EMBANEWS Nº 395 - Fevereiro 2023

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Doze

anos depois da aprovação da PNRS, como anda a gestão de resíduos sólidos pelo país, por Andre Vilhena

ANO 33 | EDIÇÃO 395 | FEVEREIRO 2023 ACESSE A EMBANEWS TV P.12 #Sustentabilidade O PLÁSTICO DOS OCEANOS ESTÁ NAS EMBALAGENS AS MUDANÇAS NA ROTULAGEM P.06 #EmbalagemDeCafé PEQUENA HISTÓRIA DA EMBALAGEM EMBALAGEM NO MARKETING P.18
P.14
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SUMÁRIO

ENTREVISTA ANDRE VILHENA, UM DOS PIONEIROS NA ORGANIZAÇÃO DO MODELO DE RECICLAGEM BRASILEIRO, FAZ UMA LEITURA DA GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS HOJE

FUNDADOR: ROBERTO HIRAISHI (1942 • 2006)

Diretor Responsável: Ricardo Hiraishi

Administração: Rejane Doria

Redação: Elizabeth Keiko Sinzato editorial@embanews.com; redacao@embanews.com

Publicidade: comercial@embanews.com

Colunistas desta edição: Antonio Cabral, Assunta Camilo, Fabio Mestriner, Tiago Dantas

Projeto Gráfico: FlyJabuti Design

Realidade Aumentada: Massfar, empresa autorizada Zappar Brasil e Portugal

A Revista EMBANEWS é uma publicação mensal da NEWGEN COMUNICAÇÃO LTDA. registrada segundo a Lei de Imprensa no 2º Ofício de Registro de Títulos e Documentos sob nº 31.881 em 17 de julho de 1990.

Dirigida ao segmento de alimentos, bebidas, brinquedos, cosméticos, embalagens, farmacêuticos, químicos, e afins. Dirigida aos profissionais: consumidores, fabricantes e fornecedores de embalagens; fornecedores de matérias-primas e de insumos para a confecção de embalagens; fabricantes de máquinas e equipamentos e periféricos para envase e embalagem; cadeia de supply chain e logística; e prestadores de serviços de apoio, associações, universidades e instituições ligadas ao ramo de embalagem.

As opiniões dos artigos assinados e dos entrevistados não são necessariamente as mesmas da Revista EMBANEWS

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4 FEVEREIRO 2023 06 #EmbalagemDeCafé 08 #EmbalagemEstendida 10 #CarbonoNeutro 12 #Sustentabilidade 18 EMBALAGEM NO MARKETING 20 PESQUISA 22 FRONTEIRAS 26 COMPETITIVIDADE 14
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AS MUDANÇAS NO MERCADO E NA ROTULAGEM DE CAFÉ COM A NOVA PORTARIA

Desde 1º de janeiro deste ano, entrou em vigor a Portaria SDA nº 570/22 do MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que estabelece o padrão oficial de classificação do café torrado. A iniciativa atende uma demanda do setor, e contou com participação ativa da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC) no processo de discussão e aprimoramento da proposta inicial, desde a consulta pública iniciada em julho de 2021, alinhando a legislação com a realidade da indústria e as exigências do consumidor.

A Portaria dá espaço para a atuação de órgãos de defesa do consumidor, como PROCONS e o Ministério Público (MP), a fim de agirem contra denúncias de fraude no produto.

Uma das principais mudanças para as torrefadoras é a necessidade de classificar o produto, que deverá

se enquadrar nos padrões mínimos de identidade e qualidade estabelecidos pela Portaria. As empresas podem realizar esse processo internamente, com classificadores próprios, desde que apresentem um manual de boas práticas ao Ministério. Outra opção é terceirizar a atividade.

Para dar apoio ao mercado e acompanhar as mudanças do segmento, a ABIC, além de entidade certificadora, é também órgão classificador de café torrado e/ou moído.

A rotulagem das embalagens de café também muda com a Portaria SDA 570 e para facilitar às empresas conhecer as novas regras, a ABIC elaborou um Manual de Rotulagem, que pode ser baixado em: https://bit.ly/3EoqdT1

1-Denominaçãodevendadoalimento

2-IdentificaçãodeOrigem

3-Tipodecafé

4-EspéciedoGêneroCoffea

5-Moagem

6-Ponto de Torra

7-Conteúdolíquido

8-Lote

9-Prazo de validade

10-Mododeconservação

11-Instruçõesdepreparo

12-Declaraçãosobrepresençadeglúten

13-Produtos descafeinados

14-Informaçõesimportantes

16-Denominaçãodequalidade

17-Rotulagemambiental

#EmbalagemDeCafé
6 FEVEREIRO 2023

CÓDIGO 2D MELHORA EXPERIÊNCIAS NO SETOR DE FRUTAS, LEGUMES E VERDURAS

Ocupando um pequeno espaço na embalagem, o código 2D, ou bidimensional, também conhecido por QR Code, consegue armazenar um grande número de informações. Ao apontar a câmera do celular para o código 2D, o consumidor pode ter acesso a informações sobre o produtor, a origem do produto, data de colheita, dados nutricionais expandidos e até mesmo possíveis promoções ou conteúdos interativos, funcionando como uma extensão do rótulo. O código 2D está inserido como um dos elementos da categoria das embalagens inteligentes e interativas, possibilitando uma melhor experiência e relação de confiança maior entre o fabricante, seu produto e o consumidor.

