ENS - Carta Mensal 1978-7 - Outubro

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1978 Outubro

Vocação evangelizadora do casal ..... . ...... . O dever principal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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Pastoral dos divorciados e separados . . . . . . . . .

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Generosidade x segurança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Diálogo, caminho da evangelização . . . . . . . . . . .

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O Rasário segundo João XXIII . . . . . . . . . . . . . . . A ECIR conversa com vocês . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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O que é o C.I.V.C. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . O amor é difícil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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Reflexão para a Semana da Família . . . . . . . . .

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O Centro de Orientação Familiar da Dioces ~ de Santos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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Viagem "apostólica" à Colombia . . . . . . . . . . . . .

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Falando de cursos de noivos . . . . . . . . . . . . . . . .

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Hospitalidade invisível . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • .

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Notícias dos Setores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Vem e segue-me

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ORAÇAO PELA CONFER~NCIA DE PUEBLA

a ser rezada em todas as reuniões durante o mês de outubro

Suba até Vós, Pai onipotente, a oração deste povo que filialmente Vos adora, Vos celebra e vos ama. Confirmai, Senhor, a nossa fé. Concedei-nos a força de a professarmos com sinceridade e a difundirmos com entusiasmo entre os homens, vossos filhos e nossos irmãos. Dai-nos, Pai clementíssimo , a esperança que não engana; a esperança que nos garante o ministério da Igreja Santa do Vosso Filho e Senhor nosso, Jesus Cristo. Confirmai-nos na caridade, que supera todo o bem , difundida nos nossos corações pela graça inefável do Espírito Santo. Iluminai, Senhor, os nossos Pastores, para que, unidos à Sé de Pedro, dêem novo impulso à evange·lização no nosso continente latino-americano. Alente a nossa oração a intercessão materna de Maria Santíssima, e dos Santos, nossos protetores. Amém. Paulo VI


EDITORIAL

VOCAÇÃO EVANGELIZADORA DO CASAL

Existe uma vocação conjugal, uma vocação do casal. Vocação que é missão. A vocação individual do cristão já é essencialmente missão: sal da terra, luz do mundo, testemunha de Cristo. Vocação que implica num serviço transformador da realidade em que vivemos. A vocação do casal cristão é a mesma, somente que com uma conotação especial. O casal é chamado a produzir frutos carnais e espirituais. Por sua fecundidade mult'forme, o casal está aberto para sua missão na Igreja. A vocação evangelizadora está inscrita na própria constituição do casal pelo sacramento do matrimônio. O casal é chamado a anunciar de modo visível o amor fecundo e libertador de Deus. Realidade visível na fé, incompreensível aos sentidos. E hoje mais do que nunca vivemos no mundo da imagem, do sensível. O casal cristão é chamado a viver uma vida que mostre às pessoas uma imagem, uma realidade do Amor Criador e Libertador. O casal cristão visualiza para os homens o amor de Deus. Mostra, por sua vida de amor c fiderdade, a fidelidade e o amor de Deus. O grande esforço de cada casal e do Movimento é viver de tal modo que o Amor de Deus se torne visível na realidade em que vivem. Deus confia a cada casal o representar a sua pessoa no mundo. Por nossas próprias forças, se torna muito difícil viver nossa vocação. Por isso buscamos nas Equipes vivê-la juntos. Viver juntos implica dar e receber, ajudar e ser ajudado. Recebemos muito nas Equipes. Aquilo que de graça recebemos, de graça devemos comunicar. Viver juntos implica acreditar naquilo que vivemos. Necessidade de trabalhar para que nossa família, nossa equipe tenham mais vida. Cooperar para que nosso Setor tenha condições de catalisar a vida das equipes e espalhe mais presença do amor de Deus em nossas cidades. -1-


Os apóstolos, diante de sua m1ssao de pregar o evangelho, estavam amedrontados. Com a força do Espírito Santo, sairam resolutos a pregar e a viver Jesus Cristo. Com humildade, sabedores de nossas limitações, ao mesmo tempo com coragem, confiantes na força do Espírito, vivamos nossa missão. Com São Paulo, podemos dizer: "Ai de mim se eu não pregar o evangelho" (1 Cor. 9, 16). Ai de nossas equipes se não vivermos a presença evangelizadora na realidade em que vivemos.

Pe. João Antonio Biazoto Conselheiro Espiritual da Equipe 28 de Campinas

"A instituição familiar está voltada para. o exterior, para. os outros, é feita para o bem alheio. Por conseguinte, a fa.· milia., enquanto tal, deve procurar ter um valor evangelizador e mhsionário." (Paulo VI às ENS).

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A PALAVRA DO PAPA

O DEVER PRfNCIPAL

Queremos recordar à Igreja inteira que a evangelização segue sendo seu dever principal - cujas linhas mestras nosso predecessor Paulo VI condensou num documento memorável - ; animada pela fé, alimentada pela caridade e mantida pelo alimento celestial da Eucaristia, a Igreja deve estudar todos os caminhos, procurar todos os meios, "oportuna e inoportunamentf>" (Tim. 4, 2), para semear a palavra, proclamar a mensagem, anunciar a salvação que infunde na alma a inquietude da busca do verdadeiro e a sustém com a ajuda do alto nessa busca: se todos os filhos da Igreja se transformarem em missionários incansáveis do Evangelho, brotará uma nova floração de santidade e de renovação neste mundo sedento de amor e de verdade.

João Paulo I (Primeira mensagem ao mundo)

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PASTORAL

DOS

DIVORCIADOS

E SEPARADOS

Pedimos a D. David Picão, Bispo diocesano de Santos e Presidente da Comissão Regional de Pastoral da Familia do Regional Sul da C.N .B .B . (Estado de São Paulo), que nos apresentasse a última parte - segunda ·em importância - das "Orientações Pastorais sobre o Matrimônio", ou seja, o item 5: "Ação Pastoral da Igreja face a problemas familiares especiais". Atendeu-nos prontamente, pelo que muito lhe ficamos agradecidos.

INTRODUÇÃO

"Orientações Pastorais sobre o Matrimônio" é o documento que resultou da 16.a Assembléia Geral Extraordinária da Conferência N acionai dos Bispos do Brasil de abril do corrente ano. Não é de hoje que os Bispos vêm se debruçando sobre os problemas do Matrimônio e da Família. É grande já o acervo de estudos e documentos nesse sentido. Apenas para lembrar podemos citar na coleção "Estudos da CNBB": "A Família mudança e caminhos" (n. 0 7) ; na coleção "Documentos da CNBB": "Em favor da família" (n. 0 3) e o citado acima: "Orientações ... " (n. 0 12). Tudo isso é fruto da grave - grave mesmo - crise que 2:fetando a instituição familiar. Essa situação é conseqüência do abalo das instituições dicas civis, e, sob certos aspectos, das religiosas. Por sua é a ordem moral que está afetada por um sem número de blemas e situações. Aos verdadeiros pastores do problema em toda a sua Quando falo de pastores, seu lado, todos aqueles que, sáveis pela evangelização e todos os agentes de pastoral.

vem jurívez, pro-

não lhes pode fugir a consciência extensão. eu os entendo bispos e padres. A juntamente com eles, são responsant!fic ação dos homens, a saber,

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OS CASOS EM SI

Separação, divórcio, desajustes familiares não são causas. São efeitos. Entretanto, face à realidade dos separados, divorciados, desajustados temos que assumir dois tipos de ação: -

o primeiro, para conhecer as causas e destruí-las; o segundo, para salvar, corrigindo e recuperando, as situações criadas.

Na base desse processo deve estar a consc1encia de que cada caso é um caso. Não se pode ser simplista. Por isso mesmo não se pode querer ter receitas prontas. Grande virtude do pastor, e de todos os que lidam com estes problemas, nestes casos e nesta hora: ter paciência, espírito de misericórdia, aliados a grande amor à verdade e sinceridade com as pessoas. Não nos ateremos aqui à análise das causas e sua superação. É todo o conjunto de pastoral que envolve educação e formação no lar, na escola, na sociedade e na Igreja. Há algo muito sério e profundo a rever nesses campos todos. Vamos apenas analisar o problema concreto existente: a) h) c) d)

casados só no civil e desquitados; casados também na Igreja e desquitados; divorciados por casamento só no civil; divorciados por casamento também no religioso.

