Informativo da Embrapa Agroenergia • Edição nº 74 • 25/08/2017
Embrapa Agroenergia apresenta vitrine de tecnologias Págs. 2 e 3
Agroenergético
EMBRAPA AGROENERGIA APRESENTA VITRINE DE TECNOLOGIAS Instituição busca parcerias para inovação aberta
Por: Vivian Chies, jornalista da Embrapa Agroenergia
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rinta e quatro novos produtos e processos em fases intermediárias de desenvolvimento, com aplicação não só para o segmento da bioenergia, mas também para indústrias da área química, biotecnológica e nutrição animal que desejam ampliar o portfólio de produtos baseados em matéria-prima renovável. Esse é o conteúdo da Vitrine Tecnológica da Embrapa Agroenergia (DF), disponível no site da Empresa (www.embrapa.br/ agroenergia).
Os produtos e processos tecnológicos expostos na vitrine estão agrupados quatro eixos: Biomassas para fins industriais, Biotecnologia industrial, Química de renováveis e Materiais renováveis. No primeiro deles, estão novidades para a produção de cana-de-açúcar, microalgas e pinhão-manso. Já no segundo, estão microrganismos e enzimas para serem aplicados na desconstrução de biomassa, geração de produtos químicos, tratamento de efluentes e produção de biogás.
Com a divulgação desses ativos de inovação, o centro de pesquisa busca parceiros para as próximas etapas do desenvolvimento, a fim de que as tecnologias cheguem com mais agilidade ao mercado. De acordo com o chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Agroenergia, Bruno Brasil, experiências anteriores da Unidade mostraram que, atuando em conjunto com o setor produtivo nas fases iniciais e intermediárias de desenvolvimento tecnológico, consegue-se mais rapidamente obter resultados e promover a inovação. Além disso, os riscos e custos do desenvolvimento tecnológico – em geral bastante elevados em fases iniciais – são compartilhados entre iniciativa privada e a Embrapa. Cerca de 10 tecnologias da instituição já foram transferidas para empresas da área química e agrícola por meio de inovação aberta em projetos de codesenvolvimento.
O eixo de Química de renováveis é basicamente composto por processos químicos ou produtos obtidos por meio de processos químicos, tendo sempre biomassa ou resíduos dela derivados como matéria-prima. São tecnologias para tratamento de biomassa, secagem de frutos e refino de óleo de macaúba, reforma de biogás, microencapsulação de betacaroteno e biopesticidas. Por fim, no eixo de Materiais renováveis, a Embrapa Agroenergia dispõe de tecnologias para produção de nanofibras de celulose e obtenção de borracha natural reforçada. Desde a criação, a Embrapa Agroenergia dedica-se ao desenvolvimento de matérias-primas, insumos e processos para a produção de biocombustíveis, mas também à busca de tecnologia para transformar principalmente os resíduos das cadeias produtivas em produtos com valor
Assista entrevista do chefe de P&D, Bruno Brasil, sobre a Vitrine Tecnológica e a diretriz de inovação aberta da Embrapa Agroenergia, no Conexão Ciência. https://youtu.be/F2CvS06VIHY
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de mercado. “Os ativos contemplados em nossa vitrine, e hoje colocados para negociação, são o resultado do que foi investido na Unidade nos últimos anos”, observa o chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia, Alexandre Alonso.
