Eurobike magazine #35

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COLABORADORES

Editorial: Eduardo R. da Cunha Rocha, Heloisa C. M. Vasconcellos Direção de arte: Eduardo R. da Cunha Rocha Coordenação e produção gráfica: Heloisa C. M. Vasconcellos Administração: Nelson Martins Publicidade: Marcelo Sousa – marcelo@custompress.com.br Preparação e revisão: Denis Araki Produção: Custom Press Comunicação Tiragem desta edição: 11.550 exemplares Impressão: Pancrom Distribuição: Eurobike Proibida a reprodução, total ou parcial, de textos e fotografias sem autorização da Eurobike. As matérias assinadas não expressam, necessariamente, a opinião da revista. Eurobike magazine é uma publicação do Grupo Eurobike de concessionárias Audi, BMW, Jaguar, Land Rover, MINI e Porsche Av. Wladimir Meirelles Ferreira, 1600, CEP 14021-630 - Ribeirão Preto - SP Tel.: 16 3965 7000 Website: www.eurobikemagazine.com.br e-mail: contato@eurobikemagazine.com.br Ouvidoria:www.eurobike.com.br/ouvidoria – 11 2192 3740

André Hawle

Paula Diniz

Eduardo Sardinha

Percy Faro

Klaus Pimenta

Simone Fonseca

Marcelo Freitas

Eurobike na internet www.eurobike.com.br

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Av. Amarilis, 95 Cidade Jardim - São Paulo - SP CEP - 05673-030 Tels.: 11 99250-6160 www.custompress.com.br contato@custompress.com.br


EDITORIAL

Caro leitor, Estamos na segunda metade do ano e, para variar, as percepções são sempre as mesmas. A percepção de que o mesmo passou rápido. O que nos leva a tal conclusão desta vez? Vejamos: o ano se iniciou com muitas incógnitas relacionadas à condução econômica e ao tripé inflação, juros e câmbio. Todas elas interligadas entre si. Aliado a isso recebemos de presente um downgrade na percepção de risco país, fruto da deterioração dos fundamentos econômicos. Atravessamos um processo de impeachment, o segundo desde a implementação da democracia. O desemprego continua em taxas nunca antes observadas. Esses fatores analisados individualmente possuem uma conotação de desvios de rota a serem ajustados. Porém, se analisados em conjunto, podem configurar um perfect storm de proporções assustadoras. Dessa forma, a tomada de decisões no setor produtivo se torna tensa em função das indefinições. Torcemos por melhoras no cenário econômico que nos dê chances de recuperação ainda no último trimestre. E torcemos para que essa retomada se dê ainda em 2016. O tempo passa, e rápido enquanto ela não vem. O grupo Eurobike acompanha com lupa o desenvolvimento desse processo e enxerga possibilidades em segmentos como o de terceirização de frota, seminovos e pós-vendas. Todos esses segmentos, que podemos chamar de profiláticos, estão inseridos em um contexto de repaginação que irá se perpetuar, remetendo para nós um conceito de negócio muito utilizado no velho mundo que se iniciou com cenário de crise e acabou se tornando perene como negócio. Estamos preparados e a luz no fim do túnel pode estar próxima. Nesta edição contemplamos os leitores com o testemunho de quem sabe muito bem enxergar novas possibilidades: Celina Hissa, designer descolada que resolveu empregar todo o seu talento em prol do desenvolvimento de artesãs do Ceará, transformando a atividade em negócio. Ainda sobre novas possibilidades, conheça a história de Checho Gonzales, instalado no Mercado Municipal de Pinheiros, em São Paulo, reinventando, junto com outros empreendedores, o prazer de usufruir desse espaço público. Apresentamos, com muita satisfação, o novo Jaguar F-PACE, clicado nas ruas de Ribeirão Preto por nosso colaborador André Hawle. Um show de SUV! E para inspirar sua próxima viagem, Yellowstone National Park: o primeiro parque nacional do mundo e um dos mais bem sucedidos também, oferecendo uma incrível experiência aos visitantes. Boa leitura. Um grande abraço, Henning Dornbusch CEO. Eurobike magazine 2 | 3


RAZÃO ENTREVISTA


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#35 SET|OUT|NOV 2016


8. RAZÃO 10. A bela trama do crochê com a conversa sincera 16. SEGUEM FIRMES AS GRAVAÇÕES DO WEB DOCUMENTÁRIO SOBRE ENERGIA SOLAR

18. EMOÇÃO 20. JAGUAR F-PACE 33. OPCIONAIS E ACESSÓRIOS 34. DESEMPENHO E LUXO 38. DE MOTO PELO MUNDO 47. AUDI AIRPORT SERVICE 48. LAND ROVER DISCOVERY I

56. PRAZER 58. UM OLHO NA COZINHA OUTRO NO FUTURO 68. ACHADOS E IMPERDÍVEIS NA EUROBIKE

70. DEVANEIO 72. YELLOWSTONE NATIONAL PARK

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RAZÃO

RAZÃO ENTREVISTA


10. “É muito difícil ser totalmente sustentável e nem acredito que seja possível, afinal estamos falando de consumo, mas alguns movimentos da sociedade civil geram questionamentos sobre a cadeia produtiva” 16. “Nosso objetivo é mostrar a força da energia solar e conscientizar mais de 1 milhão de brasileiros sobre o poder de gerar sua própria energia”

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RAZÃO ENTREVISTA

A bela trama do crochê

com a conversa

sincera Com talento e expertise, a designer criadora da Catarina Mina, marca de bolsas de crochê, transformou a atividade de pequenos grupos de artesãs do Ceará em um negócio justo, transparente e lucrativo, que já foi assinado por grandes etiquetas

Por Paula Diniz

As artes manuais sempre estiveram na vida de Celina Hissa, a princípio como hobby. Vinda de uma família de arquitetos, foi estudar Publicidade e Design. Trabalhou com direção de arte em agências de publicidade, mas manteve o interesse latente pela criação de objetos. A fertilidade artística do ambiente familiar unida à força do artesanato no Ceará, sua terra natal, criaram o terreno propício onde, aos 22 anos, ela fez seu próprio negócio germinar. “A marca surgiu em 2005 como brincadeira e hobby. A ideia veio da vontade de valorizar a cultura local aliada a um olhar contemporâneo do design”, conta. O nome foi inspirado em uma personagem histórica do século 18. Catarina Mina foi uma bela e inteligente escrava no Maranhão. Ciente da beleza que Deus lhe deu, teve amantes, economizou uma fortuna e comprou sua liberdade. Alforriou a mãe, adquiriu imóveis e entrou para a história. Liberdade também tem sido a conquista de muitas mulheres que trabalham para a marca. “Várias artesãs alcançaram a independência financeira na Catarina Mina. Com a renda, algumas custeiam a educação dos filhos, outras compram bens básicos que não podiam ter, como cama e pia de aço inox. Uma delas sofria violência doméstica e com a autonomia financeira pôde sair de casa.” Com uma rede de 25 artesãs, a marca tem como pontos fortes o design, o acabamento das bolsas e belas histórias. “Muito mais que uma marca, somos um projeto aberto e em construção que deseja dar continuidade à cadeia artesanal”, explica Celina. E tem mais! Catarina Mina foi a primeira marca do Brasil a abrir os custos de produção de seus produtos.


Haroldo Sabรณia

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RAZÃO ENTREVISTA Como conheceu as crocheteiras? Foram acasos que deram certo. No final da faculdade tive contato com algumas artesãs quando fiz cenografia com artesanato para peças de teatro e estandes com materiais reciclados. Fomos nos aproximando de forma fluida, orgânica, e comecei a pensar nas bolsas. A primeira tipologia que explorei foi o tear. Hoje o crochê é nosso carro-chefe pelas pessoas que fui conhecendo e descobrindo conexão criativa. Trabalho com vários grupos em locais diferentes do Ceará, como Itaitinga e Maranguape, cada um especializado em um material e técnica. Já produziram para marcas como Osklen, Le Lis Blanc, Daslu, Água de Côco e outras. Em 2015 deixaram o private label para produzir só para a própria marca. Por quê? Se desenvolvemos para outra etiqueta não podemos levar nossa história nem a forma de fazer das artesãs em nossos produtos. Nossa proposta é valorizar quem está por trás da marca, convidar o consumidor a conhecer toda a cadeia de consumo, lembrar que consumir não é só comprar, mas também um incentivo a um tipo de vida e produção. Isso só é possível assinando a própria marca. Também em 2015 lançaram a loja virtual com o projeto #umaconversasincera e disponibilizaram os custos de cada produto no site. Foi a primeira marca brasileira a abrir os custos. Como surgiu essa ideia? O que te inspirou? A ideia veio da dificuldade de viabilizar a manutenção da rede de produção local. Estava fazendo mestrado sobre modos coletivos de produção, pensando em como viabilizar e comunicar a Catarina Mina de forma mais colaborativa. Soube da Honest By, um e-shop alemão e primeira marca do mundo a abrir os custos. Quis conversar com o consumidor de forma transparente sobre tudo que é envolvido no processo de produção artesanal local. Ouvi coisas do tipo “Os concorrentes vão saber como a empresa funciona”, mas não vejo isso como problema. É uma lógica diferente da tradicional. Confiei muito na maturidade do consumidor para entender a cadeia e refletir comigo. Abrir os custos é uma forma de ser o mais transparente possível para que as pessoas também se abram ao diálogo e juntos a gente construa uma história. Muitos acham lindo o meu trabalho com artesanato, então se mais pessoas colaboram para viabilizá-lo, fica possível. E temos conseguido! Começamos com cinco artesãs, já estamos com 25. Estamos atingindo nosso objetivo, que é remunerar as artesãs de forma justa. Tivemos um crescimento de faturamento superpositivo e só possível porque muitos

