Revista Poder | Edição 143

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DINHEIRO

RENDA-SE Com os juros baixos de hoje, não faz sentido investir em renda fixa esperando pela rentabilidade milagrosa do passado. É hora de pensar em ações – e não só as das companhias brasileiras –, nos índices compostos por elas e até mesmo em criptomoedas

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POR BERNARDO PASCOWITCH (*)

á houve um tempo, não tão longínquo, em que a taxa básica de juros no Brasil chegava a patamares acima de 14% ao ano. Isso quer dizer que fazer o dinheiro “trabalhar” era moleza. Bastava comprar títulos de renda fixa (aqueles de baixo risco emitidos por bancos, financeiras, empresas ou pelo Tesouro Nacional que costumam acompanhar a taxa Selic) e ir pescar. Qualquer investimento com uma rentabilidade razoável já garantiria um bom retorno. Para se ter uma ideia, o maior investidor da atualidade, o oráculo Warren Buffett, possui uma rentabilidade histórica média de seus papéis de 20% ao ano; ou seja, conseguir 14% anuais não é nada mal para quem não é um Warren Buffett. Mas o Brasil não vive mais esse momento de juros altos e facilidade em rentabilizar o dinheiro. A taxa Selic despencou de 14,25% para 2% ao ano – menor valor da história do Brasil. Pior: a inflação fechou o ano de 2020 em 4,52% no caso do IPCA (a inflação oficial do Brasil) e em surpreendentes 23,14% no caso do IGP-M (divulgado pela FGV e bastante influenciado pela variação do dólar). Em outras palavras, quem deixou o dinheiro somente em renda fixa no ano passado acabou fazendo um péssimo negócio, pois teve prejuízo, já que a inflação foi mais alta que a taxa que balizou o retorno dos investimentos. E para quem acha que a taxa Selic retornará rapidamente aos patamares anteriores, melhor tirar o cavalinho da chuva: o cenário de juros baixos (em alguns casos, negativos) é um fenômeno global e, ao que tudo indica, veio para ficar. E já que a rentabilidade da renda fixa não deve mudar tão cedo, melhor mudar sua maneira de investir. Não dá para deixar o dinheiro nos mesmos ativos do passado. O mundo evoluiu, as economias evoluíram e você também precisa evoluir. É hora de diversificar e conhecer novas alternativas.

AÇÕES BRASILEIRAS

Ação talvez seja o investimento mais conhecido em todo o mundo, excluindo talvez o colchão, a poupança e o jogo do bicho. Mas o que significa, na prática, investir em uma ação? O mercado de ações permite que você seja acionista (ou seja, dono de uma fração de uma companhia listada em bolsa, que no Brasil é a de São Paulo, a B3). A ação é a menor unidade do capital social de uma companhia. Quer ser dono de uma parte minúscula do Itaú Unibanco? É só comprar uma ação. Dono de parte da Vale? Mesma coisa. Da Embraer? Está valendo. O cenário de juros baixos tende a favorecer a ida do investidor para a bolsa e, com isso, o crescimento de receitas das empresas de capital aberto. Ao comprar uma ação e se tornar acionista, o investidor possui em geral dois grandes interesses: lucrar com a valorização do ativo e receber proventos. Para isso, essa aplica-


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