EXPRESSÃO: Pós-modernidade e a relevância da igreja para os jovens a revista do jovem que pensa
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JESUS SIM, IGREJA NÃO
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COMO SUA GERAÇÃO PODE RESPONDER AO GRITO PÓS-MODERNO DE UMA ESPIRITUALIDADE SEM RELIGIÃO
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EXPRESSÃO: Pós-modernidade e a relevância da igreja para os jovens a revista do jovem que pensa
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JESUS SIM, IGREJA NÃO COMO SUA GERAÇÃO PODE RESPONDER AO GRITO PÓS-MODERNO DE UMA ESPIRITUALIDADE SEM RELIGIÃO
Ano 4, no 16 • out-dez/2010 ISSN 1981-1470 www.conexaoja.com.br
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Ícone: Carlos Seribelli
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Eu-igreja P
od é a sigla para Portable On Demand. Antecedida pelo i-, a tradução aproximada seria “o portátil que eu desejo”. Dez anos exatos após seu lançamento, o i-Pod ainda é um sucesso, e os consumidores da maçã mordida seguem Steve Jobs aonde quer que ele vá. Como no mercado, hoje as pessoas buscam uma espiritualidade on-demand, com um i- bem na frente. São os “eu-igreja”, gente que procura uma fé que se adapte à sua visão de mundo. Alérgicas a tudo que cheire a instituição, doutrinas, hierarquias, ritos e tradições, querem uma religiosidade i-Pod, que caiba no bolso e lhes dê satisfação. Essa tendência é tão latente que, em agosto deste ano, a revista Época deu capa ao título: “A Nova Reforma Protestante”. Na reportagem, falase do surgimento de uma nova igreja, formada por “comunidades voltadas à cultura jovem emergente, típica dos grandes centros urbanos do século 21.” Esses grupos defendem uma “desinstitucionalização da igreja e o retorno à simplicidade das comunidades primitivas.” Ou seja: querem religiosidade sem igreja, a essência sem a estrutura – um reflexo claro do pensamento pós-moderno. Não é à toa que o sociólogo polonês, Zygmunt Baumann, chamou nossa época de “modernida-
Minha igreja, meu lar
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A casa é o lugar em odos precisam e querem ter um lar. r. Ambiente em que que nos protegemos do frio e do calo lar que aprendemos os recebemos carinho e proteção. Foi no acompanham. Porém, em conceitos mais importantes que nos em abandonar a casa algum momento, alguns filhos pensam as regras. Mas, essa ideia paterna, por não concordarem com s e perigos que existem é logo desfeita ao se analisar os risco jovens. Ali há amizade dos muros para fora. A igreja é o lar dos espiritual e proteção sincera e cristã, mesa farta de alimento da frieza do mundo. que você faz parte de Na igreja há segurança. Certeza de destinada ao sucesso. Os uma família e organização que está erosas, como Shell, Mifuncionários de multinacionais pod amanhã, essas emprecrosoft e Mcdonald’s, não sabem se,
de líquida”. Mas a questão é: a essência líquida da fé cristã pode se sustentar sem a solidez das estruturas da igreja? Há exatos 150 anos, o assunto também era pauta quente entre os pioneiros do então movimento adventista. Alguns temiam que a organização “engessasse” a fé, enquanto outros alertavam que a falta dela deixaria a igreja vulnerável e dispersa. Foram à Bíblia e encontraram, de Moisés a Paulo, organização, lideranças, concílios, cartas de recomendação, votos, ritos e muito do que se vê hoje no Manual da Igreja. A conclusão foi que, somente com “ordem” (1Co 14:40), a igreja poderia avançar. Ellen G. White deu vários testemunhos em favor da organização da igreja, e em 1860 ganhamos um nome. Esta edição discute o assunto, tanto na matéria de capa, assinada pelo editor Wendel Lima, como em outros textos. Não é preciso dispensar nossas estruturas para manter a essência do adventismo. Sem a estrutura, você não teria esta revista, por exemplo. Precisamos nos colocar sob a direção divina para continuar avançando como igreja, sem perder o dinamismo do movimento.
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Diogo Cavalcanti
Editor associado
entanto, o futuro da sas estarão em alta ou em baixa. No dos fiéis é certa. Por igreja está garantido e a recompensa essa igreja e confiar em isso jovem, vale a pena pertencer a seus líderes. dial se reuniu em Há três meses, a Igreja Adventista mun o da denomirum o nir Atlanta, Estados Unidos, para defi s. Asiáticos, africanos, nação para os próximos cinco ano sul europeus, americanos do norte e do os se reuniram para escolher também a s Deu de o pov líderes que ajudarão o ve avançar. Essa responsabilidade já este clunas mãos de muitos e agora, a con res líde nós, são da missão compete a e jovens. Por isso, comprometa sua vida com esta igreja que verá Cristo voltar!
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Areli Barbosa
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Líder dos jovens adventistas sul-am
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8 Jesus sim, igreja não O desafio de evangelizar uma sociedade sedenta por Deus, mas avessa à religião tradicional
5 Pode crer
Na Nova Terra, Deus vai realizar o sonho de viver para sempre com Seus filhos
6 Expressão 12 Saúde e Beleza 13 Aconteceu Comigo
A relevância da igreja numa cultura em transformação
Ícone: Carlos Seribelli
Cirurgia plástica: antes de fazer, descubra se precisa Professor universitário explica por que se orgulha de sua herança adventista
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15 No além
A cidade perdida
Suba para Machu Picchu pelo outro lado das ruínas
Twitter: o pássaro hiperativo
A morte é vírgula, ponto e vírgula ou ponto final?
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21 Bem Contado
A garota adventista que descobriu na missão sentido para sua fé
22 Até os confins da Terra
A experiência de missionários brasileiros na África, Europa e Ásia
26 Mercado de Trabalho Os conflitos entre os profissionais da Geração Y e anteriores
27 Raio X
Maquiagem na política: o marketing e as eleições
28 Dúvida Cruel 30 Conexão Direta
Foto: Pedro Vilela
CASA PUBLICADORA BRASILEIRA Editora dos Adventistas do Sétimo Dia Rodovia Estadual SP 127 – km 106 Caixa Postal 34 – 18270-970 – Tatuí, SP Fone (15) 3205-8800 – Fax (15) 3205-8900 Site: www.cpb.com.br / E-mail: sac@cpb.com.br SERVIÇO DE ATENDIMENTO AO CLIENTE Ligue Grátis: 0800 9790606 Segunda a quinta, das 8h às 20h30 Sexta, das 7h30 às 15h45 / Domingo, das 8h30 às 14h
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Ilustração: Carlos Seribelli e Shutterstock
A diferença entre autoestima saudável e egoísmo Jesus: a explicação para o amor e a justiça de Deus
Editor: Wendel Lima Editores Associados: Diogo Cavalcanti e Matheus Cardoso Designer Gráfico: Marcos S. Santos Diretor Geral: José Carlos de Lima Diretor Financeiro: Edson Erthal de Medeiros Redator-Chefe: Rubens S. Lessa Gerente de Produção: Reisner Martins Gerente de Vendas: João Vicente Pereyra Chefe de Arte: Marcelo de Souza Chefe de Expedição: Eduardo G. da Luz
Colaboradores: Areli Barbosa, Aquino Bastos, Elmar Borges, Nelson Milanelli, Ivay Araújo, Ronaldo Arco e Donato Azevedo Filho Assinatura: R$ 18,20 Avulso: R$ 5,70 Tiragem: 10.000
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Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio, sem prévia autorização escrita do autor e da Editora.
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Envie um e-mail pra gente: conexaoja@cpb.com.br – As mensagens publicadas não representam necessariamente o pensamento da revista. Oi! Eu amo a revista Conexão JA, melhor impossível. Vocês merecem toda a graça de nosso bom e eterno Pai! Infelizmente, eu perdi de ter comigo as quatro primeiras revistas. Foram assuntos relacionados ao mundo em que vivemos e do qual tentamos escapar. Como posso conseguir esses números? Obrigado, fiquem com Deus! Valcilene Felix, 22 anos, Rio Grande do Norte valcienefelix_21@hotmail.com
Nota do editor: Joelson, obrigado pela sugestão. Alías, mais do que oportuna. Espero que aguarde as mudanças editorias, gráficas e de divulgação que faremos em 2011 na revista. Temas como esse serão abordados.
Nota do editor: Valcilene, infelizmente, esses números estão esgotados. Em nosso futuro site, queremos disponibilizar todas as edições da Conexão JA esgotadas para visualização.
Achei interessante o artigo “Quando o mundo perde a régua”, porque sabemos que hoje os valores morais estão invertidos, somente Deus pode nos ajudar. O profeta Jeremias escreveu no capítulo 17:10 que só Deus pode esquadrinhar nosso coração. Que possamos nos lembrar de Deus a cada momento da vida! Adilson Teixeira, 27 anos, Sapucaia do Sul, RS adilsonteixeira12@hotmail.com
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Recebi a revista agora cedo, comecei a ler e cheguei na pagina 13, na matéria “Paixão em Jogo”. Já de antemão, quero parabenizá-los, pelo excelente trabalho que vocês desenvolvem na revista Conexão. Essa edição está melhor ainda, pois vocês contam com personagens ilustres (risos), gostei muito da matéria e da equipe que foi convocada para eu dirigir (oração) nos próximos compromissos (anos de vida), em busca da copa definitiva a (vida eterna). Parabéns!!!! A equipe de vocês faz parte de minhas orações diárias. Nilton Braga, Blumenau, SC niltonbragaltam@yahoo.com.br Nota do editor: O Nilton foi um dos entrevistados da seleção da Conexão JA, na edição de julho. Obrigado a ele e aos demais que participaram da matéria. Gosto da Conexão JA porque é a única revista que abrange todos os assuntos de interesse dos jovens sem tirar o foco do nosso Deus. Acredito muito que dessa forma a Igreja Adventista vai atrair os jovens para o Céu. É bom saber que nesse mundo tão violento e de coisas impuras podemos descansar
Olá pessoal, é um grande privilégio ter essa revista sensacional. Eu louvo a Deus porque a Conexão me ajudou em todos os sentidos, principalmente em relação ao famoso Orkut. Quase ele destruiu minha comunhão com Deus, com meus familiares e amigos. Mas, Jesus fez um milagre em mim, mudei da água para o vinho e não acredito mais em namoro virtual e nem tão pouco em amizades virtuais. Hoje, posso dizer que meu perfil é espiritual, porque adiciono somente adventistas e cristãos de outras denominações, além disso, mando recados com versos bíblicos para evangelizar. Por isso, agradeço pela matéria “Entre Dois Mundos” e “Viva a Coerência”, da edição de abril-junho 2010. Thiago Dourado Matias, 22 anos, São Paulo, SP thiago-dourado-matias@bol.com.br Pelo Orkut Sr. Jhonny: Muito legal a nova revista! Vcs estão de parabéns!! Sempre com assuntos interessantes aos jovens, a Conexão JA é “a revista”!! rsrs... Abraço a todos! Joice Vieira: A revista nova ta tdo de bom msmo... e qdo q vai ser mensal hein...rs
Siga a Conexão JA @conexaoja
Texto: Michelson Borges – Ilustração: Thiago Lobo
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Fiquei maravilhado com a matéria “Paixão em Jogo”, do último número. Apesar dos meus 52 anos, sou leitor desde a edição promocional e procuro incentivar os jovens (dentre eles os meus filhos) a que busquem contato com a boa leitura. Essa matéria aborda algo que tem me preocupado: a idolatria pelo futebol. É muito comum ser abordado temas como cinema, teatro, música secular, etc., mas nunca atentamos para o futebol. A matéria é nota mil. Sugiro que divulguem mais essa revista principalmente através dos nossos meios de comunicação. Os nossos jovens merecem. Heriberto Tavares de Morais, 52 anos, Maricá, RJ heriberto.morais@hasilvestre.org.br
meditando na Bíblia, nos escritos de Ellen G. White e na Conexão JA. Auricelio Itapajé, Ceará auricelio_ja.desbravador@yahoo.com.br
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Maranata! É meu primeiro ano como assinante da revista Conexão JA e estou orgulhoso por essa criatividade e dinamismo que mostra a linguagem jovem. Parabéns a todos! Que tal um quadro novo para revista falando sobre o meio ambiente? Abraços Joelson Santos joelson_ja@hotmail.com
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uem ama quer sempre estar na companhia da pessoa amada. Acompanhado de quem se ama, sempre há mais uma história, uma novidade, um elogio, um plano, um sonho... O amor é alimentando pela companhia. Contudo, por mais que se viva um grande amor na escala humana, o mesmo é ínfimo diante do que Deus sente por nós. “Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos Seus amigos” (Jo 15:13). Quando Deus nos fez, planejou que vivêssemos eternamente ao lado dEle. Porém, como bem sabemos, uma das primeiras consequências do pecado foi nos levar a esconder e fugir de Deus (Gn 3:8). Mesmo assim, Ele não desistiu de estar em nossa companhia, e essa é uma verdade do começo ao fim da Bíblia. Uma das estratégias de aproximação que Deus utilizou foi o santuário: “E Me farão um santuário, para que Eu possa habitar no meio deles” (Êx 25:8). As razões para a construção de um templo nos dias do povo de Israel eram muitas, mas, nesse texto, o que fica claro é o desejo divino de habitar entre os homens. Infelizmente, o santuário foi profanado, destruído e temporariamente vetado aos adoradores, mas Deus não desistiu de Seu sonho e por isso enviou o próprio Filho. João relata isso de modo magnífico:
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“E o Verbo Se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1:14). Porém, no mesmo capítulo, é descrita a triste realidade: “Veio para o que era Seu, e os seus não O receberam” (Jo 1:11). Apesar dessa rejeição, a Bíblia revela que Deus não desiste, e finalmente realizará Seu sonho na Nova Terra. Os últimos capítulos da Bíblia são uma descrição maravilhosa desse lugar em que as pessoas que se amam jamais se separam. No capítulo 21 de Apocalipse, João começa a descrevê-lo assim: “Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe” (v.1). A última frase “o mar já não existe” é intrigante. Por que o mar? O mar na experiência de João era sinônimo de separação. Entre João e seus discípulos havia um mar, entre João e seus parentes havia um mar, entre João e as igrejas que ele fundou havia um mar e entre o apóstolo e as pessoas que ele amava havia um mar. “O mar separa amigos. É uma barreira entre nós e aqueles a quem amamos. Nossos relacionamentos são interrompidos pelo vasto e insondável oceano. Na Nova Terra, já não existirá mar, e ali não passará ‘barco nenhum com remos’”. (Ellen G. White, Manuscrito 33, 1911). E, no verso 4, essa boa-nova é reforçada: “E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram.” Lá, só haverá lugar para intimidade e vida: o Rio da Vida nasce no trono de Deus e no meio da praça está a Árvore da Vida (Ap 22:1,2). Não poderia ser diferente, pois o arquiteto e construtor da Nova Jerusalém é a própria Vida (Jo 14:6). Na Terra restaurada, os que se amam não sofrem, porque o amor pode ser compartilhado na sua plenitude, sem medo da separação. É para esse lugar que Deus deseja levar você, pois quem ama quer estar sempre na companhia da pessoa amada. Donato Azevedo Filho
Líder dos jovens adventistas da Região Noroeste donato.filho@adventistas.org.br
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Texto: Michelson Borges – Ilustração: Thiago Lobo
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Na Terra restaurada, o pecado não vai mais separar o Pai de Seus filhos
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O sonho de Deus
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astores dos bons têm “cheiro de ovelha”. Isso significa conhecer bem seus membros, entender como chegar ao coração deles, visitá-los, ampará-los e compartilhar momentos. Se analisarmos por esse aspecto, cheiro de ovelha pode ser sentido de longe na vida Pr. Elias Brenha do pastor Elias Brenha – especialmente em relação aos jovens. Pastor de igreja em seus primeiros anos de ministério, foi líder de jovens por 17 anos, os quatro últimos, para a região Sul do país. Em 2005, aceitou um chamado para cuidar da Igreja da Alvorada, em São Paulo, com seus 3 mil membros e centenas de jovens animados. De lá para cá foram diversos projetos e programações que marcaram a igreja, a vida dele e de sua família. Brenha é casado com Telma, com quem tem duas filhas. Gosta de esportes, especialmente de correr com os amigos e andar de kart. Nesta entrevista, ele fala sobre a relação dos jovens com as instituições religiosas, as necessidades espirituais da juventude em tempos de pós-modernidade e como a geração atual pode participar de um futuro promissor para o adventismo.
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Conexão JA: Por que Deus continua tão atual na mentalidade dos jovens? Pr. Elias Brenha: Para a maioria dos jovens, Deus é atual e relevante, bem como a ideia de que Ele comanda tudo. Em minha experiência com os jovens percebi que alguém que busca real sentido para a vida não pode excluir Deus da existência; do contrário, viverá com um constante vazio existencial. Suas maiores aventuras e conquistas não poderão ocupar o espaço que só Deus pode preencher. Todos precisam dEle, e, se alguém ainda não teve essa necessidade, em algum momento da vida terá. Apesar de buscar a espiritualidade, a juventude pós-moderna não gosta tanto assim de placas de igreja. Como a instituição religiosa pode ajudar os jovens a ter uma experiência real com Deus? Essa é uma tendência pós-moderna, porém, a Igreja, como instituição, continua exercendo um papel fundamental no desenvolvimento moral, cultural e espiritual das pessoas. Embora a Igreja Adventista tenha surgido no período da Modernidade, século 19, hoje vivemos numa sociedade pós-moderna, e nossa mensagem precisa ser apresentada de maneira relevante para o jovem destes dias. A igreja precisa encontrar novos caminhos, sem ferir seus princípios. É necessário, com urgência, reavaliar alguns conceitos e quebrar paradigmas, a fim de conduzir melhor os jovens pós-modernos, que não têm culpa da cultu-
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Pastor fala sobre a relevância da igreja para os jovens em uma cultura em transformação
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ra que herdaram e que exerce profunda influência sobre eles. É preciso ajudar os jovens a ter uma experiência real com Deus. Isso será mais fácil se a igreja for mais calorosa, menos repressiva, coerente e se oferecer respostas relevantes por meio de pregações consistentes, cristocêntricas e de programas envolventes que mostrem uma igreja preocupada com o desenvolvimento integral da juventude. Eles também desejam encontrar uma igreja voltada para as necessidades do próximo. Nesse contexto, onde entra o pastor? Os jovens precisam ver no pastor coerência e uma visão ampla da fé. Esperam enxergar nele alguém preocupado com suas necessidades; um homem espiritual que pregue sermões relevantes para eles; um ministro que lhes mostre um rumo com amor e paciência. O que interessa aos jovens não é o título que o pastor tem ou o cargo que ocupa, mas o carinho e o abraço que oferece. O senhor tem participação ativa na internet, com textos, vídeos e perfis em redes sociais. Em seu ministério, a internet tem sido uma ferramenta eficaz para envolver a juventude? Ela é e sempre será, mas ao mesmo tempo é um perigo se não for bem utilizada. Temos que utilizar todos os meios de comunicação para a pregação do evangelho. E os jovens devem ser orientados a usar com responsabilidade e equi-
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Autenticidade na igreja
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têm valorizado esse espaço como deveriam. Essa é uma forma de dizer aos jovens que eles não são importantes. Isso precisa acabar, e os jovens têm ◆ Os adventistas brasileiros estão mergulhando nas que ocupar com responsabilidade inovações da internet. Até o Pr. Erton Köhler, líder da esse momento, discutindo os asigreja na América do Sul, tem perfil no Twitter. Assim suntos que lhes são pertinentes. como ele, membros de todo o país mantêm perfis, Acima de tudo, a Bíblia deve ser comunidades, blogs e sites que levam a mensagem para o tempo em que vivemos. O domínio missionário aberta mais vezes em nossos culda igreja na América do Sul (www.esperanca.com. tos jovens, pois músicas, entrevisbr) foi criado há mais de uma década por Jonas de tas, concursos e encenações são Souza Netto, membro da Igreja da Alvorada. Jonas apenas o “recheio do bolo”. Os usava o domínio como contato com o público em programas como o “Vamos Abalar”, que envolve jovens jovens não querem programas do em diversas iniciativas. Na Igreja da Alvorada, os tipo “balão de gás”. Diante disjovens também participam da Alvorada TV, que graso, os clubes de jovens são uma va sermões e os disponibiliza pela internet. A igreja tentativa de recuperar um pouco também tem outros blogs e sites, além de um perfil no Twitter: @igrejaalvorada. daquilo que se perdeu.
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Em sua igreja, os jovens promovem ações sociais que, por sinal, já atraíram a atenção da mídia. Por que o ministério jovem não pode se esquecer da comunidade? Essa é uma forma de mobilizarmos os jovens. Esses desafios são importantes para eles, porque estão buscando cada dia encontrar mais sentido na sua fé, e o exercício de uma religião mais prática é o caminho. Comunhão e ação precisam caminhar juntas. Nem sempre as pessoas nos enxergam por aquilo que dizemos, mas nunca passaremos despercebidos por aquilo que fazemos. Fazer o bem deve ser a motivação e não aparecer na mídia. Para tanto, é preciso praticar, de modo mais estruturado, a assistência social e abandonar o assistencialismo.
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Foto: Cortesia do entrevistado
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Ações como Impacto Esperança, Vida por Vidas e Missão Calebe têm tido participação significativa dos jovens. Em sua opinião, isso é um sinal do preparo para a volta de Jesus? É bom ver os jovens mobilizados. Esses projetos proporcionam maior visibilidade da igreja, criam um sentimento de unidade de fé e alimentam nossa esperança na breve volta de Jesus. O jovem precisa se sentir parte dessa proclamação. O que não podemos fazer é transformar esses projetos em festa de um dia, mas estabelecer estratégias que tornem cada ação mais eficaz, evangelisticamente dizendo. Acredito que, nestes momentos finais da História, esses movimentos serão mais intensos, o que comprova o despertamento da igreja.
muitas denominações. Vem aí uma geração nascida na cultura virtual, o que faz muita gente temer quanto ao futuro do adventismo. O que fazer para que nossa fé não perca a relevância para as novas gerações? “Nada temos que recear quanto ao futuro, a menos que esqueçamos a maneira em que o Senhor nos tem guiado”, disse Ellen G. White (Vida e Ensinos, p. 204.). Essa é nossa segurança. Somos uma igreja profética e marcharemos até o fim. Os homens poderão até destruir nossos templos, mas jamais poderão destruir nossa fé, se essa estiver alicerçada na revelação profética. O grande comandante desta igreja é Cristo, e ela, hoje militante, muito em breve será triunfante. Se compreendermos bem nossa origem profética nenhuma influência externa abalará nossa estrutura.
A igreja precisa encontrar novos caminhos, sem ferir seus princípios. É necessário, com urgência, reavaliar alguns conceitos e quebrar paradigmas, a fim de conduzir melhor os jovens pós-modernos, que não têm culpa da cultura que herdaram e que exerce profunda influência sobre eles.
Para que nossa fé não perca a relevância é preciso continuar a desafiar nossos jovens a ter uma vida de comunhão e testemunho, oferecendo-lhes as resposProblema crônico: em alguns tas para suas inquietações e conflitos. lugares, os cultos jovens não Nossa doutrina tem que ser mais conhecativam. O que está faltando? cida. Os novos conversos necessitam ser O professor de Teologia da Acredito muito na importância do cul- Andrews University (EUA), Barry melhor preparados e nossos pregadoto jovem. Uma igreja que não investe Gane, afirmou que “qualquer igreja res têm que fundamentar suas mensanisso está fadada ao fracasso. Realizando está a uma geração de ser extinta”. gens no “assim diz o Senhor”. Precisamos investir mais na família como base programas paralelos, muitas igrejas não Temos visto isso acontecer com de sustentação e ◆ Em diversos lugares, iniciativas sociais da igreja têm aberto portas para pessoas aceitarem a Cristo. Assim como em aprofundar nosoutras partes do país, na região sul da cidade de São Paulo, onde há várias comunidades carentes, já foram realizados sas raízes, conhedezenas de mutirões da cidadania. Nesses mutirões, membros da igreja ajudam a comunidade com as habilidades que cer melhor nossa têm: cortar cabelo, verificar a pressão arterial, apresentar mini-palestras, etc. Eles contaram também com a participação história. de universitários do Unasp, SP, que ajudam de acordo com seus cursos. Na Igreja da Alvorada, entre outras ações, jovens arrecadaram e distribuíram mais de mil cobertores na “Cracolândia” e em outras áreas da cidade, ação que foi pautada num telejornal da Rede Globo. A ADRA da igreja também tem um trabalho permanente de acompanhamento de famílias carentes. out-dez 2010
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líbrio as redes de relacionamentos como Orkut, Facebook e Twitter. A internet será muito útil na conclusão da missão.
