Indexação Qualis
ANO 9 - Nº 53 - MAIO / JUNHO 2014
A Revista do Médico Veterinário • www.revistavetequina.com.br
Avaliação
Avaliação artroscópica e radiográfica de peças anatômicas com vista à articulação do carpo de cavalos atletas ...................................
e dosagem de cortisol de cavalos Quarto de Milha - utilizados em provas de Três Tambores: interferência do treinamento na saúde animal
Encarceramento de intestino delgado em anel inguinal após Orquiectomia em equino: relato de caso ...................................
Neurectomia digital palmar em equinos ................................... Estudo retrospectivo das lacerações perineais de terceiro grau em éguas
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S U M Á R I O
AVALIAÇÃO LEUCOCITÁRIA E DOSAGEM DE CORTISOL DE CAVALOS QUARTO DE MILHA - UTILIZADOS EM PROVAS DE TRÊS TAMBORES: INTERFERÊNCIA DO TREINAMENTO NA SAÚDE ANIMAL Cavalos que realizam atividades esportivas, frequentemente sofrem um alto nível de estresse durante competições e treinamentos intensivos, podendo acarretar diversos tipos de problemas, atingindo assim seu sistema imunológico. Neste projeto foi realizado o estudo da avaliação leucocitária e dosagem de cortisol, com o intuito de avaliar a interferência do treinamento na saúde animal e bem-estar de cavalos atletas praticantes do esporte equestre Três Tambores. (Pagina 18) FOTO PRINCIPAL CAPA: ARQUIVO PESSOAL DA AUTORA (2014)
ENCARCERAMENTO DE INTESTINO DELGADO EM ANEL INGUINAL APÓS ORQUIECTOMIA EM EQUINO: RELATO DE CASO O encarceramento de intestino delgado em anel inguinal também descrito como hérnia inguinal pode ocorrer mais comumente de forma congênita nos potros e de forma adquirida nos garanhões. O relato em questão descreve o caso de um equino que após a realização de uma orquiectomia eletiva passou a apresentar dor abdominal, com evolução aguda. À palpação foi possível identificar intestino delgado no foco da orquiectomia, e o mesmo foi encaminhado rapidamente ao centro cirúrgico para a realização de uma celiotomia. A recuperação pós-operatória foi satisfatória e o animal conseguiu recuperar a sua forma física. (Página 12) ESTUDO RETROSPECTIVO DAS LACERAÇÕES PERINEAIS DE TERCEIRO GRAU EM ÉGUAS (1995-2011) Os traumas reto-vestibulares são descritos com maior frequência em éguas, sendo as lacerações perineais de terceiro grau os mais graves, relacionadas com distocia, esforços violentos de expulsão do feto durante o parto e nascimento de potros grandes. O objetivo do presente trabalho é realizar um estudo retrospectivo dos casos de laceração perineal de terceiro grau atendidos no Hospital Veterinário da Universidade Estadual Paulista - Botucatu no período de 1995 a 2011 visando identificar possíveis fatores de risco para a ocorrência da lesão. (Página 26) NEURECTOMIA DIGITAL PALMAR EM EQUINOS A neurectomia digital palmar é utilizada em animais que apresentam dor devido às doenças degenerativas podais que não respondem ao tratamento conservativo. Diversas técnicas de neurectomia foram desenvolvidas com objetivo de obter menor trauma cirúrgico, evitando o desenvolvimento de neuroma doloroso, considerado uma das principais complicações da secção nervosa. A presente revisão bibliográfica abrange estudos das diferentes técnicas de neurectomia, avaliando suas indicações, vantagens e desvantagens. (Página 30)
ARQUIVO PESSOAL DO AUTOR
COLUNA (VOCÊ SABIA?): CONHEÇA A RELAÇÃO ENTRE A BIOMECÂNICA DE RECEPÇÃO DO MEMBRO TORÁCICO E/OU PÉLVICO COM A DEGENERAÇÃO ARTICULAR Você sabia que a hiperextensão do boleto por falha no aparelho de suspensão pode terminar em microfraturas que podem degenerar a articulação do boleto? (Página 38)
www.passoapasso.org.br
