EMBANEWS Nº 382 - Janeiro 2022

ANO 31 | EDIÇÃO 382 | JANEIRO 2022

Tempo de desafios Indústria de embalagem investe para fazer frente ao aumento da demanda e de preços em 2021

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#InovaçãoParaSustentabilidade

PESQUISA

COMPETITIVIDADE

AMBEV INOVA EM DIREÇÃO ÀS METAS DE 2025

SEGURANÇA EM EMBALAGEM DE BEBIDA CARBONATADA

SACOLAS DE SUPERMERCADOS, MAIS UMA VEZ NA BERLINDA

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SUMÁRIO

14 ENTRE EM CONTATO COM A EMBANEWS NO WHATSAPP

REPORTAGEM PANDEMIA, ESCASSEZ DE MATÉRIAS-PRIMAS, ALTA NOS CUSTOS TROUXERAM DESAFIOS PARA O SETOR DE EMBALAGEM. DIANTE DO CENÁRIO, INDÚSTRIA INVESTE NO AUMENTO DE CAPACIDADE

06 #InovaçãoParaSustentabilidade 08 #PesquisaDeMercado 10

#Rastreabilidade

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EMBALAGEM NO MARKETING

20 PESQUISA 26 COMPETITIVIDADE A Revista EMBANEWS é uma publicação mensal da NEWGEN COMUNICAÇÃO LTDA. registrada segundo a Lei de Imprensa no 2º Ofício de Registro de Títulos e Documentos sob nº 31.881 em 17 de julho de 1990.

FUNDADOR: ROBERTO HIRAISHI (1942 • 2006) Diretor Responsável: Ricardo Hiraishi Administração: Rejane Doria Redação: Elizabeth Keiko Sinzato editorial@embanews.com; redacao@embanews.com Publicidade: comercial@embanews.com Assinaturas: assinatura@embanews.com Colunistas desta edição: Antonio Cabral, Fabio Mestriner, Sandra Balan M. Jaime Projeto Gráfico: FlyJabuti Design Realidade Aumentada: Massfar, empresa autorizada Zappar Brasil e Portugal

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Dirigida ao segmento de alimentos, bebidas, brinquedos, cosméticos, embalagens, farmacêuticos, químicos, e afins. Dirigida aos profissionais: consumidores e fornecedores de embalagens; fornecedores de matérias-primas e de insumos para a confecção de embalagens; fabricantes de máquinas e equipamentos para envase, embalagem, estocagem e transporte; e prestadores de serviços de apoio, associações, universidades e instituições ligadas ao ramo de embalagem.

As opiniões dos artigos assinados e dos entrevistados não são necessariamente as mesmas da Revista EMBANEWS.

© Direitos Reservados Todos os direitos dos artigos publicados na Revista EMBANEWS são reservados pela Newgen Comunicação Ltda. Proibida a reprodução parcial ou total por qualquer meio de comunicação impresso, digital ou outros meios sem prévia autorização..

Telefone: (11) 3060-8817 - WhatsApp 11+94721-4102 site: embanews.com e-mail: embanews@embanews.com linkedin.com/company/embanews instagram.com/revista_embanews facebook.com/Embanews

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#InovaçãoParaSustentabilidade

PÉ NO ACELERADOR

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Ambev está capitaneando várias inovações para atingir suas ambiciosas metas de sustentabilidade para 2025 e zerar as emissões de carbono de sua cadeia de valor até 2040.

Entre as metas, está alcançar 100% das embalagens retornáveis ou feitas majoritariamente de conteúdo reciclado e diminuir a poluição plástica. Destacamos aqui três dessas inovações.

Por meio de parceria com a startup growPack, participante da segunda edição do programa Aceleradora 100+ em 2020, a Cervejaria Colorado, marca da Ambev, apresentou uma agrupadora de latas produzida com material compostável, produzida com reaproveitamentos agrícolas. O biomaterial é composto basicamente de palha de milho, processado de forma 100% mecânica e sem uso de químicos. A novidade pode ser descartada de forma compostável ou reciclada junto à cadeia do papel e reduz em até 50% as emissões de gás carbônico no meio ambiente. Além disso consome 80% menos água na produção e economiza 25% de energia elétrica em comparação com o papel cartão.

A solução foi apresentada em edição limitada, exclusiva para Sleek lata 350ml, da linha Colorado Ribeirão Lager, e deverá ser produzida em larga escala nos próximos anos.

Colorado marca também o lançamento de Brasil com S nº18, nova Black IPA feita com rapadura, em garrafas de vidro 100% reciclada de cacos de vidro.

A sustentável garrafa da Brasil com S é resultado do trabalho que tem sido desenvolvido ao longo dos anos pela AVR, a fábrica de vidros da Ambev, no Rio de Janeiro, que conecta inovação e tecnologia no processo de reciclagem. Essa foi a primeira garrafa a utilizar 100% de cacos de vidro para sua produção - vale lembrar que as garrafas tradicionais tem em média 50% de material reciclado -, a marca evita o uso de matérias-primas virgens no processo de fabricação, além

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de garantir a economia circular, trazendo impactos positivos nesse processo, como a redução de consumo de energia - a cada 5% de inclusão de cacos na receita da produção do vidro, é reduzido 1% de consumo de energia comparando os dois processos produtivos, além disso, há uma redução significativa de 50% nas emissões atmosféricas.

Uma outra inovação ainda, desta vez trazendo uma proposta para preparar e transportar com facilidade diversos tipos de bebidas, de drinks alcoólicos, cervejas, coquetéis, sucos a probióticos e suplementos, deve chegar em breve ao mercado.

