Revista Poder | Edição 133

Page 1

R$ 14,90

946006 9

771982

ISSN 1982-9469

00133

3

NOVEMBRO 2019 N.133

LEI E ORDEM

Desde 2002 no Supremo, GILMAR MENDES, que tem se afirmado a voz mais vigorosa da corte contra alegados abusos da promotoria e da mídia, recebe nossa reportagem em seu gabinete – e não poupa ninguém TEMPOS MODERNOS

O economista ANDRÉ PERFEITO explica o enigma do momento: para onde vai a economia brasileira em tempos de juros baixíssimos?

PEQUENO MANUAL

Aquela história de que carisma ou você tem ou não tem é coisa do passado: dá sim para aprender a brilhar e a cativar pessoas

RASTRO

Mesmo nossos mais sutis hábitos de consumo impactam negativamente o meio ambiente – e não é só Greta Thunberg quem diz

E MAIS

Apps para entrar em forma no verão; as escolhas da artista plástica JANAINA TSCHÄPE e toda a classe de MALVINO SALVADOR


A P R E S E N TA :

NOVIDADE NA ALTA GASTRONOMIA JAPONESA NO PÁTIO HIGIENÓPOLIS.

PISO VILABOIM


patiohigienopolis.com.br






40

50 SUMÁRIO EDITORIAL COLUNA DA JOYCE BOCA NERVOSA

Principal voz no STF contra os abusos da Lava Jato, Gilmar Mendes abre as portas do gabinete para a reportagem de PODER 24

12

ALMOÇO DE PODER

Um papo a juros baixos com o economista André Perfeito 30

A INTELIGÊNCIA DO CARISMA

46

34

O INSUSTENTÁVEL PESO DO SER

Como diminuir a nossa pegada ecológica em ações corriqueiras? 38

RESPIRO

Ô, Cride! Toda a irreverência de Ronald Golias 40

44

47 50 52 54 56

CSI À BRASILEIRA

A advogada Roselle Soglio fala sobre a importância da ciência forense

DOWNLOAD PODER VIAJA COZINHA DE PODER HIGH TECH SOB MEDIDA

Um bate-papo sobre arte com Janaina Tschäpe

ENSAIO

As habilidades de Malvino Salvador na telinha e nos tatames

O AGRO É DEMOCRÁTICO

As apostas do Estado de São Paulo para o agronegócio

Entenda o que é preciso para se tornar uma pessoa carismática

58 61 62 63 64

CULTURA INC. ESTANTE RAZÃO E EMOÇÃO CARTAS ÚLTIMA PÁGINA

GILMAR MENDES POR CRISTIANO MARIZ

NA REDE: /Poder.JoycePascowitch @revistapoder @revista_poder

FOTOS DIVULGAÇÃO; GUILHERME LIMA

10 12 18



PODER JOYCE PASCOWITCH

DIRETORA-GERAL JOYCE PASCOWITCH joyce@glamurama.com

EDITOR Dado Abreu

dado@glamurama.com

EDITOR CONTRIBUINTE Paulo Vieira

PUBLICIDADE MULTIPLATAFORMA GERENTES MULTIPLATAFORMA

Kelly Staszewski

kelly@glamurama.com

Laura Santoro

laura.santoro@glamurama.com

Maria Luisa Kanadani

marialuisa@glamurama.com

Roberta Bozian

pauloviei@gmail.com

robertab@glamurama.com

fabiodutra@glamurama.com

MARKETING Aline Belonha

REPORTAGEM Fábio Dutra

EDITORES DE ARTE David Nefussi

davidn@glamurama.com

Jefferson Gonçalves Leal

jeffersonleal@glamurama.com

FOTOGRAFIA Carla Uchôa Bernal

carlauchoa@glamurama.com

Claudia Fidelis (tratamento de imagem) PRODUÇÃO Meire Marino (gestora)

publicidade@glamurama.com – tel. (11) 3087-0200

aline@glamurama.com

Anabelly Almeida

anabelly@glamurama.com

Mayara Nogueira

mayara@glamurama.com

Tânia Belluci

tania@glamurama.com

assinaturas@glamurama.com – tel. (11) 3061-9548

meiremarino@glamurama.com

ADMINISTRAÇÃO E FINANÇAS Clayton Menezes (gestor)

anaemeyer@glamurama.com

Heberton Gonçalves

Ana Elisa Meyer (produtora-executiva) Wildi Celia Melhem (produtora gráfica) celia@glamurama.com

Inácio Silva (revisão) Luciana Maria Sanches (checagem) COLABORADORES Adriana Nazarian, Aline Vessoni, Bruna Bertolacini, Caroline Mendes, Cristiano Mariz, Fernanda Bottoni, Fernanda Grilo, Guilherme Lima, João Leoci, Luís Costa, Nuno Cobra Jr., Paulo Freitas, Samantha Sczerb, Victor Santos

clayton@glamurama.com

heberton@glamurama.com

Hércules Gomes

hercules@glamurama.com

Núbia Dias

nubia@glamurama.com

Renato Vaz

renato@glamurama.com

DISTRIBUIÇÃO EM BANCAS: Distribuída pela Dinap Ltda. Distribuidora Nacional de Publicações, Rua Dr. Kenkiti Shimomoto, 1.678, CEP 06045-390 – Osasco – SP CTP, IMPRESSÃO E ACABAMENTO: Stilgraf Artes Gráficas e Editora Ltda. REPRESENTANTES DE PUBLICIDADE Belo Horizonte: Norma Catão - tel. (31) 99604-2940 Brasília: Front Comunicação - tel. (61) 3321-9100 Fortaleza: Aurileide Veras - tel. (85) 99981-4764 GLAMURAMA EDITORA LTDA. DIRETORES: Joyce Pascowitch e Ezequiel Dutra CONSELHO CONSULTIVO: Silvio Genesini, Moshe Sendacz e Fábio Dutra Rua Cônego Eugênio Leite, 282, Jardim América, São Paulo, SP - CEP 05414-000. Tel. (11) 3087-0200



PODER EDITORIAL

M

inistro do Supremo Tribunal Federal desde 2002, o juiz Gilmar Mendes costuma desagradar personagens de orientações políticas distintas com suas opiniões. Pode não ser o mais querido da corte – se é que há alguém efetivamente benquisto pela opinião pública entre os 11 do STF –, mas além do grande e notório conhecimento jurídico, Gilmar aproveita muito bem as oportunidades de marcar sua posição. Desta vez ele marcou para nós: os repórteres Fábio Dutra e Paulo Vieira foram recebidos pelo ministro em seu gabinete em Brasília em meio à votação do trânsito em julgado – tema que nunca sai da pauta. Ele voltou a afirmar sua voz contra os abusos do Ministério Público e dos operadores da Lava Jato, criticou a mídia e explicou sua visão da suspeição – quando um juiz deve se abster de votar por envolvimento com as partes. Na economia, tudo pode mudar. E quem é que um dia iria prever uma taxa dos juros tão baixa no Brasil? Almoçamos com André Perfeito, o midiático economista-chefe da Necton que fez carreira renomada em corretoras e ganhou destaque por suas análises precisas, para saber o que vem por aí – e, de quebra, pegar umas dicas de onde fazer bons investimentos em tempos de Selic decrescente. As verdades que se consolidam no Supremo e nos fóruns econômicos podem mudar ao longo do tempo, são relativas, mas é inconteste que o mundo está se tornando menos habitável por conta do aquecimento global. Uma reportagem especial mostra o que você pode fazer para ajudar a diminuir o problema que afeta todos nós e afetará principalmente as gerações futuras. Também debatemos outra pauta em alta nas universidades americanas: o carisma. Essa fascinação irresistível exercida por pessoas que, supostamente, é algo difícil de conquistar ou desenvolver. É preciso ter grande concentração no aqui e agora, autoconhecimento e uma ambição normalmente bem maior que a média. O repórter Victor Santos pesquisou o assunto e nos conta por aqui. Ainda estão nesta edição o ator Malvino Salvador, o Agno da novela A Dona do Pedaço, as afinidades eletivas da artista Janaina Tschäpe, o toque especialíssimo que a tangerina imprime à cozinha e equipamentos e apps para fazer bonito no verão. Sustentável e carismática, esta é a PODER. Boa leitura.

G L A M U RA M A . C O M


Challenger 350

Best-selling by design #1 in deliveries | Largest cabin | Smooth ride

Bombardier, Challenger, Challenger 350 and Exceptional by design are registered or unregistered trademarks of Bombardier Inc. or its subsidiaries. All information above is true at the time of publication. Š 2019 Bombardier Inc.


MESA DE JANTAR

Um encontro entre FERNANDO HENRIQUE CARDOSO e o deputado ALEXANDRE FROTA deverá acontecer nas próximas semanas. A iniciativa é do governador João Doria, que insiste em selar a paz entre o ex-presidente e fundador do PSDB e o novo integrante do ninho tucano. Quando Frota fechou com a legenda, FHC falou em “retrocesso”.

MARESIA

Lançado no mês passado, o quarto e último volume da série dos Diários da Presidência, de Fernando Henrique Cardoso, não teve noite de autógrafos como de costume. A editora Companhia das Letras bem que tentou, mas o ex-presidente rechaçou a ideia porque acha que o clima no Brasil não está pra festa. No livro, entre outras coisas, ele fala sobre a passagem calma de governo para o expresidente Lula e cita, inclusive, que o sucessor permitiu que alguns medalhões seguissem no governo, casos de José Gregori e Sergio Amaral, embaixadores em Portugal e Estados Unidos, respectivamente.

OLHO VIVO

O responsável por ter, de certa forma, descoberto o diagnóstico de BRUNO COVAS foi o médico ROBERTO KALIL FILHO. Chamado às pressas por David Uip, coordenador da equipe responsável no Hospital Sírio-Libanês, foi ele quem sinalizou o tumor no trato digestivo do prefeito de São Paulo.

MIRANTE MIRANTE

Brasília, é voz corrente entre velhas raposas o presidente EmEm Brasília, é voz corrente entre velhas raposas queque o presidente Bolsonaro precisa domar o quanto antes seus filhos políticos, JairJair Bolsonaro precisa domar o quanto antes seus filhos políticos, principalmente CARLOS . Porém, com a decisão Zero Dois principalmente CARLOS . Porém, com a decisão do do Zero Dois emem se candidatar a vereador – ele quer lançar a mãe, ROGÉRIA nãonão se candidatar a vereador – ele quer lançar a mãe, ROGÉRIA , , para eleição à Câmara a avaliação é que a situação tende para eleição à Câmara do do RioRio –, a–,avaliação é que a situação tende a piorar, pois Carlos deverá ganhar cargo governo. se de a piorar, pois Carlos deverá ganhar umum cargo no no governo. E seE de longe causa transtornos, o que dizer então oficialmente longe eleele causa transtornos, o que dizer então de de oficialmente dentro Palácio Planalto. dentro do do Palácio do do Planalto.

12 PODER JOYCE PASCOWITCH


AZEITONA

Frequentes nos principais eventos de São Paulo, NELSON JOBIM, ex-ministro da Justiça, da Defesa e do Supremo Tribunal Federal, e sua mulher, ADRIENNE SENNA, ex-presidente do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), têm chamado a atenção pela silhueta com que desfilam pelos salões da cidade. Os dois estão com as cinturas superenxutas.

LÍRIOS

ALEXANDRE GRENDENE BARTELLE

anda inconsolável desde a morte de sua inseparável cachorrinha, a bichon frisé Kate. Ela estava doente havia tempos e era tratada como filha por ele, tendo seu nome gravado, inclusive, no casco do megaiate que leva seu nome, o Madame Kate, que costuma ficar ancorado no Mediterrâneo. Também o jato privado de Alexandre, cofundador da fabricante de calçados Grendene, recebeu decoração inspirada na peluda: a ponta do bico da aeronave, um Falcon 7X, foi pintada de preto para lembrar o focinho da cachorrinha.

FOTOS REPRODUÇÃO; LEON RODRIGUES; PAULO FREITAS; JOÃO LEOCI; BRUNA GUERRA; FREEPIK; DIVULGAÇÃO

SINFONIA

Ópera Aberta: Os Pescadores de Pérolas , dirigido por Carlos Nader, representará o Brasil no Emmy Awards na categoria melhor programa de arte. O documentário segue Fernando Meirelles em seu mergulho na ópera. Chamado para dirigir Os Pescadores de Pérolas, de Georges Bizet, no Theatro da Paz, em Belém (PA), Meirelles teve seu trabalho registrado nos seis meses da montagem da obra.

NO TOPO

Pode-se dizer que LUCIANO HANG está nas alturas. As vendas da Havan neste ano cresceram em média 60% em relação ao mesmo período do ano passado, o que é muito mais do que o varejo no Brasil. E, além disso, o empresário é sócio da FG Empreendimentos na construção do One Tower, que, com 252 metros, será o prédio residencial mais alto do Brasil quando for inaugurado no ano que vem, em Balneário Camboriú, Santa Catarina.

CALO

A eleição de Alberto Fernández à Presidência da Argentina ligou o sinal de alerta nos calçadistas brasileiros. Presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), HAROLDO FERREIRA demostrou preocupação com a possível volta da adoção de entraves no país vizinho. Durante boa parte do governo de Cristina Kirchner, hoje vice-presidente da chapa eleita, empresários brasileiros do setor tiveram problemas com a liberação de licenças, contabilizando prejuízos que chegariam a mais de US$ 200 milhões, segundo a entidade.

PODER JOYCE PASCOWITCH 13


A verdadeira medida do homem não é sua inteligência ou quão alto ele vai nessa louca baliza. A verdadeira medida do homem está em quão rápido ele responde às necessidades dos outros ou quanto de si mesmo ele pode doar PHILIP K. DICK, ESCRITOR

X

3 PERGUNTAS PARA... JOSÉ VICENTE, VICENTE, advogado e sociólogo, fundador e reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares, instituição voltada para a inclusão, qualificação e protagonismo do negro

Estamos atrasados. Vivemos no terceiro milênio debatendo coisas que já deveriam ter sido superadas, como igualdade, valor da diversidade, respeito à diferença. Ao olhar os indicadores, vemos que muito pouco foi feito. Por outro lado, ao longo dos últimos 20 anos tivemos um conjunto de ações que ajudaram a colocar o tema na agenda e a estruturar avanços, como, por exemplo, as cotas para negros nas universidades, concursos públicos, magistratura e Ministério Público, além das políticas afirmativas no ambiente corporativo. São mudanças importantes, mas do ponto de vista da exclusão o Brasil está pior do que os Estados Unidos e a África do Sul no auge do apartheid.