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o fim de 2007, minha esposa Angela passou por uma situação que só não foi mais engraçada porque retrata uma realidade desafiadora. Na época, éramos namorados e a confirmação de um convite para eu trabalhar como capelão de um colégio em Curitiba “caiu do Céu”. Depois de um ano namorando a distância, poderíamos ficar mais tempo juntos e planejar o casamento. Ela, que trabalhava há cinco anos numa multinacional, comentou com uma colega da empresa que eu havia conseguido emprego na capital paranaense. A amiga, sabendo que eu havia cursado Jornalismo e Teologia, perguntou para a Angela em qual área eu trabalharia. Minha esposa respondeu que atuaria como pastor. Foi então que a colega completou, com a maior naturalidade: “Ah é melhor mesmo, porque hoje em dia mexer com esse negócio de igreja dá mais dinheiro do que trabalhar com comunicação.” Minha esposa estava falando da alegria de Deus ter confirmado nosso chamado para uma missão, porém, sua colega opinou baseada no rótulo que tem de pastor como oportunista e de igreja como um bom negócio. Você já deve ter passado por situação semelhante, em que ao comentar sobre algo essencialmente espiritual, percebe que o mesmo não
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faz nenhum sentido para outros. Às vezes, tenho dificuldade de explicar a função de um pastor para amigos e familiares que não possuem formação religiosa e que só pisam numa igreja em dias de batizados, casamentos e funerais. Parece que há um abismo entre os cristãos e aqueles que se identificam como “sem-religião”. Essa separação fica clara na leitura de mundo e na linguagem distinta de ambos os grupos. Todo esse contexto faz parecer que tornar o evangelho eterno inteligível, em nosso tempo, será mais desafiador para nossa geração do que para as que nos antecederam. Por isso, nesta matéria, você poderá entender porque ocorreu esse divórcio entre igreja e sociedade, qual é o impacto disso no adventismo e como você pode tornar a pregação do evangelho relevante no século 21.
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O DESAFIO DE TRADUZIR O EVANGELHO ETERNO PARA OS QUE BUSCAM ESPIRITUALIDADE SEM IGREJA
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, IGREJA SIM Cada momento histórico vivido pela humanidade parece ser uma reação ao período anterior: de rejeição ao que foi ultravalorizado e de ultravalorização do que foi rejeitado. A Idade Média tinha a religião institucional como a força organizadora da sociedade, logo, a Modernidade, o período seguinte, foi caracterizado como uma reação a esse paradigma, colocando a racionalidade e a ciência como os responsáveis por produzir sentido para a vida. Começava aí o processo de secularização, que jogou a religião para “escanteio”, colocou a fé à margem da sociedade, como algo importante apenas na esfera da vida privada. A pós-modernidade, contexto em que vivemos, é uma reação a esses dois períodos: à religião institucional da Idade Média e à racionalidade e ciência da Modernidade. Isso não quer dizer que, em nossos dias, esses elementos não existam ou não tenham papel relevante, mas que lhes restaram papéis secundários. A sociedade pós-moderna valoriza e se vale do conhecimento científico, especialmen-
te quando esse gera tecnologia, conforto e progresso; no entanto, não acredita na utopia que vê na ciência a solução para todos os problemas da humanidade, inclusive os éticos. Qual é a razão? O mundo pós-moderno carrega as cicatrizes de duas grandes guerras mundiais, cujo saldo de milhões de mortos deixou claro que os “milagres” das descobertas científicas, como o avião e a energia atômica, podem se virar contra o homem. No caso da religião tradicional, “por causa dos pecados históricos da Igreja Cristã e do testemunho de professos cristãos, os pós-modernos associam a instituição religiosa à intolerância, arrogância, prepotência e falsidade”.1 E, se já não bastasse esse passado vergonhoso, as manchetes sobre o cristianismo contemporâneo não ajudam muito: costumam associar catolicismo aos padrões morais “ultrapassados”, padres à pedofilia, pentecostais à alienação cultural e pastores evangélicos à falcatruas. Por causa disso, o homem do século 21 prefere dizer que é espiritual em vez de religioso; que crê no sobrenatural em vez de professar alguma confissão ou se vincular a alguma denominação. Ele anseia encontrar sentido para a vida e acredita que a espiritualidade pode lhe trazer respostas, função que a racionalidade e a ciência já se mostraram ineficazes em cumprir, porém, pensa que uma igreja tradicional é o último lugar em que poderá ter seu espírito satisfeito. Esse tipo de religiosidade é mais comum nos países ricos, em que o materialismo e o ensino secular exercem grande out-dez 2010
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Divórcio
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Conservar e modernizar Diante desse panorama, como tornar relevante a mensagem adventista para um público biblicamente “analfabeto”?
A resposta é dupla. A relevância da Igreja Adventista depende da fidelidade a sua identidade e da ousadia de seus métodos. Traduzindo: conservar doutrinas e modernizar as abordagens. Vale lembrar que uma denominação cuja escolha do nome completou 150 anos neste mês de outubro já lidou com muitas pressões externas e tensões internas. Por isso, confirmando a profecia, cumprirá com sua missão em nossos dias. A fidelidade da Igreja a sua identidade é o que justifica sua existência. A cultura pós-moderna pressiona os adventistas a pensar que sua denominação é apenas mais uma entre tantas, cujo caminho para se tornar relevante é não pregar crenças impopulares, mas cuidar dos pobres e aflitos e oferecer mera fuga para a alma. Em seu livro provocador A visão apocalíptica e a neutralização do adventismo, o Dr. George Knight, especialista em história do adventismo, afirma que assumir
Quer “revolucionar” sua igreja?
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Apesar de o crescimento da igreja ser um milagre de Deus, o homem tem papel nesse processo. Por isso, especialistas têm estudado por que algumas congregações crescem e outras não. Nessas pesquisas, alguns princípios foram descobertos. Eles podem servir para você avaliar a saúde espiritual da sua igreja e ajudá-la a ser revitalizada.
Liderança visionária.
orientados a identificar seus talentos espirituais e a usá-los para atender uma necessidade da comunidade. A participação na igreja é determinada por um dom e não por uma função.
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Espiritualidade contagiante. O testemunho
pessoal é dado com ousadia. A verdade é pregada com a autoridade da verdade e não com a incerteza da mentira.
Prioridades bíblicas.
A missão primária da igreja é pregar o evangelho e não atuar como agência social. E, para proclamar algo que faça diferença, a igreja precisa se manter fiel à Bíblia.
Ícones: Carlos Seribelli
Os líderes conhecem e atendem as necessidades da igreja e da comunidade. São agentes de mudança, otimistas e geram entusiasmo. Não são extraordinários, mas estão dispostos a treinar seus liderados.
Ministérios de acordo com os dons. Os membros foram
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essa postura é esterilizar a mensagem adventista. Ele acredita que o evangelho sempre esteve na contramão das tendências pecaminosas de seu tempo. O Sermão do Monte (Mt 5-7), pregado por Jesus, por exemplo, mostra que o cristianismo tem uma mensagem de reforma e não de assimilação cultural (p. 20). Para fortalecer seu argumento, o Dr. Knight se vale de dois estudos. O primeiro mostra que os fiéis tendem a valorizar igrejas que apresentam um caminho de sacrifício e não uma jornada religiosa light.2 O segundo revela que as denominações conservadoras na doutrina são as que mais crescem nos Estados Unidos, porque representam algo, têm uma mensagem de advertência e esperança para proclamar.3 Por isso, os adventistas não podem se calar quanto à revelação que receberam, pois cabe somente a nós cumprir com esse papel. Quanto aos métodos evangelísticos, formato da adoração e modelos administrativos, não podemos deixar que o tradicionalismo baseado no gosto pessoal ou no saudosismo de alguns, e não em princípios bíblicos, “engesse” o avanço da igreja. Não é necessário pesquisar muito na Bíblia para perceber que Deus se revelou de diferentes formas em contextos
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Fonte: Daniel Rode, “Por que algumas igrejas crescem e outras não?”, revista Diálogo, n. 1, 2001, pp. 12-14.
influência. E no caso dos países da Europa Ocidental, mais do que nos Estados Unidos, a indiferença para a religião institucional chega a assustar. Talvez exista uma razão histórica para isso: a rejeição às igrejas é maior onde a intolerância religiosa predominou. Lembre-se de que a Europa, mais do que qualquer outro continente, carrega as cicatrizes da Inquisição. E o que dizer do Brasil? Enquanto não sai o resultado do Censo 2010, podemos ficar com a pesquisa de 2000: 9,3% dos brasileiros de 15 a 24 anos se identificaram como “sem-religião”. A maioria desse grupo não é formada por ateus e agnósticos, mas por pessoas que buscam a espiritualidade, sem o desejo de assumir um compromisso com alguma igreja.
hoje, a ausência dela será sentida e lamentada pela comunidade? Alguém, além dos membros, se importará? Creio que a maioria das pessoas responderia não, por isso, precisamos entrar, definitivamente, no século 21”, sugere o pastor Paulo Cândido, doutor em Teologia pela Andrews University (EUA) e pastor da Igreja do Tatuapé, na Zona Leste de São Paulo.4 De modo geral, as igrejas que têm entendido o momento que vivemos, têm optado por cultos mais informais, simples, inspiradores e sem jargões denominacionais; têm repensado a funcionalidade de sua estrutura e incentivado a descoberta de dons e o exercício de ministérios específicos; têm usado de modo estratégico a comunicação em vídeo e pela internet; e têm realizado projetos sociais contínuos e bem focados na realidade da comunidade local. Se ao fim dessa matéria, você tem mais perguntas do que respostas, esse
Fonte: Daniel Rode, “Por que algumas igrejas crescem e outras não?”, revista Diálogo, n. 1, 2001, pp. 12-14.
Ícones: Carlos Seribelli
Estruturas funcionais.
O modelo administrativo e as abordagens evangelísticas não devem ser engessadas por causa de mero tradicionalismo, mas adequadas para cada contexto.
Culto inspirador. A adoração precisa ser preparada com antecedência, simplicidade, excelência e numa linguagem acessível a todos os adoradores, de modo a proporcionar uma experiência real dos fiéis com Deus.
Pequenos grupos.
A proposta de dividir a congregação em células tem sido fortemente incentivada pela Igreja na América do Sul. Isso favorece o senso de comunidade e o evangelismo baseado nos relacionamentos.
artigo cumpriu sua função. O destino já conhecemos, apenas os próximos passos é que nos são desconhecidos. O futuro da igreja é certo: triunfo. Só teremos medo do amanhã, se esquecermos como Deus conduziu Seu povo no passado. No entanto, você e sua geração são chamados a vivenciar o que está reservado para a igreja: passar por um reavivamento e reforma e proclamar com poder o evangelho eterno. Como isso acontecerá? Seguindo o texto (escritos sagrados) e respondendo às necessidades do contexto (cultura de hoje). Notas 1 Entrevista do pastor Kleber Gonçalves para a revista Ministério jan-fev 2010, págs. 5-7. 2 Roger Finke e Rodney Stark, The Churching of America, 1776-1990: Winner and Losers in Our Religious Economy (New Brunswick: Rutgers University Press, 1992). 3 Dean M. Kelley, Why Conservative Churches Are Growing: A Study in Sociology of Religion (New York: Harper and Row, 1972). 4 Entrevista do pastor Paulo Cândido para a Revista Adventista, setembro de 2009, p. 27.
Amizade. O recém-converso deveria fazer pelo menos sete amigos nos seus primeiros seis meses na igreja. A amizade evita a apostasia e resgata os afastados.
Discipulado. Corrige o conceito de membro como passivo, envolvendo o fiel na missão, no treinamento de outros e no plantio de igrejas.
