opiniões ou atitudes.

http://ftd.li/2mfqsx

Caso de cancelamento Mas não pense que o cancelamento acontece só com gente famosa... Qualquer pessoa pode ser cancelada nas redes sociais. Acompanhe a reportagem da BBC que mostra o caso do cancelamento de Emmanuel Cafferty, que até perdeu seu trabalho por conta de um pré-julgamento feito on-line.

Anitta,

FOTOS: CHRISTIAN BERTRAND/SHUTTERSTOCK.COM; S_BUKLEY/SHUTTERSTOCK.COM; FEATUREFLASH PHOTO AGENCY/SHUTTERSTOCK.COM; ALOISIO MAURICIO/ FOTOARENA; ZANONE FRAISSAT/FOLHAPRESS; FÁBIO GUINALZ/ FOTOARENA; CAIO ROCHA/ FOTOARENA

http://ftd.li/y9s5d3

Drake,

cantora brasileira.

cantor canadense.

Drauzio Varella,

J. K. Rowling,

médico brasileiro.

escritora britânica.

http://ftd.li/jcthob

Paola Carosella,

Marcelo Tas, ALAN CARVALHO

apresentador, ator e escritor brasileiro.

chefe de cozinha, argentina.

Lilia Schwarcz, historiadora brasileira.

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Pratique 21. (Enem/MEC) Na sociologia e na literatura, o brasileiro foi por vezes tratado como cordial e hospitaleiro, mas não é isso o que acontece nas redes sociais: a democracia racial apregoada por Gilberto Freyre passa ao largo do que acontece diariamente nas comunidades virtuais do país. Levantamento inédito realizado pelo projeto Comunica que Muda […] mostra em números a intolerância do internauta tupiniquim. Entre abril e junho, um algoritmo vasculhou plataformas […] atrás de mensagens e textos sobre temas sensíveis, como racismo, posicionamento político e homofobia. Foram identificadas 393 284 menções, sendo 84% delas com abordagem negativa, de exposição do preconceito e da discriminação. Disponível em: https://oglobo.globo.com. Acesso em: 6 dez. 2017 (adaptado).

Ao abordar a postura do internauta brasileiro mapeada por meio de uma pesquisa em plataformas virtuais, o texto a) minimiza o alcance da comunicação digital. b) refuta ideias preconcebidas sobre o brasileiro. c) relativiza responsabilidades sobre a noção de respeito. d) exemplifica conceitos contidos na literatura e na sociologia.

A imagem de cordial e hospitaleiro do brasileiro, construída em diferentes campos, pode ser contestada ao analisarmos suas ações nas redes sociais. A propagação de discursos preconceituosos e discriminadores nas plataformas evidencia que essa perspectiva deva ser repensada.

e) expõe a ineficácia dos estudos para alterar tal comportamento. 22. Como o texto da atividade anterior se articula com a cultura do cancelamento? A cultura do cancelamento é a sentença virtual baseada no julgamento rápido de alguma postagem ou ação de alguém. É uma atitude diretamente relacionada à postura agressiva que os brasileiros possuem on-line, conforme o texto aponta.

23. Como você avalia a cultura do cancelamento? Explique considerando o que você julga serem seus pontos negativos e positivos. Resposta pessoal. É interessante que os estudantes percebam que, ao mesmo tempo que a cultura do cancelamento pode ser utilizada para a construção de debates necessários sobre temas diversos, ela pode ser interpretada como um comportamento repressor, que provoca receio nas pessoas.

Estudo de caso Como vimos, as pessoas podem ser canceladas por diferentes motivos e porque, muitas vezes, são mal julgadas. Faremos um estudo de caso apresentado como um julgamento em tribunal! 1. Em conjunto, selecionem um caso polêmico de cancelamento nas redes sociais. 2. Em seguida, determinem os papeis que cada um interpretará no tribunal: promotor, juiz, réu, testemunha, júri etc. 3. Pesquisem e fortaleçam os argumentos que sustentarão sua defesa. 4. Façam a simulação de um tribunal que cancelará ou absolverá a pessoa (ou grupo) julgada.

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Por meio do estudo de caso, os estudantes compreenderão de forma prática que o ato do cancelamento normalmente é resultado de um julgamento muito superficial das pessoas. Ao pesquisar e criar argumentos para justificar os dois lados de um cancelamento, os estudantes entenderão de modo palpável a complexidade que envolve a deliberação de um sentenciamento.

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Aula 34

No século XXI, as redes sociais vêm ganhando força como instrumento de articulação e fortalecimento de grupos na promoção de atividades políticas diversas.

As redes sociais unem pessoas com os mesmos interesses, sejam pessoais, profissionais, sociais ou políticos.

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A cultura do cancelamento, por exemplo, é um meio que as pessoas encontraram nas redes sociais para promover debates baseados em posicionamentos políticos ou sociais, provocando, muitas vezes, o boicote à pessoa ou à marca que se manifestou.

AS POSSIBILIDADES DE USO DAS REDES SOCIAIS APRESENTAM UM CONFLITO CONSTANTE ENTRE LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PROMOÇÃO DA DESINFORMAÇÃO.

As redes sociais também são usadas nas campanhas eleitorais em todo o mundo. Elas têm sido meios de comunicação estratégicos para campanhas vitoriosas.

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Outro grande exemplo desse uso é a organização e divulgação de manifestações populares. Por meio das redes sociais, pautas são levantadas e protestos convocados.

Exemplos: eleições estadunidenses (2016) e eleições brasileiras (2018).

STUDIOSTOKS/SHUTTERSTOCK.COM

Nesse contexto, os dados das redes sociais transformaram-se em “armas” capazes de manipular informações (e opiniões) e divulgar notícias falsas por meio de cibertropas, que contribuem para a formação de discursos políticos cada vez mais polarizados.

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GRANDEDUC/SHUTTERSTOCK.COM

Síntese

Eventos marcantes: Occupy Wall Street (EUA), Jornadas de Junho e manifestações em 2015 (Brasil), Primavera Árabe (África e Oriente Médio), 15-M (Espanha) e manifestações em Hong Kong.

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b) Resposta pessoal. É importante que os estudantes consigam avaliar os aspectos positivos e negativos dos meios de comunicação tradicionais. Por um lado, eles divulgam diversas informações importantes para o debate público, como tomadas de decisão pública, eventos locais e globais, catástrofes etc., e contam com uma estrutura profissional para a obtenção desse tipo de informação, que deve ser valorizada. Por outro, por se tratar de uma grande indústria hierarquizada, eles também têm o poder de selecionar certas informações em detrimento de outras, segundo interesses particulares. c) Resposta pessoal. Peça aos estudantes que investiguem de onde vêm as informações que eles consomem, principalmente as oriundas de compartilhamentos em redes sociais.

CAPítulo 3

Qualidade da informação

Aula 1 O objetivo da atividade é que eles encontrem quem são os autores daquelas informações e de onde elas vêm.

Ao visitar uma banca de jornal, nos deparamos com uma grande quantidade de publicações, como jornais e revistas de notícias, moda, culinária, dieta, fofoca de famosos e divulgação científica. Até algumas décadas atrás, essas eram as principais fontes de informação para o cidadão comum, ao lado do rádio e da televisão. Recentemente, contudo, esse cenário mudou. Com o avanço das tecnologias de comunicação e informação (TICs), temos à nossa disposição diversos serviços que aumentaram ainda mais a quantidade de possíveis fontes de notícias. Mas será que todas essas fontes, sejam impressas ou digitais, promovem algum tipo de conteúdo verdadeiramente informativo para as pessoas? Para responder a essa pergunta, precisamos primeiramente definir o que é informação. Em relação à comunicação, a informação pode ser vista como o conteúdo de uma mensagem ou como aquilo que é conhecido pela observação direta ou indireta. Do ponto de vista do conhecimento, para que uma mensagem recebida seja de fato informativa, ela precisa provocar um acréscimo de conhecimento na pessoa ou no grupo de pessoas que a recebe. Como o conhecimento deve ser sempre algo verdadeiro e justificado, é necessário que a informação se relacione de alguma maneira com a verdade. a) O que você entende como verdade?

c) Quais são as fontes de informação mais utilizadas por você, sua família e seus amigos? Você acredita que esses meios fornecem informações de qualidade?

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a) Resposta pessoal. A verdade pode ter diversos significados. O propósito dessa pergunta é que o estudante se questione sobre o conceito, procurando defini-lo com suas próprias palavras. Procure priorizar definições de verdade que levem em conta seu aspecto de construção histórica e coletiva, ou seja, um terreno em comum em que as pessoas conseguem estabelecer comunicações efetivas, promovendo um conhecimento sobre a realidade e o entendimento entre si.

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MIGUEL MEDINA / AFP

b) Você acredita que os meios de comunicação tradicionais transmitem informações de qualidade, isto é, que procuram se relacionar com a verdade e promover o aumento do conhecimento público?

R evistas em uma banca de jornal em Milão (Itália), 2020.

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A abertura do capítulo tem como objetivo suscitar nos estudantes uma reflexão sobre a quantidade e a qualidade da informação produzida na atualidade e também sobre o conceito de informação. Pode ser enriquecedor, neste momento, questioná-los sobre suas concepções de informação, pedindo que exponham ideias sobre os critérios que configuram uma informação como de qualidade ou não. Habilidades dos Itinerários Formativos trabalhadas neste capítulo: EMIFCG01; EMIFCG02; EMIFCG03; EMIFCG04; EMIFCG05; EMIFCG06; EMIFCG07; EMIFCG08; EMIFCG09; EMIFCG10; EMIFCG11; EMIFCG12; EMIFCHSA01; EMIFCHSA02; EMIFCHSA03; EMIFCHSA04; EMIFCHSA05; EMIFCHSA06; EMIFCHSA07; EMIFCHSA08; EMIFCHSA09; EMIFCHSA10; EMIFCHSA11; EMIFCHSA12. O texto na íntegra das habilidades encontra-se no Manual do Professor.

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PROJETO Ao longo de todo o volume, você desenvolverá um manual de sobrevivência on-line. Neste capítulo, serão trabalhadas maneiras de conhecer, reconhecer e combater a desinformação que é propagada com alta velocidade e alcance pela internet. Isso auxiliará você a elaborar as seções no seu manual relacionadas à qualidade da informação digital. No final do capítulo, são apresentadas mais informações sobre esta etapa do projeto.

Pedro – Ofício tipógrafo O episódio da websérie Ofícios de Jacareí, indicado no link abaixo, mostra o trabalho de Pedro, um dos poucos tipógrafos que restam no município e até mesmo no país. A websérie tem como objetivo, além de homenagear mestres locais, preservar a memória de trabalhos e técnicas que estão desaparecendo.

Aulas 2 a 8

PRIMEIRAS IMPRESSÕES Até o século XV, as publicações impressas eram produzidas de maneira artesanal. Naquela época, já existiam ao redor do mundo técnicas de gravar textos em papel com base em matrizes de pedra, metal ou madeira, mas faltava ainda a ampla difusão de uma tecnologia que permitisse a produção de cópias com rapidez. Atribui-se a criação dessa tecnologia ao alemão Johannes Gutenberg, que, em torno de 1450, desenvolveu a prensa de tipos móveis. Se antes o acesso a material impresso era restrito a monges e universidades, com a prensa o cidadão comum começava a ter os mais diversos conteúdos a seu dispor.

Os panfletos Uma das formas de divulgação de informação que se popularizou ao longo dos séculos XV e XVI foram os panfletos. Por serem curtos e simples, esses materiais tinham um alto potencial de divulgação local e contribuíram para a proliferação do debate público.

https://ftd.li/8cvqei

• Você conhece algum ofício em seu município que está deixando de existir? Explique do que se trata e o porquê de estar desaparecendo. Se não conhecer nenhum, faça uma pesquisa.

Panfleto em alemão produzido por volta de 1550 por meio da tecnologia de tipos móveis. Com a finalidade de combater o consumo de álcool, as bebidas alcoólicas são retratadas como obra de demônios.

LEBRECHT HISTORY / BRIDGEMAN IMAGES / FOTOARENA

Resposta pessoal. Pode ser difícil para os estudantes pensar em profissões que estão deixando de existir, portanto é importante auxiliá-los e, se possível, trazer outros exemplos além do ofício de tipógrafo. A própria websérie Ofícios de Jacareí traz outros exemplos, como relojoeiro, sapateiro, consertador de rádio, alfaiate, entre outros.

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Os jornais

O crescimento das companhias de jornais na cidade de Nova York (Estados Unidos) no final do século XIX gerou uma corrida por demonstração de poder, e cada jornal tentava construir um prédio mais alto e imponente que o outro. A fotografia mostra o Newspaper Row, conjunto de prédios que abrigavam os jornais The New York World (à esquerda), The New-York Tribune (ao centro) e The New York Times (à direita), cerca de 1889.

FREDERIC LEWIS/GETTY IMAGES

Com a ampla difusão da imprensa nos séculos XVII e XVIII, estabeleceu-se uma grande indústria da mídia impressa no mundo. A partir de então, foram surgindo diversos jornais, grupos de publicação de livros e até mesmo imprensas oficiais de Estados. No Brasil, a imprensa teve seu início em 1808 com a chegada da família real portuguesa. Nesse ano, foi fundada a Imprensa Régia, atual Imprensa Nacional, órgão responsável pela publicação de informações oficiais do governo. Na segunda metade do século XIX, os jornais começaram a tomar a forma que conhecemos hoje. Surgiram as manchetes (títulos chamativos escritos com letras grandes), as imagens passaram a ser usadas com mais frequência e as matérias começaram a ser separadas em seções como “esporte” e “humor”. Além disso, muitos jornais antes independentes começaram a fazer parte de grandes conglomerados de mídia impressa, que passaram a dominar grande parte do mercado. Mas, para além dos novos monopólios na produção e divulgação de informação, continuaram existindo publicações alternativas e independentes. Os jornais operários foram um desses tipos de publicação. Tendo em vista a divulgação de reivindicações trabalhistas e melhores condições de vida, operários de todo o mundo, unidos em associações e sindicatos, desenvolveram suas próprias publicações. Uma das grandes preocupações que tinham era o combate ao discurso hegemônico das grandes mídias.

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Os panfletos e sua história Vamos conhecer um pouco mais a história dos panfletos? Em grupos, realizem uma pesquisa e preparem uma pequena apresentação sobre os seguintes tópicos: 1. Ao longo dos séculos XV, XVI e XVII, quem eram os maiores responsáveis pela publicação de pané possível atribuir a cada grupo apenas um tópico ou pedir a todos os grupos que tentem responfletos na Europa? Aqui der a todas as questões colocadas. O período de pesquisa pode ser de aproximadamente uma semana, 2. Que tipo de informação era disseminada por essas publicações? e é interessante acompanhar os estudan3. O que eram as chamadas “guerras panfletárias”?

tes durante o preparo da apresentação, dando dicas de como torná-la mais eficiente e direta.

4. Quais foram as grandes mudanças sociais dessa época causadas pela publicação de panfletos?

5. Na época, era possível determinar se as informações publicadas em panfletos eram verdadeiras apresentação deve ter em torno de 5 a 10 minutos. Algumas sugestões de sites para consulta são: <http:// ou falsas? Cada ftd.li/zd3kxg>, <http://ftd.li/2sa9sv> e <http://ftd.li/uzkbyk>.

Em cada grupo, organizem-se de maneira a dividir as tarefas (pesquisa, preparação da apresentação, execução), aplicando estratégias de planejamento para que todos os integrantes participem ativamente.

Imprensa Negra Paulista – Periódicos de 1903 a 1963 No contexto do pós-abolição, homens e mulheres negros se organizaram coletivamente de variadas formas, no combate à discriminação racial e em busca de maiores chances de ascensão econômica e social. Naquele período, intensificou-se a produção de jornais e revistas por parte desse grupo, que no seu conjunto ficaram conhecidos como a Imprensa Negra Paulista.

http://ftd.li/ej9qoj

USP – Imprensa Negra Paulista. Universidade de São Paulo, 2020. Disponível em: <http://biton.uspnet.usp.br/imprensanegra/>. Acesso em: 18 set. 2020.

Acesse o site ao lado e explore os periódicos independentes da chamada Imprensa Negra Paulista. • O que esses periódicos têm em comum? Que tipos de informação eram veiculados neles? Os periódicos da Imprensa Negra Paulista foram desenvolvidos em uma mesma época por membros de uma mesma categoria social — pessoas negras de São Paulo. A informação presente neles está relacionada à identificação do povo negro com pautas emancipatórias e à liberdade de expressão de uma parcela da população que não tinha (e não tem até hoje) uma série de direitos reconhecidos pelo Estado.

Pratique

Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes indiquem que as notícias eram compartilhadas principalmente por via oral (em conversas individuais ou em pronunciamentos públicos), cartas e documentos escritos à mão. Isso tornava a transmissão de informações lenta e limitada.

1. Como as pessoas tinham acesso à informação antes da popularização da prensa de tipos móveis? Promova um debate com seus colegas e, com base em seus conhecimentos históricos e em pesquisas, discutam sobre as principais maneiras de difusão de notícias até o século XV. 2. Avalie três formas de transmissão de informação — ­ oral, cartas escritas à mão e texto impresso. Qual forma de transmissão de informações você acredita ser a mais confiável? Resposta pessoal. Os estudantes devem reconhecer que todas as formas têm aspectos confiáveis e aspectos não confiáveis. A comunicação oral é de extrema importância para manter tradições e conhecimentos que são transmitidos de geração em geração, mas deve ser questionada, por exemplo, quando utilizada como tentativa de persuasão por estranhos. As cartas escritas à mão também são instrumentos importantes de comunicação, tendo já sido usadas como instrumento de denúncia; por outro lado, elas muitas vezes exprimem o ponto de vista de apenas uma pessoa, que pode ser equivocado. O texto impresso tem a vantagem de alcançar um número grande de pessoas, que podem questioná-lo e expor suas inconsistências; por outro lado, seu formato profissional pode atribuir a ele uma falsa sensação de verdade absoluta.

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3. Em sua opinião, qual forma de transmissão é mais usual para cada uma das atividades a seguir? • Divulgar uma descoberta científica.

• Receber notícias da família.

• Expor suspeitas de um crime.

• Contar segredos.

• Comunicar uma visita.

• Denunciar um criminoso.

• Espalhar rumores sobre um oponente político. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes percebam que os meios de informação servem a mais de um propósito. Em geral, a comunicação oral causa bastante impacto, mas é mais volátil em relação à memória; as cartas escritas à mão podem servir tanto como comunicação pessoal quanto como divulgação de informações relevantes; e a mídia impressa pretende atingir um número maior de pessoas e registrar informações para um futuro acesso.

4. Leia o texto a seguir sobre o surgimento e crescimento da imprensa operária no Brasil e responda às questões. A grande imprensa tratava como “desordeiros e bandidos” a esses líderes, engajados na causa operária. Alguns deles foram presos, espancados, assassinados ou expulsos do país. Devido ao rápido crescimento industrial, no começo do século XX, São Paulo era o centro das atividades operárias. Era lá que vivia a maior parte dos imigrantes operários, sendo seguido pelo Rio de ­Janeiro. Dentro em breve, porém, os imigrantes espalhavam-se por quase todo o país, e com eles as atividades pela conquista das transformações sociais em profundidade. [...] A preocupação com a imprensa e com a alfabetização dos operários inseria-se em um contexto bem mais amplo, e está de acordo com o ideário anarquista internacional, o de que o sindicato deveria ser uma escola para os trabalhadores, em vista de prepará-los para exercer o papel que lhes cabe na sociedade industrial. Em vista da maior eficácia possível de sua comunicação com os trabalhadores, os militantes pesquisaram e criaram uma linguagem visual inovadora, inventaram símbolos (logotipos) que distinguissem cada profissão e cada sindicato, centros de estudos sociais e teatros, chegando até a recorrer à linguagem das cores. PREFEITURA da Cidade do Rio de Janeiro. Breve história da imprensa sindical no Brasil. Rio de Janeiro: Secretaria Especial de Comunicação Social, 2005. p. 19-22. Disponível em: <http://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/4204433/4101406/estudos14.pdf>. Acesso em: 13 set. 2020.

a) No começo do século XX, o que diferenciava a grande imprensa e a imprensa operária? A grande imprensa era dominada pela elite econômica, enquanto a imprensa operária pertencia a associações de trabalhadores. Assim, a grande imprensa tinha uma maior circulação, mas defendia os interesses das empresas e dos detentores de poder, enquanto a imprensa operária buscava união das categorias e reivindicação de melhores condições de vida.

b) Em sua opinião, as informações divulgadas na imprensa operária eram verdadeiras? E na grande imprensa?

Resposta pessoal. Espera-se que o estudante seja capaz de avaliar as vantagens e desvantagens de cada tipo de imprensa. A grande imprensa, apesar de servir aos interesses da elite econômica, dispunha de recursos materiais para realizar pesquisas, conferir seus dados e contratar profissionais qualificados do ramo da comunicação. A imprensa operária, por sua vez, apesar dos recursos escassos, mostrava o ponto de vista de pessoas que viviam situações degradantes e que tinham propriedade para falar delas. Sendo assim, é importante promover um debate sobre como cada um desses tipos de imprensa se relaciona com a verdade histórica e coletivamente construída.

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Aulas 9 e 10

A GRANDE MÍDIA

Linotipo: processo rápido de impressão que consiste na composição de tipos de chumbo. Inventada nos EUA em 1884, a técnica permite a formação de uma linha inteira de caracteres tipográficos que são imediatamente fundidos com chumbo em estado líquido.

Na transição do século XIX para o século XX, a evolução da tecnologia intensificou e diversificou ainda mais a produção e a divulgação de informação. Surgiram a fotografia e a linotipo, que possibilitou uma velocidade ainda maior na impressão em larga escala. Nessa mesma época, as redes de telegrama se tornaram amplamente disponíveis e as ondas de rádio começaram a ser empregadas em transmissões de áudio. Nas décadas seguintes, foram popularizados a televisão e o videotape, que na década de 1970 passou a ser utilizado nos telejornais com cada vez mais frequência. Até os primeiros anos do século XXI, esses meios de comunicação reinaram, sobretudo a televisão. Até hoje, ela chega a praticamente todos os brasileiros: segundo o IBGE, em 2018 apenas 3,6% das casas do país não tinham um aparelho de televisão. Mas o funcionamento de uma emissora de TV é uma operação bastante cara. Para colocar um telejornal no ar, é preciso ter um local de gravação, dispor de equipamentos de alta qualidade, profissionais qualificados para operá-los e uma equipe de jornalismo para fazer o levantamento das notícias e conferir as informações. Para ter uma ideia, assista à reportagem Jornalismo 24 horas, do Globo Repórter. Além disso, as emissoras podem ser responsabilizadas pelo conteúdo que divulgam, conforme mostra o vídeo O que é Regulação da Mídia? da TV Uerj. Portanto, elas dependem da profissionalização, o que significa também que seus profissionais precisarão ter uma formação compatível, especializada em comunicação.

https://ftd.li/y74t9w

KARIM JAAFAR / AFP

https://ftd.li/rj5vim

I magem geral da newsroom (sala de redação) do canal Al-Jazeera em língua inglesa no dia de sua inauguração. Doha (Qatar), 2006. 64

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Quem controla a mídia no Brasil? O projeto Media Ownership Monitor (MOM), criado pela organização internacional Repórteres Sem Fronteiras (RSF), é uma ferramenta que permite ao grande público obter informações a respeito dos proprietários da mídia no Brasil e no mundo. 1. Acesse o site do MOM Brasil, indicado ao lado, e procure informações sobre o controle da mídia no país.

http://ftd.li/6bgts2

2. Qual é o resultado do Brasil em relação a indicadores de risco ao pluralismo e à independência da mídia? 3. O que esse resultado significa? 4. Avalie as informações fornecidas pelo site e responda: como você compreende a importância da transparência em relação aos meios de comunicação?

Pratique

1. Resposta pessoal. Se possível, realize essa atividade em sala de aula, orientando os estudantes na navegação pelo site e na exploração do banco de dados. 2. O Brasil apresenta resultado com indicação de alerta vermelho. 3. O resultado significa que o sistema de mídia brasileiro tem alta concentração de audiência e de propriedade, além de falta de transparência, interferências econômicas, políticas e religiosas.

4. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes apontem que a transparência é importante para que a audiência tenha conhecimento sobre os interesses econômicos e políticos por trás dos veículos de comunicação. Além disso, um maior conhecimento dos detentores desses veículos permite o combate ao monopólio e a promoção de uma maior pluralidade e diversidade de informações.

5. (Enem/MEC) bom... o... eu tenho impressão que o rádio provocou uma revolução... no país na medida que:... ahn principalmente o rádio de pilha né? quer dizer o rádio de pilha representou a quebra de um isolamento do homem do campo principalmente quer dizer então o homem do campo que nunca teria condição de ouvir... falar... de outras coisas... de outros lugares... de outras pessoas, entende? através do rádio de pilha... ele pôde se ligar ao resto do mundo saber que existem outros lugares outras pessoas, que existe um governo, que existem atos do governo... de modo que... o rádio, eu acho que tem um papel até... numa certa medida... ele provocou pelo alcance que tem uma revolução até maior do que a televisão... o que significou a quebra do isolamento... entende? de certas pessoas... a gente vê hoje o operário de obra com o rádio de pilha debaixo do braço durante todo o tempo que ele está trabalhando... quer dizer... se esse canal que é o rádio fosse usado da mesma forma como eu mencionei a televisão... num sentido cultural educativo de boas músicas e de... numa linha realmente de crescimento do homem [...] Esses veículos... de telecomunicações se colocassem a serviço da cultura e da educação seria uma beleza, né? CASTILHO, A. T.; PRETTI, D. (Org.). A linguagem falada na cidade de São Paulo: materiais para seu estudo. São Paulo: T. A. Queiroz; Fapesp, 1987.

A palavra comunicação origina-se do latim communicare e significa “tornar comum”, “repartir”. Nessa transcrição de entrevista, reafirma-se esse papel dos meios de comunicação de massa porque o rádio poderia a) oferecer diversão para as massas, possibilitando um melhor ambiente de trabalho. b) atender as demandas de mercado, servindo de instrumento à indústria do consumo. c) difundir uma cultura homogênea, abolindo as marcas identitárias de toda uma coletividade. d) trazer oportunidades de aprimoramento intelectual, permitindo ao homem o acesso a informações e a bens culturais. e) inserir o indivíduo em sua classe social, fornecendo entretenimento de pouco aprofundamento crítico. O entrevistado demonstra, ao final da entrevista, um desejo de que os meios de telecomunicação “se colocassem a serviço da cultura e da educação”, trazendo oportunidades de aprimoramento intelectual por meio do acesso a informações e bens culturais.

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Aulas 11 a 13

PCRUCIATTI/SHUTTERSTOCK.COM

A POPULARIZAÇÃO DA INTERNET E DAS REDES SOCIAIS No começo do século XXI, a internet se tornou a principal fonte de informação e meio de comunicação em praticamente todo o mundo. Desde a popularização do meio, as expectativas quanto ao potencial emancipador da internet sempre foram altas. No cenário mais otimista, ela cumpriria o papel de democratizar a comunicação, levando a milhões de pessoas não apenas a possibilidade de acessar informações, como também mais instrumentos para produzir e disseminar conteúdos. Um passo além da televisão e do rádio, em que a comunicação é unidirecional, tendo apenas um emissor para vários receptores, a internet possibilita a multiplicação dos emissores e uma conexão mais direta com os receptores. Dessa forma, a promessa da internet era que, por meio dela, seria possível ao cidadão comum interagir com as notícias, podendo confrontar publicamente as versões transmitidas pelos grandes veículos de imprensa. Mas não apenas a tecnologia evoluiu tremendamente desde então, como a sociedade, que passou a utilizá-la de maneira massiva, também passou por transformações que se relacionam e se misturam com o desenvolvimento dessas tecnologias. Uma das mais importantes dessas transformações foi o advento e a massificação dos smartphones, que mudaram completamente a forma como as pessoas se relacionam com as fontes de notícias. Há quase uma década, a maioria dos brasileiros obtém notícias por meio da internet, mas uma pesquisa de 2019 indicou que atualmente essas notícias são em grande parte recebidas por meio das redes sociais. Enquanto no Brasil o papel das redes sociais como veículo de notícias cresceu 37% em seis anos, a mídia impressa teve sua presença nesse campo bastante reduzida. Com o crescimento das redes sociais, foi atribuído a cada usuário a função não apenas de consumir informações, mas também de divulgar, comentar e produzir conteúdo. Além disso, os usuários também desempenham o papel de fiscalizar, denunciar e punir comportamentos desviantes nas redes — prática que pode se aplicar até mesmo a políticos, celebridades e acadêmicos. Como as diretrizes éticas e morais do uso da internet ainda são um território em disputa, alguns autores defendem que um mecanismo de autorregulação virtual foi criado — a já mencionada cultura do cancelamento. Junto dela, outro fenômeno que se destaca na contemporaneidade também é mobilizado pelas redes sociais e se propaga na mesma velocidade do cancelamento: a desinformação. Diversos usuários utilizam computadores em uma LAN house em Chengdu (China), 2011.

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EDITORIA DE ARTE

Brasil: fontes de notícias (2013-2019) 100%

90%

87%

75%

73% 64%

50%

50% 47% On-line (incluindo mídias sociais) Televisão Mídia impressa Redes sociais

27%

0%

2013

2014

2015

2016

2017

2018

2019

Fonte: NEWMAN, N. et al. Reuters Institute Digital News Report 2019. Reuters Institute, University of Oxford, 2019. p. 123. Disponível em: <https://reutersinstitute.politics.ox.ac.uk/sites/default/files/2019-06/DNR_2019_FINAL_0.pdf>. Acesso em: 16 set. 2020.

Pratique 6. (Enem/MEC) Com o texto eletrônico, enfim, parece estar ao alcance de nossos olhos e de nossas mãos um sonho muito antigo da humanidade, que se poderia resumir em duas palavras, universalidade e interatividade. As luzes, que pensavam que Gutenberg tinha propiciado aos homens uma promessa universal, cultivavam um modo de utopia. Elas imaginavam poder, a partir das práticas privadas de cada um, construir um espaço de intercâmbio crítico das ideias e opiniões. O sonho de Kant era que cada um fosse ao mesmo tempo leitor e autor, que emitisse juízos sobre as instituições de seu tempo, quaisquer que elas fossem e que, ao mesmo tempo, pudesse refletir sobre o juízo emitido pelos outros. Aquilo que outrora só era permitido pela comunicação manuscrita ou a circulação dos impressos encontra hoje um suporte poderoso com o texto eletrônico. CHARTIER, R. A aventura do livro: do leitor ao navegador. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo; Unesp, 1998.

No trecho apresentado, o sociólogo Roger Chartier caracteriza o texto eletrônico como um poderoso suporte que coloca ao alcance da humanidade o antigo sonho de universalidade e interatividade, uma vez que cada um passa a ser, nesse espaço de interação social, leitor e autor ao mesmo tempo. A universalidade e a interatividade que o texto eletrônico possibilita estão diretamente relacionadas à função social da internet de Se possível, retome com os estudantes a noção de juízo em Kant, o que facilita a compreensão da questão.

a) propiciar o livre e imediato acesso às informações e ao intercâmbio de julgamentos. b) globalizar a rede de informações e democratizar o acesso aos saberes. c) expandir as relações interpessoais e dar visibilidade aos interesses pessoais. d) propiciar entretenimento e acesso a produtos e serviços. e) expandir os canais de publicidade e o espaço mercadológico. Segundo o que é exposto no texto, a internet possibilita a realização do sonho de construir um espaço de intercâmbio crítico das ideias e opiniões ou ainda, segundo o sonho de Kant, “que cada um fosse ao mesmo tempo leitor e autor, que emitisse juízos sobre as instituições de seu tempo [...] e que [...] pudesse refletir sobre o juízo emitido pelos outros”. Ciências Humanas e Sociais Aplicadas | FTD

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Aulas 14 a 16

Monopólios digitais enterram utopias da internet A coluna da Rádio USP apresentada por Gilson Schwartz, professor de Economia do Audiovisual da Escola de Comunicação e Artes da USP, trata da tendência de concentração do capital, poder político e influência cultural nas mãos de poucas empresas de tecnologia e redes sociais. Acesse-a no link a seguir.

