Nutrição Clínica no Dia a Dia

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Nutrição Clínica no Dia a Dia

Larissa Calixto-Lima Maria Cristina Gonzalez

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A editora e os autores deste livro não mediram esforços para assegurar dados corretos e informações precisas. Entretanto, por ser a Medicina uma ciência em permanente evolução, recomendamos aos nossos leitores recorrer à bula dos medicamentos e a outras fontes fidedignas – inclusive documentos oficiais –, bem como avaliar cuidadosamente as recomendações contidas neste livro em relação às condições clínicas de cada paciente.

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Larissa Calixto-Lima Nutricionista. Especialista em Nutrição Clínica − Cirurgia Geral e Transplante Hepático – pelo programa de Residência do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC), PE. Especialista em Nutrição Clínica pelo Instituto Brasileiro de Pós-Graduação e Extensão (IBPEX). Especialista em Nutrição Clínica pela Associação Brasileira de Alimentação e Nutrição (Asbran). Especialista em Terapia Nutricional Parenteral e Enteral pela Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral (SBNPE). Nutricionista do Ambulatório 20 − Clínica Médica, Endocrinologia e Nutrição − da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro. Nutricionista da Unidade de Cuidados Paliativos do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA/HC-IV), RJ.

Maria Cristina Gonzalez Médica. Doutora em Ciências pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), RS. Coordenadora das Equipes Multiprofissionais de Terapia Nutricional (EMTN) do Hospital Universitário São Francisco de Paula e da Santa Casa de Misericórdia de Pelotas, RS. Professora Adjunta do Curso de Medicina e do Programa de Pós-Graduação em Saúde e Comportamento da Universidade Católica de Pelotas (UCEPEL), RS. Especialista em Terapia Nutricional pela Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral (SBNPE). Especialista em Gastroenterologia pela Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG). Pesquisadora do Centro de Pesquisa de Obesidade do Hospital St. Luke’s-Roosevelt da Universidade de Columbia – Nova York, EUA.

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Nutrição Clínica no Dia a Dia Copyright © 2013 Editora Rubio Ltda. ISBN 978-85-64956-31-5 Todos os direitos reservados. É expressamente proibida a reprodução desta obra, no todo ou em parte, sem autorização por escrito da Editora. Produção e Capa Equipe Rubio Editoração Eletrônica Elza Maria da Silveira Ramos

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ N97 Nutrição clínica no dia a dia/ organizadoras, Larissa Calixto-Lima, Maria Cristina Gonzalez. - Rio de Janeiro: Rubio, 2013. 204p. : 17 cm   Inclui bibliografia   ISBN 978-85-64956-31-5   1. Nutrição. 2. Saúde - Aspectos nutricionais. I. CalixtoLima, Larissa. II. Gonzalez, Maria Cristina 12-6154.

CDD: 613.2 CDU: 613.2

27.08.12 05.09.12

038531

Editora Rubio Ltda. Av. Franklin Roosevelt, 194 s/l 204 – Castelo 20021-120 – Rio de Janeiro – RJ Telefax: 55(21) 2262-3779 • 2262-1783 E-mail: rubio@rubio.com.br www.rubio.com.br Impresso no Brasil Printed in Brazil

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Colaboradoras

Ana Paula Freitas Quintanilha Cardoso Nutricionista. Especialista em Nutrição Clínica pela Universidade Veiga de Almeida (UVA), RJ. Especialista em Nutrição Oncológica pelo Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA). Nutricionista da Unidade de Cuidados Paliativos do INCA/HC-IV.

Angélica Nakamura Nutricionista. Pós-Doutorada em Bioquímica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Doutora em Química Biológica pela UFRJ. Mestre em Nutrição pela UFRJ. Graduada em Nutrição pela UFRJ.

Emanuelly Varea Maria Wiegert Nutricionista. Especialista em Nutrição Hospitalar pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Especialista em Nutrição pelo Grupo de Apoio de Nutrição Enteral e Parenteral (Ganep). Nutricionista da Unidade de Cuidados Paliativos do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA/HC-IV).

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Karine Pereira Nutricionista. Especialista em Nutrição Oncológica pelo Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA). Especialista em Nutrição Clínica – Pneumologia e Doenças Infectoparasitárias – pelo programa de Residência do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), RJ.

