#25 01/16 R$6,00
ANO 3 - EDIÇÃO 25 - JANEIRO DE 2016
Henrique Veber: Editor Executivo Filósofo poeta, ou poeta filósofo, apaixonado pela arte, ser que necessita escrever para estar vivo, e que encontra na poesia sua forma de fazer-se no mundo, que acredita que só arte salva a existência, e que um sarau com poesia e música e algumas cervejas pode ser um momento transformador e de sublime felicidade.
Jonatan Ortiz Borges: Editor de Conteúdo Não pode dizer que no princípio fez o céu e a terra. Pois um tal de Deus já tinha roubado a ideia. Faz desde então o que pode com seu ofício de poeta e vez em quando consegue construir e desconstruir, criar e recriar tudo o que há no mundo através do verbo. É um ser em constante busca e construção sem ser, e pelo que é não sabe se será... Amém.
Gui Menezes: Ilustrador Em busca de um lugar que nem sabe bem onde fica, faz essa procura através da arte. A inspiração para criar é a musica e o café. Além de viajar em um mundo próprio também viaja de moto sem um destino certo. Apaixonado por pessoas, inverno, quadrinhos, madrugada e desenhar, tudo isso sem moderação.
Odair Fonseca: Produtor Multimídia e Publicitário Ator, Fotógrafo, Videomaker, Produtor Cultural, Produtor Multimídia e Midialivrista. Quase um David Bowie, um camaleão da vida que se modifica e se adapta a ela cada dia. Viciado em trabalho, café, teatro, rock, jazz e literatura. Entre trabalho, arrumar e desarrumar as malas às vezes tiro uma soneca.
Lilian Monteiro: Relações Interpessoais Especialista em café e petiscos, apaixonada por vinho e abraços, pulsação por qualquer forma de arte, atriz, poeta e curiosa sobre quase todos os tipos de assuntos.
Felipe Magnus: Editor Gráfico e Desenvolvedor Web Nasceu conectado aos zeros e uns virtuais. Vive a poesia e o canto na tentativa de encontrar seu equilíbrio homem versus máquina. Louco por música instrumental, pelo estudo de novos e velhos idiomas e pela cultura nordestina.
Conselho Editorial: Henrique Veber, Jonatan Borges e Lilian Monteiro
Editorial Mais um ano se inicia e a Entreverbo reitera seu compromisso de ser um coletivo de artes integradas com foco na poesia em suas mais diversas formas de expressão artística. Mas algumas transformações ocorrerão em 2016, sempre com intuito de entregar aos amantes e colaboradores da poesia a melhor qualidade estética na revista, sarau e em todas as atividades realizadas, bem como avançar no trabalho de divulgação de poetas e ilustradores contemporâneos. A primeira mudança será que revista e sarau serão bimestrais, apesar de a primeira vista parecer contraditório com afirmado acima, a redução de edições mensais servirá para avançarmos na produção poética e artistica, pois buscamos já este ano publicar livros inéditos e também ampliarmos nossas intervenções de artes integradas, ganhando alguns meses para nos focar no trabalho editorial e de criação de espetáculos de poesia com mais tempo hábil para entregarmos um trabalho de qualidade. Outra novidade é que a partir da edição de março teremos a cada edição um novo ilustrador embelezando as páginas da Entreverbo revista com sua poesia visual, garantindo diversidade estética e trazendo ao conhecimento de nossos leitores o trabalho de artistas contemporâneos. Outra mudança muito importante tem você nosso colaborador e leitor da revista como principal protagonista. A Entreverbo está lançando uma Campanha de Financiamento Colaborativo (Crowdfunding), tendo algumas recompensas interessantes aos colaboradores. Por isso contamos com a sua colaboração e divulgação para mantermos nossas atividades, a campanha já está no ar é só acessar nossa página facebook/EntreverboRevista clicar no link da campanha escolher sua recompensa e colaborar, é rápido e fácil. No mais seguimos: Eis o convite: Entre. Eis o motivo: Verbo. Então permitamo-nos estar: Entreverbos. Os editores
