Agroenergético ed. 60 - março/2015

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Informativo da Embrapa Agroenergia • Edição nº 60 • 02/04/2015

EVENTO ENCERROU PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO EM INOVAÇÃO PARA O SETOR SUCROENERGÉTICO Páginas 4 a 7

Equipe busca novas aplicações para o dendê

Usinas de cana podem reduzir consumo de água

Páginas 8 e 9

Páginas 14 a 17


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e a inovação é um desafio para o setor produtivo brasileiro, fazer a gestão desse componente é um problema ainda maior.

Na própria Embrapa, que tem a pesquisa, desenvolvimento e inovação como atividade principal, a construção de modelos mais eficazes para a gestão da carteira de projetos é uma busca constante.

análise, proposição e execução de estratégias de PD&I e Transferência de Tecnologia, na Embrapa como um todo, para promover o desenvolvimento do setor. As ações de P&D nesta área na Embrapa têm ampla cobertura, indo da fixação biológica de nitrogênio às usinas flex, passando por sistemas de produção, engenharia genética, etanol lignocelulósico, entre outros.

O projeto Nagise, assunto principal deste número do Agroenergético, foi uma ação importante justamente para movimentar as empresas do setor sucroenergético em direção à adoção de políticas de gestão da inovação.

Também nesta edição do jornal, apresentamos um estudo de nossos colegas da Embrapa Informática Agropecuária sobre economia de água nas indústrias que processam cana-de-açúcar.

Este projeto foi um programa de apoio, um primeiro passo em um longa caminhada. Estabelecer processos eficazes de gestão da inovação neste setor é algo que está apenas começando.

A renovação de canaviais com adubação verde é outra tecnologia trabalhada pela Embrapa, e que é assunto nas próximas páginas.

Uma das "ferramentas" adotadas pela Embrapa para uma melhor gestão da sua extensa carteira de projetos foi a construção portfólios. Um dos primeiros portfólios criados na Embrapa foi para o setor sucroenergético. Este portfólio, hoje coordenado pela Chefia de P&D da Embrapa Agroenergia, abrange ações de

Por fim, convido a todos a conferir como foi a nossa participação na Dinapec, em Campo Grande/MS, com uma oficina sobre a produção de briquetes. Boa leitura!

Manoel Teixeira Souza Júnior Chefe-Geral

EXPEDIENTE

Embrapa Agroenergia Parque Estação Biológica - PqEB s/n° Av. W3 Norte (final) Edifício Embrapa Agroenergia Caixa Postal: 40.315 70770-901 - Brasília (DF) Tel.: 55 (61) 3448 1581 www.embrapa.br/agroenergia http://twitter.com/cnpae

Esta é a edição nº 60 de 02 de abril de 2015, do jornal Agroenergético, publicação mensal de responsabilidade da Núcleo de Comunicação Organizacional da Embrapa Agroenergia. ChefeGeral: Manoel Teixeira Souza Júnior. ChefeAdjunto de Pesquisa e Desenvolvimento: Guy de Capdeville. Chefe-Adjunta de Transferência de Tecnologia: Marcia Mitiko Onoyama. Chefe-

Adjunta de Administração: Maria do Carmo de Morais Matias. Jornalista Responsável: Daniela Garcia Collares (MTb/114/01 RR). Redação: Daniela Collares e Vivian Chies (MTb 42.643/ SP). Projeto gráfico e Diagramação: Maria Goreti Braga dos Santos. Fotos capa: Arquivo Agroenergia. Revisão: Manoel Teixeira Souza Júnior e Vivian Chies.

Todos os direitos reservados. Permitida a reprodução das matérias desde que citada a fonte.


Edição nº 60

SEMEANDO ÁGUA Em 22 de março, comemoramos o Dia Mundial da Água, num momento em que todo o País repensa a gestão dos recursos hídricos, em função da estiagem na região Sudeste. A pesquisa agropecuária também está preocupada com o uso mais eficiente da água. Leia sobre este tema na edição de dezembro da revista XXI Ciência para a vida.

VOCÊ PODE ACESSAR EM:

revista.sct.embrapa.br/download/XXI_n8_pt.pdf Distribuição gratuita

SET - DEZ 2014 #8

Ciência para a vida . Embrapa

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GESTÃO DA INOVAÇÃO NO SETOR SUCROENERGÉTICO FOI TEMA DE DEBATE

Foto: Daniela Collares

Por: Vivian Chies, jornalista da Embrapa Agroenergia

Na abertura do evento: Sérgio Salles, da Unicamp; Manoel Souza, da Embrapa Agroenergia; Edgard Rocca, da Finep; José Manuel Cabral, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia.

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m debate e o lançamento de um livro marcaram o seminário de encerramento das ações do Núcleo de Apoio à Gestão da Inovação para Sustentabilidade no Setor Sucroenergético (Nagise), na região Centro Oeste. No evento, realizado na sede da Embrapa Agroenergia, em Brasília/DF, em 19/03, o coordenador da iniciativa, Sérgio Salles, mostrou que as usinas de cana-de-açúcar ainda têm muito a avançar quando o assunto é inovação. Durante os três ciclos de capacitação promovidos pelo Nagise – um em Limeira/SP, um em Brasília/DF e outro em Recife/PE – foram feitos diagnósticos da inovação com base nos dados do grupo de empresas participantes que, juntas, respondem por 30% da produção de etanol

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do Brasil. O estudo apontou que a atividade de pesquisa e desenvolvimento recebe baixa atenção. As inovações tecnológicas concentram-se na aquisição de máquinas e equipamentos, o que não é diferente da média da indústria nacional. Apesar disso, foi observada uma aproximação entre as usinas e centros de pesquisa. Quanto aos indicadores de propriedade intelectual, Salles considera razoável o número de pedidos de proteção no Brasil, mas muito poucos são depositados no exterior. A maior parte das proteções é para marcas e chama atenção a concentração: de acordo com os levantamentos do projeto, 90% dos pedidos de registro de marca vêm de apenas uma empresa.


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Os estudos mostraram também que há um esforço de inovação não tecnológica, em áreas como recursos humanos, processos, gestão ambiental e certificações. As duas últimas são as que recebem mais atenção, superando inclusive investimentos em inovação com foco na produtividade.

Globalização Para o coordenador geral do Nagise, Sérgio Salles-Filho, o investimento em inovação é especialmente importante para o aumento da participação do setor no mercado internacional. “Qualquer setor que quer se tornar global tem que investir em tecnologia”, afirma a Salles-Filho, que é professor da Universidade de Campinas (Unicamp). Redução de custos, ganhos de produtividade, diversificação e preparação para a segunda geração de biocombustíveis são os principais pontos em que os níveis de investimento em inovação devem ser ampliados no setor sucroenergético, de acordo com o coordenador.

Na opinião de Szwarc, embora os Estados Unidos sejam o maior produtor mundial de etanol e estejam se consolidando nessa posição, o Brasil se destaca quando o assunto é a aplicação do produto. “O etanol, no Brasil, não é apenas um combustível aditivo à gasolina. Ele é um combustível por si e um produto utilizado para a produção de bioplásticos, além de ser utilizado em dezenas de aplicações industriais, seja como solvente ou como componente de formulações, e até como combustível aeronáutico”, lembra. O consultor entende que a gestão da inovação é uma área em que o Brasil como um todo engatinha. “Esse projeto (o Nagise) tem o mérito não só de identificar e organizar as informações do nosso setor, mas também é um grande experimento para outros setores”, comenta. Edgard Rocca, do Departamento de Fomento aos Institutos de Pesquisa da Agência Brasileira de Inovação (Finep), explicou que o Nagise é fruto de um projeto da instituição em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e a Confederação Nacional de Indústria (CNI). Ele suporta a implantação de núcleos de gestão da inovação, de modo que as empresas recebam apoio nesse tema, organizadas setorialmente. Da Finep, vieram os recursos financeiros para o Nagise.

