Informativo da Embrapa Agroenergia • Edição nº 66 • 06/10/2015
Pesquisas avaliam produção de etanol 2G com capim-elefante Página 3
Biodiesel Páginas 4 a 7
Quênia: Embrapa representa Brasil na discussão de biocombustíveis Página 8
Esta edição do Agroenergético noticia a divulgação de resultados das pesquisas com produção de etanol a partir de capim-elefante no XX Simpósio Nacional de Bioprocessos. É sabido que se pode obter o biocombustível a partir dessa gramínea. Mas qual o melhor processo, que rendimento se consegue obter, quais as melhores variedades para este fim? Respostas a essas perguntas é o que buscamos nos nossos trabalhos. No caso das pesquisas com etanol, temos dedicado especial atenção ao estudo de microrganismos, agentes vitais para a desconstrução da biomassa e a fermentação de açúcares. Acredito que muitos não tenham ideia da importância da microbiota para a manutenção do modo de vida da sociedade atual. Boa parte dos produtos que consumimos, do pão à insulina, têm esses seres microscópicos como um dos insumos principais. A entrevista da pesquisadora Betania Quirino sobre esse tema ao programa Conexão Ciência aborda a vastidão dessa área do conhecimento e como ela tem sido utilizada no campo da agroenergia.
O biodiesel também é tema desta edição do Agroenergético com a publicação de trechos das entrevistas do programa de rádio Prosa Rural sobre o Selo Combustível Social. Juntamente com o bioquerosene de aviação, o biodiesel é produto-alvo no projeto que desenvolvemos no Nordeste, juntamente com o Icraf, a Embrapa Algodão e a Embrapa MeioNorte, para o estabelecimento de sistemas de cultivo agroflorestais, que gerem alimentos e matérias-primas para agroenergia. Fomos ao Quênia em setembro, onde participamos da reunião do comitê diretivo desse programa do Icraf, que busca o desenvolvimento de modelos como esse para gerar renda em regiões pobres na África, Ásia e Américas. Todos esses temas são apresentados nesta edição do Agroenergético, uma forma de prestação de contas do nosso centro de pesquisa à sociedade que o mantém. Boa leitura!
Guy de Capdeville Chefe-Geral substituto
EXPEDIENTE
Embrapa Agroenergia Parque Estação Biológica - PqEB s/n° Av. W3 Norte (final) Edifício Embrapa Agroenergia Caixa Postal: 40.315 70770-901 - Brasília (DF) Tel.: 55 (61) 3448 1581 www.embrapa.br/agroenergia http://twitter.com/cnpae
Esta é a edição nº 66, de 06 de outubro de 2015, do jornal Agroenergético, publicação mensal de responsabilidade da Núcleo de Comunicação Organizacional da Embrapa Agroenergia. ChefeGeral: Manoel Teixeira Souza Júnior. ChefeAdjunto de Pesquisa e Desenvolvimento: Guy de Capdeville. Chefe-Adjunta de Transferência de Tecnologia: Marcia Mitiko Onoyama Esquiagola.
Chefe-Adjunta de Administração: Elizete Floriano. Jornalista Responsável: Daniela Garcia Collares (MTb/114/01 RR). Redação: Daniela Collares e Vivian Chies (MTb 42.643/SP). Projeto gráfico e Diagramação: Maria Goreti Braga dos Santos. Fotos da capa: Daniela Collares, Goreti Braga e Wikipedia.org/Planaldo.gov. Revisão: Manoel Teixeira Souza Júnior.
Todos os direitos reservados. Permitida a reprodução das matérias desde que citada a fonte.
Edição nº 66
PESQUISAS AVALIAM PRODUÇÃO DE ETANOL 2G COM CAPIM-ELEFANTE Por Vivian Chies, jornalista da Embrapa Agroenergia. Foto: Goreti Braga.
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xperimentos conduzidos na Embrapa avaliam as melhores variedades e condições para obter etanol com capim-elefante. Um estudo apresentado em setembro, no XX Simpósio Nacional de Bioprocessos, avaliou quatro genótipos da planta na produção do biocombustível. “O volume de etanol e rendimento da fermentação obtidos foram semelhantes para todas as biomassas, embora na avaliação de quantidade de biocombustível obtido por área cultivada os genótipos Cameron e 10 ADRJI tenham se destacado”, conta a analista Thályta Pacheco, da Embrapa Agroenergia. Uma das características do capim-elefante que leva o centro de pesquisa a apostar nele como matéria-prima para produção de etanol 2G é a alta produtividade. Estudos indicam que a produção por hectare pode ficar entre 150 e 200 toneladas de massa fresca, considerando-se dois cortes anuais, o que tem sido visto como ideal para o mercado de energia. A primeira colheita pode ser feita apenas seis meses após o plantio e, se bem manejada, uma área cultivada pode continuar rebrotando por alguns anos. Há que se ponderar, contudo, que o capim-elefante é produzido em áreas pequenas para ser usado com alimento para o gado, atualmente. Plantios em grandes áreas que gerem biomassa para bioenergia precisam de sistemas de produção diferenciados, que também já estão em estudo na Embrapa. O trabalho com os quatro genótipos de capim-elefante desenvolvidos pela Embrapa Gado de Leite, avaliou, para cada um deles, a produção de etanol com biomassa de um corte anual e de dois cortes anuais. Os resultados mostraram que, independentemente do genótipo selecionado, a recomendação é fazer dois cortes por ano, para se obter melhor rendimento tanto no campo quanto na produção do biocombustível. No manejo de um corte único no ano, mesmo as biomassas mais produtivas apresentam menor potencial para a produção de etanol, em razão da inferior conversão da celulose em glicose. “Este fato pode ser associado ao maior teor de lignina que,
em geral, materiais mais maduros apresentam”, analisa Thályta. Em outra frente das pesquisas com etanol celulósico a partir de capim-elefante, tem-se testado diferentes métodos de pré-tratamento, primeira etapa para a produção do etanol 2G. Nesse processo, produtos químicos combinados com alta temperatura e, por vezes, pressão, atuam sobre a biomassa, “afrouxando” a estrutura. Com isso, consegue-se utilizar enzimas para agir sobre a celulose, “quebrando” as moléculas e gerando glicose. Esta, então, é fermentada e passa pelos processos já consolidados de produção de etanol. Os cientistas da Embrapa Agroenergia, em parceria com a Universidade de São Paulo (Esalq/USP), testaram diferentes condições do pré-tratamento com ácido e com base, utilizando variedades de capim-elefante em estudo na Embrapa Cerrados. A partir dos materiais obtidos, os pesquisadores conseguiram extrair glicose em quantidade idêntica ao gerado com bagaço de cana. Esta é a matéria-prima mais visada para a produção de etanol 2G no Brasil, uma vez que já está disponível nas usinas. Ainda serão feitos testes futuros com o pré-tratamento por explosão a vapor, em parceria com a Embrapa Agroindústria Tropical. Para a pesquisadora Mônica Damaso, da Embrapa Agroenergia, os resultados obtidos confirmaram que, mais do que o tipo de biomassa avaliada, o determinante para se obter maior concentração de açúcar, após a hidrólise enzimática, foi o tipo de pré-tratamento utilizado. “É esta etapa que define a quantidade de celulose disponível para obtenção de glicose”, explica. Medir a quantidade de glicose, contudo, não basta, já que inibidores gerados no pré-tratamento podem comprometer a obtenção do produto final, o etanol. Por isso, as pesquisas para avaliar e aprimorar todo o processo de produção de etanol com capim-elefante continuam na Embrapa Agroenergia.
