Conexão 2.0 - MUDANÇA DE HÁBITO

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TEXTO E CONTEXTO: Saiba por que preservar a saúde é um dever religioso P. 20

Jan-Mar 2021 – Ano 14 no 57

Exemplar: 9,99 – Assinatura: 31,80

ENTENDA. EXPERIMENTE. MUDE

MUDANÇA DE HÁBITO Cuidar do seu corpo agora é uma escolha que vai impactar o resto da sua vida P. 10

REPORTAGEM: RAIO X PREOCUPANTE DE UMA GERAÇÃO P. 16

IMAGINE O BRASIL SEM O SUS P. 26

P3

420405 – Revista CNX 1TRIM 2021 7/1/2021 8:33

LIÇÃO DE VIDA: O MARATONISTA ANÃO QUE NASCEU PARA SER GRANDE P. 30

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Editor(a)

Coor. Ped.

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R. F.


Da redação

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Editor Wendel Lima

4 CONECTADO

OPINIÃO DE QUEM SEGUE E CURTE A REVISTA

NUVEM DE PALAVRAS

6

GLOBOSFERA

SÉRIES, LIVROS, NÚMEROS E FRASES PARA REFLETIR

8 ENTENDA

POR QUE ALGUNS ALIMENTOS “VICIAM”

24 PERGUNTAS

CORPO E ALMA, ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS, DIETAS RELIGIOSAS E MAU HÁLITO

EM 2020, MUITAS palavras ou expressões foram adicionadas ao nosso vocabulário: “coronavírus”, “pandemia”, “lockdown”, “quarentena”, “imunidade de rebanho”, “achatamento da curva” e “home office” foram algumas delas. Uma prova disso é que, durante o ano passado, esses e outros termos figuraram entre os mais procurados em sites de buscas. Na lista de palavras mais pesquisadas no Google, por exemplo, “coronavírus” apareceu no topo do ranking. Se uma nuvem de tags, aquele recurso que informa uma hieraquia visual de termos mais recorrentes numa base de dados, fosse construída a partir das informações do Google, “coronavírus” estaria no centro dela e em letras garrafais. Porém, em 2021, nossa revista quer ajudar você a ampliar sua “nuvem de palavras” na área da saúde. Queremos sugerir que você utilize expressões e aprenda conceitos como “prevenção” e “longevidade”, “mudança de hábitos”, “bem-estar integral”, “oito remédios naturais”, “resiliência”, “empatia” e “espiritualidade”. Eles fazem parte da temática escolhida pela rede educacional adventista para este ano. A partir da ideia de “viver bem”, vamos trabalhar nossas edições temáticas com foco em quatro dimensões da saúde humana: (1) física; (2) emocional; (3) social; e (4) espiritual. E para encarar este ano ainda muito incerto, mas que pelo menos tem em vista uma vacinação massiva e o consequente retorno a uma relativa normalidade, você vai contar com o apoio da tradição adventista na promoção da saúde. Uma tradição que vem do século 19 e que mantém 211 hospitais e clínicas, além de 22 fábricas de alimentos saudáveis ao redor do mundo. Uma tradição que inspira a produção de revistas e livros, programas de TV e rádio, bem como portais na internet sobre saúde. Uma tradição que enxerga a promoção do bem-estar integral como ajuda humanitária, uma dimensão do testemunho cristão, um aspecto importante da salvação espiritual e um dever religioso. Uma tradição que não vende curas nem oferece serviços mágicos, porque entende que a promoção da saúde deve integrar a bênção de Deus e a responsabilidade humana, fé inteligente e boa ciência. Portanto, durante este ano, espero que aprendamos juntos que, para viver bem, é necessário cuidar do próprio corpo, ser grato pela vida, amar as pessoas e servir a Deus. Então, venha com a gente!

32 APRENDA 33 NA CABECEIRA

A TOMAR BANHO DE SOL

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2021

PRO IMP EDU

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LIVRO APRESENTA AS VANTAGENS DO CARDÁPIO VEGETARIANO

34 GUIA DE PROFISSÕES

O PROFISSIONAL QUE PODE AJUDAR QUALQUER PESSOA A TER MAIS QUALIDADE DE VIDA

16 REPORTAGEM O QUE MOSTRA O RAIO X DA SUA GERAÇÃO?

Foto: Daniel Oliveira

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26 IMAGINE

... O BRASIL SEM O SUS

5 AO PONTO

PROFESSOR EXPLICA A IMPORTÂNCIA DAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

10

CAPA

OS HÁBITOS NA ADOLESCÊNCIA QUE VÃO IMPACTAR SEU FUTURO

Revista trimestral – ISSN 2238-7900 Jan-Mar 2021 Ano 14, no 57 Ilustração da capa: Marta Irokawa

CASA PUBLICADORA BRASILEIRA

Editora da Igreja Adventista do Sétimo Dia

PIO

Casa Publicadora Brasileira Rodovia SP 127, km 106 Caixa Postal 34, CEP 18270-970, Tatuí, SP Fone: (15) 3205-8800 / WhatsApp: (15) 98100-5073 Site: cpb.com.br

SÕES

PODE SSOA A DE VIDA

Serviço de Atendimento ao Cliente Segunda a quinta, das 8h às 20h / sexta, das 8h às 15h45 / domingo, das 8h30 às 14h Contato: (15) 3205-8888 Ligação grátis para pedidos: 0800 979-0606 E-mails: sac@cpb.com.br / conexao20@cpb.com.br

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TEXTO E CONTEXTO

O RECADO DO APÓSTOLO JOÃO PARA SEU BEM-ESTAR

28 MUDE SEU MUNDO

A FAMÍLIA QUE PERDEU PESO UNIDA IMPROVISANDO COM O QUE TINHA EM CASA

Editor: Wendel Lima Editores Associados: André Vasconcelos e Márcio Tonetti Projeto Gráfico: Éfeso Granieri e Marcos Santos Designers Gráficos: Renan Martin e Fábio Fernandes Diretor-Geral: José Carlos de Lima Diretor Financeiro: Uilson Garcia Redator-Chefe: Marcos De Benedicto Gerente de Produção: Reisner Martins Gerente de Vendas: João Vicente Pereyra Chefe de Arte: Marcelo de Souza Conselho Consultivo: Ágatha Lemos, Alexander Dutra, Almir Augusto de Oliveira, Eder Fernandes Leal, Edgard Luz, Henilson Erthal de Albuquerque, Ivan Góes, Luiz Carlos Penteado Jr., Nádia Teixeira, Raquel de Oliveira Xavier Ricarte, Rérison Vasques, Rubens Paulo Silva, Samuel Bruno do Nascimento, Thiago Basílio e Vanderson Amaro da Costa Assinatura: R$ 31,80 Avulso: R$ 9,99 www.conexao20.com.br

30 LIÇÃO DE VIDA

ATLETA ANÃO CORRE PARA VENCER PRECONCEITOS E REALIZAR SEUS SONHOS

9114/42405 Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios, sejam impressos, eletrônicos, fotográficos ou sonoros, entre outros, sem prévia autorização por escrito da editora.

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420405 – Revista CNX 1TRIM 2021 5/1/2021 17:21

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Editor(a)

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Informação Conectado & Opinião Ao ponto

Globosfera Entenda

Exemplar:

Lavras (MG)

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41960 – Revista CNX 4trim 2020

LIÇÃO DE VIDA: O MÉDICO QUE FOI DESLIGADO E RELIGADO P. 30

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Editor(a)

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29/9/2020 9:21

Gabriel Henrique Frigatti Santos Goiânia (GO)

A DÚVIDA COMO PRODUTO (P. 10-15) Foi muito importante a revista ter pautado o tema do fenômeno da desinformação. Vemos embates acirrados na internet por questões que, muitas vezes, são tratadas com superficialidade pelas partes envolvidas na discussão. Como professor de comunicação da Faculdade Adventista de Minas Gerais (Fadminas), sempre aconselho meus alunos a ler, pesquisar e buscar o contraditório, especialmente se esse contraditório é a visão da qual eles discordam. Outro ponto que a matéria de capa levantou é a crise de identidade pela qual a ciência está passando, pelo menos no que se refere ao endeusamento da ciência, como uma fonte que explica tudo. O que a matéria fez, por outro lado, foi mostrar que a produção do conhecimento científico é dinâmica e que muita coisa que foi considerada centificamente comprovada não é mais. Por fim, o que devemos cobrar de nossas autoridades é o apoio à ciência, a fim de que haja recursos para 4 |

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Larissa Reis Lellis Engenheiro Coelho (SP)

Jonas Alves de Souza São Paulo (SP)

AS PRAGAS E A PANDEMIA (P. 20-23) A última edição da revista contemplou ótimos tópicos, com artigos relevantes e profundos. Gostei especialmente da matéria sobre as pragas e a pandemia. O autor apresentou de forma esclarecedora, teológica e sobretudo bíblica como Deus age em situações que envolvem juízo, respeitando as escolhas humanas. Tanto no contexto das pragas do Egito como nos eventos escatológicos vemos um Deus oferecendo graça, novas oportunidades e amor, além de conduzir a história da humanidade para um final feliz e surpreendente.

Edição de julho-setembro VOLUNTARIADO A proposta da revista foi excelente, porque conseguiu abordar um tema essencial para os jovens (voluntariado) de maneira clara, com REDE DO BEM linguagem simples e exemplos pessoais. Tudo isso nos ajuda muito a discutir esse tema com os alunos.

Wendel Pacheco Flores de Goiás (GO)

TEXTO E CONTEXTO: A

Heitor Zahn Erthal Ananindeua (PA)

a missão de José P. 20

ENTENDA. EXPERIMENTE.

MUDE

meio do fazendo a diferença por política P. 10 e da Conheça pessoas que estão edorismo, da filantropia voluntariado, do empreend

ARTIGO: SAIBA QUANDO 16 AJUDAR ATRAPALHA P.

IMAGINE O MUNDO SEM RELIGIÃO P. 26

P4

41605 – Conexão 3 trim 2020

APRENDA A LIDERAR VOLUNTÁRIOS P. 32

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Editor(a)

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21/7/2020 11:58

Michael Figueira São Paulo (SP)

Edição de abril-junho MÃOS À OBRA (P. 20-24) A história de José é realmente um exemplo de fidelidade e comprometimento, mesmo em meio a circunstâncias adversas. Gostei da parte O TRABALHO É SAGRADO que fala que José “fez o melhor que podia com o que tinha”. É assim que todo verdadeiro cristão deve agir diante das dificuldades, pois a bênção de Deus não recai sobre a regalada indolência e sim sobre a fé que se demonstra firme e operosa. TEXTO E CONTEXTO: A

“VOU SER DESLIGADO” (P. 30 e 31) O ponto mais intrigante desse testemunho, na minha opinião, é como o médico Marcelo Niek, a quem meu pai conhece, pôde ter calma diante das circunstâncias em que esteve mergulhado. Mesmo sabendo que dois em cada três pacientes entubados com Covid-19 vão a óbito, ele teve fé. Niek não teve medo do que poderia acontecer com ele, pois sua vida estava nas mãos de Deus. Também é importante ressaltar que muitas pessoas oraram por sua recuperação, o que mostra o poder da intercessão.

providência de Deus e

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IMAGINE O MUNDO SEM O MÉTODO CIENTÍFICO P. 26

Exemplar: 9,50 – Assinatura:

interessa a poucos, A produção da ignorânciaSaiba por quê P. 10 mas prejudica todos.

ARTIGO: FÉ E CONHECIMENTO ACADÊMICO COMBINAM? P. 16

FÉ INTELIGENTE (P. 16-19) Embora muitos acreditem que haja oposição entre ciência e religião, penso ser possível uma relação harmônica entre elas. Afinal, a ciência estuda o mundo natural com o objetivo de contribuir para o bem-estar das pessoas, enquanto a religião, que trata de questões espirituais, é importante para dar sentido à vida de cada ser humano.

o 55 Jul-Set 2020 – Ano 13 n 30,20

MUDE

no 56 Out-Dez 2020 – Ano 13 30,20 9,50 – Assinatura:

ENTENDA. EXPERIMENTE.

s de José P. 20 bênção de Deus e as habilidade

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de Deus? P. 20

O PODER DA PALAVRA (P. 33) Na semana literal da criação no Gênesis, o autor bíblico não se preocupou em apresentar coerência e lógica científicas. Seu foco estava num Ser inteligente, poderoso, sobrenatural e transcendente. Esse Ser deu origem à vida por meio do poder de Sua palavra e operou por meio de Suas leis naturais, embora esteja acima delas. Sua especialidade é a realização de milagres não cabíveis à racionalidade humana. Portanto, crer na semana literal da criação é abrir-se à possibilidade de ter uma experiência pessoal com o Criador e Idealizador da vida; é ter uma vida com propósito e sentido, algo tão necessário na atualidade.

ENTENDA. EXPERIMENTE.

MUDE

Exemplar:

pandemia atual é um castigo

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TEXTO E CONTEXTO: A

que ela seja feita sem pressões ideológicas e mercadológicas. Isso é mais importante ainda num contexto de pandemia. Jonathan Conceição

no 54 Abr-Jun 2020 – Ano 13 30,20 9,50 – Assinatura:

Edição de outubro-dezembro ENTENDA COMO SE PRODUZ UMA VACINA (P. 8 e 9) Eu não conhecia alguns processos da fabricação de uma vacina. Pelo menos três deles eram sem importância para mim, FÁBRICA DE DÚVIDAS mas a leitura desse infográfico me mostrou que esses procedimentos são essenciais para garantir a saúde e a segurança da população. O material ficou ótimo, porque todas as informações foram colocadas numa linguagem textual simples acompanhada de uma apresentação visual complementar. Creio que o infográfico poderia ter mais informações sobre os países que estão envolvidos no desenvolvimento das vacinas, mas, de modo geral, a matéria contribui para explicar o processo de produção desses imunizantes e a importância deles.

Saiba como servir a Deus

AO PONTO: DICAS PARA QUEM ESTÁ COMEÇANDO A CARREIRA P. 5

P3

Paulo de Jesus Manaus (AM)

al P. 10 no ambiente profission

ARTIGO: COMO TESTEMUNHAR ONDE É PROIBIDO PREGAR? P. 16

41156 – CNX 2 trimestre 2020 26/2/2020 9:51

LIÇÃO DE VIDA: O PREPARO E A MOTIVAÇÃO CORRETA PARA A MISSÃO P. 30

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C p c d E p m e q r n e c te Is v c r li e (r x O in c n tr a


Ao ponto

Texto Mairon Hothon Ilustração Kaleb

TREINO

PARA O FUTURO

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o

INCENTIVADO POR UM professor, quando tinha apenas 11 anos de idade, ele tomou gosto pela atividade física. Hoje com 63, Fernando César Camargo Braga continua mais ativo do que nunca e mantém o hábito de suar a camisa enquanto motiva seus alunos a fazer o mesmo. Professor no Colégio Adventista Marechal Rondon, em Porto Alegre (RS), e doutor em Ciências do Movimento Humano pela UFRGS, Fernando defende que as aulas de Educação Física nas escolas devem ir além da recreação, fazendo com que os alunos experimentem o prazer e os benefícios do exercício.

