MEMÓRIA
ANOS
DOURADOS Nos anos 1960, um concurso era o sonho das meninas bemnascidas do Rio de Janeiro: o Senhorita Rio. De lá surgiam ícones da beleza carioca, como Angela Catramby e Martha Surerus, e moças que conseguiam um bom casamento – teve até a que se desviou para a pornochanchada
olta e meia o concurso Senhorita Rio dos anos 1960 é saudado na dramaturgia brasileira. Na peça Estúpido Cupido, em cartaz no Rio, o papel da atriz Françoise Forton foi inspirado em uma vencedora. Já na novela Aquele Beijo, de 2011, de Miguel Falabella, Bruna Marquezine viveu Belezinha e levou a faixa, provando que o concurso vive até hoje na memória afetiva dos cariocas. O evento, criado em 1961 no Clube Monte Líbano, tinha patrocínio do jornal O Globo e o objetivo de enaltecer a beleza das meninas-moças do Rio. Tudo com muito glamour, sofisticação e sem torcidas organizadas. Nele, as mocinhas, por volta dos seus 16 anos, tinham sua noite de princesa, desfilando na passarela dois trajes, um de gala e outro esporte. Maiô, nem pensar. Um perfil diferente dos concursos de miss. “No nome do concurso vai toda sua sutileza: não se trata de eleger uma miss, mas uma senhorita Rio. Para a candidata obter o título só a beleza
não põe a mesa. A eleita revelará uma série de predicados como culinária, comportamento e cultura geral, que a farão a esposa almejada pelos solteiros”, dizia o texto do jornalista José Rodolfo Câmara na revista Manchete, em 1961. O que hoje soa como horror às feministas, naqueles anos não importava, ao contrário, não faltavam candidatas repletas de sonhos, ilusões e gotas de vaidade. Tanto é que muitas festas giravam em torno do concurso. “A alta sociedade abria os salões para o Senhorita Rio, fui a muitos cocktails promovidos na avenida Rui Barbosa”, conta para a J.P Pedro Aguinaga, que chegou a ter um romance com Maggy Tocantins, a vencedora de 1967. O júri era composto por nomes de peso como os jornalistas Zózimo Barrozo do Amaral, Justino Martins, estrelas da Globo, como Yoná Magalhães e Regina Duarte, e Maria Augusta, fundadora da Socila, escola de boas maneiras, desfile e postura – ela batia cartão lá, todos os
FOTO ARQUIVO PESSOAL RENATO FERNANDES
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por renato fernandes