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FUNDAÇÃO
Queridos Alunas e Alunos Estimadas Famílias Caros Docentes
É com grande alegria qu e vos entregamos os manuais de Educação Moral e Religiosa Católica, que foram preparados par a lecionar o novo Programa da disciplina, na sua edição de 20 14. O que aqui encontrareis procura aj udar, cada um dos alunos e das alunas que frequ entam a disciplina, a «posicionar-se, pessoalmente , frente ao fenómeno religio so e agir com responsabilidade e coerênc ia», tal como a Conferência Episcopal Portuguesa definiu como grande finalidade da disciplina*. Para tal, realizou-se um extenso trabalho qu e pretend e, de forma pedagogicamente adequada e cientificamente significativa, contribuir com seriedade para a educação integral das crianças e do s joven s do nosso Pai s. Esta tarefa , rea lizada sob a superior orientação da Conferência Episcopal Portuguesa, a responsabilidade da Comissã o Episcopal da Educação Cr istã e Do utrina da Fé e a ded icação permanente do Secretariado Nacional da Educação Cristã, envo lveu uma extensa e motivada equipa de trabalho. Quere mos, pois, agra decer aos autores dos textos e aos artistas que elaboraram a mon tagem dos mesmos, pelo seu entusiasmo permanente e pe la qua lidade do resultado final. Também referimos, com apreço e gratidão, os docentes que experimentaram e comentaram os manuais, ainda durante a sua execução, e o contributo insubstituível dos Secretariados Diocesanos responsáveis pela disciplina na Igreja local. E a todos os docentes de Educaçã o Moral e Religiosa Cató lica , não só entregamos estes indispensáveis instrumentos pedagógicos como aproveitamos esta feliz ocasião para sublinhar a relevância do seu fundamental papel, nas esco las e na formaç ão das suas alunas e dos seus alunos , e testemunhamos o nosso reconhecimento pelo seu exte nso compro misso pastoral na soc iedade portug uesa . Do mesm o mod o, estamos agra dec idos às Famílias, porque desej am o melhor para os seus filho s e filhas e, nesse contexto, escolhem a disciplina de Educação Moral e Religio sa Ca tólica como um impo rtant e contributo para a formação e o desenvolvim ento pleno e feliz dos seus jovens. Os jovens conformam o nosso futu ro comum e o empenho sér io na sua educaçã o é sempre uma gara ntia de uma soc iedade mai s bondo sa, mais bela e mais j usta. Fina lme nte, queridas cr ianças e queridos j ovens, a Igreja quer ir ao vosso enco ntro, estar convosco, ajudar-vos a viver bem e, nesse senti do, colaborar com o esforço de construção de um mundo me lhor a qu e sois chamados, enra izados e firmes (cf. Co i 2, 7) na proposta de vida que Jesus Cristo tem para cada um de vós. É esse o hori zonte de vida, de missão e de futuro, a constru ir convosco, que nos propomos realizar com a disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica. Em nom e da Conferência Episcopal Portu guesa e no nosso próp rio, saudamos todas as alunas e todos os aluno s de Educação Mora l e Religiosa Ca tólica de Portu gal com alegr ia e esperança,
Co missão Episcopa l da Ed ucação Cr istã e Do utrina da Fé Lisboa, 19 de março de 20 15, Solenidade de S. José, Esposo da Virgem Maria e Padro eiro da Igreja Uni versal
*Co nfcrência Episcopa l Portuguesa. (2006), él lllcaçlio Moral e Rt'ligiO.'w Católica - Um valioso contributo parti u/ormaçtio da personalidade, n. 6.
Manual do Aluno Educação Moral e Religiosa Católic a 9. 2 ano do Ensino Básico Coordenação Geral Cristina Sá Carval ho Coordenação de Ciclo Fernando Mo ita Equipa de Autores António Cordeiro Fernando Moita José Luís Dias Margarida Portuga l Revisão Ortográfica Gráfi ca Almondin a Design gráfico e Capa Catarina Roque Imagens Dreamsti me Wikipédia Direção-Geral do Património Cultural/Divisão de Docum ent ação, Comunicaç ão e Informática Tiragem: 2S 000 1.ª edição: abri l 201S ISBN: 978-972 -8690 -90-8 Depósito Legal: 3909S7/ 15 Edição e Propriedade Fundação Secretariado Nacion al da Educação Cristã - Lisboa, 2015 Impressão Gráfica Almo ndina - Torres Novas Aprovação Conferência Episcop al Portu guesa ©Todos os dir eitos reservados para a F5NEC
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Chegaste à meta. final do 3.0 ciclo. Otempo passa. depressa1... AaJ1Sl-eda.de dá. agora. luga.r à coragem de vencer pa.ra. s-eguir pa.ra. o -ensino s-ecundá.rio. Sobes o quão importante 'é saber opta.r pdo ca.minho c-erto. No horizonte mais próximo persas na. éreo, de -esivdos a. s-eguir; no mais distante, projetos uma. vida. de realiza.ção p-essoal. O-esforço -e a. de+ermina.ção são duas a.iiivdes qoe +e ajuda.rão a. olha.r -estes horizontes com -espoera.nça.. R-econhece a. dignida.de huma.na. -e s-erás copcz de valoriza.r a. vida.; Pergunta. por Deus -e descobrirás o s-eu a.mor; Procura. ra.zões de viver -e ousa. a.rrisca.r por um ideal de vida. feliz. QUERO SER'.. vai, com certeza, ajuda.r-+e a. opta.r melhor -e a. s-eguir em frente com coragem. Tv 'és muito mais do qoe a.quilo qv-e vês em ii! Fos+e feito(a.) pa.ra. voa.r alto! V-em daí...
E projeta. viver o +eu fvivro, com os +eus a.migos, colabora.ndo na. consirução de um mundo melhor com as reflexões qoe a. disciplina. de E.H.R.C. +e propõe pa.ra. o '1.0 a.no. Abra.ço a.migo Os a.utores
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OlóJ
Com cerrezn já. ouviste foJar de mim. Sabes qve tenho um carinho -especial pelo teu país, qoe visitei cinco v-ezes. Cho..mo-me Karol Jãz-ef Wojtyto.. -e, quo..ndo fui -eleiiv papo.. em 191'1 -escolhi o nome JOÕD Po.uk> II. No..sci -em Wadowic-e, uma. peqveno.. cidade perto de Cro..cóvio.. (Pc.JIétlio..). en 1920. Ero.. o mais novo de irês fihoS. Aminho.. mã.-e fo..Iec-eu quo..ndo ev tinho.. nov-e anos; os meus irmãos também roorrero..m muito jovens. Fui bo..tizado logo em crio..nço.. -e aos nov-e o..nos fiz o.. primeiro.. comunhão. Aos dezcto rec-ebi o.. confirmo..ção -e mo..iíiculei-me no.. univ-ersido..de de Cro..cóvio.. -e numo.. -escolo.. de teo..iío - umo.. do..s minho..s gro..ndes paixões. Quo..ndo o -exérciiv no..zi ocupou o.. Polónio.. -e fechou o.. univ-ersido..de. em 1939, iiv-e de ir iío..balhar numo.. fá.brico.. de produivs químicos, de modo o.. -evitar o.. deportação paro.. o.. Alemo..nho.. . Por volta. dos vinte -e 'dois o..nos senti voco..ção pom ser padre -e ingressei no seminá.rio - - de Cro..covlo.. .FUIordenado presbítero no io.."1 de nov-embro de 1'lL!I~, já. o.. gverro.. ho..vio.. terminado. Nos o..nos qve se seguiro..m continvei o.. -estvdar -e também fui professor Em 1958 fui ordenado bispo -e po..rticipei nos iío..balhos do Conc~io Vo..tico..no 11 (19~2-19~5). Escolhero..m-me pom apresentar -esta. unido..de letivo.. sobre o.. dignido..de do.. vido.. humo..no.. por ter sido o.. temá.tico.. qoe mais me preocupou -e qve mais me fez refletir. -escrev-er. foJar -e vi~o..r S-empre qve tinho.. oportvnido..de o..Iertavo.. o..s pessoos com qoern me -enconiío..vo.. paro.. o iootimá.v-el valor do.. vido.. humo..no.., o.. riqvezo.. qoe cado.. ser humo..no - único -e irrepenv-el - significo.. porn o ovtro -e paro.. o mundo. Desejo sinc-eramente qve o.. reflexão qve vais fo..z-er ao longo desta. unido..de letivo.. te ~ude o.. reconhec-er o bem -e o.. beíezn de cado.. pesca .
João Paulo II percorreu o mundo revelando o seu amor por toda a humanidade. Fez viagens apostólicas a cento e vinte e nove países. O seu amor aos jovens impulsionou-o a iniciar as Jornadas Mundiais
da Juventude. E a sua atenção para com a família deu origem aos Encontros Mundiais das Famílias. Faleceu no dia 2 de abril de 2005. Desde essa noite até ao dia 8 de abril, momento em que se celebraram as exéquias, deslocaram-se mais de três milhões de peregrinos à basílica de São Pedro para lhe prestar homenagem. Foi canonizado em 27 de abril de 2014.
Dignidade (do latim dignitas -
virtude, hon ra, consideração) é um a
caract erísti ca inerente ao ser humano. A pessoa desenvolve-se num contínuo processo de autorrealização pessoal e social, mas esse facto não altera nem diminui a sua constante dignidade. Pelo simplesfacto de ser humana, a pessoa
goza de valor inestimável e merece todo o respeito. A dignidade da pessoa humana - núcleo essencial dos direitos fundamentais - é o supremo valor ético da civilização moderna .
No início de uma conferência, um famoso orador mostrou uma nota de cinquenta euros, e perguntou: - Quem quer esta nota? Todos os que estavam na assembleia levantaram a mão . O conferencista amarrotou-a e voltou a perguntar, enquanto a exibia: - Quem está ainda interessado nesta nota? E as mãos voltaram a erguer-se. Então, deixou-a cair no chão e pisou-a violentamente. Depois pegou na nota suja e amarrotada e perguntou de novo: - E agora? Ainda há alguém que a queira? E mais uma vez as mãos se levant aram. - Meus amigos - continuou o conferencista - , seja o que for que eu faça com esta nota, a maior parte das pessoas permanecerá interessada nela, porque, apesar do seu aspeto, não perde valor. Limpa ou suja, amarrotada ou não, valerá sempre cinquenta euros. Mas, como podem calcular, não vim aqui para vos falar de questões financeiras. Muitas vezes, na vida pessoal, somos amarrotados, humilhados e conspurcados por decisões que tomamos ou por circunstâncias que não dependem da nossa vontade. Quando tal sucede sentimo-nos profundamente desvalorizados ou mesmo insignificantes. Mas, aconteça o que acontecer, seja qual for a forma como nos sentimos, nunca perderemos o nosso valor nem a nossa dignidade. Quer estejamos sujos ou limpos, diminuídos ou inteiros, perdidos ou norteados, nada nos pode roubar o que verdadeiramente somos. É que o valor das nossas vidas não reside fundamentalmente no que fazemos ou sabemos, reside sobretudo no que somos. E
todos somos especiais, porque únicos e irrepetíveis.
No meio das a.dversida.des da. vida.., não nos -esqveço.mos disto!
Autor desconhecido
Na perspetiva religiosa Deus é a origem da vida. É nele que se encontra a plenitude da existência, em toda a sua perfeição, a qual não conhece início nem terá ocaso. O ser humano é um ser vivente porque recebeu de Deus a vida como um dom inestimável. A vida é, pois, o primeiro dom de Deus. Todo o crente sente que tem para com ele uma enorme dívida de gratidão. Nada fez para merecer existir e, contudo, Deus quis que existisse. Por isso agradece a Deus esta dádiva fundamental. Mas a melh or maneira de a agradecer é cultivá-Ia e respeitá-Ia, como quem 1. Em que consiste a dignidade da vid a humana?
2. Qual o motivo pelo qual se pode afirmar que a vida humana é o valor primordial ?
cuida da maior prenda que alguma vez lhe tenha sido oferecida. É por isso que o respeito pela vida faz parte do Decá logo: «Não matarás». A vida humana é o valor primordial e condição de possibilidade de todos os outros valores. Como poderíamos, por exemplo, exigir que se fizesse justiça a alguém se lhe negásse mos o dire it o de existi r? Se a vida hum ana não estiver assegurada é simplesmente impossível a realização dos outros valores.
A criação de Adão, Migu el Ângelo (1475-1564) [Capela Sistina]
A dignidade da vida human a é um valor partilhado pelas várias civilizações, que, de uma ou de outra forma, a entendem como um dom a respeitar e a preservar. Uma vez que o ser humano é - em variadas situações agredido, negado e violen tado, ficando a vida humana seriamente comprometida,
a humanidade elaborou
códigos que tê m como obj etivo defender expressamente
a vida human a e a sua dignidade.
Juro por Apolo méd ico, por Escu lápio, por Higia, por Panaceia e por todos os deuses e deusas que acato este juramento e que o procurarei cumprir com todas as minhas forças físicas e intelectuais. Mesmo instado, não darei droga mortífera nem a aconselharei; também não dare i pessário abortivo às mulheres. Guardarei castidade e santidade na minha vida e na minha profissão. htt ps://www.ordemdosmedicos.pt/
Hipócrates nasceu no século V a.c., na Grécia. Médico, compreendia a sua atividade
como um serviço à vida. É considerado o «pai da medicina».
Artigo 1.º Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade. Artigo 2.º
Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação. Além disso, não será feita nenhuma distinção fundada no estatuto político, jurídico ou internacional do país ou do território da naturalidade da pessoa. Artigo 3.º
Todo o indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. https://dre.pt/comum/html/legis/dudh.html
A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) fo i procl amada a 10 de dezembro de 1948 com o objetivo de defender a dignidade humana (severame nte hu mil hada na segunda guerra mund ial) e continua a expr im ir o grito humano de lib ertação de t odas as formas de opressão. No hum anismo dos seus arti gos manifest a-se o sonho de uma sociedade ond e t odos possam ser felizes, qualquer qu e seja a sua condição. Esta chama te m iluminado o mundo inteiro, incluindo o processo de construção europeia . Ao expor os dire itos, liberdades e garantias do ser humano, este documento, baseado na noção de dignidade humana, apresenta a vida como um valo r primordial e inviolável. ,
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Artigo 1.º Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária. Artigo 13.º Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei. Artigo 24.º A vida humana é inviolável. Em caso algum haverá pena de morte. http://dre.pt/comum/html/legis/crp.html
A Constituição da Repúb lica Portuguesa, lei fundamental de Portugal (promulgada em abril de 1976), reconhece a dignidade da pessoa, da qual decorrem os outros direitos e afirma a inviolabilidade da vida humana.
Preâmbulo Os povos da Europa, estabelecendo entre si uma união cada vez mais estreita, decidiram partilhar um futuro de paz, assente em valores comuns. Consciente do seu património espiritual e moral, a União baseia-se nos valores indivisíveis e universais da dignidade do ser humano, da liberdade, da igualdade e da solidariedade. Artigo 1.!!
A dignidade do ser humano é inviolável. Deve ser respeitada e protegida. Artigo 2.!!
Todas as pessoastêm direito à vida. Ninguém pode ser condenad o à pena de morte, nem executado . Artigo 3.!!
Todas as pessoas têm direito ao respeito pela sua integridade física e mental. No domínio da medicina e da bio logia, devem ser respeitadas, designadamente: - a proibição das práticas eugénicas, nomeadamente das que têm por finalidade a seleção das pessoas; - a proibição de transformar o corpo humano ou as suas partes, enquanto tais, numa fonte de lucro . Artigo 4.!!
Ninguémpodeser submeti do atortu ra, nem at ratosou penasdesumanos ou degradantes. http ://eur -Iex.europa.eu/pt/treaties/index.htm
A Carta dos Direitos Fundame nta is da União Europeia, formalmente adotada em dezembro de 2000, representa um compromisso político e social onde se afirma que o direito à vida e a dignidade do ser humano fazem parte do património ético dos povos da europa .
3. Qual a finalidade das declarações de direitos humanos?
Todas as religiões exaltam o valor da vida e da dignidade humana apelando ao respeito pela pessoa.
Eu não desejo matar os meus professores, tios, fi lhos, avós, sogros, netos, cunhados e outros parentes. Ó Senhor Krishna, que prazer há em matar os nossos primos? Por matar os nossos semelhantes nós iremos incorrer num crime e, consequenteme nte, num pecado. Portanto, nós não mataremos os nossos primos. Como pode alguém ser feliz depo is de matar os seus parentes, ó Krishna? De qualquer modo, eles estão cegos pela ambição e não veem maldade na destruição da família ou pecado por traírem os seus amigos. Bhagavad-Gita
Tudo o que existe no mundo possui uma alma, não só o ser humano e os animais, como também as plantas, as pedras, as gotas de água, etc. O respeito pela vida é o primeiro e o mais importante mandamento budista. Por essa razão é que, ao andar, deve o monge varrer diante de si para não correr o risco de matar algum animal pequeno. A doutrina budista proclama o respeito absoluto pela vida humana. Mircea Eliade, História das Ideias e Crenças Religiosas
Vós que credes, sede firmes na distribuição da justiça, mesmo contra vós mesmos, vossos pais e vossos parentes, trate-se de ricos ou indigentes. Deus vela sobre todos. Quem matar uma pessoa seja julgado como se houvesse matado toda a humanidade. Todos os crentes são irmãos . Fazei a paz entre os vossos irmãos e temei a Deus. Alcorão 4,135; 5,3 3; 49,10
A vida é sempre um bem. Esta é uma intuição ou até um dado de experiência, cuja razão profunda o homem é chamado a compreender.
Por que motivo a vida é um bem? Esta pergunta percorre a Bíblia inteira, encontrando já nas primeiras páginas uma resposta eficaz e admirável. A vida que Deus dá ao homem é diversa e original, se comparada com a de qualquer outra criatura viva, dado que ele, apesar de emparentado com o pó da terra, é, no mundo, manifestação de Deus, sinal da sua presença, vestígio da sua glória. Isto mesmo quis sublinhar Santo Ireneu de Lião, com a célebre definição: «A glória de Deus é o homem vivo». Ao homem foi dada uma dignidade sublime, que tem as suas raízes na ligação íntima que o une ao seu Criador: no homem, brilha um reflexo da própria realidade de Deus. «Que é o homem para Vos lembrardes dele, o filho do homem para dele cuidardes?» - interroga-se o salmista (Sal 8,5). Diante da imensidão do universo, coisa bem pequena é o homem; mas é precisamente este contraste que faz sobressair a sua grandeza: «Pouco lhe falta para que seja um ser divino; de glória e de honra o coroastes» (Sal 8,6). A glória de Deus resplandece no rosto do homem. Nele, o Criador encontra o seu repouso, como comenta, maravilhado e comovido, Santo Ambrósio: «Terminou o sexto dia, ficando concluída a criação do mundo com a formação daquela obra-prima, o homem, que exerce o domínio sobre todos os seres vivos e é como que o ápice do universo e a suprema beleza de todo o ser criado. Verdadeirament e deveremos manter um silêncio reverente, já que o Senhor Se repousou de toda a obra do mundo. Repousou-Se no íntimo do homem, repousou-Se na sua mente e no seu pensamento; de facto, tinha criado o homem dotado de razão, capaz de O imitar, desejoso das graças celestes» . João Paulo II, Evangelium
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vitae, 34-35
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preceitos de 5udo.
Hondo.rnento do Amor (J-esus)
1 1 Decó.logo
4. Por que é que a vida é sempre um bem?
1
1 1
Juro.rnento de 5hago.vo.d-Gito.. HipÓCro.+es
co.rto- dos Direitos.", Fundo.rnentrus .do. UnlO.D Europelo.
1
ConstihJiÇÕD do. R-epOblico. Portvgu-eso.
Age de tal modo qoe tro.+es o. humanidade, tanto no. hJo. pesson como no. do outro, s-empre -e ao mesmo tempo, como um fim -e nunco. simplesmente como um meio. Immanvel Kant (172'-I-180 LI)
que a dignidade da pessoa humana é um valor inalienável, mas que precisa de ser cuidado.
A vid a hum ana é o valor primord ial, pelo que t oda a ação política, económica e pessoal deve t er como parâmetro orientador e balizador o princípio da dignidade da pessoa humana. Apesar de ser o valor primeiro, a vida pode não ser um valor supremo. Sempre se considerou uma característica de hero ísmo ou de santidade dar a vida para ajudar os seme lhantes (valor ético) ou para defender as próprias crenças (valor religioso). Ainda que não seja um bem absoluto, por ser humana, a vida merece e exige o devido respeito , porq ue cada pessoa transporta cons igo a dign idade da sua pertença à condição humana . Cada humano "é presença de Deus".
A revelação bíblica mostra-nos a existência humana como resultado da bondade divina, isto é, como um dom que suscita em nós gratidão e não nos dispensa da responsabilidade de cuidar dele. Para o crente, a vida não está à inteira disposição de quem quer que seja, não é arbitrariamente disponível, mas tem de ser respeitada como a condição básica de realização pessoal. Avida humana é prévia a qualquer projeto pessoal, por issoninguém é senhor absoluto da sua própria vida e muito menos senhor da vida dos outros. A convicção de que só Deusé o Senhor da vida não retira ao ser humano a sua responsabilidade de procurar as melhores opções para cuidar da vida que tem diante de si. Cada pessoa deve ser respeitada como sujeito da sua própria existência e nunca simplesmente como objeto do qual se possa dispor arbitrariamente. (...) A obrigação moral de garantir à vida humana uma especial proteção está testemunhada em preceitos primordiais da humanidade, com expressões diversas em todas as culturas, e codificada no mandamento bíblico do Decálogo: «Não matarás» (Dt 5,17). Noto Pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa, 2009
S. Por que é que a vida hum ana é um valor primord ial mas não absoluto?
Ao longo da história, encontramos vários testemunhos de pessoas que, com toda a dignidade, foram capazes de entregar a sua própria vida em prol dos outros. Giana Beretta Molla e Martin Luther King são dois exemplos de entrega da própria vida em benefício da vida de outrem.
Gianna Beretta Molla (1922 -1962L médica italiana, casada e mãe de quatro filhos, foi proclamada santa pela Igreja católica. Fruto do seu matrimónio com Pietro Molla nasceram quatro crianças: Pierluigi, Mariolina, Laura e Gianna Emanuela. Na última gestação, aos 39 anos, descobriu que tinha um fibroma no útero. Foram-lhe apresentadas três opções: reti rar o útero doente, o que ocasionaria a morte da criança; abortar o feto; ou, a mais arriscada, submeter-se a uma cirurgia de risco e preservar a gravidez. Não hesitou! Disse: «Salvem a criança, pois tem o direito de viver e ser feliz l» Submeteu-se à cirurgia. Alguns dias antes do parto, sempre com grande confiança em Deus, disponibilizou-se para sacrificar a sua vida se essa fosse a condição para salvar a do filho: «Setiverem de decidir entre mim e o meu filho, nenhuma hesitação: exijo que escolham a criança. Salvem-na». Deu entrada, para o parto, na sexta-feira santa de 1962. No dia seguinte, 21 de abril, nasceu Gianna Emanuela. Gianna Beretta morreu uma semana depois. Foi beatificada em 1994, Ano Internacional da Família, e canonizada no dia 16 de maio de 2004, recebendo do papa João Paulo II o sugestivo título de «Mãe de Família». Adaptado de http://www.vatícan.va/
Martin Luther King (1929-1968) foi um pastor batista e um import ant e ativista po lítico norte-americano. Lutou em defesa dos direitos sociais para os negros e as mu lheres, combatendo o preco nceito e o racismo. Defendia a lut a pacífica, baseada no amor ao próxim o, como forma de constru ir um mundo me lhor, fundamentado na igualdad e de dire itos socia is e económ icos. Em 1955 foi um dos lídere s ao boico te às emp resas de t ransport es, qu e levou a Suprema Corte Americana a pô r fi m à discrimi nação que havia contra os negros nos transportes públicos. Na década de 1960 Luth er King liderou várias manifestações pacíficas defendendo os direitos do s negros. Em 1964 recebe u o Prémio Nobel da Paz por combate r pacificamente o preconceito racial nos Estados Unidos . Em 1968 organizou a Cam panha dos Pobres, apelando à justiça social e económica. Com a sua atuação social e política, Luther King despe rtou muito ódio naqueles que defendiam a segregação racial. Durante quase toda a sua vida adul ta foi constantemente ameaçado de morte por estas pessoas e grupos. Na manhã de 4 de abril de 1968, antes de uma marcha, Martin Luther King foi assassinado no quarto de um hotel na cidade de Memphis. A sua atuação foi fundamental nas mudanças que ocorreram nas leis dos Estados Unidos da América nas décadas de 1950 e 1960. As leis segregacionistas foram caindo dando espaço a uma legislação mais justa e igualitária. Adaptado de Christy Whitman, O jovem Martin Luther King
6. Dar a própria vida por uma causa ou um projeto será estup idez ou uma atitude aliciante e radical? Justifica a resposta.
o qve mais preocupa. nÕD 'é o grifv dos corrvptos dos vioknfvs. dos desorresfvs. dos s-em corérer dos s-em 'éiico.. Oqoe mais preocupa. 'é o silêncio dos bons. Lviher King
Ao apresentar-se como pastor, Jesus quer identificar-se com a vida e o cuidado de cada pessoa. A fig ura do Bom Pastor tra nsporta-nos para a do ação, a simplicidade, o serviço, a pro teção tota l.
o Bom Pastor llEu sou o bom pasto~. O bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas. 14Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas conhecem-me, lSassim como o Pai me conhece e Eu conheço o Pai; e ofereço a minha vida pelas avelhas. Jo 10,11.14-15
Um pastor de ovelhas culda do rebanho para sua própria conveniência: para aproveitar a lã, o leite e a carne; e em situação de perigo (por exemplo ataque de um lobo) foge, deixando as ovelhas em risco. Mas um bom pastor nunca abandona as suas ovelhas. Um bom pastor é aquele que se torna íntimo do rebanho, que conhece cada ovelha e é reconhecido por elas. Conduz cada uma a pastagens seguras
e
refrescantes
sendo
especialmente
atencioso para com a ovelha debilitada (que carrega aos ombros) sempre com a preocupação de não perder nenhuma.
