ENS - Carta Mensal 564 - Março/Abril 2025

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CARTA

EQUIPES DE NOSSA SENHORA MENSAL

MATÉRIA ESPECIAL

As cartas de Pedro Moncau e Padre Caffarel

Páginas 7, 8 e 9

PAIXÃO DE CRISTO

A Sagrada Liturgia Pascal

Páginas 20 e 21

Índice

EDITORIAL 1

SUPER-REGIÃO BRASIL

Orientações 2025 2

Precisamos ser santos! 3

Tema de Estudo 2025 4

Primeiro capítulo: Corações partidos ..................................................................................................... 4

Segundo capítulo: No coração da história 5

75 anos das Equipes de Nossa Senhora no Brasil 7

Oração pelo Jubileu de Diamante das ENS: Um ano de Ação de Graças 10

CORREIO DA ERI

A espiritualidade na missão 11

DATAS DO MOVIMENTO

Padre Henri Caffarel: Um Sacerdote inteiramente dedicado a Deus 13

Nancy Moncau: Dedicação incansável às Equipes de Nossa Senhora 14

IGREJA CATÓLICA

Reconhecimento pontifício das ENS 15

Que a esperança encha os vossos corações 16

Perdão, restauração, reconciliação 17

A Sagrada Liturgia Pascal 20

Domingo de Ramos ..................................................................................................................................... 22

O menino que vai nascer será chamado Santo, Filho de Deus (Lc 1, 35) 23

São José, pai adotivo de Nosso Senhor 24

Confissões e penitência 25

TESTEMUNHO

Retiro - “Vinde à parte para um lugar deserto e descansai um pouco” (Mc 6, 31) 27

O sacramento do matrimônio absolutamente necessário para quem carrega uma vida, dada por Deus, dentro do ventre 28

Visita ao Túmulo de Padre Caffarel: Um Chamado Missionário 29

PARTILHA E PCE

11 anos do Dever de Sentar-se 30

O Dever de Sentar-se cura mágoas e incompreensões 31

EQUIPISTAS E A CM

CM 401 (pág. 48), Carvão ou brasa 32

CM 561 (pág. 19), Não acreditávamos na necessidade do matrimônio na Igreja 32

CM 552 (pág. 2), Nunca perder a perspectiva da fé e da esperança. Dom Moacir 32

CM 562 (pág. 21) Oração Conjugal é conjugal 32

REFLEXÃO EM FAMÍLIA

A Exortação Apostólica – Gaudete et exsultate .............................................................................. 33

ACESSE CARTA

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SONORA: no 564 edição Março/Abril 2025 N O T Í C I A S

Carta Mensal é uma publicação periódica das Equipes de Nossa Senhora, com Registro na “Lei de Imprensa” N° 219.336 livro B de 09/10/2002. Responsabilidade: Super-Região Brasil – CR Super-Região Brasil Rose e Rubens; Equipe Editorial: Responsáveis: CR Carta Mensal Mirna e Sildson; Conselheiro Espiritual: SCE Carta Mensal: Pe. Antonio C. Torres; Jornalista Responsável: Vanderlei Testa (Mtb.17622), para distribuição interna aos seus membros. Edição e Produção: Nova Bandeira Produções Editoriais – Rua Tefé, 192 - Perdizes, São Paulo/SP - Fone 11 97574-9718 – e-mail: novabandeira@novabandeira.com – Responsável: Ivahy Barcellos; Revisão: Jussara Lopes; Diagramação, Preparação e Tratamento de imagem: Douglas D. Rejowski; Imagens: (Freeimagens/Pxhere/Unsplash/CanStockPhoto/Canva). Tiragem desta edição: 25.900 exemplares. Cartas, colaborações, notícias, testemunhos, ilustrações/imagens devem ser enviados para ENS – Carta Mensal, Av. Paulista, 352, 3° Conj. 36, CEP: 01310-905, São Paulo/SP ou através de e-mail: cartamensal@ens.org.br a/c Mirna e Sildson.

IMPORTANTE: consultar instruções antes de enviar o material – pedimos que acessem as instruções na aba/acesso Carta Mensal do site das Equipes de Nossa Senhora (www.ens.org.br).

Queridos irmãos equipistas, paz e bem!

Nesta edição, iniciamos nossa caminhada no Caminho de Emaús, os casais provinciais Cristina e Renato (Província Nordeste II) e Nilian e Cleber (Província Leste I) trazem as reflexões dos primeiros capítulos do Livro Tema do Ano de 2025, respectivamente: corações partidos e no coração da história. Esperamos que as reflexões ajudem a todos os equipistas no entendimento e nos estudos em equipe.

Também celebramos o dia 19.03, dia de São José. São José, a quem Deus confiou os cuidados, a alimentação, a proteção de Nosso Senhor Jesus Cristo. Como diz a música da comunidade Shalom (autor Nicodemos Costa): “Ah! São José, homem casto, homem fiel! A tua pureza, eu quero ter pra agradar a Deus”. Celebramos também a data natalícia de Dona Nancy, no dia 22.03, e da ordenação sacerdotal do Padre Henry Caffarel, no dia 19.04.

Rumo aos 75 anos do Movimento das Equipes de Nossa Senhora no Brasil, a Carta traz a matéria sobre o caminhar do casal Nancy e Pedro na preparação e introdução das Equipes de Nossa Senhora no Brasil. A Carta traz ainda a Oração pelo Jubileu de Diamantes das Equipes de Nossa Senhora no Brasil.

Graça e Roberto trazem na mensagem do Papa uma reflexão e a

abertura do 28º Jubileu da História da Igreja Católica realizado pelo Papa no último dia 24 de dezembro de 2024.

Padre Antonio, SCE da Carta Mensal, traz o primeiro capítulo da Encíclica Gaudete et exultante , que fala do “Chamado à santidade, a presença do Espírito e a Santidade e a pertença de todos e a lembrança das Santas”, um texto que traz gosto para continuar saboreando os outros capítulos nos próximos fascículos da Carta Mensal deste ano. Padre Antonio ainda traz um texto sobre o Ano Jubilar da Igreja Católica.

Nesta edição da Carta Mensal somos convidados a nos preparar para viver a Semana Santa, momento de buscarmos a reconciliação com Deus e com os irmãos, de vivermos a Eucaristia, Paixão e Morte de Cristo, e cheguemos ao Domingo de Páscoa com muita alegria pela ressurreição de Jesus, que possamos estar reunidos com nossas famílias e nossas equipes na Celebração da Páscoa. Ele vive, Ele reina, Ele é Deus e Senhor.

Doce Páscoa a todos, viva Jesus.

e Sildson CR Carta Mensal

Mirna

Orientações 2025

Iniciamos o ano de 2025 vivenciando nos EACRES as orientações de vida do Movimento como um projeto comum para todos os equipistas e que devem nos levar a progredir no amor de Deus e no amor ao próximo. Ao término do Encontro Internacional em Turim, recebemos como Orientação Geral o lema “Chamados a viver em comunhão” para os próximos seis anos, compreendendo que toda evangelização se vive a partir de uma experiência de Encontro e nele deve se despertar uma atitude de Acolhida, e essas duas palavras fazem parte do significado dado à Orientação Geral. Essa orientação que quer animar a vida das equipes está inserida no processo atual da Igreja, que busca na Sinodalidade um processo de comunhão.

Como Orientação Específica para 2025 somos convidados a vivenciar o citado “Chamados a viver em comunhão com Cristo”, acompanhado pelo Tema de Estudo “No caminho de Emaús” reconhecendo Cristo que caminha ao nosso lado e nutridos por sua Palavra e por sua presença no Pão e no Vinho, saímos para testemunhar e servir.

Nesse primeiro ano somos chamados a rever:

• nossa vida de oração , participação nos sacramentos e o sentido que damos a nossa vida de fé;

• nossas reuniões de equipe são animadas pela presença de Jesus ou encontros de cristãos que se amam e estão felizes por estarem juntos;

• como damos a conhecer Cristo aos casais que se aproximam da Igreja;

• se nossas ações estão impregnadas do modo de fazer de Jesus.

Também somos chamados a reconhecer:

• Jesus, que acompanha a nossa vida de casal e de família, fortalecer

nossa oração conjugal e familiar, sermos sacramento vivo e sinal do amor de Deus;

• sem a participação nos Encontros de Formação do Movimento vamos empobrecendo, precisamos aprofundar nossa fé acompanhados por quem caminha conosco.

Em 2025 o PCE que daremos uma maior ênfase será a Oração Conjugal.

Assim como os discípulos reconheceram Jesus ao partir o pão, seremos convidados a redescobrir a presença de Deus, fortalecendo a nossa união através do amor e da fé compartilhada.

Os Conselheiros Espirituais que nos acompanham em nossa caminhada de fé são chamados a nos guiar, ajudando-nos a reconhecer a presença de Cristo em nossas vidas e a renovar nossa esperança na ressurreição.

E nesse período quaresmal sejamos marcados por um verdadeiro convite à conversão, renovando o compromisso com os ensinamentos de Cristo e assim nos fortalecendo na missão de evangelizar.

Caminhemos em comunhão com a Igreja, que tem em 2025 o tema para a Campanha da Fraternidade “Fraternidade e Ecologia Integral” e o lema: “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1,31).

Fiéis ao dom recebido, vivamos em profundidade a proposta que as equipes nos oferecem, reconhecendo humildemente que as Equipes de Nossa Senhora são obra de Deus e que é Ele que as guia. Fraterno abraço.

Rose e Rubens CR SRB

Precisamos ser santos!

Olá, queridos casais e conselheiros, espero que todos estejam bem! Estou sempre rezando por todos. Estamos vivendo mais um ano, e este bem especial, pois estamos no Ano Jubilar, e devemos ser missionários da esperança. Com a graça de Deus vivemos nos encontros de casais responsáveis, que foi de grande importância na união e na espiritualidade de todos nós. Já começamos nossos encontros e caminhamos com os discípulos de Emaús, vendo a importância de caminharmos juntos, como casal, como equipe e Movimento. Nesse caminho na comunidade e na Igreja rezando e refletindo, percebemos a importância da conversão. E no tempo quaresmal devemos refletir sobre o quanto Deus nos ama, e diante desse amor devemos ver nossas falhas, nosso pecado. Mas estamos vivendo numa realidade em que muitos dizem não saber mais o que é pecado, às vezes pode até acontecer entre nós. Por isso meus irmãos devem rezar mais, refletir a palavra de Deus, até mesmo ver e meditar os mandamentos da lei de Deus. Meus irmãos, acredito que vamos perceber que todos precisamos de conversão. Feito essa reflexão, devemos procurar uma confissão. Pois nosso objetivo é sermos santos. Mas se não for com conversão e mudança de vida não vamos conseguir ser santos. Então irmãos vamos ver como estamos vivendo como pessoa e em casal e na equipe, na igreja, na sociedade, no mundo. Nesse tempo façamos uma boa confissão e nos preparemos bem para a Páscoa. Pois precisamos ser santos. Como se diz santos ou nada. Queridos irmãos, fiquem com Deus. Estou rezando por vocês e rezem por mim. Espero que essa reflexão ajude na vida de santidade.

Campanha da Fraternidade

A Campanha da Fraternidade 2025 traz como tema "Fraternidade e Ecologia Integral" e o lema "Deus viu que tudo era muito bom" (Gn 1,31).

Este ano a CF visa promover uma maior consciência sobre a importância de cuidar do meio

ambiente e incentivar práticas sustentáveis que respeitem a Criação.

A campanha busca destacar a interconexão entre todos os seres vivos e a necessidade de uma abordagem integral que abranja aspectos ambientais, sociais, econômicos e culturais.