O documento episcopal aborda, sucinta mas claramente, esses pontos nos n. 0 s 5.3; 5.4; 5.5. a) Desquitados do civil

Para os casados só no civil e desquitados, houve vanas interpretações de ação pastoral e jurídica nas várias dioceses. Agora os bispos chegaram às formulações abaixo, que se devem ter presentes com muita atenção e no seu conjunto: "Para os casos de pessoas casadas só no civil, que pPdem o casamento religioso, após uma separação de todo irrecuperável: - não se consagre uma facilitação total, que poderia significar a aceitação de um recurso de pessoas mal intencionadas a procurarem o contrato civil, com a alternat·va de tentar uma segunda união através do casamento religioso;

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(1)

exija-se certidão de batismo efetuado antes do casamento civil; investigue-se sobre a possibilidade do valor canônico do casamento civil anterior, em virtude do cânon 1098 do Código de Direito Canônico; (1 ) haja acurado estudo de cada caso, com o senso pastoral orientado por alguns critérios: sinais satisfatórios de fé, quando alguém pede o sacramento da Igreja, com o desejo sincero de constituir uma família fundada na vivência das virtudes cristãs; testemunho de participação na vida comunitária da Igreja através de ações de justiça, caridade, amor ao próximo; tempo razoavelmente longo de separação do outro cônjuge; prova de divórcio ou de desquite legal do casamento civil anterior, enquanto possível; amparo ao outro cônjuge (sobretudo à mulher) e aos filhos, se houver; incidência de falta de liberdade, ou existência real de pressões quando da celebração do contrato civil; declaração formal, por escrito, de que reconhecem a indissolubilidade do casamento religioso e a aceitam, como a entende a Igreja Católica; exija-se, enquanto possível, celebrar-se sempre o casamento religioso juntamente com o novo contrato civil; supostos esses critérios, levem-se em conta, de modo especial, as razões pastorais que aconselham essa nova união, perante a Igreja; se após acurado exame for aceito para tais casos o pedido de casamento religioso, seja este celebrado com a máxima discrição possível; a admissão ao casamento religioso será autorizada pelo Ordinário do lugar, que chegará a esta decisão depois da verificação das indicações pertinentes por parte do pároco responsável pelo encaminhamento do processo de habilitação matrimonial, sempre de forma discreta." (5.3.4. e 5.3.5.)

o

cânon 1098 estabelece que os nubentes podem casar-Ee só diante de duas testemunhas quando se preveja que não terão condições de ter o sacerdote habilitado para presidir seu casamento dentro de um mês.

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b) Desquitados do religioso

Para os desquitados de casamento também religioso, nada se pode fazer em termos de regularizar uma situação, a saber, partir para um novo casamento. Pode-se, porém, trabalhar por uma reconciliação. Quase nunca se pensa nisso. Pelo contrário, alguns até julgam, no mínimo, ridículo, sequer pensar nisso, quanto mais sugerir. No entanto, onde está o sentido de arrependimento, conversão, emenda de vida, perdão, que deve caracterizar o cristão?

Como a separação, às vezes, diante das causas, deve até ser aconselhada, cabe à comunidade oferecer aos separados compreensão e solidariedade. "Mais do que isso, a comunidade cristã deverá procurar S.:!ja com a ajuda de peritos e conselheiros qualificados, seja

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pela solidariedade fraterna de outras famílias - oferecer às famílias em dificuldades o apoio de um diálogo e de uma orientação, que ajudem os cônjuges a discernir melhor seus problemas e- a encontrar os caminhos de sua superação. E se a separação vier a consumar-se, a comunidade cristã continuará assegurandú, com discrição e fraternidade, seu apoio e acolhida aos cônjuges separados, prestando, também, especial apoio a seus filhos." (5.4.3.) Finalmente, um ponto a divulgar, cada dia mais: é que a Igreja possui Tribunais Eclesiásticos para ouvir as pessoas, oferecer-lhes orientação e, mesmo, se for o caso, descobrir que há: saídas para certas situações: p. ex.: casamentos que são nulos desde o princípio. c) Divorciados do civil

Para os divorciados de casamento só no civil valem, praticamente, as mesmas normas que para os desquitados (como acima: cfr. a) Desquitados do civil). d) Divorciados do religioso

Com relação aos divorciados (no civil) mas casados no religioso, valem estas posições, normas e orientações: -

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proclama-se claramente a verdade sobre o matrimônio uno e indissolúvel, como Cristo quis; condena-se o erro doutrinário do divórcio; manifesta-se atitude de amor e respeito ao irmão que caiu nesse erro, para ajudá-lo à mudança de vida; seja apoiado, quando procura a Igreja: pelo cuidado em ouvi-lo; pelo encaminhar de sua problemática, p. ex., com referência ao batismo e educação cristã dos filhos (discernimento e prudência pastoral em cada caso); pelo estímulo a que viva diante de Deus do melhor modo que sua consciência lhe indique; pela organização de movimentos de leigos que o ajudem a enfrentar com mais segurança a vida familiar e essa situação particular; se tiver capacidade, seja mesmo estimulado a assumir tarefas concretas de serviço. para o "recasado": enquanto permanecer nesse estado, não poderá ter acesso à comunhão eucarística.

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OS FILHOS

Este é um capítulo de suma importância. Já são vítimas pela situação. Não podemos agravar-lhes os problemas. Não deve haver discriminação entre filhos de desquitados, divorciados e separados e os demais. Quanto mais forem tratados com simplicidade e igualdade cristãs, mais serão ajudados em seu crescimento. Devem, porém, ser acompanhados com muito mais cuidado. Se surgirem problemas, devem ser abordados em especial, cultivando em seus espíritos os sentimentos de amor, compreensão, misericórdia e perdão pelos erros dos pais, ao mesmo tempo que o sentido de responsabilidade para que não caiam nos mesmos erros em suas vidas. CONCLUSÃO

Poderíamos concluir com as palavras do documento, item 5.5.10:

"A Pastoral dos divorciados é uma realidade nova, um caminho ainda difícil. Uns reclamam novas atitudes da Igreja. Outros interpretam mal os gestos de misericórdia e se escandalizam. Será, portanto, preciso usar de muita discrição e sabedoria, para descobrir uma pastoral mais humana, sem nunca ceder à fidelidade e à verdade. Será necessário esclarecer a comunidade e ajudá-la a assumir, gradativamente, atitudes mais coerentes com a misericórdia cristã."

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GENEROSIDADE X SEGURANÇA

Esta pagma, de um grande educador, já tem vinte anos. Vê-se que continua atual. ..

J. de B., quando menino, brincando de escavar buracos na areia, inclinava-se sobre o solo, como se estivesse ouvindo, querendo com isto levar sua mãe a compreender o apelo misterioso que ele mesmo sentia: "Ouço os chineses me chamarem ... " Receio que, agora, nossos filhos, passado o primeiro momento de generosidade, recubram eles mesmos a escavação feita, para não mais ouvirem estas vozes humanas que clamam, estes gritos de angústia que é loucura escutar, porque nunca sabemos até onde isto nos irá levar ... Receio também que nossos sábios raciocínios e nossas cautelas de adultos, tão afastados do espírito do Evangelho, os encoragem a encobrir depressa demais o que a "loucura" do Espírito Santo neles começara e que talvez acabasse por fazer deles santos, para a admiração do mundo. A estes jovens "imprudentes", falamos de belas posições, de situações seguras, de atividades que garantem um bom futuro, de um amanhã todo terrestre. Ouvem eles da boca dos mais velhos estranhas considerações sobre o sentido da vida: tem-se o cuidado de antepor a uma generosidade um tanto juvenil um são realismo, que fará deles, com o tempo, pessoas práticas, com c•s pés bem assentados no chão, e o seu tesouro também! e mais, o seu coração .. . Veêm eles a fronte dos adultos enrugar-se com preocupações das quais o Senhor disse que era preciso rir-se, porque eram preocupações de pagãos, e as mesmas frontes continuarem frias e insensíveis ante acontecimentos, atitudes, pecados, dos quais lhes disseram que tinham levado Jesus Cristo à agonia . ..

Pe. Lyonnet -10-


DIALOGO, CAMINHO DA EVANGELIZAÇAO

Não é sem razão que Paulo VI era considerado o Papa do diálogo. Um dos primeiros atos de seu pontificado foi a viagem a Jerusalém - e o encontro com o Patriarca Atená· goras . Sua primeira encíclica, a Ecclesiam Suam, publicada em 1964 (exatamente no dia 6 de agosto, festa da Transfi· guração ... ), em que aponta os caminhos da Igreja no mundo de hoje, poderia chamar-se a encíclica do diálogo. Particularmente oportuna nos parece, neste mês dedicado às missões, uma retomada de contato com a 31!- partP- da enciclica, que muitos de nós estudaram anos atrás e que, mesmo depois da exortação apostólica Evangelii Nuntiandi, ainda conserva toda sua força e atualidade. Atenção redobrada merecem esses ensinamentos, porque espelham não só uma das preocupações dominantes de Paulo VI, mas a própria figura do Pastor que, do primeiro ao último dia de seu pontificado, viveu, ele mesmo, tudo isso.