Para a cadeia de suprimentos, a utilização do código 2D tem sido cada vez mais presente, pois também permite ao cliente ter acesso com facilidade a detalhes sobre a produção, transporte, armazenamento e comercialização de um item, criando as condições de rastreabilidade e monitoramento dos produtos.

CASE DE AUTOMAÇÃO PREMIADO

Com mais de 50 anos de experiência no mercado, a UnidaSul, que atua nos ramos de atacado, varejo e distribuição, entre outros, viu nessa tecnologia uma forma de aprimo-

rar a relação de confiança com seus consumidores, e tornou-se exemplo na utilização do código 2D em suas embalagens, através de padronização para uso do código pela Associação Brasileira de Automação-GS1 Brasil. A UnidaSul trabalha para inserir as embalagens estendidas nos seus produtos do setor Frutas, Legumes ou Verduras (FLV). Em 2019, a empresa passou a integrar o Programa de Rastreabilidade e Monitoramento dos Alimentos (Rama), o qual visa trazer maior precisão na identificação da origem do produto, fortalecer boas práticas agrícolas e prover informação para todos os agentes na cadeia de produção alimentícia. O Rama foi criado pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras).

Entre os sistemas que compõem o Rama, o Sistema Rastreador Paripassu dá oportunidade tanto ao produtor quanto ao distribuidor de realizar a operação de rastreabilidade de frutas, legumes e verduras. Em um processo colaborativo, produtores e distribuidores podem adicionar informações com o objetivo de formar uma relação com a

base produtiva -- e que depois pode ser usufruída pelos consumidores nas prateleiras. Além da adesão ao Rama, outra funcionalidade que otimizou a pesagem, o embalo e a etiquetagem dos produtos comercializados pela UnidaSul foi a embaladora de bandejas automáticas Digi, através da empresa Sunnyvale. Essa parceria que integrou as tecnologias das duas empresas garantiu à UnidaSul o Prêmio Automação 2022 na categoria Segurança do Alimento, promovido pela Associação Brasileira de Automação-GS1 Brasil. O prêmio privilegia a criatividade e os esforços de empresas e profissionais brasileiros na área da automação e da padronização. “O projeto que foi desenvolvido é a integração do nosso software de rastreabilidade fornecido pela Paripassu e da nossa embaladora de produtos fornecida pela Sunnyvale”, conta Douglas Figueiredo, gerente de produção da UnidaSul

O reconhecimento foi entregue em novembro do ano passado, através da integração de informações de rastreabilidade dos produtos com a embaladora de bandejas automática, usada na indústria de vegetais minimamente processados. Para Nildo Wilpert Júnior, gerente de TI da Paripassu, a iniciativa “traz principalmente informação e transparência com uma entrega de valor muito mais rápida para o cliente final”.

https://www.gs1br.org

https://www.paripassu.com.br

https://www.sunnyvale.com.br

#EmbalagemEstendida
8 FEVEREIRO 2023

A Embaquim agora está com Sede Própria. Localizada em São Bernardo do Campo, contamos com um terreno de mais de 20 mil m², proporcionando 10 mil m² apenas de fábrica para toda qualidade e segurança de nossos produtos. A sede está repleta de área verde valorizada com árvores frutíferas, painéis solares, logística integrada e conforto, seguindo todas as Normas de Boas Práticas de Fabricação.

EMBAQUIM INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA. R. Gen. Bertoldo Klinger, 277 - Paulicéia São Bernardo do Campo - SP - CEP 09688-900 Tel.: +55 11 2066-2333 vendas@embaquim.com.br - www.embaquim.com.br /Embaquim @embaquim

CONSÓRCIO DE 15 EMPRESAS VISA DESENVOLVER

TECNOLOGIA PARA CONVERTER EMISSÕES DE CARBONO EM PRODUTOS QUÍMICOS

Reduzir radicalmente as emissões de CO2, um dos principais elementos responsáveis pelas mudanças climáticas está entre os principais desafios que deveremos enfrentar nas próximas décadas. Mas a dependência do carbono é alta.

Um relatório publicado pelo Nova Institute e pela Unilever em abril de 2021 estimou que a demanda por produtos químicos derivados de fósseis mais do que dobrará até 2050. Como resultado, a produção de carbono renovável precisará aumentar em um fator de 15 se quiser eliminar com sucesso o uso de carbono fóssil em produtos de consumo. A chave para atingir esse objetivo está em encontrar alternativas.

Diante disso, gigantes da indústria no Reino Unido estão unindo forças no primeiro projeto de colaboração intersetorial destinado a reduzir as emissões de gases de efeito estufa. O projeto Flue2Chem visa converter gases residuais industriais em produtos químicos

que podem ser usados para fabricar produtos de consumo melhores e mais sustentáveis.

Para este fim, 15 principais players industriais representando um setor de £ 73 bilhões (€ 82,7 bilhões) no Reino Unido, incluindo Unilever, Society of Chemical Industry (SCI) e BASF, assinaram um acordo de colaboração para um programa de dois anos comprometido com a redução das emissões de dióxido de carbono desde o processo de fabricação. Também participam P&G, Reckitt, Croda, UPM, Tata Steel, entre outras companhias e universidades.

Tendo garantido £ 2,68 milhões (€ 3,04 milhões) de financiamento da Innovate UK, o projeto se concentrará na substituição do estoque de combustível fóssil por carbono ‘capturado’ feito de gases residuais de indústrias básicas, como a produção de metais, vidro, papel e produtos químicos.

