Informativo da Embrapa Agroenergia • Edição nº 81 • 11/06/2018
EMBRAPA AGROENERGIA COMEMORA 12 ANOS Pág. 4 e 5
FELIZ ANIVERSÁRIO Edição nº 81
12 ANOS Desenvolvendo soluções tecnológicas inovadoras
24 DE MAIO www.embrapa.br/agroenergia 3
Agroenergético
NESTE MÊS DE MAIO, A EMBRAPA AGROENERGIA COMPLETOU 12 ANOS. CRIADA EM 24 DE MAIO DE 2006, DENTRO DO PLANO NACIONAL DE AGROENERGIA. Conheça aqui um breve resumo da história da nossa Unidade.
2006-2011
2011-2016
PRIMEIRA GESTÃO >> A Embrapa Agroenergia foi criada em 24/05/2006, juntamente com o início do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB) e o lançamento do Plano Nacional de Agroenergia (PNA), com o objetivo de assegurar o aumento da participação de fontes renováveis no Balanço Energético Nacional. Em consonância com o que estabelecia o próprio PNA, foram estabelecidos projetos de pesquisa para a Embrapa Agroenergia dentro dos quatro eixos: etanol, biodiesel, florestas energéticas e coprodutos e resíduos. Estes projetos visavam ao aproveitamento integral da biomassa das culturas inseridas na cadeia produtiva da agroenergia, tendo em vista a sustentabilidade em seus três pilares: ambiental, econômico e social, especialmente com os biocombustíveis. Os primeiros anos (maio/2006 a setembro/2011), que tiveram à frente da gestão o pesquisador Frederico Ozanan Machado Durães, foram marcados por essa abordagem na pesquisa e pela busca de recursos financeiros para os primeiros projetos. Foi também o período de estruturação da Embrapa Agroenergia, com a contratação de pessoal, aquisição de equipamentos e construção do prédio que hoje abriga os escritórios e os laboratórios.
SEGUNDA GESTÃO >> Na segunda fase, (setembro/2011 a outubro/2016), que teve à frente o pesquisador Manoel Teixeira Souza Júnior, a Unidade continuou investindo em pesquisas voltadas para a produção de biocombustíveis, seja em processos e insumos para as indústrias, seja na diversificação das matérias-primas disponíveis para o setor no Brasil. No entanto, o desenvolvimento de tecnologias para produção de químicos e materiais de origem renovável a partir da biomassa começou a ganhar mais força, à medida que a necessidade de adoção da lógica de biorrefinarias nas indústrias ficou mais evidente, na Embrapa, no País e no mundo. Essa etapa também foi marcada pela finalização das obras de infraestrutura da Unidade e inauguração dos laboratórios e área de plantas-piloto, bem como pela organização dos processos internos de trabalho.
Foto: Goreti Braga
Foto: Daniela Collares
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2016 – HOJE TERCEIRA GESTÃO >> Consequência desse caminho percorrido pela Embrapa Agroenergia nos seus dez primeiros anos, a Unidade amplia, agora, sua atuação para a química e tecnologia de biomassa, sem deixar de lado os biocombustíveis. Com base nas perspectivas globais para o desenvolvimento da bioeconomia e nos grupos de pesquisa já constituídos e resultados obtidos na Unidade, a gestão de Guy de Capdeville organiza, atualmente, as ações em quatro eixos: Biomassas para fins industriais, Biotecnologia industrial, Química de renováveis e Materiais renováveis. A visão para o período 2016/2022 é “Ser referência nacional e internacional na geração de inovações tecnológicas que permitam converter matérias-primas renováveis diversificadas, por processos bioquímicos, químicos e termoquímicos, em alternativas sustentáveis de bioprodutos e bioenergia dentro do contexto da Biotecnologia Industrial e da Química Verde”.
DESENVOLVER SOLUÇÕES INOVADORAS E SUSTENTÁVEIS PARA CONSOLIDAR A BIOECONOMIA, É O NEGÓCIO DA EMBRAPA AGROENERGIA! No dia 24, foi comemorado o 12° Aniversário da Unidade com todos os empregados e colaboradores e, ainda, com a presença do Diretor-executivo de Pesquisa & Desenvolvimento da Embrapa, Celso Moretti, e do ex-presidente e um dos fundadores da Empresa, Eliseu Alves. Veja quem faz a Embrapa Agroenergia! www.facebook.com/embrapaagroenergia/ videos/193207324662662/
Foto: Goreti Braga
CONFRATERNIZAÇÃO DO 12º ANIVERSÁRIO
Foto: Aline Rocha
Foto: Mariana Costa
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Foto: Daniela Collares
Agroenergético
Produto à base de macroalgas sendo aplicado na lavoura
EMBRAPA DESENVOLVE TECNOLOGIA PARA PRODUÇÃO DE BIOFERTILIZANTES A PARTIR DE ALGAS MARINHAS O Centro-Oeste abrigará os primeiros sistemas de produção do extrato visando o aumento da produtividade das lavouras Por: Daniela Collares, jornalista da Embrapa Agroenergia
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m extrato de macroalgas com tecnologia 100% brasileira é uma das novas tecnologias que a Embrapa Agroenergia está desenvolvendo em parceria com a empresa Dimiagro com aporte de recursos da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (EMBRAPII) e Sebrae. Todo o extrato de macroalgas usado comercialmente no Brasil é importado de regiões de águas frias, como da Irlanda, ressalta Gregori Vieira, proprietário da Dimiagro. “Já temos comprovado que esse produto proporciona de 10 a 15% a mais de rendimento de lavouras de soja, milho, feijão, banana, uva etc. Então, para não trazermos esse produto de fora do país, nos unimos à Embrapa para produzir uma tecnologia totalmente brasileira”, destaca. Essa é uma solução adicional para aumentar a produtividade na agricultura, salienta o pesquisador da Embrapa Agroenergia responsável pelo projeto, Cesar Miranda. O grupo de
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pesquisa da Embrapa Agroenergia, com apoio da empresa, está desenvolvendo um processo de obtenção de extratos de algas e cianobactérias da biodiversidade brasileira. Evidências de pesquisas, teses, dissertações e trabalhos de campo que sugerem que estas algas e cianobactérias produzem fitormônios que agem de forma semelhante aos inoculantes que são comercialmente utilizados em lavouras de soja, exemplifica Miranda. De acordo com Miranda, que é engenheiro agrônomo, é comprovado que o crescimento das raízes e outros pontos de alongamento das plantas é facilitado pela presença de determinados hormônios vegetais. Desta forma, a planta explora melhor o solo e enfrenta as adversidades ambientais, com consequente reflexo em sua nutrição e sanidade, o que, no conjunto, incrementa a produtividade. O extrato já é usado especialmente nas culturas perenes, mas também em culturas anuais, na Europa e
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nos Estados Unidos. Inúmeros resultados de pesquisas no Brasil comprovam a eficácia dos extratos de algumas algas selecionadas.
