EXPRESSÃO: Universitários adventistas marcam presença na igreja e na universidade a revista do jovem que pensa
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abril-junho 2010
VOLUNTARIADO
Jovens sul-americanos deixam o conforto de casa para ensinar e aprender muito na África
Débora ________ Designer
PÁSCOA
O testemunho da tumba vazia
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O MUNDO DO OUTRO LADO DA TELA: O QUE SEU PERFIL, FOTOS E COMUNIDADES DIZEM?
ENTRE DOIS MUNDOS 22012_Conex2tri2010.indd 1
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Cristãos full-time N
Ano 4, no 14 • abr-jun/2010 ISSN 1981-1470 www.conexaoja.com.br
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Capa: Marcos S. Santos Foto: Daniel Oliveira
2010: o ano da Esperança or Deus, a minha “Pois tu és a minha esperança, Senh (Sl 71:5). confiança desde a minha mocidade”
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Foto: Cortesia do autor
Débora ________ Designer ________ Editor
o começo do ano, o apresentador Bóris Casoy protagonizou um vexame que tem tudo a ver com o bordão pelo qual ficou conhecido: “Isso é uma vergonha!” O Jornal da Band levou ao ar saudações de Ano Novo de dois garis. Depois, enquanto eram veiculadas vinhetas, pôde-se ouvir a voz de Casoy ao fundo, comentando com a equipe: “Dois lixeiros desejando felicidades do alto das suas vassouras... dois lixeiros... o mais baixo da escala de trabalho!” O assunto foi tema de discussões acaloradas na internet e vídeos do ocorrido pipocaram no YouTube, o que fez com que, no dia seguinte, Casoy pedisse “profundas desculpas aos garis e aos telespectadores da Band”. Alguns acharam a desculpa muito burocrática e nada convincente, não denotando arrependimento. Não quero julgar o caráter do Casoy por esse fato isolado, nem tampouco seu pedido de desculpas; se foi sincero ou não, ele sabe. Mas o incidente mostra que, muitas vezes, é “fora do ar” que mostramos quem somos e o que pensamos.
esperança com “E” açamos de 2010 o ano da nossa nossa esperança no maiúsculo. Para o salmista, Deus é a or da esperança agora e singular. Eu diria mais: Deus é o Senh sentimento de realização sempre. Esperança é mais do que um ; esperança é a razão de um sonho no futuro bem próximo Terra, enquanto vivermos. principal da nossa existência aqui na maio, veremos com Falando em esperança, no dia 15 de com as mãos a maior nossos próprios olhos e sentiremos forma de papel. Deus “pulverização” de esperança viva em pelo Impacto Esperança nos faz vibrar de ardente expectativa composto de milhares de versão 2.0. O exército da esperança
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O que fazemos no computador, quando estamos sozinhos? Qual é o nosso comportamento atrás do volante, no trânsito congestionado? Como tratamos a esposa e os filhos, em casa, longe do olhar dos amigos? Como fica nossa produtividade e fidelidade no trabalho quando o chefe está fora? O cristão deve se preocupar não apenas com a reputação, mas, sobretudo, com o caráter. Deve se lembrar de que “nada há oculto, que não haja de manifestar-se, nem escondido, que não venha a ser conhecido” (Lc 8:17) e que “Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más” (Ec 12:14). Nesta edição, a matéria de capa do editor associado Diogo Cavalcanti propõe uma reflexão sobre a maneira como os cristãos se apresentam nas redes sociais. Ali, também, nosso caráter deve refletir o dAquele a quem seguimos. Michelson Borges Editor
avenidas, semáforos e juvenis e jovens vai ganhar as ruas e escolas secundárias esquinas, praias e shopping centers, o coração perturbae universidades, levando esperança para o o medo! do. A esperança vai triunfar vencend a minha confianus O salmista também diz que “De é também pode ça”; Jesus é a nossa segurança; você Em Cristo nós dizer que Jesus é a nossa estabilidade. a. É pecado vivemos um estado de confiança plen maio. Encha as ficar de braços cruzados no dia 15 de elas encherão mãos de revistas e esteja certo de que milhares de corações de Esperança.
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Otimar Gonçalves ana
Líder de Jovens na Divisão Sul-Americ
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10 Entre dois mundos
5 Pode crer
O individualismo desumaniza as pessoas e compromete relacionamentos
O cristão deve assumir sua identidade no mundo real e no virtual
Universitários adventistas se organizam para para fazer diferença na igreja e na universidade
14 Saúde e Beleza
15 Aconteceu Comigo
A fidelidade da garota que queria estudar Medicina
20 Ajuda de mão dupla
17 Mercado de Trabalho
Jovens sul-americanos encaram desafios missionários em três países da África
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Como cuidar da pele (sem gastar muito)
Entre o curso técnico e o superior: retorno a curto ou médio prazo?
Raio X
Foto: Goodshoot/Comstock/Thinkstock
Foto: iStock/Thinkstock/Daniel de Oliveira
6 Expressão
Com a explosão da tecnologia 3D, devemos redobrar o cuidado na seleção do entretenimento
18 Portal
Dois documentários produzidos por formandos do Unasp tratam do genocídio em Ruanda e de como vivem os doentes mentais Nesse novo conto, o escritor Denis Cruz nos faz pensar na coerência entre o real e o virtual
Thinkstock
24 Na Cabeceira
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Nosso novo colunista explica por que os sites de relacionamento tornam os usuários em celebridades
CASA PUBLICADORA BRASILEIRA Editora dos Adventistas do Sétimo Dia Rodovia Estadual SP 127 – km 106 Caixa Postal 34 – 18270-970 – Tatuí, SP Fone (15) 3205-8800 – Fax (15) 3205-8900 Site: www.cpb.com.br / E-mail: sac@cpb.com.br SERVIÇO DE ATENDIMENTO AO CLIENTE Ligue Grátis: 0800 9790606 Segunda a quinta, das 8h às 20h30 Sexta, das 7h30 às 15h45 / Domingo, das 8h30 às 14h
Editor: Michelson Borges Editores Associados: Diogo Cavalcanti e Wendel Lima Designer Gráfico: Débora Wenceslau Matos Projeto Gráfico: Marcos S. Santos Diretor Geral: José Carlos de Lima Diretor Financeiro: Edson Erthal de Medeiros Redator-Chefe: Rubens S. Lessa Gerente de Produção: Reisner Martins Gerente de Vendas: João Vicente Pereyra Chefe de Arte: Marcelo de Souza Chefe de Expedição: Eduardo G. da Luz
Conheça o livro do Curso de Leitura dos jovens de 2010 e o filme sobre o Dr. Ben Carson
29 Conexão Direta
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Tão bom quanto crer que Jesus ressuscitou, é saber que há evidências disso
23 Bem Contado ot/ Foto: Goodsho
26 A tumba vazia
O risco de se adaptar as regras por não conhecer os princípios
31 Dúvida Cruel
Como as pessoas que vivem nas regiões polares guardam o sábado?
Colaboradores: Otimar Gonçalves, Aquino Bastos, Areli Barbosa, Diogo Cavalcanti, Elmar Borges, Nelson Milanelli, Paulo Bravo e Udolcy Zukowski Assinatura: R$ 18,20 Avulso: R$ 5,70
Tiragem: 9.500
Marcos Débora ________ Designer 9115/22012
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Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio, sem prévia autorização escrita do autor e da Editora.
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Envie um e-mail pra gente: conexaoja@cpb.com.br – As mensagens publicadas não representam necessariamente o pensamento da revista. A revista Conexão é um ótimo meio para manter os jovens adventistas informados. Gosto muito dos temas abordados, pois são temas que os jovens precisam saber para se manter na fé. Gosto também dos textos e experiências de vida que dão um sentido maior a nossa vida. A revista dá aos jovens leitores a possibilidade de refletir no que fizeram, no que estão fazendo e no que irão fazer. Espero que as próximas edições continuem colaborando no crescimento da minha fé e comunhão com Deus, e que mais pessoas possam desfrutar dessa maravilhosa leitura jovem. Paulo Luelson, Nazaré, BA pauloluelson@gmail.com
Em 11 de janeiro de 2008, saltei de para-quedas em Boituva, SP, depois de ter lido a experiência do salto do pessoal da Conexão, numa das edições de 2007. Foi uma sensação indescritível! Quero parabenizá-los pelas ultimas edições (todas, pra falar a verdade). Os temas abordados são importantíssimos para nós jovens no mundo atual. Na última edição, a matéria “Fidelidade de plantão” foi muito esclarecedora. Os profissionais de saúde devem ter muito cuidado ao exercer a profissão aos sábados. Eles devem ter o espírito voltado para o evangelismo, mesmo em meio a pessoas doentes e necessitadas. Deus os abençoe! CONEXÃO MENSAL JÁ!! Flávio Forte, Maceió, AL flavioforte85@hotmail.com
Considero a revista Conexão JA uma das melhores ideias que a igreja já teve. Abmael Rodrigo abmaelrodrigosl@hotmail.com
Gostaria de parabenizar toda a equipe pela ótima revista que vocês vêm produzindo. Os textos são dinâmicos e pontuais, e extremamente em conexão com a realidade em que vivemos. Gostaria de sugerir que fizessem uma matéria sobre a dança, pois, muitas vezes, alguém nos pergunta por que não dançamos e fica um pouco complicado responder... Obrigada por tudo e que Deus abençoe grandemente todos vocês! Keli Cristina Modesto kc_modesto@yahoo.com.br
A revista não é só entretenimento, ela me traz informação, conhecimento, abre meus horizontes espirituais, pelo fato de esclarecer muitas dúvidas, e isso nas diversas áreas, seja de saúde, internet e, principalmente, sobre o relacionamento com o próximo. Apesar de vivermos num mundo bem difícil para os cristãos, ela me ajuda e ver a vida de um jeito melhor. Posso dizer e gosto de pensar hoje que a Conexão me completa em muitas coisas. Alessandra Pera, Brasília, DF ale_pera1@hotmail.com O namoro é realmente o primeiro passo para o casamento. O texto do pastor Areli em sua simplicidade ao explorar um tema tão recorrente, trouxe princípios valiosos. Você terá a vida toda pra ficar se agarrando com seu marido ou esposa, esse é o momento dos testes, de perceber se ele ou ela está disposto a ser moldado por Jesus... pois nosso coração é enganoso, só existe certeza em Deus. Sara Emanoele Campos, Curitiba, PR saemanoele@yahoo.com.br
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Foto: Hemera/Thinkstock
Oi, amigos da Conexão JA! No ano de 2009, assinei a revista pela primeira vez. Gostei muito e em poucos dias li tudo. Não aguentava ter que esperar até receber a próxima, então li novamente a mesma revista. Os temas são ótimos! Os que preparam essa revista estão de parabéns! A matéria “Incompatíveis” foi excelente pra mim. Tenho 19 anos e quando li aqueles exemplos dos jovens, tive coragem de tomar uma decisão que antes eu estava em dúvida e com medo. Como todos dizem, essa revista tem que ser mensal; não me arrependo de ter assinado e com certeza vou continuar assinando sempre. Um abraço a todos que devoram essa revista em poucos dias... hehe. Jessie Grellert, São Lourenço do Sul, RS jessie.gre@hotmail.com
Olá, pessoal. Primeiro, gostaria de parabenizar toda a equipe pelo conteúdo do blog (www.conexaoja. com.br). Eu não o conhecia e fiquei empolgada para assinar a revista e obter essa boa leitura. Uma sugestão: certa vez, li no livro de Nancy Van Pelt (O Namoro Completo) sobre as atividades que um casal de namorados deveria fazer, mas não tenho mais o livro, e no momento comecei um namoro. Queria ler algo sobre atividade saudáveis que devem ser feitas para que possa enriquecer esse relacionamento e que proporcionem crescimento para ambos. Danielle Ferreira danizinha.smith@hotmail.com
Texto: Michelson Borges – Ilustração: Thiago Lobo
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Olá, família Conexão. Sou apaixonada por esta revista e já tive o privilégio de fazer muitos amigos graças a ela. Me sinto da família... Gostei muito da história de Dan Brown, na última edição, pois fará tanto os líderes como os mais leigos refletirem sobre o assunto. Aos 16 anos, saí da igreja e depois de algum tempo, por influência do meu namorado, comecei a frequentar outra denominação religiosa (que guarda o domingo). Tudo lá era muito parecido, praticamente só faltava deixarem de comer carne suína e guardar o sábado. Recebi estudo bíblico e em determinada oportunidade questionei o instrutor sobre o sábado. A resposta foi: “Ah, Wal, deixe seu sábado e comece a guardar o domingo!” Resposta 100% infeliz... Resultado: nunca mais frequentei, embora tenha grande admiração por todos como pessoas e até mesmo como irmãos, pois cremos em um só Deus! Hoje estou de volta ao meu lar, a família adventista do sétimo dia. E muito felizzzz! Walquiria Romualdo de Oliveira walquiriaro@hotmail.com
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Foto: Hemera/Thinkstock
Texto: Michelson Borges – Ilustração: Thiago Lobo