Valorização dos grupos humanos. Quanto menos
barreiras culturais, linguísticas, raciais e de classe a pessoa tiver que transpor, mais facilmente se tornará adventista.
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distintos; que usou a linguagem de cada tempo para se fazer entender. Também fica claro que a Igreja Adventista mudou muito nos últimos 150 anos. De uma denominação organizada na zona rural americana, em 1863, com 3,5 mil membros e 125 congregações, para uma igreja com 16,3 milhões de fiéis em 206 países. Com o crescimento, vieram os desafios. Um dos principais é alcançar a mente urbana. Historicamente, os adventistas têm associado a vida nas cidades ao pecado, e há razão para isso; no entanto, desde 2008, mais de metade da população mundial vive nas zonas urbanas. Entender as necessidades dos moradores dessas regiões é facilitar que a mensagem da salvação chegue a mais da metade das pessoas a que fomos chamados a salvar. “Um bom teste para verificar a relevância da sua congregação para a sociedade é a pergunta: Se sua igreja fechar as portas
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Cirurgia plástica Antes de decidir fazer, descubra se você realmente precisa
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Luiz Fernando Sella
Médico da Clínica Adventista Vida Natural, em São Roque, SP luizfernandosella@gmail.com
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impulso. Procure identificar quais as reais motivações que levam você a pensar em se submeter a cirurgias. Você possui um “defeito” real e significativo ou está criando tempestade em copo d’água por causa de uma pequena imperfeição? Podemos aprender com a história de Salomão: “Absorveuse tanto com a ostentação exterior, que se esqueceu de elevar a mente pela constante ligação com o Deus da sabedoria. A perfeição e a beleza de caráter foram passadas por alto em sua tentativa de alcançar a beleza exterior. Vendeu a honra e a integridade do caráter na busca de glorificação própria diante do mundo (...) Primeiro, corrompeu-se no coração, depois se afastou de Deus e se tornou por fim adorador de ídolos.” (Ellen G. White, Testemunhos para a Igreja, v. 4, pág. 628.) Esse sofrimento é completamente evitável. Pense nisso e se lembre de que a verdadeira beleza está no caráter. Enquanto o padrão de beleza muda a cada ano, o valor do caráter nunca sai de moda.
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tualmente, a aparência pessoal passou a ser o “cartão de visita” de muitos. Motivados pela necessidade de apresentar uma estética corporal “aceita” pela sociedade, alguns jovens investem muito mais tempo buscando a beleza exterior do que a interior. Um exemplo desse comportamento é o da atriz Heidi Montag, 23 anos, que parece estar viciada em cirurgias plásticas. A jovem, que participou de um popular reality show da MTV americana, confessou aos jornais dos Estados Unidos que em nome da perfeição estética se submeteu a dez operações diferentes num só dia. A situação não é diferente no Brasil, segundo colocado mundial em cirurgias plásticas e aplicações de botox. Insatisfeitos com a aparência, jovens entre 14 e 18 anos representam 13% dos pacientes que fazem algum tipo de procedimento estético. As cirurgias plásticas mais procuradas são de nariz, redução de mama, implante de silicone, lipoaspiração e correção do tamanho das orelhas. Como todo procedimento cirúrgico, essas operações trazem riscos à saúde, que vão desde pequenas infecções, na correção do tamanho das orelhas, por exemplo; até ao óbito, no caso de lipoaspirações. Também são comuns a insatisfação e os sentimentos de frustração quando os resultados não alcançam as expectativas. Por outro lado, há casos em que as cirurgias plásticas deixam de ser somente estéticas e são justificadas e necessárias, como após um acidente, em caso de doenças congênitas, grandes deformidades ou imperfeições que prejudicam o funcionamento do corpo. Nesses casos, os benefícios superam os riscos. Antes de se decidir por qualquer procedimento, é necessária muita reflexão sobre o assunto e cuidado para não agir por
Boa herança Professor universitário conta por que considera um privilégio nascer em berço adventista
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naquilo que eu gostava na igreja: a escola, a classe batismal (às vezes eu trocava a Escola Sabatina pela classe batismal, pois essa tinha um enfoque maior em profecias), os desbravadores, os acampamentos, os concursos bíblicos e a música. Meus pais sempre foram duros, mas muito amorosos e compreensivos com as fases que eu vivi. Tudo isso fez diferença na minha vida e se torna mais valioso quando olho para antigos colegas que, hoje, não estão mais em nossas fileiras. Desde muito cedo, meus pais imprimiram no meu coração o senso de missão. E isso dá sentido a minha vida até hoje. Quando me perguntava: “Quem namorar?” ou “Qual faculdade cursar?”, a resposta sempre estava relacionada à ideia de que todas as minhas decisões deveriam contribuir para eu pregar que existe um Céu e me preparar para morar nele. Por causa disso, deixei que Deus escolhesse minha profissão e minha esposa. Ouvi o “não” dos meus pais nos momentos mais importantes e isso só me tem feito uma pessoa feliz, pois, mesmo casado, eles ainda são uma referência espiritual oferecendo sábios conselhos. Nunca me esqueci de algumas coisas que eles me falaram, porém, uma é muito especial: “Filho, jamais se esqueça de quem você é. Você é um adventista.” Diziam isso toda vez que eu saía de casa, fosse para ir a uma festa, assistir a um filme na casa de amigos ou para um acampamento. Foi uma forma de me ensinar que sempre terei que escolher, tomar decisões; contudo, devo fazer isso levando em conta Quem me ama. Para mim, não existe felicidade verdadeira e completa fora do adventismo, pois isso é muito mais que uma religião, é um estilo de vida, uma filosofia, uma visão de mundo, uma promessa de futuro, uma herança pesada, talvez, quando se é muito jovem, mas valiosa.
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Marcos Eduardo Gomes de Lima
Bacharel em Ciências Sociais, mestrando em Sociologia pela PUC-SP e professor de História do Unasp, campus Engenheiro Coelho, SP. marcos.lima@unasp.edu.br
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ou filho e neto de adventistas. Portanto, desde a infância carrego um pouco da tradição de nossa igreja. Essa tradição se revelou, por vezes, no costume do culto diário e no hábito de ver meus pais lendo a Bíblia e os livros de Ellen G. White, que, aliás, sempre estiveram na sala, nos quartos e em qualquer lugar da casa. Estudei todo o ensino básico em colégio adventista e fui aluno de internato adventista por dois anos como estudante bolsista. Sou desbravador desde os seis anos e, até hoje, com 31, já fui professor de Escola Sabatina, diretor de Clube de Desbravadores e do Ministério Jovem, além de ter participado de quartetos e conjuntos musicais da igreja. Hoje, finalmente, sou professor da maior instituição de educação adventista do Brasil, algo que significa muito para mim. Ser “adventista de berço” parece ser mais um fardo que um privilégio para muitos jovens e adolescentes, porque desejam experimentar as coisas do “mundo” ou porque julgam que nunca tiveram uma conversão genuína. Eu já fui tentado a pensar dessa maneira, porém, no fundo, sempre me considerei privilegiado por ter nascido numa família adventista. O que fez diferença para mim foi a visão positiva dos meus pais sobre o adventismo. Meu pai é ancião, professor de cursos bíblicos, construtor de templos, pregador de púlpito e verdadeiro entusiasta pela igreja. Ele ama a congregação e os jovens. Minha mãe, por sua vez, praticamente aprendeu a ler na Bíblia, e de maneira muito simples, sempre ensinou a meu irmão e a mim o que se espera de um adventista. Essa foi a melhor herança que poderiam ter me legado. Quando criança, morando nos arredores do que hoje é o Unasp, em Engenheiro Coelho, SP, na zona rural, saía com toda minha família para dar estudos bíblicos, pelo menos duas noites por semana. De fato, eu não gostava disso, até tinha um pouco de medo das projeções feitas nas paredes das casas. Não gostava também de entregar folhetos aos sábados à tarde, mas meus pais souberam me incentivar
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O pAssaro hiperativo
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ocê conhece o Twitter? Se não, de acordo com a cibercultura, você está na periferia. Criado em 2006 pelo empresário norte-americano Jack Dorsey, esse site de relacionamentos tem diferenciais que o tornaram bastante popular nos últimos anos. No Twitter, você escolhe usuários dos quais gostaria de saber o que estão falando ou fazendo a todo instante. Tudo o que eles falarem vai aparecer imediatamente na sua tela. Você se torna, na terminologia do próprio site, um “seguidor”. O contrário também vale: tudo que você digitar vai aparecer na tela dos seus seguidores. Nele, a mensagem enviada pelo usuário não pode ter mais que 140 caracteres (Quer ter uma ideia do que é isso? É do tamanho deste parágrafo). Se é muito pouco para quem escreve, é bom para quem lê. Cada pessoa pode ter vários seguidores, já que não terá que consumir calhamaços de informação sobre cada um deles. Esses recursos fazem o Twitter crescer e atrair pessoas famosas. É possível acompanhar, por exemplo, o jornalista William Bonner, o jogador Ronaldo, do Corinthians, além de atores e políticos conhecidos, que ali confessam pequenos detalhes da rotina ou, menos comum, fazem grandes revelações. Parece que ganhamos mais uma frestinha para espiar essas personalidades, celebrando a capacidade da cibercultura de gerar capital social (destaque perante as outras pessoas) a partir da visibilidade nas mídias. É claro que todas essas tecnologias admitem usos diferentes daqueles pretendidos pela rede. Há perfis que utilizam o Twitter para evangelizar. Programas bem-sucedidos da TV Novo Tempo, como o Na Mira da Verdade, utilizam a interatividade do Twitter para selecionar as dúvidas dos leitores e respondê-las por meio da TV ou do site. Através do seu perfil, o jornalista Michelson Borges avisa seus seguidores sobre
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a publicação de um novo post no seu blog www. criacionismo.com.br. Como eles, há pastores, cantores, instituições e mesmo membros da Igreja Adventista dedicados a essa causa. O tempo cada vez maior gasto no Twitter mostra muito bem outra faceta da cibercultura: as experiências in loco, ou seja, presenciais, são tornadas simbolicamente insuficientes. É como se dissessem: “Se você não for interativo, está por fora. Se não tiver uma conta no Twitter, vai ficar para trás”. É por isso que a vivência do cristianismo passa a ser um duelo espiritual travado também no mundo virtual (conflito que de virtual não tem nada, é bem real). Como as pessoas tendem a priorizar as relações virtuais, a religião sente que precisa adentrar esse terreno para não perder espaço. É nesse sentido que a cibercultura transforma a vida presencial (até mesmo religiosa) em periferia, e as relações virtuais em centro. A internet não é neutra, como se diz por aí. Se para ir à igreja tenho que levar celular ou BlackBerry para “tuitar” (enviar tweets) durante o culto “chato”, algo está errado. Quando a igreja precisa buscar seus membros no mundo virtual porque já não a ouvem dos bancos do templo, alguma coisa mudou. Os cliques interativos desqualificaram a experiência não tecnológica, a tornaram sem graça. A época sugere que, para embelezar um pouco mais a vida, dar-lhe algum sentido, é preciso ser interativo, acompanhar perfis do Twitter e “tuitar” o máximo possível. Isso é um artifício, não acredite nele! Tales Tomaz É professor de Comunicação Social do Unasp e mestrando em Comunicação e Semiótica na PUC-SP
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No Twitter, a obrigação de interagir pode causar dependência
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Uma resposta bíblica para a onda de “almas penadas” na telinha
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morte é vírgula, ponto e vírgula ou ponto final?” – o escritor Monteiro Lobato se questionava pouco antes de seu momento chegar.1 Como ele, milhões de pessoas coçam a nuca, em dúvida, quando se deparam com a questão da morte. Ela seria o ponto final da existência, como os materialistas defendem? Ou uma vírgula – apenas uma passagem – como ensina a maioria esmagadora das religiões orientais, filosofias espíritas e denominações cristãs? Numa época em que espíritos vão e vêm nos filmes e novelas, é essencial ter uma compreensão clara do assunto.
