ENS - Carta Mensal 337 - Junho e Julho 1998

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Equ pes de Nossa Senhora


EQUIPES DE NOSSA SENHORA Carta Mensal • n°337 • Junho-Julho/1998

EDITORI.A!L .... .. .... .. .. .. .. .... .... .. ...... O1 Um Cora ão para Amar .. ........ .. .. 01

E Se Não Der Certo? .. .... ...... ...... . 28 A Missão e

Conselheiro da ECIR ............ .. ...... 02

a Graça da Pilotagem ................. 29

ECIR .......... ... .. .. ... ... ..... ........... ..... 03

Pertencer às ENS- Privilégio ........ 31

Para Onc e Vão os

ATUALIDADE .... .. ........ .. ...... .. .. .. ... 32

Casais Ec uipistas ................ .. .. .. .. 03

36 2 Assembléia Geral da CNBB ..... 32

CORREIC DA ERI ...... .. ............ ..... 05

MARIA ... .. .... .... .... ........ ........ .... .. . 34

O Desafio à Catol icidade .. .......... 05

A Pressa de Maria .... ........ .. .. .. ..... 34

Carta doCE Internacional .... ....... 08

PCE ... .. .. .... ..... ... .. .... ........ ... .. .. .... 35

Notícias Internacionais .. ...... .. .... .. 1O

O Dever de Sentar-se .... .. ...... ...... 35

RUMO A<D NOVO MILÊNIO ........ 11

Uma Partilha Dinamizada .. .. .... .... 37

O Dom Subl ime da Confirmação .. ....... .. ........ ....... 11

ORAÇÃO .... ...... ......... .. .. ............. 38 Na Medida em

NOTÍCIAS E INFORMAÇÕES .. .. .. . 13

que Vou Chegando .. .. .... .. ..... .. .... 38

FORMAÇÃO .... .... .. .. ...... .. .... .... ... 14 O Cristo que Nos Une .... .... ........ . 14

Oração pelo Lar ............. ... .. .... .... 38 Bem Aventurança

Um Papa para Todos os Tempos .. .. 16

para o Nosso Tempo .................. . 39

Caridade .. .... .. .. .. ........... ............. 19

TESTEMUNHO ...... .. .. ...... .... ........ 40

CONJUGALIDADE .. ......... ........... 21

Conversão .... .. .. .. .............. .......... 4 1

É Bom Demais .. .. ...... .. .............. .. 21

Decisão Coerente .............. .... ...... 42

Sementes de Conjugalidade .. ...... 23

PALAVRA DO LEITOR .. .. ........ ...... . 43

CORPUS CHRISTI .... .. ... .. .... .. ....... 26 Cristo se Deu em Alimento

NOSSA BIBLIOTECA .. ........ .. ...... .. 45

à Humanidade .... .. .... ............ .... .. 26 VIDA NO MOVIMENTO ... .......... ... 28 Cana Mensal f

111/ltl pt~blicarão

IF'ilma e Orlmtdo S. M'"des

mnrsul das

h Flávio Cova/co de Castro,

Eq11ipes de Nosso Senboro

CSsR (cons. espiritual}

Edição: Eq11ipP da Carta A•fensal

jornalista Responsável: Catberinr E. 1'\-odas (MTb 19835)

S ilvia t Chico Pontes (responsáveis) Rita e Gilberto Canto AI a ria Cecília e josi Carlos Soles

Composição, Diagramação e Dus trações: Fc."'V Editoro Ltda. R V enâncio Aym, 931 - SP Fone: (011) 3873.1956

REFLEXÃO .......... .. .... .... ............ ... 46 A Árvore Seca .. .... .......... .......... ... 46 Ouvir e Aceitar ............ .... .. .. .... .. .. 47 Capa: Cartaz da Região Siio Paulo -

Oeste I apresentado no Encontro Nacional

Cartas, co/abororões, notícias, du·em

ltslt1111mhos e imagtfi J

ur enviadas para: Carta M en sal R. Ll1is Coelbo, 308 5• anda r · conj. 53 cep 0 1309-000 São Paulo - SP Fone: (0 11) 256. 1212 Fax: (0 11) 257.3599

Fotolitos e Impressão: l::.di(ÕPS Lo_yola R 1822,347 F one: (IJ / 1) 6914.1922

Tirag en1 desta ediç ão: 11.800 t>.·emp lares

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A/ C Silvia e Chico


Um Cora~ão para Ama/ esde tempos imemoriais o coração é apresentado em verso e prosa como o órgão que contém a vida. Por isso a ele se atribui o comando das emoções mais profundas da alma, atribui-se um sentido vital. Quando alguém se doa de todo o coração, fala-se que se entrega por inteiro, sem reservas. Amar de todo o coração! É assim que Deus quer ser amado. É assim que temos de amar! É no coração que residem os mais altos sentimentos: a fraternidade, a solidariedade, a bondade, a aceitação, a ternura, a união e o verdadeiro encontro. O coração é sobretudo o ninho onde nasce e cresce o amor. No mês de junho, dedicado ao Coração de Jesus, nós, casais equipistas, somos convocados·a celebrar o "Dia dos Namorados" mantendo o nosso amor conjugal com o mesmo frescor dos primeiros encontros dos tempos de namoro, nos quais nosso coração batia forte e apressadamente. Que em nossa vida conjugal nunca tenhamos de nos perguntar com tristeza: onde foi parar a alegria do nosso amor? Do coração do nosso Movimento, na palavra sempre penetrante do Conselheiro Espiritual Internacional, Pe. Cristóbal Sàrrias, vem-nos a exortação para trilharmos o caminho da unidade, da percepção dos valores fundamentais que o Movimento nos propõe e que jorram das nossas fontes fundadoras. Provavelmente, não será pela in-

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teligência brilhante, nem pela perspicácia de um raciocício perfeito que iremos descobrir o que é essencial separando-o do que é apenas acessório. Para penetrar o mistério é preciso ter, acima de tudo, um CORAÇÃO PARA AMAR. É preciso ter um coração disposto a acolher o dom que se manifesta a nossa frente, nos fatos, nas pessoas, e que os olhos não podem ver, nem a razão pode perceber. É preciso ter um coração ansioso por se maravilhar com o dom da vida, com a capacidade transformadora do amor sem limites, que não se intimida com os desafios, e que acredita, mesmo diante de todas as descrenças. Nesta Carta Mensal, aproveitando o impulso que vem do Coração de Jesus, quem sabe os leitores possam todos encontrar inspiração para aprender a amar mais, a ser mais casal, a descobrir um pouco mais dos segredos da conjugalidade. Trilhemos juntos esse caminho sem limites que nos levará seguramente ao Coração de Deus. Esta Carta Mensal, meus queridos irmãos equipes, é de coração para coração! Que sua leitura nos leve a compreender as conseqüências do AMOR.

Com toda a ternura desta nossa equipe de redação, Silvia e Chico CR da Carta Mensal


Conse.l heiro da ECIR Queridos Casais e Conselheiros Espirituais! Paz e Bem! este mês em que celebramos a festa do Sagrado Coração de Jesus e o dia dos namorados, gostaria de propor a vocês uma reflexão sobre a riqueza destas duas comemorações à luz do livro "Cântico dos Cânticos". O livro "Cântico dos Cânticos" é uma coleção de poemas unidos somente pelo seu tema comum, que é o amor. Pode-se buscar a origem deste livro nas festas que acompanhavam a celebração do matrimônio. Por trás do sentido literal, é legítimo aplicar o Cântico às relações de Cristo com sua Igreja. O terceiro poema (Ct. 3, 6-11; 4, 1-16; 5,1) é um dos hinos de amor. Convido você, casal, a fazer neste mês a leitura do texto, juntos, assumindo o papel do "Amado" e da "Amada". Depois, meditem, rezem conversem e partilhem entre si o que sentiram. A Bíblia, ao ser lida, deve ser vivida, e esta é uma oportunidade para isso. No meio de muitas dificuldades pelas quais passamos, inúmeras vezes somos tentados a esquecer ou até desprezar a Palavra de Deus. Que neste mês dos "namorados" a Palavra de Deus ilumine a festa de vocês.

O Sagrado Coração de Jesus, ainda hoje, clama por "AMOR". Nada mais significativo do que darmos esse amor Àquele· que nos amou primeiro. Vocês, casais, são a expressão do verdadeiro amor de Cristo à sua Igreja e têm a responsabilidade de fazer valer ao mundo uma lógica diferente da que aí está. Na proporção do amor de Cristo por sua Igreja, deve situar-se o amor do esposo pela esposa, da esposa pelo esposo; um amor apaixonado, vivo, verdadeiro, VERBALIZADO. Quantas vezes vocês, casais, têm a oportunidade de verbalizar esse amor, mas a falta de tempo, a rotina, o deixa "prá lá", ou, até mesmo, "ele ou ela já sabe", impedem essa prática. Que aprendamos de Jesus a sempre dizer: "EU TE AMO", pois cada Eucaristia celebrada é essa declaração que Deus faz a cada um de nós e à sua Igreja. O amor de Deus esteja sempre com vocês! Sejam felizes!

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Abraços e orações,

Pe. Mário José Filho, css ECIR 2


Para Onde Vão os Casais Equipistas s nossos EACREs deste ano, enfocaram, de maneira privilegiada, o tema "CONVERSÃO" relacionado à "CONJUGALIDADE". Quedas, soerguimentos, mudanças, arrependimentos, reconciliações e até mesmo sofrimentos, são ingredientes de uma autêntica conversão, que é uma busca incessante de sintonia com a vontade e o amor de Deus. Todos sabemos do tombo que Paulo de Tarso levou, na estrada de Damasco. Do alto de sua prepotência, derrubado por Jesus, a quem perseguia, entregou-se-lhe de corpo e alma, experimentando uma mudança radical na sua vida, que passou, desde então, a ser conduzida pelo sopro do Espírito. Tornou-se o "Grande Apóstolo de Deus". O filho mais novo da Parábola da Misericórdia (Lc 15, 11-32), após ter sido, também, derrubado pelos reveses da vida, arrependido dos seus desatinos, resolveu apelar para a reconciliação com o seu Pai, confessando-se humildemente: "Pai, pequei contra o céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho". Foi agraciado com a alegria do perdão, sob a forma de um banquete. Perdoar, para o Pai, é uma festa! O famoso romance "Quo Vadis?" (Henryk Sienkiewicz) conta-nos do Apóstolo Pedro (acompa-

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nhado de um discípulo, chamado Nazário) procurando fugir da cidade de Roma, ameaçado pela perseguição de Nero, imperador romano, que estava assassinando os cristãos. De madrugrada, percorrendo a Via Á pia, abandonando Roma e os seus filhos aí martirizados, Pedro, a exemplo do que aconteceu com Paulo em Damasco, foi ofuscado por um clarão. Passado um instante, fixando o 3


sabemos que nela há acidentes de percurso. Mas, neste ano, descobrimos que, ao longo da caminhada, poderemos contar com a acolhida, repouso, revigoramento e orientação da "Casa de peregrino" (Evangelho de Lucas). Na fonte desta casa beberemos das águas da Misericórdia, Ternura e Amor do Pai. Queremos caminhar convertendo-nos ao teu projeto para o casal, o de constituir uma unidade no mistério de uma só carne. Queremos caminhar satisfazendo uma das exigências da verdadeira evangelização, o Testemunho, vivenciando intensamente nossa conjugalidade, sendo sinal, para o mundo, de amor, felicidade e santidade. - Mas é tão difícil, Senhor! Nossas individualidades são tão desiguais! Não, não vamos esmorecer. Disseste-nos: "Não se perturbem os vossos corações. Creiam em mim!". Escudados no auxílio do teu Santo Espírito, com a proteção de Maria Santíssima e auxiliados pela Regra de Vida, faremos nossa parte, realizando, não esforços heróicos, mas pequenos e continuados esforços capazes de aplainarem nossa estrada, revigorando a Esperança nos nossos corações. No teu seguimento sempre, Senhor. Sem medo de sermos felizes!.