A Igreja tem consciência do que o Senhor quer que ela seja, sente vocação de plenitude única e necessidade de comunicação, adverte claramente uma missão que a transcende e um anúncio que deve espalhar. É o dever da evangelização, é o mandato missionário, é o dever de apostolado. (66) A Igreja deve entrar em diálogo com o mundo em que vive. A Igreja faz-se palavra, faz-se mensagem, faz-se colóquio. (67) Esta inefável e realíssima relação de diálogo, que Deus Pai nos propõe e estabelece conosco por meio de Cristo no Espírito Santo, é prec;so que a tenhamos presente, para entendermos a relação que nós, queremos dizer, a Igreja, devemos procurar restabelecer com a humanidade. (73)

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O diálogo da salvação ficou ao alcance de todos; foi destinado a todos sem qualquer discriminação (cf. Col. 3, 11). Também o nosso deve ser em princípio universal, isto é, católico, e capaz de entabular-se seja com quem for. . . (78) O diálogo da salvação conheceu ordinariamente graus, progressos sucessivos, humildes princípios, antes do resultado pleno (cf. Mt. 13, 31). Também o nosso atenderá às lentidões da maturação psicológica e histórica, e esperará a hora da eficácia que lhe vem de Deus. Mas, nem por ·isso, deixará o nosso diálogo para amanhã o que pode conseguir hoje; deve ter a preocupação da hora oportuna e o sentido do valor do tempo (cf. Ef. 4, 16). Deve recomeçar cada dia; e recomeçar do nosso lado, não do outro a que se dirige. (79) Não é de fora que salvamos o mundo; assim como o Verbo de Deus se fez homem, assim é necessário que nós nos identifiquemos, até certo ponto, com as formas de vida daqueles a quem desejamos levar a mensagem de Cristo; é preciso tomarmos, sem distância de privilégios ou diafragmas de linguagem incompreensível, os hábitos comuns, contanto que estes sejam humanos e honestos, sobretudo os hábitos dos mais pequenos, se queremos ser ouvidos e compreendidos. É necessário ainda, antes de falar, auscultar a voz e mesmo o coração do homem, compreendê-lo e respeitá-lo. . . . O clima do diálogo é a amizade; melhor, o serviço. (90) O diálogo supõe em nós, que pretendemos iniciá-lo e continuá-lo com todos os que nos circundam, um estado de alma característico: o de quem experimenta a responsabilidade do mandato apostólico, vê que já não pode separar a própria salvação do trabalho pela salvação alheia, o de quem se esforça por introduzir continuamente, no viver humano, a mensagem de que é depositário. (82)

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O ROSARIO SEGUNDO JOÃO XXIII

Hesitávamos em mandar imprimir este texto - dois Papas na mesma Carta Mensal? quando a Igreja já estaria com um t~rceiro? e não sabíamos qual dos dois ia, qual dos dois ficava .. . Foi quando ocorreu a eleição e o novo Papa, ao escolher seu nome, associou para todo o sempre os dois Papas, João e Paulo. E acabou com nossas dúvidas: vão os dois!

Eis o santo Rosário: eis a Bíblia dos pobres. Como desejaria esta devoção mais e mais difundida em vossas almas, em vossas famílias, em todas as igrejas do mundo. O Rosário precisa ser recitado com penetração profunda de espírito e não apenas à flor de lábios sussurrantes ... Cada dezena é um quadro, de alegria ou de dor ou de glória, que deve ser contemplado; e, à contemplação no repetir-se das dez Ave-Marias, deve florir a oração; para que sirva à nossa edificação e ao nosso alento. Somos irmãos de Jesus. Somos membros de seu Corpo Místico: portanto sempre em atitude de assemelhar-nos a Cristo. Somos filhos de Maria: portanto preocupados sempre em agradar-lhe e honrá-la, dela conseguindo graças de ordem espiritual, em primeiro lugar, e depois, de ordem material; na perfeita conformidade à santa vontade de Deus. Para o alto os corações, e para o alto os braços apertando nas mãos o santo Rosário. A história da Igreja viu tempos de miséria e borrasca; a oração compacta do povo cristão, unido ao Pastor Supremo da Igreja, soube vencê-las com o Rosário. Maria, Auxílio dos Cristãos, deu à Igreja a vitória e a paz.

João XXIII -13-


A ECIR CONVERSA COM VOC!:S SOBRE OS ANOS DE APROFUNDAMENTO

Caros amigos, No dia 19 de agosto, promovido pela "Equipe de Animação dos Anos de Aprofundamento", realizou-se, em São Paulo, um dia de reflexão e de estudos, para o qual haviam sido convidados casais designados pelos Responsáveis das 12 Regiões que integram a~ equipes de todo o nosso país. Estes casais terão o encargo de assessorar os respectivos Regionais em tudo o que diz respeito às "equipes em anos de aprofundamento". O que são estas equipes, de que se vem falando ultimamente, cada vez com mais insistência?

• Ao acompanhar a evolução das equipes, há muito vinha o Movimento observando que, após mais ou menos dez anos de vida em comum à procura de maior autenticidade na vida pessoal, na vida conjugal, na vida de equipe, eram vários os casais e também várias as equipes - em que se notava uma tendência para o arrefecimento, manifestado neles ora pelo cansaço, ora por um certo desinteresse, ora pela dificuldade em ganhar altura. Debruçando-se sobre o problema, foi-se delineando que, ao redor de 10 anos de vida de equipe - e mais anos de vida conjugal e familiar -, os casais se encontravam numa nova fase de suas vidas, caraterizada por transformações mais ou menos intensas, quer na vida espiritual, apostólica e de equipe, quer na vida familiar, profissional e social. Na equipe, observa-se o declínio mais ou menos acentuado do impulso espiritual. Ficou para trás o entusiasmo da descoberta das riquezas do sacramento do matrimônio, a alegria decorrente da vivência da fraternidade cristã, o enlevo espiritual do encontro e maior conhecimento de Deus através da oração mais compreendida e profunda. -14-


Na vida conjugal e familiar, o casal não é mais aquele jovem par da época do casamento. Os filhos, a princípio fontes de legítimas alegrias, são agora objeto de cuidados nova.s, quando não de sérias preocupações. Na vida profissional, o trabalho é para ambos os cônjuges cada vez mais absorvente. É a fase em que as personalidades se afirmam e também o períooo em que se torna sensível a tentação do sucesso econômico, social, político. Como conseqüência, há a tendência para o distanciar dos cônjuges um do outro, para o aumento das zonas de silêncio, quando não o desencadear de crises mais sérias. De que maneira pode o Movimento ajudar os casais nesta fase tão importante e delicada de suas vidas? Trata-se de levá-los a tomar consciência do que se está passando. Para isto, os anos de reflexão, os ana.s de aprofundamento. A equipe, também ela mais madura, deve agora levar os seus membros a se entre-ajudarem a discernir os novos apelos do Senhor, a procurar os rumos a seguir .

• Para atingir esses objetivos, o Movimento convida um certo número de equipes a fazerem dois anos de reflexão e de aprofundamento. Dois anos de "conversão". E, nesses dois anos, passam elas para a órbita daquela "Equipe de Animação dos Anos de Aprofundamento" de que falamos logo de início. Esta "animação" diz respeito às atividades de ordem espiritual, continuando elas a prestar ao seu Setor a colaboração habitual. Na Europa, a primeira experiência data de 1965, quando mais àe 50 equipes se dispuseram a dar a sua colaboração. De então para cá, mais de 5.000 casais já passaram por esta nova fase. Entre nós, a primeira experiência foi iniciada há três anos, com 8 equipes de São Paulo. Daqui por diante, os "anos de aprofundamento" constituirão um período normal na vida de nossas equipes. No testemunho da maioria dos casais que já fizeram estes dois anos de reflexão, a afirmação é de que são eles anos de graça, anos de renovação, de retomada do impulso para o alto, e ocasião de um revigoramento de suas vidas de homem e de mulher, como casais, ca.mo pais, como equipistas, como cristãos engajados hoje, no meio do mundo. Com a nossa fraternal amizade A ECIR

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O QUE

~

O C.I.V.C.

Entrevista com José Nacim Cury, fundador do C.I.V.C.

C.M. -

Como surgiu o C.I.V.C.?

Cury - Entre outros motivos e razões, o C.I.V.C. - Curso Intensivo Vivencial do Casamento e de Vivência Cristã - nasceu de uma idéia surgida após uma palestra que ouvi em Campos do J ordão, quando participava de um Curso de Conscientização Cristã, ministrado pelos Padres Salesianos, em princípios de 1972.

A palestra, intitulada, "Família, obra de amor'', foi dada pelo casal Paulo e Diva Martins (que desde então trabalha no C.I.V.C., dando a mesma palestra) e abordava a felicidade dos filhos como resultante de um casamento de integração total uma "comunidade de amor". Como conhecíamos inúmeras famílias onde os filhos não sabiam o que era felicidade, em vista de seus pais se terem separado, resolvemos organizar um movimento que desse maior enfoque à solução desse angustiante problema.

C.M. -

Qua.l é o principal objetivo do C.I.V.C.?

Cury - O C.I.V.C. entende, primordialmente, que a família é obra de Deus e, como tal, exige muito respeito, pois não se deve brincar com as coisas de Deus. Entretanto, se olharmos ao nosso redor, verificaremos quantos casais brincam com o casamento, Jogando seus fllhos num inferno, ao se desquitarem ou se separarem, por ignorância ou por despreparo, por entusiasmos falsos, por interferência de terceiros {principalmente parentes) em sua vida conjugal, ou ainda por centenas de outras pequenas razões, impensadas ou pré-fabricadas.

Assim, a preocupação básica do C.I.V.C. é o casamento no seu plano natural da vida, em toda a sua plenitude, o que ainda

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é mistério para a grande maioria dos casados. Portanto, dentro dessa perspectiva, somos levados a defender, intransigentemente, o princípio da indissolubilidade do casamento.

C.M. - Quais os problemas mais constantes que levam ·oS casais a se separarem? Cury - Numa pesquisa feita, por nós do C.I.V.C., com mais de 2.000 fichas de inscrição nas mãos e conhecendo os casais que cursaram o C.I.V.C. por necessidade, podemos afirmar que 70% dos casamentos são desfeitos, direta ou indiretamente, pela ínterferência dos pais na vida dos filhos casados.

