especiAl
Artistas customizam bustos de gesso para uma campanha de prevenção do câncer de mama
entrevistA
rui mendes um dos fotógrafos mais renomados do país conta sua história
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outro estilo #10
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edição 07 | R$ 9,90
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#07
Por 17 anos, o Vans Warped Tour tem sido um dos grandes eventos do punk rock, cruza a América do Norte de cabo a rabo todos os verões como um mensageiro da cultura jovem. Agregando um poder ético e unificador, fundado por Kevin Lyman, o Warped Tour cria uma plataforma de lançamento para diversos artistas, desde Green Day e Blink 182 até Ice-T, Eminem e No Doubt, junto com as eternas lendas do punk como Pennywise, Dropkick Murphy’s e Bad Religion.
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conteúdo | ediç ão# 07 |
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uma imagem de genebra (suiça) sob a ótica fotográfica de renato custodio
Nov/De z 201 1
pág. 80
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edit riAl
A
A prevenção é a cura. Com esse slogan a campanha I LOVE BOOBIES chegou ao Brasil de uma maneira única, diferente. A Revista Outro Estilo e toda a sua equipe ficou muito honrada em receber o convite da ONG internacional Keep A Breast para encampar essa ideia no Brasil. Foi um passo muito legal para um revista que ainda está na sua sétima edição; O reconhecimento internacional, de uma organização que há 10 anos vem comunicando sobre métodos de prevenção do câncer de mama para um público jovem alternativo, e que percebeu nesse projeto editorial o canal certo para falar com o seu público por aqui. No atual momento histórico, ter seu trabalho reconhecido fora do país não representa mais uma medalha de honra ao mérito dada pelo colonizador ao colonizado, mas sim a confirmação de que estamos competindo de igual para igual, com produção de qualidade editorial e comunicação, em um mundo globalizado. E qual a fórmula? Simples: informar, divertir, contar histórias com a intenção de construir cultura de forma democrática, sem uma bagagem enorme de preconceitos. E, acima de tudo, ter prazer no processo. E assim, através de muito trabalho e muito prazer, nasceu essa edição (e esse amor aos Boobies), comprometida com uma mensagem em prol de uma questão de saúde pública, para salvar vidas e pra fazer um pouco de diferença no mundo.
essa campanha é um passo muito legal para uma revista que ainda está na 7ª edição: o reconhecimento internacional da ong Kab, que percebeu nesse projeto editorial o canal certo para falar com o seu público. Alexandre Vianna
ColaboradorEs
E
Essa edição é especial I LOVE BOOBIES, e o Staff aqui da editora deu seu sangue. Guilherme Theodoro, Marcelo Viegas, Atilla Chopa, Douglas Prieto, Renato Custódio, Allan Alves, Humberto Beto, Vinicius Albuquerque e Luiza Salati. Mas a edição também contou com alguns colaboradores de peso...
Jey O artista plástico Jey, mais do que um colaborador, foi um braço direito nessa edição. Fez uma co-edição, escolhendo pautas e personagens, fez conexões entre pessoas criativas, deu dicas e ideias, fotografou, filmou, pintou... e ajudou muito na curadoria dos artistas pro projeto I Love Boobies no Brasil. Uma cabeça pensante, um parceiro, um amigo (não Jey, o crédito de Ombudsman não vai rolar).
aNa Paula Negrão
luiz Costa
PatriCia MoNaCo
Paulo ito
Nossa colaboradora internacional tem grande peso na construção dessa edição. Através dela surgiu o convite para que a revista Outro Estilo viabilizasse a campanha I Love Boobies no Brasil. De fotógrafa a produtora da campanha, Ana mostrou seu talento multitarefa.
Fazer boas fotos de festas e baladas, retratando a energia do local e das pessoas, e tornando isso em uma boa imagem, é missão para poucos. E Luiz é mestre na arte. Vem fotografando para um projeto autoral, o Photografobia, que já tornou-se seção fixa da Outro Estilo.
Foi depois dos 30 anos que Patricia Monaco, agora com 38, descobriu o gosto por maquiagem. Figura reconhecida na área, já fez editoriais de moda, desfiles, publicidade, cinema. Nesta edição fez um belo trabalho nas meninas Leticia Garcez e Barbara Emy.
Paulo Ito tem traços marcantes nos seus desenhos e pinturas. Um dos artistas brasileiros favoritos aqui na redação. Para essa edição nos presenteou com uma ilustração e, no evento de lançamento da campanha I Love Boobies, fez um inteligente Live Painting, no Coletivo Amor de Madre.
Nairah Matsuoka
Pablo Vaz
aliNe alCaNtara
huMberto beto
Jornalista, Nairah já tinha escrito a primeira parte da matéria sobre cultura Lowrider no Brasil. Continuando seu legado, fez dois perfis nessa edição, do Polaco e do Cedric.
Jornalista, fotógrafo, skatista e residente da cidade de Curitiba (PR). Pablo foi convocado para clicar o ensaio de fotos do Polaco, da Garage Custons Lowrider, na sua cidade natal. Belos retratos.
Luiza Salati convidou a Aline Alcantara para fazer assistência de produção e styling da matéria de camisetas de bandas + calcinhas. Ouvimos falar que a Aline se considera confusa e desastrada. Mas nós, felizmente, não vimos nada disso.
Nosso assistente de arte foi convocado para sentir na pele um dia como assistente de fotografia. Aprendeu e ensinou no ensaio de moda dessa edição.
RODRIGO LIMA tOp 6
V
6 Opções VeGetARIAnAs nO BRAsIL Vida de vegetariano não é fácil. Rodrigo Lima, vocalista do Dead Fish, conhece bem essa realidade: abandonou o hábito de comer carne há 22 anos. Depois de aprender a dizer “não” para uma suculenta moqueca capixaba, veio a parte de conviver com a ausência de opções na estrada e hotéis, e ainda foi necessário educar alguns promoters, para conseguir algo para comer antes e depois dos shows. Morando em São Paulo há sete anos, as alternativas tornaram-se um pouco melhores do que no Espírito Santo, mas Rodrigo lembra que “no começo dos anos 90 era difícil em qualquer lugar, e pra vegans ainda mais. Naquele tempo era soymilk horroroso e soja sem gosto. Tinha que compensar com muita criatividade”. Para evitar que você passe tantas roubadas quanto ele já enfrentou, Rodrigo listou seis boas opções para vegetarianos nesse Brasilsão. Os pratos estão na mesa: sirva-se!
4. caVanhaS Porto aLegre (rS) “A cultura do Xis (como eles chamam sanduíche) é a coisa mais linda do mundo no Rio Grande do Sul, sempre com lanches ótimos e grandes. Na última vez que visitei Porto Alegre, fui ao Cavanhas, que já é um lugar bem tradicional. Eles servem um vegetariano delicioso e ainda por cima com uma opção de maionese vegan, que é bem mais gostosa do que a regular. Se for tomar uma cerva, prefira as locais.” Cavanhas: Rua Lima e Silva, 274 – Porto Alegre (RS) – e mais outros 5 endereços.
Intro Marcelo Viegas e Foto Atilla Chopa
2. Vaca Louca café Maringá (Pr): 1. Mercado Ver-o-PeSo beLéM (Pa) “Pra quem curte açaí de forma original este é o lugar para se degustar um. Eles batem na hora e no máximo adoçam com açúcar. Nunca tive coragem de pedir com guaraná porque é meio uma heresia para os locais. Também já consegui comer um Tacacá sem o camarão e só com o Jambú (uma folha deles que, grosso modo, parece com uma espécie de couve), e mesmo assim fica gostoso. Volto sempre com carregamentos de polpa de açaí e Cupuaçu, castanha do Pará, tapioca e pimenta Tucupi. Os valores são basicamente baratos, mas é sempre bom estar acompanhado de algum local que conheça, pra você não pagar 20% pela sua cara de turista otário. Se gostar de birita, bem ao lado, numa Doca reformada bem bonita, existe a Amazon Beer e recomendo a cerveja de Bacuri.”
“Este café tem salgados, doces, cupcakes e sopas, todas vegans e/ou vegetarianas. Sempre rola um vídeo ou uma música legal enquanto você se encontra no local, os sucos de fruta são os melhores que já tomei, só comparáveis aos do BB lanches no Rio de Janeiro, sem falar que os donos são as pessoas mais gente fina do rolê.” Vaca Louca Café: Av. Cerro Azul, 228 Zona 02 - Maringá (PR)
5. café corbucci braSíLia (df ) “Este é um Café vegan bem gostoso e com uma cozinha bastante criativa também. Gosto principalmente dos doces, mas vale muito a pena experimentar de tudo lá!” Café Corbucci: 203 Norte, bloco D, loja 53 (fundos) – Brasília (DF)
6. PriMe dog São PauLo (SP)
Ver-o-Peso: Boulevard Castilhos
“Eu podia fazer aqui um enorme discurso sobre o BB Lanches, que é clássico dos clássicos apesar de não ser barato. Mas um amigo me apresentou este, que é um Vegan de comida orgânica mais num cantinho ali no Leblon, também não é barato, mas pelo que se propõe, que é comida orgânica, é um preço até justo. O lugar é aconchegante e o serviço é bom.”
França, 208 – Belém (PA)
Vegetariano Social Clube: R. Conde de
“Prometi que não iria falar de lugares em SP, a cidade é muito bem servida de restaurantes vegetarianos como o Vegacy e muitos outros, mas não tem como não citar o Prime Dog nesta lista. Esta foi uma grande descoberta dos lanches vegetarianos da minha vida. A Dona Maria está sempre inovando, pegando informação e assim está construindo um cardápio sensacional. Já tive a oportunidade de comer do Beirute até uma simples batata frita, e tudo sempre muito bom. Experimente a vegarella deles, é extrema de boa!”
Amazon Beer: Boulevard Castilhos
Bernardote, 26, loja L, Leblon – Rio de
Prime Dog: Rua Vergueiro, 1960, Vila
França, 707 – Belém (PA)
Janeiro (RJ)
Mariana – São Paulo (SP)
3. Vegetariano SociaL cLube rio de Janeiro (rJ)
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A FOTOGRAFIA DE RUI MENDES cOMpROMISSO cOM A hISTóRIA
F
Forma, luz e sentimentos. A fotografia é isso também, mas não é só. Nos últimos 32 anos Rui Mendes dedicou-se à arte de congelar imagens, e fez da sua maneira, gostem ou não, com estética própria e estilo. Retratou artistas e personalidades que construíram parte da cultura que conhecemos hoje no Brasil, principalmente na música. E, mesmo com as adversidades que a vida traz, o diferencial da sua vasta produção nunca se perdeu: ter compromisso com a história. Rui concedeu essa entrevista exclusiva para a revista Outro Estilo, na qual compartilha, com palavras fortes e fotos históricas, um pouco da sua trajetória e visão de mundo.
Entrevista por Alexandre Vianna e Fotos por Flavio Ferraz
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redson pozzi (Cólera). 1985
Esse ano você completa 32 anos fotografando. Como começou essa história? Eu comecei a me interessar muito por fotografia quando fui fazer intercâmbio no Oregon (EUA), numa cidade chamada Vancouver. Eu queria ser engenheiro, fui para aprender inglês. Chegando lá, tive uma aula de fotografia e me apaixonei tanto pela coisa que fiquei os 4 estágios, e mais meio ano pra fazer outro curso, também de fotografia. Voltei para Campinas em 1979 (onde morava na época), e consegui trabalho logo que cheguei nos dois jornais da cidade, o Diário do Povo e o Correio Popular, como fotógrafo de coluna social. Você nasceu em Campinas? Minha família é baiana, mas eu sou paulista, nasci em Assis. E como meu pai era do Ministério da Fazenda, foi transferido pra alguns lugares. Morei em Goiânia e Campinas. Cheguei em Campinas aos 6 anos e fiquei lá até fazer dezoito. Com esse “gap” de ter morado nos EUA dos 15 aos 16. Nessas suas primeiras experiências fotográficas, como era o equipamento? Minha primeira câmera que eu posso dizer “séria” foi uma Olympus Trip. Quando era moleque, tinha umas Instamatics. Lembro de uma viagem que fiz com uns amigos, com aquela Instamatic, onde fiz 26 filmes mas não consegui revelar nenhum! Porque era tão caro a revelação que acabei só fazendo as fotos e nunca revelei. Mas comecei mesmo com a Olympus Trip, depois comprei uma Canon FTB, e com ela comecei a trabalhar. Mas aconteceu um imprevisto. Com 17 anos, peguei minha motinho, enfiei a câmera na garupa e vim pra São Paulo fotografar a Fórmula 1. Estava chovendo quando cheguei na Marginal, fui ultrapassar um caminhão, mas tinha uma poça d’água, e era um buraco. Puxei a roda da frente, a de trás bateu no buraco, aí meu equipamento se espalhou na Marginal e foi atropelado. Imagine, sete da manhã chegando na Marginal, e meu primeiro equipamento foi completamente dizimado. A roda de trás da moto entortou, foi uma cagada. Na volta pra Campinas me pararam e meu pai teve que me buscar por causa da idade. Meu pai ficou muito puto, e me disse “como você sai de casa dizendo que vai ali e vai pra São Paulo fazer a Fórmula 1?”
