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ANO 10 - Nº 55 - SETEMBRO / OUTUBRO 2014
Tomografia Computadorizada e Ressonância Magnética na avaliação A Revista do Médico Veterinário • www.revistavetequina.com.br
MUSCULOESQUELÉTICA
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em equinos atletas: Revisão de literatura
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• Avaliação da eficácia e parâmetros fisiológicos de equinos sedados com uma formulação à base de Detomidina 1% • Desenvolvimento de potros equinos e muares de éguas suplementadas com diferentes fontes de óleos essenciais, com adoção do sistema Creep Feeding • Uroperitônio em três potros puro sangue de corrida • Adenoma hipofisário em pônei: relato de caso • Reconstituição de laceração perineal de terceiro grau ocasionada durante parto de uma égua: relato de caso
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SETEMBRO / OUTUBRO 2014
IMAGEM CAPA: Serviço de Diagnostico por Imagem Departamento de Reprodução Animal e Radiologia Veterinária UNESP-Botucatu, SP
www.passoapasso.org.br
ADENOMA HIPOFISÁRIO EM PÔNEI: RELATO DE CASO A disfunção adenohipofisária (DAH) é a mais comum endocrinopatia dos equídeos idosos. A presença de adenomas em região correspondente a hipófise pode ser associada a esta disfunção. Relata-se neste artigo um caso de DAH por adenoma hipofisário em pônei idoso que apresentava diversos sinais associados a infecções secundárias, comumente predispostas pela endocrinopatia, definindo condição clínica diferenciada. (Página 22)
HOSPITAL VET. ANHEMBI MORUMBI
A Tomografia Computadorizada (TC) e a Ressonância Magnética (RM) são metodologias diagnósticas bastante exploradas na Medicina Esportiva Equina. Apesar disso, muitas dúvidas ainda surgem quanto ao emprego dessas técnicas e suas vantagens sobre as outras modalidades rotineiramente utilizadas. Esta revisão tem como objetivo reunir informações sobre as principais indicações da TC e da RM no diagnóstico de diversas afecções do sistema musculoesquelético em equinos atletas, relacionandoas com os métodos de diagnósticos mais aplicados na rotina clínica, como a radiografia e a ultrassonografia. (Página 14)
RECONSTITUIÇÃO DE LACERAÇÃO PERINEAL DE TERCEIRO GRAU OCASIONADA DURANTE PARTO DE UMA ÉGUA: RELATO DE CASO As lacerações perineais por ocasião de parto podem acarretar graves prejuízos no desempenho reprodutivo e, nos casos mais agudos, oferece risco à vida da égua e do potro, apesar de pouco frequente em equinos, observa-se a ocorrência de casos de peritonite. Estas injúrias decorrem dos esforços realizados para a expulsão do feto. Este trabalho tem como objetivo relatar um caso de distocia em uma égua Quarto de Milha (QM) em decorrência de ruptura reto-vaginal e sua correção cirúrgica. (Página 8)
AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA E PARÂMETROS FISIOLÓGICOS DE EQUINOS SEDADOS COM UMA FORMULAÇÃO À BASE DE DETOMIDINA 1% Objetivou-se neste estudo avaliar a eficácia e parâmetros fisiológicos de equinos submetidos à sedação com uma formulação à base de cloridrato detomidina 1% administrada pela via intravenosa (IV). Os parâmetros fisiológicos foram analisados mediante a avaliação da frequência cardíaca, respiratória, motilidade intestinal, pressão arterial sistólica e parâmetros eletrocardiográficos. Na análise de eficácia do fármaco considerou-se a variação percentual da altura de cabeça em relação ao solo e a avaliação de estímulos audiovisuais. (Página 28) DESENVOLVIMENTO DE POTROS EQUINOS E MUARES DE ÉGUAS SUPLEMENTADAS COM DIFERENTES FONTES DE ÓLEOS ESSENCIAIS, COM ADOÇÃO DO SISTEMA CREEP FEEDING Os ácidos graxos essenciais promovem a proteção contra doenças degenerativas, além de influenciar na saúde, na inflamação e no desenvolvimento. O objetivo do presente estudo foi analisar a possível interação entre o crescimento de potros equinos e muares de éguas suplementadas com diferentes fontes óleos essenciais. Além disso, foi analisada a possível influência da adoção do sistema Creep Feeding na padronização de desenvolvimento dos animais. (Página 34) COLUNA (VOCÊ SABIA?): QUAL A SUA OPINIÃO? VEJA AS RESPOSTAS Como colocado na edição anterior, faremos uma análise dos casos clínicos, imagens e fotos que foram publicadas a partir de casos clínicos variados de cavalos de esporte. Desta forma, os leitores poderão comparar, analisar, se questionar e adicionar conceitos úteis na interpretação de cada caso. (Página 34)
IMAGENS ADAPTADAS PELO AUTOR
TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA E RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NA AVALIAÇÃO MÚSCULOESQUELÉTICA EM EQUINOS ATLETAS: REVISÃO DE LITERATURA