Entretanto, é bom que se esclareça, a fim de evitar "resmungos" e mal-entend_dos, que essas interferências, pelo menos 90% delas, são suscitadas pelos mais r .obres sentimentos e os mais elevados propósitos de ajudar os casais, mas originam resultados completamente adversos do que se propunham inicialmente. O fato é que essa interferência existe e tem sido a principal causa, repito, d"reta ou indiretamente, dos problemas conjugais.

C.M. - Quando os casais devem procurar o C.I.V.C.? Em vésperas de separação, simplesmente quando em crise ou quando têm vontade de melhorar o mútuo relacionamento? Cury - Na realidade, a única hipótese de o próprio casal, espontaneamente, procurar o C.I.V.C. é quando se trata de côn-' juges conscientizados, que entendem que, se o Curso é estruturado no sentido da recuperação de casamentos já desfeitos ou por se desfazerem, é por certo um curso que deve oferecer recursos, subsídios e experiências capazes de fortalecer ainda mais o casamento constituído em bases sadias. Isso nos leva a lembrar que "os bons médicos são os mais estudiosos" e que os bons profissionais continuam procurando novos cursos de especialização ...

Nas demais circunstâncias, geralmente os casais são trazidos ao C.I.V.C. por mãos de terceiros. Assim, de parentes, quando se trata da esposa e, separadamente, o marido chega em com-· panhia de um am;go. Mas, na maioria das vezes, esses casais são trazidos até o curso por pessoas conscientizadas, que procuram• fazer um apostolado altamente gratificante aos olhos de Deus, por entenderem que ser "gente" é preocupar-se constantemente com os outros, que também são "gente". Aliás, é grande a alegria daqueles que fazem esse apostolado, ao verem, no final de cada curso, casais antes separados saírem de mãos dadas em companhia dos filhos. E, posterior-17-


mente, muitos deles voltam para dar sua colaboração ao C.I.V.C., trabalhando em uma das várias equipes de trabalho. C.M. - O C.I.V.C. é composto de pessoas especialmente treinadas para atender casais que o procuram? Cury - O C.I.V.C., desde sua fundação, em junho de 1972, possui uma equipe básica de palestristas, que é praticamente a mesma, enriquecida por novos valores que despontaram dentro qo seu quadro. Não são casais profissionais; sua especialização e "diplomas" vêm da vivência e experiência conjugal comprovadas, que os habilitam a tratar dos assuntos pertinentes a cada um, com conhecimento e profundidade incomuns.

Quanto aos casais "consultores", também quase todos vêm do início das atividades do C.I.V.C. Ultimamente, temos tido a satisfação de ver engajados novos casais, mas, de uma forma geral, existe muita dificuldade nesse campo, pois, geralmente, casais excelentes, que fizeram o curso, estão comprometdos com outros movimentos e não querem, ou não podem, cooperar com o C.I.V.C. C.M. - Depois que os casais fazem o C.I.V.C., eles são integrados em algum programa de manutenção, reencontros ou coisa semelhante? Cury - Como não poderia deixar de ser, o C.I.V.C. sofre também, e bastante, como os outros cursos, com a falta de continuidade e de permanência dos casais. Entretanto, a sua problemática é bem diferente da dos outros cursos, como o Cursilho, Encontros de Casais e C.V.C., que são cursos de conscientização cristã, ou de movimentos como as E.N.S. e o M.F.C., estes, por suas estruturas e filosofia, mais aptos a conduzirem a uma continuidade permanente. No C.I.V.C., todavia, como se atenta para a premissa básica do casamento em seu plano natural da vida, e como nesse campo os problemas são mais evidentes que os de origem espiritual, há a necessidade de ser dado aos casais algo muito importante para eles (nesse caso, a vida social) num ambiente diferente daquele em que se situavam antes do curso, onde os antigos amigos pouca coisa lhes mostravam, ou o faziam de forma errada.

Por isso, o C.I.V.C. realiza encontros às sextas-feiras, à noite, com grupos diversos e, mensalmente, uma "festiva", de caráter geral. Pode parecer mentira ou coisa de doidos, mas nas reuniões das sextas-feiras - realizadas na Igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no Jardim Paulistano, onde temos uma cozinha especial - fabricamos "pizzas" para 30 a 40 casais, de cada vez, -18-


numa gostosa intimidade familiar, ocorrendo, então, um verdadeiro "festival de pilhérias", originando-se, daí, um novo círculo de amizades para todos. Quanto à parte espiritual, recomendamos a todos os que fazem o C.I.V.C. que procurem os cursos e movimentos especializados, onde encontrarão, caso tenham interesse especial, o conforto e a orientação necessários. C.M. - O C.I.V.C. funciona só em São Paulo ou já se estendeu a outras cidades? Cury - É muito difícil montar equipes que possam funcionar nos moldes da existente aqui em São Paulo. O C.I.V.C. já tem mais de 6 anos e, no entanto, a cada curso realizado, surgem casais com problemas novos, desconcertantes e surpreendentes, o que obriga a equipe a equacioná-los diferentemente, sempre no sentido de procurar uma solução condizente. Entretanto, se por um lado é cansativo e preocupante, por outro é muito válido para o aprimoramento da equipe, em benefício dos cursos seguintes. Em vista disso, somente conseguimos montar uma nova equipe em Curitiba, onde já foram realizados 10 cursos, com um total aproximado de 500 casais participantes. Em Pinhal, no interior do Estado, já realizamos também 10 cursos, mas com a equipe da Capital, e só agora, após 4 anos, está sendo formada uma equipe local, que muito promete para o futuro. Há, por outro lado, programação de levar o movimento para Belo Horizonte, Porto Alegre e Brasília, o que deverá ocorrer em 1979.

C.M. - Como as pessoas interessadas devem fazer para se inscrever no C.I.V.C.? Onde se localiza a sede do movimento? Cury - Para os "equipistas" (gosto deste nome: "equipistas"), o agradável seria procurarem os casais "equipistas" que colaboram com o C.I.V.C. Entre outros, Paulo Madsen e Ana Maria (Tel. 285-0463) e João Afonso e Ivone Sgambati (Tel. 263-9493). Nesse contato, poderão inscrever-se ou ao seu casal candidato. Nossa sede fica na Igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, na Praça Honório Líbero, 90 - Tel. 881-4272 - no Jardim Paulistano.

C.M. -

Gostaria de acrescentar algo à entrevista?

Cury - Sim. Gostaria de deixar uma mensagem especial para o movimento das "Equipes de Nossa Senhora", que consi-

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dero muito e onde tenho vários bons amigos. A mensagem é esta: - Vocês, "equipistas", que têm a graça de Deus de serem felizes em seus casamentos; vocês, que podem olhar nos olhos de seus filhos e vê-los sorrir, venham nos ajudar a fazer uma criança voltar a sorrir, em razão do retorno de seus pais ao seu lar.

• Cury achou interessante que um dos casais equipistas que trabalha no C.I.V .C. desse o seu depoimento. El-lo a seguir:

C.M. - Ana Maria e Paulo, como foram levados a participar do C.I.V.C.?

Paulo - Dentre as muitas coisas boas que encontramos nas E.N.S., uma delas foi o convite de outro casal equipista, João Afonso e Ivone, para participarmos do C.I.V.C.

Na verdade, eu e Ana Maria não possuíamos nenhum problema de relacionamento. Os vinte anos de casamento feliz e nossas duas filhas , que tanta alegria nos dão, poderiam significar que o C.I.V.C. não fora feito para nós. Mesmo assim, aceitamos aquele convite, fizemos o C.I.V.C. e nos agregamos ao Movimento. A cada curso de que participamos, junto com vanas equipes de trabalho, sentimos não só a sua validade, mas sobretudo o aspecto profundamente humano de que se reveste. O extremo realismo das palestras apresentadas e os testemunhos de vida se mostram com tal conteúdo de amor que conseguem, na quase totalidade dos casos, retirar dos olhos de cada um a venda que o impede de enxergar o caminho de felicidade. Participar do C.I.V.C. passou a significar para nós uma necessidade. A oportunidade que cada curso nos dá de oferecermos nossa pequena parcela de colaboração para a unificação de um lar nos é altamente gratificante. Nós o fazemos, bem como todos os demais componentes do C.I.V.C., sem a menor espera de agradecimentos. As lágrimas de alegria dos filhos que vêem seus pais novamente unidos são para nós a recompensa maior.