Espírito e alma
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Na contramão do mundo religioso e da espiritualidade pós-moderna, a Bíblia fala que o homem é mortal e que apenas a ressurreição física pode trazê-lo à vida
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Conversão (Tg 5:20)
Nascimento
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receram” (9:5, 6). Não é à toa que a metáfora bíblica para a morte é o sono (1Co 15:18; 2Pe 3:4). “Tal ideia [da alma imortal] é completamente contrária à consciência israelita e não se encontra em nenhum lugar do Antigo Testamento... Portanto, o Antigo Testamento pode falar da morte de uma alma.”3 Ainda acerca das palavras espírito e alma, “no Novo Testamento, as concepções do Antigo Testamento continuavam a existir”4.
Espiritismo na tela
Não é segredo que a mídia faz publicidade gratuita para o espiritismo. Neste ano, um filme sobre o médium Chico Xavier e uma novela têm divulgado abertamente o espiritismo para todos os públicos. A crença na vida logo após a morte tem ganhado cada vez mais espaço na espiritualidade pósmoderna. Isso foi alertado por Ellen White, a qual afirmou repetidas vezes que o espiritismo seria um dos maiores enganos dos últimos dias (O Grande Conflito, p. 588). Pelo visto, essa profecia se cumpre cabalmente diante dos nossos olhos, e cabe a nós estar preparados para o que virá.
Tropeço no inferno Apesar de todas as evidências contrárias, a imortalidade da alma ainda predomina na teologia e na cultura geral, em grande parte, como uma herança católica. O catolicismo, por sua vez, deve muito a Platão e Aristóteles, filósofos nos quais Agostinho e Tomás de Aquino basearam seu pensamento. Os antigos gregos viam o homem como um ser dicotômico, ou seja, dividido entre espírito e corpo. Logo, a morte era vista como a oportunidade de a alma se libertar da matéria que a aprisiona. A mitologia grega também influenciou a crença cristã sobre a morte. Mais ainda: deu cores ao lugar aonde os mortos supostamente vão. Na cultura popular grega (não para os grandes filósofos), o deus Hades era o responsável pelo mundo dos mortos, chamado pelo mesmo nome. Hades era uma das regiões do Mundo Inferior, que era dividido em outras partes, como o Tánatos (prisão dos titãs) e os Campos Elíseos (tipo de paraíso). Do conceito de Mundo Inferior deri-
Morte em Cristo com fé na ressurreição (1Ts 4:16; 2Tm 4:8)
vou a palavra latina infernus, que entrou na primeira versão da Bíblia em latim, a Vulgata, de Jerônimo, por volta do início do 5o século d.C. Nessa tradução, os termos sheol e geena, do Antigo Testamento e hades e geena (transliterado do hebraico para o grego), do Novo Testamento, foram frequentemente traduzidos por infernus, e assim o equívoco persistiu em várias versões bíblicas desde então.5 O problema é que, no caso de sheol e hades, é evidente que eles se referem apenas à sepultura, o lugar para o qual todas as pessoas vão, sejam elas boas (Sl 16:10; 30:3; 49:15; 86:13) ou más (Nm 16:33; Jó 24:19; Sl 9:17; 31:17). É importante notar que existe uma conexão íntima entre sheol e morte nos paralelismos hebraicos. Em 2 Samuel 22:5, 6, Davi diz que “ondas da morte” o cercaram e que cadeias do sheol o cingiram que foi traduzido na versão Almeida Revista e Atualizada como “cadeias infernais”. Porém, o paralelismo entre “ondas de morte” e “cadeias do sheol” indicam
Volta de Jesus (Mt 24:30 e 31) - Primeira ressurreição: Os salvos ressuscitam e sobem para o Céu (Is 26: 19, 21; 1Ts 4:16-18; 1Co 15:51-53) - Os que não são salvos morrem e seus corpos permanecem na Terra até o fim dos mil anos (Is 9:19; Ap 20:5)
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novamente. Desde o início do livro sagrado está claro que o ser humano não tem alma; ele é alma (nephesh, em hebraico). Na formação do homem, o único elemento preexistente foi o barro. Não havia qualquer identidade humana anterior. Portanto, quando Deus soprou vida (“espírito”, ruach) nas narinas do primeiro homem, ele passou a ser “alma vivente” (Gn 2:7, ARA). O processo inverso também é claro – a alma morre. Sansão matou almas (Jz 16:30), punições incluíam o apedrejamento de almas (Dt 22:21) e almas egípcias morreram sob as pragas (Sl 78:50).2 Na Bíblia, alma é sinônimo de pessoa, ser, indivíduo – vivo, por sinal. Mas e o espírito? Algumas palavras no hebraico bíblico chegam a ter 12 significados, e essa multiplicidade semântica às vezes confunde, pois espírito pode significar fôlego, vento, elemento vital, emoção, mente, anjo, ou mesmo se referir à Divindade, dependendo do contexto. Em relação à natureza humana, espírito nunca é apresentado na Bíblia como um elemento independente, nem uma entidade extracorpórea. Identidade, inteligência e consciência existem somente na união da matéria com o fôlego de vida, o qual não tem personalidade em si. Prova disso é que esse fôlego é o mesmo que faz os animais viverem (Gn 7:21, 22; Ec 3:19). Dessa forma, não há uma viagem para outro mundo logo após a morte, nem reencarnação, mesmo porque as pessoas só podem viver uma vez (Hb 9:27). O livro de Eclesiastes é esclarecedor ao afirmar que “os vivos sabem que morrerão, mas os mortos nada sabem... Para eles o amor, o ódio e a inveja há muito desapa-
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Mil anos no Céu (Ap 20:4) - Salvos estudam os casos dos que não foram salvos e dos próprios anjos rebeldes, e entendem por que eles não estão ali (1Co 6:2, 3; Ap 20:4) - Presos ao planeta Terra destruído, Satanás e seus anjos contemplam o resultado da rebelião (Ap 20:1-3)
10:28; 18:9; 23:15, 33; Mc 9:43, 45, 47; Lc 12:5). Geena representa muito bem as cenas finais do juízo descrito com detalhes em Apocalipse 20 (veja o infográfico no rodapé da matéria). No “lago de fogo” serão punidos os pecadores impenitentes, de acordo com as obras de cada um. Será um fogo tão eterno e inextinguível quanto o que destruiu Sodoma e os muros de Jerusalém (Jd 7; Jr 17:27). Eles estão queimando até hoje? Obviamente, não. Ou seja, o fogo leva à morte definitiva, não a um sofrimento eterno. Se fosse diferente, Deus não seria amor (1Jo 4:8), pois puniria com milênios de sofrimento pessoas que pecaram por décadas – algo completamente desproporcional e mais absurdo do que o holocausto de Hitler.
Inversão da morte Para quem perdeu alguém ou tem medo da morte, conforta lembrar que o túmulo não é o fim. Os registros da nossa identidade psicológica e orgânica ficam muito bem guardados com Deus, que tem poder e sabedoria infinitos para trazê-los de volta. Aquele que transformou amor em matéria, que codificou o DNA, espalhou o Universo e o mantém unido, e fez tantas outras maravilhas, fará Seus filhos reviverem. Basta apenas confessar os pecados e aceitar Jesus como Salvador e Senhor. É aceitar uma salvação que hoje está completamente acessível. Através
Nova Jerusalém desce à Terra - Deus e Seus filhos estão dentro dela (Ap 21:1-3) - Ímpios ressuscitam para serem julgados diante do trono branco (Ap 20:12, 13) - Ímpios reconhecem que Deus é justo, mas são enganados pelo inimigo e atacam a cidade (Ap 20:7-9) - Fogo desce do céu e os consome – a segunda morte (Ap 20:9, 10)
de Cristo, temos esperança numa ressurreição real e bem concreta: voltar com um corpo muito melhor (Jo 11:25; 1Co 15:48-54). A ressurreição acontecerá enquanto Ele estiver vindo nas nuvens do céu para buscar os filhos de Deus de todas as épocas (1Ts 4:16-18). Portanto, quem estuda profundamente a Bíblia sabe que a morte é apenas um ponto e vírgula na existência de quem aceitou a Cristo como Salvador e Senhor. E, depois do ponto e vírgula, somente os três pontos da eternidade... Diogo Cavalcanti
Editor associado
Notas Folha da Noite, 22 de abril de 1947. Disponível em: http://almanaque.folha.uol.com.br/entlobato.htm 2 Nessas passagens, a NVI, traduziu nephesh (“alma”), respectivamente, por “homens” (Jz 16:30), pelo pronome “a”, referindo-se à mulher adúltera (Dt 22:21) e pelo pronome “os”, referindo-se aos egípcios que morreram sob as pragas (Sl 78:50). 3 “Death”, Herman Bavinck (autor), James Orr (Ed.). The International Standard Bible Encyclopedia, 1937. p. 812 4 “Morte”, J. Nelis (autor), Van Den Born (org.) Dicionário Enciclopédico da Bíblia, 1985, p. 1013. 5 A Collier’s Encyclopedia, 1986. v. 12. p. 28. Essas e outras referências sobre o erro de traduzir sheol e geena como “inferno” estão disponíveis em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Inferno#cite_note-9 6 “Hell”. Seventh-day Adventist Bible Dictionary. p. 474. 7 “Gehen’na”. Smith’s Revised Bible Dictionary, 1999. In CD-ROM Biblia Online. Sociedade Bíblica do Brasil, 2001. 1
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que morte e sheol são a mesma coisa. Tanto que na Nova Versão Internacional a expressão “cadeias do sheol” foi traduzida por “cordas da sepultura”. O mesmo ocorre em Apocalipse 1:18; 6:8; 20:13, 14, em que hades é claramente sinônimo de morte, sepultura.6 Quanto a geena (literalmente “vale de Hinon”), essa palavra se refere a uma depressão ao sul do antigo muro de Jerusalém, onde o rei Acaz e seus súditos sacrificaram crianças ao deus Moloque, queimando-as (2Cr 28:3; 33:6; Jr 7:31). O vale foi condenado por Deus e mais tarde transformado em depósito de lixo pelo rei Josias. Nesse vale se depositavam carcaças de animais, corpos de criminosos ou de indigentes, lixo doméstico, entulho e materiais combustíveis, como madeira, tecidos, etc. Com o tempo, o Vale de Hinon ganhou uma simbologia escatológica (relativa aos últimos acontecimentos), que representava não somente o local onde ocorreria a destruição dos judeus pelos babilônios (Jr 19:6, 7), mas, no período intertestamentário e no Novo Testamento, como o lugar do juízo final sobre os ímpios do mundo inteiro. Essa expectativa foi registrada no Talmude (livro de discussões rabínicas) e no livro pseudepígrafo de Enoque (livro não bíblico, escrito por alguém que se passou por esse patriarca).7 O próprio Jesus usou a palavra geena referindo-Se à condenação final dos pecadores (Mt 5:22, 29, 30;
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Para fortalecer ainda mais sua fé, leia o capítulo 33 do livro O Grande Conflito: “É o homem imortal?”
Nova Terra - Após a purificação pelo fogo, o planeta é renovado - Os salvos têm uma eternidade pela frente (Ap 21:4)
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randes altitudes, temperaturas extremas, picos nevados, lagos glaciais, pontes prestes a despencar e um sobe e desce interminável de mais ou menos 50 quilômetros. Esse é o cenário da Trilha do Salkantay, rota alternativa ao tradicional caminho inca em direção às ruínas de Machu Picchu, no Peru. Foi por ela que eu me aventurei com uma galera de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Vambora com a gente?
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1º Dia
Tudo bem que voar no Brasil é uma aventura, mas a escala Belo Horizonte-São Paulo-Lima-Cusco não teve nenhum registro emocionante (exceto que eu quase perdi o voo). Pedro e eu saímos de BH e encontramos Fabiano, Érico, Ronaldo (todos de São Paulo) e Manoel (do Rio) no 18
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aeroporto de Lima, capital do Peru. Já a Ana Paula (SP), única representante feminina, se perdeu do grupo e só foi dar as caras em Cusco, com o peruano Gonçalo, que mora por essas bandas. Mesmo com o cansaço, o pessoal topa sair para jantar e conhecer um pouco da gastronomia local.
Foto: Pedro Vilela
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Fotos: Fernando Torres e Pedro Vilela
Conheça uma trilha alternativa para chegar a Machu Picchu, a cidade perdida dos incas
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q’eros, que habita a região. Entre mímicas e traduções, conhecemos mais sobre a cultura peruana. O soroche nos ataca de forma diferente: eu sinto falta de ar, enquanto o Érico e o Fabiano têm náuseas e dor de cabeça.