A proposta é que a comunidade se una em ações concretas que promovam a justiça social e a preservação do meio ambiente, refletindo sobre o compromisso cristão com a Casa Comum e a sustentabilidade.

Além disso, durante o período quaresmal a campanha convida os fiéis a uma verdadeira conversão, renovando o compromisso com os ensinamentos de Cristo e fortalecendo a missão de evangelizar através do cuidado com a Criação.

Todos os anos, nos EACREs, recebemos vários questionamentos sobre o porquê de se ter a Campanha da Fraternidade nas apresentações dos temas do EACRE. A resposta é simples: porque todos nós equipistas de Nossa Senhora SOMOS Igreja e como Igreja somos convidados a vivenciar suas propostas. Ainda mais neste ano, que temos muito a contribuir com nossas comunidades, porque já estudamos e vimos a necessidade de cuidarmos da nossa casa, através da Encíclica Laudato si no Tema do Ano de 2022 - Casal Cristão, Fermento Renovador na família e na sociedade. Deus seja louvado, Com carinho

Pe. Toninho SCE SRB

Tema de Estudo 2025

São Lucas narra o percurso dos discípulos a caminho de Emaús e oferece-nos uma rica reflexão sobre a decepção, a esperança e a importância de caminharmos juntos na fé.

A passagem dos discípulos de Emaús é um convite profundo para refletirmos sobre as nossas próprias jornadas de fé. Esses discípulos estavam desanimados e decepcionados, acreditando que todas as suas esperanças sobre Jesus haviam sido frustradas com a sua morte. A decepção que sentiram naquele momento pode ser algo com o qual nos identificamos em nossas próprias vidas, quando enfrentamos dificuldades, perdas ou momentos de crise que nos fazem questionar o propósito e o sentido da nossa fé.

Os discípulos estavam desiludidos e tristes deixando Jerusalém a caminho de Emaús, em busca de um lugar mais tranquilo, com seus corações tomados pela decepção e luto da morte de Jesus. Eles acreditavam que Ele era o Messias que

Primeiro capítulo: Corações partidos

haveria de redimir Israel, mas o que viveram foi uma cruel desilusão. É visível a frustração. Este momento de decepção reflete um aspecto importante de nossa própria caminhada de fé. Todos nós, em algum momento, podemos nos sentir desiludidos, especialmente quando nossas expectativas não são atendidas ou quando a realidade parece contradizer as promessas de Deus.

Quem de nós não passou por uma situação parecida? Quem de nós não pensou um dia nas promessas de Deus para alguma situação não concretizada em nossas vidas? Por que eu? Por que conosco? Em nossa própria vida cristã, somos chamados a caminhar juntos, a não perder a esperança nos momentos de decepção e a confiar que, mesmo quando não entendemos completamente o caminho, Cristo está conosco, revelando-se em nossa jornada.

Para um casal equipista, a experiência dos discípulos de Emaús pode ressoar de maneira profunda. Desde o

matrimônio, no início da caminhada a dois, existe um ideal, uma visão de felicidade, harmonia e plenitude, como se a vida juntos fosse um caminho sem obstáculos. Porém, ao longo do tempo, o casal se depara com surpresas dolorosas, com dificuldades, frustrações e desafios que não estavam nos planos.

Como os discípulos de Emaús, que esperavam a redenção de Israel e se viram frustrados com a morte de Jesus, o casal também pode se sentir perdido, sem saber como lidar com os altos e baixos da vida. As expectativas de um amor perfeito e uma união sem falhas podem ser desafiadas por desentendimentos, problemas financeiros, questões familiares e até crises de fé.

Nesses momentos de crise, a tentação de desistir pode surgir, a dúvida sobre a vocação do casamento pode se instalar, e o cônjuge que antes era visto como

“herói” pode agora parecer distante e incompreensível. No entanto, assim como Jesus se revela aos discípulos de Emaús, o casal pode encontrar novamente o sentido e a força para continuar a caminhada. O encontro com Cristo - seja através da oração, do diálogo ou da comunhão na fé - pode restaurar a esperança e trazer de volta a certeza do amor que os uniu. E, assim como os discípulos, o casal pode descobrir que, mesmo nas dificuldades, há uma nova maneira de enxergar o relacionamento, mais amadurecido e mais próximo de Deus. Abraços fraternos.

É impossível falar sobre a presença real e constante de Jesus em nossas vidas sem compreender o sentido

da palavra mistério. Mistério é tudo aquilo que o ser humano não consegue compreender plenamente.

Cristina e Renato CRP Nordeste II

Assim, a presença de Jesus é um mistério: real, mas além do entendimento humano. Como alguém pode morrer, ressuscitar e permanecer vivo entre nós? Como estar presente em toda Eucaristia, em cada sacrário onde a hóstia consagrada está, ouvindo nossas súplicas, louvores e agradecimentos? Somente aos olhos da fé podemos viver essa realidade, e a fé é dom de Deus, que devemos pedir constantemente: “Senhor, eu creio, mas aumentai a minha fé!” Mas como sentir Sua presença em meio às tormentas, dificuldades e a maldade que tantas vezes parece prevalecer? Olhemos para a cruz! Se fixarmos o olhar apenas nela, sem considerar o sepulcro vazio ou sem reconhecermos Jesus ao partir do pão, resta apenas o sentimento de derrota e tristeza. Mas não! Ele ressuscitou, venceu a morte, abriu as portas do céu e enviou o Espírito Santo para nos iluminar, nos defender e nos conduzir à verdade. Como prometeu: “Eis que estarei convosco até o fim dos tempos!” Ele permanece em nosso meio, curando, orientando, consolando e animando. Devemos também pedir a Deus a graça de compreender a Justiça com Seu olhar, porque, aos nossos olhos, parece ausente diante de tantas injustiças, mentiras e maldades que presenciamos diariamente. Porém, novamente,

olhemos para a cruz. A maior injustiça da história, a condenação e morte do mais inocente de todos, não foi o fim. Cristo venceu a maldade, venceu a morte e hoje vive e reina para sempre! Peçamos a Deus que nos dê a graça de enxergar a realidade com Sua perspectiva divina, que não se limita ao tempo presente, mas abrange a eternidade. É essa visão que nos permite confiar e esperar, porque os sofrimentos da vida presente nem de perto se comparam com as alegrias que viveremos na Glória eterna de Deus, como nos ensinou São Paulo. Roguemos a Jesus, que caminha conosco todos os dias, para nos conceder a certeza da Sua presença constante, especialmente nos momentos de dificuldade, para que possamos atravessar nossos desertos e carregar nossas cruzes com um olhar que vai além do presente. Que tenhamos sempre a firme esperança de que viveremos na paz e na justiça definitivas na Glória de Deus. Amém!

Niliam e Cleber CRP Leste I

75 anos das Equipes de Nossa Senhora no Brasil

As cartas escritas por Pedro Moncau e Pe. Caffarell em fins de 1949, por ocasião das primeiras conversações sobre o início das Equipes de Nossa Senhora no Brasil, são verdadeiras preciosidades que devem ser lidas por todos os equipistas, especialmente pelas equipes que estão chegando, a fim de conhecerem o sopro inicial dessa caminhada de 75 anos. Ao ler essa correspondência podemos notar como a vontade Divina vai encaminhando os acontecimentos para que a espiritualidade e santidade dos casais possa de fato se desenvolver.

A seguir reproduzimos extratos das citadas cartas traduzidas do francês, idioma no qual foram escritas.

São Paulo, 30/11/1949

Rev. Abade Henri Caffarel

Rua Gustave Flaubert, 9 - Paris

Reverendíssimo Padre:

Peço desculpas por me dirigir ao senhor sem nenhuma apresentação. Tive conhecimento de seu endereço através da leitura de L’Anneau d’Or e é também essa leitura o motivo desta carta.

Eu conhecia já as excelentes publicações de antes da guerra, editadas pela Associação do Matrimônio Cristão. Há mais ou menos um ano, tive, por acaso, em minhas mãos, um número de L’ Anneau d’Or que me interessou particularmente, não somente pelo seu conteúdo, mas sobretudo porque uma revista desse tipo só poderia ser o reflexo de um sólido movimento

de formação cristã, visando o reerguimento da instituição familiar. Tive a confirmação disso há pouco tempo, através de uma simples conversa com o Rv. Padre Marcel Marie Desmarais, dominicano do Canadá que teve a oportunidade, no ano passado, de estar em contato com a associação que o senhor dirige.

Pelo que pude entender, L’Anneau d’Or seria uma associação formada de vários grupos de um número limitado de famílias cristãs, que se reúnem periodicamente para o estudo dos problemas que interessam à família, à educação e à formação dos filhos, tudo isso sob uma luz nítida e firmemente cristã e baseado numa sólida formação religiosa.

Ora, faço parte, aqui em São Paulo, de uma associação, o “Centro Dom Gastão”, que é, por assim dizer, o prolongamento de uma Congregação Mariana e que é constituída por um grupo de mais ou menos vinte antigos membros da Congregação, já casados,

e que procuram continuar no plano familiar a ação que a Congregação exercia num plano que visava mais particularmente a juventude, o indivíduo.

Embora funcionando já há alguns anos, nossa associação busca ainda a fórmula prática de execução de seu programa de reerguimento cristão de família. É com muito esforço que obtemos resultados bastante medíocres.

Temos, é claro, a orientação geral que nos é dada pelo Assistente Eclesiástico, Monsenhor Aguinaldo José Gonçalves, Cura da Catedral. Mas o senhor deve saber como é pouco numeroso o clero no Brasil, o que torna bem difícil a missão do padre, praticamente impossibilitado de se dedicar a uma determinada obra, por mais que ele a admire. Além do mais, em nosso caso, me parece que a responsabilidade e a execução do trabalho a ser feito, como nas obras claramente de Ação Católica, cabem mais aos leigos, sob a orientação do clero.

Pelas informações que nos deu o Rv. Padre Desmarais, tenho a impressão de que a finalidade da L’Anneau d’Or é sensivelmente idêntica àquela que perseguimos. Tive então a ideia de lhe escrever com toda a franqueza e com toda a simplicidade, também, para pedir-lhe que me envie uma exposição detalhada do que faz a L’Anneau d’Or, sua organização, seu programa e, muito particularmente, a técnica das reuniões, o que se discute e qual é a participação dos homens, das mulheres, etc.

É possível que o senhor tenha recebido já consultas desse gênero, da parte de pessoas interessadas igualmente na organização de associações visando também a família. Com efeito, nós temos aqui três associações que têm essa finalidade – “A

Lareira” , “A Colméia”, “Confederação das Famílias Cristãs”. Mas trata-se mais de grupos com objetivos mais amplos, que nós chamamos aqui de organizações “de fronteira”, e que procuram por isso não forçar a nota religiosa.

O “Centro Dom Gastão”, ao contrário, faz questão de ser e se declara, francamente, de orientação nitidamente cristã. É uma das coisas que nos preocupam de maneira especial é justamente como “realizar” a formação religiosa de seus membros, principalmente a das crianças, num meio como o nosso, no Brasil, onde essa formação é absolutamente superficial.

Peço-lhe que me desculpe por esta carta tão comprida e pelo tempo que ela vai lhe tomar. Mas... é provavelmente essa uma das finalidades da L’Anneau d’Or : trabalhar pelo reerguimento cristão da família. É também a nossa finalidade. É evidente que nós nos entendemos.

