Os trabalhadores da seara do cristo

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Thiago Dias Trindade

Os Trabalhadores da Seara do Cristo

2018 1ª Edição Editora WI


Copyright 2018 – by Thiago Dias Trindade Grafia segundo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, que entrou em vigor no Brasil em 2009. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, armazenada ou transmitida total ou parcialmente, por nenhuma forma e nenhum meio, seja mecânico, ou qualquer outro, sem autorização prévia escrita da Editora WI. Título Os trabalhadores da seara do Cristo Capa Equipe Editora WI Revisão Thiago Dias Trindade Projeto Gráfico Equipe Editora WI

2018 Editora WI Rua Faustolo, 1861 cj 84 – Lapa CEP 05041–001 – São Paulo – SP Telefone: (11) 2158–0120


Thiago Dias Trindade

Os Trabalhadores da Seara do Cristo

2018 1ª Edição Editora WI


À Lígia Silveira de Menezes e a Ledir Silveira de Menezes, doces almas regressas à Pátria Espiritual.


Sumário Prefácio I....................................................................... 7 Prefácio II.................................................................... 10 Mensagem do Autor..................................................... 13

Primeira Parte Os Trabalhadores Encarnados........................... 19 O Espiritismo e sua inserção........................................ 20 O pensamento do espírita em geral.............................. 29 A pureza doutrinária.................................................... 39

Segunda Parte Os Trabalhadores Desencarnados ..................... 49 Yvonne do Amaral Pereira ........................................... 50 Memórias de um suicida............................................. 52 Dramas da obsessão.................................................... 60 Recordações da Mediunidade...................................... 76 Divaldo Pereira Franco................................................ 94 Loucura e Obsessão.................................................... 96 Reverendo George Vale Owen.................................... 136 A Vida Além do Véu: As regiões inferiores do céu..... 137 Conclusões................................................................. 142 Considerações finais................................................... 143 Referências bibliográficas........................................... 145



Os trabalhadores da seara do Cristo

Prefácio I

L

ogo no início de Os Trabalhadores da Seara de Cristo, o autor explica a que veio dizendo, entre várias coisas, que “Vemos, nesses dias atuais, obras Espíritas ou Espiritualistas que alardeiam novidades a respeito da Vida no Mundo Espiritual, esquecendo-se de que muitas dessas informações, já eram divulgadas há várias décadas...”. Acreditamos que Thiago Trindade foi muito feliz nessa colocação, pois, de fato, a grande maioria dos espíritas não sendo estudiosa, no sentido lato da palavra, não se dá conta dessa verdade. A questão da existência das colônias espirituais é um exemplo clássico disso. Mas não bastasse a falta de conhecimento a respeito delas, temos vários “ortodoxos” que, sistematicamente, as combatem, crentes que defendem a tal da “pureza doutrinária”, quando, a bem da verdade, defendem pontos de vista próprios, carentes de uma pesquisa profunda do tema que, vigorosamente, se lançam a combater. Ademais ainda vemos que muitos espiritistas acham que o Controle Universal do Ensino dos Espíritos é, simplesmente, juntar opiniões de Espíritos e espíritas e pronto, passou por esse critério preconizado por Allan Kardec. Ledo engano, pois há um item importantíssimo desse controle que se não for rigorosamente observado não se deve 7


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seguir adiante. Trata-se do primeiro deles que é o da lógica e da razão, que abre porta para se verificar os outros dois: revelações vindas de vários médiuns e que sejam eles, os intermediários, de várias localidades espalhadas mundo afora. Bem lembrada a polêmica em nosso meio da questão do Espiritismo ser ou não uma religião. Ponto que, nos parece, não acontecerá um entendimento tão cedo. De nossa parte, que é contrário ao pensamento do autor, somos do parecer que sim, o Espiritismo é uma religião. E aqui deixamos registrada a dignidade de Thiago Trindade, que mesmo sabendo dessa nossa oposição, fez questão de nos manter como prefaciador dessa obra, fato que lhe agradecemos. Aborda o disfarçado preconceito que os “seguidores de Kardec” estabelecem em relação à Umbanda, como se os adeptos dessa doutrina religiosa também não tivessem direito de seguir o que melhor lhes convém. Allan Kardec deixou bem claro que a única separação que devemos fazer seria entre os que “praticam o bem e os que praticam o mal”, o que acreditamos não ocorrer com esses tais de quem nós estamos mencionando. As suas colocações merecem ser analisadas, porquanto, traz reflexões importantíssimas a respeito do tema Umbanda, aliás, é estranho o fato de ter preconceito de algo que não se conhece profundamente, mas, não se foge à regra, pois sempre na base do preconceito existe a ignorância a sustentá-lo. O que mais importa, senão o consolo que se pode proporcionar às pessoas que nos procuram? Isso os adeptos da Umbanda fazem melhor que os “espíritas de mesa-branca”. Pode até ser que estejamos enganados, mas vemos as casas umbandistas com um sempre crescente número de frequentadores. O diagnóstico é fácil: com muito amor e carinho atendem aos que lhes buscam, e com isso correspondem as suas expectativas. 8