olhar adiante, percebeu um homem transportado nos raios do sol. Com a boca entreaberta e tendo refletido no rosto o júbilo e o êxtase, ajoelhou-se e disse: "Cristo! Cristo!". Prostrou-se na atitude de quem beijava invisíveis pés e, durante muito tempo, reinou completo silêncio. Por fim, estabeleceu-se o seguinte diálogo entre o velho pescador e Aquele a quem Nazário não via:- "Quo vadis, Domine?" ("para onde vais, Senhor?"). Nazário não percebeu a resposta, mas ao ouvido do Apóstolo chegou uma voz triste e suave: "Abandonas o meu povo. Por isso, vou a Roma, a fim de ser crucificado outra vez". Pedro permaneceu deitado no caminho, com o rosto no pó. Ele também fora derrubado, mais uma vez. Ergueu-se, tomou nas mãos trêmulas o seu bastão de peregrino e, silencioso, voltou-se para as sete colinas de Roma. Nazário, então, dirigindo-se a Pedro, repetiu como um eco: "Quo vadis, Domine?". A Roma - disse com brandura o Apóstolo. E, lá chegando, a todos que o rodeavam com mil indagações, ele se contentava em dizer, com semblante sereno, mesmo sabendo que o aguardava o sofrimento do martírio: "Eu vi o Senhor!". E se o Senhor nos interpelasse: "Para onde vão, casais equipistas ?". Quem sabe pudéssemos responder: "Nós, membros das ENS, vamos caminhando na tua estrada, Senhor, rumo ao novo milênio. Já

Márcia e Luiz Carlos ECIR (Equipe de Coordenação Inter-Regional) 4


O Desafio à Catolicidade Carta de Marle-Magdelelne e Antolne Berger

Queridos Amigos do Mundo inteiro,

seja na nossa Igreja? Não é ter vocação para reunir a totalidade dos povos espalhados pelo planeta; é, antes que tudo, ser portador de uma "BOA NOVA" que seja ouvida por todo ser humano, apesar da diversidade de línguas e de culturas, porque essa "boa nova" atinge a identidade mais profunda de cada ser, lá onde as diferenças históricas, raciais, culturais se apagam diante da presença de um ser misterioso, a presença do mistério do ser humano, criado à imagem de Deus. As Equipes de Nossa Senhora são católicas não só porque nasceram no seio da Igreja Católica, mas também porque a sua mensagem espiritual atinge a identidade mais profunda do casal, no ponto em que as diferenças humanas se diluem diante do mistério do amor conjugal,

Pela última vez estamos escrevendo a vocês, já que o nosso mandato como membros da Equipe Responsável Internacional termina em julho de 1998. Assim, gostaríamos de lhes contar uma das experiências que esta missão ao serviço do Movimento nos permitiu viver: a experiência da catolicidade, que, aliás, está ligada ao novo fio condutor do "CORREIO DA ERI", desde alguns meses: A UNIDADE. A UNIDADE E A UNIVERSALIDADE, não são elas as características essenciais à catolicidade e, afinal, não são também menos opostas do que à primeira vista parecem? O que significa "ser católico" , quer seja no nosso Movimento, quer 5


reflexo do amor de Cristo por sua Igreja, como nos diz o apóstolo Paulo, parábola da aliança entre Deus e a humanidade. Os nossos amigos da África nos proporcionaram uma ocasião privilegiada de sermos testemunhas disso durante a sessão que realizamos com eles. De volta, escrevíamos que nós todos, participantes bem diferentes,

Essa constatação representa para as Equipes de Nossa Senhora um desafio muito grande. Sua vocação católica as obriga a um duplo encaminhamento. De um lado, a universalidade ensina-lhes a despojar sua mensagem de seus componentes circunstanciais para atingir a vocação humana e divina do casal cristão no que ele tem de universal; por outro lado, a unidade os obriga a nutrir sua fé e sua espiritualidade com a mesma seiva, recolhida numa terra alimentadora comum. E, se é bom enxertar numa árvore diferentes ramos, é ainda mais necessário fortificar as raízes de onde sobe a seiva vivificante. Na grande árvore das Equipes de Nossa Senhora, quais são os ramos novos que podemos enxertar? Entre suas raízes quais são, de fato, as vitais? O Movimento nasceu e se desenvolveu, em primeiro lugar, em sociedades de tradição majoritariamente católica. Hoje, os casais mistos se multiplicam nas Equipes de certos países onde a igreja Católica é minoritária: é o caso por exemplo, da Grã-Bretanha, um dos países com os quais fazemos a ligação com a ERI. E as Equipes, lá, são solicitadas por casais ou pastores de outras confissões cristãs *. O desafio da catolicidade, é discernir, em colégio, o que constitui a essência do Movimento, além das circunstâncias históricas e culturais da sua criação e de seu crescimento; é discernir e preservar o que poderíamos chamar "seu patrimônio genético", que não pode ser muda-

"nos sentíamos verdadeiramente semelhantes, quando chegávamos ao coração do ser humano, ao coração do casal". Sob a superfície do casamento, sob as suas formas e ritos, além dos costumes e das leis, no mais profundo de uma união conjugal banhada pela espiritualidade conjugal, se esconde o amor humano que é a imagem do amor divino e, como tal, único e universal.

O desafio à catolicidade é discernir colegiadamente o que constitui a essência do Movimento para além das circunstâncias históricas e culturais do seu nascimento ou do seu crescimento; discernir e preservar é o que nós, de bom grado, chamaremos de seu "PATRIMÔNIO GENÉTICO'~ intocável! 6


neles e tu em mim, para que sejam perfeitos na unidade, e para que o mundo reconheça que tu me enviaste e que os amaste, como amaste a mim" (Jo 17, 22-23). No seio de nosso Movimento, como no seio de nossa Igreja, a catolicidade, mais do que uma aquisição histórica que deve ser respeitada passivamente, nos aparece como uma busca permanente. Na sua longa marcha comum, através do deserto, em direção à terra prometida da unidade perfeita, as tribos dos discípulos do Cristo estão todas em busca de catolicidade. Entre elas, os casais mistos não poderiam, de maneira privilegiada nutrir o diálogo e tecer ligações? Caminho árido, ascético, uma vez que a verdadeira unidade passa pelo abandono doloroso do que não é universal. Não seria esse o desafio, o apelo lançado às ENS como às famílias da igreja de Cristo para o terceiro milênio? Em todas as farm1ias, a mãe é de maneira especial a artesã e a guardiã da unidade. Não é um sinal que a Virgem Maria, esta Mãe que Jesus, na cruz, deixou à sua Igreja, confiando-a ao discípulo João, seja aquela a quem nossas equipes são confiadas? Com Maria, rezemos pela unidade de nossa farm1ia universal.

As Equipes de Nossa Senhora são católicas não só porque nasceram no seio da Igreja Católica, mas também porque a sua mensagem espiritual atinge a identidade mais profunda do casal, onde as diferenças humanas se diluem diante do mistério do amor conjugal. do, sem o qual o organismo vivo das Equipes de Nossa Senhora perderia sua identidade, sua alma e, bem depressa, sua vida. Assim, é o sacramento do matrimônio, pedra angular essencial da espiritualidade conjugal proposta pelas ENS. O desafio da catolicidade significa para nosso Movimento, como também para nossa Igreja, guardar a unidade para viver plenamente sua universalidade. Estaríamos traindo Jesus, se separássemos a ordem que deu aos apóstolos, depois da ressurreição : "Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a todas as criaturas" (Me 16, 15), da oração feita ao Pai, na véspera de sua morte: "Eu mesmo dei a eles a glória que tu me deste, para que eles sejam um, como nós somos um. Eu

* Essas equipes podem pertencer às Equipes de Nossa Senhora, desde que as confissões cristãs a que pertencem considerem o matrimônio como um sacramento. Marie-Magdeleine e Antoine Berger 7


Carta doCE Internacional A Unidade, um Desafio? sempre à escuta de sua Palavra. E queremos, também, que nossa vida de membros das ENS, seja um meio de santificação e de perfeição dos casais. A palavra de Jesus nos é também dirigida na nossa comunidade eclesial, tal como foi dirigida aos apóstolos. Devemos ouvi-la como se fosse para nós, mas também devemos discernir o sentido que deve ter essa necessidade de unidade manifestada por Jesus aos discípulos de uma maneira tão solene. Unidade, para quê? Unidade, em quê? Em que medida e em quais níveis somos chamados a salvaguardar uma unidade? Há, evidentemente, graus diversos, e nosso dever mais importante de unidade diz respeito ao pensamento da Igreja Católica à qual pertencemos como batizados e como casais unidos pelo sacramento do matrimônio. Nosso grande dever é conhecer a fundo o nosso "Credo" e querer ser fiéis à comunidade eclesial, cuja cabeça é o Papa, com nossos bispos. Mas, há nas ENS, a unidade mais específica. Nós temos uma história e, durante cinqüenta anos, as Equipes têm seguido a exigência da primeira inspiração, ajudadas pelo trabalho e pelo esforço de todos, casais e conselheiros espirituais. O incrível crescimento de nosso Movimento é cimentado pela busca de uma espiritualidade conjugal que segue métodos bem concretos, expe-

visão profética de Jesus, no imiar de sua paixão, fez om que Ele repetisse muitas vezes a mesma idéia: "que eles sejam um, como nós (Jo 17, 11) ...para que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim (id 21), ... para que sejam perfeitos na unidade" (id 23) ... É preciso ler atentamente esta página de João, e procurar adivinhar os sentimentos de Jesus. Ele sabia que um dos grandes desafios que seus discípulos deveriam enfrentar, mergulhados na realidade do mundo, seria o da perda da unidade. Assim, Jesus fala ao Pai num contexto onde repete, como uma obsessão, a palavra "mundo". Ele a pronuncia vinte e quatro vezes e a apresenta como um perigo que ameaça os discípulos. Cristo sabia que o mundo queria separá-los; previa toda a espécie de mal entendidos e de cismas, e de uma maneira solene, chega a dizer que a unidade era a prova da missão que Ele próprio tinha recebido do Pai, "que eles sejam perfeitos na unidade, e para que o mundo reconheça que tu me enviaste (Jo 17, 23) . O sentido de UNIDADE é muito importante no nosso Movimento. Unidade de intenção, é claro, pois nós todos queremos progredir no caminho que nos traça o Evangelho, a Carta de nossas famílias, e estamos atentos aos apelos do Senhor,

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nas, com nossas Partilhas, nossa ajuda mútua, nossa amizade fundamentada no nosso encontro de fé e de esperança. Nossa especificidade nos dá a unidade, e não podemos nos cons!derar membros das ENS se fugirmos aos nossos compromissos, ou se inventarmos métodos diferentes, ou se suprimirmos elementos essenciais, enunciados pela nossa CARTA fundadora. "Conserve a unidade", aconselhava o Padre Caffarel a seu sucessor. "Conserve a unidade", têm repetido os outros conselheiros espirituais que sucederam a ele ... Sejamos fiéis à primeira inspiração, abertos a toda adaptação, mas sempre em harmonia com aqueles que têm a responsabilidade global do Movimento, de sua estrutura e de sua ideologia. Nós todos somos ramos de uma grande árvore que hos abriga e que nos alimenta com uma seiva comum. Temos que nos sentir bem unidos ao tronco; mas se nós quisermos viver com nossos próprios métodos e se quisermos seguir nossos caminhos com compromissos diferentes, precisamos ter a coragem de falar, de refletir nossa posição com os responsáveis e de aceitar suas decisões, depois de um diálogo sincero e construtivo. E, em caso de incompatibilidade, devemos ter a coragem de sair do Movimento, se acreditarmos que nossas opções estão fora das opções das Equipes de Nossa Senhora.

A nossa especijlcüiade nos dá a UNIDADE. Sejamos fiéis à primeira inspiração, abertos a todas as adaptações, mas sempre em harmonia com sua estrutura e sua üieologia.

rimentados, estudados e revisados. Nossa vida de casal recebe o sopro do Espírito, graça a uma série de pontos que são coordenadas bem claras e precisas: o diálogo com Deus pela oração pessoal e conjugal; o diálogo dos cônjuges, através do dever de sentar-se. E tudo isso vivido numa vida de equipe como elemento essencial de nossa caminhada com Jesus, através das realidades huma-

Pe. Cristóbal Sàrrias. s.j. 9


Notícias Internacionais Sessão de Forma~ão na Índia

No dia 22 de janeiro de 1998, no centro "Renouveau" de Ernakulam, do estado de Kerala, os membros das equipes da Índia se reuniram para uma sessão de formação de três dias, tendo como tema a orientação atual, "Convidados às bodas de Caná". A sessão foi organizada pelo casal responsável regional, Cheryan e Annie Pudussery e por Tom e Maureen Hoban, casal de ligação da Equipe Responsável Internacional. Dois casais ingleses, Mike e Kay Vadon, John e Berenice Goodwill, em férias na região, tomaram parte ativa no encontro. Na Índia há 19 equipes, em três setores, todas no Estado de Kerala, a sudoeste do país. Os católicos, cuja maioria se encontra nessa parte da Índia, representam uma parte bem

pequena da população ( menos de 2% ). Há três ritos católicos e sacerdotes desses três ritos estão engajados no Movimento. Em Kerala fala-se inglês, mas a língua local é o malayalam. A tradução dos documentos das ENS, que está sendo feita, é considerada como uma etapa importante para o futuro crescimento do Movimento. Após a sessão de formação, houve o encontro regional anual. Vários membos do clero estiveram presentes nesse encontro e nas celebrações litúrgicas, entre os quais o arcebispo Dr. Daniel Acharuparambil que deu seu total apoio às ENS, pois considera que elas trazem um aprofundamento importante à relação do casal.