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Agroenergético Foto: Arquivo Embrapa
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Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB) foi criado em dezembro de 2005. Antes disso, não existia produção desse biocombustível no País, que atualmente é terceiro maior produtor mundial. Além de reduzir as emissões de carbono no setor de transportes, o programa tem uma forte vertente social, já que estimula a compra de produtos da agricultura familiar, concedendo incentivos às usinas que buscam nessa categoria suas fontes de matéria-prima. A Embrapa é parte importante nesse processo desde o início. Uma de suas frentes de atuação é o desenvolvimento de culturas com alta produtividade de óleo que possam servir de matéria-prima para o biocombustível. Dendê, macaúba e pinhão-manso são alguns exemplos. Esse trabalho é feito não só pela Embrapa Agroenergia, mas por várias unidades da Empresa em parceria. Também são desenvolvidas pesquisas visando à maior sustentabilidade na produção do biocombustível e no controle de qualidade. Para debater a respeito desse assunto, a jornalista da Embrapa Agroenergia, Daniela Collares, conversou com o Coordenador de Biocombustível do Ministério do Desenvolvimento Agrário/MDA, Marco Pavarino, e com o Chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Agroenergia, Guy de Capdeville.
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Edição nº 66 Foto: Rodrigo Ferreira
assistência técnica para eles também. Então, a cadeia produtiva toda ali, para que a empresa tenha o Selo Combustível Social, a empresa tem que prestar alguns serviços para o agricultor familiar. Então, não é só comprar matéria-prima, como a soja, a canola, o girassol, comprar o amendoim do agricultor familiar. Tem que ter contratos prévios e tem que prestar assistência técnica. Isso fecha um desenho interessante tanto para a empresa que vai ter a garantia de venda do seu biodiesel lá nos leilões, como também para os agricultores familiares que vão ter serviço de assistência técnica prestado. Vai melhorar a produção e vai melhorar a produtividade pra além daquilo que ele produz de matéria-prima.
Entrevista Marco Pavarino Daniela – Como os agricultores familiares estão inseridos no programa de biodiesel? Pavarino– Em 2005, o Governo brasileiro decidiu criar um Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel, o PNPB, visando a adicionar o biodiesel ao óleo diesel que a gente conhece normalmente. E aí foi uma oportunidade que o Ministério do Desenvolvimento Agrário viu, junto com o Governo, de num arranjo de um programa desse inserir o agricultor familiar como produtor de matéria-prima para produzir o biodiesel. Então, a partir desse momento, lá em 2005, ficou estabelecido que uma parte do biodiesel que as empresas iriam produzir seria necessariamente adquirida da agricultura familiar. Daniela - Dentro desse Programa, quais as ações do MDA? Como é a atuação do Ministério junto aos agricultores familiares e como ele pode participar? Pavarino - É muito importante que os agricultores e agricultoras saibam como participar do programa. O programa tem algumas vantagens para quem participa dele. Tem vantagens para as empresas e para os agricultores. Para as empresas, por exemplo. A empresa que comprar matéria-prima da agricultura familiar recebe um selo que a gente chama de Selo Combustível Social. Mas não é só a empresa comprar a matéria-prima. Além de comprar a matéria-prima, ela tem que fazer contratos prévios com os agricultores e ela tem que prestar
Daniela - E o agricultor familar que tiver interesse em participar do Programa, quem ele deve procurar? Pavarino - Esse arranjo é feito através da empresa que pode procurar os agricultores individualmente para adquirir as matérias-primas, ou pode também comprar de cooperativas. O MDA pode atuar numa articulação como nós fizemos há um tempo atrás. Que é o quê? Identificar quem tem matéria-prima, identificar as empresas que têm intenção de comprar, e juntar esses dois atores. A rigor, as empresas já têm, e os agricultores familiares também, um modo de fazer uma operação assim estabelecido. Já são 70 mil famílias que a gente já tem hoje no programa, com as quais as empresas fazem normalmente os contratos, procuram os agricultores familiares, procuram as cooperativas pra que esse arranjo se estabeleça. Daniela - Quais as matérias-primas que os agricultores estão produzindo? Pavarino - São várias as matérias-primas que podem no final gerar biodiesel. Isso depende, varia de região para região. Na região Sul, por exemplo, o carro chefe que a gente tem, e no Centro-oeste também, é a soja. O óleo de soja é uma matéria-prima bastante eficaz e em grande disponibilidade para as empresas transformarem em biodiesel. Em algumas outras regiões do País, a gente tem outras culturas, como é o caso do dendê, como é o caso da macaúba. Mas nessa região Centro – Sul, pegando também o Centro-Oeste, especialmente, é a soja que responde.
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Entrevista Guy de Capdeville
Foto: Arquivo Embrapa
Daniela – Guy, uma das estratégias do MDA, Ministério do Desenvolvimento Agrário, é diversificar as matérias-primas para os agricultores familiares. O que a Embrapa está fazendo em relação a isso? Guy – Bom , nós temos trabalhado em várias frentes. É importante lembrar que a Embrapa é uma empresa que é constituída de inúmeras unidades descentralizadas. E, por sermos um País continental, temos uma diversidade muito grande de materiais que podem ser adotados pela agricultura familiar. Nós, na Embrapa Agroenergia, temos trabalhado muito com culturas que foram mencionadas anteriormente pelo Pavarino, como a macaúba, como o babaçu, como o pinhão-manso. O agricultor hoje ouve falar no pinhão-manso e imagino que tenha um total descrédito nessa cultura, porque ela foi adotada de maneira inadequada, ela foi trabalhada de maneira inadequada. O produtor rural brasileiro, o agricultor familiar, ele conhece o que faz, ele conhece como explorar o que tem disponível de material genético para produzir o que for necessário, principalmente no nosso foco em energia. O pinhão-manso veio para o cenário sem nenhum pacote tecnológico, sem nenhum sistema de produção, sem um processo de colheita, sem uma estratégia para controle de pragas. E é uma cultura com potencial enorme. Se formos procurar uma propriedade que tenha pinhão-manso, não vamos achar nada. Agora, tá voltando todo um foco para outra matéria-prima que tem um potencial enorme que é a macaúba. Mas ela é uma cultura, na realidade não podem chamar nem de cultura ainda, porque ela é uma espécie enorme, mas que tem inúmeros desafios. É uma planta muito alta, o que dificulta a colheita. É uma planta que hoje está sendo explorada na visão de extrativismo. Daniela - Como o agricultor familiar está inserido nesta ação? Guy- O papel do agricultor familiar nesse processo é muito importante, mas nós temos limite para a base extrativista. Nós precisamos desenvolver a macaúba. Não só essa, mas também outras oleaginosas com pacotes tecnológicos, que podem ser usadas pelo produtor e que ele possa produzi-las com os ganhos que espera. E elas são alternativas para hoje,
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por exemplo, para inúmeras demandas que estão vindo. Nós temos o setor de biodiesel, mas também está vindo o setor de aviação. Eles querem produzir bioquerosene e a matéria-prima pra isso são óleos vegetais e biomassas das oleaginosas que são produzidas no Brasil. Para adotar uma cultura, como o pinhão-manso, como o algodão, você tem que dar um uso para a torta. Algumas tortas das oleaginosas são tóxicas, outras não. Em relação às tóxicas, como é o caso do pinhão-manso, se forem oferecidas aos animais, esses poderão ir a óbito. Nós estamos trabalhando estratégias de destoxificação dessas tortas para que o produtor possa inserir isso na ração animal. Também estamos testando a incorporação da torta ao solo sem causar dano à biodiversidade. Daniela - Como a Embrapa está organizada para desenvolver ações de pesquisa para esta área? Guy - É importante mencionar que são redes integradas dentro da Embrapa e até mesmo com universidades. Por exemplo, a Embrapa Agroenergia tem um trabalho forte junto com a Embrapa Cerrados, que hoje tem o principal banco de germoplasma de materiais que estão sendo usados para o melhoramento genético. Nós estamos fortalecendo nossa aproximação para poder acelerar os trabalhos com a macaúba. Nós temos proximidade com a Universidade Federal de Viçosa, que tem um trabalho forte com a macaúba hoje. E Minas está olhando essa cultura com mais carinho. Agora, é importante mencionar que nós temos que trazer
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todo o pacote tecnológico para que ela possa ser adotada pelo produtor seja em que escala for, mas não simplesmente baseada no extrativismo. Nós precisamos desenvolver material genético baixo para facilitar a colheita, materiais que demandem menos adubação para que a gente possa ampliar para outros setores. Porque a soja hoje domina todo o mercado para produção de óleo. Mas ela tem um limite também, nós não queremos um país coberto só com produção de soja. Nós precisamos de alternativa, então é esse o trabalho que a Embrapa vem fazendo. Nós estamos desenvolvendo estratégias para produzir biocombustíveis, diferentes biocombustíveis a partir do óleo. Não só da macaúba, mas de outras oleaginosas. O dendê é uma planta importante e não podemos nos esquecer do óleo de soja, óleo de girassol, óleo de canola, e vários outros. São trabalhos que nós estamos desenvolvendo para converter a biomassa que é produzida pelo pequeno agricultor em produtos de alto valor agregado e nós temos que trazer essas tecnologias para o produtor, e aqui é importante salientar o nosso serviço de atendimento ao cliente. O agricultor que tiver alguma dúvida e precise de informações pode enviar a nós perguntas que nós vamos tentar ajudar a respondê-las a orientá-los no que for necessário para a produtividade crescer dentro das suas propriedades, principalmente, explorando essas alternativas à soja, como é o caso da macaúba, pinhão-manso e outras. O que nós precisamos garantir é que tenhamos pacote tecnológico para que o agricultor possa desenvolver essa cultura dentro do melhor sistema produtivo. E o agricultor brasileiro é expert nisso. Ele sabe como adotar tecnologia. O que nós precisamos é ter garantia de que a gente possa transferir essa tecnologia para o pequeno produtor, para todos os produtores, e nós trabalhamos é para a sociedade brasileira. Desenvolver esses pacotes tecnológicos é um dos nossos desafios e nós queremos que isso vá para o agricultor e que o agricultor possa de fato explorar na melhor condição possível aquela cultura e ter os ganhos.