Bom Pastor, Vitral da Igreja de Santo Condestável, Lisboa
Jesus é o Bom Pastor que protege, ama e salva da destruição proporcionando a vida eterna, ou seja, uma vida em comunhão com o próprio Deus. Morreu dando a vida por nós, suas ovelhas, mas ressuscitou e continua a ser o Bom Pastor. Também estas "ovelhas", cada uma na sua medida, têm a missão de imitar o Pastor, oferecendo a vida pelos outros numa dinâmica de amor gratuito. Ser Bom Pastor é entregar-se a projetos de amor ao serviço dos outros dignificando a vida.
que o valor da vida humana implica um agir ético em situações vitais do quotidiano.
A ética vigente exige o respeito pela pessoa e pelos seus direitos, garantindo o exercício da liberdade e o reconhecimento fundamental dos valores da igualdade e da fraternidade, que excluem quaisquer segregações. Mas apesar da consciênc ia universal dos direitos humanos, o preconceito e a discrim inação continuam a produzir ataques à dignidade humana . M uitos grupos minoritários ou «não prod uti vos» conti nuam em situação de desamparo. Ideologi as racistas e fanatis mos políticos e religioso s conti nuam a dizimar vid as humanas. Crianças, ido sos, deficientes e doent es te rminais conti nuam a ser maltratados. A vida é um bem inestimável. Mas a história da human idade está repleta de contínuos atentados à vida humana e de bruta is violências contra o ser humano.
Ta l acontece porque cada pessoa é, em si mesma, um ser div idido; no seu coração habitam o bem e o mal. Por imperativos egoístas ou por condicionalismos sociais, apr isiona, por vezes, a liberdade e a dignidade dos outros. Se é verdade que «a med ida do amor é amar sem medida » -
pr incíp io que tem sido testemunhado
por mu itas pessoas de bem - , também é verdade que outros não se deixaram transformar pela beleza da vida. E o preço a pagar tem sido excessivo.
Os maus tratos contra crianças e jovens podem ser definidos como qualquer ação ou omissão não acidental perpetrada pelos pais, cuidadores ou outrem que ameace a segurança, dignidade e desenvolvimento biopsicossocial e afetivo da vítima. Qualquer tipo de mau trato atenta, de forma direta, contra a satisfação adequada dos direitos e das necessidades fundamentais das crianças e jovens, não garantindo, por este meio, o crescimento e desenvolvimento pleno e integral de todas as suas competências físicas, cognitivas, psicológicas e socioemocionais. Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, Manual Crianças e Jovens vítimas de violência: compreender, intervir e prevenir
7. Pesquisa notícias sobre grupos em desvantagem social.
APAV
~ Apoio àVítima 707200077
www.apav.pt
Nos últimos anos aumen taram as queixa s de violência contra idoso s. O aument o da esperança média de vida e o enfraquecimento dos sistemas de proteção social, coloca-os numa situação de grande fragilidade . É urgente mudar mentalidades e recuperar o respe ito pelo saber de experiência feito . Tendemos a associar imediatamente o termo vio lência a maus tratos físicos, no entanto, o âmbito da vio lência contra os idosos assume muitos outros contornos tão ou mais graves do que a agressão física, ta is como agressões psicológicas, pri vação de cuidados adequados, abandono, desvalor ização da sua persona lidade e experiência, usurpação e adm inistração inde vida dos seus próprios bens. A sociedade atual tem vindo a tratar muito maios idosos, desvalorizando-os constantemente. Os ritmos de vida, as exigências profissionais e a falta de med idas específicas para o desenvolvimento de recursos para int egração e proteçã o dos idosos acabam po r pote nciar uma cultura em que os mais velhos são posto s de parte por não corresponderem aos padrões sociais de beleza, dinheiro e consumo.
8. Comenta a afirmação «Antigamente os mais velhos eram respeitados, tidos como fonte de sabedoria».
É pr eciso recuperar a im portância do pape l do idoso para a comunida de e assegurar ou reforçar a for mação dos técnicos que t rabalham diret amente com eles em casas de repouso e lares. Se anti game nt e os mais velhos eram respeitados, tidos como fonte de sabedor ia, hoje a perm anente falta de t empo e a busca incessante pela novidade igno ra a sua experiência de vida . Esta é uma atitude que nos cabe alterar e que espelha também a nossa fuga per ant e o inevi tável envelhecimento . Excerto s de Vânia M achado,
Família Cristã, fever eiro de 2009
A Coreia do Nort e ocupa, pelo 122 ano consecutivo, o prim eiro lugar na World Watch List de 2013. A World Watch List é um ranking de 50 países onde a perseguição aos cristãos por motivos religiosos - e não por motivos políticos, económicos, sociais, étni cos ou acidentais - é mais grave. A opressão comunista na Coreia do Norte não deixa espaço para qualquer outra religião que não seja a adoração da dinastia Kim. Os cristãos são enviados para campos de trabalho de onde não há libertação possível. Por causa do fundamentalismo islâmico, em 2013 a Somália é o segundo lugar do mundo onde é mais difícil ser cristão e a Síria, o terceiro. Adaptado de http://www.worldwatchlist.us/
Na or igem dos atentados à dignidade humana estão, quase sempre, atitudes preconceituosas e egoístas.
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O
P RECONCEITO
é um j uízo (opini ão) preco ncebido, inju stificado e
irracion al. M anifesta-se geralme nte em atitudes discrimin atóri as relati vamente a det erminadas pessoas, lugares, ideologi as ou tradições que, pelo simp les facto de serem diferentes, são conside rados destituídos de valor. Indica, portanto, desconhecimento e ignorância relativamente ao outro . Em geral, a ignorância produ z o medo do que se desconhec e e conduz à adoção de comportamentos defensivos que podem man ifest ar-se desde a simples indiferença até à violência explícita. O outro, cuja verdadeira natureza se ignora, é entendido como uma ameaça, como um potencia l inim igo que deve, por conseguinte, ser combatido ou mesmo eliminado. O preconce ito conduz ao autoritarismo, à discriminação,
à marginalização e à vio lência .
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O RACISMO é uma forma de pensar e de agir fundad a num preconceito . Acredi ta-se que alguns indivíduos ou grupos, pelo simples facto de possuírem determinadas características físicas heredi tária s ou certo tipo de manifes t ações cult urais, são seres inferiores. O racismo baseia-se em opiniões preconcebidas e inju stificada s segundo as quais as difer enças biológicas ent re os seres humanos lhes at ribuem um est at ut o superior ou inferior. De acordo com esta ideologia, os seres hum anos não têm t odos o mesmo valor nem são todos dotados da mesma dignidad e. O valor depend e da sua pertença a determinados grupos raciais. O racismo prete nde justificar a escravidão, a opressão, o domínio de uns povos sobre outros, o genocídio contra um grupo ou uma etn ia. O racismo afirma a necessidade de um grupo social dominante (em termos económicos ou numéricos) se distanciar de outros grupos que, por razões históricas, possuem t radições ou comportamentos diferentes. O grupo dominante constrói um mito (um ester eótipo) sobre os outros grupos e com base nessa ide ia preconcebida nega-lh es a liberdade ou mesmo o dir eito à existência.
Ser racista é desprezar o outro em nome da sua pertença a um gr upo que se distingue pela cor da pele ou por outras caraterísticas físicas, norma lmente associadas ao uso de uma língua pr ópri a, à prática de uma religião difere nte, etc . Os racistas utilizam sempre argume nt os de ordem irracional para j usti fi car a hierarqui zação ent re as pessoas.
Os homens diferem pelo saber.
mas são iguais na. sua. apiidão para. o saber Cíc:ero, filósofo romano
As diferenças entre as pessoas ou os grupos humanos não justificam que se lhes atribua um valor diferente. Ser pobre ou rico, europeu ou asiático, preto ou bra nco, não retira nem acrescenta dign idade ou valor às pessoas.
XENOFOBIA 9. Defi ne "preconceito" e "racismo" i1ustrando-os com episódios históricos .
é um medo inju stifi cado perant e estranhos; é a aversão e
hostilidade relativamente a povo s est rangeiros. Trat a-se de um fenómeno que esteve presen t e ao longo de toda a história da humanidade e qu e ainda é at ual, particularmente face aos imigrantes . Preconceito e racismo originaram episódios de inaudit a crueldade, ent re mui tos out ro s: o estalinismo, o nazismo e o apartheid .
~TALINisMO
é o regime político
adotado por Joseph Stalin, líder da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) entre 1929 e 1953. Stalin impôs
aos soviéticos
um governo
totalitário, baseado na eliminação de qualquer oposição ao regime e na constituição de um poderio militar que colocou a URSS em condições de levar adiante uma Guerra Fria com os Estados Unidos. A grande meta de Stalin era tornar a URSS uma potência industrial. Para construir as indústrias expropriou os agricultores. Muitos camponeses e fazendeiros ricos foram mortos. Toda a produção tinha de ser entregue ao Estado e os operários foram impedidos de mudar de emprego e de fazerem greves. Cerca de 20 milhões de pessoas foram mortas nas perseguições políticas e na coletivi zação forçada das terras agrícolas e outros 20 milhões terão sido vítimas de prisões e exílios. Stalin é considerado um dos piores tiranos da história.
NAZISMO
é a ideologia de Ado lf Hit ler,
líder da Alemanha de 1933 a 1945. Eleit o demo crati cament e, o fú hrer iniciou uma propaganda alienante, recorrendo à vio lência policial para imp lant ar uma ditadu ra baseada no pangermanismo, no racismo, no anti ssemiti smo, no antic omun ismo e na oposição ao liberalismo. O povo alemão, como todos os outros, era bastante miscigenado (mistu ra de várias et nias) e, porta nto, não havia uma «raça pura» cujos t raços físicos fossem int eirament e distintos dos do resto da hum anid ade. A propaga nda nazi defe ndia a pureza racial do povo alemão e a sua super ioridade em relação a todos os povos, pelo que o nazismo im plementou formas de discrim inação com vist a a «purifi car» o povo alemão de t odo o cont ágio que pudesse tornar-se um obstá culo à manutenção da «raça pur a ariana». A sede de pod er de Hitl er não ti nha limites. Invadiu e anexou vário s países europeus, dando origem à Segunda Guerra Mundial. Um grande objetivo de Hitler era a extinção do povo judeu (a «solução final») . Confinou a população judaica a gueto s, suj eit ou-a à deportação em massa e isolou -a em campos de concentração. Nestes"campos de morte", para além de serem sujeitas at rabalhos forçados, as pessoas viviam em condições desumanas. Eram permanenteme nte torturadas e uti lizadas como cobaias em exper iências científicas que tinham por objetivo melhorar artificia l e cientificamente a «qualidade» da popu lação alemã. Estima-se que cerca de seis milhões de j udeus foram víti mas do nazismo. A este genocídio chama-se geralmente «ho locausto». Mas o ódio de Hit ler não se confina va apenas ao povo judeu; comun istas, homossexuais, ciganos, pessoas com deficiência e todos os que se opusessem à sanguinár ia ideo logia nazi eram considerados como indignos de existir.
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(separação) foi o regim e
que manteve a população da Áfr ica do Sul sob Wttl fl
o domínio de um povo de or igem europeia (Holanda e Inglat erra) durante quase cinquenta anos . Embora a segregação na África do Sul existisse desde a colo nização no século XVII, a partir de 1948 passou a ser uma prática legal. Ta l legislação divid ia os hab ita ntes em gr upos racia is. A segregação acontecia nas áreas residencia is, na saúde, na ed ucação e em vários servi ços públicos. Aos negros, ind ianos e mestiços eram prestados serviços muito inferiores. Este regim e político racista, em que uma minor ia branca dom inava uma maioria negra, chegou ao seu termo quando, por pressão mu ndial e após a libert ação de Nelson Mandela, foram convocadas as pr ime iras eleições para um governo multirracial de tra nsição, em abril de 1994. M andel a assumiu ent ão a presidência da África do Sul, tornando -se o prim eiro presidente negro do país.
10. Comenta a frase: «A Igreja sente o deverde, com coragem, dar voz a quem a não tem»
A história da humanidade é testemunha de como o ser humano abusou, e abusa ainda, do poder e das capacidades que lhe foram confiadas por Deus, dando lugar a diversas formas de discriminação injusta e de opressão para com os mais fracos e os mais indefesos. Os atentados quotidianos contra a vida humana; a existência de grandes áreas de pobreza, onde as pessoas morrem de fome e de doença, excluídas dos recursos cognitivos e práticos, que muitos países possuem em abundância; um progresso tecnológico e industrial que cria o risco concreto de uma queda do ecossistema; o uso das investigações científicas no âmbito da física, da química e da biologia para fins bélicos; as numerosas guerras que ainda hoje dividem povos e culturas, infelizmente são apenas alguns sinais eloquentes de como o ser humano pode fazer mau uso das suas capacidades e tornar-se o pior inimigo de si mesmo, perdendo a consciência da sua alta e específica vocação de colaborador da obra criadora de Deus. Paralelamente, a história da humanidade manifesta um real progresso na compreensão e no reconhecimento do valor e da dignidade de cada pessoa. Assim, por exemplo, as proibições, jurídico-políticas, e não apenas éticas, das diversas formas de racismo e de escravidão, das injustas discriminações e marginalizações das mulheres e crianças e das pessoas doentes ou com grave deficiência são testemunhos evidentes do reconhecimento do valor inalienável e da intrínseca dignidade de cada ser humano e sinal de um progresso autêntico. A Igreja sente o dever de, com coragem, dar voz a quem a não tem. O seu é sempre o grito evangélico em defesa dos pobres do mundo, de quantos são ameaçados, desprezados e oprimidos nos seus direitos humanos. Congregação par a a Doutrina da Fé, Dignitas Personae, 36 -37
Tu que dormes à noite na calçada do relento Numa cama de chuva com lençóis feitos de vento Tu que tens o Natal da solidão, do sofrimento És meu irmão amigo És meu irm ão. E tu que dormes só no pesadelo do ciúm e Numa cama de raiva com lençóis feit os de lume Esof res o Natal da solidão sem um quei xum e És meu irm ão amigo És meu irmão . Natal é em dezembro Mas em maio pode ser. Natal é em setembro É quando um homem quiser. Natal é quando nasce uma vida a amanhecer Natal é sempre o fruto que há no ventre da mulher. Tu que inventas ternura e brinquedos para dar Tu que inventas bonecas e comboios de luar E mentes ao teu fi lho por não os poderes comprar És meu irmão amigo És meu irmão. E tu que vês na montra a tua fome que eu não sei Fatias de tristeza em cada alegre bolo-rei Pões um sabor amargo em cada doce que eu comprei És meu irmão amigo És meu irmão. José Carl os Ary dos Sant os (1937-1984), As Palavras das Canções
Presépio, Faustino José Rodrigues (1760-1 829) [Mu seu Nacional de Art e Anti ga]
interpretar criticamente factos sociais sobre a situação de grupos minoritários em desvantagem e reconheço a importância da proposta do agir ético cristão.
11. Comenta o verso «Natal é quando nasce um a vida a amanhe cer ».
De acordo com os apelos e ensinamentos da Igreja Católica cada pessoa deve considerar o próximo como "outro eu", respeitá-lo e rejeitar tudo o que viola a integridade pessoal e social- porque qualquer forma de discriminação é contrária à vontade de Deus.
A Igreja recomenda a reverência para com o homem, de maneira que cada um deve considerar o próximo, sem exceção, como um «outro eu», tendo em conta, antes de mais, a sua vida e os meios necessários para a levar dignamente. Sobretudo em nossos dias, urge a obrigação de nos tornarmos o próximo de todo e qualquer homem , e de o servir efetivamente quando vem ao nosso encontro, quer seja o ancião, abandonado de todos, ou o operário estrangeiro injustamente desprezado, ou o exilado, ou o indigente que interpela a nossa consciência, recordando a palavra do Senhor: «todas as vezes que o fizestes a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes» (Mt 25,40). Concílio Vaticano II, Gaudium et Spes, 27
A igualdade fundamental entre todos os homens deve ser cada vez mais reconhecida, uma vez que, dotados de alma racional e criados à imagem de Deus, todos têm a mesma natu reza e origem; e, remidos por Cristo, todos têm a mesma vocação e destino divinos. Sem dúvida, os homens não são todos iguais quanto à capacidade física e forças intelectuais e morais, variadas e diferentes em cada um. Mas deve superar-se e eliminar-se, como contrária à vontade de Deus, qualquer forma social ou cultural de discriminação, quanto aos direitos fundamentais da pessoa, por razão do sexo, etnia, cor, condição social, língua ou religião. É realmente de lamentar que esses direitos fundamentais da pessoa ainda não sejam respeitados em toda a parte. Por exemplo, quando se nega à mulher o poder de escolher livremente o esposo ou o estado de vida ou de conseguir uma educação e cultura iguais às do homem. Além disso, embora entre os homens haja justas diferenças, a igual dignidade pessoal postula, no entanto, que se chegue a condições de vida mais humanas e justas. Com efeito, as excessivas desigualdades económicas e sociais entre os membros e povos da única família humana provocam o escândalo e são obstáculo à justiça social, à equidade, à dignidade da pessoa humana e, finalmente, à paz social e internacional. Procurem as instituições humanas, privadas ou públicas, servir a dignidade e o destino do homem, combatendo ao mesmo tempo valorosamente contra qualquer forma de sujeição política ou social e salvaguardando, sob qualquer regime político, os direitos humanos fundamentais. Concílio Vaticano II, Gaudium et Spes, 29
que a mensagem cristã apela à defesa e à promoção da dignidade humana.
12. Qual a posição da Igreja Católica sobre a dignidade da vida humana?
13. A que desafios interpela esta mensagem?
Na parábola do bom samaritano, Jesus afirma a dignidade da vida humana, qualquer que seja a sua proveniência, e revela a natureza de uma religião autêntica, que consiste não apenas na adesão a determinadas crenças ou na prática de alguns rituais, mas fundamentalmente numa vida orientada pelo princípio do amor ao próximo. O desafio é valorizar a vida, tornando-se próximo de quem precisa.
Parábola do 60m samaritano - 25Levantou-se, então, um doutor da Lei e perguntou-lhe, para o experimentar: «Mestre, que hei de fazer para possuir a vida eterna?» 26Disse-lhe Jesus: «Que está escrito na Lei? Como lês.?» 27 0 outro respondeu: «Amarás ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a-tua alma, com todas as tuas forças e com todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo.» 28Disse-lhe Jesus: «Respondeste bem; faz isso e víverás.» 29Mas ele, querendo justificar a pergunta feita, disse a Jesus: «E quem ~ o meu próxirno?» "Tornando a palavra, Jesusrespo~deu:
/
«Certo homem descia de Jerusalém para _Jericó e caiu nas mãos dos salteadores que, depois ,de o -despoj arern e encherem de pancadas, o abandonaram, deixando-o -meio morto. 31Por coincidência, descia por aquele caminho um . sacerdote que, ao vê-lo, p~ssou ao largo. 32Do mesmo modo, também um .levlt apassou por aquele lugar e, ao vê-lo, passou adiante. 33Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o. rencheu-se de compaixão. 34Aproximou-se, ligou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho, colocou-o sobre a sua própria montada, levou -o para uma estalagem e cuidou dele. 35No dia seguinte, tirando dois denários, deu-os ao estalajadeiro, dizendo : 'Trata bem dele e, o . que gastares a mais, pagar-to-ei quando voltar: 36Qual , destes três te parece ter sido o próximo daquele homem que caiu nas mãos dos 14. Quem ajud aria
salteadores?» "Respondeu: «O que usou de misericórdia para com ele .» Jesus
eu? Porque aj udo os outros? Quem precisa mais da minha aju da?
retorquiu: «Vai e faz tu também o mesmo.» ' Lc 10,25-37
Um doutor da Lei interroga Jesus sobre o que deve fazer para alcançar a vida eterna . É a questão centra l da vida humana : como alcançar a plen it ude da
»:
vid a, a feli cidade sem limi t es? Mas, na boca do douto r da Lei, é t ambém um a perg unta armad ilhada, porque pretendia apanhar Jesus em falso e conseguir matéria para o condenar. Jesus, porém, devolve-lhe a perg unta , cond uzindo-o
à Lei de Moisés, e o escriba recita o preceito do amor a Deus e ao próximo . Vendo a sua síntese aprovada, o dou tor da Lei acrescenta out ra questã o mui t o discuti da: «E quem é o meu próximo?» No t em po de Jesus não havia consenso
J
entre os mestres a respeito desta questão e mui tos conside ravam que o próximo
o Bom Samaritano,
Clive Uptton (1911-2006)
era apenas o que pertencia ao mesmo grupo étnico, à mesma religião e ao mesmo grupo social. Jesus, no entan to, tinha uma perspetiva muito diferente da que era geralmente defendida. É precisamente para explicar a sua interpretação que conta a «parábola do bom samaritano» .
Os doutores da Lei ou escribas eram peritos na interpretação da Lei de Moisés, cujo cumprimento impunham ao povo. Os sacerdotes, no tempo de Jesus, estavam encarregues de oferecer diariamente sacrifícios no Templo de Jerusalém. Além das tarefas cultuais, competia-lhes a instrução do povo em assuntos religiosos e a administração dos bens do Templo. Os levitas eram auxiliares dos sacerdotes, constituindo uma espécie de baixo clero. Judeuse samaritanos eram dois povos que viviam separados. Osjudeus desprezavam os samaritanos por serem o resultado da miscigenação entre israelitase outros povos estrangeiros e por não frequentarem o templo de Jerusalém. Por outro lado, os samaritanos retribuíam aosjudeus o mesmo desprezo.
A parábola situa -nos na estrada, de cerca de trinta quilómetros, que desce de Jerusalém para Jericó. Era um itinerário perigoso, cheio de contracurvas e ravinas, onde facilmente se escondiam salteadores. Ora «um homem» não identificado (pelo contexto, depreende-se que é um judeu, pois veio de Jerusalém) foi assa ltado por bandidos e deixado caído na berma da estrada. Trata-se, portanto, de um homem ferido, abandonado, a necessitar de ajuda urgente.
15. Se Jesus contasse esta parábola hoje, que personagens escolheria?
Pela estrada passaram sucessivamente um sacerdote e um levita que o ignoraram. Nada se diz a respeito das razões que levaram estes homens a não prestar ajuda ao moribundo. Talvez o medo de serem também eles assaltados, ou a preocupação com a pureza legal (que pro ibia que t ocassem em sangue), ou a pressa, ou a simples indiferença diante do sofr ime nto alheio. Apesar dos seus conhecimentos religiosos não se sentem animados por qualquer espécie de sentimento de misericórd ia! Eles sabem t udo sobre Deus, lidam diariamente com o culto divino, mas, afina l, nada sabem a respeito da sua verdadei ra natureza: o amor e a vida em plenitu de. A sua religião resume-se a um conju nto de ritos estéreis, cerimónias faustosas e solenes, contudo sem a densidad e A Palestin a no tempo de Jesus
espiritua l que só o amor pode oferecer.
Pela estrada passou, finalmente, um samaritano: um estrangeiro, um inimigo de Israel e da sua religião, um infiel às tradições judaicas antigas, um homem que vivia, sob a ótica dos judeus, longe da salvação e do amor de Deus. No entanto, foi ele quem parou - sem medo de correr riscos ou de adiar os seus interesses pessoais - para cuidar do homem estendido na berm a da estrada. O samaritano poder-se-ia ter deixado conduzir pelo ódio entre os dois povos. Porém, a sua
atitude marcou a diferença. Cheio de compa ixão aproximou -se do homem caído, desinfetou-Ihe as feridas com vinho, atenuou-lhe as dores com azeite, levou-o para a estalagem e ainda pagou para cuidarem dele. Apesar de ser um estrangeiro e de pertencer a outro grupo religioso, deixou-se guiar pela atenção ao próximo, independent ement e do seu grupo de pertença, porque tinha um coração rep leto de amor e, porta nto, cheio de Deus.
Ao apresentar como modelo um samaritano, Jesus ultrapassa as expetativas do doutor da Lei, dado que o heró i da história não é quem seria de esperar, mas, pelo contrário, alguém que despertava os piores sentimentos: um excluído, um estrangeiro, um ser menor. Toda a parábola se centra na ideia de que o amor nãotem qualquer
espécie de limite, é universal e este nde-se a tod as as pessoas, porqu e toda s são portado ras da mesm a dignidade. E é sobret udo aque le que precisa de auxílio que constitu i o nosso próximo. O critério do amor concreto não é a pertença étn ica, religiosa ou outra, mas a necessidade das pessoas que se cruzam connosco no percurso da vida. «Vai e faz O mesmo» - Com este desafi o Jesus desloca tota lmente o cent ro da questão. Não se trata de saber quem é o nosso próximo , porque t oda a pessoa o é; trata-se, isso sim, de saber como nos t ornamos próxim os do outro. A narrativa invert e os papé is e coloca o próximo não do lado daquele que deve ser amado, mas daq uele que deve amar. O do utor da Lei esperava um esclarecimento teórico, porém foi remeti do para a sua responsabilidade de prati car os mandame ntos.
o Bom Samarita no Van Gogh (1853-1890)
o amor OIJ próximo 'é sinónimo de disponibilidade paro. ajudar qualqv-er pessoa qoe precis-e. s-ejCl amigCl ou inimiga, conhecidCl ou desconhecida, de, rnesrm -etniCl ou de qualqv-er outra; signifiw reconhecer em todos -e em ccco, um o, dignidade de s-er p-essoa.
«Qv-e -fazer peru ter direito à. vidCl -eternCl?» - A conclusão é óbvia: para alcançar a felicidade é preciso amar a Deus e tornarmo-nos próximos dos que necessitam da nossa ajuda . Trata-se, portanto, de fazer com que o amor percorra as duas coordenadas fundamentais da existência: a vertical (relação com Deus) e a horizontal (relação com os outros). Como o bom samarit ano que se aproximou do homem caído para o levantar, Jesus nasceu para salvar e libertar a humanidade. O homem fe rido, caído, espoliado e incapaz de se ajudar a si mesmo, personifica a condiç ão da humanidade submetida ao poder do mal e do egoísmo . O bom samaritano simbolizaJesus Cristo, que se aproximou de nós assumindo a condição de homem para propor à humanidade um Deus próximo que eleva a condição humana.
que a parábola do bom samaritano explicita a grandeza da dignidade humana e desafia à prática do amor.
16. Identifica sit uações atu ais e concreta s que esperam por um «bom samaritano ». 17. Refere situações em que tenhas agido como o sacerdote ou o levita da parábola .