Eq. Responsável Internacional 10


O Dom Sublime da Confirma~ão

E

is como o Papa Paulo VI sintetizou todo o ensino sobre o Sacramento da Confirmação ou Crisma: "Pelo Sacramento da Confirmação, aqueles que renascem no batismo recebem o dom sublime, o próprio Espirito Santo. São enriquecidos por ele com uma força especial e, marcados pelo caráter desse sacramento, ficam mais perfeitamente unidos à Igreja e mais estreitamente obrigados a difundir e defender a fé por palavras e atos, como verdadeiras testemunhas de Cristo. Finalmente, a Confirmação está de tal modo ligada à Sagrada Eucaristia, que os fiéis, já marcados com o sinal do Batismo e o da Confirmação, são inseridos plenamente no Corpo de Cristo pela participação na Eucaristia" (Rito da Confirmação pg. 12). É conveniente enumerar os efeitos deste sacramento, conforme o texto acima. Pela confirmação ou crisma, o cristão: 1. Recebe o dom sublime do Espírito Santo; 2. Recebe uma força especial; 3. Fica marcado por isto que a teologia sempre chamou "caráter" ou sinal indestrutível; 4. Fica perfeitamente unido à Igreja; S. Deve difundir e defender a fé, como testemunha de Cristo; 6. É, por novo título, chamado a participar da Eucaristia.

Pelo Sacramento da Confirmação, aqueles que renascem no batismo recebem o dom sublime, o próprio Espirito Santo. 1 § 0Domdo Espírito Santo Quando o Bispo ungiu você com o óleo do crisma, ele disse: "Recebe, por este sinal, o dom do Espírito Santo". O Catecismo ensina-nos que são sete os dons do Espirito Santo: sabedoria, inteligência, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor de Deus. Nesta enumeração de 7 dons, está simbolizada a plenitude. Na verdade, os dons do Espirito Santo são infinitos. São todos os dons de que precisamos para servir a Deus e à Igreja. Por isto, o que na 11


Crisma se recebe é a totalidade dos dons, no único dom: o dom do Espirito Santo.

o Papa, "fica mais perfeitamente unida à Igreja". Recebendo mais luz, mais força, mais sabedoria espiritual, quem é crismado torna-se muito mais capacitado para tomar parte ativa na Igreja, isto é, na comunidade paroquial e diocesana.

2•A For~a Salienta-se, entre os dons, o da força para vencer o mal e praticar o bem e dar testemunho de Jesus. "Recebereis a força do Espírito Santo que descerá sobre vós, a fim de serdes minhas testemunhas"- prometeu Cristo (At 1, 8). E o Concílio Vaticano II ensina: "Pelo sacramento da Confirmação os fiéis são enriquecidos de especial força do Espírito Santo" (Lumen Gentium 11).

~Difundire

Defender a Fé Mais unidos à Igreja, aqueles que são crismados devem interessar-se por ela. Devem difundir e defender a fé que a Igreja anuncia. Devem ajudar na evangelização, como membros conscientes da Igreja. Ensina o Concílio Vaticano 11: "Os leigos, inseridos pelo Batismo no corpo místico de Cristo e, pela Confirmação, robustecidos na força do Espírito Santo, recebem do próprio Senhor a delegação para o apostolado" (Apostolicam Actuositatem. n. 3)

3• O Caráter ou Sinal Entre os 7 sacramentos da Igreja, 3 imprimem "caráter", isto é, sinal, configuração, semelhança com o sacerdócio de Cristo: O Batismo, a Confirmação e a Ordem·. O Batismo imprime na alma o sinal de filho de Deus A Confirmação imprime nela o sinal de testemunha de Cristo. A Ordem dá-lhes a marca do poder sacerdotal. É de notar que o sinal ou marca resultante da Crisma se identifica com o próprio Espírito Santo. Por isso recomenda São Paulo: "Não entristeçais o Espírito Santo de Deus, com o qual estais selados para o dia da redenção" (Ef 4, 30).

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62 Participa~ão na Eucaristia A Eucaristia é o sacramento central da Igreja. Aí, recebe-se o alimento da palavra e do corpo de Cristo. Aí, Ôferece-se o maior culto a Deus. E, aí, todos nos unimos em comunhão. O crismado, recebido por novo título na Igreja, pode e deve, por isso, participar mais da Eucaristia. Por mais este motivo, a Crisma é um sacramento de cristãos conscientes e maduros.

•A

união co111 a lgreia No Batismo a pessoa já é unida à Igreja. Mas, na Crisma, como diz

Pe. Gian Maria Zanzi CE do Setor e das Equipes de Guapiaçu, SP 12


aoclas Sacerclotais Estamos em festa. Nosso querido padre Lívio, Conselheiro Espiritual, de nossa Equipe, completa 60 anos de ordenação sacerdotal, no dia 1O de :

julho de !998. Está com S4 anos de idade, e cami·

i

nha com a nossa equipe desde sua fundação, em ' 26 de fevereiro de 1977, portanto há 21 anos. É um homem de Deus. Apesar da idade nun- - - - --

ca deixa de participar da Prévia e da Reunião Mensal. Está sempre nos incentivando a caminhar na retidão, animando-nos e fortale· cendo-nos na fé, com os seus ensinamentos. Incentiva-nos quando caminhamos; anima-nos, quando tropeçamos e corrige-nos, quando erramos, tudo isso com muito carinho. Homem inteligente e humilde que tem o Brasil, particularmente Sorocaba, como sua morada. Estamos em festa por tê·\o como Conselheiro Espiritual. AEqui·

pe 5 está orgulhosa e feliz pelos seus 60 anos dedicados a Deus e pelaDeus sua perseverança. lhe pague, querido, por tudo o que tem feito por nós e que

NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS lhe derrame inúmeras bênçãos do céu. O senhor merece, AMIGÃO. Equipe 5- Nossa Senhora das Graças, Sorocaba B • SP Tereza e Humberto, CRE

Falecimento Lembremo-nos 5 . a. Monsenhor' em nossas orações ' d os nossos Irmãos falecidos:

Mauro Vallini ocorr!do em 20 de abril d selhelro Espiritual d ? 1 998. Durante 21 an de foi . Sorocaba/SP.. a Equipe 2 - Nossa Sen h oraos, o ConLourdes

h. Albino da M . M ' arza

-

. embro da equipe 14 N . ndo em 15 de abril d~ 1o~s9a8Senhora da Paz- Niterói/RJ, ocor-

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O Cristo que Nos Une peito das exigências da própria consciência e da consciência do próximo, com profunda humildade e amor à verdade" (N° 39). O mundo precisa ver os cristãos como "pessoas amadurecidas na fé, capazes de se encontrar para além de tensões que se verifiquem, graças à procura comum, sincera e desinteressada da verdade" (N° 98). E o papa nos questiona : "Na verdade, como anunciar o Evangelho da reconciliação, sem contemporaneamente se empenhar a agir pela reconciliação dos cristãos ?" (N° 98). Eis, então, um ponto forte para nossa reflexão: Como agir? Já que as ENS nos chamam a "buscar a vontade de Deus", "viver a verdade" e "viver o encontro e a comunhão", como poderemos interpretar as palavras do papa sobre o Cristo que nos une? Podemos tentar aprender, exercitando nosso agir, dentro das ENS. Afinal, se não soubermos respeitar as diferenças pessoais, as diferenças de um casal para outro, as diferentes personalidades que individualizam cada equipe, as diferentes culturas de cada região aonde o nosso Movimento já chegou, como, então, poderemos aspirar a buscar a essência cristã que temos em comum com os irmãos de outras igrejas? Se não soubermos respeitar as diferentes opções de ação pastoral que cada equipista pode fazer dentro da imensa variedade de possibilidades que temos em nossas paróquias e dioceses, como poderemos

á estamos às portas do ano 2000, ansiosos por comemorar este tão especial jubileu da vinda de Cristo. Nossa Igreja, no Brasil, vive o Projeto Rumo ao Novo Milênio, com grande entusiasmo e muita alegria. Este projeto dos bispos, plenamente assumido pelos leigos, atende ao chamado do Papa João Paulo 11, feito a todos os católicos, em novembro de 1994, através da sua Carta Apostólica "Advento do Terceiro Milênio". Chama-nos a atenção parte do parágrafo 16, que assim diz: "Entre as súplicas mais ardentes desta hora excepcional que é o aproximar-se do novo Milênio, a Igreja implora do Senhor que cresça a unidade entre todos os cristãos das diversas Confissões até à obtenção da plena comunhão". Essas poucas palavras resumem o que o papa escreveria, logo a seguir, em maio de 1995, em outra carta, chamada "UT UNUM SINT", cujo título significa "Para que todos sejam um". Com mais detalhes, ele nos chama, clero e leigos, a buscarmos o diálogo com as outras igrejas cristãs. Em seu apelo, João Paulo 11 convida-nos a que busquemos o que nos une aos outros cristãos e não o que nos separa. Devemos nos aproximar dessas igrejas sem nos impor como donos absolutos da verdade. Devemos respeitar as diferenças culturais. As polêmicas e controvérsias devem " ... ser encaradas, sobretudo, com sincero espírito de caridade fraterna, de res-

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entender o que nos diz o papa ao lembrar as palavras de São Mateus: "Um só é o Vosso Mestre, e vós sois todos irmãos" (N° 26)? Como saberemos entender que "os fiéis são um, porque, no Espírito, eles estão em comunhão com o Filho, e, ele, em comunhão com o Pai" (N° 9)? Enquanto equipista, cada um de nós deve nortear sua vida pelo carisma do Movimento. No entanto, a história de cada um pode levá-lo a participar simultaneamente de outros Movimentos, ou até mesmo de instituições religiosas. É fato que muitos equipistas são, também, carismáticos, vicentinos, franciscanos, etc. Se não soubermos resistir à tentação de impor aos irmãos, em especial os da nossa própria equipe, a nossa opção pessoal de vida religiosa, será que conseguiremos entender que nossos irmãos em Cristo o possam buscar através de outros hábitos, práticas, costumes e preces? Saberemos respeitá-los, como nos pede o papa? E afinal de contas, como agir? Como chegar à unidade? O próprio papa João Paulo II apresenta-nos o seu esforço e os frutos de sua atuação junto a inúmeras igrejas cristãs, ao longo de seu pontificado. Além disso, afirma que, para conseguir a unidade, é preciso oração, ação de graças e esperança no Espírito. E, ao final da encíclica nos diz : "Ao alvorecer do novo milênio, como não solicitar ao Senhor, com

renovado ímpeto e consciência mais amadurecida, a graça de nos predispormos, todos, para este sacrifício de unidade" (N° 102). Por fim, repetindo as palavras do apóstolo Paulo, encerra dizendo "trabalhai na vossa perfeição, confortai-vos mutuamente, tende um mesmo sentir, vivei em paz. E o Deus do amor e da paz estará convosco" (N° 103).

