Revista Notícias da Construção - Edição 154

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Nº 154 ano 13 jun 2016

NOVAS EXPECTATIVAS Primeiras medidas do novo governo reduzem o pessimismo e elevam o índice de confiança dos empresários, apontando para o fim da crise

DEBATE Prefeito Fernando Haddad inaugura fórum de discussão sobre a cidade de São Paulo

TECNOLOGIA Estruturas e BIM são os temas em destaque no mês

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EDITORIAL

MEDIDAS PARA ESTIMULAR A CONSTRUÇÃO SÃO ESTRATÉGICAS JOSÉ ROMEU FERRAZ NETO Presidente do SindusCon-SP

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ecorridas as primeiras semanas do governo interino, o clima de esperança na solução da crise deu lugar a um sentimento de cautela. As primeiras medidas adotadas por uma equipe econômica respeitável foram coerentes com o almejado reequilíbrio das contas públicas, necessário à retomada do crescimento. No entanto, a precariedade da conjuntura política ameaça a implementação das medidas. Novos desdobramentos da Operação Lava Jato somaram-se à dificuldade de acomodação dos múltiplos interesses da base de sustentação do governo no Congresso. A crise política estende-se e assume novos componentes de incerteza. O governo interino ainda dispõe de munição para levar adiante as medidas necessárias à saída da crise econômica. Para tanto, também precisa adotar ações estimulem o crescimento do emprego, sem prejuízo no combate ao desajuste fiscal. A indústria da construção, por seu potencial de geração rápida e maciça de empregos, deveria ser a protagonista desta retomada. O Programa Minha Casa, Minha Vida 3, que começou a ser retomado timidamente, precisa voltar com força total e conveniado com Estados e municípios.

No final de junho, o Ministério das Cidades estudava propostas de reativação do programa, feitas pelo nosso setor. A União bancaria apenas os subsídios destinados à faixa 1, de renda familiar mensal de até R$ 1,8 mil. Os subsídios das faixas 2 e 3 sairiam do lucro das aplicações do FGTS. A faixa 2 teria os juros diminuídos e o valor do subsídio, elevado. A faixa 1,5 seria reavalia-

A INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO, POR SEU POTENCIAL DE GERAÇÃO RÁPIDA E MACIÇA DE EMPREGOS, DEVERIA SER PROTAGONISTA DA RETOMADA da, com a volta da organização da demanda pelo mercado. A fase 3 do programa é sustentável, segundo estudo realizado pelo Ibre/FGV para a CBIC. Se a meta de execução dos 2 milhões de unidades habitacionais fosse mantida, o dispêndio de R$ 7,25 bilhões em subsídios seria largamente compensado pela arrecadação de R$ 12,98 bilhões em tributos.

O estudo alerta que, se a fase 3 fosse cancelada, deixariam de ser gerados R$ 145,7 bilhões em valor agregado para o PIB, dos quais R$ 79 bilhões na indústria da construção; 2,8 milhões de postos de trabalho não seriam criados e R$ 37,3 bilhões em tributos deixariam de ser arrecadados. Outra providência necessária consiste em facilitar o acesso aos financiamentos imobiliários. Os investidores e as famílias ressentemse da rigidez na concessão dos créditos e dos juros elevados. O funding da poupança continua minguando. É preciso encontrar soluções, com a Caixa e o Banco do Brasil liderando esse processo. Também é necessário agilizar as providências para colocar em pé as concessões e as parcerias público -privadas da União, dos Estados e dos municípios, com retornos atrativos fixados pelo mercado, a desburocratização nos licenciamentos e os estímulos à participação de pequenas e médias empresas. O tempo é curto. Quanto mais cedo essas medidas forem implementadas e resultarem em estímulo ao emprego, mais o governo interino se fortalecerá para enfrentar o cenário político instável e pavimentar o caminho de retomada do crescimento. www.sindusconsp.com.br

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SINDUSCON-SP DIGITAL

DESTAQUES DO PORTAL WWW.SINDUSCONSP.COM.BR POR ENZO BERTOLINI

PRESIDENTE DO SINDUSCON-SP RECEBE HOMENAGEM DA SAINT-GOBAIN José Romeu Ferraz Neto foi homenageado pela Saint-Gobain por seu mandato à frente do sindicato. Presidente da multinacional francesa no Brasil, Argentina e Chile, Thierry Fournier destacou o trabalho realizado por Romeu Ferraz em um momento tão difícil para o setor. Para Fournier, “mais do que nunca, o setor necessita também da contribuição efetiva de instituições que ajudem a enfrentar este momento”.

NOVAS REGRAS PARA ENTREGA DA DCTF POR OPTANTES DO SIMPLES

A partir da competência de maio de 2016, as empresas de construção civil optantes pelo Simples Nacional e que efetuam o recolhimento da Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta (CPRB) deverão apresentar a Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF) também com os valores dos tributos federais não abarcados pelo recolhimento unificado do Simples Nacional, devidos na qualidade de contribuinte ou responsável. SINDUSCON-SP E SECONCI-SP APONTAM FALTA DE CADASTRO E DE CENSO COMO MAIORES DIFICULDADES PARA CONTRATAÇÃO DE PCDS

A Manifestação foi realizada em encontro com o presidente do TST, Cláudio Mascarenhas Brandão, na sede do SindusCon-SP. A criação do cadastro, prevista na Lei Brasileira de Inclusão de PCDs, ainda não ocorreu. Esse dado é fundamental para que se leve adiante a política de inclusão.

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notícias da construção // jun 2016

SINDUSCON-SP DEFENDE MUDANÇAS NO PROJETO DE TERCEIRIZAÇÃO

O presidente do SindusCon-SP, José Romeu Ferraz Neto, e o vice-presidente de Relações Capital-Trabalho, Haruo Ishikawa, se encontraram com Cláudio Mascarenhas Brandão, do Tribunal Superior do Trabalho (TST), e relataram os problemas que o projeto de lei sobre terceirização, aprovado na Câmara dos Deputados e em tramitação no Senado, pode acarretar à indústria da construção. O relato ocorreu na visita que o ministro fez ao sindicato, em 20 de junho, para conhecer as ações do SindusCon-SP e do Seconci-SP para a inserção segura de Pessoas com Deficiência no setor. ACÓRDÃO ABSOLVE EMPRESA DE MULTA E INDENIZAÇÃO POR NÃO CONTRATAR PCDS

Segundo a decisão, embora a empresa tenha a obrigação de atender à contratação de Pessoas com Deficiência de acordo com o disposto na Lei de Cotas (Lei 8.213/91), ela “não pode ser responsabilizada pelo insucesso, quando ficou comprovado que desenvolveu esforços para preencher a cota mínima”.

SÃO PAULO AUTORIZA PARCELAMENTO DE OUTORGA ONEROSA

Desde o dia 10 de junho, a Portaria nº 19 da Secretaria Municipal de Licenciamentos prevê a possibilidade de parcelamento do valor da outorga onerosa do direito de construir. CONSELHO MUNICIPAL DE TRIBUTOS É NOMEADO COM REPRESENTANTES DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Foram nomeados os novos integrantes para o Conselho Municipal de Tributos (CMT) da Prefeitura de São Paulo. Das sete indicações realizadas pelo SindusCon-SP para o andato 2016/2018, dois foram nomeados titulares e cinco, suplentes. PORTARIA DEFINE PRAZO PARA CONSOLIDAÇÃO DE PARCELAMENTOS PREVIDENCIÁRIOS DO ÚLTIMO REFIS

Inicia-se em 12 de julho o prazo para a consolidação dos parcelamentos previdenciários de débitos administrados pela Receita Federal e pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN). No total, 9.975 contribuintes pessoas físicas e 124.723 contribuintes pessoas jurídicas optaram pelos parcelamentos previdenciários do último Refis. DISPONÍVEL A LISTA DE SINDICATOS QUE JÁ TÊM CONVENÇÃO COLETIVA ASSINADA

O SindusCon-SP assinou acordos coletivos com representantes de diversos sindicatos de trabalhadores nas indústrias da construção civil no Estado de São Paulo. Veja a lista completa no site.

SUMÁRIO // JUNHO 2016

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CAPA GOVERNO PROVOCA REVERSÃO DE EXPECTATIVAS, O QUE REDUZ O PESSIMISMO DO SETOR

03 EDITORIAL 04 SINDUSCON-SP DIGITAL 06 DEBATE

FERNANDO HADDAD CONVERSA COM EMPRESÁRIOS DA CONSTRUÇÃO

20 DESTAQUE

PRESIDENTE

José Romeu Ferraz Neto

VICE-PRESIDENTES

Eduardo Carlos Rodrigues Nogueira, Eduardo May Zaidan, Francisco Antunes de Vasconcellos Neto, Haruo Ishikawa, Jorge Batlouni, Luiz Antônio Messias, Luiz Claudio Minnitti Amoroso, Maristela Alves Lima Honda, Maurício Linn Bianchi, Odair Garcia Senra, Paulo Rogério Luongo Sanchez, Roberto José Falcão Bauer, Ronaldo Cury de Capua

DIRETORES DAS REGIONAIS

Elias Stefan Junior (Sorocaba), Fernando Paoliello Junqueira (Ribeirão Preto), Germano Hernandes Filho (São José do Rio Preto), Márcio Benvenutti (Campinas), Mario Cézar de Barros (São José dos Campos), Mauro Rossi (Mogi das Cruzes), Paulo Edmundo Perego (Presidente Prudente), Ricardo Aragão Rocha Faria (Bauru), Ricardo Beschizza (Santos), Sergio Ferreira dos Santos (Santo André)

REPRESENTANTES JUNTO À FIESP

Eduardo Ribeiro Capobianco, Sérgio Porto, Cristiano Goldstein, João Cláudio Robusti ASSESSORIA DE IMPRENSA

Enzo Bertolini (11) 3334.5659, Andrea Ramos Bueno (11) 3334.5701

TECNOLOGIA DE SISTEMAS PREDIAIS

24 FOTO DO MÊS 26 DESTAQUE 1º FÓRUM BIM

29 SINDUSCON-SP EM AÇÃO 37 ARTIGO JURÍDICO

FERNANDO RUDGE LEITE NETO ANALISA ASPECTO DO NOVO CPC

38 REGIONAL 42 POR DENTRO DO CTQ

CONSELHO EDITORIAL

Delfino Teixeira de Freitas, Eduardo May Zaidan, José Romeu Ferraz Neto, Maurício Linn Biachi, Francisco Antunes de Vasconcellos Neto, Odair Senra, Salvador Benevides, Sergio Porto, Ana Eliza Gaido e Rafael Marko.

DESENVOLVIMENTO DE CONTEÚDO

Néctar Comunicação Corporativa (11) 5053.5110 EDITOR RESPONSÁVEL

Paulo Silveira Lima (MTb 2.365-DF) paulo.lima@nectarc.com.br

REDAÇÃO

Renata Justi (editora assistente), Bruno Loturco, Glauco Figueiredo, Andrea Ramos Bueno, Enzo Bertolini e Rafael Marko, com colaboração das Regionais: Bruna Dias (Bauru); Ester Mendonça (São José do Rio Preto); Geraldo Gomes e Maycon Morano (Presidente Prudente); Tatiane Vitorelli (São José dos Campos e Mogi das Cruzes); Marcio Javaroni (Ribeirão Preto); Carla Acquaviva e Sandra Vergili (Sorocaba); Sueli Osório (Santo André) e Vilma Gasques (Campinas).

ARTE E DIAGRAMAÇÃO

Edison Diniz

REVISÃO

A NOVA NORMA DE PISCINAS

Littera Scripta

46 INOVAÇÃO

Comercial SindusCon-SP: Marcio C. Pieralini (11) 3334.5889

A FACHADA DO EDIFÍCIO ÁRBOL

48 ARTIGO TÉCNICO

OSMAR BECERE E CARLOS CARBONE DISCORREM SOBRE REVESTIMENTOS SINTÉTICOS TEXTURIZADOS

54 NOVIDADES DO MERCADO 55 AGENDA 56 VÃO LIVRE

BATE-PAPO COM THIERRY FOURNIER

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JORGE ROSENBERG

DEBATE

FAZER O MELHOR DIANTE DAS CIRCUNSTÂNCIAS O SindusCon-SP está realizando, no decorrer dos meses de junho e julho, uma série de debates sobre a capital paulista, abordando as principais pautas do setor da construção civil. Organizado e promovido por Notícias da Construção, pelo Portal SindusCon-SP e pela TV SindusCon-SP, o “1º Fórum de Debates com os Candidatos a Prefeito de São Paulo” foi aberto no último dia 15 por Fernando Haddad atual prefeito do município.

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ernando Haddad pediu para participar do evento na condição de chefe do executivo municipal, pois sua candidatura ainda não foi homologada por seu partido, o PT. O prefeito ouviu as demandas do setor, relativas a questões tributárias, fiscais, ambientais, imobiliárias e de habitação de interesse social, e apresentou as realizações e os avanços obtidos durante o seu mandato. Ao final do encontro, recebeu das mãos do presidente do SindusCon-SP, José Romeu Ferraz Neto, um documento com as principais propostas para a gestão municipal. Na abertura do debate, Romeu Ferraz fez um resumo das principais demandas da entidade, que têm o objetivo de acelerar o investimento público e privado na cidade. O presidente do SindusCon -SP deu especial ênfase à formação de parcerias público-privadas (PPPs). “O município participa nas PPPs do governo do Estado,

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notícias da construção // jun 2016

mas a gente acredita que a prefeitura tem muito espaço para fazer suas próprias PPPs”, defendeu. Por sua vez, Haddad, na exposição inicial, ressaltou o bom relacionamento do Executivo municipal com o SindusCon-SP – “não poderia ser melhor” – e as dificuldades em governar a cidade em momento de crise econômica. “Temos procurado fazer o melhor possível diante das circunstâncias, que são muito adversas”, pontuou. O prefeito exibiu gráficos, para demonstrar que sua gestão priorizou questões estruturais, que viabilizam o estabelecimento de um ambiente de negócios positivo. O primeiro quadro mostrava que a dívida fundada do município com a União, em valores de abril de 2016, era de R$ 40 bilhões ao final da gestão Celso Pitta, passando para R$ 56 bilhões com Marta Suplicy, indo a R$ 64 bilhões no primeiro mandato de Gilberto Kassab e a R$ 73 bilhões no

segundo mandato. “Hoje, nós temos uma dívida de R$ 30 bilhões, ou seja, nós reduzimos em mais de 50%, por meio de uma renegociação, o que consumiu dois anos do nosso trabalho”, ressaltou. Haddad também mostrou o valor que deveria ter sido pago em precatórios por cada um dos últimos prefeitos e o que foi efetivamente pago. “Isso daí é uma pedalada fiscal. Todas as gestões anteriores deixaram de pagar precatórios na forma da Constituição”, afirmou. “Nós pagamos R$ 600 milhões a mais do que a condenação do período, o que significa dizer que começamos a abater o estoque herdado.” O prefeito disse que, juntamente com o governador Geraldo Alckmin, encaminhou para o Congresso Nacional uma proposta de lei que permitirá o saque de 20% dos depósitos judiciais para zerar os precatórios. O presidente do Seconci-SP, Sérgio Porto, destacou as parcerias que o Serviço Social da Construção

Prefeito paulistano Fernando Haddad chega à sede do SindusCon-SP, para debater com empresários

Civil tem com a prefeitura na administração de unidades hospitalares na periferia de São Paulo. “O Seconci-SP mantém 15 mil colaboradores, entre os quais 4 mil médicos, à disposição da saúde pública no Estado”, relatou Porto. Leia, a seguir, os principais trechos do debate com Haddad. Fernando Haddad // Hoje a nossa dívida, em relação à Receita Corrente Líquida (RCL), está muito abaixo do limite prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal. No caso de Estados, a regra é de 200% da RCL. No caso de municípios – o que é injusto com São Paulo, que é uma cidade maior do que 80% dos Estados –, a regra é 120% da receita. Nossa dívida está um pouco acima de 70% da RCL, o que significa espaço fiscal para financiar o desenvolvimento, para PPPs e muitas outras coisas. Antes não tínhamos espaço nenhum, porque a dívida era de 200% da RCL.

