EMBANEWS Nº 392 - Novembro 2022

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ANO 33 | EDIÇÃO 392 | NOVEMBRO 2022 FUNÇÃO DA EMBALAGEM É SUPORTAR A VIDA HUMANA P.12 EMBALAGEM NO MARKETING P.14 A EMBALAGEM À FRENTE DE SOLUÇÕES PARA AS QUESTÕES DESAFIADORAS DE NOSSOS TEMPOS, POR DANILO ZORZAN, DA TETRA PAK PESQUISA P.18 NOVA ROTULAGEM DE ALIMENTOS ACESSE A EMBANEWS TV O MUNDO TEM QUE ALIMENTAR 8 BILHÕES DE PESSOAS P.06 #FoodSave
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SUMÁRIO

FUNDADOR: ROBERTO HIRAISHI (1942 • 2006)

Diretor Responsável: Ricardo Hiraishi Administração: Rejane Doria Redação: Elizabeth Keiko Sinzato editorial@embanews.com; redacao@embanews.com Publicidade: comercial@embanews.com Assinaturas: assinatura@embanews.com Colunistas desta edição: Antonio Cabral, Assunta Camilo, Fabio Mestriner, Hiroshi Hara, Luis Madi,

Projeto Gráfico: FlyJabuti Design Realidade Aumentada: Massfar, empresa autorizada Zappar Brasil e Portugal

A Revista EMBANEWS é uma publicação mensal da NEWGEN COMUNICAÇÃO LTDA. registrada segundo a Lei de Imprensa no 2º Ofício de Registro de Títulos e Documentos sob nº 31.881 em 17 de julho de 1990.

Dirigida ao segmento de alimentos, bebidas, brinquedos, cosméticos, embalagens, farmacêuticos, químicos, e afins. Dirigida aos profissionais: consumidores, fabricantes e fornecedores de embalagens; fornecedores de matérias-primas e de insumos para a confecção de embalagens; fabricantes de máquinas e equipamentos e periféricos para envase e embalagem; cadeia de supply chain e logística; e prestadores de serviços de apoio, associações, universidades e instituições ligadas ao ramo de embalagem.

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4 NOVEMBRO 2022 06 #FoodSave 08 #ImpressãoDigital 10 BRANDNEWS MILLIKEN 12 EMBALAGEM NO MARKETING 18 PESQUISA 20 FRONTEIRAS 22 NEGÓCIOS 26 COMPETITIVIDADE 14
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ENTREVISTA A EMBALAGEM À FRENTE DE SOLUÇÕES PARA AS QUESTÕES DESAFIADORAS DE NOSSOS TEMPOS, POR DANILO ZORZAN, DA TETRA PAK

A URGÊNCIA EM REDUZIR PERDAS E DESPERDÍCIOS DE ALIMENTOS

o dia 15 de novembro, o planeta Terra alcançou a marca de 8 bilhões de habitantes.

No Brasil, somos 215 bilhões, o sétimo mais populoso. Desse total, 33 milhões de pessoas no Brasil passam fome. E de acordo com o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil (II VIGISAN), 125,2 milhões de pessoas convivem com algum grau de insegurança alimentar, algo que corresponde a 58,7% da população brasileira. Significa que, no curto prazo, essas pessoas não têm certeza de que vão ter as três refeições diárias recomendadas pela OMS.

É neste contexto que se dá a urgência em se enfrentar o desafio e trazer soluções para o desperdício e a perda de alimentos. A questão foi tema do “Fórum ABRE - Save

Food Latam, realizado pela ABRE –Associação Brasileira da Indústria de Embalagem, em outubro. De acordo com Marco Antonio de Barros, presidente do conselho da ABRE, o volume de alimentos que se desperdiça no Brasil hoje é de 7 a 8 vezes maior que o volume de alimentos necessário para erradicar a fome no país. “Vemos o quão importante é trabalharmos na eliminação do desperdício em todos os pontos de nossa cadeia de abastecimento e trazer luz ao tema em todas as oportunidades possíveis”, afirmou.

“O nosso objetivo é explorar o caminho a partir da perspectiva da embalagem para fortalecer a capacidade de solução e o potencial de inovação do setor”, comenta Luciana Pellegrino, diretora executiva da ABRE.

Segundo João Intine, diretor de políticas para sistemas alimenta-

res, do escritório regional da FAO para América Latina e Caribe, 12% dos alimentos produzidos na América Latina, ou 220 milhões de toneladas por ano, da pós-colheita até a distribuição, excetuando o varejo, vão para o lixo. “Isso significa que 30% da área cultivada não serviu para nada, além de uma enorme contribuição para a emissão dos gases de efeito estufa, mais a perda da água e energia”.

Os impactos das perdas e desperdícios se dão em várias dimensões: na diminuição da oferta, contribuindo para a inflação dos alimentos e dificultando o acesso de maior parte da população aos alimentos saudáveis, principalmente os frescos e não processados. Afetam também a produtividade e crescimento econômico do país e a sustentabilidade das cidades. Intine cita o exemplo da Argentina, país que tem estudos importantes sobre a quantificação das perdas no varejo e em sua transformação em métricas que facilitam a tomada de decisões.

No Brasil, a Abras – Associação Brasileira de Supermercados, apresentou um recorte da América Latina para saber onde ocorrem essas perdas. Segundo Márcio Milan, vice-presidente de relações institucionais e administrativas da Abras, as perdas ocorrem principalmente na produção (28%) e no consumo (28%); seguido por manipulação e armazenamento (22%); distribuição e venda (17%) e processamento e indústria (6%).

Sobre o varejo, Mauricio Godinho, sócio e líder de alimentos e bebidas e diretor de relacionamento com clientes da KPMG, trouxe dados da Pesquisa Abrappe de 2021, que revelam que o produto vencido é responsável por 38,53% dos desperdícios no varejo

#FoodSave
6 NOVEMBRO 2022
Fonte: II VIGISAN - SA/IA e Covid-19, Brasil, 2021/202
percentual da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar no
N
Distribuição
Brasil

em geral, não apenas de alimentos. Outros 20% são devidos a danos em lojas; 10,8%, a danos em esto ques e 9% a armazenamento ina dequado nas lojas. As falhas na re frigeração e exposição inadequada compõem os índices restantes.

“Entre as iniciativas para reduzir o desperdício está a venda de pro dutos próximos da validade com descontos de até 80%, bem aceita pelo consumidor, e a contribuição do best before (consumir prefe rencialmente até), já adotado em diversos países. Diferentemente do prazo de validade, o best befo re é um conceito que indica que o produto não está impróprio para consumo a partir de determina da data, apenas começa a perder certas propriedades. O objetivo é evitar que muito alimento bom vá para o lixo como ocorre hoje e deve ainda ser tema de intenso debate”, diz Milan.

