revista comércio & serviços publicação da federação do comércio de bens, serviços e turismo do estado de são paulo
ANO 21 • Nº 16 • AGOSTO/SETEMBRO • 2011
ME N TE S Ã Inc idênc ia de do enç a s mentais no ambiente de t rabalho preo c upa a s empresa s
Um cliente para chamar de seu A scenç ão d a s cla sses so c iais desaf ia varejis ta s e pres tadores de ser v iços a f idelizarem os consumidores
C A L OTE VA N TA JOSO Ref inanc iamento t r ibutár io dis torce comp e t it iv id ade
M A R DE CERV E JA Aumento d a ofer ta d a bebid a c r ia b oa s op or t unid ades de negó c ios
TR IL H A S DO MU NDO DIGI TA L P residente de A Ponte Es t ratégia ensina como ser b em-sucedido no ambiente v ir t u al
a i b a s Você
m uma ê t c a n e S o e c , o Ses io c r mo? e is m r o o c e d F e d a n e e que r p de em s o n a 5 6 e d ia histór
mover sas para pro ão de empre 1946, quando a h il m 8 1, e esde força d uito bem d c reúnem a provou zem isto m sc e o Sena fa ciedade. E E Se so . o a à d o, to vi ci n e er ju d e o d ri damental a n sé d li fu o A Fecom a it é u orismo e cial e a q misso mu so ed ro d r p a m en st co re -e p m o bem e do em umiu u rivada ass ano faz part iniciativa p capital hum do país. o n to en im e que o invest lvimento do cidadão vo para o desen
Quer saber mais?
www.simeusei.com.br
Aqui tem a força do comércio
C A RTA AO L EI TOR
Relações duradouras A ascensão das camadas sociais me-
anseios consumistas dos brasileiros,
nos favorecidas lança alguns desafios
lançamos olhar sobre as estratégias
importantes às empresas, em espe-
empresariais para a fidelização do cli-
cial às que atuam no segmento de
ente, assunto da reportagem de capa.
comércio de bens e serviços. Ao longo
A arte de conquistar e reter o consu-
da última década, mais de 11 milhões
midor
de famílias ingressaram na classe
primário na estratégia das organiza-
C. Compreender as demandas deste
ções, independentemente de seu
novo consumidor, que se apresenta
porte. A reportagem sobre a diver-
com voracidade ao mercado, sem abrir
sidade ora oferecida no segmento de
mão da qualidade e do preço, tornou-
cervejas nos mostra isso com clareza.
tornou-se
um
Presidente Abram Szajman Diretor Executivo Antonio Carlos Borges
elemento
se uma necessidade vital. Em um mundo cada vez mais plano
Conselho Editorial Ives Gandra Martins, José Goldemberg, Paulo Rabello de Castro, José Barat, Cláudio Lembo, Renato Opice Vlum, José Pastore, Adolfo Melito, Paulo Delgado, Jeanine Pires, Paulo Roberto Feldmann, Pedro Guasti, Antonio Carlos Borges, Luciana Fischer, Luiz Antonio Flora, Romeu Bueno de Camargo, Fabio Pina e Guilherme Dietze Editor chefe Marcus Barros Pinto Editor executivo Jander Ramon Editora assistente Selma Panazzo
São muitas as consequências da mu-
como o atual, saber com quem e como
dança estrutural vivida pelo Brasil. O
se relacionar tornou-se um segre-
consumidor aprendeu a explorar os
do de sucesso trancafiado no cofre.
benefícios da diversificação da oferta
Aí estão Google, Facebook e outras
e da maior competitividade, estimu-
empresas gigantes a explorar essas
lado por uma economia dinâmica, em
ferramentas de interação social para
situação de pleno emprego e renda
confirmar esta lógica.
Publicidade Original Brasil - Tel.: (11) 2283-2365
fluxo após as recentes elevações de ju-
Para nós, da Fecomercio, a situação
ros pelo Banco Central, continua farto.
não é diferente. Exatamente por isso,
Colaboram nesta edição Amanda Voltolini, Didú Russo, Elizangela Grigoletti, Enzo Bertolini, Gabriel Pelosi, Herbert Carvalho, Juliano Lencioni, Moacyr de Moraes, Raphael Ferrari e Thiago Rufino
ascendente. O crédito, embora em re-
acabamos de lançar o “Programa ReÉ sob este prisma que está focada a
laciona”, que nos aproxima dos sindi-
presente edição de C&S. Há que se
catos filiados e das empresas da nossa
ter em conta o processo de “educação
base. Entendemos que representativi-
digital” desse público e as novas opor-
dade é algo que não se reivindica, mas
tunidades que se apresentam aos em-
que se constrói a partir de resultados
presários, gancho para a entrevista do
muito concretos. E, por isso,
consultor André Torretta. No campo
ampliamos o nosso já ex-
do e-commerce, cujo crescimento
tenso conjunto de produ-
anual posiciona-se na casa de 20% e
tos e serviços voltados a
faz frente até mesmo ao desempenho
prestar apoio aos associa-
chinês, um dos pontos nevrálgicos e
dos. No século 21, produ-
de maior risco está na área de logísti-
tividade e eficiência
ca, merecendo uma atenção redobra-
dependem de
da dos empreendedores, outro tema
relações dura-
abordado nesta edição.
douras.
Ainda na tentativa de compreender os
4
2011 • edição 16 • agosto / setembro
Projeto gráfico atendimento@designtutu.com.br
Fotos Ângela Bacon, Editorial de foto FAAP, Enzo Bertolini, Gladstone Campos/RealPhotos, Juliana Azevedo, Mônica Canejo, Roberto Reitenbach, Sylvia Masini, Vagner Costa e Valter Campanato Impressão RR Donnelley Editora e Gráfica Ltda Tiragem: 30 mil exemplares Fale com a gente cs@fecomercio.com.br Redação Rua Itapeva,26, 11ºandar Bela Vista – CEP 01332-000-São Paulo/SP Tel.: (11) 2361 1571 Permitida a trascrição de matéria desde que citada a fonte. Registro Civil de Pessoas Jurídicas, Livro B-3, sob o número 2904. Nota: as declarações consubstanciadas em artigos assinados não são de responsabilidade da Fecomercio.
Abram Szajman
Presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio), entidade responsável pela gestão do Sesc-SP e do Senac-SP
ÍNDICE
24 Mimos para quem nunca te abandonou
Setor do comércio e serviços desenvolve ações para fidelizar seus clientes e aumentar vendas
ANDRÉ TORRETA
8 Presidente de A Ponte Estratégia comenta o mundo virtual e a nova classe média
O desafio é entregar
14 E-commerce busca soluções para garantir
a entrega rápida e segura de seus produtos
Revolução no meio sindical
20 Fecomercio lança “Programa Relaciona”, ousada ferramenta de interatividade com os sindicatos
ABAIXO À SUJEIRA
32 C&S visita a maior lavanderia da
América Latina para desvendar o seu dia a dia
36
MIXLEGAL
37
ECONOMIX
SAÚDE MENTAL EM FOCO
O futuro na palma da mão
tablets estão conquistando espaço dentro do comércio 44 Os e serviços para garantir qualidade e agilidade nas operações
Devo, não nego e nem pago
50 Os programas de parcelamento e anistia de tributos
pelas administrações públicas podem incentivar calote
Se dirigir não beba. Se beber,
54 atenção para as novidades do mercado O mercado de cervejas está aquecido com o nicho de produtos especiais, mais caros até do que vinho
O voo dos micros
58 Crescem os negócios de micro franquias, que conquistam a classe C
60
AGENDA CULTURAL
62
TEATRO PARA TODOS
Melhor degustar do
38 Estatísticas mostram crescimento
64 que produzir ou vender vinhos
os brasileiros em redes 42 Todos sociais até 2014. Será?
para 65 Técnicas administrar
de problemas na saúde mental dos trabalhadores. Empresas estão atentas
Elizangela Grigoletti, da Mitti Inteligência, analisa a disseminação das redes sociais entre os brasileiros
Didú Russo aponta os cuidados necessários no negócio de produção e venda de vinhos
66 O MACACO
bem o comércio
2011 • edição 16 • agosto/setembro
5
EN T R E V ISTA
A NDR É TOR R E TA ,
pre sidente de A Ponte Estraté g ia
Por Marcus Barros Pinto e Selma Panazzo fotos Mônica Canejo
O publicitário e estrategista mostra que o universo digital não deve ser um mistério para os empresários de pequeno porte e é cada vez mais fácil, com o planejamento correto, chegar ao consumidor emergente
8
2011 • edição 16 • agosto / setembro
um NOVO mundo P
ublicitário, escritor e palestrante,
“Não há mais tempo para estar fora da
André Torreta fala com desenvoltura
internet. É melhor entrar agora se qui-
sobre duas áreas de conhecimento nas
ser sobreviver, até para poder errar, pois
quais tornou-se especialista e consul-
há uma curva de aprendizado”, ensina.
tor: nova classe média e mundo digital
Para esse inquieto baiano radicado em
e suas interligações.
São Paulo, a rede quebra paradigmas nos modelos de negócios e ele tece
Torreta trabalhou como redator e
críticas às empresas brasileiras, ao afir-
diretor de Criação em empresas de
mar que são as únicas que querem de-
comunicação
Abril,
mocratizar o mercado, mas sem popu-
Editora Globo, Salles, Colucci e Duda
larizar o produto. “Pergunto para meus
Mendonça. Atuou como estrategista
clientes, com sede em Bruxelas ou em
em campanhas políticas durante 15
Dakota, se querem vender para 170 mi-
anos, tendo feito trabalhos no Mara-
lhões ou para 30 milhões”, provoca.
como,
Editora
nhão, Bahia, São Paulo, Rio Grande do Sul, Roraima, Rio de Janeiro e na Ar-
Para ele, a internet é o Quinto Poder –
gentina. A vivência muito próxima às
depois dos Três Poderes de Estado e da
camadas populares lhe rendeu co-
imprensa –, por ter aumentado expo-
nhecimento para lançar, em 2001, a
nencialmente a participação das pes-
primeira agência de publicidade e o
soas em números debates. “Nunca se
primeiro instituto de pesquisa volta-
deu tanta opinião no mundo”, observa.
dos para a base da pirâmide. Em 2007, criou uma empresa de consultoria e
Leia a seguir os principais trechos da en-
estratégia de marketing e negócios
trevista concedida à C&S, no escritório
para a nova classe média brasileira,
de sua agência, próximo ao Parque do
chamada A Ponte Estratégia.
Ibirapuera, na Zona Sul da cidade.
2011 • edição 16 • agosto/setembro
9
C&S
O que é o mundo digital?
André Torreta É uma nova maneira de as pessoas se relacionarem de uma forma exacerbada, como nunca vimos antes. Seja por meio do mundo online, das redes sociais, seja pelo telefone celular, que faz parte do mundo digital. Esta amplitude, as novas ferramentas que surgem, são interessantes para o empresário, industrial ou dono de loja, porque aumentam o número de pontos de contato com seus consumidores. Se antigamente o único ponto de
A NDR É TOR R E TA ,
“
Agora se pode comprar tudo pelo mundo online. Se tenho uma loja, preciso avaliar o quanto é interessante para o negócio manter apenas um ponto de contato, o balcão, ou se devo ampliar esses pontos. Se o empresário não quiser pensar nisso, o mundo vai pensar por ele. Hoje, qualquer pessoa está dentro da internet, no mundo online.
contato com o consumidor era o balcão, hoje são o balcão, o rádio, a TV, o Orkut, o Facebook, o Twitter e tantos outros.
Numa loja, o consumidor vai até o balcão. O quanto muda esta relação? Agora se pode comprar tudo pelo mundo online. Se tenho uma loja, preciso avaliar o quanto é interessante para o negócio manter apenas um ponto de contato, o balcão, ou se devo ampliar esses pontos. Se o empresário não quiser pensar nisso, o mundo vai pensar por ele. Hoje, qualquer pessoa está dentro da internet, no mundo online. E ainda tem o concorrente, que talvez já se comunique pela rede ou tenha um loja virtual. O mundo está ficando bem mais complexo. Construir ou quebrar uma reputação pela internet é algo muito rápido.
Uma empresa, micro, pequena ou média, pode sobreviver até quando fora da rede? Olha, se pensarmos no avanço do mundo digital hoje, com o governo federal expandindo e barateando a banda larga, o smartphone, a velocidade é exponencial. Estamos anos atrasados em relação aos Estados Unidos, mas podemos mudar digitalmente em
10
pre sidente de A Ponte Estraté g ia
2011 • edição 16 • agosto / setembro
“
EN T R E V ISTA
quatro ou cinco anos. Radicalmente.
e são sucesso de audiência...
As mudanças são muito velozes. Veja o Facebook, uma das empresas mais valo-
cado digitalmente sabe o que é compartilhar, dividir, colaborar, exigir seus direitos de maneira muito mais cons-
General Motors, demorava 50 anos. A
E hoje, estão na agenda de grandes empresas até para reposicionamento de marca, afinal elas criam tendências.
banda larga inclui, facilita, dá mais aces-
Antigamente a imprensa era o quarto
so à educação, independentemente de
poder. Agora, na internet está o quinto
onde qualquer pessoa more. Portanto,
poder, a própria sociedade. Nunca se
E quem não teve desktop ou notebook passa direto para o smartphone?
não há mais tempo para se estar fora da
deu tanta opinião no mundo.
Exato. E isso já é uma decisão da indús-
rizadas do mundo, tem apenas cinco anos. Antigamente, para se criar uma
internet. É melhor entrar agora se quiser sobreviver, até para poder errar, pois há
tante. Essa é a diferença fundamental entre esses dois públicos.
tria mundial de olho nos cinco bilhões
E além do ambiente web ainda há toda a digitalização do fisco, das notas eletrônicas...
de pessoas. No Brasil há mais de 200
Uma vez que o empresário precisa conectar seu negócio às redes sociais, há regras básicas para isso?
Tudo está no mundo digital. Digitali-
e, destas, nem metade tem acesso à in-
zar uma empresa vai além de ter uma
ternet. Grande parte da população vai
lojinha na internet. Isso é um dos pon-
entrar no mundo digital pelo celular,
tos. A relação com o governo federal,
pelo smartphone. Com dois chips para
Vai depender de cada negócio. Mas
estadual e municipal se dará por meio
aproveitar promoções de mais de uma
quanto maior o número de possibili-
da digitalização. Portanto, estar fora do
operadora, com TV porque passa cinco
dades de contato que possa ter com pos-
mundo digital é estar fora do mundo.
horas dentro do ônibus, do trem. Ago-
síveis clientes, melhor. Se minha empre-
A distância entre o analfabeto e o al-
ra já podem fazer curso de inglês no
sa está no Slideshare, no Flickr, no Orkut,
fabeto era grande. A do analfabeto
celular. Os BRICs (Brasil, Rússia, Índia e
no Facebook, amplio as possibilidades de
digital e o alfabetizado digital é muito
China) terão uma utilização de celula-
negócios. E não é complicado. Tecnolo-
maior. Um empresário fora do mundo
res muito maior do que nos países de
gia não é uma coisa complicada.
digital vai perder competitividade,
primeiro mundo.
uma curva de aprendizado.
milhões de linhas celulares. Apenas 35% das residências têm computador
corre risco de o negócio não sobreviver.
Ampliar pontos de contato, estar na rede, implica em investimentos. O empresário de um micro, pequeno ou médio negócio tem condições de arcar?
Houve o crescimento da classe média no Brasil, viveremos o bônus demográfico. Pode-se esperar grandes mudanças sociais? Qual a influência do mundo digital neste quadro?
gratuitas. Ah, mas tal ferramenta não
Web e inovação são conceitos vinculados à elite social ou empresarial. Há diferenças de comportamento entre a base e o topo da pirâmide social com relação a esse universo?
tem todas as possibilidades de uma
A diferença é a chamada Geração Y. Esta
pirâmide, temos o que chamamos de
que seja comercializada. Bem, mas será
geração, filhos do topo da pirâmide,
desruptura social. É aí que o mundo
que utilizo todas as possibilidades?
nasceu digitalizada. Todo mundo tinha
online está ficando interessante. O que
Será que preciso pagar por isso? O
computador em casa há dez, 15 anos.