Numa sociedade marcada pelos valores eccnormcos, que atribui maior importância ao ter do que ao ser, em muitas situações parece prevalecer a importância da aquisição e manutenção de bens materiais em detrimento da defesa do valor essencial que é a pessoa humana. Todos os dias vemos, ouvimos e lemos notícias em que se atenta contra a dignidade da vida humana por razões insignificantes: uma discussão motivada pela simples e natural diferença de opiniões ou a disputa acerca de uma propriedade. E a violência gera sempre mais violência. Num processo de desculpabilização, encontramos atenuantes que pretendem «explicar» os nossos desvarios em momentos de mau humor: desestruturação familiar, pobreza, desemprego, deficiente acesso à educação ou à saúde, ausência de perspetivas de futuro, incapacidade para sonhar ou para nos empenharmos fortemente na realização dos nossos sonhos. Eapesar de não constituírem justificações para os comportamentos desumanos, são motivos que nos põem à mercê dos nossos piores instintos. Cada pessoa vale por si mesma e não porque alguém a ama e lhe quer bem, ou porque é reconhecida pelos demais
(embora,
por
ser
pessoa,
mereça ser amada e respeitada por todos). É por causa do valor inalienável de cada pessoa que todos têm direito a ser
reconhecidos
e valorizados,
sobretudo os mais vulneráveis, os que se sentem excluídos e aqueles cuja voz não é escutada pela sociedade. Onde
não
há reconhecimento
da
dign idade, não há human idade. Daí que
a dignidade
humana
exija a
responsabilidade de cada um pelo seu próx imo.
A prática dos valores éticos - respeito, tolerância, paciência, solidariedade, carinho, dedicação, diálogo, justiça ... - é essencial ao reconhecimento efetivo da dignidade da vida humana .
• •••••
FRATERNIDADE COMO CENTRO DAS ESCOLHAS MORAIS
Empenho pessoal na. DENÚNCI ADOS ATENTADOS à vida. hvma.na.
r PARTICIPAÇÃO EM GRUPOS E ORGANIZAções DE DEFESA E PROMOÇÃO DA VIDA
j
quais são as atitudes que promovem a dignidade da vida humana e sinto-me desafiado a vivê-Ias no meu quotidiano.
Não pode haver pez verdadeira. s-em respeito pela. vida.. roã.o Pa.vlo II
18. o que é que podes fazer para promover a dignidade humana?
Toda a pessoa - independentemente da sua cor, nacionalidade, religião ou condição social - encontra na organização taxonómica um estatuto de pertença e dignidade distinto dos outros seres vivos.
A taxonomia - ciência que tem por finalidade a classificação dos seres vivos cataloga o ser humano da seguinte forma: - Reino: Animalia (o homem é um animal) - Filo: Chordata (possui uma coluna vertebral) - Classe: Mammalia (classe dos que mamam; inclui todos os mamíferos) - Subclasse: Placentalia (é um mamífero cuja fêmea possui placenta) - Ordem: Primata - Família: Hominidae (a este grupo pertencem também os gorilas e os chimpanzés) - Género: Homo - Espécie: Homo Sapiens - Subespécie: Homo Sapiens Sapiens
Os dados científicos remetem-nos para a singularidade do ser humano, 19. Identifica a singularidade do ser humano relativamente aos outros seres vivos.
enquanto indivíduo que se distingue dos outros seres vivos. Possuidor de uma inteligência superior, capaz de criar mundos alternativos, de desenvolver consciência ética e de se reconhecer numa relação social, o ser humano foi ganhando consciência da sua dignidade. Mas a sua ação ora se orienta para a defesa da mesma, ora a fere, pondo em causa a própria vida humana.
o pr ime iro facto
biologicamente identi fi cável na formação do ser humano
é a f usão de duas células (ovócit o e espermatozoide) proven ientes de cada um dos progenitores, conte ndo cada uma metade do número de crom ossomas de um ser hum ano. A fu são dos dois gâmet as inici a o ciclo vital de uma nova pessoa. O seu corpo te rá um desenvolvimento aut ónomo, contí nuo e progressivo a parti r das fases mais pr imordi ais, seguindo um percurso que está inscrito nos seus genes. O zigoto (célula resultante da fusão dos gâmetas) é, sem dúvida nenhum a, um ser vivo com carater ísticas genéticas humanas. O momento a partir do qual se inicia a vida da pessoa ainda está sujeito a debate e há diferentes opiniões:
Avido. humano. começo. quando o. o.iivida.de cerebral -emite ondas iipicamente humanas porqu-e 'é -este ospeto qu-e disiingu-e o s-er humano dos outros animais.
I
Avido. humo.\"Io. começO.
Avida hul'YlaYla começa quando ocorre a nidação porque nos estádios anteriores as células que vão constituir o ser hUl'Ylano ainda não se diferenciaram.
no mome\"l~o do o.v+o pOY9 ue ° Fe~o s ó o.ssume
pe~s?\"Io.lido.ddo 9 Uo.\"I \"Io.sce Ro.Yo. o. sociedo.de.
jUYJ dICo.
AIgrejo. Co.tólico. o.firmo. qu-e o. vido. humano. tem início no momento do. fecundo.ção.
20 . Qual a razão de muitas pessoas defenderem que a vida humana tem início no momento da fecundação?
~ AVIDA HUMANA NO ~O .
.
••••'. 0 •• FECUtJDAÇÃO
o gôJnefu. masculino (espermo..tozoide) -e o gâmefu. feminino (ovócito) unem-se formo..ndo o zigoto (-embrião unicelulo..r). t o início de umo.. novo.. vido..
BLASTócrT,"o
DUA0 0EMAtJA0
A CAMINHO DO OlfRO O-embrião produz hormonas Três o.. quo..tro dias o..pós o,
que fa.zem cessar o ciclo merstrvoí do.. mã.-e. Começa.m fecundo..ção. o blastócito, o.. formo..r-se o.. coluno.. resultoJ1te das divisões do zigoto, implo..nfu.-se no.. parede do útero vertebrol o.. -espinaJ medulo.. -e o sistemo.. nervoso. Mede -e dá. origem OD -embrião. cerca de 2 mmmetros
0f10 0EMAtJA0
0 1100EMAtJA0
Océrebro coordeno.. Aformo..ção dos órgãos -estó.. movimentos de músculos -e de finaJiza.do.. São visív-eis tro..ços órgãos -e t possív-el medir o, fa.ciais. mãos. pés. dedos -e o..iivido..de cerebraJ o..tro..vts de unhas. Ofero mostro.. resposto. -eletroencefaJogra.mo... lã. t um reflexo.. o, -estímulos. Mede feto. Mede cercc de tr-eze vinte -e cinco mmmetros. mmmetros.
\I1tJ1E 0EMAtJA0
DEZ 0EMAtJA0
QUAIRO 0EMAtJA0 Ocora.ção já. começou o.. bo..ter. Olhos. orelhas. noríz, boco.. -e nnguo.. deS'envolv-em-se; o fíga.do -e intestinos começa.m o.. tomo..r formo.. Mede cerco de 5 mmmetros.
DOZE 0EMAtJA0
Podem ser observcdcs Océrebro -estó.. completo.mente movimentos espontônecs -e forma.do -e o feto pode sentir mostro.. umo.. personaJido..de dor. Todas as po..rtes do corpo -específico... Amã.-e começo..rá. o.. são sensív-eis OD toque; se o.. sentir, em brev-e, os primeiros paJmo.. do.. mão for toca.do., bo..timentos do.. crio..nço.. o..fa.sfu.-o.. decidido..mente. Chope, ponro.peo..ndo -e mov-endo-se no dedo. Afa.c-e tem feições dentro do.. suo.. bo..rrigo... Mede mo..rca.do..mente homores. Mede cerco, de sete centímetros. cerco. de quo..tro centímetros.
\I1tJ1E E0 110 0EMAtJA0
Demonstro.. que não t indiferente Aindo.. -esfu.rá. mais oito o.. doze OD que se posse no mundo orerro . mv..1 "- de -extro..utenno: ossostn-se -e sossega. semo..nas no v-en'0..'II .h"- co..po..z ~ tí I te no o.. crescer, mas J "como reo..çOD o.. es muos,-ex r s. nasc-er (premo..tvro) -e sobreviv-er Mede cerca de 22 c-entímetros. fora. do útero. Mede cerco de 37 centímetros. J.., n
Adapt ado de http://vida.aaldeia.net/desenvolvimentoembrionario.htm e de Embryo and Fetus in http://www.wprc.org/fetal.phtml
1 - Uma mulher, com uma gravidez normal e com um feto em desenvolvimento, norma l, não é um a pessoa doente. Por isso, ao médico apena s cabe uma intervenção de vigilância que, em muitos países, é feita por enfermeiros especia lizados e o méd ico só é chamado a intervir quando há risco de doença e a gravidez passa a ser classificada como gravidez de risco. Portanto, destruir um feto em desenvolvimento não é um ato médico, porque a gravidez não é uma doença. Nenhum médico o pode praticar em circunstância nenhuma. 2 - Ese a mulher grávida pedir o abortamento ao médico, invocando motivos sociais ou económicos e declarando que não pode suportar mais o estado de gravidez? O médico terá de lhe responder que não pode dar satisfação ao seu pedido porque a função que lhe cabe desempenhar como médico e a sua competência específica só podem estar ao serviço do diagnóstico e tratamento de doentes . Se a causa do pedido de abortamento não é uma doença mas uma carência finance ira ou um abandono e marginalização social, é às estruturas de proteção e segurança social e familiar que compete eliminar as causas do pedido de abortamento. Se o médico acolhesse o pedido e praticasse o crime do abortamento, ofendendo as disposições do seu código de deontologia, não iria resolver nada; os ditos motivos sociais ou económ icos ficariam na mesma ou piores do que estavam antes do abortamento. Este teria sido um crime inútil e deixava a porta aberta para novo pedido de abortamento algum tempo depois. 3 - O médico não pode praticar o abortamento não só por estas duas razões, mas ainda por outras de natureza médica. O médico sabe que esta intervenção abortiva sobre o corpo da mulher grávida, além de provocar, obviamente, a morte do feto, tem riscos importantes para a mãe, tanto no ato de fazer o abortamento como no futu ro, no que se refer e à sua saúde geral e à sua saúde sexual. Mesmo o chamado «abortamento seguro» pode complicar-se com infeção uterina e das trompas, com septicem ia, com esterilidade pós-abortamento, com depressão moderada ou grave; em casosraros até com suicídio da mãe. Cabeao méd ico, contudo, acolher as mu lheres que se fizeram abortar, sem qualquer discriminaçã o, tratar as alterações pato lógicas de que sofram, físicas ou psicológicas, e promover a informação necessária para que aquela pessoa não volte a encontrar-se na situação que a levou a fazer-se abortar. Daniel Serrão, http://aborto.aaldeia.net/
21 . Elabora um poema, uma quadra ou um slogan que expresse a beleza e o mistério da vida humana .
o abo rto consiste na expulsão -
vo luntária ou involunt ária - de um embrião
ou de um feto quando o mesmo não tem condições de vida fora do útero. O aborto pode ser espontâneo (involu nt ário) ou induzido (provocado volun t ari am ente). São vário s os fatores que pod em originar um aborto espontâ neo: desenvolvimento anormal do embrião ou do fet o, problemas uterinas, diabetes, alt erações hormonais, entre outros. Também o consumo excessivo de álcool e drogas pode ocasionar o aborto espontâneo . A expressão eufemística «Interrupção Voluntária da Gravidez» (IVG) designa oficialmente o aborto induzido. Seaceitarmos que a vida humana tem o seu início no momento da fecundação, torna -se evidente que realizar uma interrupção voluntária da gravidez é atentar contra a vida de um ser humano.
A palavra «aborto» - «não nascido» - provém do latim abortus, que significa privação (ob) do nascimento (ortus). Derivado de aboriri, Abortus designa também crepúsculo, desaparecimento e morte.
~o~ INDUZIDO
ESPONTÂNEO VOLUNTÁRIO
~ TERAPEUTICO
I
I
/ '
A
• MoJforma.ções congénitas •Viola.ção • Perigo de vida. da. mõ.-e • Mõ.-e adolesc-ente • Bebé não deseja.do • FoJto. de condições -económica.s
o aborto químico -
induzido pode ser realizado atravé s de medicamentos ou através de técnicas cirúrgicas -
aborto
aborto cir úrg ico . O aborto
químico é real izável apenas durante as primeiras doze semanas de gravidez e consiste na administração de medicamentos que provocam a expulsão do embrião. Nos casos em que o aborto químico não se reve la eficaz, recorre-se a técnicas cirúrgicas. É de referir e salientar a crue ldade destas técn icas.
Emb ora
o aborto
realizado
adeq uada me nte
não
impliqu e graves riscos para a saúde física da mulher até às dez semanas, o per igo aume nta progress ivamente para além desse te mpo. Entre as possíveis comp licações fi siológicas do aborto destacam-se as hemo rragias, as infeções, as lacerações cervicais, as perfurações ut erin as, o aume nt o da possibilid ade de uma nova gravidez terminar em aborto espontâneo ou em parto prematuro e a esterilidade. Estas consequências surgem com maio r frequência no abo rto mais t ardio. Entre os eventuais efeitos psicológicos sobr essaem sentimentos de culpa, baixa autoestima, impulsos suicidas, frustração e depressão.
Legislação portuguesa sobre o aborto Até 1984, o aborto era legalmente proibido em Portugal. A Lei n," 6/84, de 11 de maio, veio permitir a realização da interrupção voluntária da gravidez até às doze semanas nos casos de perigo de morte ou de grave perigo para a saúde fisica ou psíquica da mulher e nos casos de gravidez resultante de violação ; e até às dezasseis semanas nos casos de doença grave ou malformação fetal.
A Lei n. ° 90/97 alargou os prazos de permissão do aborto até às vinte e quatro semanas nos casos de malformação ou de perigo de doença incurável do nascituro ; e até às dezasseis semanas nos casos de crime contra a liberdade e autodeterminação sexual (violação). A Lei n° 16/2007 introduziu, nas primeiras dez semanas de gestação, a legalização da interrupção voluntá ria da gravidez por opção da mulher, ou seja, sem necessidade de apresentar qualquer justificação.
Todos os códigos penais das civilizações antigas puniam severamente a prática abortiva . O primeiro Estado do mundo a liberalizar o aborto foi a União Soviética de Vladimir Lenine, em 1926; o segundo foi a Alemanha de Adolf Hitler, em 1935. Ainda na década de 3D, o aborto foi legalizado na Islândia, na Dinamarca e na Suécia . Após a Segunda Guerra Mund ial foi legitimado em quase todo o mundo. Atualmente, existem legislações de toda a espécie (desde a total proibição à permissão até aos nove meses), revelando que na base destas leis não estão critérios científicos nem critérios morais universalmente aceites.
Quase ninguém é a favor do abor t o. A maio r par t e das pessoas considera- o um mal a evita r. A polém ica sit ua-se sobret udo no combate ao aborto clandestin o que , realizado sem qua isquer cond ições de higiene, tem provocado inúmeras mortes e graves prob lemas de saúde às mulheres que a ele recorrem . Alguns consideram que a ún ica mane ira de erradicar esta calam idade é liberalizar o aborto voluntário em unidades de saúde com cond ições médicas adequadas . Outros pensam que esta não pode ser a solução e advogam maior controlo e fisca lização com vista a er radicar o aborto clandestino. Mas o problema não se coloca só a este nível. Para alguns, o aborto é simp lesmente uma opção da mu lher, no uso da sua liberdade, que deve ser reconhecida legalment e. Para que o aborto seja excluído ou reduzido ao mínimo, t odos defendem a promoção do planeamento familiar e a adoção de medidas socioeconómicas de apoio às fam ílias e às mães solteiras, bem como a educação sexual dos jovens.
A FAVOR
CONTRA
A mulhe r t em direit o a t omar asdecisõesque entend er a respeito do seu próprio corpo .
O embrião é um ser distinto do corpo materno. A mulher não tem o direito de tomar decisões sobre a vida do filho.
o embrião e o feto não são um ser humano.
O embrião é um ser humano, pois não há pessoa que não passe pelas fases embrionária e feta l.
É hum ilhante para a mulher ser levada a t ribunal por aborta r. Passa a ser duplamente vítima .
Há soluções jurídicas em que o aborto continua a ser proibido, mas a mulher, mesmo que o cometa , não é penali zada. Pelo contrário, as clínicas clandestinas e os técnicos envolvidos deverão ser punidos.
Não se podem desprezar as dificuldades económicas e sociais de educar um filho não desejado .
Os problemas sociais e econormcos resolvem -se com apoios adequados e não com o aborto.
A despenalização é necessária para resolver o problema do aborto clandestino.
A lei não deve permitir o que está eticamente errado só porque o Estado não consegue resolver os problemas através dos meios adequados . Legalizar o que está mal não elimina o mal: torna-o bom aos olhos das pessoas. Além disso, o aborto clandestino continuará a existir se não houver fiscalização por parte do Estado.
As mulheres têm direito de abortar em condições de segurança. O aborto só é perigoso quando é feito sem condições de higiene e por pessoal incompetente.
O aborto não pode ser um direito, porque está em causa o valor da vida de outrem. Devem é ser criadas condições para que todos possam ter filhos com dignidade.
O primeiro direito da criança é ser desejada .
O primeiro direito da criança é o direito à vida.
A penalização do aborto não elimina o aborto.
O facto de a penalização do aborto não o eliminar não é razão suficiente para o legalizar. A lei serve para regular o comportamento das pessoas em sociedade e para defender os seus direitos.
E nos casos dramáticos em que o bebé é deficiente, em que há perigo para a saúde psíquica da mãe, em que a gravidez decorreu de uma violação, ou nos casos em que a família é demasiado pobre?
Não se resolve uma dificuldade fazendo uso de qualquer meio. Os meios usados têm de ser eticamente corretos. O valor da vida humana é superior a outros valores, como a situação económica, a integridade mental ou física da criança e a saúde psíquica da mulher.
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o cristianismo afirma que o direito à vid a é inviolável e que a vida humana é um bem precioso desde o momento da conceção; por isso, rejeita as práticas abortivas. Porém,
tal
como
Jesus condenava o
pecado mas absolvia o pecador, também a Igreja condena o aborto mas manifesta enorme compreensão pelas mulheres que o praticaram. São inúmeras as instituições cató licas de apoio às mu lheres e à vida: a PAV - Ponto de Apoio à Vida (www. apoioavida.pt); a ADAV - Associação de Defesa e Apoio à Vida (www.adav. coimbradigital.net). Estas organizações têm feito um trabalho notável de defesa da vida, na promoção da dignidade da mulher e no apoio às famílias.
A vida humana deve ser respeitada e protegida, de modo absoluto, a partir do momento da conceção. Desde o primeiro momento da sua existência, devem ser reconhecidos a todo o ser humano os direitos da pessoa, entre os quais o direito inviolável de todo o ser inocente à vida. «Antes de te formar no ventre materno, Eu te escolhi; antes que saísses do seio da tua mãe, Eu te consagrei» (Jr 1,5). «Tu conhecias já a minha alma e nada do meu ser Te era oculto, quando secretamente era formado, modelado nas profundidades da terra» (51139,15). A Igreja afirmou sempre o erro moral de todo o aborto provocado. O aborto e o infanticídio são crimes abomináveis . A colaboração formal num aborto constitui falta grave. A Igreja pune com a pena canónica da excomunhão este delito contra a vida humana. Não pretende, deste modo, restringir o campo da misericórdia. Simplesmente manifesta a gravidade do crime cometido, o prejuízo irreparável causado ao inocente que foi morto, aos seus pais e a toda a sociedade. Catecismo da Igreja Católica, 2270-2272
Nós estamos aqui hoje porque fomos amados por Deus, que nos criou, e pelos nossos pais, que nos aceitaram e gostaram suficientemente de nós para nos darem a vida. A vida é o maior dom de Deus, que criou um mundo sufi cientemente grande para t odas as vidas que ele deseja que nasçam. Só os nossos corações é que não são suf icienteme nte grandes para as deseja r e aceitar. Como seria boni to se t odo o dinheiro utilizado para encont rar formas de mat ar pessoas fosse utilizado, em vez disso, para as alimentar, acolher e educar! Temos demasiadas vezes receio dos sacrifícios qu e devemos fazer. Mas onde há amor, há sempre sacrifício, e quando amamos até nos fazer doer, há sem pre alegria e paz (...). Est amos a combater o abo rto pela adoção - cuidando da mãe e adotando a criança . Salvámos milhares de vidas. Porfavor, não matem os bebés . Ent reguem-mos. Estou disposta a receber qualquer bebé que pretendam fazer abortar e a entregá-lo a um casalque o amará e será amado por ele. Só na nossa casa de Calcutá salvámos mais de três mil crianças de abortos. Estas crianças trouxeram muito amor e alegria aos seus pais adotivos e, por sua vez, cresceram no meio do amor e da alegria. Para mim, as nações que legalizaram o aborto são as nações mais pobres . Teresa de Calcutá (1910 -1997), Discurso na Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento
22. Apesar de ser legal, consideras que o aborto é eticamente aceitável? Justifica a tua resp osta. 23. Explicita as convicções e ações da Igreja Cató lica face ao aborto.
Aqueles que têm uma vida deficiente ou enfraquecida reclamam um respeito especial. As pessoas doentes ou deficientes devem ser amparadas, para que possam levar uma vida tão normal quanto possível. Quaisquer que sejam os motivos e os meios, a eutanásia direta consiste em pôr fim à vida de pessoas deficientes, doentes ou moribundas. É moralmente inaceitável. Assim, uma ação ou uma omissão que, de per si ou na intenção, cause a morte com o fim de suprimir o sofrimento, constitui um assassínio gravemente contrário à dignidade da pessoa humana e ao respeito do Deus vivo, seu Criador. A cessação de tratamentos médicos onerosos, perigosos, extraordinários ou desproporcionados aos resultados esperados, pode ser legítima. Não que assim se pretenda dar a morte; simplesmente se aceita o facto de a não poder impedir. As decisões devem ser tomadas pelo paciente se para isso tiver competência e capacidade; de contrário, por quem para tal tenha direitos legais, respeitando sempre a vontade razoável e os interesses legítimos do paciente . Mesmo que a morte seja considerada iminente, os cuidados habitualmente devidos a uma pessoa doente não podem ser legiti mamente interrompidos. O uso dos analgésicos para aliviar os sofrimentos do moribundo, mesmo correndo-se o risco de abreviar os seus dias, pode ser moralmente conforme com a dignidade humana, se a morte não for querida, nem como fim J nem como meio, mas somente prevista e tolerada como inevitável. Os cuidados paliativos constituem uma forma excecional da caridade desinteressada; a esse títu lo, devem ser encorajados. Catecismo da Igreja Católica, 2276-2279
Cuidados Paliativos são cuidados ativos e globais, prestados aos doentes e às suas fam ílias por uma equ ipa mu ltid isciplinar, quando a doença já não responde ao tratamento curativo e a expectativa de vida é relativamente curta .
Eutanásia (do grego eu morte e cons iste em pôr fim
= bom + thanos = morte ) significa literalmente boa à vida de um doente incuráve l.
A eutanásia distingue-se do suicídio assistido na medida em que neste é o próprio doente que provoca a sua morte (ainda que para isso disponha da ajuda de alguém) e naquela é outra pessoa que executa a ação.
A distanásia, considerada morte com sofrimento, é o oposto da eutanás ia. Consiste em atrasar o mais possível o momento da morte usando tod os os me ios, mesmo que a cura não seja uma possibi lidade e se infl ijam sofrime nt os adicionais ao doen t e. A eutanásia passiva não provoca deliberadamente a mo rte, mas
t raduz-se num "deixar morrer" atra vés da supressão de todas e qua isquer ações que ten ham po r fim pro longar a vid a. A euta násia ati va é planeada entre o doente e o profiss iona l de saúde que a realiza. Os que a defendem acreditam que a euta násia é um caminho para evitar o sofrime nto de pessoas em fase te rm inal ou sem qualidade de vida. Quando se fic a dependente de outros, o medo de ser um fardo, o receio da solidão e a revolta podem levar o paciente a pedir o direito de morrer. Nest a lógica defend e-se a aut onom ia absoluta de cada pessoa, alegando o direito à autodeterminação e o dire it o à escolha do mo me nto da morte . Os defen sores da eutanásia não apoiam a morte em si mesma, apena s consideram nocivo prolongar um a vida de sof rimento e com cust os elevados. A eutanásia é, porém, um assunto cont roverso com impli cações religiosas, éticas, legais e sociais. Na perspetiva religiosa, considerando que só Deus pode tirar a vida de alguém , a eutanásia é vista como uma usurpação de um direito exclusivo do Criador; na perspetiva da ética médica , de acordo com o juramento de Hipócrates, a eutanásia é considerada homicíd io; do ponto de vista legal, excetuando os de poucos países, todos os códigos pena is do mundo consideram crime qualquer ato antinatura l na extinção de uma vida; do ponto de vist a social considera -se que uma pessoa, ainda que a sofrer demasiado, se for bem tratada e amada não pede a eutanásia.
A eutanásia, em sentido estrito, pode ser definida como qualquer ação ou omissão destinada a provocar a morte de um ser humano com a finalidade de suprimir o sofrimento, pondo fim "docemente" à vida própria ou alheia. Trata-se, na realidade, de uma ação suicida (quando o sujeito pretende acabar com a própria vida) ou homicida (quando um médico, um familiar ou um legislador se arroga o poder de decidir a respeito da sobrevivência de seus semelhantes). A distanásia consiste em prolongar a vida de um doente além do tempo, devido a motivos familiares (herança), políticos (como chefes de governo) ou outros, sem respeitar o direito do paciente a uma morte digna. Trata-se de um comportamento ilícito, antiético. Maurício Levy Júnior, http://vida.aaldeia.net/eutanasia-algumas-reflexoes/
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Todos os homens podem, e devem, em qualquer circunstância, considerar que a vida é bela e viver de acordo com isso. Ninguém tem motivos para a considerar desprovida de nobreza e grandiosidade. A dor e as contrariedades sempre fizeram parte da vida dos hom ens, e nem por isso eles deixaram de a amar. M as acontece que nest a vida se sofre realmente e que - ao contrário do que antig amen te sucedia - aqueles que sofre m são agora mu itas vezes aband onados pelos outros e têm de viver sozinhos com a sua do r. À qual se acrescenta, então, a dor enorme da solidão . Sempre houv e doent es e anciãos, mas anti gamente eram considerados um te souro. Agora não passam de um estorvo ... E é só por isso que hoje se fala em eut anásia, quando no passado havia apenas o suicídio : o suicídio é um a decisão pessoal; a eutan ásia acabará por ser uma impo sição da sociedade. Há em muitas cabeças uma noção da vida que é chocantemente pobre, tristemente vazia. Consiste em olhar para a vida de uma forma utilitária, com base numa conceção egoísta e em critérios apenas económicos: se uma vida não é útil- se não é produtiva, se não proporciona todo o prazer - então não tem razão de ser. Enem sequer é nas pessoas muito doentes, ou nos idosos que estão perto da morte, que essa mentalidade é frequente. Não. É nos outros, nos que estão convencidos de que ainda vão ficar aqui muito tempo e se acham no direito de construir uma sociedade com regras que lhes parecem mais perfeitas do que as da natureza, livres de quaisquer critérios e valores que não sejam os económicos e os do bem-estar. A grande questão da eutanásia não consiste em se cada pessoa pode, ou não, ter a liberdade de escolher o seu destino.