Foto: Daniela Collares

Um contraponto a esses dados de baixo investimento em inovação foi apresentado pelo consultor de emissões e tecnologia da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Única), Alfred Szwarc. “A posição de destaque que a indústria conseguiu se deve a investimentos em novas variedades, novas formas de cultivos, controle biológico,

fermentação mais eficiente”, pontua o representante da organização.

Sergio Salles-Filho apresentou diagnóstico da inovação

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A Embrapa Agroenergia participou ativamente das atividades do Nagise, nas três etapas de capacitação. A atuação foi coordenada pelo pesquisador José Manuel Cabral que, na época, era chefe de transferência de tecnologia do centro de pesquisa. No evento da semana passada, ele afirmou que o projeto foi um desafio para a equipe. “Estamos acostumados com a parte científica e este projeto trabalha com a parte de gestão da inovação, o que nos faz entrar em um novo mundo”.

Fotos: Daniela Collares

Cabral observou que, ao longo dos programas de capacitação, algumas empresas despertaram para a importância da gestão da inovação. Mas ele ressalta que este foi só um primeiro passo e novas ações são necessárias. “Foi um primeiro projeto, mas precisamos de outros para trabalhar mais próximos às empresas”, reforça.

Na Embrapa, demandas do setor levaram à criação de um portfólio de pesquisas do setor sucroenergético, que faz a gestão dos projetos com foco nesse segmento. Presidente do portfólio, o chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Agroenergia, Guy de Capdeville, apresentou as principais linhas de trabalho da Empresa na área: manejo da palhada, plantio mecanizado, estudos com irrigação, inoculação com bactérias, cultivos alternativos, microalgas e usinas flex. Ações de melhoramento genético também estão em desenvolvimento, em parceria, principalmente, com o Instituto Agronômico (IAC) e a Rede interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético (Ridesa).

Profissionais que palestraram no evento, em sentido horário: Alfred Szwarc, da Unica; Cid Caldas, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Guy de Capdeville, da Embrapa Agroenergia; Ricardo Steckelberg, da Usina Otávio Lage.

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Exposição

Fotos: Goreti Braga

Durante o evento, os participantes puderam visualizar a diversidade de pesquisas voltadas ao setor sucroenergético em desenvolvimento na Embrapa Agroenergia, em uma pequena exposição no foyer da Unidade. Microrganismos produtores de enzimas para etanol 2G, leveduras para fermentação de açúcares de cinco carbonos, microalgas, novas biomassas fontes de matéria-prima e engenharia genética da cana-de-açúcar estão entre as linhas de estudos.

Lançamento Ao final do seminário, foi lançado o livro “Futuros do Bioetanol”, que discute tendências para o setor sucroenergético sob o ponto de vista de pesquisadores e profissionais em inovação. A publicação é produto do projeto Nagise.

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AGREGAR VALOR A RESÍDUOS DO DENDEZEIRO É POSSÍVEL

Foto: Arquivo pessoal

Por: Izabel Drulla Brandão, jornalista da Embrapa Amazônia Oriental.

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achos vazios de dendê se transformam em substrato para cultivo de cogumelos ou fonte energética para produção de adubo orgânico fosfatado. Cascas servindo como carvão ativado. Efluentes são aproveitados no cultivo de algas. Fibra de prensagem fornecendo carotenóide - substância que atua como precursora de Vitamina A para alimentação humana. Estes são exemplos de como é possível agregar valor a coprodutos e resíduos da cadeia da palma-de-óleo (dendezeiro), tema de workshop realizado esta semana no Pará. O evento aproximou pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa e representantes do setor produtivo durante dois dias (18 e 19/03), quando foram apresentadas ações do projeto DendePalm, liderado pela Embrapa Agroenergia (Brasília-DF) em parceria com diversas instituições, assim como as demandas da indústria foram elencadas aos pesquisadores. “Esse trabalho foca no uso de matérias-primas provenientes do BRS Manicoré - híbrido de dendê e caiaué desenvolvido pela Embrapa a partir do cruzamento entre

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as espécies Elaeis guineensis X Elaeis oleifera(HIE)”, relata o pesquisador Marcos Enê, da Embrapa Amazônia Oriental (Belém-PA), coordenador técnico do workshop juntamente com a pesquisadora Simone Mendonça, da Embrapa Agroenergia. “Os híbridos são uma oportunidade de o Brasil estar na dianteira desse processo, que ainda precisa de muito estudo”, diz Roberto Yokoyama, diretor da indústria Denpasa (onde ocorreu a visita técnica da programação) e presidente da Câmara Setorial Federal da Palma-de-óleo. Ele aposta na variedade híbrida Manicoré, mas ressalta que “é preciso desenvolver um sistema de prensa e um equipamento de separação de amêndoas, pois atualmente no mercado o que existe é para o híbrido Tenera”. A pesquisadora Simone Mendonça comenta a essência do projeto: “esperamos transformar o que hoje é resíduo em coprodutos valorizados pela indústria, de modo que o processamento de dendê possa se integrar ao conceito de biorrefinaria”.


Foto: Arquivo pessoal

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Foto: Arquivo pessoal

Os pesquisadores Marcos Enê, da Embrapa Amazônia Oriental, e Alexandre Alonso, da Embrapa Agroenergia, irão desenvolver trabalhos com a genética do dendê.

As pesquisadoras Patrícia Abdelnur, da Embrapa Agroenergia, e Alessandra Boari, da Embrapa Amazônia Oriental, durante a visita técnica. As cientistas irão desenvolver estudos sobre amarelecimento fatal.

Adriano Venturieri, chefe-geral da Embrapa Amazônia Oriental, ressaltou durante o workshop que a questão dos coprodutos e resíduos da cadeia produtiva da dendeicultura, além de ser importante para o Pará e a Amazônia, é tema prioritário de pesquisa na instituição. (Texto elaborado com a colaboração das jornalistas Ana Laura Lima, da Embrapa Amazônia Oriental e Vivian Chies, da Embrapa Agroenergia).

Foto: Arquivo pessoal

Tanto empresários como pesquisadores consideram que a disponibilidade de sementes de qualidade, o aumento do número de variedades disponíveis e a valorização econômica de todos os coprodutos do processamento ainda são desafios para estimular investimentos.

O volume do que sobra é equivalente a 75 por cento de cada tonelada de dendê que entra na indústria. “Cada tonelada de cachos de dendê gera cerca de 250 quilos de óleos e os 750 quilos são cachos vazios, fibras, cascas e efluentes. Atualmente, esses resíduos são aproveitados como fertilizantes ou queimados em caldeiras para gerar energia”, explica Marcos Enê.

