Eurobike magazine #27

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R$ 20,00 #27 03 | 04 | 05 2014

RAZÃO | EMOÇÃO | PRAZER | DEVANEIO

Eurobike magazine

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ISSN 2179 - 2046


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Eurobike magazine



COLABORADORES

Eurobike magazine é uma publicação do Grupo Eurobike de concessionárias Audi, BMW, Jaguar, Land Rover, MINI, Porsche, Triumph e Volvo. Av. Wladimir Meirelles Ferreira, 1600, CEP 14021-630 - Ribeirão Preto - SP 1

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Tel.: (16) 3965-7000 www.eurobikemagazine.com.br contato@eurobikemagazine.com.br

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Ouvidoria www.eurobike.com.br/ouvidoria (11) 3474 7930

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Editorial: Eduardo R. da C. Rocha, Heloisa C. M. Vasconcellos Direção de arte: Eduardo R. da C. Rocha Assistência de arte e finalização: Rafael Cury Caprecci Coordenação e produção gráfica: Heloisa C. M. Vasconcellos Administração: Nelson Martins

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1 Ana Augusta Rocha, 2 André Hawle, 3 Betto D’Elboux, 4 Carol Da Riva,

Publicidade: custom media - eduardo@cmedia.com.br Preparação e revisão: Denis Araki Produção: custom media

5 Eduardo Petta, 6 Gal Oppido,

Tiragem desta edição: 12.000 exemplares

9 Lalo de Almeida, 10 Percy Faro

Distribuição: Eurobike

7 Gustavo Nunes, 8 Kriz Knack,

Impressão: Pancrom

11 Simone Fonseca

Proibida a reprodução, total ou parcial, de textos e fotografias sem autorização da Eurobike. As matérias assinadas não expressam, necessariamente, a opinião da revista.

Eurobike na internet

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Auditado pela BDO


EDITORIAL Caro leitor,

Gostaríamos de compartilhar que, pela terceira vez consecutiva, a Eurobike fechou o ano como líder na venda de veículos premium no Brasil. Isso nos faz bastante otimistas em relação a este ano, e ainda mais estimulados a seguir com a política de ampliar cada vez mais a gama de serviços prestados. Por exemplo, começamos a operar também no segmento de blindagem, por meio da Eurobike Security Plus, e implementamos, na BMW Motos, de São Paulo, o serviço de moto reserva durante a revisão periódica indicada pela montadora. Consulte-nos! Com satisfação informamos também que estamos dando início às aulas para jovens da segunda turma do Projeto Pescar, em Ribeirão Preto, SP, e da quarta turma em São Paulo. Uma iniciativa que tem mostrado excelentes resultados. Com relação aos lançamentos, como sempre, várias opções. O Audi A3 Sedan, que retratamos nas páginas centrais desta edição, não poderia estar mais elegante. O novo BMW série 4, um show. Nesta edição, apresentamos o brilhante trabalho de Henrique Prata em prol da saúde no Brasil, à frente do Hospital do Câncer de Barretos. Quando empreendedorismo, competência e espírito de colaboração andam juntos, tudo pode dar certo. Tivemos o prazer de vivenciar um pouco do trabalho de Burle Marx na Fazenda Vargem Grande, em Areias, SP. Estar em um imenso jardim projetado “para que ouvíssemos o som das cachoeiras da serra da Bocaina” é uma experiência indescritível. Querendo ir um pouco mais longe, para a Amazônia, recomendamos o rio Cristalino, de onde se pode avistar, do alto de uma torre de 50 metros de altura, no Cristalino Lodge, a floresta mais bonita do mundo. Boa leitura,

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Henry Visconde Presidente magazine@eurobike.com.br

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Um grande abraço,


CONTEÚDO

# 27 03 | 04 | 05 2014 6 | razão 8|H enrique Prata — Sem limites para fazer o bem 16 | Sob nova direção

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22 | emoção 24 | Audi A3 Sedan 38 | Q uando São Pedro conspira em favor da emoção 46 | Mini 40


52 | prazer 54 | Um jardim de som, luz e hist贸ria

74 | Na natureza selvagem

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72 | devaneio

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68 | Achados e imperd铆veis


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RAZテグ


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Extrapolar, fazer mais e melhor


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HENRIQUE PRATA

SEM LIMITES PARA FAZER O BEM Em última análise, precisamos amar para não adoecer. Sigmund Freud Por Ana Augusta Rocha | Fotos Gustavo Nunes

Todos conhecemos a expressão “ficar sem palavras”. Exprime bem quando nos percebemos num estado entre o espanto, a emoção e o encantamento, e nos foge a capacidade de qualificar. A gente dá uma risadinha tímida, mas geralmente os olhos não escondem o que se passa dentro: transbordam.

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O câncer, infelizmente, conhecemos de longa data. É uma doença devastadora, um nome que a gente evita falar, um mal que acomete quase 600 mil brasileiros a cada ano, segundo fontes do Ministério da Saúde de 2013. Henrique Prata, no entanto, e o trabalho humanitário que leva adiante, precisam ser mais conhecidos. Cada vez mais conhecidos, até porque trazem a quem conhece a sua trajetória um orgulho de ser brasileiro, o que, convenhamos, não tem sido muito comum nestes tempos.

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Mas, infelizmente, não posso usar desse recurso agora com vocês, leitores da Eurobike Magazine. Calar, nem pensar. Preciso escrever esta matéria. E apresentá-los à Henrique Prata e ao Hospital de Câncer de Barretos, e tentar, em poucas palavras, contar essa emocionante história.


RAZÃO

Breve retrato de Henrique quando jovem: neto de um mítico fazendeiro de Barretos, deixou os estudos com 15 anos para mergulhar no mundo das fazendas do avô, dos negócios, da lida com o gado e assim fez seu patrimônio muito cedo. Filho de médicos devotados à profissão, doutora Scylla e doutor Paulo Prata, tinha franca antipatia pelo Hospital São Judas Tadeu, administrado pelo pai. O hospital, cronicamente deficitário, consumia o patrimônio da família há décadas. Quando tinha 37 anos, Henrique, sob o impacto de um enfarte do pai, foi procurado pela direção do hospital, que pedia sua interferência: a situação financeira estava muito ruim e precisava de um bom administrador para reverter a situação. Henrique, desgastado com tudo aquilo, disse num desabafo que melhor seria fechá-lo e botar fogo naquele sorvedouro sem fim de dinheiro. O Hospital São Judas Tadeu, imerso nas diretrizes do doutor Paulo, de uma medicina inclusiva e igualitária, voltado para quem não tinha recursos, só atendia pelo SUS e não poupava esforços, nem remédios importados, nem tratamento (e nem carinho) para cada doente de câncer. Sem abrir mão da qualidade. Daí as contas no vermelho, sempre. Henrique aceitou assumir o hospital e acordou com o pai que quando a situação estivesse saneada, eles o fechariam. Dolorido, mas necessário. Começou aí a segunda etapa da vida de Henrique, agora ao lado de um segundo homem-mito, o doutor Paulo Prata, a personificação do juramento de Hipócrates, o médico salvador de vidas, por essência.

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Oito meses depois dessa decisão, Henrique já tinha obtido sucesso: o hospital estava no azul e ele estava contente em ter cumprido sua missão de empresário dinâmico e saneador. Na noite em que comunicaria o encerramento das atividades para os médicos, Henrique chegou mais cedo ao hospital. Lá estava o doutor José Elias, amigo de seu pai, para a reunião, trazendo consigo um livro de capa preta. “Você pode falar comigo um minuto antes?”. O médico o levou até a pequena sala de curativos, abriu o cadernão e lá dentro Henrique viu um prospecto de um foco de luz cirúrgico com um carimbo sobre a sua imagem: 5.500 dólares. “Veja só, sua habilidade foi tão grande, organizando as finanças que penso ser fácil comprar esse foco e substituir a luz dessa sala”, continuou o doutor. Henrique tentou falar, foi impossível. “Acontece que se a gente trocar a luz que você vê agora, e transformar essa sala de curativos em uma pequena sala de cirurgias, conseguiremos salvar muito mais vidas por mês.” Henrique respirou fundo, buscando a palavra certa. Mais uma vez, o doutor continuou. “Pense, eu tenho um paciente com câncer no pulmão que, pela fila das cirurgias, eu só consigo operar em sessenta dias. Pelo tipo de câncer que ele tem, se eu o operar em vinte dias dou a ele mais anos de vida. Se não tiver a salinha como precisamos, consigo somente operá-lo