Faço questão de dizer, finalmente, que estou lhe escrevendo em meu nome particular. Mas como sou um dos diretores do “Centro Dom Gastão”, e tendo em vista a simplicidade de nossa associação, é evidente que, recebendo sua resposta, irei rapidamente relatar minhas tentativas junto ao senhor, não somente à associação, como também ao seu Assistente. E me sentiria particularmente feliz se essa resposta pudesse ser o começo de uma nova fase, que seria a assimilação no nosso meio da longa experiência das famílias cristãs da França.

Queira, Rev. Padre, aceitar a expressão de meu respeito e de meu sincero reconhecimento.

Dr. Pedro Moncau Junior Rua Venâncio Aires, 273. São Paulo, Brasil

Paris, 15/12/1949

Ao Dr. Pedro Moncau Jr.

Rua Venâncio Aires, 273

São Paulo - Brasil Senhor,

Quero lhe falar, em primeiro lugar, da alegria e emoção que tive ao ler sua carta. É tão impressionante pensar que, através dos oceanos, laços se ligam graças ao L’Anneau d’Or que fundei e cuja direção assumi.

Tudo aquilo que o senhor me diz do “Centro Dom Gastão” me interessa vivamente. Não somente não houve indiscrição de sua parte em me falar sobre isso, e sim reserva em não me falar mais ainda sobre o assunto. Saiba que todos os documentos que puder me enviar, sobre o seu Centro, serão lidos com muita atenção e simpatia, pois, como pressentiu, nossas orientações são parentes próximos. A L’Anneau d’Or e os grupos de casais que trabalham paralelamente a ela têm o objetivo essencial de ajudar os casais a tenderem para a santidade. Nem mais, nem menos. Não esclareço nesta carta o que fazem os nossos grupos de casais, porque recomendo ao nosso Secretário Geral, Sr. Gérard d’Heilly, rua Gustave Flaubert, n. 9, 17o, Paris, que lhe faça a remessa de toda uma documentação referente aos mesmos grupos de casais. Se tiver tempo de tomar conhecimento desses documentos e interessar-se por eles, ficarei pessoalmente muito feliz em conhecer sua opinião. Não hesite em me escrever e em me colocar a par de seu modo de pensar. Não receio contradições e desejo vivamente receber sugestões úteis. Uma das minhas preocupações primeiras é estabelecer laços com todos

aqueles que, nos quatro cantos do mundo, trabalham no mesmo sentido. Como o senhor poderá ver no artigo que lhe envio anexo, artigo sobre os grupos de casais, penso que esse duplo esforço dos grupos de casais e de pesquisa sobre a espiritualidade conjugal e familiar é um dos sinais do nosso tempo e representa uma grande esperança. Espero ardentemente que um dia, não muito longe, possamos nos reunir num encontro internacional, nós todos que, através da vasta cristandade, trabalhamos no mesmo sentido. O que o senhor pensa disso? Seria partidário desse encontro? O senhor ou um de seus amigos poderia vir até a França? Seriam muito bem-vindos e encontrariam um acolhimento caloroso e fraternal em nossos lares. Quer que fique acertado que rezaremos uns pelos outros? Eu, por vocês; vocês, pela L’Anneau d’Or e pelas Equipes de Nossa Senhora?

Queira aceitar, senhor, a expressão de meus sentimentos respeitosos e sacerdotalmente devotados e de simpatia cristã. H. Caffarel Avenue César-Caire, 8, 8º, Paris

* L'Anneau d'Or - revista sobre o amor humano e a espiritualidade conjugal, editada pelo Pe. Henri Caffarel de 1945 a 1968.

Oração pelo Jubileu de Diamante das ENS:

Um ano de Ação de

Em 2025, celebramos com alegria e gratidão os 75 anos da chegada das Equipes de Nossa Senhora no Brasil. Desde aquele 13 de maio de 1950, inúmeras famílias acolheram o Movimento e, por meio da espiritualidade conjugal, encontraram um caminho de santidade no matrimônio.

Para marcar esse Jubileu de Diamante, propomos uma oração especial, convidando todos os equipistas a rezá-la nas reuniões, encontros e eventos ao longo deste Ano Jubilar.

* Esta oração está reproduzida na contracapa.

Graças

Mais do que palavras, esta oração é um ato de louvor por essa caminhada fecunda e um compromisso de fidelidade ao carisma das ENS. Recordamos os primeiros casais que, como o casal Moncau, reconheceram na proposta do Movimento a resposta a um desejo profundo de vivência cristã. Ao longo dessas sete décadas e meia, a ação do Espírito Santo tem conduzido as equipes, fortalecendo a fé e a comunhão de tantos lares.

Inspirada na experiência dos pioneiros, a prece nos lembra a importância da escuta da Palavra, da Eucaristia, da oração e do serviço. Também nos convida a agradecer pelos Conselheiros Espirituais, que testemunham a complementaridade dos sacramentos da ordem e do matrimônio, sendo sinais da presença de Cristo nas equipes e famílias.

Que, sustentados pela graça divina e pelo exemplo de Maria, possamos renovar nosso compromisso de ser luz para o mundo, dizendo “sim” ao chamado de Deus todos os dias. Rezemos juntos, unidos na fé e na missão!

Super-Região Brasil

A espiritualidade na missão

Somos Cristiane e Brito, temos 35 anos de casados e no momento estamos servindo a Equipe Responsável Internacional como Casal Ligação da Zona América. Estamos no Movimento há 25 anos e sempre estivemos a serviço. Sabemos que muitos casais já disseram muitos “sins” ao Movimento e ainda darão muitos mais. Queremos apenas partilhar com vocês nossa experiência. E aqui temos algumas reflexões que sempre nos acompanharam e que entendemos serem importantes quando temos um chamado à missão.

Nossa humanidade sempre nos questiona o “por que eu”? Mas o nosso foco deve ser uma decisão sincera e honesta pensando no “por que não eu”? Nossa humanidade também nos impõe medos e receios de uma missão. Lembremos que se fomos escolhidos foi porque conseguiremos cumprir. Deus não nos chama para sofrer. Não tenhamos medos dos nossos medos! Jesus nos prometeu que estaria conosco até o fim dos tempos (Mt, 28, 20), e devemos ter certeza de que quando saímos de casa para cuidar das coisas de Deus, Ele cuida da nossa casa, e cuida melhor do que nós.

Estarmos em uma missão não nos coloca fora do Movimento, pelo contrário, temos que ter um olhar atento para nossa origem, nosso carisma fundador ( espiritualidade conjugal) e nossa mística

(reunidos em nome de Cristo; ajuda mútua; testemunho). Uma das definições de espiritualidade pode ser dada como “expressão exterior da fé interior ”. Devemos buscar uma força transformadora (FÉ INTERIOR) que nos impulsione a servir com amor, dedicação e generosidade (EXPRESSÃO EXTERIOR).

Buscamos a FÉ INTERIOR quando estamos reunidos em nome de Cristo e a EXPRESSÃO EXTERIOR é ajuda mútua e testemunho. Assim a nossa mística é uma maneira que temos de exprimir nosso carisma, que é a espiritualidade conjugal. E quando se fala de ajuda mútua e testemunho também se fala de missão. A missão faz parte da espiritualidade conjugal e também deve ser vivida baseada na MÍSTICA do Movimento. Dessa forma não há como separar a espiritualidade conjugal da espiritualidade na missão, há uma simbiose entre as duas. Padre Caffarel de diversas formas e vezes nos falou sobre isso. Nossa missão é baseada na mística, então nosso testemunho é um guia para a comunidade, nossa ajuda é um suporte humano e formativo, e por estarmos reunidos em nome de Cristo agimos com misericórdia, compreendendo os limites de cada um em um dado momento. É importante lembrar que as Equipes de Nossa Senhora são baseadas em relacionamentos humanos, desde a equipe de base até os demais níveis de responsabilidade.

Sem relacionamentos concretos e duradouros não há unidade, e não se constroem relacionamentos por comunicação eletrônica e reuniões online.

Estar em missão aumenta e muito nossa dedicação aos PCEs e sacramentos. Os Conselheiros Espirituais trazem o magistério da Igreja, os sacramentos e a orientação espiritual para o suporte na missão, não podemos abdicar dos Conselheiros. Misericórdia , não somos uma ONG onde devemos apenas cobrar resultados e tarefas prontas, há de se entender a situação de cada um naquele momento, oferecer ajuda, suporte e formação, isso funciona mais que a cobrança. Escutar é a base das ENS, passamos pelo menos 90% da reunião escutando. Temos que replicar isso na missão, escutar aqueles aos quais servimos.

Formação e Oração, Deus nos ajuda e ampara, então Ele espera que estejamos preparados para nossa missão, e não nos faltam oportunidades de formação e momentos de oração para discernir Sua vontade. Tudo isso pode ser resumido nas atitudes que nos são propostas na pilotagem: cultivar a assiduidade em se abrir à vontade de Deus, desenvolver a aptidão para a verdade e aumentar a capacidade para o encontro e a comunhão

Não importa onde somos chamados, e sempre haverá um chamado, Deus sabe o momento. E assim colhem-se os frutos da espiritualidade na missão com relacionamentos humanos mais fortes. Na missão não podemos

nos esquecer daqueles que se esforçaram para o Movimento ser o que é hoje, pois hoje somos nós que temos a responsabilidade para que outros possam ter a oportunidade de conhecer as Equipes de Nossa Senhora no futuro. Não dependem de nós os resultados, mas de vários fatores que não controlamos. Deus não espera de nós que terminemos uma pilotagem com 100% dos casais animados para seguir no Movimento, Deus espera que nos esforcemos ao máximo para preparar com honestidade e sinceridade esses casais, e aí a decisão é deles. Simples, Deus espera apenas 100% de nós, o resultado disso é com Ele.

E quais são os desafios que se colocam na missão? Deus nos chama para fazer a vontade Dele e não a nossa; o nosso tempo é finito, então dividir todas nossas tarefas e dosar cada uma delas, senão a consequência é a exaustão; sem oração não chegamos a nenhum lugar; não existe missão sem sigilo; e a falta de formação e oração.

O Tema de Estudo 2025 nos convida a caminhar com Cristo, nada mais missão do que caminhar com Cristo. Por fim desejamos a todos um santo ano. Contem sempre com nossas orações, fiquem com Deus.

Cris e Brito
CL Zona América

Padre Henri Caffarel: Um Sacerdote inteiramente dedicado a Deus

O dia 19 de abril de 1930 marcou o início da missão sacerdotal de Padre Henri Caffarel, um homem profundamente apaixonado por Deus e pelo serviço à Igreja. Desde sua ordenação, ele viveu sua vocação com um espírito de total entrega, guiado por um desejo ardente de conduzir as almas ao encontro com Cristo. Seu ministério sacerdotal não se limitou à administração dos sacramentos, mas se manifestou de maneira única: ensinando os casais a viverem o matrimônio como um verdadeiro caminho de santidade. Sua vida foi um testemunho vivo do amor incondicional a Deus e à missão que lhe foi confiada. Uma vida de oração e serviço

Desde sua ordenação, Padre Caffarel fez da oração o centro de sua vida. Ele acreditava que um sacerdote só pode guiar os outros ao encontro com Deus se ele próprio cultivar uma relação profunda com Ele. Ele via sua missão como um chamado a transformar vidas através da espiritualidade e do ensino. Como um autêntico mestre da vida interior, incentivava os fiéis, especialmente os casais, a colocar Deus no centro de sua existência.

Padre Caffarel via o sacerdócio como uma vocação que exigia sacrifício, escuta, aconselhamento e dedicação total. Ele entendia que ser sacerdote era, acima de tudo, ser um servo fiel da Igreja e do povo de Deus.