acreditaram nessa história, desde formadores de opinião até consumidores pelo boca a boca. A transparência realmente faz diferença na decisão de compra? Transparência e sustentabilidade das marcas ainda não são pré-requisito, mas são um grande incentivo. As pessoas compram pelo desejo, pelo design, porque é bom, bonito. E que bom que o produto também é sustentável e tem uma cadeia de produção legal! Já podemos escolher entre marcas mais sustentáveis e exigir uma cadeia mais justa. É um ciclo virtuoso. As marcas atendem às demandas do consumidor. Consumidores mais críticos e questionadores vão demandar mudanças nas cadeias produtivas gerando marcas mais conscientes. Acha que a transparência sobre os modos produtivos e custos é tendência? Vai pegar entre os empreendedores brasileiros? É cada vez mais constante. O diálogo mais próximo com as marcas é uma demanda dos consumidores que cresceu com a internet e incentivou a transparência e humanização dos processos. É uma tendência internacional. Espero que pegue! É muito difícil ser totalmente sustentável e nem acredito que seja possível, afinal estamos falando de consumo, mas alguns movimentos da sociedade civil geram questionamentos sobre a cadeia produtiva. Um exemplo é o Fashion Revolution1 com a #perguntequemfezsuasroupas e o “Compro de quem faz”. Tem a Renata Abranchs do blog RIOetc, que estimula a compra de produtos nacionais com a #feitonobrasil; a Insecta Shoes, marca vegana e ecológica que teve um crescimento muito grande no último ano com sapatos feitos no Brasil a partir de retalhos de tecidos e reciclagem; a LUX, marca de cosméticos veganos que tem até foto de quem fez o produto; a Flavia Aranha, que trabalha tecidos com tingimento natural e ecológico. Tem gente produzindo bolsas a partir da reciclagem de pneus com design muito legal. Esses movimentos às vezes partem de marcas, mas precisam do apoio de pessoas influentes para ganhar força. A transparência nos modos de produção parece ser resultado de uma evolução moral e ética em que o consumidor vem refletindo. Sim. Teve um reality show que levou fashionistas europeias para trabalharem no Camboja onde são produzidas as roupas que elas usam e postam. Elas choraram, se desesperaram


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Estamos atingindo nosso objetivo, que é remunerar as artesãs de forma justa. Tivemos um crescimento de faturamento superpositivo e só possível porque muitos acreditaram nessa história, desde formadores de opinião até consumidores pelo boca a boca.

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RAZÃO ENTREVISTA com as condições desumanas de produção. Tudo ao vivo. Aos poucos o consumidor vai se aproximando e conhecendo como funcionam as cadeias produtivas. Em geral as pessoas não se implicam porque não conhecem. Conte um pouco sobre a escolha de investir na produção local. Em 2013 e 2014 o dólar estava bem mais baixo e muitas marcas migraram a produção para países mais baratos. Produzíamos para uma rede de São Paulo que decidiu comprar tudo da China. Sabemos que algumas dessas empresas têm custos de marketing altíssimos. Precisamos equacionar essa balança de forma mais justa para quem está no fim da cadeia, escondido e apertado. Não consigo ver a questão dos fornecedores como algo sazonal ou de moda. Temos que incentivar e tornar possível a manutenção das cadeias locais. É uma escolha necessária e possível, ou vamos criar sociedades muito desumanas, que só pensam no financeiro. Em 2015 a Catarina Mina optou por mais investimento financeiro no trabalho das artesãs e menos na exposição da marca. Como viabilizou essa escolha? E como tem feito o marketing da marca? Reinventamos esse caminho. Construímos a marca dando visibilidade à nossa própria essência, que é o trabalho artesanal, e conseguimos notoriedade. Ganhamos o Prêmio ECOERA e fomos convidadas para um desfile internacional na Alemanha ao lado de designers europeus. Hoje o story telling reverbera muito positivamente. Apostamos no pensamento em rede e na possibilidade que cada um tem de atuar como propagador de uma ideia e mantenedor de uma trama. Defendemos que a compra também é uma aposta e que o ato de ser generoso ao passar essa ideia de mão em mão é o que viabiliza a cadeia produtiva. Estamos falando de um trabalho todo feito à mão e convidamos todos a fazerem parte com a gente. Com a internet, redes sociais e novas tecnologias conseguimos uma conversa mais próxima com o consumidor ativo, que se envolve com a causa. O boca a boca é muito mais possível e potencializado na internet. Também por isso escolhemos investir na loja virtual, hoje nosso principal canal de venda. Quanto ganham as artesãs? Elas ganham em média de mil a 1500 reais conforme a dedicação de cada uma. Tem o ganho fixo calculado de acordo com o valor do salário mínimo das horas de produção da bolsa e um extra, que é 5% do valor da bolsa vendida.

Como viabilizar o respeito ao ritmo próprio das artesãs e atender as demandas da loja virtual e das multimarcas em 10 estados do Brasil? Respeito ao modo produtivo é não tentar impor um ritmo de produção industrial ao artesão, o que não significa que a produtividade será baixa. Respeitamos o ritmo e o modo como trabalham: em casa, sem horário fixo, assistindo TV, conversando, cuidando dos filhos. Temos uma relação recíproca de parceria. A ideia da porcentagem vem da noção de que o negócio é nosso e a essência é o artesanato. É flexibilidade com comprometimento. E quando precisa correr, elas correm. Quais foram seus maiores desafios e aprendizados com a Catarina Mina? Administrar os lugares além da criação, não fazer as coisas só por idealismo, pensar de forma mais empresarial e ponderada. No ano passado nosso desafio foi crescer com qualidade, esse ano tem sido administrativo, como gerenciar pessoas, estoque e criar metodologias internas mais organizadas para expansão comercial nacional e internacional. Aprendi que os modos de atuação podem ser reinventados. Trabalhar com artesanato é muito desafiador. Muitos desistem por ser um processo manual, lento, com resultado não tão homogêneo – desafios que podem revelar os pontos fortes da empresa. www.catarinamina.com 1

O Fashion Revolution é um movimento internacional que surgiu após o

colapso do Rana Plaza, a confecção de roupas em Bangladesh que desabou no dia 24 de abril de 2013 deixando 1133 mortos e 2500 feridos. O objetivo da campanha é a conscientização sobre os impactos ecológicos e sociais que a indústria da moda vem causando. O “Fashion Revolution Day” nos propõe a reconexão com nossas roupas. Perguntando quem fez e de onde vem será possível estabelecer uma relação mais justa e consciente.


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PUBLI

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SEGUEM FIRMES AS GRAVAÇÕES DO WEB DOCUMENTÁRIO SOBRE ENERGIA SOLAR

BMW i3, da Eurobike, é um dos protagonistas e faz sucesso ao passar pelas cidades onde o #MOVIDOSPORENERGIASOLAR está sendo gravado Por Paula Yokoyama

Uma residência, uma instituição de ensino e uma das principais rodovias do país, responsável pela ligação entre a região metropolitana de São Paulo e o Porto de Santos, foram os cenários escolhidos pelo empresário Luis Otávio Colaferro, sócio-diretor da Blue Sol Energia Solar (www.bluesol.com.br), para os novos episódios do web documentário #MOVIDOSPORENERGIASOLAR. As gravações aconteceram, respectivamente, nos dias 25, 26 e 27 de julho, nas cidades de Limeira, Sorocaba e São Paulo. Em Limeira, Colaferro conheceu um pouco da rotina da família do engenheiro elétrico João Godoy, que comemora a produção de pelo menos metade da energia consumida em sua residência através dos sistemas de energia solar fotovoltaica. Além disso, o profissional transformou a iniciativa sustentável em negócio e fala de sua história no episódio. Em Sorocaba, Colaferro conheceu um pouco da experiência que vêm vivendo profissionais e alunos da FACENS – Faculdade

de Engenharia de Sorocaba, que também tem um sistema fotovoltaico instalado. E em São Paulo foi a vez de conhecer um pouco do que acontece na ECOVIAS, concessionária que opera o sistema Anchieta-Imigrantes, ligação entre a região metropolitana de São Paulo e o Porto de Santos. Claro, tudo aconteceu tendo como uma das principais estrelas o BMW i3, veículo elétrico concedido para o projeto por meio de uma parceria com a Eurobike. O carro vem sendo recarregado sempre em pontos onde a energia é produzida em sistemas fotovoltaicos. De acordo com Luis Otávio Colaferro, as gravações ainda vão passar por mais 17 cidades, totalizando 3.500 km rodados a bordo do BMW i3. “Nosso objetivo é mostrar a força da energia solar e conscientizar mais de 1 milhão de brasileiros sobre o poder de gerar sua própria energia”, conta.