POR QUE DECIDIU CRIAR UMA FACULDADE VOLTADA PARA A INCLUSÃO?

Éramos jovens negros, estudantes de sociologia e naquela época o sociólogo tinha de intervir no fato social. Eu conhecia o histórico das universidades negras americanas que tinham o escopo de abrir espaço para a inclusão do negro no ensino superior e fui convidado para visitar tais instituições. Chegando lá, vendo aquele negócio fabuloso, contei para os amigos e muitos resolveram encarar o desafio. Ainda não chegamos à universidade finalizada, mas nestes 15 anos construímos uma boa estruturação. A ZUMBI DOS PALMARES SEGUE AS UNIVERSIDADES NEGRAS AMERICANAS?

É muito próximo, obviamente com as peculiaridades de um país, de uma cultura, mas a universidade negra que

eu conheci na época, e que também se constituiu depois de 1964, já não era exclusiva para negros, como era até então. Era uma universidade que foi só para negros e depois se abriu para todo o público. Então, nossa perspectiva também foi nesse sentido, não desejávamos uma universidade exclusivamente para negros, nós queríamos uma instituição em que o tema e a cultura negra pudessem estar presentes, fosse um espaço para aprimorar, divulgar e valorizar essa trajetória e, além disso, tivesse negros em um número preponderante.

CHECK-IN O Grand Mercure Brasília, da rede Accor, é um hotel moderno e confortável na Asa Norte da cidade. Seguindo um dos conceitos da marca, o DNA de Brasilidade está presente no hotel do momento de chegada do hóspede, a começar pelo café coado na recepção, passando pelo aroma e flores que decoram os ambientes. O restaurante Capim Dourado, comandado pelo chef Nilson Favacho, no mezanino, é um espaço para grandes experiências gastronômicas . No rooftop, de onde se contempla o famoso pôr do sol da cidade, há happy hour às quintas, quando são servidas comidinhas e bebidinhas típicas de botequim. Amantes de esportes radicais também têm, uma vez por mês, a oportunidade de um rapel urbano. +grandmercure.com/pt

14 PODER JOYCE PASCOWITCH

FOTOS PATRICIA RIBEIRO/DIVULGAÇÃO; REPRODUÇÃO

AVANÇAMOS NA ELABORAÇÃO DE POLÍTICAS DE INCLUSÃO EFETIVAS?



EM NOVEMBRO, A MULHER E O HOMEM DE PODER VÃO...

DAR uma escapada até

Londres para visitar a retrospectiva com 200 obras do visionário Nam June Paik (1932-2006) na Tate Modern. O artista multidisciplinar sul-coreano foi um dos pioneiros da videoarte mundial

ACOMPANHAR

in loco o GP Brasil de Fórmula 1. O evento acontece nos dias 15, 16 e 17 de novembro no Autódromo de Interlagos, em São Paulo OUVIR Vento Sul, o mais

recente álbum do violonista Yamandu Costa, um dos poucos em que ele também se apresenta como cantor – em dez composições em parceria com Paulo César Pinheiro PERCORRER os 30 anos de carreira de Fernanda Gomes, na Pinacoteca de São Paulo. Na mostra, a artista carioca deve se colocar em atividade contínua pelas sete salas expositivas, instalando assim uma espécie de ateliê temporário DIVULGAR nas redes sociais a

REMEMORAR o milésimo gol de Pelé, o maior jogador de futebol de todos os tempos – o tento histórico, na partida entre Santos e Vasco, realizada no Maracanã, completa 50 anos BAIXAR o Forest, aplicativo de produtividade que ajuda a manter o foco no dia a dia. Quanto menos você mexe no celular, mais a árvore virtual do game cresce

hashtag #NovoPF, criada pelo Instituto Akatu para estimular a reflexão sobre desperdício de alimentos. Por ano, jogamos fora 26,3 milhões de toneladas de comida, enquanto 14 milhões de brasileiros passam fome

SEGUIR o Instagram do fotógrafo

francês William Daniels (@ williamodaniels), vencedor de inúmeros prêmios, com seu olhar focado em questões sociais e humanitárias nas regiões mais isoladas da Terra

PROCURAR uma boa sala de cinema para ver Um Dia de Chuva em Nova York, o novo filme de Woody Allen. Com Timothée Chalamet, Elle Fanning, Jude Law e Selena Gomez ASSISTIR ao show-residência-multimídia

Cornucopia, da popstar islandesa Björk. Dias 19, em Londres, 25, em Glasgow e 28, em Dublin. Criado pela própria artista e dirigido em parceria com a cineasta argentina Lucrecia Martel

LER a polonesa

CONHECER

Olga Tokarczuk, autora de Os Vagantes, e o dramaturgo austríaco Peter Handke, vencedores do Prêmio Nobel de Literatura de 2018 e 2019, respectivamente

a Bocada’s, nova casa dos criadores do Capivara Bar. De clima bem informal e inspiração napolitana, promete redefinir o conceito de rodízio de pizza. Na Barra Funda, em São Paulo

com reportagem de aline vessoni, dado abreu e fábio dutra 16 PODER JOYCE PASCOWITCH

FOTOS GETTY IMAGES; DIVULGAÇÃO

FICAR por dentro de tudo sobre o megaleilão do pré-sal, o maior deles, no qual o governo pretende oferecer quatro reservas da Bacia de Campos


A BOA ARQUITETURA DA NORTIS EM

OBRAS ACELERADAS

moema Projeto arquitetônico

2 e3 suítes

102m2 e175m2

ENTREGA Abril 2021 • • • • •

Academia Brinquedoteca Salão de festa Piscina Churrasqueira

IMAGEM ILUSTRATIVA DO ACESSO

Projeto arquitetônico

149m2

IMAGEM ILUSTRATIVA DO ACESSO

• • • • •

3

suítes

ENTREGA Abril 2021

Salão de festas Piscina climatizada Sauna úmida Academia com pé-direito duplo Brinquedoteca

VISITE STAND AVENIDA PAVÃO, 224 X RUA PINTASSILGO, MOEMA

tel 4210-1143 96908-9217 NORTISINC.COM.BR Siga a Nortis nas redes sociais:

nortisinc

nortis

ELEVO: Incorporação imobiliária registrada em 25/05/2018, sob R 01 na Matrícula 123.998, junto ao 1º Cartório de Registro de Imóveis – Capital de São Paulo. SIGA: Incorporação imobiliária registrada em 14/09/18, sob R 02 na Matrícula 227.414, junto ao 14º Cartório de Registro de Imóveis – Capital de São Paulo. Intermediação Imobiliária: NV Imob Negócios Imobiliários Ltda., Creci: J-31629 Ilustrações artísticas das áreas comuns e apartamento modelo. Alguns móveis, equipamentos e utensílios aqui utilizados são mera sugestão de decoração e esta área será entregue conforme Memorial Descritivo do empreendimento.


18 PODER JOYCE PASCOWITCH


CORETO

BOCA NERVOSA Criticado por falar fora dos autos, relacionar-se com acusados e não se declarar suspeito em diversos julgamentos, Gilmar Mendes torna-se a principal voz no Supremo Tribunal Federal contra os abusos da Lava Jato. Em entrevista a PODER, aproveita para atacar mídia, Ministério Público com ou sem Rodrigo Janot e o PT por paulo vieira e fábio dutra fotos cristiano mariz

S

e dependesse de boa parte da sociedade brasileira que tem como santos maiores Sérgio Moro, Deltan Dallagnol e outros próceres do que se convencionou chamar de combate à corrupção, o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes seria não apenas impichado, como talvez fuzilado em praça pública. Rodrigo Janot, procurador-geral da República de 2013 a 2017, tempos gordos da Lava Jato, já teve ganas de fazer ele mesmo o serviço, e armou-se para tanto, como revelou recentemente, mas recuou porque, como registrou em seu livro Nada Menos que Tudo, “no instante decisivo, a mão invisível do bom senso tocou meu ombro e disse: não”. Aos 63 anos e desde 2002 no Supremo, o juiz se tornou a voz mais estridente da corte a apontar os excessos da Lava Jato e de alas do Ministério Público. Já chamou o uso sistemático de prisões provisórias na Lava Jato como “instrumento de tortura” e disse que o Brasil “viveu uma era de trevas no que diz respeito ao processo penal”. Garantista, como se define, mas capaz de decidir pensando na circunstância, como quando no TSE não condenou, com seu voto de minerva, a chapa Dilma-Temer – “Não se substitui um presidente da República a toda hora”, afirmou –, ele costuma desagradar personagens de colorações políticas distintas por não ter pejo de emitir opiniões, dar seguidas entrevistas, não se declarar suspeito em julgamentos em que tem ligação com ao menos uma das partes, circular com implicados e ser sócio de empresas – uma das quais recebeu patrocínio da JBS. Associado ao PSDB por ter trabalhado na Advocacia-Geral da União no governo Fernando Henrique Cardoso e ser por ele indicado para o Supremo, ele já foi objeto de pedido de impeachment por deputados do PT que agora o têm na conta de “aliado”. Em 2014, disse ao jornal Folha de S.Paulo que temia que o tribunal se convertesse numa “corte bolivariana” na hipótese de que só restassem ali, além dele, juízes indicados por Lula e Dilma – a “PEC da Bengala”, que estendeu a aposentadoria compulsória dos juízes de tribunais superiores de 70 para 75 anos, aprovada no ano seguinte, eliminaria essa posPODER JOYCE PASCOWITCH 19


sibilidade. No primeiro semestre de 2019 era o recordista de pedidos de impeachment dentre os 11 ministros do STF . Com dois relógios de pulso, um Apple Watch para controlar sua rotina física e um Rolex, Mendes recebeu os repórteres da PODER em seu gabinete – que ele chama de “tenda dos milagres”, dado o número de pessoas que fazem verdadeira romaria para visitá-lo – no quinto andar de um dos anexos do STF, na Praça dos Três Poderes, em Brasília. Já passava das oito da noite da quarta-feira de outubro em que o Supremo começava a discutir a versão 2019 da recorrente questão da prisão em segunda instância versus trânsito em julgado. Desta vez, para dar um resposta às Ações Declaratórias de Constitucionalidade (ADCs) de 2016. O dia havia começado quente. Naquela manhã ele e os colegas Alexandre de Moraes e Dias Toffoli, atual presidente do STF, haviam sido recebidos por Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto. Visita de cortesia, segundo Mendes. A “língua ferina” do ministro, na expressão de Janot, estava presente na entrevista, mas não mais do que o usual. O ministro vem dando declarações que já não soam tão bombásticas porque talvez a audiência já tenha se acostumado a elas. A metralhadora segue apontada na direção dos promotores da Lava Jato (“gente ordinária, chinfrim, mequetrefe, se achavam soberanos”); de Moro (“personagem que o Bolsonaro leva para o jogo do Flamengo”); da República de Curitiba (“ditadura completa“), da mídia (“houve conúbio entre a Lava Jato e a mídia, a mídia os adotou”), e, claro, de Janot, mas para este nem é necessário engatilhar, já que as confissões etílico-literárias do ex-procurador são suficientemente bélicas (veja box Faroeste Caboclo). Aqui, os principais pontos da entrevista. COMBATE CORROMPIDO “Há um grave problema na área da corrupção. Um Estado muito forte que vem do regime militar, um certo capitalismo de Estado que faz com que as próprias empresas dependam muito do Estado e da política, e daí para o tráfico de influência e para a corrupção é um passo. E aí o combate à corrupção se torna fascinante. Tem o combate sério e também os macumbeiros, que se aproveitam para se locupletar com isso. Percebo que nesse sistema há projeto político, muitas vezes da Polícia Federal, muitas vezes do Ministério Público, às vezes da própria magistratura, e isso precisa ser contido, é preciso que nós nos cinjamos a fazer aquilo que a Constituição preconiza. Juiz que quer se candidatar, o juiz que quer afetar um lado da disputa, isso não é bom para o sistema. Na crise econômica brutal, as pessoas passam a acreditar que o problema do Brasil é só corrupção, e [por isso] essas pessoas [promotores e juízes da Lava Jato] foram santificadas e canonizadas. Estamos vendo que eram santos de pé de barro.”