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AVALIAÇÃO ARTROSCÓPICA E RADIOGRÁFICA DE PEÇAS ANATÔMICAS COM VISTA À ARTICULAÇÃO DO CARPO DE CAVALOS ATLETAS As ocorrências de lesões articulares em cavalos atletas acontecem devido traumas que os animais possam sofrer no treinamento ou durante alguma prova. Diante desse quadro, os conceitos atuais de etiologia, patogênese, diagnóstico e tratamento de cada uma das diferentes doenças articulares dos equinos, vêm sendo cada vez mais investigados por profissionais da área. O estudo baseou-se na analise radiográfica, graduando-se o grau de lesão articular/óssea, seguido pelo estudo artroscópico, com classificação, em graus, de lesão da cartilagem articular e sinóvia. (Pág. 4)
ARQUIVO PESSOAL (2013)
MAIO / JUNHO 2014
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HOSPITAL VET. UNIV. ANHEMBI MORUMBI
ANO 9 - Nº 53
EDITORIAL
Código de Ética sempre presente Mário Sérgio Cortella define com muita clareza o que é ética: "é o conjunto de valores e princípios que usamos para responder a três grandes questões da vida: (1) quero?; (2) devo?; (3) posso? Nem tudo que eu quero eu posso; nem tudo que eu posso eu devo; e nem tudo que eu devo eu quero. Você tem paz de espírito quando aquilo que você quer é ao mesmo tempo o que você pode e o que você deve". O médico-veterinário com frequência acima do desejável costuma ser solicitado para consultas e tratamentos gratuitos. Às vezes sem solicitação: a gratuidade é, absurdamente, exijida. A remuneração do médico-veterinário, prevista desde o código de Hamurabi, é obrigatória e está explicita no Código de Ética de sua profissão (Resolução nº 722, de 16 de agosto de 2002), que em seu Artigo 21 é categórico ao não permitir a prestação de serviços gratuitos ou por preços abaixo dos usualmente praticados (com algumas exceções, como no caso de pesquisas). O Código de Ética deveria ser menos um documento guardado nas prateleiras, físicas ou digitais, e mais um exercício incorporado em todas atividades. A recente repercussão do episódio envolvendo Monty Roberts na Gameleira é um exemplo do quanto é necessário estar com o Código decorado. Logo no Capítulo I, Princípios Fundamentais, é dito no Artigo 2º "Denunciar às autoridades competentes qualquer forma de agressão aos animais e ao seu ambiente". Lembrem-se sempre de responder às três questões: quero, devo e posso.
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Avaliação de peças anatômicas com vista à articulação do carpo de cavalos atletas FONTE: ARQUIVO PESSOAL, 2013
“Arthroscopic and radiographic evaluation of anatomical parts with a view to carpus joint of athletes horses” “ Evaluacion artroscopica y radiografica de piezas anatomicas con vista al carpo de caballos deportivos”
RESUMO: As ocorrências de lesões articulares em cavalos atletas acontecem devido a traumas que os animais possam sofrer no treinamento ou durante alguma prova. Diante desse quadro, os conceitos atuais de etiologia, patogênese, diagnóstico e tratamento de cada uma das diferentes doenças articulares dos equinos, vêm sendo cada vez mais investigados por profissionais da área. Diferentes métodos por imagem são aplicáveis para diagnóstico das doenças articulares. As radiografias denotam uma forma direta de diagnóstico, mas a artroscopia além do diagnóstico, é também aplicada para tratamento das doenças articulares do tipo: fraturas intra-articulares, osteoartrite e condromalácias. Foram utilizados para este estudo 15 membros pertencentes a 8 equinos PSI que vieram a óbito por qualquer motivo e que estavam em constante treinamento no Jockey Club de São Paulo-Cidade Jardim. O estudo baseou-se na análise radiográfica, graduando-se o grau de lesão articular/óssea, seguido pelo estudo artroscópico, com classificação, em graus, de lesão da cartilagem articular e sinóvia. Dessa forma concluiu-se uma maior eficiência