Conexão 2.0 - A erva proibida

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MISSÃO TRANSCULTURAL: os brasileiros que escolheram esse roteiro e destino

a eRVa PROIBIda A maconha e as demais drogas legais e ilegais não são inofensivas. Sobre isso a ciência alerta, mas o que previne o consumo é a religião. Saiba por quê

ENTENDA A IRA DE DEUS

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IMAGINE SE NÃO HOUVESSE CELEBRIDADES

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Jan-Mar 2014 – Ano 7 no 29

Exemplar: 6,98 – Assinatura: 22,20

EntEnDa. ExPEriMEntE. MuDE

________ Designer ________ Editor ________ Ger. Didáticos

LIÇÃO DE VIDA: O BILIONÁRIO DA COCADA

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Da redação

MEnu

Editor Wendel Lima

deCISÃO CONSCIeNTe

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William de Moraes

COM O ARGUMENTO de que o uso de psicotrópicos é milenar, universal, tolerado e incentivado em diversas culturas e até esperado no processo de experimentação que envolve a construção da identidade na adolescência, formadores de opinião têm defendido uma cultura mais liberal em relação às drogas. Reforça esse coro a suposta defesa das liberdades individuais – ainda que as drogas estejam estatisticamente relacionadas à perda da liberdade de escolha – e a ideia de que o problema não está no consumo de psicotrópicos, mas na relação de abuso e dependência que o usuário estabelece com eles. Nessa linha também, muitos argumentam que o álcool, uma droga legal, mata muito mais do que a maconha, por exemplo; e que a legalização da erva para fins medicinais e “recreativos” diminuiria o consumo e levaria o tráfico à falência. Toda essa retórica parece dar um recado no mínimo perigoso: experimentar faz parte da vida, o que não pode é abusar e se viciar. Infelizmente, esse discurso é de quem se contenta com a pior opção e abre mão de buscar a melhor. É como se o consumo de drogas fosse inevitável. Afinal, cada vez mais pessoas usam psicotrópicos para trabalhar, estudar, emagrecer, “bombar”, flertar, transar, relaxar, curtir e sorrir. Contentar-se com essa lógica é não admitir que existe algo de muito errado no modo pelo qual encaramos a vida ou fugimos dela. É se esquivar do fato de que não existe consumo seguro de substâncias que alteram (às vezes para sempre) o centro de comando da vida – o cérebro. É brincar com o risco de considerar que a legalidade torna uma droga inofensiva. Por isso, a Conexão 2.0 defende o caminho alternativo e mais seguro: a total abstinência. E não fazemos isso, primariamente, porque existem centenas de estudos mostrando o papel preventivo da religião no consumo de drogas e inúmeras pesquisas sobre a relação positiva entre saúde e fé. Temos essa posição porque a religião bíblica propõe, há milênios, o cuidado com o corpo e o domínio da mente. E essa crença protege aquilo que temos de mais precioso e que o uso de drogas afeta em maior ou menor grau: a consciência. Pense nisso!

5 ConECtaDo

A OPINIÃO DE QUEM SEGUE E CURTE A REVISTA

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gloBosFEra

FACEBOOK, TRIBOS MUSICAIS, VÍDEO CRIACIONISTA E DICAS DE LEITURA

EGIP ALG DO Ê

10 EntEnDa

A CARACTERÍSTICA MENOS POPULAR E MAIS TEMIDA DE DEUS

22 PErguntas

GENÉTICA, MULHERES, HOMOSSEXUALIDADE E EXISTÊNCIA DE DEUS

30 aPrEnDa

A NÃO CAIR NA REDE

18 rEPortagEM

CONHEÇA QUEM ESCOLHEU A MISSÃO TRANSCULTURAL COMO ROTEIRO E DESTINO

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GUE

SICAIS, DICAS

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O MUNDO SEM ÍDOLOS COMO NEYMAR E LADY GAGA

8 ao Ponto

EGIPTÓLOGO FALA SOBRE ALGUMAS DAS EVIDÊNCIAS DO ÊXODO BÍBLICO

Revista trimestral – ISSN 2238-7900 Janeiro-Março 2014 Ano 7, no 29

NOS DA

Ilustração da capa: Rogério Chimello

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Casa PuBliCaDora BrasilEira

Editora dos Adventistas do Sétimo Dia Rodovia Estadual SP 127 – km 106 Caixa Postal 34 – 18270-970 – Tatuí, SP Fone (15) 3205-8800 – Fax (15) 3205-8900 Site: www.cpb.com.br / E-mail: sac@cpb.com.br Serviço de Atendimento ao Cliente Ligue Grátis: 0800 9790606 Segunda a quinta, das 8h às 20h30 Sexta, das 7h30 às 15h45 Domingo,das 8h30 às 14h

LHEU URAL INO

Editor: Wendel Lima Editor Associado: Eduardo Rueda Projeto Gráfico: Marcos Santos e Éfeso Granieri Designer Gráfico: Marcos Santos

CaPa

A FÉ COMO FATOR DE PREVENÇÃO DO CONSUMO E DEPENDÊNCIA DAS DROGAS

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ELA FOI ESTUDAR INGLÊS NO LÍBANO, MAS APRENDEU LIÇÕES PARA TODA A VIDA

Gerente de Produção: Reisner Martins Gerente de Vendas: João Vicente Pereyra Chefe de Arte: Marcelo de Souza Chefe de Expedição: Eduardo G. da Luz Colaboradores: Edgard Leonel Luz, Orlando Mário Ritter, Ivan Góes, Antônio Marcos Alves, Marco Antonio Leal Góes, Enildo do Nascimento, Almir Augusto de Oliveira, Douglas Jeferson Menslin, Areli Barbosa, Aquino Bastos, Elmar Borges, Nelson Milanelli, Ivay Araújo, Ronaldo Arco, Donato Azevedo Filho e Carlos Campitelli Assinatura: R$ 22,20 Avulso: R$ 6,98 www.conexao20.com.br Tiragem: 30.000

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lição DE ViDa

O EMPRESÁRIO DE 92 ANOS QUE JÁ AJUDOU 200 MIL ALUNOS A ESTUDAR

________ Designer ________ Editor

9114/29348 Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio, sem prévia autorização escrita do autor e da Editora.

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Diretor Geral: José Carlos de Lima Diretor Financeiro: Edson Erthal de Medeiros Redator-Chefe: Rubens S. Lessa

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Gestão de Carreira

Sonhe Alto

Cristiano Stefenoni

Ben Carson e Cecil Murphey

Este livro destina-se a quem está inserido no mercado de trabalho e busca a excelência rumo ao sucesso, dentro da orientação da Bíblia. Se você tem dificuldade em transformar seus sonhos em realidade, esta obra possui as ferramentas que o auxiliarão a pôr seus projetos em prática.

Conheça a receita pessoal de Ben Carson para vencer obstáculos “intransponíveis” e obter êxito na vida. Sem fórmulas mágicas e apresentando princípios inspiradores de sucesso real, Sonhe Alto é indispensável para quem deseja ser um vencedor.

Confiança Máxima

Clinton A. Valley

Neste livro, o autor sintetiza as qualidades das pessoas a quem Deus chamou para trabalhar com Ele nos tempos bíblicos. Essas pessoas se tornaram modelos de comprometimento e sucesso espiritual. Este livro mostra também que você pode ser uma mulher ou um homem de Deus.

Este livro mostra como fazer mudanças positivas, enfrentar conflitos, lidar com as críticas e planejar a fim de manter a relevância e progredir. Em cada página você encontrará informações preciosas, e se sentirá cada vez mais confiante de que o Deus que o chamou para liderar o qualificará, guiará e sustentará.

Para adquirir, ligue 0800-9790606*, acesse www.cpb.com.br, ou dirija-se a uma das livrarias da CPB ou SELS. 4 | jan-de mar 2014 *Horários atendimento: Segunda a quinta, das 8h às 20h / Sexta, das 8h às 15h45 / Domingo, das 8h30 às 14h.

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Socorro! Estão me Seguindo

João Vicente Pereyra

Douglas Assunção / Imagem: Fotolia

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Informação Conectado & Opinião Globosfera

Texto Wendel Lima

Ao ponto Entenda

conexao20@cpb.com.br

Sempre que os alunos recebem a revista é um desafio escolher apenas uma ou duas matérias para trabalhar em sala de aula. Quando recebemos a tarefa de fazer algo especial sobre sustentabilidade para a mostra cultural do Colégio Adventista de Tatuí (SP) logo nos lembramos da edição 24, que sugeria uma cidade na qual a Bíblia era o manual de sustentabilidade. Nossa turma do 3º ano do Ensino Médio se dedicou muito e criou uma cidade em dois dias, nossa Sustentópolis. Foi fantástico! roberta Engel

Desabafos, sugestões, interação e dúvidas para a seção Perguntas? É aqui mesmo!

facebook.com/conexao20

Saiba o que vai ser publicado, opine sobre os conteúdos que já saíram e compartilhe com os amigos que não têm a revista.

No novo site da revista você tem acesso ao complemento das matérias, vídeos, podcasts e tirinhas de ministérios parceiros, além das colunas de um time de especialistas que falam sobre comportamento, ciência e religião.

Enildo do nascimento: Parabéns mais uma vez a esta revista! Como gestor da rede escolar adventista no Nordeste, fico feliz com esse conteúdo e linguagem, ideais para se chegar aos olhos e coração dos mais de 70% de alunos da rede que fazem parte de diversas denominações religiosas. Pedagogicamente falando, se queremos ensinar a todos, usemos sempre a linguagem de todos, pois assim também falaremos aos nossos. Claro que tudo isso sem perder o conteúdo e a mensagem (sobre o texto “Jesus versus Sua doutrina – parte 3”). athos Menezes: Queria saber a necessidade de se falar tanto em música erudita e deixar de lado os ritmos nacionais. Isso é fruto de uma ditadura das décadas de 70 e 80, em que escutar ritmo popular era ser comunista. Gente, por favor, música erudita é legal, mas não é o único estilo de música (sobre o texto “Imagine se a música clássica se tornasse pop”).

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sâmara lucci: Sensacional! Enquanto estava lendo o segundo parágrafo, já estava ouvindo música clássica (sobre o texto “Imagine se a música clássica se tornasse pop”). Vanessa raquel Meira: Lutero viralizou a Reforma. Ele inaugurou o “curtir e compartilhar” espalhando folhetos (sobre o podcast “Que mané Halloween”).

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Sobre a última edição, o revolucionário Cristo

Sobre o veto ao fórum das origens na Unicamp

Marcela de abreu: Amei essa edição!!! Mais apropriada, impossível!!!

Marcelle Paes Barreto: Hoje, quem discorda de Darwin é queimado na fogueira.

Wirlem oliveira: a revista deste trimestre está boa demais. Devorei a minha assim que chegou! Sou assinante há 4 anos e não vejo a hora de ela se tornar mensal. Parabéns por produzirem um material tão relevante para a juventude cristã atual! renato Fernandes: Essa revista está vindo cada vez melhor, com artigos super atuais e que preenchem o intelecto e o espírito do jovem cristão. Gostei muito. Vou renovar minha assinatura para o próximo ano. Paola neves: A minha chegou faz um tempinho e já li inteirinha. Realmente já precisava de outra edição! rs... A matéria de capa foi a minha preferida, muito bem escrita e relevante para os jovens e para o mundo de hoje. Continuem sempre assim! luiz guilherme Marvilla: Conteúdo bom com ótima apresentação!