Lilian Mika Horie Nutricionista. Mestre em Ciências pelo Departamento de Gastroenterologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Especialista em Nutrição Hospitalar pelo Hospital das Clínicas da FMUSP. Pesquisadora Científica do LIM-35 da FMUSP.

manuela Pacheco Nutricionista. Especialista em Nutrição Clínica e Terapêutica Nutricional pelo Instituto de Pesquisa, Capacitação e Ensino (IPCE). Graduada em Nutrição pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL).

Michelle Grillo Barone Nutricionista. Especialista em Nutrição Clínica pelo Centro Universitário São Camilo, SP.

Nelzir Trindade Reis Nutricionista e Médica. Livre-Docente em Nutrição Clínica pela Universidade Gama Filho (UGF), RJ. Professora Titular de Nutrição Clínica (aposentada) da Universidade Federal Fluminense (UFF), RJ. Professora Adjunta IV de Patologia da Nutrição e Dietoterapia (aposentada) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Coordenadora de Nutrição Clínica do Ambulatório 20 – Clínica Médica, Endocrinologia e Nutrição – da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro. Professora Adjunta de Nutrição Clínica da Universidade Veiga de Almeida (UVA), RJ. Acadêmica Titular da Academia Brasileira de Administração Hospitalar.

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Agradecimentos

Ao meu querido Fabio. Aos meus pais, Borges e Gislaine. Aos meus irmãos, Luciana, Márcio, Francisco e Rafael. Vocês são os pilares da minha vida! Larissa Calixto-Lima

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Prefácio

O propósito desta edição de Nutrição Clínica no Dia a Dia é fornecer informação, de alta qualidade científica, baseada em evidências em relação ao uso clínico da terapia nutricional, como o próprio título indica, na prática quotidiana. As editoras desta obra são reconhecidas especialistas em Nutrição Clínica. Larissa Calixto-Lima é nutricionista especializada em Nutrição Clínica e Maria Cristina Gonzalez é médica, pesquisadora e professora universitária. Ambas têm larga experiência na área de nutrição clínica e terapia nutricional, e são profundamente envolvidas com o ensino e a disseminação de conhecimentos, tendo grande atuação na Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral. A nutrição clínica continua sendo uma especialidade em evolução, o que é contemplado no presente livro, composto por 14 capítulos. Todos os capítulos, cuja autora principal é Larissa Calixto-Lima, abordam em profundidade as etapas de triagem, avaliação e planejamento nutricional, e só depois apresentam doenças e orientações nutricionais específicas. Para esta edição, Calixto-Lima contou com a valiosa colaboração, na qualidade de coautores, de nutricionistas especialistas em Nutrição Clínica nas áreas de Oncologia, Bioquímica, Cuidados Paliativos, Pneumologia, Composição Corpórea, provenientes dos Estados de Rio de Janeiro, São Paulo e Mato Grosso, o que confere à obra maior riqueza na abordagem da prática nutricional.

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No Brasil, a triagem nutricional é mandatória por portaria ministerial. Sabemos claramente da necessidade de avaliação nutricional rotineira em todos os pacientes, que é fundamental para a boa indicação e a prescrição da terapia nutricional, como bem mostram os Capítulos 1 a 9. A dietética em termos de alimentos funcionais, a consistência da dieta e as tabelas de equivalentes de alimentos são abordadas nos Capítulos 10 a 12. O Capítulo 13, por sua vez, apresenta as bases da terapia nutricional, ao passo que no Capítulo 14 verificamos os cuidados dietéticos nutricionais importantes na preparação para exames médicos e laboratoriais. O conteúdo é apresentado fundamentalmente em tabelas, que são apoiadas por textos concisos e cujas cores diversas facilitam o entendimento do leitor. Além disso, os capítulos baseiam-se em referências bibliográficas atualizadas. O leitor encontrará neste livro um guia prático e útil. Com certeza a obra ajudará a melhorar a nutrição de muitas pessoas na prática clínica, seja no consultório, em hospitais ou no domicílio.