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UROPERITÔNIO EM TRÊS POTROS PURO SANGUE DE CORRIDA São descritos três casos de uroperitônio em duas potrancas e um potro Puro Sangue de Corrida de 12, 20 e 8 dias de idade, respectivamente. Os animais apresentavam sinais de dor abdominal leve à moderada, taquipneia, taquicardia, distensão abdominal e disúria. Os animais apresentaram uma melhora rápida e sem complicações após a correção cirúrgica, recebendo alta aos nove, sete e 23 dias após a intervenção, respectivamente. (Página 4)
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ARQUIVO PESOAL DA AUTORA
ANO 10 - Nº 55
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E D I T O R I A L
Permanece a vitória da saúva nas batalhas, o que esperar do final da guerra? Há exatos quatro anos, o editorial do número 20 desta Revista, trazia o título "Ou o Brasil acaba com a saúva ou a saúva acaba com o Brasil" e seu primeiro parágrafo explicava o porquê desse título: “Desde que o naturalista francês August Saint-Hilaire escre-
FUNDADOR Synesio Ascencio (1929 - 2002) DIRETORES José Figuerola, Maria Dolores Pons Figuerola EDITOR RESPONSÁVEL Fernando Figuerola JORNALISTA RESPONSÁVEL Russo Jornalismo Empresarial Andrea Russo (MTB 25541) Tel.: (11) 3875-1682 andrearusso@uol.com.br
veu a frase emprestada para título deste editorial, muitos a utiliza-
PROJETO GRÁFICO Studio Figuerola
ram, literalmente ou com pequenas variações. Getúlio Vargas e Mon-
EDITOR DE ARTE Roberto J. Nakayama
teiro Lobato, entre muitos brasileiros ilustres, citavam esta frase com regularidade. Até Macunaíma, o anti-herói criado por Mário de Andrade, fez referência à saúva e à saúde do Brasil. E não aprendemos a priorizar a saúde, não só a humana, mas também a animal". O que mudou desde então? Na época a motivação do texto foi o decréscimo nas verbas do orçamento da União para defesa animal e a notícias, na época, de caso de Mormo em São Paulo
EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Miguel Figuerola MARKETING Master Consultoria e Serviços de Marketing Ltda. Milson da Silva Pereira milson.master@ig.com.br PUBLICIDADE / EVENTOS Diretor Comercial: Fernando Figuerola Fones: (11) 3721-0207 3722-0640 / 9184-7056 fernandofiguerola@terra.com.br
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após décadas sem registro de ocorrências no Estado. Hoje a Lei Orçamentaria é manchete de jornais, mas não pelo aumento dos recursos para defesa animal (que tem diminuído), mas pela necessidade de ajustá-la ao não cumprimento da meta de superavit. Ou seja, aumentaram, e muito, os gastos do Governo mas reduziram as despesas com a saúde dos equídeos, o que significa dizer que o assunto é cada vez menos relevante para os governantes. Quanto à motivação, ao contrário do desejado, novos casos de Mormo foram reportados, dificultando negócios nacionais e internacionais, além, e principalmente, da preocupação com a saúde cada vez maior entre os agentes mais conscientes na equideocultura nacional. E permanecem problemas básicos, como o controle da Piroplasmose. É fundamental que este tema de editorial não retorne como acontece nesse momento. Para tanto, profissionais e interessados da equideocultura, assim como suas entidades representativas tragam o debate para fora de seu círculo de conversa, que a preocupação com a saúde chegue ao Governo com inquietação, incomodando para que haja reação positiva e eficiente para melhoria da defesa sanitária. Não podemos deixar que a "saúva", o carrapato entre outros, vençam o cavalo e o Brasil. Roberto Arruda de Souza Lima Professor da ESALQ/USP raslima@usp.br www.arruda.pro.br
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DIRETOR CIENTÍFICO: Pierre Barnabé Escodro Cirurgia Veterinária e Clínica Médica de Equideos (Univ. Federal de Alagoas) pierre.vet@gmail.com
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José Mário Girão Abreu Clínica zemariovet@gmail.com.br
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em três potros Puro Sangue de Corrida. “Uroperitoneum in three Thoroughbred foals” FOTO: ARQUIVO PESSOAL DO AUTOR
“Uroperitoneo en tres potros Pura Sangre de Carrera”
Stefano Leite Dau (stefanodau@hotmail.com) M.V., Mestrando, Programa de Pós-Graduação, Univ. Federal de Santa Maria (UFSM) Flávio Desessards de La Corte* (delacorte2005@yahoo.com.br) Prof. Associado do Depto. de Clínica de Grandes Animais (DCGA), UFSM Karin Erica Brass Profa. Associada do Depto. de Clínica de Grandes Animais (DCGA), UFSM Marcos Azevedo (socram_vet@yahoo.com.br) Doutorando, Programa de Pós-Graduação em Cirurgia Veterinária, UFSM Roberta Carneiro da F. Pereira Doutoranda, Programa de Pós-Graduação em Cirurgia Veterinária, UFSM Endrigo Pompermayer Médico Veterinário Autônomo, Doha Racing & Equestrian Events, Qatar Laura Huber (laura.huber16@hotmail.com) Médica Veterinária Autônoma, Santo Ângelo-RS *Autor para correspondência