Frequentei muito a noite de SP quando começou o burburinho do rock/Punk anoS 80. ParticiPei intenSamente deSSa cena.
kraneo, Clemente e tiozinho. 1985 A fotogrAfiA de rui Mendes
ratos de por達o. 1986
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Você já estava fotografando a Fórmula 1 pro jornal com 17 anos? Eu era bem novo. Mas acabou que não consegui fazer as fotos, perdi o trabalho, foi chato pra caramba, mas foi um acidente. E aí, nessa época, é até engraçado, mas eu jogava tênis. Joguei tênis durante muito tempo da minha vida, joguei bem, fui profissional e o escambau. E eu dava aula de tênis no Holiday Inn, em Campinas, que agora se chama Palm Three Hotel. Dava aula pras aeromoças, foi uma época muito gostosa, e foi muito legal porque com essas aulas consegui comprar meu equipamento de novo. Era bem divertido ver aquelas aeromoças todas, foi muito divertido. Em 1980 eu passei na faculdade, vim pra São Paulo fazer ECA (USP). E meu primeiro amigo de ECA, que sentava do meu lado, por coincidência, foi o Paulo Ricardo (RPM), que nessa época fazia também algumas resenhas pra SOMTRÊS e a gente começou a fazer faculdade juntos. Frequentávamos muito a noite de São Paulo, o Rose Bombom, Hong Kong, tinha o Napalm, o Carbono 14… e aí começou esse burburinho do rock anos 80. Participei intensamente dessa cena em São Paulo. Meu cunhado era o Zé Augusto Lemos, que foi diretor da Bizz durante um bom tempo. E nessa época ele estava fazendo um freelance pra uma revista chamada Pipoca Moderna, que era uma revista do José Emílio Rondeau e da Ana Maria Bahiana. Fui chamado pra fazer fotos pra essa revista, de bandas como Ratos de Porão, Mercenárias e Ira!. Mas essa revista teve vida curtíssima: dois exemplares. A revista acabou, fiquei com as fotos na mão e não tinha o que fazer com elas. Nesse interim, fazia política na ECA, e fundei uma A fotogrAfiA de rui Mendes
chapa anarquista (pra concorrer na eleição do grêmio). Foi uma fase bem interessante pra fazer política, era muito divertido, porque a gente achava o anarquista uma coisa bem diferente do resto, todo mundo era muito “liberdade e luta”, aquelas babaquices da esquerda ortodoxa. Ganhamos a eleição e resolvemos fazer uma festa. Pra fazer essa festa, entrei em contato com o Ira!, com as Mercenárias e com o João Gordo do Ratos, e perguntei se eles não fariam o show na faculdade em troca das fotos. E aí a festa foi “mó” sucesso! Baixaram os Punks de Osasco junto com o pessoal da faculdade de História, e a coisa não mesclava né? Era Hippie e Punk… naquela época era uma coisa meio chata. E os Punks eram bravos né? Acabou que meu carro virou ambulância, carros no espelho d’água de cabeça pra baixo, o vigia com os dois braços quebrados... A festa foi extremamente divertida, foi um marco na época. Na segunda-feira fui chamado pra explicar o que tinha acontecido para o diretor. E falei: “Não tenho a mínima ideia do que aconteceu. Só sei que a gente fez uma festa”. (risos)
robert smith (the cure). 1987
a minha estética tem muito a ver com quadrinhos, sempre fui um maluco por hq. se você pegar minhas fotos de banda, tem muito a formação do quadrinho
Tem muita história boa nessa época… Nessa época eu era muito amigo do Kiko Zambianchi também. Um belo dia, encontro o Kiko Zambianchi completamente louco, tinha acabado de chegar de Ribeirão Preto. O Kiko era bem figura, estava saindo de uma fase de drogas bem forte, e a gente se deu muito bem. Teve uma época que andava muito eu, ele e o Paulo Ricardo pela noite de São Paulo. E as coisas foram acontecendo. O Kiko foi o primeiro a gravar um compacto com “Rolam as Pedras”. Fui eu que levei ele pro estúdio e tal, fiz as fotos. Aí o RPM e o Ira! lançaram também, todo mundo começou a fazer compacto. Em 1985 o pessoal começou a estourar, e começaram a acontecer os LP’s. Nessa época eu já estava fotografando todo mundo. Nos encontrávamos no Madame Satã, que foi a casa mais importante dos anos 80, porque era uma casa muito democrática, e todo mundo frequentava. Lá dentro a coisa era bem tranquila, o Madame Satã era violento fora. Fora da casa acontecia tudo. Mas dentro era um lugar muito pacífico e divertido. Essa época foi muito intensa. Teve uns dois anos que íamos, invariavelmente, no Madame Satã de segunda à segunda! Era um lugar em que as pessoas começavam a chegar às duas da manhã, e quando eram três horas da manhã o negócio estava bombando, e aí quatro da manhã estava vazio. Morreu muita gente de AIDS, e muito rápido. Era uma coisa que acontecia muito rápido e foi um baque pra nossa geração. Porque o sexo era livre, era uma putaria, legal pra caralho, era muito legal! E, de repente, a coisa começou a ficar meio cabreira, e começou a pegar mesmo em 86, 87. Porque até 85 não se entendia muito o que era, nem as autoridades de saúde sabiam realmente o que era. E como os primeiros a morrer foram os homossexuais, isso criou um certo preconceito, ridículo, por falta de informação e ignorância. Mas não da classe artística: o preconceito era muito da pessoa comum que não entendia.
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projeto heróis do samba. 1995 de cima para baixo: dona ivone lara Guilherme de brito carlos cachaça
A fotogrAfiA de rui Mendes
E nesse período você formou sua estética fotográfica. Com capa de discos, divulgação da banda, etc? A capa de disco era uma coisa Linda, né? 31 por 31 (cm). Mas assim, a minha estética tem muito a ver com quadrinhos, sempre fui um maluco por quadrinhos. Se você pegar as fotos de banda, tem muito a formação do quadrinho. Eu procurava imitar as luzes do quadrinho. Sempre fui muito ligado a isso. Mas também tem muita experimentação. Era divertido: era rock and roll, era fácil de fazer, de inventar coisas mais interessantes. Porque a estética dos anos 80 eu acho bem complicada. Na década de 80, o conteúdo era muito mais importante do que a forma; e a fotografia acompanhou um pouco isso. Como eu não estava muito ligado na moda, estava mais ligado no que eu queria fazer, na minha cabeça acabou que consegui uma linguagem, e isso vem me acompanhando até hoje. Acho que ter linguagem própria é muito importante. Acho legal as pessoas me reconhecerem pelas minhas fotos. Mas isso é difícil. 99% dos fotógrafos, por serem muito ligados à publicidade, são muito copiadores. Eles são ótimos artesãos, sabem fotografar, mas não têm a criação, não criam absolutamente nada! E eu sofri muito, durante muito tempo, inclusive deixei de ganhar muito dinheiro porque não conseguia fazer publicidade. Aquela coisa me
aterrorizava, de ser instrumento de outra pessoa, de não estar fazendo o que gostaria de fazer. E era total falta de “jogo de cintura”. Mas foi uma coisa que me ajudou no final, porque me especializei num nicho e fiquei muito bom naquilo. Sempre fotografei muito, produzi muito, me especializei em retratos e hoje não tenho problema nenhum com trabalho. Porque meu trabalho é reconhecido, afinal de contas. Como você traz a linguagem dos quadrinhos pra fotografia? Tem um livro que é um “pulo do gato” nessa história. Chama-se “A arte da banda desenhada”, de Will Eisner. Ele ensina tudo ali. Ensina direção, iluminação, posicionamento de câmera. É impressionante. E aquilo é a minha Bíblia. Will Eisner total, puta exercício foto-novela, que é um exercício bacana para se aprender a iluminar, a dirigir… e eu fiz muito isso. Acabou que fiz até revistas inteiras de foto-novela no começo da década de 90. E era divertido, porque fazia as histórias, as histórias eram bestinhas, eram para garotinhas. Mas foi muito divertido fazer isso. Mas o quadrinho é uma escola. Não adianta você querer ser fotógrafo e ter linguagem se você imita fotografia. Você tem que ir para outras mídias e usar outras mídias pra você se inspirar. Isso é fundamental. A repetição, o treino, vão fazer você ter linguagem.
Não siNto saudades da fotografia aNalógica. Não sou saudosista, NuNca fui. a vida está tão mais fácil. Na hora que pega a leNte certa, vê que Não tem difereNça.
bezerra da silva. 2004. fotografado com filme analógico superia iso 400 (revelado como iso 1600).
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A fotogrAfiA de rui Mendes
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james brown. 1994 A fotogrAfiA de rui Mendes
Sadhu. 2001
Você fotografa há 32 anos. 27 com filme e cinco com equipamento digital. Como foi essa transição? Foram seis meses de total e completa depressão. Porque eu tinha o costume de fotografar em médio formato. O meu trabalho pessoal era feito na 35mm. Fotos de retrato, de rua, etc, e para o trabalho profissional usava bastante médio formato. Ela te dá a oportunidade de usar um bom filme (com apenas 12 poses). Então eu fazia um retrato, de quem quer que fosse, com apenas doze poses. Com o tempo, você raramente erra, entendeu? E a qualidade era muito boa. Quando eu passei pro digital, veio a Canon 5D com aquela lente Zoom, e sou da geração que não usava Zoom, era só lente fixa. As lentes Zoom não tinham qualidade, eram lentes muito fechadas, geralmente ruins. Com a digital virou um martírio, e foram seis meses de trabalhos ruins. Tive um trampo que falei pros caras: “Não estou conseguindo fotografar, desculpa aí, eu não tô conseguindo fazer nada decente com câmera digital”. Mas depois de seis meses, na hora que bateu, eu simplesmente não sinto mais falta do analógico. Não sente saudades? Não sinto saudades. Não sou saudosista, nunca fui. A vida está tão mais fácil. Na hora que você pega a lente certa, você vê que não tem diferença. E olha, eu tenho feito alguns testes. A questão é você conseguir voltar ao seu estilo. E você volta. Mas acho importante a molecada querendo fazer fotos em analógico ainda nos dias de hoje.
E a tecnologia das câmeras está evoluindo o tempo todo. A Revolução Industrial demorou 100 anos. Isso aqui, em 20 anos, mudou absolutamente tudo. Eu me lembro de ter visto a primeira redação computadorizada, que era da Folha de SP em 83, com aquela tela verde, MS DOS. E aí vieram as Mavicas, que eram aquelas câmeras que demoravam 30 segundos pra bater a foto. Era difícil, mas fui no analógico até o talo. Até eu falar “não dá mais”. E eu estava vendo que os laboratórios estavam sumindo. O laboratório que eu usava, o Techpress, hoje está reduzido a dois funcionários olhando pro teto. Isso é um problema seríssimo, porque o que dura é o papel, né? HD ninguém sabe quanto tempo vai durar. Eu tô gelado já! Isso é um problema. Tem papel de 5 mil anos. E a coisa da motivação com 32 anos de fotografia? Você não pode se acomodar. Ter autocrítica é uma coisa muito importante nessa hora. E a motivação vem de relacionamento, de estar sempre aliado a gente nova. A molecada que tem a ideia nova. A motivação vem também de sempre estar querendo fazer o trabalho pessoal. Aí que está: o fotógrafo sem trabalho pessoal não existe. Se você não tem trabalho pessoal você não tem norte, você não tem o tesão. Então minha motivação é mais ou menos isso: é trabalho pessoal, estar sempre ligado e conectado com gente jovem, e estar sempre fotografando, tentando fazer algo diferente.
Dos trabalhos pessoais, qual você tem mais orgulho? Olha, são três: um é com o Jey, um trabalho de “light painting” bem singelo. Acho que a grande sacada da arte é a simplicidade. A velha frase do Frans van der Hoff: “Menos é mais “. O segundo é um trabalho que fiz de 1999 a 2004. Carnaval de rua do Rio de Janeiro. “Clovis”. Um passeio que eu fazia pela Cinelândia, Rio Branco, Presidente Vargas e túnel do Catumbí, que é uma região extremamente pobre, ninguém vai! Nenhum fotógrafo, você não vê ninguém com equipamento, nenhum branquinho. É uma terra de ninguém, e eu fui lá “mulambento” de camisa rasgada, bermuda, tênis “All Star”. Os caras achavam que era um gringo louco, sem dinheiro, com minha câmera F1, de 30 anos, toda amassada. O terceiro projeto foi o “Atropelo”, uma exposição na Grafiteria, com intervenções de arte, atropelos, em cima de uma série de fotos no centro de São Paulo. O “Atropelo” foi muito legal porque é uma sacada muito simples. E a arte é isso. Eu sou muito reticente à arte conceitual, sempre fui. Acho arte conceitual um saco. Acho que tudo que tem que explicar é uma besteira. Então, assim: você vai na Galeria Vermelho e tem que ter glossário? Outro dia fui lá e tinha a exposição de um moleque, que era assim: tracinho vermelho, tracinho azul e tracinho vermelho. E isso repetidamente. Aí fez um lustre no teto com uma luz verde, uma luz vermelha, uma luz azul… Mano, “give me a break”, né? Eu acho tão legal ver uma coisa bonita, uma coisa que te emociona. E acho que arte não devia ter guia de museu que explicasse. Há uns 10 anos eu estava em Nova Iorque e vi uma guia de museu explicando um Jackson Pollock (Paul Jackson Pollock, pintor norteamericano e referência do expressionismo abstrato). Bicho, você não explica um Jackson Pollock! Você pode falar o que quiser, mas não vai explicar aquela merda! Inclusive, não é pra ser explicado: aquilo é visceral. O que é visceral não tem explicação.