A CIDADE TEM UM POTENCIAL DE DESENVOLVIMENTO MUITO GRANDE; OS INVESTIMENTOS TÊM EVOLUÍDO Nós tínhamos dois gargalos para o nosso desenvolvimento. O primeiro era a dívida com a União, que está 100% resolvido, pois temos até 2030 para pagar o saldo. O segundo, que são os precatórios, já começamos a pagar o estoque com recursos próprios e vamos resolver o problema definitivamente com o saque dos depósitos judiciais. A cidade tem um potencial de desenvolvimento muito grande. Os investimentos têm tido uma evolução: somaram R$ 10 bilhões com a Marta, passaram para R$ 12 bi-

lhões com Kassab e depois para um pouco mais de R$ 15 bilhões. Agora estamos passando dos R$ 17 bilhões. Na gestão Marta, o PIB brasileiro cresceu mais de 10%, com o Kassab o crecimento foi de quase 20%, no primeiro mandato, e 15%, no segundo. Na nossa gestão houve uma retração econômica de 5% no acumulado de quatro anos. Não obstante, batemos recorde de investimentos. Esse investimento de R$ 17 bilhões foi feito em áreas prioritárias. Estamos fazendo hospitais, creches, CEUs, mobilidade urbana, drenagem. Estamos entregado três megaobras de macrodrenagem, fora os R$ 700 milhões investidos na compra de terras para o MCMV. Nós temos 32 mil unidades habitacionais ou entregues ou em construção. E 20 mil licenciadas, com terreno comprado, para iniciar a obra. Vamos fazer mais PPPs na área da habitação social para não depenwww.sindusconsp.com.br

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FOTOS: JORGE ROSENBERG

DEBATE

Haddad ouviu de Romeu Ferraz e de Porto as demandas do setor

der tanto do MCMV. Estamos recebendo imóveis do INSS para o pagamento de dívida do instituto com o município e vamos colocar esses imóveis, que estão no Centro, nessa PPP. Pretendemos licitar o retrofit com manutenção condominial no por 25 ou 30 anos, para fazer locação social subsidiada. Isto está bem desenhado, mas depende das escrituras do INSS, que estão sendo passadas. No mais tardar no primeiro trimestre do ano que vem, lançaremos a PPP de habitação social no Centro para locação subsidiada. Colocaremos os próprios imóveis como garantia para a PPP. Francisco Vasconcellos, vice-presidente do Sinduscon-SP // Há três situações que queremos expor. Na questão dos resíduos da construção, desde que foi criada a CTR Eletrônica temos tentado interagir com a prefeitura, pois essa implantação tem causado problemas às construtoras. Temos a informação de que a Amlurb, em sua nova gestão, está trabalhando nessa questão. Mas, infelizmente, não temos sido convida-

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VAMOS FAZER MAIS PPPS NA ÁREA DA HABITAÇÃO SOCIAL PARA NÃO DEPENDER TANTO DO MCMV dos a participar do Grupo de Trabalho que está discutindo internamente os problemas da CTR Eletrônica. O SindusCon-SP sempre participou e contribuiu, e é importante que a gente participe também agora. Outro ponto fundamental é em relação ao Sigor (Sistema Estadual de Gerenciamento Online de Resíduos Sólidos). Sabemos da sua boa relação com o governador Alckmin, e é muito importante que o município de São Paulo se integre a este sistema de gestão de resíduos estadual. Haddad // Assumo aqui o compromisso de incorporar o SindusCon-SP a essas discussões.

Empresários ouviram com muita atenção o prefeito e o questionaram

Vasconcellos // A segunda questão importante, prefeito, é a das áreas contaminadas na capital. O setor imobiliário não é parte do problema, mas sim parte da solução. Se não fosse o setor imobiliário, o poder público teria que gastar milhões na recuperação das áreas contaminadas órfãs. No entanto, a imagem que é passada para a sociedade é de que o setor imobiliário é o grande especulador que busca, por meio do uso de áreas contaminadas, obter lucro fácil, pondo em risco a vida dos compradores de imóveis. Ora, isso é uma grande inverdade, uma falácia, pois o setor compra essas áreas, faz sua recuperação através do que foi determinado no licenciamento, e as devolve à malha urbana, agregando valor à cidade. E tudo isso é viabilizado pelo processo de valorização imobiliária obtida. Somos a solução do problema e devíamos ser reconhecidos como tal. Tanto o governo municipal, quanto o estadual deveriam defender e esclarecer à opinião pública a importância desse

processo para a sociedade como a grande solução para viabilizar a recuperação de áreas urbanas contaminadas, sem a necessidade de investimentos públicos. Haddad // Mas tem algum obstáculo legal que impeça? Vasconcellos // Não existe obstáculo legal, até porque estamos falando de empreendimentos formalmente e legalmente licenciados. Mas o grande problema é a insegurança jurídica nesses processos de licenciamento. Muitas vezes, após todo o processo de licenciamento, que pode durar meses ou até anos, o empreendimento é embargado judicialmente pelo Ministério Público, questionando os parâmetros adotados e a recuperação proposta. Temos que mudar essa situação e a mudança só vai ocorrer quando o setor, o Ministério Público, o governo e a sociedade definirem o que priorizar em relação ao assunto áreas contaminadas em São Paulo. Sem isso, as expectativas continuarão desalinhadas e o problema não será resolvido.

SÃO PAULO ESTÁ FAZENDO O MAIOR PROGRAMA DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DO MUNDO, COM ILUMINAÇÃO PÚBLICA Haddad // Na área da Mooca/Vila Carioca, teremos um empenho para aprovar ainda este ano. A gente já aprovou a operação urbana da Faria Lima, da Água Branca, e agora está na aprovação da Tamanduateí. Devemos mandar, depois, a Arco Tietê, tendo já resolvido a questão do Ceagesp, que também é uma área contaminada. Todos os grandes empreendimentos em São Paulo, hoje, passam pelo processo de descontaminação. Até os nossos investimentos viários, drenagem, exigem descontaminação. Eu sou parceiro nisso. São Paulo está fazendo o maior programa de eficiência energéti-

ca do mundo, com iluminação pública. Vamos terminar este primeiro ano com 20% de todas as luminárias da cidade trocadas por LED, com previsão de até o final de 2018 ser a primeira grande metrópole do mundo a ser totalmente iluminada em LED. São 600 mil luminárias a trocar em três anos. Instalamos as duas primeiras centrais mecanizadas de triagem da América Latina. Nos próximos dias, vamos universalizar a coleta seletiva nos 96 distritos da cidade. O que foi feito na área de mobilidade urbana – faixa de ônibus, ciclovia, calçada – tudo isso também é meio ambiente. Firmino Matias Lucio Jr., diretor da Lucio Engenharia // Quero parabenizar o senhor pelo que foi feito nesses quatro anos em termos de licenciamento de projetos de habitação de baixa renda. Melhorou muito. Mas agora, estamos numa encruzilhada: aprovamos muita coisa, temos muita coisa pronta para sair. E é muito pouco provável, na minha opinião, que o governo federal volte no curto prazo com o MCMV na faixa 1. Gostaria de saber se existe algum plano para fazer rodar todos os projetos que estão aprovados, depois do grande trabalho que tivemos junto à prefeitura. Haddad // Eu estava animado com o lançamento da fase 3 do MCMV porque seria um caminho para prosseguir com a nova faixa 1,5 e alguma coisa na faixa 1 – as faixas 2 e 3 estão seguindo o seu curso natural. A faixa 1,5, apesar de não ser ideal, contemplaria uma parcela expressiva dos moradores da cidade. São Paulo ficou muito defasado no MCMV. Perdemos a janela de oportunidades, tanto no PAC quanto no MCMV. Conseguimos rewww.sindusconsp.com.br

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verter com a dívida, mas o fato é que nos 10 anos de boom econômico São Paulo não participou do desenvolvimento do Brasil, como ocorreu com Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e Recife – todos cresceram demais. Acho que temos que esperar a sinalização do governo federal. Tenho falado com algumas pessoas, ainda não consegui falar com o ministro das Cidades. Acho que em mais 30, 60 dias, ele vai poder dar uma resposta. A prefeitura tem os imóveis do INSS, os 25% dos Cepacs, os 30% do Fundurb, a parceria com o governo do Estado... Então temos em São Paulo, mais que em qualquer outro lugar, condições de prosseguir. Em último caso, vamos investir recursos próprios para fazer habitação. Mas eu não acho possível que o governo federal vá zerar o MCMV. Maurício Bianchi, vice-presidente institucional do SindusCon-SP // Com relação aos subprefeitos, nós sentimos a falta de capacitação dos profissionais que ocupam esses cargos, para gerir uma cidade como esta. A escolha do subprefeito, na nossa opinião, precisaria obedecer a algumas regras. É preciso ter um preparo muito grande. Subprefeituras nossas são maiores do que grande parte das cidades do interior, e às vezes a gente se depara com um subprefeito que não é absolutamente comprometido com São Paulo como o senhor é. Haddad // A maioria das grandes metrópoles está optando pela eleição do poder local. Se eu for reeleito, vou adotar essa medida. Ainda que eu considere que a maioria dos nossos subprefeitos sejam engenheiros de carreira, com 20, 30 anos de serviços prestados à cidade. Eu

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notícias da construção // jun 2016

JORGE ROSENBERG

DEBATE

Maurício Bianchi cobrou subprefeitos mais bem capacitados para a função

não acreditava nesse modelo, fui convencido. No pleito de 2012, somente o PSOL apoiou a eleição de subprefeito, todos os demais candidatos foram contra. Mas agora, estou convencido de que o modelo de Buenos Aires, Cidade do México, Paris, Cleveland está correto: eleger o poder local. São 400 mil habitantes por subprefeitura – quantas cidades brasileiras têm uma população desse tamanho? São apenas 32 cidades. Não faz muito sentido não dar esse passo. Rodrigo Bicalho, membro do Conselho Jurídico do SindusCon-SP // Queria falar sobre o tema ISS-Habite-se. Primeiro em relação à concessão do Habite-se após a apresentação do certificado de quitação do ISS, algo que já foi decidido pelo STF como inconstitucional, e nós aqui temos uma ação a esse respeito. A segunda questão é relativa à forma de cobrança desse ISS. Acho que temos muito a avançar em relação a isso. Precisamos criar um sistema melhor de cobrança desse imposto. Também há decisões

no tribunal no sentido de que não é possível a cobrança do ISS em cima de metro quadrado. Gostaria de saber o que tem sido feito para mudar a forma dessa questão ISS-Habite-se. Haddad // Eu já tenho um compromisso com o Secovi-SP. Não tinha aqui com o SindusCon-SP, mas faço: assim que aprovar a lei complementar que atualiza a lista de serviços, eu não tenho problema fiscal de resolver a questão do ISS -Habite-se. Está na pauta de votação do Senado. Meu compromisso é resolver isso imediatamente, independentemente da perda de receita. Eu não gosto do atual modelo do ISS-Habite-se, acho equivocado. Estou me comprometendo a abrir um espaço fiscal com a nova lista, com impacto sobre os serviços de construção civil, sobre os serviços de tecnologia, e vamos resolver isso. Mas eu preciso desse espaço fiscal sobretudo em ano eleitoral, pois eu não posso reduzir carga tributária por vedação da Lei de Responsabilidade Fiscal.

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CAPA

REVERSÃO DE EXPECTATIVAS AFASTA O PESSIMISMO DO HORIZONTE Sondagem do SindusCon-SP mostra que o processo de recuperação da confiança do empresário da construção civil teve início logo após as primeiras decisões tomadas pelo novo governo. Lideranças setoriais elogiam a nova equipe econômica e projetam, com ressalvas, a retomada da atividade para 2017

É

ainda precipitado falar em otimismo. Mas aquelas pesadas e enegrecidas nuvens de pessimismo vão aos poucos se dissipando do horizonte da economia nacional. A confiança do empresário da construção civil agora segue uma trajetória ascendente. Esse é o resultado das primeiras semanas de atuação da nova equipe econômica do governo federal. A mudanças dos humores teve

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notícias da construção // jun 2016

início com as nomeações, pelo presidente em exercício, Michel Temer, dos titulares do Ministério da Fazenda e do Banco Central – Henrique Meirelles e Ilan Goldfajn, respectivamente. As primeiras medidas, indicando para o controle da inflação e dos gastos públicos, vieram ao encontro das teses que a classe empresarial e a maioria dos economistas vinham defendendo. “Essa equipe econômica é muito qualificada e muito prepa-

rada. São profissionais respeitados com experiência de grande valor tanto no setor público como no privado”, avalia Rubens Menin, presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc). “O caminho é este mesmo. O grande vilão era o gasto público, que estava incompatível com a realidade brasileira”, afirma José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da

Construção (CBIC). “Não era possível o gasto crescer acima da inflação todo ano”, diz. “As movimentações na linha da diminuição do Estado e do ajuste das contas públicas são positivas”, completa Flavio Amary, presidente do Sindicato da Habitação (Secovi-SP). “Estamos assistindo a uma mudança nos conceitos de gestão.” No início de sua trajetória, o novo governo conta com o apoio das lideranças do setor. “Somos 100% favoráveis às ações comandadas pelo ministro Meirelles. A economia certamente terá uma retomada, desde que a classe política colabore”, analisa o presidente do SindusCon-SP, José Romeu Ferraz Neto. A presidente da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (Asbea), Miriam Addor, vai na

mesma linha. “O apoio do Congresso é fundamental nesta jornada”, afirma. “Colocar as contas em dia, cortar gastos públicos desnecessários, devolver os empregos a 11 milhões de brasileiros, não há de ser tarefa fácil.” Romeu Ferraz destaca a reversão do índice de confiança do empresário da construção. Na última

BETO BARATA_PR

Goldfajn assina o seu termo de posse na presidência do BC, ao lado do presidente Temer e do ministro Meirelles

sondagem realizada pelo SindusCon-SP, fechada em junho, o item Condução da Política Econômica apresentou um crescimento de 331,2%, chegando aos 45,75 pontos. Esse índice, apurado trimestralmente desde agosto de 1999, segue uma escala que vai de 0 a 100, tendo o valor 50 como centro. Abaixo de 50, o índice pode ser interpretado como um desempenho não favorável. Ou seja, apesar do expressivo crescimento do índice, e dos frequentes elogios à capacidade da equipe econômica, a confiança no governo federal ainda não foi restabelecida. OTIMISMO CONTIDO Na sondagem do SindusCon-SP, o item Crescimento Econômico registrou variação positiva de www.sindusconsp.com.br

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CAPA

DESEMPENHO E PERSPECTIVAS DA EMPRESAS DA CONSTRUÇÃO*

Martins está agora menos pessimista

PESSIMISMO NO INDIVIDUAL As expectativas pela melhora do cenário macroeconômico são uma realidade, mas o mesmo não se pode dizer quanto ao desempenho empresarial no setor. Os participantes da sondagem do SindusCon-SP revelam ainda um majoritário pessimismo ao analisar as perspectivas para as suas próprias empresas no curto prazo. Com 68,66 pontos, o componente Dificulda-

des Financeiras registrou queda de 2,2% no trimestre – é importante ressaltar que esse é o único item cujos valores abaixo de 50 significam dificuldades menores. O item Desempenho da Empresa mostra ainda mais pessimismo, com queda de 9,7% no trimestre, atingindo 25,03 pontos. Esse é o mais baixo patamar para o indicador desde o início da sondagem, em agosto de 1999, refletindo o acentuado declínio da atividade setorial. Mas é necessário salientar que os trabalhos do novo governo estão apenas no início e ainda assim já foram capazes de produzir uma mudança no clima do País. “Temos de esperar pela implementação de outras ações, mas a movimentação inicial é positiva”, ressalta Romeu Ferraz. As lideranças empresariais têm convicção de que dias melhores estão por vir. “A retomada da economia, com a recuperação de empregos e a geração de riquezas, passa pela cadeia da construção civil”, afirma Amary.

São Paulo

Variação %

Mês

Variação %

Maio 2016

Trimestre

Ano

Maio 2016

Trimestre

Ano

Desempenho da empresa

25,03

-9,7

-27,4

24,18

-11,5

-30,1

Dificuldades financeiras

68,66

2,2

-1,4

68,60

-3,4

-1,9

Perspectivas de desempenho

33,32

6,7

-7,3

33,05

6,9

-7,9

Perspectivas de evolução dos custos

51,89

9,3

7,9

51,94

9,2

8,2

Condução da política econômica

45,75

331,2

65,1

46,67

365,3

63,1

Inflação reduzida

27,13

77,4

48,5

27,89

86,4

49,0

Crescimento econômico

23,42

103,7

88,4

23,33

108,5

93,6

Fonte: SindusCon-SP/FGV Projetos. * Os dados apresentados na tabela estão dispostos numa escala de 0 a 100, tendo 50 como centro. Isso quer dizer que valores abaixo de 50 podem ser interpretados como desempenho, ou perspectiva, não favorável. No caso de dificuldades, no entanto, valores inferiores a 50 significam dificuldades menores

14

notícias da construção // jun 2016

DIVULGAÇÃO CBIC

Amary destaca a mudança conceitual

Brasil Mês

Menin acredita na retomada em 2017 DIVULGAÇÃO SECOVI-SP CALÃO JORGE

Miriam cobra o apoio do Congresso

NITRO IMAGENS

DIVULGAÇÃO ADDOR

103,7%, atingindo 23,42 pontos. Isso pode ser interpretado como um indicativo de que os empresários se mostram mais confiantes em relação à retomada gradual da atividade econômica nos próximos meses. “O setor terá um 2016 ainda muito desafiador. Mas em 2017 deverá iniciar a sua recuperação”, prevê Menin. “É o início da retomada. Mas somente o início”, ressalta Amary. “O atual panorama ainda deve continuar pelo ano de 2016 e atravessar 2017, mantendo a construção civil em uma posição de espera. Muitos empreendedores certamente estão com projetos represados e que não podem ser lançados em função da instabilidade do mercado”, afirma Miriam Addor. “Isso também irá gerar reflexo nos componentes da cadeia produtiva – arquitetos, construtores, incorporadores, fornecedores e participantes do mercado de varejo da construção civil”, pondera. Para Martins, ainda é cedo para se fazer prognósticos mais precisos sobre o futuro do setor. “O que posso dizer é que hoje estou menos pessimista do que ontem”, declara.