“Com esta tecnologia será possível, produzir o extrato de algas no país, eliminando a necessidade de importarmos o produto de fora”, destaca Gregory. “Como somos uma empresa brasileira queremos investir em um produto totalmente nacional”.
Financiamento
A tecnologia em questão, esta sendo desenvolvida no âmbito da Unidade Embrapii Bioquímica de Renováveis, hospedada na Embrapa Agroenergia. Jorge Guimarães, Diretor-Presidente da Embrapii, salienta que a Embrapii tem, por missão, fazer o desenvolvimento de pesquisa, desenvolvimento e inovação no setor industrial. De acordo com a pesquisadora e coordenadora da unidade EMBRAPII - Embrapa Agroenergia, Patrícia Abdelnur, é importante divulgar para os produtores e empresários a oportunidade de incentivo à pesquisa e inovação na indústria por meio do aporte de recursos não-reembolsáveis via Embrapii em parceria com a Embrapa Agroenergia, como é o caso do projeto com a Dimiagro. “A possibilidade de contatar com recursos da Embrapii, e do Sebrae, efetivamente viabilizou o começo desse projeto, de uma maneira bastante ágil e objetiva”, enfatiza Gregory.
Foto: Daniela Collares
Assim, a proposta do projeto é produzir tais macroalgas próximo aos locais de maior consumo, como é o caso de Formosa, provendo nutrientes e luminosidade adequadas para maximização do crescimento dos organismos de interesse. “Iremos produzi-las em sistemas de produção competitivos, gerando emprego para a Região. Elas poderão ser produzidas em biorreatores, por exemplo, que maximizam o uso do espaço e facilitam o reuso da água e controle de rejeitos”, destaca Miranda.
Pesquisador da Embrapa Agroenergia, César Miranda, à esquerda, em visita à Dimiagro. A Embrapii, destaca Guimarães, tem muita convicção de que no setor do agronegócio, que é altamente diferenciado e especializado, a ciência básica e a ciência aplicada permitirão desenvolver diversas tecnologias que impulsionaram vários setores do segmento industrial do país e, no caso específico, agroindustrial. “Não é sem razão que temos a unidade Embrapa Agroenergia como unidade nossa em Brasília. Certamente, teremos também outros desdobramentos importantes com o projeto que está sendo discutido entre a Embrapa e a Embrapii para ampliarmos o número de Unidades de pesquisa e de inovação destinada a desenvolver cada vez mais o setor agropecuário”, complementa o Diretor-Presidente da Embrapii. Guimarães, por fim enfatiza que, ao se realizar a assinatura de um contrato como esse que está ocorrendo na cerimônia de abertura da AgroBrasília 2018. "Estamos na realidade homenageando tal setor, para dar a verdadeira dimensão da importância do agronegócio”.
Tecnologias
Conheça mais sobre a Embrapa Agroenergia, bem como sobre as tecnologias em desenvolvimento na Unidade visitando a nossa Vitrine de tecnologias no site www. embrapa.br/agroenergia. Para mais informações sobre como realizar negócios com a Embrapa Agroenergia acesse www.embrapa.br/agroenergia/transferencia-detecnologia. Para mais informações sobre como desenvolver projetos com a Embrapa Agroenergia via Embrapii acesse www.embrapa.br/agroenergia/embrapii.
Foto: Daniela Collares
Acordo
O Acordo de Cooperação Técnica entre a Embrapa Agroenergia e a Dimiagro foi assinado no dia 15 de maio na cerimônia de abertura da AgroBrasília. Os produtores puderam ver experimentos de crescimento de plantas com a aplicação de biofertilizantes no estande da Embrapa e da própria Dimiagro.
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Agroenergético
CIENTISTAS DESENVOLVEM CANA TRANSGÊNICA RESISTENTE A HERBICIDA E A INSETO-PRAGA Material inédito será duplamente transgênico para apresentar resistência à broca-da-cana e ao herbicida glifosato Por: Daniela Collares, jornalista da Embrapa Agroenergia
Foto: Daniela Collares
Esta parceria, que tem a duração de 4 anos, entre a empresa PangeiaBiotech e Embrapa Agroenergia visa incorporar características de valor agronômico em variedades de importância comercial top de mercado. Depois desse período, os cientistas pretendem disponibilizar no mercado um material com essa dupla transgenia. Para chegar com esse produto totalmente inédito no mercado, selecionamos genes com liberdade de uso, conta Hugo Molinari – pesquisador da Embrapa Agroenergia e líder do projeto. Além disso, os pesquisadores já iniciaram a transformação genética em laboratório com as variedades previamente selecionadas. Também, estão previstos os testes em campo para validar a tecnologia. Após está etapa de validação, parcerias estratégicas com empresas interessadas poderão ser feitas, o que envolve negociações de desregulamentação do evento transgênico para posterior venda destas variedades no mercado.
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ientistas da Embrapa Agroenergia se uniram a uma startup para desenvolver variedades de canade-açúcar transgênica para controle biológico da broca-da-cana e facilitar o manejo da cultura com o herbicida glifosato. O projeto “Produção de variedades comerciais de cana-de-açúcar transgênica para aumento da biomassa e da produção de etanol 1G e 2G a partir da transferência de genes que conferem resistência ao herbicida glifosato e a insetos-praga” é uma parceria entre a Embrapa Agroenergia, a startup PangeiaBiotech, Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
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De acordo com Paulo Cezar De Lucca, sócio fundador da PangeiaBiotech, as características de valor agronômico mencionadas são na verdade genes já comumente usados nas culturas da soja, milho e algodão no Brasil e que agora estão sendo adaptados para a cana. De Lucca lembra que 100% da cana é convencional, enquanto nas outras culturas cerca de 94% são variedades transgênicas. Diante desse panorama, foi observado um nicho de mercado muito interessante para se trabalhar com cana transgênica do começo ao fim. Ele reforça “Somos uma startup e jamais conseguiríamos fazer isso sozinho”. Para realizar este projeto a empresa entra com 1/3 em parceria com o SEBRAE, a Embrapii com 1/3 e a Embrapa Agroenergia com o restante. Esse é o fundamento do projeto, que além de disponibilizar recursos para investir nesta iniciativa, está fazendo um elo entre uma startup e a Embrapa, que é a maior empresa de pesquisa em agricultura tropical do mundo”, salienta De Lucca.
Foto: Daniela Collares
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Mais informações sobre como fechar parceria com a Embrapa Agroenergia via Embrapii acesse www.embrapa. br/agroenergia/embrapii. Guy de Capdeville, chefe-geral da Embrapa Agroenergia destaca que esse foi o nosso primeiro projeto como unidade Embrapii. Temos a expectativa de que com esse modelo de financiamento de pesquisa tenhamos novas parcerias em prol do setor sucroalcooleiro.
Foto: Alexandre Alonso
O acordo foi firmado oficialmente, entre as empresas envolvidas, durante Simpósio “Integração da pesquisa pública com cana-de-açúcar no Brasil”. O evento ocorreu no dia 15 de março, no Centro de Convenções de Cana-de-Açúcar do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), em Ribeirão Preto (SP) e contou com cerca de 400 participantes.
