Ossos Sempre Saudáveis – Em Todas as Fases da Vida | Mário Gáspare Giordano by Editora Rubio

M a ri o Gá s p a r e G io r d a n o Ossos Sempre Saudáveis – Em Todas as Fases da Vida discorre sobre

Mario Gáspare Giordano

os diversos aspectos das doenças do esqueleto, tanto no que se refere

Professor Titular Emérito de Ginecologia da Escola de Medicina da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio).

ao diagnóstico quanto na abordagem terapêutica. Dá ênfase especial ao envelhecimento e à renovação do tecido ósseo, estendendo-se na explanação sobre rarefação óssea, osteopenia e osteoporose, muito mais incidentes na mulher – principalmente na pós-menopausa. Isso justiﬁca a

Membro Emérito da American Society of Reproductive Medicine (ASRM) e da New York Academy of Sciences.

maior frequência, é o primeiro a ter contato com as pacientes.

Presidente da Fundação de Apoio a Pesquisa, Ensino e Assistência da UniRio (FunRio).

como a prática de exercícios físicos e a alimentação saudável, e comenta

Doutor e Mestre em Ginecologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

cialidades médicas, que se deparam com pacientes sofrendo de afecções

Livre-Docente em Ginecologia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e pela UniRio.

participação essencial do ginecologista, por ser o especialista que, com

A obra aborda, ainda, os cuidados gerais para a manutenção da saúde óssea, os efeitos negativos do tabagismo e do consumo excessivo de bebidas alcoólicas. Desse modo, o livro é destinado aos proﬁssionais de várias espeósseas – os quais necessitam de orientação segura para melhorar suas condições de saúde física e mental.

Em Todas as Fases da Vida

Diretor-Técnico da Clínica Giordano Saúde da Mulher.

OSSOS SEMPRE SAUDÁVEIS

SOBRE O AUTOR

OSSOS SEMPRE SAUDÁVEIS E m To d a s a s Fa s e s d a V i d a M ar i o Gá s p are G io r da n o

Áreas de interesse Ginecologia Osteologia

OUTROS TÍTULOS DE INTERESSE Endocrinologia Ginecológica e Reprodutiva Mario Gáspare Giordano

Psiquiatria em Ginecologia e Obstetrícia – Da Adolescência ao Climatério J. Ramón R. A. Lopez Mario Gáspare Giordano

Saiba mais sobre estes e outros títulos em nosso site: www.rubio.com.br

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C o p y r i g h t ©2 0 1 5E d i t o r aR u b i oL t d a . Gi o r d a n o . Os s o sS e mp r eS a u d á v e i s–e mT o d a sa sF a s e sd aV i d a . Al g u ma sp á g i n a s , n ã os e q u e n c i a i s , ee mb a i x ar e s o l u ç ã o .

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A Editora e o autor deste livro não mediram esforços para assegurar dados corretos e informações precisas. Entretanto, por ser a Medicina uma ciência em permanente evolução, recomendamos aos nossos leitores recorrer à bula dos medicamentos e a outras fontes fidedignas, bem como avaliar cuidadosamente as recomendações contidas no livro em relação às condições clínicas de cada paciente.

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Professor Titular Emérito de Ginecologia da Escola de Medicina da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio). Diretor-Técnico da Clínica Giordano Saúde da Mulher. Membro Emérito da American Society of Reproductive Medicine (ASRM) e da New York Academy of Sciences. Presidente da Fundação de Apoio a Pesquisa, Ensino e Assistência da UniRio (FunRio). Doutor e Mestre em Ginecologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Livre-Docente em Ginecologia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e pela UniRio.