é esta ‘desruptura’ social?
grande trunfo da internet na mudança
A base da pirâmide começa a ter com-
classes A e B, a Casa Grande. E as clas-
de modelagem de negócios é porque
putador agora. Então, são migrantes
ses C, D e E, a Senzala. Eles não convi-
ela é acessível para todo mundo. E
digitais, pessoas que não nasceram
viam, mas passam a conviver. Na rede.
barata. Vejam a história das famosas
digitais e estão se transformando co-
Seja debatendo uma estação de metrô
blogueiras de moda. Não gastaram
nectados. O modo de pensar, quando
em Higienópolis, seja no Twitter em
quase nada e têm um número de page
se é educado digitalmente, é muito
que há um “Pobre voa Gol”. Estas mu-
views (visitas aos seus blogs) imenso,
diferente do modo de pensar quando
danças de classe econômica vão fazer a
absurdo. Montaram os próprios blogs
não é educado digitalmente. O edu-
gente se incomodar nos próximos dez
Há várias ferramentas e plataformas
Quando
há
essas
2011 • edição 16 • agosto/setembro
alterações
na
Havia as
11
EN T R E V ISTA
A NDR É TOR R E TA ,
“
pre sidente de A Ponte Estraté g ia
anos. O mundo online é propício para os
O cenário futuro é: se sua vida é toda digital, o bandido também será digital. Não há possibilidade de ser ingênuo. E o mundo digital não é diferente do real. Vai ter bandido, ladrão. Há alguns anos criaram o Second Life, como se houvesse uma segunda vida. Não tem! A diferença é apenas que antes, você passava a vida inteira para conquistar 15 amigos. Hoje, tem 358 no Facebook. É um rio caudaloso. O que mudou foi a velocidade, não a vida.
enfrentamentos virtuais. Qualquer um, em casa, “chuta o pau da barraca”. Essas mudanças trarão a desruptura social.
E a nova pirâmide social brasileira? O que é classe A/B no Brasil? Um nicho de 30 milhões de pessoas. E as classes C/D/E são 160 milhões de pessoas. Isso representa um país! Nosso País é de classe C/D/E. Esta é a mudança de paradigma que vai marcar os próximos anos. Tecnologia de verdade não pode ser para poucos.
A classe empresarial está preparada para esse contexto? Antigamente a indústria produzia carros para ricos. Aí o mundo começou a perceber que um bilhão de pessoas no planeta têm o mesmo poder de compra, de consumo, que os americanos. Mas além desses, há uma população de cinco bilhões! Queremos vender para um ou para cinco? Bem, sendo assim há que se mudar o modelo de negócio. Antes uma empresa pequena não podia anunciar em lugar nenhum, era tudo muito caro. Hoje, tem as redes sociais a um custo quase zero, de forma muito simples.
Mas há marcas discutindo como democratizar sem popularizar... Isso é um drama que só existe no Brasil, discutido por meia dúzia de pessoas. Pergunto para meus clientes, com sede em Bruxelas ou em Dakota, se querem vender para 170 milhões ou para 30 milhões. Trabalhei com uma empresa que produz linha branca. Perguntei se nos Estados Unidos vendem só para os ricos ou para todo mundo. A resposta foi todo mundo. Outro cliente, com sede no Japão, a mesma coisa: perguntei se vendem para os ricos ou para todo mundo.
“
“Todo mundo”, foi a resposta. Por que no
Você se torna sócio?
enquanto o prontinho, em uma loja,
Brasil se quer vender só para os ricos?
Com taxa de retorno e tudo. Pode in-
custa US$ 60 mil. É bom para desco-
Isso é coisa de louco. A classe média alta,
vestir em um sujeito que montou dois
brir o real valor dos produtos. Separa
no Brasil, precisará entender que rico é
carrinhos de cachorro quente e precisa
o que é logística, o que é imposto, o
rico; classe média alta é classe média
de R$ 1 mil. Um modelo que começou
que é lucro. O mundo de hoje pode
alta. Rico aluga ou compra jatinho, não
com Mohammed Yunus, na Índia, o
ser de crise para a economia tradi-
entra na Gol. Não dá para querer andar
banqueiro dos pobres, premiado com o
cional, estabelecida, mas é também
sozinho em avião de carreira.
Nobel. Negócios existem não apenas no
um mundo de oportunidades.
andar de cima da pirâmide social, mas
O que é crowdfunding e seu contexto na rede ?
também no andar de baixo. E a base da pirâmide precisa de uma modela-
E a questão de segurança na rede, na internet?
O princípio é que o mundo está se
gem de negócios diferentes. Bill Gates
O cenário futuro é: se sua vida é toda
tornando mais colaboracionista. Veja
chama isso de capitalismo criativo.
digital, o bandido também será digital.
a Wikipedia, uma enciclopédia feita através de crowd, da colaboração de
Não há possibilidade de ser ingênuo.
Mas e a desconfiança, o medo de perder dinheiro?
E o mundo digital não é diferente do
muitos, usando a cocriação, quando várias pessoas utilizam seus conheci-
Não é tão grande, até porque o volu-
anos criaram o Second Life, como se
mentos para formar uma grande enci-
me de recursos que você emprega
houvesse uma segunda vida. Não tem!
clopédia. O crowdfunding é uma forma
é pequeno. Os riscos são menores.
A diferença é apenas que antes, você
de arrecadar fundos sem precisar ira
Fora a questão da solidariedade hu-
passava a vida inteira para conquistar
a um banco. Preciso de R$ 10 mil? Por
mana. O princípio é bom. São novos
15 amigos. Hoje, tem 358 no Facebook.
que pagar taxas bancárias se posso
modelos de negócios surgindo na
É um rio caudaloso. O que mudou foi a
arrecadar R$ 10 de mil pessoas ou R$ 1
base da pirâmide e indo para cima.
velocidade, não a vida.
de dez mil pessoas? Há sites em que se
Na Índia foi lançado o carro Nano,
pode encontrar artesãs do interior do
da Tata. É como se fosse um lego. Se
Paraná buscando investimento com
você quiser comprar peça por peça,
um capital inicial de R$ 400, R$ 500,
pode montar o próprio carro. Nos
que é o capital que elas precisam para
Estados Unidos já está disponível na
Inovar é mais fácil para o dono de um pequeno empreendimento do que para uma grande corporação?
começar a montar o próprio negócio.
internet um site que ensina como
Sempre será. Afinal, a possibilidade de
Isso, de novo, é uma mudança do para-
montar um trator. O trator mon-
mudar de rumos é mais fácil, mais rá-
digma do modelo de negócios.
tado por você vai custar US$ 5 mil,
pida e menos traumática.
13
2011 • edição 16 • agosto / setembro
real. Vai ter bandido, ladrão. Há alguns
GE STÃO TEXTO Gabriel Pelosi e Juliano Lencioni
O desafio É entregar
14
2011 • edição 16 • agosto / setembro
Fazer com que o produto chegue na casa do consumidor dentro do prazo é um dos grandes segredos do e-commerce, modelo de varejo que cresce vertiginosamente no Brasil e no mundo
A
“Se uma empresa descuida do setor de
rizar a atividade. No caso da loja de
entregas, as consequências negativas
calçados criada no interior de São Pau-
não demoram aparecer e podem até
lo, o proprietário, mesmo observando
transformar o negócio em prejuízo.
um crescimento de 50% nas vendas
Caso o produto chegue errado para o
nos últimos dois meses, manteve a
cliente, por exemplo, o comerciante
opção pelo gerenciamento próprio ao
terá que fazer a troca, gastar mais com
invés de delegar a função.
despacho e, pior de tudo, dificilmente vai conquistar a confiança do con-
“Temos um setor responsável pelo
sumidor novamente”, relata Marinari,
faturamento, embalagem e despacho
que possui uma equipe própria para
dos produtos. Todos os nossos tênis
preparar a distribuição dos produtos,
saem daqui com Nota Fiscal Eletrônica
setor que é chamado de “e-logística”.
na parte externa da embalagem. Antes de despachar um pedido, temos
O termo, usado no comércio ele-
uma série de procedimentos como
trônico, pode ser definido como um
abrir as caixas dos produtos, conferir
componente essencial da operação. É
novamente se estamos enviando o
compreendido por uma série de ações
modelo, a cor e a numeração correta.
que vai da recepção, condicionamento,
Aí os produtos são devidamente em-
estocagem e deslocamento de produ-
balados com um saco resistente com
tos para a preparação do pedido (o
a logomarca da Showtenis e levado ao
chamado “picking”) à intervenção das
serviço de entrega”, detalha Marinari.
transportadoras assumindo a entrega. Para Gerson Rolim, diretor de Relações
Por sua vez, Rolim alerta para a im-
com o Mercado da Câmara Brasileira
portância de o negócio virtual estar
de Comércio Eletrônico (Câmara e-net),
preparado para a logística reversa,
logística é o coração do e-
os meios de pagamento, o webmarket-
que, como o nome já diz, é o inverso
commerce. Os passos a serem dados
ing e a logística são os três grandes
da logística comum: quando o varejo
desde a confirmação do pedido até
pilares do comércio virtual. “Se você
cuida do caso do consumidor que quer
que o consumidor receba o produ-
não oferecer um serviço de entrega efi-
devolver o produto por alguma razão.
to em mãos revelam dois lados da
ciente, a sua empresa não existe neste
“A expectativa do consumidor é que a
mesma moeda: a eficiência ou os
comércio”, destaca.
loja vá até a casa dele, busque o produ-
problemas deste importante setor do
to e que já faça a troca automática, ou
negócio. O desafio, como se pode per-
A loja virtual pode optar por gerenciar
seja, na hora da busca. Ou que leve o
ceber, não é dos mais fáceis, mas pode
internamente sua logística ou tercei-
produto com problema embora e faça
ser bem realizado se receber a devida atenção do empresário. O momento da entrega da mercadoria é o que garante a credibilidade do negócio na internet, conforme explica Fábio Marinari, proprietário da Showtenis, organização de pequeno porte criada há aproximadamente um ano na cidade de Bauru, interior de São
A logística é o coração do e-commerce. Os passos a serem dados desde a confirmação do pedido até que o consumidor receba o produto em mãos revelam dois lados da mesma moeda: a eficiência ou os problemas deste importante setor do negócio.
Paulo, especializada na venda de calçados.
2011 • edição 16 • agosto/setembro
15
O Desa f io é E ntreg a r
o ressarcimento do valor. Isso é uma boa logística reversa”, afirma.
Poucas opções O proprietário do e-commerce revela ainda que, no caso de mercadorias de
“
pequeno porte, as opções de distribuição para o comércio eletrônico são restritas, dependendo quase que exclu-
O serviço (dos Correios) até que é bem prestado, mas quando uma única empresa detém o monopólio de determinada atividade, quem perde são os consumidores. A concorrência seria benéfica e faria com que os custos do frete caíssem
sivamente dos Correios. “O serviço (dos Correios) até que é bem prestado, mas quando uma única empresa detém o monopólio de determinada atividade,
Fábio Marinari
Proprietário do Showtenis
quem perde são os consumidores. A concorrência seria benéfica e faria com que os custos do frete caíssem. No caso
ocupa muito. Mesmo assim, estamos
da Showtenis, damos frete grátis para
presente em todas as regiões aten-
nossos clientes em compras acima de
dendo cerca de 800 municípios. Ou
R$ 99,90, então batalhamos muito
seja, as principais cidades brasileiras.
pela redução dos custos de entrega,
Onde existe consumo significativo es-
pois eles representam boa parte do
tamos operando”, relata Sérgio Brito,
valor dos produtos”, aponta Marinari.
gerente comercial da Total Express.
O desafio da entrega do produto com
Já Fábio Paoli, diretor de Customer
uma única empresa agindo irrestrita-
Service e Tecnologia da Informação,
mente em todo o território nacional se
da DHL Express Brasil, que chega a
comprova por meio das principais em-
1.515 cidades brasileiras, revela que os
presas privadas do setor, que não atin-
Correios atendem a maior demanda,
gem 100% do País. A Total Express, uma
exclusivamente por falta interesse da
das maiores empresas de entregas no
concorrência. “Os Correios são uma
Brasil, é um exemplo. Mesmo estando
estatal brasileira que têm, também,
em todas as regiões do País e tendo
uma função social, não é apenas uma
como clientes os maiores varejistas do
empresa com fins lucrativos. Existe
e-commerce brasileiro, com sua partici-
para cobrir todos os municípios do
pação no mercado de entregas repre-
Brasil e têm municípios que a inicia-
sentando 25%, a empresa, assim como
tiva privada não tem interesse de en-
as concorrentes, não chega nos locais
tregar. Nós, da DHL, temos interesse de
mais remotos do Brasil.
expandir para todas as localidades em que houver demanda suficiente para
“Nosso País é continental e entregar na
justificar uma estrutura. Afinal de con-
residência das pessoas é premissa do
tas, como setor privado estamos sem-
e-commerce. Por outro lado, faltam in-
pre buscando lucro”, revela.
vestimentos em malha rodoviária, malha aérea, cabotagem, ferrovias, além
Os Correios têm exclusividade no en-
da questão da segurança que pre-
vio de cartas, mas na entrega de enco-
16
2011 • edição 16 • agosto / setembro
“
GE STÃO
mendas o mercado é aberto, ainda as-
período do ano passado”, explica.
sim a estatal é a principal responsável
um investimento da estatal para reverter este quadro. “Estamos investindo
pelas entregas do e-commerce no País.
Feijó não esconde, no entanto, que a
em concurso público para contratação
A empresa oferece um serviço exclu-
entrega de mercadorias muitas vezes
de quase 10 mil empregados até o final
sivo para mercadorias adquiridas pela
deixa a desejar com descumprimento
de outubro e no restabelecimento da
internet: o e-Sedex. Segundo Pedro de
de prazos e entregas em endereço erra-
modal de transporte aéreo dos Correios.”
Almeida Feijó, superintendente execu-
do, por exemplo. Segundo ele, vários fa-
tivo da Vice-Presidência de Negócios
tores contribuem para o problema. “Es-
O tema, como se vê, é estratégico para
dos Correios, no primeiro quadrimestre
cassez na oferta de transporte aéreo e
qualquer operação de comércio ele-
deste ano os Correios entregaram 5,1
a defasagem de mão-de-obra própria
trônico. Planejamento e organização
milhões de e-Sedex. “O que representa
dos Correios impactaram o desempe-
é o caminho para ser bem-sucedido e,
aumento de 32% em relação ao mesmo
nho da empresa”, afirma, revelando
claro, garantir a entrega.
17
2011 • edição 16 • agosto / setembro
INST I T UCIONA L TEXTO ENZO BERTOLINI
Revolução Fecomercio apresenta “Programa Relaciona” para sua base em reunião na sede da entidade
I
O programa tem o objetivo de ser
de recados, sendo a produção por conta
um centro provedor de soluções para
do sindicato. Além disso, seguindo um
alcançar maior eficácia na adminis-
modelo padrão, o “Relaciona” também
tração dos sindicatos e melhorar a
oferece um website personalizado aos
gestão de receita. Ele permite que
sindicatos com conteúdo, história, in-
cada usuário utilize o serviço que tem
formações, imagens etc.
preferência ou necessidade. “Queremos ter os sindicatos como parceiros
Para agilizar o funcionamento interno
e essa ferramenta aumenta em muito
do sindicato, o programa colocará à
essa interatividade e convivência”, re-
disposição das entidades um sistema
sume Antonio Carlos Borges, diretor-
de gestão da contribuição e gestão
executivo da Fecomercio.
financeira. Mais adiante, estarão disponíveis os sistemas contábil, fiscal e
magine uma ferramenta social
Entre os benefícios de integrar o
de folha de pagamento para auxiliar
que irá modificar de maneira positiva
“Programa Relaciona”, os sindicatos as-
os sindicatos a terem um desempe-
os relacionamentos entre empresas,
sociados à Fecomercio terão acesso a
nho cada vez melhor de funcionários
sindicatos e contadores, transforman-
uma linha de financiamento exclusiva
e departamentos.
do o tradicional sistema de arrecada-
para renovação tecnológica. A entidade
ção em um verdadeiro programa de
vai firmar um convênio com instituições
O site do “Programa Relaciona” tam-
relacionamento. Imagine um espaço
financeiras e empresas de tecnologia
bém conta com o canal Notícias & Ar-
que congregue ferramentas de redes
para oferecer condições especiais na
tigos, espaço dedicado a informação
sociais que irão facilitar a interação
compra de equipamentos e programas.
de qualidade e relevante ao mundo do
entre os usuários, além de oferecer
comércio. Além de artigos publicados
uma série de serviços, entre eles, os
Em parceria com o Sebrae e com o
pelo presidente da Fecomercio, Abram
canais Enquadramento, Contribuições,
Senac, organização gerida pela Feco-
Szajman, bem como dos presidentes dos
Emita sua Guia e Repis que encur-
mercio, serão promovidos encontros,
conselhos da entidade. Também serão
tarão o tempo aplicado na solução de
palestras e cursos sobre associativis-
disponibilizados materiais em vídeo,
dúvidas nesses campos, além de re-
mo, gestão, comunicação e marketing,
áudio e fotos. Neste canal ainda há uma
unir produtos e serviços que auxiliem
além de ações de capacitação para
tabela de indicadores importantes com
os sindicatos a fidelizar sua base e
que os sindicatos implementem em
informações, como a tabela para cálculo
conquistar novas empresas associa-
suas bases. Ao fazer parte do “Rela-
do recolhimento mensal do imposto
das. Tudo isso e muito mais é possível
ciona”, os sindicatos terão acesso à cria-
de renda na fonte, dados para a contri-
ser feito no “Programa Relaciona”, que
ção de material padrão, como cartão de
buição previdenciária dos segurados do
acaba de ser lançado pela Fecomercio.
visita, envelope, folder, banner e mural
INSS entre outras.
