TRATADO DE FISIOTERAPIA E FISIATRIA DE PEQUENOS ANIMAIS

Page 1

Hummel & Vicente

Jennifer Hummel Gustavo Vicente

Tratado de

Fisioterapia e Fisiatria de Pequenos Animais

Tratado de

Fisioterapia e Fisiatria

ISBN: 978-85-5795-006-1

de Pequenos Animais

A fisiatria veterinária atingiu um desenvolvimento excepcional na última década e a permanente incorporação de novas metodologias e novos procedimentos fisiátricos têm contribuído substancialmente com os tratamentos ortopédicos, traumatológicos e neurológicos, permitindo, nos dias de hoje, uma reabilitação funcional mais integral do paciente com patologias neuromusculares e esqueléticas. O Tratado de Fisioterapia e Fisiatria de Pequenos Animais orienta o complexo processo que inclui a detecção, o diagnóstico, a prevenção e o tratamento clínico, fisiátrico e/ou cirúrgico dos animais com deficiências de diversas origens. Com enfoque minucioso das doenças sistêmicas, ortopédicas, articulares e neurológicas mais comuns, esta obra oferece uma ideia clara das suas possíveis origens, uma orientação semiológica prática e objetiva, além de uma abordagem terapêutica multimodal para cada uma dessas doenças. Escrita por profissionais sul-americanos, esta obra garante a transmissão de experiências adquiridas no exercício de sua profissão com ferramentas acessíveis.

Tratado de

Fisioterapia e Fisiatria

de Pequenos Animais



Sumário Parte 1 Introdução....................................................................................................................1 Parte 2  Fisioterapia e Reabilitação..........................................................................................4 Parte 3  Alterações Sistêmicas............................................................................................. 149 Parte 4 Ortopedia................................................................................................................ 168 Parte 5 Neurologia............................................................................................................... 259 Parte 6  Doenças Musculares e Neuromusculares............................................................ 376

CAPÍTULO 1

Sobre o Cliente, Gestão e Modelo de Negócio.................................................................................................... 1 Gustavo Vicente e Jennifer Hummel

CAPÍTULO 2

Exame Físico do Paciente..................................................................................................................................... 4 Jennifer Hummel e Gustavo Vicente

CAPÍTULO 3

Introdução à Biomecânica Aplicada a Pequenos Animais............................................................................... 15 Maira Rezende Formenton

CAPÍTULO 4

Neuroanatomia Funcional em Relação aos Exercícios Fisioterápicos............................................................. 25 Maria Gabriella Albuquerque de Almeida Aguiar e Eduardo Alberto Tudury

CAPÍTULO 5

Cinesioterapia..................................................................................................................................................... 38 Maira Rezende Formenton

CAPÍTULO 6

Campos Eletromagnéticos Pulsados – Magnetoterapia................................................................................... 54 Jennifer Hummel e Gustavo Vicente

CAPÍTULO 7

Fototerapia.......................................................................................................................................................... 65 Jennifer Hummel, Gustavo Vicente, Maira Rezende Formenton e Mariana Brunelli Cadini

CAPÍTULO 8

Laser..................................................................................................................................................................... 74 Renata Diniz


CAPÍTULO 9

Ultrassom e Ondas Sonoras de Baixa Frequência (Infrassom)....................................................................... 78 Jennifer Hummel, Gustavo Vicente e Vitória Azeredo Chies

CAPÍTULO 10

Eletroterapia........................................................................................................................................................ 90 Jennifer Hummel, Gustavo Vicente e Denise S. Provenzano Lima

CAPÍTULO 11

Hidroterapia...................................................................................................................................................... 101 Jennifer Hummel, Gustavo Vicente e Nina S. Pestana

CAPÍTULO 12

Termoterapia..................................................................................................................................................... 111 Jennifer Hummel e Gustavo Vicente

CAPÍTULO 13

Massagem.......................................................................................................................................................... 115 Jennifer Hummel e Gustavo Vicente

CAPÍTULO 14

Acupuntura....................................................................................................................................................... 120 Silvana Mello Simas, Jennifer Hummel, André V. Rebello e Alessandra van der Laan Fonini 14.1  Dry e Wet Needling....................................................................................................................................................... 125

André V. Rebello

CAPÍTULO 15

Ozonioterapia em Reabilitação Animal.......................................................................................................... 129 Jean G. F. Joaquim

CAPÍTULO 16

Reabilitação no Paciente Felino....................................................................................................................... 136 Gustavo Vicente e Jennifer Hummel

CAPÍTULO 17

Reabilitação no Paciente Geriatra................................................................................................................... 143 Jennifer Hummel e Gustavo Vicente

CAPÍTULO 18

Fisiopatologia da Dor....................................................................................................................................... 149 Denise Tabacchi Fantoni

CAPÍTULO 19

Obesidade e Alterações Endócrinas................................................................................................................ 155 Álan Gomes Pöppl, Gustavo Vicente e Jennifer Hummel

CAPÍTULO 20

Fraturas............................................................................................................................................................. 168


20.1  Biomecânica, Forças e Tipos de Fraturas............................................................................................................. 168

Daniela Fabiana Izquierdo Caquías

20.2  Tratamentos............................................................................................................................................................ 170 20.2.1  Tratamentos Clínico e Cirúrgico............................................................................................................................. 170

Gustavo Vicente

20.2.2  Pinos Intramedulares................................................................................................................................................ 170

Gustavo Vicente e Olicies da Cunha

20.2.3  Cerclagens................................................................................................................................................................... 172

Gustavo Vicente e Olicies da Cunha

20.2.4  Fixador Externo Linear............................................................................................................................................. 173

Rafael Boccia e Vinicius Coelho

20.2.5  Parafusos Ósseos........................................................................................................................................................ 174

Rafael Boccia e Vinicius Coelho

20.2.6  Placas Ósseas.............................................................................................................................................................. 175

Gillian Macário Cardoso

20.2.7  Considerações Fisioterápicas................................................................................................................................... 176

Gustavo Vicente e Jennifer Hummel

20.3  Complicações no Tratamento de Fraturas: Má União, União Retardada, Não União e Infecção Óssea.......... 180

Márcio Poletto Ferreira e Gustavo Vicente

CAPÍTULO 21

Doenças Ósseas................................................................................................................................................. 185 21.1  Osteocondrose ....................................................................................................................................................... 185

Vinicius Coelho, Gustavo Vicente e Jennifer Hummel

21.2  Osteossarcoma........................................................................................................................................................ 189

Vinicius Coelho, Gustavo Vicente e Jennifer Hummel

CAPÍTULO 22

Afecções Articulares......................................................................................................................................... 194 22.1  Doença Articular Degenerativa............................................................................................................................ 194

Luiz Fernando Garrido, Gustavo Vicente e Jennifer Hummel

22.2  Articulações da Extremidade Distal do Membro Pélvico.................................................................................... 198 22.2.1  Anatomia da Extremidade Distal do Membro Pélvico......................................................................................... 198

Mário Rennó, Gustavo Vicente, Jennifer Hummel e Rafael Augusto de Melo Vieira

22.3  Articulação do Joelho............................................................................................................................................ 202 22.3.1  Ruptura de Ligamento Cruzado Cranial e Lesão de Menisco............................................................................. 202

Eloy Curuci e Gustavo Vicente

22.3.2  Luxação de Patela....................................................................................................................................................... 213

Gustavo Vicente, Jennifer Hummel e Mário Rennó

22.4  Afecções da Articulação Coxofemoral.................................................................................................................. 218

Bruno Watanabe Minto, Fernando Yoiti Kitamura Kawamoto, Guilherme Galhardo Franco, Gustavo Vicente e Jennifer Hummel

22.5  Extremidade Distal do Membro Torácico............................................................................................................ 232

Mário Rennó, Gustavo Vicente, Jennifer Hummel e Rafael Augusto de Melo Vieira


22.6  Articulação do Cotovelo........................................................................................................................................ 236

Richard Filgueiras, Gustavo Vicente e Jennifer Hummel

22.7  Articulação do Ombro........................................................................................................................................... 242

Gustavo Vicente e Jennifer Hummel

22.8  Artrite Reumatoide................................................................................................................................................ 248

Jennifer Hummel e Gustavo Vicente

CAPÍTULO 23

Ultrassonografia Diagnóstica Aplicada à Fisioterapia e à Reabilitação Animal.......................................... 252 Thomas Marks

CAPÍTULO 24

Diagnóstico Neuroanatômico.......................................................................................................................... 259 Fernando Carlos Pellegrino

CAPÍTULO 25

Afecções da Coluna Vertebral.......................................................................................................................... 280 25.1  Doença do Disco Intervertebral............................................................................................................................ 280

Gustavo Vicente e Jennifer Hummel

25.2  Caminhar Espinhal em Cães e Gatos com Lesões Medulares Toracolombares................................................. 293

Bruno Martins Araújo, Eduardo Alberto Tudury, Jennifer Hummel e Gustavo Vicente

25.3  Instabilidade/Luxação/Subluxação Atlantoaxial (Agenesia do Processo Odontoide)....................................... 297

Ragnar Franco Schamall, Jennifer Hummel e Gustavo Vicente

25.4  Espondilomielopatia Cervical (Síndrome de Wobbler)...................................................................................... 308

Paulo Vinícius Tertuliano Marinho, Jennifer Hummel e Gustavo Vicente

25.5  Estenose Degenerativa Lombossacra (Síndrome da Cauda Equina).................................................................. 316

Jennifer Hummel e Gustavo Vicente

25.6  Discoespondilite e Osteomielite Vertebral........................................................................................................... 323

Alexandre Mazzanti, Jennifer Hummel e Gustavo Vicente

25.7  Mielopatia Degenerativa........................................................................................................................................ 330

Jennifer Hummel e Gustavo Vicente

25.8  Tromboembolismo Fibrocartilaginoso................................................................................................................. 335

Jennifer Hummel e Gustavo Vicente

CAPÍTULO 26

Mielopatias em Felinos..................................................................................................................................... 342 Fernando Carlos Pellegrino, Gustavo Vicente e Jennifer Hummel

CAPÍTULO 27

Afecções do Sistema Nervoso Central............................................................................................................. 366 Jennifer Hummel


CAPÍTULO 28

Síndrome do Filhote Nadador......................................................................................................................... 376 Gustavo Vicente e Jennifer Hummel

CAPÍTULO 29

Músculos e Lesões Neuromusculares.............................................................................................................. 380 Jennifer Hummel e Gustavo Vicente

CAPÍTULO 30

Doenças Neuromusculares em Felinos............................................................................................................ 394 Fernando Carlos Pellegrino, Jennifer Hummel e Gustavo Vicente

Índice Remissivo...................................................................................................................................422



CAPÍTULO

3

Introdução à Biomecânica Aplicada a Pequenos Animais Maira Rezende Formenton

978-85-5795-006-1

Introdução A biomecânica é a área do conhecimento em que são aplicadas as leis da física mecânica para a análise e compreensão de sistemas biológicos. É uma área essencial para a fisioterapia veterinária, pois permite ao terapeuta o planejamento adequado da reabilitação, além da análise do resultado da terapia por meio de métodos objetivos. Para compreensão, são necessários conhecimentos prévios de anatomia, fisiologia musculoesquelética, neurologia, patologia e ortopedia. A anatomia funcional destaca-se como uma área essencial para o estudo da biomecânica, onde são descritas as estruturas e as consequentes ações que desencadeiam a movimentação ou manutenção da estática. Desta forma, a anatomia funcional descreve, por exemplo, a ação do bíceps braquial, de flexionar o cotovelo. A biomecânica avaliará a força e o torque que este trabalho ocasiona, além da consequência em outras estruturas, como as forças e o estresse gerado nas interações óssea, tendínea e articular. Existem duas grandes áreas na análise biomecânica: a análise quantitativa e a qualitativa. A análise quantitativa é baseada na observação visual, aplicada na rotina por profissionais de educação física, fisioterapia, ortopedia e fisioterapia veterinária. Pode-se requisitar de meios como câmeras, fotos, filmagens e aplicativos de smartphones para a descrição do movimento e análise de alterações, de forma simples e prática. Já a análise qualitativa refere-se à avaliação sistemática de fatores que estão em atuação no sistema biomecânico, como forças, interações, descrição precisa de movimentações e ângulos. Esta análise requer métodos acurados de mensuração, de alto custo, e desta forma aplicados na área de pesquisa acadêmica em biomecânica. Algumas outras definições da biomecânica estão elucidadas nas Tabelas 3.1 e 3.2.