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Mário Gáspare Giordano

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Todos os direitos reservados. É expressamente proibida a reprodução desta obra, no todo ou em parte, sem autorização por escrito da Editora. Produção e Capa Equipe Rubio Fotos de Capa iStock.com / © gradyreese / © nico_blue Diagramação Elza Maria da Silveira Ramos

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ G421o Giordano, Mário Gáspare Ossos Sempre Saudáveis – em Todas as Fases da Vida / Mário Gáspare Giordano. – 1. ed. – Rio de Janeiro: Rubio, 2015. 128p.: il.; 25cm. Inclui bibliografia ISBN 978-85-8411-021-6 1. Ossos. 2. Saúde. 3. Osteoporose. I. Título. 14-18462

Editora Rubio Ltda. Av. Franklin Roosevelt, 194 s/l 204 – Castelo 20021-120 – Rio de Janeiro – RJ Telefax: 55(21) 2262-3779 • 2262-1783 E-mail: rubio@rubio.com.br www.rubio.com.br Impresso no Brasil Printed in Brazil

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CDD: 616.7 CDU: 616.7

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Esta publicação é dedicada às mulheres, mormente para as que ultrapassaram o marco da menopausa. Minha carreira acadêmica e médica tem sido direcionada ao atendimento e ao ensino da Ginecologia, visando sempre à saúde e ao bem-estar das mulheres, em todas as fases da vida. Espero que esta publicação seja útil para os leitores e ajude na manutenção da troficidade deste importante sistema de nosso organismo: o tecido ósseo.

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Dedicatória

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É impossível agradecer, devidamente, a todos os que me ajudaram na estrada da vida. Expresso meus agradecimentos, profundos, àqueles que me orientaram, desde a infância, passando pelos bancos escolares das escolas primárias e secundárias, além da universidade, até os dias hodiernos. Em especial, agradeço à minha família, meus pais, irmãos, minha esposa, Maria Augusta – companheira e arrimo nas lutas há mais de 44 anos – meus três filhos (todos ginecologistas como o pai), noras e seis netos. Agradeço à grande família Marista à qual pertenci e em que muito aprendi, e até hoje aprendo, não somente nas áreas de teologia, filosofia, pedagogia e matérias outras próprias à Congregação, mas, também, no cultivo do respeito a todos os semelhantes. Até hoje, os Antigos e Atuais Irmãos reúnem-se, anualmente, para proveitosos Encontros de Atualização nos vários campos do saber e da ascese. Agradeço aos inúmeros e grandes mestres médicos, funcionários administrativos, com quem tive a dita de conviver, não apenas em minha Universidade (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UniRio), mas em várias outras e que muito me ajudaram na condução da Disciplina de Ginecologia por vários anos. Incluo, também, as diversas agremiações científicas a que pertenço, no Brasil e no exterior. Por último, é dever agradecer a todos os numerosos alunos que receberam meus ensinamentos, em mais de 40 anos de atividade universitária. Acredito que sejam aproximadamente 6 mil profissionais, nas áreas de graduação e pós-graduação. Meu muito obrigado é destinado, ainda às anônimas pacientes que muito me ensinaram e com quem muito aprendi, com belíssimos testemunhos de vida nas adversidades, numerosas, no curso da vida.

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Agradecimentos

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Moveu-nos, à elaboração deste livro, o realce que deve ser dado à manutenção de importante sistema de nosso organismo: o sistema ósseo. Sabe-se que a partir dos 35 anos de idade tem início a perda óssea, progressiva, que se acentua nas mulheres após a menopausa. A manutenção de hábitos saudáveis e de alimentação equilibrada e a prática regular de exercícios físicos estão mais do que comprovadas como prolongando a saúde global de todos os tecidos de nosso organismo, incluído o tecido ósseo.* Assim, espero que, ao término da exposição, os leitores fiquem cientes, e convictos, da importância dos ossos para a saúde de todo o organismo. Pode parecer algo estranho que um ginecologista elabore algo voltado para uma área de atuação que, de modo habitual, não é sua “horta”, sua “seara”. Confesso que há alguns anos sentia-me algo estranho quando representantes da indústria farmacêutica procuravam-me para informar sobre lançamentos de vários fármacos, orientados para a recuperação da higidez óssea (saúde óssea). Pensava: estas indústrias não deveriam direcionar suas mensagens para outros especialistas, como ortopedistas, reumatologistas e outros? Hoje, com o passar dos anos, penitencio-me do equívoco. Em realidade, o ginecologista é o médico da mulher e o primeiro a ser procurado, em todas as faixas etárias, e, também, quando aparece mais rapidamente a rarefação óssea: após a menopausa. Esta rarefação é coincidente com o declínio hormonal que, lamentavelmente, afeta, além dos ossos, muitos outros setores do organismo feminino. Como dizem, os ginecologistas são os primeiros a serem procurados para sanar dúvidas sobre determinados sinais e sintomas. Estes especialistas estão em situação privilegiada não somente para diagnosticar, como também para prevenir e tratar as formas mais comuns da rarefação óssea, ou seja, osteopenia e osteoporose.

