Nº 153 ano 13 abr/mai 2016
DEBATES ESTRATÉGICOS SÃO FAROL EM
MOMENTO DE
CRISE
Em contraste com a crise política e econômica do País, ConstruBR 2016 põe em discussão assuntos sensíveis para a cadeia da construção civil, como produtividade e competitividade, sustentabilidade, construção industrializada e segurança jurídica
ENTREVISTA DO MÊS Francisco Vasconcellos e Paulo Sanchez falam sobre produtividade e o Prêmio BIM do SindusCon-SP
DESENVOLVIMENTO REGIONAL Estudo inédito analisa a atratividade das diversas regiões do interior paulista
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EDITORIAL
A AGENDA DA CONSTRUÇÃO PARA TIRAR O BRASIL DA CRISE JOSÉ ROMEU FERRAZ NETO Presidente do SindusCon-SP
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á uma razoável convergência de opiniões no mercado sobre o que fazer para o Brasil sair da crise e os investidores privados e as famílias voltarem a investir. Dois fatores serão fundamentais: um conjunto coerente de medidas que reequilibre as contas públicas e possibilite a queda dos juros e da inflação; e uma equipe econômica respeitada, capaz de levar essas ações adiante, vencendo os obstáculos que ainda advirão da crise política. Propostas de medidas não faltam: racionalização de gastos do governo; revisão de programas sociais, subsídios e benesses ineficientes; renegociação das dívidas dos Estados sem prejuízo para a União; início da queda dos juros; reforma da Previdência, seguida da trabalhista, da tributária e da política, esta flagrantemente necessária. Bem calibrado e certeiro, um programa de ajuste profundo poderá ser levado adiante sem necessidade de recriação da CPMF ou aumento de outros tributos. Se, porém, for preciso recorrer à via tributária, espera-se o bom senso de não se encarecer a produção de bens e serviços básicos. A indústria da construção, devido às suas capacidades de rápi-
da recuperação da atividade e de geração massiva de emprego, tem o potencial de protagonizar a saída da crise. Para tanto, necessita dos estímulos corretos, não se interrompendo os programas que estão em curso. Na infraestrutura, será preciso retomar e estender a mais empresas as concessões e as Parcerias Público-Privadas. Elas despertam
DOIS FATORES SÃO FUNDAMENTAIS: UM CONJUNTO DE MEDIDAS QUE REEQUILIBRE AS CONTAS PÚBLICAS E UMA EQUIPE ECONÔMICA RESPEITADA grande interesse de investidores nacionais e estrangeiros, desde que tenham taxas de retorno efetivamente atrativas, segurança jurídica de respeito aos contratos e facilidades para o preenchimento de garantias e a obtenção de financiamentos. O Programa Minha Casa, Minha Vida ativará o segmento habitacional, caso se assegure a via-
bilidade financeira dos projetos da iniciativa privada, com a participação dos Estados e municípios. Falta equacionar medidas para a fase 3 do programa deslanchar. Há que se pensar em uma nova forma de financiar o acesso das famílias de mais baixa renda à moradia, em face da redução da capacidade da União de subsidiá-las. E, no médio prazo, transformar esse programa em uma política de Estado, que ultrapasse a transitoriedade dos mandatos dos governos. Na área imobiliária, redução de juros e oferta de financiamento são essenciais, além de um horizonte de previsibilidade. A boa notícia do final de abril foi a padronização das regras dos distratos de aquisição de imóveis, que tanto têm prejudicado construtoras e os próprios adquirentes de imóveis. Questões como essas precisam ser atacadas de forma rápida e eficiente. Isso leva a um ponto até agora pouco mencionado: a necessidade de uma gestão pública moderna e produtiva. Tais fatores somados certamente contribuirão para a indústria da construção ajudar a tirar o Brasil da crise. Mas sem eles, a crescente paralisação deste setor só contribuirá para agravar ainda mais a recessão. www.sindusconsp.com.br
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SINDUSCON-SP DIGITAL
DESTAQUES DO PORTAL WWW.SINDUSCONSP.COM.BR POR ENZO BERTOLINI
SINDUSCON-SP LANÇA PROGRAMA DE ÉTICA E COMPLIANCE Na primeira quinzena de maio, o SindusCon-SP lançou seu Programa de Ética e Compliance. O principal objetivo do programa é fomentar conceitos e fundamentos sobre a ética, valores e princípios, fortalecer o setor da construção e a qualidade dos relacionamentos com seus públicos de interesse, além estimular suas associadas e empresas do setor a criarem um programa de integridade, importante instrumento da atuação responsável e da governança corporativa. O presidente do SindusCon-SP, José Romeu Ferraz Neto, destaca o orgulho da entidade de se pautar pela responsabilidade social, o estrito cumprimento da lei e uma cultura de integridade e comportamento ético. “Isso implica colocar em ação uma diretriz que compromete todos os funcionários com a atitude de fazer a coisa certa todos os dias.”
REGRAS DA NOVA LEI DE ZONEAMENTO PODEM SER CONHECIDAS EM MAPA DIGITAL A nova Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo está disponível para download na ferramenta Geosampa, que permite que todos os cidadãos identifiquem com rapidez e facilidade a zona onde determinado lote está inserido.
SÃO PAULO TEM NOVA LEGISLAÇÃO PARA O TRÂNSITO DE CAMINHÕES Está em vigor a nova legislação (Decreto 56.920 e Portaria 031/16) que disciplina o trânsito de caminhões no município de São Paulo, incluindo disposições relevantes para a logística das operações das construtoras.
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DECRETO REGULAMENTA HELIPONTOS EM SÃO PAULO Prefeitura fixa os procedimentos e exigências para instalação e funcionamento de helipontos e heliportos em São Paulo. Com a nova legislação, será possível regularizar equipamentos existentes e também licenciar novos locais.
CENTRO DE MEDIAÇÃO DO SINDUSCON-SP SERÁ LANÇADO NO DIA 24 Criado pelo Comitê de Métodos Extrajudiciais de Resolução de Conflitos do Conselho Jurídico, o objetivo é que ele seja acessível, desburocratizado e rápido para atender as demandas das empresas do setor da construção de maneira a colaborar com a redução de judicialização de conflitos.
notícias da construção // abr/mai 2016
PREFEITURA CRIA DECLARAÇÃO TRIBUTÁRIA DE OBRA LICENCIADA A Prefeitura de São Paulo instituiu a Declaração Tributária de Obra Licenciada – DTOL, para a comprovação da existência de obras paralisadas ou em andamento devidamente licenciadas.
CONSTRUSER 2016 REÚNE MAIS DE 26 MIL PESSOAS EM 10 CIDADES DO ESTADO Mais de 26 mil pessoas, entre trabalhadores e voluntários participaram do Encontro Estadual da Construção Civil em Família (ConstruSer 2016) realizado dia 30 de abril simultaneamente em 10 cidades paulistas (Osasco, Bauru, Campinas, Presidente Prudente, Sertãozinho, Santo André, Cubatão, São José do Rio Preto, São José dos Campos e Votorantim).
MCMV: NOVA INSTRUÇÃO NORMATIVA SOBRE CARTA DE CRÉDITO INDIVIDUAL Ministério das Cidades regulamenta o Programa Carta de Crédito Individual. Isso possibilita o acesso à moradia, em áreas urbanas ou rurais, por meio de financiamentos a pessoas físicas cuja renda familiar mensal seja de até R$ 6,5 mil.
SUMÁRIO // MARÇO 2016
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CAPA ESPECIAL MOSTRA OS DEBATES REALIZADOS NO CONSTRUBR 2016
FOTOS DA CAPA: JORGE ROSENBERG
03 EDITORIAL 04 SINDUSCON-SP DIGITAL 06 ENTREVISTA DO MÊS FRANCISCO VASCONCELLOS E PAULO
PRESIDENTE
José Romeu Ferraz Neto
VICE-PRESIDENTES
Eduardo Carlos Rodrigues Nogueira, Eduardo May Zaidan, Francisco Antunes de Vasconcellos Neto, Haruo Ishikawa, Jorge Batlouni, Luiz Antônio Messias, Luiz Claudio Minnitti Amoroso, Maristela Alves Lima Honda, Maurício Linn Bianchi, Odair Garcia Senra, Paulo Rogério Luongo Sanchez, Roberto José Falcão Bauer, Ronaldo Cury de Capua
DIRETORES DAS REGIONAIS
Elias Stefan Junior (Sorocaba), Fernando Paoliello Junqueira (Ribeirão Preto), Germano Hernandes Filho (São José do Rio Preto), Márcio Benvenutti (Campinas), Mario Cézar de Barros (São José dos Campos), Mauro Rossi (Mogi das Cruzes), Paulo Edmundo Perego (Presidente Prudente), Ricardo Aragão Rocha Faria (Bauru), Ricardo Beschizza (Santos), Sergio Ferreira dos Santos (Santo André)
REPRESENTANTES JUNTO À FIESP
Eduardo Ribeiro Capobianco, Sérgio Porto, Cristiano Goldstein, João Cláudio Robusti ASSESSORIA DE IMPRENSA
Enzo Bertolini (11) 3334.5659, Andrea Ramos Bueno (11) 3334.5701
SANCHEZ FALAM SOBRE O PRÊMIO BIM
26 ARTIGO JURÍDICO ALEXANDRE TADEU NAVARRO DISCORRE SOBRE COMPLIANCE
27DESTAQUE O SUCESSO DA FEICON BATIMAT
CONSELHO EDITORIAL
Delfino Teixeira de Freitas, Eduardo May Zaidan, José Romeu Ferraz Neto, Maurício Linn Biachi, Francisco Antunes de Vasconcellos Neto, Odair Senra, Salvador Benevides, Sergio Porto, Ana Eliza Gaido e Rafael Marko.
DESENVOLVIMENTO DE CONTEÚDO
Néctar Comunicação Corporativa (11) 5053.5110 EDITOR RESPONSÁVEL
Paulo Silveira Lima (MTb 2.365-DF) paulo.lima@nectarc.com.br
REDAÇÃO
28 FOTO DO MÊS 30 SINDUSCON-SP EM AÇÃO 35 AGENDA 36 INOVAÇÃO A ESTRUTURA DO MUSEU DO AMANHÃ
38 INDICADORES 44 NOVIDADES DO MERCADO 45 VÃO LIVRE BATE-PAPO COM FABIO VILLAS BÔAS
46 OPINIÃO ROBSON GONÇALVES ANALISA A CONJUNTURA
Renata Justi (editora assistente), Bruno Loturco, Glauco Figueiredo, Andrea Ramos Bueno, Enzo Bertolini e Rafael Marko, com colaboração das Regionais: Bruna Dias (Bauru); Ester Mendonça (São José do Rio Preto); Geraldo Gomes e Maycon Morano (Presidente Prudente); Tatiane Vitorelli (São José dos Campos e Mogi das Cruzes); Marcio Javaroni (Ribeirão Preto); Carla Acquaviva e Sandra Vergili (Sorocaba); Sueli Osório (Santo André) e Vilma Gasques (Campinas).
ARTE E DIAGRAMAÇÃO
Edison Diniz
REVISÃO
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Comercial SindusCon-SP: Marcio C. Pieralini (11) 3334.5889 Raízes Representações: Vando Barbosa (11) 99614.2513/2604.4589 vando.barbosa@raizesrepresentacoes.com.br ENDEREÇO
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ENTREVISTA // FRANCISCO VASCONCELLOS // PAULO SANCHEZ
COM FOCO NO AUMENTO DA PRODUTIVIDADE, O SINDUSCON-SP LANÇA O PRÊMIO BIM PARA INCENTIVAR A ADOÇÃO DA FERRAMENTA NO SETOR Para abordar o atual momento e a questão do incremento da produtividade no setor da construção, a reportagem de Notícias da Construção entrevistou o vice-presidente do SindusCon-SP Francisco Vasconcellos. Junto com o vice-presidente Paulo Sanchez, ele destacou o Prêmio BIM, que irá reconhecer as empresas e os profissionais da construção civil que desenvolverem os melhores trabalhos. Sob esse aspecto, o SindusCon-SP, juntamente com parceiros nessa empreitada, está consolidando o seu papel de indutor da adoção do BIM no País.
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notícias da construção // abr/mai 2016
Notícias da Construção // Estamos vivendo um momento de crise econômica, O pessimismo no empresariado é grande. Num momento tão difícil como este, qual pode ser o papel de uma instituição como o SindusCon-SP? Francisco Vasconcellos // O papel do SindusCon-SP é o de fortalecer a representação institucional. Ser proativo. Apresentar propostas e fazê-las acontecer. Isso faz com que o sindicato tenha uma atuação mais premente, necessária e importante. O que nós estamos vivendo hoje é a expectativa de reversão da crise de confiança, que bate em cheio contra toda atividade econômica, principalmente numa área como da construção, na qual o investimento é sempre de longo prazo.