Níveis de maturidade Na vitrine, a Embrapa Agroenergia indica o nível de maturidade tecnológica de cada ativo em escala de 1 a 9, adotando metodologia criada e utilizada pela Agência Espacial Americana (NASA), adaptada para a pesquisa agrícola e biotecnológica. A atuação da Embrapa Agroenergia pode ir até o nível 6 ou 7, já que os últimos estágios correspondem à produção comercial, o que não faz parte da atuação do centro de pesquisa. “O modelo de negócios da Embrapa Agroenergia é focado na geração de soluções tecnológicas para inserção no mercado de inovação, e não em produtos acabados para comercialização direta”, explica Alonso. Por isso, os produtos e processos apresentados na Vitrine estão entre as etapas 3 e 5. “Continuar o trabalho em conjunto com uma empresa é essencial para direcionarmos as características dos produtos e processos ao que efetivamente poderá ganhar mercado”, reforça Brasil. No estágio em que muitos dos ativos se encontram, um mesmo produto ou processo pode atender diferentes segmentos de negócios, adotando rotas diferentes de desenvolvimento. É o caso de algumas enzimas que podem ser customizadas para atender a indústria têxtil, de bebidas ou usinas de etanol celulósico. “Essa vitrine apresenta produtos semi-acabados, ou seja, tecnologias em desenvolvimento. Então, podemos derivar de cada um desses ativos diversos produtos. Isso dá uma amplitude maior para a vitrine do que os números mostram.”, afirma Alonso. O centro de pesquisa também aposta na incubação de empresas de base tecnológica, como startups e spin-offs, para as próximas etapas de desenvolvimento e para comercialização. O Parque Tecnológico de Brasília - Biotic, criado por lei em janeiro deste ano, tem a biotecnologia como uma de suas áreas prioritárias. “Temos aí uma oportunidade e um desafio para construir novos modelos de negócios com tecnologia da Embrapa”, diz Alonso. Para receber o documento com informações sobre todas as tecnologias da Vitrine Tecnológica, acesse: http:// materiais.embrapaconecta.com.br/vitrine-tecnologica-cnpae. Empresas e pessoas interessadas podem entrar em contato com a instituição pelo site ou pelo telefone (61) 3448-1581. Ainda para este ano, está prevista uma rodada de negócios na sede da instituição, em Brasília.
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CONSTRUINDO UM CAMINHO PARA A BIOECONOMIA
Guy de Capdeville Chefe-geral da Embrapa Agroenergia
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esde a sua origem, em 24/05/2006, a Embrapa Agroenergia vem se dedicando a produzir soluções alinhadas ao Plano Nacional de Agroenergia, documento produzido no mesmo ano pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que propôs políticas para quatro plataformas, que compreenderam o Etanol, o Biodiesel, as Florestas Energéticas e os Coprodutos e Resíduos. Nessa época, foi proposta a criação de um centro de pesquisa em Agroenergia que culminou na criação da nossa Unidade. Inicialmente, a Embrapa Agroenergia foi sediada no prédio da Embrapa Sede e, em 2008, iniciou-se a construção do seu prédio sede, o qual foi concluído em 2010. Em 2012, finalizou-se a estruturação dos laboratórios de pesquisa e a contratação do quadro de pessoal. A partir de então, a Unidade começou a se dedicar a projetos multidisciplinares de grande porte, na lógica de parcerias público-privadas, integrando sua equipe multidisciplinar para prover soluções nos temas ligados às quatro plataformas supracitadas. Entretanto, com a descontinuidade do Plano Nacional de Agroenergia ao final de sua vigência, a Unidade se viu obrigada a redirecionar sua programação, que hoje não somente se dedica às pesquisas com biocombustíveis, mas também vem
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ampliando as pesquisas com microalgas, química verde, biomateriais, entre outras áreas. Nesse contexto, a Embrapa Agroenergia atua hoje em quatro eixos principais: Biomassa para uso industrial, Biotecnologia Industrial, Química de Renováveis e Materiais Renováveis, como pode ser visto na figura, que sumariza a caminhada desde nossa criação até o dia de hoje. No primeiro eixo, temos buscado utilizar melhoramento genético convencional e melhoramento assistido por biotecnologias para produzir matérias-primas com características de interesse para o setor industrial. No segundo, estamos produzindo insumos e processos para a conversão eficiente das matérias-primas em combustíveis e outros produtos de valor agregado no contexto das biorrefinarias. Por fim, no terceiro e quarto eixos, temos procurado desenvolver soluções que ajudem o Brasil a reduzir seu déficit na balança comercial de químicos, dando foco às pesquisas para produção de químicos verdes e aos materiais renováveis, de forma a desenvolver soluções nacionais que possam tomar o lugar daquelas importadas e, principalmente, buscando substituir os produtos de origem fóssil por aqueles de origem renovável. Somente assim, poderemos desenvolver uma bioeconomia sólida e sustentável.
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EIXO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA EMBRAPA AGROENERGIA
Objetivo: melhorar biomassas vegetais, como canade-açúcar, pinhão-manso e algas, para fins industriais, por meio de melhoramento genético/genômico e biotecnologia.
Objetivo: utilizar a biomassa (amilácea, lignocelulósica, oleaginosa e sacarídea) como matéria-prima para a geração de produtos químicos renováveis como blococonstrutores químicos, biodiesel, pigmentos, agentes de biocontrole de pragas e patógenos, dentre outros.