Não adianta o imóvel 320 mil exemplares fazem da Folha o ser bem localizado se o jornal de maior circulação no Brasil. anúncio não for.

CAPA

NOVO GOVERNO TAMBÉM GERA BOA AVALIAÇÃO COM O MCMV

V

ice-presidente de Habitação Popular do SindusCon-SP, Ronaldo Cury faz uma boa avaliação a respeito da nova equipe no comando do Ministério das Cidades, elogiando a transparência do ministro Bruno Araújo e da secretária nacional de Habitação, Henriqueta Arantes, nas conversas com os empresários do setor. “Eu já estive em alguns eventos e eles sempre dizem a mesma coisa com relação ao Minha Casa, Minha Vida (MCMV). Para a faixa 1, a prioridade é acabar as obras que já foram contratadas. A segunda prioridade é retomar as obras que estão paradas [elas somam 77 mil unidades]. E, por fim, contratar novas unidades, quando souberem quanto vão ter para gastar. Só irão contratar quando tiverem dinheiro em caixa”, relata Cury. “Para as faixas 2 e 3, eles entendem que o ideal é acelerar, porque os recursos são do FGTS. Em relação à faixa 1,5, eles querem incentivar Estados e municípios que têm recursos a co-

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notícias da construção // jun 2016

Não adianta o imóvel ser bem localizado se o anúncio não for. 2

Anuncie na Folha. Nossos leitores querem adquirir imóveis. Bruno Araújo concede entrevista à imprensa após anunciar retomada das obras

Franqueza e transparência do ministro Bruno Araújo e da secretária Henriqueta Arantes na interlocução com o empresariado estabelecem relação de confiança

locar no mercado cartas de crédito para ajudar a população a comprar a casa própria”, prossegue. Na última semana de julho, Araújo anunciou a retomada das obras de 4.232 unidades habitacionais do MCMV, na faixa 1, que estavam paralisadas. Em cerimônia que contou com a participação de Cury, o ministro e o presidente da Caixa Econômica Federal, Gilberto Occhi, assinaram compromisso com as construtoras responsáveis por 11 empreendimentos em sete Estados. Segundo informa Cury, essas eram obras que estavam com mais de 70% de execução. “O setor está muito alinhado ao que o ministro e a secretária vêm divulgando”, avalia o empresário. “É claro que gostaríamos que estivessem disponíveis recursos da Nação para acabar com o déficit habitacional. Mas dentro da realidade do mercado, a gente não poderia deixar de estar satisfeito com a postura do governo.” Cury afirma que a retomada das obras que foi anunciada “sig-

nifica trazer de volta mais de 4 mil postos de trabalho em todo o País”. Ele calcula que se pode considerar uma pessoa empregada para cada unidade em obras. Os investimentos nessa primeira fase de retomada somam o R$ 263 milhões. Os Estados contemplados foram Acre (714 unidades), Bahia (500), Pará (749), Pernambuco (403), Rio de Janeiro (692), Rio Grande do Sul (278) e São Paulo (896). No evento em que o acordo com as construtoras foi firmado, o ministro Bruno Araújo falou da preocupação em retomar o programa de forma responsável. “Iremos anunciar cada retomada à medida que tivermos a segurança dos recursos e fluxos financeiros necessários para que novas paralisações não venham acontecer”, afirmou. “Também não queremos gerar nenhuma dificuldade na relação com nossos contratados, de modo que nós vamos seguir com tranquilidade e muito mais segurança em relação a essas contratações.”

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EVENTO PARALELO AO

ANÁLISE

O papel das expectativas na economia brasileira pós-Dilma

A

importância das expectativas no processo de decisão dos agentes econômicos é um tema antigo. Foi amplamente destacado pelo maior economista da história depois de Adam Smith, o inglês John Maynard Keynes. Atualizando a discussão, pode-se dizer que a ampla maioria das decisões econômicas é tomada com base em expectativas que, muitas vezes, não se concretizam. Ao menos, não exatamente como se imaginou a princípio. Se não fôssemos capazes de formar expectativas, possivelmente permaneceríamos inertes, petrificados diante de um futuro incerto demais, pois, às vezes, quando não sabemos bem o que fazer, o melhor é não fazermos nada. Essa paralisia diante da incerteza, igualmente tratada por Keynes, foi a marca do ambiente econômico brasileiro nos meses recentes. A crise política que se arrastou levou ao adiamento de diversas decisões econômicas, sobretudo no que se refere à aquisição de bens de capital, o que inclui toda a produção da construção civil. Quem assumiria uma dívida de longo prazo quando está sendo rondado pela ameaça iminente do desemprego? Que empresa ampliaria suas instalações quando o cenário mais provável é de queda contínua da demanda, sem um horizonte claro de recuperação?

Quando a incerteza é muito intensa, tudo se passa como se estivéssemos diante de forte neblina e precisássemos andar bem devagar. A troca de governo ocorreu há poucas semanas e não houve tempo para que um novo padrão de política econômica gerasse resultados concretos. Mas o afastamento da presidente Dilma, bem como a escolha do primeiro escalão da gestão Temer, parece ter reduzido a incerteza. Os indicados para os dois postos-

SE A POLÍTICA ECONÔMICA DER SUPORTE ADEQUADO, A ECONOMIA PASSA, DE FATO, AO PROCESSO DE RECUPERAÇÃO chave da equipe econômica, Henrique Meireles para a Fazenda e Ilan Goldfjn para o Banco Central, são nomes com grande peso no mercado e competentes tecnicamente. Esse potencial ganho de credibilidade pode parecer pouco, mas é essencial para dar início ao processo de recuperação econômica. Se a ameaça de desemprego deixar de pairar sobre aqueles que, apesar da crise, continuam trabalhando, sua disposição para consumir

é imediatamente estimulada. Ao mesmo tempo, se o empresário que adiou seu projeto de investimento passar a confiar no retorno da demanda nos meses à frente, talvez retome, mesmo que em parte, esse projeto. Os gastos com consumo e investimento produtivo que acontecem nessas circunstâncias são chamados de “despesa autônoma”, isto é, aquela que se realiza apesar das condições presentes desfavoráveis devido a uma melhora na visão de futuro. E esse aumento de demanda surge, então, como uma espécie de profecia autorrealizada, provando, novamente, o poder das expectativas no mundo econômico. Daí, se a política econômica der suporte adequado, da arrancada final movida quase que somente pelas expectativas, a economia passa, de fato, ao processo de recuperação. Nessa segunda fase, não apenas a atividade econômica se recupera e o desemprego para de crescer. Ao mesmo tempo, a arrecadação tributária também se eleva, reduzindo a tensão no sentido do ajuste fiscal pela via dos cortes de gastos, sempre mais difíceis e dolorosos. O cuidado, claro, deve ficar por conta da inflação, muito sensível no Brasil ao aumento rápido da demanda agregada. Em fim, toda caminhada começa com o primeiro passo. E, ao que parece, este já foi dado.

25 AGOSTO 2016 - início às 8h LOCAL: SÃO PAULO EXPO Rodovia dos Imigrantes, s/n - Vila Água Funda - São Paulo, SP Em sua 18ª edição, o seminário traz, temas definidos pelas empresas do

TEMAS REALIZAÇÃO

Comitê de Tecnologia e Qualidade (CTQ) do SindusCon-SP, de interesse para o momento que as empresas da cadeia produtiva da construção civil vivenciam no Brasil.

• Projeto e execução de uma estrutura desafiadora em empreendimento de uso comercial

Tradicionalmente o Seminário mescla casos reais, temas de pesquisa, de normas técnicas e temas práticos com os quais as empresas construtoras se deparam na tecnologia e gestão de estruturas de edificações.

• Aspectos técnicos e econômicos do controle da consistência do

PATROCÍNIO

concreto pelo abatimento do tronco de cone (Slump test).

As palestras visam, não só a apresentação por parte de profissionais de grande conhecimento e experiência nesta área, mas, sobretudo, proporcionar o debate e discussão com os participantes acerca de necessidades

• Esforços devidos ao vento: as necessidades identificadas para a revisão da ABNT NBR 6123

em torno das abordagens apresentadas. Neste ano, sendo realizado em paralelo à Concrete Show, esperamos contar com uma ampla participação de todo o meio técnico da construção de edificações

• Características e possibilidades de APOIO

intensificação do uso do concreto auto-adensável

Acompanhe o site do SindusCon-SP e obtenha mais informações: www.sindusconsp.com.br ROBSON GONÇALVES

Economista, professor e coordenador de projetos da Fundação Getúlio Vargas (FGV)

REALIZAÇÃO

REALIZAÇÃO

DIVULGAÇÃO DIVULGAÇÃO

R E V I S TA

18

notícias da construção // jun 2016


DESTAQUE

No 12º Seminário Tecnologia de Sistemas Prediais, mercado expôs desafios em busca de melhores índices de produtividade, inovação e redução de custos

C

om temas relacionados à inovação em sistemas, técnicas e metodologias da construção civil, foi realizado, em 8 de junho, o 12º Seminário Tecnologia de Sistemas Prediais – Qualidade e Inovação, na sede do SindusCon-SP. Foram debatidas questões referentes à realidade atual dos projetos desenvolvidos pelos profissionais do setor, as mudanças proporcionadas pela disseminação do BIM, uso racional de água, geração de energia por meio de placas fotovoltaicas, industrialização, além de tópicos relacionados a seguro de responsabilidade civil na cobertura de danos decorrentes de projeto. Para o presidente do SindusCon-SP, José Romeu Ferraz Neto, vivemos um momento inédito e preocupante para a construção civil, com demissões em todos os elos da cadeia produtiva, incluindo o segmento de infraestrutura. “Há dois anos nem imaginaria que haveria mais de um milhão de demissões”, pontuou. Ele, entretanto, é otimista com relação ao futuro da economia. “As posições da equipe econômica e de relações externas estão em consonância com o nosso discurso”, afirmou. Paulo Sanchez, vice-presidente de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP, contou que esteve em missão nos Estados Unidos em 2010, quando o país vivia uma intensa crise econômica. “Eles nos afirmaram que foi o momento em que mais investiram em conhecimento e novas tecnologias relacionadas a produtividade e sustentabilidade”, contou. Jorge Batlouni, vice-presidente de Tecnologia e Qualidade

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notícias da construção // jun 2016

Genioli, Romeu Ferraz, Batlouni e Sanchez (da esq. para a dir.) durante um dos painéis do evento

do SindusCon-SP, afirmou que é tempo de o Comitê de Tecnologia e Qualidade (CTQ), passados 20 anos de sua criação, refletir sobre quais serão os desafios que se apresentarão nos próximos anos. Nesse contexto, Renato Genioli Júnior, coordenador do grupo de sistemas prediais do CTQ, ressalta a importância de eventos voltados a debater sistemas construtivos. “O seminário é cada vez mais importante por considerar temas relativos a custos, produtividade, eficiência, desenvolvimento de projetos”, diz. É lugar-comum, portanto, a importância de empenhar esforços no sentido de melhorar a produtividade do setor de construção civil. “Minha mensagem, como vice-presidente do SindusCon-SP, é para que invistam em vocês, em capacitação. Vamos sair dessa crise e precisaremos de gente qualificada”, recomenda Sanchez aos associados. ENERGIA RENOVÁVEL O primeiro painel abordou “Tendências no uso de energias renováveis no Brasil e o impacto sobre tecnologia de empreendimentos residenciais e comerciais”. O professor Roberto Lamberts, do Departamento de Engenharia Civil e do Laboratório de Eficiência Energética das Edificações (LabEEE), da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), disse que o desafio da busca por fontes renováveis passa, primeiro, pela redução do consumo nas edificações sem comprometer o conforto dos usuários.

JORGE ROSEMBERG

Qualidade, inovação e tecnologia em debate

km². “Essa área, coberta com painéis fotovoltaicos, geraria dez vezes a capacidade de Itaipu”, revelou. Somando a área ocupada pelos lagos de todas as usinas hidrelétricas brasileiras, de aproximadamente 40 mil km², a capacidade de geração fotovoltaica seria de 5.700 GW ante os 100 GW gerados atualmente. Tal tecnologia pode, segundo Ruther, ser aplicada em residências. Inclusive, explica, desde 2012 a legislação brasileira prevê o Sistema de Compensação de Energia Elétrica (net metering), em que a energia adicional gerada pelos edifícios e não consumida é distribuída para a rede. Com isso, são gerados créditos que podem ser utilizados em até cinco anos. Mesmo questões tributárias relacionadas ao ICMS estão sendo resolvidas pelos Estados, afirmou. Outra vantagem do sistema é o sombreamento. “O subproduto da geração fotovoltaica é a sombra, que reduz a carga térmica incidente sobre as edificações”, explicou. Sobre a manutenção necessária, ele conta que os painéis não precisam ser lavados. Em experiência realizada no Laboratório de Energia Nesse sentido, ele citou a análise de Desempenho Solar Fotovoltaica da UFSC, os painéis ficaram dois Energético Operacional (DEO) realizada pelo Conselho anos sem ser limpos. “Após lavar, verificamos que Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS), que obganhamos apenas 5% de energia. Então, não vale a servou a operação de prédios com certificação Leed. O pena lavar”, disse, ao considerar o custo da limpeza. estudo verificou que tais prédios consomem até mais do Fabio Villas Bôas, Coordenador do Comitê de Meio que edificações convencionais. “Há edifícios sendo malAmbiente do SindusCon-SP (Comasp), contou que -operados, mesmo com tecnologias para economia”, enfrentou problemas para encontrar fornecedores de disse. Por isso, conta Lamberts, as certificações mais motecnologias sustentáveis para a obra do Jardim das dernas têm começado a contemplar também a operação. Perdizes, realizado pela Tecnisa, na Zona Oeste de Somente assegurando a máxima eficiência na opeSão Paulo. Ainda assim, conta, conseguiram alimenração é que haverá meios, disse ele, de viabilizar os tar todo o canteiro de obras com energia gerada a Zero Energy Buildings (ZEBs). Ou seja, prédios que partir de placas fotovoltaicas, tendo ganhado prêmios geram tanta energia quanto consomem. “Não faz senpela iniciativa. “Foi viabilizada por meio de parceria tido investir em geração se não investirmos em eficom o locador, com custos mais atraentes”, revelou. ciência antes”, acredita. Para tanto, ele afirmou ser Também na operação, o empreendimento se destaimportante reforçar a identidade da construção nacioca. Afinal, todos os edifícios contarão com selos Procel. nal. “Temos que procurar traçar um caminho diferente “Enquanto muita gente vê isso como uma obrigação, nós daquele que percorreram países desenvolvidos. Não entendemos como oportunidade”, afirmou Villas Bôas. se espelhem tanto nos Estados Unidos”, aconselhou. O desenvolvimento de fornecedores vem sendo beneA concepção de ZEB passa pela ficiado por iniciativas como a da Associadescentralização na geração de energia ção Brasileira de Energia Solar Fotovol“NÃO FAZ elétrica, tema do painel do coordenador taica (Absolar), conforme apresentou o SENTIDO do grupo de pesquisa estratégica em presidente executivo da entidade, RodriINVESTIR EM energia solar, da UFSC, Ricardo Ruther. go Sauaia. “A expectativa é que o setor GERAÇÃO Falando sobre o potencial de geração seja uma locomotiva de geração de oporSE NÃO fotovoltaica, ele comparou a capacidatunidades”, apostou, ao contar que há INVESTIRMOS de de Itaipu, de 14 GW, com a de uma linhas de financiamento específicas para EM EFICIÊNCIA eventual usina fotovoltaica que ocupasa tecnologia de microgeração, tratativas ANTES” se a mesma área do lago, de 1.350 com o governo federal para obtenção de www.sindusconsp.com.br