Foto: Rony Ribeiro
PROSA RURAL DEBATE PROGRAMA DE BIODIESEL No Prosa Rural de setembro, o ouvinte descobriu que o Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel já completou dez anos. Nesse tempo, setenta mil famílias de pequenos produtores já participaram do programa, vendendo matéria-prima para as usinas e aumentando a renda da família. No programa, Marco Pavarino, do Ministério do Desenvolvimento Agrário explicou como funciona o Selo Combustível Social, que estimula as indústrias a comprarem de pequenos produtores. Quem também conversou com o Prosa Rural foi o chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Agroenergia, Guy de Capdeville. Ele falou sobre as pesquisas para introduzir novas matérias-primas na produção de biodiesel. Entre elas estão o dendê, a macaúba e o pinhão-manso. Quer saber como participar do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel? Então, confira o programa: https://goo.gl/Q4YCxm.
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QUÊNIA:
EMBRAPA REPRESENTA BRASIL NA DISCUSSÃO DE BIOCOMBUSTÍVEIS Por: Daniela Collares, jornalista da Embrapa Agroenergia, e colaboração de Elvis Costa, estagiário.
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a semana passada, membros do Programa para Desenvolvimento de Cultivos Alternativos para Biocombustíveis do World Agroforestry Centre (ICRAF), financiado pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (IFAD) e o Governo da Índia, estiveram em Nairóbi, no Quênia, em sua terceira reunião para debater o andamento das ações em desenvolvimento em diversos países. O Brasil faz parte do Comitê e é representado pelo Chefe-Geral da Embrapa Agroenergia, Manoel Souza, que participou desta reunião, que aconteceu nos dias 28 e 29 de setembro. O Programa do ICRAF foi lançado em 2013 e atua principalmente na África e na Ásia, procurando desenvolver sistemas agroflorestais sustentáveis para a produção integrada de alimentos e matérias-primas para biocombustíveis. Tem um cunho social forte, já que pretende beneficiar comunidades pobres, melhorando a qualidade de vida e a segurança alimentar. O Brasil também está sendo beneficiado pelo ICRAF. O acordo de cooperação entre a Embrapa e o ICRAF foi assinado no ano passado, durante a segunda reunião do comitê diretivo do programa, que aconteceu, na sede da
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Embrapa, em Brasília/DF. Desde então, a Empresa brasileira desenvolve um programa com agricultores familiares no Nordeste brasileiro, que tem como objetivo a produção de macaúba em sistemas agroflorestais para gerar alimentos e matéria-prima para bioenergia – Projeto MacSaf. As ações são desenvolvidas em campos experimentais da Embrapa nos municípios de Barbalha, no Ceará, e de Parnaíba, no Piauí, com a participação de três unidades da Embrapa – Agroenergia (Brasília/DF), Algodão (Campina Grande/PB), Cerrados (Planaltina/DF) e Meio Norte (Teresina/PI) –, além da Universidade de Brasília, Universidade Federal de Viçosa e a empresa Acrotech. Estas atividades serão apresentadas durante a reunião na África pelo líder do projeto e pesquisador da Embrapa Agroenergia, Alexandre Cardoso. De acordo com ele, já foram implantadas áreas englobando macaúba, feijão caupi e milho. “Além do MacSaf, também apresentaremos, na reunião do Comitê, potenciais propostas possíveis de serem financiadas pelo IFAD”, concluiu Manoel Souza.
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PESQUISA ESTUDA MICRORGANISMOS PARA USO NA AGROENERGIA Por: Juliana Freire, Embrapa
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actérias, fungos e vírus são alguns dos microrganismos estudados por cientistas na área da agroenergia, principalmente, para a produção de etanol lignocelulósico. “Nós temos a levedura, que é exatamente a mesma que se utiliza para fazer o pão, para fazer a fermentação alcoólica e converter o açúcar da cana-de-açúcar em etanol”, explicou a pesquisadora da Embrapa Agroenergia Betania Quirino, em entrevista concedida ao programa de TV Conexão Ciência. Segundo Betania, durante o processo de produção do etanol lignocelulósico, ou de segunda geração, são necessárias enzimas que têm custo bastante elevado. Como as enzimas são produzidas por microrganismos, os cientistas têm focado em obter espécies capazes de produzir enzimas mais eficientes e por um custo menor. “É um processo complexo e por isso mais caro. Por isso estamos buscando enzimas mais eficientes e ao mesmo tempo mais baratas para que do ponto de vista econômico esse processo fique ainda mais atraente”, afirmou. Para encontrar essas substâncias, os pesquisadores buscam aqueles ambientes mais propícios para encontrar as enzimas de interesse. “No caso de uma lipase, por exemplo, vamos direto naquele ambiente onde tem microrganismos capazes de produzir essa enzima. Temos também o caso da celulase, enzima que serve para degradar a celulose, que é encontrada no rúmen de um caprino.” E a pesquisa vai além. É possível ainda, de acordo com a pesquisadora, fazer um banco de germoplasma de microrganismos extraídos desses ambientes. “Nós fazemos uma coleção desse material e bioensaios para tentar ter uma ideia do potencial desses microrganismos no que diz respeito ao que se está buscando. Então geralmente nossas pesquisas começam assim de maneira bem básica, tentado caracterizar o que temos para depois poder explorar”, ressaltou. Outro ponto abordado na entrevista foram técnicas avançadas para identificar os microrganismos como a metagenômica, que permite a identificação sem o isolamento
Foto: Arquivo Embrapa
desses seres. “Toda biologia clássica é baseada em técnicas de cultivo, mas o que conseguimos replicar no laboratório é uma fração mínima do que é cultivado no ambiente, ou seja, apenas 1%. Com a metagenômica, é possível pular essa etapa do cultivo e ir direto para análise do DNA, o que permite verificar o potencial do microrganismo sem fazer o cultivo”, explicou. Quanto ao futuro, a cientista acredita ser bastante promissor no que diz respeito às pesquisas com os microrganismos na área da agroenergia, considerando a imensa diversidade que o Brasil apresenta. O que deve ser feito, segundo ela, é explorá-la cada vez mais.
