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ANO 11 - Nº 66 - JULHO / AGOSTO 2016
ENTENDIMENTO DA ALTERAÇÃO BIOMECÂNICA DA ALAVANCA PATELAR • Técnicas e aplicação da biopsia intestinal na Clínica de Equinos • Leiomioma intestinal em um equino: relato de caso • Avaliação da qualidade seminal de equinos Quarto de Milha dentro e fora da estação reprodutiva •Efeito da suplementação com prebiótico na resposta imune de cavalos Quarto de Milha de corrida • Avaliação da placenta equina no pós-parto APOIO:
SUMÁRIO
ANO 11 - Nº 66 - JULHO / AGOSTO 2016
• Avaliação da Placenta equina no pós-parto (Página 4) • Técnicas e aplicação da Biopsia Intestinal na clínica de equinos (Página 12) •Leiomioma Intestinal em um equino: relato de caso (Página 20) • Avaliação da qualidade Seminal de equinos Quarto de Milha dentro e fora da estação reproditiva (Página 24) FOTO CAPA: Internet - crédito: dt.common.streams.StreamServer.cls FOTO DESTAQUE: HOVET de Equinos (FMVZ-USP)
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• Efeito da suplementação com Prebiótico na resposta imune de cavalos Quarto de Milha de corrida (Página 28) • Agronegócio: Desafios para dimensionar a tropa de equídeos através do Censo Agropecuário (Página 34)
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• Ortopedia Equina: Entendimento da alteração biomecânica da alavanca patelar (Página 36) • Gestão Empresarial: Você é um prestador de serviço? (Página 40)
www.passoapasso.org.br
• Informativo Equestre: Hemorragia Pulmonar Induzida por exercício (Página 44)
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NORMAS PARA PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS NA REVISTA BRASILEIRA DE MEDICINA EQUINA 1. REVISTA BRASILEIRA DE MEDICINA EQUINA (ISSN 1809-2063) - publica artigos Científicos, Revisões Bibliográficas, Relatos de Casos e/ou Procedimentos e Comunicações Curtas, referentes à área de Equinocultura e Medicina de Equídeos, que deverão ser destinados com exclusividade. 2. Os artigos Científicos, Revisões, Relatos e Comunicações curtas devem ser encaminhados via eletrônica para o e-mail: (revista.equina@gmail.com) e editados em idioma Português. Todas as linhas deverão ser numeradas e paginadas no lado inferior direito. O trabalho deverá ser digitado em tamanho A4 (21,0 x 29,0 cm) com, no máximo, 25 linhas por página em espaço duplo, com margens superior, inferior, esquerda e direita em 2,5 cm, fonte Times New Roman, corpo 12. O máximo de páginas será 15 para artigo científico, 25 para revisão bibliográfica, 15 para relatos de caso e 10 para comunicações curtas, não incluindo tabelas, gráficos e figuras. Figuras, gráficos e tabelas devem ser disponibilizados ao final do texto, sendo que não poderão ultrapassar as margens e nem estar com apresentação paisagem. 3. O artigo Científico deverá conter os seguintes tópicos: Título, Resumo e Unitermos (em Português, Inglês e Espanhol); Introdução; Material e Métodos; Resultados e Discussão; Conclusão e Referências. Agradecimento e Apresentação; Fontes de Aquisição; Informe Verbal; Comitê de Ética e Biossegurança devem aparecer antes das Referências. Pesquisa envolvendo seres humanos e animais obrigatoriamente devem apresentar parecer de aprovação de um comitê de ética institucional já na submissão (Modelo .doc, .pdf). 4. A Revisão Bibliográfica deverá conter os seguintes tópicos: Título, Resumo e Unitermos (em Português, Inglês e Espanhol); Introdução; Desenvolvimento (pode ser dividido em sub-títulos conforme necessidade e avaliação editorial); Conclusão ou Considerações Finais; e Referências. Agradecimento e Apresentação; Fontes de Aquisição e Informe Verbal devem aparecer antes das Referências. 5. O Relato de Caso e/ou Procedimento deverá conter os seguintes tópicos: Título, Resumo e Unitermos (em Português, Inglês e Espanhol); Introdução; Relato de Caso ou Relato de Procedimento; Discussão (que pode ser unida a conclusão); Conclusão e Referências. Agradecimento e Apresentação; Fontes de Aquisição e Informe Verbal devem aparecer antes das Referências.
