ENS - Carta Mensal 1964-3 - Março

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Pr..ômbulo : Mil casais em Roma As Equipes de Nossa Senhora Sinal dos Tempos, Sinal da Graça Espiritualidade Conjugal e Familiar O que é uma Equipe? Falou-nos Sua Santidade o Papa João

XXIII Tema para uma Primeira Reunião Texto de Meditação Oração Oração Litúrgica


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Publicação mensal das Equipes de Nossa Senhora Casal Responsável: Suzana e Alvaro Malhei<rOs Redação e e xpedição: Rua Poraguaçú, 258 - 52-1338 São Paulo 1 O - SP Com aprovação eclésiástico

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. PREÂMBULO:

Mll CASAIS EM ROMA

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Em Roma, na manhã do dia 2 de Maio de 1959, na praça de S. Pedro, à volta do Obelisco, está reunido um grande número de pessoas. Olhando-o de pe:to, pode ve!ificar-se que êste grupo apresenta uma característica particular: comp·5e-sc exclusivamente de casais. Numa longa p· ocissão, entoando a ladainha dos santos, vêem-se todos esses casais subindo na direção c.\~ S. Pedro ... Durantte os dias seguintes encontravam-se esses casais, ora todos reunidos nas grandes basílicas ou, uma noite, no Coliseu para uma impressionante Via Sacra do casal, ora isolados, o marido e a mulher ajoelhados lado a lado a rezar numa capela das Catacumbas ou perto da Confissão de S. Pedro. Encontrava-se por toda a parto esta pequena célula-base: o Casal. No domingo de manhã, 3 de Maio, êste mesmo grupo encon~ trava-se sob a colunata de Bernini, diante da "Porta de bronze". Os peregrinos subiram lentamente, ao ritmo da recitação do terço, a grande escadaria que vai até à sala das Bençãos, onde as Equipes de Nossa Senhora deviam ser recebidas em audiência particular, p'Or João XXIII. Um grande silêncio precedeu a entrada do Santo Padre, e quando êste apareceu ressoou o cântico "Tu es Petrus".

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O Padre Caffarel, diretor da revista "Anneau d'Or" e assistente geral das Equipes de Nossa Senhora, apresentou os peregrinos: "Santíssimo Padre, tendes diante de vós mil casais das E-quipes de Nossa Senhora. Vêm de 14 países. Mesmo as no~sas equipes mais distantes, as do Brasil, das Ilhas Maurícias, do Canadá e de Guadalupe estão representadas entre nós . . . (As Equipes de Nossa Senhora contavam então perto de 6.000 casais distribuídos por pequenas equip·es de 4 a 7 casais nos seguintes países: França, Bélgica, Suíça, Portugal, Espanha, Luxemburgo, Holanda, Alemanha, Inglaterra, Congo ex - belga, Tunísia, Maurícias, Marrocos, Costa do Marfim, Senegal, Brasil, Canadá, CoIombia . Estados Unidos). "Desde há muito que desejavam, vir ajoelhar-se junto do túmulo de S. Pedro e confiar ao seu sucessor as suas aspirações . . . Compreenderam a, grandeza e as exigências d~ casamento cristão e querem santificar-se pelo e no estado do 1111a.t rimônio; acreditam profundamente na virtude da caridade fraterna e é por isso que fundaram o Movimento das Equipes de Nossa Senhora a fim de se ajudarem mutuamente neste caminho para uma vida cada vez mais dedicada a D·e us .. . "

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O Santo Padre visivelmente comovido diante deste grande númE:ro de casais tomou então a palavra·, dirigindo-lhes um importante discurso num tom de grande bondad'e paternal (ver o discurso de S. S. João XXII I na pág. 27). Este discurso do Papa aos casais das Equipes de Nossa Senhora é como que o reconhecimento pela Igreja do que foi chamado o "phénomene foyer". Realmente a partir de 1935, os casais te-

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m.uam coftS.:iên ia da grandeza .la sua voca~ao e das exigências da sua misscio. Duas grandes conferências, durante a P'eregrinaç~o, puseram em foco êste fenômeno; tiveram lugar na magnífica nave de S. Paulo-extra-muros, diante dos membros do Movimento e do! seus convidados romanos: A 2 de Maio, o Rev. Padre Carré, o. p., pregador em "Notre l>ame de Paris" apresentou uma síntese do pensamento teológico tJestes últimos 30 anos sôbre o sacra1ne11to do matrimônio. A 4 de Maio, o Padre Cafbrel. diretor espiritual das Equipç• de Nossa Senhora, evocou a h•stóri;s e evoluçóo das Equipes de Nossa Senhora desde há 20 anos, lembrando que a tdão de $1lr do M11v:rn nto ~ ajudar os esposos a descobrir e à viver um cristianismo integral no quadro da sua vida conjugal e familiar. 7 de Maio: Assi , dia da Astensão. Deli'ois de ter meditad.l na mensagem do "pobrezinho de Assis" aos leigos, os casais sepa ~ar m-se à noite, com pesar, depois destes dias de intensa vida fraterna . Tomaram os trens esJlleciais que os levavam de volta à Espanha e a Portugal, à Bélgica e a França, ao Luxemburgo, Alemanha, Inglaterra e Suíça . . . Levavam no coração esta frase do Evangelho do dia: "Ide p-or todo o mundo, pregai o Evangelho a to das as criaturas ... ", profundamente decididos a levar a todos os casais do mundo esta boa nova: Cristo veio salvar o an1or e o casa· mento. Não lhes tinha dado o Papa outra orientação: "A vossa m•ssoo de esposos e de P'ais cristãos ultrapasta o quadro restrito da família. Proteger a intimidade do lar não iJ fechá-lo sôbre si mesmo, esterilmente. A Caridade aperfeiçoa-se no dom de si próprio; c ii consagrando-se ' às tarefas que lhe competem na Igreja e na Sociedade que o vosso lar encontrará o ~eu pleno desl!nvolvimento cristão".

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AS EQUIPES DE NOSSA SENHORA As Equipes de Nossa Senhora são um movimento de formação espiritual, aberto aos casais que querem levar uma vida cada vez mais cristã no quadro da sua vida conjugal e na sua vida de homem e mulher com responsabilidades familiares, profissionais, sociais, etc.. . . ajudando-se uns a os outros no seio de cada equipe, apoiando-se nos Estatutos do Movimento. P articipam da grande corrente que fêz nascer, desde há 30 anos, grande número de grupos de casais cristãos; baseiam-se numa determinada concepção do casamento e da vida cristã, que se pode chamar espiritualidade conjugal; tem tal)'lbém fins e métodos próprios. P ara explicar cada um dêstes aspectos citamos nas páginas que se seguem : 1) extratos de um artigo sôbre os grupos de casais: "Sinal dos tempos, sinal da graça", publicado no Anneau d'Or em 1949; 2) passagem duma conferência do Rev. Padre Cané aos casais das Equipes de Nessa Senhora em peregrinação a Roma, sôbre a espiritualidade conjugal e familiar ; 3) uma breve exposição acêrca do conceito de equipe em geral. Gostarlamos de dizer, antes de continuar, algumas palavras acêrca da fraternidade que reina no seio do Movimento. Casais de meios diferentes, casais de países e di! raças diversas estão reunidos nele fraternalmente. Uma direção única anima o conjunto do Movimento e a s equipes, qualquer que seja o seu país, estão ligados ao "C'entro Supranacional. de Paris" através dos diferentes quadros da hierarquia do Movimento. De fato, e é uma 4


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característica do nosso Movimento - o que não quer dizer que outros movimentos a não tenham também - a "fraternidade" é mmto desenvolvida nas Eqmpes de Nossa Senhora. Casais de países diferentes encontram-se em muitas ocasiões, como na peregrinação de 1959 a Roma de que falamos antes, como nos Dias de Estudos anuais de Responsáveis de Equipes, nas Sessões . .. e tôdas as vezes ficam surpreendidos de se encontrarem em plena amizade fraterna com desconhecidos de ontem, com casais de que, por vezes, nem sabem a lingua. "Tinham um só coração e uma só alma" . . . Não afirmamos que êstc ideal esteja plenamente realizado nas Equipes de Nossa Senhora, não dizemos também que seja fácil de realizar, mas afirmamos que é desejado pela direção do Movimento e muito espalhado nas equipes. E afirmamos também que é necessário, para entrat' nas Equipes, ter esta intenção de viver uma vida fraterna, primeiro com os casais da sua equipe, ma-s também, quando haja ocasião, com os das outras equipes. E nada melhor, aliás, do que êste exercício prático no seio do Movimento, já tivemos a prova disso muitas vêzes, para nos ensinar a viver em caridade fraterna com o nosso próximo, os nossos patentes, os nossos amigos, os nossos vizinhos, etc.. . . Assim a nossa vida de equipe, longt? de nos fechar em nós próprios ou num pequeno grupo simpático, só nos faz abrir mais à caridade viva de Cristo. l!lste número da nossa Carta Mensal terminará com o discurso do Santo Padre às Equipes de Nossa Senhora, anunciado no Preâmbulo. Em seguida daremos indicações sôbre o estudo e a oração para a primeira reunião de equipe.

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SINAL DOS TEMPO S

S INAL DA . GRA ÇA

Se os g r upos de casais fôssem a invenção de um ho·mem, a ini iativa de um homem, se o seu desenvolvim'enlo . fõÊisê devido à publicidade, a iniciativas completamente arbH.rárias. não haveria motivo para n9s determo.s neles. Mas "nasceram e;:;pontâneamente e sem idéias preconcebidas '' (P. Rouquette) . E diante da amplidão do fenômeno, a rapidez da sua expansão em numerosos pontos- da cristandade, é forçoso constqtar que é a manifestação duma fôrça interior, que é um smal da graça. Também aquêles que estão a pai.' das correntes vitais que se formam no seio da Igreja, observam com int rêsse os grupos de casais: Donde vêm? Para onde vão ? C01no se devem situar em relação aos · grandes moYimentor, de pensamento e de ação do nosso len~po '!

Esfo.rços

conj ugados

Tentaremos, pela nossa parte, responder a estas pc ·gunlas. E em primeiro lugar vejamos se existe um parentesco entre êste desenvolvimento dos grupos de casais através do mundo cristão e o ttabalho de reflexão, ao mesm1 •t empo psicológico, filosófico e teológico, qu e, desde há alguns a nos, procede à elaboração dum a espiritualidade conjugal e familiar - êst e tra ba lho dos t eólogos, dos f ilósofos,

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dos sacerdotes ~ um fato não menos original que o aparecimento dos grupos de casais. E'. mesmo "um dos traços principais da história espiritual do nosso tempo" nota o P. Rouquette. Os grupos de casais foram suscitados por êste esfôrço de pensamento? Ou foi êste que foi provocado, encorajado e sustentado pelos grupos de casais? Numa palavra, há entre êles uma relação de filiação? Na minha opinião. não acredito numa dependência, mas numa interação, numa influência recíproca. Sem dúvida alguma, as revistas e publicações de espiritualidade conjugal favoreceram o aparecimento de grupos de casais e mantêm a sua vida intei:ior. Mas, por outro lado, o desejo que todos êsses casais têm de viver um cristianismo integral obriga os pensadores a irem mais longe. lllstes dois esforços, se não dependem um do outro, têm uma fonte comum. E para os compreender melhor é prec_iso chegar a essa fonte comum.

