EMRC_8_Quero descobrir

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Manual do Aluno Educação Moral e Relig iosa Católica 8.2 ano do Ensino Básico Coordenação Geral Cristina Sá Carvalho Coordenação de Ciclo Fernando Moita Equipa de Au tor es António Cordeiro Ferna ndo Mo ita José Luís Dias Ma rgarid a Port ugal Revisão Ortográfica Gráfica Almond ina Design gráfico e Capa Catarina Roque Im agens Dreamstime Wik ipédia Tiragem : 25 000 ISBN: 978-972 -869 0-89- 2 Depósito Legal: 391716/15 Ediçã o e Proprie dade Fundação Secretariado Naciona l da Educação Cristã - Lisboa, 2015 Im pressão Gráfica Almondina - Torres Novas Aprovação Conferência Episcopal Portuguesa ©Todos os dir eito s reserv ado s para a FSN EC


Queridos Alunas e Alunos Estimadas Famílias Caros Docentes

É com grand e alegria que vos entregamos os manuais de Educação Moral e Religiosa Católica, que foram preparado s para lecionar o novo Programa da disciplina, na sua edição de 20 14. O que aqui encontrareis procura ajudar, cada um dos alunos e das alunas que frequentam a discip lina, a «posicionar-se, pessoalmente, frente ao fenómeno religioso e agir com responsabi lidade e coerência», tal como a Conferência Episcopal Portuguesa definiu como grande fina lidade da disciplina", Para tal, realizou-se um extenso trabalho que pre tende , de forma pedagogicamente adequada e cientificamente significativa, contribuir com serieda de para a educação integra l das crianças e dos jovens do nosso País . Esta tarefa, realizada sob a superior orientação da Conferência Episcopal Portuguesa, a responsabi lidade da Com issão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé e a dedicação permanente do Secretariado Nacio nal da Educação Cristã, env olveu uma extensa e motiva da equipa de trabalho. Queremos, pois , agradecer aos autores dos textos e aos artistas que elaboraram a montagem dos mesmos, pelo seu entusiasmo perma nente e pela qua lidade do resultado fina l. Também referimos, com apreço e grat idão, os docentes que experimentaram e comentaram os manuais, ainda durante a sua execução, e o contributo insubsti tuíve l dos Secretariados Diocesa nos responsáveis pela discip lina na Igreja local. E a todos os docen tes de Educação Mor al e Religiosa Católica, não só entrega mos estes indispensáveis instru mentos pedagógicos como aproveitamos esta feliz ocasião para sublinhar a relevância do seu fundament al papel, nas escolas e na forma ção das suas alunas e dos seus alunos, e testemunhamo s o nosso reconh ecimento pelo seu extenso compromisso pastoral na sociedade portuguesa. Do mesmo modo , estamos agradec idos às Famílias, porqu e desejam o melhor para os seus filhos e filhas e, nesse contexto, escolhem a disciplina de Educaçã o Mora l e Religiosa Católica como um impor tante contributo para a formação e o desenvol vim ento pleno e feliz dos seus jo vens. Os jovens conformam o nosso futuro comum e o empenho sério na sua educação é sempre uma garantia de uma sociedade mais bondo sa, mais bela e mais ju sta . Finalmente, queridas crianças e queridos jo vens , a Igreja quer ir ao vosso encontro, estar convosco, ajuda r-vos a viver bem e, nesse sentido, colaborar com o esforço de construção de um mundo melho r a que sois chamados, enrai zados e firm es (cf. CoI 2, 7) na proposta de vida que Jesus Cristo tem para cada um de vós. É esse o horizonte de vida , de missão e de futuro , a construir convo sco , que nos propomos realizar com a disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica. Em nome da Conferência Episcopal Portuguesa e no nosso próprio, saud amos toda s as alunas e todos os alunos de Educação Moral e Religiosa Católica de Portugal com alegria e esperança,

Comissão Episcopa l da Educação Cristã e Doutrina da Fé Lisboa, 19 de março de 20 15, Solenidade de S. José, Esposo da Virgem Maria e Padro eiro da Igreja Unive rsal

*Conferênc ia Episcopa l Portugue sa. (200(') , Educuriio Moral

e'

Religiosa Católica - Um valioso contributo parti afonnac ão da personalidad e. n. 6.



v L\f\d.O (o.)

• •




I

I Olá. cOrJvido.dos po.Yo. te o.pyeserJto.y esta urJido.de letivo. sobye o o.moY e é com ~yo.rJde pYo.zey que o Po.zemos.

Fornos

00mos um casa l o.Po.ixorJo.do. A rJosso. vida é mo.yco.do. pelo o.moY: o.moY à vida, aos Pilhos, aos pobyes... o. Deus. em FloyerJço., rio o.rJo de J'Z'Zl{ Foi pYoPessoYo., escYitoYo. e o.Po.ixorJo.do. pelas :to.rJdes causas. Pyeocup ou-se sempye co m os mais rJecessito.dos e rJo. sej urJdo. j ueyyo. mUrJdio.l tyo.bo.lhou corno erJ Peymeiyo. v olu rJtáyio. do. [ YUZ Veymelho. .

A

MaY;a

rJo.sceu

O Lu:s rJo.sce u em CatârJio., rJO o.rJo de 1'Z'Z0. Foi um o.dvojo.do bYilho.rJte e tyo.bo.lhou po.Yo. o joveYrJo ito.lio.rJo. Apeso.y das suas muitas ocupações, erJcorJtyo.vo. sempye tempo po.yo. se dedico.Y o. v ôrias associações de ajudo. humo.rJitáYio..

-

-

CorJhecemo-rJos em Roma em )CiO) e quo.tyO o.rJos depois, rJo. bo.s;lico. de 00.rJto. Mo.yio. Mo.io~ compYometemo-rJos o. Po.zey do o.moY o nosso ideal de vida. livemos quo.tyO Pilhos que educámos com todo o o.Peto e o. quem tyo.rJsmitimos o. beleza do. jerJeyosido.de e do. co.yido.de po.Yo. com todos: 0tepho.rJio., Filippo, Lesare e &;Yichetto.. A jesto.ção desta rJosso. últ imo. Pilho. Poi muito d;P;cil POy causo. de ~m jyo.ve pYoblemo. de saúde. Os médicos o.corJselho.vo.m o o.boyto poYque o risco de moYYeYem mãe e Pilho. eyo. elevado, mas tornámos o. dec isão de levo.y o. jyo.v idez até 0.0 Pim e elo. rJo.sceu PoYte e be lo.. DuYo.rJte o. sejurJdo. jueyyo. mUrJdio.l acolhemos yePujio.dos rJo. rJosso. caso.; os nossos Pilhos po.Yticipo.vo.m rJesto. dirJâmico. de o.terJção aos mais rJecessito.dos e, após o. jueyyo., qjudo.yo.m também rJo. yecorJstyução de casas nos bo.iyyos pobyes de Roma. Ãpeso.y das cOrJtyo.yiedo.des Pomos sempye urna Po.m;lio. muito Peliz orJde rJerJhum pYoblemo. eYo. yesolvido sem diálojo e que se pedisse o. ajudo. de Deus.

1 71 anos e Maria em 1965, com 81 anos. Luís faleceu em 195 ,_com Paulo II beatificou o casal Quattrocchi exaltando a Em 2001 o papa Joao , radicalid~de com que Luís e Maria viveram o amor a Deus, o amor reciproco, o amor aos fi lhos e amor aos outros. b Na cerimónia da beatificação estiveram presentes os fi lhos deste,cas,al ~e sou e . ande intens idade humana o amor conjugal e o serviço a VI a., . ~~~reC:r~: Quattrocchi _ modelo de vida cristã para todos - foram o primeiro casal a ser beatificado pela Igreja.


o ~MOP- É. ~ FOP-Ç;~ MMS ~obEP-OS~ to sEP- HUM~NO. É aquilo que caracteriza a pessoa e a distingue de todos os outros seres vivos. Mesmo a atividade racional está sujeita à energia do amor: é o querer saber, é o gostar de ir mais além, é o prazer da descoberta.

É a arte do amor que transporta o coração e a mente humana para a aventura da vida, do bem e do belo. Se por um lado continuamos prisioneiros de vontades egoístas, por outro lado somos a presença do dom do amor nos gestos heroicos e libertadores a favor de pessoas e de causas. A dedicação, entrega de si próprio ao outro, é o ato mais nobre que motiva cada homem e cada mulher a sentir-se parte integrante da humanidade. Sem

O grego antigo tem três palavras distintas para dizer amor: eras (amor erótico), philia (amor fraternal) e ágape (amor incondicional, oblativo) .

amor, a humanidade morreria!

o amor é a mais universal, mais formidável

e mais misteriosa das energias cósmicas. É uma reserva sagrada de energia, o próprio sangue da evolução espiritual. O amor é uma conquista aventureira. Só se mantém e desenvolve mediante uma descoberta contínua. Teilhard de Chardin (1881-1955)

Não é fácil definir o amor. Mas também não é difícil exprimir o que é amar: amar é entrar em sintonia; é estimar muito. Amar é, sobretudo, querer o bem do outro e agir de acordo com esta vontade; no limite, amar é ser capaz de se sacrificar pela felicidade da pessoa amada. Muito mais do que simples sentimento, oamoré umadecisão: é uma deliberação pessoal que envolve não só as emoções, mas também a razão e a vontade.

Lave, Robert Clark (Artista plástico contemporâneo)


A afeti vidade é uma riqueza extraordinária que nos permite emocionarmo-nos com um espetáculo grandioso ou com o sofrimento de alguém, que nos faz vibrar de prazer perante uma obra de arte ou com a alegria de um amigo. Mas entregue às suas próprias iniciativas, a afetividade, só por si, pode reduzir o ser humano a um estado selvagem. Quantas vezes,movidos unicamente pela afetividade, achamos que uma pessoa tem razão só porque gostamos dela e que uma outra não tem razão porque não a suportamos!? Quantas vezes, movidos unicamente pela afetividade, estudamos bem com o professor X apenas porque ele é simpático!? Quantas vezes, movidos unicamente pela afetividade, ficamos furiosos só porque uma censura justa nos fer iu ou porque achamos que ninguém repara nos nossos esforços!? Quantas vezes, mov idos unicamente pela afeti vidade, criamos situações injustas, mal-entendidos absurdos e desfazemos laços de amizade !? 1. Comenta a afirmação : "Mu ito mais do que simples sentimento, o amor é uma decisão".

A afetividade é uma dimensão fundamenta l, mas a pessoa é também inteligência e vontade (aut odet erminação); e para que a ação humana seja eticamente boa estas três dimensões devem caminha r juntas . Isoladas, conduzem a pessoa a um beco sem saída. A afeti vidade, bem or ientada pela int eligência, t orna o ser humano capaz de amar e de aj udar os outros. Adaptado de Senti do Único

o amor na arte e na cultura o amor é um elemento tão determ inante da vida humana que foi e continu a a ser tema de inúmeras obras de arte e produções cu lturais . A human idade sente necessidade de exprim ir esta dimensão atra vés da be leza e da sabedoria que essas produções transm item . Tanto na poesia e na lit erat ura em gera l, como na pintura, escu ltura, arqu itetura ou música, o amor é tema recorrente .

A minha históri a é simples A t ua, meu Amo r, É bem mais simples ainda: «Era uma vez uma flor. Nasceu à beira de um Poeta ...» Vês como é simples e lind a? (O resto conto depois; Mas tão a sós, tão de manso, Que só escutemos os dois.) Sebastião da Gam a (1924-1952), Cabo da Boa Esperan ça


o Beijo , Gustav Klimt (1 862-1918)

Os

amantes, Pablo Picasso (188 1- 1973)

Então Almitra disse: Fala-nos do Amor. E ele levantou a cabeça, olhou o povo e disse com voz forte: Quando o amor vos fizer sinal, segui-o; ainda que os seus caminhos sejam duros e escarpados. E quando as suas asas vos envolverem, entregai-vos; ainda que a espada escondida na sua plumagem vos possa ferir. E quando vos falar, acreditai nele; apesar de a sua voz poder quebrar os vossos sonhos como o vento norte ao sacudir os jardins. Pois o amor, coroando-vos, também vos crucificará. O amor só dá de si mesmo e só recebe de si mesmo. O amor não possui nem quer ser possuído. Porque o amor basta ao amor. Quando amardes, não digais: Deus está no meu coração, mas antes: Eu estou no coração de Deus. Excertos de «Sobre o Amor »,

Khalil Gibran (1883-1931), O Profeta


Taj Mahal é um monumento construído no século XVII em Agra, na índia. Neste mausoléu, a alvura de cada pedra, grande ou minúscula, faz parte de um todo arquitetonicamente perfe ito, donde lhe vem uma imponente força artística que a todos encanta e interroga. A beleza exterior deste monumento, considerado um " poema de amor em pedra", é reflexo de uma beleza int erio r e mister iosa, mas real: a relação amorosa entre Shah Jahan e Mumt az M ahal.

Vénus (na mitologia romana) ou Afrodite (no panteão grego) é a deusa do amor, do ero tism o e da beleza. Diz-se que surgiu de dent ro de uma concha

de

madr epéro la,

te ndo

sido gerada pela espuma da água. Foi das divindades mai s ven eradas na

antiguidade

e

aind a

hoje

é

representada como ideal da beleza feminina.

o Nascimento de Vénus, Sandra Batt icelli (1445-1510) Também a sabedoria popular expressa, através de provérbios, as lições sobre o amor que a experiência lhe foi ditando:

ONDE MANDA

OAMOR~Ao MA OU 11<·0

SENHOR.

oAMOR OLHIr

MltNEIRft DE TAL

O C013RE

~UE

PftR.Ect HE OURO.

Amorplatónico é uma expressão que designa um amor ideal, àsvezes imaginário. Em sentido popular pode significar um amor impossível de se realizar por ser tão perfeito, puro e ideal. Refere-se ao pensador grego Platão (século V a.c.) mas nada tem a ver com a sua filosofia . Para Platão o amor não se resume ao plano das ideias; faz parte da realidade material.


A inteligência sem amor torna -te perverso A justiça sem amor faz-te implacável A diplomacia sem amor torna -te hipócrita O êxito sem amor faz-te arrogante A riqueza sem amor torna-te avarento A docilidade sem amor faz-te servil A beleza sem amor faz-te rid ículo A autoridade sem amor torna -te tirano O traba lho sem amor faz-te escravo A simplicidade sem amor deprecia-te " A lei sem amor torna-te escravo A política sem amor faz-te prepotente A fé sem amor t orna-te fanático A vida sem amor. .. não tem sentido Autor desconhecido

Amizade} namoro e solidariedade A adolescência é a época das grandes amizades, da construção de relações duradouras que mui t as vezes persist em por t oda a vida . É um tempo de descobert a de si e do outro. É neste am biente que surgem as primei ras paixõe s. Quando senti mos que alguém pode ser a resposta aos nossos sonhos e anseio s, essa pessoa torna -se única. Julgamos até que não consegu imos viver sem ela. Essa pessoa singular ajuda -nos a derrubar as barreiras, a sair da solidão e a relacionarmo-nos melhor com os demais. Começamos então a ver e a interpretar o mundo de maneira diferente, a estabelecer laços com diferentes pessoas. Parece ter começado uma vida nova, em que nada nos é estranho e tudo é passível de se concretizar. Assim se desperta também para a solidariedade e para a adesão a grandes causas. Amizade, namoro e solidariedade são t rês manifestações do amor em ação.

2. Faz uma pesqu isa e recolhe diferent es teste munhos, textos ou frases sobre o amor. Regista o que mais te tocou.


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Um jovem disse: Fala-nos da Amizade. E ele respondeu, dizendo : O vosso amigo é a resposta às vossas necessidades. Ele é vosso campo, que culti vais com amor e colheis com gratidão. E é a vossa mesa e a vossa larei ra pois ides até ele com fom e e nele proc urais a paz. Quando o vosso amigo expõe a sua opini ão, não t emais o "n ão" que está na vossa ment e, nem segureis o "sim". E quando ele está calado, o vosso coração não deixa de ouvi r o coração dele, pois na amizade, todos os pensamentos, todos os desejos, todas as esperanças nascem e são partilhadas sem palavras, com alegria. Quando vos separais de um amigo não fiqueis aflitos, pois aquilo que mais amais nele ficará mais claro com a sua ausência, tal como a montanha, para quem a escala, é mais nítida vista da planície. Excert os de «Sobre a Am izade», Khalil Gibran (1883-1931), O Prof eta

Amar é um pouco como observar uma plantinha que cresce na primavera; com efeito, o amor tem os seus ritmos, precisa de atenções, de cuidados, de inteligência para descobrir o que se esconde no coração do outro. E, precisamente como as plantinhas, também o amor, no princípio, é muitíssimo delicado. O primeiro passo é compreender: perceber se o caminho pode ser percorrido juntos e, sobretudo, se a pessoa que vos enche de curiosidade mostra que sente por vós os mesmos sentimentos. E não pensem que seja fácil investigar e descobrir se o amor é realmente Amor! Gestos, palavras e pensamentos que o outro vos dirige habitualmente tornam-se o centro das vossas preocupações : «Não me telefona, portanto não me ama»; «Já não me dá presentes, por conseguinte ama-me pouco» . Temem que o seu sentimento seja superficial e não sabem como ficar realmente seguros? Não tenham pressa, deixem que o tempo passe e as coisas amadureçam. E. Giordano, T. Lasconi e G. Boscato, Adolescentes: as perguntas inquietantes

Qual será a idade certa? 13? 15? 20? Talvez fiquem desiludidos, mas não há resposta para esta pergunta! Não existe a idade do primeiro beijo ou, melhor, não pode estar contida num determinado ano, num mês ou numa data. Está tudo escrito na idade do coração, aquela que está dentro de vocês. A idade do primeiro beijo sente-se por dentro: com efeito, chega um dia em que o único modo de demonstrar o afeto à pessoa de que se gosta é o beijo. E. Giordano, T. Lasconi e G. Boscato , Adolescentes: as perguntas inquietantes


Amar não é apoderar-se do outro para se completar, mas sim dar-se ao outro para o completar. Estarás pronto a amar autenticamente quand o a tua necessidade e, sobretu do, a tua vontade de dar forem mais fortes que a tua vontad e e a t ua necessidade de receber. São necessários mui tos anos de estudo para entrar na faculd ade; porqu ê não admitir que é necessário muito t empo para se preparar para amar? As paixões do adolescente não são amo r: são a agitação do rapaz que encont ra a feminilidade (e não det ermi nada rapar iga), a emoção da jovem que encontra a virilid ade (e não determinado rapaz). Mi st erioso choq ue de todo o ser, que descobre o que lhe falta para se expandir. Aquele que, enganado por essa forte emoção , const rói um lar, constrói -o sobre areia. Aprender a amar, não é fazer muitas experiências; é respeitares-te e respeitares todos os outros, para serescapaz de respeitar profundamente o corpo e a pessoa de um outro; é conquistares-te para te poderes dar a um outro; é esqueceres-te para não te apode rares de um out ro, mas sim ofereceres-t e; é abrires-te aos outros, aceit ares os outros, compreenderes os outros, permutare s com os outros , para poderes acolher um outro. Michel Quoi st (19 21-1997), Construir

A solidariedade não é um sentimento de compa ixão vaga ou de enternecimento superficia l pelos males sofridos por tantas pessoas próximas ou distantes. Pelo contrário, é a determinação firme e perseverante de se empenhar pelo bem comum; ou seja, pelo bem de todos e de cada um, porque todos nós somos verdadeirament e responsáveis por todos . Papa João Paulo II (1920-2005), Sollicitudo Rei Socia/is, 38

Não se cansem de trabalhar por um mundo mais justo e mais solidário ! Ninguém pode permanecer insensível às desigualdades que ainda existem no mundo! Cada um, na medida das próprias possibilidades e responsabi lidades, saiba dar a sua contribu ição para acabar com tantas injustiças sociais! Não é a cultura do egoísmo, do individualismo, que frequentemente regula a nossa sociedade, aquela que constrói e conduz a um mundo mais habitável; não é ela, mas sim a cultura da solidariedade. A cult ura da solidar iedade é ver no outro não um concorrente ou um núme ro, mas um irmão. E todos nós somos irmãos! Papa Francisco, XXVIII Jornada M undial da Juventude (2013)


3. Caracteriza o amor explicitando as diferenças entre amizade, namo ro e solidariedade.

Doação e fecundidade A fecundidade - fruto do amor - além de ser um bem social por garantir a sobrevivência da humanidade, promove também a realização pessoal. A sexualidade - dinamismo biológico, psicológico e espiritual - é uma componente fundamental da personalidade; é um modo de ser, de sentir e de comunicar com os outros; é a nossa maneira de sermos homens ou mulheres. Permite-nos estabelecer laços, dar e receber afetos e manifesta-se em todas as relações: na camaradagem, na amizade, no namoro, no matrimónio, no celibato. As relações interpessoais não são necessariamente sexuais, mas são, inevitavelment e, sexuadas. Sexualidade e genitalidade não são, pois, sinónimos; a genitalidade é apenas um dos muitos aspetos da sexualidade: a sua dimensão física. A sexualidade é espaço aberto para o amor e nele encontra o seu senti do; pressupõe a vivênci a da beleza e da exigência de uma relação onde cada um é dom para o outro e ambos são dom para a reali zação de um projeto aberto à vida. Enquant o força dinâmica, a sexualidade humana or ienta-se para a maturidade e para a construção do eu; abre -se à pessoa e ao mundo do tu numa relação interpessoal que culmin a num projeto de vida e alarga-se ao nós dentro de um clima de relações inte rpessoais de aceit ação e de do ação.


A sexualidade afeta todos os aspetos da pessoa humana, na unidade do seu corpo e da sua alma. Diz respeito particularmente à afetividade, à capacidade de amar e de procr iar e à aptidão de criar laços de comunhão com outrem. Catecismo da Igreja Católica, 2332

A sexualidade é uma energia que nos motiva a procurar amor, contacto, ternura, intimidade. Manifesta -se no modo como nos sentimos, movemos, tocamos e somos tocados; é ser-se sensual e ao mesmo tempo sexual. Ela influencia os nossos sentimentos, ações e interações e contribui para a nossasaúde física e mental. Organização Mundial de Saúde

A sexualidade diz respeito à pessoa integral. Pensamos, agimos, sentimos e amamos como homens ou como mulheres. O amor vivido na relação sexual entre um homem e uma mu lher é muito ma is do que mero encontro fisiológico; faz parte de uma história pessoal com um passado, um presente e um f ut uro, em que as opções tomadas influenciam a sua realização e fe licidade. Sendo

algo de enorme

responsab ilidade , é igualment e fonte de bem estar e de comp lementaridade na beleza da entrega total.


Instrumenta lizar o corpo humano e usá-lo como se fosse um objeto é reduzir a pessoa a coisa e desrespeitar profundamente a dignidade humana. A ausência de amor é geralmente a causa de muitos problemas que se reflete m diretament e nas pessoas envolvidas na relação e, indiretament e, na sociedade. Ao contrário da fecundidade e da felicidade -

consequências de um amor

verdadeiro entre duas pessoas - , a solidão e infelicidade poderão surgir como consequência da irre sponsabilidade e do egoísmo. A gravid ez indesejada, os fi lhos abandonados, os confl it os ta ntas vezes violentos são fenómenos com plexos, mas que manifestam a ausência da aute nticidade de um amor amad urecido pelo diálogo e por uma relação afetiva const rutiva. Para garantir a realizaçã o pessoal e a fe licidade que tod os procuramos é fundamental integrar a sexualidade no contexto do próp rio proj eto de vid a e vivê-Ia com amo r.

• Simples prazer físico egocêntrico sem atender ao bem -estar do outro.

• O bem -estar da pessoa que se ama está em primeiro lugar, sem negar o próprio bem -estar.

• Força incontrolável que se exerce contra a vontade do outro (violação, agressão ...)

• Capacidade de autocontrolo para corresponder aos interesses daquele que se ama.

• Comercialização da sexualidade (prostituição, pornografia).

• A sexualidade é vista como uma dádiva ao outro, um encontro que não se vende nem se compra.

• Possessão do outro como um bem próprio (ciúme extremo).

• O outro é visto como uma liberdade, uma pessoa com dignidade e valor que não é pertença exclusiva de ninguém .

• Obsessão que transforma a vida numa procura de prazer sexual.

• A relação sexual como forma de realização pessoal e interpessoal acontece no diálogo, no afeto, na atenção ao outro, no prazer, na entrega e no êxtase .


o amor tem

a capacidade inovadora de dar

e renovar a vida: no sentido biológico, como

gerador de fi lhos; no sentido afetivo, como promotor de bem-estar; no sentido social, como impulsionador de solidariedade. O amor autêntico é sempre fecundo e criativo. A fecundidade humana não se esgota na capacidade de gerar fisicamente uma nova vida, mas envolve a entrega de cada pessoa como dom que enriq uece e faz crescer os outros. Para além da geração de um fi lho, a fecundidade do casa l conti nua no culti vo da vida: cuidar, educar, apoiar, servir, escutar, comp reender... Sonhos e projetos em comum alimentam a vida fecunda e plena do casa l. Na famí lia - célula pr imord ial da sociedade -

ond e germina a vida,

aprendemos os primeiros passos em direção à felicidade e à realização pessoal e social. Nesta comunidade, primeira

escola

de

sociabilidad e,

aprendemos os valore s que hão de nortear a nossa vida. Uma fam ília alicerçada no amor abre-se naturalmente à relação com os outros e, atenta às dificu ldades, dedica-se a grandes causas (ideais) e descobre maneiras de promover o bem comum. A adoção é um testemunho que

demonstra

claramente

a

imensidão do amor, que não está limi tado às parede s do lar, mas que abre a fam ília ao mundo encontrando, naquele s que foram privados da sua famí lia biológica, a motivação para a vivência de um amor fecundo e imenso.

~~RE.Nb\

que todo o amor é fecundo e contr ibui para a realização pessoa l dignificando o ser humano.

4. O qu e é a sexualidade? 5. Por que é que amor autêntico é sempre fecundo e criativo?


r at respons

I

Transmiti r a vida humana é uma obra sublime que exige reflexão e t om adas de decisão ponderadas e responsáveis. Todo o ser humano tem o dire ito a não ser "programado" como um objeto da técnica, mas a ser amado e desejado dentro de uma relação amorosa autêntica . Os pais devem ter a oportunidade e o dire ito de escolher o número de fi lhos que desejam ter, cabendo ao Estado a obrigação de garantir essa possib ilidade. Têm também obrigação de discernir, em consciência e de forma responsável, as circunstâncias mais favoráveis ao nascimento dos fi lhos. Os casais, em famíl ia, farão a escolha do momento e do

número de fi lhos com

que

querem

enr iq uecer a própria fam ília e a sociedade . O planeamento famili ar tem sempre como critério a dignidade da pessoa (do casal, dos filhos já nascidos e dos filhos por nascer) e o respeito pela vida humana em todos os seus momentos. Esta é a proposta da Igreja católica sobre o contro lo da natalidade.

A fecundidade é um bem, um dom, um fim do matrimónio . Dando a vida a novos seres, osesposos participam da paternidade de Deus. A regulação dos nascimentos representa um dos aspetos da paternidade e da maternidade responsáveis. Catecismo da Igreja Catófica, 2398 -2399


1. A maternidade e a paternidade constituem valores sociais eminentes. 2. A mãe e o pai têm direito à proteção da sociedade e do Estado na realização da sua insubstituível ação em relação aos filhos, nomeadamente quanto à sua educação.

º

º º

º

Artigo 68. da Constituição Portuguesa e Art. 33. da Lei n. 7/2009

Um destes dias, o João e a Mafalda falaram de filhos. Não dos filhos dos outros casais, mas dos filhos que eles próprios gostariam de vir a ter. Ao longo da conversa nem sempre estiveram de acordo. O João desejava que o primeiro filho fosse rapaz. Já a Mafalda ficaria mais satisfeita se lhe calhasse uma rapariga. Coisa de somenos importância, como acabaram por concluir. Outro aspeto abordado foi o de terem ou não filhos logo após o casamento. Também aqui as coisas não bateram certo: enquanto ele desejava um filho o mais depressa possível, ela gostaria de passar os primeiros do is ou três anos sem filhos, para poderem viver, a sós, o amor a dois. Numa coisa estiveram de acordo : gostavam de ter um casal. Mais não, que a vida não está para brincadeiras e os juros da habitação estão altíssimos. Mas como resolver o problema de adiar o nascimento ou, uma vez já contemplados com o casal que gostariam de vir a ter, evitar a vinda de outros? É que, quem anda à chuva... molha-se dizia o João, numa evidente alusão ao risco de poderem vir a aumentar a conta, se não tomassem "certas precauções".