Dan L. Waitzberg

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Siglas e Abreviaturas

AI

ingestão adequada (adequate intake)

ALB

albumina

AMBc

área muscular do braço corrigida

Anvisa

Agência Nacional de Vigilância Sanitária

ASG

Avaliação Subjetiva Global

ASPEN

American Society for Parenteral and Enteral Nutrition

BN

balanço nitrogenado

CA

circunferência abdominal

CAL

calorias

CB

circunferência do braço

CC

circunferência da cintura

CHCM

concentração de hemoglobina corpuscular média

CHO

carboidratos

CI

constipação intestinal

CMB

circunferência muscular do braço

CP

circunferência da panturrilha

CTL

contagem total de linfócitos

DCT

dobra cutânea do tríceps

DHA

ácido docosa-hexaenoico

DM

diabetes melito

DRGE

doença do refluxo gastroesofágico

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DRI

ingestões dietéticas de referência (dietary reference intakes)

DU

débito urinário diário

EH

encefalopatia hepática

EPA

ácido eicosapentaenoico

ESPEN

European Society for Parenteral and Enteral Nutrition

FA

fator atividade

FL

fator lesão

fl

fenolitro

FT

fator térmico

GET

gasto energético total

HCM

hemoglobina corpuscular média

HCT

hipersensibilidade cutânea

HDL

lipoproteínas de alta densidade

ICA

índice de creatinina-altura

IDL

lipoproteínas de densidade intermediária

IG

índice glicêmico

IMC

índice de massa corporal

INH

Índice Nutricional Hospitalar

IPIN

Índice Prognóstico Inflamatório Nutricional

IPN

Índice de Prognóstico Nutricional

IRB

Índice de Risco Nutricional

LDL

lipoproteínas de baixa densidade

LIP

lipídios

MAN

Miniavaliação Nutricional (Mini Nutritional Assessment)

MS

Ministério da Saúde

MUST

Ferramenta Universal para Triagem de Desnutrição (Malnutrition Universal Screening Tool)

NE

nutrição enteral

NHANES

National Health and Nutrition Examination Survey

NP

nutrição parenteral

NRS

Rastreamento de Risco Nutricional

OMS

Organização Mundial de Saúde

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PC-R

proteína C reativa

pg

picograma

PTN

proteínas

QM

quilomícrons

RDA

ingestão dietética recomendada (recomended dietary allowance)

RDC

Resolução da Diretoria Colegiada

SIC

síndrome do intestino curto

SIRS

síndrome da resposta inflamatória sistêmica

TCM

triglicerídios de cadeia média

TGI

trato gastrintestinal

TMB

taxa metabólica basal

TN

triagem nutricional; terapia nutricional

TRF

transferrina

UF

ultrafiltração

UFC

unidades formadoras de colônias

UI

unidades internacionais

VCM

volume corpuscular médio

VCT

valor calórico total

VLDL

lipoproteínas de muito baixa densidade

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Sumário

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Triagem Nutricional..................................................................... 1 Larissa Calixto-Lima | Maria Cristina Gonzalez

2 Avaliação Nutricional................................................................. 11 Larissa Calixto-Lima | Maria Cristina Gonzalez

3

Índices Prognósticos.................................................................. 37 Larissa Calixto-Lima | Maria Cristina Gonzalez

4 Exames Laboratoriais: Valores de Referência............................ 43 Larissa Calixto-Lima | Lilian Mika Horie | Michelle Grillo Barone | Maria Cristina Gonzalez

5 Interação Fármaco-Nutrientes................................................... 53 Karine Pereira | Ana Paula Freitas Quintanilha Cardoso | Larissa Calixto-Lima | Nelzir Trindade Reis

6 Necessidades e Recomendações de Energia e

Nutrientes.................................................................................. 71

Larissa Calixto-Lima | Lilian Mika Horie | Michelle Grillo Barone | Maria Cristina Gonzalez

7 Recomendações Nutricionais

em Situações Específicas........................................................... 83

Larissa Calixto-Lima | Maria Cristina Gonzalez

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Fontes Alimentares de Vitaminas e Minerais.......................... 109 Emanuelly Varea Maria Wiegert | Larissa Calixto-Lima | Lilian Mika Horie | Michelle Grillo Barone | Maria Cristina Gonzalez

9 Orientação Nutricional quanto a Sintomas Gastrintestinais.... 117 Larissa Calixto-Lima | Maria Cristina Gonzalez

10 Alimentos Funcionais.............................................................. 127 Larissa Calixto-Lima | Angélica Nakamura | Maria Cristina Gonzalez

11

Consistência de Dieta.............................................................. 137 Larissa Calixto-Lima | Maria Cristina Gonzalez

12 Tabelas de Equivalentes dos Alimentos................................... 145 Manuela Pacheco | Larissa Calixto-Lima

13 Terapia Nutricional.................................................................. 157 Larissa Calixto-Lima | Maria Cristina Gonzalez