Uma

dupla

reconcifiação

Desde há trinta anos, que se impõe uma conclusão aos educadores que seguem os jovens cristãos até ao noivado e ao casamento. 11:stes j oven11 operaram a reconciliação do amor e do casamento. Já não ace.itariam a frase demasiado célebre: "O amor é uma coisa; o casamento é outra". Para êles, casamento e amor são uma e a mesma coisa. Não tendo delapidado os seus recursos de amor durante os anos que precedem o casamento, abordam-no com um coração intacto. Note-se que se casam muito mais cedo que antigamente. A mulher com quem casam é a primeira que amam. E casam precisamente porque a amam. Com certeza que nem todos são perfeitos, nem todos chegam puros ao casamento. Mas mesmo aquêles que tenham conhecido quedas, não deixaram de pensar retamente; as quedas geralmente não deturparam a sua concepção de vida. 7


Esta aliança, finalmente renovada, entre amor e o casamento não é coisa sem importância. O historiador do sentimento religioso deverá inscrevê-la no ativo do nosso século. Esta mesma geração cristã chega à idade adulta com uma fé viva. Os jovens de hoje, com efeito, não se contentam em ficar ligados à religião por tradição e conformismo. E' precisamente porque a tradição e o conformismo lhes pesam, que, ou abandonam o que a seus olhos não é mais do que formalismo, ou aprofundam a sua fé a fim de lhe dar uma adesão pessoal e motivada. Esta adesão voluntária é uma coisa muito diferente de um simples assentimento de espirito; é um amor, um "dom" de si mesmo a uma Pessoa viva, a Cristo. Assim chegam ao casamento tendo dois amores no coração: o seu grande amar humano e o amor a Cristo. Procuram os teólogos para saber como viver plenamente e em conjunto êstes dois amores e é isso que está na origem de todo êste esfôrço de elaboração duma espiritualidade conjugal e familiar. Agrupam-se para se ajudarem mutuamente a viver esta espiritualidade e é isso que origina os grupos de casais. O cardeal Suhard que seguiu estas pesquisas e êstes ensaios com o seu extraordinário sentido de atenção e simpatia, escrevia na sua carta ao "Anneau d'Or", a 7 de maio de 1945: "Com efeito, esperam do seu clero um ensino sólido, não só uma casuística e uma moral mas uma dogmática do matrimônio e da educação, uma ascese e uma mistica para o seu estado de vida."

O sagrado e o profano :ti:ste duplo esfôrço de que acabamos de falar - esfôrço dos pensadores cristãos na procura duma espiritualidade conjugal e familiar, esfôrço dos casais para viver esta espíritualidade - só se compreende perfeitamente situando-o neste mais vasto movimento do pensamento e da vida ac·ê rca 8


do qual Gustavo Thibon tem páginas ~xcelentes no "0 que Deus uniu", - "movimento de penetração do sagrado no profano, do eterno no temporal, do espírito na vida, ainda inédito no curso da história". Thibon nota o lado psicológico e o lado social ciêste fenômeno: O seu lado psicológico: o espírito e a carne reconciliam-se no homem. O espiritual e o vital aliam-se (Zundel exprimia a mesma Idéia: "Não se trata de saber que liberdades se pode pe1 mitir a carne, mas de que santidade poderá revestir-se") . Numa palavt-a é o homem integral que é restituído a D us. O seu aspecto social: a santidade que, até agora, parecia pedir um retiro do mundo, afirma cada vez mais o seu direito de cidade em pleno mundo. O temporal não é para os cristãos, o fruto proibido: trata-se de o recuperar para o fazer entrar nessa grande corrente que de\ie levar tôda a criação para Deus. Por outras palavras, o cristianismo de hoje preocupa-se em instaurar o reino de Cristo por tôda a parte. "E' preciso que 1!lle reine", exclamava já S. Paulo - E não só nos claustros, e não só nas Igrejas, mas em todos os domínios da criação, em todos os setores da humanidade, em tôdas as atividades do homem. Não é essa a ambição da Ação Católica e o que empreendeu nas suas múltiplas formas?

Leigos santos Mas seria extremamente ingênuo acreditar que esta evangelização do temporal se realizará sem choques, sem combates. O temporal é ainda, terrivelmente, o feudo do "príncipe dêste mundo" que não deixa com facilidade a sua prêsa! Acreditam que o mundo do trabalho será reconduzido a Cristo sem um esfôrço duro, que o mundo do capital possa ser convertido fàcilmente ao Evangelho? E o mundo da política, e o da ciência, e o do pensamento, e o da arte? ...

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Esta reconquista da natureza pela graça exige que a iiantidade esteja presente por tôda a parte no mundo moderno. O problema está nisto: Teremos leigos santos (santos .. . entendamo-nos: homens totalmente entregues a Cristo, habitados pela sua êaridade, movidos pelo seu Esp1rito), operários, · homens do campo, chefes de emprêsa, que sejam santos, homens políticos que sejam santos, artistas que sejam santos? Santos e também missionários e talvez mesmo már'tires ...

A santidade do séc, XX Cada século tem um tipo de santidade próprio. No nascimento da Igreja durante 300 anos, é o testemunho de sàngue, com os mártires. Depois das perseguições, êsses eremitas, êsses milhares de Padres do Deserto - que aliás não tardam a agrupar-se. E durante séculos, os mosteiros são escolas de santidade. Notemos, de passagem, que as novas formas de santidade não suplantam as que as precedeTam. Mas: dada a sua adaptação às necessidades da época, eclipsam-nas, por vezes, por um tempo. No séc. XIII, numa cristandade que vive confortàvelmente, onde igrejas e mosteiros são honrados e ricamente dotados, a santidade toma, com as ordens mendicantes, a faêe da pobreza. Na Renascença manifesta-se no grande movimento missionário que leva os religiosos para o Novo Mundo e para os quatro cantos da terra. Pouco depois multiplicam-se as congregações fundadas para socorrer tôdas as misérias fisicas e morais - doentes, órfã os, velhos, ensino de crianças, etc .... No séc. XIX, por sua vez, par tem as mulheres em missão longínqua. Não se pode pensar que o século XX abre a era da santidade dos leigos casados?

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Escolas de santidadé Não é fácil ser santo no meio do mundo. Aceitar tomat' as res,P.Qnsabilidades, e~Jar presente por tôda a parte na Sociedade;· há já alguns anos que cristãos, cada vez mais numerosos, vêm fazendo isso. Mas quantos perderam o seu entusiasmo e a pureza do cristianismo da sua juventude ... o seu coração não estava suficientemente temperado, incorruptível. Não podemos atirar-nos à água para salvar um mundo em naufrágio sem estarmos seguros dos meios para resistir ao turbilhão. Onde então se podem formar estas testemunhas de Cristo, êstes santos dos tempos modernos chamados a afrontar tais riscas? Nas suas paróqmas, nos movimentos da Ação catóü<.:a, nos retiros, na 01reçao espintual. . . com certeza. Mas, tal como os eremitas sentiram rapidamente a necessidade do apoio da regra e da am,zade fraterna dos mosteiros, tambem os cristaos casados têm necess1dade de enconu ar uma fotmação espiritual adequada ao seu estado de 111<ia e de nà.o fi car isolados no duro combate da sanuaade. Na nunna opinião, creio que os grupos ue casais devenam preocupar-se em ser, antes de ma1s, escolas de santidade unde. o casal volte regularmente, tal como o Pregadot· ao conl'cnto,- para se refazer no am01ente fraterno, oeber novas i ôl'ças na oração e meditaçao, cei tificar-se que não está so uos seus trabalhos. Não desprezo também os socorros mais humanos que lá podem encontrar, a amizade, a ajuda mútua, que, aJudando-os a realizar a sua missão de homens, podem facilitar o seu progresso espiritual. As primeiras comunidades cristãs, onde se praticava o pôr-em-comum dos bens materiais e espirituais, faziam com que os que delas s.e aproximavam, dissessem com nostalgia: "Vêde como se amam". O espetácUlo da sua caridade era

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impressionante. Porque não exerceriam as nossas equipes de casais a mesma sedução nos nossos contemporâneos? Vejo nisso um aspecto novo da sua missão.

Compreendê- los A história da Igreja ensina-nos que, mais de uma vez, abortaram grandes movimentos espirituais. Há rios que se perdem nas areias. . . E' preciso então identificar a tempo estas fôrças e tratar de fazê-las triunfar. Os grupos de casais, se não são ajudados, correm o perigo de não identificarem a fôrça que os suscita, de se iludirem acêrca da sua missão, de permanecerem num estado de imprecisão e de indeterminação. Que, por seu lado, os grupos, que devem ser "bases" - no sentido de bases navais: bases de partida - desconfiem da permanente tentação de se fecharem sôbre si próprios. No dia em que não fôssem mais do que "creches para adultos", ou pequenos ghettos, a sua missão seria atraiçoada; teriam perdido a sua ·razão de ser. Para evitar êstes insucessos, vamos aconselhar a federação de todos os grupos de casais, vamos impôr-lhes fó.t·mulas e métodos elaborados a priori? Deus nos livre! Não haveria nada mais perigoso do que esta arregimentação. Aliás, já muitos estão ligados a diversas organizações. E é bom sinal. Esta multiplicidade é uma garantia. Nada é mais útil do que a emulação.

HENRI CAFFAREL

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ESPIRITUALIDADE CONJUGAL E FAMIL[AR Antes de mais, precisemos o sentido das pala\iras. Alguns têm pretendido ver na espiritualidade conjugal, um refúgio em face das dificuldades concretas da existência. Outros têm perguntado a si mesmos se a irradiação apostólica do casal entra nas suas parspectivas.. Ora uma espiritualidade só é autêntica se permite a um cristão viver integralmente segundo a verdade do seu estado.

Um estado de vida santificante Quem fala de espititualidade conjugal e familiar anuncia uma arte de viver que utiliza todos os recursos da natureza e da graça. a arte de viver um estado humano santificante. Fixemos êste último pensamento: foi essa a descoberta que emocionou tantos casais. Sem dúVida que conheciam a doutrina da Igreja, mas duma maneira abstrata. E eis que a consciencializaram. Um estado humano santificante. Dois cristãos batizados, confirmados, alimentados pelo Corpo e Sangue do Senhor, não entram numa forma de existt:ncia simplesmente sancionada pela ordem legal, ou benzida - do exterior pelo padre. Não têm de santificar a sua união, como se tenta dar, em nome do batismo, um valor sobrenatural a uma profissão ou tipo de vida que continuam a ser realidades profanas. Não é essa a vontade de Cristo ao restaurar, recriar (diziam os Padres da Igreja)

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a ordem primeira do mundo pela sua morte e ressurreição. O estado do casamento não é uma situação ou condição social. O ~cramento fêz dele um canal de salvaçãQ. Santüica-se o matrimônio deixando-se santüicar pelas graças do matrimônio. Assim, é o sacramento do matrimônio que possui a. verdade do estado conjugal. O padre santifica-se no exercício do sacramento da ordem, segundo a lógica da sua função. Que êle contemple o mistério da P áscoa do Senhor, de que foi :estabelecido ministro para sempre: encontrará ai uma insnlraciío p ermanente para viver a sna existência segundo o Evangelho. Da mesma forma, é servindo-se do simbolismo próprio do sacramento do matrimônio que a espiritualidade conjugal propõe a santidade aos dois espôsos. S. Paulo deulhes o seu modêlo: a união de Cristo e da Igreja. Na medida em que crescer a conformidade com êste modêlo, na medida em que se acentuar a semelhança, por mais pobre que seja na terra, os do ls espôsos viverão a verdade da sua vida . segundo o Evangelho. Elfl o tesonro. antig-o e novo. oue o Santo Esnfrlt() de Deus revP-la. Flifl o seg-rêdo it o milhaees de ~a.sals . P fl.ra ~res('er na C'arirta.de. Df'l'Ft. el't.reitar eada. VE'Z mais "' SUR. lnt.tmfi'IFtde com o Deus trlnltârio. no{jem procurar o anoio duma. familia religiosa, e podem também - como as Equipes de Nossa Senhora - criar por si próprios estatutos nue os submetam diàriamente a uma disciplina necessária. De qualquer modo, nãa irão buscar em um estado diferente do seu, a arte de viver a sua vocação. Cristo Salvador tomou esta vocação a seu cargo. Os conselhos que :tllle dá aos que aspiram a uma vida perfeita, êles aceitam-nos e esforçam-se por apl1c'á -los no estado providencial em que, pecadores resgatados, devem dar ,l{lória a Deus .