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uem já não presenciou o surto de egoísmo de uma criança ou mesmo de um adulto? Sabe aquela típica “ceninha” que os filhos aprontam para os pais no supermercado? O garoto de apenas três anos deixa a mãe em tremendo apuro ao gritar e rolar no chão chamando a atenção de todos os clientes para seu desejo contrariado de comer uma barra de chocolate. O que dizer então do motorista que, parado no trânsito como outros milhares de apressados, não deixa que ninguém o ultrapasse? Em pleno horário de pico, todo mundo briga por cada centímetro de avanço na Marginal Tietê, em São Paulo, mas ele se considera mais digno que os demais, a ponto de fazer de tudo para chegar em casa mais cedo. E se alguém tenta a mesma sorte dele e o atrapalha, a confusão está armada. O indivíduo abaixa o vidro e fala palavrões que a gente nem sabia que existiam. Ridículo! Outro exemplo de egocentrismo é o da fila do metrô. Quem quer entrar ajuda no “empurra empurra” antes mesmo dos outros passageiros saírem. A pressa não permite que eles raciocinem que, se a ordem e o lado de saída e entrada dos trens fossem respeitados, todos se locomoveriam mais rápido. Esses exemplos corriqueiros apenas evidenciam a lógica com que funciona nossa sociedade e o coração humano: a do próprio umbigo. É verdade que, desde a entrada do pecado no mundo, as relações humanas têm sido marcadas pelo egoísmo, mas tais níveis de “amor ao eu” nunca foram vistos. Por estar absurdamente focado em si mesmo, o homem contemporâneo tem dificuldade de se relacionar de forma positiva com as pessoas e o mundo. Vive sem atentar para as implicações de suas ações nos que estão ao redor. Narcisistas de carteirinha, é como se tivessem diante de si apenas um espelho gigante: seu bem-estar em primeiro lugar. Tal atitude só pode resultar em amizades interesseiras, casamentos destruídos e na terceirização da educação dos filhos. Em 2 Timóteo 3:1-9, o apóstolo Paulo descreve esse comportamento, que já era comum em sua época, mas que se intensificou ao longo dos séculos. A solução para hoje é focar na máxima das palavras e do exemplo de Jesus: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22:39) ou “Como quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles”
A defesa exagerada da individualidade tem desumanizado o ser humano e comprometido seus relacionamentos (Lc 6:31). Ele personificou esses conceitos ao Se entregar integralmente por nós. A lógica do governo de Deus é inversa à do “umbigo”. E o mandamento de Cristo é a receita da felicidade. É o caminho para a realização dos relacionamentos significativos, para a satisfação do senso de dever cumprido e a alegria de ter sido útil para alguém. Experimente! Nelson Milanelli
Líder de Jovens da União Centro-Oeste Brasileira nelson.milanelli@adventistas.org.br
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A lógica do umbigo
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Fernando WendelTorres Lima
Público emergente Sinval Aragão Moisés Silva
Simone Sanches
Saiba como os universitários adventistas têm se organizado em agremiações e pequenos grupos para fazer diferença na igreja e na universidade
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Foto: Cortesia dos entrevistados
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Qual é o papel das agremiações? istoricamente, a Igreja Adventista tem procurado atender às necesSinval: Elas dão suporte espiritual e sidades específicas de todos os grupos que compõem seu corpo de racional para enfrentar os desafios do membros. Ainda que timidamente para alguns, a mesma preocupação tem se mostrado para com os universitários. Neste ano, a Divisão Sul-Americana campus. O slogan da União Adventislançou um manual para a formação de agremiações de estudantes e, em 2011, ta de Universitários ◆, por exemplo, é a quarta edição do concurso Bom de Bíblia será destinada aos universitários. “coração e mente, para servir e salvar”. Todas essas ações, como você já sabe, visam a “salvação e serviço”. Além disso, as agremiações são um grupo de apoio, que proporciona maior reNo entanto, o que se percebe no caso dos alunos do ensino superior é que nem presentatividade para os adventistas do todos esperam pelas iniciativas institucionais. Muitas vezes, a organização de concampus reivindicar seus interesses (como gressos, projetos sociais e pequenos grupos parte dos próprios estudantes, que respeito pela guarda do sásabem como ninguém os desafios de testemunhar no campus. ◆ Agremiações: A UAU bado) e motivação para que É por isso que conversei com o jornalista Sinval Aragão, de 34 (www.uau.org.br) nasanos, que foi um dos fundadores da União Adventista de Unitestemunhem por meio de ceu em 2001, na Univerversitários (UAU), de São Paulo; o contabilista Moisés Silva, de ações sociais. sidade de Santo Amaro. 40 anos, presidente da Agremiação Gaúcha de Universitários Chegou a ter 5 mil estudantes cadastrados, de Adventistas (AGUA), de Novo Hamburgo, RS; e a pedagoga Como organizar ◆ e 30 faculdades. Deve volSimone Sanches, de 24 anos, que participa do Grupo de Esmanter uma agremiação? tar às atividades neste tudantes Adventistas da USP, na Capital. A experiência deles Sinval: (1) É preciso mesclar a ano. A AGUA (www.unipode motivar você a se unir a uma dessas agremiações ou a participação de universitários versitariogaucho.com.br) foi criada em 1992, mas organizar uma na sua região. e vestibulandos, eleger os lísua semente foi lançada deres e votar um estatuto. em 1983. A agremiação O público da agremiação sePor que atuar no ministério para universitários? foi a idealizadora de progue mais ou menos a dinâmiSinval: Ao atuar como líder de jovens e mesmo ao observar jetos inovadores como o Vida por Vidas (doação ca do curso, é muito rotativo. meus amigos da universidade, percebi que muitos jovens desade sangue) e a campanimam espiritualmente durante a faculdade. Vivem apenas de Após a formatura, você pernha Galera da Medula, fachada. Alegam que a influência negativa do campus é muito de o contato com muitos; (2) que em 2009 cadastrou Fazer com que os projetos forte e que não se interessam e desconhecem os projetos da 2.645 candidatos a doatenham a cara deles; (3) Ter Igreja. Por isso, alguns amigos comprometidos e eu decidimos dores de medula óssea. o apoio da Associação local, organizar a União Adventista de Universitários. abr-jun 2010
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O público universitário demanda uma abordagem específica do Ministério Jovem? Moisés: Devem-se adaptar os temas, que precisam ser voltados para os desafios do campus, e a linguagem, que deve ser menos “igrejeira”. No entanto, acredito também que há muito anseio pelo novo e pouco conhecimento do que já foi produzido e feito.
Foto: Cortesia dos entrevistados
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Dicas: O manual para organização de agremiações traz a filosofia do ministério, processo de eleição dos líderes e orientações sobre como coordenar os projetos, congressos e recursos do grupo. Ele pode ser comprado no Sels da sua Associação. ◆
E quanto ao evangelismo? Simone: O público geralmente é jovem, crítico, e sabe o que quer e o que não quer. Por isso, uma abordagem evangelística “forçada” não funciona. O caminho é a amizade e a coerência entre o que se fala e se vive.
Simone, o GEA é um dos pequenos grupos universitários mais tradicionais, com quase 25 anos de atividades. Quais foram os formatos adotados durante esse tempo? Simone: Cada geração teve suas características. Na primeira geração, por exemplo, o grupo tinha um foco evangelístico, por isso, promoveu campanhas antitabagistas, palestras e ações sociais. Na segunda geração, a preocupação foi com o fortalecimento espiritual dos adventistas. Hoje, depois de estudarmos todo o livro Nisto Cremos e textos com temas mais “internos”, decidimos tornar as reuniões mais relevantes para os de “fora”. E como são hoje? Simone: Chegamos ao consenso de que era preciso mudar o formato para que nossos amigos viessem e voltassem. Eram temas adventistas, discutidos sob a ótica adventista, por adventistas. Foi aí que escolhemos focar no público não cristão. Selecionamos temas universais, que são elaborados por uma dupla diferente a cada semana. Universitários não aceitam ideias prontas, por isso, a conversa é conduzida de forma aberta, para não parecer um sermão, mas um estudo indutivo, em que os participantes são levados a construir a própria conclusão. A experiência tem sido fantástica, especialmente para os membros do GEA.
(2) a pressão para ter uma vida sexual ativa e; (3) os questionamentos de uma ética relativista. São esses os grandes desafios dos adventistas no campus? Sinval: Acho que são os principais. Mas seria uma ilusão imaginar que uma agremiação vai “salvar” os universitários. A base espiritual que esse jovem teve na infância e adolescência é muito importante para que ele sobreviva na universidade. Simone: Há um mito de que nas universidades públicas acontece de tudo e que é difícil resistir às pressões. Na verdade, é preciso sair um pouquinho da “bolha”. Ninguém é discriminado ou tem menos amigos no campus por ser cristão e ter princípios bem diferentes dos demais. Pelo contrário, as pessoas têm interesse em conhecer um estilo de vida distinto. Quanto ao evolucionismo, a não ser para certas áreas, não é um dos principais desafios. Por mais que soe um clichê, a maior luta é por amar as pessoas em sua diversidade e viver um cristianismo real. Intimidade tal que seja impossível Deus ser dissociado da sua vida como um todo.
Há mais de 20 anos, a revista Diálogo Universitário é o órgão oficial da Igreja para os estudantes do ensino superior. Qual tem sido a contribuição do periódico para esse público? Vocês usam algum material específico? Sinval: Acho excepcional a diagramação Simone: Não. Na verdade temos von- e o conteúdo da Diálogo ◆, o problema tade de desenvolver um estudo bíbli- é que ela não chega na mão do univerco específico. O que temos feito é uma sitário. Quem distribui a revista é o deseleção de textos da Bíblia, dos partamento de ◆ Censo: Existem apenas esEducação, mas livros de Ellen G. White e de outimativas sobre o número de tros bons autores cristãos. quem tem acesuniversitários adventistas no so ao público é mundo. Em 1989, estimava-se Alguns têm dito que, no o Ministério Jo80 mil estudantes e, em 2006, cerca de 230 mil, sendo que ambiente universitário, vem, por isso, 160 mil estudavam em institui◆ o jovem cristão enfrenta a agremiação ções não adventistas. Fonte: três principais desafios: (1) precisa intermeHumberto Rasi (2007). o assédio do evolucionismo; diar isso. abr-jun 2010
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especialmente dos líderes de Educação e Ministério Jovem; (4) Estabelecer uma agenda que esteja integrada ao calendário da Associação e que faça parte das atividades eclesiásticas oficiais. As finanças da agremiação devem estar vinculadas ao caixa da Associação; (5) Manter um site atualizado para cadastro e interação; (6) Realizar projetos sociais que exijam profissionais de várias áreas, a fim de que os estudantes participem em parceria com pós-universitários (mentores); (7) Formar células ou pequenos grupos universitários, que se reúnam no campus para oferecer apoio aos adventistas e que sejam um ponto de contato para os amigos não-adventistas. Moisés: Eu acrescentaria duas dicas: (1) Ter um delegado da agremiação, eleito pela comissão da igreja, em cada congregação que tiver universitário; e (2) não usar a agremiação para promover alguém ou um grupo.
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Qual é o potencial dos universitários? Sinval: Jovens mais qualificados academicamente e profissionalmente, podem representar melhor o povo de Deus e viabilizar o testemunho num ambiente em que só eles estão inseridos: o campus universitário. Moisés: Nossa, se eu tivesse espaço, escreveria umas quatro páginas
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Moisés: Aqui no Rio Grande do Sul, elas acabam sendo distribuídas nas escolas adventistas, vão para a biblioteca e caem no esquecimento. Os temas abordados são profundos e relevantes, mas a revista precisa ser conhecida por seu público.
E o que dizer das parcerias com entidades governamentais, estudantis e religiosas? Sinval: É importante que o projeto e todas as ações estejam de acordo com a Igreja e a agenda do Ministério Jovem. Por exemplo, ter o apoio da União Nacional dos Estudantes (UNE) é importante, mas é preciso saber “filtrar” o partidarismo político da entidade. A Defesa Civil, um outro exemplo, precisa de voluntários, mas o ideal é que a ADRA faça a parceria com a entidade, e os universitários colaborem com a mão-de-obra.
