Nutrição Experimental

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Autora TEREZA IBRAHIM Doutora em Ciências pelo Instituto de Bioquímica Médica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Mestre em Química Biológica pelo Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ. Graduada em Nutrição pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Consultora Técnica do Conselho Regional de Nutricionistas – 4a Região (CRN-4). Pesquisadora convidada do Núcleo de Pesquisa de Produtos Naturais pela UFRJ.

Colaboradora JANAÍNA REIS XAVIER SENNA Mestre em Engenharia Elétrica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Graduada em Estatística pela Escola Nacional de Ciências Estatísticas (Ence), RJ. Professora de Bioestatística pela Pós-Graduação em Nutrição Esportiva da Universidade Estácio de Sá, RJ. Consultora da Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz), RJ.


Nutrição Experimental Copyright © 2012 Editora Rubio Ltda. ISBN 978-85-7771-092-8 Todos os direitos reservados. É expressamente proibida a reprodução desta obra, no todo ou em partes, sem a autorização por escrito da Editora.

Produção Equipe Rubio Capa Leonardo Queiroz Editoração Eletrônica Elza Maria da Silveira Ramos

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Ibrahim, Tereza Nutrição experimental / Tereza Ibrahim; colaboradora Janaína Reis Xavier Senna. -- Rio de Janeiro: Editora Rubio, 2012.   Bibliografia.   ISBN 978-85-7771-092-8   1. Alimentos - Análise - Laboratórios. 2. Alimentos - Composição Laboratórios. 3. Bioquímica 4. Nutrição - Experiências I. Senna, Janaína Reis Xavier. II. Título. 11-08585

CDD-613.2 NLM-QT 235 Índices para catálogo sistemático: 1. Nutrição experimental  613.2

Editora Rubio Ltda. Av. Franklin Roosevelt, 194 s/l 204 – Castelo 20021-120 – Rio de Janeiro – RJ Telefax: 55(21) 2262-3779 • 2262-1783 E-mail: rubio@rubio.com.br www.rubio.com.br

Impresso no Brasil Printed in Brazil


“A natureza nos mostra apenas a cauda do leão. Mas não tenho dúvidas de que o leão pertence a ela, embora não possa se revelar de uma vez só, devido a seu enorme tamanho.” “A mente que se abre a uma nova ideia jamais volta ao seu tamanho original.” Albert Einstein



Dedicatória

A Vivian Rumjaneck, minha madrinha científica, sempre ao meu lado na incrível missão de revelar o desconhecido. A Ana Beatriz Edler, por me mostrar cores que nunca conseguiria ver sozinha; por sua técnica e solidariedade; por inserir em mim a vontade de descobrir um novo mundo, inspirado em instintos há tantos anos adormecidos. A João Ricardo Vicente, sempre atento às minhas necessidades vitais, pelo afeto constante e amor incondicional, além dos sorrisos orgulhosos a cada conquista.



Agradecimentos

Ao amigo Luciano Teles, pelas sugestões para o segundo capítulo desta obra. Ao Professor Gilson Teles Boaventura, pela disponibilidade. Ao Editor Fabio Rubio, por acreditar nos objetivos deste livro, e à sua extraordinária equipe. Ao meu irmão Dô, por tudo, tudo e tudo.



Apresentação da autora

É momento de revisar, com maior atenção, o que já se fez e o que está se fazendo para buscar elos possíveis com o que se poderá fazer. Minha determinação era conhecida por todos da família. Desde os 3 anos de idade, decidi ser bailarina. Por esse motivo, quando pequena, ganhei o livro Ou isto ou aquilo, de Cecília Meireles, no qual consta o poema Bailarina, de estrofe inesquecível: “Esta menina/tão pequenina/ quer ser bailarina/Não conhece nem dó nem ré/mas sabe ficar na ponta do pé”. Quando terminei o Ensino Médio, decidi me dedicar à carreira de bailarina clássica; fui a Londres em busca de aperfeiçoamento técnico e, durante meu período na cidade, li alguns livros que me fizeram mudar a alimentação, com o objetivo de melhorar meu condicionamento físico. Passei a utilizar mais cereais integrais, frutas e legumes nas refeições. Após poucos meses, notei minha metamorfose interna. As dores musculares, frequentes em bailarinos, não me incomodavam tanto, enquanto minha resistência e explosão muscular aumentavam. Embora gostasse da plateia, esse novo interesse me levou a questionar se não seria possível trabalhar para outro tipo de público. Foi dessa maneira que, após quatro anos, retornei ao Brasil para graduar-me em Nutrição, com a finalidade de compartilhar meus conhecimentos com a sociedade. Teria sido, realmente, naquele momento de vida que me senti instigada por este objetivo?


Quando cheguei ao país, amigos bailarinos me convenceram a fazer audição para o Corpo de Baile do Teatro Municipal de Niterói (minha cidade natal). Ao ser aprovada como primeira bailarina, adiei por dois anos meu ingresso na Educação Superior para trabalhar com grandes nomes do meio artístico. Quando finalmente comecei a faculdade, estava convicta de que seria no mundo da Nutrição que me sentiria realizada. No último período, durante o estágio no Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe), veio a certeza de que, de fato, gostava de pesquisar. Queria saber cada vez mais sobre as doenças de meus pacientes para ajudá-los de modo mais apropriado. Na mesma época, assisti a um documentário sobre uma doença inflamatória crônica chamada artrite reumatoide, que destrói cartilagens e ossos, deixando as articulações das vítimas deformadas. Terminei o bacharelado e dediquei-me ao complexo estudo da artrite. Em paralelo, obtinha informações sobre linhas de pesquisas de diferentes laboratórios científicos. Cheguei, assim, ao Instituto de Bioquímica Médica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). No laboratório de Imunofarmacologia Celular, solicitei iniciar uma pesquisa sobre a doença em camundongos. Com a mesma determinação da infância, decidi adaptar um modelo de artrite induzida por zimosan, um composto extraído de leveduras formado principalmente por polissacarídeos. Desenvolvi, em contrapartida, uma dieta que pudesse bloquear a progressão da doença. Após defender meu Doutorado em Ciências, dediquei-me à instigante tarefa de ministrar aulas para alunos de graduação e de pós-graduação. Constatei que faltava a indispensável fusão da Ciência com a Nutrição, necessária para o aperfeiçoamento da carreira de nutricionista. Foi nessa fase da vida que resolvi inverter o que havia desejado logo no início, quando comecei a faculdade. Dessa vez, estava convicta de que me sentiria realizada revelando os potenciais da Nutrição para o mundo. Encerro este breve relato com o perene sentimento de ir além, de construir com o outro. Acredito que tenha sido desenvolvido em mim o desejo de apostar sempre na colaboração, a partir de uma dádiva que me foi concedida: ser bailarina. Retribuo à vida divulgando conhecimentos que possam valorizar o ser humano e mitigar seu sofrimento. Tereza Ibrahim


Prefácio 1

Nutrição Experimental, de autoria de Tereza Ibrahim e com colaboração de Janaína Reis Xavier Senna, destaca-se de imediato como uma obra com profunda preocupação experimental, na medida em que consegue a proeza de reunir duas profissionais da área que atuam em pontos diferentes da investigação científica. A partir dessa constatação já se estabelece uma perspectiva, confirmada nos primeiros capítulos, de uma obra de excepcional valor. No entanto, as particularidades não param por aí. Já na apresentação Tereza Ibrahim descreve sua gradual e conspícua aproximação da área de Nutrição, pautada em uma capacidade de observação e sensibilidade característica dos artistas e curiosamente também presentes nos que fazem da Ciência, em seu sentido mais amplo, seu ofício. O livro em si consegue transpor um desafio absolutamente instigante: reunir com um surpreendente embasamento histórico-científico desde a trajetória do Homem moderno em nosso planeta e sua relação com o ambiente, até o desenvolvimento das estratégias de política em Ciência e Tecnologia. Isso tudo se reflete em alguns pontos, como as ressalvas da contribuição da religião, do espiritualismo e dos direitos humanos, da trajetória de nossa espécie e sua relação com a evolução tecnológica. Mais do que isso, Nutrição Experimental pode ainda ser considerada uma obra para estar ali em cima da bancada ou no ponto de partida de treinamento dos jovens estudantes em um laboratório de pesquisa. Em vários pontos


do livro vemos a discussão de conceitos básicos de Biologia Celular e Bioquímica, além da apresentação de linhas de pesquisa variadas que envolvem diversos aspectos da Nutrição moderna. O trabalho das autoras rompe um paradigma antigo na área, o de que a Nutrição como atividade-fim deve se restringir a protocolos terapêuticos ou clínicos. Nesse aspecto a abordagem estatística é atraente o suficiente ao cumprir um papel instrumentador do leitor. O livro, aliás, tem na íntegra uma natureza curiosamente inclusiva que desperta o interesse a arrasta o profissional de qualquer área. Esse sucesso me parece ser causado pela magnífica integração dos temas mencionados, finalizando com um comprometimento irrevogável de tornar a Nutrição uma ciência de investigação legítima em nosso país. Mário Alberto Cardoso Neto, PhD. Diretor do Instituto de Bioquímica Médica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).


Prefácio 2

A Nutrição, uma ciência abrangente e complexa que interfere em todas as etapas da vida, está presente desde a existência do primeiro ser vivo e pode ser considerada como a própria VIDA. A edição do livro Nutrição Experimental estava sendo aguardada há muito tempo entre os profissionais dessa área e vem preencher significativo espaço na literatura científica nacional. A obra é organizada em nove capítulos, divididos em três partes, que nos proporcionam uma visão aprofundada e uma exposição agradável dos aspectos básicos do assunto. Pelo fato de conhecer a professora Doutora Tereza Cristina Viana Ibrahim, eu não poderia esperar outro produto de seu trabalho senão este que se apresenta. Parabéns para a autora, pela iniciativa, e para Janaína, pela colaboração, por concretizarem esta obra que auxiliará no exercício profissional de todos os interessados em Nutrição Experimental. Nelzir Trindade Reis Nutricionista/Médica; Livre-Docente em Nutrição Clínica pela Universidade Gama Filho (UGF); Profª Titular de Nutrição Clínica (aposentada) da Universidade Federal Fluminense (UFF), Professora Adjunta de Nutrição Clínica da Universidade Veiga de Almeida (UVA); Acadêmica Titular da Academia Brasileira de Administração Hospitalar.



Sumário

PRÓLOGO

Poeira, elementos e vida ...........................................XIX XV PARTE I A epistemologia e o âmbito experimental

CAPÍTULO 1

Grandes nomes e histórias marcantes ...................... 3

CAPÍTULO 2

Do conhecimento mítico ao científico ...................... 19 PARTE II A pesquisa

CAPÍTULO 3

Conhecimento básico sobre pesquisa ...................... 31

CAPÍTULO 4

O desafio da linguagem técnica ................................ 43 PARTE III Conceitos em nutrição experimental

CAPÍTULO 5

Bioestatística ............................................................... 53

CAPÍTULO 6

Bioética ........................................................................ 73

CAPÍTULO 7

Biotério e animais de experimentação .................... 81


CAPÍTULO 8

Efeito da tecnologia na evolução científica................ 93

CAPÍTULO 9

Exemplos de diferentes linhas de pesquisa ................................................................... 105

EPÍLOGO

Fome, alimento e nutrição ....................................... 123

ANEXO

Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos ..................................................... 127 Índice Remissivo ....................................................... 141


Prólogo

Poeira, eLeMenTos e Vida A vida é reconhecida com base em unidades morfológicas denominadas células, classificadas em dois grupos principais cujos termos derivam do grego: procariotos [proto- (primitivo)] e eucariotos [eu (bom ou verdadeiro) + karion (grão ou noz)]. Embora se estime que representem metade da biomassa da Terra, os procariotos são unicelulares, de tamanho equivalente a 1 a 10µm, e têm uma estrutura simples, sendo representados pelas bactérias. Já as células eucarióticas, com cerca de 10 a 100µm de tamanho, são muito mais complexas. Ambas são envoltas pela membrana plasmática, porém as células da maioria das espécies procarióticas também estão envolvidas por uma parede celular polissacarídica rígida. Como as células eucarióticas são muito maiores, nota-se uma relação superfície-volume bem menor quando comparadas às procarióticas. Essa restrição geométrica racionaliza a quantidade de membranas intracelulares das diversas organelas no seu interior, mas não impede as projeções e/ou invaginações das membranas plasmáticas para obtenção de partículas de alimento. Uma hipótese chama a atenção em relação a uma estrutura intracelular denominada mitocôndria. Essas são semelhantes às bactérias em diversos aspectos: tamanho, forma e presença de ácido desoxirribonucleico (DNA), ácido ribonucleico (RNA) e ribossomos em sua matriz,


que participam da síntese de vários componentes mitocondriais. Elas se reproduzem por fissão binária, e os processos respiratórios, por elas mediados, são muito semelhantes com aqueles das bactérias aeróbicas que também contêm os componentes supracitados para se reproduzirem. Essas observações induziram à hipótese, aceita mundialmente, de que as mitocôndrias evoluíram a partir de bactérias aeróbicas Gram-negativas, as quais formaram uma relação simbiótica com um eucarioto anaeróbico primitivo. Essa informação é muito importante, já que, sem a presença da mitocôndria, cujas funções incluem gerar uma das principais moléculas energéticas, o trifosfato de adenosina (ATP, do inglês adenosine triphosphate), nosso organismo não seria como o entendemos hoje. A distinção entre o que está vivo ou não, na forma como conhecemos, é fácil de ser estabelecida. Os seres vivos apresentam características em comum, entre elas a capacidade de extrair energia dos nutrientes para a realização de funções distintas, respostas rápidas a mudança ambiental e capacidade de crescer e reproduzir-se. Além disso, em geral possuem diferentes tipos de macromoléculas construídas de forma modular, por unidades monoméricas, que ocupam um nível simples em nossa hierarquia estrutural. Essas macromoléculas são: Proteínas: polímeros de aminoácidos. Todas as proteínas são sintetizadas a partir de 20 aminoácidos, que podem ser repetidos inúmeras vezes. Entre os aminoácidos encontram-se: glicina, metionina, triptofano, valina, leucina e alanina. Isso significa, portanto, que uma proteína pode ter a seguinte sequência: glicina-metionina-triptofano-valinaglicina-leucina-metionina-alanina-triptofano. Pode-se observar que de seis aminoácidos inicialmente citados já se forma uma sequência com nove. Dessa forma, as proteínas podem ter grande e variado número de aminoácidos. Ácidos nucleicos: formados a partir de oito tipos de nucleotídeos, entre eles adenina, timina e guanina. Polissacarídeos: polímeros de monossacarídeos, tais como a glicose e a galactose. A quarta classe principal de moléculas biológicas corresponde aos lipídios, os quais, porém, são considerados muito pequenos para serem inseridos na classe de macromoléculas. Não há como determinar com exatidão o enigma que envolve o surgimento da vida. Entretanto, por meio de estudos bioquímicos e genéticos,