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Princípios da espil'itualidade conjugal Essa espiritualidade tem evidentemente as suas articulações chaves, os seus princípios fundamentais. Emprego fórmulas um pouco escolares; convém ser claro. Não esqueçamos, no entanto, que vamos abordar, de cada vez, atitudes em que dois filhos de Deus, no sofrimento e na alegria, se encontram em tudo diretamente comprometidos. Qualquer união, a começar pela de Cristo com a Igreja, põe o problema do "outro". E' êsse o primeiro principio. Para realizar os fins do sacramento, dois esposos dizem doravante nó.s. Palavra muito simples mas cujas exigências são enormes. O grande mistério revelado por S. Paulo ensina-nos, realmente, que amar um sêr é dar a vida por êle, numa total comunicação de bens, e é responder ao dom do outro, pondo-se ao serviço das riquezas que êle traz para o capital comum. Estão vendo, desde já que a união Impõe uma verdadeira conversão dos dois esposos um ao outro. Por um lado continuam independentes porque cada sêr prossegue o seu diálogo com o Deus de Amor, que o amou antes de qualquer outro. Mas, por outro lado, ei-los solidários. O sacramento mudou as suas vidas. No caminho que conduz ao Reino, dois cristãos não caminham um ao lado do out.ro, mas juntos, um com o outro, doravante responsáveis um pelo' óutro. O segundo principio está ligado intimamente ao primeiro. Os êspôsos têm o direito de dizer "nós", porque foram os ministros do sacramento que os uniu. Comenta-se muitas vezes esta afirmação explicando que os espôsos transmitem a graça um ao outro. Mas vós, meus amigos das Equipes de Nossa Senhora, ides mais longe· nesta realidade maravilhosa, sabeis o que significam estas palavras: ser ministros. Já meditastes a frase de Scheeben: "Não são tantos os espôsos que se unem, mas Deus que os une um ao outro, por intermédio da sua vontade". Ser ministro é agir em nome de alguém. Neste caso em nome do divino Chefe. DaoUi em diante, que dever se vos impõe em tOda a vida

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do vosso amor? O clever de serdes fiéis a ê te gesto inicial, não renovando-o, já que o sacramento é permanente, mas retomando constantemente as suas intenções. Os consentimentos que marcam o vosso caminho podem fornecer à graça, ocasião incessante de se manifestar, de se desenvolver, para que seja aproveitado totalmente o tesouro que vos foi confiado em nome de Cristo, no primeiro dia. Tôdas as outras linhas de fôrça, todas as outras exigências da espiritualidade conjugal vêm dêstes princípios. Na ordem cristã .existe um sacramento que conjuga duas vidas; a sua lógi ca imperiosa exige que ess!ls duas vidas atinjam o seu suplenJO desenvolvimento, ao submeterem -se à von tade do amor que as uniu. Como inspirar-se nestes dois principias, na viela de todc.s os dias? Diante da vontade de Deus, como manter o "nós" conjugal <lentro duma fidelidade cada vez maior? Os limites desta conferência obrigam -me a só os sugerir, em alguns traços rápidos.

Caraderísticas da espi itualidade conjuga l "Maridos, am!li as vossas espôsas como Cristo amou a sua Igreja". O marido e a mulhe1 têm vocações complementares. Numa leitura superficial do texto de S. Paulo corre-se o risco de detUl pa1· o pensamento do Apóstolo. A nota dominante nê.a está posta na autoridade do hom em , indiscutivel no século primeiro, mas no sacriflcio que essa autoridade de amor impõe na concepção cristã. "Dar a vida por ela": se a santidade é, fundamentalmente , não tanto esquecimento de si mas dom de si, ativo, generoso, até ao sacrifício compreende-se então que recursos ela vai encontrar nu~ amor de um homem que se deve converter até êsse ponto? E se a santidade é docilidade a Deus, a fim de não O impedir de nos fazer reviver todos os mistérios de Cristo, que pedagogh de santidade se vai operando n esta mulher cuja submissão, inteligente e livre, serve o bem comum do casal! 16

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o amor, que deve ser o centro do casamento, fica em estado de graça no dia do casamento. Enquanto que o contrato sacramental encontra imediatamente a sua realidade total, o amor, êsse, apenas começa a oferecer-se ao lento trabalho e às riquezas da Caridade. Deve aprender a amar com o mesmo amor com que Deus ama. Se êsse amor é fiel, Deus vai utilizá-lo, porque êle p ermite, no íntimo dos espõsos, despojando-os do seu egoísmo, purificando-os, ensinando-lhes por vezes duramente, dolorosamente - como numa escola prática de santidade - uma presença ao outLo que servirá a presença de Deus. E Deus vai utilizá-lo também em função do que existe de irrealizável em todos •)S amores humanos. O desejo de felicidade abre-se para a eternidade. Um amor colocado em estado de graça, um amor em graça introduz no mundo da vida divina. Sabemõlo porque temos visto : a Caridade pode realizar êsse p1 odígio de unir cada vez mais dois espõsos no seu amor e de despertar neles cada Yez mais a fome e a sêde do Deus de Amor. Cumulados e ávidos: o longínquo ideal de hoje pod<:> tornar-se a realidade de amanhã. E' a obra da Candade. Diz-se que a fan1ília é 11ma "igreja em miniatura". Realmente, como não admitir que no Corpo Místico laços privilegiados unam do\.'l cristã os casados? Vão conhecer, aperceber-se algumas vezes duma maneira quase sensível, da fôrça da comunicação espiritual. Conforme aderirem ou não às int!"nções proftmdas do s'lcramcnto, enriquecerã o ou empobn·cerão o outro. êssc outro que é ao mesmo ten1po a tcstcmunllél da multidão dos nossos irmãos na Comunhão uniyersal. Como "igreja em miniatura" também p1estarão ::1. Deus o louvor que ftle espera duma comunida de espiritual de sêres resgatados. E porque a família tem o seu lugar orgânico na paróquia inse1·em-se muito naturalmente na ação dessa paróquia, tanto junto dos crentes como dos descrentes. 1'?


O último aspecto que quero acentuar é muito necessário. Figura em lugar destacado no credo dos vossos lares, e por vezes no primeiro lugar nas horas difíCeis. O ideal que vos acabo de traçar é magnânimo, mas não haverá nisso motivo para desanimar quando se é fraco, medíocre, quando se sente todos os dias que se é pecador? Não, visto que o sacramento existe, precisamente, para a salvação dos pecadores. Não - e cada um de vós, meus amigos, compreendeu-o com admiração - visto que graças sacramentais poderosas vos acompanham, vos hão-de acompanhar até ao termo do caminho da santidade. Essas graças preparam-vos para tôdas as tarefas, tôdas as vossas respon:;abilidades, assim como para as inspirações incessantes do Espírito de Amor. Elevam-vos ao nível que a vossa vocação reclama. Tendes direito a isso, dizia o Papa Pio XI. Recorrei, pois, sem receio ' sua fôr a, ao seu poder reparador. Deus está aí para vos sustentar e alimentar ; Det'S stá aí para 1!lle próprio, vos levar a Deus. Não é possível estender-me mais. Outras observações lentamente descobertas, lentamente amadurecidas, deveriam ser trazidas aqui- Pelo menos espero ter acentuado o essencial.

A M . CARR!:, o. p.

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SUPLEMENTO à Carta Mensal das Equipes ·· de

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i:dir..tiitl !'.sre L, vr iHho lnqui e tanlt: 4

Pàra a 51.13 biblioteca Crô ni cas do Re ino de De us Bilhete do Centro Diretor Um assistente escreve à sua Equipe Realizar uma Comunidade O que vai pelas Equipes Uma viagem a Paris Jubileu de Prata de Pe. Corbeil e Pe. Melanson Dias de Estudos. dos Responsáveis Vida do Movimento Equipes admitidas e compromi ssadas Deus chamou a sí ' Calendário .


A wpresentação da primeira Cm·ta Mensal d~ste ano, os· tentando, na capa, o sub-título "EQUIPES NOVAS" , pode lhes cansar estranheza. Cabe pois nmct explicação. Já 1!á algmn tempo qne, em antros pafses, as Pqnipes iiovas recebem, nos dois primeiros anos de atividade, ttma Cm·ta Mensa~ especial, em lugar da a. M . nonnal. São n-úmeros destinados a levcil· aos novos eqltipistas, os fmlllamentos da espiritttaJidade conjugal e jamiliaT, bem como escla?'ecimentos sôbre a razão de ser das várias n01"1nas TA"opos tas pelos Estattttos e dos vários "tempos" de nossas ?'mmiões mensais, formando assim os . casais, gradativame11t e. na mls· tica e nos método$ do nosso Movimento. E ' esta série de mímeros · especinis que. sob o tft1tlo de

"Carta Mensal Equipés Novas", ap1·esentamos uos nosso.s equipista, êste ano. Poderíamos ter iniciado a sua publicação ent:iando-a sõmente às equipes qtte se fonnass em daqui 'jJOr diante. Mas os smts textos são tão ricos e esclar-ecedoTes, que as equipes antigas só podm·ão benejicia.r-se com a S11Ct leituTa. E' possível que estas tíltimas tenham a impressão, no ler a "Carta Mensal Eqwipes Novas", de que o selt contetído já lhes é conhecido. Mas... sê-lo-á realmente, em tôda •t Sita profttndidade? E, mesmo que o seja, não hctverá vantage1n em reveT, a.gora com ttm olhar experimentado, o qnf já é conhec-ido? E' mna oporttm{dade para p'enetrctr mais a fundo na Mptritualidade que nos é p1·oposta pelo Movimento. P:ste "Suplemento" trará, como de costume, notfciaa da "Vida do Movimento" e textos outros de interêsse, inclusive, excepcionalmente, o EDITORIAL que ve1n publicado logo a

s.eguir . II

.'


WITORI !.

ESTE LIVRINtiO INQUIETANTE!

Acabo de ler, com interesse, as respostas de cerc:t de troser;tos casais das Equipes de Nossa Senhora a um inquérito sôbre " leitura do Enngelho .

E' evidente que nõo tenho a P'retensõo de lhes apresentar, er.• J>Oucas linhas, os resultados completos. Creio, simplesmente, qu .J devo comunicar-lhes algumas ref.lexõ es sôbre certa reação que e" -

contrei com frequência: "Quando pensamos mergulhar 110 Evangelho , confess3m muito s casais e rn termos semelhantes, ce~e Mos muias ve t:e'> à r.:ntaç .. õ Je fuga .

E' , sem d.:ivida , uma re;>coo de defesa" "No fundo,

o Evangelho mete-nos um pouco de tnedo" ,

1:

en1 v6rias respost3s.

Entre os q~ae lêem com freqüência o Ev:~ngelho , muitos, dunl..o forma ou de outra, concordam com o casal que escreve: "Quando. nós os ca~aJos, .:1brimos o Evangelho é sempre com a impressão d., que: nunca poderemos rulisar o que ele nos p>ede. Cristo não su porta o meio termo .. : Sentimo-nos .. desencor.1jados". ·

IH


''ôesencor~Jjados", "lHquietos", "e nugsdos", sio 1 eHn~i qll~

se

n~ p de rn

am iudadas ve zes.

E' verdade que as exig ências de Cristo vão terr ive lme nte long e: "Não julgueis que vim trazer paz à terra . Não vim trazer a pa::, mas a espada" . (Mt. 10, 34).