A internet mudou definitivamente a maneira como consumimos notícias. Se antes tínhamos à disposição apenas jornais e revistas impressos, a televisão e o rádio, e havia um horário determinado para acompanharmos o noticiário, hoje há portais on-line, canais de streaming, blogs e as próprias redes sociais, que mantêm uma enorme quantidade de informações disponíveis a qualquer hora. Contudo, esse aumento da oferta de informações é acompanhado de diversos problemas. Ao mesmo tempo que ameaça a hegemonia de grandes corporações de comunicação, o mundo digital também deu origem a uma nova elite econômica que detém o controle dos principais sites de busca, plataformas de venda, redes sociais e aplicativos de mensagens. Diferentemente da antiga grande mídia, as empresas por trás das redes sociais não se responsabilizam integralmente pelas informações publicadas e compartilhadas em suas páginas e, de maneira geral, apenas excluem conteúdos criminosos e contrários a seus interesses particulares. Toda a economia das redes sociais é baseada na quantidade de acessos e no tempo que os usuários passam em suas plataformas. Quanto maior o número de usuários e o tempo que gastam on-line, maior é a quantidade de dados coletados (que tem alto valor no mercado) e maior é o ganho com propagandas e com transações financeiras on-line. Assim, do ponto de vista das empresas detentoras das redes sociais, o objetivo de qualquer postagem é atingir o maior número possível de pessoas e engajar ao máximo os usuários. Desse ponto de vista, “viralizar” uma notícia chamativa, mesmo que fabricada, é parte do negócio. O incentivo à circulação de um número cada vez maior de publicações contribui com o chamado fenômeno da desinformação: a proliferação de textos, vídeos e imagens pretensamente informativos que propagam informações falsas ou incompletas e contribuem para um estado de confusão generalizada e perda de referenciais coletivos de conhecimento.

DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO/AE

https://ftd.li/ptjwtx

A DESINFORMAÇÃO

Manifestantes em Brasília (DF) levantam faixa contra a criminalização das fake news em frente ao Supremo Tribunal Federal, 2020. 68

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Boato ou fake? Não é de hoje que existem boatos e notícias falsas, sejam criados intencionalmente ou por equívoco. Todavia, a dinâmica das redes sociais impulsiona a propagação de qualquer conteúdo com potencial de engajamento, dando a notícias infundadas um enorme alcance e uma aparência maior de credibilidade. O que se chama hoje de fake news, portanto, não se refere apenas a uma notícia que não corresponde à realidade. Elas estão diretamente ligadas à cultura digital e a uma falsa sensação de veracidade. Para saber mais sobre o uso do termo fake news, assista ao vídeo da Justiça Eleitoral. Fake news. Pretensas notícias apresentadas em sites que publicam informações deliberadamente falsas, fabricadas ou exageradas até um ponto em que não correspondem mais à realidade; esses sites tentam imitar veículos de comunicação confiáveis, mas as informações fornecidas neles operam um interesse expresso de enganar ou manipular um público-alvo A difusão de notícias falsas é uma grande preocupação para a democracia. São três as características principais a que se deve atentar: são sempre bombásticas; são divulgadas como exclusivas e escondidas do grande público; e corroboram alguma das posições que façam parte de temas muito polarizados. A polarização, sobretudo política, faz o antagonismo entre as pessoas aumentar e a troca de ideias entre aqueles que têm posições diferentes ficar cada vez mais difícil. Isso ocorre porque, de modo geral, acabamos consumindo apenas as notícias que mais nos agradam e que confirmam nossas posições sobre determinado assunto. Assim, surgem sites de “notícias” que se especializam na produção de conteúdos específicos para serem compartilhados por determinados públicos. Esses sites não têm como função informar ou garantir a qualidade das notícias que publicam — eles visam apenas à rentabilidade de sua circulação. As redes sociais têm um papel fundamental nisso, pois dão muito mais destaque a postagens que têm maior potencial de repercussão, estimulando assim o sensacionalismo e a desinformação.

http://ftd.li/u5v6wg

1. Resposta pessoal. É importante que os estudantes realizem as anotações e as utilizem para responder às próximas questões. 2. Os três conceitos essenciais são intimidade — as notícias geralmente chegam por pessoas nas quais confiamos; identificação — quando a notícia agrada a quem recebe, a emoção se sobrepõe à razão, fazendo-a ser mais compartilhada; e anonimato — quase nunca é possível saber a fonte primária da informação. 3. Resposta pessoal. Os estudantes devem ser capazes de avaliar que cada um dos veículos pode fornecer informações falsas e verdadeiras. Portanto, é importante desconfiar de mensagens anônimas, procurar verificar a procedência das informações e avaliar o quanto nossas opiniões e emoções influenciam aquilo que decidimos compartilhar.

Como lidar com notícias falsas no Whatsapp O curso on-line Vaza Falsiane é um projeto de iniciativa de jornalistas e professores universitários que foi encubado pela ONG Repórter Brasil. Ele foi desenvolvido para entender e combater as fake news e a desinformação. 1. Assista ao vídeo no link ao lado, que faz parte do curso Vaza Falsiane, e faça anotações sobre as principais ideias apresentadas. 2. Quais são os três conceitos essenciais para compreender a propagação de fake news nos aplicativos de mensagem? 3. Em sua avaliação, qual veículo fornece informações mais confiáveis: um panfleto ou uma mensagem instantânea em aplicativo?

https://ftd.li/s8rg3q

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Notícias falsas no dia a dia: entrevista ou questionário Uma primeira aproximação com uma maneira científica de verificar o quanto as notícias falsas estão no nosso dia a dia e entre os nossos conhecidos é aplicar uma entrevista ou questionário entre os colegas de escola e familiares. Para isso, siga os passos a seguir. 1. Defina seu público-alvo e estabeleça o que é importante saber sobre a pessoa entrevistada. Algumas sugestões são: sua faixa etária; que redes sociais acessa e quantas vezes ao dia; se ela tem o hábito de ler notícias e que meio utiliza para isso (televisão, redes sociais, sites de jornais, mídia impressa etc.); o que mais consome, notícias que tenham mais a ver com a opinião que já possui ou ­notícias variadas com fontes diversificadas; e se ela costuma verificar as informações que repassa para outros ou se o faz sem pensar muito. 2. Aplique as entrevistas ou questionários ao maior número possível de pessoas que correspondem ao público-alvo. 3. Junte todos os dados de sua coleta e escreva um pequeno relatório expondo sua metodologia, ilustrando os resultados com gráficos, indicando possíveis conclusões e propondo medidas que podem ser tomadas com base nelas. O ideal é que essa atividade seja realizada em grupos, mas ela também pode ser feita individualmente como forma de avaliação. Se necessário, oriente os estudantes sobre maneiras de aplicar entrevistas e questionários de forma a não influenciar as respostas e auxilie-os na análise de dados e na construção de gráficos. Defina de antemão os prazos e o formato dos relatórios, que pode ser um documento, uma apresentação de slides, um site interativo etc.

Pratique 7. Leia o texto Os monopólios da era digital e responda às questões. a) O que são leis antitruste?

https://ftd.li/wbbrfr

Leis antitruste são leis que evitam o monopólio de poucas empresas em determinado ramo.

b) Como você classificaria empresas de tecnologia como o Google e o Facebook: são empresas do ramo de comunicação ou apenas plataformas? Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes embasem sua resposta com argumentos sólidos e bem estruturados.

c) Em sua opinião, as grandes empresas de tecnologia deveriam ser avaliadas como monopólio e submetidas às leis antitruste tradicionais? Que tipos de ação pública você sugeriria em relação a esse problema? Resposta pessoal. O estudante deve apresentar sua opinião com base em argumentos sólidos, utilizando-se tanto dos conhecimentos acumulados de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas quanto dos tópicos abordados até agora neste volume. Se possível, promova um debate em sala de aula após os estudantes responderem a esta questão.

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ALEX ARGOZINO

Aula 17

Infográfico elaborado com base em: BRASIL. Ministério da Saúde. 8 passos para identificar Fake News. Disponível em: <http://www.blog. saude.gov.br/index.php/servicos/53504-8-passos-para-identificar-fake-news>. GOVERNO do Mato Grosso. População pode impedir propagação de fake news nas mídias sociais. Disponível em: <http://www.mt.gov.br/-/10288080-populacao-pode-impedir-propagacao-defake-news-nas-midias-sociais>. GOVERNO do Estado de São Paulo. Como checar informações na internet. Biblioteca Virtual. Disponível em: <http://www.bibliotecavirtual.sp.gov.br/temas/internet-e-tecnologia/como-checar-informacoes-na-internet.php>. Acessos em: 18 set. 2020. Ciências Humanas e Sociais Aplicadas | FTD

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SEMEANDO CONSPIRAÇÕES

http://ftd.li/f69n8z

http://ftd.li/si8wbi

Vimos que as redes sociais têm um enorme poder de propagação de desinformação. O grande alcance de pretensas notícias contribui com a proliferação de teorias da conspiração. Assim como as notícias falsas, as teorias da conspiração sempre existiram como uma pretensa alternativa à narrativa hegemônica propagada pela grande imprensa. Por isso elas são tão populares, como mostra a matéria da BBC Brasil. Algumas narrativas que antes eram consideradas por muitos como teorias conspiratórias já deixaram de ser classificadas como tal ao serem comprovadas como verdadeiras. Em 2013, por exemplo, o analista de sistemas Edward Snowden revelou documentos secretos da Agência Nacional de Segurança dos EUA (NSA) que evidenciavam que a agência praticava espionagem digital em toda a população americana — e de outros países, como o Brasil — utilizando servidores de empresas como Google, Apple e Facebook. Essas revelações podem ser aprofundadas na matéria Denúncias de Snowden revelam amplo monitoramento. Uma particularidade das teorias da conspiração é que elas não aparentam ser totalmente descoladas da realidade. Ao contrário, elas costumam apresentar razões para fenômenos que vivemos, mas não compreendemos inteiramente e cujas explicações de especialistas não são satisfatórias. É nisso que consiste seu poder de persuasão e convencimento. Por exemplo, se já foi comprovado diversas vezes que os Estados cometem atrocidades e ocultam esses atos do grande público, como é possível confiar em campanhas governamentais? Se já vimos evidências de que pessoas de maior poder econômico cometem crimes e não são responsabilizadas pela justiça, o que nos garante que não há ainda mais crimes cometidos por essas pessoas com impunidade e que não são divulgados?

BETTMANN ARCHIVE / GETTY IMAGES

Aulas 18 a 22

chegada do homem à Lua A é um dos grandes alvos de questionamentos e de teorias da conspiração. Na imagem, o traje do astronauta Alan Bean reflete a imagem do astronauta Charles Conrad, ambos tripulantes da missão Apollo 12, na superfície da Lua em 1969.

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PHIL PASQUINI/SHUTTERSTOCK.COM

Esses questionamentos têm um importante fundo crítico, mas as teorias da conspiração buscam canalizar esse potencial emancipatório para uma forma esvaziada de revolta que promove a manutenção das estruturas de poder em vez de contestá-las. Em contextos de crise econômica, esfacelamento de comunidades e aumento cada vez maior da concentração de poder e de riquezas, o nível de descontentamento da população em relação às autoridades — sejam políticas, científicas ou econômicas — ­ aumenta significativamente. Essa situação de desestabilidade é vista por alguns detentores de poder como uma oportunidade para atacar seus adversários. Assim, as teorias da conspiração atuam como ferramentas para semear discursos de ódio, legitimar golpes de estado e promover eleições de líderes contraditórios.

teoria conspiratória chamada Pizzagate veio à tona nos EUA em 2016, ano de eleições A federais, e tinha como alvo o gerente de campanha da candidata democrata à presidência Hillary Clinton. Na imagem, manifestante defende a teoria em frente à Casa Branca, em Washington, D. C. (Estados Unidos), 2020.

They live | Sua ideologia não é sua amiga O vídeo indicado no link abaixo analisa o filme They live, de 1988, mostrando como continua atual no debate sobre convicções e ideologias.

http://ftd.li/fs7ipc

Diante de tudo isso, como é possível diferenciar teorias conspiratórias de discursos legítimos alternativos às narrativas tradicionais? Naturalmente, não há resposta absoluta a essa questão, mas é possível traçar alguns caminhos e estratégias que nos ajudam a prosseguir com segurança em relação à visão de mundo que abraçamos e seus aspectos ideológicos. Algumas sugestões são: • Refletir sobre quem produz os discursos e como eles chegam até você. Por que essa pessoa ou organização resolveu falar sobre isso? Qual é o motivo de ter escolhido esse meio de comunicação? Quais são os impactos políticos, sociais e econômicos desse tipo de discurso? • Questionar em si mesmo quais crenças, conhecimentos e sentimentos prévios você já tem e que contribuem para acreditar ou não em um discurso. É possível que sua situação cultural e social esteja sendo usada contra você. • Sempre buscar outras fontes de informação sobre a História e o funcionamento do mundo. Lembre-se de que até em momentos de maior cerceamento de liberdades houve resistência e defesa da pluralidade. Dessa forma, é importante conhecer o máximo de pontos de vista diferentes sobre os acontecimentos para entendê-los em sua complexidade. • Aprender a lidar com o desconhecido e desconfiar de teorias simplistas que pretendem explicar tudo o que acontece a nosso redor. Teorias da conspiração se aproveitam do sentimento de impotência para sugerir uma falsa explicação para tudo. Elas propõem uma divisão do mundo entre o bem e o mal e muitas vezes utilizam grupos étnicos minoritários como bode expiatório. Ciências Humanas e Sociais Aplicadas | FTD

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1. Segundo Marilena Chaui, a ideologia é um corpus de representações e de normas que fixam e prescrevem de antemão o que se deve e como se deve pensar, agir e sentir. Tem como objetivo impor os interesses particulares da classe dominante e, para isso, produz uma universalidade imaginária. 2. Resposta pessoal. Sugestão de resposta: As teorias da conspiração muitas vezes reproduzem discursos ideológicos. Elas criam um imaginário que se passa como universal, omitindo as verdadeiras relações de poder para propagar os interesses da classe dominante.

O que é ideologia?

Acesse o link ao lado e leia a primeira seção do artigo. Em seguida, ­responda às questões. 1. Como a autora caracteriza a ideologia? 2. Explique com suas palavras qual é a relação entre ideologia e teorias da conspiração. Como é possível combatê-las?

http://ftd.li/62yxhc

3. Após responder às questões individualmente, promova um debate com toda a turma sobre o texto. Cada um deve expor as suas respostas e debater com os outros para chegar a um terreno comum. 3. Resposta pessoal. Procure mediar o debate apenas quando necessário, dando autonomia para que os estudantes se auto-organizem e administrem o debate entre si o máximo possível.

Pratique 8. (UEM-PR) Assinale o que for correto sobre o conceito de ideologia. 01. Expressa a visão social de mundo de um grupo ou classe social que se impõe ou busca a imposição sobre outro. 02. Define as escolhas dos indivíduos e age sobre eles como um corpo sistemático de representações e de normas. 04. Gera processos de identificação e aceitação de comportamentos, condenando as condutas desviantes. 08. Pretende reproduzir a sociedade e a estrutura de classes que nela se estabelece. 16. Mantém independência dos processos cotidianos da vida social, tendo suporte nas relações estabelecidas no mundo do A afirmativa 16 é a única incorreta, pois trabalho. a ideologia é dependente dos processos cotidianos na vida social.

Soma: 15 (01 + 02 + 04 + 08). 9. (Unicentro-PR)

Todos nós participamos de certos grupos de ideias [...]. São espécies de “bolsões” ideológicos, onde há pessoas que dizem coisas em que nós também acreditamos, pelas quais lutamos, que têm opiniões muito parecidas com as nossas. Há alguns autores que dizem que na verdade nós não falamos de fato o que acreditamos dizer, haveria certos mecanismos, certas estruturas que “falariam por nós”. Ou seja, quando damos nossas opiniões, quando participamos de algum acon-

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tecimento, de alguma manifestação, temos muito pouco de nosso aí, reproduzimos conceitos que circulam nesses grupos. Ideologia não é, portanto, um fato individual, não atua de forma consciente na maioria dos casos. Quando pretendemos alguma coisa, quando defendemos uma ideia, um interesse, uma aspiração, uma vontade, um desejo, normalmente não sabemos, não temos consciência de que isso ocorre dentro de um esquema maior, [...] do qual somos representantes — repetimos conceitos e vontades que já existiam anteriormente. (MARCONDES FILHO, Ciro. Ideologia: O que todo cidadão precisa saber sobre. São Paulo, 1985, p. 20).

A partir do texto é possível afirmar que a Ideologia é a) um fato individual, consciente e que se manifesta por vontades particulares. b) um conjunto de atitudes individuais e momentâneas que não interferem na vida social. c) algo que se reproduz fora e sem sofrer influências do grupo social. d) algo que se reproduz solitariamente. e) algo que se reproduz a partir da convivência entre os indivíduos em grupos, que defendem os mesmos interesses e possuem opiniões semelhantes.

A ideologia, conforme indicado no texto, é uma construção coletiva e social, ou seja, não é um fato ou um conjunto de atitudes individuais sem influências do grupo social e que se reproduz solitariamente. Ao contrário, ela se reproduz com base na convivência em grupos com interesses e opiniões comuns.

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Aulas 23 a 25

O FAKE É POP Se é possível identificar notícias falsas, por que as pessoas insistem em divulgá-las e compartilhá-las em suas redes? Segundo um estudo da Universidade de Regina, no Canadá, grande parte das pessoas que acessam notícias falsas estão cientes da falsidade, mas as divulgam mesmo assim porque elas corroboram sua opinião. Outra pesquisa, desta vez do Massachusetts Institute of Tecnhology (MIT), concluiu que as notícias falsas se espalham 70% mais rápido que as demais. De fato, há pessoas que não pensam muito sobre isso antes de encaminhá-las: Quando as notícias falavam especificamente de fatos políticos, não importando se fossem mais à direita ou à esquerda do espectro ideológico, participantes tinham 37,4% de chances de compartilhar histórias que concordavam com seu ponto de vista — mesmo se elas fossem fake news. A probabilidade de compartilhamento caía para 24% no caso de manchetes verdadeiras, mas que discordavam de crenças pessoais. LUISA, Ingrid. Pessoas compartilham fake news de forma consciente, mostra estudo. Superinteressante, 25 nov. 2019. Disponível em: <https://super.abril.com.br/tecnologia/ pessoas-compartilham-fake-news-de-forma-consciente-mostra-estudo/>. Acesso em: 18 set. 2020.

O caso brasileiro parece um pouco mais preocupante do que o que acontece em outros países. De acordo com um estudo realizado em 2018 pelo instituto Ipsos, 62% dos entrevistados no Brasil admitiram ter acreditado em notícias falsas até descobrirem que não eram verdadeiras, muito acima da média mundial de 48%. Além disso, o Brasil está entre os países que mais se preocupam com quais notícias são verdadeiras e quais são falsas na internet.

EDITORIA DE ARTE

Países selecionados: proporção de pessoas preocupadas com quais notícias são verdadeiras e quais são falsas na internet (2019) 100%

75%

85 75

70

67

67

67

50%

62

59

52

51 38

25%

0%

Brasil

Portugal Reino Unido

Chile

EUA

França

Argentina

Coreia do Sul

Itália

Japão

Alemanha

Fonte: NEWMAN, N. et al. Reuters Institute Digital News Report 2019. Reuters Institute, University of Oxford, 2019. p. 21. Disponível em: <https://reutersinstitute.politics.ox.ac.uk/sites/default/files/2019-06/DNR_2019_FINAL_0.pdf>. Acesso em: 16 set. 2020.

A situação do Brasil é bastante ilustrativa em relação às formas pelas quais as notícias falsas se espalham com maior eficácia. Em nosso país, o aplicativo de mensagens WhatsApp é o principal meio de discussão e troca de notícias. Em 2019, estimou-se que 53% dos brasileiros usam o aplicativo como fonte de notícias, muito acima de outros países pesquisados, como os do Reino Unido (9%) e os Estados Unidos (4%). Ciências Humanas e Sociais Aplicadas | FTD

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COMPANHIA DAS LETRAS

A máquina do ódio: notas de uma repórter sobre fake news e violência digital

MELLO, Patrícia Campos. A máquina do ódio: notas de uma repórter sobre fake news e violência digital. São Paulo: Companhia das Letras, 2020.

O livro, escrito pela jornalista Patrícia Campos Mello, discute o uso político de redes sociais para promover campanhas de difamação que funcionam como um novo tipo de censura.

• Profissão: fact-checker Nas últimas décadas, o jornalismo sofreu muitas mudanças. Procurando manter viva a tradição do jornalismo investigativo, que prioriza um longo processo https://ftd.li/wave9n de pesquisa e verificação para a elaboração de matérias e reportagens, surgiu uma nova vertente essencial para a qualidade da informação: o fact-checking. Você sabe como é a atuação dos profissionais cuja função é fazer a apuração dos dados? A primeira agência de fact-checking do Brasil nasceu em 2015 por iniciativa da revista Piauí. A agência Lupa faz uma classificação que não distingue apenas as notícias falsas das verdadeiras, mas usa critérios que passam por “insustentável”, “contraditório” e “exagerado”. Acesse o link acima para conhecer a metodologia da agência.

Pratique 10. No Brasil, cerca de 58% dos usuários do WhatsApp fazem parte de grupos com desconhecidos e 18% participam de grupos sobre notícias e política. Essa porcentagem é bastante alta em comparação com outros países, como os do Reino Unido, onde apenas 12% dos usuários do WhatsApp participam de grupos com desconhecidos e 2% participam de grupos de notícias e política. Em sua avaliação, a participação em grupos de WhatsApp com desconhecidos contribui para a propagação de fake news? Resposta pessoal. O objetivo desta atividade não é que os estudantes forneçam respostas absolutas sobre a questão, mas que reflitam e argumentem com base nos dados fornecidos no enunciado. Além de defender seu ponto de vista, é importante que eles considerem suas vantagens e desvantagens.

11. Estima-se que, nas eleições brasileiras de 2018, quase um milhão de grupos de WhatsApp foram criados para promover candidatos. Como você avalia o impacto desses grupos nas escolhas políticas dos brasileiros? Resposta pessoal. Aqui, novamente, os estudantes devem trazer seus conhecimentos de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas para avaliar diversos aspectos do problema. Se possível, realize um debate coletivo com a turma após responderem individualmente.

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Aulas 26 a 31

Liberdade de expressão e combate à desinformação Diante da proliferação descontrolada de notícias falsas com grande impacto político e social, o combate à desinformação tem mobilizado governos, empresas e a sociedade civil em muitos países. Desde tentativas de autorregulação das chamadas big techs — as grandes corporações de tecnologia que dominam o mercado — até iniciativas populares de combate à desinformação, o debate sobre a necessidade de impor limites aos mecanismos de compartilhamento descontrolado de informações vem crescendo nos últimos anos. Governos de todo o mundo têm tomado diversas formas de ação contra o crescimento da desinformação na internet, como mostra a reportagem do Estado de Minas.

http://ftd.li/i9nnk5

Mundo: ações governamentais contra desinformação on-line (2020) 0º Círculo Polar Ártico

OCEANO ATLÂNTICO

Trópico de Câncer

OCEANO PACÍFICO Lei

OCEANO PACÍFICO

Alfabetização midiática

Equador

Trópico de Capricórnio

0

3 110 km

ALLMAPS

Círculo Polar Antártico

Meridiano de Greenwich

OCEANO ÍNDICO

Projetos de lei Desligamento da internet Policiamento Legislação não aprovada Proposta de emenda constitucional Força tarefa Relatório parlamentar Investigações Ameaças governamentais Sem dados

Fonte: A guide to anti-misinformation actions around the world. Poynter. Disponível em: <https://www.poynter.org/ifcn/anti-misinformation-actions/>. Acesso em: 17 set. 2020.

No Brasil, até 2018 haviam sido criados mais de 20 projetos de lei no Congresso com o objetivo de criminalizar as fake news. Para saber mais sobre esses projetos, veja a reportagem da Agência Pública. Além disso, foi criada uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para apurar ataques cibernéticos que atentam contra a democracia, e também foi instaurado um inquérito no Supremo Tribunal Federal. A regulação das redes sociais e dos serviços de mensagens é polêmica e gera preocupação em especialistas e defensores da liberdade de expressão e da privacidade individual. Segundo Mariana Valente, professora de Direito e diretora do InternetLab, o projeto de lei sobre fake news discutido no Congresso em 2020 prevê medidas que exigirão coleta maciça de dados dos cidadãos e que podem, no limite, levar a perseguição política, criminalização de movimentos sociais e violação de sigilo de fontes jornalísticas. Os textos em discussão também preveem que as pessoas precisarão apresentar um documento de identidade para abrir uma conta em rede celular, o que, de acordo com Valente, não existe em nenhum outro lugar do mundo. Para ela, o que deveria ser proposto é a verificação de comportamentos, e não de conteúdos, o que significa coibir o disparo em massa de mensagens em aplicativos de mensagens instantâneas e regular o uso de bots, rotulando-os.

http://ftd.li/mw4mzq

Bots: programas de computador desenvolvidos para realizar uma série de funções pré-programadas, muitas vezes simulando comportamentos humanos para cometer fraudes.

Ciências Humanas e Sociais Aplicadas | FTD

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Senado aprova projeto de combate a notícias falsas; texto vai à Câmara A matéria do Senado Notí­cias no link abaixo apresenta a aprovação, em 2020, do projeto de lei que cria a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet.

https://ftd.li/zm42ky

Ao se regular pelo conteúdo, entramos em uma arena difícil, determinar o que é desinformação e o que não é, o que seria um conteúdo autêntico ou inautêntico. É muito fácil quando pensamos em um número — Mariana nasceu em 1980. Está errado, nasceu em 1986. Mas há muitas informações que ficam numa zona cinzenta e há um risco muito alto de se estabelecer um conceito que acabe permitindo a censura de conteúdos legítimos. Há coisas que não são verificáveis, o que não significa que sejam mentira. Quando você tem alguém julgando o que é conteúdo desinformativo, você está dando um poder para alguém julgar a veracidade das coisas. Além disso, a regulamentação de conteúdo aumenta a possibilidade de manipulação política. MELLO, Patrícia Campos. Projeto de lei das fake news pode levar a perseguição política, diz pesquisadora. Folha de S. Paulo, 22 jul. 2020. Disponível em: <https://www1.folha. uol.com.br/poder/2020/06/projeto-de-lei-das-fake-news-pode-levar-a-perseguicaopolitica-diz-pesquisadora.shtml>. Acesso em: 18 set. 2020.

Você conhece alguma iniciativa popular de combate às fake news? Ouça o episódio de podcast indicado no link ao lado sobre o Sleeping Giants Brasil, um movimento mobilizado pelo Twitter que tem como finalidade pressionar empresas contra o financiamento de sites que propagam discursos de ódio e desinformação. Nesta atividade, você deve propor e testar uma nova estratégia popular de combate à desinformação. Para isso, siga os passos a seguir. 1. Delimite o alcance da sua estratégia. Ela será restrita a pessoas próximas ou pretende ter um alcance amplo?

https://ftd.li/owsum6

2. Defina seu alvo. Qual forma ou meio de desinformação será seu foco? 3. Trace sua estratégia. Quais recursos serão necessários e como você colocará em prática seu plano? 4. Teste! Aplique sua estratégia e avalie os resultados. Caso necessário, faça alterações e aprimore sua estratégia. Este boxe trabalha o desenvolvimento da habilidade EMIFCHSA09.

Pratique

Esta atividade foi pensada para ser trabalhada em grupos de três ou quatro estudantes. É importante acompanhar de perto o trabalho dos grupos, orientando-os em relação às fontes de informação que utilizam e quanto à viabilidade das estratégias sugeridas. Se achar conveniente, sugira aos estudantes que consultem os resultados do questionário realizado no segundo boxe Investigação, “Notícias falsas no dia a dia: entrevista ou questionário”.

12. A CPMI das fake news foi criada em 2019 com a finalidade de investigar os ataques cibernéticos que atentam contra a democracia e o debate público, a utilização de perfis falsos para influenciar os resultados das eleições de 2018, entre outros fenômenos relacionados a crimes virtuais. Acesse o site da CPMI – Fake News no Senado ao lado e analise as informações com base em pesquisas e em seu conhecimento de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.

http://ftd.li/3u2s49

13. O que é uma CPMI? Qual é sua finalidade? Uma CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) é uma comissão mista e temporária criada por requerimento de pelo menos um terço dos membros do Congresso Nacional. Ela tem como finalidade investigar determinado fato com poderes próprios das autoridades judiciais.

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14. Como você avalia a importância da CPMI das fake news para o cenário eleitoral brasileiro? Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes indiquem o papel da CPMI no combate à desinformação ao promover uma investigação sobre diversos grupos responsáveis pela criação e divulgação de fake news na campanha eleitoral de 2018. Para mais informações, acesse os seguintes links: <https://ftd.li/st33zg>, <https://ftd.li/mvy6pp> e <http://ftd.li/akukxv>.

15. (Enem/MEC) PALAVRAS TÊM PODER Palavras informam, libertam, destroem preconceitos. Palavras desinformam, aprisionam e criam preconceitos. Liberdade de expressão. A escolha é sua. A responsabilidade, também. A liberdade de expressão é uma conquista inquestionável. O que todos precisam saber é que liberdade traz responsabilidades. Publicar informações e mensagens sensacionalistas, explorar imagens mórbidas, desrespeitar os Direitos Humanos e estimular o preconceito e a violência são atos de desrespeito à lei. Para promover a liberdade de expressão com responsabilidade, o Ministério Público de Pernambuco se une a vários parceiros nesta ação educativa. Colabore. Caso veja alguma mensagem que desrespeite os seus direitos, denuncie. 0800 281 9455 - Ministério Público de Pernambuco Disponível em: http://palavrastempoder.org. Acesso em: 20 abr. 2015.

Pela análise do conteúdo, constata-se que essa campanha publicitária tem como função social a) propagar a imagem positiva do Ministério Público. b) conscientizar a população que direitos implicam deveres. c) coibir violações de direitos humanos nos meios de comunicação. d) divulgar políticas sociais que combatem a intolerância e o preconceito. e) instruir as pessoas sobre a forma correta de expressão nas redes sociais. Ao afirmar que “liberdade traz responsabilidades”, a campanha publicitária pretende conscientizar a população sobre as consequências do uso da liberdade de expressão para a violação de direitos, mostrando que direitos (no caso a liberdade de expressão) implicam deveres (o uso responsável e respeitoso dos meios de comunicação). Ciências Humanas e Sociais Aplicadas | FTD

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16. (Enem/MEC) TEXTO I A ação democrática consiste em todos tomarem parte do processo decisório sobre aquilo que terá consequência na vida de toda coletividade. GALLO, S. etal. Ética e Cidadania. Caminhos da Filosofia. Campinas: Papirus, 1997 (adaptado).

TEXTO II É necessário que haja liberdade de expressão, fiscalização sobre órgãos governamentais e acesso por parte da população às informações trazidas a público pela imprensa. Disponível em: http://www.observatoriodaimprensa.com.br. Acesso em: 24 abr. 2010.