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Como a aula de educação física pode ajudar o professor a conhecer a condição de saúde dos seus alunos? Ela é a melhor oportunidade para esse diagnóstico, pois muitos alunos já chegam à escola com uma condição que os coloca na zona de risco das doenças crônicas não transmissíveis, como as enfermidades respiratórias, cardiovasculares, AVC, diabetes e os vários tipos de câncer. Isso ocorre porque o desenvolvimento dessas doenças costuma ser silencioso e estar relacionado a fatores metabólicos (hipertensão, sobrepeso e colesterol alto) e motores (resistência cardiovascular, flexibilidade e força inadequadas). O ponto é que muitos desses indicadores já podem aparecer na adolescência e, caso não sejam controlados, vão trazer complicações na fase adulta. Por isso, a escola tem a

responsabilidade de incentivar seus alunos, desde cedo, a praticar atividades que gerem aptidão física. E um período semanal tão curto pode fazer diferença para uma geração sedentária? Quanto mais precoce for a adoção de hábitos saudáveis, melhores serão os resultados. Não importa a categoria do movimento que é trabalhado na aula, desde que o professor também insira o exercício físico. A melhora da aptidão física tornará o aluno mais forte, flexível, resistente e autoconfiante. E se esse incentivo para uma atividade gradual ocorrer nessa fase da vida, o hábito desenvolvido servirá como uma poupança de saúde para os anos vindouros. Constatei isso na minha pesquisa de doutorado. O grupo de alunos que participou de atividades físicas controladas – com

medição da força/resistência abdominal, aptidão cardiorrespiratória e flexibilidade – atingiu níveis mais saudáveis e ficou mais propenso a consumir alimentos integrais, frutas, verduras e água. Como você ensina seus alunos a tomar gosto pelo exercício físico? No início do ano, é realizada uma avaliação, repetida bimestralmente, para determinar o nível de aptidão deles. É com base nisso que organizo as aulas. Minha aula é dividida em três momentos: (1) formação corporal, na qual são realizados exercícios que melhoram as capacidades motoras; (2) formação esportiva, quando são trabalhadas as habilidades motoras fundamentais relacionadas aos esportes; e (3) desaceleração, na qual a gente volta ao estado de calma do organismo. Com essa

sequência, procuro incentivar o desenvolvimento da aptidão física, pois sei que essa provavelmente seja a única oportunidade que esse alunos têm para fazer isso durante a semana. E o grande segredo para que eles apreciem essas atividades é minha empatia, o respeito à individualidade de cada um e o incentivo para que melhorem a aptidão física. Em 30 anos como professor, você já teve exemplos de mudança real? Sim, inúmeros. Por exemplo, alguns alunos ao longo do ano deixam sua condição de risco à saúde. Tem aqueles também que escolhem a educação física como profissão por influência das aulas. Fora os ex-alunos que me reencontram e agradecem pelo incentivo que receberam para fazer exercícios e melhorar a alimentação. jan-mar

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Texto Wendel Lima Imagens Adobe Stock

PARA ASSISTIR

E d d a A e d p A

TV Vida e Saúde (Novo Tempo, 2ª a 6ª, às 16h) – programa que apresenta entrevistas, receitas e dicas de como viver de modo mais saudável (ntplay.com/vidaesaude). Séries 8 Hábitos Para Uma Vida Melhor (8 episódios, 7 min., 2020) – entrevistas com especialistas e pessoas que decidiram mudar o próprio estilo de vida (ntplay.com/oitohabitos). © fotofabrika | Adobe Stock

Quero Emagrecer (34 episódios, 1 min., 2020) – série desenvolvida para WhatsApp com orientações simples de vários profissionais de saúde a respeito de como perder peso de modo saudável (feliz7play.com). Melhor da Vida (12 episódios, 5 min., 2016) – um reality show de três semanas, produzido pela indústria de alimentos adventista Superbom, que ajudou quatro pessoas a mudar os próprios hábitos (feliz7play.com). YouTube Bambu Chuveroso TV – canal de receitas vegetarianas, apresentado pelo chef Ricardo Fioravanti, que traz dicas de como preparar de sucos e shakes a doces e acompanhamentos mais nutritivos (youtube.com/ BambuChuverosoTV).

Ministério de Cura (6 episódios, 20 min., 2019) – série de palestras do pastor Diego Barreto, um dos apresentadores do podcast BibleCast. Na série, ele explica o contexto histórico da publicação de um dos livros mais importantes de Ellen White sobre saúde e missão: A Ciência do Bom Viver, lançado em 1905 (fequecuida.com.br).

PARA LER

Diabetes: Como Prevenir e Controlar (CPB, 2016, 96 p.), de Donald R. Hall

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Controle Sua Saúde (CPB, 2010, 128 p.), de Aileen Ludington e Hans Diehl

Medicina Alternativa (CPB, 2019, 151 p.), de Silas de Araújo Gomes

é d q s h

M e P d p 2 a e s


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PARA PENSAR

PARA SABER

O panorama que apresentamos é a perspectiva mais desoladora e sombria que já anunciamos sobre a necessidade humanitária.”

dos entrevistados pelo instituto Datafolha, em dezembro, disseram que estavam dispostos a ser vacinados, 16% a menos do que em agosto. E 56% apenas dos pesquisados disseram que a imunização deveria ser obrigatória.

66,2%

dos 1.520 profissionais de saúde entrevistados pela FGV disseram que apenas as drogas com eficácia comprovada deveriam ser administradas aos pacientes com Covid-19.

62%

Mark Lowcock, coordenador da ajuda de emergência da ONU, ao apresentar o relatório Panorama Humanitário Mundial, em 1o de dezembro. A estimativa é que 235 milhões de pessoas precisem de ajuda humanitária em 2021, 40% a mais do que no ano anterior. Desde a crise de fome na Somália, há uma década, não era emitido um alerta tão preocupante sobre segurança alimentar.

Natural Naturalmente (CPB, 2016, 144 p.), de Odete Gomes Xavier Lima e Simone Donata Aparecida Xavier

dos brasileiros entrevistados pelo instituto Ipsos, em outubro, disseram que tomariam uma vacina contra a Covid-19, 7% a menos do que em agosto. Entre os que se negariam a ser imunizados, 48% justificaram dizendo que os testes clínicos estavam avançando rápido demais.

73%

Wikipédia

© fotofabrika | Adobe Stock

Enid Webster, de 99 anos, no dia seguinte ao completar 14 km de caminhada em 3h30, próximo ao asilo em que vive, em Cooranbong, na Austrália. Aos 93 anos, ela decidiu mudar os hábitos, emagreceu e começou a caminhar 10 mil passos diariamente, além de participar de desafios anuais, por meio dos quais Enid arrecada doações para a ADRA, a agência humanitária adventista.

Adventist Record

81%

Caminhar regularmente compensa!”

8 Atitudes Saudáveis (CPB, 2019, 16 p.), edição especial e gratuita da revista Vida e Saúde (bit.ly/3qIlx1R)

dos paulistanos e 61% dos cariocas com renda de até dois salários mínimos, entrevistados em novembro pelo Datafolha, queriam o retorno às aulas presenciais nas escolas. Números bem diferentes das famílias que ganhavam acima de dez salários mínimos: 35% em São Paulo e 30% no Rio de Janeiro. Fontes: Global Attitudes on a Covid-19 Vaccine (ipsos.com.br); Agência Bori (abori.com.br); Folha de S. Paulo, de 27/11/2020 e 12/12/20 (folha.com.br); e pesquisa “A pandemia de Covid-19 e os (as) profissionais de saúde pública no Brasil” (3ª fase, novembro de 2020), do Núcleo de Estudos da Burocracia da FGV.

Covid-19: Como Se Prevenir e Manter a Saúde na Quarentena (Unaspress, 2020, 152 p.), organizado por Maurício Lamano Ferreira (digital.unaspress.com.br)

Life Style Journal (Unaspress), a revista acadêmica do Mestrado em Promoção da Saúde do Unasp (revistas. unasp.edu.br/LifestyleJournal) JAN-MAR

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Texto Guilherme Cavalcante Ilustração Ilustracartoon

Encontrada naturalmente em diversos alimentos, ela é essencial para fazer nosso organismo funcionar bem. Por sua vez, na indústria alimentícia, ela é usada para realçar o sabor e gerar “dependência”. Entretanto, assim como o açúcar e o sal, elementos usados e abusados nos alimentos ultraprocessados, o grande problema da gordura é sua quantidade. No caso de pizzas e bolos, por exemplo, a concentração de gordura supera, e muito, a encontrada em fontes naturais, como as nozes e o abacate. Além de ganho de peso, seu consumo desregulado está associado a problemas como hipertensão e diabetes.

GORDURA

QUEM NUNCA TEVE aquela vontade insaciável de comer uma barrinha de chocolate num momento de estresse? E de pedir uma pizza ou um lanche quando bate aquela preguiça de cozinhar? Ou de beliscar um salgadinho ou biscoito no intervalo das aulas? Se você se identifica com essas situações, então sabe que existem certos alimentos que parecem irresistíveis. Recentemente, diversos estudos na área de nutrição têm indicado que certos alimentos podem gerar respostas no organismo capazes de induzir

Menos “viciantes” que o açúcar e a gordura, os grãos refinados aparecem em nosso cardápio na forma de pães, massas e no arroz branco nosso de cada dia. Apesar de as evidências que associam o consumo desses itens a enfermidades ou distúrbios alimentares serem contraditórias no meio científico, se reconhece que eles têm baixo valor nutricional. Resultado: não podemos depender apenas deles. E, pelo fato de terem uma absorção rápida e alto índice glicêmico, acabam estimulando mais nosso sistema cerebral de recompensa.

GRÃOS REFINADOS

Seria o açúcar a “droga” mais popular do mundo? Embora faça parte da dieta humana há milênios, foi a partir da Revolução Industrial que o crescente hiperprocessamento alimentar tornou o açúcar refinado quase onipresente. O consumo de alimentos com altas doses de açúcar faz disparar o nível de glicose no sangue. Isso aumenta o sistema de recompensa neuronal, o que acaba gerando um efeito semelhante (em menor escala, é claro) ao das drogas lícitas e ilícitas. Já percebeu como sempre gostamos de recompensar as conquistas de alguém com chocolate?

AÇÚCAR

comportamentos compulsivos. Infelizmente, isso é desconhecido para boa parte dos brasileiros, país em que, de acordo com uma pesquisa do Ibope Conecta publicada em 2017, cerca de 80% da população não conseguem manter uma alimentação regrada. Por isso, pensando em ajudar você a fazer boas escolhas, o infográfico a seguir explica quais são os alimentos com maior potencial viciante, de que forma eles impactam negativamente sua saúde e como superar "vícios" alimentares.

Por que alguns alimentos “viciam”

Entenda


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2o CENOURA

1o PEPINO

5o SORVETE

4o MAÇÃ

5o ARROZ INTEGRAL

É possível medir sua compulsão por alimentos com base num questionário desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Yale (EUA). A versão inicial da pesquisa tem 25 perguntas (2009), e a atualizada tem 35 questões (2016). Existe também uma versão resumida, com apenas 13 perguntas (disponível em bit.ly/yfas2).

Avalie seu impulso

Parece óbvio, mas você precisa desenvolver hábitos alimentares e de vida mais saudáveis. A redução do consumo de carboidratos refinados e de comida hiperprocessada pode ser o primeiro passo, acompanhado de exercício físico regular.

Mude seus hábitos

7o BANANA

7o HAMBURGUER

Em alguns casos, não vai bastar mudar os hábitos ou apenas tentar fazer isso, pois o problema da sua impulsividade pode ser mais complexo e exigir ajuda terapêutica. Uma iniciativa interessante, já presente em 75 países, incluindo o Brasil, é a do Overeaters Anonymous ou Comedores Compulsivos Anônimos, um serviço gratuito e on-line (ccaonline.com.br).

Já os alimentos com índice glicêmico baixo (menor que 55) oferecem menos risco de gerar alterações severas no nível de glicose do organismo. Eis alguns deles: lentilha, frutas, leite e pão e arroz integrais.

BAIXO

Procure ajuda terapêutica

COMO SUPERAR OS VÍCIOS ALIMENTARES?

Alimentos com índice glicêmico alto (acima de 70) têm maior potencial de ativar nosso sistema de recompensa neuronal e gerar “vícios”. Exemplos: pão e arroz brancos, massas, refrigerantes e batata frita.

ALTO

3o FEIJÃO (SEM TEMPEROS)

6o BRÓCOLIS

6o BATATA FRITA

Fontes: sites The Guardian (bit.ly/guardiansugar e bit.ly/guardiansugar2), Healthline (bit.ly/healthlinemostaddictive e bit.ly/healthlineovercome), FastLab (bit.ly/fastlabyfas) e Terra (bit.ly/terrasaúdepesquisa); artigos científicos “Which Foods May Be Addictive? The Roles of Processing, Fat Content and Glycemic Load” (bit.ly/addictivefoodsarticle); “Association Between Eating Behavior and Quarantine/Confinement Stressors During the Coronavirus Disease 2019 Outbreak” (bit.ly/covid19foodaddiction); “Perspective: Refined Grains and Health: Genuine Risk, or Guilt by Association?” (bit.ly/refinedorwhole); “Binge Eating Disorder and Food Addiction” (bit.ly/bingeeatingfoodad); e “Symposium Overview—Food Addiction: Fact or Fiction?” (bit.ly/factorfictionfood); “Food Addiction: Implications for the Diagnosis andTreatment of Overeating” (bit.ly/nutritientsfoodaddiction); “Development of the Yale Food Addiction Scale Version 2.0” (bit.ly/yfas2); entrevista com Késia Diego Quintaes, doutora em Nutrição pela Unicamp (bit.ly/latteskesia).

Embora a literatura sobre o assunto seja crescente, o vício alimentar ainda não é reconhecido como enfermidade. Consequentemente, não há unanimidade sobre formas de diagnóstico ou tratamento. Apesar disso, existem algumas maneiras de identificar comportamentos alimentares compulsivos e reverter esse quadro. Confira a seguir:

4o BISCOITOS

E QUAIS SÃO OS SETE ALIMENTOS MENOS VICIANTES, SEGUNDO O MESMO LEVANTAMENTO?

3o SALGADINHO

Esse fator tem relação direta com nossas respostas compulsivas. Basicamente, ele mede o tempo que o organismo leva para transformar os carboidratos de um alimento em glicose (“açúcar no sangue”). Esse índice varia de alimento para alimento e, às vezes, com a forma de preparo da comida.

Índice glicêmico

2o CHOCOLATE

1o PIZZA

Pesquisadores da Universidade de Michigan e do Centro de Pesquisa em Obesidade de Nova York, nos Estados Unidos, realizaram um estudo com 504 voluntários, a fim de investigar, entre uma amostra de 35 alimentos diferentes, quais eram aqueles que mais geravam comportamento viciante. O estudo foi publicado em meados de 2015. Adivinha quais foram os ocupantes dos sete primeiros postos nessa lista?


