Organizadora Thaís Rasia da Silva
Nutricionista pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Mestre e Doutora em Ciências Médicas: Endocrinologia e Metabologia pela UFRGS.
Pesquisadora do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Hormônios e Saúde da Mulher (INCT‑Hormona).
Professora do Programa de Pós‑graduação em Ciências Médicas: Endocrinologia e Metabologia da UFRGS.
Nutrição na Saúde da Mulher
Copyright © 2024 Editora Rubio Ltda.
ISBN 978‑65‑88340‑72 1
Todos os direitos reservados. É expressamente proibida a reprodução desta obra, no todo ou em parte, sem autorização por escrito da Editora.
Produção
Equipe Rubio
Capa
Bruno Sales
Imagem de Capa ©iStock.com/Diamond Dogs
Editoração Eletrônica
Estúdio Castellani
CIP‑BRASIL.
CATALOGAÇÃO NA FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
N97
Nutrição na saúde da mulher / organização Thaís Rasia da Silva. 1. ed. Rio de Janeiro : Rubio, 2024.
160 p. ; 23 cm.
Inclui bibliografia e índice
ISBN 978 65 88340 72 1
1. Mulheres Nutrição. 2. Mulheres Saúde e higiene. 3. Mulheres Dietética. I. Silva, Thaís Rasia da.
24 91498
CDD: 613.2082
CDU: 613.2 055.2
Gabriela Faray Ferreira Lopes – Bibliotecária – CRB‑7/6643
Editora Rubio Ltda. Av. Franklin Roosevelt, 194 s/l. 204 – Centro 20021‑120 – Rio de Janeiro – RJ
Telefone: 55(21) 2262‑3779
E‑mail: rubio@rubio.com.br www.rubio.com.br
Impresso no Brasil
Printed in Brazil
Colaboradores
Amanda Dias Borges
Nutricionista pela Universidade de Itaúna (UIT), MG.
Mestranda no Programa de Pós‑graduação em Ciência de Alimentos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Ana Mara de Oliveira e Silva
Nutricionista pela Universidade Federal do Piauí (UFPI).
Doutora em Ciências dos Alimentos pela Universidade de São Paulo (USP).
Professora Associada do Departamento de Nutrição da Universidade Federal de Sergipe (UFS).
Andrea Prestes Nácul
Médica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), especialista em Ginecologia e Obstetrícia.
Doutora em Ciências Médicas: Endocrinologia e Metabologia pela UFRGS.
Preceptora no Hospital Fêmina (GHC), RS.
Beatriz Dorneles Ferreira da Costa
Nutricionista pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Especialista em Obesidade e Emagrecimento pelo Hospital Israelita Albert Einstein, SP.
Betânia Rodrigues dos Santos
Bióloga pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), RS.
Mestra e Doutora em Ciências
Biológicas: Fisiologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Pesquisadora do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Hormônios e Saúde da Mulher (INCT‑Hormona).
Caroline dos Santos Melo
Nutricionista pela Universidade Federal de Sergipe (UFS).
Mestra em Ciências da Nutrição pela UFS. Doutoranda em Ciências da Saúde pela UFS.
Elis Forcellini Pedrollo
Nutricionista pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA).
Especialista em Nutrição Clínica e Doenças Crônicas pelo Hospital Moinhos de Vento (HMV), RS.
Mestra em Ciências Médicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Doutora e Mestre em Ciências Médicas: Endocrinologia e Metabologia pela UFRGS.
Heloísa Theodoro
Nutricionista pela Universidade de Caxias do Sul (UCS).
Doutora em Saúde Coletiva pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UniSinos).
Professora do curso de Nutrição da UCS.
Karina Giane Mendes
Nutricionista pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UniSinos).
Mestra em Saúde Coletiva pela UniSinos.
Doutora em Ciências Médicas:
Endocrinologia e Metabologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Professora do curso de Nutrição da Universidade de Caxias do Sul (UCS).
Laís Lima Ferreira
Nutricionista pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Mestra em Ciências Médicas: Endocrinologia e Metabologia pela UFRGS.
Doutoranda em Ciências da Saúde: Ginecologia e Obstetrícia pela UFRGS.
Lucas Bandeira Marchesan
Médico pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), especialista em Endocrinologia.
Mestre em Ciências Médicas: Endocrinologia e Metabologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Preceptor no Hospital Nossa Senhora da Conceição (GHC), RS.
