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CULTURA INC

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VOCÊ JÁ PERDEU A CABEÇA?

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Atire a primeira pedra quem nunca perdeu a cabeça em um momento de estresse, discussão, insatisfação e muitas outras situações do nosso cotidiano perfeitamente humanas.

E você simples mortal, executivo ou atleta? Já teve uma daquelas reações que ninguém acredita ter sido sua da qual, depois de alguns minutos, quando o estrago está feito, você se arrepende, querendo voltar atrás e passar tudo a limpo?

Hoje, a neurociência e a inteligência emocional nos permitem conhecer esse fenômeno que pode acontecer com qualquer um de nós. O mais interessante é que após identificá-lo podemos aprender a lidar com ele, colocando-o sobre o nosso comando. Vamos à primeira lição: entender o que acontece com o cérebro em uma dessas situações. A grande responsável por perdermos a cabeça é a amígdala. Mas, não aquela que a grande maioria conhece e fica na garganta. É outra, uma pequena parte em formato de amêndoa localizada nas estruturas mais primitivas do cérebro. É ela que tem o poder de controlar as emoções. A amígdala atua como uma sentinela, ficando alerta a qualquer ameaça que possa abalar a estabilidade emocional. Então, quando vivenciamos uma emoção recorrente ou similar, que já estava no arquivo de controle da amígdala, ela entra em ação reagindo de maneira imediata e desproporcional.

Essa reação consegue ser mais forte do que a parte mais desenvolvida do cérebro – a área frontal do córtex –, responsável pelo pensamento lógico e o planejamento das nossas ações. Cientificamente, esse fenômeno é chamado de sequestro de amígdala, que faz com que o organismo se encha de adrenalina e cortisol, alterando o corpo até por quatro horas e provocando mal-estar.

Mas temos como evitar esse acontecimento, que normalmente acarreta prejuízos ao lado emocional, bem como aos relacionamentos pessoais e profissionais. O aprendizado passa, necessariamente, pela autopercepção e prática de algumas atitudes relativamente simples, que fazem com que a parte lógica do cérebro – córtex pré-frontal – entre em ação, inibindo a força e a velocidade da amígdala.

Eis alguns antídotos para não nos exaltarmos: ao percebermos que algo está nos desagradando devemos respirar de forma consciente, prestando atenção. A respiração oxigena o cérebro, acionando o sistema lógico; outra atitude é contar até dez, 100, mil, dependendo do tamanho do desconforto; e vale também dar uma volta, falar com alguém alto-astral, meditar, rezar...

Conhecendo o caminho das pedras parece realmente simples. No entanto, para que lembremos imediatamente de ter uma dessas atitudes, é recomendável praticá-las diariamente, sem esperar uma situação de estresse. O exercício diário é uma forma saudável de desenvolver o equilíbrio e de ajudar o nosso córtex a ganhar a corrida da amígdala. n

José Rubens D’Elia é fisiologista e treinador de pilotos, atletas profissionais, empresários e executivos. Diretor da Pilotech – Clínica de Performance de Pilotos, em São Paulo

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