20 PODER JOYCE PASCOWITCH

O PAPEL DO SUPREMO “É colocar as coisas nos trilhos, ter um certo equilíbrio. Combate à corrupção sim, mas dentro da normalidade, não podemos combater crime cometendo crime, tenho repetido essa frase. Que conforto temos se um auditor fiscal que está na Lava Jato está envolvido com corrupção na própria operação? Ou o episódio do [ex-procurador Marcelo] Miller, que era um pouco o cérebro do processo, que americanizou todo o sistema, que instruía as pessoas a fazer gravações? Todas aquelas delações, as do Delcídio, do Sérgio Machado, do Joesley, foram conduzidas por ele. Sabe-se lá quando ele começou a jogar num campo e noutro. O tribunal estava sob um desafio, mas acho que as outras instituições também.” RODRIGO JANOT “[A intenção assassina de Janot] só confirma o juízo negativo que eu fiz dele todo o tempo, que de fato foi a pior figura que a Procuradoria-Geral já mandou para o Supremo em todos os tempos. A pergunta que acho que temos de nos fazer é como descemos tanto, como se confiou uma função dessa importância a alguém que se apresenta como sujeito a incontinências das mais variadas ordens, que usa arma a torto e a direito, que vai bêbado ao encontro da presidente [Dilma Rousseff] quando esta o escolhe. Imagine o valor das denúncias por ele produzidas, das peças e tudo mais.” PROJETO ANTICRIME “O que tem de bom não é novo, o que há de novo não é bom. Mas é esforço digno de nota, tudo o que se fizer pelo combate à criminalidade é positivo, mas reputo absolutamente imprópria a ideia de facilitação para ação policial [o excludente de ilicitude] considerando o grau de letalidade das ações da polícia no Brasil. Acho uma selvageria, uma irresponsabilidade, uma grande dose de irrealismo apresentar uma coisa dessa ao Congresso como se fosse medida de combate à criminalidade. É de aumento de letalidade.” A ESCOLHA DO PROCURADOR “[A Procuradoria-Geral da República] não é órgão para defender o governo, é preciso [o presidente da República] ter essa noção, é preciso saber que o procurador-geral muitas vezes vai ter de oferecer denúncias contra membros do governo, como aconteceu no mensalão. A escolha via classe [lista tríplice], dentre os erros que o PT cometeu talvez esse seja um dos maiores, essa escolha é um equívoco, a Constituição não fez essa opção, não obstante inventaram essa lista tríplice, mimetizando o que ocorre no plano estadual, e já dá errado. Num grupo associativo, quem ganha a eleição é normalmente aquele que promete benesses, e quando o PT diz que não


FAROESTE CABOCLO

Rodrigo Janot parece ter gosto por filmes de ação e tiroteio. Em seu livro narra três episódios algo burlescos que lembram os tempos dos duelos. No primeiro, diz ter se afastado da política estudantil após uma briga em que seu grupo da faculdade de Direito da UFMG apanhava de outros estudantes, e ele esteve próximo de fazer uma besteira (não fica claro se o ex-procurador já andava armado nessa época). No segundo, insinua que o senador Fernando Collor tinha a intenção de comparecer armado à sabatina do Senado que chancelou a recondução de Janot à chefia do Ministério Público Federal em 2015. E no último escreve, sem dar nomes: “Pus uma pistola na cintura e por muito pouco não descarreguei na cabeça de uma autoridade de língua ferina que, em meio àquela algaravia orquestrada pelos investigados, resolvera fazer graça com a minha filha”. A autoridade era Gilmar Mendes; a graça, ter levantado que a filha de Janot, Letícia, atuara como advogada da OAS, investigada pela Lava Jato (ela atuou no âmbito administrativo do Cade e não na esfera penal). As bordoadas entre Mendes e Janot são de lado a lado, mas, surpreendentemente, o ministro é pouco

mencionado no livro do adversário. Janot reclama da jurisprudência errática do julgador, que oscilaria do punitivismo exacerbado ao garantismo intransigente a depender do réu; narra o episódio da gravação da conversa de Bernardo Cerveró com o então senador Delcídio do Amaral, em que este dizia àquele que teria influência nos votos de alguns ministros que julgariam o habeas corpus de seu pai, Nestor Cerveró – Gilmar Mendes entre eles –, que acabou por levar Delcídio à cadeia; e conta que os procuradores torceram para que os processos da Lava Jato que estavam sob relatoria do ministro Teori Zavascki, morto semanas antes, viessem a cair com Edson Fachin e não Mendes (pelas regras do sorteio, os processos vão para os ministros que têm menos inquéritos, e os dois eram os únicos que poderiam ter recebido aqueles autos). Nenhum relato sobre a juventude de ambos ou sobre o fato de que entraram no Ministério Público no mesmo concurso, em 1984, tendo tido alguma convivência. Perguntado pela PODER sobre o antigo colega, Mendes deu de ombros: “O que dizer de um senhor que conta em livro que foi bêbado à audiência com a presidente do Brasil em que foi indicado para chefe da Procuradoria-Geral da República?”. PODER JOYCE PASCOWITCH 21


só vai escolher na lista, mas o primeiro da lista, se demite de qualquer controle institucional. Por que o PT fez isso? Não foi por ingenuidade, é porque o Ministério Público era um aliado do partido, era o braço judicial contra o governo FHC. Mesmo um político com a experiência do Lula cometeu esse erro crasso, para o PT e para o sistema democrático brasileiro.” MÍDIA “Acho que houve conúbio entre a Lava Jato e a mídia, a mídia os adotou. Tem uma disposição na lei que diz que o acordo homologado só pode ser divulgado depois da denúncia recebida, e o Janot vazava isso durante, colocou em várias cláusulas que o sujeito renunciava ao direito de não divulgação, só que não era um direito suscetível de renúncia. Tinham aí as famosas ‘listas do Janot’, a mídia cevou isso, e produziu esse monstrengo.” “Tenho muito mais irritação em relação à imprensa do que às pessoas das ruas, que às vezes não têm qualquer noção do que estão falando e são instrumentalizadas. Quando a [apresentadora] Leilane Neubarth faz campanha contra mim na GloboNews, eu lamento, é pessoa preparada, agora o Zé da esquina é vítima desse processo, é vítima da mídia massiva, que também estava à serviço de alguma coisa e que errou e tem dificuldade de fazer mea culpa.” “Sou convicto que tem de haver liberdade de imprensa, e nunca partiu de mim proibição de publicação. Me se eu entender que sou ofendido, e não é sensibilidade exagerada, e se me chamar de corrupto [como, no seu entendimento, teria feito a atriz Monica Iozzi na manifestação que gerou processo movido por Mendes], tomo medida de processar. Processei o [jornalista, já morto] Paulo Henrique Amorim, outros jornalistas, mas não tenho projeto de enriquecer com isso, doo tudo que recebo.” O GARANTISTA FIEL “Acho que continuo no mesmo lugar. Tive momentos de maior ou menor protagonismo, as minhas posições são mais ou menos as mesmas. Sou um garantista convicto, tenho apontado problemas na Lava Jato, abusos que aconteceram nesses anos todos. Brinco que sou mau profeta, as coisas que eu falo acontecem. Em 2017, na discussão sobre a homologação do acordo entre Joesley Batista e o Ministério Público, alguns disseram que [o acordo] era eterno, insuscetível de revisão. Eu disse que era claro que seria revisto imediatamente, era evidente a falta de substância. Chegou-se a dizer: ‘Ah!, mas precisamos prestigiar o procurador-geral’, e eu disse: ‘Violando a lei?’. O Joesley dizia que o Congresso tinha 220 deputados que tinham recebido propina. Ele tinha trocado a expressão doação por propina porque tinha sido treinado para isso, e então, como chefe de organização, não poderia re-

22 PODER JOYCE PASCOWITCH

Pelé, religião, família e camisas dos times brasileiros (a falta da do Botafogo foi notada) se destacam no gabinete do ministro


ceber a indulgência plena. Janot apelava ao tribunal para que fosse compreensivo porque ele tinha negociado isso. Mas a que preço?”

‘‘As empresas dependem muito do Estado, e daí para o tráfico de influência e para a corrupção é um passo. E aí o combate à corrupção se torna fascinante. Tem o combate sério e também os macumbeiros, que se locupletam com isso”

ISENTÃO “[O limite da suspeição para poder julgar] é aquilo que está na lei. Há um grave problema aqui, de se poder construir suspeições. Eu estou em Brasília desde 1974, trabalhei nos governos Collor e FHC, teria de me dar por impedido [em casos de] qualquer pessoa com quem tive contato, tanto da oposição como da situação. [Em 2014, quando Luiz Fux, Carmén Lúcia e Luís Roberto Barroso se declararam impedidos] Houve o caso dos planos econômicos que alguém dizia que tinha poupança, que o pai tinha poupança, e esta era a maior causa do Supremo e não tínhamos quórum para votar. [Em 2017] No caso do Eike Batista, minha mulher não foi sua advogada. O escritório ao qual ela está vinculada no Rio trabalhou na questão cível, não tem nada a ver com o habeas corpus [que Gilmar relatou]. E do [empresário] Jacob Barata, eu sou tão amigo dele quanto de vocês, estive no casamento [da filha de Barata, desfeito seis meses depois] acidentalmente, minha mulher foi madrinha. No caso do Eike, chegou um processo que considerei que não era pertinente, indeferi o habeas corpus, e nunca ninguém arguiu suspeição [Em 2018] Houve também o caso do Funrural, fui voto de minerva contra, era interesse da JBS [a empresa dos irmãos Batista que patrocinou eventos da instituição de ensino de Mendes, o IDP]. Eu sou produtor rural, sócio de meus irmãos, e um dia depois da decisão minha irmã ligou dizendo que eu decidi contra mim mesmo. [O Supremo considerou constitucional a cobrança, ao contrário do que pretendiam os produtores rurais] Ou temos noção das nossas responsabilidades ou não poderiamos julgar.” n PODER JOYCE PASCOWITCH 23


24 PODER JOYCE PASCOWITCH


REGRA DE TRÊS

T

ANDRÉ PERFEITO

he world has gone mad and the system is broken” (“O mundo enlouqueceu e o sistema está quebrado”, em tradução livre). A frase, que sacudiu os analistas de mercado nos primeiros dias de novembro, não foi dita por um ativista vegano ou por um sindicalista comunista ou mesmo por um artista desconstruído filiado a partidos trotskistas identitários, mas por ninguém menos que Ray Dalio, fundador do maior fundo de hedge do mundo, o Bridgewater. Num mundo ocidental cada vez mais próximo de um consenso liberal – ainda que muitas vezes sem colher frutos na realidade, como no exemplo argentino –, Dalio é uma das vozes que se levantam contra algumas anomalias lógicas das economias modernas que se apresentam na forma de juros negativos (quem tem crédito pode tomar empréstimo e pagar menos do que recebeu, após a atualização dos valores) ou de montanhas de dinheiro entregues a startups que não geram caixa e muitas vezes nem têm um plano sério de como se tornarem rentáveis. Para ele, o sistema está quebrado e as consequências econômicas e sociais podem ser graves se o mundo não corrigir o rumo das coisas a partir da crise de 2008. Nesse contexto de planeta à deriva e poucos pensadores a se debruçarem sobre a catástrofe iminente da economia dos países centrais de forma consistente, PODER recebeu André Perfeito, economista-chefe da corretora Necton, notório por suas posições contramajoritárias (bastante ativo nas redes sociais, ele abriu o voto em Ciro Gomes antes das eleições de 2018, em plena Faria Lima) e por acertar acima da média nos últimos tempos, o que deixa os clientes felizes o suficiente para não questionarem seu autodeclarado keynesianismo. Apesar do nome moderno e da comunicação meio millennial – ativa nas redes, com relatórios com títulos irreverentes como “política monetária sobre gelo fino” e linguagem informal e agradável, e onipresente no WhatsApp com listas de transmissão dando feedbacks em tempo real sobre as posições da corretora a respeito do noticiário econômico –, a Necton é a fusão de duas empresas tradicionais, a Spinelli e a Concórdia, dos mesmos fundadores da Sadia, a família Furlan. Para Perfeito, a fusão, além de aproveitar as sinergias evidentes entre as corretoras (a Concórdia sempre teve

Notório por suas posições contramajoritárias e preciso em suas análises, o midiático economistachefe da Necton sentou-se à mesa com PODER para um almoço a juros baixos no qual respondeu a pergunta de um milhão de dólares: para onde vai a economia brasileira? POR FÁBIO DUTRA E DADO ABREU FOTOS JOÃO LEOCI

perfil institucional, enquanto a Spinelli tinha grande carteira de clientes pessoa física), veio em bom momento porque o mercado financeiro passa por dois desafios gigantes. O primeiro, de ordem macroeconômica: os juros caíram. “Com Selic menos IPCA a 12% todo mundo é gênio na Faria Lima, mas, com juros a 5,5%, em um mercado que até pouco tempo atrás chegava a cobrar 5% de taxa de administração, a coisa muda de figura”, explica. O segundo, de ordem microeconômica – mas dos grandes: a indústria financeira mudou completamente com o avanço tecnológico. “Qual a função de uma instituição financeira? Diminuir a assimetria de informação entre doador e o tomador do dinheiro. Mas a internet é a maneira mais eficiente conhecida de transmitir informação, então muda tudo, tem que ser digital influencer”, argumenta o economista, gesticulando o tempo todo e sendo extremamente didático, como o foi durante nossa conversa no La Tambouille, em São Paulo. Para enfrentar esse momento mais sofisticado do mercado, a Necton investe pesado em três pilares que acreditam ser a base do novo modelo: atendimento – nada de robô atendendo cliente –, tecnologia – para fazer frente às novas plataformas de trading – e curadoria de produtos. “É como um restaurante japonês: você vai ao balcão, vê o que tem, pergunta ao sushiman qual peixe está bom. Então tem que ter uma equipe atrás para cuidar que tenha produto, que ele seja bom e que acompanhe e analise o desempenho deles”, compara. PODER JOYCE PASCOWITCH 25


Apesar de tranquilizar os interlocutores ao afirmar que o pior da crise brasileira já passou, Perfeito não está tão animado com o futuro quanto a maioria de seus pares no mercado (a euforia é tanta que a piada corrente é que haveria queima de ônibus e patinetes na região da Faria Lima, em São Paulo, se o ministro da Economia, Paulo Guedes, pedisse demissão). Para ele, que projeta um crescimento moderado de 1,8% em 2020, as medidas de ajuste fiscal para sanear as contas do Estado que estão sendo feitas são necessárias e corretas. Mas apenas isso e uma política de juros baixos não são garantia da retomada do crescimento. Há uma ociosidade grande ainda no setor produtivo e enquanto isso não for preenchido o empresário não voltará a investir. “Se tiver cadeira vazia na redação, você não vai expandir antes de tê-las preenchido, simples assim”, vaticina. Para ele a discordância é boa e é intrínseca ao próprio funcionamento do mercado, e por isso não tem problema em abrir sua visão menos liberal de mundo. “Isso é comum no mundo todo, acho besteira pensar que há apenas uma teoria econômica correta. Pega o [George] Soros nos EUA, ele é visto pelos ortodoxos quase como um comunista, mesmo sendo um megainvestidor. O que acho fantástico desse mercado é justamente que ele só funciona com divergência. Se alguém vende Petrobras é porque tem alguém comprando. Ou seja, dois agentes têm opiniões radicalmente divergentes sobre uma mesma questão, essa é a natureza do mercado”, divaga. O mesmo vale para opiniões políticas: “Meu trabalho é aumentar o grau de consciência da sociedade sobre si mesma, e é normal então que eu fale de política para fazer com que as pessoas façam juízo sobre esse assunto”, filosofa, quase que da posição de psicanalista. Psicanálise, aliás, faz parte da vida de André Perfeito há pelo menos 15 de seus 40 anos. Isso talvez explique a maturidade com que respondeu sobre eventuais intenções de ingressar na política: “Prefiro me dedicar ao desafio de crescimento da Necton e a ficar na posição de pensador. É um trabalho de doação muito grande – e eu ainda quero construir um bom patrimônio”. A seguir, os principais trechos da conversa: “Só tem dois tipos de economistas no mundo, os do lado da oferta e os do lado da demanda. O Paulo Guedes é um liberal e acredita em incentivos para a oferta, o que aumenta o produto e gera crescimento. É esse o ‘gelo fino’ que eu falo no relatório [da Necton]: o governo não quer agir no alarde da macroeconomia, mas no silêncio da microeconomia – por meio de uma série de pequenas medidas – aliado a um grande ajuste fiscal. O raciocínio se baseia em reduzir o tamanho do Estado, pois assim é necessário tomar menos dinheiro e derruba os juros. Quando os juros caem, o empresário investe. Por mais duras que sejam as falas, as medidas são absolutamente liberais. Meu trabalho

26 PODER JOYCE PASCOWITCH

ILUSTRAÇÕES ISTOCKPHOTO.COM

PAULO GUEDES E A ECONOMIA


não é estar certo, mas descobrir antes da média a opinião média das pessoas. E por isso estou um pouco crítico, porque se estivesse funcionando a economia já estaria bombando – e não está. Acho que não estão levando em conta a ociosidade. Se tiver cadeira vazia na redação da PODER você não vai investir, vai antes ocupar essa cadeira. Nesse ponto acho que o Guedes incorre no mesmo erro do Guido Mantega [ministro da Fazenda nos governos Lula e Dilma], que é apostar todas as fichas nos juros. Não adianta ter os juros no lugar certo e a economia no lugar errado.”