Luísa Martins Trindade
Nutricionista pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Mestra e Doutora pelo Programa de Pós‑graduação em Ciência de Alimentos da UFMG.
Maria Julia Cauduro Rosa
Nutricionista pelo Centro Universitário Metodista, IPA‑RS.
Especialista em Nutrição Clínica e Estética pelo Instituto de Pesquisas, Ensino e Gestão em Saúde (IPGS), RS.
Mariana Klein Moreira
Nutricionista pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Mestranda em Ciências Médicas: Endocrinologia e Metabologia pela UFRGS.
Nicole Schumacher
Nutricionista pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA).
Mestranda em Ciências Médicas: Endocrinologia e Metabologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Ramara Kadija Fonseca Santos
Nutricionista pela Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC).
Mestra em Ciências da Nutrição pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Doutora em Ciências da Saúde pela UFS.
Roberta Martins Costa Moreira
Allgayer
Médica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), especialista em Endocrinologia.
Doutoranda em Ciências Médicas: Endocrinologia e Metabologia pela UFRGS.
Suzana Cardona Lago
Médica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela University of Ottawa, EUA.
Taise Dobner Imperatori
Nutricionista pela Universidade Franciscana (Unifra), Santa Maria, RS.
Especialista em Saúde do Idoso pela Universidade de Passo Fundo (UPF), RS.
Mestra em Envelhecimento Humano pela UPF.
Taís Ourique Nunes Rozenquanz
Nutricionista pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Especialista em Atenção Materno‑infantil e Obstetrícia pelo Grupo Hospitalar Conceição (GHC), RS.
Tatiana Pedroso de Paula
Nutricionista pelo Centro Universitário
Metodista IPA, RS.
Mestra e Doutora em Ciências Médicas: Endocrinologia e Metabologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Professora do Programa de Pós‑graduação em Ciências Médicas: Endocrinologia e Metabologia da UFRGS.
Thais Ortiz Hammes
Nutricionista pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Especialista em Nutrição Clínica pela Associação Brasileira de Nutrição (Asbran).
Mestra e Doutora em Gastrenterologia e Hepatologia pela UFRGS.
Thayná Brunelle Souza Carvalho
Nutricionista pela Universidade Federal de Sergipe (UFS).
Mestra em Ciências da Nutrição pela UFS.
Doutoranda em Ciências da Saúde pela UFS.
Valesca Dall’Alba
Nutricionista pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Doutora em Ciências Médicas: Endocrinologia e Metabologia pela UFRGS.
Professora do curso de Nutrição e dos programas de Pós‑graduação em Gastrenterologia e Hepatologia e Alimentação, Nutrição e Saúde da UFRGS.
Dedicatória
Ao meu parceiro de vida, Bruno, e à minha filha, Laura, fonte de inspiração diária para a realização desta obra e na busca por um mundo melhor para nós, mulheres.
Agradecimentos
Gratidão a todos os colaboradores, pelo seu empenho em sintetizar e compartilhar toda a informação valiosa que possuem. Os tópicos que escolhi para serem aqui apresentados devem muito ao trabalho e às ideias dos meus mentores, colegas de pós‑doutorado, alunos e alunas. Sou grata, especialmente, pela inspiração e pelo apoio à pesquisa de excelência proporcionados por Poli Mara Spritzer, minha supervisora durante uma longa trajetória acadêmica na Unidade de Endocrinologia Ginecológica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e no
Programa de Pós‑graduação em Ciências Médicas: Endocrinologia e Metabologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Agradeço também o estímulo que sem pre recebi das minhas pacientes, essas mu lheres que, preocupadas com seu bem‑estar físico, me procuram e me permitem fazer parte do seu processo de melhora da qua lidade de vida. Não consigo imaginar car reira mais gratificante do que ser nutricio nista clínica e pesquisadora.
À minha família, mãe, pai e irmã, pelo apoio incondicional.
Apresentação
A intenção deste livro é compartilhar com você, leitora ou leitor, a importância da Nutrição para a saúde da mulher. Há tem pos, são elucidados os muitos aspectos da fisiologia humana regulados de maneira di ferente entre mulheres e homens, influen ciando desde a composição corporal até a predisposição para doenças cardiometabó licas. Entretanto, os tratamentos médicos e as terapias nutricionais eram, até pouco tempo atrás, embasados em dados obtidos em pesquisas com participantes homens. Felizmente, a pesquisa em Nutrição con duzida somente em mulheres vem ganhan do maior relevância, embora muito ainda deva ser estudado.
