ANO 5 - EDIÇÃO 46 - ABRIL DE 2022
Conselho Editorial Henrique Veber: Editor Geral Tudo junto misturado ao mesmo tempo: poeta, escritor, filósofo, professor, mediador de leitura, editor da Entreverbo, acredita no fazer sem crer em resultados.
Jonatan Ortiz Borges: Editor de Conteúdo Não pode dizer que no princípio fez o céu e a terra. Pois um tal de Deus já tinha roubado a ideia. Faz desde então o que pode com seu ofício de poeta e vez em quando consegue construir e desconstruir, criar e recriar tudo o que há no mundo através do verbo. É um ser em constante busca e construção sem ser, e pelo que é não sabe se será... Amém.
Felipe Magnus: Editor Gráfico Cidadão do mundo. Escreve e interpreta poesia. Produz revistas, livros, colagens, curta-metragens. Também é professor de idiomas e tradutor. Aprendiz de flautista. Acredita na arte como ferramenta de crescimento individual e coletivo.
Todas as ilustrações por Felipe Magnus.
Revista 100% Software Livre
A ssim P roferimos, O utorgando: I ncentive a E ntreverbo! A poesia não pode parar! P or isso contamos com vocês O ntem, hoje e sempre. I ndiscutivelmente vocês são e fazem a ENTREVERBO!!!
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deixa-me exausta o vazio do mundo injusto o riso dos indiferentes ecoam a cada esquina enquanto homens habituados a miséria adormecem no asfalto os espertos continuam com bolsos cheios de cédulas sentam à mesa com a maldade sendo bem servidos pelo egoísmo vejo-os como um grupo de animais adestrados cada um no seu quadrado
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deixa-me exausta a realidade nua e crua e em silêncio me dou conta a esperança me abandona sem rodeios, sem deixar rastros deixa-me exausta viver sem devaneios
Benette Bacellar Porto Alegre / RS
Natural de Porto Alegre, onde em 2015 lançou seu primeiro livro de poemas “Nua Escrevo”. Menção honrosa no Prêmio Lila Ripoll de Poesia em 2016 e 2017. Em 2018, lançou o segundo livro de poemas “a outra me faz roer os dedos”, uma obra vencedora do I Concurso Literário Benfazeja e uma das finalistas do Prêmio AGES, Livro do Ano, em 2019. Contato: benettebacellar@hotmail.com
A Vida Ingrata Que vida ingrata essa do girassol. Idolatra tanto seu astro que lhe quer ser igual: É um ser humano querendo ser seu Deus, "a sua imagem e semelhança". É tanta inveja que se fez amarelo; meio rubro nas pontas de vergonha; verde de raiva... Mas não perde a majestade: empina o nariz e cresce acima das demais plantas do jardim. No entanto, a soberba desaparece à noite, quando não mais sente o calor; dobra-se, sente o abandono do astro inatingível. Nessa hora não é mais sol nem gira...
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Nessa hora vem-lhe a triste percepção: não pode ser seu próprio Deus. Quiçá fosse mais perfeito se deixasse de ser imitação...
Marcius Andrei Ullmann Nova Petrópolis / RS
Entre 2005 e 2007 contribuiu para o jornal local A Ponte, publicando poemas esparsos e contos. É coautor na coletânea de poemas Matizes das Hortênsias (Letras em Cores, Gramado, 2010) e publicou Periodicidade Incontínua (Biblioteca 24horas, São Paulo, 2012). Em 2020, o audiovisual da obra Periodicidade Incontínua é contemplado com o Edital Nº 38/2020 de Fomento à Cultura - Lei Federal nº 14.017 (Lei Aldir Blanc). Contato: marcius.a.ullmann@gmail.com
Viver em estado de graça... Essa confidência íntima, olhos mudos A sede desperta nas nascentes, do Oiapoque ao Chuí As sílabas que ardem em cada palavra Movimento de quereres em diversão contínua A doçura do tempo guiada pelo deus do amor
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Ah! O segredo de cada chegada, o aroma que vibra O eu-te-amo na graça de beijos tontos O mundo é leve quando se vive em estado de graça.
