OPINIÃO: José Pastore, Luciano Amadio Filho, Flávio Boan Nº 148 ano 12 set 2015
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olhares sobre a crise brasileira Economistas de diferentes tendências discutem causas e buscam saídas para a armadilha que trava o crescimento.
INDICADORES E ANÁLISES: Conjuntura da Construção passa a circular trimestralmente em encarte nesta revista
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editorial
Impõe-se uma profunda reforma do Estado José Romeu Ferraz Neto Presidente do SindusCon-SP
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ão adianta mais o governo propor reduções pontuais de gastos e elevações de tributos para o resgate da confiança e a retomada dos investimentos. Isto foi demonstrado com clareza pela forte reação contrária à maioria dos itens do pacote fiscal lançado em setembro. Somente uma profunda reengenharia do Estado será capaz de liberar vultosos recursos para investimentos, promover o crescimento econômico e recuperar a confiança dos investidores. Essa reforma precisa pôr fim ao engessamento do Orçamento e à expansão contínua das despesas públicas, frequentemente sem fontes de financiamento adequadas. Executivo e Legislativo devem enfrentar corajosamente o desafio de promover uma reforma profunda da Previdência, revendo as regras de concessão de benefícios e substituindo progressivamente o atual regime de contribuição pela exigência de uma idade mínima para aposentadoria. A máquina pública precisa ser renovada e enxugada para tornar-se produtiva. Os mesmos desafios devem ser enfrentados por Estados e municípios, com a adequação de suas despesas ao fluxo de sua arrecadação ao longo do tempo.
Tudo o que for prejudicial à produtividade da economia necessita ser erradicado, a começar pela elevada carga tributária e complexa arrecadação. Não há sentido em seguirmos desestimulando o emprego formal por meio de uma legislação trabalhista anacrônica. Os negócios não podem continuar submetidos ao alto grau de insegurança jurídica existente. É preciso repensar o sistema educacional e instituir um ensi-
“POR SEU EFEITO EM CASCATA, UMA CONTRIBUIÇÃO PROVISÓRIA À PREVIDÊNCIA SÓ CAUSARÁ MAIS INFLAÇÃO E RECESSÃO” no técnico estimulante e de alta qualidade, a exemplo do existente em países como a Alemanha. O estímulo aos investimentos privados deve ser priorizado, removendo-se entraves ideológicos ao capital privado e tornando as parcerias público-privadas e concessões cada vez mais atrativas. As agências reguladoras precisam reconquistar sua independência em relação ao Estado, que necessita assumir integralmente
seu papel de fomentar investimentos, como ocorre em nações como o Japão. Quanto à construção, lamentamos a tentativa do governo de instituir uma Contribuição Provisória à Previdência, que por seu efeito em cascata só causará mais inflação e recessão. E certamente a elevação da tributação exclusiva sobre alienação de bens será prejudicial aos negócios imobiliários. Já era esperada a rejeição, por parte de parlamentares, de vincular metade de suas emendas a projetos do PAC. Portanto, o corte adicional do pacote fiscal de R$ 3,8 bilhões nas obras de infraestrutura deste programa afetará a construção e aumentará o desemprego. Um dos pontos positivos do pacote foi a substituição do Orçamento pelo FGTS, como fonte de R$ 4,8 bilhões destinados à faixa 1 do Programa Minha Casa, Minha Vida. Espera-se agora que novas contratações não comprometam o andamento do que já está sendo edificado. Mas não podemos perder de vista a necessidade de uma profunda reforma do Estado. Para tanto, será indispensável superar a profunda crise política instaurada no país, algo que não se vislumbra no momento. www.sindusconsp.com.br
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JORGE ROSENBERG
Sumário // setembro 2015
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EDITORIAL
Foto do mês
capa
Palavra do presidente
4 OLHARES SOBRE A CRISE brasileira
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OPINIÃO PRESIDENTE DA APEOP, LUCIANO AMADIO filho COBRA AÇÕES DO GOVERNO FEDERAL PARA A RETOMADA ECONÔMICA
NOTÍCIA
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destaque FIM DA DESONERAÇÃO TRIBUTÁRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL AGRAVA O QUADRO PARA AS EMPRESAS DO SETOR
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Notícias da Construção conversa com quatro economistas, que são unânimes ao considerar o atual momento econômico do País como de crise aguda e ao rejeitar as propostas do governo para combatê-la
OPINIÃO PARA JOSÉ PASTORE, É IMPOSSÍVEL PENSAR EM CONSTRUÇÃO CIVIL SEM TERCEIRIZAÇÃO
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GOVERNO FRUSTRA AS ExPECTATIVAS EM TORNO DA FASE 3 DO MINHA CASA, MINHA VIDA
PREFEITO FERNANDO HADDAD ENVIA PROJETO DO CÓDIGO DE OBRAS À CÂMARA MUNICIPAL
NOTÍCIA GOVERNO PAULISTA LANÇA PPP NA ÁREA DE HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL
PRESIDENTE
José Romeu Ferraz Neto
VICE-PRESIDENTES
28 NOTÍCIA PREMIAÇÃO DO MASTER IMOBILIÁRIO 2015 APONTA AS TENDÊNCIAS DO MERCADO
32 CONCRETO FlÁvIO BOAN FALA SOBRE GESTÃO NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO
33 SINDUSCON-SP em ação
39 OPINIÃO DAVI TANGERINO E ALDO ROMANI NETTO ANALISAM A NOVA LEI ANTICORRUPÇÃO
40 AGENDA
Eduardo Carlos Rodrigues Nogueira, Eduardo May Zaidan, Francisco Antunes de Vasconcellos Neto, Haruo Ishikawa, Jorge Batlouni, Luiz Antônio Messias, Luiz Claudio Minnitti Amoroso, Maristela Alves Lima Honda, Maurício Linn Bianchi, Odair Garcia Senra, Paulo Rogério Luongo Sanchez, Roberto José Falcão Bauer, Ronaldo Cury de Capua
DIRETORES DAS REGIONAIS
Elias Stefan Junior (Sorocaba), Fernando Paoliello Junqueira (Ribeirão Preto), Germano Hernandes Filho (São José do Rio Preto), Márcio Benvenutti (Campinas), Mario Cézar de Barros (São José dos Campos), Mauro Rossi (Mogi das Cruzes), Paulo Edmundo Perego (Presidente Prudente), Ricardo Aragão Rocha Faria (Bauru), Ricardo Beschizza (Santos), Sergio Ferreira dos Santos (Santo André)
REPRESENTANTES JUNTO À FIESP
Eduardo Ribeiro Capobianco, Sérgio Porto, Cristiano Goldstein, João Cláudio Robusti ASSESSORIA DE IMPRENSA
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CONSELHO EDITORIAL
Delfino Teixeira de Freitas, Eduardo May Zaidan, José Romeu Ferraz Neto, Maurício Linn Biachi, Francisco Antunes de Vasconcellos Neto, Odair Senra, Salvador Benevides, Sergio Porto, Ana Eliza Gaido e Rafael Marko.
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CAPA
Céu azul desapar Conversamos sobre o momento conturbado pelo qual o País atravessa com quatro destacados economistas brasileiros. Para todos, está claro que a crise é aguda e tende a se agravar. Aquele céu azul que vislumbrávamos em nossa matéria de capa de três meses atrás agora está tomado por nuvens negras TEXTO: PAULO SILVEIRA LIMA FOTOS: JORGE ROSENBERG (NAKANO E SCHWARTSMAN), RODRIGO JORGE (VELLOSO) E KIKO FERRITE (GIANNETTI)
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as duas últimas semanas de setembro, Notícias da Construção procurou economistas de tendências variadas para conversar sobre a atual crise que envolve o cenário político e econômico brasileiro. Eles parecem concordar com o senso comum, com a percepção disseminada de que vivemos uma crise aguda sem precedentes na história recente do País. Tal como a maioria dos empresários do setor da construção civil, os professores Yoshiaki Nakano, Raul Velloso, Alexandre Schwartsman e Eduardo Giannetti da Fonseca não conseguem vislumbrar uma saída dessa crise. O pacote de ajuste fiscal adotado pelo governo federal, cuja efetividade depende de aprovação pelo Congresso Nacional, é visto com reservas por todos, sendo alvo de pesadas críticas. “Eu acho que é praticamente uma brincadeira”, afirma Nakano. “O pacote é basicamente uma piada”, considera Schwartsman. “Essas medidas são uma espécie de esparadrapo para cuidar de uma fratura”, compara Giannetti. “A crise é grave porque nós estamos numa espécie de beco sem saída, temos um grande número de anos, ainda, até o final desse governo, e existe uma pressão muito forte a favor do impeachment, que vem de vários lados”, analisa Velloso. Para Nakano, a crise é produto da conjunção de taxas de juros “em um nível absurdo”, da tendência permanente de apreciação da taxa de câmbio e de uma carga tributária muito alta. Esses fatores, juntos, travam o crescimento do País. Além disso, afirma Nakano, vivemos “um violento processo de desindustrialização”. Velloso lembra que duas décadas atrás a indústria representava 30% do PIB, até cair para 9,1%, no último dado disponível do IBGE. Giannetti resume: “Esta é a maior crise da história do real, sem dúvida”.
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Um governo acuado pela ameaça de impeachment no comando de uma economia que recentemente perdeu o grau de investimento, como consequência do rebaixamento de rating pela agência Standard & Poors, não poderia deixar de atrair olhares desconfiados dos analistas. “Não dá para vislumbrar o fim da crise. Não se sabe o que esse governo vai fazer”, afirma Nakano. “Eu ficaria muito surpreso se o Brasil voltasse a crescer no ano que vem. Não vai. No médio prazo depende muito do imponderável da política, que é difícil de ser previsto”, analisa Giannetti. Na edição nº 145, Notícias da Construção, após ouvir atores importantes da cadeia produtiva da construção, publicou matéria de capa mostrando que havia uma expectativa do mercado por uma melhora do cenário econômico no curto prazo. O céu azul, retratado naquela ocasião, agora está tomado por nuvens negras, carregadas. As perspectivas para a economia em geral, e para as empresas do setor em particular, não são nada animadoras. “O aperto de política fiscal e o aperto de política monetária vão trazer impactos negativos para a atividade econômica. Elas são desenhadas para isso: provocar queda de atividade para que a inflação não escape”, afirma Schwartsman ao se referir ao pacote do governo. “Infelizmente, acho que nós vamos passar ainda uns dois ou três anos muito difíceis, e a melhor coisa que o setor privado faz é pagar dívidas, desalavancar e não arriscar muito”, recomenda Nakano. “A indústria da construção é, infelizmente, uma das mais afetadas por este quadro, pois depende muito de crédito de longo prazo. Este é um momento que exige muita cautela dos empresários”, alerta Giannetti.