É ainda pior do que isso: a questão está em que o triunfo desta visão utilitária da vida levaria à eliminação de pessoas que, não querendo elas mesmas acabar com a vida, são consideradas inúteis por uma sociedade que se tornou materialista (a decisão é transferida para os médicos, para os familiares e para os parlamentos) . É muito fácil aproveitar-se da extrema debilidade - ' física e emocional - de um doente terminal. Até para o convencer das presumíveis vantagens de uma "morte doce". Muito mais fácil do que proporcionar-lhe todo o apoio e carinho de que necessita para levar a vida até ao fim - sem desistir - e morrer com verdadeira dignidade . A dor é também uma falsa questão. A medicina sabe tirar a dor, e o resto... aguenta-se. O pior é a solidão e o abandono. Isso é que é difícil de suportar. E tem uma solução bem simples ... Bastaria que todos os que estão à volta do doente olhassem para aquela vida - para a vida - sem egoísmo. Paulo Geraldo, http://vida.aaldeia.net/vida-bela/
o principal argumento daqueles
que defendem a eutanásia incide sobre o direito que o indivíduo tem, em determinadas circunstâncias - normalmente associadas a um forte sofrimento físico ou psíquico decorrentes de uma doença incurável - de poder decidir pôr te rmo à sua vida . Julgo que a morte não é em si um direito; antes uma inevitabilidade. Aquilo que t odo o ser humano tem direito é de viver e morrer com dignidade. Outro argumento para justificar a eutanásia corresponde "ao sofrimento da pessoa". O sofrimento é muitas vezes visto como algo indigno, desumano, motivo de vergonha e que por isso deve ser banido a qualquer preço, pelo que a eutanásia passa ser a vista como um gesto de compaixão. Esta "piedade hipócrita" esconde, por vezes, uma injustiça e um sentimento egoísta, uma vez que considera que os mais fracos, as vítimas do infortúnio, aqueles que adoecem ou simplesmente envelhecem, já não têm lugar nesta sociedade. O homem é o único ser vivo que reflete sobre a sua própria morte. Sabemos ainda que, por detrás do desejo de morrer, existem várias doenças mentais tratáveis - como é o caso da depressão. A existência de um "suicídio racional" é algo questionável e a história dá-nos um exemplo extraordinário a este respeito: a esmagadora maioria dos prisioneiros dos campos de concentração, mesmo sendo submetidos a um sofrimento atroz e às mais diversas torturas, raramente se suicidavam. Quase diariamente, os psiquiatras na sua atividade clínica confrontam-se com doentes que tentaram o suicídio ou que têm ideias de o vir a concretizar. A posição do psiquiatra é sempre a mesma: demover a pessoa, protegê-Ia de si própria, aliviar-lhe a angústia e transmitir-lhe palavras de esperança. Diante de tanta tragédia, e da nossa impotência, muitas vezes o papel do médico limita-se a acolher o sofrimento da pessoa. A escutá-Ia e a sofrer com ela. A pessoa depois de ajudada, recupera a alegria de vive r e encontra um sentido para a vida. A resposta à eutanásia está nos cuidados paliativos. É através desta visão humanista da medicina que se procuram solucionar os problemas decorrentes da doença prolongada, incurável e evolutiva, prevenindo o sofrimento que acarreta, proporcionando a maior qualidade de vida possível aos doentes e às famílias. Os defensores da eutanásia ou, em sentido lat o, do suicídio assistido, apresentam-na como um ato de misericórdia e de compaixão perante o sofrimento de um doente vítima de uma doença grave e incurável. A eutanásia não é uma prova de amor, mas antes o testemunho egocêntrico da sua rejeição. Pedro Afonso (Psiquiatra), Jorna l Público - 28.06.2007
24. Comenta a afirmação «A eutanásia não é uma prova de amor, mas antes o testemunho egocêntrico da sua rejeição».
Na fidelidade à mensagem cristã, que exige a promoção da dignidade humana em todas as situações, a ação da Igreja Católica na defesa da vida tem sido um a constante ao longo da história. A defesa da vida humana abrange a promoção de uma adequada compreensão da existência como dom
de
Deus. Este horizonte ético
iluminador, exige o empenho comprometido na luta contra todas as formas de atentado à vida, e na criação de cond ições de apo io para que seja concreto o apreço pela vi da e pe la fa mília. O PapaJoão Paulo II sub linhou que "convert er-se ao Evangelho significa rev isar todos os ambientes e dimensões da vida, especia lmente o que pertence à ordem socia l e à obtenção do bem comum".
O homem é chamado a uma plenitude de vida que se estende muito para além das dimensões da sua existência terrena, porque consiste na participação da própria vida de Deus. A sublimidade desta vocação sobrenatural revela a grandeza e o valor precioso da vida humana (...). O Evangelho da vida, recebido de Deus, encontra um eco profundo e persuasivo no coração de cada pessoa, crente e até não crente, porque se ele supera infinitamente as suas aspirações, também lhes corresponde de maneira admirável. Mesmo por entre dificu ldades e incertezas, todo o homem sinceramente aberto à verdade e ao bem pode, pela luz da razão e com o secreto influxo da graça, chegar a reconhecer, na lei natural inscrita no coração, o valor sagrado da vida humana desde o seu início até ao seu termo, e afirmar o direito que todo o ser humano tem de ver plenamente respeitado este seu bem primário. Sobre o reconhecimento de tal direito é que se funda a convivência humana e a própria comunidade política. A Igreja (...) sente-se chamada a anunciar aos homens de todos os tempos este «evangelho», fonte de esperança invencível e de alegria verdadeira para cada época da história . O Evangelho do amor de Deus pelo homem, o Evangelho da dign idade da pessoa e o Evangelho da vida são um único e indivisível Evangelho.
É por este motivo que o homem, o homem vivo, constitui o primeiro e fundamental caminho da Igreja. João Paulo II, Evangelium Vitae, 2
A Associação das Famílias (AF) tem uma ação multifacet ada na promoção da qualidade de vida das famílias (www.a-familias .org).
Tudo quanto se opõe à vida, como seja toda a espécie de homicídio, genocídio, aborto, eutanásia e suicídio voluntário; tudo o que viola a integridade da pessoa humana, como as mutilações, os tormentos corporais e mentais e as tentativas para violentar as próprias consciências; tudo quanto ofende a dignidade da pessoa humana, como as condições de vida infra-humanas, as prisões arbitrárias, as deportações, a escravidão, a prostituição, o comércio de mulheres e jovens; e também as condições degradantes de trabalho, em que os operários são tratados como meros instrumentos de lucro e não como pessoas livres e responsáveis. Todas estas coisase outras semelhantes são infamantes; ao mesmo tempo que corrompem a civilização humana, desonram mais aqueles que assim procedem, do que os que padecem injustamente; e ofendem gravemente a honra devida ao Criador. Não é menos verdade que estamos perante uma realidade mais vasta que se pode considerar como verdadeira e própria estrutura de pecado, caracterizada pela imposição de uma cultura anti solidária, que em muitos casos se configura como verdadeira «cultura de morte». A vida que requereria mais acolhimento, amor e cuidado, é reputada inútil ou considerada como um peso insuportável, e, consequentemente, rejeitada sob múltiplas formas. Todo aquele que, pela sua enfermidade, a sua deficiência ou, mais simplesmente ainda, a sua própria presença, põe em causa o bem-estar ou os hábitos de vida daqueles que vivem mais avantajados, tende a ser visto como um inimigo a eliminar. Desencadeia-se assim uma espécie de «conjura contra a vida». João Paulo II, Evangelium Vitae, 3.12
A vida 'é valiosa -e todos podemos opor-nos à. "culivra de morte".
Muitos são aind a os esposos que, com generos a responsabilidade, sabem acolher os filhos como «o maior dom do matrimónio». E não faltam famílias que, para além do seu serviço quotidiano à vida, sabem também abrir-se ao acolhimento de crianças abandonadas, de adolescentes e jovens em dificuldade, de pessoas inválidas, de idosos que vivem na solidão . Numerosos são os centros de ajuda à vida ou instituições análogas, dinamizadas por pessoas e grupos que, com admirável dedicação e sacrifício, oferecem apoio moral e material às mães em dificuldade, tentadas a recorrer ao aborto. Surgem e multiplicam-se ainda os grupos de voluntários, empenhados em dar hospitalidade a quem não tem família, encontra -se em condições de particular dificuldade ou precisa de reencontrar um ambiente educativo que o ajude a superar hábitos destrutivos e recuperar o sentido da vida.
25 . Identifica os valores fundamentais à efetiva promoção da dignidade da vida humana. 26. Identifi ca e caracteriza instituiçõesou grupos de defesa da dignidade da vida humana.
A medicina, promovida com grande empenho por investigadores e profissionais, prossegue no seu esforço por encontrar remédios cada vez mais eficazes: resultados, antes totalmente impensáveis e capazes de abrir promissoras perspetivas, são hoje obtidos em favor da vida nascente, das pessoas que sofrem e dos doentes em fase grave ou terminal. Várias entidades e organizações mobilizam-se para levar aos países mais atingidos pela miséria e por doenças crónicas, tais benefícios da medicina mais avançada. Do mesmo modo, associações nacionais e internacionais de médicos movem-se rapidamente, para prestar socorro às populações provadas por calamidades naturais, epidemias ou guerras. Apesar de estar ainda longe da sua plena consecução uma verdadeira justiça internacional na partilha dos recursos médicos, como não reconhecer, nos passos até agora dados, o sinal de crescente solidariedade entre os povos, de apreciável sensibilidade humana e moral, e de maior respeito pela vida? João Paulo II, Evangelium Vitae, 26
I
que é f undament al relacionar os dados da ciência com a perspetiva da Igrej a sobre questões fundamenta is da vida humana e promover o diálogo entre a cultura e a fé.
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Olól
o meu nome 'é T'tTtro.. Sou conhecida. por T-eres T-eresinha. do Menino J-esus. Nasci em 1873 no norte de França.. Aminha. mq , Z'élia., pOJiiu pcm o c'éu quando ev tinha. qua.tro anos; -estabefeci -então uma. forte liga.ção à minha. irmã. Pa.ulin-e, qoe s-e tornou a. minha. s-egund ~ mã.-e. Depois, mudÓJ11o-ros - o meu pai, Luís, ev -e as minhas +rês irmãs para. Listeux. Os meus pais ernrn profundamente religiosos. Ti~S os dias rezovern -e itldo em feito para. qoe s-e cvmpriss-e a. vontade Deus. As minhas irmãs entrernm no Carmelo (conv-ento das irmãs carmelitas) -e ev s-enti, ainda. olescenre, um amor profundo por Deus. Tornar-me freira foi o caminho qoe -escolhi para. viv-er esse r.
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Com 1ft, anos -entr-ei no conv-ento. Na. vida. rotin-eira -e tranquila. qv-e incluía. momentos de oração -e trabaJhos domésticos, descobri a: "peqv-ena. via.", a. via. do amor qv-e s-e rev-ela. nas peqoems coisas do dia. a. dia..Deix-ei qv-e Deus me -envolv-ess-e com o s-eu amor intenso -e apaixonante, -efe qv-e 'é a. origem do amor, qoe 'é o próprio Amor. Simpfesmente deix-ei-me conduzir por Deus. Entr-ega.va.-me a. todas as a.tivida.des com gen-erosidade, como s-e foss-e o próprio Deus a. pedir-me qoe o fiz-ess-e. Era a. Efe qv-e -eu serva. Esta. descoberto. troux-e-me uma. felicidade imensa. qv-e pens-ei não -existir. Des-eja.va. qoe todos -experimentass-em esse amor.
. S-ei qv-e viv-es num tempo -e numa. 'época. onde o a.mor de Deus 'é muito n-ec-essário. N-esta. unidade ousa. fa..zer a. descoberto. radicaJ de Deus, do Amor qv-e -existe no teu coração -e no abraço dos qoe precisam de ti.
Teresa de Lisieux morreu em 1897, com apenas 24 anos. Em 1920 foi declarada santa e mais tarde doutora da Igreja por causa dos seus belíssimos escritos, sobretudo a Históri~ de uma A/ma, onde descreve o seu percurso espiritual de encontro com Deus. Pelo seu amor universal e pelo desejo profundo de que todas as pessoas encontrassem Deus, foi proclamada padroeira dos missionários, aqueles que anunciam Deus e partilham com os mais pobres uma vida simples . A festa de Santa Teresinha do Menino Jesus celebra -se a 1 de outubro.
1. Pesquisa e redige uma biografia de Teresa de Lisieux evidenciando a sua vocação .
No coro.ção do. I grejo. -eu S'erei O orror Não obstante o. minho. peqoenez compre-endi qv-e O ornar 'é o corninho m(Jjs -exc-elente qv-e nos leVo. com S'eguro.nço. o.té Deus. Campre-endi qv-e o ornar encerre todo.s os voco.ções -e qv-e o ornar 'é ivdo, o.bro.ço. todos os tempos -e todos os lugares... Numo. poJo.vro., o ornar 'é -eterno... -encontrei o. minho. voco.ção: o Amor! Sanfü T-ereso. do Menino J-esvs
A interrogação sobre Deus é uma questão humana fundame ntal. De uma forma ou de outra, t odas as pessoas, question ando -se sobre si mesmas e sobre o senti do das suas vid as, acabam por colocar a questão de Deus. A procura do Transcendente, da Divindade, do Sagrado, é uma realidade humana e universal. Suje itas às mais variadas situações existencia is, como a exper iência do sofriment o, da fini tud e, da ausência de senti do, ou, pelo contrário, a experiência do encontro, da verdade, da felicidade, as pessoas acabam por se interroga r sobre a existência de Deus.
a
ser humano é um ser religioso. Desde sempre todos os povos procuram
respostas às questões profundas da existência humana:
o
Perante interrogações como estas, Deus surge como a origem prime ira e o fim últim o, no qual se encontra a bondade sem limites e a esperança de uma
felicidade sem ocaso. Acreditar e confiar em Deus é uma atitude humana.
o Alfa (A / a) e o Ómega (D / w) são respetivamente a primeira e a última letra do alfabeto grego. No livro do Apocalipse afirma-se que Deus é o princípio e o fim de todas as coisas - "Eu sou o Alfa e o Ómega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim" (Ap 22, 13).
A impossibilidade de demonstrar "cientificamente" a existência de Deus não implica que não haja razões que sustentem a fé. Deus não é nenhuma hipótese absurda ou irracional. Bem pelo contrário. Nenhum telescópio pode observar Deus, porque ele não se encontra em nenhum ponto do universo e, simu ltaneamente, é omnipresente. Se pudéssemos compreender Deus tota lmente, ele deixaria de ser Deus -
o infinito, o eterno, o absoluto -
e passaria a ser um objeto lim itado do
mundo em que vivemos, que nós poderíamos manipular a nosso bel-prazer. É por ser infin ito que Deus está sempre para lá de todas as nossas capacidades de compreensão, de todas as nossasteorias e de todas as questões. Ele é o mistér io absoluto que nós podemos apenas entrever, mas não decifrar inteiramente. O que não significa que não possamos encontrar razões para acreditar nele. Razões para acredita r...
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A oydem do un;ve YSo é um conv;~e o. o.cYed;~o.Ymos qu e ~udo o que ex;s~e ro; ryU~O do. aç õo de um ser ;nr;n;~o e ;n~el;jen~e,
• ••••• •••••••
A exis~êncio. de vo./OYes é~icos vniversais, que podem sev pon~os de vefevência abso/u~os desafia o. acved,Javmo's em Deus,
Durante uma conferência, o orador lançou o seguinte desafio: - Tudo o que existe será obra de um Deus criador ? Vários alunos responderam: - Sim ! O conferencista objetou: - Se foi Deus quem criou tudo, então também o mal é obra dele. Partindo do princípio de que as nossas obras são um reflexo de nós mesmos, se Deuscriou o mal é porque é mau. Ora a ideia de um Deus mau é contraditória. Logo, Deus não existe. Um silêncio profundo fez-se sentir diante de tal argumento e o orador regozijava-se por ter provado mais uma vez que a fé era um mito. Então, outro estudante levantou a mão e disse: - O frio existe?
- É lógico que o fr io existe ou por acaso nunca sentiste fr io? O rapaz responde u: -
De fact o, o fr io não existe! Segundo as leis da física, o que consideramos
f rio, na realid ade é a ausência de calor. Todo o cor po ou obj et o é suscetíve l de estudo quando possui ou t ransmit e energia; o calor é o que faz com qu e este cor po te nha ou t ransmita energia. Nós cri ámo s o conceit o de f rio para descrever o que sentimos na ausência de calor. - E exist e a escuri dão? - insistiu o estudante . O conferencista respo ndeu: - Parece que sim . -
Novamen te comete um erro. A escurid ão t ambém não t em exist ência
própria. A escuridão na realidade é a ausência de luz. A luz é passível de ser investigada, a escurid ão não! Até podemos decompor a luz branca nas várias cores que a compõem. A escuridão não! Um sim ples raio de luz at ravessa as trevas e ilumina a superfície sobr e a qual incide . O conceito de escur idão desenvolveu-se para descrever o que observamos na ausênci a de luz. Finalmente, o jovem pergun tou ao conferencista: - O mal existe? -
Basta observa rmos o mundo com atenção para nos confront armos com
crimes e viol ência por t odo o lado . Tudo isso é manifestação do mal. O estudante respondeu: -
Na realidad e, o mal não existe, pelo menos não existe por si mesmo. O
mal é simplesmente a ausência do bem. Tal como o frio e as t revas não existem por' si mesmos, o mal é um conceit o que o ser hum ano utiliza para descreve r a ausência do bem ou de Deus. Por isso, Deus não pode ter criado o mal. A fé, o bem ou o amor são realidades existentes, à semelhança do calor e da luz. O mal, pelo contrário, é mera manifestação da ausência de Deus, ou seja, é o resultado da ação do ser humano quando expulsa Deus do seu coração. Autor desconhecido
e
Criaste-nos para ti 5 ' e nhor e o nosso coração está inq uieto nq uant o não repousar em ti~ Santo Agostinh o ( . bispo do século IV)
Acha r que o mundo não tem um criad or é o mesmo que afirma r q ue um dicio nário é o resu ltado de uma explosão num a tipografi a.
Benjamin Franklin (cienti st a e escrit or ame ricano do século XVIII)
Hoje Deus é ve rdade! Passem pa ra cá papel e tinta . Se preferem, escrever ei a sangue esta notícia: Hoje, Deus é verdade como o Sol. Sebasti ão da Gama (poeta português do século XX)
Para que serve crer? Ve mos claramente para que serve não crer: para estar apenas sobre a terra, que é a menos estável de todas as moradas, e para nunca ouvir, em resposta às perguntas que o coração coloca, outra voz senão a própria.
André Frossard (jorn alist a e escrit or franc ês do século XX)
, A fé é um ato d e coragem, na confia nça a plena certeza racional M . . as o crente t acred itar em Deus é m . , em a is razoavel do Anselmo Borges (padre ' que
. radicai, sem acesso a convicção de que nao acreditar.
portugues, filósofo e teó log o contemporâneo )
Recusa de De s Ateísmo significa literalmente «sem deus»: a (negação) + theos (deus). É uma atitude de vida que nega a existência de Deus ou de qualquer divindade.
~t~
~R~ consiste no..
II
o..firmo..ção co..+egórico.. do.. não -existêncio.. de Devs. É vmo.. conc-eção mo..+eriolis+o. do.. r-eolida.de (nado, há. peru além do..qvilo qve se pode observar. ov seja., do mvndo mo..+eriol).
@T1~ 'é. o, o..tiivde dos
pessoos qve vivem sem qvolqver r-eferêncio.. n Devs, indifer-en+es à. qvesmo do sobr-eno..ivrol. Vivem como se Devs não -existisse -e não se nreressom pelo..s qvestões r-elo..ciono..do..s com o.. tro..nsc-endêncio...
I
o ateísmo é uma
opção filosófica de quem se assume responsável pelos
seus atas e pela sua forma de viver, de quem dá valor à sua vida e à dos outros, de quem cultiva a razão e confia no método científico para construir modelos da realidade e de quem não remete as questões do bern e do mal para seres hipotéticos, nem para a esperança de uma existência após a morte. Associação Ateísta Portuguesa, http://www.aateistaportuguesa.org/
Não tenho necessidade de Deus, nem saberia o que fazer com ele. Jean-Paul Sartre (filósofo e escritor francês do século XX)
A razão mais sublime da dignidade do homem consiste na sua vocação à união com Deus. É desde o começo da sua existência que o homem é convidado a dialogar com Deus: pois, se existe, é só porque, criado por Deus por amor, é por ele por amor constantemente conservado; nem pode viver plenamente segundo a verdade, se não reconhecer livremente esse amor e se entregar ao seu Criador. Muitos dos nossos contemporâneos não atendem a esta íntima e vital ligação a Deus, ou até a rejeitam explicitamente. Concílio Vaticano II, Gaudium et Spes, 19
Agnosticismo significa literalmente «ignorância», «desconhecimento»: a (negação) + gnose (conhecimento). É a afirmação da impossibilidade de
alguém se pronunciar sobre a existência de Deus. O agnosticismo opõe -se ao teísmo (crença na existência de um deus pessoal) por considerar que o conhecimento humano não tem qualquer possibilidade de aceder a Deus. Opõe-se ao ateísmo porque também não encontra razões para negar pura e simp lesmente a sua existência. É, pois, uma ati t ude cética, na qual a dúvid a leva o ser humano a suspender o
i
j uízo acerca de Deus. Para muit os agnósticos, é impossível ao ente ndime nto humano conhecer Deus, porqu e ele se encontra para além das possibilidad es dos métodos experime ntais.
Tenho consciência do sagrado, do mistério que há no ser hum ano, e não vejo por que não confessar a emoção que sinto diante de Crist o e do seu ensinamento ... Sinto grande respeito diante de Cristo, mas não creio na sua ressurreição. Albert Camus (escritor fr ancês do século XX)
~ão sou um ateu tota l, todos os dias tento encontrar um sinal de Deus, mas infelizment e não o encontro. José Saramago (escritor portu gu ês do século XX)
Viro u-se para Deus minh a alma triste ! Amortalhei na Fé o pensamento, E achei a paz na inércia e esquecimento... Só me falta saber se Deus existe ! Antero de Quental (poeta português do século XIX)
Relativismo é um a posição que nega a possibilidade de nos aproxima rm os, por te nta ti vas sucessivas, da verdade de Deus. Defende que tud o o que se diga, se pense ou se faça é igualm ent e válid o e igualmente bom. Todas as decisões e t odas as atitudes estão justi fi cadas à par tida porq ue cada um tem «a sua verd ade» . Assim sendo, t udo é relati vo; não existem verd ades absolutas, nem pontos de or ientação seguros. Ca m inhamos às cegas pe lo mundo. No fundo, o relativismo é, em muitos casos, uma forma de desculparmos as nossas ações ou palavras menos agradáveis. Qualquer que seja a nossa posição, t emos sempre razão, uma vez que não existe um padrão de conduta, nem um a hierarquia de valores. Poderemos até manipular a verdade (as opiniões) conforme mais nos convier; aquilo que hoje afirmamos, amanhã poderemos negar. Cada pessoa pode criar as suas próprias crenças, os seus próp rios valores e conduzir a vida de acordo com eles, sem qua lquer padrão ético. Conf unde -se assim valores mora is com capr ichos.
o
crente, o agnóstico, o ateu, em vez de se excluírem, devem encontrar-se e enriquecer-se mutuamente num conflito dialógico de razões, e, por paradoxal que pareça, num diálogo sincero e aberto, concluirão que há entre eles muito mais sintonias do que poderiam supor à primeira vista. Quantos crentes, por exemplo, não ficarão surpreendidos ao descobrir que a racionalidade da fé, não podendo ser evidente, convive com a dúvida, a opinião, a suspeita... Fé religiosa e dúvida não se excluem. Por outro lado, é bem possível que também ateus e agnósticos aceitem que há um Mistério inominável que a todos envolve ... O que deve unir crentes e não crentes é a busca honesta e sincera da verdade e o combate generoso por uma humanidade melhor, mais solidária e feliz. Anselmo Borges (teólogo contemporâneo), Janela do {In)Visível
Acreditar em Deus: acolher e confiar A fé em Deus é um a realidade com senti do. A cren ça não é um a atitude irracio nal; tradu z-se na confiança em Deus e num consequente comprom isso de vida. Acreditar em Deus é acolher e confi ar no sentido último da vida. Todas as pessoas hão de morrer.A experiência de fini tude é universal. Mas a morte é um absurdo porque põe limit es insuperáveis ao desejo de eternidade e de felicidade que habitam o coração humano . Deus é a resposta a este desejo de eternidade e de felicidade sem limites. Se Deus existir, podemos esperar que a vidae o amorsejam a
última realidade para o ser humano, e que a morte, o nada e o esqueciment o eterno não sejam a última palavra para a vida human a. Acreditar em Deus é confiar que a vida humana tem um sentido que ultrapassa os anosquevivemos.
2. Comenta a afirmação «Fé religiosa e dúvida não se excluem».
Todos os seres humanos estão conscientes do infinito e da eternidade. A única diferença que existe entre eles é saber até que ponto essa consciência abala cada indivíduo considerado isoladamente. Um acredita num deus pessoal acima das coisas e das pessoas, o outro acredita no seu próprio querer como seu deus, uns são humildes, outros revoltam-se, e todos - seja qual for o comportamento individual de cada um -, todos são crentes. Arthur Schnitzler (1862-1931), Espírito e Religião
3. Porque razão Arthur Schnitzler afirma que «todos são crentes»? Será que ele desconhece a existência de ateus e agnósticos?