FOTOS: JORGE ROSENBERG
a forma com a qual as entidades públicas que liberam essas autorizações estão estruturadas hoje. A mídia, recorrentemente, faz a comparação entre o tempo que se leva para abrir uma empresa no Brasil com o que acontece em outros países.
Temos que ultrapassar esta situação e a instituição tem a obrigação de ser uma voz ativa, de apontar caminhos, de se posicionar contra a impunidade e a favor da governabilidade e do diálogo entre os mais variados setores da sociedade. Temos a esperança de que, agora, o novo governo possa fazer frente a esse mar revolto que está diante de nós. NC // O aumento da produtividade setorial é um dos principais desafios a que a atual gestão do SindusCon-SP se propôs a enfrentar. Os chamados fatores externos da produtividade, determinados pelo ambiente macroeconômico, são negativos. Como uma empresa da construção civil pode, neste momento, avançar em eficiência?
FV // Essa tem sido a grande discussão promovida por esta gestão. O aumento de produtividade, de uma forma que perenize os ganhos de tecnologia, de inovação, é fundamental. Na situação atual muitas vezes esse debate acaba se perdendo em função de outros temas mais nevrálgicos. Porém, não abandonamos esse foco. Se o Brasil quiser efetivamente sair da crise hoje, com mais velocidade, a questão da produtividade é peça chave. Quanto aos fatores externos, a outros que afetam a produtividade das empresas. Por exemplo: a questão da burocracia, os prazos de licenciamento dos projetos, a obtenção de habite-se e de licenças específicas, como a ambiental. É fundamental que se discuta
NC // Mas as dificuldades do setor público vão além da questão burocrática. FV // Sim, tem, por exemplo, a questão tributária. A legislação trabalhista e todas as dificuldades que são criadas para a garantia de determinados direitos. E, aqui, não se trata de discutir esses direitos, mas a forma pela qual as estruturas são montadas para garantir esses direitos. Hoje, qualquer empresa de construção tem de manter uma estrutura para cuidar somente de pagamento de imposto, coisa que deveria ser muito simples. Além de os impostos serem muito altos no País, existe uma dificuldade na forma de calculá-los e recolhê-los. NC – Então não seria melhor deixar essa batalha pela produtividade para depois que as reformas sejam realizadas e a crise, superada? FV // A questão da produtividade, apesar de agora estar em segundo plano, não pode ser abandonada em hipótese alguma. E nós no SindusCon-SP não estamos abandonando. A produtividade é afetada por fatores externos, mas há as questões internas da empresa, que não podem ser deixadas de lado. Temos trabalhado muito a ideia de que a época de crise é a mais importante para se fazer o investimento em aumento de produtividade porque, com o nível de atividade menor, podem-se preencher as lacunas de www.sindusconsp.com.br
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ENTREVISTA // FRANCISCO VASCONCELLOS // PAULO SANCHEZ tempo com treinamento de equipe, melhoria de processos, investimento em inovações – enfim, em ações que seriam mais difíceis de realizar quando a empresa está em plena operação. O problema é que hoje a crise é tão forte, tão profunda e se instalou de uma forma tão rápida, que muitas empresas estão deixando esses investimentos em segundo plano face às dificuldades financeiras que enfrentam para manter a mão de obra, para manter os negócios funcionando. NC // É uma luta pela sobrevivência... FV // Um termo que ouvi outro dia e que achei muito interessante é que as empresas estão em modo de sobrevivência. Esta crise, além de ser muito grave, aconteceu de forma muito rápida. A velocidade da deterioração foi muito grande.
“A QUESTÃO DA PRODUTIVIDADE NÃO PODE SER ABANDONADA EM HIPÓTESE ALGUMA”
Paulo Sanchez // Esse é mais um passo para a consolidação e o incentivo à utilização da ferramenta BIM. Desde 2011, estamos implementando o BIM, começando pelas empresas de São Paulo, e hoje já é um processo que
NC // O BIM [Building Information Modelling] tem sido colocado como um dos mais poderosos fatores de indução ao aumento de produtividade. O SindusCon-SP está lançando o Prêmio BIM. Qual é o objetivo? FV // Nós entendemos que o BIM é a principal ferramenta para o ganho de produtividade. Significa uma ruptura de paradigma. Com o BIM, a mudança de produtividade não será incremental, ela vai dar um salto. Tanto a produtividade sobre a atividade de projeto como a da construção em si. Mas para isso se consolidar, existe um longo caminho a ser percorrido. O SindusCon-SP tem a responsabilidade grande de ser um indutor desse caminho, mas ele sozinho não consegue fazer isso. É preciso que vários outros atores apontem para o mesmo lado, a mesma solução, a mesma técnica.
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notícias da construção // abr/mai 2016
abrange o Brasil inteiro. O SindusCon-SP, juntamente com a CBIC, tem feito um esforço muito grande para repassar informações ao País e estimular que as empresas realmente utilizem a ferramenta, pois ela induz à produtividade, aperfeiçoa o planejamento, o controle. O Prêmio BIM vai incentivar a cadeia como um todo, não somente as construtoras, mas também o meio acadêmico, os fabricantes de materiais, os fornecedores, os projetistas. O prêmio é uma forma de integrar toda a cadeia. Essa foi uma ideia muito interessante gerada dentro do SindusCon-SP. Estou confiante de que será uma alavanca muito forte para a consolidação do BIM no Brasil.
NC // Quem deveria assumir esse papel de indução à utilização do BIM? PS // Nos países onde os órgãos públicos estabeleceram a obrigatoriedade de se apresentar projetos em BIM, houve uma rápida evolução desse processo. Foi o que aconteceu, por exemplo, nos Estados Unidos. Estivemos em Cingapura e vimos que lá todos os projetos são licenciados em BIM. Aqui no Brasil, tem sido diferente. A iniciativa privada percebeu que o BIM era uma ferramenta que oferecia ganhos econômicos. E foi por isso que as empresas começaram a implantar, por esse aspecto financeiro. A partir do momento em que o governo começar a exigir em todas as suas licitações o uso do BIM, o grau de acréscimo de custo nas obras públicas será bem menor, quase nada. FV // O governo tem de ser um indutor. A partir do momento em que a prefeitura exige que os projetos comecem a ser apresentados em BIM, é criada toda um movimento na cadeia que muda a forma de o BIM ser introduzido. Há também as associações dos projetistas, dos incorporadores. Entendemos que o BIM é a grande ferramenta, na qual devemos concentrar esforços. Toda a cadeia da construção deve assumir que é a ferramenta a ser utilizada num futuro próximo. Foi aí que surgiu a ideia do Prêmio BIM. Ele é feito e vai ser administrado por vários segmentos ligados à construção civil. Temos a participação da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (AsBEA,), da CBIC, da Fiesp, da Abramat, Abesc e três instituições acadêmicas
nacionais e internacionais. Ou seja, entidades altamente representativas do setor da construção brasileira, que participam julgando para premiar os melhores trabalhos em BIM. NC // Como funciona o Prêmio BIM? PS // Temos cinco categorias para premiar [Construtor, Contratante, Projetista, Fornecedor e Academia]. Queremos abranger o se-
“O BIM FARÁ COM QUE O SETOR MUDE DE PATAMAR DE PRODUTIVIDADE, DE QUALIDADE, DE TRANSPARÊNCIA” tor como um todo, incentivando todos os elos da cadeia. A questão de incluir a academia foi muito importante. Hoje temos a tecnologia, mas há poucos profissionais capacitados para sua utilização. Com a formação dos profissionais, teremos mão de obra para a implementação da tecnologia. No decorrer dos anos, o Prêmio BIM será um ícone de reconhecimento.
FV // Queremos unir todos para que patrocinem em conjunto a ferramenta BIM como um objetivo do setor, e não apenas do SindusCon-SP. O prêmio irá reconhecer quem investe e acredita no BIM como ferramenta fundamental para o setor. Além disso, aglutinar esforços para promover o BIM como a ferramenta que fará com que o setor mude de patamar de produtividade, de qualidade, de transparência. NC // Quais são as outras características desse prêmio? FV // O prêmio BIM analisa os trabalhos naquilo que eles trazem de benefício para País. Reconhece as empresas e profissionais que realizaram trabalhos e beneficiaram a comunidade que cada um deles representa. Haverá uma análise técnica dos trabalhos nas cinco categorias, e será premiado o melhor trabalho, do ponto de vista técnico, em cada uma. NC // Como se deu a escolha do corpo de jurados? PS // Definimos que os jurados serão indicados por entidades, que escolherão os profissionais mais qualificados para fazer parte do júri. Convidamos as entidades que representam de forma abrangente todo o nosso setor.
Para mais informações sobre o Prêmio BIM, acesse www.premiobim2016.com.br
www.sindusconsp.com.br
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CAPA
AGENDA POSITIVA PARA O SETOR O
s debates promovidos durante o ConstruBR 2016 soaram como um oásis de bom senso e ponderação num momento em que a grave crise econômica e política provoca uma onda de pessimismo. Colocando em destaque assuntos sensíveis para a cadeia da construção civil, como produtividade e competitividade, sustentabilidade, construção industrializada e segurança jurídica, e apresentando estudos inéditos, o SindusCon-SP reafirma, perante a seus associados e a sociedade como um todo, sua agenda positiva para a superação da crise. “Estamos tratando de todos os assuntos atuais do nosso setor
olhando para a frente, sempre com foco positivo”, resume José Romeu Ferraz Neto, presidente do SindusCon-SP. “Esperamos que logo estejamos de volta ao caminho do desenvolvimento e para isso temos trabalhado incessantemente.” Trazendo como tema “A Construção de uma Indústria Produtiva e Competitiva”, essa segunda edição do ConstruBR – realizada em paralelo à Feicon Batimat nos dias 14 e 15 de abril – visou à inteligência, tecnologia e gestão para o desenvolvimento de negócios da construção. Logo na abertura do evento, foi apresentado o estudo “O Desafio de Elevar a Produtividade da Construção Civil no Brasil”. Realizado pelo Sindus-
Com ampla pauta de discussão, ConstruBR se consolida, em 2016, como um dos principais eventos do setor da construção civil no País. Debates lançam luzes para a superação da crise econômica
Romeu Ferraz fala na abertura do ConstruBR: trabalhando incessantemente para voltar ao caminho do desenvolvimento
Con-SP em parceria com a FGV, o trabalho mostra os números da produtividade da construção para o período de 2003 a 2013 do Brasil em comparação a um conjunto de 17 países. Inédito, o estudo intitulado “A Atratividade das Sub-regiões do Estado de São Paulo”, realizado em parceria com a Deloitte, avalia as oportunidade de investimentos nos dez municípios paulistas onde o sindicato mantém delegacias regionais. Tal estudo serve como um guia para que as empresas possam desenvolver projetos adequados à realidade econômica e demográfica de cada localidade. As oportunidades de investimentos em infraestrutura e habita-
ção por meio de projetos de concessão e Parceria Público-Privadas (PPP’s) com os governos estadual e municipal também foram expostas aos participantes do evento. O sindicato tem insistido que as PPPs são o modelo mais adequado ao momento de escassez de recursos governamentais. No que se refere especificamente em relação à habitação popular, palestrantes estrangeiros trouxeram experiências similares às do Minha Casa, Minha Vida, contribuindo para a formulação de ajustes que tragam maior eficiência ao programa federal. O painel “Construção Industrializada” mostrou como a industrialização da cadeia de produção da construção civil gera ganhos
JORGE ROSENBERG
PRODUTIVIDADE | INDUSTRIALIZAÇÃO | SUSTENTABILIDADE | INFRAESTRUTURA | HABITAÇÃO | DESENVOLVIMENTO | JURÍDICO
“ESTAMOS TRATANDO DOS ASSUNTOS ATUAIS DO NOSSO SETOR SEMPRE COM FOCO POSITIVO” JOSÉ ROMEU FERRAZ NETO, presidente do SindusCon-SP
de produtividade e competitividade para o setor. Foram discutidos os entraves existentes, de ordem burocrática, tributária, legal e econômica, que precisam ser removidos para que a industrialização da cadeia se efetive. Os desafios da sustentabilida-
de, a insegurança jurídica dos contratos do setor e as ações de compliance que as empresas devem adotar para se proteger contra a corrupção, foram outros temas extensamente debatidos durante os dois dias de evento. Veja em detalhes nas páginas a seguir.