Tipos de Andadura e Como Ocorre a Passada Em cães e gatos, a passada ocorre em dois macromomentos: a fase aérea e a fase de apoio. A fase de apoio é constituída de uma fase cranial de frenagem, a fase de descarga de peso propriamente dita e uma fase de propulsão. A fase aérea apresenta a fase caudal de recolhimento, a fase de avanço do membro (fase de balanço) e a fase cranial de descida. O ciclo se reinicia com o momento em que o membro toca o chão, e a fase cranial de frenagem se inicia. O diagrama na Figura 3.1 evidencia estas fases. Os tipos de andadura mais comuns e a sequência de uso dos membros estão mostrados na Figura 3.2, e as principais características de cada passada na Tabela 3.3. O passo e o trote são as andaduras de eleição para análise biomecânica. O galope e o cânter também podem ser avaliados, principalmente em raças específicas, como em galgos de corrida, nos quais estas andaduras são requisitadas com maior frequência. O trote é a andadura de preferência dos animais para grandes distâncias com certa velocidade, por sua maior eficiência energética. Dentre as alterações do trote, enquadra-se o pace, uma marcha em que dois membros estão elevados, e dois em apoio, porém de um mesmo lado (Fig. 3.3). Esta andadura somente é realizada quando o animal é induzido a ela, por meio do controle da velocidade ou alteração neurológica/ortopédica. Este fato é ressaltado em um estudo com Pastores Alemães, onde foi realizada a análise biomecânica do trote e do pace. Os animais foram treinados e induzidos a realizar o pace, e foi realizada posterior avaliação dos parâmetros de deslocamento e angulação articular. A estabilidade foi significantemente menor quando os animais realizavam o


16

Parte 2 • Fisioterapia e Reabilitação

Tabela 3.1  Grandes áreas de estudo da biomecânica. Anatomia funcional

Descreve as estruturas e suas funções primordiais. Por exemplo: bíceps braquial flexiona o cotovelo. Teoricamente não é parte da biomecânica, mas é o pré-requisito para seu estudo.

Biomecânica tecidual

Avaliar intimamente as micro e macroestruturas componentes dos tecidos, e as forças que atuam neles, baseadas nas leis mecânicas. Por exemplo: estudo da carga mecânica gerada em um osso até que ocorra a fratura; avaliação da elasticidade dos tendões.

Biomecânica de biomateriais

Os componentes (sintéticos ou orgânicos) implantados nos tecidos vivos para substituir ou reparar falhas teciduais são chamados de biomateriais. A avaliação de implantes metálicos ortopédicos, em sua resistência e interação com o tecido implantado, por exemplo, compreende a área de biomecânica de biomateriais.

Biomecânica aplicada

São diversas áreas, nas quais as leis da física são empregadas para compreensão. Por exemplo: biomecânica aplicada ao movimento, à estática, à análise, ao esporte, à lesões, à terapia aquática, a pequenos animais.

Tabela 3.2  Conceitos físicos necessários à compreensão da biomecânica. Estática

Leis que são aplicadas nos corpos em equilíbrio estático ou em movimento retilíneo uniforme (a resultante equivale a zero).

Dinâmica

Leis que são aplicadas nos corpos em movimento, ou seja, a resultante é diferente de zero.

Primeira Lei de Newton

Quando a resultante de todas as forças atuantes em um corpo é equivalente a zero, este corpo está em equilíbrio estático, ou seja, parado ou em movimento retilíneo uniforme em relação ao observador.

Segunda Lei de Newton

Quando a resultante das forças é diferente de zero, o corpo está em um estado dinâmico, de movimento, em relação ao observador.

Terceira Lei de Newton

Quando há a interação entre dois corpos, uma força de ação é aplicada. A força resultante da interação é igual a força inicialmente aplicada, porém em direção oposta, chamada de força de reação.

Força

Força: relação entre massa (m) e aceleração (a). A aceleração é a variação de velocidade (ΔV) pela variação do tempo (ΔT).   F = m.a  A = ΔV/ΔT  F = m.ΔV/ΔT

Momento ou torque

Momento: tendência ao torque, como produto da força aplicada (F) e da distância (d) da aplicação da força ao eixo de rotação.   M = F.d  Como F = m.a  M = m.a.d  Momento angular (L): produto da massa em inércia (I) e a velocidade angular (ω)  L = I.ω

Centro de massa

A força peso total (P) será a somatória das forças pesos segmentais.  Mg = m1g + m2g + m3g + m4g + ..... mxg

Aceleração angular

Velocidade angular é a taxa com que ocorre a mudança de orientação de um corpo. A aceleração angular, desta forma, é descrita como a variação da velocidade angular ao longo do tempo.

Potência e trabalho

Trabalho (W): relação entre força (F) e deslocamento (x):  W = F.x  Potência é a variação do trabalho ao longo do tempo:  P = ΔW/Δt


978-85-5795-006-1

3  Introdução à Biomecânica Aplicada a Pequenos Animais

pace, o que acarreta maior gasto energético e sobrecarga em sistemas musculares de compensação. Quando o animal adapta-se a caminhar ao lado do humano, em velocidade reduzida, não consegue desenvolver o trote e acaba por entrar em pace. Com o tempo, o animal acostuma-se com esta andadura e passa a realizá-la automaticamente. Para estes animais, recomenda-se o treino de cavaletes, no qual sete obstáculos são colocados na altura do carpo, com a distância entre eles da altura da cernelha do animal. Procede-se ensinando o animal a trotar nos cavaletes, e retira-se gradualmente os obstáculos, até que o animal aprenda novamente a trotar de forma adequada. Este treino requer 6 a 8 semanas para ser realizado e deve ser feito diariamente: Outra alteração ao trote é o crab walk. No trote, os membros de um mesmo lado sobrepõem a passada, conforme mostrado na Tabela 3.2. Seja por conformação ou por alteração ortopédica, o animal não sobrepõe e pisa lateralmente, o que ocasiona um andar lateralizado que dá o nome a esta alteração de “andar de caranguejo”. Há também o flying trot, no qual o animal permanece com um dos membros posteriores alguns segundos a mais no solo, o que

Figura 3.1  Fases do passo: a fase de apoio é constituída de uma fase cranial de frenagem, a fase de descarga de peso propriamente dita e uma fase de propulsão. A fase aérea apresenta a fase caudal de recolhimento, a fase de avanço do membro e a fase cranial de descida.

Passo

Trote

Três membros em apoio

Cânter Transverso

Dois membros em apoio

Dois a três membros em apoio

4 MAE

Um membro em apoio

Dois membro em apoio

3 MAE

4 MAE 3 MAD

2 MAD

Suspensão

MPE 2 MAE MPD 1 MAD

1 MAE 2 MPE

2 MPE

2 MPE 1 MPD

Pace

4 MAD

2 MAD MPD 3 MPE

Galope Rotatório

Suspensão

MAD MPD MAE MPE

17

MAD 1 MPD Sobreposição de pegadas

1 MPD

MAE 2 MPE

1 MPD Suspensão: Nenhum membro em apoio

MAD 1 MPD Sobreposição de pegadas

Figura 3.2  Tipos de andadura mais comuns e sequência de uso dos membros. AD = membro anterior direito; AE = membro anterior esquerdo; PD = membro posterior direito; PE = membro posterior esquerdo.


18

Parte 2 • Fisioterapia e Reabilitação

Tabela 3.3  Principais características das passadas. Andadura

Característica

Passo

Três membros em fase de apoio, um em fase aérea.

Trote

Dois membros em fase de apoio, dois em fase aérea, de forma cruzada.

Cânter

Dois a três membros em apoio, com uma propulsão, um alcance seguido de outra propulsão.

Galope

Um membro em apoio seguido de fase aérea onde os quatros membros estão em suspensão.

Pace

Dois membros em fase de apoio, dois em fase aérea, de forma unilateral.

Amble

Interpasso, utilizado na troca de passo ao trote, com dois membros em fase de apoio.

Figura 3.3  Animal em pace. Observe os membros em fase aérea de forma unilateral. aumenta a propulsão e faz com que o trote apresente-se mais elevado à observação visual simples, como uma fase onde os quatro membros estão no ar. O flying trot não é considerado uma alteração, apenas uma característica de algumas raças, como os Pastores Alemães. Há ainda o Hackney Gait, trote característico e desejado em raças como o Pinscher Mini, em apresentações. Este andar caracteriza-se pela elevação dos membros anteriores durante a fase cranial de balanço, à similaridade do mesmo andar de equinos. O galope apresenta duas fases distintas, nas quais os quatro membros do animal estão em suspensão, uma com o corpo em flexão, outra com o corpo em extensão. A Figura 3.4. demonstra o galope de dupla suspensão (doble suspension gallop), utilizado para percorrer alcances maiores em alta velocidade. Há também uma forma de interpasso, o amble. Ele é utilizado para alternar entre o trote e o passo, a partir da alteração da velocidade.

Os felinos realizam o pace de forma fisiológica. O passo e o trote deles são similares ao do cão. Pouco utilizam o cânter, e seu galope é característico, com uma propulsão dos dois membros posteriores, alternados com AD AE ou AE AD. Outro conceito que deve ser compreendido pelos estudantes de biomecânica em quadrupedes é o conceito do membro líder, ou a chamada pata líder (lead leg). Quando o animal está em cânter ou em galope, este é o membro que dá a direção do movimento. Por exemplo, ao realizar uma curva, os animais devem posicionar o membro do lado de dentro da curva de forma avançada, para orientar o deslocamento. O outro membro, contralateral, é chamado de trailling limb (membro de tração) (Fig. 3.5). A pata líder apresenta um período de apoio 5% maior que a contralateral, porém com uma descarga de peso 5% menor, além de uma força de desaceleração 11% maior. Os motivos para que o animal não utilize corretamente o membro líder são diversos, mas principalmente lesões ortopédicas ou dor no membro, o que faz com que o animal não suporte estes valores elevados de desaceleração e tempo maior de apoio, e acabe por trocar a pata líder no momento do movimento.

Figura 3.4  Animal em galope de dupla suspensão. Cedido por Simone S. Chevis.

Figura 3.5  Animal com uso adequado de pata líder direita ao realizar a curva para o lado direito.


3  Introdução à Biomecânica Aplicada a Pequenos Animais

Análise Biomecânica: Conceitos Iniciais Para o estudo biomecânico, deve-se determinar qual será a unidade biomecânica a ser avaliada. Esta unidade pode ser um fuso muscular, a célula, o parafuso do implante em biomateriais, a articulação, o membro ou o animal como um todo. Quando há associação de duas ou mais unidades biomecânicas, nomeia-se de cadeia biomecânica ou cadeia cinética. Elas podem ser abertas (uma das extremidades tem a unidade biomecânica livre para movimentação, independente do movimento das outras UBMs da cadeia) ou fechadas (ambas as extremidades da cadeia cinética estão fixas, independente do movimento de outras unidades entre estas). Após a determinação das unidades biomecânicas e das cadeias cinéticas, pode-se esquematizar em diagramas de análise, tanto em 2D quanto em 3D. Estes diagramas são simplificações dos corpos para análise estática ou dinâmica, onde em pequenos animais padronizam-se referências anatômicas, como as articulações, e para as cadeias cinéticas, os membros e/ou a coluna (Fig. 3.6). Por meio do avanço da tecnologia foi possível a realização de estudos biomecânicos avançados nos corpos, seja em estática ou em dinâmica. Os principais métodos aplicados na medicina veterinária são a análise cinética por baropodometria e a análise cinemática por câmeras de alta definição, além da associação destes dois métodos. Outras possibilidades são a análise eletromiográfica que evidencia o controle motor às ações musculares e, recen-

19

temente, a análise dinâmica inversa, um método complexo e acurado de calcular as forças envolvidas em um sistema biomecânico. Este método tem sido aplicado para avaliação biomecânica de displasia coxofemoral da ruptura do ligamento cruzado cranial. A flouroscopia possibilita a análise da movimentação dos ossos in vivo, porém se sabe que é um método limitado a imagens 2D, além de erros por desfoque das imagens ou diferenças de proporção nas imagens coletadas. Ademais, são descritos métodos como os que incluem a radioesteriometria, a avaliação por ressonância magnética dinâmica, a imagem por tomografia computadorizada dinâmica e o uso de acelerômetros. Porém estes são aplicáveis apenas na área acadêmica, por seu alto custo e complexidade. Na análise biomecânica, devemos definir alguns conceitos: a diferença entre a análise cinética e a cinemática. A cinética consiste na análise das forças que compõem e têm atuação no sistema biomecânico avaliado. Já a cinemática ignora estas forças internas e foca no movimento, como este ocorre ao longo do espaço e do tempo. A análise cinética são plataformas de pressão, ou baropodometria, nas quais as forças aplicadas pelo animal no solo são coletadas e nos fornecem dados de como está ocorrendo a descarga do peso no animal. Estas medidas são baseadas nos conceitos da Terceira Lei de Newton, a Lei da Ação e Reação. Toda força que é aplicada no solo, o solo retorna uma força igual, porém em direção oposta. Ao mensurar a descarga de peso que o animal aplica no solo, poderemos quantificar as forças de reação, denominadas Forças de Reação ao Solo (FGR). Nestas avaliações, as forças caracte-

Figura 3.6  Reconstrução por diagrama de análise de um animal durante cinemática. Coletado no Laboratório de Análise da Locomoção da FMVZ-USP.