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RESUMO: São descritos três casos de uroperitônio em duas potrancas e um potro Puro Sangue de Corrida de 12, 20 e 8 dias de idade, respectivamente. Os animais apresentavam sinais de dor abdominal leve à moderada, taquipneia, taquicardia, distensão abdominal e disúria. O diagnóstico de uroperitônio foi realizado por meio de ultrassonografia transabdominal onde se observou a presença de imagens ecográficas sugestivas de alças intestinais flutuando em grande quantidade de líquido hipoecoico; e confirmado pela relação creatinina do líquido abdominal: creatinina sérica acima de dois. Primeiramente os potros foram submetidos à fluidoterapia intravenosa associada à drenagem progressiva do líquido peritoneal para posterior celiotomia exploratória com o objetivo de localizar e reparar a lesão. Na potranca de 20 dias e no potro de 8 dias foi identificada uma ruptura de úraco. Na potranca de 12 dias, foi constatado um defeito congênito na parede dorsal da bexiga que foi reparado após leve debridamento dos bordos da lesão. Nos três casos foi efetuada a ressecção do úraco, veia e artérias umbilicais e posterior cistorrexia. Os animais de 20, 8 e 12 dias de idade apresentaram uma melhora rápida e sem complicações após a correção cirúrgica, recebendo alta aos nove, sete e 23 dias após a intervenção, respectivamente. Unitermos: potros, ruptura de bexiga, uroperitônio, úraco patente ABSTRACT: Three cases of uroperitoneum in Thoroughbred foals, two females and one male, are described in the present study. The animals showed clinical sings of mild to moderate abdominal pain, tachycardia, tachypnea, abdominal distention and straining to urinate. The diagnosis of uroperitoneum was made by transabdominal ultrasound examination and confirmed by the ratio of [abdominal fluid creatinine] : [serum creatinine] greater than two. Initially the foals were treated with intravenous fluid therapy associated with progressive drainage of peritoneal fluid for subsequent exploratory laparotomy in order to identify and repair the lesion. A ruptured urachus was identified in the 20-day-old filly and in the 8-day-old colt. The 12-day-old filly had a congenital defect in the dorsal aspect of the bladder; this defect was repaired after debridement of the lesion edges. The resection of urachus, umbilical vein and arteries was performed in all three cases followed by cistorrhaphy. The outcome was good without complications after surgical correction; the 20-day old filly , 8-day-old colt and the 12-day-old filly were discharged at 9, 7 and 23 days after surgery, respectively. Keywords: foal, bladder rupture, uroperitoneum, patent urachus RESUMEN: Tres casos de uroperitoneo son descriptos, respectivamente, en dos potrancas y un potro Pura Sangre de Carrera de 12, 20 y 8 días de edad. Los animales presentaban señales de dolor abdominal discreta a moderada, taquipnea, taquicardia, distensión abdominal y disuria. El diagnóstico de uroperitoneo fue realizado por medio de ultrasonografía transabdominal, donde fueron observadas vueltas intestinales fluctuando en gran cantidad de líquido hipoecogénico; fue confirmado por la relación creatinina del líquido abdominal: creatinina sérica arriba de 2. Primeramente los productos fueron sometidos a la fluidoterápia intravenosa asociada a un drenaje progresivo del líquido peritoneal para una posterior quirurgia abdominal exploratoria con el objetivo de localizar y reparar la lesión. En la potranca de 20 días y en el potro de 8 días fue identificada una ruptura de uraco. En la potranca de 12 días fue constatada una alteración congénita en la pared vesical dorsal que fue reparada después de un desbridamiento de los bordos de la lesión. En los 3 casos fue efectuada la resección del uraco, de las venas y arterias umbilicales e una posterior cistorrafia. Los 3 animales de 20, 8 y 12 días de edad presentaron una rápida mejora sin complicaciones después de la corrección quirúrgica, y recibieron alta 9, 7 y 23 días después. Palabras-claves: potrillo, uroperitonio, ruptura de vejiga, quirurgia
Relato de Caso Caso 1: Uma potranca com 20 dias de idade oriunda de um criatório no Sul do Brasil. Exame físico: apresentava-se apática, com distensão abdominal, prolapso de reto de grau II (Figura 1), frequência cardíaca (FC): 96 batimentos por minuto (bpm),
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Figura 1: Prolapso de reto (grau II) no caso acima
Figura 2: Ultrassonografia transabdominal onde se observa uma imagen sugestiva de uma quantidade anormal de liquido livre na cavidade e distensão parcial da bexiga. O aspecto ventral do abdome está no topo
FOTO: ARQUIVO PESSOAL DO AUTOR