Na abertura do simpósio, o diretor-executivo de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa, Celso Luiz Moretti, destacou a importância da integração entre a pesquisa pública, a privada e os diferentes stakeholders com a cadeia produtiva de cana. O diretor ainda enfatizou a relevância da criação do fundo de pesquisa, desenvolvimento e inovação para o setor sucroalcooleiro energético. “No atual contexto, a criação deste fundo representa uma iniciativa inovadora para mobilizar e aplicar recursos públicos e privados de forma a dinamizar pesquisas que gerem novos produtos para esse importante setor produtivo”. Hugo Molinari, pesquisador da Embrapa Agroenergia e um dos coordenadores do Simpósio destacou: “o Simpósio foi muito estimulante! Tivemos 549 participantes que estavam representando os diversos segmentos do setor sucroenergético. Foi um grande dia de reflexão e também para acreditar que podemos fazer diferente com o apoio do setor e de todos. Isso ficou evidente na fala de cada palestrante e que nos motiva a seguir em frente com a ideia de criar um fundo para dar vazão às pesquisas que o setor necessita para avançar hoje e enfrentar os desafios futuros”. De acordo com o diretor-presidente da Embrapii, Jorge Guimarães, o setor de sucroenergético possui um papel fundamental na economia brasileira, mas para o país se consolidar como um grande produtor e fornecedor internacional de etanol precisará investir em melhorias tecnológicas que se adequem as exigências internacionais
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de produção sustentável, tanto em termos ambientais como sociais. “Isso envolve a descoberta de novas variedades de canade-açúcar, inovações na linha de produções das usinas até a simples expansão da área agrícola. A Embrapii através de suas unidades poderá colaborar no desenvolvimento de novas tecnologias que venham a contribuir com o setor. O projeto que está sendo assinado hoje vai servir de exemplo para que novos desenvolvimentos tecnológicos sejam realizados no modelo Embrapii”, diz.
Sobre a PangeiaBiotech
O glifosato é o herbicida mais barato do mundo para controle de ervas-daninhas e para cana-de-açúcar o controle destas é muito importante uma vez que compete por nutrientes e absorção de água pela planta nas fases iniciais de desenvolvimento. “Uma maneira fácil de controle é você ter um material com resistência ao herbicida”, salienta Molinari.
É uma empresa de biotecnologia incubada na Unicamp especializada na produção de cana transgênica, com know-how de última geração. A sinergia da expertise da PangeiaBiotech e a Embrapa viabilizará em tempo recorde o primeiro teste a campo da cana transgênica de segunda geração. Os ensaios em campo demonstrará a resistência da nova variedade geneticamente modificada, um componente essencial da análise da viabilidade comercial do produto.
Para o agricultor irá facilita o manejo no campo, além de gerar um impacto econômico pela redução dos custos de produção e uma diminuição do uso deste herbicida. Além disso, esse projeto visa utilizar dois genes de resistência combinados que podem ampliar a proteção da cana contra a broca, porque, para quebrar essa proteção será mais difícil tendo dois genes com modos de ação diferentes para o controle desta lagarta. Atualmente, o controle da broca-da-cana é realizado por meio de inseticidas químicos e estima-se que as perdas causadas
Segundo de Lucca, nossa empresa é uma startup, num momento muito oportuno para a criação de empresas de base tecnológica no agronegócio. Nosso modelo de negócio inicial foi baseado nas Plant transformation facilities dos EUA e evoluiu para essas parcerias estratégicas com o setor produtivo, como é o caso da cana transgênica de segunda geração. Nosso próximo passo é a criação de novas características agrícolas, que vai fortalecer nossos laços com as empresas de tecnologia do setor sucroenergético.
Danos
Foto: Daniela Collares
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pela lagarta cheguem a R$ 4,88 bilhões por ano, se considerar a área total cultivada com cana no país. Hoje, temos no mercado a variedade transgênica CTC20Bt desenvolvida pelo Centro de Tecnologia Canavieira - CTC que apresenta resistência a broca-da-cana. No entanto, ainda não está disponível no mercado variedades de cana-de-açúcar combinando dois modos de ação para proteção ampliada contra a broca-da-cana e resistência ao herbicida glifosato.
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Pesquisa usa resíduos do dendê como substrato para produzir cogumelos comestíveis Foto: Daniela Collares
CIENTISTAS USAM RESÍDUOS DO DENDÊ PARA CULTIVAR COGUMELOS COMESTÍVEIS Shimeji pode ficar mais acessível cultivado em substrato feito 100% de restos da industrialização do dendê Por: Ana Laura Lima - MTb 1268/PA, jornalista da Embrapa Amazônia Oriental, e Daniela Collares, jornalista da Embrapa Agroenergia
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esquisadores da Embrapa Amazônia Oriental (PA) e da Embrapa Agroenergia (DF) encontraram uma alternativa para produzir cogumelos comestíveis, como o Pleurotus ostreatus, ou shimeji, no Brasil a baixo custo e, assim, tornar seu consumo acessível a grande parte da população. Os cientistas usaram biomassas residuais, resíduos gerados no processamento do óleo do dendê (óleo de palma), como substrato para cultivar o fungo. Segundo o pesquisador Marcos Enê Oliveira, o shimeji encontra condições ideais para se desenvolver nos resíduos industriais do dendê produzido no Brasil,
especialmente no Pará, onde a indústria gera três toneladas de resíduos sólidos e uma tonelada de efluentes líquidos. Oliveira explica que as biomassas residuais são fibras e substâncias ricas em proteína, lipídeos, carboidratos e minerais, que podem nutrir cogumelos comestíveis como o shimeji, conhecido também como cogumelo-ostra, produto bastante apreciado na culinária nacional e internacional. Comprar shimeji no mercado brasileiro é para poucos. O quilo do produto sai entre R$ 48,00 e R$ 80,00 porque grande parte do produto vem do exterior e tem alto custo de importação. Só de frete, paga-se em torno de dois
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reais por quilo. Além disso, é preciso cuidado redobrado no transporte e na conservação do produto.
ainda está sendo estudada para assegurar que não haja impacto ambiental”, esclarece o pesquisador.
Cogumelos versáteis
Os valiosos resíduos do dendê
O pesquisador destaca que o cultivo desses cogumelos comestíveis é possível devido à sua versatilidade em se desenvolver em diferentes condições climáticas e substratos. “Esse fungo tem uma enorme capacidade de quebrar fibras lignocelulósicas, consideradas complexas quimicamente, e extrair delas os nutrientes necessários para o seu crescimento e frutificação”, conta o especialista explicando que o cultivo imita o que ocorre na natureza ao oferecer resíduos vegetais em um substrato formado por fibras e pelo efluente gerado. Para se chegar à mistura ideal, os pesquisadores da Embrapa Agroenergia (DF), Félix Siqueira e Simone Mendonça testam formulações de substratos com diferentes concentrações de resíduos, entre eles, a cinza de caldeira, também oriundo do processamento do óleo de dendê. O substrato é esterilizado em autoclave industrial para, depois, inocular o fungo. A fase de colonização, que é o crescimento do fungo no substrato, leva em torno de 25 a 30 dias em uma câmara escura, a fim de imitar a natureza na qual os cogumelos crescem ao abrigo da luz em serapilheiras ou troncos de arvores.
