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O que é essencial para o autor inglês Greg McKeown

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CARTAS

CARTAS

JULIANO SEABRA Após cinco anos à frente da maior fomentadora do empreendedorismo no país, a Endeavor Brasil, Juliano Seabra faz um balanço dos avanços de sua gestão, diz que não pretende empreender por si só e garante que seu sonho é fazer uma grande festa de encerramento das atividades da ONG por aqui

por fábio dutra fotos miguel lebre

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ilho de um sociólogo F e de uma procuradora aposentada do município de São Paulo, estudante de relações internacionais, a trajetória de Juliano Seabra parecia que seguiria rumo à academia ou ao serviço público. ONU, quem sabe? Nada disso. Ao ingressar como trainee no Senac, ele se deparou com um convite inusitado: capitanear os projetos de empreendedorismo, neologismo que ele mal sabia do que se tratava de fato, uma das metas da instituição para a primeira década do novo milênio. Seabra topou, fez o dever de casa e foi estudar o assunto, ainda incipiente no Brasil. Por conta da função, a partir de 2002 se aproximou dos poucos personagens, ONGs e faculdades que se dedicavam ao tema até que foi convidado para um evento de uma tal de Endeavor, organização mundial trazida ao país por Jorge Paulo Lemann dedicada exclusivamente a fomentar um ambiente de empreendedorismo. “Foram ótimos painéis, teve show do Gilberto Gil, e eu pude ver toda a efervescência de uma tribo que começava a se formar”, lembra, ainda hoje encantado. Encerrou seu ciclo no sistema S em 2008 e começou a empreender com dois sócios numa empresa que se dedicava a fazer a interface entre negócios e políticas públicas, mas apenas poucos meses

depois veio um convite para chefiar o setor de educação que a Endeavor pretendia criar e abortou a missão. “Aos 31 anos eu vi ali uma oportunidade de vida e acabei abandonando a sociedade”, diz ele, que preside a entidade desde 2013, tendo antes ainda passado um período como head de pesquisa, o que explica a quantidade de dados sobre o ambiente nacional de start-ups que tem na ponta da língua.

No momento em que almoça com PODER no agradabilíssimo e ensolarado A Figueira Rubaiyat, nos Jardins, em São Paulo, Juliano Seabra prepara-se para deixar a presidência da Endeavor Brasil. Após cinco anos, ele faz o balanço de que foi positivo seu tempo à frente da principal igreja dos empreendedores nacionais. O ecossistema, para ficar no jargão do meio, está mais denso, tem mais capital disponível, o BNDES dá sinais de criação de mais produtos financeiros para quem tem uma ideia na cabeça, mas falta o dinheiro para a câmera, e os empresários estão mais preparados. De fato, no último biênio é que surgiram os dois primeiros unicórnios (como são chamadas as start-ups que ultrapassam a casa do bilhão em valor de mercado) brasileiros: a XP Investimentos (negócio mais tradicional, apesar de dedicado a fintech, e por isso contestado quanto ao fato de ser unicórnio puro-sangue) e a recente venda do 99Taxis, aplicativo de transporte fundado por Paulo Veras e outros dois sócios avaliado em mais de US$ 1 bilhão que acaba de ser adquirido pelo grupo chinês Didi Chuxing (o valor oficial da transação não foi divulgado).

Seabra tem ciência de que o empreendedorismo norte-americano capaz de tirar meninos da garagem da casa dos pais diretamente para a lista da revista Forbes tem forte raiz em planejamento e investimentos estatais. Desde o local, parte de um projeto do governo dos EUA para levar um polo de desenvolvimento econômico para o oeste do país – no caso o Vale do Silício, na Califórnia, na região da megalópole San-San, união de San Diego, Los Angeles e San Francisco –, até o acesso a tecnologias de última geração sem barreiras de patente, a maioria desenvolvida em agências estatais. Mas ressalta a importância do liberalismo e do ecossistema denso de empreendedorismo que existe lá desde pelo menos os anos 1930, quando dois estudantes da Universidade de Stanford, Bill Hewlett e David Packard, fundaram uma empresa de tecnologia razoavelmente famosa até hoje, a HP. “É claro que o touchscreen dos celulares é uma

tecnologia militar, mas sem um agente que pegue essa tecnologia e junte com outra e mais outra até chegar no produto final, não existiria iPhone. É importante, assim, o investimento estatal, mas é um ambiente forte de empreendedorismo e uma boa e fácil interface entre negócios e universidade, como há na Califórnia, que geram os avanços”, resume. Sendo assim, vê com bons olhos as linhas de crédito criadas pelo BNDES do atual governo desde a gestão de Maria

ILUSTRAÇÃO ISTOCKPHOTO.COM

“Investimento estatal é importante, mas é uma boa interface entre negócios e universidade, como há nos EUA, que gera os avanços”

Silvia Bastos Marques no banco, bem como iniciativas de diversas universidades Brasil afora para fomentar o sugimento de novos atores nesse métier. “Um dos nossos conselheiros sempre diz que está cansado de jantar com os mesmos caras. O problema que a Endeavor tem que resolver é simples: são poucas histórias, muita burocracia e pouco capital disponível”, pontua. “O maior fracasso para nós é um empreendedor que vai morar fora, não conta sua experiência, não dispõe de tempo para ser mentor dos iniciantes e, tendo dinheiro, não investe em novos negócios”, completa. E o dia que acabar a burocracia, tiver capital de sobra a juros negativos e surgirem dez empreendedores no país a cada pedra que se tropece na rua? “Aí nós vamos dar uma senhora festa de encerramento das atividades da Endeavor Brasil”, ri, reafirmando a máxima de que o intuito de toda ONG é fechar a porta quando não mais existir o problema que se propôs a solucionar.