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O

AMOR

É DIF[CIL

Incessantemente, tive de refazer a experiência de que não há nada mais difícil do que amar, que é um trabalho, um trabalho diário. . . Deus sabe, não há outra palavra. De resto, acontece que os jovens não estão de modo algum preparados para esta dificuldade do amor. Este relacionamento extremo e complexo, as convenções tentaram transformar numa relação fácil e frívola, deram-lhe a aparência de estar ao alcance de qualquer um. Mas não é assim. O amor é uma coisa difícil, mais d'fícil do que as outras. Nos outros conflitos, com efeito, a própria natureza incita o ser a reunir-se, a concentrar-se com todas as suas forças, ao passo que a exaltação do amor incita a abandonar-se completamente. Reflita, contudo: seria porventura belo darmo-nos, não como um todo, e um todo ordenado, mas às cegas, a prestações, ao acaso? Tal modo de nos darmos, quase como jogando fora ou como despedaçando, poderá ser um bem. poderá ser felicidade, alegria, progresso? Não. Antes de oferecer flores a alguém, você as junta num ramalhete, não é assim? Os jovens que se amam, porém, na impaciência, na pressa da sua paixão, atiram-se por assim dizer um ao outro; não avaliam a falta de estima mútua que supõe este dom desordenado, ou apenas o avaliam, com espanto e despeito, através das dis-· córdias que essa desordem não tarda a produzir entre eles. Instalado entre eles o desacordo, a desordem agrava-se d :a a dia; nem um nem outro tem mais em seu redor nada de puro, de inalterado, de intacto; engajados no irreparável de uma ruptura, procuram ainda manter a aparência da sua felicidade (porque,. afinal, tudo isto era com vista à felicidade). Coitados! Mat podem ainda lembrar-se do que entendiam por "felicidade".

Rainer Maria Rilke

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REFLEXÃO PARA A SEMANA DA FAM!LIA (Do Boletim de Ribeirão Preto)

A marginalização do menor é um problema que vem desafiando nossa geração. Só conseguiremos alguns resultados na luta contra essa marginalização se cuidarmos não só do menor, mas também da família, célula básica de toda a sociedade. Do equilíbrio da família depende o próprio ajuste ou desajuste do menor. A assistência familiar ao menor está na razão direta de diversos fatores , tais como: alimentação, escolarização, assistência médica, etc. Quanto maiores os recursos, mais facilmente serão desencadeados aqueles elementos essenciais ao desenvolvimento das potencialidades da criança e do jovem. Não é somente o desequilíbrio econômico, o desajuste econômico, no seio de wna família, que conduz à elevação da taxa de menores abandonados em determinado grupo social. Também os desajustes morais, psicológicos, educacionais concorrem, e muito, para a elevação da taxa de menores desassistidos. As ligações irregulares, o desquite, a separação de casais têm sido causas do aumento do problema, pois torna-se mais difícil a educação dos filhos em tais condições. Os casos mais graves ocorrem, como não poderia deixar de ser, com as populações menos favorecidas e de baixa renda familiar, onde são mais comuns os casos de vivência marital, assim como com os favelados cujos filhos, criados sem o mínimo de condições, continuarão a fazer parte de uma sociedade marginalizada, à procura de subempregos, e mesmo pedindo, furtando ou prostituindo-se nos grandes centros urbanos. De forma categórica, podemos afirmar que o problema do menor abandonado tem seu cerne nos desajustamento familiar e na dificuldade de integração de determinadas famílias no meio social em que vivem. Por outro lado, não poderíamos deixar de lembrar o conflito geracional em pleno desenvolvimento, fazendo com que, cada

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vez mais, os jovens se afastem de seus pais, e aqueles fatores ligados à própria complexidade da vida moderna que fazem com que, a cada dia que passa, os pais tenham menos contato com seus filhos: a sociedade de consumo exige que os pais se ausentem por mais horas do lar, fazendo com que se torne quase inexistente o relacionamento pais-filho, tão necessário e fundamental à formação dos jovens. Se, como cristãos conscientes, sentimos nossas responsabilidades quanto ao problema do menor abandonado, se mesmo, algumas vezes, fazemos alguma coisa por essas crianças, tenhamos também consciência da nossa grande responsabilidade de pais, estando sempre atentos a tudo o que se passa com nossos filhos, orientando-os, instruindo-os, educando-os, e, principalmente, amando-os.

Dayse e Arthur

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O CENTRO DE ORIENTAÇÃO FAMILIAR DA DIOCESE DE SANTOS

"Casais que não podiam guardar para si a felicidade encontrada no casamento" resolveram colocar "sua experiência própria a serviço dos outros". Assim surgiu o C.O.F.S., sonho de há muito acalentado pelos casais que formam sua equipe de voluntários.

Por que um Centro de Orientação Familiar? Diante das mudanças sociológicas da família e dos impactos produzidos por uma mentalidade nova que vem colocar em questão os valores tradicionais, um Centro de Orientação Familiar é um organismo hoje necessário em toda cidade grande. Cada etapa da vida é um crescimento, mas, ao mesmo tempo, traz problemas novos. O C.O.F. destina-se a ajudar casais em todas as faixas etárias: -

noivos que necessitam de aconselhamento recém-casados com dificuldades normais de adaptação casais vítimas de desarmonia, de infidelidades, de interferências familiares, de desequilíbrio orçamentário,

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casais com dificuldades de relacionamento com os filhos

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casais que enfrentam novas dificuldades na idade madura, etc.

O auxílio proporcionado pelo C.O.F. situa-se, portanto, diante de todos os problemas que um casal pode enfrentar. Não se limita ao ajustamento psicológ'co e sexual, ao planejamento familiar, mas ajuda também a encontrar soluções para problemas práticos, como, por exemplo, a administração financeira do lar.

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Como funciona o atendimento

O C.O.F., que está aberto a casais de todas as classes soc1a1s, de qualquer religião ou nacionalidade, promove desde consultas pré-matrimoniais até encontros de casais, palestras ou círculos de estudos sobre assuntos familiares e educacionais. Mas sua atividade principal é o atendimento de casal para casal. O escritório do C.O.F. serve para uma primeira entrevista com quem deseja orientação para um problema conjugal: assistentes sociais e psicólogas, ao receberem uma pessoa, encaminham o pedido para que seja atendido e acompanhado "de casal para casal". O casal acompanhante pode recorrer a uma equipe de médicos, advogados, psiquiatras e psicólogos, quando o casal atendido o necessitar, ou simplesmente procurar uma assessoria religiosa. Os casais do C.O.F. não desejam apenas transmitir bons conselhos, mas procuram, além de favorecer a comunicação inter-pessoal entre os cônjuges, treinando-os para um diálogo perfeito, ajudá-los a compreenderem melhor a si mesmos e um ao outro, a situar-se de maneira mais concreta no seu problema e a assumirem a própria responsabilidade. EnLm, os casais do C.O.F. acreditam que podem prestar um valioso serviço à Família em Santos, promovendo o desabrochar de uma vida conjugal feliz, estendendo uma mão fraterna aos casais em crise e levando todos os casais a encontrarem o seu lugar numa sociedade em que todos devem ser solidários.

Endereço do C.O. F.S .: Rua Vasconcelos de Tavares, 3 -

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Fone: 2-5535 .


O MOVIMENTO NO MUNDO

VIAGEM "APOSTóLICA" A COLôMBIA

Essa foi a nossa terceira viagem à Colômbia: a primeira deu-se há exatamente um ano, acompanhando Louis e Marie d' Amonville, e a segunda, em novembro do ano passado, para a r.a Sessão de Formação de Dirigentes. Foi, pois, com grande alegria e esperança, que embarcamos, no dia 1.0 de agosto: Pe. Chiquinho (Pe. Francisco Saez, agostiniano), Dirce e Rubens, e nós, para pregarmos a n.a Sessão de Formação em terras colombianas. A Colômbia conta atualmente com 34 equipes, espalhadas por Bogotá, Cali e Neiva. Nós dois, como super-regionais para a América Latina, fazemos a ligação das Equipes da Colômbia, assim como das Equipes do Brasil, com a Equipe Responsável Internacional. Lá chegando, reunimos a equipe de serviço e foi grande a nossa alegria ao vermos o empenho com que tudo fora preparado, o espírito de doação e sacrifício, o progresso e amadurecimento desde a Sessão do ano passado. Iniciamos a Sessão 6.a-feira, 4 de agosto, à noite, e ela terminou na 2.a-feira, 7 de agosto. Aproveitamos uma "puente" (sucessão de dias feriados), pois 7 de agosto é data nacional da Colômbia e foi a posse do Presidente da República. A casa onde foi realizada, Cristo Rei, é muito linda e funcional, com todos os requisitos para uma casa de retiros. Tem ambiente, pátios internos (bem no estilo espanhol), lindos jardins, flores e verdes gramados que só Bogotá, com seu clima excepcional e sua altitude de 2.700 ms., pode proporcionar. O Pe. Chiquinho fez as palestras de espiritualidade, com grande proveito para todos. Pe. Chiquinho é espanhol mas está há 25 anos no Brasil e ele diz que "esqueceu o espanhol e não aprendeu o português ... ". As palestras sobre a vida e a mística do Movimento foram dadas por Marcello (Esther deu uma "mãozinha"). Mas apesar ào nosso "portunhol" sentíamos que a mensagem era transmitida. De fato, o Espírito Santo não precisa de grandes oradores