É curioso que nem um nem o outro se lembraram de que poderiam vir a não ter filhos, ainda que muito os desejassem... Adaptado de Guias de Diálogo - CPM (Curso de preparação para o casamento)

6. Para além do contro lo da natalidade, em que outros aspetos se manifesta a resp onsab ilidade dos pais?


as Mt.TObOS N~TUIZMS baseiam-se na observação, feita pela mulher, de sinais que o seu corpo em ite e que lhe permitem identificar os dias em que está fértil. a homem está sempre fértil. Durante o seu ciclo, a mu lher passa por uma fase em que está fértil (pode engravidar se tiver relações sexuais) e outra em que est á infértil (não pode engravidar ). Durante a fase fértil, a mulher produz uma substância chamada «muco fértil», produzida no colo do útero, que desce pela vagina até ao exterior. a muco mantém os espermatozoides vivo s no seu cor po. Na ausência deste muco, a mu lher não consegue engravidar. a mé,todo B>i\\ in~s consiste na observação da existência do muco férti l, com vista a determinar o período fértil da mulher. a mé,todo sinto-té,rmico junta à observação do muco a observação da temperatura basal do corpo, que fica mais alta após a ovulação, e a observação de outros indicadores menores. Se os procedimentos previstos nestes métodos forem corretamente seguidos, são muito eficazes. Requerem acompanhamento, por parte de uma monitora, durante a aprendizagem. Se o casal quiser evitar uma gravidez, então não poderá ter relações sexuais durante o período fértil da mulher. Para os casais que têm dificuldade em engravidar, estes métodos podem ser de grande ajuda, pois o casal aprende a identificar os dias do ciclo menstrua l em que existem mais probabilidades de conseguir uma gravidez. as métodos naturais não têm quaisquer efeitos secundários e respeitam o biorritmo da mulher. a ccito inte.:rrompido, que consiste em retirar o pénis da vagina antes da ejaculação, não pode ser considerado um método de planeamento familiar. De facto, alguns espermatozoides estão presentes no líquido que lubrifica a glande (ponta) do pénis, produzido pelo homem antes da ejaculação, pelo que a gravidez pode acontecer mesmo que se interrompa a relação sexual antes da ejaculação. a contacto direto entre o pénis e o exterior da vagina também pode conduzir a uma gravidez. Se a mulher estiver na fase fértil do seu ciclo, o muco pode manter vivos esses espermatozoides.

as Mt.iObOS HO\ZMONMS OU G.uíM\GOS impedem a ovulação tornando a mulher infértil. A pn~lo. tem de ser tomada todos os dias à mesma hora para ser eficaz. Alguns medicamentos interferem com a ação da pílula. A i~eçó.o tem mais efeitos secundários do que os outros métodos hormonais e não deve ser tomada por adolescentes. a implo.nte, consiste numa vareta de silicone, embebida em hormonas, que é colocada, pelo médico, debaixo da pele do braço. a o.de,sivo é colocado na pele numa zona do corpo onde a roupa não faça fr icção. a o.ne,\ vo.~i\'\().\ é inserido dentro da vagina; está embeb ido em hormonas e previne a ovulação. Estes métodos, embora mu ito eficazes, têm efeitos secundár ios que podem ser graves: problem as de circulação sanguínea, t romboses, tens ão art erial elevada, infeçõe s vaginais, alterações de peso e náuseas. Nunca devem ser usados sem conselho médico.


Os M~TObOS bE- !7ARP-E-\P-~ impedem a passagem dos espermatozoides para o útero e daí para as trompas onde está o óvulo durante as 24 horas que se seguem à ovulação. O pre,sexvtÃti~ MSCMliY\O, com a aparência de uma dedeira, tem um reservatório na ponta onde se recolhe o sémen. Tem de ser colocado no pénis após a ereção e antes da penetração na vagina. É importante que o pénis seja retirado da vagina antes de se perder a ereção para que o preservativo não saia e fique retido na vagina. Apesar de, nestes casos, poder ser facilmente retirad o com os dedos, o sémen passa para a vagina, permitindo uma gravidez. O pre,sexvo.ti~ femi\'\iY\O tem a aparência de uma «manga» que forra a vagina, evitando a passagem dos espermatozoides.

Os M~TObOS 01P-ÚP-hlVOS têm como efeito a esterilização e são, com muito raras exceções, irreversíveis . A lo.%tÂw,çó.o de, irornpo.s consiste na obstrução das trompas, impossibilitando o encontro dos espermatozoides com o óvulo. A vo.sf!.,(,tornità bloqueia os canais deferentes que levam os espermatozoides dos testículos para o pénis. O homem continua a ejacular líquido seminal, produzido acima do bloqueio, mas este não contém espermatozoides. A pOtÂ!tà do dio. s~tÂi\'\te, não é um método de planeamento familiar. Consiste na toma de uma dose muito forte de hormonas. Infelizmente, tem-se abusado da sua uti lização, como se fosse um método norma l de planeamento fam iliar. Se tomada após a fecundação, não perm ite a nidação do embrião no útero e é, portanto, abortiva .

O di(}\fro.~rntà é colocado dentro da vagina por um ginecologista. Os mét odos de barr eira devem ser utilizados em conjunto com um espe,Y-YY !ic,ido. que é colocado no interior da vagina ou usados para untar o preservativo ou o diafragm a. Estes métodos têm poucos efeitos secundários. Por vezes, o látex ou os espermicida s podem provocar alergias.

~ tÂrno. ~ro.\'\de, re,spo\'\so.bilido.de,. Nenhum rapaz nem nenhuma rapariga devem iniciar uma vida sexualmente ativa sem pensar muito seriamente na possibilidade de haver uma gravidez e de surgir, portanto, uma nova vida.

O preservativo masculino é o único método que ajuda a evitar a passagem de infeções sexualmente transmissíveis .

NE.NHUM MrTObO DE. liANE.AME.NTO FAMIUf\R r 1007. E.F\0Al.

O dispositivo i\'\iro.tÂte,ri\'\o Lb\U) é um pequeno aparelho de metal ou plástico que é colocado no interior do útero por um médico. Dificulta a passagem dos espermatozoides mas nem sempre evita a fecundação e, nesse caso, dificulta a nidação do embrião no útero provocando um aborto precoce. Alguns DIU's libertam hormona s, fazendo com que a mulher não tenha ovulações. Nunca deve ser colocado numa mulher que ainda não teve fi lhos porque, como irrita as paredes do útero, provoca mais facilmen te infeções do aparelho reprodu to r que podem condu zir à infertilidade.

Se a decisão tomada é a de iniciar relações sexuais, então um primeiro passo para se assumir a responsabilidade por esta decisão é a de procurar aconselhamento em relação ao planeamento familiar. A escolha de um contracetivo é também uma decisão com fortes implicações morais. O casal deve ter sempre presente os valores éticos implicados que são a inviolabilidade da vida humana e o respeito pela dignidade do homem, da mulher e da criança que pode nascer. Determinar o número de filhos e o momento do seu nascimento é uma decisão que pertence ao casal. Não deve ser tomada com base apenas em critérios de comodismo e facilidade mas, fundamentalmente, por critérios de generosidade e de abertura à vida, garantindo uma paternidade responsável. Mary Anne d'Avillez (Enferme ira)


Planeamento familiar A paternidade responsável engloba o planeamento da família o diálogo do casal sobre como viver o amor recíproco que os une Ginecologia significa

literalmente "ciência da mulheril, mas na medicina é a especialidade que trata do sistema reprodutor feminino. Os hospitais e centros de saúde dispõem de consultas de ginecologia a que as mulheres, adolescentes incluídas, podem recorrer.

e sobre as decisões a tomar a respeito do número de filhos que pode ter e como vai espaçar o seu nascimento - o que implica escolher um método de regulação da natalidade. O casal deve gerir a sua fertilidade com generosidade, mas também deve ter em conta o equilíbrio e a sustentabilidade da vida familiar. Antes de tomar uma decisão sobre o método de planeamento familiara adotar, o casal deve procurarinformaçãocientificamente correta sobre o funcionamento, as vantagens e desvantagens, o efeito sobre a saúde, a eficácia dos métodos existentes e as suas implicações éticas.

A imagem que se pretende comunicar através da maioria das campanhas de «educação sexual» é absolutamente falsa. Os jovens que aí aparecem respiram saúde e alegria. No entanto, esta não é de todo a verdade daqueles que enveredam por semelhante opção. Vida não é andar por aí com um preservativo em cada mão, para aproveitar as oportunidades que surjam na próxima esquina. Uma análise e investigação real e autêntica nestes domínios mostrariam muita frustração, dor, recalcamento, complexos, vazio e ilusão. O sexo não é apenas uma relação física, não existe preservativo que torne alguém imune às consequências emocionais e afetivas de uma vida sexual com vários parceiros e precocemente iniciada. O sexo não pode ser encarado apenas pela vertente do prazer, sem ter em conta o que representa de responsabilidade e compromisso, que só se pode realizar plenamente no casamento. É preciso coragem para assumir o que não está na moda, mas que melhor defende as expetativas de um futuro maravilhoso. O verdadeiro sexo seguro é aquele que é vivido no contexto da família, na harmonia de um relacionamento de amor autêntico e genuíno que se conjuga com fidelidade e responsabilidade . Adaptado de Samuel Pinheiro, http://www.portolevongelico.pt/

7. Em qu e é que consiste o planeamento famili ar? 8. O que entendes por "educação sexual"?

~?RE.Nb\

que para viver uma paternidade/maternidade responsável o planeamento familiar é necessário e deverá ser sempre aberto à vida e à realização do casal.


Os homens e as mulheres amam-se desde sempre. A Bíblia interpreta esse amor à luz de um mode lo divino: exalta o dom mútuo e comp leto de um ao outro. O amor vivi do na relação matrimo nial é usado como comparação e metáfora do amor de Deus para com a humanidade e da resposta desta ao Deus que é amor.

A Bíblia apresenta Deus como criador e pai da humanidade, mas apresenta-o, também, como marido que ama incondicionalmente a comunidade humana como uma esposa. Logo no pr ime iro livro da Bíblia, o Génesis, afirma-se que o homem e a mu lher foram criados à imagem de Deus para se unirem um ao outro e serem os do is uma só carne (cf. Gn 2, 24). A sexualidade está, pois, dentro do projeto do Criador para a human idade . Deus deu ao ser humano uma força de vida que é simu lta neamente conforto, bem-estar afeti vo e dom para o outro na comun hão amorosa aberta à vida, sempre nova.

Osfillios são uma bênç ão . 30lhai: os fi lhos são uma bênção do Senhor; o fruto das entranhas, uma verdadeira dádiva . "Corno flechas nas mãos de um guerreiro,

assim os filhos nascidos na juventude. sFeliz o homem que deles encheu a sua aljava! Não será envergonhado pelos seus inimigos, quando com eles discutir às portas da cidade. Si 127(126),3-5

Os salmos são poemas: cânticos de louvor, de súplica, de agradecimento, de bênção... Rezados e cantados individualmente e em comunidade, ainda hoje, fazem parte das celebrações religiosas dos judeus e dos cristãos. Os salmos refletem o amor infinito de Deus pela humanidade e tornam atual o grito de louvor ou de súplica do crente.


EstesaImo proclama a presença amorosa de Deus no trabalho, na vida social e, sobretudo, na fam ília que ele protege e abençoa com o dom maravilhoso dos fi lhos. Através dos fi lhos é garantida a descendência e a história não só da fam ília, mas também do povo . A fecund idade é uma bênção de Deus.

o

nascim ento

dos

filhos

confi rma qu e Deus está presente na vida fam iliar, abençoando e gerando novas vidas. Neste senti do, o salmo fala dos fi lhos Primeiros Passos, Van Gogh (1853 -1890) [Museu Metropolitano de Nova Iorque]

como

«flech as»,

querendo

significar a enorme importância que os filhos têm para os pais (tal como as flechas são importantes nas mãos dos guerreiros). O pai, cercado pelos filhos, é comparado a um combatente arti lhado, pronto para enfrentar as adversidades da vida.

.}Is'bênç ãos[amiliares 3A tua esposa será corno videira fecunda na intimidade do teu lar; os teus filhos serão como rebentos de oliveira ' ao redor da tua mesa.

51128(127),3.

O salmo 128 tem como tema centra l a fe licidade do ser humano que acolhe as bênçãos de Deus. Neste salmo canta-se a convicção de que quem respeita os mandamentos de Deus colhe os seus frutos de felicidade e paz. O bem -estar pessoal (harmonia do casal, filhos, trabalho, vida longa) prolonga-se no bem comum e na paz social.


}l [amilia de Jesus 31Nisto chegam sua mãe e seus irmãos que, ficando do lado de fora, o mandam chamar. 32A multid ão estava sentada em volta dele, quando lhe disseram: «Estão lá fora a tua mãe e os teus irmãos que te procurarn.» 33Ele respondeu : «Quem são minha mãe e meus lrrnãos?» 34E, percorrendo com o olhar os que estavam -sent ados à volta dele, disse: «Aí estão minha mãe e meus irmãos. 35Aquele que fizer a vontade de Deus, esse é que é meu irmão, minha irmã e minha rnãe.» Mc 3,31-35

A mensagem fundamental deste t ext o

é que Jesus vem propor uma família universal

edificada

na

aceitação

da

vontade de Deus: o amor, que suplanta os laços sanguíneos . A nova família que Jesus apresenta não se limita a um espaço geográfico nem a um tempo histórico: é composta por todas as pessoas do mundo e de todos os tempos. A única condição para pertencer a esta família onde todos são felizes, é amar a Deus e ao próximo. O verdadeiro parentesco com Jesus está, pois, em aceitá-lo como aquele que é Família, Henry Moore (1898 -1986)

Na Bíblia, e ainda hoje no oriente, a palavra "ir mãos" refere-se não apenas aos filhos dos mesmos pais, mas também aos parentes próximos, nomeadamente os primos .

expressão plena da presença de Deus.

Os familiares consanguíneos que aceitam Jesus são duplamente da sua família . Assim, longe de desprestigiar Maria, Jesus honra -a ainda mais, tributando-lhe duas vezes o nome de mãe: porque o trouxe no seio e porque o traz no coração. O texto refere ainda o contraste entre "fica r de fora" e "estar dentro", desafiando a uma t omada de consciência e de posição: estamos afastados ou queremos unir-nos a Jesus desejando construir a família universal?

~?R-E.Nb\ que a família é algo quer ido por Deus e que a mensagem cristã nos desafia à vivência dos valores familiares.

9. À luz da mensagem bíblica, o que é que poderás fazer para melhorar o teu ambiente familiar?


A vivência do amor, para ser sublime e bela exige respeito, responsabilidade e fidelidade. Estas atitudes correlacionadas e características do amor tornam-nos pessoas felizes, alegres e apaixonadas com um sorriso nos lábios e um brilho no olhar. Quando somos irresponsáveis, desrespeitadores ou infiéis é evidente que não estamos a amar.

RE.sPONSh~\LlbhbE., como a raiz da palavra indica, é dar resposta às situações; é responder por si e pelos próprios ates, é assumir os deveres e as obrigações correspondentes. A responsab ilidade torna-nos cuidadosos para connosco e para com os outros. Exige crescimento e maturidade e não é confiada nem pedida a todos da mesma mane ira.

SOU RE.SPONS~~E.L ~UhNbO: · RE.FLlTO hNTE.S bE. hhlRj · PONbE.RO hS GONsE.~Ut.N0IhS bhS MINHhS Pt0E.S j · hTUO 0UlbhbOShME.NTE. j · hSSUMO OS ME.US HOS E. PhLh~RhS) INbHE.NbE.NTE.ME.NTE. bhS SUhS GONsE.~Ut.N0IhS j · hPRE.NbO GOM OS E.RROS E. hbOTO UMh POSlyAo MMs RE.FLE.Tlbh bHoIS bE. hTlTUbE.s INGONS0\E.NTE.S.


P-E.s~E.\TO, do latim respectus que significa "olhar outra vez", é apreço, consideração, deferência, obediência; é um "olhar" que nos impede de fazer ou dizer coisas desagradáveis. Respeitar não significa concordar em tudo, mas significa não ofender. Seremos tanto mais respeitados quanto mais soubermos respeitar.

SOU

P-E.s~E.\TM)()P- G.U~NbO:

blhNIFlGO OS Ourr<.OS E OSEU rr<.A!7ALHO\

\JALOf<.110 bE\JlbAMEN"fE AS ~ESSOAS) ASGO\SAS E OS AM!7\EN"fES\

F\bE.Llb~bE., atitude de quem é fiel e se compromete com aquilo que assume, é lealdade, confiança , honestidade, verdade, constância, firmeza. A fidelidade é um valor que nasce do respeito pela confiança que uma pessoa deposita na outra e que exige responsabilidade. É, porventura, o maior desafio que se nos coloca nos dias de hoje e na sociedade em que vivemos, no sentido de uma vivência autêntica do amor. A fidelidade não é coisa fácil de se concretizar e parece até que já está fora de moda! Mas vale a pena assumi-Ia porque dela depende a confiança que depositamos uns nos outros, o amor e a fe licidade. Viver a fide lidade numa relação com outra pessoa é ter a coragem de ser um para o outro e de ser um no outro. É dizer não à mentira e aos jogos de enganos. A fide lidade exige verdade e um grande apreço pelo outro.

A~delídade é o AD~ do amor e a ~elicidade é a sua obra-prima.


\J\\JE.Mos h FlbE.LlbhbE. G,UhNbO : H~ (;{)E\<tNv\~

EN1RE os \JALOREs EM QUE ~REb\r~Mos E ~U\LO QUE REAL \l~MOS

~~P-E.Nb\

que a alegria do amor vive-se na responsabi lidade, no respeito e na fide lidade.

10. Reflete sobre as tuas formas de amar e elabora ou escreve um comp romisso pessoal para cresceres mais no amor.

Creio que Deus é amor. Creio que Deus é bondade infinita, porque é amor infinito. Creio que a criação é fruto do amor, porque o amor quer-nos fazer participar na sua bondade. Creio que todo o homem, mesmo antes de o ser, foi amado, pessoalmente e infinitamente, por Deus, e sê-Io-á sempre, quaisquer que sejam o seu rosto e os caminhos da sua vida. Creio mesmo que o homem foi pensado pelo amor de Deus e que a «imagem» de Deus nele pode ser desfigurada, mas não destruída. Creio que o homem, feito por amor, foi criado para o amor, e, portanto, livre, e convidado à felicidade infinita do amor. Creio que, com JesusCristo, viver é amar sob o sopro do Espírito. Ecreio que o amor não pode morrer, porque vem de Deus e volta para Deus. Adaptado de Michel Quoist (1921-1997), Falai-me de amor



I

I

Olá! C~amo-me Ro~e .... Nasci na 0u;ça em 1115, mas em ICfLfO, duYan~e a 0eCfunda GueYYa Mundial Fui viveY paYa FYança. Desde sempye senti o desejo de me jun~aY a oU~Yas pessoas paya concyetizaymos um 3yande desaFio: viveY ~odos os dias a yeconciliação en~Ye os Cyis~ãos.

0abes que no CYistianismo exis~em ~Yês 3YUpos: ca~ólicos, OY~odoxos e pYo~es~an~es. Eu nasci numa Fam;lia pYo~es~an~e, mas sen~ia-me Fascinado pelo ca~olicismo e pela oY~odoxia e sempye soFYi ao ver pessoas, sinceYas e ~ones~as, a YecusaYem yelacionay-se FYa~eYnalmen~e só pOYque peY~enciam a Fam;lias Cyis~ãs d;FeYen~es . O soFYimen~o que vi, du\':an~e o ~eyy;vel conFli~o mundial deu -me ainda mais consciência de que, unidos, podemos Fazey um bem maio\':

-

-

Jun~ei-me a ou~Yas pessoo.s e Fundámos, em laizé, urna comunidade onde, na simplicidade, cada um expyessa a sua Fé CYis~ã . Oyamos em conjun~o, acol~emos quem nos pyocuya e seyvimos oS desFavoyecidos. Queyemos, os iYmãos de laizé, sev um sinal concYe~o de yeconciliação en~Ye Cydãos divididos e povos sepayados. Nes~a unidade letiva pyocuya en~endeY as Yazões ~is~óYicas, cul~uYais e yeli3iosas que pYovocaYam as váYias divisões no CYish·anismo. AbYe-~e à beleza da comun~ão na diFeyença. Descobye o que podes Fazey paYa ~oYnaY poss;vel a FYa~eYnidade en~Ye os povos, a comun~ão en~Ye os Cyis~ãos e a ~aYmonia nas yelações en~Ye as pessoas da ~ua escola e da ~ua Fam;lia.

o irmão

Roger Schutz foi assassinado em 2005,

d~rante a or~~ã~ d~et~~~:é

por uma mulher que sofria de perturbações mentaIs. A comum a : d paz continua a ser um sinal de encontro entre os povos e ?e construçao a . ara além dos programas semanais em Taizé, a comunlda~e promove, desde ~9781 encontros anuais de oração pela paz em diferentes cidades da Europa.


o Cristianismo, que assenta a sua fé e a sua esperança em Jesus Cristo, é uma religião profundamente inserida na vida das pessoas e dos povos. Jesus e os apósto los viveram num período histórico em que o império romano dominava grande parte do mundo conhecido. Os cristãos, pessoas reais e concre tas, sempre viveram no espaço público em que estavam inseridos, adaptando-se às cond ições socia is. Herde iro do Judaísmo e enriquecido pela civilização greco -romana, o Cristianismo, apesar de três séculos de persegu ições, criou raízes na vida de mu itos homens e mu lheres que, em Jesus Cristo, encontraram sentido para a sua vida. O Cristia nismo, enqua nto religião organ izada e enquanto fé viv ida no dia a dia pelos cristãos, contribuiu, e mu ito, para a construção da civi lização ocidenta l. Foi, e ainda é, um motor da construção europeia enquanto referência de identidade perante os vários povos, línguas e culturas. O papel do Cristian ismo tem sido importante em t odos os setores da vida humana a nível pessoal e a nível coletivo. Grandes pr incípios e comportamentos éticos são o resultado da presença dos valores evangélicos no pensamento e na ação dos indivíduos e dos povos :

-

h hFIP-Mf\Ç;Ao tx> \Jf\L.OP- E. bh bl.0NlbhbE. bh ~E.SSOh HUMhNhj OP-E.VONHE.CJIME.NTObE. G-uE. h \Jlbh HUMhNh f Sh.0P-hbhj h IM~OP-T~NCJlh bh FhMíLlhj h ~P-OMOvAo bh soLlbhP-IE.bhbE. E. tx> B>E.M VOMUM j h bl.0NlbhbE. rc TP-hB>f\L.HO E. bh JUSTh P-E.MUNE.P-f\Ç;Ao j h IM~OP-T~NCJlh bh E.bUCJf\Ç;Ao E. bh LlB>E.P-bhbE. bE. ~E.NShME.NTO.


A visão bíbl ica do ser humano (criado à imagem e seme lhança de Deus) moldou a cultura humanista da europa e do mundo. A Bíblia inspirou criações intelectuais e artísticas, influenciou códigos e normas e promoveu a paz. O Cristia nismo, atra vés das un iversidades, das escolas, das catedra is e dos mosteiros, ensinou os povos, a ler e a escrever, a construir e a pintar. Nestes centros de cult ura, a Europa foi-se gerando e adquirindo novas formas de pensar e de agir. O Cristi anismo, ao afi rmar que há uma origem comum e um destino comum do ser humano, propõe uma fraternidade unive rsal na pluralidade de rost os e Catedral de Braga

de pensamentos . Est e contributo, qu e o Cristi anismo oferece, obriga t odos a descentrarem-se de si, a não dominar os outros e a abrirem-se à construção do futuro.

São Bento nasceu em Núrcia (Itália) por volta do ano 480. Viveu e estudou em Roma, quando esta cidade vivia A Assembleia da República {Parlamento} está sediada num antigo mosteiro de S. Bento.

a turbulência da queda do império romano no ocidente (476). Desejoso de encontrar um sentido para a sua existência, procura no silêncio de uma gruta em Subíaco tempo para a oração e uma vida de simplicidade. O seu estilo de vida atrai seguidores que veem nele um pai e um guia . Organiza este grupo (Ordem Beneditina) a quem pede uma profunda vida interior (oração) destinada a servir os outros através do trabalho.

São Bento, Fra Angelica (1395-1455)

Com o passar do tempo, o monge Bento, numa procura sincera de Deus, dá aos seus irmãos monges a regra de vida Ora et labora (ora e trabalha) para que todos eles dediquem tempo à oração quotidiana e ao serviço das pessoas através do trabalho. Após a morte de São Bento, em 547, os seus continuadores, os beneditinos, vão tornar-se um dos pilares da construção da nova civilização. Os mosteiros beneditinos, por toda a Europa, são espaços de paz e de oração, e polos de desenvolvimento cultural, económico e artístico. Formavam nas suas "escolas" 1. Procura na zona onde moras uma igreja, um mosteiro, uma rua ou outro espaço dedicado a São Bento. 2. Identifica o contributo do Cristianismo na construção da civilização europeia .

as gerações futuras. Impulsionavam a agricultura e o comércio, (re)criavam a arte através dos copistas e dos artistas. Pelo grande contributo dado ao mundo europeu por São Bento e seus filhos (beneditinos, c1unienses e cistercienses), o papa Paulo VI, em 1964, declarou-o patrono da Europa.

~~Rr.Nb\ que o Cristianismo, como comunidade dos crentes em Jesus Cristo, contribuiu para a construção da história ocidental.


o Cisma do Oriente Ao longo do primeiro milénio, apesar de pequenas divergências eseparações, o Cristianismo manteve-se globalmente unido. Contribuiu para o desenvolvimento de povos e culturas; sistematizou a sua fé no credo; organizou-se na forma plural de celebrar a fé (oração e caridade) e foi um grande instrumento para a humanização de costumes e leis. Logo no início do segundo milénio acontece uma grande rutura na Igreja cristã - o cisma do oriente.

oG-UE. f\U)NTECkU P o diálogo entre o oriente,

~ORG-UE.

f\U)NTECkU P

cuja capital era Constantinopla (anti ga Bizâncio e

atual Istambul, na Turquia), e o ocidente, com capital em Roma, já várias vezes tinha sido posto em causa. Com a queda do império romano do ocidente, em 476 - após a divisão do império romano em duas partes (império romano do ocidente, com capital em Roma, e império romano do oriente, com capital em Constantinopla) - , a cidade de Constantinopla adquiriu progressivamente uma maior importância. As diferenças entre o mundo ocidental (que falava latim) e o mundo oriental (que falava grego)vão-se acentuando a nível cultural, político e até religioso.

A palavra 'cisma' - do grego skhisma (<<fenda; separação» ) - significa dissidência religiosa; separação de uma determinada religião.


As relações entre Roma e Constantinopla foram-se degrada ndo. Os bispos de Roma (papas) e os bispos de Consta nti nop la (pat ri arcas do oriente), cada um

à sua maneira, procuraram afirmar a sua autoridade sobre o outro. O confl ito acent uou-se de ta l forma que cada um deles acusou o outro de se estar a afastar da mensage m de Jesus Cristo . No ano de 1054, num a procura de diálogo e conciliação, o carde al Humberto, env iado do papa, foi a Constantinopla, mas a tentativa saiu frustrada e aconteceu a separação (cisma). O cardeal, em nome do papa Leão IX, dirige-se à basílica de Santa Sofia e excomunga o patriarca Miguel Cerulário. Este, como resposta, excomunga o cardeal. Com estes gestos, repletos de falta de compreensão e de caridade, cada um considerava-se portador da verdade e expu lsa dessa fé e dessa comunhão o outro. Surgem, assim, dois ramos no tro nco do Cristia nismo : a Igreja latina, a que vulgarmente chamamos 'católica', e a Igreja oriental, a que chamamos 'ortodoxa'.

Esta

fratura

Cristia nismo suas

na

ainda

consequências.

unidade

do

hoj e t em

as

Católicos e

ortodoxos, apesar dos encont ros

e abraços fraternos entre os seus líderes, conti nuam separa dos.

3. Identifica as razões que estiveram na or igem do cisma do oriente.

As diferenças entre as Igrejas do ocidente e do oriente, já evidentes no século IV, tornam-semaisprecisas duranteosséculos seguintes. Assuas causas eram múltiplas: tradições culturais distintas (greco-oriental por um lado, romano-germânica por outro); a ignorância mútua, não só das línguas, mas também das respetivas literaturas teológicas e as divergências de ordem cultural. Certos desenvolvimentos do culto e das instituições eclesiásticas conferem ao cristianismo oriental uma fisionomia peculiar. A importância da veneração dos ícones no império bizantino e a adição do filioque ao Credo de Niceia e Constantinopla - o trecho passava a ter a seguinte leitura: «O Espírito procede do Pai e do Filho» - levou a que aumentasse a animosidade dos ocidentais contra os orientais. Adaptado de Mircea Eliade, História das Ideias e Crenças Religiosas


Renascimento o final do século XIV e o século XV é um período de grandes transformações cultura is. Após a peste negra, que assolou a Europa na década de 40 do século XIV, surgiram novas condições económicas e visões da vida que conduziram ao apareciment o da burguesia, ao incremen to da vid a urb ana e a um maior apreço pelo pensamento racional e

Pormenor da Fuga pa ra o Egito , Giotto di Bondone (1266 -1337)

pela arte. A imi tação dos mode los da Antiguidad e Clássica, grega e lati na (Renascimento), vem colocar o ser huma no no centro da vida e do pensame nto (Hum anismo). Esta nova perspeti va sonha com uma época de esplendor e luz que se irá concretiz ar com a exaltação do ser hum ano at ravés da lit eratu ra, das artes, da hist ória, da religião, das ciências naturais. Parti ndo

das

grandes

cidades

it alianas

(Florença, Veneza, Roma, Siena), este movim ent o dif undiu-se

por

t oda

a

Europa,

assumindo Cúpul a da Catedr al de Florença, Filippo Brune lleschi (1377 -1446)

parti cular idades e esti los específic os. São

desta

época

os grandes

arti st as e

pensado res que ainda hoje admiramos nas suas criações: o poeta Dante (A Divina Comédia ); os pintores, escultores e arquitetos Giotto, Miguel Ângelo, Leonardo da Vinci... e tantos outros.