Ainda que não plenamente esclarecidos, os mecanismos que levam às diferenças
entre os sexos envolvem os hormônios. Assim, espero que nas próximas páginas a descrição dos cuidados com a saúde da mulher nos seus aspectos endócrino‑gine cológicos reforce a importância desse tó pico para a implementação de estratégias nutricionais mais eficazes.
Este livro não existiria sem a colaboração de 24 nutricionistas, médicos e/ou pesqui sadores que são referências em suas áreas de atuação em todo o Brasil. Esses profis sionais compartilharam, ao longo de 11 capítulos, informações baseadas em ciên cia que têm enorme interesse para aplica ção na prática clínica. Desejo a todos uma boa leitura!
A Organizadora
Prefácio
A área da Endocrinologia Feminina abrange as diferentes fases da vida da mulher, com aspectos relacionados à saúde que podem ser distintos em cada período, desde o amadurecimento do sistema reprodutivo e as condições relacionadas a alterações na produção dos hormônios durante os anos reprodutivos até a passagem para o período não reprodutivo, com o climatério e a menopausa e os anos da senescência. Em cada etapa, estilo de vida e Nutrição adquirem grande relevância no sentido das prevenções primária e secundária aos agravos à saúde da mulher. E, particularmente nos tempos atuais, apressados e com numerosas demandas às mulheres em seus múltiplos papéis junto à família, à formação e à plenitude profissional, enfim, as múltiplas atribuições que lhe são impostas ou simplesmente sendo parte de desafios automotivados, é muito relevante o olhar sobre a proteção à saúde da população feminina através da nutrição.
Neste contexto, a obra Nutrição na Saúde da Mulher, organizada com competência
e cuidado pela nutricionista e PhD Thaís Rasia da Silva, com a excelente colaboração de médicos e médicas, nutricionistas e bióloga, cumpre efetivamente a tarefa de levar informação científica aos profissionais da saúde que lidam com a atenção nutricional para a mulher.
Ao longo de 11 capítulos, alguns estratificados em temas correlatos, o livro aborda através de evidências científicas, em especial, a nutrição saudável, adaptada para condições e etapas específicas na vida da mulher, com ajustes mais personalizados baseados em padrões alimentares – como é a tendência atual, e menos em dietas restritas ou suplementações que sejam desnecessárias ou sem informações sólidas para sua utilização. São exemplos aqueles relacionados com a recomendação da diretriz baseada em evidências sobre a síndrome dos ovários policísticos (2023). Esta indica explicitamente evitar tratamentos desnecessários. Há ainda as evidências atuais recomendando, na maioria das vezes, preferir alimentos ricos em flavonoides para a
saúde da mulher na transição menopáusica em vez de suplementos não alimentares. Mesclados, desenvolvem-se capítulos que abordam e explicitam condições clínicas prevalentes e que preparam o leitor e a leitora para as orientações nutricionais que se seguem a cada página. Assim, é
oferecida uma ótima dinâmica de informações cruzadas entre Medicina e Nutrição. Certamente, esta obra contribuirá para o aprimoramento e a atualização de estudantes e profissionais que trabalham na atenção nutricional e em estilo de vida junto à população feminina.
Poli Mara SpritzerProfessora Titular de Fisiologia e Endocrinologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Professora do Programa de Pós-graduação em Ciências Médicas: Endocrinologia e Metabologia da UFRGS. Coordenadora da Unidade de Endocrinologia Ginecológica, Serviço de Endocrinologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA).
Capítulo 1
Thaís Rasia da Silva
Capítulo 2
Sumário
Lucas Bandeira Marchesan
Capítulo 3
Thaís Rasia da Silva
Nicole Schumacher Capítulo 4
Andrea Prestes Nácul
Taís Ourique Nunes Rozenquanz Capítulo 5
Elis Forcellini Pedrollo
Beatriz Dorneles Ferreira da Costa
Capítulo 6
Capítulo 7
Sintomas da Menopausa e Prescrição de Fitoestrógenos
Laís Lima Ferreira
Capítulo 8
Nutrição nas Alterações de Composição Corporal durante a
Thaís Rasia da Silva
Mariana Klein Moreira
Capítulo 9
Menopausa e Doenças Cardiovasculares: Prevenção e Prescrição
Heloísa Theodoro
Karina Giane Mendes
10
10.1
Luísa Martins Trindade
Amanda Dias Borges
Capítulo 10.2
Dietas
Maria Julia Cauduro Rosa
11
Betânia Rodrigues dos Santos
Roberta Martins Costa Moreira Allgayer
11.2
Tatiana Pedroso de Paula Capítulo 11.3
Taise Dobner Imperatori
Capítulo 11.4 Ômega-3
Ana Mara de Oliveira e Silva
Caroline dos Santos Melo
Ramara Kadija Fonseca Santos
Thayná Brunelle Souza Carvalho
Capítulo 11.5
Prebióticos e Probióticos .......................................