20

Parte 2 • Fisioterapia e Reabilitação

rizadas no eixo vertical (Z) representam a descarga de peso realizada pelo animal, e as forças no eixo Y, crânio-caudais, representam as forças de frenagem com um componente negativo, as caudo-craniais, com um componente positivo, as responsáveis pela propulsão. No eixo transverso X, há o deslocamento médio-lateral, que pode ser desconsiderado em casos em que se pretende apenas quantificar a descarga de peso do animal. Para a aplicação prática, são as forças no eixo Z (vertical) que devem ser consideradas, dentre elas o pico de força vertical (PFV) e o impulso vertical (IV). O PFV é o maior valor atingido no eixo Z, ou seja, o maior valor da descarga de peso do animal. Já o impulso vertical relaciona a descarga de peso ao longo de um período de tempo determinado e como ocorre esta dissipação da força. Por meio destes parâmetros, foi possível a identificação das fases de frenagem e propulsão durante a passada. Enquanto em membros anteriores observa-se uma maior descarga na fase de frenagem do passo, aos membros posteriores confere-se uma maior propulsão, com maior descarga na fase posterior. Em animais mesomórficos e saudáveis, a descarga de peso entre os membros é considerada, em sua maioria, 60% em membros anteriores (30% em cada membro) e 40% em membros posteriores (20% em cada membro). A direção das forças de reação do solo é outro fato de destaque: no membro anterior direcionam-se para o cinturão escapular, e dos membros posteriores em direção à articulação lombo-sacra. Entre os coxins do animal durante o caminhar, evidenciou-se que este é maior nos terceiros e quartos dígitos, tanto em membros posteriores quanto em membros anteriores. Além disso, os coxins metacárpico e metatársico foram responsáveis pelos maiores valores de PFV e IV, o que mostra a grande participação destes na passada. Ademais, a descarga de peso mostra-se significantemente maior nos membros anteriores e há uma simetria entre os lados direito e esquerdo em animais saudáveis. Em diversas afecções, a quantificação e a direção das forças de reação ao solo trazem informações precisas para o tratamento e a avaliação dos animais após intervenções como TPLO (Tibial Plateau Leveling Osteotomy) e TTA (Tibial Tuberosity Advancement), tratamentos medicamentosos e fisioterapia. Foi comparado em estudo o apoio entre duas diferentes intervenções para animais com ruptura do ligamento cruzado cranial: TPLO e TTA. Vinte e sete animais foram avaliados no total, por baropodometria, aos 14, 30, 60 e 90 dias de pós-operatório. Em ambas as técnicas atingiu-se a recuperação funcional aos 90 dias de pós-operatório, com resultados similares e sem diferença estatística entre elas. A análise de tratamentos integrados para osteoartrose é amplamente explorada pela análise cinética. No caso da osteoartrose secundária à displasia coxofemoral, compararam-se os tratamentos de shockwave com o uso de condroprotetor, sendo o grupo-controle realizado com animais hígidos. O grupo tratado com ondas de choque apresentou acréscimo de 10,6% do PFV e de 10,4% do IV

do membro tratado, com incremento na simetria entre os membros. Já no segundo grupo houve melhora de 9% do IV do membro pélvico esquerdo, mas com ocorrência de piora de 11% na simetria. Ambos os grupos, porém, não atingiram valores iguais aos do grupo-controle, de animais hígidos, o que mostra que o shockwave apresenta um bom resultado para melhora nos sinais clínicos da osteoartrose de quadril, superior ao uso de condroproterores. A correlação entre as FRS e a presença de dor é um dos fatores que torna esta metodologia um padrão ouro para a análise de intervenções fisioterápicas (Fig. 3.7). Um estudo realizado sobre a avaliação de dor no pós-operatório de TPLO evidenciou os benefícios para o controle de dor da laserterapia associados à eletroterapia por TENS. Neste estudo, foram empregadas análises de baropodometria, termografia e escalonamento de dor. Os animais foram submetidos a sessões de laserterapia e eletroterapia no pós-operatório recente de cirurgia de TPLO, e comparados a um grupo-placebo. O grupo submetido a sessões reais de fisioterapia apresentou maior grau de decaimento da dor e menor necessidade de resgate analgésico quando comparado ao grupo-controle, que foi submetido apenas às sessões placebo. Para a análise cinemática, é utilizado um sistema de câmeras de precisão que captam os movimentos ao longo do espaço, a partir de sensores colocados em articulações, coluna ou pontos anatômicos de referência. Os dados são convertidos em diagramas de análise (Fig. 3.8), com medidas de precisão sobre o deslocamento do membro pelo espaço ao longo do tempo, ângulos e amplitude de movimentos articulares, além de parâmetros como aceleração e velocidade angular, simetria, entre outros. Displasia coxofemoral, ruptura do ligamento cruzado, luxação de patela e diversas outras afecções, além do padrão de algumas raças, já foram estudadas. A limitação ocorre pelo alto custo deste sistema, o que o torna acessível apenas em universidades e na área acadêmica.

Figura 3.7  Análise cinética por baropodometria: correlação entre descarga de peso, presença de claudicação e dor. Fonte: Formenton, 2015. Laboratório de Análise da Locomoção da FMVZ-USP.


978-85-5795-006-1

3  Introdução à Biomecânica Aplicada a Pequenos Animais

Figura 3.8  Sistema de análise cinemática. Fonte: Laboratório de Análise de Locomoção da FMVZ-USP, 2017.

Sistemas Biomecânicos Para a compreensão dos sistemas biomecânicos, são estabelecidos alguns sistemas de análise baseados em conceitos da física. Estes fornecem o embasamento de como é possível a movimentação e a capacidade dos corpos de sustentar cargas grandes, sem lesões aos músculos e às articulações. Estes principais sistemas são resumidos na Tabela 3.4.

Centro de Massa Conforme descrito na Tabela 3.2, o centro de massa de um corpo é o local em que toda a massa pode ser repre-

21

sentada de forma concentrada. Para corpos considerados na superfície terrestre, o centro de massa coincide com o centro de gravidade, pelo fato da grandeza de aceleração ser considerada a aceleração da gravidade (g). O centro de massa é localizado no centro geométrico, quando se trata de um corpo homogêneo, o que não é real nos sistemas biológicos. Para os complexos formatos e as estruturas corpóreas, são realizados cálculos para determinar onde seria o centro de massa, e usualmente trabalha-se com o conceito de múltiplos centros de massa, onde cada segmento corporal apresenta o seu centro de massa. Cada segmento gera por consequência uma força peso proporcional; e a somatória de todas as forças pesos segmentais, a força peso total. Nos animais, o centro de gravidade do animal é o local em que se pode considerar a aplicação da somatória (ou seja, a resultante) das forças pesos segmentais. Designa-se uma linha gravitacional, uma linha vertical em que o centro de gravidade estará localizado, independente da altura (Fig. 3.11). De forma genérica, considera-se o centro de gravidade total no centro do tórax dos animais, porém, alterações de formatos corporais desviam este local. Como exemplo, podemos citar a conformação de Huskies Siberianos ou Buldogues. Os Buldogues terão o centro de massa deslocado cranialmente em comparação com os Huskies Siberianos, o que evidencia a necessidade de individualizar o cálculo de centro de massa. Lesões ortopédicas, alterações neurológicas ou até exercícios terapêuticos, como a dança, o uso do carrinho de mão e o ato de subir rampas, entre outros, podem deslocar o centro de massa para cranial, caudal ou lateralmente.

Tabela 3.4  Sistemas biomecânicos aplicados a pequenos animais. Principais sistemas biomecânicos Sistemas agonista-antagonista

São grupos musculares que agem em um sistema de formas opostas. São ações precisas de controle motor com reflexo miotático de contração do agonista, reflexo miotático inverso para relaxamento do grupo antagonista. Como exemplo, há o sistema bíceps braquial/tríceps.

Sistemas de alavancas

Sistemas compostos por duas hastes e um centro de rotação, ou pivô (P). São aplicadas força de resistência (FR) e força potente (FP), que determinam as hastes.

+ Alavancas interfixas

A FR e a FP estão em lados opostos do centro de rotação. Por exemplo: gangorras (Fig. 3.9).

+ Alavancas Inter-resistentes

FR localizada entre FP e o ponto fixo. Por exemplo: carrinho de mão (ver Fig. 3.9).

+ Alavancas Interpotentes

FP localizada entre a FR e o ponto fixo. Por exemplo: pinças, cortadores de unha (ver Fig. 3.9).

Sistemas de polias anatômicas

Sistemas mecânicos que modificam a direção de atuação de uma força. Exemplo: patela, osso navicular em equinos, fabelas em pequenos animais. A luxação de patela é o exemplo clássico da importância que este sistema representa na biomecânica, assim como as alterações que acarretam quando prejudicadas (Fig. 3.10)


22

Parte 2 • Fisioterapia e Reabilitação

Alavanca Interfixa

Alavanca inter-Resistente

Força Resistência

Alavanca inter-potente Força Resistência

Força Resistência

Força Potente

Força Potente

Força Potente

Figura 3.9  Alavancas interfixas, inter-resistentes e interpotentes.

F

F

M=F.D D

D

Alteração biomecânica na luxação patelar

Figura 3.10  Luxação patelar: alteração em polia anatômica, que ocasiona a perda de distância ao centro de rotação, com necessidade de aumento da força de tração do quadríceps, o que ocasiona, cronicamente, dor e contratura neste músculo.

978-85-5795-006-1

Joelho Normal

M=F.D


3  Introdução à Biomecânica Aplicada a Pequenos Animais

23

Centro de massa total

P= mg

Figura 3.11  Centro de gravidade genericamente estabelecido no centro do tórax. O centro de massa pode ser deslocado para direção cranial ou caudal, dependendo do formato corporal, da presença de lesões ou até por exercícios terapêuticos.

Bibliografia Anderst WJ, Tashman S, Deng X, Hanafin J, Arnoczky S, Mow V. A method to estimate in vivo dynamic articular surface interaction. Journal of Biomechanics, 2003;36(9):1291-9. Andrés S, Serrato A, Maria C, Rezende DF, Joachim H, João M. Variação e índice de simetria de variáveis cinéticas em cães normais no trote. Rev. Med. Vet. 2012;24:25-40. Barbosa ALT, Schossler JEW, Bolli CM, Lemos LFC, Medeiros C. Padronização e teste da plataforma de força em padrão ortostático em cães. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinaria e Zootecnia, 2011;63(3):559-66. Bennett RL, Decamp CE, Flo GL, Hauptman JG, Stajich M. Kinematic gait analysis in dogs with hip dysplasia. American Journal of Veterinary Research, 1996;57(7):966-71. Bertram JE, Lee DV, Case HN, Todhunter RJ. Comparison of the trotting gaits of Labrador Retrievers and Greyhounds. American Journal of Veterinary Research, 2000;61(7):832-8.