Interpretação Capa & Reflexão Reportagem

Texto Thamires Mattos Ilustração Marta Irokawa

Texto e contexto Perguntas Imagine

HÁBITOS QUE Conheça as vantagens de ter uma vida saudável e estratégias para alcançá-la mesmo em meio à correria

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QUEM NUNCA ADIOU a prática de exercícios físicos ou uma boa noite de sono para estudar? Com a crescente concorrência em vestibulares e a pressão para demonstrar sucesso a cada boletim, há quem acredite que seja dif ícil conciliar um estilo de vida saudável com a vida de estudante. O ritmo acelerado do mundo contemporâneo acaba determinando a agenda de todo mundo, até mesmo de quem ainda está em idade escolar. Uma pesquisa realizada em 2012 num colégio público do Rio de Janeiro, com 14 adolescentes, mostrou que eles sabiam da importância de hábitos saudáveis, mas não os levavam a sério: a maioria consumia muitos produtos ultraprocessados, aquele tipo de “comida” que a gente tira do congelador, coloca no microondas e que, em poucos minutos, já está pronta para ser devorada no prato (leia o box “Escolha seu prato”).1 Mas é evidente que esse comportamento não é verificado somente na capital fluminense. Ele parece ser global. É o que identificou um levantamento feito por pesquisadores de universidades de Portugal em 37 países e com quase 149 mil pessoas. Levando em conta critérios como atividade física regular, consumo de frutas e vegetais, abstinência de álcool e tabaco e a exposição diária e equilibrada às telas, menos de 5% dos entrevistados apresentaram um estilo de vida saudável com base nesses parâmetros. O que o estudo indicou, na verdade, foi que a adoção de bons hábitos tende a diminuir do começo da adolescência até os 15 anos de idade.2 Embora algumas pessoas acreditem que isso não traga consequências, principalmente os jovens pensam assim, Márcia Maria Salgueiro, nutricionista e doutora em Saúde Pública pela USP, garante que “os padrões alimentares na infância e adolescência são importantes fatores que podem predizer se a pessoa terá obesidade e doenças cardiovasculares na idade adulta, além de determinarem o risco de alguns tipos de câncer”. A enfermeira Maria Dyrce Meira, colega de

Márcia como docente no mestrado profissional em Promoção da Saúde do Unasp, concorda. “A adolescência é conhecida como uma fase de experimentação, em que pessoas passam a explorar seus limites de riscos e possibilidades. E esse período acaba sendo definidor em termos de padrão de comportamento”, constata. Ela, que é doutora em Gerenciamento de Enfermagem pela USP, lembra que adotar hábitos saudáveis nessa fase da vida pode garantir melhores condições emocionais, físicas e mais qualidade de vida no futuro. Mesmo com as vantagens futuras de se ter uma vida saudável no presente, ao colocar na balança prós e contras, muita gente acaba escolhendo o que traz “benefício” imediato, como garantir a aprovação no vestibular. A boa notícia é que talvez esse seja um falso dilema, porque bons hábitos influenciam também o desempenho acadêmico. Por exemplo, uma pesquisa com quase 2 mil adolescentes, realizada em 2011, mostrou que aqueles alunos que dormiam menos de sete horas por noite apresentavam notas menores na escola.3 Em contrapartida, os estudantes que se exercitam, mantêm uma dieta balanceada e têm consciência do que fazer para melhorar a saúde se desempenham melhor em atividades escolares. Essas foram as conclusões de duas pesquisas: uma com cerca de 780 adolescentes do sudoeste dos Estados Unidos, que se submeteram a um programa de reeducação de hábitos de 15 semanas4; e o segundo estudo, publicado no Canadá, em 2016, fez uma revisão de literatura a respeito das políticas de alimentação saudável das escolas.5 DECISÃO E DISCIPLINA PESSOAL Tem gente que confirma essas pesquisas. Samuel Aquino dos Santos, que completou o ensino médio no ano passado no Colégio Unasp, em Engenheiro Coelho (SP), tem uma rotina de dar inveja. Sua organização pessoal e a ajuda da mãe fazem com que sua vivência seja saudável. “Antes da pandemia, eu acordava às 6h, fazia o culto com minha mãe, tomava banho e café da manhã e ia para o colégio. Voltava para almoçar em casa e, durante a tarde, tinha as tarefas escolares para fazer. De tardezinha, lá pelas 17h, eu fazia uns 40 minutos de caminhada; depois disso, ia para a academia até o início da noite. No fim, voltava para a casa, jantava e dormia”, detalha Samuel. Os dias eram cheios, mas ele garante que o estresse era pequeno. “O segredo é ser organizado”, frisa. Na agenda de Samuel, a prioridade está no exercício físico; e o que parece fazer diferença é o apoio jan-mar

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da família. “A prática regular de atividade física deve ser incentivada em todos os períodos da vida. Mas é desde a infância que se constroem bons hábitos de saúde, e quanto a isso, os pais são os maiores modelos para os filhos”, explica Natália Vargas e Silva, educadora física e doutora em Ciências Médicas pela USP. Ela ainda oferece uma dica: praticar atividades físicas com a família pode ser sinônimo de diversão, sociabilidade e saúde. Fazer uma trilha, jogar bola ou brincar na piscina, por exemplo, encoraja todos os envolvidos a adotar um estilo de vida ativo. Mas o que fazer quando nenhuma atividade parece agradável para você? De acordo com Natália, é preciso continuar testando: “Os adolescentes – principalmente aqueles que estão acima do peso – devem ser incentivados a praticar uma atividade física de que gostem, ainda que ela não seja a mais adequada para promover a redução do peso, pois isso facilita a adesão à prática regular.” O importante, num primeiro momento, é criar um novo hábito. E, se for necessário, procurar a orientação de profissionais de educação física, nutrição e psicologia.

Visão abrangente

Ainda no século 19, a escritora norte-americana Ellen G. White, cofundadora da Igreja Adventista do Sétimo Dia, recomendou oito atitudes que ficaram conhecidas no jargão adventista como os “oito remédios naturais”, pelo fato de estarem acessíveis a todos, em maior ou menor grau. São eles: alimentação saudável, ingestão regular de água, respiração de ar puro, exposição à luz solar, prática de exercício físico, descanso, moderação e confiança em Deus.

1. Alimentação saudável Envolve consumir alimentos integrais e in natura no dia a dia e evitar produtos ultraprocessados. Quando possível, implica também adotar uma dieta ovolactovegetariana, rica em fibras e na diversidade de cores e itens.

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2. Ingestão regular de água Beba antes mesmo de sentir sede, pois a hidratação é essencial para viabilizar o “transporte” de nutrientes, sais minerais e oxigênio no organismo humano. A água também é essencial para a saúde da pele. Está presente no plasma sanguíneo, nas lágrimas, no suor, nas articulações, sem contar que desempenha uma função fundamental nos sistemas respiratório, digestivo e nervoso. Por isso, você deve beber no mínimo dois litros de água por dia.

3. Respiração de ar puro Nada de fechar todas as janelas! É importante manter os ambientes bem-ventilados. Seu quarto, por exemplo, deve ter o ar renovado ao menos uma vez a cada 24 horas. Quem mora em grandes cidades ou próximo às indústrias, tem dificuldade de respirar ar puro, mas, ainda assim, esses malefícios podem ser minimizados, pelo menos dentro de casa. Procure morar próximo às áreas verdes e não permita que ninguém fume dentro da sua residência.

4. Exposição à luz solar Ela não serve somente para pegar aquele bronzeado. Na verdade, um banho de sol na medida certa ajuda a manter em dia seu índice de vitamina D (leia a página 32). De acordo com um estudo realizado com 50 adolescentes durante um inverno na Noruega, publicado em 2017, os jovens que tomaram suplemento de vitamina D apresentaram melhor concentração e saúde mental do que aqueles que tinham deficiência desse nutriente.6

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Com a pandemia, a rotina de Samuel mudou um pouco. “As aulas on-line passaram a começar mais tarde, então fiquei com mais tempo de manhã”, compara. Porém, a rotina dele continuou bem regrada: caminhada de manhã, seguida de um banho e do acompanhamento das aulas da escola. À tarde, realização de tarefas escolares e domésticas e, mais no fim do dia, outra caminhada e exercícios na academia. No entanto, nem todo mundo conseguiu manter o ritmo durante a quarentena. Helloyse Lara Cardoso, de 16 anos e aluna do Colégio Adventista de Cotia (SP), é um exemplo. Assim como Samuel, ela preza por um estilo de vida saudável. Num dia normal, antes da pandemia, Helloyse acordaria cedo, tomaria seu desjejum e iria para o colégio. Em sua mochila, não poderia faltar uma garrafa de água; e, na escola, um banho de sol. “Isso era algo de que eu gostava bastante”, reflete a estudante. Além disso, ela faria exercício físico pelo fato de participar do time de vôlei da escola. Contudo, devido ao isolamento social, as coisas ficaram um pouco bagunçadas. “Acordo uma hora

5. Prática de exercício físico Colocar o corpo em movimento, por no mínimo 30 minutos diariamente, é recomendado para quase qualquer pessoa. Mesmo assim, é bom passar pela avaliação de um médico e/ou educador físico para saber qual é o melhor tipo de atividade, frequência e intensidade para você. Além de benefícios para o corpo, suar a camisa também ajuda a restaurar a saúde mental. É o que indicou um estudo publicado em 2012, o qual relacionou a prática de exercícios aeróbicos e de musculação com a redução de sintomas de depressão, ansiedade e síndrome do pânico.7

mais tarde e, por isso, vou dormir mais tarde também. Isso atrapalha minha rotina. Consigo tomar um café da manhã melhor, mas ficar em casa me dá mais vontade de comer ao longo do dia. E, às vezes, não consigo parar. Infelizmente, também exercício físico não estou fazendo”, lamenta a adolescente. Mesmo assim, Helloyse continua tendo consciência das mudanças que precisa fazer. “É preciso criar hábitos”, resume. Ela assume que seu maior problema é o tempo gasto com o celular e outras telas. “É um tempo jogado fora”, constata. Um de seus problemas pode estar diretamente ligado a isso: a falta de qualidade no sono. Maria Dyrce Meira lembra que “por suas características fisiológicas, a fase da adolescência requer um período de sono maior em relação ao que é exigido na fase adulta. Por outro lado, os estímulos da vida contemporânea afetam diretamente as condições necessárias para que a quantidade e, principalmente, a qualidade do sono sejam adequadas às necessidades orgânicas para uma saúde integral”. Quando eu a entrevistei, Maria Dyrce revistou algumas pesquisas científicas que procuraram

6. Descanso Nosso corpo e nossa mente precisam desacelerar. Por isso, é necessário dormir cerca de oito horas por noite. E, se você puder deitar bem antes da meia-noite, é melhor ainda. Outro fator que ajuda na qualidade do sono é evitar dormir com o estômago cheio, depois de ter bebido algo cafeínado ou consumido entretenimento na frente da tela, como ficar checando suas mídias sociais sentado na cama. A regra geral é ter hora para dormir e acordar, estabelecendo assim um padrão.

7. Moderação Seja equilibrado pois, como diz o ditado, “tudo que é demais faz mal”. Por isso, é preciso equilibrar diferentes áreas da vida, como a profissional, a acadêmica e a pessoal, e evitar toda substância prejudicial, como as drogas lícitas e ilícitas.

8. Confiança em Deus Nas últimas décadas, tem aumentado o número de estudos que exploram a intersecção entre religião, espiritualidade e saúde, apontando que, aqueles que são envolvidos com questões religiosas, em geral, vivem por mais tempo, sabem lidar melhor com situações de estresse e adaptação, são menos suscetíveis à depressão e ansiedade e têm mais qualidade de vida, mesmo durante doenças terminais.8 jan-mar

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identificar se há relação entre a má qualidade de sono, a ansiedade, o estresse e a mudança de hábitos. “Os autores reconhecem que o sono insuficiente e de má qualidade nessa fase da vida é ocasionado por uma convergência de fatores biológicos, psicológicos e socioculturais”, sintetiza a professora. Ela também frisa que os estudos apontam para a importância da tomada de decisão individual para dormir bem. “É necessário que o próprio adolescente faça o reconhecimento de quais fatores precisam ser melhorados, que ele se sinta desafiado a mudar os próprios hábitos e que, à medida que perceber os resultados benéficos de uma noite de sono bem dormida, ele interiorize novos valores pessoais que o levem a consolidar um estilo de vida mais saudável”,

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explica a pesquisadora, que é uma das coordenadoras do grupo Religiosidade e Espiritualidade na Integralidade da Saúde (REIS). Bem, de acordo com o que vimos até aqui, o apoio da família é importante para a formação de hábitos saudáveis, mas nada substitui a decisão e o esforço pessoal do adolescente. E o combustível para a mudança é a percepção de que as novas escolhas estão gerando bem-estar e valem a pena. SAÚDE NA ESCOLA A fim de conscientizar e encorajar adolescentes a ter uma vida mais saudável, a rede educacional adventista resolveu implementar um projeto ousado: o Plano Mestre de Desenvolvimento da Saúde (PMDS), também conhecido como Projeto Vida e Saúde. Para o professor Edgard Luz, diretor da rede na América do Sul, o PMDS é uma sistematização da filosofia de educação adventista, que visa a formação integral de seus alunos nos aspectos mental, social, espiritual e físico. É verdade que a rede já conta há alguns anos com o Plano Mestre de Desenvolvimento Espiritual (PMDE), cujos valores pautaram a revista Conexão 2.0 em 2019 e 2020. Porém, Edgard acredita que a criação do PMDS foi um desdobramento natural do que havia antes. “Temos como base os oito remédios naturais, e, no decorrer do ano, apresentam-se projetos em que os alunos são incentivados a aprender sobre a importância de desenvolver e manter hábitos saudáveis de vida”, explica. O líder pontua que o PMDS começou oficialmente em 2018, mas que a filosofia por trás dele já faz parte da educação adventista há mais de um século. “O PMDS ganha ainda mais força no contexto de uma sociedade impactada pela pandemia e por uma epidemia de sedentarismo e obesidade, entre outras ameaças. Esse é o momento em que agir em favor da saúde individual e coletiva ganha mais relevância”, enfatiza. Mesmo durante a pandemia da Covid-19, os educadores fizeram o possível para continuar o projeto, só que nas plataformas digitais. O lado positivo disso é que as transmissões on-line acabaram beneficiando mais pessoas, alcançando, por exemplo, as famílias dos alunos (leia as páginas 28 e 29). Leonardo Martins é coordenador da licenciatura em Educação Física do Unasp, campus São Paulo, e esteve envolvido com o planejamento do PMDS desde a concepção do projeto. “Na época em que fui contatado, já percebi que a ideia era de imensa importância”, relembra. Leonardo, educador físico e doutor em Educação pela Unicamp, logo percebeu que o PMDS seria uma ferramenta para fazer um raio X da saúde dos alunos da rede. “Pensamos em ações que não atrapalhassem o dia a dia da escola, mas que, ao mesmo tempo, trouxessem benefícios para o colégio”, pontua. Resultado: avaliações

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físicas têm sido implementadas em todas as unidades da rede escolar. O educador conta que se emociona com muitos depoimentos que chegam para ele de alunos, professores e pais que foram inspirados a tomar as rédeas da própria vida e a criar hábitos saudáveis. “Uma das histórias que mais me tocaram é a de uma professora do Rio de Janeiro. Ela perdeu 30 quilos em 2019 por influência do PMDS. Essa pessoa está mais feliz consigo mesma e vive com menos riscos de doenças cardiovasculares”, frisa. Leslie Andrews Portes, que é doutorando em Ciências da Saúde pela Unifesp, também participa do corpo docente especializado que acompanha a análise da eficácia do PMDS. “Até hoje, nenhum estudo tão grande foi feito sobre isso”, celebra, ao falar sobre a escala da pesquisa. Portes, que também é educador físico, conclui dizendo que esse trabalho de promoção da saúde só funciona com o apoio coletivo de professores e pais, mas que a decisão que mais pesa nesse processo, no fim das contas, sempre é do estudante.