Deslandes A, Moraes H, Ferreira C, Veiga H, Silveira H, Mouta R, Pompeu FA, Coutinho ES, Laks J. Exercise and mental health: many reasons to move. Neuropsychobiology. 2009; 59(4):191-8.

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Apresentação

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No último capítulo, como é hábito em minhas publicações, mostro que a religiosidade e os ideais de vida sempre renovados ajudam na saúde global e, logicamente, na saúde dos ossos. A todos, uma boa leitura. Espero que se conscientizem da veracidade de tudo o que expus nesta publicação. O Autor

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Outros especialistas serão requisitados quando, diria, os fatos ultrapassarem os conhecimentos e experiências específicos.

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Chama a atenção a iniciativa do Professor Mário Gáspare Giordano em escrever o livro Ossos Sempre Saudáveis – em Todas as Fases da Vida, tanto pela relevância do tema quanto por seu alcance multidisciplinar. Aliás, a própria Organização Mundial da Saúde rotulou o espaço de tempo entre 2000 e 2010 como a “década dos ossos e articulações” (bone and joint decade). Trata-se de um período direcionado ao estudo das doenças ósseas e articulares; ao impacto na sociedade; e às medidas recomendadas para minorar-lhes as repercussões sobre todo o organismo. Assim, com linguagem concisa e clara e de agradável leitura, o Professor Giordano discorre, nos oito capítulos de seu livro, com muita propriedade, sobre os diversos aspectos das doenças do esqueleto, tanto no que se refere ao diagnóstico quanto na abordagem terapêutica. Dá ênfase especial ao envelhecimento e à renovação do tecido ósseo, estendendo-se na explanação sobre rarefação óssea, osteopenia e osteoporose, muito mais incidentes na mulher e na pós-menopausa. Isso justifica a participação especial do ginecologista, por ser o especialista que, com maior frequência, é o primeiro a ter contato com as pacientes. Faz, ainda, apologia dos cuidados gerais para a manutenção da saúde óssea, como a prática de exercícios físicos e a alimentação saudável, e comenta os efeitos negativos do tabagismo e do consumo excessivo de bebidas alcoólicas. Além disso, procura transmitir a importância de se ter ideais de vida sempre renovados e interesse em apreciar o belo do universo que nos circunda. Destaca, também, a importância da religiosidade para prolongar a sobrevida, a fim de aumentar a qualidade do bem-estar. Todos os capítulos têm lista de leituras suplementares, o que muito enriquece e ajuda a expandir o conhecimento adquirido na leitura do texto. Por isso, achamos que o livro do Professor Giordano é de grande valia para profissionais de várias especialidades, que se deparam com pacientes sofrendo de afecções ósseas e que necessitam de orientação segura para melhorar suas condições de saúde física e mental. Karlos Mesquita Professor Titular de Ortopedia e Traumatologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Membro Titular da Academia Nacional de Medicina.