2º Dia
Cusco, a antiga capital do império inca, significa “umbigo do mundo” na língua indígena quéchua. É necessário permanecer por lá pelo menos um É hora de endia para se aclimatar à altitude de 3.400 metros carar 13 quilômetros pelo Vale do Rio e driblar os efeitos do mal de altura, o soroche,, O peruano da tribo dos q’eros Blanco e a Cordilheira de caracterizado por dor de cabeça, náuseas, falta de s amo ontr que enc Vilcabamba, em direção ao ar, cansaço e diarreia. Os nativos recomendaram repouso, mas quem disse que obedecemos? AfiAbra Salkantay, a 4.600 menal, a cidade mais antiga das Américas tem um roteiro interes- tros de altitude. Para chegar ao ponto mais alto da peregrinasantíssimo de ruínas incas e templos hispânicos. O que mais me ção, temos que vencer as temidas Sete Voltas, uma subida em chama a atenção é o Qoricancha, o Templo do Sol. Parte dele zigue-zague que parece foi reconstruído pelos espanhóis em cima das pedras originais, nunca mais acabar. Com mas um terremoto destruiu a construção hispânica, deixando o ar rarefeito, o soroche à mostra a arquietura inca. Eles não utilizavam nenhum tipo nos ataca sem piedade. de cimento; em vez disso, as pedras eram cortadas e encaixa- Tirando fôlego sabe-se lá das umas nas outras. Também visitamos a Plaza de Armas, a de onde (e com o auxílio Catedral de Cusco e o Parque Arqueológico de Sacsayhuamán. de mulas, que acompanham o grupo em pratiApós um legítimo desjejum peruano, seguimos de camente toda a viagem), carro até a região de Soraypampa, a 3.850 metros finalmente conseguimos de altitude, aos pés dos picos nevados Salkantay e Humantay, chegar ao topo para tirar de 6.271 e 5.917 metros, respectivamente. Aqui, aliás, cabe um a foto oficial. A partir daí, detalhe: apesar de ser mais longa e ter mais dificuldades que a só alegria. O destino é o rota inca, a Trilha do Salkantay esconde quatro lodges (chalés) Vale de Huayraccmachay, Pit stop para recarregar as energias, no meio do caminho, com cama quentinha, comida gos- a 3.900 metros de altitucom vista para o Salkantay tosa e água quente. Um luxo, se pensarmos que estão de. Em tempo: Huayracc literalmente no meio do nada. Por hora, nada de “botar machay significa “onde o o pé na estrada”, apenas admirar a paisagem. vento faz a curva”. Não há exagero nessa expressão. Pode-se chegar até a -10ºC por lá. BenAcabou a moleza! dito seja o chalé de pedra que nos acolheu! Cedinho, os guias Washington Chucya e Jairo BocanA paisagem começa a mudar à medida que os gel nos tiram da cama para o “aquenove quilômetros de caminhada avançam. As cimento”: subir exatos três quilôme- montanhas nevadas dão lugar à floresta tropical, e a temperatros até o lago glacial Humantay, a tura sobe consideravelmente. O destino é Colpapampa, às quatro mil metros de altitude. Creia- margens do Rio Blanco, a 2.840 metros de altitude. Quando me, vale a pena! O Ronaldo, o Érico chegamos ao lodge, somos apresentados à pachamanca, um e o Fabiano se animam a entrar na “rito” da gastronomia peruana: os ingredientes são assados em água verde-azulada, mas, de tão um buraco na terra, preenchido com pedras aquecidas ao fogo. gelada, só conseguiram permaneComparado ao que já passamos, o trekking de cer alguns minutos. Encontramos hoje é mais tranquilo, pelo menos aparentemente. perambulando por lá um autêntiTrilha do Salkantay co membro da tribo indígena do Devido às chuvas que atingiram a região no início do ano,
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trafegamos por um trecho em estado de erosão, que pode abarrancar a qualquer momento. Distraído, nem percebo o perigo que corremos, apesar de o Washington pedir que andemos mais rápido e fiquemos em silêncio. Treze quilômetros depois, chegamos ao vilarejo La Playa, onde um carro nos espera. Mas a boavida não dura muito: o acesso a Lucmabamba, a 2.150 metros passa por um trecho da trilha inca oficial, de aproximadamente um quilômetro. O jeito é “bater perna” novamente.
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Ao fim de quatro dias de tantas andanças, o corpo já está implorando descanso. A sorte é que o acesso até Aguas Calientes, o povoado mais próximo de Machu Picchu, pode ser feito de carro. Mas Ana, Fabiano, Érico, Ronaldo e eu não dispensamos o último dia de trekking, um dos trechos mais especiais de toda a viagem: os dois quilômetros de subida íngreme, perigosa e apertada conduzem às ruínas de Llactapata, ponto de observação de Machu Picchu de um ângulo totalmente diferente das imagens de cartões-postais. Embora a neblina ameace o visual, esperamos o suficiente para que as nuvens se afastem e revelem as ruínas. Foram momentos de pura admiração, satisfação e recompensa pelo esforço de termos chegado até ali. Na descida – três quilômetros de terra lamacenta –, contornamos o Rio Urubamba até chegarmos a uma usina hidrelétrica. Oficialmente, é o fim da caminhada. O livro de viajantes nos aguarda, com registro de mochileiros de vários lugares do mundo, como Espanha, Canadá e Taiwan. Todos juntos novamente, é só comemorar! De lá, alcançamos a estação de trem, que nos levará a Aguas Calientes, em um trajeto de meia hora.
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9º Dia
Vale a pena dormir e acordar cedo para pegar o primeiro ônibus para Machu Picchu, às 5h30, em tempo de ver o nascer do Sol. Não dá para descre20
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Momento Che Guevar Porta do Sol, entrada a na oficial da cidade perdida
O último dia no Peru ainda inclui uma rápida visita às ruínas de Písac, no caminho de volta para Cusco. Tudo muito corrido, pois temos que pegar o voo para Lima e, finalmente, para o Brasil. Chega o momento das despedidas, com troca de e-mails, telefones... No aeroporto, converso com uma turista brasileira que optou por chegar a Machu Picchu de trem. Ela disse ter ficado encantada com a visão das ruínas incas. Sem dúvida, esse foi o clímax da viagem. Porém, sei que o caminho que fizemos para chegar até lá é mais do que imperdível.
Fotos: Fernando Torres e Pedro Vilela
10º Dia
Lago glacial Humantay
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ver o misto de paz e euforia enquanto a neblina vai pouco a pouco se dissipando, revelando a incrível cidade, com fundo para a pedra Huayna Picchu. A propósito, é possível escalar a montanha para ter uma visão de cima das ruínas. Alguém topa? Depois de observarilômetros mos incansavelmente a O grupo. Caminhamos 50 qu cidade, decidimos percorrê-la. Embarcamos pela Porta do Sol. Érico e eu lembramos do Gael García Bernal, o Che Guevara do filme Diários de Motocicleta, e rapidamente tiramos nossas fotos. Enquanto isso, o Washington vai contando um pouco da história do lugar. Construída no século 15 pelo imperador Pachacútec, acredita-se que Machu Picchu tenha sido uma cidade-fortaleza, onde o monarca inca se refugiava com seu exército. Outra teoria é a de que tenha sido um centro religioso e astronômico. Abandonada logo após a invasão espanhola, em meados de 1500, Machu Picchu ficou perdida por séculos, até ser redescoberta em 1911 pelo explorador norte-americano Hiram Bingham. Quando a aula de história acaba, voltamos a Aguas Calientes em tempo de pegar o trem para o vilarejo de Ollantaytambo, na região do Vale Sagrado. À tarde, todos despencam na cama, exceto Ana e eu, que aproveitamos o tempo livre para explorar as redondezas e comprar “lembrancinhas” para os familiares.
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Fotos: Fernando Torres e Pedro Vilela
uma tarde de sábado, Janaína estava deitada ao colo do avô, enquanto o velho homem enrolava dois de seus dedos nos cachos de cabelos vermelhos da neta. Janaína falava sobre sua preocupação com os jovens amigos que abandonavam a igreja ou esfriavam na fé. – Eles querem mais do mundo – ela disse. – Querem se aventurar e curtir tudo o que o mundo tem para oferecer. – E você, o que quer? – perguntou-lhe o avô. Janaína ficou pensativa. Ela, como costumavam dizer, “nasceu na igreja” e tinha plena convicção no que acreditava. Às vezes, se sentia atraída por todas as coisas seculares que a rodeavam, mas sempre lembrava de tudo aquilo que lhe fora ensinado. Porém, sentia falta de algo mais pessoal em sua vida cristã. – Eu quero mais da minha religiosidade. Quero mais de Deus para mim – ela disse finalmente, sentando-se e olhando para o avô. – Espero que o senhor entenda o que vou dizer: Eu amo muito a Deus, acredito em tudo o que me ensinaram, mas é como se os conceitos já tivessem sido entregues prontos para mim. Eu quero ter minhas próprias experiências com Ele e sentir realmente aquilo que me foi ensinado. – Então, minha querida, aventure-se no cristianismo – disse o avô com um sorriso paternal. – Os jovens querem descobrir o que o mundo tem para eles. Fico feliz que você sinta o desejo de conhecer o que Deus tem para você – completou. – E como faço isso? – Janaína quis saber. – Que tal começar a aceitar os convites para participação que lhe fazem na igreja? E, claro, procurar oportunidades para servir a igreja, ao próximo e a Deus. Faça isso e você descobrirá o segredo do cristianismo. Janaína gostou da ideia. Naquela noite, orou pedindo oportunidades e prometeu mais empenho em sua vida espiritual. O que se seguiu foi uma transformação intensamente relevante. Janaína não esperava que ia fazer tanta diferença a simples aceitação de convites, que antes eram prontamente
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rejeitados. Ela começou a narrar o Informativo Mundial das Missões, participar ativamente dos programas jovens e até pregou em um culto de quarta-feira. Como gostava de cantar, passou a fazer parte de um grupo da igreja e desenvolveu muito esse dom. Constantemente, sentia-se incapaz para realizar algumas atividades, mas, nesses momentos, colocava-se em oração, pedindo o apoio de Deus. Então, sentia-se nutrida de capacidade vinda do Alto. Sempre necessitando desse constante apoio de Deus, Janaína experimentava uma intimidade cada vez mais crescente com o Criador, sendo fortalecida para, até mesmo, resistir firmemente às tentações. Janaína e uma amiga decidiram participar da Missão Calebe*, viajando para uma pequena cidade do interior de seu estado. Quando entregavam folhetos e literatura nas casas, uma senhora pediu oração. As moças entraram na residência daquela mulher que abriu o coração, contando-lhes suas tristezas. Ao se ajoelharem para orar, Janaína pôde, mais uma vez, entender a grandiosidade dos conceitos que conhecia desde a infância. Era como se os anjos de Deus estivessem ao lado delas; era como se o próprio Deus as abraçasse enquanto intercediam pela mulher. Depois de muito empenho nesse seu novo ciclo de vida, Janaína, que preferiu se aventurar no cristianismo, acabava de se levantar de uma oração feita com uma pessoa que, até poucos minutos, lhe era desconhecida. Ao se levantarem, as três choravam, podendo sentir o consolo de Deus e o renovo de Suas promessas para a vida da senhora que abriu seu lar. Naquele momento, Janaína relembrou as palavras de seu avô e teve certeza de ter descoberto, como ele, que o segredo do cristianismo é o trabalho missionário.
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* Missão Calebe: Projeto evangelístico em os jovens, viajando para outras cidades, dedicam as férias ao serviço de Deus (www.calebe.org.br/2010).