Fontes: 1 SILVA, Julyana Gall da; TEIXEIRA, Maria Luiza de Oliveira; FERREIRA, Márcia de Assunção, “Alimentação e saúde: sentidos atribuídos por adolescentes”, em Escola Anna Nery, v. 16, no 1, p. 88-95, março de 2012 (doi.org/10.1590/S141481452012000100012); 2 MARQUES, Adilson; LOUREIRO, Nuno; AVELAR-ROSA, Bruno; NAIA, Ana; MATOS, Margarida Gaspar de, “Estilo de vida saudável dos adolescentes”, em Jornal de Pediatria, v. 96, no 2, p. 217-224, março-abril de 2020 (doi.org/10.1016/j.jpedp.2018.09.001); 3 MING, Xue; KORANSKY, Rebecca; KANG, Victor; BUCHMAN, Sarah; SARRIS, Christina E.; WAGNER, George C., “Sleep Insufficiency, Sleep Health Problems and Performance in High School Students”, em Clinical Medicine Insights: Circulatory, Respiratory and Pulmonary Medicine, v. 5, p. 71-79, 2011 (doi.org/10.4137/CCRPM.S7955); 4 MELNYK, B. M.; JACOBSON, D.. KELLY, S.; BELYEA, M.; SHAIBI, G.; SMALL, L.; O’HAVER, J.; MARSIGLIA, F. F., “Promoting healthy lifestyles in high school adolescents: a randomized controlled trial”, em American Journal of Preventive Medicine, v. 45, no 4, p. 407-415, 2013 (doi.org/10.1016/j. amepre.2013.05.013); 5 PENNEY, Tarra L.; MCISAAC e Jessie-Lee, “Describing the link between school performance, healthy eating and pwhysical activity in children and youth: a research synthesis”, em Ottawa: Heart and Stroke Foundation of Canada, abril de 2016 (bit.ly/2KQxAd1); 6 GRUNG, Bjørn, SANDVIK, Asle M.; HJELLE, Kay, DAHL, Lisbeth, FRØYLAND, Livar; NYGÅRD, Irene, HANSEN, Anita L., “Linking vitamin D status, executive functioning and self-perceived mental health in adolescents through multivariate analysis: A randomized double-blind placebo control trial”, em Scandinavian Journal of Psychology, v. 58, p. 123– 130, 2017 (doi.org/10.1111/sjop.12353); 7 PALUSKA, Scott .A., SCHWENK, Thomas L., “Physical Activity and Mental Health”, em Sports Medicine, v. 29, p. 167–180, março de 2000 (doi.org/10.2165/00007256200029030-00003); e 8 MUELLER, Paul S., PLEVAK, David J., RUMMANS, Teresa A., “Religious Involvement, Spirituality and Medicine: Implications for Clinical Practice”, em Mayo Clinic Proceedings, v. 76, p. 1225-1235, 2001 (mayocl.in/2HNW59p).

Escolha seu prato

Com a pressa que envolve nosso dia a dia, muitas pessoas optam por uma alimentação mais rápida. No entanto, isso pode trazer perigos. Como a maioria desses alimentos são ultraprocessados, é preciso ficar de olho. Para ajudar você a fazer boas escolhas, separamos o que O Guia Alimentar para a População Brasileira (2014), divulgado pelo Ministério da Saúde, define como sendo os quatro grupos de alimentos.

1. Alimentos in natura. São obtidos diretamente da fonte, seja animal ou vegetal. Esses alimentos não sofrem nenhuma modificação até chegar ao consumidor. Também estão nesse grupo os itens que passam por um processamento mínimo e não invasivo, como higienização, pasteurização e congelamento.

2. Ingredientes culinários e industriais. Muito presentes em nossa mesa, são aqueles produtos que passaram por moagem, pressão, refino e adição de químicos “leves”, mas que não perderam suas principais características.

3. Alimentos processados. São todos aqueles que recebem adição de açúcar, sal e de outras substâncias culinárias, a fim de prolongar a vida útil da comida.

4. Alimentos ultraprocessados. São produtos que estão prontos ou quase prontos para o consumo. São formados a partir de substâncias extraídas de alimentos, de seus derivados ou sintetizadas artificialmente. Em geral, oferecem a vantagem da praticidade, mas são os mais prejudiciais para a saúde (leia a página 24). jan-mar

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Reportagem

Texto Mariana Venturi Design Fábio Fernandes

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Obesidade, sedentarismo, problemas nos olhos e de postura por causa do uso excessivo de telas. Esse é o diagnóstico preocupante da saúde dos adolescentes

de uma geração

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IMAGINE MORAR NA praia, em Hervey Bay, em Queensland, Austrália, e não aproveitar o lugar por vergonha de vestir roupas de verão. Imagine evitar sair de casa por ter receio de não caber num assento, ou precisar de extensão para o cinto de segurança, não comprar roupas novas por não ter seu número e usar mangas compridas no calor acima de 30 graus. Agora, imagine viver cansado – ou cansada – de ser alvo de bullying na escola e acordar cada manhã com dificuldade de levantar da cama.

impacto na balança, porque essas comidas ultraprocessadas são ricas em açúcares, sódio e gorduras. Pular o café da manhã, comer poucas verduras e frutas, poucos legumes e não praticar atividade f ísica suficiente são outras causas apontadas para a obesidade na adolescência.

SEDENTARISMO E por falar em atividade f ísica, um dado alarmante foi revelado pela Organização Mundial de Saúde (OMS): 80% dos adolescentes no planeta não estão praticando atividade f ísica de modo regular, OBESIDADE arriscando a saúde enquanto passam horas focados Josephine pesava 120 quilos no ensino médio. nas telas. O estudo analisou mais de 1,5 milhão No Brasil, um em cada quatro adolescentes está de pessoas em 146 países. Em 20% deles, o sedencom sobrepeso ou obeso, segundo um estudo tarismo entre as garotas era maior ainda, passando da Unicef divulgado em novembro de 2019. Nos dos 90%. Josephine, que nunca teve interesse por Estados Unidos, a obesidade já atinge 13,7 milhões esportes, também fez parte dessa estatística. de crianças e adolescentes. Tornou-se também um Consequentemente, doenças que geralmente problema sério de saúde pública na Austrália, país se manifestariam na vida adulta estão ocorrendo antes conhecido pelo estilo de vida ativo e ao ar cada vez mais cedo e com incidência maior entre livre dos seus jovens, mas que agora apresenta a os jovens. De novo a OMS enfatiza que a situação é mesma proporção de crianças e adolescentes acima séria e que ações urgentes devem ser tomadas para do peso que o Brasil: cerca de 25%. que os adolescentes se movam Josephine era uma delas. mais. “Esse não é o bom começo Viver acima do peso torna a vida de vida que gostaríamos para O sedentarismo, mais dif ícil do que se possa imanossas crianças e adolescentes”, ginar. Rouba a alegria e o vigor de afirmou a doutora Fiona Bull, uma infelizmente, uma das fases mais ativas da vida, e das autoras do estudo. “Os dados tomou que não volta mais. Pior que isso, a são preocupantes para todos: pais, obesidade coloca em risco o futuro comunidade e sistema de saúde”, proporções do próprio adolescente. acrescentou. epidêmicas “O excesso de peso e a obesidade O sedentarismo, infelizmente, e já é um dos são o quinto fator mais importante tomou proporções epidêmicas e de mortalidade e determinante do já é um dos principais fatores de principais desenvolvimento de doenças crôrisco para mortes prematuras ao fatores de risco nicas”, alerta a doutora Marcia redor do mundo. A recomendação para mortes Salgueiro, professora do mestrado é que os adolescentes façam pelo em Promoção da Saúde e da gramenos uma hora de atividade física prematuras ao duação em Nutrição do Unasp. moderada a vigorosa por dia. redor do mundo “A obesidade pode trazer o apaMelody Ding, cientista comrecimento de hipertensão arterial, portamental, epidemiologista aumento de colesterol e gordura no e professora da Faculdade de sangue, problemas ortopédicos e questões relacioSaúde Pública da Universidade de Sydney, na nadas à saúde emocional dos jovens. Os padrões Austrália, ressalta que manter o corpo em movialimentares na infância e adolescência também mento durante a adolescência é uma questão determinam o risco de alguns tipos de câncer”, crítica para a saúde f ísica, mental, social e para completa a nutricionista. o próprio desenvolvimento dos jovens. De acordo No caso de Josephine, o apetite por hambúrguecom ela, as consequências vão da deterioração da res, wraps, pizza e lasanha nas refeições, além de saúde cardiometabólica ao sobrepeso e à obesidade, snacks, chocolates, cookies e sorvete nos intervalos, e podem impactar também o equilíbrio mental. contribuíram para que seu peso triplicasse em apeSegundo Melody Ding, o fato de boa parte nas dois anos. Segundo Marcia Salgueiro, “beliscar” da população global estar vivendo no ambiente alimentos não saudáveis entre as refeições tem urbano, onde as normas sociais do contexto rural jan-mar

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foram repensadas, contribuiu para o sedentasmartphones e tablets disponíveis por aí, as crianças rismo. “Em termos de estudo, é desafiador aponnão estão tendo o desenvolvimento adequado dos tar uma ou duas causas únicas, mas os vários olhos”, afirmou ele à publicação Healthline, em 2019. Curiosamente, uma epidemia global de profatores incluem a dependência de carro – tem blemas oculares tem sido identificada. Essa sido cada vez menos comum para crianças e situação se mostra mais grave adolescentes irem para a escola e voltarem dela caminhando – e a no leste da Ásia, onde os sisterevolução digital, o que levou ao mas educacionais exigem muiaumento de exposição diante da tas horas de estudo extraclasse e As doenças tela e do consumo de mídia social.” a exposição à tecnologia é grande. oculares, que Para se ter ideia, diante das desNa China, por exemplo, 90% dos eram mais vantagens e “consequências não adolescentes e adultos já desenvolintencionais” do uso de mídias veram miopia, segundo uma matécomuns em sociais e video games, a OMS elaria publicada pela revista Nature, pessoas acima borou um plano de ação global em março de 2015. para incentivar a atividade física, “A ocorrência de miopia tem dos 60 anos, como uma mudança cultural aumentado especialmente em áreas agora podem urgente para os próximos anos. urbanas, e entre os vários fatores para ser observadas isso está a genética (ter pais com mioTELAS EM EXCESSO pia) e passar muito tempo em lugares com mais Há uma década, pesquisadofechados em frente às telas”, explica frequência res da Escandinávia (Dinamarca, a oftalmologista Stephanie Watson, em pacientes Suécia, Finlândia e Islândia) já especialista conhecida por sua peshaviam encontrado uma forte quisa inovadora em terapias da córcom a metade conexão entre o tempo passado nea e professora do Instituto Save dessa idade diante do computador, TV e video Sight da Universidade de Sydney. game com dores de cabeça e nas “Os adolescentes costumam passar tempo nas telas em ambiencostas dos adolescentes. Os mais tes fechados, e isso pode reduzir a quantidade de de 30 mil jovens acompanhados ao longo de dois anos ficavam, em média, seis horas diariamente na liberação de uma substância conhecida como dopafrente das telas. mina, que previne a miopia. Os sintomas de olho Cinco anos depois, uma pesquisa do Instituto seco também podem aumentar durante o tempo de Ipsos, realizada no Brasil, França, China e Estados uso da tela, e a exposição à luz azul pode interferir Unidos, revelou que 89% dos usuários de smartphones nos padrões de sono”, alerta a oftalmologista. Para frequentemente sentiam desconforto ou dor nos evitar o cansaço visual “digital”, ela recomenda, é olhos. Já em 2018, num levantamento do Pew importante fazer pausas frequentes e relaxar os Research Center nos Estados Unidos, 95% dos olhos, colocando o foco a distância (principalmente adolescentes reportaram que tinham acesso para fora da janela) e piscando mais demoradamente, a fim de espalhar as lágrimas por todo o olho. a um smartphone, e 45% deles afirmaram Por outro lado, diversos estudos sugerem que que ficavam conectados às mídias sociais passar mais tempo ao ar livre diminui a progressão “quase” que o tempo todo. Mais recentemente, profissionais da da miopia, pois a luz natural solar tem efeito prosaúde ocular, como o doutor Paul Karpecki, tetor, principalmente ao se expor por 45 minutos optometrista reconhecido nacionalmente diariamente. Crianças e jovens podem usufruir nos Estados Unidos e membro do Instituto disso ao caminhar para a escola ou participar de Eyesafe Vision Health, têm testemunhado esportes ao ar livre. um aumento preocupante nos casos de Praticar esportes, aliás, ajuda a prevenir outros glaucoma e degeneração da retina. Segundo problemas que os jovens estão enfrentando mais ele, essas doenças, que eram mais comuns cedo devido ao estilo de vida sedentário. “Exercícios em pessoas acima dos 60 anos, agora podem f ísicos consistentes têm demonstrado ser a melhor ser observadas com mais frequência em estratégia de prevenção para dor muscular pacientes com a metade dessa idade. “Isso e de postura”, afirma o doutor Joshua Zadro, fisiotomou um impulso crítico nos últimos terapeuta com pós-doutorado pelo Institute for Musculoskeletal Health da Universidade de Sydney. três a cinco anos. E, com o número de