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Prefácio

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µg

micrograma

ALT

alanina aminotransferase

AMP

adenosina monofosfato

AST

aspartato aminotransferase

ATP

adenosina trifosfato

BMP

proteína óssea morfogenética

CTX

telopeptídio C

DEXA

absorciometria por dupla emissão de raios X

DMO

densidade mineral óssea

DNA

ácido desoxirribonucleico

densitometria óssea

DOP

deoxipiridinolina

DXA

absorção dupla de raios X

FDA

Food and Drug Administration

FGF

fatores de crescimento fibroblásticos

FRAX

Fracture Risk Assessment Tool (questionário para cálculo de probabilidade de fratura futura)

HDL

lipoproteína de alta densidade

IGF-1

fator de crescimento semelhante a insulina tipo 1

IMC

índice de massa corporal

LDL

lipoproteína de baixa densidade

mililitro

óxido nítrico

NTX

telopeptídio N

OMS

Organização Mundial da Saúde

picogramas

PID

piridinolina

PTH

hormônio paratireoidiano

risco absoluto

risco relativo

SERM

modulador seletivo de receptor hormonal

TCQ

tomografia computadorizada quantitativa

TRH

terapia de reposição hormonal

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Lista de abreviaturas

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1 Formação e Desenvolvimento dos Ossos.......................................................1 2 Tumores Ósseos, Doenças Reumáticas e Inflamatórias..............................15 3 Envelhecimento e Renovação do Tecido Ósseo............................................29 4 Diagnóstico da Rarefação Óssea – Osteopenia e Osteoporose...................45 5 Alimentação Saudável e Exercício Físico....................................................61 6 Tratamento Medicamentoso e Cirúrgico da Rarefação Óssea.....................73 7 Hábitos Saudáveis......................................................................................93 8 Ideais de Vida. A Virtude de Apreciar a Beleza do Universo. A Religiosidade.........................................................................................105

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Sumário

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Formação e Desenvolvimento dos Ossos

Introdução Todos os seres vivos são oriundos de duas células germinativas primordiais provenientes dos ovários (os óvulos) e dos testículos (os espermatozoides) (Figura 1.1). Quando o espermatozoide penetra no citoplasma do óvulo, acontece a fusão das duas células (denominadas gametas), ambas com 23 cromossomos, reconstituindo o número de cromossomos da espécie humana: 46. Cada espécie tem número definido de cromossomos, com carga genética específica (Figura 1.2). De imediato, após a fusão, tem início a multiplicação celular (Figura 1.3). Inicialmente, a estas células em multiplicação dá-se o nome de blastômeros. À massa sólida de blastômeros, dá-se o nome de mórula (semelhante à amora). A contínua multiplicação celular dará origem aos diversos tecidos e órgãos do nosso organismo. É o milagre da vida, silencioso e presente em cada formação de um novo ser (Figura 1.4). Nenhum cientista poderá, jamais, sintetizar um blastômero, um zigoto, com todos os componentes, formando uma célula com vida. Quando muito, um ou outro elemento constituinte poderá ser substituído, corrigindo-se eventuais defeitos. Jamais poderá ser sintetizada uma célula viva em laboratório.

Diferenciação celular Em sequência à maravilhosa e harmônica multiplicação celular, surge, no embrião no estágio inicial de formação, a diferenciação celular. Fundamentalmente, aparecem três conjuntos celulares a que denominamos folhetos (camadas celulares distintas), os quais darão origem aos diversos tecidos e órgãos do corpo humano:

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CAPÍTULO

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1. Ectoderma (camada externa). 2. Endoderma (camada interna). 3. Mesoderma (camada intermediária).

Figura 1.1 União do espermatozoide com o óvulo reconstituindo uma célula humana com 46 cromossomos. Esta célula é dita totipotencial, pois tem a prerrogativa de originar todos os tecidos e órgãos que compõem o organismo humano Fonte: iStock.com / © Jezperklauzen.

CARIOGRAMA

Figura 1.2 Mapeamento dos cromossomos humanos

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Figura 1.3 Multiplicação da célula humana embrionária primitiva que dará origem ao embrião. Neste estágio, o conjunto é denominado mórula

Figura 1.4 Embrião humano em estágio inicial Fonte: iStock.com / © selvanegra.

Do ectoderma, derivam pele e anexos (glândulas sudoríparas e pelos), mamas, órgãos dos sentidos (olhos e ouvidos, entre outros). Como ginecologistas, não nos furtamos à lembrança de que as mamas têm origem comum à formação da pele. Todas as substâncias que se mostrarem úteis e benéficas para os epitélios serão, portanto, benéficas para as mamas (p. ex., o ácido retinoico e a vitamina A).