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Denis Cruz
Escritor e autor do livro Além da Magia (CPB) deniscruz@deniscruz.com.br
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Ate os confins da Terra O brasileiro é o missionário do momento. Saiba por que ao conferir a experiência evangelística dos estudantes que visitaram a Europa, África, Ásia e duas tribos indígenas do Brasil
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No centro do mundo (São Tomé e Príncipe, África) Liderados pelo professor Aguinaldo Guimarães, nove estudantes de Teologia do Iaene trabalharam no evangelismo nas ilhas de São Tomé e Príncipe, ex-colônia portuguesa, com menos de 200 mil habitantes, que fica na costa ocidental africana, perto da Nigéria. O resultado da campanha foi surpreendente: em 16 dias de pregações, em dez pontos de reunião, 538 pessoas foram batizadas, ou seja, um terço da média anual de batismos da Igreja no país. Curiosamente, São Tomé e Príncipe são cortadas pela linha do Equador e pelo meridiano de Greenwich, o centro geográfico do planeta. Depois da África, o grupo ainda pregou em Portugal, Espanha, Itália, Bélgica e Alemanha. 22
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omos bem-vindos em qualquer parte do mundo por causa de nossa simpatia, facilidade de adaptação cultural e fama no futebol. Além disso, o missionário tupiniquim pode contribuir para a Igreja Adventista mundial compartilhando experiências e estratégias do adventismo brasileiro, que é referência internacional. Diante desse momento único, os olhos da Igreja e dos membros se abrem para as oportunidades evangelísticas além-mar, e para grupos específicos em nossa terra amada. A implantação do Serviço Voluntário Adventista (SVA) sul-americano e a organização de núcleos como o Núcleo de Missões e Crescimento de Igrejas (Unasp) têm fomentado um despertar missionário no Brasil. Nesse contexto, os internatos têm um papel fundamental em preparar e enviar estudantes voluntários para o Exterior. Por isso, nas próximas quatro páginas você confere alguns projetos em que participaram alunos do Unasp (São Paulo), Iaene (Bahia) e da Universidad Adventista del Plata (Argentina). Quer ser o próximo? Então leia.
Ilustração: Carlos Seribelli e Shutterstock
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Na terra do Tio Sam (Filadélfia, EUA) Dez alunos de Teologia do Iaene (Bahia) ficarão até novembro na cidade de Filadélfia, Pensilvânia (EUA). Eles trabalham com projetos comunitários, estudos bíblicos, oferecem aulas de inglês e de técnicas de venda para imigrantes. O objetivo é estabelecer uma nova igreja adventista na cidade, o que para a realidade do adventismo americano é extraordinário.
Na capital do antigo império (Itália) Ele trocou o Brasil pela Argentina. E não foi por acaso. Queria aprender outro idioma e cultura, requisitos importantes para os que desejam se aventurar no campo missionário. Daniel Deves (o primeiro à esquerda), 28, está no penúltimo ano de Teologia na Universidad Adventista del Plata. Ele aproveitou as férias de verão do início deste ano para realizar seu estágio de evangelismo público na Itália. Daniel e mais dez estudantes sulamericanos dedicaram quase três meses numa experiência missionária nas igrejas hispana e brasileira de Roma e Milão. Eles distribuíram folhetos, visitaram os membros e lideraram pequenos grupos. Na bagagem, trouxeram aprendizado profissional e crescimento espiritual.
Evangelismo tupiniquim (TO e MT, Brasil)
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Seguindo a ordem de Cristo 23 alunos de vários cursos do Unasp encararam a aventura de evangelizar os índios apinajés e paresis. O primeiro grupo, formado por 12 estudantes e liderado pelo professor Sérgio Festa, visitou a região conhecida como Bico de Papagaio, no norte de Tocantins. Para “quebrar o gelo” no início, eles se valeram de uma partida de futebol com os nativos. Logo no primeiro contato, o pajé apinajé pediu que os missionários construíssem uma igreja, pois Tintun (nome dado a Jesus por essa etnia) lhe havia revelado isso em sonho. Os estudantes prestaram serviços assistenciais à comunidade que em breve deve ter uma igreja adventista. O segundo grupo, formado por 11 estudantes e liderado pelo professor Glauber Araújo, atuou em Tangará da Serra, MT, com os índios paresis.
Fotos: Cortesia dos entrevistados
Ilustração: Carlos Seribelli e Shutterstock
A toda tribo Com exceção dos karajás, para os quais o adventismo foi apresentado há décadas e em cuja comunidade vivem 500 membros, há muito que se fazer pelo evangelismo das mais de duzentas etnias indígenas do Brasil. Por isso, a Igreja Adventista organizou o Ministério Nativo da Missão do Tocantins, cujo diretor é o pastor Matson Santana. Ele atende uma área de 1.600 quilômetros, que vai da divisa do Tocantins com o Pará até a cidade de Aruanã, GO. Um dos principais objetivos do ministério é envolver os nativos no trabalho. Nas férias de inverno deste ano, eles receberam um reforço de estudantes dos três campi do Unasp. out-dez 2010
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De frente com os espíritos (Guiné-Bissau, África) Em Guiné-Bissau, na costa oeste da África, oito estudantes de Teologia, liderados pelo professor Natanael Moraes, pregaram em pontos distintos da capital Bissau. Na agenda diária, visitas pela manhã, classes bíblicas à tarde e pregações na parte da noite. Equipados com notebooks, projetores de vídeo, geradores de energia, caixas de som e, principalmente, com o poder de Deus, eles levaram ao batismo 142 pessoas e conduziram mais 182 ao estudo da Bíblia. Lá, o evangelho triunfou sobre as crenças animistas e o preconceito dos muçulmanos, religiões predominantes no país.
Pacto quebrado A crença de que os espíritos dos antepassados mortos influenciam o destino dos vivos é muito forte. Manifestações espiritualistas são comuns, como a de vozes de falecidos evocadas pelos balobeiros (sacerdotes) debaixo das árvores. Ali também muitas crianças são dedicadas a Irã (Satanás para os cristãos) e pactos são selados com a divindade por meio de um amuleto que deve ser usado por toda vida. Irvim Bequenê, 25 anos, foi dedicado pelo avô a Irã, quando criança. Até ouvir as pregações bíblicas do missionário Antônio Carlos de Sousa Medeiro, carregou um pequeno chifre de bode. Nas Escrituras, descobriu a verdadeira liberdade em Cristo e venceu o medo de romper o pacto.
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Do animismo para Cristo O missionário Rodrigo Assi conheceu Mano Bernardo Uboqui, 17 anos. Incentivado por seu irmão Simão, um adventista, Mano assistiu toda a série de pregações e ficou impressionado com os temas sobre a morte, ressurreição e segunda vinda de Jesus. Ele aceitou ser batizado, mas hesitou ao enfrentar a oposição da mãe, uma animista. Sua mãe temia que nenhum de seus filhos pudesse oficiar a cerimônia de seu sepultamento e “encomendar sua alma”. Ela ameaçou colocar veneno na comida de Mano, caso ele se tornasse cristão. Rodrigo visitou o garoto e prometeu interceder por ele. Foi somente no dia 24 de julho, no grande batismo de encerramento, que Mano assumiu o risco de seguir a Cristo, emocionando a todos, especialmente Rodrigo. 24
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Desde o início da campanha, três irmãos adolescentes, Bama, Diniz e Quintino (os três primeiros ao lado do estudante Marcelo) frequentaram assiduamente às reuniões. Os garotos pesquisavam a Bíblia com interesse. Aceitarem o batismo foi algo que levou pouco tempo. Porém, dois dias após essa decisão, Quintino começou a se sentir mal, teve febre alta e fortes dores no ventre. Por falta de dinheiro, sua família não podia levá-lo de táxi até o hospital público (a “corrida” custaria o equivalente a um real). O estudante missionário que o visitava, Marcelo Mandarino, vendo que Quirino ia de mal a pior, decidiu carregá-lo nas costas por dois quilômetros até conseguir um táxi que o levasse ao hospital. Por intervenção de Sebastião, um enfermeiro adventista, Quintino foi atendido imediatamente. Diagnóstico: malária, febre tifóide e apendicite aguda. Ele foi operado e salvo. Segundo o médico, Quintino não aguentaria mais 24 horas sem socorro especializado. Marcelo custeou as despesas de transporte e medicação. Os irmãos Bama e Diniz, que já foram batizados, aguardam a recuperação e o batismo de Quintino.
Ilustração: Carlos Seribelli e Shutterstock
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Salvo duas vezes
Do outro lado do mundo (Malásia, Ásia) Depois de seis anos consecutivos evangelizando a África, neste ano, pela primeira vez, o programa de voluntariado do Unasp contemplou um país asiático: a Malásia. Com 28 milhões de habitantes e tendo o islamismo como religião oficial, a nação faz parte da chamada Janela 10/40, a área geográfica do planeta mais populosa e desafiadora para o cristianismo. Seis estudantes, liderados pelo professor Berndt Wolter, permaneceram na Malásia por 19 dias. A campanha foi realizada no Estado de Sabah, na cidade de Kota Kinabalu. No fim, 142 pessoas foram batizadas, incluindo ex-muçulmanos, e as igrejas locais foram reavivadas.
O evangelho sem fronteiras A campanha foi marcada por milagres. Como o de um casal muçulmano que passava por problemas conjugais e que foi ajudado por uma amiga adventista, que os encaminhou para sessões de aconselhamento e estudo da Bíblia. Ou como os seis empresários bem sucedidos e de grande influência na Igreja Católica que aceitaram ser batizados. Ou ainda a médica nascida em lar cristão, que foi forçada a seguir o hinduísmo por causa do seu casamento, e que depois de viúva foi impressionada por uma voz a se mudar para Kota Kinabalu, onde se deparou com um salão em cuja fachada havia uma faixa com a inscrição “Verdade para hoje, esperança para o amanhã”.
Pimenta e tradução
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Eduardo Teixeira (ao centro) foi um dos missionários. Ele conta que as adaptações foram inúmeras. Desde o sabor ora agridoce ora apimentado da comida (como abacaxi com pimenta) até sincronizar a pregação em inglês com a tradução para o malaio. Para ele, tudo foi compensado pela simpatia e fidelidade dos adventistas locais, que riram mais de uma vez das lágrimas que lhe rolaram no rosto por causa do sabor forte dos alimentos. Na Igreja Keliangau (leia-se Kalianau), onde pregou, nove pessoas foram batizadas, entre elas dois mulçumanos.
Felipe Tonasso, outro voluntário, usou um pouco do seu tempo livre para compartilhar com os leitores do seu blog um diário da aventura missionária em texto e vídeo (http://tonasso.blogspot.com). Ali, ele postou impressões pessoais, procurou descrever os bastidores espirituais da campanha, além de disponibilizar vídeos dos nativos cantando em português. Assim como o pastor Mark Finley, evangelista adventista de fama internacional, ele iniciava cada sermão tentando falar palavras em malaio, a fim de conquistar a confiança e simpatia do povo. Fotos: Cortesia dos entrevistados
Ilustração: Carlos Seribelli e Shutterstock
Música e aproximação
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Para saber +
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O que é Numci? Acesse www.numci.org O que é SVA? Acesse www.voluntariosadventistas.org
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Reportagem: Aline Ramos, Charlise Alves, Eduardo Teixeira, Felipe Lemos, Felipe Tonasso, Keidson Rodrigues, Natanael Moraes e Wendel Lima. out-dez 2010
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a Geraç ão Y ...
O “Y” da questão
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PARA A GERAÇÃO X
(1) Tenha paciência com os mais novos na empresa. Quando você começou, alguém também teve que ensiná-lo, lembra?; (2) A melhor forma de perder o medo de ser substituído é estar sempre atualizado. Portanto, faça cursos de qualificação. Não é vergonhoso reconhecer que precisa aprender algo novo. Aliás, essa atitude demonstra humildade e respeito com seu trabalho; (3) Ensinar também é uma ótima forma de aprender. Portanto, ensine; (4) Não se esqueça de que o jovem de hoje pode ser seu chefe de amanhã. Por isso, nada de exclusão. Trate-o bem; (5) As mudanças são necessárias e inevitáveis, você gostando ou não. Esteja preparado para elas. Cristiano Stefenoni
Jornalista, consultor de carreiras e autor do livro Profissional de Sucesso (CPB)
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(1) Respeite sempre seu chefe. Ele pode não saber tanto de tecnologia quanto você, mas sabe exatamente como demiti-lo se for preciso; (2) Procure respeitar também os funcionários mais antigos da empresa, demonstrando interesse, afinal, se você quiser ser um gestor algum dia, precisará do trabalho deles; (3) Use suas habilidades tecnológicas para ajudar a empresa e não para se promover; (4) Não seja autossuficiente. Peça orientação, pergunte, procure aprender, seja humilde e participativo; (5) Não se esqueça de que ninguém é promovido se não tiver experiência. Por isso, se a ideia é ter uma carreira de sucesso, amadureça primeiro antes de querer trocar de empresa ou de cargo.