O Sacerdote que revelou a beleza da vocação matrimonial

Um dos maiores legados de Padre Caffarel foi sua compreensão profunda do sacramento do matrimônio. Quando começou a acompanhar casais cristãos, percebeu

que muitos viviam sua união sem compreender a dimensão espiritual desse compromisso. Com sua sabedoria e orientação, ajudou a transformar a mentalidade da época, mostrando que o matrimônio não era apenas uma realidade humana, mas uma vocação divina, um verdadeiro chamado à santidade.

Fidelidade ao sacerdócio até o fim

Mesmo quando as Equipes de Nossa Senhora se expandiram e cresceram pelo mundo, ele optou por viver no silêncio e na contemplação, retirando-se para uma vida de oração nos últimos anos de sua vida. Em 18 de setembro de 1996, faleceu, deixando um legado imortal de amor e fidelidade a Deus.

Padre Henri Caffarel foi, acima de tudo, um sacerdote fiel ao seu chamado. Sua vida foi marcada pela dedicação total ao serviço da Igreja, à oração e à santificação dos casais. Celebrar o aniversário de seu sacerdócio é uma oportunidade para refletirmos sobre o verdadeiro significado da vocação sacerdotal: ser um canal da graça divina, conduzindo as almas ao encontro com Deus.

Que seu exemplo inspire sacerdotes, religiosos e leigos a viverem sua vocação com a mesma intensidade e amor que ele demonstrou ao longo de toda a sua vida.

Katia e Alexandre CR Causa Canonização Pe. Caffarel

Nancy Moncau: Dedicação incansável às Equipes de Nossa Senhora

Dona Nancy Cajado Moncau é uma figura central na história das Equipes de Nossa Senhora no Brasil. Junto com seu marido, Pedro Moncau Jr., eles trouxeram o Movimento das equipes para o nosso país em 1950.

Nascida em uma família católica, em 22/03, Nancy sempre teve uma forte ligação com a fé e a espiritualidade. Seu compromisso com a Igreja e com a vida comunitária a levou a se envolver profundamente com as Equipes de Nossa Senhora, um Movimento que tem como objetivo reforçar a espiritualidade conjugal e familiar.

Nancy e Pedro Moncau Jr. conheceram o Movimento das Equipes de Nossa Senhora originário na França e o Padre Henri Caffarel, fundador do Movimento. Inspirados pela espiritualidade e pelos princípios das equipes, decidiram trazer essa experiência para o Brasil. Em 13 de maio de 1950, fundaram a primeira equipe no país, marcando o início de uma jornada que transformaria a vida de muitos casais brasileiros.

Ao longo dos anos, Nancy dedicou-se incansavelmente ao Movimento, promovendo encontros, retiros e formações para casais. Sua liderança e dedicação foram fundamentais para o crescimento e a consolidação das Equipes de Nossa Senhora no Brasil. Ela acreditava profundamente na importância da oração conjugal, do diálogo e da vivência comunitária como pilares para um matrimônio sólido e feliz.

Além de seu trabalho com as Equipes de Nossa Senhora, Nancy também se destacou por seu envolvimento em outras iniciativas religiosas e sociais. Ela sempre esteve à frente de projetos que visavam o bem-estar e a espiritualidade das famílias, tornando-se uma referência de fé e dedicação para todos que a conheciam.

Dona Nancy Moncau faleceu em 08/2006, mas seu legado continua vivo através das inúmeras vidas que ela tocou e das sementes de fé que plantou. Sua história tem inspirando gerações a seguir seu exemplo de dedicação e compromisso com a espiritualidade conjugal e familiar.

Mirna e Sildson
CR Carta Mensal

Reconhecimento pontifício das ENS

Amados irmãos equipistas!

Cada um de nós somos chamados a conhecer melhor o nosso Movimento, pois só amamos aquilo que conhecemos. O Movimento das Equipes de Nossa Senhora nasceu em 1938 em Paris na França, por quatro jovens casais com os corações desejosos em viver o sacramento do matrimônio sob a luz da fé. Esses casais procuram o Padre Henri Caffarel e assim dão início a essa experiência.

Algo que parecia pequeno foi se tornando grande e se expandindo de uma forma divina, e com esse crescimento se faz necessário organizar subsídios para esse Movimento que cresceu, daí surge a Carta das Equipes de Nossas Senhora, carta essa que nos ensina a regra e essência do Movimento. Mas o Movimento continua a crescer e os casais de todo o mundo começam a desejar essa experiência de viver os valores cristãos, e com essa expansão era preciso decidir: será um movimento nacional ou internacional? E foi decidido que se tornaria um movimento internacional para que chegasse a todos os casais do mundo.

E como tudo na Igreja é muito bem elaborado, as Equipes de Nossa Senhora precisavam iniciar e organizar seus documentos e estatuto. Assim como na sociedade civil toda e qualquer associação é um dia levada a explicar a sua natureza e os seus objetivos, na Igreja não é diferente.

O reconhecimento do Mmovimento pelas autoridades eclesiásticas foi dado em várias etapas: em 1960 é lançado o primeiro reconhecimento

das ENS pela Igreja por uma carta do Cardeal Feltin, Arcebispo de Paris. Em 1975 vem o reconhecimento como Associação Católica Internacional, em 1992 recebe o reconhecimento como associação de fiéis de direito privado, anos depois, em 26 de julho de 2002, as ENS recebem aprovação definitiva e aprovação dos estatutos canônicos das ENS pelo Conselho Pontifício para os Leigos e pelo Papa João Paulo II . Este reconhecimento pontifício é um decreto formal que atesta que um grupo de fiéis é membro da Igreja Católica, sendo assim as Equipes de Nossa Senhora são um membro vivo da Igreja de Cristo, possuindo um carisma próprio: a espiritualidade conjugal, e participa ativamente da missão da Igreja.

O Movimento das Equipes de Nossa Senhora é católico, leigo e constituído por casais que buscam viver de acordo com os princípios cristãos. Pois bem, meus irmãos equipistas, que possamos à luz do Espírito Santo perseverar e conservar o carisma do Movimento, que foi confiado aos primeiros casais e continua até os dias de hoje por nós casais espalhados no mundo inteiro e pertencentes ao Movimento das Equipes de Nossa Senhora.

Jocelia e Mailson CRR Pernambuco III Província Nordeste II

Que a esperança encha os vossos corações

Em 2024, a Carta publicou na “Palavra do Papa”, vários assuntos ligados à missão da Igreja e aos direitos básicos do ser humano, priorizando na ação apostólica do Pontífice a missionariedade, “igreja sem saída”, crianças, paz, esperança...

Em 2025, ao nos depararmos com a “Bula de Proclamação do Jubileu”, já tínhamos consciência da grande alegria que tomaria conta do povo de Deus com o novo Ano Santo. Afinal, trata-se de um tempo especial em que a Igreja bendiz a ação de Deus na história e convoca a comunidade de fiéis para reviver a experiência do amor de Deus que desperta no coração das pessoas a esperança segura da salvação em Cristo.

O Pontífice abriu solenemente a Porta Santa da Basílica de São Pedro, em Roma, na vigília natalina de 24 de dezembro último, inaugurando o 28º Jubileu da História da Igreja Católica, que terminará com o cerramento da mesma Porta Santa, na festa da Epifania do Senhor, em 6 de janeiro de 2026 (’Spes non confundit’, 6).

Em sua mensagem de Ano Novo, proferida em 31/12/2024, o Papa Francisco anunciou o início de um ano diferente para todos os católicos, convidando-os a viver o Ano Jubilar “ancorados em Cristo, nossa esperança, um tempo de misericórdia e de perdão, capaz de abrir no coração de cada homem e cada mulher o caminho de uma esperança que não desilude1”. De fato, ela não desilude, nem engana, pois a perene presença do Espírito Santo no caminho da Igreja continua a irradiar a sua luz nos corações crentes (Cf. ‘Spes non confundit’, 3).

Um Jubileu sempre é proclamado pela publicação de uma Bula Papal. Spes non

confundit - A esperança não engana (Rm 5, 5) é o título que identifica o Jubileu recém iniciado. Por isso, a Igreja foi convocada pelo Papa para celebrar este Ano Santo sob a égide da esperança. A esperança a que ele se refere é justamente a esperança cristã, aquela “que não engana, porque o amor de Deus foi derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado (Rm 5, 1-2.5). Alegrou-nos saber que no “coração” do nosso Papa ressoa a noção paulina de esperança, quando tomarmos consciência do seu apelo para que nos deixemos guiar pelo que o apóstolo dos gentios escreve aos católicos de Roma (Cf. Spes non confundit, 1).

Francisco também atribuiu ao Jubileu o lema “peregrinos de esperança”, para que ele seja vivido como um tempo em que a esperança permita-nos aspirar uma realidade futura, ao mesmo tempo, em que caminhamos rumo à nossa meta final: Deus.

A Porta Santa aberta em Roma iniciou o Jubileu 2025. Todas as catedrais diocesanas do mundo celebraram a Santa Missa com abertura solene do Ano Jubilar em 29/12/2024. Há ainda a porta de acolhida de milhões de corações que se devem abrir para Deus e os irmão2. Por isso, o Papa Francisco deseja a quantos lerem esta carta:

QUE A ESPERANÇA LHES ENCHA O CORAÇÃO e se coloquem a caminho como peregrinos de esperança.

Graça e Roberto ENS das Graças

Porto Alegre-RS I

Província Sul III

1 Francisco. Mensagem de esperança pelo Ano Novo e Ano Jubilar apresentada ao Povo de Deus em 31/12/2024.

2 Francisco. “A porta da esperança que se abre no Ano Jubilar” - Vaticano, 29/12/2024.

Perdão, restauração, reconciliação

Queridos irmãos equipistas, o ano de 2025 que estamos vivendo, para nós católicos, não é um ano como qualquer outro, mas um Ano Santo, um Jubileu, em que os tesouros da graça são derramados abundantemente sobre os fiéis, mas será que realmente entendemos o significado espiritual disso tudo?

O último Ano Santo ordinário da Igreja foi no ano 2000, chamado de “O Grande Jubileu”, quando a Igreja, adentrando o terceiro milênio, em júbilo contemplava o mistério da Encarnação do Verbo de Deus. Um quarto de século depois, vamos experimentar mais uma vez um Ano Santo no qual o Papa Francisco nos convida a mantermos acesa a chama da esperança em nossos corações em meio às trevas que nos cercam sempre ameaçando a nossa fé.

O termo “Jubileu” refere-se a um ano particular celebrado pelo povo de Deus no Antigo Testamento a cada 50 anos. O termo parece derivar do instrumento de sopro, o yobel (chifre de carneiro), que ao soar indicava o início desse ano sagrado.

O principal texto onde se encontra a ideia de um Jubileu está no capítulo 25 do livro do Levítico. Nele se apresentam três ideias que definem este tempo sagrado: o perdão das dívidas, a restauração das terras e a libertação dos escravos, simbolizando uma profunda reconciliação com Deus e com a criação.

No Evangelho de Lucas, Jesus, no início do seu ministério público, entrou na sinagoga de Nazaré e lá foi lhe dado o livro do profeta Isaías.

Com aquelas palavras, apresentou-se como enviado do Pai para inaugurar um Jubileu perfeito, que se prolongaria pelos séculos seguintes e que os cristãos deveriam celebrar em espírito e verdade (Lc 4, 18-19). Esta é a outra raiz, além da do Antigo Testamento, do Jubileu cristão. Nestas palavras de Jesus o Ano Santo encontra a sua plena realização na ação de Deus que vem para libertar a humanidade das suas mazelas ao mesmo tempo que vemos o modelo da vida cristã a ser abraçada por todos os que se tornam discípulos dele.