no exame artroscópico em comparação com o exame radiográfico no diagnóstico das lesões que envolvem a articulação do carpo, além de um destaque para um maior número de lesões em região média e medial da articulação do carpo destes animais. Unitermos: Cavalos atletas, doenças articulares, carpo, radiografia, artroscopia ABSTRACT: The occurrence of joint injuries in athletic horses happens because of traumas that animals may suffer in training or during any turf. Given this situation, the current concepts of etiology, pathogenesis, diagnosis and treatment of each of the different joint desease in horses have been increasingly studied by professionals. Different imaging methods are applicable for diagnosis of joint desease. Radiographs show a direct way of diagnosis, but artrhoscopy in addition to the diagnosis, may also be applied for the treatment of joint deseases like intra-articular fracture, osteoarthritis and condromalacias. In this study, 15 limbs from 8 PSI horses that died for no specificic reason and were in constant training at Jockey Club of São Paulo-Garden City, were used. The study was based on radiographic analysis, graduating the degree of injurie of joint/bone damage, followed by arthroscopic study, that rated in degrees the injury of articular cartilage and synovium. Thus, it was concluded that there is greater efficiency in arthroscopic examination compared with the radiographic in diagnosis of lesions that involve the carpus joint, beyond a highlight for a greater number of lesions on the middle and medial regions of the carpal joint of these animals. Keywords: Athletes horses, joint deseases, carpus, radiograph, arthroscopy RESUMEN: Las ocurrencias de lesiones en las articulaciones de los caballos deportivos ocurren debido traumas que los animales pueden sufrir en el entrenamiento o durante alguna prueba. Ante esta situación, los conceptos actuales de la etiología, patogenia, diagnóstico y tratamiento de cada una de las diferentes enfermedades de las articulaciones de los caballos se han estudiado cada vez más por los profesionales. Diferentes métodos de imagen son aplicables para el diagnóstico das enfermedades de las articulaciones. Las radiografías muestran una forma directa de diagnóstico, pero la artroscopia, más allá de diagnóstico, sino que también se aplica para el tratamiento de enfermedades de las articulaciones, como fracturas interarticulares, las osteoartritis y condromalácias. Se utilizaron para este estudio 15 miembros pertenecientes a 8 caballos PSI que vieron la muerte por cualquier causa y estaban en constante capacitación en el Jockey Club de São Paulo- Ciudad Jardín. El estudio se basó en el análisis radiográfico graduando el grado de daño articular/óseo, seguido por el estudio artroscópico con clasificación en grados de lesión en el cartílago articular y la sinovia. Por lo tanto se calificaron los daños articulares en los multicompartimentos de articulación sinovial y una mejor comprensión de las lesiones principales en los animales atletas, concluyendo una mayor eficiencia en el examen artroscópico en comparación con el examen radiográfico en el diagnóstico de lesiones que afectan a la articulación del carpo y destacando un mayor número de lesiones en la región media y medial de la articulación del carpo de estos animales. Palabras Clave: Caballos esportivos, enfermedades articulares, carpo, radiografía, artroscopia