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Segundo o especialista, estudos mostram que é preciso praticar pelo menos três sessões semanais de atividade f ísica de alta intensidade, de 30 a 60 minutos cada. E a intensidade é importante porque tem que ver também com a eficácia. Por isso, Zadro recomenda que você escolha um esporte e/ou atividade f ísica da qual goste. MUDANÇA DE VIDA Josephine sempre evitou, a todo custo, praticar exercícios até o momento em que a insatisfação com a própria vida piorou. “Tenho uma família incrível. Tivemos experiências maravilhosas, mas eu estava muito infeliz com meu peso”, desabafou a garota para a imprensa australiana e britânica em março de 2018, ao confessar que todas as restrições que a obesidade lhe impunha a estavam deixando depressiva. Apesar de querer muito emagrecer, Josephine esperava o dia em que não tivesse vontade de comer um doce. Esperava um dia acordar e ter vontade de correr. Mas, como ocorre na maior parte das vezes, isso não aconteceu e, talvez, nunca ocorra para ninguém até que cada um escolha dar o primeiro passo e avançar para seus objetivos. Foi o que aconteceu com Josephine. Ela começou se exercitando 20 minutos por dia, duas a três vezes por semana. Aos poucos, foi perseverando no treino e ganhando confiança para mudar os hábitos. “A atividade física traz múltiplos benefícios para os adolescentes”, encoraja a doutora Melody Ding. “Otimiza a força e a flexibilidade muscular, mantém um peso saudável, ajuda a desenvolver a massa óssea, promove saúde cardiovascular e mental, melhora o desempenho acadêmico, bem como o humor, o sono, o bem-estar e a sociabilidade”, enumera. Outro passo decisivo para mudar a vida de Josephine foi cortar completamente o açúcar da dieta. “Eu pesquisei sobre o açúcar e fiquei chocada com a quantidade que eu costumava consumir; parecia que tinha açúcar em tudo o que eu comia”, contou a adolescente australiana à imprensa. “Cortar isso da minha dieta foi a melhor decisão da minha vida. As primeiras duas semanas foram muito dif íceis – eu estava mal-humorada, cansada e não era nada divertido estar perto de mim, mas a determinação me ajudou. Eu li um artigo que dizia que o açúcar é tão viciante quanto as drogas. Isso é loucura, mas é verdade” (veja o infográfico das p. 8 e 9). Em apenas um ano, com atividade f ísica regular e reeducação alimentar, Josephine Desgrand passou de seus 120 quilos para o peso saudável de 60, bem a tempo de comemorar sua formatura no

ensino médio. Dois anos depois, ela continua a praticar as escolhas saudáveis que a mantém em forma e no auge da saúde. “A energia que tenho agora é incrível”, descreve. “Às vezes, eu acordo de manhã e apenas dou um sorriso. Posso entrar em qualquer loja de minha preferência e escolher as roupas que gosto. Parei de pensar nisso como uma dieta e vi como uma mudança de estilo de vida, o que realmente foi. Estou muito mais feliz e saudável agora.” A mãe da adolescente, Catherine, celebra com a filha. “Não foi apenas uma mudança em seu corpo, foi uma mudança em sua vida. Não há sentimento melhor que ver minha filha mudar assim, estendendo a mão para tantas adolescentes que olham para ela como uma fonte de inspiração”, disse ao jornal Daily Mail, também em março de 2018. Hoje, Josephine ajuda outros a viver de forma mais ativa e leve e se realiza ao ver adolescentes iguais a ela conquistar mais vitalidade e saúde (josephinedesgrand.com.au). “Recebo mensagens diariamente pedindo dicas, e é uma sensação incrível saber que estou ajudando outras pessoas. Meu conselho é apenas começar. Pare de adiar. Imagine-se daqui a meses. Certamente não é uma jornada fácil, mas vale a pena. Se eu posso fazer isso, qualquer um pode”, garante.

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Texto e contexto

Texto André Vasconcelos Imagen Vandir Dorta Jr.

RECADO PARA VOCÊ “Amado, peço a Deus que tudo corra bem com você e que esteja com boa saúde, assim como vai bem a sua alma” (3Jo 2)

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VOCÊ JÁ IMAGINOU viver numa época em que não havia celulares, muito menos Instagram, WhatsApp, Messenger e TikTok? Todas essas invenções modernas facilitaram a comunicação e encurtaram as distâncias entre as pessoas. Contudo, nem sempre foi assim. No final do 1o século d.C. a realidade era bem diferente. As pessoas precisavam escrever cartas em folhas de papiro ou de pergaminho, produtos valiosos e pouco acessíveis. O correio também não era dos melhores, embora as estradas pavimentadas do Império Romano tivessem facilitado o trânsito e possibilitado uma melhoria do sistema postal. Esse era o contexto no qual os apóstolos escreveram cartas para se comunicar com as igrejas e os companheiros de trabalho dispersos pelo mundo greco-romano. E com João não foi diferente. Além de ser o autor do quarto evangelho e do Apocalipse, ele escreveu três cartas que se tornaram parte da Bíblia. Neste texto, vamos estudar mais atentamente o prólogo da terceira epístola de João, possivelmente a última obra a ser escrita do Novo Testamento, por volta do ano 90 d.C. Nela descobriremos que Deus não Se preocupa somente com nossa salvação futura, mas com nossa saúde e bem-estar presentes. REMETENTE E DESTINATÁRIO O texto começa com a seguinte declaração: “O presbítero ao amado Gaio, a quem eu amo na verdade” (3Jo 1:1). Apesar de o título da obra levar o nome de João, o autor se identificou como “presbítero”, que significa “ancião”. O presbítero era a pessoa responsável pela liderança da igreja e a maior autoridade eclesiástica de uma comunidade, como os pastores de hoje. A apresentação do autor segue a mesma estrutura de 2 João, que foi escrita pelo “presbítero” e destinada “à senhora eleita e aos seus filhos, a quem eu amo na verdade” (v. 1). No caso de 3 João, o destinatário da carta foi um homem chamado Gaio. Segundo o Dicionário Bíblico Adventista (CPB, 2016), na página 541, esse nome de origem romana era comum e aparece com frequência em inscrições e textos gregos da época. A identidade de Gaio é discutível. O Novo Testamento menciona algumas pessoas com esse nome, além da referência em 3 João: (1) o cristão macedônio que foi arrastado para o teatro de Éfeso (At 19:29); (2) o companheiro de Paulo natural de Derbe (At 20:4); e (3) um cristão da igreja de Corinto (1Co 1:14), possivelmente o mesmo de Romanos 16:23. Um documento do 4o século, as Constituições Apostólicas (7.46.9), afirma que João ordenou um certo Gaio como bispo de Pérgamo. Com base nesse testemunho tardio, alguns intérpretes sugerem uma conexão entre o Gaio de Pérgamo e o de Derbe. Porém, ainda que fossem a mesma pessoa, não existe nenhuma evidência bíblica nem externa que confirme a suposição de que o Gaio de 3 João e o de Derbe se refiram ao mesmo personagem histórico. Como disse Stephen Smalley, em seu comentário sobre as epístolas de João, é melhor concluir que o amado Gaio tenha sido um líder cristão desconhecido (p. 344). Tudo o que sabemos sobre ele se encontra na própria epístola. Gaio é re-

tratado como alguém fiel, que andava na verdade (3Jo 3). Era respeitado (v. 2, 6a), tratava a todos com imparcialidade (v. 5) e provavelmente possuísse recursos (v. 6b, NVT), uma vez que João o orientou a “suprir as necessidades” dos missionários e “sustentá-los” (v. 8, NVT). João disse no verso 4 que não tinha maior alegria do que ouvir que seus filhos viviam de acordo com a verdade. A referência a Gaio como um filho sugere que ele tenha sido convertido por influência de João e que fosse membro de uma comunidade fundada pelo apóstolo (comparar com 1Co 4:14, 15). Nesse caso, o termo “presbítero” evoca a autoridade espiritual e eclesiástica que João tinha sobre Gaio e a igreja mencionada na epístola (v. 6, 9, 10). Portanto, no que se refere ao endereçamento da carta, sabemos apenas que João, na prerrogativa de pastor, escreveu para um líder de igreja chamado Gaio, seu amado “filho” e amigo (v. 2-4, 15). VOTOS DE PROSPERIDADE E SAÚDE Após identificar o remetente e o destinatário, o apóstolo fez votos de saúde e prosperidade para Gaio: “Amado, peço a Deus que tudo corra bem com você e que esteja com boa saúde, assim como vai bem a sua alma” (v. 2). Essa abertura difere da característica saudação “graça e paz” das epístolas bíblicas (ver Rm 1:7; 1Co 1:3; 2Co 1:2; Gl 1:3; 1Pe 1:1 e 2; 2Pe 1:1 e 2; etc.). Embora o voto de saúde fosse comum nas cartas extrabíblicas da época, no Novo Testamento, somente 3 João 2 utiliza esse recurso. O apóstolo iniciou o voto dizendo que “pediu a Deus que tudo corresse bem” com Gaio. A expressão “pedir a Deus”, do grego euchomai, significa literalmente “orar”. A palavra “Deus” não se encontra no texto original, mas está implícita. Já o termo “tudo” implica prosperidade total. Aliás, o verbo grego traduzido como “correr bem” é euodoō e significa “prosperar”, “ter sucesso”. Além de orar pela prosperidade de Gaio, o apóstolo também pediu a Deus que seu amigo “estivesse com boa saúde”. Essa expressão vem do verbo grego hygiainō, um termo pouco usado na Bíblia, mas que tem relação com a palavra “higiene”, em português. Ele ocorre 12 vezes na versão grega do Antigo Testamento, a Septuaginta (Gn 29:6 [2x]; 37:14; 43:27, 28; Êx 4:18; 1Sm 25:6 [2x]; 2Sm 14:8; 20:9; Pv 13:13, Dn 10:19), e outras 12 vezes no Novo Testamento. Lucas, que era médico, usou o verbo hygiainō para retratar pessoas com saúde (Lc 5:31; 7:10; 15:27). E Paulo o empregou para se referir tanto à verdade, a qual chamou de “sã doutrina” e “sã palavra” (1Tm 1:10; 6:3; 2Tm 1:13; 4:3; Tt 1:9; 2:1), quanto aos fiéis, que eram “sadios na fé” (Tt 1:13; 2:2). Em outras palavras, João orou pelo bem-estar geral de Gaio, o que incluía a saúde dele. Sua atitude encontra eco na epístola de Tiago, que nos aconselha a orar uns pelos outros para que sejamos curados. Afinal, “muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo” (Tg 5:16). Os votos de saúde do apóstolo podem indicar que Gaio estivesse enfrentando alguma enfermidade. Howard Marshall, jan-mar

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no livro The Epistles of John (Eerdmans, 1978), na página 89, felicidade presente e futura: a importância de enxergar a sugere isso a partir do contexto dos versos 9 e 10: “Escrevi al- saúde como um todo. É impossível viver com qualidade gumas palavras à igreja, mas Diótrefes, que gosta de exercer a sem buscar o equilíbrio entre físico e espiritual, saúde e fé. primazia entre eles, não nos dá acolhida. Por isso, quando eu for Como já observado, a Bíblia afirma que a natureza humana aí, farei com que se lembre das obras que ele pratica, proferindo é indivisível, e qualquer desequilíbrio entre corpo e espírito contra nós palavras caluniosas.” Por que o apóstolo não pediu pode gerar sofrimento e enfermidades. As Escrituras, de um modo geral, reafirmam a conexão entre a Gaio que fosse à igreja e enfrentasse Diótrefes? O texto dá a entender que Gaio desconhecia o problema ou estava evitando saúde e fé. O sábio Salomão disse: “Tema o SENHOR e afaste-se o confronto. do mal. Isto será como um remédio para o seu corpo e refrigéNo caso de a primeira hipótese ser considerada válida, rio para os seus ossos” (Pv 3:7, 8). E Paulo afirmou: “O mesmo a Bíblia não deixa claro se tal desconhecimento se deu por Deus da paz os santifique em tudo. E que o espírito, a alma e o falta de percepção espiritual ou pela ausência de Gaio corpo de vocês sejam conservados íntegros” (1Ts 5:23). O própor causa de uma doença. Porém, considerando toda a carta, é prio Jesus curava as enfermidades e perdoava os pecados das mais natural pensarmos que Gaio estivesse doente e que, por isso, pessoas que iam até Ele, a fim de que a restauração delas fosse ignorava os problemas que Diótrefes estava causando na igreja. total (Mc 2:5-11; 5:25-34). O apóstolo desejava que Gaio “prosperasse” em Todos nós conhecemos os benefícios de tudo e que estivesse com boa saúde, assim como era um estilo de vida saudável e equilibrado. Cons“próspera” a alma dele. João repetiu o verbo euodoō cientemente, ninguém negaria essa verdade, para se referir à “alma” de seu amigo. Mas o que o Cuidar da mas como é difícil colocá-la em prática, não é apóstolo quis dizer com “alma”? Antes de mais nada, mesmo? Muita gente separa o corpo e a alma é importante dizer que um dos principais objetivos saúde não é e adota um tipo de “dualismo pragmático”: ou das epístolas de João foi combater falsos ensinos, cuida da saúde e ignora a espiritualidade, apenas um como a heresia protognóstica. ou cuida da espiritualidade e ignora a saúde. Os defensores desse ponto de vista eram duaEssa atitude nada mais é do que uma atualizaimperativo listas, isto é, acreditavam na separação do corpo e ção da heresia condenada pelo apóstolo João do espírito e defendiam, entre outras coisas, que a físico; é há quase dois milênios. matéria é inerentemente má (ver a seção Básica, na É por essa e outras razões que a Bíblia página 24). O desdobramento lógico desse raciocí- um dever vincula a saúde à experiência religiosa. Por nio era que, se o corpo humano é essencialmente exemplo, ela prescreve os alimentos que devem ser consumidos (Lv 11; Dt 14), desaconselha a inmau, Jesus não poderia ter vindo a este mundo em religioso! gestão de bebidas alcoólicas (Pv 20:1; 23:29-32) carne e osso. É claro que a Bíblia condena esse tipo e estabelece o descanso sabático semanal de pensamento, por isso o apóstolo João enfatizou (Êx 20:8-11; 23:12). Cuidar da saúde é tão importante na costanto a encarnação de Jesus (ver 1Jo 1:1; 4:1-3; 2Jo 7). No grego, o termo traduzido como “alma” é psychē. Para movisão bíblica que nosso corpo é comparado ao templo de João, “alma” é sinônimo de “vida” ou, por metonímia, de “ser Jerusalém e suas ofertas. Ele é, ao mesmo tempo, o “santuário vivo” (ver Jo 10:11, 15, 17; 12:25; 13:37, 38; 15:13; 1Jo 3:16; de Deus” (1Co 3:16) e o “sacrifício vivo, santo e agradável” Ap 6:9; 8:9; 12:11; 16:13; 18:13; 20:4). O uso geral do termo pelo que deve ser oferecido ao Senhor (Rm 12:1). apóstolo revela claramente o conceito hebraico-bíblico de A exemplo de João, Deus deseja que a gente prospere em alma. Nas Escrituras Sagradas, a alma é a junção do corpo e do tudo, e isso inclui a saúde. Ele quer o melhor para Seus filhos espírito, sendo que o último deve ser entendido como “fôlego e filhas. Por isso, podemos entender que a terceira epístola de vida”, a faísca divina capaz de transformar a matéria inerte de João não foi endereçada somente a Gaio, mas a cada ser em um ser vivo (ver Gn 2:7; cf. Ec 3:19, 20; 12:7; Ez 18:4, ARA). humano. E, por meio dela, Deus quer enviar um recado a Às vezes, o apóstolo também usou a palavra psychē para você: cuidar da saúde não é apenas um imperativo físico; é retratar a mente/espírito ou o centro das emoções de uma pes- um dever religioso! soa (Jo 10:24; 12:27; Ap 18:14, ARA). No contexto de 3 João 2, parece que o apóstolo empregou o termo com o sentido de “espírito”. É provável que estivesse referindo-se à “vida espiriPara saber mais tual” ou “espiritualidade” de Gaio. Isso porque, na sequência, 1, 2, 3 John, de Stephen S. Smalley (Word Biblical João o parabenizou por sua devoção e compromisso com a Commentary, 2002). Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, de verdade (v. 3). IMPERATIVO FÍSICO E RELIGIOSO A preocupação de João com o bem-estar físico e espiritual de Gaio revela algo extremamente necessário para nossa 22 |

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Francis D. Nichol (ed.) (CPB, 2014, v. 7). Teologia do Novo Testamento, de Howard Marshall (Vida Nova, 2007).