Partindo da perspectiva de democracia apresentada no Texto I, os meios de comunicação, de acordo com o Texto II, assumem um papel relevante na sociedade por a) orientarem os cidadãos na compra dos bens necessários à sua sobrevivência e bem-estar. b) fornecerem informações que fomentam o debate político na esfera pública. c) apresentarem aos cidadãos a versão oficial dos fatos. d) propiciarem o entretenimento, aspecto relevante para conscientização política. e) promoverem a unidade cultural, por meio das transmissões esportivas. Os textos indicam que os meios de comunicação devem promover o acesso do público a informações que dizem respeito à coletividade, ou seja, devem fornecer informações sobre a esfera pública que fomentem o debate político. Aulas 32 e 33

PROJETO Agora é hora de colocar em prática tudo o que você aprendeu durante este capítulo! Para isso, você deve elaborar instruções sobre como combater a desinformação e preservar sua integridade física, emocional e psicológica nas redes sociais. Você pode recorrer a todos os materiais produzidos ao longo do capítulo e organizá-los em uma exposição clara e precisa. Esse projeto tem como objetivo mobilizar seus conhecimentos e recursos de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, formulando propostas concretas para o combate à desinformação no âmbito pessoal. É importante que esta seção do seu manual tenha respostas às seguintes questões:

1. O que são e como surgiram as notícias falsas e a desinformação? 2. Como se proteger de farsas e de conteúdos voltados ao oportunismo propagandístico? 3. O que são teorias da conspiração e como não ser usado por elas? 4. Quais são as principais medidas de combate à desinformação no Brasil e no mundo? 5. Quais são os limites entre o controle da internet e a liberdade de expressão? Lembre-se de que podem ser utilizados não apenas textos, mas também gráficos, tabelas e ilustrações para que o material seja o mais claro possível a todos os públicos. Mãos à obra!

Esta seção é uma continuidade do trabalho desenvolvido nos capítulos anteriores. Caso já tenham sido estabelecidos grupos para a realização do projeto, mantenha-os aqui. Auxilie os estudantes na pesquisa e na elaboração da seção, orientando-os em relação a dúvidas de conteúdo e de procedimento. O produto final deste projeto é importante, mas o processo de produzi-lo, articulando os conteúdos com o projeto de vida de cada estudante, é o foco principal da atividade.

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Aula 34

NOS

Síntese

YRE V Y/ SH U T TE RST O CK M .CO

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Os interesses econômicos por trás das plataformas digitais dão origem à chamada desinformação.

3

A desinformação é a proliferação de conteúdos pretensamente informativos que propagam informações falsas ou incompletas.

As fake news fazem parte de sites que publicam notícias falsas como se fossem verdadeiras, utilizando redes sociais para dirigir tráfego on-line.

OLEKSANDR LYSENKO/SHUTTERSTOCK.COM

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As teorias da conspiração são utilizadas por detentores de poder para atacar seus adversários e promover a manutenção das estruturas de poder em vez de contestá-las.

Com a popularização da internet e das redes sociais, o papel da mídia impressa como fonte de informação caiu.

DESINFORMAÇÃO As redes sociais atualmente são a maior fonte de notícias entre os brasileiros. Nessas redes, cada usuário tem função de consumidor, divulgador e produtor de conteúdo.

Dois fenômenos estão relacionados à dinâmica das redes sociais: a cultura do cancelamento e a desinformação.

A N D R E W S T R I P E S / SH U

T TE

RST

OC

K.C

OM

Nos últimos anos, diversas iniciativas ao redor do mundo foram criadas para combater a desinformação.

No Brasil, foram criados diversos projetos de lei, uma CPMI e um inquérito no STF contra as fake news.

A criação de leis para regular a internet e as redes sociais preocupa especialistas pelo risco de restringir a liberdade de expressão dos cidadãos.

Outras iniciativas populares também foram criadas para combater a desinformação, como o Sleeping Giants Brasil.

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Habilidades dos Itinerários Formativos trabalhadas neste capítulo: EMIFCG01; EMIFCG02; EMIFCG03; EMIFCG06; EMIFCG07; EMIFCG08; EMIFCG10; EMIFCHSA03; EMIFCHSA06; EMIFCHSA07; EMIFCHSA08. O texto na íntegra das habilidades encontra-se no Manual do Professor.

CAPítulo 4

Dados pessoais e internet Aula 1

Pense em um enorme campo de terra com diversas bandeiras que representam lugares, comidas e objetos. Agora, imagine que um amigo entrou ali e caminhou até seu lugar e comida favoritos, além de escolher um objeto que desejava. Quando seu amigo deixar o campo, você será capaz de identificar cada uma das escolhas que ele fez? Bastaria olhar as pegadas. A internet funciona assim. Cada vez que você a utiliza, deixa centenas de milhares de pegadas por esse grande “campo virtual”. Cada busca, login, fotos postadas, curtidas, hashtags… Até o horário que você mais utiliza suas redes sociais é uma pegada. Tudo isso pode ser organizado para que supercomputadores que processam essas informações sejam capazes de traçar o detalhado caminho que, pegada por pegada, leva ao seu lugar preferido ou comida mais desejada. Talvez essa não seja uma informação nova para você ou possa não parecer algo preocupante. Afinal, qual é o problema de o Google e seus computadores saberem que você gosta de sorvete de flocos? Por que vamos nos preocupar com as informações que deixamos na internet se somos apenas uma minúscula parte dela? Já se perguntou por que as empresas recolhem tantos dados? O que fazem com eles? Como essa coleta de dados pode influenciar o sabor do sorvete que você vai escolher amanhã? Isso mesmo! Os nossos dados podem influenciar na nossa decisão na sorveteria amanhã. Siga o fio desse capítulo e vamos entender como isso acontece. a) Você sabe que aplicativos ou redes sociais recolhem seus dados? Que dados são esses? b) Você consegue identificar duas situações em que esses aplicativos ou redes fizeram sugestões baseadas nesses dados? Como foi sua interação com essas sugestões? 82

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b) Resposta pessoal. Os estudantes podem comentar sobre sugestões de amigos para serem adicionados, conteúdos como vídeos, músicas e produtos, situações em que reencontraram um amigo nas redes sem ter procurado por ele, em que compraram algo ou descobriram uma banda nova. Estimule-os a debater sobre essas sugestões e interações realizadas, refletindo também sobre sua pegada digital e a utilização de seus dados por parte das empresas de tecnologia.

WATTANA RACHA/SHUTTERSTOCK.COM

TRIFO

N EN K OIVA N

/SHUT

T ER S T

OCK .C OM

a) Resposta pessoal. Incentive os estudantes a identificar situações em que fornecem seus dados, como quando se cadastram em um site e fornecem dados pessoais como telefone, e-mail, endereço e nome completo, quando publicam fotos em redes sociais, comentam nas postagens de amigos, adicionam amigos ou interagem com postagens de conhecidos e desconhecidos etc.

A expressão “pegada digital” surgiu para definir o significado de todos os rastros que deixamos na internet: são como pegadas que permitem identificar nossos gostos, hábitos e preferências.

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PROJETO Neste capítulo, você conhecerá diversas formas como seus dados pessoais são utilizados pelas empresas quando você navega na internet ou nas redes sociais e discutirá algumas maneiras de se proteger, o que ajudará na elaboração do manual de segurança on-line ao final do volume.

ESTÁ DADO?

As pegadas que deixamos pela internet estão registradas nos sites, aplicativos, em nossos backups, em toda parte. Essas pegadas geram dados e, por isso, são parte de uma discussão muito ampla presente nas redes sociais, na economia e na política. Com frequência ouvimos falar em coleta, venda e proteção de dados, mas… O que são dados exatamente? O dado é a unidade mínima da informação. Em geral, é um conjunto de dados que nos permite chegar ao conhecimento de algo. Eles podem ser organizados de diferentes maneiras e gerar formas distintas de informação. Podemos dizer que um dado é um elemento objetivo. Já a forma como organizamos e interpretamos um conjunto de dados é influenciada por valores sociais predeterminados. A análise dos dados que “entregamos” na internet gera informações rentáveis. Ou seja: deixamos por aí muitas pegadas que, juntas, geram informação. Se você pesquisa um tênis de corrida, provavelmente a análise desses dados indicará que você pode estar interessado em esportes. Essa informação, combinada com uma foto da entrada da sua academia, pode sugerir que você também se interessaria por roupas de ginástica. E aí a “mágica” acontece! Aparece um monte anúncios de bermudas de lycra no seu navegador, não é?

HANOHIKI/SHUTTERSTOCK.COM

P edestres em rua de Hong Kong, 2019. Quantos smartphones você identifica na foto? Dá para imaginar quantos dados estão sendo coletados?

Aulas 2 e 3

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1. A comparação está relacionada ao fato de que dados pessoais coletados pelas empresas de tecnologia podem ser muito lucrativos, assim como o petróleo. Além do papel econômico, os dois produtos se destacam na geopolítica global, com capacidade de interferir em governos e decisões políticas. 2. Os dados são digitais e não existem na natureza, são gerados pela atividade dos indivíduos na As empresas têm descoberto a rentabilidade das informações que cedemos nas internet, seja por meio do oferecimento voluntário atividades mais básicas na internet. Os locais que você frequenta, as postagens que dos usuários ou da colevocê curte, até mesmo aquele banner no meio de uma notícia que prendeu sua ta irregular por parte das empresas de tecnologia. atenção e o impediu de continuar rolando a página. Hoje, todas essas informações Já o petróleo é um óleo são coletadas e geram o que chamamos de Big Data. Trata-se de uma quantida- de origem natural e sua extração envolve a interde tão grande de dados que só pode ser processada por softwares de análise de venção direta das pessoas a natureza. dados. Imagine uma planilha eletrônica com milhões de linhas e colunas. Você não sobre 3. Podem ser apontadas consegue organizar isso sozinho, não é? Mas supercomputadores conseguem! situações como rastreio dados para personaSmall Data, ao contrário, são os “pequenos dados”. Trata-se de dados especí- de lizar anúncios, otimizar ficos, com recortes mais limitados e que geram uma quantidade muito menor de a venda de produtos de outras empresas, gerar informações. Por exemplo, em uma campanha de marketing, uma empresa pode novos aplicativos e propreferir usar dados qualitativos de pessoas que efetivamente usam o seu serviço e dutos etc. 4. Resposta pessoal. Esnão uma infinidade de dados coletados de pessoas aleatórias. timule os estudantes a Da propaganda ao atendimento médico, praticamente tudo atualmente é pautado discutir diferentes estratégias que poderiam ser na chamada “cultura de dados”. Os dados acumulados e processados nos permitem adotadas por empresas e público para a cosaber o que funciona melhor e permitem que empresas entreguem serviços e pro- poder leta, a proteção e o uso dutos personalizados aos seus clientes e, com isso, vendam com mais facilidade. dos dados pessoais coletados pelas empresas de tecnologia.

Big Data e Small Data

O novo petróleo?

Esta atividade colabora para o desenvolvimento da habilidade EMIFCG02 dos Itinerários Formativos.

O texto a seguir chama atenção para os aspectos econômicos do uso de dados pessoais na internet. Leia e responda às questões. Todos os dias, milhões de pessoas se informam, se relacionam e compram na internet. Hoje dados pessoais são tratados como uma verdadeira mercadoria. Tanto que a revista The Economist afirmou que os dados são “o novo petróleo” do século 21, pelo seu valor e influência na economia digital. Os serviços fornecidos de modo aparentemente gratuito, na verdade são pagos com a troca por um bem altamente valorizado: dados sobre o consumidor. CUNHA, Carolina. Proteção de dados – a questão da privacidade dos cidadãos na internet. UOL. Disponível em: <https://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/atualidades/protecao-de-dados-a-questao-da-privacidade-doscidadaos-na-internet.htm>. Acesso em: 29 set. 2020.

1. O artigo afirma que os dados pessoais são o “novo petróleo”. Explique essa comparação. Se necessário, pesquise mais informações sobre o papel do petróleo na economia atual. 2. Discuta as diferenças em relação à constituição e produção dessas mercadorias (petróleo e dados pessoais). 3. Identifique algumas maneiras utilizadas pelas empresas para lucrar com a coleta dos dados pessoais.

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ALEX SILVA

4. Em sua opinião, como deveria ser regulamentada a coleta de dados pessoais resultante de nossa navegação na internet?

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1. Resposta pessoal. Estimule a discussão sobre as tecnologias apresentadas no filme como previsões para um futuro distante, chamando a atenção para as que são parecidas às que utilizamos atualmente, como a máquina que responde a todas as perguntas e que os estudantes podem identificar com tecnologias atuais. 2. Resposta pessoal. Os estudantes podem comentar sobre o conflito de criar uma Aulas 4 a 7 máquina que pode amar — sentimento até então exclusiVocê já deve ter visto a frase “recomendado para você” em posts sugeridos vo dos seres humanos — e a possibilidade de a mãe amar nas redes sociais, não é? Você também provavelmente já culpou — ou ouviu o filho-máquina tanto quanto ou mais do que ama seu filho alguém culpar — os “algoritmos” por isso. Mas o que são os algoritmos? humano.

RECOMENDADO PARA VOCÊ

AMBLIN ENTERTAINMENT/STANLEY KUBRICK PRODUCTIONS

AI nos anos 2000

Cartaz do filme AI – Inteligência Artificial, de 2001.

AI – Inteligência Artificial é um filme de ficção científica de Steven Spielberg, de 2001. Ambientado nos anos 2140, um casal vive o drama de ver seu único filho, Martin, entrar em coma e ficar em estado vegetativo. Com a intenção de ocupar o espaço deixado por Martin, o casal adota David, um robô com sentimentos humanos. 1. Assista ao filme de Spielberg e discuta com os colegas os aspectos imaginados do que seria inteligência artificial no início do século XXI, quando o filme foi lançado. 2. Em seguida, debatam sobre as questões éticas envolvendo o uso da inteligência artificial no filme, trazendo-as para o contexto atual.

Os algoritmos são conjuntos de instruções e procedimentos para chegar a uma solução. Se, por exemplo, você perguntar a alguém na rua como chegar até o metrô, as indicações que receber são, estrito senso, um algoritmo. Seria como uma receita? Quando pensamos no campo da ciência da computação, as instruções precisam ser legíveis para o computador, ou seja, precisam ser escritas em linguagem de programação. Essas instruções são desenvolvidas com base em centenas de milhões de dados recolhidos diariamente na internet. O primeiro passo é identificar um problema a ser resolvido, ou seja, fazer uma pergunta. Um aplicativo que indica trajetos, por exemplo, pergunta como chegar mais rápido a determinado local. Para resolver esse problema, o algoritmo cruza dados dos mapas da área com dados sobre o trânsito e calcula o percurso que levará menos tempo. Essas perguntas estão se tornando cada vez mais complexas. Os algoritmos podem selecionar, por exemplo, candidatos para vagas de emprego sem que seus currículos sequer passem por triagem humana ou responder se determinada pessoa pode ou não receber um empréstimo bancário. Isso quer dizer que estamos mais sujeitos ao poder dos algoritmos do que imaginamos.

Inteligência Artificial O termo Inteligência Artificial (IA) foi cunhado na década de 1950 e se refere a tecnologias que permitem a máquinas ou softwares reproduzir a lógica de raciocínio humana, como a capacidade de antever, planejar e decidir; mecanizando dessa forma o pensamento humano. Os algoritmos são uma forma de desenvolver inteligência artificial, pois orientam uma máquina a resolver um problema com eficiência. Desde a década de 1990, tem havido uma grande expectativa sobre o desenvolvimento da inteligência artificial, inclusive com a criação de cenários amedrontadores de um futuro em que humanos seriam dominados por máquinas. Mas a IA está mais presente nas nossas vidas do que imaginamos, otimizando tarefas básicas do dia a dia. Quando, por exemplo, serviços de streaming como o Spotify sugerem uma lista de música baseada em nossas preferências, está fazendo uso da inteligência artificial fundamentada em algoritmos. O mesmo acontece quando o Gmail sugere respostas rápidas para um e-mail ou quando o Facebook sugere marcar um amigo que aparece em uma foto. Essas aplicações de IA só funcionam graças ao Big Data, à enorme quantidade de dados que a máquina é capaz de acumular e processar.

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Pratique 1. Faça uma lista das atividades da sua rotina otimizadas pelo uso dos algoritmos, explicando o porquê. Resposta pessoal. Estimule os estudantes a identificar, em suas atividades rotineiras, momentos em que os algoritmos estão presentes de uma forma positiva.

2. Em 1997, a vitória de uma máquina contra um humano tornou-se emblemática. Não era qualquer máquina, nem qualquer humano. Leia o artigo que conta um pouco do duelo entre o campeão de xadrez Garry Kasparov e o supercomputador Deep Blue.

STAN HONDA / AFP

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K asparov, então campeão mundial de xadrez, foi derrotado por uma máquina, em 1997.

a) Com base nas informações da disputa entre Kasparov e Deep Blue, reflita sobre os elementos que permitiram a derrota do homem para o supercomputador. A capacidade e a velocidade de cálculo alcançados pelo supercomputador Deep Blue são inalcançáveis para um ser humano. Além disso, os seres humanos apresentam uma variação psicológica que se contrasta com a precisão do supercomputador.

b) Em sua opinião, essa foi uma disputa justa? Discuta com os colegas e o professor. Resposta pessoal. Estimule os estudantes a refletir sobre os pontos positivos e negativos da disputa realizada entre um jogador excepcional de xadrez e um supercomputador com um sistema construído especialmente para esse tipo de jogo e que, por sua vez, também foi programado por seres humanos.

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A COLETA DOS DADOS Aulas 8 a 11

Como vimos, os serviços gratuitos da internet não são exatamente gratuitos. Até pouco tempo, muita gente acreditava que as empresas lucravam vendendo essas informações para outras empresas que vendem produtos ou fazem publicidade. Hoje essa ideia não faz mais sentido. O grande X da questão é compreender o que de fato é feito com esses dados, como eles são utilizados pelos algoritmos e quais as consequências disso. Essa não é uma questão simples, porque cada software tem seus próprios procedimentos e lógicas. Por isso, antes de tudo vamos tentar entender como esses dados são coletados para, em seguida, analisarmos para que eles servem.

Cara, cadê meus dados?

NADIA SNOPEK/SHUTTERSTOCK.COM

Nossa pegada digital fornece dados sobre nossas preferências e escolhas, as quais contribuem para a criação e o aperfeiçoamento de algoritmos.

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Durante a navegação na internet, ao utilizar o computador, o celular ou o tablet, você recebe dezenas de pedidos de instalação de microprogramas conhecidos como cookies. Os cookies coletam informações sobre nossas atividades na internet como IP, MAC ou IMEI (o número de registro do nosso dispositivo), o tempo que gastamos, o horário em que acessamos e como utilizamos cada site. Eles também mapeiam se abrimos vários sites ao mesmo tempo e quais são eles, a rotina que temos de ir de uma página para a outra, quais endereços usamos com frequência e em quais botões costumamos clicar ao utilizar essas páginas. Você já deve ter visto alertas de cookies em alguns sites. A legislação brasileira atual exige que haja avisos em diversos casos, para que o usuário saiba que as informações dele estão sendo recolhidas. É por causa dos cookies, por exemplo, que uma pessoa visita uma loja on-line, pesquisa um modelo de geladeira e minutos depois encontra um anúncio da mesma geladeira em outro site com um aviso do tipo “Compre agora e ganhe a garantia estendida”. O que aconteceu é que a loja que registrou a visita também financia a publicidade em outros sites e usa esse registro para direcionar mais propagandas de acordo com o interesse da pessoa. Esse direcionamento planejado especificamente para cada cliente é uma revolução na publicidade. A incrível capacidade que desenvolvemos para coletar dados permite que as propagandas sejam cada vez mais precisas e cirúrgicas. As empresas nos fornecem seus aplicativos em troca dos dados das nossas atividades on-line, informações pessoais, localização, preferências, número do cartão de crédito e muito mais. s dados de navegação e o histórico de uso são cookies bem comuns. Uma O maneira de resguardar a própria privacidade é limpá-los com frequência. EMOJI NESTA PÁGINA: CHAIM DEVINE/SHUTTERSTOCK.COM

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Tudo é um dado

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Os cookies não são a única forma de coleta de dados. O Facebook, por exemplo, desenvolveu dezenas de maneiras de recolher dados. Uma maneira simples de saber quem são os melhores amigos de um usuário é analisar as fotos postadas, certo? Mas isso era pouco, e o Facebook criou a curtida. Ora, a tendência é que o usuário interaja cada vez mais com as pessoas que são mais próximas dele. Mas seria possível fazer ainda mais? Sim! Foi aí que surgiu a marcação nas fotos. Assim, mesmo as fotos que uma pessoa não posta ou não viu os amigos postarem podem ser relacionadas a ela. No início, essa marcação era manual. Era preciso que cada pessoa fosse lá e marcasse a outra. Hoje em dia, a inteligência artificial já reconhece e sugere automaticamente a marcação de quem aparece na foto. Dependendo da configuração de privacidade do usuário, ele pode até ser marcado sem a necessidade de autorização manual. O mesmo vale para outras empresas que estão diariamente criando serviços que possam gerar mais dados a respeito dos nossos hábitos. É uma corrida por nossa atenção, afinal, quanto mais interagimos no aplicativo, mais informações valiosas fornecemos às empresas. A Amazon, por exemplo, inventou o Kindle, o leitor de livros digitais. Lá, ela pode saber o que lemos, quando e de que maneira: qual é a nossa frequência de leitura, que tipo de livro lemos mais rápido ou mais devagar, que palavras buscamos no dicionário. A empresa também vende livros digitais e impressos por preços muito abaixo do mercado, porque fatura Venda de aparelhos Kindle em loja de Nova Iorque muito com os dados de navegação. O objetivo é que cada (Estados Unidos), 2018. A Amazon dispõe de uma compra se desdobre em muitas outras, por isso a empresa grande estrutura de comércio digital e de logística, configurando-se como uma das maiores empresas é bastante reconhecida por sua capacidade de saber exadesse ramo no mundo. tamente o que cada usuário deseja comprar. As possibilidades para as empresas são ainda mais amplas se instalamos seus aplicativos nos celulares. Você já reparou quando um aplicativo pede acesso a sua câmera e ele AT EV S.B nem serve para algo relacionado a fotografias? Vários deles podem ativar remotamente nossa câmera ou microfone, acessar nossas fotos, mensagens e assim continuar mapeando detalhadamente nosso perfil. / SH

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Sorria, você está sendo filmado

Nossos dados são coletados por softwares durante a navegação na internet, mas não é só isso. Hoje, qualquer mediação nas relações humanas feitas por uma máquina gera dados. Uma Smart TV gera dados sobre os hábitos de seu usuário. As redes de Dados de localização são aluguel de bicicletas por aplicativo mapeiam trajetos, horários e perfis dos informações preciosas e muito clientes. As assistentes virtuais, cada vez mais comuns nas residências, além solicitados por aplicativos. de coletar todo tipo de informação por meio dos comandos dos usuários, Já reparou a quantidade de podem gravar o som ambiente, por exemplo. aplicativos que pedem acesso à E, até no espaço público, a coleta de dados é intensa. Câmeras de vigisua localização? lância, dados de geolocalização, lâmpadas inteligentes e sensores deixam nossos passos na rua cada vez menos anônimos. Nas manifestações do movimento Blacklives Matter, nos Estados Unidos, é comum que os organizadores recomendem que as pessoas desliguem a localização do celular para evitar rastreamento. Ciências Humanas e Sociais Aplicadas | FTD

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Se, por um lado, não há dúvida de que a tecnologia pode contribuir muito com vários processos da sociedade, como câmeras que auxiliam na identificação de criminosos, por exemplo, por outro lado, no entanto, cresce o receio do que pode acontecer em cenários políticos de governos autoritários com todo esse poder à disposição. É por isso que se amplia também o debate sobre a vigilância e seus riscos. Os dados não são apenas informações valiosas para o consumo, mas também para o controle de populações e podem ser utilizados de maneira errada para a repressão de minorias, opositores políticos, entre outros.

Pratique 3. Entre os temas tratados no capítulo, que área profissional relacionada mais desperta seu interesse? Pesquise sobre profissionais que trabalham com dados, algoritmos e inteligência artificial e escolha o que mais chama sua atenção. Resposta pessoal. Estimule os estudantes a pesquisar diferentes áreas de atuação relacionadas aos temas tratados até este momento do capítulo, como programação, pesquisa, coleta e análise de dados, desenvolvimento de novos produtos, publicidade, mecanismos de proteção da privacidade etc.

4. Escreva um texto curto sobre o profissional escolhido na questão anterior, apresentando sua atuação e importância para a sociedade. Resposta pessoal. Oriente os estudantes na elaboração do texto. Se julgar pertinente, sugira que enriqueçam a pesquisa com links de profissionais da área nas redes sociais e outros textos relevantes.

5. Escolha uma pessoa pública que você curte e segue nas redes sociais. Se você não for usuário, faça a atividade com um conhecido ou familiar que seja . Agora, vamos fazer o caminho inverso da criação de um algoritmo. a) Liste tudo que puder encontrar de rastro que você tenha deixado na internet sobre essa pessoa nas últimas duas semanas. Vale tudo: curtidas, buscas, postagens, visitas a sites. Resposta pessoal. Ao realizar o levantamento, os estudantes podem perceber que o uso das redes sociais gera uma quantidade muito grande de dados para as empresas. Se considerar pertinente, enfatize que os dados pessoais também são coletados em outros aplicativos e sites.

b) Essas informações que você listou demonstram que, além dessa determinada pessoa, você tem outros interesses, não? Que outros interesses podem ser mapeados com base nesse levantamento que você fez? Resposta pessoal. Os estudantes poderão identificar alguns hábitos e interesses com base na maneira como utilizam a internet no levantamento realizado. Por exemplo, se um estudante escolheu um Youtuber, pode identificar uma tendência nas curtidas que deixou nas fotos e combinar com outras postagens e buscas. Que interesses aparecem? Viagens? Roupas? EMOJI NESTAS PÁGINAS: CHAIM DEVINE/SHUTTERSTOCK.COM

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Aulas 12 e 13

Vimos anteriormente como nossos gostos e hábitos digitais contribuem para o desenvolvimento da inteligência artificial. Com base nisso aplicativos e redes sociais passam a nos sugerir conteúdos que podem nos interessar. Mas os algoritmos são capazes de fazer ainda mais. Os sites de transmissão de filmes e séries utilizam poderosas ferramentas de coleta e análise de dados para superar a concorrência e prender nossa atenção. Em 2013, foi lançada a série House of Cards, primeira produção independente da Netflix. A empresa não lançou essa série porque achava que poderia ser um sucesso, ela tinha absoluta certeza de que iria estourar. Em mais de uma década recolhendo dados de seus clientes, a Netflix já tinha informação suficiente para saber que seus assinantes apreciavam muito o trabalho de David Fincher, escolhido para dirigir a série. Os dados também demonstravam que Kevin Spacey era um dos atores mais queridos do público e que o interesse por séries sobre política estava em alta. Além disso, estava demonstrado que a versão original de House of Cards, uma minissérie britânica de quatro episódios, havia feito sucesso. Assim, ficou fácil a decisão: era preciso fazer uma série sobre política, dirigida por Fincher, protagonizada por Spacey e que fosse baseada na bem-sucedida original britânica. O algoritmo da Netflix é bastante preciso em fazer indicações que se moldam ao gosto dos assinantes, mas também é capaz de direcionar a produção de uma variedade de séries e filmes que parecem ter sido pensados sob medida. Ou seja: ele é capaz de estimar os prováveis interesses do público. O poder que a inteligência artificial passa a deter com o enorme volume de dados de que dispõe levanta muitos debates. Afinal, em que medida o direcionamento de conteúdos de acordo com os gostos do público não possibilita também a manipulação de preferências e ideias?

Cada um com a sua bolha

PAUL DRINKWATER/NBCUNIVERSAL/GETTY IMAGES

É VOCÊ QUE ESCOLHE?

o ano seguinte ao N lançamento da série, a atriz Robin Wright foi premiada no Globo de Ouro como melhor atriz em séries televisivas por sua atuação em House of Cards. Califórnia (Estados Unidos), 2014.

Eli Pariser é um ativista estadunidense que se tornou conhecido por causa de suas pesquisas sobre filtros e redes sociais. É dele o conceito de filtro bolha, uma característica moderna da internet que não é difícil de notar no Facebook ou no Instagram. Trata-se da capacidade do algoritmo de filtrar conteúdos e mostrar aquilo que identifica como relevante segundo as preferências dos usuários. Também chamado de bolha social ou bolha de opinião, o filtro bolha faz que as pessoas vejam, ouçam e explorem principalmente os assuntos que conhecem e concordam. Acontece, por exemplo, quando um fato “viraliza” apenas entre as pessoas que você segue. Muito provavelmente sua irmã mais velha nem faz ideia de que aquilo aconteceu, mas você tem a impressão de que todo mundo está sabendo do assunto ao navegar pela sua timeline. A seleção e a recomendação dos conteúdos que aparecem para os usuários baseando-se nos dados de navegação é um recurso utilizado pelas empresas para prender nossa atenção e lucrar com os acessos e dados coletados. Esses filtros afetam nossa percepção da realidade, já que somos bombardeados por visões de mundo muito similares às que estamos acostumados. O problema é que ficamos cada vez mais sujeitos às informações selecionadas pela inteligência artificial e raramente nos deparamos com argumentos e informações que contradizem nossa visão de mundo. Ciências Humanas e Sociais Aplicadas | FTD

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Pratique Assista ao vídeo sobre os filtros bolha (bolhas de opinião) e responda às questões 6 e 7. 6. Como se formam os filtros bolha nas redes sociais?

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As bolhas de opinião são formadas pelos filtros aplicados pelos algoritmos para priorizar temas e perfis nas redes sociais de acordo com as preferências dos usuários.

7. Identifique os assuntos e as opiniões predominantes na rede social que você, ou algum conhecido, utiliza. Esses assuntos e opiniões têm afinidade com seus principais interesses? Você considera que eles configuram um filtro bolha? Resposta pessoal. Incentive os estudantes a refletir sobre os principais assuntos e opiniões com os quais interagem nas redes sociais e a identificar os possíveis filtros bolha nos quais estão inseridos. Se julgar pertinente, questione-os se consideram que esses assuntos são predominantes para usuários de outras faixas etárias, de outros grupos sociais ou de outros países.

CHRISTOPHE LEHENAFF/PHOTONONSTOP/AFP

Espelho, espelho meu

Aulas 14 a 16

Os algoritmos passaram a fazer parte do cotidiano de muitas pessoas e a ditar padrões estéticos e de consumo. Uma pesquisa de 2017, da Royal Society for Public Health, do Reino Unido, entrevistou cerca de 1 500 jovens sobre qual seria a rede social mais prejudicial à sua saúde mental. O vencedor foi o Instagram. Ficou surpreso? O Instagram é um festival de fotos lindas de praias, comidas, famílias, roupas, decoração etc. Aparentemente, todo mundo é bonito, bem-sucedido e feliz. Isso não acontece apenas porque as pessoas decidem postar fotos assim. A todo tempo, a inteligência artificial privilegia mostrar fotos que gerem mais engajamento. E que fotos são essas? São fotos que seguem determinados padrões de beleza e situações alegres. Ao ver aquelas imagens, a tendência é desejar postar coisas similares, afinal, quem não quer ganhar curtidas e parecer bonito?

isitantes tiram fotos e selfies no Museu do Louvre, em Paris (França), V 2018. As fotos nas exposições de arte são uma febre no Instagram e em outras redes sociais.