Drum MG, Bockstahler B, Levine D, Marcellin-Little DJ. Feline rehabilitation. The Veterinary Clinics of North America. Small Animal Practice, 2015;45(1): 185-201. Disponível em: <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25432686>. Acesso em: 15/02/2015. Ferreira MP. Comparação das técnicas de osteotomia para avanço da tuberosidade tibial (tta) e nivelamento do platô tibial (tplo) para correção de ruptura do ligamento cruzado cranial em cães com o sistema de baropodometria. Universidade de São Paulo, 2013. Formenton MR. Eletroterapia e laserterapia no controle da dor e inflamação no período pós-operatório em cães submetidos à cirurgia de osteotomia de nivelamento do platô da tíbia: estudo prospectivo. Universidade de São Paulo, 2015. Fuchs A, Goldner B, Nolte I, Schilling N. Ground reaction force adaptations to tripedal locomotion in dogs. Veterinary Journal, 2014;201(3):307-15. Gillette RL, Angle TC. Recent developments in canine locomotor analysis: a review. Veterinary Journal, 2008;178(2):165-76.

Carr BJ, Dycus DL. Canine gait analysis. Today Veterinary Practice 2016;(n. april):93-100.

Gillette RL, Angle TC. Recent developments in canine locomotor analysis: a review. Veterinary Journal, 1997;178(2):165-76.

Clements DN, Owen MR, Carmichael S, Reid SWJ. Kinematic analysis of the gait of 10 labrador retrievers during treadmill locomotion. The Veterinary Record, 2005;156(15):478-81.

Harrison SM, Whitton RC, King M, Haussler KK, Kawcak CE, Stover SM et al. Forelimb muscle activity during equine locomotion. Journal of Experimental Biology, 2012;215(17):2980-91.

Decamp CE, Riggs CM, Olivier NB, Hauptman JG, Hottinger HA, Soutas-Little RW. Kinematic evaluation of gait in dogs with cranial cruciate ligament rupture. American Journal of Veterinary Research, 1996;57(1):120-6.

Headrick J. A description of the movement of the canine pelvic limb in three dimensions using an inverse dynamics method, and a comparison of two techniques to surgically repair a cranial cruciate ligament deficient stifle. Tenesessee, 2012.


24

Parte 2 • Fisioterapia e Reabilitação

Headrick JF, Zhang S, Millard RP, Rohrbach BW, Weigel JP, Millis DL. Use of an inverse dynamics method to describe the motion of the canine pelvic limb in three dimensions. American Journal of Veterinary Research, 2014;75(6):544-53.

in dogs and cats. Canadian Veterinary Journal, 2014;55(n. 1):1057-65.

Headrick JF, Zhang S, Millard RP, Rohrbach BW, Weigel JP, Millis DL. Use of an inverse dynamics method to compare the threedimensional motion of the pelvic limb among clinically normal dogs and dogs with cranial cruciate ligament-deficient stifle joints following tibial plateau leveling osteotomy or lateral fabellar-tibial suture stabilization. American Journal of Veterinary Research, 2014;75(6):554-64.

Souza ANA. Análise cinética da locomoção de cães com osteoartrose coxofemural submetidos ao tratamento de ondas de choque extracorpóreo. Universidade de São Paulo, 2014.

Karduna AR. Introduction to biomechanical analysis. In: Oatis C. (ed.) Kinesiology: mechanics and pathomechanics of human motion. 2. ed. Lippincott: Williams and Wilkins, 2009. p. 3-20. Miller S, Meché FGAV. Der Movements of the forelimbs of the cat during stepping on a treadmill. Brain Research, 1975;91:255-69. Millis DL, Levine D. Veterinary Physical Therapist. Canine Rehabilitation and Physical Therapy. Elsevier, 2013. Moore EJ, Kim SE, Banks SA, Pozzi A, Coggeshall JD, Jones SC. Normal patellofemoral kinematic patterns during daily activities in dogs. Moreau M, Lussier B, Ballaz L, Troncy E. Review article compte rendu kinetic measurements of gait for osteoarthritis research

Practice SA, Weigel JP, Arnold G, Hicks DA, Millis DL. Biomechanics of Rehabilitation. 2005;35:1255-85.

Souza ANA, Tatarunas AC, Matera JM. Evaluation of vertical forces in the pads of Pitbulls with cranial cruciate ligament rupture. BMC Veterinary Research, 2014;10(1): 51. Souza ANA, Pinto ACBCF, Marvulle V, Matera JM. Evaluation of vertical forces in the pads of German Shepherd dogs. Veterinary and Comparative Orthopaedics and Traumatology, 2013;26(1):6-11. Tian W, Cong Q, Menon C. Investigation on walking and pacing stability of German Shepherd Dog for different locomotion speeds. Journal of Bionic Engineering, 2011;8(1):18-24. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1016/S1672-6529(11)60002-4>. Walter RM, Carrier DR. Ground forces applied by galloping dogs. Journal of Experimental Biology, 2007;210(2):208-16. Zink MC, Van Dyke JB. Canine sports medicine and rehabilitation. Wiley-Blackwell, 2013.


CAPÍTULO

4

Neuroanatomia Funcional em Relação aos Exercícios Fisioterápicos Maria Gabriella Albuquerque de Almeida Aguiar Eduardo Alberto Tudury

O sistema nervoso é dividido anatomicamente em sistema nervoso central (SNC) e sistema nervoso periférico (SNP), e funcionalmente em sistema nervoso somático (SNS) e sistema nervoso visceral (SNV), que inclui o sistema nervoso autônomo (SNA). Apesar dessa divisão didática, as estruturas e funções do sistema nervoso se sobrepõem. Sua atividade funcional na reabilitação é definida por meio da neuroplasticidade, que é a capacidade de adaptação do SNC, especialmente dos neurônios, às mudanças nas condições do ambiente que ocorrem no dia a dia da vida dos indivíduos, desde a resposta a lesões traumáticas até sutis alterações resultantes de aprendizagem e memória. O neurônio é a unidade fundamental do sistema nervoso e tem a função básica de receber, processar e enviar informações. Ele é constituído por uma zona dendrítica, porção do receptor responsável por trazer as informações para o corpo celular, o axônio, por onde são conduzidos os impulsos da zona dendrítica

para o telodendro. O telodendro é a terminação do neurônio, onde o impulso nervoso deixa-o, transmitindo as informações para outros neurônios ou órgãos efetores. Todas as regiões do sistema nervoso têm seus componentes aferentes e eferentes, formados pelos neurônios aferentes ou sensitivos, especializados em receber os estímulos e conduzir a informação da periferia para os centros nervosos; neurônios eferentes ou motores, especializados em conduzir o impulso nervoso do SNC até o órgão efetor, representado por um músculo ou uma glândula; e neurônios de associação ou internunciais, que associam um segmento nervoso a outro e possibilitam sinapses a fim de aumentar a complexidade do sistema nervoso, permitindo a realização de respostas mais elaboradas. As fibras nervosas dos mamíferos foram classificadas nos grupos A e B (ambas com fibras mielinizadas) e C (não mielinizadas), subdividindo o grupo A nas fibras α, β, ϒ e δ, listadas na Tabela 4.1 com seus diâmetros, características elétricas e funções.

Tabela 4.1  Tipos de fibras nervosas nos mamíferos.

978-85-5795-006-1

Tipo de Fibra

Função

Diâmetro da Fibra (µm)

Velocidade de Condução

Propriocepção; motora somática

12-20

70-120

Tato, pressão

5-12

30-70

Motora aos fusos musculares

3-6

15-30

Sensibilidade dolorosa e térmica

2-5

12-30

B

Autonômica pré-ganglionar

<3

3-15

C, raiz dorsal

Sensibilidade dolorosa e térmica

0,4-1,2

0,5-2

C, simpático

Pós-ganglionar simpática

0,3-1,3

0,7-2,3


26

Parte 2 • Fisioterapia e Reabilitação

Em geral, quanto maior é o diâmetro da fibra nervosa, maior é a velocidade de condução do impulso, e maior a suscetibilidade à hipóxia por pressão, conforme descrito na Tabela 4.2. Os grandes axônios estão envolvidos com a sensibilidade proprioceptiva, a função motora somática, o tato consciente e a pressão, enquanto os axônios menores compreendem sensações dolorosas e térmicas e função autonômica. Os impulsos nervosos são gerados por meio de estímulos em ambientes internos ou externos do organismo, e são conduzidos na direção dos dendritos para o telodendro, que se conecta com outros neurônios ou com células efetuadoras, formando circuitos eletroquímicos através de sinapses, o que assegura o funcionamento adequado de todos os sistemas do corpo. As redes neuronais podem ser influenciadas e modificadas devido ao aprendizado e a experiência, e estão constantemente sendo estabelecidas e desfeitas, modeladas por diferentes vivências, estados de saúde ou doença. As conexões neuronais são capazes de alterar sua função, seu perfil químico relacionado à quantidade e tipos de neurotransmissores e a estrutura dos neurônios por meio da neuroplasticidade. A neuroplasticidade é qualquer modificação do sistema nervoso que não seja periódica e tenha maior duração que poucos segundos. O SNC demonstra que existem capacidades adaptativas para modificar a sua organização estrutural e seu funcionamento, por meio de propriedades que permitem o desenvolvimento de alterações estruturais em resposta às experiências, como adaptações a condições mutantes e estímulos repetidos. O SNC é constituído pelo encéfalo e pela medula espinhal. O encéfalo é a principal região integrativa do sistema nervoso, responsável por executar diferentes atividades complexas, dividido em prosencéfalo, tronco encefálico e cerebelo. O prosencéfalo compreende o cérebro. No lobo frontal do cérebro encontra-se o córtex motor, importante nas atividades motoras complexas, nas funções motoras voluntárias, especialmente as respostas aprendidas ou experimentadas. O prosencéfalo também contém o tálamo localizado no diencéfalo, que é uma região com núcleos que recebem a informação sensorial de muitas áreas do SNC e serve como principal centro de retransmissão para as fibras aferentes que se projetam no córtex cerebral na região somestésica. O tronco encefálico é dividido em mesencéfalo, ponte e bulbo. No mesencéfalo encontram-se os núcleos rubros ou vermelhos, de controle motor para o andamento, muito importante via motora somática, particularmente dos animais. A ponte contém as vias motoras descendentes do

cérebro e ascendentes ao cerebelo, e o bulbo contém muitos dos mesmos componentes que a ponte e o mesencéfalo. Na ponte encontram-se os núcleos pontinos, que integram as vias motoras e constituem pontos de conexão das fibras motoras provenientes do córtex motor, as fibras corticopontinas. As fibras emergentes desses núcleos se endereçam para o cerebelo e são denominadas fibras pontocerebelares. No bulbo encontram-se os núcleos grácil, cuneiforme medial e cuneiforme lateral, relacionados à via proprioceptiva, e os núcleos vestibulares relacionados à propriocepção especial. O cerebelo está situado dorsalmente sobre o tronco encefálico, conectado por pares de pedúnculos, que são o pedúnculo cerebelar rostral, o pedúnculo cerebelar médio e o pedúnculo cerebelar caudal. O pedúnculo cerebelar rostral tem conexão com o mesencéfalo, com fibras que se ligam ao núcleo rubro, ao tálamo e ao córtex cerebral; o pedúnculo médio se conecta com a ponte; e o pedúnculo caudal, com o bulbo. A medula espinhal encontra-se no interior do canal vertebral e estende-se do limite caudal do tronco encefálico, no nível do forame magno, até a sexta vértebra lombar na maioria dos cães, e até a sétima vértebra lombar nos gatos, com algumas variações. Está dividida anatomicamente em cinco segmentos medulares: cervical (C1-C8), torácico (T1-T13), lombar (L1-L7), sacral (S1-S3) e caudal (número variável), e apresenta duas dilatações denominadas intumescência cervical e intumescência lombar, nos segmentos vertebrais C6-T2 (cervical) e L4-S3 (lombar), onde se encontram os corpos celulares dos neurônios motores inferiores (NMI) que emergem para os membros torácicos e pélvicos respectivamente. Essas intumescências correspondem às regiões medulares de conexão com as expressivas raízes nervosas relacionadas ao plexo braquial e ao plexo lombossacral. Funcionalmente, a medula espinhal pode ser dividida em quatro regiões: cervical cranial (C1-C5), cervicotorácica (C6-T2), toracolombares (T3-L3) e lombossacral (L4-S3). Suas principais funções são receber e distribuir informações para o SNP; integrar funções motoras e sensoriais, permitindo que ocorra atividade reflexa; enviar informação aferente para o tronco encefálico e córtex cerebrais e informações eferentes do tronco e do córtex cerebrais para os NMI, através dos tratos dos NMS. O SNP é formado pelos nervos espinais que estão ligados à medula espinhal e pelos nervos cranianos que estão ligados ao tronco encefálico, além dos gânglios sensitivos, viscerais e, ainda, as terminações nervosas de receptores e efetores. Os nervos podem ser somatomotores, somatossensoriais ou autônomos. No entanto, apesar dessa divisão, a maioria deles contém fibras apresentando as três funções. Os nervos