ece do horizonte
ECONOMISTAS DE PESO Para ajudar o leitor a entender o atual momento econômico nacional e os desdobramentos da crise, Notícias da Construção conversou com nomes de peso. Professor e diretor da Escola de Economia da FGV, Yoshiaki Nakano foi secretário da Fazenda do Estado de São Paulo de 1995 a 2001, secretário especial para assuntos econômicos do Ministério da Fazenda e consultor do Banco Mundial. É doutor em Economia pela Universidade de Cornell (EUA). Doutor em Economia pela Universidade de Yale (EUA), Raul Velloso é professor da Escola Nacional de Administração Pública. Atuou no Ministério do Planejamento como secretário nacional adjunto (1990-91) e secretário para Assuntos Econômicos (1985-89). O cientista social Eduardo Giannetti da Fonseca tem doutorado em Economia pela Universidade de Cambridge (Inglaterra), onde foi professor entre 1984 e 2001. Atualmente é professor no Insper. Alexandre Schwartsman é doutor em Economia pela Universidade da Califórnia, Berkeley (EUA). Foi diretor do Banco Central e atualmente também é professor do Insper. Notícias da Construção conversou com os especialistas em separado, endereçando a eles as mesmas questões. Acompanhe a seguir alguns trechos das entrevistas. www.sindusconsp.com.br
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CAPA
Notícias da Construção // O senhor consegue traçar algum paralelo entre a crise atual e algum outro momento da nossa história econômica recente? Eduardo Giannetti da Fonseca // Não. Esta é a maior crise da história do real, sem dúvida. Em termos de gravidade, intensidade, eu acho que o paralelo é com o final do governo Collor. Mas é um quadro totalmente diferente, eu acho que aquela crise da hiperinflação, do confisco da poupança e do impeachment foi muito pior do que esta até agora. Yoshiaki Nakano // No âmbito econômico, talvez a gente encontre semelhança com alguma coisa séria do ponto de vista fiscal. Mas como isso se mistura com a crise política, que me lembre, não houve nada parecido. Na verdade, temos uma presidência que tem se revelado totalmente incompetente para dirigir o País, não só no desastre das medidas econômicas que foram tomadas no passado – além de tudo, o PT montou um esquema de governo baseado na corrupção, com Mensalão e Petrolão, achando que uma vez no poder pode fazer
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de tudo. Agora, o que se vê é um vai e vem que deixa qualquer um doido, ninguém consegue prever. Ou seja, total incerteza. E desembocamos já naquilo que se costuma chamar de crise de confiança. Acho que estamos vivendo uma situação séria e eu não vejo precedentes. Alexandre Schwartsman // Crises são momentos infelizes, e cada uma é infeliz à sua maneira. Esta é diferente daquilo que a gente viveu em outros momentos, eu não consigo achar um paralelo claro. Tipicamente, as crises brasileiras estavam associadas a balanço de pagamentos, toda manifestação se dava no balanço de pagamentos. Não é o caso agora. Raul Velloso // Pode ter paralelismo em relação a alguns aspectos, mas não quanto a todos os aspectos que a crise tem. As crises do passado recente, em sua maioria, se manifestaram numa situação de escassez aguda de divisas. Essa é uma diferença fundamental, porque quando há uma crise com escassez aguda de divisas, e isso em geral tem a ver com algum choque externo, isso facilita
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o trabalho de aprovação de medidas impopulares, porque o governo tende a usar a ameaça externa como justificativa para apresentar uma medida impopular. Hoje, existe um problema de divisas, no sentido de que há uma pressão sobre a taxa de câmbio, mas não tem um choque externo, não tem nada vindo de fora que possa ser usado como motivo. Por mais que o governo argumente que há algo vindo do exterior, nós não fomos atingidos por nenhum choque externo – e isso a população percebe. Sem crise externa, o governo não consegue uma desculpa forte para justificar a crise interna. Ele teria que dizer, e obviamente não diz, que a culpa é dele. Isso coloca o governo no corner. Os partidos de oposição, se fossem eficientes, estariam dizendo todo dia: “A culpa é sua! Assuma a responsabilidade!” NC // Quais as peculiaridades desta crise? O quão grave ela é? Nakano // A atual crise tem dois componentes. Um de mais longo prazo, que claramente já vem acontecendo desde os governos anteriores – tanto do Lula como
do FHC –, que é a fixação da taxa de juros em um nível absurdo, a tendência permanente de apreciação da taxa de câmbio e uma carga tributária muito alta, que está travando o crescimento do País. E nesta última fase (de 2004-2015), há um violento processo de desindustrialização, destruindo a indústria brasileira. A indústria do Brasil já chegou a representar 30% do PIB, e hoje, o último dado do IBGE é de 9,1% do PIB. Por quê? Com juros absurdos, o custo médio do capital, incluindo o do financiamento do BNDES, comparado com o retorno, ficou extremamente elevado – custo de 15%, com retorno nominal abaixo de 6%. Isto leva os empresários a não investir, ou a investir somente o mínimo necessário para sobreviver. E a taxa de câmbio é a maior responsável por essa situação. Isso provocou uma expansão do setor de serviços, que o governo provocou de um lado e o câmbio ajudou a subir, e o setor de serviços, chamado de non-tradable, não sofre competição internacional – se tem pressão inflacionária, bota no preço e repassa. A produtividade não aumenta, muitas vezes cai. Isso rebate na indústria. Com o câmbio apreciado, entram importados e ela tem de comprimir os preços e, consequentemente, a margem de lucro. Agora, a indústria está sendo incapaz de responder à demanda. A indústria é incapaz de expandir a produção, é incapaz de concorrer tendo esses juros, câmbio e impostos. O problema é a total imprevisibilidade do câmbio, que leva o industrial a não investir na produção. E o câmbio é totalmente imprevisível no Brasil porque está na mão do Banco Central. O BC diz que faz política
de meta de inflação e na verdade está o tempo todo fazendo política de âncora cambial. Aprecia o câmbio para segurar a inflação. Se for ver o preço do setor industrial, verifica-se que subiram metade do setor de serviços. Fora isso, a política tributária também sufoca a indústria. Temos uma legislação absurdamente complexa e que impõe um custo enorme para se fazer sua administração fiscal. Velloso // A crise é grave porque nós estamos numa espécie de beco sem saída, temos um grande número de anos, ainda, até o final desse governo, e existe uma pressão muito forte a favor do impeachment, que vem de vários lados. Então, isso cria uma armadilha porque não há um fato relevante capaz de justificar, para muitos, esse impeachment.
Numa linguagem simples, não há um crime parecido com o da perua Elba da época do Collor. Então, isso cria uma situação em que ninguém consegue prever o que irá acontecer. O governo começou a emitir um sinal de mudança sobre aquilo que ele vinha fazendo, quando sinaliza que vai empregar pedaços importantes da sua administração para atrair o PMDB. Se realmente fizer isso, ele reduz um pouco essa armadilha de que falei, pois à medida que ganhar governabilidade, muita coisa que está agonizando nessa crise, como a pressão sobre o dólar, vai se arrefecer. Schwartsman // A atual crise está muito ligada à dinâmica fiscal. O que existe é uma percepção de que há uma dívida que inverteu uma trajetória de queda e passou a ter uma trajetória de elevação.
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CAPA
Isso acaba de alguma forma se traduzindo numa taxa de juros alta, em inflação pressionada, o que acabou forçando o Banco Central a subir os juros provavelmente mais do que ele queria. É um sintoma de que o governo é incapaz de lidar com esse problema. E ao ser incapaz de lidar com o problema, teremos que lidar com a crise da segunda pior maneira possível, que é através da inflação – a pior é não pagar, a segunda também é não pagar (mas fingir que paga, que é com inflação). NC // Como é que chegamos até aqui? Schwartsman // O Brasil já vinha perdendo fôlego em termos de crescimento a partir do fim de 2010. Uma economia que entre 2004 e 2010 cresceu em média 4% ao ano, com altos e baixos, chega no início de 2011 já mostrando que o modelo de crescimento havia se
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exaurido. Do lado da demanda, houve uma dependência muito grande de consumo, que exigiu o endividamento das famílias para manter o ritmo de expansão do consumo. Mas o mais importante é que do lado da oferta, a gente já via sinais crescentes de gargalos importantes. Havia gargalo no mercado de trabalho e tinha um gargalo no nível de investimento, particularmente na questão da infraestrutura. O Brasil tem uma taxa de investimentos muito baixa, mas, em infraestrutura, ainda mais baixa. A economia desacelerou essencialmente por conta disso. E aí vem a segunda parte da história. Esse fenômeno está ligado ao esgotamento do modelo de crescimento. Era basicamente colocar gente desempregada para trabalhar e aproveitar a capacidade ociosa. Acabou gente desempregada, acabou capacidade ociosa, a capacidade de crescimento se torna muito menor. Esse é um pedaço. O outro pedaço é a reação de política econômica. A reação de política econômica para isso sugere que o governo viu essa desaceleração fundamentalmente como um problema de falta de demanda. Essa insistência em dizer que havia uma crise mundial que teria derrubado a economia brasileira é uma bobagem: de 2011 a 2014, o PIB mundial cresce basicamente o que ele havia crescido entre 2007 e 2010. Ou seja, não houve nenhuma alteração significativa do cenário externo. Além disso, teve uma política fiscal que foi extraordinariamente expansiva. O aumento do gasto público, no governo Dilma, foi da ordem de 0,7% do PIB por ano. Maior do que a gente observou no período Lula, que foi 0,2% do PIB/ano, e do período Fernando Henrique,
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que foi de 0,3% do PIB/ano. Ora, se existe uma crise de oferta e você estimula a demanda, o que vai acontecer? O equilíbrio externo vai para o saco. A assinatura desse processo é muito clara; a inflação fica pressionada – a inflação média, no governo Dilma, foi de 6,2% ao ano, lembrando que isso foi conseguido controlando os preços administrados e o câmbio. Ao mesmo tempo, se observa é uma piora expressiva das contas externas. A combinação dessas duas coisas é sintoma de que a economia está com excesso de demanda. Fica claro que não funcionou porque houve erro de diagnóstico. Tentouse curar um problema de oferta criando-se mais demanda. Isso não apenas não resolve, como agrava os problemas. Velloso // O problema é que nós tivemos um período bastante favorável, em termos de choques externos positivos e de ocupação de capacidade ociosa, e esse período levou o governo a adotar um modelo voltado a agradar a população. Tem quem diga que é um modelo voltado ao consumo, mas eu acho que a melhor maneira de caracterizar isso é como mais uma experiência populista da América Latina. Nessas experiências populistas – e algumas delas ainda estão ocorrendo em fase aguda, caso da Argentina e da Venezuela –, os governos se aproveitam de facilidades momentâneas para conduzir a economia de forma a agradar a massa de eleitores. Mas como não existe milagre na vida real, uma hora essa fase se esgota e aí começam a vir os problemas. As dificuldades já haviam surgido, o governo não quis mudar e daí tudo se agravou.