Quando os meus fi lhos eram peq uenos e eu pensava por eles e decidia por eles, tudo era fáci l e somente a minha liberdade estava em causa. M as chegado o momento em que eu pensei que o meu papel consistia em habituá -los a escolhas progressivas, notei que a inquietação se instalava em mim. Ao deixar os meus filhos tomar decisões e, portanto, correr riscos, aceitava, ao mesmo tempo, o risco de ver surgir outras liberdades para além da minha . Se, muitas vezes, continue i a escolher em vez dos meus fi lho s, era, tenh o de o confessar, para lhes poupar o sofrimento provo cado por uma opção que eles iriam t alvez lamentar, mas era também, e t alvez mais, para não experimentar a prova de um desacordo entre a sua escolha e aquilo que eu t eria desejado que eles fizessem. Isto significava falta de amor da minh a parte, porque agindo deste modo desejava essencialmen te pôr-me ao abrigo de um possível sofrimento, o sof rim ento que experimentei sempre que os meus filhos opt aram por um camin ho diferente daquele que me parecia o melhor para eles. Foi assim que com ecei a perceber que Deus «Pai» possa sofrer. Nós somos seus filho s. Ele quer que sejamo s livres no nosso cresciment o e o infi nit o do seu amor impede-o de exercer qualquer const rangiment o. O seu amo r puro, sem qualquer traço de cálculo, implica , desde o princípio, a aceitação do sofrimento inerente a esta liberdade total que ele quer para nós. François Varil lon (1905 -1978), O sofrimento de Deus
o Filho Pródigo,
Hans Feibusch (1898-1998)
A parábola do "filho pródigo", melhor dito, do Pai misericordioso, transporta-nos para a representação de um Deus que sofre quando o filho sai de casa e se alegra e faz festa no abraço do reencontro.
Conhecem a parábola do pai misericordioso que tinha dois fi lhos? O mais novo resolveu um dia sair de casa, mas o mais velh o permanece u sempre ju nto do pai. Pois bem, te nho sido uma espécie de irm ão do fi lho pró digo. Na verdade, não me lembro de não ter tido fé. Desde que me con heço que me entendo como cristã. É que nasci numa família cató lica, comecei a frequentar muito cedo os grupos juvenis da paróquia e todos os meus amigos mais íntim os eram cristãos. Como é que Jesus entrou na min ha vida? Foram os testem unhos da minha família, dos padres, dos cateq uistas, dos amigos e até dos colegas não crente s, que me levaram a deixá-lo entrar. De início eu não percebia nada. Ia à igreja porqu e os meu s amigos estavam lá e sempre nos divertíamos. Na verdade, frequenta va a igreja po rque era o único síti o ond e os meus pais me deixavam ir sozinha. M as a um dado momento comecei a interessar-me pelas coisas de Deus e a senti r um desejo irresistível de o conhecer melhor. E foi assim, sem grandes sobressaltos, que Jesus se introduziu na minha vida. Não vi nenhuma luz misteriosa nem ouvi qualquer espécie de trovão inexp licável! Apenas fui sentindo que nunca estava sozinha, havia uma constante presença amiga na minha vida. Por volta dos 12 anos comecei a frequentar um movimento católico que me marcou definitivamente. Embora o abandonasse ao fim de três anos por me sentir desenquadrada, tenho de reconhecer que fo i nele que aprendi a encontrar-me com Deus. Aos 14 anos fui a Coimbra, a uma assembleia desse movimento, e aí tive a minha primeira exper iência consciente de oração e de comunhão com Deus e com os outros . Não sei dizer como foi. Há coisas que não se explicam. Vivem-se. Apenas sei que encontrei Jesus e que nele achei um sentido pleno para a minha vida.
Guida
Não posso duvidar de que tudo aquilo que eu amo neste mundo - as árvores, as rosas, os pássaros, um sorriso - é ainda muito mais amado por Deus. Mas tudo aquilo que eu não posso amar - o mal que faço aos me us irmãos e aquele que eles me fazem a mim, a inj ustiça, a miséria, a fome, a doença - será contemp lado serena e passivamente por Deus, porque a perfe ição da sua natureza imortal o impede de vibrar? Prefiro nem dizer nada a respeito da criança que é torturada ou do ino cent e que é humil hado! A obra criadora é um a aventura. Deus avent uro u-se, arriscou. Abriu à hum anid ade um caminho de liberdade, com todos os per igos inerent es. François Varillon (1905-1978), O sofrimento de Deus
Sim, temos, de facto, necessidade de Deus, presença em cada um de nós da exigência de procura r o sentido da vida, de ser responsável por descobri-lo e por realizá-lo. Precisamos de Deus para tomar consciência da unidade da vida, dessa mesma vida que anima a subida da seiva nas árvores e a palpitação do sangue no coração dos seres humanos. Temos necessidade de Deus cuja presença em nós se manifesta pela possibilidade permanente de não nos abandonarmos à passividade mas de assumirmos a responsabilidade de participar na pilotagem da criação continuada da vida . O Deus de que precisamos é esse Deus uno e total, presente em todos nós e cuja unidade é a única que pode dar sentido a todas as coisas como seu fim último e único. Deus é essa presença que está em nós sem ser de nós. Não podemos captá-lo nem pelos nossos sentidos nem pelos nossos conceitos.
4. Identifica situações que constituem obstáculo ao acolhimento de Deus.
Tal é a fé perene e universal: a afirmação do sentido da existência, da unidade do mundo, da criação divina da vida . Para se ser humano tem-se necessidade dessa fé, seja qual fo r o nome que se dê ao Deus ao qual ela se dirige. Adaptado de Roger Garaudy (1913 -2012), Será que precisamos de Deus?
Não acredito em nada. As minhas crenças Voaram como voa a pomba mansa, Pelo azul do ar. E assim fugiram As minhas doces crenças de criança. Fiquei então sem fé; e a toda a gente Eu digo sempre, embora magoada: Não acredito em Deus e a Virgem Santa É uma ilusão apenas e mais nada! Mas avisto os teus olhos, meu amor, Duma luz suavíssima de dor ... Egrito então ao ver esses dois céus: Eu creio, sim, eu creio na Virgem Santa Que criou esse brilho que m' encanta! Eu creio, sim, creio, eu creio em Deus! Florbela Espanca (1894 -1930), A Mensageira das Violetas
Crentes e não crentes fazem as mesmas experiências de finitude, do dever moral, da liberdade, do sentido e da ausência dele, bem como da morte. O que distingue o crente do não crente é a interpretação que cada um faz dessas experiências. O crente é, por definição, otimista. Transporta Deus para a compreensão da pessoa e da história atribuindo-lhe um sentido definitivo. O não crente, negando Deus, nega a possibilidade de a vida, a história e o universo terem um sentido definitivo.
Deus não aparece a um olhar vago, a uma pessoa distraída, a um indivíduo perdido na diversão. O encontro com Deus tem lugar no próprio centro da pessoa. Deus também não aparece a um olhar anónimo, caraterístico da pessoa massificada. O Deus que dá o seu nome ao revelar-se, chama o ser humano pelo seu nome próprio e exige que esteja desperto para a sua condição de pessoa.
S. Em que circunstâncias é possível que o ser humano se encontre com Deus?
A redescoberta de Deus exige de nós uma cura lenta de sossego, de concentração, de interiorização, de contemplação, de dispon ibilidade, de gratuidade, de liberdade interior, de criatividade; necessitamos de um longo período de reabilitação para o espiritual... Começa a haver encontro com Deus quando um ser humano pessoalmente adulto reconhece a realidade transcendente, reconhece-a como pessoal e põe nela a sua salvação definitiva. Juan Martin Velasco (teó logo contemporâneo), La Religión en nuestro tiempo
II
~
~T~
I'I
a.firmam qve
não
~ó~ declaram qoe na.o sabem
~E~ a.creditom qve sim
\1
que é possível equacionar respostas fundamentadas sobre a existência de Deus e sinto-me desafiado a desenvolver uma posição pessoal.
o ser humano sempre
procurou uma resposta para os grandes enigmas que
o inquietam e ao mesmo tempo o deslumbram: o sentido e o fim da vida, a origem do bem e do mal, o que há para além da morte... A busca da felicidade é uma luta constante na qual as pessoas se empenham com paixão. E, consciente ou inconscientemente, todos procuramos a Verdade, o Bem, a Beleza e a Paz como fins supremos, nos quais encontramos a plenitude. A procura do transcendente por parte do ser humano começa no início da humanidade. De facto, os vestígios mais antigos que conhecemos da vida dos humanos (pinturas rupestres, túmulos, imagens...) denotam que a religiosidade é um elemento comum a todos os povos, para quem a existência do Sagrado é uma realidade próxima e necessária. As representações da divindade que aparecem em diferentes épocas nas diversas culturas manifestam que o ser humano é naturalmente religioso. Se olharmos para as antigas culturas, em todas elas encontramos elementos religiosos comuns: sacerdotes, lugares sagrados (altares, templos), objetos
sagrados (sinais religiosos, instrumentos de culto), tempos sagrados (festas, romarias), rituais, histórias e livros sagrados.
Elementos constitutivos do fenómeno religioso - Doutrina: conjunto de dogmas e/ou crenças. - Ritos: cerimónias cultuais através das quais se presta adoração a Deus. - Ética: conjunto de normas a viver no dia a dia. - Relação com a divindade: a religião não é em primeiro lugar doutrina, rito
ou lei; é fundamentalmente relação pessoal com Deus e com a comunidade. 6. Por que é que a experiência do sagrado constitui um dos principais aspetos da vivência histórica da humanidade?
us A noção da existência de Deus não só povoa a mente humana, como pertence à lin guagem da humanid ade de t odas as épocas e lati t udes. No Antigo Egito, uma civil ização que prosperou ao longo do rio Nilo desde cerca de 31 00 a.c. até ao século I d.C., desenvolveu-se o cult o de certos animais como o gato, o gavião, o crocodilo, a íbis, o escaravelho, o boi. Os deuses assumiam traços dest es anima is sagrados e eram representados sob estranhas formas, meio animais, meio hum anas. Muito s deuses estavam ligados às força s da natu reza: o poder do so l, a bele za da lua o u as cheias do rio Nilo.
Rá - deus-Sol, rei dos deuses, pai da humanidade e protetor dos reis e dos mortos . Ámon - deus da fertilidade, patrono dos faraós.
Osíris - protetor do mundo além-túmulo. Deus da fertilidade e da vegetação. Mais tarde, tornou-se o deus supremo do Egito, ao lado de Rá, bem como rei e juiz dos mortos. ísis - deusa lunar, rainha dosdeuses, a grande deusa-mãe, deusa doscereais e da fertilida e. Horo - com cabeça de falcão é o deus do céu e do Sol. Áton - deus do Sol. Durante um curto período tornou-se o deus único. Anúbis - deus dos mortos, guardião de túmulos e de cemitérios.
Na Grécia os deuses eram imortais mas possuíam características semelhantes aos seres humanos: ira, bondade, egoísmo, compaixão, ciúme, fraqueza, força, vingança ... As principais divindades habitavam o Monte Olimpo, de onde decidiam a vida dos mortais, embora elas próprias estivessem submetidos ao destino. Zeus era a divindade suprema do panteão. Os gregos acreditavam que os deuses desciam do monte sagrado para se relacionarem com as pessoas. Os heróis eram filhos de divindades e de seres humanos.
Cada cidade da Grécia Antiga possuía um deus protetor e cada divindade representava uma força da natureza ou um sentime nto humano. A religião e mito logia gregas serviam para explicar fenó me nos da natureza e transm itir conselhos para a vida. Ao invadi r a Grécia e o império hel énico, os romanos adot aram e adapt aram o panteão grego .
Acrópol e, Aten as
Função
Nom e roman o
Rei dos deuses e dos seres humanos
Júpiter
Nom e grego
Zeus Poseidón
Panteão , Roma
Causador dos terramotos e senhor dos mares
Neptuno
Hades
Deus do mundo subterrâneo
Plutão
Héstia
Deusa da Lareira, símbo lo do Lar
Vest a
Violento e confl ituoso deus da guerra
M art e
Afrod ite
Deusa do amor, da beleza e da fertilidade
Vénus
Artem isa
Deusa da caça e da juventude
Diana
Ares
Hefesto
Deus do fogo , da meta lurgia e dos artífices
Vulcano
Representações de Deus no Antigo Testamento No Antigo Testamento, a afirmação do monoteísmo é essencial. A proibição da adoraç ão de imagen s, para além de ser um imperati vo do Decálogo (<<Não faças para ti imagens esculpida s, representando o que há no céu, na terra ou nas
águas »), está também relacionada com a natureza misteriosa e transcende nte de Deus, que não é nenhum objeto do mundo nem pode ser representado como tal. Ele é um Deus santo, to ta lmente distinto do resto do universo. Por isso, Israel não identifica Deus com as forças da natu reza, apesar de estas poderem ser uma man ifestação da sua ação.
7. Caracteriza a religiosidade das civilizações egípcia e greco-romana .
Desde a sua origem, o povo de Israel sentiu e desenvolveu a ideia de que tinha sido eleito por Deus de entre todos os povos da terra. Deus estabeleceu com ele um a aliança que havia de marcar t oda a sua história . Por isso, o Deus de Israel é um Deus
nacional. No enta nt o, pouco a pouco, vai-se desenvolvendo a consciência de que, sendo o único Deus existente, é também o Deus de t odos os povos, um Deus universal. Em det erminados mome nt os da históri a de Israel, Deus foi identificado como um guerreiro que lutava ao lado de Israel contra os seus inimigos, ao mesmo t empo que se manifestava prote to r e libert ador do povo A mão de Deus, August e Rodin (1840-1917)
perant e a prepo tência dos impérios.
Na história de Israel encontramos várias experiências de Deus: de um a formulação muito elementa r que se aproxima das conceções das religiões politeístas dos povos com que Israel contactava, evolui-se para o monoteísmo absoluto e, sobretudo, para a compreensão de um Deus que é pai e protetor. Nos text os da Bíblia, Deus aparece descrito muitas vezes com características antropomórficas: atr ibuem -se-lhe formas e sentimentos da pessoa humana . De facto, como poder ia o ser humano falar de Deus senão recorrendo àquilo que ele conhece? Esta maneira metafórica de abordar Deus é, pois, uma tentativa de desvendar um pouco a sua natureza misteriosa. A presença de Deus na Bíblia é descrita como uma presença
pessoal e atuante com quem Israel pode conversar, em quem pode confiar e a quem deve obedecer. Como uma espécie de legislador, Deus apresenta a sua vontade num código de leis cujas regras centra is se referem tanto ao culto como à conduta ética de vida -
e promete-lhe a sua presença protetora, caso
cumpra os mandamentos expressos nesse código. No Antigo Testamento, podemos ler textos que expressam uma imagem positi va de Deus e te xtos que lhe atribuem carater ísticas claramente negativas. Esta dup la face de Deus está relacionada com a evolução religiosa que Israel fo i fazendo ao longo do seu percurso histórico, purifica ndo a ideia de Deus M oisés
dos elementos negativos.
o nome
de Deus havia de designar a sua identidade. Cont udo, esta é-nos
desconhecida, porque Deus é o grande mistério . É por isso que a questão do nome de Deus é tão importante no Antigo Testamento . E não existe apenas um nome, apesar de um deles ser o mais importante, mas uma multiplicidade de
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nomes, evidenciando múltiplas caraterísticas de Deus. Por respeito para com Deus, os israelitas não pronunciavam o nome de Deus que tinha sido revelado a Moisés no Monte Sinai (<< YHW H», «Aquele que é» ou «Aquele que está presente»). Em vez dele, pronunciavam outros nomes que aparecem igualmente na Bíblia: fI (Deus), f/ohim (Deus), Adonai (Meu Senhor),
El-Shaddai (Omnipotente). «YHWH», mais do que uma simples definição, é a indicação de uma presença. Quer dizer que Deus não abandona Israel à sua sorte; torna-se conhecido no encontro e na relação que estabelece com cada um e com o povo . Israel vê no tetragrama «YHWH» o símbolo do mistério da vida íntima da divindade; é o nome próprio de Deus, ou seja, a sua identidade, razão pela qual não era pronunciado.
A importância do nom e: o nome não existe apenas para designar e distinguir as coisas e as pessoas, mas é, essencialmente, um elemento definidor da identidade. Tudo o que existe tem existência para nós, porque tem um nome pelo qual o conhecemos. Dar um nome, nas civilizações antigas, significava dominar ou atribuir determinadas características ou funções a alguém. Se se conhece o nome de uma pessoa, pode exercer-se infl uência sobre ela. O nome designa de tal forma a identidade e a função que em determinados cargos ou relações de pertença se muda o nome da pessoa (como acontece com o papa), querendo significar uma mudança radical de vida.
YHWH em aramaico e em hebraico moderno
.,
o Deus de Jesus Cristo Jesus Cristo acreditava no único Deus do Antigo Testamento: o Deus criador, omnipotente e juiz mas a sua relação profunda com ele e a sua relação com a vida das pessoas manifestam uma outra imagem de Deus. Seo Antigo Testamento lhe atribuía caraterísticas positivas e simultaneamente negati vas, Jesus vem trazer a grande nov idade: Deus é Pai inequivocamente bom.
É um Deus que ama os seus fi lhos ta l como eles são. E como qualquer bom pai ou boa mãe, também mostra a sua preferência pelos mais pequenos e pelos ma is fráge is. Jesus apresenta-nos um Deus bom que se torna presente no amor e na salvação oferecida a todas as pessoas. Deus é pai, não apenas dos que cumprem a lei de M oisés, dos que lhe prestam culto, dos que jul gam ter uma vida honest a, dos que pertencem ao povo de Israel, mas igualmente dos estrangeiros, dos perdidos, dos pecadores, dos excluídos, dos desprezados, dos marginalizados. Não porqu e aprove o comporta mento de cada um, mas porqu e ama a todos com amor infinito, o Regresso do Filho Pródigo, Esteban Mu rillo
(1617-1683)
como um pai ama o fi lho e se dispõe a acolhê-lo na bondade do seu coração.
A mensagem de Jesus, não nos apresent a um Deus que esteja ao serviço do poder, que esteja do lado da vio lência, que decida de forma arbitrária, salvando apenas quem bem entender, que anu le a liberdade do ser humano. É um Deus profund amen te interessado em resgatar o ser humano dos seus medos, das suas f rustrações,
das suas debi lidades, tornando-se o garante de uma vida em pleni tude, fundada no amor e na solidariedade. Os cristãos, tal como Jesus, acolhem 8. Qua is as características do Deus de Jesus Cristo?
a presença de um Deus que lhes oferece confiança, liberta-os dos seus medos e dos seus egoísmos e leva-os a servir os outros.
Desisti de saber qual é Teu nome, Se tens ou não tens nome que Te demos, Ou que rosto é que toma, se algum tome, Teu Sopro tão além de quanto vemos . Desisti de Te amar, por ma is que a fome Do Teu amor nos seja o mais que temos, E empe nhei -me em domar, nem que os não dome, Meus, por Ti, passionais e vãos extremos. Chamar-Te amante ou pai..., grotesco engano Que por demais tresanda a gosto humano! Grotesco engano o dar-te forma! E enfim, Desisti de Te achar no quer que seja, De Te dar nome, rosto, culto, ou igreja ... - Tu é que não desistirás de mim! José Régio (1901-1969), Biografia
Queres saber de que cor São os sonhos de Deus Volta a olhar o mundo Pela prime ira vez
Quer es saber o lugar Da morada de Deus Volta a olhar o Homem Pela primeira vez
Queres saber o segredo Do coração de Deus Volta a olhar o amor Pela pr ime ira vez
Pois o Verbo de Deu s acampou ent re nós Tolentino Mendonça (teólogo e poeta contemporâneo)
A arte de "dizer" Deus A arte , em geral, e a arte sacra, em particular, tem um profundo sentido espirit ual, uma vez que revela o sentido oculto da vida e do un iverso .
Todas as fo rmas de arte são extensões da obra criadora de Deus, o pr imeiro e ete rn o artista . O universo inteiro é um a grande obra de arte . M as, para além da natu reza, podemos observ ar a maravilh a da cri ação artística de Deus em nós mesmos . A pessoa humana é a t ela: Deus vai desenh ando a obra de arte que é a vid a humana. Quando analisamos uma obra de arte descobrimos a mão do artista, intu ímos qua l fo i a sua ide ia e o que quis fazer. Da mesma maneira, podemos descobrir a mão de Deus na obra de arte que é cada pessoa. Damo-nos conta de que nada é fruto da casualidade ou da fata lidade; t udo depende simu ltaneamente da força criadora e amorosa de Deus e do livre consentimento humano.
Pietá, Miguel Ângelo (147 5-1564), [Basílica de S. Pedro, Roma)
A iconografia (do grego Eikon = imagem + graphia = escrita) é uma forma de linguagem visual que utili za imagens para representar determinado t ema. A iconografia estuda a origem e a formação das imagens. A palavra ícone quer dizer lite ralment e «imagem». Na sua origem, o verdadeiro senti do de ícone é o de uma imagem que nos leva a Deus.
o
catalão Antoni Placid Gaudí i Cornet (1852-1926) foi arquiteto e um dos
maiores símbolos da cidade de Barcelona. Artista modernista e cristão convicto, quis que a sua obra principal -
a igreja da Sagrada Família, em Barcelona -
exprimisse a grandeza, a harmonia e a vitalidade do Criador. Dedicou quarenta anos da sua vida a esta construção monumental. Gaudí pretendeu com a sua obra elevar a alma humana a Deus. É quase impossível passar pela extraordinária igreja como um simples turista; pois este templo é um sinal luminoso da presença de Deus, a revelação explícita da fé num Deus vivo e próximo. O peregrino, em permanente busca de si mesmo e de Deus, contempla esta obra artística para nela fazer a experiência de encontro com o sagrado. A arte de Gaudí é um apelo à conversão do coração, abrindo-o àquele que é o autor da beleza. Toda a beleza exterior e interior da igreja coloca a pessoa diante de Deus e interpela-a a compreender a sua vida à luz da realidade eterna e transcendente, ou seja, do próprio mistério de Deus.
9. Comenta a seguinte afirmação de Van Gogh: «Procura compreender o que dizem os artistas nas suas obras-primas, os mestres sérios. Aí está Deus».
Se eu quiser falar com Deus Tenho que ficar a sós Tenho que apagar a luz Tenho que calar a voz Tenho que encontrar a paz Tenho que folgar os nós Dos sapatos, da gravata Dos desejos, dos receios Tenho que esquecer a data Tenho que perder a cont a Tenho que t er mãos vazias Ter a alma e o corpo nus Se eu quiser fala r com Deus Tenho que me aventura r Tenho que subir aos céus Sem cordas p'ra segurar Tenho que dizer adeus Dar as costas, caminhar Decidido, pela estrada Que ao findar vai dar em nada Nada, nada, nada, nada Nada, nada, nada, nada Nada, nada, nada, nada Do que eu pensava encontrar Gilberto Gil (compositor e cantor contemporâneo)
que o ser humano necessita de representar Deus para mais facilmente se relacionar com ele. As diferentes formas de arte são aproximações ao mistério que é Deus.
A tradição judaica - e particularmente a cristã - revelam a imensidão e a bondade de Deus. Deus é o Amor.
o autor do livro
.Jls obras de Deus estão acima de todo o Iouoor 27Por muito que digamos, muito nos ficará por dizer; mas o resumo de todo so discurso é este: «Ele é tudo.» 280 nde encon traremos nós a força para o glorificar? Sendo o Todo-Poderoso, está acima de todas as suas obras . 29 0 Senhor on
/
é terrível e soberanament e grande , o seu poder é maravilhoso. 30Glorifi cai o Senhor e exaltai-o, tanto. quanto puderdes, porque Ele será sempre maior. Exaltai-o com todas as vossas forças, não vos canseis, porque jamais chegareis ao fim . 31Quem o viu a fim de o poder descrever? Quem é capaz de
Q'
louvar
como Ele é, em toda a sua amplidão? 32Bem numerosas ainda são as suas obras ocu ltas, pois não vimos senão um pouco dás suas obras . 330 Senhor fez todas as coisas, e Ele deu sabedoria aos homens piedosos. Sir 43,27-33 ,
,-
o texto pretende sublinhar a grandeza e o mistério de Deus. Dassuas palavras depreende-se que não pode haver um discurso acabado sobre Deus porque a linguagem humana é limitada e incapaz de revelar plenamente a sua natureza. Ele está em todas as coisas e, simultaneamente, acima de todas as coisas; é Todo-Poderoso, invisível e, de certo modo, desconhecido, dada a sua grandeza humanamente incompreensível.
o imenso amor de
Deus acontece na criação do universo e do ser humano,
na dádiva da sabedoria para que cada um possa conduzir a vida pelo caminho da alegria, e, na infinidade de belezas presentes em cada pessoa e na natureza.
o autor convida em quem confia.
os crentes ao louvor deste Deus, surpreendente e próximo
de Ben Sira (Sir) é um crente judeu que, no final da sua vida, quis legar uma espécie de testamento espiritual às gerações futuras. No seu livro reforça a ideia da fidelidade à religião de Israel, confrontada naquele tempo com o pensamento e civilização dos gregos.
o Senhor é meuPastor o Senhor é meu
pastor: nada me falta .
2Em verdes prados me faz descansar e conduz -me às águas refrescantes. 3Reconfort a a minha alma e guia-me por caminhos retos, por amor do seu nome. "Ainda que a ravesse vales tenebrosos, de nenhum mal terei medo porque Tu estás comigo. A t UQ vara e o teu cajado dão-me confia nça. 5Preparas a mesa para mim
.
à vista dos meus in imigos; ungiste com óleo
é! minha cabeça;
a minha taça transbordou. 6Na verdade, a t ua bondade e o t eu amor hão de acompanhar-me todos os dias da minha vida, e habitarei"na casa do Senhor para t odo o sem pre. SI 23(? 2)
Este salmo, atribuído ao rei David (séc. X a.C), ele propno pastor na sua juventude, é um poema-oração que canta a confiança e a fé em Deus. Deus é o Pastor que guarda, orienta e conduz as pessoas. Nele os crentes encontram refúgio e segurança. Daqui nasce a convicção de que Deus é uma presença fiel e protetora. Para melhor se entender esta representação de Deus é importante ter presente a vida de um pastor da época. Os pastores não eram proprietários de grandes rebanhos, mas de um pequeno número de ovelhas, das quais cuidavam com carinho,já que constituíam o seu património material e o sustento da família. Era costume, entre os pastores, juntar à noite os seus pequenos rebanhos num curral comum, guardados por vigias. A voz de cada pastor era identificada pelas respetivas ovelhas, que se reuniam à volta do seu guia para uma nova pastagem. Esta imagem era usada para exprimir a relação do povo de Israel com Deus, uma vez que Israel escuta a voz do seu Pastor e a ele confia a sua vida.