em sessenta dias. É uma sentença de morte bem mais rápida, entende?” Henrique entendia, mas... “Então veja, se conseguir esse foco de luz, você, Henrique, vai salvar mais vidas que um médico, entende?” O fazendeiro, empresário, saneador, cheio de argumentos sempre, emudeceu. Naquele dia, naquela hora, entrou a luz que faltava. Henrique compreendeu que pessoas comuns, como ele, podiam salvar vidas, muitas vidas. Fez a reunião com os médicos, mostrou os números no azul. Voltou para casa, não falou mais nada com ninguém. Ou melhor, falou com Deus, mais precisamente sonhou com sua obra — um hospital gigantesco, horizontal, acolhedor, moderno, para os sem recursos, para Barretos, para o Brasil. Acordou com o sol nascendo, para lá de perturbado. Não eram nem oito horas da manhã e já estava na casa do pai. “Pai, quero ver aquela planta do hospital que você mandou desenhar, pois eu sonhei com ela, sonhei que vou construir aquilo tudo.” O pai pensou que o filho estava louco, haviam combinado o fechamento do hospital e agora ele ali, naquela insistência irritante e perturbadora. A resposta foi um não, ou um meio não. Henrique queria ver se a planta no papel era igual à de seus sonho. “Só mostro a planta se você me provar que pode construí-lo.” Henrique deixou a casa do pai quase sem respirar. Precisava pensar rápido! Do outro lado da rua viu seu primo, importante e sério fazendeiro da região, teve outra inspiração. “Maurício, se eu desse o nome de seu pai a um pavilhão novo do Hospital, você me ajudaria com dinheiro para construí-lo? Você acha que outros fazendeiros de Barretos contribuiriam dentro dessa lógica das homenagens?” Maurício Jacinto achou graça naquele ímpeto: “A construção do pavilhão vai tirar os doentes da rua?”. (Naquela época, por falta de espaço, muitos doentes recebiam a quimioterapia em cadeiras nas calçadas externas ao hospital.) Henrique assentiu. ”Então, não somente dou o dinheiro, como ajudo a arrecadar e também a construir, pois eu adoro uma obra.” Mais tarde, junto com Maurício e seu pai, pôde ver a planta sobre a qual nunca havia posto os olhos: era a mesma do seu sonho. A ”coincidência” calou fundo dentro dele. De uma luz e de um sonho iluminado, foi se compondo, ano a ano, o que vemos hoje, esse bairro-hospital de Barretos, imponente, moderno, uma referência na América Latina: • O Hospital de Câncer de Barretos é referência nacional em atendimento humanizado, com infraestrutura e tecnologias de ponta. • Fechou 2013 com mais de 600 mil atendimentos no ano, mais de 100 mil pacientes vindos de 1.585 municípios e também de países vizinhos. • Com trezentos médicos em regime de total dedicação e quase 4 mil funcionários.


E não esqueçamos a última luz que Henrique teve: prevenção sobre rodas, com oito unidades móveis (carretas especialmente construídas para realizar exames e atendimentos) que percorrem vários estados do país. Para continuação do projeto, passou a fábricar essas carretas, em consórcio com a empresa holandesa Lamboo, visto que a prevenção multiplicada é o grande alvo de Henrique e sua equipe, agora. Quanto mais cedo o diagnóstico, mais chances. Muito mais chances.

Do imenso plantador de laranja que apoia com grandes somas, ao pequeno peão de boiadeiro que ajuda a organizar os leilões de arrecadação; de empresas imensas até as lojinhas onde estão os cofrinhos de doação para o hospital; a todos ele é grato pelas contribuições e por apoiarem seu ideal, herança paterna, de atender quem não pode pagar pelo tratamento nos melhores padrões mundiais. Dos quase vinte milhões de custo mensal do hospital, Henrique e sua equipe sabem que haverá um déficit de

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Ao lado de Henrique, hoje há uma legião de fiéis colaboradores, gente que trabalha com ele há mais de vinte anos. Na viabilização financeira do hospital existem outras luzes, a dos holofotes dos artistas que ele conquistou para a causa de Barretos. Os cantores sertanejos mais conhecidos, como Chitãozinho & Xororó e Zezé di Camargo & Luciano, foram os primeiros a participar, doando cachês e bilheterias inteiras de shows que faziam na Festa do Peão de Boiadeiro, a mais famosa da cidade. Muitos cantores entram nessa lista: de Ivete Sangalo à Caetano Veloso e Sérgio Reis.

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• Seu corpo hospitalar conta com o Hospital São Judas Tadeu, o Hospital de Câncer Infantojuvenil, o Instituto de Ensino e Pesquisa, o Instituto de Treinamento em Técnicas de Cirurgia Minimamente Invasivas e Cirurgia Robótica (IRCAD), o Instituto de Prevenção. Ao todo mais de 120 mil metros quadrados de área construída. • Apoia outros municípios, incluindo nessa lista o Hospital de Câncer de Jales (SP), o Hospital de Câncer de Porto Velho (RO) e outras três unidades fixas de Prevenção nas cidades de Juazeiro (BA), Campo Grande (MS) e Fernandópolis (SP).


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cinco milhões de reais a cada mês. E que esse buraco será saneado com as doações vindas de todo o Brasil. Henrique forma com seus colaboradores e apoiadores um verdadeiro exército na luta contra o câncer no Brasil. Uma das últimas de Henrique Prata é ter feito o governo ver que se o esporte tinha lei de incentivo e a cultura idem, estava na hora de se criar um incentivo a projetos de saúde. Por esta sua visão e de seu time, o governo brasileiro entendeu a necessidade e chancelou no final de 2012 a Lei 12.715/2012, que criou o PRONON, um programa federal “com a finalidade de captar e canalizar recursos para a prevenção e o combate ao câncer (...) mediante incentivo fiscal”. Instituições de pesquisa e atendimento, como o Hospital de Barretos, podem inscrever projetos e captar verba. Para se ter uma ideia, em 2013 o Hospital de Barretos captou quase 40 milhões de reais, o que garantiu o pagamento da folha em 2014 e a compra de um robô para cirurgias de próstata, o primeiro disponível para o SUS no Brasil. A história desse fazendeiro que abraçou a medicina é muito longa, cheia de emoção e está bem contada no livro Acima de tudo

o amor, de sua autoria, que escreveu ao fazer o Caminho de Santiago de Compostela. Páginas que fazem acreditar em milagres. Henrique é um homem religioso, sem pejo de parecer carola ou maluco, e sem limites internos, o que o faz sonhar e realizar continuadamente, contagiando pessoas ao seu redor. Ele explica esse talento e essa capacidade mais ao céu do que à terra: “Este é um projeto de Deus e não um projeto de pessoas. E não existe um tempo, nem limites para os sonhos de Deus”. Ainda bem que Deus encontrou em Barretos, para realizar seu sonho, um homem de boa vontade. Serviços: O PRONON permite a doação de valores de até 1% do imposto devido para pessoa física e para pessoa jurídica, com posterior abatimento de Imposto de Renda a pagar. Para maiores informações: escritoriosp@hcancerbarretos.com.br


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Sob nova

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Desde setembro do ano passado, o alemão Jörg Hofmann é o presidente da Audi do Brasil. Eurobike Magazine esperou ele chegar, arrumar a mesa e fez uma entrevista exclusiva com o novo executivo da marca das quatro argolas

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direção Por Betto D’Elboux


Com 47 anos recém-completados, casado e pai de quatro filhos, Hofmann é formado em administração de empresas na Alemanha, com mestrado em negócios e gestão de marketing pela Universidade Estadual do Arizona, nos Estados Unidos. O executivo tem dezessete anos de experiência na indústria automobilística — sendo quatorze deles dedicados à Audi. Dentro da empresa, Hofmann ocupou cargos importantes em todo o mundo. Entre 2000 e 2002, foi gerente geral da Audi Japão. Sob seu comando, as vendas no mercado japonês aumentaram 70%. Como diretor de vendas e marketing para a Ásia-Pacífico, em 2003 e 2004, Hofmann foi o responsável pela estratégia de crescimento de doze mercados, bem como pela entrada da marca na Índia e pelo relançamento dela na Coreia do Sul. De 2004 a 2010, o alemão atuou como diretor executivo da Audi Austrália. Durante sua gestão, as operações australianas registraram seis anos de forte crescimento de dois dígitos e a Audi se tornou a marca automotiva que mais cresceu no país. Desde o seu regresso à Alemanha, há três anos, o executivo ocupou o cargo de diretor executivo de operações de varejo na Audi AG, supervisionando com sucesso a rede própria de concessionários no país e aumentando a satisfação dos clientes.