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Você enfrentou alguns problemas de saúde. Como foi isso? Isso foi um baque porque sempre fui um cara muito saudável, nunca tive nada e descobri com 41 anos que não tinha rim. Em princípio eu fiquei 90 dias internado no hospital. Foi um ano muito ruim, foi um ano que eu não trabalhei, basicamente fiquei indo e voltando do hospital. Quando a doença é muito grave o primeiro tempo é paulada. E eu me fodi muito. Tive que fazer várias operações, tomei morfina, tive síndrome de abstinência. Minha mulher, na época, foi uma santa, me aguentou... Aí fiquei um bom tempo com um “caninho” pra fora do rim. Nefrostomia. A primeira vez que vi aquilo eu pensei: “O que eu vou fazer ?” E você não parou de fotografar? Por incrível que pareça, eu não parei de trabalhar. Não tem o que fazer, né? É o meu ganha-pão. Ou trabalhava, ou vivia às custas da minha mulher. Então não tinha muito o que fazer, tinha que trabalhar. E o trabalho só faz diminuir a doença, na verdade. Se eu deixasse de fotografar já teria morrido. Já tinha entrado em depressão profunda, já tinha pulado daqui (7º andar do Copan), ou sei lá, tinha feito alguma coisa. Já tinha arrumado alguma droga muito forte pra tomar. (risos) Tem alguma história da sua vida que você acha importante contar? Meu, têm várias coisas importantes. Na Índia, em 2001, estava filmando no Khumba Mela (o maior festival religioso do planeta), e aquele ano foi o mais importante deles (até então), porque no dia 21 de janeiro ia ter uma posição de planetas muito importante. Então tinham 2 milhões de Sadus (uma parcela da população da Índia estimada em 5 milhões, e que devotam A fotogrAfiA de rui Mendes
Eu sou muito rEticEntE à artE concEitual, sEmprE fui. artE concEitual é um saco. acho quE tudo quE tEm quE Explicar é uma bEstEira. suas vidas a algo que denominam de “a realização de Deus”) pra tomar banho às 6:41 no rio Ganges. Chegamos no dia 19 e não podíamos mais ser credenciados porque tinha acontecido um problema. Uma mexicana “fricotona” entrou no Ganges pelada. E a Índia é um país muito dividido e meio parecido com o Brasil: o sul é muito moderno e o norte é muito careta, muito religioso, como aqui. Lá tem o “India Times”, a “Veja” deles, que publicou a foto dessa mexicana pelada em página inteira e causou um puta reboliço no meio religioso. Então eles cortaram a imprensa. E eu falei “foda-se”. Eram 40 milhões de pessoas em 15 quilômetros quadrados, ou seja, parecia um formigueiro humano, era só gente chegando, gente chegando, gente chegando. Durante esses dois primeiros dias fizemos um monte de coisas, e no dia 21 mudamos para um acampamento que um Sadu, amigo do Arthur Veríssimo, arranjou pra gente. Foi uma coisa constrangedora: o cara tirou os pobres do lugar e colocou a gente. E pensamos: “bom, temos que trabalhar, vamos ficar aqui”. O festival começava as 5 horas da manhã, aquele frio, 3 graus, inverno na Índia. O dia amanhecendo e era tipo carnaval antigo da Bahia, com cordões. Cada clã tinha um cordão, cheio de Sadus pelados e música. Teve uma hora que ficou a BBC, o Channel 4 e nós filmando de frente essa parada. Mano, não deu 30 segundos e veio uma horda de Sadus com bambus enchendo a gente de porrada… Mas dando porrada pra caralho! O primeiro Sadu que me pegou, jogou meu fone de ouvido no chão, pisou, quebrou… Eu grudei na câmera, e ele tentando puxar, então eu gritei “Please don’t, don’t”. O cara fechou a mão e deu, “peiii”, bem no meu olho! Graças a Deus a BBC tinha oito caras e o Channel 4 tinha uns seis. As meninas da BBC apanharam pra caramba. Eles não fazem muita divisão entre mulher, homem e criança. Eles batem em todo mundo. A polícia também, bate em todo mundo. Porque é muita gente, então quando aglomera só vai na porrada. E os caras estão acostumados a levar porrada. Eu descobri porque eles usam bambu: porque não dói tanto e faz um barulho inimaginável, parece que explodiu uma bomba de São João na sua cabeça. Então, na primeira brecha que deu, saí correndo, pisei em um monte de gente, pulei uma cerca, caí do outro lado. Eu estava todo ensanguentado, tinha aberto o supercílio. Limpei aquela merda do jeito que deu, fiz um ponto falso e falei: “Vamos voltar”. E voltamos. Voltamos “pianinho”, mas voltamos. Essa viagem foi muito importante pra mim. Ir pra Índia é uma coisa que todo mundo tem que fazer uma vez na vida. Principalmente nesses festivais, ver o país. Parece que você está em outro mundo. Tem lugares que você não tem parâmetros pra saber em que século está. Os caras se vestem do mesmo jeito há cinco mil anos. Nesse festival mesmo, que só tinha tenda, parece que você estava na Idade Média. E é muito bonito. Um povo sofrido e ao mesmo tempo muito alegre. É muito interessante, divertido, um outro planeta.
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projeto banda de ipanema. 2000
Atualmente você está casado? Eu estou namorando sério. Mas não estou querendo mais casar. Eu acho legal essa coisa de estar com a pessoa e morar em lugares separados. Acho isso saudável. A minha namorada não está gostando muito dessa história, mas estou tentando fazer com que isso vire regra. Eu não quero sair daqui. Na verdade até quero sair daqui, mas não quero deixar de ter meu espaço. É fundamental! Depois de sete casamentos você descobre que seu espaço é fundamental. É saudável. Se você tivesse que escolher uma foto marcante, qual seria? O meu dia com Raul Seixas foi muito importante, um ano antes dele morrer. Cheguei dez horas da manhã para fotografá-lo, a mulher dele me atendeu e falou: “vai lá, acorda ele!” Falei: “Ahn???” E ela: “É, vai lá, acorda ele!” Eu chego, subo a escada, dou num quarto, o Raul Seixas dormindo numa cama. Eu A fotogrAfiA de rui Mendes
cutuco, ele acorda, olha pra mim e fala: “Você é o fotógrafo, né?” Aí ele grita, “Joãooooooooooo”. Vem o João com a bandeja e duas Brahmas. Juro por Deus! Ele pegou uma e bebeu num gole só. Aí eu fiquei umas sete horas com o Raul. Ele não queria me deixar ir embora. Ele me mostrou tudo, todos os vídeos que ele tinha. Figuraça! E ele querendo contar histórias, bem sóbrio porque só tinha tomado duas cervejas. Ele ficou sete horas comigo e não tomou mais nada. Esse é um trabalho importante pra mim, são dois filmes de 15 poses. E tem o Raul de um jeito que ninguém viu: sem óculos. Durante muito tempo essas fotos ficaram guardadas porque todo mundo achava muito cru. Nos anos 80 você não podia ser cru, não podia ser naturalista. Tudo tinha que ser maquiado, posado, requintado. E você vê que os anos 80 peca muito por causa disso: é fake, é tudo fake. É uma releitura dos anos 50. Mas não rola, é feio.
Muita cor, né? Hoje em dia eu me emociono com essas fotos, porque tem o Raul Seixas vivo e ao mesmo tempo angustiado. Outra foto que me emocionou muito fazer foi do José Alencar. Recente. Ele marcou a foto às 5:04 exatamente. Coisa de maluco, inglês maluco, doido da cabeça. Eu entendi o cerimonial dele: às cinco horas e quatro minutos ele estava na minha frente. E eu falei: “Presidente, eu não estou pronto ainda, preciso armar só mais uma coisinha. Você me dá cinco minutos?” Em cinco minutos exatos ele sentou na minha frente. “Quero uma foto simples do senhor, só o senhor olhar pra camera.” E foi muito bonito. Eu fiz sete fotografias. O Mano Brown foi uma coisa muito legal de ter feito também. Eu já tinha o fotografado duas vezes. Fiz uma “Caros Amigos” inteira de Rap brasileiro. Eu tenho todas as fotos em negativo. Eu preciso scanear isso porque
é legal pra caralho. O Mano Brown pra Rolling Stone também foi uma coisa muito legal. O que você deixaria de mensagem pra quem sonha em ser fotógrafo? O que eu falo muito para os meus assistentes: “Cadê? Vai à luta! Você não vai ficar como meu assistente a vida inteira.” Então, tem que ir à luta, tem que trabalhar, tem que fotografar. Fotografia é o seguinte: 10% é talento, 90% é trabalho. Trabalho e repetição. Testar, fazer, usar. Hoje em dia está muito mais fácil, inclusive. Hoje em dia “tá bico”! E uma coisa que norteou muito meu trabalho é que nunca gostei de equipamento. A verdade é essa! Eu odeio fotógrafo que começa a falar de equipamento. Use o que você tem! Aprenda a fotografar com o que você tem. Isso é importante também. E não ter medo de arriscar. Isso é fundamental. Não ter medo de arriscar. Não ter medo de errar.
raul seixas. 1987
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I LOVE Em sua primeira edição no país, campanha internacional aproxima arte urbana e prevenção do câncer de mama, com obras de 16 artistas em leilão beneficente. Idealizado e desenvolvido pela Fundação norte americana Keep A Breast, o projeto I LOVE BOOBIES chega ao Brasil através da Revista Outro Estilo. Uma causa vital. O propósito principal que move e direciona a Fundação Keep A Breast é alertar as jovens mulheres de que o câncer de mama não é uma doença que se manifesta apenas após os 40 anos. Quanto antes criar-se o hábito do auto-exame, maiores são as chances de detectar a doença no seu estágio inicial e, assim, salvar vidas. Apesar da incidência de câncer de mama em mulheres jovens ser muito menor do que em mulheres mais velhas, o fato é que esse tipo de câncer em mulheres jovens é geralmente mais agressivo e diagnosticado num estágio mais avançado, o que resulta num índice de sobrevivência mais baixo. Na verdade, em mulheres com menos de 40 anos, o câncer de mama é o líder em causa de morte (por câncer). Assim, a missão do KAB é ajudar a erradicar o câncer de mama, através da educação dos métodos de prevenção, detecção precoce e apoio. Até aí, nada muito diferente de outras organizações ou fundações que lutam pela mesma causa mundo afora. O diferencial do KAB está nos meios de divulgação escolhidos: para despertar a atenção dos jovens é necessário “falar a língua” deles. Não da boca pra fora ou impondo ideias enferrujadas criadas em escritórios. Processo inverso: trata-se de usar os canais já existentes, criados por esses mesmos jovens, para desenvolver um diálogo mais franco e direto. Arte urbana, Surf, Skate, Música Alternativa, Moda jovem, Tatuagem... Com foco nessas áreas de interesse dos jovens, a KAB estabelece um novo tipo de linguagem e comunicação para esse mal que tanto aflige as mulheres. Através de campanhas e eventos, a organização busca aumentar a consciência do câncer de mama entre jovens, para que elas estejam melhor preparadas para fazer escolhas e desenvolver hábitos que irão beneficiar a sua saúde a longo prazo. Uma dessas campanhas acaba de chegar ao Brasil, através da Revista Outro Estilo: I LOVE BOOBIES! Campanha inovadora, que aproxima arte urbana e prevenção do câncer de mama. Nessa primeira edição brasileira, são 16 bustos de gesso assinados por 16 artistas ligados à cultura urbana, sendo sete
brasil brasileiros e nove estrangeiros, tendo como modelos 16 personalidades femininas. Os artistas internacionais que assinam os gessos são Mike Kershnar, Roman Dirge, Todd Bratrud, Clint Peterson, Lyle Wessels, Gareth Stehr, Matt Hensley e Ed Templeton. A campanha trouxe ainda, para a exposição, o busto da modelo Hayley, assinado pelo artista norte americano Shepard Fairey, também conhecido como Obey. Os artistas brasileiros participantes são Pinky Wainer, Magoo Felix, Juliana Jabour, a dupla Rafael Highraff e Thalita Hamaoui, o casal Jey e Guid Tati, além de Luciana Araujo e Mariana Martins. As personalidades brasileiras escolhidas como modelos para os bustos de gesso são: Ana Gazzola (compositora e intérprete), Ana Paula Negrão (fotógrafa), Babi Xavier (atriz, apresentadora e modelo), Barbara Thomaz (modelo e apresentadora no canal Glitz), Bianca Jhordão (vocalista do Leela e apresentadora na PlayTV), Bruna Tang (modelo e vocalista da banda Undershower), Cibele Mazzo (Miss Brasil USA 2010), Eliana Sosco (skatista profissional), Elizandra Lima Dutra (Miss Brasil Los Angeles 2010), Karen Jones (campeã mundial de Skate feminino), Lurdez da Luz (MC e compositora), Mayra Dias Gomes (escritora e modelo), Fabiola da Silva (campeã mundial de inline), Rita Guedes (atriz) e Sabrina Machado (atriz). Os bustos de gesso, devidamente customizados pelos artistas, foram leiloados num evento que aconteceu em São Paulo (SP), no espaço Coletivo Amor de Madre, no dia 09 de novembro de 2011. Shaney Jo Darden, co-fundadora e CEO do Keep A Breast, explica o destino do dinheiro arrecadado: “Os recursos captados financiam os programas de educação e conscientização do Keep A Breast. No I LOVE BOOBIES no Brasil, o dinheiro vai ficar para imprimir material didático em português para educar os jovens sobre a prevenção do câncer de mama.” Além do Leilão e Exibição dos bustos, o evento também contou com live paintings dos artistas Mike Kershnar (EUA) e Paulo Ito (Brasil). Nas páginas seguintes, preparamos uma matéria especial sobre a campanha I LOVE BOOBIES no Brasil. Entrevista com uma das fundadoras do KAB, matéria com a Dani Bolina (apoiadora da campanha, ela revela um trágico caso de câncer de mama na família), perfis de todos os artistas participantes, fotos dos moldes de gesso e das modelos-apoiadoras, entrevista com Mike Kershnar e muito mais.
Por Marcelo Viegas
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SHANEY
JO DARDEN
A
A norteamericana Shaney Jo Darden é co-fundadora e CEO da Fundação Keep A Breast. Com sua liderança, paixão e abordagem original, conduziu a KAB para um posição de sucesso e reconhecimento entre as organizações “jovens” no combate ao câncer de mama. Aos 39 anos, a californiana já foi agraciada com um Prêmio Yoplait, além de ter sido eleita, pela revista Alternative Press, como uma das 25 pessoas mais inovadoras na indústria musical. Aproveitando a primeira ação do KAB no Brasil, a campanha I Love Boobies, conversamos com a Shaney, nessa entrevista exclusiva.