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Por quê? Escasseiam as células de reserva (seriam homólogas às células-tronco presentes nos diversos tecidos). Daí o envelhecimento de todos os nossos tecidos e órgãos. Na mulher, na pós-menopausa, acentua-se a perda óssea acompanhando a queda dos estrogênios circulantes que participam da manutenção de osso hígido. Mais um benefício da terapia de reposição hormonal na transição menopáusica, sobretudo para as mulheres com sintomas marcantes de depleção hormonal nesta fase da existência, ou seja, após a menopausa. Se a perda óssea for muito intensa, poderá manifestar-se a osteoporose, que é definida como acentuada desmineralização óssea, devido à ação marcante dos osteoclastos. Trataremos do tema no Capítulo 3, Envelhecimento e Renovação do Tecido Ósseo. Existem, hoje, numerosos fármacos que inibem a ação dos osteoclastos, mitigando a ação destruidora destas células sobre a matriz óssea. Na extremidade dos ossos longos (p. ex., fêmur), as células multiplicam-se ativamente, formando zona de crescimento ósseo em cada polo oposto à cavidade medular e central dos ossos (diáfise). Nessas extremidades (epífises), forma-se osso esponjoso. Na infância, entre os centros de ossificação diafisária (parte central) e epifisária (extremidades), surge uma cartilagem denominada cartilagem de conjugação; quando os ossos alcançam o tamanho definitivo, essas cartilagens desaparecem, com fusão das duas partes ósseas: central e periférica (Figura 1.5).

Anatomia óssea Não é nosso objetivo explicitar conceitos específicos sobre a anatomia óssea humana. Forneceremos visão global sobre os diversos ossos que integram o esqueleto da espécie humana. É consensual admitir-se que no corpo humano existam cerca de 206 ossos. Fundamentalmente, o esqueleto é subdividido em esqueletos axial e apendicular. Epífise

Figura 1.5 Osso adulto em que houve fusão da parte central: diáfise (parte central) com a epífise (parte periférica) com desaparecimento da cartilagem de conjugação Fonte: iStock.com / © Terriana.

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Diáfise

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Esqueleto

axial: é composto pelos ossos da cabeça, do pescoço

e do tronco. Esqueleto

apendicular: é composto pelos diversos ossos dos

braços e das pernas. O esqueleto apendicular une-se ao esqueleto axial, na parte superior (braços), por intermédio de estrutura denominada cintura escapular. Na parte inferior (pernas), por intermédio da estrutura denominada cintura pélvica. Na mulher, a cintura pélvica é mais larga, o que confere o aspecto peculiar próprio da mulher com a chamada bacia mais proeminente tanto no sentido transversal quanto no sentido anteroposterior. Em verdade, essa configuração está relacionada com os maiores diâmetros da bacia feminina, facultando a migração da cabeça fetal (no ato da parturição) por meio do chamado desfiladeiro pélvico. Em contrapartida, a cintura escapular é menor em confronto com a cintura escapular do homem. Estas mudanças foram plasmadas ao longo dos séculos. Os homens, mais direcionados às tarefas que exigem esforço físico, tiveram ampliados os diâmetros da cintura escapular. Isso confere ao biótipo feminino o chamado aspecto de “pera” (com maior exuberância da cintura pélvica). Contudo, nos dias atuais, de árdua competição para superação de marcas olímpicas e ampla participação feminina em eventos esportivos, algumas mulheres têm a cintura escapular assemelhada à dos homens.

Tipos de ossos Como visto anteriormente, os ossos são ditos compactos e esponjosos. Tal subdivisão está relacionada com a quantidade de substância sólida (mineralizada) e a quantidade dos espaços (lacunas) existentes. Todos os ossos têm maior ou menor lâmina superficial de osso compacto (substância cortical) envolvendo massa central de osso esponjoso (ou cavidade medular). Nos ossos longos, planejados para maior rigidez e resistência, além de inserção de músculos e ligamentos (p. ex., ossos das pernas e braços), a quantidade de osso compacto é máxima (Figura 1.6). Os diversos ossos adquirem consistência e formatos diversos, de acordo com as funções a que são destinados. As costelas são ossos longos, achatados e encurvados, destinados à proteção da caixa torácica; não têm canal central.