Tabela 4.2  Suscetibilidade relativa às fibras nervosas A, B e C de mamíferos ao bloqueio na condução do impulso devido à hipóxia e pressão. Suscetibilidade

Mais Suscetível

Intermediária

Menos Suscetível

Hipóxia

B

A

C

Pressão

A

B

C


4  Neuroanatomia Funcional em Relação aos Exercícios Fisioterápicos

espinais contêm uma raiz dorsal com fibras aferentes e uma ventral com fibras eferentes, ambas as fibras encontram-se nos nervos, que são, em geral, funcionalmente mistos. Tanto os ramos dorsais quanto os ventrais estabelecem, por vezes, conexões com outros ramos, formando plexos. Porém, eles se mostram expressivos apenas em relação aos ramos ventrais, particularmente na região correspondente à inserção dos membros, o plexo braquial e o plexo lombossacral, onde se originam nervos periféricos que se distribuem para os membros torácico e pélvico, respectivamente. Alguns fisiologistas passaram a utilizar um sistema numérico, descrito na Tabela 4.3, para classificar as estruturas e fibras sensitivas. As extremidades dos terminais periféricos de axônios sensitivos são modificadas para formar os receptores sensoriais periféricos. As vias aferentes são constituídas por uma cadeia de neurônios que ligam os receptores ao córtex cerebral formando uma via consciente, e ao cerebelo formando uma via inconsciente. A função do sistema nervoso somático sensorial (SSS) é transmitir e interpretar toda informação sensorial recolhida no ambiente interno e externo ao indivíduo, das mais superficiais, como tato, dor, temperatura e pressão, às mais profundas, relacionadas ao sistema musculoesquelético. Os receptores sensoriais estão localizados nas extremidades distais de nervos periféricos, encontrados na pele, nos músculos, nos tendões, nas articulações e nos órgãos viscerais. Os receptores que respondem à pressão e outros estímulos mecânicos são os mecanorreceptores. Existem quatro tipos de mecanorreceptores distintos na pele. Estes são os discos de Merkel, os corpúsculos de Ruffini, os corpúsculos de Meissner e os corpúsculos de Paccini, que respondem à deformação mecânica do receptor por tato, pressão, distensão ou vibração. Os corpúsculos de Meissner são sensíveis ao tato leve e à vibração; os discos de Merkel são sensíveis à pressão; os corpúsculos de Paccini, ao tato fino e vibração rápida; e corpúsculos de Ruffini; à distensão na pele ou alongamento tangencial. Esses últimos também são encontrados no tecido conjuntivo em ligamentos e cápsulas articulares, sinalizando a posição articular, ambos relacio-

Tabela 4.3  Classificação numérica das fibras nervosas sensitivas. Número

Origem

Tipo de Fibra

Ia

Fuso muscular, terminação anuloespiral

Ib

Órgão tendinoso de Golgi

II

Fuso muscular, terminações em buquê; tato, pressão

III

Receptores de dor e frio; alguns receptores de tato

IV

Dor, temperatura e outros Raiz dorsal, receptores C

27

nados a proprioceptores. As fibras aferentes Ib (Aα) estão associadas a receptores dos ligamentos, as fibras II (Aβ) estão associadas a terminações de Meissner e Merkel, Ruffini e Paccini, e as fibras III (Aδ) e IV (C), relacionadas a terminações nervosas livres. A via sensitiva para o tato protopático (grosseiro, impreciso) superficial é denominada via neoespinotalâmica, que é a mesma via da condução de dor somática superficial, estímulos de pressão e temperatura. As fibras aferentes espinais, que conduzem informações sobre tato protopático/ pressão, dor e temperatura, terminam próximas do seu nível na entrada na medula espinhal e fazem sinapse com interneurônios, cujos axônios decussam em alguns segmentos, e daí por diante formam o trato espinotalâmico. Os impulsos ascendem dos membros para a medula espinhal advindos do plexo braquial nos membros torácicos (MTs) e do plexo lombossacral nos membros pélvicos (MPs), passando pelo gânglio sensitivo na raiz dorsal dos nervos espinais, cujo axônio penetra na medula espinhal transitando pelo trato dorsolateral na substância branca, corno dorsal da substância cinzenta e passando por conexões sinápticas na substância gelatinosa, que tem papel modulador na transmissão aferente de estímulos táteis e proprioceptivos. Logo os impulsos cruzam contralateralmente, ganhando o trato espinotalâmico na substância branca, ponte, tálamo e a região somestésica do córtex cerebral. Os receptores musculares são os fusos musculares e órgãos tendinosos de Golgi, que são proprioceptivos. Os fusos musculares são receptores de estiramento muscular que têm a função de enviar informações ao sistema nervoso sobre o comprimento do músculo ou sobre a velocidade de variação de seu comprimento. Devido à forma do fuso (afilada nas extremidades), as fibras musculares especializadas são designadas como intrafusais, contendo no centro terminações nervosas primárias (anuloespirais) e contráteis apenas em suas extremidades inervadas por terminações em forma de buquê de flores (fibras sensitivas tipo II), adjacentes às terminações primárias. As fibras musculares esqueléticas comuns fora do fuso são designadas como extrafusais. As fibras extrafusais envolvem o fuso e se dispõem paralelamente às fibras intrafusais, de modo que quando o músculo é estirado, o fuso muscular é estirado juntamente. As informações aferentes dos fusos musculares são usadas para corrigir pequenos erros nos movimentos de maneira reflexa, através do reflexo miotático, que consiste na contração de um músculo em resposta a um estiramento (alongamento). Também fazem correções maiores através de conexões supraespinais no tronco encefálico, e enviam informações proprioceptivas ao córtex cerebral e ao cerebelo. Os órgãos tendinosos de Golgi são estimulados pela tensão muscular e são encontrados encapsulados nos tendões de origem e de inserção muscular, atuando na transmissão de informações sobre a tensão ou a velocidade de variação da tensão nos músculos, sob as contrações das fibras musculares extrafusais. O órgão tendinoso de Golgi tem a função de auxiliar na transição de atividade muscular extensora para flexora e prevenir uma contração muscular


28

Parte 2 • Fisioterapia e Reabilitação

exagerada, com um papel de igualar as forças contráteis, inibindo as fibras que exercem tensão excessiva e excitando as fibras que exercem tensão muito pequena, devido à ausência de inibição reflexa, a fim de dividir a carga muscular por todas as fibras. A propriocepção é a capacidade do indivíduo, por meio de seus centros nervosos superiores, de reconhecer a posição espacial de seu corpo e de seus membros relacionados uns aos outros. A propriocepção reconhece a maneira pela qual as articulações, os músculos e os tendões se movimentam baseados em estímulos proprioceptivos de fusos musculares, órgãos tendinosos de Golgi e mecanorreceptores. A informação proprioceptiva recebida por meio deles é transmitida para a medula espinhal através dos nervos espinais, e da medula espinhal segue para o encéfalo através de tratos ascendentes específicos, pelas vias de propriocepção consciente, inconsciente e especial. A via de propriocepção consciente reporta a informação sobre a posição da cabeça, do tronco e dos membros, conduzindo impulsos sensoriais provenientes de mecanorreceptores, receptores musculares e articulares, levados à região somestésica do córtex cerebral, que são utilizados na execução de movimentos voluntários complexos. O estímulo recebido em mecanorreceptores e proprioceptores periféricos se transforma em impulso e é conduzido dos membros para a medula espinhal, passando pelas fibras periféricas aferentes e pelos plexos braquial e lombossacral até a medula espinhal. Os impulsos que vêm dos MPs seguem pelo fascículo grácil, e os que vêm dos MTs pelo fascículo cuneiforme, e ascendem para o bulbo, o núcleo grácil e o núcleo cuneiforme respectivamente. Em seguida, ascendem contralateralmente, cruzando o plano mediano no bulbo em direção ao tálamo, e por meio de conexões sinápticas seguem para a região somestésica do córtex cerebral. A via de propriocepção inconsciente se reporta para a informação sobre a posição da cabeça, do tronco e dos membros, que é recebida no cerebelo e utilizada na coordenação da postura, da locomoção e dos movimentos semiautomáticos, utilizando impulsos sensoriais provenientes de fusos musculares e de órgãos tendinosos de Golgi. Através dessa via, no MP, o impulso que vem de fusos musculares segue pela medula espinhal pelo trato espinocerebelar dorsal ipsilateral, passa pelo bulbo no tronco encefálico e ascende para o cerebelo. O impulso que vem de órgãos tendinosos de Golgi, ao chegar na medula, cruza o plano mediano, segue pelo trato espinocerebelar ventral, passa pelo bulbo e penetra no cerebelo, onde cruza novamente contralateralmente para permanecer no hemisfério cerebelar ipsilateral ao antímero estimulado. E no MT, o impulso que vem dos fusos musculares segue pela medula pelo trato cuneocerebelar, passa pelo bulbo e ascende para o cerebelo. Já o impulso que vem dos órgãos tendinosos de Golgi chega na região sensorial da medula, na substância cinzenta, e é guiado para os núcleos próprios da medula por meio de conexões sinápticas, onde atinge o trato espino-

cerebelar cranial e ascende para o bulbo e depois para o cerebelo. A propriocepção especial é formada pelo sistema vestibular e pelos neurônios associados ao nervo vestibulococlear (VIII par craniano). O sistema vestibular é o sistema sensorial primário, que mantém o equilíbrio do animal com sua orientação normal em relação ao campo gravitacional da terra. Assim, mantém sua configuração, seja essa em condição de equilíbrio ou de movimento, linear ou rotatória, de desaceleração ou inclinação do animal, responsável por manter a posição do pescoço, do tronco e dos membros em relação à posição estática ou dinâmica da cabeça em qualquer momento. Mudanças na posição da cabeça ativam receptores vestibulares que estão situados na orelha interna, formando um impulso que segue pelo gânglio vestibular, pelo nervo vestibulococlear (VIII par craniano) e pelos núcleos vestibulares localizados no tronco encefálico, no bulbo. A dor somática é originada na pele, nos músculos, ossos e outros tecidos do organismo, exceto as vísceras, com a ativação dos nociceptores. Os nociceptores são terminações nervosas livres encontradas na pele, nos músculos, nas articulações, no periósteo, na maioria dos órgãos internos e nos vasos sanguíneos que são sensíveis a estímulos que lesam os tecidos ou os colocam em risco, com a função de sinalizar o dano tecidual. Os nociceptores são classificados em mecânicos, quando respondem a pressões externas, térmicos, quando respondem a variações de temperatura extremas, e químicos, quando respondem a substâncias químicas externas ou internas. A nocicepção desencadeia uma variedade de respostas somáticas e reflexos, a fim de afastar o indivíduo do estímulo nocivo. Vinte por cento das fibras Aα e Aβ estão envolvidas no processo de nocicepção, enquanto a maior parte das fibras Aδ e C são nociceptivas. As fibras Aδ e C respondem a estímulos de alta intensidade que levam a dor; e as fibras Aβ, na ausência de dano tecidual ou nervoso, ou seja, estímulos de baixa intensidade, somente transmitem informação relacionada com estímulo inócuo, como tato, vibração e pressão. Nas vias motoras somáticas, o efetor da ação é um músculo estriado esquelético. O sistema somático motor é constituído pelos NMS, localizados totalmente no SNC, alguns fazendo parte dos tratos motores descendentes somáticos das vias piramidais e extrapiramidais, e NMI relacionados à inervação eferente dos músculos esqueléticos, com o corpo celular no SNC e axônio no SNP compondo estes os nervos espinais e alguns nervos cranianos. Os NMI são responsáveis pela parte eferente dos arcos reflexos medulares. Existem dois tipos de NMI, os neurônios motores inferiores alfa (NMIα), responsáveis por inervar as fibras musculares extrafusais formando a unidade motora, e os neurônios motores inferiores gama (NMIγ), que inervam as fibras musculares intrafusais através dos fusos musculares e também integram as raízes ventrais dos nervos espinais, ambos apresentando sua atividade iniciada, regulada, modulada e terminada pelo NMS. Os NMS se originam do tronco encefálico e do córtex cerebral, que coordena as funções motoras estática e dinâmica, respon-