Milton Monteiro: Infelizmente, é o fim mesmo: a religião da ciência se fortalecendo cada vez mais (em muitos casos) com a teoria da evolução e o ateísmo fundamentalista. thiago rodrigues: Cara, impressionante como que uma universidade proíbe professores e pesquisadores de debaterem um tema? Todos os dias recebemos uma enxurrada de informações na universidade. Cabe aos ouvintes decidir o que querem pesquisar mais a fundo ou não. Agora, simplesmente cancelar uma palestra porque alguns professores não queriam que fosse realizada?

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________ Designer

Douglas Assunção / Imagem: Fotolia

twitter.com/conexao_20 @gioeugenia: Mais uma edição com visual atrativo, matérias inteligentes e criativas. Resultado: Jovens cristãos alimentados espiritual e mentalmente. @glaucoCorreia: #GameOver, matéria de impacto da @conexao_20 sobre suicídio. Ela me fez pensar que mais do que nunca precisamos levar #Esperança para o mundo. © Michael Brown | Fotolia

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@Pahim: Enfrentar a vida é muito melhor que chegar ao #GameOver.

________ Editor

@gleidysangel: A capa da @conexao_20 me impactou logo de cara. Conteúdo dinâmico e moderno. Essa é realmente a revista do jovem que pensa!

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Texto Wendel Lima

BOA © Fotolia e Divulgação

CoMPanhia

eLe VoltarÁ?

Quase metade dos norte-americanos (47%) acredita que Cristo vai retornar à Terra até 2050. Dos entrevistados, 28% acham que dificilmente Ele voltará nos próximos 40 anos; 10% têm certeza que isso não ocorrerá e 14% não sabem dizer. A crença no breve retorno de Cristo varia conforme o grupo religioso: os pentecostais são os mais confiantes (58%), seguidos pelos católicos (32%), protestantes históricos (27%) e os sem-igreja (20%). Ainda segundo a pesquisa de 2010 do Pew Research Center, os mais convictos têm menor grau de instrução e moram no Sul dos Estados Unidos. Há 150 anos, a igreja adventista do sétimo Dia tem na volta de Jesus sua principal mensagem. Seus quase 18 milhões de adeptos não sabem quando Cristo irá retornar (Mt 24:36), mas se preparam diariamente para encontrá-Lo (Mt 24:42). E você? Fonte: Pew Research Center Survey (2010)

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Imagem: © Okalinechenko | Fotolia

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LAVAGEM

CeReBRaL

É isso mesmo. Enquanto você dorme, seu cérebro elimina toxinas. O lixo metabólico que é acumulado ao longo do dia é varrido com mais facilidade pelo líquido que permeia o cérebro quando os neurônios estão “descansando”. A descoberta foi feita no laboratório de cientistas da Universidade de Rochester (EUA) e publicada na revista Science. Os pesquisadores usaram uma técnica sofisticada de microscopia a laser para observar tecidos de camundongos. Uma das proteínas eliminadas na hora da limpeza foi a beta-amiloide, substância ligada ao mal de Alzheimer quando acumulada demais. Até aqui se sabia da importância do sono para a fixação da aprendizagem e a redução do estresse, mas agora temos evidências de que dormir é vital. Por isso, aproveitar a vida é também sinônimo de dormir bem.

Fonte: Folha.com

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Imagem: © Aeroking | Fotolia

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Esses livros acabaram de sair do forno e prometem mexer com o público jovem em 2014. a lógica da Fé reuniu grandes eruditos adventistas para responder 20 questões básicas sobre o cristianismo, como a confiabilidade da Bíblia, a possibilidade dos milagres, a existência do mal, a natureza da morte e o significado do sábado. Como um contraponto inteligente ao ceticismo e desconfiança de hoje, o livro mostra que a fé cristã não está baseada em achismos.

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O p tr M e d m p n a s r m c e e c

A compreensão dessa nova lógica proposta pelo cristianismo é o tema do livro universo Paralelo. Na obra, um casal jovem e talentoso de médicos conta como descobriu o real sentido da vida e o verdadeiro amor. Daniela Kanno e Luiz Fernando Sella trocaram a fama e o sucesso de uma carreira promissora para servir na área da saúde preventiva. Uma história que comprova a ação de Deus na vida de quem decidiu deixar a miopia espiritual para enxergar o futuro com os olhos da fé.

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Digitais Do CriaDor A Bíblia diz que a beleza e complexidade da natureza apontam para a existência do seu Criador. Inúmeros cientistas também têm enxergado planejamento em tudo o que nos cerca. Esse espanto do homem diante da grandiosidade do Universo é a linguagem utilizada no curta A Criação: A Terra é Testemunha (videos.adventistas.org). A produção de 27 minutos tem uma ideia simples, mas de impacto. A narração do texto de gênesis é acompanhada de imagens da natureza de tirar o fôlego e de uma orquestração profissional. O vídeo faz parte de um projeto mais amplo da sede mundial da Igreja Adventista que conta com websérie (daretobelieve.com) e um livro gratuito (Beyond imagination) sobre as origens. A produção já foi vista por 70 mil pessoas em nove países.

EFEito ORKUT?

Os jovens estão deixando o Facebook ou, no mínimo, perdendo a empolgação com ele. Os números já mostravam esse fenômeno, tão comum nas redes sociais. Mas, agora, finalmente o declínio foi admitido pela empresa de Zuckemberg. A explicação estaria na teoria do papel social. Como cada um de nós exerce determinada função num contexto, fica difícil exercer dois papéis num ambiente compartilhado pela maioria dos nossos contatos (o FB tem 1,1 bilhão de usuários!). Os adolescentes, por exemplo, não se sentem à vontade de se expor numa plataforma em que os pais, os professores e até o cachorro estão espiando suas postagens. O mesmo acontece com os adultos no LinkedIn, rede social para profissionais, em que pega mal postar piadas e fotos pessoais. Resultado: em nome da privacidade e seletividade, os usuários têm optado por aplicativos como WhatsApp e Snapchat, e o já popular Instagram. Fonte: G1.com e Folha.com

Imagem: © Maksim Kabakou | Fotolia

Diga-ME o QuE EsCutas... ... e eu direi quem tu és. Esse é um dos insights que se pode ter ao olhar a pesquisa Tribos Musicais, realizada pelo Ibope Media. O estudo verificou o que a segmentação dos ouvintes de rádio por estilo musical mostra sobre o gênero, idade, classe social e hábitos de consumo desses grupos. O ritmo mais popular é o sertanejo (58%). A música gospel aparece em 7º lugar (29%) e o jazz/blues, em último, com 9%. Das 100 músicas mais tocadas nas rádios em 2013, 63% falavam sobre amor, 45% sobre sexo e 28% sobre festas e consumo. A pesquisa mostrou que a escolha do estilo tem a ver com a classe social: a elite tende a ouvir rock e MPB, a classe C gosta de sertanejo e pagode, e os mais pobres escutam funk e gospel. Os roqueiros são os mais informados, os funkeiros os mais consumistas e os religiosos os mais conservadores. Para 54% dos que escutam gospel, por exemplo, é mais importante cumprir o próprio dever do que aproveitar a vida. Foram entrevistadas 20 mil pessoas das principais capitais.

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Fonte: Ibope Media

Imagem: © Jaroslav Machacek | Fotolia jan-mar

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Ao ponto

Texto Luiz Gustavo Assis Ilustração Rogério Chimello

Saída em maSSa

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A LIGAÇÃO DE James K. Hoffmeier com as civilizações antigas vem de berço. Nascido e criado no Egito até os 16 anos, a terra dos faraós é tema de alguns de seus livros e destino de suas escavações. Ph.D pela University of Toronto, o Dr. Hoffmeier é professor de Arqueologia e Antigo Testamento na Trinity International University (EUA). Quando o assunto é a Bíblia, ele é um dos especialistas consultados por canais como Discovery, History e National Geographic. Recentemente, Hoffmeier gravou entrevistas sobre a série The Bible, produção que é sucesso nos Estados Unidos e que estreou em outubro no Brasil. Abaixo, ele apresenta algumas evidências da saída em massa dos hebreus do Egito.

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Qual é a relação entre arqueologia e a Bíblia? A função mais importante da arqueologia em relação à Bíblia é apresentar o cenário histórico das Escrituras. Já que estamos tão distantes geográfica e cronologicamente dos eventos narrados na Bíblia, nós realmente precisamos da arqueologia para ajudar o leitor a entrar no mundo das Escrituras. Por causa disso, a arqueologia é fundamental para a interpretação do Livro Sagrado. na sua opinião como egiptólogo, que tipo de evidências sugerem uma imigração israelita em massa do Egito, como descrita em êxodo 12 a 14? Escrevi dois livros sobre esse assunto [Israel in Egypt: Evidence for the Authenticity of the Exodus Tradition (Oxford, 1997), e Ancient Israel in Sinai: The Evidence for the 8 |

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Authenticity of the Wilderness Tradition (Oxford, 2011)]. É fascinante poder relacionar a geografia do Êxodo e as cidades construídas para faraó [Pitom e Ramessés (Êx 1:11)] com a egiptologia. É preciso destacar que muitos dos nomes dos israelitas daquela geração do êxodo são de origem egípcia, o que torna difícil negar que os hebreus peregrinaram pelo Egito naquela época. sua mais recente pesquisa tem a ver com o monoteísmo do faraó akhenaten. Como isso pode nos ajudar na compreensão da história egípcia e bíblica? Muitos acadêmicos céticos afirmam que o monoteísmo, a crença em um só Deus, surgiu em Israel após o 6º século a.C., quando os hebreus voltaram do exílio da Babilônia. Mas eu não estou

sozinho quando afirmo que Akhenaten era monoteísta. De acordo com a minha cronologia da história de Moisés, ele deve ter nascido entre 10 ou 20 anos após a morte de Akhenaten, o que torna difícil uma conexão entre essas duas figuras históricas. No entanto, já que Akhenaten foi um faraó monoteísta por volta de 1353 a 1336 a.C., não existe razão para acreditar que Moisés não poderia ter sido o líder de uma fé num único Deus, no século seguinte. Por que o senhor leva a Bíblia a sério, como pesquisador e cristão? Acredito que a mensagem das Escrituras – de que Yahweh é o Deus que salvou Seu povo no Antigo Testamento e de que Jesus Cristo é o grande ato salvífico de Deus – requer que a Bíblia seja fixada na História. Após 40 anos estudando a Bí-

blia e a arqueologia de forma acadêmica, essa convicção foi confirmada. Como resultado, minha fé é cada vez mais fortalecida, e não fragilizada diante das críticas dos céticos. E como você dialoga com seus colegas acadêmicos que são céticos? Tenho tentado ser amigável com os acadêmicos que rejeitam minha posição em relação à Bíblia. Lembro-me de um cético muito conhecido que publicou severas críticas contra mim em várias ocasiões. Minha reação? Decidi ser bondoso com ele. Quando visitei seu país, consegui marcar um almoço com ele, para conhecê-lo melhor como pessoa. Dessa maneira, tento amar aqueles que são difíceis de amar e creio que é por causa disso que Deus está abrindo muitas oportunidades para testemunhar.