Anun ciação, Sandra Botl icelli (1445-1510)

Homem Vitruviano , Leonardo Da Vinci (1452 -1519)

Jesus e José de Arimateia, Baccio Bandinelli (1493-1560)


o Cisma do Ocidente A partir do século XII foram surgindo, na Europa medieval, vários movimentos religiosos que apelavam a uma vida cristã mais autêntica, menos opulenta, mais centrada na Bíblia e menos rltua lista.

o século

XIV é um período conturbado para a Igreja católica.

Por razões políticas, entre 1309 e 1377, os papas passaram a residir em Avinhão.

Outro acontecimento de divisão na Igreja foi a existência de dois papas em simultâneo: um em Roma e outro em Avinhão. Est e período, que durou ent re 1378 e 1417, a que se dá o nome de cisma do ocidente, provocou grande confusão nos crentes e grande descrédito na autoridade e função do papa como pastor universal dos católicos. 4. Em que consistiu o cisma do ocidente?

A Igreja estava demasiado envolvida em questões políticas e económi cas, em prejuízo das preocupações espirituais. Havia, por isso, um forte movimento de crítica às instituições da Igreja, exigindo a sua reforma.

A Reforma Protestante O

movimento

humanist a e

o

espírito

renascentista,

aliados

ao

descontentamento das pessoas devido aos abusos da Igreja, fazem eme rgi r a necessidade de um retorno à mensagem original de Jesus Crist o.

Causas da Reforma Protestante ,

CISMA DO OCIDENTE

PENSAMENTO RENASCENTISTA

- Indulgências - Descrédito do papado

- Poder temporal dos papas - Ritua lismo

- Valorização da razão hum ana - Redução da ingerência dos papas em assuntos nacionais

- Purificação da vivência cristã


Lutero, o reformador Martinho Lutero

(1483-1546),

padre

cató lico,

mo nge agosti niano e pro fessor, preocupado em corrigir alguns com porta me nt os e ritos da Igrej a, refletiu sobre a salvação do ser humano e condenou a "vend a" das indu lgências . A prática das indulgências era habit ual desde há vários séculos e significava o perdão das penas (casti gos) relacionadas com os pecados. Para a Igreja, o perdão dos pecados era oferecido ao crente at ravés da celebração do sacramento da reconciliação (confissão). Este perdão era condição para a salvação da pessoa. No enta nt o, segundo se acreditava, se a pessoa morresse reconciliada com Deus, mas não ti vesse expiado os seus pecados median te a penit ência adequada (jejum, gest os de caridade, et c.), t eri a de passa r transitoriamen te pelo purgatório antes de ingressar no céu. As indulgências eram uma maneira de obter a remissão dessas penas. Nunca a Igreja afi rmou que a indulgência correspondia ao perdão dos pecados, mas apenas ao perdão da pena correspondent e ao pecado. Em t ermos populares, as indulgências eram entendidas como «um bilhe te para o céu». Para recolher benefícios, alguns na Igreja não contrariavam convenientemente esta explicação. No início do século XVI, esta prática envolvia vastas somas de dinheiro que eram uma fonte de rendimentos, nomeadamente para a construção da nova basílica de S. Pedro, em Roma. Lutero revolta -se contra esta prática da Igreja, põe em causa a função e o poder do papa, apresenta a Bíblia como única autoridade em matéria de fé e afirma que a salvação se alcança pela fé e não pelas obras. Em

1517,

com

o objetivo

de

promover um debate entre professore s e estudantes que contribuísse para a renovação da Igreja, Lutero afixa 95 Teses na porta da igreja de Wittenberg, na Alemanha.

5. Faz uma biografia de Martinho Lutero.


Com um desejo ardente de trazer a verdade à luz, as seguintes teses serão defen didas em Wi ttenberg sob a presidência do Rev. Frei Martin ho Lutero, M est re de Sagrada Teologia. Ele pede que todos os que não puderem estar presentes e disputar verba lmente o façam por escrito. 7. Deus não perdoa a culpa de qualquer pessoa sem, ao mesmo tempo, sujeitá- Ia, em tudo humilhada, ao sacerdote, seu vigário . 21. Erram, portanto, os pregadores de indulgências que afirmam que a pessoa é absolvida de t oda a pena e salva pelas indulgências do papa. 24. Por isso, a maio r parte do povo está a ser ludibriada por essa magnífica e indistint a prome ssa de absolvição da pena. 37. Qualque r cristão verdadeiro, vivo ou mo rto, participa de t odos os benefícios de Cristo e da Igrej a, que são don s de Deus, mesmo sem cart a de indulgência. 43. Deve ensinar-se aos cristãos que, dando ao pobre ou emprestando ao necessit ado, pro cedem melho r do que se comprarem ind ulgências. 44. Ocorre que através da obr a de amor cresce o amor e a pessoa t orna-se melhor, ao passo que com as indulgências ela não se torna melhor, mas apenas mais livre da pena. 45. Deve ensinar-se aos cristãos que quem vê um necessitado e o negligencia para gastar com indulgências obtém para si não as indu lgências do papa, mas a ira de Deus. 50. Deve ensinar-se aos cristãos que se o papa soubesse das exigências dos pregadores de indulgências, preferiria reduzir a cinzas a basílica de S. Pedro a edificá -Ia com a pele, a carne e os ossos de suas ovelhas. 53. São inim igos de Cristo e do papa aqueles que, por causa da pregação de indu lgências, fazem calar por inteiro a palavra de Deus nas igrejas. 54. Ofende-se a palavra de Deus quando, num mesmo sermão, se dedica ta nto ou mais tempo às indulgências do que a ela. 62. O verdade iro tesouro da Igreja é o santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus. A insatisfação sentida por gente do povo, comerciantes, príncipes e reis foi terreno fértil para a adesão às ideias de Lutero que, excomungado pelo papa em 1521, inicia outra vivência cristã a que vulgarmente se chama Protestantismo.

6. Caracteriza a doutrina de Martinho Lutero.

Por razões políticas, Lutero defendia que cada príncipe deveria escolher e impor a religião no seu Estado. Em 1529, no encontro de Spira (Alemanha), Lutero e os seus seguidores protestaram contra a negação da liberdade de os príncipes escolherem a religião a adoptar nos seus domínios. Daí advém o nome de protestantes.


Lutero afirma : «Não admito que a minha doutrina possa ser julgada pelos homens, ou mesmo pelos anjos. Aquele que não aceita a minha doutrina não pode obter a salvação». Tendo recebido a revelação de que é Deus-Pai quem julga, condena e salva segundo a sua própria decisão, Lutero não pode tolerar mais nenhuma outra interpretação. Afirmava: «Se a vontade não é livre, o pecado não pode ser imputado aos homens, já que ele só existe se for voluntário. Além disso, se o homem não fosse livre para escolher, Deus seria responsável tanto pelas más como pelas boas aç ões». Mircea Eliade, História das Ideias e Crenças Religiosas

João Calvino, outro reformador João Calvino (1509-1564), francês, seguidor dos ideais de Lutero, afirma que a salvação da pessoa se deve ao trabalho justo e honesto. Esta declaração foi bem aceite por banqueiros e burgueses a quem a Igreja condenava pela sua riqueza, muitas vezes conseguida através de juros elevados. Calvino defende a ideia da predestinação: a pessoa, quando nasce,já tem o seu destino definido. Esta crença, preocupada em sublinhar a omnipotência de Deus, nega a liberdade da pessoa. Ao afirmar que o ser humano nada pode fazer para alterar o seu destino, torna-o completamente impotente perante a vontade divina.

João Calvino ,

Hans Holbein (1497-1498:

Calvino vai para Genebra (Suíça), onde as suas ideias religiosas são muito bem acolh idas, e aí estabelece uma comunidade fortemente trabalhadora e próspera, de comportamentos sóbrios e rigidamente controlados, negando todos os prazeres da vida (puritanismo).

o Protestantismo o movimento religioso de Lutero e de Calvino fez um forte apelo de regresso à simplicidade original do Cristianismo. Apresentou a Bíblia como único fundamento da fé e da autoridade religiosa. Na liturgia, fazia uso das línguas do país e não do lati m. Preocupou-se muito com a santificação dos cristãos e com a transformação da sociedade. Os únicos sacramentos aceites são o batismo e a ceia, como recordação da morte e ressurreição de Cristo. Recusam imagens, vestes e músicas sagradas. O facto de Lutero (e demais reformadores) ter apresentado a Bíblia - livrement e int erpret ada por qualquer pessoa - como única autoridade de fé deu or igem à criação de uma multiplicidade de Igrejas protestantes: luterana, presbiteriana, metodista, pentecostal, evangélica, congregacionista, batista e muitas outras.

7. Enumera as razões que originaram o movimento religioso a que se chamou "Reforma Protestante".


o Protestantismo, que constitui um dos três grandes ramos do Cristianismo, nasceu no século XVI na Europa e estendeu-se, de maneiras diversas, a todos os continentes. Forma religiosa muito diversificada, está organizado em múltiplas Igrejas e muitos movimentos. No momento do nascimento do Protestantismo, podemos já verificar a sua pluralidade: existem vários reformadores, defrontam-se várias convicções. Existem amplos pontos de vista comuns sobre os fundamentos da Reforma, mas basta uma só divergência para não se conseguir estabelecer uma Igreja protestante única. O pluralismo é fruto da recusa de uma hierarquia e da possibilidade de cada crente interpretar a Bíblia a seu modo. Ainda em vida de Lutero, surgiram várias divergências. Este conflito mostra igualmente que, se é certo que Lutero é o primeiro a ousar o rompimento com a Igreja católica e é, portanto, o «pai fundador», bem depressa passa a ser um reformador entre outros e não o chefe incontestado de todos os protestantes. A Reforma proclamou três grandes palavras de ordem : apenas a Fé, apenas a Escritura, apenas a Graça. A sua radicalidade identifica-se pela vontade de suprimir os acrescentos que, segundo os seus adeptos, terão, ao longo dos séculos, desfigurado o Cristianismo primitivo. O mesmo é dizer que o seu movimento pretende precisamente purificar o Cristianismo. Sendo certo que a família protestante tem muito em comum, a verdade é que cada um dos seus ramos tem a sua especificidade própria; existem, de resto, por vezes, quere las int ernas. Adaptado de Jean Delumeau, As Grandes Religiões do Mundo

o Anglicanismo Contemporaneamente

à reforma

luterana

e

calvinista,

aconteceu outra separação no Cristianismo: o Anglicanismo. Em 1509, Henrique Tudor torna-se, aos 18 anos, rei de Inglaterra com o nome de Henrique VIII. Grande devoto e defensor da fé católica, mandou queimar, em 1521, os escritos de Lutero e escreveu contra ele um tratado denominado «Sete Sacramentos». Por esta atitude, o papa atribuiu-lhe o título de «defensor da fé». Henrique VIII era casado com Catarina de Aragão, mas apaixonou-se por uma dama da corte, Ana Bolena . A relação amorosa levou-o a rejeitar a esposa e a solicitar, ao papa, a declaração de nulidade do casamento. O pontífice não lhe reconhece a nulidade afirmando, assim, a indissolubilidade do matrimónio. Após várias ameaças ao papa, Henrique VIII, em 1531, obriga o parlamento inglês a aprovar várias leis que o tornam chefe da Igreja de Inglaterra, separada do papa.


A Igreja anglicana é a Igreja oficial de Inglaterra e tem, ainda hoje, como primeiro responsável o rei ou a rainha da Grã-Bretanha, tendo, em questões religiosas, o arcebispo de Cantuária um papel primordial. No culto, segue de per to a Igreja católica. É hoje uma federação internacional de Igrejas independentes, mas em comunhão.

No final do século XVI, o mapa religioso da Europa parecia um espelho quebrado, deformando a imagem da Igreja. No norte, o protestantismo dominava: o luteranismo conquistou dois terços da Alemanha; o Imperador Carlos V reconheceu, pelo tratado de Augsburgo, em 1555, a existência oficial de Igrejas e Estados protestantes no império onde os súbditos deveriam acatar a religião dos seus príncipes. O Catolicismo manteve fortes posições no sul e no oeste da Alemanha . Os países bálticos e a Escandinávia romperam com Roma. A Holanda e a Escócia tornaram-se calvinistas. Na França, a par do catolicismo, uma forte comunidade protestante adoptou o calvinismo. O reino de Inglaterra identificou-se com a Igreja anglicana. A Irlanda - à excepção do norte - permaneceu fiel a Roma, assim como a Polónia, a Itália, a Espanha e Portugal. Facto relevante para o catolicismo: a Espanha e Portugal - países de navegadores - foram pioneiros dos descobrimentos e fundadores de impérios, nos quais os soberanos católicos se comprometiam a converter ao Catolicismo os povos das terras descobertas. Adaptado de Pierre Pierrard, História da Igreja

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CATOLICISMO

PROTESTANTISMO O nome deriv a do pro testo em Spira.

'Católico' significa 'universal'.

'Ortodoxo' significa 'reta doutrina'.

Comunidade de crentes que tem a sua origem em Jesus Cristo e nos apóstolos.

É o conjunto das Igrejas cristãs do 1054.

Valoriza a Bíblia e a Tradição.

Valoriza a Bíblia e a Tradição.

A Bíblia é a única fonte de acesso à revelação.

A salvação provém da fé e dasobras.

A salvação provém da fé e das obras.

A salvação provém apenas da fé.

o papa, sucessor de S. Pedro,

Não reconhece o papa como pastor uni versal. O patriarca de Constantinopla é "primeiro entre iguais".

é o pastor universal e preside à unidade e à comunhão das comunidades.

oriente separadas de Roma desde

Surge com Martinho Lutero, no século XVI, e desenvolve-se com Calvino e outros reformadores .

Não há nenhuma autoridade máxima; cada Igreja é autónoma. Não reconhece o papa como pastor universal.

Os padres ou presbíteros e os bispos são servidores e mediadores dos crentes. São celibatários.

O clero é mediador entre Deus e as pessoas. Apenas os bispos e os monges não podem casar.

Os pastores não são mediadores entre Deus e as pessoas. Todos os cristãos são 'sacerdotes'.

Venera os santos como mediadores entre Deus e as pessoas, dando particular importância à Virgem Maria.

Venera os santos como mediadores entre Deus e as pessoas, dando particular importância à Virgem Maria.

Jesus é o único mediador entre Deus e as pessoas. Não veneram os santos nem a Virgem Maria.

O centro da vida litúrgica é a missa (eucaristia) e a celebração dos demais sacramentos.

O centro do culto é a eucaristia. Na liturgia há variedade de ritos e é particularmente característico o uso de ícones (imagens sagradas).

No culto, sublinha o valor do anúncio e a escuta da palavra de Deus.

Reconhecesete sacramentos como sinais visíveis da graça divina: batismo, eucaristia, confirmação, reconciliação, ordem, matrimónio e unção dos enfermos.

Reconhece os sete sacramentos.

Reconhece dois sacramentos : o batismo e a ceia.


MARCOS HISTÓRICOS DO CRISTIANISMO

Morte e Ressurreição de Jesus. Pentecostes.

30-313

Expansão do Cristianismo através das viagens missionárias de Paulo e outros apóstolos. Perseguição aos cristãos durante o império romano.

313

Édito de M ilão: Constantino decreta o fim das perseguições.

380

Decreto de Teodósio I: o Cristianismo torna-se a única religião ofi cial do império. Queda do império romano do ocidente.

476

O Cristia nismo assume um pape l relevante na reorganização dos povos e das nações.

1054

Cisma do or iente : separação das Igrejas católica e ortodoxa.

1378-1417

Cisma do ocidente: um papa em Roma e outro em Avinhão .

1453

Qued a do império romano do orient e.

1517

Lutero inici a a Reform a na Alem anh a.

1531

Henrique VIII assume -se como chefe da Igreja anglicana.

1541

Calvino introduz a Reform a em Genebra

1545-1563

~?RE.Nb\

Crucificação Donalello (1368-1466) [Museu Nacional de Bargello, Florença, Itália]

Concílio de Trento: reforma da Igreja católica romana.

que o Cristianismo, uma comunidade de crentes em Cristo, é uma fé com vários caminhos: catolicismo, ortodoxia e protestantismo .

8. Identifica 3 características identitárias dos católicos, ortodoxos e protestantes.


A Bíblia é a fonte e a norma da fé de todos os cristãos: católicos, ortodoxos e protestantes. É o testemunho escrito da palavra de Deus a todos os discípulos de Jesus Cristo. Sendo livro sagrado, a Bíblia inspira as pessoase os povos a orientarem-se pelos seus ensinamentos; inspira a oração pessoal e a oração comunitária; inspira a arte e a sabedoria popular.

É a Bíblia que nos apresenta a mensagem de Deus e a pessoa de Jesus Cristo. Os cristãos deixam-se guiar pelos ensinamentos bíblicos em todos os momentos da sua vida. Com a Bíblia cantam a alegria, pedem perdão pelos erros, entregam-se a causas nobres a favor das pessoas, sonham e constroem as suas vidas e a vida das sociedades. A Bíblia é um livro para conhecer, para amar, e para viver.

Jl-ntigo crestamento

:!'favo

crestamento 27 (ivroS,

Iioros, escritos antes do nascimento áeJesus. 46

Contém a liistória do encontro e áaafiança áe(j)ellS COI/I o povo áeIsrael:

mo

. áepois áa escnto S • -o áe1esus. e e ressurelça rt

lll ensaBelll, Contém a estln . o áe1esUs, _ asaçoes e o di oVa afia nça 6elll colllO a n áe(j)eus. o poVo com o nov


Organização Interna da Bíblia A Bíblia é uma coleção de 73 livros, sendo, portanto, uma autêntica bib lioteca. Tanto judeus (só relativamente ao Antigo Testamento), como cristãos consideram- na Escrit uras Sagradas. Os livros do Antigo Testamento, na trad ição j udaica, aparecem agrupados por ordem de importânci a:

~

lU OU toFN\ l~t:NTPtTf.UGO)j W-OFETPtS PtNTf.RIORt:S lU'lROS HISTÓRlGOS)j ~RoFETPtS roSTf.RIORt:S lU'lROS ~RoFfnGOs)j t:S0RITOS lU'lROS SPt~ It:N0IPt\S) . As edições cristãs da Bíblia nem tod as mantêm esta ordem . Os livros do Novo Testame nto aparecem agrupados da mesma maneira em

t odas as Bíblias, sejam elas da tradição católica, ortodoxa ou protestante:

0.UPtWO t:'lPtNhaHOS) 0.Ut: NPtRRAM Pt 'llbPt t: Pt Mt:NSPtht:M bt: Jt:SUS 0R\Stoj U'lRO Dos Pttos Dos PtlJÕStolOS) 0.Ut: NPtRRPt ONPtS0\Mt:NTOE Pt 'llbPt bA\hRWA) Ptros Pt Rt:SSURRt:I(jAo bt: Jt:SUSj WfZf OISTOlAS OU 0PtRTAS 0.Ut: SAo ~PtUlO t:SGRt:'lt:U ~S ~RIMt:\RA S GOMUN\bPtbt:s GRISTASj St:Tf. 0PtRTAS 0PtTÓU0PtS bt: 'lIWIOS PtUTORt:S b\R\h\bAS Pt TODos os GRISTAoSj GPtRTPt /tOS Ht:1Wt:uS j U'lRO Do PtrovPtU~t: ) 0.Ut: Pt~Rt:St:NTPt Pt Rt:'laPt(jAo Df bt:us GOMO t:S~t:RPtNYPt ~PtRPt Pt HUMAN\bAbt:.

-


Formação do Antigo Testamento A Bíblia não foi redigida num curto espaço de tempo. Foi f ruto de m uitos anos de vivênci a e relação ent re o povo de Israel e Deus e da fix ação dessa expe riênci a po r escrito. Antes de te rem sido escritos, os textos da Bíblia eram relatos ora is, t ransmiti dos de geração em geração . Ta l como a história do povo de Israel se desenrolou em mu itos séculos, t ambém os livros do Antigo Testamento fo ram escrit os ao longo de mais de mil anos. Nest es textos alude -se aos acontecimentos que marcaram a vida e a história do povo j udeu na sua relação com os outros povos e, especia lmente, na sua relação com Deus. Foram surgindo da experiência com unitária da fé e da vont ade de t ransmitir essa exper iência religiosa às gerações vindouras.

Formação do Novo Testamento Os vinte e sete livros que constituem o Novo Testamento foram redigidos ao longo da segunda metade do século I. Os primeiros escritos foram as Cartas de S. Paulo, redigidas na década de 50. Tendo Jesus morrido por volta do ano 30, verificam-se pelo menos vinte anos de distância entre os acontecimentos e a sua narração. Foi o período da pregação oral. Antes de ser fixada por escrito, a Boa Nova foi proclamada, escutada e vivida.

Após a morte de Jesus, osapóstolos começaram a anunciarque Jesus havia ressuscitado e estava vivo, devido ao poder de Deus. A este anúncio fundador da fé cristã chama-se o kerigma. A consciência da presença de Jesus no meio deles leva-os a constituirem-se

uma

comunidade

nova

afastando-se aos poucos das práticas judaicas.

:....--==::=:::===-_..:..J De Jerusalém

rapidamente se difundem pela

Samaria, Galileia, Ásia Menor, Grécia, Roma... Atraídas por esta mensagem de esperança, pessoas oriundas de vários povos e culturas integram as comunidades cristãs. Por ser

necessáriodarformação aosnovosdiscípulos de Cristo, por setornar urgentea organização 9. Qual é a

centralidade do Novo Testamento?

de textos para as celebrações e por estarem a desaparecer aquelesque contactaram com Jesus, a tradição oral é fixada por escrito: nasce, assim, o Novo Testamento.


Revelação e Inspiração Os cristãos acreditam que Deus se deu a conhecer na história do povo de Israel e, de forma definitiva, na pessoa de Jesus de Nazaré. A este processo de manifestação de Deus à humanidade chama-se 'revelação'. A Bíblia também faz parte deste processo, po is é nela que encontramos escrita a história da relação de Deus com a humanidade, através da história do povo de Israel e dos acontecimentos da vida de Jesus e da sua mensagem salvífica. Os redatores bíb licos tinham consciência de que não estavam a escrever uma história qua lq uer, mas a hist óri a da manifest ação de Deus, o salvador e libert ador da humanidade. Uma vez qu e a Bíblia cont ém a história da relação de Deus com a human idade, os crentes acred itam que Deus "assistiu" os escritores sagrados no ato de escreverem a mensagem que ele queria t ransmiti r. Est a ação de Deus junto dos escritores chamase 'inspi ração'. Num texto do Novo Testamento afirma-se que «toda a Escritu ra é inspirada po r Deus» (2 Tim 3,16).

Cânone O cânone é a lista de livros consideradossagrados pelas comunidades dos crentes. No tempo de Jesus, havia dois cânones para a Bíblia judaica (correspondente ao Antigo Testamento): o da Palestina, que só aceitavacomo sagrados textos escritos em hebraico; e o de Alexandria, que incluía também livros escritos em grego. Os cristãos aceitaram o cânone alexandrino. Por isso, hoje, o Antigo Testamento usado pela Igreja cat ólica não coincide exatamente com a Bíblia hebraica. Os protestantes adotaram o cânone palestino. Um pequeno conjunto de livros, os deuterocanónicos, está integrado nas edições católica s da Bíblia, mas não nas edições das igrejas da reforma . O cânone do Novo Testamento é aceite por todas as igreja s cristã s.

~?R-E.Nb\

que a Bíblia é um conjunto de livros que refletem a experiência de um povo crente. Os cristãos reconhecem na Bíblia a mensagem de Deus para a humanidade, e usam-na na oração pessoal e da comunidade.

Os textos deute rocanónicos

são os seguintes: Tobit e, Judite, Ester, Sabedoria, Ben Sira, Baruc, l º Livro dos Macabeus e 2º Livre dos Macabeus.


A unidade dos crentes em Cristo Jesus Cristo apresentou uma proposta de unidade entre todos os seres humanos e particularmente entre os que o seguiam e amavam. Antes de morrer deixou como que uma espécie de testamento. São as palavras de um amigo que,

à beira da morte, transmite a sua sabedoria de vida e as suas últimas vontades. Antes de celebrar a última ceia teve um gesto que marca a ousadia, a beleza e o desafio de ser pessoa e ser cristão: o lava-pés. A este sinal de serviço acrescenta o seu apelo de amor: «Amai-vos uns aos outros».

'Um mandamento novo 3Enquanto celebravam a ceia, Jesus, sabendo perfeitamente que o Pai tudo lhe pusera nas mãos, e que saíra de Deus e para Deus voltava, "levantou-se da mesa, tirou o ' manto, tomou uma toalha e atou-a

à cintura. sDepois deitou água na bacia e começou a lavar os pés aos discípulos e a enxugá-los com a toalha que atara à cintura. "Dou-vos um novo mandamento: que vos ameis uns aos outros; que vos ameis uns aos outros assim como Euvos amei. 3SPor isto é que todos conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros.» Jo 13,3-5; 34-35

10. Qual a mensagem que Jesus transmite com o lava-pés? Lava-pés, Giovani Giuliani (1664 - 1744) [Abadia de Heiligenkenz, Áustria]


o ponto de referência do mandamento do amor é o próprio Jesus (cassirn como eu vos amei»). Amar, à maneira de Jesus, consiste em acolher, em pôr-se ao serviço dos outros, em reconhecer-lhes dignidade, sem limites nem discriminação alguma, respeitando absolutamente a liberdade de cada um. Este amor é a marca distintiva dos discípulos de Cristo. Na comunidade cristã, na medida em que é uma comunidade autêntica, não pode haver espaço para ódio, inveja ou ciúme. Por isso os cristãos têm, hoje, a missão de procurar a unidade e o respeito pelas suas diferenças.

Para que sejam um " Doravante já não estou no mundo, mas eles estão no mundo, e Eu vou para ti. Pai santo, Tu que a mim te deste, guarda-os em ti, para serem um só, como Nós somos! 2°Não rogo só por eles, mas também por aqueles que hão de crer em mim, por "meio da sua palavra.Ppara que todos sejam um só, como Tu, Pai, estás em mim e Eu em ti; para que assim eles estejam em Nós e o mundo creia que Tu me envlaste.FEu dei-lhes a glória que tu lhe deste, de modo que sejam um, como Nós somos Um. 23Eu neles e Tu em mini, para que eles cheguem à perfeição da unidade e assim o mundo reconheça que Tu me enviaste e que os amaste a eles como a mim.

A Última Ceia, Francesco Bassano (1549-1592)

11. Qual o significado e as implicações do Mandamento do Amor?


Depois de ter dado aos discípulos as suas últimas recomendações, Jesus dirigiu-se ao Pai, em quem depositava toda a esperança. Nesta oração, solicita a presença protetora de Deus, de modo que os seus discípulos vivam o mandamento do amor, mantendo a un idade. A relação entre o Pai e Jesus -

re lação de profundo amor e ínti ma un idade

12. O que é qu e Jesus

- é o mod elo da re lação entre os eleme ntos das comu nidades cristãs. O ape lo

pede ao Pai?

de Jesus é qu e os seus discípulos viv am qu otidi anament e a supe ração dos seus próp rios limit es, até constru írem re lações durad o uras de verdadei ra amizade promovendo a unid ade.

Mas, ao olharmos para a história da Igreja cristã, veriP-icamos que as limitações da natureza humana P-oram mais ;ortes do que o apelo de Cristo, Aunidade soP-reu várias ratura~, Para que a vontade de Cristo se cumpra só há uma atitude possível: procurar restabelecer a unidade perdida até que o amor vença todas as barreiras.

Jesus O único alicerce "Peço-vos, irmãos, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, ' que estejais I

'

todós de acordo e que não haja divisões entre vós; permanecei unidos num mesmo espírito e num mesmo pensamento. llpois, 'meus irmãos, fui ' informado que ,há discórdias entre vós. 12Refiro-me ao facto de cada um "dizer: «Eu sou de Paulo», ou «Eu sou de Apolo», ou «Eu sou de Cefas», ou «Eu sou de Cristo». 13~tará. Cristo dividido? Porventur~ Paulo foi crucificado por vós? Ou fostes batizados em nome de Paulo? spois, quem é Apolo? Quem é Paulo? Simples servos, por cujo intermédio . abraçastes a fé, e cada um atuou segundo a medida que o Senhor lhe "

,

concedeu. 6Eu plantei, Apolo regou, mas foi Deus-quem deu o crescimento. 7 Assim,

nem 'o que planta nem o que rega é alguma coisa, mas só Deus,

que faz crescer. , Apolo era um

cristão sábio e int elect ual de Cor into. Cefas é o nome de São Pedro em aramaico.

"Pois ninguém pode pôr um alicerce diferente do que já foi posto: Jesus Cristo. 21Portarito, ninguém se glorie nos homens, pois tudo é vosso: 22Paulo, Apolo, Cefas, o mundo, a vida, a morte, o presente ou o futuro. Tudo

é

vosso. 23Mas vós sai de Cristo e Cristo é de Deus. 1Cor 1,10-13;3,5-7.11.21-23


Depois de, na cidade de Corinto, ter anunciado Cristo e de se ter dirigido para outros locais, Paulo manteve-se em contacto com a comunidade acompanhando a sua vida. Os cristãos coríntios eram fervorosos, mas debatiam-se com todos os problemas resultantes da inserção da mensagem cristã numa cultura diferente daque la em que tinha sido anunciada or igina lmente.