Neli Germano Porto Alegre / RS
Neli Germano, natural de Torres-RS. Reside em Porto Alegre. Arquivista aposentada. Curso Superior (incompleto) em Letras e Serviço Social pela ULBRA Canoas-RS. Participou de nove antologias, tem poemas publicados em jornais e revistas alternativos de cultura (Gente de Palavra, EntreVerbo e Poesia Sem Medo). Selecionada no Concurso Poemas no Ônibus (1999/2000) pela Secretaria Municipal de Cultura de Porto Alegre - Cia. Carris Porto Alegrense e ATP. Em 2014 fez parte da Exposição Poesia Ilustrada no Festival AEDO, juntamente com Mariah de Olivieri. CASA DE INFÂNCIA, seu primeiro livro solo, pela Microeditora Gente de Palavra. Participa dos saraus Gente de Palavra, EntreVerbo, do Sarau das Minas e Invencionática. Integra o Mulherio das Letras/RS e Nacional desde 2017. Lançará seu segundo livro solo em 2022.
Silêncio! Entre laços e desenlaces Me faço um eunuco Nada sei Nada vejo Nada escuto. Apenas o suficiente, para ficar no mais ensurdecedor silêncio... … e assim, Permanecer prostrado Diante daquele que me atormenta: O [temido] segredo Que alma afugenta Servo de informações vis Quanta desonra a plenos ouvidos
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Saber das amarguras da vida Das antologias vividas Me faz [simplesmente] Ser o que sou O portador de histórias Das rupturas sofridas.
Emerson Garcia de Souza Paverama / RS
Sou educador da rede pública de ensino, ministro as disciplinas de língua portuguesa, língua inglesa e literatura, sendo essa terceira, a minha grande paixão. Sou natural de Canoas, mas trabalho e resido no município de Paverama. Escrita criativa, bem como poemas e contos são a minha paixão, desde o início da minha faculdade de Letras em 2012. Me sinto honrado em ter a oportunidade de contribuir para a revista, bem como mostrar aos leitores, principalmente aqueles que apreciam a Poesia, que a leitura nos faz o nos leva aonde quisermos.
Pedra Rolante Nas noites mais profundas do universo viaja meu errante pensamento, em mares de galáxias submerso, com astros do perene firmamento. Os ecos abissais com quem converso repetem, numa voz de estranhamento, num mundo surreal e controverso: ― És pedra, meteoro em fragmento!
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Envolto na miríade celeste conheço a solidão nua e inconteste, I’m just a lonely soul without a home. Fortuito peregrino em seu caminho, eu levo a minha vida assim, sozinho. just like a sad unknown, a rolling stone.
Paulo Cezar Tórtora Rio de Janeiro / RJ
Nasceu na cidade serrana de Petrópolis (RJ). É engenheiro, professor, com premiação em vários concursos literários. É autor dos livros “Sonetos, Haicais e Outros Ais” (ed. Costelas Felinas, SP, 2017) e “Raio de Sol e Outras Centelhas Poéticas” (ed. Litteris, RJ, 2019). É membro do Círculo Literário do Clube Naval do RJ, da AML – Academia Madureirense de Letras (RJ), e da ABPAcademia Brasileira de Poesia / Casa Raul de Leoni, de Petrópolis, RJ.
Voo 1696 as dimensões dos objetos reduzidos a vagos contornos o deslumbramento da paisagem o ar nos sustenta no equilíbrio de forças sobre a baía curvada girando como um peão nas mãos de Deus. as lembranças ao largo dos pecados não confessados caminhamos pelo fio da navalha solitários como um barco abandonado ou como uma pequena ilha com a cabeça de rocha fora da água (vamos submergir na imensidão antes que o lixo seja recolhido e acomodado com as bagagens)
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abriremos as pequenas janelas recolheremos as imagens dos terminais de carga da Ilha Bela de praias sem nome do vestígio de óleo vazado dos navios consultaremos o nosso atlas de sentimentos recheados de mapas em preto e branco
Flavio Machado Cabo Frio / RJ
Nascido no Rio de Janeiro em 1959. Colaborou com vários órgãos da imprensa alternativa. Participou de diversas Antologias Literárias. Premiado em importantes Concursos Literários. Publicou os livros: Sala de Espera (2003), pela Editora Blocos, livro azul de haicai (2013), pela Editora CBJE, Provisórios (2014), este lado para cima e à margem – volume 1 (2015) e à margem – volume 2 (2016), todos pela Editora LiteraCidade, e Livro Branco – 2017 pela Editora Pará.Grafo, Livro Amarelo – 2018 pela Editora Ixtlan e Poemas para a luz do lampião – Editora Costelas Felinas 2019 .Hoje radicado em Cabo Frio/RJ. Membro da Academia de Letras e Artes de Cabo Frio. É Engenheiro Agrônomo e de Segurança do Trabalho, casado, quatro filhos e dois netos.