Eurobike Magazine – A abertura da fábrica de São José dos Pinhais (PR) deverá resultar em uma série de benefícios para a marca e, provavelmente, em um valor menor de mercado para os Audi, certo? Jörg Hofmann – Na planta de São José dos Pinhais, na qual a Audi está investindo R$ 500 milhões, os modelos que serão produzidos são o A3 Sedan, a partir do segundo semestre de 2015, e o Q3, a partir do primeiro semestre de 2016. Os clientes devem esperar modelos Audi montados no Brasil com o mesmo padrão de qualidade dos nossos importados a preços competitivos no segmento premium. Eurobike Magazine – Hoje, com mais vontade, a indústria busca lançamentos cada vez mais verdes, com variadas soluções tecnológicas ecologicamente responsáveis. Os modelos fabricados no Brasil terão essas características? Jörg Hofmann – Em todo o mundo, a Audi investe em tecnologias sustentáveis para seus modelos. A companhia pesquisa e constantemente desenvolve os motores garantindo uma redução relevante de queima de combustíveis e emissão de CO2 na atmosfera. Um exemplo é o KERS – Sistema de Recuperação de Energia Cinética, tecnologia que recupera a energia (calor) dissipada durante a frenagem, transformando-a em energia cinética para mover a roda, chamado de “roda livre”, e garante a redução do uso de combustível pelo veículo.

Agora, a meta dele é elevar o Brasil a um dos principais mercados internacionais da marca. Seja bem-vindo, presidente!

Eurobike Magazine – No ano passado, o mercado automotivo cresceu 6% como um todo, o segmento premium caiu 35% e seguiu abaixo de 1% do total. Estes números foram revertidos? Quais as expectativas para os próximos cinco anos? Jörg Hofmann – O mercado de carros premium é um dos que mais cresce no Brasil. A Audi acredita que, até 2020, esse segmento deverá triplicar aqui. Em janeiro deste ano, a Audi atingiu o recorde histórico de vendas, com 1.109 carros vendidos, o que representa um aumento de 133% em relação às vendas de janeiro de 2013. Um dos principais modelos que impulsionou o crescimento foi o A3 Sedan, que também será produzido no Brasil. Além disso, a produção nacional só reforça que a companhia planeja investir cada vez mais no país e ampliar presença em território nacional.

Eurobike Magazine – Qual o impacto que o aumento do IPI causou para o mercado de carros premium? Sem esse aumento, pode-se garantir que o mercado seria outro, mesmo considerando que o mesmo não seja tão significativo para o público deste segmento? Jörg Hofmann – A alteração do IPI impactou todas as montadoras, o que representa um acréscimo de valor em todas as con-

Eurobike Magazine – Quando se fala em mercado premium, a maioria dos principais players são alemães. Não dá para dizer que é coincidência... A Audi enxerga os alemães os seus principais concorrentes, ou os italianos e norte-americanos também são considerados? Jörg Hofmann – Devido ao perfil do consumidor, movimentos de mercado e modelos de carros, a BMW e a Mercedes-Benz são

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“Estou entusiasmado para escrever o próximo capítulo da história de sucesso da Audi no Brasil, com uma equipe forte e uma rede dedicada de concessionários”, disse o executivo na época, ao assumir o cargo, substituindo Leandro Radomile, que conduziu a organização de forma interina no período de 2012 e 2013, e que continuará na companhia como diretor de operações, para alavancar o plano de crescimento da Audi. Hofmann chega em um momento muito especial para a marca no país: justamente quando ela estuda abrir uma fábrica aqui.

correntes da marca também. Isso é algo inerente ao processo de vendas e externo às decisões da Audi.

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Foi em uma terça-feira aparentemente comum de setembro de 2013 que chegou o comunicado da Audi. Sem sinal de fumaça branca, ou pronunciamentos clássicos em latim, a fabricante alemã apresentou ao país o seu novo presidente e CEO, o alemão Jörg Hofmann. Com mais de quatorze anos de experiência na Audi em mercados estratégicos como a Austrália, Alemanha e Japão, passou a ser o responsável por todas as operações da marca no Brasil.


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RAZÃO considerados os principais concorrentes da marca. No entanto, entendemos que o mercado de carros é mais complexo e a Audi respeita e considera as outras marcas como potenciais competidores por clientes também.

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Eurobike Magazine – A Audi tem ótima presença como patrocinadora, tanto cultural (o filme Homem de Ferro, por exemplo) quanto esportiva. Que outras ações, atividades e/ou eventos a marca pretende apoiar? Jörg Hofmann – No mundo todo, a Audi investe em diversos esportes. Em fevereiro de 2014, no Brasil, oficializamos um patrocínio com as equipes de vela do Yatch Clube Santo Amaro (YCSA), que prevê a criação do Audi YCSA Sailing Team, que contará com 56 jovens atletas em quatro categorias pré-olímpicas: Laser, Optimist, 29er e 420. A Audi também entende a tecnologia como fator fundamental para o sucesso em competições de vela. Além da preparação física, psicológica e estratégica dos atletas, uma das grandes preocupações dos velejadores olímpicos é a gestão do peso de suas embarcações, que precisa ser reduzido ao mínimo possível — exatamente o que ocorre atualmente na área do automóvel, na qual a Audi se destaca pela aplicação da filosofia de construção com baixo peso. Eurobike Magazine – FIA WEC, Le Mans Series, DTM: que impacto a participação da Audi nesses campeonatos internacionais de automobilismo causa nas vendas no Brasil? Jörg Hofmann – A associação da Audi com eventos esportivos ressalta o DNA de esportividade dos carros da marca, o que os tornam ainda mais atraente para os clientes. A companhia investe em esportes que requerem constante investimento em novas tecnologias, como é o caso das competições citadas. Algumas das inovações que os engenheiros da Audi criam para esses esportes

são depois utilizadas nos modelos que vão para os consumidores finais. A Audi é bicampeã do FIA WEC, nas temporadas 2012 e 2013, e para 2014, por exemplo, correremos com o protótipo do Audi R-18 e-tron Quattro. Este carro estreou em competições em 2011 e é o atual bicampeão das 24 Horas de Le Mans, em 2012 e 2013. Ele é o mais complexo modelo de carro de corrida que a Audi já utilizou na competição, e consome 30% menos combustível. Eurobike Magazine – A Audi pretende seguir apoiando Lucas Di Grassi no automobilismo internacional? Jörg Hofmann – Audi confirmou o patrocínio ao Lucas Di Grassi, no R 18 #1, para a temporada 2014 do WEC (Mundial de Endurance). Di Grassi ocupará o lugar do piloto Allan McNish, que anunciou a aposentadoria das pistas no fim do ano passado. O piloto irá dividir o carro alemão com o francês Loïc Duval e o dinamarquês Tom Kristensen. Acreditamos que ele seja um excelente piloto e com boas chances de conquistar mais um título. Eurobike Magazine – Baseado em toda a sua experiência de mercado, quais são as suas expectativas para a Audi no Brasil nos próximos anos? Jörg Hofmann – Temos planos ambiciosos para o país e planejamos cada vez mais nos tornar parceiros do Brasil. Em 2014, a Audi pretende vender um total de 10 mil veículos, contabilizando todos os modelos, com a participação relevante do A3 Sedan, que deve representar uma parcela expressiva das vendas ao longo dos próximos anos. Em três anos, queremos duplicar nossa rede de concessionários. Até 2020, a fábrica deverá atingir sua produção total, de 26 mil unidades. Este ano, no Brasil, a Audi deve vender 30 mil carros.


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RAZÃO

Security Plus: Eurobike

agora também é blindadora Por Percy Faro

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A Eurobike tem no atendimento ao consumidor sua verdadeira vocação. Ao longo de uma história de 12 anos de empreendedorismo no segmento de veículos premium de luxo, a blindagem hoje disponibilizada ao cliente Eurobike é mais um exemplo nesse sentido. Aldo Biasetton Neto, sócio-diretor da empresa, conta como o processo foi viabilizado: “Nos últimos anos tivemos parcerias com várias blindadoras, o que nos permitiu analisar fatores positivos e negativos quanto ao aspecto de segurança, qualidade e pós-vendas para chegarmos à nossa blindadora, com a marca Eurobike. A meta final sempre foi e será oferecer aos clientes um serviço com prazos de execução curtos e, acima de tudo, com segurança e qualidade”. Um diferencial do serviço está exatamente na garantia. Na condição de concessionária, a empresa mantém a mesma garantia dada pelo fabricante do veículo e vai mais além. O prazo de garantia dos serviços de blindagem é de três anos, o que se traduz em benefício e maior tranquilidade para os clientes.

Outro diferencial é a garantia de cinco anos contra delaminação dos vidros — hoje o mercado oferece somente três anos. “O leque de opções do cliente Eurobike é amplo: pode adquirir um carro blindado a pronta entrega; encomendar um de seu gosto e blindar em seguida; ou ainda trazer um seminovo das marcas que representamos para blindar”, explica Aldo. Os serviços da Eurobike têm também como ponto forte garantir o funcionamento dos sensores de chuva, antenas e outros itens de conforto e segurança que normalmente deixam de funcionar após a blindagem. O fato do pós-vendas ser feito nas concessionárias da marca é outra tranquilidade para o consumidor, uma vez que a empresa onde adquiriu o carro será a mesma que garantirá a blindagem. “A blindagem Eurobike Security Plus é mais um serviço cuja filosofia de trabalho está baseada nos principais pilares que são os valores da nossa empresa: ética, responsabilidade, confiança, transparência e criatividade”, finaliza Aldo.


