Informativo da Embrapa Agroenergia • Edição nº 75 • 08/09/2017
Pesquisa identifica extratos naturais contra nematoides
Cientistas também desenvolveram material sustentável para liberação controlada de agroquímicos Págs. 2 e 3
Agroenergético
PESQUISA IDENTIFICA EXTRATOS NATURAIS CONTRA NEMATOIDES Cientistas também desenvolveram material sustentável para liberação controlada de agroquímicos Por Vivian Chies, jornalista da Embrapa Agroenergia
Foto: Dulce Mazer
utilizados para esse fim, já que os organismos acabam desenvolvendo resistência. No Brasil, esse controle é feito principalmente com defensivos químicos, potencialmente causadores de danos ao meio ambiente e à saúde humana e animal.
Nematicida natural, menor impacto ambiental
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Embrapa dispõe de dois novos ativos tecnológicos voltados ao mercado de defensivos agrícolas: uma formulação natural contra nematoides e outra para liberação controlada de produtos. As duas tecnologias, que estão em fases intermediárias de desenvolvimento, utilizam resíduos das cadeias produtivas de biocombustíveis e de celulose como matérias-primas. A Empresa busca, agora, parceiros para as próximas etapas do desenvolvimento, a serem feitas em conjunto com Embrapa Agroenergia e Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. A primeira tecnologia aproveita o resíduo da extração de óleo de grãos para conseguir extratos capazes de controlar nematoides, especialmente os do gênero Meloidogyne, que ameaçam a produtividade das lavouras no Brasil e no mundo. Estimativas da Sociedade Brasileira de Nematologia apontam que o prejuízo causado por nematoides na agricultura chega a R$ 35 bilhões, quase metade disso só na cultura da soja. A pesquisadora Vera Polez, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, explica que o controle de nematoides é difícil e exige a constante renovação dos produtos
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Os primeiros testes, realizados em laboratório por Polez e pelo pesquisador Thales Lima Rocha, comprovaram que os extratos naturais obtidos pela Embrapa têm efeito nematicida e nematostático. Isso quer dizer que eles são capazes de controlar a população de nematoides ou de paralisá-los de forma a reduzir a infestação e evitar prejuízos à produção. O pesquisador Clenilson Rodrigues, da Embrapa Agroenergia, explica que a primeira vantagem dos extratos obtidos em comparação aos produtos já disponíveis no mercado é o fato de ter origem vegetal e não petroquímica. “Queremos colocar no campo um produto natural e que seja mais específico. Os nematicidas sintéticos normalmente têm amplo espectro e acabam afetando a microbiota de que as espécies vegetais necessitam para se desenvolver. Com isso, acaba-se eliminando outros organismos que poderiam auxiliar o desenvolvimento da lavoura, além de provocar contaminação de solo, lençol freático, etc”, explica. Polez complementa que há uma tendência mundial de utilizar tecnologias verdes, que causam menor impacto ao meio ambiente. “Existem muitas estratégias para isso e uma delas é usar produtos naturais, explorar a biodiversidade”, pontua. Além de trabalhar com o próprio extrato, outra possibilidade é fazer pequenas modificações na estrutura química do princípio ativo, para potencializar a atividade nematicida. “Em busca dessa alternativa, processos de isolamento estão sendo desenvolvidos para se chegar ao princípio ativo, o qual será empregado como molécula precursora para inclusão de grupos funcionais que irão
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conferir maior eficiência e especificidade ao produto, além da estabilidade necessária para ser aplicado em campo”, pontua Clenilson. Nesse sentido, o grupo de trabalho já está em fase avançada de desenvolvimento dos processos envolvidos na separação dos compostos ativos.