Portaberta para o imaginário sonhos não envelhecem não esclerosam retalhos de nuvens costurados com a linha dourada do sol
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apesar do vento das chagas das mágoas é seiva impulso vital quem sabe um dia portaberta para a utopia.
Ricardo Mainieri Porto Alegre / RS
Ricardo Mainieri é poeta e prosador gaúcho. Nascido em Porto Alegre, nos loucos e áridos anos sessenta. Publicitário de profissão, trabalhou vários anos no serviço público. Autor das obras “A travessia dos espelhos”, 1990, esgotado e “Mínimo animal poeta”, 2021, à venda pela Editora Caravana. Contato: ricardomainieri.rs@uol.com.br
Elroucian Motta Porto Alegre / RS
Sou natural de Porto Alegre/RS e graduado em Letras pela UFRGS. Já participei de diversos concursos literários no Brasil e fui premiado em várias oportunidades. Tenho um livro de poesia publicado em coautoria, além de participação em coletâneas e antologias. Membro da Academia de Letras e Artes de Porto Alegre e da Sociedade Partenon Literário.
Lirismo Decadente Você não quer saber dos pensamentos Que rondam meu sentir quando me deito, Dispensa o lado oposto do meu leito, Destila o mais cruel dos sentimentos. Cultiva o mais sutil deslumbramento E ao falar de si estufa o peito, Altera a voz e diz não ter defeito, Tampouco inveja nem ressentimento.
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Diz detestar a minha companhia, Que entre nós dois não rola sinergia E estar junto de mim lhe dá cansaço. Rechaça meu amor solenemente E ri do meu lirismo decadente, Mas gosta dos poemas que lhe faço.
Massilon Silva Aracaju / SE
Jornalista, escritor e poeta, natural de Alagoas, foi correspondente do Jornal de Alagoas, Jornal de Hoje e semanário Desafio, todos de Maceió, Alagoas. Contato: massilonsilva00@gmail.com
ser és apraz-me rasuras roupas surradas rasgos no peito pequenos defeitos tudo o que nos faz inteiros em partes apraz-me ser criatura servir de vaso não possuo, passo não escrevo, vazo se posso, repasso mão abaixo e acima o que me transpassa como um fio d'água transbordo e transporto mano a mano reforço feliz pedra juntada a outra e a outra e a outra e a outra
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ao me espalhar em caminhos, não sou nem és: subtraem-nos estigmas multiplicam-se pés d'aço de pedaço em pedaço porém, despedaçamo-nos ou somamos os passos?
Malú Bortoletto São Paulo / SP
Amante de todas as artes, escreve desde cedo, completamente apaixonada por livros com ilustrações e bem editorado - forma e conteúdo se complementam. Em ininterrupto processo de desformatação. Instagram: @mhaluh.h
Lecy Sousa Contagem / MG
Graduado em Processos Gerenciais e Licenciado em Letras. Participou da fundação da Academia Contagense de Letras - ACL. Publicou 3 livros de poesias até o momento: Primeirapessoaplural (2008), Rascunhos (2015) e Poesia fora da curva (2017). Atualmente mantem o Lecyfalante Podcast no Spotify e faz postagens de vídeos no canal do Youtube Lecy Sousa. Contato: lecysousa@gmail.com
Ela Gira, ele Sol. Ela é do dia, é dia, doída; ele, brisa. O solo dele pede o sol dela. Os desertos dela clamam pela irrigação dele. A seiva dele faz florescer o girassol que é ela. Ela reverbera, é das letras, da eloquência, da intensidade, não sabe amar em silêncio; ele dissimula, é dos números, coeso, exato, preciso. Fluem e “fluidam-se”, enquanto os olhos dela denunciam: “te preciso”.
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Ele é ousado, sem medo de arriscar; ela? seu fôlego. E esses corpos seguem tocando-se, alcançando as memórias de nossas existências.
Cláudia Furlan Sotello Poá / SP
Cacau Sotello, advogada, apaixonada pela escrita e pelo Fábio, mãe do Vini, da EuVira (latinha) e da Mia miau. Instagram: @claudia.sotello.1
Elemento Telúrio A minha fragilidade... Sinto-a esvair-se… Pulverizada… Chama azul... Esverdeada... Elemento Telúrio... Estável... Raro... Vidro colorido... Prateado perecendo Mas... Existe a resistência… Estado sólido… Energia solar! Fogo!