14

Preparo para Exames............................................................... 171 Larissa Calixto-Lima | Maria Cristina Gonzalez

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Larissa Calixto-Lima | Maria Cristina Gonzalez

Triagem Nutricional

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Triagem Nutricional

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Triagem Nutricional

Triagem nutricional A triagem nutricional (TN) consiste em um inquérito simples e rápido, executado pela equipe de saúde que realiza a admissão ao hospital. Pode ser aplicado ao paciente ou a seus familiares no intuito de detectar a presença de risco de desnutrição e, assim, verificar se uma avaliação nutricional adicional é necessária. Tem por objetivo prognosticar a ocorrência de complicações associadas à desnutrição por meio da aplicação de formulários que contêm elementos avaliativos clínicos e antropométricos. Existem diversos instrumentos de TN validados disponíveis na atualidade; os principais são descritos a seguir.

Avaliação Subjetiva Global Este método surgiu quando Detsky e cols. (1987) padronizaram a avaliação clínica em forma de questionário e o denominaram Avaliação Subjetiva Global (ASG). Trata-se de um questionário que pode ser realizado à beira do leito em entrevista com o paciente (Tabela 1.1). Tabela 1.1 Modelo de questionário para Avaliação Subjetiva Global Paciente: __________________________________________________ Data: ___/___/___ História 1. Alteração no peso Perda total nos últimos 6 meses (kg): __ Peso atual (kg): ___ Percentual de perda: __ Alteração nas últimas 2 semanas: ( ) Aumento ( ) Não houve alteração ( ) Diminuição 2. Alteração na ingestão alimentar ( ) Não houve alterações ( ) Alterada

Duração: _____ semanas

Tipo da alteração: ( ) Sólida subótima ( ) Líquida completa ( ) Líquidos hipercalóricos ( ) Inanição 3. Sintomas gastrintestinais presentes há mais de 2 semanas ( ) Nenhum ( ) Vômitos ( ) Náuseas ( ) Diarreia ( ) Anorexia 3

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4. Capacidade funcional ( ) Não apresenta disfunção (capacidade completa) ( ) Disfunção

Duração: _____ semanas

Tipo de disfunção: ( ) Trabalho subótimo ( ) Ambulatório ( ) Acamado 5. Doença principal e sua correlação com as necessidades nutricionais Diagnóstico principal (especificar): _________ Demanda metabólica: ( ) Baixo estresse ( ) Estresse moderado ( ) Estresse elevado Exame físico subjetivo (para cada item, especificar: 0 = normal; 1 = leve; 2 = moderado(a); 3 = grave) Perda de gordura subcutânea (bíceps, tríceps e tórax): ________ Perda muscular (têmporas, ombros, clavícula, escápula, costelas, músculo interósseo do dorso da mão, joelho, panturrilha, quadríceps): __________ Edema de tornozelo: ___________ Edema sacral: ___________ Ascite: ______________ Avaliação subjetiva (selecione uma das opções a seguir) ( ) Bem nutrido ( ) Moderadamente desnutrido ou sob suspeita de desnutrição ( ) Gravemente desnutrido Fonte: adaptada de Detsky, 1987.

Ferramenta Universal para Triagem de Desnutrição A Ferramenta Universal para Triagem de Desnutrição (MUST) é um instrumento de rastreamento simples, utilizado por diferentes profissionais de saúde e que identifica adultos que estão sob risco de desnutrição ou obesos (Tabela 1.2).

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Larissa Calixto-Lima | Maria Cristina Gonzalez

Avaliação Nutricional

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Avaliação Nutricional

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Avaliação Nutricional

Introdução Já é reconhecido que uma intervenção dietoterápica adequada, associada ou não a outras terapêuticas, é fundamental no tratamento de diversas situações clínicas. No entanto, para que um adequado plano alimentar seja construído, é necessário um diagnóstico nutricional prévio do indivíduo. Esse diagnóstico pode ser obtido por meio da avaliação nutricional, método que utiliza a associação de vários parâmetros − clínicos, bioquímicos, antropométricos e de consumo alimentar −, visto que a utilização de um único indicador não é suficiente para um diagnóstico nutricional confiável.