Confira a entrevista na íntegra no link: https://www.youtube.com/watch?v=VpAfc4EL-qE Mais informações sobre o tema: Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC) www. embrapa.br/fale-conosco/sac/
O "Conexão Ciência" é um programa produzido pela Embrapa e EBC Serviços, exibido pela TV NBR toda terça-feira, 20h30min. 9
Agroenergético
Foto: Divulgação
Foto: Arquivo Embrapa
REDE DE PESQUISA SOBRE CANA-DE-AÇÚCAR SE REÚNE EM WORKSHOP NO PARANÁ Por: Francisco Lima, jornalista da Embrapa Clima Temperado, e Katia Pichelli, jornalista da Embrapa Florestas
Foto: Marcelo Lazzarotto
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m 14/09, a rede de parceiros dos projetos que integram o convênio entre a Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético (Ridesa) e a Embrapa estiveram reunidos na Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba/PR, para realização do “Workshop Rede Cana-de-açúcar Embrapa/UFPR-Ridesa.” Além do simbolismo da realização do evento na sede da coordenação da Ridesa, o momento serviu para apresentação dos avanços obtidos pela rede, bem como para identificação de novas oportunidades de trabalho e discussão das ações de pesquisa para os próximos cinco a dez anos, incluindo novas parcerias. Estiveram presentes na ocasião diversas lideranças importantes para o desenvolvimento do setor
sucroenergético, como os diretores-executivos da Embrapa de Pesquisa e Desenvolvimento, Ladislau Martin Neto, e de Transferência de Tecnologia, Waldyr Stumpf Junior; o chefe-geral da Embrapa Clima Temperado (Pelotas, RS), Clenio Pillon – Unidade que centraliza a pesquisa dentro da Embrapa; o Reitor da UFPR e presidente da Ridesa, Zaki Akel Sobrinho; e diversos professores da UFPR, extensionistas da Emater/RS-Ascar e pesquisadores de Unidades da Embrapa ligados à temática (Agrobiologia, Agroenergia, Agropecuária Oeste, Cerrados, Clima Temperado, Florestas, Gado de Leite, Meio Ambiente e Tabuleiros Costeiros). O reitor da UFPR apontou a Ridesa como um exemplo de trabalho em Rede. “Quando temos metas e objetivos adequados, podemos fazer a diferença para o
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nosso País”, ressaltou Zaki Akel Sobrinho, enfatizando que a formação de redes com financiamento adequado e suporte ajudaria no desenvolvimento do país. Para Stumpf, é cada vez mais necessário o fortalecimento do tripé ensino-pesquisa-extensão. “Este tipo de trabalho em Rede consegue exercitar isso na prática”, avaliou o diretor. E Ladislau completou: “Temos um grande desafio ao trabalhar com os sistemas de produção: a inovação, aspecto fundamental para o desenvolvimento”. Ele ainda citou a bioeconomia e a química-verde como exemplos de uma agenda de inovação para o futuro, em que a cana-de-açúcar pode estar inserida. O chefe-geral da Embrapa Clima Temperado ressaltou que o Workshop seria um marco para avaliar a trajetória da Rede e projetar os próximos anos. E destacou as potencialidades da cana também nas pequenas propriedades. “A cana-de-açúcar também oferece inúmeras possibilidades para a agricultura familiar, como açúcar mascavo, melado, alambiques e suplementação animal. Temos aí um amplo campo de pesquisa”, ressaltou Pillon. O histórico da Ridesa e os desafios enfrentados desde quando a Rede foi criada, em 1991, foram apresentados pelo seu coordenador e professor da UFPR, Edelclaiton Daros. “Quando formamos a Ridesa, suas cultivares atendiam 10% do mercado brasileiro. Hoje, somos praticamente 70% do mercado.” Segundo ele, a Ridesa tem trabalhado especialmente com o melhoramento genético e desenvolvimento de cultivares de cana-de-açúcar. “Mas existe um amplo espaço de pesquisa para todo o sistema de produção”, completou o professor. O pesquisador da Embrapa Clima Temperado Sergio Delmar dos Anjos traçou um panorama da pesquisa com cana-de-açúcar no Rio Grande do Sul e abordou o desafio da cultura no Estado, como a tolerância ao frio, ampliação do período de colheita e maior eficiência na colheita mecanizada no período chuvoso. “Um dos pontos de destaque que temos é a formação de recursos humanos, com trabalhos de mestrado, doutorado, pós-doc e iniciação científica”, informou.
Histórico A pesquisa com cana-de-açúcar teve início na Embrapa Clima Temperado na década de 1980, vinculada ao programa Pró-Álcool. Após uma lacuna, o trabalho com a cultura foi retomado em 2005, em parceria com a Emater/RS-Ascar, quando foi verificada necessidade de capacitação dos técnicos da Emater. Um esforço que fez com que a pesquisa no Rio Grande do Sul fosse reativada ao fim de 2006, em Pelotas, resultando nos primeiros ensaios em abril de 2007. Neste mesmo ano, em parceria com a Ridesa, surge o projeto “Desenvolvimento da cultura da cana-de-açucar para o Rio Grande do Sul”, que tinha como foco a produção de etanol, tendo em vista a realidade do Estado – responsável pela produção de menos de 2% do etanol que consome anualmente. E, a partir deste projeto, é formada a Rede de Pesquisa com Cana-de-açúcar para o Sul do Brasil, que manteve a continuidade do trabalho de pesquisa e pode garantir ao Estado caminho para autossuficiencia na produção de etanol, além de atender aos produtores de derivados da cana. Em 2011, uma nova proposta articulada pela Embrapa Clima Temperado com a Rede de Pesquisa foi submetida ao Edital Embrapa/Petrobrás: “Tecnologias para o sistema de produção de cana-de-açúcar no Rio Grande do Sul” (Sicana RS), que tem como objetivo desenvolver inovações sustentáveis do ponto de vista dos sistemas de produção, contribuindo para aumento da produção e da área cultivada no Estado. Outro fato importante, em 2012, foi a formalização de parceria entre a pesquisa e a Ridesa, que possibilitou a realização de um plano de trabalho entre a Unidade da Embrapa e a UFPR. O acordo resultou no desenvolvimento de novos projetos e a geração de tecnologias para o Sul do Brasil, incluindo a inédita recomendação de nove variedade de cana para o Rio Grande do Sul.