Objetivo: gerar de insumos e processos industriais para produção de etanol, biogás, ácidos orgânicos, polióis, compostos bioativos, enzimas, dentre outros.
Objetivo: desenvolver pesquisas para produção de nanofibras de celuloses, borracha natural reforçada e biopolímeros.
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Histórico de evolução da Embrapa Agroenergia Diferentemente da maioria das Unidades irmãs da Embrapa, a Embrapa Agroenergia foi concebida como uma instituição cujas ações são dedicadas a se relacionar, não somente, mas principalmente, com o setor industrial dedicado a converter biomassa em produtos de valor agregado como etanol, biodiesel, entre outros. Isso não quer dizer que não atuamos na ponta produtiva dessa cadeia. Pelo contrário, estamos realizando pesquisas para desenvolvimento de matérias-primas que tenham características de interesse industrial, mas que serão produzidas pelo setor produtivo, ou seja, agricultores pequenos, médios e grandes. Ao desenvolvermos soluções para todos os elos das cadeias ligadas à bioeconomia nacional é que poderemos apoiar o desenvolvimento de uma economia circular competitiva. Em maio deste ano, a Embrapa Agroenergia comemorou seu décimo primeiro aniversário e, para darmos satisfação ao investimento que a sociedade fez e faz para chegarmos até aqui, publicamos em nossa página da web (www.embrapa. br/agroenergia), nossa vitrine de produtos tecnológicos que estarão disponíveis para negociação com empresas, startups e outros atores do mercado que se interessarem pelos nossos ativos. Estamos preparando, também, soluções de integração de fontes renováveis de energia para atender a demandas específicas de produtores rurais bem como de agroindústrias. Nossa proposta é termos disponíveis soluções integradas que possam atender às demandas de toda
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a cadeia de produção, desde os agricultores familiares até aqueles de médio e grande porte. Estas ações são parte da estratégia de integração da pesquisa e desenvolvimento com os mecanismos de transferência de tecnologia que adotamos de modo que nossa produção possa chegar até a sociedade de forma eficiente. Atualmente, a nossa visão é “Ser referência nacional e internacional na geração de inovações tecnológicas que permitam converter matérias-primas renováveis diversificadas, por processos bioquímicos, químicos e termoquímicos, em alternativas sustentáveis de bioprodutos e bioenergia dentro do contexto da Biotecnologia Industrial e da Química Verde”. No contexto dessa nova visão para a Embrapa Agroenergia, temos a expectativa de produzirmos soluções competitivas que nos permitam dar alternativas a todos os setores produtivos envolvidos na cadeia de Química e Tecnologia da Biomassa nacional. É com esse formato de atuação que estaremos contribuindo sobremaneira para o desenvolvimento de uma economia de base renovável que irá substituir aquela de origem não renovável. Estamos de portas abertas para a sociedade brasileira e temos como meta desenvolver soluções que possam ajudar a nossa agricultura a se manter na vanguarda mundial. Afinal, o Brasil é o único país do mundo moderno que possui todos os insumos e domínio tecnológico para se manter nesse patamar.