O negócio Home Care da Unilever já testou produtos que usam emissões de carbono capturadas, nas formulações do sabão em pó

OMO na China, o lava-louças Sunlight na África do Sul e o sabão em pó Coral+ na Alemanha.

Esta é, no entanto, a primeira iniciativa que se comprometeu a encontrar soluções que possam funcionar em escala e fornecer a mudança necessária para garantir que o Reino Unido e, com o tempo, o mundo atinjam suas metas líquidas de carbono zero.

“Esta é uma oportunidade revolucionária para acelerar a ação e reprogramar a cadeia de valor de produtos químicos para ser menos dependente de combustíveis fósseis. É uma ambição ousada e, na Unilever, temos pedido publicamente maior ação nos últimos dois anos”, diz o líder do projeto Ian Howell, diretor de pesquisa e desenvolvimento de ciência e tecnologia de cuidados domésticos da Unilever.

“Nenhuma empresa pode fazer isso sozinha e, portanto, ter o poder de 15 fabricantes e acadêmicos marca um passo significativo não apenas para o Reino Unido, mas também globalmente”.

#CarbonoNeutro
10 FEVEREIRO 2023
A Unilever já testou produtos de limpeza produzidos com carbono capturado de emissões

STARTUP DE PRODUTOS DE LIMPEZA UTILIZA PLÁSTICO DOS OCEANOS PARA SUAS EMBALAGENS

Para ajudar o Brasil e o mundo a serem mais sustentáveis, elevando as taxas de reciclagem de materiais plásticos, marcas de produtos de bem-estar e higiene já estão fazendo sua parte, entregando produtos em embalagens com plásticos retirados do oceano e litoral, como as marcas de beleza e bem-estar Natura e PiperWai, e a Onda Eco, marca de produtos de limpeza ecológicos.

Onda Eco é uma startup que usa tecnologia para desenvolver produtos de limpeza ecológicos, com preços acessíveis e competitivos ao mercado convencional de higiene e limpeza, e suas embalagens, produzidas com plásticos retirados dos oceanos e do litoral, são um dos grandes orgulhos da marca. “A cadeia de reciclagem no Brasil vem crescendo, mas não é suficiente. O grande desafio é garantir que o plástico seja descartado da maneira correta para que ele chegue a uma planta de reciclagem, pois o índice atual de reciclagem no Brasil é muito baixo”, conta Stefania Bonetti, CEO e fundadora da Onda Eco.

COMO SÃO FEITAS AS EMBALAGENS

O parceiro da Onda Eco, Clean Plastic, coordena toda a operação e consegue garantir uma rastreabilidade para o plástico da empresa. Isso é possível graças à coleta do lixo das praias, litoral e zonas de

risco, além da reciclagem de todo material. A empresa também tem ONGs parceiras, como a Eco Local, que fazem a limpeza de praias e zonas litorâneas e entregam o lixo plástico para reciclagem. Desse material é produzida a resina utilizada para soprar as embalagens da Onda Eco, o que as torna 100% recicladas e 100% recicláveis, garantindo assim a economia circular.

“Todo esse processo acontece em um único parceiro; ele recebe os lotes do lixo coletado, passa esse lixo por uma triagem e lavagem, por fim, esse material é picado e vira flakes. Esses flakes passam ainda por um processo de extrusão para transformação em resina, que é utilizada para soprar as nossas embalagens”, detalha Bonetti.

A Onda Eco atua também na ponta final da cadeia para garantir o descarte correto das embalagens. Por serem 100% recicláveis e reutilizáveis, a empresa possui alguns

pontos de coleta para receber embalagens vazias em Curitiba, na sede da empresa. Para ajudar a reforçar a mensagem, os clientes que levam as embalagens aos pontos de coleta ganham desconto em novas compras.

Os produtos oferecidos pela Onda Eco são feitos a partir de ingredientes naturais, à base de plantas e biodegradáveis. Além disso, são livres de fragrâncias sintéticas alergênicas, seguros para contato com a pele humana, pet friendly e veganos. Entre eles estão o sabão para lavar roupas concentrado, limpador multiuso concentrado, limpa vidro, lava louças concentrado, água perfumada e sabonete líquido para o corpo e roupas íntimas. Stefania queria que a preocupação com o meio ambiente e sustentabilidade se estendesse para todas as etapas da produção da marca, que também é credenciada com o selo do Sistema B, movimento global que mede ações de impacto socioambiental de empresas.

Depois de Curitiba, a marca chegou a São Paulo no final do ano passado, e criou um centro de distribuição próximo à capital paulista para acelerar as entregas do e-commerce e disponibilizar produtos para grandes varejistas. A Onda Eco vende online para todo o Brasil, e está em pontos de venda físicos pontuais no Paraná, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo.

https://www.ondaeco.com.br

https://cleanplastic.com.br

#Sustentabilidade 12 FEVEREIRO 2023

12

ANOS DEPOIS

DA APROVAÇÃO DA PNRS, COMO ANDA A GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS PELO PAÍS

Em 2022, a Política Nacional de Resíduos Sólidos completou 12 anos. A lei federal 12.305, aprovada no final de 2010, foi um marco importante para a gestão de resíduos sólidos no Brasil, que estabeleceu entre outros pontos, a logística reversa, a responsabilidade compartilhada entre os setores público, privado e o consumidor, o reconhecimento do trabalho dos catadores e cooperativas.