Â. N Escala: 1:30.000 .000

Mapa dos lugares-chave na ação missionária de S.Paulo

O Cristianismo corria o perigo de se tornar mais uma escola de sabedoria. Mas o Cristianismo não é apenas mais uma fi losofia de vida ou uma doutrina que se impõe pelos discursos. O Cristianismo é a adesão a uma pessoa: Jesus

Cristo, o único e verdadeiro mestre. Paulo reage com veemência: é Cristo e só Cristo a única fonte de salvação. Ser bati zado não é aderir à doutrina de um mestre qualquer, mesmo que seja tão ilustre como Paulo; é estar em comunhão com Cristo. Dizer que se pertence a Paulo ou a Pedro é, portanto, deturpar gravemente a identidade da fé cristã . Fica bem claro que o importante não é quem batizou ou quem anunciou o Evangelho; o ponto de referência absoluto é Cristo, do qual os apóstolos são simples e humanos servidores. Os coríntios de então e os cristãos de hoje são convidados a não fixar a sua atenção em mestres humanos, mas a redescobrir Cristo, morto e ressuscitado para dar a vida a todos. A comunidade cristã terá de ser uma verdadeira família de irmãos, que recebe de Cristo a vida, a unidade e a comunhão.

13. O que é que São Paulo pede à comunidade de Corinto?

14. Comenta "Jesus é o único alicerce".


Todos unidos em Çristo 'Eu, o prisioneiro no Senhor, exorto-vos, pois, a que pro cedais de um modo digno do chamamento que recebestes; 2 com toda a humildade e mansidão, com '-

.

paciência: suportando-vos uns aos outros no amor, 3esforçando-vos por manter a unidade do Espírito, mediante o vínculo da paz. 4Há um só Corpo e um só Espírit o, assim como a vossa vocação 'vos chamou a uma só esperança; sum só Senhor, uma só fé, um só batismo; 6 um só Deus e Pai.de todos, que reina sobre todos', age por todos e permanece em todos. Ef 4,1 -6

Este texto, da carta aos Efésios -

que Paulo terá escrito na prisão, em

Roma, por volta do ano 62 - , é um apelo aos crentes para que vivam o seu compromisso com Cristo, promovendo a unidade com os outros membros da comun idade. A mensagem cristã exige que os crentes vivam unidos. Ora, há comportamentos e atitudes que são condição necessária para que essa unidade se torne efetiva: - a modéstia

e a hum ildade, como

caminhos de superação do egoísmo, do orgulho e da autossuficiência que afastam os irmãos. - a paciência e a to lerância, que permitem compreender o outro, com os seus limites e falhas, e aceitar as diferentes maneiras de ser e agir. - o amor como suporte das relações humanas . Paulo na prisão, Remb randt (1606-1669)

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b~Us) M~s ~ SU~ VONs1RUÇj~O bH~Nb~ bO

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UM.


S. Paulo compara a comunidade dos cristãos ao corpo humano: «Há um só corpo e um só espírito». Tal como o corpo é formado por muitos membros, todos eles diversos, também a comunidade cristã inclui uma diversidade de membros. No entanto, o corpo só funciona se todos os membros colaborarem entre si. O mesmo acontece na Igreja: a unidade, a comp leme ntaridade de todos os membros, o respeito e a cooperação entre todos são atitudes essenciais à saúde da vida das comunidades. Os cristãos formam uma unidade que se baseia na existência

Basílica de São Paulo fora de muros, Roma

de uma única fé, um único batismo - sinal de adesão a essa fé -, um único Senhor - Jesus Cristo - e um único Deus, que é Pa i de todos e em todos atua. A Igreja, quer ida por Jesus, é uma com unidade de pessoas muito difere ntes em termos de etn ias, de cultura, de língua, de cond ição social e económica, de maneiras de ser. Estas diferenças não podem ser interp retad as como algo negativo, promot or de confli to e divisão. Sã o, pelo contrário, fonte de enriqueciment o para a vid a comunitária. A diver sidade é um valor que não anula a unid ade e o amor nas relações interpessoais e nas relações ent re as várias igrejas cristãs.

t U\<.hENff: GOO~E-\<.AR

E-M ~\<.OJE-Tos E-M F~\Jo\<. tcs OU1ROS E-UMINAR Juízos) ~AL~\J\<.~S E- f\Ç;ÓE-SHOsns \<.E-GONHE-0f.\<. os E-\<.\<.OS HISTÓ\<.IGOS ~~HE-\<. E- ~ITAR ~S bIFE-\<.E-NY~ S \<.E-ZAR

h?P-ENbl

que é vontade de Jesus que todos os cristãos vivam unidos e se respeitem.

15. O que é que São Paulo pede à comunidade de Éfeso?


Ô termo 'ecumenismo' provém do vocábulo grego oikouménê, que significa «terra habitada» ou «casa habitada». Para o Cristianismo o ecumenismo é o desejo e o caminho que é prec iso percorrer para encontrar a unidade perd ida entre os cristãos.

o ecumenismo é a construção de uma fam ília que parti lha uma fé comum, em Jesus Cristo, e onde to dos se sintam harmoni osament e valorizados e respeitados.

É um movime nto promotor da unidade dos cristãos e da vivência da paz. É um dinam ismo de reconci liação, promovido pe lo diálogo entre as difere ntes trad ições cristãs . Enquanto movimento cristão, o ecumenismo fundamenta-se na vontade de Jesus: «que todos sejam um».

Por «movimento ecuménico» entendem-se as atividades e iniciativas que são suscitadas e ordenadas no sentido de favorecer a unidade dos cristãos. Tais são: primeiro, todos os esforços para eliminar palavras, juízos e ações que não correspondem à condição dos irmãos separados e, por isso, tornam mais difíceis as relações com eles; depois, o «diálogo» estabelecido entre peritos competentes, em que cada qual explica mais profundamente a doutrina da sua Comunhão e apresenta com clareza as suas características. Com este diálogo, todos adquirem um conhecimento mais verdadeiro e um apreço mais justo da doutrina e da vida de cada Comunhão. Então, estas Comunhões conseguem também uma mais ampla colaboração em certas obrigações que a consciência cristã exige em vista do bem comum. Eonde for possível, reúnem-se em oração unânime. Excerto de Concílio Vaticano II, Unitatis Redintegratio, 4


o

ecumenismo é o esforço de entendimento, respe ito,

diálogo

e

reconheciment o da dignidade do outro; não é fusão nem anu lação.

É:

blÁl-OhO G-uE. RE.GONHE.0E. E. RE.S~E. IT~ ~ b\'JE.RS\b~bE. j \JAL.ORIl~Ao bE. TUbO OG-uE. Jh UNE. ~S IhRE.J~S j TR~~AL.HO GONJUNTO N~ GONSTRUVAo bE. UM MUNbO ME.lHOR j 0RIA0Ao bE. lAÇ-OSbE. ~FE.To FR~Tt.RNO E.NTRE. ~S \hRE.J~S j

OR~Ao E.MGOMUM

~ ~~TlR b~ ME.sM~

, FE. j

~US0~ S\NVE.R~ bE. 0~MINHOS ~~~ 0UR~ ~S FE.R\b~s b~ SO~~Ao j

\Jf\LORIZAÇkJ lE.f\L bE. TUbO OG-uE. bE. ~M ~S blFE.RE.NTE.S bE.NOMI~ U<-ISThs RE.f\LIU\M.

A Experiência dos Focolares o mo vimento dos foco lares foi f undado por Chiara Lubich, em Trento

(It ália),

em 1943. Chiara, uma jovem cató lica com um a vida evangélica tota litária e radical, encontra no amor de Deus o sentido e o ideal para a sua vida. Esta descoberta fo i uma luz de espera nça. Chiara e as suas am igas começaram por dar apo io a quem mais necessitava: pobres , doentes, feridos e crianças. Tratava-se, porta nto, de amar a Deus através do amor aos irmãos. Este amor fez nascer nela a convicção da necessidade de constru ir a unidade entre as pessoas. Para Chiara, viver a unidade era viver a presença amorosa de Jesus Cristo. Este esti lo de vida despertou a atenção de mu itas pessoas e, desta vontade de viver o amor e a un idade fraterna entre t odos, nasceu o movimento dos focolares. A necessidade da comu nhão da Pa lavra de vida entre irmãos de várias igrejas faz surgir as cidade las: pessoas de diversas cond ições sociais, faixas etárias e opções religiosas testemunham a vida do Evangelho e do amo r. Pela sua universalidade e missão, é um movim ento verdadeirament e ecumé nico, que mui to tem contribu ído para a fraternidade universal vivendo o desejo de Jesus: "Que todos

sejam um". Promo ve o diálogo consta nte entre cristãos de várias Igrejas e com membros de outras religiões.


A Comunidade de Santo Egídio A comunidade

católi ca de Santo

Egídio con stitui

um

testemunho em prol do ecumenismo. Foi fundada em Roma pelo professor Andrea Riccardi, em 1968. Neste ano viveram -se tem pos de grandes mudanças na Europa, mu itas de las protagon izadas por jovens empenhados na construção de um mundo mais justo, pacífico e fraterno. A comunidade de Santo Egídio orienta -se por quatro princípios nos quais encontra o seu fundamento:

~ ORf\VÃO O~NÚN0\O to S\J~NhSLHO ~ ~1fNVÃO ~S P01?RSS OS0UMSNISMOS ODIALOhO \N1fR-RSLlhIOSO

Taizé - Primavera da Comunhão o papa João XXIII, em 1960, acolheu o irm ão Roger com estas palavras: «Oh, Taizé, essa Primavera». Estas palavras dirigidas pelo líder dos cristãos católicos a um pastor protestante significavam a esperança na renovação da vontade ecuménica. A vivência do espírito de unidade inicia-se em 1940. No domingo de Páscoa de 1949, sete jovens protestantes, tocados pelo testemunho de Roger e depois de uma caminhada de encontro e reflexão, decidem comprometer-se para toda a vida numa entrega a Deus: oração, serviço aos irmãos e partilha de um estilo de vida simples e humilde. Em 1960, entram para a comunidade membros da Igreja anglicana; em 1969 entrou o primeiro católico, um jovem médico. A comunidade não parou de crescer, contando hoje com irmãos provenientes de diversos continentes, nacionalidades e confissões religiosas. Através da oração, do serviço, da partilh a, do silêncio e do convívio fraterno, expriência

muitos de

jovens

unidade

fazem em

a

Taizé .

Voltam para suas famílias, escolas e trabalhos acreditando que a unidade e a reconciliação são possíveis.


• - Queres, por amor a Cristo, consagrar-te a ele com todo o teu ser? - Quero . - Queres realizar, de ora em diante, o serviço de Deus na nossa comunidade, em comunhão com os teus irmãos? - Quero. - Queres renunciar a toda a propriedade e viver com os teus irmãos, não só na partilha dos bens materiais, mas também na partilha dos bens espirituais, esforçando-te por viver a abertura do coração? - Quero. (oo .) - Queres, reconhecendo sempre Cristo nos teus irmãos, zelar por eles nos bons e nos maus dias, na abundância e na pobreza, no sofrimento e na alegria? - Quero . Irmão Roger, Regra de Taizé

o Concílio Vaticano II Em resposta a um desejo antigo de muitos cristãos católicos, o papa João XXIII convocou o Concílio Vaticano 1/ com o objetivo de responder às mudanças e exigências dos tempos modernos e de renovar a Igreja católica nas suas várias dimensões. O concílio Vaticano 1/ (1962-65), chamado 'ecuménico' por causa da sua dimensão universal, refletiu sobre a seguinte questão de alcance ecuménico: qual o contributo dado por cada Igreja para a divisão dos cristãos e o que poderá cada uma fazer em ordem à reconci liação e unidade? Esta fo i uma das tarefas do Concílio: identificar os obstácu los ao diálogo e à unidade e encontrar caminhos para a reconstrução da comunhão entre os cristãos.

16. Quais astrês principaistarefas do Concílio Vati cano II relativamente ao ecumenismo.


Viver o ecumenismo é trabalhar pela unidade de todos os que reconhecem Cristo como o fundamento da sua fé. Neste contexto, unidade não significa uniformidade; não se trata de anu lar as trad ições das diferentes confissões cristãs e impor aos cristãos de todas as denominações uma única maneira de viver e celebrar a fé. Isto não seria ecumenismo, mas uniformismo. A unidade refere-se apenas ao essencial da fé, ao núcleo central do Evangelho de Cristo.

É muito saudável e de grande importância que não nos deixemos levar por posições extremistas. A recusa tanto do relativismo como do fundamentalismo é essencial para a constr ução de sociedades hu manist as, que aceitam a existênc ia da verdade e a possibilidade de se aceder a esta, mas também consideram que toda e qualquer posição é relativa porque se encontra marcada pelos limit es do con hecimento humano. Só assim se torna possível o diálogo, a escuta sincera de opiniões diferentes da nossa, bem como a abertura a novas formas de pensar, desde que se revelem melhores aproximações à verdade. Esta consciência está na base do ecumenismo, que significa a busca da unidade entre as Igrejas cristãs, procurando a superação das divisões. O diálogo tem diferentes níveis: começa, em primeiro lugar, dentro das fronteiras da própria Igreja, alarga-se à relação com as outras Igrejas cristãs e, por fim, dirige-se à relação com as outras religiões, com a finalidade de criar comunidades humanas fraternas e cooperantes, para além das diferentes perspetivas e opiniões. Premissa fundamenta l para a realização do diálogo é o recon hecimento dos próprios erros. Sem a aceitação dos erros cometidos por cada Igreja, não é possível estar aberto ao diálogo com as outras Igrejas. Perdoar e pedir perdão -

a que o papa João Pa ulo II chamou «pu rifi cação da memória» -

atitudes complementares e construtivas.

são duas


• Todos, na verdade, se professamdiscípulos do Senhor, mastêm pareceresdiversose caminham por rumos diferentes, como seo próprio Cristoestivesse dividido. Esta divisão, porém, contradiz abertamente a vontade de Cristo e é escândalo para o mundo. Cada qual afirma que o grupo onde ouviu o Evangelho é Igreja sua e de Deus. Quase todos, se bem que de modo diverso, aspiram a uma Igreja de Deus una e visível, que seja verdadeiramente universal e enviada ao mundo inteiro, a fim de que o mundo se converta ao Evangelho e assim seja salvo, para glória de Deus. Concílio Vaticano II, Unitatis Redintegratio, 1

Devemos prom over a formação ecumén ica sobre aqu ilo que nos une e o que ainda nos divide. A ignorância e a indiferença da própria fé e da fé do próximo são impedimentos para um verdadeiro ecumen ismo . O ecumenismo progride graças ao inte rcâmbio de do ns, que não consiste num empobrecimento, mas que constitui um enriquecimento. Cardeal Walter Kasper (teólogo católico)

Que se pode esperar do diálogo ecuménico? Permitam -me responder a esta questão com toda a confiança, dizendo que não se trata de um diálogo unilateral, de um diálogo em que cada um se empenhe em falar mais forte do que os seus interlocutores, sem querer ouvir os outros. Mas não creio que corramos este risco, pois, a partir do momento em que duas pessoas começam a dialogar, sabem já que entre elas há algo em comum. Roger Mehl (teólogo protestante)

O movimento ecuménico depende menos de estruturas estabelecidas do que de pessoas inspiradas, cristãos jovens e velhos, ricos e pobres, de todas as denominações e culturas, que acreditam numa Igreja continuamente renovada na sua fé, unidade, missão e serviço. Conselho Ecuménico das Igrejas

Reconhecer os desvios do passado serve para despertar as nossas consci ências dian te dos compromissos do presente, abrindo a cada um o caminho da conversão. Perdoemos e peçamos perdão! Enquanto louvamos a Deus, não podemos deixar de reconhecer as infidelidades ao Evangelho. Pedimos perdão pelas divisões que surgiram entre os cristãos, pelo uso da violência que alguns deles fizeram no serviço à verdade e pelas atitudes de desconfiança e de hostilidade às vezes assumidas em relação aos seguidores de outras religiões. Ao mesmo tempo, enquanto confessamos as nossas culpas, perdoamos as culpas cometidas pelos outros em relação a nós. No decurso da história, inúmeras vezes os cristãos sofreram maus-tratos, prepotências, perseguições por causa da sua fé. Assim como as vítimas dessas injustiças perdoaram, de igual modo perdoamos também nós. Hom ilia do «Dia do Perd ão» do papa João Paulo II, 12 de março de 2000


A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos tem já um século de caminho e gerou um movimento ecuménico notável. A colaboração entre anglican os, protestantes, ortodoxos e católicos na preparação e na celebração desta Semana de Oração tornou-se fami liar e apresenta-se com o f rut o de uma long a caminhada. A primeira Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos fo i promovida em 1908, de 18 a 25 de janeiro, pelo americano Paul Wattson, então sacerdote episcopaliano (anglicano). Ésignifi cati vo queJoão Paulo IItenha convidado, repeti dasvezes, à purifi cação da memória. Só se cont ribui para a unidade da Igreja, quando se transmite o amor de Deus aos outros. Adaptado de Revista Fátima Missionária, janeiro de 2009

Para melhor se perceber esta questão temos de distinguir três dimensões essenciais no ecumenismo: em primeiro lugar a do amor, a fraternidade reencontrada entre os cristãos das várias confissões; em seguida , a dimensão da verdade, que diz mais respeito ao diálogo teológico; por último, o ecumenismo da vida, que consiste em aproximar as Igrejas e comunidades eclesiais na sua vida, percebendo que é mais forte o que nos une do que o que nos divide. Quanto mais nos aproximarmos de Jesus Cristo e da vida no seu Espírito, mais nos aproximamos entre nós. É importante estar unidos em causas concretas como a paz ou o acolhimento do imigrante, o estudo comum da Bíblia, a entreajuda no campo da paz, da conservação do ambiente, da justiça. Não nos podemos fecha r às surpresas de Deus, que manda homens e mulheres que destroem os muros... Adaptado de http://www.ecclesia.pt/

17. Apresenta três ações concretas que possas realizar no dia a dia e que contribuam para uma vivência ecuménica de solidariedade.

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que o movimento da unidade dos cristãos e de todos os seres humanos também depende de mim: conhecer a minha identi dade religiosa e respeitar a dos outros. A escuta, o diálogo, o perdão e a oração são atitudes fundamentais para a vivência do ecumenismo.

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o padre Max imil iano ficou duas semanas naque la cela húmi da. No dia 14 de agosto de 1941, quando abriram o bunker para retirar os cadáveres, M aximili ano ainda estava vivo. Para o mat ar, admin istraram-lhe uma inje ção let al. Em 1987, o papa João Paulo II, também ele polaco, declarou ao mundo que o padr e Maximiliano era um santo . Na cerimónia de canonização participou Francisco Gajowniczek, aquele por quem o padre Kolbe havia dado a vida.

1. Qual foi o maior gesto de liberdade de Maximiliano Kolbe?

2. Identifica os sentimentos que este gesto de suprema doação desencadeia em ti.

Nesh,. unidade le~iva vais ye(letiy sobYe a libeydade, um ~ema essencial a ~odo o sev J,umano. PoY amoY da libe ydade , mui~os moyyeYam, mui~os so(yeYam. E ~u sen~es, com ceY~eza, o seu apelo, sen~es necessidade de alCJuma aU~onomia e não acei~as viver comple~amen~e depenaen~e dos adul~os. lambém paYa mim a libe ydade (oi um apelo con~;nuo. AJ,! CJ,amo-me Maximiliano Kolbe. Nasci em JCZqt{ na Polónia. Aos /CZ anos, (ascin ado pe la (iCJu ya de S FYan cisco de Assis , ~oYnei-me (Yade (Yanciscano. Fui es~udaY paya 'Roma e , em IqlCZ, de~eYminad o a seyv iY os OU~YOS, (ui oydenado padye. Empe nJ,ei-me na publicação de livyos e joynais e paY~i paYa o Japão, como missioná.Yio. O meu o~e~ivo eYa ajuday as pessoas a descobyiy a ale~jYia de viveY em pYol dos OU~Yos. Re:jYessei à Polónia, mas a minJ,a amada pá.~Yia ~inJ,a sido invadida pelas ~Yopas nazis de Hi~let Denunciei as ameaças, os cYimes e as injus~iças e, pOY isso, (ui pyeso e depois levado paYa o ~eyy;vel campo de concen~Yação de AuscJ,wih. Nes~e campo da moY~e não éYamos ~Ya~ados como pessoas: a (ome, o (Yio, os ~YabalJ,os (oyçados, as doenças... eYam a nossa companJ,ia quotidiana. Em julI,o de 1qt1/, um pYisioneiYo conse3uiu escapat.. fs~a (u3a si3n;(icava a moY~e paYa dez pyisioneiyos. Iodos sab;amos: poY cada evasão, dez pessoas seYiam condenadas a moYYeY de (ome e de sede - uma moY~e len~a e insupoY~á.vel! : O comandan~e do campo mandou YeuniY os pYisioneiYos e escolJ,eu dez. Um dos escolJ,idos 3Yi~ou: MinJ,a pobye mulJ,ey e meus (ilJ,os, que os não ~oYno a ver! Naquele momen~o, sen~i em mim uma von~ade, um ,'mpe~o in~eYioY de me dav; de me en~Ye3at.. e avancei. O comandan~e 3Yi~ou: - l1tya! Que queyes, pOYCO polaco? - Queyo moyyey em IU3ay de um des~es - yespondi. - PoYquê? - beyyou o comandan~e. - Já. sou velJ,o e não pYes~o paya nad~. A minJ,a vida não seYviyá. paya 3yande coisa... queyo moYYeY pOY aquele que ~em mulJ,ey e (iIJ,os . Visivelmen~e con(uso, o comandan~e 3y,Jou com Voz Youca: - Quem és ~u, poYco polaco? - Um padye ca~ólico - yespondi. Fez-se silêncio... poY (im, o comandan~e oydenou: - 0eja. Vai com eles. CaminJ,á.mos em diyeção ao "Bloco da Moy~e. Eu eYa o úl~imo. 'Avancei e no meu coyação levava a ceY~eza de ~eY dado a vida e a ale3Yia a uma pessoa... (oi paYa isso que eu nasci!


A liberdade é condição e característica primeira do ser humano, seja a nível individua l, seja a nível social. Sem liberdade, perdida ou nunca alcançada, o ser humano não se realiza inteiramente como pessoa.

Liberdade e livre arbítrio A liberdade (do latim libertas) é a possibilidade de agir sem submissão a condicionalismos ou constrangimentos e a ausência de coação externa que obrigue a pessoa a agir de determinada maneira. Étambém a autonomia doser humano, a sua independência em relação às forças da natureza e aos demais seres humanos. Mas ser autónomo não significa viver isolado, abandonado a si mesmo. Faz parte da natureza humana estabelecer relação com os outros, porque o ser humano é um ser social. Assim, as opções que cada pessoa toma têm de ter em cont a a relação com os outros, como seres igualmente livres . A liberdade, dimensão que é exclusiva do ser humano e o distingue dos outros elementos do reino animal, não é absoluta. Nenhuma pessoa é totalmente independente nas decisões que toma. Ao vivermos em sociedade, somos influenciados pelos outros, pelas suas opiniões e maneiras de viver. Para ser verdadeiramente livre devo ter consciência das decisões que tomo. Às vezes, por inércia ou influência, não faço as escolhas que deveria fazer. Mas nem por isso deixo de ser livre. Podemos não ser tota lmente livres de escolher o que nos acontece, mas, sem dúvida, possuímos a liberdade de decidir a forma como vamos reagir ao que nos acontece. Por conseguinte, a liberdade imp lica a autonomia da pessoa face aos condicionalismos e às circunstâncias.

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Aqu ilo a que nos referimos até agora é o livre-arbítrio, a simples capacidade de agir de forma autónoma, independent ement e do facto de agirmos bem ou ma l. Se fôssemos obrigados a agir de determinada mane ira não seríamos verdadeirame nt e liv res. De facto, quanto men or fo r o grau de autonomia de alguém , me nor é a sua liberdade e, porta nt o, a sua responsabilidade pelo s at os que pratica.

Livre-arbítrio é a faculdade que a pessoa t em de se determinar sem obedecer a outra regra que não seja a própria vontade . O livre-arbítrio permite escolher entre o bem e o mal. O Determinismo é uma teoria acerca do modo como se processa a relação entre as causas e os efeitos dos fenómenos que observamos na natureza: todo o acontecimento (B) tem como causa um acontecimento anterior (A), ou seja, B é consequência inevitável de A. O ser humano, enquanto ser livre, escapa a esta relação de causa-efeito. Ele é capaz de tomar opções sem que nenhuma causa, independente da sua vontade, o obrigue a tomá -Ias.

o bem maior Na vida social, o conflito entre liberdades é inev itá vel. Daí a necessidade de tomar opções a partir de critérios éticos (a escolha do bem ). Por isso, a liberdade responsável é a tomada de decisão em ordem à realização do bem. Decidir-se pelo bem imp lica assumir as deliberações tomadas, bem como as suas consequências. Para os crentes em Deus, a liberdade é uma dádiva divina que deve ser usada para a dignificação do próprio e dos outros que com ele interagem. Todas as

nossas escolhas devem ter o "carimbo" do Bem. O "bem maior" é, contudo, a liberdade interior, que não pode ser apr isionada por nada nem por ninguém, nem por bens materiais, nem por qua lquer

~

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força exterior. O "bem maior" é um bem imaterial e invisível que reside

A

na profundidade do nosso coração e que devemos preservar. IBEI:'OAOEI Sempre que somos capazes de reconhecer aquilo que não nos deixa ser livres, encontramo-nos no cam inho do "bem maior".

A liberdade orientada para o bem «Quero ser livre». Esta frase é a expressão de um desejo continuamente repetido e ouv ido. Fa la-se de liberdade como se esta palavra mágica resolvesse todos os prob lemas da human idade. A história universal é, de certa forma, a aventura da liberdade: afirmação e procura ou negação e ausência de liberdade. Povos, grupos e ind ivíduos lut aram e lut am por fazer da liberdade uma realidade efetiva que responda aos anseios mais profundos da natureza humana .


A liberdade caracteriza-se pela procura do bem em cada situação da

existência humana. Desde as ações mais simp les às mais comp lexas, em cada decisão do dia a dia, a busca que nos inquieta é a de reconhecermos aquilo que poderá ser melhor para nós e para os outros; quer sejam as pessoas mais próximas de nós com quem estabelecemos relações de convivência, quer seja o mundo natura l, com o qual nos 're lacionamos' e no qual procuramos deixar uma marca ecológica. Ainda que o erro e o engano estejam sempre presentes é a busca e a opção livre pelo bem que dá sentido à existência indivi dual de cada ser hum ano, permitindo uma diversidade de projetes, em que cada pessoa se revê e alcança a fe licidade. Há diversas formas de bem, e será essa busca que nos leva à realização.

o

ser hum ano é livre. Não tem sim plesmente liberdade: é liberdade. Isto

significa que é um projeto no ato de se realizar, mas sempre inacabado. Esta grande aspiração é partic ularmente vivida na adolescência e na juventude. O adolescente precisa dos adult os, mas também necessita de se constru ir e de voar sem a tutela deles. É um projeto de vida em ação, é uma liberdade que se exprimenta nos diferentes momentos do quotidiano .

Neste processo de construção da própria vida, surgem condicionamentos, influências (nem sempre negativas), mas também dificu ldades, impedimentos, obstáculos.

o QUE i=AZER? Ousa arr iscar, vence a apatia, sai da rotina que te aprisiona. És liberdade, és capaz de ser mais, de voar mais alto. És tu e os teus princípios ... não sejas "mais um" !


.

••

}-\

3. Identifica, a parti r da história, dificuldades à vivência da liberdade. 4. Relaciona Liberdad e e desejo de Ser.

:J~~JÍ~ ~ ~ ~~jjIJh~

Era uma vez um camponês que foi à floresta apanhar um pássaro para mantê-lo cativo em sua casa. Conseguiu capt urar uma águia recém -nascida e, em bora fosse a rainha de todos os pássaros, pô-Ia no galinheiro a comer milho e ração de galinhas. Passados cinco anos, este homem recebeu a visita de um natu ralista que, ao passar junto do galinheiro, exclamou: - Aquele pássaro não é uma galinha! É uma águia! - De facto - disse o camponês . É uma águia. Mas eu criei -a como galinha. Por isso, apesar das asas de quase três metros, já não é uma águia. Transformou-se em galinha como as outras. - Não - retorqu iu o natura lista. Ela é e será sempre uma águia. Tem um coração de águia que a fará voar às alturas. - Não, não - insistiu o camponês. Ela transformou-se em galinha e nunca voará. Então o natural ista pegou na águia, ergueu-a bem alt o e desafiando-a disse: - Tu és uma águia, já que pertences ao céu e não à terra , abre as asas e voa! M as a águia pou sou sobr e o br aço este ndido do nat uralista. E, ao ver as galinhas no chão a come r grãos, pulou para junto del as. O camponês comentou: - Eu disse-lhe, ela é uma sim ples galinha ! - Não - insistiu o naturalista. Ela é uma águia. E um a águia será sempre uma águia. Vamos experimentar novamente amanhã. No dia seguinte, o natu ralista subiu com a águia ao teto da casa e sussurrou -lhe: - Águia, tu és uma águia! Abre as asas e voa! Mas a águia tornou a pular para o chão. O campon ês sorriu e voltou à carga: - Eu tinha -lhe dito, ela agora é uma galinha! - Não - respondeu firmemente o naturalista. Ela é águia e há de voar. No dia seguinte, o naturalista e o camponês pegaram na águia, levaram -na para fora da cidade, longe das casas, no alto de uma mon tanha. O naturalista ergueu a águia para o alto e ordenou -lhe : - Tu és uma águia, pertences ao céu e não à terra, abre as tuas asas e voa! A águia olhou ao redor. Tremia como se experimentasse nova vid a. Mas não voou . Então o natu ralista seguro u-a firm emente, bem na direção do sol, para que seus olhos pudessem encher-se da claridade solar e da vastidão do horizonte. Nesse momento, ela abriu as suas potentes asas, grasnou o típico kau-kau das águias e ergueu -se, soberana, sobr e si mesma. E começou a voar, a voar para o alto, a voar cada vez para mai s alto . Voou voou ... até confundir-se com o azul do firmamento . Adaptado de Leonardo Boff (teólo go conte mporâneo),

A águia e a galinha: um a m etáfora da condição humana


~inguém

é mais escravo do que aquele que sejulga livre sem o ser. Johann Goethe

Níveis de liberdade A liberdade é vivida em níveis diferenciados. a pessoa é livre se puder movimentar-se para onde entender e se for capaz disso. é livre quem tiver possibilidade e quiser 22 nível: Intervenção Social

participar na organização política} cultural e social da comunidade onde vive. é livre todo aquele que for capaz de manter a consciência da sua própria dignidade e de a usar para criar pensamentos} sentimentos e emoções} mesmo que a sua liberdade material e social esteja submetida a grandes restrições.