Gaio, o destinatário da mensagem de João, provavelmente foi o líder de uma igreja local

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Básica

Texto Bruno Ribeiro Imagem Vandir Dorta Jr.

Os hebreus não enxergavam o ser humano dividido entre corpo e alma, mas como um ser integral

CORPO E ALMA Pouco antes de morrer, Sócrates fez um provocativo discurso sobre o status da alma, descrito por Platão na obra Fédon. Segundo a obra, Xantipa, esposa de Sócrates, o filho deles e um grupo de amigos estavam angustiados com a situação. Mas o humor de Sócrates era “uma mistura incomum de prazer e dor”, pois ele parecia feliz e sem medo. E por qual razão? Sócrates explica que o verdadeiro filósofo deve estar preparado para a morte, visto que ela consiste na separação entre o corpo e a alma. Para Sócrates, o corpo era uma prisão em que sua alma estava confinada. Segundo ele, corpo e alma seriam de substâncias radicalmente opostas entre si, pertencentes a duas realidades distintas e completamente diferentes. Sendo assim, a mente humana seria compelida a investigar a verdade por meio do corpo, mas reconhecendo que não conseguiria acessar o conhecimento daquilo que é mais elevado, pois isso estaria restrito à alma. Portanto, caberia ao filósofo o exercício de entender a essência das coisas por meio da reflexão, enquanto a alma não se separasse definitivamente do corpo. Essa perspectiva socrática teve influência em todo o Ocidente. Por exemplo, a sociedade valoriza mais o trabalho intelectual (alma), como o ensino e o jornalismo, do que o trabalho físico (corpo), como a jardinagem e a limpeza. Além disso, há no imaginário coletivo a tentativa de controlar de forma radical qualquer apetite, uma vez que impulsos como esse são vistos como irracionais e prejudiciais. Por fim, o cuidado do “mundo interior” é entendido como mais importante do que o cuidado com o corpo. Contudo, a perspectiva socrática é o oposto da integralidade apresentada pela Bíblia. Na narrativa bíblica, o mundo físico não é algo mau que deva ser rejeitado, mas algo para ser desfrutado. Não é uma manifestação do mal, embora tenha sido contaminado por ele, e sim um reflexo da glória de Deus (Sl 19). O corpo, por sua vez, também é bom (Gn 1) e não deve ser entendido como a prisão da alma (ver a seção Texto e contexto, p. 20-23). Ele, junto com o fôlego de vida, forma a “alma vivente” (Gn 2:7). Portanto, os seres humanos são um organismo indivisível entre carne e espírito, de tal modo que a alma/fôlego de vida não pode sobreviver à parte do corpo (Ec 12:7). Por fim, a fé cristã sustenta duas crenças centrais que apontam para essa integralidade do ser humano e para a grande dignidade do corpo: a encarnação e a ressurreição corpórea de Cristo, o que garante a ressurreição final dos justos (Ap 1:18). Fontes: Fédon (Edipro, 2016), de Platão; Uma Breve Introdução à Filosofia (Martins Fontes, 2011), de Thomas Nagel; Judas e o Evangelho de Jesus (Loyola, 2008), de N. T. Wright; Imortalidade ou Ressurreição? (Unaspress, 2007), de Samuele Bacchiocchi; Immortality of the Soul or Resurrection of the Dead? (Wipf & Stock Publishers, 2000), de Oscar Cullmann.

Curiosa

Texto Julie Grüdtner

ESCOLHA AS CALORIAS CERTAS Um estudo realizado com 327 adolescentes de 14 a 19 anos de Teresina (PI) mostrou que 25% da dieta deles eram baseados em alimentos ultraprocessados. Em outras palavras, era como se, a cada quatro refeições, uma delas fosse composta apenas de batata frita afogada no queijo cheddar, nachos, refrigerante e algum doce grudento. Se considerarmos que um jovem nessa faixa etária consome 2.300 calorias por dia, então 575 delas seriam 24 |

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desperdiçadas em gorduras ruins, realçadores de sabor e outros elementos químicos que diminuem as taxas de colesterol bom e aumentam os níveis de triglicerídeos no sangue. Na prática, além de ganhar peso e alterar vários indicadores da própria saúde, esse grupo pesquisado corre o risco de desenvolver, em médio e longo prazos, várias doenças crônicas e evitáveis, além de morrer precocemente. Os ultraprocessados são produtos que perderam água e outros nutrientes, a fim de serem

fabricados de forma rápida, em escala industrial e de modo a durar mais. Ou seja, não são alimentos de “verdade”. Em casa, eles costumam sair do congelador ou geladeira diretamente para o microondas a fim de depois estacionarem na mesa. É um tipo de alimentação prática, que se encaixa bem no ritmo da vida moderna, mas que traz consigo todas as desvantagens de um hábito não saudável. Portanto, não se deixe levar por embalagens coloridas e

sabores “irresistíveis”. Afinal, a receita para esse sabor realçado é o abuso de sal, açúcar e gordura, ingredientes que se tornam vilões da dieta, quando consumidos sem equilíbrio. Sendo assim, prefira alimentos frescos e pouco processados. Fontes: Agência Bori (abori.com.br); o artigo “Associação entre o consumo de alimentos ultraprocessados e parâmetros lipídicos em adolescentes”, de Laurineide Rocha Lima e outros, em Ciência & Saúde Coletiva, v. 25, nº 10, outubro de 2020, p. 4055-4064; e Alicia Kowaltowski, professora de bioquímica na USP, em sua coluna no Nexo Jornal, em 23 de setembro de 2020.

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Ponto de vista

Texto Alex Machado Imagem © motortion | Adobe Stock

Tudo ligado Texto Márcio Tonetti

DO HÁLITO AOS HÁBITOS Hálito

RELIGIÃO À MESA Os hábitos alimentares de um povo não resultam apenas do instinto de sobrevivência nem da necessidade humana por alimento. A herança cultural, o que inclui a religião, também pesa muito na escolha do cardápio. Nesse sentido, as tradições apresentam algumas restrições e recomendações quanto à dieta de seus adeptos. É verdade que o nível de adesão a essas orientações vai variar bastante; porém, de modo geral, as três maiores religiões do mundo prescrevem o seguinte:

Hinduísmo

A dieta hinduísta tem por base, predominantemente, o princípio da não violência ou o fundamento ahimsa. Para os hindus, o vegetarianismo é a melhor forma de promover a saúde e minimizar o sofrimento dos seres vivos. No entanto, não há expressa proibição de consumo de carne, exceto a bovina, por ser de animal considerado sagrado nessa tradição. Atualmente, a adesão ao vegetarianismo entre os hindus está diminuindo – fato que parece ter relação com certa “ocidentalização” da Índia e que tem se refletido no aumento de algumas doenças. O hinduísmo também possui complexas regras sobre a prática do jejum, que variam conforme a divindade venerada.

Islamismo

Na cultura islâmica, o halal e haram representam as permissões e as proibições impostas aos seus adeptos. Tais determinações, fundamentadas no Alcorão, incluem diversas regras alimentares. Na dieta islâmica, anfíbios, répteis, animais carnívoros, aves de rapina e noturnas, porcos e seus derivados são considerados alimentos proibidos. Além disso, sobre as carnes permitidas, é necessário que os animais sejam abatidos de acordo com os preceitos islâmicos. Também há ressalva quanto ao consumo de bebidas alcoólicas. Entre os alimentos permitidos, destacam-se: leite de vaca, ovelha, camela ou de cabra, peixes em geral, mel, vegetais, hortaliças, frutas frescas, legumes e grãos.

É o nome que se dá ao odor que sai da nossa boca quando expiramos o ar. E, no caso de aproximadamente 40% da população mundial, esse cheiro nem sempre é dos mais agradáveis! Tecnicamente chamado de halitose, o bafo não é considerado uma doença em si, mas pode sinalizar que há alguma coisa errada no organismo, seja na boca ou no estômago. O mau hálito é causado também pela ingestão de alguns tipos de alimentos ou quando passamos algum tempo em

Jejum Seja total ou parcial, é uma prática presente em muitas religiões, especialmente no islamismo e no judaísmo. Mas, além do seu significado religioso, o jejum tem sido praticado hoje também por razões de saúde. Embora seja preciso ter cuidado com algumas dicas milagrosas propagadas na internet, há estudos científicos que mostram que seus benefícios para o organismo não se limitam à perda de peso. Aliás, cerca de 2,5 mil anos atrás, já havia quem receitasse o jejum, a exemplo de

Hipócrates Considerado o pai da medicina no Ocidente, o filósofo e médico grego foi um visionário que descobriu maneiras de cuidar da saúde que seriam comprovadas muito tempo depois pela ciência moderna. De lá para cá, a medicina deu um salto, obviamente, mas alguns segredos hipocráticos continuam válidos, como caminhar, fazer do alimento um remédio e evitar os excessos, até do que é bom. O método de Hipócrates era observar os pacientes e comparar seus

Hábitos

Cristianismo

Para os cristãos, os hábitos alimentares variam conforme a tradição a que se pertence. A Igreja Católica, por exemplo, recomenda o uso moderado de qualquer alimento, inclusive de bebidas alcoólicas. Exceção apenas para a proibição de consumo de carne vermelha na quarta-feira de Cinzas e na sexta-feira que precede a Páscoa. A Igreja Internacional da Graça de Deus proíbe, tão somente, o uso de bebidas alcoólicas. Já os adventistas, não fazem uso de bebidas intoxicantes nem de alimentos considerados imundos pela Bíblia (Lv 11), como a carne de porco e os frutos do mar. Além disso, há um incentivo para se evitar carne de qualquer espécie e se consumir alimentos mais naturais possíveis. Para os adventistas, o corpo humano é templo do Espírito Santo (1Co 6:19) e a adoção de um estilo de vida simples e saudável é fundamental para a promoção da saúde e da espiritualidade (3Jo 2). Fontes: Declarações da Igreja (CPB, 2012), p. 67 e 271; A Ciência do Bom Viver (CPB, 2009), p. 335; Alcorão: 2:172, 173; 5:3, 90; 6:118, 121, entre outros (Islam International Publications, 1988); What Is Hinduism? (Himalayan Academy, 2007), p. 343-349; Vegetarian and Plant-Based Diets in Health and Disease Prevention (Academic Press, 2017), p. 107-116, de François Mariotti (ed.); artigo acadêmico “Nutritional profile of Indian vegetarian diets – the Indian Migration Study”, em Nutrition Journal 13, 55 (2014), de K. Shridhar, P.K. Dhillon, L. Bowen et al; “Religião e Comida: Como as Práticas Alimentares no Contexto Religioso Auxiliam na Construção do Homem”, dissertação de mestrado em Ciências da Religião (PUC-SP, 2014), de Patrícia Rodrigues de Sousa; discurso do papa João Paulo II, em 22 de novembro de 1978 (vatican.va); e site ongrace.com.

Dizem respeito ao que é praticado repetidamente. Já no singular, também pode significar uma vestimenta religiosa. É verdade, como diz o ditado, que “o hábito não faz o monge” (embora o escritor José de Alencar tenha defendido o contrário). Mas os “hábitos” no plural, sim. Eles revelam nossos valores e podem definir, inclusive, nosso hálito. Então, porque não adotar boas práticas que foram prescritas por Deus muito antes de Hipócrates? Quem sabe, o jejum de algumas coisas possa ajudar você a substituir maus hábitos por atitudes mais saudáveis. Fontes: “Mau hálito: entenda quais são as principais causas do problema”, portal UOL (bit.ly/3dpASOz); “Mau hálito atinge 40% da população mundial; saiba como tratar”, blog do Ministério da Saúde (bit.ly/2H5UT0g); dicionário Houaiss; “O juramento deHipócrates que todos deveriam fazer”, revista Seleções (bit.ly/2FL9vlz); “O hábito faz o monge: história”, jornal Correio Braziliense (bit.ly/2Tfmu1S). jan-mar

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Imagine

Texto Jessica Manfrim Ilustração © Raman Khilchyshyn | AdobeStock

... o Brasil sem o REDEMOCRATIZAÇÃO, 1988. Nesse ano, o Brasil ganhou uma nova constituição. Outra conquista foi o Sistema Único de Saúde (SUS). A ideia de um sistema de saúde público e gratuito foi discutida na 8a Conferência Nacional de Saúde, em 1986, logo após o fim de 21 anos de ditadura militar, com participação de especialistas e da sociedade. O resultado desse debate foi tão positivo que inspirou os artigos 196 a 200 da nova constituição, consolidando a noção de que o acesso ao atendimento de saúde é um dever do Estado e direito do cidadão. O SUS é considerado atualmente o maior sistema universal de saúde pública, oferecendo desde atendimento básico até procedimentos complexos, como transplante de órgãos. Com a pandemia do novo coronavírus, o SUS passou a ser mais utilizado e, com isso, a confiança nele aumentou significativamente: de 45 para 56 pontos, segundo o Índice de Confiança Social do Ibope Inteligência, medido entre julho de 2019 e setembro de 2020. Mas, afinal, como seria o Brasil sem o SUS?

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SUS


ATENDIMENTO LIMITADO

As críticas mais recorrentes ao SUS são a falta de recursos financeiros e de profissionais, além da má gestão, que costuma resultar em filas intermináveis para atendimento e realização de exames. Os recursos financeiros do SUS vêm de impostos, e há anos o sistema é subfinanciado. Em 2018, o Estado gastou 5,2 mil reais por pessoa em saúde, isso é 1/3 do que países com bons sistemas de saúde pública investem, como é o caso do National Health System (NHS) do Reino Unido, que serviu de inspiração para o SUS. O ponto é que a população do Brasil (210 milhões) é três vezes maior que a britânica (66 milhões). Portanto, comparativamente, o SUS faz milagres com o que recebe. Apesar das dificuldades financeiras, nosso sistema de saúde tem como objetivo atender os mais vulneráveis social e financeiramente. Sem ele, o Brasil cairia num sistema privado de saúde, como já existiu. Antes do SUS, somente algumas profissões tinham assistência com os recursos particulares de arrecadação; depois, somente pessoas com carteira de trabalho assinada tinham direito ao atendimento médico, o que excluía, por exemplo, os trabalhadores rurais e informais. Para esses que ficavam de fora da cobertura, a solução era pagar pelo atendimento ou recorrer às entidades filantrópicas, como as Santas Casas de Misericórdia. Um sistema exclusivamente privado de saúde excluiria os mais necessitados, não cobriria todo o país e, sem regulamentação, não ofereceria consultas e exames mais baratos.