Audi Airport Service. Enquanto você viaja, seu Audi recebe tratamento de primeira classe.

A Audi traz uma grande inovação, com um serviço exclusivo que oferece mais comodidade e conforto aos seus clientes. Com o Audi Airport Service, você deixa seu Audi no estacionamento VIP do aeroporto de Congonhas e, enquanto viaja, seu carro recebe tratamento de primeira classe, além de todos os reparos e procedimentos de que precisar. Todos os serviços de revisão, incluindo polimento e cristalização, hidratação de couro, lavagem ecológica a seco e muito mais. Para agendar seu serviço no Audi Airport Service, ligue para a central de agendamento: Horário de funcionamento:

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Todos juntos fazem um trânsito melhor.

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EMOÇÃO

EMOÇÃO ENSAIO


20. Jaguar F-PACE 33. Opcionais e acessórios 34. “Ao permanecer absolutamente fiel aos nossos princípios, ele é imediatamente reconhecível como um Jaguar. Nós projetamos o que eu considero ser o veículo mais atraente e mais equilibrado de sua classe” 38. “Estamos realmente dispostos a abrir mão? Mas abrir mão de quê?” 47. “Além disso, estamos oferecendo um grande diferencial em pós-vendas ao fazer a revisão do veículo durante o período de viagem do cliente, otimizando seu tempo” 48. “Com a chegada de Michael Edwardes como CEO da empresa em 1977 e a autonomia da marca Land Rover dentro da British Leyland, surgia uma luz no fim do túnel”

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EMOÇÃO ENSAIO


JAGUAR F-PACE POR ANDRÉ HAWLE

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EMOÇÃO ENSAIO


OPCIONAIS E ACESSÓRIOS Aquecedor e refrigerador no apoio para braço central

Suporte para Ipad

Cabide montado no apoio para cabeça

Prendedor flexível de bagagem

Soleira personalizada com iluminação

Carpetes Jet Luxury

Pedaleiras esportivas

Transportador para duas bicicletas instalado no engate para reboque

Estribos laterais móveis

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EMOÇÃO ENSAIO

DESEMPENHO E LUXO Por Percy Faro

Desde 1922, quando William Lyons e William Walmsley, dois amantes de motocicletas, fundaram a Jaguar, a empresa jamais desviou o foco de aliar desempenho e luxo em seus veículos. Esta filosofia é novamente revelada no F-PACE, primeiro SUV produzido em toda a história da marca do Reino Unido. O novo modelo que está desembarcando no Brasil traz elementos do superesportivo recém-lançado Jaguar F-TYPE. O F-PACE também foi criado para oferecer agilidade, capacidade de resposta e refinamento. Será disponibilizado em três diferentes versões. A de entrada, Prestige, equipada com o novíssimo motor Ingenium de 2.0 litros a diesel com 180 cv, é voltada ao consumidor que busca autonomia e maior conforto em viagens. A versão intermediária, R-Sport, incorpora motor V6 a gasolina de 3.0 litros com 340 cv e se destaca pelo desempenho na estrada e na cidade. Já a versão S, a topo de linha, é totalmente focada em desempenho. Recebeu o motor V6 a gasolina de 3.0 litros e 380 cv, que também equipa a série limitada First Edition, a qual terá apenas 19 unidades disponíveis para venda no mercado brasileiro. Exatamente em função do desempenho os engenheiros disponibilizaram o motor 3.0 V6 Supercharged a gasolina, o mesmo do superesportivo F-TYPE, que leva o F-PACE da imobilidade aos 100 km/h em apenas 5,5 segundos e a 250 km/h de velocidade máxima, controlada eletronicamente. Todas as versões trazem de série o sistema de transmissão automática ZF de oito velocidades, com opções para trocas por meio de borboletas situadas atrás do volante. A relação de marchas garante conforto em velocidade de cruzeiro e excelente desempenho em retomadas. Com a influência do F-TYPE indo além da motorização, o F-PACE foi desenvolvido com uma arquitetura predominantemente em alumínio. O design arrojado combina linhas puras, uma traseira marcante, saídas de ar e faróis característicos. O primeiro SUV produzido pela

Jaguar traz também, de série, uma grande gama de itens como tração integral, faróis de neblina, bancos com ajustes elétricos, sensores de estacionamento traseiro e dianteiro e painéis, portas, bancos e volante revestidos em couro de alta qualidade. Na parte dianteira o modelo conta com três entradas de ar bastante largas com grades em preto que reforçam sua aparência esportiva. Os faróis em LED e os vincos do capô ressaltam o aspecto moderno e agressivo. O Jaguar F-TYPE de tração integral compartilha outras tecnologias com o novo F-PACE. O torque sob demanda é uma delas. Em condições normais de direção, o torque é enviado 100% para o eixo traseiro, mantendo a característica de tração traseira, mas pode chegar à distribuição de 50/50 dependendo da situação do terreno, processo comandado pelo Intelligent Driveline Dynamics. A transferência de torque acontece em menos de 165 milisegundos. O F-PACE também está equipado com a tecnologia All Surface Progress Control, que permite ao motorista focar no controle apenas do volante em situações de terreno escorregadio, como neve, gelo e grama molhada, por exemplo, enquanto o sistema ajusta o acelerador e o freio do veículo. O F-PACE ainda tem disponível o Head-Up Display, tecnologia que projeta informações importantes do veículo no para-brisa para que o motorista mantenha a atenção no seu percurso, além de controle de cruzeiro adaptativo, monitor de ponto cego e assistência para estacionar, que auxilia o motorista por meio de um monitoramento de 360º do entorno do veículo. Frente a tantos recursos da moderna indústria automobilística mundial, assim Ian Callum, diretor de design da Jaguar, traçou o perfil do novo F-PACE: “Ao permanecer absolutamente fiel aos nossos princípios, ele é imediatamente reconhecível como um Jaguar. Nós projetamos o que eu considero ser o veículo mais atraente e mais equilibrado de sua classe”.


JAGUAR F-PACE PRESTIGE MOTOR Cilindros/válvulas por cilindro: 4/4 Diâmetro/curso (mm): 83/92,35 Cilindrada (cc): 1.999 Potência máxima (cv): 180 Disponível em (rpm): 4.000 Torque máximo (Nm): 430 Disponível em (rpm): 1.750-2.500 Taxa de compressão: 15,5+/-0,5 Transmissão: 8 velocidades automática PERFORMANCE Aceleração de 0 a 100 km/h em segundos: 8,7 Velocidade máxima (km/h): 208 DADOS TÉCNICOS Distância entre as rodas dianteiras (mm): 1.641 Distância entre as rodas traseiras (mm): 1.654 Altura total (mm): 1.652 Distância entre eixos (mm): 2.874 Comprimento total (mm): 4.731 Largura total com os retrovisores vão livre (mm): 2.175 Largura total sem os retrovisores (mm): 2.070 Vão livre (mm): 213 Altura da cabine - dianteira (mm): 1.007 Altura da cabine - traseira (mm): 977 Diâmetro de giro (m): 11,87 Capacidade do porta malas (litros): 508 Peso bruto do veículo (kg): 2.460 JAGUAR F-PACE R-SPORT MOTOR Cilindros/válvulas por cilindro: 6/4 Diâmetro/curso (mm): 84,5/89 Cilindrada (cc): 2.995 Potência máxima (cv): 340 Disponível em (rpm): 6.500 Torque máximo (Nm): 450 Disponível em (rpm): 4.500 Taxa de compressão: 10,5 Transmissão: 8 velocidades automática

Distância entre eixos (mm): 2.874 Comprimento total (mm): 4.731 Largura total com os retrovisores vão livre (mm): 2.175 Largura total sem os retrovisores (mm): 2.070 Vão livre (mm): 213 Altura da cabine - dianteira (mm): 1.007 Altura da cabine - traseira (mm): 977 Diâmetro de giro (m): 11,87 Capacidade do porta malas (litros): 508 Peso bruto do veículo (kg): 2.500 JAGUAR F-PACE S MOTOR Cilindros/válvulas por cilindro: 6/4 Diâmetro/curso (mm): 84,5/89 Cilindrada (cc): 2.995 Potência máxima (cv): 380 Disponível em (rpm): 6.500 Torque máximo (Nm): 450 Disponível em (rpm): 4.500 Taxa de compressão: 10,5 Transmissão: 8 velocidades automática PERFORMANCE Aceleração de 0 a 100 km/h em segundos: 5,5 Velocidade máxima (km/h): 250 DADOS TÉCNICOS Distância entre as rodas dianteiras (mm): 1.641 Distância entre as rodas traseiras (mm): 1.654 Altura total (mm): 1.652 Distância entre eixos (mm): 2.874 Comprimento total (mm): 4.731 Largura total com os retrovisores vão livre (mm): 2.175 Largura total sem os retrovisores (mm): 2.070 Vão livre (mm): 213 Altura da cabine - dianteira (mm): 1.007 Altura da cabine - traseira (mm): 977 Diâmetro de giro (m): 11,87 Capacidade do porta malas (litros): 508 Peso bruto do veículo (kg): 2.500