Entrevista Alexandre Vianna
ESpECIaL I LOVE BOOBIES
Qual o maior lance que um busto de gesso já recebeu? Alguns dos nossos casts foram leiloados por mais de 10.000 dólares.
Como foi o primeiro busto de gesso que você fez? Quando eu decidi fazer uma ONG voltada a prevenção do câncer de mama, queria fazer algo que eu soubesse fazer - eventos e arte. Minha formação é em Artes e em Fashion Design, então a ideia veio naturalmente. No início, todas as meninas que foram convidadas eram minhas amigas e nos divertimos muito experimentando a melhor técnica e o que seria melhor para pintar como uma tela. O processo foi muito orgânico e super especial para mim.
Como e onde o dinheiro é investido? Os recursos captados financiam os programas de educação e conscientização do Keep A Breast. Estes programas são únicos, porque através da arte e da expressão artística educam os jovens sobre métodos de prevenção, detecção precoce, enfrentamento da doença e suporte. Através destes programas o Keep A Breast se esforça para inspirar os jovens a adotarem estilos de vida que trazem benefícios para saúde a longo prazo. No I LOVE BOOBIES no Brasil, o dinheiro vai ficar para imprimir material didático em português para educar os jovens sobre a prevenção do câncer de mama.
E a campanha I LOVE BOOBIES? A campanha surgiu naturalmente do nosso trabalho. Todo mundo sempre dizia o quanto eles amavam os peitos de gessos, ou apenas exclamando “Boobies”! Foi uma evolução natural do que fazíamos e sentimos que era uma expressão que combinava com nosso público.
Quantas meninas e quantos artistas já fizeram um molde de gesso? Nos últimos 11 anos fizemos 100 peças, incluindo homens, mulheres, celebridades e sobreviventes!
Quais países já tiveram a campanha? Atualmente temos Keep A Breast nos EUA, Canadá, Europa, Austrália e agora no Japão! E qual é a sua expectativa para o I LOVE BOOBIES no Brasil? Câncer de mama é a principal causa de morte relacionada com câncer entre as mulheres no Brasil. De acordo com um relatório de 2009 do INCA, a estimativa de incidência de câncer de mama no Brasil é de 49 casos em cada 100.000 mulheres. No entanto, em algumas áreas no Sul do Brasil, essa taxa aumenta para 114 em cada 100.000 mulheres. O diagnóstico tardio é considerado um dos principais fatores que afetam as taxas de mortalidade, e uma parcela significativa de pacientes com câncer de mama no Brasil são diagnosticados em estágios avançados da doença. Temos esperança que a campanha possa contribuir para sensibilizar uma geração mais jovem e assim diminuir a taxa de morte por câncer na população brasileira. Como funciona o leilão dos bustos? É um leilão silencioso. Sempre são bustos de gesso, onde uma menina faz o molde e um artista faz sua obra. São tipos de peças de arte especiais e por isso é emocionante quando alguém leva uma pra casa. Mas é mais emocionante ainda quando vemos que isso pode salvar vidas.
Você fez o seu próprio busto de gesso? Quem pintou? Fiz várias vezes. Meus favoritos são os pintados pelos artistas Dalek e Bell Nathan. Qual é o segredo para falar com jovens sobre o câncer de mama? Fale com eles de uma maneira que você gostaria que falassem com você. Faça de uma maneira que eles se identifiquem e tenham prazer em realmente aprender. Você tem alguma história especial, nestes anos todos de trabalho duro, que possa nos contar? Ouço histórias comoventes todos os dias. É um desafio estar presente e ouvir cada história com o coração limpo e aberto. É sempre especial quando somos capazes de apoiar as famílias que estão passando por um diagnóstico de um ente querido, tanto quanto é especial poder ajudar apenas uma pessoa. Eu acho que as histórias que eu me conecto mais são com as das sobreviventes que nós fizemos o busto de gesso. Fazer o molde dos seios dessas mulheres, ou da “ausência de seio”, é muito experiência muito íntima, pessoal e vulnerável. Eu respeito demais aqueles que confiam em mim e são capazes de suportar tudo pela causa. Eu adoro ver suas expressões faciais quando estamos fazendo os moldes. Sinto algo forte, por ter participado e apoiado, de alguma forma, a jornada contra o câncer de mama daquelas pessoas.
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EsPEcIAL I LOVE BOOBIEs
DANI
BOLINA Dani Bolina fala sobre o I Love Boobies no Brasil, seu gosto por cultura alternativa e o drama familiar que muito cedo lhe abriu os olhos para a importância da prevenção do câncer de mama
S Dani bolina senDo pintaDa pelo artista jey para a capa Desta eDição especial i love boobies no brasil
Seria muito difícil, talvez uma perda de tempo até, tentar descrever com palavras a esfuziante presença da porto alegrense Dani Bolina. Seus atributos físicos invejáveis inegavelmente contribuíram para que portas se abrissem em sua carreira artística. Tornou-se nacionalmente conhecida e desejada por conta de suas participações em programas de audiência avassaladora, como o “Pânico na TV” e o
Texto Douglas Prieto e Fotos Alexandre Vianna
reality show “A Fazenda”, além de figurar na lista feita pela Revista Vip das “100 + Sexys do Mundo” por quatro anos seguidos. Mas Bolina abraça a causa do I Love Boobies no Brasil por razões muito particulares, que vão de dramas familiares ao estilo de vida que segue. “O que mais me encantou no I Love Boobies é o fato de ser uma mobilização de todas as pessoas pela mesma causa, uma doença muito séria e que infelizmente acontece com muitas mulheres no mundo todo”, afirma. Bolina despertou para a seriedade do câncer de mama de uma das mais desagradáveis formas, com uma ocorrência bem próxima e, infelizmente, fatal: “quando eu tinha seis anos, vi minha avó perder os dois seios por causa dessa do-
ença. Foi muito chocante vê-la sem os seios. E, naquela época, não tínhamos o nível de informação que temos hoje. Talvez, se acontecesse agora, ela ainda estaria viva aqui comigo.” “Eu sempre admirei a cultura alternativa, de tatuagens, rock and roll e hip hop, mas ainda vejo que existe muito preconceito”. Casada desde dezembro de 2010 com o modelo e empresário Mateus Verdelho, a experiência a ajudou a aceitar-se como ela é, e dar os ombros aos que ainda enxergam opções individuais de forma retrógada. “Na realidade, depois que conheci meu marido (o homem da minha vida), liguei o foda-se. Ele gosta de mim do jeito que eu sou, adora ser diferente. E não me importo com o que os outros falam ou pensam sobre mim.” “Eu adoro arte, grafite. Acho o máximo divulgar uma causa de saúde dessa importância de uma maneira atraente, diferenciada e super interessante. O I Love Boobies é uma ideia diferente, ousada, muito legal. Amei participar do projeto.” Diferente, ousada, legal: adjetivos que servem, também, para Dani Bolina.
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Começando Comece com uma avaliação visual. Olhe no espelho com seus braços acima de sua cabeça e depois com suas mãos nos quadris, não deixando de olhar tanto a frente como também os lados dos seus seios e se pergunte: Meus seios continuam iguais? Meus mamilos estão com a mesma forma? Existe alguma mancha, protuberância ou inchaço? Há algo saindo dos meus mamilos? As veias de um seio são mais aparentes do que do outro?
Passo 1 Deite-se de costas com uma mão atrás da cabeça. Isso pressiona o tecido mamário contra a parede torácica e facilita a avaliação. Com a outra mão, examine cada mama, usando os três dedos do meio.
Elizandra lima (miss brasil usa 2010)
Passo 2 Mova seus dedos em círculos do tamanho de uma moeda. Faça três círculos num ponto, começando com uma pressão leve, depois média e por último faça uma pressão mais profunda. Sem tirar os dedos, “caminhe” para a próxima área. Não levante seus dedos dos seios até o próximo ponto.
Passo 3 Começando pelo centro do tórax e seguindo na direção da axila, vá examinando seu peito para baixo e para cima (como as setas na ilustração), com o mesmo movimento de pequenos círculos. Faça todo o caminho até chegar na parte de trás da axila.
Passo 4 Dedique tempo extra nas axilas. É importante verificar toda a área interna do braço para ter certeza que examinou todo o sistema linfático da área dos braços e axilas, que é onde muitos cânceres de mamas se desenvolvem. Repita esses passos em ambos os braços.
Passo 5 Por último, aperte suavemente cada mamilo. Procure qualquer fluido ou dor. É comum para algumas mulheres terem algum desconforto perto dos dias da menstruação. A melhor época para examinar seus seios é uma semana depois que sua menstruação termina. É importante que você se examine sempre na mesma época todos os meses. Lembre-se que você está procurando diferenças no seu corpo, em relação ao que é normal nele. Quanto maior o hábito de se examinar, melhor você vai saber o que é “normal” para você.
bruna tang (modelo e vocalista da banda undershower)
especial i love boobies
barbara thomaz (modelo e apresentadora no canal glitz)
rita guedes (atriz)
fabiola da silva (campe達 mundial de inline)
bianca jhord達o (apresentadora e vocalista do leela)
babi xavier (atriz, apresentadora e modelo)
mayra dias gomes (escritora e modelo)
karen jonz (skatista profissional)
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MAGOO FELIX
vendo estampas para marcas de skate, quanto dando vazão às manifestações mais autorais, que já renderam duas exposições individuais.
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O paulistano Magoo Felix é um dos artistas convidados para participar da campanha I LOVE BOOBIES no Brasil, pintando o busto da patinadora Fabiola da Silva. Para customizar a peça, Magoo optou por uma técnica que vem desenvolvendo e estudando desde 1995: aerografia (airbrush). “Usei uma técnica chamada Freehand”, explica Magoo, “sem auxílio de nenhum tipo de pré molde ou stencil, tudo foi traçado diretamente com o aerógrafo, inclusive o desenho foi sendo criado na hora, sem prévio esboço”.
Sua expo individual mais recente, intitulada KarKaça, aconteceu no Acervo da Choque, no início de 2011. Foi o resultado de oito meses de trabalho, mesclando pintura, funilaria e customização, com a influência da chamada Kustom Kulture, que surgiu nos anos 50 na Califórnia, e que inspira aficionados por carros até os dias atuais. “Tenho esse envolvimento com a pintura Kustom, mas sem perder a identidade, mesclando coisas do meu lifestyle, como punk rock, tatuagem, grafitti e o universo hot Rod”, diz. Magoo também dá seu recado na área musical: ele é baterista da banda Twinpine(s). Rock alternativo da melhor qualidade, com uma sonoridade que remete aos anos 90, numa mistura de grunge, indie e shoegazer. A banda já lançou um álbum, o elogiado Niagara Falls (2010), e gravou temas exclusivos para a trilha sonora do documentário Dirty Money. Criando com aerógrafos ou baquetas, Magoo está sempre espalhando suas ideias, sua visão de mundo. Tudo que faz é por amor. Amor pela cultura alternativa. (Viegas)
O desafio do artista era casar seu estilo com o tema da campanha: “Acabei desenvolvendo essa ideia de fazer uma mulher de aço, mas que por dentro tinha um coração machucado. A mensagem é que toda mulher, por mais forte que seja, está sujeita a enfrentar um momento ruim e ser agredida. Então é importante abrir os olhos para o que existe por dentro, não apenas para aquilo que está por fora. Ou seja, prevenção.” Figura lendária do circuito underground paulistano desde os anos 90, Magoo sempre transitou com desenvoltura pelos universos da música, da tattoo, do skate e das artes. Fez disso sua vida. Seu estilo de vida. Tanto em trabalhos mais “corporativos”, como por exemplo desenvol>> veja o vídeo do Magoo no viMeo ou no site outroestilo.coM.br
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JEY E GUID TATI
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O casal Jey e Guid Tati recebeu o molde dos seios da skatista paulistana Eliana Sosco. As cores e mensagens (“be strong”, a mais destacada delas) utilizadas reforçam sinergicamente o trabalho: cada um com sua contribuição, e um resultado final que supera a soma de todas as expectativas. Jey vem na linha de frente da arte urbana muito antes do tema tornar-se popular, anos antes de estar na moda. Jamais se intimidou em pintar e discutir, sempre em alto nível, a importância dessa expressão artística. Nas ruas, palestras, oficinas ou skateparks, sempre se sentiu à vontade para expressar-se através das tintas e defender sua arte através de seu pensamento centrado na evolução do ser humano. Já Guid Tati atacou o gesso abusando do uso de traços sutis que marcam sua produção artística bastante autêntica. “Quero levar para as pessoas alegria, transmitir boas sensações ao pintar. Com cores vivas, traços em movimentos, deixo minha marca nas paredes ou superfícies inusitadas.” A missão abraçada e ousada: “quero instigar um sorriso no caos da metrópole. Penso nos anos que nos envolvem em questionamentos e conhecimentos do meio ambiente, da cadeia alimentar, da energia vital que cerca a vida.” Com atitude positiva, valorização da espiritualidade e dos bons sentimentos, e a fé de que esse tipo de atitude é suficientemente capaz de transformar o cotidiano para melhor, o pensamento do casal é algo que se aproxima muito da mensagem do I Love Boobies: o caminho pra uma vida sadia passa, obrigatoriamente, pela força e pela saúde mental. Pra ir muito além do campo da arte, a maior expressão do poder da união de Jey e Tati é o brilho dos olhos de Olívia, filha do casal. (Prieto)
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RAFAEL HIGHRAFF E THALITA HAMAOUI
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Unidos pelo amor, pela arte e, nesse caso, pela causa. O casal Rafael Highraff e Thalita Hamaoui dividiram o molde de Bruna Tang, numa sinergia artística que revela muito da capacidade individual de cada um deles, reforçando características particulares e revelando diferenças que, contraditoriamente, só agregam valor ao resultado final. Dois seios, quatro mãos, corações e mentes alinhados produzindo energia e vibrações positivas numa experiência sensorial e espiritual. Rafael Calazans Pierri, a.k.a. Highraff, é nome fundamental para a melhor compreensão do quem tem acontecido na cena artística contemporânea. Formado em Design Gráfico pela FAAP em 2000, Highraff jamais abriu mão do caráter contestador e subversivo de sua arte, mesmo constatando a necessidade de uma ordem para que os grandes organismos como os das megalópoles funcionem com um mínimo de sociabilidade. Seu trabalho, seja ele expresso num apressado graffiti proibido ou com a tranquilidade da autorização prévia (situação que ele próprio define como “muralismo”), é um exercício infinito onde diferentes etnias, culturas e credos convivem em harmonia, alimentando-se mutuamente num processo de evolução contínua. Os visitantes de seus trabalhos no Memorial da América Latina (São Paulo, 2006), Galeria Fortes Vilaça (2006), Galeria Choque Cultural (2007), Jonathan Levine Gallery (Nova Iorque, 2007), MAC-USP (São Paulo, 2008), Avant Garde Gallery (Milão, 2008), MIS (São Paulo, 2008), e Swarovski Krystall Welten Museum (Austria, 2009), ou aqueles que simplesmente andam pelas ruas atentos as porções multicoloridas enfrentando o amontoado cinza do concreto. Thalita Hamaoui é uma artista por vezes introspectiva, confortável trabalhando internamente, buscando a beleza dos traços sutis de sua “geometria sensível”, em que traços apontam para a precisão geométrica, ao mesmo tempo em que usufruem da liberdade de serem esteticamente atraentes. Os visitantes de sua exposição intitulada “Nas Nuvens”, ocorrida no primeiro semestre deste ano na Tag and Juice, tiveram a oportunidade de verificar como Thalita consegue manter-se distante da crueza e rigidez de traços perfeitos e ainda assim manter uma ordem estética agradável ao olhar. (Prieto)
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JULIANA JABOUR
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Parece história de cinema: a menina mineira que foi estudar nos EUA com o sonho de ser diplomata e, depois de uma temporada londrina, resolve dar novo rumo à sua vida e vai trabalhar com moda. Mas não é ficção, é a história real da estilista brasileira Juliana Jabour.