CAPA Giannetti // Esta crise resulta de uma combinação de três coisas: a mudança do ambiente externo, o problema fiscal que vem se agravando no País desde 1988, e os equívocos da política econômica do governo Dilma. Essas três coisas combinaram para gerar este quadro muito grave de reversão de expectativas que estamos vivendo. NC // As medidas recentemente anunciadas pela equipe econômica são suficientes para tirar o País do buraco? Nakano // Eu acho que é uma brincadeira. Porque nós sabemos que aumentar impostos vai causar uma forte resistência do país inteiro, pois está todo mundo cansado de pagar impostos. Agora, realmente, de corte de gastos, está meio nebuloso o que eles anunciaram. Anunciar que não vai dar reajuste para o funcionalismo não é corte – nem dizer que não vai contratar mais ninguém. E o orçamento enviado ao Congresso prevê aumento de gastos. É óbvio que todo mundo espera que o governo corte os gastos para valer. Engessamento do orçamento é desculpa. Se decidir cortar, corta. Dinamarca e Irlanda cortaram mais de 10% do PIB. Basta mudar as normas – por isso se chama ajuste. Não dá para acreditar que vai fazer ajuste sem mudar as regras, mudar as leis, mudar as instituições. Mas falta competência do governo em tomar decisões e estabelecer prioridades. Velloso // Essas coisas precisam ser examinadas de uma forma bastante concreta. Se elas, sendo aprovadas, permitirem que as duas outras agências de risco não retirem o grau de investimento, as coisas podem se acalmar. Eu acredito que – e aí é uma questão de crença, não tem teoria, ciência
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nenhuma nisso –, se ele conseguir aprovar o ajuste fiscal, subentendendo que ele fecha o acordo com o PMDB, e nada assim de mais grave da Operação Lava Jato acontece nos próximos meses, acredito mesmo que pode funcionar, no sentido de não perder o segundo grau de investimento, e aí haveria até uma reversão nesse quadro de subida da taxa de câmbio. Mas nesse caminho que eu tracei há riscos muito altos. NC // O que precisa ser feito? Nakano // Fazendo melhor gestão, é possível cortar enormemente os gastos. Os preços pagos pelo governo na compra de bens e serviços aumentaram 128% de 2005 a 2014. Os preços pagos pela família para o seu consumo aumentaram 88%. Essa diferença representa 2,5% do PIB. Só isso. E o que fazer? Controla! Pega todos os contratos e controla. Baixa um decreto estabelecendo que todo contrato deve passar pelo
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Ministério da Fazenda e compara o contrato público com o que é praticado no mercado. Há diferenças de 30%, 40%, corta, negocia. É possível enxugar sem fim. Você circula pelas repartições e tem dirigente que tem seis secretárias. Tem quatro, seis telefones. Para quê? Controla xerox, papel, lápis, caneta. Tem que sentir que há controle em tudo. Se fizer uma gestão desse tipo é possível cortar 3% do PIB fácil. Velloso // Eu acho que teria uma garantia maior de calmaria nos mercados se o governo tivesse indicado pelo menos umas cinco medidas que afetassem os três itens de maior peso no gasto, que são a Previdência, a Assistência e o pessoal. Ainda que essas medidas demorassem a tramitar, o governo poderia dizer, nesse caso, que a CPMF seria provisória, para fazer o papel de ponte entre o momento atual e o momento após a aprovação das medidas. Mas ele precisaria ter submetido as
medidas ao Congresso ao mesmo tempo que anunciou o pacote fiscal. Uma delas, por exemplo, seria suspender qualquer aumento para os servidores durante este mandato. E tem outras medidas permanentes, como, por exemplo, revisão da idade mínima para aposentadoria pelo INSS. Se colocasse que a idade mínima de aposentadoria para os homens fosse, por exemplo, igual à dos servidores públicos (65 anos), teria um impacto muito positivo e permanente nas contas. Giannetti // É uma longa discussão, mas nós teremos que passar por reformas estruturais, uma revisão no pacto federativo, um tratamento muito mais consistente dos nossos problemas previdenciários. Há muita coisa a ser feita, e essa crise é uma oportunidade de o País repensar coisas que ele vem evitando e contornando há muito tempo. Schwartsman // O governo teria que vir com um plano fiscal crível. Que o nosso orçamento é muito engessado, é a pura verdade. Então, é preciso tratar desse problema. Porque o orçamento é engessado? Ah, por que tem vinculações. Então, vamos pensar num programa que desvincule receitas de despesas. Ah, porque tem uma regra de salário mínimo, com reajustes constantes, que impacta na Previdência. Então vamos pensar se é o caso de manter a atual política do salário mínimo, e se for o caso de manter, se é possível também manter a vinculação com os benefícios previdenciários. E se for para manter, analisar se é realmente razoável uma pessoa poder se aposentar com 50 e poucos anos, ou se teremos fazer como os países ricos e colocar uma idade mínima. É preciso de coisas desse
naipe. Vamos discutir os problemas a sério. Alternativas há, o que falta é coragem, é competência, é convicção. NC // Com relação ao setor produtivo, em especial a indústria da construção, que medidas são necessárias para uma retomada? Nakano // Infelizmente, acho que nós vamos passar ainda uns dois ou três anos muito difíceis, e a melhor coisa que o setor privado faz é pagar dívidas, desalavancar e não arriscar muito, com esses juros e essa situação de insegurança. É lógico que uma ou outra empresa pode ter alguma coisa melhor para fazer, mas no geral, acho que todo mundo vai ter que segurar. Schwartsman // Neste ano e em boa parte do próximo não há muito o que fazer. Aperto de política fiscal e aperto de política monetária vão trazer impactos negativos para a atividade econômica. Não há nada muito óbvio para ser feito. Agora, num prazo mais longo, há coisas que podem ser feitas. Em algum momento vai se rever a política monetária. Vai ter que tratar da questão da produtividade. Produtividade depende de reformas – tributária, do mercado de trabalho, avanços na questão das concessões, coisas que acabam se traduzindo de alguma forma em aumento da produtividade. Giannetti // A indústria da construção é, infelizmente, uma das mais afetadas por este quadro: depende muito de crédito de longo prazo. Este é um momento que exige muita cautela dos empresários. Tem que saber que depois de um período de muita euforia, o quadro virou dramaticamente e que a vida é assim: quem não se preparou naquele momento para atravessar este momento vai se arrepender.
NC // Qual a perspectiva de a economia voltar a andar? Nakano // Não dá para vislumbrar o fim da crise. Não se sabe o que esse governo vai fazer. O que se pode prever é que esta situação confusa irá continuar e talvez até piore, com um eventual processo de impeachment. Velloso // As coisas não estão muito claras, é muito difícil saber o que vem pela frente. A saída da crise será puxada pela carruagem das exportações e dos investimentos. O lado das exportações está garantido pela taxa de câmbio. O lado dos investimentos em geral tem muito a ver com as expectativas e com a saída desse imblóglio em que nós estamos metidos com a ameaça de perda do grau de investimento. E como o governo vai reagir a isso, a um novo revés? Vai seguir uma rota populista ou vai se tornar um verdadeiro governo ortodoxo? É muito difícil fazer previsões tendo tantas indefinições. Schwartsman // Não dá para prever, mas dá para chutar. Meu chute é que seja em algum momento em meados do ano que vem. Há algumas coisas que eu acho que podem ajudar um pouco. Muito provavelmente no início do ano que vem o BC começa a virar a mão na política monetária, derruba a taxa de juros. Tem a questão da depreciação da moeda, que pode dar algum impulso às exportações. Talvez haja uma melhora no setor industrial que ajude, mas serão coisas modestas. Eventualmente, o País se recupera, não vai ficar nesta draga indefinidamente. Giannetti // Eu não tenho uma previsão para fazer, mas eu ficaria muito surpreso se o Brasil voltasse a crescer no ano que vem. Não vai. No médio prazo depende muito do imponderável da política, que é difícil de ser previsto. www.sindusconsp.com.br
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opinião
Mãos à obra
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A Apeop entende que a única chance de evitar profunda desmobilização do parque produtivo nacional é implementar, de fato, o PIL com ampla participação das empresas do setor. Exercício de avaliação de impacto da parcela julgada factível dos investimentos anunciados nos modais de logística mostrou que o programa gera aumento no PIB de R$ 256,4 bilhões, cria
“É PRECISO CASAR A DEMANDA POR INFRAESTRUTURA COM A DISPONIBILIDADE DE CAPITAL PARA INVESTIR EM BONS PROJETOS” 4,9 milhões de empregos e eleva a arrecadação em mais R$ 16,7 bilhões em impostos. Mas a viabilização do programa requer soluções engenhosas para recuperação das expectativas e da capacidade de investimento e crédito de longo prazo das empresas, uma vez que a fórmula de financiamento baseada em BNDES, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal está esgotada. A Apeop, junto com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), tem
apresentado propostas para promover mecanismos de financiamento de longo prazo e ampliar a participação de maior número de empresas. Outra frente de trabalho foi aberta junto aos governos estaduais e municipais para que preservem minimamente os gastos de investimento e promovam programas de concessões e parcerias. Diante da penúria fiscal de União, Estados e municípios, é preciso casar a demanda real e imediata por infraestrutura no País com a disponibilidade de capital para investir em bons projetos com retorno adequado aos investidores. Existe demanda, existe capital, existem empresas aptas ao trabalho. Falta viabilizar os bons projetos e envolver o maior número possível de construtoras. Os governos já têm a consciência da necessidade de aumentar o número de empresas neste mercado. Falta traduzir isso na prática. A falta de perspectiva de uma recuperação sustentável da economia tem o potencial de gerar ampla desmobilização do parque produtivo de engenharia, com efeitos significativos no longo prazo. Lutar contra isso é nossa principal obra neste momento.
DIVULGAÇÃO
setor de construção deve ter em 2015 um dos piores anos de nossa história. Estudo da Associação Paulista de Empresários de Obras Públicas (Apeop) divulgado em setembro estima uma contração de 11,5% do PIB do setor neste ano, o que é uma péssima notícia para nós e para todo o País dados o tamanho, a natureza e a capilaridade econômica e social da construção. A queda da atividade do setor e a desaceleração das obras trouxe o nível de utilização da capacidade instalada na construção para 60%, patamar mais baixo da série da CNI iniciada em 2012. As demissões, já na casa das centenas de milhares, são o retrato mais dramático desse quadro. Poderia seguir enumerando dados sobre a profundidade e a letalidade dessa crise, mas esta realidade, infelizmente, já conhecemos bem. Devemos, portanto, focar na construção de soluções. Para que 2016 seja um ano de recuperação, principalmente sob o prisma das obras públicas, precisamos agir pela implementação, por parte do governo federal, de ao menos parte das obras de infraestrutura, especialmente as anunciadas no Programa de Investimentos em Logística (PIL) 2015-18.
LUCIANO AMADIO FILHO
Presidente da Associação Paulista de Empresários de Obras Públicas (Apeop)
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Destaque
Governo dá tiro no pé com reoneração
Leandro Ciuffo
Aprovada no Senado, reoneração da Folha de Pagamento preocupa mercado, pode provocar demissões e estimula a terceirização da mão de obra
Planalto ignora promessa eleitoral e perpetra mais um engodo político
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2%, caso da construção civil, passarão a governo brasileiro pregou uma contribuir com 4,5%. Alguns setores foram peça no setor da construção civil. beneficiados com alíquota de 1,5%, como O Senado chegou a aprovar, por transportes de carga, empresas jornalísti45 votos contra 27, o aumento cas e de radiodifusão, empresas de vestuda arrecadação em cerca de R$ 10 bilhões ário, entre outros. Outros setores mantiveao ano. Com exatamente o mesmo texto ram a alíquota de 1%, como suinocultura, que já havia passado na Câmara dos Deavicultura, piscicultura e embutidos, bem putados, a pauta foi criada para ampliar a como aqueles que utilizam misturas e pascontribuição previdenciária que empresas tas para a preparação de produtos de pade 56 setores da economia pagam ao Insdaria, pastelaria e da indústria de bolachas tituto Nacional do Seguro Social (INSS). e biscoitos. O relator da proposta, senador Eunício Um pequeno alento é o dispositivo que Oliveira (PMDB-CE), optou por não incluir torna opcional a adesão ao programa de emendas à redação do projeto. O setor hadesoneração, permitindo que as emprevia solicitado emenda para que as obras sas façam suas contas e escolham qual a em andamento não fossem afetadas pelas sistemática mais novas alíquotas, adequada à sua somente as novas. realidade. Essa No entanto, o seNÃO HÁ FUNDAMENTOS norma será aplinador justificou JURÍDICOS MUITO SÓLIDOS cável a partir de que, com a alteraPARA A DISCUSSÃO dezembro deste ção, a matéria teano, devendo ser ria de voltar para JUDICIAL DAS REGRAS feita a opção por a Câmara e, com uma ou outra sisisso, a regra detemática no momento do recolhimento da moraria ainda mais tempo para entrar em contribuição em dezembro, válida somente vigor. “Com todo o respeito, não vou fazer para esta última parcela de 2015, sem afeemendas de redação apenas para dar oportar os recolhimentos anteriores. tunidade de veto”, sentenciou Oliveira. Para os anos seguintes, inclusive 2016, Respeitando promessa eleitoral da a opção deverá ser realizada no mês de japresidente Dilma Rousseff, a Receita neiro. A opção é irretratável e válida para Federal havia desonerado a folha de patodo o exercício. gamentos das empresas, por meio da reA discussão judicial das novas regras dução das alíquotas pagas ao Instituto é possível, mas não há fundamentos juríNacional de Seguridade Social (INSS), em dicos muito sólidos, na opinião da maiodiferentes valores, de acordo com o setor ria dos membros do Conselho Jurídico do da economia. Isso representou, para a SindusCon-SP. Um único ponto tem reais Receita, uma renúncia fiscal da ordem de possibilidades de êxito na visão deles: disR$ 25 bilhões anuais. cutir a aplicação para as obras em curso, A lei da reoneração estabelece que as para as quais o impacto não estava previsto empresas que hoje pagam alíquota de 1% no orçamento e em contrato iniciais. de contribuição previdenciária sobre a reO engodo político e a trapalhada legisceita bruta ao INSS passarão a pagar 2,5%. lativa causam indignação, mas as regras Já os setores que hoje pagam alíquota de
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Destaque
constitucionais para essas mudanças foram minimamente respeitadas, ficando difícil imaginar que o STF acolha argumentos menos objetivos, concluem. A criação da forma opcional, que antes não existia, também é outro ponto que fragiliza a discussão. Mais importante do que ficar lamentando o quadro de instabilidade legal, será projetar os efeitos financeiros dentro de uma e outra sistemática, para que a escolha pela opção menos ruim – difícil falar em melhor nesse quadro! – seja feita.