Os pastores, preocupados com a satisfação dos seus reban hos, percorriam grandes distâncias para encontrar prados verdejantes. Tal como o pastor enfrentava a ar idez das terras, a escur idão da noit e (evale te nebroso») e os perigo s que am eaçavam os rebanhos, assim Deus é aquele qu e tranquiliza o seu povo com a sua presença, no meio das adversidades da vida. Apen as ped e um a atitu de: que as suas "ovelhas" nele depositem a sua confi ança, o escutem e sigam. O cajado, usado para afugentar os animais selvagens e para levant ar as ove lhas caídas, remete para um Deus cuidadoso, protetor, meigo e sempre atento a todos. A promessa de vida eterna (" habit arei na casa do Senhor para todo o sempre" ) assegura ao crente que a meta do seu cam inho não é obscura nem incerta e é motivo de alegria por experimentar a companhia amorosa de Deus, que se cu ltiva na coerência entre a fé e as obras de amor.
}lpe[o à justiça e à santidade "Não vos fieis em palavras de mentira, dizendo: 'Templo do Senhor, templo do Senhor! Este é o templo do Senhor'. sM as, se endireitardes os vossos caminhos e emendardes as vossas obras, se verdadeiramente praticardes a justiça uns com os outros, 6se não oprimirdes o estrangeiro, o órfão e a viúva, nem derramardes neste lugar o sangue inocente, se não seguirdes, para vossa desgraça, deuses estrangeiros, "então, Eu permanecerei convosco neste lugar, nesta terra que dei desde semp~e e para sempre a vossos pais. 8Cont udo, eis que vos enganais a vós mesmos, confiando em palavras vãs, que de nada vos servirão. "Roubais. matais, cometeis adultérios, .'
jurais falso e procurais deuses que
.
vos são desconhecidos; lOe depois, vindes
apresentar-vos diante de mim, neste templo, onde o meu nome é invocado, e exclamais: 'Estamos salvos! ' Mas seguidamente voltais a cometer todas essas abominações. "Porventura, este templo, onde o meu nome é invocado, é a . vossos olhos, um covil de ladrões? Ficai sabendo que Eu vi todas estas coisas. Jr 7,4 -11
Jeremias viveu num dos períodos mais conturbados da história do povo de Israel: a destruição de Jerusalém e o exílio na Babilónia (séc. VII a.c.). Não lhe foi fácil a missão de profeta, mas a sua confiança em Deus permitiu-lhe vencer os mais variados obstáculos, nome adament e, a opo sição da aristocracia juda ica.
Condução do Rebanho , Silva Porto (1850-1893), [M useu Nacional Soares dos Reis, Porto)
o
profeta Jeremias denuncia o facto de o
povo de Israel sobrevalorizar o templo e o culto e desvalorizar o comportamento ético. Denuncia a decadência de um povo que esquece a vontade de Deus para se centrar exclusivamente num culto sem sentido. O temp lo era o"lugar sagrado por excelência, mas não podia servir para camu flar uma religião ritualista que não atende aos valores morais e ao comportamento j ust o. Por isso, o templo não pode ser o lugar mágico da salvação. O culto essencial a Deus é a prática da justiça e do bem. Jeremia s apela
à conversão
do coração - que impli ca uma alteração radical da forma de conduz ir a vida e uma mudança essencial na relação com as out ras pessoas como sinal de uma fé aut êntica qu e não se pod e esgotar em rituais.
Pé com obras 14De que aproveita, irmãos, que alguém diga que tem fé, se não tiver obras de fé? Acaso essa fé poderá salvá-lo? 15Se um irmão ou uma irmã estiverem nus e precisarem de alimento quotidiano, 16e um de vós lhes disser: «Ide em paz, tratai de vos aquecer e de matar a fome», mas não lhes dais o queé necessário "
-"
ao corpo, de que lhes apr.oveitará? 17Assim também a fé: se ela não tiver obras, está completamente morta. Tg 2,14-17
Para se ser um cristão autêntico, não é suficiente acreditar e proclamar a fé com palavras. A fé e as obras são inseparáveis. O verdadeiro crente, age no seu dia a dia conforme aquilo que proclama e acred ita. A fé sem obras é morta. Tiago sublinha a necessidade de que a fé não permaneça apenas teóri ca, mas se man ifeste de modo ativo e em obras . A fé só faz sent ido se transformar a vida , não só a vida de quem acredita mas também ajudar os irmãos na caridade. É esta a fé, que nos põe ao serviço de Deus e dos irmãos, que nos tornará vivos e fe lizes. A fé é viva quando se concretiza em obras. Quem não sabe amar a Deus e aos irmãos acabará por se
dar conta de que atravessou a vida sem a saborea r.
o povo de Israel, tantas vezes violentado e derrotado pelos grandes impérios, esperava de Deus a salvação que se havia de manifestar através do advento do M essias, daque le que seria o sinal de um Deus Todo-Poderoso e libertador, capaz de devolver a identidade e a independência do povo enquanto nação. A revelação da vontade libertadora de Deus atinge o seu ponto mais alto com o nascimento do Deus-Menino, Jesus, o Deus-connosco, o Bom Pastor, o rosto visível de Deus invisível. A sua mensagem de fraternidade universal pretende reunir todas as pessoas dos vários quadrantes da terra sob a presença do amor de Deus. Jesus é o rosto de Deus Pa i, que não limi t a o seu amor infi nit o ao povo de Israel, mas inclui a tota lidade da human idade. Por isso, os que seguem Jesus, o Bom Pastor, reconhecem -se como irmãos e veem, nos outros, pessoas igualmente amadas por Deus. E porque «Deus é Amor », os cristãos vivem o mandamento do amor até ao limit e. A fé cristã viv e-se na relação com o pr óximo, na const rução de um mundo mai s solidário e f raterno . Deus conta com as capacidades e limita ções de cada pessoa para se dar a conhecer. Quem se empenha em servir os outros é o
autêntico rosto de Deus a atuar na história. E é na histó ria que ficam gravada s as memórias de t estemunhos de fé reveladores do rosto de Deus.
que a experiência da bondade de Deus transforma a vida do crente num apelo à esperança e empenha-o na construção de um mundo solidár io. A fé exige obras de amor.
10. Comenta a afirmação «Jesus, o Deus-conn osco, o rosto visível de Deus invisível , pretende reunir toda s as pessoas sob a orientação do amor de Deus».
o cristão sente em si o imperativo de ser presença transformadora de Deus no mundo que o rodeia. Cada crente é o rosto e as mãos de Deus a atuar na história; é o coração de Deus a fazer o Bem e a multiplicar o amor. A fraternidade faz parte da identidade do próprio ser humano, enquanto ser aberto e atento aos outros, ao mundo e a Deus. A relação com os outros manifesta-se em experiências de encontro e de diálogo interpessoais. A fraternidade decorre deste encontro com um «tu» com quem nos cruzamos e relacionamos e a quem reconhecemos a filiação divina. Sempre que se ignora esta dimensão altruísta e de sacralidade do outro, surge o egoísmo e a solidão. Viver a fraternidade é construir relações interpessoais marcadas por laços de irmandade, das quais nascem frutos de amizade, comunhão e cooperação, valores que tornam a pessoa humanamente mais rica e mais autêntica.
Vidas com sentido São inúmeros os crentes que, seduzidos pelo amor de Deus, contribuíram e contribuem para uma sociedade mais fraterna.
S. João de Deus e o acolhimento ao doente mental João de Deus, também conhecido por João Cidade, nasceu em Montemor-o-Novo (Alentejo) em 1495 efaleceu em Granada (Espanha)em 1550. Depois duma vida cheia de aventuras na carreira mi litar, o seu desejo de perfeição levou-o a ambicionar coisas maiores e entregou-se ao serviço dos enfermos. Apaixonado por Deus, viveu esse amor na assistência aos pobres e aos doentes. Fundou um hospital em Granada e associou à sua obra um grupo de companheiros que mais tarde constituíram a Ordem dos Irmãos Hospitaleiros tendo como missão o cuidado do doente mental. SãoJoão de Deus é o padroeiro dos hospitais, dos doentes e dos enfermeiros. Num tempo em que o doente mental era visto com desdém e alvo de preconceitos, este "louco por Deus" doou-se totalmente a cada pessoa incompreendida. S. João de Deus viveu o amor de Deus na pessoa do doente. E esse amor, tornado ação, deu sentido à sua vida e é a expressão de que a fé em Deus só é viva quando amamos e servimos os outros.
Vêm aqui tantos pobr es, que até eu me espanto como é possível sustentar a todos . Ent re todos - doentes e sãos, gente de serviço e peregrinos - há aqui mais de cento e dez pessoas. Como esta casa é geral, recebe doentes de todos os géneros e condições: tolhidos, mancos, leprosos, mudos, dementes, paralíticos, alguns já muito velhos e outros muito crianças ainda, e por cima disto muitos peregrinos e viajantes, que cá chegam e aqui encontram lume, água, sal e vasilhas para cozinhar os alimentos. Vendo-me tão carregado de dívidas que já mal me atrevo a sair de casa, e vendo tantos pobres, irmãos e próximos meus, sofrerem para além das suas forças e serem oprimidos por tantos infortúnios no corpo ou na alma, sinto profunda tristeza por não poder socorrê-los, mas confio em Cristo. João de Deus, Liturgia das Horas
S. Vicente de Paulo e a opção pelos pobres Vicente de Paulo nasceu em 1581, numa aldeia do sul da França. Dest acou-se, desde cedo, por uma notável inteligência e sentido religioso da vida. Estudou teologia e foi ordenado sacerdote . Confront ado com tanta pobreza em contraste com a rique za de poucos, Vicente começou a distribuir bens aos pobres e a fazer visitas aos enfermos nos hospitais. Naquele período, a marinha francesa estava em expansão e, para resolver o prob lema da mão de obra necessária para o remo, era costume a condenação às galés. Vicente empenhou-se nesta missão lutando por mais dignidade para estes prisioneiros que viviam em condições sub-humanas. Vendo o abandono espiritual dos camponeses, fundou a Congregação da Missão, para evangelização do «pobre povo do interior». Inspirado pelo seu amor a Deus e aos mais desamp arados, S. Vicente de Paulo concretizou muitas obras de amor e fraternidade. A sua vid a é um a história de doação aos irmãos indigentes e é um hino de amor a Deus. O pai dos pobres
S. Vicente de Paulo
inspirou as Conferências Vicentinas que, espalhadas pelo mundo inteiro, vivem permanentemente o amor a Deus na ajuda aos mai s carenciados.
Se procurardes o. Deus, -enconiró.-Io---eis por todo. o. pnrre., no. pesson do pobre. Amemos o. Deus, irmãos. amemos o. Deus. Mo.s qve s-ejo. com o suor do nosso rosto -e o -esforço dos nossos bruços
11 . Identifica o que significa se r cristão para São Vicente de Paulo, a partir das sua s frases.
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Aristides de Sousa Mendes do Amaral e Abranches nasceu em 1885, em Cabanas de Viriato, Viseu. Licenciou-se em Dire ito e, depo is de ter exercido funções diplomáticas em várias cidades, fo i nomeado cônsul em Bordéus. As forças nazis de Hit ler tinham entrado em Paris e uma multi dão de pessoas f ugira para o sul, esperando deixar a França. O destino era Bordéus, onde um visto português podia assegurar-lhes uma passagem até Portugal , que era um país neutro; dali ta lvez pudessem obte r uma passagem para a América. Sa lazar, no entan to, ti nha ordenado às emb aixadas portuguesas que não emitissem passaportes ou visto s a dete rmin ados grupos de pessoas, ent re os quais os judeus e os exilados políticos portugueses. Aristides, com grande compaixão, decide desobedecer às ordens de Sa lazar concedendo vistos de forma ind iscriminada e gratu ita a cerca de trinta mil pessoas, de modo a salvar o maior número possível de refug iados das mãos sanguinár ias do nazismo. Cerca de dez mi l desses refugiados eram judeus.
de salvar -estas pessoas, qvanros -ev poder 5-e desobedeço a. ordens, prefiro -estar com Deus -e conira. os homens do que com os homens -e conira. Devs» « T-enho
Homem
profundamente
crente,
Aristides sentiu o apelo de Deus ouvindo a sua consciência, dialogando com a sua família e inquietando-se com os dramas humanos que presenciou. O
Alto
Comissariado
para
os
Refugiados da Sociedade das Nações calculou que nesse verão de 1940 tenham entrado em Portugal quarenta mil
refugiados.
Na sua casa
em
Cabanas de Viriato, Aristides recebeu dezenas de refugiados.
Como consequência da sua desobediência ao governo, foi chamado a Lisboa, demitido das funções diplomáticas e proibido de exercer a profissão de advogado. Teve de vender todos os seus pertences pessoais para alimentar a sua fam ília. Morreu na penúria em 1954.
Em 1967, em Nova Iorque, o Yad Vashem, organização j udaica para a recordação dos mártires e heróis do Holocausto, homenageou Aristides de Sousa Mendes com a sua mais alta distinção: uma medalha comemo rativa com a inscrição do Ta lmude: «Quem salva uma vida humana é como se salvasse o mundo inte iro». Disseram então: «Como jude us salvos por um homem j ust o, é nossa obrigação recordar a sua vida, a bondade de um homem que, contra t udo e todos, na sua época, lesou a si mesmo para salvar outras vidas».
Papa João XXIII e a compreensão d mundo moder Ângelo Giuseppe Roncalli -
papa João XXIII, o «Papa Bom» -
nasceu em
1881 numa aldeia do norte de Itália, de uma família numerosa de humildes tra balhadores agrícolas. Pela sua capacidade de diálogo e pela sua humildade, foi escolhido para ser diplomata do Vaticano, ou seja, representante do papa em vários países. Culti vou relações respeitosas com todos, num espírito de tolerância e acolhimento. Manteve permanentemente na sua vida diplomática uma atitude de simplicidade evangélica, inclusive nos assuntos mais complexos. Durante a Segunda Guerra (1939-1945)
salvou
muitos
Mund ial judeus.
Como embaixador do Vaticano concedeu perm issão de trânsito para que pudessem viajar e saírem dos países onde eram perseguidos. Em 1958 foi eleito papa, escolhendo o nome João (XXIII), em homenagem a São João, o apóstolo e evangelista do amor. Foi um papa empreendedor, corajoso, simplesecordial. Recebeupessoasdetodasas nações e crenças e cultivou um extraordinário sentimento de acolhimento para com todos. Sustentava-o um profundo amor a Deus e aos outros. Os seus gestos irradiavam a paz de quem confia profundamente em Deus.
12. Como avalias, do ponto de vista ético, o facto de Aristides de Sousa Mendes ter desobedecido à lei vigente e de se ter prejudicado a si próprio para salvar outras vidas? 13. Como vivenciou Aristides de Sousa Mendes o seu amor a Deus?
Visitou
e
confortou
crianças
gravemente
doentes internadas em hospitais. Numa visita a uma cadeia conseguiu criar um ambiente fami liar e ao apresentar-se aos reclusos dizendo "sov Ângelo.
vosso irmão. Aqvi. na. prisão. -estamos na. Cosa. do Pai. Pvs os mevs olhos nos vossos olhos. coloqvei o mev cora.ção jvnto OJ) vosso cora.ção." Com as suas palavras e os seus gestos simples, conseguiu t ransm itir a misericórdia de Deus para com os preso s. Preocupou-se com a cond ição social dos traba lhadores, dos pobres, dos ór fãos e dos margina lizados. Preocupado com o afastamento da Igreja em relação à sociedade, foi o impulsion ador de uma grande refo rma na Igreja Católica: o Concílio Vati cano II (1962-1965). Este acontecimento provocou uma renovação da Igreja e da sua relação com o mundo, atr avés da recuperação da mensagem originária de Jesus Cristo (o regresso à essência do cristia nismo).
14. Refere dois gestos de solidariedade do papa João XXIII.
«Agora. OD volto.rem pOJ"O- caso- -enconirOJ"M as vossas crio.nças. Deem Oco-dO- umO- delas um beijo ou umO- COJ"íciO- -e digO-m-lhe: "Es+e 'é o beijo do po.pO-". Iofvez as -enconir'em com oJgumO- lágrimO- por -enxugo.r RnhO-m umO- poJO-vra. de consolo pnrn todos o.qv-efes qoe sofrem. 5aíbO-m os o-fiitos qv-e o po.pO- -está. com os s-eus filhos. sobreivdo nas horas de iris+ezO- -e de O-mOJ"guro.. E p-eço-vos: vomcs erner-ros uns ODS ouiros, s-empre cheios de confio.nçO- -em Cristo qv-e nos ajudo- -e nos -escuto-» .
Charles Eugene de Foucauld nasceu na França em 1858. Ficou órfão de pai e mãe ainda criança. Herde iro de uma enorme fortuna, de lapidou-a rapidamente no jogo e em excentricidades. Como militar percorreu a Argé lia e Marrocos em projetos de investigação para a Sociedade Francesa de Geografia. Uma pro longada reflexão sobre a vida espiritua l conduz iu-o a uma conversão súbita qu e o fez ingressar num mosteiro . Orde nado sacerd ote em 1901 regressou
à Argé lia e levou uma vida isolada do mundo. Aprendeu a língua e as tradições dos povos do deserto do Saara. A decisão que levou Charles de Fouca uld a viver com os t uaregues (nómadas do deserto) foi moti vada pelo seu t ota l despojamento, amor radical e entrega aos outros. Os tuaregues chamavam-no «rnarabuto branco», que significa homem de oração ou homem de Deus. Através da sua vida, manifesto u a presença de Deus, completamente comp rometido com os pobres e com as pessoas de outras religiões. Foi assassinado po r assalta nt es em 1916. O papa Bento XVI beatificou-o em 2005.
Meu Pai, Eu me abandono a ti, Faz de mim o que quiseres. O que fizeres de mim, Eu te agradeço. Estou pronto para tudo, aceito tudo. Desde que a tua vontade se faça em mim E em tudo o que tu criaste, Nada mais quero, meu Deus. Nas tuas mãos entrego a minha vida. Eu te a dou, meu Deus, Com todo o amor do meu coração, Porque te amo E é para mim uma necessidade de amor dar-me, Entregar-me nas tuas mãos sem medida Com uma confiança infinita Porque tu és... Meu Pai! Charles de Foucauld
Os exemp los destas pessoas que emprestaram a sua própria vida a Deus vivendo-a como doação em favor dos outros - «Quem guarda a própria vida para si, perde-a, mas quem a entrega, ganha-a» - são testemunhos de vidas com sentido.
15. Comenta a afirmação de Charles de Foucauld : «Logo que descobri que existe Deus, entendi que não podia fazer outra coisa a não ser viver por ele .»
São muitas as organizações que se dedicam, em nome de Deus e a partir da experiência crente, a fazer o Bem e a afirmar a dignidade da vida humana. A Cáritas é uma organização humanitária da Igreja católica presente em mais ~
~Cáritas· Portuguesa
de duzentos países. De forma coletiva e ind ividua l a sua missão é trabalhar para construir um mundo me lhor, especia lmente para os pobres, oprimidos e os que vivem situações de precariedade pontual ou contínua. Esta organização, constituída por homens e mu lheres de boa vont ade, procura viver o amor a Deus no serviço ao outro. Rege-se pela doutrina social da Igreja e orienta a sua ação de acordo com os imperativos da caridade, dando resposta às sit uações mais graves de pobreza, exclusão social e sit uações de emergê ncia em result ado de catástrofes naturais ou calamidade pública.
V' Oe, S,-\O JC'~/)
As Conferências de S. Vicente de Paulo ou Conferências Vicentinas são um movimento de cat ólicos que se dedic a,
sob o lem a da ju stiça e da caridade, à reali zação de
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iniciativas destinadas a promover o bem do próximo,
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em particular dos social e economicamente mais desfavorecidos.
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Tiveram origem em 1813 com Frederico Ozanam, que deu início a uma obra de ajuda e de bem fazer àque les
J'I
PortugL~
que viv em em situ ação de mi séri a e precaried ade social. A grande referência da vivênci a da caridade é, tal como o nome indica, S. Vicente de Paulo que tri lhou um caminho de dedicação radical aos pobres e às várias misérias humanas. As Confe rências Vicentin as, reún em -se semanalment e para deba ter e sugerir maneiras de atender as fam ílias carentes. " Forma r uma rede de caridade de ajuda ao próximo" é o grande desafio desta instituição que alivia o sof riment o dos pobres e incentiva a promoção da dignidade humana, t orna ndo, assim, bem visível o amor de Deus.
As Misericórdias nasceram do preceito cristão da caridade, expresso nas 14 obras de Misericórdia: sete espirituais (mais orientadas para questões morais e religiosas) e sete corporais (relacionadas, sobretudo, com preocupações materiais).
SANTA
CASA Mi~ericôf(fia
7 espirituais: - Ensinar os simples - Dar bom conselho - Corrigir com caridade os que erram - Consolar os que sofrem - Perdoar os que nos ofendem - Sofrer as injúrias com paciência - Rezar a Deus pelos vivos e pelos mortos
de Lbboa. Por boas causes,
7 corp orais: - Remir os cativos e visita r os presos - Curar e assistir os doentes - Vestir os nus - Dar de comer a quem tem fome - Dar de beber a quem tem sede - Dar pousada aos peregrinos - Sepultar os mortos. http://www.ecclesia.ptjcatolicopediaj
o espírito de miser icórd ia converte-se em ação orga nizada atra vés da rainha D. Leonor (1458-1525), viúva de D. João II. A rainha institu iu a Irmandade de Nossa Senhora da Misericórdia, com "cem homens de boa fama e sã consciência e honesta vida", assumindo o compromisso de apoiar os mais desfavorecidos e levar a cabo as 14 obras de Misericórdia.
Fundada em 1498, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, primeira ONG do mundo, procura a realização da melhoria do bem estar da pessoa no seu todo, priorita riamente dos mais desprotegidos. É conhecida pela sua ação social desenvolvendo também um importante traba lho nas áreas da saúde, educação e ensino, cult ura e promoção da qualidade de vida. Rainha Dona Leonor,
José Malhoa (1855 -1933)
As misericórdias, espalhadas por todo o país, reúnem milhares de pessoas que, em irmandade, aliviam o sofrimento de mu itos e manifestam o amor misericordioso de Deus.
o
Ninho é uma Instituição Particular de Solidariedade Social, que tem por
objetivo a promoção humana e social de mulheres vítimas de prostituição. O Ninho conhece, analisa e intervem na prostituição de rua e noutros locais de prostituição. Tem uma intervenção séria e coerente na denúncia da prostituição, das suas causas e consequências e no aco lhimento e apoio às mulheres e famíl ias vítimas de exp loração sexua l.
Que a prostituição é uma violação dos Direitos Humanos, uma exploração que decorre das injustiças e desigualdades sociais. Que não se combate a prostituição com medidas coercivas, mas por uma política social global, uma transformação das estruturas e uma mudança de mentalidades. Que a prostituição é uma empresa comercial gigantesca que despreza a dignidade humana em nome da rentabilidade financeira. Que se reprima realmente o proxenetismo organizado. Que legalizar a prostituição é legalizar máfias e organizações criminosas que traficam crianças, mulheres e jovens tornando-os escravos dos tempos modernos, apoiando a violência institucionalizada pelo Estado, tornando-o proxeneta pactuando com criminosos. http://www.oninho.pt/content/oninho/principios.htm
16. Faz uma pesquisa sobre instituições de origem religiosa empenhadas no bem comum e anota o contributo de cada uma delas na t ransformação da sociedade.
O Ninho foi fundado em Portugal no ano de 1967, seguindo o modelo do Ninho francês instituído pelo padre André Marie Talvas, em 1936 . Nasceu a partir das necessidades sentidas pelas mulheres prostituídas. Estrutura uma metodologia de intervenção que se vai adequando às realidades. Conhecer o meio da prostituição e os seus agentes foi o início de uma intervenção inovadora que, na década de sessenta, poucas pessoas compreendiam. Em 2003 a Assembleia da República Portuguesa atribuiu o prémio direitos humanos ao Ninho.
Tudo o que não cresce, decresce e arris ca-se a desaparecer. Este parece ser um princípio básico da vida. Não há meio-termo, ninguém fica de fora desta realidade. Se deixo de investi r numa relação, ela não se aguenta; se não dou continuidade à minha formaçã o, defo rmo-me inevitavelmente, e por aí fora ... Equem não continua a investi r na fé e no amor, corre o risco de perder ambas as coisas. Vasco Pinto Magalh ães (teólogo cont empo râneo), Não Há Soluções, Há Caminhos -- --:.
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Concede-nos que nos lembremos sempre que tu também falas quando te calas. Enquanto esperamos a tua vinda, dá-no s também esta confianç a: Tu calas-te por amor e também falas por amor. Assim, quer te cales, quer fales, és sempre o mesmo Pai, o mesmo coração paternal, quer nos guies com a t ua voz, quer nos eduques com o teu silêncio. Kierkegaard (filósofo e teólogo dinamarquês do séc. XIX)
que Deus atua no mundo através das ações e do testemunho de pessoas que ousam confiar nele e se emprenham na transformação da sociedade e no bem comum.