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Mariane Baroni e Enio Scheffel / Imagem: William de Moraes

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Entenda

Texto Wendel Lima Ilustração Rogério Chimello

D o e d d s r s

a ira De Deus O que é a ira?

Por que ele fica irado?

É a reação de Deus ao efeito destruidor do pecado.

Por causa do pecado, em todas as suas formas.

Se Ele não Se irasse, seria injusto consigo (porque é santo) e com o pecador (porque ele merece).

O pecado sempre será a quebra de uma lei (1Jo 3:14).

A ira de Deus é previsível, coerente e constante. Deus não muda (Ml 3:6).

Quem ele é? Deus não Se preocupou em descrever Seu físico, mas não poupou explicações sobre Seu caráter. Sua ira só é corretamente compreendida à luz de Suas outras virtudes, como... Justiça. Ele é coerente com as leis universais que criou (Sl 119:137).

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santidade. Ele é único, singular e isento de mal (Is 57:15; Hc 1:12, 13). Tem aversão ao pecado.

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É diferente da ira dos homens, que é impulsiva, imparcial e vingativa (Pv 29:8). E dos temperamentais deuses pagãos, cuja ira era saciada apenas com penitências (1Rs 18:24-29).

Dos mandamentos registrados na Bíblia e conhecidos por Seu povo: pecados religiosos como a idolatria (Dt 29:24-28). Ou da lei universal que Deus escreveu na consciência humana (Rm 2:14-16): as ofensas morais como a crueldade (Am 1:3-2:3).

A demonstração da ira de Deus nos dá três recados: Ele é justo; precisamos corrigir nossa vida; e o mal não vale a pena.

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amor. Seu amor não é impulsivo e instável, mas uma escolha racional, movida por um princípio. Por isso, Ele ama até Seus inimigos.

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graça. É o favor de Deus pelo pecador. Não é baseada no que ele merece, mas no que precisa (Ef 2:7-9). É o poder que perdoa e liberta (Rm 1:16).

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tolerância. É a lentidão de Deus para derramar Sua ira. Ele demonstrou isso pelos israelitas (Nm 14:18) e pelos que morreram no Dilúvio (1Pe 3:20). Faz o mesmo hoje, enquanto Jesus não retorna à Terra (2Pe 3:9). JAN-MAR

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Misericórdia. Ele tem compaixão pela humanidade miserável (Mc 1:40, 41). Por isso, aceitou um substituto para o homem e morreu como tal.

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De LoNGe, a iRa é a qualidade menos popular de Deus. para alguns, só de ouvir sobre ela sentem um frio na espinha, imaginando que o policial Cósmico está vigiando seus passos. para outras pessoas, a ira não combina com o amor de Deus, seu atributo mais enfatizado em livros, sermões e mensagens virais de hoje. os que pensam assim, encaram a Deus mais como um avô permissivo do que um pai amoroso. o fato é que a ira de Deus é um dos temas mais repetidos na Bíblia, no antigo e Novo testamentos. e entender isso diz muito sobre quem ele é, nós somos e como podemos nos reconectar.

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Como ele mostra a ira? O Todo-poderoso têm todos os recursos disponíveis para expressar Sua ira. E Ele faz de tudo para alertar a humanidade. abandono. É quando Deus deixa o homem colher os frutos de sua rebeldia. O resultado sempre é trágico (Rm 1:24-32). anjos. Os bons quando são portadores de juízos (At 12:20-23) e pragas (Ap 15:1; 16:1-21); e os maus quando, por livre escolha do homem, dominam e destroem a vida do indivíduo.

Como sobreviver a ela? Por ser racional, a ira de Deus pode ser desviada, desde que haja um substituto para pagar a dívida.

homens. Os que o temem, como líderes (Nm 25:6-13), grupos (Êx 32:129) e Seu povo (Dt 7:1, 2); e os que O desconhecem, como reis (Jr 32:28) e povos pagãos (Is 10:5). natureza. Deus já usou e usará água (Gn 7), fogo (Gn 18, 19), terremoto (Nm 16:1-35), calor (Ap 16:8, 9), seca (1Rs 17:1) e ataques de animais (2Rs 2:23, 24). Doenças. Pragas que mataram milhares de pessoas (Nm 16:41-50), lepra (Nm 12:1-10) e úlceras (Êx 9:10). acidentes. Podem acontecer por pemissão de Deus ou ação direta dEle (2Rs 1:2-4, 17).

Para espanto de todo o Universo, Cristo Se ofereceu como oferta. Não foi a cruz que matou Jesus, mas a ira de Deus que caiu sobre Ele (Is 53:5, 10).

Quando?

Graças a Ele, não existe mais condenação e castigo para os que decidem segui-Lo (Rm 8:1).

todos os dias Ele manifesta Sua ira contra o pecado e pecadores (Sl 7:11), através do sentimento de culpa, do sofrimento mental e da degeneração.

Mas quem rejeita o sangue de Cristo (Ap 7:13-17) terá que enfrentar sozinho a ira dEle (Ap 6:15-17).

Mas tudo isso é uma prévia e um aviso do juízo final (Rm 2:5).

Fonte: A ira de Deus: estudo bíblico-teológico e proposta homilética, de Emilson dos Reis (tese de doutorado, Unasp, 2009).

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Interpretação Capa & Reflexão Reportagem

Texto Wendel Lima Ilustração Rogério Chimello

Perguntas Imagine

A FÉ ProteÇÃo

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As drogas estão cada vez mais disponíveis e a propaganda pró-consumo ganha força. Mas o que pode proteger você desse discurso perigoso é a religião. Saiba por quê

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MÁRio auGusto piNHeiRo tem 49 anos e uma tarefa que poucos gostariam de encarar. ele dirige uma clínica de recuperação que atende 40 usuários de drogas de 13 a 17 anos com histórico criminal, em Cosmópolis, sp. “o adolescente é mais desacreditado. É mais difícil recuperá-lo porque ele ainda não viveu nada. o usuário adulto já sofreu tudo, já bateu na mulher, foi preso e perdeu a família. o adolescente ainda vive a ilusão do traficante, de ter moto e namorada”, justifica. Mário fala com a propriedade de quem já passou por isso. sua história é o pano de fundo do videodocumentário Independência ou morte, produzido por quatro alunos de Jornalismo do unasp como trabalho de conclusão de curso. aos 15 anos, por curiosidade e carência, ele passou a usar maconha, migrou para a cocaína e se afundou no crack. Mário também abandonou a esposa e os dois filhos. Morou na rua, comeu lixo, pediu dinheiro, levou tratamento de choque numa clínica psiquiátrica e chegou a ameaçar de morte os próprios pais.

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“Se eu ficar carregando meu passado, eu volto a usar drogas, porque o fardo é muito pesado. Quando olho para trás, vejo um rastro de destruição, mas prefiro olhar para a frente”, desabafa. Desde que ficou limpo, Mário tem encontrado suporte na religião. Assim que voltou a ficar sóbrio, passou a pesquisar sobre várias tradições, do budismo à Reforma protestante, mas ele diz ser católico. Para Mário, o importante é se apegar a um Ser superior, independemente da confissão religiosa. É esse princípio que ele procura transmitir para os adolescentes que passam em média seis meses internados na Casa Dia. O desenvolvimento da espiritualidade é um dos principais recursos utilizados por sua equipe. Segundo Mário, a religião é fundamental para recuperar usuários, mas também para prevenir que jovens experimentem as drogas e se tornem dependentes.

ele só retomou o juízo e a liberdade depois de ficar internado por cinco meses em uma clínica na cidade paulista de Limeira, em 1996. De lá para cá, ele tem reestruturado a vida. Fez alguns cursos de neurolinguística, terminou a faculdade de Letras, construiu uma nova família e tem procurado se aproximar dos filhos mais velhos e da ex-esposa. o relacionamento com os pais foi restaurado, mas as sequelas ficam: seu filho mais velho tem histórico de drogas e a filha publicitária tem problemas com álcool.

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A opinião dele não tem base apenas em sua experiência pessoal e profissional. Inúmeros estudos científicos têm mostrado a relação positiva entre fé e a proteção contra as drogas. Mas o que esses estudos apontam? Por que a religião inibe a experimentação? Como sua fé pode protegê-lo de recorrer às muletas psicotrópicas? E como sua igreja ou grupo de amigos religiosos podem ajudar dependentes químicos?

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ValorEs QuE ProtEgEM Segundo o Handbook of Religion and Health, que tem como um dos autores o maior estudioso do tema no mundo, Dr. Harold Koenig, dos mais de 850 estudos realizados na década de 2000, 81% apresentaram uma relação positiva entre religiosidade e o controle das drogas. Os outros 19% que apontaram resultados contrários, não mostraram nenhuma relação entre fé e prevenção nem se referiam a grupos de entrevistados que consideravam a religião com fanatismo ou tradicionalismo opressivo. Nesses casos, a religião era um fator estressor e gerador de culpa. Ou seja, mais atrapalhava do que ajudava. Entre os benefícios da religiosidade apontados pelo pesquisador da Universidade de Duke (EUA), estão o efeito estabilizante da meditação e o redutor de ansiedade das orações e penitências; o estímulo constante para a transformação, que serve de suporte para o tratamento; e a formação de uma rede de apoio que não usa drogas, talvez o fator mais importante de todos. “A religiosidade funciona como um importante modulador no uso de drogas, porque incute valores morais que têm por fim o respeito e a preservação da vida. O religioso cristão crê na existência de um Deus cujas leis visam sempre ao seu bem-estar”, explica a enfermeira Gina Andrade Abdala, doutoranda em Ciências pela USP, ao informar e comentar os dados do Handbook of Religion and Health. O interesse pelo tema levou a enfermeira a estudar, com mais três pesquisadores, um grupo de 232 universitários da Faculdade Adventista da Bahia. Dos entrevistados, 92% professavam uma religião e 74% eram adventistas. O estudo mostrou que para 81% deles a religião tinha forte relação com a abstinência de drogas e 90% acreditavam que as práticas religiosas ajudavam na redução e abandono delas. Gina tem aprofundado seus estudos nessa área. Ela lidera um grupo de pesquisa no mestrado em Promoção da Saúde no Unasp, no qual se debate a implantação de oficinas de espiritualidade para hipertensos e dependentes químicos. Porém, ela faz questão de destacar que a religiosidade como fator de proteção vem acompanhada de bom relacionamento com os pais, de uma rede de amigos que não usam drogas, da prática de esportes e do engajamento nos estudos e em atividades extracurriculares.