PERFORMANCE Aceleração de 0 a 100 km/h em segundos: 5,8 Velocidade máxima (km/h): 250 DADOS TÉCNICOS Distância entre as rodas dianteiras (mm): 1.641 Distância entre as rodas traseiras (mm): 1.654 Altura total (mm): 1.652 Eurobike magazine 34 | 35




EMOÇÃO EXPERIÊNCIA

DE MOTO PELO MUNDO

Estamos realmente dispostos a abrir mão? Mas abrir mão de quê? Primeiramente, e um tanto óbvio, a gente só pode abrir mão do que tem. Se não tem, é fácil dizer sobre o que o outro deveria fazer. Como diz a Monja Cohen: “Quando a gente abre as mãos, lá cabe todo o Universo”. Por Klaus Pimenta


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EMOÇÃO EXPERIÊNCIA Após a morte do meu pai, em 2014, percebi que deveria ir além, deveria abrir mão de certezas pré-estabelecidas e ir até a realização dos meus sonhos. Decidi recomeçar. Abri mão do meu único bem, o apartamento aonde morava, para poder realizar este sonho — o de conhecer o mundo em cima de uma moto. Foram cerca de dois anos até tomar a decisão definitiva de mudar o rumo e agir. Não foi fácil. Abrir mão da segurança para lançar-me no desconhecido não parecia muito sensato, mas ou a gente vive a segurança da gaiola ou o prazer do voo. E eu decidi voar! Moto comprada, equipada, todos os detalhes verificados... Momento da partida se aproximando. A ideia inicial era ficar três anos na estrada. Rodar por todos os extremos do planeta de uma única vez. Terra do Fogo, Alaska, Noruega, Vladivostok, Tóquio, Cidade do Cabo... Mas tive que aprender a esperar, e controlar minha ansiedade (como isso é difícil!). Tenho duas filhas (9 e 8 anos), e a distância e o tempo não seriam bons aliados para algo tão significativo e grandioso. Sou pai presente, me preocupo, sempre fui próximo. Abrir mão da paternidade real sempre foi o maior desafio deste projeto. Decidi, portanto, distribuir a rota ao longo de cinco anos. Américas, Europa, Ásia, África e Oceania. Quero passar por todos esses lugares, fotografar minha moto, placa de São José dos Campos... e superar todos os meus limites e expectativas.

Superação – palavra de ordem! Quem disse a nós, em algum momento da vida, que algo é impossível? É tanta vida que cresce pré-estabelecida e formatada ao longo dos anos, seja pela sociedade, amigos ou família. Diante da passagem dos quilômetros, isso foi o que mais comecei a perceber em mim: eu sempre fui enormemente guiado pela segurança da gaiola (aonde as certezas moram, como escreveu Dostoiévski). Que influência imensa e imperceptível, mas profundamente existente e enraizada em todas as minhas ações e pensamentos. Ao longo do caminho, e até mesmo pelo fato de viajar sozinho, comecei a questionar meus limites, a rever minhas atitudes, a me provocar e me desafiar, a querer mais e mais... e um mundo com todas as possibilidades surgiu. Foi como se eu tivesse aberto um cofre dentro de mim, e nele houvesse caminhos que me conduziriam aonde eu quisesse. E eu só pensava em conhecer mais ainda sobre mim, e sobre tudo que me completa — grande objetivo da viagem. Passamos a vida sendo compelidos a bater metas, ultrapassar barreiras, seguir caminhos, suprir necessidades, maximizar lucros e superar expectativas. E o que eu mais me perguntava: De quem? Para quem? Quais delas são realmente minhas? Será que eu mesmo identifiquei e decidi sobre as minhas necessidades, ou desde criança decidiram por mim


e eu não havia sequer percebido? A gente segue caminhos traçados e não se dá conta do destino. Disseram: Vá por ali, lá você será feliz... E eu sempre fui! Eles não estavam errados, eu é que deveria ter reformulado os planos ao longo da vida. O fato era, quanto mais eu ia me conhecendo, mais eu tinha necessidade de reconstruir os meus próprios caminhos. Era como se tudo já não servisse mais. Eu precisava mudar, e acontecia de dentro pra fora. Parece algo estranho, mas nunca tinha refletido sobre quais eram as MINHAS metas, as MINHAS escolhas. Quando eu excluí tudo aquilo a que fui compelido a entender como sendo o “meu destino”, o que sobrou foi alguém que eu mal conhecia. Era como se eu, criança, tivesse ressurgido na garupa da moto. Me lembrei até de um filme chamado Duas vidas, protagonizado por Bruce Willis. Uma chance de recomeçar, fazer melhor e ser feliz! Em cinco dias de estrada, já havia saído do Brasil, estava rodando pelo Uruguai. Eu, que só havia ido a Foz do Iguaçu, fiquei me sentindo uma criança deslumbrada! As rodovias, em geral, são muito boas, e assim como no Brasil, o limite de velocidade sempre oscila entre 90 e 110 km/h. Pode parecer pouco, mas eu geralmente viajo a 100km/h. É mais seguro e evita uma série de dissabores com a legislação. E sozinho, era melhor não

arriscar. Permaneci nesse ritmo por praticamente todos os 50 dias e mais de 15 mil quilômetros. Era mais uma viagem de contemplação do que de metas a serem alcançadas. Eu estava apenas vivendo, e não mais correndo atrás da vida. Viajei de Buquebus entre Colônia de Sacramento e Buenos Aires. Foram três horas de náuseas. O barco é muito seguro, mas balança demais! Duas dicas importantes: a primeira é comprar a passagem para o horário da madrugada. Fica 60% do valor normal e se você tem facilidade, dá para dormir nos assentos, que são bem confortáveis. A segunda dica é “ancorar” a moto em alguma barra lateral do barco. Acho mais prudente. Da forma como o barco balançou, talvez a moto tivesse caído se não estivesse amarrada. Ainda que minha amarração tenha ficado mais parecida com nó de cadarço, ela não caiu. Saí de Buenos Aires bem cedo, seguindo pela Ruta 3. Um misto de adrenalina e nervosismo. A primeira placa indicando Ushuaia veio em cerca de duas horas. Nesse momento a gente percebe que fez a escolha certa, e que a realização pessoal realmente é o topo da pirâmide das necessidades humanas. Foram algumas paradas na sequência: Bahia Blanca, Puerto Madryn (linda e de puro charme na época de verão), Rada Tilly (ao lado de Comodoro Rivadavia), Comandante Luis Pie-

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Na balsa encontrei três motociclistas de Indaiatuba-SP (Avelino, Carlão e Conrado), meus companheiros de rípio (mistura de terra e cascalho, super escorregadio na chuva e que produz um pó fino quando está seco). Foi providencial. Como a amizade reforça nossa segurança e nos faz mais tranquilos nos momentos de tensão! Foram meus anjos da guarda.


drabuena e Rio Gallegos. Em Rio Gallegos fiz a troca dos pneus Michellin Anakee 3 pelos Metzeler Karoo 3, uma vez que o Karoo roda bem melhor na terra e seriam muitos quilômetros nesse tipo de terreno. Eu, que nunca havia pilotado na terra e não tinha experiência alguma, estava bem apreensivo. Moto pesada, cara, eu sozinho... e se eu caísse? Caindo, e se quebrasse algo em mim ou na moto? Nessa tensão eu segui sentido Tierra del Fuego. Na balsa encontrei três motociclistas de Indaiatuba-SP (Avelino, Carlão e Conrado), meus companheiros de rípio (mistura de terra e cascalho, super escorregadio na chuva e que produz um pó fino quando está seco). Foi providencial. Como a amizade reforça nossa segurança e nos faz mais tranquilos nos momentos de tensão! Foram meus anjos da guarda. A chegada em Ushuaia foi muito emocionante. A cidade mais ao sul do planeta, e eu estava lá. Ver o famoso Portal foi demais! De lá seguimos até Baia Lapataia, final da Ruta Nacional 3. Finalmente estava no fim do mundo. Eu e Deus; e os novos amigos da estrada. De Ushuaia segui rumo a Santiago. Meu segundo grande sonho era percorrer a Carretera Austral — estrada com uma história um tanto parecida com a nossa Transamazônica no motivo de sua construção, e que ainda é praticamente toda de rípio. No sul do Chile e da Argentina passei os momentos mais tensos da viagem: muita chuva, muita lama e muito vento (em determinado local o frentista de um posto de gasolina me disse que no rádio haviam informado que a velocidade do vento estava a cerca de 110 km/h). Minha moto, com quase 400 kg e com 1,10 m de largura, vinha pela rodovia a praticamente 45° de inclinação. Eu, a 90 km/h e sentado na lateral da moto. Num determinado momento tomei o maior susto da viagem — o vento levantou a roda da frente. Minha primeira vontade foi parar, mas aonde? Lá não há nada além de estrada, deserto, os Andes ao longe, e guanacos. O jeito era seguir. Nem rápido e nem devagar, o “meio termo” era mais seguro. A bolsa que vai sobre o tanque não permanecia mais ali... ela, assim como eu, viajava de lado. Não sei como as tiras não arrebentaram. O grande diferencial foi a experiência e a confiança adquiridas nos pouco mais de 250 km de rípio da Tierra del Fuego. Isso me deixava mais tranquilo — ou menos apreensivo. O vento foi abrandando depois de El Calafate. Mas foram cerca de 600 km de lama, muita chuva e pedras. Um sonho realizado. E de todos estes 800 km, nenhuma queda! Me superei. Após Santiago a sensação era que a primeira parte havia chegado ao fim. Começava o momento de retornar para casa, rever as filhas que choravam em mensagens de Whats-app e Skype e aguardar a próxima grande viagem. Foi muito interessante perceber as mudanças culturais ao Eurobike magazine 42 | 43