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Fábio Borba / Imagem: SXC
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Qual tem sido o impacto das atividades da AGUA? Moisés: Um bom exemplo é o projeto Vida por Vidas, cujo “braço” de promoção do cadastro de potenciais doadores de medula óssea é a campanha Galera da Medula. Ambas as iniciativas são gaúchas. O projeto tem mobilizado os universitários ao voluntariado e aberto portas, como a de coordenar a campanha do município de Novo Hamburgo, RS, a convite de um vereador. Isso tem gerado contato com voluntários de outras denominações e até estudos bíblicos.
Fé sólida e inabalável. Isso era tudo o que o jovem Mikhail Kulakov possuía. O governo comunista soviético lhe tirara a profissão, a família e a liberdade. Seu crime? Servir fielmente a Deus ou, nas palavras da KGB, promover “atividades antissoviéticas”. Ele foi preso, interrogado e depois condenado a cinco anos em campos de trabalho forçado, onde suportou amargas provações, destinadas a sufocar o espírito e minar a vontade. Nem mesmo a perspectiva de banimento eterno numa remota vila da Sibéria ocidental o deteve de confiar firmemente nas promessas de Deus... Ainda que os céus caíssem. Acesse
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sobre isso (risos). Pensando somente em Missão Global, qual prefeito não gostaria de ter em seu município duas dezenas de jovens saudáveis, que não bebem, não brigam, não fazem algazarra, promovendo trabalho solidário? Já passou da hora de a igreja se “ligar” para isso. Investir nos universitários é retorno garantido.
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SELS de sua Associação
Ou dirija-se a uma das Lojas da CASA
*Horários de atendimento: Segunda a quinta, das 8h às 20h / Sexta, das 7h30 às 15h45 / Domingo, das 8h30 às 14h.
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Diálogo Universitário: É a revista da Igreja mundial para os universitários. É publicada desde 1989, a cada quatro meses, em quatro idiomas (inglês, português, espanhol e francês) e seus 30 mil exemplares são distribuídos em mais de cem países. Apresenta artigos de peso, assinados por adventistas do mundo todo, principalmente sobre temas éticos, filosóficos e científicos. Traz também entrevistas com artistas e personalidades de destaque em vários países, resenhas de livros e contatos para intercâmbio internacional. Parte de seus artigos está disponível no site http://dialogue.adventist.org Receba grátis: Quem estuda em campus secular pode receber gratuitamente, solicitando pelo e-mail schulzs@ gc.adventist.org. Quem já é formado pode assinar pelo valor de 13 dólares anuais. O e-mail é torskel@gc.adventist.org. ◆
uas matérias publicadas na revista Veja de 13 de janeiro me fizeram pensar. A primeira é a reportagem de capa sobre a memória. Pesquisas confirmam o que já se sabia: que memórias associadas a emoções ficam mais efetivamente trancadas no cérebro. O neurocientista português António Damásio diz que essas “imagens interiores” produzidas por um estado emocional “constituem aquilo que chamamos de espírito humano”. A outra reportagem (“O ‘efeito Avatar’ chega à TV”) trata das novas TVs com tecnologia 3D, que vão tornar o ato de assistir a um filme muito mais emocionante, uma vez que, com óculos especiais, se poderá ter a sensação de estar participando da história. A associação entre as duas matérias me foi inevitável. Mais emoção virtual e mais memórias trancadas na mente. Ellen White afirma que somos transformados pela contemplação, então imagine o tipo de transformação a que estarão sujeitas as pessoas que decidirem imergir nessas produções hollywoodianas cheias de lixo... O “espírito humano” está ficando cada vez mais corrompido! Outra reportagem que circulou na internet deu conta de que muitas pessoas que assistiram ao filme Avatar se queixaram de (pasme) Depressão pós-Avatar. Fãs obcecados relatam que gastam horas pesquisando sobre o filme e que já o assistiram várias vezes. Eles lamentam não poder visitar ou morar no planeta Pandora, já que ele parece muito melhor do que a Terra. Um rapaz chamado Mike chegou a declarar: “Desde que fui ver Avatar eu ando deprimido. Ver o maravilhoso mundo de Pandora e todos os Na’vi, fez com que eu quisesse ser um deles... Eu até já cogitei suicídio, pensando que se eu fizer isso vou renascer em um mundo similar à Pandora e tudo vai ser igual ao que é em Avatar.” Se alguém tinha dúvidas quanto ao poder de influência da mídia, aí está mais um (e as-
do a i g o l o tecn rfeiçoa a e u q medidaimento se apeta, À sustador) exemplo. As n n entrete pacto aume pessoas querem escapar da realidade e fugir para seu im s ser e o mundos de sonhos, não imdevem ais portando se virtuais ou reais. E não são só os avatarmaníacada mos cos. Há pessoas que não passeletiv sam uma semana (ou até mesmo um dia) sem imergir em algum quanto filme. Há outros(as) que aguarao do dam ansiosos(as) o próximo caconteú pítulo da(s) navela(s) preferida(s). Outros ainda deixam tudo de lado o que imos d para não perder a partida do “time consum do coração”. E o que dizer das horas e horas gastas em jogos de video games ou em trivialidades internéticas? Tentam preencher o vazio da alma com alimento desprovido de nutrientes, refinado nos estúdios daqueles que só pensam no dinheiro que vão arrecadar metendo a mão no bolso dos que são fisgados por suas produções viciantes. Essa depressão é sintomática. Mostra que as pessoas estão com saudades, e nem sabem do quê. Quem vai tirá-las desse torpor? Quem vai mostrar-lhes que há esperança de um mundo melhor e real? A seara é grande e precisa de ceifeiros não entorpecidos. Conforme escreveu C. S. Lewis, em O Peso da Glória: “Somos criaturas sem entusiasmo, brincando bobos e inconsequentes com bebida, sexo e ambições, quando o que se nos oferece é a alegria infinita. Agimos como uma criança sem noção, que prefere continuar fazendo bolinhos de lama num cortiço porque não consegue imaginar o que significa a dádiva de um fim de semana na praia. Muito facilmente, nós nos contentamos com pouco.”
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Quem domina sua mente?
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Entre dois
mundos O cristão deve assumir sua identidade tanto num mundo real quanto no virtual Naira Lima Fonseca
Ronaldo Rodrigues Silva
Michele Passos Cruz
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Tem milhões de moedas amarelas na sua lavoura, abandonaaaaaaadas há séculosss!! Que desnaturado é você!!” – Carol reclama para o amigo André sobre o “absurdo” de ele ter deixado sua fazenda virtual desprotegida, só para estar com a namorada. Conselho de amiga, ou ciúme disfarçado, está no Orkut. Apesar de terem surgido há menos de seis anos, as redes sociais já não são vistas como uma febre da internet ou mania jovem. Transformaram-se numa 10
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referência pessoal espontânea, coisa de todo mundo que chegou para mudar tudo: desde o que você sabe sobre seu vizinho [e ele de você] até as questões geopolíticas. Não é possível prever aonde essa revolução chegará, mas todos sabem que é preciso refletir sobre o que expressar e expor. Ainda mais quem diz ser cristão. Dois terços dos mais de 1,5 bilhão de usuários da internet estão em alguma rede social, e há uma teoria de que apenas cinco pessoas separam você de qualquer um deles. Não podemos subestimar o po-
der de exposição nessas redes. José Romero aprendeu do jeito difícil. Imigrante equatoriano na Espanha, ele prometeu no Facebook que faria 151 tatuagens em suas costas se um milhão de pessoas aderissem a um grupo que ele tinha criado. Em apenas uma semana, a comunidade já contava com meio milhão de membros de todo o mundo. Assustado, Romero desistiu da promessa, abandonou a rede social e parou de ir ao colégio. Logo começou a receber ameaças de linchamento e ataques à família. A mãe foi obrigada a pedir proteção policial.
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Roberto Ferreira
Fotos: Cortesia dos colaboradores
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Eu, tu, ele O que poderíamos chamar de “personalização da internet” explodiu em 2004, com a chamada web social ou web 2.0, na qual os conteúdos passaram a ser postados massivamente por usuários. Pessoas abriram suas vidas para os amigos e para quem quisesse ver. Desde então, o “quem sou eu” pode ser encontrado em autodescrições, fotos, links, detalhes do perfil e comunidades. A internet, “um espaço privado e, ao mesmo tempo, público”, tornou-se um lugar de “expressão do eu”, afirma Raquel Recuero em seu livro Redes Sociais na Internet (Sulina, 2009. p. 27). Segundo a autora, há uma necessidade de exposição pessoal, reflexo do individualismo como valor social. “É preciso ser visto para existir no cyberespaço. É preciso constituir-se parte dessa sociedade em rede, apropriando-se do cyberespaço e constituindo um ‘eu’ ali”, analisa. Não importa apenas o que você diz ou mostra sobre si, mas como as pessoas percebem isso. De acordo com Recuero, nas redes sociais, “as pessoas são julgadas e percebidas por suas palavras”, fotos e comunidades (p. 27, 28). O gaúcho Davison Silveira, 30, conta: “Assim como papel aceita tudo, esses sites também. Já fui prejudicado por alguns mal-entendidos.” Camila Marques, 21,
Todos os entrevistados fora m con
tade Embu das Artes, São Paulo, já foi tados pelo Orkut. A seguir você pode conferir o que acessam e mal interpretada por causa de reos “extras” das entrevistas. cados alheios: “Tiraram conclusões Josandra Bedaque precipitadas com base em recados que amigos deixaram para mim. “Através de sites de relacio naUsaram fotos minhas sem autorimento, você pode torcer por amigos e dar uma palavra de con zação e em outro contexto. Mas isforto e suporte quando precisa so aconteceu bem no comecinho. m.” Redes: Orkut, Twitter Hoje existem ferramentas para liJúlio Aloízio mitar o acesso às informações e evitar esse tipo de coisa.” Apesar “Tem gente que expõe mu ito sua dos recursos de privacidade que vida, família e emprego. A partir de certo ponto, isso fica per Camila mencionou, o alagoano igoso, pois pode ser usado por alg Júlio Aloízio, 26, lembra: “Mesuém que queira fazer alguma cois a má.” mo ocultando alguns dados, você Redes: Orkut, Facebook, Twit sempre estará exposto.” ter Todos já foram bisbiMani Maria lhotados, e quem nunca bisbilhotou “que atire “Eu participava muito de disc ussões numa comunidade sob a primeira pedra”, diria re o Take6, e isso chamou a ate o Profeta das Redes, se nção do moderador do grupo. Tro caexistisse um. Josandra mos scraps, e-mails, MSN, teBedaque, 32, de São lefones. Eu em São Paulo e ele em Porto Alegre. O contato Paulo, confessa com foi fica ndo diário, os assuntos foram bom-humor: “Gosto da evoluindo, muitas orações pelo oportunidade de rever telefone. Em 2008, nos casam os.” amigos, fotos e bisbiRedes: Orkut, Facebook, Twit lhotar páginas alheias, ter, Flickr, Multiply, LinkedIn, MySpac no bom sentindo!” Pae, Last.fm, 4Shared, Google Wave, etc. ra Mani Maria, 27, que Davison Silveira mora em Brasília e tem perfis em mais de dez redes “Sou muito grato a Deus por permitir sociais, a questão é saber o que, através desses sites, eu pud esse que mostrar: “Para entrar ter reencontrado amigos tão car os ao meu coração, ter tido contatos nos sites de relacionamenque me fize ram e fazem crescer como pes to, ninguém é obrigado a soa e como profissional.” publicar mil e duzentas foRedes: Orkut, Twitter e MSN tos ou preencher todos Camila Marques os campos do cadastro de perfil. Você sequer precisa “As pessoas que mantêm uma participar de alguma copostura cristã na rede são assim em todas as áreas de sua munidade. Mas o usuário vida (trabalho, escola, em casa).” escolhe se expor, opta por Redes: Orkut, Twitter, Facebo se mostrar, por contar para ok e LinkedIn todo mundo. Acho que é Michelly Simões só saber usar esses sites.” A paulistana Michelly Si“Cuidado para não se iludirem . mões, 20, concorda: “PenPrincipalmente as mulheres! ” so que, sabendo usá-los, Redes: Orkut, Facebook e Twit não existirão problemas.” ter
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Toda ação dentro da rede tem consequências fora dela, e vice-versa. Não faltam exemplos. O Facebook é citado como causa de 20% dos divórcios solicitados em um serviço online do Reino Unido. Por ter postado “Onde estão minhas panquecas” no horário de um roubo, o principal suspeito, o jovem Rodney Bradford, 19, foi inocentado no fim do ano passado, em Nova York. Até o Vaticano já percebeu a importância das redes sociais para alcançar fiéis, tanto que, recentemente, convidou um hacker, um sociólogo e representantes de sites de relacionamentos para falarem a bispos numa conferência sobre comunicação.