PopCap é uma inovação do Beverage Hack Lab BHL, laboratório de inovação da Ambev, que vem facilitar o transporte de bebidas para shows, festas e atividades físicas, bastando apenas carregar a PopCap de sua preferência no bolso e ter uma garrafa de água à mão.

PopCap é uma cápsula que funciona como uma tampinha contendo doses líquidas ou em pó, que pode ser acoplada em garrafas de água com ou sem gás e outras bebidas. Basta girá-la para liberar o conteúdo e agitar a garrafa para ter uma bebida instantânea, fresca e prontinha para beber.

O produto já está em testes finais e pode chegar ao mercado em 2022, com patentes já em andamento.

O BHL é o laboratório de inovação da AmBev, com mindset experimental e underground. Localizado em Ribeirão Preto, o laboratório conta com uma equipe enxuta e multidisciplinar e é responsável por pesquisas e desenvolvimento de produtos e experiências que andam à margem do principal mercado consumidor. O foco do BHL é propor novos olhares para o consumo de bebidas no mercado nacional e global e também tem como prioridade desenvolver produtos que não impactam negativamente no meio ambiente. www.ambev.com; www.growpack.bio

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#PesquisaDeMercado

BRASILEIROS AUMENTAM CONSUMO DE BEBIDAS FUNCIONAIS

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egundo a pesquisa Tetra Pak Index 2021, em sua 14ª edição, 58% dos brasileiros aumentaram o consumo de produtos que reforçam o sistema imunológico, 39% dizem que desejam aumentar o consumo no futuro, enquanto 57% irão manter o volume de compra atual.

A pesquisa anual realizada pela companhia global de embalagens cartonadas assépticas, mostra, entre outras coisas, o que mudou nos hábitos alimentares dos brasileiros que preservaram seu poder de compra durante a pandemia.

De acordo com os entrevistados no Brasil, uma dieta equilibrada, fazer exercícios físicos e se hidratar regularmente estão entre os hábitos da boa saúde. E atendendo a essas necessidades, alguns produtos têm assumido um papel relevante, ajudando a fortalecer o sistema imunológico, tais como os sucos, produtos lácteos fermentados e bebidas lácteas com alto valor de proteínas, cálcio e vitaminas, que estão entre as principais escolhas com este foco.

“Percebemos que os consumidores têm buscado mais alimentos e bebidas que atendam às suas necessidades emocionais e funcionais, desde o consumo de proteínas e vitaminas, até a ausência de ingredientes artificiais. Isso inclui alimentos de alto valor nutricional, que estimulam o sistema imunológico e ajudam a manter a energia no dia a dia”, afirma Vivian Leite, diretora de Marketing da Tetra Pak. Ao escolher os produtos funcionais nas gôndolas -- ou no site -- os entrevistados preferem sucos (50%), produtos lácteos fermentados (37%) e bebidas lácteas com alto valor de proteína, vitaminas e/ou cálcio (31%).

No Brasil, o consumo ocorre preferencialmente em casa (85%) e em 8

espaços como academias, escolas e escritórios. A grande maioria dos entrevistados, 88%, compra esses artigos para consumo próprio.

Segundo os respondentes do Tetra Pak Index, o produto ideal para aumentar a imunidade deve ser: 1. Rico em vitaminas (C, D, B, A) e outros ingredientes como frutas cítricas, mel, zinco e fibras; 2. Livre de ingredientes artificiais, como corantes e conservantes, e sem adição de sal, açúcar e outros adoçantes; 3. Um produto que me faz sentir energizado e mentalmente ativo; 4. Claro em relação às informações no rótulo da embalagem, deixando visíveis seus verdadeiros benefícios; 5. Ecologicamente correto, ou seja, disponível em embalagens sustentáveis e recicláveis.

O papel da indústria é atender às demandas dos consumidores, com novos produtos, formulações ou embalagens. Nesse contexto, desde 2020, a Tetra Pak já apoiou o lançamento de quatro produtos

com esse foco, sendo três lácteos (Piracanjuba Imunoday, Actimel Imunidade e Leite UHT Camponesa Vitaminas C+D) e um suco infantil rico em vitaminas e minerais (Os Aventureiros).

No Centro de Inovação ao Cliente da Tetra Pak, localizado em Monte Mor (SP), fabricantes de alimentos e bebidas contam com uma planta piloto e times de especialistas para desenvolverem produtos a partir do zero, passando por estudos de mercado, idealização, testes de formulação, prototipagem e branding.

“Muitas categorias podem entregar saudabilidade ao consumidor e as marcas devem se dedicar a essas formulações. Essa é uma tendência, mas não é uma moda passageira.

Quem puder responder rapidamente terá grandes ganhos a longo prazo, pois o foco na imunidade e bem-estar veio para ficar”, reforça Vivian. https://www.tetrapak.com/pt-br/ insights/tetra-pak-index/tetra-pak-index2021

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#Rastreabilidade

EMPRESA CALÇADISTA USA TECNOLOGIA RFID NO RASTREIO DE CARGAS ENVIADAS PELO CORREIO

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Via Marte está rastreando os pedidos feitos via e-commerce até que eles cheguem ao consumidor final por meio da radiofrequência (RFID, na sigla em inglês de Radio Frequency IDentification). O projeto-piloto da indústria calçadista, com sede em Nova Hartz, Rio Grande do Sul, utiliza os serviços prestados pelos Correios com base no padrão global EPC/RFID em parceria com a Associação Brasileira de Automação-GS1 Brasil. O processo, além de ser muito mais rápido por identificar grandes quantidades de volumes de uma única vez, também proporciona segurança na entrega. Isso porque o RFID permite rastrear cada movimentação de modo automático e em tempo real, o que proporciona a redução dos erros de logística como, por exemplo, o envio para a região incorreta.