Inquéritos dietéticos Os inquéritos dietéticos são métodos investigativos a partir dos quais são obtidas informações qualitativas e/ou quantitativas sobre o consumo alimentar do indivíduo. Os métodos de inquéritos dietéticos podem ser classificados como retrospectivos e prospectivos. Essa classificação é feita de acordo com o tempo em que as informações são coletadas. Os métodos retrospectivos coletam a informação do passado, tanto imediato quanto remoto, já os métodos prospectivos coletam a informação no tempo atual ou presente. Os métodos prospectivos, devido à sua alta complexidade, são pouco utilizados na prática clínica. Os principais métodos retrospectivos incluem o recordatório de 24 horas e o questionário de frequência alimentar.

Recordatório de 24 horas Para preenchimento do recordatório de 24 horas (Tabela 2.1), o indivíduo relembra e informa ao entrevistador as quantidades de tudo o que consumiu nas últimas 24h, ou durante o dia anterior. As informações citadas podem ser: (1) o tipo de alimento; (2) a medida caseira; (3) o peso; (4) o volume; (5) a embalagem industrial; (6) o modo de preparo.

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Tabela 2.1 Exemplo de recordatório de 24 horas Paciente: __________________________________________________ Data: __/__/__ Refeição/horário

Preparação

Quantidade (medida caseira)

Quantidade (g)

Desjejum Hora: __________ Colação Hora: __________ Almoço Hora: __________ Merenda Hora: __________ Jantar Hora: __________ Ceia Hora: __________ Observações: ________________________

Questionário de frequência alimentar O questionário de frequência alimentar (Tabela 2.2) é constituído por uma lista predefinida dos alimentos consumidos com maior frequência ou que formam o padrão alimentar da região em que o indivíduo avaliado reside, sendo registrada a frequência habitual de consumo de cada alimento (nunca, diária, semanal, quinzenal, mensal, sazonal etc.).

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Ovos

Carnes/tipos

Frutas/Sucos

( ) Adoçante

( ) Açúcar

Café

Queijo (tipo)

( ) Semidesnatado

( ) Desnatado

( ) Integral

Iogurte

( ) Semidesnatado

( ) Desnatado

( ) Integral

Leite

Alimento

Nunca 1

2

3

4

5

Frequência semanal 6

Tabela 2.2 Exemplo de questionário de frequência alimentar

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7

Quinzenal

Mensal P

M

( ) Frita

( ) Cozida

(Continua)

( ) Refogada

( ) Assada

Modo de preparo

Avaliação Nutricional

G

Porção consumida


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Alimento

Nunca

P: pequena; M: média; G: grande.

Outros

Água

Salgadinhos

( ) Sem recheio

( ) Com recheio

Biscoitos

Frituras

Doces/Balas

( ) Light

( ) Diet

( ) Normal

Refrigerantes

Frutas/Sucos

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1

2

3

4

5

Frequência semanal 6

7

Quinzenal

Mensal P

M

Modo de preparo

Avaliação Nutricional

G

Porção consumida


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Vegetais folhosos

Legumes

Leguminosas/Feijão

Cereais e derivados

Massa/tipo

Batata

Arroz

Roscas/Bolos

Pães

Frios/Embutidos

Alimento

Nunca 1

2

3

4

5

Frequência semanal 6

7

Quinzenal

Tabela 2.2 Exemplo de questionário de frequência alimentar (continuação)

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Mensal P

M

G

Porção consumida

( ) Cozidos

( ) Refogados

( ) Crus

( ) Cozidos

( ) Refogados

( ) Crus

( ) Rosé

( ) Branco

( ) À bolonhesa

( ) Al sugo

Molho:

Modo de preparo

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Karine Pereira | Ana Paula Freitas Quintanilha Cardoso Larissa Calixto-Lima | Nelzir Trindade Reis

Fármaco × Nutriente

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Interação Fármaco-Nutrientes

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Interação Fármaco-Nutrientes

Interação fármaco-nutriente Nutrientes podem interagir com fármacos, levando a consequências indesejáveis em termos do aproveitamento de ambos. O resultado pode ser redução ou exacerbação do efeito terapêutico do fármaco, que, por sua vez, pode modificar a bioutilização do nutriente, com implicações clínicas na eficácia terapêutica do fármaco e no estado nutricional. O fenômeno de interação pode ocorrer durante a ingestão do alimento, na absorção da droga ou do nutriente, durante a distribuição e armazenamento nos tecidos, no processo de biotransformação ou mesmo durante a excreção (Moura, 2002). A Tabela 5.1 mostra as interações nutricionais relacionadas aos principais fármacos utilizados na clínica médica e/ou especializada. Tabela 5.1 Interação fármaco-nutriente relativo aos principais medicamentos utilizados na prática clínica Hipoglicemiantes orais Fármaco Acarbose