Introdução O uroperitônio é uma doença comum em neonatos, principalmente recém-nascidos hospitalizados, de ocorrência mais esporádica em potros jovens e menos frequente em animais adultos6,15,16. A ruptura de bexiga é a causa mais comum de uroperitônio, contudo, outras lesões do trato urinário como ruptura e infecção de úraco, ruptura e a má formação congênita dos ureteres podem determinar o mesmo quadro clínico3,10,19. A fisiopatologia da ruptura de bexiga e úraco não está completamente esclarecida, porém se acredita que as pressões extra-abdominais sofridas durante o parto sobre a bexiga repleta e a infecção do umbigo sejam as principais causas, respectivamente10,13. Por outro lado, em cavalos adultos, as causas mais comuns de uroperitônio descritas são urolitíase, exercício intenso e, em éguas, lesões de bexiga e uretra durante o parto12,15. A manifestação clínica de uroperitônio pode ocorrer nos primeiros dias pós-parto. Os sinais clínicos comumente encontrados são fraqueza, depressão, dificuldade em mamar, disúria, presença de pequeno volume ao urinar, taquicardia e taquipneia10. À medida que a doença progride, podese observar distensão abdominal e os animais podem adotar uma postura com os membros estendidos13. Sinais de comprometimento sistêmico como febre, congestão de mucosas, diarreia e envolvimento de outros órgãos também são observados em alguns casos de uroperitônio19. O diagnóstico é baseado nos achados clínicos associados aos exames de ultrassonografia, análise do líquido peritoneal, bioquímica e hemograma5,10. A relação maior que dois entre a concentração de creatinina do líquido peritoneal e a sérica confirma o diagnóstico16. O tratamento de escolha é a correção cirúrgica da origem do extravasamento de urina para a cavidade2. Contudo, esta é uma emergência clinica e não cirúrgica, logo os animas devem ser estabilizados para posterior intervenção cirúrgica e assim diminuir possíveis complicações no transoperatório13.
frequência respiratória (ƒ): 30 movimentos respiratórios por minuto (mrpm) e tempo de perfusão capilar (TPC): 3 segundos (“). Na ultrassonografia abdominal (US) observou-se grande quantidade de líquido hipoecoico livre na cavidade e ausência de conteúdo no interior da vesícula urinária. Exames laboratoriais: não foram evidenciadas alterações nos parâmetros hematológicos; o perfil bioquímico apresentou elevação da fosfatase alcalina (FA) (744,14 UI/ dL), gama glutamil transferase (GGT) (26,35 UI/dL) e ureia (71,03 mg/dL). O líquido obtido na abdominocentese apresentava coloração amarelo palha, turvação média, densidade: 1008, proteína: 1,4 gr/ dL, pH 8 e presença de hemácias.
Caso 2: uma potranca, proveniente da mesma propriedade do caso anterior, com 12 dias de vida. Exame Físico: o animal chegou alerta com sinais de distensão abdominal, FC: 80 bpm, (ƒ): 136 mrpm, temperatura retal (TR): 39,1oC e TPC: 2". O US revelou a presença de muito líquido hipoecoico livre na cavidade abdominal e a bexiga semirepleta (Figura 2), sem presença de lesão aparente. Exames Laboratoriais: No hemograma foi observada leucocitose (15.600 leucócitos/ µL), e constatada elevação da concentração ([]) sérica de ureia (121,47 mg/dL), GGT (33,05 UI/dL), FA (1128 UI/dL) e creatinina (4,4 mg/dL) no exame bioquímico. •5
FOTO: ARQUIVO PESSOAL DO AUTOR
Figura 3: Segmento da transição entre a bexiga e o úraco onde se observa o local da ruptura (seta branca) e presença de hemorragia ao redor, sugerindo uma causa traumática
Tabela 1: Concentração de creatinina plasmática (CP) e do líquido peritoneal (CLP) e a relação entre CP:CLP dos potros PSC com uroperitôneo Potro
CP (mg/dl)
CLP (mg/dl)
Relação CP:CLP
1
1,53
5,48
1: 3,58
2
4,4
22,00
1:5
3
6,5
17,6
1:2,7
6•
910, tamanho 2-0. Neste caso, também, o úraco, artérias e veias umbilicais foram removidos com posterior cistorrafia usandose fio de sutura de polyglactina 910 tamanho 2-0 em padrão Cushing. Nos três casos, após a lavagem da cavidade abdominal com Ringer Lactato, a cavidade abdominal foi suturada como de rotina (padrão simples-continua na linha Alba com polyglactina 910 n° 1; padrão Cushing no tecido subcutâneo com polyglactina 910 tamanho 2-0; pele com nylon 2-0 em padrão contínuo simples). Durante o pós-operatório, os animais receberam cetoprofeno (2,2 mg/kg/dia, IV), omeprazol (1mg/kg/dia, PO), penicilina potássica (22.000 UI/kg, quatro vezes ao dia, IV), gentamicina (6,6 mg/kg/dia, IV) e metronidazol (15mg/kg, três vezes ao dia, PO) por sete dias. A potranca do caso 1 foi submetida a uma segunda intervenção cirúrgica, dois dias após a primeira, para correção do prolapso de reto, uma vez que o tratamento clínico empregado não apresentou uma resposta satisfatória. Os animais dos casos 1, 2 e 3 apresentaram uma melhora rápida e sem complicações após a correção cirúrgica, e receberam alta aos nove, sete e 23 dias, respectivamente. Salientamos que o potro de oito dias de vida (caso 2) permaneceu hospitalizado por um período maior para tratamento de uma úlcera de córnea, a pedido do proprietário.