Deus 'é real se S-e manifesto. no hoje. Deus -está. em todo. o. parte. Existe o. tento.ção de procurar Deus no posscdo ou no futuro. Mos o Deus "concreto"'é hoje. Papa. Francisco
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OlóJ SOU Haria. a. mã.-e de J-esus. S-er mã.-e foi a. grande opção do meu PROJETO DE VIDA. Nasci em Nazaré da. GoJifeia.. De a.cordo com o cosivme judaico de -então, aos três anos os meus pais - Joaquim -e Ana. - levemm-me ao templo de J-erusoJém para. . me consagrDJ'em a. Deus. Depois -ensinaram-me a. confiar neíe. Opovo judeu ansia.va. p-elo Messias, o SoJvador E Deus -escolheu-me para. s-er a. mã.-e do Messias -esp-erado. Eu ere. ainda. muito jov-em quando Deus, a.ira.vés do anjo Gabrtel, me convidou a. a.c-eitar esre projeto. Abrindo o coração ao s-eu convite, dei-lhe o meu "sim" incondicionoJ. Foi -então qv-e começou 'a. minha. a.v-enivra. no mistério da. - -vontru:le-de-gevs. - - - - -- -
1. Indica os nomes que conheces e pelos quais Maria é evocada e venerada em Portugal. Ex.: Nossa Senhora de Fátima.
Não p-ens-es qoe foi fó.cil! .Eu não iinha. absoluto. c-erteza. do qv-e me -esta.va. a. econrecer Foram momentos particularmente difíc-eis de dúvida. -e p-erpfexidade. Mas a. graça. de Deus -esto..va. em mim-e com a. sua. força. decidi oríentnr toda. a. minha. liberdade para. a. reoJiza.ção do projeto benevolenre de Deus. Fui descobrindo o mel) fvivro a.ira.vés de um proc-esso interior Fé. disponibilidade, humildade, proniidão, oração -e doa.ção foram as a.iiivdes qoe marcaram todo esse p-ercurso. Foi assim qv-e me torn-ei parte integrante da. história. da. rela.ção de Deus com a. humanidade: a.colhi o Filho de Deus -e -entregv-ei-o ao tnundo. N-esto.. unidade feiiva. em qoe vais refteiir sobre o teu projeto de vida. procura. -estar a.tento aos sinais da. vida. -e b. voz da. iva. consciência.. Não tenhas medo -e ousa. dar s-eniido õ.. iva. própria. -existência.. Coragem!
Em 25 de março de 1646, nas Cortes de Lisboa, O.João IV proclamou Maria Padroeira de Portugal, sob o título de Nossa Senhora da Imaculada Conceição. No mundo inteiro, a devoção e o culto a Maria têm sido expressos em todas as ~o~mas de arte. Para além da pintura e da escultura de todos os tempos, são rnumeras as obras literárias e musicais dedicadas à Mãe de Jesus.
Comecemos por recordar o temp o de infância, um tempo em que germ inam
faz de conta?! Brincar aos bombeiros, aos pais e mães, aos heróis... Brincar ao faz de conta é o pr ime iro
ta ntos proj etos. Lembras-te das brincade iras do
exercício de olhar a vida como uma dád iva posta ao serv iço dos outros, motivada pela resposta a questões e desejos de prese nte e futuro :
o qve qoeres ser quando fores crescido(a.)? Hoje somos crescidos e a pergunta persegue -nos: "O que quero ser?"
Enfermeira?!
Uma das metáforas mais utilizadas para falar da vida é a de um projeto que nasce com cada pessoa e que se concretiza nas diferentes fases de crescimento, cujo objetivo é a experiência da felicidade. Associada à imagem de projeto está também a de caminho. O projeto pessoal de vida é um apelo constante a caminhar, a libertar-se da inércia e do comodismo que a nada conduzem, para percorrer itinerários com objetivos traçados, sendo o mais importante a realização pessoal.
A palavra 2. Que outras pa lavras as socias a "projeto"? Regista-as e partilha-as com os co legas, os qu ais farão o mesmo. Desta parti lha, quais as palavras que mais vezes se repetem?
deriva do latim e significa «lançar para a frente», sugerindo
movimento, ação, uma trajetória que se visualiza no tempo e no espaço, com um ponto de partida e outro de chegada. Envolve também a construção de algo novo e a transformação da realidade presente, sugerindo a ideia de futuro. A definição de projeto mistura um conjunto de verbos e substantivos dela decorrentes e com ela relacionados:
L
Por outro lado, é um termo uti lizado em diferentes áreas da ativ idade humana . Uma obra de engenharia, por exemp lo, nasce semp re de um projeto, que mais não é do que a concretização de ideias e int enções organizadas para servirem determinados fins . Há projetos pessoais e há projetos coletivos. Pessoais: passar de ano, tirar um curso super ior, exercer determinada
Um projeto consiste no. definiçõo de um conjunto de objetivos o. o.tingir. bem como no. planifico.çõo de -esiío.+égias -e o.tivida.des qve visem o.tingir os objetivos propostos.
profissão, casar, ser missionário; coletivos: proje to educati vo de um agrupamento de escolas, clube de futebol, associação de estudantes, etc.. A nível pessoal podemos interrogar-nos: projeto ou projetos? A minha vida envolve e é envolvida por um projeto ou é a experiência progressiva de diferentes projetos consoante o crescimento e a maturidade pessoais?
UM PROJETO
. É um proc-esso qve nos
permite o.plico.r ideias no. iíansformo.çõo do. realido.de. o.iío.vés de -esiío.+égias -e o.ções concretas. . T-em como objetivo altero.r o.
realido.de p-essoal ou social; . Concretizo.-se num determinado contexto social. -espo.cial -e temporal;
· Permite qoe as p-essoas o.prendam -e cresçam -experimentando; · R-esulta. de umo. o.tivido.de p-essoal ou coleiiva, qve obedece o. um plano previamente -estabelecida; · Inclui um proc-esso o.valio.iivo, c-eniíado no. relo.çõo -entre o.s ideio.s, o.s o.çoo -e o produto final.
o projeto de vida
de cada pessoa ganha um significado especial porque se
relaciona com o dom da vida e o valor e dignidade de cada ser humano. Pensar o projeto de vida pessoal não pode ser equiparado aos demais projetos da atividade humana. Tal como cada pessoa é original, única e irrepetível, também o seu projeto de vida assumirá esta grandeza e importância. A vida pessoal não se limita a um somatório de vivências sem relação entre si. E muito menos é o resultado de um conjunto de ações com vista à simples sobrevivência. Não chega repetir diariamente os mesmos atos e comportamentos: comer, estudar, praticar desporto, descansar, estar com amigos, ir a concertos, "estar ligado" às redes sociais... É necessário definir um projeto de vida que ultrapasse o âmbito restrito da mera sobrevivência. Neste contexto todos temos a capacidade humana de, no exercício da liberdade, tomar decisões e percorrer caminhos que dão um sentido à vida. Neste caminho pessoal, incluem-se a alegria da relação, o risco da aventura, enveredando por caminhos ainda não percorridos, e, muitas vezes, o sofrimento provocado pelos fracassos. Os objetivos que cada pessoa traça, no seu projeto de vida passam pela consciência de que ninguém pode caminhar isolado quando a finalidade última é a procura e vivência da felicidade. Tal finalidade só se alcança de mãos dadas com os outros, nossos irmãos na grande aventura da vida.
o qve me faz 's-eniir feliz?
3. Responde às questões enunciadas. As respostas poderão ser dadas através de uma fotomontagem com o título "EU, Projeto".
Estas e muitas outras questões são já um primeiro passo na definição de um projeto de vida. Sem nos conhecermos a nós próprios não estaremos aptos a traçar um projeto adequado à nossa situação concreta. Encontrar as respostas para estas perguntas é um momento essencial na definição das linhas principais do próprio projeto de vida. Mas essas respostas remetem para uma multiplicidade de projetas de vida alternativos. Impõe-se, portanto, um
.
:
conjunto de escolhas.
COMO SEREI DAQUI AVINTE ANOS? Bom, daqui a. vinte oros, - nunca. tinha. pensado nisso - a.cho qoe serei parecida. com o qoe sou agora, mas já. -estarei cosncn -e talvez já. tenha. sido mã.-e. S-empre sonhei ter gémeos, gostuva. de lhes dar nomes invulga.r-es mos bonitos. Penso qve o meu ma.rido também será. da. éren des cfência.s, rnas médico não, pois não iria. estar muito tempo em coso, Gosturia. de imbaJha.r num la.bora.fório. Descobrir a. cura. pnrn doenços, melhora.r a. vida. da.s pesscos qoe naJgum momento mais fíó.gil fica.ram infetuda.s -e qve talvez já. tenham perdido a. -esperança. Gosturia. de ser famosa. devido ao meu tra.baJho, de ser um -eX'emplo pum os jovens -esivdan+es. E porqoe não sonha.r com o Prémio Nobel? Julgo qve não -estarei em PortvgaJ. TaJvez viva. nos Estudos Unidos da. América, numa. cida.de ou -então numa. povoa.ção mais caJma. Aminha. farn"ia. deverá. esíor toda. perto de mim. Omeu pai -e a. minha. mã.-e -esturão a. goza.r a. vida, a. viaja.r pelo mundo -e a. cuida.r dos n-eiinhos. Omeu irmão será. um ertístn de renome -e respeitudo; -esturá. talvez cnsndo -e com filhos. Aminha. irmã. a. ecober o curso ou, -então, já. -esturá. a. tra.baJho.r N-este momento ainda. não sei ao c-erto o qve -ela. qvererá. seguir; mos dec-erto há. de qverer -envereda.r por aJgo qve tenha. a. ver com filmes. S-eremos uma. ~"ia. grande -e feliz. Aos domingos -encontra.r-nos-emos porn o aJmoço de", farn"l~ O Na.tal será. sempre muito festivo -e ha.rmonioso. As críança.s adora.rao a.bnr os presentes -e o meu pai será. o Pai Na.tal. Hei de ter muitos conhecidos -e amigos, rnos terei um grupo restrito de amigos íniimos. Da.r-nos-emos tão bem qve talvez saibamos ivdo sobre os outros. Conhec-er-nos-emos melhor do qve ninguém, sa.beremos quando aJgum de nós -está. bem ou maJ, quando aJguém precisa. de ajuda. Omeu ma.rido -esturá. incluído nesre grupo, não fosse -efe o meu melhor amigo. Pa.ra. conseguir chega.r onde pretendo terei dec-erto de confia.r em mim mesma. Ninguém 'é cfeniistu sem ter a.utoconfiança, ninguém ganha. o Prémio Nobel do p'é porn a. mão. T-erei de tra.baJha.r muito, mos devido ao meu -esforço constunte -e hoooto hei de obter a. recompensa. qve mereço. Adofesc-ente de 15 anos
É comum ouvi rmos fa lar de vocação como o exercício de uma profissão: «a minha vocação é ser médico », «tens vo cação para mecân ico », «a minha mãe diz que ten ho vocação para ser enfer meira ». A vo cação pessoa l, no enta nto, não se limit a ao exercício de uma ati vidade profissional. O projeto de vida pessoal, ou vo cação, reali za-se no exercício de diversas funções , profissionais ou não, na vivência de determinados estados de vida, na tomada de opções pessoais quan to
à
maneira de orienta r a própria existência.
O termo vocação provém do verbo latino vocare (cchamar»], remetendo para a ideia de chamamento divino dirigido a cada ser humano, o qual inicia com a própria vida: Deus chama-nos a existir. A vocação passa pelos valores e opções que assumimos, pelo estado de vida que abraçamos (ser casado, ser celibatário entregando-se a uma causa) e, naturalmente, também pela escolha de uma profissão.
Na perspetiva cristã, quem chama é Deus, o único capaz de entrar na vida de cada pessoa.
.(
•
Quando um adolescente ou jovem se questiona sobre qua l o seu maior desejo para a sua vida , a resposta imed iata é a felicidade. Esta é a vocação universal que mora no ínti mo de cada ser humano e que necessita de toda uma vida para se poder realizar. Os cristãos expr imem este desejo uni versal de uma outra forma:
a. voca.ção de quaJqver pesson 'é s-er santo, vivendo -em comunhão com Deus, qoe 'é amor, fazendo o bem a. todos.
Enquanto chamamento, a vocação espera de cada pessoa uma resposta, que passa por um projeto de vida. A vocação só se realiza se cada pessoa descobrir os seus talentos, as suas qualidades e aptidões e os mobilizar para construir-se quotid ianamente na sua vida e na vida dos outros.
t a t11aneir-a
É o modo concYe~o
como damos sen~ido a noss~ pyópYia
v.cla.
r-espondet11os às nossas aspir-açães ma is pr-o fundas e aos nossos sonhos de felicidade.
I
fs~ó. sempye vol~O-dO pO-YO- o rúh.wo e vO-i-se yeO-lizO-ndo no pYesen~e, em_cada momen~o do- vid õ..
Ao longo da vida, são vários os momentos em que é necessário tomar decisões face ao projeto vocacional. Começa no ensino básico, continua num curso t écnico ou na universidade e prolonga -se durante a vida na carreira pessoal e profissional. O exercício de uma atividade profissional poderá proporcionar maior ou menor autorrea lização e felicidade . Em parte, a realização profissiona l depende do facto de termos tomado as opções corretas no tempo oportuno. Há momentos em que temos de escolher o caminho a percorrer e a profissão pela qual havemos de enveredar no futuro.
COt11o
Recomeça ... Se puderes, Sem angústia e sem pressa. Eos passos que deres, Nesse caminho duro Do futuro, Dá-os em liberdade . Enquanto não alcances Não descanses. De nenhum fruto queira s só metade. E nunca saciado, Vai colhendo Ilusões sucessivas no pomar. Sempre a sonhar Evendo Acordado, O logro da aventura, És homem, não te esqueças! Só é tua a loucura Onde com lucidez te recomeças. Miguel Torga (1907-1995). Diário, XIII
A vocação pessoal descobre-se olhando para si e para as necessidades do mu ndo. O medo, o egoísmo, o consumismo,
a preguiça, não são critérios de escolha adequados. Olhar com lucidez para aquilo que se é, procurar ser compete nte no que se faz, ser fiel às opções importantes que se tomaram, ser persistente e sereno são atitudes indispensáveis à descoberta
e ao desenvolvimento de uma vocação. A escolh a de um a vocaç ão está intimamente ligada à felicid ade pessoal : contribui para a felicidade das pessoas que nos rodeiam; implica o desenvolvimento e enriqu ecimento da sociedade. A vocação de cada um é sempre um projeto em construção . E é caminhando que se descobre e faz o caminho.
Há duas mane iras de nos posicionarmos na vida: deixarmo-nos
•
•
conduzir por ela ou sermos nós a conduzi-Ia.
Ove dignido.de 'é o.. nosso.. se permitimos qoe o. vido.. se nos imponho.. sem qve nós nos imponhamos o, -elo..?
Qve dignido..de 'é o.. nosso.. se somos jogvetes nos mãos de inflvêncio..s alheio..s -e viv-emos 0..0 sabor do.. propo..gando.. -e do.. modo.. ou do.. disposição pessoal do momento?
Ter um ideal, seguir uma vocação não é ter uma fantasia ou um sonho absurdo; é a antecipação de uma realidade futura. Um ideal é uma tomada de posição frente à vida; é uma decisão que orienta todas as decisões. Quem tem um ideal compromete-se consigo e com os outros, constrói a sua personalidade, que não é neutra nem indiferente perante os va lores, governa a sua vida e é senhor do seu destino.
o camaleão é um excelente
professor.
Observem -no de perto. Qualquer que seja a direção que escolhe, não muda. Faça o mesmo . Tenha uma meta na sua vida e não deixe que nada nem ninguém o distraia. A cabeça do camaleão nunca mexe, mas os seus olhos mexem-se constantemente. Não lhes escapa nada. O que significa : descubra tudo o que conseguir. Nunca pense que é a única pessoa no mundo. Onde quer que esteja, o camaleão adapta a sua cor consoante o meio . Isto não é hipocrisia . Significa, sim, ser tolerante e também ter competências sociais. A confrontação não leva a lado nenhum. Não nascem resultados construtivos de uma batalha. Devemos sempre tentar perceber os outros. Nós existimos e devemos aceitar que os outros também existem . Quando o camaleão se mexe, levanta as patas e hesita. Isto significa caminhar com cuidado. Quando se mexe, agarra-se bem com a sua cauda - se perder a base, ainda se consegue agarrar. Protege a sua retaguarda . Por isso, faça o mesmo : não aja por impulso. Quando o camaleão avista a sua presa, não a ataca com um salto, mas usa a língua. Se a conseguir alcançar com a língua, melhor; caso contrário, recolhe a língua e ninguém sai prejudicado. O que quer que faça, faça-o com cuidado. Se quiser fazer algo duradouro, seja paciente, seja bom, seja humano. Amadou Hampaté Bâ (1901-1991)
que é fundamenta l saber quem sou e que definir um projeto de vida pessoal conduz-me à fe licidade.
4. Comenta a seguinte afirmação: "A vida sem objetivos, sem ideais, é simplesmente absurda".
A fe licidade é a vocação fundamental do ser humano, a sua primeira inclinação e o objetivo últi mo da sua existên cia, para a qual apontam todos os seus esforços. A nossa vida está rep leta de decisões important es,
umas
fundamentais,
out ras nem tanto; um as conscientes, outras inconscien tes. M as em cada um a delas jogamos a nossa felicidade. Aquilo que somos e seremos no futuro depende das vicissitudes da vida, mas em maior grau das nossa s escolhas, do que tivermos decidido ser e fazer. Todos imagin amos como gostaríamos de ser e o que fazer da vida, ou seja, que projeto de vida queremos para nós. Ser feliz é o maior projeto de cada
pessoa. Mas quantas vezes as nossas opções
concretas
contradizem
este
grande projeto! Cada um de nós é um projeto:
projeto de alegria,
de beleza, de
felicidade. Somos nós os verdadeiros artistas (escult ores) da nossa própria vida e da nossa fe licidade. E não podemos
delegar nos outros esta
missão, permitindo que nos moldem a seu bel-prazer! Somos chamados a dar forma à nossa própria vida, fazendo as
escolhas que nos tornarão livres e felizes.
Opções
Nas pedreiras de Carrara (It ália), encontraram um bloco de mármore de extra ordinárias dimensões. A pedra era tão perfeita que não qu iseram quebrá-Ia. Conser varam-na inteira, pensando que alguém pudesse extra ir dela algo exceciona l. Chamaram os melhores escultores, mas nenhum quis encarregar-se do projeto. Algum tempo depois, M igue l Ângelo deparou-se com este enorme pedaço de mármore. Observou a pedra e imediatamente viu que o rei David mora va no seu interior. Decidiu então trabalhar nest e novo proje to. Uti lizando os instrume ntos necessários, começou a extra ir t odos os pedaços de mármore que ence rravam a escultura. Pouco a pouco, o seu David fo i tomando forma. Toda a sua beleza, que só M igue l Ângelo conhecia enqua nto esteve ocu lta no enorme pedaço de mármore, apareceu, imponent e, aos olhos de t odos. David, Mi guel Ângelo
Senti mo-nos atra ídos por diversas realidades e valo res que pode m construir-nos enquanto seres hum ano s ou, pelo cont rário, destrui r-nos, apesar de nos
(1475 -1564) [Galeri a da Academ ia, Florença]
ofe recerem algum bem -estar momentâneo. Aprender a distinguir aquilo que condu z à felicidade autên ti ca e du radoura é um a tarefa urgente. Ir retirando, a pouco e pouco, o pedaço de pedra que esconde a beleza que somos, libertarmo -nos daquilo que está a mais ou que em nada contribui para a nossa plena realização, organizar a vida de manei ra conscient e, segundo um a escala de valores que nos faça crescer enquanto pessoas em t odas as suasdimensões é um t rabalho sempre inacabado que durará a vida toda! A construção da nossa personalidade é t arefa de todos os dias, por meio dos nossos projetes, das nossas decisões (por mais insignificantes que possam parecer!) e das ações que realizamos. Não somo s, contudo, seres isolados. Precisamos de parti lhar a vida com os outros, sobretudo com aqueles que têm proje tos semelhantes ao nosso. Sendo
nós os artistas da nossa existência , não podemos sê-lo inteiramente sozinhos! Se é verdade que cada um t erá de tomar as suas decisões, só no encon tro com os outros e com os seus projeto s poderemos realizar algo de efetivamente interessante no mundo, tornando possível a vivência da felicid ade . Caminhando e crescendo juntos, daremos verdadeiro sentido à nossa vida.
NÃO E'XISTE UM CAMINHO PARA AFELICIDADE. AFELICIDADE É OCAMINHO. Maho.irno. Go.ndhi (18~'HqI.j 8)
Feliz só será A alma que amar. 'Star alegre E triste, Perder-se a pensar, Desejar E recear Suspensa em penar, Saltar de prazer, De afl ição morrer Feliz só será A alma que amar. Johann Wolfg ang Goet he (1749-1832), Canções
Posso ter defeitos, viver ansioso e fica r irritado algumas vezes, mas não esqueço que a minha vida é a maio r empresa do mundo. E que posso evitar que ela vá à falência. Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e tornar-se autor da própria história . É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma. É agradecer a Deus em cada manhã pelo milagre da vida.
ANOSSA FELICIDADE DEPENDE MAIS DO QUE TEMOS NAS NOSSAS CABEÇAS. DO QUE NOS NOSSOS BOLSOS
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um «não» . É ter segurança para receber uma cr ítica, mesmo que injusta. Augusto Cury (médico e escritor contemporâneo), Dezleis para ser feliz
Arthvr Schopemnoer (1788-18 ~O)
5. Em grupo, comenta a afirmação de Schopenhauer.
,II , II,·
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"~I . I
'. ~ .
Ao olharmos o mundo que nos rodeia, notamos que as pessoas se comporta m de m aneiras muit o dife re ntes. Aq uilo que para algumas é ma l, outras co nsideram-no bom! Cada pessoa obser va e ju lga segundo o universo de
valores que assumiu no seu projeto de vida. Chamamos valor a tudo o que tem im port ância rea l na existência humana. Se as pessoas não tê m t odas o m esmo conj unto de valores, a diferenç a ainda se acentua m ais na fo rma como os hi erarqui zam. De fact o, cada pessoa estabel ece um a hierarquia de valores -
desde o qu e assume maio r relevância até ao
qu e se revela menos import ante -
conform e a educação que t eve, a época e
o am bient e em que vive. Os valores ado tados e a escala de valores respetiva constituem uma opçãofundamental. Essa opção condiciona t odas as escolhas , decisões e comp ort am entos, um a vez que define os princípios pelos qu ais cada pessoa se deixa orientar e o ideal de realização pessoal a que aspira.
6. Comenta as duas "operações matemáticas",
A nossa personalidade vai-se estruturando e definindo por meio das escolhas que fazemos na vida. A vida humana não está pré-determinada - não existe um destino escrito nos astros que nos seja imposto - , somos nós próprios que a construímos, em liberdade, através das opções que tomamos dentro das circunstâncias em que vivemos. Sendo livres, somos plenamente responsáveis pela vida que escolhemos viver. Eser responsável implica assumir as consequências das opções tomadas (sejam boas ou más) e saber responder por elas perante nós mesmos e perante os outros.
Criado por Deus para a felicidade, o ser humano encontra na sua dedicação ao bem da comunidade em que se insere os meios para realizar essa felicidade pessoal e social. Ninguém pode ficar excluído dessa tarefa permanente. A crise que atinge o nosso mundo e, em particular, o nosso país e o espaço europeu em que se situa, não é apenas uma crise económica mas também, e sobretudo, uma crise espiritual e moral. Entre outros aspetos, ela traduz-se na relativização de valores e princípios, na perda de confia nça num futuro melhor, na demissão em lutar por uma sociedade mais justa e pacífica, no refugiar-se em seguranças meramente individuais e privadas. O ser humano, entendido como pessoa em comunidade, e os critérios evangélicos da construção da comunidade, fundada no amor, implicam a urgência em despertar os dinamismos inerentes à pessoa, tais como a confiança e a esperança num futuro com sentido de vida, a participação solidária e o empenhamento responsável pelo bem comum . 7. Identifica alguns dos "pecados sociais" que dificultam a construção de uma sociedade mais solidária , justa e fraterna . Propõe soluções.
Portugal pode ser diferente, com o contributo positivo de todos. Os cidadãos devem ter consciência da sua responsabilidade no crescimento da sociedade como comunidade. Ao olharmos o nosso país, com os prob lemas que o atravessam, na perspetiva da edificação de uma sociedade solidária, identificamos algumas atitudes e linhas de comportamento, a que podemos chamar «pecados sociais» e que exigem uma conversão à solidariedade responsável na construção do bem comum. Carta Pastora l da Conferência Episcopal Portuguesa, 2003
Como seres que se real izam apenas na relaç ão com os outros, não convivemos bem com uma sociedade desonesta e imoral, onde a opção fundamenta l cons iste, essencialmente, em obter prazer para si mesmo. Através das nossas ações construímos ou imped imos a felicidad e das pessoas com quem lidamos, da mesma forma
que elas o fazem em relação a nós, através do modo como se relacionam connosco. Temos nas nossas mãos, em cada dia, a responsabilidade de to rna r a vid a de alguém mais feliz.
No entanto, podemos observar muitíssimas têm
pessoas
condições
que
mín imas
não para
se sentirem fe lizes, porque lhes faltam os bens essenciais, tanto os bens materia is como,
muitas
vezes, os bens espir itua is (o afeto, o acolhimento, a atenção dos outros).
Uma má escolha é uma porta aberta para a infelicidade. Por vezes até sabemos o que queremos ser ou vir a fazer, só que, dominados pela preguiça, não nos esforçamos o suficiente por alcançar essa meta. Esem esforço nada de verdadeiramente duradouro se pode alcançar.Acabamos por ficar pelo caminho. E com tal comportamento "condenamos" o nosso futuro. É verdade que nem tudo poderá estar perdido. É sempre possível procurar, mais tarde, alterar o nosso itin erário. M as se tudo for feito no momento certo, será certamente mais fácil e gratificante.
Pa ticipar ac A participação na vida pública (na escola, na t ur ma, no bairro) é um direito de todos os cidadãos e, simu lta neamente, um dever mora l. Pertencendo a uma comun idade, não devemos deixar, por mãos alheias, a defi nição dos destinos da vida pública. Somos chamados a intervir ativamente na sua defi nição. Há mu itas formas de intervenção:
Em campanhas de solidariedade; nas eleições e nas consultas, na escola, em cargos para que fomos escolhidos; em associações com vista a tornar a sociedade mais ju sta e humana. Quando adulto, posso e devo participa r na atividade política e em organizações que procurem transformar a sociedade e promover o bem comum .
.sABER ENCONTRAR A ALEGRIA DOS OUTROS, to SEGREDO DA FELICIDADE. G-eorges õerncros (1888-19'-18)
A solução para os problemas que vão surgindo
SE UM HOMEM NÃO DESCOBRIU NADAPELO QUAL MORRERIA, NÃO ESTÁ PRONTO PARA VIVER.
informa r-se, forma r-se e intervir, usando t odas
M. Lvfuer King
as possibilidad es legítima s ao alcance, contri bui
(1919-19~)
não está, decid idamente, em «cruzar os braços», adotando uma atitude passiva e permitindo que o mundo aconteça, à nossa vo lta, sem o nosso contributo.