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A busca por curtidas pode gerar insegurança e prejudicar a autoestima. Muitos estudos demonstram isso e não foi por acaso que, em alguns países, o Instagram deixou de mostrar o número de curtidas nas fotos em 2019. O psicólogo Rodrigo Neim explica a razão disso. Leia a seguir. É um excesso de pressão social, numa estética do que alguns teóricos chamam de felicidade tóxica ou imperativo da felicidade. No seu extremo, ela passa a ser prejudicial à saúde emocional das pessoas, gerando mal-estar, baixa autoestima e desconforto. SALGADO, Daniel; CASTRO, Rodrigo. Não deu like: Instagram elimina curtidas para proteger autoestima de usuário. Época, 17 jul. 2019. Disponível em: <https://epoca.globo.com/sociedade/nao-deu-like-instagram-elimina-curtidas-paraproteger-autoestima-de-usuario-23814995>. Acesso em: 1.° out. 2020.

Se por um lado as redes estimulam as pessoas a buscar atingir padrões que parecem fazer sucesso porque geram engajamento, por outro são bombardeadas diariamente por uma quantidade nunca antes vista de anúncios, ofertas e sugestões de compra. Na internet, para onde seu olho mirar, vai haver uma propaganda. Em sites, em aplicativos, em jogos, nas redes sociais, no e-mail, na plataforma de navegação por GPS, no tocador de podcast. É muita propaganda, direcionada e altamente rentável. E elas também são parte da busca por atingir os padrões difundidos e receber curtidas. Uma pessoa pode ver uma roupa da moda na foto de algum famoso, pesquisar sobre aquela roupa, depois deparar com o anúncio, comprá-la e postar uma foto com a roupa na rede social, fechando o ciclo do consumo determinado pelo algoritmo.

A dismorfia de Snapchat Dismorfia é um transtorno relacionado à excessiva preocupação pela aparência física. Um fenômeno que passou a preocupar a comunidade médica é a chamada dismorfia de Snapchat, uma vez que cada vez mais jovens procuram cirurgiões com o objetivo de ficar com um rosto parecido com aquele que veem após aplicar filtros em suas fotos. Conheça a história de jovens que fizeram procedimentos estéticos ou cirúrgicos para tornarem-se semelhantes à sua imagem https://ftd.li/rhwqzy nas redes sociais. 1. Pesquise sobre a dismorfia de Snapchat e alguns danos psíquicos relacionados ao uso das redes sociais. Com base na sua pesquisa e nos exemplos do texto, discuta com os colegas por que a busca por padrões estéticos pode ser prejudicial para a saúde mental das pessoas. 2. Você conhece alguém que já se sentiu afetado de forma negativa pelo uso das redes sociais? Explique como isso pode se relacionar com o funcionamento dos algoritmos.

Pratique

1. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes discutam os aspectos negativos da padronização estética impulsionada pelas redes sociais, como crises de autoestima, insegurança, ansiedade e outras interferências que podem prejudicar a saúde mental das pessoas. Se julgar oportuno, estimule a reflexão sobre a desigualdade de gênero na cobrança por manter padrões de beleza.

8. Como o atual padrão de beleza está relacionado à classe social e de que forma os algoritmos contribuem para isso? Discuta com os colegas e o professor. Resposta pessoal. Incentive os estudantes a discutir criticamente sobre o uso de produtos estéticos, a realização de procedimentos cirúrgicos, a compra de roupas, sapatos e acessórios da moda e a relação desses comportamentos com o acesso desigual a esses procedimentos e produtos de acordo com as classes sociais. Determinados padrões de beleza são excludentes e alcançáveis apenas a pessoas de maior renda. Além disso, uma vez que entendemos determinadas coisas como “boas” e “bonitas”, o algoritmo fará que os padrões de beleza dominantes sejam mais difundidos, excluindo as diversas possibilidades de beleza diferentes daquilo que estamos acostumados a considerar “bom” e “bonito”. Dessa forma, o funcionamento dos algoritmos pode contribuir para a consolidação dos padrões dominantes e, inclusive, dos preconceitos preexistentes das pessoas que navegam na rede, ao excluir da experiência na internet aquilo que é diferente do que geralmente é difundido. 2. Resposta pessoal. Estimule os estudantes a refletir sobre sua própria forma de usar as redes sociais e como ela afeta a autoestima deles. Comente que, ao curtir postagens que seguem determinados padrões de beleza, os estudantes fornecem dados para as redes sociais, que fazem que essas postagens sejam cada vez mais predominantes. Ciências Humanas e Sociais Aplicadas | FTD

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ALGORITMOS A SERVIÇO DOS CLIQUES (OU DO ÓDIO?)

Aulas 17 a 19

Yasodara Córdova é uma pesquisadora da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, que programou com os colegas um servidor para se passar por um brasileiro que acessa o YouTube e aceita as recomendações do algoritmo milhares de vezes. O que esses pesquisadores descobriram é que essa rede social se tornou um celeiro para difusão de vídeos de extrema direita e de teorias da conspiração. Por quê? Porque esses conteúdos geram engajamento virtual, ou seja, curtidas, comentários e compartilhamentos. Após ser comprado pelo Google, o YouTube lançou em 2012 um sistema de recomendações de vídeos para incentivar os usuários a passar mais tempo no site. Esse mecanismo de sugestões direcionava sucessivamente o usuário a vídeos relacionados ao anterior, mas com mais visualizações. Isso criou o chamado “efeito Gangnam Style”: teoricamente, se o mecanismo de sugestões ficasse ligado infinitamente, qualquer vídeo acabaria chegando no vídeo “Gangnam Style”, do cantor sul-coreano Psy, o mais visualizado da plataforma. Esse algoritmo, contudo, não foi capaz de engajar suficientemente os usuários, já que desfavorecia pequenos produtores de conteúdo e criava uma audiência homogênea, que acabava sempre assistindo aos mesmos vídeos. Em 2015, o sistema de recomendações do YouTube implementou um novo algoritmo que tenta simular o funcionamento de um cérebro humano e prever o tipo de conteúdo que poderia prender a atenção do usuário. Quando o novo sistema de recomendações foi lançado, produziu resultados imediatos. Na prática, os algoritmos escolhem quais vídeos vamos ver e o objetivo é apenas um: difundir conteúdo que vicie e prenda o usuário na plataforma. No geral, são vídeos com conteúdos nocivos, falsos ou que apresentam ideias fáceis de serem apreendidas, como as teorias da conspiração apresentadas no capítulo anterior. Isso também ocorre em outras redes sociais. Uma pesquisa nos Estados Unidos, em 2017, comprovou que postagens no Facebook que continham discursos de ódio, mentiras e teorias da conspiração eram as que mais geravam interações. Observe o gráfico. Estados Unidos: média de interações por postagens no Facebook (2017)

0

100

200

300

400

Número de comentários

500

0

Discordância indignada

20

40

60

Discordância

Número de compartilhamentos

80

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25

50

75

100

125

Sem discordância

VANESSA NOVAIS

Número de curtidas

Fonte: HOW the public reacted on Facebook. Pew Research Center, 23 fev. 2017. Disponível em: <https://www.pewresearch.org/politics/2017/02/23/how-the-public-reacted-on-facebook/>. Acesso em: 2 out. 2020.

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YURIY GOLUB/SHUTTERSTOCK.COM

O filtro bolha contribui muito para a difusão de conteúdos nocivos. Às vezes, os usuários acabam enredados em uma infinidade de vídeos e imagens que confirmam repetidamente uma ideia, o que dá a impressão de que se trata da verdade absoluta. Quando o algoritmo reconhece que há uma tendência de que uma pessoa que gosta de algo também pode se interessar por outro conteúdo, mais as bolhas se fortalecem e mais a internet constrói muros que fortalecem a polarização de opinião. Isso gera efeitos perversos e não facilita a difusão de conhecimento, que deveria ser uma das principais funções da rede.

Deu ruim Os problemas e polêmicas relacionados ao sistema de recomendações do YouTube são discutidos no artigo disponível no QR code. Leia e discuta com os colegas. 1. Quais são as características dos vídeos geralmente recomendados quando você usa o YouTube? Você já recebeu a recomendação de algum vídeo com conteúdo falso ou preconceituoso?

https://ftd.li/m882xu

2. No artigo, o ex-funcionário do YouTube Guillaume Chaslot afirma que o uso ideal da inteligência artificial nas recomendações da plataforma seria ajudar o usuário a conseguir o que deseja. Você concorda com a afirmação? Que outros usos ideais você listaria?

1. Resposta pessoal. Incentive os estudantes a discutir sobre os conteúdos mais recomendados a eles em suas páginas pessoais do YouTube e como eles avaliam criticamente a qualidade desses conteúdos, considerando se os conteúdos recomendados são sensacionalistas, falsos ou preconceituosos, como discute Chaslot no artigo. Se julgar pertinente, comente também que o mecanismo de recomendações pode incentivar um uso viciante dessa plataforma. 2. Resposta pessoal. Estimule o debate sobre outros usos possíveis da inteligência artificial tendo como objetivo diminuir a disseminação de conteúdos nocivos, preconceituosos, falsos ou conspiratórios.

Pratique 9. Um aspecto bastante atual do uso da internet e das redes sociais é a polarização de ideias. Liste e explique os fatores estudados que contribuem para esse processo. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes identifiquem o papel dos filtros bolha e dos algoritmos na formação de grupos polarizados. Isso porque a maior parte das informações recebidas na internet e nas redes sociais está relacionada às próprias opiniões dos usuários, impedindo que haja um diálogo entre pessoas de opiniões diferentes e reforçando a ideia de verdades absolutas em grupos com opiniões opostas, fortalecendo a polarização.

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A TECNOLOGIA É FEITA POR PESSOAS Aulas 20 a 22

SOEREN STACHE/DPA/EASYPIX BRASIL

https://ftd.li/z5cbmn

Talvez você já tenha ouvido que “com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”. É uma frase popularizada pelo Homem Aranha, que encaixa muito bem com o que estamos tratando neste capítulo. Como já estudamos, as tecnologias não são nem nunca foram neutras. Elas reproduzem padrões desenvolvidos por seres humanos organizados em sociedade e possuem valores éticos e morais específicos. Além do interesse econômico, esses valores influenciam a forma como os recursos tecnológicos são pensados, planejados e criados. Um bom exemplo disso é o surgimento de filmes coloridos para fotografias analógicas. A imagem usada como padrão para calibrar as cores para a foto era de uma pessoa branca; logo, os produtos químicos utilizados não eram capazes de capturar detalhes físicos de pessoas com tons de pele mais escuros. Você consegue perceber como uma tecnologia pode ser desenvolvida para atender à determinada necessidade em detrimento das demais? Conheça um pouco mais sobre essa história e os debates que se seguiram com o desenvolvimento das técnicas digitais. Vivemos em uma sociedade que foi estruturada sobre conceitos desiguais de gênero e raça, entre outros fatores de opressão. Essas noções são reproduzidas no desenvolvimento de tecnologias, inclusive porque a maioria das pessoas que as desenvolvem são brancas e do sexo masculino. Por isso, precisamos analisar o desenvolvimento das tecnologias como um processo social, que implica questões éticas que devem ser discutidas por toda a sociedade. Os algoritmos não são neutros, assim como qualquer outro tipo de tecnologia, pois são desenvolvidos por pessoas dentro de uma sociedade desigual. As plataformas são programadas por pessoas que decidem sobre a estrutura e a configuração dos sites, planejam como será o funcionamento dos algoritmos, quais conteúdos serão recomendados, quem terá acesso às informações etc. O termo racismo algorítmico é usado para explicar como a opressão racial é reproduzida pelos algoritmos aplicados a sites de busca, redes sociais e até mesmo tecnologias usadas pelo Estado. O Brasil, por exemplo, começou a usar em 2019 a tecnologia de reconhecimento facial na área de segurança pública. O resultado inicial mostrou como pode ser perigosa a reprodução do racismo nessa esfera, já que 90,5% das pessoas presas por reconhecimento facial no país eram negras e inúmeros casos de reconhecimento foram equivocados. F uncionários em escritório do Facebook em Berlim (Alemanha), 2017. As tecnologias são sempre desenvolvidas por pessoas.

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1. Resposta pessoal. Na investigação, os estudantes podem encontrar inúmeras outras referências e exemplos de racismo algorítmico para conhecer melhor como ele se aplica na realidade e quais são suas consequências. 2. Resposta pessoal. Incentive-os a discutir formas criativas de evitar a reprodução do racismo algorítmico, como ter mais pessoas negras trabalhando em empresas que desenvolvem as tecnologias, garantindo a diversidade de visões de mundo e necessidades; incentivar O problema pior é que os erros do reconhecimento facial podem re- empresas a organizar processos de formação sobre quespresentar constrangimentos, prisões arbitrárias e violações de direitos tões raciais e sociais para seus humanos. Em julho, o sistema utilizado pela polícia do Rio apontou er- funcionários, de forma que reflitam sobre isso no momento roneamente, no segundo dia de atividade, uma mulher como procurada do desenvolvimento das tecpela justiça. Não bastasse a abordagem equivocada, descobriu-se dias nologias; aumentar a discussão sobre as tecnologias nas depois que a criminosa procurada já estava presa há quatro anos, indí- escolas e nas formações básicio claro de que o banco de dados utilizado à época tinha graves proble- cas, de forma que os usuários cada vez mais cedo possam mas de atualização. […] identificar os problemas existentes e discuti-los de maneira NUNES, Pablo. Levantamento revela que 90,5% dos presos por monitoramento facial no Brasil são coletiva. negros. The Intercept Brasil, 21 nov. 2019. Disponível em: <https://theintercept.com/2019/11/21/ 3. Resposta pessoal. Estimule presos-monitoramento-facial-brasil-negros/>. Acesso em: 2 out. 2020. os estudantes a apresentar justificativas claras, com exemplos e dados que exO racismo algorítmico também aparece em buscas simples. Um teste depliquem as propostas levanmonstrou que o Google, por exemplo, identificou corretamente em uma fotadas.

A tecnologia pode melhorar?

TIBRINA HOBSON/GETTY IMAGES

O maior problema dos algoritmos é que eles potencializam a reprodução dos preconceitos, expandindo-os numa velocidade enorme e podendo gerar consequências na vida real das pessoas, como vimos nos exemplos anteriores. Você pode aprofundar esse tema assistindo à palestra de Joy Buolamwini, uma jovem ganense-americana, que é cientista da computação e ativista digital.

https://ftd.li/d4wp7m

Joy Buolamwini participando de palestra em Utah (Estados Unidos), 2020.

1. Em grupo, investiguem sobre o conceito de racismo algorítmico e suas consequências. 2. Depois, discutam com os colegas sobre formas de evitar que o racismo algorítmico se multiplique.

PretaLab Em 2010, nos Estados Unidos, mais de 27 mil mulheres negras se formaram como engenheiras ou cientistas, o que representa mais de 10% dos diplomas concedidos a mulheres no país. Apesar disso, menos de 1% dos empregados de indústrias de tecnologia eram mulheres negras. Esse dado sequer existe no Brasil. E “sem dado não tem política”, segundo Silvana Bahia, idealizadora do PretaLab, um site que busca articular mulheres negras e indígenas, incentivar sua inclusão nas áreas de desenvolvimento tecnológico e inovação. Visite o site para conhecer os dados e as análises disponibilizados sobre esse tema.

https://ftd.li/n9n48a

3. Apresentem as conclusões do grupo para a turma, justificando com exemplos e dados.

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PRETALAB

tografia uma ferramenta em uma mão branca, mas a mesma ferramenta em uma mão negra foi reconhecida como uma arma. Outro exemplo é de um estudo publicado nos Estados Unidos que comprovou existirem mais erros em softwares de reconhecimento de voz com vozes de pessoas negras. São inúmeros os exemplos que provam como a desigualdade racial é reproduzida no uso de algoritmos, causando a intensificação de injustiças na vida real.

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Mundo: plataformas virtuais utilizadas para cyberbulling (2018) 65%

45% 38% 34%

19% 14%

VANESSA NOVAIS

6%

Redes sociais Celular Aplicativos de mensagens Bate-papos virtuais E-mail Outros sites Outras tecnologias Fonte: CYBERBULLING – A global advisor survey, 2018. IPSOS Publi Affairs. Disponível em: <https://www. ipsos.com/sites/default /files/ct/news/documents /2018-06/cyberbullying_ june2018.pdf>. Acesso em: 2 out. 2020.

CYBERBULLYING

Aulas 23 e 24

Definimos nossos padrões de beleza e de comportamento socialmente. O bullying é uma das formas de agredir pessoas que não se enquadram nesses padrões. Trata-se da prática de intimidações continuadas contra crianças e adolescentes. Quando essa violência ocorre virtualmente, por meio de tecnologias digitais, chamamos de cyberbullying. Na internet e nas redes sociais, esse tipo de ataque pode se espalhar de formas inimagináveis, já que os algoritmos das plataformas acabam potencializando sua difusão. O cyberbullying pode ser praticado por meio da exposição de fotos ou mensagens de pessoas sem autorização com o intuito de humilhá-las, do envio de mensagens com ameaças ou injúrias, da produção de imagens relacionadas a alguém com o objetivo de constrangê-la, entre muitas outras coisas. Os agressores normalmente se escondem no anonimato ou sob perfis falsos nas redes, pois imaginam estar livres de qualquer tipo de punição. No entanto, aplicam-se ao cyberbullying alguns tipos de crime já previstos no código penal brasileiro, como injúria racial, calúnia e difamação. É possível também identificar os agressores por meio da identificação do IP, que é a “identidade” da máquina que difunde essas mensagens. Logo, quem pratica esse tipo de violência no ambiente virtual está tão sujeito a punições quanto quem a pratica fora da rede. O instituto de pesquisa Ipsos investigou o cyberbullying em 2018 e chegou à conclusão de que o Brasil é o segundo país do mundo no ranking de casos de difamação pela internet — a Índia ocupa o primeiro lugar. No mundo todo, as plataformas mais utilizadas para a prática dos ataques são as redes sociais. Observe o gráfico. Acesse o infográfico e conheça formas de identificar e combater o bullying e o cyberbullying na campanha da SaferNet, organização não governamental que atua na defesa dos direitos humanos na internet no Brasil, e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). https://ftd.li/m3wcfn

Pratique 10. Discuta as relações entre o cyberbullying e as agressões que ocorrem na “vida real”. É possível afirmar que essas realidades estão separadas? Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes identifiquem que o que acontece na internet tem consequências na vida real, tanto para as pessoas que sofrem a difamação quanto para as pessoas que a praticam. Motive os estudantes a discutir sobre como a internet pode "estimular" ou intensificar as agressões praticadas. É importante vincular também a necessidade de responsabilização legal das pessoas que realizam as agressões.

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11. (Enem/MEC) O que é bullying virtual ou cyberbullying? É o bullying que ocorre em meios eletrônicos, com mensagens difamatórias ou ameaçadoras circulando por e-mails, sites, blogs (os diários virtuais), redes sociais e celulares. É quase uma extensão do que dizem e fazem na escola, mas com o agravante de que as pessoas envolvidas não estão cara a cara. Dessa forma, o anonimato pode aumentar a crueldade dos comentários e das ameaças e os efeitos podem ser tão graves ou piores. “O autor, assim como o alvo, tem dificuldade de sair de seu papel e retomar valores esquecidos ou formar novos”, explica Luciene Tognetta, doutora em Psicologia Escolar e pesquisadora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Disponível em http://revistaescola.abril.com.br. Acesso em: 3 ago. 2012 (adaptado).

Segundo o texto, com as tecnologias de informação e comunicação, a prática do bullying ganha novas nuances de perversidade e é potencializada pelo fato de a) atingir um grupo maior de espectadores. b) dificultar a identificação do agressor incógnito. c) impedir a retomada de valores consolidados pela vítima. d) possibilitar a participação de um número maior de autores. e) proporcionar o uso de uma variedade de ferramentas da internet.

ALGORITMOS DO BEM

Aulas 25 a 27

T rabalhadora de uma empresa chinesa apresenta o sistema de IA criado para acelerar a análise de tomografias computadorizadas de um paciente para diagnosticar covid-19. Hefei (China), 2020.

SUN ZIFA/CHINA NEWS SERVICE/GETTY IMAGES

O desenvolvimento das tecnologias nos leva a uma série de questões éticas acerca dos usos de poderosas ferramentas com grandes capacidades de processamento de dados e sobre como a privacidade das pessoas é invadida. No entanto, devemos também estar atentos para conhecer os avanços científicos que são possibilitados com o uso dos algoritmos. A inteligência artificial já é usada em inúmeros estudos e ferramentas que buscam otimizar o diagnóstico e o tratamento de doenças, o que pode resultar em grandes ganhos de qualidade de vida. Há algoritmos que auxiliam na análise de exames de imagem, que possibilitam a avaliação e o acompanhamento médico à distância e que contribuem para a sistematização e integração dos dados sobre um grande número de pacientes de determinadas doenças. Isso pode ajudar na análise dos seus efeitos e dos tratamentos em um conjunto maior de pessoas.

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Trata-se de um campo de estudos em grande desenvolvimento e há excelentes perspectivas sobre o uso da inteligência artificial e de algoritmos para o desenvolvimento da ciência na área da saúde. Ainda assim, é preciso que os cidadãos tenham conhecimento e controle a respeito do uso de seus dados, para que as tecnologias possam realmente servir ao bem comum. Também existem diversas iniciativas no campo das ciências humanas e sociais que buscam utilizar a enormidade de dados coletados sobre nós para fazer, por exemplo, reivindicações políticas. Podemos dizer que o jornalismo de dados integra essas ações. Os jornalistas e analistas de dados criam meios de ler as bases de dados, encontrar informações relevantes e traduzi-las para o público. Vivemos um momento histórico em que temos de lidar não com a falta de dados e informações, mas com seu excesso. Imagine que é produzida diariamente uma quantidade tão grande de dados — sobre tudo o que acontece e tudo que fazemos — que é quase impossível que pessoas comuns tomem conhecimento de todas as informações contidas neles. Com o uso da tecnologia, o jornalismo de dados também pode otimizar a cobertura e a apuração de temas importantes para a sociedade.

Em 8 de março de 2020, a Revista AzMina lançou um robô chamado “Elas no Congresso”. O objetivo é automatizar o mapeamento de todos os projetos em tramitação no Congresso que tratam de direitos das mulheres, como direitos sexuais, identidade de gênero, violência contra a mulher, feminicídio e outros temas. O robô seleciona as palavras-chave normalmente usadas em emendas constitucionais, projetos de lei, requerimentos etc. que se enquadram no campo da temática em questão. Diariamente, vasculha os projetos que estão dentro desse escopo e publica os detalhes da iniciativa em um perfil do Twitter criado especialmente para esse fim. Nesse projeto, o uso da inteligência artificial amplia o acesso e o conhecimento sobre o tema para a população em geral e permite que organizações que trabalham com direitos das mulheres e com a luta pela igualdade de gênero possam acompanhar o andamento das políticas. Visite o perfil desse robô e acompanhe os resultados do uso dessa tecnologia.

REVISTA AZMINA

Elas no Congresso

https://ftd.li/hjkabx

-STUDIO/ SH PROSTOCK

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Boas práticas No ano de 2020, a pandemia de covid-19 atingiu o mundo causando muitas mudanças na forma como as pessoas se relacionam. A necessidade de confinamento para evitar que a covid-19 causasse ainda mais danos obrigou muitas empresas a se adaptarem ao home office, por exemplo. No Brasil, algumas tecnologias foram desenvolvidas na tentativa de ajudar o monitoramento da doença, como a Dados do Bem. https://ftd.li/bww5kt Assim como este e outros exemplos que citamos, há muitas experiências sobre usos positivos de algoritmos. Organize-se em grupo e sigam o roteiro. 1. Realizem uma discussão inicial sobre diferentes áreas em que vocês acreditam que o uso de algoritmos e da inteligência artificial possa contribuir para o bem comum. Expliquem quais poderiam ser esses usos. 2. Agora, pesquisem sobre iniciativas, já ocorridas ou em andamento, que fazem usos positivos dos algoritmos e da inteligência artificial. 3. Selecionem uma das iniciativas pesquisadas e façam uma apresentação para a turma, explicando que benefícios essa iniciativa trouxe ou pode trazer para o bem comum, mas também considerando eventuais riscos envolvidos. 4. Após as apresentações dos grupos, montem um grande painel com as investigações realizadas por todos os grupos. Respostas pessoais. Estimule os estudantes a avaliar criticamente mesmo as iniciativas consideradas positivas, apontando suas intenções e benefícios, mas também o que deve ser fiscalizado.

GRANDE OLHO QUE TUDO VÊ Aulas 28 e 29

THE GUARDIAN/AFP

A era digital mudou radicalmente o que entendemos como público e privado. Se alguém Edward Snowden em parasse você na rua e perguntasse seu nome entrevista ao jornal completo, o ano em que você nasceu e o lugar britânico The Guardian em Hong Kong, 2013, onde você mora, você responderia? Por que, enquando denunciou a tão, não nos importamos se essas informações vigilância global da estão públicas no Facebook? Agência de Segurança Atualmente, poucas empresas têm um conNacional dos Estados trole muito grande sobre as informações dos Unidos. cidadãos e dos governos. Com acesso integral a um smartphone, é possível saber a hora que uma pessoa dorme e acorda, se faz exercício, quanto tem de dinheiro no banco, se mora de aluguel, se é solteira, onde vive, o que prefere comer, ouvir e assistir. O mesmo vale para o sistema que nos governa. Dados das prefeituras, assembleias e câmaras estão todos on-line. Essa realidade gera novos desafios para as relações sociais sob diversos aspectos. Primeiro, não é difícil imaginar: atualmente é muito mais fácil espionar pessoas e governos. Essa realidade se tornou ainda mais perturbadora quando Edward Snowden revelou ao mundo como funcionava o sistema de vigilância global da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos. Eles tinham acesso a praticamente tudo: https://ftd.li/69uaa9 e-mails de chefes de Estado, ligações telefônicas, perfis em redes sociais. Conheça um pouco mais sobre Snowden e as denúncias que realizou. Ciências Humanas e Sociais Aplicadas | FTD

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Superexposição A superexposição, conhecida mundialmente como oversharing, é difícil de medir, mas se caracteriza pelo exagero em termos de tempo on-line e de exposição de detalhes pessoais em contextos que nem sempre são apropriados. Assim como fora da rede, precisamos avaliar o que merece ser compartilhado, quem são as pessoas que terão acesso ao que compartilhamos e as implicações que existem quando tornamos aquela informação pública. É preciso lembrar que, quando postamos algo, deixamos de ser os únicos donos das informações. Elas podem ser usadas não apenas pelos sites que hospedam os serviços, mas por outros usuários que podem buscar e encontrar esses detalhes sobre nossa vida com muita facilidade. Além disso, informações sobre nossa intimidade usadas fora de contexto podem nos prejudicar, tanto no presente quanto no futuro. É preciso ficar ligado!

O segundo aspecto está relacionado à nossa vida pessoal. As empresas recolhem uma quantidade infinita de dados que podem ser usados para impulsionar a venda de produtos, serviços, para prender a atenção dos usuários e também para manipular a opinião pública. É um risco muito grande, como já vimos. É por isso que o direito à privacidade é considerado fundamental para a dignidade humana e para a autonomia. Mas, quando pensamos na privacidade nos ambientes digitais temos muitos desafios, pois nem sempre é fácil saber em que medida se trata de um espaço público ou privado. O grande desafio na internet é saber quem tem acesso a quais informações sobre nós, que uso é feito dessas informações e em que medida elas são públicas. Na rede, fica mais difícil de controlar quem poderá ver uma informação que publicamos, mesmo que nossa intenção seja mostrar apenas aos nossos amigos ou familiares. Esse cuidado começa com as configurações de privacidade dos sites que usamos, mas também por nos informarmos cada vez mais sobre o funcionamento das redes e dos consentimentos que damos às empresas quando utilizamos seus serviços. O conhecimento permite ter consciência sobre os riscos a que estamos expostos na rede e tomar precauções para diminuí-los ou mesmo evitá-los.

Pratique O vídeo disponível no link é uma curta conversa entre especialistas que chamam atenção para a relevância do debate sobre privacidade atualmente. Assista para responder às questões 12 e 13.

https://ftd.li/s8nkir

12. O que é definido como privacidade na era digital? A privacidade digital é a prática de controlar a exposição e a disponibilidade de informações sobre a própria vida nas redes sociais, aplicativos e sites. Não importando se a pessoa é anônima ou conhecida, ela deve poder saber o que é feito com suas informações e, com base nisso decidir o que é exposto ou não.

13. Em sua opinião, por que é importante cuidar da privacidade digital? Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes demonstrem preocupação sobre os transtornos pessoais que a exposição pode gerar, desde a perseguição virtual até os transtornos pessoais decorrentes dessa exposição, mas também apontem que é preciso existir regras para o bom convívio em sociedade e para que as empresas de tecnologia respeitem os direitos dos cidadãos.

Nos limites da lei Aulas 30 a 33 Desde 2016, a União Europeia possui um Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados, que inclusive inspirou o desenvolvimento de uma lei similar aqui no Brasil. Trata-se da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que entrou em vigor em 2020. A LGPD se fundamenta em importantes pilares para a vida contemporânea: o respeito à privacidade, a liberdade de expressão, informação, comunicação e opinião; a inviolabilidade da intimidade, da honra e da imagem, a defesa do consumidor e dos direitos humanos. 102

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É por isso que alguns especialistas dizem que essa lei é fundamental, porque nossos dados são essenciais atualmente para definir nossa identidade e nossa atuação como cidadãos. Uma das novidades da LGPD é que ela criou um conjunto de novos conceitos jurídicos, como “dados sensíveis” e “dados pessoais”. Ela também estabelece como as empresas devem tratar essas informações e preservá-las, gerando um conjunto de obrigações específicas com procedimentos e normas para que haja maior controle e transparência no tratamento de dados pessoais e compartilhamento com terceiros. Veja algumas definições que passaram a existir com a LGPD. I –

Dado pessoal: informação relacionada à pessoa natural identificada ou identificável; II – Dado pessoal sensível: dado pessoal sobre origem racial ou étnica, convicção religiosa, opinião política, filiação a sindicato ou a organização de caráter religioso, filosófico ou político, dado referente à saúde ou à vida sexual, dado genético ou biométrico, quando vinculado a uma pessoa natural […]. VI – Controlador: pessoa natural ou jurídica, de direito público ou privado, a quem competem as decisões referentes ao tratamento de dados pessoais […]. X – Tratamento: toda operação realizada com dados pessoais, como as que se referem a coleta, produção, recepção, classificação, utilização, acesso, reprodução, transmissão, distribuição, processamento, arquivamento, armazenamento, eliminação, avaliação ou controle da informação, modificação, comunicação, transferência, difusão ou extração […]. XII – Consentimento: manifestação livre, informada e inequívoca pela qual o titular concorda com o tratamento de seus dados pessoais para uma finalidade determinada […]. XIV – Eliminação: exclusão de dado ou de conjunto de dados armazenados em banco de dados, independentemente do procedimento empregado. BRASIL. Lei n.º 13.709, de 14 de agosto de 2018. Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13709.htm>. Acesso em: 3 out. 2020.

A LGPD é uma conquista para a sociedade brasileira porque proporciona mais segurança no uso da internet, cria penalidades rígidas para quem desrespeita os direitos estabelecidos e torna o processo de transferência de dados mais transparente.

Termos e condições Leia o artigo para conhecer outros pontos importantes da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais.

https://ftd.li/9inawo

• Escolha dois aspectos ressaltados pelo artigo e discorra sobre a importância de uma lei de proteção de dados com base nesses aspectos. Resposta pessoal. Os estudantes podem ressaltar aspectos como o fato de a lei sobre dados estabelecer os parâmetros necessários à coleta e ao uso de dados pessoais por parte das empresas de tecnologia, exigir o consentimento do usuário para o uso desses dados, permitir que cada pessoa tenha maior controle sobre os próprios dados, entre outros.