pode-se considerar, como alternativa, que a vida surgiu somente uma vez. Se couber a especulação acerca da possibilidade de vida anterior à existência desta, uma hipótese de resposta seria: as formas anteriores devem ter sido extintas com rapidez, em virtude de terem servido de alimento para as formas atuais. A teoria mais aceita até o momento indica que: 1. Moléculas geologicamente simples uniram-se para formação de polímeros complexos. 2. Com a auto-organização desses polímeros, ocorreu a transição de moléculas inanimadas para o sistema vivo. 3. Evolução biológica para formar a rede complexa da vida atual. Insere-se aqui o exemplo do carbono, que tem a capacidade de formar um número infinito de compostos, por causa da capacidade de fazer quatro ligações covalentes estáveis de tamanho ilimitado. Ressalte-se também que cerca de 90% dos mais de 17 milhões de compostos químicos contêm carbono. Há quem especule que o início da vida ocorreu a partir da união de moléculas simples, ao acaso. Segundo os bioquímicos Voet & Voet, a probabilidade de que isso ocorra é a mesma da possibilidade da “montagem de um avião a jato após um tornado passando por um depósito de lixo”.1 Parece improvável que se possa ter certeza sobre como a vida surgiu. Plausível seria a hipótese da evolução dos sistemas autorreplicativos, que consistiam somente em RNA – o chamado mundo do RNA. Por essa teoria, os sistemas básicos replicativos atuais desenvolveram-se muito cedo na história da vida. Os organismos multicelulares podem ser considerados uma inovação evolutiva recente que, de acordo com registros fósseis, surgiu há aproximadamente 700 milhões de anos.

Considerações finais Este prólogo é uma homenagem a dois renomados bioquímicos: Donald Voet e Judith Voet, que nos presentearam com um mundo de informações. Por isso, a referência é única.

Referência   1. Voet D, Voet J. Bioquímica. 3. ed. Porto Alegre: Artmed; 2006. p. 3-33.



PARTE I

A epistemologia e o 창mbito experimental



CAPÍTULO 1

Grandes nomes e histórias marcantes

HoMEM, ignorânCia E soCiEDaDE A espécie humana existe há cerca de 200 mil anos, sendo denominada Homo sapiens. Antes do surgimento de sociedades, a alimentação já era marcante na vida dos homens. Por viverem em grupos nômades, em virtude das condições ambientais, eram facilmente vítimas de animais, fome, briga com outros indivíduos ou envenenamento por alimento. Naquela época, os fracos e doentes eram deixados para trás e nada entendiam sobre a própria existência. O mundo era um grande mistério. A partir dos primeiros agrupamentos humanos e da necessidade de permanência em território para obter alimento, por meio da agricultura, o homem também passou a criar animais e, como consequência, a ter maior contato com micro-organismos patogênicos para o ser humano. A morte deixou de ser uma ocorrência isolada e tornou-se um fenômeno coletivo. Assim sendo, em vez de os doentes serem deixados para trás, eram tratados com ferocidade em razão da brutalidade humana. Embora muitas vezes tivessem que sair do grupo, o contágio não deixava de ocorrer. Como a causa das doenças era desconhecida, combatê-las era impossível. Além disso, eram tão frequentes que não se fazia distinção entre elas. Assim, todas as doenças eram chamadas de peste, forma laica para se denominar epidemia.


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A ignorância, as precárias condições de higiene nos aglomerados urbanos e o costume de usar os mesmos utensílios sem lavá-los aumentaram as chances de contágio. Logo, as epidemias, ao longo dos anos, causaram milhares de mortes desde a Europa medieval até o Brasil contemporâneo.1 Em 1347, navios vindo do Mar Negro (Crimeia) deixaram no porto de Messina, na Sicília (Itália), marinheiros mortos e doentes que apresentavam estranhas manchas pretas no corpo. Os doentes morriam em poucos dias ou até mesmo em 24 horas. A doença foi chamada de peste negra, mas tratava-se da peste bubônica. Naquela época não se conheciam as duas formas da doença nem se sabia como se dava o contágio: infecção pela corrente sanguínea (contato) ou pelos pulmões (ar). Acreditava-se que a doença teria vindo da China e se espalhado pela Índia até chegar à Europa.2 Na Baixa Idade Média, a peste bubônica, de tão avassaladora, dizimou cerca de um terço da população europeia no século XIV. A doença era transmitida não só de um indivíduo para outro, como também através de uma bactéria alojada nas pulgas (Xenopsylla cheopis) dos ratos-pretos (Rattus rattus). Nas cidades medievais, havia nas casas o que se chamavam gateiras: buracos nas portas de todos os cômodos e entre as casas para permitir a passagem dos gatos, que perseguiam ratos por toda a cidade, razão pela qual quem os possuía era detentor de grande poder de troca, fosse por dinheiro ou por favores. Pelo temor de contágio e do risco de exposição da própria vida, nem todo médico se dispunha a atender os pestosos, porém os mais corajosos usavam trajes peculiares para se proteger, compostos de manto, luvas de couro, além de estranha máscara com bico e óculos com lentes de cristal (Figura 1.1). De acordo com uma crença em voga na época, ervas como a cânfora eram alojadas em recipiente, no bico da máscara, para filtrar o ar respirado e mitigar a exposição à podridão oriunda dos corpos empilhados nas ruas. O número de mortos era tamanho que os corpos eram queimados em pilhas ou enterrados em vala comum. Chegou-se ao ponto de emparedar as pessoas em suas casas junto com o familiar doente. Tentava-se, com este procedimento, evitar o avanço da doença que matava aos milhares. Inúmeras epidemias atingiam todo o mundo, e cada cultura desenvolvia um método próprio para lidar com o novo acontecimento. A varíola, doença epidêmica que atingiu o Oriente e o Ocidente, recebia tratamento


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Figura 1.1 Exemplo de traje de proteção dos médicos que tratavam doentes com peste

curioso na Índia e na China, denominado variolização. Ao perceber que os sobreviventes da doença não a contraíam mais ou eram acometidos de forma branda, os chineses procederam da seguinte maneira: esperavam que as pústulas da doença secassem, formando uma crosta; então, raspavam e trituravam essas crostas. O pó resultante era colocado em pequenos recipientes e pendurado no pescoço das pessoas, para que o respirassem e ficassem imunizadas. Já os indianos, ao mesmo tempo em que adoravam a deusa da varíola Sitala Mata, colhiam o líquido das feridas dos doentes com pequenas hastes de madeira e arranhavam os não contaminados. Com isso, a doença só se manifestava perto do local arranhado ou de forma mais branda, ficando o indivíduo imune. Essa prática chegou até Constantinopla, atual Istambul, maior centro comercial da época, e a partir daí diversas culturas e povos passaram a utilizá-la. Acredita-se que a aristocrata inglesa Lady Montagu (1689-1762), esposa do embaixador inglês em Istambul, tenha sido a responsável pela


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migração da técnica da variolização do Oriente para a Europa. Ela própria contraiu a doença, que lhe deixou profundas cicatrizes. Ao viajar para Constantinopla com o marido, deparou-se com a epidemia de varíola e temeu pela saúde de seu filho, com apenas 3 anos de idade. Ordenou então que ele fosse submetido ao processo de variolização, que o fez escapar da doença. De volta a Londres, viu-se diante de um surto de varíola e prontamente decidiu submeter a filha, ainda criança, ao processo de variolização. Sem dúvida, teve que enfrentar a indignação dos médicos da Corte, que consideraram a prática nada civilizada. Após muita insistência, conseguiu convencê-los, e o resultado foi satisfatório. Dessa maneira, a notícia se espalhou por toda a nobreza. A realeza, temendo pela saúde de seus filhos, decidiu submetê-los ao mesmo procedimento. Os médicos, ainda temerosos, resolveram adotar um procedimento que se tornaria o primeiro ensaio clínico do qual se tem conhecimento: o experimento real (1721-1722), que consistia em testar o método da variolização em outras pessoas antes de aplicá-lo à realeza. Como cobaias, prisioneiros foram submetidos à variolização e alocados em celas abertas para que pessoas pudessem acompanhar a evolução da experiência. Apesar de desenvolverem um pouco de febre, os prisioneiros não eram acometidos pela doença. Mas estariam de fato imunes? O passo seguinte foi decisivo: os prisioneiros foram colocados junto com pessoas contaminadas de varíola, e não contraíram a doença. Mesmo com o sucesso da experiência, os médicos pensaram em uma variável lógica. A experiência foi feita com adultos, mas, ao pensarem nos netos do rei, não souberam responder se o resultado seria o mesmo. Restou então repetir o experimento, desta vez com crianças. Foi escolhido como laboratório um orfanato, e o resultado também foi bem sucedido. A partir de então, a realeza convenceu-se da eficácia do experimento.1

Coração, circulação e controvérsias William Harvey (1578-1657), médico inglês, é um nome de grande mérito e destaque em virtude da grande revolução científica ocorrida a partir de suas experiências e observações (Figura 1.2). Sua notoriedade foi celebrada em palestra na qual anunciara que o movimento contínuo do sangue em círculo era causado pelos batimentos do coração.


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Figura 1.2 William Harvey

Doze anos após esse relato, em 1628, seu livro Exercitatio anatomica de motu cordis et sanguinis in animalibus* foi publicado em Frankfurt, tendo sido traduzido para o inglês e o francês. Harvey descreveu seu trabalho experimental sobre a circulação do sangue em animais e deflagrou a ciência moderna. Mostrou um padrão novo de investigação através do uso da racionalidade para defender suas teorias. Inseriu, inclusive, medidas volumétricas para calcular o volume de sangue no corpo. Com esse dado e o conhecimento em anatomia do coração, pôde concluir que o sangue circulava. Fato marcante na época foi a capacidade de reprodutibilidade, ou seja, de repetir a experiência de forma idêntica. Ao ser reconhecido por Descartes, agradeceu publicamente a deferência. A genialidade de Harvey não se limitava aos seus experimentos. Suas frases marcantes transcendem o tempo e revelam conceitos atuais. Segundo ele, ao existir ciência, esta era resultado de um conjunto prévio de ideias. *Estudo Anatômico do Movimento do Coração e do Sangue nos Animais, tradução do título em latim.


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A partir de estudos realizados em sapos, com o então recém-descoberto microscópio, o histologista italiano Marcello Malpighi (1628-1694), em 1661, relatou a existência e a função dos capilares na circulação, e foi o primeiro a relatar suas descobertas experimentais em artigo científico que incluía uma seção específica para o método (Figura 1.3).3-5 Mesmo após intensa busca por dados mais precisos na literatura, não fica claro se o primeiro a divulgar a circulação pulmonar apresentou fato inédito ou se apropriou de descoberta alheia. Galeno (129-200), médico grego, dedicou-se à observação do corpo humano. Para ele, existiam dois tipos de sangue com funções distintas:5 1. Nutritivo: sintetizado pelo fígado e transportado através de veias para os órgãos, nos quais era consumido. 2. Vital: assim chamado porque, na teoria de Galeno, após ser sintetizado no coração o sangue passaria do ventrículo direito para o esquerdo através de poros invisíveis, localizados no septo interventricular. Ao passar por esses poros, o sangue se misturaria ao ar para criar o espírito vital, a ser transportado para as artérias.

