~CARTA
;MENSAL z
~ :2
<
RESUMO Um importante dever-de-sentar para todos nós Campanha da Fraternidade-92: umas íntese . O Movimento despede-se do Pe. José Carlos . Reflexões sobre o casal cristão - cont. Até que ponto corpo e espírito se opõem ? Entre dois amores : o divino e o humano? . Que sentido têm os sacramentos sem Cristo?
2 5 7 11 15 18 21
Editorial: Os gansos do Canadá (Pe. Olivier) Carta da ERI: Fátima 1994! .. . . . . . . . . . . O que significou a Escuta da Palavra para Maria Quem é o São José que celebramos? . . . . . O cuidado da Família é prioridade para João Paulo 11 A Pastoral Familiar na preparação remota "Teus filhos voltarão ..." .. . .. .. . .. . Aconteceu no retiro . . . . . . . . . . . . . O que você faria, uma hora antes de morrer? Um desabafo . . . . . . . . . . . . . . . . Quem tem mais di reitos: o crim inoso ou o nenê? Intercâmbio . . . . . . . . . . . . . . . . . Notícias e informações . . . . . . . . . . Meditação e oração: sugestões para março
"Filho, vai trabalhar hoje na vinha" (Mt 21 ,28)
22 24
27 30
32 34 36 37
39 40 41 43
45 49
ACOLHIDA
Sejam bemvindos ao novo ano equipista! Que o Senhor todo-poderoso e todo-misericordioso nos infunda a fé, a esperança e a caridade, essas virtudes de que tanto precisamos para continuarmos a nossa caminhada, acolhendo a vocação e exercendo a missão de casais cristãos que Ele tão generosamente nos deu!
*** Como todas as equipes, também a da Carta Mensal fez, ao final do ano que passou, a sua reunião de balanço. E do planejamento que resultou, gostaria de pedir à generosidade de seus leitores as suas contribuições para dois pontos específicos: 1. No que diz respeito às prioridades do Movimento, estabelecidas no ano passado- e que têm figurado com destaque na contra-capa da Carta Mensal- temos trazido, nestas páginas, muita informação e ... muita teoria. Mas isto era necessário para que nos tornássemos mais conscientes do sentido dessas prioridades. Agora, porém, chegou a hora de divulgarmos as ações concretas que decorreram disso tudo. Por isso, gostaríamos muito que vocês nos enviássemos seus testemunhos e colaborações a respeito daquilo que, a nível individual, a nível de casal e a nível de equipe mudou , nas suas vidas, em função das prioridades. 2. Colaborando mais específicamente com os equipistas no exercicio do carisma de nosso Movimento, a Carta Mensal pretende , este ano, dar um destaque todo especial às diversas etapas da Pastoral Familiar: preparação remota e preparação próxima para o casamento; cerimônia litúrgica do sacramento do matrimônio; vivência dos primeiros anos da família; relacionamento entre sacerbotes e casais, atitudes em relação a casais em dificuldade, a descasados e recasados, amor conjugal e terceira idade; viuvez. Está claro que sem a colaboração de vocês, muito pouco poderemos fazer. Assim, também nesta tarefa, contamos muito com tudo aquilo que vocês poderão nos enviar. Desde já, obrigado! E, mais uma vez, que 1992 seja uma etapa muito feliz e cheia de amor em nossa caminhada para a santidade! A equipe da Carta Mensal
CM Março/92 - 1
A EC/R CONVERSA COM VOCÊS
LUZ DO MUNDO E SAL QUE PRESERVA DA CORRUPÇÃO Ao iniciarmos um novo ano, gostaríamos de convidá-los para um deverde-sentar mas um dever-de-sentar de todos nós que pertencemos às Equipes de Nossa Senhora; casais, padres, irmãs, um dever-de-sentar do Movimento como um todo.
É o momento de revisão e projeção sob o olhar do Senhor. Dois fatos nos motivaram a esse convite; o primeiro é a situação de desespero em que se encontra a nação brasileira que premida pela fome e pela desorganização, vê desmoronar os valores que sempre a identificaram como a ética, a justiça, o respeito à dignidade dos homens, a busca da paz. O segundo é sabermos que somos uma comunidade de cerca de 6000 casais, 6000 mil famílias que acreditam na força do Espírito Santo que nelas habita. Teremos sido reunidos ao acaso? Haverá algo a fazer que compete a nós enqJ~~fb1 comullid,j=id?? '
~
I
Para ajudar np.ssa reflexãb e pàr~ qqe ela conduza a uma verdadeira ação transformadora, deixemos-nos guiar por U,m profeta, aquele que sendo íntimo de Deus e vivendo a vida do povo e capaz de lhe mostrar os caminhos e, indicar-lhes a vontade de Deus. João Paulo 11 ao dirigir-se ao laica to brasileiro em outubro de 1991 destaca "três âmbitos das realidades temporais que reclamam com particular ' urgência o influxo da santidade e do apostolado dos fiéis leigos; a família, o trabalho e a ação social" . Neste mês vamos fazer o nosso "dever-de-sentar" tendo por base as reflexões do Papa a respeito do que ele diz estar em primeiríssimo lugar, a família. Os outros dois tópicos serão abordados nos próximos meses, que hoje em dia se abate, de muitos modos, sobre a família brasileira. "Não vos di reis nada de novo se vos falar da grave crise moral". Precisamente por isso, é necessária e urgente uma profunda revitalização da instituição familiar. É essa uma tarefa prioritária dos leigos .
É doloroso observar, neste amado país , a extrema fragilidade de muitos
2 - CM Março/92
casamentos, com a triste seqüela de inúmeras separações, de que são sempre vítimas inocentes os filhos. É ainda lastimável ver o desrespeito à lei divina, que se espalha com a difusão de práticas anti-conceptivas gravemente ilícitas, ver o índice alarmante de esterilizações de mulheres e de homens, voluntárias ou induzidas, às vezes, pelos responsáveis da sociedade política ou por profissionais ·que deveriam zelar pela dignidade e integridade da pessoa e do corpo social, ver o incremento, também alarmante, da prática do aborto, desse atentado criminoso ao direito humano primeiro e fundamental, direito à vida desde o instante da sua concepção, que jamais pode ter qualquer justificativa prática e, menos ainda, legal. Simultaneamente, não podem ser ignoradas outras graves causas de deterioração das famílias, como as decorrentes das condições infra-humanas de moradia, de alimentação e de saúde, de instrução e de higiene em que vivem milhões de pessoas no campo e nas periferias das cidades, com a lamentável conseqüência de um elevado número de menores abandonados e marginalizados . Bem sabeis que não estou carregando as tintas do quadro que acabo de descrever. O que desejo , acima de tudo, ao falar assim, é lançar um forte apelo à responsabilidade moral dos detentores do poder público, em seus diferentes níveis , e de todos os homens de boa vontade, católicos ou não, para que criem , dentro das suas possibilidades de atuação, condições econômicas e sociais que garantam a dignidade da vida humana e da família. Pode-se fazer muito e deve-se fazer muito para reverter essa situação. É muito séria a obrigação que tendes , especialmente vós, de promover corajosamente os valores cristãos do casamento e da família. Começai pelos vossos próprios lares , a fim de serdes vós mesmos "luz do mundo e sal que preserd da corrupção" . Os que recebestes a vocação matrimonial, proclamai com o vosso exemplo e a vossa entrega, alicerçados na fé e no amor de Cristo, a grandeza do amor conjugal , renovando-o a cada dia com a graça divina. Considerai o dom dos filhos , generosamente como o vosso maior tesouro, e sua educação como o vosso primeiro apostolado. É grande na verdade, a tarefa que vos cabe neste campo. Mas também é grande, imensa, a força da fé, da esperança e do amor, que os Espírito Santo derrama nos corações dos fiéis. (Rom 5,5)" Quando o Papa nos diz para começarmos pela nossa família, sentimos. como equipistas que já demos e estamos dando esse primeiro passo; ele
CM Março/92 - 3
nos leva a sermos o sal que preseNa da corrupção. Mas preservar não é ainda reverter a situação, não é ainda transforma-la, não é ainda ser luz do mundo. Quanta luz é necessária para afastar as trevas do nosso mundo! "Não se acende uma lãmpada e se põe debaixo de um cesto, ao contrário, ela é colocada no lugar próprio para que ilumine a todos que estão em casa". (Mateus 5, 15) Qual é a lâmpada a acender? Qual é o lugar próprio? João Paulo 11 nos indica dois caminhos : 1º) Revitalização da Instituição Familiar 2º) Criar condições econômicas e sociais que garantam a dignidade humana e da família . De que meios dispomos? A que ambiente temos acesso? Onde podemos ser presença transformadora? O que podemos e devemos exigir? De quem? De quais dons somos portadores? Como podemos reevangelizar a cultura brasileira no campo da família e do casamento? Tome a iniciativa deste dever-de-sentar em sua equipe, no seu setor, na sua região . Que ele tenha a força da presença do Espírito Santo que através da nossa disponibilidade há de transformar o nosso país. Abraçam-nos com alegria Beth e Romolo Pela ECIR
~
..
4 - CM Março/92
CAMPANHA DA FRATERNIDADE
JUVENTUDE CAMINHO ABERTO A vigésima nona campanha da fraternidade manifesta uma preocupação que é de nós todos , ao mesmo que transmite uma mensagem otimista que tantas vezes nos faz falta. "Juventude Caminho Aberto". Até o título é simpático , provoca a imagem de "porta aberta" , de "estrada livre" , simbolismos utilizados até em filmes cérebres, desde o já velho "La Strada" até o recente "Paisagem na Neblina"; estradas vazias , abertas sobre o horizonte , ilimitadas ... Numa primeira parte , o texto base apresenta de maneira precisa e sintétiça a situação atual da juventude (15-25 anos) no Brasil, de varias pontos de vista: cultural , político, social , religioso , familial. Um retrato simpático, mas também sem concessões . Por exemplo: sabiam que ... - sobre cinquenta milhões de crianças e jovens , 30 milhões são desamparadas, e 8 milhões completamente desamparadas ; de 15 milhões de crianças que nascem por ano no Brasil , um milhão são filhos de adolescentes ; de 100 crianças que entram no primário, somente 13 entrarão no secundário; - 40% dos jovens que trabalham fora de casa são mulheres, menos pagas que os rapazes , submetidas a testes de gravidez antes de ser aceitas, e às vezes inscritas em programas de esterilização; - 2/3 de jovens trabalham fora de casa, mais da metade sem carteira assinada; - Os jovens brasileiros são os que menos estudam e, mais cedo entram no mercado de trabalho; - Mas um grande número deles participa de atividades esportivas, culturais, musicais , partidárias , políticas , ecológicas , religiosas; - Em geral não se sente parte integrante da Igreja por ela ser vista como mandona e irremediavelmente velha; - Isso, e muitas coisas ainda. Leiam o texto base da campanha: Vão aprender uma porção de coisas - inclusive sobre seus próprios filhos. Numa segunda parte , o texto delinea alguns elementos de análise desta situação . A Igreja é chamada a renovar-se sempre pela acolhida da boa nova, do Evangelho. Ela deve portanto reconhecer o valor das críticas dos jovens a assumir sem receios a crise sadia na qual está vivendo em prol de uma profunda revisão de vida e conversão permanente. Jesus nasceu pobre e viveu pobre em solidariedade com os pobres , e morreu assassinado por ser tão apresentado como luz, cam inho, libertador. Atraído por Ele, o
CM Março/92- 5
jovem é capaz de se redefinir radicalmente e de deixar tudo para o seguir. Tanto os últimos papas como os documentos oficiais da Igreja e, especialmente os de Vaticano 11, Medellin e Puebla, fazem apelos aos jovens para que participem ativamente da vida da Igreja e da sua missão evangelizadora sem ter medo de eventuais dificuldades, pois o que é novo sempre exige rupturas e gera conflitos : por causa de Jesus perseguido e martirizado, o conflito se torna para os cristãos uma bem -aventurança e uma forma de espiritualidade. Concretamente, o que fazer? O jovem deve aprofundar não apenas de modo teórico mas também prático a relação entre a fé e sua vida concreta, quotidiana, na família , no trabalho, na atuação social e pol ítica. O jovem deve se construir como pessoa, formando sua consciência e esclarecendo sua fé , educando-se a si próprio para o amor. A construção da fraternidade passsa pela experiência comunitária. Atitude missionária é tanto intra-eclesial como extra-eclesial. A dimensão social da caridade leva ao exercício democrático da cidadania. A formação da consciência crítica deve ir junto à formação para a solidariedade. Um compromisso afetivo e efetivo com Cristo deve se traduzir num compromisso afectivo e afectivo com a comunidade social e eclesial. O jovem unifica as diversas e muito ricas dimensões de sua vida integrando-as dentro de um projeto maior: o estabelecimento do Reino de Deus : assim ele se constrói construindo o mundo. Daí as grandes perspectivas de toda pastoral da juventude: evangelizar com novo ardor (a "nova evangelização" de João Paulo li) testemunhando Jesus o Cristo em comunhão fraterna , na luz da evangelização, opção preferencial pelos pobres, no intuito de formar o Povo de Deus e de participar assim da construção dessa sociedade justa, solidária e pacífica que é o Reino de Deus pregado por Jesus. Fr. J.P. Barnel de Lagennest O.P.