Pratique 14. Toda vez que você cadastra um perfil em uma rede social ou usa um aplicativo, é preciso clicar em “Concordo” com os termos de uso daquela ferramenta. Leia a política de dados do Facebook, que explica como a empresa processa o enorme volume de informações que acessa, e discuta com os colegas um ponto que chamou sua atenção no documento.

https://ftd.li/dar4hn

Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes reconheçam quão profundo é o recolhimento de dados por parte de uma rede social tão utilizada ao redor do mundo, como o Facebook. Podem ser destacados fatos como: o Facebook lê tudo o que o usuário escreve, mesmo o que você não publica; utiliza suas informações para expor anúncios; repassa suas informações a anunciantes; registra sua localização; acessa sua câmera, conhece o estado da bateria e todas as informações de conexão wi-fi e bluetooth do seu telefone.

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Se não for possível assistir ao documentário, oriente os estudantes a mobilizar os conteúdos estudados ao longo do capítulo e proponha pesquisas alternativas para apoiá-los caso considere necessário.

15. Com base no documentário e no que você estudou ao longo do capítulo, faça em seu caderno uma lista dos riscos ao utilizar as redes sociais e de que forma é possível evitá-los.

©NETFLIX/EVERETT COLLECTION/FOTOARENA

Em 2020, foi lançado O Dilema das Redes, documentário que apresenta entrevistas de ex-funcionários de empresas como Google, Twitter, Facebook e Pinterest, os quais foram responsáveis pela criação de ferramentas fundamentais para o funcionamento dessas redes. Assista ao documentário para responder às questões 15 a 18. ena do documentário O dilema das redes, de Jeff Orlowski, C 2020.

RISCOS Resposta pessoal. Podem ser listados riscos, como: Autoestima abalada por julgamentos feitos nas redes; influência política por sugestões de conteúdo planejadas pelos algoritmos; Vício no uso das redes sociais; Invasão de privacidade. E as formas de evitar (respectivamente): Buscar apoio de amigos, família e profissionais, quando for o caso, para manter a saúde mental; Buscar diversas fontes de informação que tenham

COMO EVITAR credibilidade.; Manter atividades de lazer que não envolvam o uso da internet e das redes sociais; buscar apoio de amigos, família e profissionais caso se sinta afetado por questões que acontecem virtualmente; Atentar para as permissões dadas a sites e redes sociais para saber os dados que estão sendo cedidos; evitar publicar dados pessoais, como nome completo, telefones, endereços ou números de documentos.

16. O documentário veicula diversas entrevistas de funcionários que idealizaram ferramentas as quais, posteriormente, passaram a considerar viciantes ou problemáticas. Discuta os possíveis motivos que permitem, no caso das redes sociais, que isso ocorra. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes reconheçam que, apesar das questões éticas relacionadas às intenções individuais dos funcionários, elas não são suficientes diante do tamanho e do poder das empresas de tecnologia, que projetam e utilizam as ferramentas com o objetivo de otimizar lucros. Além disso, os conflitos sociais também são espelhados nas ferramentas disponíveis. Por exemplo, grupos de extrema direita podem fazer uso das ferramentas para fins pouco democráticos. Um dos exemplos apresentados no documentário são as eleições na Rússia, mostrando que o Facebook não foi invadido para que pessoas fossem influenciadas politicamente, mas apenas foram usadas as ferramentas de que ele dispunha. Isso significa que os conflitos sociais podem ser intensificados com a simples utilização das ferramentas disponibilizadas pelas redes e por isso devem ser regulamentados.

17. Identifique duas situações apresentadas na parte ficcional do documentário e relacione-as a temas estudados neste capítulo. SITUAÇÃO FICCIONAL Resposta pessoal. A filha mais nova da família tem problemas para aceitar seu corpo depois de receber críticas ao tamanho de suas orelhas em uma foto postada nas redes. É possível relacionar essa situação com o tema dos padrões de beleza e como isso se relaciona com o uso das redes, com a grande e constante exposição das pessoas. O filho homem, depois de passar um tempo sem usar as redes sociais por uma aposta feita com a mãe, começa a receber muitas postagens com conteúdo político de direita e fica

TEMA ESTUDADO obcecado por tais conteúdos, o que afeta sua vida real. É possível relacionar esse acontecimento com a exposição dos discursos de ódio e teorias da conspiração por causa das recomendações feitas pelos algoritmos de redes sociais. Algumas personagens representam o algoritmo, teatralizando como funciona seu uso e quais são os seus objetivos. É possível vincular essas cenas ao conceito de algoritmo, relacionando-o com o uso dos dados pessoais dos usuários por parte das empresas de tecnologia.

18. Os entrevistados dão diversas dicas para diminuir os impactos do uso das redes sociais. Aponte uma das dicas apresentadas e explique como ela pode evitar os objetivos danosos das redes. Resposta pessoal. A principal dica dos entrevistados é retirar qualquer tipo de notificação das redes sociais no telefone ou computador, pois a forma planejada de fazer notificações é um dos fatores que estimula o uso prolongado e o vício nas redes, o que aumenta as chances de estar vulnerável à publicidade e de ter mais dados coletados, ou seja, de ser mais rentável para as empresas.

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Síntese

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Inteligência Artificial é a criação de máquinas que simulam o processo de raciocínio humano.

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pessoas.

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6 Em 2020, entrou em vigor no Brasil a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que estabelece critérios para aumentar a transparência no tratamento de dados pessoais na internet e a proteção das informações dos usuários.

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As tecnologias não são neutras e são desenvolvidas por seres humanos inseridos em uma sociedade. Isso significa que alguns valores dessa sociedade são refletidos nas tecnologias.

5 Conflitos da “vida real” podem ganhar grandes proporções na internet, como mostram os casos de cyberbullying. Mesmo assim, os casos de violência virtual devem ser denunciados e investigados.

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Big Data é como chamamos essa infinidade de dados que são coletados diariamente sobre todas as

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Os dados pessoais coletados são usados para a publicidade, para direcionar a produção de produtos, como filmes, séries e serviços, e também para influenciar nosso comportamento e decisões políticas.

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Aula 34

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Aula 1

CAPítulo 5

Empreendedorismo e economia nas redes sociais Quando, no começo dos anos 1980, um grupo de engenheiros e cientistas estadunidenses começou a investir na ideia de que era possível popularizar um novo instrumento de trabalho ainda pouco conhecido fora das universidades, não se imaginava até onde chegariam os computadores pessoais. Grandes invenções que pareciam muito promissoras foram descartadas, pois seu custo de desenvolvimento não valia a pena. Já outras ideias, que, à primeira vista, foram encaradas com ceticismo e até motivo de piada, se tornaram realidade, como foi o caso dos smartphones e do aparelho inventado por Steve Jobs (1955-2011), um microcomputador com tela sensível ao toque e que cabia no bolso da calça. Hoje, algumas dessas invenções se tornaram indispensáveis, e muitos já não sabem o que é ir a uma loja de discos ou a uma livraria, por exemplo. a) Você acredita que todas as facilidades proporcionadas pela internet contribuem positivamente para conduzir nossa vida? b) Quais são os riscos que a dependência da internet e das redes sociais podem causar? c) Você já passou por uma situação em que não soube tomar uma atitude sem elas?

Habilidades dos Itinerários Formativos trabalhadas neste capítulo: EMIFCG01; EMIFCG02; EMIFCG03; EMIFCG04; EMIFCG05; EMIFCG06; EMIFCG07; EMIFCG08; EMIFCG09; EMIFCG10; EMIFCG11; EMIFCG12; EMIFCHSA04; EMIFCHSA05; EMIFCHSA07; EMIFCHSA10; EMIFCHSA11; EMIFCHSA12. O texto na íntegra das habilidades encontra-se no Manual do Professor.

S teve Jobs anuncia o computador Apple Macintosh para acionistas, reunião em 24 de janeiro de 1984, Califórnia (Estados Unidos). 106

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UPI/AARON KEHOE/ NEWSCOW/GLOW IMAGES

Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes façam uma análise crítica do uso das redes sociais e da internet. Na primeira pergunta, eles podem ponderar acerca da disseminação de fake news, uso de cibertropas para manipulação de opinião etc. Já na segunda questão pode-se citar que as redes sociais reforçam padrões de comportamento, geram ansiedade etc. Situações como orientar-se geograficamente sem o uso de GPS, ouvir música fora das plataformas on-line ou mesmo buscar uma notícia fora delas são situações que podem ser citadas como exemplo pelos estudantes.

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PROJETO Ao final deste volume, realizaremos um projeto em que você fará um manual de segurança on-line com base nos conteúdos vistos neste material. Este capítulo contribuirá para esse projeto com a apresentação dos assuntos: as redes sociais como um negócio lucrativo, ferramentais virtuais voltadas para empreendedores, monetização de conteúdos on-line, capital social e desigualdade social, precarização e flexibilização do trabalho.

Aulas 2 e 3

REDES SOCIAIS: O NEGÓCIO Como temos visto ao longo deste Itinerário, as redes sociais têm multiplicado as possibilidades de interação humana. Por outro lado, suas ferramentas têm potencializado inúmeras outras formas de lidar com o outro e com o cotidiano, inclusive no mundo dos negócios. Aliás, as próprias redes sociais são uma forma de negócio e possuem expressivo valor de mercado. Veja a seguir como o Facebook, a rede social mais usada no mundo atualmente, concorre com as maiores empresas de tecnologia do mercado. Mundo: evolução do valor de mercado das 5 big techs (em US$ bilhões) 2000

Total: 4.795,3 trilhões

1433,1 Apple

1500 1295,0

1210,9 Microsoft 1005,1 Alphabet

1000

924,5 Amazon

617,4 500

179,5

385,3

367,7 290,7 216,0

221,7 Facebook

54,0 0 2010

2015

2020

VANESSA NOVAIS

349,7 253,9

SCHWINGEL, Samara. Maiores empresas de tecnologia alcançam US$ 5 trilhões de valor de mercado. Poder 360. Disponível em: <https://www.poder360.com.br/tecnologia/maiores-empresas-detecnologia-alcancam-us-5-trilhoes-em-valor-de-mercado/>. Acesso em 4 nov. 2020.

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Você já parou para pensar em como as redes sociais obtiveram esses valores de mercado? Afinal, elas não vendem nenhum tipo de produto, diferentemente de empresas como Apple, Microsoft, Amazon, Netflix etc. Isso porque, como já vimos, nas redes sociais, o produto é nada menos do que você. Tudo o que você faz nas redes sociais, seus likes, suas fotos, suas marcações, posts e até aquilo que você escreve e depois deleta e o tempo que você passa assistindo a um vídeo ou olhando uma imagem é usado como um meio de entender seu perfil como consumidor e, assim, oferecer produtos ajustados a esse perfil. Os maiores investidores das redes sociais são empresas dos mais diversos segmentos que querem usar seus dados, e quanto mais melhor, para direcionar sua publicidade e, dessa forma, alavancar as vendas. E, com a quantidade de informações que fornecemos gratuitamente nas redes sociais, essas empresas entendem como ninguém seu público-alvo e, assim, conseguem captar nossa atenção com uma precisão extraordinária, se tornando grandes sucessos financeiros.

Quanto vale sua conta nas redes sociais? Um conjunto de universidades dos Estados Unidos concluiu que a maioria dos usuários do Facebook no país deletaria sua conta por cerca de mil dólares. Leia a matéria ao lado. 1. Depois de refletir sobre a reportagem, responda: por qual quantia você deletaria suas contas em cada rede social?

http://ftd.li/weutcj

2. Sabendo que seus dados nas redes sociais são usados por empresas para direcionar anúncios e lucrar, por quanto você avalia o valor real das suas contas?

Pratique

Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes reflitam sobre o valor que eles dão para as redes sociais em suas vidas pensando em um possível valor monetário para excluírem suas contas. Também se espera que eles considerem o valor dos dados que eles oferecem gratuitamente às redes sociais, sabendo que essas informações são usadas por empresas para direcionamento de anúncios.

Apesar da escala global da Revolução Informacional, esta é liderada pelos Estados que mais investem em desenvolvimento tecnológico e em infraestrutura de comunicação.

1. (Unicamp-SP) Sobre a Revolução Informacional e suas implicações para a reorganização do mundo contemporâneo, podemos afirmar que: a) Alguns Estados e um conjunto diminuto de grandes empresas controlam o essencial da revolução tecnológica em curso, atualizando o desenvolvimento geograficamente desigual. b) Dado o alcance planetário do sistema técnico informacional, a população tem amplo acesso a uma informação verdadeira que unifica os lugares, tornando o mundo uma democrática aldeia global. c) Há um acentuado enfraquecimento das funções de gestão das metrópoles, processo determinado pela descentralização da produção, apoiada no uso intensivo das tecnologias da informação e comunicação. d) Os mais diversos fluxos de informações perpassam as fronteiras nacionais, anulando o papel do Estado-Nação como ente regulador e definidor de estratégias no jogo político mundial. Ciências Humanas e Sociais Aplicadas | FTD

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Aulas 4 a 7

NEGÓCIOS E MOVIMENTAÇÕES FINANCEIRAS NAS REDES SOCIAIS

SONG WEIWEI / XINHUA/XINHU/AFP

Startup: termo em inglês usado para se referir a empresas emergentes cujo modelo de negócios possa ser replicado e escalável.

Para além das redes sociais enquanto negócio, elas também abrem novas oportunidades de emancipação e desenvolvimento para empresas de médio, pequeno e micro porte, podendo contribuir, inclusive, para desconcentrar o capitalismo e possibilitando um ambiente de inovações. Diante das mudanças no mercado de trabalho, um dos termos em evidência nos últimos anos é empreendedorismo e as redes sociais têm tudo a ver com isso. O economista austríaco Joseph Schumpeter (1883-1950) afirmava que o empreendedor é a personificação da força do “novo”, isto é, a capacidade de imaginação e o espírito inovador, efetuando uma “destruição criadora”. A elaboração e a execução de novas combinações produtivas fazem dos empreendedores agentes desencadeadores de mudanças pela introdução de novos produtos e serviços, criação de novos métodos de produção e formas de organização, ou exploração de novos recursos, novos materiais e novos mercados, que alavancam o desenvolvimento econômico. E o entendimento sobre o papel do empreendedorismo não mudou muito desde Schumpeter, já que atualmente muitas empresas começam a partir de uma ideia inovadora, como sabemos pelos exemplos das startups do Vale do Silício e mesmo do Brasil. No entanto, um novo fator passou a atuar: a enorme

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massa de trabalhadores que, por causa da precarização do mercado de trabalho, deixou ou perdeu seus empregos passou a apostar em um negócio próprio com base em seus conhecimentos. Talvez você conheça um caso como esse: um parente ou vizinho, usando seu conhecimento em determinada área, resolveu aplicá-lo em um novo empreendimento. Um restaurante, um armazém, doces caseiros para entrega, uma marcenaria etc. No Brasil, mecanismos regulatórios foram introduzidos para facilitar a abertura do próprio negócio com menos burocracia e impostos. A figura do microempreendedor individual (MEI), introduzida pela lei aprovada em 2008, é um dos mecanismos mais importantes. A criação do MEI permitiu que muitos trabalhadores informais, isto é, sem carteira assinada e trabalhadores autônomos, se regularizassem, recolhendo um tributo reduzido e, ao mesmo tempo, contribuindo para a Previdência Social. Mas o que realmente foi fundamental para a formação de um novo empreendedorismo, ainda mais dinâmico e inclusivo, foi a popularização das redes sociais e de suas ferramentas de divulgação de produtos de todos os tipos, que possibilitam atingir um público muito maior e específico e de forma muito mais eficiente do que qualquer empreendedor conseguiria normalmente, algo assegurado a partir dos dados expostos pelos usuários, como vimos no capítulo anterior. Se antes um confeiteiro ou uma revendedora de cosméticos, por exemplo, buscavam clientes entre seus conhecidos mais próximos, com as redes sociais eles podem expandir o universo de seu público. Isso se conseguirem associar seu trabalho a algumas estratégias de comunicação, a chave para o sucesso no meio digital. O modelo de empreendedorismo que cresce atualmente é o chamado negócio de impacto social. Segundo o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), esse modelo deve beneficiar a sociedade e o meio ambiente visando à melhoria da qualidade de vida, principalmente das camadas sociais mais baixas. Leia mais sobre esse modelo na página do Sebrae. Muhammad Yunus, economista indiano fundador do Grameen Bank e ganhador http://ftd.li/ntpupk do prêmio Nobel da Paz (2006), defende um modelo em que os investidores só possam recuperar o capital investido, sem direito a lucros e dividendos. Segundo ele, o lucro deve ser totalmente reinvestido na empresa e destinado à ampliação dos benefícios socioambientais. Outro modelo de negócios reivindicado principalmente pelos empreendedores de baixa renda é a economia solidária, cujo objetivo é viabilizar e coordenar atividades de apoio, buscando promover geração de renda e inclusão social.

Empreendedorismo social Em um contexto de crise econômica persistente, a saída para aqueles que se encontram fora do mercado de trabalho tem sido o empreendedorismo. Uma modalidade que tem crescido nas grandes cidades é justamente o empreendedorismo social, que busca alternativas ao emprego tradicional com geração de renda para a população local. 1. Dividam-se em grupos e pesquisem iniciativas de empreendedorismo social na cidade onde vivem. Selecionem um negócio e façam um levantamento de dados, como: em que tipo de atividade atua, quais os recursos de mídia social que utiliza para promover seus negócios, os resultados pessoais. A atividade fará com que os estudantes compreendam por meio da análise de dados alcançados etc. Respostas de uma empresa como a proposta do empreendedorismo social funciona na prática. Além disso, também 2. A partir dos dados levantados, pensem em propostas empreendedoras de como ajudar essa iniciativa a crescer, levando em conta recursos disponíveis e adaptação de metas, na busca pelos melhores caminhos para o empreendimento. deverão pensar em propostas empreendedoras de como eles podem contribuir para alavancar uma iniciativa, como por exemplo indicar a empresa pelas redes sociais, criar panfletos, promover eventos no local etc.

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Pratique

Alternativa 02. A revolução da comunicação e da informação pela qual o mundo passou durante o século XX não se deu de forma homogênea; os países tidos como desenvolvidos, e que investiam mais nas áreas de comunicação e tecnologia, se destacaram nessa revolução. Apesar de os ambientes virtuais serem comuns a qualquer pessoa no mundo, não há uma única legislação mundial que reja seu uso; cada país possui suas próprias leis regulatórias.

2. (Uneb-BA) O século XX passou para a História como um dos mais importantes no processo de desenvolvimento dos meios de comunicação e de informação. A “revolução” ocorrida foi extraordinária, sem precedentes, e mudou radicalmente o estilo de vida das pessoas. Em relação aos efeitos desse fenômeno, marque V nas afirmativas verdadeiras e F, nas falsas. ( ) O exercício da liberdade, as ações sociais e as atividades comerciais se modificaram de forma homogênea nos continentes. ( ) O sistema de comunicação se tornou um valioso instrumento político. ( ) O Estado, que, inicialmente, via a internet como um “templo para amadores”, passou a considerá-la um serviço de utilidade pública. ( ) A importância e a diversificação dos meios de comunicação impuseram uma única legislação, dirigida aos crimes virtuais, para todos os países. ( ) A banalização da violência, na sociedade atual, se constitui uma das consequências do “mundo de fantasia” criado pela televisão. A alternativa que indica a sequência correta, de cima para baixo, é a 01) FVFVV 02) FVVFV 03) VFVFF 04) FFVFV 05) VFFVF 3. A crise econômica pela qual passa o Brasil desde 2015 fez com que muitos aderissem ao empreendedorismo. Você vê essa alternativa como uma solução para o problema do desemprego? Explique. Resposta pessoal. Os estudantes que responderem à questão positivamente podem argumentar que o empreendedorismo pode ser uma alternativa para o desemprego pois ele oferece a oportunidade de livre iniciativa de indivíduos que podem iniciar seu próprio negócio. Já aqueles que responderem negativamente podem alegar que a promessa empreendedora possui baixa probabilidade de sucesso e que, muitas vezes, pode significar a aceitação de trabalhos precarizados.

4. As redes sociais se tornaram um espaço que, além de proporcionar interação entre amigos, é cada vez mais voltado para atividades comerciais. Você considera isso um avanço ou um aspecto que deveria ser limitado nas redes? Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes ponderem sobre os possíveis limites para a área comercial dentro das redes sociais. Alguns podem considerar esse fator um avanço, já que os anúncios são cada vez mais direcionados ao perfil de cada pessoa; e outros podem considerar que esse fator ultrapassa alguns limites de privacidade de dados e podem sugerir que esse aspecto seja limitado nas redes sociais.

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Aulas 8 e 9

Ferramentas virtuais Para que muitos dos negócios on-line pudessem funcionar foi preciso que as empresas mediadoras, como as redes sociais, desenvolvessem meios para que os empreendedores pudessem anunciar seus produtos e cobrar por eles. Já há algum tempo é possível fazer transações financeiras pela internet, mas a evolução das ferramentas tecnológicas veio para facilitá-las e torná-las mais seguras. Um exemplo são as plataformas de e-commerce (comércio eletrônico), que permitem a venda de produtos como se fossem shoppings: os marketplaces. Esse tipo de plataforma surgiu no Brasil em 2012 e traz como grande vantagem a vasta visibilidade dos grandes sites de compra e venda, atraindo um grande público consumidor, o que, para o micro e pequeno empreendedor, significa menores custos com publicidade, por exemplo. Além disso, essas plataformas também contam com a tecnologia desenvolvida pelo marketplace, que já dispõe de sistemas próprios de monetização e pagamentos. Claro que tudo isso apresenta um custo, tanto financeiro quanto de marca. Assim como um lojista paga aluguel de uma sala no shopping, no modelo marketplace a plataforma cobra uma porcentagem da venda. Também é um risco para o empreendedor ficar dependente desse sistema, que, inclusive, não dá visibilidade à sua marca. O comprador, muitas vezes, nem percebe qual é a loja que está de fato vendendo aquele produto; ele grava na memória apenas o marketplace. Portanto, o segredo para um empreendedor de sucesso é diversificar suas ferramentas de venda no mercado.

Educação financeira O canal Nath Finanças, idealizado pela jovem fluminense, universitária, trabalhadora Nathalia, apresenta vídeos caseiros sobre empreendedorismo com foco para público de baixa renda, mostrando maneiras criativas de sair do sufoco dos boletos. Confira o canal dela abaixo.

http://ftd.li/ykezpn

NATEE PHOTO/SHUTTERSTOCK.COM

• Empreendedorismo é tendência O empreendedorismo é umas das grandes tendências do mercado de trabalho e não apenas no Brasil. A capacidade de mobilizar habilidades e competências para desenvolver ideias, tanto no ambiente acadêmico quanto no ramo empresarial, é algo que tem ganhado força no mundo. O registro de patentes e o desenvolvimento de aplicativos, por exemplo, têm crescido muito e são maneiras de colocar o empreendedorismo em prática.

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Aulas 10 e 11

Redes sociais como ferramenta para pequenos negócios

ALEXANDER SUPERTRAMP/SHUTTERSTOCK.COM

No mundo todo, 45% da população já é usuária das redes sociais. De acordo com o relatório Global Digital in 2019, produzido pelas empresas We are Social e Hootsuite, 66% dos brasileiros participam das redes sociais e buscam diariamente serviços e produtos na internet. Segundo pesquisa da consultoria Nielsen, provedora global de informações sobre consumidores, 68% dos usuários de redes sociais expressam o desejo de opinar sobre produtos e serviços consumidos. Isso prova que as redes se tornaram uma ferramenta de comunicação indispensável para qualquer empresa. As redes são canais de comunicação que permitem uma grande divulgação de um negócio e podem ser utilizadas gratuitamente. Além disso, elas possibilitam que as empresas utilizem em suas plataformas a tecnologia dos chatbots.

O QUE É UM CHATBOT? É um software usado para simular um ser humano em uma conversa.

Esse tipo de inteligência artificial é muito usado por empresas para agilizar o atendimento ao cliente, por exemplo – algo que representou uma grande evolução no relacionamento entre consumidores e marcas.

→ + de 100 mil BOTS foram lançados ainda em 2016 → + de 100 mil já estão ativos no Facebook → US$ 8 bilhões serão economizados com atendimento até o fim de 2022 → 85% dos atendimentos serão feitos por BOTS até o final de 2020

TARIKVISION/SHUTTERSTOCK.COM

Chatbots e a economia

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Pratique 5. No capitalismo contemporâneo, fazer compras deixou de ser uma atividade apenas necessária e passou a ser entendida também como uma forma de lazer. Os marketplaces na internet podem fazer com que as compras voltem a ser encaradas apenas como necessidade? Explique. Resposta pessoal. Os estudantes devem refletir sobre o potencial dos marketplaces de alterarem o modo como a sociedade lida com o consumismo. É possível considerar os marketplaces como um meio de potencializar o consumismo, uma vez que eles permitem ao consumidor realizar suas compras a qualquer momento, via internet, mas também se pode entender os marketplaces como locais onde a experiência de comprar como uma forma de lazer é reduzida; nela, não é possível tocar, testar ou vestir o produto; os consumidores podem adquirir uma grande variedade de produtos de um só lugar, reduzindo a visita a outras lojas etc.

6. Vimos que 66% dos brasileiros participam das redes sociais e que, portanto, possuem potencial de consumo dentro dessas plataformas. a) Você já se interessou ou até mesmo adquiriu algum produto anunciado em sua página nas redes Pode-se fazer as perguntas desta atividade oralmente para os estudantes e pedir que eles sociais? Resposta pessoal.

apenas levantem as mãos. Esta atividade servirá para confrontar os dados apresentados na teoria e para refletir sobre o perfil dos estudantes como consumidores de produtos on-line.

b) Você já utilizou as redes sociais para avaliar um produto ou marca? Resposta pessoal.

7. Estudos apontam que os chatbots são de grande valor para as empresas com atendimento on-line. a) Você já interagiu com chatbots, seja para uma compra ou para acessar informações? Resposta pessoal. É muito provável que os estudantes já tenham interagido com chatbots on-line.

b) Como você avalia suas experiências com chatbots? Resposta pessoal. Atualmente há chatbots que funcionam muito bem, com altos níveis de acerto e precisão, e há produtos de software que ainda precisam de bastante desenvolvimento para funcionar de modo adequado.

c) Compare sua experiência com os chatbots com a importância deles para a economia. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes confrontem suas experiências, que podem ser tanto positivas quanto negativas, com a importância dos chatbots para o mercado apontada pelo infográfico. E apontem que, com os altos investimentos nesse setor, há uma grande expectativa para que essa ferramenta se torne cada vez mais presente em nosso cotidiano e com graus de acerto e precisão cada vez maiores.

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Aulas 12 a 16

ALINABEL/SHUTTERSTOCK.COM

ECONOMIA SOLIDÁRIA

chamado Couchsurfing O é uma rede social que faz parte da economia solidária. Ela conecta viajantes e anfitriões de todo o mundo, possibilitando a hospedagem gratuita e a troca de experiências entre os participantes.

Autogestão: estrutura organizacional administrativa em que todos os envolvidos participam ativamente e igualmente das decisões de um projeto, de uma empresa etc.

A ideia de economia solidária abrange produção, distribuição, consumo, poupança e crédito, organizados sob a forma de autogestão. Ela é uma alternativa de geração de trabalho e renda que utiliza princípios de sustentabilidade e inclusão social, de modo a produzir um comércio justo e solidário. Esse modelo econômico pode ser organizado em forma de associações, cooperativas, empresas autogeridas, clubes de troca e redes de cooperação. Segundo o economista brasileiro Paul Singer, um dos principais estudiosos da economia solidária, esse modelo surgiu no Brasil ainda nos anos 1970 como alternativa ao desemprego e à carestia, com o estímulo da Igreja Católica. Contudo, Singer via as raízes da economia solidária ainda no século XVIII, com o nascente sindicalismo do galês Robert Owen (1771-1858), um dos principais pensadores do cooperativismo e do socialismo utópico: Os trabalhadores partidários de Owen inventaram a autogestão. O princípio fundamental era a democracia, ninguém mandava em ninguém. Todo mundo, homem, mulher, jovem, velho. Isso vale para as cooperativas até hoje. No mundo, 1 bilhão de pessoas participam de cooperativas, segundo dados da Aliança Cooperativa Internacional. E cooperativa não é só cooperativa de trabalho. As cooperativas que têm mais sócios chamam-se cooperativas de crédito e são bancos cooperativos. Nós temos mais de mil no Brasil hoje. PAUL Singer: “Economia solidária se aproxima das origens do socialismo”. Carta Capital, 17 abr. 2018. Disponível em: <https://www.cartacapital.com.br/blogs/brasil-debate/Paul-SingerEconomia-solidaria-se-aproxima-da-origens-socialismo/>. Acesso em: 24 out. 2020.

A partir do Fórum Social Mundial ocorrido na cidade de Porto Alegre, em 2001, diversos projetos de âmbito internacional correlacionados às práticas da economia solidária se reuniram para pensarem em estratégias e iniciativas de interlocução com o Estado. Nos anos seguintes, políticas públicas específicas passaram a fazer parte das reivindicações desses movimentos, que culminaram com a criação da Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes), ligada ao governo federal. O surgimento dessa organização foi uma grande conquista para a mobilização da sociedade civil que vinha crescendo desde o fim da Ditadura Civil-Militar, a redemocratização e a Constituição de 1988. Em um contexto de crise econômica e política desde 2013, houve o crescimento de outras demandas populares na sociedade, que passaram a valorizar 116

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o empreendedorismo e a iniciativa individual. Em decorrência dessa nova realidade, a economia solidária perdeu espaço nas políticas públicas nacionais e teve a sua secretaria extinta em 2019. Algo que afetou a geração de renda entre os grupos prioritários de atuação da Senaes: comunidades tradicionais indígenas e quilombolas. Por outro lado, a economia solidária sobrevive graças à iniciativa de coletivos espalhados pelo país, que utilizam seus princípios para impulsionar negócios de “impacto social” em comunidades, proporcionando geração de renda sustentável e desenvolvimento social.

Economia solidária na internet A internet proporcionou meios para que iniciativas de economia solidária buscassem fontes e recursos para além de seus próprios bairros ou comunidades. Tanto a divulgação de produtos nas redes sociais, sites de trocas quanto as plataformas de financiamento coletivo são meios de aumentar o potencial da economia solidária. Por exemplo, com o objetivo de obter maior sustentabilidade, empresas e indivíduos têm buscado em grupos de trocas uma maneira de diminuir o consumo e o acúmulo de mercadorias. Durante a pandemia de covid-19 iniciada em 2020, quando se evidenciou a importância da solidariedade para dar conta das necessidades da população mais pobre, muitos empreendimentos sociais tiveram que investir nessas alternativas, citadas anteriormente, para enfrentar as medidas de quarentena. Além disso, nas redes sociais, houve a criação da #CompreDoBairro, uma iniciativa de ação socioeconômica e popular voltada para a valorização do comércio local.

Agência Solano Trindade Um exemplo desse tipo de atuação é a Agência Popular Solano Trindade, que existe no bairro do Campo Limpo, em São Paulo (SP). Seu fundador, Thiago Vinicius, criou a agência como um banco comunitário que opera com base em uma moeda social, que funciona como um intermédio de escambo. Para entender melhor como funciona essa ferramenta que circula por alguns comércios da região, estimulando a produção e o consumo no próprio bairro, e, a partir disso, gerando renda para a comunidade local, acesse a página da agência que explica essa atividade.

http://ftd.li/8qbc7m

Sustentabilidade

Este boxe trabalha o desenvolvimento da habilidade EMIFCHSA12 dos Itinerários Formativos.