-presidente de Obras Públicas, “foi um tiro no pé, um desastre”. O empresário afirma que a reoneração deve levar à inversão da tendência vista nos últimos anos de contratações formais. O empresário também entende que a opção por pagar 20% da folha até permitiria um equilíbrio dos custos. Já a opção pelos 4,5% do faturamento não faria bem para a maioria das empresas. “Some-se a isso a unificação da PIS e da Cofins, e a vida das empresas complica muito”, lamenta Messias.
SINDUSCON-SP CONDENA A MEDIDA Ainda sob o impacto da proposta de criação da Contribuição para a Seguridade Social, que unifica o PIS e a Cofins e eleva a alíquota de 3,65% para 9,25% do faturamento, o mercado não recebeu bem a reoneração. A construção civil já fechou 384 mil empregos nos últimos dois semestres e esse número deve chegar a 500 mil até o fim deste ano. Se o projeto for aprovado da forma como foi anunciada pelo governo, a recuperação do setor ficará mais prejudicada, adiando a retomada do crescimento e do emprego no País. Em artigo intitulado “Salvem os robôs”, José Romeu Ferraz Neto, presidente do SindusCon-SP, e Eduardo Capobianco, representante da entidade junto à Fiesp, afirmam que, “com esse aumento, o governo federal terá um alívio no déficit da Previdência, mas precisará pagar mais pelas obras contratadas, devido ao necessário reequilíbrio econômico-financeiro dos contratos. Pior será para os governos municipais e estaduais que precisarão pagar mais por suas obras sem receber mais recursos, pois a contribuição previdenciária vai só para o governo federal”. Para Luís Antônio Messias, vice-
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"REONERAÇÃO DEVE LEVAR À INVERSÃO DA TENDÊNCIA VISTA NOS ÚLTIMOS ANOS DE CONTRATAÇÕES FORMAIS", AFIRMA LUÍS ANTÔNIO MESSIAS Na opinião de Carlos Eduardo Lima Jorge, presidente da Comissão de Obras Públicas, Privatizações e Concessões da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), a reoneração vem em um momento extremamente impróprio, por conta da depressão que atinge o setor da construção civil. Lima Jorge se diz preocupado principalmente porque o projeto de lei não atendeu à solicitação do setor de preservar as alíquotas das obras em andamento. “As novas alíquotas deveriam valer para novas obras. Em obras públicas, dá para precificar, mas no setor privado isso deverá trazer problemas. Será um processo demorado para recalcular tudo e muito complicado de ser colocado em prática”, afirma.
opinião
Construção civil sem terceirização é impensável A fragmentação do trabalho e a sua realização pelas mais diversas profissões especializadas são a marca da economia moderna. Hoje, tudo é feito em cadeias produtivas ou redes de produção. Para atender as necessidades da produção e as expectativas dos consumidores, as empresas realizam subcontratações que maximizam a especialização, a qualidade, a pontualidade e a tolerância a custos razoáveis que, no final das contas, se transformam em preços que cabem no bolso do consumidor. Este último, em tudo o que compra, deseja a melhor qualidade pelo menor preço. Por isso,
“SÚMULA DO TST QUE PROIBE A TERCEIRIZAÇÃO É IRREAL” costumo dizer que o maior beneficiário da terceirização é o consumidor. Ele jamais teria capacidade de comprar um apartamento de uma construtora que, em lugar de subcontratar as várias etapas da obra, tentasse fazer tudo por si mesma, com um gigantesco quadro de pessoal no qual os profissionais ficariam mais tempo na ociosidade do que no trabalho. Sim, o que faria um operador de trator depois de completada a etapa da terraplenagem para a construção de um prédio que demora 24 meses para ficar pronto? Quem pagaria essa ociosidade? Construção civil sem terceirização é impensável. Daí o irrealismo
da Súmula nº 331 do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que proíbe as empresas de terceirizarem tarefas rotuladas pela Egrégia Corte como atividades-fim. O recorrente argumento da precarização é válido, mas tem seus limites. De fato, ainda há trabalho precário no ramo da construção civil. Mas a situação está mudando com grande rapidez. O setor responde por mais de 9 milhões de empregos no Brasil (9% da força de trabalho). Entre 2004 e 2013 houve uma elevação de 151% na formalização desses empregos. O rendimento real médio aumentou 62% nesse período. Poucos foram os setores da economia que tiveram esse desempenho. Os trabalhadores da construção civil vêm mostrando uma redução gradativa da jornada de trabalho, uma melhoria do seu nível educacional e elevação do padrão de vida pessoal e de suas famílias. Daqui para frente, o grande desafio para a construção civil é o de elevar substancialmente a sua produtividade. Para tanto, será preciso melhorar a educação e a qualificação dos seus trabalhadores e ter liberdade para contratar e subcontratar os especialistas que podem fazer o serviço de forma mais eficiente e com menor custo. Ou seja, educação e terceirização estão na base da melhoria da produtividade, e tudo deve ser feito para que esse ambiente seja construído da forma mais segura possível. A terceirização é um processo-chave nessa cruzada. DIVULGAÇÃO
O
leitor deste artigo imagina quanto custaria o apartamento que construiu caso sua empresa tivesse incorporado no quadro de pessoal todos os funcionários que entraram na execução da obra? Ou seja, se tivesse utilizado como empregados fixos os armadores de concreto, carpinteiros, pedreiros, azulejistas, eletricistas, encanadores, pintores, vidraceiros e tantos outros? Certamente, o preço seria estratosférico e impossível de ser pago por qualquer consumidor, mesmo com o financiamento mais generoso do mundo. A construção de um prédio, de um viaduto ou de uma residência se dá em etapas sucessivas desde o começo até o fim da obra. A começar pela compra do terreno, a construtora subcontrata os serviços de uma imobiliária. Para verificar a viabilidade da obra, ela se vale de um especialista em planimetria. Para fazer as fundações, busca uma empresa de terraplenagem e assim por diante. Como são dezenas de tarefas, o mercado criou e oferece uma grande quantidade de empresas e de profissionais especializados. Existem, por exemplo, várias especialidades na profissão de pedreiro: um assenta tijolos; outro faz revestimento interno; o seu colega cuida do revestimento externo; o que coloca azulejos não é o mesmo que assenta pisos. O que trabalha em obras residenciais é diferente daquele que trabalha na construção de uma ponte ou de um presídio. Esse é o mundo da construção civil.
JOSÉ PASTORE
Professor de Relações do Trabalho da Universidade de São Paulo (USP), presidente do Conselho de Emprego e Relações do Trabalho da FecomercioSP e membro da Academia Paulista de Letras
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foto do mÊs // setembro 2015
SÃO PAULO CORPORATE TOWERS Localizado na Av. Presidente Juscelino Kubistchek, o empreendimento foi projetado pelo escritório Pelli Clarke Pelli Architects. São duas torres de escritórios altamente autossustentáveis, cada uma com 64 mil metros quadrados de área, distribuídos em 29 pavimentos. Seu desenvolvimento envolveu mais de 50 projetistas, nacionais e estrangeiros, que harmonizaram cada etapa do edifício de forma a criar um complexo moderno e eficiente, tornandose o primeiro empreendimento comercial com a pré-certificação LEED Platinum 3.0 Core and Shell. Possui uma usina de geração de energia composta por quatro geradores de 2 MW cada, sendo um a diesel e três a gás, e foi projetado para consumir menos água potável – conserva uma grande quantidade de água por meio da utilização de dispositivos e da coleta e reutilização de águas cinzas, pluviais e de condensação do sistema de ar-condicionado. A incorporação e a construção ficaram a cargo da Camargo Corrêa.
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Jorge Rosenberg
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Notícia
Anúncio do MCMV3 desaponta o mercado
A
guardado com grande expectativa pelas empresas do setor desde o final de junho, quando a presidente da República havia se comprometido publicamente com os empresários e os movimentos sociais, o anúncio da fase 3 do Minha Casa, Minha Vida (MCMV3) no dia 10 de setembro gerou uma grande frustração em todas as partes envolvidas com o programa de Habitação de Interesse Social (HIS) do governo federal. O que a presidente anunciou, na verdade, não foi o lançamento da fase 3 do programa, mas sim a postergação do início do MCMV3 – agora a depender, segundo o ministro das Cidades, Gilberto Kassab, da aprovação do Orçamento Geral da União pelo Congresso Nacional. Em entrevista
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coletiva ao lado do titular do Ministério do Planejamento, Nelson Barbosa, Kassab adiantou alguns detalhes da fase 3, cuja regulamentação se dará por “medida provisória a ser editada em até 30 dias”. O MCMV Faixa 1, dedicado às famílias de baixa renda e que possui 95% do valor subsidiado, só terá definição sobre novas contratações após a aprovação do orçamento de 2016 pelo Congresso. “Em relação aos atrasados, o governo atualizou o pagamento e vem se esforçando para manter em dia”, afirma o vice-presidente de Habitação Popular do SindusCon-SP, Ronaldo Cury, que junto a representantes de outras entidades do setor participou da reunião com a presidente e os ministros, no Palácio do Planalto.