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Parece não haver dificuldade quando uma pessoa querida visita seu perfil ou vê suas fotos. Ela pode até deixar recados nas páginas que visita. O negócio esquenta quando pessoas indesejáveis fuçam o perfil, deixam recados dúbios ou, pior, agressivos. Podem até tentar prejudicar relacionamentos e usar fakes (perfis falsos). “É um tal de namorada que termina com namorado, por ciúme de recados ‘muito íntimos’ de amigas, e o contrário também. Certa vez até ouvi de uma amiga a seguinte expressão: ‘O que o amor constrói o Orkut destrói.’ Algumas pessoas criticam e até insultam outras sem se identificar”, lamenta Camila. Conflitos e perigos à parte, as redes sociais fazem milhões
Há anos o Orkut tem a preferência absoluta no “reino social” da internet no Brasil, com mais de 35 milhões de usuários. Mas um inimigo mortal se aproxima: o Facebook, líder mundial (mais de 350 milhões de usuários), que já passou de um milhão em terras tupiniquins. Para se ter uma ideia do tamanho do Facebook, ele já é o quarto site mais acessado do mundo (atrás apenas do Google, Microsoft e Yahoo!), tem mais de 350 mil aplicativos e está disponível em 64 línguas. Mas não se esqueça: além da preferência nacional, o Orkut é uma marca Google – o gigante dos gigantes da internet.
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Se você deseja conhecer mais sobre redes sociais, uma ótima dica é o livro citado na matéria, Redes Sociais na Internet, de Raquel Recuero, doutora em Comunicação e Informação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e referência brasileira no assunto. O livro está disponível em PDF (www.redessociais.net), mas você pode adquirir a versão impressa. A autora mantém o blog Social Media e está no Twitter (raquelrecuero).
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de pessoas sorrirem, pois unem amigos separados pelo tempo (de horas a anos) e espaço (de metros a milhares de quilômetros). Nessas redes, as pessoas compartilham sentimentos e experiências verdadeiras. “Nos sites de relacionamento fico sabendo de informações pessoais dos meus amigos e das pessoas que eles conhecem. Converso, mantenho contato e conto novidades. É incrível como as minhas amigas combinaram ter filhos no ano passado”, conta Mani. Júlio relata: “Acompanhei o nascimento da minha sobrinha pelas fotos que meu irmão colocou no Orkut.” Davison
aponta para “o fato de não perder contato com ninguém e de poder relembrar o passado, reencontrando velhos amigos”. Para Josandra, além de manter as amizades antigas na rede, existe a oportunidade de fazer novos amigos. “Isso sempre funciona!”, garante.
Deus na rede Além do aspecto mais “relacional” das redes, elas estão se tornando vetores de avaliação profissional, apuração jornalística, investigação policial, gestão pública, marketing e até de entretenimento. Quanto a este último, em 2009, ocorreu
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Livro free
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Briga pelo Brasil
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rências culturais estranhas para quem se diz cristão. Isso preocupa Davison: “Infelizmente, muitos estão passando por um processo de ‘mundanização’ e banalização da fé, que se reflete nas redes. É por isso que você encontra Beyoncè, Linking Park e J. Quest nos perfis deles. É por isso que eles leem Crepúsculo, Harry Potter e não a Bíblia.” Há também os usuários cristãos mornos, que vacilam espiritualmente na vida e na rede. Até têm convicções, conhecem relativamente bem a Bíblia, mas não querem parecer “certinhos”, ou politicamente corretos. Para Michelly, esses “têm medo de não ser aceitos como são”, e por isso até recorrem a fakes. Júlio vê isso como um tipo de autoafirmação: “De certa forma, demonstra uma carência afetiva, uma vontade de mostrar quem são e até quem não são.” Na perspectiva de Camila, “a menor parte dos jovens cristãos na rede tem vergonha de exibir postura cristã diante das ‘antenadas’ e aparentemente ‘mais legais’ condutas secularizadas”. Ainda bem que não existem apenas usuários cristãos frios ou mornos. Também existe a postura de um cristianismo quente – jovens que agem
Redes sociais são incríveis canais de relacionamentos, mas é preciso ter cuidado. • Não se engane com palavras e fotos bonitas. É preciso muito mais do que isso para confiar em alguém. As redes são mais indicadas para aprofundar relacionamentos já existentes.
Ilustração: Rogério Chimello
• Sua vida pode ser espionada por criminosos, que cometem assaltos, sequestros e estupros. Não dê muitos detalhes nas redes e restrinja o acesso apenas a conhecidos. • Cuidado com a importância que você dá às redes sociais (Orkut, Facebook, MSN, Twitter, etc.). O tempo dedicado a esses sites e o que acontece neles pode destruir seus relacionamentos e prejudicar os estudos.
• Evite acessar redes sociais no trabalho, pois você perderá tempo com isso, podendo ser demitido(a). • Crianças não devem acessar redes sociais. Pedófilos disfarçados (mesmo da própria família) “caçam” perfis infantis e marcam encontros. • Evite clicar em links de recados: muitos trazem vírus. Se você quer acessar um link mandado por um amigo, copie o endereço e o cole no navegador de internet. • Fique de olho em suas comunidades: fotos e títulos podem ser mudados a qualquer momento.
como filhos de Deus dentro e fora das redes. Que usam a rede não para impressionar os outros, mas para se relacionar de maneira sincera com as pessoas. Eles ajudam amigos desanimados do outro lado da rede, lembram-se de Deus nos recados e depoimentos; não uma divindade superficial e distante, mas o Senhor e Salvador de suas vidas. São verdadeiros cristãos na rede e pensam antes de postar fotos, recados e depoimentos; refletem antes de entrar em certas comunidades. Não são nerds nem “trouxas”. Usam a rede com personalidade, e não precisam chamar a atenção com coisas que pertencem a um mundo passageiro. “Fico triste quando vejo meus contatos cristãos com fotos e comunidades que não condizem com sua fé”, conta Júlio, “mas tenho visto outros que usam a rede para pregar o evangelho.” Mani também vê muita coisa boa acontecendo: “Quando você escolhe se mostrar na rede, ou em qualquer outro lugar, dificilmente você vai esconder por onde anda, com quem você tem convivido e a quem tem adorado. Acredito que os jovens cristãos sabem disso e têm, sim, cuidado bem do seu testemunho. Normalmente vejo comunidades de oração intercessora, de músicas cristãs e de universitários adventistas, entre outras, e são abarrotadas de pessoas participativas.” Nas redes sociais, assim como na vida, fazemos escolhas. Precisamos escolher entre a normalidade e o exagero, o amor e o ódio, a sinceridade e a falsidade, o bem e o mal. É possível usar máscaras, mas não o tempo todo. Os sites de relacionamento e outras redes sociais revelam muito sobre nossas escolhas, sobre quão perto ou longe estamos de Deus. Isso não significa que você precisa olhar para o seu Orkut e “consertá-lo”. Conserte primeiro seu relacionamento com o melhor Amigo. Add Jesus!
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Diogo Cavalcanti
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uma explosão de jogos sociais como o Farmville, do Facebook, e seu equivalente: Colheita Feliz, do Orkut. As redes também nos confrontam espiritualmente. O que ocorre nelas influencia nosso relacionamento com Deus. Podemos expor nossa vida espiritual como ela é, ou maquiá-la e escondê-la. E mais: influenciamos e somos influenciados. A grande questão é: Quem somos nós para eles? O que nossos perfis, recados, fotos e comunidades dizem ao mundo? Há pelo menos três posturas de um jovem cristão nas redes sociais. Primeiramente, alguns até se dizem cristãos, mas se comportam de modo oposto. Usando a linguagem da Bíblia (Apocalipse 3:15, 16), poderíamos chamá-los de usuários cristãos frios. Seus perfis, comunidades, palavras e fotos na rede são em grande parte contrários à fé. Nas imagens, veem-se poses sensuais, materialismo (“olha o que eu tenho”), roupas provocantes, culto ao corpo e às celebridades. Nos perfis, prefe-
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r a pele Para te bonita el e saudáv
Bela fachada
Cuidados com o maior órgão do corpo
• Alimentação balanceada, rica em frutas, verduras, grãos, sementes e castanhas é essencial para uma pele bonita e viva. Procure aumentar o consumo de alimentos crus e proteínas de origem vegetal. Evite as gorduras de origem animal (carnes, leite, queijos, manteiga, etc.) e as frituras. Evite o consumo de açúcar refinado, presente nos doces, balas, chocolates, sobremesas e refrigerantes. Evite entre as refeições alimentos muito salgados e ricos em iodo, como salgadinhos e snacks. • Consuma alimentos de cor amarela e alaranjada (tomate, cenoura, beterraba, mamão e manga), que são ricos em betacaroteno, um precursor da vitamina A, que ajuda na produção de novas células. • As vitaminas do complexo B também são essenciais. Elas são encontradas nos grãos integrais, legumes, banana e lêvedo de cerveja. • A vitamina C ajuda na produção do colágeno e elastina, que dão elasticidade à pele, e pode ser encontrada nas frutas cítricas, morango, tomate, pimentões e repolho. • Use alimentos ricos em zinco, um mineral presente no alho, cebola, aspargos, gérmen de trigo, aveia e arroz integral. O zinco é o mineral mais importante para a pele, pois atua na fabricação de proteínas, na cicatrização e na regulação das glândulas sebáceas. • Beba pelo menos dois litros de água por dia, entre as refeições, para manter a pele hidratada. A hidratação vem de dentro para fora, pelo consumo de água pura em abundância, e não de fora para dentro, usando cremes e loções hidratantes.
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Luiz Fernando Sella
Médico da Clínica Adventista Vida Natural, em São Roque, SP luizfernandosella@gmail.com
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• Gaste menos tempo com televisão e internet, procurando deitar antes das 22h e dormir de sete a oito horas por noite. O sono ajuda na regeneração das células e proporciona uma pele mais macia e radiante, além de evitar palidez e inchaço nas áreas dos olhos. • Uma a duas vezes por semana, faça uma esfoliação leve com uma esponja para remover as células mortas. Em seguida, aplique a seguinte máscara facial: misture uma colher (sopa) de mel, uma colher (sopa) de abacate amassado e uma colher (sopa) de farinha de aveia. Aplique na face por 30 minutos. Lave o rosto com água fria para terminar o tratamento. • Se você tem algum problema de pele, como acne, muito comum entre jovens e adolescentes, siga à risca todas as recomendações acima. Caso sua pele esteja muito inflamada, aplique uma máscara de pepino ou argila. Se as lesões persistirem, procure um profissional de saúde em busca de mais orientações.
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ocê sabia que a pele é o maior órgão do corpo humano? Ao contrário do que muitas pessoas pensam, ter pele saudável é fundamental para a saúde, não só pela estética, mas porque ela desempenha muitas e importantes funções. A pele nos serve de armadura, protegendo o corpo das agressões do meio ambiente, inclusive de bactérias e fungos. Ela também atua na regulação da temperatura corporal e na recepção e transmissão de estímulos ao cérebro, como calor, frio, tato e dor. Através da pele, eliminamos continuamente água e toxinas, tanto por evaporação como pelo suor. A saúde e a beleza da pele dependem em grande parte do estado interior do corpo. Nossa aparência exterior é uma fotografia daquilo que está acontecendo com os órgãos internos. Portanto, o segredo de uma pele bonita está em adotar um estilo de vida saudável.
Foto: Creatas/Thinkstock – Ilustração: Rogério Chimello
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• Faça exercícios físicos ao ar livre regularmente. A combinação de exercício físico, ar puro e luz solar é poderosa para manter a pele livre de doenças. O exercício físico tem efeito anti-inflamatório e garante uma pele com colágeno mais saudável e em maior quantidade. Cuidado com o excesso de sol, que pode provocar queimaduras solares.