A ideia de sustentabilidade vem já há alguns anos se disseminando para todo tipo de negócios, grandes e pequenos, os quais têm investido bastante nesse princípio, que, cada vez mais, desperta o interesse da opinião pública. Inserir fatores como sustentabilidade e questões ambientais como preocupações da empresa gera uma imagem positiva para o público. Que tal pensar em uma proposta empreendedora sobre esse tema? 1. Dividam-se em grupos e elejam um tema pelo qual vocês tenham afinidade. Em seguida, elaborem um projeto de empreendedorismo sobre o tema escolhido. 2. Com a ideia já definida, o grupo deve refletir sobre como incorporar estratégias de sustentabilidade no empreendimento. Fiquem atentos às qualidades e fragilidades dos membros do grupo na realização do projeto. 3. Elaborem uma apresentação com o objetivo de expor a ideia do projeto de empreendimento e das estratégias de sustentabilidade pensadas para ele. 4. Em sala de aula, apresentem o projeto considerando as estratégias pensadas para abordar a temática da sustentabilidade em seus empreendimentos. Ao longo das exposições, abram espaço para sugestões dos colegas sobre seus projetos. Isso também é sustentabilidade. A atividade proposta tem como objetivo estimular e discutir a ideia de sustentabilidade nas ações de pequenos empreendedores e que devem ser pensadas para além do marketing; é preciso colocá-las em prática. Pensar na sustentabilidade é essencial dentro de uma visão de cidadania, tanto para aqueles que gostariam de investir em um negócio próprio quanto para aqueles que vão se inserir dentro de uma rotina de trabalho em uma empresa já existente. Ciências Humanas e Sociais Aplicadas | FTD

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Aulas 17 a 22

ADR

MONETIZAÇÃO DE PRODUTORES DE CONTEÚDO IAN

HAN

CU/

Com a evolução das ferramentas da internet, torna-se cada vez mais viável descentralizar a produção de conteúdos, que antes eram GES majoritariamente concebidos por meio de broadcasts, ou seja, de um para muitos. Essa descentralização proporcionada pela internet inaugurou um modelo conhecido como multicast, ou seja, de muitos para muitos. E nesse novo formato não é mais necessário ter um canal de TV ou de rádio, ou pagar fortunas por um tempo nesses veículos para divulgar seu trabalho ou negócio. A revolução tecnológica, que trouxe os hardwares, smartphones e as câmeras digitais, intensificou e multiplicou a produção de conteúdos causando uma revolução na comunicação, como vimos no primeiro capítulo. Principalmente quando as plataformas de redes sociais passaram a ter suas ferramentas de áudio e vídeo, elas possibilitaram que qualquer pessoa com acesso à internet possa gravar seus próprios vídeos e, assim, divulgar ideias, produtos, serviços etc. Claro que, para as grandes empresas que hospedam ou propiciam essas iniciativas, trata-se de um grande negócio. Isso porque, de modo geral, o usuário custeia toda a produção do conteúdo que vai compartilhar nas redes sociais. Essas plataformas servem apenas como locais de exposição, sem o custo de produção, como um canal de TV. Com o passar do tempo, essas empresas, sobretudo de streaming, descobriram que se remunerassem aqueles produtores de conteúdo mais populares, com maior potencial de atingir um grande público, os vídeos teriam mais qualidade, seriam mais compartilhados e atrairiam mais público para o site. Foi por meio desses patrocínios que surgiram os primeiros digital influencers da internet, que monetizaram seu conteúdo e se profissionalizaram. Inclusive, dependendo do grau de popularidade de um influenciador, é possível que ele se dedique somente a essa função, não tendo mais que conciliar o tempo como produtor de conteúdo com outras atividades remuneradas. Mas essa remuneração não vem tão facilmente. Primeiro, os sites analisam o tráfego que é gerado pelo seu conteúdo e o vincula a anúncios publicitários. É assim que ocorre a remuneração “paga” pelas plataformas. Na verdade, os digital influencers são pagos para ceder espaços dentro de seus conteúdos para publicidade, mas isso só acontece quando um influencer atinge uma quantidade significativa de visualizações em seus vídeos ou de inscritos no seu canal e, claro, de cliques em anúncios. A lógica de monetização dos influencers funciona da mesma forma que na TV: lucram vendendo “seu público”. Quanto maior a audiência, maior a possibilidade de uma empresa se interessar por colocar ali seu investimento em publicidade. Enquanto isso, as empresas de tecnologia lucram com os dados: quanto maior o tráfego, maior o lucro. Os influenciadores atuam no meio digital com maior liberdade de criação do que teriam em um canal de TV ou revista, por exemplo; sobretudo na abordagem de seus conteúdos, é possível testar e inventar novas formas de se comunicar. Nem sempre, contudo, essas informações são confiáveis, pois é comum que influenciadores distorçam fatos para tornar um vídeo mais chamativo, isto é, que tenha maior capacidade de “viralizar”. Esse sensacionalismo, que também existe nas mídias convencionais, acaba sendo mais comum nos meios digitais, porque não há a mesma profissionalização que existe nas mídias tradicionais, o que significa, por exemplo, que um repórter de telejornal pode ser responsabilizado pela empresa que o contrata. I S TO

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Marketing de influência e a cultura do narcisismo Outro ponto que merece reflexão é o marketing de influência, que é quando empresas contratam influenciadores para fazer propaganda, às vezes de forma velada, de seus produtos. Como nem sempre sabemos que aquele youtuber está sendo pago para falar bem de determinada lanchonete, por exemplo, podemos acreditar que ele realmente gosta daquele sanduíche, quando isso pode não ser verdade. A falta de transparência entre empresas, influenciadores e usuários na internet representa um dos maiores problemas do mundo contemporâneo, em que a fronteira entre verdade e mentira pode ser fluida e vertiginosa. Atualmente, há inclusive agências especializadas em manter influenciadores contratados, que, por sua vez, recebem as demandas de produção e as mercantilizam como se fossem negociadores. Mas por trás dessa atenção toda recebida pelos influenciadores está uma questão mais complexa: a cultura do narcisismo. Nos anos 1970, o historiador e sociólogo estadunidense Christopher Lasch (1932-1994) adaptou o conceito de narcisismo da psicanálise para entender, a partir das ciências sociais, a crise da cultura moderna. Em um mundo dominado pela imagem, em que o sujeito se vê cada vez menos seguro no seu trabalho e em sua vida privada — e em que a cultura de massa invade todos os recantos do ego, em que o indivíduo não consegue mais ser autorresponsável e seguro de si, ele sente a necessidade de ter alguém em quem se espelhar (uma figura de autoridade, uma celebridade que lhe dê dicas de comportamento, um guru da autoajuda…), que lhe sirva de guia e lhe diga como conduzir sua própria vida. A cultura das celebridades já existia, mas foi potencializada com as redes sociais e os influenciadores digitais.

Criptomoedas Para começar a falar de criptomoedas, ou moedas digitais, primeiro é necessário entender o que as torna possíveis, isto é, qual processo tecnológico criou ambientes avançados e seguros o suficiente para a sua difusão. Primeiramente, foi preciso construir o blockchain, sistema que reúne pedaços de código gerados on-line que carregam informações conectadas (como blocos de dados que formam uma corrente), permitindo rastrear o envio e o recebimento de alguns tipos de informação pela internet. É esse sistema que possibilita o funcionamento e a transação das chamadas criptomoedas. A ideia do blockchain surgiu em 2008 em artigo acadêmico de autoria de Satoshi Nakamoto (pseudônimo do suposto criador do bitcoin). Em termos técnicos, trata-se de uma “computação em nuvem” (cloud computing), tecnologia que torna possível processar uma grande quantidade de informações on-line. Todo bloco criado contém tanto a sua hash (uma função matemática que associa mensagem ou arquivo a um código alfanumérico, criptografando-os) quanto a do bloco anterior, criando uma conexão entre Logotipo do bitcoin. esses blocos.

Narcisismo a qualquer preço Uma das maiores e mais ricas influencers do Brasil, Gabriela Pugliesi, perdeu muitos seguidores e dinheiro por fazer uma festa no início da pandemia de covid-19, chegando a ser cancelada por muitos internautas. Leia a matéria da revista Forbes que comenta o prejuízo da influencer e, em seguida, responda às questões.

http://ftd.li/8qa7s4

1. Em sua opinião, os influenciadores digitais realmente usam tudo o que indicam? 2. Sabendo que ser influenciador digital é uma profissão, o quanto você acredita na veracidade do que é exposto por esses profissionais no Instagram? 3. Segundo a notícia, Gabriela Pugliesi pode ter tido um prejuízo de cerca de 3 milhões de reais. Sabendo dessa possibilidade, como você avalia as ações da influencer neste caso?

ALE

1. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes reconheçam que os influenciadores digitais costumam ser pagos pelas marcas para indicar os produtos. 2. Resposta pessoal. Os estudantes devem considerar que a profissão de influenciador impacta no conteúdo exposto por esses profissionais e que, por depender da sua imagem, as publicações em redes sociais, meio pelo qual seu estilo e comportamento são vendidos, são passíveis de questionamento. 3. Resposta pessoal. A avaliação dos estudantes deve confrontar o prejuízo financeiro com a manutenção das aparências. É possível estender esse debate e refletir sobre os possíveis posicionamentos das empresas financiadoras em relação ao caso. X LU K

I N / S H U T T E R S TO CK . COM

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THAMERPIC/ISTOCK/GETTY IMAGES

Vitrine de café em Zurique, na Suíça, em que se aceitam bitcoins como forma de pagamento.

Esta é a tecnologia de segurança pela qual “navegam” as criptomoedas. Esse ambiente descentralizado e criptografado assegura a validade das transações financeiras pela internet. Hoje existem dezenas de criptomoedas; a mais conhecida delas é o bitcoin. Mas outras surgiram, e o próprio Facebook está desenvolvendo sua própria moeda digital, em fase de autorização pelos sistemas bancários de vários países, o que permitirá, por exemplo, fazer compra via aplicativos de mensagens instantâneas. Mas sua legalidade é questionada, e países como a China e a Arábia Saudita já decidiram proibir sua circulação.

Pratique 8. (Enem/MEC)

FALTOU RETRANCA

Disponível em: <www.indiana.edu>. Acesso em: 3 ago. 2013 (adaptado).

As redes sociais tornaram-se espaços importantes de relacionamento e comunicação. A charge apresenta o impacto da internet na vida dos indivíduos quando faz referência à a) ampliação do poder dos clérigos no controle dos fiéis. b) adequação dos ritos sacramentais ao cotidiano. c) perda de privacidade em ambiente virtual. d) reinterpretação da noção de pecado. e) modernização das instituições religiosas.

A charge representa a sociedade do espetáculo na qual vivemos. Ao expormos nossas vidas nas redes sociais, perdemos nossa privacidade, uma vez que qualquer pessoa pode visualizar as postagens que publicamos nas redes.

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9. (Enem/MEC)

A tirinha demonstra como as relações interpessoais mudaram conforme novas tecnologias, no caso, as redes sociais, se tornaram mais presentes em nossas vidas. A partir do diálogo critica-se as redes sociais por afastarem as pessoas do mundo real, uma vez que boa parte do tempo é gasto para alimentar as diversas plataformas virtuais.

Disponível em: http://tv-video-edc.blogspot.com. Acesso em: 30 maio 2010.

A charge revela uma crítica aos meios de comunicação, em especial à internet, porque a) questiona a integração das pessoas nas redes virtuais de relacionamento. b) considera as relações sociais como menos importantes que as virtuais. c) enaltece a pretensão do homem de estar em todos os lugares ao mesmo tempo. d) descreve com precisão as sociedades humanas no mundo globalizado. e) concebe a rede de computadores como o espaço mais eficaz para a construção de relações sociais. 10. A monetização das redes sociais é uma tendência, fazendo com que ferramentas antes pensadas apenas para a interação e o entretenimento se tornem um negócio. Em sua opinião, que consequências esse processo pode ter para as relações pessoais? Resposta pessoal. A proposta desta atividade é a reflexão sobre o impacto das redes sociais em nossas relações pessoais, pensando essas plataformas não apenas como uma ferramenta de interação e entretenimento, mas também como de negócios. Peça aos estudantes que observem seu comportamento nas redes sociais: eles já pediram para alguém seguir seu perfil ou canal ou o de alguma personalidade da internet? Por quê? Eles consideram que o conteúdo produzido era relevante para a pessoa que eles persuadiram?

11. A ideia de se tornar um influenciador digital é muito tentadora para os jovens, na medida em que parece fácil se transformar em um ícone cultural. Mas é preciso saber o que veicular, e para isso é necessário pensar em conteúdos e formas de apresentação que despertem interesse em um público-alvo. Em sua opinião, que tipo de conhecimentos a escola oferece ou poderia oferecer para isso? Resposta pessoal. Incentive os estudantes a pensar em quais conhecimentos eles gostariam de construir para adquirir autonomia no planejamento e na realização de ações empreendedoras na internet. As aulas de Informática, Língua Portuguesa e Artes podem ajudar a pensar esses conteúdos e formas de apresentação enquanto as áreas de Ciências Humanas, Ciências da Natureza, Matemática e até Linguagens ajudam a fundamentar bem os conteúdos a serem apresentados.

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12. O surgimento dos influenciadores fez nascer uma nova cultura de celebridades instantâneas, que ganham repercussão à margem dos meios de comunicação tradicionais. Como você percebe a presença deles no seu cotidiano? Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes avaliem o quanto eles são impactados por esses influenciadores que constantemente disparam produtos e estímulos aos seus seguidores.

13. Muitos pesquisadores acreditam que as redes sociais estimulam a vaidade em detrimento do caráter e da formação do indivíduo. Avalie como essa prática pode influenciar a economia. Resposta pessoal. Os estudantes devem ponderar sobre o poder de interferência dos influenciadores na economia com base na cultura do narcisismo, avaliando como essas pessoas induzem seus seguidores a comprar produtos ou visitar estabelecimentos a partir de suas inseguranças.

posse de papel-moeda é cada vez mais substituída pelos cartões de crédito. Mas, com as criptomoedas, até mesmo ter conta em um banco pode se tornar obsoleto. Em sua opinião, como o uso dessa tecnologia pode influenciar o funcionamento do comércio?

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Resposta pessoal. Os estudantes devem analisar e mensurar o poder das criptomoedas para o comércio. Em alguns casos, elas podem ajudar os comerciantes a realizarem transações mais seguras, porque não seria mais necessário custear uma máquina de cartão etc. Em contrapartida, o uso das criptomoedas faz com que o estabelecimento fique refém de uma boa conexão com a internet, algo que nem todos podem subsidiar. Aulas 23 a 26

REDES SOCIAIS E MERCADO DE TRABALHO

SPENCER PLATT/GETTY IMAGES

No mercado de trabalho, é possível usar as redes sociais para conectar empregadores e candidatos a vagas, de modo a dinamizar essas relações. Há várias redes especializadas no compartilhamento de currículos; grandes empresas têm, muitas vezes, suas próprias plataformas de recrutamento, e todas elas podem ajudar a divulgar um trabalho acadêmico, publicitário, editorial etc. Nelas, também é possível encontrar os profissionais mais qualificados e disputados pelo mercado de trabalho. Ou esses seriam os perfis de quem sabe “se vender” melhor? Claro que as duas coisas andam juntas, mas essas redes sociais potencializam a capacidade comunicativa daqueles que já conseguiram desenvolvê-la bem, na maioria das vezes, pessoas que tiveram uma formação específica para isso. Bolsa de valores de Nova York (Estados Unidos), 2019.

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Portanto, dentro dessa lógica, a maior parte da população brasileira encontra-se em desvantagem nessas redes sociais em decorrência dos altos níveis de exclusão digital e do analfabetismo funcional no país. De acordo com os dados de 2018 do Indicador de Analfabetismo Funcional (Inaf), realizado pela ONG Ação Educativa e pelo Instituto Paulo Montenegro, houve uma significativa redução do número de analfabetos, caindo de 12%, em 2001-2002, para 4% em 2015, embora esse patamar tenha levemente aumentado em 2018. Ao longo desses anos, houve ainda uma redução da proporção de brasileiros que conseguem fazer uso da leitura, da escrita e das operações matemáticas em suas tarefas cotidianas apenas em nível rudimentar, de 27% em 2001-2002 para um patamar de pouco mais de 20% em 2009. Indivíduos classificados nesses dois níveis de alfabetismo são considerados analfabetos funcionais, ou seja, apesar de conseguirem identificar letras e números, não conseguem compreendê-los e interpretá-los. No Brasil de 2018, cerca de 3 em cada 10 brasileiros entre 15 e 64 anos eram analfabetos funcionais. Com efeito, apenas um terço (34%) das pessoas que atingem o nível superior pode ser considerado proficiente pela escala do Inaf, conforme mostram os resultados preliminares da pesquisa. Isso significa que, mesmo entre aqueles que chegam ao Ensino Superior, há uma defasagem significativa de alfabetização, o que incide diretamente na possibilidade de ascensão profissional. Em um mundo em que as redes sociais se tornaram o parâmetro para o indivíduo, que precisa “se vender” para o mercado de trabalho; em que ele é visto como "empresa de si", pelo discurso do empreendedorismo, é preocupante que tanta gente esteja tão atrás logo na largada.

http://ftd.li/7d574h

Proficiente: pessoa que possui domínio total de certa habilidade ou conhecimento.

Projetos de empreendedorismo por meio das redes sociais Crescer por meio do empreendedorismo é um grande desafio, mesmo para aqueles que têm uma boa ideia. Na maioria das vezes, para que um negócio dê certo, é preciso ter o que o sociólogo francês Pierre Bourdieu (1930-2002) chamou de “capital social”, ou seja, uma rede de relações institucionalizadas de conhecimento mútuo e reconhecimento. Significa que ter uma rede estável de contatos é fundamental para fazer com que um empreendimento seja bem-sucedido. Mas, como em qualquer fator sob o capitalismo, há desigualdades no que se refere ao capital social. Aqueles que tiveram menos oportunidades de inserção educacional, cultural e econômica terão também mais desafios de competir no mercado, sobretudo nas áreas em que há mais concorrência (para entender melhor essa ideia, assista à explicação do vídeo Pílulas Sociológicas – Pierre Bourdieu e os capitais, do canal Filonared, sobre como o sociólogo entende a desigualdade social e sua relação com o acúmulo de diversos tipos de capital). A internet e as redes sociais ajudaram a melhorar essa relação, pois uma ideia criativa pode encontrar adeptos com mais facilidade do que apenas no velho “boca a boca”, como atestam os casos de influenciadores de baixa renda. Outra forma de combater as desigualdades de capital social e que pode

http://ftd.li/7ipve2

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equilibrar um pouco o jogo para quem não teve as mesmas oportunidades, é a disseminação de redes voltadas especificamente para o empreendedorismo. Nesses ambientes, startups têm a oportunidade de buscar não apenas aporte financeiro, mas opiniões de especialistas sobre seu modelo de negócio e, assim, conectar-se com outros empreendedores e parceiros que estão em situação parecida ou que já superaram os mesmos problemas.

Corrida dos privilégios

1. Faça um levantamento das perguntas feitas no vídeo para replicá-las com os estudantes; se preciso, adapte ou acrescente outras questões que se encaixem melhor dentro da realidade dos estudantes.

Vimos que no Brasil as desigualdades sociais afetam diretamente o sucesso de um perfil em uma rede social voltada para conectar empregadores e empregados. E esse fenômeno não ocorre apenas em nosso país. Assista ao vídeo de um experimento sobre privilégios feito com empregados de uma mesma empresa no link ao lado. 1. Reproduzam em sala de aula o mesmo experimento do vídeo. 2. Após a dinâmica, façam um debate acerca dos resultados obtidos.

http://ftd.li/z2tqm6

Resposta pessoal. Os estudantes devem responder às perguntas segundo sua experiencia de vida. Espera-se que, ao realizar essa dinâmica, eles reflitam sobre seus privilégios e sintam mais empatia pelos colegas, ao conhecer suas respostas.

Pratique 15. (UEMA) A letra da música de Gilberto Gil trata da rede de comunicação existente no mundo e sugere a importância dessa rede para a inclusão digital, do ponto de vista socioeconômico. Pela Internet Criar meu web site Fazer minha home-page Com quantos gigabytes Se faz uma jangada Um barco que veleje […] Eu quero entrar na rede Promover um debate Juntar via Internet Um grupo de tietes de Connecticut De Connecticut acessar O chefe da milícia de Milão Um hacker mafioso acaba de soltar Um vírus pra atacar programas no Japão Eu quero entrar na rede pra contactar Os lares do Nepal, os bares do Gabão Que o chefe da polícia carioca avisa pelo celular Que lá na praça Onze tem um videopôquer para se jogar GILBERTO GIL. Disco Quanta. Warner Music, 1997 (adaptado).

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A exclusão socioeconômica desencadeia a digital; essa relação é constatada ao verificarmos que os menores índices de desenvolvimento tecnológico estão nos países subdesenvolvidos. Além disso, essa relação também pode ser observada entre a população de baixa renda, que, por possuir menos recursos financeiros, tem mais dificuldades de adquirir acesso à internet e aos equipamentos necessários para sua navegação.

A relação entre a exclusão socioeconômica e a digital está apresentada na seguinte assertiva:

a) A digital desencadeia a socioeconômica, pela relação direta entre a existência de ampla tecnologia da informação e comunicação e a realidade dos países subdesenvolvidos. b) A socioeconômica desencadeia a digital, por existir maior investimento dos países subdesenvolvidos no acesso à tecnologia de informação e comunicação, portanto, maior inclusão. c) A socioeconômica desencadeia a digital, pois há relação igualitária entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos quanto ao acesso à tecnologia de informação e comunicação, e à inclusão. d) A digital desencadeia a socioeconômica, à medida que o acesso às tecnologias de informação e comunicação se dá de forma mais estruturada nos países subdesenvolvidos. e) A socioeconômica desencadeia a digital, por haver uma relação desfavorável quanto ao menor acesso dos países subdesenvolvidos à tecnologia de informação e comunicação. 16. Explique a relação entre capital social e o sucesso de um empreendimento. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes apontem em suas explicações que o capital social influencia em diversos aspectos o sucesso de um empreendimento, como ter uma rede de fornecedores, conselheiros e clientes, além de ter uma formação acadêmica na área atuante, ter tido oportunidades de preparação e experiência etc.

17. As redes sociais se transformaram em grande medida em uma janela de oportunidades para pequenos negócios. De que forma elas podem ser utilizadas para impulsionar um empreendimento? Resposta pessoal. Os estudantes podem citar como formas de impulsionar um empreendimento pelas redes sociais: a facilitação de encontro e comunicação entre compradores e vendedores, o uso de chatbots, que agilizam a comunicação entre empresa e consumidor, os marketplaces, que agregam milhares de pequenos comércios e possuem muitos clientes etc.

18. Em sua opinião, é possível que um pequeno negócio consiga disputar mercado com uma marca já estabelecida, apenas com o impulso das redes sociais? Resposta pessoal. A discussão pode ser levantada a partir de uma reflexão sobre os marketplaces, que, ao mesmo tempo que fornecem um suporte técnico de qualidade para pequenos negócios, os tornam dependentes deles, além de não dar a visibilidade adequada a essas pequenas marcas.

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Aulas 27 a 33

Empreendedorismo e neoliberalismo

TCD/PROD.DB/ALAMY/ FOTOARENA

Você não estava aqui

O filme do diretor britânico Ken Loach é uma representação da precarização do trabalho. Conta a história de como Ricky e sua esposa tentam contornar os problemas da crise financeira de 2008, ele realizando entregas e ela lutando para manter seu emprego como cuidadora. Assista ao trailer.

http://ftd.li/yu4db3

Você não estava aqui Direção: Ken Loach Reino Unido: Sixteen Films, 2019 (101 min)

Neste novo mundo, em que o empreendedorismo é cada vez mais recorrente na publicidade e nos discursos dos políticos, torna-se mais difícil atingir o tão sonhado sucesso. As grandes corporações do Vale do Silício e suas startups, avaliadas em milhões de dólares, são uma pequena exceção diante de muitas outras tentativas frustradas de criar algo, sobretudo no ambiente digital. A concorrência entre novos negócios em setores bastante dinâmicos, como o das redes sociais e dos aplicativos, costuma deixar muita gente de fora, pois não é nada fácil criar algo realmente inovador. Essa lógica empreendedora que está em alta no mundo, muitas vezes é associada, por empresas e governos, a práticas neoliberais, e, quando essas visões de mundo se juntam, o resultado é o aumento da precarização do trabalho. Para os sociólogos franceses Pierre Dardot e Christian Laval, o neoliberalismo não significa apenas a massiva privatização de empresas públicas e a retirada do Estado de sua função de incentivar o desenvolvimento econômico, mas sim uma generalização da lógica concorrencial, isto é, todos passamos a nos ver como “empresas de si”, preocupados em melhorar nosso “capital humano” independentemente do governo, da escola, da universidade etc. Para isso, o neoliberalismo transforma as relações de trabalho e de educação, aquilo que muitas pessoas almejavam, como um emprego com carteira assinada e educação formal, e os substitui por cursos rápidos e on-line, trabalhos de curta duração conhecidos como jobs e promove a ideia de que cada um se torne sua própria empresa. Um exemplo é o dos motoristas e entregadores de aplicativos, que não têm vínculo formal de trabalho com as empresas, podendo ser, literalmente, desligados delas a qualquer momento. Eles são tratados pelas empresas não como empregados, mas como parceiros, e outros entregadores, por sua vez, não são vistos como seus colegas, mas como competidores. […] Enquanto maneira de ser do eu humano, a empresa de si mesmo constitui um modo de governar-se de acordo com valores e princípios. […] “Energia, iniciativa, ambição, cálculo e responsabilidade pessoal”. Trata-se do indivíduo competente e competitivo, que procura maximizar seu capital humano em todos os campos, que não procura apenas projetar-se no futuro e calcular ganhos e custos como o velho homem econômico, mas que procura sobretudo trabalhar a si mesmo com o intuito de transformar-se permanentemente, aprimorar-se, tornar-se sempre mais eficaz. O que distingue este sujeito é o próprio processo de aprimoramento que ele realiza sobre si mesmo, levando-o a melhorar incessantemente seus resultados e seus desempenhos. Os novos paradigmas que englobam tanto o mercado de trabalho como o da educação e da formação, “formação por toda vida” (long life training) e “empregabilidade”, são modalidades estratégicas significativas. DARDOT, Pierre; LAVAL, Christian. A nova razão do mundo: ensaio sobre a sociedade neoliberal. São Paulo: Boitempo, 2016. p. 333.

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Neoliberalismo. Conjunto de ideias e medidas políticas e econômicas que ganharam força a partir do final do século XX, buscando atualizar a teoria liberal clássica. Seus pressupostos defendem a redução da participação do Estado nas atividades econômicas e concorrência entre empresas e indivíduos como valor fundamental para o funcionamento da vida em sociedade.

ilhares de entregadores M via aplicativo em protesto contra a precarização de seu trabalho. São Paulo (SP), julho de 2020.

Precarização e flexibilização Na era do empreendedorismo, dedicar-se ao trabalho é considerado um valor a ser cultivado e, justamente por isso, atualmente há muitas pessoas que se identificam com o termo workaholic, o viciado em trabalho. E, nesse contexto, as redes sociais têm colaborado para essa compulsão, sobretudo nos casos de trabalhadores de escritório. A popularização do smartphone já os havia colocado diante da situação de poderem ser solicitados a qualquer momento. Com as redes sociais e aplicativos de mensagens instantâneas, tornou-se comum que workaholics, chefes e encarregados, desrespeitem os momentos de descanso com demandas de trabalho, inclusive aos fins de semana. Assista ao vídeo do canal Na Prática sobre os workaholics. Embora essa conduta especificamente não seja saudável, smartphones junto a plataformas digitais podem influenciar na organização das rotinas de trabalho, facilitando o encontro de pessoas a distância, sistematizando e compartilhando tarefas etc. Tais ferramentas possibilitam, por exemplo, a realidade do home office. A exposição que as pessoas fazem de suas vidas nas redes sociais tem influenciado inclusive o modo como algumas empresas lidam com seus funcionários. Em alguns casos, elas vigiam constantemente as contas de seus empregados em redes sociais, chegando a se utilizar delas como meio para justificar punições e até demissões. Além disso, o recrutamento de novos trabalhadores também tem sido diretamente afetado por essa exposição nas redes sociais, pois se propagou o hábito entre as empresas de verificar as contas de seus candidatos, para conhecer suas posições políticas, por exemplo. Recentemente, nas plataformas digitais essa realidade vem se exacerbando ao limite. Os algoritmos, concebidos e desenhados pelas corporações globais para controlar os tempos, ritmos e movimentos de todas as atividades laborativas, foram o ingrediente que faltava para, sob uma falsa aparência de autonomia, impulsionar, comandar e induzir modalidades intensas de extração do sobretrabalho, nas quais as jornadas de 12, 14 ou mais horas de trabalho estão longe de ser a exceção. O curioso mundo virtual algorítmico, então, convive muito bem com um trágico mundo real, onde a predação ilimitada do corpo produtivo do trabalho regride à fase pretérita do capitalismo, quando ele deslanchava sua “acumulação primitiva” com base no binômio exploração e espoliação, ambos ilimitados. ANTUNES, Ricardo. “Trabalho virtual?” Blog da Boitempo. Disponível em: <https://blogdaboi tempo.com.br/2020/09/22/trabalho-virtual/>. Acesso em: 13 out. 2020.

BW PRESS/SHUTTERSTOCK.COM

http://ftd.li/tc9z5t

O privilégio da servidão O sociólogo Ricardo Antunes, professor da Universidade de Campinas (Unicamp), conduz neste webcurso uma leitura de seu livro O privilégio da servidão, em que aborda o novo proletariado de serviços na era digital. Disponível no link abaixo.

http://ftd.li/wabo9h

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20. Resposta pessoal. Os estudantes podem argumentar que as redes sociais podem ser aliadas para encontrar um emprego, a exemplo da rede LinkedIn, e de seu uso como meio de divulgação de trabalho como portfólios de ilustradores, fotógrafos, designers etc. Outro ponto que eles podem citar é que as redes sociais podem ser analisadas como critérios de contratação pelas empresas, ou seja, o perfil pessoal pode ser usado para determinar se o profissional conseguirá ou não uma vaga de emprego. É possível expandir essa discussão incluindo a evolução da robótica e da inteligência artificial sobre a atual condição do mercado de trabalho. Avanços tecnológicos devem Denúncia, justiça e exposição nas redes afetar diretamente a distribuição das ocupações e cargos e, portanto, devem impactar as opções de emprego dos mais jovens.

Apesar de algumas empresas utilizarem as redes sociais como um meio de vigiar e punir seus funcionários, há casos em que elas são usadas como ferramentas de denúncia e exposição de ações e conteúdos que podem resultar na demissão dessas pessoas. Foi o que aconteceu no início de julho de 2020, quando viralizou um vídeo de um casal agredindo verbalmente um fiscal da Prefeitura do Rio de Janeiro durante sua inspeção, que deveria assegurar o cumprimento das normas de segurança relacionadas à pandemia do coronavírus.

http://ftd.li/hreyyw

1. Leiam em conjunto o artigo que trata da repercussão do ocorrido e que resultou na demissão da mulher que protagonizou a cena. 2. Após a leitura do texto, debatam sobre o caso e sobre como as redes sociais são ferramentas Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes debatam sobre as comcomplexas dentro do mundo do trabalho. plexidades das redes sociais no mundo do trabalho confrontando o que eles consideram como pontos positivos e negativos para chegarem a uma conclusão.

Investigação: trabalho conectado O uso das redes sociais no mundo do trabalho tem contribuído para a sua precarização, mensagens e e-mails com cobranças e fora do horário de trabalho, vigilância dos funcionários etc. Será que isso já afetou ou ainda afeta a sua família? E a comunidade? Vamos descobrir! 1. Resposta pessoal. 1. Individualmente, entreviste seus familiares e, se possível, alguns membros de sua comunidade. Além de seus dados pessoais, como nome, idade, profissão, pergunte a eles: • Você já sentiu seu trabalho afetado pelas redes sociais? • Como você classifica esse impacto? Positivo, negativo ou • Relate sua experiência a partir desse impacto.