Lourdes e Sobral Equipe 37-A- Brastlia, DF 15


Um Papa para Todos os Tempos a todos nós a figura de Paulo I leva consigo as gratas recordações da renovação da Igreja, nos anos 1963-1965 . Um papa que veio até a América Latina, deixando paz e sossego nos corações dos violentos. Um Papa preocupado com as dificuldades do mundo e de grande sensibilidade diante da miséria e da dor de todos os povos. Na vida deste Papa, na sua história, tiveram enorme influência as figuras do pai e da mãe. Casal que a cada um dos seus três filhos apoiou e iluminou para o futuro. Na região de Bréscia, na Itália, numa das farru1ias das mais tradicionais, nasceu o menino Giovanni Battista Montini. Era o ano de 1897, dia 26 de setembro. Sua infância se passava no meio das alegrias do lar. No ano de 1907, o menino Montini conhece a quem foi o seu primeiro e melhor amigo, Andrea Trebeschi. Na escola de Arici, os dois meninos interessam-se pela literatura francesa e na promoção de grupos de pesquisa e publicação de panfletos que ajudariam na promoção da juventude. Existem alguns dados que mostram que a vontade de Montini era a de dedicar-se para sempre à literatura. O jovem Montini, na certeza de ser escritor, entra na faculdade de Milano. Nessa época conhece aquele que seria seu orientador voca16

cional e espiritual, o Pe. Bevilaqua, que o introduz na leitura da vida dos santos, além da Imitação de Cristo, obra que sempre estará junto a Battista Montini. No dia 29 de maio de 1920, aos 22 anos, o jovem sacerdote, celebraria sua primeira missa na capelinha onde tantas vezes, como criança e jovem, teve a oportunidade de participar. Para seu Bispo era difícil decidir qual o melhor lugar para o exercício do ministério do seu novel sacerdote. Depois de algumas consultas, a decisão estava tomada: viajaria para Roma, para especializar-se em Direito Canônico. A vida em Roma torna-se monótona. Só que a cultura e avidez intelectual de Montini levam-no a descobrir novos caminhos. Estuda e participa das conferências para a juventude. Nas férias aproveita o encontro com familiares e amigos para trocar idéias sobre a vida e a cultura. Tudo isto fez com que o jovem padre seja conhecido na universidade como um homem de mente brilhante e palavras ponderadas, juízos acertados e também gosto refinado pelas coisas. Nesse momento encontrava-se destinado para trabalhar na Secretaria do Estado do Vaticano, onde iniciara seu caminho diplomático. Depois de ser destinado para a Polônia, a uma das missões diplo-


nha: "uma das coisas que encanta no padre Montini é o tempo que ele passa na Capela em oração". Seus colegas da Secretaria de Estado admiram esta dimensão monacal. Fica horas inteiras contemplando a Eucaristia.

máticas voltou para Roma e, como pró-secretário do Chanceler, demonstrou sua capacidade para enfrentar os problemas e dificuldades com muita cautela e equilíbrio. Uma das freiras que cuidam dos apartamentos do Vaticano testemu-

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Agora, já como Monsenhor Montini, dedica boa parte do tempo a organizar os discursos e audiências do Papa Pio XII. cuja presença na vida de Montini vai delinear muitos rasgos da sua personalidade. Nessa época iniciam-se, no mundo todo, movimentos renovadores, dos quais Montini tem conhecimento. Depois de trabalhar no Vaticano é transferido e sagrado Bispo na Arquidiocese de Milão. Aí exerce seu ministério pastoral no meio dos jovens da universidade, no meio de seus sacerdotes com quem tanto partilhava e com as crianças doentes que o deixavam calado, mas sempre atento e disposto. Dizem que, na época em que pastoreou sua Diocese, foram muitas as novidades pastorais, além do diálogo que estabeleceu com todas as culturas. Salienta-se, entre as suas muitas qualidades como Papa Paulo VI, ser um homem de diálogo e encontro com todos os grupos, sempre aberto às necessidades de todos os tempos. Nesse momento surge na Igreja a esperança para o mundo: o Concílio Vaticano li. A sua homilia na Catedral iniciou-se assim: "Este Concílio será o maior que a Igreja celebrará em vinte séculos de história; será o mais católico pela sua projeção espiritual e chegará a todas as sociedades civis". Com essas palavras, o Cardeal Montini, expressaria para seus fiéis toda a sua adesão ao Papa João XXIII para ser colaborador e mão direita no evento pastoral.

Com a morte de João XXIII o Concílio ficaria parado. Surgiu a pergunta: quem iria continuar sua tarefa de "aggiornamento" para um mundo que, mais do que nunca, clama pela Paz e concórdia, além de pedir da Igreja uma presença muito mais eficaz nos problemas e dificuldades dos homens? Os candidatos à Sé Apostólica são de grande peso. Com essa anotação não estou julgando atitudes, mas sim afirmando que a história se constrói no meio das fraquezas e realidades humanas. Depois de muita disputa o Giovanni Battista Montini, Cardeal de Milão, é eleito Pontífice da Igreja Católica. Ao ser perguntado se aceitava, ele respondeu: "Estou crucificado com Cristo". A partir deste momento, a Igreja teria muito a dizer a respeito desse homem. Definido por muitos como o Papa do século, por outros como homem de luz brilhante, homem de reformas e até o Papa das viagens. Eu só quero desejar que a Igreja toda se una em oração para louvar a Deus por nos ter permitido descobrir sementes do Reino na sua pessoa, no seu agir. Como diria o grande eclesiólogo Yves Congar, no dia das honras fúnebres do Papa Paulo VI: "Foi uma página aberta do Evangelho, a qual só uma brisa suave poderá fechar".

Extratos do trabalho do Pe. José Rafael Solano Duran, CE de equipes de Londrina, PR, ao ensejo do Centenário de nascimento do Papa Paulo VI 18


Caridade/ Instrumento Eficaz de Salva~ão lvez muitos de vocês conheçam esta historinha. Era uma vez um país muito rico e distante. O rei tinha um filho muito inteligente. O príncipe tinha tudo o que queria, todos os seus desejos lhe eram satisfeitos, porém ele não era feliz. Em seu semblante havia sempre um ar de tristeza e insatisfação. O rei não entendia o porquê disso tudo, uma vez que ao seu filho amado nada lhe faltava. Um dia, o rei chamou o príncipe, e com ternura perguntou-lhe: - Você tem tudo o que quer. Não há nada que você queira que não lhe seja satisfeito. Apesar disso tudo, vejo-o sempre triste. Porque não consegue se sentir feliz? Tem alguma dor secreta em seu coração? O príncipe respondeu: - Como o senhor bem disse, nada há que eu queira e que não me seja satisfeito. Eu tenho tudo, posso fazer o que bem quero. Em assim sendo não há razão para que eu guarde um sofrimento secreto. O que acontece comigo é que não consigo sentir a alegria em viver. Nem mesmo eu entendo porque me sinto assim. Resolveu então, o rei, publicar uma nota oficial, em que prometia uma grande recompensa a quem conseguisse tornar seu filho feliz. Muitas pessoas tentaram, mas todas elas fracassaram, e o abatimento

do príncipe foi ainda maior. Certo dia, apareceu um mágico, que disse: - Eu consigo tornar seu filho feliz! Com ar de desconfiança, o rei retrucou: - Se você realmente conseguir torná-lo feliz, dar-lhe-ei tudo o que desejar. Mas, você tem mesmo certeza de que conseguirá? Com permissão do rei, o mágico conduziu o príncipe para outro aposento. Pegou uma folha de papel em branco e nela escreveu alguma coisa com tinta incolor. Entregou-a ao príncipe e disse: - V á a um quarto escuro, acenda uma vela, e aproxime-a deste papel. Aí aparecerá aquilo que escrevi. Faça tudo o que ali estiver escrito e a partir de hoje mesmo tornar-se-á feliz. Ao terminar de falar o mágico desapareceu. Nas mãos do príncipe ficou apenas aquela folha de papel, aparentemente igual a qualquer outra. Imediatamente o príncipe foi a um quarto escuro, acendeu a vela e, aproximando-a do papel, fez surgir nele letras em azul. Estava escrito assim: "PELO M ENO S UMA VEZ POR DIA, PRATIQUE UM ATO DE BONDADE!" Então era esse o segredo da felicidade! O príncipe seguiu o se-

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gredo do mágico, e desde esse dia tornou-se feliz. Ninguém- seja ele quem for, rei, príncipe, milionário- conseguirá tornar-se verdadeiramente feliz, enquanto não conhecer a alegria de ser útil aos outros, de tornar feliz o seu próximo e sentir em si o reflexo dessa alegria. São Francisco de Assis bem o dizia: "É dando que se recebe". Doando-se é que o homem consegue fazer com que esse tesouro retorne a ele com seu valor aumentado dezenas de vezes. Assim como o elemento químico rádio, que não diminui apesar de irradiar milhões de elétrons por segundo, o homem também não diminui em nada, por mais que dê de si mesmo aos outros, por mais que se dedique para tornar feliz seu próximo. Pelo contrário, quanto mais se dá, mais abundantemente passa a fluir nele a "água viva", o Cristo Ressuscitado. Isto na verdade acontece, porque a vida do homem e a de seus semelhantes são uma coisa só. Em assim sendo, é na felicidade do outro que o homem encontra a sua própria felicidade. O homem e seus semelhantes formam uma só vida, pois são "irmãos da vida", nascidos da mesma "Vida". Por isso, ser útil ao próximo é, em última análise, ser útil a si mesmo. Não se mostrar bondoso para com os outros é até tolerável. Mas o que realmente é lamentável é o fato de haver pessoas que se satisfazem fazendo a maldade, tecendo

comentários maldosos, assistindo à infelicidade alheia. É na simplicidade das coisas que o amor se manifesta. Não devemos lamentar o fato de não possuirmos nenhum bem material para oferecer aos outros. Mesmo que não tenhamos nenhum bem, poderemos oferecer-lhes uma expressão feliz, um sorriso: para nossos pais, para nossos filhos, para seu marido, para sua esposa, para nossos irmãos, enfim para seu próximo. Repare, por um instante, quão maravilhosas são as pessoas alegres e otimistas que vivem espalhando luz por onde passam, sempre com um sorriso feliz nos lábios, sempre transmitindo felicidade. Dos ingredientes necessários que compõem o segredo de um lar feliz, o sorriso ocupa, sem sombra de dúvida, lugar de destaque. Infeliz o lar onde seus membros não sabem sorrir. A falta dele gera insatisfação mútua. Então não é difícil ser bondoso, ser caridoso para com seu próximo, basta simplesmente sorrir. E a propósito disto: "Você já sorriu hoje? Para sua esposa, seu marido, seus filhos, seu próximo?" Lembre-se daquilo que Jesus disse: "TUDO O QUE FIZERDES A SEU SEMELHANTE, QUER DE BEM, QUER DE MAL, É A MIM QUE O FAZEIS".

Leda e Zé Gordinho Eq. N. Senhora Aparecida Torrinha, SP 20


É Bom Demais/ encantado, empregar todos os esforços para obter. Vamos voltar ao passado e lembrar-nos de nossa primeira troca de olhar: ele era "um pão", ela era "uma uva"! Você se lembra da primeira troca de palavras, de como ansiosamente nos preparávamos para cada encontro; de como o

ia 12 de junho é o dia dos namorados. Dia dedicado àqueles que namoram! O que é namorar? Será que ainda nos lembramos do que seja isso? Namorar, diz o dicionário, é cortejar, inspirar amor, apaixonarse, cativar, seduzir, atrair, cobiçar, desejar ardentemente, ficar

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Namorar é cortejar, inspirar amor, apaixonar-se, cativar, seduzir, atrair, cobiçar, desejar ardentemente, ficar encantado, empregar todos os esforços para obter.

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tempo custava a passar, quando estávamos longe um do outro e de como o tempo voava quando estávamos juntos ... O primeiro toque de mão! O primeiro abraço! O primeiro beijo! O escurinho do cinema! Os bailes ... as brigas ... todas bobas! Mas não havia nada mais importante para nós; era o fim do mundo ... Mas, bom mesmo eram as reconciliações ... Que saudade!. .. Namorar era bom demais ... Era? ... era ... ? mas hoje, não continuamos namorando?! Se era bom demais seria um contra-senso que o namoro tivesse acabado! ... O dicionário disse que para namorar temos que cortejar, ou seja, tratar com cortesia, lisonjear, fazer a corte... Temos feito isso? Disse, também, que temos de inspirar amor. É isso mesmo; temos de ser a inspiração do amor, senão, como receber amor? Será que somos presença agradável? Inspiramos amor ou pena? Paixão ou compaixão? Temos de nos apaixonar: fazer nascer a paixão, que é um sentimento capaz de perturbar o juízo! Capaz de nos fazer sofrer ou alegrar com o outro. E, até, o sublime amor de chegar a extremos. Cristo amou-nos até a paixão! Mas namorar é, também, cativar: trazer cativo. Não escravo ou prisioneiro de um compromisso formal, mas unidos pela conquista do companheirismo, da confiança e da estima. O dicionário disse que vamos ficar encantados. E o dicionário

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disse que, no namoro, é preciso seduzir. Seduzir, aqui, é atrair, encantar, fascinar. Não é en~anar, desencaminhar, desonrar. E cuidado de todo dia, de toda hora. É estima, é respeito, é a mais pura amizade. E seduzir, depende só de nós, no agir, no vestir, no falar. .. Namorar é atrair... Namorar é cobiçar, é desejar ardentemente. É querer. E o querer é meio caminho do poder, do conquistar. O dicionário disse que vamos ficar encantados. E o mesmo dicionário diz que encantamento é coisa maravilhosa, é estado de plena satisfação. Logo, namorar é bom demais. É coisa divina! É agradável a Deus! Por fim, nos disse que temos que empregar todos os esforços para obter! Então, não podemos acomodar-nos. Se namorar é bom demais, esse esforço é alegria ... Curioso ... O dicionário não disse que namorar é coisa para jovens ou para solteiros!. .. Assim, nós, casais equipistas, no dia dos namorados devemos levar como nossa oferta a Deus, pão e uva, simbolizando aquele pão e aquela uva que, através do namoro, conquistamos. E peçamos a Deus, que é pleno de amor, que afaste de nós todas as barreiras que nos impeçam de amar, para que, enquanto vivermos, sejamos eternos namorados!