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Nas instituições kardecistas, o que vemos senão o formalismo, a exigência de horário a se cumprir, a falta de benevolência, etc., que, de certa forma, traem-lhe o lema “fora da caridade não há salvação”. Esperamos que o amigo Thiago Trindade possa ser entendido, nas suas abordagens nessa obra, mas, antecipadamente, solidarizamos com ele, visto que não agradará a alguns. Mas, caro Thiago, o que há de se fazer... o próprio Cristo também não passou por isso? Siga em frente! A você, leitor amigo, que terá a oportunidade de ler essa obra, nós recomendamos que faça isso com espírito aberto e mente reflexiva para captar o fundo do pensamento do autor e, consequentemente, contribuir para colocar o Espiritismo no lugar que lhe cabe, sem desmerecer os que não lhe seguem fileiras. Paulo Neto Nov/2017.

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Prefácio II

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leitura que se nos apresenta é fluida e direta, abordando questões relevantes não só para o Espiritismo como para a Umbanda. A obra conduz o leitor a questionar preconceitos ainda muito arraigados sobre o papel dos trabalhadores espirituais e de certas práticas ainda incompreendidas. Ao ampliarmos nossa percepção sobre as fronteiras do Espiritismo, podemos vislumbrar com mais propriedade sobre a relevância e desprendimento dos trabalhos realizados por diferentes espíritos em prol de nós, encarnados. Nunca é demais lembrar que espíritos que se apresentam como pretos-velhos, crianças, caboclos e exus nada mais são que seareiros do Cristo, que se propõem a ensinar e consolar a todos os necessitados, sem distinção de cor, condição social e até religião. E se hoje a Umbanda existe é porque o Pai permitiu que mais uma religião se instalasse no coração do Mundo, com a missão de unir corações e mentes para a prática da caridade e da humildade. Importante dizer que os laços que unem desde longa data o Espiritismo e a Umbanda não são ao acaso. O Espiritismo tem um grande potencial de trazer luz à parte doutrinária da Umbanda, desmistificando conceitos, costumes e tradições que carecem de maior fundamentação. Por outro lado a Umbanda, através da humildade de seus trabalhadores nos faz refletir sobre a 10


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necessidade permanente de nos aproximarmos dos desfavorecidos da vida, procurando levar a palavra de alento e o consolo de acordo com a capacidade de entendimento de cada um. Entendemos que o esforço de Thiago é justamente o de levar uma contribuição no sentido de fortalecer os laços de solidariedade e companheirismo no lado dos encarnados, porque, como ficou claro, isso já existe há muito tempo no plano espiritual. Louvamos os esforços deste trabalhador encarnado que dedicou seu tempo e capacidades para o desenvolvimento da presente obra, sempre no espírito de desprendimento Nunca é demais lembrar que todos os recursos monetários adquiridos com o livro serão destinados à doação para obras assistenciais. Fizemos questão de ressaltar esse ponto pois na atualidade vemos escassear as ações que não tenham por base a pura e simples caridade. Obviamente não poderíamos esquecer o louvável espírito Joaquim, mentor espiritual do escritor e que se dispôs a orientar os destinos da escrita, certamente cortando os pontos desnecessários e ressaltando o que seria mais relevante para atender aos objetivos propostos. E é assim que o trabalho espiritual deve ocorrer; através da cooperação entre encarnados e desencarnados, para que cada um desenvolva suas habilidades e renove as oportunidades de auxílio ao próximo. Convidamos todos os leitores a apreciarem esta obra de mente aberta para que entendam um pouco sobre quem são, o que fazem e quais as responsabilidades dos trabalhadores espirituais. Em nosso templo, Centro Espírita Pai Congo de Cambinda, as entidades espirituais, durante todas as sessões, sempre nos deixam mensagens retiradas da Bíblia ou das obras de Allan Kardec, principalmente do Evangelho Segundo o Espiritismo. Para nós, portanto, não é propriamente novidade que são espíritos evoluídos que de forma desprendida nos vem trazer algumas gotas 11


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de sabedoria, conduzindo nossos passos pelos caminhos da luz e do bem. Entretanto, faz-se necessário que isso seja amplamente divulgado de maneira a incentivar e propagar cada vez mais a Boa Nova anunciada pelo Cristo. Só assim, o Evangelho poderá florescer plenamente em todas as casas amantes da verdade, sem as barreiras do preconceito ou da indiferença. Que Jesus abençoe a nossa jornada terrena, Pai Rogério Lira de Ogum Sacerdote de Umbanda - Centro Espírita Pai Congo de Cambinda Alexandre Giovanelli Médium - Centro Espírita Pai Congo de Cambinda Paracambi, 29/10/2017