POPULAÇÃO MAIS ENDIVIDADA

O drama da pandemia nos Estados Unidos também mostrou a importância de um SUS que funcione bem. Lá não existe um sistema público e gratuito de atendimento. As opções são contratar um plano de saúde individual (que é caro), conseguir um emprego que ofereça o plano de saúde (156 milhões de pessoas estão nessa condição), pagar tudo do próprio bolso (o que pode levar à falência) ou ter a sorte de passar pela restritiva seleção do Medicare (pessoas com mais de 65 anos) ou do Medicaid (pessoas de baixa renda), os dois programas assistenciais do governo. A questão é que nenhum plano cobre todas as despesas, nem os do governo. Além disso, as empresas privadas cobram pelos remédios e por uma franquia (que aumentou 162% desde 2012, pois não há regulamentação). O hospital pode rejeitar o atendimento se o paciente não tiver plano (realidade de 30 milhões dos americanos ou 10% da população). No contexto da pandemia, em que o diagnóstico e um tratamento da Covid-19, sem agravamento do caso, poderiam custar 30 mil reais, milhões de desempregados ficaram ainda mais vulneráveis. Entre 2013 e 2016, 66,5% dos pedidos de falência nos Estados Unidos estavam relacionados com dívidas de saúde, o que representava 530 mil famílias. Na Índia, país em que 70% dos gastos com saúde são pagos pelos pacientes, a dívida com despesas médicas é responsável por jogar 7% da população para baixo da linha de pobreza.

MENOR CONTROLE DAS DOENÇAS

O modo como o SUS está organizado faz com que o sistema cubra todo o território nacional, atendendo atualmente mais de 100 milhões de brasileiros. É verdade que o tamanho desse sistema faz da sua eficácia um grande desafio; mas, por outro lado, pelo fato de ser integrado, o SUS tem a possibilidade de gerenciar melhor informações que ajudam na prevenção e controle de doenças, inclusive de epidemias, como a dengue, zika e chikungunya. Outra vantagem é que os agentes de saúde e de controle epidemiológico podem fazer um trabalho de base dentro do próprio bairro, conhecendo e sendo conhecidos pela comunidade local. Além disso, o SUS também tem sob sua responsabilidade o financiamento de pesquisas sobre epidemias (por vezes em parceria com universidades), que ajudam o governo a avaliar o risco de surtos. E, por sua vez, o Programa Nacional de Imunização oferece gratuitamente todas as vacinas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Em resumo, a criação do SUS desempenha papel fundamental para aumentar a expectativa de vida e diminuir a mortalidade infantil no Brasil. Na pandemia, ele também fez toda a diferença. O SUS possibilitou que a campanha de vacinação contra a gripe fosse adiantada, que a parceria com o setor privado fosse acionada para o fornecimento de mais leitos de UTI e que os protocolos de atendimento nas unidades básicas de saúde fossem reorganizados. Sem falar no teste da Covid-19 disponibilizado gratuitamente. Esse teste custa entre 2 e 5 mil reais nos Estados Unidos.

Os números do SUS mostram um sistema robusto, que deve ser melhorado, mas não extinto. Afinal, bem ou mal, ele atende 80% da população brasileira ou 168 milhões de pessoas por meio de 41 mil equipes do Programa Saúde da Família, 264 mil equipes de saúde comunitária e milhares de unidades do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Além disso, realiza 90% dos transplantes no Brasil, o que faz dele o maior programa público dessa natureza no mundo. Desde 1988, o atendimento de saúde tem sido entendido como parte do pacto social no Brasil, ou seja, um direito dos cidadãos, diferentemente dos Estados Unidos, em que o acesso à saúde é regido pela lei do livre mercado. Para Hagop Kantarjian, médico e chefe do departamento de leucemia da Universidade do Texas (EUA), matar financeiramente o paciente é igualmente uma forma de desrespeitar o juramento de Hipócrates, o código de ética que os médicos se comprometem a cumprir. Portanto, entender o funcionamento do SUS é fundamental não somente para valorizá-lo num contexto de tanta desigualdade como o brasileiro, mas também para aperfeiçoá-lo por meio dos mecanismos disponíveis ao cidadão, como o voto.

Fontes: “O que é, de onde veio e para onde vai o SUS”, dossiê de Estêvão Bertoni e outros, no Nexo Jornal, em 28/04/2020 (nexojornal.com.br); “Sem SUS, sem saída, sem vida”, artigo de Paula Moura para a revista Piauí, em 29/08/2020 (piaui. folha.uol.com.br); “O lado oculto das contas de hospital”, artigo de Cristiane Segatto para a revista Época, em 21/05/2014 (epoca.globo.com). “O Brasil é único com ‘SUS’ entre países com mais de 200 milhões de habitantes”, no jornal Folha de São Paulo, em 19/10/2019 (folha. uol.com.br); “Coronavírus prova porque o SUS e a pesquisa universitária realmente importam”, artigo de Yuri Ferreira, no site Hypeness, em março de 2020 (hypeness. com.br); “SUS completa 30 anos: a importância durante a pandemia e os desafios no futuro”, artigo de Anna Satie para a TV CNN Brasil, em 19/09/2020 (cnnbrasil.com.br). jan-mar

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Ação Mude seu mundo

Texto Evelyn Apolinário e Thiago Basílio Ilustração Gabriel Nadai

Lição de vida Aprenda Na cabeceira Guia de profissões

MUDANÇA SEM SAIR DE CASA A história da família que perdeu quase 50 quilos por incentivo de videoaulas de educação física

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NINGUÉM PREVIU 2020 nem as limitações que a pandemia traria. Fomos confinados em nossos lares como forma de prevenção ao contágio do coronavírus, que até o fim do ano passado havia ceifado 1,8 milhão de vidas ao redor do mundo. E, com a nova dinâmica em casa, as famílias tive28 |

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ram que adaptar sua rotina e seus recursos, conciliando, sob o mesmo teto, as atividades e necessidades de cada um. Um grupo especialmente afetado foi o dos estudantes, que, como sabemos, ficaram impossibilitados de frequentar aulas presenciais, tendo que aprender

somente de forma remota, pela internet. As escolas também tiveram que mudar metodologias e formas avaliativas, usando boa dose de criatividade para oferecer aulas relevantes e atraentes. Foi o caso da professora Juliana Martins de Lima, que leciona educação

q lo 9 la d c e jo

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f ísica no Colégio Adventista de Tatuí (SP). Como todos nós, ela se deparou com uma realidade cheia de novidades e interrogações. Desafiada a ministrar aulas e exercícios à distância, Juliana improvisou materiais e usou o espaço que tinha disponível em casa, sempre pensando em como aquela tarefa poderia ser executada pelos alunos na casa deles. Porém, cada estudante tem sua realidade, tanto de horário quanto de espaço, o que pode dificultar a prática de atividades f ísicas num ambiente fechado. Mesmo assim, a professora conseguiu encontrar uma forma de fazer a diferença na vida de alunos e pais num momento tão delicado para todos. ORIENTAÇÃO À DISTÂNCIA Foi desse jeito que toda a família de Samuel Victor Almeida Oliveira, de 12 anos, um dos alunos de Juliana, conseguiu enxergar no período de isolamento social uma oportunidade de mexer o esqueleto, suar a camisa e cuidar melhor da saúde. O momento pedia mudanças de hábitos. Afinal, no início do ano letivo, quando as atividades ainda eram presenciais na escola, Samuel foi diagnosticado com obesidade grau 2. É aí que entram as aulas de educação física on-line nessa história. “Eu precisava gravar videoaulas e decidi trabalhar com os oito remédios naturais recomendados pela educação adventista. Por isso, criei um canal no YouTube e passei a mandar o link dos vídeos para os alunos. Foi nesse contexto que o projeto com o Samuel começou”, lembra Juliana. Em outubro, o IBGE divulgou a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), que revelou dados alarmantes: o sobrepeso atinge 96 milhões de adultos ou 60,3% da população brasileira. E, entre os adolescentes de 15 a 17 anos, o excesso de peso é a condição de 1,8 milhão ou 19,4% deles, enquanto a obesidade acomete 6,7% dos jovens nessa faixa etária. É razoável imaginar que esses dados foram agravados na quarentena, pois o tempo de reclusão em casa favoreceu o descuido com a alimentação, desde a quantidade e o tipo de comida que se ingeria até a falta de disciplina quanto aos horários das

refeições. Além disso, muita gente se sentiu FAÇA VOCÊ MESMO desmotivada ou impossibilitada de manter Na impossibilidade de ir para a acadeuma rotina de exercícios, seja frequentan- mia ou de frequentar aulas presenciais de do a academia ou espaços públicos, como educação f ísica, a família Oliveira e a professora Juliana demonstraram que é parques, praças e praias. Contudo, na contramão desse cenário, possível se exercitar em qualquer lugar Samuel tomou uma decisão importante: e a qualquer momento. Fazendo as “Eu queria mudar de vida, queria come- adaptações necessárias, praticamente çar a perder mais peso e ter uma rotina tudo pode se tornar equipamento de normal.” E isso foi possível porque ele treino. O que faz dessa mudança de vimelhorou sua alimentação e da algo viável para pessoas de seguiu as orientações da protodas as idades e condições Para saber financeiras. fessora Juliana em relação aos mais Porém, é importante conexercícios físicos. O interessante de tudo istar com as orientações de A história da so é que Alex e Aline, pais do um profissional, ainda que à família Oliveira foi contada Samuel, também toparam o dedistância, como a professora também pela safio e aproveitaram o período Juliana, além de tomar certos TV Tem, afiliada para, juntos, transformar de vez cuidados, como fazer alongada Rede Globo a realidade familiar. “Eu pesava mentos antes e depois da série no sudoeste 90 quilos, o Alex chegou aos 106 e prestar atenção aos limites do paulista. Você quilos e o Samuel tinha 80 quipróprio corpo. E, com o tempo, pode conferir a los. Começamos a praticar mais o prazer de ter mais vitalidade reportagem por atividades físicas e mudamos rae disposição acaba servindo de meio do QR Code abaixo dicalmente nossa alimentação”, combustível para a manutendestaca Aline. ção do novo hábito. A mudança representou a TRANSFORMAÇÃO perda de 51 quilos para a faA mudança na dieta envolveu mília Oliveira, entre outros beconsumir porções menores e nefícios. Samuel, por exemplo, optar por alimentos naturais perdeu seis quilos, Alex, 24, e Se quiser saber também e integrais. Resultado: o apetite e Aline, 21. “Quando eu soube como adotar os o paladar da família foram se dessa transformação, foi muito oito remédios modificando. Os exercícios fíemocionante. Eu realmente vi naturais, acesse que, mesmo em meio à pansicos também surtiram efeito, no código melhorando a disposição deles demia e à distância, pude fazer abaixo a série e gerando perda de peso de modiferença na vida dessa família”, preparada do saudável. comemora Juliana. pela rede O segredo foi adaptar os treiAtualmente, a família do educacional adventista nos com a rotina de cada um. Samuel mantém sua rotina Por exemplo, Samuel se exersaudável com alimentação citava com a mãe após as aulas equilibrada e está até fazendo on-line, no fim da manhã, e parte de um grupo de corrida depois os dois repetiam a série na pequena cidade de Torre de Pedra, onde eles moram com o pai, quando ele chegava no interior paulista. A famíem casa no fim da tarde. Outro fator importante foram as dicas práticas lia também costuma incentivar outras e funcionais da professora Juliana. “Ela foi pessoas a adotar os oito remédios nafundamental nesse processo, pois os víde- turais ensinados há décadas pela Igreja os dela eram muito simples. A professora Adventista e sua rede educacional. Mais adaptava os exercícios pra gente fazer em do que vencer a balança, eles aprenderam casa, fosse usando garrafas pet e de leite, cai- a valorizar o que realmente importa, xotes, cordas ou o peso do próprio corpo”, como um tempo diário de qualidade em família. explica a mãe. JAN-MAR

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Lição de vida

Texto Lucas Schultz Foto Daniel Oliveira

NASCIDO PARA

Maratonista anão corre para vencer preconceitos, conquistar seus sonhos e ajudar o próximo

SER GRANDE AOS 29 ANOS, Matheus Freitas é uma daquelas pessoas que sabe bem o que quer. Anda seguro, com passos firmes e autoestima bem resolvida. Se sua altura não impressiona, outras qualidades o destacam em meio à multidão. Mas nem sempre foi assim. Ao nascer, ele deixou sua família surpresa. Tão pequenino... Matheus havia nascido com uma deficiência nos membros inferiores, e os médicos trataram de deixar seus familiares avisados: ele seria bem diferente de seus irmãos. Um anão. Nanismo é o transtorno caracterizado por uma deficiência no crescimento, que resulta numa pessoa com baixa estatura, se comparada com a média da população da mesma idade e sexo. É uma condição física que, salvo raríssimas exceções, não muda em nada a capacidade intelectual dos portadores, que podem levar uma vida normal e com boa qualidade. Porém, a tal definição de “vida normal” e com “boa qualidade” ignora uma das principais dificuldades enfrentadas pelos anões: o preconceito. BULLYING NA ESCOLA Desde cedo, Matheus teve que lidar com o bullying e a implicância de seus colegas de escola e da sociedade em geral. Existe uma noção equivocada de que há algo de engraçado no cotidiano de um anão, fruto da discriminação social estrutural. Naturalmente, esse é um mundo moldado por e para pessoas de estatura convencional. Por isso, muitas vezes, os anões precisam de ajuda para realizar tarefas simples, como utilizar o transporte público, alcançar os produtos nas prateleiras do supermercado, e por aí vai. São pequenas grandes dificuldades do dia a dia que não precisavam ser ironizadas e transformadas em piada. Na escola, Matheus sempre era o último a ser escolhido para os times no esporte e para os trabalhos em grupo. Por sinal, somente entrava porque os professores obrigavam 30 |