Fidelidade mútua Deus recompensou a obediência de uma garota que desejava estudar Medicina
Foto: Cedida pela autora Jupiterimages (fundo)
oje, estudo na Universidade Federal da Bahia (UFBA) e curso o oitavo semestre de Medicina. Chegar até aqui não foi nada fácil, pois tive que ser posta à prova quanto à fidelidade ao sábado. Minhas provações começaram no cursinho preparatório. Antes de fechar a matrícula, já sabia que boa parte das aulas de biologia e física, além das atividades extras, seriam realizadas aos sábados. Perder esses conteúdos dificultaria muito para mim o ingresso na segunda fase do vestibular. Mesmo assim, decidi ser fiel. Comprei um gravador e pedi a uma colega que gravasse as aulas sabáticas, para que as escutasse em outro dia. Alguns meses depois, foi marcado o primeiro simulado. Minha empolgação inicial em participar acabou quando descobri que a avaliação seria aplicada num sábado e domingo. Orei a Deus, porque aquele simulado era importante para eu medir meu aprendizado até então. Duas semanas antes da prova, porém, qual não foi minha surpresa em saber que a prova fora mudada para uma quinta-feira, num feriado. Seria mais “puxado”, mas eu senti a mão de Deus a guiar tudo. Dei o meu melhor e fiquei em primeiro lugar entre todos os alunos! Meu desempenho chamou a atenção da diretora do cursinho, que me parabenizou e prometeu não marcar mais avaliações aos sábados. Nas provas seguintes, continuei a ser a primeira da escola. Acabei ficando conhecida no cursinho e muita gente me dizia que eu já tinha uma vaga garantida na UFBA. Porém, não descuidei do estudo da lição e da Bíblia e sempre atribuí a Deus as minhas vitórias. A primeira fase do vestibular foi tranquila. Porém, na segunda etapa, o estresse começou antes da prova. Foi dia de maratona na cidade, e o trânsito parecia não que-
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Larissa de Amorim Cavalcanti
Cursa Medicina na Universidade Federal da Bahia lari_medicina@yahoo.com.br
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Foto: Creatas/Thinkstock – Ilustração: Rogério Chimello
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rer colaborar comigo. Enquanto minha mãe dirigia, eu orava em pânico, só pensando em chegar a tempo para o vestibular. Naquele momento, impressionada por Deus, minha mãe optou por um caminho alternativo. Ainda assim, só por um milagre eu chegaria em sete minutos ao meu destino. E deu certo. Faltando um minuto, passei pelos portões de entrada do prédio. Muito nervosa, acomodei-me e a primeira coisa que fiz foi agradecer a Deus. Tentei começar pela prova de redação, mas nada vinha à mente. Então, resolvi as questões de biologia e voltei para o tema da redação. Por causa do estresse, ficou difícil me concentrar. Por Deus, na última meia hora, consegui preencher o gabarito e em cinco minutos fazer a dissertação. Não me lembro de muita coisa, a não ser que escrevi de forma fluente e rápida, a ponto de o fiscal ficar surpreso. Fui aprovada em sétimo lugar (alguma coincidência em relação ao sábado?). E na redação fiquei com a nota acima da média, mesmo tendo pensado nela durante duas horas e usado apenas cinco minutos para escrevê-la. Na faculdade, as provações continuaram. Faço sempre a segunda chamada das provas marcadas para os sábados e não participo dos simpósios, cursos e congressos sabáticos. Recentemente, fui convidada por um professor, para assistir a um curso gratuito sobre cardiologia no hospital Ana Néri, em Salvador. Apesar de ser essa a minha área de interesse para especialização, não aceitei, porque foi realizado numa sexta à noite. Meu professor não me entendeu, ficou chateado e tentou me ofender dizendo que dificilmente teria chance de ser uma boa médica. Ouvir isso me machucou um pouco, mas sei que a fidelidade a Deus às vezes vem acompanhada de perseguição. Atualmente, pesquiso para um projeto do Instituto de Saúde Coletiva da UFBA, participo de um estágio em cardiologia no hospital Ana Néri e costumo tirar boas notas. Deus tem sido fiel à minha fidelidade.
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Entenda por que os sites de relacionamento fizeram de você uma celebridade da internet
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Tales Tomaz
Professor de Comunicação Social do Unasp e mestrando em Comunicação e Semiótica na PUC-SP
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Foto: iStock/Thinkstock
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O Orkut, por exemplo, conseguiu a proeza de inverter a lógica da TV: não é mais você que assiste à mídia e, sim, ela que te assiste. O filósofo Jean Baudrillard anteviu esse desejo humano desde os primeiros programas de reality show da TV, na década de 1980, que trabalham com a mesma ideia. Agora, a tendência é o homem, que adorava os deuses do Olímpio, tornar-se um “olimpiano” de menor escala. O desejo de contemplar e ser contemplado é o que faz os orkuteiros gastarem horas a fio acompanhando as atualizações dos perfis virtuais como se fossem a abertura de um telejornal, que anuncia as últimas notícias. O balanço de tudo isso é que as mídias, por mais que sejam neutras em si, não deixam de impactar negativa ou positivamente seus usuários. E mais do que isso, revelam a condição do ser humano hoje: seus desejos, prazeres e temores. Nos dias em que a possibilidade de tornar-se “celebridade” foi democratizada pela internet, pelo fato de a “fama” não depender mais necessariamente da TV, é bom lembrar que o valor de cada um não se mede por sua popularidade, seja real ou virtual.
Foto: Goodshoot/Thinkstock Ilustração:
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s facilidades que o mundo digital oferece para a comunicação são inegáveis. Se no século 16, uma carta precisava de meses para sair do Velho Mundo, atravessar o Atlântico e chegar à recém-descoberta América, hoje, bastam apenas alguns cliques para uma informação cumprir o mesmo trajeto. No entanto, é interessante notar que essa histórica luta do ser humano em vencer a barreira do tempo e espaço para se comunicar, impactou não apenas seu estilo de vida, mas a percepção que tem de si. Os primeiros meios de comunicação em tempo real foram o telégrafo elétrico e, em seguida, o telefone, porém, a mídia “ao vivo” que reinou soberana durante décadas foi a televisão. O mundo foi outro depois da TV. Em poucos anos, ela passou a ditar a agenda da sociedade, atribuindo valor às pessoas e fatos que eram exibidos em sua tela. Tamanha influência levou muitos pensadores a “filosofar” sobre a questão. O sociólogo francês Edgar Morin foi um deles. Segundo Morin, atores, jornalistas, homens públicos e vedetes que ocupam os preciosos segundos da “telinha” se tornam mais conhecidos dos telespectadores do que seus vizinhos. Ele sugeriu que esses protagonistas da TV concretizam um antigo sonho humano, principalmente dos gregos: ser uma simbiose de homem e deus. Para Morin, as celebridades televisivas apresentam características divinas, como o fascínio que exercem e sua quase “onipresença”, mas compartilham das dores e fraquezas humanas, como engravidar ou morrer. Com o advento da internet, porém, o monopólio da TV de fabricar “celebridades” tem sido ameaçado. Tudo por causa de uma vantagem do mundo virtual sobre a “telinha”: a interatividade. Ao contrário da TV, na web os papéis de emissor e receptor são redefinidos: todos produzem e todos consomem. Nesse contexto, é que surgem as mídias sociais, das quais o Orkut é o maior símbolo no Brasil. É verdade que a lista de sites de relacionamentos parece interminável, Facebook, MySpace, Twitter..., mas o nosso ponto de reflexão não é tanto a plataforma, e sim a mídia: redes sociais.
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no Espírito Santo, Robson Cardoso, afirma que, em alguns cargos, o jovem chega a ganhar R$ 2.100 por mês, mais benefícios. Em algumas empresas, a bolsa-auxílio oferecida aos estagiários técnicos é maior do que as oferecidas aos que têm nível superior. Isso sem contar que, quem passa por alguma escola técnica federal, como os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, garante boa base para enfrentar o vestibular e complementar os estudos com uma faculdade. Por outro lado, se sua meta é ser chefe ou alcançar logo um posto de gestor, com salários mais altos, e abrir as portas para o mestrado e o doutorado, então, o caminho a seguir é o do ensino superior. Por se tratar de uma atividade generalista, o campo de atuação é muito maior, bem como a quantidade de candidatos que disputam uma vaga no mercado de trabalho. A faculdade também amplia o status do profissional em concursos públicos. Em alguns órgãos, quem possui diploma superior tem ótima remuneração, como é o caso do Ministério do Trabalho e Emprego, cujo salário inicial para o cargo de auditor fiscal é de R$ 13 mil. Nas empresas privadas não é diferente. O diretor-presidente da Cepemar Consultoria Ambiental, Paulo Cerutti, ressalta que um jovem universitário recém-formado na área ambiental, por exemplo, chega a ganhar entre R$ 3 mil e R$ 4 mil. Em alguns cargos de gerência, esse valor sobe para R$ 15 mil mensais. E agora, ficou em dúvida sobre qual curso escolher? Não se preocupe. Segundo especialistas em carreira, em média, um profissional passa por até cinco profissões antes de se aposentar. Há médicos que resolveram ser empresários, advogados que hoje são artesãos, administradores que viraram dentistas, mecânicos que agora são fisioterapeutas e por aí vai. Se você fizer algo de que realmente gosta e orar pedindo a Deus a orientação certa para sua vida, não tenha medo de seguir em frente, porque quem investe em educação não perde tempo, mas ganha conhecimento, e isso, no competitivo mercado, é fundamental em qualquer área de atuação.
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Cristiano Stefenoni
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Jornalista, consultor de carreiras e autor do livro Profissional de Sucesso (CASA) c.stefenoni@hotmail.com
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ual é o melhor: curso técnico ou superior? A resposta, na verdade, depende de vários fatores. E o primeiro deles é responder outra pergunta: Você quer ganhar dinheiro logo ou está sem pressa? O ensino técnico tem algumas vantagens em relação ao superior. Uma delas é o rápido retorno financeiro. Por se tratar de um treinamento de curta duração – em torno de dois anos – e por ser uma profissão especializada, a contratação costuma ser quase que imediata após a conclusão dos estudos, dependendo do curso escolhido. Segundo dados do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), cerca de 70% dos alunos já saem com a carteira assinada após a formatura. Outro exemplo é o Programa de Mobilização da Indústria Nacional do Petróleo e Gás Natural (Prominp). A ideia é treinar 207 mil jovens até 2013, em sua maioria técnicos, para atuarem na área de petróleo e gás. Os alunos desempregados recebem bolsaauxílio, que varia de R$ 300 a R$ 900. Segundo o presidente da Petrobrás, Sérgio Gabrielli, a taxa de empregabilidade desse grupo é de 87%. Além disso, as áreas técnicas oferecem bons salários. O diretor do Senai
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o poder do perdão menos de um mês para a viagem, não tínhamos dinheiro. Foi então que conversei com a minha família e decidi vender meu carro para pagar as despesas.
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Quem assistiu ao filme Hotel Ruanda ou já leu alguma coisa sobre o genocídio que matou quase um milhão de pessoas no pequeno país do centro da África em 1994, não pode deixar de ver o documentário Memórias Feridas, o renascer de uma nação. A produção de 50 minutos é o trabalho de conclusão de curso dos ex-alunos de jornalismo do Unasp, Larissa Jansson, Paulo Mondego e Joelmir Melo. O documentário apresenta entrevistas com os sobreviventes, líderes do governo, especialistas e mostra como a nação tenta se reconstruir depois de ser avassalada pelo ódio tribal. Nesta entrevista, Larissa, que vendeu seu carro para custear o projeto, conta um pouco dos bastidores e as lições aprendidas em Ruanda.
Como foi produzido esse documentário? Ficamos em Ruanda, gravando entrevistas, entre 31 de julho e 15 de agosto de 2007. Além dos três formandos, contamos com o trabalho do cinegrafista Jean Gabriel. O projeto custou 11 mil reais, incluindo passagens, alimentação, estadia, transporte e material técnico. Começamos a procurar patrocínio cerca de um ano antes e faltando
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Basicamente, fazemos as cópias à medida que nos encomendam. Desde 2007, já vendemos e distribuímos (para jornalistas e mídias especializadas no assunto) cerca de 200 DVDs. Em setembro do ano passado, o material foi indicado pelo jornalista Fábio Zanini, autor do blog Pé na África, da Folha de S. Paulo.
Por que escolheram esse tema? Queríamos um assunto diferente. Pesquisamos vários temas e discutimos com nossos orientadores. O Paulo conhecia pessoas que trabalharam como funcionários da Igreja em Ruanda e se interessou pelo país ao ouvir as histórias que elas contavam. Além disso, fomos atraídos pelo ineditismo do tema e a proporção da tragédia.
