Equilíbrio C H E R R I N E
C A R D O S O
AINDA DÁ TEMPO Chegamos ao final de um ano fatídico e controverso. Como muito vimos em memes, em charges e pudemos sentir na pele, 2020 não foi para amadores. Certamente será lembrado de muitas formas e por todos que vivenciaram esta experiência. Mas quando puxo minha memória para as aulas de História, eu me dou conta de que, honestamente, 2020 não foi assim um ano dos mais desafiadores para a humanidade, vai? Se você pudesse comparar com as guerras mundiais, a guerra fria, a guerra dos farrapos, a guerra do Vietnã, a Ditadura, a revolução francesa, a revolução inglesa, a gripe espanhola, a gripe suína, a gripe bovina, a dengue, o ebola, a Aids, as drogas... será mesmo que 2020 foi dos piores? Sei que não é fácil lidar com perdas. Somos crianças ainda, perder não é algo que aceitamos de bom grado. E neste ano muitos perderam. Não só a vida de tantos conhecidos ou o emprego e a estabilidade financeira, mas perderam algo que, pelo menos não nas últimas seis décadas, tinham e não valorizavam, que foi a liberdade! O ir e vir sem opressão. Perdeu-se a opção de manter a rotina, mesmo aquela de que muitos reclamam diariamente. Perdeu-se o sossego de uma casa silenciosa, já que mesmo para quem mora sozinho, na solidão imposta o que menos se percebia era o silêncio. Milhares de lives, cursos on-line, home schooling, home office... e por aí vai. Este ano não foi mesmo para amadores, mas no sentido emocional da palavra. E por isso é tão importante você olhar para aquilo que mais te desafiou durante os meses de isolamento, desta quarentena meio certa, meio errada.
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Estilo Zaffari
Quais foram seus reais desafios? Do que você mais teve medo? Que proveito você tirou desta oportunidade? Sim. Foi uma oportunidade. A chance que talvez você pedisse para estar mais em casa, para estar mais com sua família, para ter mais tempo para fazer coisas que você deseja mas para as quais não acha brecha na rotina acelerada, para ter mais tempo para você! Quem encarou todo o processo vendo o copo mais cheio do que vazio, que mesmo reclamando (porque isso faz parte da nossa característica humana) fez bom uso da pausa para crescer, aprender e evoluir, sai desta mais preparado! Quem só olhou o copo mais vazio e quis achar responsáveis e culpados para tudo, sai desta mais pesado e sem ter aprendido muito com o processo. Como tudo na vida, a escolha nos pertence. Talvez seja a única coisa que verdadeiramente nos pertence. O que eu escolho fazer com o que a vida me apresenta? Eu escolho viver e extrair o melhor de todas as situações ou eu escolho me vitimizar e me achar injustiçado? Talvez este ano tenha sido só um alerta, quem sabe? Uma preparação para algo ainda mais desafiador. Sendo assim, ainda dá tempo. Ainda dá tempo de ressignificar suas experiências e entender que para o Universo tudo está exatamente como deveria estar! Cuide de você, cuide do que sente, do que pensa, do que absorve e encerre este ano agradecendo. Até mesmo as suas dificuldades. CHERRINE CARDOSO É ESCRITORA WWW.AINCRIVELARTE.COM