Claire Sarantopoulos, pesquisa dora do Cetea-Ital abordou o tema de como as embalagens ativas e inteligentes podem ajudar a re duzir as perdas de alimentos. São diversos tipos de tecnologia que contribuem para aumentar a vida útil dos produtos, principalmen te os frescos e perecíveis. Já entre as embalagens inteligentes e in terativas, estão os diversos tipos de indicadores, de temperatura, tempo, localização, frescor, matu ração, etc., muitas vezes gerando dados para a melhor tomada de decisões. “Eu acredito que emba lagem salva o mundo. Ela é a nossa grande ferramenta de redução de perdas e desperdícios, mesmo que ela não seja ativa ou inteligente”, afirma Claire.

No contexto internacional, Ne lida Kelton, da WPO – World Pa ckaging Organisation, trouxe a visão do papel da embalagem na redução das perdas e desperdí cios de alimentos. “A embalagem tem muito a contribuir, através do aumento do tempo de pratelei ra, com a melhoria da barreira da embalagem, o uso de embalagens ativas e inteligentes, etc. Outro ponto é fornecer conveniência ao consumidor, com embalagens de volumes adequados, que possam ser abertas e fechadas, uma vez que muito do desperdício ocorre

dentro das casas do consumidor. E por fim, a comunicação ao con sumidor desses ganhos contra o desperdício precisa ser melhora da”, disse Nelida.

Um exemplo do que está sendo feito na prática para reduzir as per das e desperdícios de alimentos é a parceria entre o Comida Invisí vel e a Ambev. O Comida Invisível é uma startup que atua por meio de plataforma, e conecta empresas que dispõem de alimentos bons e próprios, que perderam o valor

Fachmagazine in Brasilien, 132 x 200 mm, Digitalisation M, CC-en91-AZ161 09/22

comercial, com quem precisa de las. “Colocamos em contato, por geolocalização, empresas, hotéis, supermercados, restaurantes, com ONGs, para fazer com que esses ali mentos caminhem. Para garantir a segurança jurídico-sanitário desse processo, as ONGs recebem treina mento de políticas de boas práti cas de manipulação de alimentos, e nutricionistas em todo o Brasil fazem uma certificação sanitária nessas ONGs”, diz Daniela Leite, CEO, da startup.

NO CAMINHO DA INOVAÇÃO SUSTENTÁVEL

AMazurky Caixas de Papelão Ondulado apresentou nos dias 8 e 9 de novembro a sua nova impressora digital EFI™ Nozomi C18000 Plus de passagem única para embalagens de papelão ondulado, primeira e única no Brasil, já em operação, em sua nova sede, localizada no município de Mauá, na Grande São Paulo. O open house reuniu convidados em um ambiente em que o papelão estava presente em quase tudo, das poltronas às mesas, divisórias e elementos de cenografia.

A Mazurky, fundada pelos irmãos Eduardo e Marcel Mazurkyewistz, sempre foi pautada por um trabalho diferenciado de inovação, para além das aplicações commodities. “Começamos a estudar mais a fundo a impressão digital, ainda em 2017, e em 2021, investimos na EFI Nozomi, que começou a operar este ano. Para abrigar a Nozomi, mudamos para esta nova planta, em Mauá”, conta Eduardo. “Em junho, adquirimos uma nova empresa, a Eu Amo Papelão, fundada em 2013, voltada a princípio para a venda de brinquedos em papelão, mas na qual também identificamos um grande potencial de comunicação entre nosso cliente e o público final”, afirma Eduardo.

De acordo com Marcel, a aquisição da EFI Nozomi também está alinhada à questão ambiental defendida pela Mazurky desde o princípio. “Nossa empresa sempre teve por objetivo o controle do consumo de energia, de água, dos resíduos. E essa máquina traz benefícios claros nesse campo”, afirma.

Evandro Matteucci, Vice-presidente e gerente geral da divisão de embalagens e materiais de construção da EFI, exemplifica esses benefícios

“O sistema de impressão inkjet industrial da Nozomi reduz desperdícios ao eliminar etapas da produção, como o uso de chapas de gravação, uma vez que a impressão é feita diretamente no substrato. Economiza ainda um quarto da energia consumida comparada a qualquer outro sistema similar, e reduz o desperdício de caixas e tinta, estimado em 30% no sistema analógico, em média. Isso ocorre quando há mudanças na caixa e aquele inventário já impresso acaba sendo desperdiçado. No sistema digital isso não ocorre, pois a impressão é sob demanda”, explica. Destaque para as tintas inodoras e com certificado europeu de atoxidade.

O especialista e consultor em ESG, Vítor Seravalli, em sua palestra durante o open house, destacou o momento atual por que passa a evolução da economia ligada à sustentabilidade, de conexão entre ESG e inovação sustentável, caminho que vem sendo trilhado pela Mazurky, constata Seravalli.

A EFI fornece equipamentos industriais, serviços, tintas e softwares para a decoração de qualquer tipo de substrato, de papelão, papéis decorativos, têxteis, elementos de sinalização, porcelanatos, etc.

A QUALIDADE DA IMPRESSÃO AMPLIA AS OPORTUNIDADES DE NOVOS NEGÓCIOS

Matteucci destaca ainda as características únicas da impressão digital. “A flexibilidade na produção torna as tiragens menores viáveis e rentáveis, além de oferecer uma qualidade de impressão impactante”, disse o executivo da EFI. “A Nozomi C18000 Plus, por exemplo, tem 7 cores, incluindo o branco, e é capaz de reproduzir com perfeição 95% das cores que somos capazes de detectar.”

Segundo Marcel, essa qualidade da impressão e os demais atributos abrem novos campos para o uso da caixa de papelão ondulado que vão além de apenas proteger, armazenar e transportar os produtos. “Com a necessidade das marcas se destacarem no mercado, há uma oportunidade imensa para tornar as embalagens uma eficiente ferramenta de marketing, seja como displays nos pontos de venda, totens e peças de comunicação visual, por exemplo”.

www.efi.com; www.mazurky.com.br

#ImpressãoDigital
8 NOVEMBRO 2022

O sentido da embalagem sustentável

ADITIVOS E SEU PAPEL NA CIRCULARIDADE DOS PLÁSTICOS

Hoje em dia, a sustentabilidade se tornou a expectativa e não a exceção. É um tema abrangente que trata de megatendências como clima, igualdade, cadeias de abastecimento e consumo sustentável, impulsionado por consumidores que desejam um futuro mais sustentável.

Isto significa fazer com que as embalagens, um elemento fundamental de nossa sociedade moderna, tenham um desempenho que minimize seus impactos durante sua vida útil. Os impactos da mudança climática e dos resíduos plásticos podem ser atenuados tornando mais embalagens recicláveis. Neste contexto, a necessidade de aditivos plásticos só crescerá à medida que os materiais reciclados forem sendo atualizados para sua próxima vida útil.