Passados 12 anos, houve avanços, mas os desafios persistem. A PNRS estabeleceu a meta de acabar com todos os lixões até 2014. O prazo foi para 2024, de acordo com revisão da regulamentação da PNRS, de abril de 2022. Ainda são 3.000 lixões pelo país, que recebem quase 40% de todos os resíduos sólidos.

A obrigação de reciclar ou compensar 22% dos resíduos que as empresas geram no ambiente deverá aumentar para 30% em 2024, e em 2040, deverá chegar a 50%.

Muitas inovações tecnológicas estão sendo desenvolvidas para uma Economia Circular efetiva, ainda assim, a velocidade de implementação das metas e o alcance das tecnologias parecem não acompanhar a rapidez com que avançam os problemas, que são de escala, dada as dimensões do país, com o alto volume de resíduos gerados com destinação incorreta, que acabam muitas vezes nos cursos d’água e oceanos, do aumento da degradação ambiental e da geração de gases de efeito estufa, contribuindo para a intensificação do aquecimento global.

EMBANEWS convidou Andre Vilhena, um dos pioneiros na organização do modelo brasileiro de reciclagem, atuando no Compromisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre) por 25 anos, 22 anos dos quais, como diretor executivo da entidade, para comentar sobre algumas das principais questões que estão na agenda ambiental das empresas e da sociedade atual.

Andre começou na área ambiental na década

14 ENTREVISTA FEVEREIRO 2023

de 90, num momento importante de virada para a questão da sustentabilidade no Brasil. A Rio 92 impulsionou vários projetos, iniciativas, e trouxe a agenda ambiental para o País com desdobramentos importantes. No mesmo período, ainda como aluno de Engenharia Química na UFRJ, ele teve a oportunidade de participar de atividades internacionais organizadas pela UNESCO como representante jovem da América Latina. Depois de atuar por 25 anos como executivo na construção do modelo brasileiro de reciclagem, organizando a atuação do setor privado, segue hoje atuando como consultor de empresas.

EMBANEWS: Pode nos dar sua visão sobre os principais desafios que enfrentamos hoje em relação às mudanças climáticas e a preservação do meio ambiente? Quais são os pontos-chave?

ANDRE VILHENA: Estamos com dificuldade de encontrar um caminho que de fato proporcione as mudanças das quais necessitamos. Há resistência, negacionismo, incompetência, malandragem, tudo misturado travando agendas importantes. Na minha opinião avançamos do ponto de vista científico e tecnológico, mas falta liderança política e institucional para vencer as barreiras que mencionei. Precisamos reverter essa tendência suicida.

EMBANEWS: Que avaliação faz hoje da PNRS, 12 anos após sua implantação? Como está evoluindo? Quais são seus principais resultados?

ANDRE VILHENA: A PNRS foi um marco importante para o País. Consolidou as regras necessárias para equacionarmos a questão da gestão integrada de resíduos sólidos. Tornou-se referência internacional por inovar ao considerar os aspectos sociais envolvidos, especialmente em relação à reciclagem do lixo urbano. Percebemos uma mudança gradativa, porém ainda lenta. Avançamos na coleta seletiva, reciclagem de vários materiais, disposição final, etc. Porém, temos ainda no Brasil mais de 3 mil lixões. Conclusão: o avanço não é homogêneo, nem na área governamental, nem na empresarial.

EMBANEWS: Você sempre esteve envolvido com o desenvolvimento da reciclagem no Brasil; a seu ver, temos condições de melhorar os índices de reciclagem pelo país? Quais são as maiores dificuldades?

ANDRE VILHENA: O Brasil tem altos índices de reciclagem para alguns materiais graças ao trabalho dos catadores que passaram a ter o devido reconhecimento com a PNRS. No caso de emba-

lagens pós-consumo, temos materiais com alta circularidade e outros nem tanto. Porém, os principais gargalos seguem os mesmos de 12 anos atrás: participação ainda insuficiente da população na separação dos materiais recicláveis para a coleta seletiva e/ou programas de logística reversa, alto grau de informalidade em várias etapas da cadeia, tributação confusa, desequilíbrio nos investimentos do setor empresarial, entre outros aspectos.

EMBANEWS: Pode nos comentar sobre a estrutura da reciclagem que atua no país hoje, com a participação de catadores, cooperativas, startups, empresas de gestão ambiental, etc. Está funcionando bem?

ANDRE VILHENA: Preocupa o aumento de intermediários na cadeia que surgiram no rastro da judicialização da “logística reversa”. Infelizmente aumentamos a dispersão no setor e trouxemos de volta a complexidade regulatória com Leis, Decretos, etc., surgindo quase que semanalmente, no âmbito dos Estados e até municípios. O princípio aglutinador da PNRS neste aspecto não se sustentou. Temos um novo cenário, muito mais complexo. Requer atenção e visão estratégica de longo prazo das empresas que distribuem produtos em âmbito nacional. Em dado momento, os custos associados a essa barafunda regulatória vão assustar. E pior, sem trazer adicionalidade à cadeia que foi construída durante décadas.

EMBANEWS: Qual a importância da rastreabilidade dos resíduos?