6. A comunicação curta deverá conter os seguintes tópicos: Título, Resumo e Unitermos (em Português, Inglês e Espanhol); Texto (sem subdivisão, porém com introdução; metodologia; resultados e discussão e conclusão; podendo conter tabelas ou figuras); Referências. Agradecimento e Apresentação; Fontes de Aquisição e Informe Verbal; Comitê de Ética e Biossegurança devem aparecer antes das referências. Pesquisa envolvendo seres humanos e animais obrigatoriamente devem apresentar parecer de aprovação de um comitê de ética institucional já na submissão. (Modelo .doc, .pdf). 7. As citações dos autores, no texto, deverão ser feitas no sistema numérico e sobrescritos, como descrito no item 6.2. da ABNR 10520, conforme exemplo: “As doenças da úvea são as enfermidades mais diagnosticadas nessa espécie, com prevalência de até 50%15”. “Segundo Reichmann et al.15 (2008), as doenças da úvea são as enfermidades mais diagnosticadas nessa espécie, com prevalência de até 50%”. No texto pode citar-se até 2 autores, se mais, utilizar “et al.” Exemplo: Thomassian e Alves (2010). Neste sistema, a indicação da fonte é feita por uma numeração única e consecutiva, em algarismos arábicos, remetendo à lista de referências ao final do artigo, na mesma ordem em que aparecem no texto. Não se inicia a numeração das citações a cada página. As citações de diversos documentos de um mesmo autor, publicados num mesmo ano, são distinguidas pelo acréscimo de letras minúsculas, em ordem alfabética, após a data e sem espacejamento, conforme a lista de Referências. Exemplo: De acordo com Silva11 (2011a). 8. As Referências deverão ser efetuadas no estilo ABNT (NBR 6023/ 2002) conforme normas próprias da revista. 8.1. Citação de livro: AUER, J.A.; STICK, J.A. Equine Surgery. Philadelphia: W.B. Saunders,1999, 2.ed., 937p. TOKARNIA, C.H. et al. (Mais de dois autores) Plantas tóxicas da Amazônia a bovinos e outros herbívoros. Manaus: INPA, 1979, 95p. 8.2. Capítulo de livro com autoria: GORBAMAN, A. A comparative pathology of thyroid. In: HAZARD, J.B.; SMITH, D.E. The thyroid. Baltimore: Williams & Wilkins, 1964, cap.2, p.32-48. 8.3. Capítulo de livro sem autoria: COCHRAN, W.C. The estimation of sample size. In: ______. Sampling techniques. 3.ed., New York: John Willey, 1977, cap.4, p.72-90. 8.4. Artigo completo: PHILLIPS, A.W.; COURTENAY, J.S.; RUSTON,
R.D.H. et al. Plasmapheresis of horses by extracorporal circulation of blood. Research Veterinary Science, v.16, n.1, p.35-39, 1974. 8.5. Resumos: FONSECA, F.A.; GODOY, R.F.; XIMENES, F.H.B. et al. Pleuropneumonia em equino por passagem de sonda nasogástrica por via errática. Anais XI Conf. Anual Abraveq, Revista Brasileira de Medicina Equina, Supl., v.29, p.243-44, 2010. 8.6. Tese, dissertação: ESCODRO, P.B. Avaliação da eficácia e segurança clínica de uma formulação neurolítica injetável para uso perineural em equinos. 2011. 147f. Tese (doutorado) - Instituto de Química e Biotecnologia. Universidade Federal de Alagoas. ALVES, A.L.G. Avaliação clínica, ultrassonográfica, macroscópica e histológica do ligamento acessório do músculo flexor digital profundo (ligamento carpiano inferior) pós-desmotomia experimental em equinos. 1994. 86 f. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia. Universidade Estadual Paulista. 8.7. Boletim: ROGIK, F.A. Indústria da lactose. São Paulo: Departamento de Produção Animal, 1942. 20p. (Boletim Técnico, 20). 8.8. Informação verbal: Identificada no próprio texto logo após a informação, através da expressão entre parênteses. Exemplo: ...são achados descritos por Vieira (1991 - Informe verbal). Ao final do texto, antes das Referências Bibliográficas, citar o endereço completo do autor (incluir e-mail), e/ou local, evento, data e tipo de apresentação na qual foi emitida a informação. 