res. Sua principal área de trabalho é a malharia, mas tem explorado outras matérias-primas. Com uma trajetória curta e meteórica (pouco mais de 6 anos no mercado), é um dos destaques na nova safra de estilistas brasileiros.
Apesar das ligações familiares com o movimento fashion de Minas Gerais, Juliana começou sua trajetória correndo atrás de outro sonho, fazer carreira de diplomata. Mudou-se para os EUA com 15 anos de idade, onde cursou política internacional na universidade de Georgetown, em Washington. Foram 6 anos nos Estados Unidos, e então veio a mudança para a capital inglesa. Em Londres teve seu primeiro contato profissional com a moda, trabalhando na Joseph, uma famosa rede de loja de departamentos. Talvez tenha sido a centelha que acendeu de vez sua vontade de dedicar-se full time à moda, decisão colocada em prática quando retornou ao Brasil.
Juliana foi convidada para participar da campanha I LOVE BOOBIES, customizando o busto de gesso da atriz Rita Guedes. “Acho essa campanha maravilhosa e quando fui convidada fiquei super feliz em poder fazer parte de um projeto tão especial”, diz a estilista. “As pessoas ainda são extremamente carentes de informações sobre o câncer de mama, e com este tipo de ação você acaba levantando uma bola e chamando a atenção para um assunto tão importante, de uma maneira extremamente original!”
Depois de passar por equipes de estilo e criação de grandes marcas nacionais, em 2004 deu o pontapé inicial na sua própria marca, lançando uma mini-coleção que foi vendida na Pelu, loja multimarcas de São Paulo. Seguindo o caminho natural para novos estilistas em São Paulo, mostrou suas roupas por duas temporadas na Casa de Criado-
Para finalizar, a estilista fala um pouco sobre as ideias que aplicou no molde de gesso: “Pensei no busto como uma plataforma de comunicação do meu trabalho para este projeto, misturando a base com matérias primas de meu universo de trabalho. Usei aviamentos e tecidos que foram parte integrante de minhas coleções e que valorizassem essa parte tão linda e delicada da mulher, e este cuidado e delicadeza temos que ter diariamente com nosso corpo!” (Viegas)
>> veja o vídeo da juliana jabour no vimeo ou no site outroestilo.com.br outroestilo.com.br
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PINKY WAINER
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A busca que move a artista plástica? Ilustradora? Designer? Acredito que seja melhor dizer que a busca que move a criativa Pinky Wainer é encontrar formas, traços e cores que consigam se sobressair em meio ao atual mar de informação que estamos imersos. Acredita numa arte efêmera, barata e consumível, apostando em itens limitados, numerados ou até mesmo peças únicas, que carregue algo que as torne relevantes. Através do desenho e da pintura, Wainer é uma espécie de cronista ilustrativa do universo feminino, um de seu temas mais recorrentes, ainda que não o considere o mais interessante dos universos, mas sente a urgência em fazê-lo, por ser parte integrante dele. Além de dois filhos, tem uma filha (a estilista Rita Wainer) e é avó de três netas. Pinky veio ao mundo num berço de cultura. Filha do jornalista Samuel Wainer (figura chave na cena cultural e política brasileira por mais de 30 anos) e da ex-modelo e escritora Danuza Leão consta Deborah Wainer no RG. Atualmente, boa parte do seu tempo “fazendo o que quero e quando quero” está empregada numa parceira com Xico Sá e o marido e advogado Zuca Pinheiro, na Loja do Bispo (e também a Editora do Bispo). O conceito do negócio é, de tão simples, distante de simplista: “Vendemos produtos pelos quais somos apaixonados”. Paixão tamanha a ponto de negar uma premissa básica do comércio, dizendo muitas vezes torcer para que algo demore a se vendido e fique mais tempo enfeitando as dependências da loja. Qualquer tentativa de rotular o catálogo da loja/editora é inútil: não existe faixa de preço, categorias ou departamentos: tudo faz parte daquilo que considera coisas interessantes para se ter em casa, independente de custarem R$ 10,00 ou R$ 10.000,00 e que, primordialmente, utilizam matéria prima ecologicamente correta. No caso da editora, o catálogo tem autores como Paulo César Pereio, José Simão, além do próprio Xico Sá. Os lançamentos são poucos, no máximo dois por ano, trabalhando num sistema oposto ao das grandes editoras, que lançam diversos títulos diariamente. Outro contraponto ao atual status quo editorial: apoio ao download gratuito de livros. Pinky acredita que cada pessoa que baixa um livro da Editora do Bispo sem pagar nada por isso passa a ser um divulgador, trazendo possíveis compradores das edições físicas. Não por acaso, em seu livro download free “Vendo Alma Vagabunda com Tatuagem de Che” uma das frases que recebe destaque, entre textos de Charles Bukowski e artigos do código penal, é “liberdade de pensamento vale mais que dinheiro”. (Prieto)
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mariana martins
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Mariana Pabst Martins é, desde 2004, sócia-proprietária da Galeria Choque Cultural, o que a coloca na linha de frente do descobrimento e promoção da nova arte contemporânea brasileira. Sua liderança no momento atual é fruto de um grande “background” artístico, que começou ainda no berço familiar. Nascida em 1958, filha do pintor Aldemir Martins, mergulhou muito cedo nas artes visuais. Expõe há mais de trinta anos, e tem no currículo projetos de casa (estudou arquitetura) além de paisagismo, cenografia e figurino. Seu trabalho é resultado de uma intensa pesquisa de linguagens, técnicas de pintura, impressão e de materiais. Para decorar o molde do busto da rapper e MC paulistana Lurdes da Luz, Mariana usou carimbos, lacres e selos comuns à estética dos diplomas, mas “senti a necessidade de algo autoral. Aí passei a usar a caligrafia como desenho, sem escrever nada.” Os anos de militância artística levaram Mariana a um elevado patamar de autoconhecimento, e hoje ela faz a ligação de maneira natural entre a arte e a saúde: “Na hora que você aprende a soltar a mão, o gesto sai do coração”. Partindo do mesmo princípio, reforça a ideia de que “conhecer bem o próprio corpo é fundamental, para sentir alterações logo que elas aparecem, e se safar do câncer da mama sem grandes traumas. É um câncer curável”. (Prieto)
>> veja o vídeo da mariana martins no vimeo ou no site outroestilo.com.br
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luciana araujo
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“Eu associei quase imediatamente o busto de gesso com a Frida Kahlo”, diz a artista Luciana Araujo, explicando a sua escolha de tema para o molde da cantora e apresentadora Bianca Jhordão. “A inspiração na Frida se deu pelo fato dela ter usado um colete de gesso durante um tempo, quando sofreu um acidente num bonde”, comenta, fazendo referência ao grave acidente sofrido pela pintora mexicana na sua juventude. Com várias perfurações e fraturas pelo corpo, Frida permaneceu muitos meses de cama, e teve que usar coletes ortopédicos de diferentes materiais, incluindo de gesso. Nessa mesma época, usando cavaletes adaptados, começou a pintar, e até retratou um dos coletes (e o próprio sofrimento) num famoso quadro, chamado “A Coluna Partida” (1944). Mirando na força de vontade e na capacidade de superação de Frida, Luciana criou uma obra esteticamente bela e com um conceito muito bem amarrado, que carrega uma importante mensagem. “Espero que essa imagem, dessa pessoa super forte, sirva de exemplo para todas as mulheres se conscientizarem da importância do auto-exame, se tocarem e ficarem sempre lindas”. Ilustradora e artista plástica, Luciana desenvolve e entrega seus trabalhos nas mais diferentes plataformas: telas, gravuras, capas de CDs, paredes, bótons, painéis, ilustrações para revistas e também nas peças de roupa da sua marca Rock Chick, criada em 2003. O nome da marca não é por acaso: “O rock mudou minha vida. A partir disso, todas as imagens, ou tudo que eu olhava ou gostava tinha a ver com isso. Consequentemente, eu trouxe o rock pro meu trabalho.” Para encerrar, a artista dá pistas daquilo que busca ofertar com suas criações: “Tento transmitir coisas que todos têm dentro de si: melancolia, alegria, tristeza, raiva, tesão, nojo. Tudo que um ser humano, em todas as escalas, possa sentir, mesmo que seja por um segundo no dia”. (Viegas)
>> veja o vídeo da luciana araujo no vimeo ou no site outroestilo.com.br
especial i loVe boobies
GARETH STEHR “Quando eu era mais jovem, tive que escolher entre ir pra Escola de Arte ou vir para a Califórnia para andar de skate. Eu escolhi andar de skate”, conta o neozelandês Gareth Stehr. A opção pelo Skate não implicou em dizer adeus para as artes. Gareth conseguiu êxito nas duas frentes: tornou-se skatista profissional e vem ganhando destaque como artista. Sua carreira no Skate é marcada por grandes desafios, encarando corrimãos e escadas enormes. Skate de impacto é algo que cobra seu preço, mas ele aproveita o período de molho das lesões para dedicar-se a sua produção artística. Misturando elementos da cultura do Skate com Pop Art, caveiras, muitas cores e tempero rock and roll, o skatista-artista já participou de diversas exposições coletivas nos EUA, e já teve direito a uma individual, “Dirtsquid Versus”, em Los Angeles. Para a campanha I LOVE BOOBIES, Gareth aplicou seu estilo no busto de gesso de Elisandra Lima. (Viegas)
ROMAN DIRGE Roman Dirge desenha “bichinhos bonitinhos” em situações macabras, ou até escatológicas. Lenore, sua personagem mais famosa (inspirada no poema “Lenore”, de Edgar Allan Poe), é uma graciosa menina morta-viva que passa o tempo maltratando quem estiver a seu redor. Sua primeira aparição foi em 1992, mas só à partir de 1998 essa “Cute Little Dead Girl” ganhou seu próprio gibi, que continua sendo publicado até os dias atuais. Lenore também ganhou uma animação, numa série de 26 episódios produzidos para o website ScreenBlast (os episódios continuam disponíveis no site do seu criador, spookyland.com). Reza a lenda que, na época da faculdade, Dirge foi desencorajado por seus professores a seguir nas artes, pois, segundo eles, nunca conseguiria sucesso devido ao seu estilo cru. Verdade ou não, o fato é que o norteamericano mudou o itinerário e virou mágico! Mas, alguns anos depois, a paixão pelo desenho falou mais alto e Dirge retomou o caminho da sua carreira artística. Convidado para participar do projeto I LOVE BOOBIES, o artista customizou o busto de gesso da escritora brasileira Mayra Dias Gomes. (Viegas)
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ED TEMPLETON Capítulo a parte na história dos inovadores do skate de rua, Ed Templeton carrega uma das mais reconhecíveis e autênticas identidades da arte contemporânea, composta através de seus próprios desenhos e também da escolhas acertadas para parceiros de trabalho como Thomas Campbell, Andrew Pommier e Margaret Kilgallen. A arte do austríaco Egon Schiele, fortemente calcada em nus, é uma de suas influências declaradas, e mais percebida em seu trabalho como fotógrafo. Além de proprietário da Toy Machine Bloodsucking Skateboard Company, é integrante do ANP (Artists Network Program) da RVCA, do coletivo Beautiful Losers e autor de “Deformer”, livro lançado em 2008 que compila textos, fotos, ilustrações e histórias geradas no enigmático imaginário de Mr. Templeton, não por acaso famoso por executar com perfeição uma manobra de skate chamada “impossible”. (Prieto)
esPecial i love boobies
CLINT PETERSON Assistindo Clint Peterson andar de skate, é fácil imaginar que ele não faça outra coisa na vida, crença que cai por terra diante de sua carreira artística. Clint é skatista profissional patrocinado pela Stereo, marca cujo proprietário é o ator Jason Lee, de “My Name is Earl” e “Alvin e os Esquilos”. Nascido em Stillwater, Minnesota, Clint desenha, pinta e trabalha também esculpindo e, por vezes, deixando seu traço queimado sobre a madeira. Atua como ativista na WeSC (We Are the Superlative Conspiracy), fundada em 2000 e reconhecida por seu trabalho em moda urbana e foco em pessoas e causas que envolvam consciência e que compartilham os valores da empresa. Skate é a atividade que paga as contas de Clint, mas que se vê profundamente envolvido com a arte, campo de experimentação onde é livre para descobrir habilidades próprias que ora o surpreendem e ora se mostram verdadeiros desastres. (Prieto)