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Calor! Presença no ar... Explosiva! Anulando vestígios... Marcas... Folhas de relva... Aço inoxidável Resistindo no tempo Cerâmica queimada Do meu envelhecimento!
Delma Gonçalves Porto Alegre / RS
Delma Gonçalves de Porto Alegre, poetisa, compositora, produtora cultural. Graduada em Letras e Pós-Graduação. Suas poesias estão em coletâneas desde 1994. Autora do livro (Cinco Décadas de Samba no Bairro Santana) Faz parte da Academia de Artes, Ciências e Letras Castro Alves POA/RS e Academia Internacional de Literatura Brasileira/NY. Em 2019 lançou seu livro de poesias O Som das letras na 65º Feira do Livro de Porto Alegre. Instagram: @delmagoncalvesmattos
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Prometeu Das promessas que se apagavam Antes mesmo de acender Dos fogos que mal iluminavam E não conseguiam lhe aquecer Cansou-se como quem se cansa Dessas histórias sem finais E foi-se pela rua que chama Arder em seus próprios sinais O amarelo que da boca flama No vermelho é a cor rente De mais um solitário artista Com brilho queimado em instantes Num mundo que pira todo dia E adeuses fazem-lhe se sentir Um pouco Hefesto Outro pouco Prometeu
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Sob as luzes das madrugadas Ofuscadas pelo seu incendiar Dormia, sem saber que a cidade É ave que vive a lhe devorar Mas amanhã haverá outro palco Que o trânsito irá montar Para alguém que tanto ilumina Porém seu próprio nome esqueceu
Geraldo Ramiere Planaltina / DF
Geraldo Ramiere (01/07/1981) é poeta, contista, professor de História e produtor cultural de Planaltina-DF. Desde 2002 tem suas obras publicadas em forma escrita (periódicos, antologias e revistas literárias) e no meio virtual. Por várias vezes foi premiado em concursos literários e possui o blog literário Céus Subterrâneos. Em 2021 publicou seu primeiro livro, Desencantares Para O Esquecimento (poemas), pela editora Viseu. Acredita numa literatura que liberta.
Ecoenamorado A natureza me namora Me oferece serenatas Num coral de rãs e sapos Grilos, pássaros e cigarras. Noite: quanto lumes entre o céu e a Terra Cá em baixo vagalumes Lá em cima estrelas E a Lua me clareia. Dia: torno a perseguir o canto da sereia Enquanto a nuvem me persegue O Sol me lambe e o vento me cheira.
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E sinto intenso prazer Ao corresponder Tão intenso sentimento Sinto um flutuar No corresponder-me de leve Como fosse a pele Correspondendo ao vento.
José Neto Planaltina / DF
Nasceu no interior da Bahia, morou em São Paulo de 2006 à 2018. Compõe canções, canta e escreve poemas.
Tempos de cólera Um índio nu peguem pelado não! coloquem a tanga a tarja-preta a folha de bananeira escondam o pênis pelas nossas crianças devastem a floresta e botem para correr pelado não! cubram o arco e a flecha deixem vender bugiganga no calçadão Oh, tempos de cólera! escudeiros a vigiar o jardim alheio mensageiros trajados em bolor
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Oh, grande oráculo! indecência nossa de cada dia salve Zé Celso Martinez e as bacantes dispam Caetano até o amanhecer revelem o mastro rijo da resistência o falo de Zumbi na consciência dos latifundiários a arte dos Dzi Croquettes em resposta às pistolas militares
Armando Martinelli Campinas / SP
Armando Martinelli é jornalista, mestre em divulgação científica e cultural, doutorando em educação pela Universidade Estadual de Campinas – Unicamp. É autor de Recital das reticências (2018) e A luz do abismo (previsto para ser lançado nos próximos meses), ambos pela editora Urutau. Tem poesias e contos publicados em algumas revistas e coletâneas digitais. Instagram: @armando_martinelli_nt
Feições do Poeta Abrir-se-á o baú do sonho e transitará no olhar o espanto de tocar a rosa coberta de rendas de versos Fluirão assim as palavras: vertentes d'água a matar a sede
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Liquefeito poema cantará o riso e verterá a lágrima: Na transparência de ondas que se propagam surgirá a alma do poeta.