978-85-5795-006-1

4  Neuroanatomia Funcional em Relação aos Exercícios Fisioterápicos

sáveis pelo início e manutenção dos movimentos normais e pelo tônus muscular dos músculos extensores, para que o animal suporte o seu peso. Eles se conectam com os NMI de forma direta ou por meio de interneurônios, a fim de estimular ou inibir a sua atividade. Os NMS projetados medialmente na medula formam o sistema ativador medial, responsável por controlar os NMI que inervam os músculos posturais e do tronco lateralmente ou em todo o corno ventral da medula. Já os projetados lateralmente formam o sistema ativador lateral, responsável por controlar os NMI que inervam músculos localizados distalmente, usados para movimentos finos. Por fim, os projetados no corno ventral da medula formam os tratos ativadores inespecíficos, responsáveis por contribuir para os níveis basais de excitação na medula e facilitar os arcos reflexos locais. Os tratos motores constituídos pelos NMS fazem parte dos sistemas piramidal e extrapiramidal. O sistema piramidal é constituído por tratos que têm origem no córtex motor do lobo frontal e passam pelas pirâmides no bulbo, têm função na influência, na aprendizagem e na execução de movimentos voluntários complexos. As vias motoras somáticas voluntárias piramidais se relacionam com os nervos espinhais através do trato corticoespinhal. No trajeto funcional do sistema piramidal, a via eferente descende do córtex cerebral, passa pelas pirâmides do bulbo e depois decussa contralateralmente, descendo pela medula espinhal na região do funículo lateral da substância branca, com o objetivo de influenciar monossinapticamente os NMI que controlam os músculos distais, facilitando a flexão. O sistema extrapiramidal é um complexo multissináptico constituído por diversos tratos que têm origem em várias áreas do encéfalo. São vias de movimento involuntário que são mais importantes do que o sistema piramidal na função motora em relação à postura e locomoção, além de ser responsável por controlar movimentos menos precisos. Das vias do sistema extrapiramidal, os tratos mais importantes em relação ao sistema somático são os tratos rubroespinhal, reticuloespinhal lateral, reticuloespinhal ventral, vestibuloespinhal lateral e vestibuloespinhal medial. O trajeto funcional da via eferente do trato rubroespinhal advém do núcleo rubro no mesencéfalo, decussa imediatamente e desce pelo funículo lateral da substância branca ao longo da medula espinhal, atuando de forma semelhante ao trato corticoespinhal, ao auxiliar os músculos flexores mais distais e ao mesmo tempo inibir os extensores. O trajeto funcional da via eferente pelo trato reticuloespinhal medular lateral inicia na formação reticular do bulbo, desce para a medula espinhal no funículo lateral, e termina com a resposta de inibir os músculos extensores e estimular os flexores do membro ipsilateral, todavia, em alguns movimentos o efeito é inverso. Pelo trato reticuloespinhalpontino, a via inicia na formação reticular pontina, na ponte, descende ipsilateralmente ao longo da substância branca medular espinhal e atua em neurônios motores que controlam o tônus muscular dos músculos mais proximais nos membros ipsilaterais, facilitando a extensão e a atividade de músculos posturais, assim como inibindo a flexão.

29

A via eferente do trato vestibuloespinhal tem origem nos núcleos vestibulares no bulbo, que estão relacionados ao nervo vestibulococlear (VIII par craniano), descende ao longo da substância branca da medula espinhal. O trato vestibuloespinhal medial atua sobre a musculatura do pescoço, tronco e membros, promovendo reajustamento do corpo em relação à posição e movimentos da cabeça, e o trato vestibuloespinhal lateral respondendo a informações sobre a gravidade enviadas pelo sistema vestibular, se assemelha ao trato reticuloespinhalpontino auxiliando músculos extensores e proximais e inibindo flexores.

Conexões Neurais com o Músculo Estriado Esquelético A sinapse neuromuscular é uma conexão entre o neurônio e a fibra muscular, também chamada de junção neuromuscular. É uma sinapse química, na qual há um primeiro neurônio que secreta um neurotransmissor, a acetilcolina, que atravessa a fenda sináptica e liga-se aos seus receptores na membrana pós-sináptica, provocando a despolarização da membrana pós-sináptica para ocorrer a contração muscular. Grande parte da atividade motora somática utilizada para funções básicas, como suporte postural e locomoção, envolve a atividade reflexa. Os reflexos são respostas involuntárias a estímulos externos, e na sua realização são exigidas conexões entre receptores aferentes primários, NMI e órgãos efetores, que podem ser monossinápticas, quando o nervo aferente faz sinapse diretamente com o NMI participador no nervo eferente, ou polissináptica, quando essa sinapse é intermediada por um neurônio de associação. O arco reflexo somatossomático acontece quando são estimulados receptores somáticos, e o órgão efetor é um músculo estriado esquelético. O arco reflexo envolve tanto o SNP quanto o SNC, pois apresenta um receptor em um órgão periférico, um nervo aferente conectado ao receptor, que se projeta na medula espinhal, onde ocorre uma sinapse com um interneurônio ou diretamente com um NMI formador de nervo eferente que retorna ao órgão periférico, provocando uma resposta motora. O reflexo miotático é estimulado quando um músculo sofre estiramento, pois ocorrem modificações mecânicas nas terminações nervosas das extremidades do fuso muscular que são inervadas por NMI gama que se transformam em impulsos proprioceptivos, ascendem para o gânglio sensitivo do nervo espinhal até a medula espinhal, onde o impulso é repassado através de uma sinapse diretamente para o NMI alfa, que inerva as fibras extrafusais do mesmo músculo. Desta maneira promove uma ação excitatória para o músculo contrair e reduzir o estiramento do fuso, caracterizando um reflexo monossináptico. Os órgãos tendinosos de Golgi, com seu papel de igualar as forças contrácteis, previnem uma possível contração muscular mais intensa através do reflexo miotático inverso e auxiliam na transição de atividade muscular extensora para flexora, estimulando


30

Parte 2 • Fisioterapia e Reabilitação

os NMIα do músculo antagonista, e no reflexo miotático inverso, o impulso sensorial produzido ascende à medula espinhal e estimula os interneurônios, que, por sua vez, vão inibir os NMIα do mesmo músculo, diminuindo a contração muscular e reduzindo, consequentemente, a tensão nos tendões de origem e/ou inserção muscular. Os sinais aferentes do órgão tendinoso de Golgi são transmitidos por fibras nervosas que têm um limiar superior à estimulação quando comparado às fibras aferentes do fuso muscular, e também alertam os centros superiores de controle motor sobre alterações instantâneas que ocorrem nos músculos, os feixes espinocerebelares dorsais, que levam informações deles diretamente para o cerebelo, para outras vias que informam as regiões reticulares do tronco encefálico e também para as áreas motoras do córtex cerebral. Nos membros, ao mesmo tempo em que ocorre extensão a partir de um estímulo a músculos extensores, deve haver inibição dos músculos antagonistas, os flexores. As fibras intrafusais e os NMIγ formam o sistema fusimotor e as extrafusais e os NMIα formam as unidades motoras. Os NMIα ao serem estimulados provocam contração das fibras musculares extrafusais, reduzindo o estiramento das fibras musculares intrafusais, o que diminui a intensidade do impulso sensorial que vai para o SNC e retorna eferente pelo reflexo miotático. Todavia, durante a maioria dos movimentos, os NMIα e NMIγ funcionam simultaneamente num padrão de coativação alfa (α) – gama (γ), e é conseguido tanto um estiramento relativo do fuso muscular, como a ativação das fibras nervosas aferentes do reflexo miotático inverso pelo órgão tendinoso de Golgi. Desse modo, através da coativação alfa (α) – gama (γ) obtém-se tônus muscular apropriado e impulso propriocetivo contínuo para o encéfalo, ambos necessários para a postura e o movimento normais. O tônus muscular é o grau de tensão ou rigidez do músculo em repouso. Mecanismos como o sistema gama (γ) são responsáveis por manter o tônus muscular, pois a ativação constante dos NMIγ faz com que a estimulação das fibras nervosas aferentes no reflexo miotático seja baixa. Desse modo, os níveis de estimulação a NMIα também são baixos, o que leva à diminuição da contração das fibras musculares extrafusais. O circuito neural básico para a modulação do tônus muscular é o arco reflexo, formado por receptores musculares, conexão neural com neurônios medulares e motoneurônios.

Neuroplasticidade e Reabilitação A reorganização neural é um objetivo preliminar da recuperação neural para facilitar a retomada da função, e pode ser influenciada por diferentes atividades de experiência, comportamento, prática de tarefas e em resposta a lesões cerebrais. No controle motor, essa reorganização pode ser estimulada com treinamentos repetitivos, prática de tarefas específicas, treinamento sensorial e prática mental, e todas essas atividades integradas a estratégias de reabilitação, pois

é um processo no qual visa maximizar um estímulo inicial ou adquirido, tornando-o um aprendizado. A neuroplasticidade inclui habituação, ou seja, diminuição na resposta a um estímulo benigno repetido, o que visa diminuir a resposta neural a esse estímulo, provocando alterações estruturais permanentes como a diminuição do número de conexões sinápticas; de aprendizado e de memória, que envolvem alterações persistentes e duradouras na potência das conexões sinápticas; pois através da repetição de uma tarefa, há redução no número de regiões ativas no encéfalo; e recuperação celular após lesões. As lesões nervosas periféricas provocam perdas sensoriais, dor e desconforto, e as perdas motoras causam paralisia e, por consequência, atrofia muscular, sendo esta a causa mais drástica nessas lesões periféricas, além de alterações no mapa somatossensorial. Lesões que danificam ou seccionam axônios causam alterações degenerativas, mas podem não ocasionar a morte da célula, pois alguns neurônios têm a capacidade de regenerar seu axônio. Já as lesões que destroem o corpo celular de um neurônio ocasionam a morte da célula, contudo, após a morte de neurônios e acontecerem alterações sinápticas, ocorre a reorganização funcional do SNC e alterações na liberação de neurotransmissores relacionados à atividade da célula lesionada, promovendo a recuperação da lesão. Portanto, uma intervenção precoce, tanto cirúrgica quanto fisioterapêutica, minimiza as consequências impostas pela lesão. Após uma lesão axonal, o protoplasma do neurônio se despeja pelas extremidades dos segmentos, e eles se retraem um em relação ao outro, mantendo o corpo celular isolado. O segmento distal do axônio passa por um processo chamado degeneração walleriana, e a bainha de mielina que se retrai em relação a ele sofre uma desmielinização secundária, que proporciona vias para a regeneração de novos axônios que sigam para o destino que foi desnervado, fornecendo fatores de crescimento de nervos (FCN), que induzem o crescimento de brotos axonais, a partir da porção proximal do neurônio onde o axônio ainda está intacto, por meio de um processo denominado brotação que começa cerca de 7 dias após a lesão. A brotação assume duas formas: a colateral, que ocorre quando um alvo desnervado é reinervado por ramos de axônios intactos, e a regenerativa, quando um axônio e seu alvo foram lesados. A regeneração funcional de axônios ocorre mais frequentemente no SNP, em parte porque a produção de FCN contribui para a recuperação dos axônios periféricos, ao contrário dos axônios do SNC onde as lesões são irreversíveis, devido à falta do FCN, pois ele impede a atividade de células de defesa do sistema nervoso que inibem o crescimento axonal após lesões. A recuperação de lesões é lenta, com aproximadamente 1mm de crescimento ao dia ou cerca de 2,5cm de recuperação em 1 mês após a lesão. A taxa de crescimento é de cerca de 1mm a 4mm por dia. A brotação de axônios periféricos pode ocasionar problemas caso seja inervado um alvo inadequado, por exemplo, após a lesão de um nervo periférico, axônios motores podem inervar músculos diferentes dos anterior-


4  Neuroanatomia Funcional em Relação aos Exercícios Fisioterápicos

mente inervados, acarretando movimentos sincinesiais não esperados, que têm curta duração e acontecem enquanto o indivíduo reaprende o controle muscular, como também a inervação sensorial que pode ocasionar a confusão nas modalidades sensoriais. Existe um consenso na literatura sobre a plasticidade cerebral, de que a prática de tarefas motoras induz mudanças plásticas e dinâmicas no SNC, e que experimentos envolvendo animais lesados ou não e a reabilitação mostram que os mapas de representação cortical são alterados. Sinapses alteram sua morfologia, dendritos crescem, axônios mudam sua trajetória, vários neurotransmissores são modulados, sinapses são potencializadas ou deprimidas, novos neurônios diferenciam-se e sobrevivem, ocorre aumento da mielinização dos neurônios remanescentes e maior recrutamento de pools de neurônios motores, transferindo a função das áreas prejudicadas para as áreas adjacentes preservadas ou correlatas. Para o retorno da deambulação são necessárias poucas estruturas funcionais ao longo dos tratos, em torno de 5 a 10%. Os geradores de padrão de controle (GPC) da medula espinhal têm a capacidade de atuar autonomamente, sem necessidade de controle supraespinhal, e conseguem gerar um movimento semelhante à locomoção, o andar espinhal, que pode ser observado em animais com lesões graves nervosas. O andar espinhal não produz locomoção eficiente e intencional, pois a locomoção é um ato intencional, e para que ela ocorra é necessária a condução de um impulso supraespinhal, que é responsável por equilíbrio, coordenação, iniciação, regulação, modulação e término da locomoção.