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Envelhecimento e Renovação do Tecido Ósseo

Introdução Os diversos tecidos de nosso organismo apresentam características próprias e recebem influências de muitos agentes, todos importantes para a manutenção de vitalidade e renovação constantes. Assim, neste capítulo, exporemos, resumidamente, os principais elementos constituintes do tecido ósseo e os fatores mais relevantes que coadjuvam na manutenção e na renovação desse importante componente de nosso organismo.

Minerais, hormônios e outros elementos São múltiplas as substâncias que agem em sintonia para promover estabilidade e renovação dos ossos. Cita-se os três minerais mais relacionados com estas funções: 1. Cálcio. 2. Fósforo. 3. Magnésio.

Cálcio O cálcio é um dos minerais mais importantes, não somente para o metabolismo ósseo, mas também para muitos outros órgãos e tecidos. Diremos, globalmente, que mais de 90% do cálcio presente em nosso organismo estão armazenados nos ossos. Se, por qualquer interferência, houver queda nos níveis circulantes sanguíneos do cálcio, este mineral será mobilizado dos ossos, para suprir as deficiências em outros órgãos e sistemas.

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O intestino delgado é o local mais importante de absorção do cálcio. Cerca de 10% do cálcio ingerido pelos alimentos são “absorvidos passivamente”. O restante da absorção depende da ação dos metabólitos da vitamina D e, de modo especial, da 1-alfa,25(OH)2D. Com dieta adequada, cerca de 30% do cálcio são absorvidos. Com dieta pobre em cálcio, a 1-alfa,25(OH)2D pode elevar a absorção do cálcio para até 90%. A suplementação de vitamina D e a ingestão de alimentos ricos nesta vitamina e de alimentos ricos em cálcio são importantes para manutenção de níveis circulantes adequados de cálcio, mantendo-se a rigidez óssea.

Ações do cálcio Como visto, o tecido ósseo é o “reservatório” mais importante de cálcio no organismo. A matriz óssea extracelular é constituída de múltiplos cristais amorfos, sendo os mais presentes os cristais de hidroxiapatita [Ca5(PO4)3(OH)]. Verifica-se pela fórmula apresentada, que não somente o cálcio, mas também o fósforo, é elemento que contribui para a higidez dos ossos e dos dentes. Além da importância para os ossos, o cálcio é o mineral que fica armazenado no interior das células, sendo cofator para a contratilidade muscular e das paredes vasculares. Em Farmacologia, são usadas substâncias ditas bloqueadoras dos canais de cálcio. Essas substâncias inibem a ação do cálcio, dificultando, também, a contratilidade muscular e vascular. São usadas como substâncias anti-hipertensivas e vasodilatadoras (como o nifedipino, o anlodipino e o verapamil, entre outras). No miocárdio, essas substâncias, além de desempenharem ação vasodilatadora, reduzem a atividade da fibra miocárdica e o consumo de oxigênio. Essas ações, somadas, são todas benéficas para o coração.

Substâncias que interferem nos depósitos de cálcio do organismo e nos níveis circulatórios deste mineral Na parte anterior do pescoço, existe uma glândula denominada tireoide que segrega um hormônio denominado hormônio tireoidiano. Esse hormônio é muito importante para o equilíbrio de todo o nosso organismo, pois ele preside as trocas metabólicas celulares de todos os nossos tecidos (Figura 3.1).