"Ninguém pode servir a dois senhores, porque, ou há-de abo rrecer um e amar o outro ou ser dedicado a um e desprezar c out·ro". (Mt. 6 - 24). "E' mai s fácil entrar um camelo pelo fundo de uma agulh<:~ do que um rico no reino de Deus". (Mt. 19-24). "Quem , depois de deitar a mão ao arado, olha para trás , nã o é apto par<>. o Reino de Deus" .. (Lc. 9-62 ) . "Segue-me e deixa que os mortos sepultem os seus mortr,,• (tv\t . R- 22 l. "Se '> teu olho direito é para ti ocasião de pecado, arranca o e deita - o fora para longe de ti, porque melhor é para ti pe rder- se um só doo; teu s membros do qu e se r todo o te u com0 lançado nõ Geena" ( Mt. 5 - 29) . " Então Jesus pôs-se a dizer para todos: Se algu é m que : vir após Mim, renegue-se a sí mesmo, tome a sua cruz todos os dias e -siga-Me". (Lc . 9 - 23 ). be !.~s.

"Todo aquele dentre vós que não renunciar a todos os seu:, não pode ser Meu discípu lo". ( Lc. 14-33) .

"Quão estreita é a ponta, e apertada a via que leva à .Vida ! E sã o po ucos os que. dão com ela" (Mt . 7-14 ) . , ~ão t.erá Cristo falado . só

p-Jta

deseHcoraj:u

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:.I mas Je bo.1

vont~e.?

Certa ft\e.nte, Ele quer qu e . aju ste mot . a nos,.. vida por este idea l apresenta do em _to.4a .a , s11a i r~ca n desc~ t.e pur e~a , "''' _q~o~er tam -

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l.án1, e antes do m:.is, que confrontemos a nOS!..! mJneira de pensar e de viver com as suas exigências, para que possamos descob1ir tudo aquilc que em nós as recusa, as contradiz, a fim de, numa palavra, tomarmos consciência da nossa condição de pecadores. E não será isso que nos atormenta mais cruelmente? Temos uma necessidad1~ tão grande de estar contentes conosco mesmos. de no~. considerarmos "suficientes"; ora, se abrirmos o Evangelho , somos for~ados a condenarmo-nos. Mas é precisamente a isso que Cristo nos quer obrigar, nós que não temos espontâneament)e a atitude de publicano: "Meu Deus, tende piedade do pecador que eu sou!" (Lc. 18-13). Descobrir que somos ~~o~acadores e que não nos podem~s salvar a nós próprios, por mais que o desejemos, e reconhecer, pois, que temos necessidade imperiosa de um salvador, eis o primeilo sentimento que Cristo quer despertar em todos os homens. Que aquele que se recusa a isso não p1-etenda encontrar-se já entre os que seguem Cristo. t

O ideal evangélico é difícil de realiur , isso é bem verdade; mas se nós o aceitamos, se aderimos reconhecendo como estamos afast3dos, querendo muito sincera.,..,ente orientar a nossa vida de

acordo com ele, então a graça do Senhor virá em nosso auxílio. Ela tem feito muitos outros milagres! "A Deus, nada é impossívell" Sendo assim, o desânimo não fic3 bem. Mas evidenl:!n.\ente, quem não queira perder o ah1or e a e:~ · tinu por si prÓIS'tio, não abra o Evangelho. E' um livrinho terrivelmente inquietante. Quero dizer: que se apodera da nossa quietude e lho torna a vida dura.

HENRI CAFFAREL

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PARA A SUA BIBLIOTECA CRôN ICAS DO REINO DE DEUS Fr. Lucas M oreira

EJ.

Neves

DLIO$

O.P

Cidades

O próprio Autor nos di z que estas crônicas foram arti gos de revista, pales tras de TV, antes de serem livro . Porisso o est ilo: se mpre agr~ dóvel , acessível, atraente, sem nada perder em profundidade. Todo o liv ro é feito de nar,.:Jtivas, f(Jceis de ler. . . Um non lro fo iluit o com um .:lmigo , n le itura dt. uma notícia banJ I no j orn:~ l, uma car ta recebida, um<l fe sta de famili.:J, um drama que ã :i revisl:~s exploram torpemen te. Em todos estes aco ntecimenlos d ~ lodos os dias, o Autor vai além do f to corriqueiro, para n ~ l c e,, _ co nt ra r "a grende mensagem ela presença de Deus no mundo do5 homens". Sem pretender ser de cspiritu.1 lid ade, estas "c rôni cas" ajud.:lrào certamente os se us leitores a descobrir aque l:~ coisa s impl es: , "o R.c ino de Deus não se esconde em regi ões inacessíveis. Mas, ao con · trório , suas fronteiras pass,am pelo nosso coração, seus alicerces séo 1JS próprios acontecimentos do reino da terraú .

VI

.


BILHETE

DO CENTRO

DIRETOR

Caros amigos

1--

1-'t

Se a vida só consistisse no "cotidiano", correríamos o risco de adormecer, de nos aborrecer, mesmo quando agitados por numerosas atividades. E, o que ainda é mais grave, de nos sentirmos aridos, mesmo se procurarmos, pela fé, viver bem esta vida cotidiana, e beber a vida na fonte de Deus. S'io necessário~ à vida pessoal, à vida do casal, da familia, da pró•xia Igreja, horas grandes, grande~ momentos, tempos fort~5. Alç,umils vezes, são cs próprios acontecimentos que provocam um sobress31to, um passo à frente: alegrias, provações, encontro;, amores, vêm agitar e perturbar o nosso coração e a nossa vida. Mas há períodos menos férteis em acontecimentos. Não lhes pare::e que é preciso então provocar os abalos que nos hão de acordar, que nos hão de dar o sobressalto necessário? Cristo e a lg•eja, no plano religioso, proporcionam-nos esses "aconteci,;ento<." que são as grandes festas litúrgicas, os retiros, certas solenici;des ... A Igreja sente igualmente essa necessidade em relação a sí mesma: o Concílio é um exemplo. Ao nível do casal, utilizam-se os aniversários. as ocasiões diversas, mas podemos também provocar, nas horas de amolecimento, uma festa, uma manifestação, um dever de sentar-se, que obrigarão cada um a sair da sua reserva, de seu mutismo, para exprimir o oue tem de mais profundo no coração, c que produzirão um rcsSUt'gir de vida fraterna e familiar, um progresso na caridade. Assin· , no plano do Movimento, procuramos, periodicamente, o que pode provocar um progrvsso, uma coesão mais forte, uma vtda mais intensa, uma caridade mais viva nas Equipes. Lourdes em 54, Roma em 59, são datas importantes na vida do Movimento c na jos casats que dele faziam parte nessa altura.


Um grande número de casais, disso se apercebe muito bel1", ., ajuizar por aqueles que encontramos aqui ou alí, nos Encontros ou Dia5 de Estudos, e nos dizem que é preciso pensar novamente num passo à frente, num novo empreendimento. Pensómos realmente, com os Responsáveis Regionais, que era chegado o momento próprio. O Movimento contava 800 equipes em 1959, quando fomo: a korna; contará cerca de 1800 em 65; 60% dos membros da~ equipe5 nunca teve oportunidade de participar de sses nossos grandes encontros. Por outro lado, se as eq~es se multiplicam, algumas- todas em certa medida - envelhecem. Impõe-se um revigo;amento. Por ocasião de Pentecostes, em 1965, se Deus quizer, irerno~ de novo a Lourdes. Menos de dois anos, justo o tempo para pr eparar-nos. Mas ir a Lourdes em 1965 ... somos tentados a dizer que nãG é o mais importante. O m.3iS importante é saber por que lá iremos, o que queremos levar a Lourdes, o que queremos pedir em Lourdes. A decisêo de ir a Lourdes é acompanhada de outro projeto Com mais exatidão, está apenas em segundo lugar, como coroamento de · um desejo muito profundo: o de fazer que o nosso Movimente, e cada um dos nossos casais viva mais de acôrdo com c Evangelho, de fazer que seja verdadeiramente vivida esta frase dos Estatutos: "Fazem de seu Evangelho, o fundamento da própria família". Queremos alcançar de Maria essa grande graça. Como preparação para a pedir e pa ra a receber, faremos dois anos de leitura e de estudo do Evangelho. No primeiro ano. a partir d':! 1 .0 de maio faremos, todos juntos, uma leitura dos textos evangélicos. No ' próximo ano, quando regressarmos de férias, todas a~ equipes estudarão o mesmo tema, como nos anos em que se fizeram peregrinações, e êste tema será sôbre o Evangelho. Este ano, portanto, vamos ler o Evangelho. Leitura esta a ser feita individualmente ou em casal, além do nosso téma de estudos No próximo mês, o número da Carta Mensal será dedicado a um< apresentação dessa leitura e à divisão semanal segundo a qual a vamos fazer. E partiremos com o mesmo passo, semana a semana, à descoberta do Evangelho. "Descoberta? dirão alguns, mas nós

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conhecemos o Evangelho!" Nenhum de nós, nem mesmo nenhum cristf.o, conhece suficientemente o Evangelho a ponto de o ter esgotado, pois é a Palavra de Deus, inesgotável z infinita Esta leitura paL·sada (a divisão foi estudada para 1O meses l, vai por-nos err' contato di reto cem Cristo, e esse contato é a nossa vida!

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Em equipe, todos os meses, faremos a "partilha" sôbre estd leitura semanal, para nos ajudarmos e nos ampararmos mutuamenk. E não é pura coincidência que isto seja feito logo depois do Concílio." O Papa João XXIII quis o Concilio para renovação l.on lg,P.ja. Há um ano, o Pe. Caffarel dizia-nos que seria hipocris•a desejar uma renovação da Igreja, sem começar por uma reforma de nós mesmos. "Ora, acrescentava, não pode haver renovação da Igreja senão por um retorno ao Evangelho". E' esse retorno q•Je: desejamos ao Movimento, a cada um de nossos lares e que confiamos à Santíssima Virgem. Creiam, caros amigos, na nossa amizade muito fraternal e na:; nossas orãçôes. O CENTRO

DIRETOR

PREPARAÇÃO DO CASAMENTO

PrOJJ(>rcionar aos noivos O-' meios de mell!Or se amarem e ajuda-los a prevenir e e1Íjrentar as dificuldades próprias aos ]Jrime.il"os lmnpos dr casados_ é. sem dúvida, a ntelhor provct de ami-:.adc que lhes JlOdemos dar. Despertc.mos nêles o intcrêsse pelos Cursos de · Preparaçâo ao Casamento que ininterruptamcnle se reali-zam em Selo Paulo, o1·a num, ora em outro baino. Inscrições e informações c,,m a casal Tereza e José Eduarclo Macedo Soares Sobrinho, pelo telefone 80-3831.