opinião
Ensaios de desempenho em HIS têm dados deficientes foram detectados, em grande parte dos relatórios, ao menos uma das seguintes deficiências: a) os itens ensaiados não estavam suficientemente bem descritos, tendo-se textos como: “paredes em placas cimentícias duplas”, sem especificar a espessura das chapas, sua densidade e a forma de fixação/montagem dessas chapas; b) foi utilizado método de ensaio improvisado, como, por exemplo, emprego de maçarico de aplicar manta asfáltica em vez de for-
DESCRIÇÃO PRECISA DA AMOSTRA É FUNDAMENTAL PARA DEMONSTRAR DESEMPENHO no para realização de ensaio de resistência ao fogo de paredes; c) o método de ensaio citado no relatório não era o adequado para o caso – aqui pode se tratar tanto de um erro de edição de texto, como de aplicação do método errado; d) o método de ensaio não foi aplicado integralmente como especificado na norma de ensaio, como por exemplo uso de faixas de frequência mais estreitas em ensaios de isolação sonora que as previstas; e e) os valores apresentados como resultados são atípicos
para os elementos descritos. Se, para uma análise imediatista de resultados, a descrição precisa da amostra não é fundamental, pois tanto solicitante como laboratorista ainda têm o elemento ensaiado vivo em suas memórias, o mesmo não se aplica quando o objetivo é demonstrar o desempenho a terceiros ou quando se pretende analisar históricos de resultados visando à melhoria contínua dos processos produtivos. Sobre o uso de métodos de ensaio não normatizados, não é incomum verificar, em fases iniciais de desenvolvimento de produtos e soluções, a utilização de procedimentos simplificados, de baixo custo e rápida execução para se ter estimativas preliminares de desempenho, mas que devem ser confirmadas pela realização de ensaios com os métodos normatizados. Esse quadro nos leva a pensar que, além de investimentos em equipamentos e instalações laboratoriais adequados, deve-se buscar aprimorar a capacitação de equipes para identificar a real necessidade do solicitante, dominar os fundamentos do método de ensaio e, finalmente, ter conhecimento técnico sobre os fenômenos físico-químicos atuantes para poder avaliar a coerência do resultado obtido. As questões que estão resumidamente apresentadas aqui serão alvo de aprofundamentos em artigos futuros. DIVULGAÇÃO/SindusCon-SP
E
m pronta resposta dada pelo setor de construção de edificações a um pedido do Ministério das Cidades de envio de relatórios de ensaios de desempenho, a serem usados na composição de fichas técnicas de sistemas construtivos tradicionais que visam subsidiar os programas federais de apoio à habitação de interesse social (HIS), foram encaminhados, apenas no último trimestre de 2014, mais de mil resultados de ensaios, realizados tanto em laboratório como em edificações, em várias fases de obra. Todo esse material foi enviado a especialistas nas diversas áreas de desempenho para análise e obtenção dos dados para a composição das mencionadas fichas. A análise permitiu classificar os resultados em quatro grandes grupos, em função do seu objetivo: 1) verificar o atendimento de um produto a sua norma prescritiva específica; 2) fazer o controle de produção de elementos de vedação; 3) caracterizar o desempenho de uma edificação; e 4) determinar o desempenho de uma solução construtiva, para uso em geral. Ressalta-se que, desses quatro grupos, os dois últimos eram o alvo da solicitação do ministério. Esse, porém, não é o ponto que merece destaque, mas sim a pequena possibilidade de aproveitamento dos dados enviados, uma vez que
FULVIO VITTORINO
Doutor em Engenharia Mecânica pela USP, diretor do Centro Tecnológico do Ambiente Construído do Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT-USP
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Notícia
Novo Código de Obras segue para Câmara Municipal de SP Prefeitura paulistana pretende, com a revisão da legislação, simplificar os procedimentos de trâmite dos projetos no licenciamento
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prefeito Fernando Haddad enviou à Câmara Municipal de São Paulo, na primeira semana de setembro, projeto de lei estabelecendo o novo Código de Obras e Edificações da capital paulista. O código atualmente em vigência, de 1992, ficou superado após a recente revisão do Plano Diretor e da Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo (LPUOS). O projeto que segue à apreciação dos vereadores foi elaborado pelo grupo de trabalho formado por técnicos da prefeitura e representantes de entidades do setor – SindusCon-SP, Secovi-SP e Asbea – tendo como diretriz a racionalização dos procedimentos de trâmite dos projetos na Secretaria Municipal de Licenciamento. “Desde o início da gestão a meta é reduzir a tramitação dos projetos para o máximo de 90 dias”, declarou Haddad durante a cerimônia que marcou o envio do projeto ao Legislativo. “O código atual é extremamente burocrático e penoso, precisava ser modernizado, pois de 1992 para cá o mundo mudou”, disse. O prefeito destacou que, com o novo código, o profissional passa a ter mais responsabilidades sobre os aspectos técnicos da obra. “Estamos devolvendo à sociedade o que é dela.”
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A secretária municipal de Licenciamento, Paula Motta Lara, explicou que, a partir do novo código, haverá uma diminuição dos requisitos a serem analisados pelos técnicos da Secretaria. “A análise técnica da prefeitura fica limitada aos aspectos urbanísticos, ambientais e de vizinhança”, afirmou. Dessa forma, a SEL irá confrontar o projeto com o Plano Diretor, a LPUOS e as legislações pertinentes a tombamento, meio ambiente, acessibilidade e segurança. “Não iremos entrar no mérito da estrutura ou da compartimentação interna do edifício”, ressaltou. O texto do projeto de lei elimina a obrigatoriedade de licenciamento de atividades com pouca relevância urbanística, como obras complementares de até 30 metros quadrados, reformas internas sem aumento de área e construção de muros e de piscinas, por exemplo. Também extingue a figura do projeto modificativo, exceto para pequenos ajustes de projeto com alterações inferiores a 5% da área. O prazo de validade do alvará foi extendido para dois anos, e as instâncias decisórias, dentro da SEL, foram reduzidas de cinco para três. A secretária Paula avalia que a nova lei irá tornar o processo de licenciamento “mais ágil, transparente, seguro e moderno”.
FÁBIO ARANTES/SECOM
Prefeito Haddad assina projeto do Código de Obras para envio à Câmara
SINDUSCON-SP ACREDITA QUE PROJETO AINDA POSSA SER MELHORADO Na visão de Odair Senra, vice-presidente de Imobiliário do SindusCon-SP, a minuta do projeto do Código de Obras tem alguns pontos positivos que merecem destaque, como, por exemplo, a simplificação da análise dos projetos por meio de projeto simplificado – o qual considera somente os elementos relacionados à volumetria, à implantação e aos índices urbanísticos, que são elementos essenciais na relação do edifício com a cidade. Já as questões internas do projeto passam a ficar sob a responsabilidade do autor do projeto. “Também vale destacar a simplificação do capítulo destinado aos estacionamentos, que elimina as exigências de dimensões de vagas, espaços de circulação e manobra, declividades, raios etc.”, afirma. Por outro lado, acredita Senra, alguns pontos da minuta precisam ser mais bem-discutidos. Na legislação atual, os limites das áreas não computáveis são estabelecidos para obras complementares, mobiliário e marquises. “Na proposta do novo código, essas áreas estão limitadas a 30 metros quadrados independentemente do tamanho do empreendimento. Seria mais correto que fossem proporcionais, por exemplo, ao tamanho do lote“, avalia. “As faixas de aeração e insolação também precisam
ser revistas e deveriam ser relacionadas à altura das edificações. Quanto mais alta a construção, mais afastada da divisa ela deve ser, para proporcionar uma melhor ventilação e entrada de luz solar”. Da forma que está, em terrenos mais estreitos, será difícil implantar um edifício pelo tamanho do recuo exigido. O capítulo sobre segurança também deveria ser simplificado. “A Prefeitura poderia não entrar no mérito da análise das questões de segurança, exigindo apenas que o projeto atenda as normas técnicas pertinentes e as do Corpo de Bombeiros”, afirma o empresário. Outro ponto que deve ser reavaliado é o das condições permitidas para alteração do projeto original para que este possa ser considerado um projeto modificativo. Hoje, elas são muito restritivas. “Devemos pensar na possibilidade de alteração de 5% do gabarito, permitindo, por exemplo, a supressão de um andar ou mesmo um pequeno aumento do pé-direito”, considera Senra. Finalmente, o vice-presidente do SindusCon-SP sugere que haja um comunique-se único, que seja válido também para os técnicos municipais. “A regra estipulada pelo novo código deve ser igual para todos”, conclui. Roberto D’Elboux
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JORGE ROSENBERG
Notícia
Governo paulista viabiliza PPPs de HIS
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e forma inédita, o governo do Estado de São Paulo está viabilizando Parcerias Público Privadas (PPPs) na área de Habitação de Interesse Social (HIS). Ao lado do prefeito da capital paulista, Fernando Haddad (PT), o governador Geraldo Alckimin (PSDB) promoveu, na primeira semana de setembro, evento para marcar o início das obras das primeiras 126 unidades que serão construídas na rua São Caetano, no bairro do Bom Retiro, com previsão de entrega em outubro de 2016. Em um terreno de 2 mil metros quadrados cedido pela prefeitura, a Conopus Holding, empresa vencedora da licitação, irá construir oito blocos de cinco andares. Com plantas de um e dois dormitórios, as unidades serão destinadas prioritariamente a moradores de baixa renda que trabalham no centro de São Paulo, mas que moram em locais distantes da região central. Segundo o governo, o objetivo do projeto é recuperar
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áreas degradadas para promover a melhora da qualidade de vida, a oferta de moradias e a otimização da mobilidade urbana. Outros cinco empreendimentos compõem o primeiro lote da PPP vencida pela Conopus, que tem um total previsto de 3.683 unidades. Os conjuntos habitacionais serão construídos na avenida Marquês de São Vicente e nas ruas do Bosque, dos Gusmões, Canindé e João Teodoro. A meta do governo paulista é a construção, por esse modelo de PPP, de um total de 14 mil unidades no centro expandido da capital. FAZENDA ALBOR
Em agosto último, o secretário estadual de Habitação, Rodrigo Garcia, esteve reunido com empresários da construção na sede do SindusCon-SP para apresentar o novo projeto de PPP de HIS, em área na região metropolitana de São Paulo conhecida como Fazenda Albor. Nessa área de 2,7 milhões
Governador Alckmin e prefeito Haddad nas obras da PPP Centro
serviços públicos, cuja construção também de metros quadrados, localizada no limiestará a cargo do parceiro privado. te dos municípios de Arujá, Guarulhos e Garcia pretende replicar esse modelo de Itaquaquecetuba, serão construídas 10 mil negócios para as outras regiões metropolitamoradias populares. Aproveitando o fato de nas no interior do Estado. “Nós já estamos o terreno estar situado nas proximidades em discussões avançadas com Campinas. do aeroporto internacional e do trecho lesO prefeito Jonas Donizette (PSB) nos prote do Rodoanel, o projeto também prevê a curou, nossa equipe está dialogando com instalação de um centro de logística no loessa que é a maior cal – uma parte da cidade do interior, área é destinada à “MODELO AINDA NÃO É O e estamos avalianconstrução de galpões industriais. IDEAL, PORÉM HÁ ESTUDOS do levar uma PPP para lá”, afirma. O terreno será QUE PODEM INDICAR “Apoiamos o divido em seis lomodelo de PPPs tes sendo três em SOLUÇÕES PRÁTICAS” adotado, mas avaArujá e dois em liamos que ele Itaquaquecetuba precisa de ajustes e temos trabalhado com destinados às moradias de interesse social. A o governo do Estado para o seu aperfeiçoasexta área, localizada em Guarulhos, é a destimento. Por enquanto, o modelo ainda não nada aos galpões. “Aquela região possui caracé o ideal para os empresários, porém, há terísticas comerciais e essa estratégia assegudiversos estudos em andamento que pora o crescimento urbano de forma planejada. dem indicar soluções práticas. Acionamos A área poderá ser explorada comercialmente até mesmo instituições internacionais para pela empresa vencedora do edital como conencontrar formas de superar algumas das trapartida aos investimentos feitos na região”, barreiras do modelo”, afirma o vice-presiesclarece Rodrigo Garcia. No início deste mês, dente de Habitação Popular do SindusCono governo estadual realizou o chamamento púSP, Ronaldo Cury. Para ele, o modelo traz blico para a PPP da Fazenda Albor. como ponto positivo o fato de envolver O secretário ressalta que ali será constiobras de comércio, infraestrutura e logístituída praticamente uma nova cidade, com ca, além das de habitação popular. mais de 30 mil pessoas. Esse contingente populacional irá demandar postos de saúde, escolas e toda a infraestrutura de Douglas Santos
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Jorge Rosenberg
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Fiabci-Brasil e Secovi-SP entregam Prêmio Master Imobiliário 2015
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21ª edição do Prêmio Master Imobiliário teve sua noite de premiação no último dia 2 de setembro, no Clube Atlético Monte Líbano, em São Paulo. Promovido pela seção brasileira da Federação Internacional das Profissões Imobiliárias (Fiabci-Brasil) e pelo Secovi-SP, o evento reuniu empresários do mercado imobiliário e líderes de entidades do setor. Em 2015, mais de 60 trabalhos foram inscritos, entre projetos, empreendimentos e iniciativas de empresas e profissionais de diferentes segmentos imobiliários de todo o Brasil. Conhecida como o “Oscar do Mercado Imobiliário”, a premiação foi criada em 1994 e desde então aponta tendências de mercado. Já em 1995, os 12 projetos selecionados refletiam o conceito de condomínio-clube, até então uma novidade. Inovações tecnológicas, como construção a seco, simplificação nos canteiros de obra e redução do uso de argamassa também tiveram presença relevante naquele ano. Em 1998 e 1999, muitos flats foram
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premiados, apontando uma tendência que havia chegado para ficar. Em 2005, 20 trabalhos foram contemplados, com destaque para os apartamentos compactos que começavam a surgir no centro de São Paulo. Em 2007, o Master premiou condomínios para famílias com renda média-baixa, além do desenvolvimento imobiliário nos bairros Mooca e Tatuapé. Em 2010, foram premiados condomínios para baixa renda (Minha Casa, Minha Vida) e residenciais no centro de São Paulo, com a revitalização de áreas deterioradas. Em sua 21ª edição, a premiação segue apontando tendências e refletindo o papel relevante da construção civil na economia brasileira. Além das categorias Empreendimento e Profissional, há também a premiação Hors-concours. Desde 2000, esse prêmio especial é concedido, de comum acordo, pelas entidades promotoras do Prêmio Master Imobiliário. O objetivo é homenagear pessoas e empresas que contribuíram para o desenvolvimento do setor imobiliário.