3
Eu costumava ter Todas as respostas. O dedo em riste, Coringa nas cartas. E as máscaras caíam, Todos os hipócritas Me aplaudindo. Como se não bastasse! Essa farsa toda Nunca acabasse. A falta de integridade, O meu estado inacabado. Mas o amor nunca acabado. Nossos corações batem. Inda que ofegantes, Extasiados. Talvez seja O único caminho De resistência. Onde se constroem Muralhas imbatíveis, Fogo que arde, Como se amar fosse Sinônimo de firme. E a gente cruza Com o híbrido. Lutando contra a derrota Do nosso próprio grito. Érica Antônia
Soneto Poesia da alma, A prosa me acalma. Um só neto que brinca com as palavras, que corre pela casa e sorri para os versos. Andressa Machado
Teoria do Pássaro A Antonio Olinto o pássaro ignora poleiros bate asas enquanto o homem cria gaiolas e adormece sem piar Luiz Otávio Oliani
O mar ronrona poemas em um idioma sagrado, santificado... Canta feitiços ao luar com sua língua de prata. Às vezes, murmura suave uma saudade não correspondida. O mar não se cansa... Não para de criar versos. Rumina em seu interior sentimentos, sal e azul e sopra eles em ondas e confidencia segredos à brisa... Poeta mestre de tantos outros, o mar por si só é um poema: profundo-cobalto-sonoro. Michelle C. Buss
Tempo
Há tempos em que há muito tempo, Ilusoriamente... Há tempos em que não temos tempo, Realmente... Há muito, não o tenho suficientemente: O relógio "corre", o pensamento "voa", O corpo sente... Lamentavelmente! A idade a gente mente. A cada instante viver o tempo. Intensamente sempre, Não temporariamente. Acreditando às vezes "controlá-lo", Enganar-se pacientemente. Debora Cristina Bender
Visita do amor Portas fechadas Janelas trancadas Passos de algodão... Batidas na porta. Quem bate? Pergunto eu. Sem entender direito Se bate mais lá fora Ou aqui dentro. Fico atônita! Talvez ele desista e vá embora. Coração Bate! Espia um pouquinho, diz ele. Abre em silêncio e devagarinho Apenas uma das tuas janelas. Curiosa não me contenho Abro logo uma fresta. E distraída que sou, quando percebo Já esbarrou em mim e entrou. Entendi agora Aquela velha história De que ele prefere os distraídos. Que porta que nada! Uma janela já basta Pra virar logo Um caso perdido. Sheila Kolberg
Lembranças Lembranças Roucas De tua fala Cansada ... Quantas vezes Gritei O teu nome Cheguei Até a sussurrar Porém, Viraste-me às costas E saíste a caminhar. Eu ... também Busquei outros caminhos Com sutileza e precisão Descobri outros afetos O percurso da paixão. Não grito mais Nem tão pouco sussurro Somente sinto O Ritmo da voz pulsante Do meu Eu Que um dia Já foi ao encontro Do Teu! Lilian Rose M.da Rocha
O paradoxo em mim Sou um diplomata maltrapilho Romanticamente pregando o promíscuo Em conflito de sonhador insone De plebeu residindo no alto da torre Na escrita generosamente egoísta Em estrofes surrealistas Faço uso de um conta-gotas Diluindo verdades em mentiras No papel, na língua No sutil, no rompante Na chave de ouro, na rima inconstante Em versos puídos de pompa pedante Me desfaço ao contrário Pra sempre reverso Avesso num instante
Dúvida Me jogam para um lado e outro Às vezes, desapareço Fico perdida E grito bem alto Mas nem o eco me responde Surge uma dúvida então: Será que eu sou Uma bola de pingue-pongue? Ana Lúcia Gamino Ribeiro
R. Gregory
ao meu irmão Júlio Cezar
O indivíduo não mostra a verdadeira face. Embriaga-se diante de personagens, criadas para agradar todos e tolos. A podridão interna oculta. Fingidas festas ao ar livre, brinda farsas. Comemora a mais ousada trapaça. Indiferente aos pobres e velhos, que lutam para sobreviver no dia a dia. Indiferente aos lutadores cansados, entorpecidos em manicômios. Indiferente aos negros africanos, em fuga pelo oceano. Indiferente ao tráfico, ao gesto mais humano. Indiferente a lágrima por baixo da burca.
o que custa acender o silêncio?