. Um ass iste nte escreve à sua Equipe

REALIZAR UMA COMUNIDADE "Paréce-me conveniente escrever algumas linhas acêrca do que penso, olhando para trás, do estado atual da &quipe: o semi descanso das férias, e o retiro que acabo de fê:zer permitem, com calma e em paz, tirar certas conclusões. A rcuniiio de balanço foi a oportunidade de trazer à luz um mãu-estar que parece já existir há meses. A troca de impressões permitiu q ue se defini ssem os seus elementos. Na minha opinião não acredito que a equipe esteja a perder impulso; o que a perturba é um <J cri se de crescimento. Há passos a dar que estõo "maduros" c é isso que produz o mau-estar: é um mau-estar de nascimentr;.! Conheço cr.da um de vocês e sei que este ano viu esforços, verdadeiros c persistentes da parte de todos; não está em causa a gen;:rosldade de cada um . E.,tõo que lhes falta, a ponto de levar alguns a duvidarem dr valor da equipe? Qual é esse fruto maduro que adivinham estar ac ~ eu alca nc e e que é necessário colherem em conjunto? Ele ai está, presse ntem-no, e irritam-se por niio o possuir ... , o que provoca urr. ce rto ene rvam ento. E' preciso ver com clareza. Penso que até agora viveram mais individua lmente do que e>n' co munidade, mas vou-me explicar. A eq uipe, com os Estatutos, r:

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controle e a ajuda que ela traz, foi, para todo m verdadeiro pcnto de apoio para uma autêntica vida cristã e apostólica. Cons-!· guiram também um certo estilo de vida comunitária, ao mes·m r tempo profundo e superficial; profundo porque, sem dúvida nen:1uma, hó "comunhão" num certo plano, e que o compromisso de SE ajudarem uns aos outros é uma realidade para todos; superficral porque o pôr em comum, até agora, é feito com uma tal reserv.; uma tal discrição que as suas vidas não "comunicam" verdadeiramente. E' nisso que tropeçam. E' preciso que passem a uma comunidade mais concretd, que confiem mais uns nos outros, não s5 para viver a regra mas também para viver a vida. O passo que têm que dar, é um passo de amor. Agora é pre· eis:> que tenham uma confiança total, que haja uma verdadeira r:omunicacão entre vocês. E' difícil, não é possível, sem um acréscimo de c:mor. E' cem vezes mais fócil agrupar-se numa equipe de ação que est"ibelecer uma comunidade. Quando nos agrupamos com vista a uma ação, é ela que comanda, é à sua volta que se realiza a unidade, é ela que polariza as personalidades pelos aspectos em que é podem servir. Realmente reduz a vida comum ao que se realiza err comur1. Atrofia as personalidades na medida em que as prende numa só ação, onde não chama senão aquilo que, em nós, pode ser util a essa açéio. A comunidade que é preciso estabelecerem é U""1a COISa completamente diferente. Estó ao serviço do verdadeiro c!e · ser.volvimento de cada pessoa, de cada casal que a compõe: Saberr melhor do que nós quantos esforços, respeito, amor, pressupõe o 51' ceoso dum2 verdadeira comunidade conjugal, e também duma co munidade familiar. A comunidade de nossa equipe pode ser d1 fícil de realizar, mas é preciso que se esforcem para atingir €!str. obietivo. A comunidade é tão difícil de realizar que, natural .. ,ente, se tende para uma equipe de ação (mesmo de ação espiritwrl) : Procuram-se tarefas para se realizarem, fins a atingir em conjunto. lmag1112-se que se progride assim na vida comum. Arriscam-se, pelo contrário, a ficarem seriamente desorientados. Vou dar um exem-

XI


pio concreto. Às vezes dizem-me: "A nossa equipe deveria conseguir que todos fizessem a vigília da noite" , e esforçam-se nesse sent ido. Acho muito louvável que, com efeito, todos a seu tempu o consigam, mas é preciso não fazer disso uma "tarefa " . Não se t r<: ta de todos fazerem a mesma coisa ao mesmo tempo , mas de ajuda rem cada Llm a descobrir e a fazer a vontade de Deus. Têem de se ajL1dar uns aos outros na linha da vocação própria de cada um e do casal. E voltamos assim ao b-a - ba do amor: darem-se a conhecer acs outros prestarem atenção aos outros para os conhecerem verdadei ramente, não avaliarem os outros por si, mas conhecê-los tal come são , quererem para os outros a realização da vocação própria, pro cu.·are., descobrir com admiração e respeito o que neles é obr J dEo Deus, amarem o que Deus quer deles, etc. . . E é verdade qu e técm progressos a fazer neste aspecto. Se se sentissem responsó · vci s pelos outros , estariam mais atentos a conhecê-los verdadeiramente, escutá-los-iam com mais dedicação, tentariam ajudá-los duma maneirõ muito diferente . Se pensasse que o destino mais profundo de cada um é tomado a cargo pela equipe, não lhes comu ni cariam mais as dificuldades e os problemas, bem entendido co m z discrição necessária que o amor lhes ditaria? Um grande obstáculo é o nosso amor próprio . Se há falta de simplicidade tantas vezes, é porque uma parte de nós próprios nm: e nvergonha e que procuramos mantê-la secreta . Não se trata de d 'zer os nos sos pecados. os nossos vícios, nem mesmo os nossos defe itos. mas é preciso aceitar qu e os descubram em consequência duma re::J ÇÕ ( · ou duma di scussêio : não há possibilidade de ve rdade entre ho mc ns, sem esta humildade bá sica de não termos medo qu e os o utros de scubram as nossas lacunas e os nossos limites . E e x i ~ tc a profunda alegri a de permanece r na ve rdade . Eis o caminho que se lhes oferece . Acho necessário que c<Jd<: um reflita sôbre ele . Creio que todos estêio prontos para o se· gw ire m. Além disso é necessário que, plenamente conscientes, sigam por ele, que avaliem as suas condições . A renovação do COill· premissa será a oportunidade desta entrada mais consciente numa vida mais profundamenfe fraterna" . ··:

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Nest~ s meses de fér ias , acumularam-se as noticias que se rõa preciso levar ao conhecima1to dos equipi sta s, já que nos demais países, quase todos, as equipes estiveram ativas, pois neles o pe ríodo de férias vai de julho a setembro. Vamos pois fazer urna breve s íntese, iniciando com o relato da viagem de Pedro Moncau q•J e fo; a Paris, convidado para repre sentar c Brasil no Encontro lnt oo rnacior.al das Equipes.

UMA VrAGEM A PARIS Have ria muito a contar, de s d~ a via ge m em si, terminada no magcstoso aeroporto de Orly, quando me encontrei sozinho nas ruas de Par is, 'o' m consequência de um desencontro e, finalmente , o ac:> · lhimento amigo e fraternal no lar de Yvette e Mareei Delpont, o casa l qu e é a ponte entre as equ ipes do Brasil e o Centro Diretor. Na manhã fria de 19 de outubro, ao chegar com os Delpont no Palais de Chaillot, onde se iam realizar os "Dias de Estudos dos Responsáveis, uma multidão de casais aguardava a abertura dos portões. Minha primeira reflexão: "quase sozinho , isolado estranho, no meio dessas quase 3.000 pessoas, isto vai ser solenemente aborrecido ... " Mas, cousa estranha , embora houvesse ali casais de I 5 países, todos se conheciam . . . sem nunca se terem visto. todos comunicatrvos, amáveis, em transbordamento d~ alegria e aberturil . O mesmíssimo ambiente fraternal e alegre dos nossos Encontro ~ de Sõo Paulo!


Depois, a ordem perfeita, a organização impecável, permitindo que ceda um· encontrasse, no grande teatro de Chaillot, O' lugares previamente reservados ... a imponência do amplo aud;tório. literaimente cheio. . . a imediata impressão de unidade , de coesão, d2 espiritualidade, ao serem entoados os primeiros cânticos e orações, vibrantes, comovedores. Logo de início, a e ntronização ~olene do Livro dos Evangelhos, já que o Evangelho ia ser o te ma central dos trabalhos e que, neste ano, terá um lugar de destaoue na vida do Movimento. Depois ... dois dias cheios e rico~. em que, numa cadência sóbria e equilibrada, sucederam-se conferências e relatórios, testemunhos e experiências, notícia s e di •e· trizes. Tudo isto num ambiente de v iril espiritualidade, alimentao1 po r cânticos e orações, culminando na celebração da santa Mi ssa, cer.tro e vértice de todas as atividades. Convidado para dizer duas palavras sôbre as Equipes no Br;,si l. foi evidente o interesse despertado . No "tempo livre" seguin· te, numerosos casais vieram procurar-me , curiosos por detal hes, ou simplesme nte para. conversar , com um equipista do Brasil, exata · mente como, numa família , os irmãos que residem longe, s6o mais calorosamente recebidos. O mesmo aconteceu na "reunião de equi pe" que reunia casais das mais variadas regiões. Logo depois dos "Dias de Estudos", teve lugar o "Encontro Internacional", que reuniu quase duas dezenas de casais. Doze países representados . Doze países com peculiaridades particulare~. co m problemas próprios que foram debatidos num espírito de auxílio mútuo notável. Ao redor do Rvmo. Pe. Caffarel e dos membros do Centro Diretor, a troca de idéias foi das mais interessante, e frutuosas. Nem a diversidade de línguas, n em as controvérsias surg idas daq ui e dali, foram obstáculo a um perfeito entendimento de todos, já que havia perfe ita identidade de objetivos: a procura dos m eios para uma fidelidade cada vez maior da5 equipes todas, à vontade de Oeus. Os dias que se seg uiram, foram tomados por numerosos contatos . Encontros com membros do Centro Diretor, com Pe. Caffarel,

XIV.., •.; -- ·~ ...

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uma réun•ao dt) eqLripe, oulr:l ut) uma EqLripe Úc Setor, :~lgun1.l '\ horas com o Responsável pelo Centro de Preparação ao Casamento, outras com um Responsável Regional, uma visita ao Secretariado para "sugar" a experiência de uma organização notável. . . Se, contar os contatos diários com Yvette e Mareei, que, com os seus 5 filhos, a sua grande afabilidade, quase me fizeram esquecer que estava longe do meu lar. . . Em toda a parte colhendo dados, t0mando notas, trocando idéias, procurando soluções, firmando diretnzes. Em toda a parte o acolhimento e a fraternidade tão tipicamente "de equipe" . As circunstâncias permitiram a dádiva inolvidável de uma vi3ita a L0urdes. Foi às vésperas de minha volta ao Brasil. Confe3SO a minha emoção ao defrontar-me com a Gruta das Aparições, onde, há vários anos, uma humilde pastorinha teve repetidos cdôquios com a Virgem Santíssima. . . Confesso a emoção de sentir alí, quase palpável, a presença de Nossa Senhora, atenta às preces e aos pedidos dos peregrinos. E, nesse ambiente, as orações brotam espontâneamente do fundo da alma. . . um a um, os ente, queridcs e as suas necessidades são entregues aos cuidados mater nos de Maria . . . um n um, os amigos siío confiados à intercessão dcl Virgem. , . E, já que tinha ido à França como delegado da! Lquipes do Brasil, senti-me autorizado a fazer a entrega das Equi pes do Brasil a Mnria, para que ela as tomasse ainda mais soh :; · ua proteção e as levasse a quererem caminhar com fi rmez~ e abncÇJ::.çào, par<: o seu divino Filho. E lembrei-me que Noss<J Senho r.1 era também a padroerra do Brasil, tão necessit.1do de reencontrar a Del.rs para vencer os seus múltiplo~ e graves problemas!

XV


JliBIL:~U , iJE · F'RATA

DE .P·a. CORB iHL Pe. MELANSON

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No dia 29 de janeiro último, a Congregação de Santa Cru:: esteve em festa, com a comemoração do 25. 0 ano de ordenação dos Rvmos. Pes. Lionel Corbeil e Oscar Melanson. Registramos com júbilo êste acontecimento, porquanto, desci~ o início das Equipes no Brasil, estes doi s sacerdotes estiveram intimament.-, ligados ao Movimento. Quando, há 14 anos, a primeira equipe iniciava as suas atividades, tanto Pe. Corbeil como Pe . Melanson deram o apoio e c ince ntivo de seu dinami smo e espiritualidade, contribuindo grandemente para que os primeiros eq~ipistas encontrassem a linha certa da mística e da disciplina das equipes. Padre Corbeil tomou parre ativa nas p rimeiras reuniões, substituído logo depois por Pe. Me· lanson que foi, pràticamente, o I .0 Assisfe nte efetivo. Pe . Melanson, foi ce;tamente a alma dos primeiros grupos. Com a multiplicação das equipes e ccnsequente formação do primeiro Setor, foi êlo o se u pr.meiro Conselheiro Espiritual, afastando-se depois de alguns anos, por ter sido nomeado Assistente Nacional da JOC , o que o obrigou a deixar São Paulo. Pouco depois foi convidado Pe. Corbeil pata r~te mesmo ençargo. D~~de 1957 até o fim do .ano pJssado,

XVI


Po. Cl•rl..,,•d cleu ilO untig,1 Setor. depois, à Região e. t'tltinum€nte, à Equipe de Coordenação Inter Regional, todo o beneficio de seu dinamtsmo, e de uma dedicação inexcedível. Er.- portanto justo que as Eq uipes partilhassem da alegria d<l Congregação de Santa Cruz e manifestassem a sua gratidão a este~ dois sacerdotes, que tão abnegadamentd se associaram à vid3 do Mcvimento . Para manifestar êste júbilo e êste reconheciment•:>, numerosos equipistas que participam da direção do Movimento. se reuniram, no dia 5 de fevereiro, na residência de Silvia e Antonio Varela, exprimindo todo o seu afeto e o seu agradecimento, ao mesmo tempo que os seus votos mais sinceros para q ue eles po;sam por mui t os anos ainda, servir a Cristo com o mesmo ardo r e entusia~mo, com a mesma fé e o mesmo espírito de dedicacão joVi<11 e col'tagiante.