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BRASIL REÚNE 22 INSTITUIÇÕES NO MAIOR CONSÓRCIO JÁ FEITO PARA PESQUISAR CANA Por: Daniela Collares, jornalista da Embrapa Agroenergia Foto: Embrapa Agroenergia
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m grande consórcio de pesquisa para a canade-açúcar e outras culturas ligadas ao mercado de energias renováveis vai reunir cientistas de 22 instituições públicas. Trata-se do Programa Plurianual Integrado de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) em Cana-de-açúcar (Pluricana). Liderado pela Embrapa e executado com recursos de cerca de R$13 milhões da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), o Pluricana é o maior consórcio já criado para o estudo científico da cana-de-açúcar e agrega ações que vão desde a introdução e quarentena de plantas até o melhoramento genético convencional e assistido, passando por sistemas de produção e biologia avançada. Além da cana-de-açúcar, o Programa irá buscar soluções para a cogeração de energia com culturas como Arundo donax (cana-gigante), capim-elefante, casca de coco-verde e sorgo sacarino. “É um projeto fantástico que procura abarcar a temática da cana em toda a sua cadeia, propondo melhorias genéticas, repositório de mudas e aproveitamento do bagaço para a produção de etanol de segunda geração, por exemplo”, explica Wanderley de Souza, diretor de Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Finep. Segundo ele, esse grande consórcio de instituições, ao agregar parceiros em diversos pontos do Brasil, deverá acelerar a capacidade de pesquisa e desenvolvimento nessa área. Ao final do processo, o Pluricana deverá aprimorar a produção de cana-de-açúcar no País e expandir sua aplicação no dia a dia. O cientista acredita que, por causa da grande dimensão do projeto, o trabalho deverá gerar desdobramentos também em outras áreas do conhecimento. O Pluricana está organizado em nove grandes temas de interesse nacional, segundo explica o coordenador do projeto, Hugo Molinari, pesquisador da Embrapa Agroenergia. “A área de melhoramento genético, por exemplo, fornecerá anualmente ao setor variedades cada vez mais adaptadas e produtivas”, prevê o cientista informando que a coordenação dessa área de pesquisa está a cargo da Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético (Ridesa) e do Instituto Agronômico (IAC), de Campinas (SP). Já o grupo que trabalha com fixação biológica de nitrogênio (FBN) terá o papel de empregar bactérias diazotróficas capazes de fixar esse elemento no solo. Desse modo, o microrganismo será usado como insumo
biológico capaz de suprir, total ou parcialmente, as necessidades de nitrogênio da cana-de-açúcar. O projeto contempla ainda ações na produção de sorgo sacarino e de sorgo biomassa, bem como fitossanidade dessa cultura, da cana-de-açúcar e de capim-elefante. Prevê, também, recursos para ampliação e manutenção das estações de cruzamento da Ridesa e do IAC. De acordo com Molinari, a iniciativa do Pluricana vai beneficiar o avanço das pesquisas públicas com cana-de-açúcar e outras biomassas agroenergéticas. Ele destaca que o projeto será executado em diversos pontos do Brasil por pesquisadores de sete Unidades da Embrapa (Agrobiologia, Agroenergia, Cerrados, Clima Temperado, Informática Agropecuária, Milho e Sorgo e Tabuleiros Costeiros) e de outras importantes instituições: Ridesa, IAC, Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) e Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR). “É um projeto que beneficia todos os grupos que trabalham com melhoramento genético da cana na esfera de instituições oficiais”, diz Marcos Landell, diretor do Centro de Cana do IAC em Ribeirão Preto (SP). Landell ressaltou também que, nos próximos 15 anos, deverá ocorrer um aumento de 50% na área ocupada pela canavicultura, expansão que deve se dar, basicamente, nas regiões de pastagens. “São áreas restritivas que precisam ser viabilizadas por meio de seleção de variedades regionais e isso envolverá a ação dos programas de melhoramento genético”, prevê. Geraldo Veríssimo, coordenador do Programa de Melhoramento Genético da Cana-de-Açúcar da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e diretor da Ridesa, acredita que cultivares de cana-de-açúcar desenvolvidas com o apoio dessa rede trarão maiores rendimentos agroindustriais para os canaviais brasileiros. Essas cultivares serão desenvolvidas com características de tolerância a pragas e doenças e maior eficiência no uso da água. Com isso, espera-se um aumento considerável da produtividade dos canaviais refletido em uma maior rentabilidade para o setor sucroalcooleiro energético.
Parceria O coordenador da Agência Paulista de Tecnologia de Agronegócios (APTA), Orlando Castro, destacou a
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importância da cooperação interinstitucional. “Reunir diversas instituições de pesquisa, com expertises diferentes em torno de um projeto, é um exercício extremamente positivo e que deve ser ampliado para outras áreas”, acredita.
públicas tem gerado resultados excelentes”, ressalta Veríssimo.
Para o coordenador da APTA, o trabalho conjunto é mais eficiente pois otimiza esforços e promove mais resultados para financiadores e sociedade. “Essa integração permite compartilharmos infraestrutura de pesquisa, evitar duplicidade de ações e compartilhar conhecimentos. É uma relação em que todos ganham”, diz.
Segundo o pesquisador da Embrapa Clima Temperado Sérgio Delmar, responsável pelo grupo de melhoramento genético, a concretização dessa ampla parceria se dará pela formação dos grupos de pesquisa. “Integrá-los é nosso principal desafio para atingir o objetivo maior que é um grande programa de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) em cana-de-açúcar conduzido por esta rede de instituições públicas de alta competência”, afirma o cientista.