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Caso 3: Um potro com oito dias de vida. Exame Físico: o animal estava alerta, FC: 80 bpm, (ƒ): 36 mrpm, TPC: 1", TR: 37,8oC. Ao exame de US, foi verificada a presença de líquido livre na cavidade e repleção vesical. Exame Laboratorial: No hemograma se pode observar hemoglobinemia (8,8 g/dL). No exame bioquímico, foi constatada alteração na concentração sérica das enzimas creatina quinase (687,57 UI/L), creatinina (6,5 mg/dL), FA (530 UI/dL), GGT (36,67 UI/L) e ureia (284,28 mg/dL). Na abdominocentese, se obteve líquido de coloração branca, de aspecto turvo, com densidade 1.008, pH 6,5 e proteína 1,6 gr/dL e presença de 88% de neutrófilos, 11% de linfócitos, 1% de macrófagos com leucócitos com baixo grau degenerativo e presença de eritrofagocitose. O diagnóstico de uroperitônio, nos três casos que deram entrada no Hospital Veterinário Universitário da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), foi realizado por meio dos achados clínicos e ultrassonográficos, e confirmado pela relação maior que dois entre a concentração da creatinina do líquido abdominal e a sérica (Tabela 1). Primeiramente os animais foram estabilizados por meio de fluidoterapia intravenosa com solução salina 0,9% (20 ml/kg/min) e glicose 5% (200 ml/hr/ 50 kg) associada a drenagem do líquido peritoneal (com um catéter intravenoso 16G de poliuretano) para posterior celiotomia exploratória. O tempo entre a estabilização e a intervenção cirúrgica foi de 12, 18 e 4 horas para os casos 1, 2 e 3, respectivamente. Para o procedimento cirúrgico, os animais foram pré-medicados com xilazina (1 mg/kg), induzidos com diazepam (0,05 mg/
kg) e cetamina (2,2 mg/kg) e mantidos em plano anestésico com isoflurano em oxigênio 100% (10 ml/kg/min). Os potros foram colocados em decúbito dorsal, e a porção ventral do abdômen foi assepticamente preparada para cirurgia. O acesso na cavidade abdominal foi por meio de uma incisão para-retro umbilical na linha média nos três casos. Nos casos 1 (Figura 3) e 3, foi identificada uma ruptura localizada na transição da bexiga para o úraco, sendo este e os vasos umbilicais removidos após ligadura usando-se fio absorvível multifilamentoso de polyglactina 910, tamanho 0 em padrão isolado simples. Na potranca de 12 dias (caso 2), foi constatado um defeito congênito na parede dorsal da bexiga (medindo 2 cm aproximadamente) (Figura 4) que foi corrigido, após um leve debridamento dos bordos da lesão, por meio de duas camadas de sutura em padrão Cushing com fio absorvível multifilamentoso de polyglactina
O líquido obtido através de abdominocentese apresentava coloração amarelo palha, aspecto límpido, densidade 1010, pH 7,5, proteína: 1,6 gr/dL com presença de pequena quantidade de neutrófilos e linfócitos.