O SindusCon-SP agradece o apoio dos patrocinadores do ConstruBR 2016 10
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www.sindusconsp.com.br
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CAPA PRODUTIVIDADE | INDUSTRIALIZAÇÃO | SUSTENTABILIDADE | INFRAESTRUTURA | HABITAÇÃO | DESENVOLVIMENTO REGIONAL | JURÍDICO
CULTURA DE PRODUTIVIDADE Debate expõe a necessidade de mudar a cultura de projeto e da construção para melhorar competitividade do setor
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JORGE ROSENBERG
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om o crescimento setorial observado entre 2003 e 2013, a produtividade da construção civil brasileira cresceu 26%, conforme pontua Eduardo Zaidan ao comentar, durante o ConstruBR 2016, o estudo “Produtividade na Construção”, realizado pela FGV por encomenda do SindusCon-SP. Tal evolução, contínua, embora comparada a uma base baixa, decorre da melhoria da tecnologia, da qualificação da mão de obra nos canteiros e da gestão das empresas no período. Entretanto, segundo Zaidan, vice-presidente de Economia do sindicato, a crise econômica vivenciada desde 2013 tem cortado investimentos e colocado em xeque o incremento de produtividade, deixando o País em situação ainda pior quando em comparação a outras economias. De acordo com dados apresentados por ele, o Brasil tem pouco mais de ¼ da produtividade média de países desenvolvidos, e a construção civil tem produtividade bastante menor do que a economia como um todo. “Como colher frutos do investimento em produtividade se há uma recessão a cada seis anos?
Zaidan: Brasil tem pouco mais de 1⁄4 da produtividade de países desenvolvidos
PRINCIPAIS ENTRAVES MACROECONÔMICOS PARA A PRODUTIVIDADE • Custo do capital / juros básicos da economia • Corrupção • Burocracia • Instabilidade e imprevisibilidade econômica • Instabilidade e imprevisibilidade regulatória • Tributação complexa e pouco transparente • Baixa qualidade da educação
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Precisamos de um ciclo de crescimento de 15 anos, mesmo que não a taxas espetaculares. Só se consegue experiência quando há continuidade nos processos”, analisa. Entretanto, ser produtivo é uma necessidade independente do momento, acredita André Glogowski, membro do conselho de administração da Hochtief. Até mesmo porque, revela, “falando como construtora [Hochtief], a gente não se impressiona mais com o crescimento e nem com as quedas. Crescemos menos no momento de euforia, mas não caímos muito nos momentos de crise”. De qualquer maneira, salienta Glogowski, tratar a produtividade deve ser prioridade tanto em momentos de alta quanto de baixa demanda. “Empresas com mais de 50 anos estão sempre investindo em produtividade, pois a competitividade só aumenta. Está claro que, no futuro, só vão ficar os melhores”, aposta. ABORDAGEM AMPLA Sob tais aspectos, o estudo apresenta caminhos possíveis para que a construção civil brasileira melhore sua produtividade. Zaidan afirma que o aumento da produtividade é um objetivo de longo prazo e que a abordagem extrapola o canteiro de obras. “Gestão qualificada é a essência da produtividade. Há uma série de medidas que precisam ser tomadas”, ressalta, lembrando que há restrições de diversas naturezas, incluindo questões logísticas, tributárias e de infraestrutura, por exemplo. “Esses freios todos fazem com que a gente gaste muita energia e produza pouco”, diz. É por esse motivo que o SindusCon-SP tem promovido cursos para capacitar empresas, investido na normatização e no diálogo com a cadeia produtiva e o governo, tentando levar a visão da indústria sobre produtividade para programas de infraestru-
FACHADA RÁPIDA
A busca por melhores índices de produtividade foi tema também do evento Construindo Melhor, promovido pela Dow. Na ocasião, foi apresentado o case da construção do International Broadcast Center (IBC) dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016, edifício a partir de onde serão geradas as imagens das competições. O empreendimento, construído por meio de PPP ao custo de R$ 400 milhões, foi considerada a obra mais complexa dentre todas as destinadas ao Jogos Olímpicos pelo prefeito da cidade do Rio de Janeiro, Eduardo Paes. O exíguo prazo executivo imposto e a necessidade de reutilização do prédio após as Olimpíadas foram alguns dos desafios enfrentados. Para atender a ambas as solicitações, o projeto contemplou soluções industrializadas, como o uso de painéis pré-fabricados para as fachadas, executadas pela Método Engenharia. Denominado External Insulation Finishing System (EIFS), o sistema foi desenvolvido pela Dow em parceria com a STO, tendo como finalidade a obtenção de elevados índices de isolamento térmico e acústico. De acordo com os dados apresentados, os painéis proporcionam fácil instalação, manuseio e transporte, possibilitando a aplicação just-in-time, ou seja, sem necessidade de estoque em canteiro. Na obra do IBC, a tecnologia proporcionou redução de 40% no tempo de instalação quando comparado a sistemas convencionais. Dessa maneira, a fachada foi executada em cerca de 50 dias úteis, conforme informa a empresa.
tura e habitação. “O nosso trabalho é de longo prazo e tem muitas iniciativas bem-sucedidas, como na área de licenciamento junto à prefeitura de São Paulo e ao Governo do Estado de São Paulo”, pontua. Glogowski concorda com a abordagem ampliada proposta por Zaidan. “Ser produtivo é fazer mais com menos, o que exige investir no canteiro, nos processos, na empresa, no setor. Não adianta investir isoladamente”, endossa. De acordo com ele, é limitante, para as construtoras, pensar apenas em aquisição de sistemas construtivos inovadores para incrementar a produtividade. “Há 30 anos, quem tinha tecnologia tinha diferencial. Hoje ela está disponível. Então, o grande diferencial é ser capaz de fazer o processo todo andar de forma mais eficiente.” Por esse motivo, ele acredita que é preciso promover uma ruptura radical com a forma de trabalhar, aumentando o tempo dedicado ao planejamento e reduzindo o tempo de execução. “Não pode-
mos mais aceitar sucesso parcial nas obras”, diz Glogowski, ao comentar sobre ganhos pontuais de produtividade relacionados à adoção de técnicas, tecnologias ou sistemas construtivos específicos. Opinião semelhante tem Antonio Carlos Zorzi, diretor de engenharia da Cyrela, que também participou do debate. Para ele, é preciso entender que é fundamental investir tanto na qualidade quanto no nível de detalhamento dos projetos, em processos construtivos e na trajetória de serviços das obras. “Não se pode pular ou inverter etapas construtivas, deixando pendências para serem finalizadas depois. A independência entre serviços é fundamental para a produtividade, assim como capacitar a mão de obra”, recomenda. Com base nessa percepção, Glogowski acredita ser imperativo integrar o setor e os elos da cadeia produtiva. “Somente quando trabalharmos de forma mais transparente é que vamos dar o salto de produtividade”, acredita. www.sindusconsp.com.br
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CAPA
CONSTRUCAO INDUSTRIALIZADA PARA MAIOR PRODUTIVIDADE E SUSTENTABILIDADE Futuro do setor aponta para sistemas construtivos industrializados, que contribuem com reduções de prazo e dos custos globais da obra
A
industrialização da cadeia de produção da construção civil brasileira é um objetivo a ser perseguido, pois esse é um fator-chave para o aumento da produtividade do setor. Assim como as empresas do setor automobilístico que, no decorrer do século XX, de fabricantes de automóveis se transformaram em montadoras, as construtoras deverão evoluir nas próximas décadas, colhendo como resultado a elevação da eficiência e a redução dos custos. De forma análoga à indústria automotiva, as construtoras passarão a trabalhar com foco no cliente e em tecnologia; seus canteiros de
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obra serão mais enxutos e eficientes; boa parte da produção dos sistemas e componentes será transferida para parceiros especialistas, com logística simplificada – os parceiros é que serão responsáveis pela instalação; haverá maior flexibilidade para mudanças e adoção de novas tecnologias; e processos e responsabilidades serão compartilhados por todos os elos da cadeia produtiva. “Os sistemas construtivos industrializados contribuem com reduções nos prazos de execução e na quantidade de mão de obra empregada no canteiro, propiciando a diminuição dos custos globais da obra”, explica Walter Cover, presi-
notícias da construção // abr/mai 2016
dente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), que proferiu palestra no painel “Construção Industrializada”, no ConstruBR. Quando se fala em industrialização do setor, a primeira coisa que se pensa é nos componentes pré-fabricados. “A industrialização vai muito além da pré-fabricação: significa mais organização do trabalho e maior índice de mecanização das atividades”, alerta Ubiraci Espinelli Lemes de Souza, professor da Escola Politécnica da USP. “A organização do trabalho é o pilar básico da industrialização. É preciso cuidar dos locais de estocagem e dos locais de mo-
FOTOS: JORGE ROSENBERG
PRODUTIVIDADE | INDUSTRIALIZAÇÃO | SUSTENTABILIDADE | INFRAESTRUTURA | HABITAÇÃO | DESENVOLVIMENTO REGIONAL | JURÍDICO
Espinelli: industrialização vai além da pré-fabricação
vimentação de materiais e adotar providências para minimizar a geração de resíduos”, defende. A sustentabilidade também é citada por Cover entre os benefícios da industrialização. “Além da redução dos resíduos, diminuem as operações de transporte de materiais. Isso significa menor consumo de energia, menos poluição e menos ruído gerado”, afirma. Apesar de oferecer ganhos evidentes, a construção industrializada ainda não é uma realidade no País em função de uma série de entraves. A primeira barreira a ser removida é a falta de isonomia tributária entre o que é produzido na indústria e no canteiro. O que é montado pela construtora no local da obra não recebe tributação, como acontece com os sistemas prontos fornecidos por terceiros, sujeitos ao
Cover ressalta os ganhos relativos à sustentabilidade
ICMS. Isso neutraliza as vantagens dos sistemas industrializados. A legislação também impõe dificuldades. Cover aponta os impedimentos legais para a contratação de obras de Habitação de Interesse Social (HIS) – exigências quanto à experiência do construtor, restrições à formação de consórcios, entre outros. A dificuldade burocrática de acesso de materiais pesados, como determinados sistemas pré-fabricados, ao canteiro de obras impõe uma logística complicada e onerosa numa cidade como São Paulo, destaca João Carlos Leonardi, diretor comercial da Leonardi Pré-Moldados. “A operação exige carretas especiais, que requerem licenças especiais da prefeitura”, afirma. Leonardi defende que a adoção do processo industrializado requer que decisões sobre a tecnologia a
ser adotada antecedam o desenvolvimento de projetos. “Com planejamento mais efetivo e detalhado, os benefícios da construção industrializada são potencializados.” Por sua vez, a conhecida baixa escolaridade da mão de obra nacional não é um fator crítico para a industrialização, segundo Cover. “Na verdade, quando são utilizados as mesmas tecnologias e os mesmos processos, a produtividade do trabalhador brasileiro comparada à de outros não é menor”, afirma Jorge Batlouni, vice-presidente de Tecnologia do SindusCon-SP. Outro aspecto a destacar é que o processo industrializado não se constitui em barreira à criatividade na elaboração dos projetos arquitetônicos, conforme ressalta o arquiteto Roberto Candusso, que palestrou no mesmo painel. www.sindusconsp.com.br
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CAPA PRODUTIVIDADE | INDUSTRIALIZAÇÃO | SUSTENTABILIDADE | INFRAESTRUTURA | HABITAÇÃO | DESENVOLVIMENTO REGIONAL | JURÍDICO
SUSTENTABILIDADE EMBASADA T
endo evoluído, nas palavras de seu vice-presidente, Francisco Vasconcellos, para uma fase em que a prioridade é desenvolver uma base de dados volumosa e consistente sobre construção sustentável, o SindusCon-SP se mostra “consciente quanto à forma como a entidade empresarial deve se posicionar para ser indutora de mudanças na sociedade”. É necessário, de acordo com esse posicionamento, resolver lacunas de desenvolvimento nas áreas de projetos, gestão e operação. Nesse contexto, a geração de resíduos extrapola a questão da sustentabilidade, revelando problemas relacionados, inclusive, à competitividade, diz Vasconcellos. “Se um material gera muito resíduo, preciso trocar por outro mais competitivo”, afirma. Assim, surgem como tendências a busca por projetos e materiais que promovam a eficiência energética, o uso racional da água, que contribuam com a economia de baixo carbono e que proporcionem bons resultados na análise do ciclo de vida dos empreendimentos. “Desde a revolução industrial, há uma crescente concentração de CO2 na atmosfera. Cerca de 40% da emissão no plane-
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ta vem da atividade de construção, incluindo aí também a operação dos empreendimentos”, destaca o presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), José Goldemberg, para quem a construção civil pode dar grande contribuição para frear o processo de aquecimento global. Moderador do debate “Soluções Sustentáveis para a Construção Civil”, o vereador e empresário Ricardo Young afirma que o caminho para a construção sustentável é tentar regenerar e reproduzir serviços ambientais nos edifícios, compreendendo seu impacto no entorno ao qual pertence. “As cidades destroem sistematicamente os serviços ambientais, colocando em risco até a sustentabilidade de sua própria existência. O desafio do planejamento urbano é reconstruir e regenerar os serviços destruídos”, acredita.