20
2011 • edição 16 • agosto / setembro
no meio
sindical
21
2011 • edição 16 • agosto / setembro
INST I T UCIONA L
R e voluç ão no meio si nd ic a l
www.programarelaciona.com.br
Enquadramento No canal “Enquadramento” é possível saber em qual dos sindicatos filiados à Fecomercio a empresa se enquadra. Há ainda um espaço dirigido aos escritórios de contabilidade cadastrados para organizar a solicitação do enquadramento sindical de seus clientes.
Sala dos Sindicatos
serão postadas de maneira a dirimir dúvidas e interagir com todos os sin-
Dedicado e exclusivo dos associados da
dicatos da base aliada. Os associados
Fecomercio, na “Sala dos Sindicatos” o
também poderão consultar e fazer
associado conta com benefícios, van-
download de Convenções Coletivas,
tagens e facilidades exclusivas, desen-
disponíveis em PDF.
volvidos para alavancar o crescimento das empresas e reforçar as bases para
Um dos destaques da ferramenta é a
viabilização de novos negócios.
possibilidade de montar newsletters customizadas com o conteúdo do
É possível esclarecer dúvidas direta-
“Portal Relaciona”, além de poder ca-
mente com a Assessoria Técnica da Fe-
dastrar um mailing para o envio.
comercio por meio de mensagem ou via chat. Profissionais dedicados estão
Dentro do portal há, ainda, um espaço
à postos, online, para fazer o aten-
para produtos disponíveis no “Pro-
dimento em tempo real, durante o
grama Relaciona” desenvolvidos para
horário comercial.
impulsionar o crescimento das empresas e reforçar as bases para a viabi-
Outra vantagem é poder ter acesso
lização de novos negócios. A proposta
ao “Livreto dos Diretores”, com todas
é que esse espaço seja sempre atuali-
as informações dos diretores da Feco-
zado com novidades e oportunidades.
mercio, do Cecomercio, do Sesc-SP e do Senac-SP, que serão atualizados
Por fim, o site do “Programa Relaciona”
sempre que houver necessidade.
também possui o espaço “FAQ” para esclarecer as principais dúvidas que podem
No espaço do “Fórum”, mensagens
22
surgir durante a navegação no portal.
2011 • edição 16 • agosto / setembro
Contribuições Nesta página, o associado terá informações sobre a importância e funcionalidade das contribuições Sindical, Assistencial, Associativa e Confederativa, além de sua base legal. Neste espaço também há uma calculadora para que o usuário possa verificar o valor da sua contribuição mediante o valor do capital social da empresa.
Linhas de Crédito A Fecomercio funciona como uma articuladora entre as empresas de comércio e serviços e os grandes bancos para obtenção de linhas de crédito. Já fechamos uma parceria importante com o BNDES e temos um posto de informações Fecomercio BNDES, onde você pode conhecer melhor os procedimentos burocráticos, saber mais e se atualizar sobre as políticas e formas de atuação para financiamentos.
Emita sua Guia No Emita sua Guia o contribuinte pode emitir passo-a-passo a guia de contribuição sindical e solicitar os certificados de quitação ou de abertura de comércio de domingo.
Repis No canal Produtos, os associados da Fecomercio ainda vão encontrar informações sobre Certificado de Origem, seguros diversos e benefícios e serviços de saúde
Produtos
Há também uma página exclusiva para o Regime Especial de Piso Salarial (Repis). Nela as microempresas (MEs) e empresas de pequeno porte (EPPs) podem aderir ao Repis. O espaço mostra os valores vigentes do regime e os benefícios que ele traz as empresas.
Fecomercio Arbitral A Fecomercio Arbitral é fruto da união da entidade com OAB-SP, SEBRAE-SP, SESCON-SP e à Câmara Arbitral Internacional de Paris (uma das mais conceituadas do mundo), para oferecer, com uma abordagem diferenciada, a arbitragem como uma solução rápida, eficiente e segura para a resolução das questões jurídicas entre empresas.
Pesquisas Customizadas Este serviço oferece aos sindicatos filiados assessoria técnica em estudos, pareceres, análises e pesquisas relacionados às questões econômicas e jurídicas. Orientação para elaboração de planejamento estratégico direcionado aos interesses e necessidades de cada setor ou empresa.
Previdência Complementar Uma previdência privada sem fins lucrativos, com uma das taxas de administração mais baixas do mercado, que oferece uma série de vantagens para você, para seus funcionários e seus familiares.
Certificação Digital O certificado digital é um documento eletrônico que contém o nome, um número público exclusivo denominado chave pública e muitos outros dados que mostram quem somos para as pessoas e para os sistemas de informação. A chave pública serve para validar uma assinatura realizada em documentos eletrônicos. A Fecomercio, que sempre busca o melhor para os empresários do comércio, dos serviços e do turismo, implantou mais este produto, com uma série de vantagens para você.
Certificado de Exclusividade A Fecomercio analisa e expede declarações de exclusividade para as empresas por ela representadas e, também, para empresas dos setores de Comércio e Serviços representadas por entidades sindicais que não possuem o serviço jurídico de análise de exclusividade.
2011 • edição 16 • agosto/setembro
23
C A PA POR RAPHAEL FERRARI ILUSTRAÇÕES JULIANA AZEVEDO
Mimos para
24
2011 • edição 16 • agosto / setembro
quem nunca te abandonou Com o aumento da competitividade entre as empresas, ações de fidelização se tornam essenciais para a prosperidade dos negócios
2011 • edição 16 • agosto/setembro
25
C A PA
O
Mi mos pa r a q uem nu nc a te a ba ndonou
Produto Interno Bruto (PIB) a
que o Brasil chegou no fim de 2010, R$
Rosa, assessora técnica da Fecomercio. Mas, como criar essa identificação?
3,675 trilhões, é reflexo, entre outras razões, de um claro processo de ama-
Empresários devem ficar atentos a
durecimento da economia nacional. No
sete “Ps”: preço, possibilidades de
mercado interno, é sintomático nesse
pagamento, ponto, pessoal, promoção,
quadro a crescente competitividade en-
produtos de qualidade e posiciona-
tre as empresas e a consequente capa-
mento dos itens nas lojas. Fernanda
cidade que o consumidor adquire de po-
explica, entretanto, que muitos vare-
der escolher entre produtos seme-
jistas se focam somente no preço do
lhantes com o mesmo nível de qualidade
produto e desconsideram a importân-
da loja que lhe fizer a melhor oferta.
cia dos demais “Ps”. “Se formos analisar a fidelização somente pelo lado obje-
É vital, neste cenário, que as empresas
tivo, as possibilidades de pagamento,
pensem nas vendas não como uma
como o parcelamento das compras
negociação isolada, mas como um pro-
por meio de cartão de crédito, são um
cesso, uma experiência que vai gerar
ponto muito mais importante do que
no consumidor a vontade de retornar
o preço em si”, pondera. “O consumi-
àquele estabelecimento quando qui-
dor brasileiro se preocupa se a parcela
ser outro produto. E, cada vez mais, o re-
cabe no orçamento mais do que com o
lacionamento com os clientes se torna
preço total do produto.”
determinante para a prosperidade do comércio. Aliás, não clientes, mas fre-
Um dos meios mais interessantes de se
gueses. A palavra, que caiu em desuso,
trabalhar com as formas de pagamen-
define exatamente o que as empresas
to, focando a fidelização de clientes, é a
devem buscar com seus programas de
criação de um cartão da loja, que pode
fidelização: não um consumidor, mas
ser utilizado tanto para que o consum-
um freguês que volte sempre. “O impor-
idor obtenha descontos na compra
tante é criar uma identificação com a
de determinados bens quanto para
loja”, avalia a economista Fernanda Della
a extensão do prazo de pagamento. O
Um dos meios mais interessantes de se trabalhar com as formas de pagamento, focando a fidelização de clientes, é a criação de um cartão da loja, que pode ser utilizado tanto para que o consumidor obtenha descontos na compra de determinados bens quanto para a extensão do prazo de pagamento
26
2011 • edição 16 • agosto / setembro
“
Claudio Ulysses Ferreira Coelho Assessor técnico do Senac
“
Foto: Divulgação
O vendedor ideal se apresenta para o cliente logo que este entra na loja, se coloca a disposição dele para auxiliar no que for preciso e depois se afasta. Mantenha a distância, deixe o consumidor à vontade. Se precisar, ele irá te chamar
Como encantar o cliente Os programas de fidelização tendem a cair
cliente busca ter uma experiência de com-
contato direto com o consumidor deve ser
no vazio se o estabelecimento do comércio
pra. Ele já não quer mais um vendedor para
tratada como elemento estratégico de qualquer
não for apresentável e não tiver uma equipe
lhe dizer o preço do produto, quer ser as-
empresa. Afinal, o comprador pode voltar à
bem treinada na arte de servir.
sessorado”, avalia.
loja onde adquiriu um produto com defeito,
A questão do ponto é fundamental. Uma
Esconder o preço dos produtos é um dos
padaria bem localizada, por exemplo, tem
erros mais frequentes das lojas, de acordo
Claudio Ulysses Ferreira Coelho, assessor
grande chance de fidelizar clientes. Afinal,
com a assessora. “O consumidor deve
técnico do Serviço Nacional de Aprendiza-
por que se deslocar se há uma padaria na es-
poder identificar facilmente o preço de
gem Comercial (Senac), ensina que o vende-
quina? Se é só para comprar um pãozinho,
cada bem que lhe interessa. Códigos e eti-
dor ideal se apresenta para o cliente logo
muito provavelmente, não há porquê. Mas
quetas coloridas que somente o vendedor
que este entra na loja, se coloca a disposição
isso é olhar as coisas pelo lado objetivo. E
sabe decifrar, costumam ser um problema.”
dele para auxiliar no que for preciso e de-
mas jamais aonde se sentiu maltratado.
há o subjetivo, que é ainda mais importante.
pois se afasta. “Mantenha a distância, deixe
Às vezes o interesse do consumidor não é só
O ambiente também deve ser amplo e pro-
o consumidor à vontade. Se precisar, ele irá
um pão francês, mas um mix mais amplo de
porcionar fácil locomoção. O cliente pre-
te chamar”, instrui.
produtos, ou um atendimento diferenciado.
cisa se sentir à vontade, ter liberdade para transitar pela loja e observar os produtos.
De acordo ele, uma pesquisa recente do
Fernanda Della Rosa, da Fecomercio, afir-
“Para os vendedores, o desafio é achar o
Senac apontou que um dos fatos a incomo-
ma que os consumidores não entram mais
ponto de equilíbrio entre estar disponível e
dar mais o consumidor é quando ele entra
em uma loja pensando somente em ad-
estar incomodando”, ensina.
na loja e não pode olhar as gondolas sem ser
quirir um bem que estejam precisando ou contratar um serviço que necessitam. “O
seguido ou interrompido por um vendedor A preparação do pessoal que trabalhará em
ansioso por apresentar um produto.
2011 • edição 16 • agosto/setembro
27
C A PA
Mi mos pa r a q uem nu nc a te a ba ndonou
“
A cada dez cafés, a pessoa ganha um. E para não ficar só no café, ainda tem um mimo, que é um pão de queijo ou um pão na chapa para acompanhar
Foto: Juliana Azevedo
Gerente do Café e Restaurante Jasmim Rosa
“
Fabiana Muniz
cartão da livraria Saraiva, por exem-
prestações, devido ao custo da própria
que um consumidor compra um sor-
plo, possibilita que o freguês compre
operação, são um recurso mais comum
vete ou aluga um filme, por exemplo,
alguns títulos com o preço reduzido
para organizações de grande porte ou
ganha um selo para colar no cartão da
em comparação ao que pagaria um cli-
que tenham um grande fluxo de caixa.
loja. Quando o cartão estiver completo,
ente comum. Já o cartão Hering, como
Micro e pequenas empresas podem se
o cliente pode tirar o mesmo produto
explica a vendedora Raiane Souza, “pos-
valer de outro sistema de cartão bas-
ou serviço gratuitamente.
sibilita que as compras de qualquer va-
tante usado por sorveterias, cafeterias
lor sejam parceladas em até cinco vezes
e outras lojas de alimentação, mas que
Este é o modelo adotado há cerca de um
sem juros, enquanto, normalmente só
perfeitamente pode ser utilizado por
mês pelo Café e Restaurante Jasmim
são parcelados valores acima de R$ 100,
prestadores de serviço em geral: os
Rosa, localizado em uma região comer-
e apenas em duas vezes”.
cartões de selo.
cial do bairro da Bela Vista na capital
Contudo, condições especiais de paga-
O sistema é bastante simples, mas não
“No primeiro mês, vendemos 20% a
mento, como um maior número de
por isso pouco eficiente. A cada vez
mais do que estávamos acostuma-
paulista, e que já deu bons resultados.
28
2011 • edição 16 • agosto / setembro
dos”, comemora a gerente e responsável pelo programa, Fabiana Muniz. “A cada dez cafés, a pessoa ganha um. E para não ficar só no café, ainda tem um mimo, que é um pão de queijo ou um pão na chapa para acompanhar”, informa. Fabiana conta que o sucesso do programa foi tão grande que os 200 cartões impressos para a fase de teste acabaram em três semanas e os fregueses, para não perder a promoção, passaram a levar cartões de visita da loja com um selo colado. “Estamos para receber mil cartões.” A ação não se baseia somente no cartão de selos e na recompensa, mas é uma aposta na qualidade do produto. “Servimos um café gourmet, o que é raro na região. Então, o programa atrai o consumidor, mas é o café que o faz voltar”, pondera. Diversas formas de promoções costumam ser empregadas para fidelizar um cliente, como oferecer tiquetes de desconto para a próxima compra ou os sorteios. Este último, no entanto, por seu caráter excepcional, costuma funcionar melhor como uma forma de atrair um consumidor para a loja, ficando a cargo dos outros “Ps” o processo de fidelização. Um bom raciocínio é aliar a necessidade do cliente à oferta de uma vantagem adicional. As operadoras de telefonia costumam adotar duas estratégias especificas que são bastante eficientes para o setor de telecomunicações: a recarga premiada, que concede minutos de bônus para os consumidores que recarregarem
aparelhos
pré-pagos
com frequência; e as chamadas gratuitas ou com um preço fixo muito baixo para as linhas da mesma operadora.