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longo dos países. As necessidades são outras, visivelmente outras. Os países na maioria das vezes remetem a uma vida mais bucólica e rural; as pessoas são mais receptíveis e sorridentes, é bem parecido com o interior do Brasil. Na Argentina, por exemplo, sempre fui saudado com muita alegria. As pessoas paravam e perguntavam sobre tudo. Com um olhar de deslumbre, as perguntas de sempre eram: Está vindo de onde e vai pra onde? Quanto custou a moto? Qual a velocidade de cruzeiro? Gasta muito? Aonde estão seus amigos? Você viaja sozinho? Por uma questão que misturava economia de dinheiro e vontade de viver mais próximo às pessoas, eu fiquei em hostels e na casa de amigos, mas em 70% das noites fiquei em campings. Ali eu conheci muita gente legal, de todos os lugares do mundo. Conheci pessoas da Argentina, Chile, França, Estados Unidos, Colômbia, Costa Rica, Peru... e tantos outros. Hoje tenho muitos lugares espalhados pelo mundo todo, aonde me ofereceram abrigo e bate papo. Não há, necessariamente, solidão para quem viaja sozinho. Em novembro próximo seguirei sentido norte da Argentina, vou até o Deserto de Atacama, atravessarei a Bolívia até a

Estrada da Morte, depois Cusco, conhecerei Machu Picchu e depois voltarei ao Brasil, aonde percorrerei a Transamazônica, retornando para casa pelo litoral nordestino. Em 2017 a meta é chegar ao Alasca, depois Nova Iorque e Key West (na Flórida). Tudo isso um dia foi sonho, e hoje vai se transformando em realidade com a ajuda do meu amigo André Braga Jr – Tomate Cereja Design, que criou o desenho dos baús laterais, das minhas camisetas e dos adesivos que colei por todo sul da América, e claro, da Eurobike, que me ajudou a equipar a moto e a mim para esse grande desafio. Nunca tive a pretensão de holofotes. Tudo que fiz e faço na minha vida foi com o propósito de me conhecer, conhecer o mundo, quem sou eu e o que vim fazer aqui! Uma busca por um propósito que está além do convencional. Desde criança a pergunta que não sai da minha cabeça sempre foi: O que eu estou fazendo aqui? Tenho consciência, hoje, de ser referência apenas para as minhas filhas, e espero sê-lo de forma positiva. Procuro enEurobike magazine 44 | 45


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sinar a elas que para crescer e ser feliz é importante seguir uma direção interna que sempre as levará a um melhor delas mesmas. Para mim, isso pode ser traduzido pela união de autoconhecimento, ética e força de vontade. Isso está muito longe de ser simples, tampouco é fácil... Sempre haverá um mundo que tentará dissuadi-las, mostrando sempre um caminho mais “normal” e óbvio... Mas que não necessariamente está alinhado com o que faz os olhos brilharem e o coração bater mais forte! E é neste instante, quando se deseja que o momento se eternize, que passamos a identificar o que realmente nos faz feliz.

Isso pra mim é crescimento. Isso me traz felicidade.

Respondendo a minha própria pergunta no começo: Sempre abri mão de muitas coisas, mas nunca abri mão de mim mesmo — da busca, do crescimento e da alegria. Isso me faz vivo. Me faz Eu!

O que faz isso comigo? Aonde me encontro no melhor de mim? Na estrada, nas pessoas, nos lugares, nas descobertas, nos desafios... A elas? Cabe a cada uma delas saber! Talvez a única coisa que eu ensine de fato seja a busca! E ela vale a pena! Mais do que um objetivo, a busca simboliza o caminho... O ir, se lançar!! Não trago comigo a vaidade de ser famoso, ser aplaudido, ser invejado, ser referência. Pela minha ótica, não faço nada de excepcional pra isso! Apenas estou sendo eu! Para mim, todos os erros e acertos da minha vida só tiveram este único objetivo: ser eu mesmo, mas não ser sempre o mesmo.

Vamos juntos?


Audi é a primeira a oferecer serviço de revisão em aeroporto

A Audi do Brasil lança um serviço inédito no país e inaugura uma oficina no Aeroporto de Congonhas, na região metropolitana da capital paulista, a primeira em área aeroportuária do Brasil. O Audi Airport Service terá, nesse princípio, capacidade de atendimento para 150 a 200 clientes ao mês, realizando serviços de revisão programada. “Somente no último ano, a frota circulante da Audi cresceu 36% no Brasil. Essa novidade faz parte de uma estratégia para ampliar nossa capacidade instalada para atender os clientes, prestando um serviço de alta qualidade. Além disso, estamos oferecendo um grande diferencial em pós-vendas ao fazer a revisão do veículo durante o período de viagem do cliente, otimizando seu tempo”, destaca José Sétimo Spini, diretor de pós-vendas da Audi do Brasil. O Audi Airport Service está localizado no estacionamento VIP do Aeroporto de Congonhas e será operado pela Audi Center Itaim, pertencente ao grupo Eurobike. Entre os serviços disponibilizados estão as revisões programadas dos modelos da marca, lavagem a seco, troca de óleo e filtros, inspeção de mais de quinze itens, entre outros. Os valores de revisão serão os mesmos cobrados nas concessionárias da marca. Caso sejam necessários reparos mais extensos após diagnóstico dos consultores técnicos, a equipe poderá oferecer ao cliente um novo agendamento de serviços, realizado em uma concessionária de sua preferência.

A equipe que atenderá no aeroporto foi capacitada pelo Centro de Treinamento e Competência Tecnológica da Audi, em São Paulo, e os serviços seguem os padrões internacionais de qualidade da montadora, funcionando de segunda a sexta-feira, das 6h às 23h. Em comparação com o atendimento regular de uma concessionária, esse horário estendido é cerca de 70% maior. Todos os clientes receberão os seus veículos revisados e lavados pelo Audi Airport Service e também contarão com um serviço de valet oferecido como cortesia. Investimentos A área de pós-vendas é uma das frentes de negócio da Audi que vem recebendo investimentos nos últimos anos, como parte da estratégia 360° da marca, que visa o crescimento sustentável no país. Com este direcionamento, a Audi ampliou sua capilaridade de serviços e vem fomentando a capacitação de seus colaboradores, com cursos realizados no Centro de Treinamento e Competência Tecnológica, inaugurado no ano passado em São Paulo. “O Audi Airport Service é parte importante deste planejamento de negócio, ao trazer ao mercado um modelo inovador na prestação de serviços, com qualidade e muito alinhado às necessidades dos nossos consumidores”, finaliza José Sétimo Spini.

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Land Rover DISCOVERY 1 Lançado para preencher uma lacuna no portfólio de produtos da Land Rover, o Discovery revolucionou o mercado de utilitários esportivos

Por Eduardo Rocha


A história do Land Rover Discovery começa no início dos anos 1980, após um período de cerca de dez anos nos quais a British Leyland, sempre bem-sucedida na produção de veículos off-road, negligenciou a continuidade do desenvolvimento de produtos Land Rover e Range Rover, sem grandes evoluções nesse tempo. Enquanto isso, empresas como Toyota e Nissan estavam trabalhando duro no desenvolvimento de seus produtos, sendo que a Toyota teve grande êxito com seu Landcruiser. Na sequência, vinham Daihatsu e Suzuki, com boas alternativas de baixo custo. Era nítido que a engenharia da British Leyland caminhava no sentido errado e o indicador eram os resultados de vendas. Com a chegada de Michael Edwardes como CEO da empresa em 1977 e a autonomia da marca Land Rover dentro da British Leyland, surgia uma luz no fim do túnel; mas, em 1979, a segunda crise do petróleo atingiu forte a Land Rover. Naquele ano os Land Rover Série III recebiam um motor V8 e os Range Rover ganhavam uma versão 4 portas e mais luxo interno. Um, bem espartano, e o outro, cada vez mais luxuoso. Criou-se então um nicho intermediário que precisava ser preenchido. Era premente a necessidade de se criar um modelo intermediário para fazer frente aos novatos Mitsubishi Shogun (Pajero) e Isuzu Trooper.

Projeto Jay Os trabalhos na nova linha de produtos tiveram início em 1986, utilizando como base o conjunto motriz dos Range Rover, mas com especificação e acabamentos mais simples para posicioná-lo de acordo com as ambições por esse mercado intermediário, onde as montadoras japonesas avançavam a passos largos. Com o enorme sucesso do Range Rover, introduzido no mercado norte-americano, os executivos da Rover tiveram o fôlego e a confiança necessários para dar início à montagem do Projeto Jay. Em 1988 o design já estava praticamente definido e os conjuntos de motor e transmissão também. Seriam o 3.5 V8 com dois carburadores SU e o novíssimo Land Rover 200Tdi, em substituição ao VM Turbodiesel utilizado nos Range Rover. O câmbio era o LT77, também dos Range Rover. Sua missão: acabar com a vantagem alcançada pelos japoneses no mercado de utilitários esportivos (ainda não se usava essa terminologia na época).