DIAS DE I:STUDOS DOS RESPONSA VEIS

Nos próximos dias l l e I 2 de abril, realizar-se-a o gran,i ' encontro anual das Equipes, desta vez no Instituto "Sedes Sapientiac·", jó oue o nosso tradicional Colégio Santa Cruz nC.o podoria compor•ar o número elevado de casais com que contamos. Fazemos um a pêlo a todos os Responsáveis de Equipe, par a não deixem de comparecer a êste Encontro. Nos grupos de trabal ho, nas conferê ncias pronunciadas, na troca de experiências e testemunhos e, mais do que tudo, na fôrca da oração em comum, encontrJrõo os Responsóveis energias novas aue os aJudem a corresponder à confiança neles depositadas pelos seus irmãos de: equ1pe e pelo Movimento

QLIE'

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VIDA DO MOVIME NTO

Os meses de fér ias, de julho a setembro, foram aproveitados para a realização de várias SessÕe$ de Quadros: 4 na França, 2 n:: Bélgio, 1 em Portugal, 1 na Espanha. Estes encontros, destinamse, como é sabido, à formação em profundidade, dos casais ce;m r.::sponsabilidades no Movim e nto: Regionais, membros de EqUJ pE:s de Setor, Casais de Ligação, Pilotos. Alguns casais ac ham -se empenhados no l:l nçamento dns Eq•:cpcs em novos países: lndi a . Africa do Sul, Vietnã, Marroco., espanhol, Madagasc ar, Líbano. . . E' um trabalho árduo que confiilmOs de maneira toda especial às suas orações. Na América do Sul, o Movimento já está implantado na Co16m bia, onde já se contam as 3 primeiras equipes, em Bogotá. Um trilbalho está sendo realizado para que estes nossos vizinhos entrem em contato com os seus irmãos do Bras il .

EQUIPES ADMITIDAS Foi aprovado o pedido de admis~o das seguintes equipes:

XVIII


Alemanha

Austróll õl Bé lgica

Canadá Estados Unidos franç3

Landau 3. Melbourne 4, 5. Anvers 20, Braine-le-Comte 1, Bruxelas 91, 92, 93, Herve 5, Huy 7, Ottignies 2 , Spa 1, Tirlement 4, Tournai 4. Sherbrooke 2 . Wa shing to n 2, Nova York 7. Aix 1O, Avignon 1, 2, Chinon 2 , 3, Clichysous-Bois 1, Coulomniers 2, Doullens 3, Dra n cy 2, Fl ixécourt 1, Gap 1, Joinvill e 2 , Le Creusot 1, Limoges 9 , Malonne 1, N im es 2. Nogent-le-Rotrou 1, Paris 91, 92 , Po itiers 3, Pont-Saint- Esprit 1, Reim s 5, Re nnes 8 , Rou baix 3 . Saint-Omer 3, T ocil o n 6, Villemomble 5. La Chau x -de - Fond s 1.

Equipes J>O r correspon dênci:l -

26 .

EQUIPES COMPROMISSADAS

Fi ze ram o seu co m p ro m isso Al e m Jn h ;~

A'ustria Bélgica Espanha Fran ça

:~s

equ ires segu int es:

Munique 4 . Viena 1. Bruges 5, Liége 12. Barcelona 28. Ca udé rün 3, Condé-sur-Escaut 1, Haumont 1, J ou y-( n - Josas 1, Le Havre 6, Limoges 4 , Mulhou: <.: I 1, Neuilly 4.

DEUS CHAMOU A SI Ja cque s Mice li - Dappelo , de r o mmani (Espanha ). Lydie Lambert, de Bru noy 2 (França) . PJe rre Laforet, de Grenoble I Fraf'!ça) . Jean De loule, d 'Annecy 3 I França ) .

XIX


CALENDÁRIO Ret iros de I 964

Em São Paulo

Abril

Maio Agtl-l'o Setembro .Outubro Novembro

Encontro

Abri l

Maio Setembro

:XX

10-12 - Casa de Ret iros de Barue rí 17-21 -- Exe rcícios do M undo Me lho r, em Val i30-3/5 22-24 7-9 28-30 11 - 13 16- 18 23-25 6-8 20-22

-

nhos, pa ra dirigentes dos Movimentos 1-=amiliares. Casa de Retiros de Valinhos Casa de Retiros de Baru c rí Casa de Re t iros de Baru erí Casa de Retiros de Valinhos Casa de Retiros de Valinhos asa de Retiros de Barueri Casa de Retiros de Valinhos Casa de Retiros de Valtnhos Casa de Retiros de Barueri

de 1964 Conremoraçõo de Ern Suo Paulo Páscoa Dias de Estudos dos Responsáveis de 11-12 Equipe, em São Paulo Encontro dos Responsáveis de Seto r, e:n 2-3 Campinas. 4-7 -- Sessão de Quadros, em Va lin hos.

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O QUE É UMA EQUIPE (Não esperem encontrar aqui definida a equipe cristã, pois trata-se da análise da noção de equipe em geral. A vida da equipe é um dos meios essenciais que o Movimento nos oferece para chegar ao fim que a primeira parte dos Estatutos nos propõe. "A palavra equipe, preferível a qualquer outra, implica a idéia duma finalidade determinada, que se procura ativamente e em comum". ll:ste fim, como sabem, não é mais do que o progresso na caridade, quer dizer no amor de Deus) .

Antes de mais, o que parece caracterizar a equipe é sei· natural: é, de certo modo, o mais pequeno grupo humano onde se pode fazer a experiência da solidat iedadc, satisfazendo a sua necessidade de sociabilidade, ao mesmo tempo (jUe se toma consciência da própria personalidade c elo papel indispensável que ela de~<empenha no contexto social. Suficientemente grande para que a complexidade e a complementariedade dos talentos e dos carismas possam evidenciar-se, a equipe é suficientemente restrita para que ninguém lá se sinta perdido. A equipe, pode-se ainda afirmar, é essencialmente dinâmica, permitindo atingir, tanto ao grupo como ao indivíduo, o seu máximo rendimento.

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Outros tipos de agrupamentos Para evitar perdermo-nos demasiado em generalidade, vamos considerar alguns outros tipos de agrupamentos humanos, que nas farão apreender melhor a originalidade da equipe. O agrupamento mais espontâneo é incontestàvelmente o "grupo": é um fenômeno que geralmente afeta os jovens. O grupo

O "grupo" é uma associação espontânea, ao acaso, que se desfaz conforme as circunstâncias, cujos laços orgânicos são vagos e mutáveis c que na maior parte das vezes não tem objetivos bem . definidos, tal como o grupo de férias, o grupo do prédio, o grupo da rua. Já se passa uma coisa diferente com os grupos de joYens que alimentam as crônicas jornalísticas e cuja organização interna mais desenvolvida lembra a da equipe. A reunião Um outro tipo de agrupamento humano é a reunião. Também de caráter acidental e de duração limitada, com vista a um a contecimento ou em função de circunstâncias bem determinadas. A sociedade

Elevamo-nos consideràvclmcnte na hierarquia elos grupos humanos ao reconhecer c analisar sumàriamente as noções de sociedade c de comunidade. A sociedade apresenta tipos rúuito variados, desde a sociedade a dois, constituída pelo casal, até à sociedade nacional ou internacional. Uma sociedade é um corpo articulado de indivlduos ligados entre s\ por determinadas relações jurídicas nascidas da tradição . A sociedade apresenta c prescreve os deveres, os direitos e o lugar de cada um. Qualquer agrupamento humano estável apresenta um aspeto associativo a respeita do qual não se poderá dizer, aliás, que seja p01-tador ele entusiasmo ou de dinamismo.

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Pass.:1-se doutra forma com a comunid:1de, que supõe uma comunhão de corações e de espíritos, um mesmo ideal, uma fé comum. A comunidade é por essência espiritual e, em rigor, nem tem necessidade da presença física dos seus membros para existir; a comunidade dos cristãos, como sabemos, está presente em todos os momentos em qualquer ato eclesial, mesmo se só alguns cristãos se encontram reunidos fisicamente. A comunidade reveste também êste caráter dinâmico de tudo o que está submetido a um espírito, cada um dos ~eus membros encontra-se lá, lá se retempera, lá vai buscar, tal como dá o melhor de si mesmo. Muitas vezes uma comunidade reveste características societárias; tal é o caso da comunidade da Igreja ou da comunidade nacional, mas quando se considera enquanto comunidade, é sempre nessa altura o seu caráter de comunidade de ideal que se quer indicar.

Características da Equipe

I•

Chegamos agora à eqnipe prõp1 iam ente dita. Participa do caráter natural e espontâneo do grupo, do caráter orgânico da sociedade e do caráter ideal da comunidade. E' a mais pequena unidade de ag1upamento humano que reúne em si êstes aspetos diferentes. Para lhe destacar mais concretamente as caraterísticas, examinemos juntos alguns tipos de equipes. A equipe desportiva. Cal ater-isticas: um pequeno número de jogadores, no máximo no futebol uns onze, número acima do qual já não haverá coesão nem espírito comum. Uma distribuição exata de funções - cada um tem o seu papel e

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deve assumi-lo perfeitamente em proveito ·de todos. Um chefe. Não há equipe sem chefe. E' êle que coordena a ação de conjunto, que é em última análise o responsável tanto pelos sucessos como pelas derrotas. A equipe é constitu1da em vista de um fim definido, e com isto chegamos a um ponto muito importante; 0 1 que agrupa, o que faz viver êstes homens, o que os anima é um gôsto comum por um determinado desporto e não pot· 11m outro. Aliás. a autoridade do chefe estende-se apenas até ao objetivo comum, f01a do qual pareceria arbilt'á1'ia. A equipe tem por fim jogar ganhando, e ganhar jogando, e impõe-se para isso uma certa disciplina de treino e de jôgo. Neste ponto da nossa exposição é preciso falar nas "regt·as do jõgo" . Cada jôgo tem a sua regra, à qual se devem logo submeter todos, e que o chefe faz aplicar. "Se querem jogar cri kel com as regras da futebol, dizem os inglêses, vão jogar em outro lugar e que não se fale mais nisso." O grupo unido por uma corda na montanha é sômenle um caso particular da equipe desp01tiva, mas dá exemplo porque o risco é grande. Trata-se, a maior parte das vezes, da próptia vida dos membros da equipe. A corda faz 1 ealçat' ao mesmo tempo a im portância decisiva do chefe, que vai à frente, e a responsabilidade de cada um ligada à sua verdadeira competência. Mas aparece ainda outra caraterística: é a escolha dos companheiros da equipe quando se trata de um assunto de tanta importâm:ia, o consentimento comum é de regra, precisamente em vista da ascenção tentada e do risco assumido. A equipe de trabalho pode ter uma esttUtura menos definida do que a equipe desportiva mas conserva as carater1sticas essenciais desta, pequeno número de membros escolhidos em função das suas capacidades e do fim determina-

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do, um chefe que dit-lge os trallalhos, um esp!rito comum que assegura o dinamismo de todos em relação com o trabalho a realizar. Se resumirmos, vemos que a equipe se carateriza: Pelo número limitado dos seus membros, pela escolha mútua dos membros em função do trabalho empreendido, pelo seu papel det erminado e complem entar em fa ce do objetivo comum , pelo papel coot-dena dor e dominante do chefe de equipe, por um fim geralmente exterior à vida da equipe. Por fim , é de notar que a equipe é necessf.n·iamente li mitada no tempo e no espaço, cessa como equipe quando as circunstâncias e as finalidad es da sua constituição tiveI em desaparecido.