Rodrigo Tavares Nieman* (rodrigo_nieman@hotmail.com) M.V. Residente do Depto. de Assistência Veterinária (D.A.V.) do Jockey Club de São Paulo Henrique Dias Jorge M.V. Responsável pelo Depto. de Anatomia e Anatomia Patológica Veterinária do Jockey Club de São Paulo Anderson Coutinho da Silva M.V. Prof. Msc. das Disciplinas de Anatomia e Cirurgia Veterinária. Prof. Responsável pelo Setor de Cirurgia do Hosp. Vet. da Univ. Metodista de São Paulo (HOVET-UMESP/SP) Raphael Roseti Lavado M.V. Responsável pelo Setor de Grandes Animais do Hosp. Vet. da Univ. Metodista de São Paulo Milton Kolber M.V. Prof. Dr. das Disciplinas de Lab. Clínico, Radiologia e Zoonoses. Prof. Responsável pelo Setor de Imagem do Hosp. Vet. da Univ. Metodista de São Paulo (HOVET-UMESP/SP) Silvia Regina Kleeb M.V. Profa. Dra. das Disciplinas de Morfologia, Fisiologia e Patologia. Profa. Responsável pelo Setor de Patologia do Hosp. Vet. da Univ. Metodista de São Paulo (HOVET-UMESP/SP) José Guilherme Xavier M.V. Prof. Dr. da Disciplina de Patologia. Prof. Responsável pelo Setor de Patologia do Hosp. Vet. da Univ. Metodista de São Paulo (HOVET-UMESP/SP) * Autor para correspondência
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Introdução Os animais que participam de competições das mais diversas formas que exigem esforços contínuos e intensos estão sujeitos a acidentes que podem acarretar em lesões no sistema locomotor. Um dos principais fatores para a ocorrência de lesões nos equinos é o início precoce do treinamento, devido ainda não terem atingido a maturidade óssea5 e assim podendo acarretar fissuras na cartilagem ou mesmo flaps, que tardiamente podem evoluir para uma osteoartrite (OA) e consequente diminuição do desempenho nos esportes. É durante o processo de ossificação endocondral que podem ocorrer atrasos ou erros que darão origem às lesões na cartilagem de crescimento da metáfise e na cartilagem do complexo articular-epifisário dos animais jovens. Embora heterogêneas estas lesões focais ou multifocais provocam diversas manifestações clínicas consideradas no seu conjunto como uma importante Doença Ortopédica do Desenvolvimento (DOD) chamada Osteocondrose (OC) e que podem ser identificadas em equinos atletas12,22. Quando as lesões resultantes de OC penetram a superfície articular provocando inflamação, derrame sinovial e desprendimento de flap osteocartilagíneo, tomam o nome de osteocondrite dissecante (OCD)12. A OC tem uma grande incidência (em média 25%) em Warmbloods e em raças de corrida19. Dentre as artropatias dos equinos, as mais frequentes são aquelas que acometem os ossos do carpo, principalmente nos cavalos de corrida (turfe e trote) das raças Puro-Sangue Inglês (PSI), Quarto de Milha (QM) e American Troter. Devido à distribuição de forças referentes à absorção dos impactos provocados pelo exercício intenso, o ângulo diedro dorso-distal do osso carpo radial é a principal sede destas afecções6, além das fraturas do osso carpo acessório. O estudo radiológico das articulações é um método de diagnóstico complementar, servindo para confirmar e/ou auxiliar a suspeita clínica. Ele também é utilizado no direcionamento do ponto de lesão para a cirurgia artroscópica. Os aspectos radiográficos das OA incluem diminuição ou perda do espaço articular, esclerose do osso subcondral, formação de osteófitos marginais, proliferação óssea periostal e eventualmente o desenvolvimento de anquilose10,16,3. O exame radiográfico vai demonstrar a erosão da cartilagem articular somente quando a mesma estiver suficientemente adiantada de modo que o espaço articular esteja diminuído ou quando o osso subcondral mos-