2. Resposta pessoal. Ao realizarem as entrevistas e escreverem um relatório sobre ambos? elas, os estudantes poderão compreender como essa questão afeta na prática as pessoas próximas a eles e que já estão inseridas no mundo do trabalho.

• Em caso de uma experiência negativa, como você solucionaria o problema?

2. Ao concluir as entrevistas escreva um relatório analisando as experiências coletadas. 3. Apresente o relatório para a turma e debatam sobre como essa questão tem afetado os trabalhadores de sua cidade. 3. Resposta pessoal. Ao apresentar os relatórios, os estudantes confrontarão as experiências da comunidade e terão um panorama geral de como essa questão tem impactado seu entorno.

Pratique

19. Resposta pessoal. Os estudantes podem apontar que a internet influenciou positivamente sua formação por meio de páginas de notícias, indicações de cursos on-line, mas também é possível que eles indiquem que as redes sociais sejam uma grande distração para os estudos. Em relação à substituição da educação formal pela educação virtual, é preciso que os estudantes ponderem sobre os pontos positivos e negativos dessas modalidades, considerando o papel do professor, a faixa etária dos estudantes etc. A experiência de educação a distância em larga escala durante a pandemia de covid-19 pode ser analisada durante esse debate.

19. Discutam verbalmente acerca da importância da internet e das redes sociais para a formação das pessoas. Você acha que eles podem substituir a educação formal? 20. Debatam oralmente a partir do seguinte questionamento: em relação às redes sociais, você acredita que elas podem ser aliadas na busca de um emprego? 21. Ao buscar sua inserção no mercado de trabalho, você acredita que seu smartphone pode ajudá-lo a desenvolver as tarefas de uma rotina de trabalho? Como? Resposta pessoal. Os estudantes devem avaliar o impacto que os smartphones podem ter em uma rotina de trabalho. Eles podem ser fontes de distração, mas também são ferramentas organizacionais; com eles, é possível agendar lembretes, marcar eventos no calendário, registrar notas, sistematizar planilhas etc. 128

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Aula 34

Elas oferecem ferramentas para diversos tipos de negócio, como os marketplaces e os chatbots.

As redes sociais oferecem suas plataformas para promover outras empresas, algo que pode contribuir para a descentralização do capitalismo, ao ajudar na promoção de pequenas marcas e negócios, a exemplo da economia solidária. Embora elas também possam agravar a concentração de capital, como é o caso dos marketplaces, como a Amazon.

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As redes sociais são uma forma de negócio extremamente lucrativa, e os dados dos usuários representam seu valioso e cobiçado produto; por meio deles, outras empresas anunciam suas mercadorias ajustadas especificamente para cada perfil.

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A monetização de produtores é uma nova modalidade profissional na qual os digital influencers são pagos para promover certas marcas.

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A economia solidária é um modelo de negócios cujos princípios básicos são sustentabilidade, inclusão social e cooperação.

Negócios no ambiente virtual: empreendedorismo social como meio de transformar positivamente a sociedade e o meio ambiente.

NEGÓCIOS NA ERA DIGITAL

A tecnologia e as redes sociais também podem ser usadas como instrumentos de flexibilização e precarização do trabalho.

As criptomoedas existem a partir de uma tecnologia de criptografia de dados que permite realizar transações financeiras on-line.

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Síntese

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Habilidades dos Itinerários Formativos trabalhadas neste capítulo: EMIFCG01; EMIFCG02; EMIFCG03; EMIFCG05; EMIFCG06; EMIFCG07; EMIFCG08; EMIFCG09; EMIFCG10; EMIFCG11; EMIFCG12; EMIFCHSA01; EMIFCHSA02; EMIFCHSA03; EMIFCHSA04; EMIFCHSA05; EMIFCHSA06; EMIFCHSA07; EMIFCHSA08; EMIFCHSA09; EMIFCHSA10; EMIFCHSA11; EMIFCHSA12. O texto na íntegra das habilidades encontra-se no Manual do Professor.

CAPítulo 6

Aula 1

Ética e direito no mundo virtual

c) Resposta pessoal. O intuito dessa questão é fazer o levantamento dos conhecimentos dos estudantes sobre o tema. Como esse é o assunto do capítulo, não é necessário se aprofundar nos recursos legais de proteção digital neste momento.

Desde sua criação, em 2004, o Facebook já se tornou centro de diversas polêmicas sobre desvio de ética em relação à privacidade dos usuários. Entre elas, destacam-se a publicação indesejada de compras on-line, a permissão de que informações privadas de usuários se tornem públicas sem aviso prévio e até mesmo experimentos de manipulação de humor e omissão em roubo massivo de dados. Diante desses acontecimentos, é importante nos perguntarmos quais mecanismos legais e éticos existem ou deveriam existir para coibir esse tipo de atitude. Vimos que as redes sociais nos trazem inúmeras possibilidades de contribuir com a construção de um mundo mais justo e democrático, que seu uso consciente permite às pessoas que se expressem, sejam ouvidas e se unam em benefício da coletividade. Mas vimos também o outro lado do uso das redes sociais, que envolve a manipulação de informações e opiniões, além do prejuízo direto a pessoas ou grupos, por meio de golpes e de disseminação de desinformação. Para que as redes sejam usadas adequadamente e para que os usuários — e a própria sociedade — sejam protegidos, é necessário compreender melhor questões relacionadas à ética e ao direito digital. Assim como em tantas outras esferas do cotidiano, a ética e o direito são conceitos fundamentais no mundo virtual para o desenvolvimento e a manutenção de uma sociedade justa e democrática. a) Você já presenciou algum tipo de conduta inadequada, crime ou violência nas redes sociais? Se sim, qual foi a situação? b) Você já foi vítima de algum tipo de conduta inadequada nas redes sociais? c) Você conhece os recursos disponíveis para que os usuários de redes sociais se protejam de condutas nocivas?

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a) Respostas pessoais. b) Resposta pessoal. Nessa atividade, é importante ter cuidado com os relatos dos estudantes, pois eles podem ter sido vítimas de crimes ou de experiências traumáticas. Se for o caso, oriente-os sobre como proceder nessas situações e como buscar ajuda profissional e familiar.

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Leia o texto da abertura com os estudantes, esclarecendo dúvidas e trocando com eles impressões sobre as informações trazidas. Os conceitos de ética e direito serão aprofundados no decorrer do capítulo, então não é necessário que esse debate seja aprofundado neste momento. Porém, é interessante que sejam observados os conhecimentos prévios dos estudantes sobre essas questões, para que se possa construir o processo de ensino-aprendizagem de maneira adequada a todos. Interprete com a turma a imagem de abertura, explorando seu contexto, e verifique as questões sobre o uso da internet e das redes sociais que surgem dessa leitura. Se possível, trabalhe com as perguntas promovendo um debate a partir delas, tornando as próprias experiências dos estudantes um dos pontos de partida para o trabalho com o conteúdo do capítulo.

BRENDAN SMIALOWSKI / AFP

Mark Zuckerberg, criador e diretor do Facebook, testemunha diante do Congresso em Washington, D.C. (Estados Unidos), 2018, após um escândalo de vazamento de dados. O objetivo da sessão era que o empresário respondesse a questionamentos sobre os efeitos da rede social na democracia e sobre como a plataforma protege a privacidade dos usuários.

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PROJETO Ao final deste capítulo, você e os colegas criarão um manual de segurança on-line. Neste capítulo, serão trabalhados os riscos da internet e das redes sociais, os diversos tipos de crimes cibernéticos, as leis e direitos relacionados ao ambiente virtual no Brasil e no mundo e algumas dicas de segurança na internet. Isso auxiliará vocês a elaborar as seções do manual relacionadas a ética e direito no mundo virtual. No final do capítulo, são apresentadas mais instruções sobre a realização do projeto.

Uma internet sem ética não pode funcionar Leia no link a seguir uma entrevista realizada pelo Goethe-Institut com Petra Grimm, professora universitária de Ciências da Mídia e diretora do Instituto de Ética Digital em Stuttgart. 1. Segundo Petra Grimm, qual é a diferença entre ética e moral? 2. No que consiste a “miopia empática”? 3. Com base na entrevista, como você avalia o compartilhamento de imagens chocantes?

Aulas 2 a 8

OS RISCOS DA INTERNET E DAS REDES SOCIAIS Em nosso trajeto até aqui, exploramos os benefícios da internet e das redes sociais e vimos suas inúmeras possibilidades de uso, inclusive na luta por mudanças políticas, sociais e econômicas. Também vimos que as redes sociais podem ser utilizadas como ferramentas para manipular informações, influenciar negativamente processos eleitorais e espalhar mentiras. Ou seja, a internet e as redes sociais podem também ser espaço de prática de condutas inadequadas e prejudiciais à sociedade. O filósofo grego Aristóteles foi um dos Por isso, é importante para nós, como primeiros pensadores a tratar a ética sociedade, realizar uma reflexão ética do como ciência responsável por uma uso dos recursos digitais. A ética é o ramo boa conduta humana. A fotografia da filosofia que questiona os motivos pelos mostra um busto de Aristóteles em mármore em Vilnius (Lituânia), 2019. quais devemos agir de determinada maneira e não de outra. Mais do que prescrever determinações normativas, a ética digital envolve o conhecimento e a análise dos fenômenos virtuais, das ações das pessoas no campo digital e das normas e legislações já estabelecidas em relação a isso.

MICHELE URSI/SHUTTERSTOCK.COM

Ver respostas e comentários na p. 133.

https://ftd.li/dr6emk

Classificação dos crimes cibernéticos

https://ftd.li/bxfzu3

Muitas das condutas nocivas realizadas na internet são crimes. Vamos entender melhor o que são crimes virtuais? Provavelmente você já ouvir falar deles — que também são chamados de crimes cibernéticos ou cibercrimes — e conhece alguns exemplos, como os mostrados no vídeo STJ Cidadão #18 - Crimes Cibernéticos. De maneira simples, podemos dizer que crimes virtuais são aqueles praticados na internet ou que têm como alvo algum sistema informático. Eles podem ser executados de diversas formas e utilizando diferentes meios. No Brasil, a Lei nº_ 12.737/2012, conhecida como Lei Carolina Dieckmann ou Lei dos Crimes Cibernéticos, definiu alguns crimes virtuais, como a invasão de

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dispositivo informático, a interrupção ou perturbação de serviços variados, incluindo informáticos, a falsificação de documentos particulares e a falsificação de cartões de crédito ou débito. O artigo Lei Carolina Dieckmann: você sabe o que essa lei representa? apresenta a história por trás dessa lei e o que ela determina. Apesar de ser um grande avanço na tipificação de crimes cibernéticos, essa lei deixa de fora diversos outros crimes realizados por intermédio da internet ou com o auxílio dela. É importante destacar que muitos crimes comumente cometidos na internet já eram classificados como crimes mesmo antes do advento dessa rede. Entre eles, podemos mencionar calúnia, difamação, injúria, ameaça e falsidade ideológica. Todos são maneiras de agredir e prejudicar pessoas ou grupos, e seus praticantes encontraram na internet mais uma forma de cometer esses crimes.

https://ftd.li/jwabru

ALOISIO MAURICIO / FOTOARENA

a investigação de crimes N virtuais, a Polícia Civil pode apreender aparelhos eletrônicos de suspeitos. A fotografia mostra o material apreendido durante a operação Proteção Integral II, em São Bernardo do Campo (SP), 2016.

De maneira ampla, os crimes virtuais podem ser classificados no âmbito jurídico em três categorias: • Crimes virtuais comuns ou impróprios: utilizam a internet como mero instrumento para realizar crimes comuns já previstos na lei e que atingem o mundo físico, como a distribuição de conteúdos proibidos, a ameaça e o estelionato. • Crimes virtuais puros ou próprios: restringem-se à esfera virtual, atingindo um sistema informático em si, não apenas usado como meio, mas figurando também como o alvo da execução do crime; alguns exemplos são a invasão de contas e o roubo de dados. • Crimes virtuais mistos: o uso da internet é indispensável em sua efetivação, mas, além do sistema informático, são visados bens físicos; são considerados crimes virtuais mistos fraudes bancárias por meio do internet banking, falsidade de identidade virtual e crimes contra a honra praticados na internet. Entre os crimes mais comuns na internet, estão os já mencionados calúnia, difamação, injúria e criação de identidade falsa. São frequentes também cyberbullying, divulgação de material confidencial (como fotos e documentos), prática de atos obscenos, apologia ao crime, preconceito ou discriminação, pedofilia, assédio e perseguições.

Amplie (p. 132) 1. Segundo a professora, a ética é uma disciplina científica que procura argumentar por que determinado parâmetro é o mais desejável, enquanto a moral tende a implementar juízos de valor sem uma explicação. 2. A “miopia empática” é o fenômeno de perda de sensibilidade que ocorre com muitas pessoas, quando estão on-line, em relação ao efeito que as próprias observações têm sobre as outras pessoas. 3. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes levem em consideração — para concordar ou para discordar — a fala de Petra Grimm de que as imagens emocionam e não devem substituir argumentos e que, ao compartilhar imagens de vítimas, elas são transformadas em objetos e perdem sua dignidade. Além disso, os estudantes devem discorrer sobre o perigo de perda de sensibilidade diante de imagens chocantes à medida que são mais divulgadas.

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Muitas dessas condutas estão relacionadas aos chamados discursos de ódio, que promovem a ofensa à dignidade de uma pessoa ou de grupo e pode ter motivações variadas.

Aumento dos crimes virtuais durante a pandemia de covid-19

TRAVELPIXS/SHUTTERSTOCK.COM

Há contextos em que a prática de crimes virtuais aumenta. Um deles foi a pandemia de covid-19, iniciada em janeiro de 2020 e que afetou o mundo todo. O isolamento social adotado em muitos lugares e o crescimento do uso da internet para a realização de atividades diversas proporcionou um cenário fértil para o aumento de crimes virtuais. No Brasil, por exemplo, em abril de 2020, os golpes na internet haviam aumentado 86,6% em relação ao mês anterior. P assageiros de trem praticam distanciamento durante a pandemia de covid-19, 2020.

1. Acesse a reportagem do link ao lado e leia com atenção as informações apresentadas. 2. Quais são os principais motivos do aumento no número de crimes virtuais na primeira metade de 2020? 3. Quais são os principais tipos de golpe praticados nesse período? Quais são seus objetivos?

https://ftd.li/ury2on

4. Como é possível evitar esses golpes? 5. Promova uma discussão com os colegas sobre o seguinte questionamento: Em sua avaliação, quais outras ações podem ser tomadas para prevenir golpes virtuais? 1. Resposta pessoal. Incentive os estudantes a tomar notas dos pontos principais do texto. Se possível, peça a eles que leiam apenas uma vez a reportagem e respondam às questões com base apenas nas anotações. 2. Devido à pandemia de covid-19, medidas de distanciamento social foram adotadas em diversos países. Isso causou um aumento na dependência de sistemas virtuais, o que cria novas oportunidades para que esses crimes sejam cometidos. Segundo o jornal Correio Braziliense, dois elementos impulsionaram o aumento dos registros de golpes cometidos: o maior tempo de utilização da internet e o crescimento no número de transações de comércio on-line. Continua na página seguinte.

A Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais Nos capítulos anteriores, conhecemos casos em que dados de usuários de redes sociais foram utilizados de maneira ilegal para influenciar processos políticos no mundo todo, inclusive no Brasil. No entanto, assim como ocorre em outros lugares, o país conta atualmente com um sistema de regras voltado à proteção dos dados das pessoas, a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), aprovada em 2018 e que começou a valer em setembro de 2020. Com o aumento incessante do compartilhamento de dados pessoais por empresas e plataformas, é natural que pensemos mais em nossa segurança. Será que todas as redes sociais, plataformas e sites aos quais disponibilizamos nossos dados têm condutas responsáveis e éticas em relação a essas informações? A LGPD, ao regular o uso de dados, ajuda na proteção do cidadão, garantindo os direitos e os deveres deles diante das empresas que utilizam suas informações.

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WALDEMIR BARRETO /AGÊNCIA SENADO

3. Os dois principais tipos de golpe são: clonagem do telefone ou dos dados da vítima por meio do aplicativo WhatsApp, com o objetivo de realizar transferências eletrônicas, pagamentos de boletos ou obtenção de informações sigilosas dos contatos; golpes de sites falsos com o objetivo de ludibriar pessoas por meio de ofertas ou leilões falsos. 4. Algumas atitudes possíveis para evitar golpes virtuais são: ativar a verificação em duas etapas do WhatsApp; não confiar em pedidos de transferência ou pagamento de números não salvos; confirmar dados por meio de outra plataforma; não passar dados sigilosos por aplicativos de mensagens; e verificar endereços de sites recebidos por mensagens, utilizando sites de checagem para verificar se não são falsos e se existem protestos por serviços não prestados direcionados a eles.

5. Resposta pessoal. Espera-se que, durante o debate, os estudantes indiquem possíveis medidas de educação digital, responsabilização de empresas e incentivo a investigações criminais virtuais por órgãos públicos.

Presidente do Senado, Davi Alcolumbre, em sessão remota em Brasília (DF), 2020.

• Empresas precisarão correr para se adaptar à LGPD “Amanhã o meu telefone vai fritar de empresa querendo ‘implementar’ LGPD no fim de semana. Pode ligar, mas já posso garantir que infelizmente LGPD não é um software”. O analista de dados Igor dos Santos de Paula fez a postagem em sua conta no LinkedIn assim que o Senado Federal definiu a entrada imediata em vigor da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que todo mundo esperava para o início do próximo ano. Apesar do tom de brincadeira, a ironia retrata bem a realidade. Para deixar uma empresa pronta para a LGPD, não basta instalar um software e tudo ficará resolvido. Quer uma prova? Assim que a lei entrar em vigor, todas as empresas brasileiras e todos os órgãos públicos terão de estar preparados para responder às seguintes perguntas feitas por qualquer cidadão: que dados possui de cada pessoa? Para que usou os dados? Qual a justificativa para ter cada um dos dados? Transferiu essas informações para outras pessoas ou empresas? Transferiu de graça ou teve lucro com isso? Os dados estão seguros? Já vazaram alguma vez? Se vazou, fez alguma coisa para evitar um novo vazamento? Além de saber a resposta para todas essas perguntas, as empresas e órgãos públicos deverão estar preparados para enviar um relatório com as informações que possuem de cada indivíduo. Além disso, precisará ter um responsável na empresa por manusear e outro para controlar esses dados. Este último poderá, inclusive, responder criminalmente, caso a empresa tenha informações além das permitidas a ela. E, por fim, a empresa precisará ter uma espécie de SAC sobre os dados. Alguém terá que atender a linha do outro lado, se o cliente quiser falar sobre seus dados. Definitivamente, a LGPD não é um software. GOULART, Josette. LGPD não é um software e empresas precisarão correr para se adaptar. VEJA, 27 ago. 2020. Disponível em: <https://veja.abril.com.br/economia/lgpd-nao-e-umsoftware-e-empresas-precisarao-correr-para-se-adaptar/>. Acesso em: 3 out. 2020.

Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais entra em vigor A Lei nº_ 13.709, de 2018, também conhecida como Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais, entrou em vigor em 18 de setembro de 2020, buscando garantir um maior controle dos usuários de serviços digitais sobre suas informações pessoais. Além de exigir consentimento explícito para coleta e uso dos dados, ela obriga a oferta de opções para que esses dados possam ser visualizados, corrigidos e excluídos pelo próprio usuário. • Acesse o link a seguir e assista ao vídeo sobre a implementação dessa lei.

http://ftd.li/kj5kx8

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Amplie Resposta pessoal. Oriente os estudantes a embasar suas respostas em argumentos sólidos. Se possível, promova um debate, dividindo a turma em defensores das deepkfakes e opositores da tecnologia.

Deepfakes

Yes, nós temos deepfake O artigo no link a seguir, da Agência Pública, apresenta diversas questões relacionadas à deepfake, incluindo reflexões sobre o mau uso do recurso. Leia-o e reflita: Em sua opinião, mesmo que os aplicativos de deepfake disponibilizem recursos para combater seu uso inadequado, é possível evitar que essa tecnologia seja usada de maneira prejudicial?

https://ftd.li/w75hi9

ALEXANDRA ROBINSON / AFP

https://ftd.li/hst6j7

Em relação às manipulações na internet (dados, imagens, identidade etc.), um assunto quem tem ganhado destaque são as deepfakes, tecnologias que possibilitam criar vídeos e áudios falsos apresentando qualquer pessoa falando o que o criador de determinado conteúdo falso desejar. Atualmente, isso pode ser feito até mesmo por meio de aplicativos disponíveis ao público. Com esses aplicativos, o usuário pode gravar vídeos de alguns segundos e trocar seu rosto pelo rosto de uma celebridade ou de um político, por exemplo. No vídeo O que são e como funcionam as deepfakes, o professor Pasquale Cipro Neto ensina como identificar o uso dessa tecnologia. Se antes a manipulação de fotografias era facilitada por ferramentas digitais, hoje, com d ­ eepfakes, há mais um recurso que, com a finalidade de entreter as pessoas, pode ser utilizado para causar desinformação.

J ornalistas comparam uma imagem real de Vladimir Putin em vídeo, à esquerda, e imagem criada com a tecnologia deepfake, à direita, 2019.

Pratique 1. Leia o texto a seguir e responda às perguntas. Cibercrime é compreendido como a prática de uma conduta ilícita manifestada por meio eletrônico, em que se é utilizado o recurso de Internet como meio para prática delituosa, assim como no envolvimento de arquivos e/ou sistemas digitais. Podem ser cometidos somente em ambiente tecnológico, ocorridos, por exemplo, na manipulação de caixas eletrônicos, ou até mesmo nos crimes convencionais executados na forma digital ou que incluam alguma ação tecnológica para praticar o crime, tendo os crimes contra a honra como exemplificação. Nesses tipos de crimes depara-se com uma grande dificuldade de provar a autoria e materialidade e até mesmo de como se provar o delito, o que dificulta bastante a investigação por parte da Polícia Judiciária junto com o Poder Judiciário, dado a facilidade encontrada por qualquer pessoa para realizar o crime de qualquer lugar do mundo, estando em um lugar completamente distante ao da vítima. […] TERRON, Letícia Lourenço Sangaleto; CORREA, Rodrigo Antônio; CORREIA, Thiago Martins. Cibercrimes: aspectos panorâmicos dos crimes informáticos mais praticados e as condutas de prevenção. E-Civitas, v. 13, n. 1, jul. 2020, p. 122-123. Disponível em: <https:// revistas.unibh.br/dcjpg/article/view/3001/pdf>. Acesso em: 17 set. 2020.

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a) Defina “cibercrime” com suas palavras, baseando-se no texto. Resposta pessoal.

b) Segundo o texto, os crimes virtuais podem ser praticados somente em ambientes informáticos. Apesar dessa informação, podemos dizer que eles nos afetam apenas na esfera virtual? Explique. Não. Os crimes que utilizam o mundo virtual como meio para sua prática também podem gerar consequências no mundo físico.

c) Por que há dificuldade em provar os crimes virtuais, sua autoria e materialidade? Devido à facilidade de cometer esses crimes de qualquer lugar, inclusive em lugares muito distantes de onde as vítimas se encontram.

2. Em relação à proteção de dados dos usuários de internet, o texto da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) determina: […] a forma como as informações são coletadas e tratadas e determina que as empresas só podem coletar e armazenar os dados necessários para a prestação dos serviços que ofereçam. Com isso, dados considerados sensíveis como informações relativas a raça, opiniões políticas, crenças, condição de saúde e características genéticas terão um uso mais restrito. A lei também cria a proteção dos dados de menores de idade que não poderão ser mantidos nas bases de dados das empresas sem o consentimento dos pais. CASEIRO, Daniel. Lei Geral de Proteção de Dados é sancionada com vetos e entrará em vigor em 2020. Jusbrasil. Disponível em: <https://portal-justificando.jusbrasil.com.br/noticias/613200252/lei-geral-de-protecao-de-dados-e-sancionada-com-vetos-e-entrara -em-vigor-em-2020>. Acesso em: 18 set. 2020.

Com as determinações da LGPD, será mais difícil que nossos dados registrados na internet sejam utilizados como ferramenta de influência política em contextos de eleições, por exemplo? Explique. Espera-se que não, pois, como expresso no texto, informações consideradas sensíveis (como opiniões políticas e crenças) e que podem ser utilizadas para direcionamento de campanhas políticas terão uma proteção maior definida pela lei.

3. Pesquise exemplos de crimes virtuais. Escolha um deles e faça uma breve descrição. Resposta pessoal. É importante que o estudante explique principalmente como o crime descrito pode ser cometido e o tipo de dano que ele pode causar.

Aulas 9 a 19

REDES SOCIAIS: ENTRE O REAL E O VIRTUAL Já conhecemos um pouco sobre os crimes praticados por meio da internet — chamados de crimes virtuais, crimes cibernéticos ou cibercrimes — e suas definições gerais. Agora, vamos aprofundar mais essas questões com foco nos crimes praticados nas redes sociais. Primeiro, vamos falar dos chamados crimes contra a honra. Segundo a Constituição, a honra é um bem inviolável, ou seja, um bem que não pode ser desrespeitado. O Código Penal brasileiro classifica os crimes contra a honra em três tipos: calúnia, injúria e difamação. O primeiro consiste em imputar falsamente a alguém um ato criminoso; o segundo é a ofensa à dignidade de alguém por meio de insultos, xingamentos, agressões verbais e afins; e o terceiro é a atribuição de algo ofensivo à honra de alguém. Ciências Humanas e Sociais Aplicadas | FTD

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https://ftd.li/u6psyb

Além dos crimes contra a honra, são muito praticados nas redes sociais o racismo, a homofobia e a ameaça, que podem ser classificados como crimes de ódio. As motivações desses crimes são diversas, mas, em geral, eles são dirigidos a pessoas que apresentam diferenças étnicas, ideológicas, sexuais, religiosas ou culturais em relação aos agressores, e são justamente essas diferenças que, no fundo, motivam e embasam a agressão. É importante ressaltar que o racismo e a injúria racial são dois crimes diferentes, conforme mostra a matéria Conheça a diferença entre racismo e injúria racial.

Após seis sessões de julgamento, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu hoje (13) criminalizar a homofobia como forma de racismo. Ao finalizar o julgamento da questão, a Corte declarou a omissão do Congresso em aprovar a matéria e determinou que casos de agressões contra o público LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e travestis) sejam enquadrados como o crime Apesar de não ser um crime tipificado no de racismo até que uma norma específica Código Penal, a homofobia passou a ser seja aprovada pelo Congresso Nacional. criminalizada no Brasil em 2019 por decisão Por 8 votos a 3, os ministros entenderam do Supremo Tribunal Federal (STF). Na que o Congresso não pode deixar de tomar fotografia, bandeira do orgulho LGBT em marcha realizada em São Paulo (SP), 2017. as medidas legislativas que foram determinadas pela Constituição para combater atos de discriminação. A maioria também afirmou que a Corte não está legislando, mas apenas determinando o cumprimento da Constituição. Pela tese definida no julgamento, a homofobia também poderá ser utilizada como qualificadora de motivo torpe no caso de homicídios dolosos ocorridos contra homossexuais. […] Pelo atual ordenamento jurídico, a tipificação de crimes cabe ao Poder Legislativo, responsável pela criação das leis. O crime de homofobia não está tipificado na legislação penal brasileira. No mês passado, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal aprovou a mesma matéria, tipificando condutas preconceituosas contra pessoas LGBT. A medida ainda precisa ser aprovada pelo plenário da Casa.

NELSON ANTOINE/SHUTTERSTOCK.COM

Supremo decide criminalizar a homofobia como forma de racismo

RICHTER, André. Supremo decide criminalizar a homofobia como forma de racismo. Agência Brasil, 13 jun. 2019. Disponível em: <https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2019-06/supremo-decide-criminalizar -homofobia-como-forma-de-racismo>. Acesso em: 2 out. 2020.

• Em grupos, discutam sobre a decisão do STF de classificar a homofobia como crime de racismo para suprir uma omissão legislativa. Nessa atividade, é interessante dividir

a turma em dois grupos — um que defenderá a ação do STF e outro que será contra a decisão. A partir disso, oriente o debate de forma a alternar entre os argumentos contra e a favor. Se possível, dê tempo para que os estudantes pesquisem mais a fundo esses argumentos e venham preparados para o debate. Ao final, é possível fazer uma votação para avaliar o resultado.

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Esses crimes ocorrem também fora da internet e das redes sociais, mas podem ser cometidos de diferentes maneiras por meio delas: em mensagens públicas ou privadas, em comentários em fotografias, em postagens e até mesmo em piadas e memes. Nesse último caso, as pessoas usam o humor para encobrir o que é, na verdade, um discurso criminoso. É importante saber que não somente uma postagem pública com ofensas direcionadas a alguém, por exemplo, pode configurar crime cibernético. Mensagens privadas com conteúdos impróprios também podem configurar crimes, como mostra a notícia sobre empresários que trocaram mensagens racistas sobre concorrentes. Talvez você já tenha ouvido a afirmação de que agressões virtuais não são tão graves e que o melhor a fazer para lidar com elas é ignorá-las. Ainda costumamos diferenciar o “virtual” e o “real”, mas não nos damos conta de que o virtual é mais uma forma de lidar com a realidade, ou seja, a esfera virtual é parte cada vez mais integrante de nossa vida. Por isso, é um equívoco afirmar que crimes cometidos nas redes sociais não geram impactos “reais”, pois eles atingem a vítima de maneira objetiva e material, seja afetando sua saúde, seja lesando-a de outras maneiras.

https://ftd.li/5xm8zv

O que aprendi sendo xingado na internet No livro, o jornalista brasileiro Leonardo Sakamoto traz as próprias experiências de agressões sofridas na internet para refletir sobre questões como discursos de ódio e intolerância nas redes sociais.

Racismo

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EDITORA LEYA

Neonazismo

4 244

SAKAMOTO, Leonardo. O que aprendi sendo xingado na internet. São Paulo: Leya, 2016.

Maus-tratos contra animais

1. No evento Glocal SP, ocorrido em 2016, Sakamoto foi convidado a falar sobre o tema. Confira o vídeo no link a seguir.

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Tráfico de pessoas

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EDITORIA DE ARTE

Intolerância religiosa

https://ftd.li/mvknff

Fonte: SANTOS, Wellington Henrique Dias do. Quando começaremos a punir os crimes de racismo na internet? Consultório Jurídico, 23 maio 2020. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/ 2020-mai-23/wellington-santos-crimes-racismo-internet>. Acesso em: 20 set. 2020.

2. Em sua fala, o jornalista afirma que somos responsáveis por aquilo que compartilhamos. Após assistir ao vídeo, reflita: Você concorda com essa afirmação? Explique.

2. Resposta pessoal. É importante que os estudantes contemplem os argumentos apresentados por Sakamoto. Novamente, essa é uma atividade que pode ser realizada em formato de debate com toda a turma ou separando-a em grupos menores. Ciências Humanas e Sociais Aplicadas | FTD

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Para que essa atividade seja realizada com sucesso, é importante o apoio de professores de outras áreas. É possível solicitar a eles que permitam aos estudantes que tomem alguns minutos de suas aulas para realizar o questionário com outras turmas.