Figura 4: Defeito congênito no fechamento do aspecto dorsal da bexiga. Uma tesoura Metzenbaum reta de 18cm foi introduzida no orifício para sua identificação
Discussão e Conclusão Potros neonatos machos apresentam uma maior predisposição para o desenvolvimento de uroperitônio por lesões na vesícula urinária, quando comparado com as fêmeas, devido a conformação anatômica da uretra mais alongada, dificultando o esvaziamento vesical durante o parto4,10,13. As lesões de úraco são decorrentes, na sua maioria, de infecções de umbigo ou de septicemia6,16,18. Diferentemente, no presente relato, mesmo sendo um grupo pequeno de animais, fêmeas foram mais acometidas; e nos casos de ruptura de úraco não se observou um quadro infeccioso associado. Curiosamente, as duas potrancas eram do mesmo criatório e foram diagnosticadas com 15 dias de intervalo. Outro aspecto interessante é que os animais apresentam idade superior quando comparado a outros trabalhos que apresentam idade inferior a 24 horas4,13,18,21, menos de 48 horas6, dois 8,19,22, quatro3,16 e 11 dias de vida14. O teste comparativo entre a [creatinina] do líquido peritoneal com a sérica e o
exame ultrassonográfico, empregados no presente relato, são os exames mais recomendados para o diagnóstico de uroperitônio devido a sua acurácia e fácil realização2,17. Em um estudo com 31 neonatos hospitalizados, a causa primária de uroperitônio foi determinada por meio de ultrassom, e também se verificou que mesmo recebendo fluidoterapia como tratamento de outra enfermidade não houve alteração no resultado do teste comparativo entre a [creatinina] sérica com a peritoneal16. Outros métodos diagnósticos como o raio-X contrastado e a urografia retrógada que permitem a identificação de lesões na uretra, vesícula urinária e ureteres4,10,13,19também podem ser de grande auxilio. Alguns autores ressaltam a importância de se realizar o exame US ou radiográfico do tórax em animais acometidos por uroperitônio, pois estes podem apresentar também urinotórax ou efusão pleural, um agravante durante a anestesia geral3,20,21,22. A terapia empregada em casos de uroperitônio deve priorizar a estabilização do paciente e a correção de qualquer desequilíbrio eletrolítico, uma vez que esta enfermidade é uma emergência clínica e não cirúrgica3,10,13. O tratamento pré-cirúrgico empregado nos casos deste relato corrobora com o descrito na literatura10,13. Animais que estão sendo tratados para outras enfermidades e desenvolvem uroperitônio podem não apresentar o quadro de desequilíbrio eletrolítico caso estejam recebendo fluidoterapia6,16. A não estabilização dos pacientes antes do procedimento cirúrgico pode desencadear problemas cardiorrespiratórios no pré, trans ou pós-operatório e culminar com a morte do animal1,3,9,10,13,20. Os microorganismos comumente isolados nos casos de uroperitônio incluem βStreptococcus, bactérias entéricas gram-negativas e anaeróbicas que são semelhantes aos encontrados em potros com sepse2,17,19. Há uma incidência de 63% de infecções em potros associadas a quadros de uroperitônio6. A antibioticoterapia de amplo espectro empregada nos três casos obedeceu a procedimento padrão na clínica e teve como objetivo prevenir/tratar uma possível infecção, como no caso 2, considerando possível contaminação devido a manipulação durante abdominocentese, celiotomia ou cateterização 2,10. A ruptura de bexiga é a causa mais comum de uroperitônio em neonatos, contudo outras lesões do trato urinário como ruptura e infecção de úraco, ruptura dos ureteres e da uretra, e a má formação congênita
podem causar o mesmo quadro clínico3,4,9,10,13,14,19,20,22,23. Além da correção cirúrgica para a ruptura de bexiga, a correção clínica pode apresentar uma resposta satisfatória em alguns casos1,8; contudo este tipo de tratamento pode favorecer a infecção vesical ascendente se não bem manejado2. O prognóstico para estes casos é favorável em 80-90% dos casos10, porém caso o paciente desenvolva um quadro de uroperitônio concomitante a outra doença sistêmica o prognóstico se torna reservado com uma taxa de 50% de sobrevivência16,21. Algumas complicações que podem ocorrer após a cirurgia são uroperitônio recorrente por drenagem através