A Milliken está constantemente avaliando como os aditivos podem aumentar a circularidade dos plásticos, com seus aditivos de próxima geração focados fortemente no design para circularidade. Nosso objetivo é apoiar a indústria de plásticos com aditivos de desempenho que continuem a melhorar

as embalagens sustentáveis, ajudando a “reduzir, reutilizar e reciclar”. É por isso que o portfólio de produtos da marca para melhorar a sustentabilidade está crescendo, com uma série de produtos e iniciativas que ajudam a permitir uma transição para uma economia mais circular.

A empresa também é ativa em iniciativas globais que trabalham em prol de avanços regulatórios, industriais e de consumo em embalagens sustentáveis.

Aderimos ao Pacto Global das Nações Unidas em 2019, e relatamos anualmente o progresso nesta área. Nossos esforços de sustentabilidade apoiam as 17 Metas de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas para 2030, com um foco especial em nove das 17 metas do SDG. Também apoiamos diversos grupos industriais que focam na reciclagem e na circularidade.

Temos trabalhado com Underwriters Laboratories (UL) Environment, um fornecedor independente de soluções de sustentabilidade, para comprovar que certos materiais formulados com nossos aditivos

contribuem significativamente para a economia de energia durante o processamento. Os proprietários de marcas que usam materiais certificados com a Validação de Reivindicações Ambientais da UL estão autorizados a exibir o selo ecológico da UL em seus produtos.

Como os consumidores exigem embalagens mais recicláveis e reutilizáveis, a empresa direcionou suas inovações técnicas e contribuições em políticas para melhorar a reciclagem, reduzir o desperdício geral e diminuir as emissões de gases de efeito estufa para embalagens mais sustentáveis. Um futuro mais sustentável para as embalagens é uma parada ao longo do caminho rumo a um futuro sustentável.

CAIO DE LUCA

Gerente de Suporte Técnico e Desenvolvimento da Milliken Caio.DeLuca@Milliken.com

BRANDNEWS - MILLIKEN
10 NOVEMBRO 2022

PRODUZIDAS COM RESINA RECICLADA PÓS-CONSUMO

MENOR IMPACTO AMBIENTAL COM REDUÇÃO DO USO DE RECURSOS NATURAIS

Na Globoplast, sabemos da responsabilidade pelo impacto ambiental durante todo o ciclo de vida de nossos produtos. Por isso, nossos esforços são contínuos em tecnologia para ampliar, cada vez mais, o volume de resina reciclada utilizada em sua produção.

Nesse sentido, lançamos a bisnaga plástica produzida com resina reciclada pósconsumo (PCR) A utilização de matériaprima renovável causa um impacto positivo na economia circular por meio de fabricação, distribuição e descarte adequado de embalagens sustentáveis.

A Globoplast produz bisnagas plásticas de máxima qualidade para os segmentos cosmético, farmacêutico e veterinário, químico e de alimentos, com grande variedade de acabamentos e diâmetros.

BISNAGAS PLÁSTICAS
(PCR) fone: +55 11 4156-8400 | www.globoplast.com.br

A PRINCIPAL FUNÇÃO DA EMBALAGEM É SUPORTAR A VIDA HUMANA

Vivemos tempos estranhos com acontecimentos que ninguém esperava, alterando a forma como estamos vivemos nossos dias.

Não me lembro de ter vivido um período tão conturbado com tantas demandas antagônicas num mundo tomado pela insegurança alimentar e as dúvidas sobre o futuro próximo.

Neste cenário é preciso falar da embalagem e de seu importante papel, e de suas funções que vão muito além de conter, proteger e transportar o produto. Hoje a embalagem se tornou uma ferramenta de competitividade, um recurso estratégico que a empresa tem e que pode utilizar de muitas formas para ajudar seu negócio na competição com seus concorrentes.

Embalagem tem custo, dizem os compradores e este custo tem que ser cada vez menor, chegando muitas vezes a comprometer a proteção do produto ou a imagem da marca, porque nada prejudica mais um produto e sua marca que uma embalagem ruim.

Ocorre que neste novo cenário competitivo, a embalagem não pode mais ser utilizada apenas para carregar o produto, ela precisa ajudar o negócio da empresa, senão ela será apenas um custo e um investimento desperdiçado.

Nos treinamentos em Inteligência de Embalagem que tenho conduzido pelo Brasil, minha maior contribuição é gerar nos participantes uma nova visão sobre a embalagem, mostrando como ela ajuda o negócio da empresa e vai muito além da visão de custo que infelizmente ainda predomina no mercado.

Mas não importa onde eu esteja, sempre inicio meus treinamentos afirmando e mostrando dados que demonstram que o mercado de embalagem só cresce e continuará crescendo enquanto nossa sociedade continuar crescendo.

Meus caros, a embalagem existe para atender as necessidades e anseios da sociedade e com ela evolui agregando cada vez mais inovação, tecnologia e processos industriais eficientes para fazer com que ela cumpra sua missão de atender as crescentes demandas de um mundo em movimento.

Dia 15 de Novembro a Terra alcançará a extraordinária marca de 8 bilhões de habitantes que necessitarão de mais embalagens para continuar vivendo suas vidas.

Enganam-se os que pensam que embalagem está ligada apenas ao consumo; a principal função da embalagem é “Suportar a Vida Humana”, uma missão grandiosa ofuscada em grande medida pelas questões ambientais que projetaram sobre ela uma luz negativa nem sempre justa ou correta.

Eu gosto de lembrar que o ser humano, para sobreviver nas cidades, longe do campo, das plantações, da horta e do galinheiro, precisa se abastecer nos supermercados e no comércio de gêneros alimentícios que são supridos com mais de 80% de produtos “embalados”.

Mas para suportar a vida humana, a embalagem precisa fazer muito

mais, pois não é possível vacinar uma criança, uma vaca, uma galinha nem combater as pragas que destroem as lavouras e os alimentos sem embalagem. Não conseguimos, sem ela, tomar um remédio, tratar os doentes nos hospitais, os ovos não conseguem sair da granja e chegar intactos às nossas casas, nem o leite sair das vacas e chegar aos nossos copos.

As cestas básicas com todos os seus componentes não conseguiriam alcançar os pontos mais distantes do país fazendo com que os alimentos alcancem a todos em prefeitas condições de consumo.

Não existe e-commerce sem embalagem e a gente não consegue nem escovar os dentes sem ela.

“Suportar a vida humana” é a função que faz da embalagem o item industrial mais produzido no mundo e aquele do qual o homo sapiens mais depende para sua sobrevivência.