Vera Cruz II, nossa Foto do Mês em julho, foi um dos empreendimentos premiados
Notícia
Confira no quadro os vencedores em cada categoria. Hors-concours RECONHECIMENTO E LÁUREA MÁXIMA DO SETOR IMOBILIÁRIO Carvalho Hosken S.A. Rio de Janeiro (RJ) Categoria Empreendimento RESIDENCIAL Case: Autoria Madalena Alfa Realty Desenvolvimento Imobiliário MDL São Paulo (SP) COMERCIAL Case: Berrini One Bueno Netto São Paulo (SP) RESIDENCIAL Case: Île Saint Louis Cyrela São Luís (MA) COMERCIAL Case: Novo Mundo Empresarial – complexo multiúso com hotel cinco estrelas e a maior estrutura de negócios do Nordeste Odebrecht Realizações Imobiliárias S.A. Cabo de Santo Agostinho (PE) RESIDENCIAL Case: Concept – Ousadia e Sofisticação Patrimônio Construções e Empreendimentos Imobiliários Urbis Empreendimentos Imobiliários Manaus (AM)
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COMERCIAL Case: JK Shopping PaulOOctavio Investimentos Imobiliários Ltda. Taguatinga (DF)
PUBLICIDADE Case: Ilha Pura Ilha Pura Rio de Janeiro (RJ)
RESIDENCIAL E COMERCIAL Case: F.L 4300 Stan Incorporadora S.A. SDI Desenvolvimento Imobiliário São Paulo (SP)
DESTAQUE IMOBILIÁRIO Case: 60 anos da Construtora Paulo Mauro Incorporadora e Construtora Paulo Mauro São Paulo (SP)
Categoria Profissional COMERCIALIZAÇÃO Case: Alphaville Dom Pedro Alphaville Urbanismo S.A. Campinas (SP) USO DA ARTE NA ARQUITETURA Case: Brookfield Home Design Pinheiros – soma arquitetura e talento artístico na criação de uma obra onde se pode viver e morar Brookfield Incorporações São Paulo (SP) PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE Case: EntreVerdes Campinas Entreverdes Urbanismo THCM – Desenvolvendo Cidades Grupo Garnero Campinas (SP) MARKETING Case: Tijolo Moeda Forte Fernandez Mera Negócios Imobiliários Publicidade Archote São Paulo (SP) MARKETING Case: Open House Gafisa Gafisa S.A. São Paulo (SP)
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OPORTUNIDADE ESTRATÉGICA Case: Royal Campinas Odebrecht Realizações Imobiliárias S.A. Campinas (SP) SOLUÇÕES ARQUITETÔNICAS Case: Oscar Niemeyer Monumental PDG Niterói (RJ) SOLUÇÕES ARQUITETÔNICAS Case: Casas Sobrepostas – uma nova experiência de viver RRG Construtora São Paulo (SP) SUSTENTABILIDADE Case: Vera Cruz II – um marco de sustentabilidade e inovação RFM Construtora São Paulo (SP) RESPONSABILIDADE SOCIAL Case: Valorização dos funcionários no ambiente de trabalho – Olhares do Canteiro – Fotografia Toledo Ferrari Incorporadora e Construtora Setin Incorporadora São Bernardo do Campo (SP)
“Gestão eficiente pode ser a tábua de salvação das empresas neste cenário de crise” Mestre em Engenharia de Produção pela UFMG e sócio-diretor da Falconi Consultores, Flávio Boan tem experiência na liderança de projetos de melhoria de resultados em praticamente todos os segmentos da economia Notícias da Construção // O quanto uma gestão eficiente pode ajudar uma empresa num cenário de baixa atividade econômica como o atual? Flávio Boan // Acho que pode ser a tábua de salvação, porque neste cenário de atividade econômica mais restrita a gestão ajuda a apontar todas as ineficiências que a empresa tem e que muitas vezes, em cenários de crescimento, ficam escondidas atrás do excesso de demanda. O papel da gestão é exatamente o de apontar onde estão essas ineficiências e propor ações para que elas sejam eliminadas. NC // Gestão da estrutura, gestão de processos ou gestão financeira: qual deveria ser a prioridade de uma empresa da construção civil? FB // Eu começaria pela gestão financeira, porque nenhuma empresa quebra porque sua estrutura está mais ou menos inchada, ou porque os seus processos estão piores ou melhores. As empresas quebram porque não têm caixa, por problemas financeiros. Caixa, para a empresa, é como o oxigênio, aquilo de que ela precisa para sobreviver. Eu diria até que às vezes problemas de caixa podem ter sido causados por problemas de estrutura (estrutura muito inchada), por problemas de processos (aqueles que são muito caros, que geram perdas de receita, retrabalhos, atrasos). Essas podem ser causas de problemas financeiros, mas não são as únicas. Então, eu começaria pela gestão financeira, no que diz respeito à entrada e à saída de dinheiro, em especial porque em nosso país o custo do capital é muito alto. NC // De uma maneira geral, como o senhor avalia o atual estágio da gestão das empresas do setor? FB // Eu acho que tem muito ainda por avançar. Todas as grandes empresas do setor são ou já foram nossas clientes. Temos percebido nelas avanços importantes. Mas a grande maioria, se a gente olhar em termos quantitativos, é de empresas ainda de gestão familiar, que não têm um planejamento das suas operações – planejamento financeiro e de investimentos – feito com muito critério.
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Boa parte dessas empresas ainda não experimentou a profissionalização de sua gestão e o aporte de conhecimento gerencial para poder aumentar a sua eficiência. NC // Temos gestores capacitados para os desafios que o atual cenário econômico impõe? FB // Eu acho que o setor vem se profissionalizando, já há muitos gestores capacitados, que estão enfrentando esta crise com muita coragem. Tenho certeza que eles vão vencer essa crise, que é estrutural, e daqui a dois ou três anos as empresas sairão mais fortes do que entraram. Mas no curto prazo temos algumas prioridades: buscar a redução de custos e zelar pelo cumprimento dos prazos, o que tem muita correlação com custos. Como o ciclo da construção civil é longo – não menos de dois, três anos –, se não houver uma gestão muito criteriosa do cumprimento dos prazos, um empreendimento que era para dar resultado positivo em três anos sai do lucro para o prejuízo ao ser concluído em quatro, pois os meses adicionais não geram receitas, e sim gastos não previstos. NC // Existe uma receita básica para uma empresa evoluir em termos de produtividade? Como se tornar mais eficiente? FB // Existem alguns conceitos universais. Foco total na saúde financeira, ou seja, não descuidar do caixa. Alinhar os interesses da companhia aos interesses dos gestores, dos executivos – temos visto casos recentes de empresas em dificuldades que não conseguiram entregar para os acionistas a rentabilidade prevista e que remuneraram com bônus e recompensas elevadas os executivos que estavam à frente da operação de um empreendimento deficitário. Ou seja, o executivo lucrou e o empreendedor arcou sozinho com o prejuízo. Esse alinhamento é muito importante, pois influencia diretamente nas decisões que são tomadas. E, por fim, capacitar os gestores em conhecimento gerencial, sobre métodos, planejamento, governança e soluções de problemas. Esses são conceitos universais, que devem ser adaptados à realidade de cada empresa.
DIVULGAÇÃO
concreto // conversa com flávio boan
SINDUSCON-SP EM AÇÃO
Gerenciamento de resíduos e BIM 4D são destaques no Concrete Show
O
SindusCon-SP participou ativamente do Concrete Show, realizado no fim de agosto, com a promoção de duas palestras que trataram sobre o gerenciamento de resíduos e a gestão nos processos construtivos. Os painéis proporcionaram ao público presente a oportunidade obter informações mais detalhadas sobre as regras que estão em vigor envolvendo o Controle de Transporte de Resíduos (CTR) e a adoção do BIM 4D no desenvolvimento de projetos. A palestra Resíduos da Construção Civil – Avanços Obtidos nos 13 Anos da Resolução Conama 307 abordou a entrada em vigor do Controle de Transporte de Resíduos (CTR). A regulamentação estabelece que as construtoras e outros grandes geradores, transportadores e áreas de transbordo e triagem devam assegurar a destinação correta dos resíduos da construção civil (RCC), de acordo com as normas estabelecidas na Resolução nº 058/Amlurb 2015. Segundo o secretário municipal de Serviços de São Paulo, Simão Pedro Chiovetti, que esteve presente ao painel, 390 empresas e 1.302 pessoas físicas – como transportadores –, três aterros contratados e outras três áreas autorizadas já se cadastraram na capital paulista. Desse modo, a prefeitura espera combater o descarte feito por operadores clandestinos em pontos irregulares. Pontos importantes como a reutilização e reciclagem de materiais gerados nos canteiros de obras, a questão da logística reversa e a adoção do Sistema Estadual de Gerenciamento Online de Resíduos Sólidos (Sigor) foram debatidos durante a palestra. Cases bem-sucedidos, como a implantação pelo município de Jundiaí de gestão dos pequenos geradores, foram apresentados. Na avaliação do vice-presidente do Sinduscon-SP, Francisco Vasconcellos,
o seminário tratou de “ações que contêm o princípio da sustentabilidade na veia”. “O seminário foi ótimo, principalmente para quem não conhecia o assunto ou tinha uma visão compartimentada sobre o tema. Foi possível obter uma visão global sobre quais caminhos devem ser tomados e o que está acontecendo na atualidade. Isso é muito difícil de ocorrer: ter num só local uma visão global e bastante completa do estado da arte”, ressalta Vasconcellos. GANHOS PROPORCIONADOS PELO BIM 4D Outro importante painel apresentado pelo SindusCon-SP durante o Concrete Show tratou do Building Information Modeling (BIM, Modelagem de Informação da Construção). Durante a palestra BIM 4D para Planejamento e Controle de Obras, o arquiteto e urbanista Rogério Suzuki apresentou os conceitos básicos sobre o BIM 4D e destacou os possíveis ganhos de tempo obtidos com a utilização correta da ferramenta na execução dos projetos. Ele ressaltou que, na atualidade, o mercado demanda por projetos mais complexos e eficientes que sejam realizados em prazos menores. Suzuki observou ainda que a utilização do BIM 4D possibilita melhorar o modelo de gestão envolvendo várias disciplinas de forma integrada. “O BIM 4D, desde que bem-utilizado, pode ser um poderoso aliado no controle e na gestão de obras, pois permite visualizar a sequência construtiva, detectar mais facilmente ganhos e falhas de planejamento, comunicar-se com equipe de execução, explicitar melhor ao público leigo os tempos de execução e com isso diminuir os riscos e facilitar o controle. Dependendo do software utilizado, é possível visualizar desvios na execução, por meio da comparação do executado com uma linha de base”, afirma Suzuki.
SindusCon-SP dá boas-vindas a seus novos associados Bulgarelli Engenharia e Comércio Ltda. CLM Construções e Empreendimentos Ltda. Construtora e Incorporadora Souza Maria Ltda.