Hormônio paratireoidiano Na parte posterior da glândula tireoide, estão presentes, habitualmente, dois pares de glândulas denominadas paratireoides. Essas

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Laringe

Tireoide

Traqueia

glândulas segregam um hormônio denominado paratormônio ou hormônio paratireoidiano (PTH, do inglês parathyroid hormone) que é muito importante para a manutenção adequada do nível sanguíneo circulante de cálcio (calcemia). Se houver queda da calcemia, haverá elevação do PTH. Se não houver ingestão ou absorção adequada de cálcio, o PTH irá sequestrar as reservas de cálcio dos ossos, ocasionando como consequência desmineralização progressiva dos ossos, com aparecimento de osteopenia e osteoporose. O hiperparatireoidismo é consequência, habitualmente, do tumor das glândulas paratireoides, os adenomas, ou do funcionamento excessivo dessas glândulas devido a hiperplasias com hiperfunção delas. Raramente o hiperparatireoidismo é devido a tumores malignos dessas glândulas. O diagnóstico é feito pela dosagem do cálcio circulante, sempre elevado, e pelo aumento na circulação do hormônio paratireoidiano. Os sinais e sintomas associados são fraqueza muscular, fadiga, perda de peso e constipação intestinal, entre outros não clássicos. O ginecologista, quando for o primeiro profissional a atender estas pacientes, deverá estar atento para o diagnóstico, nem sempre fácil. Em presença de tumor ou hiperplasias, a cirurgia estará indicada. Nos outros casos, a equipe multidisciplinar orientará o acompanhamento terapêutico.

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Figura 3.1 Glândula tireoide localizada na parte anterior do pescoço, logo à frente da traqueia e próximo à laringe

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Ideais de Vida. A Virtude de Apreciar a Beleza do Universo. A Religiosidade

Introdução Neste capítulo, serão analisados a influência favorável no cultivo de ideais de vida, de benemerência, de religiosidade sobre todo nosso organismo e, logicamente, sobre o tecido ósseo.

Ideais sempre renovados Diariamente, pela manhã, temos o hábito de planejar como serão executadas as diversas tarefas, naquele período de tempo. De modo semelhante, programamos as tarefas e obrigações a serem executadas na semana, no mês, no ano, ou até em período maior. Isto é planejar o desempenho das diversas atribuições. Poderíamos dizer que seria formulação de ideais? Não. Em absoluto. O que seria, então, um ideal? Para o poeta francês Alfred Vigny (1797-1863), “é uma ideia juvenil realizada no vigor dos anos”. Ideal é uma representação clara do futuro, ideia luminosa da meta a ser alcançada e os meios escolhidos para a obtenção; uma visão superior que determina a maneira de viver, organiza o procedimento, canaliza o ardor para o bem, e a cada dia renova as energias para o prosseguimento na caminhada, rumo à meta vislumbrada. Não é permitido a um ser racional viver sem um objetivo maior, sem jamais se questionar sobre qual missão lhe é destinada. Nada mais funesto do que a indiferença neste quesito. Vida sem ideal é vida falha. O notável químico e biólogo francês Louis Pasteur (1822-1895; apud Riboulet, 1960) proferiu, de certa feita, estas palavras magníficas:

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A grandeza das ações humanas é mensurada pela inspiração que lhes deu origem. Feliz aquele que traz em si um Deus interior, um ideal de beleza e lhe obedece: ideal de arte, ideal de ciência, ideal de serviço à pátria, ideal de embevecimento com as maravilhas contidas no Evangelho! São estes os impulsos para as ações heroicas e sublimes. Todas são penetradas de reflexos do infinito.

Em meio às vicissitudes e desencontros do dia a dia, é possível que fique embotada a visão do ideal que vislumbramos e que procuramos alcançar. Cumpre, então, o redirecionamento dos esforços, para que não haja desânimo. As dificuldades eventuais poderão retardar a trajetória, porém jamais deter a caminhada. Repetimos citação de autor desconhecido, que bem elucida o que foi exposto anteriormente: “não é desgraça não realizar o ideal, mas é catastrófico não ter ideal para realizar. Não é desgraça não alcançar as estrelas, mas é catastrófico não vislumbrar estrelas para alcançar. Não é pecado falhar, mas é imperdoável não lutar pelo ideal.” Antonio José Lima Sobrinho (1897-2000), advogado, escritor, historiador, jornalista e político, assim se expressou: “a beleza da vida reside na luta, incessante, para a conquista de ideais. Esta luta já é recompensa, não importando os resultados.” A conquista de ideais nobres não é tarefa fácil. Conforme observado, as vicissitudes diárias, com frequência, alentecem o ânimo. Impõe-se a contínua renovação do ímpeto, rumo ao fim colimado. Citamos alguns testemunhos ilustres (Riboulet, 1960): “Quem

não cometeu erros nunca realizou coisa alguma” (Franklin Delano Roosevelt, 1882-1945, 32o presidente do EUA).