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O que faz brilhar os olhos


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AUDI A3 SEDAN

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POR GAL OPPIDO


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Exclusividade Por Percy Faro O A3 Sedan, principal lançamento da Audi deste ano, já chegou ao Brasil. E com ele a mundialmente respeitada marca identificada pelas quatro argolas entrelaçadas reafirma que sua história é, e continuará a ser, sempre baseada na proverbial filosofia “Na vanguarda da técnica”. A exemplo do primeiro veículo fabricado pela Audi, o Tip A, para quatro pessoas e com motor 2,6 litros de quatro cilindros, desenhado pelo próprio fundador da empresa, August Horch, no início do século 19, o A3 Sedan também se destaca por uma série de características técnicas exclusivas. Ele é o primeiro sedan compacto premium do mundo, chamando a atenção e surpreendendo pelo design inovador, motor forte e eficiente, excelência na tecnologia de baixo peso e sistemas de assistência ao motorista. O Audi A3 Sedan é equipado com o motor 1.8 TFSI, com potência de 180 cv e 250 Nm de torque máximo. O câmbio S tronic de sete marchas e dupla embreagem garante ao usuário o conforto de uma transmissão automática clássica com o dinamismo e a eficiência de uma transmissão manual.

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Para chegar à condição de pioneiro mundial na categoria em que atua, o A3 Sedan enfrentou muitos desafios. Um deles era justamente ser um sedan sem, no entanto, perder o DNA esportivo, característica técnica essencial que permitiu à Audi escrever em sua história de mais de um século um capítulo à parte sobre performance em cima de quatro rodas. A resposta dos engenheiros foi extremamente positiva neste sentido. A aceleração de 0 a 100 km/h é feita em 7,3 segundos e a velocidade máxima é de 235 km/h. O consumo combinado (cidade e estrada) é de 17,8 km/l e a emissão de CO2, 129 g/km. Se de um lado a esportividade está garantida,, de outro os avançados recursos de tecnologia de última geração incorporados no modelo se encarregam de ampliar a segurança e o conforto do A3 Sedan. O sistema Audi Drive Select que regula o pedal do acelerador, a assistência da direção, a rigidez da suspensão e o câmbio S tronic, oferece ao motorista a opção de variar entre os modos de direção Comfort, Auto, Dynamic, Efficiency e Individual ao simples toque de um botão. É possível ainda fazer a troca de

marchas da transmissão S tronic por meio da alavanca de seleção ou nos shift paddles (aletas localizadas atrás do volante). A exclusividade do Audi A3 é claramente revelada também no design da carroceria, com 4.456 milímetros de comprimento. Combina o estilo clássico de um sedan com o dinamismo de um coupé. O interior espaçoso desse Audi quatro portas traz refinamento e funcionalidade. O compartimento de bagagem de 425 litros, por exemplo, pode ser ampliado, rebatendo os encostos dos bancos traseiros, atingindo 880 litros. O design exterior do Audi A3 Sedan não tem nenhum painel metálico em comum com os modelos irmãos A3 e A3 Sportback. Inclusive, a parte inferior do capô foi redesenhada e seu contorno proeminente complementa as linhas fluidas dos faróis. A receita do mais novo integrante do portfólio da marca alemã reúne linhas elegantes e limpas. O interior espelha o estilo externo. Exemplo disso é a curva longa e contínua que acompanha o para-brisa de porta a porta, e confere sensação de amplitude ao carro. Efeito idêntico tem o esguio painel de instrumentos. Entretanto, as soluções tecnológicas que garantem maior conforto para motorista e passageiros não param por aí. O banco do motorista possui ajuste elétrico e o espelho retrovisor interno é antiofuscante automático. Paralelamente, um versátil equipamento de entretenimento traz uma tela também de última geração, de 7 polegadas, que emerge automaticamente do painel de instrumentos. Além disso, o modelo tem como opcional o Multimedia Interface - MMI-Touch: um sistema de navegação completo com DVD, capacidade de 40 GB para armazenamento de músicas e um touch pad no qual o usuário pode “escrever”, por meio do toque, tornando a inserção de dados mais segura. E mais: o sistema de direção assistida sensível possui acionamento eletromecânico de alta eficiência, que torna as manobras mais fáceis e proporciona um controle mais dinâmico do veículo, mesmo em estradas rápidas e sinuosas, também está presente no Audi A3 Sedan para reforçar ainda mais a filosofia “Na vanguarda da técnica”.


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Quando São Pedro conspira em favor da emoção Por Eduardo Rocha | Fotos Kriz Knack

Ao sair de São Paulo, o céu já anunciava: o tempo vai virar. Só havia ido a Gonçalves, muito rapidamente, quando fomos ao Adventure Trip de Monte Verde. Entrei pela rua principal para ter uma vista do alto, mas não explorei a cidade, como deveria ter feito. Agora, meses depois, corrigi esse erro. E valeu a pena. Depois de sair da Fernão Dias em Cambuí, atravessamos a cidade e fomos montanha acima. Primeiro asfalto e depois uma serrinha de terra (boa), com muitas curvas e uma vista de tirar o fôlego.

Aos poucos, todos foram chegando e se reunindo no restaurante da pousada, o Nó de Pinho, aconchegante e com

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Saímos de lá e fomos direto à Pousada Solar D’Araucária encontrar o grupo. Grupo esse que foi menor do que outros Adventure Trip, mas que no final das contas aproximou a todos e permitiu que aprendêssemos muito com a orientação da equipe do Land Rover Experience, encarregada de nos conduzir com segurança pelos caminhos muito bem escolhidos e lisos como sabão.

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Chegamos em Gonçalves, abastecemos e fomos direto ao Café com Verso comer uma torta e tomar um suco. O café-livraria é muito charmoso e o cardápio muito bem cuidado. Além disso, tem muitos livros legais para folhear ou comprar.


EMOÇÃO comida excelente. Jantamos, conversamos bastante e fomos dormir. Desde o final da tarde já havia uma garoazinha persistente. Estradas barrentas

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Manhã cedo, garoa fininha. Tomamos um farto café da manhã e fomos ao terraço para o briefing com o Augusto, do Land Rover Experience. Pegamos nossos rádios, “montamos” nos carros e fomos passear. O Andrei, da equipe do Land Rover Experience, veio de carona comigo, o que foi muito bom, para evitar que eu, digamos assim, fizesse alguma bobagem. Vamos explicar: Tenho Land Rover (Defender 110) desde 2009, minha esposa, Patricia, que tem desde 1997, me disse: “depois do primeiro Land

Rover, você não vai querer ter outra coisa”. E é a mais pura verdade. Viajei bastante e aprendi muitas coisas com outros donos de Land Rover. Bem, mas para resumir, nunca tive muito contato com estradas mais escorregadias, apenas terra batida, areão, costela-de-vaca, pedras e algumas poucas erosões; mas lama, aquela superficial e muito escorregadia, nunca. Como o Defender não é dotado dos recursos como Terrain Response e Hill Descent Control, tudo é na ponta dos dedos e dos pés, controlando totalmente a ansiedade. Confesso que, por mais que essa experiência tenha sido essencial para minha “bagagem” off road, senti uma “inveja-branca” dos Freelander, dos Range Rover e dos Discovery com seus controles eletrônicos. E lá fui eu, “de ladinho” morro abaixo.


Os prazeres da montanha

Vastidão de oliveiras, boa prosa, azeite de primeira qualidade no pão francês, no pé do fogão a lenha. Bom demais! Andamos por mais cerca de duas horas pelas simpáticas (e escorregadias) estradas da região de São Bento do Sapucaí até

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O azeite Coimbra da Mantiqueira, produzido em São Bento do Sapucaí, SP, é o resultado da prensagem de azeitonas das espécies arbequina, grappolo, maria-da-fé e ascolana.

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Depois de um tempo de estrada, chegamos a um dos locais mais interessantes da região (para quem gosta de gastronomia): a Coimbra da Mantiqueira, produtora de azeitonas e de azeite de oliva, de alta qualidade e baixa acidez.