Helena da Rosa Canoas / RS
Helena da Rosa é escritora, poeta, cantora e ativista cultural. Natural de Canoas/RS, participou de inúmeras coletâneas e antologias, Lançou o livro Giz de Cera, projeto contemplado pelo microcrédito cultural de Canoas, 2021 e lançado na 27a. Feira do Livro de Canoas/RS, pela Editora Entreverbo.
Eu Sou Mais Sobre o leito da manjedoura, eu nasci tal Maria, Eva, Pandora, pobres místicos bodes expiatórios desenvolvida pelos entraves em meu caminho, quando meu pé cruzou o destino do bicho infecundo — o mais covarde — julgando-se ser sublime, desfez-se em pó pelo esboçar da dialética perigosa: não! — e isso já bastou Da terra seca de sementes sufocadas vi tantas, tantas, tantas, todas de raízes machucadas da pluralidade das espécies, que de milhares estipes dão a mesma flor, mas não se reconhecem Do cerne do útero aos lábios, à mercê do Estado, intrincada nas frestas dos dentes do bicho recalcado, padeci. Larápios de vaginas, aquilatadores de hímens formadores de tristezas complacentes, que não se rompem desconhecedores de vulvas, clitóris, sabores embebidos em egos frígidos que gozam sozinhos Na gira, aos ritmos do barravento que varrem levando à anestesia e frenesi implícito dentro do peito, encontrei-a “arreda homem, que aí vem mulher!” não havia espaço para espelhos o outro, outro, outro no reflexo, enfim, se apagou No epitáfio, estará escrito e sacramentado: eu sou mais, muito mais que tudo isso. Eu sou mulher.
Lua Pinkhasovna Porto Belo / SC
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Maria Gabriela Cardoso, 23 anos, gaúcha atualmente morando em Santa Catarina. Apaixonada por todos os tipos de artes, mas principalmente as que envolvem letras. Escreve contos, poesias e crônicas com o pseudônimo Lua Pinkhasovna para revistas, podcasts e antologias, assim como também para seus canais próprios intitulados Excertos Diários. Acredita fortemente que a arte pode mudar a vida das pessoas. Instagram: @luapinkhasovna
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Medito De todos os sentimentos cheios de cores De todos os pensamentos giratórios Volatilizados em rezas, preces Qual, qual deles me levou ao silêncio? Meu silêncio de longos vazios entre espaços Cresce em meu corpo a nutrir amor Expande em ondas de infinito! Meu silêncio faz minguar pensamentos Por um tempo, vejo contornos pequenas bolhas evanescentes, quase invisíveis. Enquanto somem, ainda esvoaçam. De repente, em pura transparência, se desfazem.
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Ouço um suave “flop” Depois: Vazio.
TidaFeliz - Ástrid Schein Bender Chapada Guimarães / MT
Tida - Ástrid Schein Bender é astroterapeuta com foco na jornada da Alma. Nascida em Taquara – RS, envolveu-se desde cedo com a natureza, a escrita, o canto e a poética vivencial de diferentes formas, o que a levou ao estudo de Letras e à formação em Gestão Ambiental, desaguando inevitavelmente no prazer único da escrita em verso e prosa. Instagram: @tidafeliz
Brigas na Família Afrodite me leve à luxúria Mas não me tome por Hefesto Estou mais para Hermes Fazendo amor com o gigante dos mil olhos Das Mil pálpebras laminadas de sol Estou mais para Hermes O indecifrável pai de Hermafrodita Hermes Para quem menos vale ser honesto Que afável E tu que estava sobre mim Leva esse lembrete para sua irmã aparvalhada: Pobres não optam por pobres Nem por suborno pornô.