• 1

As grandes leis da vida de Equipe Mas não há dúvida que não basta definir a equipe referindo-a a outro tipo de agrupamento humano; isso é apenas uma primeira e importante aproximação. De maneira mais funcional, vejamos agora quais são as grandes lei ~ da vida de equipe . Assim abordaremos doutro modo a sua realidade. Reunir Uma primei, a obse1·vação de 01 dem prática e que resulta duma longa experiência: nenhuma equipe pode ex!,; tir realmente sem frequentes ocasiões de se encontrar; o ritmo mensal parece ser o limite abaixo do qual é pràtica-

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mente mpossível descer. E' d1fícil precisar um ritmo ótimo que, naturalmente, depende das possibilidades de cada um e dos fins desejados, contudo notemos que, nos jovens, o ritmo semanal parece ser o melhor. O esquema da reunião tem igualmente muita importância - é preciso terem prazer em se encontrar, o ambiente moral e material, o clima, são de cuidar; um certo ritual que não exclui a fantasia, facilita a coesão da equipe dando-lhe um aspeto de seriedade e de segurança. São, podemos objetar, pormenores, mas não são pormenores neste gênero de assunto. Supondo que estas condições preliminares estejam estabelecidas da melhor maneira, concentremo-nos sobretudo no essenc!al. Buscando um fim

Não poderá. existir uma equipe sem uma noção clar~ do f'im a alcança?'. E a experiência prova que é necessârlo esclarecê-lo cada vez mais. Nada se perde mais fàcilmente no homem, do que o sentido da finalidade da sua conduta. 'rodos temos dentro de nós um funcionário que dormita. Conhecemos muitas sociedades humanas de que nada mais resta do que a apa1ência, à qual ligam tanto mais importância quanto mais o esp!rito desapareceu. "A nossa santa coifa", dizia-me aquela freirinha , cujo hábito doutras eras não teria perdido nada com algumas modificações . . . Tive certa dificuldade em lhe fazer admitir que era o fundador da sua ordem que era santo e não a coifa! Assim, estar plenamente de acõrdo sôbre o fim, medi .. tado e aprofundado. Mas não basta estar de perfeito acôrdo sõbre uma finalidade cada vez mais consciente, é preciso 24


admitir os meios de a alcançar, a regra do jôgo de que falávamos há. pouco; esta regra, sem dúvida suscetível de modificação, não deve ser posta em discussão a cada instante sob pena de perder tõda a eficácia. E' ai que o chefe de equipe tem um grande papel: deve usar da sua autoridade fraterna. Não se concebe um jogador de futebol ou de basquete, a discutir as técnicas do jOgo da sua equipe; uma vez de acõrdo é preciso treinar-se na forma escolhida. Na medida em que a equipe está integrada num conjunto mais vasto (é o caso do Escotismo ou das Equipes de Nossa Senhora, etc . . .. ), é preciso conhecer bem e estar perfeitamente informado da ação do conjunto, de forma a situar melhor o esfôrço de cada um. O bom chefe de equipe, sem .perder tempo em discursos supérfluos, tem o cuidado de informar os seus, o que é uma das formas mais convenientes de manter o espírito. Eis o que diz respeito às finalidades . Mas não há vida de equipe sem um certo clima moral. A equipe é o local de aprendizagem do bem conmm. Eventualmente é preciso saber caminhar ao lado dos mais lentos, saber parar se necessário, às vezes voltar atrás; é preciso também saber sacrificar certos gastos, certas tendências pessoais que seriam prejudiciais ao conjunto; é preciso muita humildade para viver a vida de equipe. :m• preciso desempenhar o seu papel, no seu lugar, e é curioso como isso é difícil! Um demõniozinho puxa-nos sempre para descuidar o nosso trabalho próprio, fazendo o de outra pessoa .. . Não quero deixar de recordar, de passagem, a lealdade elementar que exige que nos retiremos se não estamos de acõrdo, o que é ainda uma coragem rara. Quantas comunidades e equipes conhecemos que levam acorrentadas pessoas que querem . ..

25


e não querem. E' um dever de comunidade fazer-lhes tomar consciência, fraternalmente, dessa anomalia, e é especialmente o dever do chefe de equipe. Não podemos terminar êste estudo sem sublimar fortemente que não poderia haver equipe sem uma certa lealdade 2-1ara com o chefe de equipe. Uma vez escolhido, é preciso dar-lhe tOdas as oportunidades, aceitar a sua autoridade e diretrizes. Mais uma vez deve inspirar-nos a equipe despo rtiva. Sem cair, no entanto, num excessivo es'Jírito associativo, é preciso ter sentido de equipe, um orgulho de fazer parte dela, um e:spírito de ajuda mútua, uma solidariedade que se hão-de traduzir na atenção aos outros, na submissão ao bem comum, na integração da sua própria ação ho conjunto, etc .... Eis, segundo me parece, a equipe no seu aspeto funcional. Não me cabe aplicar estas leis gerais à vida das Equipes de Nossa Senhora. Já será muito se estas reflexões tiverem podido tornar mais claro a nossos olhos a que critérios obedece a constituição, a realidade e a existência da vida de uma verdadeira equipe. A equipe é um chamamento a um maior dinamismo, ao progresso na ordem c sob o olhar dos nossos irmãos, é uma grande exigência, é também a maior possibilidade de desenvolvimento da pessoa d!>ntro da comunidad<>, (Expo>IÇ Õo de MICHEL RIGAL - Comissário geral dos Esco· teiros de França, Secretário Ger<>l do Conferência Interna. cionol do Escotismo Católico, e membro dos Equipes de Nosso Senhora, nos Dias de Estudo dos Responsáveis de 1961).

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FALOU- NOS SUA SANTIDADE O PAPA JOAO XXIII

O dia 3 de Maio de 1959 marca na história das Equipes : realmente, nesse dia, quando mil casais das Equipes estavam em Roma , em peregrinação, o Papa João XXIII concedeu-lhes uma demorada audiência e dirigiu-lhes um importante discurso acerca do qual disse, nas breves palavras que o precederam, que era a "resposta do seu coração". Este acolhimento, este discurso e a Benção Apostólica que se lhe segu.iu têm para nós um valor inestimável : o Vigá rio de Crist? reconheceu às Equipes de Nossa Senhora direito d ~ cidadania na Igreja. O que poderia ter sido apenas uma aprovação mais ou mencs explfcita, foi um reconhecimento cem conhecimento de causa, se ouso dizê-lo : realmente todos ficamos impressionados com a compreensão do nosso Movimento - das suas orientações e dos seus métodos -- que as palavras do Santo Padre revelaram. Esta data importante para nós, também o foi para a cristan·· dade. Era a primeira vez que um Papa reconhecia um moviment'J de espiritualidade de casais cuja célula-base é o pequeno grupo de fan'íli<~~ e cuja força dimana duma espiritualidade conjugal e familiar.- Eis o texto deste discurso:

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QUERIDOS FILHOS E FILHAS

Que alegria •para Nós receber hoje os mil casais cristãos, que representam a Nossos olhos todos os componenles das Equipes de Nossa Senhora, assim como tantos outros que desejam em nossos dias uma vida espiritual profunda! Depoilil de cêrc.a de vinte anos de existência, vosso Movi mento atinge atualmente em numerosos palses um número impressionante de casais, cujos membros estão firmemente decididos a ser fiéis, com a ajuda de Deus, às graças do sacramentto do matrimônio, àS suas responsabilidades de educadores e às suas obrigações apostólicas dentro da Igreja e da Cidade. PLENAMENTE

FI~I S

AO IDEAL DE CRISTO

Vossa vinda, caros peregrinos, traz-nos alegtia e confôrto. Com efeito, no mundo contemporâneo, o casamento e a· famllía são infelizmente atacados, muitas \ êzes e de muitas maneiras. Os princípios fundamentais da moral natural são impunemente negados ou desprezados. Quantos lares cristãos, pouco a po~JCo penetrados ~Jor um ambiente de naturalismo ou de imoralidade latente, acabam por perder de vista a gz andeza sobrenatural de sua vocação! E ', pois muito importante que neste domínio a doutrina católica, t!i" firme, tão clara, tão rica, seja de certa maneira ilustrada e posta ao alcance de todos, pelo exemplo de católicos fervorosos, que se esforçam, em sua conduta de eapôsos, de pais e de mães de família, por ser plenamente fié~'3 ao ideal traçado pelo próprio Deus! Como acontece em todos os lares, sem dúvida, vós conheceis as tentações e as provações da vida. E é precisamente para se proteger contra êsses riscos e para fortalecer vosso esfôrço que constituistes vossas equipes. Encontl·ais a1 uma ajuda preciosa para aprofundar, com o conselho de um sacerdote, as exigências da vida espiritual e para

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,


resolver, à luz da fé, os problemas que as diferentes épocas da vida criam para os espôsos e os pais, Ai encontrais também o confôrto da amizade fraterna, e, em caso de neces· sidade, a segurança do auxílio material. Carregando, assim, os fardos uns dos outros, cumpris generosamente a lei de Cristo. PROSSEGUI NO VOSSO ESFORÇO DE PERFEIÇÃO

Prossegui com confiança e humildade vosso esfôrço para alcançar a perfeição cristã no panorama de vossa vida conjugal e familiar. Se é verdade que o estado de virgindade é, por sua natureza, superior ao estado conjugal, esta afirmação não se opõe em nada, vós bem o sabeis, ao convite dirigido a todos os fiéis para que sejam '\>erfeitos como 0 Pai Celeste é perfeito". A própria homenagem que a Igreja presta à virgindade cristã é preciosa para os espôsos, porque a c:;>,stidade perfeita das almas consagradas é u·m constante apêlo do ideal do amor de Deus que deve, . também no casamento, animar e sustentar a prática da castidade própria a êste estado.

1'-

Que riqueza e que esperança para a Igreja esta multiplicação de lares cristãos cujos espôsos querem - segundo os têrmo~ de vossos Estatutos - que seu amor mútuo, santificado pela graça, purificado pelo sacrificio, seja um louvor a Deus, um testemunho apresentado diante dos homens da santidade do matrimônio e uma reparação dos pecados que se cometem contra ela. Há muito tempo, caros filhos e filhas, tornastes esta resolução. Desejais fazer desta sociedade única e privilegiada que é a familia, uma verdadeira célula da Igreja, onde Deus seja honrado, pl'incipalmente pela oração em comum; onde Sua santa lei sej::t observada, ainda que isso possa, por vêzes, custar muito; onde floresçam harmoniosamente na caridade êsses frutos tão preciosos do coração humano, que são o amor conjugal, o amor paternal e maternal, o amor filial e o amor fraternal. 29


tJM "MEIO NUTRJTWO

.