Efeito do fármaco sobre o alimento ou nutriente, ou vice-versa Acarbose diminui absorção dos carboidratos da dieta Dieta: ■■ Ingerir acarbose durante as refeições

Clorpropamida

Fármaco diminui a absorção de ferro e vitamina B12 Dieta: ■■ Ingerir clopropamida 30min antes da primeira refeição do dia ■■ É importante garantir uma alimentação adequada após utilização da medicação

Glibenclamida

Alimentos afetam absorção do fármaco, mas pico plasmático da droga não é afetado Dieta: ■■ Ingerir glibenclamida 30min antes da primeira refeição do dia ■■ É importante garantir uma alimentação adequada após utilização da medicação (Continua)

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Nutrição Clínica no Dia a Dia

Tabela 5.1 Interação fármaco-nutriente relativo aos principais medicamentos utilizados na prática clínica (continuação) Hipoglicemiantes orais Fármaco Gliclazida MR

Efeito do fármaco sobre o alimento ou nutriente, ou vice-versa Alimentos afetam absorção do fármaco, mas pico plasmático da droga não é afetado Dieta: ■■ Ingerir gliclazida MR 30min antes da primeira refeição do dia ■■ É importante garantir uma alimentação adequada após utilização da medicação

Glimepirida

Alimentos afetam absorção do fármaco, mas pico plasmático da droga não é afetado Dieta: ■■ Ingerir glimepirida 30min antes da primeira refeição do dia ■■ É importante garantir uma alimentação adequada após utilização da medicação

Glipizida

Alimentos afetam absorção do fármaco, mas pico plasmático da droga não é afetado Dieta: ■■ Ingerir glipizidina 30min antes da primeira refeição do dia ■■ É importante garantir uma alimentação adequada após utilização da medicação

Metformina

Fármaco diminui a absorção de glicose (em pequena quantidade) Fármaco diminui neoglicogênese hepática rapidamente após absorvido Alimentos aumentam absorção do fármaco Dieta: ■■ Ingerir metformina durante as principais refeições. ■■ Goma guar diminui a absorção do fármaco. Consumi-la 6h após a ingestão da medicação

Nateglinida

Alimentos diminuem biodisponibilidade do fármaco Dieta: ■■ Ingerir nateglinida com estômago vazio, 1h antes ou 2h depois da refeição

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Interação Fármaco-Nutrientes

Doenças cardiovasculares/diuréticos Fármaco Amilorida

Efeito do fármaco sobre o alimento ou nutriente, ou vice-versa O cálcio presente na alimentação interage com o fármaco, reduzindo a absorção do mineral Alimentos aumentam biodisponibilidade do fármaco Dieta: ■■ Ingerir amilorida com alimentos não lácteos

Captopril

Alimentos diminuem absorção do fármaco. Captopril provoca retenção de potássio Dieta: ■■ Ingerir captopril com estômago vazio, 1h antes ou 2h depois da refeição, ou com alimentos pobres em fibras ■■ Pode ser necessária a diminuição do consumo de alimentos ricos em potássio ■■ Assegurar adequada ingestão hídrica (2 a 3L/dia)

Carvedilol

Nutrientes não afetam absorção Dieta: ■■ Pode ser tomado juntamente com uma refeição para diminuir o desconforto gastrintestinal e evitar queda de pressão ao se levantar ■■ Recomenda-se diminuição da ingestão de alimentos ricos em cálcio e sódio durante o uso do fármaco

Digoxina

As fibras presentes na alimentação interagem com a o fármaco, reduzindo sua absorção Dieta: ■■ Ingerir digoxina com estômago vazio, 1h antes ou 2h depois da refeição, ou com alimentos pobres em fibras ■■ Evitar a utilização com produtos a base de plantas (aloe e espinheiro), durante o uso do fármaco ■■ Suplementos de Mg, Ca, Fe e Zn, polivitamínicos contendo minerais ou antiácidos contendo Al e Mg podem diminuir absorção do fármaco: tomar separadamente, a um intervalo mínimo de 2h (Continua)