O indivíduo não mostra a verdadeira face. E a paz cada vez mais distante. E a justiça, nem vejo, nem existe.
brotam madrugadas na catedral de teus gestos sazonada a aurora batiza as parábolas de teu dorso dirimi o peso dialetal da palavra compaixão acende o silêncio em ti ele é um bangalô ajardinado. Airton Souza
Benette Bacellar
Ser mulher Falam em igualdade, por ela ser mulher E não lhe dão oportunidades, por ela ser mulher Zombam sobre as diferenças, por ela ser mulher E põem em dúvida suas crenças, por ela ser mulher Querem que se cale, por ela ser mulher E esperam que ela falhe, por ser mulher Não relevam sua opinião, por ela ser mulher E querem sua omissão, por ela ser mulher Sempre dizem não, por ela ser mulher E não tem poder de decisão, por ela ser mulher Há um dia comemorativo, por ela ser mulher E 364 abusivos, por ela ser mulher Fernanda Sarate
ReVersos Re-versos arremessam uni-versos Noite de abscessos excessos Encontros desvelos e achegos Encharca-se à noite da Lua grande Transpondo expondo Volúveis estrelas cadentes Gritando barulhos Calando silêncios Madrugadas adentro. Adão Wons
Quando não se sabe o nome do amor A hora do dia hoje: é teus lábios trêmulos A flor do retrato sem olhos, só boca Agarrando com suor de saliva os beijos Não quer perder o amor que sufoca A brisa do teu perfume aqui me abre Cicatrizes no espelho que evito Quero achar-te ali e é tarde Falar de razão para o infinito Pressinto a vida no vão da janela A dávida para mim é só pressentir Nós: é só um sonho louco e congela Com solidão parte de mim sem porvir. Ainda escutarás meu nome e talvez Esquecer nem seja algo necessário Sempre depois somos o que se desfez Ao vermos o antes precioso como falho. Julio Urrutiaga Almada
Amor Um transtorno biológico que Mudam planos causando explosões no estômago, quando os [destroços vitais voam até a gengiva sangria No ranger de dentes Trovejam as nuvens cinzas da alma, e os olhos congelados derretem no calor do pranto Willian Barros
Um perfeito Amor Vamos fazer um trato Eu faço a janta Tu lava os pratos Depois fazemos assim Eu cuido de ti E tu cuidas de mim Tu prometes ser galante Respeitoso, elegante Eu prometo ser calminha Ser fiel andar na linha Caminhar contigo ao lado Chimarrão lá na pracinha Como é lindo nosso amor Eu te dou um beijo Tu me dá uma flor Dormir a teu lado Contigo acordar Que alegria te adorar Vamos pagando a promessa lado a lado Sem ter pressa Pois o tempo meu querido Às vezes é traiçoeiro Nunca avisa Quem vai morrer primeiro! Fátima Farias
Resiliência O dinheiro anda escasso o trabalho desaparecendo a comida encarecendo a vida no descompasso A política um fracasso a televisão entretendo a ilusão corroendo e o que dizer do congresso? O povo mesmo lasso sem as forças e mal comendo aguenta firme vai se mantendo com a cabeça no alto ....mantém o passo. Silvana F. Pereira
"...quando Deus criou o ódio nós tivemos uma utilidade aceitável" Bukowski
Escrevo toda poesia e gosto, pois assim teço os desgostos: duns e doutros dos que, então, não faço-me afrouxar! Gosto das coisas à revelia e, se faço de minha vida filosofia, tu, dessa vã mentirada... deixe-me suar como quero, atrevida. Eu, à vida, não sou idólatra: não gosto dos grupos sociais que, sem a mínima estrada, acham-se os grandes "tais". Tenho como casa minhas ruas, vocês, cobram entrada, nessas construções chamadas "suas", e eu à eterna gargalhada! Riria mais, fosse possível, e sei que haverá outra noite onde, de tua cara risível, serei o tolo bobo da corte:
Dançando nos meus sonhos de enxofre... caridade nunca pedi: se pode!, e rico, como eu, tu fosse, deixaria de ser, de tua ideologia, um fantoche! Leonardo Guaragni
A POESIA PREVALECE A Odair Fonseca de Souza Na boca da noite a Beleza esparge seu hálito e invade o espaço dos que driblam o mau tempo e sorriem ao apagar estrelas Incisiva e forte sopra a Palavra a extasiar almas e ativar pensamentos nos corpos trincados pela indiferença Por instantes a Poesia prevaleceu: dias e noites nunca mais foram os mesmos depois que o poeta falou. Helena da Rosa
Angelim Exuberantes! É tope um galarim Gigantes da floresta amazônica, Aos meus olhos, é um bogarim Ou até mais do que diz a Botânica. Ah! Encanto-me com a tua beleza Esta tua robustez, a lindeza externa, Há quem visa teu âmago a riqueza, A tua madeira a opulência interna. Que seja vermelho, pedra, amargoso As cores do teu cerne são variadas Um luxo, duradouro, belo e valioso.