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isonomia tributária, dentre outras ações lideradas pela associação. Para ele, a tecnologia pode ajudar o País a sair da crise, pois o Brasil tem um potencial ainda maior que o dos Estados Unidos nesse sentido. PROCESSO DE PROJETO A qualidade dos projetos foi o tema central do segundo painel do dia. Como não poderia deixar de ser, o BIM esteve em evidência já na primeira apresentação, realizada por Humberto Farina, diretor da InPrediais. Falando sobre “As mudanças no processo de projeto de sistemas prediais proporcionadas pelo BIM”, Farina lembrou que a finalidade do projeto sempre foi e continua sendo transmitir a informação, o que muda é a mídia. “No BIM, o modelo substitui o desenho e permite visualizar em vez de imaginar”, comparou. Para ele, a plataforma BIM viabiliza o desenvolvimento de projetos de sistemas prediais capazes de atender a todos os públicos da obra, desde a execução até o uso. “Esperamos que processos de operação de manutenção acompanhem o desenvolvimento do BIM”, disse. Ele acredita, ainda, que é preciso valorizar a visualização para tirar proveito do BIM. Everaldo Ramalho Júnior, membro do CTQ, por sua vez, afirmou que “não há a menor dúvida de que o BIM vá dominar o mercado

assim como o CAD dominou, mesmo que com certa reatividade por parte de alguns agentes”. Para que a assimilação do BIM seja ainda mais efetiva, é preciso analisar os pontos falhos do processo de desenvolvimento dos projetos, conforme acredita Luiz Henrique Ceotto, diretor de projeto e construção da Tishman Speyers Properties. “É preciso pensar num processo cíclico, com bom projeto, bom processo de contratação, bom controle de qualidade, boa execução e bom comissionamento, gerando diretrizes que retroalimentam o processo”, afirmou. Na prática, isso significa voltar o amadurecimento do mercado para o desenvolvimento de projetos capazes de pensar em redundâncias de sistemas inteligentes, que evitem que um prédio pare, além de prever que o uso da edificação irá mudar com o tempo. “Temos que pensar que aquele prédio vai evoluir, com espaço para isso sem que seja preciso destruí-lo”, exemplificou. Um dos requisitos para isso, acredita Ceotto, é passar a criar projetos que os operários sejam capazes de entender. “Temos mania de fazer projeto para engenheiro, mas quem vai ler é o operário”, diz ao criticar a falta de vivência de obra por parte dos projetistas. “Quem não participa da obra não consegue se atualizar e evoluir”, ressaltou. Além disso, ele valoriza a etapa que chama

PRODUTIVIDADE ESTIMULADA Em 2014, José Marmo, diretor da Gafisa responsável pela área de desenvolvimento e implantação de novos sistemas construtivos com foco em industrialização, foi desafiado pela presidência da companhia a tornar a produção de canteiro pelo menos 20% mais barata, mais rápida e mais eficiente, com menor incidência de patologias e com 30% menos operários. A intenção era se antecipar à crise que já dava seus primeiros sinais. Tudo isso com redução de patologias e contenciosos jurídicos e trabalhistas, sempre baseado nos conceitos de Lean Construction. A proposta era começar pelo segmento econômico com unidades de até R$ 300 mil, para descolar totalmente do mercado no que diz respeito a sistema construtivo. Os conselhos da presidência para Marmo foram: quebre regras; veja as coisas de forma diferente; mude as coisas; e quebre paradigmas. As premissas eram manter o respeito às normas técnicas e o padrão de qualidade. Para inovar em um mercado que, segundo ele, não apresentou nenhuma grande novidade nos últimos 40

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notícias da construção // jun 2016

anos, Marmo afirma ter reunido os melhores profissionais disponíveis. Consciente de que atrasos geram custos mensais da ordem de 0,80% do VGV, Marmo concebeu a evolução do Gafisa Production System (GPS), o GPS-DRY. Para tanto, eliminou alvenarias de vedação, execução de gesso liso, fachada argamassada e contrapiso. Isso aumentou o nível de precisão, reduziu a mão de obra de canteiro, o volume de resíduos, o prazo, o nível de patologias e a logística ficou mais simples e econômica. “Rompemos o imobilismo tecnológico com a adoção de industrialização”, explica. O GPS-DRY é uma nova cultura construtiva, em que a construtora atua como uma indústria sistemista baseada em: Engenharia fortalecida; Produção certificada; Logística just in time; Montagem, com treinamento de mão de obra; Equipe comercial capacitada; e Pós-ocupação. Se não há, necessariamente, tecnologias inovadoras, os processos são diferenciados, com o estabelecimento de parcerias com fornecedores visando ao desenvolvimento de sistemas integrados, alto desempenho tecnológico, fluxo contínuo de produção,

treinamento, melhoria contínua e subsistemas industrializados e certificados. Além disso, a metodologia GPS-DRY prevê pesquisa pós-ocupação para avaliar desempenho dos sistemas e satisfação dos usuários. “Estamos aproveitando o momento porque é só em crise que se muda. E queremos fazer a coisa diferenciada”, afirma, lembrando que, no futuro, o GPS-DRY terá: gestão da produção, certificação ambiental, com logística reversa, BIM, coordenação modular, dentre outros requisitos. De acordo Alberto Fossa, diretor da Associação Brasileira pela Conformidade e Eficiência das Instalações (Abrinstal), o mercado não tolera mais a falta de produtividade e o exagero de patologias. Sendo assim, a atuação da Gafisa como montadora de sistemas é bem vinda. “É hora de cada um entrar com sua parte para integrarmos a cadeia produtiva e pensar em mudanças de paradigmas e de cultura para elevarmos a produtividade”, acredita. Para ele, a gestão influencia muito nos saltos de produtividade. É o integrador dos sistemas que faz a diferença”, conclui.

FOTOS: JORGE ROSEMBERG

DESTAQUE

No sentido horário, a partir do topo: Luiz Henrique Ceotto, da Tishman Speyers Properties, Ricardo Ruther e Roberto Lamberts, ambos da Universidade Federal de Santa Catarina

Dabus salienta que os riscos devem ser mitigados por meio de seguros ou garantias. “A gestão de riscos é uma atividade predecessora e deve ser priorizada”, recomenda. O conselho foi seguido por Paulo Luciano Rewald, diretor de normalização do Secovi-SP (Sindicato da Habitação). Ele contou que na Rewald Engenharia começou a fazer seguro há alguns anos e aconselha que os demais empresários também façam. “O mercado de seguros evoluiu e está com produtos adequados ao nosso setor”, garantiu. A afirmação dele é relevante pois, conforme pontua Ramalho, sempre houve muita dificuldade de entender os termos envolvidos na contratação de seguros para projetos. A reclamação de Yorki Estefan, coordenador do CTQ, é semelhante. “A gente contrata, mas não tem certeza se vai receber pelo que está pagando”, disse. Como parte de uma autocrítica, Dabus diz que muitas corretoras não têm engenheiros em seu quadro de funcionários. “Precisamos de uma mudança cultural para entendermos quais riscos serão terceirizados e quais serão assumidos”, disse.

ECONOMIA DE ÁGUA Tendo como temática o uso racional da água e as recomendações da nova norma de projeto de sistemas prediais de água fria e quente, Carlos Barbara, membro do Comitê de Tecnologia e Qualidade e diLessons Learned para revisão das diretrizes adotadas. retor da Barbara Engenharia, afirmou que há vários “Essa é uma espiral positiva. Nunca consegui evoluir aspectos a serem considerados que transcendem as nada sem promover uma espiral produtiva”, disse. questões técnicas. “O conceito de uso racional da água é mais amplo que a edificação, envolve geração PROJETO SEGURO e transmissão”, lembrou. Como parte da evolução da cultura de projetos, André Exemplo prático de que a questão suplanta aspecDabus, diretor da AD Corretora de Seguros, falou sobre tos técnicos foi dado pelo engenheiro Sergio Gnipper, o “Seguro de responsabilidade civil na cobertura de diretor da Gnipper e Engenheiros Associados. Ele didanos decorrentes de projeto”. De acordo com ele, é ferencia o desperdício entre involuntário e deliberado. fundamental criar uma matriz de riscos que contemple Enquanto o primeiro pode ser minimizado com o uso a realidade do que será executado, identificando riscos de aparelhos economizadores e controle da disponibigerenciáveis, ou seja, seguráveis. Dentre os riscos que se lidade de vazões, o segundo depende do usuário, por enquadram nessa categoria estão desde erros de projeto que está relacionado a tempo e tipo de uso. “A norma até questões operacionais e financeiras, exemplificou. é mais eficaz no desperdício involuntáA matriz identifica também riscos rio, exigindo equipamentos, arejadores não gerenciáveis – e, portanto, não pase dispersores de jato”, explicou. síveis de serem segurados – aos quais “TEMOS QUE Ele salientou que a proposta prinestá sujeito o projeto. Dentre eles, aquePENSAR QUE cipal da regulamentação é reduzir o les relacionados ao ambiente político, O PRÉDIO consumo de água sem afetar o condecorrentes de atos administrativos, VAI EVOLUIR, forto. Tanto que a norma deixa em legais, tributários etc. “É preciso deixar SEM QUE, aberto a observância ou não de suas claras as consequências e responsabiliPARA ISSO, recomendações, orientando por meio dades relacionadas a esses riscos não SEJA PRECISO de anexos informativos. gerenciáveis”, explicou. DESTRUÍ-LO” www.sindusconsp.com.br

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DIVULGAÇÃO/SP EXPO

FOTO DO MÊS // JUNHO 2016

SÃO PAULO EXPO Inaugurado no final de abril, o São Paulo Expo é hoje o mais moderno centro de exposições, congressos e convenções da América Latina. O novo espaço surgiu do retrofit do Centro de Convenções Imigrantes e passará a receber alguns dos mais importantes eventos do País, como a Feicon Batimat, o Concrete Show, o Seminário de Tecnologia de Estruturas e o Salão do Automóvel. O São Paulo Expo recebeu um investimento de R$ 410 milhões da francesa GL Events para ampliação e modernização e agora conta com uma área de 100 mil m2. O projeto arquitetônico é assinado pelo francês Jean-Michel Wilmotte, com execução feita pela Fonseca & Mercadante. A área de exposição com 90 mil m2 tem modulações para até oito pavilhões. O centro de convenções abrigará salas modulares com divisórias acústicas e terá opções de acesso independente ou integrado ao pavilhão. Já o espaço de congressos e convenções possui 10 mil m2, com 34 salas modulares.

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notícias da construção // jun 2016

www.sindusconsp.com.br

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DESTAQUE

FOTOS: JORGE ROSENBERG

CULTURA DE INTEGRACÃO Teixeira da Silva: mudança de cultura e processo

Mainardi: com BIM, observa-se melhor os detalhes

De acordo com representantes e entes públicos presentes ao 1º Fórum BIM, resistência a mudanças ainda é o principal empecilho ao amplo incentivo e à aceitação da plataforma

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ais do que a adaptação a uma nova forma de projetar, baseada em modelos e não mais em desenhos, o principal desafio proposto pelo BIM [Modelagem da Informação da Construção, na sigla em inglês] é a mudança de cultura necessária para integrar todos os elos da cadeia produtiva da construção. Paradoxalmente, os maiores benefícios do BIM só podem ser sentidos, justamente, a partir da ampla integração entre os agentes. Esse foi o ponto em comum dentre todos os palestrantes que participaram do 1º Fórum BIM, realizado na última semana de maio pela Academia BIM, na sede do SindusCon-SP. Silvestre Eduardo Rocha Ribeiro, diretor de Planejamento e Projetos da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), por exemplo, afirmou que não se trata da pura e simples aplicação direta em projetos, mas de uma mudança de cultura e processo. “E toda vez que há necessidade de articular disciplinas e setores, tem que mudar a forma de fazer. E isso exige muito esforço das diversas áreas para entender que é

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uma diretriz, enxergando os benefícios que pode trazer”, resumiu. Os envolvidos, acredita ele, devem perceber que há ganhos em termos de qualidade, redução de prazos na elaboração de projetos e mitigação prévia de complexidades por meio de simulações. Ribeiro contou que o Núcleo BIM na CPTM foi criado para congregar as diversas áreas da empresa afetadas para compreensão dos benefícios. “É um processo de convencimento em que [as partes] têm a oportunidade de ajudar a estruturar o desenvolvimento”, revelou. Já no Metrô, o processo de adoção do BIM começou pela gerência de concepção do projeto básico. Assim, desde 2013, projetistas de arquitetura, acabamento, comunicação visual, paisagismo, hidráulica e estruturas de concreto e metálica devem entregar arquivos em extensão IFC – que é o formato livre adotado pelo BIM. “Isso é resultado de um trabalho que começou em 2011, quando foi formado o grupo BIM no Metrô para que, em 2013, houvesse licitação com essa exigência”, contou Antonio Ivo Mainardi, supervisor BIM do Metrô de São Paulo.

Ribeiro: atualização da legislação é um desafio

Lüke: mercado tem muito a ganhar com o BIM

A expectativa, disse Mainardi, é implantar a tecnologia plenamente na companhia até 2020, permitindo acompanhar todo o ciclo de vida das edificações. “É uma oportunidade muito boa de aplicação, pois trabalhamos desde o planejamento até a operação, manutenção e retrofit das nossas instalações”, comentou. Dentre os benefícios almejados por Mainardi está a redução de interferências proporcionada pela compatibilização de disciplinas. “Com o projeto inteiro em BIM você consegue observar melhor os detalhes”, afirmou. A possibilidade de ter visão sistêmica das edificações em tempo real é também o benefício observado pelo diretor do Departamento de Caracterização e Incorporação do Patrimônio (Decip), do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, coronel Washington Lüke. Ele conta que o Exército foi pioneiro na utilização do BIM para coleta e organização de dados geoespaciais por meio do sistema Opus. De acordo com Lüke, foram cerca de oito anos para mapear todo o patrimônio do exército e, agora, o BIM “trata de todo o ciclo de vida das edificações, desde o planejamento estratégico, o projeto, o acompanhamento de obra, a manutenção e até a demolição”. Para o coronel, tanto o setor de infraestrutura quanto o mercado imobiliário têm muito a ganhar com a ampla adoção da tecnologia BIM e dos conceitos de integração que a sustentam. “Os benefícios são muito gran-

des. Tem a parte de análise de interferências, a parte de gestão, a maior assertividade quanto a quantitativos, o que reflete na orçamentação e no cronograma da obra”, pontuou, lembrando que esses são os itens principais em qualquer projeto de obra pública. A questão cultural é um empecilho para a plena adoção do BIM não apenas no que diz respeito às questões técnicas. Afinal, conforme lembrou Rafael Fernandes Teixeira da Silva, coordenador de projetos especiais da Secretaria de Planejamento de Santa Catarina, a principal dificuldade “sempre vai ser a questão de recursos, pois qualquer investimento parece custo para a área política”. De qualquer maneira, a exigência por projetos desenvolvidos em BIM é um processo de fomento de nível estratégico. “A área técnica precisa estar preparada para isso e a área política tem que entender a necessidade de investimento”, afirmou. “Nosso desafio é promover a atualização da legislação para contratar e receber projetos em BIM”, completou. No caso de Santa Catarina, o BIM passou a ser exigência no processo de contratação em março de 2014, com produção efetiva de projetos em fins de 2015. “Percebemos a necessidade de criar um laboratório para discutir como e onde as ferramentas em BIM nos ajudariam no processo interno do Estado. Da mesma forma, como deveríamos exigir do mercado esse produto”, destacou. www.sindusconsp.com.br

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DESTAQUE PRÊMIO BIM Com o objetivo de reconhecer e fomentar as melhores práticas na utilização prática, na pesquisa e no ensino sobre BIM, o SindusCon-SP criou o Prêmio de Excelência BIM. Não à toa, a premiação tem como símbolo o elefante. O motivo para a adoção desse mascote é a elevada capacidade de armazenamento de informação, além do fato de ser um animal que vive em grupo, baseado em conceitos de liderança e solidariedade, remetendo à natureza de articulação colaborativa promovida pelo BIM na cadeia construtiva. Também há referência ao longo ciclo de gestação da espécie, mimetizando planejamentos bem-estruturados como base para execuções de obra mais eficientes. Por fim, o paquiderme é comumente associado à sabedoria, à determinação e à sorte. Para Lüke, a premiação é importante, pois, “principalmente no lançamento de uma nova tecnologia, dá visibilidade ao ganhador, que pode usar isso como troféu, como referência ao uso do BIM no Brasil”. A opinião de Mainardi é semelhante. Para ele, todo

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SINDUSCON-SP EM AÇÃO tipo de apoio à disseminação da tecnologia BIM é muito bem-vinda. “O SindusCon-SP é uma entidade que apoia o BIM há muito tempo, com seminários internacionais, a Academia BIM, palestrantes estrangeiros. O prêmio é mais um desses incentivos, que cria uma marca de excelência, identificando as iniciativas de destaque no mercado”, reconheceu. Além disso, ressaltou ele, a premiação é uma maneira de integrar o mercado. “Temos muitas pessoas trabalhando com BIM que não se conhecem. E elas precisam se conhecer”, disse. Silva, de Santa Catarina, vai além e afirma que a iniciativa do SindusCon-SP deveria ser seguida em âmbito nacional. “O governo federal deveria ser o catalisador dessa iniciativa, com a abordagem de economicidade, agilidade e assertividade que o processo em BIM permite”, disse. Em consonância à opinião de Mainardi, Silva aposta que a iniciativa do SindusCon-SP “motiva as pessoas a saírem de seus casulos. Tem muitas boas ideias implementadas e funcionando e isso pode motivar esses profissionais a divulgarem boas práticas”, afirmou.