Thais Ortiz Hammes
Valesca Dall’Alba
Nutrição na Síndrome dos Ovários Policísticos
Thaís Rasia da Silva Nicole SchumacherINTRODuçãO
A síndrome dos ovários policísticos (PCOS; do inglês, polycystic ovary syndrome) é o dis túrbio endócrino mais comum em mulheres em idade reprodutiva. Caracteriza se, como apresentamos no capítulo anterior, por hipe randrogenismo e infertilidade oligoanovula tória.1 A maioria das mulheres com PCOS apresenta distúrbios metabólicos como obe sidade, resistência à insulina (RI) e dislipide mia, o que eleva o risco de desenvolvimento do diabetes melito do tipo 2 (DM2), hiper tensão arterial sistêmica (HAS) e doença he pática esteatótica (MASLD; do inglês, metabolic dysfunction-associated steatotic liver disease).1 4 A obesidade, principalmente a obesidade central, exacerba a RI, a hiperin sulinemia e a produção de androgênios em mulheres com PCOS, resultando em um cír culo vicioso de hiperandrogenismo e RI.5,6
A mais recente diretriz internacional para manejo da PCOS enfatiza a importância das modificações no estilo de vida (Figura 3.1).7
Intervenções no estilo de vida melhoram, além do peso, o hiperandrogenismo. 8
Portanto, a combinação de dieta e exercí cio físico deve ser recomendada para todas
as mulheres com PCOS. Os cuidados com a dieta incluem o tradicional déficit calóri co, e especificamente para mulheres com PCOS e excesso de peso a recomendação é de redução de 30% do valor energético total (VET) ou de 500 a 750kcal ao dia (1.200 a 1.500kcal/dia).9 Uma redução modesta no peso (2% a 5% do peso inicial) tem o potencial de melhorar a ovulação e a regu laridade menstrual.1 Já uma perda acima de 5% associa se a melhora da fertilidade e aumento do número de nascidos vivos.10,11
Enquanto o controle de peso é central nas intervenções de estilo de vida, a diretriz in ternacional para manejo da PCOS reconhe ce que existem benefícios que ocorrem na ausência de perda de peso. A redução na RI e a melhora da composição corporal podem otimizar o controle da PCOS.12
RECOMENDAçõES NuTRICIONAIS
Embora as modificações no estilo de vida sejam recomendadas como a primeira li nha de tratamento da PCOS, as evidências quanto à orientação de uma dieta especí fica são limitadas. Assim, uma dieta que leve em consideração as recomendações
Síndrome dos ovários policísticos
Prevenção saudável de ganho de peso 1
Seja gentil consigo mesma. As mudanças de humor podem tornar as escolhas saudáveis mais difíceis
2
Comece focada em manter o peso atual estável
3
Tenha uma dieta equilibrada e saudável sempre que puder 4
Reduza o consumo de bebidas adoçadas e alimentos processados
Um estilo de vida saudável ajuda a:
Melhorar como você se sente em relação ao seu corpo
Fazer a insulina funcionar melhor e prevenir o diabetes
Regular seus períodos menstruais
Melhorar os níveis de energia
Melhorar sua fertilidade
Melhorar sua aptidão física
Melhorar o bem-estar emocional
Manter ou reduzir o peso
Figura 3.1 Recomendações sobre estilo de vida para mulheres com síndrome dos ovários policísticos de acordo com as recomendações das diretrizes internacionais publicadas em 2023 7
Fonte: adaptada de Monash Centre for Health Research and Implementation, Monash University.13
sobre alimentação saudável para a popula ção local, em conjunto com as preferências e objetivos individuais, deve ser orientada por profissionais da saúde.9,12 No entanto, vêm emergindo diversos estudos que ava liam modificações em carboidratos, proteí nas, bem como lipídios, e, portanto, serão sintetizados neste capítulo.