Mas admiro-te quando muda de cores É no mês de agosto que as folhas caem E logo em seguida nascem tuas flores. Lusa Silva
Memórias Póstumas do Sol eu, Machado, morro no sal da pureza das tuas águas inconstantes; mergulho de cabeça nas pedras; Exu dança a pulsação do vento dis-ritmado no caxixi dos teus pelos, mãe da idade moderna. beldade feia, Vênus branca de grandes olhos universo. teu qorpo pulsa cavalga geme adormece natureza mansa em meu espírito, encontrado à margem física-diagonal-silenciosa do abismo que és tu, Janaína, nas partituras do meu devaneio. curada por deus, Entidade, a peste me come. cigana ancestral, terra dos pés e do sexo moleca. O oráculo come as pernas do menino, hoje os homens dançam com o útero. com amor e esquecimento para Inaê. Will
Soneto Risco Áster À D.K. Seria de um corpo bonito um desejo E assim natural seria n’outros tempos Ou oportunismo no furto do beijo Ou a vontade acesa de um corpo ardendo. Poderiam ser mãos sugando prazer, Quente língua liquidifica ouvidos, “Cócegas” dos pelos de mim em você, Corpo sinalizando o ser bem quisto. Seria o mordiscar em locais exatos. Seria, no extremo, impulso incontrolável, Respiração forte que arrepia a pele. Mas não é disso que meu sentir se tece. Lidaria bem fosse volição, ardor. Mas vês? Não é desejo. Mais... Vês! É amor. Zéu Pereira (Moisés Pereira de Jesus)
Melodia As vezes na correria Na melancolia do dia Nem se percebe a melodia Que nossos corações fazem
Para a moça que lê poemas palestinos
As batidas que trazem Ritmadas e assim fazem Que todos que olhem, pasmem No interior de nossa alma
a brincadeira da nossa infância montar o céu estrelado agora tem versão para Android você e eu chamávamos céuzinho o que hoje é pirambeira e riscos de desabamento no game a missão nos foi dada construir uma cidade num morro condenado
E isso que nos acalma O que nos outros seria um [trauma Nos une palma a palma E faz sermos diferentes Notórios combatentes Munidos de uma força crescente Que só quem sabe, sente Como é amar todos os dias.
céuzinho é um reino onde meninos palestinos mergulham e esquecem pedras triangulares e os próprios ossos num fundo de poço soterrado Marcus Groza
William Ritter
Rosas brancas Alvas como nuvens de algodão Tantas emoções à flor da pele Rosas brancas inundam Transcendem lá do fundo d’alma Uma calma que iluminada Faz-se quando em suas pétalas depara. São como penas aglutinadas De garças quando se aquietam das revoadas São como um portal pro paraíso Embriagando-nos os olhos, Adentrando todos nossos sentidos Anjos em cânticos soam aos nossos ouvidos Nestes momentos que ficamos abstraídos Rosas brancas, prenúncio de uma paz que nasce Quisera que pra sempre altiva neste galho ficasse. Carlos Marcos Faustino
Acabou o café
Ronaldo Henrique Barbosa Junior
Manifesto Não quero mais poema doído Quero mesmo é poema doido Que lance fora acento e lamento Não quero mais poema hesitante Quero mesmo é poema exultante Sem marca nenhuma de tormento Não quero mais poema angustiante Quero mesmo é poema excitante Com mais gozo e encantamento Não quero mais poema com trauma Quero mesmo é poema com alma Menos vírgula e mais movimento Lenilson Oliveira
Abstrato
Antonio Miotto
A equipe Entreverbo agradece a todos que iniciam este novo ciclo conosco, que a poesia continue a fazer-se presente em nossas vidas e perpetuar-se nas páginas deste periódico. Aguardamos a todos na edição #26...
Escritores da 25ª edição: Michelle C. Buss Benette Bacellar Érica Antônia Helena da Rosa Luiz Otávio Oliani Lusa Silva Antonio Miotto Adão Wons Airton Souza Silvana F. Pereira Andressa Machado Lenilson Oliveira Zéu Pereira Will
Lilian Rose M.da Rocha Ronaldo Henrique Barbosa Junior Julio Urrutiaga Almada Ana Lúcia Gamino Ribeiro Debora Cristina Bender Carlos Marcos Faustino Marcus Groza Willian Barros Fernanda Sarate Sheila Kolberg Leonardo Guaragni William Ritter R. Gregory Fátima Farias
facebook.com/EntreverboRevista entreverbo@gmail.com youtube.com/EntreverboRevista
Apoio
40
GRAUS
PIZZARIA LANCHES
Programa Nacional de Incentivo à Leitura NÚCLEO CANOAS