Campanha visa fortalecer a construção

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se o SindusCon-SP que é seu. Com este conceito, o sindicato lançou uma campanha para ampliar o seu quadro associativo. O objetivo é fortalecer as construtoras nas áreas econômica, tecnológica, ambiental, jurídica e de saúde e segurança do trabalho. Quanto mais empresas participarem, mais a entidade poderá contribuir para a melhoria do ambiente de negócios e exercer sua ampla representatividade na defesa da indústria da construção. Desde 1934, o SindusCon-SP representa o setor, trabalhando decisivamente pelo seu constante crescimento, sempre defendendo institucionalmente os interesses coletivos de seus associados. Com uma estrutura cada vez mais ágil e moderna, o sindicato produz conhecimento e promove ações que beneficiam diretamente as empresas. Nas reuniões e nos eventos realizados pela entidade, empresários, técnicos e especialistas de diversas áreas trocam ideias e experiências entre si e com o governo, visando à superação dos gargalos do negócio da construção. Igualmente importante é a capacitação dos profissionais das

w Assessoria jurídica com atendimento por telefone e e-mail;

empresas em cerca de 100 cursos anuais, treinamentos e eventos. A campanha publicitária tem como lema “Juntos Somos + Fortes”, em alusão à que a força de uma instituição está no coletivo. Ao se associar ao SindusCon-SP, o empresário passa a integrar um grupo que discute ideias, defende direitos e trabalha em conjunto pelo fortalecimento individual e coletivo. “Em momentos de crise, como o atual, tudo o que queremos é não nos sentir sozinhos”, afirma o presidente da entidade, José Romeu Ferraz Neto. O SindusCon-SP se propõe a ser um valioso parceiro. Ao se tornar uma associada, a empresa conta com uma série de benefícios: w Geração de informações econômicas relevantes e atualizadas; w Produção de estudos, pesquisas e publicações técnicas de interesse do setor;

w Orientações sobre legislação, meio ambiente, normas técnicas, relações capital-trabalho, mercado imobiliário, obras públicas, habitação popular etc.; w Desconto de 45% na inscrição em cursos e eventos, além de palestras e seminários gratuitos no sindicato e nos parceiros Sesi e Senai; w Representação política em assuntos de interesse do setor, como a desburocratização em órgãos públicos, e em negociações sindicais e trabalhistas; w Disponibilização de uma estrutura com oito salas e três auditórios para o associado realizar seus eventos na Capital. Para informações sobre como se associar, acesse o Portal Sinduscon-SP (www.sindusconsp.com.br/ junte-se-a-nos-associado). www.sindusconsp.com.br

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SINDUSCON-SP EM AÇÃO

Com intenção de acelerar resolução de conflitos sem prejuízo ao relacionamento entre as partes, SindusCon-SP lança Centro de Mediação para o setor da construção civil

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o último dia 24 de maio, o setor de construção civil ganhou um importante instrumento para resolução de conflitos, o Centro de Mediação SindusCon-SP (CMS). “É extremamente relevante essa iniciativa partir de uma entidade com a importância e a representatividade do SindusCon-SP”, salienta o professor doutor Frederico José Straube, diretor do CMS. Para ele, o lançamento do Centro significa um “turning point na medição no Brasil”. Afinal, explica, “há cerca de 100 milhões de ações em andamento no Brasil, o que significa que, na média, um brasileiro a cada dois tem um processo na Justiça”. Straube ressalta que cada ação judicial exige uma parte e uma contraparte. “Quando soube, pelo doutor Tadeu [Alexandre Tadeu Navarro, coordenador do Conselho Jurídico do SindusCon-SP], da intenção de se criar um centro de mediação, fiquei entusiasmado”, afirma ele, que desde 2007 preside o Centro de Arbitragem e Mediação da Câmara de Comércio Brasil-Canadá. A mediação, como prevê a participação e a aceitação de todas as partes envolvidas, promove um acordo sem surpresas, preservando a possibilidade de manter o relacionamento comercial e profissional entre as partes. “A vantagem da mediação é absurdamente desmesurada se comparada a qualquer outro sistema, até mesmo a arbitragem, que pode ser cara e não tão rápida”, assegura. Tal afirmação foi endossada, durante o evento de lançamento, por José Roberto Neves Amorim, desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo. “A instalação do CMS me dá a certeza de que o trabalho vem

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PACIFICAÇÃO DE CONFLITOS Alexandre Tadeu Navarro: “Mediação pacifica relações”

rendendo bons frutos. A mediação é um trabalho de cidadania, pois por trás das empresas há pessoas”, observa. Amorim reforça a vantagem da manutenção do relacionamento, lembrando que “a decisão judicial acaba com o processo, não com o conflito”. Dessa maneira, o resultado dos conflitos solucionados por meio da mediação é o que Straube chama de relação ganha-ganha. “Pensamos que tem de ser bom para todo mundo. A partir da cultura da mediação, temos que pensar na fair negotiation”,

A ATUAÇÃO DO CMS-SP Segundo explica Sabrina Hornos, membro do CMESC, o CMS é aberto ao público, “com a única restrição de que o conflito esteja no âmbito do setor da construção”. As partes podem indicar um mediador ou pedir ao CMS que faça a escolha. Neste caso, “o nome deve ser validado por ambas as partes, atestando a ausência de impedimentos”, pontua Grosman. Navarro salienta que o fornecedor não precisa recear eventual favorecimento por parte do SindusCon-SP aos seus associados, pois o termo tem de ser aceito por ambas as partes, com a possibilidade de conversar com o mediador de forma sigilosa. “Uma das nossas preocupações foi criar um centro com a bandeira SindusCon-SP para dar credibilidade sem prejudicar a confiança do outro lado”, explica. “O tempo vai dizer o quanto o CMS e seus mediadores são isentos, usando as técnicas e as estruturas que o sindicato proporciona”, completa.

pontua, afirmando que se trata de um passo importante em termos de civilidade. A mediação coloca as partes envolvidas como as mais capacitadas para resolverem seus próprios problemas, conforme observa Amorim. “Quando as pessoas não conseguem resolver seus problemas, terceirizam a solução para o Poder Judiciário. Com os advogados cobrando resultados, os juízes não conseguem enxergar as pessoas que existem por trás dos processos”, explica. Ele acredita, ainda, que falta a iniciativa do diálogo entre as partes. “Às vezes, as pessoas não querem nem sentar para conversar, o que resolveria 90% dos casos. Aí o legislador vem e impõe a boa vontade para que conversem”, diz, ao se referir à Lei de Mediação, criada em 2015. Com a participação ativa e direta das partes é possível preservar as pessoas, os relacionamentos, reduzir o tempo até a solução e o custo final do processo, assegura Rodrigo Chade, membro do Comitê de Gestão de Métodos Extrajudiciais e Solução de Conflitos (CMESC). “Outras vantagens são a voluntariedade, a confidencialidade e o desenvolvimento de soluções criativas e duradouras”, diz. MENOS CUSTOS, MAIS AGILIDADE Se por um lado a modalidade é mais ágil e barata para as partes, para o Estado ela também representa uma economia significativa, conforme ilustra Amorim. De acordo com ele, um processo custa R$ 1.200 por ano para o Estado. “O custo do Judiciário é esse valor multiplicado por 100 milhões”, salienta. Com isso, muitos processos que se arrastam por anos custam mais para ser mantidos do que o valor em litígio. “Há processos de R$ 500 ou R$ 1 mil que seria mais barato para o Estado pagar para as partes do que resolver”, compara. Embora comemore o aumento de 6,5 mil audiências de mediação, em 2012, para 77 mil, em 2015, ele afirma ser necessário intensificar a mudança de cultura, inclusive entre os próprios juízes e advogados. Considerando a resistência que ainda existe pelo método de mediação, o CMS surge com a proposta de “fazer um trabalho de catequização junto ao departamento jurídico das empresas, explicando como a mediação pode ajudar na resolução de problemas”, explica Chade. Além disso, o CMS incentiva a adoção de uma cláusula-padrão nos contratos firmados pelos associados do SindusCon-SP, que prevê a mediação como recurso obrigatoriamente anterior a qualquer ação arbitral ou ju-

“O CMS SIGNIFICA UM TURNING POINT NA MEDIAÇÃO NO BRASIL” Professor-doutor Frederico José Straube é diretor do CMS

dicial. É o que conta Cláudia Frankel Grosman, membro do CMESC. “O uso da cláusula mostra a boa vontade de estabelecer uma boa parceria”, acredita. Nesse contexto, Amorim classifica a criação do CMS como uma excelente iniciativa setorial. Ainda que não exista qualquer cláusula contratual, Chade afirma que a mediação pode ser iniciada a qualquer momento, mesmo que já estejam em curso a arbitragem ou o processo na Justiça. Alexandre Tadeu Navarro afirma que a mediação não tem riscos. “No mínimo, é uma conversa facilitada e que pode ser interrompida a qualquer momento”, destaca. “A mediação pacifica as relações.” O professor doutor Gerson Damiani acredita que a disseminação da cultura da pacificação de conflitos pode ser surpreendentemente rápida. “Sou otimista, pois o Brasil tem 500 anos de tradição com pacificação, inclusive internacional”, diz. Para tanto, Damiani cita um caso pessoal, contando que em junho de 1989 ele participava, em Berlim, de uma equipe de estudos sobre a reunificação da Alemanha. As previsões iniciais diziam que aquele conflito poderia se arrastar por até 50 anos. Entretanto, em novembro do mesmo ano o muro caiu. “Se um brasileiro ajudou a mediar a reunificação da Alemanha, imagine o que não podemos fazer no CMS-SP”, brinca. www.sindusconsp.com.br

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SINDUSCON-SP EM AÇÃO

Pela inclusão da pessoa com deficiência

Município de São Paulo, o caminho é a união entre sociedade civil, indústria e trabalhadores. Marianne lembrou aos presentes que apenas recentemente as PCDs passaram a ser consideradas cidadãs em nossa sociedade. “Agora é preciso melhorar o número de pessoas contratadas, com segurança e qualidade do trabalho. Todos querem produzir e as PCDs não são diferentes. Temos muitos desafios, mas iremos avançar”, declarou. O presidente do Sintracon-SP, Antônio de Sousa Ramalho, afirmou que a contratação da PCD para uma função adequada à sua deficiência tende a gerar ganhos para a empresa contratante. “A pessoa com deficiência costuma produzir mais, devido à dedicação e pontualidade”, ressaltou.

Empresários, agentes públicos e especialistas se reúnem na sede do SindusCon-SP para troca de experiências e debate sobre legislação e formas de incluir a PCD na construção

Ishikawa: convicção quanto à possibilidade de inserção da PCD

EXEMPLOS NEGATIVOS E POSITIVOS No Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, que conta com 8 mil servidores, trabalham hoje apenas 163 PCDs. A desembargadora Silvia Regina Pondé, presidente da casa, considera que essa participação reduzida se explica pelo fato de o ingresso no tribunal se dar por concurso público. “Até hoje não temos um juiz que se enquadre como PCD. Temos intérpretes de libras para audiências, nossos prédios são adaptados,

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pós mais de uma década de trabalho efetivo do SindusCon-SP, com a realização de pesquisas, organização de seminários e fóruns de debate e negociações com o poder público, a inclusão da pessoa com deficiência (PCD) na construção civil começa a se tornar uma realidade aceita pelo mercado. “Na condição de empresário, mobilizei um grupo de pessoas dentro do sindicato, dez anos atrás. Na época, o pensamento era de que não daria para contratar a PCD na construção civil, que é um setor diferente. Hoje a nossa visão é outra”, relatou Haruo Ishikawa, atual vice-presidente de Relações Capital-Trabalho e Responsabilidade Social do SindusCon-SP. “Afirmo com convicção: é possível, sim, inserir a pessoa com deficiência na indústria da construção”. Na última semana de maio, especialistas e autoridades ligados às questões que envolvem a PCD compareceram ao auditório do SindusCon-SP para debater as novas regras para inclusão dessas pessoas na sociedade e no mercado de trabalho, estabelecidas pela Lei Brasileira de Inclusão (LBI) – também conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência – que está em vigor desde janeiro último. O debate contou com o apoio do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de São Paulo (Sintracon-SP); do Serviço Social da Construção Civil do Estado de São Paulo (Seconci-SP), que desenvolveu o “Estudo de Viabilidade para Inserção Segura de PCD na Construção Civil”, por meio do Instituto de Ensino e Pesquisa Armênio Crestana (IEPAC); da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que realiza o programa “Meu Novo Mundo”, em conjunto com

Silvia Regina citou a dificuldade em contratar PCDs

a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Estado de São Paulo. Também estiveram presentes profissionais e estudiosos engajados nessa questão. O presidente do SindusCon-SP, José Romeu Ferraz Neto, reafirmou o compromisso da entidade em promover o cumprimento da Lei de Cotas para o emprego de PCDs na construção e que continuará a luta para a superação dos obstáculos. Romeu Ferraz citou as dificuldades para a inclusão, de conhecimento geral, que incluem a precariedade na mobilidade urbana, o que muitas vezes impede a pessoa com deficiência de se deslocar até as obras. “Mas não vamos esmorecer. Seguiremos estimulando as construtoras paulistas a empregarem PCDs, mesmo aquelas que não estejam obrigadas pela Lei de Cotas”, afirmou. Na opinião de Marianne Pinotti, titular da Secretaria da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida do

temos tecnologia assistiva”, relatou a desembargadora, que está liderando um trabalho de conscientização dos servidores para reduzir o preconceito. Por outro lado, conforme destacou José Carlos do Carmo, mais conhecido como Cao, auditor da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Estado de São Paulo, o Uber aceita motoristas surdos-mudos e cadeirantes. “É louvável que quebra esses velhos paradigmas”, afirmou Cao, que destacou que qualquer discriminação à deficiência é crime sujeito à pena de reclusão de 2 a 5 anos. O desafio, porém, vai além do preconceito. “A indústria tem dificuldade para contratar PCDs, muitas vezes por falta de mão de obra qualificada”, destacou Sylvio de Barros, diretor do Departamento de Ação Regional da Fiesp. Segundo ele, o resultado é que, de 91 mil postos de trabalho reservados para PCDs na indústria paulista, apenas 46 mil estão preenchidos atualmente. No entanto, como destacou Ishikawa, os empresários da construção têm demonstrado empenho na inclusão da PCD e no cumprimento das cotas legais. “Me emociona o compromisso do SindusCon-SP não só com a inclusão da PCD, mas com o trabalho decente”, comemorou a secretária Marianne Pinotti.


SINDUSCON-SP EM AÇÃO JORGE ROSENBERG

LICENCIAMENTO SIMPLIFICADO Dez cidades apresentaram iniciativas para desburocratizar e agilizar processos de solicitação e obtenção de licenças para a construção civil durante encontro realizado na sede do SindusCon-SP

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esultado de esforço em conjunto com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e a Frente Nacional de Prefeitos (FNP), o 1º Encontro Estadual sobre licenciamentos na construção foi realizado em 28 de abril, na sede do SindusCon-SP. Durante a abertura, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, afirmou que a criação da Secretaria Municipal de Licenciamento (SEL) permitiu agilizar os processos de aprovação de novas obras na capital paulista. “As providências que tomamos em São Paulo foram muito bem recebidas pelo mercado”, disse. “A criação da Controladoria Geral do Município foi fundamental para reduzir a corrupção”, constatou. Iniciativas como essa são bem-vistas pelo mercado, conforme afirmou o presidente do SindusCon-SP, José Romeu Ferraz Neto. “Todos ganham, pois aumenta a produtividade do poder público e das empresas e a arrecadação municipal se eleva”, afirmou. Romeu Ferraz reforça o empenho do SindusCon-SP em “reativar a atividade da construção para voltar a gerar massivamente habitação, emprego e renda”. De acordo com Pedro Luiz Fonseca, secretário executivo da Secretaria dos Órgãos Colegiados de São Paulo, a SEL tem adotado inovações para simplificar o licenciamento, como obtenção de licenças via internet, transição para o novo Plano Diretor Estratégico, valorização e capacitação dos servidores. “Foi retomada a parceria do Plantas Online e começamos a conversar com SindusCon-SP, Secovi-SP e Asbea para garantir agilidade às análises técnicas”, disse. Também foram citadas por Fonseca as propostas relacionadas ao Novo Código de Obras, como, por exemplo, a responsabilização de empreendedores e profissionais, o foco nas exigências técnicas municipais, a adoção de projeto simplificado, a eliminação de obrigatoriedade de licenciamento de atividades de pouco impacto urbanístico, as regras específicas para requalificação e a diminuição do número de instâncias de recurso.