ANDRE VILHENA: Fundamental, mas precisa estar associada à realidade de operação das cadeias, sem promover movimentos especulativos que não têm lastro nem sustentabilidade no longo prazo. Levará tempo para deixarmos a informalidade no Brasil. No caminho, cuidado com as armadilhas!

15 FEVEREIRO 2023

ENTREVISTA

EMBANEWS: Como implantar a coleta e levar a reciclagem aos municípios distantes deste país?

ANDRE VILHENA: Primeiro enquadrando os prefeitos desatentos. É deles a responsabilidade pela gestão do lixo urbano. A reciclagem já chegou aos locais mais remotos do País (excluindo determinadas regiões amazônicas). Por exemplo, coleta-se garrafas PET, papelão e latinhas por todos os cantos. Contudo, vamos precisar encontrar soluções de gestão consorciada para os municípios atrasados. Já temos exemplos em alguns estados. Por exemplo, um aterro sanitário pode atender de 15 a até 20 municípios pequenos. Precisaremos vencer resistências políticas localizadas.

EMBANEWS: Atualmente há diversas tecnologias para a reciclagem mecânica, mesmo de materiais de maior dificuldade, como as flexíveis multicamadas. A maior dificuldade para que essas tecnologias ganhem escala é o alto custo da tecnologia? A coleta e a remuneração desses materiais? Ou quais outras dificuldades se impõem?

ANDRE VILHENA: Resistir, postergar os investimentos necessários pode levar a situações radicais, a partir de Leis de banimento. Cabe aos acionistas equilibrarem resultados imediatos com os de longo prazo.

EMBANEWS: Como vê a reciclagem química, reciclagem energética, o uso de materiais renováveis e biodegradáveis, são tecnologias que devem se expandir?

ANDRE VILHENA: Todas estão avançando, mesmo que não na velocidade desejada. A incineração pura e simples é polêmica e está sendo rejeitada em vários países por não estar em conformidade com os princípios norteadores da economia circular. Materiais biodegradáveis ainda têm aplicação limitada e devem permanecer assim por um bom tempo em função das carac-

terísticas de produção, distribuição e consumo preponderantes. Materiais de fontes renováveis devem ocupar esse espaço de transformação no curto prazo de forma mais acelerada.

EMBANEWS: Como se manifesta o greenwashing e como essa prática acaba por retardar o avanço da Economia Circular? Pode nos dar exemplos?

ANDRE VILHENA: O greenwashing pode se manifestar pela ansiedade, ignorância ou malandragem. Invariavelmente, percebemos uma grande ansiedade de algumas empresas em comunicar alguma coisa sem, no entanto, avaliar devidamente, e criteriosamente, todos os aspectos envolvidos. As áreas de comunicação precisam ter a humildade de gastar algumas horas com os engenheiros para calibrarem adequadamente suas mensagens.

EMBANEWS: O que são e qual sua visão sobre as tecnologias de captura de CO2 e transformação em produtos químicos, entre eles plásticos?

ANDRE VILHENA: Poderemos ter novidades marcantes no futuro próximo, tanto no setor de embalagens quanto até mesmo na aviação civil (setor de alto impacto no efeito estufa). Em geral, os principais desafios estão relacionados ao ganho de escala e ao crescimento da oferta de energia de fontes renováveis para que o balanço energético seja favorável. Me parecem animadores os resultados a partir da rota utilizada com atuação de microorganismos. Sem dúvida, trata-se de inovação marcante.

EMBANEWS: Como vê o futuro?

ANDRE VILHENA: Com otimismo moderado. Não acredito no “apocalipse”, mas precisamos acelerar o passo das transformações ou as próximas gerações viverão num planeta com menos oportunidades e mais restrições.

16
FEVEREIRO 2023

PEQUENA HISTÓRIA DA EMBALAGEM

NO MARKETING BRASILEIRO - II

A EMBALAGEM É UMA FERRAMENTA DE MARKETING QUE TEM SIDO BEM UTILIZADA NO BRASIL

ompreender como a embalagem participa do processo do marketing ao longo do tempo é a questão central deste artigo ao olhar para a História do Marketing no Brasil. Para isso, vamos observar como a embalagem contribuiu e foi utilizada no desempenho de suas múltiplas funções.

Na sociedade industrial, a partir do início do século XX, as embalagens começaram a fazer parte do modo de vida das sociedades desenvolvidas integrando-se definitivamente ao processo de produção e distribuição dos produtos de consumo.

Com o surgimento dos supermercados e do conceito de autosserviço quando o consumidor passou a interagir diretamente com os produtos, sem a intermediação dos balconistas, a embalagem deu o salto definitivo para se transformar no instrumento de vendas que as empresas rapidamente aprenderam a utilizar.

No Brasil não foi diferente, a sociedade brasileira passou por grandes transformações a partir da metade do século XX quando emergiu do longo período de atraso resultante de um demorado processo de industrialização devido principalmente ao modelo agrícola exportador de café que tornou o país dependente da importação de produtos industrializados. Até os anos 30, praticamente tudo era importado.

Esta situação começou a se alterar a partir dos anos 50 que encontraram um país ansioso para ingressar no mundo que lhe era mostrado nos cinemas e nos meios de comunicação e aderir ao modo de vida dos países mais desenvolvidos.

A industrialização acelerada do

Brasil passou a demandar cada vez mais embalagens pois não existe desenvolvimento industrial sem embalagens, uma vez que mais de 70% de tudo que é produzido, precisa ser embalado para sair das fábricas e chegar até os consumidores mais distantes em perfeitas condições de consumo.