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iDaDE, Fator DE risCo Segundo os especialistas, existem alguns fatores de risco para o uso de drogas que estão relacionados às questões socioambientais. “A idade é um fator de risco, porque o jovem tem dificuldade de controlar seus impulsos”, afirma a psicóloga Dra. Clarice Sandi Madruga, pesquisadora da Unifesp e coordenadora do 2º Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad). Clarice informa que os jovens, os homens e aqueles que vivem em ambientes de vulnerabilidade social e têm histórico familiar de uso de drogas são os mais propensos à experimentação e à dependência. A pesquisadora define droga como qualquer substância psicotrópica utilizada para alterar a consciência. “Isso inclui os fármacos, as drogas ilícitas e as lícitas de uso recreativo”, classifica. Para Clarice, o uso de drogas faz parte da curiosidade humana. Um hábito milenar que em várias culturas é tolerado e incentivado. “Muitos usam drogas como café, fumo e álcool”, exemplifica a psicóloga para mostrar como nossa sociedade considera inofensivas algumas dessas substâncias. A curiosidade instigada pelos amigos e familiares costuma ser a motivação para a experimentação entre os jovens. “Aqui na chácara, costumamos trabalhar com o que chamo de grupo de ação positiva. De 40 dependentes, eu preciso ter mais da metade que esteja comprometida com o tratamento, do contrário, não se consegue arrastar o grupo para a recuperação”, argumenta Mário. Ele entende que todo adolescente sofre pressão de grupo, positiva ou negativa, dependendo com quem o jovem anda. “Se quem experimentar tiver o fator X, a predisposição química para o vício, a coisa pode complicar”, alerta. MEDo x inForMação Clarice acredita que a “pedagogia do medo” não seja a melhor alternativa de conscientização sobre os riscos das drogas. Ela defende que a abordagem com os jovens deve ter como base os fatos e não os mitos. “Um erro da mídia é dar tanta atenção ao crack, sendo que apenas 1% dos brasileiros o consomem. Mais ênfase deveria ser dada ao álcool, por exemplo”, critica a psicóloga. Para a pesquisadora, a massiva propaganda sobre o álcool e o vínculo do produto com o futebol é tolerado porque as cervejarias estão entre os grandes anunciantes na mídia. Ela também revela que o cigarro é uma das drogas mais difíceis de se abandonar, porque é fumada. Clarice explica que o efeito imediato do entorpecente no organismo está relacionado ao seu potencial de dependência e à forma de consumo. Portanto, as drogas de efeito mais rápido são as administradas por injeções (heroína), fu-

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Idade PeRIGOSa Mais impulsivos, curiosos e menos responsáveis. Essas marcas da juventude pesam na hora de experimentar drogas. O índice de universitários e estudantes do ensino fundamental e médio que já usaram entorpecentes é maior do que a média da população geral. E se esses jovens vivem num contexto vulnerável como as ruas, o consumo é ainda mais alto.

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dos alunos do ensino fundamental e médio já usaram solVEntEs, mais do que o dobro da população geral.

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dos uniVErsitÁrios já experimentaram MaConha, quase quatro vezes mais do que a média geral.

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dos MEnorEs DE rua já usaram CoCaÍna, índice dez vezes maior do que o da população geral.

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Fontes: Senad, Cebrid-Unifesp e Grea-Fmusp.

mo (tabaco, maconha e crack) e ingestão (álcool). Logo, o álcool é a droga mais consumida, mas a que mais tempo demora para gerar dependência; enquanto que o crack se mostra mais devastador, levando em pouco tempo muitos de seus usuários a abandonar a família e a morar na rua. A pesquisadora chama a atenção também para dois dados que surpreenderam na segunda edição do Lenad. O primeiro Ilustração: Rogério Chimello

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é o índice de usuários de maconha que se tornaram dependentes da erva: 36% dos que consomem. Segundo Clarice, esse número deve pesar nas discussões sobre a legalização dessa droga no Brasil. Outra tendência que preocupa é o consumo abusivo de álcool, o chamado binge drinking, caracterizado pela ingestão de quatro unidades de bebida no intervalo de apenas duas horas. Esse com-

portamento tem crescido mais entre as mulheres, inclusive entre as adolescentes. Estatísticas como essas apenas confirmam que conversar sobre drogas nas famílias, escolas e igrejas é cada vez mais necessário. Um diálogo que, segundo os especialistas, não deve ser marcado por ameaças e acusações, mas por informação segura, aceitação e apoio que gere proteção e libertação. jan-mar

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O barato custa caro

Se as drogas trazem tantos prejuízos físicos e sociais, por que tanta gente usa ou experimenta os psicotrópicos? A resposta está na dopamina, neurotransmissor responsável pelo prazer liberado pelo setor de recompensa do cérebro. Em resumo, as drogas são usadas para potencializar o prazer e diminuir as sensações desagradáveis. São muletas utilizadas para fugir dos problemas. Porém, o caminho mais seguro é encontrar prazer em outras coisas e aprender a lidar com os desafios.

Fonte: Material didático da 2ª edição do curso Fé na Prevenção (Senad/Unifesp).

Talvez, o caminho seja admitir que, num primeiro momento, as drogas potencializam o prazer, estimulam, relaxam e diminuem a ansiedade, mas o custo de tudo isso parece não compensar. “Existem mil outras formas de reduzir a ansiedade”, aconselha Clarice, citando os esportes, uma boa rede de amigos e a religião. “Dependendo da droga, não há recuperação”, adverte a psicóloga. rEDE DE aPoio A recuperação pode ser mais fácil e rápida se contar com a ajuda que vem de cima. “Além de promover um estilo de vida mais saudável, as crenças espirituais ajudam na adesão ao tratamento”, pontua Gina Abdala. De acordo com a enfermeira, nesses casos, o maior compromisso do usuário com o tratamento se deve ao fato de que os religiosos apresentam menores índices de depressão, mais esperança quanto ao futuro e contam com uma rede de apoio comprometida. 29348 – CONEXÃO 01/2014

Proteja-se! Boa autoestima Prática religiosa Respeito pela regras sociais Bom relacionamento com a família Limites dentro de casa Monitoramento dos pais

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Amigos não usuários Comprometimento com os estudos Frequência à igreja Distância de pontos de venda e uso Alternância entre trabalho e lazer

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Oferecer esse suporte espiritual e social em cada cidade onde há uma congregação adventista é o sonho de Kátia Reinert, enfermeira que há três anos lidera o Ministério da Saúde da Igreja Adventista na América do Norte. “Estamos agora treinando pessoas para que isso aconteça. Já temos dezenas de igrejas inseridas no programa, porém ainda há muito o que fazer”, avalia Kátia, que estuda a relação entre espiritualidade e saúde no curso de Ph.D da Universidade Johns Hopkins (EUA). Kátia explica que o ministério Adventist Recovery (adventistrecovery.org) começou há vários anos por iniciativa de um ex-alcoólatra, mas só recentemente ganhou suporte institucional. “As reuniões funcionam como um grupo de apoio, e não como uma terapia ou intervenção. O objetivo é que as pessoas se sintam à vontade e sejam acolhidas por outras que estão no mesmo processo de reabilitacão. Os casos mais sérios são encaminhados para centros de tratamento”, descreve a enfermeira. A abordagem do ministério é semelhante ao método dos 12 passos usados há décadas pelos Alcoólicos Anônimos, com a diferença que o Ser superior é apresentado ali como Jesus e a metodologia está relacionada com o processo de desenvolvimento da espiritualidade descrito no livro Caminho a Cristo, de Ellen G. White, pioneira adventista. Kátia informa que a proposta do trabalho é ajudar qualquer tipo de dependente, seja de drogas, pornografia, jogo ou consumo. É por isso que o ministério desenvolveu, em parceria com o Hope Channel, uma série de 26 entrevistas com especialistas e pessoas que lutam contra vários tipos de dependência (www.hopetv.org/unhooked). A enfermeira diz que o trabalho ainda não apresenta números expressivos porque foi implementado há apenas dois anos em nível nacional, mas que as primeiras histórias de recuperação já estão aparecendo. “O método dos 12 passos tem apresentado bons resultados, com estudos comprovados cientificamente. Ele é reconhecido como um dos mais bem-sucedidos caminhos para manter os dependentes sóbrios por mais tempo”, argumenta.

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Ícones: Rogério Chimello

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As drogas psicoativas ou psicotrópicas são as que alteram o funcionamento do Sistema Nervoso Central, ou seja, o cérebro. Elas podem ter três tipos de efeito na consciência: deprimir, estimular e pertubar. Depressoras: são sedativas ou hipnóticas. Podem ser usadas para fins médicos, a fim de induzir ao sono e anestesiar. O álcool também está nesta categoria. Perturbadoras: causam delírios e alucinações, e alteram a percepção de tempo e espaço. Maconha, LSD e êxtase estão neste grupo. Estimulantes: provocam agitação e insônia, como cocaína, anfetaminas, nicotina e cafeína. Fonte: Material didático da 2ª edição do curso Fé na Prevenção (Senad/Unifesp).

VivaVoz Informação e aconselhamento gratuito sobre prevenção e tratamento de drogas. 0800-5100015

Para saber +

Independência ou morte (2013) youtube.com/docindependencia Imagens: © Avesun, Johan Swanepoel e Ziablik | Fotolia

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Ciência e religião Na recuperação de dependentes químicos, o casamento entre ciência e religião também se mostra benéfico. Por isso, as abordagens com base na espiritualidade não podem deixar de contar com um atendimento multidisciplinar, com profissionais de saúde que tenham conhecimento técnico. Afinal, em muitas situações, o grupo religioso de autoajuda não dá conta da complexidade do caso. É nesse ponto que pode entrar em cena um serviço público oferecido pelo Sistema Único de Saúde. Criado pelo Ministério da Saúde, em 2002, os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) têm o objetivo de humanizar o atendimento e potencializar a recuperação de doentes mentais e dependentes químicos. A abordagem é multiprofissional e gratuita. Para tanto, os mais de 1.700 CAPS espalhados pelo Brasil (saude.gov.br) contam com psiquiatra, psicólogo, enfermeira e terapeuta ocupacional, além da equipe de apoio. No CAPS de Boituva, cidade paulista com 50 mil habitantes, 95 pessoas estão em tratamento. Entre os dependentes, quase todos são homens adultos. Porém, a idade dos pacientes varia dos 13 aos 60 anos. Assim que procuram o serviço público, os usuários são encaminhados para o cadastro e uma entrevista com o psicólogo. Na sequência, já são agendados horários com o médico psiquiatra e a terapeuta ocupacional. Em seguida, os casos novos são discutidos com a equipe multidisciplinar, que elabora um plano terapêutico individual. Esse programa prevê a frequência das consultas, terapias em grupo e atividades manuais ou lúdicas que o paciente terá de cumprir. “Quando o dependente falta mais de três vezes, nós vamos até a casa dele. Caso ele desista do tratamento, o prontuário dele é arquivado e retornamos o contato depois de dois meses”, explica a enfermeira Elienai Gama, que atende na unidade de Boituva. Ela informa que o apoio da família é fundamental nesse processo. Por isso, todo o tratamento precisa ser acompanhado pelos parentes. “Nosso objetivo é tornar a reinserção a mais natural possível. Muitos ficam depressivos porque precisam romper com os antigos amigos. Alguns só tinham vínculos sociais no bar”, exemplifica a enfermeira. Segundo Elienai, o tratamento dura no mínimo seis meses. Nos casos mais graves, as internações voluntárias ou compulsórias são solicitadas. Quando o paciente tem um histórico de pertencimento a uma igreja, os profissionais estimulam seu retorno à comunidade, porque entendem que os irmãos de fé servem de rede de apoio. Nas oficinas do CAPS, os usuários também podem aprender ou reaprender valores como autocuidado, perseverança e paciência. Além disso, alguns cursos proporcionam também geração de renda. Decisão consciente Trabalhar com dependentes químicos exige muito dos profissionais envolvidos. O tratamento é longo, as recaídas são frequentes e o avanço é gradativo. Mais desafiador ainda é ajudar mulheres e jovens. Elas, porque têm vergonha e eles, porque ainda não percebem a relação de causa e efeito do seu consumo. Quem atua no CAPS tem também que encarar o assédio de traficantes e o risco de lidar com criminosos. Diante de tantos desafios, o que estimula esses profissionais? “É maravilhoso ver os pacientes tendo alta. É isso que nos mantêm aqui”, Elienai revela a motivação da equipe. Objetivo semelhante tem esta reportagem: ajudar a libertar quem está abusando das drogas ou preso a elas, e alertar aqueles que nunca as usaram, a não brincar com fogo. Afinal, se as drogas são substâncias que alteram a consciência, o caminho mais consciente parece ser ficar longe delas. E a motivação para isso pode ser encontrada na religião, que oferece sentido para a existência e um estilo de vida com fontes alternativas e melhores de prazer. jan-mar