Efluente rico
O efluente líquido do processamento do dendê, conhecido pela sigla Pome (palm oil mill effluent), é constituído, principalmente, de água, minerais e matéria orgânica, e atualmente seu destino são as lagoas de estabilização, conforme orienta a legislação. “Algumas experiências têm indicado a utilização desse efluente líquido como fertilizante para os plantios de dendê, mas essa aplicação
O Pará responde por mais de 90% da produção brasileira de óleo de dendê. Em 2017, por exemplo, o estado produziu cerca de 480 mil toneladas desse óleo, gerando aproximadamente 1,4 milhão de toneladas de resíduos sólidos e líquidos. De acordo com Roberto Yokoyama, diretor da empresa Dendê do Pará (Denpasa) e presidente da Câmara Setorial da Palma de Óleo, o custo médio da tonelada de óleo bruto produzido no Brasil está por volta de US$ 610 a US$ 650, e o investimento necessário para se montar uma usina de beneficiamento é de um milhão de reais para cada tonelada de cacho processado, sendo que pelo menos 30% desse valor está diretamente ligado aos resíduos. Na indústria de beneficiamento do óleo, os resíduos são o cacho vazio; o efluente líquido (pome); a fibra e a casca do fruto, (resultante da prensagem); a borra, partículas sólidas geradas na separação entre o óleo e a água; e a torta de palmiste, resíduo da prensagem da amêndoa. Yokoyama conta que alguns deles já são utilizados para outros fins, como alimentação animal e geração de energia, mas o volume produzido ainda é grande. “Mesmo com alguns usos, o resíduo gerado ainda é um problema para a indústria”, afirma. Em números, para cada tonelada de cacho de fruto fresco (CFF) que entra na agroindústria, são produzidos em média 220 kg de cacho vazio, 120 kg de fibra de prensagem, 50 kg de casca, 20 kg de torta de palmiste, 60 kg de borra e 650 a 1.000 kg de efluentes. Esses resíduos são basicamente compostos por celulose e lignina, um material fibroso complexo, cujas ligações conseguem ser quebradas pelos fungos do gênero pleurotus.
Veja o vídeo em: https://youtu.be/q51xMSdtUkY
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Cogumelos têm mercado promissor Em 2017 o Brasil importou quase 12 mil toneladas de cogumelos e trufas, entre secos, em conservas e preparados, segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. E a produção nacional in natura está também na ordem de 12 mil toneladas ao ano, de acordo com a Associação Nacional dos Produtores de Cogumelos (ANPC).
em isopores. “A validade após o beneficiamento é de 12 dias, mas perdemos cinco com o transporte, só restando sete dias para comercializar o produto fresco no mercado local”, conta o empresário. Por isso, a empresa importa as quantidades certas, limitando assim um crescimento mais expressivo do consumo local.
O consumo interno, ainda de acordo com a associação, é pequeno por falta de tradição, tendo destaque o champignon de Paris (Agaricus bisporus), shitake (Lentinula edodes) e os cogumelos-ostra, ou shimeji preto ou branco (Pleurotus). Os maiores produtores de cogumelos shimeji no Brasil estão no estado de São Paulo. É do município de Mogi das Cruzes (SP) que vem o cogumelo que abastece a maior empresa desse produto no Pará. De acordo com o empresário Tomoaki Kishimoto, a empresa vende em torno de 700 quilos de shimeji por mês, principalmente para restaurantes japoneses localizados em Belém, capital paraense.
Mas nos restaurantes os pratos com shimeji estão entre os preferidos dos consumidores, que pagam um pouco mais caro pela iguaria. A empresária Tássia Araújo Costa, que administra um restaurante japonês em Belém, diz que o valor do cogumelo shimeji no mercado local é bastante variável e elevado, “mesmo assim, a saída dos pratos à base de shimeji é grande e ainda compensa o custo de aquisição do produto pelo restaurante”.
Kishimoto atribui o baixo consumo ao valor elevado do produto. Em Belém, o quilo do “shiimeji preto”, o mais popular entre os consumidores, custa entre R$ 50 e R$ 80, e o do “shiimeji branco” entre R$ 48 e R$ 70. “O custo de importação é alto, só de frete paga-se em torno de dois reais por quilo. Além disso, é preciso cuidado redobrado no transporte e na conservação dele”, relata o empresário. O tempo de validade do produto in natura é outro obstáculo para os comerciantes locais, de acordo com Kishimoto. O produto vem de caminhão com câmara frigorífica e é armazenado
Para o pesquisador da Embrapa Marcos Enê Oliveira, considerando que o Pará tem a terceira maior colônia japonesa do Brasil, há uma demanda potencial para o shimeji na região, e a produção local pode favorecer esse mercado promissor. Além disso, Félix Siqueira, pesquisador da Embrapa Agroenergia, ressalta que há potencial enorme para a produção de cogumelos comestíveis regionais amazônicos que já estão climatizados às condições de florestas. “As florestas tropicais são um dos maiores bancos de biodiversidades de cogumelos e entre estes muitos com pontenciais alimentícios e nutraceuticos (substâncias bioativas benéficas a saúde)”, frisa o cientista. “Junto aos resíduos lignocelulósicos são observados muitas espécies de cogumelos crescendo naturalmente, que podem ser espécies já domesticadas e com clientela fidelizada”, acredita.
Resíduos de cogumelos viram ração para peixes Até mesmo os resíduos gerados na produção dos cogumelos podem dar origem a bioprodutos valiosos segundo explica o pesquisador Félix Siqueira, da Embrapa Agroenergia (DF). Após o cultivo e colheita dos cogumelos (Pleurotus ou “shiimeji”), os pesquisadores utilizaram a biomassa residual para preparar rações para peixes. A biomassa vegetal que sobra após a colheita dos cogumelos é rica em nutrientes, tanto da planta como da massa fúngica, característica importante para compor formulações de ração animal. O pesquisador observou que a biomassa pós-colheita apresentava digestibilidade suficiente para inserção como alimentos de peixes. Os primeiros testes com alevinos de tambacu (híbrido de tambaqui com pacu) mostraram resultados positivos. ”Os alevinos
alimentados com a biomassa de dendê após o cultivo do fungo apresentaram digestibilidade semelhantes ou melhores comparando-se ao formulado comercial”, relata Siqueira. Ele explica que esse é apenas o primeiro passo para dar continuidade à pesquisa, e os resultados preliminares abrem oportunidade de discussão com as agroindústrias de dendê para a criação de pesquisas permanentes com foco na exploração de bioprodutos de fermentados microbianos (macrofungos formadores de cogumelos). “É uma alternativa para minimizar o passivo ambiental do setor seguindo o modelo das biorrefinarias”, sugere. Ele destaca que, no contexto da bioeconomia, essa é a produção “zero de resíduos”, ciclo de sustentabilidade no qual resíduos são matérias-primas para novos produtos.