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De acordo com dados apresentados durante a abertura do evento, as irregularidades cometidas em 2013, antes da unificação dos processos na Secretaria de Licenciamento, oneraram a prefeitura em cerca de R$ 500 milhões. Por isso, a parceria com o setor privado era imprescindível. “Demos ao setor privado um tratamento adequado do ponto de vista regulatório. E hoje estamos vivendo outros tempos, onde há confiança”, comemorou o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. Haddad contou que “a próxima ação é melhorar a informatização dos processos, para ganharmos celeridade e eficiência”. O cronograma prevê, ainda, a revisão da legislação urbanística da cidade, com a sanção do novo Plano Diretor Estratégico e da Lei de Zoneamento, além da revisão do Código de Obras e Edificações. “Há obstáculos para serem superados, mas é uma agenda que vale a pena. Reduzimos o custo Brasil e a burocracia e ganhamos em transparência, confiança da sociedade e do empresariado, além de trazermos investimentos”, salientou. Para ele, esse tipo de iniciativa contribui para a retomada do crescimento. “A indústria da construção é essencial para geração de emprego e renda no Brasil”, afirmou. O discurso é consonante ao de Miguel Biazzo, secretário adjunto de Licenciamentos. Para ele, é um momento de grandes transformações. “A sociedade civil e os empresários exigem transparência, inovação, agilidade, rapidez e redução de custo. A ideia desse evento caminha nessa direção”, disse. CASES DE SUCESSO Além da cidade de São Paulo, outras nove prefeituras apresentaram exemplos de iniciativas voltadas à melhoria dos processos de licenciamento, com busca por agilidade e desburocratização dos processos. As cidades presentes foram Atibaia (SP), Belo Horizonte (MG), Campinas (SP), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Fortaleza (CE), Guarulhos (SP), Osasco (SP) e São Luís (MA).

Prefeito de São Paulo, Fernando Haddad prestigiou o Fórum de Licenciamento, participando da abertura

Por isso, o presidente do SindusCon-MA, Fábio Nahuz, comemora a disseminação de boas práticas em municípios de todo o País que investiram em inovação para desburocratizar processos. “O aumento no custo chega a 12% no valor final do imóvel para o proprietário”, destacou. Com a presença da secretária municipal adjunta de Regulação Urbana, Branca Antunes de Macahubas Cheib, Belo Horizonte apresentou o Programa Alvará na Hora, em que o alvará de construção é emitido em até sete dias, reduzindo significativamente o tempo médio anterior, de 130 dias. Essa é a primeira de duas etapas de implementação do programa. A segunda está em análise junto à Câmara Municipal e propõe aprovação imediata para construções de baixo impacto e que não estejam em locais de preservação ambiental e/ou cultural. Branca afirma que, uma vez que ao município interessa apenas verificar a parte conceitual, como a acessibilidade e o passeio, alguns parâmetros podem deixar de ser avaliados pela secretaria. “Estamos realizando um grande trabalho de mudança cultural desde 2010. A burocracia gera um custo alto. Em um momento de crise temos que repensar nossa forma de atuar”, explicou. Campinas, por sua vez, representada por seu secretário de Urbanismo, Carlos Augusto Santoro, contou como instituiu, em 2015, a Aprovação Responsável Imediata (ARI) para agilizar o andamento

de empreendimentos imobiliários de baixo impacto, ou seja, empreendimentos unifamiliares, comércios e prédios institucionais. Agora, o Alvará de Execução de Obra é expedido no mesmo dia de entrada do pedido, com consulta eletrônica e, consequentemente, possibilidade de acompanhamento em tempo real. Em Atibaia, a novidade foi a criação e implementação do Sistema de Licenciamento Online (Silo), que reduziu de 60 dias para menos de uma semana o prazo para emissão dos alvarás de obras. “Melhoramos o processo logístico, otimizamos os espaços físicos na secretaria e diminuímos a produção de papel”, relatou o chefe de aprovação e análise da cidade, Cleiton Gomes Barbosa. Em Guarulhos, na Região Metropolitana de São Paulo, foi criada a Certidão de Diretrizes Urbanísticas, conforme apresentou a arquiteta Glaucia Varandas, da secretaria de Desenvolvimento Urbano. De acordo com ela, o documento informa os condicionantes físicos, ambientais, econômicos e urbanísticos que balizam a elaboração de projetos de empreendimentos com impacto potencial. Assim, é obrigatório para o licenciamento de construções de grande porte. No contexto de implementação do programa, um dos desafios é a implantação do sistema online interligado. Tal ferramenta, conta Varandas, facilita a obtenção do documento e o encaminhamento da análise para Estudos Prévios de Impacto de Vizinhança (EIV). www.sindusconsp.com.br

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SINDUSCON-SP EM AÇÃO

ARTIGO JURÍDICO

Ao lado de Romeu Ferraz, Almeida faz análise econômica

Economista defende reforma da Previdência já Mansueto de Almeida, membro da equipe econômica de Michel Temer, diz ser “impossível” a manutenção das atuais regras para aposentadoria

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m dia após ter sido nomeado secretário de Assuntos Econômicos do Ministério da Fazenda, o economista Mansueto de Almeida visitou a sede do SindusCon-SP, onde realizou uma análise detalhada da conjuntura econômica brasileira, em palestra para empresários da construção civil e pela diretoria comandada pelo presidente José Romeu Ferraz Neto. Almeida expôs os desafios que a nova equipe econômica enfrentará para fazer o país sair da recessão e evoluir para o crescimento. No curto prazo, segundo ele, a principal tarefa é colocar as contas públicas em ordem, eliminando o déficit fiscal. Ao mesmo tempo, o governo tem que se empenhar desde já a resolver o problema estrutural do déficit previdenciário, trabalho esse que terá produzirá efeitos no longo prazo. “O País está passando por um processo de envelhecimento muito acelerado. Nas próximas duas décadas, vai ocorrer aqui o que levou um século para acontecer na Europa”, afirmou. “E daqui a 30 anos, o Brasil terá a mesma estrutura demográfica do Japão, o país mais velho do mundo”, disse, ressaltando que o Japão se tor-

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nou uma nação com grande proporção de idosos quando já era rico, o que não será o nosso caso. Com a previsível explosão nos gastos com aposentadorias, torna-se imperativo realizar, o quanto antes, a reforma da Previdência. “Hoje, oito pessoas trabalham para cada cidadão com mais de 65 anos de idade. Em 2040, apenas quatro trabalharão”, projetou Almeida. “A nossa trajetória de gastos com Previdência é insustentável: em 2015, esses gastos representavam 12,4% do PIB, em 2036 serão 15% e em 1050, 18,3%.” A reforma deverá, obrigatoriamente, mexer com os prazos para a obtenção dos benefícios. “É matematicamente impossível se manter as regras atuais, que permitem a aposentadoria aos 55, 60 anos”, analisou o economista. Em sua apresentação, que durou cerca de uma hora, Almeida dissecou para a audiência os dados relativos ao endividamento brasileiro e às despesas do governo federal. “Além de aprovar a reforma da Previdência, nosso desafio é controlar o crescimento das despesas e eliminar o déficit fiscal”, disse. “Se fizermos as coisas corretamente, vai chover dinheiro no Brasil.”

LEIA MAIS: Reportagem completa sobre a palestra de Mansueto de Almeida em www.sindusconsp.com.br

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uem não conhece história de algum conhecido que um dia acorda e, ao entrar em sua conta corrente bancária, descobre que seu saldo foi bloqueado por uma ordem judicial, vinda de um processo no qual não era parte e cuja existência desconhecia? Batia o desespero e corria-se a um advogado para tentar averiguar o que estava acontecendo, porque se estava sendo responsabilizado por aquela dívida e, por óbvio, tentar a liberação dos recursos bloqueados. Com a entrada em vigor do novo Código de Processo Civil (CPC) no mês de março passado, espera-se que este verdadeiro pesadelo deixe de ocorrer. Isso porque o novo texto legal, em seu art. 795, parágrafo 4º, determinou que a desconsideração da personalidade jurídica (instituto pelo qual se afasta o véu de proteção da pessoa jurídica para se atingir os bens de seus sócios) deverá obrigatoriamente ser feita por meio de um incidente processual específico (como se fosse um mini processo dentro do próprio processo), regulamentado pelos arts. 133 a 137. Assim, para que um juiz possa vir a desconsiderar a personalidade jurídica, há a necessidade de que o credor ou o Ministério Público, nos casos em que este intervém, faça, a qualquer mo-

mento do processo, um pedido específico para o juiz, gerando esse novo incidente processual. Em seu requerimento, o credor deverá demonstrar o preenchimento dos pressupostos legais específicos para a desconsideração da personalidade jurídica, os quais estão, basicamente, no art. 50 do CPC (desvio de finalidade da pessoa jurídica ou confusão entre o patrimônio desta e de seus sócios) e no art. 28 do Código de Defesa do Consumidor (abuso de direito,

“TRATA-SE DE UM GRANDE AVANÇO, POIS O DIREITO AO CONTRADITÓRIO E À AMPLA DEFESA É PRESTIGIADO excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social). Uma vez instaurado o incidente, o processo principal será suspenso e o sócio será citado (intimado a responder ao processo) para se manifestar e requerer as provas cabíveis no prazo de 15 dias. Ou seja: em princípio, antes que haja qualquer bloqueio, o sócio terá o direito de se manifestar e produzir provas, diversamente do que ocorria antes.

Completada a instrução do processo, o juiz proferirá decisão acolhendo ou não o pedido de desconsideração da personalidade jurídica. Se acolhido o incidente, não valerá contra esse credor a alienação de bens (venda, doação, dação em pagamento) que tiver ocorrido após a citação da empresa para o processo principal. A criação desse incidente de desconsideração da personalidade jurídica é, portanto, um grande avanço, pois prestigia o direito ao contraditório e à ampla defesa dos sócios de uma empresa que não conseguiu honrar com suas obrigações. O Tribunal Superior do Trabalho, em sua Resolução nº 203, de 15 de março de 2016, determinou aplicar-se ao Processo do Trabalho esse incidente, assegurada a iniciativa também do juiz do trabalho na fase de execução (art. 878 da CLT). É certo que será admissível pedir-se uma liminar para que, já ao momento da instauração do incidente, haja o bloqueio dos bens dos sócios, mas a regulamentação dessa situação – que é corriqueira nos processos judiciais – foi, com certeza, uma novidade bem vinda da nova lei processual e, quem sabe, acabará com estas desagradáveis surpresas quando do acesso à conta bancária. ADRIANA CASTRO

JORGE ROSENBERG

Desconsideração da personalidade jurídica no novo CPC: o fim do pesadelo?

FERNANDO RUDGE LEITE NETO

Advogado especializado nas áreas societária, contratual e imobiliária, sócio do escritório Fernando Rudge Leite e membro do Conselho Jurídico do SindusCon-SP

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DIVULGAÇÃO

REGIONAL

Em Mogi das Cruzes, o sol serviu de convite para os trabalhadores e familiares se divertirem na piscina

ConstruSer reúne quase 30 mil em todo o Estado Neste ano, evento do calendário anual do SindusCon-SP teve temática dupla – “Água, cuida que tem” e “Todos no combate ao Aedes aegypti” – e foi realizado simultaneamente em 11 municípios paulistas

M

ais de 26 mil pessoas, entre trabalhadores e voluntários, participaram do Encontro Estadual da Construção Civil em Família (ConstruSer 2016) realizado no dia 30 de abril simultaneamente em 11 cidades paulistas. Com o objetivo de conscientizar e mobilizar os participantes sobre a preservação da água, mostrando a sua importância para a continuidade da vida, e também sobre as formas de combate ao mosquito transmissor da dengue, da chikungunya e do zika vírus, este ano o evento teve temática dupla: “Água, cuida que tem” e “Todos no combate ao Aedes aegypti”.

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notícias da construção // jun 2016

Na abertura do evento, em Osasco, o presidente do SindusCon-SP, José Romeu Ferraz Neto, destacou a importância do trabalho voluntário e social para a família do trabalhador da construção em momento tão difícil para o setor. “Isso torna o ConstruSer ainda mais significativo”, declarou. Por sua vez, o vice-presidente de Relações Capital-Trabalho e Responsabilidade Social, Haruo Ishikawa, destacou que, desde o início dos trabalhos, mais de 1 milhão de pessoas foram atendidas. “O maior patrimônio que os empresários têm são os trabalhadores”, disse. O ConstruSer é voltado para a qualidade de vida dos trabalhado-

res. Promovido pelo SindusCon-SP há nove anos, conta com a parceria da Fiesp, do Senai-SP, do Sesi-SP e do Seconci-SP. Além de Osasco, receberam o evento as cidades de Bauru, Campinas, Presidente Prudente, Sertãozinho, Santo André, Cubatão, São José do Rio Preto, São José dos Campos e Votorantim. Em Osasco foram realizadas atividades educativas sobre combate ao Aedes, de ações ambientais e de reaproveitamento, exames oculares e de sangue, aferição de pressão, além de limpeza de pele, massagem, voos de balão, brincadeiras, sorteios, show com bandas variadas, apresentação de cães policiais e muito mais.

VOTORANTIM Os participantes tiveram uma vasta gama de atividades para aproveitar o momento em família. Algumas pessoas aproveitaram o dia ensolarado para curtir a piscina do clube do Sesi Votorantim. Outras procuraram cuidar da aparência com a equipe da Embelleze, que estava oferecendo corte de cabelo e manicure. Na área ambiental, os participantes puderam conhecer a Casa Sustentável, totalmente construída e decorada com materiais reciclados. Os participantes receberam ainda orientação sobre a preservação da água, mostrando a sua importância para a continuidade da vida, e também sobre as formas de combate ao Aedes.

SÃO JOSÉ DO RIO PRETO Uma apresentação da Banda da Polícia Militar deu início oficial ao evento com a execução do hino nacional e de um animado repertório. No jardim e nas dependências do Sesi foram montadas as barracas com atividades educativas, de esporte e lazer. A primeira parada dos visitantes era nas barracas de prevenção da saúde fazendo exames de acuidade visual, prevenção de cáries e outros. Para a garotada teve oficinas de desenho, pintura, maquiagem colorida, jogos e muitos brinquedos e brincadeiras. Cerca de mil pessoas participaram do evento. Entre café da manhã, almoço e lanche da tarde, foram consumidos mais de 2 mil

refrigerantes e meia tonelada de carne, além de mais de mil frutas, mil sorvetes e outros alimentos. SERTÃOZINHO Shows de patinação artística, tradição da região, e da dupla sertaneja participante do The Voice Kids, Íkaro & Rodrigo, animaram as 2,6 mil pessoas que vieram de várias cidades da Regional de Ribeirão Preto. Durante o evento, foram realizadas diversas atividades e oficinas. Para as crianças, brinquedos e jogos, como futebol, touro mecânico, piscina de bolinhas e escalada, além da piscina, que agrada a todas as idades. Para garantir o bem-estar e cuidar da saúde, o evento contou com a presença de massoterapeu-


REGIONAL tas, que ofereceram shiatsu, além de dentistas e profissionais de saúde do Seconci-SP, com exames dentários, de pressão e glicemia. Para as mulheres, a novidade foi a presença do “MamaMóvel”, que realizou exames e orientação sobre o câncer de mama.

a diversas atividades ao ar livre. O evento ofereceu exames médicos, shows de grupos sertanejos e cuidados com o visual, com corte de cabelo e maquiagem. Foram reunidas mais de 2,4 mil pessoas vindas de São José dos Campos e cidades vizinhas, como Jacareí, Taubaté e Caçapava, além de trabalhadores de Mogi das Cruzes e Suzano que, como em todo ano, não deixam de marcar presença no evento.

BAURU Em Bauru, a animação do evento contou com a música da Banda Marcial do Sesi-SP e do tradicional Clube da Viola. Os jovens Yuri Hayashi e João Pedro Santos, vencedores do São Paulo Skills pelo Senai, também apresentaram seus trabalhos em alvenaria e aplicação de revestimento cerâmico. Na solenidade de abertura, o diretor da Regional SindusCon-SP na cidade, Ricardo Aragão, enfatizou o aspecto social do evento. “Este é um dia especial pensado para os trabalhadores”, afirmou.

familiares, o ConstruSer em Presidente Prudente realizou mais 23,3 mil atendimentos no CAT Belmiro Jesus, no Parque Furquim. O frio não foi suficiente para que as pessoas deixassem de curtir a piscina em família, com atividades recreativas e esportivas, além das tradicionais atrações do evento.