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Nutrição Clínica no Dia a Dia

Tabela 5.1 Interação fármaco-nutriente relativo aos principais medicamentos utilizados na prática clínica (continuação) Doenças cardiovasculares/diuréticos Fármaco Espironolactona

Efeito do fármaco sobre o alimento ou nutriente, ou vice-versa Fármaco provoca retenção de potássio Dieta: ■■ Pode ser tomada juntamente com uma refeição para diminuir desconforto GI ■■ Evitar tomar espironolactona com refrigerantes, bebidas cítricas, chás e café ■■ Pode ser necessária a diminuição do consumo de alimentos ricos em potássio

Furosemida

Fármaco provoca retenção de potássio Dieta: ■■ Pode ser tomado juntamente com uma refeição para diminuir desconforto gastrintestinal ■■ Evitar tomar furosemida com refrigerantes, bebidas cítricas, chás e café ■■ Pode ser necessária a diminuição do consumo de alimentos ricos em potássio

Hidroclortiazida

Alimentos diminuem biodisponibilidade do fármaco Dieta: ■■ Ingerir hidroclorotiazida com estômago vazio, 1h antes ou 2h depois da refeição

Nifedipino

Alimentos aumentam biodisponibilidade do fármaco Dieta: ■■ Ingerir nifedipino durante as principais refeições ■■ Evitar o consumo de gengibre, ginco, ginseng e alcaçuz, durante a utilização do fármaco

Propranolol

Alimentos proteicos aumentam biodisponibilidade do fármaco Dieta: ■■ Ingerir propranolol durante as principais refeições ■■ Evitar o consumo de alcaçuz, durante a utilização do fármaco

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Interação Fármaco-Nutrientes

Hipolipemiantes Fármaco Ácido nicotínico

Efeito do fármaco sobre o alimento ou nutriente, ou vice-versa Refeições hiperlipídicas diminuem biodisponibilidade do fármaco Dieta: ■■ Ingerir ácido nicotínico com alimentos pobres em gordura para aumentar biodisponibilidade e diminuir desconforto gastrintestinal ■■ Ingerir fenofibrato preferencialmente durante a última refeição do dia ■■ Não ingerir com líquidos quentes e comidas picantes: pode aumentar prurido

Atorvastatina

Nutrientes não afetam absorção: tomar sem considerar alimentação Dieta: ■■ Evitar o uso de erva-de-são-joão ■■ Toranja (grapefruit) diminui biodisponibilidade de atorvastina

Colestiramina

Refeições hiperlipídicas diminuem biodisponibilidade do fármaco Fármaco diminui absorção de cálcio, ferro, zinco, magnésio, betacaroteno, folato e vitaminas lipossolúveis Dieta: ■■ Ingerir colestiramina com estômago vazio, 1h antes ou 2h depois da refeição ■■ Durante utilização do fármaco, aumentar consumo de fibras ■■ Para uso prolongado, recomenda-se a suplementação de vitaminas lipossolúveis e folato ■■ Assegurar adequada ingestão hídrica (2 a 3L/dia)

Fenofibrato

Refeições hiperlipídicas diminuem biodisponibilidade do fármaco Dieta: ■■ Ingerir fenofibrato com alimentos pobres em gordura para aumentar biodisponibilidade e diminuir desconforto gastrintestinal ■■ Ingerir fenofibrato preferencialmente durante a última refeição do dia (Continua)

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N

utrição Clínica no Dia a Dia é um guia prático e útil que foi elaborado com o propósito de fornecer informação, de alta qualidade científica, baseada em evidências, relativa ao uso clínico da terapia nutricional na prática quotidiana. Este livro é composto por 14 capítulos que abordam em profundidade as etapas de triagem, avaliação e planejamento nutricional, e só então apresentam doenças e orientações nutricionais específicas; foi editado por reconhecidas especialistas em Nutrição Clínica, com larga experiência na área e em terapia nutricional, e notáveis pela atuação na Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral. O conteúdo é apresentado fundamentalmente em tabelas, que são apoiadas por textos concisos, com uso de cores diversas para facilitar o entendimento do leitor. Além disso, os capítulos baseiam-se em referências bibliográficas atualizadas. Este livro é certamente uma ferramenta que ajudará a melhorar a nutrição de muitas pessoas na prática clínica, seja no consultório, em hospitais ou no domicílio.

Área de interesse Nutrição Clínica

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