Figura 1.3 Marcello Malpighi


Descoberta, negação e arrogância Um clássico exemplo desse trinômio relatado pela literatura é a história de um homem que merece reconhecimento: Ignaz Philipp Semmelweis (1818-1865) ver Figura 1.4.7 Nascido na Hungria, teve a vida marcada por uma grande tragédia. Começou seus estudos de Medicina em seu país e terminou-os em Viena. Em 1844, trabalhou no Hospital de Viena, no setor de Obstetrícia, como assistente na Primeira Divisão. A reputação dessa Divisão era dúbia em virtude da alta taxa de mortalidade das pacientes. Em estudos retrospectivos, Semmelweis notou que 16% das pacientes haviam morrido de 1841 a 1843, enquanto a taxa da Segunda Divisão era de apenas 2%. Inconformado com esses dados, decidiu decifrar o enigma que o intrigava. Tinha apenas duas frases para começar: a causa era inexplicável e a certeza era de inúmeras mortes. Quando um colega médico morreu em 1847 de sepse, após sofrer um corte na mão durante uma autópsia, Semmelweis percebeu que os sintomas da causa da morte eram semelhantes àqueles manifestados pelas parturientes. Perplexo, uma dedução o invadiu com tamanha ferocidade que se emocionou com o desvelamento: a sepse e a febre puerperal eram originadas da mesma fonte. Concluiu que as mãos de médicos e es-

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Ala-al-Din Abu al-Hasan Ali Ibn Abi al-Hazm al-Qarshi al-Dimashqi (1213-1288), médico árabe conhecido como Ibn Al-Nafis, nascido em Damasco e profissional do Hospital Al-Mansouri no Egito, relatou em seu manuscrito Commentary on the Anatomy of the Canon of Avicenna que o sangue passaria da câmara direita do coração para a esquerda, mas refutava a teoria de Galeno. O sangue da câmara direita deveria fluir através da artéria pulmonar até os pulmões, misturar-se com substâncias e passar pela veia pulmonar até chegar à câmara esquerda do coração, onde formaria o espírito vital. Para Ibn al-Nafis, a função das artérias coronárias consistia em alimentar o músculo cardíaco. Acredita-se que essa tenha sido a primeira descrição da circulação pulmonar. Segundo a literatura, entretanto, foi ignorada em prol da teoria de Galeno. Somente séculos depois, em Berlim, o médico egípcio M. Altawi encontrou manuscritos de Ibn al-Nafis. Estes foram traduzidos para o latim em 1547 e divulgados na Europa.6


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Figura 1.4 Ignaz Philipp Semmelweis

tudantes, após os procedimentos de autópsia, transmitiam veneno para o órgão genital das mães em trabalho de parto. Depois de várias experiências, com diferentes agentes, determinou que todos os médicos e estudantes da Primeira Divisão lavassem as mãos com solução clorada antes de cada exame. O resultado foi extraordinário. A taxa de mortalidade caiu para menos de 3% no período de junho a novembro daquele ano. Apesar da demonstrada competência, após dois anos, seu contrato com a clínica não foi renovado. Diante dessa inacreditável injustiça, retornou à Hungria. Imune à resistência de seus agressores, que não aceitavam a possibilidade de evitar mortes, continuou a lutar, sendo fiel à sua natureza altruísta. Em 1861, suas publicações mostravam a redução da mortalidade das mães, mas novamente esse dado foi rejeitado por colegas de profissão. De acordo com a literatura, o desespero levou Semmelweis a escrever cartas abertas cuja abordagem agressiva foi considerada histérica por alguns médicos. Esse fato foi considerado um pretexto para interná-lo em


Alimentação, divulgação e reconhecimento No século XIX, as mulheres viviam inseridas na era de excelência doméstica: maternidade, dedicação à família e respeitabilidade. Entretanto, a en-

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um sanatório sob acusação de loucura. Após duas semanas de reclusão, morreu. Semmelweis, naquela época, não imaginava a complexidade das questões inseridas no comportamento dos médicos, que seriam obrigados a assumir a responsabilidade por inúmeras mortes, ainda que fossem inocentes, por não conhecerem a sua causa. Em virtude da restrição na divulgação de informações entre diferentes países, supõe-se que Semmelweis não soubesse que a primeira epidemia de febre puerperal relatada ocorrera no Hôtel Dieu, em Paris. Em pouco tempo, a taxa de mortalidade chegou a 25% em toda a Europa e na América do Norte. Os médicos britânicos foram os primeiros a suspeitar da associação entre contágio e febre puerperal. Em 1842, em Londres, Thomas Watson, apesar de ignorado, sugeriu a lavagem das mãos com solução clorada e troca de luvas entre um trabalho de parto e outro. Professor de Medicina no King’s College Hospital, Watson alegava que as recomendações tinham por objetivo prevenir o contágio de uma paciente para outra. Essa teoria do contágio foi totalmente excluída dos textos de Obstetrícia. Em Boston, no ano de 1843, Oliver Wendell Holmes (1809-1894), consultando a literatura existente sobre sepse, convenceu-se de que médicos e enfermeiras poderiam evitar o contágio ao adotarem alguns procedimentos: além da lavagem das mãos e da troca de luvas, sugeriu que se evitasse tratar de casos obstétricos após autópsias. Foi ridicularizado por seus contemporâneos. Um deles, em um arroubo de arrogância, afirmou que médicos eram cavalheiros e que as mãos destes eram limpas. Até o século XVII, os conceitos científicos na Europa tinham base nas explicações filosóficas e teológicas. O que contradizia as divulgações era visto como ameaça. Assim, como as mortes poderiam ser evitadas se a vida das mães estava nas mãos de Deus? A resistência à mudança, seja por falta de informação ou por incompetência intelectual, pode constituir grande barreira ao progresso. De fato, somente depois de 30 anos é que Semmelweis, Watson e Holmes foram reconhecidos.7,8


PARTE III

Conceitos em nutrição experimental



CAPÍTULO 5

Bioestatística Janaína Reis Xavier Senna

Estatística é a ciência que tem por objetivo coletar, resumir, organizar e analisar um conjunto de dados. Os cálculos estatísticos estão presentes em todas as áreas de atuação, como a bancária, em que se usam modelos matemáticos na definição do perfil de clientes; no controle do tráfego; na previsão de surtos epidêmicos, bem como no aprimoramento de processos de gerenciamento. A estatística aplicada à área da saúde denomina-se Bioestatística. Na área de saúde, a Estatística tem fundamental importância na decisão sobre a eficiência de um novo tratamento no combate a determinada doença, uma vez que consegue identificar situações críticas e, em consequência, atuar em seu controle, desempenhando papel crucial no estudo da evolução e da incidência de uma doença. Na Educação Física, por exemplo, é possível avaliar se um novo treinamento reflete resultados melhores por grupo etário. Para os nutricionistas, a Estatística pode confirmar se uma determinada dieta é mais eficiente para homens ou mulheres. Dessa forma, este capítulo visa mostrar de maneira compacta os elementos básicos da elaboração de uma pesquisa, tendo a estatística como uma ferramenta essencial para a análise dos dados.

AMOSTRAGEM O ponto inicial de uma pesquisa é a definição do tema, que deve ser específico quanto ao tempo e ao espaço. Se for possível estudar todos os


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54

elementos da pesquisa, o estudo será feito por população; caso seja entrevistado somente um grupo de pessoas, entre todas as que poderiam ser entrevistadas, o estudo será feito por uma amostra. A maioria dos estudos é feita por amostragem, uma vez que a coleta de dados para toda a população, além de levar muito tempo, implica um grande valor orçamentário. Entretanto, para que o estudo seja representativo da população, é necessário que a amostra seja obtida de forma correta, com um número adequado de pessoas e com o uso da técnica de amostragem apropriada para o conjunto de dados. Para se decidir o tamanho da amostra representativa de uma população, devem-se considerar algumas questões: o nível de confiança, a variabilidade dos dados e a margem de erro aceitável. O nível de confiança representa a probabilidade de que o intervalo de confiança, ou seja, o intervalo estimado para a determinação de algum parâmetro estatístico, contenha o verdadeiro valor do parâmetro. A variabilidade dos dados pode ser obtida por estudos anteriores ou por uma amostra-piloto, bastando para isso calcular a variância ou a proporção desejada. Já o erro aceitável corresponde à quantia que o pesquisador está disposto a destoar do valor original. Para se iniciar o cálculo do tamanho da amostra, é necessário atenção à variável de maior interesse na pesquisa (média ou proporção). Quando a medida mais importante da pesquisa é a média e quando a medida essencial é a proporção, a quantia inicial do tamanho da amostra é dada pelas fórmulas: Média

Proporção

Zα: probabilidade associada ao nível de confiança; E: erro aceitável; s: desvio-padrão; p: proporção estimada.

Quando nada se sabe sobre a variabilidade dos dados, superestima-se a variância, fazendo p = 0,5 e, consequentemente, q = 0,5, uma vez que q é o complemento de p até se chegar a um (p + q = 1).


,

n0: estimativa inicial da amostra; N: tamanho da população.

Para quem não conhece o dimensionamento populacional, o valor n0 já é uma boa estimativa. Após a definição da quantidade representativa da amostra, é preciso definir a melhor maneira de se coletarem os dados. As principais técnicas de amostragem são: aleatória simples, sistemática e estratificada.

Técnicas de amostragem Amostragem aleatória simples A amostragem aleatória simples tem como finalidade selecionar uma amostra de n unidades provindas de uma população de N unidades, para que cada unidade tenha a mesma probabilidade de ser selecionada. Na prática, escolhe-se unidade por unidade, através de um processo aleatório, seja por meio de sorteio ou a partir de uma tabela de números aleatórios. Quando não se tem informação a priori sobre a população, essa amostragem será a que melhor se adequar. Por exemplo, para se sortear um grupo de cinco alunos em uma turma de 20, atribui-se um número a cada aluno e, de posse de números aleatórios, faz-se um sorteio para fazer a seleção.

Amostragem aleatória estratificada Na amostragem aleatória estratificada, a população de N unidades é dividida em subpopulações de N1, N2, ..., Nh unidades. Essas subpopulações não se sobrepõem, e juntas abrangem a totalidade da população de tal modo que N1+ N2 + ... + Nh = N. As subpopulações são denominadas estratos. Conhecendo-se os estratos, seleciona-se uma amostra em cada um deles, sendo as seleções feitas em separado. Os tamanhos das amostras dentro dos estratos são denominados n1, n2, ..., nh, de forma que a soma das amostras em cada estrato componha o tamanho total da amostra desejada.

55 Bioestatística

Se o tamanho da população for conhecido, após o cálculo inicial da amostra calcula-se a fórmula:


56

Por exemplo, se em uma população de 90 pessoas houver 54 do gênero masculino e 36 do feminino e se for desejável uma amostra

Nutrição Experimental

de 15 pessoas, então

. Aplica-se essa proporção à popula-

ção por gênero, obtendo-se desse modo o valor amostral para homens (54 × 0,1667 = 9) e mulheres (36 × 0,1667 = 6). Dessa forma, o tamanho da amostra para cada estrato pode ser visto na Tabela 5.1. Tabela 5.1 Tamanho da amostra Gênero

População

Amostra

Masculino

54

9

Feminino

36

6

Total

90

15

Amostragem sistemática Para a amostragem sistemática, suponha que as N unidades da população sejam numeradas de 1 a N, sob uma ordenação. Para selecionar uma amostra de n unidades, retire uma ao acaso entre as K primeiras unidades e daí por diante, a cada unidade K subsequente. Assim se define a amostragem sistemática, na qual K = N/n. Esse tipo de amostragem é usado quando a população está ordenada segundo algum critério, como os prontuários de um médico (ordenados pelo número de registro dos pacientes); os domicílios em uma rua (ordenados pela numeração das casas); o diário dos professores (alunos ordenados por ordem alfabética). Suponha, por exemplo, que em um hospital existam 900 prontuários, dos quais se deseja obter uma amostra de 50. Então, K: 900/50 = 18. Dessa forma, sorteia-se aleatoriamente um número entre 1 e 18. Se for sorteado o número 10, terão que pertencer à nossa amostra os prontuários de números: 10, 28, 46, 64 ... e daí sucessivamente até completar os 50 prontuários.

Questionários e análise por tabelas Os questionários devem ser planejados com cuidado, de tal forma que sejam realmente úteis e que facilitem a obtenção de dados. Devem


luta e o tamanho da amostra

.

A porcentagem (%) é o produto entre a frequência relativa e 100 (% = fr × 100). A elaboração de uma tabela exige, no mínimo, a representação das porcentagens. Por exemplo, foi realizada uma pesquisa para avaliar o tipo sanguíneo de 32 pacientes de uma clínica, conforme os dados a seguir: sete com sangue do tipo A, quatro com sangue do tipo B, quatro com sangue do tipo AB e 17 com sangue do tipo O. Nota-se, a partir das observações, que nenhuma conclusão é possível sobre o estudo, mas, se os dados forem transformados em tabela, a análise ficará clara (Tabela 5.2). Assim, é necessário: Identificar qual é a variável em estudo. Explicitar quais são as categorias dessa variável. Calcular a fi – contagem dos elementos de cada categoria. Calcular a fr. Calcular a %. Para se ter certeza de que os cálculos estão corretos, pode-se verificar se a soma das frequências absolutas e relativas foi, respectivamente, o

57 Bioestatística

não apenas facilitar a coleta de informações de maneira completa e eficiente, como possibilitar uniformidade nas diferentes observações, evitando-se a coleta de dados inúteis ou irrelevantes ao estudo. A elaboração de um bom questionário é o passo primordial para uma pesquisa bem-sucedida. As perguntas contidas no questionário são chamadas variáveis, as quais podem ser de natureza quantitativa, que são aquelas cujas respostas são dadas através de números, ou qualitativa, cujas respostas são observadas através de categorias. Cada tipo de variável tem a sua particularidade, e a melhor maneira de fazer a sua representação será vista a seguir. Alguns conceitos são importantes na construção das tabelas: O tamanho da amostra (n) representa o número total de elementos pertencentes ao estudo. A frequência absoluta (fi) é a contagem de elementos de cada categoria. A frequência relativa (fr) compreende a razão entre a frequência abso-


Nutrição Experimental

58

Tabela 5.2 Tipo sanguíneo de pacientes Tipo sanguíneo

Frequência absoluta

Frequência relativa

Porcentagem

A

7

0,219

21,9%

B

4

0,125

12,5%

AB

4

0,125

12,5%

17

0,531

53,1%

O

tamanho da amostra e aproximadamente 1; e se a soma das porcentagens foi de aproximadamente 100. Para representação em um artigo, é desnecessário mostrar a frequência relativa na tabela. Assim, a representação pode ser observada na Tabela 5.3. Tabela 5.3 Análise de tipos sanguíneos Pacientes Tipo sanguíneo

Tamanho da amostra

Porcentagem

A

7

21,9%

B

4

12,5%

AB

4

12,5%

17

53,1%

O

Tabela de intervalo de classe Se a variável de estudo for quantitativa, ou seja, numérica, pode ser representada através da tabela com intervalos de classe (Tabela 5.4), que evidencia o peso de 10 recém-nascidos. Para se obter o número de classes ideal na elaboração de uma tabela com intervalos de classes, é usual a utilização da fórmula de Sturges: C = 3 + ln n, em que n é o número de elementos que pertence à amostra. Por exemplo, para um conjunto de dados com 30 elementos, o número de classes, a partir da fórmula de Sturges, seria: C = 3 + ln n = 3 + ln 30 = 3 + 3,4 ≈ 6.