Para atender a crescente demanda, nosso setor de embalagem precisou avançar a passos rápidos e hoje podemos afirmar que este é um dos setores em que o Brasil não está atrasado, pois tanto na tecnologia quanto no design, as embalagens que são oferecidas aos consumidores brasileiros têm nível internacional.

Isto se deve ao mesmo motivo que fez com que a propaganda, o marketing e a cultura de consumo em nosso país estejam alinhados com o padrão adotado nos Estados Unidos e na Europa, ou seja, o Brasil se integrou ao sistema internacional de produção e consumo do mundo capitalista industrial e adotou seu modelo.

Todos os livros que abordam a história da propaganda, do marketing e do consumo no Brasil são unânimes em reconhecer o papel decisivo que desempenharam neste processo de integração as grandes multinacionais de produtos de consumo que aqui se instalaram no início do século passado e com a embalagem não foi diferente.

Até a chegada das multinacionais, a produção local era limitada pelo fato das poucas indústrias nacionais produzirem suas próprias embalagens o que reduzia as chances de desenvolvimento de uma indústria independente e mais expressiva.

No livro História da Embalagem no Brasil, editado pela ABREAssociação Brasileira de Embala-

gem, há um trecho sobre a influência das multinacionais no desenvolvimento da embalagem brasileira que diz: “Todos os conhecedores da história da embalagem são unânimes em afirmar que o grande salto de qualidade da embalagem brasileira foi dado pelas multinacionais, que chegaram com novos conceitos baseados não apenas nas referências estéticas dos proprietários das empresas, mas em técnicas de marketing desconhecidas até então no Brasil, como pesquisas de opinião, testes com grupos selecionados de compradoras divididas por poder aquisitivo e por faixas etárias”.

Com sua liderança e o grande investimento que fizeram em propaganda e marketing, as multinacionais ajudaram a formar uma cultura de consumo no país que fez a demanda por embalagens crescer, abrindo novas oportunidades que atraíram para o país algumas das maiores indústrias mundiais do setor de embalagem. Esta conjunção de fatores explica por que o Brasil de hoje está entre os cinco maiores mercados mundiais na maioria das categorias de consumo e porque dezoito entre as vinte maiores indústrias de embalagem do mundo tem fábricas aqui instaladas e atuam em nosso país.

Um fato interessante a ser registrado neste processo, foi a introdução de conceitos de marketing na indústria brasileira de embalagem.

Este artigo continua na próxima edição.

FABIO MESTRINER Especialista em Inteligência de Embalagem Coordenador do Núcleo de Estudos da Embalagem ESPM fabio@mestriner.com.br EMBALAGEM NO MARKETING 18 FEVEREIRO 2023
C

O ENCONTRO OFICIAL PARA OS

Realização: Filiada à:

Evento Simultâneo
União Brasileira de Feiras e Eventos de Negócios

PESQUISA CIENTÍFICA MAIS PRÓXIMA DA SOCIEDADE

CONHECIMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DEVE IR ALÉM DO PÚBLICO ESPECIALIZADO

Com o crescimento exponencial do uso das mídias sociais ao longo dos últimos vinte anos e consequente aumento da produção e divulgação de informações, é muito comum nos depararmos com conteúdo equivocado de leigos ou supostos especialistas sobre as mais diversas áreas do conhecimento humano. Como qualquer pessoa que navega pela internet está sujeita a receber e acreditar em desinformação e passá-la adiante, é imprescindível que os verdadeiros especialistas se comuniquem e interajam com diferentes públicos sempre que houver oportunidade.

A disseminação das chamadas fake news envolve incontáveis produtos importantes em nossa rotina, como alimentos, medicamentos, equipamentos eletrônicos e veículos, sendo um desserviço para os consumidores, que podem ser influenciados a adquirir itens de qualidade duvidosa e que oferecem risco à sua saúde e segurança, muitas vezes pagando até mais caro.

A alimentação é essencial, sendo, portanto, um tema que atrai a atenção e, consequentemente, a disseminação de incontáveis conteúdos sem embasamento técnico-científico, principalmente sobre produtos industrializados. Assim, as conversas com familiares e amigos são invadidas por informações fal-

sas como dietas miraculosas, misturas de ingredientes alimentícios que geram substâncias tóxicas e impressões em embalagens indicando a quantidade de reprocessamento do alimento acondicionado.

Esse problema pode ser minimizado através de uma melhor divulgação dos frutos da ciência, que muitas vezes acaba se limitando a apresentações em congressos e artigos em revistas científicas. Como órgão de pesquisa ligado à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo e referência de PD&I nas áreas de alimentos e embalagem, o Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital) tem buscado uma maior aproximação com o público em geral para combater mitos e preconceitos em torno dos alimentos industrializados, que são a razão de existir da instituição, e destacar a importância da ciência e da tecnologia para a nutrição e a segurança dos consumidores.

Além da atuação através dos projetos da Plataforma de Inovação Tecnológica (PITec), disponíveis em https://ital.agricultura.sp.gov.br/pitec, o Ital está envolvido em ações abertas ao público promovidas por órgãos e instituições ligadas a C&T. Anualmente, o Instituto integra a programação da Semana Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação, organizada pela Secretaria de

Desenvolvimento Econômico, Tecnologia e Inovação de Campinas, e do Inova Trade Show, realizado pela Fundação Fórum Campinas Inovadora (FFCi), além de participar da área da Secretaria de Agricultura de SP na Agrishow, bem como do AgriFutura e do Portas Abertas, coordenados pela Apta.