Os reclusos são muito pouco livres no primeiro nível} mas podem sê-lo no segundo (embora de forma bastante limitada e controlada) e no terceiro níveis. Alguém que viva sob uma ditadura verá a sua liberdade muito restringida do ponto de vista da intervenção social} mas poderá ser livre no terceiro nível. Na verdade} o terceiro nível é aquele que não nos pode ser retirado por nenhuma entidade externa. É o último reduto da liberdade humana. É aí} no interior sagrado da consciência e do sermos pessoas} que reside a nossa essência humana e a nossa força contra todos os contratempos e contra todas as opressões e manipulações.


Expressões / Impressões de liberdade o

ser humano caminha com a liberdade: liberdade sonhada e liberdade

conquistada. A liberdade permite-nos saborear em plenitude os outros bens; por isso, desejamo -Ia e exigimos condições para a sua realização. Sendo um valor tão fundamenta l na vida humana, a liberdade é tema de muitos poemas, fi lmes, esculturas, pinturas e músicas. A liberdade, enquanto possibilidade de criação de novos percursos, cativa, Estátua da liberdade, Nova Iorque

encanta e atra i... e, por isso, é, mu itas vezes, personificada, como é o caso da

«Estátua da Liberdade», que se encontra na ilha da Liberdade, em Nova Iorque . Também «o desterrado» ao representar a angústia do exílio, remete para a liberdade negada e para as consequências que essa negação tem sobre o espírito huma no.

o 2S de abril, dia da Liberdade, fe riado naciona l em Port ugal, come mora a «revolução dos cravos». Ficou assim conhecida por t er sido uma revolução relativamente pacífica, na qual não se usou violência exagerada e pelo facto de os soldados t erem enfeita do com cravos os canos das espingardas.

o Desterrado ,

Est e acontecimento pôs t ermo a um regime totalitá rio (o chamado Estado

Soares dos Reis (1847-1889)

Novo), no qual as liberdades individuais (liberdade de expressão, de associação, de intervenção política, etc.) não podiam ser plenamente exercidas.

~?P.E..Nb\ que a pessoa é liberdade e que esta só faz sentido quando orientada para o bem.


A consciência moral Consciência (do latim com", "dar-se conta",

conscendá de cum + scíentía) signiPica "com conhecimento", "saber

Este significado etimológico remete para o conhecimento que o sujeito tem dos atas que realiza e da restante realidade (dimensão psicológica). Esse conhecimento existe em função do exercício do pensamento crítico que leva a pessoa a distinguir o que está bem do que está mal (dimensão moral). A consciência moral permite julgar as situações e decidir, optando pelo que está bem e rejeitando o que está mal. Julgar, decidir e atuar implicam liberdade, entendida como possibilidade de escolha. Consciência e liberdade estão intimamente relacionadas; sem consciência não há liberdade.

A autonomia e a heteronomia são dois conceitos muito importantes relacionados com a consciência moral. De acordo com o significado etimológico (auto+nomia

= «a

própria lei»], a autonomia refere-se às«normas» que estão inscritas na consciência da pessoa e que são assumidas pela mesma para orientar a sua vida. Por sua vez, a heteronomia (hetero+nomia

= «a outra

lei») diz respeito às normas que são exteriores à

pessoa e que influenciam as suas ações (o código da estrada, por exemplo).


«Devo salvaguardar os meus valores ou deixar correr e comportar-me como todos os outros?» Esta é uma pergunta essencial, porque da resposta depende depois a coragem de escolher certos valores, mesmo que uma pessoa acabe por se sentir, em parte, isolada ou ridicularizada. Então, compreende-se que a autonomia é sinónimo de verdadeira liberdade, mas também aparentada com a atitude de todos aqueles que renunciam a fazer como todos fazem. Luciano Cian, Nascidas para Voar

o João não toma decisões importantes na sua vida sem consultar o horóscopo. Ele acredita que a posição dos astros no céu determina o futuro das pessoas. Para agir bem, precisa de saber quais as opções que os astros favorecem naquele momento, para não correr o risco de agir contra-corrente, o que poderia trazer consequências imprevisíveis. Ultimamente, foi consultar o horóscopo para saber se deve ou não namorar com a Catarina. Ele gosta mesmo dela e sente que ela também gosta dele. Nota-se pela maneira como olham um para o outro. Um certo brilho nos olhos manifesta a afeição mútua. Quando falam, entendem-se muito bem. Não têm sempre as mesmas opiniões, mas gostam de ouvir o parecer do outro e isso fá-los pensar. A sua simples presença transforma o ambiente perfumando de felicidade cada gesto. Mas poderia o João tomar uma decisão tão importante sem recorrer ao horóscopo? O seu amigo António disse-lhe que ele era tonto. Como é que era possível dar mais importância a uma criatura que, a troco de dinheiro, lhe iria dar informações provenientes dos astros, em vez de ouvir a voz do coração? - Escuta o teu íntimo. Ouve a voz da tua consciência . Não há melhor conselheiro - disse-lhe o António.


A opção pelo bem Distinguir entre o bem e o mal é ousar a aventura radical de ser livre. Há atitudes que, podendo ser inicialmente livres, comprometem a liberdade. O individua lismo, o anarquismo e opções fundadas na ausência de informação não ajudam a estruturar a personalidade.

DJDIVIDUAUSMO: tomada de decisões sem ter em consideração as suas consequências sobre a vida dos outros.

AtJARQ.UISMO: recusa de toda a regra, como se o índívíduo P-osse uma ilha ísolada que não necessita de respeitar a liberdade alheia.

Darmo-nos aos outros e defender grandes causas é viver a liberdade enquan to valor supremo do ser humano, porque é a afirmação da dignidade e da beleza de si próprio e dos demais. O bem realiza-se em valores como a justiça, a solidariedade, a fraternidade... que são, sobretudo, critérios a partir dos quais orientamos a nossa existência. São os valores que motivam e justificam as escolhas e as ações: sentimo -nos atraídos por aquilo que é belo; repugna-nos o que é violento e cruel; seduz-nos o carinho e a bondade...

"Os Pins não justiPicam os meios" Viver a libe rdade é ser capaz de rejeitar o mal e procurar o bem. Muitas vezes, alguns valores assumem-se como primeiros pelas condicionantes temporai s (o valor da paz assume-se como fundamental em tempos de guerra). Para atingirmos um dete rminado fim ou darmos maior valor a um determinado objetivo, só porque é algo bom, não nos dá o direito de fazermos t udo para o atingir. Algo que é bom, só assim permanecerá se trilharmos caminhos de bem para o alcançar!

Nenhumvalorjustifica a maldade ou a ausência de bem paracomaspessoas!


A opção pelo bem imp lica discern imento e j uízo crítico. Constru ir-se humanamente é cumprir o dever de ser pessoa. Não simp lesmente o dever prescr ito por normas e leis, mas o dever inscrito na consciência individu al. De acordo com a mensagem cristã, o ser humano pleno só acont ece no ato de amar, de opt ar por ori enta r a vid a para o serviço dos outros. Os animais não são livres porque agem determ inados pelo insti nto;

por

isso, não lhe é ped ida qua lquer

responsab ilidade pelos seus atos. A criança pequena, porque quase totalmente dependente, também não é responsáve l pelas suas ações. O j ovem, em processo de afirmação, começa a descobrir que a liberdade não é fazer tudo o que se quer, mas or ientar as escolhas de acordo com a consciência, única maneira de construir a própria realização como pessoa. Ape nas na med ida em que se é livre é que se pode ser responsabilizado pelas própr ias decisões e ações.

Tudo quanto aumenta a liberdade, aumenta a responsabilidade. LIdar IiUgD

~?P-ENb\ que há diferença entre heteronomia e autonomia e percebo que para escolher é preciso discernir e fazer uma análise crítica.


Liberdade e manipulação A comunicação constitui uma das necessidades básicas da vida social. Como ser sociável, o ser humano evita o isolamento e exprime a sua liberdade pessoal pelo ato comunicativo. O acesso à palavra, falada e escrita, funcionou como motor do processo de hominização e marcou o progresso da humanidade porque possibilitou e estreitou as relações entre povos e culturas. O ser humano, por outro lado, é manipulável, sujeito à tutela das realidades em que vive. Isto explica a existência de várias áreas onde a manipulação exerce o seu poder de atuação. Associada à capacidade de comunicação e relacionamento do ser humano, a manipu lação, com diferentes nomes e de uma forma mais ou menos consciente, tem acompanhado a human idade ao longo do seu percurso histórico.

oque é a manipulação? A manipulação consiste em privar alguém da sua liberdade, usando estratégias que escondem a verdade, a fim de conduzir a pessoa a assumir uma opinião ou a adotar um comportamento desejado pelo manipulador. Manipular é construir no outro uma imagem não verdadeira do real, com aparência de autenticidade. As ações manipulatórias são violentas porque privam de liberdade quem lhes é submetido. Para que funcione, contudo, é necessário que as estratég ias de manipu lação estejam mascaradas, de forma a iludir os destinatários. Assim, a manipulação condiciona a liberdade e a dignidade pessoais porque constrói uma mensagem baseada na mentira ou, pelo menos, na ocultação deliberada da verdade .


A grande relutância em admitir que a manipulação está de facto presente à nossa volta resulta de não ser nada fácil uma pessoa confessar que é, ou foi, manipulada. A primeira fase de qualquer manipulação consiste, precisamente, em convencer o interlocutor de que é livre. Numa escala muito maior, a nossa sociedade difunde atualmente a ideia de que as pessoas de hoje são livres (a publicidade serve-se amplamente desta mensagem) apesar de todas as tentativas de influência que explicitamente as alvejam. Philippe Breton, A Palavra manipulada

A

manipulação

é

uma

forma

de

desumanização, pois afeta a dignidade da pessoa, manobrada como um objeto nas mãos do manipulador. Este pode ser uma pessoa, uma música, uma publicidade, uma organização ou uma corrente política. Uma característica do ato manipulador é a intenção de criar, nas pessoas manipuladas, a falsa convicção de que tomaram decisões livres, racionais e conscientes.

Publicidade e propaganda A pub licidade

e a propaganda não usam necessariamente técnicas

manipulatórias. Tanto uma como outra pretendem infl uenciar o comportamento e as escolhas alheias. Mas para haver man ipu lação é necessário que se falte à verdade. Seforem usadas como instrumentos de man ipu lação, podem provocar efeitos extremamente negativos nas consciências e no comportamento das pessoas. Neste caso são, com certeza, dois obstáculos à liberdade. No princípio do século XX, a retórica, como arte de convencer, adquiriu novos contornos quando aplicada a técnicas publicitárias. A publicidade nasceu com A retórica é a mais antiga disciplina que se debruça sobre o uso da linguagem. É a arte da eloquência argumentativa, tendo em vista persuadir o público de que uma opinião é preferível a outra.

objetivos essencialmente comerciais. As preocupações dos meios industriais voltaram-se não só para a produção, mas também e sobretudo para a venda. A pub licidade tinha como missão dar a conhecer às popu lações os produtos e mobilizá-Ias para adquiri-los. A publicidade é um dos meios mais requisitados para atingir fins comerciais e mesmo políticos. Mais recentemente, evoluiu para formas extremamente elaboradas e complexas.


Atualmente, domina todos os espaços púb licos, fazendo chegar de forma eficaz a sua mensagem às grandes massas através dos jornais, da rádio, do cinema, da te levisão, da internet, dos te lemóveis. Influenci ar o maio r núm ero possível de pessoas no senti do de desperta r nelas a necessidade de aqui sição de bens e produtos, estimu lar o voto num determ inado partido ou pessoa (no campo da política) ou provocar um comportamento são objetivos da publicidade. A

propagand a,

enq uanto

técn ica

manipu latória, serve-se de diversificadas formas de pressão para impedir o ju ízo crítico dos recetores e convencê-los a aderir a determinadas visões do mundo. Um

dos

conhecidos

recursos

mais

encontra-se

utili zados sobretu do

e na

po líti ca, at ravés da or ganização de grandes concentrações de massas; as marchas, as músicas, as coreograf ias e as luzes apelam ao sent iment o coleti vo de perten ça e obscurecem o uso da int eligência individual.

Consoante a sua área de atuação e respetiva intenção, poderemos falar de diferentes tipos de manipulação: Em razão do sujeito manipulador: manipulação individual ou insti t ucionalizada, conforme se trate de um indivíduo ou de uma instituição (sociedade, cultura, grupo social, nação, partido, associação) que procura manipular a liberdade dos demais; - Em razão do sujeito manipulado : manipulação pessoal, social ou ambiental, conforme se procure controlar a liberdade da pessoa, do grupo social, ou do meio ambiente em que se vive; - Em razão do modo como se realiza: manipulação mediata ou imediata, consciente ou inconsciente, vulgar ou científica (manipulação genética, por exemplo); - Em razão dos meios empregues para a manipulação: manipulação somática, psicológica, social ou cultural, conforme os condicionamentos que podem ter influência sobre a liberdade a partir do corpo (medicamentos, operações, transplantes, drogas, etc.), a partir do espírito (métodos psicológicos) ou do meio sociocultural (educação, meios de comunicação social, grupo, família, ideologia, utopias, etc.). Adaptado de http://eumatil.vilabal.uol.com .br/monipulacaa.htm

5. Indica alguns dos tipos de manipulação tendo em conta: a) o sujeito manipulador; b) o suje ito manipulado; c) os meios empregados.


Libertar-se da manipulação A pessoa não pode ser usada como um objeto. Pode manipular-se o te lemóvel, a bola ou a esferográfica, mas não se pode usar as pessoas. Tratar as pessoas como objetos para atingir determinados fins, através de técnicas man ipulatórias, significa diminuí-Ias na sua dignidade. Sem tomar a liberdade

consciência

individua l

disso,

pode

ser

manipulada, se a pessoa não se precaver.

O antídoto

para

este

ma l é o olh ar crític o às mensagens veiculadas. Duvidar da veracidade do que é transmitido pela publ icidade só pode ser um sinal de int eligência!

6. Atividade de grupo. Escolhe um anúncio pub licitário e faz a sua análise crítica. Menciona os mecanismos usados para exercer influência sobre a vontade com vista à aquisição do produto.

Desde que existem imagens, elas são manipuladas. Atualmente esse trabalho é facilitado com o surgimento de software especial. As máquinas fotográficas também se desenvolveram e hoje oferecem recursos nunca imaginados antes. Uma favela dos subúrbios de S. Paulo (Brasil) pode ser facilmente ocultada. A foto manipulada mostra apenas os bairros da cidade onde não se revelam os sinais de pobreza extrema. O enquadramento da imagem pode modificar radicalmente a mensagem. Só a imagem completa, não manipulada, se aproxima da verdade, pondo em evidência os contrastes sociais. Adaptado de Christian Raaflaub, in http://www.swissinfo.ch/por


Todos estamos sujeitos a um duplo condicionamento : externo (proven iente do ambiente e do grupo, que impõe determinadas condições e coações, regras e possibilidades) e interno (proveniente das opções livres que cada um faz, das relações com as pessoas de quem se depende de algum modo, do próprio carácter, etc.). Os condicionamentos externos são devidos a muitos fatores: 1. De tipo económico - para satisfazer certas necessidades são necessários recursos: podem -se ter poucos ou muitos; 2. De tipo materi al - toda a pessoa tem necessidade de coisas concretas para viver: uma casa, um emprego, assistência social...; 3. De tipo social - nasce-se e cresce-se num contexto que tem as suas regras, hábitos, tradições, que podem ser limitativos da liberdade de escolha, de ação, de educação; 4. De tipo publicitári o - muitas maneiras de viver são influenciadas pelos mass media, pela informação, pela publicidade massificante. Os condicionamentos internos estão ligados, pelo contrário, à hereditariedade, ao tipo de evolução psicológica, afetiva, espiritua l e física de cada um; e ao grau de liberdade de decisão alcançado nas diversas fases da idade [...]. Adaptado de Luciano Cian, Nascidos para Voar

~~RE:.Nb\

que estamos expostos constantemente a varias tipos de influências, pelo que devo redobrar a minha atenção para não ser vítima de manipulações que não desejo e alertar os meus amigos para se manterem livres.


A liberdade já não passa por aqui , Luiz Morgadinho (pintor contemporâneo)

Quando a liberdade se autodestrói Quando pensamos na palavra liberdade, a primeira ideia que nos ocorre é «fazer o que nos apetece» . Se entendermos a liberdade desta maneira, ficamos enredados em problemas! A liberdade converte-se, assim, em libertin agem e

capricho. Pelo contrário, a liberdade está orientada para o bem , o qual nem sempre coincide com o que nos apetece fazer. Quando caímos nas malhas do capricho, percorremos um caminho que, mais cedo ou mais tarde, levará ao insucesso, ao fracasso e à desilusão. Várias vezes usamos o argumento de que somos livres, de que ninguém nos pode dizer o que devemos fazer, para justificar a nossa apatia e desinteresse pelo trabalho e pelo estudo. Mas apatia e desinteresse são exatamente o contrário de liberdade criadora! São muitas as pessoas que, diariamente, violam a liberdade dos outros, escravizando-os ou instrumentalizando-os. Algumas identificam a liberdade com independência em relação a qualquer responsabilidade e obrigação (social, familiar ou escolar) ou até mesmo em relação a critérios e valores éticos.

Seremos tanto mais livres quanto mais nos libertarmos de t udo o que nos impede de sermos autenticamente humanos. Isto implica uma aprendizagem contínua e progressiva.


-

Dependências . que escravizam a pessoa 1. o tabaco Um em cada dois fumadores, que inicie o consumo na adol escência e fum e ao longo da vida, morre devido a uma doença provocada pelo tabaco . A exposição ao fumo amb ienta l do tabaco está associada a um aumento do risco de cancro do pulmão, de doenças cardiovasculares e respiratórias nos não fumadores expostos. O consumo de tabaco na infância e na adolescência tem consequências im ediatas. É lesivo para a mat uração e função pulmonares e dim inui o rendimento físico. 2. O álcool O álcool aumenta, de forma di ret ament e pro porcion al, o risco de acidentes e de problemas sociais. O álcool pertu rba a aptidão do condutor pelas alte rações que causa a nível de atitudes , comportamentos, reflexos, atenção, raciocínio, capacidade de recolha de informação e velocidade no t rat ament o da mesma. Estas alterações traduzem -se muitas vezes em atitudes erradas e perigosas, na euforia da velocidade, nas manobras perigosas de que são exemplo as ultrapassagens mal calculadas. As repercussões familiares e sociais são altamente importantes: conflituosidade familiar; perturbações laborais (baixas frequentes, faltas, conflitos, diminuição de rendimento, sinistralidade...); complicações sociais e problemas com a justiça. A família do doente alcoólico é uma família doente, emocional e afetivamente. A rutura na comunicação surge rapidamente . São também muito frequentes os divórcios e a vio lência doméstica. Em geral, os efeitos do álcool são extremamente negativos : mudanças bruscas de comportamento (irritabilidade, explosividade, desinteresse, etc.); menor aptidão para o desempenho da atividade profissional; desmotivação para o trabalho; fadiga mais frequente; negligência na higiene pessoal e no vestuário; esperançade vida diminuída com uma morte prematura. Adaptado de Daniel Sampaio et ai, Consumo de Substâncias Psicoativase Prevenção em Meio Escolar

Fumar mata

.J


Há sempre novas formasde dependência. Hoje, podemos referir a playstation ou certos programas te levisivos ou, mais grave ainda, as bebidas alcoó licas ou os narcóticos. Sob os efe itos de lira ntes dos estupefacientes ou do álcoo l, faz-se aqu ilo qu e normalm ent e não se far ia. Na realidade , a sensação de libert ação que se sente é um a ilusão, poi s a insatisfação perm anece ou aumenta logo que passa o seu efei to. Não só se volt a ao estado ant erior com o qual não se aprende u a conviver, como a pessoa se af unda cada vez mais nu m vício que a sequestra e apris iona. Também não é raro que as pessoas se deixem escravizar pelas coisas, pelo s objetos que ju lgavam trazer- lhes liberdade. É o caso de mu itos jovens que pensam encont rar a sua libertação na moda, na busca permanente da última versão de um jogo, do último computador, mas o que realmente encontram é a frustração. Acabam por descobrir, afina l, que essa liberdade não passa de uma miragem e rapidament e se t ransforma em escravidão. Deixam de ser eles a comandar as suas atitudes e opções e passam a ser as coisas a or ientar as suas decisões! Quando ta l acontece , as coisas deixam de existir em função das pessoas; são as pessoas que passam a existir em função das coisas!

f Wf0\$0 ($Tf\R AlJRTA ( NAo b(\Xf\R QU( OU$O bA NO$$A L\17(RbAb( $( \JOLTr VONTRA (LA ~RÓ~R\A. A Ll17(RbAb( f UM hRANb( bOM) MA$ rob( AUTOb($TRUIR-$() $( NAo ($T\\J(RMO$ ATrNTO$ ( \J\hILANTr$.

Partindo de estudos e análises comportamentais, pode concluir-se que existem várias tipologias de dependência ligadas a diversos fatores: 1. Os dependentes do SMS - têm necessidade contínua de enviar e receber mensagens de texto; 2. Osdependentes do novo modelo - sãoaqueles que compram continuamente novos modelos de telemóvel; 3. Os «exibicionistas» do telemóvel - dão grande importância à cor e ao design, para além do preço. Andam sempre com o telemóvel na mão, mostrando aos outros as funções do seu aparelho ; 4. Os «game plavers» - transformam o telemóvel numa consola. Jogam muito, com muita frequência e têm dificuldade em abandonar o jogo antes de alcançarem um novo recorde; s. Os afetados pelo Síndrome do Telemóvel Ligado (STL) têm um verdadeiro horror do telemóvel descarregado ou desligado. Uma pessoa que sofra de dependência do telemóvel e, por isso, alimente uma necessidade forçada de comunicação contínua, deveria diminuir gradualmente o seu uso: inicialmente poderia começar por tê-lo desligado durante algumas horas por dia, depois iria aumentando o número de horas, até poder controlar a sua ansiedade da espera. Adaptado de César Guerreschi, As Novas Depend ências


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Há jovens que, na ânsia de serem livres, se lançam numa desenfreada procura de toda a espécie de prazeres, porque, dizem, «só assim se sentem felizes». A verdade é que confundem felicidade com o simples prazer. Sem menosprezar o valor do prazer na vida humana, é essencial distinguir felicidade e prazer. Este corresponde a estados passageiros de bem-estar que rapidamente desaparecem e, se aliados a comportamentos de risco, podem conduzir a pessoa a um abismo sem retorno. A felicidade, pelo contrário, é um estado mais permanente e não se circunscreve ao imediato. Experimentamos felicidade quando nos sacrificamos por alguém que amamos e há um "prazer" nessa experiência. No momento em que ficamos reféns do simples prazer, somos menos livres e, por consequência, menos felizes . A questão é saber se o que dirige o nosso comportamento livre é a busca do prazer imediato ou algo mais duradouro e consistente.


o grave problema social do tráfico de droga Todos os dias nos chegam notícias de pessoas apanhadas no tráfico de droga, colocando em risco a sua própria saúde e as relações constru ídas com as pessoas

à sua vo lt a - fam iliares e amigos.

o tráfico de drogas começou a expandir-se a partir da década de 1970, tendo-se desenvolvido devido à crise económica mundial. O narcotráfico acontece à escala global, desde o cultivo, em vários países, de vários tipos de droga até ao seu consumo, um pouco por todo o mundo. O valor da droga, no mercado negro, atinge preços altíssimos. O tráfico surge da ilegalidade das drogas e a mesma ilegalidade acarreta importantes consequências sociais: crime, violência, corrupção, marginalidade, ~::::;::===~_--- além de taxas maiores de intoxicação por produtos químicos adulterantes. Adaptado de http://pt.wikipedia.org/wikijNarcotr%C3%Alfico

A produção e o tráfico de droga s são atos profundamente desumanos, escandalosos e imorais. O tráfico de drogas atenta contra o bem dos outros (vai con tribuir para destruir a vida e a dignidade de muitas pessoas) e cont ra o próprio bem (constrói a sua vida à custa do mal dos outros e isso não o pode deixar ser feliz) . A vontade (ou a necessidade) de organizar a vida económica não pode ser a qualquer preço. O tráfico e a venda de drogas ofende a vida e a dignidade daqueles que (por tantas razões) a vão consumir. A "liberdade" de vende r não respeita a responsabilidade que todos devemos te r por to-

.'

dos. Há um explorar e um aproveitamento da fraqueza, vício e instabilidade dos outros e, por isso, é uma ação imoral e, aos olhos de um crente verda -

(

deiro, é pecado porque não respeita o outro, que

é imagem e semelhança de Deus.


Não podemos ignorar que, nas cidades, facilmente se desenvolve o tráfico de drogas e de pessoas, o abuso e a exploração de menores, o abandono de idosos e doentes, várias formas de corrupção e crime . Ao mesmo tempo, o que poderia ser um precioso espaço de encontro e solidariedade, transfor ma-se mui t as vezes num lugar de desconfi ança mútua. As casas e os bairros constroem-se mais para isolar e proteger do que para uni r e int egrar. A proclamação do Evangelho será uma base para restabelecer a dignidade da vida humana nestes contextos, porque Jesus quer derra mar nas cidades vida em abundância (d. Jo 10,10) . Papa Francisco, Evangelii Gaudium, 75

Há ta ntas situações no Brasil e no mundo que reclamam atenção, cuidado, amor, como a luta contra a dependência química. Frequentemente, porém, nas nossas sociedades, o que prevalece é o egoísmo. São tantos os "mercadores de morte" que seguem a lógica do poder e do dinheiro a todo o custo! A chaga do tráfico de drogas, que favorece a violência e que semeia a dor e a morte, exige da inteira sociedade um ato de coragem. Não é deixando livre o uso das drogas que se conseguirá reduzir a difusão e a influência da dependência química. É necessário enfrentar os problemas que estão na raiz do uso das drogas, promovendo uma maior justiça, educando os jovens para os valores que constroem a vida comum , acompanhando quem está em dificuldade e dando esperança no futuro. Precisamos todos de olhar o outro com os olhos de amor de Cristo, aprender a abraçar quem passa necessidade, para expressar solidariedade, afeto e amor. Papa Francisco - Rio de Janeiro, 24 de julho de 2013

7. Procura uma notícia que relate casos de dependência e resume o seu conteúdo. 8. Propõe atitudes, comportamentos e formas alternativas de vida que afastem os jovens das dependências, com vista ao exercício pleno da sua liberdade.

A minha liberdade manifesta-se no bem que provoco no outro. Se o meu gesto, as minhas escolhas causam no outro injustiça, violência, dependência, vida infeliz ... então não sou livre, não vivo em liberdade. A minha liberdade devo confrontá-Ia, na minha consciência, com a responsabilidade e a verdade. Se o que quero fazer, ou faço, não faz bem ao outro, não é liberdade.

o agir segundo valores fundamentados A palavra «consciência» é empregue numa relação direta com o sujeito implicado, reforçando a ideia de que este dec ide e atua segundo um determinado grau de conhecimento.

lens consciência do que esh:ís o. ro.zey?

~nsei e, em consciência, decidi não daI' imp'oY~âncio. o. esses 'boo.~os.


Duas amigas de longa data conheceram um rapaz e com ele desenvolveram uma grande amizade. Com o passar do tempo, uma delas inicia namoro com ele. O amor pairava no ar e, cegos pela força da paixão, faltaram a várias aulas para estarem juntos sem se preocuparem com as consequências do seu comportamento: as aprendizagens não realizadas, as avaliações negativas, o futuro profissional comprometido, a tristeza dos pais... Também a amiga destes "românticos namorados" desejava faltar às aulas para ir ter com o seu namorado, mas, consciente das consequências das faltas injustificadas, não o fez. Afinal, a sua vida futura estava em boa parte dependente dos resultados obtidos na escola. A situa ção do par de namorados agravou-se de tal maneira que a amiga, numa conversa pr ivada, t omou a iniciativ a de os chamar à razã o. Perguntou-lhes: Têm

consciência do que estão a fazer?