Em consonância a essa afirmação, Vasconcellos acredita que surgirão oportunidades de negócio para as construtoras e incorporadoras que apostarem em tecnologias de geração e transmissão de energia, por exemplo. Para isso acontecer, entretanto, ele acredita ser fundamental a existência de dados consistentes que possam ser cruzados para a tomada de decisões. Apostando nisso, o SindusCon-SP lançará, durante a próxima Semana do Meio Ambiente, em junho, o site Construção SP Sustentável. “A ideia é que seja mais do que um simples portal de acesso a informações e experiências. Queremos oferecer ferramentas para ajudar as construtoras a desempenhar seu papel no que diz respeito à construção sustentável”, revela Vasconcellos. De acordo com ele, o site contará com ferramentas para cálculo das emissões e desenvolvimento
“O SINDUSCON-SP SE POSICIONA COMO ENTIDADE INDUTORA DE MUDANÇAS” FRANCISCO VASCONCELLOS, vice-presidente do SindusCon-SP
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SindusCon-SP investe no desenvolvimento de banco de dados relacionado à construção sustentável para contribuir com a tomada de decisões por parte das empresas e com o desenvolvimento de políticas públicas
Vasconcellos, Young, Villas Bôas e Goldenberg (da esq. para a dir.) durante o debate sobre construção sustentável
de planos de gestão de resíduos. “Queremos simplificar ações que vão facilitar o dia a dia das construtoras e nos dar dados para análise de necessidades.” APLICAÇÃO PRÁTICA Apostando na máxima que prega que um bairro é a porção ideal para começar a mudar uma cidade, a Tecnisa, de acordo com seu diretor Fabio Villas Bôas, desenvolveu o Jardim das Perdizes, localizado na zona oeste de São Paulo. O em-
preendimento, que conta com certificação Aqua, nasceu com foco voltado para a questão da mobilidade urbana e promove o adensamento com base no uso misto, incluindo a existência de Habitações de Interesse Social (HIS). “A maior parte das pessoas que compraram unidades no Jardim das Perdizes levou em consideração o fato de ser um bairro planejado”, afirma Villas Bôas. O bairro conta com um parque público que tem 44 mil m² de
área e que contribui para a infiltração de água. De acordo com a Tecnisa, o Jardim das Perdizes conta com um sistema de drenagem urbana diferenciado que não sobrecarrega o sistema público. Para mitigar impactos decorrentes da operação, o bairro conta com edificações certificadas pelo Procel. O resultado são unidades com nível máximo de eficiência energética, resultando em economia de até 40% no consumo de energia elétrica. www.sindusconsp.com.br
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CAPA
GOVERNO DO ESTADO E PREFEITURA TENTAM SUPERAR CRISE COM CONCESSÕES E PARCERIAS Devido à atual escassez de recursos públicos, tanto o governo estadual quanto o municipal de São Paulo apostam em programas de concessões e em Parcerias Público-Privadas (PPPs) para tocar adiante seus projetos
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crise econômica, que esvaziou os cofres em todas as esferas de governo, tem exigido, para a viabilização de obras públicas, soluções alternativas ao modelo tradicional de financiamento via Tesouro. Em São Paulo, tanto o governo estadual quanto o municipal apostam em programas de concessões e em Parcerias Público-Privadas (PPPs) para tocar adiante seus projetos. “Já é sabido que os governos não têm condições de melhorar a infraestrutura na velocidade que o País precisa. Por sua vez, a iniciativa privada tem maior competência em gestão e capital para realizar os projetos”, afirma Luiz Antônio Messias, vice-presidente de Obras Públicas do SindusCon -SP. “Neste momento de dificuldades, está muito claro que, se não houver uma integração entre Estado, prefeitura e setor privado, não vamos sair do lugar”, concor-
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da João Octaviano Neto, secretário executivo da PPP da Habitação do governo do Estado. No painel “Habitação e Infraestrutura” do ConstruBR, Octaviano Neto apresentou aos presentes os pioneiros projetos de PPPs na área de Habitação de Interesse Social (HIS) colocados ao mercado pelo Estado [e cujo detalhamento foi publicado na reportagem de capa da edição nº 152 de Notícias da Construção]. “Estamos oferecendo moradias dentro de um modelo atrativo para os parceiros privados, realizando intervenções em áreas que precisam ser revitalizadas”, resume o executivo. Na prefeitura paulistana, o principal papel da SP Negócios é, de acordo com seu diretor de Parcerias Público-Privadas e Concessões, Fernando de Paiva Pieroni, o de prestar “apoio aos investidores no aprimoramento dos negócios”. Pieroni destaca três projetos em
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Octaviano, Messias e Pieroni (da esq. para dir.): importância de concessões e parcerias em debate consensual
realizado pelo vencedor da licitação, é da ordem de R$ 300 milhões. O parceiro privado ganhará contrato para exploração comercial da arena por um período de 30 anos. Outro entrave para o desenvolvimento do turismo de eventos na cidade é a obsolescência do Parque Anhembi, uma estrutura implantada cerca de meio século atrás. “O
Anhembi está tão obsoleto que o tradicional Salão do Automóvel não será realizado este ano lá”, lamenta Pieroni. A PPP proposta pela prefeitura, que será apresentada em detalhes em audiência pública no mês de junho, irá prever investimentos da ordem de R$ 1 bilhão. As iniciativas de Estado e prefeitura demonstram que, nos
tempos atuais, os agentes privados devem tomar a responsabilidade de planejar, construir e operar estruturas públicas, por deter maior competência – e mais recursos – para tal. “Está clara a necessidade de estreitamento do diálogo entre o poder público e a iniciativa privada para a melhoria de nossa infraestrutura”, afirma Pieroni.
andamento pela empresa de economia mista controlada pelo governo municipal: a PPP da iluminação pública, a concessão da Arena Anhembi e a PPP para a modernização, expansão e operação do complexo do Parque Anhembi. Com prazo de 20 anos de duração e investimentos previstos da ordem de R$ 2 bilhões, a PPP da iluminação pública já teve o edital lançado pela prefeitura, que espera a redução de 50% no consumo de energia com a instalação de lâmpadas com tecnologia LED nos postes das ruas paulistanas. A concessão da Arena Anhembi, que terá edital publicado durante o mês de maio, viabilizará a construção de um espaço multiúso coberto e climatizado ao lado do sambódromo. “São Paulo está fora do circuito de alguns eventos, tipo MMA e NBA, por não ter hoje um espaço como esse”, justifica Pieroni. O investimento previsto no projeto, a ser www.sindusconsp.com.br
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PPPs DE HABITAÇÃO JÁ SÃO REALIDADE NA AMÉRICA LATINA
Iglesias: PPPs viabilizam moradias populares em Medellín
Gonzalez: não há como ter moradias sem privado
ços para a população viver melhor e a iniciativa privada quis participar para melhorar Medellín”, relata. Desde que resolveu se aliar à iniciativa privada, em 2008, a prefeitura viu a produção habitacional na cidade crescer exponencialmente. No quadriênio 2004-2007, haviam sido construídas 7.438
Painel do ConstruBR conta com a participação de palestrantes de Chile, Colômbia e México, que compartilharam experiências para ajudar a aperfeiçoar o modelo brasileiro de produção de habitação popular
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ovidade em território nacional, as PPPs para a implantação de Habitação de Interesse Social (HIS) são realidade em outros países latino-americanos. No ConstruBR, o painel “Políticas Permanentes de Habitação” contou com a participação de palestrantes do Chile, Colômbia e México. “Nossos países têm muitas semelhanças, podemos compartilhar experiências para melhorar o que cada um está
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fazendo nessa área”, avalia Ronaldo Cury, vice-presidente de Habitação Popular do SindusCon-SP. “No Chile, não há outra forma de financiar o grande número de moradias de que precisamos que não seja via parcerias com o setor privado”, ressalta o presidente da Comissão de Habitação da Câmara Chilena da Construção, Rogelio Gonzalez. Segundo o executivo, o Chile tem aplicado cerca de 1% do seu PIB no setor, “e os investi-
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mentos em habitação continuam a subir apesar da crise”. O diretor do Instituto Social de Vivienda y Habitat de Medellín, Humberto Iglesias Gómez, destaca que a cidade colombiana passou de uma situação de extrema violência para se tornar um local com melhor infraestrutura, habitação popular e segurança, após o governo realizar parcerias que resultaram na construção de moradias para pessoas de menor renda. “O Estado criou espa-
Garcia: projeto só deu certo por causa de privados
moradias. No período 2008-2011, foram 48.831 unidades, número que subiu para 77.986 entre os anos de 2012 e 2015. “As parcerias público-privadas são o grande motor da produção habitacional em nossa cidade”, afirma Iglesias. No México, as PPPs também foram a saída encontrada para
amenizar o déficit habitacional nos grandes centros, afirma o coordenador da Câmara Mexicana da Indústria da Construção, Pablo Garcia Dell Valle y Bianco. “Reutilizamos moradias abandonadas, e esse projeto só deu certo porque o governo recorreu à iniciativa privada”, explica Garcia.
CAPA
ESTUDO É LOUVADO PELAS REGIONAIS
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“Estudo de Atratividade das Sub-Regiões do Estado de São Paulo”, realizado pelo SindusCon-SP em parceria com a Deloitte, oferece às empresas conhecimento fundamental para a tomada de decisão de investimento
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residente Prudente e São José do Rio Preto têm como nicho específico os domicílios de maior renda, enquanto Mogi das Cruzes e Bauru focam em moradias para famílias de baixa renda. Campinas e Santo André oferecem uma gama mais diversificada de produtos imobiliários. Presidente Prudente e Santos são as cidades com maior poder de compra da população. Essas são algumas das conclusões do “Estudo de Atratividade das Sub-Regiões do Estado de São Paulo”, realizado pelo SindusCon-SP em parceria com a Deloitte. “O objetivo do estudo é o de evidenciar o potencial para desenvolvimento da construção civil em dez cidades das sub-regiões do Estado de São Paulo”, explica Marie Menezes Rodrigues, consultora empresarial da Deloitte, que apresentou o trabalho em primeira mão durante o ConstruBR. “Buscamos avaliar os aspectos demográficos, as características das construções que foram desen-
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volvidas nos últimos anos, o foco e as necessidades da construção civil no curto e médio prazo”, afirma. As dez cidades analisadas são Bauru, Campinas, Mogi das Cruzes, Presidente Prudente, Ribeirão Preto, Santo André, Santos, São José dos Campos, São José do Rio Preto e Sorocaba, as localidades que sediam as delegacias regionais do SindusCon-SP. “Para que o investidor seja mais assertivo, é necessário que conheça o perfil demográfico e econômico de cada região”, analisa Marie. “Temos pela frente um trabalho enorme e, por isso, precisamos de um diagnóstico cada vez mais preciso da realidade”, afirma Luiz Cláudio Amoroso, vice-presidente de Interior do SindusCon-SP. Na análise do presidente do Secovi-SP, Flavio Amary, existe uma menor volatilidade no interior paulista. “A atividade da construção cresceu menos que a média, durante o boom, mas agora também caiu menos”, afirma, e destaca o
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A ATRATIVIDADE DE CADA REGIÃO BAURU • Foco da região se concentra em imóveis residenciais da Classe D, representando 42,4% das aquisições no período de 2010 a 2015. • Nos dois últimos anos, 2.439 unidades habitacionais foram lançadas, com foco em apartamentos econômicos (dois dormitórios). CAMPINAS • Busca por imóveis residenciais acima da média das demais cidades, devido ao fato de ser o segundo maior polo econômico do Estado. • Possui o portfólio mais diversificado em relação aos tipos de domicílio. MOGI DAS CRUZES • Concentração de domicílios nas faixas de baixa renda familiar. • Maior índice em número de funcionários trabalhando em empresas da construção civil – crescimento de 135%, entre 2010 e 2014. PRESIDENTE PRUDENTE • Entre 2016 e 2020, está prevista a construção de 2.228 unidades habitacionais para a faixa de média renda e 1.600 habitações de interesse social. • Maior expectativa de crescimento em domicílios Classe C entre todas as cidades analisadas. RIBEIRÃO PRETO • Maior crescimento da população de 2014 a 2015 (1,4%) e expectativa de aumento de 7,8% até 2020. • Entre 2016 e 2020, está prevista a construção
Senra, Amary, Porto, Marie e Amoroso (da esq. para dir.) debatem o estudo
Alguns dos detalhes do estudo de 1.481 habitações de interesse social e há a expectativa de 49 novas obras públicas até 2020. SANTO ANDRÉ • Há espaço para a construção de todos os tipos de domicílio no município; 510 empreendimentos comerciais encontram-se em construção. • Apresenta o segundo ciclo mais rápido para licenciamento e aprovação de novos empreendimentos. SANTOS • Grande busca por imóveis populares em regiões adjacentes ao Porto. • Apresenta o menor ISS (2%) entre todas as cidades pesquisadas. SÃO JOSÉ DO RIO PRETO • Entre 2016 e 2020, está prevista a construção de 521 galpões logísticos. • Entre 2010 e 2014, apresentou aumento de 33% na construção de domicílios da Classe C. SÃO JOSÉ DOS CAMPOS • Entre 2010 e 2014, apresentou aumento no número de obras públicas. • Disponibilização de mais de 1.200 empreendimentos comerciais no período. SOROCABA • Foco na construção de domicílios da Classe D, com mais de 72 mil habitações construídas até 2010. • Taxa de vacância comercial é bem superior à taxa de vacância residencial (20% e 10%, respectivamente).