eminente Martin Luther King, pastor protestante americano, ativista político e líder na luta pela igualdade dos direitos para todos os cidadãos de seu país: “É melhor tentar e falhar do que preocupar-se e ver a vida passar. É melhor tentar, mesmo que em vão, que se sentar e nada fazer até o fim.”

grande estadista inglês Winston Leonard Spencer Churchill (1874-1965): “Pense sempre grande; nada substitui o trabalho árduo; nunca deixe que crises e desastres o abatam; não desperdice energia com mesquinhez; não permita que o ódio o domine, anulando o esforço e a alegria de viver.”

mesmo político e chanceler, ao ser instado a ocupar o posto de primeiro-ministro inglês, por ocasião da difícil situação do país, durante a Segunda Guerra Mundial: “Nada prometo a não ser sangue, suor e lágrimas.”

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106 | Ossos Sempre Saudáveis – em Todas as Fases da Vida

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A grande virtude de encantar-se e apreciar o belo A vida atarefada, com multiplicidade de incumbências, a obrigação de marcar presença em inúmeros eventos e obrigações sociais nos consomem por inteiro o precioso tempo, restando-nos pouco tempo para nosso recolhimento, para a meditação e a capacidade de apreciarmos o belo que nos circunda. Agradecermos e amarmos as pessoas que nos cercam, sobretudo os familiares e amigos íntimos. Cultivarmos a sensibilidade de nos comovermos com as artes, as belas esculturas e pinturas, as magníficas peças sinfônicas, as belas óperas. Por falarmos em música, é a única arte que, com certeza, nos acompanhará após a morte. É só verificarmos, nos textos bíblicos, que existem numerosas alusões a “coros de anjos”, “melodias sublimes” e “soar de trombetas”, que nos mostram a eternidade desta arte. Para que cultivemos esta sensibilidade, incumbe que concentremos nosso pensamento em todas estas maravilhas que nos circundam. Como referiu Albert Einstein (1879-1955), o famoso físico alemão, idealizador da Teoria da Relatividade, um marco para a Física moderna: “Tenho dificuldade de vencer minha atração por uma vida de retiro e tranquilidade.” David J. Kramer, estadista americano, secretário de Estado dos Direitos Humanos e do Trabalho, disse também: Sinta prazer nas pequenas coisas; arranje tempo para apreciar um belo pôr do sol; o florescer e a beleza de uma flor; as modificações da natureza por ocasião das mudanças das estações do ano; o sorriso de uma criança.

Para adquirir esta sensibilidade de comoção com o belo que nos cerca, impõe-se possuir virtudes básicas, como a humildade e a modéstia. O indivíduo orgulhoso, ensimesmado, é incapaz de apreciar as qualidades de pessoas e objetos que o circundam. Como disse Louis Riboulet, pedagogo e autor do livro Rumo à cultura, “a modéstia é o caráter inseparável do verdadeiro conhecimento, da mesma forma que a autossuficiência e a pretensão formam o cunho especial da ignorância e da meia cultura” (Riboulet, 1960). O grande músico francês Charles Gounod (1818-1893), referindo-se a outro grande músico, Joannes Chrysostomus Wolfgang Theophilus Mozart (1756-1791), afirmou: “Eu dizia antigamente eu só. Mais tarde: eu e Mozart. Hoje, digo: Mozart.” Lógico que os dois compositores são magníficos. Contudo, a modéstia fez Gounod “acordar” para apreciar o talento de seu antecessor. Nos últimos dias

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Ideais de Vida. A Virtude de Apreciar a Beleza do Universo. A Religiosidade | 107