Tabela 5.4 Peso de recém-nascidos

59

Recém-nascidos

1|--2

1

2|--3

3

3|--4

4

4|--5

2

Bioestatística

Peso (kg)

Na prática, o pesquisador tende a estabelecer suas classes de modo que possa abordar melhor o assunto a ser estudado. Foi realizado um estudo com 20 adolescentes de 10 a 19 anos de idade, obtido a partir de três perguntas: 1. Qual é a sua idade? 2. Você se considera obeso? 3. Costuma praticar esportes? Com 13 anos de idade, a primeira entrevistada afirmou-se obesa e não praticante de esportes. O estudo continuou até a última pessoa, de 18 anos de idade, que se definiu não obesa e praticante de esportes (Tabela 5.5).

Tabela 5.5 Resultado de estudo realizado com 20 adolescentes Qual é a sua idade?

Você se considera obeso?

Costuma praticar esportes?

13

Sim

Não

13

Sim

Não

15

Não

Sim

18

Não

Sim

12

Sim

Sim

13

Não

Sim

18

Sim

Não

17

Sim

Não

15

Sim

Não (continua)


Nutrição Experimental

60

Tabela 5.5 Resultado de estudo realizado com 20 adolescentes (continuação) Qual é a sua idade?

Você se considera obeso?

Costuma praticar esportes?

12

Sim

Sim

17

Sim

Não

10

Não

Sim

10

Não

Não

14

Sim

Não

13

Sim

Sim

19

Sim

Não

17

Sim

Não

19

Não

Não

12

Sim

Não

18

Não

Sim

Ao avaliar-se esse banco de dados não se pode chegar à conclusão almejada. Entretanto, se os dados forem transformados em tabela, a análise será fácil (Tabela 5.6). Tabela 5.6 Respostas dos pacientes entrevistados Variável Idade

Obesidade Atividade física

N o de pacientes

Porcentagem

10 a 12

5

25%

13 a 15

7

35%

16 a 18

6

30%

19 a 21

2

10%

Sim

13

65%

Não

7

35%

Sim

8

40%

Não

12

60%

Categoria

Tabela de contingência Outro tipo de representação é a tabela de contingência, que serve para evidenciar a relação entre duas variáveis. Por exemplo, nota-se na Tabela 5.7


Tabela 5.7 Resultado do tratamento dos pacientes Resultado final

Tratamento A

B

Cura total ou parcial

48

32

Morte

12

8

Podemos observar que 60 pessoas submeteram-se ao tratamento A. Dessas, 48 tiveram cura total ou parcial, enquanto 12 morreram. Considerando-se as 20 pessoas que morreram no estudo, verifica-se que 8 (40%) fizeram o tratamento B. É possível, dessa maneira, analisar todas as relações das variáveis apresentadas. Além das representações tabulares, há também a representação gráfica. O diagrama de barras simples é utilizado para representar as categorias de uma variável através de barras, podendo ser horizontal ou vertical, como se observa na Figura 5.1. O diagrama de barras compostas (Figura 5.2) é indicado para representar as porcentagens das categorias apresentadas. O gráfico de pizza (Figura 5.3) também é utilizado para representar as porcentagens, conforme o diagrama de barras compostas, mas, nesse caso, em uma circunferência. O gráfico de dispersão (Figura 5.4) é representado somente através de pontos e tem o propósito de avaliar a relação de duas variáveis quantitativas.

Figura 5.1 Diagramas de barras simples

61 Bioestatística

dados de 100 pessoas submetidas a dois tipos de tratamento que resultaram em cura total ou parcial, ou em morte.


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62

Figura 5.2 Diagrama de barras compostas

Figura 5.3 Gráfico de pizza

Figura 5.4 Gráfico de dispersão


Medidas-resumo Uma opção extremamente útil para resumo dos dados são as chamadas medidas-resumo, que têm por objetivo resumir um conjunto de dados. Destacam-se as de tendência central: média, moda, mediana; e separatrizes: quartis, percentis, decis. A medida de tendência central mais utilizada é a média, ou seja, a soma dos valores observados dividida pela quantidade de valores que foram somados. Deve-se, entretanto, aplicá-la com cautela, uma vez que essa função sofre influência de valores extremos. O cálculo da média compreende a razão entre a soma de todas as observações de uma variável e a quantidade de observação existente. , xi: observações da variável; n: tamanho da amostra.

Considere, como exemplos, os dados a seguir, que representam os resultados de 25 exames de sangue referentes à fração de colesterol de muito baixa densidade em miligramas por decilitro (mg/dL) em indivíduos do gênero feminino (Tabela 5.8). Se for feito o cálculo da média, podem-se resumir os dados de maneira rápida. Assim, somam-se todos os valores e divide-se o resultado por 25, a quantidade de pessoas estudadas. Neste caso, encontra-se o valor de 30,72mg/dL, e poderá ser obtida a conclusão sobre o colesterol dos indivíduos. Quando se nota na distribuição um valor atípico, isto é, muito diferente do conjunto de dados, a média não se apresenta como uma boa medida-resumo. Nesse caso, é mais adequado o uso da mediana ou da moda.

Tabela 5.8 Resultado de 25 exames de sangue em indivíduos do gênero feminino 30

35

32

28

25

35

40

26

27

47

30

26

34

28

29

36

26

36

22

28

30

30

30

30

28

Bioestatística

63


Biotério e cuidados com os animais de experimentação Os animais a serem utilizados em pesquisa apresentam especificidades que proporcionam ao pesquisador possibilidades de realizar estudos com muita qualidade. Para isso, o local em que se tem por meta reproduzir e manter esses animais é chamado de biotério.

87 Biotério e animais de experimentação

Muitas pesquisas são realizadas com dieta comercial sem o exato conhecimento de todos os ingredientes. De modo surpreendente, quando o uso da dieta AIN-93 é aplicado, insere-se um grupo-controle de dieta comercial ao se divulgarem os resultados obtidos. Ignora-se a variação de nutrientes de um lote para outro na compra das rações. Ainda que fosse utilizado o mesmo lote, a qualidade e a quantidade dos ingredientes seriam diferentes daqueles da AIN. Portanto, não é cabível a comparação.3 A dieta (ração) deve ser ofertada em forma de pellets, pequenas partículas elaboradas a partir da compressão dos componentes da dieta. Assim, obtêm-se maior resistência, redução do desperdício do alimento e facilidade de manuseio. O cuidado na estocagem é fundamental; por isso, a embalagem deve ser mantida em local frio, seco, escuro, bem ventilado e limpo. Água e ração devem ser oferecidas ad libitum, ou seja, à vontade. As caixas ou gaiolas onde os animais são alocados devem ser de polipropileno (opacas) ou policarbonato (transparentes), com tampa aramada para apoiar o bebedouro e a ração. Devem ser cobertas (ao fundo) por material apropriado, chamado de cama, para evitar contato com a umidade das excretas. Portanto, algumas características são fundamentais para esse material, tais quais: ser macio, sem odor, ter alta capacidade de absorção, ser isento de resíduos químicos e ser constituído por partes finas. O material mais adequado e utilizado é denominado maravalha. Nota-se na tampa da caixa uma separação feita de metal para que os pellets não fiquem muito espalhados. Ao lado coloca-se uma pequena garrafa de vidro vedada por rosca com ponta de metal, por onde passa a água para o animal beber. Acopla-se a garrafa de vidro à caixa por meio de um orifício com contorno de metal (Figura 7.1). É fundamental que nos biotérios haja sempre cuidado com as instalações e preocupação com o treinamento dos funcionários.4


Nutrição Experimental

88

Figura 7.1 Caixa para rato ou camundongo com ração (pellets). Nota-se a maravalha ao fundo Fonte: fotos gentilmente cedidas pelo professor Gilson Teles Boaventura, da Universidade Federal Fluminense (UFF).

O Departamento de Microbiologia da Universidade de São Paulo foi responsável pela elaboração de um manual com o fim de divulgar normas a serem adotadas em biotérios. No início do manuscrito, a preocupação dos autores com os animais é notória: “Os animais mantidos em um biotério devem ser respeitados e tratados com cuidado redobrado, uma vez que estão a serviço dos nossos interesses científicos”. Os autores alegam que quanto menor o estresse, melhor os animais respondem à experimentação, favorecendo a obtenção de resultados confiáveis. A iluminação natural é proveniente de janelas lacradas, localizadas próximas ao teto, e o ambiente é mantido a 21ºC por aparelhos de ar condicionado e dois exaustores de teto, que deixam o ar mais purificado. Os diversos compartimentos são separados por salas específicas, como as salas para procedimentos cirúrgicos e a área de lavagem das caixas dos animais. As instalações de um biotério confiável devem ser aprovadas pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). Todo semestre os pesquisadores devem solicitar, através de formulário próprio, a utilização do biotério para garantir ração e maravalha aos animais durante o tempo de experimentação, bem como previsão das espécies e o número de animais a serem utilizados.


A Ética deve estar presente em todas as etapas dos experimentos e durante toda a pesquisa. Para isso, são sugeridas algumas normas: Todas as pessoas que praticam a experimentação biológica devem tomar consciência de que o animal é dotado de sensibilidade, memória e dor. O pesquisador é moralmente responsável por suas escolhas e por seus atos na experimentação animal. Deve ser utilizado um número mínimo de animais para se obter resultados válidos. Deve-se, de toda maneira, evitar desconforto, angústia e dor. Os cientistas devem considerar que os processos determinantes de dor ou angústia em seres humanos causam o mesmo em outras espécies. Procedimentos que possam causar dor ou angústia não podem ser realizados em animais não anestesiados. A identificação das gaiolas é feita com etiquetas, as quais deverão apresentar as seguintes informações:5 Identificação da linhagem. Identificação da idade dos animais. Sexo dos animais. Identificação do responsável pelo animal. Identificação do material inoculado. Data do início do experimento.

89 Biotério e animais de experimentação

Dentre as diversas normas a serem cumpridas para uso do biotério citam-se:5 O uso do biotério dependerá de aprovação pela Comissão de Ética em Experimentação Animal. Todos os usuários deverão realizar curso de manejo de animais de experimentação e de biossegurança antes de iniciarem suas atividades neste setor. É vedada a retirada de animais em experimentação do biotério para manutenção nos laboratórios. Os animais mortos não poderão ser colocados no lixo do biotério sem autorização do funcionário responsável. Os que não puderem ser descartados de imediato deverão ser congelados e descartados posteriormente. Agulhas e seringas contaminadas deverão ser descartadas em caixas identificadas para esse fim.


Nutrição Experimental

90

Para experimentos com duração de mais de cinco dias úteis são necessárias regras específicas. No período da noite, nos finais de semana e em feriados o acesso é restrito. Só utilizam o local usuários autorizados, docentes e pós-graduandos. Ao final do experimento, os animais devem ser eutanasiados, através de método químico. O dióxido de carbono é o mais recomendado para pequenos roedores. Com uma câmara previamente preenchida pelo gás puro, ou acrescido de 30% de oxigênio, reduz-se a ansiedade decorrente do desconforto da hipoxia.5 Assim como nos EUA, também no Brasil deveria haver comitês de inspeção para biotérios. Os inspetores receberiam treinamento para que pudessem adquirir conhecimento sobre os efeitos das condições ambientais (ruídos) sobre a fisiologia animal. De acordo com estudos realizados, perturbação no local onde os animais são alocados leva ao aumento de estresse, que pode interferir com os resultados dos experimentos. Leia-se: só em locomover os animais, para uma nova caixa, a pressão arterial e batimento cardíaco aumentam. Por exemplo, ruídos de atividades pessoais devem ser o menor possível, para mitigar o aumento da permeabilidade do epitélio intestinal em ratos. Sendo assim, qualquer barulho constante pode ser considerado uma variável adicional em um experimento. Já foi demonstrado que o tilintar de chaves é capaz de alterar a fisiologia de roedores. Esses dados são suficientes para que alunos e profissionais tenham maior cuidado e seriedade no trabalho experimental.6

Considerações finais É inquestionável a importância dos animais nas pesquisas científicas. Neste capítulo enfatizou-se o uso de camundongos e ratos, que são os mais utilizados em pesquisas. Mesmo que possa haver mais de uma opção, por exemplo, C57Bl6 ou DBA para o estudo da artrite murina (em camundongos), em hipótese alguma todo animal servirá à proposta de investigação do tema escolhido. Para muitos, usar vidas (de animais) para salvar outras vidas (de humanos) não é justo. Apesar dessa questão ainda ser motivo de muita polêmica, que opção um cientista teria? Quem poderia nos responder? Embora úteis, os estudos em tubos e em placas de vidro (in vitro) são muito limitados, pois não possibilitam interação entre os sistemas endócrino e


Referências   1. Chorilli M, Michelin DC, Salgado HRN. Animais de laboratório: o camundongo. Rev Ciênc Farm Básica Apl. 2007; 28(1):11-23.   2. Vianna LMA. Manual de fisiologia animal. São Caetano do Sul – SP: Yendis Editora; 2009. p. 1-19.   3. Reeves PG. Components of the AIN-93 diets as improvements in the AIN-76A Diet. J Nutr. 1997; 127(5):838S-41S.   4. Biotério Central [acesso em outubro de 2011]. Disponível em: http://www.bioteriocentral.ufc.br/arquivos.   5. Taborda C, Mehnert DU, Silva CA. Biotério de experimentação animal. Departamento de Microbiologia. Instituto de Ciências Biomédicas da USP. Manual de normas técnicas [acesso em outubro de 2011]. Disponível em: www.icb.usp.br/bmm/arquivos/tecnicas_bio.pdf.   6. Baldwin AJ, Schwartz GS, Hopp DH. Are investigators aware of environmental noise in animal facilities and that this noise may affect experimental data? AALAS. 2007; 46:45-51.