fato de ter ocorrido, no passado recente, uma grande descentralização econômica no Estado, com a instalação de indústrias e universidades, por exemplo, em cidades distantes da capital. “A pujança do interior é enorme”, diz Amary. O estudo, que apresenta um elevado grau de profundidade [veja mais detalhes em www.sindusconsp.com.br], revela que as cidades analisadas apresentam características bastante distintas entre si. “É por isso que eu defendo que as grandes empresas do setor trabalhem em parceria com empresas locais quando quiserem levar seus empreendimentos para o interior. Só quem mora no local sabe das peculiaridades”, aconselha Odair Senra, vice-presidente Imobiliário do SindusCon-SP. O estudo deverá ter desdobramentos nos próximos anos. “É importante que esse trabalho continue, abrangendo outras cidades como, por exemplo, Guarulhos e Jundiaí”, afirma Sérgio Porto, representante do SindusCon-SP junto à Fiesp.
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BÚSSOLA PARA INVESTIMENTOS NO INTERIOR
Diretores das delegacias regionais do SindusCon-SP ouvidos por Notícias da Construção demonstraram entusiasmo ao analisar o “Estudo de Atratividade das Sub-Regiões do Estado de São Paulo”. Os empresários ressaltam que o trabalho será um importante instrumento para a superação da crise pelas empresas do setor. “Toda iniciativa neste momento que o setor está vivendo é muito bem-vinda. Esse estudo norteará os empresários da região e será fundamental para estimular o setor e novas contratações”, afirma Mário Cezar de Barros, diretor da Regional de São José dos Campos. O diretor da Regional de São José do Rio Preto, Germano Hernandes Filho, revela que o estudo chamou a atenção dos empresários locais para dois aspectos. O primeiro foi a informação de que o município deverá ter 521 galpões logísticos construídos, entre 2016 e 2020. “Serão novas oportunidades de negócios, já que a cidade poderá atrair grupos comerciais que terão aqui seus pontos de distribuição de mercadorias”, afirma ele, que destaca a constatação de que Rio Preto está entre as cidades com economia positiva, tendo o PIB em crescimento, desemprego estável e vários empreendimentos imobiliários voltados para as classes A e B. “O estudo sinalizou aos empresários da construção algumas oportunidades de negócios que são possíveis na nossa região e este tipo de informação é essencial para quem quer investir”, finaliza. “Sem dúvida, essa foi uma importante iniciativa do SindusCon-SP na busca por potenciais oportunidades de investimentos nas diversas regiões do Estado. Essa é uma importante ferramenta de tomada de decisão para o empresário da construção civil”, ressalta Mauro Rossi, diretor da Regional de Mogi das Cruzes. O diretor da Regional de Campinas, Márcio Benvenutti, destaca a informação, trazida pelo estudo, de que a região apresenta o nicho de mercado mais diversificado entre os tipos de domicílio ofertados, atendendo todas as classes sociais. “Essa é uma vantagem para a construção civil em todas as áreas porque pulveriza os investimentos e permite que estes não fiquem apenas na faixa que atua em um determinado tipo de construção. Ou seja, dá oportunidades para todas as empresas de construção”, analisa Benvenutti.
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Glogowsky, Navarro e Sanctis (da esq. para a dir.) em debate sobre compliance e segurança jurídica
CORRUPCAO NA MIRA DA LEI Com regulamentação que atribui responsabilidade direta a empresas envolvidas em casos de corrupção, País busca equiparar competitividade à de países desenvolvidos 24
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O
fechamento do ConstruBR foi dedicado à análise dos impactos que a corrupção causa à economia do País. De acordo com o diretor do departamento de competitividade da Fiesp, José Ricardo Roriz Coelho, há uma estrita correlação entre o nível de corrupção de um país e sua competitividade. “Todos os indicadores de desenvolvimento econômico e social são piores quanto mais corrupto é o país”, afirmou Roriz. Para ele, a produtividade da indústria é mais efetiva quando o governo do país é mais ativo e atuante, capaz de estabelecer regras mais claras de atuação para o setor privado. Conforme dados de 2010 apresentados por Roriz, se os índices de percepção de corrupção registrados no Brasil fossem semelhantes aos de países desenvolvidos, o PIB (Produto Interno Bruto) seria de R$ 138,4 bilhões anuais. Ou seja, 2,5 vezes o PIB real. “O custo da corrupção em 2010 foi de R$ 80,1 bilhões”, revela, lembrando que, caso não fosse escoado por meios ilícitos, esses recursos estariam disponíveis para serem investidos no setor produtivo. Em termos práticos, ele explica que o equivalente a 7,9% do investimento em infraestrutura ou 2,15% do que as famílias consomem é perdido para a corrupção. “A corrupção no Brasil é maior do que tudo o que o País investe em pesquisa e desenvolvimento”, pondera. O estudo da Fiesp aponta que o Brasil escoa cerca de 3% do PIB com o que ele chama de parafernália tributária, ou seja, com a estrutura necessária para que as empresas atendam às regras estabelecidas e o governo fiscalize sua observância. “Em países desenvolvidos, esse índice não passa de 1% do PIB”, compara.
Roriz: quanto mais corrupto é o país, menor o desenvolvimento
CORRUPÇÃO NAS EMPRESAS Avanços no combate à corrupção foram pontuados por Alexandre Tadeu Navarro, coordenador do Conselho Jurídico do SindusCon-SP. Para ele, a Lei Anticorrupção – nº 12.846/2013 – obriga as empresas a assumirem uma postura de mudança efetiva, pois faz com que as responsabilidades sejam atribuídas de forma objetiva diretamente aos gestores das corporações. Com isso, acredita ele, é possível mudar a cultura de tolerância com a corrupção existente na sociedade. “Temos que sair da ética caolha que nos faz dizer que somos contra algo, mas nos leva a incoerências no dia a dia”, diz. Para ele, a grande mudança imposta pela lei é justamente o tratamento objetivo das responsabilidades. “A questão é que não há mais onde esconder o dinheiro, tornando a corrupção uma atividade de mais risco”, afirma. Com a regulamentação, conta, basta que haja comprovação do envolvimento da empresa – ainda que indireto – para que sejam tomadas a medidas cabíveis, com punições que podem chegar a 20% do faturamento da empresa. Ele lembra, ainda, que esse tipo de normatização já existe em outros países e que, inclusive, as normas america-
na e britânica serviram de inspiração à concepção do texto brasileiro. Gonçalves acredita ser imperativo que as empresas invistam no desenvolvimento de programas de compliance, estabelecendo normas internas para fiscalização. Isso, salienta, atenua o nível de punição da lei. Para André Glogowsky, membro do Conselho da Hochtief e do Comitê de Tecnologia e Qualidade (CTQ) do SindusCon-SP, transparência empresarial é quando se pode contar para todo mundo sobre as atividades da empresa. “Conforme pesquisa internacional, o ramo de construção é o terceiro em corrupção, só perde para armas e narcotráfico, mas quando questionada toda empresa se diz transparente e sustentável”, observa. “O construtor precisa aprender a falar não e a não tolerar mais a corrupção. A sensação é que a distância de nós para o resto do mundo está aumentando”, diz. Nesse sentido, o desembargador federal Fausto de Sanctis afirma que, por mais que seja combatida, a corrupção volta. “Existe em qualquer lugar do mundo, o problema é a escala”, diz, ao analisar a situação do Brasil. O papel do Judiciário, em tal contexto, seria resgatar a noção do que é certo e do que é errado, acredita Sanctis. www.sindusconsp.com.br
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ARTIGO JURÍDICO
DESTAQUE
Novos paradigmas e desafios para as empresas tua entre fisco e contribuinte. Afinal, há um constante surgimento de novas modalidades de negócios e contratos, que têm de se adaptar às relações comerciais atuais, mais eficientes operacionalmente, resultando na busca do enquadramento correto em nosso emaranhado de normas – que ainda não possa ser legitimamente denominado de ordenamento jurídico. Outra área em que a transparência deve ser compreendida e assimilada urgentemente é a de práticas internas e externas
“COMPLIANCE É A COERÊNCIA ENTRE O QUE SE PREGA E AS REAIS ATITUDES DA EMPRESA” em relação aos entes públicos e terceiros. Usualmente chamada de compliance – adequação/ atendimento integral das normas –, nada mais é do que o cuidado com a coerência entre o que se prega e as reais atitudes da empresa. Auditorias, regimentos, manuais etc. sempre existiram, em algum grau, ao menos para fins cosméticos, na maciça maioria das empresas. Mas chegou um momento em que isso deve ser traduzido em reais ações. Caso contrário, as empresas estarão fadadas à incapacidade de
ALEXANDRE TADEU NAVARRO
Sócio da Navarro Advogados, especialista em tributação do setor imobiliário e coordenador do Conselho Jurídico do SindusCon-SP
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Organizador da maior feira do setor da construção do País, realizada entre os dias 12 e 16 de abril, afirma que resultados foram satisfatórios num ano economicamente complicado
sobrevivência – pois sofrerão com responsabilizações, aumento de custos e perda de competitividade. Os sinais claros vêm de todos os lados, com a progressiva criação de normas e pactos de trocas de informações, nos planos nacional e internacional. Bons exemplos são as normas nacionais anticorrupção (Lei nº 12.846 /2013, Decreto nº 8.420/2015 e Portarias nº 909 e 910, da CGU), exigência de programas de conformidade/integridade a elas relacionados (compliance, mesmo para empresas de pequeno porte, conforme a Portaria CGU/SMPE nº 2.279/2015), a MP nº 685 (declaração ao fisco de operações de planejamento fiscal) e os pactos internacionais para troca automática de informações financeiras e fiscais, aqui já materializados no Decreto nº 8.506/2015. Antes de se pensar em colocar em prática tais impactos dentro das empresas, com a criação dos programas internos de integridade (manuais, monitoramentos, auditoria e controle), é necessário verdadeiramente repensar a mentalidade e os costumes das empresas e de seus agentes, internos e externos. Organizar os programas compliance certamente implicará alguns custos para as empresas, mas a falta deles poderá custar a sua sobrevivência. O SindusCon-SP, por intermédio do Conselho Jurídico, irá apoiar seus associados nessa travessia.