8.9. Documentos eletrônicos: MATERA, J.M. Afecções cirúrgicas da coluna vertebral: análise sobre as possibilidades do tratamento cirúrgico. São Paulo: Departamento de Cirurgia, FMVZ-USP, 1997, 1 CD. GRIFON, D.M. Artroscopic diagnosis of elbow displasia. In: WORLD SMALL ANIMAL VETERINARY CONGRESS, 31., 2006, Prague, Czech Republic. Proceedings… Prague: WSAVA, 2006, p.630-636. Acessado em 12 fev. 2007. Online. Disponível em: http://www.ivis.org/ proceedings/wsava/2006/lecture22/Griffon1.pdf?LA=1. 9. Os conceitos e afirmações contidos nos artigos serão de inteira responsabilidade do(s) autor(es). 10. Os artigos serão publicados em ordem de aprovação. 11. Os artigos não aprovados serão arquivados havendo, no entanto, o encaminhamento de uma justificativa pelo indeferimento. 12. Em caso de dúvida, consultar os volumes já publicados antes de dirigir-se à Comissão Editorial.
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EDITORIAL
Qual a importância de seu trabalho para equideocultura? Nunca é demais relembrar a visão do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) sobre asininos muares na apresentação do relatório "Produção da Pecuária Municipal - 2013", que, junto com o esporádico Censo Agropecuário, é a fonte oficial de dados sobre a pecuário nacional. Segundo o IBGE: "Com o lançamento desta publicação, o IBGE traz a público os resultados da Pesquisa da Pecuária Municipal, cuja reformulação ocorrida em 2013 trouxe aprimoramentos substanciais de conteúdo. (...) Cabe destacar que, a partir desta edição, (...) deixou de pesquisar os efetivos de asininos, coelhos e muares, em virtude, neste último caso, da reduzida importância econômica de tais rebanhos no conjunto da pecuária". A infelicidade da declaração é uma terrível sinalização. Se o IBGE tem essa opinião, por que o restante do governo não reagiria no mesmo sentido, cria-se uma falsa justificativa para falta de apoio às atividades da equideocultura. Se houver "reduzida importância econômica", por que a FAPESP e outros órgãos de fomento deveriam apoiar pesquisas? Por que deve haver tratamento fiscal e de crédito favorável ao setor? Essa falsa imagem tem permitido ações danosas a toda cadeia. Se os tributos de rações se elevam por considerar o setor pouco importante, supérfluo, menos orçamento resta para criadores arcarem com as demais despesas, como veterinários e outros profissionais. Todos sofrem, a equideocultura padece com mensagens equivocadas de autoridades. Por isso a pergunta: qual a importância de seu trabalho? A resposta que precisa ficar clara para população e governo é que seu trabalho tem, além da gigantesca importância direta, cumulativamente, a relevância para o crescimento e consolidação da equideocultura nacional. E isso é muito. Roberto Arruda de Souza Lima Professor da ESALQ/USP raslima@usp.br www.arruda.pro.br
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Avaliação da equina no pós-parto “Evaluation of equine placenta at foaling” “Evaluación de la placenta equina después del parto” Laura Corrêa de Oliveira* (laura.coliveira@hotmail.com) Acadêmica de Medicina Veterinária UFPel - Pelotas, RS Bruna da Rosa Curcio (curciobruna@hotmail.com) Profa. Dra. Depto. Clínica Veterinária UFPel - Pelotas, RS Fernanda Maria Pazinato (fernandampazinato@yahoo.com.br) Doutoranda Programa de Pós-Graduação em Veterinária - UFPel Pelotas, RS Taís Scheffer del Pino (tais.pino@gmail) Acadêmica de Medicina Veterinária UFPel - Pelotas, RS Carolina Litchina Brasil (carolinalitchinabrasil@hotmail.com) Mestranda Programa de Pós-Graduação em Veterinária UFPel - Pelotas, RS Carlos Eduardo Wayne Nogueira (cewn@terra.com.br) Prof. Dr. Depto. Clínica Veterinária UFPel - Pelotas, RS * Autora para correspondência