6 - CM Março/92
VIDA DO MOVIMENTO
Em sua edição de dezembro/91 , a Carta Mensal noticiou brevemente o falecimento do querido Conselheiro Espiritual do nosso Movimento, o Pe. José Carlos di Mambro. Dentre os numerosos testemunhos que recebemos, selecionamos alguns para esta Carta.
PERMANECEM ... Partiu o Conselheiro Espiritual , o amigo , o companheiro, o sacerdote que, tendo compreendido de forma especial a vida e o <:arisma das EQUIPES DE NOSSA SENHORA, a elas dedicou-se com grande disponibilidade, energia e amor. Sentimos sua falta, mas a fé na comunhão dos santos nos faz pensá-lo gozando a presença de Deus , nos faz pensá-lo como nosso intercessor e entender que toda a sua obra permanece nas EQUIPES e na IGREJA, dando continuidade aos frutos de sua vida e do seu trabalho destemido e corajoso, fundamentados na fé e na experiência cotidiana. Um dos ensinamentos do Pe. José Carlos que muito nos marcou diz respeito ao Reino de Deus, que ele enfocava sob a perspectiva da vida. Para que se possa penetrar um pouco no mistério do REINO DE DEUS, CRISTO descreve nos Evangelhos , em parábolas , várias per~ectivas desse REINO e no discurso da montanha, relata-nos as atitudes de quem quer participar do REINO. De todas essas perspectivas, o Pe. José Carlos enfatizava que a vida é característica fundamental e sensível do REINO. Só Deus pode criar e dar vida e o REINO é o lugar onde toda a potencialidade da graça da vida é explicitada e aproveitada. Portanto, todas as vezes em que defendemos ou promovemos a vida, desde seus aspectos mais elementares e materiais até os aspectos mais complexos e espirituais, estamos defendendo ou promovendo o REINO DE DEUS. Tanto as atitudes de promoção da vida como as de defesa e as de denúncia eram constantemente vivenciadas pelo Pe. José Carlos, à frente de movimentos populares , nas paróquias onde trabalhou , nos contatos de rua na metrópole paulista e nos retiros , reuniões e palestras do nosso Movimento. Pe. José Carlos, na ECIR , motivou-nos e orientou-nos a realizar o discernimento. Ser continuador da pessoa de CRISTO , que ama radicalmente e oferece sua vida para libertar e salvar a todos ; ser continuador de CRISTO
CM Março/92- 7
propondo seu REINO de vida, verdade e justiça, é colocar-se como louco e utópico frente à mentalidade do ego ísmo e do poder. As razões de DEUS são loucura para os homens! Para ultrapassar esse impasse, abrimo-nos em comunidade ao Espírito Santo e lhe pedimos a graça da sabedoria que dirige o discernimento . Iluminados pelo Espírito, fundamentamo-nos na fé e usamos todo o conhecimento humano para ler a realidade dos fatos e das pessoas, libertos de preconceitos . Fazemos o discernimento dialogando entre os irmãos e com o Pai. Estudo, sentimento e oração sucedem-se no processo de discernimento, que deve ser contínuo em nossas comunidades . Encontramos caminhos e definimos metas, revisamos essas posições adequando-as a cada momento e a cada situação, sem perder as raizes e a perspectiva histórica. Instruída pelo Pe. José Carlos, a ECIR tem procurado realizar seus serviços em contínua atitude de discernimento, a partir da vocação e da missão que DEUS PAI oferece às EQUIPES DE NOSSA SENHORA . Refletir sobre os trabalhos quePe. José Carlos realizou conosco leva-nos a lembrar sua pessoa sempre corajosa e fraternal. Seu rosto corado, destacando dois olhos muito vivos, sublinhava cada sentimento, cada emoção e cada esperança, que ele expunha com palavras muito claras e concretas . Eram palavras profundamente elaboradas pela sua inteligência, mas que tinham sempre como fonte o seu coração . A vida, o exemplo e a fé do Pe. José Carlos permanecem. .. Beth e Romolo pela ECIR.
OBRIGADO PADRE JOSÉ CARLOS Junho de 1991 . Tínhamos sido empossados no cargo de Responsáveis pelo Setor das E.N .S. de Bauru e Pederneiras . O Setor ia bem , porém queríamos introduzir alguns temperos no seu funcionamento. Ouvíamos falar de um Setor muito atuante que era o de São Carlos . Combinamos com seu CR e partimos para lá; nós e Padre Jonas. Encontramos com Olguinha e Toninha e posteriormente com o Conselhei ro Espiritual daquele setor, Padre José Carlos de Mambro. Conversamos bastante. Trouxemos de lá entre outras coisas o Concurso Bíblico e as tarefas anuais que animavam as equipes a um trabalho comunitário em equipe. Finalmente , trouxemos uma riqueza imensurável que foram as orientações e conselhos de Padre José Carlos. Ele dizia, repetindo o Manual do Casal Responsável de Equipe : ninguém é obrigado a entrar ou permanecer nas ENS, e acentuava: "a liberdade é o maior presente que recebemos de Deus. Devemos usá-la".
8 - CM Março/92
Pudemos conviver com Padre José Carlos nos Encontros Nacionais, nas reuniões da ECIR com os Regionais, além de 3 retiros em Marília, Araçatuba e Bauru. Lembramos de alguns de seus pensamentos. Citando Abraão, disse: "a maioria dos cristãos (e equipistas) tem a tendência de instalar-se. Porém, temos que experimentar o Deus do Êxodo, com alegria; que nos pede mudanças. Morrer um pouco; vocês não são equipistas para realizar os Pontos Concretos de Esforço. Isso é um meio, para se chegar a um fim ao seguimento de Jesus; para ser santo. E santidade se reduz a uma atitude: viver o amor a Deus e ao Próximo. O bom equipista não é o que busca Cristo na reunião, mas aquele que com sua vida leva o Cristo para ela". "Ter um padre na reunião é uma graça de Deus, quando tantos leigos não o tem. A quem muito se dá muito se pede. Qual tem sido nosso retorno para a Igreja?" "A contribuição dos equipistas é preocupante. (1 dia de trabalho por ano, dividido por 8 ou 10). A parte mais sensível dos equipistas é o seu bolso. Os equipistas que contribuem mais honestamente são os da favela. Os outros, a grande maioria são sonegadores". "Não se entende discussões sobre número ou invocações de uma equipe. Os títulos teológicos de Nossa Senhora são: mãe de Deus e mãe da Igreja (definição dogmática); É sempre Maria não importando onde tenha sido visualizada". "Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho. O equipista que não se preocupa com a vida da Igreja, trai o seu Batismo. Preocupar-se com a Igreja é assumir tarefas e assumir as linhas de pastorais". "Na partilha, colocamos o ponto concreto que mais me ajudou a crescer. Qual o que menos me ajudou e que sinto maior dificuldade. Por que. De quem preciso ajuda (da equipe, de um casal, do Conselheiro Espiritual) e de que tipo de ajuda eu preciso. É para gerar atitudes novas. Esse é o momento mais importante da reunião, porque a partilha de um ajuda a todos. Eu devo prestar atenção porque meu irmão é importante. Os Pontos Concretos de Esforço são meios que fazem parte da espiritual idade cristã. São exercícios para chegar a Deus". Padre José Carlos dizia que no fim da vida o cristão quando chegar no céu poderá se deparar com 3 situações: 1ª) muitas pessoas que você canonizou aqui na terra não estarão lá; 2ª) estarão lá porém, muitas pessoas que você aqui na terra, mandou para o inferno; 3ª) talvez não haja lá lugar para você. Padre José Carlos amou o movimento e o serviu até as últimas conseqüências. Ele era realista, às vezes duro, porém sempre sincero e paradoxalmente dócil. Teremos sempre em mente suas palavras, seus pensamentos, suas CM Março/92 - 9
orientações e seu jeito simples de abordar nossos sérios problemas sociais e cristãos . Deus já o acolheu em seu Reino. A nós a gratidão ao Senhor pelo privilégio da convivência com Padre José Carlos de Mambro. Neusa e Orlando Equipe- 12 Bauru/SP
TRECHOS DE UMA CARTA ... enviada por Yrajá e Geraldo, da Equipe 1 de Bragan ça Paulist a/SP ao Pe. José Carlos, poucos dias antes de seu falecimento.
Estamos convencidos , Pe. José Carlos , de que existe uma missão atrás do sofrimento e que Deus confia essa missão aos que são mais generosos e bons, como o senhor. Ao estudar, este mês , o tema da Reunião de Equipe , que versa sobre os Sacramentos , deparamos , a propósito , com a questão do mistério da dor. Diz o autor, Pe. José Bartolini , no livro sobre o assunto , que "é preciso colocarmos a fé diante do mistério da dor. Devemos passar a crer que Deus confia a certas pessoas a missão de sofrer para que outros tenham forças e coragem em lutar pelo bem ; para que outros tenham saúde, a fim de sustentar a família, a comunidade". Conforta, sem dúvida, pensar que, no místico universo da comunhão dos santos , alguns são vocacionados a carregar as dores de muitos , para que estes possam sustentar a família e promover a comunidade. Recordamos , com satisfação, ao ensejo, os tesouros espirituais que o senhor tem deixado aos equipistas, ao longo de anos e anos de dedicação ao Movimento. Nós , especialmente, não esquecemos a atenção que nos deu , quando aflitos o procuramos, por ocasião do último EACRE, em Nova Veneza, e recebemos do senhor valiosos conselhos , que nos orientaram na educação de nossa filha.
1O - CM Março/92
REFLEXÃO
Continuação das reflexões sobre o casal cristão que a Carta Mensal vem publicando desde outubro de 1991 .
NÓS NOS AMAMOS CARNALMENTE "Eu sou para o meu amado objeto de seus desejos' . Cântico dos Cânticos 7,11
Nesta quarta reflexão, sugerimos ao casal examinar como está vivendo sua relação carnal: - Dando-lhe um lugar certo, mas tendo a plena consciência de que ela é uma linguagem a serviço do amor (e não um absoluto) e ligando-a aos outros aspectos (psicológico e principalmente espiritual) da nossa união. - Não esquecendo que a maioria das crises conjugais tem origem numa relação carnal mal vivida e que o desabrochar dos esposos é a primeira finalidade do casamento. - Nesse campo, procurar dar importância ao nosso papel de testemunhas do amor verdadeiro num mundo onde a vida sexual, freqüentemente é vista ou como um fim em si mesma, ou pervertida, ou mesmo banalizada. As questões relativas à fecundidade serão examinadas numa próxima reflexão. Nosso tempo hoje será consagrado essencialmente à relação carnal. Sendo único, cada casal deve responder a essas questões voltando-se para si mesmo a fim de preparar sua reflexão. Insistimos em quatro pontos: - A união carnal é o modo mais completo e mais perfeito de expressão do amor. Sob esse prisma, pode-se dizer que ela é o elo do sacramento do Matrimônio a tal ponto que este Sacramento é nulo caso não haja sua consumação. Essa união atinge o nosso ser profundo. Ela pode e deve contribuir para nos levar à felicidade mais profunda. - É no domínio carnal que as diferenças homem/mulher- maravilhosas em si mesmas porque fontes de nossa complementariedade e de nosso desabrochamento - são mais evidentes e, freqüentemente, mais desconhecidas. Daí podem advir possibilidades de desencontro e incompreensão entre os esposos. - A harmonia carnal é uma construção permanente; ela exige sempre a duração e, às vezes, uma longa paciência. - Paradoxalmente parece que, sobre esse assunto, o diálogo entre o casal
CM Março/92 - 11
seja relativamente raro e superficial. A reflexão sobre esse assunto será útil e oportuna. Texto de reflexão ... " O corpo humano originalmente masculino e feminino não é somente fonte de fecundidade , de procriação mas , desde sua origem , tem um caráter conjugal: ele possui a capacidade de exprimir o amor através do qual o homem {como pessoa) torna-se dom e confirma, deste modo, o sentido profundo do seu próprio ser e de sua existência. Por esta particularidade, o corpo é a expressão do espírito e, no mistério da criação, ele é chamado a existir na comunhão de pessoas à imagem de Deus" . João Paulo 11 23/07/1980 Perguntas {N.B .- Primeiramente procure o casal responder juntos às perguntas; depois escolham algumas para troca de idéias na sua equipe {talvez- por exemplo- estudá-las na reunião preparatória e levá-las à reunião mensal) . Importante : Esse tema implica em uma transparência total do casal. Exige entretanto muito discernimento para a troca de idéias em equipe pois a reunião não deve nem tocar, nem violentar a intimidade dos casais e muito menos machucar aqueles que poderiam estar atravessando momentos difíceis. Seria interessante conseguir pessoas abalizadas {psicólogos, médicos ... ) para animar esse tema na reunião .) - Estamos convictos de que nossa união carnal é fonte de alegria, de crescimento e também um modo de relação privilegiado, porque foi criada por Deus? - Temos consciência de que ela seja uma linguagem, uma manifestação do amor e não um fim em si mesma? - Procuramos, em primeiro lugar o desabrochar do outro? - Temos coragem de tratar desse assunto francamente? - Cuidamos para que nossa relação se dê num clima afetivo e psicológico propício, tentando evitar a rotina? - Estamos atentos às necessidades, aos apelos (manifestados ou não) daquele que amamos? - Pensamos em fazer um paralelo entre nossa relação carnal e nossa vida espiritual? Por exemplo, agradecer a Deus após o ato de amor? - Se temos a chance de ter vida feliz e harmoniosa, que fazemos para mostrar ao mundo (com a discreção desejada) a boa nova da sexualidade vivida cristamente? - Se, ao contrário, temos dificuldades, procuramos os meios para sanar tais problemas? Quais? - No domínio sexual, deixamo-nos influenciar por certas mensagens
12 - CM Março/92
veiculadas pela mídia? (a relação carnal é específica de cada casal, por isso não pode haver modelo) - Buscamos ajuda na equipe? -Que tipo de ajuda esperamos do Movimento? Texto para meditação ... "Não lestes que o Criador, no começo, fez o homem e a mulher e disse: Por isso o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher; e os dois formarão uma só carne? Assim, já não são dois, mas uma só carne. Portanto, não separe o homem o que Deus uniu". Mt19,4-7
Esforço proposto para o mês Que o diálogo conjugal seja feito revendo o aspecto carnal da nossa vida a dois e qual a ligação que fazemos entre o carnal e o espiritual. Algumas flores "Se disséssemos que a "erótica" é coisa boa, diríamos muito pouco. A erótica é coisa santa. uma força criadora maravilhosa em nós ... Só assumida e integrada no total do ser humano a erótica revela-se boa e bela. Todos sabemos como alguém se torna querido para o coração que ama. Descobre-se e desperta-se a atração do outro. Algo de infinito transparece no amado . Algo que convida a entregar-se a ele ou a ela, sem reservas . Isso não é ilusão. Os olhos abrem -se para a beleza que existe realmente. Em nossa apreciação do mundo, entram em jogo muito mais tendências eróticas do que geralmente pensamos . A fonte e o vértice disso é o amor entre homem e mulher. Dar-se totalmente é dar-se para sempre. Não se trata pois, como no mundo dos animais , de dar e receber corporalmente para, logo depois , seguir cada um o seu próprio caminho e nunca mais se encontrar .. . Trata-se de dois seres humanos, homem e mulher, que querem ser um do outro, totalmente e para sempre" . A palavra erótica é usada para designar a sexualidade total, em todas as suas facetas : corporais , psíquicas, etc. O Novo Catecismo, página 443
"Meu bem amado disse-me: levanta-te, minha amiga, vem formosa minha! Eis que o inverno passou, cessaram e desapareceram as chuvas. Apareceram as flores em nossa terra, voltou o tempo das canções. Em nossas terras já se ouve a voz da rola.