BOLSONARO-GUEDES

“O patamar do desemprego, que no nível que está seria um enorme desafio mesmo para um governo extremamente popular e para um presidente como o [Jair] Bolsonaro é pior, as pesquisas indicam que isso já começa a fragilizar sua imagem, o que gera um mal-estar difuso no mercado. Outro

cimento num curto prazo. Taxa de juros é função de um consenso, e hoje em dia ela está em 5,5% (este almoço aconteceu no dia 8/10) com as contas estouradas, tudo meio estranho. O Brasil está sofrendo uma espécie de ilusão. Quando a taxa de juros cai, isso implica dizer que o preço do título na mão das pessoas subiu. É simples: imagina que eu te ofereça R$ 100 daqui a um ano. Quanto você me daria hoje? Se você me der R$ 90, a taxa é 11%. Se você me der R$ 80, a taxa é 25%. Portanto, dizer que a taxa de juros caiu de 25% para 11% significa dizer que o preço do título hoje subiu de R$ 80 para R$ 90. O preço dos títulos públicos, portanto, subiu, e o mercado não está acostumado com isso, como ganhar 0,4% ao mês. Por tudo isso, eu acho que vamos fechar o ano com a taxa Selic a 4,5% (na data da nossa conversa, o mercado dava 5% em 31 de dezembro) e acho que o ano que vem iremos a 6% (o mercado aposta em 5% para 2020).”

“Existem quatro tipos de países no mundo: os desenvolvidos, os subdesenvolvidos, o Japão e a Argentina” dia a bolsa caiu mais de 1% por conta de um boato de que o Guedes pediria demissão em fevereiro, por exemplo, algo que não tem nenhuma base na realidade. Isso vai se agravando. Pensa que você é o Bolsonaro e não para de entrar boleto por baixo da porta do Palácio da Alvorada. Você quer pagar e o cara fala ‘não dá’. Uma hora essa relação chega no limite e rompe. Portanto, acho que, tanto para a relação Bolsonaro-Guedes quanto para uma melhora real da economia, esse ajuste fiscal tem que vir acompanhado por medidas que incentivem a demanda. O Guedes sabe disso e não deixa o governo pôr a mão no bolso, mas está liberando todo dinheiro parado que pode (FGTS, PIS, etc.) e usando a Caixa Econômica Federal para incentivar um pouco a economia, como antigamente. A Argentina serve como lembrete incômodo para gente: se esse ajuste não é feito rápido o suficiente para já gerar os benefícios imediatos, acaba por degringolar a parte política e vira aquela coisa horrorosa. Lembro sempre da velha piada: ‘Existem quatro tipos de países no mundo: os desenvolvidos, os subdesenvolvidos, o Japão e a Argentina’. É sempre melhor aprender com o exemplo dos outros.”

TAXA DE JUROS NO BRASIL

“O governo força uma agenda que não vai gerar cres-

TAXA DE JUROS NO MUNDO

“O mundo está uma zona: tem guerra comercial com a China, o presidente dos Estados Unidos está sofrendo um processo de impeachment, Brexit, enfim, bagunça para todo lado. Isso vai bater no câmbio, como já bate, ainda que eu não acredite que o dólar vá explodir. Mas ainda tem espaço para subir um pouco. A boa notícia é que a dívida brasileira não é mais indexada ao dólar, então isso não gera crise da dívida. E nesse cenário caótico, as taxas tendem a cair no mundo todo, o que deve sacudir o mercado. Eu conheço os colegas do mercado: agora está tudo bem porque está ganhando 80% em 12 meses, 80% é o melhor cap [taxa de retorno]. Quando tiverem que ganhar só 5%, eu acho que o pessoal vai ter uma dor de barriga. No mundo, mas no Brasil mais porque estamos acostumados a taxas historicamente altas.”

FINTECHS

“No Brasil eu acho que é um bando de wannabe. Vendem a imagem de serem disruptivos, mas só estão operando spread [refere-se à diferença entre o preço de compra e venda de uma ação, título ou transação monetária].” PODER JOYCE PASCOWITCH 27


“A reforma é porca porque parte do pressuposto matemático de que hoje tem dez pessoas trabalhando para pagar a pensão de uma e no futuro será três para um e, portanto, o regime de capitalização é mais eficiente do que o regime de repartição. Mas essa mudança não muda um fato simples: vai ter mais gente velha no futuro. Hoje há a pressão para os governos construírem creches porque tem muita criança. E no futuro? Talvez haja a pressão para construir asilos, por exemplo, esse custo vai acabar voltando para o Estado. A reforma da Previdência vai ter um efeito prático, para o bem ou para o mal: as pessoas vão trabalhar durante mais tempo. Isso aumenta a oferta de trabalhadores e pressiona os salários para baixo. Pode ser bom para um empresário num primeiro momento, mas depois derruba a demanda por seus produtos. Há a chance de vermos, sim, todo mundo se tornando entregador e motorista de aplicativo. A reforma não resolve tudo em si – e, do jeito que foi feita, já o próximo presidente terá que rediscutir alguns pontos – e tem que haver um projeto para o futuro. É necessária a criação de uma sociedade mais educada, com investimentos para dar conta da absorção desses trabalhadores numa economia dinâmica, o que não parece estar sendo feito. Sou um elitista e acredito que o projeto nacional – hoje inexistente – teria que ser conduzido por quem detém o poder econômico e de decisão. E a elite brasileira está de brincadeira.”

PRIVATIZAÇÕES

“Não creio que se deva vender o que dá lucro. Tem estatal, no entanto, que não faz sentido nenhum – o Brasil é tão curioso que o Estado teve que criar a iniciativa privada – e estamos precisando de caixa. Por mim, pode e deve vender. O que me preocupa é vender pelos motivos errados: fazer dinheiro a curto prazo, vendendo a mal preço – e o mais rápido possível – inclusive ativos bons. Acho que deveria ser feito de forma menos afoita, poderia ser mais devagar.” n

28 PODER JOYCE PASCOWITCH

CONSUMO POR ANA ELISA MEYER

DUSTIN HOFFMAN E ANNE BANCROFT

Em seu primeiro papel de destaque nas telonas, Dustin Hoffman, hoje com 82 anos, é um inocente jovem recém-formado que é seduzido por uma mulher casada e madura, Mrs. Robinson, interpretada por Anne Bancroft (1931-2005). Com direção inspirada de Mike Nichols, um elenco afiadíssimo e um belo conjunto de canções da dupla Paul Simon e Art Garfunkel, A Primeira Noite de um Homem, de 1967, é um clássico do cinema americano que marcou – e ainda marca – diversas gerações.

C

M

Y

BOLSA Bottega Veneta no Iguatemi SP R$ 10.120 bottegaveneta.com

CM

MY

CY

CMY

K

SAPATO Hugo Boss no JK Iguatemi R$ 2.440 boss.com ANEL Van Cleef & Arpels no JK Iguatemi preço sob consulta vancleefarpels.com

BANQUETA Jader Almeida para dpot preço sob consulta dpot.com.br

BLAZER Ermenegildo Zegna no Iguatemi SP preço sob consulta zegna.com

FOTOS REPRODUÇÃO; DIVULGAÇÃO

REFORMA DA PREVIDÊNCIA


Foto: Casa Leão

Arte: LINA Arte & Design

(foto ampliada para melhor visualização). © Casa Leão Joalheria - Todos os Direitos Reservados - Proibida a reprodução total ou parcial.

Par de brincos de Ouro branco 18k com Turmalinas Paraíba e Brilhantes.

Um século de Credibilidade

11 3031 3200 casaleao.com.br



LIDERANÇA

O DESPERTAR DO CARISMA Ao contrário do que muita gente pensa, carisma, qualidade essencial do bom líder, pode, sim, ser conquistado. Exige trabalho, muita concentração e grande visão perspectiva. O tema está em alta entre os cientistas sociais e embasa estudos nas principais universidades americanas POR VICTOR SANTOS

ILUSTRAÇÃO GETTY IMAGES

A

longeva democracia britânica é repleta de histórias modelares de liderança, estratégia e métodos de persuasão. Em 1886, o Reino Unido assistiu à disputa pelo cargo de primeiro-ministro entre dois homens que causavam boas e fortes impressões no público. O vencedor, como se sabe, ditaria as normas para o país e para o mundo, já que a influência britânica à época era verdadeiramente global. Rivais históricos, a disputa entre o conservador Benjamin Disraeli e o liberal William Gladstone foi, e ainda é, icônica. Na semana que antecedeu a eleição, os dois convidaram uma mesma pessoa pa-

ra jantar. Tratava-se de Jennie Jerome, mãe de alguém que um dia seria muito importante na história britânica, mas na época apenas um garoto: Winston Churchill. Um jornalista, ao tomar ciência dos encontros, foi ouvir as impressões de Jennie sobre os candidatos. Ela disse: “Após jantar com o senhor Gladstone, achei que ele era a pessoa mais inteligente da Inglaterra. Mas depois de jantar com o senhor Disraeli, comecei a achar que eu era a pessoa mais inteligente da Inglaterra”. Disraeli foi o vencedor e deixou essa aula de liderança – e do que hoje se conhece por empatia – para a posteridade. Tal episódio é uma das muitas anedotas presentes no livro The Charisma Myth (O Mito do Carisma, ed. Harlequin), da escritora francesa radicada nos Estados Unidos Olivia Fox Cabane. Na

obra, a autora sustenta que é mito a ideia de que o carisma é oriundo de um certo dom da graça, algo que vem de nascença. De acordo com Olivia, que coordena programas de capacitação para instituições como o MIT, o carisma é uma habilidade e, como tal, pode ser praticada e desenvolvida. Um ponto importante: carisma não se confunde com performance. A habilidade é reconhecível em alguém a partir das sensações que ele deixa nos seus interlocutores. A autora defende que o carisma se sustenta em três pilares básicos. Um deles é a ideia de “presença”. Prestar atenção, vivenciar as conversas por inteiro, resistir aos infinitos estímulos – o que certamente exige muita competência em momentos de pressão. Presença é experienciar, ter foco e desfrutar do presente. Um segundo pilar é “poder”, aqui como a capacidade de mudar o mundo de alguma maneira; o terceiro, e talvez mais abstrato, é a ideia de “calor” – numa perspectiva de irradiar boa vontade e ser percebido como altruísta, benevolente e interessado no bem alheio. Tais habilidades estão diretamente ligadas à inteligência emocional. Para ser carismático é ne-

PODER JOYCE PASCOWITCH 31


cessário viver o presente e evitar projeções futuras, como é típico das mentes ansiosas. Uma habilidades tradicionalmente enquadrada como “soft skill” pelos departamentos de recursos humanos. David Baker, jornalista, escritor, coach, consultor e fundador da The School of Life Brasil, que estuda o mundo das relações de trabalho desde 1986, acredita que essa dicotomia entre “hard” e “soft skill” é oriunda de um pensamento antigo e patriarcal. Assim, as “habilidades duras”, como planejamento logístico e gestão financeira, se apresentam como mais sérias, próprias do homem dono da família; já as habilida-

um lugar e não em outro – o que poderia ser melhorado com o treino”, explica, em entrevista a PODER, ressaltando que as habilidades mais técnicas são as mais ameaçadas pelo avanço tecnológico. David Baker pontua que o bom caminho não é buscar fingir ser alguém que não se é, mas de se conectar com os outros, o que é muito comum entre amigos e família, mas no mundo do trabalho nem sempre é viável por conta do ritmo do dia a dia. “Daria mais alegria ao local de trabalho, mais afinidade com as pessoas, o que traz um bom senti-

O coach David Baker, da The School of Life, e o livro que desfaz o mito

“Você pode encontrar alguém que é brilhante no trabalho e não consegue se comunicar com sua família. Isso pode ser melhorado” des “suaves” se aproximam das relações entre mãe e filho. Num ambiente corporativo mais tradicional, em tempos de cortes de orçamento são as “soft skills” as primeiras a serem ceifadas. A diferenciação, de acordo com o jornalista, não faz sentido. “Existem habilidades, como carisma, confiança e resiliência que nós entendíamos como ‘soft skills’ e que são parte da nossa inteligência. Você pode encontrar alguém que é brilhante no trabalho e que não consegue se comunicar com sua família. Eu diria que essa pessoa é inteligente em

32 PODER JOYCE PASCOWITCH

mento. Também melhora a produtividade, se você trabalha em vendas, é claro que vai aumentar suas vendas, se você é advogado vai entender melhor seu cliente ou vai conseguir negociar um acordo de forma mais razoável”, diz.