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RESUMO: A presente revisão tem como objetivo descrever a avaliação da placenta equina no pós-parto imediato, caracterizando achados macroscópicos e histológicos, apresentando a importância da avaliação placentária para prognóstico neonatal. A placenta representa a principal conexão entre a égua e o feto durante a gestação, sendo que alterações na mesma podem levar ao comprometimento do feto, resultando em abortos, natimortos ou nascimento de potros prematuros e não viáveis. Muitas éguas podem não demonstrar sinais clínicos de alteração placentária durante a gestação. Dessa forma, a avaliação da placenta no pós-parto e reconhecimento das características macroscópicas e histológicas são importantes para diagnóstico e prognóstico em neonatos de risco. Unitermos: placenta, pós-parto, macroscopia, histologia ABSTRACT: The present review aimed to described the equine placenta evaluation at the parturition characterized the grossly and histologic findings, by this way demonstrated the importance to placental evaluation in the neonatal prognosis. The placenta matches a main relation between mare and fetus in gestation, and changes in this structure can lead to fetal compromise, resulting in abortion, stillbirths, birth of premature and non-viable foals. Some mares did not demonstrate clinical signs of placental compromise during gestation. Therefore, the placental evaluation in the parturition and the acknowledgment of grossly and histologic features are important to risk neonates diagnosis and prognosis. Keywords: placenta, parturition, gross, histology RESUMEN: Esta revisión tiene como meta describir la evaluación de la placenta equina inmediatamente después del nacimiento, con los hallazgos de la macroscópica yla histología, que muestra la importancia de la evaluación de la placenta para el pronóstico neonatal. La placenta es la principal conexión entre la yegua y el feto durante el embarazo, y los cambios en que puede llevar a un deterioro del feto, lo que resulta en abortos, mortinatos o nacimiento de las crías no viables y prematuros. Muchas yeguas no pueden mostrar signos clínicos de cambio de la placenta durante el embarazo. Por lo tanto, la evaluación de la placenta después del parto y el reconocimiento de características de la macroscópica y la histología son importantes para el diagnóstico y pronóstico en los recién nacidos de riesgo. Palabras clave: placenta, posparto, macroscópicamente, histología
Introdução A placenta caracteriza-se por ser um órgão transitório, formado por tecidos maternos e fetais, com a função de transportar substâncias nutritivas do organismo materno para o feto. É responsável pela síntese, secreção e absorção de uma série de substâncias, incluindo hormônios, fatores de crescimento, enzimas, proteínas e carboidratos, todos essenciais ao desenvolvimento do feto1. A placenta da égua é caracterizada como epiteliocorial, difusa, microcotiledonária e adecídua2. Na espécie equina, as trocas maternofetais realizadas através da placenta, iniciam em torno do dia 22 após a fertilização. A partir do dia 32 o alantoide inicia sua expansão, e leva a vascularização do córion, unindo-se a este, e em torno do 38º dia de gestação já forma a membrana corioalantoide. Com 100 dias de gestação, o desenvolvimento microcotiledonário já é visível, porém a maior taxa de crescimento e ramificação acontece no terço final de gestação3. Os microcotilédones ramificados apresentam-se distribuídos de forma aleatória entre as regiões areolares, as quais correspondem a abertura das glândulas endometriais, local de absorção do histotrófo4. Histologicamente a placenta é formada por uma porção alantoideana e outra coriônica, ambas oriundas do mesoderma.5A face alatoideana é composta por epitélio cuboide simples, e estroma constituído de tecido conjuntivo frouxo que apresenta diversos vasos sanguíneos, formando as arteríolas fetais, as quais convergem para o cordão umbilical1,6. A face coriônica é composta pelos microcotilédones, caracterizados por microvilos longos e finos interdigitados com o epitélio do endométrio materno. Os microcotilédones são arranjados em grupos, ocupando a região das criptas endometriais, sendo responsáveis pelas trocas hemotróficas e gasosas7. O epitélio da região areolar, como descrito por Samuel et al.8 (1974), é caracterizado por uma única camada de células colunares altas, justapostas, ocasionalmente apresentando grânulos de pigmento amarelo em seu citoplasma, sugestivo de hemossiderina ou melanina, bem como a presença de inclusões lipídicas características da nutrição histotrófica. Como única interface de trocas maternas/fetais, qualquer comprometimento da placenta pode resultar em dano para a saúde fetal. O reconhecimento dessas alterações que comprometem a unidade feto-placentária e resultam em risco ao neonato após