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Para viabilizar esse investimento, a Land Rover (agora uma marca e não mais um modelo) encerrou as atividades de treze fábricas pelo mundo, concentrando toda a produção em uma megaplanta na cidade inglesa de Solihull. O antigo Land Rover Série III passou a se chamar Defender e o novo modelo, que teve os nomes Prairie Rover e Highlander cogitados, acaba por se chamar Discovery.

Nasce um novo Land Rover Quando fez sua primeira aparição no Salão de Frankfurt, o Discovery, primeiro novo modelo em vinte anos, causou euforia. Ou seja, a sobrevivência da marca no século 21 estava garantida e com munição suficiente para conter a invasão japonesa no mercado mundial. “É um veículo de lazer não voltado para o consumidor de luxo, para isso temos o Range Rover, mas, sim, para aqueles em franca ascenção financeira”, disse Chris Woodark, diretor comercial da marca. Inicialmente foi oferecido somente na configuração 3 portas, para preservar o Range Rover. Tinha muito estilo, com grafismos modernos nas faixas adesivas que remetiam à aventura, janelinhas alpinas (as laterais superiores na curva do teto) e um interior arrojado, primorosamente desenhado

No alto, o protótipo do Projeto Jay. Observe que o carro tem duas linhas de estilo diferentes em cada metade Acima, a capa de estepe com o lettering Discovery. Um ítem clássico Na página ao lado, o produto finalizado como foi lançado


pelo Conran Design Group, do famoso Sir Terence Conran. O interior fazia uso de cores suaves, plásticos macios ao toque e uma leva de itens para agradar a família moderna.O briefing era criar um veículo que fosse um acessório ao estilo de vida. As inovações foram muitas e até um engenheiro japonês foi flagrado (e convidado a se retirar) do Frankfurt Motor Show, por estar raspando amostras das texturas dos plásticos do Discovery. Quando a revista Autocar conseguiu um modelo para testes e pôde compará-lo ao Isuzu Trooper e Misubishi Shogun, deu o veredito fatal aos japoneses: “Mais rápido, mais econômico, com melhor dirigibilidade e equilíbrio graças à tração nas 4 permanente. Seu interior está muito à frente de seus concorrentes. A única dificuldade que a Land Rover

deverá enfrentar é que as pessoas estão se acostumando às 5 portas, ainda não disponível no modelo”. Essa história continua até os dias de hoje, às vésperas do lançamento do Discovery 5 (se é que vai se chamar assim). Mas vamos falar sobre dois exemplares preservadíssimos do modelo 3 portas. Hoje no Brasil existem (acredito) menos de dez unidades desse charmoso modelo da Land Rover. Eu conheço apenas sete deles. Esses dois exemplares 100% originais aqui apresentados, um vermelho restaurado (não na cor original), outro verde, um raro cinza sólido (Pembroke Grey) com interior azul, todos aqui em São Paulo, e mais dois no Paraná. Os dois retratados em nossa matéria têm características Eurobike magazine 50 | 51


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diferentes no que diz respeito ao seu uso. O branco, pronto para o fora de estrada, com pneus All Terrain, rodas de aço e bancos de tecido, mas com incríveis capas de banco originais Land Rover, bastante raras de se encontrar. Os vidros dianteiros são acionados manualmente e os traseiros apenas basculantes. Além disso, um curioso porta objetos, feito de tecido. Já o verde teve seu interior de couro refeito à perfeição com uma tonalidade mostarda que harmonizou perfeitamente com o bege dos plásticos. Tem rodas de liga originais e pneus radiais com mais vocação para o asfalto. Os vidros dianteiros são elétricos e os traseiros basculantes.


O carro é muito macio e confortável, e também muito estável e silencioso. O motor 200Tdi não foi feito para grandes performances, mas não é esse o seu propósito. Tem um excelente torque e é extremamente econômico. Muito prazeroso de dirigir tanto na cidade quanto na estrada de asfalto ou terra.

Na página à esquerda uma versão mais espartana, com apelo off-road e o curioso porta-luvas “soft”

Em 1990 a versão V8 recebeu um sistema de injeção EFi, no lugar dos carburadores SU, e foi criada uma outra versão (aliás, bastante impopular), a 2.0 MPi, considerada inútil pelos conhecedores tanto em on quanto em off-road, provavelmente pela falta de força.

No alto, as versões mais equipadas vinham com rodas de liga leve Acima, as capas de banco impermeáveis originais da Land Rover

O Discovery 1 de 3 portas já é considerado um clássico no mundo todo e seu preço de mercado vem subindo a cada Eurobike magazine 52 | 53


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dia. Um modelo todo original em bom estado vale mais de R$ 50 mil, já um em excelente condição e restaurado chega aos R$ 80 mil. O mercado de clássicos se mantém aquecido, mas as “raridades” estão cada vez mais raras. Sempre quis ter um desses, e o verde garimpei para um grande amigo colecionador, que se apaixonou pelo carro. Não vai vender nunca. Quem sabe aparece algum perdido por aí. Estou sempre de olhos bem abertos.

Acima, o elegante e simples painel: nada fora do lugar ideal À esquerda, o interior em couro mostarda, impecável

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58. “Eu adorava a comida japonesa e achei que poderia me especializar. Mas quem iria provar sushi de um boliviano?â€? 68. Achados e imperdĂ­veis na Eurobike

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Um olho na cozinha outro no futuro A trajetória profissional de Checho Gonzales é marcada por uma grande inquietação. Qual é o próximo empreendimento desse chef que há dois anos abriu a Comedoria Gonzales no Mercado Municipal de Pinheiros, em São Paulo? Seja qual for, vai dar o que falar Por Simone Fonseca Fotos Eduardo Sardinha

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PRAZER Checho Gonzales já foi garçom, já teve balada, foi aprendiz do Kyiomi, um dos primeiros sushiman de São Paulo e cozinheiro no Na Mesa e D.O.M., restaurantes do Alex Atala. Já morou no Rio de Janeiro, Goiânia, Barcelona e São Paulo. Já fez ceviches e tacos para bares noturnos, que entregava de bicicleta. Foi um dos criadores de uma feira gastronômica que levou para a rua a comida dos grandes chefs brasileiros e abriu alas para a febre atual dos food trucks. Essa é apenas parte da história desse boliviano que ajuda a inovar o mundo da comida contemporânea. Uma história cheia de movimento. Checho nasceu em La Paz, Bolívia e, em 1973, ainda criança, veio para o Brasil com a família. Fugiam de um país muito conservador, que passava por uma das mais complicadas ditaduras latino-americanas, em busca de mais liberdade e oportunidade. Desembarcaram no Rio de Janeiro, onde moraram por quatro anos. Depois fincaram raízes em São Paulo. Essa mudança foi decisiva para seu destino, como ele afirma: “Aqui eu cresci com opções de escolha. Dificilmente teria esse leque de possibilidades na Bolívia”. Em 1986, começou a trabalhar como garçom em bares noturnos nos Jardins: Funilaria e Pintura foi o primeiro, depois veio o Singapura Sling. Em 1991 a inquietação chamou e ele se mudou para Barcelona, na Espanha. Ficou dois anos. Voltou para São Paulo e abriu uma casa noturna, em seguida outra casa noturna, e, poucos anos depois, decidiu que era

hora de parar de trabalhar com a noite. Escolheu focar na cozinha. “Eu gostava de cozinhar e tinha habilidade.” Procurou Kyiomi, dono do Sushi Kiyo na rua 13 de Maio. “Eu adorava a comida japonesa e achei que poderia me especializar. Mas quem iria provar sushi de um boliviano?”, perguntou Checho sorrindo. A vida realmente mostrou que seu caminho era outro. Foi trabalhar com Alex Atala, um dos maiores nomes da comida brasileira contemporânea. Disse que queria aprender a cozinha ocidental, francesa, a italiana clássica, mas Atala lhe deu um conselho fundamental: foca na sua latinidade, a sua origem deve inspirar sua comida. “Mas o que aprendi com Kyiomi trago comigo até hoje”, diz. No começo dos anos 2000, veio um convite especial: chefiar a cozinha do Zazá Bistrô no Rio de Janeiro, um simpático restaurante tailandês em Ipanema. Lá começou a exercitar essa latinidade e criou as bases para estabelecer seu nome próprio no mundo da gastronomia. Do Rio para a rua Em solo carioca, Checho ganhou importantes prêmios — como o de chef revelação pela revista Gula (2001) e pelo


Maria Cajas

Guia Danusia Bárbara (2002). Um reconhecimento de que sua cozinha estava sendo bem recebida. Do Zazá foi para o Togu, 00, Dona B. e Pecado, pequenos empreendimentos, e então voltou para São Paulo, em 2009, cansado do Rio.

porta, de bicicleta. Daí para a ideia de fazer um evento de rua foi um passo. Procurou Henrique Fogaça, chef e dono do Sal Gastronomia, e a produtora cultural Lira Yuri e criaram, juntos, uma feira gastronômica chamada O Mercado.