A pergunta Tens consciência do que estás a fazer? remete para a noção de responsabilidade. Se a pessoa é, de facto, liv re t orna-se responsável pelos seus at os. Est a respons abilidade é assum ida pela consci ênci a moral tan to do indivíduo como do grupo social em que se está inserido e com o qual se partilham os mesmo s valores.

Somos pessoas morais, isto é, seres livres, capazes de distinguir o bem do mal e de agir em função dessa capacidade. Somos responsáveispelas nossasdecisões e pelos nossos comportamentos e atitudes, bem como pelas suas consequências.

Aopção religiosa da pessoa implica a vida segundo princípios e valores. O respeit o por cada ser humano é fundamental. Permitir que a vida seja aprisionada e destruída é ir contra a vontade de Deus que quer a felicidade de todos. O cam inho que tri lhamos não nos diz respeito apenas a nós; tem repercussão sobre a fel icidade dos outros que connosco convivem . Somos responsáveis por nós próprios, mas também pelos outros. Est a consciência deve ser motivo de reflexão quando decidimos atuar de det erminad a maneira. Há pessoas que encontram na fé e na religi ão um sentido para a vida e pautam a sua existência pela prática do bem . A religião t em a vi rtude de levar as pessoas a pautar as suas opçõe s de vid a por princípios e valores em favor dos outros. A vivência desses valo res espelha -se no olhar, atenç ão e ação que cada uma dessas pessoas exerce no relacionament o diário com os outros. Olhando com atenção, verificamos a fe licidade que sentem e a paz que t ransmitem aos outros. São testemunhos de vidas com sentido.

~PP-E..Nb\

que a liberdade, apesar do enorme poder que acarreta, é algo frágil e que, por isso, deve ser sempre conjugada com valores fundamentados.


,

.•

/

Ressurreição de Jesus , Centro Aletti [Catedral de S. Sebastião, Bratislava , Eslováquia)

o Deus dos cristãos

é um Deus libertador A palavra 'páscoa' (do hebraico, pessach) significa «passagem ». Para os

judeus, a Páscoa é a festa que celebra a passagem da escravidão a que estavam suje itos no Egito à liberdade conqu istada, atra vés da presença de Deus e da atuação de Mo isés. Para os cristãos é a celebração do sofrimento, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Do ponto de vista pessoal, é a passagem efetuada por cada crente rumo a uma vida em liberdade, a uma vida sempre nova. Qualquer que seja o seu significado, 'Páscoa' implica sempre a noção de liberdade. Liberdade negada, na escravidão sociop olítica dos judeus sob o jugo dos egípcios e na morte de Jesus; liberdade afirmada e reconquistada, no êxodo dos israelit as em direção à Terra Prometida, uma terra de sonho (conde corre leite e mel», ou seja, onde há todos os bens em abundâ ncia) e na ressur reição de Jesus pela ação de Deus, que é mais forte do que a morte.

o

Deus bíblico qu er a liberdade e a

vida e recusa a escravidão e a morte. Ele é o Deus da vida e da liberdade e fo i para a vida e para a liberdade que criou o ser humano.

A Páscoa cristã celebra-se sempre no primeiro domingo depois do plenilún io (lua cheia) que ocorrer imediatamente a seguir ao equinócio da primavera (21 de março). Nunca é antes de 22 de março nem depois de 25 de abril.


Moisés e a libertação do Egito, a Páscoa judaica ,sabemos que, pOY volta do ano 12.50 se. os hebyeus conse:;u;Yam sa;Y do f:;;to. Quey cont a y- nos concyetamente o que se passou?

t'Je ssa a/tuy~ ~á os des cendentes de ~s~ael viv iam no, f~io ha.via quatYo séculos. ~as, n~s u/tlmos te mpos , eYam opy,.mldos pe los e:J'pclos. FOI .e ntõo que Deus ,nteyvelo a favoY do seu povo conf,ando-me a m,ssõo de o l,beYtay do f:;'/-o.

f como é que peycebeu que Deus lhe confiou essa missõo?

t'Jõo fo i na da fácil... fu nun ca tinha ouvido a vo z de Deus e confesso que an dei uns te mpos comp letamente bayalhado sem compyeendey o que se e stava a passaI': Mas pouco a pouco fui inteYpyetando a s co isas que aconteciam e, a ceYta a/tuYa, toynou-se absolutamente claYo que Deus contava comi:;o paYa libeYtay Isyael.

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-

Con~e-nos en ~ão como acon~eceu esse pYoces s o ele libeY~ação.

Fui ~eY com o Pa yaó e peeli- Ihe que ele ixas se iI' em libe yelaele os meu s iYmãos hebyeu s . Ma s e le, não só não a~eneleu ao meu peelielo, como ainela ob yi30U o po vo a ~YabalhaY ma is. Depo is, sUY3 iyam uma sé Yie ele ca~ás~YoPes na~uYais no E Jo, 3 nas quais ~o;jos yecon heceyam a Po yça ele Deus a a~uaY paYa ob yi3 a yo Payaó a eleixay o povo ele Isyael iI' e m libe yelaele. Em consequência elisso, o Payaó eleu-nos aU~oYização paYa saiYmos; ma s , locro a s e3 uiy, ayyepeneleu- se. E nó s ~ivemos ele PU:iy. a e xéyc,ro e3;pcio peyse3uiu-nos paYa nos impe eliy ele sa,Ymos elaque la ~eYYa on ele éYamos opyimielos. Deus Pez com que conse3u;ssemos a~YavessaY o Mal' Veymelho a pé enxu~o e os e3;pcios já não pueleyam alcançay-nos. Es ~e acon~ecimen~o ( a passa3em ela escravid ão à libe yelaele ) Poi ele ~al Poyma maYcan~e na viela co leh'va que passou a s e v celebyaelo anualmen~e, como memoyial ela pYesença libeY~aeloYa ele Deus .

Em qu e é que es~e even~o Poiespecial?

Foi nes~e con ~ex ~o que SUY3 iu a A liança: Deus escolheu- nos pa Ya sevmos sinal no meio ele ~oelos os povos, ela s ua Poyça libeY~aelo Ya. Es~abeleceu connosco um pac~o: e le acompanhay-nos-ia cons~an~emen~e,com a s ua pYesença pYo~e~oYa, e nós ~eY;amos ele cumpYiY a s ua von~aele, expYessa nos Dez Manelamen~os. Desele en~ão, ~oelos os anos, no elia JS elo mês ele nissan, comemoYamos a Páscoa, yecoyelanelo as mayavilhas que Deus Pez e m nosso Pavoy.

0 im. anele quey que es~ejamos, Pazemos s e mpye o sê ele y. a s ê ele y é um jan~aY cheio ele yJuais onele são nayyaelos ~oelo s os acon~ecimen~os elo êx oelo e ela insh~uição ela Páscoa; yecJamo s a bênção, can~amos salmos, comemos pão ázimo (sem PeYmen~o) e evvas amaYjas, en~Ye ou~Yas i3uayias, e ~eYm ina m os com a Pyase: 'No pYóx imo ano em J e yus alé n] como aPiYmação ela no ssa conPiança na veelenção Pinal elo povo jueleu.

9. Quando é que os judeus celebram a festa da Páscoa? 10. Que aconteceu no Egit o imed iatamente antes do faraó dar autorização para o povo de Israel sair do país? 11 .Em que consiste o

sêder?


Jesus Cristo e a Páscoa cristã Reportagem do enviado especial de «Quero Descobrir!»

Que pretende Jesus, ex-carpinteiro de Nazaré? á algum tempo que Israel se agitava por causa deste homem de cerca de 30 anos que havia deixado a sua carpintaria para se tornar pregador itinerante. Dizia anunciar uma boa-nova que vinha de Deus. A sua fama cresceu ainda mais quando começou a realizar fenómenos extraordinários.

H

presença de Pôncio Pilatos, o governador romano, pois só ele podia legalmente ditar uma sentença de morte. No tribunal romano, acusaram-no de instigar o povo à rebelião contra o imperador: dizia ser o rei dos judeus! O governador não acreditou que a acusação fosse verdadeira, mas, perante a insistência dos chefes dos judeus, acabou por ceder. Afinal, Jesus não tinha qualquer importância para o poderoso representante do imperador romano.

o

grupo dos que o seguiam aumentava de dia para dia. De entre eles escolheu doze, a quem chamou apóstolo s. Verifiquei que seguiam Jesus para onde quer que fosse, ouviam a sua pregação , tinham reuniões especiais com ele e rezavam em conjunto .

,

Ultimos dias de um condenado - Jesus omo todos os anos, também neste Jesus celebrou a Páscoa da libertação com os seus discípulos. Durante a ceia pascal, pegou no pão, abençoou-o, partiu-o e deu-o a comer aos presentes, dizendo que aquele pão era o seu corpo que ia ser entregue à morte; depois, pegou no cálice e abençoou-o, dizendo que aquele vinho era o seu sangue que havia de ser derramado para libertação da humanidade .

C

Última Ceia, Jaume Huguet (1412-1492)

Depois da refeição, dirigiu-se para o Jardim das Oliveiras onde foi preso por indicação de Judas, um dos doze. Perante o tribunal judaico , procuraram incriminá-lo, acusando-o de coisas inimagináveis. Acabaram por condená-lo sob a acusação de ele se ter feito passar por filho de Deus. Na manhã seguinte levaram-no à

Calvário , Josefa de Obid os (1630 -1684) [Santa Casa da Misericórdia, Peniche]

Depois de ter sido flagelado , Jesus foi crucific ado - a pior das condenações à morte - numa colin a em frente da cidade de Jerusalém. O seu corpo foi depositado num túmulo esca vado numa rocha . Era sexta-feira. Passado o sábado - dia de descan so rigoroso para os judeus - , no domingo logo de manhãzinha, alguns discípulos foram ao sepulcro e encontraram-no vazio . Ficaram surpreendidos. Mas , seg undo os seus relatos , Jesu s apareceu-lhes inesp eradamente. Afinal , Jesus tinha vencido a mort e e estava vivo.


A comunidade cristã epois de uma certa acalmia, quando parecia que o movim ento religioso iniciado por Jesus tinha mor rido , eis que, durante a festa do Pent ecostes, assistimo s à pregação de alguns apóstolo s do grupo dos doze, sobretudo de Pedro. Estes homens, que haviam abandonado Jesus , e, cheios de medo , se tinham refugiado em lugar desconhecido, estavam agora a anunciar desassombradamente a sua ressurreição, desafiando a morte! Muitos homens e mulheres aderiram à sua fé e aceitaram ser batizados. Da sua mensagem, salientamos dois aspetos:

D

- Jesus continua a manter uma amizade misteriosa, direta e pessoal com cada um dos que acred itam nele ; - Jesus está presente na comunidade dos crentes, que forma um povo sem fronteiras, ao qual chamam Igreja. A Ressurreição de Cristo , Peter Paul Rubens (1577-1640) [Catedr al de Antu érpia, Bélgica]

Páscoa judaica Libertação do povo judeu da escravidão do Egit o, no século XIII a.c.

Mort e e Ressurreição de Jesus, em Jeru salém, po r vol t a do ano 30.

Com o sêder - uma refeição ritua l em que se narram os acontecimentos do Êxodo e se come pão ázimo e ervas amargas.

Com o tríduo pascal conjunto de celebrações que decorrem entre quinta-feira santa e o domingo de Páscoa e que record am os acontecimentos da vida de Crist o desde a Última Ceia com os apóstolos até à sua ressurreição.

Quando se comemora

No dia 15 do mês de nissan do calendário judaico (no início da primavera).

No primeiro domingo a seguir à lua cheia, depois do equinócio da primave ra.

Signific ado religioso

Passagem da escravidão à liberdade.

Passagem da mo rt e à vida em pleni tud e.

Acontecimento que lhe deu origem

Como se comemora hoje

~?RE:.Nb\ que a Páscoa é a festa da liberdade/libertação e projeta o cristão para a felicidade e para a esperança.

12. Elabo ra um postal de Páscoa para ofereceres aos teus pais, familiares ou amigos, onde constem elementos importantes da mensagem da Páscoa cristã.


o Regresso do Filho Pródigo, John Byam Liston Shaw (1872- 1919)

Parábola do pai misericordioso "Disse ainda : «Um homem tinha dois filhos. 120 mais' novo disse ao pai: 'Pai, dá-me a parte dos bens que me corresponde.' E o pai repartiu os bens entre os do is. 13poucos dias depois, o.fi lho mais novo, juntando tudo, partiu para uma terra longínqua e por lá esbanjou tudo quanto possuía, numa vida desregrada. 14Depois de gastar tudo, houve grande fome nesse país ~ ele começou a passar privações. 15Então, foi colocar-se ao serviço de um dos habitantes daquela terra, o qual o man

u para os seus campos guardar porcos. 16Bem desejava ele encher o estômago

com as alfarrobas que os ptJrcos com iam, mas ninguém lhas dava. 17E, caindo em si, disse: 'Quantos jornaleiros de meu pai têm pão em abundância, e eu aqui a morrer de fome! "Levantar-me-ei, ire i ter com meu pai e vo,u dizer-lhe: Pai, pequei contra o Céu e contra ti; 19já não sou digno de ser chamado teu fi lho; trata-me como um dos teus jornaleiros.' 2°E, levantando-se, foi ter com o paLQuando

aind~ estava longe, o

pai viu-o e, enchendo-se de compaixão, correu a lançar-se-Ihe ao pescoço e cobriu-o de beijos. 21 0 fi lho disse-lhe: 'Pai, pequei 'cont ra o Céu e contra ti ; já não mereço ser chamado teu filho .' 22Mas o pai disse aos seus servos: 'Trazei depressa a melhor túnica e vesti-lha; dai-lhe um anel para o dedo e sandálias para os pés. 23Trazei o vitelo gordo e mata i-o; va m o~ fazer um banquete e alegrar-nos, 24porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi encontrado.' E a festa principiou.

Lc 15,11 -24


Nesta parábo la há alguns aspetos que exigem con hecimento da cultura judaica da época para se poderem interpretar corretamente:

- ATERRA DI5TANTE para. onde foi o filho mais novo: para. um judeu agarrado às tradições religiosas. as regiões fora. da. Palestina., ~ndo -espa.ço onde se pra.tica.VOJll reli giões pagãs. em território identificado com o p-ecado -e o moJ. - GUARDAR PORCOS não em profissão qu-e um judeu quis-es~ ter: para. a. culivra. judaica. o porco 'é um animoJ impuro. logo não pode fazer parte da. sua. emento, por -essa. razão. guardar porcos só pode ser uma. grande humilha.ção. - APOSTURADO PAI : oo a.vistar o filho qu-e regressa.va., o pai corre a.o ~u -encontro, esre comportamentv não em a.c-eitó.v-el para. um pai judeu; correr 'é indigno de um hom-em maduro. A paráb ola do pai misericord ioso, vu lgarmente conhecida por parábol a do fi lho pród igo, tem como tema central a bondade e o amor de Deus que se estende a todos e que respeita a liberdade humana.

Parábola - recurso literário muito uti lizado por Jesus. É uma narrativ a fictícia que recorre a elementos da vida quotid iana para representar a relação de Deus com as pessoas ou das pessoas entre si. O seu objetivo é a transmissão de uma mensagem religiosa ou éti ca, com vist a a uma alteração dos compor tamen tos.

No te mpo de Jesus, os líderes religiosos afir mavam que Deus amava as pessoas, mas não de igual mo do . Ensinavam que ele preferia os que colocavam em prática a sua vontade, expressa na Lei de Moisés. Contra esta menta lidade, Jesus identi fi ca Deus com o Pai da parábo la: um Deus escandaloso para os que se consideram justos e irrepreensíveis, mas fascinante e amoroso para os que têm consciência das suas fragi lidades . A parábola apresenta-nos três personagens: o pai, o

filho maisnovo e o filho maisvelho. O pai é a figura centra l que conjuga o respeito pelas decisões e pela liberdade dos fi lhos com um amor gratuito e sem limites. Est e pai representa Deus, que ama incondicionalmente as pessoas, qualquer que seja a sua situação e o seu comportamento. Espera ansiosamente o regresso dos fi lhos perd idos mesmo que usem mal a sua liberdade, procurando a felicidade por caminhos errados. Este amor man ifesta -se na emoção com que corre ao encontro do filho que avista ao longe, com que o abraça e o beija, mesmo antes de saber se ele mudou a sua atitude de orgu lho e de aut ossufi ciência. Manifest a-se, tam bém, na festa oferecida em sua honra (reintegração na família ), bem como na oferta do fato , do anel (símbolo da autoridade) e das sandálias (calçado do homem livre) .

o Regresso do Fílho Pródígo Rembrandt (1606 -1660) [Hermitag ej


Cada um a das personagens entende a

liberdade a seu modo. O fi lho ma is ve lho considera que a liberdade consiste na de cisão, quotid iana me nte ren ovada , de estar ao ser viço do Pai. M as, ao exercer o seu juízo imp lacáve l sobre os outro s, não respe ita a li berdade alhe ia e não aceita que o Pai o faça. O fi lho ma is no vo começa por ente nder a lib erdade como li bertin agem : «faço apenas o que me apetece, o que me dá im edi at am ent e praze r, sigo o capricho da m inha von t ade superfi cia l». Todavia, quando toca o fu nd o da misé ria human a, percebe qu e só se é liv re j unt o do Pai (Deus) e com os ou t ro s (o irmão mai s velh o), ape sar de não se sentir digno de assumir a posição de fi lho e irmão. O Pai representa o respeit o pel a liberdade alheia: não exerce

sobre

nenhum dos filhos uma autoridade implacável. Mesmo quando observa o caminho que o fi lho ma is novo percorre, respeita a sua decisão, por ma is que essa atitude o deixe amargurado . Co ncebe a liberdade como o exercício do . amor, do acolhimento e do perdão sem reservas. 13. Que razão leva o filho mais novo a sair da casa do seu pai?

14. Identifica as atitudes do pai em relação ao filho mais novo, nos vários momentos da narrativa. 15. Especifica as conceções de liberdade que o filho mais novo assumiu ao longo da narrativa. 16. Com qual dos filhos te identificas? 17. Atualiza a parábola no contexto social atual.

Levo-te pela mão, meu filho triste, e assim havemos de abrir um sulco perfeito, no coração desta terra. No teu coração, há uma ferida sem fim, eu sei, e sei que encontrarás nos desertos do mundo, nas cidades do mundo, os sinais da tua mágoa . Agora, onde estou, é sempre tarde. Vejo-te a entrar na grande noite dos teus mares, e acendo, com a minha saudade, uma luz intensa sobre os recifes. Não penses que neste alto alpendre não velo o teu sono, enquanto espero por ti. José Agostinho Baptista (poeta contemporâneo), O Filho Pródigo


Deus· apelo a liberdade e a vida 2°Quando ére is escravos do pecado, éreis livres no que toca à justiça. 21Afi nal, que f rutos prod uzíeis entã o? Coisas de que agora vos envergonhais, porque o resultado disso era a morte. 22Mas agora, que estais libert os do pecado e vos tornastes servos de Deu s, pr oduzis frut os que levam à santificação, e o resultado é a vida eterna .

23É que o salário do pecado é a morte; ao passo que o dom gratu ito que vem de Deus é a vida eterna, em Cristo Jesus, Senhor no sso. Rom 6,20-23

o cristianismo propõe um caminho de liberdade plena quando afirma que Deus é garante de esperança e vida feliz. O cristão é capaz de fazer escolhas de bem em vez de optar pelo mal porque reconhece que em Jesus Cristo, dom gratuito de si mesmo, encontra o caminho da liberdade libertadora.

O homem atual está a caminho de um desenvolvimento mais pleno da personalidade e uma maior descoberta e afirmação dos próprios direitos . A Igreja sabe muito bem que só Deus pode responder às aspirações mais profundas do coração humano, que nunca plenamente se satisfaz com os alimentos terrestres. Com efeito, o homem sempre desejará saber, ao menos confusamente, qual é o significado da sua vida, da sua atividade e da sua morte. Só Deus, que criou o homem à sua imagem e o remiu, dá plena resposta a estas perguntas. Aquele que segue Cristo, o homem perfeito, torna -se mais homem . O Evangelho anuncia e proclama a liberdade dos filhos de Deus; rejeita toda a espécie de servidão, a qual tem a sua última origem no pecado; respeita escrupulosamen te a dignidade da consciência e a sua livre decisão; sem descanso recorda que todos os talentos humanos devem redundar em serviço de Deus e bem dos homens; e a todos recomenda , finalm ente, a caridade. Por isso, a Igreja, em virtude do Evangelho que lhe foi confiado, proclama os direitos do homem e reconhece e tem em grande apreço o dinamismo do nosso tempo, que por t oda a parte promove tais direitos. Cf Vaticano II, Gaudium et Spes, 41

~?RE.Nb\

que a mensagem cristã tem uma proposta de liberdade e que Deus respeita profundamente o ser humano, não interferindo na sua liberdade.


A dependência e liberdade na relação com os bens materiais 2S«Por isso vos digo: Não vos inquieteis quanto à vossa vida, com o que haveis de comer ou beber, nem quanto ao vosso corpo, com o que haveis de vestir. Porventura não é a vida mais do que o

-

.

alime nto, e o corpomais do que o vestido? 260lhai as aves do céu: . . não seme iam nem ceifam nem recolhem em celeiros; e o vosso Pai celeste alime nta-as. Não valeis vós mais do que elas? "Porq ue vos preocupa is com o vestuário? Olhaicorno crescem os lírios do campo: não t rabalham nem fi am! 29pois Eu vos dig~ Nem Salomão, em tod a a sua magnificência, se vestiu como qua lquer deles. 300ra, se Deus veste assim a e rva do campo, que hoj e exist e e amanhã será lan çada ao fogo, como não fará muito mais p,or vós, homens de pouc a fé? ~l N ã o vos preocupeis, dizendo: 'Que comeremos, que beberemos,

ou que vesti remos?'

32

0 ·vosso Pai celeste bem sabe que tendes

necessidade de t udo isso. .33Procurai primeiro. o Reino de Deus e a sua justiça, e t udo o mais se vos dará por acréscimo. 34Não vos preocupeis, portanto, com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã já terá as suas preocupações . Basta a cada dia o seu prob lema.»

Mt 6,75 -26 .28-34 t :

" Todo" o ser huma no procura ter uma boa vida, um bom emprego, um bom carro ... parece normal! Jesus neste seu "discurso" apela a que sejamos livres em relação aos bens materiais, ou seja, não devemos amarrar o nosso coração e a nossa vida às coisas materiais. A procura obsessiva de ter muito e cada vez mais, provoca angústia e ofusca-nos perante a alegr ia da vida. Se as aves e as flores do campo são "cu idadas" por Deus, então também a nós não nos faltará o necessário (com esforço próprio, com a ajuda dos out ros, com a presença amorosa de Deus). O consumismo e o culto do dinhe iro não traz felicidade porque tornam o ser humano como

máquinas, como

vendedores e consumidores e escravos das coisas.


Jesusapresenta aconfiança (que não é aliena nte ) de sermos amados por Deus; e no traba lho, na parti lha e na fratern idade saborearmos a vida (como os pássaros) e embe lezarmos os out ros (como os lírios). Este texto bíblico é, t ambém, um apelo à vivência da liberdade. Tenho bens, uso-os, mas não me deixo abusar por eles. Os bens que tenho, que a minha famí lia tem, estão ao serviço de t odos, não somos nós que estamos ao serviço deles.

\J\\JO EMFUNyÂO to Fr\0E.~OO~? É OGDMNT~bOR G-uE GDN1ROL ~ OS MEUS HORÁRiOS E ~S MINH~S ESGDLH~S?

G-UEROTER OÚLnMo MobELO b~ TE0NOLOhl~? sE NÂO On\JER \J\\JO ~NhUSTI~bO E ~ZfbO GDM ~ \J lb~? O apelo de Jesus vai no sentido de nos libertarmos das preocupações que conquistam o nosso coração. Quem vive para ser aplaud ido só pensa no que tem de fazer para agradar aos outros, independentemente da bondade das decisões que toma. Quem vive para a beleza compromete muitas vezes a saúde fazendo dietas desequilibradas e vive uma vida superficial. Ser escravo da beleza, do dinhe iro, do poder é não ser capaz de saborear o encontro com as outras pessoas, a solidariedade, o amor, a fratern idade. Libertos da prisão que as preocupações materiais

podem

consti t uir,

estaremos livres para viver o essencial da vida e procurar a

Felicidade.

23«Tudo é permitido» mas nem tudo é conveniente. «Tudo é permitido», mas nem tudo edifica. 24Ninguém procure o seu próprio interesse mas, o dos outros.

1 Cor 10,23-24


A or iginalidade da proposta de São Paulo consistiu em aliar à liberdade a responsabilidade. Todos os seres humanos prezam a liberdade, no entanto, para não diminuí-Ia ou até destruí-Ia, requer-se viver com responsab ilidade. Se é verdade que "a consciência é o sacrário das pessoas" (GS 16), o grand e desafio lançado a todo o ser humano é saber discernir qua is são os melhores caminhos a percorrer no dia a dia.

É assim que a pessoa se realiza e edifica o mun do à sua vo lt a. Nest a étic a cristã da viv ência da lib erdade é indispensável o discernime nto do que posso e do que devo, sem antagon ismos e sem frustrações.

o

preço da li berdade é a obrigação de escolher e, por isso, de assumi r

responsab ilidades reje itando toda a dom inação e falta de coerência com os valo res em que acred itamos. Valo rizando a liberdade São Pa ulo recomenda que se mantenha sempre a sabedoria perante as escolhas.

LI17E.Rb~bE.)

SIM!

RE.S~ONS~17\Llb~bE.) i~M17fM \ Este pod e ser o lem a de uma vida feli z e coerente. Somos diariamente esti m ulados por um conjunto de propost as que pare cem oferecer a chave da felicidade: «vive em função da tua mesada», «age no sentido de conseguires obter sempre mais êxito junto dos rapazes / / raparigas», «transforma a beleza física no centro da tua vida», «comporta-te de tal forma que consigas obter o maior número possível de aplausos» ... E estes ou outros valores semelhantes -

divulgados por meio de

técnicas nem sempre honestas -

tornam-se a grande

prioridade de muitas pessoas. Este estilo de vida parece resultar durante um tempo, mas o resultado é uma enorme frus tração: a beleza não existe para sempre, os aplau sos nem sempre são obtidos, mui tas vezes não há condições propícia s para se alcançar o êxito desejado . E mesmo que tudo isto fosse possível, a frustração não deixaria de bater à porta, porque a dependência em relação a estas realidades não dá trégua s: uma vez preso nas suas malha s, o ser humano quer sempre mais e mais, num movimento que não o pacifica consigo mesmo nem com os outros.

18. Comenta a frase de S. Paulo: «Tudo te é permitido, mas nem tudo te convém» .

~?RE.Nb\

que a mensagem cristã desafia o ser humano a pôr em primeiro lugar o que é realmente importante: cada pessoa e o seu bem-estar e felicidade.


••

Ésó na liberdade que o homem se pode converter ao bem. Os homens de hoje apreciam grandemente e procuram com ardor esta liberdade; e com t oda a razão. Muitas vezes, porém, fomentam-na dum modo condenável, como se ela consistisse na licença de fazer seja o que for, mesmo o mal, contanto que agrade. A liberdade verdadeira é um sinal privilegiado da imagem divina no homem . Exige, portanto, a dignidade do homem, que ele proceda segundo a própria consciência e por livre adesão, ou seja movido e induzido pessoalmente desde dentro e não levado por cegos impulsos interiores ou por mera coação externa. O homem atinge esta dignidade quando, libertando-se da escravidão das paixões, tende para o fim pela livre escolha do bem e procura a sério e com diligente iniciativa os meios convenientes. E cada um deve dar conta da própria vida segundo o bem ou o mal que tiver praticado. Cf. Concílio Vaticano II Gaudium et soes, 17


Ser livre e libertar

outro

Um dia, um prisioneiro foi posto em liberdade. Querendo pô-lo à prova, conduziram-no ao coração de um imenso deserto cheio de vales profundos e montan has inacessíveis. Apenas algumas fontes, difici lmente visíveis, ofereciam água refrescante . Nos limit es daque la paisagem inóspita, existia uma cidade onde dava alegria viver. Os guardas disseram, então, ao pri sioneiro : - És livre. Podes fazer o que quiseres - e ali o deixaram entregue a si mesmo. Algumas horas depois, um velho sábio nómada, que tinha atravessado muitas vezes aquele deserto, encontrou o pr isioneiro e disse-lhe: - Sabes que, se quiseressaborear a t ua liberdade, deves atravessar este deserto? Para lá do seu termo, hás de encontrar os te us irmãos. - E ofereceu-lhe uma bússola e um mapa onde estavam indicadas as fontes onde poderia beber e os obstácu los que teria de ultrapassar. - Na base da mon t anha vermelha poderás juntar-t e a um gr upo de pessoas que ta mbé m viajam para a cidade ond e se pode ser feliz. Boa viagem! declarou o velho sábio, retirando-se. Mas o prisi one iro pensou : "Agora sou livre. Acabou o tempo da opressão. Este nómada quer impor-me um caminho, mas eu não aceito ordens de ninguém!" E atirou fo ra a bússola e o mapa. Deambulando sem rumo pelas duna s do deserto, acabou por se perder sem nunca ter podido alcançar a cidade da alegria. Um ano depois, os guardas fizeram o mesmo com outro prisioneiro . Este encontrou o mesmo nómada e, grato pelo conselho, pela bússola e pelo mapa que lhe havia de orientar o itinerário, seguiu as indicações. Depois de t er percorrid o alguns dias de viagem, j unt ou-se ao grup o de pessoas que perseguia o mesmo fim . E com eles prosseguiu. A jornada foi longa e difícil, mas experimentou, no meio do calor sufocante, o conforto das fontes de água fresca. E, sobretudo, sentiu quão mais fácil é o caminho quando é feit o na companhia dos que partilham o mesmo destino . Finalmente, numa manhã de sol, temperada por uma brisa refrescante, a cidade desenhou-se no horizonte. Depois de um último dia de viagem, chegaram à cidade da alegria, onde puderam descansar do longo percurso e por fim fruir da felicidade que o encontro com os outros possibi lita. Adaptado de Pedrosa Ferreir a, Razões de viv er


Nem sempre é fácil acolher os conselhos dos outros, sobre tudo dos adultos. Vale a pena construirmos as nossas opiniões e tomarmos as nossas decisões, mas ouvir outros ajuda -nos a decidir melhor. Nem todos os conselhos que vêm dos outros devem ser rejeitados. E outras vezes és tu que tens de ajudar e aconselhar outros...