nascimento, podem ser identificadas na avaliação placentária no pós-parto, permitindo o reconhecimento de lesões não observadas durante a gestação, fundamental em casos de neonatos de risco9,10. Este método diagnóstico complementar pode auxiliar os centros de criação de equinos, na melhoria da produção e redução de custos. O objetivo da presente revisão é descrever a avaliação da placenta equina no pósparto imediato, caracterizando achados macroscópicos e histológicos, apresentando a importância da avaliação placentária para prognóstico neonatal.
vasos sanguíneos proeminentes9,11. A superfície coriônica pode ser considerada um reflexo do endométrio da égua. Dessa forma, áreas de lesão endometrial, como fibrose, resultam em regiões de avilosidades na placenta, podendo comprometer trocas gasosas e metabólicas entre mãe e feto12,13. As regiões placentárias apresentam algumas diferenças macroscópicas entre si. O corno gravídico é maior em extensão e apresenta parede mais espessa que o corno não gravídico, com a extremidade por vezes edemaciada14. Enquanto, o corno não-gravídico apresenta aspecto mais aveludado, devido maior densidade microcotiledonária. A região de bifurcação dos cornos apresenta grande densidade vascular, e é o local de projeção do cordão umbilical. A estrela cervical é caracterizada por áreas de ausência de vilosidades devido contato direto com a mucosa cervical. A estrela cervical é parte importante da avaliação placentária no pós-parto, visto que diversos quadros inflamatórios e infecciosos podem levar ao descolamento da placenta nessa região15,16. O âmnion é composto por uma fina membrana conjuntiva, com proeminentes vasos sanguíneos. No equino o cordão umbilical compreende uma porção proximal amniótica, a qual está coberta pelo âmnion e está ligada ao feto através do umbigo, e outra porção alantóica coberta pelo alantoide, a qual está ligada ao alantocórion17. A porção amniótica é composta por duas artérias, uma veia umbilical, o remanescente da veia vitelínica e o úraco (Figura 2). O cordão umbilical apresenta comprimento variado, sendo as
Avaliação Macroscópica A avaliação macroscópica da placenta deve ser realizada imediatamente após sua expulsão. A mesma deve ser disposta em formato de “F” ou “Y”, para facilitar a avaliação dos cornos uterinos, sendo dispostas em ambas as faces, coriônica e alantoideana (Figura 1). Deve-se considerar a integridade placentária, observando se há áreas de ruptura ou descontinuidade do tecido, ou preenchendo a mesma com líquido através da porção de ruptura na estrela cervical. A presença de conteúdo, secreção e áreas de avilosidades também devem ser consideradas. A face coriônica da placenta, que está em contato direto com o endométrio uterino, caracteriza-se por uma coloração vermelha a acastanhada com superfície de aspecto aveludado devido a presença dos microcotilédones. Enquanto a face alantoideana que está em contato com o feto, apresenta uma coloração roxa a azulada, com
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Figura 1: A) Placenta disposta em formato de “F” para avaliação macroscópica, demonstrando a face coriônica, caracterizada pela coloração avermelhada e aspecto aveludado devido presença de microcotilédones. B) Face alantoideana, demonstrando coloração roxa a azulada, com proeminentes vasos sanguíneos
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Figura 2: Cordão umbilical, demonstrando porção amniótica, com presença de duas artérias (setas) e uma veia (cabeça de seta) .....................................................................................................................................................................
