Revista Estilo Zaffari - Edição 93

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Humanas criaturas T E T Ê

PAC H E C O

APARENTEMENTE.

Vivemos num mundo de aparências. Carregamos o fardo de querer parecer coisas uns para os outros mesmo que para isso seja imperativo se disfarçar. Queremos que nos vejam como perfeitos, fortes, inteligentes, bonitos. Superiores. Não aceitamos a visão contrária. Não é diferente no mundo animal. O pavão, por exemplo, precisa aparentar toda uma superioridade plumística para que as fêmeas não o confundam com o que ele de fato é. Um peru mal resolvido. O leão precisa de toda aquela juba para poder ser visto pelo bando (de leoas) como alguém respeitável. Mas na verdade respeitável mesmo é a leoa que dá conta da família e ainda sai pra batalhar o rango diariamente. Avaliemos nossas vidas e o mundo de significados ocultos que existe em cada pequena ou enorme aquisição ou atitude com a intenção proposital ou não de parecer algo. O sujeito compra um carrão. Barulhento, imponente. O que ele quer parecer? Alguém poderoso, superior aos outros, rico. Mais capaz de realizações do que os mortais na fila do ônibus. Certo? Depende. Se ele e seu carrão não souberem parar numa faixa

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de pedestres para o reles mortal, a pé ou de bicicleta, atravessar, ele vai parecer aos olhos dos que tanto gostaria de impressionar apenas como um idiota. Inseguro e, bem, as outras considerações que conhecemos podem ser lenda. Até que provem o contrário. Acho curiosa a relação de algumas pessoas com bolsas caras. Querem aparentar riqueza e sofisticação, de forma automática. Não podem deixar dúvidas de suas posses aos olhares desavisados. Então, tacam logo uma bolsa de grife no ombro. Sem nem se dar conta de que, no mundo de hoje, desfilar com algo que se paga com vários mil dólares pode significar um monte de coisas nada sofisticadas. Adianta ter bolsa de grife e não ter nenhuma noção de privilégio, por exemplo? Ou vergonha? Mas aí já é outro departamento. Aquele sem máscara andando na rua como se nada houvesse quer que o vejam como um destemido, machão, imbatível, duro na queda. Coitado, parece apenas um negacionista, irresponsável, egoísta e por aí vai. Na maioria das vezes as aparências não enganam, ao contrário, revelam. Fica a dica pra 2022. TETÊ PACHECO É PUBLICITÁRIA


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