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ou poliglotas: é só emprestarmos os nossos lábios e desejarmos mesmo ser bons instrumentos. Muitos nos perguntavam: "Vocês fizeram algum curso de espanhol desde a última vez que aqui estiveram?". E, diante da nossa negativa, exclamavam: "Mas como o espanhol de vocês melhorou! Só mesmo o Espírito Santo ... " Depois de cada palestra, um tempo para reflexão pessoal, reflexão conjugal e grupos de co-participação. Notava-se muita profundidade, muito interesse e abertura na co-participação. Eram ao todo 15 casais, 2 de Neiva e os restantes de Bogotá, de todas as idades e níveis, e é belo ver-se como o Senhor trabalha, como há doação e respeito pelo outro, auxílio fraterno e união. As orações e cerimônias litúrgicas ocuparam uma parte importante, foram preparadas com muito cuidado e vividas intensamente. No último dia, antes do encerramento, fizemos uma peregrinação: de um poço existente no pátio (que para nós representou o poço de Jacó, onde Cristo prometeu à samaritana a Agua Viva) fomos até à capela, onde, diante do Santíssimo exposto, cada um abriu o seu coração e fez seu pedido, a sua oração de louvor ou o seu agradecimento pela água viva que o Senhor nos dera com tanta abundância nesses três dias. Antes do nosso regresso, tivemos ainda uma reunião com o Regional, Júlio e Amália Fernandez, com o Pe. Montalvo, Conselheiro Espiritual da Região, e com os responsáveis das 4 Equipes de Coordenação. E pudemos constatar como o Movimento cresceu e amadureceu nestes 9 meses, com que responsabilidade e doação os casais assumiram a sua missão, procurando aperfeiçoar tanto a sua formação espiritual como a do Movimento. O responsável de uma das Coordenações, que é chileno, nos deu uma grata notícia: o lançamento do Movimento no Chile, através de um Bispo, seu amigo. Rezemos para que esta semente vingue e dê muitos frutos. Por último, uma boa nova: Júlio e Amália, Casal Regional da Colômbia, virão em novembro participar do nosso encontro àe RR. e RS. E o Pe. Montalvo virá também e será ele quem fará as conferências de espiritualidade. Assim não é mais possível falar-se em "imperialismo brasileiro" na América Latina, pelo menos em termos de Equipes de Nossa Senhora! Voltamos cheios de alegria ao ver o Movimento crescendo e amadurecendo nas terras da Colômbia. Com Maria, podemos cantar: "O Senhor fez por nós maravilhas, Santo é o seu nome!". Esther e Marcello -27-


APOSTOLADO

F ALANDO DE CURSOS DE NOIVOS

Carta de Niterói

Caros irmãos da Carta Mensal, Diante da carinhosa acolhida que vocês têm dado às nossas notíc;as, atrevemo-nos a enviar-lhes outras mais, que visam não apenas à notícia em si, mas sobretudo a dar testemunho de um apostolado altamente valioso em que os equipistas niteroienses participam com afinco e entusiasmo. Estamos falando dos Cursos de Preparação para o Casamento, apostolado de elevado alcance, se entendermos que, quando a semente é tratada com cuidado, dá árvores frondosas e bons frutos. E o que é o noivado senão a semente da Família? Já há alguns anos que nossa turma participa dos Cursos e hoje são quase 30 casais equ'pistas engaJados em diversas Paróquias, atuando no que for necessário, coordenando, dando palestras, recepcionando - enfim, doando-se em qualquer setor. Há 6 ou 7 anos passados, os Cursos, aqui em Niterói, eram um tanto incipientes. Se bem nos lembramos, só havia um - no qual diversos equipistas já atuavam. Foi naquela época que eles sentiram o apelo do apostolado junto aos noivos e se lançaram de corpo e alma à atividade. Em pouco tempo, os Cursos se espalharam em muitas outras Paróquias - não raro tendo, algumas, uma freqüência mensal média de 40 casais de noivos. Levamos - nós, equipistas - o Curso além das fronteiras da nossa cidade, atingindo, inclusive, Araruama, na Reg 'ão dos Lagos, onde um grupo de casais mantém ativo um Curso. Até 1977, existiam quase 10 Cursos em Niterói - a maioria coordenada por equipistas e tendo neles o grande manancial de casais atuantes. Tomou tal vulto essa atividade apostólica que o Sr. Arcebispo nomeou uma comissão para fundir alguns cursos, fazendo um "cursão" (isso já aconteceu e lá estão muitos equipistas, se doando da mesma forma).

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Achamos muito importante - tanto quanto a destinação direta dos Cursos - o exemplo vivo que damos para outros casais, principalmente os não equipistas, que, muitas vezes, nos olham admirados. Em São Gonçalo, cidade xifópaga de Niterói, mais precisamente na Paróquia de Nossa Senhora das Graças, existe um Curso há mais de 6 anos e, em torno dele, organizou-se uma comunidade de não equipistas formada, inclusive, por casais que um dia, quando noivos ainda, tomaram parte no Curso e que, após o enlace, se engajaram e lá já estão há muitos anos. Essa comunidade mostrou-se tão coesa e entusiasta que dela saíram duas Equipes de Nossa Senhora (as primeiras lá de São Gonçalo). Sentimos que os Cursos são uma necessidade nesse mundo tão materializado - mas que demonstra avidez por um pouco de espiritualidade. E como é gratificante quando, tantas vezes, encontramos jovens casais que vêm nos cumprimentar e falar entusiasticamente do Curso que um dia fizeram. Nesses momentos, sem dúvida, nossos corações se enchem de pura alegria, por sentirmos, de forma viva, que aquele pouquinho que demos de nós germinou, cresceu, virou árvore frondosa, está dando frutos transformados em lares felizes, famílias santas e fortalecedoras da sociedade. Ficam aí nossos testemunhos. Esperamos sejam eles úteis para muitos companheiros que venham a ler nossas palavras, e estimulantes para todos aqueles que estão à procura de um apostolado maravilhoso e que rende alto dividendo a todo cristão. A vocês, da Carta Mensal, mais uma vez nossos agradecimentos pela acolhida que nos derem e nosso abraço fraterno.

Helena e Paulo Xavier Equipe 3 -

Casal Noticiarista do Setor

A Equipe da Carta Mensal agradece esta colaboração espontânea e tão oportuna. Possa ela servir de estlmulo para que muitos casais se anlmem a escrever-nos!

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ECOS DO EACRE

HOSPITALIDADE INVISIVEL

Como neste ano o EACRE realizou-se no último fim de semana de julho, quando nos pediram para hospedar dois casais em casa, nós prontamente aceitamos, pois pensávamos estar de volta em São Paulo nessa data. Mas, para quem tem seis filhos adolescentes, é muito difícil fazer previsões ... E os filhos faziam questão de passar o último fim de semana àe férias na fazenda! A motivação não era tanto o "ar puro" do campo, mas sim as despedidas da turma ... Bem, ficamos num dilema, porque, na verdade, estando há 20 anos em equipe, sacrificamos muitas vezes as crianças em prol da equipe. E resolvemos adotar uma solução de compromisso: hospedaríamos os casais como previsto, mas sem estar lá para recebê-los ... Voltamos um dia para São Paulo, para poder deixar os quartos arrumados e pedimos à Genesia, nossa empregada, que fizesse as honras da casa. Deixamos uma mensagem escrita para cada um dos casais, dizendo, entre outras coisas:

"A verdadeira amizade se prova pela ausência . .. " "Quer se trate de uma flor, de uma estrela ou de um deserto, o que faz sua beleza é invisível." (Saint-Exupéry). Quando voltamos, encontramos estas respostas: "Queridos irmãos, Adoramos a mensagem que nos deixaram. Usamos e abusamos da casa de vocês. Sentimos profundamente não poder conhecê-los. Entendemos perfeitamente o motivo da sua ausência, pois temos filhos nessas idades e sabemos como é! -30--


Esperamos um dia poder retribuir a gentileza de vocês em Bauru, para conhecê-los. A Genésia é um encanto de criatura. Nos tratou muito bem. A vocês, nosso agradecimento e um grande abraço." "Aos nossos queridos anfitriões. Irmãos, Nem sabemos como fazer-lhes sentir o quanto aprendemos a admirá-los e amá-los sem conhecê-los pessoalmente. Quanto exemplo, que desprendimento, regra de vida, ação exemplar. Ceder-nos a casa, talvez até saindo para nos cederem mais conforto! Residimos em Bauru, onde estaremos sempre às suas ordens, dia e noite, na tentativa de prazerosamente servirmos com a mesma moeda. Que Na. Sra. do Rosário abençoe este Lar, que já é exemplar." Na semana seguinte, um dos casais nos telefonou, dizendo outra vez que tinham f1cado "encantados" com a nossa hospitali.dade "invisível". E concluiu: "Nós aprendemos muito com o exemplo de vocês e daqui para frente, quando o Movimento nos convocar para alguma coisa, seremos os primeiros voluntários. Podem contar conosco!" A nossa conclusão é que Deus está sempre recompensando em dobro o pouco que fazemos pelos outros, pois, além da satisfação pessoal de termos proporcionado uma alegria aos nossos irmãos, sentimos que o fato não parou aí ... Nossos hóspedes continuarão a distribuir "os pães e os peixes do amor" a muitos outros. Um casal do Setor D, São Paulo

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NOTíCIAS DOS SETORES

LONDRINA -

Missões Escreve Doroty no Boletim:

"As E.N.S. f izeram uma pausa em suas atividades quando da vinda das Santas Missões em Londrina. Os casais equipistas deram testemunhos válidos de engajamento e participação total no transcorrer das suas atividades." "Muito mais que a terra ressequida, árida e estorricada de nossa região nestes últimos tempos, estavam nossas almas. E Deus nosso Pai sabia disso. . . Precisávamos de chuvas, mas, muito mais, precisávamos das bênçãos especiais das Santas Missões. E as Missões vieram, firmes, resolutas e inabaláveis. Na pessoa de cada missionário, Cristo se fez presente para anunciar o seu Evangelho, sem máscara, sem disfarces, sem rodeios, sem Dgrados, sem preconceitos. Cristo esteve presente para mostrar seu Evangelho, puro, exigente, coerente e rico em verdades. As Missões vieram para todos, principalmente para quem se decidiu por Cristo. A todos, o esclarecimento necessário sobre a Boa Nova, numa expressão pura e simples. A Eucaristia, fonte de vida, a Palavra, alimento primordial para a nossa fé, e o desejo de uma vida em comunidade como faziam os primeiros cristãos ... Por certo, as Missões não fizeram milagres e nem poderiam fazê-los. Aqueles a quem não conseguiram atingir ficaram para os que delas receberam bênçãos e graças. Sim, aos cristãos conscientizados cabe a tarefa de continuarem as Missões, de dividirem o que ganharam espiritualmente, de serem luz para aqueles que continuam nas trevas." -32-


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Como custear despesas de viagem

A fim de angariar fundos para a ida dos novos Responsáveis ao EACRE de Curitiba, as Equipes de Londrina organizaram 1..1ma feijoada. . . "Podemos dizer que a promoção foi um sucesso, pois obtivemos um bom lucro e pudemos cobrir as despesas do aluguel do ônibus que levou os casais, as inscrições de alguns casais de equipes novas que não tinham ainda a sua caixinha e ainda as inscrições de cinco casais que estiveram na Sessão de Formação de Florianópolis, bem como as despesas de gasolina." Parabéns pela criatividade! -

Mensagem aos novos Responsáveis

Em mensagem dirigida, pelo Boletim, aos novos Casais Responsáveis, Doroty e Wanderley, depois de comentarem a riqueza de conteúdo do EACRE, escrevem: "Vocês voltaram com a bagagem necessária, o instrumento completo. Tudo agora vai depender das mãos que irão manejá-lo. Se estas mãos, antes de tudo, se umrem em preces e estas preces se elevarem aos céus, as bênçãos do Pai irão pairar sobre vocês e o seu trabalho terá seu desenrolar sempre dentro do plano do Amor de Deus. Confiamos em Deus e em cada um de vocês. Unam-se à Virgem Maria, dêem a sua parcela, façam da sua vida a dois, da sua equipe, do seu Movimento, uma obra permanente na construção do Reino do Pai." -

Retiro para jovens e menos jovens

Realizou-se em agosto, sob a coordenação de Maria Luiza e Ivo, incentivadores das equipes de adolescentes, um retiro para as 3 "Equipes do Menino Jesus". Aguardamos maiores notícias. Quanto aos adultos, terão o seu segundo retiro do ano agora, nos dias 14 e 15 de outubro. Os equipistas de cidades próximas que quiserem se inscrever podem fazê-lo pelo telefone: 27-3368. JUIZ DE FORA -

Dois eventos gratificantes

Os equipistas de Juiz de Fora, 20 de agosto, viveram momentos de sagem da Coordenação a Setor. No de seu novo Arcebispo, D. Juvenal -33-

no fim de semana de 19 e emoção. No sábado, a pasdomingo, a recepção e posse Roriz.


A instalação do Setor deu-se durante a missa da Vigília da Festa da Assunção de Nossa Senhora. Concelebraram a missa o Pe. Edmundo, Conselheiro Espiritual do Setor, os Pes. Lima e Eduardo, de Juiz de Fora, e o Pe. José, Conselhejro Espiritual das duas equipes de Belo Horizonte. Os demais conselheiros de Juiz de Fora não puderam tomar parte na concelebração, por estarem cuidando da recepção a D. Juvenal. Presentes, para alegria de todos, 4 casais de Belo Horizonte, 2 de Petrópolis, 1 do Rio, além do Casal Regional. O compromisso de 26 casais, realizado durante a missa, emprestou ma'or solenidade à cerimônia. No final da missa, foi instalado o Setor. Gilda e Gigi, primeiro casal coordenador, fizeram um breve histórico do Movimento em Juiz de Fora. Depois, falaram Maria Alice e Adelson, dando por instalado o novo Setor. Foram ainda apresentadas as duas "pré-equipes" de Benf ca. Depois da missa, houve um animado lanche de confraternização. No d ia seguinte, os equipistas fizeram-se presentes à cerimônia de posse de D. Juvenal, participando da alegria do rebanho ao receber seu novo Pastor. A Carta Mensal associa-se a essa alegria e às orações para que o Espírito Santo ilumine Sua Exa. -

Calendário

Con sta do Boletim de junho, além do quadro da organização do Setor , o calendário do ano equipista, que começou com a missa dos pais e a missa festiva de instalação do Setor. Dois dias depois d a instalação, reuniram-se os responsávE-is e os pilotos com a Equ:pe de Setor. Ainda dentro dos "festejos" da passagem a Setor, seguiram-se duas noites de estudos. A primeira, no dia 24, sobre o tema "Relacionamento entre Pais e Filhos", a cargo do P e. Eduardo. A segunda, a cargo de Fani e Amaury, versou sobre "H armonia conjugal". Em setembro, houve um dia de "r eciclagem" dos casais de ligação e pilotos, reunião dos Conselheiros Espir ituais e, no fim do mês, a Experiência de oração no Espírito Santo. Programadas para outubro a missa das crianças, uma noite de oração e um dia de recreação. Em novembro, haverá as inter-equipes e, no início de dezembro, duas noites de aprofundamento, em preparação ao Natal.

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ARAÇATUBA -

Retiro Recebemos de Suely e Otávio a seguinte notícia:

"Foi realizado de 9 a 11 de junho o primeiro retiro das Equipes de Araçatuba desde que se tornou Setor. Havia sido planejado com muito carinho pelo Juvenal, então Responsável do Setor, mas que hoje já não nos pertence. Participaram, com grande entusiasmo, 25 casais de Araçatuba, 2 casais de José Bonifácio, 1 casal de Biriguí e também a nossa querida Adélia. Frei Estevão Nunes foi o pregador, veio especialmente de São Paulo e nos proporcionou, nestes dias de recolhimento e reflexão, uma união maior com o Pai, nesta caminhada a dois para a santificação. Foi muito feliz em suas explanações, dando-nos pistas concretas e mostrando-nos que a graça de Deus está em todo gesto de amor. O cristianismo é uma forma de vida, Jesus é o sacramento vivo de Deus, é Sua presença palpável no mundo; e o templo de Deus é o homem, daí ser o nosso próximo o meio de nossa salvação. Falou-nos dos meios de aperfeiçoamento com tanto carinho e familiar"dade que nos fez sentir ainda mais a necessidade de valorizá-los e utilizá-los com muita assiduidade para nosso crescimento espiritual. Muitos outro·s temas foram abordados. A missa de encerramento, durante a qual fizemos a renovação do Sacramento do matrimônio, foi muito comovente. Os casais equipistas gostaram tanto do retiro que Frei Estevão ficou intimado a pregar mais um, em novembro, aos que estiveram impossibilitados de participarem deste."

CAMPINAS -

Dia de recolh;mento (Do Boletim)

Tratando de "Despoiamento - dispon~ bilidade de um para com o outrc.", o Pe. Delírio Poltronieri, Conselheiro Esniritual da Equipe de Na. Sra. de Guade)upe (27), orientou nossas reflexões deste e de muitos dias após. Predispôs-nos à interiorizacão através de uma música suave e ressaltou a necessidade do silêncio dos retiros, para que Deus possa ser ouvido. -35-


Algumas anotações: "Ou a vida existe para ser usufruída egoisticamente ou existe para ser despojamento, disponibilidade, abertura, graça. Cristo nos deu o exemplo da abertura, a medida da disponibilidade - o desgaste máximo é a medida da busca do bem para o próximo, a doação plena." "Em nossa vida, como casal, um cônjuge em relação ao outro ordenará sua vida por este exemplo de Cristo: cada um se colocará na posição de Cristo na Cruz - em relação ao outro, não há medida de doação." "A cruz se opõe à instalação - a morte de cruz é uma chamada ao ser humano acomodado. Somos sempre chamados, muitas oportunidades nos são oferecidas para sairmos da instalação, da alienação. O homem foi criado, o homem existe para dar em abundância."

LIMEIRA -

Uma viagem ao Amazonas

Recebemos de Nely e Anchises, da Equipe 1 de Limeira, a seguinte carta: "O nosso interesse não é divulgar o nosso passeio em si, v isitando Roraima e Manaus. É evidente que nos tocou sinceramente e não poderíamos deixar de mencionar a grandiosidade da terra, a natureza, que é bela, a cultura, os costumes, e muitas causas mais.

A verdade é que, ao sair de Limeira, nos propusemos, além de todo o programa, entrar em contato com os irmãos equipistas daquela cidade. Fazíamos a viagem em caráter particular, mas nem porisso deixamos para trás o nosso interesse pelo Movimento. De volta de Boa V ista, chegamos a Manaus, hospedando-nos justamente a uma quadra da Matriz de São Sebastião, na praça em que fica o Teatro Amazonas. Anchises dirigiu-se à Matriz, a fim de ver se, por intermédio de algum padre, poderíamos localizar algum irmão.