Da esquerda para a direita: Marcos Enê, pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, Leonardo Valadares, Silvia Belém, Simone Mendonça, Bruno Brasil e Félix Siqueira, pesquisadores da Embrapa Agroenergia, com Roberto Yokoyama, da Denpasa

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DENDÊ DIVERSIFICADO ENRIQUECE O SOLO E ARMAZENA

Foto: Zineb Benchekchou

MAIS CARBONO

Por: Ana Laura Lima e Izabel Drulla Brandão, jornalistas da Embrapa Amazônia Oriental

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istemas agroflorestais (SAFs) integrados com dendezeiros possuem alta capacidade de armazenar carbono e aumentar a quantidade de nutrientes no solo. Esses foram os primeiros resultados de estudo conduzido pela Embrapa, em parceria com universidades e iniciativa privada, publicado na Revista Agroforestry Systems.

mais carbono que os solos com SAF tradicional (sem dendezeiro) e floresta secundária. O SAF mais diversificado com dendê acumulou 28% a mais carbono no solo que o SAF tradicional e 23% a mais que a floresta secundária. E o SAF menos diversificado, mas também com dendê, acumulou 34% a mais que o SAF tradicional e 29% a mais que a floresta secundária.

A pesquisa, realizada no Município de Tomé-Açu, nordeste paraense, avalia o impacto de sistemas agroflorestais com o dendezeiro (palma-de-óleo) sobre o ciclo de carbono e nutrientes no solo. O alto grau de acúmulo de carbono sugere que o sistema dendezeiro é eficiente para armazenar no solo o carbono que vem da biomassa triturada no preparo de área e da adubação orgânica.

O pesquisador conta que foram avaliados estoques de carbono e nutrientes do solo em SAFs com plantios jovens de dendê, de cerca de dois anos e meio com preparo de área sem a utilização do fogo, baseado em técnica de corte e trituração da floresta secundária, com deposição do material triturado sobre o solo. Esses sistemas foram comparados a uma área remanescente da floresta secundária de dez anos e a um SAFs tradicional de nove anos de idade.

Um dos principais resultados do trabalho é que a mudança de uso da terra resultou em um aumento no estoque de carbono no solo. “Geralmente quando você cultiva uma área que já foi de floresta, há uma perda de carbono no solo, mas neste caso, ele aumentou”, explica o pesquisador Steel Vasconcelos, da Embrapa Amazônia Oriental e um dos coordenadores do estudo. Em praticamente todas as análises, os solos com SAF e dendê, chamado de “dendê biodiverso”, apresentaram

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Foram avaliadas amostras de solo em diferentes profundidades e SAFs com diferentes composições de espécies. No geral, os resultados são otimistas para o “dendê biodiverso”, segundo o pequisador. Os SAFs com dendê mostraram níveis mais elevados de pH do solo e de nutrientes, como fósforo, potássio, cálcio e magnésio. Assim como concentrações menores de alumínio no solo em relação à área de regeneração florestal, por exemplo.


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O próximo passo do trabalho é verificar a permanência dessa substância no solo – carbono - com o passar dos anos e o amadurecimento do sistema. Sabe-se que a dinâmica de entrada e saída de carbono e nutrientes no solo muda com o tempo de vida dos plantios. No futuro, o benefício ao planeta pode resultar em renda extra ao inserir o dendê integrado a SAFs no mercado de créditos de carbono, por exemplo.

variações. Os pesquisadores comemoram os resultados positivos para o acúmulo de carbono e a melhora na fertilidade do solo nesses sistemas. Esse resultado é um indicativo ambiental importante para garantir a sustentabilidade de sistemas de produção. Solos com mais nutrientes e estoques de carbono têm maior longevidade na produção e contribuem na mitigação dos impactos das mudanças climáticas.

O pesquisador Steel Vasconcelos explica que para entender essa dinâmica em longo prazo foi preciso repetir todas as medições feitas em 2010 no ano de 2012, e em breve a pesquisa saberá a magnitude da redução do estoque de carbono ao longo do tempo. “No entanto adianto que os estoques nos SAFs com dendê ainda são mais altos do que na floresta secundária e no SAF tradicional, o que é um ótimo resultado”, garante o pesquisador.

Grande potencial econômico

"Dendê biodiverso” garante mais sustentabilidade ao solo Para a pesquisa, a combinação da dendeicultura aos Sistemas Agroflorestais, chamada de “dendê biodiverso”, tem potencial sustentável de expansão da atividade na região. “Os SAFs, além de apropriados às características da agricultura familiar na Amazônia, são alternativa sustentável à predominância do modelo da monocultura do dendê”, ressalta o pesquisador Osvaldo Kato, da Embrapa Amazônia Oriental. O modelo de produção de Sistemas Agroflorestais em Tomé-Açu é uma tradição que remonta à década de 1960. Hoje o município faz parte da região considerada pólo de expansão do dendezeiro no estado, o que vem sendo avaliado tanto social como ambientalmente. No estudo, a pesquisa quantificou os estoques de carbono no solo em plantios de dendê em SAFs, comparando-os a áreas de regeneração florestal (floresta secundária) e a SAFs. As unidades demonstrativas, que são as áreas de experimento, foram instaladas em 2008 na região. Nesses locais, o híbrido intraespecífico - variedade de dendê obtida a partir do cruzamento do dendê africano (Elaeis guineensis Jacq.) com o americano (Elaeis oleifera (Kunth) Cortés) - foi plantado como a principal cultura em dois tipos de SAFs: com maior e menor diversidade de espécies plantadas. Em ambos os sistemas, as mudas de palma de óleo foram plantadas intercaladas com açaí, cacau, mandioca, além de espécies leguminosas e arbóreas em diferentes

Embora o Brasil ocupe apenas o nono lugar na produção mundial de óleo de dendê e palmiste, é um dos países com o maior potencial para expandir a área agrícola dessa cultura, pois possui solo e condições climáticas locais adequadas. Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (2012) mostram que a produção brasileira de óleo de dendê bruto está na ordem de 275 mil toneladas de óleo/ano, e de palmiste (óleo extraído da amêndoa no interior do fruto) entre 20 mil e 23 mil t óleo/ano. Já o consumo interno de óleo de dendê bruto é de aproximadamente 520 mil t óleo/ano e 200 mil t óleo/ano de palmiste. O cultivo do dendezeiro encontra-se em plena expansão na Amazônia, especialmente no estado do Pará, que é responsável por 90% da produção nacional dessa oleaginosa. De acordo com levantamento da Embrapa, dos 60 mil hectares plantados no Pará em 2008, a área da dendeicultura saltou para 162 mil hectares, em 2014, com destaque para os municípios de Tomé-Açu, Moju, Acará, Tailândia e Concórdia do Pará, no nordeste paraense. O fenômeno da expansão se deve em parte aos incentivos governamentais para incrementar o mercado de biocombustíveis, como alternativa às fontes não renováveis de energia. Mas a economia do dendê é dominada pela indústria alimentícia, no fornecimento de óleos vegetais livres de gordura trans. A maior parte da produção mundial (80%) é utilizada pelo setor de alimentos, 10% na indústria química e os outros 10% em bioenergia e biocombustíveis. Na agroindústria alimentar a aplicação do óleo de palma refinado é feita na fabricação de margarinas, biscoitos, maioneses, pães, sorvetes e na produção de chocolate, como substituto da manteiga de cacau. Atualmente, o produto também vem sendo empregado na indústria de sabões, sabonetes, detergentes, velas, produtos farmacêuticos, cosméticos e corantes naturais.

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Foto: Clenio Araujo

RENOVAÇÃO DE CANAVIAIS COM ADUBAÇÃO VERDE

Por: Christiane R. Congro Comas, jornalista da Embrapa Agropecuária Oeste

Na lavoura de crotalária o momento de iniciar o manejo é sinalizado quando ela se encontra em sua plenitude de florescimento.