trar alterações radiográficas do tipo lise, sendo que o grau de alteração patológica na membrana sinovial é de difícil avaliação17. Por definição, artroscopia é a aplicação de técnicas de endoscopia no estudo das cavidades articulares21, permitindo a visualização direta das articulações mediante o uso de um artroscópio que, em geral, possui finalidade diagnóstica4. As estruturas de principal interesse no exame artroscópico das articulações dos equinos são as membranas sinoviais e as cartilagens articulares, sendo as áreas das articulações difíceis de serem avaliadas pelos métodos clínicos normais. A capacidade de monitorar alterações na membrana sinovial sequencialmente tem sido usada pra estudar o desenvolvimento da sinovite na articulação intercárpica (mediocárpica) dos equinos, sendo a quantificação da sinovite a principal indicação para a avaliação dos tecidos moles com o artroscópio. Com relação à cartilagem articular, o uso do artroscópio permite o reconhecimento de fibrilação e erosão da mesma, onde a primeira pode ser mais facilmente reconhecida por esta técnica do que pela visualização macroscópica, devido a uma combinação de fatores que incluem transiluminação das fibras colagenosas, sua suspensão na solução fisiológica e também os efeitos de hiperplasias18. As diferenças principais entre os artroscópios estão no diâmetro e no ângulo das lentes17. Um bom artroscópio deve possuir uma fonte luminosa de fibra-óptica para possibilitar a visualização das estruturas intraarticulares. O artroscópio de 4mm com angulações de 25º ou 30º cumpre com a maioria das necessidades do cirurgião equino, onde a lente pode ser girada sem movimentar o membro em análise. O importante é fazer a escolha de um aparelho que promova menos danos articulares e que tenha boa mobilidade. O equipamento complementar consiste em: sistema de irrigação que tem por objetivo a irrigação e a expansão da cápsula articular; cânula de saída que tem por função liberar fluídos da articulação limpando a área cirúrgica melhorando a visualização; elevadores de periósteo, ruginas e osteótomos utilizados para separação de fragmentos aderidos e curetas utilizadas para fazer a raspagem da região óssea11. A artroscopia consegue revelar lesões articulares discretas e precoces que não são evidenciadas pelo exame radiográfico1. São variadas as situações onde a cirurgia artroscópica é indicada no equino, tais como: fragmentos osteocondrais da fileira proxi-
mal e distal do carpo, fragmentos osteocondrais dorsal e proximal de primeira falange, fragmentos osteocondrais do tarso, fragmentos osteocondrais associados à face palmar proximal da primeira falange, fragmento apical do osso sesamoide, osteocondrite dissecante, entre outras14. Esta técnica também possibilita a execução de biópsias intra-articulares 8, trazendo grandes vantagens na abordagem diagnóstica e cirúrgica dos problemas articulares dos cavalos, uma vez que permite diminuição do tempo de convalescença com regresso mais rápido ao trabalho e com melhor desempenho, havendo redução dos tratamentos paliativos efetuados bem como do número de articulações permanentemente comprometidas13. As complicações na artroscopia não são frequentes, onde as incidências graves equivalem a menos de 1%, o que contribui para uma elevada taxa de sucesso14. Os problemas e as complicações trans-cirúrgicas podem ser de vários tipos, como: Hemartrose que provoca perda na capacidade de visualização das estruturas articulares7,1, obstrução da visão por vilosidades sinoviais, extravasamento extrassinovial de fluído, lesões iatrogênicas da cartilagem articular e outros tecidos, quebra intrasinovial de instrumentos e a presença de material estranho na cavidade sinovial13. As principais complicações pós-cirúrgicas são infecções, distensão ou sinovite, não remoção de fragmentos, capsulite, osso neoformado ou mineralização de tecido mole, além de problemas associados ao posicionamento e dor13. Visando a melhor compreensão das lesões articulares em cavalos atletas que vieram a óbito por qualquer motivo, o estudo busca detectar lesões superficiais e possíveis fraturas pelo método radiográfico, graduando-se o grau de lesão articular, principalmente a osteoartrite (OA) e por meio do exame artroscópico, analisar a cápsula articular, cartilagem articular, membrana sinovial e quistos ósseos, com classificação em diferentes graus de lesão de cartilagem articular e sinovite. Materiais e Métodos Foram utilizados 8 membros torácicos de cavalos atletas Puro-Sangue-Inglês (PSI) que estavam em contínuo e semelhante treinamento e que vieram a óbito por qualquer causa, cuja idade variou entre 3-8 anos, de ambos os sexos. Os membros vieram da Fazenda do Jockey Club de São Paulo Cidade Jardim. Após o óbito, os membros •5