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Reportagem

Texto Leonardo Siqueira Ilustrações: Thiago Lobo

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Não é turismo nem mero intercâmbio cultural. Dedicar um ano para a missão em seu ou em outro país, é uma decisão espiritual de sacrifício e recompensa. Conheça quem tem escolhido esse roteiro

IMAGINE VIVER EM um país que fala outro idioma e cuja cultura é diferente da sua. A isso, acrescente o desafio de conversar com estranhos, falar sobre Deus a pessoas que não têm tempo, abraçar mendigos, ajudar famílias carentes e viver com pouco ou nenhum dinheiro. Mais que uma aventura, o trabalho de um missionário envolve uma série de desafios: é preciso lidar com a saudade de casa, conviver em harmonia com pessoas e costumes diferentes e encarar os conflitos espirituais mais intensos que ocorrem no campo missionário. Jovens que aceitam esse tipo de missão estão dispostos a abrir mão do conforto a fim de ajudar o semelhante e transformar a realidade de muitas pessoas. “Fui mis-

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sionária no Malaui, no sudeste da África. Lá, as pessoas vivem em uma situação de pobreza extrema e o acesso aos serviços básicos de saúde é muito escasso”, diz a médica Melina Lannes, 28, que estudou na Universidade Adventista del Plata (UAP), na Argentina, e fez parte de suas atividades práticas como profissional da saúde no país africano. No curso de Medicina da UAP, os alunos têm que cumprir 16 meses de práticas profissionais: oito em hospitais de alta complexidade, e o restante em atividades comunitárias voltadas à saúde básica. “Nesse período, os futuros médicos têm a chance de cumprir os requisitos do curso fora do país. E muitos aproveitam a oportunidade para atuar como missionários”, explica o Dr. Milton Mesa, diretor da Faculdade de Ciências da Saúde da UAP. Imagem: © Cienpiesnf | Fotolia (mapa)

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A experiência de servir como voluntária no Malaui mudou a vida de Melina, que conheceu a realidade de um dos 20 países mais pobres do mundo e teve que driblar a falta de recursos para atender a

Missão urBana Evangelizar mendigos, dar aulas de inglês a imigrantes e ajudar as vítimas do furacão Sandy foram algumas das atividades que a artista plástica e educadora Liz Motta desempenhou em Nova York, em 2013. Ela foi uma das missionárias do grupo de 14 voluntários do projeto “One Year in Mission” (Um Ano em Missão), uma iniciativa da Igreja Adventista em nível mundial que visa a encorajar jovens a dedicar um ano à pregação do evangelho. A ideia dessa versão-piloto, realizada nos Estados Unidos, é que os participantes voltem para seus países e liderem projetos semelhantes na sua região. Ela deixou um emprego rentável em Brasília, onde atuava como professora de inglês, para se juntar a voluntários de outros países que também dedicaram um ano à missão. “Eu tinha uma vida bem estável, até que surgiu essa oportunidade. Adiantei meu trabalho de conclusão de curso na universidade e desisti de três propostas de mestrado para me dedicar ao projeto. E Deus abriu as portas para mim”, diz. Mas o que motiva jovens como Melina, Liz e tantos outros? “A missão não é o que você vai ganhar, mas o legado que você deixará quando partir”, diz a jovem missionária, que em 2014 vai estar à frente de uma equipe de 15 voluntários do projeto “One Year in Mission”, em Montevidéu, Uruguai.

A artista plástica liz Motta, 25, foi uma das voluntárias do grupo de 14 missionários do projeto “One Year in Mission”, em Nova York (EUA). Ela abriu mão do emprego e do mestrado para ensinar inglês para imigrantes e evangelizar mendigos na Big Apple.

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Do missÃo

população local. “Há poucos médicos e especialistas naquele país. Vi muitos jovens da minha idade que tinham AIDS morrerem por falta de recursos e tratamento”, lembra a carioca, que hoje atua como profissional do programa Mais Médicos, em Suzano, na região metropolitana de São Paulo. Assim como a UAP, outras universidades adventistas ao redor do mundo aliam formação acadêmica com prática missionária. No Brasil, por exemplo, os três campi do Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp) também contam com atividades voltadas à missão, as quais são realizadas por meio dos chamados institutos missionários.

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“Trata-se de um movimento missiológico. Esses jovens estão querendo sair da rotina, da zona de conforto e gostam de aventuras. E ser missionário não é uma ficção, é uma aventura da vida real” (Dr. Berndt Wolter)

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“O curso faz com que eles tenham mais autonomia. Alguns participantes, por exemplo, vão ajudar na cozinha do colégio, porque quando estiverem no campo missionário terão condições de fazer a própria comida” (Pr. Nelson Milanelli)

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A médica Melina Lannes, 28, trabalhou oito meses num dos 20 países mais pobres do mundo: Malaui, na África. Sua experiência com saúde básica a preparou para hoje atuar no programa Mais Médicos.

Missão em casa O estudante Marcos Vinícius Eloi Silva sempre teve vontade de dedicar um período de sua vida ao trabalho missionário. E foi através do convite de um pastor que ele conheceu o projeto “Missão Total”.

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Liz tem o perfil dos missionários da nova onda evangelística mundial: jovens articulados, bem-sucedidos profissionalmente, que dominam um segundo ou terceiro idioma e desejam fazer a diferença em outra cultura. “O grupo que foi para Nova York era muito diversificado. Havia profissionais das áreas de biologia, psicologia, recursos humanos, além de um empresário e um administrador com MBA em negócios”, conta Liz. Para alcançar as pessoas em grandes metrópoles, é preciso adotar estratégias diferenciadas. “Nova York, por exemplo, é uma cidade multicultural. Numa mesma comunidade você encontra gays, lésbicas, judeus, negros e brancos. E como você poderá alcançar pessoas tão diferentes? Resposta: isso é impossível! O evangelismo deve ocorrer pela amizade. Você deve ser um centro de influência na sua comunidade”, destaca a missionária. E é aí que as habilidades e a formação de cada voluntário fazem toda a diferença. Nesse sentido, vale de tudo. Clube de pets, aulas de inglês, escola de culinária, entre outras iniciativas, podem ser o pontapé inicial para estabelecer vínculos com a população local. “Um dos projetos mais bem-sucedidos que realizamos foram aulas de inglês para imigrantes. Também conduzimos uma semana de evangelismo para mendigos”, conta Liz Motta. Mas para colocar a mão na massa não é preciso sair do país ou morar em regiões remotas do planeta. Quem nunca teve uma experiência missionária, pode começar pela cidade em que vive ou num estado mais longe.

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A iniciativa é voltada a jovens de 18 a 35 anos que têm ou estão buscando uma formação acadêmica. A ideia, que nasceu no coração do pastor Nelson Milanelli, então líder dos jovens adventistas da região Centro-Oeste do Brasil, existe há três anos e já “formou” mais de 70 missionários. Assim como Silva, outros estudantes, de nível médio e superior, são enviados para uma cidade ou região diferente da sua, na qual desenvolvem atividades comunitárias e evangelísticas. O preparo para a atividade missionária envolve dois meses de treinamento em um colégio interno. Lá, eles estudam materiais específicos, realizam atividades físicas regulares e desempenham tarefas manuais e em meio à natureza. “Isso tudo faz com que eles tenham mais autonomia. Alguns participantes, por exemplo, vão ajudar na cozinha do colégio, porque quando estiverem no campo missionário, terão condições de fazer a própria comida”, explica o pastor Nelson Milanelli. Estágio em igrejas da região, grupos de estudos, entre outras atividades, complementam a formação básica desses missionários, que após dois meses de curso estão aptos para encarar as ruas. Eles são divididos em grupos de seis pessoas e, em alguns casos, chegam a conviver com um missionário estrangeiro. “Já trouxemos gente da Austrália, da Inglaterra e até do México. O legal disso tudo é que cada um usa seu talento para ajudar a comunidade e falar de Deus a outras pessoas”, diz Milanelli, hoje pastor da Igreja do campus da Faculdade Adventista da Bahia, em Cachoeira. Ações simples, mas que mudam a vida de quem precisa. “Lembro que fui ajudar um senhor de mais de 60 anos a capinar um lote e, quando ele viu o resultado do trabalho, quase não acreditou no que eu havia feito por ele. Seus olhos se encheram de lágrima. Ele tinha problemas na coluna e ficou surpreso ao saber que fiz aquilo sem esperar nada em troca”, diz Silva, que após trabalhar como voluntário em

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Araguaína, TO, decidiu ser missionário em tempo integral. “Quero ser um pastor e dedicar minha vida a Deus”, revela. Aventura da vida real Para o pastor Berndt Wolter, Deus tem despertado uma nova geração que não se conforma com o status quo e busca uma experiência genuína com Deus. “Trata-se de um movimento missiológico. Esses jovens estão querendo sair da rotina, da zona de conforto e gostam de aventuras. Atrás das telas virtuais, não há esse tipo de experiência. E ser missionário não é uma ficção, é uma aventura da vida real”, analisa. Segundo explica Wolter, especialista em missões e doutor em ministério pela Andrews University (EUA), o fenômeno da globalização faz com que os brasileiros se sintam convidados a conhecer outras culturas. “Essa vontade de ser missionário sempre existiu, mas faltavam oportunidades. Hoje, nós temos um núcleo de missões e uma série de outras atividades missionárias que antes não existiam. Além disso, o Brasil está vivendo um bom momento. Já não é tão difícil juntar os recursos para ser um missionário em outro país”, ressalta. O núcleo de missões do Unasp, campus Engenheiro Coelho, que é dirigido por Wolter, já enviou cerca de 600 missionários a outros países, boa parte deles para regiões em que o cristianismo é inexpressivo. “O brasileiro é recebido de braços abertos e com sorrisos. E o país tem a vantagem de ir à frente com essa imagem do futebol e da descontração”, explica. É claro que sempre se deve ter o cuidado de entender e respeitar a cultura local. Nesse sentido, o preparo é fundamental para garantir a segurança e o sucesso do voluntário em terras estrangeiras. Por isso, a missão transcultural não pode ser encarada como turismo ou mero intercâmbio cultural.