A tecnologia é similar à leitura do código de barras, mas sem a necessidade de um campo visual direto com o produto. Na radiofrequência, ondas de rádio emitidas pelos leitores RFID, através de antenas, atingem etiquetas inteligentes (as TAGs) que, por sua vez, respondem informando um número único e inequívoco de identificação. Esse número é denominado EPC – Código Eletrônico do Produto, padronizado pela GS1. É uma forma de monitorar volumes que são enviados sem precisar se aproximar das mercadorias com um scanner na mão, apontando para o volume.

“Resolvemos agregar esta tecnologia ao código de barras. Não se trata de substituição, mas de ferramen10

tas complementares”, explica Ivair Kautzmann, gerente de Tecnologia da Informação (TI) da Via Marte.

“Até o portão das nossas fábricas contamos com processos firmes envolvendo a certificação do picking (fechamento dos volumes) e na montagem do romaneio de despacho entregue ao operador logístico, mas, até a mercadoria chegar ao destino, continuamos com problemas, em especial o da troca de volumes pelo transportador”, conta Kautzmann.

O centro da questão, segundo ele, é que a excelência logística passa efetivamente pela rastreabilidade total e pela interoperabilidade de todas as etapas. “O que um elo da cadeia faz precisa e deve ser aproveitado pelo próximo, da fábrica até o consumidor final. Resolvemos testar o RFID padrão GS1 como verificação adicional de tudo que sai do e-commerce da Via Marte para que chegue ao destino sem qualquer erro”, relata.

A ideia, explica o executivo, é utilizar a experiência do projeto-piloto com os Correios para implementar a tecnologia RFID em todos os volumes despachados com todos os operadores logísticos. Optar por um padrão global de identificação é chave para o sucesso pois os dados podem fluir sem fricção/tradução.

Na parceria com os Correios, a GS1 promove a identificação dos objetos postados com dois de seus principais padrões: o SGTIN (Número Global de Item Comercial Serializado) e o SSCC (Código de Série de Unidade Logística). A identificação é feita por meio de etiquetas inte-

ligentes com tecnologia de radiofrequência (tags RFID) com leitura automática, o que permite identificar, rastrear e gerenciar os itens de forma individual ou em lotes, diminuindo a interação manual de cargas.

“As antenas de leitura das tags de radiofrequência, localizadas na porta de saída das mercadorias, garantem que 100% do que foi gerado está sendo encaminhado de forma correta”, relata Kautzmann, ao destacar que se algum objeto estiver sendo despachada por engano, o sistema alertará quanto ao erro.

Segundo Ricardo Verza Amaral Melo, executivo de Negócios da GS1 Brasil, o tráfego de informações precisas garante não só agilidade e economia de ponta a ponta, mas também a segurança para o consumidor final. “A qualidade dos dados contribui ainda com a gestão para se evitar perdas e aumentar a produtividade”, destaca Melo. https://viamarte.com/; www.gs1br.org; www.correios.com.br

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EMBALAGEM NO MARKETING

NO FUTURO VAI HAVER MAIS EMBALAGENS – PARTE 1

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UMA REFLEXÃO SOBRE O SETOR DE EMBALAGEM EM 2022

ão se trata de fazer previsões pois todos estamos cansados de previsões e pesquisas que erram o alvo.

O que me proponho a fazer neste artigo é uma reflexão sobre o que pode acontecer com a embalagem no ano que está aí.

Então, em primeiro lugar, é preciso lembrar para que serve a embalagem e qual a razão de sua participação indispensável na economia e na sociedade em que vivemos.

A embalagem existe para atender as necessidades e os anseios da sociedade e com ela vem evoluindo conforme as condições de vida se transformam.

Embalagem, ao contrário do que muitos ainda pensam, não está relacionada apenas com o consumo; sua principal função é suportar a vida humana em todos os seus aspectos. Não é possível vacinar uma criança, tratar um doente, combater as pragas que destroem as lavouras e os alimentos, os ovos não conseguem deixar a granja e chegar até nossa mesa, o leite não consegue sair da vaca e chegar à geladeira da nossa casa, cestas básicas não conseguem ser distribuídas e nem mesmo escovar os dentes a gente consegue sem embalagem.

Os produtos que abastecem nossas vidas chegam até nós através da embalagem, até tomar água mineral direto da fonte em que nunca fomos, ela torna possível. É por isso que independente do que aconteça, o setor de embalagem só cresce e evolui com novas propostas e tecnologias inovadoras.

Portanto, faz todo sentido prever que, como tem acontecido consistentemente, o setor deve crescer em 2022.

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Quando me perguntam sobre o futuro da embalagem, respondo que: “No Futuro vai haver mais Embalagens”.

Esta afirmação está baseada nas pesquisas que fizemos no Núcleo de Estudos da Embalagem ESPM, onde um grupo de professores especialistas em diversas áreas elaboram pesquisas e estudos neste tema. Tais estudos indicaram com bastante segurança que o setor deve continuar crescendo devido a diversos vetores que apontam numa direção que nos permite observar para onde as coisas estão evoluindo. É sobre estes vetores que podemos construir nossas apostas para o futuro, pois sabemos que ninguém almoça duas vezes e logicamente para que haja muitos almoços, restaurantes, food service e delivery de comida, é preciso que haja pessoas a serem alimentadas.

A população humana não para de crescer e em 2011 já éramos 7 bilhões de indivíduos.