CM Março/92- 13
A figueira começa agora a dar seus figos e a vinha em flor exala seu perfume. Levanta-te, minha amada amiga, E vem comigo, formosa minha! Minha pomba, oculta nas fendas do rochedo, e nos abrigos das rochas escarpadas, mostra-me o teu rosto, faze-me ouvir a tua voz. Tua voz é tão doce, Tão delicado o teu rosto!'
Cant 2,10-14 "Reconhece-se o valor de alguém pela intensidade do seu amor; sua personalidade tem a dimensão do seu amor e a força de sua generosidade". P. Monier
14- CM Março/92
SEXUALIDADE
A LINGUAGEM DO CORPO Carlo e Maria Carla Volpini Equipe 25 - Roma (da Carta das ENS da Itália, Março-abril1991}
Caminhar, gesticular, fazer caretas, sorrir, mostrar os punhos, bater palmas, levantar os olhos ao céu, olhar direto nos olhos .. . são gestos cotidianos que definem comportamentos expressivos através dos quais realizamos , sem pronunciar palavra alguma, a mais fundamental função de nossa vida: a comunicação com os outros. Muitas vezes a nossa comunicação sem palavras é até mais expressiva que um monte de palavras. Esta constatação simples e banal deve, todavia, abrir-nos a porta para aprofundar nossa reflexão: - Quanto estamos conscientes da nossa linguagem "não verbal"? Como usamos este modo especial de comunicação? De que forma tornamos rico e adulto nosso vocabulário corpóreo? De que modo, principalmente na nossa vida de casal, desenvolvemos esta linguagem? Por muito tempo vimos o corpo ser colocado em oposição ao espírito, crendo que a única maneira de viver espiritualmente fosse anulando o corpo. Espírito e matéria, sagrado e profano: realidades cotidianas da nossa existência vistas como dualismos excludentes , marcando entre elas uma oposição, criando o objetivo de fazer prevalecer os primeiros sobre os segundos conceitos. As reflexões que estamos fazendo nestes últimos tempos nas ENS, sustentadas por um caminho teológico levado agora adiante pela Igreja, nos está conduzindo- aos poucos - ao reconhecimento de quão longe de Deus estava esta nossa vontade de suprimir a parte mais material, mais corporal e mais profana dos nossos seres: Como podíamos pensar que um Deus que se encarnou na nossa realidade de homens, amou, chorou e sofreu como um homem , quisesse para nós o contrário do que quis para si próprio? "Deus criou-os homem e mulher e os abençoou ... à imagem de Deus os criou', "E ambos estavam nus, Adão e sua mulher e contudo não se envergonhavam'. Estas palavras , do início da narração bíblica, devem se tornar o início de nosso caminho como casal pois aí está bem clara a diversidade da sexualidade dos seres : homem e mulher, na igualdade da humanidade de ambos , postos sobre o mesmo plano na semelhança com Deus. A sexualidade expressa do nosso ser homem ou mulher torna-se assim CM Março/92- 15
ela propna uma imagem de Deus e não devemos temer dizer isto. Devemos temer é não crescer, por medo, no conhecimento desta realidade específica dos casais . Também aqui, como em todos os aspectos do nosso caminho permanente para nos tornarmos um casal, é necessário que nos coloquemos em posição humilde, de disponibilidade recíproca para aprender a linguagem dos nossos corpos. Trata-se de fato de uma linguagem à qual, talvez, não estejamos habituados; uma linguagem única e exclusiva de cada casal e que cada casal deve aprender a falar; é uma linguagem não verbal e portanto mais difícil de compreender mas, certamente, mais rica, mais sutil, mais profunda ... é feita de um olhar capaz de penetrar, de uma carícia capaz de tocar o fundo do coração, de um abraço capaz de "envolver", de um desabrochar capaz de sustentar e dar vida. É difícil aprender esta linguagem! Quantas reservas, quantas dúvidas, quantas diferenças antes de nos sentirmos verdadeiramente livres, prontos a nos deixar tomar um pelo outro em toda nossa intimidade de sensações e de emoções! Mas se a verdadeira comunicação entre duas pessoas só se realiza através desta relação , devemos nos perguntar qual a comunicação profunda que somos capazes de viver através da relação "Eu - Você" masculina e feminina dos nossos corpos. Deus próprio viveu primeiramente esta relação que nos deu , porque Deus é trindade, isto é, uma realidade de amor na relação entre o Pai e o Filho e o Espírito Santo. É uma relação de alegria : Por que então negar que a nossa relação deva poder conter esta mesma alegria? Devemos portanto ver a sexualidade como uma possibilidade de realizar a imagem de Deus no desenvolvimento de um relacionamento profundo que atua através da nossa corporeidade. Para nós, pessoalmente, foi este , no desenvolver-se de nosso matrimônio, um caminho que nos envolveu a ambos sempre mais , pois fomos compreendendo cada vez mais que afinando e aprofundando a linguagem dos nossos corpos, estávamos afinando e aprofundando a nossa comunicação e assim consegu íamos criar uma realidade amorosa única e específica , só nossa ... um tipo de alegre cumpl icidade conosco mesmos! Se é no corpo que pulsam e se manifestam as sensações mais profundas , tomam forma os sentimentos , ganham vida os ideais é então com o corpo que devemos falar, nos comunicar e nos encontrar. Da mesma forma que acolhendo a Eucaristia não nos limitamos a acolher só o Pão, só o Corpo de Cristo mas todo Ele que nos penetra, com sua Palavra, sua Mensagem , com .sua Vida, igualmente quando realizamos o encontro mais profundo que a experiência conjugal nos permite viver não é só um corpo que acolhemos, mas toda sua vida, todos os seus gestos , 16 - CM Março/92
todos seus sentimentos. Parece-nos 'que nesta dimensão a linguagem corpórea não verbal adquire um grandioso significado e que "projetar a sexualidade" de maneira permanente para realizar uma profunda e única relação "eu e você", seja o fundamento deste projeto de vida conjugal que estamos sendo chamados a fazer nascer a todo instante.
CM Março/92 - 17
REFLEXÃO
ENTRE DOIS AMORES Nós, cristãos modernos, cremos com firmeza que Deus é amor e o proclamamos "urbi et orbi", por todos os meios escritos e falados. Realmente, porém, chegamos a compreender a profundidade do que proclamamos? Ora, para alcançar tal compreensão é preciso entender o que é o amor de Deus, essencialmente diverso do amor humano, com o qual, geralmente, confundimo-lo, em nossa lógica sempre imperfeita. Há, em verdade, uma diferença conceitual em seus fundamentos, cuja análise é imprescindível efetuar, remontando, para tanto, aos mestres gregos, fundadores de nossa cultura filosófica. Para estes, o amor é concebido como uma aspiração, por meio da qual o menos perfeito tende ao mais perfeito. O amor, assim concebido, necessita da coexistência entre a imperfeição do amante e a perfeição do amado, seja esta suposta ou efetiva. Assim, amamos o belo, ideal da perfeição, por exemplo, e esse amor, comforme o expressam Empédocles e Platão, é o que liga cada coisa com as demais, resultando sua falta na discórdia e na confusão. Torna-se evidente que o amor de Deus- o "fogos', o ser perfeito, essência de todas as coisas- há de ser diverso do amor concebido segundo o ideal grego. De fato, o amor de Deus parte do perfeito para o imperfeito, emana, transborda de si mesmo, resultando que, tal como é, tem o poder de conduzir à perfeição os seres imperfeitos que somos. Ressalta ao olhar que o amor humano é sentimento , enquanto aspiração ao perfeito, ao passo que o amor de Deus transcende o sensível, irradiando sobre a criatura humana a essência da vida- "a água viva da qual quem beber não conhecerá a morte'. Não sendo, o "amor de Deus" , sentimento, é evidente que tambél)l não poderá transmudar-se em compaixão, muita vez envolvida em mera pieguice, forma por demais encontrada em nosso comportamento. E isto pela razão muito simples de que a compaixão pressupõe que seu objeto seja merecedor de justiça, sob algum ângulo merecida, enquanto o "amor de Deus" é espargido sobre aqueles entes que Deua ama, sejam ou não merecedores. A diferença está, pois , nos próprios fundamentos conceituais , mas disto muitos cristãos não se apercebem , resultando conceberem "aquele que é", como simples pai ou mãe-coruja, d'Eie esperando preferências que,
18 - CM Março/92
se concedidas, reduzir-No-iam, de sua grandeza de ser inigualável, a dimensões meramente humanas. O amor de Deus não somente criou o homem como o eleva, ilumina e vivifica, no caminho da eternidade. Seria então, impossível a nós, seres humanos, alcançar, em sua plenitude, o amor de Deus? Por nós mesmos, sim, porém Cristo, vindo ao mundo, lançou a ponte entre os dois amores. O Messias, homem por inteiro, amou como homem, a João, a Madalena, aos familiares de Lázaro, sem deixar de indicar-nos o caminho do verdadeiro amor, aquele vindo do Pai, quando, em uma de suas exortações, tão cheias da verdade, ensinou ser preciso "nascer de novo" para atingir a plenitude da vida eterna. Para amar como Deus é preciso, pois, "nascer de novo", nascer em Cristo, quando nossos pais, nossas mães, nossos irmãos, serão aqueles que nEle vivem, não, necessariamente, aqueles a quem nos ligam laços de sangue ou de amizade. Nascer de novo é ser capaz de amar a seu inimigo, é ter a coragem de, por amor, exercer a "correição fraterna", mesmo à custa de não ser compreendido, até por nossos próprios filhos, é, por fim, perdoar a quem nos ofendeu, como o próprio Jesus ensinou. O amor de Deus é infinito, e pode, como disse o padre Lebret, "crescer sempre" em nós, até que faça desaparecer, em nossos corações, o mal, posposto ao perdão. Como podemos chegar a Deus, se o nosso perdão é sempre limitado por um mal? Como podemos chegar a Deus , se somos incapazes de, em nosso íntimo, fazer as pazes com nosso irmão desavindo? Como podemos chegar a Deus se tudo aceitamos, todas as iniqüidades, quando o próprio Cristo nos acicata, proclamando que" não veio ao mundo para trazer a paz, mas sim a guerra - pais contra filhos, filhos contra pais, irmão contra irmão", se nos encastelamos num amor de sentimento, acovardados perante os descaminhos que nos cercam? Como podemos chegar a Deus se não somos capazes de repetir as palavras de Cristo: "vai e não peques mais', escondendo-nos da responsabilidade que nos cabe, sob a alegação de que não nos é dado julgar, quando não se trata de julgar, mas simplesmente de constatar os descaminhos, as transgressões à vida cristã, que apodrecem e destroem a vida familiar, a sociedade e as nações? Somos até mesmo incapazes de um "me a culpa". Senhor, perdoai-nos , não como nós perdoamos a nossos devedores, pois somos incapazes de fazê-lo , mas porque sois infinitamente bom.