O primeiro Ano Santo foi proclamado pelo Papa Bonifácio VIII em 1300, com o objetivo de promover a renovação espiritual e a reconciliação entre os fiéis. Esse momento foi celebrado com uma grande peregrinação a Roma, pela qual o Papa concedia Indulgência Plenárias aos fiéis. Concebido inicialmente para ocorrer a cada 100 anos, depois passou a cada 50 anos, e, já em 1475, no quinto Jubileu da História Cristã, se definiu que o Jubileu ocorreria ordinariamente a cada 25 anos na Igreja, se mantendo assim até hoje. Apenas em duas ocasiões o Ano Santo não foi celebrado: em 1800, devido as guerras napoleônicas, e em 1850, por conta do contexto político da unificação da Itália.

Em 1933, o Papa Pio XI, para marcar os 1900 anos da Paixão redentora de Nosso Senhor, convocou um Jubileu extraordinário, o que viria a se repetir com o Papa João Paulo II em 1983, pelo mesmo motivo, 1950 anos da paixão do Senhor. Em 2015, o Papa Francisco convocou o último Jubileu extraordinário, o Ano Santo da Misericórdia.

Esses momentos de graça têm sido uma maneira de a Igreja convidar os fiéis a renovar o seu compromisso com Deus, oferecendo um tempo de reflexão, penitência e perdão. Por isso mesmo o Jubileu não pode ser vivido como uma comemoração marcada no calendário, e sim como momento de transformação interior, um recomeço para todos os cristãos, conduzidos pela misericórdia e pelo amor de Deus.

Algumas práticas sobressaem de forma especial nesse tempo de graça que é o Jubileu, a primeira delas a que somos chamados é a uma verdadeira conversão, voltarmo-nos para o amor de Deus, e, consequentemente, voltarmo-nos para o próximo. Pedimos perdão e damos o perdão, assim realmente nos tornamos “filhos de nosso Pai que está

no céu” (Mt 5,45). O chamado que Deus faz por meio da Igreja é de que ao nos aproximarmos com o coração contrito da sua misericórdia, cheios de confiança, deixamo-nos ser remodelados restaurando nossos relacionamentos com Ele e com os irmãos.

Após esse primeiro passo, resplandece no Ano Santo aquilo que desde o início foi o seu grande sinal, as Indulgências Plenárias. Muitos católicos não as entendem, mas são verdadeiros tesouros que a Igreja oferece aos fiéis, pois trata-se da remissão da pena temporal pelos pecados já perdoados na confissão. Essa remissão das penas não se alcança com um simples realizar de obras exteriores, embora essas sejam também necessárias, mas sobretudo por uma verdadeira conversão de vida, arrependimento quanto aos pecados cometidos e uma verdadeira decisão em levar uma vida santa.

As indulgências, ainda, além de nos purificar pessoalmente também nos convidam a uma reflexão sobre a comunhão dos santos e a responsabilidade de intercedermos uns pelos outros, pelos vivos e pelos falecidos.

Ao realizar os atos necessários para obtê-los, lembramos que a vida cristã não é vivida isoladamente, mas como membros de um único corpo em Cristo.

O caminho de redenção que se inicia na conversão pessoal é fortalecido pela oração, pelos sacrifícios e pela prática das obras de misericórdia. Assim, todas as condições necessárias que a Igreja nos apresenta para a obtenção de uma indulgência se tornam mais claras e compreensivas.

E como podemos obter a indulgência? A primeira condição é estarmos em estado de Graça, ou seja, em amizade com Deus, tal estado se alcança recebendo o sacramento da reconciliação ; depois realizar os gestos pedidos pela Igreja, como fazer uma peregrinação a uma basílica ou santuário designado pelo bispo diocesano; receber a Sagrada Comunhão; rezar pelo Papa e por suas intenções. Também as obras de misericórdia corporais ou espirituais são meios de alcançarmos indulgências.

As peregrinações são marca característica desse tempo especial na Igreja, seja até a cidade de Roma onde se encontram as Portas Santas, sejam nas diversas Igrejas Jubilares designadas pelos bispos em suas Dioceses, o importante é ter sempre em mente que essas peregrinações não são meros passeios, são jornadas espirituais que simbolizam o movimento da alma em direção a Deus. Cada passo dado pelos peregrinos é uma oração silenciosa, um ato de fé que registra

a necessidade de nos colocarmos no caminho, confiantes de que o destino final é a plenitude do amor divino.

Todas essas práticas encontram seu ápice quando essa mudança interior resplandece em obras, assim a fé e a esperança a que somos chamados se mostram não ser apenas meros sentimentos, um conhecimento teórico ou saber reservado a poucos, mas verdadeira força de transformação da vida de todo mundo. O Ano Jubilar nos convida a intensificar a prática das obras de misericórdia, corporais e espirituais, que revelam a essência do cristianismo.

Que este Ano Santo nos transforme a partir das práticas próprias que a Igreja nos propõe, e que interiormente sejamos renovados por esta graça, nos tornando cada vez mais capazes de nos fazermos semelhantes a Cristo na caridade que brota da esperança e da fé. Ao apelo do Papa Francisco unimos o convite de nosso fundador:

“O que é importante para Deus é que o homem, ao descobrir sua pobreza, se abra à esperança. Deus atende então essa esperança, para além da expectativa do homem. Abra-se, portanto, à esperança”. (Padre Henri Caffarel)

Pe. Edson Aparecido Pianca

SCE Região SP Sudeste Província Sul II

A Sagrada Liturgia Pascal

A celebração do Mistério Pascal de Nosso Senhor Jesus Cristo: Paixão, Morte e Ressurreição constitui o centro e ápice da Vida Cristã. Diz-nos a Constituição Conciliar sobre a Sagrada Liturgia: “A santa Mãe Igreja considera seu dever de celebrar determinados dias do ano, a memória sagrada da obra da salvação do seu divino esposo. Em cada semana, no dia do Senhor, como a celebra também uma vez por ano, unida à memória da sua paixão, na Páscoa, a maior das solenidades” (Sacrosanctum Concilium 102). Assim sendo, em sua pedagogia divina, a Igreja celebra o Mistério Pascal com intensidade na Semana Santa, ou a grande semana como diziam nossos antepassados. Esta Semana Santa, podemos dizer, abriga o “coração” do Ano Litúrgico.

Os cristãos sempre consideraram que a Igreja nasceu da Páscoa de Cristo e para celebrá-la com intenso júbilo na solene liturgia. Na cruz, diz o Evangelho, Cristo inclinou a cabeça e “entregou o Espírito”. Ele se manifestou vivo e ressuscitado no meio dos discípulos, e estes são testemunhas da sua presença no mundo. Por isso a Páscoa é o centro da nossa vida e da nossa fé. Paixão e morte de Jesus são o desfecho de uma vida doada em favor do povo. Jesus é de tal modo obediente a Deus Pai, cumpridor de sua vontade: “Jesus Cristo se tornou obediente, obediente a até a morte numa cruz, pelo que o Senhor Deus o exaltou e deu-lhe um nome muito acima de outro nome” (Fl 2,8-9).

A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo é REDENTORA: a leitura da paixão segundo João (Jo 18 e 19) mantém uma longa tradição. Em vez de acentuar os aspectos do sofrimento humano de Jesus, João destaca os sinais da sua divindade e da sua glória.

Jesus realiza a obra da salvação não como vítima impotente, esmagada sob o peso da cruz, mas na atitude soberana e nobre de quem conhece o sentido e o rumo dos acontecimentos e os acata na total liberdade obediencial. Para Jesus, a cruz não é uma fatalidade, mas um instrumento de Redenção para toda a humanidade.

Nos diz um autor antigo anônimo dos primeiros séculos da Igreja: “A paixão do Salvador é a salvação da vida humana. Precisamente por isso Ele quis morrer por nós, a fim de que, acreditando nele, vivamos para sempre” (Da homilia pascal de um autor antigo. Salmo 35,6-9:PL 17. Cristo, autor da Ressurreição e da vida).

Realmente, era preciso que Cristo sofresse. De modo algum a paixão podia deixar de acontecer. Foi o próprio Senhor quem declarou, quando chamou de insensatos e lentos de coração os que ignoravam ser necessário que Cristo sofresse, para assim entrar em sua glória. Por isso, veio ao encontro do seu povo para salvá-lo, deixando aquela glória que tinha junto do Pai, antes da criação do mundo. Mas a salvação devia consumar-se por meio da morte do autor da nossa vida, como ensina São Paulo: “Consumado pelos sofrimentos, ele se tornou o princípio da vida” (Cf Hb 2,10).

Ao celebrarmos a Sagrada Liturgia Pascal somos chamados a viver intensamente o Tríduo Pascal, a saber: Na Quinta-feira Santa celebramos o mistério da instituição da Eucaristia: “Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13,1). Jesus quis celebrar a Páscoa com os seus discípulos. A Páscoa dos judeus fazia memória da libertação da escravidão no Egito. Além de ser acompanhada de salmos e orações próprias para a ocasião, a celebração previa

como alimento um cordeiro, pão sem fermento, ervas amargas, e como bebida, algumas taças de vinho. Jesus inova e dá um novo sentido para o pão e o vinho. Com efeito, ele toma o pão e diz aos discípulos: “Isto é o meu corpo que será entregue por vós”, e depois o parte e o reparte entre os discípulos. Em seguida toma uma taça com vinho e diz: “Isto é o meu sangue, sangue da nova e eterna aliança, derramado por vós e por muitos para remissão dos pecados”. Portanto, a novidade que Jesus introduz na última ceia é que o pão e o vinho se tornam seu corpo e o seu sangue. E isso será para sempre: “Todas as vezes que fizerem isso, façam em minha memória”. Isto significa que, doravante, celebrar a ceia do Senhor é fazer memória, isto é, tornar presentes a sua doação, a sua entrega em favor da humanidade.

O que Jesus celebra de modo ritual na última ceia acontece na realidade sobre a cruz. Ou seja, realmente Jesus derrama seu sangue por nós.

Também na Celebração da Quinta-feira outro episódio marcante quando Jesus nos surpreende com o conhecido e sempre lembrado gesto do lava-pés, Jesus lava os pés de seus discípulos. O lava-pés é gesto de serviço, de doação amorosa ao próximo: “Eu vos dei o exemplo – disse Jesus nessa ocasião – para que assim como eu fiz, façais também vós”.

Na Sexta-feira a Igreja celebra o mistério da morte redentora de Jesus na Cruz. No calvário, faz o último despojamento de si mesmo: entrega suas vestes, entrega suas mãos para serem cravadas na madeira, entrega sua mãe ao discípulo amado, e nele à toda humanidade, e num grande suspiro entrega ao Pai o seu espírito. Tudo está consumado, tudo foi cumprido em fiel

obediência aos planos de Deus Pai. O dom maior que é a vida de Jesus acabava de ser ofertado em favor de toda a humanidade. No Sábado Santo celebramos a grande vigília Pascal, Santo Agostinho a chamava “a mãe de todas as vigílias”. A Igreja em todos os tempos se preocupou em solenizar esse momento: a comunidade passava a noite em oração, ouvindo e meditando a Palavra e, na madrugada, celebrava a Eucaristia. Desse modo, os cristãos aguardavam vigilantes, o acontecimento central da história: a ressurreição de Jesus. Os elementos simbólicos mostram a riqueza da celebração: o fogo novo de onde deriva a luz do Círio Pascal. O círio aceso e a procissão dos fiéis ao seu redor indicam a presença de Cristo ressuscitado, iluminando e guiando a comunidade. O canto solene da Proclamação da Páscoa recorda a todo o povo as maravilhas da redenção realizada por Cristo. As várias leituras que são proclamadas nos faz memória da história da salvação, salientando o amor de Deus por nós e suas intervenções salvíficas, suas alianças, desde a origem até a plenitude dos tempos, quando vem Jesus para dar pleno cumprimento a tudo o que foi previsto desde os tempos antigos. Que ao participarmos da Festa da Páscoa, por enquanto ainda em figuras, tenhamos a certeza de que Jesus Cristo é a nossa Páscoa com Ele ressuscitaremos. Assim sendo, a nossa Páscoa é sempre nova.