“A verdadeira questão é se estamos à procura de

uma experiência feliz e segura, ou dispostos a ir como Paulo fez, mesmo que isso signifique potencial martírio?” (Dr. Rick McEdward)

Novo fluxo “A necessidade de missionários, tanto em casa quanto fora do país, nunca foi tão grande. Temos começado a promover as missões urbanas como a nova fronteira do trabalho missionário. Mesmo fazendo evangelismo nas metrópoles por um bom tempo, e muita coisa tem sido feita, há mais de 500 cidades no mundo com mais de um milhão de pessoas. Esse é um excelente desafio quando você percebe que 126 delas estão na chamada janela 10/40”, resume o Dr. Rick McEdward, do Centro de Missão Global da sede mundial da Igreja Adventista. McEdward ainda lembra que a única motivação nobre para a missão é compartilhar a experiência genuína que o missionário tem tido com Cristo. “Algumas pessoas têm uma imagem tão distorcida de Deus, que apenas o contato com um cristão autêntico poderá tocá-las”, acredita o teólogo. É por essa razão que McEdward enxerga grande potencial missionário em países como Brasil, México, Coreia do Sul, Filipinas e Nigéria. Lugares em que o cristianismo está vivo e se despertando para sua contribuição mundial. Na visão do teólogo, o novo fluxo missionário não é dos Estados Unidos e Europa para o mundo, mas “de todos os lugares para todos os lugares”. Quando perguntado quais são os destinos top para os missionários, McEdward desafia: “A verdadeira questão é se estamos à procura de uma experiência feliz e segura, ou dispostos a ir como Paulo fez, mesmo que isso signifique potencial martírio?” Para quem busca segurança, ele recomenda países como a Tailândia, Coreia do Sul e Japão, mas para os que têm forte convicção de que foram vocacionados para uma missão mais ousada, a escolha pode ficar entre Arábia Saudita, Iêmen, Afeganistão e Coreia do Norte. E você, qual é seu destino?

O estudante Marcos Vinícius Eloi Silva, 22, foi voluntário em Araguaína, TO. No projeto “Missão Total”, ele recebeu capacitação por oito semanas, serviu por nove meses e descobriu a vocação pastoral.

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Para saber +

numci.org voluntariosadventistas.org oneyearinmission.org jan-mar

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Básica

Texto Eduardo Rueda Imagem © Sergey Nivens | Fotolia

Deus existe?

Essa talvez seja a pergunta mais intrigante de todos os tempos. De acordo com a Bíblia (1Rs 8:27; Sl 139:17, 18; 1Tm 6:16), Deus ultrapassa os limites da compreensão humana. Ele é grande demais para ser analisado por métodos científicos. Assim, é impossível arranjar “provas” da existência de Deus. O que temos são evidências, fortes indícios de que Ele existe e dos rastros que deixou na história. “Nada surge do nada”, já dizia o provérbio latino. De acordo com a lei física de causa e efeito, tudo teve uma causa originadora. Einstein mostrou, com sua teoria da relatividade, que o Universo teve um começo. Então, o que havia antes de o Universo começar a existir? A existência de um Ser eterno, sem começo nem fim, é necessária para explicar a origem do cosmo.

Afirmar que a natureza é fruto do acaso é o mesmo que dizer que o iPhone e o iPad surgiram como resultado de uma explosão na fábrica da Apple. A complexidade do corpo humano, por exemplo, é inúmeras vezes maior que a de um tablet. Um projeto como esse pressupõe a existência de um Designer. A perfeita sintonia entre diferentes tipos de forças da natureza, favorecendo a existência de vida na Terra, também aponta para um projetista original. Em todas as civilizações, existe a ideia de Deus – interpretada, é claro, de acordo com a cultura local. No mundo inteiro, não existe nenhum povo que seja completamente sem religião. A tradição a respeito da existência divina e o costume de adorar um ser superior remontam aos primórdios da humanidade, dando indicações de uma origem comum. Ninguém nasce ateu. Psicologicamente falando, a crença em Deus é o sentimento primeiro e natural de todas as pessoas. Se existe esse sentimento, é razoável supor que exista também o seu correspondente. Por fim, a maior evidência da existência de Deus são os milhões de pessoas transformadas por Ele após a conversão. Experiência capaz de promover verdadeira felicidade e paz. Fontes: Adolfo Semo Suárez, Marcos De Benedicto, Rodrigo P. Silva, Fé Inteligente (material didático de Ensino Religioso da CPB); William Lane Craig, “Does God Exist?”, em reasonablefaith.org; Urias Echterhoff Takatohi, em Michelson Borges, Por que creio (CPB, 2003); Douglas Reis, capelão universitário do Instituto Adventista Paranaense (IAP).

Curiosa 29348 – Conexão 01/2014 ________ Designer ________ Editor ________ Ger. Didáticos ________ C.Qualidade ________ Depto. Arte

“Cara de um, focinho do outro.” Apesar de um recém-nascido ainda não ter as formas do rosto bem definidas, parecendo mais com um joelho, é comum se ouvir: “Ele tem o nariz do pai”; “As orelhas são da mãe”; “Os olhos são da avó”, etc. O conjunto de processos biológicos responsáveis pela transmissão de características de uma geração para outra é chamado de hereditariedade. Visualize um colar de pérolas com vários metros de comprimento. Imagine também que, nesse colar, caibam entre 20 e 25 mil pérolas. Agora, tente imaginar esse colar dobrado ou enrolado centenas de vezes, como uma espiral, e de forma extremamente compacta. Pronto! Isso é o que seria um 22 |

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cromossomo. Você tem 46 deles, em cada uma das 100 trilhões de células do seu corpo. Os “colares” seriam o DNA, e cada pérola seria um gene – unidade básica da herança genética. É nessas “pérolas” que estão todas as informações necessárias para a formação de um ser vivo, e que passam de pai para filho. Para se ter uma ideia, um grama de DNA seria capaz de armazenar 2 petabytes de informações – o equivalente a 3 milhões de CDs. O material genético de uma única célula contém informação suficiente para

encher vários volumes de uma enciclopédia. O pacote de informações hereditárias contidas em nosso DNA é chamado de genoma. É como se fosse um manual de instruções altamente complexo, repleto de combinações, que podem determinar desde a cor dos olhos a alguns aspectos da personalidade. Haja fé pra acreditar que tudo isso surgiu por acaso!

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g O e d d in

Fontes: Maria Regina Borges-Osório e Wanyce Miriam Rosinson, Genética Humana (Artmed, 2013); Richard Dawkins, The Blind Watchmaker (Norton, 1986); Conceitos de Genética (Artmed, 2010); mundoestranho.com, “Qual a diferença entre DNA, gene e cromossomo?”

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Texto Eduardo Rueda Imagem © Absemetov | Fotolia

Genética

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Ponto de vista

Texto Wellington Barbosa e Eduardo Rueda Imagem © Argus | Fotolia

Talher

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Embora pareça algo recente, o envolvimento entre pessoas do mesmo sexo remonta à antiguidade. Para os gregos e romanos, por exemplo, a relação sexual entre homens era comum, incluindo até mesmo figuras conhecidas como Alexandre o Grande, Júlio César e, possivelmente, o filósofo Sócrates. Com a ascensão do movimento LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais), o tema da homossexualidade tem ganhado destaque não somente na mídia, mas também no campo da religião. Liberais e conservadores têm apresentado seus argumentos, e a disputa parece não ter previsão para acabar.

Sim

No Brasil, entre as igrejas chamadas inclusivas, que se declaram favoráveis à relação entre pessoas do mesmo sexo, se destacam: Igreja Cristã Evangelho Para Todos, Igreja da Comunidade Metropolitana, Comunidade Cristã Nova Esperança, Igreja Cristã Contemporânea e Comunidade Cidade de Refúgio. Algumas delas, aliás, são lideradas por casais homossexuais. Um dos principais argumentos dessas denominações, de modo geral, é que a homossexualidade é uma manifestação da diversidade provida por Deus, sendo, portanto, algo positivo, em vez de pecaminoso. Segundo elas, a Bíblia não condena, em nenhum momento, as práticas homossexuais. O que ocorre, afirmam, é uma interpretação equivocada de certos textos das Escrituras. Exemplo disso seria o suposto caso amoroso entre Davi e Jônatas, em 1 Samuel 18.

Não

Para a Igreja Católica, a relação entre indivíduos do mesmo gênero é contrária à lei natural e encontra oposição na Bíblia (Gn 19:1-29; Rm 1:24-27; 1Co 6:9, 10; 1Tm 1:10). Apesar disso, o Catecismo incentiva o respeito aos que mantêm esse tipo de relação. Os adventistas do sétimo dia também entendem que, de acordo com o Livro Sagrado, o padrão estabelecido por Deus na criação é a união heterossexual (Gn 2:24). O sexo – em suas mais variadas formas – praticado fora do círculo do casamento entre homem e mulher está proibido (Lv 20:7-21; Rm 1:24-27; 1Co 6:9-11). Apesar de não aprovar as práticas homossexuais, a Igreja Adventista reconhece a dignidade de cada ser humano e procura, à semelhança de Jesus, tratar todos com amor, independentemente de credo, cor, idade ou orientação sexual. Fontes: Luciano De Crescenzo, História da Filosofia Grega (Rocco, 2012); William Naphy, Born to Be Gay: História da Homossexualidade (Edições 70, 2006); Igreja Cristã Evangelho Para Todos (igrejaparatodos.org); Igrejas da Comunidade Metropolitana (icmbrasil.com); Comunidade Cristã Nova Esperança (ccnei.org); Igreja Cristã Contemporânea (igrejacontemporanea.com.br); Comunidade Cidade de Refúgio (jesuscidadederefugio. com.br); Catecismo da Igreja Católica (Loyola, 2000); Declarações da Igreja (CPB, 2012).

Até por volta do ano 1000, a moda era comer com as mãos. O uso do garfo se tornou popular quando uma princesa do Império Bizantino se casou e levou consigo um objeto de duas pontas com o qual fisgava a comida. Ela foi repreendida pelo clero, que achava um desrespeito “ferir” os alimentos dados por Deus. Foi só no século 19 que essa novidade se tornou popular. Ainda hoje muita gente dispensa garfo e faca, como é o caso de quem mora em...

Marrocos Fica no extremo noroeste da África. Sua principal língua é o árabe, e a religião oficial, o islamismo. Dizem que por lá é possível trocar camelos por uma esposa. Além de ser conhecido por sua culinária variada, o país abriga a universidade mais antiga do mundo, Karueein, fundada em 859 d.C. Os marroquinos têm o hábito de beber chá verde com hortelã e muito, muito...

Açúcar Antes de ele conquistar o mundo, as pessoas utilizavam mel ou cana para adoçar. Apesar de ser saboroso, o açúcar é um dos principais responsáveis pela formação de cáries. Ele também contribui para doenças como diabetes, arteriosclerose e obesidade. Causador de celulite, estrias, rugas e desequilíbrio hormonal, o açúcar é um dos grandes vilões para a saúde da...

Mulher Mais sensível, sentimental, comunicativa e amorosa do que o homem, consegue prestar atenção em várias coisas ao mesmo tempo, sem se distrair. Além disso, vive mais, não fica calva e paga menos no seguro do carro. Segundo a Bíblia, foi criada a partir da costela de Adão (Gn 2:21-23) para ser sua companheira e mãe da humanidade. Infelizmente, em muitos lugares, ainda é alvo de discriminação. Muito além do fogão e dos talheres, ela, que gosta de açúcar, tem conquistado cada vez mais seu espaço na sociedade. Espaço que nem os camelos de Marrocos poderiam comprar.