CM Março/92- 19
Ajudai-nos a "nascer de novo", pois só por tuas mãos é possível que sejam redimidas nossas falta, raízes desse mundo vergonhoso em que estamos mergulhados, cujo fundo lodoso parece não ter limites, porque não fomos capazes de amar nosso próximo, como nos ordenaste, porque nem mesmo amamos a nossos cônjuges, abandoando-os sob os mais diversos pretextos, porque deixamos de legar a nossos filhos uma herança de vida familiar cristã, abstendo-nos de lhes mostrar o caminho traçado pelo Cristo, como se fora possível lançar a sua cruz, à beira do caminho. Senhor, fazei que o nosso amor humano cresça em nós até que, pelo enlevo de nossas almas, aproximemo-nos da perfeição que é o "amor de Deus"; que, ao findar de nossa passagem pela Terra, possamos clamar, como Paulo: "combati o bom combate"; e que, por fim , redimidas nossas faltas, possam nossos filhos e netos testemunhar, dizendo- "vejam como eles se amararrl'. Blanche e Lauro Equipe 48 São Paulo/SP
20 - CM Março/92
FORMAÇÃO
SACRAMENTOS SÓ TÊM SENTIDO, SE ... Fique bem claro como primeira conclusão prática da pastoral sacramental: receber sacramentos só tem sentido em nossa vida, na medida em que Cristo, seu Evangelho e sua Igreja têm sentido em nossa vida. Assim como só tem sentido eu guardar e estimar uma lembrança, um presente mesmo materialmente sem valor, na medida em que estimo e amo a pessoa que me deu a lembrancinha, o presente. Pois os sacramentos são sinais do amor, da amizade, da presença de Jesus Cristo em nossa vida. Sacramento não é só uma presença ritual , formal. Que sentido tem recebermos só ritualmente o Cristo, para "cumprir uma lei, uma tradição, um costume", se depois, durante nossa vida familiar, social, política, ele não representa nada, nem "damos bola" para esse Cristo? Que sentido tem, por exemplo, receber a comunhão eucarística uma vez por ano, somente para cumprir legal e tradicionalmente o "preceito pascal", se depois, durante o ano todo, o "comungante" vive vomitando esse mesmo Cristo na vida particular, na vida familiar, social, política do dia-a-dia? Comungar na "Páscoa" por que, se durante o resto do ano Cristo, sua Igreja e Plano não me dizem nada? Se os critérios cristãos não são os critérios que orientam a vida? Que adianta comungar, "engolir a hóstia", se não me sinto compromissado com o plano de Deus, se o Evangelho com sua mensagem de justiça e fraternidade nada me dizem? Que sentido tem, por exemplo, "casar na Igreja", se os dois nubentes "nem estão aí" com as exigências de Cristo e da Igreja quanto à vivência desse sacramento do matrimônio? Tem sentido "casar na Igreja", receber o sacramento, quando a preocupação não é o sentido cristão do matrimônio? Se a preocupação é talvez tão-somente de dar uma satisfação à "society", à tradição da família ou ao aparato da cerimônia? E quanto casamento, por aí afora, sem sentido nem validade sacramental nenhuma, pura exterioridade, palhaçada, faz de conta .. . Que sentido tem? Chega. Deu para entender, não? Deu para entender que, agindo com tamanha incoerência, estamos preocupados mais com o "significante" (o sinal festivo, legal) e nos esquecemos do "significado" (o sacramento, a graça, Cristo)? Lembre-se, para você transmitir na sua aula de catequese, meu irmão, minha irmã: só tem sentido receber um sacramento na medida em que Cristo tiver sentido na sua vida. Um presente, uma lembrança, um sinal, um sacramento-sinal, tornam presente a pessoa querida e amada; se isso não acontece, se isso não me interessa, que sentido tem eu receber e acolher esse sinal no caso, o sinal-sacramento? Pe. José Ribolla (Em O DISCÍPULO - Ano XIII- nº 65- 1990)
CM Março/92 - 21
EDITORIAL
OS GANSOS DO CANADÁ Existe na Bíblia um verdadeiro "zoológico". Seria por demais longo enumerar todos os animais que aí desfilam, não apenas para entrar na arca de Noé, mas para percorrer com os homens as etapas da História Sagrada. Alguns há que só têm um papel episódico, como aqueles cachorros ou macacos que figuram em quadros famosos a título de decoração. Como, por exemplo, o cão de Tobias , que agita o rabo (pelo menos na versão da Vulgata) . Outros são personagens bíblicas de verdade ou ao menos desempenham efetivamente um papel. A começar pela serpente do Paraíso terrestre , que pregou uma peça tão desatrosa em todos nós! Há o corvo e a pomba que No é envia em escoteiro para "apalpar o terreno", ao pé da letra. Há o carneiro que aperece no momento adequado para lsaac e é sacrificado no seu lugar. Há o bode expiatório, que se perseguia após ter sido carregado com os pecados do povo . Há o jumento de Balaan que de repente começa a falar e a dar uma lição ao seu senhor. Também no Evangelho , os animais têm a sua parte. Não estou falando do boi e do burrinho de Natal, que só existem num evangelho apócrifo. Mas não podemos esquecer a ovelha perdida que volta, na alegria , nos ombros do pastor. E não quero mencionar aqui o símbolo do Espírito Santo (um vôo de pombo) que é de uma ordem diferente. E nem falemos do Apocalipse! Os animais, no Evangelho, aparecem sobretudo como símbolos do comportamento dos homens . Veja-se Herodes , "aquela raposa" , como diz Jesus . Ou o camelo, que deve passar pelo buraco de uma agulha. Quando o Senhor envia em missão os 70 disc ípulos , ele os previne: "Eis que vos envio como cordeiros no meio de lobos" . E convida-nos a termos a prudência da serpente e a simplicidade da pomba. E a lista não tem fim . Nas ENS, temos também o nosso zoológico . Num editorial passado, retomando uma idéia do Cardeal Danneels , eu mesmo convidava vocês a serem como as trutas e os salmões. Sabem , aqueles peixes não-conformistas , que em vez de se deixar tranquilamente levar pelas correntes mais fortes , fazem questão de nadar contra a correnteza. A sua idéia é de subir até a fonte , para encontrar a água pura das origens. Para nós, a água da fonte é a Palavra de Deus - somos convidados a voltar a beber dela todos os dias. É também nossa Carta, portadora do
22 - CM Março/92
carisma original ao qual queremos permanecer fiéis. Devemos saber encontrar nela o frescor que, por exemplo, as equipes novas alí descobrem. Fiquei emocionado pelo testemunho de algumas dessas equipes num recente encontro de fim de pilotagem . A fonte de água viva continua existindo. Gostaria de complementar a lista de nossos símbolos e propor a vocês um outro nome de pássaro ... Num de seus filmes recentes , Woody Allen, que é um cineasta genial , põe na boca de uma de suas personagens esta frase curiosa: "Hoje, só os gansos do Canadá e os católicos ainda praticam a fidelidade conjugal ". Portanto, caros amigos , não sejam somente trutas ou salmões, mas também gansos do Canadá! Fr. Bernard Olivier, o.p.
CM Março/92- 23
CARTA DA EQUIPE RESPONSÁVEL INTERNACIONAL
Caríssimos Amigos das Equipes, Escrevemo-lhes para anunciar uma grande notícia que nos enche de alegria por antecipação, pois supõe o reencontro com tantos bons amigos e porque é, para a grande fam ília das Equipes, a melhor oportunidade para aumentar e viver a Comunhão. Estamos falando do 7º Encontro Internacional das Equipes de Nossa Senhora, que será realizado em Fátima (Portugal), de 18 a 25 de julho de 1994. POR QUE FÁTIMA? Vocês já sabem das dificuldades logísticas que se encontra numa cidade grande como Roma para um Encontro de mais de 5.000 pessoas, que exige deslocamentos diários em meio a um trânsito caótico. Este inconveniente teve um peso maior na decisão do que a indubitável atração universal e simbólica que Roma tem . Vocês também sabem que o último Encontro Internacional, e outros anteriores, tiveram lugar num santuário mariano muito querido por todos nós, o de Lourdes. O significado da figura de Maria nesses Encontros nos levou a procurar um outro local marcado por sua presença. Na última reunião da ERI com as Super-Regiões e as Regiões Isoladas, em Washington (julho de 1991), quando finalmente a decisão sobre a data e o local foi tomada, a proposta de Fátima teve uma receptividade quase unâninme, apesar do desafio que representa. Até agora, foram sobretudo as Equipes francesas, com sua grande generosidade, disponibilidade e experiência, que carregaram sobre os ombros todo o peso e toda a complexidade de uma organização deste tipo ... e todos nos lembramos com admiração de sua dedicação e eficiência. É talvez chegado o momento para um outro país ousar assumir o bastão, sabendo, naturalmente, que pode contar com a colaboração desses "peritos", que já se ofereceram para ajudar. Aproveitamos esta carta para agradecê-los de coração. Agradecemos também às Equipes portuguesas que acolhem pela primeira vez um Encontro desta natureza. POR QUE O MÊS DE JULHO? Os Encontros têm sido realizados normalmente em setembro e por vezes em maio, meses em que o clima seja talvez mais favorável. Julho é pleno verão na Europa e vai fazer calor. Devemos organizar o Encontro de forma a evitar as piores horas do dia, com reuniões gerais bem cedo pela manhã ou em fim de tarde, e reuniões de equipe assim como horas de descanso e de troca de idéias no meio do dia, sem sair dos hotéis. Por outro lado, se ficássemos com os meses de maio ou setembro, um
24 - CM Março/92
importante e querido grupo de equipistas , os que são ligados ao ensino, teria, como das outras vezes , muita dificuldade para participar. Em julho, as férias escolares permitem a presença não somente dos professores do hemisfério norte, mas também os do sul que, na maioria, dispõem de algumas semanas de férias nesse período . E ainda, tendo em vista as férias escolares, é um mês que deixa a porta aberta para a eventual participação dos filhos . Tudo isso dependerá das possibilidades de acampar, da organização geral , etc. , que pouco a pouco vamos estudar. Por enquanto, devemos todos reservar estas datas nas nossas agendas , para organizarmos nossas férias e nosso trabalho profissional adequadamente. UM ENCONTRO Não vamos aqui partir para uma exaustiva explicação do que significa um Encontro desta natureza. Para aqueles que já participaram , representa uma lembrança inesquecível. Se devessem explicar aos outros o porquê, haveria certamente uma grande diversidade de respostas : a verdadeira descoberta do sentido do Movimento, uma experiência universal de Igreja, uma atitude de auxílio mútuo e de amizade com casais de outros países e de outras culturas , um encontro em profundidade ao nível do casal , um tempo forte de conversão pessoal ... etc . Que mais poderíamos acrescentar? Sem sinais , sem ritos , um amor morre. Sem celebração, um amor definha. Um Encontro Internacional, antes de mais nada, é um Rito , um Sinal, uma Celebração deste amor do Senhor, deste amor dos membros do Movimento entre si , para com a Igreja e para com o mundo. Um Encontro deve ser - e é - cheio de sinais : a caminhada, a liturgia, a música, as celebrações comunitárias , a noite de adoração, etc ... Quando o Encontro terminou , é sobretudo desses sinais que nos lembramos . Sem comun icação, sem diálogo, um amor não cresce. Uma Reunião Internacional é também esse momento de vivência do Encontro, do Aux ílio Mútuo e da Comunhão, entre os casais, entre as equipes do Movimento, que se torna fonte de comunhão na família , na Igreja e no mundo. Por isso, as reuniões de equipe, o dever de sentar-se, o sacramento da reconciliação ocupam um lugar privilegiado. Aquele que nos chamou primeiro a este amor, a esta comunicação, é o Senhor que nos espera na sua Palavra, nos seus Sacramentos , na Natureza, nos Irmãos, que espera que nos conformemos à sua vontade. É por esta razão que todo Encontro é também um tempo de Oração , de Escuta, de Contemplação, de Discernimento. COMO PREPARAR O ENCONTRO? Os Encontros não são um parêntesis na vida do Movimento, que se poderia pular, como se pula parêntesis num livro, por não serem essenciais para a história. O Futuro do Movimento forma um todo. CM Março/92- 25