ção total de cerca de 1,5 mil pessoas, entre trabalhadores da construção civil, familiares e voluntários, que garantiram a festa para todos. Todas as atividades foram pensadas para agradar os participantes. Mesmo com a baixa temperatura a animação foi intensa, com aulas de dança e show de palhaços.

PRESIDENTE PRUDENTE Com a presença de 1,4 mil trabalhadores da construção civil e seus

CAMPINAS Em Campinas, a edição 2016 do ConstruSer contou com a participa-

SANTO ANDRÉ Realizado no CAT Theobaldo de Nigris, o evento contou a participação de mais de 2 mil pessoas. Entre as atividades, houve a exposição de uma maquete da dengue com o ciclo larvário do mosquito, larvas vivas e exposição de criadouros, com a colaboração da Vigilância Sanitária de Santo André; orientação sobre o Programa de Educação Previdenciária pelo INSS; reciclagem artesanal de papel, sob orientação do Semasa; corte de cabelo e limpeza facial, além da apresentação de peças teatrais, stand-up comedy, sapateado e dança flamenca.

FOTOS: DIVULGAÇÃO

Quem compareceu ao evento em Bauru contou com orientações de saúde bucal

Banda da Polícia Militar animou o público em São José Rio Preto

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CUBATÃO Na Baixada Santista, mais de 1,1 mil pessoas se reuniram no Sesi Décio de Paula Leite Novaes, em Cubatão, para participar das atividades oferecidas. Foram realiza-

das oficinas de brigadeiro gourmet e de cupcake, houve apresentações do grupo de dança de Cubatão, de katai, dos atletas de judô e karatê, do Sesi, música, corte de cabelo e massagem. Um bocão inflável foi utilizado por dentistas para orientar as crianças sobre a escovação correta. Também foram realizados exames de glicemia, colesterol, visão e aferição de pressão. Além disso, os presentes puderam participar de uma oficina de surfe e foram levados por uma van para conhecer o mangue perto de Cubatão. MOGI DAS CRUZES Neste ano, a cidade reuniu cerca de 450 pessoas do Alto Tietê para

o ConstruSer. Os participantes tiveram à disposição atividades como educação alimentar, exames médicos e odontológicos, esportes, oficinas de artesanato para geração de renda complementar, oficinas de educação ambiental e outras práticas relacionadas à saúde, educação, cultura e ao lazer e entretenimento. O diretor da Regional Mogi das Cruzes, Mauro Rossi, destacou o envolvimento dos profissionais da região. “Os trabalhadores esperam o ano todo por esta data e eles são o pilar do nosso setor. O SindusCon-SP sempre prezou pela parte social e, mesmo diante das dificuldades no setor, não abriremos mão disso nunca”, declarou.

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS Os trabalhadores e seus familiares puderam aproveitar o dia ensolarado na piscina e se dedicar www.sindusconsp.com.br

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POR DENTRO DO CTQ

Piscinas seguras Para facilitar entendimento e adequação às exigências de segurança, nova norma sobre piscinas revisa e reúne textos anteriormente vigentes

E

Fique por dentro do CTQ Com o objetivo de atualizar o leitor sobre os aspectos técnicos da construção civil, Notícias da Construção passa a publicar, a cada edição, a seção Por Dentro do CTQ, que irá retratar as questões debatidas no âmbito do Comitê de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP. Nesta edição de estreia, nossa reportagem foca nas alterações normativas referentes à construção de piscinas em condomínios residenciais.

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m 2014, a Comissão de Estudo Especial de Piscinas (CEE 215), da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), formou um grupo composto por representantes de diversos segmentos, como construtoras, projetistas, fabricantes e consumidores. A finalidade era dar início a estudos de revisão e consolidação de oito normas técnicas de piscina com foco em requisitos de segurança na operação, uso e manutenção. De acordo com Sergio Fernando Domingues, coordenador da comissão, a atualização é importante para eliminar sobreposições e repetições, priorizando a segurança dos usuários. Mais do que isso, a intenção era abordar o assunto de forma sistêmica. Por esse motivo, a Comissão decidiu transformar todas as normas referentes a piscinas então vigentes em um único texto, a NBR 10339 – Piscina – Projeto, Execução e Manutenção. Os trabalhos realizados pela CEE 215 contemplam orientações para piscinas já existentes, em execução, em reforma e em fase de concepção e projeto. “A moti-

Normas Técnicas Regulamentadoras vigentes aplicáveis a piscinas w ABNT NBR 9816 - Piscina - Terminologia w ABNT NBR 9818 - Projeto de execução de piscina (tanque e área circundante) - Procedimento w ABNT NBR 9819 - Piscinas - Classificação w ABNT NBR 10339 - Projeto e execução de piscina - Sistema de recirculação e tratamento - Procedimento w ABNT NBR 10818 - Qualidade de água de piscina - Procedimento w ABNT NBR 10819 - Projeto e execução de piscina (casa de máquinas, vestiários e banheiros) - Procedimento w ABNT NBR 11239 - Projeto e execução de piscina (equipamentos para a borda do tanque) – Procedimento Outras Normas Técnicas referenciadas: w ABNT NBR 15575 - Edificações Habitacionais - Desempenho w ABNT NBR 5674 - Manutenção de edificações - Requisitos para o sistema de gestão de manutenção w ABNT NBR 16280 - Reforma em edificações - Sistema de gestão de reformas – Requisitos w ABNT NBR 9050 - Acessibilidade a edifcações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos

vação é chamar a atenção quanto à importância do tema segurança, especialmente a dos usuários, em relação aos acidentes em piscina”, pontua Domingues. A NBR 10339 destina-se, explica ele, a administradoras de hotéis, resorts, clubes, associações, escolas, síndicos de condomínios, arquitetos, projetistas de instalações, construtoras e fabricantes de equipamentos, além de servir de referência para proprietários de piscinas privadas e usuários. INFORMAÇÕES PRECISAS Para tornar mais claras e melhorar a adesão às orientações, além de classificar as piscinas entre aquelas que têm condicionamento da água e aquelas que não tem, a norma classifica os tanques de piscinas inclusive com relação às características físico-químicas da água (água doce, água medicinal ou água salgada). Confira no quadro. O texto orienta com relação à comunicação visual, exigindo informações sobre profundidade mínima e máxima, com destaque para pontos mais rasos, áreas escorregadias, permitindo ou não mergulhar, além de indicar a quantidade www.sindusconsp.com.br

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POR DENTRO DO CTQ máxima de banhistas permitidos. São especificados requisitos para o revestimento de piso, com lista de “características importantes para obter a durabilidade mínima exigida por esse tipo de uso, no caso, o meio agressivo do entorno de piscinas”, pontua Domingues. De acordo com ele, “todos os materiais devem ser ensaiados ou ter testes comprobatórios sobre o desempenho requerido, como exige todas as normas de desempenho no Brasil e pelo mundo”. Outra novidade é a retirada do lava-pés da norma. “De acordo com as boas práticas de higiene, esse equipamento de piscina foi retirado dessa versão da norma”, pontua o coordenador da CEE. RALOS DE FUNDO Com novas exigências para garantir que o poder de sucção dos ralos não prenda os usuários no fundo da piscina, a norma prevê situações e respectivas soluções. No primeiro caso, o sistema de sucção é montado com, no mínimo, dois drenos de fundo, interligados e hidraulicamente equilibrados, com grelha anti-aprisionamento e distantes, no mínimo, 1,5 m entre si (Figura 1). Outra situação prevê a eliminação do ralo de fundo (Figuras 2 e 3), com captação de água pela superfície por meio de skimmer (coadeira) ou canaletas com vazão adequada para a sucção da bomba instalada. Há, ainda, a possibilidade de montar dreno de fundo equipado com grelha antiaprisionamento. Esta, nesse caso, seria instalada com tanque intermediário de sucção indireta (Figura 4). Mesmo tanques já existentes são alvo da norma. Embora as soluções previstas para novas construções possam ser adotadas

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CLASSIFICAÇÃO DAS PISCINAS Quanto ao uso: w Públicas: uso público em geral w Coletivas: uso exclusivo dos associados de uma entidade, como clubes ou escolas w De hospedaria: para uso de hóspedes, como em hotel, motel ou casas de banho w Residenciais coletivas: para uso de residentes permanentes, por exemplo em condomínios, asilos, penitenciárias, sanatórios etc. w Residenciais privativas: para uso de famílias Quanto ao suprimento de água: w Recirculação com tratamento: equipada com sistema de recirculação e tratamento de água w Renovação contínua de forma programada com tratamento: com alimentação contínua com água e tratamento adequado w Renovação contínua de forma programada sem tratamento: alimentação contínua com água Quanto à finalidade: w Desportivas: uso, principalmente, em competições, devendo atender características definidas pelas instituições desportivas w Recreativas: para recreação e/ou prática de natação em geral w Mistas: com áreas específicas destinadas à competição e à recreação w Infantis w Especiais: para fins específicos que não recreação e competição Quanto ao local: w Abertas: situadas ao ar livre w Cobertas-abertas: com cobertura e sem fechamento lateral do recinto w Cobertas-fechadas: com cobertura e fechamento lateral do recinto Quanto à concepção: w Naturais: com aproveitamento do ambiente natural w Artificiais: projetadas e construídas

nesses casos, a norma oferece alternativas, como a montagem do sistema de sucção com um dreno de fundo equipado com grelha anti-aprisionamento interligado ao skimmer (coadeira), sem válvula ou registro na interligação (Figura 5); com dispositivo que desligue automaticamente o sistema hidráulico ao menor sinal de obstrução na sucção da motobomba (Figura 6); acoplado ao sistema de ventilação atmosférica (Figura 7); ou interligado ao skimmer (coadeira) e este à motobomba (Figura 8). ACESSÓRIOS REGULAMENTADOS O sistema de coadeiras (skimmers) é exigido pela norma para remoção de impurezas da superfície da água, que fica sujeita ao acumulo de matéria orgânica e proliferação de bactérias e microorganismos. “Esse sistema não é aplicável para piscinas com sistema de captação de água pela superfície ou transbordamento”, lembra Domingues. De acordo com a NBR 10.339, uma coadeira deve ser instalada a cada 25 m² para piscinas públicas, coletivas e de hospedaria e a cada 50 m² para piscinas residenciais privativas e coletivas. Quanto aos dispositivos de salva-vidas, exceto para piscinas residenciais privativas, é preciso que exista pelo menos uma caixa de primeiros socorros e, em local acessível, próximo ao tanque, um cabo com no mínimo 4,00 m, não telescópico e com gancho de segurança anexo e uma boia de aro com diâmetro exterior de 38 a 61 cm conectada por corda com diâmetro de 1/4 a 3/8 polegadas e que tenha pelo menos o comprimento de dois terços da largura máxima da piscina.

Figura 1 – Sistema de sucção com dois drenos

Figura 2 – Sistema de sucção com skimmer

Figura 3 – Sistema de sucção com canaleta

Figura 4 – Sistema de sucção com um dreno de fundo

Figura 5 – Sistema de sucção com skimmer e um dreno

Figura 6 – Sistema de sucção com dispositivo de segurança

Figura 7 – Sistema de sucção com um dreno de fundo equipado com grelha antiaprisionamento acoplado ao sistema de ventilação atmosférica

Figura 8 – Sistema de sucção com um dreno de fundo equipado com grelha antiaprisionamento interligado ao skimmer (coadeira) e este à motobomba

A nova versão da norma apresenta maior detalhamento das tipologias de bordas. Há desenhos genéricos e ilustrativos sobre as soluções possíveis que servem de referência. Exemplo é a borda transbordante, conforme indicado na figura

Visando à acessibilidade, as faces do tanque devem dispor de faixa pavimentada contínua com largura livre mínima de 1,80 m, para as piscinas públicas e coletivas, e de 1,20 m, para as piscinas de hospedaria e residenciais coletivas

Com critérios de segurança mais rígidos, a NBR 10339 estabeleceu a necessidade de haver um degrau de descanso para piscinas com mais de 1,20 m de profundidade, conforme a figura

Dispositivos antiaprisionamento, que impedem que cabelos e vestuário sejam sugados pelo ralo de fundo, são obrigatórios. Os ralos podem ser executados pelo incorporador ou comprados de fabricantes que atendam os diâmetros indicados na imagem

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INOVAÇÃO

Para atender às demandas arquitetônicas diferenciadas de projeto inovador, sem comprometer o prazo e o orçamento da obra, Sinco Engenharia optou por utilizar sistemas, produtos e metodologias convencionais

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mpreendimento da Idea!Zarvos, incorporadora que tem investido em inovação arquitetônica na região Oeste da cidade de São Paulo, o Árbol está sendo construído pela Sinco Engenharia. Os apartamentos-tipo têm de 160 m² a 192 m² de área útil, três ou quatro suítes, com três vagas de garagem e contam com varandas incorporadas à volumetria do edifício. O projeto do Árbol prevê área de lazer completa, com academia, salão de festas, piscina e quadra. O sobressolo para estacionamento permite a implantação do térreo 6 metros acima do nível da rua. Localizado na Vila Ipojuca, o edifício de oito pavimentos e 25 unidades conta com projeto do arquiteto português Carvalho Araújo. “Pedimos ao arquiteto que procurasse integrar o edifício ao bairro, o que foi amplamente atendido ao tornar público o recuo frontal de 5 metros e direcionar visualmente o pedestre para uma praça verde localizada no centro do empreendimento”, diz Luiz Felipe Carvalho, sócio do escritório Idea!Zarvos. De acordo com ele, o escritório português propôs um ritmo de distribuição dos elementos verticais na fachada que “inviabiliza a leitura dos limites entre as três unidades por andar, resultando num volume único e elegante”.

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EXECUÇÃO MINUCIOSA As diretrizes arquitetônicas previam pavimentos livres, sem vigas ou sancas. Isso levou à necessidade de adotar uma solução estrutural baseada em lajes planas com 18 centímetros de espessura e instalações hidráulicas em PEX. Além de afetar os projetos, a inovação arquitetônica resultou em desafios executivos, conforme conta Jorge Wagner, superintendente de engenharia da Sinco. De acordo com ele, o fato de a torre ser baixa, com apenas oito andares, exigiu um planejamento extremamente afinado. Em empreendimentos com tal característica, analisa, o cronograma tem que ser preciso, sob o risco de atraso nas atividades. Dentre todos os desafios, entretanto, o mais relevante estava na fachada do edifício, que tem estrutura de concreto e fechamentos de alvenaria de concreto. “Há várias particularidades pelo fato de ser um cliente que projeta empreendimentos atípicos, mas, sem dúvida nenhuma, os maiores desafios são os diversos sistemas que existem na fachada”, afirma. Como parâmetro, Wagner conta que em outro empreendimento com a mesma quantidade de pavimentos, mas com fachada convencional, a execução desse elemento começou dois meses depois e já foi

FOTOS: JORGE ROSENBERG

FACHADA ATÍPICA, EXECUÇÃO SIMPLIFICADA Abas formam molduras; efeito de concreto aparente [no detalhe] foi obtido com aplicação de revestimento sobre o emboço

concluída. No caso do Árbol, a fachada vai levar entre sete e oito meses para ser concluída. O prazo de construção do edifício é de 24 meses, com entrega prevista para outubro próximo. A questão mais relevante em relação à fachada é o fato de os caixilhos facearem por fora, ou seja, os vidros ficam no mesmo plano do revestimento externo de argamassa. A dificuldade, nesse caso, é ter de prever a espessura final do revestimento já no momento de instalar os contramarcos. Para aumentar a previsibilidade dessas dimensões, foi necessário intensificar o controle dimensional de execução da estrutura, de modo a não permitir desvios da laje. Até mesmo porque lajes sem vigas, como é o caso, podem estar mais sujeitas a desvios. “Tivemos que acompanhar muito mais de perto porque não teria como corrigir eventuais desvios no emboço, o que condenaria os caixilhos”, explica Wagner. Além da questão técnica envolvida, há implicações também no cronograma de obra. “Criei uma atividade a mais, que é mapear a espessura do emboço antes de começar o revestimento da fachada”, explica Wagner.