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Prática homossexual

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Texto Eduardo Rueda

Do talher à mulher

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Tudo ligado

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Imagine

Texto Jefferson Paradello e Wendel Lima Ilustração Thiago Lobo

... se não houvesse celebridades PROVAVELMENTE, VOCÊ NÃO CONHECE pessoalmente nenhuma celebridade, mas já pode ter jurado amor eterno a um ator de Hollywood, ter imitado o corte de cabelo de um jogador de futebol ou ter gastado seu precioso tempo lendo futilidades sobre a vida de uma pessoa famosa. No entanto, a pergunta é: por que fazemos isso? A lógica do entretenimento pode explicar.

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a PErDa Da aura

No século passado, com a ascensão de mídias como o rádio e a TV, estudiosos já identificaram o surgimento da cultura de massa. Na visão desses críticos, para facilitar o acesso da população ao conhecimento e à arte, os produtos culturais tiveram que se render à lógica da produção em larga escala e do lucro de mercado. Nesse processo, a cultura antes elitizada, que tinha a proposta de elevar o espírito humano, agora se torna diversão das massas. Os mais pessimistas, como o pensador Walter Benjamin, enxergaram nesse processo a perda da aura da arte.

MoDElos uniVErsais

Porém, a massificação da cultura não se explica apenas pela união bem-sucedida de tecnologia e lógica do mercado, mas pela promessa do entretenimento de responder a questões existenciais. Ou seja, o mesmo processo histórico que viabilizou o surgimento da indústria cultural foi o que gerou uma crise de identidade no homem urbano. E quanto mais vulnerável, sozinho e fragmentado o indivíduo se sente diante do mundo desafiador da competição, mais inclinado ele fica a buscar referências no entretenimento. Referências que são baseadas em arquétipos, modelos com os quais todos se identificam.

DEusEs Do oliMPo

Do mesmo modo como os antigos gregos acreditavam nos deuses do Olimpo, na cultura atual, atores, cantores, modelos e esportistas cumprem o papel de semideuses construídos pela tecnologia. E a indústria do entretenimento, que lucra muito com as celebridades, vende essas personalidades como exemplos de beleza, riqueza e poder para que muitas pessoas realizem, ilusoriamente, suas fantasias e aspirações por meio delas.

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tEMPo liVrE

Se não existissem celebridades, nosso tempo livre seria usado de outro modo. Quem sabe a TV perderia a liderança como entretenimento para 85% dos brasileiros e a leitura deixaria a preocupante sétima posição entre as opções de lazer. Até mesmo nossa relação com a web seria diferente. Das sete horas diárias, em média, que os jovens de 18 a 30 anos passam conectados à internet, mais tempo seria dedicado à pesquisa e menos ao consumo de entretenimento.

utiliDaDE PÚBliCa

Quem sabe, dessa maneira, a política teria mais visibilidade que o futebol; e as questões coletivas seriam mais relevantes do que a intimidade dos artistas. Os assuntos de utilidade pública teriam mais espaço que os de interesse do público. E as emissoras de TV, que são concessões públicas, não pautariam seus telejornais e revistas eletrônicas com propaganda velada (ou escancarada) de suas novelas, séries e reality shows.

FiM Das WEBCElEBriDaDEs

DEsigualDaDE salarial

A disparidade entre o salário de profissionais essenciais e os artistas seria menos vergonhosa se as celebridades não ganhassem cifras astronômicas. Enquanto a Madonna fatura 125 milhões de dólares em um ano, o piso salarial de um professor no Brasil é 1.567 reais mensais e o policial militar de Roraima recebe 801,40 reais no fim do mês para arriscar a vida em defesa da população e do patrimônio público. Por que esse abismo entre eles? Na sociedade do espetáculo, a remuneração não tem como base a qualificação do profissional ou a contribuição social e os riscos da função, mas seu potencial de lucratividade para a indústria cultural.

Fontes: “20 celebridades mais bem pagas do mundo”, em Forbes Brasil, disponível em http://goo.gl/Lhd0mk; MATTELART, Armand e Michéle. História das teorias da comunicação (Loyola, 1999); Retratos da Leitura no Brasil (3ª edição), estudo do Instituto Pró-Livro com 5.012 entrevistados, disponível em http://goo.gl/BqSepH; Telefónica Global Millennial Survey, pesquisa de 2013 com 12.171 jovens, de 27 países, entre 18 e 30 anos, disponível em http://goo.gl/lN3cMo; artigo acadêmico “Visibilidade mediática, melancolia do único e violência invisível na cibercultura”, de Eugênio Trivinho, disponível em http:// goo.gl/bbvEZA; Vanderlei Dorneles, jornalista e doutor em Ciências da Comunicação pela USP; e Tales Tomaz, jornalista e doutorando em Meios e Processos Audivisuais pela USP.

Você não precisa demonizar os meios de comunicação ou os avanços tecnológicos para perceber que essa lógica é injusta. Nem mesmo precisa atirar tomates ou pedras no Neymar, na Lady Gaga ou na Sabrina Sato. Eles representam personagens que permeiam nosso imaginário e com os quais, em maior ou menor grau de consciência, nossa sociedade se identifica. Se os críticos da cultura de massa acertaram em nos provocar reflexão, exageraram em enxergar tanta passividade no público receptor. Não somos meras marionetes ou vítimas desse sistema, mas cúmplices. Por isso, vale lembrar que os deuses e heróis construídos até hoje pela humanidade foram apenas projeções de nossas aspirações. E como tais, são limitados como nós. jan-mar

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Esqueça o sucesso meteórico de Justin Bieber ou de Psy, da música Gangnam Style. Sem a lógica de produção das celebridades, muitos artistas não teriam no YouTube sua janela para a fama, nem mesmo anônimos teriam seus 15 minutos de popularidade. Valorizar a visibilidade não é exclusividade da internet, mas algo que caracteriza o espaço criado pela tecnologia. O que a rede mundial trouxe de novo foi a possibilidade de tornar qualquer usuário conectado uma celebridade instantânea.

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Ação Mude seu mundo

Texto Allana Ferreira

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Lição de vida Aprenda

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Além do véu

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A história da brasileira que foi estudar inglês no Líbano, mas aprendeu lições que não estavam no currículo: julgar menos e servir mais

Muitas pessoas têm me perguntado por que larguei tudo no Brasil para mudar para nada mais nada menos que o Oriente Médio. A surpresa deles é maior quando descobrem que o objetivo da minha mudança é aprender inglês e árabe. “Quem fala árabe no mundo? E quem fala inglês no Oriente Médio?”, alguns questionam. Não, não estou no clima dos homens-bomba e essa não é uma missão suicida. 26 |

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Poderia dizer que optei por essa “loucura” porque o árabe é a 5ª língua mais falada no mundo, por ser o idioma de 260 milhões de pessoas que moram no Oriente Médio, no norte da África e em várias comunidades de imigrantes ao redor do mundo. E poderia argumentar também que o curso de inglês que faço aqui é preparatório para entrar em universidades e muito mais em conta do que os oferecidos nos Estados Unidos e Inglaterra. Mas, sinceramente, não escolhi vir para cá, fui escolhida para estar aqui. Sabe aquele tipo de oportunidade que cai no seu colo e puxa você pela mão? Talvez, esse fosse o único jeito de vencer meus medos e rever meus preconceitos sobre essa região. Meus planos eram passar quatro meses em Londres estudando inglês, mas um e-mail mudou tudo. Orei dizendo que iria para onde Deus quisesse, e poucos minutos depois uma ligação confirmou meu destino. A licença do trabalho para estudar, virou demissão para eu mudar.

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Imagens:© Ehidna e Yurkaimmortal | Fotolia

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Valores Para os libaneses, conceitos como família, comida e religião são pilares. É comum entre eles viver com os pais até o casamento, independentemente da idade. E até agora não li sequer uma notícia de filho matando mãe, ou pai matando filho. Talvez, por não serem tão globalizados, conseguiram preservar algo que para nós vem se desmoronando. Essa unidade com a família é fortificada em torno da mesa. No Líbano, comida é sinônimo de festa, e festa tem que ser com gente e muitos alimentos. E por aqui religião é tudo – inclusive política, na qual os partidos são divididos entre cristãos e muçulmanos. A segmentação também se percebe nas cidades. Alguns lugares são habitados apenas por uma facção religiosa. Com os libaneses, tenho aprendido que igreja não é um lugar apenas para se estar no fim de semana, o que me fez parar e refletir sobre a influência da fé na minha vida. Mas o Líbano também tem suas cicatrizes, resultado da guerra civil (1975-1990) e do conflito com Israel. Desde 2006, os países cortaram suas relações diplomáticas. Essa história ainda gera um senso de insegurança nos mais antigos. Outra guerra que tem afetado o Líbano é o conflito civil na Síria. O país recebe um número crescente de refugiados do outro lado da fronteira.

Fazer a diferença É nesse contexto tão peculiar, que tenho encontrado pessoas que não foram atraídas simplesmente para conhecer o diferente, mas fazer a diferença. Gente como Ryan McCabe, um norte-americano de 25 anos que, como ele mesmo descreve, decidiu deixar “o sonho americano” para fazer algo além dos próprios interesses. “Lendo a Bíblia, percebi que tudo que fazia era para mim e nada pelo meu próximo. As pessoas não têm ideia do que realmente é o mundo árabe, por isso decidi ajudar aqui e descobrir o verdadeiro Oriente Médio”, explica o voluntário adventista que trabalha como design gráfico na universidade em que estudo. Além das suas atividades normais, Ryan tem procurado apresentar Jesus de forma atrativa para outros alunos do campus. Ele fala de Cristo como um amigo, em vez de um ditador. O Oriente Médio é a região do mundo em que vive a menor densidade de adventistas, pouco mais de 3 mil membros registrados. Em Beirute, a universidade tem apenas 200 estudantes, 10% são adventistas, e a maioria é cristã. Mas foi aqui que Cynthia Carballo, uma mexicana de 24 anos escolheu ser estudante missionária e participar do curso de imersão em árabe. Uma de suas atividades é ensinar arte para crianças refugiadas da Síria. “Ao trabalhar com as crianças, percebo que apesar da guerra elas continuam sendo crianças. Elas só precisam de um pouco de amor e esperança. E isso vem me ajudando a abrir minha mente e aceitar qualquer tipo de pessoa, independentemente de religião, cor ou raça”, relata Cynthia a respeito de seu crescimento pessoal. Sem ilusão Esse texto não é para pintar de cor-de-rosa o mapa de uma região que é retratada no Ocidente como um barril de pólvora. Mas, se você tem o interesse de conhecer in loco esse lugar, e conferir o que é mito e fato sobre o que está além do véu, pode se surpreender com o povo que existe além das armas e com a cultura que existe além do preconceito. Para os interessados na língua inglesa e na cultura árabe, a Middle East University pode ser uma boa opção. Uma matéria assim pode ser provocadora para os inquietos e curiosos, mas espero mexer, principalmente, com os que têm paixão pela salvação das pessoas, os missionários. Talvez, para esse grupo seja mais fácil entender a razão da minha mudança para o Líbano: o chamado de Cristo para alcançar todas as nações, todos os povos, todas as línguas (Mc 16:15).