Por que optaram pelo viés secular em lugar do denominacional? Queríamos falar de uma forma interessante para todas as pessoas. E, talvez, se nosso trabalho tivesse vinculado à alguma denominação religiosa, poderia despertar preconceito. Ao mesmo tempo, gostaríamos que o documentário fosse exibido em qualquer emissora de televisão, religiosa ou não.
O que você aprendeu com o projeto? Aprendi até onde pode chegar uma política baseada em mentiras, ódio e preconceito. Testemunhei os resultados nefastos de mentiras que foram tomadas como
Para comprar: pelo telefone (47) 9965-6627 ou e-mail larissa.jansson@uol.com.br.
Fotos: Cortesia dos colaboradores
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Como o material tem sido divulgado?
verdade absoluta. Aprendi como uma colonização arrogante e absurda pode deformar uma história e cultura, separando irremediavelmente um povo. Aprendi como a discriminação pode ser cruel, se instalar no coração aos poucos e provocar grandes tragédias. E entendi que, ao adotar uma postura preconceituosa ou discriminatória contra quem quer que seja, somos tão culpados quanto os genocidas ruandeses. Isso, aos olhos de Deus, é desprezar quem Ele considera especial, criado à Sua imagem e semelhança. Acho que uma história trágica como a de Ruanda só pode ser superada mediante a justiça e o perdão. Pode parecer impossível, às vezes, mas a raiva, o ódio e o desejo de vingança não permitem que a cura aconteça e o ciclo de violência pode recomeçar. Mas, como tudo o que é bom só pode vir de Deus, creio que eles precisam aprender com Ele a perdoar. O perdão é um atributo exclusivamente divino e é a única base de renascimento para os ruandeses e para qualquer um.
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ensaio sobre a loucura Lúcidos, um documentário sobre a insanidade, foi outro trabalho de conclusão de curso do Unasp que ultrapassou os muros da faculdade por sua relevância. Carina Bentlin, Moabe Giudice, Josemar Campos, Luciene Bonfim e Patrícia Matter, formandos em jornalismo, decidiram produzir um material para revelar os mitos, combater os preconceitos e mostrar como vivem os doentes mentais. Para isso, dedicaram o segundo semestre de 2009 e 4,5 mil reais na produção do vídeo de 33 minutos, que concorrerá, este ano, em vários festivais. Carina e Moabe falaram um pouco sobre o trabalho.
os preconceitos e como funciona um hospital psiquiátrico. Entrevistamos vários profissionais, mas o objetivo central é mostrar a capacidade de recuperação desses indivíduos e como é possível conviver com a doença.
Por que esse tema?
O que aprenderam?
O que o documentário mostra? A narrativa é construída a partir do relato de pessoas que tiveram o diagnóstico. Descreve como os familiares reagiram e como esses pacientes conseguem, quando bem assistidos, ter relativa qualidade de vida. Falamos também sobre os maus-tratos,
Fotos: Cortesia dos colaboradores
Jovem adventista portador de necessidades especiais lança livro em rr Um exemplo de superação. Assim pode ser definida a vida de Tiago Gomes, 20 anos, deficiente mental (com o livro na mão). Em dezembro do ano passado, ele lançou o livro Deficiente Rompe Barreira: Um relato da vida de uma pessoa especial, no auditório do Conselho Regional de Medicina de Roraima, em Boa Vista. Em razão de não saber ler e escrever, os professores do Tiago e o pastor Márcio Freitas ajudaram o jovem a produzir o material que, além de contar histórias de sua vida, traz informações importantes sobre os direitos das pessoas com deficiência e como auxiliá-las. O livro custa 20 reais e pode ser adquirido no Sels e nas principais livrarias de Boa Vista, RR, ou pelo telefone (95) 8117-3211.
Carina: A olhar e escutar. Quando se faz isso, de maneira desarmada, é possível entender e respeitar a história do outro. O sofrimento mental existe e precisa ser encarado. Para tanto, é necessário sair da zona de conforto. Moabe: Precisamos amar a todos indistintamente. Os doentes mentais são muito carentes, porque carregam um rotulo negativo, sofrendo o desprezo dos próprios amigos e familiares. Muitos são abandonados. E a indiferença atrapalha todo o tratamento. Mas percebi algo interessante na insanidade. Ela não consegue apagar da memória do doente a necessidade de Deus. Os pacientes que conheci chamam por Ele o tempo todo. Isso me faz pensar que a presença de Deus na vida do homem é tão indispensável quanto o fôlego de vida.
Geração esperança Uma das novidades do Ministério Jovem para esse ano foi unir em um só produto o CD e o DVD de músicas para os jovens. No kit, você ainda tem a faixa multimídia, os playbacks e um guia de estudos bíblicos, recurso adicional que reforça o propósito do projeto: envolver os jovens no serviço para Deus. A fim de que a interatividade seja maior com os jovens, já está disponível um site específico, em que você pode se cadastrar e baixar materiais exclusivos do CD 2010 (www.cdjovem.com.br). Entre as faixas, destacam-se as músicas tema para o ano: “Geração Esperança” e “Um Dia de Esperança”. A produção conta com as composições de Sonete Costa, Valdecir Lima, Lineu Soares, Jader Santos, Ariney Oliveira, Cleiton Schaefer e Suzanne Hirle, e a interpretação vocal do grupo Novo Tom. O material pode ser adquirido nas lojas do Sels.
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Carina: Existe uma visão deturpada sobre a “loucura”. Não por preconceito, propriamente dito, mas principalmente por falta de informação. E esse desconhecimento é que forma os “tabus” sobre a insanidade. Moabe: Falar sobre o sofrimento mental é promover a saúde de quem tem o diagnóstico de insanidade, que é vítima da nossa falta de informação e aceitação, quanto dos demais “normais”, como nós, que podemos sofrer de uma doença até mais grave: a indiferença.
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Colaboradores: Wendel Lima e Suellem Timm
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Ajuda
de mão dupla
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Viajamos por três países da África para saber o que os jovens voluntários têm ensinado e aprendido no campo missionário
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m copo de água com umas gotinhas de água sanitária, foi assim nossa recepção em Botsuana, um rico país da África, com menos de dois milhões de habitantes e que tem metade da população contaminada pelo vírus da aids. É nesse país que vivem, há pouco mais de um ano, os médicos recém-casados Alexis e Gianina. Eles viajaram além-mar a fim de ter uma experiência missionária e cumprir os requisitos de prática profissional da faculdade. “Eu praticamente não falava inglês, foi Gianina que me ajudou. Embora nosso trabalho seja útil aqui, o fato de sermos brancos não passa despercebido. Nossa cor é associada à exploração que eles sofreram no passado. É visível a hostilidade”, conta o voluntário que trabalha no Hospital Adventista do Kanye, o primeiro de Botsuana. Lá, a extração de diamante fez o país sair do status de mais pobre da África para um dos mais ricos do continente, em cerca de 50 anos. No entanto, as reservas de diamante devem durar apenas até 2019, e em razão do clima desértico, a agricultura não é desenvolvida e não se vê sinais de outra atividade. O cotidiano dos missionários não é nada fácil. Inclui atendimento aos pacientes, consultas e ajuda em cirurgias e outros procedimentos. Moram num quarto do hospital e a comida é a mesma dos pacientes. Mas é muito boa. Os médicos são estrangeiros e ganham bem, porque não existe faculdade de medicina no país. Mas antes de chegar lá, começamos nossa viagem em Moçambique.
Fotos: Fabiana Bertotti
Ensinar e aprender A chegada é bem impactante em razão da pobreza, mas o trabalho das missionárias por lá faz uma diferença e tanto, talvez nem tão perceptível agora, mas com frutos valiosos para um futuro próximo. As professoras Crisney Deodato, Angélica Taboza, Fabiana Moura e Stella Machado formam o quarteto que dá vida ao projeto americano de construir igrejas e escolas. Um grupo de doadores americanos constrói os prédios em países de poucos recursos e o Serviço Voluntário Adventista da Divisão Sul-Americana recruta professoras dispostas a doar um pouco do seu conhecimento. “Não existe um curso de formação adequado aqui. As professoras estudam por cerca de três meses com o objetivo de dar aulas para o ensino fundamental. Não é o suficiente para se ensinar uma criança. Então, treinamos as professoras para que elas aprendam a lecionar”, explica Crisney, que é diretora de uma das duas escolas em Maputo. Stella, que já está de volta ao Brasil, conta que a experiência é riquíssima: “Ter que fazer tudo com tão pouco, faz você repensar seus valores e prioridades. Sinto que isto aqui me fará muita falta, mas uma vez que você
experimenta o campo missionário, é difícil parar num canto. Quer ajudar mais e mais”, vibra a voluntária que dirigiu a outra escola na cidade. Em um país castigado pela guerra e o comunismo, as necessidades Alexis eG e primárias não deixam d ncontraraianina, os e un recé me espaço para o supér- missionir prática m Botsuam-casado s n prof ária issio a a opo médicos fluo. Além disso, as dortuni nal e e x p e dade riênc enças relacionadas ao péssimo saia neamento básico e ao grande número de pessoas infectadas pelo HIV fazem do hoje o único dia a se pensar. Por isso, aparência e estética ficam em segundo plano, no corpo e nos prédios. A nutrição fica comçamto, Mo prometida, porque as Mapu assaltos, m e y s risne lária e do tlântico famílias tiram seu susa A ca e C Angéli pesar da m vessaram o A a . tr e a u e iq tento apenas da própria b em qu las sab plantação de legumes e e ara servir p verduras, as machambas. Os jovens não têm muitas opções de emprego e educação e, além disso, sobram criminalidade e miséria. As professoras moram num apartamento, no centro da cidade, onde o fornecimento de água e luz não é tão constante como Fernando, brasileiro qu os assaltos que sofrem. na e estu Argentin “fez de tudo da Medicina Elas, que já perderam até contar hia, stórias para ” em Malawi: as crianças equipamentos de informática, máquina fotográfica e objetos pessoais, enfrentam esses desafios com o pensamento de que estão ali para ajudar.
Estágio em meio à miséria De Moçambique fomos para o Malawi, um dos países mais pobres da África. Pobre mesmo! Os corpos esquálidos e a face sofrida pintam um quadro dramático dos malawianos que convivem com a aids e a desnutrição. A expectativa de vida é de 40 anos, segundo estimativas da ONU, e mesmo com os coquetéis oferecidos pelo abr-jun 2010
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Intercâmbio de voluntários 22012 – Conexão JA 02/2010
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egundo a revista Veja de 2/12/09, a nova onda do intercâmbio estudantil é optar por um programa que mescle estudo e voluntariado. Entre as atividades filantrópicas preferidas pelos jovens estão o cuidado de crianças carentes e deficientes mentais e a atuação em projetos ambientais. Os destinos preferidos pelos voluntários brasileiros são a África do Sul, Índia e Peru. Ter uma experiência que unisse bagagem cultural e voluntariado foi o que motivou o casal Rachel (25) e Alberto Streicher (27) a trancar o curso de Administração de Empresas e trabalhar por um ano na Universidad Adventista de Centro-América, na Costa Rica. Em 2005, quando eram recém-casados, ela serviu como secretária do centro de idiomas e professora de espanhol para estrangeiros e ele, como professor de inglês e português. Nesta
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breve entrevista, Rachel explica qual foi o benefício dessa aventura missionária. Que contrastes ou choques culturais vocês enfrentaram lá? A cultura dos costarriquenhos e de todos os outros povos da América Central é, em geral, muito parecida com a brasileira: a receptividade, informalidade e certa irreverência. Por isso, a adaptação não foi difícil. O que nos chocou bastante foi o machismo da cultura local. A alimentação é muito diferente da nossa e as construções são feitas para suportar terremotos, comuns na região. O quanto valeu essa experiência? A experiência foi extremamente benéfica para nós como casal, pois nos fortificou nessa fase inicial do matrimônio. Além disso,
1. É preciso ter mais de 18 anos e ser adventista batizado há pelo menos um ano; 2. Em alguns casos, o candidato precisa cobrir seus custos parciais ou totais. Além disso, o domínio de outra língua, especialmente o inglês, é quase indispensável; 3. Acesse o site www.adventistvolunteers.org e se inscreva em três projetos do seu interesse do SVA; 4. Envie a documentação solicitada e aguarde a aprovação da inscrição; 5. Enquanto aguarda o retorno do SVA, aproveite para ler o manual Passaporte para a Missão, disponível na secretaria da sua União ou pelo e-mail voluntários@dsa.org.br;
de julgando-se melhor ou mais correto só dificulta o processo e rouba a oportunidade de sentir o verdadeiro espírito missionário. Antes de tudo, é preciso ser cristão e amar o próximo, para suportar todas as agruras do percurso, já que não é nada romântico o que se vai fazer e viver por lá. Fabiana Bertotti
Jornalista da União Sul-Brasileira, visitou a África com o cinegrafista Liverson Francica da TV Novo Tempo para retratar o trabalho do Serviço Voluntário Adventista da Divisão Sul-Americana. O material está disponível no site http://midias.novotempo.org.br
estudamos bastante sobre a cultura centroamericana, conhecemos um país com uma beleza natural fantástica e, acima de tudo, nosso relacionamento com Deus ficou diferente e melhor. Aprendemos a arte de lidar com gente de hábitos e pensamentos diferentes dos nossos. Fomos intelectual e espiritualmente muito beneficiados. E ter essa experiência internacional no currículo agregou um valor importante na hora de buscar um emprego, especialmente na organização adventista.