91 Biotério e animais de experimentação

nervoso, por exemplo. Infelizmente, não foi criada alternativa ética que possa substituir os animais, mas uma dúvida é válida para reflexão. Será que quem tanto defende os animais sente a mesma angústia de alguns cientistas que, dispostos a salvar vidas, são obrigados a sacrificar outras?


CAPÍTULO 8

Efeito da tecnologia na evolução científica

O ser humano sempre foi ávido por descobertas e invenções, que se tornaram decisivas para a evolução da humanidade. Cerca de 3.000 a.C., a biga era um meio de transporte capaz de deslocar o homem a uma velocidade de 8km/h. Uma consequência dessa baixa velocidade era o isolamento das populações, que se tornavam alheias ao que acontecia em outras regiões. Hoje, o avião e o telefone nos conectam rapidamente com diferentes partes do mundo em razão do avanço tecnológico. A ciência influencia a tecnologia que, por sua vez, deflagra a ciência. Diversos avanços contribuíram para a explosão demográfica, como, por exemplo, o conhecimento sobre assepsia, a descoberta de vacinas, as técnicas de cultivo e armazenagem de alimentos. A ciência orquestrou tamanha modificação na sociedade que esta foi levada à confiança cega, na certeza de que, sob o suporte da tecnologia, um mundo livre de doenças e fome seria construído. Qualquer possível aflição no futuro poderia ser solucionada. O que não se esperava era a visão paradoxal a partir de toda a evolução científica deflagrada pela tecnologia. Vejamos: incontáveis mortes puderam ser mitigadas em diferentes áreas do saber. O uso de medicamentos e cirurgias, por exemplo, resultou em aumento da vida média da população. Mas, no entanto, na segunda metade do século XX, o mundo teve que enfrentar um desapontamento. Com o aperfeiçoamento dos ar-


Nutrição Experimental

94

tefatos de guerra e a fabricação de bombas capazes de destruir o planeta, a confiança no Paraíso foi substituída pela realidade da fome, seca e ameaça nuclear. Atualmente, o que se vê é insegurança, ansiedade. Alimentos apodrecem, muitos morrem de fome, enquanto o planeta é ameaçado de destruição pelo próprio progresso. Tem-se então uma grande contradição: o desenvolvimento tecnológico pode salvar uma vida ou colocá-la em risco. Há ainda os avanços científicos, que estão acelerados demais. Mesmo com muito estudo, não há como se atualizar frente as centenas de milhares de publicações anuais. Diferentes culturas entram em contato reverberando em aumento da heterogeneidade de visões. O mundo pode ser considerado repleto de práticas dissociadas e enorme dificuldade de administrar o conhecimento científico.1 O trabalho em equipe é fundamental para aumentar a qualidade da linha de pesquisa escolhida. Com a colaboração de outros países, a velocidade e a qualidade das descobertas no Brasil são mais precisas. Técnicas cada vez mais modernas e sofisticadas levam cientistas a revelar dados que antes não eram conhecidos.

O aperfeiçoamento do cromatógrafo e a descoberta de compostos As técnicas capazes de gerar reprodutibilidade têm sido estudadas, entre elas as fundamentadas em cromatografia. Um aparelho denominado cromatógrafo (Figura 8.1) permite que se determine com grande eficiência a composição de misturas complexas. Nesse aparelho utiliza-se técnica a ser definida como um processo físico-químico de separação, no qual os componentes de uma amostra são separados por partição em duas fases: móvel e estacionária. Dentre os diferentes tipos de cromatografia, destaca-se a gasosa. Neste caso, a fase móvel é um gás quimicamente inerte em relação à fase estacionária e aos componentes da mistura a ser analisada. A tecnicidade resultante da união de diversos profissionais favoreceu as análises de açúcares solúveis (frutose, glicose, sacarose e sorbitol), as quais foram padronizadas para as condições brasileiras. A partir do ano 2000, essa conquista foi possível graças à vinda ao Brasil do Professor Hiroshi Gemma,


95 Efeito da tecnologia na evolução científica

perito japonês do Institute of Agriculture and Forestry, e à viagem ao Japão de pesquisadores brasileiros da Embrapa Clima Temperado.

Figura 8.1 Cromatógrafo a gás. (A) Nota-se o carrossel do amostrador automático no qual são colocadas as amostras; (B) Painel de controle do comatógrafo Fonte: fotos gentilmente cedidas pela professora Dra. Nancy dos Santos Barbi, do Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas da Faculdade de Farmácia da UFRJ.


Nutrição Experimental

96

O cromatógrafo a gás utilizado foi o modelo Shimadzu GC-14B, com coluna denominada Packed Column J. K. de 3,2mm de diâmetro por 2m de comprimento, empacotada com silicone SE-52 Uniport HP 80/100 Mesh e com detector de ionização de chama. A técnica desenvolvida utiliza uma temperatura de injetor de 200ºC e velocidade de gás de arraste (nitrogênio) de 5mm/min. A temperatura inicial vai de 160ºC para 250ºC nos primeiros 18 minutos e mantém-se por mais 32 minutos, até o final. A escolha adequada da técnica e do especialista que irá utilizá-la, após treinamento, é, portanto, decisiva para o êxito de uma pesquisa. Existem outros procedimentos para a determinação de açúcares não redutores; porém, os resultados são considerados menos precisos quando comparados com os obtidos por cromatografia a gás, técnica eficiente e de custo mais baixo. Há também a possibilidade de se analisarem misturas voláteis de alta complexidade, como açúcares, lipídios e inseticidas residuais.2 Com a possibilidade de descobertas de novos compostos, aumentou a preocupação com o estudo dos alimentos. O mel, por exemplo, pela sua qualidade nutricional, propriedades medicinais e as ações antioxidante e antisséptica, atrai consumidores de todo o mundo.3 O néctar é a matéria-prima para a produção de méis florais, que são os mais apreciados. O mel pode ser classificado como monofloral (obtido de apenas uma espécie de planta) ou polifloral. Este é denominado composto porque mais de uma espécie de planta fornece o néctar; tem-se como exemplo o silvestre. O mel denominado extrafloral é produzido a partir do exsudato de plantas, restos de frutas ou outra fonte de matéria-prima. Os méis florais são submetidos a análise microscópica que identifica e quantifica os grãos de pólen. Atualmente, o mel pode ser caracterizado a partir da análise polínica, em que se compara a morfologia do pólen com descrições da literatura. Em hipótese alguma alterações podem ser feitas na técnica escolhida. A importância deste dado é incomensurável, visto que, além do cuidado com a identificação e as características ambientais do néctar, é necessário padronizar um método que possa garantir reprodutibilidade, para segurança do produtor. O consumidor, por sua vez, pode optar pela obtenção do mel produzido em regiões onde a legislação é mais rigorosa, tanto em relação ao controle de utilização de agrotóxicos quanto ao cultivo de plantas transgênicas.3


As limitações das técnicas em composição química dos alimentos Há muitos estudos in vitro e pouquíssimos in vivo. Esse fato é preocupante porque os compostos ingeridos são metabolizados em metabólitos diferentes daqueles que são encontrados nos alimentos, e os efeitos destes precisam ser testados em humanos, pois não há sistema digestório in vitro. Os polifenóis são bastante consumidos, já que estão presentes em alimentos como frutas, vegetais, chocolate, chás e café. Entre os principais grupos de polifenóis encontram-se os flavonoides e as lignanas.6,7 É inquestionável a importância de técnicas cada vez mais precisas para obtenção de quantidades acuradas dos compostos. Sabe-se, por exemplo, que muitos alimentos são fontes de flavonoides, mas ignora-se a dificuldade de obtenção de quantidades adequadas da ingestão desses alimentos. Esse fato deve-se à complexidade dos flavonoides, aliada à diversidade cultural. A relevância desses compostos para a saúde humana é tão evidente que informações sobre diferentes aspectos vêm se disseminando com muita rapidez. Uma vez que a associação dos flavonoides na prevenção de doenças cardiovasculares e câncer é notória, deveriam ser desenvolvidas técnicas para assegurar uma ingestão precisa.

97 Efeito da tecnologia na evolução científica

A cromatografia gasosa bidimensional abrangente, a ser caracterizada pela junção de um modulador criogênico ao cromatógrafo a gás convencional, aumentou o poder de análise de amostras voláteis. Em colaboração com pesquisadores da Embrapa do Piauí, foi feita a certificação de vários tipos de mel de origem floral e até da espécie de abelha que produz cada tipo. Com auxílio do cromatógrafo tradicional, é possível encontrar cerca de 150 compostos para fazer a certificação. Com a técnica bidimensional, podem ser encontrados 2 mil compostos.4 Essa técnica aplicada a pesquisas realizadas com frutas, tal como a fração volátil da polpa de abacaxi fresco e desidratado, levou a resultados significativamente diferentes. Como os compostos responsáveis pelo aroma estão presentes em quantidade muito pequena, não são detectados pela cromatografia tradicional. Assim sendo, enfatiza-se mais uma vez que os alimentos precisam ser estudados com maior abrangência e mais especificidade quando o que está em voga é a sua composição.5


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98

Já são conhecidos pelo menos 8 mil tipos diferentes de flavonoides. A natureza química desses compostos depende, por exemplo, da classe de sua estrutura, da conjugação e do número de hidroxilações. São derivados de pigmentos de plantas sintetizados a partir do aminoácido fenilalanina (Figura 8.2). A variedade de suas estruturas é responsável por características organolépticas de bebidas e alimentos derivados de plantas. Em 1930, por

Figura 8.2 Formação de flavonoide a partir do aminoácido fenilalanina. A enzima que catalisa a formação do ácido cinâmico é a fenilalanina amônio liase (PAL, do inglês phenylalanine ammonia lyase)


EPÍLOGO

Fome, alimento e nutrição

É muito pouco o que sabemos. Devemos ir além do que a literatura nos proporciona. Temos o dever de inserir a análise crítica no que fazemos. Quando se escreve sobre Nutrição, não basta nos preocupar com a combinação de alimentos para obtenção de palatabilidade, aroma, composição nutricional; há de se conhecer a complexidade da mistura de alimentos a ser consumida. Pesquisar alimentos é uma tarefa árdua e que exige muita leitura. Não basta ler os artigos atuais, mas em particular os antigos que mostram a história da busca. Assim, muitos estudiosos podem entender o motivo de controvérsias ou mesmo a sugestão de métodos específicos. Destaca-se a importância da triagem dos artigos. Essa preocupação se explica pelo fato de muitas revistas científicas não apresentarem alta qualidade. Por esse motivo, corre-se o risco de obter informações incompletas ou mesmo incorretas. Os profissionais devem estar sempre em busca de informações atuais com humildade, para que o conhecimento possa ser compartilhado de maneira que as informações mais fidedignas possíveis sejam discutidas. Apesar de intermináveis relatos sobre a toxicidade de plantas medicinais nos sistemas nervoso, cardiovascular, renal e principalmente hepático, há relutância em aceitar esse fato. Afinal, ainda estamos nos tempos de Semmelweis (Capítulo 1, Grandes nomes e histórias marcantes)? Conceituados periódicos científicos sistematicamente alertam para os potenciais riscos da ingestão de medicamentos, diferentes tipos de


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dietas radicais, o uso exclusivo de estudo in vitro e a falta do estudo in vivo para complementar os resultados. Muitos ainda refutam a ideia do novo, do que não é próprio. Há ainda a revolução dos interesses políticos e econômicos do comércio e da indústria, que lucram com o binômio ganância-ignorância. Fica então explícita a falta de competência e/ou ética de quem deveria ter a responsabilidade de divulgar informações para formar valores, capazes de salvar vidas. A competência deveria ser valorizada e humanizada, isenta de ego. A pessoa ingênua e indefesa, na esperança por soluções milagrosas que a ciência ainda não revelou, se apega a qualquer alegação. Unir grupos com o mesmo propósito é quase utópico. Não existe, na literatura, método divulgado capaz de solucionar este imbróglio que eu classificaria como de saúde pública. Como desmitificar valores tão arraigados? Se para cientistas e nutricionistas dados revelados causam ações contraditórias e dúvidas, como defender a população leiga, refém da mídia? Há que se criar um pensar, agir, realizar, para continuar a árdua busca do encontro. A fé pode ser vista, neste livro, como crença intuitiva que leva à obstinação pela busca do conhecimento a ser revelado e, principalmente, compartilhado. Essa afirmativa remete a Soares, que expressa como a situação1 “[...] obriga o professor universitário a ultrapassar o que fez, em sua vida acadêmica, para determinar por que fez, para que fez e como fez, ou seja, além da enumeração, que está em seu curriculum vitae, a análise, a crítica, a justificativa [...]”

As leis em nosso país nem sempre são justas e muito menos são para todos os brasileiros. Aliás, é muito comum a confusão entre Justiça e Direito, apesar de este representar a expressão (não necessariamente correta) da maioria da sociedade, através de um sistema dito democrático. Com um olhar no futuro, pode-se citar Dias, uma jurista que muito admiro, que disse:2 “Solidariedade é o que cada um deve ao outro. Esse princípio, que tem origem nos vínculos afetivos, dispõe de conteúdo ético, pois contém em suas entranhas o próprio significado da expressão solidariedade, que compreende a fraternidade e a reciprocidade. A pessoa só existe enquanto coexiste. O princípio da solidariedade tem assento constitucional, tanto que seu preâmbulo assegura uma sociedade fraterna.”


1. Soares M. Metamemória–memórias: travessia de uma educadora. São Paulo: Cortez; 1991. p. 25.   2. Dias MB. Manual de direito das famílias. 4. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais; 2007. p. 63.