31

Figura 4.1  Massagem realizada pelas mãos do terapeuta. Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 4.2  Estímulo sensorial proprioceptivo com escova. Fonte: Arquivo pessoal.

Fisioterapia e Exercícios Terapêuticos A fisioterapia objetiva restaurar, manter e promover a melhora da função e aptidão física, o bem-estar e a qualidade de vida, quando estes estão relacionados a distúrbios locomotores e de saúde. A fisioterapia consiste na aplicação de estímulos físicos a vários tecidos para efetuar a recuperação. A cinesioterapia é um recurso de tratamento pelo movimento. Dependendo do estado clínico do paciente, ela é prescrita de forma passiva, ativa assistida ou ativa, e pode ser realizada por meio de exercícios terapêuticos, alongamentos e fortalecimento muscular com ou sem sobrecarga. Por meio de movimentos articulares, massagens (Fig. 4.1), alongamentos e exercícios em geral, são estimulados receptores sensoriais periarticulares, musculares e táteis. E os diferentes tipos de receptores funcionam como filtro seletivo para cada tipo de estímulo, que no ponto de vista funcional, determinam o equilíbrio apropriado entre as forças sinérgicas e antagônicas musculares, contribuindo com o sistema proprioceptivo para criar no córtex cerebral uma imagem somatossensitiva (Figs. 4.2 e 4.3). Uma prática moderna e bastante discutida em reabilitação é o conceito “afirme”, trabalho global, personalizado

Figura 4.3  Estímulo sensorial proprioceptivo com colher de pau. Fonte: Arquivo pessoal.

e diferenciado que demonstra ser efetivo no tratamento ou na prevenção das principais afecções locomotoras, conceito esse que é uma acronímia por meio das iniciais dos termos de reabilitação da língua portuguesa: Alongar, Fortalecer, Informar, Reprogramar, Mobilizar e Estabilizar.


32

Parte 2 • Fisioterapia e Reabilitação

Exercícios Passivos Os exercícios passivos são realizados pelo médico veterinário sem ajuda do paciente, efetuados quando não há amplitude de movimento articular (ROM) autônoma e contração muscular voluntária. Têm a finalidade de promover aumento e melhora da ROM, prevenir atrofia muscular e prover drenagem linfática e melhora da circulação (Fig. 4.4). A amplitude de movimento passiva (PROM) corresponde a um dos movimentos osteocinemáticos executados entre dois segmentos ósseos em torno de um eixo articular, realizado pelo terapeuta. Os principais exercícios passivos são a mobilização passiva de flexão e extensão suave realizados com o animal em repouso, geralmente quando não está havendo contração ativa dos músculos. A maioria dos receptores aferentes das articulações é ativada apenas no extremo final da amplitude articular. É fundamental que o terapeuta mantenha uma ROM que é confortável para o paciente. Há um tipo de mobilização mais complexa, denominada pinçamento com pedalagem e escova, que consiste em estimular o reflexo flexor e consequentemente a flexão de todas as articulações do membro simultaneamente, fazendo uma leve fricção na região interdigital. E após o membro ser flexionado, faz-se um movimento de pedalagem em relação à articulação mais proximal do membro, articulação coxofemoral no membro pélvico e escapuloumeral no membro torácico, rotacionando o membro para frente e descendo, passando a planta dos pés ou a palma das mãos na escova (Fig. 4.5). Os alongamentos são recursos de cinesioterapia que, do ponto de vista funcional, estimulam a componente sensitiva do sistema nervoso, vias de tato e proprioceptivas (Fig. 4.6).

o paciente ainda precisa de uma educação sobre andamento, propriocepção e postura. A amplitude de movimento articular ativa assistida (AAROM) corresponde a um movimento osteocinemático entre dois segmentos ósseos em torno de um eixo articular, com a diferença de ser iniciado pelo paciente e ampliado pelo veterinário. Alguns exemplos de exercícios ativos assistidos são a estação posicionando o animal para que ele suporte seu próprio peso, a realização da elevação de um dos membros enquanto o paciente está na posição de estação (Fig. 4.7), descarga de peso com o uso da bola (Fig.

4.5A

Exercícios Ativos Assistidos Os exercícios ativos assistidos são executados nas situações em que não existem ROM autônoma, mas existe contração muscular voluntária, permitindo ao paciente algum controle sobre o próprio corpo e os membros. No entanto, é necessária assistência máxima do terapeuta, pois

Figura 4.5 (A-B) Pinçamento com pedalagem e escova. Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 4.4 Mobilização articular passiva no membro pélvico. Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 4.6. Alongamento do membro torácico. Fonte: Arquivo pessoal.

4.5B


4  Neuroanatomia Funcional em Relação aos Exercícios Fisioterápicos

33

4.8), prancha de equilíbrio (Fig. 4.9) e discos de propriocepção (Fig. 4.10), caminhadas em piso firme e na esteira aquática com o uso do “body sling” (tipoia para o corpo), um suporte de sustentação e apoio para o corpo do animal, a fim de mantê-lo na postura correta e natação com o auxílio do terapeuta (Fig. 4.11).

Exercícios Ativos Os exercícios ativos são realizados quando o paciente apresenta ROM ativa e contração muscular voluntária e são executados totalmente pelo paciente sem auxílio do terapeuta. Os exercícios ativos envolvem a forma de amplitude de movimento articular ativa (AROM). Alguns exemplos de exercícios ativos são a caminhada com cavaletes ou obstáculos (Fig. 4.12), exercícios em oito com pinos, também chamados de zigue-zague (Fig. 4.13), sentar e levantar (Fig. 4.14), caminhada na esteira, aclive-declive, natação e caminhada na hidroesteira (Fig. 4.15).

4.9A

4.9B

Figura 4.9 (A-B)  Descarga de peso com a prancha de equilíbrio. Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 4.7  Elevação do membro com o animal em estação. Fonte: Arquivo pessoal.

978-85-5795-006-1

Figura 4.10  Descarga de peso com o disco de propriocepção improvisado por um tapete com diferentes texturas, posicionado sobre uma almofada inflada com água. Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 4.8  Descarga de peso com a bola. Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 4.11 Caminhada na hidroesteira com o uso do “body sling” adaptado com uma coleira peitoral. Fonte: Arquivo pessoal.


34

Parte 2 • Fisioterapia e Reabilitação

A hidroterapia é um recurso fisioterapêutico de tratamento realizado a partir de propriedades da água que incluem densidade relativa, flutuação, viscosidade, resistência, pressão hidrostática e tensão superficial. Na caminhada na hidroesteira através de imersão parcial, o nível da imersão na altura do maléolo lateral da tíbia proporciona uma descarga de peso de 91% em relação ao peso do animal no solo. Na altura do côndilo lateral do fêmur, a descarga é de 85%, e no nível do trocanter maior do fêmur, a descarga é de 38%, de modo que quanto mais submerso o animal estiver, mais leve ele ficará e maior será sua resistência ao movimento.

Figura 4.12 Caminhada com obstáculos ou cavaletes. Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 4.13 Caminhada em oito ou zigue-zague. Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 4.14  Exercício de sentar. Fonte: Arquivo pessoal.

Vias Neuroanatômicas Sensitivas e Motoras Estimuladas pelos Exercícios As massagens, os estímulos sensoriais e os exercícios passivos realizados com diferentes técnicas, objetos e texturas promovem diferentes estímulos táteis e proprioceptivos. A massagem realizada pelas mãos do terapeuta proporciona relaxamento muscular e os estímulos sensoriais proprioceptivos com a escova e a colher de pau promovem estímulos táteis que são reconhecidos pelos mecanorreceptores presentes na pele, corpúsculos de Merkel, Ruffini, Meissner e Paccini. Esses estímulos se transformam em impulsos nervosos que seguem pelas vias aferentes dos nervos periféricos, passando pelo plexo braquial quando no membro torácico (MT), e pelo plexo lombossacral quando no membro pélvico (MP), e ganham a via sensitiva neoespinotalâmica. Desse modo, estimulam-se fibras aferentes II (Aβ) associadas a terminações de Meissner, Merkel, Ruffini e Paccini, e fibras III (Aδ) e IV (C) relacionadas a terminações nervosas livres de nociceptores mecânicos. No exercício das mobilizações articulares passivas, estimula-se a via proprioceptiva a partir da pressão em receptores periféricos mais profundos encontrados no sistema musculoesquelético, como os fusos musculares, os órgãos tendinosos de Golgi e os receptores articulares. A informação proprioceptiva é transmitida desses receptores para os nervos periféricos dos membros, passando pelos plexos braquial e lombossacral, e depois pelos nervos espinhais e pelo gânglio sensitivo na sua raiz dorsal, e penetra na medula ganhando a via de propriocepção inconsciente, a responsável pela coordenação dos movimentos semiautomáticos que utiliza impulsos provenientes desses receptores. O exercício de pinçamento mais escova inicialmente estimula nociceptores presentes na pele da região interdigital, que têm a função somática no estímulo do reflexo flexor que acontece no nível espinhal, e têm por resposta motora a flexão de todas as articulações do membro de forma simultânea. Esses estímulos também são realizados às fibras Aβ nociceptivas, pois na ausência de dano tecidual ou nervoso, ou seja, estímulos de baixa intensidade, essas fibras transmitem informações relacionadas a estímulo inócuo, como


4  Neuroanatomia Funcional em Relação aos Exercícios Fisioterápicos

4.15A

35

4.15B

Figura 4.15 (A-B)  Caminhada na hidroesteira. Fonte: Arquivo pessoal. tato, vibração e pressão. Dessa forma, o impulso segue aferente pela via neoespinotalâmica. Além disso, o exercício do pinçamento mais escova estimula juntamente a propriocepção inconsciente através do movimento passivo de pedalagem que é realizado após o estímulo do reflexo flexor, e leva informações aferentes novamente por fibras Aβ para a via neoespinotalâmica devido à escovação na região da planta e da palma dos membros. Esse exercício associado a diferentes estímulos promove a neuroplasticidade. Os alongamentos estimulam a via de propriocepção inconsciente a partir dos fusos musculares e órgãos tendinosos de Golgi através do reflexo miotático e reflexo miotático inverso dentro de um padrão de coativação alfa (α) – gama (γ), como afirmam alguns autores. As vias eferentes percorridas pelos impulsos estimulados através de exercícios passivos são vias piramidais e extrapiramidais. Pelo trato piramidal corticoespinhal lateral, estimula-se o controle dos movimentos distais finos, contribuindo com o fracionamento dos movimentos, ativando cada músculo individualmente, como afirmam alguns autores. Alguns impulsos seguramente seguem as vias eferentes dos tratos rubroespinhal, reticuloespinhal pontino, reticuloespinhal lateral, que fazem parte do sistema extrapiramidal. Pelo trato rubroespinhal, o impulso atua em movimentos de flexão. Pelo trato reticuloespinhal pontino, há controle do tônus muscular ideal nos músculos mais proximais nos membros, facilitando a extensão, e nos músculos posturais, inibindo a flexão. Pelo trato reticuloespinhal lateral, o impulso promove a inibição de movimento de músculos extensores e a estimulação de movimentos dos flexores, e por vezes faz o efeito reverso. Os exercícios ativos assistidos, como elevação do membro com o animal em estação e descarga de peso com a bola, prancha e disco de propriocepção, causam mudança no centro de gravidade e estimulam o equilíbrio. Os impulsos estimulam a via de propriocepção inconsciente, fazendo o paciente tentar se equilibrar. Esse movimento do corpo e

da cabeça estimula a via de propriocepção especial através do sistema vestibular. Pela via dos tratos vestibuloespinais, há atividade indireta sobre o movimento dos músculos esqueléticos. O disco de propriocepção, além de promover estímulos aferentes para o cerebelo pela via de propriocepção inconsciente, promove estímulos táteis a receptores periféricos da planta dos pés e da palma das mãos que se transformam em impulsos conduzidos pela via sensitiva neoespinotalâmica. Os exercícios ativos exigem do paciente a capacidade de suportar o seu próprio peso contra a gravidade e alguma coordenação motora. A caminhada, os exercícios de obstáculos, o zigue-zague e o sentar e levantar estimulam todas as vias de propriocepção. A consciente com mais intensidade, mas também a inconsciente e a especial, visto que trabalharam o tônus muscular, o controle motor voluntário, a postura e o equilíbrio. As vias eferentes para esses exercícios são a piramidal e a extrapiramidal, por meio dos tratos anteriormente citados em outros exercícios.