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adubação verde é uma estratégia que vem sendo cada vez mais utilizada pelos produtores que desejam melhorar a qualidade física, química e microbiológica do solo, aliando práticas culturais às demais ferramentas como preparo mecânico do solo, utilização de corretivos e fertilizantes minerais. No Brasil, as pesquisas com crotalária estão sendo realizadas por diversas Unidades da Embrapa, nas cinco regiões da nação, e que vêm obtendo resultados positivos. As crotalárias destacam-se por produzir grande quantidade de biomassa,contar com raízes pivotantes, ou seja, possui um sistema de raízes formado por uma raiz central que penetra verticalmente no solo, da qual partem raízes laterais que também são ramificadas, isso favorece a absorção de nutrientes presentes em camadas profundas do solo.Outro benefício é a associação com bactérias, especialmente do gêneroRhizobium, que formam os nódulos e fixam o nitrogênio no solo. Além disso,

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após o processo de decomposição da biomassa destas leguminosas, os nutrientes serão disponibilizados para o desenvolvimento dos canaviais. O pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Cesar José da Silva, explica que a simbiose entre crotalária e rizóbios do solo pode fixar até 180 quilos de nitrogênio para ser utilizada para a cultura que for plantada na sequência. Ele explica que o uso de adubos verdes na renovação de canaviais é uma tecnologia que está sendo utilizada pelas usinas de Mato Grosso do Sul e muitas vezes substitui totalmente a adubação nitrogenada no plantio da cana. As crotalárias também podem ser utilizadas em outros sistemas de produção, tanto na rotação de culturas quanto nas entrelinhas de culturas perenes, pomares, entre outros sistemas de cultivo”, salienta Cesar.


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Diferentes espécies - Mas, ele destaca que o sucesso da adubação verde, por meio das crotalárias, na renovação dos canaviais está diretamente ligado a escolha da espécie adequada, formas de cultivo e manejo dessas variedades. “É uma leguminosa de rápido crescimento, sendo utilizadas mais comumente três espécies: C. spectabilis, C. juncea e C. ochroleuca. A escolha da espécie varia de acordo com os objetivos do produtor”, explica Cesar. A Crotalária spectabilis é uma espécie de ampla adaptação ecológica, com ação nematicida. Suas plantas são arbustivas, de crescimento ereto e determinado, relativamente precoces, e, quando maduras, têm de 1,0 a 1,5 m de altura, porém, de desenvolvimento inicial lento. Fixa nitrogênio em torno de 100 a 160 Kg/ha-1. A Crotalária juncea veio da Índia e apresenta boa adaptação às regiões tropicais, além de possuir ação nematicida. As plantas são de rápido crescimento inicial, arbustivas, de crescimento ereto e determinado, produzem fibras e celulose de alta qualidade. Em estação normal de crescimento, podem atingir de 3,0 a 3,5 m de altura. Fixa nitrogênio em torno de 300 a 400 Kg/ha-1. A Crotalária ochroleuca é uma planta agressiva, rústica e com raízes capazes de romper as camadas adensadas do solo, resistente ao estresse hídrico e que possui ação contra nematóides. Qualidade das sementes - Cesar também destaca a importância da qualidade das sementes e explica que sementes de baixa qualidade podem ser contaminadas com plantas daninhas que irão infestar a área, proporcionar baixa população de plantas e insucesso na adoção da tecnologia de adubação verde. “Para ter a garantia de que se está comprando sementes com alta qualidade fisiológica e isenta de sementes de plantas daninhas, o produtor deve adquirir sementes fiscalizadas de sementeiros credenciados, que tenham Registro no Renasem (Registro Nacional de Sementes e Mudas)”, explicou ele. Renovação de canaviais - Na renovação dos canaviais, que ocorre a cada quatro ou cinco anos, a adubação verde pode ser cultivada entre os meses de outubro a março, quando o solo não está ocupado com a cana-de-açúcar, beneficiando o novo canavial que será implantado.Dentre as diversas espécies de adubos verdes utilizadas para melhoria dos ambientes de produção de cana-de-açúcar destacam-se as crotalárias que são plantas da família das

leguminosas, plantas que se caracterizam por produzir frutos tipo legume (vagem). César explica que a indicação da hora adequada de se fazer o manejo das crotalárias, ou seja, de executar a prática de eliminar a espécie, é sinalizada quando ela se encontra em sua plenitude de florescimento. Na renovação de canaviais, ele destaca ainda que existem duas formas de manejo para as crotalárias: manejo químico ou mecânico, sendo que a escolha do tipo de manejo mais adequado varia de acordo com a espécie cultivada. O manejo químico, que consiste na dessecação com uso de herbicidas(produtos dessecantes sistêmicos), é o que tem maior rendimento operacional e menor custo, mas não é indicado para a Crotaláriajuncea, apenas para as espécies Ochroleuca e Spectabilis. O pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS), Germani Concenço, explica que o controle químico nas usinas é feito com uso do Uniportes, ou seja, são equipamentos de grande porte, com barra de pulverização larga e que alcançam alta velocidade, proporcionando um grande rendimento para a aplicação. “O manejo químico numa área de 2,5 mil ha, por exemplo, em uma usina pode ser feito em poucos dias. Apesar dos custos do manejo químico serem um pouco mais altos do que os do manejo mecânico, ele viabiliza que as crotalárias sejam utilizadas na renovação dos canaviais”, salienta Germani. Já o manejo mecânico, que é feito com o uso de equipamentos, tais como: rolo faca, roçadeira, triturador (triton), grades niveladores e tronco de madeira é indicado para a espécie de Crotalária juncea, que resiste ao controle através do uso de herbicidas. ”Isso limita o cultivo dessa espécie, que dá bons resultados em áreas menores, devido ao baixo rendimento do manejo mecânico, que precisa ser aplicado para seu controle”, destaca Germani. As pesquisas com crotalária na região Sul de Mato Grosso do Sul, voltadas para a renovação de canaviais, foi o tema do Ciclo de Seminários Agrícolas Biosul Embrapa, uma série que contou com a realização de três cursos, viabilizados por meio de parceria com a Agrícola Nova América (Caarapó, MS) e Biosul. Os eventos contaram com a presença de técnicos que trabalham direta e indiretamente com as lavouras de cana-de-açúcar das usinas de álcool de Mato Grosso do Sul.

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ESTUDO MOSTRA COMO USINAS DE CANA PODEM REDUZIR CONSUMO DE ÁGUA

Foto: André May

Por Nadir Rodrigues, jornalista da Embrapa Informática Agropecuária, e Bruno Garcez

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edidas simples e bem direcionadas podem resultar em reduções expressivas no consumo de água em usinas de cana-de-açúcar. É o que mostra estudo desenvolvido pela Embrapa Informática Agropecuária (SP), em conjunto com a Faculdade de Tecnologia (Fatec) de Piracicaba (SP). Tecnologias como a limpeza a seco da cana-de-açúcar para a queima da palha nas caldeiras de alta pressão fazem com que o consumo diminua entre 11 a 13%, em relação à lavagem úmida que é bem usual atualmente. A substituição do “splay”, sistema de refrigeração por

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aspersão, pela torre de resfriamento reduziria as perdas de 5 a 8% para 1,5 a 3%, no total do balanço hídrico. Adotando-se o conjunto de medidas propostas pela pesquisa, pode-se adequar a captação da água das usinas à legislação ambiental. De acordo com o pesquisador Fábio César da Silva, da Embrapa Informática Agropecuária, para reduzir ainda mais esses números é necessário o tratamento do reúso da água contida no efluente e a realização de processos como a concentração e a biodigestão da vinhaça.