Estes seres humanos assistiram no último século a uma evolução tecnológica sem precedentes e viram as economias de seus países e suas rendas per capita crescerem. A expectativa de vida aumentou e as pessoas se mudaram para as cidades deixando o campo, a horta, o curral e o galinheiro para viverem ao lado de supermercados e restaurantes.

O crescimento da população, a melhora das condições e da expectativa de vida, graças aos avanços da medicina, da educação e da tecnologia, são os primeiros vetores que indicam uma demanda maior por embalagens.

Apenas para ficar com o exemplo do Brasil, um país predominantemente agrícola até a metade do

século passado, que se transformou numa sociedade urbana, na qual quase 90% da população vive nas cidades, consumindo cerca de 85% dos alimentos embalados.

Resumindo, há mais pessoas, vivendo mais tempo, nas cidades, com maior renda per capita, consumindo mais alimentos e bebidas embalados.

Com mais produtos circulando pelo mundo - 80% de tudo que é produzido pela indústria sai das fábricas embalado, a embalagem tornou-se o item industrial mais produzido no mundo.

Tudo isso somado ao recente fenômeno do e-commerce e do delivery, turbinados pela epidemia que surgiu na China e se espalhou pelo mundo, fizeram com que o consumo de embalagem crescesse ainda mais, pois estas atividades exigem uma embalagem de entrega no delivery e uma segunda embalagem no e-commerce.

Vendas online de todos os tipos de artigos têm crescido exponencialmente e esta modalidade de comércio incorporou uma segunda embalagem acrescentada para permitir a entrega do produto no endereço dos consumidores.

Portanto, não resta dúvida que a demanda por mais embalagens vai continuar crescendo.

Este artigo continua na próxima edição.

FABIO MESTRINER Designer, Professor e Escritor Professor Coordenador do Núcleo de Estudos da Embalagem ESPM fabio@mestriner.com.br

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REPORTAGEM REPORTAGEM

ALTOS

OS E BAIXOS DA INDÚSTRIA DE EMBALAGEM PANDEMIA, ESCASSEZ DE MATÉRIAS-PRIMAS, ALTA NOS CUSTOS TROUXERAM DESAFIOS PARA O SETOR DE EMBALAGEM. RESPOSTA VEM NA FORMA DE INVESTIMENTOS

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epois de dois anos de enfrentamento à Covid-19, o Brasil está à frente de um novo ano de desafios. A projeção para o PIB de 2022 é de crescimento de menos de 0,5% segundo o Relatório Focus do Banco Central de 07-01-2022.

Apesar do crescimento previsto para o PIB de 2021 ser de 4,5%, depois de uma queda de 3,9% em 2020, o comportamento do 2º e 3º trimestres de 2021 – queda de 0,4% e de 0,1%, respectivamente, mostram que estes dois anos de pandemia e desacertos deixarão reflexos em 2022 e nos próximos anos.

No 3º trimestre de 2021, a queda deveu-se principalmente à agropecuária (-8%) e exportação (-9,8%).

A indústria, que representa 20% do PIB nacional, se manteve estável, e registrou-se alta no setor de serviços (+1,1%), que responde por mais de 70% do PIB nacional, e no consumo das famílias (+0,9%).

Entre os principais fatores que devem impactar os resultados do próximo ano está a inflação, que virá de um IPCA - Índice Nacional de Preços ao Consumidor com projeção de crescimento de 10% em 2021 (boletim Focus), muito acima do esperado. Isso remete a um aumento da taxa Selic previsto para fechar 2021 em 9,25%, e projeção para 2022 de chegar a 11,5%, basicamente encarecendo o custo do crédito na tentativa de conter a inflação. Entre os principais problemas causados pela inflação estão a queda do nível de renda da população.

Outro fator preocupante é a elevada taxa de desemprego que está em 13,2% no 3º trimestre de 2021, ou seja 13,7 milhões de trabalhadores sem trabalho, segundo a última pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A taxa média de desemprego do Brasil no ano passado (2020) foi de 13,5%, a maior da série iniciada em 2012 e em 2019, foi de 11,9%. O FMI projeta uma taxa média de desemprego de 13,8% em 2021 para o Brasil.

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O MERCADO DE EMBALAGEM O desempenho do setor de embalagens é normalmente associado ao aumento do PIB. Em 2020, o consumo de embalagens cresceu 4,3 %, segundo dados da Datamark (www.datamark.com.br), consultoria especializada no setor. A previsão para 2021 é de alta de 3,0%.

Em 2020 o volume total de embalagens utilizado foi de 11,2 milhões de toneladas e para 2021 está previsto cerca de 11,5 milhões de toneladas. O valor de venda total foi de R$ 171,3 bilhões em 2020 e previsão para 2021 de R$ 180 bilhões.

Segundo Ivan Matheus, analista da Datamark, com a queda de consumo ocorrida no princípio da pandemia de Covid 19, esta redução foi em parte compensada pelo aumento do delivery de fast food e do e-commerce, que requer embalagens adicionais e mais robustas para o transporte. “No entanto, embora com um crescimento significativo, o e-commerce ainda representa uma pequena parcela em relação ao comércio físico. A vantagem é que as margens de crescimento futuro esperadas para o e-commerce continuarão a dar algum fôlego para o setor de embalagens”, afirma o analista.

Para 2021 a previsão de crescimento do setor de embalagens é maior devido ao aumento do PIB, porém o agravamento da tendência inflacionária ao longo do ano tem levado a uma redução do consumo e em consequência, também do volume de embalagens, principalmente para alimentos. “Some-se a isso a escassez e o aumento de preços das matérias-primas e estão configuradas as dificuldades de custo e suprimento para a indústria de embalagens”, afirma Ivan.