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os colegas a incluí-lo. Diante da rejeição, o garoto mal sentia vontade de ir pra escola (e quem sentiria?). Para ele, parecia complicado demais entender sua deficiência física o suficiente para conciliá-la com a deficiência emocional daqueles que o olhavam torto. Por que a humanidade se esforça tanto para diminuir ainda mais aqueles que já são por natureza pequenos? Foi em Deus e na sua mãe que Matheus encontrou forças para seguir em frente. Carinhosa, ela sempre o colocava para cima, mostrando os verdadeiros valores que deveriam nortear sua vida. O que as pessoas diziam sobre sua aparência e capacidade não equivalia ao que de fato ele era ou ao que poderia realizar. “Filho, o mundo pode dizer quem você deveria ser. Porém, Deus o fez para ser grande.” De fato, grandeza nem sempre tem que ver com estatura. CORRENDO ATRÁS DOS SONHOS Apesar de ter encontrado hostilidade no ambiente esportivo na escola, nem por isso Matheus desistiria dele. Ele podia muito bem ser o último a ser escolhido para o time, mas ainda assim estaria lá, jogando. Com o tempo, ele foi se envolvendo em outras modalidades e aprendendo mais sobre seu corpo e a cuidar da autoestima. Em 2002, Matheus se apaixonou à primeira vista pela corrida de rua e tomou para si um desafio que mudaria sua vida: seria um maratonista. O garoto estava naquela fase da vida em que começamos a rascunhar quem de fato seremos no futuro. Com o incentivo da mãe, escolheu sua carreira esportiva e pesquisou maneiras de viabilizá-la. Começou, então, a intensa rotina de treinos. Porém, em 24 de outubro de 2010, Matheus se deparou com a maior dificuldade de sua vida. Sua mãe, o alicerce emocional e maior fonte de inspiração, veio a falecer. O baque foi enorme. A saudade também. Por mais difícil que fosse, ele agora precisava seguir em frente. Seu sonho não se realizaria sozinho e, mais do que um

desejo seu, esse era também o sonho de outros problemas. Ele procura levar a vida sua mãe. de boa, enxergando sua condição como Matheus conseguiu. Já se vão mais parte do propósito divino. Algo que Deus de 18 anos como maratonista. Dezoi- permitiu, a fim de que tanto ele quanto to também são os títulos de sua car- qualquer pessoa que o conhecesse pudesreira, além de 217 medalhas e mais de se aprender a lidar com as dificuldades da 300 corridas nacionais e internacionais vida. E, ao longo dos anos, ele tem usado disputadas com grandes atletas de elite seu exemplo para inspirar outras pessoas (e de estatura normal, um detalhe impor- a superar suas limitações. tante). Matheus já correu a São Silvestre, Foi com a mãe que Matheus aprendeu maratonas de 42 km, meia maratonas, a estender a mão ao próximo. E, inspirado entre tantas outras provas. E ele garante nela, o atleta criou o Instituto Matheus que, para ter grandes resultados, não tem Freitas (institutomatheusfreitas.com.br), outro jeito: é necessário suar a camiseta e organização sem fins lucrativos que realiza treinar duro. Força, disciplina e conheci- ações sociais voltadas para a capacitação pessoal e profissional, por meio de projetos mento não vêm do nada. É claro que também existe preconceito educativos, esportivos e culturais em cono esporte. Na verdade, para haver pre- munidades carentes no Brasil e no exterior. conceito, basta haver pessoas. Contudo, Em outubro, por exemplo, para arrecaa partir do momento em que Matheus dar milhares de cestas básicas para famílias começou a de fato entender quem ele é atingidas pela crise econômica gerada pela e a missão que tem, tudo o mais ficou me- pandemia, ele organizou uma pedalada nor. Porque ao compreender tudo isso, ele solidária de 600 km pelo interior de São acabou ocupando seu lugar no mundo. Paulo, durante a qual ele passou por instiHoje, quanto mais as pessoas vêm tuições adventistas, como a editora pra cima dele com hostilidade CPB (foto). e deboche, mais força ele Só quem experimentou Apesar tem para superar seus lia fome sabe a urgência e de ser motivo de relevância de um projeto mites e vencer. O atleta piada na escola, em trabalha mentalmente como esse. E a família com a máxima “o que de Matheus já sentiu casa, Matheus ouvia isso na pele. Inclusive, não mata, fortalece”. da mãe que Deus o é esse tipo de trabalho De todas as compehavia feito para tições das quais já parque dá ainda mais sentiticipou, uma em especial do à carreira inspiradora ser grande que ele escolheu e pavimenta mexe muito com Matheus. O dia em que superou quatro o legado que ele deixará. corredores de 1,70m de altura, que muiMatheus tem uma vida normal. Seu tos disseram que ele não tinha capacidade 1,46 m de altura é um detalhe que ele usa a de vencer. Naquele dia, numa prova de 25 seu favor. Inclusive, sua bike aro 29 e quadro km na capital paulista, várias pessoas o 15.5 não tem nenhuma adaptação. Ainda aconselharam a evitar uma possível humi- assim, ele reconhece que faz parte da exlhação. Diante desse coitadismo, quando o periência humana fazer ajustes ao longo preconceito se mistura ao “cuidado” e tor- da vida para alcançar resultados melhores na o portador de deficiência uma vítima, no dia a dia. Porém, na visão dele, isso deve Matheus poderia muito bem ter desistido partir de cada pessoa. Segundo o atleta, o que não falta na vida da corrida, mas ele fez (e faz) questão de é gente “preocupada” conosco, querendo correr com pessoas de estatura normal. apontar quais são nossos limites. Contudo, quem deve avaliar quão reais são essas INSPIRAR E AJUDAR Em nome de uma vida com qualidade, limitações somos nós mesmos. E somos desde criança, Matheus se condicionou a nós também os responsáveis por ensinar lidar com o nanismo da melhor maneira aos demais, por meio do exemplo, que topossível, sem deixar seu problema criar dos precisam ser aceitos do jeito que são. jan-mar

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Texto Ágatha Lemos Design Renan Martin

A tomar banho de sol JÁ REPAROU COMO nos dias ensolarados a gente tem mais vontade de sair e curtir a vida? Melhorar nosso estado de humor é apenas um dos poderes do sol. Outra contribuição muito importante do astro-rei para nossa saúde é a produção de vitamina D. Diferentemente das outras vitaminas, cuja principal fonte é a alimentação, a vitamina D é suprida principalmente (80 a 90%) pela síntese da luz solar que ocorre na parte mais superficial da pele. E o restante fica por conta da ingestão de alimentos. Para ajudar você a manter seu sistema imunológico em dia, algo muito importante em tempos de pandemia, e ainda pegar uma corzinha, seguem algumas dicas.

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EXPONHA-SE

Uma coisa é tomar sol para bronzear e outra é tomar para manter a vitamina D no nível adequado. Dá até para fazer as duas coisas, mas, para fins de saúde, a exposição ao sol deve ser curta e de acordo com a cor da pele. Além disso, não se deve usar protetor. Isso porque o processo de síntese ocorre nas camadas profundas da epiderme, a parte mais superficial da pele. Ali, o 7-deidrocolesterol (7-DHC) armazenado nas membranas das células, em contato com uma enzima e ativado pela luz solar, é transformado em vitamina D3.

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NA MEDIDA CERTA

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DE OLHO NA PREVENÇÃO

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APROVEITA PORQUE É DE GRAÇA

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A boa notícia é que, para ter seus níveis de vitamina D em dia, você não precisa passar horas sob o sol. Basta se expor à luz solar entre as 10 e 15h. Isso mesmo, no período mais quente do dia. Mas, atenção! O tempo de exposição varia de pele para pele. Pessoas brancas devem ficar de 15 a 20 minutos por dia, sem protetor solar, com as pernas e braços totalmente expostos, tampando apenas o rosto. As pessoas negras devem seguir o mesmo esquema, apenas ficando mais tempo: de 45 a 60 minutos.

Você ganha muito mantendo sua taxa de vitamina D adequada. E a gente passou a ouvir mais sobre isso, porque tem aumentado o número de pessoas que estão se expondo menos à luz natural e apresentando deficiência de vitamina D. Entre os benefícios, ela é essencial para que o organismo utilize eficientemente o cálcio e o fósforo. A vitamina D também age em favor da manutenção e do fortalecimento dos ossos e faz a síntese de antibióticos naturais pelas células de defesa. Além disso, ameniza a dor e a fadiga muscular, combate a depressão, ajuda no controle da pressão arterial e na prevenção de doenças cardiovasculares, diabetes, esclerose múltipla, artrite reumatoide, fibromialgia, lúpus e de alguns tipos de câncer: mama, cólon e próstata. Por fim, está associada com a prevenção da demência, especialmente em mulheres. Fontes: revista Vida e Saúde, janeiro de 2019, p. 27 e 49; artigo acadêmico “Vitamin D Deficiency: A Worldwide Problem with Health Consequences”, de Michael Holick e Tai Chen, The American Journal of Clinical Nutrition, v. 87, nº 4, abril de 2008, p. 1080S–1086S.

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Quando se trata de comprar um produto de qualidade, como um smartphone de última geração, é preciso ralar para juntar muito dinheiro. Porque os melhores produtos são sempre os mais caros. Mas quando se trata da natureza, o melhor é de graça! Então, chega de palidez! Que tal sair um pouco do quarto, deixar de lado as telas e separar alguns minutos para manter seu sistema imunológico em dia e, de quebra, ganhar uma corzinha?

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Aprenda


Na cabeceira

Texto Márcio Basso Gomes Design Renan Martin

A diferença está no prato

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“O fato de adotar um estilo de vida vegetariano não garante que você será uma pessoa saudável. Batatas fritas, rosquinhas, arroz branco e cheesecake são todos vegetarianos, mas não são alimentos saudáveis. [...] O objetivo de uma boa nutrição não é apenas evitar a carne, mas optar pela escolha de alimentos que promovam a boa saúde” (p. 67).

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“NADA BENEFICIARÁ MAIS a saúde da humanidade e aumentará as chances de sobrevivência da vida na Terra quanto a dieta vegetariana.” Essa frase do físico Albert Einstein, prêmio Nobel de 1921, inicialmente pode parecer exagerada, mas tem se mostrado verdadeira em alguma medida. Mostrar quais são os benefícios de uma dieta sem carne é o objetivo do livro A Vantagem Vegetariana (CPB, 2014, 80 p.), uma obra curta, mas interessante para quem deseja saber como viver mais e melhor. É verdade que adotar o vegetarianismo ou até o veganismo nunca foi tão pop. Quem tem ajudado a dar visibilidade para essa causa, muitas vezes motivada pela maior preocupação ambiental das novas gerações, são atletas como Lewis Hamilton, Serena Williams e Lionel Messi. Porém, a motivação de Donnald R. Hall, autor do livro e doutor em Saúde Pública pela Universidade de Loma Linda, na Califórnia (EUA), tem que ver com uma tradição religiosa que há mais de um século valoriza a prevenção de doenças e a adoção de um estilo de vida saudável. Don é adventista. Quando mais jovem, ele participou de dezenas de maratonas, além de ter escalado parte do Everest. Em seu livro, ele procura documentar “a vantagem vegetariana” por meio de dados científicos. Sua abordagem é simples e contundente. Do primeiro ao último capítulo, ler a obra dele é como se olhar no espelho e ver onde exatamente precisamos melhorar. Já na introdução, por exemplo, Don apresenta uma pesquisa da Universidade Tufts, em Massachusetts (EUA), cuja estimativa é de que 70 doenças, incluindo um terço de todos os tipos de câncer, estejam relacionadas à alimentação. No capítulo dois, por sua vez, o autor vai argumentar que o vegetarianismo evita também enfermidades transmitidas por animais, como os parasitas, e que a crueldade praticada contra

milhões de bichos todos os anos é outro forte argumento para se abandonar a indústria da carne. Uma das teses centrais do livro, construída a partir de várias pesquisas, é que a alimentação rica em frutas, hortaliças, feijões, fibras e nozes reduz o risco de doenças cardíacas e de vários tipos de câncer. Já a ingestão de gordura saturada de origem animal tem o efeito inverso, gerando inflamação no organismo e fragilizando nosso corpo em relação às doenças crônicas e evitáveis. O próprio Don perdeu precocemente a sogra e uma cunhada para a diabetes. Prevenção da diabetes, cérebro ágil, melhora do humor, pressão arterial equilibrada, controle do peso e, consequentemente, uma vida com mais qualidade passam por uma dieta vegetariana. Porém, como o livro ressalta, essas mudanças precisam vir acompanhadas de outros bons hábitos, como a abstinência de álcool e fumo, além da prática regular de atividade física. De modo geral, a dieta saudável tem como base alimentos integrais, diversificados e que devem ser consumidos na quantidade certa. Outra questão importante é acompanhar os índices de vitamina B12 e de outras vitaminas no seu organismo, a fim de fazer reposição caso seja necessário. Bem, chega de spoiler. Você já tem razões de sobra para “devorar”, sem culpa, o livro A Vantagem Vegetariana. Bom apetite! jan-mar

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Guia de profissões

Texto Aira Annoroso e Mairon Hothon Ilustração © artinspiring | Adobe Stock

EDUCAÇÃO FÍSICA A profissão que treina atletas e ajuda qualquer pessoa a ter mais qualidade de vida

PERFIL PROFISSIONAL

Normalmente as pessoas que buscam o curso de Educação Física apreciam colocar o próprio corpo em movimento, o que não significa dizer que já ingressam na faculdade como atletas de alto desempenho. Porém, além de aptidão física, esse futuro profissional vai precisar também de espírito de liderança e gostar de interagir com pessoas bem diversas.

MATRIZ CURRICULAR

O aluno estudará disciplinas da área biológica, como fisiologia, anatomia e bioquímica. Isso sem deixar de lado a área de humanidades, pois ele precisará entender não somente o movimento em si, mas o ser humano que se movimenta. Para tanto, terá que passar por matérias como sociologia, filosofia e psicologia. O curso também contempla o estudo de diversas modalidades de atividade física, exercícios e esportes. Além disso, o aluno entrará em contato com ferramentas pedagógicas, a fim de ajudar seus futuros alunos a executar os movimentos de modo correto e a ter prazer na atividade física.

ÁREAS DE ATUAÇÃO

COSTUMAMOS TER CONTATO com um professor de Educação Física desde a infância, mas hoje em dia a procura por esse profissional fora do ambiente escolar está cada vez mais comum. Talvez porque mais pessoas estejam interessadas em conciliar longevidade com qualidade de vida. É aí que entra o educador físico que, além de ter um papel fundamental na formação de hábitos saudáveis, também pode auxiliar na reabilitação física de seus pacientes e treinar atletas amadores e profissionais.

Existe a oferta do bacharelado e da licenciatura, podendo o aluno cursar as duas modalidades simultaneamente, num período menor que o tradicional. O licenciado está apto para trabalhar como professor de Educação Física em escolas e auxiliar no tratamento de portadores de deficiência, por exemplo. Já o bacharel tem uma área de atuação mais ampla, que envolve o trabalho como personal trainer, instrutor em academias, treinador de times ou atletas das mais diversas modalidades esportivas, além de poder atuar em hospitais e clínicas especializadas em reabilitação física e no setor recreativo em hotéis, cruzeiros e clubes. Apesar de não ser obrigatório para quem conclui a licenciatura, e sim para quem termina o bacharelado, o egresso poderá se filiar ao Conselho Federal de Educação Física, a fim de obter uma certificação da sua categoria profissional.

SALÁRIO

Pode variar bastante, dependendo da área de atuação, mas a média nacional para o começo de carreira é R$ 2.500,00. No caso de autônomos, como o personal trainer, a renda vai aumentar conforme o número de alunos particulares, por exemplo.

Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp) São Paulo (SP) Nota 5 (bacharelado) e nota 4 (licenciatura) R$ 692,55 (bacharelado) e R$ 654,55 (licenciatura) Noturno e presencial, oito semestres (bacharelado) e seis semestres (licenciatura)

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Hortolândia (SP) Nota 3 (bacharelado) e nota 4 (licenciatura) R$ 859,00 (bacharelado) e R$ 809,00 (licenciatura) Noturno e presencial, oito semestres (bacharelado) e seis semestres (licenciatura)

Fontes: Ledimar Brianezi, doutor em Educação Física pela Universidade São Judas Tadeu e coordenador do curso de Educação Física do Unasp, campus Hortolândia; Leonardo Tavares Martins, doutor em Educação pela Unicamp e coordenador do curso de Educação Física do Unasp, campus São Paulo; sites querobolsa.com.br, guiadacarreira.com.br, educamaisbrasil.com.br e mundovestibular.com.br.


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