TODD BRATRUD Ao enviar uma carta de agradecimento a uma empresa pelos shapes gratuitos que havia recebido, o então ilustrador de caixas de cereal e embalagens de bolachas e biscoitos Todd Bratrud achou que o envelope merecia um desenho. Um ato simples, mas que mudaria sua carreira pra sempre. A partir dali, Todd passou a desenhar para a Consolidated, uma das marcas mais controversas que o skate já conheceu, pelas campanhas publicitárias incomuns e principalmente pela arte dos shapes, provocativas, perturbadoras e descaradamente criativas. Elementos frequentes: sangue, vísceras e mulheres (uma de suas musas inspiradoras: Anne Nicole Smith). Desde então Todd desenhou decks para diversas marcas do mercado do skate, é ilustrador da The Skateboard Mag, trabalha através da Burlesque Designs of North America e grandes corporações, como Nike e Volcom, frequentemente recorrem a sua inesgotável capacidade de surpreender. (Prieto)
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lyle wessels Das paredes de sua terra natal Durban, na África do Sul, para as ruas de Los Angeles, onde mora atualmente, o artista e designer gráfico Lyle Wessels já deixou muitas marcas nos seus 26 anos de vida. Com muita influência do Punk Rock, seu estilo chamou atenção da marca de roupas Iron Fist, para quem desenvolve estampas. Lyle discorre sobre outras referências: “Muitas influências indiretas vem da música, mas na verdade você pega um pouquinho em diferentes fontes: dos lugares que você vai, das coisas que você vê, se divertindo com os amigos, de letreiros antigos... Gosto de objetos antigos, aqueles que mostram os sinais do tempo, vejo muita beleza neles. E tento incorporar essa estética nas minhas pinturas”. Perguntado sobre Street Art, ele não resiste a uma piadinha: “Hoje em dia todo mundo faz, não é? ” Mas na sequência fala sério e explica seu percurso: “Comecei fazendo graffiti uns 12 anos atrás, e passei por diferentes fases: desde graffiti tradicional até stencil e pôster com cola, mas ultimamente tenho gostado mais de pixação. Mas, no final das contas, o que importa mesmo é colocar seu trabalho na rua, que é o espírito do punk: se você quer fazer alguma coisa, vá para as ruas e faça você mesmo acontecer”. Para a campanha I LOVE BOOBIES no Brasil, Lyle customizou o busto de gesso de Cibele Mazzo. “O KAB tem uma mensagem importante, que apresenta via arte e música, e isso é algo novo e ao mesmo tempo engajado. Por isso é uma honra estar envolvido com essa causa. Eu já tinha trabalhado com o KAB antes, e são pessoas do bem, então não pensei duas vezes quando tive a oportunidade de me envolver com essa ação no Brasil.” (Viegas)
especial i loVe boobies
SHEPARD FAIREY Em 2111, quando alguém do futuro contar a história da arte do nosso tempo, Shepard Fairey terá garantido um capítulo a parte. Ou, ao menos, um segmento generoso dentro do grande capítulo dedicado a chamada Street Art (talvez no futuro eles inventem um nome mais adequado para essa escola). Menos pela recente superexposição pós cartaz do Obama (“Hope”), mais pelo conjunto da obra, iniciada em 1989 e crucial dentro do contexto dessa nova arte vinda das ruas. Ou exibida nas ruas. 41 anos, norteamericano, skatista, punk rocker, sua vida começou a mudar quando esbarrou numa revista com uma foto de André The Giant, lutador francês de vale-tudo. Nascia OBEY, sua imagem mais icônica. Num Manifesto de 1990, Fairey explica a campanha de divulgação de OBEY através da fenomenologia do filósofo alemão Heidegger. “A fenomenologia visa permitir que as pessoas vejam claramente algo que está diante dos seus olhos, mas que está escondido”, escreveu na época. Lembre-se, porém, que esse discurso semi-cabeçudo pode ser um blefe, ou uma piada. Mas uma coisa é fato: ele conseguiu despertar a atenção do mundo para o seu trabalho, tornando-se um dos mais renomados artistas contemporâneos. (Viegas)
MATT HENSLEY Fim dos anos 80. Um jovem californiano toma o mundo de assalto com seu skate. Através de vídeos, fotos e lendas, Matt Hensley transforma-se num ídolo para os skatistas. Mais do que isso: dita moda. O cabelo raspado, a bermuda com bolso lateral, a correntinha salva-carteira e o tênis com o cano cortado passam a ser copiados em todos os cantos desse imenso planeta skatável. Mesmo sem a facilidade e a velocidade da Internet, o estilo Hensley vai se espalhando e, com o tempo, vai além do nicho do Skate. Em 1993, de modo precoce, ele encerra sua carreira como skatista profissional. O estrago, entretanto, já estava feito. Com uma trajetória meteórica e avassaladora, aquele garoto de Carlsbad já havia assegurado – dizem que contra sua própria vontade – seu nome entre os grandes ícones do Skate. Foi seguir seu coração, e virou músico: empunhando um inusitado acordeão, dá um tom diferente ao som da banda punk Flogging Molly. Desde o debut Swagger, de 2000, já são cinco álbuns oficiais, registros ao vivo e muitas tours divulgando a sonoridade que mistura punk rock, música Celta e folk irlandês. Quando não está na estrada, o artista pode ser encontrado tomando um “pint” generoso de Guinness e cuidando do seu bar na Califórnia, o Hensley’s Flying Elephant Pub & Grill. Skatista lendário, músico e dono de Pub, Hensley ainda encontra tempo para dedicar-se as artes plásticas, e foi convidado para participar da campanha I Love Boobies, pintando o busto de Ana Gazzola. (Viegas)
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Desenhar animais é a grande paixão de Mike Kershnar. Com respeito à natureza, muitas cores e influenciado pela tradição estética da arte indígena de diferentes lugares do planeta, o artista norte americano vem desenvolvendo uma obra original e interessante. Morador de San Francisco, na California, Mike também é muito ligado a cultura do Skate e é um dos Advocates da Element Skateboards, marca para a qual desenvolve estampas e projetos há mais de uma década. Convidado a participar da campanha I LOVE BOOBIES no Brasil, imprimiu seu estilo “natural” ao busto de gesso da atriz Sabrina Machado. Além disso, também aproveitou para visitar o país pela primeira vez, e fez um Live Painting durante o Leilão que rolou no Coletivo Amor de Madre, na capital paulista. Numa semana bem movimentada em território brasileiro, o artista andou de skate, pintou muros e pistas de skate, conheceu a cultura e artistas locais, fez contatos e divertiu-se bastante. Confira entrevista exclusiva Entrevista Alexandre Vianna e Retrato Jordan Ayoub
O que sua arte representa para você? Eu desenho muitos animais, inspirado no mundo natural. E eu olho para arte como a minha paixão, minha visão, meu chamado espiritual. Minha missão é tentar expressar a glória do espírito da natureza através dos meus desenhos. Quando chego num lugar, penso no que quero dizer, como vou me conectar interna e externamente com as pessoas e busco ter poderosos pensamentos positivos através de animais. E meu processo é feito para não ter stress. Colocar uma cor, colocar umas formas ali, contornar as formas, contornar novamente... ou seja, baixo índice de stress e um resultado legal. Porque gosto de arte simples, com um resultado agradável para quem vê.
Você também faz um trabalho de preencher postes com adesivos... O que eu tento fazer com a minha arte é deixar mais vibrações, mais vida, mais energia de vida do que tinha lá. Você anda por aí e vê um milhão de postes cinzas na cidade, e um deles você vê que está coberto dos pés a cabeça com meninas bonitas, com coisas da cultura de skate, com animais. É uma expressão da vida, de viver a vida. E sempre espero que o sentimento que as pessoas vão ter da arte é uma conexão com algo misterioso. “Por que alguém faria isso? Eu gosto disso”. Ou seja, poder adicionar uma energia positiva no dia de alguém. Então eu gosto de achar um poste e envolvê-lo inteiro como um totem, me sinto conectado com medicina antiga e pessoas místicas, gosto de colocar glitter nas coisas quando termino, gosto de colar fotos de pessoas que conheço e pensar nelas enquanto eu faço.
Como foi pra você ser convidado para vir ao Brasil participar da Campanha I Love Boobies? Quando fui convidado, eu pensei que poderia ser uma ótima oportunidade de concretizar o sonho de vir para o Brasil para pintar, andar skate e conhecer a cultura. E é legal que é por uma causa, gosto do conceito de aumentar a prevenção das doenças nos humanos em geral através da mudança no nosso estilo de vida. Durante o Leilão beneficente do I Love Boobies no Brasil você fez um Live Painting. Como foi? O Live Painting no evento foi muito legal. Durante todo o tempo eu estava bem ciente que estava pintado ao vivo no Brasil, em São Paulo, em frente a muitas pessoas, e eu gostei. Senti que estava realizando um sonho. Eu fiz o pássaro azul, e estava refletindo internamente sobre mim mesmo, na verdade.
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um dos temas comuns no trabalho de paulo ito sĂŁo curvas femininas. convidado (ao lado de mike kershnar) criou este trabalho exclusivo para a campanha i love boobies no brasil durante o evento
>> veja o vĂdeo do evento no vimeo ou no site outroestilo.com.br outroestilo.com.br
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Música para vestir
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Por Marcelo Viegas e Fotos Atilla Chopa
Muito se fala, hoje em dia, sobre a crise da indústria fonográfica. Não é uma crise da música: essa vai muito bem, obrigado. É, isso sim, uma crise nos formatos de comercialização da música. Na Era dos downloads, o apego ao formato físico (CD, vinil, k7, etc) caiu drasticamente. Mas a invenção de um novaiorquino surge como uma alternativa interessante: o Playbutton, um bóton que toca música. Nick Dangerfield, 32 anos, é o pai da criança, e relembra o momento da criação: “Eu já vinha pensando há um bom tempo em novas maneiras de lançar música em formatos físicos, porque estava um pouco desiludido pelo fato de que não nos presenteávamos mais com música. Na época, estava morando no Japão, onde os bótons são bem populares na moda jovem. Um dia, durante um jantar, uma amiga estava usando um bóton gigante, e brinquei dizendo que cabia um CD naquele bóton. Dali em diante, a ideia veio automaticamente”.
Como funCiona o playbutton pLay / pause aperte o play para iniciar a faixa no ponto em que havia parado. segure o botão para retornar a primeira faixa rew aperte o botão para retroceder as faixas. para abaixar o volume, segure o botão
equaLizador escolha entre 7 diferentes presets de equalização
ff aperte o botão para avançar as faixas. para aumentar o volume, segure o botão
reset se o seu playbutton travar, aperte o botão de reset e retorne ao começo do álbum
aLfinete
fone de ouvido / carregador usb Insira seu fone de ouvido no playbutton e o álbum tocará automaticamente. para desligar, basta retirar o fone de ouvido. Insira o carregador no playbutton e conecte-o numa porta usb. a luz ficará piscando enquanto estiver carregando, e permanecerá acesa quando a carga estiver completa
Links selofan.com.br medullarock.com playbutton.co
Com base nesse conceito surgiu o Playbutton, uma mistura de moda, tecnologia e música. O slogan diz muito: “Por que apenas ouvir um disco se você também pode vesti-lo?” Bandas de renome já aderiram ao novo formato, como Belle & Sebastian, The XX e Javelin. No Brasil, o ‘gadget’ chegou através do selo/site Selofan, de São Paulo, que colocou no mercado o Playbutton da banda carioca Medulla. O nome do “disco” é Capital Erótico e tem cinco faixas. “Ficamos sabendo do Playbutton no fim de 2010”, conta Tom Retamiro, um dos sócios do Selofan, “entramos em contato com o Nick, que foi bem receptivo, acreditou em nosso trabalho e nos ajudou a trazer para o Brasil”. Apesar do preço final (algo em torno de 45 reais) ser um pouco mais caro do que um CD, o Playbutton conquista por outros atrativos. “São valores agregados diferentes, é algo exclusivo, uma joia/enfeite musical”, explica Rodrigo Augusto, a outra metade do Selofan. A semelhança com os formatos clássicos é que o conteúdo é inalterável: “Não há possibilidade de copiá-lo, inserir ou retirar músicas. É um acessório que pode ser usado na mochila, na jaqueta, e não precisa de um aparelho para reprodução, diferente do CD e do vinil”, diz Tom. Além da praticidade, outro diferencial é a proposta de tornar o gadget um objeto de desejo. O criador defende a tese: “Eu vejo, com toda certeza, os Playbuttons como itens colecionáveis. Na verdade, essa é uma de suas grandes forças. Eu nunca fui um colecionador ávido, mas comprei centenas de vinis, k7’s e CD’s. Ou seja, sempre gastei o pouco dinheiro que tinha em instrumentos musicais ou discos”, diz Nick, na esperança que muitos jovens, mundo afora, também façam o mesmo, investindo seu dinheiro nos Playbuttons.