Não é fácil, contudo, ser um empreendedor Endeavor. O foco não são pequenos negócios ou boas ideias, tal qual faz o Sebrae, mas negócios de alto impacto, que operam com crescimento rápido, seja pelo produto diferenciado, seja pelo modelo de negócio que permite fazer alguma coisa melhor e mais rápido do que os concorrentes. São as chamadas scales-ups (mais um entre centenas de anglicismos da tribo), o segundo passo da start-up. “Resolvemos para es

“Fracassamos quando um empreendedor vai morar fora, não conta sua experiência e, tendo dinheiro, não investe em novos negócios”

ses caras o problema da solidão – ele passa a ter com quem trocar figurinhas e materiais a que recorrer quando tem um dilema, tal qual uma grande empresa com capacidade para contratar consultorias de peso ou com um conselho robusto. E nos diversos eventos e fóruns eles têm contato com figuras mais experientes, ao passo em que também expõem suas ações para os mais jovens, retroalimentando e fazendo crescer o ambiente de negócios que queremos”, explica. Nem tudo são flores, no entanto. Apesar de ter crescido o número de fundos de venture capital, ainda há pouco dinheiro no país. Isso faz com que o investidor peça muito equity (porcentagem do negócio) em relação ao volume de dólares que injeta e também fique com olhos vigilantes no negócio para evitar o cash burn (queima de dinheiro, na tradução literal). Assim, ao contrário de gigantes como Uber ou Amazon no exterior, que amargaram grandes prejuízos anos a fio antes de fazer decolar a linha final, a do lucro, o brasileiro tem que achar uma equação para crescer rápido controlando o custo e pegando o mínimo de dinheiro possível na praça para fugir dos juros altos ou da cessão enorme de parcelas do seu negócio. “É uma arte, de fato, mas estamos aqui para ajudá-los”, garante. Aos 39 anos, pai de dois filhos, amigo de nove entre dez empresários bem-sucedidos no país, afinal chegou a hora de Juliano Seabra pôr a mão no leme e navegar como capitão abrindo o próprio negócio. “Pretendo trabalhar com empreendedores – depois de descansar, mas

não empreender exatamente. Acho que performo melhor auxiliando”, conta. “E o Paulo Veras subiu muito o sarrafo!”, gargalha. n

PODER INDICA

Luxo sem limites

Para quem é fã de sofisticação e de viagens em alto-mar, as opções da Crystal Cruises são sempre imbatíveis. A empresa não cansa de se superar, buscando sempre novas inspirações para garantir cruzeiros ao redor do planeta cada vez mais glamourosos e surpreendentes. Prova disso é que, nos últimos anos, investiu US$ 120 milhões para elevar o padrão dos serviços e das instalações oferecidas a bordo.

O Crystal Symphony, por exemplo, um dos navios da companhia, que é um dos mais luxuosos e premiados do mundo, acabou de passar por uma repaginação total, a maior de sua história. A embarcação volta para o mar com espaços redesenhados e novas comodidades – entre elas, penthouses mais amplas, com varanda e serviço de mordomo, e o conceito open seating, ou seja, não é mais preciso fazer reservas para o jantar.

A instalação de tecnologias de última geração aperfeiçoou a conectividade e o acesso às opções de entretenimento e de conteúdo on demand oferecidos no navio – sem falar no uso da internet, que é ilimitado. Para Tom Wolber, presidente e CEO da Crystal Cruises, as melhorias realizadas no Crystal Symphony focam não só o conforto, mas também garantem mais diversão e flexibilidade aos passageiros durante o cruzeiro, seja por permitir que eles decidam o melhor horário para fazer suas refeições ou por oferecer conexão de qualidade com a família e os amigos.

“A empresa inovou e foi na contramão do mercado: em vez de aumentar a capacidade de passageiros, apostou na filosofia do ‘menos é mais’, ampliando as suítes e incluindo novos serviços e opções a bordo”, comenta Thiago Vasconcelos diretor executivo da Pier 1 Cruise Experts, representante oficial da Crystal Cruises no Brasil e referência em cruzeiros de luxo no país.

MAIS INFORMAÇÕES, ENTRE EM CONTATO COM SEU AGENTE DE VIAGEM OU COM A PIER 1 CRUISE EXPERTS +PIER1.COM.BR +CRYSTALCRUISES.COM | TEL. (11) 3078-2474

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