Carboidrato, Índice Glicêmico e Carga Glicêmica
O consumo de dietas ricas em carboidra tos (>50% do VET) e de alimentos de alto índice glicêmico (IG) resulta em maior res posta glicêmica e insulinêmica.14 De fato, a intervenção dietética com foco na modi ficação de carboidratos continua a ser ex tensivamente investigada como uma estra tégia interessante para o manejo da PCOS. Revisões sistemáticas respaldam a modifi cação do tipo de ingestão de carboidratos como um meio de aprimorar marcadores
intermediários da PCOS.15,16 A caracteri zação da dieta em relação ao seu conteúdo de fibra e IG é relevante para a prevenção de DM2 e doenças cardiovasculares (DCV); ademais, dietas com baixo IG e baixa car ga glicêmica (CG) podem ser consideradas particularmente importantes para a redu ção de gordura corporal total e controle do peso.17 Em mulheres com PCOS, dietas de baixo IG resultam em melhora na sensibili dade à insulina e nos níveis de hormônios sexuais, como testosterona (T), globulina ligadora de hormônios sexuais (SHBG) e ín dice de androgênios livres (FAI), em com paração a dietas ricas em carboidratos15 ou dietas controle.16
Refeições que contenham alimentos de alto IG promovem uma intensa secreção de insulina que rapidamente reduz a glice mia, e estão associadas a aumento da fome e compulsão alimentar.14 Alimentos con tendo carboidratos que são digeridos, ab sorvidos e metabolizados rapidamente são
Alterações Hormonais na Transição Menopáusica
Suzana Cardona LagoINTRODuçãO
A perimenopausa é um período de transi ção muito particular na vida das mulheres, que termina na época da menopausa e se caracteriza por alterações hormonais que causam sintomas que podem ser floridos e incapacitantes para muitas mulheres.1
A menopausa é definida como a cessação permanente da menstruação, diagnosti cada retrospectivamente após 12 meses de amenorreia sem outra causa fisiológica ou patológica identificada. Ocorre na ida de média de 51,4 anos e representa a de pleção folicular completa ou parcialmente completa, resultando em hipoestrogenismo e aumento das concentrações de hormônio foliculoestimulante (FSH) (Figura 6.1). A menopausa natural que ocorre entre os 40 e 45 anos de idade é definida como meno pausa precoce, e antes dos 40 anos é cha mada de insuficiência ovariana prematura.
A transição da menopausa (perimeno pausa) ocorre após a idade reprodutiva e antes da menopausa, caracterizando se por ciclos menstruais irregulares, altera ções hormonais e sintomas como fogachos, alterações do sono, oscilações hormonais,
atrofia urogenital, entre outros.2 A peri menopausa inicia se, em média, quatro anos antes da data da última menstrua ção (DUM) e abrange diversos sintomas que podem ter impacto na qualidade de vida e na saúde da mulher. Quanto mais precoce for a transição, maiores serão seus impactos. A imensa maioria das mulhe res apresenta irregularidades menstruais e flutuações hormonais antes da cessação completa da menstruação, e até 80% das mulheres apresentam fogachos.3
A maior parte da informação sobre altera ções hormonais e apresentações clínicas da transição da menopausa provém de estudos de coorte longitudinais; o maior deles cha ma se The Study of Women’s Health Across the Nation (SWAN).3,4 O estudo SWAN acompanhou por 15 anos mais de 3 mil mulheres de representatividade multiétnica da comunidade norte americana com ida de entre 42 e 52 anos. Com base na infor mação proveniente desse estudo, criou se um sistema de estadiamento que hoje é considerado padrão ouro para caracterizar o processo de transição do período repro dutivo até a pós menopausa (Figura 6.2). O Sistema de Estadiamento do SWAN inclui
Folículos prim ordiais/ovári o
Mulheres do estudo de Block
Mulheres com ciclos regulares do estudo de Gougeon
Mulheres na perimenopausa
Mulheres na pós-menopausa
Idade (anos)
Figura 6.1 Declínio do número de folículos primordiais com o passar da idade. O período de aceleração dessa perda ocorre por volta da década que antecede a menopausa
Fonte: adaptada de Block, 1952;5 Gougeon & Lefèvre, 1984.6 FPM
Período
Nomenclatura
Duração
Menarca
Os estágios do envelhecimento reprodutivo – Sistema de classificação de+10 estágios para o envelhecimento reprodutivo das mulheres
Reprodutiva
Precoce
Variável
Principal critério
Ciclo menstrual
Critérios de suporte
Endócrino FSH AMH
Inibina B
Contagem de folículos antrais
Sintomas -5
Variável a regular Pico Tardia
Mudanças sutis no fluxo/força
Transcrição menopausa
Precoce Tardia
Perimenopausa
Variável
Comprimentovariável: diferença persistente de <7 dias no comprimento de ciclos consecutivos
Baixo
Baixo
InibinaB
Baixo
Características descritivas
Pós-menopausa
Precoce Tardia
1 a 3 anos 2 anos (1+1)3 a 6 anos Expectativa de vida restante
Intervalo de omenorreia de >60 dias
Variável* Baixo Baixo
Baixo
Variável* ↑ Baixo Baixo Baixo
>25UI/L**↑ Baixo Baixo Baixo
Variável* ↑ Baixo Baixo
Muito baixo
Sintomas vasomotores prováveis
Figura 6.2 Estágios do envelhecimento reprodutivo em mulheres
*Coletados nos dias 2 e 5 do ciclo.