A
edição 2016 da Feicon Batimat contou com a participação de 96.325 profissionais qualificados e 2 mil marcas nacionais e internacionais, conforme informa o diretor da feira, Alexandre Brown. Ao afirmar que os resultados alcançados nesta edição foram excelentes, Brown lembra que o Encontro de Negócios realizado no primeiro dia do evento gerou, em apenas duas horas, R$ 10,4 milhões. “Aconteceram, nesse dia, 107 reuniões de negócios, com 39 empresas de compradores e 19 expositores do evento”, pontua. O sucesso é especialmente comemorado por ele devido à indefinição econômica vivenciada pelo País no momento. Ele celebra a participação de grandes players do mercado mostrando seus lançamentos [veja na seção Novidades do Mercado, à pág. 44] e o que considera um volume de negócios satisfatório para o setor da construção civil. “O retorno que tivemos dos expositores foi bastante positivo e muitos já garantiram espaço para ano que vem”, revela. Notícias da Construção // Na visão da organização, quais os pontos positivos da feira? Alexandre Brown // Além da apresentação de produtos que são sinônimos de tendência, qualidade e
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O
momento econômico é de grandes desafios para todo o País, porém as empresas não podem deixar de ficar atentas para outras enormes exigências que estão na mesa, por decorrência de novos paradigmas no mundo jurídico. Estamos diante de um novo nível de transparência nas relações e no fluxo de informações entre o público e o privado e entre particulares, o que exige que todos atentem para a necessidade de novas atitudes. A tendência instintiva de sempre buscar enquadrar o novo em alguma caixinha já conhecida e confortável em termos de controle já não é mais prudente, pois passamos por uma revolução que transforma essa tática em cegueira seletiva. Em termos tributários, o grau de acesso direto e o cruzamento de informações pelos fiscos chegou a patamares quase absolutos. Além disso, os efeitos das constantes mudanças de interpretação são devastadores para o setor imobiliário. É necessário lutar para que os efeitos das mudanças sejam modulados, a fim de evitar que a surpresa injusta não destrua as empresas que planejaram suas atividades conforme o quadro da interpretação vigente no momento em que iniciaram os empreendimentos. Para tanto, é necessário ultrapassar a relação retrógrada de agressividade e desconfiança mú-
FEICON BATIMAT VENCE A CRISE
inovação, tivemos os eventos paralelos, que também são um ponto forte da Feicon Batimat. Tivemos mais uma vez a Ilha de Sustentabilidade da Água, mostrando produtos para economia de água; a Ilha de Eficiência Energética, trazendo um tema novo e que vem ao encontro da necessidade de economizar energia: energia solar fotovoltaica; a Ilha do Conhecimento, com várias palestras para reciclagem de profissionais, entre outros. NC // E sob o ponto de vista do público, qual o balanço? AB // Esta 22ª edição da Feicon Batimat foi marcada por bons números: foram 96.325 visitantes durante os cinco dias do evento, conhecendo as grandes novidades e tendências da construção civil. Uma característica desse público é a sua qualificação. De acordo com os números levantados, 44% do público que visitou o evento tem poder de decisão final na empresa em que atua e estava interessado em fechar negócios: 20% do público foi formado por sócios-proprietários, 13% por diretores e 11% por gerentes. NC // Para o ano que vem, quais as perspectivas? AB // Estamos bastante confiantes no evento do ano que vem. Em anos ímpares, temos a participação garantida de mais expositores-âncoras e também o evento muda de lugar. Em 2017 irá acontecer no São Paulo Expo, na Imigrantes, num espaço maior, com mais conforto e climatizado. Tenho certeza que teremos bastante sucesso e atenderemos as necessidades do mercado e de nossos expositores.
Alexandre Brown: Encontro de Negócios gerou R$ 10,4 milhões em duas horas
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FOTO DO MÊS // ABRIL 2016
RETROFIT: NOVA SEDE DA JOHNSON & JOHNSON Um projeto de retrofit na região da avenida Brigadeiro Faria Lima transformou o prédio que abrigava a loja de luxo Daslu em um novo espaço para escritórios e espetáculos. Pouco sobrou da arquitetura neoclássica, rica em colunas. A antiga estrutura deu lugar a um prédio em estilo moderno, repleto de vidros espelhados e placas de metal brancas. O projeto arquitetônico, assinado por Washington Fiuza, segue o design dos demais prédios do complexo WTorre JK – que inclui o prédio que abriga o banco Santander, o edifício de escritórios sobre o Shopping JK Iguatemi e o recém-inaugurado Teatro Santander (que fica num prédio anexo). Os quatro andares da antiga loja foram transformados num estacionamento com 884 vagas. Acima deles, foram construídos sete novos pavimentos, que abrigarão a nova sede da Johnson & Johnson. Realizado pela BR Properties, o investimento foi de R$ 140 milhões. As obras ficaram a cargo da WTorre Engenharia.
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SINDUSCON-SP EM AÇÃO
ESTUDO DIAGNOSTICA CAUSAS PARA DESTACAMENTO CERÂMICO
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notícias da construção // abr/mai 2016
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O
expressivo aumento na incidência de patologias relacionadas ao destacamento de peças cerâmicas em empreendimentos já entregues chamou a atenção do Comitê de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP (CTQ). A partir da realização de mapeamento, o sindicato constatou que o problema do destacamento dos revestimentos cerâmicos atinge o setor como um todo, sendo observado em todo o Estado de São Paulo. Mais do que isso, patologias com características semelhantes foram observadas em outros Estados, como Paraná, Santa Catarina, Rio de Janeiro e Bahia, além do Distrito Federal. A constatação foi feita pela Comissão de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Comat/CBIC), na qual o SindusCon-SP é representado por seu vice-presidente de Tecnologia e Qualidade, Paulo Sanchez. De acordo com ele, a conclusão foi de que o problema atinge, primordialmente, cerâmicas produzidas por meio do sistema via seca. Dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimentos, Louças Sanitárias e Congêneres (Anfacer) indicam que 70% das cerâmicas do mercado são produzidas por esse sistema, o que permite imaginar a extensão do problema. Por esse motivo, o Grupo de Trabalho do CTQ chegou à conclusão de que seria recomendável que o problema fosse tratado de maneira integrada. Ou seja, reunindo na mesma mesa tanto os representan-
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Patologia tem aumentado em empreendimentos já prontos, principalmente em cerâmicas produzidas por via seca, levando CTQ a firmar compromisso com fabricantes
Não adianta o imóvel ser bem localizado se o anúncio não for. 2
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CTQ está atento ao problema do destacamento
tes da indústria da construção quanto os fabricantes de cerâmica e argamassa. Nesse sentido, a proposta do SindusCon-SP foi a assinatura de um termo de compromisso com a participação da Anfacer, do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos de Cimento (Sinaprocim) e do Sindicato da Indústria de Produtos de Cimento do Estado de São Paulo (Sinprocim). A partir da vigência desse documento, as entidades estariam legalmente comprometidas a dar andamento e finalizar o trabalho conjuntamente. “Um estudo, realizado em São Paulo e no Brasil, irá detectar se esse problema envolve outras empresas com a mesma característica, ou seja, se as cerâmicas que estão caindo foram fabricadas por via seca”, explica Sanchez. “Esse trabalho é importante para que possamos prestar uma orientação mais precisa aos nossos associados”, afirma.
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Fonte: (1) Ipsos Connect: EGM Multimidia, Jan a Dez 2014, 19M, ambos sexos 10 e + anos leitura líquida todos os dias Folha de SP(universo 2.197,000, amostra 1387). (*)amostra30 abaixomil de 30leitores casos. (2) IVCquerem – outubro/2015 trocar– total circulação paga impressa + digital – Folha de S.Paulo: 320.254. (3) Adobe Analytics/Omniture novembro/2015. Fonte: (1) Ipsos Connect: EGM – Jan a Dez 2014, 19M, ambos deMultimidia, imóvel no momento.1* sexos 10 e + anos leitura líquida todos os dias Folha de SP(universo 2.197,000, amostra 1387). (*)amostra abaixo de 30 casos. (2) IVC – outubro/2015 – total circulação paga impressa + digital – Folha de S.Paulo: 320.254. (3) Adobe Analytics/Omniture – novembro/2015.
SINDUSCON-SP EM AÇÃO
POR MELHORIAS NO CONCRETO, CTQ FIRMA PARCERIA COM ABESC
CTQ BUSCA ALINHAMENTO COM EMPRESAS DE ELEVADOR
Entidades se comprometem a dialogar sobre problemas relacionados a atrasos na entrega e a divergências entre especificação e produto final
Com criação de grupo técnico, objetivo é reunir fabricantes e construtores para padronizar procedimentos e reduzir problemas relacionados a prazos de entrega, instalação e assistência técnica
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notícias da construção // abr/mai 2016
JORGE ROSENBERG
A
pós ter sido procurado pela Associação Brasileira de Empresas Prestadoras de Serviços de Concretagem (Abesc), o Comitê de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP (CTQ), decidiu retomar as atividades do grupo de trabalho dedicado a desenvolver estudos relacionados ao concreto. “Nós sempre tivemos um GT para cuidar desse assunto. Ele ficou um tempo inativo, mas, como a própria Abesc nos procurou para trabalharmos juntos, achamos interessante reativá-lo”, comenta o vice-presidente de Tecnologia e Qualidade do sindicato, Jorge Batlouni. A retomada do diálogo entre as entidades terá como objetivo solucionar problemas recorrentes que têm ocorrido no fornecimento de concreto, tanto no que diz respeito ao papel das concreteiras quanto no que tange às construtoras. É por isso que a proposta apresentada pelo coordenador do CTQ, Yorki Estefan, ao presidente da Abesc, Jairo Abud, sugere a aferição da resistência do concreto a partir de coleta feita nas concreteiras e nas construtoras, com posterior envio a laboratório credenciado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). Além disso, é desejo dos membros do CTQ que todas as usinas de uma mesma empresa sejam certificadas, com controle periódico a cada três meses. De acordo com Batlouni, “a qualidade do concreto recebida na obra é fundamental para a qualidade das estruturas, mas há um outro ponto importante, que é a qualidade do serviço fornecido pelas concreteiras”, diz. Nesse sentido, ele destaca problemas relacionados à pontualidade na entrega e à qualidade dos caminhões e das bombas de concreto, dentre outros. “O conjunto qualidade do concreto mais a qualidade do serviço de concretagem é que permite uma boa concretagem no canteiro”, assegura, lembrando que o grupo de trabalho tem a função de buscar a excelência nesse serviço. A expectativa é de que as entidades atuem conjuntamente para definir quais serão os pontos a serem trabalhados, sempre visando não apenas à
Problemas com concreto são recorrentes
melhoria dos serviços fornecidos pela concreteira, mas também à reativação de um contrato padrão entre o SindusCon-SP e a Abesc. Dessa maneira, acredita Batlouni, as empresas associadas contarão com regras básicas préestabelecidas e acordadas. O empresário acredita que o ponto mais importante da parceria é o comprometimento, por parte da Abesc, em garantir que o concreto contratado junto aos seus associados atinja a resistência solicitada. “O transtorno de se verificar um concreto de resistência inferior ao projetado e adquirido em uma obra é imenso, pois gera um grande prejuízo, podendo impactar fortemente no prazo da obra”, alerta. Além de Batlouni, integram o GT André Gloglowski, Luiz Lucio e Renato Soffiatti. O encontro que determinou a retomada dos trabalhos do GT de concreto e, consequentemente, do relacionamento entre as entidades contou também com a participação do diretor da Abesc, Arcindo Vaquero, e do representante da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), Antonio Parente.
Atrasos prejudicam produtividade
A
fim de tratar de problemas recorrentes relacionados ao fornecimento e à instalação dos equipamentos de transporte vertical de pessoas em empreendimentos imobiliários, os integrantes do Comitê de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP (CTQ) receberam, em reunião realizada em abril, representantes de diversas empresas fabricantes de elevadores. O encontro teve como objetivo a formação de um grupo de trabalho (GT) para tratar de situações comumente encontradas nos canteiros de obra. Dentre elas, atrasos nas entregas, falhas de planejamento, falta de comprometimento da mão de obra dos instaladores,
desinformação das gerências dos fornecedores em relação aos problemas de montagem e demora no atendimento da assistência técnica dos pós-venda. De acordo com Rodrigo Fairbanks von Uhlendorff, integrante do GT, a iniciativa visa à “montagem de um procedimento-padrão entre as construtoras e os fabricantes de forma a facilitar passos e controle de materiais e prazos”. Ou seja, estabelecer regras para o relacionamento entre as empresas, alinhando responsabilidades e expectativas. Isso porque, conforme pontua Yorki Estefan, coordenador do CTQ, o resultado mais evidente das falhas de comunicação entre construtoras e fornecedoras é a “perda de pro-
dutividade nos canteiros de obra devido ao não cumprimento de prazo por parte das empresas fornecedoras de elevadores”. Formado por Uhlendorff, diretor de operações da Plano&Plano, Ewerton Bonetti, gerente técnico da Gafisa, além de representantes das empresas de elevadores Atlas Schindler, Otis, ThyssenKrupp, Mitsubishi Eletric e Hyundai, o GT é coordenado por Flavio Cantor Kuperman, da Cyrela. Conforme explica Estefan, o GT terá atuação contínua, visando “criar um canal permanente de informação entre as construtoras sobre o desempenho da indústria fornecedora e estabelecer com os fornecedores uma relação justa e produtiva”.