CONQUISTANDO O CARISMA

Sobre como começar a conquistar o carisma, Baker dá algumas dicas importantes. A primeira delas é saber que todo mundo tem seu valor, e ele é único. A segunda é aguçar a curiosidade, encontrar um objeto de interesse e se entregar. A terceira é o exercício de se

doar em todos os encontros e ouvir atentamente, sem pensar em qual será sua resposta. E esquecer do telefone – definitivamente. Em quarto lugar, atenção e cuidado para não ser levado pela empolgação e acabar sendo chato. A busca de exemplos também pode facilitar o trabalho, mas não pense em figuras célebres como Barack Obama, Steve Jobs, Martin Luther King Jr. ou Mahatma Gandhi. Foque em quem está ao seu redor, e na próxima reunião em que o sentimento for de “que pessoa interessante!”, essa pode ser uma boa referência a ser seguida. n

FOTOS BETH CROSSLAND/DIVULGAÇÃO; DIVULGAÇÃO

DAVID BAKER, FUNDADOR DA THE SCHOOL OF LIFE BRASIL


PODER INDICA

FOTOS DIVULGAÇÃO

BEM-VINDOS À NOVA ERA DA FOTOGRAFIA

Com atuação global e um volume de vendas superior a 206 milhões de unidades em 2018, a HUAWEI, segunda maior fabricante de smartphones do mundo, desembarcou no Brasil neste ano. Reconhecida pela tecnologia e inovação que emprega em seu portfólio, a companhia chinesa escolheu a recém-lançada linha premium Huawei P30 Pro e Huawei P30 Lite para iniciar sua atuação no mercado nacional e levar aos brasileiros a mesma experiência que oferece aos consumidores nos mais de 170 países em que já está presente. “O Brasil é o quarto maior mercado de smartphones do mundo e os consumidores são extremamente exigentes, anseiam pelo acesso a produtos inovadores e estamos aptos a oferecer o que eles esperam de uma marca premium”, comenta Steve Yang Gang, diretor-geral da empresa no Brasil. Um dos objetivos da Huawei é reescrever as regras da fotografia profissional. Por isso o P30 Pro traz um novo sistema quádruplo de câmeras da Leica (Leica Quad Camera), com inteligência artificial, incluindo uma câmera prin-

cipal de 40MP com sensor Super Spectrum, uma câmera de 20MP ultragrande angular, uma câmera de telefoto de 8MP, a câmera Time-of-Flight (TOF), e uma câmera frontal de 32MP para um novo nível de selfies. Adicionalmente, as lentes SuperZoom permitem closes nítidos, enquanto o editor de vídeo com inteligência artificial possibilita aos usuários adicionar música de fundo e efeitos especiais. O P30 Pro também tem acabamento de cor nano ótica de nove camadas e paleta de cores exclusiva e design inovador. Entre tantos diferenciais está o painel de 6,47 polegadas, com resolução full-HD+ capaz de tornar a qualidade da tela excelente, com cores vibrantes e nível de nitidez acentuado. Outro destaque é que os proprietários contarão com o Huawei P30 Pro Premium VIP Service com dois anos de garantia para o smartphone e serviço de Reparo Rápido (até uma hora), além de uma linha exclusiva com atendimento dedicado realizado por especialistas. O Huawei P30 Pro está disponível no Brasil por R$ 5.499. +CONSUMER.HUAWEI.COM/BR/


PEGADA

O INSUSTENTĂ VEL PESO DO SER Livros mostram o impacto nada subliminar para o ambiente de hĂĄbitos banais como assistir a um seriado, optar por determinados tipos de tecido e comer carne bovina por caroline mendes


“P

FOTOS GETTY IMAGES; DIVULGAÇÃO

or mais louco que possa parecer, assistir ao seu episódio favorito de The Office pode estar privando alguém de acesso à água limpa.” É com paralelos surpreendentes como esse que a escritora americana e ex-setorista de ciência do jornal The New York Times Tatiana Schlossberg escancara o impacto ambiental de coisas banais do dia a dia em seu novo livro Inconspicuous Consumption – The Environmental Impact You Don’t Know You Have (Consumo Imperceptível – O Impacto Ambiental que Você Não Sabe que Tem, em tradução livre), ainda sem previsão de lançamento no Brasil. Nesse exemplo em particular, a relação entre uma coisa e outra es-

tá no fato de que quase um terço da eletricidade gerada nos Estados Unidos ainda vem da queima de carvão, cujas cinzas que escapam na atmosfera mais cedo ou mais tarde acabam se alojando em rios e solos – isso sem contar o volume de gás carbônico lançado na atmosfera. “É uma ilustração poderosa de como nenhuma de nossas ações existe no vácuo e de como a crise climática realmente conecta todos nós”, disse Tatiana em entrevista. Na corrida para limitar o aquecimento da Terra a 1,5 grau Celsius a partir das médias temperaturas préindustriais, como aconselharam as Nações Unidas para evitar um efeito cascata de desastres naturais (secas, enchentes, incêndios, tornados, extinções em massa etc.), governos e empresas devem tomar atitudes

drásticas. Mas e nós, meros mortais, temos parte nisso? Podemos ajudar a frear o aquecimento global e, de quebra, contribuir para a preservação ambiental? “Inequivocamente, sim”, crava Chris Weber, principal cientista do WWF (World Wide Fund for Nature).

ESCOVAÇÃO POLUIDORA

Absolutamente tudo o que fazemos ao longo de 24 horas tem impacto sobre o meio ambiente. Mesmo. Ao simplesmente escovar os dentes pela manhã, podemos estar desperdiçando água (deixando a torneira aberta durante o processo); contribuindo para o acúmulo de lixo em aterros sanitários (utilizando uma escova convencional, feita de uma mistura de plástico e silicone praticamente impossível


“Nenhuma de nossas ações existe no vácuo. A crise climática realmente conecta todos nós” Tatiana Schlossberg, autora de Inconspicuous Consumption

de materiais sintéticos que, ao serem lavados, liberam microplásticos que acabam nos oceanos; e, o mais importante, diminuir o consumo de carne bovina. De acordo com relatórios da ONG Observatório do Clima, 17% de todas as emissões de gás carbônico do Brasil são originárias do rebanho bovino, o que corresponde a 79% de tudo o que foi emitido no setor de agropecuária em 2016. Se fosse um país, nosso gado seria, sozinho, o 17º maior poluidor do mundo.

Impactos ambientais também nas livrarias

de ser reciclada); estar contaminando água limpa (usando uma pasta de dente cheia de elementos químicos não biodegrádaveis). Deu para ter uma ideia? “Quando pensamos em escala global, são as várias pequenas coisas feitas por muitas pessoas em diversos lugares que fazem a mudança acontecer – ou não – no planeta”, afirma a empresária Fernanda Cortez, criadora do movimento Menos 1 Lixo. “Se 7 bilhões de pessoas deixarem o carro na garagem e forem de bicicleta para o trabalho, isso teria um impacto gigantesco capaz de mudar a matriz energética do planeta”, exemplifica, tocando na questão do transporte, que é o principal emissor de dióxido de carbono (CO2) do setor energético no Brasil: gera sozinho, anualmente, o mesmo volume total de C02 gera-

36 PODER JOYCE PASCOWITCH

do por Portugal, Dinamarca e Grécia juntos. Além da bicicleta, utilizar transporte público, ir a pé, pegar carona e usar aplicativos de corridas compartilhadas são formas de diminuir a nossa contribuição para o aquecimento global. “O poder de compra é o maior que temos. Se negarmos nosso dinheiro às corporações, elas vão repensar a forma com que atuam”, acredita Fernanda, projetando nesse gesto um relevante ganho ambiental coletivo. Algumas escolhas são bem simples: comprar, na medida do possível, alimentos orgânicos e locais, que foram produzidos sem agrotóxicos e não viajaram centenas de quilômetros quase certamente em um caminhão movido a diesel; escolher roupas de tecidos naturais como puro algodão em vez

Muitas imagens de várias partes do globo demostram sobejamente que o aquecimento global é uma realidade, à despeito do que os negacionistas, com ajuda de políticos como Donald Trump, dizem. Outro escritor, o também jornalista Claudio Angelo, um dos vencedores do Prêmio Jabuti 2017 com A Espiral da Morte – Como a Humanidade Alterou a Máquina do Clima (Cia. das Letras, 2016), é cético em relação à mudança de hábitos de consumo como arma para deter o aumento do clima. “É perfeitamente inútil você tentar reorientar os hábitos de consumo de milhões de pessoas se nas eleições Trump e Bolsonaro são eleitos”, diz. Para Angelo, quem dá as cartas no tema são os governos, com leis, políticas públicas e taxações que beneficiem setores que investem em sustentabilidade, e a forma de convencer os consumidores a mudar radicalmente seus hábitos é entregar soluções em vez de exigir sacrifícios. “Olha, não pode mais usar lâmpada incandescente, mas toma aqui essa lâmpada LED que dura e ilumina muito mais e custa muito menos. Agora não pode mais usar carvão, mas toma aqui esse painel solar que acaba com a conta de luz mensal”, diz. Para o especialista, no setor de energia muitos passos vêm sendo dados. “A próxima fronteira é a alimentação e tem muita oportunidade aí”, crava. n

FOTOS GETTY IMAGES; DIVULGAÇÃO

POLÍTICA PÚBLICA, A QUESTÃO


PODER INDICA

Hotel Fasano Angra dos Reis

V House por JFL Living

FOTOS DIVULGAÇÃO

SINTA-SE EM CASA

Descobrir novos lugares e construir boas histórias são desejos que muita gente leva a sério. E não importa o roteiro, pois mesmo para os aventureiros de carteirinha, dormir bem é quesito obrigatório para saltar da cama com os humores renovados. Não é à toa que a hotelaria contemporânea tem transformado as acomodações em uma espécie de extensão do “sweet home” de seus hóspedes, investindo em peças cada vez mais aconchegantes e acolhedoras. Nessa levada, a TROUSSEAU entra em cena e apresenta a coleção inspirada na “arte de receber”, criada para que as experiências sejam únicas. +TROUSSEAU.COM.BR

Four Seasons Hotel São Paulo

Fairmont Rio de Janeiro


RESPIRO

Ô CRIDE!

Para quem viu Ronald Golias (1929-2005) apenas na versão SBT de A Praça É Nossa, o boné virado de lado podia parecer desses adereços inseparáveis, que, caso subtraído do entertainer, babau. Mas é só recuar no tempo para ver que os talentos desse comediante paulista nascido em São Carlos eram vários – e prescindiam de adereços. Seja como o Bronco na Família Trapo, quando contracenava com Cidinha Campos e Jô Soares, seja entoando seu bordão da primeira encarnação do “Praça”, “ô Cride, fala pra mãe”. Golias dizia isso para seu amigo Euclides, com quem saía a procurar latinhas na infância. Antes de se tornar um rei do improviso no rádio e na TV – e eventualmente no cinema –, foi alfaiate, funileiro, agente de seguros, fabricante de presépios, aqualouco. O talento para improvisar não era, no caso dele, prerrogativa do show business.


FOTO REPRODUÇÃO


ENSAIO

O DONO

DO PEDAÇO

Como o Agno de A Dona do Pedaço, Malvino Salvador vive seu primeiro personagem homossexual, “um presente”, como diz, do autor Walcyr Carrasco. Feliz com a aceitação do público – e até com algumas tietagens mais saidinhas dos homens –, ele também se dedica no dia a dia a uma academia Gracie, que toca junto com a mulher, Kyra Gracie, da nova geração da família dos reis do jiu-jítsu brasileiro por aline vessoni fotos guilherme lima styling samantha sczerb


Look total Hugo Boss no JK Iguatemi


E

“O personagem tocou o público e ajudou a acabar com o preconceito de certas pessoas”

m A Dona do Pedaço, novela das 9 da Globo, o ator Malvino Salvador dá vida a Agno, um pai de família casado com Lyris (Deborah Evelyn). Até semanas atrás, não se sabia ao certo por que Agno vivia fugindo da mulher. Mas eis que o personagem saiu do armário e assumiu um relacionamento homossexual com Leandro, interpretado por Guilherme Leicam. O ator confessa que Agno e sua esperada revelação foram um verdadeiro presente do autor Walcyr Carrasco. “Acredito que o Agno chegou na hora que eu tinha maturidade profissional para viver esse personagem sem estereotipá-lo. Se tivesse acontecido antes, eu talvez o encarasse com outra visão e não conseguisse chegar a fundo no que esse personagem é”, diz. O público também pareceu gostar. Salvador afirma que é interpelado cotidianamente por pessoas de várias idades que apoiam a história de amor de Agno e Leandro. “Elas torcerem para eles ficarem juntos é o mais bacana. Eu percebo que o personagem conseguiu tocar o público e ajudou a acabar com o preconceito de certas pessoas.” O último capítulo da novela está programado para ir ao ar em 22 de novembro, por isso Salvador já está se despedindo de Agno. E no momento não há novos projetos em vista. Surgiram alguns convites para o teatro, mas o ator optou por se dedicar a certos assuntos pessoais, como cuidar da academia de jiu-jítsu Gracie Kore, que toca no Rio em parceria com a esposa, Kyra Gracie. “É espetacular. A gente leva lá o jiu-jítsu de competição, mas também o de defesa pessoal, que era o forte da primeira academia Gracie, dos mestres Carlos e Hélio Gracie”, conta o ator, que é apaixonado e adepto de esportes variados desde os 6 anos. Chegou a praticar natação, judô e também jiu-jítsu. Um ano antes de conhecer Kyra, aliás, havia voltado para os tatames: “Não teve jeito, eu que já gostava do esporte entrei para a família, e o jiu-jítsu é a alma dos Gracie. Não tinha como eu não me envolver novamente com esse esporte”, diz ele, que do casamento com Kyra tem duas filhas, Ayra e Kyara, que já foram iniciadas nas artes marciais. Salvador também é pai de Sofia, fruto do relacionamento anterior com a empresária Ana Ceolin. n