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O pesquisador explica que a modelagem do balanço hídrico fornece dados que permitem estimar o consumo de efluentes e estabelecer o tipo de operação unitária para o seu tratamento, além de avaliar o impacto do uso da água pela destilaria, no caso da produção de etanol, e pela fábrica, na produção de açúcar. Para isso, sugere a instalação de um desareador para o aumento da eficiência térmica da caldeira, a substituição de trocadores de calor a placas por chillers de redução de temperatura na fermentação do mosto, a limpeza a seco da cana-de-açúcar e a instalação de torres de refrigeração para reutilização da água em operações unitárias da própria usina.

“Esta usina já pratica uma gestão cuidadosa de seus recursos hídricos por estar em uma região na qual já não há muita água disponível para uso industrial, pois as captações disponíveis na região estão comprometidas com o abastecimento da população nela residente. No teste conduzido na Usina Iracema verificou-se a perfeita aplicabilidade do modelo desenvolvido pela Embrapa Informática Agropecuária”, disse Marino. O consultor alerta que os processos de produção de açúcar e de etanol têm variantes de tecnologia que precisam ser levadas em conta quando se faz o balanço hídrico da

Foto: Patrícia Barbosa

“A otimização do consumo hídrico da usina é essencial para a sustentabilidade do agronegócio sucroalcooleiro. Dessa forma, empregar sistemas de água fechados fazendo somente a reposição das perdas de processo traz enormes vantagens econômicas para a usina e diminui a captação de água bruta de rios, lençóis freáticos e mananciais”, afirma Silva.

O balanço hídrico é usado por gestores das áreas agrícola e industrial visando à redução de custos de produção e também com o objetivo de identificar pontos nos quais, com o uso de tecnologias mais modernas, seja possível reduzir ainda mais o consumo de água e aperfeiçoar a prática do reúso, conta o engenheiro-agrônomo Ericson Marino, diretor da Consultoria EPP. Marino acompanhou a aplicação da metodologia na Usina Iracema, localizada em Iracemápolis (SP).

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unidade considerada. “Portanto, as diversas alternativas já conhecidas e que se destinam à redução do consumo e reúso da água têm de ser adaptadas a cada situação”, informa. No caso de usinas e destilarias recém-construídas, os projetos já incorporam as melhores alternativas disponíveis e o que ainda pode ser feito nestas novas unidades depende de uma análise de viabilidade econômica e financeira, segundo Marino. “E este é o caso da biodigestão da vinhaça e de sua evaporação posterior à biodigestão. A água evaporada para concentrar a vinhaça tem reúso garantido em várias etapas do processo de produção de açúcar e etanol.” Os pesquisadores envolvidos no estudo explicam que agora é possível determinar a quantidade de consumo de água na produção e as medidas necessárias para a sua otimização de uso e reúso, assim como distinguir os processos de utilização de água e efetuar o dimensionamento de tubulações (coletores, distribuidores, entre outros), bombas, trocadores de calor, evaporadores e estações de tratamento de água.

Foto: Neide Makiko Furukawa

Três décadas atrás, a captação de água na indústria sucroalcooleira era de 15 a 20 m³ por tonelada de cana. Uma redução ocorreu devido à legislação ambiental e à

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implantação do sistema de cobrança pela utilização de recursos hídricos, decorrentes da Constituição Federal de 1988. Levantamento realizado pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), em 1997, analisou a captação de 34 usinas da Copersucar, que chegou à média de 5 m³ por tonelada. Em 2012, no Estado de São Paulo, o valor foi de 1,26 m³ por tonelada, de acordo com dados da Secretária do Meio Ambiente de São Paulo. Os resultados da pesquisa auxiliam no desenvolvimento de soluções sustentáveis para as produções de etanol e de açúcar. Os dados foram obtidos a partir de diagnóstico sobre a intensidade da utilização de recursos hídricos nas atividades relacionadas ao processamento da cana-de-açúcar e estão disponíveis na internet. O trabalho foi apresentado no final de 2014 no Conference on Sugar Processing Research (SPRI 2014) na forma do artigo “Analysis of water comsumption in the sugar and alcohol mills in Brazil” e no Congresso Nacional de Bioenergia da União dos Produtores de Bioenergia (Udop), sob o título “Análise de consumo hídrico em usinas sucroenergéticas e as práticas de reúso de efluentes”.


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Limpeza a seco Quatro usinas foram submetidas aos métodos de avaliação propostos pela pesquisa realizada em colaboração entre a Embrapa e a Fatec. Três delas apresentaram uma relação de consumo de água por tonelada de cana satisfatória e dentro dos parâmetros hídricos solicitados pela Secretaria do Meio Ambiente, que determina que o consumo de água deve ser abaixo de 0,7 m³ por tonelada de cana processada. Uma usina analisada, que utiliza 1 m³ por tonelada, deve investir na otimização do balanço hídrico da fábrica. Segundo Silva, os estudos realizados reduzem a captação de 0,69 a 0,62 m³ por tonelada, indicando as práticas que permitem chegar a esses valores. “Como solução para o uso inadequado e exagerado dos recursos hídricos nas produções de álcool, podemos apontar a otimização dos fatores que influenciam o funcionamento e reduzem as perdas dos equipamentos e processos de resfriamento”, avalia. O Brasil está entre os maiores produtores de álcool do mundo, e no País funcionam 347 usinas. Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), na safra 2013/2014 foram produzidos 40,97 milhões de toneladas de açúcar e 27,17 bilhões de litros

de etanol numa área plantada de 8,8 milhões de hectares. Isso significa que houve o consumo aproximado de 880 milhões de metros cúbicos (m³) de água pelas usinas, embora a maioria tenha circuitos de água fechados. O estudo traz resultados de impacto positivo para o setor sucroenergético, já que há carência de pesquisas nessa área, na opinião de Marino. “A administração deste recurso, hoje tão escasso, exige e exigirá cada vez mais instrumentos de gestão mais poderosos em termos de capacidade de planejamento e previsão de crises, com antecedência suficiente para orientar atitudes no âmbito das empresas privadas e dos órgãos governamentais”, diz. “É também importante instrumento da gestão ambiental que está cada vez mais responsável nas usinas e destilarias brasileiras”, avalia. As soluções apresentadas são tecnicamente viáveis, embora tenham um custo elevado. Contudo, muitas usinas já vêm adotando tecnologias como a limpeza da cana a seco ou adequando o processo de extração do caldo de cana sem que esta seja lavada. Várias delas também estão instalando evaporadores de vinhaça, para atender à legislação ambiental. Outra tendência é o uso de torres de resfriamento, que devem substituir as piscinas de resfriamento de água ou tanques ‘spray’, mais comuns em usinas e destilarias antigas.

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ARTIGO

DO USO COMPETITIVO AO USO SUSTENTÁVEL DA ÁGUA

Arquivo Embrapa

Maurício Antônio Lopes , Presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa. Artigo publicado na edição do dia 8/03/2015 do jornal Correio Braziliense

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gua é mistério e dádiva. Mistério porque a ciência ainda não conseguiu desvendar de onde ela veio. Alguns acreditam que a água chegou ao nosso planeta por meio de corpos celestes que aqui caíram ao longo de milhões de anos. Nada comprovado, e o mistério permanece. E a água é uma das maiores dádivas que o planeta nos concede. Este precioso líquido cumpre variadas e complexas funções, sendo a mais nobre prover condições para a realização da enormidade de reações químicas e processos biológicos que sustentam a teia da vida. Além disso, a água é componente fundamental da paisagem e do meio ambiente, com impactos sobre o nosso bem-estar espiritual e físico. São inúmeras as suas utilidades para a sociedade: abastecimento doméstico e industrial, produção de alimentos e fibras, dessedentação de animais, geração de energia, transporte de pessoas e cargas, recreação e turismo e preservação da biodiversidade. Além da função essencial de limpar o nosso corpo, nossas casas e cidades dos resíduos que geramos.