125 Fome, alimento e nutrição

Referências



ANEXO

Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos*

A CONFERÊNCIA GERAL Consciente da capacidade única dos seres humanos de refletir sobre sua própria existência e sobre o seu meio ambiente; de perceber a injustiça; de evitar o perigo; de assumir responsabilidade; de buscar cooperação e de demonstrar o sentido moral que dá expressão a princípios éticos, Refletindo sobre os rápidos avanços na ciência e na tecnologia, que progressivamente afetam nossa compreensão da vida e a vida em si, resultando em uma forte exigência de uma resposta global para as implicações éticas de tais desenvolvimentos, Reconhecendo que questões éticas suscitadas pelos rápidos avanços na ciência e suas aplicações tecnológicas devem ser examinadas com o devido respeito à dignidade da pessoa humana e no cumprimento e respeito universais pelos direitos humanos e liberdades fundamentais, Deliberando ser necessário e oportuno que a comunidade internacional declare princípios universais que proporcionarão uma base para a resposta da humanidade aos sempre crescentes dilemas e controvérsias que a ciência e a tecnologia apresentam à espécie humana e ao meio ambiente, Recordando a Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 10 de Dezembro de 1948, a Declaração Universal sobre o Genoma Humano Devido à data de elaboração (2006), o texto não encontra-se padronizado de acordo com a Nova Ortografia, em vigor a partir de 2009.


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e os Direitos Humanos, adotada pela Conferência Geral da Unesco, em 11 de Novembro de 1997 e a Declaração Internacional sobre os Dados Genéticos Humanos, adotada pela Conferênci a Geral da Unesco em 16 de Outubro de 2003, Recordando o Pacto Internacional das Nações Unidas sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais e o Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos, de 16 de Dezembro de 1966, a Convenção Internacional das Nações Unidas sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, de 21 de Dezembro de 1965, a Convenção das Nações Unidas sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres, de 18 de Dezembro de 1979, a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança, de 20 de Novembro de 1989, a Convenção das Nações Unidas sobre a Diversidade Biológica, de 5 de Junho de 1992, os Parâmetros Normativos sobre a Igualdade de Oportunidades para Pessoas com Incapacidades, adotados pela Assembléia Geral das Nações Unidas em 1993, a Convenção de OIT (n.º 169) referente a Povos Indígenas e Tribais em Países Independentes, de 27 de Junho de 1989, o Tratado Internacional sobre Recursos Genéticos Vegetais para a Alimentação e a Agricultura, adotado pela Conferência da FAO em 3 de Novembro de 2001 e que entrou em vigor em 29 de Junho de 2004, a Recomendação da Unesco sobre a Importância dos Pesquisadores Científicos, de 20 de Novembro de 1974, a Declaração da Unesco sobre Raça e Preconceito Racial, de 27 de Novembro de 1978, a Declaração da Unesco sobre as Responsabilidades das Gerações Presentes para com as Gerações Futuras, de 12 de Novembro de 1997, a Declaração Universal da Unesco sobre a Diversidade Cultural, de 2 de Novembro de 2001, o Acordo sobre os Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio (TRIPS) anexo ao Acordo de Marraqueche, que estabelece a Organização Mundial do Comércio, que entrou em vigor em 1 de Janeiro de 1995, a Declaração de Doha sobre o Acordo de TRIPS e a Saúde Pública, de 14 de Novembro de 2001, e outros instrumentos internacionais relevantes adotados pela Organização das Nações Unidas e pelas agências especializadas do sistema da Organização das Nações Unidas, em particular a Organização para a Alimentação e a Agricultura da Organização das Nações Unidas (FAO) e a Organização Mundial da Saúde (OMS), Observando, ainda, instrumentos internacionais e regionais no campo da bioética, incluindo a Convenção para a Proteção dos Direitos Humanos e da Dignidade do Ser Humano com respeito às Aplicações da Biologia e


Reconhecendo que a presente Declaração deve ser interpretada de modo consistente com a legislação doméstica e o direito internacional, em conformidade com as regras sobre direitos humanos; Tendo presente a Constituição da Unesco, adotada em 16 de Novembro de 1945, Considerando o papel da Unesco na identificação de princípios universais baseados em valores éticos compartilhados para o desenvolvimento científico e tecnológico e a transformação social, de modo a identificar os desafios emergentes em ciência e tecnologia, levando em conta a responsabilidade da geração presente para com as gerações futuras e que as questões da bioética, que necessariamente possuem uma dimensão internacional, devem ser tratadas como um todo, inspirando-se nos princípios já estabelecidos pela Declaração Universal sobre o Genoma Humano e os Direitos Humanos e pela Declaração Internacional sobre os Dados Genéticos Humanos e levando em conta não somente o atual contexto científico, mas também desenvolvimentos futuros, Consciente de que os seres humanos são parte integrante da biosfera, com um papel importante na proteção um do outro e das demais formas de vida, em particular dos animais, Reconhecendo, com base na liberdade da ciência e da pesquisa, que os desenvolvimentos científicos e tecnológicos têm sido e podem ser de grande benefício para a humanidade inter alia no aumento da expectativa e na melhoria da qualidade de vida, e enfatizando que tais desenvolvimentos devem sempre buscar promover o bem-estar dos indivíduos, famílias, grupos ou comunidades e da humanidade como um todo no reconhecimento da dignidade da pessoa humana e no respeito universal e observância dos direitos humanos e das liberdades fundamentais,

129 Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos

da Medicina: Convenção sobre Direitos Humanos e Biomedicina do Conselho da Europa, adotada em 1997 e que entrou em vigor em 1999 e seus protocolos adicionais, bem como legislação e regulamentações nacionais no campo da bioética, códigos internacionais e regionais de conduta, diretrizes e outros textos no campo da bioética, tais como a Declaração de Helsinque, da Associação Médica Mundial, sobre Princípios Éticos para a Pesquisa Biomédica Envolvendo Sujeitos Humanos, adotada em 1964 e emendada em 1975, 1989, 1993, 1996, 2000 e 2002, e as Diretrizes Éticas Internacionais para Pesquisas Biomédicas Envolvendo Seres Humanos, do Conselho para Organizações Internacionais de Ciências Médicas, adotadas em 1982 e emendadas em 1993 e 2002;


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Reconhecendo que a saúde não depende unicamente dos desenvolvimentos decorrentes das pesquisas científicas e tecnológicas, mas também de fatores psico-sociais e culturais, Reconhecendo, ainda, que decisões sobre questões éticas na medicina, nas ciências da vida e nas tecnologias associadas podem ter impacto sobre indivíduos, famílias, grupos ou comunidades e sobre a humanidade como um todo, Tendo presente que a diversidade cultural, como fonte de intercâmbio, inovação e criatividade, é necessária aos seres humanos e, nesse sentido, constitui patrimônio comum da humanidade, enfatizando, contudo, que esta não pode ser invocada à custa dos direitos humanos e das liberdades fundamentais, Tendo igualmente presente que a identidade de um indivíduo inclui dimensões biológicas, psicológicas, sociais, culturais e espirituais, Reconhecendo que condutas científicas e tecnológicas antiéticas já produziram impacto específico em comunidades indígenas e locais, Convencida de que a sensibilidade moral e a reflexão ética devem ser parte integrante do processo de desenvolvimento científico e tecnológico e de que a bioética deve desempenhar um papel predominante nas escolhas que precisam ser feitas sobre as questões que emergem de tal desenvolvimento, Considerando o desejo de desenvolver novos enfoques relacionados à responsabilidade social de modo a assegurar que o progresso da ciência e da tecnologia contribua para a justiça, a eqüidade e para o interesse da humanidade, Reconhecendo que conceder atenção à posição das mulheres é uma forma importante de avaliar as realidades sociais e alcançar equidade, Dando ênfase à necessidade de reforçar a cooperação internacional no campo da bioética, levando particularmente em consideração as necessidades específicas dos países em desenvolvimento, das comunidades indígenas e das populações vulneráveis, Considerando que todos os seres humanos, sem distinção, devem se beneficiar dos mesmos elevados padrões éticos na medicina e nas pesquisas em ciências da vida, Proclama os princípios a seguir e adota a presente Declaração.


Artigo 1 – Escopo a) A Declaração trata das questões éticas relacionadas à medicina, às ciências da vida e às tecnologias associadas quando aplicadas aos seres humanos, levando em conta suas dimensões sociais, legais e ambientais. b) A presente Declaração é dirigida aos Estados. Quando apropriado e pertinente, ela também oferece orientação para decisões ou práticas de indivíduos, grupos, comunidades, instituições e empresas públicas e privadas.

Artigo 2 – Objetivos Os objetivos desta Declaração são: (i) prover uma estrutura universal de princípios e procedimentos para orientar os Estados na formulação de sua legislação, políticas ou outros instrumentos no campo da bioética; (ii) orientar as ações de indivíduos, grupos, comunidades, instituições e empresas públicas e privadas; (iii) promover o respeito pela dignidade humana e proteger os direitos humanos, assegurando o respeito pela vida dos seres humanos e pelas liberdades fundamentais, de forma consistente com a legislação internacional de direitos humanos; (iv) reconhecer a importância da liberdade da pesquisa científica e os benefícios resultantes dos desenvolvimentos científicos e tecnológicos, evidenciando, ao mesmo tempo, a necessidade de que tais pesquisas e desenvolvimentos ocorram conforme os princípios éticos dispostos nesta Declaração e respeitem a dignidade humana, os direitos humanos e as liberdades fundamentais; (v) promover o diálogo multidisciplinar e pluralístico sobre questões bioéticas entre todos os interessados e na sociedade como um todo; (vi) promover o acesso eqüitativo aos desenvolvimentos médicos, científicos e tecnológicos, assim como a maior difusão possível e o rápido compartilhamento de conhecimento relativo a tais desenvolvimentos e a participação nos benefícios, com particular atenção às necessidades de países em desenvolvimento; (vii) salvaguardar e promover os interesses das gerações presentes e futuras; e

131 Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos

DISPOSIÇÕES GERAIS


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(viii) ressaltar a importância da biodiversidade e sua conservação como uma preocupação comum da humanidade.

PRINCÍPIOS Conforme a presente Declaração, nas decisões tomadas ou práticas desenvolvidas por aqueles a quem ela é dirigida, devem ser respeitados os princípios a seguir.

Artigo 3 – Dignidade Humana e Direitos Humanos a) A dignidade humana, os direitos humanos e as liberdades fundamentais devem ser respeitados em sua totalidade. b) Os interesses e o bem-estar do indivíduo devem ter prioridade sobre o interesse exclusivo da ciência ou da sociedade.

Artigo 4 – Benefício e Dano Os benefícios diretos e indiretos a pacientes, sujeitos de pesquisa e outros indivíduos afetados devem ser maximizados e qualquer dano possível a tais indivíduos deve ser minimizado, quando se trate da aplicação e do avanço do conhecimento científico, das práticas médicas e tecnologias associadas.

Artigo 5 – Autonomia e Responsabilidade Individual Deve ser respeitada a autonomia dos indivíduos para tomar decisões, quando possam ser responsáveis por essas decisões e respeitem a autonomia dos demais. Devem ser tomadas medidas especiais para proteger direitos e interesses dos indivíduos não capazes de exercer autonomia.

Artigo 6 – Consentimento a) Qualquer intervenção médica preventiva, diagnóstica e terapêutica só deve ser realizada com o consentimento prévio, livre e esclarecido do indivíduo envolvido, baseado em informação adequada. O consentimento deve, quando apropriado, ser manifesto e poder ser retirado pelo indivíduo envolvido a qualquer momento e por qualquer razão, sem acarretar desvantagem ou preconceito.


Artigo 7 – Indivíduos sem a Capacidade para Consentir Em conformidade com a legislação, proteção especial deve ser dada a indivíduos sem a capacidade para fornecer consentimento: a) a autorização para pesquisa e prática médica deve ser obtida no melhor interesse do indivíduo envolvido e de acordo com a legislação nacional. Não obstante, o indivíduo afetado deve ser envolvido, na medida do possível, tanto no processo de decisão sobre consentimento assim como sua retirada; b) a pesquisa só deve ser realizada para o benefício direto à saúde do indivíduo envolvido, estando sujeita à autorização e às condições de proteção prescritas pela legislação e caso não haja nenhuma alternativa de pesquisa de eficácia comparável que possa incluir sujeitos de pesquisa com capacidade para fornecer consentimento. Pesquisas sem potencial benefício direto à saúde só devem ser realizadas excepcionalmente, com a maior restrição, expondo o indivíduo apenas a risco e desconforto mínimos e quando se espera que a pesquisa contribua com o benefício à saúde de outros indivíduos na mesma categoria, sendo sujeitas às condições prescritas por lei e compatíveis com a proteção dos direitos humanos do indivíduo. A recusa de tais indivíduos em participar de pesquisas deve ser respeitada.

133 Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos

b) A pesquisa científica só deve ser realizada com o prévio, livre, expresso e esclarecido consentimento do indivíduo envolvido. A informação deve ser adequada, fornecida de uma forma compreensível e incluir os procedimentos para a retirada do consentimento. O consentimento pode ser retirado pelo indivíduo envolvido a qualquer hora e por qualquer razão, sem acarretar qualquer desvantagem ou preconceito. Exceções a este princípio somente devem ocorrer quando em conformidade com os padrões éticos e legais adotados pelos Estados, consistentes com as provisões da presente Declaração, particularmente com o Artigo 27 e com os direitos humanos. c) Em casos específicos de pesquisas desenvolvidas em um grupo de indivíduos ou comunidade, um consentimento adicional dos representantes legais do grupo ou comunidade envolvida pode ser buscado. Em nenhum caso, o consentimento coletivo da comunidade ou o consentimento de um líder da comunidade ou outra autoridade deve substituir o consentimento informado individual.


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Artigo 8 – Respeito pela Vulnerabilidade Humana e pela Integridade Individual A vulnerabilidade humana deve ser levada em consideração na aplicação e no avanço do conhecimento científico, das práticas médicas e de tecnologias associadas. Indivíduos e grupos de vulnerabilidade específica devem ser protegidos e a integridade individual de cada um deve ser respeitada.