Lignina para liberação controlada de produtos A segunda tecnologia para o mercado de agroquímicos aproveita um resíduo muito abundante no Brasil: a lignina kraft, gerada na indústria de papel e celulose. Com esse material, os pesquisadores conseguiram microencapsular um composto para manejo integrado de pragas, de forma que ele passasse a ser liberado lentamente no campo. A vantagem dessa tecnologia em relação às já disponíveis no mercado para liberação controlada de produtos é o uso de uma matéria-prima abundante, residual e, portanto, de baixo custo. O pesquisador Silvio Vaz Júnior, da Embrapa Agroenergia, destaca também que a equipe desenvolveu um processo simples, para facilitar a produção industrial. “O que nós estamos fazendo é propor a lignina como matriz para liberação lenta de produtos no campo. É um resíduo que tem um valor baixo de mercado e possui boas propriedades para microencapsulamento e nanoencapsulamento, por exemplo, a facilidade de interação com moléculas semioquímicas”, afirma Vaz. Semioquímicos são substâncias produzidas por seres vivos e utilizadas por eles para comunicação, a exemplo dos feromônios. Nos ensaios com a tecnologia, a Embrapa utilizou uma substância dessa classe, o cis-jasmone. A pesquisadora Maria Carolina Blassioli Moraes, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, conta que, embora ainda não seja usado comercialmente, esse composto já é sabidamente capaz de atrair inimigos naturais dos insetos que prejudicam a lavoura, controlando a população sem utilizar produtos tóxicos. Nos testes em laboratório, os pesquisadores mediram a quantidade de cis-jasmone liberada diariamente durante 30 dias e verificaram que o microencapsulamento com a lignina conseguiu manter a liberação do produto estável, como se esperava. Também foram realizados testes no campo, espalhando armadilhas com o cis-jasmone microencapsulado em uma lavoura de algodão. Nesse experimento, verificou-se que efetivamente os inimigos naturais desejados foram atraídos para a área. Além da Embrapa Agroenergia e Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, esse trabalho contou com a colaboração
da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e com recursos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). De acordo com Moraes, a agricultura precisa de novas tecnologias para a liberação controlada de produtos voltadas ao manejo integrado de pragas. Atualmente, os materiais mais utilizados para essa finalidade são feitos Espalhada pelo campo, formulação de borracha e funcionam bem, mas têm limitações. a base de lignina libera produto lentamente A principal dificuldade é conseguir liberar diferentes moléculas nas mesmas proporções e com a mesma eficiência com que os seres vivos fazem naturalmente. O mercado de semioquímicos está em expansão. Em âmbito mundial, estimativas apontam que o uso de feromônios tenha atingido valor de mercado superior a 300 milhões de dólares em 2013. No Brasil, não há dados disponíveis, mas o crescimento do número de empresas trabalhando com semioquímicos indica aumento do consumo pelos agricultores.
Vitrine de tecnologias Tanto o nematicida natural quanto a formulação para liberação controlada a partir de lignina kraft estão na Vitrine de Tecnologia da Embrapa Agroenergia e integram o eixo de “Química de renováveis” das pesquisas da Unidade. O chefe-geral Guy de Capdeville lembra que a Unidade atua além da agroenergia, desenvolvendo soluções para a conversão eficiente e sustentável de biomassa em biocombustíveis, produtos químicos de origem renovável e biomateriais. Assim, com a Química Renovável, também são eixos da pesquisa e desenvolvimento: biomassa para fins industriais, biotecnologia industrial e materiais renováveis. Para receber o material completo da Vitrine de Tecnologias, entre na página da vitrine. Empresas interessadas nessas tecnologias podem entrar em contato pelo telefone (61) 3448-1581.
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PAÍS TERÁ DE INVESTIR EM NOVOS BIOCOMBUSTÍVEIS PARA CUMPRIR ACORDO DE PARIS Por Vivian Chies, jornalista da Embrapa Agroenergia
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Brasil vai precisar de mais do que biodiesel e etanol para ter 18% da matriz energética baseada em biocombustíveis até 2030, como se comprometeu no Acordo de Paris. Análises feitas pela Embrapa Agroenergia apontam que, no cenário otimista mais factível, esses dois produtos poderiam responder por, no máximo, 12,3% do total de energia de que o País necessitaria daqui a 13 anos.