médias de comprimento mínimo e máximo de 36 a 83 cm, respectivamente. Cordões excessivamente longos podem predispor a quadros de torção11. Achados Casuais Alguns achados macroscópicos casuais, podem ser considerados artefatos, sendo que a presença destes não é necessariamente indicativo de lesão placentária que possa trazer comprometimento a unidade materno-fetal. Dentre estes achados, as alterações de coloração na placenta podem aparecer devido autólise, quando ocorre atraso na eliminação placentária, ou mesmo por congestão passiva (Figura 3), em áreas de compreensão intrauterina ou em regiões pendulares da placenta durante sua eliminação devido gravidade18.
Figura 3: Face coriônica demonstrando áreas de alteração na coloração, com regiões avermelhadas, devido congestão passiva no pósparto, intercaladas a regiões de coloração amarronzada
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A presença de coloração ou mesmo secreção amarronzada na placenta, sem alterações inflamatórias, pode ocorrer devido acúmulo de histotrofo (leite uterino), ou em quadros de retenção, onde ocorra autólise da placenta, liberando debris celulares. Essa característica pode ser facilmente identificada no corno não gravídico, onde há maior densidade microcotiledonária. No âmnion e cordão umbilical é comum a visualização de placas queratinizadas9. Estas geralmente estão presentes na porção média do cordão umbilical, local de inserção da porção amniótica. Além disso, no cordão umbilical podem ocorrer áreas de edema e congestão, principalmente na porção média e terminal, próxima ao local de ruptura.
Na face alantoideana, pode ocorrer presença de vesículas (Figura 4), as quais contem líquido alantoideano e são encontradas ao redor dos vasos sanguíneos18. Também podem ser visualizadas bolsas com conteúdo alantoideano, semelhantes as vesículas, que se estendem da região de bifurcação ou mesmo porção inicial de cordão umbilical. O hipomane é outra estrutura frequentemente encontrada na face alantoideana, constituído por secreções e restos celulares do feto, com coloração marrom ou esverdeada e consistência macia. Não representa alteração, sendo um achado sem especificidade. O remanescente do saco vitelínico é raro, porém pode aparecer como uma estrutura circular, rígida, de coloração amarronzada, por vezes contendo líquido em seu interior e localizado próximo a região de projeção das membranas alantoideana e amniótica na porção média do cordão umbilical. Apesar de ser um achado casual, este pode cursar com torção de cordão umbilical, funcionando como um pêndulo sobre o eixo central do cordão umbilical durante os movimentos do feto. Achados que caracterizam Alteração Edema placentário pode ser considerado tanto como um achado patológico ou casual (Figura 5). Ele pode estar presente em quadros de alterações inflamatórias da placenta, ou mesmo de alterações de perfusão vascular. Entretanto, este pode ser considerado um achado casual, como em casos de retenção placentária, devido a estase sanguínea13,14.
Figura 4: Presença de vesículas alantoideanas na periferia dos vasos, na extremidade do corno não gravídico
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