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anteriores eram retirados de acordo com as técnicas de necropsia e colocados sob refrigeração à 5ºC até que fossem transportados para o Laboratório de Anatomia Veterinária da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Ao chegarem à Universidade, os procedimentos do estudo iniciavam-se com a avaliação radiográfica, seguida da artroscopia de ambos os membros. Ao longo do estudo, os membros dos animais foram identificados com numerações de 1 à 8, divididos em esquerdo e direito. Neles foram analisadas as articulações do carpo e rádio cárpica, totalizando 15 articulações, devido um dos animais ter apresentado uma fratura cominutiva do membro esquerdo na região da articulação do carpo, sendo descartado. Estudo Radiográfico O estudo procedeu da analise radiográfica em quatro projeções: latero-medial (LM); crânio-caudal (CrCd); dorso lateral palmaro medial oblíqua (DLPMO) e dorso medial palmaro lateral oblíqua (DMPLO). A revelação das radiografias foi realizada por processamento automático. O aparelho de Raio-X Médico Veterinário utilizado foi o da marca TOSHIBA/RAYTEC, Modelo E7239-X, Fixo, nº da série 8B-517, Potência 125kVp/600mA e os filmes radiográficos utilizados foram de tamanho 24X30 cm. O parecer para o grau de lesão era avaliado por três profissionais do HOVET-METODISTA, seguindo a metodologia semiquantitativa descrita por Kirker-Head et al. (2000)9. Estudo Artroscópico Para esse estudo foi utilizado um artroscopio de 4 mm com ângulo de visão 30º com lente giratória DYONICS® DE11584, fonte de irrigação com solução Ringer Lactato sob infusão contínua, fonte luminosa FERRARI® FH 250 R2, fibra óptica TEKNO®, câmera SONY 200® TopWay SSD inside (CTCC 4120), processador de imagem CCD Color NTSC e sistema de captura Kworld® USB Hybrid Tuner Stick (UB 430 - AF), associados à televisão e notebook, ainda elevadores de periósteo, ruginas, osteossomos e curetas. O procedimento da artroscopia iniciava-se com a artrocentese, com retirada do líquido sinovial por meio de uma agulha 40x12 e seringa de 20 ml. Logo após, era realizada a incisão da pele com lâmina de bisturi n.15 de aproximadamente 1 cm de extensão, seguido da injeção de aproximadamente 35ml de solução eletrolítica balanceada e estéril, para expansão inicial da
cápsula articular para facilitar a inserção do artroscópio na porção mais proximal expandida da cápsula. A introdução da bainha do artroscópio neste local iniciava-se exatamente com um trocarte pontiagudo no interior da bainha, completava-se a penetração após ultrapassar a membrana sinovial. Dessa forma, substituía-se o trocarte pontiagudo pelo artroscópio acoplando-o na bainha e dava-se início ao exame da cápsula articular. A solução eletrolítica era bombeada através da válvula de entrada de fluídos da bainha do artroscópio continuamente para a cavidade articular, removendo qualquer material e mantendo-a expandida, facilitando a visualização do operador. A área de entrada do artroscópio na porção da cápsula articular da articulação do carpo iniciava-se entre o tendão do músculo extensor carpo-radial e o tendão do músculo extensor digital comum, podendo o membro estar em leve flexão6. O exame desta articulação começava medialmente, ao tendão extensor carpo radial, entre o carpo-radial e o III carpiano. Diante