Pe. Pedro Francisco Monteiro Neto
SCE Região PE II
Província Nordeste II

Domingo de Ramos

Terminado o período Quaresmal, ou seja, o período de quarenta dias iniciado na Quarta-feira de Cinzas, a nossa Igreja Católica em sua liturgia dá início à Semana Santa no Domingo de Ramos da Paixão do Senhor. Estas duas denominações litúrgicas residem no fato de que neste dia é proclamados o Evangelho da narração da entrada de Jesus em Jerusalém montado em um jumentinho, e a multidão com ramos de oliveira nas mãos o aclamava como rei dizendo em alta voz: “Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana no mais alto do Céu”. Hosana é palavra hebraica e latina que significa: “Salva-nos, te suplicamos!”. Naquele momento o povo de Jerusalém o reconhece como Rei, Senhor e Salvador... e se dispõe a segui-lo. “Eu sou o caminho, a verdade e a vida, todo aquele que me segue não anda nas trevas mas terá a Luz da vida! O significado da Procissão Litúrgica decorre destas palavras ditas por Jesus e daquele fato ocorrido em Jerusalém quando a multidão se dispôs a seguir Jesus, reconhecendo-o como Salvador com ramos de oliveira nas mãos. Os ramos de oliveira tinham para aquela multidão que seguia Jesus o sentido de esperança da Salvação. Com efeito, o livro de Gênesis narra o belíssimo episódio da pombinha que Noé havia soltado da Arca, e ela retorna com um raminho de oliveira no bico sinalizando que as águas estavam baixando e a vida sobre a Terra continuaria. Na Celebração Eucarística deste Dia são proclamados dois Evangelhos: o Evangelho da Entrada de Jesus em Jerusalém antes da Procissão de Ramos e o Evangelho da Paixão de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo durante a Celebração. Após quarenta dias no deserto em

jejum e oração, Nosso Salvador vem a Jerusalém, sua cidade, para realizar a sua missão salvífica para a qual o Pai o havia enviado. Os santos evangelhos nos dizem que Jesus veio ao mundo para salvar não somente o povo de Israel, mas também a humanidade de todos os tempos e lugares em toda a Terra. Sabemos que dentre aqueles que aclamaram Jesus como Rei e Senhor e Salvador houve muitos que voltaram atrás quando o viram dias depois carregando a cruz e nela pregado. Sigamos os passos de Jesus sem rejeitar a cruz de cada dia. Quem quiser ser meu discípulo (meu seguidor, minha seguidora) tome a sua cruz e me siga. (Mt 16, 24).

Pe. Ronaldo

SCE Região Rio V Província Leste I

O menino que vai nascer será chamado Santo, Filho de Deus (Lc 1, 35)

Todos os anos a Igreja nos convida a celebrar, no dia 25 de março, a Solenidade da Anunciação do Senhor. Para bem vivenciar este momento de fé o texto que a liturgia nos apresenta é tirado de Lucas 1, 26-38. Nestes versículos nos encantamos com a grandiosidade do mistério da encarnação, pois Deus veio habitar entre nós! O que deve ficar claro é que não se trata de uma solenidade mariana, mas sim de uma solenidade do Senhor. Sem deixar de ser Deus, Ele veio habitar entre nós, quis, portanto, conviver com os homens, experimentando as realidades humanas pelas quais todos passamos e é justamente no ventre de Maria que começa seu caminho humano que terminará na ressurreição. Lucas deixa claro que Jesus realiza as esperanças do povo e a partir daí temos a certeza de que a mensagem vem da parte de Deus, pois é um anjo que dialoga com Maria. A Virgem está prometida em casamento a José, homem simples, homem de Deus, membro pobre da família real de Davi, humilde carpinteiro de Nazaré, cumpridor da lei. Foi ele o escolhido para esposo daquela que seria a Mãe do Salvador. No entanto, Maria concebe Jesus antes de ir morar com José. Vamos assim cada vez mais percebendo que o agir de Deus é diferente do agir humano. Deus tem seus planos e seus meios e a nós basta confiar como fez Maria. O Senhor dirige a palavra a Maria que é

saudada como “cheia de graça” e é convidada às alegrias dos tempos messiânicos! Nela não há espaço para a desgraça do pecado. Envolvida nos planos do Senhor, sente a necessidade de um esclarecimento, ao que lhe é dito que “ficará grávida por obra do Espírito Santo”. Aquele Espírito que pairava sobre as águas para criar tudo paira agora sobre o útero virgem de Maria para fazê-lo conceber sem semente humana, pois “para Deus nada é impossível”. O anjo faz questão ainda de revelar a Maria o nome do Filho Eterno do Eterno Pai: Jesus! Deus salva, eis aqui a sua missão, Ele é o salvador da humanidade. É o Filho do Altíssimo! Redentor do gênero humano! Seu reinado supera o dos reis antigos, pois o seu reinado é eterno. Mistério grande e profundo o da Anunciação e o Senhor espera o sim de Maria. Cheia da graça ela lhe diz: “Eis aqui a serva do Senhor”. Aquela que foi chamada de agraciada agora chama-se a si mesma de serva. Seu sim torna-se um lançar-se em Deus, um mergulhar nos planos do Senhor, que a torna modelo de obediência. Diante desse mistério nos damos conta de que Deus quis precisar do sim de Maria para fazer-se presente em nossa vida e em nossa história. Sendo assim, que continuem a ecoar pelos séculos eternos aquelas palavras proferidas por São João: “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós” (1, 14).

Pe. Geraldo Júnior

SCE Região PE III

Província Nordeste II

São José, pai adotivo de Nosso Senhor

De guarda da casa de Nazaré a Patrono da Igreja Universal. Pouco dizem os Evangelhos sobre São José, o pai adotivo de Nosso Senhor. Seu nome aparece na genealogia apresentada por São Mateus no início de seu Evangelho (cf. Mt 1,18) e também no relato da anunciação – oferecido por Lucas – como sendo o homem a quem Maria era prometida em casamento (cf. Lc 1,27). Este mesmo evangelista narra que José, juntamente com Maria, levou o Menino ao Templo para apresentá-lo ao Senhor, “quando se completaram os dias para a purificação da mãe e do filho” (Lc 2,22). Ainda em Lucas, quando da perda do Menino Deus em Jerusalém, José aparece – igualmente angustiado – ao lado de sua esposa, procurando-O até que O encontrassem no Templo, em meio aos doutores, cuidando das coisas de seu Pai (cf. Lc 2,41-52). Outras referências darão notícias acerca de sua profissão, como quando Jesus é reconhecido como “o filho do carpinteiro” (Mt 13,55). Entretanto, mesmo que pouco se fale a seu respeito e que ele mesmo nada fale nos relatos bíblicos, São José é admirado pelo seu testemunho de confiança nos projetos de Deus. Além disso, “justo” é o adjetivo que Mateus cita em sua genealogia (cf. Mt 1,19) e que, provavelmente, mais tenha agradado o coração de Deus, a ponto de querer contar com ele para guardar a família humana de seu Unigênito. Muitos dilemas, totalmente

humanos, tomaram, certamente, o coração de José ao saber da gravidez de Maria, sua prometida. Contudo, justo como era, não seria capaz de duvidar de sua honra, mesmo sem entender o que acontecia a ela. Abandoná-la em segredo – para que não sofresse as previstas penas – era o seu desejo. Mas, alinhando seus sonhos aos de Deus, recebe Maria como esposa. Há pouco mais de 154 anos, em 8 de dezembro de 1870, a partir do Decreto “Quemadmodum Deus”, o Papa Pio IX o proclamou “Patrono da Igreja Católica”. Como apresenta o Sumo Pontífice em seu texto, “por esta sublime dignidade, que Deus conferiu a este fidelíssimo servo seu, a Igreja teve sempre em alta honra e glória o Beatíssimo José, depois da Virgem Mãe de Deus, sua esposa, implorando sua intercessão em momentos difíceis”. Desta forma, se a casa de Nazaré se amplia à medida em que, no Filho, somos todos acolhidos como seus irmãos e filhos de Seu Pai, não é de se admirar que, aquele que outrora fora guardião da casa de Nazaré, seja reconhecido em nossos tempos como guardião da Igreja Universal e defensor desta casa – que hoje é a Igreja – contra todas as investidas do mal.

Pe. Marcos R. Silvestre

SCE Província Leste I

Confissões e penitência

O sacramento da reconciliação é um sacramento de cura. Como casais, conselheiros e acompanhantes espirituais das Equipes de Nossa Senhora (ENS), carecemos impreterivelmente dos frutos deste sacramento e da abertura à mudança de costumes e de atitudes para que nos mantenhamos em condições de buscar assiduamente a santidade. Acorremos à confissão dos pecados em busca da cura para os diversos males que tocam a nossa vida ou que são promovidos por nós, no exercício de nossa liberdade: palavras, ações, pensamentos, omissões, etc.

A Igreja, provedora do cuidado espiritual dos fiéis, nos instrui – em seu segundo mandamento: “Confessar-se ao menos uma vez por ano”. Nesse quesito, vale citar o que nos ensina o Catecismo da Igreja Católica (CIC): “Os mandamentos da Igreja situam-se nesta linha de uma vida moral ligada à vida litúrgica e que dela se alimenta. O caráter obrigatório dessas leis positivas promulgadas pelas autoridades pastorais tem como fim garantir aos fiéis o mínimo indispensável no espírito de oração e no esforço moral, no crescimento do amor de Deus e do próximo” (§2041). Outrossim, nesse Ano Jubilar da Esperança, o Papa Francisco convoca todos os fiéis a aproximarem-se do sacramento da reconciliação também em vista de reunir as condições necessárias para receber as Indulgências Plenárias.

Inseridos numa sociedade de valores líquidos e moralidade elástica, pasmem,

há também no Movimento das ENS – seja por falta de conhecimento ou por resistência pessoal (fechamento) – aqueles que se privam de receber a graça deste sacramento. Recordemos que o privilégio de uma concepção sem pecado original está reservado apenas a Cristo Jesus e à Virgem Maria. O Apóstolo Paulo, ao recordar aos romanos, orienta-nos: “Todos pecaram e estão privados da graça de Deus” (Rm 3,23). Dessa forma, nesta Quaresma, nos preparando para celebrar o ministério pascal de Cristo, percorramos o caminho espiritual como peregrinos da esperança em busca de uma santa e sincera conversão. Isso posto, ouçamos as palavras do profeta Isaías: “Buscai o Senhor enquanto ele se deixa encontrar” (Is 55,6). Assim, chama-se sacramento da penitência porque consagra um esforço pessoal e eclesial de conversão, de arrependimento e de satisfação do cristão pecador. É chamado sacramento da confissão porque a declaração, a

confissão dos pecados diante do sacerdote é um elemento essencial desse sacramento. Num sentido profundo, esse sacramento também é uma “confissão”, reconhecimento e louvor da santidade de Deus e de sua misericórdia para com o homem pecador. Ele também é sacramento da reconciliação porque restitui ao pecador o amor de Deus que reconcilia: “Reconciliai-vos com Deus” (2Cor 5,20). Quem vive do amor misericordioso de Deus está pronto a responder ao apelo do Senhor: “Vai primeiro reconciliar-te com teu irmão” (Mt 5,24).