É fácil estabelecer a ordem de uma sociedade na submissão de cada um dos seus componentes a regras fixas. É fácil moldar um homem cego que tolere, sem protestar, um mestre. Mas é muito diferente fazê-lo reinar sobre si próprio. Mas o que é libertar? Se eu libertar, no deserto, um homem que não sente nada, que significa a sua liberdade? Não há liberdade a não ser a de «alguém» que vai para algum sítio. Libertar este homem seria mostrar-lhe que tem sede e traçar o caminho para um poço. Só então se lhe ofereceriam possibilidades que teriam significado. Libertar uma pedra nada significa se não existir gravidade. Porque a pedra, depois de liberta, não iria a parte nenhuma. Antoine de Saint-Exupéry, Piloto de Guerra

Cada um de nós tem pela frente, ao longo de toda a vida , um grande desafio: ser livre, mas também libertar os outros das várias opressões a que estão sujeitos . Somos livres na medida em que não nos deixamos escravizar por nada, sendo capazes de optar, com responsabilidade, por um projeto de vida dignificante e com sentido . Seremos tanto mais livres quanto mais procurarmos a liberdade para os outros.

h~P-E.Nb\

que ser livre não é fazer o que me apetece porque nem tudo o que eu quero é bom para mim .



'o:I.:.u;:;w.Io::o..... ••

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Olá! CJ,amo-me Baden-~we". Com cer+eza já ouvis~e Palay de mim, a~Yavés dos jovens escu~eiYos que conJ,eces. t'Jasci em Londyes em 1<65-7. DuYan~e a minJ,a peYmanência na escola CJ,aY~eyJ,ouse não levava os es~udos ~ão a sério como devia, mas eYa mui~o sociável e bom companJ,eiYo. fZlYticipava nos jo'Jos e a~ividades escolayes com a aleJ,Yia na~uYal da juven~ude e pYOCUYava diveyl-iy-me com os meus coleljas. Jo~rva Pu~ebol e eYa ~'Juayda-yedes da equipa da escola. Gos~ava mui~o de desenJ,ay e de YepYesen~ay. -\;;,1,0. uma vocação ina~a paya a música.

Quando comple~ei 19 anos e ~eYminei os es~udos Pui paya a índia CLlmpYiY o serviço. mMay. Dediquei-me, de alma e coyação, à caYYeiYa mili~aY poYque amava o con~ac~o peYmanen~e com a na~uYeza e com OU~YOS pa(ses e cul~uYas. Como não me Pal~ava coya3em, apyendi a identiPicay e se3uiY pis~as com o o~etivo de exployay novas si~uações. Quando ye'Jyessei a In'Jla~eYYa, dei-me con~a de que um livyo meu, escYi~o paya mili~aYes (ÃcJ,e3as à tXployação Mili~aY - AID<S la 0COUIING), es~ava a sev usado nas escolas masculinas. Compyeendi que es~a podia sey uma opoY~unidade única paya ajuday a juven~ude a crescer e en~ão abYacei esse desaPio . fs~udei os mé~odos usados em ~odas as ép~cas na educação de jovens e dei in(cio ao pY~e~o do escutismo.

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t'Jo VeYão de 1901 convidei ceyca de 20 yapazes paYa yealizay um acampamen~o que ~eve um êxi~o enoYme. Foi en~ão que comecei a escvevev pequenos Pasc(culos sobye o escu~ismo. A paYtiy des~as iniciativas, o pequeno movimen~o alaY3ou-se ao mundo in~eiYo. Em 1912 Piz uma via3em à vol~a do mundo con~ac~ando com os escu~eiYos de OU~YOS pa(ses, paya Pazey 40 escutismo uma PYa~eYnidade mundial. CaYOS am/jos, queyo Yepe~iY a30ya a mensa3em que ~YansmJi, vezes sem con~a, aos jovens escu~eiyos do meu ~empo:

O es~udo da na~uYeza moS~YaY-Vos-ti um mundo cheio de coisas belas e mayavilhosas. que Deus fez paYa as pessoas seYem felizes. -

A melhoY maneiya de seYmos felizes é PYopoycionaymos felicidade as ou~Yas pessoas. PYocuyem deixaY es~e mundo um pouco melhoY do que es~ava quando o encon~YaYam.


A humanidade é parte integrante de um imenso universo em evolução. O planeta onde vivemos é apenas um pequeno ponto neste grandioso cosmos; porém, é, segundo parece, o único sítio habitável. As palavras

HAt7\TAR e O(;U~AR

representam realidades distintas. Habitar um

espaço é assumi-lo como seu: um local onde a felicidade é possível e a permanência desejável. Por isso, é arranjado e decorado de acordo com as necessidades físicas, emotivas e estéticas das pessoas que o habitam. É o que fazemos nas nossas casas: pintamos as paredes, penduramos quadros ou fotografias de que gostamos. Pelo contrár io, ocupar um espaço é apenas tomar posse dele, torná-lo propriedade nossa; mas nada disso imp lica a identificação com o mesmo. O ser humano habita o planeta terra, sente-o como seu lugar de or igem, sítio onde nasceu e cresceu. É, de facto, a casa de toda a humanidade. Todavia, não são apenas as pessoas que habitam o planeta: o ar, a água, as plantas, os animais existem lado a lado com a humanidade. Todos eles estão interligados e dependem uns dos outros. Não poderíamos sobreviver por muito tempo com ar envenenado e água contaminada, ou sem animais e plantas. É no meio desta magnífica diversidade ambiental que formamos uma verdadeira comunidade, uma grande família, que vive e habita esta Aldeia Global. O bem -estar de toda a humanidade depende, em larga medida, da manutenção de um ambiente saudável, bem como da biodiversidade.

Proteger a beleza. a díversídade e a vitalidade da terra é um dever de todas as pessoas.

Ecossistema é o conjunto de todos os organismos que coexistem num espaço geográfico delimitado, bem como as relações e int erações entre si e o seu ambiente.


A beleza e diversidade naturais da terra surpreendem e prendem muitos olhares, cativam muitos ouvidos e desafiam pincéis e esferográficas a registar momentos e lugares. A natureza ensinou o ser humano a reconhecer, admirar e respeitar a beleza da vida na sua diversidade. Como resposta nascem artistas capazes de comunicar a natureza na sua pureza e simplicidade, seja pela música, literatura, pintura, fotografia ...

«As Quatro Estações», de António Vivaldi, uma das obras mais famosas da música erudita, foram publicadas em Amesterdão, em 1725. Vivaldi, padre, compositor, maestro e professor italiano (1678-1741), foi um ouvinte e apreciador da natureza, fonte de inspiração para a sua criação artística. «As Quatro Estações» são uma imagem musical que provoca em quem a ouve sensações de proximidade com aves, água, vento, trovões, chuva, brisa, insetos, etc. É uma espécie de sinfonia da natureza, retratando as mudanças de estação: primavera, verão, outono e inverno.


No meu prato que mistura de Natureza! As minhas irmãs as plantas , As companheiras das fontes, as santas A quem ninguém reza... E cortam-nas e vêm à nossa mesa E nos hotéis os hóspedes ruidosos, Que chegam com correias tendo mantas Pedem «Sa lada», descuidosos ...r Sem pensar que exigem à Terra-Mãe A sua f rescura e os seus fi lhos pr imeiros, As pr imeiras verdes palavras que ela tem, As primeiras coisas vivas e irisantes Que Noé viu Quando as águas desceram e o cimo dos mon tes Verde e alagado surgiu E no ar po r onde a po mba apareceu O arco-íris se esbateu ... Alberto Caeiro (het erónimo de Fernando Pessoa, 1988-1935), O Guardado r de Rebanh os

O Grito, pintado em 1893, é um a das obras mais import antes do movimento expressionista. Retrata uma figura humana contorcida e sem cabelo, manifestando um estado de profunda angústia, sofrimento e desespero existencial. O pano de fundo é a doca de Oslofjord (em Oslo) ao pôr do sol. O grito da personagem central introduz perturbação na paisagem de fundo que partilha com ela a mesma desconfigu ração. A paisagem comunga da angústia da personagem; toda a natureza sensível fica abalada e desfigurada com o gri to. Apenas a ponte e as duas personagens do canto esquerdo estão representadas em linhas direitas. Alguns crítico s sustent am qu e Munch pôs neste quadro o desespero das pessoas de uma ilha onde teria ocorrido um tsunami (representado pelo rio) e uma erupção vulc ânica (representada pelo céu cor de laranja) .

1. Faz uma pesquisa de obras de arte sobre a natureza e regista os resultados segundo os seguintes tópicos : nome da obra; autor; data da execução; elemento(s) naturais presentes; observações pessoais.


A mensagem bíblica apresenta-nos Deus como criador. A terra com t odos os seus elementos vitais, o mar com todo o seu dinamismo e o céu com todos os seus fenómenos são obra da vontade criadora de Deus. De forma mui to especial, Deus cria o ser humano à sua imagem e semelhança, incumbindo-o da tarefa de WOTE.hER) ~Rf:~LR\J~P

LVONnNUI\R

a obra da criação. Como obra -

-prima de Deus, a pessoa é o cume de toda a natureza criada. Na perspetiva cristã, não existe oposição entre o bem das pessoas e o bem da terra e do universo. A natureza existe em função da felicidade do ser humano, mas te m t amb ém autonomia po r ter sido cri ada por Deus e po r ele amada . Por isso, o bem-estar e a felicidade das pessoas estão intimamente ligados ao equilíbrio e à saúde do ambiente natural.

De acord o com a narrativa do Génesis, t udo o que foi criado por Deus é necessariamente bom. Assim, o ser hum ano não deve exercer viol ênci a sobre a terra, como se fosse o seu senhor absoluto. Na verdade, t odo o ambiente natura l pertence a Deus;

desrespeitá-lo

é

manifestar

uma

imensa ingratidão para com o criador.

"Ouando contemplo os céus, obra das tuas · mãos, a lua e as estrelas que Tu criaste: Sque é o homem para te lembrares dele, o filho do homem para com ele te preocupares? 6Quase fizeste dele um . ser divino; de glória e de honra . o coroaste. 7Dest e-lhe domínio sobre 'as obras das tuas mãos, tudo submeteste a seus pés. Salmo 8,4 -7

Este poema bíblico exalta a grandeza do ser humano e a preocupação que Deus tem por ele. Sendo alguém tão digno e tão importante, sendo o topo de toda a natureza, cabe-lhe a ele cuidar e respeitar todos os seres vivos. O ser hum ano tem a missão de garanti r a harmonia criadora desejada por Deus.


Acreditando no amor de Deus criador, reconhecemos com gratidão o dom da criação, o valor e a beleza da natureza. Olhamos, todavia, com apreensão o facto de os bens da terra serem desfrutados sem ter em conta o seu valor intrínseco, sem consideração pela sua escassez nem preocupação pelas gerações futuras. Queremos empenhar-nos juntos em criar condições sustentáveis de vida para toda a criação . Conscientes da nossa responsabilidade perante Deus, temos de fazer valer e desenvolver critérios comuns para determinar o que é lícito no plano ético, mesmo que seja realizável sob o ponto de vista científico e tecnológico. Em todo o caso, a dignidade única de todo o ser humano tem de ter o primado em relação ao que é tecnicamente realizável. Conselho das Conferências Episcopai s da Europa, Chorto Oecumenica, 9

~?RE.Nb\ que a beleza e diversidade do mundo são dádiva de Deus que exigem a relação harmoniosa entre o ser humano e a totalidade da criação .

2. Em grupo, organ iza um álbum de fotografia s com o tema "Natureza, dádiva de Deus" para parti lhar.


Carta da Terra aos Inquilinos Senhor morador, Venho por este meio inP-ormá~o de que o contrato de arrendamento que acordámos há vários milhares de anos está a caducar. Para proceder à sua renovação teráde cumprir as seguintes obrigações fundamentais: 1. Reduzir a conta da energia, que é demasiado elevada. Como é que

pode gastar tanto?! 1. fJegociar o uso da água.Antes, eu P-ornecia água em abundância; hoje, já não disponho da mesma quantidade. 3.Cuídar de mim e dístribuir os alimentos por todos. Por que é que alguns comem em excesso e outros morrem de Pome, se o quintal é tão grande?! '1. Replantar o planeta. Estou a transP-ormar-me num deserto por causa do abate sistemático das P-lorestas. 5. Preservar todos os orirfKJis e pontas do ÍlYleY'OO jardm qJe soo Procurei o1g.goos espécies e não as encootro1 Sei q.Je, q.wdo o.rrerdei a casa, elas exist..iam. T~ não \Á os ~es qJe outrora encliam os rios eos IO{JOS. Pescaram-ros todos? CKde estoo? 6. Verificar as estranhas cores que obscurecem os céus! Já não consigo ver o azul! 7. Resolver a questão da imensa quantidade de objetos estranhos que encontrei nos camínhos: cartões, pneus, plásticos.. É uma situação intoleráveU Çace a estas exigências, preciso de saber se ainda quer morar no meu espaço. Em caso afirmativo, o que pode P-azer para cumprir o contrato? fJa verdade, gostaria que continuasse na minha companhia, mas só se aprender a respeitar os limites. Aguardo resposta, através de compromisso escrito e atitudes concretas. Atenciosamente sua casa, a Terra


o planeta

terra -

que tem sido generoso, relativamente calmo e ben igno

ao longo do percurso histórico da humanidade, proporcionando-lhe um habitat com excelentes cond ições natura is para o seu desenvo lvimento - tem vindo a dar sinais preocupantes de mudança . Trata-se de alterações que não acontecem apenas, nem sobretu do, devido a fat ores natura is: são reações de protesto da natureza em relação aos ma lefícios que a ação humana t em provocado no me io ambie nte, sobret udo a partir da revolução indus trial.

A expressão «revolução industrial» refere-se às transformações técnicas e económicas que se iniciaram em Inglaterra, na segunda metade de século XVIII, e que, no decorrer do século XIX, se propagaram pelo resto da Europa e pela América do Norte . A invenção da máquina a vapor e a sua posterior aplicação à indústria e aos transportes trouxe benefícios: métodos de produção mais eficientes, maior quantidade de bens de consumo disponíveis e a melhores preços. Teve, porém, consequências de impacto negativo nas pessoas e no meio ambiente: aumento do número de desempregados - uma vez que as máquinas passa ram a substituir a mão de obra humana - , desflorestação, poluição ambiental, poluição sonora, êxodo rural, crescimento desordenado das cidades, etc.

Os séculos XIX e XX fo ram mais agressivos para o nosso planeta do que todos os mi lénios anteriores. Est e é o reverso do desenvolvimento

da civilização

humana, já que foi também nestes últimos séculos que se registaram os maiores progressos ao nível das conquistas tecnológicas e, em geral, do bem-estar humano.


o ser humano, com a sua vontade de dominar, degradou e esqueceu toda uma herança legada pelos antepassados sem se questionar sobre as consequências que tais atitudes provocariam em si mesmo e nas gerações vindouras. Num mundo globalizado, em que tudo está interligado, os nossos estilos de vida e as escolhas que fazemos afetam a vida de outras pessoas e a saúde do planeta. Estamos num momento crítico da história da terra! O planeta sente-se ameaçado e apresenta sintomas graves da sua doença. Vivemos uma crise ecológica que resulta da ação individual e coletiva do ser humano, a qual

interfere no eq uilíbrio globa l de todo o planeta:

A ecologia estuda as relações entre os seres vivos em consequência dos processos de nutrição, reprodução e outras funções biológica s de cada espécie. Estuda ainda as influências que sobre eles exercem as mudanças de t emperat ura, luz, salinidade e outros fatores ambientais. Estuda também a influência dos seres vivos sobre o meio ambient e.

E.xnNVAo bE. HM7 \T~TSE. bE. E.S~ÉG \E.S

AGUEGIMENTO .0L01ML

O nosso planeta é indivisível. Na América do Norte respiramos oxigénio produzido na floresta tropical do Brasil. As chuvas ácidas provenientes das indústrias poluentes do centro-oeste americano destroem florestas no Canadá. A radioatividade de um acidente nuclear na Ucrânia compromete a economia e a cultura da Lapónia. A queima de carvão na China aquece a Argentina. Os c1orofluorcarbonetos que um aparelho de ar condicionado liberta, na Europa, contribuem para a ocorrência de cancro de pele na Nova Zelândia. Quer queiramos, quer não, nós, humanos, estamos presosaos nossos semelhantes e às plantas e animais do mundo inteiro. As nossas vidas estão interligadas. Carl Sagan (1934 -1996), Biliões e Biliões


A terra sofre alterações climáticas periódicas devido a fatores naturais previsíveis, como variações na inclinação do eixo terrestre, na curvatura da sua órbita em torno do sol e alterações na radiação solar. Estas alterações ocorrem em intervalos de tempo longos. O aumento da temperatura média global registada nos do is últimos séculos, com destaque para as últimas décadas, não tem como causas principais estes fatores naturais, mas sim a atividade humana nas áreas da indústria e consumo. Quando se fala em aquecimento global significa dizer que o equilíbrio térmico da terra fo i perturbado.

o G.UE. ?ObE. ?P-O\JOGft{<. O~UME.NTo

b~ TE.M?E.P-~TUP-~

TE.P-P-E.sTRE.r

?OP- G.UE. E.ST~ ~ TE.P-P-~ ~ ~UE.VE.p-r O aquecimento glob al te m como principal causa a libertação e acumula ção na atmosfera de gases com efeito de estufa: dióxido de carbono, óxido nitroso, metano e halocarbonos (CFC- c1o rofluorca rbo neto s, por exem plo). O dióxido de carbono é um desses gases, lib erta do em grandes quanti dades pelas chaminés das indústrias, pelos escapes dos automóveis e pelos fogos florestais . O efeito

Atualmente j á há muitos sprays e sistemas de refrigeração de eletrodomésticos considerados

de estufa é um fenómeno natural regulador da temperatura da terra, mas encont ra-

amigos do ambiente por não

-se desregulado como consequência da acumulação principalmente de dióxido

conterem CFC.

de carbono.


A atmosfera terrestre, graças à camada de ozono, absorve parte dos raios ultravioletas, prejudiciais ao desenvolvimento da vida, e impede que a energia solar chegada à superfície terrestre não se desperdice para o espaço, evitando bruscos arrefecimentos noturnos. A destruição crescente do ozono pelos gases po luentes abrem como que um "buraco" na camada superior da atmosfera, o que possibilita a incidência na superfície terrestre de uma maior quantidade de raios ultravioletas. O efeito de estufa nat ural gravemente amp liado e o "buraco" na camada de ozono tornaram-se problemas com mú ltip las conseq uências:

bE.hE.Lo E. sU~ \b~ bO Ní\JE.L Mt blO b~s ~hU~S bO MfW- E. GONSE.G-UE.NTf bE.STRUIÇ;Ao to LlTOR~ GONTINE.NT~ ) b~s 0Ib~bE.s E. INFR~E.STRUT\AR~S GOSTf IR~S j E.XTINÇ;Ao bE. E.S?t01E.S ~NIMMs E. \JE.hE.TMs (OSURSOSroLfW-E.S E. ~S F00~S) roR E.XE.M?LO) \JE.RAo OsE.UH~~IT~T bE.STRuíto)j ~TE.R~Ao

tos ?~bRÔE.s MlhRHÓRIOS

bE. bIFE.RE.NTfSE.S?t0\E.S TfRRE.sTRE.s E. M~RíT\M~ S j ?ROLlFE.R~Ao bE. E.S?t01E.S ?RE.JUbI0IMS M SE.R HUM~NO)

GOMO MOSG-UITOS) FUNhOS)

~fW-H~S)

E.T0j

MMOR FRE.G-UtN01~ bE. TfM?E.ST~bE.s) FURA0ÔE.S) 01(;LONE.S) ONb~s bE. 0~OR) 0HU\J~S TORRE.N0IMs MMs ?ROLONh~b~s E.M bE.TfRMIN~b~s RE.hIÔE.s b~ TfRR~ E. ~UME.NTo bE. ?E.RíobOS bE. sE.0~ NOUTR~S RE.hIÔE.S) GOM ~hR~\J~ME.NTO b~s GONblçJôE.S ?Ro?í0\~S ~ IN0tNbIOSj ~UME.NTo b~ IN01btN01~ bE. \J~I~S bOE.NÇ;~S: 0~N0RO) M~~\~ ... j MlhR~E.S HUM~N~S E.M LfW-h~ E.S0~~j ~hR~\J~ME.NTo b~

FOME. NO MUNbO.


A temperatura da terra aumentou um pouco, menos de 1 grau Celsius, no século XX. Se a quanti dade de dióxido de carbono na atmosfera dup licar, o que irá acontecer (ao rit mo at ual de queima de comb ustíveis fósseis) por fi nais do século XXI, o aument o médio da te mperat ura será entre 1 e 4 graus C. Isto signifi ca uma mudança climáti ca mais rápida do que qualquer out ra observada desde a origem da civili zação. Vão acelerar-se as extinções das espécies. Vão t ornar -se necessári as grandes deslocações de pessoas. Já se regista uma redução da extensão da camada de gelo do Árti co. Tornaram-se ta mbém evidentes fendas enor mes na camada de gelo do Antártico. Por t oda a terra veri fi cou-se uma sensível retração dos glaciares de monta nha. Em mui tas parte s do mundo estão a oco rrer situações meteorológicas extremas. O nível dos mares continua a sub ir. O aquecimento global aument a as prob abilidades de te rmos mau t empo: grandes secas no inter ior, fort es t empestades e inundações nas zonas costeiras, um tempo muito mais quente nuns locais e mui to mais frio noutros. As alterações do clima afetam os animais e os micróbios portadores de doenças. Suspeita-se de que os recentes surtos de cólera, malária, febre amarela e febre de dengue estão todos relacionados com mudanças do tempo. O clima esperado para o próximo século depende do ritmo a que lançarmos para a atmosfera gases de estufa. Quanto mais gases de estufa mais calor. Há previsões de que grandes áreas produtoras de bens alimentares do mundo irão tornar-se quentes e ressequidas. Os países pobres serão os mais duramente atingidos. No século XXI, a disparidade global entre ricos e pobres pode aumentar drasticamente. Milhões de pessoas, com os filhos a morrer de fome e com muito pouco a perder, colocarão aos ricos um problema prático, sério e ético. À medida que a terra aquece, o nível do mar sobe. Muitas ilhas povoadas poderão ficar submersas. Preveem-se também impactos devastadores para regiões costeiras ou junto a grandes cursos de água. Haverá um imenso prob lema novo de refugiados ambientais. A longo prazo, poderão seguir-se consequências ainda mais gravosas, incluindo a derrocada do lençol de gelo do Antártico, a sua imersão no mar, uma enorme subida global do nível do mar e a inundação de quase todas as cidades costeiras do planeta. Adaptado de Carl Sagan (1934 -1996), Biliõ es e Biliõe s

3. Em que medida o efeito de estufa afeta o bem-estar e saúde do ser humano?


Adaptado de João Lin Yun, Com o arrefecer o Planeta

Esgotamento do re

rs s nat rais

É, sem dúvida, cada vez mais necessário analisar os problemas ecológicos a partir de uma perspetiva ético-moral, ou seja, a partir de questões como as seguintes:

hS hnruDEs G-UE TOMhMOS TtM G0MO FINALIDhDE OS INTEREsSES DE ToDos ou hPENhS os INTEREsSES INDlVlDUMS P

hS G0NSEG-UÊNúlhS Dos G0MPORThMENTOS HUMhNOS SAo EnúhMENTE hVEITA\JEISP h RESPONShB-ILIDhDE PELos OUTROS E PELO hMB-IENTE ESTA Nh B-hsE Dh ~Ao HUMhNhP


\

As

I

-

I

r

com

toda

a sua

biodiversidade, são

grandes

consumidoras de dióxido de carbono. Fomentar e preservar a florestação poderia ser parte da solução para o problema do aquecimento global. Porém, parece não ter sido essa a opção das grandes indústrias: Porque prevaleceram o desen vo lvimento económ ico e o poder que lhe está associado, procedeu -se à desflorestação em larga escala, empobrecendo os solos e eliminando a possibi lidade de dim inuir os níve is de dióxido de carbono presentes na atm osfera . Re lacio nadas com a desflorestação temos a deg radação e a erosão do solo, bem como o descontrolo do ciclo hidrológico e da qual idade da água.

Diário da Maria Acordei às 7:00h Tomei banho, I . . vwqueno-almoço, avel vesti-me, comIa r.- mochila e saí para os dentes, agarreI na que me leva à escola. nar o autocarro . ~~a~tervalo da ma: ~~~~;I~~::~ma beber um sumo no de casa Depois, eu e sandwich q~e tro~xdámos o j~rdinelro que os meus co egas a)~ardim da escola. Claro anda~a,a regtoardo ) molhados com aquela que ficamos os brincadeiral . ·to d opo que comi ao Não gosteI mUI . a ~ buscar-me à escola almoço. Omeu pa\A~~s de me deixar em no fim das auIas. (\,,'\ com ele lavar o carro. casa,1\A

Q.uando cheguei, estava o meu irm?o a lavar o chão: tinha entornado leite. Ajudei-o e depois pedi-lhe que m~ emprestasse umas ~olhas par~ ~er ~azer o trabalha de Portugues. Eque astei o bloco que comprei na seman? gassada a ~azer aviões ,de papel ~ ainda ~ãO sei como vou dizer a mInha mae..

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Cristina Cruz, Cidadania e FormaçãoCívica

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é um recurso natural precioso e necessário à vida. Uma das

consequências graves da crise ambiental é a crescente escassez de água doce e potável em vários pontos geográficos da terra. Em vez de se comportar como consumidor responsável, o ser humano tem sido um forte explorador dest e recurso natural. Por causa das diferentes atividades que exerce, esgota os reservatórios aquíferos que dificilmente poderão ser reposto s.

4. Tal como Maria, relata um dia da tua rotina em que sejam evidenciadas ações consumidoras dos recursos naturais.


A água tem sido uti lizada não só para o consumo doméstico crescente (em que se verifica grande desperdício), mas principalmente para a agricultura e indústria, setores em que são gastas avultadas quantidades de água. A construção de barragens e canais tem, por sua vez, afetado uma parte dos ma iores rios do mundo. Estas int ervenções hum anas deixam marcas no ciclo hidrol ógico. De facto, a água arrasta consigo testemun hos de destruição humana, sob a forma de esgotos domésticos, poluição indu st rial e resíduos de ferti lizantes e pesti cidas. E quanto maior for o caudal de água po luída, me nor é a quantidade de água disponível para consumo. Outras consequências da poluição da água são, por exemp lo, o aparecimento de doenças várias e a extinção de muitas espécies fluviais.

5. Dos vários problemas ambientais e ecológicos, quais os que mais te preocupam? 6. Quais os que mais afetam as pessoas e o meio em que vives? 7. O que poderá ser me lhorado em favor da saúde do planeta?

A bE.SE.r<.TIFICJA<jAo é a consequência mais drástica que resu lta, não só do abate massivo e continuado de árvores e dos incêndios, mas também da agricultura e pecuária intensivas, da crescente urbanização e da poluição provocada pelo ser humano. A desertificação arrasta consigo a destruição de ecossistemas, a diminuição e extinção de espécies, o empobrecimento das populações... e o agravamento das condições propícias ao aquecimento global do planeta.

~_ .........y .... .' O dia 17 de junho foi escolhido para comemorar o Dia Mund ial de Combate a Desertificação e à Seca. Crê-se que o fenómeno da desertificação afeta cerca de 1/3 da superfíc ie terrestre e mais de mil milh ões de pessoas .


Se, por um lado, o ser humano é víti ma da degradação amb ienta l, por outro, é também o seu maior causador. Que razões poderão sustentar comportamentos destruti vas? Não é possível enumerar t odas e ainda mais complexo seria especificar a razão de cada comportamento humano. Podemos, no entanto, aponta r as seguintes razões que suste nta m muit as atitudes adversas ao bem -estar ecológico e am bienta l:

o E.hoíSMO) E.NG-U~NTO SO~RHOSIÇ;Ao b~ s~nsF~Ao

?E.SSOAL. AO

~E.M-E.ST~

u t E.n\JOj

ObE.SE.N\JoL\JIME.NTO bIRE.010N@O ?~~ OLU0RO E. NAo ?~~ O~E.M VOMUM j ~ \JONT~bE. bE. O~ TE.RVONblyQE.S

bE. ~E.M -E.sT~ NO IME.bl~TO E. sE.M?RE.\JE.NIR ~S VONsE.G-UtN01~S NE.h~TI\J~S ~ Mr.bIO ou LONhO ?R~lOj ~ SU~ORb IN~Ao b~ ?OLín0~

AE.VONOMI~ E. AO LU0RO.