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L´USINE PRODUZINDO ENERGIA
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Texto Douglas Prieto e Foto Renato Custodio
As agruras econômicas enfrentadas pela zona do Euro têm trazido preocupações, protestos e incertezas numa sociedade criada na abundância. A repentina mudança de paradigma trouxe novas situações e choques repentinos num povo acostumado com uma rotina e alto nível de organização. Mas numa visita ao complexo cultural L´Usine, situado na meca bancária Genebra, tudo parece até melhor do que no passado. Completando 22 anos de atividades, a agenda cultural eclética, recheada de música, teatro, dança, cinema e arte mantém a energia positiva em alta voltagem. Algumas datas deste ano estão reservadas para bandas como Hot Snakes (06/dez) e o rapper Raekwon, que se apresenta exatamente um mês antes. A programação completa pode ser encontrada no site do L´Usine (http://usine.ch). É mais um exemplo de sucesso da crescente cena chamada de “culturesquat”, um desdobramento dos squats, movimento que ocupa prédios abandonados com a finalidade de moradia, mas que já carregavam um boa dose de contracultura em seu contexto, com grande ligação com o movimento punk. No caso desses centros culturais, a autogestão competente e a programação diferenciada os tem colocado cada vez com mais frequência nos roteiros daqueles que vão a Europa e querem uma experiência mais profunda do que tirar uma foto debaixo da Torre Eiffel ou num orelhão londrino. L´Usine http://usine.ch 4, place des Volontaires 1204, Genebra suíça
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add to cart A arte contemporânea se rejuvenesceu, e assim despertou interesse em uma nova geração que começou a colecionar arte. O primeiro passo de um novo colecionador (ou até de um apreciador que quer apenas imprimir personalidade e estilo em seus ambientes) se dá, em geral, através de prints e gravuras. Nessa página seguem dicas de algumas peças bem legais e acessíveis.
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artista feLipe yung - fLip obra Lazy gang - serigrafia tamanho/preço 48 x 66 cM - r$ 500,00 onde encontrar gaLeriafiLtro.coM
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artista shn obra Love Mountain - serigrafia sobre papeL Marakesh giz 180 g/M 2 tamanho/preço 66 x 48 cM - r$ 150,00 onde encontrar gaLeria choque cuLturaL
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artista taLita hoffMann obra seM títuLo - serigrafia tamanho/preço 44 x 66cM - r$ 150,00 onde encontrar gaLeria Logo (sp), fita tape (poa), Desvio (bh), LúDica (ctba) e hoMegrown (rJ)
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artista DanieL MeLiM obra seM títuLo (verMeLha) - serigrafia e tipografia sobre papeL tamanho/preço 66 x 48 cM - r$ 100,00 onde encontrar gaLeria choque cuLturaL
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artista carlOS diaS obra mãOS - tipOGrafia SObre papel tamanho 75 x 66,5 cm - r$ 200,00 onde encontrar Galeria cHOque cultural
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artista SeSper obra GarbaGe dream land - SeriGrafia tamanho/preço 44 x 66 cm - r$ 150,00 onde encontrar Galeria lOGO (Sp), fita tape (pOa), deSviO (bH), lúdica (ctba) e HOmeGrOwn (rJ)
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artista JOãO lelO obra acrOfilia - xilOGravura SObre papel marakeSH pedra SabãO 180 G/m 2 tamanho/preço 66 x 48 cm - r$ 150,00 onde encontrar GaleriacHOque cultural
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artista felipe mOrOzini obra O SOnHO da laGarta - fOtOGrafia tamanho/preço 50 x 60 cm - r$ 1.200,00 onde encontrar GaleriafiltrO.cOm
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artista Jeremy fiSH obra lOSt wiSdOm - SeriGrafia tamanho/preço 44 x 66 cm - r$ 150,00 onde encontrar Galeria lOGO (Sp), fita tape (pOa), deSviO (bH), lúdica (ctba) e HOmeGrOwn (rJ)
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CEDRIC MENTE POSITIVA
SONHOS TRANSFORMADOS EM BICICLETAS Nem dormindo Cedric se afasta das bicicletas. Suas noites de sono, aliás, são por vezes determinantes no seu trabalho. Ele é um customizador de bikes, legítimo artesão, e garante que algumas ideias já ocorreram durantes os sonhos. Sonhos transformados em bicicletas! Claro que sonhar não basta. Esse é apenas o estopim criativo do seu “ofício”. Com as ideias na cabeça, vem a parte de colocá-las em prática. Talento e sonhos, para transformar simples magrelas em verdadeiras obras de arte Texto Nairah Akemi Matsuoka Fotos Atilla Chopa
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Para começar, apresentações e explicação do apelido: Cedric Kessuane, aka Mente Positiva, 35 anos, nasceu no Brás, bairro de São Paulo (SP), e é apaixonado por bicicletas. Aprendeu a customizá-las, foi fuçando, mexendo, desenvolvendo e, com o tempo, ficou bom nesse negócio. Tornou-se um dos mais talentosos no ramo, criando verdadeiras obras de arte em duas rodas. E esse apelido? Mente Positiva é decorrente do estilo de vida que adotou. O insight veio com uma música do Bad Brains, “Attitude”, que diz: “Hey, we got the P.M.A. (Positive Mental Attitude)”. Cedric tem Mente Positiva tatuado nos pulsos, e afirma que ela representa um exercício diário que faz questão de manter.
Brandani, Extra Light E a vEnda do Fusca Para contar a vida de Cedric, é necessário deixar claro que não se trata de um depoimento em torno de um simples hobby, mas uma verdadeira história de amor. Inclusive, ele mesmo garante que ver uma bicicleta passando diante de seus olhos é tão irresistível quanto ver uma mulher de vestidinho, desfilando na rua. “A bicicleta é tudo na minha vida. Já me perguntei ‘Cara, por que eu gosto tanto disso?’, mas não há explicação. Eu simplesmente não consigo ignorar a presença de uma magrela”.
“Essa BikE é dE um amigo dE Longa data (ArnAud tiko/bike véiA), Fanático por custom BikEs! ELE tinha uma BicicLEta da marca undErground E jogou na nossa mão (EvoLux) para customizarmos, dando LiBErdadE dE FazEr o quE quiséssEmos! dEu nisso aÍ!” (CedriC)
O romance começou em 1985, quando ele ganhou uma Brandani (marca nacional, considerada uma raridade para os apreciadores de bicicleta). E, com apenas nove anos de idade, adentrou o mundo da customização, visitando diariamente uma oficina perto de sua casa, na Vila Santa Isabel, zona leste de São Paulo, onde mora até hoje. A primeira modificação foi iniciativa dele mesmo, que sugeriu ao mecânico que rebaixasse o banco e trocasse os pedais. Após um ano de pequenas, porém constantes, modificações, os pais de Cedric compraram outra bicicleta de presente, uma Caloi Cross Extra Light, de 1986. Ele guarda até hoje a nota fiscal de compra, no extinto Mappin. Mas essa escapou das intervenções mecânicas: “Ela está exatamente como veio, só restaurei a pintura recentemente, pra não ficar desgastada. De qualquer maneira, esse modelo de bicicleta não é feito pro custom, até por que é uma bike de cross”. O custom chegou com a terceira bicicleta, montada na base do câmbio. A moeda de troca variou de um videogame até o Fusca da garagem, assunto em que Cedric faz questão de ressaltar dois itens: o primeiro, é que a venda foi feita com o consentimento e sugestão do pai; o segundo é que a grana tirada com essas trocas não foi suficiente! Ou seja, aqui a paixão pelas duas rodas já está mais que consumada.
“Essa é minha até hojE, também fEita toda do zEro! o acabamEnto EnfErrujado sE dEu dEpois quE vi a famosa moto chongo blanco do jEssE jamEs, achEi dEmais! dEtalhE: um cifrão dE fErro quE gira na partE da frEntE do quadro.” (CedriC)
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LowRideR A customização passou a ser uma realidade para Cedric, aos 21 anos. “Eu estava assistindo o videoclipe de uma banda de ska chamada “Skamoondongos”, e tive o primeiro contato com as bicicletas lowrider. Lembro que não gostava da música, tampouco era fã da banda, mas sempre assistia o clipe só pra ver a bike”. Depois de um tempo, um amigo brasileiro, que morava na Califórnia, e era patrocinado pela renomada marca “Lovely Lowrider Bike”, voltou para o Brasil. Assim que chegou, ofereceu uma das bicicletas para Cedric, mas era muito cara. A impossibilidade de comprar a bike fez com que ele observasse com mais atenção a magrela e visse que era possível fabricar aquele tipo de peça, no país. Foi aí que surgiu o interesse em investir e trabalhar com bicicletas. Sobre o segmento LR de bikes, Cedric acredita que este nicho nunca irá se popularizar a ponto de vulgarizar a cultura. “Eu acho inviável fazer uma linha de produção dessas bicicletas. Elas são uma espécie de quadro em branco em que os próprios donos customizam do jeito que querem. Se as bikes fossem padronizadas, não existiria customização, nem Lowrider no estilo delas. Por isso acho muito difícil que a cultura se vulgarize, tanto com os carros quanto com as bicicletas”.
ApRendendo A pescAR o peixe As freqüentes visitas nas oficinas do bairro não tinham um viés didático, mas o know-how da produção de peças veio naturalmente. Depois que teve a visão “empreendedora” por trás das bicicletas, observar os mecânicos soldando, consertando e pintando suas bicicletas, passou a funcionar como um workshop; e Cedric começou a se dedicar na aprendizagem técnica de produção das bikes. A inspiração para a construção de bicicletas novas vem de maneiras randômicas. E, no melhor estilo Salvador Dali, Cedric também tem um background onírico em suas invenções. “Uma vez, sonhei com uma roda, acordei e fiquei impressionado com a riqueza de detalhes do sonho. Era uma roda estrelada (que geralmente é feita de nylon), mas raiada. No mesmo dia fiz a roda, ela está aí até hoje. Estou guardando ela pra uma bicicleta especial (risos)”.
“essA bike foi feitA pARA o chivitz, sou Amigo e AdmiRAdoR desse gRAfiteiRo! foi feitA A pARtiR de um quAdRo de fóRmuLA c-3, peLA evoLux! detALhe: cobRe-coRRente no foRmAto dA tAg deLe!” (CedriC)
Aos 21 Anos, Assistindo o videoclipe de umA bAndA de skA, tive o primeiro contAto com As bicicletAs lowrider. sempre AssistiA só prA ver A bike
ARte de ARtesão Mesmo com o jeitão de inventor, ele não se considera um artista, e gosta de explicar que não se trata de modéstia. Segundo Cedric, qualquer pessoa é capaz de fazer o que ele faz, já que se trata de uma atividade técnica. Apesar de paixão e criatividade fazerem toda a diferença, ele afirma que seu trabalho é passível de ser feito por qualquer pessoa com instrução sobre manuseio e funcionalidade de uma bicicleta. Mas guarda a ressalva de que não dá pra trabalhar neste ramo sozinho. Na sua empresa, Evolux, tudo é feito em conjunto com André e Joildo, seus parceiros nos projetos ciclísticos. Além da satisfação pessoal alcançada a cada bike finalizada, Cedric também guarda com orgulho um momento: de quando Chip Foose (renomado designer de carros, da Califórnia) elogiou seu trabalho, durante uma exposição de carros custom que, por golpe de sorte, expôs suas bicicletas. Elogio merecido, justo, afinal são bikes exclusivas, autorais e pensadas nos seus mínimos detalhes. Trabalho de artista? Não, trabalho de artesão. O resultado é o mesmo, nesse caso.
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“LOwrider é só PrA quem é!” O curitibano Polaco é considerado um dos maiores conhecedores da cultura automobilística dentro do universo Lowrider no Brasil, e ainda sustenta com excelência o posto de oráculo do custom chicano. A despeito da disputa entre crews, o bom gosto e know-how do cara fizeram com que seu trampo se democratizasse. E foi com essa mesma elegância diplomática que Polaco cedeu uma entrevista acerca do que há por trás de quatro rodas venenosas, ou melhor, apimentadas. Entrevista Nairah Akemi Matsuoka e Fotos Pablo Vaz
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Como você ingressou no clã dos mecânicos? Um dos meus primeiros empregos foi em uma oficina de carros antigos. Lá, nós montávamos customs e originais, mas o único contato que tinha com o lowrider era através de revistas importadas. Depois de um tempo, passei a pesquisar sobre como ter um LR, montá-lo, e fazer parte desse nicho, que até então, consistia apenas em um carro com rodas pequenas e suspensão – mas que, posteriormente vi que, felizmente, não consistia apenas nisso. Pode-se dizer que o fator financeiro serve de filtro para separar aqueles que entram no LR por deslumbre, daqueles que querem adotá-lo como um estilo de vida? Pode-se dizer que sim, não foi fácil entrar nessa, e até hoje não é. Meu primeiro carro demandou muito dinheiro, dedicação para entender sua funcionalidade, experiência em níveis técnicos, enfim, mas somente através deste processo “penoso”, com muito trabalho e dedicação, foi possível que eu conquistasse minha própria essência neste ramo. E para entender a cultura lowrider, é imprescindível inseri-la completamente na sua vida.
Polaco e sua equiPe na garage custons em curitiba(Pr)
Na prática, como se dá essa inserção? A cultura lowrider segue uma tradição que impõe algumas normas veladas de conduta, que vão desde o modo de se vestir, passando pelo tratamento dado à família e companheiros de caminhada, até chegar nos carros e bikes, que, bem ou mal, seria o fator decisivo na completa inserção de qualquer candidato a lowrider.
jeito, com uma composição de peças e assessórios de mau gosto, não for limpo adequadamente, já é possível se ter uma ideia do tamanho da falta de comprometimento de seu dono com a cultura lowrider. E importante ressaltar que este comprometimento não é diretamente proporcional ao dinheiro investido no carro. Digo isso porque existem vários proprietários de LR que não têm um poder aquisitivo alto e, ainda assim, conseguem um resultado de excelente bom gosto; da mesma forma que proprietários de alto poder aquisitivo demonstram um péssimo gosto através da montagem de seus carros.