Estabiliza
Muito baixo
Muito baixo
Muito baixo
Sintomas vasomotores mais prováveis
Aumento dos sintomas de atrofia urogenital
**Nível aproximado esperado com base em ensaios usando o padrão hipofisário internacional atual.
FPM: final do período mestrual; FSH: hormônio hipofisário foliculoestimulante; AMH: hormônio antimülleriano; ↑: elevado. Fonte: adaptada de Harlow et al., 2012.3
Nutrição e Longevidade em Mulheres
Capítulo 10.1 Dietas Plant‑based: Conceito e Evidência Científica
Luísa Martins Trindade Amanda Dias Borges
INTRODuçãO
As dietas baseadas em plantas, ou plant-based, centradas em alimentos de origem ve getal, têm instigado crescente interesse de vido aos seus potenciais benefícios para a saúde, particularmente no contexto da lon gevidade. O conceito fundamental dessas dietas envolve a exclusão ou redução sig nificativa de produtos de origem animal, com ênfase em frutas, vegetais, grãos in tegrais e sementes.1
Evidências indicam que, em geral, o pa drão alimentar à base de plantas é rico em antioxidantes e compostos anti‑inflamatórios, que podem desempenhar papel importante na prevenção de envelhecimento precoce das células e na proteção contra doenças crôni cas.2 Além disso, a dieta com foco em ali mentos de origem vegetal também pode con tribuir positivamente em algumas condições específicas relacionadas ao envelhecimento e à longevidade em mulheres.3
Apesar disso, a ampla variação do termo utilizado pela comunidade científica dificul ta a interpretação dos estudos e dos reais efeitos das dietas plant-based 4 Neste ca pítulo abordaremos alguns aspectos impor tantes relacionados ao envelhecimento das mulheres, bem como os conceitos e evidên cias relacionadas às dietas plant-based na longevidade dessa população.
ENVELHECIMENTO E LONGEVIDADE DA MuLHER
O declínio global da mortalidade precoce e na meia‑idade tem contribuído para a sobrevivência da população mundial até a idade avançada. Isto se deve a melhorias significativas na saúde pública – desde o saneamento, a vacinação, a prestação de cuidados de saúde maternos e os avanços na medicina neonatal, até o aumento da prosperidade material e as mudanças de comportamento – que ajudaram a reduzir
Tabela 10.1 Evidências científicas da dieta plant‑based na longevidade em mulheres ( Continuação )
Resultados
Uma dieta saudável à base de vegetais foi associada a menor risco de fragilidade, enquanto uma dieta não saudável à base de vegetais foi associada a maior risco de fragilidade
A adesão à PDI não foi associada ao momento da ocorrência da menopausa. Contudo, uma dieta pouco saudável à base de vegetais pode estar associada a maior risco de menopausa precoce
Delineamento e participantes Objetivo do estudo Intervenção
Autores
A ingestão alimentar foi avaliada a cada 4 anos por meio de um questionário de frequência alimentar validado e avaliado quanto aos índices de dieta à base de plantas. A incidência de fragilidade foi avaliada a cada 4 anos, sendo definida como a ocorrência de 3 ou mais dos 5 critérios da escala
Avaliar a associação entre a qualidade da dieta baseada em vegetais e o risco de fragilidade
Estudo de coorte, 82.234 mulheres do NHS com idade >60 anos
Sotos‑Prieto et al. (2022) 3
FRAIL: fadiga, baixa força, capacidade aeróbica reduzida, diagnóstico ≥ 5 doenças e perda de peso ≥ 5%
A menopausa precoce foi autorrelatada e definida como menopausa natural antes dos 45 anos. O PDI foi derivado de questionários semiquantitativos de frequência alimentar administrados a cada 4 anos. Modelos de riscos proporcionais de Cox foram utilizados para se avaliar a associação entre PDI em quintis e menopausa precoce no NHS e no NHSII separadamente. Modelos de efeito fixo foram utilizados para reunir os resultados de ambas as coortes
Avaliar a associação do índice de dieta baseada em vegetais (PDI) com o início precoce da menopausa natural
Estudo prospectivo, com mulheres participantes do NHS (n = 121.701) e NHSII (n = 116.429) na pré‑menopausa
Grisotto et al. (2022) 33
ECR: ensaio clínico randomizado; NHS: Nurses’ Healter Study ; QVRS: qualidade de vida relacionada à saúde.