Um indicador do desempenho da economia, o Índice Brasileiro de Papelão Ondulado (IBPO), da Empapel, caiu 3,7% em novembro de 2021, na com-

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paração com o mesmo mês do ano anterior, para 148,1 pontos (2005=100), na quinta queda consecutiva no ano.

O Brazil Focus, pesquisa sobre o mercado de embalagem, realizada pela Datamark, se baseia em um banco de dados com o desempenho de mais de 300 categorias de produtos, em mais de 20 anos de acompanhamento ininterrupto, que abrange os diferentes tipos de embalagem, separados por tipo, material, volumetria, em tabelas distintas para toneladas, unidades, volume de produto envasado e porcentagem de produto envasado. Vários produtos contam com atualização mensal dos dados, além do desempenho por regiões. É o mais amplo e completo estudo sobre o mercado de embalagem existente. EMBANEWS traz aqui uma prévia de alguns segmentos.

DESEMPENHO DO MERCADO DE EMBALAGEM (TONELADAS) 2019 Material

2020

2021

Toneladas

Toneladas

2020/2019

Toneladas

2021/2020

Aço e Folha de Flandres

818.458

831.687

1,6%

845.221

1,6%

Alumínio

573.277

630.737

10,0%

639.883

1,5%

Cartão

690.616

696.831

0,9%

716.342

2,8%

Cartão LPB

351.363

348.638

-0,8%

349.257

0,2%

Flexíveis (Estruturas)

461.005

469.472

1,8%

487.698

3,9%

Kraft

431.220

454.105

5,3%

469.879

3,5%

Papel monolúcido

18.587

18.550

-0,2%

19.507

5,2%

Papelão ondulado

3.615.923

3.814.871

5,5%

4.005.615

5,0%

PE, PP e PVC

1.658.553

1.728.748

4,2%

1.739.956

0,6%

PS e PC

184.827

183.026

-1,0%

188.688

3,1%

PET

596.000

630.000

5,7%

633.780

0,6%

Vidro

1.340.869

1.397.052

4,2%

1.443.154

3,3%

Total

10.740.696

11.203.718

4,3%

11.538.979

3,0%

Fonte: Datamark

COMO SE COMPORTARAM OS DIVERSOS SEGMENTOS DA INDÚSTRIA DE EMBALAGEM Em 2020, a pandemia provocou diversas situações durante o ano, refletindo diretamente na curva de consumo de bens em geral.

O segmento de embalagens de aço e folha de flandres registrou alta de 1,6% em 2020 e a previsão é repetir um aumento de 1,6% para 2021. As maiores taxas de crescimento ficam com categorias como conservas, azeite e tintas.

O índice de reciclagem de latas está em 47% atualmente.

O consumo de bebidas alcóolicas sofreu com o fechamento inicial de bares e restaurantes, porém, migrou para dentro dos lares, e cresceu no período. Segundo apurou a Datamark, o mercado de vinhos, por exemplo, cresceu 18% em 2020 e deve ser 3,5% maior em 2021. Os destilados tiveram alta de 5% em 2020 e a estimativa é de um aumento de 4% para 2021.

O consumo de cerveja, bebida mais consumida no Brasil, que o torna o terceiro maior mercado mundial, depois de China e Estados Unidos, continua a crescer.

Em consequência, o consumo de embalagens de alumínio aumentou de 30 bilhões de latas 2 peças em 2019 para 34 bilhões em 2020, dos quais 29,6 bilhões para cerveja e 4,4 bilhões para refrigerantes. Para 2021 a previsão é de um pequeno crescimento, e em 2022, a de um crescimento maior que o ocorrido em 2021.

A demanda por embalagens de vidro também cresceu em 2020, com alta de 4,2%. Para 2021 a estimativa é de crescimento de 3,3%. “A escassez de garrafas para cervejas e vinhos em 2020 e 2021 foi compensada com importações e agora tanto a indústria de vidro como de latas de alumínio está investindo para atender a demanda crescente”, diz Ivan. Mas essa falta de garrafas também provocou uma migração de algumas marcas de cervejas artesanais e vinhos, para latas de alumínio.

EMBALAGENS DE PAPEL CRESCEM NA ESTEIRA DO E-COMMERCE Com o crescimento do e-commerce, e também com o aqueci-

mento geral do mercado, houve aumento da demanda por embalagens de papelão ondulado. Em 2019, o crescimento foi de 2% sobre o ano anterior; em 2020, subiu para 5,5% e em 2021, a projeção é de alta de 5%. Houve relato de falta de embalagens de papelão ondulado em alguns setores.

Em 2020, houve um aumento de 3% no uso de embalagens de papelão ondulado para produtos alimentícios, e a parcela devida ao e-commerce cresceu 0,5%.

“Como tendência, é perceptível que as embalagens estão sendo melhor adaptadas à distribuição dos produtos pelos canais digitais, através de um design mais atrativo, redução no consumo de material ao mesmo tempo em que os atributos de segurança no transporte são fortalecidos”, comenta Ivan.

A procura por papel de embalagem em geral cresceu 2,5% em 2020 e a estimativa é de alta de 3,1% para 2021. Já o consumo de papelcartão aumentou 1% em 2020 e para 2021, a estimativa é de expansão de 3%, na esteira do crescimento do e-commerce e do delivery de fast food. “São embalagens que conquistaram a preferência JANEIRO 2022

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desses segmentos de mercado pela sua sustentabilidade, principalmente pela facilidade em reciclar, já que geram um grande volume de resíduos. No caso do delivery de fast food há uma ênfase na segurança, visual diferenciado, resistência a gorduras e redução de peso das embalagens”, diz Ivan.