2011 • edição 16 • agosto/setembro
29
C A PA
Mi mos pa r a q uem nu nc a te a ba ndonou
Também existem os tradicionais programas de recompensa nos quais o consumidor ganha pontos por cada compra que faz ou, mais regularmente, proporcional ao valor gasto. Caso das milhas oferecidas pelos programas de fidelidade dos cartões de crédito. O segredo para esta ação é procurar qual é o produto ou serviço que tem o potencial de fidelizar cada tipo de cliente. “Do ponto de vista da oportunidade, o que precisa ser feito é entender efetivamente qual é o programa de milhagem de cada classe social”, indicou o presidente da American Express, Giancarlo Greco, durante o “8º Congresso Corporativo”, realizado com o apoio da Fecomercio, na sede da entidade, no início de julho. “Na classe ‘C’, o que mais atrai para a fidelização, e leiase fidelização como a possibilidade de voltar a utilizar o produto, são minutos de celular”, garante. Tal percepção, entretanto, não é consenso entre especialistas ouvidos por C&S. Para muitos deles, as passagens aéreas continuam a ser o prêmio, ou “sonho de consumo”, almejado pela classe “C”. Procurado pela reportagem, o Banco Itaú afirmou, por meio de nota, que a nova classe média tem buscado nas milhas aéreas “talvez a realização de um desejo antigo”, e não minutos para usar no celular. Contudo, destacam que não há um estudo neste sentido e esta é só uma percepção. Seja qual for o prêmio, a realidade é que o novo consumidor brasileiro, dono de mais crédito, com emprego e renda em ascensão, está mais exigente. Pensar em formas de fidelização, portanto, é um elemento estratégico para garantir a preservação e crescimento do negócio.
30
2011 • edição 16 • agosto / setembro
Seja qual for o prêmio, a realidade é que o novo consumidor brasileiro, dono de mais crédito, com emprego e renda em ascensão, está mais exigente. Pensar em formas de fidelização, portanto, é um elemento estratégico para garantir a preservação e crescimento do negócio.
Fidelidade aos programas de fidelidade Muitas empresas têm programas de fideli-
a com o Groupon, empresa de compras co-
dade que rendem pontos para ser resgata-
letivas via internet, tem sido tratada como
dos na forma de passagens aéreas, caso dos
estratégica. “O Groupon oferece o beneficio
cartões de crédito ou de companhias aéreas,
real do desconto. Com a parceria, a partir de
trocas de óleo ou combustível, no caso de
setembro, o cliente poderá adquirir produ-
postos de abastecimento etc. O problema é
tos ou serviços com pontos Multiplus, ou
que, muitas vezes, faltam pontos para res-
seja, sem gastar nada a mais por isso”, ex-
gatar o prêmio almejado e, seja por falta de
plica. “O negócio é poderoso”, aposta.
opção ou de interesse, esses pontos acabam se perdendo. A Multiplus Fidelidade é uma empresa que surgiu para explorar justamente esta “falha” dos programas de fidelidade. “Somos uma rede de coalisão. Juntamos em um único local todos os créditos dos programas de fidelidade, o que acelera o acumulo de pontos”, explica Eduardo Gouveia, presidente da Multiplus. Gouveia afirma que a rede de acúmulo de pontos funciona em mão dupla. Há mais formas de acumular pontos e também de gastá-los. “Se você não puder retirar uma passagem aérea, pode retirar uma adega climatizada no Ponto Frio ou um jantar em
Hoje, a Multiplus conta com uma rede de cerca de 160 parceiros. Número que deve ser superior a 500 até o final do ano. “Até o termino de 2012, é factível pensar em 10 mil parceiros espalhados pelo País”, estima Gouveia. O avanço tão rápido será apoiado na parceria com a Redecard, que possibilita às empresas de todos os portes a utilização dos pontos Multiplus por meio da mesma
Foto: Gladstone Campos/RealPhotos
um restaurante, por exemplo.”
Eduardo Gouveia, Presidente da Multiplus
maquininha usada para os cartões de crédito. Entre as novas parcerias sendo firmadas,
2011 • edição 16 • agosto/setembro
31
U M DI A N A ... POR Selma Panazzo FOTOS Mônica Canejo
...maior lavanderia da América Latina
32
2011 • edição 16 • agosto / setembro
Abaixo à sujeira C&S te leva a uma viagem pela maior lavanderia da América Latina, localizada em Jundiaí, no interior paulista, e que tem números impressionantes
R
oupa suja se lava em casa. O
biente e Qualidade) e que tem uma
ditado popular não é válido quando
planta que só perde em tamanho para
as peças são dos setores industrial,
uma similar em Las Vegas, paraíso dos
hoteleiro e hospitalar. O mais comum
grandes hotéis e cassinos. Hoje, o gru-
é nem imaginarmos quem cuida dessa
po, cuja propriedade é do Fundo de In-
sujidade. Para fazer frente a essa de-
vestimento Advent, soma unidades em
manda é preciso um sistema industrial
Jundiaí, Diadema (SP), Belo Horizonte
que mescle tecnologia com profissio-
(MG), Pirajá e Costa do Sauípe (BA),
nais para os trabalhos mais delicados.
Jaraguá do Sul (SC) e Rio de Janeiro (RJ).
Nossa viagem começa no pátio ex-
No galpão que acolhe as áreas de la-
terno da lavanderia Atmosfera, insta-
vagem, 1,8 mil funcionários, 80% mu-
lada em um terreno de 50,77 mil m e
lheres, em seus uniformes brancos,
criada em 2006, fruto da incorporação
se distribuem em turno de 24 horas e
de cinco lavanderias industriais. Ali,
em linhas específicas de trabalho, a da
ergue-se a caldeira de água com capa-
hospitalidade, que reúne hotéis (rou-
cidade para 24 toneladas de vapor por
pas de cama, mesa e banho) e hospi-
hora. A grandiosidade é uma marca
tais (toalhas, jogos de cama, cobertores
desta empresa com três certificações
e aventais cirúrgicos), e a industrial
ISO (Segurança do Trabalho, Meio Am-
(uniformes e toalhas multiuso).
2
U M DI A NA ... m a ior l av a nder i a d a A mér ic a L at i n a
A frota de 67 veículos equipados com
quatro toneladas de amaciante por
sistema de monitoramento e comuni-
mês – é automatizada e programada
cação, divide-se na coleta das roupas dos
para cada caso. São controlados por
clientes e na entrega – ambas etapas
sistemas eletrônicos os níveis de água,
com horários programados. Os cami-
temperatura, drenagem, tempo de
nhões são higienizados com processo de
cada etapa e dosagem dos químicos.
desinfecção química a cada saída.
A roupa sobe por esteiras e é acondicionada em compartimentos lacrados
Ao chegar na Atmosfera, a roupa suja
onde ocorrerá a lavagem. Nessa etapa
é acondicionada em grandes sacos de
é tolerância zero com bactérias.
pano azul perfilados, chamados bags, que recebem uma numeração de iden-
O processo traz outra vantagem. “A la-
tificação do cliente de maneira auto-
vagem nos túneis de lavagem contínua
matizada por um software holandês.
aumenta a vida útil do tecido em 20%,
Um trilho com roldanas leva essas bags
um benefício e tanto considerando o
em “um passeio” pelo ar em uma al-
volume de lavagem que cada peça tem
tura equivalente a três andares de um
durante o mês”, explica Claudia Costa,
prédio. Ordenadamente, eles param
diretora da Área de Hospitalidade.
sobre pequenos contêineres: é a hora de um funcionário puxar o cordão
Vencida essa etapa, que dura cerca
que amarra sua boca para a roupa ser
de 50 minutos, as roupas vão para a
recolhida e levada para um dos seis
secagem e dobragem, em um pro-
túneis de lavagem contínua ou para
cesso que seria o sonho de qualquer
as lavadoras extratoras (máquinas se-
dona de casa. Entram em cena as 14
melhantes às de uso doméstico, só que
calandras, máquinas de 1,20 metro
de grande porte e indicadas para peças
com rolos que trabalham a pressão de
menores). Os lotes são classificados
vapor de 12 kilogramas-força por centí-
por categoria de sujeira. A higieniza-
metro quadrado. Um lençol ou toa-
ção – que consome 280 toneladas de
lha grande de restaurante é preso por
produtos químicos, sendo entre eles
duas funcionárias em ganchos laterais
21 toneladas de detergente líquido e
e a máquina puxa a peça, sugada por rolos compressores. Quando passada, funcionárias finalizam as dobraduras feitas pelo equipamento e acondicionam as roupas em gaiolas que serão impermeabilizadas com filme plástico, indo para a expedição. Números superlativos marcam a Atmosfera. Apenas o segmento de toalhinhas industriais multiuso envolve 30 funcionárias por turno. É um trabalho perfeccionista, pois são peças com grande quantidade de elementos químicos pesados (óleo, solventes e graxa, por exemplo). A lavagem dura
34
2011 • edição 16 • agosto / setembro
1h15. Por dia, são fechados 450 sacos com 300 desses panos. O controle de qualidade é feito no final do processo. “Separamos dez toalhas por lote e fazemos testes de reagentes com ál-
Volume é rotina nesta lavanderia, que lembra a linha de produção de uma grande indústria e cuja visita demanda cerca de 1h30
cool e tiner, por exemplo. Se seis forem reprovadas com presença de elemen-
tico é a de kits cirúrgicos. “Temos que
ças e bisturis cirúrgicos são duas caixas.
tos químicos, o lote todo passa por re-
saber qual o procedimento de cada
Mas há também sapatos e até comadres.
lavagem”, informa Maria José Antunes,
hospital. Cada um pede um número
Quando há identificação do hospital nos
há três anos líder do setor.
diferente de aventais cirúrgicos no kit”,
objetos, são devolvidos, caso contrário,
conta Rejane Munoz Pádua, enquanto
doados para hospitais públicos.
Todas as áreas das três linhas traba-
dobra com incrível rapidez os aventais
lham com meta de produtividade. Rita
e envolve-os com um pano que, na do-
A preocupação com a sustentabilidade
de Cássia Dias, há 14 anos no grupo, e
bragem, vira uma trouxinha quadrada.
vai até o final do processo. Uma estação
líder das calandras, coordena 56 fun-
O atendimento do setor hospitalar,
de tratamento de água com capacidade
cionários. “A meta hoje é lavar 3020
que reúne hospitais como o Hospital
para de 450 mil litros recupera a água
lençóis por hora”, afirma, com o obje-
das Clínicas, Nove de Julho, Oswaldo
utilizada. Ela separa o óleo resultado da
tivo na ponta da língua.
Cruz, Hospital do Câncer e Unicamp,
lavagem das toalhas industriais que con-
requer uma linha de produção dife-
verte 50 mil litros de óleo sujo em óleo
Volume é rotina nesta lavanderia, que
renciada. “Como há contato com su-
automotivo, depois do beneficiamento.
lembra a linha de produção de uma
jeiras insalubres, a ala é formada por
grande indústria e cuja visita deman-
funcionários com vestimenta especial,
A Atmosfera mostra que lavar e pas-
da cerca de 1h30. Os segmentos hospi-
luvas grossas, botas, touca e máscara”,
sar roupa pode se transformar em um
talar e de hotelaria movimentam 3,5
enfatiza Jean Marlon Begido, gerente
negócio de grande porte e ser um em-
milhões de roupas por mês. Somente o
de Recursos Humanos.
pregador respeitável. Um prestador de serviço que, com alguma frequência,
Complexo do Hospital das Clínicas entrega à Atmosfera 18 toneladas/dia de
É nessa área que acontecem as surpre-
nem passa pela mente dos clientes de
peças dos seus enxovais.
sas, com objetos esquecidos dentro das
um bom restaurante, do hóspede do
roupas sujas. A Atmosfera tem três car-
hotel e do enfermo que se abriga em
rinhos lotados dessas peças. Só de pin-
lençóis limpos.
Uma das áreas com movimento frené-
2011 • edição 16 • agosto/setembro
35
Confira aqui na C&S os principais destaques das últimas edições do MixLegal e MixLegal Impresso. As publicações têm dicas e informações de natureza jurídica que podem interferir no dia a dia dos negócios.
PÉ NO FREIO PARA AS ENTREGAS
A Lei Federal nº 12.436, que entrou em vigor no dia 7 de junho, prevê multa que varia de R$ 300 a R$ 3 mil para quem estimular o funcionário a agilizar a entrega. Medida visa reduzir o número de acidentes com motociclistas, índice que aumenta anualmente no País. A norma proíbe que as empresas de todo o Brasil ofereçam prêmios pelo cumprimento de metas por número de entregas ou prestação de serviços.
INCONSTITUCIONALIDADE DO PROTOCOLO ICMS 21/2011
A pedido da Fecomercio , no dia 1º de julho, foi ajuizada Ação Direta de Inconstitucionalidade pela Confederação Nacional do Comércio (CNC) contra o protocolo ICMS 21/2011, junto ao Supremo Tribunal Federal (STF). O protocolo estabelece que o ICMS gerado a partir de venda de bens que estiver em um Estado diferente daquele em que se encontra o vendedor, deverá ser partilhado entre ambos os Estados, como se fosse uma operação interestadual.
COMPRAS PÚBLICAS
Em 26 de junho, foi publicada a Portaria n° 130 do Ministério do Turismo (MTur) que institui o Cadastro dos Prestadores de Serviços Turísticos (Cadastur) e seu respectivo comitê. Executado pelo MTur em parceria com os órgãos oficiais do turismo nos 26 Estados do Brasil e no Distrito Federal, o Cadastur é um sistema que reúne pessoas físicas e jurídicas que atuam no setor. O objetivo do Cadastur é ordenar, formalizar e legalizar os serviços turísticos prestados no Brasil.
CERCEAMENTO DE DIREITO
A discussão sobre o uso de aparelhos celulares dentro dos bancos ganhou força e passou pela Câmara Municipal de São Paulo no dia 2 de agosto. O projeto segue, agora, para aprovação do prefeito Gilberto Kassab e São Paulo poderá ser a terceira cidade do Estado a aprovar tal lei. Para a Fecomercio proibir o uso do celular é transferir o ônus de uma questão de segurança pública para o cidadão, que ficaria privado de um direito.
Leia essas notícias na íntegra, além de outras informações, nas edições que estão disponíveis no Portal da Fecomercio: www.fecomercio.com.br (Em Serviços/Publicações).
36
2011 • edição 16 • agosto / setembro
Confira aqui na C&S os principais destaques das últimas edições do EconoMix Digital e EconoMix Impresso. As publicações têm dicas e informações voltadas para a melhoria da gestão dos negócios e compreensão do ambiente macroeconômico.
LEÃO FEROZ NA HORA DA RESTITUIÇÃO
Quando se antecipa a restituição do Imposto de Renda em um banco qualquer deve-se ter em mente que ao invés de receber juros, vai pagar juros. No caso da antecipação, deve-se ter alternativa de melhor de remuneração. E muito melhor, uma vez que seu retorno tem que superar a Selic que se recebe até a restituição ser efetivada somada à elevada taxa de desconto dos bancos que rondam entre 3% e 4%.
REAL EM ALTA E SUAS APLICAÇÕES
O real deve permanecer valorizado no curto e médio prazo, salvo se houver alguma mudança drástica no mundo ou um princípio de crise forte no Brasil. Nestas condições Renda Fixa, Tesouro Direto e CDBs continuam boas opções aqui dentro, apesar do aparente bom preço de outras moedas e de várias ações. Uma hora esse cenário vai mudar, mas isso não deve ser neste segundo semestre.
TRIBUTAÇÃO PERVERSA
Uma cultura fiscalista no setor público, já arraigada e obsessiva, em permanente busca de recursos para cumprir orçamentos e também para atender a outros gastos não previstos, quase sempre resultando em déficits nas contas públicas. Ou seja: se gasta muito e mal, sempre acima do que se arrecada, o que leva a um círculo vicioso e alimenta a carga tributária elevada. É um baú sem fundo.
BENEFÍCIO PARA O COMÉRCIO
A implantação do sistema de compensação digital em 20 de maio trará benefícios para comerciantes e clientes, pois receberão com maior rapidez e segurança um pagamento em cheque. Segundo a Febraban, no ano passado, o prejuízo do comércio com a ocorrência de clonagem e falsificação nos cheques foi de aproximadamente R$ 1,2 bilhão. A digitalização do cheque diminuirá significativamente a possibilidade de clonagem, extravio, perdas e roubo das folhas de cheques.
Leia essas notícias na íntegra, além de outras informações, nas edições que estão disponíveis no Portal da Fecomercio: www.fecomercio.com.br (Em Serviços/Publicações).
37
2011 • edição 16 • agosto / setembro
2011 • edição 16 • agosto/setembro
37
GE STÃO TEXTO Amanda Voltolini
Saúde mental em foco Estatísticas oficiais mostram um crescimento de problemas na saúde mental dos trabalhadores, quadro preocupante para as empresas, que buscam programas de qualidade de vida
38
A
rapidez da informação, alta
As doenças mentais estão contempla-
carga de trabalho cognitivo e exigên-
das na lista do Ministério do Trabalho
cia de níveis educacionais cada vez
de moléstias que podem ser relaciona-
mais elevados colocam os trabalha-
das ao trabalho. “Existe uma correlação
dores em situações de crescente res-
direta entre o excesso de trabalho e as
ponsabilidade e estresse, com desdo-
doenças mentais”, comenta o Gilberto
bramentos em sua saúde.