Terezinha e Ênio Equipe 6 Belo Horizonte, MG


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Sementes de

Coniugalida onjugalidade é a sublimação da prática da Vida Conjugal. A Conjugalidade, num sentido figurado, é semelhante ao cultivo de uma plantação que tem seu início no noivado, uma espécie de preparação do terreno. Durante esse período é feita a sondagem e avaliação dos solos que se irão fundir, complementado com um Curso de Preparação de Noivos, quando, então, ambos poderão observar se não existe discordância nessa fusão, podendo garantir a fertilidade das sementes, que começarão a ser plantadas no momento do ato da celebração do Sacramento do Matrimônio. As sementes indispensáveis para uma boa colheita e a consolidação da Vida Conjugal são as seguintes: • Semente do AUXÍLIO MÚTUO nos cuidados da vida material e espiritual do casal e dos filhos; • Semente da MATURIDADE, para os momentos de enfado de cada dia, aceitando um ao outro com suas virtudes e defeitos; • Semente do PERDÃO, quando ferirem o coração um do outro; • Semente da FIDELIDADE CONJUGAL, absoluta e perene; • Semente da HARMONIA CONJUGAL, na busca constante de proporcionar o prazer e a felicidade um do outro, tendo como objetivo a procriação, a educação dos filhos, e, como ideal, a suprema bem-aventurança de todos e de cada um.

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Para que essas sementes possam germinar e dar bons frutos é necessário serem regadas com vinhos de boa qualidade, indispensáveis a uma boa e satisfatória colheita, tais como: 1. Vinho do DIÁLOGO EM FAMÍLIA; 2. Vinho da ORAÇÃO CONJUGAL; 3. Vinho do DEVER DE SENTAR-SE; 4. Vinho do AMOR MÚTUO. Essa união de vinhos é essencial na sustentação das ALIANÇAS que formam o CÁLICE DA PARTILHA, do qual, pais e filhos poderão saciar-se e sentir as delícias de uma convivência ESPIRITUAL, CONJUGAL E FAMILIAR, que é o supremo ideal das EQUIPES DE NOSSA SENHORA.

Alice e Aurélio Equipe OS - Setor A Manaus, AM

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nu~ so coraçao. ENS 5- Setor A- São José do Rio Preto BP- Casal- Marli e Jer1c6

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.idadr do outro


Cristo se deu em Alimento à Humanidade seu Corpo e no seu Sangue, e lançou-o pelos séculos afora, para servir de alimento a quem o quisesse receber no amplexo de amor eternizado pelo "Fazei isto em memória de mim". O corpo humano precisa de alimento: para crescer, para se manter em forças, e para recuperá-las quando as perde. Mesma coisa o espírito do homem; alimento espiritual que faça crescer, mantenha as forças espirituais e ajude a recuperá-las quando o pecado as destroçar. Por isto escolheu essa forma tão simples de ficar conosco, tão perto de nós, tão ao nosso alcance. Fez-se comida e bebida na Eucaristia. Fonte de nossa vida, fonte de nossas energias para a caminhada rumo ao Pai.

festa de Corpus Christi foi instituída pela Igreja, para ajudar a manter bem viva em nossa mente e nosso coração a consciência do grande milagre de amor que é a Eucaristia. Não bastasse o Filho de Deus fazer-se Homem, assumindo a nossa natureza até nas suas fraquezas, não bastasse oferecer a sua Humanidade no mar de dores do sacrificio da Cruz, não bastasse garantir a sua presença de Ressuscitado no meio de nós até o fim dos tempos, quis ainda Cristo inventar mais um modo de nos mostrar o seu amor. Isso foi na Quinta-feira Santa: antecipou o sacrificio da Cruz, colocando-o sob os sinais do pão e do vinho separadamente mudados no

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Mas há mais coisas ainda nas razões da escolha de Cristo que a gente vai descobrindo ao se achegar a Ele. Ele se fez não apenas pão e vinho, mas se fez refeição, porque a Eucaristia não é só a Hóstia Consagrada, é comer esse Pão e esse Vinho divinizados. Por que será? Não é difícil entender. Desde que o mundo é mundo, a refeição tomada em comum sempre teve para os homens um significado maior do que o ato material de comer. É um instrumento de partilha, uma expressão de amizade, uma ocasião de se estreitarem laços de fraternidade. A família unida pelo amor procura, sempre que possível, tomar em comum a sua refeição: o pai ganhou aquele alimento, trabalhando por amor, a mãe preparou-o com amor e carinho, e todos ao redor da mesma mesa, servindo-se do mesmo prato, retemperam suas forças físicas, enquanto no diálogo e na partilha vão crescendo também nos laços de união. É com o comer e beber em companhia que os homens celebram suas festas de alegria, aniversários, casamentos, promoções. E tantas outras considerações poderíamos fazer ao redor desse ato aparentemente tão banal: a refeição. Mas foi exatamente por isso que Cristo o escolheu, para ser o sinal eficaz de sua presença no meio de nós, unindo-nos a Si com os laços mais íntimos. Se nós nos alimentamos do mesmo Cristo, Ele nos une também intimamente uns aos outros, como irmãos seus. E o seu Sangue passa a circular em nossas veias (em sentido espiritual, é evidente),

percorrendo-nos a todos como membros que somos do mesmo Corpo, o seu Corpo Místico. Ele se torna a fonte da Vida que nos vivifica, o laço de união que nos une a todos. Maravilha das maravilhas. É a Igreja, no seu sentido mais profundo, que brota da Eucaristia, e que dela se alimenta e cresce. Mas ... e se não houver união entre nós? E se os elementos de divisão e separação (o pecado) predominarem? Que direito nós teremos de colocar um gesto que por si significa união (entre nós e com o Cristo)? Como poderemos comungar com o Cristo se não comungarmos entre nós, todos nós? É o terrível alerta que São Paulo nos lança: "Todo aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor. Examine-se cada qual a si mesmo e, então, coma desse pão e beba desse cálice. Aquele que come e bebe, sem distinguir o corpo do Senhor, come e bebe a sua própria condenação" (Cor. 11,27-29). Precisamos desse alimento divino; se não, morreremos à míngua. Mas precisamos recebê-lo com as devidas disposições; se não, nos condenamos a nós mesmos. E a exigência principal é que haja em nossa alma aquela disposição fundamental de amor que foi o cerne de toda a vida de Cristo e que Ele, vivo, ressuscitado, quer nos comumcar.

Frei Estevão Nunes OP, CE, do livro "Coisas que Eu Penso" 27


E Se Não Der Certo?) onvidados pelo Casal Responsável da Coordenação para atuar na direção de uma Experiência Comunitária de casais recémcasados, ficamos alegres e preocupados ao mesmo tempo: alegres pela oportunidade de levar Jesus a outros casais e preocupados em exercer bem esse serviço. E muitas perguntas vinham às nossas cabeças: estamos bem preparados? como seremos recebidos? e se não der certo? será que chegaremos ao fim?

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Estas e muitas outras perguntas pairavam sobre nós, como nuvens negras que precedem uma tempestade ocultando-nos o horizonte.

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Confiantes no auxílio de nossa Mãe Maria fomos em frente e, hoje, olhando para trás, não sabemos dizer quem aprendeu mais, se nós com eles ou eles conosco. Com o passar do tempo, eles foram entrando cada vez mais em nossas vidas, de modo que já os consideramos nossos filhos na caminhada, tal a forma simbiótica de nosso relacionamento. E, nesse meio tempo, nasceram-nos três "netos" que nos encheram ainda mais de alegria e disposição de continuar caminhando com eles. Decidimos relatar nossa experiência pensando nos muitos casais equipistas que, por medo, recusam o chamado para prestar este serviço. Na realidade, não sabemos ao certo se somos nós que prestamos serviço ao Movimento ou se o Movimento é que nos presta um serviço ao nos fazer um convite para coordenar uma Experiência Comunitária.

Léa e Esmeraldino Equipe 1 - N.S. do Rosário Barbacena, MG 28


A Missão e / a Gra~a da Pilotagem m junho de 96, fomos convidados a pilotar uma Equipe de Nossa Senhora, a caminhar com um grupo de casais rumo ao ideal cristão do matrimônio, na vivência da espiritualidade conjugal e familiar. De início, fizemos as habituais perguntas: por que nós? O que fazer? Como, um dia, nos propusemos estar disponíveis ao Senhor e nunca dizer não ao seu chamado, colocamo-nos em oração, em busca de um diálogo aberto com Deus. E Ele foi benigno em respostas claras, ao longo de nossa missão. Recebemos a Equipe 18 do Setor Niterói, com seis casais maravilhosos - todos participantes da comunidade paroquial de Nossa Senhora Auxiliadora (Salesianos) mais o Sacerdote Conselheiro Espiritual, Pe. Gregório, pároco da Basílica. Que responsabilidade! Mas Jesus nos disse: "Quando vos entregarem, não vos preocupeis em saber como falar ou o que dizer: o que tiverdes de dizer vos será concedido naquela hora, pois não sereis vós a falar, é o Espírito do vosso Pai que falará em vós" (Mt 10, 19-20). Foi imbuídos dessa força, bem como de boa vontade e amor, que iniciamos nossa caminhada. Antes, procuramos estudar todos os documentos das ENS, Cartas Verdes, Cartas Mensais guardadas, documentos da Igreja, etc., a fim de que, pre-

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parados, nos mantivéssemos em unidade com o Movimento e fiéis à Igreja de Cristo. À medida que caminhávamos, o medo e as apreensões iam desaparecendo. A equipe foi crescendo em oração, espiritualidade e vida comunitária, enquanto nós nos fortalecíamos. Pelos laços de sincera amizade, uma nova família se formava! Todavia, não há alegrias sem tropeços, e, com eles, vivemos também momentos de preocupação e profundo sofrimento. Lembramonos, então, das palavras de São Paulo: "Mas, este tesouro nós o levamos em vasos de barro, para que todos reconheçam que esse incomparável poder pertence a Deus e não é propriedade nossa. Somos atribulados por todos os lados, mas não desanimados; somos postos em extrema dificuldade, mas não somos vencidos por nenhum obstáculo" (2Co 4, 7 -8). Deste modo, passamos pela dor da doença e da morte de um membro querido, pela dor da separação com a saída da viúva e de mais um casal. De repente, vimos a Equipe reduzida a quatro casais apenas. Mas, não há tempestade sem bonança. Ganhamos, logo, mais três casais que nos vieram renovar o entusiasmo e a alegria. Então, a Equipe passou da dor ao crescimento e à vontade de, unida, tudo superar. Continuávamos, porém, a ser 29


testados - doença grave de um dos filhos, dificuldades financeiras e profissionais. E, mais uma vez, fomos fortificados: "Animados pelo mesmo espírito de fé, sobre o qual está escrito: 'Acreditei, por isso falei', também nós acreditamos e por isso falamos" (2Co 4, 13). Assim, chegamos ao final de nossa pilotagem. Quem cresceu? Os sete casais e o Conselheiro Espiritual, que terminam a pilotagem e estão prontos para uma caminhada como equipistas de Nossa Senhora? Com certeza. Mas, sem dúvida, fomos nós os maiores beneficiados: sentimo-nos repilotados, amadurecemos e crescemos na fé e na espiritualidade conjugal, compreendemos melhor o sentido dos Pontos Concretos de Esforço, que nos levam à firmeza nas atitudes de vida - busca da Vontade de Deus e da Verdade, e vivência do Encontro e da Comunhão. Como salesiano autêntico, Pe. Gregório fez-nos permeáveis à conduta de D. Bosco, incentivando-nos à fraternidade e ao ardor da fé. Junto à Equipe, ele sorriu e chorou, fezse um de nós, tomou-se um equipista. Ensinou-nos a viver a fidelidade ao carisma das ENS, como também mostrou-nos a importância do carisma de sua congregação. E o Senhor disse-nos mais uma vez: "Da mesma forma como a chuva e a neve, que caem do céu e para lá não voltam sem antes molhar a terra, tomando-a fecunda e fazendo-a germinar, a fim de produzir semente para o semeador e alimen-

to para quem precisa comer, assim acontece com a minha palavra que sai de minha boca: ela não volta para mim sem efeito, sem ter realizado o que eu quero e sem ter cumprido com sucesso a missão para qual eu a mandei" (ls 55, 10-11). Meus irmãos, quanta graça recebemos com esta MISSÃO! Magnífica a graça de sermos PILOTOS! Pilotos desta Equipe Fantástica, destes irmãos que serão sempre muito amados e importantes em nossa vida. Encerramos o ano com uma festa linda, em que conseguimos reunir todos os filhos, genros, nora e netos. Foram 44 pessoas. Tivemos a alegria de receber o casal que saiu da Equipe e, juntos, celebramos intensamente o Natal, num clima de oração, alegria e fraternidade. E não faltou a Nossa Senhora das Equipes, que foi contornada em luz pelo número 18. A Carta Mensal de dezembro último, na página 24, aponta uma elevada percentagem de casais que não assumem funções no Movimento, especialmente como CASAL PILOTO (72%). Que pena! Vocês não sabem o que estão perdendo e deixando de viver! A MISSÃO de PILOTO é uma GRAÇA, e, como MARIA, queremos dizer: "O SENHOR FEZ EM MIM (nós) MARAVILHAS, SANTO É SEU NOME".