EM EMBALAGENS PLÁSTICAS, CRESCE O CONSUMO DE PCR O mercado de resinas plásticas movimentou US$ 7 bilhões em 2020 de acordo com a Abiquim.

Segundo apurou a Datamark, embalagens de PE/PP/PVC tiveram crescimento de vendas de 7% em 2020, porém a tendência é de queda de 2% para 2021.

De acordo com relatório da Maxiquim produzido para a Abief, as embalagens plásticas flexíveis vêm ganhando participação em relação à produção total de plásticos, e representaram 31% em 2020.

A produção de embalagens plásticas flexíveis cresceu 5,4% em 2020, com 2,088 milhões de toneladas, e faturamento com alta de 30%, chegando a R$ 27,7 bilhões.

No desempenho trimestral, os 3 primeiros trimestres de 2020 seguiram tendência de alta quebrada no 4º trimestre quando o setor registrou queda de 2% sobre o trimestre anterior.

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Em 2021, o 1º e 2º trimestres apresentaram queda de 1% na produção a cada trimestre em relação ao anterior, acompanhando a tendência de queda iniciada no 4º trimestre de 2020. No 3º trimestre de 2021, a indústria brasileira de embalagens plásticas flexíveis registrou uma produção 2,6% superior à do trimestre anterior, puxada pelo melhor desempenho de setores como higiene, limpeza, agropecuária e pet food.

No acumulado janeiro a setembro de 2021, o setor cresceu 0,1% em relação a igual período de 2020.

“O setor de embalagens plásticas tem dado grande ênfase à reciclabilidade - foram 757.600 toneladas recicladas em 2018 e 838.500 toneladas em 2019, atingindo índice de reciclagem de 24% e

ampliando o uso de PCR (plástico reciclado pós-consumo. Outra tendência é o uso de plástico de fontes renováveis, o principal é o obtido a partir do etanol da cana de açúcar”, diz Ivan. Também se observa novos desenvolvimentos em embalagens com proteção antimicrobiana.

O consumo de PET em 2019 foi de 596.000 toneladas de resina virgem e 311.000 toneladas de resina reciclada. Em 2020, foram 630.000 toneladas de resina virgem. O maior índice de crescimento coube às embalagens de água mineral (+24%) e produtos de limpeza (+1,5%) em 2020. O crescimento para garrafas em geral foi de 7% em 2020, porém para 2021, a previsão é de queda de 3%.

“Há no mercado de PET uma tendência para a escolha de embalagens de maior volume para água mineral e refrigerantes, e o aumento no uso de embalagens termoformadas para delivery, produtos de padarias e hortifrútis.

Observamos também o aumento do uso para produtos de limpeza”, diz o analista.

EMBALAGENS FICAM MAIS CARAS O aumento de custo das embalagens em 2020-2021 se deve, de maneira geral, à escassez de matérias-primas, aumento do dólar e desequilíbrio na cadeia de suprimentos, com a retomada de

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REPORTAGEM produção das indústrias após o maior período de isolamento e estagnação.

Na análise de Ivan Matheus, da Datamark, o papelão ondulado conviveu com o aumento de consumo devido ao crescimento nas entregas e, ao mesmo tempo, enfrentou a redução de coleta para reciclagem, devido ao isolamento social. Foi necessário importar aparas de reciclagem a um custo alto devido à subida do dólar.

O papelcartão, embora com reajustes menores que o do papelão e com cadeia de suprimento mais equilibrada, também teve como motivos para os reajustes o aumento do preço de celulose e a falta de aparas.

No caso de resinas plásticas, houve o aumento de preços devido à escassez internacional, motivada pelos mesmos problemas de retomada que houve no Brasil, associada a paradas de plantas importantes. Para o Brasil, a questão foi mais grave devido ao aumento do dólar e a uma capacidade de produção insuficiente, além de contratos de importação de pequenas quantidades. Isto levou a um aumento de 100% no preço da matéria prima até o primeiro semestre de 2021.

A demanda por latas de alumínio também aumentou mais de 100% no período, embora sem problemas de suprimento, porque o custo depende, em grande parte, do preço pago pelo reciclado, que aumentou com a escassez devida à pandemia.

As garrafas de vidro também não supriram a demanda e neste caso não foi um problema na cadeia de suprimentos, mas de incapacidade de produção. A indústria da cerveja e do vinho teve que im-

portar garrafas, com custos sujeitos à taxa do dólar. Acresça-se a isso a dificuldade de reciclagem devido à distância dos produtores e o aumento do preço do gás para os fornos.

INDÚSTRIA INVESTE EM CAPACIDADE “Diante desse cenário de escassez, a indústria tem respondido aos desafios com mais investimento em capacidade, qualidade, sustentabilidade e reaproveitamento, o que faz prever a supe-ração das dificuldades no médio prazo, com produtos tecnologicamente adequados”, afirma o analista.

Entre os investimentos em latas de alumínio em 2021, a Ardagh ampliou a capacidade de produção de sua fábrica em Jacareí, otimizando e ampliando a capacidade de produção de embalagens de alumínio Sleek 269ml, 350ml, 355ml e 473ml, tornando-se a maior fábrica de latas de alumínio da América do Sul. Já a Crown está investindo R$ 650 milhões em nova fábrica, em Uberaba (MG), que terá capacidade de produzir 2,4 bilhões de latas por ano no primeiro semestre de 2022. A capacidade anual produtiva da Crown no Brasil passará a 13,3 bilhões de latas.

A Ball Corporation instalou sua 11a fábrica no Brasil, em Frutal (MG), com capacidade de 1,5 bilhão de latas/ano, e previsão de operações ainda em 2021. Além disso, a Ball Corporation anunciou o investimento de cerca de R$ 350 milhões para a reabertura da planta de Benevides, a 35 km de Belém, no Pará, após quatro anos

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do fechamento devido à queda do setor na época.