Participo de parte dessas ações e tem sido gratificante. Como pesquisador na área de embalagens para transporte e distribuição do Centro de Tecnologia de Embalagem (Cetea), fui um dos anfitriões do Apta de Portas Abertas, realizado de maneira inédita em 2022, interagindo com os usuários finais de praticamente tudo que se desenvolve não só no Ital como nos demais institutos paulistas de pesquisa agropecuária. Ver de perto a cara de espanto diante de simulações de impactos e vibrações, esclarecer curiosidades sobre as diversas embalagens do dia a dia e ouvir comentários como “então é para isso que estudamos força e aceleração nas aulas de Física”. Essa vivência e contato direto com o público é uma injeção de ânimo para quem atua com PD&I no Brasil, país que ainda precisa evoluir muito em relação à valorização da pesquisa científica. E contribuir para que nossa sociedade perceba tal importância é um passo fundamental para isso.

PESQUISA 20 FEVEREIRO 2023
TIAGO DANTAS Pesquisador do Centro de Tecnologia de Embalagem (Cetea) e diretor do Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) do Ital

FINLÂNDIA: BISNAGAS COM DESIGN

GANHAM ESPAÇO EM NOVAS APLICAÇÕES

DE ALIMENTOS A COSMÉTICOS, SEU USO SE EXPANDE NA BATALHA DAS GÔNDOLAS

s finlandeses seguem a escola de design escandinavo e se mantêm na vanguarda com bisnagas e frasnagas ímpares. A máxima de que nem sempre ser o maior, ou melhor, é o mais importante na batalha das gôndolas e da preferência dos consumidores é mais do que válida quando observamos casos de sucessos de empresas que inovam em embalagens.

Pode inovar usando um novo conceito, um novo design, numa nova aplicação, agregando novos aspectos ou funções. Uma embalagem inovadora comunica diretamente ao consumidor que é um produto novo, que o convida a experimentar, ou a ter uma nova experiência de consumo. É uma oportunidade de abrir uma “conversa” com este consumidor ávido por algo novo, diferente, que vai atender suas necessidades.

Os finlandeses têm grande orgulho de seus produtos. Observamos o desenho de uma “chave” com a bandeira da Finlândia es-

tampada nos painéis frontais ou ainda o “cisne” azul que garante a procedência.

Uma das marcas mais tradicionais do país é a AURAN e, nem por isso, a marca parou no tempo. Sempre atenta às necessidades dos seus clientes, lançou uma maionese à base de pepinos, sem lactose e sem glúten, numa frasnaga “upside down” (de cabeça para baixo) com tampa com lacre e válvula de silicone que garante praticidade e segurança. O formato ergonômico é simpático e a parte transparente permite visualizar quando a maionese está acabando, além de apresentá-la ao público.

O mel orgânico da Voi Hyvin é apresentado em uma bisnaga com tampa larga estriada, que facilita a abertura e lacre na ponta, para manter a segurança de todos. O design é gracioso, com delicadas flores amarelas sob um fundo amarelo intenso, e uma abelhinha voando simboliza a sua importância para a produção do mel.

O uso de bisnagas para cremes

para mãos já é comum. A LV apostou num fundo branco com tons de azuis destacando a marca e a procedência. No sentido oposto (do design), a Kevyt preferiu o uso do fundo preto destacando os ingredientes com uma bela ilustração.

A LUMENE, uma marca de produtos antissinais premium, optou por bisnagas aluminizadas (ou metálicas) com design com características de produto medicinal, além de tampas e aplicadores que tornam o uso muito prático e seguro.

São claras opções de embalagens mundo afora melhores para um mundo melhor.

ASSUNTA NAPOLITANO CAMILO Diretora da FuturePack Consultoria de Embalagens e do Instituto de Embalagens atendimento@institutode embalagens.com.br

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FRONTEIRAS FEVEREIRO 2023 22
FOTO: FUTUREPACK
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SOLUÇÕES QUE

PLÁSTICO BRASIL 2023

3ª EDIÇÃO REUNIRÁ MAIS DE 800 MARCAS

A Plástico Brasil 2023, que volta a ser realizada presencialmente, reunirá mais de 800 marcas, nacionais e internacionais, que ocuparão 40 mil m² de exposição e de muito conteúdo, em um ambiente de networking e negócios. A feira será realizada no São Paulo Expo, entre os dias 27 e 31 de março de 2023.

Marcas brasileiras e internacionais apresentarão seus produtos e soluções inovadores, em produtos básicos e matérias-primas, maquinários, equipamentos e acessórios, ferramentas e moldes, resinas sintéticas, processadores de plásticos, instrumentação, controle e automação industrial, robótica, projetos e serviços técnicos, reciclagem, entre outros.

Para tanto são esperadas empresas do Brasil, Alemanha, Argentina, Áustria, Canadá, China, Estados Unidos, Hungria, Índia, Itália, Israel, México, Portugal, Suécia, Suíça, Taiwan e Turquia.

Além da área de exposição, a Plástico Brasil 2023 também contará com áreas exclusivas para conteúdo, com a participação de especialistas nacionais e internacionais.