Foto: Joseani Antunes
O pesquisador Bruno Galvêas Laviola, da Embrapa Agroenergia, explica que o texto da contribuição estabelecida pelo Brasil (iNDC) não deixa claro se está incluída na meta a bioeletricidade – gerada com a queima do bagaço de cana, por exemplo. No entanto, se for incluída, não haverá ganhos que contribuam para reduzir a emissão de gases de efeito estufa do
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País em 43%, como se comprometeu o governo. Isso porque, atualmente, a bioenergia como um todo já responde por muito mais do que 18% da matriz energética nacional. O desafio seria chegar a esse índice com os combustíveis veiculares e outros como biogás. “É uma meta audaciosa, se considerados apenas os atuais biocombustíveis”, avalia. Considerando as estimativas do setor para o crescimento da oferta de etanol, o combustível mais consolidado no País, a equipe calculou quanto precisaria aumentar a produção e uso de biodiesel para atender a meta. Em um primeiro cenário, com o etanol crescendo 5,1% ao ano, a quantidade de biodiesel adicionada ao diesel teria que subir para 69%, o que exigiria a instalação de mais 395 usinas - atualmente,
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a mistura é de 9% e há 43 usinas no Brasil. Mesmo que a taxa de crescimento do etanol fosse o dobro, ainda seria necessário chegar a 48% de biodiesel no diesel e construir 267 novas indústrias para que os dois biocombustíveis, juntos, respondessem por 18% da matriz energética nacional. Além do alto investimento, a indisponibilidade de matérias-primas e necessidade de adaptação de motores inviabilizam tal elevação na mistura de biodiesel ao diesel. Matéria-prima é, certamente, um gargalo importante. Desde o início do programa de biodiesel no Brasil, o óleo de soja responde por algo entre 70% e 80% do total de matérias-primas utilizadas pela indústria, já que é a única oleaginosa com escala de produção suficiente para atender um setor que necessita de grandes volumes de insumos. O cenário de crescimento mais factível para o biodiesel é chegar a uma mistura de 15% em 2030, o que exigiria o óleo de 35% da safra de soja brasileira. Mas também carrega um desafio grande. Hoje, apenas 41% da produção do grão é esmagada no País, sendo 15% do óleo obtido destinado às usinas de biodiesel. Os outros 59% são exportados in natura e constituem um dos principais itens da pauta de exportações brasileiras que equilibra a balança comercial. “O aumento do esmagamento de soja no país para biodiesel teria
impacto direto no comercio internacional do grão”, pontua Laviola. Chegando à mistura de 15%, o biodiesel poderia responder por 3,7% da matriz energética brasileira. Mesmo que o etanol crescesse o dobro do esperado, ainda faltaria 5,7% para os dois combustíveis atenderem sozinhos a meta definida. Aumentar a mistura de biodiesel para 20% exigiria, contudo, consumir o óleo de quase 50% da soja colhida no País em 2030, o que dificilmente seria viável. “No caso do biodiesel, se não houver diversificação de matérias-primas, com escala de produção, será complicado aumentar a mistura em patamares superiores a 15%”, alerta. Um novo combustível verde que poderia ajudar o País a cumprir o compromisso firmado em Paris é o bioquerosene para aviões. O setor aéreo internacional tem metas para reduzir a emissão de gases de efeito estufa e, no Brasil, há iniciativas para promover o abastecimento com derivados de biomassa, a exemplo da plataforma mineira e da plataforma pernambucana. O biogás é outro combustível com bastante potencial, principalmente porque aproveita resíduos – de 2015 para 2016 cresceu 46,2%. O estudo completo está disponível no site da Embrapa Agroenergia. Clique aqui para acessar.