Everton Luiz Cidade São Leopoldo / RS
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Everton Luiz Cidade é músico e poeta. Escreve semanalmente para jornais eletrônicos e sites das rádios Armazém, Rockpédia, BerlindaNews, O Seguinte . Publicou Santo Pó/P ,QuiÓ , O Bonde Transmutóide, Aparecida e livros digitais e zines. Faz poesia inspirada em HQs, livros místicos e filmes de ficção científica. Canta na banda Santo Suzuki. Instagram: @evertoncidade
Espelho Humano Hoje, chora minha mãe velando silente a morte daquele filho sem sorte que cobrara o justo, mãe Velando silente a morte abracei as lajes no frio só outro corpo, recorte comportamento arredio Abracei as lajes no frio Acordei para a dor surda De ver vida por um fio Ator de tragédia absurda
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Acordei para a dor surda Ouvindo cada sussurro de sua tragédia, absurda faca pontuda e seu murro Ouvindo cada sussurro Lamentei com minha mãe Sobre tal dor d'outra mãe No caixão preto que empurro
Gutenberg Löwe Juiz de Fora / MG
Gutenberg Löwe é autor de literatura fantástica e haicaísta. Sempre buscando apresentar novos mundos, sentimentos ou visões diferentes sobre estes, escreve pois não tem outra forma de compreender a si ou o mundo. Eis a razão de seu fascínio pelos monstros e a busca por poesia. Tem contos em várias antologias digitais e físicas e agora começa a explorar também este campo através do viés poético. gutenberg.lowe@gmail.com
na manta da moça estenda a manta oh! bela infanta tenho um mantra na garganta sob a saia da santa ensaio estenda a manta a pélvis se encanta tenho um mantra na garganta no colo cálido calo colo estenda a manta o prazer imanta tenho um mantra na garganta
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a seiva nos salva na selva estenda a manta o verbo se agiganta tenho um mantra na garganta
Carlos Vilarinho Palmeira das Missões / RS
Carlos Vilarinho. Pai do Ícaro, do Martim, da Ana Clara e do Théo. Leitor, escritor e advogado. Livros: “sentimentos indecifráveis’ (2008), “meia-lua” (2018). Publicação em coletâneas e revistas literárias. Contato: carloseugeniovilarinho@hotmail.com
Redes Sociais A humanidade monta o mundo: Casco em brasa, dente em caco. O chicote zune! Sobe, desce, ES-TRA-LA! Chapéu alto, cinto d’ouro, Gola asseada, espora fina, Tão brilhosa faz cegar. Tampa os óio do bichão, senão... Sente rasgando, alá! Se cuide não, o cavaleiro... Leva um coice e é pra já. Vai-se o mundo; fica a pé. E nem é promessa ou mal agouro. Cair do cavalo, em miúdo, Bem sabe é modo de falar. Não vai ter meme e sequer gif. Aqui do alto, vê o destino: Nossa sina é ser ditado popular. A humanidade tem enfim Lhe dado um pouco mais de paz. A cidade cala, tudo pára; Sem liberdade, o horror. Que loucura é perceber: Esse bicho, em que pisamos, fala; Canta, chora, tem valor; Há quanto tempo pede ouvidos? Desde quando implora amor?
Schleiden Nunes-Pimenta Campo Belo / MG
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Mineiro de Campo Belo. Escritor, advogado, desenha por hobby e atua como revisor de textos literários e acadêmicos. Fora os diversos textos espalhados em sites, revistas, jornais e antologias, tem três livros publicados: "Contos Jurídicos: um dedo de prosa e um gole de justiça" (2015), e as novelas "A Bruxa de Paris" (2021) e "De volta à Recoleta" (2022). Instagram: @sch.leiden
Inferno O inferno é um mantra de risos O inferno é ele todo feito de plumas E paetês E tapetes coloridos E violões desafinados Águas turvas alimentam Os que estão por nascer E um céu violeta abençoa A cama dourada Onde dormem os santos E os poetas mortos
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Mas Antes do anoitecer São os burocratas Quem dão as ordens
Maximiliano da Rosa Imbé / RS
Escritor, poeta e desenvolvedor de aplicativos. Mora em Imbé/RS. É autor da obra “O Land Rover Negro e a Caixa de Drops” (Selo Jovem, 2020), Ao longo dos anos se destacou em concursos literários Brasil afora. Entre os mais recentes estão: finalista no I Concurso Literário Escryba, 8º lugar no concurso literários “Caminhos de Anita”, 1º Lugar no IV Concurso de Poesias Joaquim Távora (2021) e semifinalista no Prémio Internacional Pena de Ouro 2021 (conto). Instagram: @maximilianodarosa
Reiniciar o mundo Não planto amor-perfeito, cuidando as fases da Lua, esperançoso e paciente no "quem planta colhe". Quero mesmo é teus seios pedindo minha boca, tua cavalgada de dona, colher tua cintura, reiniciar o mundo contigo.
Robson Alves Soares Porto Alegre / RS
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Sou natural de Cachoeira do Sul, mas moro em Porto Alegre. Tenho uma página no Facebook: "Da Lua e Outras Coisas Mágicas - escritos literários de Robson Alves Soares". Caçula de sete filhos, gostava de não ir ao colégio. Colecionador de proparoxítonas, está pronto para se aposentar desde os 11 anos de idade.