Foto: BananaStock/Thinkstock
mal poderia tocar nos pacientes, sendo aluno do último ano. Mas aqui acabo fazendo de tudo um pouco e ganho uma bagagem e tanto”, descreve Fernando Rossi, natural de Londrina, que serve como voluntário por um ano. Ele conta que sofreu com o choque cultural e com a língua. No Malawi, oficialmente se fala inglês, mas no dia-a-dia o comum é ouvir tchitchewa e tanto uma como a outra eram estranhas ao jovem que acabou aprendendo inglês na marra. Não existem jovens por lá para se fazer amizade, por isso, os dias do Fernando se passam em trabalho no hospital e conhecimento de outras culturas, já que o lugar é cheio de missionários que vêm dos mais variados cantos do mundo. Ele até ajudou numa conferência evangelística que é feita anualmente por um grupo de romenos. “É uma sensação de utilidade, de serviço prestado e missão cumprida. Se aqui você não mudar sua cabeça, não mudará mais”, enfatiza o jovem que se aproximou mais de Deus ao encarar a dificuldade da vida de quem nada tem e nada espera. A troca de experiência que os jovens adquirem nesses serviços voluntários é impagável e incalculável, mas é preciso ter consciência de que você não é o colonizador indo “salvar” os pobres inferiores. Olhar com pretensa superiorida-
Fotos: Fabiana Bertotti e cortesia dos colaboradores
governo, as condições de vida não animam. Lá, o costume de entregar meninas que menstruaram pela primeira vez aos “especialistas” que tiram a virgindade para facilitar o trabalho dos futuros maridos, propaga o vírus do HIV de maneira incontrolável e abre caminho para doenças como tuberculose, câncer e meningite. É nesse cenário que o Hospital Adventista de Malamulo, fundado em 1902, faz a diferença. Sendo o primeiro hospital do país, a instituição adventista é nacionalmente conhecida por atender diariamente centenas de pessoas. “Aqui eu posso exercer a medicina, pois não existem muitos profissionais e tudo o que sei ajuda e muito. Se eu estivesse no Brasil ou mesmo na Argentina, onde estudo,
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Viva a coerência
A verdade virtual pode ser uma mentira real
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Era exatamente isso que estava escrito ao lado da foto sorridente de Cátia, no Orkut. No Facebook, a mesma foto com seu sorriso e cabelos negros lisos, a verdadeira imagem da perfeição e felicidade plena. Sua alegria também era retratada nas frases do Twitter, tais como “Dia mais feliz do mundo”, “Eu sou feliz”, “Amo meu namorado”, e por aí vai. Melancólica, Cátia se sentou diante do computador. A tela exibia seu Orkut, que listava várias imagens também sorridentes. Meus amigos, ela pensou, mas a melancolia se abateu ainda mais forte. Não eram exatamente amigos, daqueles que a gente vai na casa, sai com eles para uma lanchonete ou bate um papo ao vivo. Eram pessoas que haviam saído de algum chat ou comunidade virtual. Enfim, eram amigos virtuais, vivendo suas vidas virtualmente felizes na tela de um computador. Ah! O namorado também era virtual. Cátia sentiu falta de um colo de verdade. Lembrou-se do pai, o delegado Augusto, que um dia chegou em casa e falou que um bandido homiziou-se na favela. “Homiziou-se?”, ela perguntou naquele dia. “O que é isso, pai?” O Dr. Augusto riu e disse: “Homiziar-se é esconder-se.” Era exatamente isso que Cátia acabava de sentir a respeito de si mesma: havia se homiziado num mundo virtual, navegando em páginas de relacionamentos também virtuais, fingindo-se feliz com suas melhores fotos e frases perfeitas. Ela não era a mulher forte e decidida retratada em suas frases de descrição de perfil ou na lista de comunidades. Aliás, participava de várias comunidades com ênfase no poder feminino, inclusive no de sedução, mas, na verdade, nem tinha muito jeito com os rapazes e passava horas para se decidir a respeito da maioria dos assuntos. Não era nada parecida com a líder nata retratada naquelas páginas. Cátia mergulhou o rosto choroso na palma das mãos abertas. Aquilo tudo eram apenas verdades virtuais. Refletia o que ela queria ser e não o que ela realmente era. Pensou na diferença óbvia entre as palavras envolvendo esses conceitos: “virtual” e “real”. Sentiu falta dos amigos da igreja e dos passeios juntos. Sentiu saudades até daqueles acampamentos desastrosos com
os Desbravadores, quando chovia e estragava tudo. “Mas era tão intenso”, ela lembrou, “tão verdadeiro...” Fez uma pausa em seus pensamentos e chorou ao se lembrar da chuva caindo sob a lona da barraca mal estacada. “Era tudo tão REAL!” A jovem enxugou o rosto e olhou para a tela reluzente do computador. Não era exatamente ela que estava retratada naquelas páginas. Iria reformulá-las em breve. Apesar dos bons amigos que encontrou nesse universo de dados e imagens sorridentes, queria sair mais de seu refúgio e se relacionar com pessoas que se materializassem de verdade diante dela. Cátia pegou o telefone e ligou para uma amiga da Igreja: – Oi, Pri. Saudades de você! Não estou muito bem hoje e queria conversar com uma amiga. – Sério? Mas vi seu Orkut hoje. Você me pareceu tão feliz... – Pois é... Às vezes, uma verdade virtual pode ser uma mentira real.
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Denis Cruz
Escritor, autor do livro Além da Magia (CASA), Reside em Novo Mundo (MS) deniscruz@deniscruz.com.br
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“Estou feliz da vida.”
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Fiel sob a Cortina de Ferro
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Paloma Cartaxo 24 anos – Feira de Santana, BA
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AOS PÉS DE JESUS Doug Batchelor (Casa) “Para quem gosta de uma boa história, esse livro é uma leitura especial. Com sua descrição detalhada das cenas, o autor consegue levar o leitor a vivenciar os relatos bíblicos. Além disso, ao fim de cada capítulo há um estudo espiritual e enriquecedor. Vale a pena reler a história de Maria Madalena por meio desse livro!” Sara Campos 23 anos – Curitiba, PR RESPOSTAS INCRÍVEIS À ORAÇÃO Roger J. Morneau (Casa) “Deus está ansioso para ouvir nossas orações. Geralmente suas respostas são menos espetaculares do que as experiências relatadas no livro, mas devemos aprender que Ele responde. Como no relato da destruição de Sodoma e Gomorra, em que Ló e sua família foram salvos graças à intercessão de Abraão, esse livro nos convida a experimentar o poder da oração em prol da salvação dos nossos queridos.” 24
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MÃos abenÇoadas Estrelado por Cuba Gooding Jr., cuja semelhança física com o médico impressiona, o filme sobre a biografia de sucesso do Dr. Ben Carson mostra como o garoto de família desestruturada, com baixo rendimento escolar e temperamento descontrolado, se tornou um dos maiores neurocirurgiões do mundo. Tendo como ponto de partida uma das operações mais difíceis da carreira de Carson, a separação dos gêmeos siameses ligados pela cabeça, o roteiro retrata a infância de “Bennie” e mostra como a influência da sua mãe, da leitura e da fé em Deus foram fundamentais para que ele sonhasse e voasse alto. Apesar de ser pintado como um homem sensível, religioso, idealista e bom pai de família, o filme decepciona os adventistas que (como eu) esperavam ver alguma referência ao adventismo. Na produção, a fé tem papel importante, mas secundário, na biografia de Carson. O grande mérito de seu sucesso é atribuído à mãe. Embora o drama termine com a bem-sucedida cirurgia de 1987, o “milagre” que consagrou o médico, deixou de abordar com mais detalhes, ainda que no material extra, aspectos importantes da vida dele: como o trabalho filantrópico de sua fundação (http://carsonscholars.org), as condecorações que recebeu do governo americano e sua luta contra o câncer de próstata em 2002. De qualquer forma, ninguém vai se arrepender de assistir Gifted Hands, pois é um estímulo para os jovens, uma homenagem aos pais dedicados e um lembrete a todos os cristãos de que nossas “mãos” são poderosamente abençoadas quando nos colocamos nas mãos de Deus. E mais do que entretenimento, a “dobradinha” do filme com os livros sobre Ben Carson – Ben Carson (1997) e Sonhe Alto (1999) – podem “render” bons contatos missionários, programas motivacionais na igreja e aulas interessantes nas escolas adventistas e públicas. Os temas podem ser explorados a partir da exibição do filme em forma de debate, painel com outras pessoas que tenham história de superação ou mesmo com uma atividade que leve os participantes a refletir e direcionar sua trajetória pessoal. – Wendel Lima
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SONHE ALTO Dr. Ben Carson (Casa) “Baseado na sua experiência de ter saído da pobreza na infância para se tornar um neurocirurgião de fama mundial, em seu segundo livro, Ben Carson explica seu conceito de sucesso e a receita para chegar ao topo. Sem fórmulas mágicas, ele mostra que sucesso é a soma do nosso esforço mais as bênçãos de Deus.”
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vam os adventistas inimigos do Estado. Descubra como, mesmo na prisão ou no exílio, Mikhail transmitiu esperança aos seus companheiros e não permitiu que o desespero lhe dominasse o coração. É impossível não se emocionar com o exemplo desse herói moderno da fé, que se tornou importante líder da Igreja Adventista na Rússia. – Michelson Borges
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O que estou lendo
Há quem acuse o cristianismo (o certo seria dizer catolicismo) de ter levado à morte milhares de pessoas condenadas pela Inquisição e as Cruzadas. De fato, isso é deplorável. Mas o que muita gente não sabe é que os regimes comunistas ateus ceifaram a vida de muito mais pessoas. O livro Ainda Que Caiam os Céus (CASA) é um retrato vívido das atrocidades cometidas pelo governo soviético nos tempos da Cortina de Ferro. Seu autor principal, o pastor Mikhail Kulakov, foi testemunha ocular de tudo isso e sofreu na pele, literalmente, as injustiças de autoridades que considera-
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Os argumentos contra a ressurreição de Cristo são tão insuficientes quanto a rocha que foi colocada para O sepultar
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A tumba vazia
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que um zumbi e Frankenstein têm a ver com Jesus? Resposta: os três, supostamente, ressuscitaram! Essa foi uma piada que Richard Dawkins – líder do movimento neoateísta e autor do best-seller Deus, um Delírio – postou no seu twitter, em outubro do ano passado. Como se percebe, ironia e sarcasmo são armas recorrentes na atual batalha intelectual contra a fé cristã. Você não acredita na existência de zumbis, como os do filme Resident Evil, nem nos contos de terror de Mary Shelley, a autora de Frankenstein. Mas, por que então acreditar na ressurreição de um carpinteiro judeu do primeiro século? Por que rejeitar os relatos fantasmagóricos da ficção e aceitar a narrativa bíblica sobre a ressurreição? Atacar a historicidade dessa doutrina é golpear o coração da fé cristã. Afinal, como disse um dos maiores defensores da ressurreição de Jesus, “se Cristo não ressuscitou”, escreveu o apóstolo Paulo, “é vã a vossa fé” (1Co 15:17). Como prova de que 2 bilhões de pessoas não estão cegamente enganadas, é possível encontrar evidências bíblicas e extrabíblicas de que a tumba de José de Arimateia ficou vazia naquele domingo de Páscoa.