Apesar de abrigar 12% das reservas de água doce do planeta, o Brasil convive com situações preocupantes de escassez. A seca que penaliza o Semiárido Nordestino há décadas e o severo déficit de precipitações que no momento aflige a Região Sudeste nos impõem um desafio. De aprimorarmos o manejo e o uso sustentável dos recursos hídricos no Brasil, em lugar de nos conformarmos com a escassez ou com o acirramento da competição pelo seu uso no futuro.

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Foto: tissueonline.com.br

A água faz parte de uma rede de interdependências nem sempre percebida ou valorizada. Sua escassez impacta a oferta de alimentos, de energia, de saúde e de mobilidade, como se vê no noticiário recente. E como é recurso finito, preocupações relacionadas à competição pelo seu uso crescerão de forma proporcional ao aumento de sua demanda pela sociedade.


ARTIGO

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A primeira urgência é a ampliação da comunicação, em busca do diálogo e do entendimento sobre as melhores práticas na gestão dos recursos hídricos. A agricultura tem sido apontada como uma das vilãs da crise hídrica, suposta consumidora de 70% das reservas de água. Crítica injusta, pois esse percentual, bastante usado internacionalmente, não encontra sustentação na realidade brasileira. A nossa agricultura não compete com as cidades por água tratada. Ela apenas toma emprestada da natureza a água da chuva, que iria aos rios e oceanos, e a devolve limpa, com a evaporação, transpiração e infiltração no solo. É claro que cidades e fazendas podem melhorar a eficiência no uso das águas. Mas demonizar a produção de alimentos em função da crise hídrica só nos trará mais problemas. Outra urgência é ampliar a capacidade de armazenagem de água na abundância de chuvas e garantir sua oferta nos períodos de escassez. Com mais reservatórios, em pontos estratégicos, poderíamos ampliar a prática da irrigação, ainda pouco utilizada no Brasil. Além de ampliar a produção de alimentos, a irrigação pode cumprir outro nobre papel - reduzir o nível das reservas ao longo do período seco, fazendo das represas, açudes e lagos uma bateria de amortecedores para mitigar os efeitos das enchentes, que tanto dano têm causado com o aumento de eventos climáticos extremos. Precisamos, ainda, mobilizar todo o arsenal tecnológico disponível para harmonização da relação água-energia-alimento. A Embrapa tem disseminado tecnologias de baixo custo para construção de pequenas barragens para captação de enxurradas, que promovem a infiltração da água no solo, reduzindo a erosão e elevando o lençol freático. E precisamos ampliar a adoção de sistemas de irrigação que otimizem o uso de água e energia, além de práticas conservacionistas que protejam o solo e reduzam evaporação. Florestas plantadas, cultivos e pastagens bem manejados podem contribuir para a conservação da água, pelo solo, mitigando os efeitos negativos decorrentes da grande dispersão entre precipitações das estações chuvosa e seca. Por fim, é preciso superar o mito da abundância. Cerca de 80% da água doce do Brasil está na região amazônica; os outros 20% abastecem larga extensão do território brasileiro onde habita 95% da população. O avanço do processo de urbanização nos força a discutir o impacto das cidades na poluição dos nossos recursos hídricos e na ampliação do uso insensato da água. Descarregar esgoto não tratado nos rios ou lavar carros e calçadas com água tratada precisam se tornar coisas do passado. A crescente escassez hídrica indica que não estamos diante de um desafio trivial. O aumento da consciência coletiva para o uso sustentável da água se tornou uma questão de sobrevivência.

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PROSA RURAL MOBILIZA MAIS DE 1.300 RÁDIOS PARA DIVULGAR PROGRAMAS ESPECIAIS DA EMBRAPA SOBRE ÁGUA NA AGRICULTURA

Foto: Saulo Coelho

Por: Maria Clara Guaraldo, jornalista da Embrapa Informação Tecnológica

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ais de 1300 rádios brasileiras que integram a rede de emissoras parceiras do Prosa Rural, programa radiofônico da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), começam a receber, a partir deste mês, um CD com uma faixa especial sobre o uso racional da água na agricultura. A distribuição integra o conjunto de ações que a Embrapa está desenvolvendo em apoio ao enfrentamento da crise hídrica que ocorre em diversas regiões do País, e a expectativa é que os radialistas contribuam com a iniciativa, divulgando os temas em suas emissoras e mobilizando ações locais para a prática da racionalização da água na agricultura.

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Na coletânea produzida pelo Prosa Rural, o ouvinte terá a oportunidade de conhecer técnicas geradas pela Embrapa e por suas organizações parceiras destinadas ao bom uso da água na agricultura. Ao todo, foram selecionados nove programas, com duração de 15 minutos cada, que tratam dos seguintes temas: Barraginhas e lagos nas propriedades rurais; Sistema integrado transforma água salobra em potável; Importância da água na criação de bovinos de corte e de leite; Água de chuva para incremento da alimentação nas escolas rurais; como garantir a qualidade da água nas cisternas rurais; água de cisterna para consumo animal; uso da água na produção de suínos; o novo Código Florestal e


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a preservação da água nas propriedades rurais; Benefícios de armazenamento e manejo da água no aumento da produtividade. “Com esses programas, esperamos que os radialistas se integrem à mobilização nacional para a conservação e o uso racional da água!”, destaca o supervisor de Mídia Radiofônica da Embrapa Informação Tecnológica (Brasília/DF), Nilo Falcão. Segundo ele, os nove programas foram produzidos nos últimos anos pelas Unidades Descentralizadas da Embrapa e parceiros de todo o País e selecionados de um conjunto maior de programas, por tratarem do uso da água em suas diversas aplicações. Além dos nove programas, em abril, será enviado à rede de rádios parceiras um programa especial inédito sobre o mesmo tema destinado aos agricultores familiares, com abordagem sobre as boas práticas para a preservação de mananciais e os cuidados com a poluição de nascentes. Outra iniciativa dos radialistas, em parceria com o programa Prosa Rural, foi a produção de spots sobre uso e conversação da água, durante a oficina de capacitação de radialistas do Território da Cidadania Serra Geral, realizada em 2014, sob a coordenação da Embrapa Informação Tecnológica e Embrapa Milho e Sorgo. Esses spots serão incluídos na programação do Prosa Rural e veiculados pelas emissoras de rádio nos próximos meses. Todos os programas da coletânea para o rádio podem ser acessados na página do Prosa Rural www.embrapa. br/prosarural .