Graça e Brady Equipe 12 Niterói, RJ 30


Pertencer às ENSPrivilégio requerendo de todos urna maior atenção para com a Escuta da Palavra, meio pelo qual o Senhor nos revela a sua vontade acerca de nossas vidas, e ainda nos oferece o modelo de como agirmos. Por fim a ordem "Enchei de água as talhas"- quando fomos novamente lembrados de nossa missão de casal cristão, portadores da boa nova de que o Sacramento é lugar do amor e da busca da santidade. E, mais ainda, temos que agir com a água que recebemos continuamente da fonte das ENS. Assim sendo, devemos nos interrogar continuamente: Temos sido fiéis aos compromissos equipistas? Estamos atentos e prontos a responder aos chamados para a missão de serviço nas ENS? As equipes não são um fim em si mesmo; são um meio a serviço dos casais, para que possam viver tempos fortes de oração, co-participação de vida, fazendo uma caminhada rumo a JESUS CRISTO, TESTEMUNHANDO-O. Talvez esteja na hora de servirmos ao mundo o vinho que temos absorvido na festa de Caná que as ENS nos oferecem continuamente ... Que possamos ser como os serviçais que a tudo assistiram, estiveram atentos, mas não se limitaram a isso, pelo contrário, serviram a todos o MELHOR VINHO!

etomando um pouco a caminhada do Movimento, recordamo-nos inicialmente do lema: "A quem muito se deu, muito será pedido" - EACRE 1 986. Pouco tempo depois, por inspiração do Espírito Santo, chegou-nos a "Segunda Inspiração" (1988) verdadeiro sopro, a motivar os equipistas a não mais reter a fonte, mas fazê-la transbordar, através de uma inserção séria e compromissada. Em primeiro lugar, com o Reino de Deus, e aqui se inclui toda forma de serviço ao próximo e às ENS, porque, afinal de contas, a fé sem obras é morta! A seguir, com o próprio Matrimônio que vivenciamos por obra e graça do Senhor, que nos convocou a esta Vocação de santificarmos o nosso cônjuge. E, enfim, por extensão, aos nossos filhos, obra de Deus entregue a nós por Ele para os gerarmos e santificarmos ... Mas continuando as lembranças, vieram as "Bodas de Caná", atual orientação de vida, da qual se destaca o lema "Eles não têm mais vinho", levando-nos a um maior discernimento sobre as realidades que nos cercam, fazendo com que buscássemos aquilo de que o mundo mais carecia para, a seguir, atuarmos de forma decisiva. Um tema que permanece atual, já que Jesus continua nos pedindo um olhar atento sobre estas realidades e as nossas conseqüentesobras! Continuando, tivemos "Fazei tudo o que Ele vos disser",

R

Beth Scalzo Equipe 5 - N. Sra. da Glória Belo Horizonte, MG 31


36a •.ssembléia Geral da CNBB sim, pois, abre-se hoje (22 e abril) e se estenderá por ove dias a 363 AssembléiaGeral da CNBB. Mais de 250 bispos estarão reunidos, vindos de todos os horizontes do Brasil e dedicados à análise de temas relevantes ligados à missão episcopal no nosso país. Permito-me frisar, embora pareça supérfluo, que a Assembléia Geral é a instância suprema e soberana da CNBB. Esclareço isso para retificar alguns equívocos freqüentes na mídia, ao chamar CNBB à presidência, à Comissão Episcopal de Pastoral (CEP), ao Conselho Permanente e até aos organismos anexos, conexos e subsidiários. Todas essas instâncias estão a serviço da CNBB, mas não se identificam com ela . Esta é, rigorosamente falando, o conjunto dos bispos diocesanos, coadjutores ou auxiliares no exercício do ministério episcopal (os próprios bispos eméritos podem, se o desejarem, participar da assembléia geral, mas sem direito de voto). Quando, portanto, está reunida a assembléia geral, pode-se dizer que a CNBB está reunida. A assembléia geral tem viva e aguda consciência de ser não um simpósio de cientistas ou tecnocratas, de políticos ou economistas, de sindicalistas ou acadêmicos, mas de pastores. Tal convicção dá o tom da reunião, na qual o lugar primeiro

e determinante é dado à missão da Igreja (que o Concílio Vaticano 11 afirma ser de natureza primordialmente religiosa), e todos os outros aspectos, tratados com grande senso de responsabilidade, o são como decorrência da missão episcopal. O tema central é, nesta assembléia, de evidente importância eclesial. Já tratado na assembléia geral de maio de 1970, em Brasília, retoma, por injunção de circunstâncias diversas, o tema do lugar e da missão dos leigos na Igreja, sob o prisma próprio dos bispos e pastores, mas com a colaboração de teólogos e de leigos e leigas fortemente engajados na Igreja. Dois documentos recentes estarão fornecendo inspiração para a reflexão dos bispos, como, aliás, já se fazem sentir no documento de trabalho que vai balizar o trabalho da assembléia. O primeiro documento intitulase Os Fiéis Cristãos Leigos (Christifidelis Laici) e é uma valiosíssima exortação apostólica do papa João Paulo 11, recolhendo as "propostas" do sínodo episcopal sobre os leigos na Igreja e no mundo. O segundo documento reúne as conclusões da IV Conferência-Geral do Episcopado Latino-Americano e ficou conhecido como o Documento de Santo Domingo. Nesse texto encontra-se, pela primeira vez no magistério episcopal de todo um continente, a expressão "protagonismo dos leigos".

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tória a leitura do texto recentemente publicado, sob a assinatura de oito órgãos da Cúria Romana, com expressa aprovação do santo padre, sobre os ministérios na Igreja e a missão e tarefa dos leigos. Por mais central e decisivo que seja esse tema, por mais que ocupe o tempo e as atenções da CNBB no seu todo, por mais amplas que sejam suas repercussões durante e após a assembléia, outros temas ou subtemas serão propostos tanto no campo da liturgia como da doutrina da fé, das vocações ministeriais como da pastoral do matrimônio, do ensino religioso nas escolas públicas como de uma nova campanha que está por surgir no Brasil (pautada no Advento, como a Campanha da Fraternidade está pautada na Quaresma). Penso nos leitores (felizmente numerosos e benévolos) e atrevome a pedir-lhes generosa atenção. Como bispo no Brasil e usando a afinidade criada por este espaço das quartas-feiras, peço-lhes que estejam em sintonia com Itaici. E peçam pelos seus bispos.

A assembléia geral tem viva e aguda consciência de ser não um simpósio de cientistas ou tecnocratas, de políticos ou economistas, de sindicalistas ou acadêmicos, mas de pastores.

Dom Lucas Moreira Neves extratos de sua coluna no Estado de São Paulo edição de 22104198 É importante que as conferências episcopais, não só da América Latina, mas de toda a Igreja, se debrucem com serenidade e seriedade sobre a expressão, a fim de iluminála perfeitamente, quer na sua significação teológica, quer no seu alcance pastoral. Nesse sentido, é obriga-

Nota da Redação: Até o fechamento desta edição, ainda não haviam sido divulgadas as conclusões finais da XXXVI Assembléia Geral da CNBB.

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A Pressa de Maria

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o saber que sua prima Isabel estava grávida, Maria "leYantou-se e foi às pressas às montanhas" (Lc 1, 39), sem se preocupar consigo mesma nem com o que os outros poderiam pensar. Ela teve "pressa" em agir. Poderíamos elencar inúmeras razões que fizeram Maria "ter pressa", mas citaremos apenas três: 1a) sendo obediente a Deus e estando sempre aberta à vontade do Pai, Maria entendeu, no seu coração, o que deveria fazer; 2a) estando sempre disponível para ajudar ao irmão, não podia deixar passar a oportunidade de apoiar a velha prima que se encontrava no sexto mês de gestação, precisava estar presente para servir; 3a) indo ao encontro de Isabel, Maria tem pressa em antecipar o encontro de Cristo com a humanidade, ou seja, Maria teve pressa em levar a boa notícia da vinda do Messias, da qual João seria o anunciador. Diante dessa atitude de Maria "ter pressa em ...", ocorre-nos as seguintes perguntas para nossa reflexão: a) Será que, também nós, "temos pressa" em nos abrir à vontade de Deus, compreendendo e obedecendo ao seu chamado? b) Será que "temos pressa" em conhecer e vivenciar o Evangelho de Jesus Cristo? c) Será que "temos pressa" em deixar nossos afazeres, passeios e comodismos, a fim de nos prepararmos para comemorar com dignidade e júbilo os 2000 anos do nasci-

menta de Jesus entre os homens, através do nosso testemunho, anúncio, serviço e diálogo como verdadeiros missionários de Cristo? d) Será que "temos pressa" em viver nossa conjugalidade, através da Oração Conjugal e do Dever de Sentar-se? e) Será que "temos pressa" em servir a vida e a esperança com nossas mãos, educando para prática? Queridos irmãos, no momento em que nossa Igreja e as ENS nos chamam para evangelizar com renovado ardor missionário, não nos preocupemos em ser "Maria", mas em agir como "MARIA", isto é, ÀS PRESSAS, para podermos, como batizados, vivenciar nossa vocação.

Maria Aparecida e Raimundo Casal Responsável Regional Região Nordeste 111 34


O Dever de Sentar-se e as Condi~ões que facilitam a sua fluência

A

pedra angular sobre a qual a vida conjugal e familiar é onstruída e mantida é, e sempre será, o amor mútuo dos cônjuges, o amor dos pais para com os filhos, o amor dos filhos para com os pais e também o amor dos filhos entre si. A consciência cristã dos cônjuges equipistas de que o amor humano tem Deus na sua origem e no seu destino, visto que o amor humano só é completo quando emerge da Fonte Divina e deságua no oceano do Divino Amor. São João, na sua primeira carta, Cap 4, 7-8 diz: "Caríssimos, amemonos uns aos outros, porque o amor vem de Deus e todo aquele que ama é gerado por Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus". A partir deste texto vemos que o amor humano vem de Deus e para Deus nos conduz. "Quem ama é gerado por Deus ... Quem ama conhece a Deus". O amor dos esposos se constitui na estrada real que conduz a Deus, nossa origem e nosso destino. Nesta perspectiva, a esposa é a ponte de ligação de seu esposo com Deus, e o esposo é o elo através do qual sua companheira transcende, se espiritualiza.

ficil de ser vivenciada, mas é certo que o grau de dificuldade é proporcional ao grau de importância no casamento. Para a vivência do Dever de Sentar-se, o diálogo é de importância substancial. O diálogo é o meio indispensável, através do qual a comunicação entre o casal se estabelece. A negação do diálogo é o monólogo. O diálogo só se estabelece se aqueles que o desejam forem capazes de se deslocarem do ângulo de suas percepções, e, sem as perderem de vista, tentarem entrar em contato com as verdades do outro cônjuge. Quando os dois cônjuges se colocam diante de um mesmo problema, cada um dos dois vê esse problema de ângulos diferentes. E o diálogo só se estabelecerá, quando, e na medida que, cada um for capaz e versátil o suficiente, para colocar-se no lugar do outro para conhecer suas percepções. Só assim haverá o enriquecimento proveniente da soma de percepções do casal. Para que isso seja possível é necessário que os cônjuges se exercitem no sentido de se tornarem mais versáteis e menos rígidos. A rigidez de atitudes e de pontos de vista conduz, mais facilmente, o casal para o monólogo do que para a prática do diálogo. Os cônjuges devem ser capazes de se deslocarem do eixo de seus interesses e do universo de suas emoções, para participar do mundo dos sentimentos de seu parceiro. Só com-

Aaceita~ão

mútua, positiva e incondicional dos côniuges Esta condição da aceitação com as três características- mútua, positiva e incondicional- é muito di-

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I~


preendemos alguém, se nos colocar~os em sua pele, em seu lugar e se 1sto o fizermos movidos por amor.