Mesquita Construções e Comércio Ltda. MVA Construtora Ltda. Tap e Pagano Construtora Ltda. VBP Engenharia Ltda.
Com a participação de vocês, vamos fortalecer ainda mais o nosso setor. Contem sempre conosco! www.sindusconsp.com.br
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SINDUSCON-SP EM AÇÃO
E
m 2018, Londres ganhará um complexo sistema ferroviário que ampliará a capacidade do The Tube (seu famoso metrô) em 10%. Isso significa que transportará mais 1,5 milhão de passageiros, que levarão 45 minutos a menos em suas viagens, sejam para o trabalho ou lazer. Trata-se do Crossrail, o maior projeto de infraestrutura de engenharia civil da Europa. O Crossrail, quando pronto, terá 132 km de extensão – 90 km na superfície e 42 km em dois túneis gêmeos – e atravessará Londres, de leste a oeste. Serão nove estações subterrâneas e mais 28 na superfície. São números que impressionam, principalmente quan-do olha-se para o cronograma da obra: iniciou-se em 2009, boa parte termina este ano e finaliza em 2018, ao custo de 16 bilhões de libras. “Quando iniciamos a fase de entrega, o governo disse ‘isso é inédito: um projeto com apenas duas semanas de atraso e dentro do orçamento’”, revelou Neill Pawsey, gerente sênior de projetos do Crossrail, que veio ao Brasil a convite da Bentley Sustaining Infrastructure, empresa de soluções de software para projetos, análises, construção, operação e manutenção, e responsável pela obra, durante palestra na sede do SindusCon-SP, no início de setembro. Um projeto desse porte tem grandes desafios. A base de tudo, segundo Pawsey, foi responder a pergunta: “como a Crossrail atenderá as demandas dos usuários?” A partir desta questão, foi formulado um grande documento em BIM que respondesse diversos “por quês”, de maneira que todos os gestores tivessem certeza do que seria bom. Com os trabalhos iniciados, diversas mudanças começaram a surgir dentro do ambiente BIM. O que ninguém imaginava é que, ainda em 2009, o mundo sofresse uma grave crise econômica. “Esse é o tipo de imprevisto que não dá para prever. E o nosso projeto estava desenhado até 2016. Foi preciso readequar tudo”, disse o gerente sênior. Na mesma época, o projeto ganhou um reforço tecnológico. A portabilidade e mobilidade dos tablets auxiliou o trabalho e uma série de atividades inerentes ao scopo do projeto pôde ser simplificada. E o melhor: a inclusão de sistemas que possibilitassem operar esses gadgets não interferiu no cronograma. Todos os contratos incluídos no BIM são
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BRENDAN BELL/CROSSRAIL LIMITED
Crossrail, a ferrovia digital
Londres será cortada por túneis escavados por shields
Academia também Todo o processo de desenvolvimento dos sistemas BIM feitos pela Bentley para o Crossrail envolveu ainda um trabalho de transferência de conhecimentos para a força-tarefa do processo. Durante o projeto, a Bentley Academic Programs trabalha ativamente no sentido de compartilhar sistemas, processos e atitudes. No caso do Crossrail, mais de 3 mil profissionais envolvidos no projeto passaram pela a academia, sendo muitos deles da própria Bentley – “educação começa em casa”, diz Neill Pawsey, gerente sênior do Crossrail. Nesta academia, as pessoas ficavam cada vez mais envolvidas e cientes de todo o processo e, ainda, podiam trabalhar com o uso de modelagem de sistemas 4D. Estima-se que, graças ao trabalho da academia, o projeto economizou 8 milhões de libras, reduziu riscos de contingência, e detectou riscos e possíveis problemas com precisão.
complexos. No Crossrail não foi jamais se encontrem durante uma diferente. Eles vem de segmenobra. Mas todos tem de enxergar tos distintos, com características e entender da mesma maneira os bem particulares. “Usamos prindados do projeto”, ensina. cípios básicos, comuns a todos, A primeira fase do projeto do que puderam ser aplicados a Crossrail começou com a defidiferentes modelos de negócio”, nição de uma plataforma única, diz Pawsey, complementando com programas únicos para toque “isso é o BIM! Não é uma dos. “Escolhemos trabalhar com evolução. É uma revolução”. documentos em PDF e Excel e E a base de todo BIM são os centralizamos os sistemas em dados e a maneira de tratá-los no um confederado, uma espécie de sistema. A forma de coletá-los banco de dados que pudesse ser também é imcomum a todas portante, princias empresas en“O BIM NÃO É palmente se eles volvidas, de mavêm de empreneira amigável e UMA EVOLUÇÃO. sas diferentes compartilhada”, É UMA REVOLUÇÃO” afirmou Pawsey. e concorrentes. Quando os dados “Contratamos têm integridade, o processo flui e a Deloitte para nos dizer quais a informação chega para as pesseriam os melhores de sistemas soas certas. É assim que o prode documentos oriundos de difejeto funciona. Tudo isso permite rentes fontes. Ela apontou o EB que os investimentos possam – Electronic Dashboards. Nem era ser feitos e os prazos cumpridos. um sistema da Bentley, a principal “BIM não é custo. É investimengestora do projeto Crossrail, mas to”, reforça Pawsey. ficava no centro de tudo, graças a sua possibilidade de compartilhar ENVOLVIMENTO E FOCO metadados”, informa. E deu certo! Todo esse desenvolvimento, NO PROCESSO Outro aspecto vital do BIM em o trabalho de convencimento das um projeto desta dimensão é o partes, de captação e inserção envolvimento dos gestores com dos dados, de disponibilização, as pessoas do campo de obras. A de adequação aos sistemas esequipe de Pawsey passou muito colhidos, e mesmo o retrabalho tempo com as pessoas da ferroapós o início da crise mundial, via, para entender as necessidapassou ainda por uma aferição. des e enxergar as oportunidades. Com tudo no sistema BIM, a “Empreiteiras vendem incerteBentley fez uma validação e um zas. Mas com o BIM elas pascontrole de qualidade das inforsam a ter certezas que ajudam mações. “Registramos tudo”, a cumprir os prazos e orçamenrevela Pawsey. “Até as falhas e tos”, garante. defeitos virtuais foram catalogaPawsey destaca que o foco dos de maneira a aprendermos do BIM é nos processos. É assim com os nossos erros”, afirma. que todos os envolvidos enxer“Entregamos o que o governo gam os dados de que necessitam, queria. E isso só foi possível porquando necessitam, e os resultaque melhores informações, quandos aparecem. “Há diferentes tido bem compartilhadas, ajudam pos de profissionais que, talvez, a tomar decisões inteligentes.”
SAIBA MAIS Bentley: http://www.bentley.com/pt-BR/ Crossrail: http://www.crossrail.co.uk Apresentação de Neill Pawsey: https://www.youtube.com/ watch?v=lVtedB1_X6c
Números do projeto Crossrail Custo total do projeto
14.800.000.000 libras Modelagens de CAD
1.250.000
Documentos digitais armazenados
815.000
Ativos fixos marcados
650.000
Usuários únicos de documentos
8.250
Usuários únicos do CAD
650
Principais contratos (construtivos)
61
Principais contratos (design)
25
Centrais gerais de intercâmbios
8
Gerentes de infraestutura futura
2
Crossrail
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JORGE ROSENBERG
SINDUSCON-SP EM AÇÃO
Tadeu Navarro: Objetivo é oferecer suporte para nivelar o entendimento
Lei Anticorrupção, compliance e terceirização em debate qualificado Temas são destaque no 3º Congresso Jurídico da Construção 36
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É
indubitável a necessidade de uma profunda transformação dos setores produtivos brasileiros e, em particular, da construção civil, para fazer face à crise que já resultou na demissão de mais de 800 mil trabalhadores da construção desde 2014, dos quais 505 mil neste ano. O SindusCon-SP, visando propiciar condições para que o setor possa liderar a retomada do crescimento do País, além de participar ativamente na proposição de soluções, estimular a reflexão e oferecer oportunidades de debates
sobre os impactos da conjuntura econômica e política, está elaborando material para os associados, com orientações específicas para adequação das empresas às exigências da Lei nº 12.846/2013, conhecida como Lei Anticorrupção, conforme antecipa Alexandre Tadeu Navarro, coordenador do Conselho Jurídico. A cartilha com orientações, atualmente em fase de elaboração pela equipe técnica do SindusCon-SP, sob coordenação do Conselho Jurídico, contribuirá para o aumento da conscientização e da adoção do compliance no Brasil. “O objetivo é oferecer aos associados, principalmente às pequenas e médias empresas, suporte para nivelar o entendimento”, destaca Tadeu Navarro. Assuntos dos mais atuais, Lei Anticorrupção e compliance foram discutidos no 3º Congresso Jurídico da Construção Civil, realizado no início de setembro em São Paulo, que contou com mais de 300 participantes. O fórum, que teve como tema
Adaptando-se para a mudança de paradigma da construção, debateu ainda novidades legislativas, dos pontos de vista civil e imobiliário; atualidades de contratos de construção e impactos tributários; além da terceirização, sob os âmbitos trabalhista e previdenciário. “Se ajustes profundos não forem feitos, os próximos anos terão um sabor amargo para toda a sociedade. O Executivo e o Legislativo têm a responsabilidade de resgatar a confiança da iniciativa privada, para que ela volte a investir e a gerar empregos”, destaca o presidente do SindusCon-SP, José Romeu Ferraz Neto. Ele ressalta a necessidade de uma reforma trabalhista que flexibilize a contratação de profissionais, estimule o emprego formal e reafirme a legalidade da terceirização na construção moderna. Sobre esse tema, o Projeto de Lei nº 4.330/2004, em tramitação no Senado, que trata de contratos de terceirização no mercado de trabalho, foi debatido no último painel do Congresso Jurídico.