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Agroenergético
Foto: Simone Fávaro
SISTEMA AGROFLORESTAL PARA GERAR ALIMENTOS, ENERGIA E RENDA NO NORDESTE Por: Daniela Collares, jornalista da Embrapa Agroenergia
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ntegração Lavoura-Pecuária-Florestas (ILPF) também pode atender o mercado de agroenergia, conferindo ainda mais sustentabilidade ao setor e gerando renda para a agricultura familiar. No Nordeste brasileiro, a Embrapa e o World Agroforestry Centre (Icraf), estão utilizando a macaúba em consórcio com culturas alimentares visando agregar maior sustentabilidade à produção de matéria-prima para biocombustíveis. Os experimentos estão em dois locais: em Parnaíba, no Piauí, região litorânea; e em Barbalha, no Ceará, bem
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no interior do Nordeste. A macaúba é o componente desse sistema agroflorestal com potencial para integrar a cadeia produtiva de biocombustíveis. A palmeira, nativa do Brasil, gera frutos com volume de óleo comparável ao do dendê, que é campeão em produtividade. O óleo que a macaúba produz pode atender à produção de dois combustíveis de origem renovável: o biodiesel, já presente no Brasil, e o bioquerosene de aviação, um produto ainda em consolidação, com grande potencial de mercado. Além disso, o óleo pode vir a atender também a indústria de alimentos e cosméticos.
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Foto: Simone Fávaro
Ao mesmo tempo que se trabalha com os cultivos organizados da macaúba nos ensaios experimentais, o projeto atua junto a pequenos agricultores da região de Barbalha que tem no extrativismo da macaúba parte da sua renda. Estas comunidades coletam os frutos da macaúba e o revendem como fruto fresco ou extraem, por métodos tradicionais o óleo da amêndoa. Este trabalho é bastante penoso e de baixo rendimento. Com o apoio do projeto, a comunidade recebeu orientação e equipamentos para melhorar o processamento. O quebrador de coco macaúba e a prensa em pequena escala facilitaram o trabalho e produzem óleo de melhor qualidade. Com recursos do projeto, um equipamento de uma dessas comunidades foi adaptado para extração do óleo por prensagem. “Com a chegada da prensa o óleo é extraído a frio. Esse processo facilita a mão-de-obra do coletor de macaúba para transformar a semente em óleo. Como é extraído a frio não precisa aquecer nem torrar as amêndoas”, conta José Raimundo da Silva, o Nilton, como é conhecido na comunidade. Ele destaca que o valor do óleo cozido é 25,00 reais , e a frio 30,00 reais. "A gente tá pensando na possibilidade de plantar, inclusive já plantamos algumas mudas para fazer o teste”, acrescenta.
pronto para entrega. Assim o retorno financeiro bem mais fácil”. Toda ação é realizada na Comunidade Boa Esperança, com 93 associados, a maioria mulheres. O novo recurso permite obter óleo com melhor qualidade, por um método menos trabalhoso.
Foto: Bruno Laviola
Os cultivos começaram há dois anos e, enquanto esperam a macaúba dar os primeiros frutos, os pesquisadores já avaliam a produção de feijão-caupi e milho, plantados em conjunto com a palmeira. “Com duas safras colhidas, já se observou que não há efeitos negativos de uma cultura sobre a outra”, diz a pesquisadora da Embrapa Agroenergia, Simone Fávaro. Quando a macaúba já estiver com porte alto, também poderá ser testada na área a criação de animais. Para o pesquisador da Embrapa Agroenergia Alexandre Cardoso, líder do projeto, estabelecer esse sistema de produção agroflorestal teria como pontos favoráveis a diversificação e regionalização da produção de biomassa para biocombustíveis e óleoquímica, contando com uma espécie nativa, com ampla adaptabilidade em diferentes regiões.
"Em 2017, também foi realizada pela Embrapa Agroenergia, capacitação de agentes multiplicadores e pequenos agricultores para o uso alimentar dos produtos e coprodutos da macaúba", disse Fávaro. O projeto desenvolvido no Nordeste brasileiro está inserido em um programa internacional para desenvolvimento de cultivos alternativos para produção de biocombustíveis, com ações também na África e na Ásia. A iniciativa é liderada pelo ICRAF, com financiamento do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (IFAD). Além da Embrapa Agroenergia, estão atuando fortemente no projeto a Embrapa Meio-Norte e a Embrapa Algodão, em cujos campos experimentais estão instalados os experimentos. Essa ação pode ser acompanhada também pelo vídeo Macaúba em Sistemas Agroflorestais no link: https:// www.youtube.com/watch?v=W8c3Qd0bRbM
A agricultora Tarciana Batista da Silva também reforça: “melhorou porque diminuiu o trabalho. O tempo que era para cozer e dar o ponto de ficar para uso, a gente já tira pronto para ser usado. Na renda melhorou porque o tempo que a gente gastava com o cozimento e tudo, a gente vai diretamente para prensa e já tira o óleo
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ARTIGO
Foto: Leandro Lobo
O DESAFIO DA DISPONIBILIZAÇÃO SUSTENTÁVEL DE NOVAS BIOMASSAS PARA A PRODUÇÃO DE BIOCOMBUSTÍVIES DE AVIAÇÃO
Guy de Capdeville, Chefe-Geral da Embrapa Agroenergia
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demanda energética mundial, apesar das inúmeras alternativas que vem surgindo como a energia eólica, a solar, a energia da biomassa, entre outros, é ainda quase que totalmente dependente dos combustíveis de origem fóssil. O desafio para se conseguir diversificar as fontes de energia e, ainda assim, garantir a sustentabilidade ambiental e econômica com redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE), entre outros impactos sobre o ambiente, não é um desafio trivial. Entre os setores preocupados com a sua contribuição para a emissão de GEE está o setor de Aviação que contribui hoje com cerca de 2% das emissões provocadas pela atividade humana e há previsões de que até 2030 as emissões atinjam a casa dos 3%, podendo atingir níveis ainda maiores até 2050 se nenhuma ação for tomada no sentido de reduzir tais emissões. Entretanto, recentes ações do setor de transporte aéreo têm mostrado claramente a sua preocupação com este cenário e, por iniciativa do próprio setor, está-se propondo uma meta de redução nas emissões de dióxido de carbono de 50% até o ano de 2050. Para atingir esta meta o setor vem investigando o potencial de uso de combustíveis provenientes de fontes alternativas como a utilização de biomassas vegetais oleaginosas para produção de bioquerosene, objetivando a substituição do querosene (fóssil) de aviação por aquele biocombustível. A principal vantagem do bioquerosene, produzido a partir de biomassa, sobre o querosene de origem fóssil, é que o primeiro é responsável por emissões muito menores que o último. O dado real de redução nas emissões pela adoção de biocombustíveis,