Campanha da água no DCTV – Também já está disponível em www.embrapa.br/dia-de-campo-na-tv, um programa especial, com 42 minutos de duração, sobre manejo da água, que reúne tecnologias desenvolvidas pela Embrapa e instituições parceiras, de fácil aplicação, e que contribuem para a sustentabilidade ambiental e conservação da água. Dentre esse conjunto de tecnologias, destacam-se os seguintes temas: Sensores de baixo custo para o uso agrícola e doméstico e que ajudam a economizar na hora de irrigar a lavoura; As barraginhas e o lago de múltiplo uso; O manejo de água para os animais e para a limpeza das instalações, sem desperdício e garantindo a saúde do rebanho; Sistema que transforma água salobra em potável e utiliza os rejeitos da dessalinização para criação de peixes, irrigação de forrageira e alimentação de caprinos e ovinos; e Jardim Filtrante. Ainda no programa especial há reportagens sobre o Sisteminha Embrapa - projeto que tem como objetivo o fortalecimento da produção de base familiar, em que estão conjugados plantio de culturas tradicionais da região, criação de galinhas, produção de ovos, e o principal, os tanques para criação de peixes e garantia de água na propriedade. O Dia de Campo na TV sobre as tecnologias da Embrapa para manejo da água foi produzido pela Embrapa Informação Tecnológica, em parceria com Embrapa Instrumentação (São Carlos/SP), Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos/SP), Embrapa Meio-Norte (Teresina/PI), Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas/MG) e Embrapa Semiárido (Petrolina/PE).

ESCUTE O PROGRAMA NO LINK:

www.embrapa.br/prosa-rural

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RESÍDUOS PARA PRODUÇÃO DE BRIQUETES: UMA DAS OFICINAS MAIS PROCURADAS NA DINAPEC

Foto: Rodrigo Alva

Por: Eliana Cezar, jornalista da Embrapa Gado de Corte

Os briquetes podem ser produzidos a partir de qualquer resíduo vegetal, explica o pesquisador da Embrapa Agroenergia, José Dilcio Rocha, que participou da Dinapec 2015. Em sua apresentação, feita para um público formado por professores, universitários, estudantes, produtores e empresários, ele explica em detalhes como os briquetes são feitos, suas vantagens, utilização e investimento para produção. Dentre os materiais utilizados para produzir os briquetes, o pesquisador cita a serragem e restos de serraria,

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casca de arroz, sabugo e palha de milho, palha e bagaço de cana-de-açúcar, casca de algodão, casca de café, soqueira de algodão, feno ou excesso de biomassa de gramíneas forrageiras, cascas de frutas, cascas e caroços de palmáceas, folhas e troncos das podas de árvores nas cidades. Os briquetes possuem diâmetro superior a 50 mm e substituem a lenha em muitas aplicações, inclusive em residências (lareiras e churrasqueiras), hotéis (geração de vapor), em indústrias (uso em caldeiras) e estabelecimentos comerciais como olarias, cerâmicas, padarias, pizzarias, lacticínios, fábricas de alimentos,

Foto: Eliana Cezar

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Brasil possui condições vantajosas para produzir energia, mas a recomendação é de que não sejamos dependentes de fontes não renováveis como o petróleo, o gás natural, o urânio ou do carvão mineral. Necessitamos buscar fontes renováveis de energia. No Brasil, a biomassa é a principal fonte de energia renovável. Ela gera calor, energia elétrica e pode ser transformada em biocombustível sólido como briquetes, resultante da compactação de resíduos vegetais, por exemplo. Como somos um dos maiores produtores agrícolas e florestais do mundo, a quantidade gerada de biomassa residual pode e deve ser melhor aproveitada, especialmente na forma de briquetes e péletes.


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Fábrica de briquetes demonstra linha de produção para visitantes A oficina sobre briquetes incluiu a visita a uma empresa de Campo Grande, MS, que produz briquetes, a Eco Esfera Indústria e Comércio de Artefatos de Madeiras. No local os visitantes tiveram a oportunidade de acompanhar a linha de produção, ver o funcionamento das máquinas, etapas da fabricação e tirar dúvidas com o proprietário Glauco Silva, um adepto da preservação do ambiente. O briquete tem alto poder calorífico e produz pouca fumaça, diz Glauco. “É um produto 100% reciclado e é feito de madeira com baixo teor de umidade. Produzimos o industrial feito em forma de bolachas e o em forma de tarugos de 5 a 10 centímetros de diâmetro e 40 centímetros de comprimento, para utilização em fornos de padarias e pizzarias e também para uso doméstico. É um combustível ecologicamente correto, substituindo a lenha”. Segundo ele, o poder de calor do briquete é de 5000 Kcal/kg e o da lenha 750 kcal/kg, e 1 tonelada de briquete corresponde a três árvores altas preservadas ou 7 metros cúbicos de madeira. Participantes da oficina de briquetes na Dinapec ficaram satisfeitos com as apresentações e a programação do evento. “Divulgar esta tecnologia de aproveitamento de resíduos é importante”, disse Brenda Farias, estudante de zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, que igualmente com outras 12 universitárias ficaram surpresas com a visita à fábrica Eco Esfera. “Foi muito bom

assistir a palestra e ver de perto o processo de fabricação dos briquetes, disse Brenda, que não sabia da existência em Campo Grande de uma fabrica de lenha ecológica”. Fábio Alexandre, gerente da Agropecuária AGRO HB, também saiu da Dinapec com boa impressão. “Fiz a inscrição nesta oficina porque tenho interesse em fazer este tipo de aproveitamento na fazenda”. Já o engenheiro mecânico e professor da Universidade Federal da Grande Dourados, Antonio Carlos de Souza, lamentou não ter divulgado mais o evento entre os colegas. Ele aproveitou para levar uma publicação técnica da Embrapa sobre produção de briquetes e uma amostra do produto para apresentar aos seus alunos do curso de engenharia de energia. O pesquisador da Embrapa Agroenergia, José Dilcio, que ministrou a oficina de briquetes pela primeira vez na Dinapec, gostou da receptividade do público. Disse que a Dinapec é aconchegante e uma feira tecnológica interessante e que a Embrapa tem tudo para dar um salto ainda maior neste tipo de ação. Veja mais textos e fotos sobre a Dinapec 2015: www.embrapa.br/dinapec

Foto: Embrapa Gado de Corte

No Brasil são produzidos cerca de 1,2 milhão de toneladas de briquetes por ano. Destes, 930 mil toneladas são de madeira e 272 mil toneladas de resíduos agrícolas. A taxa de crescimento da demanda de briquete é de 4,4% ao ano, o que demonstra a importância potencial no mercado de energia renovável, atesta o pesquisador. Ele afirma também que nosso país possui condições vantajosas para produzir com sucesso briquetes como também péletes, outro substituto da lenha em muitas aplicações. “A prática é excelente opção para vários setores produtivos agregarem valor aos resíduos que hoje são subaproveitados”.

Foto: Embrapa Gado de Corte

indústrias químicas, têxteis e de cimento. Do ponto de vista econômico, o pesquisador alerta para a realização de um plano de negócio, já do ponto de vista ambiental ele afirma que a tendência é se tornar um bom ou excelente investimento.

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Por: Christiane Coma

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REDUÇÃO DA DEPENDÊNCIA DE PETROQUÍMICOS DEMANDA TECNOLOGIAS INOVADORAS

Por: Christiane R. Congro Comas, jornalista da Embrapa Agropecuária Oeste

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iorrefinaria, biomassa, bioeconomia, química verde, química renovável, foram alguns dos conceitos, relacionados à inovação, que foram apresentados durante a reunião técnica, intitulada “Novas tecnologias para biorrefinarias”, realizada em Dourados/ MS, no IST Alimentos (Instituto Senai de Tecnologia - Alimentos). O evento contou com a presença de técnicos do Senai, Embrapa e Biosul, além de professores e estudantes, interessados em inovações que possam contribuir com alternativas energéticas e agregação de valor aos processos produtivos de agroenergia. As usinas produtoras de açúcar, etanol e bioeletricidade a partir da cana-de-açúcar, fábricas de óleo, rações, biodiesel e indústrias de celulose e papel são exemplos de

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biorrefinarias que funcionam atualmente. Assim, a biorrefinaria consiste numa instalação industrial, que integra processos de conversão de biomassa em biocombustíveis, insumos químicos, materiais, alimentos, rações, produtos químicos de alto valor e energia. “O objetivo de uma biorrefinaria é promover o aproveitamento de todo o potencial econômico da biomassa. As biorrefinarias integram diversas rotas de conversão – bioquímicas (fermentação e catálise enzimática), químicas (catálise homogênea e heterogênea), e termoquímicas (gaseificação, pirólise rápida, etc.) – em busca dos melhores usos da biomassa e da energia nela contida”, explicou o pesquisador da Embrapa Agroenergia (Brasília, DF), Sílvio Vaz Junior.