Foto: Foto:Shutterstock Ilustração:
PARA A GERAÇÃO Y
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les têm entre 20 e 30 anos de idade, já nasceram em meio à tecnologia e, no geral, são criados por mães que trabalham fora. A Geração Y, como são conhecidos os nascidos a partir de 1978, ganha cada vez mais espaço no mercado de trabalho. A questão é: como evitar conflitos entre os jovens talentosos e os profissionais mais experientes, da Geração X (1964-1977) e baby-boomer (1946-1964)? Na verdade, o problema maior não está na diferença de idade, mas na maneira de pensar. Enquanto boa parte dos funcionários antigos tem resistência à mudança, os recém-chegados querem mudar tudo. Nessa queda de braço, deve vencer o equilíbrio. Recentemente, a redação do jornal em que trabalho passou por uma reformulação geral, em outras palavras, houve uma integração multimídia. Jornal impresso, rádio e internet agora são produzidos juntos, compartilhando conteúdo entre si. A mudança, claro, agradou a uns e incomodou a outros. Quem já estava habituado com a web e com os sistemas digitais, como é o caso da turma da “Geração Y”, teve mais facilidade para se adaptar ao novo modelo. Contudo, o grupo dos mais antigos na empresa só teve duas alternativas: entrar de cabeça na inovação ou pedir demissão. E foi isso que aconteceu. Parte aderiu, parte saiu. Por outro lado, a jovem equipe não tinha experiência na produção jornalística, principalmente, no cultivo de fontes, que demanda anos. Assim, tiveram de pedir ajuda para o pessoal mais experiente. O fato é que um precisa do outro. E essa revolução no mercado acontece em todas as organizações do país. Por isso, seguem algumas dicas:
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O marketing político transformou candidatos em produtos e consolidou o domínio da embalagem sobre o conteúdo ção e Marketing Político (Politicom) e professor da Umesp, os eleitores esperam confiar seu voto ao candidato que represente um benefício público, seja a construção de um hospital ou escola, o asfaltamento de uma rua, entre outros.2 A esperança do cidadão aumenta na proporção do poder da imagem do seu candidato. Essa relação quase comercial e de consumo entre candidatos e eleitores pode parecer estranha, quase industrializada, para muita gente, porém, é a realidade do cenário político do país. O marketing em si não é bom nem mal. O problema é utilizá-lo para transformar candidatos em super-homens, quando sabemos que a solução dos problemas não ocorre num passe de mágica. Existem até movimentos querendo punir partidos e políticos por realizarem propaganda enganosa. Contudo, o mais importante é saber quem é de fato seu candidato e se ele tem condições de honrar os compromissos assumidos durante a campanha. Como disse Sócrates, a maneira mais fácil e segura de viver honradamente, consiste em ser, na realidade, o que se parece ser. Eis aí uma boa dica para os eleitos em 2010. Notas 1 MATTIELLO, Camila Murari e RIBEIRO, Maria de Fátima dos Santos, “A importância do marketing político e eleitoral no processo decisório do voto” em revista Memória.Com, p. 2 (www.fae.br). 2 Adolpho Queiroz, em entrevista por e-mail.
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Martin Kuhn
Coordenador dos cursos de graduação e pós-graduação em Comunicação Social do Unasp. É formado em Teologia, Publicidade e Propaganda e doutorando em Comunicação Social na Umesp. martin.kuhn@unasp.edu.br
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cada quatro anos, o Brasil é agitado pelas eleições presidenciais. Mesmo sem estar engajado com alguma ideologia ou pessoa, somos envolvidos na escolha dos futuros líderes pelo voto obrigatório. Talvez, a obrigatoriedade seja o único motivo pelo qual muita gente vai às urnas. No entanto, o desinteresse pelo processo eleitoral leva o brasileiro a outra obrigatoriedade: ser governado pelos que gostam de política. Eleger um candidato não é tarefa fácil, seja ele um nobre idealista ou um oportunista. Contudo, profissionais especializados se valem das estratégias do marketing político para eleger a quem lhes pagar bem. Essa área do conhecimento é definida como “a arte de informar e comunicar o eleitor; orientar e direcionar as ideias do partido, candidato e governo, em função das necessidades que se detectam; é definir o seu público e satisfazê-lo; é potenciar relações duradouras com os eleitores”.1 Essa ferramenta, hoje, é indispensável para um comitê de campanha, a ponto de o responsável pelo marketing ser definido antes das alianças partidárias e da escolha do candidato que representará o partido. O marketing trata o candidato como um produto que precisa ser vendido ao eleitor, por isso, como todo produto, o político apresenta características tangíveis (sua cor, idade, ideologia, origem, etc.) e intangíveis (o sonho que alimenta no eleitorado, sua história de vida, sua simpatia, reputação, etc.). Por isso, muitos candidatos têm seu perfil alterado ou ajustado às expectativas do eleitor ao longo de uma campanha. O presidente Lula foi um exemplo clássico disso. Após perder as eleições para Fernando Collor e Fernando Henrique Cardoso, muitas coisas foram trabalhadas no candidato-produto: seus ternos e dentes, o corte do cabelo e da barba, o tom de voz (aspectos tangíveis); e também seus discursos sobre dívida externa, privatizações, controle da economia, sua postura radical e relacionamentos com sindicatos e movimentos sociais como o MST (aspectos intangíveis). Para o professor Adolpho Queiroz, presidente da Sociedade Brasileira dos Pesquisadores e Profissionais de Comunica-
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Autoestima
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esus disse: “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22:39). Esse verso apresenta o amor próprio como parâmetro do que se deve oferer ao outro. Por isso, autoestima saudável não pode ser confundida com egoísmo. Enquanto a primeira leva você a se aceitar em qualquer situação, o egoísmo exige que você seja considerado o número um para se sentir bem. Muitos não se amam e estão tentando amar aos outros. Pior é quando alguém condiciona seu valor à outra pessoa. Uma menina me disse certa vez: “Pastor, sem meu namorado eu não sou ninguém.” Esse é um erro, pois não há relacionamento saudável sem autoaceitação e autoapreciação. O inimigo de Deus se aproveita de alguns momentos ou fases da vida, especialmente na adolescência e juventude, para nos oprimir com o sentimento de inferioridade. Se você se sente assim, atente para o conselho: a beleza está em ser o que você é. Durante as crises da juventude, me lembrava de uma frase de minha mãe: “Filho, Deus tem um plano para sua vida.” Quando me sentia inferior, com a autoaceitação em baixa, essa frase se mostrava ainda mais poderosa. A questão sobre autoestima precisa ser resolvida o quanto antes, caso contrário, trará muitos problemas para seu futuro. Tem gente que está casada e sofre pela falta de autoaceitação. Às vezes, a esposa é muito ciumenta e o problema não é a hora em que o marido chega, mas sua incerteza de o ter conquistado. Uma jovem que se veste de forma indecente, revela falta de amor próprio, porque diz, numa linguagem muda: “Olhem para mim, eu não me amo. Por favor, olhem para mim!” Quem se ama, protege a si mesmo. Da mesma forma, quem não se ama, tende a fazer escolhas masoquistas e suicidas. O problema da aceitação também está relacionado aos padrões de beleza, sucesso e riqueza estabelecidos pela sociedade. Tem gente que não se aceita por achar que não é bonito, rico ou inteligente e vive se sentindo o patinho 28
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feio. Outros, por sua vez, fundamentam seu valor no terreno movediço da riqueza, beleza ou popularidade. Satanás procura limitar a felicidade humana ao reduzi-la
a padrões questionáveis. Porém, Deus valoriza a diversidade. O que seria do mundo sem as tonalidades das cores? Sem as distintas espécies de animais? Diante de tudo isso, você precisa tomar uma decisão. Você pode se aceitar com suas limitações e entender que tem dons que precisam ser empregados para o Mestre ou se deixar esmagar pela pressão que a sociedade coloca sobre você. Descubra o que Deus quer de você, pois Ele tem um plano para sua vida! Areli Barbosa
Líder dos jovens adventistas sul-americanos areli.barbosa@adventistas.org.br
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esde 2005, a série de livros As Crônicas de Nárnia, do escritor cristão C. S. Lewis, estão se transformando em filmes, com previsão de um terceiro para dezembro deste ano. Na história, quatro crianças entram em um velho guardaroupa e vão parar no mundo encantado de Nárnia. Lá, conhecem diversos animais falantes, inclusive o leão Aslam, rei de Nárnia. Segundo o próprio Lewis, a história é uma alegoria da batalha entre o bem e o mal, em que Aslam representa Jesus. Em um dos pontos altos da história, o Sr. Castor, um dos moradores de Nárnia, descreve o poder e majestade de Aslam. Lúcia, uma das crianças, antes de conhecer pessoalmente o leão, pergunta: “Mas ele não é inofensivo?” O Sr. Castor se surpreende: “Quem foi que disse que ele é inofensivo? Claro que não é. Ele não é um leão domesticado. Mas acontece que é bom. Ele é rei, disse e repito.” Gostamos de meditar sobre o amor e a misericórdia de Deus e, sem dúvida, esse é o centro da mensagem bíblica. Mas, assim como Lúcia, às vezes não entendemos como Aquele que disse: “Venham a Mim, todos que estão cansados e sobrecarregados” (Mt 11:28, NVI) poderá dizer: “Nunca os conheci. Afastem-se de Mim vocês, que praticam o mal!” (Mt 7:23, NVI). Geralmente, não gostamos de falar sobre a justiça de Deus e Sua aversão ao pecado (aquilo que a Bíblia chama de “ira”). Mas, assim como eu, imagino que você tem amigos não cristãos que já lhe questionaram sobre esse assunto. Às vezes, nós mesmos não conseguimos ver um Deus de amor em algumas histórias bíblicas. Sugiro algumas ideias que podem nos ajudar a entender melhor o caráter de Deus: (1) Deus sente toda a maldade praticada. Ouvimos falar sobre apenas uma pequena parcela de crimes praticados por pessoas que sequer conhecemos, mas queremos que justiça seja feita. Imagine como Deus Se sente ao conhecer todo o mal que já foi, é e será praticado no mundo inteiro. Geralmente, pensamos em como nós sofremos, mas nos esquecemos de que é Deus quem mais sofre (Is 63:9). Quando Deus eliminar para sempre o mal, esse será o momento de maior sofrimento para Ele. Deus sentirá saudade eterna daqueles que se perderem. 30
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(2) Deus faz o possível para salvar Seus filhos. Deus promete que, um dia, eliminará do Universo todo mal. Porém, isso será uma “obra muito estranha” e uma “tarefa misteriosa” (Is 28:21, NVI), porque Deus não tem “prazer na morte dos ímpios” (Ez 33:11, NVI). Ele fez o possível para evitar esse momento; entregou a vida em lugar de Seus filhos. Mesmo o Todopoderoso não poderia fazer mais nada. Mas alguns, durante a vida inteira rejeitam, de forma persistente e voluntária. Desprezam a todos os convites de amor enviados por Deus. (3) O amor de Deus inclui até mesmo os ímpios. Porém, se “Deus é amor” (1Jo 4:8, 16), não devemos concluir que Ele sempre será amor? Confira a resposta: A pessoa que se perder “não poderia se sentir feliz na presença de Deus”. “O Céu seria para [ela] um lugar de tristeza e suplício; procuraria se esconder dAquele que ali é Luz e centro de todas as alegrias” (Ellen G. White, Caminho a Cristo, pags. 17, 18). Por isso, o fim da batalha entre o bem e o mal será um ato de misericórdia de Deus mesmo para com aqueles que rejeitaram Sua graça (Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 543). Para nós, frágeis criaturas, é confortador saber que Jesus é um Rei poderoso e Amigo leal. Como Rei, Ele governa o Universo de forma sábia e um dia destruirá o mal que tanto nos aflige. Como Amigo, está ao nosso lado para nos proteger e cuidar com infinito amor. O “Leão de Judá” é forte para nos defender, mas não é um leão domesticado. Matheus Cardoso
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Leão não domesticado
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