Empenho
na ed ucação escolar,
para a realização pessoal e o desenvolvimento da democracia, a valorização do debate de idei as e a promoção de novos modos de vida. A mudança acontece, antes de mais, em cada pessoa e alcança a sociedade quando se unem esforços pelo bem de todos. Ser empree ndedor na construção da sociedade é um desafio que nasce no coração e vontade de cada pessoa em fazer da sua vida um projeto diferente, ún ico e adm iráve l.
APESSOA QUE NUNCA ERROUFOI AQUELA QUE NUNCA FEZ COISA ALGUMA.
o trabalho é uma vocação inerente ao ser humano, é participação na obra criadora de Deus, é realização da pessoa humana na sua dignidade em solidariedade efetiva com os outros seres humanos. O trabalho é uma dimensão fundamental da existência humana sobre a terra. Carta Pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa, 2003
Michel Qvoist (1911-1997)
8. Identi fica os aspetos da vida em sociedade que, no teu entender, merecem mais atenção e cuidado. Que contributo poderás dar?
que um projeto de vida pessoal que conduza à felicidade necessita de ser or ientado por valores promotores da vida e da dignidade das pessoas.
A vida é entendida, pelos crentes, como uma dádiva de Deus, marcada por experiências de encontro: na oração, no afeto, na partilha, na alegria, na amizade, no serviço, na justiça. O grande projeto de Deus é a humanidade, é a felicidade de cada um e de todos.
É a fé em Deus que sustenta a vida de muitas pessoas e que as motiva a confiar, a ter esperança e a testemunhar um projeto de salvação e não de perdição. Abraão e S. Paulo são dois destes testemunhos que merecem ser conhecidos.
o projeto de Abraão Abraão viveu no século XIX a.c. no Próximo Oriente Antigo. Nesse contexto histórico e geográfico eram comuns as migrações de povos em busca de melhores condições de sobrevivência. A vida destes povos, que depend ia da sua harmonia com a natureza, era constantemente ameaçada por forças imprevisíveis. Incapazes de exercer qualquer influência sobre essas forças, os povos prestavam-lhes culto, procurando aplacar os fenómenos naturais divinizando-os (polit eísmo). Cada grupo triba l adorava os seus deuses exprimindo, na devoção que lhes prestava, o seu medo e as suas aspirações de vida. Abraão era um homem perfeitamente integrado neste ambiente: prestava culto aos deuses que herdara do seu pai, Taré. Porém, na sua inquietude humana e religiosa, experimentou a presença de um Deus único e invisível, que não se confund ia com nenhuma força natural (monoteísmo). Tratava-se de uma presença benevolente, viva e ativa . Pouco a pouco, foi descobrindo o "rosto" de Alguém inteiramente diferente de todas as divindades antigas. Já não era a divindade que dependia dos desejos e das necessidades das pessoas; era Deus quem se tornava surpreendentemente presente, agindo como quem ama, do qua l a existência humana dependia.
Abraão libertou-se da. religião dos seus an+epa.ssados 'e a.bra.çou uma. nova. vida. -espiritvoJ fundada. na. rela.ção com o Deus único 'e pessocl Descobr iu, assim, a sua vocação, o seu projeto de vida.
Abraão e tsooc, autor anónimo
fi vocação de }l6raão ' O Senhor disse a Abrão: I
«Deixa a tua terra, atua família e a casa do teu pai, e vai para a terra que Eu te indicar. 2Farei de ti um grande povo, abençoar-te-ei, engrandecerei o teu nome e serás uma fonte de bênçãos. 3Abençoarei aqueles que te abençoarem, e amaldiçoarei aqueles que te amaldiçoarem: E todas as famílias da terra serão em ti abençoadas.» "Abrão partiu, como o Senhor lhe dissera, levando consigo Lot. Quando saiu de Haran, Abrão tinha setenta e cinco anos. sTomou Sarai, sua mulher, e Lot, filho do seu irmão, assim como todos os bens que possuíam e partiram todos para a terra de Canaã, e chegaram à terra de Canaã. "Abrão percorreu-a até ao lugar de Siquém, até aos carvalhos de
Moré. Os cananeus viviam, então, naquela terra. 70 Senhor apareceu a Abrão e disse-lhe: «Darei esta terra à tua descendência.» E Abrão construiu ali um altar ao Senhor, que lhe ti
a aparecido.
Gn 12,1-7
Abraão confiou nesta "voz misteriosa" que lhe preencheu o coração e abriu possibilidades imprevisíveis. Outrora vivia sob o medo da ação de forças estranhas, às quais prestava culto para estabelecer uma relativa harmonia com a natureza e preservar a sua família de todos os seus malefícios. Agora tornara-se o confidente de Deus, sinal de bênção para todosospovos e pai de um novo povode crentes. E Deus cumpriu efetivamente a sua promessa. Contra toda a expetativa, por causa da idade avançada, Abraão e Sara tiveram um filho a quem deram o nome de Isaac, o qual haveria de ser o pai de Jacob, que, por sua vez, seria o pai dos "fundadores" das doze tribos de Israel.
~r~ 1 lso.a.c 1 Ja.cob 1
Abraão é apresentado como o crente ideal: sabe escutar Deus e acolher os seus projetos com obed iência incondicional e confiança total. Mesmo que as propostas de Deus pareçam incompreensíveis ou que os seus desafios int erfi ram com os projetos humanos, o crente acolhe os planos de Deus e realiza-os com fidelidade.
o comport amen t o de Abraão
revela, ant es de mai s, o lugar absolut amente
central qu e Deus ocupou na sua existência. Deus é, para Abraão, o valor máximo, a opção f undament al; por isso, mostra-se disposto a oferecer a Deus o dom t ota l e irrevogável de si próprio, da sua fam ília, do seu f ut ur o, dos seus sonhos, das suas aspirações, dos seus projetos, dos seus int eresses. Para Abraão, nada mais conta quando estão em j ogo os planos de Deus; nem o apego à sua terra de or igem, nem o dinheiro, nem o poder, nem o recon hecimento social, nem
Na. sua. rela.ção com Deus, Abra.ão mOJ1ifes+a. respeito, humilda.de, dísponibilída.de, obedfêncio., confiOJ1ço., amor oe fé - a.iiivdes qv-e o definem como crente ideal oe modelo pnrn os crentes de toda.s os épocos. o sucesso.
Itin erário de Abraão
Abraão desafia cada crente a confiar em Deus, mesmo quando os caminhos de Deus se reve lam estranhos e incompreensíveis. Quando os nossos projetos se desmoronam, quando as nuvens negras da vio lência e da opressão se acastelam no horizonte da nossa existência, quando o sofrimento nos leva ao desespero, é preciso continua r a caminhar serenamente, confiando nesse Deus que é a nossa esperança e que tem um projeto de vida plena para nós e para o mundo.
A ideia de que a obed iência de Abraão a Deus é fonte de vida para ele, para a sua fam ília e para todos os povos do mundo deve ser uma espécie de garantia que atesta a validade deste cam inho. Fazer de Deus o centro da própria existênc ia e renunc iar aos critérios egoístas e interesses mesquinhos para cumprir os planos de Deus, não é uma escravidão, mas um camin ho de acesso
à vida plena e verdad eira.
Há algumas pessoas que nascem com «bicho-carpinteiro» ou leveza de borboleta que nunca «aquecem» o lugar, outras vivem presas a teias do passado endurecidas como as pedras de um cais sem coragem para zarpar. Entre umas e outras estão aquelas que ousam responder ao apelo do futuro e, como Abraão, confiar numa voz que chama mais além. Ponho-me a imaginar: a quantos fez Deus o mesmo apelo que Abraão escutou? Como amadureceu nele esta capacidade de ouvir e a coragem de trocar a certeza pela promessa, a segurança pelo risco? Como foi capazde vencer as inúmeras vozes, dentro e fora de si, que aconselhavam a prudência e a estabilidade da vida que levava?Já tinha idade para ter juízo! Sim, mas falou mais forte o desejo de, com Sara e a descendência prometida, passar da solidão à comunhão, do «eu» ao «nós», construir uma casa com o seu nome, ser bênção como Deus lhe prometia. A novidade não está em Abraão partir (quantos povos sempre se movimentaram por razões de sobrevivência, ainda hoje com tantos dramas de fome e de guerra?); está na confiança naquele que o chama. Mais importante que o longo caminho ou a meta a alcançar, o que é novo é esta descoberta de Deus que caminha entre os homens. E imprime no coração e na vida dos que aprenderam a escutá-lo esta disponibilidade constante para partir. O caminho de Deus com os homens é para realizar,já na história, a justiça, a paz e o amor que o próprio Deus é. Então, saber com quem se vai é mais importante do que qualquer mapa! Padre Vítor Gonçalves, Jornal Voz da Verdade, 17/fev/2008 (excerto)
Projeto de Paulo Paulo, originariamente Saulo, nasceu por volta do ano 8 da era cristã, em Tarso, na Ásia Menor (atual Turquia), de uma família judaica da diáspora, que observava rigorosamente a religião dos seus pais. Simultaneamente, contactou com a vida e a cultura do império romano. Recebeu a sua primeira educação religiosa em Tarso tendo por base a lei de Moisés e depois foi para Jerusalém aprofundar os seus conhecimentos religiosos. Estudou aramaico, hebraico, grego e latim. Aprendeu ainda uma profissão manual, o fabrico de tendas, que lhe permitiu sustentar-se sem depender de ninguém . Judeu convicto, Saulo estava convencido de que o cristianismo era uma seita nociva que introduzia ideias novas na religião dos seus antepassados. Por isso, perseguia os adeptos de Jesus. Ainda adolescente, assistiu ao apedrejamento do diácono Estêvão, o primeiro mártir da Igreja cristã. Por volta do ano 35, com cerca de 30 anos, dirigiu-se a Damasco, cidade da Síria, para prender um grupo de cristãos. Já próximo de Damasco, Saulo teve uma experiência
religiosa que iria mudar radicalmente o curso da sua vida. Conversão de Paulo, Gustave Doré (1832-1883)
Conversão de Sauio lSaulo, ' entretanto, respirando sempre ameaças e mortes contra os discípu los ' do Senhor, foi ter com
?' Sumo
Sacerdote 2e ped iu-lhe
cartas paraas sinagogas de Damasco, a fim de que, ' se encontrasse . . ,
homens e· mu lheres gue fossem desta Via, os tro uxesse algemados para Jer u sa l~m. 3E~tava a cami nho e j á próximo de Damasco, quan do se viu sub itame nte envolvido por uma int ensa luz vin da do Céu. "Caindop or terra, .o uvlu urna voz que Ihe dizia: «Saulo,Sa ulo, porque me persegues?» sE le pe rguntou: «Quem ,és Tu, Senhor? » Respondeu: ' «Eu sou Jesus, a quem tu perseg ues. 'Ergue-te, .ent ra na cidade e dir-
-te-ão oq úe tens a fazer..» 70 s seus com panhe ir os de viage rntinh am-se deti do, ' em udecidos, o uvindo
a voz, 'm as sem verem ninguém. 8Sau!0
'as, em bora ti vesse os o lhos abertos, não via nada.
ergu eu-se do chão;
Foi necessári o l e~á'-Io pela mão e, assim, 'ent rou em Dam asco, "onde passou três dias sem ver; sem comer nem be ber, lOHav ia em Damasco
'~ m
discípulo chamado Ananias: '0 Sen'hor ' disse-lhe numa ' visão :
«Ananias!» Respondeu: «Aqui estou, Senhor,» 110 Se~hor prosseguiu: «Levanta-te, vai à casa de Judas, na homem chamado Saulo
que está a orar neste mornento.» .
viu. numa "visão home~, de. nome Anarüas, . . .urh . . entrar e impór-Ihe as mãos para recobrar a vista ..13Ananias respondeu : 12Saulo, .
ent~etanto,.
d~. Tarso,
ruà Direita, e pergunta por um
"
.. «Senhor -tenho ouvido
m~itagente falar desse hom'eme a' contar todo
o mal que eletem feito aos .t eus santos, em Jerusalém. 14E agora está ' . . aqui Com plenos poderes dos sumos sacerdotes, para prender todos quantos - invocam -o teu norne.» . 1sMas o Senhor. disse-lhe: «Vai, pois esse homem é instrumento da minha escolha, para levar '0 meu: nome ' \
perante os pagãos. vos reis e os filhos de Israel. 16Eu mesmo lhe hei de .
I
' .
•
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mostrar quanto ele tem de' sofrer pelo meu notT)e;,» 17Então, Ananias partiu, entrou ·na dita casa,' impôs as
~ãos' sobre ele e disse: «Saulo,
meu irmão, foi o Senhor que me enviou, esse Jesus que te apareceu no caminho em que vinhas, para recobrares a vista e ficares cheio do . ., . Espírito Santo.» "Nesse instante, caíram -lhe dos olhos uma espécie de escamas e recuperoúa vista. Depois, levantou-se e recebeu o batismo.
"Depois de se ter alimentado, voltaram-lhe as forças e passou alguns dias com
~s di~cípulos, em Damasco. 20Co~eçou, então, imediatéime~te,
a proclamar nas sinagogas que Jesus era o Filho de Deus. ' . •' At 9,1 -20
Após o encontro transformador no caminho de Damasco, de perseguidor
9. Que aspetos dife rentes e comuns identificas no projeto de vida de Abraão e Paulo?
dos cristãos, Pau lo passou a ser um apaixonado missionário do Evangelho. Dedicou o resto da sua vida a Cristo, numa contí nua identificação com ele ao
10. Parti r é um verbo sugesti vo para definir um projeto de vida. Que destino esboças para o partir da t ua vida ?
ponto de poder dizer: «para mim viver é Cristo» (FI 1,21) e «já não sou eu que vivo, é Cristo que viv e em mim » (GI 2,20). Nas suas viagens missionárias, sob constant es perigo s, difundiu a mensagem cristã pelo império romano, permitindo, assim, que o Cristi anismo ultrapassasse a f ront eira do povo judeu e abraçasset odos os povos que então eram conhecidos . Preso por causa da sua paixão no anúncio do Evangelho, Paulo acabou por ser decapitado, de acordo com a tradição, no ano 67, perto de Roma.
São Paulo , M arco Pino (152 1-158 3)
- -
-~
- - Primeira Viagem
- - -+-- - Segunda Viagem - - -
- - Terceira Viagem
- - -
- - Viagem a Roma
 N Escala: 1:30.000.000
As viagens mi ssion árias do apóstolo Paulo
Parábola dos talentos 14 0 Reino do Céu ser á também como um homem que, ao partir para fora , 'chamo u os servos e -confi ou-Ihes os seus be ns. lsA um deu cinco ta lentos, a outro dois e a outro um, a cada qua l conform e a sua capacidade; e depois partiu. "Aquele que recebeu cinco ta lentos negociou. com eles e ganho~ outros cinco. ' 17Da mesma forma, aquele que recebeu do is ganhou outros do is. 18M as aquele que ape~as recebeu um fo i fazer um buraco na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor. 19Passado mu ito tempo, voltou o senhor daqueles servos e
ediu-Ihes cont as. 2°Aquele que tinh a receb ido
cin co ta lent os aproxim ou-se e entregoulhe outros cinco , di zendo : . . 'Se nhor, confiaste -me cinco ta lentos; aq ui estão o utros cinc? qu e eu gan hei: 210 sen hor disse- lhe: 'Mu ito bem, servo bom e fie l, foste fiel em' coisas de pouca monta, m uit o te confi arei. Entra no gozo do teu senhor: 22Veio, e~ seguid a,
li que
tinha recebido dois talentos :.
'Senhor, disse ele, confiaste-me dois talentos; aqui estão outros dois que eu ganhei: 23 0 senhor' disse-lhe : 'Muito bem, servo .bom e fiel, . foste fiel em .coisas de pouca monta, ' muito te confiarei. Entra no gozo do teu senhor: 24Veio,' finalmente, o que tinha recebido um só . . talento: 'Senhor, disse ele, -sernpre te conheci como homem duro, , que ceifas onde não semeaste e recolhes onde 'não espalhaste. 2SPor isso, com medo, fuj escon~er o teu talento na terra. Aqui está o que te pertence: 260 senhor respondeu-lhe: 'Servo mau e preguiçoso! Sabias que eu ceifo onde não semeei ~ recolho onde não espalhei. 27P.ois bem, devias ter levado
p meu
dinheiro aos banqueiros e, no .
meu regresso, teria levant ado o meu dinheiro com juros: 28'Tirai-lhe, pois, o talento, e dai-o ao que temdez talentos. 29Porque ao que tem será dado e terá em abundância; mas, ao que não tem; até o que tem lhe será tirado . Mt 25,14-29
Talento é um peso ou uma moeda. Como moeda, equivalia a 6.000 denários .
Um denário era o valor pago por um dia de trabalho.
11. Como valorizas os teus talentos?
S-erei capaz de venc-er o medo -e as dificuldades? E se não for capaz, o qve me a.con+ec-e? . id ? Oqve tazer da. mInha. VI o, A grande riqueza da vida não está no valor dos bens materia is que se possuem ou desejam. Um projeto de vida não se adquire com dinheiro. O seu valor vem dos dons e capacidades que Deus dá a cada um para que rendam o mais possível. A vida é o primeiro dom precioso a merecer da parte da pessoa o maior esforço para a t ornar bela e valiosa. As capacidades e apti dões, os ta lentos, não são para esconder, para guardar no íntimo do egoísmo; tão pouco são para enterrar com o med o de falhar.
É necessário arriscar e depo sit ar t odo o esforço e tra balho para qu e um ta lent o seja partilhado e valori zado pelo s out ros. A qu antidade de t alent os não é aqui im po rt ant e, mas sim a atitude pera nte o que somos em vist a ao que nos valo riza. Ninguém é um excelente aluno se não se esforçar com m uitas horas de estudo, através do qual as capacidade s intelectuais são desenvolvidas e se "m ultiplicam" em resultados de sucesso. Ninguém é o melhor nadador, músico, médico... se não partir com vontade e determinação para uma batalha contra o medo, a preguiça, o egoísmo, a apatia, para alcançar a vitória da realização pessoal. Um atleta sabe muito bem o significado do sacrifício para fazer render os talentos.
Ameto.. apenas aguarda. a. chega.da.. Opercurso 'é um desa.fio constante a. não parar oe, qua.ndo soe cai, 'é necessõrio recorneçer I
que no encontro com Deus, muitos construímos um projeto de vida com sentido.
A experiência de encontro com Deus dá um significado definitivo à vida e consistê ncia à esperança. A fé não depende apenas da nossa vont ade, mas é um dom de Deus que se faz presente na vida de cada pessoa. No enta nto, depe nde da nossa vontade acolhê- Ia no espaço mais profundo da nossa consciência onde Deus caminha connosco. A expe riência de fé cristã manifesta-se na relação pessoal e comunitária com Jesus Cristo, acolhendo-o e aceitando a sua presença na própria vid a. O
contacto com Deus torna o crente capaz de se distan ciar do desejo egoíst a, pondo a sua vida ao serviço dos outros . Am ar à man eira de Jesus é f azer uma opção pr eferencia l pelo outro, não enriquecendo o próp rio desejo egoíst a e diminuindo os sonhos narcisist as. É a transform ação do desejo egocêntrico em doação grat uita. A experiênci a de fé dos crent es das diferentes tradições religiosas não fecha, nem pode fecha r, o ser humano em si mesmo. Abre-o ao mundo e aos out ros num a constant e von t ade
de
renta bilizar
os
seus t alent os, na construção de uma sociedade mais justa e humana , onde t odos t enham direito a um lugar e vejam reconhecida a sua dignidade. Ter fé é abraçar o amor que Deus é e transformá-lo em doação constan te aos outros
que
connosco
partilham
a
vida. Neste sentido, os crentes encontram na fé a fonte de felicidade.
.
A elicidade humana nasce:
do amor a Deus e ao próximo o
crente j udeu escuta o Senhor, de quem recebe, atravé s de Moisés, os
M andament os como uma dádiva para que, cumprindo -os, viva feliz e não caia em qua lquer tipo de escravidão. A liberdade vive-se no amor a Deus e pro longa-se no amor ao próximo .
•
do amor a Deus e ao próximo, em especial o inimigo JesusCristo é o rosto do Amor e de uma Boa Nova porque não exclui ninguém do seu amor. Amar a Deus e o próx imo inclui os inimigos, que são mo tivo de perdão e de acolhimento. Esta é uma proposta exigente, mas o caminho certo, a verdade sem medos e a vida plena de felic idade porque assente num projeto de salvação.
"
o crente encontra a sua fel icidade na súbm íssão à vontade de Alá e na prática dos cinco princípios fundamentais: a profiss ão de fé, a oração cinco vezes ao dia, a esmola, o jejum e a peregrinação.
da realização do dharma Dharma é a consciência de pertencer a um universo organi zado e, consequent ement e, a obrigação de aceitar o seu lugar na vida pelo cumprimento dos deveres religiosos, mora is e sociais. Para os hin dus, uma correta prática do dharma te m um efeit o favorável sobre o karm a, o que perm ite a cada indivíduo renascer numa casta e num plano de existê ncia mais elevado, apro ximando-se, deste modo, do objetivo fina l, o nir vana.
da superação da dor e do sofrimento o objetivo do
Budismo é ajudar as pessoas a encontrar o caminho para a
ilum inação, no qual se atinge o estado de nirvana - tota l seren idade e libert ação em relação a qua lquer forma de desejo, erradicando assim as causas de todo o sofrimento.
da preservação da ordem cósmica e do fator humano As pessoas receberam do Céu o dom da vida e todas as propriedades inatas à natureza humana, sobretudo a facu ldade do discern imento moral. A perceção do que é justo e do que é errado é comum a todos os seres humanos e distingue-os dos anima is. Há, por tanto, uma igualdade fundamenta l entre todas as pessoas, independentemente das classes sociais. Todos os seres humanos tê m a capacidade de atingir a perfeição.
A
, a
e a
são próprias de quem tem fé.
Na fé encontra-se a paz necessária para o discernimento, para vencer o medo das opções e arriscar num futuro desejado. A aventura é própria de quem é jovem, mas ninguém pode aventurar-se na escuridão sem saber para onde caminha . Definir um projeto de vida implica, por isso, ver com clareza quem somos e para onde queremos caminhar. É necessária a coragem para optar e a confiança para avançar. Tal como Abraão e Paulo, é essencial escutar o chamamento interior e responder à vontade de Deus, que poderá ser diferente da nossa. Escutar os apelos de S. Paulo poderá ser um bom princípio para seguir em frente com o projeto de vida. Ousa confiar!
o amorfaz o 6em 9Que o vosso amor seja sincero. Det est ai o ma l 'e apegai-vos ao bem. lOSede afetuosos uns para com os outros no am or frat ern o; adiantai -vos uns aos . outros na esti ma mútua. " Não sejais preguiçosos na vossa dedicação; deixai -vos inflamar pelo Espírito; entregai-vos ao serviço do Senhor. 12Sede alegres na esperança , pacien tes na t ribulação, perseverantes naoração. 13Partilhai com os santos qu e passam necessidade; aproveitai todas as ocasiões para serdes hospitaleiros. "Bendizei os que vos perseguem; bendi zei, não amaldiçoeis. 15Alegrai-vos com os que se alegram, chorai com os que choram. " Preocupal-vos em andar de acordo uns com os outros.não vos preoéupeis com as grandezas, mas entregai-vos ao que é humilde; não vos julgueis sábios por vós próprios. 17Não pagueis a ninguém o mal com o mal; interessai-vos pelo que é bom diante de todos os homens. "Tanto quanto for possível e de vós dependa, vivei em paz com todos os homens
Rm 12,9-18
lMPéRAl1VO DE \ilDA ~ejo sinceyo o Vosso
DESARO PESSOAL
omoY
De~es~oi o moi
Ape ai-vos
00
bem
que a fé é um elemento importante da experiência de felicidade.
Convido todo o cristão, em qualquer lugar e situação que se encontre, a renovar hoje mesmo o seu encontro pessoal com Jesus Cristo ou, pelo menos, a tomar a decisão de se deixar encontrar por Ele, de o procurar dia a dia sem cessar. Não há motivo para alguém poder pensar que este convite não lhe diz respeito, já que «da alegria trazida pelo Senhor ninguém é excluído», Quem arrisca, o Senhor não o desilude; e, quando alguém dá um pequeno passo em direção a Jesus, descobre que Ele já aguardava de braços abertos a sua chegada. Como nos faz bem voltar para Ele, quando nos perdemos! Insisto uma vez mais: Deus nunca se cansa de perdoar, somos nós que nos cansamos de pedir a sua misericórdia. Aquele que nos convidou a perdoar «setenta vezes sete» (Mt 18,22) dá-nos o exemplo: Ele perdoa setenta vezessete. Volta uma vez e outra a carregar-nos aos seus ombros. Ninguém nos pode tirar a dignidade que este amor infinito e inabalável nos confere. Ele permite-nos levantar a cabeça e recomeçar, com uma ternura que nunca nos defrauda e sempre nos pode restituir a alegria. Não fujamos da ressurreição de Jesus; nunca nos demos por mortos, suceda o que suceder. Que nada possa mais do que a sua vida que nos impele para diante! Papa Francisco, Evangelii Goudium, 3
Conheço Barcos Conheço barcos que ficam no porto Com medo de que as correntes os arrastem violentamente Conheeo bafcos que enferrujam no porto Par.a não arriscarem o futuro ausente. Conheço barcos que se esquecem de zarpar. Por estarem a envelhecer, temerem o tempo E a solidão das vagas e o frag or do vento ... A sua viagem term inou antes de começar. Conheço barcos t ão amarrados Que igno ram ser possível sonhar. Con heço barcos que fi cam parados Por tere m receio de se desencontrar. Conheço barcos que velejam aos pares, Afrontando o t emporal quando o f uracão os fu sti ga. Conheço barcos que arra nham as vigas NaS rot as abertas no corpo dos mares. Conheço barcos que regressam ao po rto, Com rombos no cascc.rnas dignos e fortes. Conheço barcos que são solidários Porque parti lharam os ventos do Norte.
1..
Conheço barcos que transbordam de amor .... Quando navegaram até ao último dia. _ JaA1 aié re c~th e ra m as velas de.con dor P~ue
no
,u coração
abita a-o
adia.
./