A preservação da natureza e do ambiente em que o ser humano vive tem de passar a estar na ordem do dia, como fina lidade central da ação humana, se quisermos construir um futuro promissor. O desenvolvimento da consciência

ecológica, que começa em cada pessoa e se estende a todas as sociedades e cult uras, deve ser um dos propósitos fulc rais da ação human a. Est e é o apelo que a terra lança aos seus habitante s: já não é a descoberta do espaço te rrestre

que

possibi lita

o

conhec imento

e a convivência das civili za ções, mas sim a descoberta da dependência e da frag ilidade hum anas per ante um mundo conhecido, mas t ão maltra tado! É urgente a criação de uma civi lização que integre valores ecológicos e valores tecno lógicos. Sem negar o progresso e as cond ições de vida que dele decorrem, urge afi rmar o valor da terra, enquanto casa comum Paisagem com oliveiras, Van Gogh (1853-189 0)

de toda a humanidade.


Chegou o momento de rejeitar os comportamentos humanos que conduz iram o planeta ao beco em que se encontra: a exploração desenfreada de tudo o que, gratu itamente, a terra nos oferece com vista ao bem-estar imediato da hum anid ade, sem ate nder às consequências negativas de ta l

-

~ \NTfUhtN(;\~ (;r<- \~n'J~ ~AR~ QUE. ~ 'J\b~ ~L~NE.T/W. \~ sE.J~ ~r<-E.sE.r<-'J~b~ E. r<-E.s~E. \T~b~ . E, em mod elo de pro gresso.

f NE.0E.sS/W.\O USAR

vez de se pensar exclusivament e nos benefícios a curt o prazo, as int ervenções humanas devem ser equacio nadas a méd io e longo prazo, prevendo os efeitos nefastos sobre a natu reza e sobre a hum anid ade, ta nto presente como fut ura. A Solidariedade ecológica será o valor mais adequado para combater os egoísmos que fora m ferindo o nosso amb iente. O

8. Identifica as razões que poderão motivar comportamentos destrutivos do nosso planeta .

lucro económico, apesar de legítimo, terá de deixar de ser o objetivo prioritário das empresas, cedendo a primazia a objeti vos de natureza ecológica. Mas isso requ er uma enorme

mudança de mentalidade.

r

t

Sendo a crise ecológica um problema global, a sua resolução terá de ser necessariamente planetária. Só a cooperação de todos os países do mundo poderá trazer soluções duradouras. Alguns passos já foram dados no sentido da preservação do ambiente, uns de carácter regional e nacional, outros de âmbito internacional e global. O aparecimento de movimentos, organizações e partidos defensores do ambiente e dos valores ecológicos é um sinal evidente de mudança na relação e interação do ser humano com a natureza. A educação ambiental tem vindo a ser implementada no sentido de criar nas crianças, adolescentes e jovens uma consciência ambiental correta. Em 1997, nasce o Protocolo de Quioto: comprom isso internacional mais ambicioso no que se refere ao respeito e à preservação do meio ambiente. Representa um avanço, pois impõe metas aos países mais desenvolvidos para limitar ou reduzir as emissões de gases com efeito estufa.


Cara Terra, Começo por lhe agradecer a sua preocupação sobre os problemas que a~etam o nosso contrato. Espero que se encontre um pouco melhor. Sei que já f-ui longe de mais, que não cuidei do meio ambiente e que poluí para lá de tudo o que seria sensato, mas isso está a mudar. Tenho vindo a tomar algumas providências para que o nosso contrato de arrendamento seja mesmo renovado. Eís o que, para já, me é possível ~azer: - Reduzir o uso de recursos e o desperdício: poupando água, desligando lômpadas e equipamentos sempre que não estiverem a ser utilizados, valorizando ener~as renováveis, usando o rosto e o verso de cada ~ha de papel, guardando os documentos no computador em vez de os imprimir. - Utilizar prioritariamente produtos biodegradáveis, recicláveis ou que possam ser reutilizáveis, evitando todos os descartáveis. - Prevenir toda a espécie de riscos ambientais, avisando a proteção civil sempre que observar ~ogueiras, lixos acumulados ouquaisquer outros perigos. - Contribuir concreta e e~etívamente para a melhoria da vida na nossa casa, participando emações de voluntariado ambiental, ajudando a limpar as praias, a cuidar das árvores e a resgatar animais abandonados. Comprometo-me a cumprir integralmente as ações acima enunciadas e a convencer os outros inquilinos a ~azer o mesmo. Espero que desta ~orma o nosso contrato não seja cancelado e que voltemos a viver ~elizes nesta casa que amamos. Com os melhores cumprimentos, sua (seu) inquilina(o)

ATerra não é uma herança dos nossos pais. Éantes um empréstimo dos nossos filhos. (provérbio cnnês)


Face aos graves problemas ambientais que ameaçam a vida na terra,

é urgente assumir atitudes capazes de garantir a sobrevivência do nosso planeta. Podemos esperar e exigir do Estado e dos organismos competentes uma política adequada, mas não podemos querer que os outros façam a nossa parte. É fundamenta l que cada pessoa reveja o seu dia a dia e adote atitudes verdade iramente ecológicas.

RE-S?ONS~17IL IbADE.

O,Ç

pro~\ e-mOi ,Ç

- bwolvexmo-Y\o,Ç Y\Oi prOGl.-Im de- ,Ço\l.-Iç6e-,Ç pOim eGO \ó ~iGO,Ç e- e-mpe-Y\hOirYYIO -Y\O,Ç e-m 0iç6e-,Ç GOY\Gre-tOi,Ç.

SOL\b~\E-b~bt

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16. Escreve um a carta dirigida ao planeta terra e na qual dês a conhecer o teu contributo para a habitabilidade da nossa casa comum .


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APGVN - Associação Portuguesa de Guardas e Vigilantes da Natureza ClMAR - Centro de Investi gação Marinha e Amb iental Conselho Ibérico para a Defesa da Natureza FAPAS - Fundo para a Proteção dos Animais Selvagens GAIA - Grupo Académico de Intervenção Ambiental GEOTA - Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente Info Natu re Insti t uto da Conservação da Natureza LPN, Liga para a Proteção da Natureza

A reciclagem consiste no reaproveitamento e reuti lização

de alguns mat eriais. Uma

das vantag ens da reciclagem diz respeito

à preservação do am biente. A reciclagem diminui, por exemplo, o abat e de árvores para o fabrico de papel. Evit a, também, a acumulação de resíduo s que não são biodegradáveis, podendo ser recuperados e recicl ado s.

14. OLHAo mundo que te rodeia! A partir do verbo CUIDAR, indica o qu ê e quem necessita dos t eus cuidados.

15. Faz pesquisas sobre associações, organizações ou movimentos de defesa do ambiente. Escolhe uma e apresenta os seguintes dados: nome, origem e local de intervenção; objetivos e ações realizadas; forma de funcionamento.

Reciclagem é o novo t ratament o dado a materiais - papel, vidro, plástico, metal - para possibilitar a sua reutili zação e, assim, preservar o ambiente e os recursos naturais. «Éa obtenç ão de mate riais a partir de resíduos, introduzindo -os de novo no ciclo de reutili zação.» Dicioná rio Técnico - Ecologia, vai. 1

Outra vantagem est á relacionad a com o aspet o com ercial, pois os produtos reciclados são de baixo custo. Os resíduos recicláveis são todos aqueles qu e podem ser utilizados para o fabrico de outros. Alguns dos resíduos domésticos são recicláveis, tais como os jornais, as revistas, papel de escrita, caixas de cartão, pacotes de bolachas de leite e de sumo, de cartão, frascos e boiões de vidro, garrafas de vidro e plástico, frascos de detergentes e champôs, sacos de plástico limpos, latas de conserva, latas de bolachas, entre outros. Estes resíduos devem ser colocado s nos respetivos ecopontos.


A Sociedade Ponto Verde, S.A. é uma enti dade privada, sem fins lucrativos, com a missão de promover a recolha seleti va, a retoma e a reciclagem de resíduos de embalagens a nível nacional.

Sociedade

ponto

Presta apoio às autarquias com programas de recolha seleti va e triagem de emba lagens não reuti lizáveis; assegura a retoma, valorização e reciclagem dos resíduos separados (papel ou cartão, vidro, plástico, madeira , aço e alumínio); assume a gestão e o destino fina l das emba lagens não reutilizáveis; promove a sensibilização e educação ambienta l junto dos consumidores e apoia programas de investi gação que fomentem o desenvolvimento do mercado de produtos e materiais reciclados. A Quercus , associaçao naciona l de conser vação da natureza, é uma Organização Não-Govern ament al de Amb iente (ONGA), indepe nde nte, aparti dária, de âmbit o nacion al, sem fins lucrativos. É consti t uída por cidadãos que se juntaram, em torno do mesmo interes se, pela conservação da natureza e dos recursos naturais e pela defesa do ambi ente numa perspetiva de desenvolvimento sustentad o. A Associação designa-se Quercus, por serem os carvalhos, as azinheiras e os sobreiros (cuja designação comum, em lati m, é "ouercus"i as árvores características dos ecossistemas florestais mais evoluídos que cobriam o nosso país e de que restam, atualmente, apenas relíquias muito degradadas. Desde a sua fundação, tem vindo a ocupar na sociedade portuguesa um lugar simu ltaneamente interpe lante, construtivo e de defesa das mú ltiplas causas da natureza e do amb iente. A Greenpeace, Organização Não-Governamental com sede em Amesterd ão (Holand a), preocupa-se com questões relacionadas com a preservação do meio ambiente e com o desenvolvimento sustentável. Realiza campanha s dedicadas à problemática das florestas, do clima, do nuclear, dos oceanos, da engenharia genética, das substâncias tóxicas, dos transgénicos e das energias renováveis. As campanhas, protestos e gestos signifi cati vos da Greenp eace procuram atrair a atenção dos meios de comunicação e da opinião pública para assunt os urgentes e assim provocar o repúdio das agressões ao meio ambiente. Promove também campanhas para proteger a biod iversidade , estimular a agricultura socialmente responsável e rejeitar os organismos geneticamente modificados. O nome da organi zação (junção das palavras «green» e «peace») expressa a ideia da relação entre pacifismo e defesa do meio ambiente .

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• 1,2 mil milhões de habitantes do planeta, dos quase 6 mil milhões, sobrevivem em condições de extrema pobreza. • 6,3 milhões de crianças morrem de fome por ano e há 842 milhões de pessoas subnutridas no mundo. • Cerca de 115 milhões de crianças não vão à escola e há 876 milhões de iletrados. • 13 milhões de crianças morrem antes dos 5 anos de idade devido a causas que poderiam ser evitadas. • 2 mil milhões de pessoas no mundo não têm acesso a fontes de energia e mil milhões não têm acesso fácil a água potável. • Apesar de só 15% da população mundial viver nos países ricos, é responsável por 50% das emissões de dióxido de carbono no mundo. • 20% da população mundial consome 80% dos recursos do nosso planeta. • Muitos países pob res gastam mais em juros da dívida externa do que na resolução dos seus problemas sociais. Adaptado de Pax Christi (Semana da Paz 2007)


Problema s como a criação e o transporte de animais, o abate indiscriminado e massivo de árvores... precisam de ser equacionados à luz de uma visão ética! O amor, na perspetiva cristã, evita a avidez, a ostentação, a exploração das pessoas e dos recu rsos naturais. Como administrador dos bens ambientais, o ser humano deve centrar-se naquilo que é realmente importante e não na simples vontade de poder indiscriminado que tudo arrasa à sua passagem.

~

P-EsroNsM,lLIbMf. tX) sE:R HUMf\NO NÁO sE: LlM\T~ A?ROTE:Ç;ÁO te ~~\E:NTE: N~"NRAL.j INClUI) f\C;IM~ bE: "NtX) O (;UI~tX) ~s ?RÓ?RI~S ?E:sso~s. bE: Ff\C;TO) M ?RfsE:R\j~Mos ~ s~ÚbE: to ~M~\E:NTE: N~TUP-AL.) E:sThMos ThM~fM ~ (;p.\~ VONblyOfS ?~~ O~E:M-E:sT~ E: ?~~ OFuTURO ~ HUM~I~bE:. Asalterações climáticas e a degradação, cada vez mais visível, do meio ambiente provocarão

ainda mais desigualdades

sociais. Cada vez menos pessoas, em todo o mundo, verão salvaguardados os meios de subsistência. Se nada for feito, a pobreza e a fome hão de afetar um número cada vez maior de seres humanos.


Entre os santos que respeitaram a natureza como maravilhosa dádiva de Deus ao género humano, figura merecidamente São Francisco de Assis. Pois, com sensibilidade singular, ele apreciava todas as obras do Criador e, como que divinamente inspirado, criou o admirável «Cântico das Criaturas», as quais, o irmão sol sobretudo, a irmã lua e as estrelas do céu, lhe davam ensejo de dar devidamente louvor, glória, honra e toda a bênção ao altíssimo, omnipotente e bom Senhor. Por isso proclamamos São Francisco de Assis padroei ro celestial de todos os cultores da ecologia. João Paulo II, 29 de novembro de 1979

12. Faz uma pesquisa sobre Francisco de Assis e elabora-lhe um Cartão de Cidadão. Acrescenta-lhe os momentos mais importantes da sua vida. 13. Procura na tua área de residência locais e monumentos com o nome deste santo .

Hoje somos interpelados a desenvolver relações que impliquem o cuidado para com todas as formas de vida, de modo que o grito de Oseias (profeta do Antigo Testamento, do século VIII a.C) nunca mais ecoe nas consciências individuais e coletivas: «a seca vai causar estragos: as pessoas vão morrer, juntamente com os animais do campo e as aves do céu; e até os peixes vão desaparecer.» (Os 4,3) .

~?R-ENb\

que a natureza é local de encontro com Deus e motivo de gratidão e louvor, como testemunha São Francisco de Assis.


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olhar de Francisco so bre as coisas revela também a sua atitude de

despoja mento (pobreza). Tudo é obra do Senhor. Tudo pertence a Deus. Qualque r re lação com os seres que fosse interesseira, egoísta ou instrumenta lizadora estava lon ge da sua int enção. Para ele, as coisas devem ser conservadas ou protegidas, para o uso que o ser humano pretende fazer de las, mas, sobretudo, porque existem. Liberto da cob iça, do desejo de posse e de dom ínio, Francisco coloca-se

u

• rRANCISCUS •

no meio das criat uras, co mo seu irm ão, e não acima de las. Vê os animais, as plantas e até os seres inani mados à luz da vontade amorosa de Deus; por isso, canta a bondade de Deus pre sente em t odas as criat uras. S. Francisco defende que o ser humano tem de ser «t otal» : não apenas espírito, nem apenas matéria, mas a unidade entre as du as dimensões. Por isso, via vestígios do Espírito de Deus, em todas as criaturas. A atitude de Francisco perante a natureza não podia passar despercebida aos ecologistas e a quantos se preocupam com o meio ambiente. Em 1979, João Paulo II declarou São Francisco de Assis patrono dos ecologistas.

São Francisco de Assis, João D. Filipe (pintor contemporâneo) [coleção pessoal]

Franciscolouvava o Criador em todas assuasobras. Nascoisas belas reconhecia a suprema Beleza, pois a todas ele ouvia proclamar: «Quem nos criou é infinitamente bom». Abraçava todas as coisas com um amor e um entusiasmo jamais vistos e falava com elas acerca de Deus, convidando-as a louvá-lo . Aos irmãos que cortavam lenha proibia-lhes arrancarem as árvores completamente, impedindo-as de voltarem a rebentar. Ao hortelão mandava que, ao redor da cerca, deixasse uma faixa por cultivar, a fim de que, a seu tempo, o verdor das ervas e a beleza das flores anunciassem a beleza do Pai de todas as coisas. Mandou reservar um canteiro na horta para o cultivo de flores e plantas aromáticas, a fim de evocarem, em quantos as vissem, o perfume da vida eterna. Afastava do caminho os vermes para não serem pisados. Chamava irmãos a todos os animais, embora tivesse preferência pelos mais mansos. Tomás Celano (1200-1260), Vida Segunda


Não é fácil, para as pessoas do nosso t empo, compreender a fo rma como Francisco de Assis entendia a relação do ser humano com os seres irracionais, principa lmente com as realidades inanimadas. Aprendemos a olhar as coisascomo simp les objetos, que se encontram à disposição do nosso projeto utilitarista. A atitude franciscana, pelo contrário, interpreta as coisas e os seres vivos como integrados num projeto mais vasto do qua l faz também parte a human idade. Por isso, a relação preconizada por Francisco é de simpatia, adm iração e celebração. S. Francisco rompe com os esquemas do cálculo superficial, que vê nas coisas apenas a sua utili dade económ ica, com vist a à obtenção de lucro.

f PAN(;\~()) ~OU17r: \JM P AHAP MONIA (;()SM\(;~ WA nvou Dr MODO SINC;Ul fW ~ UTO~I~ b~ 0P-~Nbr fPAllPN\D~m UN\\JE:pc)M. Tinha uma relação fraterna com todos os seresdacriação.Oamore o respeito de Francisco pela natu reza não correspondiam a atitudes abstratas, convencionais ou impessoais. Tratava cada ser com delicada cortesia, respeitando sempre a sua própria individualidade e o seu lugar no cosmos. A partir da sua fé, razão de ser de toda esta visão, celebrava a grande presença

de Deus na criação.

Francisco percorria o vale. Viu, reunido, um bando enorme de aves das mais diversas espécies: pombos bravos, gralhas e corvos. Ao vê-Ias, Francisco, homem de grande sensibilidade e singular ternura pelas criaturas irracionais e inferiores, correu alegremente para elas. E estando já perto, vendo que elas o esperavam, saudou-as como era seu costume . Notando com espanto que elas não fugiam como sempre fazem, com imensa alegria lhes pediu que se dignassem escutar a palavra de Deus. Entre outras coisas, disse-lhes: - Avezinhas, minhas irmãs, muito têm de louvar o vosso Criador e amá-lo continuamente, já que vos deu penas para se cobrirem, asas para voar e tudo o mais de que têm necessidade. Fez-vos nobres entre as demais criaturas e deu-vos por morada a limpidez do espaço. Não semeiam nem colhem e, apesar disso, ele vos protege e guia, libertando-vos de preocupações. Por fim, abençoou-as e deu-lhes licença para irem à sua vida, indo também ele embora, cheio de alegria e louvando a Deus, a quem todas as criaturas veneram de tantas maneiras. Tomás Celano (frade franciscano, biógrafo da vida de São Francisco; 1200-1260), Vida Primeira


Este hi no de louvor, que conv ida repetidamente o crente a bend izer a Deus,

é um apelo a toda a criação para o glorificar; um cântico de agradecimento que os judeus e os cristãos elevam a Deus por todas as maravilhas do un iverso. Como um coro magnífico de barít onos, t enores, cont raltos e sopranos, t ambém mares, montanhas, árvores e céus cantam em uníssono as maravi lhas de Deus. É um cântic o inspirad or que os homens e as mu lheres também cantam sempre que descobrem o seu verdadeiro lugar na criação e cumprem a vo nt ade de Deus.

10 . Tendo present e as diferen tes perspetivas religiosa s sobre a criação e a natureza, identifica três valores cuja prática é essencia l para que o ser humano viva em paz com a te rra.

A natureza minha irmã Os prob lemas ecológicos que afetam a terra e os seres vivos, em geral, e a vida humana, em particu lar, são sinais de que o princípio do amor, defendido tão radicalmente por Jesus, não é transformado em pr incípio or ientador da ação concreta : amor a Deus que se revela no amor ao próximo e a todas as criaturas que habitam a face da terra. O

amor não se circunscreve à relação entre pessoas; deve man ifestar-se igualment e na relação das pessoas com a natureza . São Francisco de Assis

é um

testemunho cristão desta relação. Nasceu

em

Assis

em

1181,

morreu a 3 de outubro de 1226 e foi canonizado (declarado santo) em 1228. Pela sua relação ímpar com a natureza, é uni versa lmente con hecido como o santo protetor dos anima is e do meio ambi ente. Cântico das Criaturas, Maria Ludger a Haberstroh [Igreja de Nossa Senhora, Frankfurt]

11 . Fazuma pesquisa de textos sagrados das diferentes trad ições religiosas sobre a relação entre o ser humano e a criação. Ilustra essestextos com fot os à tua escolha e parti lha os teus resultad os on -/ine.


Cântico dos trêsjovens "Obras do Senhor, bend izei toda s o Senhor: - a Ele a glória e o louvor etern am ente! 58 Céus, 59Anj os do Senhor, 62So 1e lua; 63Est relas dos céus} 64Chuva e orva lho, 65Todo os ventos, 66Fogo e chama, 67Frio e calor,

/

680rvalho e geada, 69Frio e ge lo, 7°Ge los e neves, " '71 Noites e dias, ~2 Lu z e trevas;

73Relâmpagos e nuvens, 74Que a terra ben dig a o Senhor : "Mont es e colinas, "Tudo o qu e ge rmin a nater ra,

"Mares e rios, "F onte s, 79tudo o qu e sé move nas águas, "Tod as as aves do céu, 81Todos os animais} selvagens e domésticos} S2VÓS, seres humanos, bendizei o Senho: - a Ele a glória e o lo uvor eternamente!

cf Dn 3,57-82


É Alá quem faz cair, para vós, a água da chuva. Dela tirais a vossa bebida e, devido a ela, brotam as plantas em que pastais o vosso gado. Com ela germinam os cereais, a oliveira, a tamareira, as uvas e toda a classe de frutos. Sem dúvida nisso está um sinal para que o povo reflita . Deus pôs ao vosso serviço a noite e o dia. O sol, a lua e as estrelas estão submetidos à sua ordem . Sem dúvida, isso são sinais para um povo que faça uso da razão. E Ele pôs ao vosso serviço as coisas que para vós criou na terra. Sem dúvida, isso é um sinal para um povo que tenha cautela. Alcorão 16, 10-15

O Cristianismo, além dos ensinamentos bíblicos, foi pród igo, ao longo da história, em homens e mu lheres que souberam amar a natureza e, através dela, o seu Criador. No século XII, a fre ira alemã Hildegarda de Bingen (místi ca, fi lósofa, compositora e escritora) deixou -nos este testemunho : «O espírito de Deus é vid a que concede vid a. Ra iz do mundo das árvores e vent o nos seus galhos. É vid a reluzente atra indo todos os louvores. Toda desperta. Toda em ressurre ição. » Hildegar da num manuscrito medieval


o Atha rva-Veda - «conhecimento dos sacerdotes

atharvan» - é um texto sagrado do Hinduísmo . Foi escrito em sânscrito, por volta do ano 1500 a.c..

A verdade, a grandeza, a ordem universal, a força, a consagração, o fervo r criador, a exaltação espiritual, o sacrifício, sustentam a terra. A vasta terra, que os deuses insones guardam sempre atentamente, nos dará mel precioso. As tuas montanhas nevadas e as tuas florestas, ó terra, serão bondosas para nós! Naterra castanha, negra, vermelha, multicor, na terra firme, me estabeleci e não suprimi, nem matei, nem feri. No teu seio, aceita-nos, ó terra, e em teu umbigo, na força nutriente que cresceu de teu corpo, purifica-te para nós! A terra é a mãe e eu, o filho da terra. Os mortais nascidos de ti vivem em ti; tu sustentas tanto os bípedes quanto os quadrúpedes. Tuas, ó terra, são as cinco raças de homens. Aquilo, ó terra, que cavo e tiro de ti, rapidamente crescerá de novo. Que eu não possa, ó tu que és pura, perfurar o teu ponto vital, nem o teu coração. À terra, sobre a qual há alimento e arroz e cevada, sobre a qual vivem estas cinco raças de homens, à terra que engorda com a chuva, reverência! Excerto de Atharva-Veda, 8

O Budismo recomenda a moderação no uso dos recursos naturais: podem reunir-se bens da natureza, tal como a abe lha reco lhe o néctar, mas apenas se se produzir mel. O Budismo é rico em metáforas concebidas a partir do ar livre, lem brando que Buda recebeu a sua iluminação enquanto estava sentado debaixo de uma árvore . Um texto budista (o Avastamsaka Sutra - «Escritura da Flor Ornamenta l») fa la assim da natureza: «A floresta existe dependente do solo, o solo permanece sólido porque se apo ia na água, a água depende do vento, o vent o pende do espaço; o espaço não depende de nada». No Judaísmo, sensíve l aos prob lemas ambientais, o ensinamento dos rab inos contra os desperdícios e a destruição (<<não destru ireis» ] faz parte do mandamento que recomenda a uti lização das próprias energias criativas em imitação do Criador. No Islão, muitos versos do Alcorão possuem aplicação na re lação do ser humano com o me io ambiente. À humanidade foi dado o usufruto da terra, mas sem danos nem desperd ício: «Comei e bebe i, mas sem excessos e sem desperd içar; por certo Alá não ama os que excedem os lim it es» (Alcorão 7, 32).


Todas as tradições religiosas exaltam a bondade de Deus manifestada nas obras da criação e o respeito que os seres humanos devem à natureza. Com a sua beleza, diversidade e pureza a natureza reflete a bondade de Deus. Perante as maravi lhas criadas, o crente retribui com gratidão e louvor. As diferentes tradições religiosas veem a natureza como um espaço onde se faz a experiência de encontro com o divino: na montanha, no vale, na floresta, no mar, no deserto. A natureza é uma dádiva divina que merece o empenho do ser humano na sua preservação e conservação.

o Hinduísmo

sugere que tudo, desde as rochas até

ao cosmos, é casa de Deus, por isso, toda a criação tem um carácter sagrado. Uma metáfora para expressar esta realidadeéaqueconsideratodoomundocomoumafloresta. Se for gerida numa base renovável, a floresta fornece a prosperidade dos seus produtos, oferece abrigo do sol quente e das chuvas torrenciais e é um espaço privilegiado

de

contemplação.

Todos os seres humanos são parte dessa floresta. O corte de uma árvore, na perspetiva ética do Hinduísmo, implica que se plantem cinco.


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Existe no universo uma ordem que deve ser respeitada; e a pessoa humana, dotada da possibilidade de livre escolha, tem uma grave responsabilidade na preservação desta ordem, também em função do bem-estar das gerações futuras . A crise ecológica é um problema moral. O respeito pela vida e pela dign idade da pessoa humana inclui também o respeito e o cuidado pelo universo criado, que é chamado a unir-se ao ser humano para glorificar a Deus. A educação para o respeito pelos animais e, em geral, pela harmonia da criação tem, além disso, benéfico efeito sobre o ser humano como tal, contribuindo para desenvolver nele sentimentos de equilíbrio, de moderação e de nobreza e habituando-o a elevar-se «da grand iosidade e beleza das criaturas à transcendente beleza e grandeza do seu Autor». João Paulo II, 12 de março 1982, na Praça de Sta. Maria dos Anjos, em Assis

A ecologia humana estuda as relações entre a espécie humana e os outros componentes dos ecossistemas. Tem como objetivo fundamental conhecer a forma como as sociedades humanas concebem, usam e afetam o ambiente, incluindo a maneira como respondem às mudanças ambientais, quer a nível biológico, quer a nível social ou cultural. Para além de ser uma ciência, a ecologia humana propõe uma reflexão sobre os grandes caminhos que conduzem à felicidade da pessoa. Assim sendo, é preciso repensar o progresso dentro destes limites, recusando

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os modelos de desenvolvimento que têm sido seguidos até agora, uma vez que põem em causa a sustentabilidade da natureza e o futuro da humanidade.

~?RE.Nb\ que é preciso sensibilizar o ser humano para os graves prejuízos que as suas ações provocam no equilíbrio do ambiente vital onde todos habitamos.


A União Europeia comprometeu-se a reduzir em 8% as em issões de gases. Os países signatários deste protocolo desenvolveram ações de cooperação na gestão das em issões de gases e criaram sistemas de compra e venda de dire itos de produção dos mesmos. Embora possa favo recer qu em mais pod er económico possui, é um comp ro misso concreto, visando fins ecológicos. Estas medidas revelam sentido de responsabilidade e solidariedade, em particu lar para com as gerações futuras. Mas nem todos os países assinaram este acordo, aut oexcluindo-se na parti lha destes valores. É o caso dos Estados Unidos da América, da índia e da China, países altamente poluidores. Fatores de ordem económica pesaram sobre a decisão destes países. Mais uma vez assistimos à supremacia do int eresse económ ico sobre o int eresse ecológico! Precisamos de aliar à ecologia a atitude da ecofilia (filia

= amor,

amizade),

redescobrindo o papel que desempenhamos na natureza.

• Aumentar a eficiência dos automóveis para o dobro (gastar metade da gasolina que atualmente consomem). • Reduzir para metade o número de quilómetros percorridos por cada carro (de 15 mil para 7,5 mil quilómetros por ano). • Reduzir em 25% o consumo de eletricidade doméstica, comercial e empresarial. • Substituir centrais de carvão por centrais de gás natural. • Aumentar 30 vezes a eletricidade atualmente produzida em centrais eólicas para abandonar as centrais a carvão. • Parar o abate de florestas. • Utilizar práticas agrícolas sustentáveis. João Lin Yun, Como arrefecer o Planeta

9. Comenta a afirmação "Precisamos de aliar à eco logia a atitude da ecofilia".






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