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chegar, debaixo de uma persistente chuva, ao Restaurante Trincheira, na Pousada do Quilombo. O nome se deve ao fato do local ter servido de abrigo aos soldados paulistas na Revolução Constitucionalista de 1932. Aliás, é um excelente ponto de observação, com uma incrível vista da Pedra do Baú e das montanhas do sul de Minas. A comida típica da Mantiqueira recebeu toques criativos, o que a deixou ainda melhor. Na hora da sobremesa e do café, São Pedro deu uma trégua e abriu as nuvens para que pudéssemos ver o belo perfil da Pedra do Baú, assim como o vale aos nossos pés. Muito legal! Hora de relaxar Voltamos ao hotel para a nossa tradicional happy hour, enquanto a Kriz seguiu com uma parte da equipe do Land Rover Experience para ver os caminhos do dia seguinte. Foi um ótimo momento para relaxar e cada um contar a experiência que teve nesse dia de Adventure Trip chuvoso. Tivemos então alguns presentes-surpresa, como as canecas com a caricatura de cada um e mais alguns mimos legais produzidos pelo marketing e entregues aos clientes pelo CEO do Grupo Eurobike, Henning Dornbusch. Depois disso, uma boa pausa para descansar, pois todos iríamos jantar em Gonçalves. Jantar O Rosa Madeira é o que se pode chamar de um lugar criativo. Seguindo a linha de cozinha brasileira contemporânea, o chef Sergio Peres criou releituras de combinações de ingredientes brasileiros, com resultados surpreendentemente deliciosos. Escolhido a dedo pela equipe da Eurobike, é rústico e moderno ao mesmo tempo, e tão refinado que poderia estar em qualquer capital do mundo, mas está lá, em Gonçalves, no meio da Serra da Mantiqueira. Sensacional. Depois desse momento delicioso, fomos dormir, pois no dia seguinte a programação tinha mais trilhas.

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O Range Rover Sport Após o café, saímos com destino a uma trilha bacana, com travessia de rio, passando por estradas estreitas, fazendinhas e muitos cenários bonitos. A garoazinha voltou persistente e as coisas foram ficando um pouco mais complexas. Ao chegar próximo do rio e das quedas, notamos que iria ser bem difícil descer e subir todos os


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carros até o rio, com alguns riscos, inclusive. Então, o Augusto, do Land Rover Experience, decidiu montar uma estrutura de ancoragem que permitisse levar o Range Rover Sport até o rio, com segurança. Uma verdadeira operação de guerra, na nossa visão, mas uma simples operação de engenharia e trabalho de equipe, que dá gosto de ver, pela demonstração de conhecimento e técnica de off road. Pudemos então testemunhar o Range Rover Sport em ambiente aquático. Impressionante como um SUV de extremo luxo fica à vontade no meio daquela natureza toda: água, lama, pedra e vegetação, mesmo com “sapatos” para o asfalto. Coisa de genética Land Rover. Imagine como seria com pneus de uso misto? Por fim, voltamos ao Solar D’Araucária, almoçamos, nos despedimos de todos e pusemos o pé na estrada, de volta para casa. Veredito: Gonçalves é a minha cidade eleita na Mantiqueira, por tudo que oferece. Estradas, paisagens, trilhas, pousadas, restaurantes e


muito mais. E esse com certeza foi um Adventure Trip muito diferente. Com chuva, dificuldades e muito aprendizado. Tomara que São Pedro apareça em 2014 em pelo menos um evento. Até o próximo. O Eurobike Adventure Trip é uma realização da Eurobike Land Rover, com apoio operacional do Land Rover Experience. Se for a Gonçalves e São Bento do Sapucaí, não deixe de ir:

Rosa Madeira – Cozinha brasileira contemporânea Rua Coronel João Vieira, 85, Centro – Gonçalves - MG. Telefone: (35) 3654-1401

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Restaurante Trincheira Estrada do Quilombo, 1403 – São Bento do Sapucaí - SP. Telefone: (12) 3971-2688

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Café com Verso Praça Monsenhor Dutra, 246 (do lado direito da igreja, bem no subidão) — Gonçalves - MG. Telefone: (35) 3654-1241


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MINI 40:

mais do que uma série especial, o fechamento de um ciclo

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Por Eduardo Rocha | Fotos André Hawle


Ano de 1956 O mundo pós-Segunda Guerra Mundial é sacudido por uma crise do petróleo quando o coronel Gamal Abdel Nasser, presidente do Egito, decide romper com o controle europeu sobre países do Oriente Médio, nacionalizando o canal de Suez. Somado ao fechamento de um oleoduto na Síria, produziu um efeito de “jogar para as alturas” o preço do petróleo, que teria de “navegar” toda a costa da África, contornando o Cabo da Boa Esperança para chegar à Europa, com um custo bastante alto. Pela primeira vez na história, o Ocidente teria de enfrentar uma crise de energia e seu impacto na indústria automotiva. A solução estava em produzir veículos mais eficientes com motores menores. Nessa época, já havia alguns carros compactos como o Morris Minor, da British Motors Corporation; os Isetta, da Iso e BMW; os NSU Prinz; os Messerschmitt; os veículos da Goggomobil e o curiosíssimo Bond Minicar, com suas três rodas. Mas Leonard Lord, diretor-geral da BMC, achava esses modelos muito estranhos e tinha certeza de que a engenharia automotiva britânica poderia produzir algo muito mais atraente. Alec Issigonis, designer do Morris Minor, recebeu a assustadora tarefa de criar um carro com dimensões reduzidas, algo como 3 metros de comprimento, largura e altura de 1,2 metro. Detalhes: usando o maior número possível de peças já disponíveis e para ficar pronto para produção em dois anos.

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Em agosto de 1959, os veículos começavam a ser vendidos sob duas marcas da BMC: o Se7en (com o 7 no lugar do V), da Austin, e o MINI Minor, da Morris. Ambos em três versões, a Standard, a De Luxe e a Super De Luxe. A simplicidade era marcante, com soldas externas, dobradiças visíveis e janelas de correr. O preço (muito baixo) havia sido calculado errado e a lucratividade sofreu com isso.

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A referência inicial de Issigonis foi o Fiat 600, desenhado por Dante Giacosa, com motor e tração traseiros. Mas sua abordagem foi totalmente diferente, jogando o conjunto todo para a frente. Adotou a suspensão de cone de borracha, desenhada por Alex Moulton, e algo nunca visto antes: rodas e pneus de 10 polegadas, da marca Dunlop. Em poucos meses, já havia uma maquete em tamanho real feita em madeira. Em outubro de 1957, três unidades do primeiro protótipo.


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Apesar da conjuntura da época, a receptividade foi morna, pois a cultura dos minicarros ainda não estava totalmente implantanda nos britânicos, que não acreditavam que algo tão compacto pudesse transportar quatro pessoas. Entretanto, quando a rainha Elizabeth disse que gostaria de testá-lo e saiu para uma volta próximo ao Hyde Park, com Alec Issigonis de carona, a percepção do público sobre o jovial carrinho

começou a mudar, e a trajetória do modelo também. Destino: sucesso absoluto. Foram surgindo, ao longo dos anos, muitas variações dos modelos nas marcas Austin e Morris, como o Countryman ou Traveller, a Van e a Pick-up. Além disso, surgiram também outras marcas da BMC, como a Riley, com o modelo Elf, e a Wolseley, com o modelo Hornet. Esses eram mais luxuosos, com porta-malas saliente à la sedan e uma gradinha de radiador com cara de Daimler. Cooper Em 1961, a BMC, numa ação de publicidade, envia um MINI para o construtor de carros de competição John Cooper. O modelo com motor de 38 cavalos encantou John pela agilidade e manobrabilidade. Ele mais do que rapidamente preparou o motor para “singelos” 100 cavalos e levou o diretor-geral da BMC, George Harriman, para uma volta. Harriman ficou tão impressionado que autorizou a produção de mil carros, o que era necessário para a homologação para as pistas, mais especificamente para o campeonato de Turismo.

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Nesse mesmo ano, a BMC lançou o MINI Moke, um utilitário compacto muito despojado e com teto de lona, visando as Forças Armadas. Mas a pouca distância do solo inviabilizou esse uso para o modelo. Acabou virando veículo de lazer. Em 1968, a BMC se uniu à Leyland Motor, fabricante dos famosos ônibus double-decker, formando um dos maiores grupos automotivos do Reino Unido, a BLMC. Vieram então o MINI MkII, o MkIII e, em 1969, o MINI Clubman. Novas versões foram chegando a cada ano, com pequenas mudanças, muitas delas batizadas com nomes de bairros londrinos. Daqui, para a década de 1980 chegaram as gerações MkIV e MkV. A geração MkV, lançada em 1984, teve mais de vinte versões em seus sete anos de produção. Essa característica de carro mutante consolidou sua posição não só de carro prático e eficiente, mas de estilo de vida britânico e, com certeza, arrojado. A BLMC muda seu nome então para Austin Rover Group. Em 2 de outubro de 1988, sir Alexander Arnold Constantine Issigonis morre aos 81 anos. Nesse ano, o número de MINIs


Nessa tumultuada década, a Austin Rover passa pelas mãos do governo britânico e da British Aerospace, que finalmente a vende ao BMW Group. Ano de 1999 Nesse ano, o MINI celebrava 40 anos de existência e lançou uma série especial chamada MINI 40. Sua importância histórica reside no fato de que ele foi o último modelo nessa versão de carroceria a ser fabricado.