Junto com Alexandre Negrão, seu chefe na época do Singapura Sling, e mais quatro sócios, abriram nos Jardins o Ají, restaurante meio peruano, meio japonês, meio boliviano. Só que os ideais não combinavam. Checho tinha uma coisa na cabeça totalmente diferente de Negrão e os outros sócios. Eles queriam fazer alta gastronomia. “Comida de salto alto”, brinca o chef. “Eu queria fazer uma comida cada vez mais acessível.”

A proposta era levar para a rua a melhor comida feita nos restaurantes de São Paulo.

A divergência de pensamento impactou nos negócios e o restaurante não deu certo. Checho faliu. E foi nesse momento de pior sombra que novos caminhos começaram a se delinear. Pela primeira vez veio a grande reinvenção. “É preciso repensar o tempo todo o que você faz. Não só nos momentos ruins, nos bons também.” E foi nessa época que ele começou a notar que as casas noturnas paulistanas, como o Lyons e o Carniceria, precisavam de comida. Conversou com os donos e decidiu fazer tacos e ceviches e começou a entregar de porta em

Ocuparam o pátio da Galeria Vermelho, perto da avenida Doutor Arnaldo, e puseram ali treze barracas de altíssimo nível. Entre os nomes por trás das barracas, estavam estrelas de primeira grandeza: Alex Atala, Helena Rizzo e Bel Coelho. O evento literalmente parou a cidade, filas quilométricas se formaram e somente mil pessoas puderam efetivamente degustar das ofertas. Em quatro horas acabou o estoque de bebida e comida, deixando todo o público com água na boca. O sucesso que a feira fez abriu os olhos do trio. E abriu os olhos da cidade para a possibilidade de haver uma comida de rua de boa qualidade e bem organizada. Foi na esteira de O Mercado que surgiram as praças de food trucks que hoje ocupam quase todos os bairros centrais de São Paulo. Eles ainda ficaram uns três anos capitaneando esses eventos gastronômicos, até que Checho viu a oportunidade de abrir uma barraca fixa no Mercado de Pinheiros. Eurobike magazine 60 | 61


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Surgia assim, em 2014, a Comedoria Gonzales. Mercado Municipal de Pinheiros A mudança é impressionante. Do mercado sujo, escuro e desorganizado de alguns anos atrás, com uma oferta muito básica de comes e bebes, não se tem quase lembrança. Hoje o que se vê são boxes bem apresentados, com uma gama cada vez maior de produtos. Checho tinha uma coisa na cabeça totalmente diferente de Negrão e os outros sócios. Eles queriam fazer alta gastronomia. “Comida de salto alto”, brinca o chef. “Eu queria fazer uma comida cada vez mais acessível.”

“O Mercado de Pinheiros sofreu as consequências da ampliação da avenida Faria Lima, que transformou o local num imenso canteiro de obras. Tapumes esconderam o mercado e, durante 15 anos, ele ficou isolado, esquecido. Agora não. Com a revitalização do Largo da Batata, o novo metrô a uma quadra e o fim das obras, o público voltou a circular por aqui”, diz Checho. Uma coisa puxa a outra e, nesse movimento, grande parte dos 39 boxes, divididos em dois andares, estão oferecendo uma variedade cada vez maior de cereais, grãos, condimentos, além de carnes, peixes, aves, laticínios e quitanda. “Hoje se encontra figo, aspargos, jabuticaba, king crab, cortes especiais de carnes entre outros produtos que antes nem se


sonhava por aqui”, fala Checho. Tudo para fazer bonito aos fregueses, que não são poucos. Especialmente no horário de almoço durante a semana. Uma das filas mais longas é do Mocotó Café, versão pocket do incensado Mocotó, a casa de Rodrigo Oliveira, localizada na Vila Medeiros, Zona Norte da capital. Atraído pela nova onda do Mercado, o premiado chef resolveu abrir um quiosque onde oferece um menu reduzido das iguarias que ajudaram a lhe fazer a fama. Estão no cardápio os deliciosos dadinhos de tapioca, a mocofava, o baião de dois e o sorvete de rapadura com calda de catuaba. Além do apetitoso cuscuz nordestino com ovo mole, que ele serve no café da manhã. No andar de baixo, Alex Atala trouxe o Instituto Atá que, junto com outras entidades não governamentais, representa pequenos produtores de cinco biomas do Brasil: Cerrado, Pampa, Caatinga, Mata Atlântica e Amazônia. Os seus três boxes apresentam uma coleção rara de produtos tipicamente brasileiros, que não se encontram em qualquer lugar. É o caso do mel de abelhas selvagens, coletado por índios do Xingu, o mel-branco de Cambará do Sul, a geleia de priprioca Eurobike magazine 62 | 63


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— aromática erva amazônica —, a pimenta dos Baniwa e o xarope de cambuci, fruta da Mata Atlântica. Enfim, uma oferta que enche os olhos dos visitantes e contribui para a sustentabilidade econômica dos pequenos produtores. A revitalização do Mercado é percebida de forma muito positiva por Checho. “Não é uma ação em conjunto, capitaneada por alguém. É um movimento natural, de cada um consigo mesmo. Mas para mim, esse é o movimento


legítimo, porque um inspira o outro e o outro e assim todos mudam de forma verdadeira e duradoura.”

inteiro e, na hora de servir, assam por apenas 90 segundos e pronto. O resultado é uma pizza leve, fantástica.

Diz que fica feliz vendo os vizinhos se movimentando, arrumando seus boxes, dispondo melhor os produtos nos balcões. E fala com entusiasmo das novidades, o novo centro de higienização e embalagem de verduras e legumes e a chegada da Napoli Centrale, pizzaria napolitana, sua vizinha recém-inaugurada. A massa deles fica fermentando um dia

Comedoria Gonzales Durante a semana, na hora do almoço, a Comedoria Gonzales recebe por volta de 150 pessoas. Aos sábados esse número sobe para aproximadamente 600. A espera é inevitável, mas a qualidade da comida vale cada minuto em pé. Eurobike magazine 64 | 65


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O cardápio é parte fixo, parte rotativo. Quem está sempre lá: o ceviche feito com peixe do dia, comprado fresco, ali mesmo dos fornecedores do mercado. O peixe muda conforme a ocasião. Na nossa visita era o buri ou atum. Também tem a opção de frutos do mar, na qual entram lula, camarão, vôngole, ou polvo, além do peixe. Em ambas a pessoa escolhe a marinada que pode ser: suco de manga, suco de milho verde, suco de cambuci ou óleo de gergelim. Do forno saem galetos assados em especiarias ao limão, além de uma costelinha suína muito macia. Para acompanhar, batata-inglesa ao alecrim, batata-doce ao tomilho e limão ou salada de batata. De entrada, uma salteña de carne ou frango ou uma pucakapa, que é uma empanada de queijo. Na sobremesa a opção querida por 10 entre 10 frequentadores é o três leches, espécie de pudim de pão de ló com doce de leite. De vez em quando aparecem umas surpresas, como o anticucho, espetinho de coração de galinha em especiarias com molho picante de amendoim que acompanhou o ceviche de milho verde. Todos os pratos são servidos em embalagens descartáveis, biodegradáveis. Ali não tem mesa e nem serviço convencional. Como ele mesmo diz, nosso foco é a comida. A cozinha de Checho Gonzales é intuitiva. Ele diz que cozinha em casa dia sim dia não. Abre a geladeira, vê o que tem e inventa algum prato. Na Comedoria também, vê os excedentes e pensa em alguma receita. “Hoje a gente comeu um refogado de mexilhões, batata, abóbora, tomate e couve. Amanhã não sei.” Acredita que esse tipo de cozinha é mais

natural. “Não gosto da cozinha com muita técnica, muito estudada, acho mecânica. Cadê a paixão?” Checho chega para trabalhar entre 10h e 11h, todos os dias, menos domingo. Vem de metrô em uma viagem de apenas 15 minutos. Uma tarde da semana sai para treinar arco e flecha. Diz que é seu momento zen, de meditação. Acredita que ainda fica por mais algum tempo no Mercado de Pinheiros, mas já está pensando no seu próximo movimento. “Já estou me coçando para fazer algo novo. Meu negócio com a gastronomia é criar modelos diferentes”, diz com a sabedoria de quem sabe recomeçar.

Serviço: Comedoria Gonzales Aberto de segunda à sábado, das 10h às 20h Rua Pedro Cristi, 89, box 85 — telefone 11 3813-8719 São Paulo Mocotó Café Aberto de segunda à sábado, das 8h às 18h Rua Pedro Cristi, 89, box 62-63 — telefone 11 3031-7932 Napoli Centrale Aberto de segunda à sábado, das 8h às 20h Rua Pedro Cristi, 89, box 84 — telefone 11 3031-1689

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72. “Num determinado ponto da caminhada ouvimos barulho de animal se movendo entre as plantas. Deu aquele frio na espinha e jĂĄ imaginamos que seria um urso, bem no caminho.â€?