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Mensagem do Autor

E

sta modesta obra visa trazer à observação crítica, alguns livros que, por alguma razão, não fazem mais parte dos estudos da maioria dos interessados das lides Espíritas e Espiritualistas. Vemos, nesses dias atuais, obras Espíritas ou Espiritualistas que alardeiam novidades a respeito da Vida no Mundo Espiritual, esquecendo-se de que muitas dessas informações, já eram divulgadas há várias décadas por um pequeno, dedicado e discreto grupo de médiuns e guias amorosos, mas que por alguma razão, tais conteúdos passavam pela sombra dos olhos da maior parte dos leitores. Também não desejamos apontar dedos de julgamentos para nenhum lado, apenas compreender que as Entidades do Bem trabalham independentemente do lugar ou situação, que é o grande objetivo desta obra. Nós, encarnados, que criamos frágeis situações que acabam por dificultar o progresso de nós mesmos, através do preconceito e do sectarismo, palavras essas que podem ser entendidas como sinônimos e que foram propositadamente inseridas aqui para reforçar a urgência de revermos nossas posturas doutrinárias. Esse livro, portanto, é uma visão, uma perspectiva, uma abordagem a respeito dos seres espirituais que se relacionam conosco de incontáveis maneiras, além de ser um convite a reflexão sobre 13


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nossa própria postura pretensamente “doutrinária”. Aproveitamos para ressaltar a importância do estudo das obras clássicas do Espiritismo Brasileiro, (além, é claro, da Codificação Espírita e das obras de Leon Denis, Ernesto Bozzano, Camille Flamarion, dentre outros nobres pensadores do Espiritismo) como as que compõem a Coleção ‘A Vida no Mundo Espiritual’, do Espírito André Luiz, além dos livros que deram origem a essa obra, de autoria do Espíritos Manoel Philomeno de Miranda, Camilo Castelo Branco e Bezerra de Menezes que vieram à luz da Terra pelas mãos de Francisco Candido Xavier, Divaldo Pereira Franco e Yvonne do Amaral Pereira, respectivamente e todas sendo publicadas pela Federação Espírita Brasileira. Todas as citações seguem as diretrizes da NBR 10520 e do Artigo 46, inciso III da Lei 9.610/98. Tivemos o cuidado em não sermos taxativos, pelos menos de forma que pudesse parecer ofensiva a alguém ou mesmo impositiva. Se parecer que impomos algo nesta obra, nos perdoe. Buscamos sempre o conhecimento aberto, flexível, salutar, promotor do desenvolvimento moral e intelectual do indivíduo pois essa, acreditamos, é a verdadeira postura de um estudioso. Por ser um livro que provoca reflexões sobre a Doutrina dos Espíritos e sobre alguns seres espirituais, esse compêndio mais suscita perguntas do que oferece respostas, propondo, no entanto, comparações com o que diz a Doutrina Espírita e o que vemos na lida com a Espiritualidade. Além disso, não se trata, repetimos, de uma obra dogmática, pelo contrário. É um livro que objetiva refletir sobre informações que temos há décadas e que ainda precisam ser desmistificadas. Nossa inspiração para tal reflexão é o Controle Universal do Ensino dos Espíritos, preconizado pelo insigne Allan Kardec, para verificação idônea das informação que os Emissários do Alto 14


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trazem para nosso benefício, à partir de diversas origens (médiuns e Espíritos). Eis portanto, a metodologia que nos valemos para o cerne deste compêndio, pois cruzamos as fontes e tentamos correlacioná-las ao que o Trabalhador Espírita encarnado vivencia. A estrutura desta obra, que surgiu como um pequeno estudo e que cresceu espantosamente, mediante a gama de informações e dúvidas captadas, é dividida em duas partes. Neste ponto, nos cabe considerar que o(a) leitor(a) ficou surpreso(a) por esse estudo possuir dois prefácios. A razão é simples: trazemos à baila dois olhares, de um reconhecido pesquisador do Espiritismo e o outro, de um experiente sacerdote da Umbanda. É comum, em se tratando de prefácio, o autor convidar um amigo a escrevê-lo e não fugimos dessa tradição. Porém, além da amizade, incluímos aí mais dois importantes critérios: profundo conhecimento dos temas abordados e, sobretudo, imparcialidade abnegada. Saiba, você que lê, que os convidados tem, possivelmente, pontos de discordância com um ou dois elementos deste trabalho (como por exemplo, o status do Espiritismo como religião), e, ao invés de cisão, buscou-se a reflexão, o diálogo e, sobretudo, o respeito aos pensamentos de todos, incluindo aí o(a) do(a) leitor(a). E não teria escolhido outros para prefaciarem a obra, pois sabíamos que manteriam sua firmeza intelectual e moral, o que vai de acordo com os pensamentos escritos de Allan Kardec e seus continuadores, como Leon Denis e Camille Flammarion. Na primeira parte, tecemos algumas considerações sobre o Espiritismo na condição de adeptos dessa Filosofia e Ciência, de acordo com as linhas de Allan Kardec e Leon Denis. Esse primeiro momento de leitura, portanto, é uma espécie de introdução ao cerne do estudo onde propomos uma espécie de diálogo com o leitor e usando, e abusando, das linhas do próprio mestre de Lyon para nos servir de norte. 15


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