Archero Amaral, presidente do Departamento de Medicina do Trabalho da
Segundo dados da Organização Mun-
Associação Paulista de Medicina (APM).
dial da Saúde (OMS), atualmente mais
“Porém, ainda é muito difícil provar a
de 23 milhões de brasileiros sofrem
relação entre causa e efeito. No mundo
com algum transtorno mental, sendo 5
das doenças mentais, há muitos ter-
milhões deles casos graves e/ou persis-
ritórios por se desvendar”, explica.
tentes. Do total, 11 milhões de pessoas apresentam transtornos psiquiátricos
Transtornos do sono, fadiga, estresse,
graves decorrentes do uso de álcool e
esgotamento profissional (Síndrome
drogas e o restante sofre com males
do Burn out) são alguns dos casos que
menores, ou seja, necessita de algum
podem ser relacionados ao excesso
atendimento, tanto contínuo ou even-
ou condições inadequadas de traba-
tual, porcentagem que mais cresce
lho. Porém, as estatísticas brasileiras
hoje. Nesse último grupo estão os pa-
ainda são pouco confiáveis. Segundo
cientes com depressão e ansiedade
Amaral, a medicina do trabalho tenta
que, segundo o Ministério da Saúde, é
identificar os casos. “Há doenças psi-
o que mais lota os serviços extra-hos-
cossomáticas que não conseguimos
pitalares de saúde, constituindo uma
relacionar com problemas mentais e
das maiores causas de afastamento
com problemas organizacionais. Por
das atividades.
conta disso, muitos dos casos de afas-
2011 • edição 16 • agosto / setembro
39
2011 • edição 16 • agosto / setembro
2011 • edição 16 • agosto/setembro
39
GE STÃO
Saúde ment a l em foco
tamento pelo INSS não são atribuídos
ção Instituto de Administração (FIA), a
tos científicos em relação à nutrição,
diretamente ao trabalho ou à empresa
relação causal tem ficado clara com a
sedentarismo e saúde, de um modo
envolvida. Para tentar reverter essa situ-
onda de suicídios cometidos no local
geral, tem feito com que as empresas
ação, o INSS está revendo casos, anali-
de trabalho, “na frente do chefe”, en-
sejam obrigadas a olhar para o pro-
sando e entrando com ação regressiva
fatiza. Alta insatisfação, insegurança e
blema e enfrentá-lo”, afirma.
às empresas negligentes”, alerta.
pressão fazem o profissional sucumbir e desenvolver quadros graves de de-
Melhorias no ambiente de trabalho
Apesar de imprecisas, as estatísticas
pressão. Casos do mundo inteiro alar-
são vitais para prevenção de distúrbios
são alarmantes. Segundo o INSS, de
mam as empresas e os trabalhadores e
mentais. Segundo Cleise Zolin Gar-
2006 para 2010, o número de bene-
fazem com que todos sejam obrigados
julli, assistente social pós-graduada
fícios de auxílio-doença acidentários
a olhar para o ser humano envolvido
em Gestão da Qualidade de Vida no
(doenças causadas por acidentes ou
na relação trabalhista.
Trabalho pela FIA, cabe ao departa-
condições de trabalho) em casos de transtornos
mentais
e
mento de Recursos Humanos de cada
comporta-
Na FIA, a discussão sobre qualidade de
organização identificar e banir qual-
mentais aumentaram 20 vezes. De
vida no trabalho já tem 18 anos. A de-
quer forma de assédio. “O RH deve ser
janeiro a maio deste ano, em relação
manda de aplicar os conceitos de bem-
o primeiro canal entre o trabalhador e
ao mesmo período em 2010, já houve
estar ao trabalho surgiu a partir da
a empresa. Um departamento de Re-
aumento de 20% – mais de 5 mil casos
discussão sobre saúde, doença e saúde
cursos Humanos estratégico pensa na
em cinco meses. O Ministério da Saúde
do trabalho, da gestão da qualidade
empresa como um todo, se preocupa
prevê que 21% da população brasileira
total (ISOs) e análise do Índice de De-
com o bem-estar dos colaboradores,
(39 milhões de pessoas) necessitam
senvolvimento Social (IDS) e do Índice
com o clima, pois os colaboradores são
ou vão necessitar de atenção e aten-
de Desenvolvimento Humano (IDH). “O
os principais recursos de qualquer em-
dimento em algum tipo de serviço de
aumento das pressões, da tecnologia,
presa”, sustenta.
saúde mental.
a carga cognitiva, o maior volume de tomadas de decisão e a internaciona-
Porém, ainda há gestores reticentes a
Segundo Ana Cristina Limongi França,
lização do trabalho trouxeram à tona
esses conceitos. Segundo Ana Cristina,
professora associada da FEA-USP no
as questões relacionadas ao bem-estar
muitos têm medo de promover a quali-
Núcleo de Gestão da Qualidade de Vida
e mal-estar dos trabalhadores. Aliada
dade de vida nas organizações, com
no Trabalho e coordenadora da Funda-
a isso, a evolução dos conhecimen-
receio de tornar o ambiente informal
“
Vanessa Pina
40
Diretora de Capital Humano da SulAmérica Seguros e Previdência
2011 • edição 16 • agosto / setembro
“
Foto: Divulgação
No “Saúde Ativa” além dos resultados dos exames, os funcionários contribuem com informações pessoais para que a empresa prepare um relatório sobre o estado de saúde de cada um
de trabalhar sob pressão ainda é supervalorizado. A maior resistência nas empresas vem de chefes com pouca autonomia corporativa e operacional. “Gestores que precisam apresentar metas, resultados, que trabalham eles próprios sob pressão, tendem a assediar os subordinados, pois têm como foco o processo e os resultados, e não as pessoas”, enfatiza Cleise. “Muitos não prestam atenção ao fato de
“
O aumento das pressões, da tecnologia, a carga cognitiva, o maior volume de tomadas de decisão e a internacionalização do trabalho trouxeram à tona as questões relacionadas ao bem-estar e mal-estar dos trabalhadores
que um trabalhador saudável, satisfeito, produz mais e melhor.”
Ana Cristina Limongi França
Em 2010, a Bayer, empresa química e farmacêutica com 3,9 mil funcionários no Brasil, decidiu buscar auxílio para
Foto: Divulgação
Professora Associada da FEA-USP
Bons exemplos
“
e diminuir a produtividade. O conceito
implantar um programa de qualidade de vida. Com a ajuda da consultoria
detém 36% do mercado do mercado de
relatório do colaborador é seu, indi-
NewPort, iniciou uma análise mi-
seguros saúde no Brasil, com mais de
vidual, e o da companhia traz também
nuciosa da organização, integrando
1,8 milhão de clientes, atua majoritari-
suas estatísticas de saúde”, descreve.
os departamentos de Medicina do
amente no segmento de saúde empre-
Dessa forma, ambos ganham elemen-
Trabalho e Recursos Humanos. Se-
sarial. Para esse público, um de seus
tos para que possam ser proativos na
gundo Eder Corrêa, diretor de Rela-
programas é o “Saúde Ativa”, que visa
prevenção e reversão de riscos como
ções Trabalhistas, a motivação para
informar e incentivar as boas práti-
colesterol e níveis de estresse, doenças
desenvolver um programa vinha da
cas de saúde dentro das organizações
crônicas que, segundo ela, estão forte-
crença de que para as pessoas exer-
como um dos braços para a qualidade
mente relacionadas ao estilo de vida.
cerem suas atividades com quali-
de vida desses colaboradores.
dade e produtividade, a saúde física e psíquica é elemento fundamental.
O elevado número de trabalhadores O “Saúde Ativa” é um programa de ge-
afastados por conta do estresse e
renciamento de riscos que, a partir de
outras doenças relacionadas trazem
A Bayer desenvolveu o seu programa
um check-up anual (com exames de
prejuízos e riscos às empresas. Custos
baseando-se nos conceitos de respon-
glicose, colesterol, aferição de pressão
trabalhistas, realocação de recursos
sabilidade e confiança mútua. “O co-
arterial, peso e altura), oferece um
humanos e eventuais perdas com pro-
laborador tem que poder confiar na
relatório de mapeamento de riscos
cessos podem se tornar um fardo às ins-
empresa, se sentir seguro”, salienta Cor-
visando a prevenção de doenças. Se-
tituições negligentes. A solução mais
rêa. “O intuito do programa é facilitar a
gundo a diretora de Capital Humano
criativa que vem sendo empregada por
qualidade de vida, permitir que os co-
da SulAmérica Seguros e Previdência,
grandes empresas é levar o conceito de
laboradores façam uma melhor gestão
Vanessa Pina, além dos resultados dos
qualidade de vida para o ambiente de
do seu tempo e tenham ferramentas
exames, os funcionários contribuem
trabalho, buscando a manutenção da
para trabalhar conceitos de saúde.”
com informações pessoais para que
saúde e bem-estar, diminuindo os ca-
a empresa prepare um relatório so-
sos de afastamento e aumentando a
bre o estado de saúde de cada um. “O
satisfação dos colaboradores.
A operadora de saúde SulAmérica, que
41
2011 • edição 16 • agosto / setembro
2011 • edição 16 • agosto/setembro
41
A RT IG O POR Elizangela Grigoletti
Todos os brasileiros em redes sociais até 2014. Será? tivas da população e as ações do gover-
presentes em canais sociais.
no e, claro, ultrapassa definitivamente as barreiras à informação.
Por isso, apesar do desejo de que esta previsão se torne realidade, chega-
E
Com a concretização dessa previsão,
mos a outro ponto não menos re-
seja em 2014 ou alguns anos depois,
levante. Esses resultados podem até
quem ganha é a economia e, conse-
ser viáveis, mas dependem primeira-
quentemente, o fortalecimento do País.
mente de fatores alheios ao interes-
A conexão total em redes sociais trará
se da população em se conectar às
grandes possibilidades ao mercado,
redes.
a começar pelo próprio crescimento
mentais serão necessários para pos-
econômico brasileiro, que resultará dos
sibilitar esse cenário, como, por exem-
investimentos governamentais e tam-
plo, investimentos em acesso e in-
bém do acesso da população a recursos
fraestrutura tecnológica, a fim de pos-
tecnológicos e educacionais.
sibilitar e melhorar a qualidade técnica
Grandes
esforços
governa-
dos serviços de internet e sua disponibi-
m junho, a Comissão de Ciência,
A inclusão de milhões de novos usuári-
Tecnologia, Inovação, Comunicação
os nas redes permitirá um aumento
e Informática (CCT), de Senado Fe-
da base de consumo de produtos e
Não podemos esquecer que, se esta-
deral, afirmou que até 2014, 100% dos
serviços dos mais variados segmentos,
mos falando de 100% da população,
brasileiros estarão em alguma rede
possibilitando
oportunidades
primeiramente, precisamos ter todos
social. Segundo o Comitê Gestor de
para as empresas, inclusive as de
estes brasileiros conectados à inter-
Internet, hoje, 67% dos internautas
pequeno e médio porte. Essas, por sua
net, incluindo as áreas menos urbani-
no Brasil já estão conectados a algum
vez, precisarão estar atentas, plane-
zadas, que, hoje sabemos, sofrem com
desses canais. Os dados consolidados
jando sua atuação nas redes e aprovei-
a própria dificuldade de acesso a trans-
podem até ser surpreendentes, mas
tando esses canais para conhecer
porte, por exemplo, o que impossibilita
para aqueles diariamente conectados
melhor o seu consumidor, por meio
maiores ações. Essas áreas, muitas vezes,
é mais fácil compreender, afinal, quase
de análi-ses, avaliações de comporta-
ainda não dispõem de energia elétrica,
todos os amigos, chefes, clientes e até
mentos e tendências, monitoramento
de acesso à educação para ler e escrever,
meramente “conhecidos”, algum dia,
da marca e concorrência, entre outros
quem dirá acesso à internet, seja discada
já enviaram pedidos para se conectar
recursos viabilizados pela web.
ou banda larga, computadores e até re-
mais
à sua rede, ou seja, todo seu círculo de
lidade para povoados remotos.
des de telefonia celular. Conhecendo a
relacionamento está lá presente, em
Enfim, a inclusão de 100% da popu-
realidade desses brasileiros, imaginá-los
uma ou várias delas.
lação brasileira em redes sociais
respondendo o que estou fazendo pelo
online até 2014 será uma verdadeira
Twitter ou no que estou pensando pelo
Seja por entretenimento ou corpora-
revolução para a sociedade e em um
Facebook, parece um pouco distante da
tivismo, o fato é que a previsão aponta
curto espaço de tempo. Hoje, pesqui-
realidade que vivemos hoje.
para um grande avanço no País, em
sas estimam que menos de 75 milhões
todos os aspectos, já que a web figura
de brasileiros estejam conectados à
como ferramenta de inclusão social,
internet, para que então, com acesso
viabilizando um elo entre as expecta-
à web, possam efetivamente se fazer
42
2011 • edição 16 • agosto / setembro
Elizangela Grigoletti é gerente de in-
teligência e marketing da MITI Inteligência, empresa de soluções em inteligência de mercado (www.miti.com.br).
43
2011 • edição 16 • agosto / setembro
T ECNOL OGI A TEXTO Thiago Rufino
O futuro na palma da mão
Foto: Divulgação
Os cobiçados tablets mudam hábitos de consumidores e se tornam uma ferramenta para trabalho, estudo e entretenimento
44
2011 • edição 16 • agosto / setembro
A
última revolução no mercado
lhões de unidades em 80 dias apenas
tecnológico – por enquanto, pois ou-
nos Estados Unidos. Tamanho sucesso
tras virão – foi promovida no início
incentivou a concorrência de outras
de 2010, em São Francisco (EUA), pela
gigantes, como Motorola e Samsung,
Apple, quando foi anunciado o seu
para disputar o mercado com a em-
então novo produto, o iPad. Após o
presa de Steve Jobs. Oficialmente, o
lançamento em abril do mesmo ano,
primeiro tablet que chegou ao Brasil
o aparelho vendeu mais de três mi-
foi o iPad, em novembro de 2010, e
Analistas norte-americanos afirmam que os aparelhos, sobretudo o iPad, estão ‘matando’ as vendas de notebooks e netbooks, em especial. A taxa de crescimento do mercado tradicional de computadores era de dois dígitos antes da chegada dos tablets, porém, no primeiro trimestre deste ano, caíram para apenas 1%
apesar dos preços elevados, devido a carga tributária que incide sobre esses aparelhos, o produto ‘caiu’ no gosto do brasileiro. A previsão é de que em 2011 devem ser vendidos 400 mil tablets, quase quatro vezes mais de unidades em relação ao ano anterior. A chegada do iPad 2 neste ano acirrou a disputa pela preferência dos
total controle dos aplicativos e pro-
O mercado de tablets segue em franca
consumidores junto com o Xoom
gramas instalados no iOS, o sistema
expansão: em apenas um ano, as ven-
(pronuncia-se ‘zoom’) da Motorola e
operacional conquistou a preferên-
das cresceram 331% e os equipamen-
o Galaxy Tab da Samsung. O relatório
cia da maioria dos usuários devido a
tos já representam 1% do total tráfego
de uma consultoria norte-americana
sua estabilidade, interface amigável
de internet no mundo. O sucesso do
sobre a venda de tablets no segundo
e navegação intuitiva. Já os concor-
segmento impacta em outros setores.
trimestre de 2011 aponta que, no
rentes Xoom e Galaxy Tab utilizam o
Analistas norte-americanos afirmam
período, foram comercializados 15
sistema operacional Android que, ao
que os aparelhos, sobretudo o iPad, es-
milhões de equipamentos no mundo,
contrário do iOS, opera com código
tão ‘matando’ as vendas de notebooks
sendo o iPad responsável por 61%
aberto, ou seja, permite melhorias de-
e netbooks, em especial. A taxa de
do total. O resultado é consideravel-
senvolvidas pelos usuários.