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obviamente, irá depender de qual matéria prima será utilizada, bem como de qual processo de conversão será adotado para a sua produção. Outra questão que se torna um desafio para o setor é a necessidade de que o bioquerosene seja do tipo “Drop in”, ou seja, que este combustível seja produzido de forma a ser utilizado pelo setor sem a necessidade de mudanças nos componentes das aeronaves (motor, tanque de combustível, tubulações, etc.). Adicionalmente, tem sido dada ênfase à produção do chamado “diesel verde” que é produzido através de hidrocraqueamento de matérias-primas biológicas, tais como óleos vegetais e gorduras animais. O processo de hidrocraqueamento é um método que usa elevadas temperaturas e pressão, na presença de um catalisador, de forma a quebrar moléculas maiores como os óleos vegetais, em cadeias de hidrocarbonetos mais curtos utilizados em motores a diesel. O diesel verde também pode ser chamado de diesel renovável e tem as mesmas propriedades químicas do diesel proveniente de fontes fósseis, mas não tem sido produzido a um custo que seja competitivo com o diesel produzido a partir de petróleo. Recentemente, Pesquisadores da Unicamp juntamente com representantes da Embraer e da Boeing organizaram, com apoio da FAPESP, um estudo (Road Map) para avaliar quais os desafios e perspectivas que o Brasil tem em termos tecnológicos, logísticos, econômicos, de políticas públicas e de sustentabilidade ambiental para adoção e produção de biocombustíveis de aviação no País. A partir deste estudo foi produzido um documento denominado “plano de voo para biocombustíveis de aviação no brasil:
ARTIGO
plano de ação” (http://www.fapesp.br/publicacoes/plano-de-voo-biocombustiveis-brasil-pt.pdf) que mostra claramente o potencial e os desafios para a produção destes biocombustíveis no Brasil. A partir dos aspectos levantados neste estudo ficou claro que ainda existem consideráveis desafios a serem vencidos, entre eles, poucos processos para produção de bioquerosene disponíveis bem como poucas matérias primas disponíveis para uso na produção, apesar da existência de inúmeras culturas que se prestam à sua produção, mas que não estão preparadas para fornecimento dos volumes necessários. É neste ponto que o papel da Embrapa se torna relevante. Desde sua origem há 45 anos, a Embrapa (criada em 26 de abril de 1973) vem trabalhando com inúmeras culturas promovendo ações de pesquisa para o desenvolvimento de estratégias que permitam a sua produção em escala comercial. Dentre estas culturas podem-se citar culturas para alimentação (frutas, cereais, grãos) bem como para produção de outros produtos, incluindo energia (palmeiras e grãos oleaginosos). Com as crescentes preocupações com o potencial conflito em se utilizar biomassas dedicadas à alimentação para a produção de energia, a Embrapa Agroenergia vem coordenando junto à rede de Unidades de Pesquisa da Embrapa projetos focados no desenvolvimento de culturas com potencial para produção de energia como a Macaúba, o Pinhão Manso, o Babaçu, a Fevilha (andiroba de ramo), o Inajá, o Tucumã, entre outras. Tais culturas apresentam características muito interessantes (Tabela 1) que as tornam culturas altamente promissoras para a produção de energia, químicos e novos materiais. Entretanto, muita pesquisa ainda precisa ser desenvolvida para trazer tais culturas para um nível de exploração comercial que permita atender ao volume de combustíveis demandado pelo setor de transporte aéreo, bem como por outros setores como os de transporte terrestre, fluvial e marinho. Trata-se de um volume gigantesco, na ordem dos bilhões de litros. Dentre alguns dos desafios que precisarão ser vencidos para atender a esta demanda estão: i) a necessidade de estabelecimento de programas de melhoramento consistentes contendo grande diversidade genética e sustentado por ferramentas biotecnológicas (uso de marcadores moleculares e seleção genômica) que permitam reduzir o tempo para obtenção de cultivares com as características
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necessárias à sua adaptação a diferentes regiões e climas; ii) o desenvolvimento de sistemas de produção sustentáveis adaptados a diferentes regiões, principalmente aquelas próximas às plantas de produção e para as áreas de expansão e iii) a adaptação ou desenvolvimento de processos de conversão em biocombustíveis e outros produtos a partir destas novas biomassas. Adicionalmente aos estudos com culturas potenciais, a Embrapa Agroenergia vem concentrando esforços em estudar o potencial de resíduos agrícolas, agroindustriais e urbanos para a produção de diferentes tipos de biocombustíveis entre outros produtos de valor agregado. A título de exemplo, recentemente a equipe de pesquisa da Embrapa Agroenergia produziu uma proposta de solução para dar destino sustentável a estes tipos de resíduos pela sua conversão em produtos como novos biocombustíveis, novos materiais, biofertilizantes, químicos para a indústria, entre outros. Para tanto, propôs-se o uso de processos químicos, físicos e termoquímicos para a obtenção destes diferentes produtos. Tal solução, além de dar destino sustentável aos resíduos urbanos, permite a agregação de valor aos mesmos, reduzindo drasticamente o passivo ambiental por eles causado. Outra ação que tem sido foco da Embrapa Agroenergia é o uso de microrganismos e microalgas para a produção de diferentes tipos de biocombustíveis, além de outros produtos de interesse comercial. Para tanto, tem-se utilizado técnicas de melhoramento clássico e biotecnológico, além da biologia sintética, como ferramentas para se obter destes microrganismos os produtos de interesse incluindo, no futuro, biocombustíveis para aviação. A despeito dos esforços envidados pelo setor aéreo definindo metas de adoção de soluções mais ambientalmente amigáveis e pelas instituições de pesquisa como a Embrapa para disponibilização de pacotes tecnológicos voltados à disponibilização diversificada de biomassas é fundamental que tenhamos políticas públicas bem definidas que regulem e estimulem os diferentes setores demandantes. Leia mais informações sobre bioquerosene de aviação na Agroenergia em Revista. Acesse o link: https://issuu. com/embrapa/docs/agroenergia_revista_edicao7.
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CONFIRA AS APRESENTAÇÕES DO SEMINÁRIO Por: Nayara Machado, jornalista da Ubrabio - MTB 10.537/DF
O evento contou com dois paineis durante a manhã: “Perspectivas de Mercado e Rotas de Produção do Bioquerosene” e “Conceitos, Objetivos e Ferramentas do RenovaBio”. Já na parte da tarde, os participantes puderam fazer suas considerações e questionamentos em relação à consulta pública para as autoridades, pesquisadores e representantes da indústria. Organizado pela Ubrabio União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene), Unica (União da Indústria de Cana‑de ‑Açúcar), Embraer e Rede Brasileira de Bioquerosene e Hidrocarbonetos Renováveis de Aviação, o seminário contou com apoio do Ministério de Minas e Energia, Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações, Embrapa, CNPq, Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas) e GOL Linhas Aéreas. As apresentações estão disponíveis no link: https://ubrabio.com.br/2018/05/08/bioquerosene-e-renovabio-confira-as-apresentacoes-do-seminario/.