disso já era possível a visualização da superfície inferior do carpo radial e da superfície superior do III e II carpianos. Ainda pode-se observar, flexionando um pouco mais a articulação, o ligamento intercarpico palmar medial (anexo entre o III carpiano e o carpo radial). O aspecto dorsal do III carpiano é facilitado estendendo-se a articulação. Seguia-se com o exame da proeminência do bordo axial do osso carpo radial, intermédio, a face intermédia do III carpiano e da parte axial do IV osso do carpo. Ao mover o artroscópico lateralmente, já era possível inspecionar o carpo ulnar e o IV carpiano. Rotacionando-se o artroscópio, o ligamento intercárpico palmar era visto deitado entre o IV carpiano e o carpo ulnar. Atinge-se assim a articulação rádio cárpica inserindo-se o artroscópio pelo mesmo portal, ou seja, em relação ao tendão extensor carpo radial e o tendão extensor comum dos dedos, no centro da depressão entre a linha do meio dos ossos do carpo e do rádio. A inspeção começava medialmente à articulação cárpica média. Primeiramente realizava-se o exame da região medial do rádio distal e proximal do osso carpo radial. Neste ponto as vilosidades podem inibir a visibilidade do bordo dorsal do rádio, podendo isso ser corrigido com a distensão e extensão da articulação. Após a visualização da junção entre o carpo intermédio e o carpo radial, o artroscópio era retirado deste ponto tendo-se uma visualização da crista sagital do rádio. Lateral-
mente o espaço articular fica mais estreito e em cavalos jovens o sulco da junção entre o processo estiloide e o rádio é visto na superfície articular do rádio. Para fim de procedimento, olhando-se distalmente e lateralmente, inspecionava-se a parte axial do carpo ulnar. Seguiu-se a metodologia descrita por Velosa et al. (1999)20, o qual se preconiza que durante o procedimento cirúrgico artroscópico das articulações dos animais, a cápsula e superfície articular sejam avaliadas e classificadas, de acordo com a presença de lesões, em normal, quando a superfície da cartilagem encontra-se ilesa; fibrilada, se houver irregularidades na superfície da cartilagem articular, e fibrilada, com exposição do osso quando as lesões se aprofundam até o osso subcondral. No tocante à sinóvia, a classificação utilizada foi em normal, vilos livres e com pequena vascularização; inflamada, vilos hiperêmicos e com vasos congestos; degenerados, vilos aderidos e com pouco movimento. Análise Estatística As amostragens obtidas foram analisadas sob forma qualitativa das imagens radiográficas e artroscópicas. No primeiro analisava-se a superfície articular e óssea. Já no segundo método de análise, foi verificado o tecido cartilaginoso e também da sinóvia. Todos esses métodos avaliaram as áreas da articulação carpeana, para quantificar as alterações degenerativas. Dessa forma, pelo exame radiográfico avaliou-se 10 parâmetros seguindo a metodologia descrita por Kirker-Head et al. (2000)9, e na artroscopia avaliou-se 2 parâmetros (cartilagem articular e sinóvia), envolvendo duas articulações (articulação rádio-carpica – ARC; e articulação intercárpica - AI), justamente por conta dos acessos possíveis de entrada do artroscópio. Para medir a acurácia dos exames, mostrando o quão ele é confiável para diagnosticar a lesão, sem falso positivo e falso negativo, foi utilizada a tabela de contingência2 que leva em conta a presença ou ausência da doença/lesão. Resultados Foram analisados membros torácicos de oito cavalos de corrida, todos da raça PSI, provenientes do Jockey Club de São Paulo em Cidade Jardim. De todos os animais, um deles apresentou uma fratura cominutiva e exposta na articulação do carpo, sendo descartado, totalizando dessa forma, 15 articulações analisadas pelos métodos radiográfico e artroscópico.