ELEMENTOS ESTÉTICOS Para criar o ritmo na fachada citado anteriormente por Carvalho, o arquiteto concebeu elementos verticais que, juntamente com pequenos avanços nas lajes (abas), remetem a molduras. Enquanto as abas apoiam os equipamentos de ar condicionado das unidades, os elementos verticais não têm função estrutural. Por isso – e também porque a disposição desses elementos não segue um padrão linear –, não fazia sentido usar concreto moldado in loco. Sérgio Mester, diretor de obras da Idea!Zarvos, conta que durante a fase de projetos e execução foram estudados todos os encontros entre as alvenarias e estrutura. “Adotamos a solução com elementos pré-moldados para a execução dos elementos verticais”, diz, referindo-se ao EPS revestido com argamassa para apliques decorativos de fachada. “Essa solução agilizou o processo de um projeto complexo, pois a fachada praticamente não tem repetição”, diz Wagner, ao lembrar que essa característica também intensificou a necessidade de gestão da mão de obra. Outra demanda estética da arquitetura era que o acabamento final externo tivesse aparência de concreto aparente. “Conseguir uma fachada com cara de concreto aparente em concreto de fato é basicamente uma obra de arte e não um prédio do mercado imobiliário”, pontua Wagner. Para viabilizar a proposta do arquiteto, a Sinco optou por usar um revestimento cimentício que, aplicado sobre o emboço, simula a cor e a textura desejadas. Com 2 milímetros de espessura, esse revestimento é aplicado manualmente com desempenadeira e em várias camadas. O produto escolhido tem a capacidade de se manter estável e sem patologias, mesmo em pequenas espessuras. A película com cor de concreto substitui a textura e a tinta, sendo lixada a cada demão e recoberta por hidrofugante em sua camada final. “Nossa proposta foi vencer o desafio de fazer uma fachada completamente atípica com materiais comuns e revestir isso dando a impressão de que é um concreto aparente. Não tínhamos tecnologias específicas”, salienta o superintendente da Sinco. www.sindusconsp.com.br

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ARTIGO TÉCNICO

Revestimentos sintéticos texturizados e a segurança higroscópica das fachadas A ausência de norma brasileira permite a comercialização de produtos com baixo desempenho e expõe construtoras a inúmeras e desnecessárias patologias

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notícias da construção // jun 2016

cia ao substrato, certa capacidade de dissimular fissuras (ocultar fissuras até certos limites), ser estáveis frente ao intemperismo (a texturização também contribui para disfarçar as alterações ocorridas) e, principalmente, contribuir para a estanqueidade do sistema de revestimento das fachadas. O objetivo deste artigo é destacar os requisitos de desempenho considerados essenciais, e respectivos critérios de desempenho,

IDEALMENTE, O REVESTIMENTO DEVE APRESENTAR BAIXO COEFICIENTE DE ABSORÇÃO DE ÁGUA E RAZOÁVEL PERMEABILIDADE AO VAPOR para os revestimentos sintéticos texturizados, prescritos em normas europeias vigentes, e têm sido utilizados como parâmetros na avaliação desses produtos por institutos de pesquisas e laboratórios de ensaios nacionais (Ex.: IPT-SP) devido à inexistência de norma brasileira. Dentre esses requisitos de desempenho destacam-se os relacionados à estanqueidade, uma vez que, em sua grande maioria,

as construções brasileiras apresentam fachadas constituídas de materiais cimentícios (concreto, bloco de concreto e argamassa) e/ ou cerâmicos (tijolos cerâmicos), que são pouco flexíveis e porosos e que apresentam atividade capilar intensa, o que resulta em alta absorção da água (da chuva) e da umidade (do ar). Nessa condição, durante as chuvas as duas faces da parede sofrem ciclos de molhagem, basicamente, devido aos seguintes fenômenos físicos: w Externamente: (i) quando chove, a parede absorve água pela força de sucção dos capilares presentes em sua microestrutura e (ii) quando a umidade relativa (UR) do ar externo é maior que a do ar ambiente interno, pelo fenômeno de difusão de vapor. w Internamente: quando a situação da UR é maior fora do que do lado de dentro, o sentido da difusão se inverte, condição em que o vapor atravessa a parede, de dentro para fora, e se dissipa no ar exterior. Assim, idealmente, o revestimento deve apresentar, ao mesmo tempo, baixo coeficiente de absorção de água por capilaridade e uma razoável permeabilidade ao vapor de água. Estes dois parâmetros — que são inversamente proporcionais —

Figura 1: Em (a) a condição de armazenagem segura da parede revestida, em (b) a sua saturação (Brosnan, 2003)

devem estar ajustados, dentro de certos limites, para que seja assegurado o equilíbrio higroscópico do sistema (Fig. 1) (KUNZEL, 1995). CARACTERIZAÇÃO DE REVESTIMENTOS SINTÉTICOS TEXTURIZADOS Existem requisitos de desempenho, e respectivos critérios, estabelecidos em Normas Europeias aplicáveis aos revestimentos sintéticos texturizados comercializados naquela região. Entre esses requisitos de proteção ao substrato destacam-se, na Figura 2, os mais importantes. Considera-se que se o revestimento sintético texturizado apresentar resultados iguais ou superiores aos parâmetros descritos acima, ele está bem formulado e têm propriedades protetivas ao substrato. Assim sendo, poderse-ia afirmar que os revestimentos

OSMAR HAMILTON BECERE

Pesquisador do IPT-SP e mestre em Engenharia pelo IPT-SP

Ensaio

Norma aplicável

Unidade

Exigência

Absorção de água por capilaridade

EM ISO 12.148: 2002

A (Kg/m h )

≤ 0,50

Permeabilidade ao vapor d’água

EM ISO 12.572: 2001

Sd (m)

≤ 2,00

Segurança higroscópica A x Sd ≤ 0,20

DIN 18858: 1985

C-UV

ABNT NBR 13.380: 2006

Não haver degradação: empolamento, craqueamento, fissuração ou descolamento

Permeabilidade de água sob pressão

AFNOR P-84: 1990

(168 h)

≥ 168

Aptidão para dissimular fissuras

UEAtc-LNEC: 1978

mm

≥ 0,20

Resistência de aderência

ABNT NBR 13.258: 1995

Mpa

≥ 0,30

2 1/2

≤ 0,20

Figura 2 – Requisitos de desempenho e respectivos critérios estabelecidos

sintéticos texturizado são realmente revestimentos técnicos. Finalizando, constata-se que esses revestimentos, mesmo à margem de qualquer normalização, conquistaram parcela significativa do mercado da construção

civil, condição mais que suficiente para que esforços sejam empregados no sentido de que uma norma técnica brasileira seja elaborada, e possa proteger todos os interessados: construtoras, fabricantes e usuário final. Contem conosco.

FOTOS: ARQUIVO PESSOAL

O

s revestimentos sintéticos texturizados, comumente identificados no mercado da construção civil como texturas acrílicas, desempenham somente o papel decorativo nas fachadas das edificações? Quanto ao aspecto decorativo não há dúvida, haja vista que esse tipo de revestimento resulta no aspecto final das construções, conferindo cores, agregando inúmeras texturas, realçando detalhes construtivos, ou seja, fazendo parte do projeto de arquitetura da edificação. No entanto, cabe a pergunta: podemos também chamá-los de revestimento técnico, ou seja, revestimento com propriedades protetivas? Para isso, precisamos nos certificar de que os revestimentos sintéticos texturizados e as texturas acrílicas, além da função decorativa, cumpram a função de proteger os substratos – reboco externo, alvenaria/concreto, revestimento interno – e consequentemente auxiliá-los na proteção dos espaços interiores das condições adversas do ambiente exterior: chuva incidente, ventos, troca de calor e de vapor de água entre a superfície da parede e o ambiente interno, condições essas que podem comprometer a salubridade desses espaços ao criar condições propícias ao desenvolvimento de microrganismos, por exemplo. Além disso, esses revestimentos devem apresentar boa aderên-

CARLOS EDUARDO CARBONE Diretor da Art-Spray Engenharia de Revestimentos e mestre em Engenharia pela Poli-USP

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FOTOS: DIVULGAÇÃO

ESQUADRIA COM DESEMPENHO

Composto de alumínio, o sistema de esquadrias de correr TropTec AS 39, da Schüco, é impermeável, resistente ao vento, conta com isolamento acústico e impermeabilidade ao ar. Além disso, explica a fabricante, a geometria dos perfis é capaz de suportar mais vidro com menos material. Outro diferencial é o fato de o sistema ser modular e contar com suporte de software. Assim, uma única fonte permite gerar uma grande variedade de tipologias de produtos, tanto para vidros duplos como únicos. Para edificações residenciais verticais, o sistema proporciona integração de luzes superior ou inferior com bandeiras e peitoris.

Elevador residencial

A Thyssenkrupp lançou o Synergy One, elevador para edifícios residenciais com até 12 paradas, que tem cabinas coloridas e componentes desenvolvidos para reduzir o impacto no custo. A máquina de tração sem engrenagem, com motor de imãs permanentes, diz a empresa, melhora o rendimento, reduzindo o gasto de energia. A iluminação de Led é capaz de reduzir o consumo de energia em até 75%, além de ter durabilidade até cinco vezes superior à da lâmpada fluorescente. Outra inovação é o stand-by automático, que deixa o elevador em modo de espera após cinco minutos sem uso. O sistema de resgate automático prevê que, em caso de falta de energia, o elevador se movimente até o próximo andar e abra a porta. Para entre seis e oito pessoas, opera com velocidade de 1 metro por segundo.

A Sasazaki lançou a Linha Alumifort, composta por portas-balcão, integradas e de correr, sem travessa central. Os produtos se diferenciam por ter a folha de vidro inteiriça, o que favorece a sensação de bem-estar e de amplitude no ambiente. Os modelos possuem vidro

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notícias da construção // jun 2016

JULHO

AGOSTO

• RODADA DE INOVAÇÃO DA CONSTRUÇÃO

• 18º SEMINÁRIO TECNOLOGIA DE ESTRUTURAS – PARALELO AO CONCRETE SHOW

Dia 5, em Campinas

• ESTUDO DE CASO: DESPLACAMENTO DE REVESTIMENTO CERÂMICO INTERNO Dia 28, na sede do SindusCon-SP, em São Paulo

CURSOS

Dia 25, em São Paulo

• PRÊMIO MASTER IMOBILIÁRIO Dia 31, em São Paulo

JULHO

AGOSTO

• GESTÃO EM SUSTENTABILIDADE – MÓDULO III

• GESTÃO EM SUSTENTABILIDADE – MÓDULO V

Dia 4 e 11, via streaming

Dia 1º, 8 e 15, via streaming

Dia 13, na Regional São José do Rio Preto

Dia 9, na sede do SindusCon-SP, em São Paulo

Dia 18, via streaming

Dia 15, na sede do SindusCon-SP, em São Paulo

Dia 20, na sede do SindusCon-SP, em São Paulo

Dia 24, na Regional Mogi das Cruzes

• E-SOCIAL – COMO GERENCIAR A SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO • GESTÃO EM SUSTENTABILIDADE – MÓDULO IV

• TÉCNICAS DE CONTROLE DE PROJETOS • GESTÃO EM SUSTENTABILIDADE – MÓDULO V

Portas com foco no conforto temperado de 4 milímetros, o que facilita a instalação da esquadria. Como opcional, a porta de correr está disponível com vidro Smart Reflex, que protege o ambiente dos raios UV em até 80% e reduz em 60% a entrada de calor. Outra característica é a alta qualidade da estanqueidade das portas. A caixa superior de vedação impede a entrada de água e ar e a caixa inferior de dreno limita a passagem de ar e redireciona a água na guia. Além disso, os produtos possuem escovas de vedação e juntas que não permitem a infiltração de água na parede, evitando manchas e escorrimentos.

EVENTOS

AGENDA

Dia 25, via streaming

• E-SOCIAL X EDF – REINF – ASPECTOS PREVIDENCIÁRIOS • GESTÃO SUSTENTÁVEL DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL • E-SOCIAL – COMO GERENCIAR A SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO

• PPCPO: PLANEJAMENTO PROGRAMAÇÃO E CONTROLE DE PRODUÇÃO DAS OBRAS Dia 26, na Regional Sorocaba

Informações: www.sindusconsp.com.br Inscrições: cursos@sindusconsp.com.br ou (11) 3334-5600

Chapa robusta Com 15 milímetros de espessura, a chapa Fortíssima, da Gypsum, foi lançada como alternativa à chapa de 12,5 milímetros e destina-se a sistemas com necessidade de maior robustez. De acordo com a empresa, a Fortíssima proporciona melhoria de 25% na resistência ao fogo, 20% no isolamento térmico, 28% na redução sonora e 20% na resistência mecânica. São fornecidas nas especificações Standart (ST), Resistente ao Fogo (RF) e Resistente à Umidade (RU).


VÃO LIVRE

// CONVERSA COM THIERRY FOURNIER

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DIVULGAÇÃO/SAINT-GOBAIN

CONFIANÇA NO FUTURO DO BRASIL O engenheiro francês Thierry Fournier, de 44 anos, 12 dos quais como executivo no Grupo Saint-Gobain, é um otimista. Atual presidente do conglomerado para o Brasil, Chile e a Argentina, Fournier aposta na volta do crescimento no médio prazo e comanda uma série de investimentos em inovação. Para ele, este é um dos principais remédios para tirar o País da crise.

Notícias da Construção // A Saint-Gobain recentemente inaugurou um centro de P&D, localizado no interior de São Paulo. Significou um investimento de R$ 55 milhões num momento de forte crise no País, no qual muitos estão desinvestindo. O clima predominante de pessimismo não contaminou o grupo? Thierry Fournier // Como todos os investimentos que fazemos na Saint-Gobain, o centro de pesquisa e desenvolvimento, inaugurado no mês de abril em Capivari, é o resultado de uma visão de médio e longo prazo. Ele demonstra que, apesar das dificuldades atuais, o grupo continua comprometido com o Brasil e acredita no seu potencial. Estamos presentes no País há quase 80 anos, com marcas e posições sólidas no mercado da construção civil e industrial, e já passamos por várias crises e períodos de instabilidades. O novo centro de P&D, que é o primeiro da Saint-Gobain no Hemisfério Sul, vai levar a inovação do grupo para um novo patamar no Brasil e na América do Sul, que são regiões estratégicas para o desenvolvimento de novas soluções e sistemas construtivos adaptados às condições climáticas quentes. Esse investimento será, sem dúvida, um acelerador de novos negócios para as nossas atividades. NC // O grupo tem outros investimentos em andamento no País e/ou planos para crescer em sua atuação no curto e no médio prazos? TF // As crises também são momentos de oportunidades. Claro que agora a prioridade é preservar as nossas atividades, mas precisamos também olhar para frente e preparar o grupo para a retomada da economia. Por isso, ajustamos o nosso mix de investimentos para focar mais na aceleração da produtividade e excelência operacional, e postergamos os projetos de aumento de capacidade. Continuamos também atentos aos novos negócios que podem aparecer no mercado tanto para diversificar a nossa atuação quanto para reforçar nossas posições, mas estamos mais cautelosos nas nossas escolhas. Além da inauguração do centro de P&D, a Saint-Gobain já realizou desde o início do ano três aquisições. Até o final de 2016, o grupo prevê a abertura de quatro a cinco lojas da Telhanorte e também a inauguração de uma unidade de produção de vidros automotivos na Argentina.

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notícias da construção // jun 2016

NC // O senhor acredita que o Brasil volte à rota de crescimento econômico quando? TF // É possível voltar ao caminho de crescimento, mas isso vai depender muito das medidas e reformas que vão ser tomadas nas próximas semanas. E mesmo assim, os efeitos não serão imediatos, mas no médio e longo prazos. No setor da construção civil, por exemplo, não percebemos perspectivas de melhoria por enquanto. O varejo, que resistiu até agora, está impactado diretamente pela crise de consumo dos brasileiros que postergam compra de imóveis e reformas. Em relação à construção, os próximos meses se anunciam complicados com uma queda forte dos lançamentos e dos estoques elevados de unidades habitacionais prontas. Nesse contexto, e em paralelo às ações necessárias do governo e dos poderes públicos já amplamente comentadas, as empresas têm um papel essencial em relançar a máquina econômica e sair desta crise. Em todos os setores, elas precisam multiplicar os projetos de inovação, aumentar a produtividade e flexibilidade de suas operações e focar ainda mais nos seus clientes, propondo produtos e serviços adaptados às suas necessidades. NC // Como o investimento em inovação pode ajudar o País a voltar a crescer? TF // A inovação é, sem dúvida, um dos principais remédios para tirar o País da crise. Ela tem um impacto direto na capacidade da empresa para diversificar e renovar seus produtos e enfrentar a concorrência exterior e os fenômenos crescentes de comoditização e uberisation. Pilar estratégico na Saint-Gobain, ela permite propor diversos materiais de alto valor agregado que respondem às especificidades locais e combinam eficiência energética, respeito ao meio ambiente e conforto para os usuários. Ela também é chave para aperfeiçoar o que já está disponível no mercado e para produzir cada vez mais com matérias-primas locais, reduzindo assim a parte dos importados em nossas soluções. 32 CONJUNTURA DA CONSTRUÇÃO

– MARÇO 2016


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