Cosmomelancolia #2 Uma vez disse o poeta Ou o cientista, qual a diferença? Que somos todos poeira das estrelas
Então
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Se em mim há uma fração do que compõe o Sol Ao ver-te tão radiante sob o brilho intenso vespertino Por mais que não sinta tua pele em meus dedos e lábios Me contento em saber que mesmo separado por bilhões de fótons luz de saudade Meu amor ainda aquece seu corpo
Adson Leonardo Montes Claros / MG
Adson é redator e escritor freelancer que se arrisca pelas palavras equilibrando-se na corda bamba do medo com o amor como rede de proteção logo abaixo. Instagram: @adsonleoz
Marlon Nunes Silva Belo Horizonte / MG
Marlon Nunes Silva é natural de Belo Horizonte, Minas Gerais. Bacharel licenciado em Geografia, Mestre em Estudos de Linguagens e Psicanalista. Autor dos livros: “O Corpo Hiper-Real Em Crash E A Festa Tecnológica: Sedução, Simulação & Fragmentação”, “A Tecnologia Nossa De Cada Dia: Entre deuses e demônios” e da obra poética “A Solidariedade vai até onde vai o Interesse”. Membro do Conselho Editorial da Revista Cosmos (UFU). Contato: nunesmarlon0@gmail.com
Sabe? Sabe aquele verde esmeralda no fundo da retina tímida? Sabe o negro que se estende dos cabelos à noite completa e cheia aos pés da lua? Sabe a mudez diante da mão que afaga? Sabe a verdade nua e crua? Tomei então minha metáfora mais clara e efetiva Na dose única, única alternativa, única rua E diante do sinal fechado, Do trânsito entre dentes, congestionado, despertei. Sabe o sonho sereno, entorpecer tão delicado? Ai de mim, acordei.
Charlene França Rio de Janeiro / RJ
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Mestre em Literatura brasileira pela UERJ, professora dos ensinos fundamental e médio da Rede Estadual de ensino do RJ, amante de gatos e autora dos livros: “Diversus devaneios do cotidiano” (2012), “Ao pé do ouvido” (2015), “Sinestesia e Brevíssimos” (2020). Membro da ALTO (Academia de Letras de Teófilo Otoni) desde 2013 e finalista do Prêmio Baixada 2016. Instagram: @charlene.franca
Fantasmas De minha mão rugosa, um dedo em riste se levanta contra mim, enquanto um desânimo se assenta no telhado e faz sombra sobre meu olhar, girando-me, abruptamente, para olhar o mundo a liquefazer-se sobre a estupidez dos homens o céu está cinza, expirou a aliança entre Deus e os homens que profanam a eucaristia, não há mais música, tudo agora é um grito entupindo os tímpanos, entupindo o sossego, arrastando-nos a viver como caranguejo enfunado na lama a chuva fez uma pausa, as manhãs estão temperadas de ardência, uma leva de órfãos berra feito cabrito desmamado, enquanto os encarcerados sonham uma vida livre para aguardar o fim do mundo comendo o pão dos órfãos
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meu pensamento não se volta a nenhum antepassado, são eles apenas fantasmas que me roubam o pão, São Pedro não deixa cair a chave do céu, os nascidos fora da lei estão por aí de tocaia tirando a paz dos não acariciados pelo sossego
Jonas Pessoa Brasília / DF
JONAS PESSOA DO NASCIMENTO é cearense radicado em Brasília. É poeta, professor autor de O Grito (2010), Pedaços da Existência (2013), Palavras Trocadas (2015), Faces da (in)Diferença (2016), Lamentos (2017) e Diagnóstico duvidoso (2020), livros publicados na Plataforma Online do Clube de autores. Em 2018, foi vencedor do I Prêmio Amazonas de Literatura com o livro Chão Partido. Tem poemas inseridos em algumas antologias. No Facebook, é autor da página poética Poesia da vida.
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Escritores da 46ª edição: Adson Leonardo Armando Martinelli Benette Bacellar Carlos Vilarinho Charlene França Cláudia Sotello Delma Gonçalves Elroucian Motta Everton Luiz Cidade Emerson Garcia de Souza Flavio Machado Geraldo Ramiere Gutenberg Löwe Helena da Rosa Jonas Pessoa
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