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Figura 1: Projeção crânio caudal de imagem radiográfica de carpo de equino PSI, evidenciando diminuição do espaço articular em região medial, entre ossos do carpo (fileira distal) e metacarpo (Seta)
Figura 2: Projeção crânio caudal de imagem radiográfica de carpo de equino PSI, evidenciando erosão irregular/lise cística do osso subcondral em carpo radial (Seta)
FONTE: ARQUIVO PESSOAL, 2013
FONTE: ARQUIVO PESSOAL, 2013
FONTE: ARQUIVO PESSOAL, 2013
O exame radiográfico avaliou 10 parâmetros seguindo a metodologia descrita por Kirker-Head et al. (2000)9 e a artroscopia avaliou 2 parâmetros (cartilagem articular e sinóvia) envolvendo duas articulações (ARC e AI). Como todos os parâmetros visam determinar a presença ou ausência de lesão, assumiu-se que qualquer escore fora do normal (Artroscopia) foi considerado como positivo para a lesão, independente do grau desse escore. Ao observar os dados obtidos, ficou evidente que a artroscopia mostrou uma quantidade maior de lesões do compartimento articular em relação ao exame radiográfico (13/15 contra 7/15, respectivamente), sendo um exame mais eficiente para detectar lesões. Isso é mostrado na tabela 1.
Figura 3: Projeção crânio caudal de imagem radiográfica de carpo de equino PSI, evidenciando erosão irregular/lise cística do osso subcondral em carpo radial (Seta)
Tabela 1: Tabela de contingência mostrando a eficácia dos testes com valor qualitativo de presença ou não de lesão
6a
1b
7@
Negativo
7c
1d
8^
13*
2#
15
*Positivo na Artroscopia; #Negativo na Artroscopia; @ Positivo no Raio-X; ^Negativo no Raio-X; a: Verdadeiro positivo; b: Falso positivo; c: Falso negativo; d: Verdadeiro negativo
A artroscopia diagnosticou lesão em 86,6% dos casos enquanto que o exame radiográfico em 46%, mostrando que há um incremento de 40% na capacidade de detectar a lesão pelo método artroscópico. Quando a doença está presente, o exame radiográfico mostrou em 46% dos casos presença de lesão (Sensibilidade de 46%). Quando a lesão está ausente, o raio-X mostrou em 50% dos casos a ausência de alteração demonstrado com especificidade de 50%. Nos 46% dos casos diagnosticados com lesão radiográfica, as mesmas concentraram-se em região medial da articulação (26%) (Figura 1), margeando o osso carpo radial (Figuras 2 e 3), II e III metacarpiano, onde nesse último a presença de osteófitos (Figuras 4 e 5) foi considerada alta (20%). Poucos foram os animais que apresentaram lesões em região lateral da articulação (6,6%) (Figura 6). No exame artroscópico as lesões concentravam-se em articulação intercárpica envolvendo em sua grande maioria o osso carpo radial (26,6%) em sua articulação com os ossos III carpiano (Figura 7) e carpo intermédio, além de
Figura 4: Projeção latero medial de imagem radiográfica de carpo de equino PSI, evidenciando osteófito (mineralização da margem articular) em região de III metacarpiano (Seta)
Figura 5: Projeção latero medial de imagem radiográfica de carpo de equino PSI, evidenciando osteófito (mineralização da margem articular) em região de III metacarpiano (Seta)
Figura 7: Imagem artroscópica de articulação intercárpica de equino PSI, evidenciando ebulização óssea em superfície de carpo radial
8
Figura 6: Projeção latero medial de imagem radiográfica de carpo de equino PSI, evidenciando fragmento osteocondral pequeno e bem definido (Seta)
Figura 8: Imagem artroscópica de articulação rádio cárpica de equino PSI, evidenciando cartilagem articular de rádio fibrilada e irregular.
..................................................................................................................... alterações em rádio (6,6%) na articulação rádio cárpica (Figura 8). A sinóvia mostrou-se alterada na região medial interna da cápsula articular na maioria dos casos (66,6%) (Figuras 9 e 10) e em alguns de-
les, na região lateral interna da cápsula articular (20%) (Figuras 11 e 12). Raros foram os casos ande a mesma apresentou-se inalterada (13,3%) (Figura 13). Ainda em alguns animais, foram
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Positivo
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Total FONTE: ARQUIVO PESSOAL, 2013
Negativo
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Raio-X
Positivo
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Artroscopia (Padrão/Ouro)
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