A recepção do sacramento pressupõe uma abertura de coração e a verbalização (confissão) dos pecados. No entanto, este exame de consciência deve ser feito à luz da misericórdia de Deus. Essa busca ou conversão interior compreende a consciência do pecado e o propósito de uma vida nova e Deus concede a remissão dos pecados por meio da Igreja, que atua pelo ministério dos sacerdotes. É importante frisar aqui a necessária contrição interior da qual depende a autenticidade da penitência. Assim, pois, o Pai acolhe o seu filho(a) que regressa; Cristo coloca sobre os ombros a ovelha perdida reconduzindo-a ao redil; e o Espírito Santo santifica de novo seu templo ou passa a habitá-lo mais plenamente. Além do esforço e da abertura do penitente no ato da confissão, há sinais sensíveis específicos da graça de Deus derramados sobre aquele(a)

que busca a reconciliação. Dessa forma, os efeitos espirituais obtidos através do sacramento da penitência, nos fiéis que confessam seus pecados ao ministro legítimo, são: a reconciliação com Deus, pela qual o penitente recobra a graça; a reconciliação com a Igreja; a remissão da pena eterna devida aos pecados mortais; a remissão, pelo menos em parte, das penas temporais, sequelas do pecado; a paz e a serenidade da consciência e a consolação espiritual; e o acréscimo de forças espirituais para o combate cristão.

Definitivamente, esse é o meio (sacramento) com o qual a Igreja nos transmite o perdão e a misericórdia de Deus. É o instrumento sensível que tem o poder de dissipar as trevas do nosso coração e resgatar em nós a dignidade de filhos amados e redimidos. Coloquemos como firme propósito ou como Regra de Vida, nessa Quaresma, nos prepararmos dignamente para recepção desse sacramento e que permitamos que – como uma flecha que atravessa o nosso coração e nossa alma –, com as palavras do ministro ordenado (Sacerdote), o perdão de Deus nos alcance, quando ouvirmos: “...e eu te absolvo dos teus pecados, em nome do Pai e do Filho e do Espirito Santo”. Amém!

Frei Sonival Marinho
SCE Província Nordeste II
Retiro - “Vinde à parte para um lugar deserto e descansai um pouco” (Mc 6, 31)

Participar de um Retiro, para nós equipistas, significa que sentimos a necessidade de nos afastar temporariamente das nossas atividades cotidianas para escutar o que Deus está nos dizendo e refletir sobre a própria vida. Sendo assim, somos privilegiados em pertencer ao Movimento das Equipes de Nossa Senhora que nos oferece um Retiro anual.

Todas as vezes que participamos de um Retiro, podemos nos fortalecer e nos abastecer através da Palavra de Deus, da Eucaristia e dos testemunhos que são partilhados, das palavras transmitidas pelo pregador que é um Sacerdote Conselheiro Espiritual muito iluminado e ungido pelo Espírito Santo. Também dentro de um Retiro podemos vivenciar outros Pontos Concretos de Esforço que nos ajudam a reconhecer onde e como precisamos melhorar...

Sendo o Retiro um tempo dedicado à escuta de Deus, o correto é nos colocarmos em atitude de escuta, e a melhor maneira para isso é o silêncio. Devemos nos esforçar para conseguir um silêncio interior e exterior e assim poder escutar o que Deus está nos falando naquele momento e que vai nos acompanhar durante muitos meses até a participação do próximo Retiro.

O Guia das Equipes de Nossa Senhora, na página 46, diz-nos que: “O Retiro é um tempo privilegiado de parada, escuta e oração e uma oportunidade

de renovação espiritual. É também um momento forte para se voltar para dentro de si mesmo, fazendo uma análise geral de vida, particularmente a respeito de seu caminho de crescimento espiritual”.

Nós, enquanto estamos em missão, somos chamados a participar de dois Retiros anuais, sendo assim um grande privilégio e também uma grande ajuda para realização da missão. O Retiro nos fortalece, nos ajuda sempre a recomeçar e a olhar na direção de Deus que nos chama à santidade. Testemunhar o Retiro é gratificante e importante para nossa vida pessoal, em casal e familiar, para que possamos ser luz na vida de outros casais que às vezes sentem dificuldade em vivenciar esse PCE que nos faz tão bem na caminhada das Equipes de Nossa Senhora. O Retiro deve fazer parte da nossa agenda anual, devemos dar prioridade e nos organizarmos anualmente, em comunhão com Cristo, para participar desse grande Ponto Concreto de Esforço, que só tem a acrescentar em nossas vidas.

Desejamos um abençoado Retiro para todos, que Nossa Senhora Mãe dos Homens interceda por todos nós junto a Jesus.

Maria e Beto

CR Região PE II
Província Nordeste II

O sacramento do matrimônio absolutamente necessário para quem carrega uma vida, dada por Deus, dentro do ventre

Eu me chamo Alexandre da Meryane, somos casados há 21 anos e no dia 22/02/25 comemoramos 22 anos de vida matrimonial, temos duas filhas Anna Luiza 21 anos e Maria Fernanda 14 anos, estamos no movimento há 19 anos, nossa Província é a Leste I, Região Rio VI, Equipe de base é n° 4 Nossa Senhora das Graças do Setor de NF/RJ. Queremos falar um pouco sobre nosso testemunho da vivência do PCE indispensável para a vida matrimonial que é o DEVER DE SENTAR-SE. No ano de 2001, tínhamos decidido nos casar, ficamos noivos, o noivado foi realizado na casa dos pais de Meryane na Região Serrana do RJ, agendamos nosso casamento para o mês de setembro do corrente ano na Capela do Colégio Anchieta, onde Meryane havia estudado e como também era o desejo de seus pais, que casássemos na cidade natal dela.

Porém aconteceu uma gravidez não esperada da nossa filha mais velha e meu sogro disse que não seria mais necessário casar-se na Igreja”. O meu pai “in memoriam” estava muito doente, tinha tido 4 AVCs e Meryane por ser fisioterapeuta começou a cuidar dele no hospital e algum tempo depois meu pai teve alta e precisava de cuidados em casa, e uma tia minha que é religiosa veio ao RJ nos visitar e ajudar nestes cuidados. Foi então que contamos para ela sobre a gravidez e ela nos encorajou que não deixássemos de receber o sacramento do matrimônio, uma vez que Meryane estava carregando dentro de seu ventre uma vida dada por Deus, então, assim fomos em diversas comunidades e tudo ficava muito caro. Minha tia sugeriu que cassássemos na comunidade da Paróquia São Pedro e São Paulo em Nova Iguaçu/RJ, onde seu pai serviu por muitos anos a Deus, junto com sua mãe. Fomos até lá e o Pároco que nos acolheu, com muito carinho, orientou a

buscar alguma comunidade para participar do curso de noivos. Achamos no Santuário São Judas Tadeu no Cosme Velho/RJ, durante esse encontro tivemos diversos testemunhos da importância da oração e diálogo conjugal, na vida conjugal e que se o casal se entrega a Deus poderia vir qualquer tribulação que ficaríamos em pé. Nossos familiares fizeram a diferença nos incentivando com esse propósito. Saímos desse curso radiantes e motivados a realmente casar na Igreja. Casamos numa cerimônia e festa muito simples, não tivemos a presença do meu sogro, nossa filha nasceu, e com pouco tempo de casados um casal muito querido de nossa paróquia nos convidou a participarmos da Experiência Comunitária do Movimento das ENS. Até então era um Pré-Setor, em seguida fizemos a Pilotagem e aprendemos importância dos PCEs e nunca mais paramos de vivenciá-los, procuramos sempre nos organizar, sempre iniciando com a Escuta da Palavra, depois meditamos e oferecemos a Deus as nossas orações e aproveitamos para realizar o DEVER DE SENTA-SE. Todo dia 22 de cada de cada mês saímos para comemorar como uma Regra de Vida do casal. No Dever de Sentar-se ambos devem se sentir acolhidos e amados, se pondo a conversar, se fazendo entender. Saber escutar é condição indispensável para um bom diálogo e nos leva a nos conhecer melhor diante do outro e para o outro. Temos que ter antes de tudo alegria, caridade, aceitar as desculpas, os defeitos, as qualidades, ter paciência e principalmente amor. Somos gratos ao Movimento das ENS por ser um diferencial em nossas vidas.

Meryane e Alexandre ENS das Graças Província Leste I

Visita ao Túmulo de Padre Caffarel: Um Chamado Missionário

Quando planejávamos nossa viagem de férias, a França nem estava em nossos planos. Mas, temos certeza, Deus já tinha um roteiro traçado para nós. As possibilidades diante de nossas condições foram, pouco a pouco, nos direcionando para Paris. Era como se algo nos impulsionasse, conduzindo-nos para um destino improvável. Mas então pensamos: se vamos a Paris, vamos a Troussures! A ideia de conhecer o local onde Padre Henri Caffarel viveu seus últimos anos, onde faleceu e está sepultado, encheu nossos corações de expectativa. Mais do que um desejo pessoal, sentimos que essa visita precisava ser compartilhada com todos os equipistas do Brasil. Assim, nasceu a ideia de vestirmos a camisa da Super-Região Brasil e, na missão de Casal Comunicação, levar virtualmente, por meio de uma transmissão ao vivo, todos aqueles que não poderiam estar ali fisicamente.

Logo no primeiro dia em solo francês, sem sequer conhecer a capital, locamos um carro e seguimos para Troussures. O frio era intenso e, à medida que nos aproximávamos, percebíamos a tranquilidade e a beleza natural do lugar. O pequeno vilarejo, cercado por paisagens rurais, era envolto por uma paz singular. Finalmente, chegamos ao modesto cemitério, com um gramado coberto por uma fina camada de gelo, e logo avistamos a lápide de nosso fundador.

O coração acelerou ao lermos a inscrição: "Henri Caffarel". Diante dela, ficamos em silêncio, de mãos dadas, absorvendo aquele momento. Foi um instante de profunda gratidão. E então, nos olhamos e decidimos: vamos transmitir! Ligamos a câmera e, com um misto de emoção e missão, levamos os equipistas brasileiros para aquele lugar tão especial.

A repercussão foi imensa. Durante a transmissão, comentários e mensagens cheias de emoção inundaram a tela do celular. Muitos se sentiram lá conosco, em oração diante daquele que, embora ainda não reconhecido oficialmente como santo pela Igreja, já é um santo para nós, que seguimos bebendo de sua sabedoria, inspiração e ensinamentos.

Talvez poucos moradores daquele vilarejo conheçam a importância do homem que ali viveu e o legado que ele deixou para o mundo. Mas nós sabemos. E essa experiência, que começou como um chamado sutil, tornou-se uma grande graça para nós e para tantos equipistas que compartilharam desse momento.