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Foto: Ivan Marinovic Brscan
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PRODUTORES DE CANA QUEREM DIVERSIFICAR CULTURA EM ALAGOAS Por: Ivan Marinovic Brscan, jornalista da Embrapa Tabuleiros Costeiros
Presença maciça de produtores no Dia de Campo sobre milho como alternativa à cana, em Capela (AL)
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iversificar. Essa é a palavra de ordem dos produtores de cana-de-açúcar para os próximos plantios com o objetivo de fazer face à crise sucroenergética no estado de Alagoas, que consome em torno de um milhão de toneladas de grãos, especialmente milho e soja, para a produção de aves, suínos e gado. Nos últimos anos, o preço baixo tanto do álcool como do açúcar e o encerramento das operações de algumas usinas de cana estão fazendo com que os produtores procurem alternativas. Percebendo essa lacuna, o Governo do Estado de Alagoas, lançou um programa de incentivo ao cultivo de grãos. A Embrapa Tabuleiros Costeiros, como parceira e membro do comitê gestor do programa, implementou unidades demonstrativas de milho e soja e realizou, dias 8 e 9 de setembro últimos, dois Dias de Campo de forma a apresentar aos produtores 25 cultivares de milho, na Fazenda
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Nova, em Capela (AL), e 48 cultivares de soja na fazenda Santo Antonio, em São Miguel dos Campos (AL). Todas essas cultivares foram testadas pelos pesquisadores e várias serão validadas como adaptadas para as condições de clima e solo da região. “Alagoas é um grande consumidor de soja. É preciso ser autossuficiente em milho, aumentar a produção e produtividade”, disse o Secretário de Agricultura do Estado de Alagoas, Alvaro Vasconcelos, presente no Dia de Campo, em São Miguel dos Campos, que reuniu quase cem produtores de cana-de-açúcar. “O dinheiro gasto com compra de milho e soja de outros estados se reverta para produção e gere emprego e renda para o estado”, pretende o secretário como também os produtores presentes. “Acredita-se que cem mil hectares de cana-de-açúcar serão substituídos por grãos, eucalipto ou pastagem, no próximo ano”, disse Hibernon
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Foto: Marcelo Lazzarotto
Cavalcante, superintendente da Secretaria de Agricultura de Alagoas e coordenador da Comissão de Incentivo à Produção de Grãos, criado em janeiro deste ano. Segundo o produtor de aves, suínos e gado Antonio Carlos Farias Brandão, “pagamos R$ 12 de frete por cada saca de 60 kg de milho vindo do Centro-Oeste ao preço de R$ 22, lá. Ele chega a Alagoas por R$ 34”, disse. “A alternativa é a produção de grãos e comercialização à vista. O milho tem mercado garantido com preço excelente. Além disso, as áreas de Alagoas são propícias para produção desse grão”, complementa ele. Muitos produtores interessados em diversificar a produção com grãos não pretendem abandonar de vez a cultura de cana-de-açúcar. “Se cana voltar a dar preço, ela pode voltar”, disse o superintendente. É o que pensa também o produtor Edilson Maia, de São Miguel dos Campos, proprietário da fazenda Santo Antonio, que disponibilizou sua propriedade para montar a instalação da “vitrine tecnológica” da Embrapa e viabilizar o Dia de Campo. “A soja e o milho estão chegando para fortalecer a cultura da cana, pois contribui para rotação da lavoura que proporciona maior produtividade”, disse. Esse raciocínio sobre rotação de culturas é unânime entre os pesquisadores da Embrapa. A rotação de culturas, a alternância entre gramínea (no caso o milho) e leguminosa (soja), traz inúmeras vantagens. Se adotada e conduzida de modo adequado e por um período suficientemente longo, a rotação de culturas melhora as características físicas, químicas e biológicas do solo e auxilia no controle de plantas daninhas, doenças e pragas. Outra vantagem é a reposição da matéria orgânica e proteção do solo. Ajuda também na viabilização do Sistema de Semeadura Direta. Além disso, proporciona produção diversificada de alimentos e outros produtos agrícolas. De acordo com o pesquisador Sérgio Procópio, da Embrapa Tabuleiros Costeiros, a monocultura pode gerar também riscos de comercialização. No caso de uma queda brusca do preço do produto, toda a região é afetada. “Bons produtores de cana, apresentam os atributos para serem bons produtores de milho e soja”, afirma Procópio. “Um ano soja, outro ano milho”, aconselha o pesquisador. Sérgio Procópio vai mais além ao demonstrar a viabilidade da produção do milho e da soja para o Estado de Alagoas. Ele conta que a proximidade com os portos marítimos diminui o custo com o frete para a exportação do grão tornando a produção mais competitiva.
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“O Porto de Sergipe, que pode atender produtores do estado e também de Alagoas, tem ociosidade que os outros portos não têm, além de grande área para estocagem de produtos”, disse Valdeilson Paiva, gerente do Terminal Marítimo em Sergipe, que pretende formar um comitê de trabalho para buscar parceiros e fomentar projetos que viabilizem o escoamento maciço de grãos e importação de fertilizantes. A soja representa na atualidade a principal cultura agrícola brasileira. Dados da Companhia Nacional de Abastecimento - Conab - apontam uma área cultivada com soja no Brasil de aproximadamente 30 milhões de hectares (2013/2014), sendo o principal produto de exportações agrícolas do país, pois é fonte de proteína primordial para a produção de rações animais e importante matriz oleaginosa para a produção nacional de biodiesel. Por esse motivo, a Embrapa Tabuleiros Costeiros vem realizando experimentos para avaliar o potencial da cultura da soja em Sergipe e Alagoas como também na região dos Tabuleiros Costeiros e Agreste. Diversas ações de pesquisa com soja vêm sendo realizadas pela Embrapa para a região, tais como seleção de
Foto: Danilo Estevão
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cultivares com base em adaptabilidade e estabilidade de produção, porte para colheita mecanizada, nível de acamamento das plantas, ciclo de produção, determinação dos melhores períodos para o plantio, avaliação dos espaçamentos e população de plantas, adaptação ao plantio direto, inoculação de sementes com a bactéria Rhizobium que nitrogena a planta, levantamento das pragas, doenças e plantas daninhas e seus respectivos métodos de controle, determinação do momento correto da colheita, avaliação da qualidade de sementes (sanidade, germinação e vigor) e inserção da cultura em sistemas conservacionistas junto à agricultura familiar. Os resultados de pesquisa na região revelam níveis de produtividade elevados para a soja (três a cinco mil quilos por hectare) considerado acima da média brasileira de 2,8 mil quilos por hectare, segundo a Conab (safra 2013/2014). “Isso indica o alto potencial produtivo da soja nas áreas denominadas Tabuleiros Costeiros e Agreste”, aponta o pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros Antonio Dias Santiago, organizador do Dia de Campo sobre a soja como alternativa à cana-de-açúcar, em São Miguel dos Campos, que contou com a presença de mais de produtores de cana.
Edição nº 66
Produtores de Alagoas já tentaram plantar soja em circunstâncias diferentes e pouco convenientes. “Mas a realidade agora é outra”, afirma o produtor Adilson Maia. Ele conta que plantou soja há 30 anos, mas tinha que colhê-la no período de chuva e em seguida plantar cana “Não dava para fazer duas grandes áreas ao mesmo tempo. Hoje, o estado é abastecido por irrigação e podemos plantar soja no momento ideal, no período da chuva e colher no período seco e em seguida, plantar cana com irrigação” afirma ele. Além dos pesquisadores da Embrapa apresentarem aos produtores presentes no Dia de Campo em São Miguel dos Campos 48 cultivares de soja com resultados promissores para a região, relatar as facilidades de mercado e de transporte do produto, o pesquisador Sérgio Procópio ainda enfatizou outra importante vantagem: a fixação biológica do nitrogênio. “Na soja, é possível a baixíssimo custo inocular bactérias do gênero Rhizobium nas sementes, que retiram o nitrogênio do ar e fornecem às plantas.” Outro fator favorável ao cultivo da soja é a possibilidade de ser plantada no sistema de plantio direto, evitando o revolvimento do solo e a utilização de arados e grades.
Pragas e doenças da soja Pesquisadores da Embrapa realizaram levantamento das pragas que ocorreram nas áreas experimentais de soja no Nordeste, como lagartas, percevejos e coleópteros desfolhadores. Eles identificaram todos os espécimes e vêm definindo as melhores formas de controle e recomendam o monitoramento constante das áreas de produção. “Deve-se evitar o uso de inseticidas que eliminam os inimigos naturais de pragas, como os piretróides”, afirma o entomologista e pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros, Adenir Teodoro, presente no evento em São Miguel dos Campos, juntamente com o entomologista Aldomario Santo Negrisoli Junior. E como inimigos naturais às pragas da soja existem os produtos biológicos como Baculovirus, Beauveria bassiana e Metharizium anisopliae. “Há também como inundar o campo com inimigos naturais como a minúscula vespa Trichogramma que parasita os ovos das lagartas nocivas à cultura da soja”, complementa o pesquisador.
O Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) da Embrapa está à disposição daqueles que desejam se informar sobre o plantio de soja e milho na região dos Tabuleiros Costeiros e Agreste pelo telefone (079) 4009-1344 ou pelo site www.embrapa.br/fale-conosco
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1º DIA DE CAMPO EMBRAPA CERRADOS
Produção de Cana-de-açúcar no Cerrado 8 de Outubro de 2015 | Goianésia, GO Programação 8h Credenciamento 9h Visita às estações 1. Correção da acidez do solo Djalma M. G. de Sousa – Embrapa Cerrados 2. Manejo da adubação fosfatada Thomaz A. Rein – Embrapa Cerrados 3. Plantio direto João de Deus G. dos Santos Júnior – Embrapa Cerrados 4. Impacto agronômico do recolhimento de palha Marcos C. Sá – Embrapa Cerrados e Nilza P. Ramos – Embrapa Meio Ambiente 5. Respostas e estratégias de irrigação Vinicius B. Bufon – Embrapa Cerrados 12h30 Encerramento
Vagas Limitadas! Faça sua inscrição através do site http://www.embrapa.br/cerrados/diadecampocana Mais informações pelo e-mail cerrados.eventos@embrapa.br Promoção e realização
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ANÁLISE QUÍMICA DA BIOMASSA Por: Daniela Collares, jornalista da Embrapa Agroenergia, e Lucas dos Santos, estagiário. Colaboração Elvis Costa (estagiário)
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importância da química analítica para o entendimento da composição química da biomassa e de seus produtos, pela aplicação de técnicas e métodos convencionais e inovadores de análise, é o enfoque do livro “Análise Química da Biomassa” que a Embrapa Agroenergia esta disponibilizando à sociedade, além de abordar a biomassa como uma alternativa possível no Brasil. Essas informações, salienta Sílvio Vaz, pesquisador da Embrapa e autor do Livro, podem ajudar a melhorar diretamente a qualidade dos produtos e processos, e reduzir os impactos ambientais relacionados às cadeias produtivas da biomassa, com foco na vegetal. O País, por viabilizar e reunir condições favoráveis a essa matéria-prima renovável, torna-se alvo de métodos e pesquisas analíticas para entender as reações químicas e seus impactos na natureza. De forma a considerar os danos causados por combustíveis e energias não renováveis, a biomassa proporciona um amplo segmento tanto na produção de bioenergia, quanto na produção de produtos químicos. Para entender melhor os aspectos da biomassa, o livro começa com um estudo prévio das aplicações com essa matéria-prima. O livro é recomendável para profissionais e estudantes de graduação e pós-graduação que já tenham conhecimento prévio em química analítica e química orgânica.
Os exemplares desta publicação podem ser adquiridos na livraria da Embrapa ou solicitando pelo site www. embrapa.br/livraria ou pedidos pelo e-mail livraria@ embrapa.br.
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Foto: Saulo Coelho
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DIA DE CAMPO APONTA BENEFÍCIOS DA ROTAÇÃO DE CULTURAS DE SOJA E GIRASSOL Por: Saulo Coelho (MTE/SE 1065), jornalista Embrapa Tabuleiros Costeiros
Girassol é boa opção para rotação e consórcio com diversas culturas
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Pragas da cultura da soja, Cultivares de Girassol e Consórcio entre Girassol e Milho. O conteúdo técnico fica a cargo dos pesquisadores Sérgio Procópio, Hélio Wilson Lemos e Adenir Teodoro.
A programação compreendeu apresentações de pesquisadores da Embrapa sobre a importância da diversificação de culturas nos Tabuleiros Costeiros, Cultivares de soja,
Nos Tabuleiros Costeiros e Agreste são comuns áreas com ampla dominância de única cultura agrícola, como é o caso do milho no Agreste e dos citros nos Tabuleiros Costeiros de Sergipe e de parte da Bahia. O monocultivo torna a região de produção vulnerável a riscos fitossanitários (doenças e pragas) e mercadológicos (preço das commodities).
Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE) promoveu no dia 17 de setembro dia de campo ‘Soja e girassol – opções de cultivos nos Tabuleiros Costeiros’. O evento aconteceu no campo experimental da Unidade da Embrapa em Umbaúba, no Sul Sergipano, e deve reunir cerca de cem participantes, entre produtores rurais de portes variados, técnicos do setor público, estudantes e extensionistas.
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Soja
A Embrapa Tabuleiros Costeiros vem realizando experimentos para avaliar o potencial da cultura da soja na região. Sérgio Procópio coordenou a avaliação de 55 cultivares de soja no campo experimental de Frei Paulo, no Agreste Central Sergipano, em 2013. A grande maioria dos materiais apresentou níveis de produtividade acima da média brasileira, o que indica alto potencial produtivo para a região. Essa tendência se repetiu nos ensaios de campo em 2014.
Foto: Arquivo Embrapa
A soja representa na atualidade a principal cultura agrícola brasileira. Dados da Conab apontam uma área cultivada com soja no Brasil de aproximadamente 30 milhões de hectares, estando em plena expansão para novas fronteiras . A soja é o principal produto da pauta de exportações agrícolas do País. É fonte proteica primordial para a produção de rações e importante matriz oleaginosa para a produção nacional de biodiesel.
Girassol O girassol é considerado excelente opção para a rotação e sucessão de culturas nas regiões produtoras de grãos. Da planta pode se aproveitar quase tudo, uma vez que o sistema radicular pivotante permite a reciclagem dos nutrientes do solo, as hastes e folhas apresentam boa produção de massa verde, as flores atraem polinizadores para as áreas de plantio, e os aquênios, principal parte comercializável, são fonte de óleo.
Dessa forma, o girassol se mostra uma alternativa promissora, por permitir a diversificação dos cultivos na propriedade, a ampliação da oferta de produtos na mesma área de produção e das oportunidades de comercialização.
Foto: Saulo Coelho
No Nordeste, a cultura do girassol apresenta potencial de expansão na área de produção devido ao ciclo curto (90 a 130 dias), o que possibilita seu cultivo no período de chuvas. Além disso, diferentemente das demais regiões do País, o cultivo vem sendo realizado, predominantemente, em consórcio com culturas alimentícias.
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Foto: Isla Alves
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RESTAURANTE DE BRASÍLIA ADOTA LENHA ECOLÓGICA FEITA A PARTIR DE RESÍDUOS AGRÍCOLAS Por: Stephane Paula/IESB
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lenha ecológica produzida a partir de resíduos vegetais, chamada “briquete”, desenvolvida pelo pesquisador da Embrapa Agroenergia, José Dilcio Rocha, é uma alternativa para a preservação do meio ambiente. No Distrito Federal, ela já vem sendo usada pelo empresário Paulo Bessa, dono de uma rede de pizzarias. A lenha é feita em uma máquina chamada briquetadeira, e não agride o meio ambiente com emissão de CO2, ajudando na preservação do meio ambiente, pois é feita a partir do reaproveitamento de resíduos industriais, como por exemplo, madeira ou insumos vegetais.
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Ela pode substituir facilmente o carvão convencional, principalmente em redes alimentícias, já que não apresenta nenhuma característica tóxica que contamine os alimentos. Seu uso é feito diretamente em lareiras, caldeiras e fogões, no intuito de gerar energia. Segundo dados apresentados no início deste ano pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agroprecuária, no Brasil são produzidos aproximadamente 1,2 milhão de toneladas de briquetes por ano. Sendo que, 930 mil toneladas são feitos a partir de madeira e 272 mil toneladas de resíduos agrícolas.
Foto: Isla Alves
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De acordo com o Dilcio Rocha, da Embrapa Agroenergia, a taxa de crescimento na demanda de briquete é de 4,4% ao ano, deixando clara a importância e o potencial no mercado de energia renovável. “Nosso País possui condições extremamente vantajosas para produzir com sucesso a lenha. Isso é bom para diversos setores produtivos, pois agrega valor aos resíduos que hoje não são bem aproveitados,”afirma o pesquisador. Para o empresário Paulo Bessa, a economia nos seus negócios desde a adoção da lenha em 2008, foi de 50%. Ele conta que os briquetes contribuíram bastante para o progresso das suas empresas. “A lenha convencional além de não ser ecológica, faz muita sujeira. O briquete foi a nossa salvação. Ele vem bem embalado, limpo, não tem cheiro, não traz insetos, o espaço para armazenagem é
menor, e é vendido por peso e não por metro cúbico: 1 tonelada de briquete substitui 7 metros cúbicos de lenha convencional”, diz Paulo. Ele conta que, por ano, a empresa usa em média cerca de 60 toneladas da lenha, sendo 500 kg por mês. “Os briquetes assam igual à lenha convencional, são fáceis de armazenar e manusear”, destaca o empresário. Paulo ressalta ainda que o uso da lenha foi aprovado desde o início pela Vigilância Sanitária. A aprovação veio também por parte de seus clientes, que admiram a iniciativa do empresário na adoção do uso sustentável na rede Pizza Bessa. “Sempre fui fã dessa pizza, não sabia da pegada ecológica, fiquei impressionada”, diz a advogada de 28 anos de idade, Lidiana Gonçalves.