A transparência infra e interpessoal A pessoa deve se relacionar

?em consigo mesma (transparência mtra-pessoal) se apreciando, se amando e se admirando, para se predispor a entrar em relação har~on_iosa com os outros (transparência mterpessoal). A pessoa conflitada transborda desarmonia interna sobre aqueles que a cercam.

familiar, mas sobretudo, no Dever de Sentar-se.

Dar e receber feed-back

Conclusão Finalizamos esta reflexão recorrendo ao primeiro teólogo, São Paulo, que falando aos Colossenses sobre o casal cristão o fez com as palavras: "Amai-vos mutuamente porque o Amor é o vínculo da per~ feição" (Col3, 14). E aos Coríntios: "Quem ama é paciente, quem ama é bondoso, não é orgulhoso, não é arrogante ... não se irrita facilmente, não guarda rancor... quem ama tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acabará" (1 Cor 13, 4-8a). . Enfim, dizemos aos casais equipistas: Amai-vos, e o Dever de Sentar-se se tomará possível e menos difícil e assim o vosso crescimento humano e divino se tomará factível.

9uando alguém pede uma percepçao a uma outra pessoa, o faz de uma maneira desarmada e não considera o que vai ouvir como um libelo de acusação e sim como um recurso para aumentar sua auto-percepção e ca~lisar seu crescimento e seu aperfeiçoamento humano e espiritual.

Saber ouvir o interlocutor e saber falar

É mais sábio ouvir do que falar. Quando ouvimos, estamos recebendo a sabedoria do interlocutor. Quando falamos, colocamos o nosso saber para os outros. Ao falarmos devemos levar em consideração: o que falar, quando falar, como falar. Sab~r ouvir e saber falar supõe sabedona humana e divina. Por isso peçamos à Fonte de todo saberDeus - para que Ele nos conceda Sua Sabedoria, para que saibamos ouvir e falar no convívio conjugal e

Pe. Joaquim Co/aço Dourado, SCE - Equipe 15 - Setor 1 Fortaleza, CE (Tópico extraído de um trabalho sobre O Dever de Sentar-se) 36


Uma Partilha/ Dinamizada

artilhamos, aqui, os frutos colhidos numa partilha dinamizada. Na reunião mensal, sorteamos um casal, que deveríamos visitar durante o mês, a fim de passar para ele a nossa partilha sobre os Pontos Concretos de Esforço e, no mês seguinte, este casal falaria para a equipe como foi a vivência dos Pontos Concretos de Esforço.

P

Com a graça de Deus, todos os casais conseguiram fazer a visita e a nossa experiência foi muito proveitosa. Além da visita (hoje tão dificil pelo correcorre da vida), tivemos a oportunidade de conhecer e dar-nos a conhecer em maior profundidade, pois o clima criado pela Partilha levounos a um diálogo a quatro mais íntimo, o que nem sempre é possível na hora da reunião. O mais importante é que a equipe teve uma ótima partilha. Parece que ficamos mais atentos no esforço e motivados pela dinâmica usad<l;.

Cleusa e Adilson Equipe 5 Sagrado Coração de Jesus Jacareí, SP

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Na Medida em que Vou Chegando••• / tenho certeza, há alguém dirigindo os meus passos em Tua direção. . É uma força energizante que vibra a minha alma e revigora todo o meu corpo. E estou me sentindo cada vez melhor, mais firme, mais confiante, mais decisivo, mais tolerante, mais alegre e, conseqüentemente, mais feliz, como tu queres que eu seja, na medida em que vou chegando perto de ti.

brigado, meu Deus , pela compreensão e pelo entendimento que, pouco a pouco, vão se inserindo na alma deste meu ser questionador e ignorante. Obrigado, por estas pequeninas luzes que, pacientemente, uma a uma, vão se acendendo nas perspectivas dos meus questionamentos, afastando, lentamente, as sombras das minhas noites de incertezas. Obrigado por esta sensação confortante que, ultimamente, vem se aninhando por todo o meu ser. Uma sensação estranha, misteriosa e magnífica de que há alguém,

O

Regina e Camarini Eq. 6- N.S.da Paz - Limeira Araras, SP

Ora~ão pelo Lar / enhor, fazei do nosso lar tua morada de amor. Que em nosso lar não exista maldade, pois, onde Tu moras, deve reinar a bondade. Que não exista rancor, pois onde Tu moras, deve morar o amor. Senhor, ajuda-nos a viver sem falsa ilusão, mas com grande paz no coração. Ensina-nos que o importante na vida não é conseguir tudo o que desejamos, mas amar tudo o que temos. Mostra-nos o caminho da fé, para que nós possamos ensinálo aos nossos filhos. Ajuda-nos a educá-los no amor e na verdade, para que cresçam com integridade. Fica conosco, Senhor, e abra o nosso lar, para que todos que nos procurarem, possam conosco Te encontrar!

S

Gorete e Moacir, Eq. 4- N. Sra. do Rosário de Fátima (do Jornal "Magnificat"- jan/fev/98), Criciúma, SC 38


Bem-Aventuran~a

para o Nosso Tempo/ em-aventurados os que sabem rir de si mesmos: nunca cessarão de se divertir. Bem-aventurados os que sabem distinguir uma pedra de uma montanha: evitarão tantos aborrecimentos.

B

Bem-aventurados os que sabem ouvir ou calar: aprenderão muitas coisas novas. Bem-aventurados os que estão atentos às necessidades dos outros: serão dispensadores de alegria. Bem-aventurados serão vocês se souberem olhar com atenção as coisas pequenas e serenamente importantes: vocês irão longe na vida. Bem-aventurados vocês se souberem valorizar um sorriso e esquecer uma grosseria: o caminho de vocês será sempre cheio de sol. Bem-aventurados vocês se souberem interpretar com benevolência as atitudes dos outros, mesmo contra as aparências: vocês serão julgados ingênuos, mas este é o preço do amor. Bem-aventurados os que pensam antes de agir e que oram antes de pensar: evitarão tantas bobagens. Bem-aventurados sobretudo vocês que sabem reconhecer o Senhor em todos os que encontram: vocês encontraram a verdadeira luz e a verdadeira paz.

Colaboração de Cecília e Sylvio Equipe 10-A São Paulo, SP (Pensamentos 15 - Editora Paulus) 39


Queridos Amigos, / Ao lermos a Carta Mensal N° 334, deparamonos com um artigo que nos chamou a atenção: "Contrastes". Resolvemos escrever a vocês, contando um pouco da nossa experiência. Depois do COMLA 5 (Congresso Missionário Latino-americano), todos os anos, aqui em Belo Horizonte, a nossa Arquidiocese promove missões de férias, que acontecem nos meses de dezembro e janeiro, nos lugares mais carentes. Somos um casal missionário desde então; passamos os dias dentro das favelas, correndo de porta em porta, levando o nome de Jesus aos nossos irmãos, ouvindo-os e amando-os. Lembramos que na nossa primeira missão nos sentimos tão cheios do Espírito Santo que não deixamos de nos alegrar com cada irmão que encontrávamos. Numa dessas casas muito simples, vimos uma frase que nos chamou a atenção: "Nessa casa pode faltar tudo, mas o que não falta é Deus". Ficamos espantados e agradecemos a Deus por tudo o que Ele nos tem dado e por isso partilhamos agora com os amigos. Como fruto das missões, começamos uma Experiência Comunitária, com um grupo de casais no Taquaril, justamente no Setor 12, onde foi levantada uma capela "Sagrada Família", na missão de 1996. Esperamos que, brevemente, eles se tomem uma equipe. Maria tem sido o nosso modelo, como primeira missionária. Esperamos que muitos outros casais saiam do comodismo e tenham coragem de colocar-se a serviço dos irmãos.

Um abraço dos amigos, Heloisa e Toninho Equipe 12 - N. Senhora da Piedade Belo Horizonte, MG 40


Conversão / ano de 1 997 foi para nós, até hoje, o melhor ano de nossa vida. Equipistas desde 1 993, nossa vida veio passando por uma transformação visível. Essa transformação foi tal que em 1 997 conseguimos vivenciar e cumprir todos os Pontos Concretos de Esforço, participamos de mais uma missa na semana, além das dominicais, participação na reza do terço e a Escuta da Palavra através do programa "O Pão Nosso", da Rede Vida.

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Fomos até eleitos Casal Responsável de Equipe para 1998 e esperamos corresponder às expectativas de nossos irmãos. Completando essas mudanças, viramos os "rezadores da nossa rua", onde fizemos a Novena de Natal e nela colocamos tudo o que aprendemos com as Equipes de Nossa Senhora. Ao final, propusemos que rezássemos o terço uma vez por semana, o que foi aceito por todos. Para nosso espanto, a experiência foi tão boa, falamos tanto das maravilhas de Nossa Senhora que, na despedida, dois casais pediram para conhecer e participar das ENS. Se tentarmos, conseguiremos. Pudemos aprender que somos capazes de mudar para melhor, a nós e a quem esteja ao nosso redor. São estas coisas que aprendemos através das Equipes de Nossa Senhora. Como é bom ser equipista! Como nossa vida mudou, tanto na parte emocional, familiar, afetiva, cristã, no companheirismo, no diálogo, até na parte financeira e material. Agora é sempre o bom senso que fala mais alto!

Heloisa e José Luis Equipe Nossa Senhora Aparecida Barbacena, MG 41


Decisão Coerente/

H

á dias, em reunião social da Equipe O1, veio à baila o fato de um casal encontreiro, amigo comum de todos nós, ter recebido, da Igreja Universal do Reino de Deus, do "bispo" Edir Macedo, oferta irrecusável de aluguel mensal, por uma sua propriedade. Exclusivamente pelo fato de ser para quem era, o casal em questão recusou a oferta peremptoriamente, por entender que semelhante inquilino de nenhuma maneira se coadunaria com os princípios religiosos católicos, que todos desposamos. Colocado como comentário ligeiro ou informação genérica, o assunto imediatamente virou discussão entre todos, alguns contra a decisão do casal e outros a favor. Os primeiros disseram que os nossos amigos perderam uma renda mensal excepcional, a troco de nada, porque o "bispo" simplesmente vai alugar outra propriedade. Além disso, nos dias de hoje, todos precisamos de uma cifra tão elevada quanto a que foi comentada e os proprietários do imóvel certamente não diferem da imensa maioria das pessoas, em suas necessidades. Já os outros argumentavam que o casal fez como a andorinha que despejava a água que cabia em seu bico, no incêndio que grassava na floresta e estava tranqüila por saber que estava fazendo a sua parte. Pessoalmente, entendemos que se pode discutir um assunto

assim, a noite toda ou um ano inteiro e não se chegar a nenhuma conclusão, pelo simples fato de que decisões desse tipo são inteira e completamente de foro íntimo e os parâmetros pelas quais se pautam, variam radicalmente de pessoa para pessoa, sendo que, o que é extremamente importante para uns, pode ser inteiramente insensato para outros. Sem querer entrar no mérito da questão, queremos cumprimentar o casal pela coerência demonstrada na atitude que tomou, mesmo porque, entre todos os que discutimos o assunto naquele dia, não sabemos se algum teria a coragem de decidir com o desprendimento, o desapego e a coerência que eles demonstraram ter, motivo pelo qual, os abraçamos, cumprimentamos e parabenizamos nestas linhas. E pensando bem, meus irmãos, quem sempre viveu sem aquele aluguel, com toda certeza, vai continuar vivendo sem ele. Afinal, não podemos esquecer as palavras que Ele um dia disse: "Não vos preocupeis com o amanhã, porque o Pai proverá. Olhai os lírios do campo. Eles não tecem e não fiam e, no entanto, nem Salomão, em toda a sua glória e magnificência, jamais se vestiu como um deles" (Síntese de Mt 6, 25-34 e Lc 12, 22-34).