AGENDA
EVENTOS MAIO
JUNHO
RODADA TENDÊNCIAS
• SEMINÁRIO CONSTRUÇÃO SP SUSTENTÁVEL
Dia 18, em São Paulo
Dia 2, em São Paulo
SEMINÁRIO CENTRO DE MEDIAÇÃO
• 12º SEMINÁRIO TECNOLOGIA DE SISTEMAS PREDIAIS
Dia 24, em São Paulo
Dia 8, em São Paulo
MAIO
• INSS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
CURSOS • MEDIÇÕES EM OBRAS E SERVIÇOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL Dia 30, na Regional Ribeirão Preto
• CONTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL – TRIBUTOS E RETENÇÕES Dia 31, na sede do SindusCon-SP, em São Paulo
• INSS NA CONSTRUÇÃO CIVIL Dia 31, na sede do SindusCon-SP, em São Paulo JUNHO
• E-SOCIAL – NOVOS PROCEDIMENTOS OFICIALIZADO PELO DECRETO 8.373/2014 Dia 8, na Regional São José dos Campos
• INCORPORAÇÃO DE EDIFÍCIOS COM PROF. JAMIL RAHME De 7 a 10 e de 13 a 16, em São Paulo De 18 a 21, na Regional Sorocaba De 23 a 26, aa Regional Ribeirão Preto
Dia 9, na sede do SindusCon-SP, em São Paulo
• TERCEIRIZAÇÃO DE SERVIÇOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL Dia 9, em Araraquara
• SPED ECF (ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL FISCAL - NOVA DIPJ DIGITAL) E SPED CONTÁBIL (ECD) Dia 10, na sede do SindusCon-SP, em São Paulo
• CONTROLES INTERNOS: UMA FERRAMENTA PARA REDUÇÃO DOS CUSTOS E AUMENTO DOS LUCROS E DA SEGURANÇA DE SUA EMPRESA Dia 14, na Regional Campinas
• CONTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL – TRIBUTOS E CONTRIBUIÇÕES Dia 15, na Regional São José do Rio Preto
• GESTÃO DE CUSTOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL Dia 15, na Regional Ribeirão Preto
Informações: www.sindusconsp.com.br Inscrições: cursos@sindusconsp.com.br ou (11) 3334-5600
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notícias da construção // abr/mai 2016
INOVAÇÃO
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Peças têm 20 metros e pesam até 100 toneladas
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Inovação à beira-mar Com balanços de até 70 metros e aletas móveis, cobertura metálica do Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, exigiu soluções inéditas de projeto e de logística, além de ensaios completos em túnel de vento
C
oncebido pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava, o Museu do Amanhã, uma das principais obras do programa Porto Maravilha, conta com estrutura principal em concreto e uma cobertura metálica que apresenta balanços de 65 m e 70 m. Com projeto de Flavio D’Alambert, da Projeto Alpha Engenharia de Estruturas, a estrutura metálica é ancorada em apenas dois pontos fixos. Os outros apoios da estrutura, que tem cerca de 330 m de comprimento, permitem o deslocamento horizontal dos elementos a fim de evitar esforços de dilata-
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ção ao conjunto. Assim, forma-se um monobloco treliçado com laterais inclinadas de altura variável. “Cada detalhe foi exaustivamente simulado e discutido, uma obra desta complexidade envolve o trabalho e o conhecimento de vários profissionais”, conta o projetista da estrutura, ao comentar sobre o desenvolvimento de soluções inovadoras e arrojadas relacionadas não apenas aos grandes balanços, responsáveis por esforços elevadíssimos, mas também à construção contínua, ao local da construção próximo ao mar, o que dificultou a logística de transporte e montagem das peças, entre outros aspectos.
notícias da construção // abr/mai 2016
Localizado em um píer, exposto à incidência de vento a partir de diversas direções, a edificação passou por ensaio de carregamento estático na cobertura e nas fachadas para dimensionamento de esquadrias. Os estudos foram realizados no túnel de vento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). Com perfis do tipo caixa com dimensões de 1 x 1 metro até 1 x 1,5 metro, a estrutura metálica foi pintada de branco para reduzir a absorção de calor. Soldadas em canteiro, as peças foram fornecidas com 20 metros de comprimento, pesando até 100 toneladas. De acordo com D’Alambert, o objetivo era desenvol-
Soldagem passou por diversas etapas de controle
ver a estrutura mais padronizada e seriada possível. Entretanto, devido a exigências inerentes ao formato e ao comportamento estrutural, houve a necessidade de muitos enrijecimentos localizados, o que dificultou o projeto e a fabricação das peças. “São mais ou menos 150 peças diferentes, número exagerado, se não fosse uma obra tão especial”, comenta. O procedimento de soldagem – especialmente nos pontos que exigiram enrijecimento localizado – passou por controle de execução baseado em vistoria visual, testes de líquido penetrante nas soldas de filete e ultrassom nas soldas de penetração total. Os balanços de grandes dimensões exigiram um detalhado procedimento de descimbramento da estrutura metálica que afetou, inclusive, o desenvolvimento do projeto. Como resultado, a cobertura foi fabricada com uma contraflecha que foi compensada pelo carregamento de seu próprio peso após a remoção dos escoramentos. O processo em si levou dois dias para cada um dos dois lados do balanço, com medição de topografia, monitoramento do conjunto de soldas, dos pilares e das paredes.
Estrutura foi pintada de branco para reduzir a absorção de calor
3
DADOS GERAIS Área total 33.000,77 m2 Área construída 18.240,95 m2 Funcionários 1.200 no pico das obras (diurno e noturno) Espelho d’água 9.200 m2 Tamanho da estrutura 338,34 m de comprimento e 20,85 m de altura Peso da cobertura metálica 3.810 t Placas fotovoltaicas 5.492
DEMAIS ESTRUTURAS Para suportar a carga da estrutura principal, da cobertura metálica e também as cargas de operação do Museu do Amanhã, a edificação conta com fundações independentes da estrutura do Píer Mauá. São, no total, 2.500 estacas para vencer os 20 m até a camada de rocha. Dessas, 1.500 são estacas metálicas e mil estacas-raiz. Já a estrutura da edificação
em si é composta por paredes de concreto armado. O desafio dessa etapa foi logístico, pois, com uma taxa de armadura de 250 kg/m³ de concreto, foram enfrentadas dificuldades para a montagem das fôrmas e da armação. Tais paredes, assim como pilares e galeria técnica, receberam concreto com 50 MPa de resistência. Para lajes e vigas, o concreto tem 30 MPa. Visando à categoria Ouro da certificação Leadership in Energy and Environmental Design (Leed), o Museu do Amanhã conta com sistemas para redução do consumo de água. Assim, a água da chuva é utilizada para irrigação e nos vasos sanitários. Com isso, 70% da água utilizada no edifício é de reúso. Aproveitando sua localização, a água do mar é utilizada no sistema de ar-condicionado, reduzindo o consumo de energia. Como essa água é aquecida no equipamento, para ser devolvida ao oceano em sua temperatura original ela é conduzida a uma cascata na área do museu. A grande quantidade de elementos inovadores presentes no projeto exigiu intensa compatibilização entre as disciplinas envolvidas, o que foi alcançado com uso do BIM. www.sindusconsp.com.br
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INDICADORES // ANÁLISE
INDICADORES
Expectativas melhoram, mas empresários seguem pessimistas
O
emprego com carteira na construção terminou o primeiro trimestre com queda de 14,1% na comparação com o mesmo período do ano passado. Vale lembrar que, no primeiro trimestre de 2015, o emprego registrou queda de quase 6%. Assim, a queda na comparação com a base já deprimida do ano passado mostra que a atividade setorial segue contraindo. Em relação a março de 2015, a construção perdeu 474 mil postos. A retração do mercado de trabalho continua disseminada entre os segmentos do setor e por todas as regiões do País. As atividades que representam os estágios iniciais do processo produtivo – Engenharia e Projetos e Preparação de Terrenos – mantiveram tendência de forte declínio, sinalizando que não há retomada à vista. Ou seja, não há indicação de obras iniciando em volume para reverter o ciclo de queda nos próximos meses. No entanto, a pesquisa de ocupação do IBGE (PNAD Contínua) vem apontando um ritmo de declínio menos acentuado: no trimestre findo em fevereiro, na comparação com o mesmo período do ano anterior, o total de ocupados na construção registrou ligeira queda de 0,18%. A diferença entre os números da pesquisa de emprego formal e de ocupação
sugere um aumento da informalidade na economia e no setor. Os reflexos da atividade declinante da construção também podem ser percebidos nos demais elos da cadeia setorial. A produção da indústria e o volume de vendas do comércio varejista de materiais de construção fecharam os dois primeiros meses do ano com taxas negativas de 17,4% e 14,8% respectivamente, na comparação com o ano passado. A produção de cimento caiu
EM UM SETOR DE CICLOS LONGOS, NÃO HÁ COMO ESPERAR UMA MUDANÇA DE SINAL EM 2016 15%. Esses são os efeitos da retração do investimento no País, que, de acordo com a FGV/IBRE, deve ser da ordem de 10% em 2016. Enfim, em um setor de ciclos longos como o da construção, não há como esperar uma mudança de sinal dos principais indicadores em 2016, que irão refletir mais um ano de encolhimento da atividade. A única melhora possível pode ocorrer na confiança, a depender do fim das incertezas políticas e econômicas do atual cenário. A Sondagem da FGV realizada em abril apontou a segunda melhora consecutiva
das expectativas dos empresários da construção. Mas o indicador permanece muitos pontos abaixo do patamar otimista, o que não permite vislumbrar ainda uma retomada. A falta de demanda é atualmente a maior dificuldade dos negócios para empresas do setor, seguida pela dificuldade de acesso ao crédito. De fato, a queda nas vendas e o aumento dos distratos no mercado imobiliário mostram que o ciclo no segmento de edificações residenciais ainda não chegou ao fundo do poço, um efeito da retração do crédito, da renda e do aumento do desemprego. A confiança das famílias está muito baixa e o comprometimento da renda com um financiamento de longo prazo exige um ambiente mais favorável. O Programa Minha Casa, Minha Vida pode ser um contraponto e contribuir para reduzir o impacto negativo do encolhimento do mercado de média renda. No que diz respeito à área de infraestrutura, embora tenha sido observada melhora mais forte nas expectativas da área, o quadro também se mantém pessimista. Um quadro macroeconômico mais favorável pode repercutir mais rapidamente no lançamento de novos projetos de concessões e PPPs. De todo modo, em qualquer cenário, o efeito sobre a atividade não será percebido em 2016.
Emprego na construção paulista por Regional SindusCon-SP Estoque de empregados, participação % e variações - mar/2016 Regionais
Estoque
Particip.
*Variação (%)
*Variação absoluta
(%)
Mês*
Ano
12 meses
Mês*
Ano
12 meses
-6,20
-7,60
-1.485
-2.890
-3.519
Santo André
42.796
5,62
-3,35
Campinas
81.133
10,66
-1,19
-8,80
-9,36
-979
-7.908
-8.381
Bauru
22.284
2,93
-2,43
-10,25
-11,23
-556
-2.592
-2.820
São José do Rio Preto
30.391
3,99
-1,70
-5,67
-7,36
-526
-1.850
-2.415
Ribeirão Preto
50.312
6,61
-1,94
-9,79
-10,55
-997
-5.524
-5.931
8.898
1,17
-0,27
-12,68
-10,14
-24
-1.284
-1.004
345.563
45,38
-0,54
-11,63
-11,87
-1.862
-45.765
-46.565
65.717
8,63
-0,91
-10,51
-11,07
-601
-7.783
-8.178
Sorocaba
87.485
11,49
-0,59
-7,86
-7,96
-517
-7.517
-7.569
Santos
26.861
3,53
-0,70
-14,70
-16,49
-190
-4.670
-5.304
761.440
100,00
-1,01
-10,26
-10,75
-7.737
-87.782
-91.686
Presidente Prudente São Paulo São José dos Campos
Total
Emprego na construção paulista por setores Estoque de empregados, participação % e variações - mar/2016 Segmento
Estoque
Preparação de terreno
Particip.