Beleza: Yago Maia Arte: David Nefussi


ESPELHO

44 PODER JOYCE PASCOWITCH


FOTO VICTOR SANTOS

CSI À BRASILEIRA

Imagine a avenida Paulista na madrugada, quase vazia. O limite de velocidade de 50 km/h passa longe de ser respeitado por um veículo que uma quadra a frente atropela e mata dois pedestres. O condutor afirma que estava a 60 km/h, mas testemunhas juram ter visto o carro a 150 km/h. Afinal, como a perícia pode chegar a um veredito? De acordo com a advogada criminalista ROSELLE SOGLIO, apenas por métodos científicos os investigadores poderiam chegar o mais próximo possível da velocidade real do veículo no momento do acidente. No melhor estilo CSI, o popular seriado sobre polícia científica. “A ciência te aproxima da verdade e, muitas vezes, é decisiva dentro de processos complexos como homicídios. Quando você faz uma análise isenta do local de crime, pode chegar a uma verdade que não era o que se estava imaginando”, explica. Devido ao interesse pelo direito penal e ciente da deficiência que a área de criminalística enfrenta no Brasil, Roselle decidiu fazer especializações na Itália. À frente de casos famosos, ela compõe a defesa do casal Nardoni, sendo responsável pelas provas periciais. Também representa Elize Matsunaga, ré confessa na morte e esquartejamento do marido Marcos Matsunaga, em 2012. Neste caso, uma única prova, a da exumação do corpo de Marcos, mudou completamente o andamento do julgamento e o parecer do júri. No laudo, o médico legista havia afirmado que o então presidente da Yoki fora esquartejado ainda vivo, mas a exumação provou o contrário. “A prova apareceu 11 meses depois da morte porque tem vestígios que não desaparecem nunca. Mas se eu não tivesse esse conhecimento, Elize ia chegar ao tribunal mais condenada do que já estava”, pontua. Quando a palavra da vítima ou da testemunha conflita com a do acusado ou com a da cena do crime, a ciência forense é um recurso que tem sido decisivo em julgamentos de grande repercussão como o de O. J. Simpson, nos Estados Unidos, por exemplo. E, vale reforçar, que “o Brasil está bem atrasado nesse aspecto”, já que, segundo a advogada, o direito penal europeu faz uso irrestrito da ciência desde o século 19. n

por aline vessoni PODER JOYCE PASCOWITCH 45


O AGRO É DEMOCRÁTICO

por dado abreu 46 PODER JOYCE PASCOWITCH

Enquanto em escala macroeconômica líderes internacionais discutem o acordo entre Mercosul e União Europeia – que ainda não tem data para valer – e a possível redução de alíquotas que tal aliança acarretará, em menor escala o governo de São Paulo trabalha para democratizar o agronegócio. Afinal, se o tratado abrirá porteiras para o Brasil aumentar o volume de exportações, é preciso incluir – e logo – os pequenos e médios produtores na conta e colocá-los num patamar em que possam atingir esse mercado. A avaliação é do secretário de Estado da Agricultura e Abastecimento de São Paulo, Gustavo Junqueira. “É claro que o Brasil deve buscar mercados mais sofisticados, e com esse acordo vai ter acesso a 500 milhões de consumidores com renda per capita anual de cerca de US$ 35 mil”, diz Junqueira. “Porém, é preciso também tirar um pouco o foco do valor bruto da produção e olhar para o território rural.” Apenas em São Paulo, por volta de 4 milhões de pessoas vivem no campo – o que corresponde a cerca de 10% da população. Boa parte delas não têm acesso à internet e sequer endereço formal para que possam solicitar crédito. Serviços públicos também são parcos porque os prefeitos não têm verba para olhar além do asfalto. “Como consequência o território rural acaba esquecido. Por isso criamos um programa chamado ‘Cidadania no Campo’, que auxilia as prefeituras e o estado na ampliação de serviços públicos à população rural”, ressalta Junqueira, antes de lembrar de outra ação, o “Rotas Rurais”, que tem o objetivo de mapear as estradas paulistas, por meio de software, via satélite, e disponibilizar, em um segundo momento, a localização da propriedade para a população da zona rural. Ambos os programas já estão em ação. Ex-presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Gustavo Diniz Junqueira faz parte da nona geração de agricultores de sua família, que é natural de Orlândia, na região de Ribeirão Preto. Foi escolhido por Doria para assumir a pasta por sua “jovem e renomada liderança” no setor, nas palavras do governador. No cargo, Junqueira tem apostado em pesquisa e inovação para alavancar o agronegócio paulista.

por dado abreu

FOTO DIVULGAÇÃO

ESPELHO


DOWNLOAD

CONSUMO

JOCA REINERS TERRON

Escritor, venceu o prêmio Machado de Assis em 2010 e acaba de lançar A Morte e o Meteoro (Ed. Todavia), em que narra o fim da Amazônia e a luta de uma tribo isolada para não desaparecer do mapa

ÓCULOS Prada na Óticas Carol R$ 1.010 oticascarol.com.br CELULAR Huawei P30 Pro 6 preço sob consulta huawei. com.br

POR ALINE VESSONI Pocket: um app para salvar as últimas reportagens, artigos de revista, vídeos, receitas, enfim, todas as novidades do universo on-line para ler a qualquer momento, sem perder o foco

FOTOS RENATO PARADA/ARQUIVO PESSOAL; DIVULGAÇÃO

Moovit: dá para descobrir tudo sobre o transporte público – horários, vias e linhas – de cidades brasileiras e do exterior. Mais usuários, mais dados

Como é sua relação com o celular? A primeira coisa que eu faço pela manhã é checar o celular, infelizmente. Tento criar mecanismos para não fazer isso, mas a dependência que as redes sociais – e também o WhatsApp – estabelecem tornam o processo difícil. Eu tenho tentado não ler o feed do Twitter – que é a rede social que eu realmente frequento – pela manhã, porque é o horário que eu uso para escrever e não gosto de ter a cabeça contaminada pelas más notícias. Indica algum aplicativo para ler? Livros ainda são as minhas fontes prediletas, sem dúvida. No entanto, a minha média de uso diária do celular me diz que eu o uso bastante para ler. É a principal fonte de leituras de veículos on-line, substituiu a leitura dos jornais e também alterou a prioridade daquilo que eu leio. Então, às vezes, ele determina a priorização de assuntos urgentes relacionados à política. Nos últimos tempos a leitura de suplementos nacionais e internacionais de cultura, alvo preferencial de meu interesse, tem ficado em segundo plano. Uso o Pocket para leitura de artigos e também de PDFs em momentos mais convenientes.

SAIA Zimmermann R$ 4.452 farfetch. com Tem algum site ou app que te ajuda no ofício de escritor? Da grande biblioteca do universo, dicionários e enciclopédias foram os que melhor se adequaram ao uso virtual. Uso muitos dicionários antigos, de etimologia, de sinônimos e antônimos, porém, também uso o Houaiss on-line com muita frequência. Ainda tenho algumas pequenas enciclopédias (The Way Things Work), sobre o funcionamento das coisas, seus mecanismos, e para isso eu ainda não arranjei substitutos on-line. Usa algum app para se exercitar, meditar, cozinhar ou para praticar algum hobby? Cozinhar é algo que faço com frequência, mas à medida que eu cozinho cada vez mais, prefiro improvisar e raramente recorro a receitas ou algo assim. Já tentei usar app para exercícios físicos, mas não consigo fazer exercícios físicos exceto caminhar livremente. E para se locomover? Como ando muito a pé, acho a parte de trajetos e de dicas relacionadas a transporte público do Moovit muito úteis. Uso bastante.

CARRO Jeep Cherokee preço sob consulta jeep.com.br

PODER JOYCE PASCOWITCH 47


48 PODER JOYCE PASCOWITCH

FOTOS GETTY IMAGES; DIVULGAÇÃO


CLASSE EXECUTIVA

As viagens corporativas são hoje um dos principais fatores de movimentação interna brasileira. De acordo com a pesquisa da Associação Latino Americana de Gestores de Eventos e Viagens Corporativas (Alagev), viagens de negócios movimentam de 60% a 70% os voos domésticos do país, e em 2018 as empresas entrevistadas movimentaram em média R$ 64 milhões com mais de 480 mil viagens domésticas e R$ 33 milhões com 6 mil viagens internacionais. A pesquisa completa nos leva a entender que o turismo no Brasil depende, e muito, das viagens corporativas para seguir em ascensão. Para o vice-presidente da Maringá Turismo, Siderley Santos, empresa que faz parte do Grupo Arbaitman – composto ainda pela Central de Eventos, especialista em logística de eventos nacionais, internacionais e viagens de incentivo, e a Lemontech, líder em desenvolvimento de software para completa gestão das viagens e controle de despesas –, 2019 está sendo o melhor ano da história para o grupo. “Viagens corporativas representam 82% do nosso volume de vendas. Atuamos ainda no turismo de lazer com as marcas Maringá Lazer e Concierge, porém as demandas são completamente diferentes. Levando em conta que as viagens corporativas partem de uma necessidade, o turismo de negócios acaba sendo mais estável, sofrendo menos com as crises”, afirma Santos. A Maringá Turismo é pioneira no segmento de turismo corporativo, com 55 anos de mercado, e se mantém como uma agência 100% nacional. A Maringá atende os mais diferentes perfis de clientes e possui expertise para oferecer diversas soluções para redução de custos em viagens de negócios. Além disso, possui uma unidade de negócios focada em atendimento exclusivo e perSiderley Santos sonalizado à executivos, o Private by Maringá. “Os presidentes e diretores das empresas que atendemos requerem atenção especial, por isso temos um núcleo especializado em oferecer serviços de excelência de acordo com as necessidades de cada um”, explica Santos. Com toda a experiência e conhecimento do mercado, Siderley Santos se orgulha em dizer que o grupo cresceu 10% no primeiro semestre e estima fechar o ano com faturamento em torno de R$ 1 bilhão. “Não sofremos mais com sazonalidade, porque entendemos que o mercado corporativo está viajando durante todo o ano, o que fomenta ainda mais os nossos números.” Ainda de acordo com o vice-presidente, o Grupo Arbaitman está bastante confiante com o cenário atual do nosso país. “Precisamos trabalhar o mercado como um todo. Prezamos sempre por valorizar nossos agentes e entendemos que a tecnologia é nossa aliada, mas não substitui o profissional. Na hora do problema, é o agente que resolve. O profissional é quem faz diferença”, garante Santos em seus mais de 25 anos de mercado. PODER JOYCE PASCOWITCH 49


PODER VIAJA POR ADRIANA NAZARIAN

ESPÍRITO No rastro do sucesso do Omaanda, hotel que tem atraído viajantes mais exigentes à Namíbia, o grupo Zannier acaba de abrir o Sonop. No sudoeste do país, nas imediações do deserto, o lodge é inspirado nas expedições inglesas do começo do século 20 e faz ótimo uso do entorno. São dez cabanas luxuosas, spa e piscina de borda infinita, além de sessões de ioga e meditação com vista 360 graus. O jantar acontece em mesa comunitária armada em algum local surpreendente e inclui menu de cinco pratos servido em grande estilo. +ZANNIERHOTELS.COM

SUAVE NA NAVE

Navegar pelas águas do Egito já foi sinônimo de barcos grandes, sem muito charme. Para sorte dos viajantes, empresas como a Nour el Nil mudaram esse cenário. Seus roteiros pelo Nilo acontecem em embarcações construídas por um armador com mais de 30 anos de experiência na área e inspiradas nas típicas dahabiyas. A ideia é mostrar experiências únicas no destino, no melhor estilo slow travel – as viagens da El Nil são as que oferecem a maior duração no trecho Luxor-Aswan. No caminho, pausas para mergulhos, visita a produtores locais, bons papos com um staff que é pura simpatia e o melhor da cozinha egípcia. Em tempo: a Nour el Nil também controla a guesthouse Beit Sabée, perto das fazendas na região de Medinet Habu. +NOURELNIL.COM

50 PODER JOYCE PASCOWITCH


BOSSA LONDRINA

Dica boa para quem estiver de viagem marcada para Londres. Cheia de bossa, a brasserie Moncks of Dover Street já é uma das favoritas entre os locais. Aberto o dia todo, o local fica no charmoso bairro de Mayfair – o nome é uma homenagem a um lorde que fez história na região. Espere por clássicos da cozinha inglesa em um ambiente todo cool, que inclui um bar de estilo e um pátio escondido. +MONCKSBRASSERIE.COM

COM VISTA

FOTOS GETTY IMAGES; DIVULGAÇÃO

ESCONDERIJO

Fica no Texas, a poucas milhas do incrível Parque Nacional de Big Bend, na fronteira com o México, o novo hotel que promete fazer a cabeça dos viajantes. Com dez casitas estilosas, o Willow House ocupa um terreno de 250 acres com vista para as montanhas Chisos e é obra de uma empreendedora apaixonada pela região. Daí o projeto minimalista, que não interfere em nada na paisagem, e a pequena coleção de obras e objetos locais. É o lugar perfeito para desbravar as trilhas e cânions ao redor e, na volta, apreciar o cenário. No casarão principal, os hóspedes são encorajados a cozinhar, preparar seus cocktails e curtir a fogueira sob o céu incrivelmente estrelados em silêncio total. +WILLOWHOUSE.CO

Dentro do Jardim Botânico de Sydney, o Botanic House é um restaurante que vale a visita. Todo envidraçado, o local oferece duas experiências gastronômicas: culinária asiática no Garden Treasure e comidinhas despretensiosas, estilo grab & go, no Farm Cove. Ambos estão sob o comando do chef e apresentador Luke Nguyen, que mistura sua herança multicultural nos cardápios – tailandês criado na Austrália, ele tem pais vietnamitas e avós chineses. +BOTANICHOUSE.COM.AU

PORTÃO DE EMBARQUE

Agências de turismo são o início, o meio e o fim de uma boa experiência de viagem. Por isso, antes de botar o pé na estrada, escolher uma empresa com credibilidade no mercado é crucial. Parceira de PODER, a Gate Tour oferece uma gama de serviços diferenciados com atendimento exclusivo para cada cliente, proporcionando o melhor custobenefício, conforto, segurança e personalização no atendimento para viagens corporativas, de lazer, além de eventos como workshops, seminários e festas de confraternização. Com atendimento emergencial 24 horas, a Gate Tour desenvolve roteiros e destinos únicos nos quatro cantos do planeta. Informações em: GATETOUR.COM.BR e @GATETOURVIAGENS TEL. 11 4810-7901