Por: Christiane Coma

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Essas rotas de conversão estão relacionadas ao uso inovador da biomassa. “A química renovável, então, é o conceito dado ao uso da matéria-prima renovável pela química, como a biomassa, em substituição à matéria-prima não-renovável, como o petróleo”, explica Silvio. Ele explica ainda que o uso de matéria-prima renovável é um dos doze princípios da chamada química verde. Silvio salienta ainda que é objetivo da química renovável utilizar tecnologias economicamente viáveis, para a transformação dessas matérias-primas renováveis em novas fontes de energia ou de insumos para novos processos produtivos. Esse olhar de conceitos inovadores remete para uma reflexão sobre a bioeconomia, que, segundo Silvio explica, consiste na transição industrial global para a sustentabilidade, por meio do uso dos recursos aquáticos e terrestres renováveis em energia, intermediários e produtos finais, para o alcance de benefícios econômicos, ambientais e sociais.

etanol; o bagaço (possui lignina, celulose, hemicelulose, sais orgânicos e água) pode ser utilizado na alimentação animal, bioeletricidade (cogeração), obtenção de açúcares de segunda geração (hexose e pentose), etanol de segunda geração, materiais alternativos diversos; a palha (possui lignina, celulose, hemicelulose, sais orgânicos e água) pode produzir bioeletricidade (cogeração), etanol de segunda geração, compostos químicos renováveis e substitutos de petroquímicos; a vinhaça é um efluente aquoso (rico em matéria orgânica solubilizada, sólidos inorgânicos insolúveis, sais inorgânicos solúveis e água), pode ser usada para produção de biogás e fertilizantes; CO2 e álcoois superiores, dão origem a produtos verdes”, explicou. Ele apresentou também os componentes da cadeia da soja e da cadeia das florestas. O Chefe-geral da Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS), Guilherme Asmus, destacou a importância da agroenergia: “que é uma demanda atual do mundo moderno”, afirmou. Asmus disse que a Embrapa está buscando respostas para o esse assunto, por meio de duas frentes, que pesquisam tanto a matéria-prima quanto os processos agroindustriais. “Existe um mundo de possibilidades, diversas alternativas que podem ser adotadas. A tendência é que as discussões e as pesquisas em torno da biomassa sejam fortalecidas”, afirmou. O evento, que aconteceu na manhã do dia 19 de março, foi uma realização da Biosul e Fiems/Senai, que contou com apoio da Embrapa Agropecuária Oeste. 

Silvio é um estudioso do aproveitamento integral da biomassa, em favor da bioeconomia, que possibilite agregação de valor por meio das biorrefinarias e de produtos oriundos da química renovável. Para ele, o uso das tecnologias em favor desse aproveitamento pode promover impactos positivos na economia, sociedade e meio ambiente; reduzir a dependência de petroquímicos e contribuir com a redução do déficit da indústria química nacional. Em sua apresentação, Silvio exemplificou o potencial bioeconômico da cadeia agroindustrial da cana-de-açúcar como fornecedora de material para a química. “O açúcar (possui frutose e glicose) serve para a produção de

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Por aí, por aqui... Políticas de inovação para energia

Macaúba

O Chefe-geral, Manoel Souza, os pesquisadores Alexandre Cardoso, Gilmar Sousa, João Ricardo Almeida e Rossano Gambetta participaram, no dia 05/02, do evento “Innovation Policy for the Energy System - Lessons for Brazil from the UK Experience.“ promovido pelo Ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação, Embaixada Britânica, Aneel e CGEE. As palestras foram realizadas pela empresa inglesa Carbon Trust.

No dia 04 e 05/03, os pesquisadores Alexandre Cardoso, Bruno Laviola e Gilmar Santos foram a Barbalha/ CE, junto com uma equipe da Embrapa Algodão, para o planejamento experimental de ensaios com macaúba, para avaliar genótipos, fertilização e irrigação. A ação faz parte do projeto MACSAF, em parceria com o World Agroforestry Centre (Icraf), para produção de macaúba em sistemas agroflorestais para gerar alimentos e matéria-prima para bioenergia.

Universidad del Atlántico

Mandioca e Fruticultura

Foto: Daniela Collares

O chefe-geral, Manoel Souza, recebeu no dia 12/03, o chefe-geral da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Domingo Haroldo Reinhardt.

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Foto: Arquivo Pessoal

Paraíba A analista Daniela Tatiane de Souza e a bolsista Sued Caldas estiveram em João Pessoa/PB, nos dias 24 e 25/02, para visitar a Empresa Municipal de Limpeza Urbana- EMLUR e a Secretaria de Desenvolvimento Urbano – SEDURB, com o intuito de realizar prospecção de biomassa para geração de energia. O Chefe-geral da Embrapa Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, José Manuel Cabral, também participou da visita. Eles ainda conheceram o trabalho de fabricação de briquetes a partir das podas de árvores da empresa JP Silva.

Foto: Arquivo Pessoal

Foto: Stephane Paula

O professor Jorge William, da Universidad del Atlántico, na Colômbia, esteve com o pesquisador Felix Siqueira, no dia 13/02, para discutir cooperação internacional com pesquisadores da Unidade.


Edição nº 60

Por aí, por aqui... Canadá

Pela quarta vez, a Embrapa Agroenergia promoveu uma campanha para doação de sangue e levou um grupo de empregados e colaboradores ao Hemocentro de Brasília.

Uma comitiva do Agriculture and Agri-Food Canada (AAFC) visitou a Embrapa Agroenergia, em 18/03, após reunião na sede da Embrapa para tratar de temas de interesse comum e da renovação do memorando de entendimentos entre as instituições. O AAFC é o Departamento de Agricultura do Canadá, ligado ao Ministério de Agricultura daquele país. Parlamentares canadenses se juntaram ao grupo para conhecer as linhas de pesquisa da Embrapa Agroenergia.

Foto: Vivian Chies

Foto: Daniela Collares

Doação de sangue

Cogumelos

Angola Em 20/03, foi a vez de um grupo do Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural de Angola visitar o nosso centro de pesquisa. Eles passaram a semana em Brasília/ DF, participando de um workshop sobre inovação, atividade do programa de cooperação trilateral envolvendo o Brasil, Angola e a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).

Foto: Vivian Chies

Foto: Arquivo Pessoal

A analista Daniela Souza e Diogo Nakai, o pesquisador Félix Siqueira e as estagiárias Ana Paula Araújo e Thaís Santana conheceram, no dia 12/03, o processo de produção de cogumelos da empresa da COGU, em Sobradinho/ DF. A Embrapa Agroenergia está estudando o cultivo de cogumelos como estratégia para destoxificar tortas de oleaginosas integradas à cadeia produtiva de biodiesel.

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SET - DEZ


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