O projeto, que terá duração de dois anos e meio, foi escolhido pela Fundação Arthur Bernardes (Funarbe) como piloto para testar a nova versão de seu sistema de gestão informatizado (Agrega), conta Molinari. “Fomos escolhidos devido à complexidade de gestão da rede e instituições parceiras envolvidas”, destacou. “Acredito que este modelo em rede vai ser útil para trabalharmos no Pluricana, aliados a vários centros de pesquisa. Já temos essa experiência de trabalhar em rede na Ridesa, com dez universidades, e a interação entre essas instituições
“Com a formação dessa rede, podemos garantir nossos projetos por muitos anos, gerando ciência, tecnologia e formação de recursos humanos. Sentimos fortemente a união entre parceiros e a vontade de vencer obstáculos,” salienta Delmar. “Temos muitas oportunidades com a rede para responder às demandas e oferecer novas tecnologias ao setor sucroalcooleiro energético”, ressalta. O diretor da Ridesa reforça: “as pesquisas proporcionarão resultados significativos e promoverão a elevação dos rendimentos do setor sucroenergético brasileiro.”
Assista ao Programa Conexão Ciência com o pesquisador Hugo Molinari: https://youtu.be/aqtPVfOvuVU.
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EVENTO VAI DEBATER O MERCADO E AS PESQUISAS COM BIOTECNOLOGIA INDUSTRIAL Por: Daniela Collares e Vivian Chies, jornalistas da Embrapa Agroenergia, com a colaboração de Bruno Ramos e Elvis Costa, estagiários
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romover a competitividade da bioeconomia brasileira no mercado interno e internacional é o que move as ações de pesquisa na Embrapa. Uma das vertentes dessa atuação é a biotecnologia industrial, o tema central do IV Encontro de Pesquisa e Inovação (EnPI) da Embrapa Agroenergia, que conta com o apoio da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP/DF). O evento acontece nos dias 25 a 27 de setembro, na Embrapa, em Brasília/DF.
No EnPI, o tema será abordado predominantemente em duas vertentes: biotecnologia aplicada a insumos para a indústria de cosméticos e para a indústria de nutrição animal e nutracêuticos. “O espectro de atuação da biotecnologia industrial é amplo, indo desde a utilização de leveduras em processos fermentativos para produção de biocombustíveis até a produção de moléculas bioativas”, diz a pesquisadora da Embrapa Agroenergia e coordenadora do EnPI, Simone Mendonça.
O Chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Agroenergia, Bruno Brasil, explica que essa temática permite desenvolver pesquisas neste Centro de Pesquisa na produção de etanol, biogás, ácidos orgânicos, polióis, compostos bioativos, enzimas, entre outras linhas. “Este é um dos quatro eixos de atuação da Unidade, que também engloba a química renovável, a biomassa para fins energéticos e os materiais renováveis”, acrescenta. Bruno Brasil explica que a biotecnologia industrial consiste na utilização de microrganismos e também enzimas em processos bioquímicos industriais. Tais processos visam minimizar a geração de resíduos, agregar valor aos produtos e favorecer a sustentabilidade ambiental das cadeias produtivas.
“O evento é uma oportunidade interessante para mostrar e discutir com o público externo, o que a Unidade tem feito em termos de pesquisa”, conta Mendonça. Ela acrescenta ainda que é importante aproveitar eventos para debater com os diversos setores envolvidos nesta temática como as empresas, associações e os próprios pesquisadores as oportunidades e tendências deste mercado. Na programação do evento, já estão confirmados palestrantes representes da Associação Brasileira de Biotecnologia Industrial (ABBI), DSM, Biorigin/Zilor, Solazyme/Terravia, Rhodia/Solvay, pesquisadores das Unidades da Embrapa Agroenergia e Suínos e Aves, além de professores da USP.