*Variação (%)
*Variação absoluta
(%)
Mês*
Ano
12 meses
Mês*
Ano
12 meses
35.421
4,65
-0,61
-11,22
-11,47
-218
-4.504
-4.590
Imobiliário
221.471
29,09
-1,19
-13,56
-14,08
-2.677
-35.149
-36.303
Infraestrutura
108.683
14,27
0,65
-4,78
-4,10
703
-5.426
-4.642
Obras de instalação
132.008
17,34
-2,44
-9,81
-11,23
-3.300
-14.590
-16.701
70.356
9,24
-1,20
-9,58
-9,73
-853
-7.511
-7.581
567.939
74,59
-1,10
-10,50
-10,95
-6.345
-67.180
-69.817
66.947
8,79
-0,18
-6,63
-7,12
-120
-4.774
-5.134 -9.938
Obras de acabamento Obras Incorporação de imóveis Engenharia e arquitetura
72.769
9,56
-0,54
-11,85
-12,02
-394
-9.878
Outros serviços
53.785
7,06
-1,61
-9,84
-11,22
-878
-5.950
-6.797
Serviços
193.501
25,41
-0,71
-9,55
-10,15
-1.392
-20.602
-21.869
Total
761.440
100,00
-1,01
-10,26
-10,75
-7.737
-87.782
-91.686
* Variação: Ano - Acumulado no ano contra o mesmo período do ano anterior; 12 meses - Variação do mês contra o mesmo mês do ano anterior
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ANA MARIA CASTELO
Mestre em Economia pela USP, professora no MBA da Construção e coordenadora de projetos na FGV, coeditora da revista Conjuntura da Construção e consultora do SindusCon-SP
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notícias da construção // abr/mai 2016
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CLASSIFICADOS
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CLASSIFICADOS
VÃO LIVRE
NOVIDADES DO MERCADO
“SUSTENTABILIDADE É UMA QUESTÃO DE CRENÇAS E VALORES”
Especial Feicon Batimat 2016 Empresas aproveitaram a principal feira do setor da construção civil para apresentar novidades em suas linhas de produtos. Economia no uso de recursos naturais, desempenho superior e praticidade de instalação e de manutenção pautam as inovações das empresas 1 JANELAS E PORTAS JORGE ROSENBERG
TERMOACÚSTICAS E CHUVEIROS ECONÔMICOS Com foco no consumo consciente e na economia de água, a Deca levou à Feicon uma linha de chuveiros capaz de misturar ar à água. Com isso, afirma a empresa, é possível reduzir o consumo entre 45% e 80% sem comprometer o conforto do usuário no momento do banho. Um dos produtos apresentados é o chuveiro Cubo nas versões teto e parede e que tem vazão de água de 12 litros por minuto. A linha Balance, informa a Deca, utiliza a tecnologia dos restritores de vazão constante, responsável por economia de até 70% no consumo de água.
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PORTA FÁCIL A Pormade aproveitou a Feicon para lançar a linha Porta Premium, que conta com batentes brancos e portas com tonalidades diferentes. Assim como as demais portas prontas da Pormade, essa linha é fornecida em kits que contêm, além da própria porta, batentes, guarnições para ambos os lados, fechadura, dobradiças, borracha amortecedora e acabamento em verniz ou prime. No estande da empresa também era possível conhecer o novo rodapé composto em madeira e PVC que tem 15 cm de altura.
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AQUECIMENTO DE PISCINAS Os novos coletores solares para piscina HelioPP, da Heliotek, proporcionam, conforme a empresa, uma instalação mais econômica. Isso porque contam com módulos largos, que reduzem o uso de acessórios. Feito de polipropileno atóxico, o produto é resistente aos raios UV e aos produtos químicos utilizados na limpeza da piscina, como cloro e ozônio. A empresa apresentou, ainda, sua nova geração de bombas de calor, a Heliotemp Evolution. Os benefícios, informa a Heliotek, são a economia de energia elétrica com menor geração de ruído. O equipamento conta com painel eletrônico de controle diferenciado e prático, assegura a fabricante.
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notícias da construção // abr/mai 2016
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REVESTIMENTO ISOLANTE O estande da Sto na Feicon apresentou as principais linhas de produtos e acabamentos da empresa, como os revestimentos para fachadas StoTherm Classic e StoTherm NExT. De acordo com a fabricante, os sistemas proporcionam isolamento térmico com baixa manutenção às edificações, resultando em controle eficiente da temperatura nos ambientes internos. Além disso, afirma a Sto, os revestimentos, fabricados em placas de poliestireno (EPS), são fornecidos em cinco diferentes espessuras com texturas em resina acrílica e silicone.
// CONVERSA COM FABIO VILLAS BÔAS
No início de abril, o diretor técnico da Tecnisa, Fabio Villas Bôas, assumiu a coordenação do Comitê de Meio Ambiente do SindusCon-SP (Comasp), em substituição a André Aranha, diretor da InMAX Tecnologia de Construção. O engenheiro civil destaca que terá o desafio de dar “continuidade ao intenso e importante trabalho realizado por seu antecessor na divulgação e incentivo à construção sustentável”.
Notícias da Construção // Na sua visão, como a questão da sustentabilidade impacta o setor da construção civil? Fabio Villas Bôas // O setor é totalmente afetado pelas questões relativas ao meio ambiente. Emissão de carbono, consumo de energia, consumo de água e de outros recursos naturais fazem parte da nossa atividade. Uma empresa que tenha responsabilidade com a sociedade e que respeite o futuro do planeta tem que, obrigatoriamente, incorporar práticas sustentáveis. Esta é uma tendência irreversível, mas é importante que a sustentabilidade seja um conceito incorporado à cultura da empresa, pois somente assim isso irá se refletir em suas ações no dia a dia. NC // O senhor é diretor da Tecnisa, uma empresa que tem um grande portfólio de produtos com diversas características de sustentabilidade. Construir imóvel sustentável tem apelo de mercado? FVB // Sem dúvida, é um grande diferencial. Na Tecnisa costumamos dizer que “para ser verde é preciso estar no azul”. Temos pesquisas que indicam que o consumidor valoriza, e muito, produtos que proporcionam um baixo consumo de água e de energia elétrica, por exemplo, assim como a existência de áreas verdes e todas as soluções social e ambientalmente corretas. Hoje, buscamos produzir imóveis cada vez mais sustentáveis, pois essa é uma exigência da sociedade. NC // Que recomendação o senhor faz para uma empresa que queira trabalhar essa pauta? FVB // Sustentabilidade é uma questão de crenças e valores. Todos os colaboradores têm que se conscientizar da responsabilidade da empresa e incorporar o conceito no dia a dia. É preciso ter um olhar para dentro de casa e criar programas estratégicos para que os objeti-
vos desejados sejam alcançados. É importante ressaltar que ser sustentável não é fazer favor algum. Ao promover o uso racional dos recursos naturais, a empresa obtém ganhos financeiros com a redução de custos, elimina seus riscos e valoriza a marca. NC // Como as questões da sustentabilidade e da inovação se relacionam? FVB // A inovação tecnológica favorece a sustentabilidade ao oferecer opção para a otimização dos resultados. Quando, por exemplo, é desenvolvido um novo produto que dá à fachada do edifício uma característica autolimpante, se propicia economia de água e sequestro de carbono. A tecnologia do LED diminui a exigência de carga e, com isso, os gastos de implantação e operação dos sistemas elétricos. Esse tipo de inovação diminui o custo de manutenção ao longo da vida útil do imóvel, e este é um conceito que pouco a pouco vai sendo incorporado pelo mercado imobiliário brasileiro. NC // Quais são as principais pautas do Comasp, hoje? FVB // São várias: a gestão dos resíduos da construção, com a implantação do Sigor, as pegadas de carbono e hídrica, o uso de madeira legal, o reaproveitamento de áreas contaminadas, a formação de profissionais especialistas em questões ambientais. O Comasp também está trabalhando a questão da emissão de ruídos na cidade de São Paulo em conjunto com a Câmara Municipal, questões do verde e das áreas contaminadas com a Secretaria Estadual do Maio Ambiente. Por meio do Comasp, o SindusCon-SP tem, efetivamente, se tornado um importante parceiro do setor público na melhoria da qualidade de vida nas cidades paulistas. www.sindusconsp.com.br
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O Prêmio da Construção
OPINIÃO
De volta à estabilização: por uma estratégia de política econômica e coragem para montar a sequência de ajustamento, como num jogo com peças de dominó. Os economistas ortodoxos recomendam começar pelo ajuste fiscal. Mas a experiência mostra que recessão e cortes de gastos podem ser contraditórios. A queda da atividade reduz as receitas do governo e os cortes de gasto reduzem ainda mais a atividade, numa espiral negativa. Ao mesmo tempo, ainda fazemos uso amplo da indexação de contratos, o que confere resistência à inflação. E o efeito das taxas de juros sobre os índices de preço
RECONQUISTAR A CREDIBILIDADE EXIGE TEMPO E ATITUDES é lento. Se a inflação está caindo nos últimos meses, isso só vem acontecendo por conta da gravidade da recessão. Tudo isso sugere que a sequência de estabilização deve começar pela frente cambial. É necessário restabelecer o regime de flutuação administrada, deixando claro que o Banco Central estará pronto para evitar volatilidade excessiva, mas não tem nenhum alvo para o dólar. A estabilização cambial, sem tentativas de valorização artificial do real, estimula tanto a exportação
ROBSON GONÇALVES
Economista, professor e coordenador de projetos da Fundação Getulio Vargas
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notícias da construção // abr/mai 2016
JORGE ROSENBERG
E
ntre 1999 e 2011, a política econômica brasileira contou com três pilares: metas para a inflação; o equilíbrio fiscal; e flutuação cambial administrada. Esse padrão atravessou o segundo mandato do presidente FHC e toda a “era Lula”. A partir do segundo semestre da primeira gestão Dilma, tudo mudou. Em agosto de 2011, com a inflação acima do limite superior da meta (6,5%), a Selic passou a ser rapidamente reduzida. Na sequência, a taxa de câmbio se tornou muito mais volátil. Por fim, as “pedaladas” colocaram em xeque o equilíbrio fiscal. Avaliada por seus resultados, a “nova matriz” falhou. Inflação em alta e crescimento em baixa até a recessão foram seu legado. A questão que se coloca hoje é: Como desenhar uma nova estratégia de política econômica, sem apelar para “planos” ou medidas exóticas? O marco zero se chama credibilidade. Até hoje, nada foi posto no lugar da tal “nova matriz”, e, por isso, a incerteza impera. Reconquistar a credibilidade exige tempo e atitudes, mais do que apenas boas intenções, além de pessoas nos postos-chave, sobretudo no Ministério da Fazenda e no Banco Central, que saibam se comunicar com empresários, investidores e trabalhadores. A partir daí, é preciso paciência
quanto os ingressos de capital. Como efeito secundário, também estabiliza os preços no atacado, dando maior previsibilidade à formação de preços no varejo. O passo seguinte é a restauração do regime de metas para a inflação. Isso passa, como ocorreu no primeiro ano da gestão Lula, pela adoção de uma trajetória de longo prazo, isto é, metas críveis para a inflação nos próximos três anos. Mas o Bacen deve sinalizar com clareza que a trajetória da inflação será declinante. O efeito mais imediato dessa sequência de estabilização deve ser a recuperação da confiança do consumidor e do empresário. Isso, por sua vez, resulta no que os economistas chamam de “impulso autônomo de demanda”, isto é, a recuperação do consumo e do investimento devido à melhora das expectativas quanto ao futuro do ambiente econômico, ainda que as condições presentes não sejam as melhores. A recuperação da atividade econômica e da arrecadação torna muito mais viável o ajuste fiscal. Conter despesas enquanto as receitas crescem reduz o desequilíbrio das contas públicas, reforçando a credibilidade da estratégia como um todo. Em resumo: sequência, paciência e precisão se mostram essenciais para uma estratégia eficiente de estabilização.
ROBERTO ARAGÃO
Economista e mestre em Administração Pública e Governo pela Escola de Administração de Empresas da FGV
Desde a sua fundação há mais de 52 anos, o Seconci-SP busca proporcionar saúde e segurança ao trabalhador da construção. O Prêmio Seconci-SP de Saúde e Segurança do Trabalho valoriza essas melhores práticas nos canteiros de obras em todo Estado de São Paulo, e vai premiar obras residenciais, comerciais, industriais, esportivas, portuárias, aeroportuárias, educacionais, hospitalares e obras de arte (pontes e viadutos). Inscreva a sua obra.
Vencedores da 3ª edição do Prêmio
Categorias Controle de Perigos e Riscos no Canteiro Controle da Saúde no Canteiro Gerenciamento Ambiental do Entorno da Obra
Regionalização A divisão do Estado em 7 diferentes regiões tem o objetivo de incentivar a participação das pequenas e médias construtoras de cada região.
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Parceria
Juntos para fortalecer a Construção Para mais informações fale com nossas Unidades Regionais: São Paulo (11) 3664-5844/ 5059, ABC (11) 4427-7820, Bauru (14) 3570-1033, Campinas (19) 3231-4291/4199, Baixada Santista (13) 3278-0321/0320, Mogi das Cruzes (11) 4793-6452, Piracicaba (19) 3435-1968, Ribeirão Preto (16) 3604-0304/0305, São José dos Campos (12) 3921-5108, Sorocaba (15) 3221-0017
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