No pensamento -da Igreja, u_ in lar verdade~ramente cristão é o meio nutritivo "onde a fé · das crianças cresoe e desabrocha e onde elas aprendem a s e tornar não apenas ho. mens, mas filhos de Deus. Caros pais e -mães de família, aqui reuriidos, vós ~u isestes , por ·ocasião desta Peregrinação, exprimir-nos vosSa. resolução d e ofer ecer generosa mente a Deus estas crianças, se ~le um dia a s chamar para o Seu serviço. Num ·r espeito absolu to pela vocação pessoal de cada úm, afirmais que seria pa ra vós uma honra e uma felicidade dar à Igreja os padres, os religiosos e as religiosas de que ela tem tanta necessidade hoje em dia para responder ao apêlo das almas. Vosso g esto toca-nos profundamente e nós vos a gradecemos de todo o coração, desejando qu~ vossa atitude de fé seja um exemplo para nume· rosos pais cristãos. Embora, com efeito, seja perigosa tõda pressão abusiva neste terreno, é entretanto preciosa e às vêzes insubstituivel a delicadeza vigilante com a -qual um pai e uma mãe colaboram de certa maneira com Deus e com a Igreja para f•avorecer, na a lma da cr iança , a eclosão e· o crescimento desta frágil flôr da vocação. MISSÃO DA FAMfLJA CRISTA

Vossa missão de espôsos e d e pais cristãos ul tra~assa o quadro restrito da fa mília. P roteger a intimi dade do la r não é fechá-lo esterilmente sôbre si próprio. A caridade completa-se no dom de si m esmo e é consagrando-se às tarefas que lhe cabem na Igreja e na Cida de que vosso lar encontrará seu pleno desen volvimento cristão. Outrora, e ainda hoje em muitos paises, a maneira expontânea de se contar a populaçã o de uma cidade era pelo número de seus casais ou de "fogos"; era o reconhecimento da familia como a célula ativa da sociedade civil. Deveis mostrar por vossa atitude que essa é também a vossa convicção. Mas, sobretudo, que vosso Movimento ajude cada

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.


vez mais seus membros a descobrir e a assumir nuas responsabilidades apostólicas. Permanecendo acolhedor, fraternal, aberto às necessidades dos .outros, um. lar já. faz um apostolado autêntico por seu ·.exemplo e pela .irradiação de sua caridade. · · -· .· · · · ·· ~ ·. · Mas Nós nos alegramos em saber que, além disto, os membros das Equipes de Nossa Senhora, animados de es.;>írito missionário, participam em grande número da vida da Ação Católica e das diversas Obras aprovadas pela hierarquia. De todo coração, encorajamos esta orientação do Movimento, sem a qual êle não atingiria, plenamente, a finalidade que se propõe: a formação de verdadeiros la.res ciistãos. \_ SOB A "PROTEÇÃO DE NOSSA SENHORA

Terminando, queridos filhos e filhas, agrada-nos salientar o fato de que estais colocados sob o patrocínio de Nossa Senhora. E' por ela que quereis chegar a Deus. Que ela guarde .todcs os vossos lares na pureza e na caridade! Que Pia os conduza à imitação da divina Familia de Nazaré, que Nosso Predecessor Leão XIII apresentava às famílias cristãs como o modêlo perfeito e completo de tOdas as virt udc.s domésticas! A todos vós, caros Peregrinos das Equipes de Nossa Senhora, a todos os membros de vosso Movimento, aos -vossos assistentes e em primeiro lugar àquele que foi o promotor e continua sendo o infatigável animador dêste Movimento de forml'lção espiritual dos casais, concedemos de todo coração, em penhor das graças divinas mais abundantes, Nossa Paternal Bênção Apostólica.

3l


TEMA PARA UMA PRIMEIRA REUNJAO

DISCUSSÃO DO TEMA Os ea!a!s; numa pri meira reu nião, fa iem un1 rá pido estudo geral dos Estatuto3. O que importa essencialmente é ver se estao ~e acôrdo com as grandes ideias mestras. N'ão se detenham nos po rme nores. Terão nas reuniões seguintes muito tempo para os ntudar. Proc;urem comp·reender antes de tudo o espírito que presidiu à elabora ~ão destes Estatutos. Leiam-nos atentam en te e nota rão quatro aspetos principais. 1)

O Ideal

E' o ideal do Evangelho, mas numa tradução co ncreta, adaptada à vida de homens e de mulh eres casados. E'. poi3, um ideal elevado, exigente, um ideal de santidade. É evidente que para ser membro duma equiP'e não é preci:;o •eali:ur desde logo o que descrevem estas primeiras páginas dos Estatutos, mas O& membros das equipes devem aspirar a este ideal.

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E ni so ai.~ , niia se diatinguem d numeros:1s castiiis que se agrupam noutras organixa. ões. O que di.tingue as Equi!)as d~ Nossa Senhora noo é o ideal, são os meios que propõem para atingir esse ideal. Estes meios são expostos nos parágrafos que falam da "mística" e da discirAina. 21

A "M ística"

As Equipu não são cír ulos de estudo ou se.viç<~ de entra.,juda . Sóo, acima de tudc, o ponto d encontro de c sais de boa vonbde, que qu , m apoiar- ie m~tuament&l para ating ir o id2JI que .lpr&lsentamos. Vem - se pa •a a s Equir;·e~ não para enriquecer o espírito, ma.l p r abli r a alma; dar tanto qu ant;> G od&l, e acolher o que os Oól tro> nos podcr.õo d.1r. A mís.tica d s Equipes é portanti) essencialmer•le u. a mística de ll' rtilh.1, de pôr em comum. O trabalho, a or.. ~ iio, a ajud.1 mútua tiram o ~au valôr do que cada um neles puser.

E' taml:.ém uma mística de di;;ciplina e de controle. Os casais da s Equípes, conscientes da sua haqueu, procuram o opo:o de uma regra, e para que esu re3ra não sej3, como tantas "resoluções", letra morta, Ji·edem aos outros casais qua os ajudem a vivê-la e 3 controlar a sua aplicação. E' preciso notar ainda que a vida na equipe não é considerada CGrno um fim em si própria, mas como um meio para ser mais pêrmeável a Deus e poder comunicá-Lo cada ve:r mais à nossa volta . I

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A Disci pl ina

Ao ler o que dis respeito às regras de vida em equipe e da vida pessoal distingam bem o que é sugestão e o que é obrigaçõo. Hão-de ver assim que as obrigações impostas são limitadas e precisas. Certamente que exigem um esforço e aí está o seu valor. Correspondem às necessidades de um trabalho em comum seriamente condu:rido e às exigências de uma vida pessoal bem orientada. São suficientemente limitadas para que fique uma larga margem à iniciativa de cada um.

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41

A rgar.iza çõ

dv Mo

i m~ n t o

Reparem na importância do Casal responsável e do Assistente, Reparem também no papel do Casal de Ligação. Graças a ele, a indispensável "organização administrativa" pode funcionar com toda a maleabilidade: as rela~ães entre o Centro e as equipes conservam sempre um caráter humano e pessoal. P11ra ajudar a refletir e orientar a discussão na equipe, eis algumas p·e rguntas : Porque desejam elihar par uma equipe de asai.? Que vêm procurar? Que pontc.s lhes pnecem mais importantes no ideal da fquip·es de Nossa Senhora? Que dificuldades tive ram, até, agora. p r cons rvar e aprc~undar a vida interior? O que é que, nos Estatutos, lhes parece dar melhor soluçã o a es~u dificuldades? Que pensam d necessidade duma regra e dum con trole? Quais são, n Ul opinião, os pontos mais impo rtan~es d s Estatutos? Quai ão os pontos que lhes parecem m2is difíceis de aplicar? Depnis deste ptimei o e rápido estudo, vão decidir se inicia rão o estudo mais detalhado dos Estatutos, e assim, se, pelo menos P'rovisoriamente, se ligarão às Equipes de Nossa Senhora . Não se deixem tomar de desânimo, logo o primeira vista, por certas obrigações dos Edatutos. Talvez depois de terem refletido mais nelas, compreenderão melhor a sua necessidade. Foi com a intenção de bcilitar esta compreensão que se previu o estudo detalhado dos Estatutos. Anim, se não têm, em ~rincípi o nen!luma objeção à ideia de disciplina, se concordam com a mística proposta, no seu conjunto, p·o derão dedicar-se a esse es • tudo. Poderão sempre interrompê-lo e procurar fora das Equif)'es de Nossa Senhora aquilo que lhes convém se lhes parecer, ao fim de alguns meses, que o que lhes propomos não corresponde às suas necessidades.

.


ORAÇÃO

TEXTO DE MEDITAÇÃO (João, 2, 1-12)

Depois da leitura do texto abaixo pelo assistente, guarda-se um momento de silêncio, a não ser que, já nesta primeira reunião, alguns dos particip·antes desejem dixer em poucas palavras o que o texto lhes sugere. Nesse caso, 2 ou 3 minutos de silêncio seguirão a última destas orações pessoais. "Três d~ depois, celebraram-se umas bodas em· Caná da Galileia, e encontrava-se lá a Mãe de Jesus. Foi também convidado Jesus com os seus discípulos para as bodas. E, faltando o vinho, a Mõe de Jnus disse-lhe: Não têm vinho.

35


E Jesus disse-lhe: Mulher, que nos imP'Orta a· mim e a ti isso? Ainda não chegou a minha hora. Disse sua Mãe aos que serviam: Fazei tudo o que Ele vos disser. Ora estavam ali seis talhas de pedra, preparadas para a purificação judaica, que levavam cada uma duas ou três medidas. Disse-lhes Jesus: E<1chei as talhas de água. E encheram-nas até em cima. Então disse-lhes Jesus: Tirai agora, e levai ao arquit riclínio. E t\'les levaram. E o arquitriclínio logo que provou a água transformada em vinho, como não sabia donde lhe viera, ainda que o sabiam os serventes, porque tinham tirado a água, o arquitricrnio chamou o espôso, e disse-lhe: Todo o homem põe primeiro o bom vinho, e quando já (os con vidados) têm bebido bem, então lhes apresenta o inferior; tu, ao contrá rio, tiveste o bom vinho guardado até agora, Por este modo deu Jesus princípio aos (seus) milagres em Caná da Galileia, e manifestou a sua glória e os seus discíp·ulos creram nele",

ORAÇÃO LITURGICA (Extratos do salmo 121) Depois de um tempo de silêncio um dos casais fará a leitura dos ve!sículos dos salmos indicados abaixo, depois de o Assistente, em breves palavras, lhes ter explicado o sentido. Todos podem reP'eti r o refrão em côro. V. -

R. V.

36

Eu alegrei-me, porque me disseram: Iremos à casa de Senhor. Já os nossos pés param às tuas P'Ortas, á Jerusalém. Eu alegrei-me, P'Orque me disseram: Iremos à casa do Senhor. Lá sobem as tribos do Senhor; é lá que devemos celebrar o Senhor.

'


R. V.

R. V.

Eu alegrei-me, porque me disseram: Iremos õ casa do Senhor. Por causa dos meus Irmãos e dos meus companheiros, direi: Haja paz em ti; p'Or amor da casa do Senhor, nosso Deus, pedirei todo o bem para ti. Eu alegrei-me Demos glória ao Pai Todo Poderoso a Seu Filho Jesus-Cristo Senhor, ao Espírito que habita em nossos corações por todos os séculos dos séculos. AMÉM. o

o

o

ORAÇÃO: 6 Deus, que vos servis de todas as coisas para o bem dos que Vos amam imprimi tão profundamente nos nossos corações o ardor da vossa caridade que nenhuma tentação possa perturbar os desejos que nos inspirais. Por Jesus-Cristo Nosso Senhor, que, sendo Deus, vive e reina com o Pai e o Esoírito Santo pel?s séculos dos séc~,alos. AMÉM.

.


f'OR \U\\A ~pi~•tw.l~

COI1J"9~1

e f~mlla.M

CENTRO DIRETOR . Secr. Geral . 20, Rue des Apennins . PARIS XVII BRASIL

.

Secretariado

.

Rua Paraguaçú, 258

.

SÃO PAULO 1 O


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