da sutura, falha na correção do defeito, complicações na incisão, aderências, arritmias por problemas eletrolíticos (hipercalemia), septicemia, pneumonia, hemorragia da artéria umbilical, peritonite e urinotorax7,10,19,20,21,22,23. Os animais do presente relato apresentaram uma recuperação clínica satisfatória e sem complicações após a intervenção cirúrgica, e receberam alta após 9, 7 e 23 dias para os casos 1, 2 e 3 respectivamente. Mesmo em potrancas e potros com idade superior a 10 dias, a presença de uroperitônio deve ser investigada nos casos de distensão abdominal com ou sem sinais de desconforto. O uroperitônio em potros é uma emergência clínica na qual se deve priorizar a estabilização do animal para posterior intervenção cirúrgica. O prognostico é favorável desde que seja identificado e corrigido precocemente e este não esteja associado à outra enfermidade. Referências 1 - BARTMANN, C.P. et al. Diagnosis and surgical management of colic in the foal: literature review and retrospective study. Clinical Techniques in Equine Practice, v.1, n.3, p.125-142, 2002. 2 - BRYANT, J.E & GAUGHAN, E.M. Abdominal surgery in neonate foals. Vet. Clin. North Am. Equine Pract., v.21, p.511-535, 2005. 3 - BUTTERS, A. Medical and surgical management of uroperitoneum in a foal. Can. Vet. J., v.49, p.401-403, 2008. 4 - CASTAGNETTI, C. et al. Urethral and bladder rupture in a neonatal colt with uroperitoneum. Eq. Vet. Educ., v.22, n.3, p.132-138, 2010. 5 - DIVERS, T. & PERKINS, G. Urinary and hepatic disorders in neonatal foals. Clinical Techniques in Equine Practice, v.2, n.1, p.67-78, 2003. 6 - DUNKEL, B. et al. Uroperitoneum in 32 foals: influence of intravenous fluid therapy, infection and
sepsis. J. Vet. Int. Med. v.19, n.6, p.889-893, 2005. 7 - EDWARD III, R.B. et al. Laparoscopic repair of a bladder rupture in a foal. Vet. Surg. v.24, n.1, 60-63, 1995. 8 - FAZITELI et al, 2013. Successful management of uroperitoneum in a neonatal pony foal by tube cystotomy using infusion set tubing. Turk. J. Vet. Anim. Sci., v.37, p.230-233, 2013. 9 - GENETZKY, R.M. & HAGEMOSER, W.A. Physical and clinical pathological findings associated with experimentally induced rupture of the equine urinary bladder. Can. Vet. J., v.26, n.12, p.391395, 1985. 10 - HARDY, J. Uroabdomen in foals. Eq. Vet. Educ., v.10, n,1, p.21-25, 1998. 11 - HAWKINS, J.F. Evaluation and treatment of the foal with uroperitoneum. Eq. Vet. Educ., v.22, n.3, p.139-140, 2010. 12 - HIGUCHI, T. et al. Repair of urinary bladder rupture through a urethrotomy and urethral sphincteotomy in four postpartum mares. Vet. Surg. v.31, nº4, p.344-348, 2002. 13 -HYMAN, S.S. Uroperitoneum in the equine neonate. Disponível em: <www.ivis.org>. Acesso em 15 de junho de 2013. 14 - JEAN, D. et al. Congenital bilateral distal defect of the ureters in a foal. Eq. Vet. Educ. v.10, n.1, p.17-20, 1998. 15 - JONES, P.A. Uroperitoneum associated with ruptured urinary bladder in a postpartum mare. Aust. Vet. J., v.74, nº5, p.354-358, 1996. 16 - KABLACK, K.A. et al. Uroperitoneum in the hospitalized equine neonate: retrospective study of 31 cases, 1988 - 1997. Eq. Vet. J., v.32, n.6, p.505508, 2000. 17 - LORES, M. et al. Septic peritonitis and uroperitoneum secondary to subclinical omphalitis and concurrent necrotizing cystitis in a colt. Can. Vet. J., v.52, p.888-892, 2011. 18 - McAULIFFE, S.B. Abdominal ultrasonography of the foal. Clinical Techniques in Equine Practice. v.3, n.3, p.308-316, 2004. 19 - MENDOZA, F.J. et al. Uroperitoneum secondary to rupture of urachus associated with Clostridium spp. infection in a foal: case report. Veterinarni Medicina, v.55, nº8, p.399-404, 2010. 20 - MORISSET, S. et al. Surgical management of a ureteral defect with ureterorrhaphy and of ureteritis with ureteroneocystostomy in a foal. J. Am. Vet. Med. Assoc., v.200, n.3, p.354-358, 2002. 21 - SCHOLTEN, R. et al. A clinical case: bladder rupture in newborn foals. Rev. Port. Cienc. Vet. v.96, nº540, p.213-215, 2001. 22 - VANDER WERF, K.A. et al. Urinothorax in a Quarter Horse filly. Eq. Vet. Educ., v.22, n.5, p.239243, 2010. 23 - WONG, D.M. et al. Uroperitoneum and pleural effusion in an American Paint filly. Eq. Vet. Educ. v.16, n.6, 2004.