Desde a Segunda Inspiração, temos aprofundado o sentido do Casal, especialmente o da Sexualidade , no intuito de prestar um serviço aos jovens casais e à Igreja; temos também procurado entender melhor a mística dos pontos concretos de esforço e da partilha e estamos no processo de renovar toda a nossa pedagogia. Mas ainda resta muito a ser feito: abre-se diante de nós um novo Projeto do Movimento que vai englobar alguns anos . O 7º Encontro Internacional será com certeza um tempo forte de Comunhão, mas o Projeto do Movimento o supera, porque não se trata somente de preparar o Encontro com um tema de estudos nem de vivenciá-lo no local como uma proposta de formação concreta, nem sequer de vê-lo como um ponto de partida para uma missão. O Projeto do Movimento, que começa antes do Encontro e continua depois, quer ser, com base nas necessidades detectadas, uma proposta de Renovação de Vida para os membros das Equipes , um espírito de fecundidade do casal e da família, num sentido amplo. Possa o Espírito de Senhor encontrar-nos desde agora abertos e dóceis à sua inspiração, profundamente decididos a responder ao apelo de santidade específico do Movimento e aplicados, cada vez mais, num esforço contínuo para a realização da vocação que é a nossa. Álvaro e Mercedes Gomez Ferrer
26 - CM Março/92
ESCUTA DA PALA VRA MARI A, EXPLICAÇÃO DE DEUS A Mãe não deixa de amar o filho porque ele é mau, não deixa de esperá-lo se está longe. Nada mais deseja senão reencontrálo, perdoá-lo, abraçá-lo, porque o amor de mãe é todo revestido de misericórdia. O amor de mãe está sempre acima de qualquer situação difícil ou condição dolorosa em que se encontra o filho ... Pois bem, se isto acontece com as mães da terra, pode-se muito bem imaginar o que é Maria. Mãe humano-divina do Menino-
Deus, Mãe espiritual de todos nós! Maria é mãe por excelência, o protótipo da maternidade, portanto, o protótipo do amor humano. Mas, já que Deus é o Amor, ela se nos mostra como a "explicação" de Deus, o livro aberto que explica Deus. Maria, por ser mãe divina, é a criatura que mais copia Deus e mais no-lo mostra. Chiara Lubich (in revista Cavaleiro da Imaculada)
VIRGEM QUE SOUBE OUVIR A imitação de Maria nos é sugerida por aquela sua atitude típica diante da vontade de Deus, resumida nas palavras do Evangelho: "Maria, contudo, conservava cuidadosamente esses acontecimentos e os meditava em seu coraçãd' (Lc 2, 19) . De fato, ela fazia do coração um paraíso das coisas divinas e a morada do Verbo encarnado e falado . Era Maria, aquela que , por carregar Jesus em seu seio, conservava a sabedoria em seu coração. Em outras palavras, toda sua atitude ancorava-se no Eterno. Comprazia-se em agir assim , porque era assim que meditava , fazendo do Verbo, carne de sua carne. Guardava cuidadosamente e assimilava as palavras da Sabedoria, e, à medida em que as ia meditando, compenetrava-se nelas a ponto de transformá-las no centro de sua vida. Tornou-se capaz de acolher Deus em si mesma, porque se acostumara a esvaziar-se de si para preencher-se do espaço do pensamento Dele. Mais tarde, seu Filho , na parábola do semeador, ensinará que o Evangelho, qual semente, frutifica como se estivesse em terra fértil, nas almas
CM Março/92 - 27
daqueles que, "tendo ouvido a Palavra com coração nobre e generoso, conservam-na e produzem fruto pela perseverança' (Lc 8, 15) . Por conseguinte , a meditação terá em vista a ação para o caminho, a verdade e a vida de Cristo. Um dia, enquanto Jesus falava, disseram-lhe que no meio da multidão encontravam-se sua mãe e seus "irmãos" que tinham ido vê-lo. Respondeu 'ele: "Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em práticéi'(Lc 8,21) . Desta maneira Maria se tornava duas vezes mãe de Jesus: primeiro, porque o havia gerado na carne e, depois, porque continuava a gerá-lo no espírito, ao traduzir em obras suas palavras, ao dar silencioso testemunho dEle às multidões, com sua própria vida. Atualmente, mais do que nunca, a Igreja insiste em recomendar a imitação de Maria mediante a escuta da palavra de Deus e a sua prática, a cada instante e em todas as situações. Com o primeiro ato, somos evangelizados; com o segundo, evangelizadores. O decreto sobre o apostolado dos leigos, promulgado pelo Concílio Vaticano 11, depois de definir a vocação dos leigos ao apostolado, enquanto participantes do "múnus sacerdotal, profético e real de Cristo", com atribuições próprias na Igreja e no mundo, mediante o exercício das virtudes religiosas morais e civis, afirma: "Modelo perfeito de sua vida espiritual e apostólica é a bem-aventurada Virgem Maria, rainha dos Apóstolos. Ela, enquanto vivia na terra uma vida igual à de todos, cheia de cuidados familiares e de trabalhos, estava sempre intimamente associada ao Filho, cooperando de um modo absolutamente singular na obra do Salvador. Depois de elevada ao céu, se empenha com amor materno pelos irmãos de seu Filho, que ainda peregrinam ... " Portanto, se ela é modelo para todos os vivos, todos, leigos ou não, estão em condições de prolongar a sua missão no .seio da humanidade, e de reproduzí-la em qualquer situação humana. Toda pessoa pode e deve imitar Maria. Isto quer dizer que se deve comportar de tal maneira que todo aquele que veja nossas ações, relembre Maria, ou a descubra. Tanto na antigüidade como no mundo descristianizado de hoje, por essa sua doação a todos, Maria tornou-se conhecida e popular, mesmo antes do cristianismo ser conhecido. E é o que acontece hoje, em muitas regiões da Ásia e da África, onde Maria possibilita o conhecimento de Cristo, suscitando um amor que prepara a conversão. Para o ensinamento da lei divina, Jesus nos deu o exemplo de sua vida, bem como os textos do Evangelho, tornando-os mais fáceis de serem compreendidos e divulgados com o exemplo de Maria. Vivê-los será exatamente viver como crianças : "Se não vos tornardes como estes pequeninos... ". E, para isso, basta agir como Maria, cujo modelo significa a libertação de tantas dificuldades, nascidas da fantasia e do medo, 28 - CM Março/92
porque ela colocou sua existência em Deus, e Deus é força, segurança, alegria e paz. Com efeito- diz Leão XIII na encíclica Magnae Dei Matris -,"em Maria a bondade e a providência divinas nos propuseram um modelo de todas as virtudes, inteiramente feito para nós, pois, ao contemplarmos Maria e suas ações, não ficamos ofuscados pelo fulgor da Majestade divina, porém, encorajados pela conjugação da natureza humana, comum a nós e a ela, o que nos impele à imitação". O pensamento do grande pontífice é claro. A imitação suprema é a imitação de Cristo, através do qual o homem deve tornar-se imagem e semelhança de Deus, até o último pensamento, até no gesto mais simples: "Sede perfeitos como meu Pai é perfeito", disse Jesus. Mas Deus é Deus, é o infinito; e Jesus, além de homem, é Deus. Como um homem pode imitar o homem-Deus? É justamente o que Maria ensina, ela que é, como nós, uma criatura humana. Ao imitarmos Maria imitamos Jesus. Ninguém pode eximir-se de seguir Jesus, justamente porque lá está Maria. Se nela se encontram os pobres, os operários, as donas de casa, os doentes, os velhos , nela se encontram, com a mesma facilidade, os doutos, os cientistas, os homens de Estado. Basta pensarmos em Bernardo de Claraval , em Tomás de Aquino, em Dante, em Milton, em Manzoni ... Maria possuía uma visão diferente do mundo , porque o via com os olhos de Deus . Se observas o próximo com os teus olhos e consideras em tua mente a "política, a economia e todas as formas de convivência humana", talvez o sentimento que predomina em ti, seja o de amargura. Mas se olhares as pessoas e as coisas com os olhos de Maria, elas certamente parecerão plenas de amor e respeito porque as suas lágrimas impregnam-se de amor e, sob a luz divina se esvazia o que parece grandioso, terrível ou mortal, e os gestos reencontram a dimensão de sua pequenez e o pouco que resta, o que realmente merece permanecer, volta-se para a paz de Deus, como matéria-prima de sua ação sobre o homem. lgino Giordani , "Maria, modelo perfeito de vida interior" (in Revista "Cavaleiro da Imaculada)
CM Março/92 - 29
OS CAMINHOS DA SANTIDADE
SÃO JOSÉ, ESPOSO DE MARIA Festa no dia 19 de março e também no dia 1 de maio.
°
O pouco que conhecemos sobre S. José está contido principalmente nos Evangelhos de Mateus e Lucas. A antiga tradição sobre sua figura histórica baseava-se principalmente em dois documentos inautênticos: "A História de José, o Carpinteiro" escrito grego do século V ou VI e no prato-Evangelho de Tiago. Eles apresentam José como um viúvo de 90 anos ao casar-se com Maria, que teria vivido até a idade de 111 anos. Pesquisas modernas mostram que José não devia ter mais de 21 anos na época de seu casamento e Maria entre 14 e 15 anos. Em 15 de agosto de 1989 o Papa João Paulo 11 dedicou a S.José a Exortação Apostólica "Redemptor Custos" (o Guardião do Redentor) , da qual apresentamos a seguir alguns tópicos que julgamos importantes: . No título da li parte, João Paulo li chama José de depositário do mistério de Deus . . "Pode-se dizer que o que José fez o uniu de maneira toda especial à fé de Maria: ele aceitou como verdade proveniente de Deus aquilo que Ela já tinha aceitado na Anunciação". (nº4} . "Aprouve a Deus - ensina o Concílio - na sua bondade e sabedoria de revelar a si mesmo e manifestar o mistério da sua vontade (Cf. Ef 1, 19), mediante o qual os homens por meio de Cristo, Verbo feito carne, no Espírito Santo têm acesso ao Pai e são tornados partícipes da natureza divina". (Cf. Ef2,18; 2Pe 1,4) Deste mistério divino José é, junto com Maria, o primeiro depositário. Com Maria - e também em relação a Maria - ele participa desta fase culminante da auto-revelação de Deus em Cristo e aí participa desde o início" . (nº 5) . "Tendo sob os olhos os textos de Ma teus e Lucas , pode-se dizer também que José é o primeiro a participar da fé da Mãe de Deus , e que, assim fazendo , sustenta sua esposa na fé da divina anunciação". (nº 5) . "Ele é também aquele que é colocado por primeiro, por Deus, no caminho da 'Peregrinação da fé', no qual Maria - sobretudo do Calvário até Pentecostes - andará à frente de maneira perfeita" . (nº 5) . "Como se deduz dos textos evang élicos , o matrimônio com Maria é o fundamento jurídico da paternidade de José. É para assegurar a proteção paterna a Jesus que Deus escolhe José como esposo de Maria". (nº 7) . Para a Igreja, se é importante professar a concepção vi rginal de Jesus , 30 - CM Março/92
não é menos importante defender o matrimônio de Maria com José, porque juridicamente é dele que depende a paternidade de José. (n 2 7) . O filho de Maria é também o filho de José por força do vínculo matrimonial que os une. (n 2 7) . São José foi chamado por Deus para servir diretamente à pessoa e à missão de Jesus mediante o exercício da sua paternidade: exatamente deste modo ele coopera, na plenitude dos tempos, com o grande mistério da redenção e é verdadeiramente "ministro da salvação". (n 2 8) . Nas palavras da "anunciação" noturna, José ouve não só a verdade acerca da inefável vocação da sua esposa, mas ouve também a verdade acerca da própria vocação. Este homem "justo" que, no espírito das mais nobres tradições do povo eleito amava a virgem de Nazaré, e a ela se tinha ligado com amor esponsal, é novamente cha·mado por Deus a este amor. (n 2 19) . Na liturgia Maria é celebrada como "unida a José, homem justo" , por um vínculo de amor esponsal e virginal. Trata-se de fato de dois amores que representam conjuntamente o mistério da Igreja, virgem e esposa, a qual encontra no matrimônio de Maria e José o seu símbolo". (nQ20) São Bernardo, Santo Alberto , Santo Tomás de Aquino, Santa Tereza D'Ávila, Santo Inácio de Loyola, incentivaram seu culto. O Papa Gregório XV decretou dia santo de guarda sua festa . O Papa Clemente XI em 1714 compos um ofício especial para ela. O Papa Pio IX o declarou patrono da Igreja. Pio XII colocou sua festa também em 1Qde maio e em 1962 o Papa João XXIII incluiu seu nome no Cânon da Missa. É padroeiro dos trabalhadores e dos pais de família. É notável o Canadá, especialmente Montreal, como o mais importante centro de devoção a São José no novo mundo. Contribuição de Maria Célia e João (O resum o da Exortação Apostólica foi tirado de artigo de Hilário Caresia, FMS, publicado na revista Nova Au rora.)