Foto: Isla Alves
Desenvolvimento da lenha ecológica Para o pesquisador da Embrapa, José Dilcio Rocha, a ideia da lenha surgiu inicialmente para que o produtor usasse a tecnologia para reaproveitar os resíduos gerados, transformando-os em produtos de valor agregado, no intuito de gerar renda e minimizar os impactos negativos causados ao meio ambiente. No entanto, o projeto foi além das suas expectativas, já que agora, a lenha também virou opção de economia na produção interna de energia no segmento alimentício. “Não é necessário derrubar nenhuma árvore para produzir calor. O mercado tem se mostrado promissor para os briquetes”, diz o Rocha.
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Foto Guilherme Scheufler
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PESQUISADORES INVESTEM EM MELHORAMENTO GENÉTICO DAS MICROALGAS PARA PRODUÇÃO DE BIOCOMBUSTÍVEIS Por: Raquel Pires/IESB
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Pesquisas no Brasil e em outros países estão investindo na redução de custo para aproveitar a alta capacidade de produção de óleo e biomassa das microalgas para gerar matéria-prima para indústrias de biodiesel, etanol e bioquerosene para aviões. O ganho de produtividade ao usar as microalgas é maior do que de outras matérias-primas, comprovado por pesquisas.
Segundo o pesquisador da Embrapa Agroenergia, Bruno Brasil, as microalgas são sustentáveis e possuem diversas vantagens. “As microalgas têm alta produtividade, não ocupam espaço de plantio porque crescem na água, capturam muito carbono e podem ser cultivadas em água salobra, não sendo preciso usar água potável”.
Estimativas apontam que para substituir todo o petróleo consumido nos Estados Unidos por óleo de soja, seria preciso cultivar o grão em uma área três vezes maior do que todo o território continental norte-americano. Substituindo o óleo de soja pelo de palma (dendê), o espaço necessário cairia para 23% do território. Já o cultivo de microalgas ocuparia menos do que 4% da área daquele país.
Microalgas realizam fotossíntese e podem ter menor custo de cultivo do que o de fungos A maior dificuldade para os pesquisadores é a parte de melhoramento genético das algas. Em busca de espécies com alto rendimento, os pesquisadores precisam fazer uma caracterização genômica das linhagens mais resistentes. “O pouco conhecimento sobre o genoma
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complica um pouco, por isso é necessário a pesquisa para caracterizar e identificar”, afirma Bruno Brasil. Hugo Santana, mestrando em Biociência pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), atua em projetos com microalgas e também ressalta essa dificuldade. “Algumas espécies, como Chlamydomonas reinhardtii, apresentam uma maior quantidade de informações disponíveis, no entanto a maioria das espécies conhecidas, aproximadamente 6.000, apresentam pouca informação. Esta limitação faz com que o conhecimento sobre as microalgas seja adquirido mais lentamente”. Um exemplo dessa dificuldade com o melhoramento genético está no estudo feito pela Embrapa Agroenergia, que procura usar as microalgas como biofábricas de um grupo de enzimas para produzir etanol celulósico, também conhecido como etanol de segunda geração (2G). Diferente do biocombustível encontrado nos postos, que é produzido com o caldo da cana, o celulósico vem de materiais sólidos como bagaços, resíduos de madeira e capins. Mas para que esse etanol celulósico possa ser feito, é necessário que a celulose desses materiais seja “quebrada”, para que moléculas de glicose sejam obtidas e depois fermentadas para dar origem ao etanol. As enzimas que os pesquisadores querem produzir com microalgas são as betaglicosidases, responsáveis pela última etapa de “quebra” da celulose. Assim como os outros dois grupos de enzimas usadas na fabricação do etanol 2G, hoje em dia, as betaglicosidases são produzidas por fungos, em sua grande maioria. Ao acontecer essa quebra da celulose, a expectativa dos pesquisadores é que obtê-las de microalgas reduza o custo da produção. Foto Guilherme Scheufler
Mas o problema enfrentado é que não se conhece microalgas produtoras de enzimas. Por isso, os cientistas estão tentando modificar geneticamente uma linhagem delas. O melhoramento genético das algas é uma das dificuldades nas pesquisas com microalgas, por isso, se tornou o foco principal dos pesquisadores, segundo Bruno Brasil
Popularização das microalgas As primeiras pesquisas com microalgas na produção de combustíveis surgiram na década de 50 nos Estados Unidos. Ao perceberem as vantagens que possuíam, os cientistas passaram a investir na produção do combustível com as algas. Já no Brasil, essa tecnologia começou a se popularizar no início do século 21, já que na época o preço do petróleo caiu e novas formas para produção de combustíveis foram procuradas. As microalgas possuem até 50% da composição do seu peso em óleo, contra 18% da soja, segundo o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Atualmente, as pesquisas feitas com microalgas buscam linhagens que gerem grande volume de biomassa, crescendo em resíduos como, por exemplo, a vinhaça, as sobras do processamento industrial para obtenção do álcool, abundante na produção de etanol. O MCTI, por meio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), já destinaram, de 2008 a 2014, mais de R$26 milhões voltados à pesquisa, desenvolvimento e inovação para a produção e uso do biodiesel derivado de microalgas. Mas para que elas passem a ser utilizadas em larga escala é preciso mais investimento. Segundo Hugo Santana, é preciso superar algumas limitações técnicas para que a aplicação e popularização sejam possíveis. “As limitações incluem a seleção de microalgas que apresentem alta produtividade e que sejam resistentes ao ambiente, no caso de cultivo em lagoas abertas, e o processo de colheita que ainda é caro devido às características das microalgas”. Bruno Brasil afirma que é possível que as microalgas sejam usadas em larga escala, mas que são necessários alguns pontos. “Que as microalgas passem por melhoramento genético, um melhor desenvolvimento do sistema da cultura e um processo de aperfeiçoamento das ações”.
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Agroenergético
ARTIGO
Arquivo Embrapa
ALIANÇAS – UM IMPERATIVO DO NOSSO TEMPO
Maurício Antônio Lopes , Presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa.
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or muitos anos prevaleceu a visão de que a competição é uma das forças-chave que mantém o mundo dinâmico e produtivo. Embora considerado “motor do capitalismo” e base dos enormes ganhos de desempenho da indústria, que passou a ofertar para a sociedade produtos e serviços de melhor qualidade e preços mais acessíveis, o modelo fechado de competição se mostra cada vez mais incompatível com o nosso tempo. Tempo em que se avolumam desafios de grande complexidade, que não poderão ser enfrentados senão pela via da cooperação, da combinação de esforços, da sinergia. Muitos dos problemas de hoje, como as mudanças no clima, os crimes cibernéticos e as migrações em massa, ultrapassam as fronteiras das nações. Ou trazem grandes incertezas, como os altos custos dos processos de inovação tecnológica e as rupturas cada vez mais frequentes nos modos de fazer, distribuir e consumir produtos e serviços, como na nascente economia de baixo carbono, que inaugura um novo ciclo industrial baseado em recursos renováveis. Tudo isso em meio a uma sociedade melhor informada e mais exigente que, mais que simples propaganda e mercadorias, exige transparência e entrega de valor. A transição que vivemos é tão profunda quanto a Revolução Industrial, só que muito mais acelerada.