Intolerância nas redes sociais: questionário Forme um grupo com os colegas e, juntos, criem um questionário com perguntas sobre intolerância nas redes sociais com o objetivo de fazer uma pesquisa de opinião entre os estudantes do Ensino Médio de sua escola. Para isso, sigam os passos a seguir: 1. Primeiramente, vocês devem definir as perguntas (cerca de cinco) que farão parte do questionário. Alguns exemplos de perguntas são: Você já presenciou manifestações de intolerância nas redes sociais? Você já foi alvo de intolerância nas redes sociais? Você acha que a liberdade de expressão nas redes sociais deve ter limites? 2. Depois de pronto, imprimam cópias do questionário. Organizem-se em duplas ou trios e convidem estudantes de outras turmas do Ensino Médio para responderem ao questionário anonimamente. 3. Após organizarem e analisarem as respostas, debatam em sala de aula os resultados do questionário. Verifiquem o que os colegas da escola pensam e vivenciaram sobre intolerância nas redes sociais e questões afins. Oriente os estudantes na análise das respostas do questionário, incentivando-os a criar gráficos, tabelas e infográficos que transmitam as informações que eles acreditem ser as mais importantes. Essa pesquisa pode ser utilizada na elaboração do projeto final como material complementar.

Liberdade de expressão, ética e lei

VICTORIA SILVA / AFP

Outro ponto importante para refletir a respeito dos crimes virtuais é o quanto a desinformação contribui para sua prática. As fake news, por exemplo, podem incentivar a violência contra pessoas ou grupos nas redes e podem elas mesmas constituir uma violência contra alguém, ou seja, um ataque direcionado e criminoso. A liberdade de expressão é um direito fundamental garantido pela Constituição. Segundo esse conceito, relacionado à manifestação de nossas opiniões, podemos nos expressar livremente. Mas até que ponto essa manifestação é aceitável? Em que momentos ela deixa de ser apenas livre expressão para se tornar algo nocivo? Em primeiro lugar, é preciso lembrar que a ética é um dos principais elementos da vida em sociedade e que nossa liberdade de expressão também está submetida a exigências éticas. Portanto, os limites da livre manifestação devem ser definidos segundo padrões éticos inclusive nas redes sociais. Ao pretender utilizar nosso direito à liberdade de expressão para, por exemplo, ofender ou humilhar alguém, estamos desrespeitando outros direitos básicos, como o direito à dignidade. Em segundo lugar, a liberdade de expressão deve ser compreendida dentro dos limites da lei. Por exemplo, juízos sob a forma de racismo, homofobia e ameaça não são considerados uma livre expressão de opiniões, mas sim um crime contra indivíduos ou parcelas da sociedade. inistro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, em sessão no plenário M do tribunal em Brasília (DF), 2018. Ele foi relator do chamado inquérito das fake news no STF e defende que a liberdade de expressão precisa ser exercida de modo responsável até mesmo nas redes sociais, sendo os abusos passíveis de punição.

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O tema da liberdade de expressão não é livre de controvérsias, dado que, historicamente, muitos Estados já exerceram diferentes formas de ataque a esse direito sob diversas justificativas. Um exemplo recente e emblemático é o caso do ativista australiano Julian Assange, fundador da WikiLeaks, plataforma virtual destinada a denúncias contra governos e corporações que recebe documentos e informações vazadas de informantes de todo o mundo. Entre 2010 e 2011, o site divulgou uma série de documentos sigilosos sobre a atuação do exército dos EUA no Afeganistão que indicam a prática de atrocidades e crimes de guerra. Outros vazamentos desse mesmo período que ganharam grande visibilidade foram o manual do exército dos EUA para a prisão em Guantánamo e um vídeo que mostra um ataque de helicópteros militares estadunidenses contra civis em Bagdá, capital do Iraque, incidente que causou 12 mortos. Manifestante protesta pela liberdade Apesar de exercer a função de jornalista, recede Julian Assange durante o julgamento bendo informações de fontes externas e avaliando de sua extradição do Reino Unido para os a veracidade dos dados, Assange foi acusado pelo Estados Unidos. Londres (Reino Unido), 2020. governo dos Estados Unidos de 18 crimes — 17 deles de espionagem —, cuja pena pode chegar a 175 anos de prisão caso seja extraditado para o país.

HASAN ESEN / ANADOLU AGENCY / ANADOLU AGENCY VIA AFP

Perseguição política e liberdade de expressão

1. Faça uma pesquisa sobre o caso de Julian Assange, buscando diferentes posições pessoal. <https://ftd.li/jwgqct>; sobre o acontecimento. Resposta Algumas sugestões de sites para essa pesquisa são: <https://ftd.li/cmwky6>; <https://ftd.li/cwvf2q>.

2. Em sua opinião, o que o julgamento do fundador da WikiLeaks representa para a liberdade de imprensa? Resposta pessoal.

Espera-se que os estudantes embasem sua argumentação nos resultados da pesquisa, fundamentando seu ponto de vista em evidências.

Pratique 4. Ouça o áudio A violência verbal nas fake news, que apresenta uma análise da pesquisadora e professora Doris Cunha sobre violência e fake news, no podcast “Coronavírus em xeque”, da rádio Paulo Freire. 5. Segundo Doris Cunha, o que torna a disseminação das notícias falsas ainda mais grave, além do fato de serem mais compartilhadas do que notícias verdadeiras?

https://ftd.li/v8n8sg

A gravidade da disseminação das notícias falsas torna-se maior pois, frequentemente, elas estão associadas à violência verbal e ao discurso de ódio, provocando transgressão moral e social que levam à desmoralização e à demonização do outro.

6. Ainda segundo a professora, o discurso de ódio apresenta palavras que intimidam, insultam e assediam pessoas por motivações variadas. Quais são elas? Essas motivações são: racialidade, etnicidade, nacionalidade, sexualidade e religião.

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7. Em 2020, o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes determinou que perfis suspeitos de espalhar notícias falsas das redes sociais fossem bloqueados. Sobre a questão, o jornalista Leonardo Sakamoto escreveu: Contas de pessoas que comprovadamente existem (não estou falando de perfis falsos e robôs) não deveriam ser removidas com a justificativa de que, assim, irão parar de propagar determinados conteúdos, pois isso é impedir que alguém se manifeste. Se a liberdade de expressão não é absoluta, também não admite censura prévia. As pessoas têm o direito de dizer o que desejam e, caso cometam calúnia, injúria ou difamação contra terceiros ou ameacem a República, serem punidas com o rigor da lei depois. SAKAMOTO, Leonardo. Sou vítima de violência por fake news, mas discordo da decisão do Supremo. UOL, 23 jul. 2020. Disponível em: <https://noticias.uol.com.br/colunas/leonardo-sakamoto/2020/07/25/sou-vitima-de-violencia-por-fake-news-mas-discordo-da -decisao-do-supremo.htm>. Acesso em: 24 set. 2020.

Em sua opinião, perfis que disseminam informações falsas nas redes sociais deveriam ser bloqueados? Justifique, apresentando argumentos relativos à liberdade de expressão. Resposta pessoal. É importante que as respostas dos estudantes abordem dois pontos citados pelo texto: o fato de a liberdade de expressão não ser absoluta e a censura prévia. Neste momento, pode ser interessante promover com os estudantes um debate sobre liberdade de expressão e ética nas redes sociais.

8. Leia o texto e responda às perguntas: No Brasil, o tratamento conferido à liberdade de expressão nas redes sociais digitais compete ao Marco Civil da Internet (MCI) desde 2014 […]. A lei tem por intuito preservar a livre expressão e evitar a censura na rede, garantindo que qualquer pessoa possa se expressar livremente on-line, a fim de promover equilíbrio entre as garantias constitucionais de proteção da liberdade de expressão e da intimidade, da honra e da imagem das pessoas. O MCI também assegura um ambiente aberto, democrático e livre, onde a remoção de conteúdo precisa passar por ordem judicial, justamente para evitar conflito entre liberdade de expressão e o direito à privacidade, sendo mais adequado que o julgamento seja do juiz e não dos provedores. Com isto, no caso do discurso de ódio on-line brasileiro, as plataformas podem remover conteúdo com base em seus padrões de comunidade, já que o usuário concordou com os termos de uso, mas não podem remover conteúdos denunciados de seus usuários sem que haja uma ordem judicial específica. SILVA, Luiz Rogério Lopes et al. A gestão do discurso de ódio nas plataformas de redes sociais digitais: um comparativo entre Facebook, Twitter e Youtube. Revista Ibero-Americana de Ciência da Informação, Brasília, DF, v. 12, n. 2, maio/ago. 2019, p. 474-475. Disponível em: <https://periodicos.unb.br/index.php/RICI/article/download/22025/21351/44965>. Acesso em: 27 set. 2020.

a) De que maneira o Marco Civil da Internet busca evitar o conflito entre a liberdade de expressão e o direito à privacidade? Determinando a remoção de conteúdos apenas por ordem judicial.

b) No Brasil, como ocorre a gestão do discurso de ódio nas plataformas de redes sociais? As plataformas podem remover conteúdos desalinhados a seus padrões de comunidade, a partir da concordância do usuário com seus termos de uso, mas não podem remover conteúdos denunciados sem intermediação da Justiça.

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Aulas 20 a 29

INTERNET, UMA TERRA COM LEI

• Liberdade de expressão: assegura a livre expressão na internet. Da mesma forma que a Lei garante esse direito, os usuários também podem ser responsabilizados por meio de processos criminais ou civis no caso de condutas inadequadas.

GitHub: plataforma colaborativa de hospedagem de projetos (principalmente de programação) com controle de versão.

MOREIRA MARIZ/AGÊNCIA SENADO

No Brasil, os direitos e os deveres da atuação no mundo virtual são definidos no Marco Civil da Internet (Lei n º_ 12.965/2014). Popularmente, essa lei também é chamada de Constituição da Internet, pois estabelece regras ligadas às obrigações e responsabilidades no mundo virtual, tanto para as empresas quanto para pessoas físicas. O projeto foi lançado em 2009 por iniciativa do Ministério da Justiça em parceria com a Fundação Getulio Vargas, e um de seus destaques foi o fato de contar com a ampla participação da sociedade civil, utilizando plataformas colaborativas como o GitHub. Entre novembro de 2009 e junho de 2010, o debate contou com cerca de 2 300 contribuições via internet. Nessa primeira etapa, todas as contribuições podiam ser vistas e comentadas pelos participantes, o que tornou o projeto ainda mais colaborativo e aberto. Após esse processo, o Marco Civil foi transformado em um projeto de lei e, em 2011, foi enviado à Câmara dos Deputados pela então presidenta Dilma Rousseff. Em março 2014, o projeto foi aprovado na Câmara e, no mês seguinte, no Senado. A partir desse momento, o Brasil passou a contar com uma legislação para regular o uso da internet. O Marco Civil da Internet apresenta três pilares: • Neutralidade da rede: garante que as empresas que fornecem o acesso à internet não cobrem valores diferentes de acordo com o que o usuário acessa. Sem essa garantia, os provedores poderiam definir pacotes de acordo com as páginas que o usuário acessa. Hoje, os valores dos pacotes são baseados na velocidade da conexão, e o usuário pode escolher livremente as páginas que deseja acessar.

Votação do Marco Civil da Internet na Câmara dos Deputados, em Brasília (DF), 2014.

Saiba mais sobre a tramitação de projetos de lei Você sabe como um projeto de lei vira uma lei de fato? Para conhecer melhor esse processo, acesse a publicação no link a seguir.

• Privacidade: garante a proteção de dados diversos dos usuários, tanto pessoais quanto ligados à sua atividade na web. Dessa forma, por exemplo, os provedores estão proibidos de armazenar dados de navegação.

Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes elenquem todas as etapas mostradas no infográfico da publicação: apresentação, casa iniciadora e revisora, análise pelas comissões, aprovação e sanção e veto.

https://ftd.li/wn844o

ALAN CARVALHO

• Em suas palavras, explique como ocorre a tramitação de projetos de lei.

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E m um primeiro momento, oriente os estudantes a, em sala de aula ou em casa, explorar os materiais do InternetLab. Ao definir os grupos e separar os temas, dê liberdade aos estudantes para que escolham aqueles que mais despertem o interesse deles e garanta que os grupos contem com o mesmo número de integrantes.

Especial Marco Civil cinco anos: por que devemos celebrar Em 2019, o Marco Civil da Internet completou cinco anos. Na ocasião, o InternetLab, centro de pesquisa interdisciplinar em direito e tecnologia, produziu uma série de materiais com reflexões de pesquisadores sobre diferentes pontos da lei. 1. Acesse o link ao lado e explore os materiais disponibilizados. Ao assistir aos vídeos, observe pontos como a variedade de elementos tratados na lei e a atualização da aplicação de seus artigos conforme novas questões relacionadas ao uso da internet vão aparecendo. 2. Em grupos, escolham um dos temas para preparar uma apresentação à turma: a) Poder Público e Marco Civil. e) Direito autoral. b) Princípios e direitos ligados à privacidade.

f) Bloqueios de aplicativos.

c) Violência de gênero.

g) Liberdade de expressão.

https://ftd.li/4iyiv7

d) A regra da neutralidade da rede. 3. Após a escolha do tema, leiam com atenção as informações oferecidas pelo InternetLab e assistam aos vídeos disponibilizados sobre ele. Em seguida, preparem uma apresentação de slides, sintetizando as principais informações que devem ser apresentadas à turma. 4. Por fim, realizem a apresentação e observem com atenção as dos outros. Como os outros temas se relacionam com o tema de seu grupo? Sobre os temas de apresentação, é possível também atribuir a cada grupo mais de um, pedindo a eles que produzam uma apresentação que trabalhe dois ou mais deles. As apresentações dever ser curtas, de 10 a 15 minutos, e fazer uso de slides.

Regulamentação da internet no mundo

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anifestantes M contra a Lei Hadopi em Paris (França), 2009. O combate à pirataria tem muitos críticos, que defendem um livre acesso a bens culturais como livros, filmes e música.

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MIGUEL MEDINA / AFP

O Marco Civil da Internet é considerado um momento histórico no Brasil e um exemplo para o mundo em termos de regulamentação da internet. Mas como outros países têm lidado com a web? Só no Brasil existe uma lei dedicada à internet? Vamos ver exemplos de outros países que contam com esse tipo de lei. Na Europa, podemos mencionar o exemplo da Espanha, com a chamada Lei SindeWert, que entrou em vigor em 2012 e aborda questões como direitos autorais, buscando combater a pirataria na internet. Na França, a Lei Hadopi, como é conhecida a Lei de Criação de Internet no país, é aplicada desde 2010; assim como na Espanha, ela tem como foco o combate à pirataria. É uma das leis de internet mais rígidas do mundo em termos de proteção aos direitos autorais.

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1. Resposta pessoal. Os estudantes devem avaliar a complexidade da situação e propor alguns critérios para essa identificação. É importante destacar que não há resposta absoluta para essa questão e que é sempre necessário fazer uma análise do contexto verificando as características dos governos, as relações de poder estabelecidas e os possíveis efeitos dos projetos de lei.

Também na Europa, podemos destacar duas medidas voltadas ao combate aos discursos de ódio. Assinado em 2016, o Código de Conduta da União Europeia para o combate a discursos ilegais de incitação ao ódio on-line tem apresentado resultados expressivos nas redes sociais. Em 2019, por exemplo, mais de 4 000 postagens foram deletadas das redes sociais e mais de 400 foram enviadas à polícia para investigação. Além dessa iniciativa, a Lei de Fiscalização da Rede, conhecida como NetzDG, está em vigor desde 2018 na Alemanha. Ela determina, além da remoção de conteúdo considerado ilegal em até 24 horas, a comunicação à polícia para investigação. Na América, temos como exemplo os casos do Chile e dos Estados Unidos. Aprovada em 2010, a lei de regulamentação da internet chilena foi a primeira do mundo a se basear no princípio de neutralidade. Já nos Estados Unidos não há uma lei única para a internet, mas diversas leis que tratam de pontos diferentes do uso da web, como a proteção de informações pessoais, direitos autorais, serviços de conexão e outros aspectos. Em 2018, por exemplo, entrou em vigor no país uma lei para acabar com a neutralidade da internet, permitindo que os provedores de internet passassem a bloquear ou diminuir a velocidade de acesso a sites de acordo com seus interesses. Isso nos leva a refletir sobre quais normas definidas para o mundo virtual visam o benefício dos internautas e quais visam apenas interesses comerciais.

Em um primeiro olhar, as leis de combate ao discurso de ódio e de regulação das redes sociais no mundo podem ser vistas como um grande avanço na defesa dos direitos dos grupos minoritários. Contudo, toda lei ou ação governamental precisa ser analisada com atenção. Na Nigéria, entraram em debate no Senado duas leis nesse sentido: as chamadas Lei do Discurso de Ódio e Protesto contra a Lei do Discurso de Ódio e a Lei das Redes Lei das Redes Sociais. Ambas as leis Sociais em Abuja (Nigéria), 2019. foram consideradas por muitos críticos — incluindo grandes organizações internacionais de defesa aos direitos humanos, como a Anistia Internacional — um ataque perigoso à liberdade de expressão. Uma das leis chega a propor pena de morte para condenados por “discurso de ódio”. Além das penas desproporcionalmente duras, as leis fornecem às autoridades poderes arbitrários para desligar a internet no país e para limitar o acesso da população às redes sociais, além de tornar a crítica ao governo punível com penas de até três anos de prisão. As duas leis também apresentam dispositivos vagos, como a proibição de “insultos”, o que pode transformá-las em instrumentos de perseguição política e cerceamento de direitos.

KOLA SULAIMON / AFP

A Lei do Discurso de Ódio e a Lei das Redes Sociais na Nigéria

1. Como é possível identificar se uma proposta de lei tem como objetivo a prevenção de crimes contra grupos minoritários ou se ela pretende criminalizar uma parcela da população? 2. Em grupos, proponham medidas de defesa da liberdade de expressão diante de pessoal. Algumas medidas que podem ser tomadas são pressões popugovernos autoritários. Resposta lares pelo o fortalecimento de veículos de comunicação independentes e plurais, pela criação de leis de defesa dos direitos humanos e da liberdade de expressão, pela transparência das decisões do governo, pelo combate à concentração de veículos de mídia nas mãos da elite econômica etc.

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É importante saber identificar um discurso de ódio. Segundo o Guia para Análise de Discurso de Ódio, desenvolvido pelo Centro de Ensino e Pesquisa em Inovação da Fundação Getulio Vargas (Cepi-FGV) e pela Confederação Israelita do Brasil (Conib), Discursos de ódio são manifestações que avaliam negativamente um grupo vulnerável ou um indivíduo enquanto membro de um grupo vulnerável, a fim de estabelecerem que ele é menos digno de direitos, oportunidades ou recursos do que outros grupos ou indivíduos membros de outros grupos, e, consequentemente, legitimar a prática de discriminação ou violência. Guia para Análise de Discurso de Ódio. Cepi-FGV e Conib, p. 4. Disponível em: <http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/ bitstream/handle/10438/28626/Guia%20de%20An%C3%A1lise%20de%20Discurso%20de%20%C3%93dio.pdf? sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em: 26 set. 2020.

Pode-se afirmar, portanto, que discursos de ódio são uma forma de intolerância e agressão, podendo causar variados danos às vítimas. Há várias maneiras de combatê-los. Algumas podem ser praticadas por nós mesmos. Uma delas é não interagir com a publicação, postagem ou perfil que veicula esses discursos, de forma a não dar visibilidade e não os impulsionar. Outra é realizar denúncias nas próprias plataformas, que costumam contar com esse recurso. Como vimos, a liberdade de expressão na internet no Brasil é assegurada pelo Marco Civil da Internet e, em última análise, pela Constituição. Uma das questões mais debatidas atualmente em relação a esse direito trata dos limites dessa liberdade em um cenário em que a intolerância e a disseminação de discursos de ódio vêm se tornando cada vez mais comuns. 1. Descreva uma possível medida de combate aos discursos de ódio na internet. A medida não precisa necessariamente já existir, pode ser uma proposta inovadora. 2. Depois, com os colegas de turma, analise as medidas descritas por todos e, juntos, definam propostas finais para a elaboração de um breve guia para o combate ao ódio na internet. Deem um nome ao guia. Este boxe trabalha o desenvolvimento da habilidade EMIFCG07. É interessante analisar com os estudantes guias, manuais e demais materiais já existentes para a elaboração da proposta.

Pratique

Algumas sugestões de acesso são: <https://ftd.li/w8vjcf>; <http://ftd.li/ov5n24>. Essa atividade também pode ser utilizada como material complementar para o projeto final.

9. Acesse o texto na íntegra da Lei nº_ 12.965/2014, ou Marco Civil da Internet, e leia seu conteúdo. • O que essa lei estabelece?

http://ftd.li/aq2py7

A Lei no 12.965/2014 estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da internet no Brasil.

10. O Marco Civil da Internet possui sete fundamentos, apresentados no Artigo 2º_ . Escolha um desses fundamentos, faça uma pesquisa sobre ele e explique-o no contexto dessa lei. Resposta pessoal. É interessante que o estudante interprete o fundamento escolhido de acordo com sua visão, seus conhecimentos e as informações obtidas na pesquisa.

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11. (FGV-SP) A regulamentação dos meios de comunicação tem gerado controvérsias, trazendo à tona a discussão sobre o direito de liberdade de expressão. Recentemente, no Brasil, esse debate se desenvolveu em torno do Marco Civil da Internet, sancionado em 2014. Relacione os princípios do Marco Civil da Internet às normas listadas.

I. Neutralidade

II. Privacidade

III. Liberdade de expressão (

) O sigilo e a inviolabilidade dos fluxos de comunicação e de conversas armazenadas devem ser garantidos.

(

) A remoção de conteúdo, para impedir a censura, não fica a cargo do provedor, podendo ser feita mediante ordem judicial.

(

) As fotos de indivíduos devem ser autorizadas por eles para serem veiculadas em anúncios na rede.

(

) Os pacotes de dados que circulam pela rede devem ser tratados de forma isonômica, sem distinção por conteúdo, origem, destino ou serviço.

Assinale a opção que mostra a relação correta, de cima para baixo. a) I, III, II e I. b) II, I, II e III. c) III, III, I e II. d) I, II, III e III. e) II, III, II e I.

A alternativa E é a que mostra a relação correta entre os princípios do Marco Civil da Internet e suas normas.

12. Por que podemos afirmar que o Marco Civil da Internet foi construído de forma colaborativa? Porque o desenvolvimento da regulamentação contou com a participação popular, que debateu ideias para compor o texto da Lei.

13. A disseminação de informações falsas na internet é um problema que aumentou nos últimos anos. De acordo com seus conhecimentos e com o que vimos sobre o Marco Civil da Internet, responda: • Em sua opinião, as definições do Marco Civil da Internet são suficientes para lidar com o problema das fake news e seu combate? Justifique. Resposta pessoal. O estudante deve perceber que o Marco Civil da Internet foi aprovado em 2014, quando as fake news não tinham a visibilidade e o impacto que têm hoje, muito em decorrência da força que ganharam nas campanhas eleitorais nos Estados Unidos, em 2016. Por isso, suas determinações não são suficientes para lidar com essa questão.

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14. Leia o texto a seguir, sobre o Código de Conduta da União Europeia (UE) contra o discurso de ódio na internet: Lançado em 2016, o Código de Conduta da UE contra o ódio on-line foi assinado pelos grupos e redes sociais Facebook, Twitter, YouTube, Microsoft, Instagram, Google+, Snapchat, Dailymotion e Jeuxvideo.com. De acordo com a Comissão, as plataformas avaliam 90% do conteúdo denunciado em um prazo de 24 horas e removem 71% do conteúdo considerado discurso de ódio ilegal. […] TikTok se une ao Código de Conduta da UE sobre expressões de ódio on-line. IstoÉ Dinheiro, São Paulo, 8 set. 2020. Disponível em: <https:// www.istoedinheiro.com.br/tiktok-se-une-ao-codigo-de-conduta-da-ue-sobre-expressoes-de-odio-on-line/>. Acesso em: 2 out. 2020.

Em sua opinião, medidas como as mencionadas, praticadas pelo Código de Conduta da UE, são importantes atualmente? Explique sua resposta. Resposta pessoal. Possivelmente, os estudantes irão por dois caminhos: um que defende medidas como as mencionadas no texto, que removem conteúdos inadequados na internet, e outro que vê essas medidas como uma forma de censura. Utilize o momento para promover um debate sobre essa problemática.

15. Resposta pessoal. Reserve cerca de uma aula para esta atividade. Os estudantes devem debater pontos que não constam no Marco Civil da Internet e promover uma votação. Os pontos mais votados deverão compor uma lista.

15. Reúna-se com os colegas e promovam um fórum para debater pontos que vocês acham que deveriam ser acrescentados ao Marco Civil da Internet. Depois, promovam uma votação e elaborem uma lista por escrito dos pontos mais votados. 16. O Dia da Internet Segura é uma iniciativa internacional que ocorre todos os anos com o objetivo de unir diversos setores sociais na promoção de atividades de conscientização para o uso seguro da internet. Além de promover eventos em diferentes países, com palestras com especialistas, o site da iniciativa conta com uma série de materiais de informação e campanha, como infográficos e guias. Acesse-o pelo link ao lado. • Você acha que iniciativas como essas são importantes para o combate a crimes na internet? Explique.

https://ftd.li/gz7ioa

Resposta pessoal. É interessante que o estudante perceba que iniciativas como a disponibilização de materiais relacionados ao uso consciente e responsável da internet são uma das principais ferramentas de combate aos crimes na internet.

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Aula 30

INTERNET E SEGURANÇA Como podemos utilizar a internet de maneira segura, garantindo um uso benéfico e proveitoso e que não seja nocivo a nós mesmos e aos outros? Em primeiro lugar, é essencial conhecer seus direitos e deveres. No Brasil, como vimos, esses direitos e deveres estão definidos no Marco Civil da Internet, mas não se restringem a ele. O país conta também com a Lei dos Crimes Cibernéticos, ou Lei n º_ 12.737/2012, relacionada à invasão de computadores, ao roubo de dados e à divulgação de informações privadas, e a Lei n º_ 12.735/2012, que determina a criação de delegacias para tratar de crimes digitais. Vamos simular uma situação. Alguém invade uma conta sua em uma rede social e você fica sabendo após ver que informações, como seu nome ou foto de perfil, foram alteradas. Como proceder? Em primeiro lugar, você deve, acompanhado de alguém de confiança (se for menor de idade, acompanhado de um responsável), comparecer a uma delegacia para fazer um boletim de ocorrência, registrando o ocorrido. Enquanto isso, avise seus amigos, familiares e pessoas próximas a você de que sua conta foi invadida e, em seguida, entre em contato com o suporte da rede social para saber que procedimentos realizar para recuperar seu perfil, ou siga o passo a passo indicado na rede social para recuperar perfis roubados. Conhecer nossos direitos e deveres regulamentados é fundamental para que utilizemos a internet com segurança, mas também há hábitos que podemos incorporar a nossa rotina para nos proteger. Veja a seguir algumas dicas de segurança.

KENOKICKIT/SHUTTERSTOCK.COM

1. Procure manter o sistema operacional de seus aparelhos — não apenas celulares e computadores, mas também de todos os eletroeletrônicos inteligentes que tiver em casa — sempre atualizado. 2. Ao fazer downloads e instalar aplicativos e programas, verifique sempre os comentários de outros usuários. Isso também se aplica a compras on-line, especialmente em sites de marketplace. 3. Não clique diretamente em links enviados em e-mails, SMS, mensagens no WhatsApp etc. Eles podem ser falsos ou maliciosos. Em vez disso, digite o endereço você mesmo se for um site conhecido. 4. Leia os termos de uso das redes sociais e demais serviços on-line para conhecer seus direitos e deveres ao utilizá-los e, em especial, para saber quais dados eles coletam de seu dispositivo. 5. Sempre que possível, minimize a quantidade de dados pessoais disponibilizados na internet. Isso envolve não fornecer informações pessoais a sites e aplicativos, a não ser em casos necessários, e divulgar o mínimo sobre si nas redes sociais, evitando a veiculação de informações comprometedoras ou privadas. 6. Utilize senhas únicas e fortes. Quanto mais forte e aleatória for uma senha, menor será a chance de um programa de computador conseguir decifrá-la. Além disso, ao criar uma senha única para cada serviço utilizado, você fica protegido no caso de um deles apresentar uma brecha de dados.

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Aulas 31 a 33

PROJETO

Navegando com Segurança Durante este volume, você conheceu diversos aspectos das redes sociais, desde sua origem, papel na sociedade e funcionamento até o estudo do uso econômico e das diretrizes éticas e legais da internet. Para finalizar o trabalho, você e os colegas deverão elaborar um manual de segurança on-line, intitulado Navegando com Segurança. Como base para a elaboração do manual, devem ser utilizadas as questões tratadas ao longo de todo este volume, assim como os produtos elaborados nas atividades. Dê destaque aos seguintes temas: acesso à internet, usos sociais e políticos da internet e das redes sociais, qualidade da informação, proteção aos dados pessoais, padrões de comportamento, economia e redes sociais, direito e ética na internet. O projeto deverá ser desenvolvido nas seguintes etapas: 1 Formem grupos e realizem o levantamento dos temas trabalhados nos capítulos que devem compor o manual. 2 Com os outros grupos, elaborem propostas para fazer a avaliação coletiva dos trabalhos finais. 3 Cada grupo deve apresentar à turma os pontos levantados na primeira etapa. Em seguida, realizem um debate coletivo sobre o que deve ser inserido no manual. 4 Montem juntos o sumário do manual e separem uma ou mais seções que deverão ser desenvolvidas por cada grupo. 5 Retomem os grupos para que cada um desenvolva sua seção. Os tópicos devem apresentar textos, imagens, indicações de links e, se possível, gráficos e ilustrações. Atenção! Neste momento, é importante identificar as qualidades e fragilidades de cada integrante para que todos se ajudem na realização da tarefa. 6 Juntem todas as seções desenvolvidas e façam a composição final do manual, que deve passar pela revisão do máximo de pessoas possível. 7 Após a conclusão, o manual pode ser distribuído na escola de forma on-line (nas redes sociais da escola, por exemplo).

K ACH

K A / SH

U T T ER ST

O CK .CO M

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1

M .CO

A liberdade de expressão é um conceito complexo. Frequentemente, esse direito é utilizado para justificar crimes virtuais, como os discursos de ódio.

3

O Marco Civil da Internet estabelece direitos, deveres e garantias relacionados ao uso da internet no Brasil.

CRIMES VIRTUAIS

OM K.C

DROGATNEV/SHU

T TE RS TO C

Com a popularização da internet e das redes sociais, a prática de crimes virtuais aumentou.

UT

CK

Há diversos tipos de crimes virtuais: do roubo de dados e exposição da privacidade a golpes e violência sexual.

Os crimes virtuais podem causar danos graves tanto quanto crimes cometidos fora da esfera virtual.

CK.C OM

2

/ SH RT

S TO

STO

HO

A ME

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TER

Aula 34

R.C L AS SEN /SH UT

Síntese

Dispomos de recursos jurídicos e tecnológicos para utilizar a internet com responsabilidade e segurança, mas ainda há muito a ser desenvolvido nesse campo.

Projeto (p. 150) Esta seção é uma continuidade do trabalho desenvolvido nos capítulos anteriores. Caso já tenham sido estabelecidos grupos para a realização do projeto, mantenha-os aqui. Organize com a turma o desenvolvimento de cada etapa. Forneça materiais de consulta e indique fontes nas quais os estudantes podem obter referências e imagens para compor o manual. Para as etapas de elaboração final do manual, será necessário ter ao menos um computador à disposição e que um ou mais estudantes fiquem responsáveis pela transcrição do texto, inserção de imagens, elaboração da capa e afins. Ciências Humanas e Sociais Aplicadas | FTD

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Anotações

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Anotações

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Anotações

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Anotações

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Anotações

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Anotações

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Anotações

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Anotações

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786557 423684

AVU-8097-CAPA-IF_CHSA_LA.indd 1

9370604000370

ISBN 978-65-5742-368-4

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