CM Março/92 - 31
PASTORAL FAMILIAR
FAMÍLIA: PRIORIDADE DO PAPA "Quero lançar, hoje, um veemente apelo a toda a Igreja no Brasil: a Família deve ser vossa grande prioridade pastoral!" Aí está o grande apelo de sua Santidade o Papa João Paulo 11, feito por ocasião de sua visita a Campo Grande, MS. Alertou para as ameaças que sofrem as famílias: campanhas favoráveis ao divórcio, ao uso das práticas anticoncepcionais, ao aborto, que destroem a sociedade. E aí está a realidade: a instituição familiar se encontra em processo de esfacelamento. A publicidade permissiva e as agressões dos meios de comunicação estão levando as famílias à perda dos valores cristãos do amor humano; levando os casais às uniões ilícitas. Levantou o problema da falta de uma ética que defenda a dignidade do ser humano nos ambientes escolares. Afirmou ainda: "A falta de uma autêntica formação espiritual e moral e o desvio do ensinamento doutrinário, para dar preferência aos problemas sociais, estão criando um progressivo esvaziamento no conteúdo da fé, tornando atraente a participação em seitas das mais distintas denominações" . Ressaltou a importância do casamento, instituindo o Senhor, desde o início da criação do homem e da mulher, aquele sacramento da união matrimonial. Confirmou -se isto, pela presença de Jesus nas bodas de Caná. Antes que este fato acontecesse, em Caná da Galiléia, podemos pensar quantas vezes na história do homem sobre a terra, cumpriram-se as palavras dirigidas ao homem e à mulher: "O homem deixará seu pai e sua mãe, e se unirá à sua mulher; e serão os dois uma só carne' . Segue adiante: "Maridos, amem suas mulheres como a seus próprios corpos. Quem ama sua mulher, ama-se a si mesmo; e a mulher respeite o seu marido." Portanto: amor e respeito mútuo. Não há um sem o outro. Afirmou mais ainda: Amar é ter consciência de que tal ligação é indissolúvel , dura, por instituição divina, até a morte". Recebo-te por minha esposa/esposo e te prometo ser fiel , na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando-te e respeitando-te todos os dias de minha vida" . Eis o vínculo matrimonial que nasce do amor recíproco, se exprime
32 - CM Março/92
mediante o juramento conjugal , que começa e se realiza diante da infinita majestade de Deus , por aquele mesmo amor com que o Pai nos amou no seu Filho Jesus , Redentor da humanidade. Termina sua homilia reafirmando : não há quem não veja que o futuro da Igreja está nas famílias cristãs, preparadas para assumirem o papel de condutores da sociedade. - Que tal , nós, como equipistas , e como Igreja que somos, enfrentarmos esta parada e atendermos ao apelo de Sua Santidade? Emiliana e Selton Equipe 2 Campo Grande/MS
CM Março/92 - 33
PASTORAL FAMILIAR
CASAMENTO: PREPARAÇÃO REMOTA Sabe-se, hoje, mais que nunca, que o despreparo dos nubentes é um dos fatores que causa maiores desastres no casamento e na vida familiar. A adequada preparação, ao contrário, representa uma base sólida para o bom êxito, para a felicidade dos casais . Isto leva o Papa João Paulo li a afirmar: "O futuro da família passa pela adequada preparação". Preparação remota: A preparação adequada há de percorrer um caminho longo, gradual e sistemático desde a Catequese mais longínqua até a preparação imediata para o casamento. Devem estar harmoniosamente entrosadas a Catequese, a Pastoral da Juventude e a Pastoral Familiar, como exige e favorece a Pastoral de conjunto. Momentos especiais nesta preparação: A CATEQUESE Nesta fase da vida a criança e os adolescentes aprenderão a descobrir o sentido da vida, o apreço e a função da família , o valor da oração e do sacrifício, o altruísmo, o respeito e valorização do mundo criado como fator de felicidade pessoal e comunitária etc . PASTORALDAJUVENTUDEEPASTORALFAMIUAR A quase totalidade dos jovens pensam em se casar e, efetivamente, se casam. Por isso, essas pastorais específicas devem andar de mãos dadas . Ocasiões propícias para um trabalho conjunto são: o curso de preparação para a crisma, o namoro cristão. CURSO DE PREPARAÇÃO PARA A CRISMA No que se refere à preparação para o casamento e para a vida familiar, durante este curso, devem ser abordados , com metodologia condizente, entre outros , os seguintes temas : o sentido e a natureza do amor, a sexualidade, a genitalidade, a descoberta e valorização do outro , a vocação para o casamento, a complementação homem e mulher, aspectos sociais da vida humana, valor e defesa da vida .. . O NAMORO CRISTÃO Neste campo da Pastoral quase tudo está por fazer . Há apenas iniciativas isoladas e pioneiras , correndo os riscos do desânimo e do fracasso. Por outro lado , a maioria dos jovens se desencaminha da prática religiosa e da moral cristã durante este período tão bonito de suas vidas . É uma perda quase irreparável. É precisamente aqui que a Pastoral da Juventude e a Pastoral Fam iliar devem atuar com o maior zelo e dedicação possíveis .
34- CM Março/92
Em cursos, encontros, debates, retiros, palestras, devem ser tratados, por pessoas qualificadas, os seguintes assuntos: valor e dignidade da pessoa humana; a alteridade, homem e mulher: imagem de Deus; o teor do amor, suas leis e exigências; a amizade; natureza e finalidade do namoro; a partilha; a fraternidade e a justiça; o corpo humano: sua dignidade e fragilidade; a família e a vida familiar; luzes e sombras do matrimônio; liberdade e libertinagem; a paz e a felicidade como superação do egoísmo; o sentido do bem comum etc. (extraído do doc. "Introdução à Pastoral Familiar" da CNBB)
CM Março/92- 35
ESCUTA DA PALAVRA TEUS FILHOS VOLTARÃO ... Jeremias 31, 16 e 17 Está fazendo cerca de um ano que isto me aconteceu: uma de minhas filhas havia ido para o lraque (Bagdá), acompanhando o marido e levando dois filhinhos de 1 e 2 anos. Depois de algum tempo, estourou a guerra do Golfo e eles não podiam voltar, como muitos de vocês estão lembrados. Nós, os pais, ficamos muito aflitos, rezávamos bastante, e muita gente amiga e conhecida fazia o mesmo. Pedíamos muito a Jesus que os protegesse, assim como o povo do lraque e que ajudasse os nossos a sairem de lá, sem serem molestados . Um dia, uma pessoa amiga ligou-me de São Paulo para saber se havia notícias, alguma novidade, mas infelizamente as coisas estavam na mesma, isto é, eles estavam impedidos de voltar. Então ela me confortou e naquele instante disse que iria abrir a bíblia para me transmitir alguma mensagem do Senhor. Eis qual foi: "Eis o que diz o Senhor: cessa de gemer, enxuga tuas lágrimas! Tuas penas terão a recompensa - oráculo do Senhor. Voltarão (teus filhos) da terra inimiga. Desponta em teu futuro a esperança - oráculo do Senhor. Teus filhos voltarão à sua terra" . No final da mensagem eu chorava e minha amiga também , do outro lado da linha. O Senhor ouvia nossas preces . O Senhor foi maravilhoso e nos mandava um sinal. Dias depois minha filha e as duas crianças partiram de Bagdá e um mês depois o meu genro chegou . É preciso estarmos em contato permanente com o nosso Deus. Ele nos fala através de sua Palavra ou de outro instrumento qualquer. É preciso que acreditemos nisto. Louvado seja o Senhor! Cida (do Olavo) Equipe 3 São José dos Campos/SP
36 - CM Março/92
TESTEMUNHO
ACONTECEU NO RETIRO Numa sexta-feira à noite , iniciou-se na casa de retiros Pio XII mais um retiro das ENS . Um fenômeno deslumbrante aconteceu naquele fim de semana. No sábado, às 6:00 horas da manhã, quando alguns dos equipistas já se haviam levantado, notou-se, sobre o belo vale onde está localizada a casa de retiros , uma luz difusa e pouco intensa que pairava sobre a região a uma altura aproximada de uma grande montanha. Durante o sábado e o domingo, na medida em que as horas avançavam , aquela luz perdia sua característica difusa tornando-se cada vez mais brilhante , fulgurante e descendo progressivamente , concentrando-se mais e mais no maravilhoso vale. Às 15 horas do domingo a intensa luz dominava completamente o local. E penetrava em todos nós através de nossa epiderme colocando-nos num estado espiritual indescritível. Tais fatos , aparentemente de ficção , realmente aconteceram e todos nós ali presentes sentimos a maior felicidade pois estávamos com nossa sensibilidade receptiva no mais alto grau possível. Nunca poderíamos imaginar que nossa vida é uma verdadeira missa, assim como foi a vida de nosso irmão Jesus. Nem poderíamos saber que a Eucaristia exprime o magnífico segredo da vida, que é uma constante no un iverso, - a passagem da morte para a vida- através do amor. Uma analogia a esta verdade universal é o grão de feijão , liso, brilhante, bonito e de forma arredondada e harmoniosa, que é estraçalhado e rompido de seu ãmago para o exterior, tornando-se feio , aniquilado e morto em sua forma harmoniosa, para, ao germinar, produzir a luz e trazer a vida. Este segredo da vida, este segredo universal está em tudo e em todos nós , porque veio de Deus . Sem morte não há vida. Amar é dar-se completamente e dar-se completamente significa doar a vida, ou seja morrer um pouco. Todos nós , individualmente, como casais ou como sociedade, somente seremos felizes no dia em que dermos tudo, vivendo a origem , a raiz , vivendo o mistério pascal aqui na terra. Concluindo o que o Pai nos transmitiu naquele fim de semana, através de nosso estimado Pe . Germano Van Der Meer, para viver uma dimensão pascal e o segredo universal , devemos:
CM Março/92- 37
1. VIVER (SER) RECONCILIADO Manter um estilo de vida reconciliado , permanecendo em reconciliação constante com o cônjuge, filhos e outros irmãos . Para manter a vida em reconciliação devemos ser misericordiosos , abarcando em nosso coração toda a "miséria" de nossos irmãos . 2. PARTILHAR A VIDA Partilhar com o próximo as idéias, as ações , as dificuldades , os benefícios, as emoções, as necessidades, enfim partilhar a vida. Essa partilha constante ajuda a vencer a timidez, aproxima-nos mutuamente, solidifica amizades tornando-as mais profundas e sinceras , relativiza nossas diversas crises . Em suma, devemos abrir completamente nossos corações aos irmãos e, sem dúvida, a recíproca será verdadeira. 3. HORA DA VERDADE (SEM CONFRONTO) Estando reconciliados e com a vida partilhada, devemos dizer e escutar do próximo o que precisa ser mudado e alterado em nossas vidas, para que possamos crescer no espírito e no amor do Pai. Esperamos ter partilhado com todos vocês , casais equipistas , as alegrias que sentimos e a felicidade que penetrou em nossos corações juntamente com aquela fulgurante luminosidade que concentrou-se no maravilhoso vale da casa de Retiros Pio XII. Regina e José Henrique Equipe 13 B São Paulo, SP
38- CM Março/92
TESTEMUNHO SER SANTO É NÃO DEIXAR NADA PARA TRÁS Há muitos anos atrás , quando ainda era uma menina, ouvi a seguinte história na homilia de uma missa: Um homem , que mais tarde seria canonizado pela Santa Igreja (infelizmente não me lembro o nome) , levava uma vida muito santa que a todos impressionava e era constantemente procurado pelas pessoas devido à sua sabedoria. Certo dia, durante um jogo de xadrez, foi interpelado por um jovem : - "Se o senhor ficasse sabendo que iria morrer daqui a uma hora, o que faria? " Depois de refletir um instante, ele respondeu: - "Eu continuaria a fazer exatamente a mesma coisa que estou fazendo agora, ou seja, eu continuaria a jogar xadrez!" Se pararmos para pensar no tipo de vida que este homem deveria levar para ter a coragem de dar essa resposta, chegaremos à conclusão que "ser santo é não deixar nada para trás ." Nada por fazer! Caso contrário, se formos nós os interrogados com a mesma pergunta, correremos o risco de nos lembrarmos aflitos "daquela" visita que há muito estamos devendo ou da reconciliação que , como cristãos , já deveríamos ter feito com "certa" pessoa, ou do diálogo sincero que precisamos ter com o nosso cônjuge, ou talvez, do terço que ainda não rezamos na semana , ou dos abraços e sorrisos que não tivemos oportunidade de dar durante o dia, ou da confissão que há meses não fizemos , ou quem sabe, da comunhão que nem nos esforçamos muito para receber toda semana, ou ainda daquela atividade pastoral que sempre quisemos participar, mas nunca encontramos tempo ... Talvez alguma coisa ainda consigamos realizar em apenas uma hora! .. . Paremos um pouco para pensar que a vida é uma só. E que provavelmente não saberemos com uma hora de antecedência quando será nossa partida. Mas é certo que nossa bagagem será apenas nossas obras e nosso amor e que viver em santidade é a vocação de cada um. Vamos tentar viver em santidade não deixando nada por fazer! Nem nos iludamos com nossas boas intenções somente! Vivamos de tal modo que quando sairmos para jogar futebol ou ir ao cinema, tenhamos a absoluta certeza de que era realmente isso que deveríamos fazer nessa hora ... Valéria e Nelson Equipe 4 Araraq uara/S P
CM Março/92 - 39
REFLEXÃO
UM DESABAFO Pai de bondade! Estava a meditar o que você nos deixou: "Andais a investigar as escrituras, julgando ter nelas a vida eterna e são elas que dão exatamente testemunho de mim. Contudo, vos não quereis vir a mim para terdes a VIDA!' (Jo 5,31-47) . Que ensinamento! Às vezes buscamos ler o Evangelho , questionamos, recorremos a mil e um recursos , para obtermos a vida eterna. Se meditássemos , se realmente entrássemos em sintonia com você, se silenciássemos um pouco, perceberíamos a razão de ser de nossa vida aqui. Como lemos para "ganhar" a vida eterna , não fazemos do Evangelho o rumo a seguir. Ficamos no emaranhado de mil compromissos , divagações ou questionamentos e deixamos de escutá-lo, de seguí-lo e assim poder conviver fraternalmente com nossos irmãos , principalmente os mais próximos, amando-os , aceitando-os e dando-lhes a própria vida. Pai de bondade! aqui vai um desabafo: estou cansada e esmoreço ao caminhar. Tenho-me empenhado na sua causa e me sinto sem forças. Suas palavras só são reforço para o que sinto e penso . Acredito que se nós fizéssemos o que você fez, seguíssemos o seu exemplo , nós seríamos mais humanos , mais carinhosos e mais amigos . Ajude-me a continuar acreditando, que terei paz, na medida em que não exigir nada para mim . Assim poderei dizer, como São Paulo, "Já não sou eu que vivo, mas Cristo que vive em mírrl'. Déa (do Murilo) Equipe 3 Brasília/O F