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Foto: Daniela Collares
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Estudos foram desenvolvidos nos laboratórios do centro de pesquisa, em Brasília
EMBRAPA AGROENERGIA EXPÕE TRABALHOS EM ENCONTRO ABERTO AO PÚBLICO Por Vivian Chies, jornalista da Embrapa Agroenergia
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ais de 20 pesquisas em desenvolvimento nos laboratórios da Embrapa Agroenergia serão expostas no IV Encontro de Pesquisa e Inovação (EnPI 2017) que acontece de 25 a 27 de setembro, em Brasília/DF, com apoio da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP/DF). Além da apresentação de trabalhos, o evento conta com um Simpósio sobre Biotecnologia Industrial, que tratará principalmente da produção de insumos biotecnológicos destinados às áreas de cosméticos e de nutrição animal. Os temas dos trabalhos são alinhados às linhas de pesquisa da instituição, que incluem não só biocombustíveis,
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mas a geração de tecnologias para obter vários produtos de origem renovável da biomassa que sai do campo. Por isso, as pesquisas em exibição tratam de uma ampla gama de temas na área de Agroenergia, Biotecnologia, Química e Tecnologia de Biomassa, tais como enzimas e microrganismos para produção de biodiesel e produtos químicos, reforma de biogás, diesel verde, microalgas, aproveitamento de coprodutos da cadeia agroenergética, entre outros assuntos. Os autores são estudantes, da graduação ao pós-doutorado, que atuam nos projetos da Embrapa Agroenergia como colaboradores. Para a pesquisadora Simone
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Mendonça, coordenadora do evento, eles agregam novas experiências e pontos de vista para a instituição. “A diversidade traz ganhos para a inovação”, opina. A apresentação dos trabalhos no evento dá oportunidade a esses cientistas em formação para exercitarem a divulgação científica. Ao mesmo tempo, é um espaço para o público externo ter contato com as pesquisas. “É uma oportunidade para conhecer os nossos trabalhos e a nossa interação com outras instituições de ciência e tecnologia”.
A relação completa dos trabalhos que serão apresentados no EnPI2017 está disponível no site do evento (www.embrapa.br/enpi2017). No mesmo endereço, está divulgada a programação do Simpósio, que contará com painéis reunindo especialistas de institutos de pesquisa e de empresas. As inscrições estão abertas até 18/09 e as taxas variam de R$ 20 a R$ 50.
Data: 25 a 27 de setembro de 2017 Local: Embrapa – Brasília – DF
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Foto: Helcio Nagamine/Fiesp
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EMBRAPA AGROENERGIA PARTICIPA DE SEMINÁRIO SOBRE INOVAÇÃO INDUSTRIAL NA FIESP Por Vivian Chies, jornalista da Embrapa Agroenergia, com a colaboração de Bruno Ramos, estagiário.
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omo ser parceiro da Embrapa em projeto de inovação utilizando recursos da Embrapii? Para responder a essa pergunta, o pesquisador da Embrapa Agroenergia Félix Siqueira participou do atendimento a empresários no seminário “Ferramentas de apoio para inovar nas indústrias”, realizado em 22/08, na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na capital paulista. A Embrapa Agroenergia é credenciada como unidade Embrapii para desenvolver, juntamente com indústrias, tecnologias inovadoras na área de bioquímica de renováveis. A unidade da Embrapa tem ampliado sua atuação para além dos biocombustíveis, visando prover
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tecnologias a uma ampla cadeia que use a biomassa como matéria-prima para diversos produtos, permitindo a migração do País para uma economia menos dependente de petróleo. Por isso, trabalha em quatro eixos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I): biomassa para fins industriais, biotecnologia industrial, química de renováveis e materiais renováveis. Projetos firmados com a Embrapa Agroenergia via Unidade Embrapii contam com 1/3 dos recursos necessários para as pesquisas aportados pela Embrapii. A indústria parceira precisa aportar apenas mais 1/3 e o restante é a contrapartida da Embrapa, na forma de pessoal e infraestrutura. Pequenas empresas e microempreendedores
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O evento de 22/08, em São Paulo, contou com dois painéis. O primeiro abriu espaço para apresentações de grandes instituições de fomento no Brasil: Embrapii, Sebrae, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Agência de Desenvolvimento Paulista (Desenvolve SP) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). A moderação foi feita pela própria Fiesp e a Confederação Nacional da Indústria (CNI). O segundo painel foi dedicado a pequenas e médias empresas e contou com apresentações de representantes de diversas unidades Embrapii. Para a pesquisadora Patrícia Verardi Abdelnur, coordenadora da unidade Embrapii da Embrapa Agroenergia, eventos como esse favorecem o dialogo e possíveis parcerias. “Nesse ambiente, você consegue reunir os empresários e as equipes das unidades para identificar demandas e possíveis parcerias”, avalia.