Então, o carro é uma espécie de reflexo do envolvimento do proprietário com a cultura do Lowrider? Como estamos falando especificamente de carros, o carro é sim o “reflexo de seu proprietário”. Ou seja, se o carro for montado de qualquer
Como vocês fazem para que este segmento da customização automobilística não se vulgarize? O processo de montagem de um lowrider se deve a inúmeros fatores; exemplifico: um “verdadeiro lowrider” não é montado para qualquer
Pol aco indica um (e isso não significa, de maneira alguma, discriminação de raça, credo ou fatores sócio-econômicos), o cara tem que estar envolvido com a cultura. É importante conhecer com profundidade qual a intenção desse cara que quer ser mais um “parceiro de caminhada”. Uns aguentam a pressão, outros abandonam o barco no meio do caminho. E assim, quem “é de verdade” fica, e quem não é, pula fora. Existe uma frase muito comum dentro da cultura que é, “Lowrider é só pra quem é!”. E esse clichê existe porque há muita gente que diz que gosta, mas na hora da pressão deixam a desejar. Muitos já se aproximaram, compraram o carro, “bateram no peito” se dizendo verdadeiros, mas “correram na hora H”, venderam o carro, pararam de “colar”; outros se dizem verdadeiros, e apenas sugam todas as informações possíveis sobre a cultura, para depois virarem as costas. Enfim, não dá pra viver o Lowrider e pensar apenas na grana, é necessário fazer por merecer para estar dentro. Explique melhor essas pressões... A pressão a que me refiro é aquela do dia a dia do lowrider, deixando muitas vezes a família e outras opções de lazer em segundo plano. “Testamos a febre do novato” requisitando-o para nos ajudar na limpeza e manutenção dos carros, mesmo esse não tendo ainda seu próprio carro; e em todo esse processo de observação decidimos se tem, ou não, o perfil necessário pra caminhar conosco e ser um digno proprietário de lowrider. Em que consiste esse perfil? O carro é muito ruim de andar, com o tempo, fica duro, ou seja, abandona-se o conforto e o carro deixa de ser funcional. Mas, pra quem ama, ouvir aquele som do motor elétrico vindo do porta-malas, não se compara a nada. Definitivamente, lowrider não é pra quem gosta, é pra quem é! Tecnicamente falando, lowrider não é um carro para o dia a dia. Para o cara que quer um carro para andar, de vez em quando, com a família e os parceiros, o setup mais indicado seria o chamado “street”. No caso de proprietários que, vamos dizer assim, tem mais “sangue nos olhos” e disposição, de repente o mais indicado seria um “Hopper” ou um “car dance” (um carro que vai pular muito alto, realizar diversas manobras) - mas esse cara pode ter a certeza de que terá muito mais dor de cabeça com a constante quebra de peças. Agora, se o cara for mais “fresco”, não é aconselhável nem a suspensão hidráulica, porque um lowrider com suspensão hidráulica demanda manu-
tenção constante, independente do setup e deve-se ter muito cuidado ao dirigi-lo. Basicamente é isso, quanto mais você exige do seu carro em termos de performance - front/back, side to side, three wheel motion, pancake, entre outras manobras - maior a probabilidade de quebra de peças. Prezamos pela montagem de carros usuais; lowriders geralmente são difíceis de andar, muitos se preocupam com um movimento específico da suspensão, ou em aparecer mais vezes na televisão, e deixam de lado itens que fazem parte do lowrider: o capricho, cuidado, bom gosto, zelo, etc.
Cinema “Boulevard Nights” (1979) Direção: Michael PressMan
“americaN me” (1992) Direção: eDwarD JaMes olMos
“Blood iN, Blood out” (1993) Direção: Taylor hackforD
músiCa Westside coNNectioN dr. dre sNoop dogg ice cuBe eazy-e Boo-yaa triBe cypress hill Frost deliNqueNts haBits lil roB psycho realm
O que o lowrider representa pra você? Lowrider foi o que escolhi para minha vida, é minha essência diária. Tem gente que pensa que lowrider é vestir Dickies e calçar Cortez, ou então comprar um carro com bomba, sem nem saber andar nele. Pra mim, não. Na minha concepção, LR vai muito além desses detalhes! No Brasil tem muita gente que gosta de verdade, mas não respeita o valor simbólico agregado à cultura. Na gringa virou comércio, já não tem a essência cujos car clubs de tradição tentam manter viva - caso do documentário “Sunday Driver”, que conta a história do car club Majestics que, na minha opinião, é um exemplo de união, organização e amor pelo movimento. E o Car Club Pura Cultura? Muitas pessoas que se envolvem na cultura acreditam que, só por gostarem de lowrider, já é possível montar um car/bike club; juntam-se três ou quatro amigos, escolhe-se um nome, e pronto, está montado um car/bike club. Mas infelizmente as coisas não são tão simples assim. No nosso caso, antes de decidirmos montar o “PURA CULTURA”, varamos muitas madrugadas conversando sobre isso, com discordâncias de diversas pessoas e todas as opiniões foram expostas antes de “batermos o martelo”. Digo isso porque temos vários amigos no lowrider que, por um motivo ou outro, discordam de nossa opinião; e, portanto, resolveram não participar conosco. Mas, como um dos nossos ideais era esse, iniciamos o “PURA CULTURA” somente com duas pessoas: comigo e com meu parceiro Luiz Fernando Melinkovics! Para ser bem honesto, acredito que, aqui no Brasil, as pessoas estão mais preocupadas consigo mesmas! Lowrider é união, família, pessoas com as mesmas ideias e ideais, não disputa de ego.
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PREfERêNCIAS
PAULO TATTOO E PATRÍCIA MARTINS DE LIMA
SOUL TATTOO – ART E CAfé 5 de novembro de 1997. Foi nesse dia que Paulo Tattoo e Patrícia Martins de Lima se conheceram. Patrícia tinha ido fazer sua primeira tatuagem e, apesar de não ter pilotado a maquininha, foi Paulo quem orientou a escolha do desenho. Começava ali uma história que já acumula 14 anos de amor, alegrias, viagens e muitas tatuagens. Em 2011, deram um importante passo na vida profissional a dois, com a inauguração do Soul Tattoo – Art e Café, na badalada Rua Oscar Freire, endereço nobre na capital paulistana. Ofertando mais do que um estúdio de tatuagem convencional, o empreendimento combina arte, beleza, música, café e lounge, fruto das andanças (e pesquisas) do casal mundo afora, coletando ideias que os diferenciassem dos demais. Na ativa desde 1985, Paulão é um tatuador experiente e reconhecido. Além de executar todos os estilos de tatuagem, exerce trabalhos de cobertura de tatuagens antigas e cicatrizes, correção de aréola mamária, contorno de lábio, design de sobrancelha fio a fio e correção da cor. Também realiza trabalhos de pintura a óleo. Já Patrícia é formada em administração de hoteis, e hoje comanda a parte administrativa do empreendimento do casal. Além disso é barista (expert no preparo do café), conhecimento que vem colocando em prática no dia a dia do Soul Tattoo – Art e Café. Nessa seção Preferências, eles dividem um pouco da sua intimidade, mostrando seus itens colecionáveis e objetos de valor pessoal. Texto Marcelo Viegas e Fotos Atilla Chopa
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Paulo TaTToo
Espadas dE samurai “Espadas de samurai feitas no Japão, sendo uma delas presente de uma família de samurais, datada aproximadamente de 300 anos, e a outra mandei forjar especialmente para mim, sob encomenda, na ilha de Kumamoto, tradicional na fabricação de espadas samurais.” Troféus E mEdalhas “Troféu
de terceiro colocado em torneio de Kenjutsu (esgrima japonesa) e medalhas da época em que passei sete anos praticando arte da espada com uma família japonesa.”
pelos beduínos do deserto de Wadi Rum, na Jordânia, em uma das férias no Oriente Médio.” EsTáTua do dEus anúbis “Visitei, no
Egito, o templo do Deus Anúbis, o Deus egípcio da morte, onde comprei essa estátua. Anúbis era o deus que conduzia as almas para o outro mundo, é um guia para o além.”
máQuinas dE TaTToo micky bEE “Duas máquinas de tattoo Micky Bee, fabricadas com ornamentos celtas em prata. São uma lenda no mundo da tatuagem, pois são as máquinas que antecederam as de hoje, como as famosas Micky Sharpz.” crisTais “Cristais trazidos do topo
“Coleção completa (e limitadíssima) de estátuas e livros do pintor e escultor Frank Frazetta, de quem sou grande admirador. Possuo a reprodução de um de seus quadros tatuado nas minhas costas.”
do Monte Roraima, no deserto Gran Savana, na Venezuela. Considerado como uma das montanhas mais antigas do planeta, o Monte Roraima também é conhecido como ‘Mundo Perdido’, pois seu platô se mantém como na época dos dinossauros. São os cristais mais antigos da Terra.”
“Quadro a óleo feito sob encomenda no estilo renascentista pelo grande pintor Wagner Novaes. Sabendo da minha paixão por espadas, ele me retratou com um guerreiro bárbaro.”
anéis “Levei minha mulher para a Transilvânia, na Romênia, onde estivemos no verdadeiro Castelo de Drácula (Vlad Tepes) no topo dos Cárpatos, cordilheira de montanhas que corta toda a Europa Oriental. Lá escalei
colEção frank frazETTa
facas “Faca trazida de uma
viagem ao Sudão, onde estive com o povo núbio, ancestrais dos egípcios, um dos povos mais primitivos da Terra; outra faca e bainha, toda revestida de pedra preciosa ‘lápis lázuli’, trazida do Afeganistão; e faca presenteada
Quadro a ólEo
a torre mais alta e arranquei duas pontas do Castelo, e mandei fazer dois anéis de ouro branco com as pontas da torre incrustadas.” “Cubo original Hellraiser, fabricado em carvalho e bronze fundidos, utilizado em um dos filmes da série de cinema do artista, escritor, cineasta e fotógrafo Clive Barker.”
cubo hEllraisEr
Patrícia Martins de LiMa
BarBie “Bonecas, claro! E as
Barbies sempre foram minhas favoritas. Além de lindas, eram o ideal de mulher: aeromoça, médica, ciclista, surfista, princesa, professora, dona de casa, mãe, mulher... fizeram a Barbie de todos os jeitos! Hoje guardo apenas algumas, as mais antigas e as de colecionador, como a Elizabeth Taylor no filme Cleópatra, e uma edição especial da índia tatuada da Amazônia. Se pudesse teria a coleção inteira de exemplares da cultura de cada país!” Ursinho Carinhoso da sorte “Ganhei
quando tinha uns 6 anos e anda sempre comigo. É tipo um amuleto, um mascotinho mesmo, que me acompanha e as vezes empresto para pessoas que amo para que tenham boa sorte. É bem ‘andado’ esse fofinho.” Varanda do apartamento “Um respiro onde olho o horizonte
e vejo o Pico do Jaraguá bem distante, além de cuidar de algumas plantas e relaxar na rede, o que me dá sossego e a leve impressão de estar fora de SP.” Vinho “Adoro garrafas e ainda
mais o conteúdo! O prazer e estado que me proporciona essa bebida não tem nada a ver com rótulos, mas sim com a delícia de desfrutar calmamente uma taça em boas companhias. Acredito na máxima: In Vino es veritas.” miniatUras e BoneCo do elVis
“Minha veia pro Rock vem desse ícone do Rock and Roll, um romântico apaixonado e símbolo de uma geração! Amo sua voz, sua figura, seus olhos... Pessoa intensa e que continua alegrando e emocionado com suas músicas. Foi trilha sonora da marcha nupcial do nosso casamento, com “Can´t Help Falling in Love”. Foda!”
Cantinho ÉtniCo “Adoro os objetos
e souvenirs deste aparador que veio da Ásia e que abriga peças que trouxemos de países como Egito (o quadro do Papirus na parede e a réplica do sarcófago de Tutancamon), Peru (vaso indígena), Rep. Tcheca (o castelo de cristal de Praga), Turquia, Jordânia (as caixinhas de macheteria), África (a mãe Africana com seu filho pequeno)... Os representantes do Brasil são as flores de escama de peixe trazidas de Olinda e a lança garimpada na Amazônia. Tudo muito valioso para nós.” mat (tapetinho de Yoga) e meditações de osho “A Yoga me acompanha
CasaCo de pele azUl “Presente de casamento comprado na Lua de Mel! Passamos na Patagônia, Argentina, especificamente em Ushuaia e El Calafate. A visão das geleiras e os tons de azul de Perito Moreno foram tão estonteantes que o Paulo pirou, e quando viu o casaco, ele falou: ‘é pra você querer voltar’. É de pele de chinchila, hoje dá um pouco de receio de contar...” meU retrato “Feito em 1999, acho
que capta bem minha essência na expressão dos olhos e no jeito de mexer no cabelo. Tinha 20 anos e foi feito pelo Paulo. Ainda vou querer um ‘posado’, à moda antiga (risos).”
há uns 4 anos e pra mim faz muito bem. Estou há um tempo parada na atividade física, mas como dizem minhas queridas amigas e professoras, ‘a Yoga deve ser praticada fora da sala, no dia a dia das pequenas atitudes e pensamentos’”.
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photo grafo bia Fotos por Luiz Costa
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Redação Marcelo Viegas e Douglas Prieto Fotografia Atilla Chopa, Alexandre Vianna, Eduardo Braz, Homero Nogueira e Renato Custodio Diretor de Publicidade e Marketing Vinicius Albuquerque vinicius@editorazy.com.br
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