PODER JOYCE PASCOWITCH 51


COZINHA DE PODER POR FERNANDA GRILO

O GOSTO E A COR

De gomo em gomo, a tangerina se tornou um ingrediente versátil e bastante presente no menu dos chefs mais criativos e renomados da atualidade. Pouco calórica, rica em água, fibras e minerais, a fruta tem sua melhor safra nesta época do ano Pode chamar de tangerina, mexerica, bergamota, mimosa, laranja-cravo, mandarina... O delicioso sabor cítrico e os benefícios independem do nome que a fruta recebe no Brasil. Cheia de vitamina C, ótima para dar um up na saúde na temporada de frio, a tangerina é um ingrediente versátil e está no menu dos chefs mais criativos da atualidade. Vá além dos sucos e chás e aposte em pratos agridoces, um bolo de tangerina em vez do tradicional recheio de laranja, ou mesmo em uma preparação mais sofisticada com carne de pato. Se rolar preguiça de preparar em casa, vale dar um pulo no restaurante Ritz – tem um no Shopping Iguatemi, em São Paulo – para tomar uma caipirinha de tangerina. Ou ir até o novíssimo Cepa, no Anália Franco, que tem uma compota da fruta com ricota das boas. A tangerina é pouco calórica, rica em água, fibras, minerais e ótima opção de lanche saudável entre as refeições. Sabor único multiplicado por muitos gomos. n

52 PODER JOYCE PASCOWITCH


CARPACCIO DE ATUM COM BURRATA, AVELÃ, TANGERINA, HORTELÃ E ERVA-DOCE FRESCA

RODRIGO QUEIROZ, CHEF DO TRE BICCHIERI

INGREDIENTES: • 70 g de atum fresco sem fibra batido • 30 g de burrata fresca • 1/2 colher (café) de flor de sal • 1/2 tangerina sem pele cortada em cubos • 1/4 de erva-doce cortada em lâminas finas • 1 colher (sobremesa) de azeite extravirgem • 2 folhas de hortelã fresca • Folhas de dill fresco a gosto • 1/2 colher (sobremesa) de avelã tostada • 3 tomates-cereja • Limão espremido a gosto MODO DE PREPARO: Divida o atum em duas partes, cubra com plástico-filme e use um batedor para abrir o peixe até ficar bem fino (como um carpaccio). Depois, tempere com flor de sal, azeite extravirgem e folhas frescas de hortelã e dill. Em seguida, coloque os cubos de tangerina, tomates-cereja, avelã tostada e as lâminas de erva-doce. Finalize com a burrata fresca no centro, limão espremido e sirva.

PALMITO PUPUNHA ASSADO COM VINAGRETE DE CASTANHAS-DE-CAJU E TANGERINA

MARI SCIOTTI, CHEF DO RESTAURANTE QUINCHO

FOTOS DIVULGAÇÃO

INGREDIENTES: • 250 g de palmito pupunha • 2 colheres (sopa) de castanhade-caju picada • 1 colher (sopa) de cebola roxa picada • 1 colher (sopa) de suco de tangerina • 1 colher (sopa) de azeite extravirgem • Sal, pimenta-do-reino e salsinha a gosto • Cebolinha verde • Raspas de tangerina MODO DE PREPARO: Em uma assadeira disponha o palmito e tempere com sal, azeite e pimenta. Leve-o ao forno e asse por cerca de 25 minutos. Em seguida, tempere-o com o suco da mexerica, castanha-de-caju picada, azeite, cebola roxa e finalize com cebolinha e raspas de tangerina. PODER JOYCE PASCOWITCH 53


HIGH-TECH POR FERNANDA BOTTONI

VERÃO MODO ON Às vésperas da estação mais quente do ano, saiba quais gadgets ajudam a cuidar da boa forma e dar start no seu “projeto férias”

MIRROR INTERACTIVE HOME GYM

GARMIN INDEX

Para quem está na eterna batalha de perder peso, a balança Garmin Index é uma aliada para fornecer dados sobre seus progressos. O aparelho indica peso (em três diferentes medidas), Índice de Massa Corporal (IMC), gordura corporal, porcentagem de água, massa óssea e massa muscular. Equipado com wi-fi, envia os dados para o aplicativo Garmin Connect. Com isso, é possível visualizar as informações pelo computador ou smartphone. E a balança inteligente reconhece até 16 pessoas e fornece dados personalizados para cada conta do Connect. Você compartilha o aparelho, mas mantém suas informações pessoais protegidas. BUY.GARMIN.COM PREÇO: R$ 1.199

54 PODER JOYCE PASCOWITCH

Para quem não tem tempo ou vontade de ir à academia, uma ótima solução. Quando desligado, o Mirror Interactive Home Gym é apenas um espelho de corpo inteiro; ligado, no entanto, pode criar uma experiência completa de treinamento a distância com tela interativa, câmera e alto-falantes que conectam o usuário a treinadores profissionais de um estúdio de Nova York – em tempo real. Com o Mirror é possível escolher entre mais de 70 aulas ao vivo por semana. Possui ainda uma grande biblioteca de treinos on-demand, disponíveis 24 horas por dia, que inclui boxe, cardio, ioga e treinamento de força, entre outros. Para completar, o aparelho utiliza o perfil de condicionamento pessoal e os dados biométricos de cada usuário para otimizar os exercícios.

BASALL IFIT

O equipamento atua no tratamento da celulite e, ao mesmo tempo, ajuda a reduzir medidas. Por sucção, o iFit provoca descolamento entre o tecido subcutâneo e a fáscia muscular, numa drenagem linfática efetiva com estimulação da circulação local. Além disso, pulsos elétricos geram contrações musculares involuntárias, com a intenção de aumentar o tônus muscular. Cada sessão – indolor, é bom que se diga – dura entre 20 e 40 minutos. O fabricante sugere que sejam feitas pelo menos dez sessões para se obter bons resultados. BASALL.COM.BR PREÇO: R$ 1.850

MIRROR.CO PREÇO: R$ 6.100


NIKE JOYRIDE RUN FLYKNIT

Da consagrada série Flyknit – com cabedal estilo “tricô” – o novo modelo running foi desenvolvido para uma corrida leve. A tecnologia “beads” de amortecimento conta com milhares de bolinhas coloridas que permitem maior compressão nas passadas e se moldam a todos os pés. Disponível na Nike Store do Shopping Pátio Higienópolis.

* PREÇOS PESQUISADOS EM OUTUBRO. SUJEITOS A ALTERAÇÕES FOTOS DIVULGAÇÃO

NIKE.COM.BR PREÇO: R$ 799,99

TANGRAM SMART ROPE

O Tangram Smart Rope é uma corda equipada com 23 LEDs ligados a sensores magnéticos que exibem os dados de fitness no ar enquanto você se exercita. As luzes acendem em momentos diferentes enquanto o Smart Rope gira em torno do praticante, criando a aparência de uma única tela “flutuando” no ar. O equipamento é capaz de armazenar 100 conjuntos de dados de condicionamento físico para ajudar o usuário a emagrecer. A corda tech ainda envia informações sobre o condicionamento físico para o aplicativo Smart Gym, via Bluetooth, para você acompanhar sua evolução – e até propor uma competição aos amigos – pelo smartphone ou tablet. TANGRAMFACTORY.COM PREÇO: R$ 326

RAQUEL PIROLA

Diretora de marketing Luxottica Retail “Tenho dois gadgets que não deixo de lado: Garmin Forerunner 245 Music e o headphone Under Armour Sport Wireless. Ambos essenciais para que eu pratique minhas corridas. Dois apps que me fazem funcionar melhor são MyFitnessPal, quase um nutricionista na palma da mão (conectado com o app do Garmin me ajuda a não sair da linha), e o Trello, onde tenho todo meu time corporativo conectado em real time. Assim posso acompanhar as demandas do meu trabalho de qualquer lugar. ”

FITBIT CHARGE 3

Este tracker de fitness é equipado com um monitor de frequência cardíaca 24/7, recursos de rastreamento do sono e personalização de exercícios de acordo com as metas do usuário. Além disso, fornece notificações do smartphone, acesso a calendário e recebimento de chamadas, por exemplo. Compatível com iPhone e Android. FITBIT.COM PREÇO: R$ 612

SENSORIA SMART SOCK V2.0

As meias inteligentes da Sensoria têm sensores têxteis criados especificamente para corrida que coletam e enviam para um aplicativo as informações sobre passos, calorias queimadas, altitude, velocidade e distância. Com isso, o app fornece dicas de áudio em tempo real para o usuário enquanto ele corre. Disponível para iPhone (a partir de iOS 10).SENSORIAFITNESS.COM PREÇO: R$ 812

PODER JOYCE PASCOWITCH 55


SOB MEDIDA POR FERNANDA GRILO

O QUE MAIS GOSTA DO BRASIL?

A natureza e as pessoas. O QUE TEM NA ALEMANHA QUE DEVERIA TER NO BRASIL? E VICE-VERSA?

No Brasil um sistema social que funciona. E lá um pouco mais de calor humano. TRÊS GALERIAS/MUSEUS PARA CONHECER JÁ:

Louisiana Museum of Modern Art em Copenhague, Metropolitan Museum of Art em Nova York e Musée de l’Orangerie em Paris. A GRANDE OBRA DE ARTE DA SUA VIDA...

Mina Rosa, minha filha. ARTISTAS BRASILEIROS PARA FICAR DE OLHO:

Marepe, Marina Rheingantz, Cabelo e Erika Verzutti. MESTRE DE TODOS OS TEMPOS:

As pintoras Joan Mitchell e Agnes Martin. A MELHOR HORA DO DIA:

Quando estou pintando. MOMENTO DE MAU HUMOR:

Quando me interrompem enquanto estou pintando. O QUE SEMPRE FALTA NA SUA CASA?

Açúcar branco. Clarice Lispector. FRASE PREFERIDA:

“A great artist is never poor” (Um grande artista nunca é pobre). Karen Blixen (escritora). MÚSICA QUE MARCOU SUA VIDA:

“Daydream Nation”, do Sonic Youth. O primeiro show que fui na adolescência. UM SONHO DE INFÂNCIA:

Ser artista. UM ÍDOLO:

Alexandra David-Néel (escritora). GADGET PREFERIDO:

Janaina Tschäpe Nascida na Alemanha e criada em São Paulo, Janaina Tschäpe é artista interdisciplinar com obras que abrangem pintura, desenho, fotografia, vídeo e escultura. Em pleno vapor, ela está em fase de produção de uma mostra retrospectiva no Sarasota Museum, na Flórida, exposição individual no Musée de l’Orangerie, em Paris, e outra com a artista Ursula Reuter no Den Frie Museum, em Copenhague. Em meio a tudo isso, Janaina ainda decidiu construir uma casa em Nova York

56 PODER JOYCE PASCOWITCH

Papel e lápis. PEÇA DE ROUPA FAVORITA:

Terno. ONDE E QUANDO É MAIS FELIZ:

Cozinhando no meu fogão a lenha na Bocaina de Minas. UM MEDO:

Prefiro pensar em alternativas positivas. DESEJO PARA O FUTURO:

Democracia.

FOTOS VICENTE DE PAULO/ARQUIVO PESSOAL; GETTY IMAGES; REPRODUÇÃO; FREEPIK; DIVULGAÇÃO

ESCRITOR(A):


ARTE PREFERIDA:

A pintura e desenho são meus pontos de partida para as outras mídias. A pintura é o coração do meu trabalho. ARTISTA QUE TODO MUNDO DEVE CONHECER:

UMA MANIA:

Banho de banheira.

Ana Mendieta(foto), Eva Hesse e muitas mais... LUGAR PREFERIDO NO MUNDO:

Bocaina de Minas.

A PRIMEIRA COISA QUE FAZ QUANDO CHEGA AO TRABALHO?

Ligar o som. MELHOR FILME:

Drácula de Bram Stoker, de Francis Ford Coppola. NÃO PODE FALTAR NO CAFÉ DA MANHÃ:

UMA PESSOA QUE TE INSPIRA:

Margaret Mee.

Café.

QUAL A CAPITAL DA ARTE NO MUNDO?

Para arte contemporânea é Nova York.

LIVRO:

Água Viva, de Clarice Lispector.

SER BEMSUCEDIDO É:

Ter tempo. O QUE FARIA SE FICASSE INVISÍVEL POR UM MINUTO?

Tocaria uma baleia. QUAL SUA OBRA DE ARTE PREFERIDA?

Water Lilies, do Monet.

ARTISTA QUE MAIS GOSTA:

Louise Bourgeois, pela sua força, resistência e mente brilhante. PECADO GASTRONÔMICO:

Queijo. PODER JOYCE PASCOWITCH 57


CULTURA INC. POR LUÍS COSTA

Manifestação pela Anistia na Cinelândia, no Rio, em 1980

PODER É 1 - LINHAS DE CHIHARU Multiartista, conhecida por trabalhos em grande escala formados por emaranhados de linhas, a japonesa Chiharu Shiota é objeto de respectiva no CCBB paulistano. Entre os destaques estão a inédita instalação Além da Memória, com 13 metros de altura e inspirada no que imagina ser a diversidade do povo brasileiro, e A Chave na Mão. 2 - X-RATED Um assassino e estuprador cruel e sanguinário. É a imagem que sobressai do perfil de João Acácio Pereira da Costa,

58 PODER JOYCE PASCOWITCH

o famoso Bandido da Luz Vermelha, escrito pelo jornalista Gonçalo Júnior. Em Famigerado! (Ed. Noir), Gonçalo explora os 88 processos criminais que tiveram como protagonista o marginal que se tornou herói do cinema udigrudi brasileiro nos anos 1960. 3 - PRÉ-OSCAR Em A Odisseia dos Tontos , longa argentino que representará o país no Oscar, Ricardo Darín atua pela primeira vez ao lado do filho, Chino. No filme, um grupo de amigos é vítima de um golpe financeiro e precisar encontrar uma

estratégia para recuperar a grana e vingar-se dos fraudadores. De Sebástian Borensztein, de Um Conto Chinês. 4 - OUTRO OLHAR Um guia com a diferença de apresentar São Paulo não por suas belezas, mas suas dificuldades. Este é o mote de Guia dos Lugares Difíceis, organizado por Renato Cymbalista, professor da FAU-USP. O compilado de 143 lugares destaca pontos que trazem à tona questões como violações de direitos, abusos por parte do Estado, desigualdade, mas também conquistas e mobilizações .