Durante o atendimento no seminário, Siqueira recebeu empresas de diferentes áreas, como a têxtil e a farmoquímica, interessadas na inovação baseada em biotecnologia. Para o pesquisador, as parcerias via Embrapii são vantajosas. “Em vez de partir sozinha para a Pesquisa e Desenvolvimento, a indústria divide os riscos com a Embrapii e uma instituição com experiência na área“. O chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Agroenergia, Alexandre Alonso, acrescenta que “o modelo, além de dividir custos e ricos, é também ágil, pois funciona em fluxo contínuo e depende apenas de aprovação pelas partes interessadas, isto é, Unidade Embrapii e empresa parceira”. No seminário, foi assinado um convênio de cooperação entre a Fiesp e Embrapii que permitirá a pequenas e médias indústrias paulistas obter recursos para investimento em inovação a custo reduzido e, principalmente, com burocracia praticamente zero. Saiba mais: http:// www.fiesp.com.br/noticias/fiesp-e-embrapii-assinamconvenio-para-promover-a-inovacao/.
Ilustração: www.gestiona.com.br/seminario-e-ferramentas-de-apoio-para-inovar-nas-industrias/
ainda podem contar com o apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) para custear até 80% do montante que lhe caberia.
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INSTITUIÇÕES DEBATEM VERTICALIZAÇÃO DA AGROINDÚSTRIA EM SORRISO Sorriso no MT é uma das cidades que será referência para projeto de pesquisa sobre biomassas para bioeconomia da Embrapa Por Daniela Collares, jornalista da Embrapa Agroenergia, com a colaboração de Victor Jardim, estagiário.
Foto: Arquivo pessoal
Guy de Capdeville, chefe-geral da Embrapa Agroenergia, um dos painelistas do talk show falou sobre o fortalecimento da parceria com a ABDI e da execução de um projeto sobre biomassa para bioeconomia nessa Região de Sorriso. “Aproveitamos o evento para conhecer os parceiros locais e os gargalos tecnológicos regionais”, desta Capdeville.
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om foco no fortalecimento do setor agroindustrial da região, verticalização da produção e agregação de valor das cadeias agroindustriais foi instalado núcleo de produtividade e inovação em evento que aconteceu em Sorriso no Mato Grosso, uma das maiores cidades produtoras de soja do mundo. O evento aconteceu em 31/08, no Centro de Eventos Ari José Riedi com assinatura do Termo de Cooperação Técnica e um talk show com o tema “A importância da verticalização na agroindústria brasileira”. O evento é realizado pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), órgão ligado ao Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), a Fundação para o Desenvolvimento Agro Ambiental, Científico e Tecnológico de Sorriso (Fundação Sorriso) e o Sindicato Rural, com a participação de instituições como a Embrapa Agroenergia.