FABIO MESTRINER

Professor Coordenador do Núcleo de Estudos da Embalagem ESPM, Consultor em Inteligência de Embalagem, Autor de livros didáticos sobre embalagem fabio@mestriner.com.br

EMBALAGEM NO MARKETING 12 NOVEMBRO 2022
É SÓ PENSAR EM TODAS AS AÇÕES COTIDIANAS EM QUE A EMBALAGEM ESTÁ PRESENTE
Ilustração do autor

A EMBALAGEM À FRENTE DE SOLUÇÕES PARA AS QUESTÕES DESAFIADORAS DE NOSSOS TEMPOS

Vivemos tempos de grandes desafios. Questões como a segurança alimentar, as mudanças climáticas, a economia circular de resíduos, estão no rol das preocupações que cercam o dia a dia das pessoas, cada vez mais atentas à escolha do que consomem. E a embalagem tem papel importante para ajudar o consumidor em suas escolhas sustentáveis. A partir dessa visão, a Tetra Pak, empresa que produz embalagens cartonadas assépticas, mais conhecidas por caixinhas, constrói sua estratégia global, posta em ação através de diferentes frentes, tudo isso para ajudar a garantir o acesso a alimentos seguros, de forma sustentável, para centenas de milhões de pessoas em todo o mundo.

Para falar sobre a atuação da Tetra Pak frente aos desafios que estão postos às empresas nesta e nas próximas décadas, EMBANEWS entrevistou Danilo Zorzan, Diretor de Marketing da Tetra Pak Brasil. Engenheiro de alimentos pelo Instituto Mauá de Tecnologia e com MBA em Propaganda e Marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Danilo Zorzan acumula mais de vinte anos no setor de alimentos e bebidas. Em sua trajetória dedicou-se a projetos globais

com foco no desenvolvimento de novas soluções e impulsionamento de vendas na indústria alimentícia. Para conhecer a história da Tetra Pak e sua presença no Brasil, que este ano completa 65 anos de atividades no país, acesse https://www.tetrapak.com/pt-br

EMBANEWS: Como vê as tendências no mercado de bebidas e alimentos no Brasil e como elas se alinham às embalagens da Tetra Pak?

DANILO ZORZAN: As tendências vão mudando de acordo com as transformações de comportamento dos consumidores. A pandemia, por exemplo, causou um impacto de cauda longa nos hábitos dos brasileiros, impulsionando a demanda por produtos saudáveis e de alto valor agregado, na busca por imunidade. Aumentou ainda a procura por produtos mais baratos, em função dos desafios econômicos que ela impôs em nível global. Quando pensamos em Brasil, temos um mercado dinâmico, heterogêneo e com uma enorme oferta de insumos e matéria prima para a indústria, o que implica em muito potencial de crescimento e inovação. Para entender essas mudanças nos hábitos de consumo e alinhar tanto o nosso negócio como o dos nossos

14 ENTREVISTA NOVEMBRO 2022

parceiros da indústria às demandas dos consumidores, a Tetra Pak investe em pesquisas. No universo de em balagens, temos percebido que fatores como sustenta bilidade e reciclabilidade agregam valor aos produtos, desempenhando um papel decisório nas escolhas dos consumidores. Nossa pesquisa Consumo de Embala gens Sustentáveis (Sustainable Packaging Consumer Research), realizada em 2021, aponta que mais da me tade dos brasileiros levam em conta uma comunicação clara e efetiva por parte das marcas sobre seus feitos ambientais ao realizarem suas escolhas. Além disso, quase a totalidade da população (90%) re conhece como muito relevantes as embalagens pro duzidas com materiais recicláveis e a criação de no vos produtos a partir de matérias-primas recicladas. Os achados também apontam que a preferência por itens e produtos que substituem o plástico se intensi ficou. Termos como “carbono neutro” e “material de ori gem responsável” têm ganhado relevância.

A pesquisa global Vida Saudável e Sustentável 2021, di vulgada pelo Instituto Akatu e a GlobeScan e realizada em 31 países, apontou que 86% dos brasileiros desejam reduzir seu impacto individual sobre o meio ambiente e a natureza. Neste sentido, a embalagem desempenha papel fundamental ao auxiliar o consumidor em seu desejo de, por meio de suas ações, reduzir o seu impac to no meio ambiente. São dados que nos orientam em nossos investimentos em inovação.

EMBANEWS: Quais categorias de produtos estão se so bressaindo?

DANILO ZORZAN: Podemos perceber um movimento crescente em novos nichos de mercado, indo além de categorias consolidadas como leites e sucos comercia lizados em embalagens longa vida e determinado pela crescente demanda por saudabilidade, sustentabilida de e personalização. Nos últimos três anos, registramos um crescimento de 36% no volume de embalagens vendidas para catego rias novas e emergentes. Em 2021, o crescimento foi de 16% em relação ao ano anterior, índice alavancado pelo crescimento de bebidas proteicas (57%), refrescos (40%) e leite fermentado (14%). De 2018 a 2021 também cresceram significativamente as vendas de embalagens para produtos à base de plantas (58%) e cremes culiná rios (160%).

EMBANEWS: De que maneira questões como os cuida dos com a saúde estão direcionando os novos desenvol vimentos na Tetra Pak?

DANILO ZORZAN: Nosso trabalho é o de auxiliar nos sos parceiros da indústria de alimentos e bebidas a formularem produtos que atendam à demanda dos consumidores por produtos mais saudáveis, através de consultoria, e para isso, contamos com o apoio de nosso Centro de Inovação ao Cliente (CIC), que oferece uma jornada completa de cocriação e suporte à indús tria de alimentos e bebidas para o desenvolvimento de novos produtos – desde a concepção até a realização de ideias com olhar nas demandas atuais e futuras do consumidor.

EMBANEWS: E a questão ambiental, como tem influen ciado o desenvolvimento?

DANILO ZORZAN: A sustentabilidade é nossa estraté gia de negócio e tem nos guiado de diversas maneiras, contribuindo para o desenvolvimento de produtos, so luções e iniciativas em prol do meio ambiente.

Há mais de 25 anos trabalhamos para estruturar a ca deia recicladora e estimular a conscientização socioam biental por meio de diferentes projetos. Como resultado desse trabalho, em 2021, cerca de 100 mil toneladas de embalagens longa vida pós-consumo foram recicladas, e temos hoje cerca de 30 recicladoras homologadas em diferentes regiões do país para fabricar novos produtos utilizando as embalagens pós-consumo da Tetra Pak como matéria-prima. Além disso, hoje a maioria dos materiais que compõem as nossas caixinhas são de origem renovável (porcenta gem que pode chegar a até 88% a depender do mo delo de embalagem), com papel certificado e plástico produzido a partir da cana-de-açúcar. O papelcartão, utilizado nas embalagens longa vida no Brasil, é fabri cado por fornecedores como a Klabin e é 100% prove niente de florestas que possuem o certificado do Forest Stewardship Council™ (FSC), garantindo o manejo flo restal responsável para clientes e consumidores. No mais, globalmente, investimos cerca de 100 milhões de euros com foco no desenvolvimento de soluções sustentáveis para o nosso portfólio de embalagens e te mos atuado rumo à meta de neutralizar a nossa pegada de carbono.

Entre os projetos, em sua fase inicial, o programa Con servador das Araucárias irá se concentrar em mapear e restaurar 80 hectares do ecossistema de Florestas de Araucária do interior de Santa Catarina, trazendo bene fícios econômicos, ambientais e sociais para a região, em médio e longo prazos. Nesta etapa, será desenvol vida a metodologia para ser replicada em outras áreas. A Tetra Pak certificará ainda uma área mais ampla, de 13,7 milhões de hectares, em padrões internacionais de carbono voluntário e de biodiversidade.