Externamente, parachoques, grade e maçanetas cromadas, além do charmoso teto solar elétrico de lona, fabricado pela Webasto. Emblemas e adesivos personalizados da série especial estão no capô dianteiro (emblema dourado “MINI 40”), na lateral traseira (decalque branco) e na tampa do porta-malas (emblema GB cromado). Arcos de roda mais largos e rodas aro 13 de liga leve, junto com o par de faróis auxiliares, dão um toque mais esportivo. Tudo parece simples, mas o conjunto é muito estiloso. Seu interior é todo em couro preto com arremates em branco. O painel combina couro com aço escovado num padrão que lembra escamas. Os instrumentos, num tom de bege, tem gráficos retrô, bem “década de 1970”, e são todos contornados por aros cromados. O volante à la “década de 1990”, com airbag, destoa um pouco do conjunto. Eu, particularmente para esse carro,

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Na década de 1990, chega o MINI MkVI, com uma série de adequações técnicas para atender às novas normas de segurança e emissão de poluentes, mas o design continuava intocado. Em 1991 houve uma série limitada (conversível) de apenas 75 unidades, o Cabrio. Além dela, o British Open Classic, com um teto solar soft de acionamento elétrico. O MINI Cabriolet se tornaria, então, produto de linha.

O MINI 40, de abril de 1999, tinha apenas quatro opções de cor, o Island Blue, o Mulberry Red, o Old English White e o Tahiti Blue Metallic (como o carro fotografado), e era baseado no MINI Cooper. Vinha com um motor de 4 cilindros em linha e 8 válvulas com injeção eletrônica multi-ponto.

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fabricados ultrapassava a marca de 5 milhões em trinta anos de produção.


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preferiria um volante da marca inglesa Moto-Lita, em aço e couro preto, como nos esportivos da década de 1970. A manopla da alavanca de câmbio combina alumínio torneado e madeira. Muito bonito. Os vidros têm acionamento manual e o acabamento das portas é simples, mas todo o conjunto interno harmoniza bem com o design retrô da carroceria, menos o volante. Em 1999, o MINI Classic, que ultrapassara em muito a marca de 5 milhões de unidades vendidas, foi eleito por um grupo de 130 jornalistas automotivos internacionais como o carro europeu do século. Só para ter uma ideia, o único carro a superar essa marca em número de votos foi o Ford modelo T. A segunda geração de design do MINI, que foi lançada no ano 2000, termina agora em 2014 a sua participação no mundo automotivo, e a terceira, que já foi apresentada ao mundo em janeiro de 2014, já está chegando ao mercado. Maior, mais moderna e eficiente, e igualmente bonita. Que venha logo!

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Ficha técnica Rover MINI 40 Mk. VII Modelo

MINI (ADO20)

Submodelo:

Cooper Mk VII

Classe

Microcarro

Carroceria

Fastback

Portas

2

Comprimento

3,054 m

Largura

1,53 m

Altura

1,34m

Entre-eixos

2,035 m

Tração

Dianteira

Peso

696 kg

Motor

BMC Austin A-Plus ,Aspirado

Combustivel

Gasolina

Alimentação

Injeção direta

Comando

No cabeçote, 8 válvulas

Cilindros

4 em linha

Capacidade cúbica

1275 cc

Potência

62 hp a 5500 rpm

Torque

95 Nm a 3000 rpm

Câmbio

Manual de 4 marchas

Aceleração (0 a 100 km/h)

13 s

Velocidade máxima

148 km/h


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PRAZER


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Harmonia de formas, cores e sensaçþes


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Um jardim

de som, luz e história A obra de Burle Marx em antiga fazenda de café do Vale do Paraíba é como uma sinfonia de exuberância e beleza para todos os sentidos

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Por Simone Fonseca | Fotos Lalo de Almeida


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A princípio a vontade é de saber o nome de todas as plantas. Uma por uma. Agave-polvo. Vitória-Régia. Ninfeia. Patinhade-judia. Orquídea-rabo-de-tatu. Mussaenda. Canela-da-Ema. Bombax malabaricum. Licuala-de-sol. Acácia. Ludwigia. Florde-lotus. Lambari (mesmo nome do peixe). Jasmin-manga. Alamanda. Jade. Helicônia. Bromélia. Sol-da-Bolívia. Pata-de-elefante. Depois de um dia, se descobre que essa tarefa é quase impossível sem a ajuda de especialistas. Aí você relaxa. E percebe que diante desse jardim, o importante é se deixar levar, livremente. Ouvir a música das águas e dos ventos, ver as cores das flores mudando com a visita do sol. Notar formas tão inovadoras em verdes incrivelmente diversos. Descobrir um canteiro feito de pedras ao invés de plantas. Perceber como as ninfeias são poéticas e o agave-polvo, circense. Aprender com quem convive há mais de trinta anos pertinho do jardim, como o João e o Leopoldo, que a flor da vitória-régia abre à noite, em um espaço de tempo de dez minutos. Ela amanhece

branca e vai se tornando rosa, para ser então polinizada, e em seguida afundar na água e morrer. Esse é seu ciclo, sua beleza. E como ela, tem tantas ali. Tantas pequenas narrativas que fazem a grande história desse jardim. Uma obra de arte viva escondida aos pés da Serra da Bocaina. Obra que Burle Marx nos deixou, ali onde foi outrora um terreiro de secagem do café, na Fazenda Vargem Grande, em Areias, cidade de São Paulo, quase divisa com o Rio de Janeiro. Um jardim em doze anos Tudo começou com Clemente Gomes que, em 1973, comprou a fazenda da época áurea do café no Vale do Paraíba. A sede, de 1837, guardava ainda uma certa imponência, mas estava bem caidinha pela passagem dos anos. Com muita boa vontade, disposição e munido de fotos e documentos históricos, o novo proprietário iniciou o projeto de restauração e ampliação da sede. A ideia era recuperar a casa original comme il fault e construir


Seria fundamentalmente brasileiro, com espécies nativas de várias regiões. Teria água, muita água, árvores frutíferas e espécies de outros países, afinal, o Brasil é um país que sempre acolhe tantas raças. Haveria pedras de todos os tamanhos para fazer esculturas e canteiros. Além de flores grandes e miúdas lado a lado, de cores diferentes, criando uma convivência plural. Bromélias de

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Para completar, Clemente convidou um amigo da família — Roberto Burle Marx — para idealizar e projetar um jardim, com total liberdade de criação. Na época, Burle Marx

tinha mais de sessenta anos e já era reconhecido como o maior paisagista brasileiro. Ou, como ele mesmo gostava de se definir, um artista de jardins. Acordo fechado, Roberto, junto com seu sócio Haruyoshi Ono e o próprio Gomes, começaram a pensar em como seria o jardim.

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uma nova ala, seguindo o mesmo padrão arquitetônico da época. Perfeccionista, conduziu um trabalho tão minucioso que é preciso um segundo olhar para perceber as diferenças entre a casa antiga e a nova. Tudo foi pensado nos mínimos detalhes para criar um conjunto harmônico, que remetesse aos tempos de glória da fazenda. E ainda trouxesse um pouco do conforto dos tempos modernos, como os espaçosos banheiros, com deliciosos banhos aquecidos a gás.


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todos os tipos. Orquídeas também. E assim, no diálogo inspirado de inovações formais e botânicas, foi sendo cultivado pouco a pouco o projeto do jardim da Fazenda Vargem Grande. Entre esse início e a conclusão se passaram doze anos. Mais de uma década para construir uma obra exuberantemente sensual, como é a natureza daquela região. São cinco espelhos d’água, dezenove quedas d’água, duas piscinas, e esculturas de pedras que sustentam coleções de bromélias e agaves. Tudo está dividido em três níveis. A água que alimenta o jardim foi desviada

do antigo lavador de café, que ainda está por lá. A água corrente das piscinas vem de outra nascente. “A ideia das quedas d’água em diferentes níveis é para lembrar o som das cachoeiras da Serra da Bocaina”, conta Malu Gomes, filha de Clemente e uma das três atuais proprietárias. Cada parte revela um todo em constante movimento. Um jardim que se mostra único a cada estação, com as espécies alternando-se em protagonismo. Na primavera, umas vêm para primeiro


Guest house Quando Clemente faleceu e suas três filhas — Isabel, Malu e Ana — herdaram a propriedade, logo pensaram em transformá--la em uma guest house. Um lugar para receber as pessoas para

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Uma vez Burle Marx disse que, para ele, um jardim se fazia com som e luz. As plantas eram coadjuvantes. Entendo que ele se referia à oportunidade da experiência singular que cada planta nos oferece. Uma experiência que é transformada pelo nosso olhar. Nos dois dias que passei na Fazenda Vargem Grande, vi diferentes jardins. Porque a cada vez que eu caminhava por entre as flores-de-lótus, os espelhos d’água e os totens de pedra, eu via uma planta nova, uma flor diferente, um arbusto inédito. A cada vez é um novo jardim de som e luz.