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Além de Capdeville, o debate contou com a participação do professor da Universidade Federal de Viçosa, Ronaldo Perez, que mediou o painel junto da coordenadora-geral de recursos naturais e agroindústria do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), Rita Milagres, e do diretor do Agrihub, Heygler de Paula. Durante o evento, a ABDI, a Prefeitura de Sorriso, a Sociedade Rural e a Fundação Sorriso assinaram o termo de cooperação técnica para a instalação do núcleo da Rede Nacional de Produtividade e Inovação (Renapi). De acordo com a ABDI, a Rede visa apoiar municípios, estados e aglomerações produtivas em ações voltadas ao desenvolvimento industrial com implantação de projetos de pesquisa. O município de Sorriso, no Mato Grosso, foi escolhido para sediar o terceiro núcleo de produtividade e inovação da ABDI, órgão ligado ao MDIC, sendo o primeiro em Recife/PE e o segundo em Cacoal/RO.
Visitas técnicas Os participantes também participaram de visitas técnicas às unidades industriais da Caramuru Alimentos e Nutribrás, para conhecerem as fazendas, instalações e de todo o sistema de produção.
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Soja é uma das principais biomassas brasileiras e Sorriso se destaca entre os municípios produtores Foto: Paulo Lanzetta
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ALUNOS DA ESCOLA DE COMANDO E ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO (ECEME) VISITAM A EMBRAPA PELA 2ª VEZ Grupo conheceu pesquisas na área de conservação de recursos genéticos, biodiesel, biotecnologia animal, microalgas e produção de bioinseticidas Por Irene Santana, jornalista da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia
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elo segundo ano consecutivo, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa foi uma das instituições escolhidas pelo Exército Brasileiro para compor a Viagem de Estudos Estratégicos dos Cursos de Altos Estudos Militares da Escola de Comando e Estado-maior do Exército – ECEME. Situada no Rio de Janeiro – RJ, a ECEME tem a missão de preparar oficiais superiores para o exercício de funções de Estado-Maior, comando, chefia, direção e de assessoramento. Em 16/08, um grupo de 30 alunos visitou o campus da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, localizado em Brasília – DF.
Foto: Claudio Bezerra
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Os chefes-gerais da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, José Manuel Cabral, e da Embrapa Agroenergia, Guy de Capdeville, apresentaram um resumo dos principais avanços nas pesquisas com recursos genéticos, biotecnologia e agroenergia desenvolvidos pela instituição. Cabral destacou que ambas as instituições, Embrapa e Exército, têm funções importantes dentro do Estado, sendo a do Exército a segurança do Estado, e da Embrapa a segurança alimentar. “Essa convergência de missões faz com que esse contato entre as instituições seja muito importante, e inclusive deveriam ser mais frequentes”, afirmou.
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Foto: Claudio Bezerra
Para o Chefe-geral da Embrapa Agroenergia, Guy de Capdeville, os militares tem inúmeros desafios científicos que precisam ser resolvidos para as diversas ações que executam em fronteiras, para os quais a Embrapa pode contribuir enormemente. “Na região de fronteiras eles precisam muito produzir energia e alimentos, há também problemas com pragas e mosquitos vetores de doenças, e todos esses assuntos são questões para as quais a Embrapa pode ajudar a desenvolver soluções específicas”, disse Capdeville.
Visita foi dividida em cinco estações de pesquisa O grupo de militares percorreu cinco estações de pesquisa preparadas especialmente para a visita: Biodiesel e aproveitamento de resíduos e coprodutos e Microalgas (da Embrapa Agroenergia); e Biotecnologia na reprodução animal, Bioinseticidas para o controle do mosquito Aedes aegypti e Banco Genético da Embrapa (da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia). Na estação Biodiesel e aproveitamento de resíduos e coprodutos, a química Itânia Soares mostrou a diversidade de matérias-primas que podem ser utilizadas na fabricação de biocombustível. “A Embrapa têm trabalhado na domesticação e desenvolvimento de culturas como pinhão-manso e macaúba e do aproveitamento do óleo e resíduos da palma de óleo (dendê). Além desses estudos a Embrapa desenvolve projeto na área de qualidade de biodiesel em parceria com outros centros de pesquisa e com a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocomustíveis (ANP)”, explicou a pesquisadora.