Artigo 9 – Privacidade e Confidencialidade A privacidade dos indivíduos envolvidos e a confidencialidade de suas informações devem ser respeitadas. Com esforço máximo possível de proteção, tais informações não devem ser usadas ou reveladas para outros propósitos que não aqueles para os quais foram coletadas ou consentidas, em consonância com o direito internacional, em particular com a legislação internacional sobre direitos humanos.

Artigo 10 – Igualdade, Justiça e Eqüidade A igualdade fundamental entre todos os seres humanos em termos de dignidade e de direitos deve ser respeitada de modo que todos sejam tratados de forma justa e eqüitativa.

Artigo 11 – Não-Discriminação e Não-Estigmatização Nenhum indivíduo ou grupo deve ser discriminado ou estigmatizado por qualquer razão, o que constitui violação à dignidade humana, aos direitos humanos e liberdades fundamentais.

Artigo 12 – Respeito pela Diversidade Cultural e pelo Pluralismo A importância da diversidade cultural e do pluralismo deve receber a devida consideração. Todavia, tais considerações não devem ser invocadas para violar a dignidade humana, os direitos humanos e as liberdades fundamentais nem os princípios dispostos nesta Declaração, ou para limitar seu escopo.

Artigo 13 – Solidariedade e Cooperação A solidariedade entre os seres humanos e cooperação internacional para este fim devem ser estimuladas.


a) A promoção da saúde e do desenvolvimento social para a sua população é objetivo central dos governos, partilhado por todos os setores da sociedade. b) Considerando que usufruir o mais alto padrão de saúde atingível é um dos direitos fundamentais de todo ser humano, sem distinção de raça, religião, convicção política, condição econômica ou social, o progresso da ciência e da tecnologia deve ampliar: (i) o acesso a cuidados de saúde de qualidade e a medicamentos essenciais, incluindo especialmente aqueles para a saúde de mulheres e crianças, uma vez que a saúde é essencial à vida em si e deve ser considerada como um bem social e humano; (ii) o acesso à nutrição adequada e água de boa qualidade; (iii) a melhoria das condições de vida e do meio ambiente; (iv) a eliminação da marginalização e da exclusão de indivíduos por qualquer que seja o motivo; e (v) a redução da pobreza e do analfabetismo.

Artigo 15 – Compartilhamento de Benefícios a) Os benefícios resultantes de qualquer pesquisa científica e suas aplicações devem ser compartilhados com a sociedade como um todo e, no âmbito da comunidade internacional, em especial com países em desenvolvimento. Para dar efeito a esse princípio, os benefícios podem assumir quaisquer das seguintes formas: (i) ajuda especial e sustentável e reconhecimento aos indivíduos e grupos que tenham participado de uma pesquisa; (ii) acesso a cuidados de saúde de qualidade; (iii) oferta de novas modalidades diagnósticas e terapêuticas ou de produtos resultantes da pesquisa; (iv) apoio a serviços de saúde; (v) acesso ao conhecimento científico e tecnológico; (vi) facilidades para geração de capacidade em pesquisa; e (vii) outras formas de benefício coerentes com os princípios dispostos na presente Declaração. b) Os benefícios não devem constituir indução inadequada para estimular a participação em pesquisa.

135 Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos

Artigo 14 – Responsabilidade Social e Saúde


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Artigo 16 – Proteção das Gerações Futuras O impacto das ciências da vida sobre gerações futuras, incluindo sobre sua constituição genética, deve ser devidamente considerado.

Artigo 17 – Proteção do Meio Ambiente, da Biosfera e da Biodiversidade Devida atenção deve ser dada à inter-relação de seres humanos com outras formas de vida, à importância do acesso e utilização adequada de recursos biológicos e genéticos, ao respeito pelo conhecimento tradicional e ao papel dos seres humanos na proteção do meio ambiente, da biosfera e da biodiversidade.

APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS Artigo 18 – Tomada de Decisão e o Tratamento de Questões Bioéticas a) Devem ser promovidos o profissionalismo, a honestidade, a integridade e a transparência na tomada de decisões, em particular na explicitação de todos os conflitos de interesse e no devido compartilhamento do conhecimento. Todo esforço deve ser feito para a utilização do melhor conhecimento científico e metodologia disponíveis no tratamento e constante revisão das questões bioéticas. b) Os indivíduos e profissionais envolvidos e a sociedade como um todo devem estar incluídos regularmente num processo comum de diálogo. c) Deve-se promover oportunidades para o debate público pluralista, buscando-se a manifestação de todas as opiniões relevantes.

Artigo 19 – Comitês de Ética Comitês de ética independentes, multidisciplinares e pluralistas devem ser instituídos, mantidos e apoiados em nível adequado com o fim de: (i) avaliar questões éticas, legais, científicas e sociais relevantes relacionadas a projetos de pesquisa envolvendo seres humanos; (ii) prestar aconselhamento sobre problemas éticos em situações clínicas; (iii) avaliar os desenvolvimentos científicos e tecnológicos, formular recomendações e contribuir para a elaboração de diretrizes sobre temas inseridos no âmbito da presente Declaração; e


Artigo 20 – Avaliação e Gerenciamento de Riscos Deve-se promover a avaliação e o gerenciamento adequado de riscos relacionados à medicina, às ciências da vida e às tecnologias associadas.

Artigo 21 – Práticas Transnacionais a) Os Estados, as instituições públicas e privadas, e os profissionais associados a atividades transnacionais devem empreender esforços para assegurar que qualquer atividade no escopo da presente Declaração que seja desenvolvida, financiada ou conduzida de algum modo, no todo ou em parte, em diferentes Estados, seja coerente com os princípios da presente Declaração. b) Quando a pesquisa for empreendida ou conduzida em um ou mais Estados [Estado(s) hospedeiro(s)] e financiada por fonte de outro Estado, tal pesquisa deve ser objeto de um nível adequado de revisão ética no(s) Estado(s) hospedeiro(s) e no Estado no qual o financiador está localizado. Esta revisão deve ser baseada em padrões éticos e legais consistentes com os princípios estabelecidos na presente Declaração. c) Pesquisa transnacional em saúde deve responder às necessidades dos países hospedeiros e deve ser reconhecida sua importância na contribuição para a redução de problemas de saúde globais urgentes. d) Na negociação de acordos para pesquisa, devem ser estabelecidos os termos da colaboração e a concordância sobre os benefícios da pesquisa com igual participação de todas as partes na negociação. e) Os Estados devem tomar medidas adequadas, em níveis nacional e internacional, para combater o bioterrorismo e o tráfico ilícito de órgãos, tecidos, amostras, recursos genéticos e materiais genéticos.

PROMOÇÃO DA DECLARAÇÃO Artigo 22 – Papel dos Estados a) Os Estados devem tomar todas as medidas adequadas de caráter legislativo, administrativo ou de qualquer outra natureza, de modo a implementar os princípios estabelecidos na presente Declaração e em

137 Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos

(iv) promover o debate, a educação, a conscientização do público e o engajamento com a bioética.


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conformidade com o direito internacional e com os direitos humanos. Tais medidas devem ser apoiadas por ações nas esferas da educação, formação e informação ao público. b) Os Estados devem estimular o estabelecimento de comitês de ética independentes, multidisciplinares e pluralistas, conforme o disposto no Artigo 19.

Artigo 23 – Informação, Formação e Educação em Bioética a) De modo a promover os princípios estabelecidos na presente Declaração e alcançar uma melhor compreensão das implicações éticas dos avanços científicos e tecnológicos, em especial para os jovens, os Estados devem envidar esforços para promover a formação e educação em bioética em todos os níveis, bem como estimular programas de disseminação de informação e conhecimento sobre bioética. b) Os Estados devem estimular a participação de organizações intergovernamentais, internacionais e regionais e de organizações não governamentais internacionais, regionais e nacionais neste esforço.

Artigo 24 – Cooperação Internacional a) Os Estados devem promover a disseminação internacional da informação científica e estimular a livre circulação e o compartilhamento do conhecimento científico e tecnológico. b) Ao abrigo da cooperação internacional, os Estados devem promover a cooperação cultural e científica e estabelecer acordos bilaterais e multilaterais que possibilitem aos países em desenvolvimento construir capacidade de participação na geração e compartilhamento do conhecimento científico, do know-how relacionado e dos benefícios decorrentes. c) Os Estados devem respeitar e promover a solidariedade entre Estados, bem como entre indivíduos, famílias, grupos e comunidades, com atenção especial para aqueles tornados vulneráveis por doença ou incapacidade ou por outras condições individuais, sociais ou ambientais e aqueles indivíduos com maior limitação de recursos.

Artigo 25 – Ação de Acompanhamento pela Unesco a) A Unesco promoverá e disseminará os princípios da presente Declaração. Para tanto, a Unesco buscará apoio e assistência do Comitê


CONSIDERAÇÕES FINAIS Artigo 26 – Inter-relação e Complementaridade dos Princípios A presente Declaração deve ser considerada em sua totalidade e seus princípios devem ser compreendidos como complementares e inter-relacionados. Cada princípio deve ser interpretado no contexto dos demais, de forma pertinente e adequada a cada circunstância.

Artigo 27 – Limitações à Aplicação dos Princípios Se a aplicação dos princípios da presente Declaração tiver que ser limitada, tal limitação deve ocorrer em conformidade com a legislação, incluindo a legislação referente aos interesses de segurança pública para a investigação, constatação e acusação por crimes, para a proteção da saúde pública ou para a proteção dos direitos e liberdades de terceiros. Quaisquer dessas legislações devem ser consistentes com a legislação internacional sobre direitos humanos.

Artigo 28 – Recusa a Atos Contrários aos Direitos Humanos, às Liberdades Fundamentais e Dignidade Humana Nada nesta Declaração pode ser interpretado como podendo ser invocado por qualquer Estado, grupo ou indivíduo, para justificar envolvimento em qualquer atividade ou prática de atos contrários aos direitos humanos, às liberdades fundamentais e à dignidade humana.

139 Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos

Intergovernamental de Bioética (IGBC) e do Comitê Internacional de Bioética (IBC). b) A Unesco reafirmará seu compromisso em tratar de bioética e em promover a colaboração entre o IGBC e o IBC.



Índice Remissivo

A Ácido(s), 99 - cinâmico(s), 98 - gálico(s), 99 - graxos, 116 - - dados básicos sobre o(s), 116 - - essenciais, carência de, 84 Adipócitos, 83 Adolescentes, resultados de estudo realizado com, 59 Ágar-ágar, 14 Agência Nacional de Vigilância Sanitária (v. Anvisa) Agrotóxicos, 102 Alimentação, divulgação e reconhecimento, 11 Alimento(s), 114 - fome e nutrição, 123-125 - rotulagem de, a preocupação com a, 114 Alopecia, 84 - dorsal, 85

Aminoácido fenilalanina, formação de flavonoide a partir do, 98 Amostragem e bioestatística, 53 - correlação entre variáveis, 66 - medidas-resumo, 62 - questionários e análise por tabelas, 56 - - de contingência, 60 - - de intervalo de classe, 58 - - de tipos sanguíneos, 58 - - de peso de recém-nascidos, 59 - - de respostas dos pacientes entrevistados, 60 - - de resultado(s), 61 - - - de estudo realizado com 20 adolescentes, 59 - - - do tratamento dos pacientes, 61 - técnicas de, 55 - testes estatísticos, 69 Análise de regressão, 68 Anemia, 85 Animais de experimentação, biotério e, 81


Índice Remissivo

142

- cachorros, o desenvolvimento da técnica de cateterismo cardíaco e eletrocardiograma, 81 - caixa para rato ou camundongo com ração, 88 - camundongos, a importância dos, na pesquisa, 81 - coelhos, ratos e macacos, 81 - na pesquisa com carboidratos, 113 - o avanço das pesquisas com camundongos transgênicos, 82 - os cuidados com os animais, 87 - ratos, 81, 84 - - consequências de carência de nutrientes para, 84 - - e camundongos, 81 - - efeitos tóxicos de diferentes nutrientes em, 85 - uso de dietas, 85 Anormalidade fetal, 85 Anova, teste, 71 Anvisa, 102 Apetite, redução do crescimento e do, 85 Aroeira, 106 Arrogância, descobertas, negação e, 9 Ascite, 85 Aterosclerose, estudo da, a complexidade do, 119 B Bacillus anthracies, 14 Bacilo de Koch, 15 Bioestatística, amostragem, 53 - correlação entre variáveis, 66 - - análise de regressão, 68 - - coeficiente, 66 - - - de determinação, 68

- - - de Pearson para variáveis quantitativas, 66 - - - de Yule para variáveis qualitativas, 67 - medidas-resumo, 62 - questionários e análise por tabelas, 56 - - de contingência, 60 - - de intervalo de classe, 58 - - de tipos sanguíneos, 58 - - de peso de recém-nascidos, 59 - - de respostas dos pacientes entrevistados, 60 - - de resultado(s), 61 - - - de estudo realizado com 20 adolescentes, 59 - - - do tratamento dos pacientes, 61 - técnicas de, 55 - - aleatória, 55 - - - estratificada, 55 - - - simples, 55 - - sistemática, 56 - testes estatísticos, 69 - - Anova, 71 - - qui-quadrado, 71 - - T-student, 69 Bioética, 73 - Declaração Universal sobre, e Direitos Humanos, 127-39 Biossegurança, lei da, 76 Biotério e animais de experimentação, 81 - cachorros, o desenvolvimento da técnica de cateterismo cardíaco e eletrocardiograma, 81 - caixa para rato ou camundongo com ração, 88 - camundongos, a importância dos, na pesquisa, 81 - coelhos, ratos e macacos, 81