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plano, no inverno é a vez de outras. E, assim, como num concerto de música, elas vão sendo regidas pelo clima e reproduzindo uma bela sinfonia botânica, assistidas por montanhas de mata nativa, que ladeiam toda a fazenda.


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A casa tem quatro quartos que recebem até doze hóspedes. Eu me hospedei no antigo quarto de Clemente, o único que dá vista para as duas serras. De uma janela, eu olhava para

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Hoje, a Fazenda Vargem Grande recebe estudantes de arquitetura, paisagistas, botânicos, fotógrafos, brasileiros e estrangeiros, além de hóspedes comuns, como eu, que vêm em busca de passar algum tempo na companhia do jardim do grande mestre. E de quebra, se hospedar com conforto em uma casa de fazenda, comer comida de fogão de lenha, tomar café da manhã com queijo branco de verdade, coalhada fresca feita com leite da redondeza, pães feitos na hora e doces de compota.

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passar o dia, o fim de semana ou até disponibilizar a casa inteira para locação. Esse tipo de estadia é muito comum na Europa. E era uma saída para tornar o jardim mais conhecido e também uma espécie de vocação contemporânea das fazendas da região. Várias propriedades rurais do ciclo do café estão se transformando em hotéis.


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a acolhedora Bocaina. Na outra, lá longe, estava a majestosa Mantiqueira, com seus recortes e picos característicos. O piso do quarto é de madeira antiga, daquelas que rangem ao pisar. E as camas confortáveis são cobertas com travesseiros e lençóis de puro algodão. Assim como o jardim traz sempre uma surpresa, um andar atento pelas salas da casa principal também revela seus segredos. Nas paredes, uma tapeçaria e desenhos de Burle Marx, e cobrindo a longa mesa de jantar, uma toalha também pintada por ele. Sim, além de artista de jardim, também foi um talentoso artista plástico. Móveis de época, típicos do Brasil colônia, convivem lado a lado com outros de linhas retas, concisas, muito mais recentes. Esses últimos foram desenhados pelo próprio Clemente Gomes. Ele era um apaixonado pelo design modernista, talvez influenciado pelo amigo Roberto e por Rino Levi, conceituadíssimo arquiteto paulista, um dos responsáveis pelo projeto da casa de seu pai, Olivo Gomes, em São José dos Campos, SP. Além dos móveis, Clemente também criou belas luminárias, além de um expositor de bananas e outro de ovos, que trazem charme extra para a cozinha. E por falar nela, como é gostosa! Todos querem ficar por lá. Seja para tomar um cafezinho, que


Saudades de mais um pouco Toda montanha da Bocaina esconde uma cachoeira. Na Fazenda Vargem Grande não é diferente. Distante uns trinta minutos de caminhada leve da casa, a cachoeira de banho límpido tem

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É uma cozinha com duas portas. Uma que dá para a horta, onde se cultiva as saladas que comemos nas refeições e as ervas que temperam os pratos; e a outra que dá para o jardim. As duas se abrem para as montanhas que estão ali, como a nos proteger e acalmar com suas presenças tão poderosas.

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está sempre à disposição, comer um pedaço de bolo de fubá feito no dia, ou sentar à mesa, para ler, escrever ou simplesmente observar o movimento do lindo fogão a lenha feito com azulejos portugueses antigos, que Gomes garimpou amorosamente. Dali saem as delícias supervisionadas pela Helenice, braço direito das proprietárias. Aliás, a cozinha é mesmo a estrela da casa, já foi inclusive cenário do programa de culinária do francês Olivier Anquier, exibido no GNT.


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PRAZER


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Mas, por mais prazeroso que seja o passeio, dá vontade de voltar logo para a sede. Especialmente para o jardim. E mergulhar na piscina de água corrente natural. Ficar perto das flores. Olhar a estranheza da vitória-régia, as folhas novinhas tão enrugadas e as mais velhas bem lisinhas, vai entender! Tentar descobrir que flor vai abrir, qual é a planta da estação. Que pássaros são esses? E o nome dessa flor, alguém sabe? Ah!, o jardim. Essa obra de arte feita com elementos da natureza orquestrados pelo talento e sensibilidade de um grande mestre. Realmente, como diz Bel Gomes, “não dá para ficar muito tempo longe do jardim, sempre dá saudades de mais um pouco”.

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uma ducha para massagear ombros e costas, dá até para escorregar entre as pedras e cair num poço transparente. É um bom passeio que movimenta o corpo e lava a alma. Para os aventureiros mais radicais, sempre se pode subir alguma montanha e ficar mais perto de uma vista deslumbrante. Nosso guia para a cachoeira foi o simpático Manuel, marido de Malu, francês e anfitrião de mão cheia. Frequenta aquelas terras há mais de vinte anos e, como bom andarilho, é versado em todas as curvas do caminho.


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Serviço Fazenda Vargem Grande Estrada dos Tropeiros, km 257, Serra da Bocaina, SP Telefone: (12) 9759-5351 — segunda a sexta, das 10h às 17h (Celular rural, eventualmente sem conexão). www.fazendavargemgrande.com.br

Guest house Hospedagem, locação, day use Quatro quartos para até doze pessoas. Tarifa média: R$ 560,00 a diária para casal com pensão completa. Bebidas alcoólicas não inclusas. Day use e locação da casa, preços sob consulta.


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imperdíveis Por Patricia Miller

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gunta ao usuário se gostaria de atender a ligação em viva-voz ou se deseja que o smartphone leia a mensagem de texto que acabou de chegar. O Moto X conta ainda com outras funcionalidades exclusivas, como a Tela Inteligente, que mantém as informações necessárias pulsando discretamente na tela, sem precisar ligar o aparelho. Com isso, o celular não interrompe o que o usuário está fazendo. Outra novidade é a Câmera Instantânea, que entra em ação com apenas um movimento de mão. Para tirar a foto desejada, basta tocar em qualquer parte da tela. Além disso, o Moto X vem com uma bateria desenvolvida para acompanhar o dia inteiro do usuário. O Moto X Bambu está disponível a partir de hoje nos quiosques e na loja oficial da Motorola. www.lojaoficialmotorola.com.br


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Caminhar rio acima, floresta adentro


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Uma aventura no rio Cristalino, para铆so da biodiversidade amaz么nica

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Por Eduardo Petta | Fotos Carol Da Riva


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O avião decola de Cuiabá e aponta o nariz para o norte até chegar a Alta Floresta, oitocentos quilômetros adiante. Da janelinha, observo a paisagem. Pouca mata, quase nada, ilhas em meio à campos de soja, cana e pastos. Duas horas depois, aterrissamos. O avião abre a porta e o bafo quente do meio-dia nos saúda. É tempo de manga e o cheiro da fruta, espalhada por milhares de pés ao longo do saguão do tímido aeroporto de Alta Floresta, preenche a atmosfera. Estamos na capital virtual do nortão do Mato Grosso, cidade projetada aos moldes de Brasília, erguida na década de 1970, repleta de parques e áreas verdes. Parece agradável, mas não ficamos na cidade. Tomamos um carro e logo alcançamos a área rural, zunindo estrada afora. No caminho, o que mais se vê são pastos,

imensas fazendas. Homens tocam boiadas, possantes caminhonetes passam velozes. Só quase ao chegar aos limites da água, onde o rio Teles Pires encontra o Cristalino, que ingressamos no túnel da mata. A temperatura cai vertiginosamente, respira-se o perfume da floresta. O carro nos deixa em um barranco e somos recebido pelo guia do Cristalino Jungle Lodge, Francisco, ou Chico, “um seringueiro, que virou passarinheiro” – como ele gosta de se apresentar – e que já vive na região há vinte anos. Subimos na lancha, aqui chamada de voadeira, e vamos adiante, ouvindo Chico falar. O sol é de rachar. Tempo de seca. Nuvens brancas imutáveis passeiam no céu azul. Não chove nem com reza brava.


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Atravessamos o Teles Pires e ingressamos neste santuário da vida amazônica, o rio Cristalino, de águas negras e transparentes.