40 - CM Março/92
ATUALIDADE Aborto, eutanásia e pena de morte Tenho, ultimamente, sofrido críticas de diversos segmentos da sociedade pelas posições assumidas em favor da vida. Pelas páginas da Folha fui considerado conservador radical pela eminente procuradora Luiza Eluf, de teórico insensível pelo combativo parlamentar José Genoíno e de desapaixonado e formal defensor da vida pelo brilhante advogado José Carlos Graça Wagner, em carta que me dirigiu, ele que é ferrenho adversário dos que defendem o aborto. Se Luiza Eluf expõe sua postura de que a mulher é dona de seu corpo e a criança alojada em seu ventre não tem direito algum, razão pela qual pode ser eliminada sempre que a mãe desejar, José Genoíno trilha o caminho inverso, qual seja o de que, apesar de ser contra o aborto, este se justifica como uma proteção à mãe, na medida em que as genitoras mais pobres, que desejam eliminar seus filhos , ainda vivendo sob a proteção uterina, são obrigadas a recorrer a clínicas clandestinas, sem qualquer proteção sanitária. A legalização do aborto, pois, terminaria por protegê-las da falta de assepsia e técnicas modernas de liquidação das vidas uterinas. Em que pese o respeito que tenho pelos dois ilustres defensores do aborto, por respeitar a vida, como o mais fundamental direito que pertine o ser humano, não posso percorrer as mesmas sendas. Gostaria, sem nenhum intuito de polemizar, de trazer à reflexão daqueles que hoje discutem a matéria
três pontos, que não podem ser desconsiderados. O primeiro diz respeito ao papel dos médicos. O juramento de Hipócrates, na versão do próprio Hipócrates , exige que a pessoa se dedique a salvar os outros nunca pratique o aborto e a eutanásia: "3. Nunca darei a ninguém, nem sequer para comprazê-lo, um remédio mortal, nem um conselho que possa conduzi-lo à ruína. Tampouco darei nunca a uma mulher um abortivo, mas conservarei limpas minha vida e minha profissão". A medicina é um sacerdócio d~di cado ao bem da humanidade. E a arte e a ciência sublimes voltadas à valorização da vida e à luta contra a morte. Como o aborto e a eutanásia são formas de eliminação da vida, Hipócrates impôs, em seu juramento, que os médicos nunca os praticassem. Ora, se estes antístites da existência têm tal dever moral , quando prestam juramento para preservar a vida, como admitir que a lei possa um dia exigir que pratiquem o que a sua consciência e sua palavra não permitem? A não ser que a lei pretenda transformar o juramento de Hipócrates num juramento de hipócritas. O segundo aspecto é o que está na Constituição Federal. O artigo 5º garante o direito à vida, em seu "caput" , e o inciso 47 letra "a" proíbe a pena de morte. Uma lei que permitisse o aborto seria manifestamente inconstitucional , pois permitiria a pena de morte ao nascituro apenas pelo julgamento monocrático da mãe. E,
CM Março/92 - 41
se as duas leis passassem, a do deputado Amaral Netto, com vitória plebiscitária, e a do aborto, teríamos o direito à vida profundamente maculado, pois poderia a sociedade decretar a pena de morte ao criminoso , por seus tribunais, e a mãe, mesmo sem necessidade dos tribunais, decretar a pena de morte ao nascituro. Duas formas de agressão ao direito à vida que a Constituição proíbe. Deve-se lembrar que tanto a pena de morte, quanto a eutanásia e o aborto não podem passar, nem mesmo por emendas constitucionais , por força do disposto no artigo 60 parágrafo 4 9 inciso 4 assim redigido : "Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: (... ) 4. os direitos e garantias individuais", prevalecendo tais dispositivos sobre qualquer interpretação conveniente do artigo 227. O princípio maior não pode ser afastado, pelo hermeneuta constitucional , por princípio menor, que deve ser conciliado, na lição de Canotilho, para se integrar ao princípio maior. Qualquer lei que permita agressão ao direito à vida através da pena de morte para criminosos, da eutanásia ou do aborto, é, a meu ver, de manifesta inconstitucionalidade. E o último aspecto para este breve artigo. O nascituro, que é uma inocente criatura, tem muito mais direi-
42 - CM Março/92
to à vida que homicidas ou criminosos. Não me parece lógico que se lute contra a pena de morte aplicável a criminosos e se defenda a aplicação da pena de morte aos nascituros, que nenhum crime cometeram. Ouvia, outro dia, no exame do Concurso da Magistratura Paulista, de um candidato que Eros Roberto Grau, professor das Arcadas, afirmara ser contrário à pena de morte e, portanto, que não poderia ser favorável ao aborto, por yma questão de lógica elementar. E que o ser humano é ser humano desde a concepção, conforme Jerome Lejeune, o laureado médico francês, descobridor da síndrome de Down(mongolismo) , em recente entrevista para as páginas amarelas da revista "Veja" explicou. E term ino lembrando Goffredo da Silva Telles Jr., meu mestre e de tantos juristas brasile iros . Ao se colocar em favor da vida contra a morte, disse, em programa que tive o privilégio de ouvir, que os mistérios do universo são infindáveis, não cabendo ao homem violentar o mistério dos mistérios, que é a vida. lves Gandra da Silva Martins (Publicado na Folha de S.Paulo em 30/09/91)
INTERCÂMBIO E.N.S. S.O.S! Somos uma E.N.S. que realiza as primeiras reuniões sozinha, após a fase da pilotagem . Caminhavamos com o C.E. agradando a todos com seus carismas de humildade, amizade fraterna e fervor a Deus. O C.E. com eloquência jovial, simpatia e admirável pujança na transmissão da palavra, guiavanos à prática do amor a Jesus Cristo. Nossa fé é tíbia e buscamos "pescar" outro bom pastor que retome a condução dessas ovelhas deixadas a sós . Equipe 13 Nossa Senhora de Nazaré Setor Fortaleza
"QUÃO IMPORTANTE É SENTIR A PRESENÇA DE DEUS NA NOSSA VIDA" Chegando ao Rio de Janeiro, Carlota nos esperava com presteza, nos conduzindo ao H.C.A .. Ficamos internados no 3º andar e para a nossa surpresa, rompendo o arvoredo do hospital , à noite vimos que do nosso apartamento estávamos de frente para o Corcovado, onde o Cristo todo iluminado nos acolhia de braços abertos. Sentimos que em dados momentos de nossa vida, que de certo modo consideramos difíceis, Maria se apresenta ocultamente e nos distenciona a ponto de encontrarmos soluções viáveis e vivenciá-las naturalmente. Realmente após cada cirurgia a qual Ismael submeteu-se, com a felicidade do sucesso, considerava-se nascido novamente. Louvado seja Deus . Mercês e Ismael Eq.05 Recife/PE
"ABORTO E O DIREITO À VIDA" A propósito do artigo sob o título acima publicado na C.M. e extraído da Folha de São Paulo, sou de opinião que nós os católicos deveríamos escrever e falar mais sobre esses assuntos tão significativos para o crescimento espiritual das futuras gerações ... Como pode um país desenvolver-se quando nossos deputados querem a aprovação do aborto? ... E CM Março/92 - 43
o que dizer dos livros eróticos e da pornografia, suspeita de tráfico de drogas por senadores e deputados , escândalos da previdência, publicação do "livro-comédia" de uma ex-ministra, etc.? ... E o conceito da vida na fé, amor a Deus e ao próximo e a vida em família , como vão no nosso país? Geraldo Olyntho Seabra Arruda Valinhos/SP
*** PERMUTA CARTA MENSAL Remexendo nossos guardados desde nosso longínquo ingresso nas E.N .S.(1971) notamos a falta de alguns exemplares da Carta Mensal para completar nossa coleção e um sem números de exemplares em duplicata que poderão preencher a coleção de outros irmãos equipistas. Relacionamos abaixo os números que estão faltando bem como os que estão sobrando para poder haver uma permuta ou doação de exemplares: Números faltantes : 1972t05 2-3 e 4) ; 1973(no 4) ; 1974(no 7); 1975(n°3); 1979 (nos 2 e 3). Números em duplicata: 1983(no 2) ; 1986 (nos 1-2-3-5-6-7-8 e 9) ; 1988(nos 1-3-5-6-7 e 8) ; 1989(nos 253-256-257-258-259(2) E 260) . Enviamo-lhes nosso fraternal abraço. Lourdes e Mario. Equipe 1 Teresópolis/RJ
*** RETORNO AOS CAMINHOS DE DEUS. Nosso filho Marcello foi convidado para entrar na Equipe de Jovens de Nossa Senhora do Carmo, mas recusou-se . Parou também com as atividades do evangelho. Finalmente em 1989 entrou para a equipe e em 1990 nosso segundo filho Fabiano entrou para a EJNS Monte Serrat. A convite do casal Clarisse e Sanchez, nós também ad erimos à equipe e completamos em abril passado um ano de Equipe Nossa Senhora das Famílias . Estamos contentes porque conseguimos retornar aos caminhos de Deus. Estávamos afastados há muitos anos. Agradecemos a Deus os filhos maravilhosos que temos e as amizades conseguidas através deles. Regina e Adilson Equipe 2. Jacareí/SP
44 - CM Março/92
NOTÍCIAS E INFORMAÇÕES -EVENTOS - Realizada em 11.09.91 na Igreja NSA. SRA .. do Perpétuo Socorro, em São Paulo, Capital, a Missa de passagem dos car~o~ de CRE com presença maciça de equ1p1stas de todos os setores da Região São Paulo- Sul I. -A coordenação de Votuporanqa/SP realizou em 01, 02 e 03-11-91 um MUTIRÃO DE FORMAÇÃO com a participação de 28 casais. As palestras estiveram a cargo de Esther e Luiz Marcelo e o evento contou também com a presença de Pe. Edmur, CE daquela coordenação. - O retiro de 1991 do Setor Moqi das Cruzes/SP foi pregado pelo Pe. Claudio Carpetti sob o tema "A prática da misericórdia na vivência conjugal e familiar". Presença quase unânime dos equipistas do setor, pois 49 casais e uma viúva participaram . - o__retir~ espiritual do setor Valenca. reg1ao R1o 11, realizou-se nos dias 21 e 22/09/91, no Sítio da Divina Providência tendo como tema: "Deixa-te modela; como pessoa e casal cristão - Deus é o oleiro e nós devemos ser o barro dócil em suas mãos" . O pregador foi o Pe .. Medoro de Oliveira Souza Neto. Compareceram 45 casais. - Realizou-se entre 18 e 20/10/91 o 2º R_etiro de 1991, do setor de Guarati~gue ta/SP com a participação de 25 casais. Pregado por Frei UI i Steiner OFM, o tema central foi a gratuidade do amor de Deus e a necessidade de irmos ao encontro desse amor. - O retiro anual do setor Belo Horizonte/MG aconteceu em 18,19 e 20/10/91. Pregado por Pe. José Afonso Dé sob o tema "Dons do Espírito Santo" levou os p_arti_cipantes a refletirem sobre a importancla do seu cultivo, mormente em associação ao Movimento ao qual pertencemos a fim de que sejamos abundantes no recebimento e na prática desses dons como portadores de carismas e virtudes tão escassos e necessários no
mundo atual. -Realizado em 8 e 9/06/91 e pregado pelo Pe. Tito, o retiro anual do setor Marília /SP envol.veu, além de casais equipistas, tambem casais de outros movimentos e engajamentos, ex-equipistas, viúvas e a~nda os filhos de todos os casais partiCipantes, totalizando 255 pessoas sem contar os CE que também marcaram presença. A pregação para os filhos foi feita em separado por Pe .. Maurício. - Entre 8 e 1 0/11/91 realizou-se uma Sessão de Formação em Juiz de Fora/MG com a participação de 32 casais, sendo 16 de Juiz de Fora, 3 de Belo Horizonte 3 de _Pouso Alegre, 2 de Varginha, 2 d~ Petropolis, 2 de Teresópolis, 2 de Valença e 2 do Rio de Janeiro, além de dois Sacerdotes e da equipe de serviço, cujo testemunho foi muito importante pela demon_stração de amor e carinho na preparaçao e condução da atividades, destacando-se as celebrações litúrgicas que tiveram como fonte de inspiração o "envio", o "Ide trabalhar na vinha". As palestras, de conteúdo excelente, além de motivadoras dos próprios temas, procuraram ressaltar pelo menos uma das prioridades do Movimento. Assim, "Seguir a Cristo", proferida pelo Pe. Lima (CEda Sessão), apontou para a necessidade de Ir ao Encontro da Realidade da Formação e da Comunicação. "VocaÇão, Vocação Equipista", exposta por Maria Inês e Clésson, reforçou a prioridade de se Ir ao Encontro da Realidade. Fani e Amauri, falaram sobre Igreja, palestra toda concentrada no documento 45 da CNBB, Diretrizes da Ação Pastoral da Igreja do Brasil, e que apontou para a necessidade da Formação e das Ativida~e~ Pastorais. Margarida e Agostinho, md1cara~ ~Formação e a Comunicação, como pnondades que ressaltam da Mística das ENS. Mariola e Eliseu foram enfáticos ao tratarem das "Dimen~ões da Reunião de Equipe", colocando esta prioridade no centro da cruz e no coração de Cristo, e sobre a qual todas as demais convergem. O Pe. Luiz Antônio
CM Março/92 - 45
falou sobre a "Oração', sua importância e como fazê-la, ressaltando a Comunicação como prioridade. Gilda e Gigi, trataram da Espiritualidade Conjugal, no dizer do próprio Gigi, uma espiritualidade encarnada no dia-a-dia, centrada na formação cristã vivenciada em todas as atividades, que assim se transformam em atividades pastorais. A última palestra da Sessão foi apresentada por Therezinha e Tiago, que trataram da Missão, do equipista e do Movimento, associando, ao encargo comum de evangelizar, as prioridades da Experiência Comunitária e atividades da Pastoral Familiar, como naturais para o carisma equipista. O clima proveniente da presença do Espírito Santo contagiou os participantes, que diante dos apelos do Senhor perceberam a necessidade de serem missionários através do Movimento, dentro da correlação comunhão e missão. Cabe agora aos diversos setores aproveitar o momento, e convocá-los sem demora a colaborar nos seus empenhos de dinamizar o Movimento e a Pastoral Fam iliar. - Em 05-11-91 o Setor de Americana/SP cerebrou uma missa "in memoriam " do querido Pe. José Carlos Di Mambro (C .E. da ECIR). A presença dos equipistas foi bastante expressiva dada a grande estima de que o sacerdote gozava entre os casais do Movimento naquela cidade. - Em fins de 1991, Zélia e Justino (CRR Nordeste) estiveram em João Pessoa/PB participando de uma reunião de informação. No ensejo, também visitaram o Arcebispo Diocesano O. José Maria Pires que, além do apoio dado às ENS, reiterou a importânica do Nosso Movimento Para a família. - Ralizado em 20-10-91 , com pregação do Pe. Guido o retiro anual das ENS de João Pessoa/PB, tendo como temário central "A Família ". É grande também a expectativa daquela cidade, do possível lançamento de mais uma equipe, resultante de um grupo de Experiência Comunitária que vem sendo animado por Zuleica e Campelo. - Uma manhã de formação teve lugar em 15.09.91 em Parelhas/RN aberta a todos os equipistas da cidade. Na abertura, Pe.