crescimento do mercado tradicional
mente inferior ao registrado em igual período de 2010, quando o tablet da “maçã mordida” conquistou 94% das vendas. Entretanto, apesar da retração da Apple nesse mercado, a companhia bateu recorde de vendas no segundo trimestre deste ano ao atingir US$ 28,57 bilhões. Hoje, quem diria, a Apple tem mais dinheiro em caixa do que o aba-lado Tesouro dos Estados Unidos: cerca de US$ 28,5 bilhões contra US$ 7,31 bilhões – dados de junho. Boa parte do sucesso da companhia liderada por Jobs está no iOS, sistema nos dispositivos móveis da corporação: iPod Touch, iPhone e iPad. Mesmo com uma série de restrições impostas
Foto: Divulgação
operacional exclusivo, presente em
pela empresa, para que ela mantenha
2011 • edição 16 • agosto/setembro
45
T ECNOL OGI A
O f ut u ro n a pa l m a d a m ão
de computadores era de dois dígitos
ral publicou no final de maio a Medida
teúdos digitalizados, além de tentar
antes da chegada dos tablets, porém,
Provisória 534, que altera o artigo 28
diminuir a inadimplência, evasão dos
no primeiro trimestre deste ano,
da chamada “Lei do Bem” para deso-
alunos e, principalmente, reduzir o
caíram para apenas 1%. Um dos moti-
nerar em mais de 30% os tablets pro-
custo com impressões. Inclusive, de-
vos para a retração é que cerca de 30%
duzidos no Brasil. Após o incentivo, o
terminadas ações contemplam par-
dos proprietários de iPad estão usan-
Ministério da Ciência e Tecnologia ne-
cerias das universidades com editoras
do-o como um substituto do laptop
gociou a produção de iPads no Brasil,
para disponibilizar capítulos de livros
em vez de um aparelho adicional.
prevista para iniciar em setembro. Se-
acadêmicos para livre acesso pelos
gundo o órgão governamental, além
tablets dos estudantes. A difusão do
No Brasil, ainda há desafios a serem
da Apple, outras 25 empresas já mani-
desse mercado no País abre possibili-
superados antes que o mercado de
festaram o interesse em fabricar
dades para as editoras e livrarias que
tablets conquiste desempenho seme-
tablets nacionais.
contam com lojas virtuais, uma vez
lhante ao exterior. O principal deles
que o livro digital é uma alternativa
é o preço excessivamente elevado,
Mesmo com os preços dos tablets
com menor custo de produção e de
uma vez que o País lidera o ranking
“nas alturas”, iniciativas para difun-
fácil portabilidade de armazenamen-
do iPad 2 mais caro do mundo. Em sua
dir o uso do dispositivo móvel surgem
to, entre outros benefícios.
versão mais simples, o aparelho custa
diariamente. A fim de atrair novos
cerca de R$ 1.650, duas vezes supe-
estudantes, algumas universidades
Por se tratar de um mercado relati-
rior ao modelo equivalente, cobrado a
paulistas prometem distribuir os
vamente novo, ainda há muito o que
R$ 813 nos Estados Unidos. Para tentar
aparelhos para os matriculados para
ser explorado e, aos poucos, desen-
reverter esse quadro, o governo fede-
incentivar a leitura por meio de con-
volvedoras de aplicativos lançam pro-
46
2011 • edição 16 • agosto / setembro
Foto: Divulgação
Bar Brahma
gramas para facilitar as tarefas cotidianas de pessoas e empreendimentos. Criado por uma empresa paulistana, o cardápio digital é um dos exemplos de alternativa ao tradicional modelo impresso. O software possibilita aos clientes interagirem com o tablet para realizar o pedido, logo em seguida a informação ‘viaja’ pela rede sem fio do estabelecimento direto para a cozinha. Isso torna o processo mais rápido e eficiente. O Bar Brahma, localizado no centro da capital paulista, utiliza o cardápio digital desde a chegada do iPad no
Design arrojado e navegação interativa são características que tornam os tablets uma notável ferramenta a ser explorada pelo marketing digital. Dados divulgados pela companhia norte-americana de análise de mercado Forrester Research estimam que as vendas de tablets podem ultrapassar 80 milhões de unidades no próximo ano
Brasil e a escolha pela nova tecnologia decorreu de estratégia de marketing para atrair os consumidores. “Por termos um bar tradicional com mais de 60 anos, precisamos de novidades tecnológicas para trazer inovação aos
2011 • edição 16 • agosto/setembro
47
T ECNOL OGI A
O f ut u ro n a pa l m a d a m ão
“
Decidi comprar um iPad logo após o lançamento para tentar entender o que ele poderia representar. Já na primeira semana percebi que estávamos diante de uma grande revolução
Foto: Divulgação
Consultor de Marketing Digital
“
Cláudio Torres
clientes”, conta o dono do empreendi-
pio. Já com o tablet, podemos fazer isso
mento, Alvaro Aoas. “Com o advento
em minutos e sem custo”, revela Aoas.
da internet, as pessoas, muitas vezes,
Alternativa para o marketing Design arrojado e navegação intera-
deixam de sair de casa. Além disso, te-
Para o empresário, o atrativo visual
tiva são características que tornam
mos que incentivá-las para escolher o
por parte do cardápio digitalizado é
os tablets uma notável ferramenta a
nosso estabelecimento entre os 10 mil
uma vantagem explorada. “As pessoas
ser explorada pelo marketing digital.
bares de São Paulo”, explica.
‘comem com os olhos’ e quando se co-
Dados divulgados pela companhia
loca mais vida no cardápio é possível
norte-americana de análise de merca-
Atualmente, o empreendimento con-
trabalhar com diversas sugestões de
do Forrester Research estimam que as
ta com quatro tablets e o custo pelo
pratos”, garante. Segundo Aoas, o re-
vendas de tablets podem ultrapassar
serviço do cardápio digital é de R$ 70
torno dos consumidores confirma a
80 milhões de unidades no próximo
por aparelho. Em médio prazo, o valor
viabilidade do investimento na tec-
ano e alcançar a expressiva marca de
investido é compensado pela econo-
nologia. “Assim que implantamos o
200 milhões de aparelhos em 2014.
mia na impressão de novos materiais.
sistema, algumas pessoas vinham
“Quando era preciso alterar alguns
para o estabelecimento por causa da
O potencial dos tablets é reconhe-
preços, tínhamos que produzir em grá-
novidade. Os clientes se sentem valo-
cido pelos resultados atingidos desde
fica todo o material novo. Chegamos a
rizados porque sabem que fizemos
meados de 2010, mas na época em
gastar R$ 3 mil a cada troca de cardá-
isso para eles”, conta.
que o iPad foi anunciado, as expecta-
48
2011 • edição 16 • agosto / setembro
tivas eram completamente diferen-
nichos de mercados com aplicativos
tes. “Quando vi a apresentação, achei
de suas marcas, além de aproximar
como muitos uma grande bobagem.
a relação com seus clientes, já que
Mas decidi comprar um iPad logo após
a navegação em redes sociais pelos
o lançamento para tentar entender o
tablets tende a ser mais focada em re-
que ele poderia representar. Já na pri-
lação aos computadores.
meira semana percebi que estávamos diante de uma grande revolução”,
Ainda é cedo para afirmar que os
revela o consultor de marketing digi-
tablets vão tomar o lugar dos laptops
tal, Cláudio Torres. Para ele, as possi-
e desktops no futuro, mas a inovação,
bilidades do segmento são grandes,
interatividade e portabilidade desses
a ponto de as pessoas só perceberem
pequenos aparelhos já os tornaram
isso quando utilizarem um tablet.
ferramenta
“Eles mudam a forma de navegarmos
mundo tecnológico nos próximos
pelo mundo digital e na maneira de
anos. Basta olhar para as mãos para
comprar bens digitais, como aplicati-
ter a certeza que o destino, neste caso,
vos, músicas, livros e jogos”, garante.
está traçado.
indispensável
para
o
Em função do domínio de mercado da Apple, parte das empresas priorizam o desenvolvimento de aplicativos para o sistema iOS. “Até o momento nenhuma
outra
empresa
lançou
um tablet sequer próximo do iPad. A App Store também não foi igualada”, explica Torres, referindo-se à loja virtual que comercializa os programas.
O potencial dos tablets é reconhecido pelos resultados atingidos desde meados de 2010, mas na época em que o iPad foi anunciado, as expectativas eram completamente diferentes
“Recomendo aos meus clientes que apostem primeiro no iPad e, depois, ocupem posição no Android”, completa. Segundo o consultor, as empresas
Foto: Divulgação
podem utilizar os tablets para atingir
2011 • edição 16 • agosto/setembro
49
R EGU L AÇ ÃO TEXTO Enzo Bertolini
Devo, não nego e nem pago Ações do governo federal estimulam inadimplência tributária, que passa a ser mais vantajoso do que ser fiel pagador
E
m um edifício residencial ou
comercial todos os seus habitantes precisam honrar seus condomínios para que a administração pague os funcionários, contas e investir nas necessidades do espaço coletivo. O não pagamento da taxa por qualquer morador irá causar no futuro um déficit no orçamento que causará, inevitavelmente, aumento no valor condominial. Ou seja, quem paga em dia, paga mais para cobrir o rombo de quem está devendo. E se alguém soubesse que os
50
2011 • edição 16 • agosto / setembro
devedores terão um prazo maior para
grama seguinte, de forma inclusive
para outro, obtendo mais prazo para o
pagar suas dívidas, sem multa e com
mais benéfica do que esse devedor já
pagamento e mais descontos, mesmo
juros irrisórios, honraria os compro-
teve – não há nenhuma certeza de que
que já tenha participado e não pago
missos rigorosamente em dia?
o novo programa será aberto, mas a
algum refinanciamento anterior.
experiência mostra que vai. Isso acaba Desde 2000, a cada três anos o governo
desestimulando esses devedores a
Esse benefício cria uma distorção evi-
federal lança um programa de refinan-
honrar os débitos reconhecidos.
dente na competição entre as empresas,
ciamento tributário para que pessoas
principalmente entre aqueles que fa-
físicas e jurídicas possam regularizar
De acordo com o diretor do Departa-
zem isso deliberadamente para que haja
suas dívidas com alguns órgãos fede-
mento de Gestão da Dívida Ativa da
mais recursos para aplicar no empreen-
rais nestas mesmas condições. Até onde
União da Procuradoria Geral da Fa-
dimento. Para o assessor técnico da
essas anistias têm contribuído para
zenda Nacional (PGFN), Paulo Ricardo
Fecomercio, Romeu Bueno de Camargo,
criar uma distorção concorrencial é um
de Souza Cardoso, cerca de 50% dos
o principal motivador dessa situação é
tema polêmico que, dentro do processo
devedores aderem ao programa de
a carga tributária brasileira, extrema-
de crescimento econômico brasileiro
parcelamento para obterem certidões
mente elevada. “Na maioria das vezes,
dos últimos anos, foi pouco debatido.
positivas com efeito de negativa e
as empresas são obrigadas a se utilizar
manterem ativos seus negócios. A
deste recurso para não quebrarem e isso
Segundo especialistas ouvidos por
regularidade do pagamento das par-
colabora para o não pagamento dos tri-
C&S, esses programas resolvem de
celas após a obtenção dessas certidões
butos no momento certo”, explica.
maneira pontual o problema de deve-
cai absurdamente. “Apenas 30% das
dores, mas ao longo do tempo boa par-
empresas honram o pagamento das
Soraia Gabira Nunes, gerente admi-
te dos que aderem às anistias fiscais
dívidas até o fim”, explica Cardoso. E
nistrativa de um grupo de autopeças
acabam não honrando suas parcelas
esse número pode ser menor, conside-
de São Paulo, conta que o principal
e, o mais grave, já criam expectativa
rando que as empresas podem migrar
motivador para que a empresa em que
sobre um novo ingresso em um pro-
as dívidas de um refinanciamento
trabalha recorresse duas vezes segui-
“
Cerca de 50% dos devedores aderem ao programa de parcelamento para obterem certidões positivas com efeito de negativa e manterem ativos seus negócios. A regularidade do pagamento das parcelas após a obtenção dessas certidões cai absurdamente
“
Paulo Ricardo de Souza Cardoso Diretor da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional
Foto: Valter Campanato/Abr
2011 • edição 16 • agosto/setembro
51
R EGU L AÇ ÃO
De vo, n ão nego e nem pa go
Um projeto que ficou oito anos tramitando no Congresso é o que cria o “cadastro positivo”, válido para pessoas físicas e jurídicas. Sancionado pela presidente Dilma Rousseff, a lei facilita o acesso ao crédito com juros menores por empresas que possuam bom histórico.
Porém, para o advogado tributarista Adalberto Vicentini Silva, da Leite Melo & Camargo Consultoria Tributária, há um risco em se tornar devedor, pois se a empresa não der certo e fechar as portas sem quitar o débito, a dívida irá para execução e o patrimônio da empresa e dos sócios pode ser penhorado para a conta ser paga.
das ao programa de refinanciamento
pina Alcazar, presidente do Sindicato
Para evitar que haja um estímulo ao
foi a sazonalidade do setor automo-
das Empresas de Serviços Contábeis
não pagamento de tributos, a Procu-
tivo. “Nosso desempenho é extrema-
e das Empresas de Assessoramento,
radoria Geral da Fazenda Nacional
mente afetado pela performance das
Perícias, Informações e Pesquisas no
recomenda que os benefícios para
montadoras”, justifica.
Estado de São Paulo (Sescon-SP). “Não
o próximo programa de refinancia-
acredito que isso seja uma estratégia
mento nunca sejam melhores do que
“Temos que entender também que a
de negócios. O empresário que não
o programa anterior. Infelizmente para
economia sofre uma série de interfe-
paga suas contas em dia perde, pois
alguns e felizmente para outros, isso
rências, como a concorrência inter-
tem seu nome inserido no Cadastro
não tem ocorrido. Segundo Cardoso, o
nacional, e muitas empresas perdem
Informativo de créditos não quitados
“Refis da Crise”, lançado em 2009, foi o
o seu poder de competitividade. Na
do setor público federal (Cadin) do
programa com as melhores condições
dificuldade, a primeira coisa que a
Banco Central e não consegue prestar
já apresentadas até o momento. O
empresa deixa de pagar são os tribu-
serviço para alguns tipos de empresas
resultado é que muitos empresários
tos”, complementa José Maria Cha-
e órgãos do governo.”
se beneficiam dessas oportunidades para rolar dívidas, pois a lei não tem como saber quais que necessitam de fato das vantagens oferecidas pelo programa, já que não há condições de distingui-los daqueles que se aproveitam do benefício para fazer rolagem de dívida. Geralmente, os grandes devedores acabam se beneficiando por terem mais estrutura para lidar com essas situações. É a situação que se enquadra a empresa de Soraia, que renunciou ao Refis de 2000, para dar entrada no Refis da Crise e obteve mais vantagens. Ela reclama da burocracia que teve para realizar a migração, mas ainda assim elogia a ação governamental. “Para nós, foi a melhor coisa que aconteceu.”
52
2011 • edição 16 • agosto / setembro
Pagar para que? Para o presidente do Sescon-SP, não há benefícios em ser devedor, mas essa cultura de toda hora haver refinanciamento com redução de juros é uma punição aos bons pagadores. “O bom pagador quita a conta dos devedores e não ganha nenhum benefício da administração pública. Por que não dar redução tributária para os que são bons pagadores?”, questiona, na mesma linha, Cardoso, da PGFN. Um projeto que ficou oito anos tramitando no Congresso é o que cria o
que efetivamente se tenha um volume
O grande binômio que o governo tem
“cadastro positivo”, válido para pessoas
de informações relevantes e que pos-
que trabalhar é como fazer um pro-
físicas e jurídicas. Sancionado pela
sam diferenciar tratamento de crédito.
grama de refinanciamento que per-
presidente Dilma Rousseff no início de
Enquanto isso, por que não se aplicam,
mita que as empresas se regularizem
junho, a lei facilita o acesso ao crédito
então, alíquotas diferenciadas para
perante o Estado sem estimular o não
com juros menores por empresas que
os bons pagadores em detrimento
pagamento de tributo no vencimento.
possuam bom histórico. Segundo Ca-
dos que têm histórico de atrasos? “O
Se esse objetivo for alcançado, a con-
margo, a Fecomercio apoia a ideia, pois
governo precisa dar incentivo para o
corrência justa e ética agradece. O
entende que essa ação irá melhorar o
empresário brasileiro, facilitar finan-
mercado também.
ambiente de risco no sistema de crédi-
ciamentos para investimento em tec-
tos, com o objetivo de reduzir os juros
nologia e reduzir impostos”, afirma
cobrados pelos bancos e financeiras.