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Reconstituição de
RESUMO: As lacerações perineais por ocasião de parto podem acarretar graves prejuízos no desempenho reprodutivo e, nos casos mais graves, oferece risco à vida da égua e do potro, apesar de pouco frequente em equinos observa-se a ocorrência de casos de peritonite. Estas injúrias decorrem dos esforços realizados para a expulsão do feto. Este trabalho tem como objetivo relatar um caso de distocia em uma égua Quarto de Milha (QM) em decorrência de ruptura reto-vaginal e sua correção cirúrgica. A ruptura reto-vaginal em decorrência do processo de parto ocorreu em uma égua Quarto de Milha, primípara de 5 anos, pesando 400 kg, foi atendida no Hospital Veterinário da UNIGRAN de Dourados-MS, Brasil. Não obtivemos informações a respeito da primeira fase do parto até a expulsão do feto, porém foram evidenciados os sinais da distocia e ruptura de vagina e reto. A reconstituição dos tecidos lesados o potro já se encontrava desmamado. Após a sedação foi realizada a sutura em duas camadas, utilizando a técnica Caslick até a primeira etapa. A segunda etapa foi realizada após 30 dias da primeira, com a finalidade de utilizar partes do tecido cicatrizado na primeira etapa. Neste caso clínico ressalta-se a importância do acompanhamento dos partos em criações intensivas e particulares de equinos. Já que a intervenção imediata em casos de distocia é crucial para a sobrevivência da égua e potro, assim como a recuperação da laceração perineal através do método adequado de tratamento. Nota-se também a grande importância na dieta do animal para evitar o rompimento da sutura após a cirurgia e o manuseio com o animal durante o período de cicatrização. Unitermos: laceração, distocia, reto-vaginal, reconstituição ABSTRACT: The perineal lacerations during childbirth can cause serious damage on reproductive performance and, in severe cases, life-threatening to the mare and foal, although infrequent in horses observed the occurrence of peritonitis. These injuries result from efforts to expel the fetus. This paper aims to report a case of dystocia in a mare Quarter Horse (QM) due to rectovaginal rupture and its surgical correction. The rectovaginal break due to the birth process occurred in a Quarter Horse mare, primiparous 5 years, weighing 400 kg, was treated at the Veterinary Hospital of the Golden UNIGRAN-MS, Brazil. We did not obtain information regarding the first stage of labor until the expulsion of the fetus, but were shown the signs of dystocia and rupture of the vagina and rectum. The reconstruction of injured tissues filly was already weaned. After sedation suture was performed in two layers, using the technique Caslick to the first stage. The second stage was carried out 30 days after the first, in order to use parts of scar tissue in the first step. In this clinical case-emphasizes the importance of intensive monitoring of deliveries and private equine creations. Since early intervention in cases of dystocia is crucial for the survival of the mare and foal, as well as the recovery of perineal laceration through the appropriate method of treatment. It is also noticed that great importance in the diet of the animal to prevent disruption of the suture after surgery and the handling by the animal during the healing period. Keywords: laceration, dystocia, recto-vaginal, reenactment. RESUMEN: Las laceraciones perineales durante el parto pueden causar graves daños en la función reproductora y, en casos graves, potencialmente mortales para la yegua y potro, aunque poco frecuente en caballos observó la aparición de peritonitis. Estas lesiones son el resultado de los esfuerzos para expulsar el feto. Este documento tiene por objeto informar de un caso de distocia en un barrio yegua Caballo (QM) por rotura rectovaginal y su corrección quirúrgica. La ruptura rectovaginal debido al proceso de nacimiento ocurrió en un cuarto del caballo yegua, primíparas 5 años, con un peso de 400 kg, fue atendido en el Hospital Veterinario de la de oro Unigran-MS, Brasil. No se obtuvo información sobre la primera etapa del parto hasta la expulsión del feto, pero nos mostraron los signos de distocia y ruptura de la vagina y el recto. La reconstrucción de los tejidos lesionados potranca ya fue destetado. Después de la sedación de sutura se realizó en dos capas, usando la técnica Caslick a la primera etapa. La segunda etapa se llevó a cabo 30 días después de la primera, con el fin de utilizar partes de tejido de la cicatriz en la primera etapa. En esta clínica de caso pone de relieve la importancia de la vigilancia intensiva de las entregas y creaciones equinos privadas. Dado que la intervención temprana en casos de distocia es crucial para la supervivencia de la yegua y potro, así como la recuperación de laceración perineal a través del método de tratamiento adecuado. También se notó que una gran importancia en la dieta del animal para evitar la interrupción de la sutura después de la cirugía y la manipulación por el animal durante el periodo de cicatrización. Palabras clave: laceración, distocia, recto-vaginal, recreación.
ARQUIVO PESSOAL DA AUTORA
de terceiro grau ocasionada durante parto de uma égua: relato de caso
“Reconstruction of the third degree perineal laceration arising during of a mare: case report” “Reconstitución perineal laceración derivados de tercer grado durante el nacimiento de um mare: informe de caso” ......................................
Sarah Garcia Ferreira* (sarah_gf_93@hotmail.com) Graduanda do Curso de Medicina Veterinária Centro Universitário da Grande Dourados (UNIGRAN) Dourados, MS Márcia Cristina Matos (marciamattos@yahoo.com.br) Profa. Dra. M.V. Centro Universitário da Grande Dourados (UNIGRAN) Dourados, MS José Henrique Saraiva Borges (jhsborges@hotmail.com) M.V., Dr. em Cirurgia Veterinária. Profissional Autônomo, Campo Grande, MS *Autora para correspondência
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