Foto: Claudio Bezerra
Na estação Microalgas, a pesquisadora Letícia Jungmann mostrou diferentes tipos de alga capazes de produzir grandes volumes de biomassa, matéria-prima com grande potencial de ser escolhida para a produção da terceira geração de biocombustíveis. “Além de biocombustível, as microalgas podem ser usadas na alimentação humana e animal”, ressaltou Letícia. O grupo de militares também conheceu parte das pesquisas realizada na área de biotecnologia na reprodução animal. O pesquisador Maurício Machaim fez um breve resumo das pesquisas na área de produção in vitro de embriões, clonagem e transgenia, e epigenética, que são as variações não-genéticas adquiridas durante a vida pelos organismos. “A biotecnologia animal contribui significativamente para acelerar o melhoramento animal de nossos rebanhos e consequentemente a produção e a produtividade sustentável das respectivas cadeias produtivas”, explicou o pesquisador. Na estação de Bioinseticidas, a pesquisadora Bárbara Eckstein apresentou os produtos desenvolvidos pela Embrapa para combater o Aedes aegypti e outras pragas que atacam a agricultura brasileira, como a lagarta do cartucho do milho (Spodoptera frugiperda) e a lagarta da soja (Anticarsia gemmatalis). “A Embrapa investe em pesquisas para desenvolver inseticidas biológicos capazes de combater os insetos-alvo, sem fazer mal à saúde humana, de animais e ao meio ambiente”, explicou. Por último, o grupo conheceu o Banco Genético da Embrapa, pioneiro no Brasil por reunir em um só espaço
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pesquisas de conservação e uso sustentável de recursos genéticos de plantas, animais e microrganismos. No local, o pesquisador Juliano Pádua falou da conservação de material vegetal em câmaras frias, em condições in vitro e criogênicas, e o pesquisador Alexandre Floriani explicou os métodos de conservação de recursos genéticos animais (sêmen, DNA e embriões).
Foto: Daniela Collares
“O Banco Genético da Embrapa abriga a sexta maior coleção de sementes do mundo. Aqui poderemos guardar até 750 mil amostras e preservá-las por centenas de anos para as gerações futuras”, disse Juliano.
Exército demonstrou interesse em pesquisas para produzir bioenergia
Foto: Daniela Collares
O Cel. Paulo Filho, que representou na visita o comandante da ECEME, General-de-brigada Richard Fernandez Nunes, explicou que a viagem dos alunos do 2º ano inclui a visita a instituições dos “quatro grupos do poder”, que são o grupo político, social, econômico e científico-tecnológico, com o objetivo de oferecer aos oficiais uma visão geral e global do Estado. “A Embrapa, como instituição de ponta no desenvolvimento científico-tecnológico do País, não poderia ficar de fora da visita. Acreditamos que poderemos fechar parcerias no campo do desenvolvimento de bioenergia, especialmente para as unidades de fronteira, que são unidades isoladas que necessitam produzir suas próprias fontes de energia. Essa é uma visão óbvia e clara de parceria que poder ser feita entre o Exército e a Embrapa”, afirmou. O Tenente-coronel Freire, aluno da ECEME, afirmou que enxerga na Embrapa uma estatal que trabalha incansavelmente e diuturnamente na busca de ideais muito parecidos com os do Exército. “Se eu pudesse sintetizar os sentimentos dos colegas que aqui estão eu diria que são admiração, respeito e orgulho de uma empresa que, assim como nós militares, quer ver um Brasil pujante, desenvolvido e com lugar de destaque dentro do cenário internacional”.