Foto: Embrapa Agroenergia
Biotecnologia já está presente no Brasil – usinas de etanol são exemplo
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Ferramenta para chegar à bioeconomia A biotecnologia industrial será a principal ferramenta para alcançar a bioeconomia avançada, o próximo e mais promissor vetor de desenvolvimento do mundo. A previsão é o do presidente da Associação Brasileira de Biotecnologia Industrial (ABBI), Bernardo Silva, que falará sobre esse aumento, na palestra de abertura do EnPI 2017. Tema do evento, a biotecnologia industrial utiliza microrganismos e enzimas em processos industriais e está diretamente relacionada à sustentabilidade. Para Silva, investir nesse segmento é uma oportunidade para o desenvolvimento do Brasil. Estudos da ABBI apontam que o setor poderia injetar na economia brasileira aproximadamente US$ 53 milhões, com a produção maior de biocombustíveis, além de novos bioquímicos e bioprodutos. O País tem um ambiente favorável à expansão do uso da biotecnologia nas indústrias. Para começar, condições privilegiadas para geração de matéria-prima: clima adequado, maior biodiversidade do planeta, agricultura forte e disponibilidade de terras. A biotecnologia já está presente, especialmente no consolidado segmento de biocombustíveis. Só na produção de etanol, há 400 usinas engajadas. “Além disso, o Brasil está na vanguarda da produção de biodiesel, biometano, produtos que também podem ser oriundos da biotecnologia”, lembra Silva. Outras indústrias, com a de papel e celulose, ração animal e a indústria química já estão se tornando referência na área. “Entre os segmentos industriais com grande
potencial para acrescentar a biotecnologia em seus processos produtivos estão a indústria têxtil, a indústria de mineração, as empresas de alimentos e cosméticos, bem como o desenvolvimento de novos biocombustíveis para uso em aviões e veículos de grande porte”, analisa. A biotecnologia industrial é um dos quatro eixos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) da unidade da Embrapa, que aposta no aproveitamento integral da biomassa que sai do campo e tem a bioeconomia como mote de seu trabalho. Por isso, a carteira de projetos e a vitrine de tecnologias da instituição apresentam ações não só para a produção de biocombustíveis, mas também para a cadeia de nutrição animal, agroquímicos, produtos químicos de origem renovável e biomateriais.
Aproveitar mais nutrientes das rações Como a biotecnologia pode ajudar animais a aproveitarem cada vez mais nutrientes dos alimentos que consomem? Essa pergunta estará no foco das discussões de uma das mesas-redondas do EnPI 2017. A adição de enzimas às rações é uma das respostas da biotecnologia para a demanda por eficiência na nutrição animal. Nas granjas de suínos, galinhas poedeiras e frangos, por exemplo, a adição aos alimentos de enzimas do tipo fitase começou há mais de 20 anos. “As fitases foram as primeiras enzimas utilizadas comercialmente. Quando na condição ideal de temperatura e pH, normalmente encontradas nos estômagos dos animais, elas atuam na quebra do fitato e liberam uma série de moléculas de
Foto: Lucas Cardoso
Rações com enzimas permitiram aumentar o rendimento e melhoras a saúde dos animais
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fósforo e, em menores quantidades, cálcio, manganês, magnésio, zinco, cobre e alguns aminoácidos”, lembra o pesquisador da Embrapa Suínos e Aves Everton Krabbe. Na mesa-redonda sobre nutrição animal do EnPI 2017, Krabbe falará sobre ganhos de desempenho com o uso de enzimas em suínos e aves e os temas em que a pesquisa está investindo nessa área. Ele adianta que os cientistas estão buscando novas enzimas para resolver dificuldades de absorção de nutrientes que, até pouco tempo, eram problemas pequenos. Contudo, atualmente, níveis de eficiência alimentar extremamente elevados foram alcançados, com soluções como o aproveitamento do fosforo fítico. Com isso, outros compostos passaram a ser considerados para aumentar o rendimento dos rebanhos. Exemplos são o melhor aproveitamento de fontes proteicas, assim como a degradação de compostos anti-nutricionais presentes nas dietas animais e que “podem perfeitamente ser solucionados por meio de recursos oriundo da biotecnologia”. O aprimoramento das enzimas já disponíveis no mercado é outro campo de atuação da pesquisa, especialmente para adequação a processos de produção de rações sob altas temperaturas, como a peletização e a extrusão. “Estão surgindo novas gerações das mesmas enzimas, que são mais eficientes, capazes de liberar uma quantidade maior de nutrientes”, conta Krabbe. A aplicação da biotecnologia na nutrição animal não só aumentou o rendimento e melhorou a saúde dos animais,
como reduziu o impacto ambiental dos excrementos eliminados, que agora contêm menor volume de compostos poluentes. Na mesa-redonda sobre esse tema, no EnPI 2017, os palestrantes mostrarão também novidades nas rações de bovinos e pets. Além de Krabbe, participarão representantes das empresas DSM e Biorigin/Zilor e da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP. Para o pesquisador da Embrapa Agroenergia Félix Siqueira, que vai moderar o debate, o tema é fundamental para a produção animal, uma vez que a alimentação responde por cerca de 70% do custo. “Ao utilizar as enzimas, o metabolismo do animal é acelerado, pois a digestão é facilitada. Isso diminui a necessidade de uma suplementação alimentar, diminuindo os custos” avalia. Siqueira credita que encontro será uma oportunidade para observar um panorama do que está em desenvolvimento, além de apontar o surgimento de novos mercados. Rações e enzimas para múltiplas finalidades são produtos importantes na chamada bioeconomia, que é mote dos trabalhos da Embrapa Agroenergia. Por isso, a carteira de projetos e a vitrine de tecnologias da instituição apresentam ações não só para a produção de biocombustíveis, mas também para a cadeia de nutrição animal, agroquímicos, produtos químicos de origem renovável e biomateriais. Mais informações sobre o EnPI 2017 estão no site www. embrapa.br/enpi2017. No mesmo endereço, é possível fazer inscrição até 18/09. As taxas para participação variam de R$20 a R$50, de acordo com a categoria.