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Teremos que responder a essa realidade com criatividade, ousadia e atenção especial à lógica das redes e das alianças. A indústria farmacêutica, famosa pela competição férrea e custos elevados na criação de novos medicamentos, nos dá um exemplo. Empresas biofarmacêuticas se juntam em federações de descoberta pré-concorrencial para intercâmbio de conhecimentos, informações e recursos. Compartilham desafios iniciais de pesquisa, envolvendo também agências e institutos governamentais, universidades e escolas médicas. Superadas as custosas e arriscadas fases iniciais de desenvolvimento de um produto ou processo, cada parceiro segue o seu próprio caminho até o mercado, agora com maior chance de êxito. Outro modelo de aliança que ganha espaço - inovação aberta - pressupõe que a empresa que se propõe inovadora deverá se abrir para idéias que venham de fora. Ao compartilhar ativos, competências, estruturas e modelos de negócios, parceiros se complementam e desenvolvem novos produtos com maior rapidez e eficiência. Exemplo recente foi o lançamento do sistema Cultivance para controle de plantas daninhas em lavouras de soja, resultado de modelo de cooperação público-privada inédito no Brasil, entre a Embrapa e a alemã Basf. De forma isolada, as empresas só chegariam a resultado igual em prazos mais longos e a custos maiores.
ARTIGO
Na agricultura, é imensa a demanda por novas formas de relacionamento e cooperação. A produção de alimentos é condicionada por temas complexos, como água, energia, meio ambiente e pobreza. Diversos estudos mostram que a agricultura será desafiada por transformações tecnológicas, econômicas, sociais e ambientais cada vez mais profundas. Enfrentá-las exigirá modelo de operação e paradigma científico e tecnológico novos. Demandará investimentos crescentes e muita colaboração entre cientistas dos setores público e privado. O caso brasileiro é ilustrativo. A agricultura terá que fortalecer sua capacidade de abastecer o mercado interno, a preços reais estáveis, em favor da população de renda mais baixa. A elevação de produtividade deverá se dar com tecnologias de baixo impacto, com redução de riscos e elevação da renda dos produtores. Diversificação, especialização e agregação de valor são necessidades crescentes para que os produtos brasileiros alcancem mercados mais dinâmicos, competitivos e rentáveis. Como pilar forte da economia, precisa ampliar as exportações, gerando divisas e contribuindo para segurança alimentar de uma população mundial crescente. Ao mesmo tempo, se obriga ao uso mais eficiente dos recursos naturais dos biomas brasileiros.
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Em resposta a esses desafios, a ministra Kátia Abreu, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, lidera um processo de fortalecimento do sistema de pesquisa e inovação na agropecuária nacional. Este processo deverá culminar, em breve, na criação da “Aliança para a Inovação Agropecuária no Brasil”, envolvendo amplo conjunto de organizações públicas e privadas de pesquisa, inovação e ensino. O objetivo é consolidar um modelo de governança capaz de atrair recursos de fontes nacionais e internacionais, e promover articulação, alinhamento e sinergia em torno de uma agenda de contínuo fortalecimento da agropecuária brasileira. Diz o ditado que “para ir rápido, devemos seguir sós, mas se queremos ir longe devemos seguir juntos”. A vida mais complexa que se desdobra à nossa frente exige cooperação e alianças, para que sigamos com mais segurança e menos sobressaltos em direção ao futuro.
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Agroenergético
Por aí, por aqui...
Fotos: Arquivo pessoal
José Antônio Ribeiro e Patrícia Abdelnur estiveram em Belém, em agosto, visitando a agroindústria Marborges. Foi feita a coleta de folhas e raízes de dendê, com e sem Amarelecimento Fatal, para pesquisas em metabolômica do projeto DendePalm. Letícia Jüngmann e Cibelle também fizeram coletas para o projeto DendePalm. Elas estiveram na Embrapa Amazônia Ocidental, entre 17/08 e 28/08, e fizeram coletas no Campo Experimental do Rio Urubu (CERU), localizado a 140km de Manaus.
Foto: Arquivo pessoal
Viagem a Belém
Viagem a Cristalina/GO Daniela Collares, José Dilcio, Rossano Gambetta e Sílvia Belém, da Unidade, foram a Cristalina, no dia 18, para prospectar com produtores rurais, entidades representativas e a Prefeitura, possíveis parcerias para geração de energia renovável nas áreas rurais do município. Foram realizadas reuniões com o produtores de grãos e com os de florestas energéticas.
Energia renovável em assentamentos
Fotos: Arquivo pessoal
No dia 18 de setembro, os empregados da Unidade, Daniela Collares, Rossano Gambetta e o Rolando Lisboa, juntamente com Marco Pavarino e Anna Carolina Nogueira, do MDA, estiveram na reunião do Fórum de Agricultura Familiar de Cristalina, para, em conjunto, propor soluções de energia a partir da biomassa.
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Por aí, por aqui...
Representantes do MDA, Secretaria de Desenvolvimento Agrário do Ceará, Emater/CE, Instituto Federal do Ceará e Instituto Centro de Ensino Tecnológico (Centec) visitaram experimentos do projeto MacSAF (macaúba em sistemas agroflorestais), no campo experimental de Barbalha/CE, em setembro. Houve reuniões com representantes das instituições e visita às comunidades rurais extrativistas de macaúba e babaçu na região. Alexandre Cardoso representou a Unidade no evento. Os colegas Gildo Araújo e Lui Veras, da Embrapa Algodão, também participaram.
Foto: Arquivo pessoal
MacSAF
Semana da Química da UCB
Foto: Arquivo pessoal
Clenilson Rodrigues foi o instrutor do minicurso "A obtenção de químicos de valor agregado a partir de biomassa”, durante a XIII Semana da Química da Universidade Católica de Brasília (UCB), entre os dias 31 de agosto e 4 de setembro.
A equipe do BRB veio à Unidade no dia 1º de setembro, para uma palestra sobre Educação Financeira, que fez parte do Ciclo de Seminários. A instituição ofereceu um café da manhã e apresentou o banco, além de ficar com uma equipe disponível após a palestra para fazer simulações, dar orientações e tirar dúvidas.
Foto: Rodrigo Ferreira
BRB no Ciclo de Seminários
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Por aí, por aqui...
Sérgio Goldenberg, representante da Algae Biotecnologia, foi recebido pelos pesquisadores Bruno Brasil e José Dilcio Rocha, no dia 27 de agosto. Ele veio discutir possibilidades de parceria relacionadas ao cultivo de microalgas em vinhaça.
Foto: Arquivo Embrapa
Algae Biotecnologia
Manoel Souza recebeu, no dia 04 de setembro, representantes de duas empresas interessadas em fechar parceria com a Unidade na área de sustentabilidade da cadeia produtiva da macaúba. Na foto, estão Aurea Nardelli (à esquerda), representante da empresa Roundtable on Sustainable Biomaterials, e Meghan Sapp (ao centro), representante da Planet Energy.
Foto: Arquivo Embrapa
Macaúba
A Unidade recebeu, no dia 08 de setembro, a visita de Renato Zandonadi, assessor do Deputado Sérgio de Souza. A equipe da Unidade discutiu com ele os benefícios sociais e ambientais do aumento da produção de etanol.
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Foto: Arquivo Embrapa
Visita de parlamentar
Edição nº 66
Por aí, por aqui... Novo diretor do CTBE vem à Unidade
Foto: Arquivo pessoal
No dia 17 de setembro, a Unidade recebeu a visita do novo diretor do CTBE, Paulo Mazzafera. Ele veio conhecer a Embrapa Agroenergia e tem como objetivo ampliar o trabalho conjunto envolvendo a cadeia produtiva do bioetanol.
No dia 14 de setemebro, a Unidade recebeu a visita do Keith Waldron, diretor do "Norwich Research Park Biorefinery Center", no Reino Unido – Contraparte Labex. Ele participou de uma reunião com o Chefe de P&D, Guy de Capdeville, e ministrou palestra para a equipe de pesquisa. O objetivo da visita foi conhecer as linhas de pesquisa e estreitar parceria.
Foto: Lucas Vinícius
Visita de Keith Waldron
No dia 09 de setembro, o pesquisador José Dilcio Rocha, recebeu o Bartholomew Ngauma e a Jessie Mvula, representantes do Ministry of Agriculture, e o Afonso Raimundo, representante do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM). Os três pesquisadores estavam no Brasil para saber mais sobre o aproveitamento dos resíduos do algodão.
Foto: Rodrigo Ferreira
Visitantes africanos
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