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Foto: Claudio Bezerra
Foto: Daniela Collares
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MACAÚBA É SABOR Os óleos e os coprodutos da macaúba são matérias-primas para uma série de produtos, entre eles biocombustíveis e cosméticos. Mas tanto a polpa quanto a amêndoa (ou a torta dela) são também ingredientes tradicionais da culinária brasileira, repletos de nutriente. Nesses dois vídeos produzidos para o quadro “Na mesa”, do programa Dia de Campo na TV, a pesquisadora Simone Palma Favaro mostra como prepara dois pratos com a macaúba.
Bolo de macaúba - https://www.youtube.com/watch?v=4MR-bXm4UWA Cookies de macaúba - https://www.youtube.com/watch?v=i6JDBq7K2KY
Foto: Jesse Starita
Bolo de macaúba
Cookies de macaúba
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Por aí, por aqui... TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA Reuniu-se, em 09/08, a equipe do Arranjo de Proejtos “Transferência de Tecnologia, Intercâmbio e Construção do Conhecimento para o desenvolvimento sustentável da Região Centro-Oeste” – AgroTTiCC, para apresentar a proposta dos integrantes do comitê gestor e discutir a etapa de diagnóstico. Essa ação compreende o levantamento de propostas, projetos e soluções tecnológicas da Embrapa, que se enquadram no escopo do Arranjo.
REUNIÃO COM O BID Recebemos, em 21/08, uma equipe do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que estava em missão na Embrapa. Acompanharam a reunião na Embrapa-Sede e receberam a comitiva na Embrapa Agroenergia, o chefe-geral, Guy de Capdeville, o chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento, Bruno Brasil, e os pesquisadores Hugo Molinari e Letícia Jungmann.
FENASUCRO Hugo participou, em 24/08, do Seminário Agroindustrial da STAB - Fenasucro & Agrocana 2017, em Sertãozinho/ SP - um dos maiores eventos do setor sucroenergético do Brasil Ele apresentou a palestra “Cana-de-açúcar GM para tolerância a estresses abióticos”.
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Por aí, por aqui... ENCONTRO DA FINEP Em 21/08, a analista Marcia Esquiagola participou do Encontro Finep de Inovação – Região Centro-Oeste, na sede do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Na foto, estão empregadas da Embrapa presentes no evento: a analista Maria Clara da Cruz (Recursos Genéticos e Biotecnologia), a analista Marcia Esquiagola (Embrapa Agroenergia), a pesquisadora Petula Nascimento (Assessoria Parlamentar) e Lilian Pohl (Departamento de Transferência de Tecnologia).
BIOQUEROSENE DE AVIAÇÃO Em 29 e 30/09, o chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Agroenergia, Alexandre Alonso Alves, participou “Seminário de Desenvolvimento Sustentável e Descarbonização: Oportunidades de negócios e investimentos na cadeia de valor do Bioquerosene”, em Belo Horizonte/MG. Ele falou sobre oportunidades e desafios para o desenvolvimento de matérias-primas renováveis para a produção de bioquerosene, além de apresentar trabalhos desenvolvidos na área em nossa unidade.
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EXPEDIENTE Esta é a edição nº 74, de 15 de agosto de 2017, do jornal Agroenergético, publicação de responsabilidade do Núcleo de Comunicação Organizacional da Embrapa Agroenergia. Chefe-Geral: Guy de Capdeville. Chefe-Adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento: Bruno dos Santos Alves Figueiredo Brasil. Chefe-Adjunto de Transferência de Tecnologia: Alexandre Alonso Alves. Chefe-Adjunta de Administração: Elizete Floriano. Jornalista Responsável: Daniela Garcia Collares (MTb/114/01 RR). Redação: Daniela Collares e Vivian Chies (MTb 42.643/SP). Projeto gráfico e Diagramação: Maria Goreti Braga dos Santos. Revisão: Guy de Capdeville.
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