Lourdes e Calado Equipe 01- Salvador, BA (do Jornal "A Boa Nova" jan/fev/98 -Salvador, BA) 42


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{ endo atentamente a edição n° 335, de abriV98, chamou-nos a atenção, as "reportagens" sobre o I Encontro Nacional dos Sacerdotes CE. É para nós, que participamos das Equipes de Nossa Senhora, motivo de muito júbilo, saber que tantos Sacerdotes se predispõem a deixar seus convívios, para refletir à Luz do Espírito Santo e sob a proteção de Nossa Senhora, a nossa condição de casal, neste mundo tão controvertido. Plagiando nossos irmãos Ruth e Mário da Equipe I6 de Ribeirão Preto (SP), "será que nós, casais, merecemos tamanha dedicação?". É o momento oportuno de darmos a nossa resposta, talvez não aos nossos CEs, mas a Deus, através da prática constante e diária dos Pontos Concretos de Esforços. BJ Cida e Paulo Equipe 25 N. Sra. da Divina Providência Votorantim - Setor A Sorocaba , SP

setembro/I 988, foi editado pelo Movimento um documento para estudo do Magnificat em preparação daquele Encontro, cujo livreto foi enviado às equipes de base. Na segunda página deste documento, último parágrafo, está escrito: "O texto do Magnificat que se encontra na última capa, é o da Liturgia das Horas, aprovado oficialmente pela CNBB e que as Equipes de Nossa Senhora passam a adotar no Brasil a partir deste ano". Julgamos que alguns casais equipistas não tomaram conhecimento desta orientação da ECIR e não assumiram este novo texto, o que originou a indagação do casal acima referido, muito embora, esse texto tenha sido publicado por vários meses (de agosto/I 992 a agosto/ I 993), na última capa das Cartas Mensais do referido período. A nova publicação da Liturgia das Horas, tem outra tradução do Magnificat, porém, deixa livre a oração do texto anterior, aprovado oficialmente pela CNBB naquela ocasião, e que as nossas equipes vêm rezando até agora, em comunhão com a nossa Igreja do Brasil. Abraços. BJSetores A, B e C São José do Rio Preto, SP

•J

I

=ISobre a Oração do Magnificat,

a que o casal Rosalina e Adilson da equipe 13 - Nossa Senhora de Lourdes, de Juiz de Fora (MG), se refere na CM de Abril 11998. Quando da preparação do Encontro Internacional de Lourdes em

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J guesa, que consta do Breviário publicado em Portugal. Com calma, vocês poderão apreciar e constatar suas grandes vantagens (ou, superioridades ... ). Eis o texto: A minha alma glorifica ao Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador. Porque pôs os olhos na humildade da sua serva, de hoje em diante todas as gerações me chamarão bem-aventurada. O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas: o seu Nome é Santo. A sua misericórdia se estende de geração em geração sobre aqueles que O temem. Manifestou o poder do seu braço e dispersou os soberbos. Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes. Encheu os famintos de bens e despediu os ricos de mãos vazias. Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia, como tinha prometido a Abraão e à sua descendência para sempre. Glória ao Pai ... Como era ... ~Pe. Paulo Ruffier, s.j Sacerdote CE Nova Friburgo, RJ

I ="IA respeito da variedade de textos do Magnificat, aproveitando o "trem" de Rosalina/Adilson, na CM de abril/98, pag. 46, o Pe. Paulo Ruffier, manifestou a sua opinião: "estou pegando carona neste tema, não apenas por essa dificuldade apontada (também por ela), e que é minha também, mas pela tradução em si. Observando com atenção, vocês perceberão como o texto que está em nossas mãos é um texto com palavras dificeis, com frases de dificil compreensão, com sentido ambíguo. Para atender o pedido da Rosalina e do Adilson, poderíamos pensar em "oficializar" uma das versões que circulam entre nossos equipistas (seria uma solução simplista demais). Mesmo assim não resolveria o problema, porque todas elas já estão gravadas em nossa memória. As versões já estão decoradas. O problema da divisão provocada por esta recitação continuaria na mesma. Eu sugiro uma versão que, a meu ver, não tem ambigüidades, é muito claro, tem um linguajar muito simples e, claro, é compreensível por todos: trata-se da versão portu-

Nota da Redação: A posição oficial da ECIR, quanto à oração do Magnificat, foi manifestada na CM n° 336, de maio/98, pág. 19/20.

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VIVENDO OEVA GELHO 1>01>01\11 GO

VIVENDO O EVANGELHO DE DOMINGO

A JESUS, POR MARIA POESIAS E CRÔNICAS

CNBB - Paulinas

Aurélio de Andrade Editora Novo Tempo Ltda.

Trata-se de roteiros de reuniões de grupos sobre o Evangelho de Domingo, contendo pistas para reflexão, cantos, atividades, orações.

Na apresentação da obra, D. Luiz Soares Vieira, arcebispo de Manaus, diz: "Num mundo marcado pelo materialismo deslavado, que nos é impingido de todas as maneiras, os valores evangélicos devem ser proclamados 'dos telhados' . A preocupação do autor com o problema familiar se deve a sua participação nas ENS".

CÍRCULOS BÍBLICOS

Fr. Carlos Mesters Fraternidade e Educação a Serviço da Vida e da Esperança Cebi - Paulus Arquidiocese de Goiânia

COM O ESPIRITO

DO RESSUSCITADO

RO'I. ~IN.OS

fiOMU..éTI<.'OS

COMO ESPÍRITO DO RESSUSCITADO ROTEIROS HOMILÉTICOS

CNBBPaulinas

O objetivo do Círculo Bíblico é ligar a vida com a Bíblia. Os textos bíblicos escolhidos para serem meditados foram todos tirados do Evangelho de Lucas, que é o evangelho deste ano. Três assuntos, ligados entre si, percorrem estes Círculos de ponta a ponta: a pedagogia de Jesus, a ação de seu Espírito na educação, a importância da sabedoria popular ontem e hoje.

Este título pretende ser um fio condutor de todas as homilias. É na certeza da presença do Ressuscitado que os primeiros enfrentaram as dificuldades e avançaram na tarefa de fazer com que a Boa Nova chegasse até os confins da terra. Hoje, damos continuidade à vivência das primeiras comunidades alimentados pelo Espírito, protago~ nista da evangelização, presente no dia-a-dia da missão cristã. 45


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A Arvore Seca m dia visitava um lar de idosos orientado por religiosas. Num vão da escada havia um tronco de árvore seca e, junto dela esta legenda: "Ninguém agradece à árvore seca o seu passado". Tenho muitas vezes recordado esta imagem e esta inscrição. Quando alguém é jovem e simpático, consome e colabora, vale muito aos olhos da sociedade. Mas quando uma pessoa se transforma em árvore seca, não se agradece pelo que ela foi antes de secar, quando tinha seiva e tinha forças e servia. Agora também serve. Quantos serviços prestam nas famílias tantos idosos, tantos avós! E se já não podem servir também é valiosa a sua vida, porque para um cristão tem muito sentido viver, fazendo a vontade de Deus, com direito a ser cuidado, acompanhado e estimado. Hoje, não se valoriza suficientemente o idoso, enfermo em particular, porque ele é a memória viva da precariedade. E esta cultura atual tende a esquecer e a esconder. O idoso é um símbolo do passado e nós não queremos, por vezes, que o passado conte. O idoso não é produtivo no presente, é um caminhante para um futuro que o nosso mundo tende a não valorizar e a não crer. Com o passar dos anos, e o prolongamento da vida, o idoso toma-se mais vulnerável e vive cheio de enfermidades, algumas específicas e inexistentes em outros tempos, e, em outros casos, doenças crônicas que o invalidam. E muitos idosos vivem sós, sentindo-se abandonados, ou vivem em situações de grande precariedade econômica e social; o que é mais grave, sentem-se discriminados por razões de idade e em outros casos são também vítimas de maus tratos. A cultura atual tende a dar valor somente a quem produz; não é precisamente a cultura mais adequada para valorizar o idoso e, muito menos, o idoso doente. Trata-se de uma situação delicada que devemos pôr na consciência de todos os homens, principalmente a dos que se dizem CRISTÃOS.

U

Fernando (da Eliane) Equipe 99 - Nossa Senhora da Penha Rio de Janeiro, RJ 46


Ouvir e Aceitar/ " ... dedica-te a Deus, espera com paciência, no derradeiro momento tua vida se enriqueça".

(Eclo 2, 3)

Neste caminho em que empreendemos, que é de cultivar a amizade de Deus Pai, como casais equipistas somos exortados a cultivar a paciência (Eclo 2, 1-6) Paciência para aceitar que grandes esforços vão dar pequenos resultados.

ós, casais equipistas, que estamos empreendendo um novo trabalho na certeza que Deus Pai nos chamou e seguindo o exemplo de Maria em resposta a esse chamado, respondemos sim. Todos juntos vamos responder a esse chamado: Eis-me aqui Senl:i.or.

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Paciência para aceitar a desproporção entre esforço e o resultado. Paciência é a arte de saber esperar. É um ato de espera, porque se aceita com paz e realidade como ela é. Realidade que Deus é essencialmente gratuidade. Realidade que a vida avança lenta e evolutivamente. A conduta do Senhor para com os que se entregam a Ele, é muitas vezes desorientadora. Não há lógica nas suas reações. Por isso mesmo, não há proporção entre nossos esforços para descobrir seu rosto abençoado e os resultados desses esforços. Muitos perdem a paciência e abandonam tudo. Deus é o manancial de onde tudo nasce e onde tudo se consome. É o poço inesgotável de toda vida e · de toda graça. Dispõe tudo e distribui tudo de acordo com a sua vontade. No dinamismo de sua economia só existe verbo Dar. No seu reino não existe o verbo ganhar, pagar. Aqui não se paga e não se ganha. Tudo é recebido. Tudo é presente. Tudo é graça. Tudo é dádiva. Cabe a nós receber e da parte de Deus dar. Ninguém pode exigir nada Dele. Ninguém pode questioná-lo, enfrentando-o com perguntas. Ele é de outra natureza. Ele e nós estamos em órbitas diferentes. Em nossas relações humanas o dinamismo de nossa economia funciona entre causa e efeito, existe contrato de compra e venda, contrato de trabalho, salário, prêmio e mérito. A primeira coisa que tem a fazer quem resolve levar Deus a sé-

rio, é tomar consciência dessa diferença. Ele está em outra órbita, da gratuidade, e é preciso aceitá-lo em Paz. Isto quer dizer, paciência com Deus. Tomar consciência da gratuidade de Deus é aceitar em paz o fato de termos de nos mover nesta dinâmica estranha, desconsertante e imprevisível que sempre põe em xeque a paciência e a fé. Deus usa de uma pedagogia especial para cada um que nos leva a ter uma fé madura. Põe-nos a ir pelo caminho da paciência ao mundo da confiança. Confiança em depositar tudo na mão do Pai que nos ama com um amor eterno e gratuito. Os esforços são nossos, e quanto aos resultados fiquemos em paz, porque isso cabe a Deus.

Olga e Paulo Equipe 1 Nossa Senhora Rosa Mística Jacareí, SP 48


MEDITANDO EM EQUIPE O Evangelho de Lucas ( 1,5-2,5 2) fala-nos da encarnação do Filho de Deus. Encarnase ele quando começa a fazer parte da humanidade, de um povo, de uma família, quando começa a "ter parentes" . O Filho de Deus assume uma cultura, um meio social, entra num ambiente doméstico. Isso é obra e manifestação do Espírito de Deus.

Leitura : Evangelho de Lucas 1,26-3 5 • • • •

Para que o Espírito Santo desce sobre Maria (Isabel, Zacarias, Simeão)? Ou ai a obra do Espírito Santo em mim? quais os resultados? Ou e devo fazer para abrir-me à ação do Espírito Santo? Louve, agradeça, peça, decida .

O ra~ão

litúrg ica :

Hino ao Espírito Santo Vinde, ó Espírito Santo, as nossas almas visitai . Enchei nossos corações, com vossa graça divinal . . .. Iluminai o nosso entender, em nós vertei o vosso amor, com vossa graça eternal, o fraco em nós robustece. . .. Fazei-nos conhecer o Pai, e o Filho revelais também . E que de ambos procedeis fazei-nos firmemente crer.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . Pistas para a

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ora~ão

familiar"

A oração familiar não pode ser imposição . Deve ser manifestação da fé vivida na família . Comecem, então, pacientemente cultivando a fé dos filhos. Contagiem, mostrem a alegria da fé, ajudem-nos a descobrir o valor da fé, a tomar decisões à sua luz. Ouando a oração familiar começar a nascer, façam como quem acende um fogo, sem soprar dema is, sem ter pressa . Sem propor muito, nem querer chegar logo ao ideal (aliás, qual o ideal?) .


OBJETIVO' GERAL DO MOVIMENTO DAS EQUIPES DE NOSSA SENHORA 11

Como lgreia1 participar e comprometer-se com a constru~ão do Reino1 vivendo o Sacramento do Matrimônio1 buscando a vontade e o amor de.Deus1 a verdade1 o encontro e a comunhão na vida e m comunidade11~

EQUIPES DE NOSSA SENH O RA . _ Movimento de Casa is por um a Espiritualidade Conjugal e Fami liar R. Luis Coelho, 308 • 5° andar • cj 53 cep O1309-000 São Pau lo - SP Fone: {011) 256.1212 • Fax: (011) 251.3599 E-mail : equipes@virtual-net.com .br


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