25 a 27 de setembro de 2017 Brasília, DF www.embrapa.br/enpi2017 13
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Por aí, por aqui... RENOVABIO A chefia da Embrapa Agroenergia participou, em 28/06, de café da manhã na Câmara dos Deputados que abordou o programa Renovabio. Esteve presente, também, no evento Renovabio e COP-23, realizado em 08/08, no Ministério do Meio Ambiente. O programa deve ser apresentado na 23ª Conferência das Partes (COP 23) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre o Clima, que acontece em novembro, na Alemanha.
COMITIVAS ESTRANGEIRAS Em 14/07, a Unidade recebeu duas comitivas. A primeira era composta por pesquisadores e gestores de institutos de pesquisa da Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai, que estavam desde 11/07 na Embrapa, participando de um seminários sobre inteligência estratégica (https://goo.gl/Vv2PrU). A segunda era uma delegação de Gana em visita ao Brasil, liderada pelo ministro da agricultura do país africano, Owusu Afriyie Akoto.
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Por aí, por aqui... MACAÚBA Em 14/07, a pesquisadora Simone Palma Favaro esteve em Juiz de Fora/MG, onde ministrou palestra sobre macaúba na agricultura familiar e sistemas integrados, em seminário promovido pela prefeitura local, do qual participaram cerca de 30 representantes de municípios, além de técnicos e produtores. Ela também reuniu-se com secretários e o vice-prefeito de Juiz de Fora para tratar da implantação de programa de recuperação de áreas degradadas e inserção do município e adjacências na bioeconomia, tendo como catalisador a cultura da macaúba.
UNIVERSIDADES DO PARANÁ Na semana passada, recebemos 22 alunos dos cursos de Química, Farmácia, Agronomia e Zootecnia de grandes universidades do Paraná: (Universidade Federal do Paraná - UFPR, Universidade Estadual de Maringá - UEM e Universidade Federal de Ponta Grossa - UFPG). Todos são bolsistas do Programa de Educação Tutorial (PET/MEC) e estavam acompanhados de seus tutores, os professores: Débora Baldoqui, Adriana Albiero e Ricardo Vasconcellos, da UEM; Sandra Barreira e Wilson Godoy, da UFPR. O grupo aproveitou a estadia na cidade, para o encontro nacional do programa e veio conhecer a Unidade.
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EXPEDIENTE Esta é a edição nº 74, de 15 de agosto de 2017, do jornal Agroenergético, publicação de responsabilidade do Núcleo de Comunicação Organizacional da Embrapa Agroenergia. Chefe-Geral: Guy de Capdeville. Chefe-Adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento: Bruno dos Santos Alves Figueiredo Brasil. Chefe-Adjunto de Transferência de Tecnologia: Alexandre Alonso Alves. Chefe-Adjunta de Administração: Elizete Floriano. Jornalista Responsável: Daniela Garcia Collares (MTb/114/01 RR). Redação: Daniela Collares e Vivian Chies (MTb 42.643/SP). Projeto gráfico e Diagramação: Maria Goreti Braga dos Santos. Revisão: Guy de Capdeville.
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