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Foto: Bruno Laviola
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epresentantes do setor de biocombustíveis estiveram reunidos no dia 08/05 no auditório do CNPq, em Brasília, para dialogar sobre as perspectivas para o setor com a Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio) e a consulta pública lançada pelo Ministério de Minas e Energia.
Guy de Capdeville, chefe‑geral da Embrapa Agroenergia destaca a importância das fontes de matérias‑primas para o bioquerosene. “É um ponto importante”. A Embrapa vem desenvolvendo diversas espécies de plantas, trazendo todos os proficientes técnicos necessários para que ela se torne uma cultura e de fato, se tornando uma matéria‑prima em quantidade pelo que pode demandar. Além disso, a empresa vem trabalhando com outros parceiros, com processos que sejam economicamente viáveis comparativamente ao desenvolvimento de querosene de origem fóssil. Guy salienta que já existem processos para a produção do bioquerosene, como a partir de álcool, óleo ou até do próprio biodiesel. Existe um processo chamado Fischer Tropsch, é o que tem sido usado com mais frequência. “São alternativas que existem, mas ainda não estão conseguindo trazer um produto economicamente potente, esse é o verdadeiro desafio. Na minha visão, dentro de um contexto econômico, fornecimento da matéria‑prima em escala é o que vai levar a oferta em demanda se regular normalmente”, destaca. O importante é suprir a demanda com processos que seja economicamente viável.
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Foto: Patrícia Abdelnur
TECNOLOGIAS DA EMBRAPA AGROENERGIA NA AGROBRASÍLIA Por: Daniela Collares, jornalista da Embrapa Agroenergia, e colaboração de Mariana Coutinho, estagiária
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ecnologias de biofertilizante a partir de macroalgas, processo fermentativos para a produção de etanol e processo de destoxificação de tortas de oleaginosas utilizando cogumelos, serão as tecnologias que a Embrapa Agroenergia estará apresentando aos visitantes da 11ª edição da Feira Internacional dos Cerrados, AgroBrasília. A Feira aconteceu de 15 a 19 de maio, no Parque Tecnológico Ivaldo Cenci. Essas tecnologias foram apresentadas no estande da Embrapa, sendo que a de biofertilizantes também esteve exposta no espaço da empresa parceira da Embrapa, a Dimiagro. Além de expor a tecnologia que vem sendo desenvolvida em parceira com esta empresa, a Embrapa Agroenergia também oficializou a parceria por meio da assinatura de um acordo de corporação técnica que permitirá à conjugação de esforços para a produção de biofertilizante totalmente nacional produzido a partir de algas marinhas. A assinatura do acordo ocorreu durante a abertura oficial da AgroBrasília, no dia 15. Assinaram o acordo, a Embrapa Agrenergia por meio de sua Unidade Embrapii
– Bioquímica de Renováveis, a Funarbe e a Dimiagro. O biofertilizante à base macroalgas em desenvolvimento por apresentar em sua composição fitormônios, melhora a produtividade agrícola. A produção as macroalgas utilizadas no projeto será realizada em locais onde há o maior consumo, como por exemplo, Formosa/GO. Tecnologias em desenvolvimento na Embrapa Agroenergia também foram apresentadas na AgroBrasilia por meio de palestras ministradas pelos pesquisadores unidade, com os temas: (16/05, às 14h) “Extratos de algas marinhas podem aumentar a produtividade de culturas agrícolas?”; as outros todas foram às 11h, (17/05) “Nutrição Animal e Fungos: aumento da digestibilidade de volumosos por meio de fungos filamentosos”; (18/05)“Utilização de Resíduos para a Produção de Biogás” e (19/05) “Uso da biodiversidade como fonte de inspiração para a busca de novos defensivos agrícolas”. Além de um estande da Embrapa Agroenergia e com a Unidade Embrapii/Embrapa Agroenergia Bioquímica de Renováveis para atividades de prospecções de oportunidades de negócios e cooperação.
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Prospecção
Além de promover tecnologias na AgroBrasília, “a Embrapa Agroenergia também, ao longo do evento, divulgou para os produtores e agroindústrias as oportunidade de cooperação para cocriaco e codesenvolvmento de soluções tecnológicas, incluindo os mecanismos fomento a pesquisa e inovação por meio do aporte de recursos via Embrapii em parceria com a Embrapa Agroenergia” diz o chefe-geral da Embrapa Agroenergia, Guy de Capdeville. Conheça mais sobre a Embrapa Agroenergia, bem como sobre as tecnologias em desenvolvimento na Unidade www.embrapa.br/agroenergia. Para mais informações sobre como realizar negócios a Embrapa Agroenergia acesse https://www.embrapa.br/agroenergia/transferencia-de-tecnologia. Para mais informações sobre como desenvolver projetos com a Embrapa Agroenergia via Embrapii acesse www.embrapa.br/agroenergia/embrapii. Os interessados poderão procurar também os técnicos da Embrapa Agroenergia no estande da Embrapa ou agendar um horário para conhecer mais sobre como investir em inovação por meio de projetos Embrapii pelo email cnpae.embrapii@embrapa.br .
Foto: Daniela Collares
Foto: Daniela Collares
Outras tecnologias
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O evento AgroBrasília, abordou os novos empreendimentos rurais, que apresentam diversas inovações tecnológicas para diferentes áreas do agronegócios no Brasil. Nesses dias, foi possível conferir o que há de mais novo em máquinas, implementos agrícolas, insumos, pesquisas, biotecnologia, genética animal e vegetal, além de um espaço para a agricultura familiar e outro para o sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). Além da Embrapa Agroenergia, a Embrapa demonstrou tecnologias desenvolvidas nas unidades do Distrito Federal, Cerrados, Hortaliças, Recursos Genéticos e Biotecnologia – além da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas, MG) e da Embrapa Informática Agropecuária (Campinas, SP) que marcaram presença. Veja no site da Embrapa a participação das Unidades.
Mais informações - http://www.agrobrasilia.com.br/
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ENERGIAS RENOVÁVEIS NA AGRICULTURA FAMILIAR EM DEBATE NO MS Por: Daniela Collares, jornalista da Embrapa Agroenergia, e colaboração de Aline Rocha, estagiária
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otencialidades para a geração de energia à base de fontes renováveis para o estado do Mato Grosso do Sul foi o tema de seminário que aconteceu em Naviraí, no dia 11 de maio. O 1º Seminário Estadual de Energias Renováveis do Estado do Mato Grosso do Sul reuniu, na Câmara Municipal, empresas de pesquisa, gestores do Governo Federal e estadual, técnicos da extensão rural e representantes de associações de empresas e de agricultores familiares.