EMBANEWS: A Tetra Pak conta com um centro de ino vação no Brasil. Quais são as principais contribuições desse centro para os negócios da companhia?

A primeira fábrica da Tetra Pak no Brasil foi inaugurada em 1978 em Monte Mor, no interior paulista (foto). A segunda veio em 1999, em Ponta Grossa, no Paraná

15 NOVEMBRO 2022

DANILO ZORZAN: A Tetra Pak, ao completar 60 anos de atuação no Brasil em 2017, inaugurou seu primeiro Centro de Inovação ao Cliente (CIC) no País. O espaço é resultado de um investimento de cerca de R$ 40 mi lhões realizado pela Tetra Pak na época da sua inaugu ração e já serviu de ponto de partida para centenas de projetos que envolveram discussões de ideias, criação de conceitos, aprimoramento de produtos existentes e introdução de novas categorias no mercado: de gran des fabricantes líderes de vendas a startups, de bebidas lácteas tradicionais a produtos disruptivos que estarão nas gôndolas nos próximos anos. Composto por três áreas – sala de produtos, sala de ideias e planta piloto -, o CIC de Monte Mor conta tam bém com um núcleo de treinamento técnico, que au xilia os clientes a aproveitarem melhor seus recursos. O espaço oferece um atendimento personalizado, ba seado nas necessidades do cliente e orientado pela ex periência da Tetra Pak no que diz respeito às tendências de consumo de alimentos e bebidas no Brasil. O objeti vo final é criar e/ou aprimorar produtos para que façam sucesso.

Hoje, uma parte significativa dos produtos lançados em embalagens Tetra Pak no Brasil já passa por testes no CIC de Monte Mor, considerado o melhor do mundo de acor do com o feedback de nossos clientes: 90% deles acre ditam que o serviço oferecido pelo espaço é excelente.

EMBANEWS: Pode nos citar os cases mais emblemáti cos desenvolvidos já sob o apoio do CIC?

DANILO ZORZAN: A Betânia Lácteos é um dos nossos cases emblemáticos, por exemplo. Em parceria com a Tetra Pak, a marca desenvolveu a primeira bebida láctea fermentada ambiente já produzida no mercado brasi leiro. Com sabores morango e natural, o Yogi & Leve, co mercializado pela Betânia Lácteos, é semelhante a um iogurte tradicional, porém se diferencia por permitir o seu transporte, armazenamento e consumo em tempe ratura ambiente.

O projeto contou com identificação de tendências de consumo deste tipo de bebida no mercado asiático; recursos globais da Tetra Pak e de parceiros; parceria com a Chr. Hansen, referência mundial em biociência

e fornecedora de culturas e enzimas para a indústria alimentícia, com sede na Dinamarca; testes executados no CIC que a Tetra Pak mantém na Suécia; etapa final com formulação ajustada no CIC que a companhia ope ra no Brasil; e para comportar os últimos testes, novos equipamentos foram adicionados à estrutura brasilei ra, o que abriu espaço para o desenvolvimento de uma nova categoria no Brasil. Recentemente, o CIC também foi palco de muitas eta pas da criação da BevBox, bebida à base de gin, pron ta para consumo, em caixinha lançada pela Babuxca, startup focada na produção de bebidas alcoólicas, e desenvolvida por meio do Programa de Aceleração de Startups da Tetra Pak.

A BevBox foi lançada com três opções de sabores, todos com 6% de teor alcoólico. A bebida foi desenvolvida a seis mãos entre a fabricante Babuxca, a Tetra Pak e a Plug and Play. Essa parceria entre Babuxca e Tetra Pak reflete o nosso interesse em diversificar nosso portfólio e traz grandes benefícios ao cliente com o lançamento da BevBox, tendo potencial para dobrar o tamanho da Babuxca em um ano.

EMBANEWS: As startups têm potencial para transfor mar as relações entre indústria e mercado de consumo? De que maneira isso está acontecendo na Tetra Pak?

DANILO ZORZAN: O auxílio ao desenvolvimento de no vos negócios faz parte do DNA da Tetra Pak. Do total de novos clientes atraídos pela filial brasileira em 2020, cerca de 30% se enquadravam no modelo de operação de startups.

Desde o início de 2021 estamos rodando o Startup Tetra Pak, programa de aceleração de startups da Tetra Pak no Brasil, que busca identificar empresas que estejam desenvolvendo produtos alimentícios que respondam às novas demandas do mercado consumidor brasilei ro e que se destaquem por terem proposta inovadora e reúnam fatores como praticidade, sustentabilidade, saudabilidade e experiência.

As startups participantes da aceleração contam com a estrutura do CIC da Tetra Pak, para desenvolverem os seus produtos. No local, os fabricantes recebem orien tação para todas as etapas de desenvolvimento de um

16 ENTREVISTA NOVEMBRO 2022
O Centro de Inovação ao Cliente (CIC) iniciou atividades em 2017, quando a Tetra Pak completou 60 anos de atividades no Brasil

alimento ou bebida, passando por idealização, estudos de mercado, testes de formulação em ambiente fabril e estratégia de posicionamento do produto. Além dis so, elas também têm acesso a mentorias dedicadas, workshops de temas relevantes e eventos de inovação. Em sua quarta onda, o programa é realizado em parce ria com a Plug & Play, plataforma de inovação que co necta grandes corporações a startups de diferentes se tores. A iniciativa em conjunto busca proporcionar aos participantes um ecossistema completo. Hoje, dez star tups participam do programa de aceleração. O primeiro resultado do programa já está disponível nas gôndolas, a BevBox que citamos aqui.

EMBANEWS: A embalagem vista como um veículo de comunicação: quais ações a Tetra Pak têm feito nesse sentido?

DANILO ZORZAN: As embalagens podem ser vistas como uma ferramenta de marketing e diante disso vi mos que podemos usar nossas próprias embalagens para fomentar a discussão sobre consciência ambiental, por exemplo. Em parceria com outras marcas, a Tetra Pak adotou a ferramenta Ad on Pack, uma modalidade na qual utiliza as laterais das caixinhas para levar conteú dos especiais, ampliando o papel estratégico das emba lagens também como ferramenta de conscientização. Recentemente, embalagens de leites, sucos e águas de coco chegaram às gôndolas com mensagens sobre a reciclagem das embalagens longa vida da Tetra Pak. A ação acontece em parceria com os fabricantes de bebidas, que disponibilizaram uma das laterais da em balagem para a ação. Neste ano, estamos mostrando que a caixinha pode dar origem a produtos de alto va lor agregado, como partes de bicicleta, móveis, telhas e pisos. Queremos conscientizar o consumidor sobre o processo de reciclagem, mostrando que a sua atitude ao realizar o descarte correto é essencial para que a cai xinha se transforme em novos produtos, concretizando o ciclo de economia circular. A Tetra Pak também tem trabalhado intensamente no desenvolvimento de embalagens conectadas, que es

tão transformando caixinhas de leite e suco em canais interativos de informação, proporcionando novos for matos de comunicação com consumidores, indústria e varejo. Orientada pelas inovações introduzidas pela in dústria 4.0, códigos de identificação, impressão digital e gestão de dados, as embalagens conectadas proporcio nam rastreabilidade de ponta a ponta, abrindo possibi lidades para melhorar a fabricação de produtos, o con trole de qualidade e a transparência, garantindo uma maior visibilidade ao longo da cadeia de suprimentos e em insights em tempo real, dando aos consumidores a oportunidade de acessar um amplo leque de informa ções sobre o produto, como onde ele foi produzido, a fazenda de onde os ingredientes foram obtidos e em quais locais a embalagem pode ser reciclada.