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A cada curva que a voadeira serpenteia, aumenta a expectativa de avistar animais. Jacarés, sucuris, capivaras, ariranhas e tracajás são habitués das praias pequenas e delicadas, de areia branca e fofa. Patos selvagens levantam voo e pousam no rio a todo instante. Araras cruzam o céu em velocidade cruzeiro: canindé, vermelha, azul – todas elas. Tucanos se atiram de uma margem a outra com escassos bater de asas. Gaviões espreitam os peixes dos galhos mais altos. Macacos por vezes surgem nas copas. Um pouco mais e chegamos ao deck do Cristalino Jungle Lodge. Somos acomodados em um de seus bangalôs aconchegantes, utopia de mimos na selva em que sofreram Fawcett, Rondon, Roosevelt. Se os naturalistas estivessem aqui, jamais descreveriam a Amazônia como o “inferno verde”. O presente está à mesa: caldinhos de piranha, churrasco de jaú e pintado, grelhados de matrinxã, farofa de castanha-do-pará, as amêndoas que despencam em pesados ouriços de cinquenta a


sessenta metros de altura das castanheiras centenárias, rainhas soberanas desta região de terra firme, terras altas da Amazônia.

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“Considero esta região como a de maior diversidade de paisagens e riqueza biológica do Brasil”, destaca o ecólogo Carlos Peres, brasileiro que leciona na Escola de Ciências Ambientais da universidade inglesa de East Anglia, pesquisador assíduo do Cristalino. ”Aqui você encontra matas de terra firme, manchas de cerrado, florestas de igapó, campos rupestres, varjões e afloramentos rochosos. Daí a diversidade,” diz.

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O fim de tarde é na beira do rio, entre um mergulho e outro, vendo o sol pintar de vermelho o oceano verde de madeiras nobres como o mogno, o guarantã, o pequi, a sucupira, paineiras, sumaúmas, ipês — amarelo, roxo, branco. Imensos vegetais a dividir espaço, lutando por luz. Superfície esmeralda, onde ao emergir encontramos palmeiras, orquídeas, bromélias, samambaias, filodendros, musgos, fungos e um emaranhado de cipós e raízes.


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Sonho de consumo de birdwatchers do mundo todo, o parque é recordista em número de espécies de aves no Brasil, mais de 570 foram catalogadas. Os gringos respondem por 80% da presença no lodge. Acordam invariavelmente antes dos passarinhos, às quatro da manhã, deixam seus bangalôs com a lanterninha de cabeça iluminando a trilha que leva ao refeitório, tomam seu café da manhã frugal e partem por uma das mais de trinta trilhas que o lodge preparou. Acompanhados de um guia local, avançam pela mata de binóculos em punho, com uma extensa lista das espécies encontráveis no bolso, na qual vão ticando,

ao avistar, colecionando as imagens das aves, como um guri a colecionar figurinhas. Foi um desses amantes dos pássaros, de nome Chip Haven, norte-americano professor da Stanford University, que doou a grande torre de ferro galvanizado de cinquenta metros de altura ao lodge. Subir seus 228 degraus não é moleza. Mas os senhores passarinheiros raramente rejeitam a empreitada. Afinal, no alto da torre, acima da copa das árvores, avista-se, além de centenas de pássaros, algo raro por aqui: amplidão de horizonte.


“Foi uma batalha”, diz Vitória Da Riva, presidente da Fundação Cristalino. Logo após ser decretado, o parque sofreu uma diminuição radical. Os ambientalistas foram de novo à luta, e com a ajuda da ex-ministra Marina Silva conseguiram reverter a decisão da assembleia mato-grossense. Mas o processo ainda aguarda sentença no tribunal. “Não podemos admitir a diminuição dessa área, pois além do patrimônio genético, o parque

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O Cristalino nasce no sul do Pará, na Serra do Cachimbo, uma área de 2,2 milhões de hectares pertencentes a FAB (Força Aérea Brasileira), no Campo de Provas Brigadeiro Veloso. Da nascente até a foz, percorre 160 quilômetros. Foi para proteger o

rio e sua rica biodiversidade que criaram o Parque Estadual em 2000, com 184.900 hectares.

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Belo, com o sol nascendo e o tráfego dos macacos fazendo algazarra; lindo, com o sol se pondo e os primatas se aninhando para nanar; tórrido, com o sol a pino, a derreter miolos, desaconselhável. Dormir na torre é permitido, um espetáculo de estrelas. Mas o frio da madrugada é polar.


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funciona como uma barreira ao desmatamento na Amazônia e poderia trazer mudanças econômicas significativas para o turismo em Alta Floresta, Carlinda e Novo Mundo (municípios envolvidos)”, diz Vitória. “E ainda perderíamos a parceria do Arpa”, argumenta. O Arpa (Programa Áreas Protegidas da Amazônia) é coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e é responsável por decidir onde aplicar US$ 400 milhões em investimentos para proteção de áreas na região.

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Vitória Da Riva é um vaga-lume no cenário escuro do nortão mato-grossense. Ela já perdeu as contas de quantas vezes foi ameaçada de morte. Nascida em Jequitaí, no Vale do Jequitinhonha, MG, é a terceira filha de Ariosto Da Riva, um ex-garimpeiro de diamantes que abriu as fronteiras dessa região do Brasil. Em 1974, na esteira do movimento “Amazônia: integrar para não entregar”, do governo militar, Ariosto, aos 60 anos de idade, vendeu tudo o que tinha e comprou, a preço de banana, 800 mil hectares de terra, metade do tamanho de Israel, na região. Comprar a terra foi fácil. Duro foi levar o povo pra lá. Aproveitando os agricultores sem-terra do Sul do país, assolada pela mecanização da soja, Ariosto inventou uma espécie de reforma


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Edson Endrigo


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Samuel Melim

Na contramão dos predadores, Vitória investe no turismo e em projetos socioambientais, como o Flora Cristalino, que classificou

Foi Vitória também quem nos colocou à disposição os dois cabras-machos que nos guiaram por uma aventura insólita: subir o Cristalino até a sua grande cachoeira, jornada de uma semana, que precisou de larga logística de provisões e uma demorada resposta positiva do Ministério da Aeronáutica (a cachoeira fica em seus domínios). Com a carta na mão e as caixas de isopor cheias de mantimentos, subimos numa voadeira, eu e Carol, com os guias Chico e Juvenal, um senhor de 60 anos, forte como um touro e gentil como uma gueixa, para essa expedição à moda antiga: sem GPS ou sinal de celular, muito menos de internet. Os dois

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Mas no meio da década, o ouro brotou. E com ele, secou a vida agrária, escorreu o mercúrio nos rios. Faroeste caboclo, prostituição, tristeza de Ariosto. Quando a febre passou, Alta Floresta não era mais um mar de cabelinhos loiros de paranaenses e gaúchos. Gente braba, dos rincões do país, bandeava pelas ruas. E a pecuária, com sua baixa necessidade de mão de obra, tomara conta das terras desertas de gente, dando início ao desmatamento, e a um novo ciclo econômico que perdura até hoje, enquanto soluções mais sustentáveis não se viabilizam. Em 2009, um milhão de cabeças de gado pasta onde antes havia floresta.

1200 espécies de plantas em 2008, três delas novas para a ciência, e o Escola da Amazônia, que leva crianças carentes de Alta Floresta para entender a importância da mata e, como contraponto, traz também estudantes de escolas particulares de São Paulo, para ver de perto a realidade social dessa região amazônica.

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agrária privada, trocando lotes por produções futuras, e fundou a cidade de Alta Floresta. Deu certo. Em 1980, um próspero centro urbano abrigava 150 mil almas. Ariosto virou manchete da revista Veja, do jornal O Estado de São Paulo, e foi personagem do programa Gente que faz.


No terceiro dia, um pouco antes da hora do almoço, chegamos ao destino. O rio dá de frente com um longo paredão, de onde, com muita força, as águas despencam de quase trinta metros de altura em um lago circundado por bancos de areia alva e fofa, forrada de borboletas de todas as cores e espécies. Passamos duas noites tomando banho de cachoeira. Nenhuma outra pessoa cruzou nossas retinas. Mas quando a gente estava

Katia Kuwabara

Katia Kuwabara

Luis Gomes

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primeiros dias foram de longas horas à bordo, vendo a natureza ficar cada vez mais selvagem. Muita beleza, mas também apreensão. Na segunda madrugada, acordamos com o esturro de uma onça vagando por perto. Juvenal saiu da barraca e fez vigília, mas ninguém mais conseguiu dormir.

para esquecer que tipo de animal nós somos, chega a hora do regresso. Rio abaixo, tudo é mais fácil. No segundo dia, aceleramos o ritmo e chegamos de volta ao Cristalino Lodge na hora da janta. A fogueira acesa, os peixes na brasa. Fartura. Cerveja gelada, cama macia, travesseiros cheirosos, banho quente. O gerador é desligado às dez. Depois me lembro de escutar a sinfonia da mata, o som dos grilos e de cair no sono, sonhando em passar mais tempo na natureza selvagem.

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