Alcazar. “O Estado recebe antes mesmo prestar um serviço. O ideal é que os im-
po, será o de premiar o bom pagador.
postos sejam pagos somente quando a
Porém, vai demorar alguns anos para
empresa recebesse.”
“
Há um risco em se tornar devedor, pois se a empresa não der certo e fechar as portas sem quitar o débito, a dívida irá para execução e o patrimônio da empresa e dos sócios pode ser penhorado para a conta ser paga Advogado da Leite Melo&Camargo Consultoria Tributária
“
Adalberto Vicentini Silva
Foto: Divulgação
de o empresário realizar uma venda ou Certamente o efeito, ao longo do tem-
2011 • edição 16 • agosto/setembro
53
DI V ER SIDA DE TEXTO JulianO Lencioni
Se dirigir não beba.
Se beber,atenção
54
2011 • edição 16 • agosto / setembro
para as novidades do mercado Com o dólar em baixa e o paladar do consumidor cada vez mais apurado, cervejas especiais ganham força no mercado nacional
Q
ue o brasileiro gosta de uma
A variedade de rótulos e a exposição,
boa cerveja gelada todo mundo sabe,
cada vez mais frequente, nas pratelei-
mas que essa cerveja cada vez mais
ras dos supermercados e nos cardá-
tem sotaque estrangeiro isso é novi-
pios dos bares também contribuem
dade. A número 1, a que desce redondo,
para o aumento do consumo. Mas o
a dos amigos e aquela do baixinho
consumidor das cervejas estrangeiras
continuam presentes nas geladeiras
tem suas particularidades.
dos brasileiros, mas agora dividem espaço com rótulos internacionais.
Para bom bebedor, meio engradado basta. Ou até menos. Segundo Grespan,
A mudança não é só por curiosidade ou alteração de paladar. Economia também influencia no copo. O comprador de cervejas especiais do Grupo Pão de Açúcar, Robson Grespan, afirma que além do bom gosto dos compradores, a queda do dólar é uma das principais protagonistas dessa história. “Com certeza a estabilidade da moeda proporciona um preço ainda mais atraente ao consumidor de cerveja importada. Temos observado, entretanto, que o consumo da bebida
Tanto as cervejas importadas, quanto as brasileiras com sabor diferenciado custam acima do aplicado pelas marcas nacionais que ainda são maioria. E mesmo assim as vendas crescem.
vem crescendo a cada dia devido ao consumidor estar mais exigente e buscando novidades”, explica.
2011 • edição 16 • agosto/setembro
55
DI V ER SIDA DE
Se dirigir não beba. Se beber, atenção para as novidades no mercado
quem bebe cervejas importadas ou
Para levar para casa uma Baden Baden
Segundo ele, não é difícil atrair os cer-
especiais está mais preocupado com
Tripel ou uma Infinium, o consumidor
vejeiros para o consumo de rótulos
a qualidade do produto do que com a
vai gastar mais de R$ 110 por garrafa. Já
internacionais e nacionais especia-
quantidade de garrafas que vai esvazi-
a belga Deus Brut des Flandres não sai
lizados. Para isso, o comerciante tem
ar. “Hoje, com mais opções disponíveis
por menos de R$ 200. E mesmo assim
de investir na informação. “Tenho duas
na prateleira, o consumidor começou
as vendas crescem.
preocupações: treinamento de staff,
a se aventurar no universo das cerve-
para que o atendente recomende com
jas especiais, que apresentam quali-
De acordo com Mauricio Beltramelli,
exatidão aquilo que o consumidor
dade sensorial, personalidade e apelo
Mestre em Estilos de Cerveja e Avalia-
quer no momento, e carta de cervejas
gastronômico. O novo comprador de
ção formado pelo Siebel Institute de
bem elaborada e criteriosa, com in-
cervejas especiais está aberto a novas
Chicago (EUA), há cada vez mais pes-
formações condizentes, preferencial-
experiências e prefere qualidade e
soas querendo consumir melhor, mes-
mente elaborada por um sommelier
não quantidade.”
mo pagando mais por isso.
de cervejas. Não adianta uma casa ter 500 rótulos de cerveja e não contar
E qualidade não tem preço. Tanto
Beltramelli conhece tanto o lado de
com alguém que entenda do ramo e
as cervejas importadas, quanto as
quem compra, quanto o de quem
possa indicá-las.”
brasileiras com sabor diferenciado
vende as cervejas diferenciadas. Espe-
custam acima do aplicado pelas mar-
cialista no assunto e criador de um dos
O mercado de cervejas especiais cresce
cas nacionais que ainda são maioria.
maiores portais de internet sobre o tema
em vendas e em variedade. Anual-
(www.brejas.com.br), recentemente ele
mente, rótulos novos entram no mer-
passou para o outro lado do balcão e
cado. Comercializá-los não é problema.
montou um bar voltado aos cervejeiros.
“O consumidor de cervejas especiais
Localizado em Campinas, no interior de
sempre tem seu tipo preferido, mas
São Paulo, o Bar Brejas conta com mais
está a procura de novidades e disposto
de 200 rótulos entre nacionais e im-
a se aventurar neste universo de cerve-
portados, além de dez tipos de chope.
jas especiais”, informa Grespan.
“
Tenho duas preocupações: treinamento de staff, para que o atendente recomende com exatidão aquilo que o consumidor quer no momento, e carta de cervejas bem elaborada e criteriosa, com informações condizentes, preferencialmente elaborada por um sommelier de cervejas
Foto: Divulgação
Mestre em Estilos de Cerveja e Avaliação
“
Maurício Beltramelli
Já escolheu o pedido?
Mas nem sempre foi fácil encontrar cervejas refinadas, com sabor particular. Apreciador da mais variadas
Com tanta variedade, fica difícil para os cervejeiros responderem ao garçom qual
cervejas, Michel Wagner conta que há
a cerveja da rodada. Assim como os vinhos, elas têm particularidades que as ade-
dez anos era preciso sair do Brasil para
quam melhor a determina refeição ou aperitivo. O importante é ter disposição
conhecer sabores diferentes. “A dificul-
para experimentar. E aqui vai uma lista das principais novidades no mercado de
dade histórica de acesso aos produtos
cervejas. Prepare o bolso, o abridor, o copo e o “tim-tim”.
importados acabou por massificar por muitos anos o mercado de cerveja que
Bishops Finger: Cerveja importada da Inglaterra. Possui
ditou as regras da qualidade do produ-
sabor com destaque para o malte, caramelo, cítrico, doce e
to a ser comercializado e o gosto do
amadeirado, com um lúpulo tímido.
consumidor brasileiro ficou padroni-
Faixa de preço ao consumidor: R$ 20
zado”, analisa.
Divina! Weiss: Pioneira a levar guaraná natural da Amazô-
Na Europa, Wagner aperfeiçoou e
nia em sua composição. Possui aroma e paladar caracte-
amadureceu o paladar. Com isso, veio
rísticos dos fermentos de Weihenstephan (uma das mais
uma vontade insaciável de conhecer
tradicionais regiões alemãs produtoras do mundo).
cada vez mais sabores, até que re-
Faixa de preço ao consumidor: R$ 20
solveu produzir sua própria bebida. “A enorme variedade de cervejas que
Baden Baden Tripel: Historicamente produzida nos
encontrei e que encontro em diversas
monastérios belgas e holandeses, a Baden Baden Tripel com-
partes do mundo despertou o desejo
bina maltes selecionados e passa por um processo de tripla
e a curiosidade de reproduzir alguns
fermentação – o que a deixa com teor alcoólico de 14%. A cer-
estilos”, relata. Em pouco tempo, Wag-
veja é produzida em edição limitada e apresenta um aroma
ner aprendeu as técnicas de produção
adocicado e coloração avermelhada. Pode ser apreciada sozi-
e não parou mais de criar. “Fiz cervejas
nha como aperitivo ou digestivo, ou também harmonizada
bem interessantes, me lancei numa
com carnes vermelhas em geral, com queijos Gruyere, Em-
produção intensiva de caseiras, o que
mental, Grana Padano, Parmesão, e frutas em caldas.
permitiu a fabricação de mais de 60
Faixa de preço ao consumidor: R$ 115
estilos”, gaba-se.
Eisenbahn Lust: Trata-se da primeira cerveja produzida
Mesmo produzindo os próprios rótulos
no Brasil pelo método champenoise. Depois da fermentação
Wagner, continua experimentando o
e maturação normal dentro da cervejaria, o líquido é enviado
que surge de novo no mercado. “Esta-
para uma vinícola, onde fica por três meses e passa pelo pro-
mos aqui para experimentar novidades,
cesso tradicional de produção de champanhes. Recomenda-
ou melhor, interpretações diferentes
da para acompanhar ostras, sushi e sashimi.
de estilos existentes que evoluem e se
Faixa de preço ao consumidor: R$ 80
adaptam as diversas regiões do planeta. E repetir e apreciar as melhores delas”, sustenta. É uma típica operação
Champagne, a garrafa possui tampa de rolha e passa por
ganha-ganha: o empreendedor, que
um processo de refermentação, o que a faz lembrar um
tira proveito de boas oportunidades de
espumante. A Infinium segue a Lei de Pureza da Baviera, de
negócios; o cliente, em qualidade, sabor
1516, e usa apenas quatro ingredientes em sua fabricação:
e diversidade de produtos.
água, malte de cevada, lúpulo e fermento. Faixa de preço ao consumidor: R$ 190
Fotos: Divulgação
Infinium: Produzida com fermento original da região de
2011 • edição 16 • agosto/setembro
57
NEG ÓCIOS
o voo dos
POR Selma Panazzo
micros Estimuladas pelo aumento da renda da classe C e baixo investimento, microfranquias, como a Auto SPA Express, começam a decolar
O
sonho de virar patrão é tão
Associação Brasileira de Franchising
também é positiva: 15% para as maio-
acalantado como o da casa própria.
(ABF), com investimento variando de
res e 20% para as micro. Essas empre-
Mas exige menos capital, dependendo
R$ 10 mil a R$ 50 mil. A ascensão da
sas representam de 70% a 80% das 1,9
do tamanho do sonho, claro. Entre os
classe C aqueceu o mundo das mar-
mil marcas nacionais franqueadas e
modelos de negócio disponíveis no
cas. “Muitas pessoas que levantam
a maioria fica no Estado de São Paulo,
mercado, o da franquia, há mais de 30
o Fundo de Garantia do Tempo de
um mercado que responde por 53%
anos em operação no País, é dos mais
Serviço (FGTS) decidem pelo negócio
do faturamento nacional realizado
procurados por empreendedores no-
próprio, ao invés de arrumar um novo
pelo segmento. O retorno mensal das
vatos que se beneficiam da estrutura
emprego. Passaram a ser muito pro-
microfranquias varia no patamar de
e consultoria da empresa “master”. Um
curadas as franquias de serviço, como
R$ 3 mil a R$ 4 mil.
mercado promissor, no qual o Brasil
jardinagem, cuidador de piscinas, e os
ocupa a quarta colocação no ranking
carrinhos de alimentos”, explica Ricar-
A boa-nova é que pode-se encontrar
mundial e o sexto posto em número
do Camargo, diretor-executivo da ABF.
nesse nicho franquias bem mais em
de pontos de venda: 90 mil.
conta. Com menos de cinco salários As microfranquias cresceram mais
mínimos (R$ 2.725) é possível ser um
Há dois anos, os franqueadores am-
do que a franquia tradicional no ano
franqueado da Auto SPA Express, a
pliaram o mercado oferecendo micro-
passado: 25% ante 20,4%, respectiva-
menor franquia do País, que custa R$
franquias, negócios, de acordo com a
mente. E, para este ano, a estimativa
2,5 mil, por exemplo. Fundada há três
58
2011 • edição 16 • agosto / setembro
meses por Edson Ramuth, proprietário
Vila Mariana, Zona Sul de São Paulo,
minutos, é feita borrifando a cera
de três franquias maiores, como a
mas buscava um outro negócio para
líquida, retirada com pano de microfi-
Emagrecentro, há 24 anos no mer-
expandir a renda. “O Auto SPA Express
bra e, posteriormente, entra a fase do
cado, a marca se define como “serviço
veio a calhar. Estou otimizando o esta-
polimento com flanela. Na parte inte-
de estética automotiva”. O retorno do
cionamento e lavando de 15 a 20 caros
rior, o produto também é aplicado no
investimento, segundo Ramuth, é de
por dia, a R$ 20 cada, em média.”
painel e há a aspiração do estofamento
até três meses. O franqueado tam-
e chão. O trabalho sai por R$ 25 ou R$
bém tem que arcar com uma taxa (fee)
Os amigos Gustavo Vaz de Lima e Fa-
mensal de um salário mínimo, como
bio dos Santos Festa, ambos formados
30, para automóveis grandes.
pagamento de royalties.
em engenharia e empregados na área,
Nessa primeira etapa do negócio, os
acabaram de fechar negócio com a
sócios contrataram dois lavadores e a
A ideia do Auto SPA Express, uma lava-
microfranquia atrás do sonho da in-
meta é contratar outros dois em breve,
gem ecológica a seco, surgiu com um
dependência financeira sem patrão.
transformando-se em um exemplo
estímulo sustentável. “Uma lavagem de
Lima, que tem dois empregos, um deles
atraente de começar um grande negó-
carro pode consumir até 300 litros de
como professor de Engenharia, na Uni-
cio partindo de uma micro oportuni-
água. Pelo nosso sistema de cera líquida,
versidade da Cidade, conta a trajetória
dade, sem ter de gastar muito.
passa a ser de 300 mililitros”, garante Ra-
dos dois: “Buscávamos um caminho
muth. Outro diferencial é que a lavagem
para ter a própria agenda, ser donos do
pode ser feita em domicílio. Portanto, o
próprio negócio. Fizemos pesquisas de
empreendedor não precisa ter neces-
oportunidades com baixo investimento
sariamente um ponto comercial.
por quatro ou cinco meses. Aí encontramos a proposta da Auto SPA Express,
Ao aderir à franquia, o novo empresário
com o modelo que procurávamos”.
tem direito a 400 insumos de lavagem, além de material para recuperação de
Moradores de Guarulhos, município na
pintura de para-choques e panfletos
Grande São Paulo, com alta densidade
sobre o serviço.
de estacionamentos e condomínios, os dois empreendedores pretendem
Um dos pioneiros da marca de lava-
fechar convênios nestes locais para
gem de automóveis, José Rufino da
oferecer o serviço.
Silva Filho, é um entusiasta do negócio. Ele já possuía um estacionamento na
A lavagem, que dura entre 30 e 40
Foto: Ângela Bacon
As microfranquias cresceram mais do que a franquia tradicional no ano passado: 25% ante 20,4%, respectivamente. E, para este ano, a estimativa também é positiva: 15% para as maiores e 20% para as micro
2011 • edição 16 • agosto/setembro
59
Divulgação
Divulgação
AGE N DA C U LT U R A L
A Escola do Escândalo
60
meses de casados já enfrentam uma crise matrimonial. Ao retratar as motivações que regem determinados comportamentos humanos, como intrigas, fofocas e falsidade, as situações e diálogos da encenação continuam modernos apesar de o texto ter mais de dois séculos. Com adaptação e direção de Miguel Falabella, a montagem tem no elenco Maria Padilha, Tonico Pereira, Bruno Garcia, entre outros.
2011 • edição 16 • agosto / setembro
Onde: Teatro Raul Cortez. Rua Dr. Plínio Barreto, 285. Bela Vista Quando: Sextas, às 21h30. Sábado, às 21h. Domingo, às 18h Quanto: R$ 80 Mais informações: (11) 3254-1700
Foto: Roberto Reitenbach
A montagem é inspirada nas comédias de costumes da fase áurea do teatro inglês da Restauração (1660 – 1715) e mostra a frivolidade e hipocrisia de parte da sociedade britânica do século XVIII regida, principalmente, pelo jogo de interesses e aparências. A peça é uma versão adaptada do original lançado em 1777 pelo irlandês Richard Brinsley Sheridan (1751 – 1816) narrando situações do casal Rosália e Pedro Atiça, que após sete
Cartas de amor para Stalin A história do escritor e dramaturgo russo Mikhail Bulgákov (1891 – 1949) é narrada ao longo da apresentação. O autor, que é conhecido pelo clássico romance “O Mestre e a Margarida”, também assinou outros de contos e peças teatrais. Na encenação, Bulgákov escreve cartas para o líder soviético Josef Stalin na tentativa de conseguir a reabilitação na sociedade. Durante um contato telefônico para formalizar o encontro
entre ambos, a ligação é subitamente desligada e sela o destino do escritor. O texto original foi criado pelo espanhol Juan Mayorga, considerado um dos mais prestigiados dramaturgos da atualidade. Inédita no Brasil, a encenação tem direção de Paulo Dourado com tradução e dramaturgia de Manuel da Costa Pinto. O elenco é composto pelos atores Ricardo Bittencourt e Bete Coelho.