46 - CM Março/92
Raimundo Silva falou sobre "Apostolados Leigos" , com base no "Apostolicam Actuositatem " (Compêndio do Concílio Vaticano 11). Seguindo uma troca de idéias coordenada por Zélia e Moacir sobre as" Propriedades das ENS ",centrada na ' Reunião de Equipe".
·MUDANÇA NOS QUADROS - Região Rio Grande do Sul . Setor A: Jussanete e Paulo substituindo Eunice e Milton. . Setor C: Carmem Lúcia e Paulo Rubens substituindo Ethel e Bianchini. - Região São Paulo - Oeste Novos responsáveis de setores: . Araçatuba/B: Maria Tereza e Laerte Ferreira Espósito . Baurú : Terezinha e José Agostinho Garzim . Lins: Maria Auxiliadora e Dorival Fernandes Queiroz - Região Paraná Novos responsáveis pelos setores de Curitiba: . Setor B: Maria Dalva e Valmor Augusto Prazeres . Setor C: Vera Regina e Omir Mello Ferreira -Setor Guaratinguetá/SP Em 2255/10/91, após 3 anos de intenso t rabalho, lraci e Alceu passaram a missão de CRS para Luzia e Paulo Meirelles.
·EXPANSÃO - O Setor A da Região Rio 111 (Ilha do Governador) foi desmembrado com a criação do Setor G, tendo assumido como primeiro CRS o casal Marília e João Ignácio. - Desde abril de 1991 , os equipistas de Teresópolis/RJ estão agrupados numa coordenação, sob a responsabilidade de Maria Laura e Oscar da Cunha Peixoto. - Estão em pleno funcionamento , e com grande entusiasmo, três equipes em Contagem/MG e três em Divinópolis/MG pilotadas pelos casais de Belo Horizont e: Dori nha e Vital (Eq. 03); Therezinha e
Mota (Eq. 03); Heloise e Nélson Antonio (Eq. 07); Terezinha e João Gabriel (Eq. 08). - O Setor de Manaus/AM. agora com 20 equipes, estará sendo dividido neste ano de 1992 em 2 setores (A e B) com 1O equipes cada. Para o Setor B foram escolhidos como CE o Pe. Luiz Kirchner e como CRS Fátima e José Antonio. No Setor A continuam o Pe. Carlos Steiner como CE e Auxilium e Júlio Torres como CRS. - No Setor de Bauru/SP, Maria Teresa e Odir 'passam o bastão" de CRS para Terezinha e Agostinho(Eq.7)
·CONSELHEIROS ESPIRITUAIS - Pe. Luc iano Fronzee (CE da Eq. 04 Manaus/AM) após 10 anos de intensa dedicação ao Movimento voltou para a Albânia, seu país natal, que era seu maior desejo. - O novo CE do Setor Belo Horizonte/MG é o Pe. Eli Carneiro (também CE da Eq. 05), homem de muito carisma e grande simpatia. É parapsicólogo e conselheiro espiritual de um clín ica médica, ajudando através da Terapia Espiritual aos pacientes pela cura interior.
·NOVAS EQUIPES -Coroando mais uma Experiência Comunitária foi constituída a Equipe 13 - Nsa. Sra. dos Remédios em Salesópolis/SP (Setor de Mogi das Cruzes) reunindo 6 casais. - Quixadá/CE . Equipe nº 01 CE : Pe. José Maria , CP: Regina e Joaquim - Valença/RJ Os casais das duas Experiências Comunitárias do Setor Valença , Região Rio 11, depois de uma proveitosa "Caminhada" ,, optaram por ingressar nas ENS, formando as equipes 1 e 4, que serão pilotadas por Nália e Daniel (Eq. 08) e Zélia e Américo (Eq. 06), as quais terão por CE os seminaristas Carlos Alberto Nascimento
Barbosa e Fábio dos Santos Pereira, respectivamente. - Marília/SP . Eq. 02 Nsa. Sra. Rainha da Paz (formada a partir de Exp. Com.) CE: Pe. Gaetan Menard CP: Vímera e Dirceu - Dois Córregos/SP Eq. 08 Nsa. Sra. da Rosa Mística CE: Pe. José Agostino Salata CP: Therezinha e Amadeu Bertolo - Manaus/AM . Eq. 19 Nsa. Sra. do Amparo CE: Pe. Carlos Guedes de Moura CP: Delzira e Edson . Eq. 20 Nsa. Sra. dos Humildes CE: Pe. Amadeu Caroni CP : Maria Elicaé e Lúcio
·VOLTA AO PAI - Maria da Glória Bacarat (Giorinha do Joseph) da Eq. 04 - Nsa. Sra. da Boa Esperança, de Garça/SP, vítima de acidente automobilístico, em 30/ 10/91. Membro atuante da equipe, desde sua formação em 1980, mulher de fé e muita oração. Exemplo de dedicação a ser seguido por seus familiares e irmãos do Movimento, sua lembrança e saudade calam fundo no coração de toda a comunidade. - Nelson do Vale Rego (da Leslie) da Eq. 07 /a de Londrina/PR em 19/10/91. Cristão por fé e mariano convicto, deu grande testemunho por suas atitudes como homem, como trabalhador, como pai, como esposo e como equipista. Engajado em sua paróquia na liturgia e na equipe do dízimo, atendia sempre que convocado, trabalhos em reuniões , palestras e serviços comunitários. Participava do grupo de locução do espaço das ENS no Programa Caminhando com Cristo da Rádio Alvorada, onde tantas e tantas vezes, em nÇ>me do nosso Movimento, levou aos ouvintes mensagens de paz e de amor e principalment~ a Palavra de Deus que ele pregava com tanta fé e esperança. Seus irmãos equipistas' dedicam-lhe seus agradecimentos e orações na certeza de que ele está ao lado de Deus e se de uma
CM Março/92- 47
forma "perderam um grande amigo e equipista, o céu ganhou uma grande estrela ". - Gtadys Moeckel do Amaral e José Otávio de Togni Amaral. Casal Responsável da Equipe 02- Nossa Senhora de Lurdes de Sorocaba/SP , em 11 /10/1991, em acidente automobilístico juntamente com suas netinhas, Bruna , Luciana e Juliana. - Monsenhor João Batista Toffoli, CE da Eq. 09- Nsa. Sra. das Famílias de Marília /SP. O novo CE é D. Osvaldo Giutini, B ispo Coadjutor da Diocese. - Nardy (da Haydée) da Eq. 02- Nsa. Sra. de Fátima, de ltú/SP em 10/10/91. Desempenhou no Movimento , junto com Haydée, onde cresceram em espiritualidade, várias funções como: CR Setor, CRE várias vezes , CL. Palestrista requisitado por outros movimentos como ECC movimento de Jovens e cursos paroq'uiais de preparação para o matrimônio. Deixa seus irmãos equ ipistas com dor e saudade, mas com a certeza de que uma vida que toca o coração dos outros continua
48 - CM Março/92
para sempre.
-BOLETINS - É sempre com muita alegria que recebemos os exemplares dos inúmeros boletins dos setores do Movimento em todo o Brasil. Eles são a "seiva " que circula entre as ENS a nível local e uma importante fonte paras as "Noticias e Informações " da nossa Carta Mensal. Além disso contém riquíssimas matérias que como nossos leitores já devem ter notado, são inúmeras vezes reproduzidas na Carta Mensal para benefício dos equipistas de todo o nosso país e, como existe um intercâmbio entre a nossa Carta e as de outros países, tais matérias acabam beneficiando também equipistas de outras partes do mundo. Queremos solicitar e incentivar aos setores que continuem a enviar-nos os seus boletins o que agradecemos.
MEDITANDO EM EQUIPE (sugestões para o mês de março) Texto de Meditação: Mateus 7.13-21
"Entrai pela porta estreita, pois larga é a porta e espaçosa a senda que leva à perdição, e muitos os que por ela entram. Quão estreita é a porta e apertado o caminho que leva à vida e poucos são os que o encontram! Guardai-vos dos falsos profetas. Vêm a vós disfarçados com peles de ovelhas mas por dentro são lobos vorazes. Por seus frutos os conhecereis. Porventura colhem-se uvas de espinhos ou figos de urtigas? Assim, pois, toda árvore boa dá bons frutos e a árvore má dá maus frutos. Não pode a árvore boa dar maus frutos nem a árvore má dar bons frutos. Toda árvore que não der bons frutos, será cortada e lançada ao fogo. Pelos frutos os conhecerei. Nem todo aquele que me diz 'Senhor, Senhor" entrará no reino dos céus mas quem fizer a vontade de meu Pai que esta nos céus". Oração: Rezar juntos a oração da Campanha da Fraternidade
Senhor, como o rei Salomão eu Te peço um coração que saiba perceber a verdade e discernir entre o bem e o mal. Que minha liberdade esteja a serviço da vida e da esperança. Que eu seja fiel à tua vontade. Que eu seja autêntico(a) e coerente em minha atitudes Que eu seja capaz de acolher e perdoar. Que eu seja firme e sereno(a) nos conflitos. Que eu seja capaz de transformar o velho em NOVO. Que nossa comunidade se comprometa com a JUVENTUDE para ser agente de uma NOVA EVANGELIZAÇÃO e força transformadora da Igreja e da sociedade. Isto te peço por Jesus Cristo, na unidade do Espírito Santo. Amém. (1 As 3,7-9)
PRIORIDADES A REUNIÃO DE EQUIPE
AO ENCONTRO DA REALIDADE
FORMAÇÃO
PASTORAL FAMILIAR
COMUNICAÇÃO
EXPERitNCIA COMUNITÁRIA