EMBANEWS: Como a Tetra Pak vê a questão da redu ção de perdas e desperdícios de alimentos e como tem pautado a questão?

DANILO ZORZAN: A perda e o desperdício de alimentos são um problema sério. Aproximadamente um terço dos alimentos produzidos são perdidos ou desperdiçados, e, por sua vez, são responsáveis por aproximadamente 8% das emissões de gases do efeito estufa causadas pelo homem. A Tetra Pak foi fundada nos pilares de seguran ça, proteção e disponibilidade dos alimentos em todos os lugares. Além disso, nossos sistemas de processamen to e envase foram projetados para maximizar a produ ção de alimentos e bebidas e reduzir desperdícios. Todo novo equipamento que colocamos no mercado precisa ser mais eficiente em termos de consumo de água, ener gia e insumos em comparação à sua versão anterior. Primeiro, nosso equipamento e nossos processamentos de ponta evitam que os alimentos sejam derramados ou se estraguem durante o processo de produção, mes mo nos estágios iniciais. Com o nosso modelo de Centro de laticínios, os clientes podem coletar leite proveniente de pequenos agricultores, o que contribui para a redu ção da perda de alimentos entre a produção e o trans porte para a fábrica.

Em segundo lugar, nossas embalagens foram desenvol vidas para prolongar a vida útil dos alimentos e evitar que eles se estraguem. Nossa ampla variedade de tamanhos de embalagens e tampas permite que nossos clientes escolham o tamanho ideal para seus consumidores lo cais: a combinação do tamanho certo com a tampa cer ta ajuda a garantir que os consumidores possam manter os alimentos por mais tempo e evitar derramamentos. Por exemplo, quando um de nossos clientes no Japão percebeu que seus consumidores mais idosos tinham dificuldade para terminar um produto de um litro, pu demos oferecer alternativas de meio litro ou 900 ml, re duzindo assim o desperdício por parte do consumidor. Além disso, trabalhamos para apoiar nossos clientes na adoção de práticas sustentáveis. Reduzir as perdas e o desperdício de alimento é um dos princípios básicos da Tetra Pak, e continuamos a avançar na solução desse desafio global. Estamos envolvidos com várias organiza ções que estão comprometidas com a solução do pro blema, além de promover a conscientização e respon sabilidade do cliente.

17 NOVEMBRO 2022
BevBox, bebida à base de gin, pronta para consumo, em caixinha lançada pela Babuxca, startup que faz parte do Programa de Aceleração de Startups da Tetra Pak

NOVA ROTULAGEM PARA PRODUTOS ALIMENTÍCIOS

Os alimentos, bebidas, ingredientes, aditivos alimentares e coadjuvantes de tecnologia embalados que passaram a ser comercializados no atacado e no varejo a partir do último dia 9 de outubro precisam ter rotulagem frontal destacando altos teores de gordura saturada, açúcar adicionado e sódio (nutrientes críticos), em conformidade com a RDC nº 429/2020 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O impacto dessa e outras mudanças no rótulo, no entanto, deve ser maior a partir 9 de outubro de 2023, quando todos os produtos alimentícios já existentes no mercado deverão estar atualizados, exceto aqueles de agricultura familiar, empreendimentos econômicos solidários e agroindústria de pequeno porte e artesanal (exigência começa em 9 outubro de 2024) e as bebidas não alcóolicas em garrafas retornáveis (obrigatoriedade a partir de 9 de outubro de 2025).

A novidade aprimora a qualidade das informações sobre o conteúdo dos alimentos processados que chegam ao consumidor, cada vez mais exigente, podendo ser uma oportunidade para as empresas explorarem melhor outros recursos no rótulo como o QR Code, que viabiliza o acesso a conteúdo mais completo e igualmente importante como detalhes do processo produtivo e orientações de armazenamento do produto e destinação da embalagem.

Pela importância e abrangência do setor alimentício, mudar um elemento essencial como a embalagem não é simples, por isso houve muita atenção e cuidado da Anvisa e do setor produtivo para chegar ao modelo de rotulagem brasileiro que acaba de entrar em vigor. Mais de vinte entidades setoriais participaram dos estudos e discussões ao longo de seis anos e, como órgão público de pesquisa de referência nas áreas de alimentos, bebidas, ingredientes e embalagem, o Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital) acompanhou de perto esse processo que impacta não só a cadeia produtiva como também o consumidor e a sociedade, os principais focos do trabalho da instituição.

O debate no Brasil ocorreu em paralelo à implantação do rótulo frontal em outros países da América Latina. Enquanto o pioneiro Equador efetivou o modelo de semáforo nutricional (agosto de 2014) com três nutrientes críticos em destaque, optaram por octógonos de advertência com quatro a cinco itens Chile (junho de 2016), Peru (junho de 2019), México (outubro de 2020) e Uruguai (fevereiro de 2021). O modelo de lupa de advertência para três nutrientes críticos adotado pelo Brasil é o mesmo implantado pelo Canadá no primeiro semestre de 2018. Agora em dezembro será a vez de a Colômbia destacar esses mesmos três itens através do modelo de selos de advertência.

Um dos maiores avanços da atualização da rotulagem é a uniformi-

zação da porção de referência, que passa a ser 100 g ou 100 ml. Por outro lado, com as discussões à tona, ativistas ampliaram o discurso de condenação dos alimentos industrializados, em especial daqueles classificados como “ultraprocessados”. Condena-se a presença de conservantes, todos exaustivamente estudados e aprovados por agência reguladora, mas se esquece de priorizar a segurança dos alimentos e o combate a perdas e desperdícios.

Diante desse contexto, o Ital vem desde 2015 conduzindo estudos para comprovar a importância do processamento de alimentos para a segurança alimentar, todos disponibilizados no site https://ital.agricultura. sp.gov.br/pitec. Com 25 anos de experiência como pesquisador científico na área de embalagem, item mais estratégico para que os produtos alimentícios cheguem à mesa dos brasileiros, convido o setor a também se engajar no combate à desinformação sobre alimentos industrializados através de ciência e tecnologia e uma comunicação cada vez mais transparente e estratégica com os consumidores.