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Medos e preconceitos Minha jornada aqui começou quando aterrissei no aeroporto internacional de Beirute, Líbano, em 14 de junho de 2013. Diferentes cores, roupas, paisagens e uma língua nada similar pintavam meu novo dia a dia. Por estudar e trabalhar como bolsista na Middle East University (MEU), única universidade adventista no Oriente Médio, tenho a oportunidade de conviver não apenas com libaneses, mas egípcios, armênios, iraquianos, iranianos e sudaneses. Definitivamente, esse é um outro mundo dentro do mundo. Por mais que o Oriente Médio já chamasse minha atenção, não posso dizer que fosse por algo positivo, afinal, sou filha da globalização. Cresci vendo televisão e as notícias sobre essa região raramente são boas. Mas como Natalie Gassoub, uma assistente de marketing libanesa de 30 anos, descreve: “O que a grande mídia propaga não é a realidade da experiência que se pode viver aqui. Eles publicam muitas coisas ruins sobre o Oriente Médio, e há muito mais do que se diz”. Apesar de estar no Oriente Médio, o fato de ter sido ocupado pela França nas duas grandes guerras mundiais, trouxe para o Líbano forte influência europeia. Esse mosaico de culturas faz desse pequeno país uma joia do oeste asiático e uma porta acessível para nações ocidentais. Ou seja, você encontra de tudo aqui, e se estiver disposto, pode aprender muito mais do que ensinam no curso de línguas.

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Para saber +

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Lição de vida

Texto Isadora Stentzler Ilustração Thiago Lobo

O bilionário da cocada

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Saiba por que o empresário Milton Afonso não mede seu sucesso pelo patrimônio que construiu, mas pelos 200 mil estudantes que ajudou

HOSPEDADO NA SUÍTE presidencial do Hotel Nacional, em Brasília, Milton Afonso penteia o cabelo, ajeita os óculos de grau no rosto e arruma o colarinho. É meados da década de 80 e o dono da Golden Cross é padrinho de casamento. Ele está impecável. Do outro lado da cidade, dirigindo um Chevette por mais de mil quilômetros desde o Rio de Janeiro, chega Sidney Dutra. Sem hospedagem em hotel, ele se arruma do jeito que dá e vai para a mesma cerimônia. No local, ele e Afonso dividem o banco. “Você por aqui?”, pergunta Afonso para o amigo. À época, Dutra frequentava a Igreja Adventista de Botafogo, no Rio, a mesma que Afonso. “Pois é”, respondeu timidamente. Enquanto isso, a cerimônia seguia. Na saída para a festa, um pedido de Afonso: “Pode me dar uma carona?” Dutra balbucia, desconversa, repara no carro dos outros convidados e, com o constrangimento saltando aos olhos, pondera: “Olha, estou de Chevette... tem certeza?” Afonso não fez caso. Em meio a embaixadores e comandantes de exército, um ministro de estado convida o empresário para acompanhá-lo no carro oficial. Afonso nega. “Estou com meu amigo Sidney!”, responde.

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Ronaldo Nazário, o Fenômeno. Mas Afonso nunca atribuiu a prosperidade a si. “Devo tudo a Deus”, alega o advogado. Sentimento que mantém mesmo nas horas de aperto. Nos anos 80, a Golden Cross entrou em crise. Foi um período financeiro muito difícil que quase acarretou na perda de 10 milhões de dólares para a empresa. A fim de superar a fase ruim, além de toda a negociação necessária, Afonso permaneceu fiel. “Fiquei nas mãos de Deus como sempre estive”, abriu o coração a um amigo. Nesses dias, o empresário citava uma metáfora que figurava sua confiança no invisível. “Quando acontece isso, fico como uma criança que perde seu barquinho na praia quando uma forte onda aparece. No desespero, corro e desabafo ao Pai: ‘Pai, o mar levou meu barco. E agora?’ Então espero e confio. E foi isso o que fiz.” Os princípios de Afonso, reforçados com sua conversão à Igreja Adventista, o fizeram entender que os bens não são para este mundo, por isso a riqueza que adquiriu com o tempo nunca lhe subiram à cabeça. Pelo contrário. “Embora minha posição na vida tenha mudado muito, uma coisa que o dinheiro não mudou foi minha fé em Deus, a quem devo tudo que sou”, diz. Exemplo disso é a própria Golden Cross que está registrada como empresa filantrópica e cujo lucro é direcionado a projetos educacionais, de assistência social – como os lares substitutos – e à evangelização. Para se ter uma ideia, só em 2013, a Golden Cross custeou 50% das mensalidades de 24 alunos do Unasp, campus Engenheiro Coelho. Mas em todo o mundo são muitos mais. Alguns dos jovens ajudados por Afonso nunca o viram pessoalmente, tampouco o abraçaram. Mesmo assim são jovens que devem a Deus e ao empresário a oportunidade de realizar o sonho acadêmico. É por isso que não raras vezes Afonso é surpreendido por encontros casuais de agradecimento. “Você pode não lembrar de mim, mas a ajuda do senhor possibilitou com que eu me tornasse uma advogada”, reverenciam. Claro, Afonso se emociona. Pois ao fitar os olhos do outro, sente, na verdade, estar diante de um reflexo nostálgico de um vendedor de cocadas e pés de moleque com bem menos de 92 anos.

Para saber +

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Milton Afonso: Vida e Obra (CPB, 2004).

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O menino que vendia doces e entregava sonhos (Novo Tempo, 2012).

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Fim de festa, mais um pedido: “Agora você me leva para o hotel.” Chec, chec, chec, chec. O Chevette estaciona na entrada do prédio cinco estrelas. “E você?”, pergunta Afonso. “Onde está ficando?” “Eu, eu, eu...”, Dutra, acompanhado da esposa, não estava em lugar nenhum. É aí que o empresário o chama para se hospedar na suíte presidencial do hotel. “E esse é o doutor Milton”, exalta Dutra, que o conhece há 34 anos. “Um homem muito humilde.” Para falar do fundador da Golden Cross, nascido em dezembro de 1921 e proprietário da Ilha do Cavaco, em Angra dos Reis, RJ, nenhum adjetivo usado pelo agora empresário e diretor do Hospital Bom Samaritano, em Artur Nogueira, SP, teve a ver com as posses do advogado. “Bom, compreensível, brincalhão... o doutor Milton Afonso é tanta coisa.” Mas antes de ser “tanta coisa”, o homem que agora pode dormir em suítes, mandar e desmandar, já foi uma criança vendedora de pés de moleque e cocadas. É claro que os tais doces não eram produzidos numa grande confeitaria, e sim na cozinha da casa que nem água corrente tinha. Mas era ali que sua mãe, dona Genebra Soldani Afonso, preparava o que traria a renda extra do mês. Tudo era colocado numa caixa para que ao chegar da escola, o menino de sete anos, descalço, saísse a vender pelas ruas de Nova Lima, em Minas Gerais. Naquela época, a ilha, o helicóptero e a que seria em 1984 a maior companhia de seguros de saúde da América Latina eram coisas que não cabiam na cesta de guloseimas. “Olha o doce! Doce de coco! Pé de moleque!”, propagandeava. Como Davi enfrentando Golias, Afonso não fugia da obrigação e encarava os desafios da infância. Enquanto alguns meninos brincavam de carrinho, o garoto tinha um cabo de vassoura. Ou melhor, um “cavalinho”, suficiente para sua criatividade. Uma época que orgulha Afonso. O homem que se tornou empresário, nunca teve alguém que investisse no seu futuro. Tudo que obteve conseguiu com o derrame do seu suor. No entanto, se tornou o padrinho de muita gente. Isso começou na colportagem. Após ele e a mãe se tornarem adventistas do sétimo dia, na década de 30, Afonso foi matriculado no Colégio Adventista Brasileiro (CAB), em São Paulo. Sem dinheiro para custear os estudos, ele voltou às ruas como mercante. Dessa vez não de doces, mas de livros. “A colportagem me treinou como vendedor”, conta no documentário O menino que vendia doces e entregava sonhos. Não demorou muito para que, em 1941, se tornasse campeão de vendas. Do excedente do trabalho, não guardava para si, mas doava aos amigos que não alcançavam a cota. “Seguramente mais de 200 mil estudantes já foram ajudados”, afirmou Dutra que também já trabalhou com Afonso. Visionário, Afonso cresceu. Formou-se em direito. Casou. Fundou a Golden Cross. Tornou-se o Assis Chateaubriand da mídia adventista – adquirindo rádios e investindo no avanço da TV Novo Tempo – e nunca mais precisou vender pés de moleque ou cocadas. Da casinha simples do interior, hoje, os vizinhos de ilha de Afonso são, por exemplo, Simon Aluan, executivo do Ponto Frio; Adauto Marques de Paiva, dono do Café Bom Dia; e o jogador

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Aprenda

Texto Fernando Dias e Eduardo Rueda Ilustração Rogério Chimello

A se proteger na internet SE VOCÊ GOSTA de expor sua vida na internet, cuidado! Em 2013, nem a presidente Dilma escapou da espionagem digital. Nesta edição, vamos dar algumas dicas de como fugir dos “cibervilões”.

DiFiCultE

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Se sua senha é a data de aniversário da mãe ou o nome do seu time, você está vulnerável. Existem malwares (softwares maliciosos) que decifram facilmente combinações comuns. Prefira senhas bagunçadas e longas. Se sua bisavó se chamava Clotilde dos Santos, que tal kl0+ildeD0ss@ñ+0s? Outra dica é utilizar uma combinação diferente para cada coisa. Acessar o Twitter, o e-mail e a conta bancária com a mesma senha é dar muita “sopa pro azar”.

CuiDaDo CoM o Phishing

Sites falsos de empresas conhecidas, de lojas ou bancos dos quais você é cliente podem enviar um link (via e-mail, SMS, etc.) para você colocar seus dados ou nome de usuário e senha. Não caia nessa. É furada! Muito cuidado também na hora de usar o wi-fi em lugares públicos. Hackers podem estar de tocaia, esperando para entrar nas suas contas. Em redes abertas, o ideal é evitar sites que exijam informações pessoais.

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sEJa DisCrEto

Ter muitos amigos nas redes sociais pode dar prejuízo. Quanto maior a sua rede de contatos, menos controle você tem de quanta gente compartilha ou repassa suas informações. Por isso, aceite como amigo no mundo virtual só quem o é no mundo real. Algumas redes como o Facebook permitem que você crie filtros e escolha quem vai ver suas postagens – amigos, familiares, colegas de trabalho ou público em geral. Além disso, para dar recados ou combinar encontros, prefira o e-mail. Evite postagens que informem onde você está. Isso facilita a ação de bandidos contra você e seus bens.

ProtEJa sEu PC

Desktop e laptop precisam estar protegidos. Além de usar um bom antivírus, desconfie de sites que pedem que você instale algum programa a fim de continuar a navegação ou melhorar o desempenho de seu computador. Não acesse páginas com material pornográfico ou pirateado, pois elas costumam ser usadas para enviar malwares. Preserve sua mente tanto quanto seus dados pessoais. Fontes: Centro de Estudos, Resposta e Tratamento de Incidentes de Segurança no Brasil (cert.br), Cartilha de Segurança Para Internet (2012); revista Veja, 11 de setembro de 2013; Época, 9 de setembro de 2013; site tecmundo.com.br, “Quais os riscos de usar um wi-fi público?”

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Vandir Dorta / Foto: William Moraes

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MATRÍCULAS ABERTAS

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www.educacaoadventista.com.br

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