Índice
A
Ácido fólico, 112
Alterações
‑ atróficas e de função sexual, 56
‑ cognitivas, 54
‑ endócrino‑ginecológicas, 7
‑ hormonais na transição menopáusica, 43
‑ na pele e no cabelo, 57
Amenorreia
‑ funcional hipotalâmica, 12
‑ hipotalâmica funcional, 10
Anormalidades da ovulação e do ciclo menstrual, 23
Anos reprodutivos finais, 45
Atividade física, 75
Aumento de peso na menopausa, 74
Avaliação dos níveis de vitamina D, 102
B
Baixa massa óssea, 11, 12
17‑beta‑estradiol, 2
Biodisponibilidade de cálcio, 107
Biomarcadores do envelhecimento, 92
Biotina, 111
Blue zones, 90, 91
C
Cafeína, 29
Cálcio, 68, 96
‑ funções do, 106
‑ na saúde, 107, 108
‑ nos alimentos, 107 ‑ para população saudável e grupos especiais da, 108
‑ perimenopausa, 108
‑ pós‑menopausa, 108
Câncer de mama e endométrio, 11, 12
Candidíase vulvovaginal, 128
Carboidrato, 67, 95
Carga glicêmica, 67
Cianocobalamina, 113
Coenzima Q10, 30
Comportamento alimentar, 75
Composição corporal, 4
Creatina, 67
D
Deficiência de vitamina D, 103
Densidade mineral óssea, 68
Dieta(s)
‑ da longevidade, 93
‑ mediterrânea, 28, 66
‑ plant-based, 83, 85
‑ ‑ aspectos práticos da, 94
‑ ‑ na longevidade em mulheres, 86
‑ ‑ na prática clínica, 90
‑ pró‑fertilidade, 28
Dimorfismo sexual, 1, 4
Disfunção ovulatória, 23
Doença(s)
‑ cardiovasculares, 73
‑ ‑ prevenção na menopausa, 74
‑ hepática esteatótica, 9
E
Endométrio, 25
Endometriose, 119, 129
Envelhecimento, 44, 83, 92
‑ reprodutivo em mulheres, 44
Estriol, 2
Estrogênios, 2, 7
Estrona, 2
F
Falência ovariana prematura, 11
Ferro, 96
Fertilização in vitro, 25
Fibras, 95
Fisiologia dos principais hormônios sexuais na mulher, 7
Fitoestrógenos, 49
‑ aspectos alimentares e nutricionais, 50
‑ efeitos nos sintomas da menopausa, 51
Folato, 31
Funções do cálcio, 106
G
Gasto energético, 2
HHiperandrogenismo, 8
Hiperestrogenismo, 46
Hiperplasia adrenal congênita, 10, 12
Hipertensão, 109
Hipoestrogenismo, 10, 46
Hipogonadismo
‑ central não funcional, 12
‑ de origem ovariana, 12
‑ hipogonadotrófico congênito, 11
Hipovitaminose D, 103
Hormônios
‑ estrogênicos, 2
‑ sexuais, 1
IImplantação embrionária, 25 Índice glicêmico, 67
Infecção urinária, 127
Infertilidade
‑ anovulatória, 8
‑ feminina, 23
‑ mudanças no estilo de vida e, 26
‑ padrões de dieta e, 27
Inositol, 19, 29, 113
Insuficiência ovariana primária, 11
Interferentes endócrinos, 32
Intolerantes à lactose, 109 Iodo, 97
L
Lipídios, 95
Longevidade, 83, 92
M
Macronutrientes, 94, 95
Massa magra corporal, 65
Menopausa, 46, 73, 74, 76
‑ aumento de peso na, 74
‑ e doenças cardiovasculares, 73, 76
Metabolismo
‑ de macronutrientes, 3
‑ energético, 4
Microbiota, 33
Micronutrientes, 69, 96, 97
N
Nutrição, 1
‑ e longevidade em mulheres, 83
‑ na infertilidade feminina, 23
‑ na síndrome
‑ ‑ dos ovários policísticos, 15