Conclusão Um programa de fisioterapia bem elaborado é pré-requisito para a reabilitação ser bem sucedida. A busca pelo melhor protocolo de tratamento depende do estado clínico do paciente, e o diagnóstico de alguma afecção específica. O tratamento com exercícios fisioterápicos exige bastante criatividade do médico veterinário, que deve buscar obter o melhor resultado possível na reabilitação do paciente, baseando-se em evidências científicas. Portanto, integrar o conhecimento de neuroanatomia funcional em relação aos exercícios apropriados é essencial no exercício da reabilitação animal. Contudo, atualmente ainda são escassas as referências e pesquisas relatadas na literatura relacionadas a uma neuroanatomia funcional participante na cinesioterapia, na hidroterapia, e na massoterapia.


36

Parte 2 • Fisioterapia e Reabilitação

Bibliografia

Jaggy A, Platt SR. Small Animal Neurology: an illustrated text. Athens: Schlütersche, 2009.

Amaral AB. Cinesioterapia. In: Mikail S, Pedro CR. Fisioterapia Veterinária. São Paulo: Manole, 2006. p. 50-62.

Jennings DP. Controle Supra-espinhal da Postura e do Movimento. In: Dukes HH, Reece WO. Dukes, Fisiologia dos Animais Domésticos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. p. 842-857.

Balod MG. A intervenção dos pais e/ou responsáveis no manuseio de crianças com espasticidade: elaboração de um manual de orientação nas principais atividades de vida diária. Criciúma, 2004. Disponível em: <http://www.bib.unesc.net/biblioteca/sumario/000025/00002522.pdf>. Acesso em: 04/07/2016. Barrett KE, Barman SM, Boitano S, Brooks HL. Tecido excitável: tecido nervoso. In: Barrett KE, Barman SM, Boitano S, Brooks HL. Fisiologia Médica de Ganong. 24. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014. p. 83-96. Bondan EF, Lallo MA. Fisiologia da contração muscular esquelética. In: Mikail S, Pedro CR. Fisioterapia Veterinária. São Paulo: Manole, 2006. p. 34-48. Borella MP, SACCHELLI, T. Os efeitos da prática de atividades motoras sobre a neuroplasticidade. Revista Neurociências. 2009;17(2):161-9. Carvalho PAT. Reabilitação Física do Paciente Neurológico Pós-cirúrgico. Lisboa, 2014. Disponível em: <http://www.repository.utl. pt/bitstream/10400.5/7596/1/Reabilita%C3%A7%C3%A3o%20 f%C3%ADsica%20do%20paciente%20neurol%C3%B3gico%20 p%C3%B3s-ir%C3%BArgico.pdf>. Acesso em: 28/06/2016. Chrisman C, Mariani C, Platt S, Clemmons R. Introduction. In: Neurology for the Small Animal Practitioner. Teton New Media, 2003. section 1, p. 3-37. Costanzo LS. Neurofisiologia. In: Costanzo LS. Fisiologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. p. 65-112. Croossman AR, Neary D. Introdução e revisão. In: Croossman AR, Neary D. Neuroanatomia Ilustrada. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. p. 1-27. Cunningham JG, Klein BG. The concept of a reflex. In: Cunning Ham’s. Textbook of Veterinary Physiology. 5. ed. St. Louis: Elsevier/ Saunders, 2013. p. 77-80. De Lahunta A, Glass E, Kent M. Veterinary Neuroanatomy and Clinical Neurology. 4. ed. St. Louis: Saunders Elsevier, 2015. Dewey CW. Lesion localization: functional and dysfunctional neuroanatomy. In: Dewey CW, Costa RC. Practical Guide Canine and Feline Neurology. 3. ed. Ames: Wiley-Blackwell, 2016. p. 29-51. Dewey CW. Neuroanatomia funcional e não funcional: a chave para a localização da lesão. In: Neurologia de Cães e Gatos – Guia Prático. São Paulo: Roca, 2006. p. 1-18. Ekman LL. Neurociência: Fundamentos para Reabilitação. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. Fantoni DT, Mastrocinque S. Fisiopatologia da dor aguda. In: Tratamento da Dor na Clínica de Pequenos Animais. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. p. 37-47. Frigon A. Central Pattern Generators of the Mammalian Spinal Cord. In: The Neurocientist. v 18, n 1, 2012, p. 56-69. Guyton AC. Neurociência Básica. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1993. Hamilton S, Millis DL, Taylor RT, Levine D. Therapeutic exercises. In: MILLIS D, Levine D, Taylor R. Canine Rehabilitation and Physical Therapy. Elsevier, 2004. p. 244-263.

Jennings DP, Bailey JG. Controle espinhal da postura e do movimento. In: Dukes HH, Reece WO. Dukes, Fisiologia dos Animais Domésticos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. p. 831-841 Kamerling SG. O Sistema sensorial somático. In: Dukes HH, Reece WO. Dukes, Fisiologia dos Animais Domésticos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. p. 763-784. Kitchell R. L. Introduction to the Nervous System. In: Miller ME. Miller’s Anatomy of the Dog. 3. ed. Saunders Company, 1993. p. 758-775. König HE, Liebich H. Anatomia dos animais domésticos. v. 1. Porto Alegre: Artmed, 2002. Lent R. Os Neurônios se transformam: bases biológicas da neuroplasticidade. In: Lent R. Cem Bilhões de Neurônios: Conceitos Fundamentais de Neurociências. São Paulo: Atheneu, 2004. p. 134-63. Levine D, Millis DL, Marcelilin-Little DJ. Introdução à reabilitação física em veterinária. In: Levine D, Millis DL, Marcelilin-Little DJ, Taylor R. Reabilitação e Fisioterapia na Prática de Pequenos Animais. São Paulo: Roca, 2008. p. 1-8. Levine D, Rittenberry L, Millis DL. Aquatic Therapy. In: Millis D, Levine D, Taylor R. Canine Rehabilitation and Physical Therapy. Elsevier, 2004. p. 264-276. Lorenz MD, Coates JR, Kent M. Handbook of Veterinary Neurology. 5. ed. St. Louis: Elsevier Saunders, 2011. Lorenz MD, Kornegay JN. Localização das lesões no sistema nervoso. In: Neurologia Veterinária. 4. ed. São Paulo: Manole, 2006. cap. 2, p. 45-66. MACHADO ABM. Neuroanatomia Funcional. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2006. Melo BMR. Medicina Física e Reabilitação de Paraplegias de Grau 0 em Animais de Companhia. In: RECIL (Repositório Científico Lusófona). Lisboa, 2015. Disponível em: <http://recil.grupolusofona.pt/bitstream/handle/10437/6255/Capa%20e%20Disserta%C3%A7%C3%A3o%20Final%20PDF.pdf?sequence=1> Acesso em: 28 jun 2016. Mikail S. Hidroterapia. In: Mikail S, Pedro CR. Fisioterapia Veterinária. São Paulo: Manole, 2006. p. 72-76. Millis DL, Levine D. Canine Rehabilitation and Physical Therapy. 2. ed. Philadelphia: Elsevier, 2014. Millis DL, Lowelling A, Hamilton S. Therapeutic modalities. In: MILLIS D, Levine D, Taylor R. Canine Rehabilitation and Physical Therapy. Elsevier, 2004. p. 228-243. Nóbrega ACMA, Tudury EA. Fisioterapia veterinária pós-operatória. In: Tudury EA, Potier GMA. Tratado de Técnica Cirúrgica Veterinária. São Paulo: MedVet, 2009. p. 409-432. Platt SR. Small Animal Neurology. Schlütersche Verlagsgesellschaft mbH & Co, KG, Hans – Böckler-Allee, 2010. Platt SR, Olby NJ. BSAVA Manual Canine and Feline Neurology. British Small Animal Veterinary Association, 2004. Prada I. Neuroanatomia Funcional em Medicina Veterinária com Correlações Clínicas. Jaboticabal: Terra Molhada, 2014.


978-85-5795-006-1

4  Neuroanatomia Funcional em Relação aos Exercícios Fisioterápicos Rowinski MJ. Noções de neurobiologia em fisioterapia ortopédica e medicina do esporte. In: Malone T, McPoil T, Nitz AJ. Fisioterapia em Ortopedia e Medicina no Esporte. 3. ed. São Paulo: Santos, 2002. p. 47-63. Schatzberg SJ, Kent M, Platt SR. Neurologic examination and neuroanatomic diagnosis. In: Tobias KM, Johnston SA. Veterinary Surgery Small Animal. Saunders: Elsevier, 2012. p. 325-339. Sharp NJH, Weeler SJ. Anatomia funcional. In: Transtornos Vertebrales de Pequeños Animales Diagnóstico y Cirurgia. 2. ed. Madrid: Elsevier España, 2006. p. 1-17. Siqueira R. Lesões nervosas periféricas: uma revisão. Revista Neurocienc. 2007;15(3):226-233. Disponível em: <http://www.revistaneurociencias.com.br/edicoes/2007/RN%2015%2003/Pages%20 from%20RN%2015%2003-10.pdf>. Acesso em: 01/07/2016.

37

Souza CAB, Aquino FAO, Barbosa MLC, Alvarez RBP, Turienzo TT. Influência da neuroplasticidade no controle motor. Revista UNILUS Ensino e Pesquisa, 2013;10(19):5-11. Taylor S. Lesion localization and neurologic examination. In: Nelson RW, Couto CG. Small Animal Internal Medicine. 5. ed. St. Louis: Elsevier/Mosby, 2014. p. 966-989. Thonsom C, Hahn C. Veterinary Neuroanatomy: A Clinical Approach. Edinburgh: Saunders Elsevier, 2012. Weh M, Kraus KH. Spinal fractures and luxations. In: Tobias KM, Johnston SA. Veterinary Surgery Small Animal. Saunders: Elsevier, 2012. p. 487-503. Wulf D. Elementos que caracterizam a formação profissional em fisioterapia neurológica. In: Becker AH, Dölken M. Fisioterapia em Neurologia. São Paulo: Santos, 2008. p. 3-12.


Hummel & Vicente

Jennifer Hummel Gustavo Vicente

Tratado de

Fisioterapia e Fisiatria de Pequenos Animais

Tratado de

Fisioterapia e Fisiatria

ISBN: 978-85-5795-006-1

de Pequenos Animais

A fisiatria veterinária atingiu um desenvolvimento excepcional na última década e a permanente incorporação de novas metodologias e novos procedimentos fisiátricos têm contribuído substancialmente com os tratamentos ortopédicos, traumatológicos e neurológicos, permitindo, nos dias de hoje, uma reabilitação funcional mais integral do paciente com patologias neuromusculares e esqueléticas. O Tratado de Fisioterapia e Fisiatria de Pequenos Animais orienta o complexo processo que inclui a detecção, o diagnóstico, a prevenção e o tratamento clínico, fisiátrico e/ou cirúrgico dos animais com deficiências de diversas origens. Com enfoque minucioso das doenças sistêmicas, ortopédicas, articulares e neurológicas mais comuns, esta obra oferece uma ideia clara das suas possíveis origens, uma orientação semiológica prática e objetiva, além de uma abordagem terapêutica multimodal para cada uma dessas doenças. Escrita por profissionais sul-americanos, esta obra garante a transmissão de experiências adquiridas no exercício de sua profissão com ferramentas acessíveis.

Tratado de

Fisioterapia e Fisiatria

de Pequenos Animais


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.