Entre as fabricantes de embalagens de vidro, a Verallia está investindo 140 milhões de euros no Brasil em 2021, nas fábricas de Jacutinga (MG) e Campo Bom (RS).

O resultado, até 2023, será uma capacidade adicional de produção de 730 milhões de peças/ano.

Já a Owens Illinois deve investir R$ 990 milhões em duas fábricas no Brasil, as quais devem começar a produzir no terceiro semestre de 2023.

Entre os investimentos do setor de papelão ondulado e papelcartão, a WestRock destinou US$ 345 milhões na expansão da fábrica de papel kraft de Três Barras (SC), ampliando a capacidade de produção para 1.900 toneladas/ dia visando a exportação e o suprimento de suas quatro unidades de papelão ondulado.

A Papirus fez a troca de sua bobinadeira e retrofit em diversas áreas num total de 700 intervenções, visando atingir a capacidade produtiva de 125.000 toneladas/ano de papelcartão em 2022.

Dentro do Projeto Puma II, da Klabin, foi dada a partida, em setembro, da máquina de papel kraftliner de fibra de eucalipto, que deve atingir produção de 450.000 toneladas/ano. No mesmo projeto foram iniciadas as obras de construção da máquina de papelcartão com capacidade de 460.000 toneladas/ano, com previsão de partida para 2023.

No campo do plástico verde, a Braskem está investindo US$ 61 milhões de dólares em sua unidade de Triunfo (RS) visando ampliar a capacidade de eteno renovável de 200.000 toneladas para 260.000 toneladas anuais em 2022.

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HEADSPACE (ESPAÇO LIVRE) DE EMBALAGENS E SUA IMPORTÂNCIA PARA PRODUTOS ALCOÓLICOS CARBONATADOS UMA DAS FORMAS DE REDUÇÃO DE PERDAS DE PRODUTO E DE EMBALAGENS

P

ara a classe bebidas carbonatadas acondicionadas em embalagens rígidas, a exemplo de embalagens de vidro, é de extrema importância o volume do espaço livre (headspace) ou o volume do espaço vazio existente acima do nível de produto no interior da embalagem fechada. Também denominado câmara de expansão (vacuity), esse parâmetro determina o espaço vazio que deve ser deixado com o objetivo de absorver qualquer mudança na pressão interna que, eventualmente, possa ocorrer durante a vida útil e/ou durante a comercialização do produto, garantindo a segurança quanto à resistência mecânica da embalagem.

De forma geral, as substâncias líquidas, em especial as carbonatadas, se expandem mais rapidamente em comparação com as sólidas e, por esse motivo, deve-se conhecer o comportamento da substância com o aumento da temperatura na embalagem fechada, de forma que o espaço livre possa suportar a expansão térmica do produto.

A temperatura de um produto acondicionado em uma embalagem fechada pode variar de maneira controlada durante tratamentos

térmicos, como pasteurização ou esterilização. Outro momento em que pode ocorrer aumento da temperatura do produto, porém de forma menos controlada, é durante o transporte e o armazenamento.

Embalagens destinadas a cervejas, cujo processo produtivo envolve a pasteurização do produto posterior ao seu acondicionamento na embalagem de vidro, também devem atender aos requisitos mínimos de resistência à pressão interna para a garantia do desempenho mecânico da embalagem.

De forma análoga, mesmo não sendo submetido a algum tratamento térmico, a embalagem de vidro para qualquer produto carbonatado deve atender aos requisitos mínimos de resistência à pressão interna devido à pressão exercida constantemente pelo produto nas paredes da embalagem de vidro.

A norma britânica BS 7367:1991 recomenda alguns valores para o espaço livre de uma embalagem de vidro utilizada no acondicionamento de um produto carbonatado pasteurizado ou não pasteurizado.

Uma garrafa de vidro de capacidade nominal de 750 ml utilizada no acondicionamento de um produto carbonatado não pasteurizado, por

exemplo, deverá apresentar um volume do espaço livre de 27 ml. Para produtos carbonatados pasteurizados como as cervejas, o volume do espaço livre deverá ser superior, 45 ml, para suportar a pressão exercida pelo produto durante essa etapa do processo produtivo e não comprometer o desempenho mecânico da embalagem.

Portanto, especialmente para as embalagens de vidro destinadas a produtos carbonatados alcoólicos ou não alcoólicos, submetidos ou não a algum processamento térmico posterior ao seu acondicionamento, recomenda-se que seja adotado um bom controle de qualidade do nível de enchimento do produto. A adoção dessa prática pode garantir um adequado volume de headspace, capaz de suportar as variações de pressão que eventualmente ocorram durante as etapas de fabricação, comercialização ou distribuição com efetivos ganhos em redução de perdas de produto e de embalagem.

REFERÊNCIA BRITISH STANDARD INSTITUTION. BS 7367: SPECIFICATION FOR MANUFACTURE OF GLASS BOTTLES FOR CARBONATED SOFT DRINK INCLUDING CARBONATED WATER. LONDON: BSI, 1991. 12 P.

SANDRA BALAN M JAIME

Pesquisadora Científica do Centro de Tecnologia de Embalagem (Cetea) do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Estado de São Paulo

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TENDÊNCIA CLARA PARA EMBALAGENS SUSTENTÁVEIS

A Anuga FoodTec 2022, feira internacional de fornecedores para a indústria de alimentos e bebidas, que acontece de 26 a 29 de abril de 2022, em Colônia, na Alemanha, vai mostrar uma tendência muito clara na indústria de embalagens atual: as embalagens sustentáveis.