REFERÊNCIA

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC nº 429, de 08 de outubro de 2020. Dispõe sobre a rotulagem nutricional dos alimentos embalados. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2020.

PESQUISA 18 NOVEMBRO 2022
O INSTITUTO DE TECNOLOGIA DE ALIMENTOS (ITAL) ACOMPANHOU DE PERTO ESSE PROCESSO QUE IMPACTA NÃO SÓ A CADEIA PRODUTIVA COMO TAMBÉM O CONSUMIDOR E A SOCIEDADE LUIS MADI Pesquisador e Diretor de Assuntos Institucionais do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Estado de São Paulo

TRADIÇÃO IMPERA NO COTIDIANO ALEMÃO

Stollen, o famoso bolo de Natal alemão é feito com uvas passas e coberto de açúcar fininho, também conhecido como panetone alemão. Os biscoitos cobertos de chocolate Lebkuchen e o AdventsKalender (Calendário do Advento) também fazem parte das tradições dos alemães neste período.

O Calendário do Advento surgiu há muito tempo com os luteranos alemães, que tinham o costume de riscar com giz as portas ou paredes das suas casas, para contar os 24 dias que antecediam o Natal.

Também eram feitos calendários em formato de pequenos gaveteiros de madeira com 24 gavetinhas para as crianças. Iniciou-se a tradição de abrir uma gavetinha a cada dia, após a ceia e feita todas as tarefas, para descobrir ou ganhar um doce ou presentinho. Era um jeito divertido de esperar

a chegada do Natal. Hoje, há diferentes propostas de “calendários”, como os feitos de papelcartão com chocolate, que são os mais comuns e tradicionais.

Na Páscoa, cascas de ovos de galinha verdadeiros são pintadas delicadamente de forma artesanal e recheadas com chocolates especiais. São lindos e muito apreciados.

Na mesa de qualquer ocasião, muitos produtos alemães permanecem em suas embalagens, que são praticamente imutáveis e mantêm seus conceitos. A embalagem da linha de queijos aerados da Almette tem design que remete à região de origem e formato de balde de madeira, que remete aos velhos tempos. O creme de leite para o café e o açúcar com canela em pó preservam a mesma embalagem há décadas.

Bebidas destiladas tradicionais como o famoso Killepitsch, com

seus 165 anos, permanece igual. Mesmo produtos mais “modernos”, como o gin, têm garrafas desenhadas no conceito da escola Bauhaus, com linhas bem definidas. Ainda que algumas marcas optem por rótulo kraft “envelhecido” ou garrafa preta com rótulo com arte pós-moderna e tampa de madeira descolada, os contornos das embalagens são os mesmos.

As embalagens sempre refletem as preferências e o estilo do seu público:

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FRONTEIRAS NOVEMBRO 2022 20
OS ALEMÃES SÃO BEM CONSERVADORES EM SEUS HÁBITOS DE CONSUMO. NUMA RÁPIDA VISITA AO SUPERMERCADO, PERCEBEMOS COMO AS TRADIÇÕES SÃO FORTES POR LÁ
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UM JAPÃO PARA O EMPRESÁRIO BRASILEIRO VER

OJapão é a terceira maior economia do mundo, possui um mercado sofisticado para produtos, serviços e tecnologias e continua a desfrutar de um crescimento econômico estável. Também vale ressaltar que o país respondeu positivamente às mudanças socioeconômicas globais e está desenvolvendo rapidamente seu ambiente de negócios, em especial por conta de uma atenção muito interessante às startups.

Há no Japão pouco mais de 10 mil startups. Em 2019 foram investidos US$ 25,38 bilhões, sendo US$ 19 bilhões para startups no mercado doméstico e US$ 6,38 bilhões para aquelas que atuam fora do país, como aponta a Venture Enterprise Center, do Ministério da Economia, Comércio e Indústria do Japão. Apesar dos números relevantes, comparados ao Brasil, ainda é um mercado que precisar crescer muito.

Para atrair as startups japonesas, executivos da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e da Associa ção Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP) estiveram captando empresas daquele país a promoverem seus negócios por aqui. Tudo isso pode criar, sem dúvida, um novo patamar de relações entre pequenas empresas dos dois países, algo muito fomentado pelos governos brasileiro e japonês.

Também fazemos o mesmo com o Invest Japan, programa pelo qual oferecemos suporte completo às empresas brasileiras interessadas em investir no Japão, desde o auxílio a elaborar um modelo adaptado ao mercado local, rodadas de negócios, esclarecimento de dúvidas, abertura do escritório até o pós-abertura (divulgação e expansão no Japão). Apoiamos as companhias ainda com pesquisas de mercado customizadas, consulta com especialistas e leis tributárias, reuniões com potenciais parceiros e governos locais.

De iniciativas lideradas pelo governo a desafios sociais em um mundo pós-covid-19, o Japão abre suas portas e está pronto para investimentos e talentos estrangeiros. O Brasil, claro, até por suas relações históricas com o Japão, merece uma atenção especial. Para superar esses desafios e alcançar um crescimento econômico sustentável, a inovação é indispensável.

De olho nesse cenário, o estabelecimento e desenvolvimento de um ecossistema de inovação para startups e a criação imediata de um ambiente de negócios e de vida propício para empresas estrangeiras também estão sendo promovidos pelo Japão. As brasileiras, apesar do foco dado pelos japoneses às nações do Sudeste Asiático, têm grandes possibilidades de negócios e não podem perder.

Entrar em um novo mercado é uma tarefa difícil para qualquer empresa, pois requer tempo e recursos financeiros para fazê-lo. O Japão lançou as oportunidades e as companhias precisam fazer a sua lição de casa. Mas vale lembrar que o Japão e o Brasil sempre tiveram histórias bem-sucedidas de relacionamento. Quem sabe o da sua empresa não é a próxima!

SOBRE A JETRO SÃO PAULO (https://www.jetro.go.jp/brazil)

A Japan External Trade Organization (Jetro) atua no Brasil há mais de 60 anos no fomento de comércio e investimentos entre empresas dos dois países e na atração de investimentos brasileiros para o Japão, além do aprimoramento do ambiente de negócios. Estabelecida em 1958 em Tóquio, conta com 50 escritórios domésticos e 76 no exterior, em 55 países. No Brasil, só mantém escritório na capital paulista.

22 NOVEMBRO 2022 NEGÓCIOS
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Você já fez sua inscrição no Prêmio EMBANEWS?

A hora é agora! As inscrições vão até 30/11!

Esta é a 30ª edição do Prêmio Embanews – Troféu Roberto Hiraishi, uma premiação do setor de embalagem que tem muito a comemorar! São 30 edições a promover a inovação e o aperfeiçoamento do setor. Se a embalagem de sua empresa conquistou um lugar na gôndola dos pontos de venda do Brasil e fez a marca se destacar de alguma forma, então traga seu projeto e se inscreva! É uma boa forma de levar ao mercado esse diferencial.