Foto: André Martins
Foi um dia para debater as possibilidades e tecnologias existentes das energias renováveis que podem ser implantadas nas áreas de agricultura familiar, explica André Martins, coordenador geral de Agroecologia e Energias Renováveis da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (SEAD). “Além das palestras, montamos uma programação para apresentar as experiências instaladas em propriedades de agricultores familiares da região”, destaca. Martins acrescenta que são experiências com energia fotovoltaica, biodigestores e com o biodiesel, dos municípios de São Gabriel do Oeste, Três Lagoas e Iviema. Além de produzir a maior parte dos alimentos que chegam à mesa do brasileiro, salienta ele, o agricultor familiar também pode ser um produtor de energia renovável. O evento contou com a presença de diversas empresas, como a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltáica, ABSolar, a Associação Brasileira de Energia Solar Térmica, ABRASOL e a Associação Brasileira de Energia Eólica, ABEEolica. Essas instituições fizeram uma abordagem sobre as tecnologias de suas respectivas áreas de atuação. Além disso, alguns produtores de biodiesel participaram do Seminário, compartilhando experiências de sucesso com o Programa Selo de Combustível Social. No período da manhã, a equipe da coordenação de Energias Renováveis da SEAD apresentou o PRONAFER, programa desenvolvido pela Secretaria que pretende trabalhar com a inclusão da agricultura familiar na produção de
outras Energias renováveis, como a energia eólica, a solar e o biogás. Além disso, a pesquisadora da Embrapa Agroenergia, Sílvia Belém, fez um apanhado das alternativas de produção de energias renováveis e suas potencialidades para agricultura familiar. “Eu comecei a palestra falando das energias mais comuns, que é a parte de produção de etanol e biodiesel. Em seguida sobre biodigestão e energias mais aplicadas diretamente, mas que não tem muita pesquisa aqui na Embrapa, que é a fotovoltaica e a eólica”, salienta a pesquisadora. A utilização de fontes de energias renováveis, principalmente, as provenientes do sol, ventos e biomassa é uma oportunidade para a solução de diversos desafios. “É possível ter um sistema de Biodigestão e Fotovoltaico, porque a fotovoltaica é encarecida pelas baterias. Com isso é melhor que eles usem, durante o dia, a fotovoltaica e, no período da noite, a biodigestão”, explica.
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Para finalizar a manhã, exposições e relatos de experiências de sucesso no estado fizeram parte da programação do seminário. A parte de energia solar fotovoltaica para produtores rurais, linhas de crédito para produção de energia renováveis na agricultura estão na programação do período da tarde. No final do evento, haverá um debate sobre os encaminhamentos para potencializar a produção de Energias Renováveis na agricultura familiar no Mato Grosso do Sul, moderado pela SEAD. O Seminário é uma realização da SEAD, através da Delegacia Federal do Desenvolvimento Agrário do Mato Grosso do Sul e da CGAER, com o apoio da Prefeitura e da Câmara Municipal de Naviraí, governo do estado, através da Semagro e Agraer, e das empresas: Construserv, Binatural, Cargill, Granol e Delta.
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Foto: Arquivo pessoal
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GERAÇÃO DE BIOPRODUTOS NA LÓGICA DA BIORREFINARIA SERÁ APRESENTADA NA ENERSOLAR Por: Daniela Collares, jornalista da Embrapa Agroenergia, com colaboração de Aline Rocha
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s mais recentes tecnologias, produtos e serviços de toda a cadeia produtiva dos segmentos de energia solar, fotovoltaica, eólica e biomassa foram apresentadas na EnerSolar + Brasil – Feira Internacional de Tecnologias para Energias Solar. Organizada pela Cipa Fiera Milano, a feira aconteceu de 22 a 24 de maio, em São Paulo/SP, em consonância com o ECOENERGY – Feira e Congresso Internacional de Tecnologias Limpas e Renováveis para a Geração de Energia e o BIOMASS DAY – Congresso Internacional de Biomassa. Ambos deram abertura para debates, palestras e discussões sobre o setor. Uma das palestras apresentadas, no dia 23/05, no Biomass Day, “Rotas tecnológicas e incentivos à alavancagem de biorrefinarias para geração de bioprodutos”, foi ministrada pela pesquisadora da Embrapa Agroenergia, Patrícia Abdelnur. A pesquisadora falou sobre os trabalhos desenvolvidos na Unidade e apresentou as oportunidades de parceria com a Unidade Embrapii – Embrapa Agroenergia, na área de atuação, bioquímica de renováveis. Conheça mais sobre a Embrapa Agroenergia no site www. embrapa.br/agroenergia. Segundo Abdelnur, o evento foi uma oportunidade para buscar parcerias para a realização de projetos na área de biomassa e biotecnologia, por meio da Unidade Embrapii – Embrapa Agroenergia. “Além da Energia Solar, a feira apresentou outras fontes de Energias, como as provenientes de Biomassa, que está totalmente alinhada com a Embrapa Agroenergia, e foi, portanto, uma oportunidade de prospectar empresas parceiras para projetos
de inovação e codesenvolvimento com a nossa Unidade Embrapii”, destaca.
Foto: Arquivo pessoal
Os eventos
A EnerSolar + Brasil – Feira Internacional de Tecnologias para Energia Solar, chega em sua 7ª edição apresentando as mais recentes tecnologias, produtos A pesquisadora Patrícia Abdelnur e e serviços de toda o pesquisador Félix Siqueira fizeram a cadeia produtiva prospecção de demandas para dos segmentos de elaboração de projetos via Embrapii energia solar, fotovoltaica, eólica e biomassa, além de tratar de assuntos relacionados à Geração, Transmissão, Distribuição e Comercialização de Energia (GTDC). Organizada pela Cipa Fiera Milano, a feira acontece anualmente todo o mês de maio e simultaneamente, debates e discussões sobre o setor tiveram lugar no ECOENERGY – Feira e Congresso Internacional de Tecnologias Limpas e Renováveis para a Geração de Energia, que está em sua 8ª edição, e no BIOMASS DAY – Congresso Internacional da Biomassa, que em 2018 chega em sua 2ª edição.
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EXPEDIENTE Esta é a edição nº 81, de 11 de junho de 2018, do jornal Agroenergético, publicação de responsabilidade do Núcleo de Comunicação Organizacional da Embrapa Agroenergia. Chefe-Geral: Guy de Capdeville Chefe-Adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento: João Ricardo Moreira de Almeida Chefe-Adjunto de Transferência de Tecnologia: Alexandre Alonso Alves Chefe-Adjunta de Administração: Elizete Floriano Jornalista Responsável: Daniela Garcia Collares (MTb/114/01 RR) Redação: Daniela Collares Projeto gráfico e Diagramação: Maria Goreti Braga dos Santos Foto capa: Daniela Collares
Todos os direitos reservados. Permitida a reprodução das matérias desde que citada a fonte.