1


CARTAS DO BRASIL 79

FOTOS RICARDO AZOURY/DIVULGAÇÃO; SUNHI MANG/DIVULGAÇÃO; DIVULGAÇÃO

Diretora do filme que representará o país no maior festival de documentários do mundo, Carol Benjamin vasculha arquivos da família para investigar o alcance da Lei da Anistia de 1979

“A

ssim como os escritos da minha avó, meu filme também não dá conta de explicar o Brasil.” A frase é de Carol Benjamin, diretora de Fico Te Devendo uma Carta Sobre o Brasil, representante brasileiro na 32ª edição do Festival Internacional de Documentários de Amsterdã, o maior do mundo dedicado ao gênero, que começa no dia 20. Neta de Iramaya e filha de César Benjamin – que, em 1971, aos 17 anos, foi preso e torturado por agentes da ditadura militar –, Carol mergulha na memória familiar para retraçar um pedaço da história do país. O longa articula escritos íntimos, documentos históricos, reportagens de

2

jornaisefotosdefamíliacomotrilhapara um passado, segundo Carol, ainda não suficientemente investigado. “O filme atesta que a Lei de Anistia promulgada em 1979 foi uma espécie de pacto de silêncio liderado pelos militares, mas aceito por amplos setores da sociedade brasileira”, diz a diretora, que concorre na categoria de autor estreante. “A lei perdoou não apenas aqueles que foram condenados por causas políticas, mas estendeu o benefício aos comandantes que cometeram crimes de lesahumanidade: torturaram e mataram pessoas em nome do regime.” A história começa na Suécia, onde César Benjamin ficou exilado por dois anos após deixar a prisão. Lá, Carol reencontra Marianne Eyre, membro da Anistia Internacional com quem a avó Iramaya trocava cartas e de quem se tornou amiga – a frase que dá título ao doc vem de um de seus escritos. O filme tem sua fonte mais fértil no acervo guardado por Iramaya, que

3

morreu em 2012: ela deixou um vasto arquivo com notícias de jornais que serviram como pauta de reuniões do Comitê Brasileiro pela Anistia (CBA). Carol também encontrou material inédito no Brasil, como uma gravação da TV sueca do momento do reencontro entre César e o irmão Cid, que não se viam há mais de dez anos em razão da clandestinidade. Segundo a diretora, ao partir de uma busca pessoal, o filme acaba por atravesser os conflitos políticos do Brasil atual, especialmente na memória da ditadura. “Durante a minha vida vi e ouvi sobre a violência que ainda afeta minha família. E sinto a necessidade de transformar essas marcas pessoais em memória coletiva”, diz. “Essa falta de construção de memória permite que hoje uma parcela expressiva da população peça a volta do regime autoritário.” A perspectiva é que o filme seja lançado em circuito comercial no primeiro semestre de 2020. n

4

PODER JOYCE PASCOWITCH 59


CINEMA

TINHA QUE SER RAMÓN

Com arquivo pessoal inédito, filho e neto de Ramón Valdés divulgam série de vídeos sobre o ator que deu vida ao Seu Madruga, ícone pop da TV latino-americana

60 PODER JOYCE PASCOWITCH

Ramón Valdés (ao lado) lado) caracterizado como Seu Madruga (acima acima)) e junto aos companheiros da histórica Turma do Chaves

Miguel conta que, quando Ramón morreu, em 1988, não tinham ideia do tamanho do carinho pelo ator na América Latina. “Também por isso quisemos fazer esse trabalho, em agradecimento às pessoas que, com seu amor, dedicaram tempo à imagem do meu avô. Queremos retribuir um pouco.”

FOTOS REPRODUÇÃO; DIVULGAÇÃO

É

difícil encontrar quem não conheça o Seu Madruga – o morador do número 72 da vila do Chaves, que nunca encontra trabalho e deve 14 meses de aluguel ao Seu Barriga. Poucos, no entanto, conhecem Monchito, como era chamado em casa pela família o ator Ramón Valdés. Produzida por Estéban e Miguel Valdés, respectivamente filho e neto de Ramón, uma série de vídeos no YouTube está revelando a intimidade da vida do ator que ficou célebre por dezenas de papéis na era de ouro do cinema mexicano e que se tornaria, a partir dos anos 1970, um dos ícones pop mais celebrados da TV na América Latina com o Don Ramón do seriado El Chavo del Ocho. A primeira ideia era fazer um livro com histórias da vida de Ramón, que viria acompanhado de um DVD com entrevistas. No entanto, o projeto logo se revelou maior. “Quando nos demos conta, já tínhamos material suficiente para uma obra audiovisual”, explica Miguel. Estéban e Miguel entrevistaram amigos, familiares e companheiros de trabalho do ator, como a atriz María Antonieta de las Nieves, a Chiquinha, filha do Seu Madruga no seriado. Eles também visitaram o Brasil e conversaram com membros de um fã-clube em São Paulo. Os vídeos têm material inédito de arquivo de família, com fotos e gravações caseiras da intimidade de Ramón, feitas em câmeras super-8. “Vamos ver como ele era em sua casa, com seus amigos, as coisas que ouvia, o que gostava de comer”, diz o neto do ator.


CABECEIRA

SÃO BERNARDO GRACILIANO RAMOS

Na tentativa de se tornar um grande dono de terras, um senhor nordestino procura entender como acaba por colocar tudo a perder em sua vida amorosa e familiar.

FOTOS SILVIA CONSTANTI/ARQUIVO PESSOAL; DIVULGAÇÃO

ESTANTE

A jornalista e historiadora JOSELIA AGUIAR aprendeu a ler muito cedo, por volta dos 5 anos, conforme o costume de sua mãe, que alfabetizava as crianças antes que fossem para a escola. Lá, ela lembra que a habilidade com a escrita tornou-se motivo de conflito com os colegas: além de sempre ser a primeira a entregar as redações, Joselia vivia perguntando quando receberia as correções. “A esperança dos colegas era que a professora se esquecesse da tarefa”, recorda-se, divertidamente. A experiência de década e meia como jornalista, colunista de livros e editora da revista EntreLivros levou Joselia a extrapolar a atuação jornalística: em 2017 e 2018 ela foi curadora da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) e, em 2019, assumiu a direção da segunda maior biblioteca pública do país, a Mário de Andrade, em São Paulo. O ano de 2018 também foi o ano de sua estreia como autora, com Jorge Amado – Uma Biografia (Ed. Todavia). A intenção inicial era de que o perfil do escritor baiano fosse mais sucinto, para ser escrito em um ano e meio, no máximo, mas a complexidade da vida do escritor mudou seus planos. “Meu entusiasmo fez o projeto crescer, e acabei levando sete anos para terminar. Era uma personagem forte demais para desperdiçar a oportunidade: por meio de sua trajetória é possível acompanhar a história literária e cultural do Brasil do século 20, com todas as conexões possíveis entre arte e política”. A próxima imersão da biógrafa será sobre a vida da artista plástica brasileira Djanira da Motta e Silva. POR ALINE VESSONI

CARTAS A UM JOVEM POETA RAINER MARIA RILKE

O poeta nascido em Praga explica o que faz alguém escolher a escrita e nunca mais se livrar dessa sina.

CADERNO DE MEMÓRIAS COLONIAIS ISABELA FIGUEIREDO

História de pai e filha e ao mesmo tempo um relato sobre o racismo, tudo muito forte e desconcertante.

A MORTE E A MORTE DE QUINCAS BERRO D’ÁGUA – JORGE AMADO

Uma novela curta sobre como viver e ser dono da própria morte.

WALDEN OU A VIDA NOS BOSQUES - HENRY DAVID THOREAU

Eu li este livro na minha adolescência. É o relato de um homem que se retira e vai viver no campo. Trata-se de um ensaio hoje clássico, não apenas íntimo, mas com sentido político.

POESIA COMPLETA – CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

Um dos maiores poetas do mundo escreveu em língua portuguesa. E isso me marcou muito.

PODER JOYCE PASCOWITCH 61


RAZÃO & EMOÇÃO por nuno cobra jr.

M

exa-se! Lemos essa afirmação imperativa por todos os lados. E cada vez que vejo isso, me pergunto: faz sentido recomendação tão genérica? Para mim, parece como dizer: “Coma!”. Ou então: “Durma!”. Assim como dormir e comer bem, é preciso exercitar-se com senso de medida e qualidade. A atividade física, que compõe, junto com a alimentação e o sono, o tripé essencial de sustentação de nossa saúde, não pode ser feita de maneira exagerada. Quando falamos do sono, sabemos que existem estudos que defendem

62 PODER JOYCE PASCOWITCH

um ideal de quantidade e qualidade. Dormir pouco faz mal, da mesma forma que dormir muito também faz mal. O mesmo ocorre com relação à alimentação. Quando pensamos em um ideal, ele sempre está associada a dois substantivos: moderação e qualidade. É o que dizem os nutricionistas, não é? A atividade física acabou se tornando o patinho feio dessa equação. Ao propor um modelo de treinamento natural e integral, mostro que não é apenas uma coincidência constatar que essas qualidades também estão profundamente associa-

das a uma boa alimentação. Pois bem, sou categórico em afirmar que sono, alimentação e movimento, o tal tripé essencial da nossa saúde, seguem um mesmo princípio, princípio esse totalmente baseado no que observamos na natureza: uma busca constante dos seres vivos pelo equilíbrio e pela homeostase. O equilíbrio está no meio, não nos extremos. Sem dúvida, quando falamos em saúde no treinamento, a recomendação, assim como na alimentação, deve ser a seguinte: faça atividade física com moderação e qualidade. No entanto, infelizmente, essa recomendação não está – nem parece jamais ter estado – na moda. Trata-se aqui do velho paradoxo de quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha? As pessoas só pensam em resultados rápidos e ganhos estéticos e é por isso que o mercado fomenta essa busca? Ou é o mercado que fomenta a busca do corpo perfeito e, dessa maneira, as pessoas só pensam em barriga chapada e bunda durinha? Como reverter esse círculo vicioso? n Nuno Cobra Jr. é coach físico e mental de atletas de alto rendimento e autor do livro O Músculo da Alma (Editora Voo)

ILUSTRAÇÃO VILMOSVARGA/FREEPIK; FOTO ARQUIVO PESSOAL

O EQUILÍBRIO ESTÁ NO MEIO


CARTAS

FOTO MAURÍCIO NAHAS

cartas@glamurama.com

CÉU DE ESTRELAS

RAZÃO E SENSIBILIDADE

O SABOR DA GENTILEZA

Como sempre arrasando nos ensaios (PODER 132). @rejanemoraesrocha69

DOWNLOAD

Linda reportagem mesmo (PODER 132). @luferreira0101

Esse ensaio foi show, as fotos ficaram lindas (PODER 132). @jessicadias40343

/poder.joycepascowitch

Liderança inspiradora que transcende a empresa e a indústria (capa com José Vicente Marino, PODER 132). @danielamgrelin

Erika é amor (Entrevista com Erika Palomino, PODER 132). @fabiodogdog

@revistapoder

Grande reportagem! Vocês [do La Tambouille] merecem isso e muito mais (PODER 132). @dannyfleury

@revistapoder

O conteúdo da PODER na versão digital está disponível no SITE +joycepascowitch.com

PODER JOYCE PASCOWITCH 63


Faria mais justiça poética ao crítico literário Harold Bloom se a morte o viesse buscar na sala de aula da universidade Yale, onde ele, aos 89 anos, seguia a fascinar seus alunos com a memória mais prodigiosa que eles um dia vieram a conhecer. Bloom era capaz de fazer citações e falar de improviso sem recorrer a livros, anotações ou – que Bloom não vire no túmulo – ao Google. Se essas citações fossem de Shakespeare, aí era covardia. O cânone ocidental que ele inventariou tinha no bardo inglês seu grande timoneiro, a despeito do que disso pudessem dizer os contemporâneos multiculturalistas. Esses eram os críticos da “escola do ressentimento”, como dizia, certamente para ecoar Nietzsche, um dos filósofos que admirava. O livro que expressa sua teoria mais famosa, A Angústia da Influência, mostra como a literatura, talvez toda ela, é fruto da luta travada entre o escritor que ora escreve e aquele que o precedeu. Não deixava de ser uma provocação, assim como propor anos mais tarde uma Bíblia narrada por uma única pessoa – uma mulher.

64 PODER JOYCE PASCOWITCH

FOTO GETTY IMAGES

VERSO


É com muito orgulho que o Grupo Glamurama apresenta seu caçulinha, o berinjela.com, onde selecionamos produtos de várias marcas pra lá de especiais – e, viva!, para comprar na hora. Com esmero, tentamos separar o joio do trigo, e elegemos o que cremos ser a cara de nossas leitoras. E vamos além do estilo: aqui só entra o que é feito de forma ética e sustentável. Clique e fique à vontade!



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook

Articles inside

ÚLTIMA PÁGINA

1min
pages 66-68

RAZÃO E EMOÇÃO

1min
page 64

ESTANTE

2min
page 63

HIGH TECH

4min
pages 56-57

CULTURA INC

5min
pages 60-62

COZINHA DE PODER

2min
pages 54-55

PODER VIAJA

3min
pages 52-53

DOWNLOAD

5min
pages 49-51

O AGRO É DEMOCRÁTICO

1min
page 48

economista André Perfeito

6min
pages 32-35

na telinha e nos tatames

1min
pages 46-47

tornar uma pessoa carismática

5min
pages 36-39

ecológica em ações corriqueiras?

0
pages 40-41

BOCA NERVOSA

12min
pages 20-25

para a reportagem de PODER

12min
pages 26-31

COLUNA DA JOYCE

9min
pages 14-19

EDITORIAL

1min
pages 12-13
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.