É a premiação do setor de embalagem mais completa, e você pode se inscrever nas seguintes categorias: • DESIGN • MARKETING • TECNOLOGIA & QUALIDADE • MÁQUINAS, EQUIPAMENTOS E SISTEMAS • LUXO • PREMIUM • MATÉRIAS-PRIMAS OU INSUMOS • SUSTENTABILIDADE

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A NATUREZA NÃO TEM LIXEIRA

É ESSENCIAL QUE PROFISSIONAIS DAS INDÚSTRIAS FABRICANTES E USUÁRIAS DE EMBALAGEM

REFLITAM SOBRE O DESIGN FOR DISASSEMBLY 1

Ofrancês Luc Ferry é um dos pensadores mais lidos na atualidade. O livro “Aprender a Viver2”, é um curso básico de filosofia que merece ser lido e relido porque abre as portas para reflexões sobre os aspectos mais importantes da vida.

Ele participou da edição de 2022 do Fronteiras do Pensamento 3, evento em que são discutidos problemas atuais e apresentadas alternativas sistêmicas para solucioná-los, e trouxe à tona entre diversos assuntos as “Três Ideias sobre Ecomodernismo4”, que são dissociação cidade / natureza, ecologia inteligente e a economia circular.

A primeira delas, dissociação cidade / natureza, consiste em separar atividades poluentes, típicas das grandes cidades, onde morariam as pessoas, daquelas não poluentes. Para tanto, seria reservada parte da Terra para moradia. A maior área restante seria submetida a um intenso reflorestar, recuperar, reconstruir. A proposta parece ser utópica, mas permite divagações que podem levar a mente humana numa viagem que guie decisões futuras. Nessa mesma linha de raciocínio, o palestrante cita o conceito “Five Minutes City”, citado por diversos estudiosos e, dentre eles, Winy Maas5, que mostra as vantagens de cidades hipotéticas em que as pessoas moram perto do trabalho, da escola dos filhos, dos supermercados etc.

A segunda ideia é a ecologia inteligente que, em vez de punir o descarte com taxas e multas, premia ou incentiva a adoção de soluções que colaborem para a sobrevivência dos sistemas. A esse respeito, Daniel Goleman, jornalista científico

e escritor, narra, em seu livro Inteligência Ecológica6, a vida na pequena aldeia de Sher, no Tibete. Nela, “o telhado das casas de pau a pique precisa ser refeito a cada 10 anos e os salgueiros plantados ao longo dos canais de irrigação fornecem material para os telhados. Sempre que se corta um galho das árvores para utilizar no telhado, enxerta-se outro na mesma árvore.” Além disso, “o lixo humano é reciclado e usado como fertilizante nas plantações de ervas, hortaliças, cevada – fonte do alimento básico dos aldeões”. Em resumo, o prêmio dado aos habitantes é a sua sobrevivência num habitat de pouquíssimos recursos.

Ao abordar a Economia Circular, Luc Ferry deixa claro que a natureza não tem lixeira porque nela tudo é, de certa forma, desmontado e reciclado, como no exemplo da citada aldeia tibetana. É essencial que profissionais das indústrias fabricantes e usuárias de embalagem reflitam sobre o Design for Disassembly7 (Design ou Projeto para Desmontagem) ao elaborar as especificações dos seus materiais. É uma excelente oportunidade para aumentar a competitividade

Para incentivar a reflexão do leitor, duas publicações recentes mostram iniciativas que evidenciam essa preocupação com automóveis: Reciclagem de Veículos Ganha Nova Roupagem com Startups8 e Venda de Peças Remanufaturadas Soma R$ 1 bi no Setor de Ônibus e Caminhões9. Ora, se essas ações são bem sucedidas em setores tão distintos, o que impede de serem adaptadas pelos atores das cadeias produtivas de modo a tornar as embalagens pós consumo valiosas demais para serem descartadas?

Se as pessoas fossem educadas para serem mais conscientes e se existissem mais incentivos para toda a cadeia produtiva, na certa os materiais de embalagem seriam mais valorizados e reciclados com inteligência sistêmica. Lixões e até mesmo os aterros sanitários, num futuro não se sabe quão distante, seriam uma vaga lembrança que ocuparia um pequeníssimo espaço na memória.

Vale voltar ao título deste texto: a natureza não tem lixeira!

1 BRALLA, J.G. Design for Excellence. Disponível em https://vdoc.pub/download/design-for-excellence-4n49afue2530

2 FERRY, LUC. Aprender a Viver. Tradução Vera Lúcia dos Reis – Rio de Janeiro : Objetiva, 2007 3 https://www.fronteiras.com/ 4 https://youtu.be/P12tvhzLRMQ

5 MAAS, W. Five Minutes City: architecture and (im)mobility forum & workshop. Roterdam 2002.

6 GOLEMAN, D. Inteligência Ecológica: o impacto do que consumimos e as mudanças que podem melhorar o planeta. Tradução Ana Beatriz Rodrigues. Rio de Janeiro : Elsevier, 2011.

7 BRALLA, J.G. Design for Excellence. Disponível em https://vdoc.pub/download/design-for-excellence-4n49afue2530

8 Disponível em https://www.estadao. com.br/infograficos/economia,reciclagem-de-carros-ganha-nova-roupagem-com startups,1232709#:~:text=A%20proposta%20da%20startup%20rec%C3%A9m,retornem%20%C3%A0%20produ%C3%A7%C3%A3o%20de%20carros, acesso em 31 de outubro de 2022.

9 SILVA,C. Venda de Peças Remanufaturadas Soma R$ 1 bi no Setor de Ônibus e Caminhões. O Estado de São Paulo. Edição de 18 de outubro de 2022, pág B12.

ANTONIO CABRAL

Coordenador dos Cursos de Pós-Graduação em Engenharia de Embalagem e em Indústria 4.0 Centro Universitário do Instituto Mauá de Tecnologia (CEUN/IMT)

antonio.cabral@maua.br acdcabral@gmail.com

COMPETITIVIDADE
26 NOVEMBRO 2022

Nova parceria de sucesso

Manroland do Brasil agradece a Mácron Indústria Gráfica pela aquisição de sua nova impressora offset plana, modelo R700 Evolution Elite, configurada com 8 unidades de impressão e uma torre de verniz. A primeira R700 Evolution do Brasil com o moderno e único sistema de inspeção de folhas em linha, InlineInspector 8K Eye C (a mais recente inovação com maior resolução lançada pela manroland para atender o mercado gráfico).

A Evolução da Impressão. manrolandsheetfed.com Manroland Sheetfed GmbH Manroland do Brasil Serviços Ltda. Rua das Figueiras, 474 – 3º andar, Edifício Eiffel, Bairro Jardim, 09080-300, Santo André, SP. T +55 (11) 4903 9200 E info.br@manrolandsheetfed.com Uma empresa do grupo Langley Holdings plc

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