11 anos do Dever de Sentar-se

Viajamos no tempo, procurando em nossos cadernos de equipe as anotações do nosso Dever de Sentar-se desses nossos 11 anos de Movimento das Equipes de Nossa Senhora. Foi interessante ver o quanto aprendemos, ver as nossas dúvidas, dificuldades, limitações e crescimento. Somos Vânia e Carlos, casados há 41 anos. Temos uma filha, um genro, 2 netinhos e mais um a caminho. Pertencemos à Equipe Nossa Senhora da Rosa Mística. O Dever de Sentar-se é um dos pilares dos Pontos Concretos de Esforço, porque nos coloca frente a frente em casal; e o mais importante, sob o olhar de Deus. Por ser um PCE delicado, pois mexe com o nosso temperamento, costumamos criar algumas perguntas um para o outro, pensando nas necessidades do momento. E neste encontro a três, vamos descobrindo juntos o que precisa ser reconstruído, mudado, estabelecendo Regras de Vida que vão nos ajudar nesta caminhada. Não é fácil, pois exige mudança em nós. Para reeducar nosso temperamento, precisamos trabalhar algumas virtudes, o que não acontece de uma hora para outra. É um trabalho de perseverança, conseguido com o nosso esforço, sustentado pela Palavra de Deus e muitas orações. Esse caminhar juntos espiritualmente, nos aproxima muito e nos torna mais sensíveis um ao outro. É quando ficamos mais humildes e “transparentes”. A nossa conversão é diária e o avanço não é linear. Temos

recaídas, tropeços, mas não desanimamos, porque as crises que enfrentamos são formas de crescimento. Somos eternos aprendizes nessa jornada rumo à Santidade. Apesar das nossas dificuldades, fraquezas, quedas, temos nos preocupado em viver o nosso matrimônio com um amor que se manifesta nas coisas pequenas, nos detalhes, nas palavras e nos gestos de carinho e afeto. Cuidamos do nosso amor, aproveitando as experiências e a maturidade, sendo prudentes com as situações e procurando agir com sabedoria. É no nosso cotidiano que vivemos o nosso amor, que envolve generosidade, perdão e misericórdia. E é na Oração, na Confissão e na Eucaristia que encontramos força e proteção para seguir em frente.

Vânia e Carlos ENS da Rosa Mística Província Leste I

O Dever de Sentar-se cura mágoas e incompreensões

Somos Martha e Guilherme, casados há 37 anos, temos 4 filhos: o Luís Guilherme, casado com a Thalia; o Vitor casado com a Rhayana; o Daniel e a Ana Luísa; e 4 netos: a Aurora e o Augusto, e a Maria e o Bernardo. Pertencemos à Equipe de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro (Equipe 13) do Setor Niterói A, em Niterói no Rio de Janeiro há 12 anos. Sentimo-nos muito felizes em falar sobre o Dever de Sentar-se. Dos Pontos Concretos de Esforço - PCE, esse é a grande pérola do nosso movimento. Os PCE são exercícios para o crescimento da espiritualidade conjugal, todos feitos em conjunto, em casal. A Escuta e a Meditação da Palavra de Deus, a Oração Conjugal, a Regra de Vida e o Retiro em casal são meios de trilharmos o caminho para a santidade um ajudando o outro, sempre. Entretanto, como dissemos, o Dever de Sentar-se, a pérola das Equipes de Nossa Senhora, faz-nos crescer espiritualmente pela cura, sim, a cura das mágoas, das incompreensões, dos julgamentos precipitados, das reservas

mentais. Usando todo o roteiro para esse precioso PCE: primeiramente nos colocamos em oração, à luz da Palavra de Deus proposta, e, com Ele a nos aconselhar, colocamo-nos frente a frente, olhando um para o outro como namorados, conseguimos expor nossos pensamentos, tocarmos em pontos delicados sem reservas. Vamos ao encontro do outro sem buscar algo em troca, deixamos de lado as mágoas do dia a dia. Trazemos de volta o primeiro amor, aquele que nos uniu um dia e que sustenta a caminhada a dois, repetimos, sempre com Jesus. O que para o mundo é uma discussão de relacionamento – uma DR –, para nós é mais do que uma conversa a dois, é um resgate por amor, é a cura das feridas do relacionamento. O Padre Caffarel foi muito feliz, muito inspirado por Deus quando criou os PCE, especialmente o Dever de Sentar-se, que é fundamental para a espiritualidade de qualquer casal. Muitas vezes nos valemos desse PCE para poder tocar em pontos difíceis de serem falados. Percebemos que após um bom Dever de Sentar-se nos sentimos mais leves, com mais amor um pelo outro, com mais vontade de ajudar o outro nessa caminhada rumo ao Céu.

Martha e Guilherme ENS do Perpétuo Socorro Província Leste I

CM 401 (pág. 48), Carvão ou brasa

A reflexão acima nos ajuda a entender o espírito de pertença das ENS. Sempre que precisamos não hesitamos em fazer uma analogia sobre o “carvão ou brasa”, buscando motivar e animar a caminhada dos casais e equipes fragilizadas. O carvão simboliza nosso Movimento e equipes, aquecendo nossa

fé e nossos corações, nos proporcionando vida espiritual através de sua pedagogia. A brasa somos nós, nos alimentando dessas chamas; ao decidirmos nos afastar pereceremos virando carvão, cinzas. Permanecer e perseverar será sempre a melhor decisão, nem mais, nem menos!

CM 561 (pág. 19), Não acreditávamos na necessidade do matrimônio na Igreja

O casal Valéria e Ronaldo da Província Leste – I testemunha a necessidade do Matrimônio na Igreja, como forma de aproximação da Eucaristia. Durante 10 anos, fizemos parte da Equipe Pré-Matrimonial e vimos diversos casais experientes, em idade e em tempo de relação, procurando a igreja a fim de receber as bênções em seus relacionamentos. A justificativa de todos era

que precisavam se aproximar da Eucaristia, trazendo Deus para a relação.

Tereza e Edmundo Loureiro

CRR Bahia

Província Nordeste II

CM 552 (pág. 2), Nunca perder a perspectiva da fé e da esperança. Dom Moacir

No mundo em que vivemos, estamos cercados de muitas abstrações que são desafios e nos levam por vezes a sentir medo de assumir compromissos na Igreja. Portanto, precisamos de uma vida de oração e de ter fé na Eucaristia que participamos, para superar esses desafios e alcançarmos um dia a santidade.

Graças e Leo

CR Região PE IV

Província Nordeste II

CM 562 (pág. 21) Oração Conjugal é conjugal

Do mês de dezembro, portanto, ainda bastante recente, o ungido Pe. Flávio Cavalca, que tem 40 anos de ENS e atualmente é SCE na Província Sul II, publicou um artigo bem didático acerca do PCE em destaque para o ano de 2025: oração. Segundo o fundador do movimento, Pe. Caffarel, um dos grandes meios que fazem os esposos se voltarem para a fonte do seu amor, que é Deus, é a Oração Conjugal. Pe. Flávio, em seu belo artigo da CM, aponta 10 pontos para auxiliar o casal nessa caminhada e deixa, propositalmente, o 11º por conta do próprio casal. Dessa forma, com essa rica leitura ratifica-se

essa temática atemporal ao tempo em que almejamos que a qualidade da nossa oração conjugal melhore a fim de que possamos celebrar com autenticidade o Ano Jubilar de 2025, Peregrinos da Esperança, e cresçamos espiritualmente rumo à Santidade.

Teresa e Newton

Setor Aracaju A

Província Nordeste II

A Exortação Apostólica – Gaudete et exsultate

A Exortação Apostólica GAUDETE ET EXSULTATE é a terceira Exortação do Papa Francisco; trata do chamado à santidade no mundo atual. Datada de 19 de março (solenidade de São José) de 2018 e publicada no Vaticano em 9 de abril de 2018. A exortação é organizada em cinco capítulos:

1. Chamado à santidade

2. Dois inimigos sutis da santidade

3. À luz do mestre

4. Algumas caraterísticas da santidade do mundo atual

5. Luta, vigilância e discernimento

O chamado à santidade

O título da Exortação (Gaudete et exultate) é extraído de Mt 5,12; significa ALEGRAI-VOS E EXULTAI. Essas palavras Jesus dirige àqueles que são perseguidos por causa do seu Nome. Todos somos chamados a ser santos, pois a santidade é uma vocação universal: “sede santos, porque Eu sou santo” (Lv 11, 45; cf. 1 Pd 1, 16). Desde as primeiras palavras da Sagrada Escritura que Deus chama. O Senhor chamou Abraão nestes termos: “anda na minha presença e sê perfeito” (Gn 17,1).

Não pensemos apenas nos santos beatificados e canonizados. O Espírito é derramado em toda parte. O Senhor salvou um povo. Salva-se na pertença a um povo e não individualmente. De maneira simples e profunda, escreveu o Papa Francisco: “Gosto de ver a santidade no povo paciente de Deus: nos pais que criam os seus filhos com tanto amor, nos homens e mulheres que trabalham a fim de trazer o pão para casa, nos doentes, nas consagradas idosas que continuam a sorrir. Nesta constância de continuar a

caminhar dia após dia, vejo a santidade da Igreja militante. Esta é muitas vezes a santidade “ao pé da porta”, daqueles que vivem perto de nós e são um reflexo da presença de Deus, ou – por outras palavras – da “classe média da santidade”.

O Papa quer dizer que a santidade não é apenas um privilégio dos santos que estão nos altares e parecem ter vivido virtudes inalcançáveis pela maioria das pessoas. O Concílio Vaticano II diz: “cada um por seu caminho”. A santidade é para todos nós batizados em nome da Santíssima Trindade. Há muitos pais e mães de famílias vivendo a santidade em seus lares, testemunhando uma vida de fé e caridade para os seus filhos. Nessa linha, o Papa Francisco faz uma citação de Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein): “Os eventos decisivos da história do mundo foram essencialmente influenciados por almas sobre as quais nada se diz nos livros de história”.

O Papa sublinha “gênio feminino”, em períodos nos quais as mulheres estiveram mais excluídas, o Espírito Santo suscitou grandes santas na Igreja: Santa Hildegarda de Bingen, Santa Brígida, Santa Catarina de Sena, Santa Teresa de Ávila ou Santa Teresa de Lisieux, sem esquecer "tantas mulheres desconhecidas ou esquecidas que sustentaram e transformaram, cada uma a seu modo, famílias e comunidades com a força do seu testemunho".

Pe. Antonio C. Torres SCE Carta Mensal

19 fevereiro 2025

JUBILEU DE PRATA SACERDOTAL

Padre Isaías de Lima

CRR Região Norte II e ENS da Vitória

Belém/PA

Província Norte

16

janeiro 2025

BODAS DE OURO

Waldite e Franklin

Eq. N.S. das Graças

BELO HORIZONTE/MG

Província Leste II

18

janeiro 2025

Beth e Siqueira

Eq. N.S. do Santíssimo Sacramento Fortaleza/CE

Província Nordeste I

08 fevereiro 2025

Graciosa(Graça) e Renildo (Giotto)

Eq. N.S. do Perpetuo Socorro

Cruz das Almas/BA

Província Nordeste II

01

março 2025

Matilde e Daniel

Eq. N.S. Aparecida Batatais/SP

Província SUL II

19

dezembro 2024

BODAS DE PRATA

Elenice e Markson

Eq. N.S. dos Aflitos - Parelhas/RN

Província Nordeste I 15

janeiro 2025

Kátia e Pedro Jackson

Eq. N.S. Conceição - Santarém/PA

Província Norte

05

fevereiro 2025

Zilá e Antonio

Eq. N.S. Nazaré - Belém/PA

Província Norte

12

fevereiro 2025

Luzane e Waldemar

Eq. N.S. da Piedade - Abaetetuba/PA

Província Norte

13 fevereiro 2025

Tânia e Zecão

Eq. N.S. de Belém - Belém/PA

Província Norte

25 fevereiro 2025

Luciana e Norival

Eq. N.S. Escudo da Fé - Belém/PA

Província Norte

18 março 2025

Antonilda e Jacivaldo

Eq. N.S. da Assunção - Abaetetuba/PA

Província Norte

JOANA do Alcimar

07/02/2025

N.S. do Imaculado Coração de Maria Manaus/AM

Província Norte

Luiza Corraleiro Zottino Coelho

13/02/2025

N.S. Mãe da Igreja Sorocaba/SP

Província Sul I

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