Onde: Sesc Santana. Avenida Luiz Dumont Villares, 579. Santana Quando: De 13 de agosto a 18 de setembro. Sextas e sábados, às 21h; domingos, às 18h Quanto: R$ 20 Mais informações: (11) 2971-8700
Murro em ponta de faca Escrita em 1971, pelo então recém-exilado Augusto Boal (1931 – 2009), o espetáculo conta a história de um grupo de brasileiros obrigado a deixar o País devido ao regime militar. A peça foi dirigida pela primeira vez pelo ator Paulo José em 1978 e mais de 30 anos depois o diretor retoma o texto para criar uma nova montagem e homenagear Boal. A encenação enfoca na relação entre os exilados e, sobretudo,
suas solidões existenciais. Mesmo após três décadas e com panorama político atual diferente em relação aos anos 1970, os dramas dos personagens ainda seguem atuais. A nova versão da peça tem na trilha sonora músicas como “Meu Caro Amigo” e “Apesar de Você”, de Chico Buarque. No elenco estão os atores Gabriel Gorosito, Laura Haddad, Erica Migon, Sidy Correa, Abílio Ramos, Espedito Di Montebranco e Nena Inoue.
Lamartine Babo
Divulgação
Onde: Sesc Pompeia. Rua Clélia, 93. Pompeia Quando: De 23 de agosto a 27 de setembro. Terças, às 15h30 Quanto: R$ 8 Mais informações: (11) 3871-7700
Onde: Sesc Belezinho. Rua Padre Adelino, 1.000 Belezinho Quando: De 12 de agosto a 18 de setembro. Sextas e sábados, às 21h30; domingos, às 18h30 Quanto: R$ 24 Mais informações: (11) 2076-9700
O musical é uma homenagem a um dos mais importantes compositores brasileiros, o carioca Lamartine Babo (1904 – 1963), que atuou na denominada “Era de Ouro da MPB”, durante a década de 1930. O espet´åculo, na forma de um ensaio, faz um passeio pela obra do artista e contempla alguns de seus sucessos como “Linda Morena”, “Cantores do Rádio” e “O Teu Cabelo Não Nega”. Toda a montagem da peça remete às décadas de 1930 e 1940, desde os figurinos até ao modo de cantar dos atores. Além da parte musical, a peça também é composta por diálogos e mostra trajetória de um grupo que ensaia em um sobrado as composições de Babo até que recebem a inesperada visita de um homem. Há um mistério em torno do surgimento repentino desse senhor vestido de preto e com fala formal. O texto é assinado por Antunes Filho, com direção de Emerson Danesi.
2011 • edição 16 • agosto/setembro
61
ROT E IRO SP TEXTO ENZO BERTOLINI
Teatro para TODOS
São Paulo possui dezenas de teatros de diferentes tamanhos, para distintos públicos e com arquiteturas que vão do clássico a cult. Se você gosta uma boa peça e não sabe por onde começar, C&S te dá uma ajuda. Confira algumas salas.
THEATRO MVNICIPAL SÃO PAULO Praça Ramos de Azevedo, s/nº - Centro Informações sobre espetáculos : (11) 3397-0300 Bilheteria: 3397-0327 www.teatromunicipal.sp.gov.br Inaugurado em 1911, o Theatro Mvnicipal de São Paulo é um dos mais importantes teatros de cidade e um dos cartões postais da capital paulista, tanto por seu estilo arquitetônico semelhante ao dos mais imponentes teatros do mundo, e claramente inspirado na Ópera de Paris, como pela sua importância histórica, por ter sido o palco da Semana de Arte Moderna de 1922, o marco inicial do Modernismo no Brasil.
Rua dos Ingleses, 209 Bela Vista – São Paulo Informações sobre peças: (11) 3289-2358 teatroruthescobar.com.br
62
2011 • edição 16 • agosto / setembro
Foto: Juliana Azevedo
Foto: Sylvia Masini
TEATRO RUTH ESCOBAR
Foto: Vagner Costa
TEATRO BRADESCO Bourbon Shopping São Paulo Rua Turiassú, 2100 - 3° piso Perdizes – São Paulo Informações sobre peças: (11) 3670-4100 www.teatrobradesco.com.br
Rua Alagoas, 903 Higienópolis – São Paulo Informações sobre peças: (11) 3662-7232 / 3662-7235 www.faap.br/teatro
Foto: Divulgação
Foto: Editoria de Foto/FAAP
TEATRO FAAP
TEATRO RAUL CORTEZ Fecomercio Rua Dr. Plínio Barreto, 285 Bela Vista – São Paulo Informações sobre peças: (11) 3254-1631 www.fecomercio.com.br
TEATRO COMMUNE Rua da Consolação, 1.218 Centro – São Paulo Informações sobre peças:(11) 3476 0792 www.commune.com.br
2011 • edição 16 • agosto/setembro
63
ENOGA ST RONOMI A POR didú russo
V
ender vinhos não é fácil. Não
é raro algum amigo me procurar com um primo, tio e amigo que mora na Itália, Portugal ou Espanha querendo ter seus vinhos por aqui. Ser importador de vinhos parece ser muito sedutor, mas devo alertar que degustar os
Melhor degustar do que produzir ou vender vinhos
vinhos está bem distante de vendê-los. co maior, mas o investimento também,
Ouvi uma vez que a Baronesa Philip-
Da mesma forma que ter um restau-
pois qualidade não costuma ser a com-
pine de Rothschild certa vez disse com
rante não é ficar sentado na mesa se
panheira do volume. Neste segmento é
ironia a um jovem produtor que estava
divertindo com amigos, ou ter uma
onde a concorrência é mais acirrada. Dos
fazendo ótimos vinhos e se queixando
agência de viagens não é viajar para cá
22 mil rótulos que temos hoje no Brasil,
das dificuldades: “Pois é, os primeiros
e para lá. O backstage é bem outro.
provavelmente 70% estão nessa faixa de
200 anos são difíceis, mas depois tudo
mercado. São vinhos que na origem es-
anda bem...”
Produzir vinhos também é um enorme
tão saindo entre € 2 e € 6.
desafio, pois entre as categorias da be-
Recentemente estiveram pelo Brasil,
bida, os simples, os intermediários e
Na faixa ícone é onde todos os agen-
fazendo um “Masterclass” de seus vi-
os ícones, o produtor terá sempre um
tes desse mercado saem ganhando,
nhos, os chamados “Douro Boys”, João
trabalho enorme.
porém atingir a condição de ícone não
Ferreira da Quinta do Vallado (www.
é fácil, nem barato. Criar atrativos para
cantu.com.br), José Teles da Quinta
A preços de consumidor no Brasil, o
a marca é caro e demorado. Caro para
de Nápoles e Niepoort (www.mistral.
lugar do mundo onde se paga mais
atingir a qualidade, para se fazer co-
com.br), Tomás Roquette da Quinta do
caro por uma garrafa da saudável be-
nhecer, para manter a qualidade inde-
Crasto (www.qualimpor.com.br), Cris-
bida, podemos considerar as faixas
pendente do que aconteça no mundo.
tiano van Zeller da Quinta do Vale D.
de preço entre R$ 15 e R$ 30 para os
Maria (www.vinhosul.com.br) e Fran-
“baratos”, entre R$ 30 e R$ 100 para a
cisco Olazabal da Quinta do Vale Meão
faixa intermediária e acima disso para
(www.mistral.com.br).
os ícones, considerando que a grande maioria está por volta dos R$ 300.
O que eles vieram fazer aqui, fazem por todo o mundo: criar atributo para
Veja, se você for produzir um vinho
a marca. Sem isso, não se consegue os
simples, os baratos, precisará ter um
valores altos que todos querem.
volume grande e dentro de razoável qualidade, para sobreviver com a mar-
E é caro viajar, hospedar-se, abrir gar-
gem pequeníssima que terá. Um vinho
rafas gratuitamente para a imprensa e
que aqui encontramos na faixa citada
formadores de opinião, convidar para
sai da origem por volta de € 1. Quanto
visitar as quintas, sortear prêmios, pre-
será que o produtor está ganhando em
sentear etc.
uma garrafa? Na faixa intermediária, onde nós comuns mortais estamos sempre procurando a “pechincha”, o ganho é um pou-
64
2011 • edição 16 • agosto / setembro
Didú Russo é fundador da Confraria dos Sommeliers, autor do livro “Nem Leigo, Nem Expert”, editor do site www.didu.com.br e do blogdodidu.zip.net, além de diretor e apresentador do programa TV CELEBRE!.
PROF ISSÕE S DO F U T U RO POR GABRIEL PELOSI
Técnicas para administrar bem o comércio Curso oferecido pelo competências para que os partici-
Senac desponta
pantes atuem em diferentes áreas, como a comercialização de bens e
como atividade
serviços, o planejamento de marketing e a gestão do negócio. A qualifi-
de grande potencial
cação possibilita atuação não só na área de administração ou marketing, mas no setor de serviços como, por exemplo, hotéis, estabelecimentos de saúde, lojas, restaurantes, rede vare-
O
jista e atacadista. Disponível nas unidades Nove de Julho, na capital, São Carlos, Marília e Rio curso de Técnico em Comér-
sionais de excelência para atuar no
Claro, no interior, o curso tem duração
cio, que será lançado pelo Senac, enti-
mercado de trabalho e, ao mesmo
de 18 meses. Segundo a coordenadora
dade gerida pela Fecomercio no Estado
tempo, ficar atento a diversos fatores –
de curso técnico da unidade Nove de
de São Paulo, em outubro, desponta
como mudanças produtivas, tecnológi-
Julho do Senac, Tatiane Ferreira, a for-
como uma atividade profissional com
cas e organizacionais –, que influenci-
mação se baseia em seis disciplinas:
grande potencial futuro. Com o ad-
am o mercado e chegam a redesenhar
ambientação organizacional, empreen-
vento da Copa 2014 e os Jogos Olímpi-
o perfil de muitas profissões. Para isso,
dedorismo, marketing e vendas, relacio-
cos de 2016, trata-se de uma ação com
as pesquisas nos ajudam muito, como
namento com o cliente, planejamento
demanda no mercado, muito embora
as de demanda futura e atual, que bus-
e operações comerciais e, por último,
seja difícil definir uma profissão do
cam alinhar o portfólio de cursos do
tendências de inovação na área comer-
futuro sem confundir o que é uma
Senac às necessidades dos empresários
cial. “O curso tem sua base em plane-
atividade inovadora no presente e uma
do setor do comércio de bens, serviços e
jamento de projetos. Por isso, desde o
ocupação que possa realmente vir a
turismo”, explica Jacinto Corrêa, diretor
primeiro dia de aula, os docentes vão
inovar no futuro. No entanto, áreas
de Planejamento do Senac.
auxiliar o aluno na implantação de
que visam atender prontamente as
um projeto e vão acompanhar o aluno
demandas do mercado surgem como
O curso de Técnico em Comércio
possíveis profissões do futuro.
foca atuação em capacitar os alu-
módulo a módulo”, detalha Tatiane.
nos para as novas expectativas do
Mais informações: pelo site www.
“Um dos grandes desafios do Senac é
mercado e levá-los para situações
sp.senac.br/cursostecnicos
manter a tradição de preparar profis-
reais de trabalho. O título desenvolve
telefone: 0800 883 2000
2011 • edição 16 • agosto/setembro
ou
pelo
65
CRÔNIC A POR MOACYR BUENO JUNIOR • jornalista
O MACACO A
bém aconteciam. A palavra empenha-
compra que prestasse, e, sem mais
da, por exemplo, valia muito mais do
nem menos, trazia um macaco de pre-
que contrato assinado, e um bom fio
sente? Mas o presenteador não lhe deu
de bigode era garantia suficiente para
tempo de pensar, e explicou:
negócio de qualquer tamanho.
– Lá na roça tem muito macaco, bicho engraçado, criança gosta muito...
No caso do comércio, a honorabilidade da freguesia garantia parte do êxito
Quando Libório se deu conta, as cri-
antiga-
do negócio. O conhecimento nato do
anças já haviam sumido com o bicho
mente, até mais ou menos a metade
comerciante sobre o comportamento
para dentro de casa, com gaiola e tudo.
do século passado, o comércio cos-
humano valia. Ainda que não soubesse
Ele ficou sem jeito e contrafeito, mas o
tumava financiar tanto o consumo
escrever, o feeling devia ser apurado
que não tem remédio, remediado está.
quanto a produção, principalmente
para evitar o calote que, além de trazer
Agradeceu ao homem, pensou em ofe-
a rural, vendendo a prazo, bancado
prejuízo, desmoralizava.
recer-lhe uma cachaça em retribuição
ntigamente,
muito
por seus próprios recursos. O governo
quando, mais uma vez, foi podado em
não dava dinheiro e os bancos só em-
Zé Libório, cuja venda servia mais à
seus pensamentos:
prestavam algum para os muito ricos.
roça do que à cidade, era um desses co-
– Olha seu Zé, minha mulher fez esta
A coisa funcionava de maneira sim-
merciantes experientes. Barriga cale-
lista de mantimentos, coisas que estão
ples: o homem da cidade comprava no
jada pelo atrito diuturno com o bal-
faltando lá em casa. Dá para o senhor
armazém de secos e molhados, tinha
cão, trazia sempre a pulga atrás da
ver pra gente?
suas despesas anotadas em uma ca-
orelha, adivinhava o perigo à distância.
derneta e, no final do mês, assim que
Em certa manhã mal havia levantado
O comerciante pegou o pedaço de pa-
recebia o salário, quitava o débito e
as portas e começado a varrer o chão
pel tentando entender a caligrafia. Mal
abria novo crédito. O pessoal da área
de tijolos do armazém quando um
começou a decifrar as primeiras letras,
rural, o povo da roça, gozava de mais
freguês entrou. Trazia na mão uma
o freguês o interrompeu:
prazo, acertando suas contas com o
gaiola onde, em vez de um passarinho,
– O senhor não leve a mal, mas lá na
fornecedor à medida em que colhia e
havia um pequeno macaco.
roça, todo o mundo sabe, não é todo
vendia a produção.
dia que a gente tem dinheiro. Por isso Antes de o proprietário abrir a boca, o
o senhor marca a compra na...
É bem verdade que a palavra inflação
freguês atacou:
era desconhecida. Os preços não su-
– Trouxe um macaco para as crianças,
Zé Libório não deixou que ele comple-
biam nem desciam. De qualquer for-
seu Zé. É presente.
tasse a frase. Jogou a lista em cima do
ma, mais rico ou mais pobre o comer-
balcão, caminhou até à porta que dava
ciante fazia o papel do governo, tirava
Libório estranhou. O rapaz era freguês
para o interior da casa e, aos berros,
do bolso para dar sua contribuição ao
de cachaça. Aparecia lá de vez em
intimou:
progresso. Outras coisas estranhas aos
quando, matava duas ou três, pagava
– Devolve o macaco! Devolve o macaco,
usos e costumes de nossos dias tam-
e ia embora. Nunca tinha feito uma
cambada!
66
2011 • edição 16 • agosto / setembro
A Fecomercio Arbitral reúne a credibilidade, a seriedade e a tradição de algumas das entidades empresariais, jurídicas e representativas mais importantes do País: a Fecomercio-SP, o SEBRAE-SP, a Câmara de Arbitragem Internacional de Paris, a OAB-SP e o Sescon- SP. Além disso, conta com um corpo de árbitros altamente qualificado e um ambiente privado, exclusivo e dedicado. Ou seja, tudo o que você precisa para resolver a sua causa jurídica de maneira rápida, segura e imparcial.
Para mais informações ligue 11 3254-1759, ou envie um e-mail para produtos@fecomercio.com.br
Câmara Arbitral de Paris