C Caixa para rato ou camundongo com ração, 88 Cálcio e fósforo, carência de, 84 Campylobacter, 101 Camundongos, 81 - a importância dos, na pesquisa, 81 - caixa para rato ou, com ração, 88 - diabéticos, 83 - LEPRDB, 83 - nude, 83 - obesos, 83 - ratos e, 81 - transgênicos, 82 Carboidratos, uso de animais na pesquisa com, 113 Carência(s), 84 - de ácidos graxos essenciais, 84 - de cálcio e fósforo, 84 - de folato, 85 - de manganês, 85 - de niacina, 85 - de nutrientes, consequências de, para ratos, 84 - de potássio, 85 - de selênio, 85 - de triptofano, 84 - de vitaminas, 85

- - E, 85 - - K, 85 Cáscara-sagrada, 106 Catarata, 84 Células-tronco, 77 Cianose, 85 Ciência, 105 - como divulgadora do conhecimento, 24 - mitos como alvos da, 105 Circulação, coração e controvérsias, 6 Círculo de Viena, a importância do, para o desenvolvimento científico, 24 Coeficiente(s), 66 - de determinação, 68 - de Pearson para variáveis quantitativas, 66 - de Yule para variáveis qualitativas, 67 Coelhos, ratos e macacos, experimentação com, 81 Composição química dos alimentos, técnicas em, e limitações, 97 Consumidor, conhecimento básico sobre pesquisa sobre o, 32 Contingência, tabela de, 60 Cook Little, Clarence, 82 Coração, circulação e controvérsias, 6 Crescimento, 84 - redução do, 84 - - e do apetite, 85 - retardo do, 84 Cromatógrafo, 95 - a gás, 95 - o aperfeiçoamento do, e a descoberta de compostos, 94 - painel de controle do, 95

143 Índice Remissivo

- na pesquisa com carboidratos, 113 - o avanço das pesquisas com camundongos transgênicos, 82 - os cuidados com os animais, 87 - ratos, 81, 84 - - consequências de carência de nutrientes para, 84 - - e camundongos, 81 - - efeitos tóxicos de diferentes nutrientes em, 85 - uso de dietas, 85


Índice Remissivo

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Cromossomo 11, 83 Cynara scolymus, 106 D Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos, 127-39 - a conferência geral da, 127 - disposições gerais sobre, 131 - formação da, 137 - princípios da, 132 - - aplicação da, 136 Dermatite, 84 Descartes, René, 75 Descobertas, negação e arrogância, 9 Desenvolvimento científico, a importância do círculo de Viena para o, 24 Dietas, uso de, em animais de experimentação, 85 Direitos humanos, 127-39 Doença cardiovascular, a polêmica dos lipídios na, 118 E Edema, 85 Entrevista, 36 - despadronizada ou não estruturada, 37 - padronizada ou estruturada, 37 Epicatecina, estrutura da, 109 Epigalocatecina-3-galato, estrutura da, 109 Epistemologia, 1-27 - do conhecimento mítico ao científico, 19-27 - - a ciência como divulgadora, 24 - - a importância do círculo de Viena, 24 - - o conceito epistemológico, 20

- - o pensamento, 21 - - - moderno, 21 - - - na antiguidade, 19 - - pela filosofia contemporânea, 22 - e o âmbito experimental, 1-18 - - grandes nomes e histórias marcantes, 3 - - - alimentação, divulgação e reconhecimento, 11 - - - coração, circulação e controvérsias, 6 - - - descobertas, negação e arrogância, 9 - - - epistemologia, gelatina e microbiologia, 14 - - - Florence Nightingale, 12 - - - Heinrich Hermann Robert Koch, 14 - - - homem, ignorância e sociedade, 3 - - - Ignaz Philipp Semmelweis, 10 - - - Louis Pasteur, 15 - - - Marcello Malpighi, 8 - - - William Harvey, 7 Equipe interdisciplinar e o paciente hospitalizado, 111 Escherichia coli, 101 Espinheira-santa, planta, 106 Esteatose hepática, 84 Estudo(s), 83 - da aterosclerose, a complexidade do(s), 119 - da tumorogênese, 83 - in vitro, 82 Evolução científica, tecnologia na (v. Tecnologia na evolução científica) Experimentação, animais de (v. Animais de experimentação)


G Garra-do-diabo, 106 Gás, cromatógrafo a, 95 Gene autossômico recessivo, 83 Glicose, intolerância a, 83 Glycine max, 108 Goldberger, Joseph, 13 Guaco, 106 H Harpagophytum procumbens, 106 Harvey, William, 7 Hemólise, 85 Hepatotoxicidade, 85 Hiperfagia, 83 Hiperglicemia, 83 Hipertrofia das suprarrenais, 85 Holmes, Oliver Wendell, 11 Homem, ignorância e sociedade, 3 Homo sapiens, 3

I Ibn AL-Nafis, 9 Ignorância, homem e sociedade, 3 Instituto Oswaldo Cruz, 17 Insulina, níveis elevados de, 83 Intervalo de classe, tabela de, 58 Intolerância a glicose, 83 Intoxicação, sintomas de, 112 Irradiação UV, 100 Isoflavona de soja, 108 Isoniazida, 110 K Koch, bacilo de, 15 Koch, Heinrich Hermann Robert, 14 L Lei da biossegurança, 76 Lesão renal, 85 Letargia, 85 Leucopenia, 85 Linfócitos T, 83 Linguagem técnica, desafio da, e pesquisa, 43-9 - a construção do texto técnicocientífico, 43 - - a importância da padronização do texto, 47 - - exemplos de erros frequentes, 45 - - regras para o uso de tabelas e figuras, 46 Linhagens, 83 Lipídios, a polêmica dos, na doença cardiovascular, 118 Luffa operculata, 106 M Macacos, experimentação com, 81 Malpighi, Marcello, 8 Manganês, carência de, 85

145 Índice Remissivo

F Farmacologia como instrumento revelador, 108 Febre puerperal, 9 Fenilalanina amônio base, 98 Ferro, interação com, 85 Fibras musculares, degeneração das, 85 Figuras, regras para o uso de tabelas e, 46 Filosofia contemporânea, epistemologia pela, 22 Flavonoide, formação de, a partir do aminoácido fenilalanina, 98 Folato, carência de, 85 Fome, alimento e nutrição, 123-25 Fósforo, cálcio e, carência de, 84


Índice Remissivo

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Maytenus ilicifolia, 106 Medidas-resumo, 62 Microbiologia, epistemologia, gelatina e, 14 Mitos como alvos da ciência, 105 Montagu, Lady, 5 Montaigne, Michael, 75 N Necrose caudal, 84 Negação, descobertas e arrogância, 9 Niacina, carência de, 85 Nightingale, Florence, 12 Nutrição experimental, conceitos em, 51-121 - bioestatística, 53 - bioestatística, amostragem, 53 - - correlação entre variáveis, 66 - - - análise de regressão, 68 - - - coeficiente de determinação, 68 - - - coeficiente de Pearson para variáveis quantitativas, 66 - - - coeficiente de Yule para variáveis qualitativas, 67 - - medidas-resumo, 62 - - questionários e análise por tabelas, 56 - - - de análise de tipos sanguíneos, 58 - - - de contingência, 60 - - - de intervalo de classe, 58 - - - de peso de recém-nascidos, 59 - - - de respostas dos pacientes entrevistados, 60 - - - de resultado de estudo realizado com 20 adolescentes, 59 - - - de resultados do tratamento dos pacientes, 61

- - - de tipo sanguíneo de pacientes, 58 - - técnicas de, 55 - - - aleatória estratificada, 55 - - - aleatória simples, 55 - - - sistemática, 56 - - testes estatísticos, 69 - - - Anova, 71 - - - qui-quadrado, 71 - - - T-student, 69 - bioética, 73 - biotério e animais de experimentação, 81 - - caixa para rato ou camundongo com ração, 88 - - camundongos, a importância dos, na pesquisa, 81 - - coelhos, ratos e macacos, 81 - - os cuidados com os animais, 87 - - ratos, 81, 84 - - - consequências de carência de nutrientes para, 84 - - - e camundongos, 81 - - - efeitos tóxicos de diferentes nutrientes em, 85 - - uso de dietas, 85 - efeito da tecnologia na evolução científica, 93 - - as limitações das técnicas em composição química dos alimentos, 97 - - cromatógrafo a gás, 95 - - formação de flavonoide a partir do aminoácido fenilalanina, 98 - - o aperfeiçoamento do cromatógrafo e a descoberta de compostos, 94 - - painel de controle do cromatógrafo, 95


O OMS, 102, 110 P Paciente(s) - entrevistado(s), respostas do(s), 60 - hospitalizado(s), equipe interdisciplinar e o(s), 111 PARA, 102 Paralisia das patas, 84 Pasteur, Louis, 15 Patas, paralisia das, 84 Pearson, coeficiente de, para variáveis quantitativas, 66 Pele, úlcera de, 85

Pensamento, 19 - moderno, 21 - na antiguidade, 19 Peso, 85 - de recém-nascidos, 59 - redução do ganho de, 85 Pesquisa(s), 29-49 - conhecimento básico sobre, 31 - - aquisição de conhecimento e a escolha do tema, 33 - - de campo, 32 - - de opinião, 32 - - definição de objetivos, 35 - - experimental, 32 - - métodos, 35 - - - a entrevista como técnica do, 36 - - - o questionário como técnica do, 38 - - sobre o consumidor, 32 - exemplos de diferentes linhas de, e conceitos em nutrição experimental, 105 - - a complexidade do estudo da aterosclerose, 119 - - a equipe interdisciplinar e o paciente hospitalizado, 111 - - a farmacologia como instrumento revelador, 108 - - a polêmica dos lipídios na doença cardiovascular, 118 - - a preocupação com a rotulagem de alimentos, 114 - - dados básicos sobre os ácidos graxos, 116 - - interação fármaco-nutriente, 110 - - o uso de animais na pesquisa com carboidratos, 113 - - os mitos como alvos da ciência, 105

147 Índice Remissivo

- - segurança alimentar, um desafio, 100 - exemplos de diferentes linhas de pesquisa, 105 - - a complexidade do estudo da aterosclerose, 119 - - a equipe interdisciplinar e o paciente hospitalizado, 111 - - a farmacologia como instrumento revelador, 108 - - a polêmica dos lipídios na doença cardiovascular, 118 - - a preocupação com a rotulagem de alimentos, 114 - - dados básicos sobre os ácidos graxos, 116 - - interação fármaco-nutriente, 110 - - o uso de animais na pesquisa com carboidratos, 113 - - os mitos como alvos da ciência, 105 Nutrientes para ratos, 84 - consequências de carência de, 84 - efeitos tóxicos de diferentes, 85


Índice Remissivo

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- o desafio da linguagem técnica, 43-49 - - a construção do texto técnicocientífico, 43 - - - a importância da padronização do texto, 47 - - - exemplos de erros frequentes, 45 - - - regras para o uso de tabelas e figuras, 46 Peste, traje de proteção dos médicos que tratavam doentes com, 5 Plantas medicinais, tipos de, 106, 107 Polifenóis, 97 Potássio, carência de, 85 Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (v. PARA) Pulgas, 4 Q Questionário(s), 58 - como técnica de pesquisa, 38 - - fidedignidade, 38 - - operacionalidade, 38 - - quanto à forma, 39 - - - abertas ou livres, 39 - - - fechadas ou dicotômicas, 39 - - - múltipla escolha, 39 - - validade, 38 - e análise por tabelas, 56 - - de intervalo de classe, 58 Qui-quadrado, teste do, 71 R Ração, 84 - caixa para rato ou camundongo com, 88

- redução da ingestão de, 84 Rato(s), 81 - caixa para, ou camundongo com ração, 88 - consequências de carência de nutrientes para, 84 - efeitos tóxicos de diferentes nutrientes em, 85 - experimentação com, e camundongos, 81 - pretos, 4 - SHR, 84 - Sprague-Dawley, 84 - Wistar, 84 Recém-nascidos, peso de, 59 Reconhecimento, alimentação, divulgação e, 11 Regras para o uso de tabelas e figuras, 46 Regressão, análise de, 68 Reprodução, comprometimento da, 84 Rhamnus purshiana, 106 Rotulagem de alimentos, a preocupação com a, 114 S Salmonella, 101 Schinus terebenthifolius, 106 Segurança alimentar, um desafio, 100 Selênio, carência de, 85 Semmelweis, Ignaz Philipp, 10 Sepse, 9 Sociedade, homem, ignorância e, 3 Sódio, depleção de, 85 Suprarrenais, hipertrofia das, 85 Sydenstricker, virgil Preston, 13


Texto técnico-científico, a construção do, e o desafio da linguagem técnica, 43 Thompson-McFadden Pellagra Commission, 13 Tipos sanguíneos, análise de, 58 Toxicidade hepática, 85 Triptofano, carência de, 84 T-student, teste, 69 Tumorogênese, estudos da, 83 U Úlcera de pele, 85 Uncaria tomentosa, 108 Unha-de-gato, 108 V Variáveis, correlação entre, 66 Viena, círculo de, a importância do, para o desenvolvimento científico, 24 Vitamina(s), 110 - B6, 110 - carência de, 85 - E, 85 - K, 85 W Watson, Thomas, 11 Y Yule, coeficiente de, para variáveis qualitativas, 67

149 Índice Remissivo

T Tabelas, 46 - questionários e análise por (v. Questionário e análise por tabelas) - regras para o uso de, e figuras, 46 Técnica(s) - de amostragem, 55 - - aleatória, 55 - - sistemática, 56 - em composição química dos alimentos, as limitações da(s), 97 Tecnologia na evolução científica, efeito da, conceitos em nutrição experimental e, 93 - as limitações das técnicas em composição química dos alimentos, 97 - cromatógrafo a gás, 95 - formação de flavonoide a partir do aminoácido fenilalanina, 98 - o aperfeiçoamento do cromatógrafo e a descoberta de compostos, 94 - painel de controle do cromatógrafo, 95 - segurança alimentar, um desafio, 100 Testes estatísticos, 69 - T-student, 69



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