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Ctrl+C e Ctrl+V? Imagens bem selecionadas. Uma voz indiferente ao fundo. Informações chocantes. Evidências “irrefutáveis”. É praticamente disso que os 122 minutos do documentário Zeitgeist (em alemão, “espírito de um tempo”) é feito. A “revelação” é simples: Jesus não existiu. Na verdade, sua história seria um tipo de Ctrl+C e Ctrl+V (copiar e colar do Word) de várias narrativas sobre deuses pagãos do passado, que também nasceram de uma virgem, fizeram milagres, morreram e ressuscitaram. Em outras palavras, “plágio mitológico”. Apesar de o documentário despertar o interesse por colocar o cristianismo como uma das maiores teorias de conspiração, a tese da produção peca em erros básicos, sem contar que ignora as evidências históricas a favor da ressurreição. Senão vejamos:
Os “pecados” do documentário Zeitgeist
1. Nascimento sobrenatural. O nascimen-
to virginal de Jesus é distinto da origem sobrenatural dos deuses. No paganismo, as divindades que nasceram de uma virgem foram frutos de um romance entre deuses ou entre um ser divino e um humano. No relato bíblico, o menino Jesus não é concebido a partir de uma relação sexual.
2. O conceito de ressurreição. Ao con-
trário da Bíblia, que relata a ressurreição corpórea de Cristo, na mitologia pagã, os deuses desaparecem e voltam (mas sem morrer) ou os que morrem, ressurgem numa outra forma na natureza.
3. A originalidade. Todo o relato do nas-
cimento, vida, morte e ressurreição de Jesus é único ou distinto, não encontrando paralelos próximos nas lendas sobre divindades egípcias, persas, indianas, gregas e romanas.
4. Plagiadores pagãos. Contrariando os
críticos, tudo indica que os povos pagãos copiaram e adaptaram a história da ressurreição de Cristo conforme suas crenças, tendo em vista que o relato bíblico é mais antigo do que as lendas pagãs.
Evidências do maior milagre
1. A tumba de José de Arimateia. Segundo os Evangelhos, Jesus foi sepultado no túmulo desse Seu discípulo rico, que era membro do Sinédrio, o órgão responsável pelo julgamento fraudulento de Cristo. Por fazer parte da elite religiosa da época, o jazigo de José de Arimateia deveria ser bem conhecido pelos judeus e cristãos. Se os autores bíblicos quisessem enganar alguém, não fariam menção a um túmulo que poderia ser verificado. 2. A sepultura vazia. Seria totalmente insano
da parte dos discípulos se eles começassem a pregar a ressurreição e a tumba não estivesse vazia. Ao invés de acusarem a presença do corpo de Cristo no túmulo, os líderes judeus, temendo que a notícia do milagre se espalhasse, disseram que os discípulos o haviam roubado. Prova de que o corpo não estava na tumba no domingo de manhã.
3. As várias aparições de Jesus. Os crí-
ticos sugerem que todas as testemunhas da ressurreição tiveram, na verdade, uma alucinação. Porém, estranho é pensar num delírio coletivo em todos os lugares e
Ainda que você não tenha estado naquele jardim na manhã do domingo de Páscoa de 31 d.C, e mesmo separado quase dois mil anos das aparições de Jesus, a ressurreição pode ser real para você. É preciso aceitar racionalmente o fato do passado e experimentar um relacionamento com o Cristo do presente. Estamos terminando essa matéria no dia em que voltamos de uma cerimônia fúnebre de um adventista de Caxias do
circunstâncias em que o Cristo ressurreto Se manifestou. Paulo menciona várias testemunhas oculares do milagre (1Co 15:3-7) que viviam em sua época. Se a ressurreição fosse uma farsa, o apóstolo poderia ser facilmente desmascarado. Além disso, as mulheres foram as primeiras pessoas a ver Jesus no domingo. Em razão de o testemunho delas ser ignorado por aquela sociedade machista, dificilmente os discípulos (homens) baseariam sua crença e pregação em depoimentos desacreditados.
4. A disposição para o martírio. Com exceção
de João, que teve morte natural, todos os discípulos sofreram martírio por crer e pregar a ressurreição de Jesus. É difícil pensar que eles, bem como milhares de seus contemporâneos, deram a vida motivados por uma grande farsa. Para os primeiros cristãos, a ressurreição de Cristo foi um fato histórico e uma experiência real com seu Salvador. Fonte: filósofos e teólogos americanos do Novo Testamento William Lane Craig (Talbot School of Theology, Califórnia, EUA), e Gary Habermas (Liberty University, Virgínia, EUA).
Sul, RS. No funeral, falamos sobre esse evento singular na história da humanidade: a vitória do nosso Senhor sobre a morte. Em meio às lágrimas dos familiares e amigos, um clima de esperança tomou aquele lugar: a certeza de que o poder que tirou Cristo do túmulo será o mesmo que convidará, na volta de Jesus, os justos para a vida. Aleluia! Isso é Páscoa!
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Luiz Gustavo Assis e Marina Garner Assis
Formados em Teologia. Pastor e professora de ensino religioso em Caxias do Sul, RS. lzgstv.assis@gmail.com
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magine que, ao fazer uma trilha por um lugar desconhecido, aos poucos, ela fique cada vez mais íngreme. Você quer chegar ao topo da montanha, mas antes precisa percorrer caminhos estreitos e perigosos. Em determinado ponto de sua escalada, você se depara com uma área aberta, com um caminho largo pela frente, mas que é rodeado por um precipício. A largura da trilha lhe dá segurança suficiente para terminar a caminhada, mas a questão é: Sabendo que a queda é fatal, por onde você escolheria passar? Tentaria caminhar longe do precipício ou testaria seu equilíbrio e saúde cardíaca para andar na beirada? Se numa situação real, a sensatez nos afastaria do precipício, porque muitos cristãos parecem seguir exatamente a lógica contrária na vida espiritual? Acreditam que a salvação é sinônimo da obediência a um pacote de regras rígidas, de cujo peso querem se livrar. Pensando assim, vivem com a preocupação de flexibilizar as normas, tentando descobrir até que ponto podem abrir “exceções” sem pecar. Apreciam muitos hábitos e atitudes de amigos e colegas que não são cristãos e, no íntimo, admitem que gostariam de poder fazer o mesmo. Por isso, questionam se o estilo de vida cristão realmente se aplica aos nossos dias. Querem matar a curiosidade de ver o fim do precipício sem correr o risco de despencar nele. Vale lembrar que andar na beirada nunca é seguro, porque, na vida cristã, o abismo da nossa separação de Deus é o pecado. Por isso, os princípios de conduta que encontramos na Bíblia não são mero capricho de um Deus que se intromete na vida de todo mundo ou que é um grande “estraga prazer”, mas de Alguém que deseja, para sua segurança, mantê-lo longe do precipício. Nossa atração fatal pelo abismo, a constante tentação de flertar com o pecado, tem relação direta com a consistência da nossa fé. É mais fácil aprender e ensinar as regras, do que conhecer e praticar os princípios que as fundamentam.
O risco de se adaptar as regras por não conhecer os princípios
Com o passar do tempo ou de acordo com a cultura, os hábitos da sociedade e da própria igreja podem se modificar, e a forma se perder. Porém, quando conhece os princípios de Deus, que são imutáveis como Ele, o cristão não tem muita dificuldade em identificar o que é certo ou errado. No entanto, como saber quais são os princípios bíblicos se mal há tempo para uma meditação diária e, quando muito, para o estudo da lição da Escola Sabatina? É muito mais prático “pegar” um conjunto de regras estabelecidas pela igreja, somar ao pouco conhecimento adquirido nos cultos, colocar tudo isso na balança junto com a opinião relativista dos colegas de trabalho e faculdade, encontrar o “equilíbrio” e viver a vida de acordo com o que é mais conveniente. É hora de trocar o risco dos “achismos” pela segurança da doutrina. Deixar a preguiça de lado e pesquisar sobre os princípios sólidos que sustentam nossa identidade. Os que desejam terminar a trilha não devem perder tempo e energia num malabarismo suicida, mas canalizar esforços para chegar ao topo com mais rapidez e segurança. Sua maior curiosidade está nas coisas do alto.
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Cléia Kattwinkel
Jornalista cleia.kattwinkel@adventistas.org.br
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O sábado nas regiões polares 1. O SÁBADO É PARA TODOS OS SERES HUMANOS, EM TODOS OS LUGARES (Mc 2:27). Quando Deus criou nossos primeiros pais, Adão e Eva, não havia nada que os identificasse como sendo judeus; eles são os pais de todos os povos. Portanto, o sábado é uma grande dádiva de Deus para que toda a humanidade tenha um dia especial na semana para comunhão mais íntima com Ele. O sábado é o único dia da semana que Deus, no fim da Sua majestosa criação, “abençoou, santificou e [nele] descansou” (Gn 2:1-3). “O próprio fato de que o deserto do Sinai, e não a Palestina, foi o local escolhido por [Deus] para proclamar Sua lei, revela que era Sua intenção dá-lo a toda a humanidade” (Ellen G. White, Cristo Triunfante, MM 2002, 14 de dezembro, p. 355).
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2. O SÁBADO VEIO ANTES DO PECADO (Gn 2:1-3). A ins-
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tituição do sábado antecede a entrada do pecado no mundo. Isso significa que, com ou sem pecado, haveria o sábado de Deus. Além disso, é bom lembrar que o sábado será observado e guardado no novo céu e na nova Terra (Is 66:22, 23). A importância do sábado bíblico extrapola as dimensões do planeta Terra. O sábado é um monumento construído por Deus no tempo, assim, ele chega para todos, em todos os lugares.
3. O SÁBADO ERA TAMBÉM PARA O ESTRANGEIRO QUE SE UNIA A ISRAEL (Is 56:6). Quando um gentio ou não judeu se unia ao povo de Israel por razões diversas, ele era convidado por Deus para guardar o sábado bíblico, afinal, “o sábado foi dado a toda a humanidade, para comemorar a obra da criação” (Ellen G. White, Cristo Triunfante, MM 2002, 14 de dezembro, p. 355).
4.
O SÁBADO É O SINAL ENTRE DEUS E SEU POVO. Esse dia foi colocado na Bíblia como sinal entre Deus e Seu povo (Ez 20:12, 20). O sábado é a bandeira daqueles que reconhecem em Deus seu Criador e Mantenedor. 30
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“O sinal, ou selo, de Deus é revelado na observância do sábado do sétimo dia – o memorial divino da criação... A marca da besta é o oposto disso – a observância do primeiro dia da semana” (Ellen G. White, Eventos Finais, p. 224).
5.
O SÁBADO DEVE SER OBSERVADO POR TODOS, INCLUSIVE PELAS PESSOAS QUE MORAM NAS REGIÕES POLARES. No livro Consultoria Doutrinária (CASA), nas páginas 155 e 156, está escrito: “No período em que o Sol está oculto abaixo do horizonte, os guardadores do sábado no extremo norte observam o dia de sexta-feira ao meio-dia até sábado ao meio-dia, porquanto essa hora corresponde ao pôr do sol na região ártica no inverno. Pois todos os dias, enquanto o Sol se oculta sob o horizonte meridional, ele atinge seu zênite (o ponto mais alto em seu aparente caminho circular no céu) ao meio-dia, visto como nessa hora tanto se levanta como se põe abaixo do horizonte.” E mais: “Nos dias de Verão, em que o Sol não se põe, quando ele alcança o zênite [Apogeu] os habitantes de além do círculo ártico sabem que é meio-dia. E quando chega ao nadir (o ponto mais baixo em seu aparente caminho circular no céu), nos dias de Verão, eles sabem que é meia-noite. Esse ponto mais baixo no aparente círculo solar de vinte e quatro horas no céu é pelos habitantes daquela região denominado ponto do norte. Corresponde, como dissemos, ao pôr do sol. Daí, os habitantes de além circulo ártico observam no Verão o sétimo dia de meia-noite de sexta-feira até meia-noite de sábado, pois o Sol está então em seu nadir (o mergulho), que é também o ponto do pôr do sol.” O sábado – o tempo santo de Deus – chega para os habitantes do planeta Terra em todos os lugares. Deus tem um prêmio muito especial para todos os Seus filhos Para saber mais que se demonstrarem fiéis até o fim! sobre o sábado bíblico, acesse Otimar Gonçalves Líder de Jovens na Divisão Sul-Americana www.sabado.org Otimar.goncalves@adventistas.org.br
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E
ssa pergunta de como guardar o sábado num mundo esférico é muito boa e muito intrigante ao mesmo tempo. Primeiro, vamos pontuar algumas verdades bíblicas em relação ao sábado, o dia do Senhor, do ponto de vista bíblico:
“Nas regiões polares, ou no extremo norte do planeta, onde dia e noite duram seis meses, como alguém pode guardar o sábado bíblico que é ‘de uma tarde a outra tarde’?” S.M.
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