A Plástico Brasil é uma iniciativa da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ) e da Associação Brasileira da Indústria Química (ABIQUIM) e é organizada pela Informa Markets Brazil.

www.plasticobrasil.com.br

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MAPEAR EXPERIÊNCIAS

APLICAÇÕES NO SISTEMA EMBALAGEM EXTRAÍDAS DA OBRA DE JIM KALBACH

Há algum tempo, numa das maravilhosas conversas com o nosso querido Professor Gabriel Lopes, o tema

“Mapeamento de Experiências: um guia para criar valor por meio de jornadas, blueprints e diagramas” veio à baila. Ele me apresentou solenemente ao livro com esse título1, escrito por Jim Kalbach. É uma leitura instigante e com riquíssimo visual. Identifiquei um sem-número de aplicações no Sistema Embalagem e pretendo, neste texto, compartilhar duas delas com os leitores.

A primeira é “alinhar para ter valor”. Para o autor, “o problema fundamental é o alinhamento: as organizações não têm sincronia com o que as pessoas atendidas realmente experimentam”. Aplicar os princípios do alinhamento, além de quebrar os silos (leia-se estrutura congelada de cada departamento), identifica oportunidades e permite a criação de uma visão comum duradoura que deve ser reafirmada em frequentes workshops e eventos de conscientização.

No Sistema Embalagem (SE), considero essa recomendação do autor como um chamado a todos os componentes (leia-se departamentos) para que trabalhem alinhados à estratégia da empresa que, em última análise, consiste em atender aos anseios do consumidor. É essencial evitar que “a eficiência operacional seja priorizada acima da satisfação do cliente”. Confesso que já me expressei dessa forma em palestras e aulas

quando quero citar a exagerada atenção, nem sempre correta, que se dá ao OEE (Overall Equipment Effectiveness traduzido para Eficiência Global dos Equipamentos), especialmente quando os profissionais se digladiam para atribuir o motivo da parada a esse ou àquele departamento quando o fato importante é a parada e os prejuízos que acarreta.

A segunda é “organizar a estrutura interna para inovar e reimaginar a entrega de valor” aos consumidores. Portanto todos que atuam no SE precisam ter muito claro o conceito de valor. Um bom ponto de partida é seguir o roteiro de Martins e Laugeni2 para classificar cada atividade como AV (adicionam valor e precisam ser priorizadas) ou NAV (não adicionam valor e podem ser descontinuadas). Não se pode deixar de lado a necessidade de estimular a criatividade e desenvolver o espírito inovador. A tarefa não é fácil, reconheço. No entanto cumpri-la é contribuir de forma decisiva para a longevidade das organizações e, consequentemente, do SE.

Além dessas aplicações, vale citar duas recomendações de Kalbach:

• Entrevistar pessoas constantemente no ambiente interno (colaboradores) e externo (fornecedores, prestadores de serviço, consumidores/clientes) para mapear as suas experiências, aprender com elas e identificar oportunidades de adição de valor aos produtos e serviços ofertados;

• Usar gráficos e esquemas coloridos para organizar mapas do

estado atual e do estado futuro. Nesse ponto, recorro também a Goldrat3 para desenhar a Árvore de Realidade Atual (ARA) e a Árvore da Realidade Futura (ARF).

Em síntese, o livro abre espaço para que os Packaholics adotem, em seu cotidiano, instrumentos gráficos para mapear suas experiências e as dos demais profissionais e facilitar o alinhamento das atividades que exercem aos anseios dos seus consumidores/clientes externos e internos. É, portanto, um guia para adicionar ainda mais valor a todas elas e tornar as empresas mais competitivas.

Recomendo a leitura e a utilização!

1 KALBACH, J. Mapeamento de Experiências: um guia para criar valor por maio de jornadas, blueprints e diagramas. Traduzido por Eveline Vieira Machado. – Rio de Janeiro: Alta Books, 2017.

2 MARTINS, Petrônio G. LAUGENI, Fernando Piero. Administração da Produção. São Paulo: Saraiva, 2006.

3 GOLDRATT, E. M. What is this thing called theory of constraints and how should it be implemented? EUA: North River Press, 1990.

ANTONIO CABRAL Coordenador dos Cursos de Pós-Graduação em Engenharia de Embalagem e em Indústria 4.0 Centro Universitário do Instituto Mauá de Tecnologia (CEUN/IMT)

antonio.cabral@maua.br acdcabral@gmail.com

COMPETITIVIDADE
26 FEVEREIRO 2022

BISNAGAS PLÁSTICAS PRODUZIDAS COM RESINA RECICLADA PÓS-CONSUMO (PCR)

MENOR IMPACTO AMBIENTAL COM REDUÇÃO DO USO DE RECURSOS NATURAIS

Na Globoplast, sabemos da responsabilidade pelo impacto ambiental durante todo o ciclo de vida de nossos produtos. Por isso, nossos esforços são contínuos em tecnologia para ampliar, cada vez mais, o volume de resina reciclada utilizada em sua produção.

Nesse sentido, lançamos a bisnaga plástica produzida com resina reciclada pósconsumo (PCR) A utilização de matériaprima renovável causa um impacto positivo na economia circular por meio de fabricação, distribuição e descarte adequado de embalagens sustentáveis.

A Globoplast produz bisnagas plásticas de máxima qualidade para os segmentos cosmético, farmacêutico e veterinário, químico e de alimentos, com grande variedade de acabamentos e diâmetros.

fone: +55 11 4156-8400 | www.globoplast.com.br

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