Imaginem que quem nos atendeu foi justamente um capu<:hinho, Frei Tomás, orientador espiritual de uma das equipes! Deu-nos ele o telefone de Déa e Joaquim. Aí, tudo foi fácil. Entramos em contato com o casal e, no dia seguinte, domingo, Déa telefonou-nos que v iria nos buscar para participarmos da missa na Igreja de Na. Sra. das Graças. -36-


Que surpresa! Lá estavam quase todos os casais das quatro equipes para nos serem apresentados, pois, ao tomarem conhecimento da nossa estada em Manaus, Déa e Joaquim telefonaram para Neusa e Antonio - Casal Coordenador - que, por sua vez, deram um "alô" para todos eles, convidando-os para este encontro. Por coincidência, estava lá também um casal da Equipe 39, da Ilha do Governador, Rio de Janeiro. Foi maravilhoso! Quanta alegria nas apresentações! Parecia que todo o mundo conhecia todo o mundo; todos a falarem ao mesmo tempo, naquela euforia contagtante que só compreende quem conhece o Movimento. Assim sendo, gostaríamos que todos os irmãos comungassem conosco dessa imensa alegria que tivemos, de ter conhecido irmãos tão acolhedores, de terra tão distante".

JAO -

Recolhimento e Retiro

Do primeiro recolhimento do ano, participaram 78 casais, "num ambiente alegre e descontraído, e com a disposição de aproveitarem espiritualmente do encontro. As palestras foram feitas pelo Cônego Pedro e por Helena e Tata, que transmitiram a todos mensagens maravilhosas de fé, mostrando a nossa responsabilidade como testemunhas de Cristo, este Cristo que veio até nós para nos ensinar a viver e a amar, atendendo ao seu apelo, que é o objetivo das Equipes de Nossa Senhora: vem e segue-me. Foram dadas também informações relativas ao Movimento, à vida em equipe, seu funcionamento, tudo dentro das orientações do documento O que é ·uma Equipe de Nossa Senhora." Quanto ao retiro, dele participaram cerca de 160 pessoas, sendo seu pregador o Cônego Ricardo, premonstratense, de Belo Horizonte. "Não só através das palestras, mas também das músicas, que todos os participantes entoavam com voz firme e alegre, o Cônego Ricardo fez com que o retiro se desenvolvesse num ambiente de profunda espiritualidade e muita paz. Foi uma parada para uma análise de nossa vida como cristãos e do quanto devemos às Equipes de Nossa Senhora. 'Os casais foram chamados para os rios do Senhor, beberam dos rios do Senhor, para procurarem viver nos rios do Senhor'." -37-


RIBEIRAO PRETO -

"Convit& à oração"

"Num mundo em que a aparência vale mais que o ser que está dentro dela; em que o dinheiro, o carro, o nome vale mais que o caráter; em que o luxo, o conforto são sinônimos de felicidade; em que o Evangelho tende cada vez menos a ser vivido, Deus por certo está à procura de testemunhas vivas. Devemos ser sinal de contraste. Precisamos viver realmente a mensagem de Cristo, conseguir sair deste ativismo, desta correria contínua de uma ocupação a outra, e parar. Parar para refletir, orar, enfim, para escutar a Deus. A oração é uma das coisas que Deus mais aprecia, pois é nosso diálogo com Ele. Ele quer nos onentar, mas nós precisamos parar para escutá-lo. Nosso Movimento ncs está dando esta oportunidade de, uma vez por mês, nos unirmos em oração. No dia 22 de junho, aconteceu a terceira "Comunidade em Oração", organizada pela Equipe 8. Com a alegria do encontro com Cristo, estiveram presentes vários equipistas e convidados. Encontrar-se com alguém para passar algumas horas, dialogar, louvar a Deus em oração, significa encontrar-se com Cristo que vive no outro. Podemos ter muitos encontro-s no nosso dia, no nosso mês; este, porém, é o encontro por excelência, onde nos encontramos com Cristo, para, em comunidade, parar, escutar, refletir e orar." REGIAO VALE DO PARAIBA -

Dose de reforço

Noticia recebida de !rene e

Di~nisio,

Casal Regional:

"Desde o ano passado, quando fomos os responsáveis pelo EACRE de São José dos Campos, sentimos a necessidade de indagar dos casais responsáveis de equipes, após passada a euforia e assentada a poeira, como eles estavam aplicando o que haviam ouvido e sentido no EACRE. Neste ano conseguimos a resposta a essa nossa indagação, reunindo os responsáveis das equipes de nossa Região, num encontro que primou pela simplicidade, mas que procurou ser bastante objetivo, dada a sua razão de ser: a) revigorar as orientações do EACRE; b) fornecer elementos práticos aos responsáveis sobre sua função na equipe; c) esclarecer dúvidas e acabar com as dificuldades. -38-


Após a oração de abertura e a retrospectiva do EACRE, feita por nós, foram constituídos grupos de co-participação para trocar idéias sobre dois questionamentos: -

você já se preocupou em programar algum objetivo para sua equipe no campo do desapego e da catequese?

-

como tem sido sua equipe no relacionamento com o conselheiro espiritual e o casal de ligação?

No plenário, após informações práticas sobre como se elabora o roteiro de uma reunião de equipe e considerações sobre a "preparatória", os coordenadores dos grupos relataram os testemunhos dados nos grupos; foi confortador ouvir que a grande maioria, a quase totalidade, das equipes da Região vem se preocupando com o desapego e a catequese, quer atuando de forma concreta no seio da própria equipe, quer na família ou na paróquia, através das mais variadas formas. Foi também muito oportuna a abordagem sobre o relacionamento da equipe com o conselheiro espiritual e o casal de ligação, porque veio patentear que, realmente, estes dois apoios é que dão à equipe o verdadeiro equilíbrio de s~stentação que ela exige. Encerrando o encontro, tivemos uma missa, celebrada pelo Pe. Hugo, vice-reitor do Seminário Diocesano."

NOVOS RESPONSAVEIS Coordenação de Limeira

Assumiram a responsabilidade pela Coordenação, no lugar de Silvia e Paulo Roberto, Zuleika e Hermes Fanelli.

-39-


VEM

E

SEGUE-ME

Para responder ao chamado, para seguir o Cristo nos caminhos da evangelização, é preciso renunciar a tudo que nos pode reter . A verdadeira riqueza não é aquela que se possui, mas aquela que se dá . Texto de Meditação -

Lc . 18, 18-31

Certo homem de posição lhe perguntou: "Bom Mestre, que devo fazer para herdar a vida eterna?" Jesus respondeu: "Por que me chamas bom? Ninguém é bom, senão Deus só!" Conheces os mandamentos: Não cometer adultério, não matar, não roubar, não levantar falso testemunho; honra teu pai e tua mãe." Ele disse: "Tudo isso tenho guardado desde a minha juventude." Ouvindo isto, Jesus disse: "Uma coisa ainda te falta. Vende tudo o que tens, distribui aos pobres e terás um tesouro nos céus; depois, vem e segue-me." Ele, porém, ouvindo isso, ficou cheio de tristeza, pois era muito rico. Vendo-o assim, Jesus disse: "Como é difícil aos que têm riquezas penetrar no Reino de Deus! Com efeito, é mais fácil um camelo entrar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus!" Os que o ouviam disseram: "Mas então, quem poderá salvar-se?" Jesus respondeu: "As coisas impossíveis aos homens são possíveis a Deus." Disse então Pedro: "Eis que deixamos nossos bens e te seguimos!" Jesus lhes disse: "Em verdade eu vos digo, não há quem tenha deixado casa, mulher, irmãos, pais ou filhos por causa do Reino de Deus, sem que receba muito mais neste tempo e, no mundo futuro, a vida eterna."

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Salmo 113/B

Não queremos honra alguma para nós, Senhor, p9is ela cabe só a ti, ao teu amor fiel e à tua fidelidade. Como pode ainda haver gente que nos pergunta: "Onde está o vosso Deus?" Nosso Deus? Nosso Deus supera tudo, faz tudo o que lhe agrada. Eles também têm lá os seus deuses: dinheiro, poder, prazeres, coisas que eles mesmos fazem ou desejam; objetos, apenas, que não ouvem nem falam, não oferecem segurança, seu valor é aparente. Iguais a eles são os homens que os procuram e que neles confiam. Povo de Deus, confia no Senhor, procura nele teu auxílio e tua proteção. Vós que estais a serviço do Senhor, e vós todos, seus amigos, procurai nele vosso auxílio e vossa proteção. Oremos-

ó Pai, dá-nos seguir com coragem pelos caminhos que para nós traçaste, nas pegadas do teu Filho, libertos de todo apego, para proclamarmos a Boa Nova do teu Reino, onde quer que tna vontade nos chame. Pela intercessão da Virgem Santíssima, possamos assim receber a alegria nesta vida e a felicidade eterna na outra. Isto te pedimos por Jesus Cristo ... -Amém.


EQUIPES DE NOSSA SENHORA Movimento de casais por unia espiritualidade conjugal e familiar

Revisão, Publicação e Distribuição pela Secret uia das EQUIPES DE NOSSA SENHORA 01050 - Rua João Adolfo, 118 - 99 - conj. 901 - Tel. : 34-8833 SAO PAULO, SP

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somente para distribuição interna . -


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