Os visitantes descobrirão como os fabricantes de embalagens e fabricantes de máquinas de embalagem estão alcançando a mudança para mais sustentabilidade e quais desafios precisam ser superados no processo. Este tema importante e voltado para o futuro também é abordado com competência no programa do evento e do congresso.

Estão previstos os seguintes eventos sobre o tema Embalagem (extrato): 26.04.2022 10h00 – 11h30 “Garrafas e embalagens sustentáveis para bebidas” Organizador: DLG 28.04.2022 13h40 – 15h10 “Embalagens de alimentos sob medida: você já está a bordo também?”

Organizador: NVC Netherlands Packaging Centre, Gouda, Holanda 29.04.2022 10h00 - 11h30 “Embalagem inteligente - embalagem moderna “pensa” à frente” Organizador: DLG A Koelnmesse é a organizadora da Anuga FoodTec. A DLG, Sociedade Agrícola Alemã, é a patrocinadora profissional e conceitual da Anuga FoodTec. www.anugafoodtec.com

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COMPETITIVIDADE

SACOLAS DE SUPERMERCADO MAIS UMA VEZ NA BERLINDA

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AGORA, UMA NOVA LEI QUER VETAR SUA VENDA E DISTRIBUIÇÃO

Câmara Municipal de São Paulo aprovou no dia 7 de dezembro de 2021, em primeiro turno, um projeto de lei do vereador Xexéu Tripoli (PSDB) que veta a distribuição e a venda de sacolas plásticas em estabelecimentos comerciais na cidade. A proposta deverá passar por votação em segundo turno em abril de 2022. Se aprovada, seguirá para a sanção do Prefeito.

O fato exige uma reflexão para evitar erros ou a habitual transferência de culpa para um “ser inanimado”.

As embalagens plásticas são feitas a partir de petróleo ou de álcool e possuem uma razoável quantidade de energia na sua estrutura.

Elas têm valor e não podem ser consideradas lixo como se tem dito à exaustão. Precisam ser recuperadas! Descartá-las de forma irresponsável não é uma ação inteligente. Simplesmente baní-las....

Em primeiro lugar, cabe uma pergunta: por que se usam as sacolas nos supermercados?

A principal resposta é: para agregar itens e facilitar o transporte pelo consumidor, seja até o veículo, seja no trajeto até sua residência, a pé ou utilizando transporte público. É um ato de respeito praticado pelo ponto de venda.

Além dela, devem ser mencionados os possíveis usos posteriores: para que pessoas que carreguem pequenos itens e quando não dispõem de sacolas vistosas ou não estão com elas no momento da compra; para servir como “lixinho” no carro e depois destinar de forma ade-

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mica que seja definitiva: premiar as devoluções de itens (inclusive embalagens) via Logística Reversa; investir em infraestrutura de coleta e de tratamento (lembrar que embalagem tem valor e não é lixo); investir em informações para moldar o pensamento das pessoas, seguindo o exemplo do cinto de segurança (multa?), dos trens do metrô (espere que os passageiros saiam antes de entrar no trem), entre outros.

Isso custa caro e o tempo de retorno é longo, maior do que 4 anos, fato que por vezes desestimula a continuidade das ações.

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O que cada um de nós pode fazer?

A sugestão é que cada um de nós adote, divulgue e apregoe o chamado “Lean living”, que pode ser entendido como viver com o necessário, porque o extraordinário é demais..... Se o leitor tiver interesse, é só assistir “Mogli e Balu - Necessário, somente o necessário”, disponível em https://www.youtube.com/watch?v=S4J70C36RGU

quada para não poluir os espaços urbanos; para que pessoas com menor poder aquisitivo façam delas o seu “saco de lixo” para posterior coleta pelo serviço público.

Outra pergunta: onde mais sacolas descartáveis são utilizadas? nos Shopping Centers, quando vendedoras elegantes acompanham os clientes até a porta das lojas e lhes entregam bonita (e às vezes gigantes) sacolas que vão ficar guardadas em casa ou simplesmente vão ser colocadas no lixo reciclável. Elas também têm valor e não podem ser tratadas como lixo.

O leitor pode contrapor que essas sacolas são feitas de papel e, portanto, estão fora do escopo da lei.

Sim, estão! numa loja de departamentos, numa compra de 2 pares de meias, por exemplo; para acondicionar um presente, como nas grandes lojas de brinquedos.

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O que sempre é mais fácil fazer?

Proibir o uso sem oferecer opções para os consumidores sem analisar de forma sistêmica o problema e apresentar propostas exequíveis. Como escreveu Carlos Drummond de Andrade, “E agora, José?”

Confundir materiais biodegradáveis (ASTM 6400, 6868, 6866 e D5338) EN 13432, e ABNT NBr 15448) com desintegráveis (ISO 16929 e ISO 20200) e tomar decisões equivocadas.

O que é recomendável fazer?

Elaborar uma estratégia sistê-

______________________________________ 1 https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2021/12/08/camara-de-sp-aprova-em-1oturno-projeto-que-proibe-distribuicao-evenda-de-sacolas-plasticas-em-comercios. ghtml acesso em 12 de janeiro de 2022.

2 Dicionário Houassis: que nunca teve ou que deixou de ter vida.

3 https://www.culturagenial.com/poema-e-agora-jose-carlos-drummond-de-andrade/

ANTONIO CABRAL

Coordenador dos Cursos de Pós-Graduação em Engenharia de Embalagem e em Indústria 4.0 Centro Universitário do Instituto Mauá de Tecnologia (CEUN/IMT) antonio.cabral@maua.br acdcabral@gmail.com

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