‑ ‑ pré‑menstrual, 37
‑ nas alterações de composição corporal durante a transição menopáusica, 65
O
Obesidade
‑ e infertilidade, 23
‑ efeitos
‑ ‑ materno‑fetais da, 26
‑ ‑ no endométrio e na implantação embrionária, 25
‑ ‑ nos desfechos da fertilização in vitro, 25
‑ ‑ nos embriões, 25
‑ mudanças no estilo de vida e infertilidade, 26
Ômega‑3, 116
Osteoporose, 11, 12, 133
‑ na pós‑menopausa, 133
P
Padrões de dieta, 27, 66, 68, 70
‑ e infertilidade, 27
Patologias ginecológicas associadas ao sistema endócrino, 11
Perimenopausa, 43
Piridoxina, 111
População, 108
Prebióticos, 33, 124, 126
Prevenção de doenças cardiovasculares na menopausa, 74
Probióticos, 33, 70, 124, 126
Proteína, 65, 94
q
Qualidade oocitária, 24
R
Recomendações nutricionais, 65
Resposta ovariana, 24
S
Sexo como determinante do balanço energético e da composição corporal, 1
Síndrome
‑ de Turner, 11
‑ dos ovários policísticos, 8, 12, 117, 130
‑ ‑ carboidrato, 16
‑ ‑ carga glicêmica, 16
‑ ‑ índice glicêmico, 16
‑ ‑ lipídios, 17
‑ ‑ micronutrientes, 18
‑ ‑ padrões de dieta, 18
‑ ‑ proteína, 17
‑ ‑ recomendações nutricionais, 15
‑ ‑ suplementos, 19
‑ geniturinária da menopausa, 132
‑ pré‑menstrual, 37
‑ ‑ alterações no apetite e na ingestão alimentar, 38
‑ ‑ carboidratos, proteínas e lipídios na, 39
‑ ‑ ingestão dietética e suplementação de vitaminas e minerais na, 40
‑ ‑ padrões de dieta e, 38
‑ ‑ sintomas de, 37
Sintomas
‑ da menopausa, 49
‑ vasomotores, 52
Suplementação(ões), 101
‑ de creatina, 67
‑ de vitaminas e minerais, 40
Suplementos alimentares, 29
T
Telômeros, 92
Transição menopáusica, 43, 119, 131
‑ abordagem geral da mulher na, 46
‑ alterações de composição corporal durante a, 65
‑ endocrinológicas, 46
‑ hormonais na, 43
‑ inicial, 45
‑ tardia, 45
V
Vaginoses bacterianas, 127
Vegetarianas, 109
Vitamina(s)
‑ B6, 111
‑ B9, 112
‑ B12, 97, 113
‑ D, 30, 68, 97, 102, 104, 110
‑ do complexo B, 110 z
Zinco, 96
Nutrição na Saúde da Mulher tem como objetivo compartilhar a importância da personalização do tratamento nutricional de acordo com as características hormonais e metabólicas das mulheres.
Ainda que não plenamente esclarecidos, os mecanismos que acarretam diferenças entre os sexos envolvem os hormônios. Assim, nas páginas desta obra são descritos os cuidados com a saúde da mulher nos seus aspectos endócrino-ginecológicos, reforçando a relevância desse tópico para a implementação de estratégias nutricionais mais eficazes.
Este livro conta com a colaboração de 24 nutricionistas, médicos e/ou pesquisadores que são referência em suas áreas de atuação em todo o Brasil. Esses profissionais compartilharam, ao longo de 11 capítulos, informações baseadas em ciência com enorme interesse para aplicação na prática clínica.
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