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Yellowstone

National Park


Os Estados Unidos têm 58 parques nacionais e um total de 25.800 áreas protegidas cobrindo uma área de 1.294.476 km2, ou 14% do território do país. Yellowstone é um dos mais bem sucedidos exemplos de turismo de qualidade em áreas de conservação

Por Marcelo Freitas

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Alguns parques se destacam por formações geológicas, outros pela vegetação ou pelos animais. Alguns, como o Grand Teton National Park e o Yellowstone National Park, têm um equilíbrio entre a beleza das paisagens e a preservação da flora e da fauna. Passamos alguns dias nesses parques, observando a vida animal e nos encantando com as paisagens de tirar o fôlego.

Yellowstone é muito extenso e é possível acessá-lo por cidades e estados diferentes. Companhias aéreas mantêm voos regulares para Cody e Jackson, em Wyoming, Bozeman e Billings, em Montana, e Idaho Falls, em Idaho. Optamos por Jackson, onde pudemos também visitar o Grand Teton National Park. Jackson fica num vale cercado de montanhas chamado Jackson Hole.


Grand Teton Range vista do Resort Amangani

Com mais um casal de amigos, ficamos no hotel Amangani, da cadeia Aman, que além de excelente é muito bonito, com arquitetura em harmonia com a região e a paisagem. Jackson é mais conhecida pelos brasileiros por conta da estação de esqui, mas optamos pela visita em setembro, quando o clima é temperado e muito agradável, neve apenas nos picos mais altos.

A grande atração da região é o Grand Teton National Park, que tem aproximadamente 125 mil hectares e inclui os picos mais altos da cadeia de montanhas Teton Range. O nome (Grand Teton) vem do francês e faz referência a dois picos que se assemelham ao formato de dois seios. Esse parque fica a apenas 16 km do Yellowstone.

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Acima, o gêiser Old Faithful Na página à direita, no alto, a folhagem já assumindo tons de outono


No primeiro dia, saímos para uma caminhada ao redor do lago Phelps, de águas cristalinas, que fica na Laurence S. Rockefeller Preserve, uma região onde é comum o encontro com ursos. Por uma questão de segurança, o pessoal do hotel orientou a levar o “bear spray” (gás de pimenta), que é a melhor forma de se proteger dos ursos em caso de ataque. Aliás, o spray é mais eficaz do que qualquer arma de fogo, pois, assim como nos humanos, os efeitos nos ursos são cegueira temporária, dificuldade de respiração, irritação nas mucosas. Com uma arma de fogo você pode até acertar o urso, mas dificilmente isso o deterá. Ele talvez morra após algum tempo, e também após matar o atirador. Num determinado ponto da caminhada ouvimos barulho de animal se movendo entre as plantas. Deu aquele frio na espinha e já imaginamos que seria um urso, bem no caminho. Ficamos com o spray em mãos. Mas era apenas um grande alce bem próximo. Embora os alces possam atacar, esse estava entretido com sua alimentação. Então lentamente nos afastamos sem qualquer problema. O trajeto levou ao sopé das montanhas e lá encontramos a van do hotel para nos levar de volta.

Para tirar melhor proveito da visita ao Yellowstone, decidimos participar da Wolf and Bear Expedition, que é oferecida pela Teton Science School. Assim, não haveria a preocupação de alugar carro, escolher trajetos, alimentação no campo e procurar os animais, pois os guias, que são biólogos, cuidariam de tudo, além de dar informações sobre o local e os animais. O Yellowstone National Park foi o primeiro parque nacional do mundo, sendo inaugurado em 1872, e hoje tem uma área de 898.311 hectares. A maior parte do parque fica em Wyoming, mas alcança áreas de Montana e Idaho. É composto por lagos, rios, cânions, montanhas, gêiseres e vales. Sob o parque está o Yellowstone Caldera, o maior supervulcão do continente. Esse vulcão é considerado ativo e alimenta os elementos geotérmicos da região. Só para dar uma ideia da dimensão, ele agrega a metade dos elementos geotérmicos (gêiseres, fontes de águas quentes etc.) do mundo. Toda a região da bacia do rio Missouri, que inclui o rio Yellowstone, só começou a ser desbravada por americanos de Eurobike magazine 76 | 77


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Na pรกgina da esquerda, fonte de รกgua termal Nessa pรกgina, a Mammoth Hot Springs, Yellowstone

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origem europeia a partir dos anos de 1804 a 1806, quando a expedição de Lewis e Clark cruzou o território americano, chegando ao oceano Pacífico por terra. Em sua primeira parte, a expedição partiu de Saint Louis e percorreu o rio Missouri até as Montanhas Rochosas, passando um pouco ao norte da região do Yellowstone e também pela região onde em 1823 ocorreram os fatos narrados no filme O regresso (The Revenant). O Yellowstone deixou bastante preservada uma região muito similar à vista pelos expedicionários Lewis e Clark. Partimos. O trajeto de carro para o Yellowstone é bem bonito e avistamos mais animais: o uapiti, o alce, a morsa, a águia etc. Em vans bem mantidas e confortáveis, seguimos por dentro do parque passando pelo Yellowstone Lake e por alguns elementos geotérmicos. Grandes atrações da região incluem o gêiser “Old Faithful”, o “Grand Canyon of the Yellowstone” e a “Mammoth Hot Springs”, um grande complexo de nascentes de água quente que ao longo de milhares de anos depositou algo como duas toneladas diárias de carbonato de cálcio diluídas nas águas, através das fendas do travertino e do limestone, rochas sedimentares. É importante ressaltar que visitantes devem se manter exclusivamente nos caminhos designados a eles. Não observar esse preceito pode ser fatal, pois as águas podem chegar a 90° C. O último acidente relatado foi o de Colin Scott, que, ao ser desviar da

No alto, fonte geotérmica desaguando no Yellowstone Lake Acima, o proghorn ou antilocapra


área de segurança, caiu e desapareceu em junho de 2016. Contudo, com o devido cuidado e respeito, a visita é segura. Continuamos pelo vale que acompanha o “Soda Butte Creek”, onde ficamos mais tempo observando os animais: além dos já mencionados acima, o bisão americano e o antilocapra, muito parecido com o antílope. A quantidade de animais é grande e a distância que ficamos de vários deles é relativamente pequena, embora seja importante manter o cuidado, principalmente com relação ao bisão, urso, alce e uapiti, que podem efetivamente atacar. Os diários da expedição de Lewis e Clark registraram a descoberta na região de várias espécies novas para a ciência, incluindo o antilocapra e o urso pardo, e também relatam manadas de aproximadamente 10 mil cabeças de bisões. Como curiosidade, o parque e seus ursos inspiraram a dupla Hanna-Barbera a criar os simpáticos ursos Zé Colmeia e Catatau.

No alto, alce no Grand Teton National Park Acima, bisão no Yellowstone

Dormimos duas noites em Cooke City, um vilarejo fundado em 1882 em Montana, com 140 habitantes (censo de 2000) e um ar de velho oeste dos dias modernos. O hotel é relativamente simples, mas confortável para o pernoite. De fronte ao hotel há um saloon onde jantamos com pai e filho americanos, que lá conhecemos. Durante o jantar soubemos Eurobike magazine 80 | 81


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John Moulton Barn (ou celeiro) com Grand Teton ao fundo, em Jackson Hole

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que o pai, Hollis Boehme, já nos seus 80 anos de idade, participou do desenvolvimento do GPS, hoje tão largamente utilizado no mundo todo. E o filho, Brandon Boehme, posteriormente me enviou por correio um livro maravilhoso sobre a expedição de Lewis e Clark, cujo título é Undaunted Courage, de Stephen Ambrose Como os lobos criam alguns problemas para os moradores da região, principalmente por serem predadores de animais criados pelos moradores locais, fomos orientados a evitar discussões sobre o tema. Afinal, enquanto estávamos lá justamente para ver lobos, muitos moradores os preferem mortos. Nessas condições, um debate defendendo a preservação provavelmente seria áspero e não levaria a lugar algum. Os nossos guias, além de muito competentes, tinham um senso de humor bastante apurado. No meio da rua, entre o hotel e o saloon, encontrei o guia que carregava dois secadores de cabelo que haviam sido solicitados por duas participantes da expedição. Ele me olhou e sacou suas armas, apontando para mim os secadores, como se fosse um duelo de filme. Como eu não estava armado com secadores, apontei minha câmera e atirei... No dia seguinte, continuamos em busca dos lobos e ursos e finalmente vimos dois lobos a grande distância. Só conseguimos vê-los através de lunetas e não pudemos fazer boas fotos. Que pena. Retornamos então a Jackson Hole por uma estrada que corre do outro lado das montanhas do Teton Range, no estado de Idaho.

Novamente instalado no luxuoso Amangani, comecei a pensar na próxima viagem. Os Estados Unidos têm alguns dos mais belos parques nacionais do mundo, ou seja, há ainda muito para ver. Quem sabe no ano que vem.

https://www.aman.com/resorts/amangani https://www.nps.gov/yell/index.htm https://www.nps.gov/grte/index.htm http://www.tetonscience.org/wildlife-expeditions/home/




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