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SINDUSCON-SP EM AÇÃO As limitações à terceirização das atividades-meio, estabelecida pela Súmula nº 331 do Tribunal Superior do Trabalho, são um entrave ao crescimento, em especial no heterogêneo setor de construção civil. “O setor precisa subcontratar para empreender”, pontua Renato Romano, consultor jurídico do SindusCon-SP. Ao comparar a legislação trabalhista brasileira com a de outros países, Yone Frediani, desembargadora aposentada do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, cita como exemplo a Itália, onde existem mais de 40 formas legais de prestação de serviço. “Terceirização não significa precarização do trabalho”, conclui. No debate sobre a Lei Anticorrupção e compliance, o promotor de Justiça no Estado de São Paulo, Roberto Livianu, coordenador da campanha Não Aceito Corrupção, parabenizou o SindusCon-SP “pela coragem e determinação na busca pelo debate, diante do atual momento que o Brasil atravessa”. Flávio Dematté, coordenador geral de Responsabilização de Entes Privados da Controladoria-Geral da União (CGU), observa aumento da procura por parte das empresas por programas de compliance. “Uma das premissas é a de que os programas sejam constantemente aperfeiçoados”, afirma. EXTINÇÃO DE FRAUDES
A Lei nº 13.097, promulgada em janeiro deste ano, também foi amplamente analisada no tocante aos Registros na Matrícula do Imóvel, durante painel sobre novidades legislativas. Considerada positiva por consolidar o entendimento da jurisprudência de proteger o adquirente de boa-fé, a nova legislação tem prazo de dois anos, até 20 de janeiro de 2017, para entrar plenamente em vigor. Nessa data, passa a ser obrigatório, por parte dos credores, o registro de citações na matrícula dos imóveis e a averbação de ações que possam levar o proprietário à insolvência, sem os quais deixa de existir possibilidade de fraude à execução. Outro aspecto positivo da lei é a proteção à aquisição de incorporações imobiliárias,
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lotes e condomínios da perda do bem, blindando o imóvel de eventuais outras dívidas da construtora até a finalização da obra. Os juristas concordam que as medidas aumentam a segurança jurídica para o setor imobiliário. “Antes, a legislação protegia o credor; agora, foca na boa-fé do adquirente do imóvel”, observa Olivar Vitale, membro do Conselho Jurídico. CONTRATO DE ALIANÇA
Pouco conhecido e ainda não utilizado na construção civil, o contrato de aliança impressiona pela abordagem colaborativa, não usualmente utilizada nas relações comerciais. Leonardo Toledo da Silva, sócio da Porto Lauand Advogados, mestre e doutor em Direito Comercial pela Universidade de São Paulo (USP), discorreu sobre a modalidade, que teve início nos anos de 1990 na Escandinávia e é adotada em mais de 300 contratos na Austrália e em projetos pioneiros nos setores industrial e de infraestrutura brasileiros. As indefinições sobre o enquadramento trabalhista e tributário desses contratos foram o tema apresentado pelo auditor da Receita Federal Carlos Henrique de Oliveira, na palestra Efeitos Tributários do Contrato de Aliança. Os contratos baseiam-se no relacionamento cooperativo das partes, com riscos compartilhados, trabalho realizado conjuntamente, inclusive no mesmo ambiente físico, e transparência. “Todos ganham ou perdem todos, o que requer uma mudança profunda na cultura organizacional”, resume Toledo da Silva. De acordo com ele, a implantação depende de uma mudança intensa na cultura organizacional das empresas, visto que não há responsabilização jurídica por uma falha não intencional – os conflitos devem ser resolvidos por meio da governança interna da aliança. Fernando Marcondes, membro do Conselho Jurídico, afirma que, baseado nas suas experiências nos tribunais de Arbitragem, “da forma que estamos fazendo é para dar errado, pois procuramos culpados”. Carla Dazzi
opinião
Compliance no setor da construção
DAVI TANGERINO
4) tem mecanismos de apuração e de punição; 5) é regularmente auditado. O tamanho e a complexidade dos programas de compliance variam conforme a robustez da pessoa jurídica, servindo os itens mencionados como parâmetros mínimos. O mesmo se repete no Decreto nº 8.420/2015, bem como nas posteriores portarias (nº 909/2015 e nº 910/2015) e instruções normativas emitidas pela Controladoria-Geral da União (nº 1 e nº 2), cujos aspectos em
MOMENTO ATUAL EVIDENCIA A IMPORTÂNCIA DOS PROGRAMAS DE COMPLIANCE muito se assemelham à experiência norte-americana. O referido decreto define os parâmetros para aplicação da lei e, em linhas gerais, estabelece diretrizes para apuração da responsabilidade administrativa de pessoa jurídica, aplicação de sanções administrativas, celebração do acordo de leniência e instituição dos chamados programa de integridade. Exemplo claro dessa semelhança é a opção legislativa em estabelecer que, caso a pessoa jurídica apresente informações e
Advogado criminalista, sócio da Trench, Rossi e Watanabe, membro do Conselho Jurídico do SindusCon-SP
documentos referentes à existência e ao funcionamento de programa de integridade, a comissão processante deverá examiná-lo segundo alguns parâmetros, dentre os quais se destacam: 1) comprometimento da alta direção da pessoa jurídica; 2) existência de padrões de conduta, código de ética, políticas e procedimentos de integridade, aplicáveis a todos os empregados, administradores e terceiros; 3) registros contábeis que reflitam de forma completa e precisa as transações da pessoa jurídica; 4) controles internos de demonstrações financeiras; 5) procedimentos específicos para prevenir fraudes e ilícitos no âmbito de processos licitatórios; 6) medidas disciplinares em caso de violação do programa; 7) transparência da pessoa jurídica quanto a doações para candidatos e partidos políticos, entre outros. Os efeitos últimos da adoção de programa de compliance, sobretudo no âmbito criminal, ainda estão em aberto, mas por certo servirão de diretiva para a fixação de responsabilidades dentro das pessoas jurídicas. O que se sabe é que a sanção administrativa será mitigada quando os programas existirem e forem efetivos. Os constantes escândalos de corrupção apontam para a importância da adoção desses mecanismos. fotos: arquivo pessoal
A
entrada em vigor da Lei nº 12.846, conhecida como Nova Lei Anticorrupção, celebrará seu segundo aniversário em janeiro de 2016. Com a edição da lei, apressam-se – com razão – as empresas em inteirar-se do que sejam os “mecanismos e procedimentos internos de integridade, auditoria e incentivo à denúncia de irregularidades” e “aplicação efetiva de códigos de ética e de conduta no âmbito da pessoa jurídica”, reunidas essas expressões em um mesmo inciso do artigo 7º, que cuida das variáveis a serem consideradas na aplicação das sanções previstas. Entendidas genericamente como compliance – do inglês, conformidade, integridade –, terão o condão de mitigar a sanção aplicada àquelas pessoas jurídicas condenadas por práticas corruptas, nos termos da lei. A fonte primeira da lei foi o U.S. Code Sentencing Guideline Manual, documento que reúne um conjunto de diretivas (guidelines) aos juízes federais estadunidenses na aplicação de sanções punitivas às pessoas jurídicas. Nele, entende-se por programa efetivo de ética e compliance aquele que: 1) contém um corpo de normas e procedimentos; 2) é conhecido por todos os funcionários e terceiros relevantes; 3) é administrado com efetiva autoridade (e com os recursos apropriados);
ALDO ROMANI NETTO
Advogado criminalista do quadro da Trench, Rossi e Watanabe
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agenda
PALESTRAS GRATUITAS
OUTUBRO
OUTUBRO
DIVULGAÇÃO/SINDUSCON-SP
Eventos
Palestra Fiesp: Gerenciamento de Resíduos Sólidos Dia 6, das 10h às 12h, na Regional Santos Uso Prático da 1ª Norma BIM Brasileira – ABNT NBR 15965 Dia 6, das 19h às 21h, na sede do SindusCon-SP, em São Paulo
CURSOS 6º Seminário Internacional BIM – Modelagem da Informação da Construção Dia 22, das 8h às 18h, no Caesar Business Faria Lima, em São Paulo Encontro Empresarial Sinduscon-SP e FIABCI-Brasil – “Panorama dos Distratos no Brasil” Dia 28, das 8h às 13h, na sede do SindusCon-SP, em São Paulo NOVEMBRO 8º Seminário sobre Legalização de Empreendimentos no Município de São Paulo Dias 10 e 11, das 8h às 18h, no Caesar Business Faria Lima, em São Paulo 2º Fórum Internacional Segurança e Saúde do Trabalho Dias 12 e 13, das 8h às 18h, na sede do SindusCon-SP, em São Paulo Rodada de Inovação da Construção Dia 12, das 9h às 18h, na Regional Ribeirão Preto Rodada de Inovação em Sustentabilidade Dia 24, das 9h às 18h, na Sede do SindusCon-SP, em São Paulo
OUTUBRO Gestão de Custos na Construção Civil Dia 15, das 9h às 18h, na Regional Mogi das Cruzes Programa de Capacitação de Gestores e Equipes Dia 16, das 9h às 18h, na sede do SindusCon-SP, em São Paulo Gerenciamento e Administração do Tempo Dia 16, das 9h às 18h, na Regional Campinas Sistema Público de Escrituração Digital e seus Cruzamentos Dia 20, das 9h às 18h, na sede do SindusCon-SP, em São Paulo Nova FDIS ISO 9001:2015 Dia 21, das 9h às 18h, na sede do SindusCon-SP, em São Paulo Contabilidade na Construção Civil Dia 27, das 9h às 18h, na Regional São José dos Campos O Novo Procedimento de Encerramento de Obra pela Internet Dia 28, das 9h às 18h, na Regional Bauru Prince2 – Gerenciamento de Projetos – nível básico Dias 30 e 31, das 9h às 18h, na sede do SindusCon-SP, em São Paulo
Informações: www.sindusconsp.com.br Inscrições: cursos@sindusconsp.com.br ou (11) 3334-5600
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Regional
Um passo atrás: retração econômica afeta lançamentos e emprego com bastante dificuldade para medir o risco antes de tomar uma decisão. Quem pode adiar está adiando, quem não pode está tomando o risco [de construir]”, diz Zaidan. “Hoje, as obras iniciadas em 2013 estão terminando e não se tem uma decisão, que deveria ter sido tomada em 2014, para repor o emprego. Então você começa a ver o desemprego”, analisa. INTERIOR SENTE OS IMPACTOS
Dados apurados em sete regionais do SindusCon-SP revelam que a tendência de desaceleração está muito forte em quase todo o Estado. De todas as regionais analisadas, somente duas – São José do Rio Preto e a do Grande ABC – registram um tímido aumento no número de contratações de trabalhadores. Já nos municípios de Bauru,
Innovare em Santo André: exceção
DIVULGAÇÃO
O
cenário econômico brasileiro, de forte desaceleração com consequente queda na renda da população, tem causado impacto em diversos segmentos do setor produtivo. A redução de postos de trabalho é o principal efeito observado. Segundo dados da pesquisa de emprego realizada pelo SindusCon-SP em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV), com base nos indicadores do Ministério do Trabalho e Emprego, o índice de empregos vem registrando reduções consecutivas nos últimos 12 meses. No mês de julho de 2015, 414 mil postos de trabalho haviam sido eliminados, o que representou uma queda de 11,67%. No Estado de São Paulo, o índice encerramento de posições de emprego no setor chegou a 6,72%, no acumulado do ano. Esses impactos também foram percebidos no segmento imobiliário. De acordo com levantamento feito pelo Secovi-SP, o número de lançamentos imobiliários residenciais caiu de 108.980 unidades para 89.504, entre 2010 e 2014, na cidade de São Paulo e nos 39 municípios que compõem sua Região Metropolitana. Uma redução de 17,8% num período de cinco anos. Para o vice-presidente de Relações CapitalTrabalho do SindusCon-SP, Haruo Ishikawa, os dados são muito preocupantes e apontam um sentimento de falta de confiança na recuperação da economia. “Na época em que o setor mais contrata estamos vendo um crescimento no número de demissões. A situação é muito difícil e o nível de confiança está muito baixo”, afirma. A avaliação de Ishikawa encontra respaldo na citada pesquisa, que apurou que em maio deste ano o setor contabilizava 3,191 milhões de trabalhadores com carteira assinada. Em julho, esse número caiu para 3,134 milhões, o que representou o fechamento de 57 mil postos de trabalho em apenas um mês. “A tendência é que até dezembro, no total dos 12 meses do ano, esse número chegue a 500 mil. Isso só na construção civil, mas imagine em toda a cadeia produtiva”, alerta. Na avaliação do vice-presidente de Economia do SindusCon-SP, Eduardo Zaidan, as empresas têm evitado “tomar risco”. “Estamos já há alguns meses
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Regional pois a demanda existe e é forte em todo o País. Campinas, Ribeirão Preto, São José dos Campos e “Na região de Campinas não é diferente. Estamos Sorocaba o viés é de queda do nível de emprego. construindo 8 mil unidades e pretendemos manter As demissões e a estagnação na criação de noeste número no próximo ano. É claro que não somos vas vagas no setor são reflexos da recessão sentiimunes à crise e estamos atentos aos movimentos da pela construção civil desde o fim de 2014, na econômicos”, afirma. região do Vale do Paraíba. As cidades de Taubaté Em Ribeirão Preto, nos últimos 12 meses, foram e Pindamonhangaba registraram queda de 3,96% fechadas mais de 6 mil vagas formais. Esse resule 3,06%, respectivamente, no nível de emprego tado, explica o diretor da Regional Ribeirão Preto, em julho com relação a junho. Na região do Alto Fernando Paoliello Junqueira, reflete o atual moTietê, cidades como Mogi das Cruzes e Suzano mento de preocupação vivido pelo setor. “A instabiapuraram uma retração de 2,57% e 6,46%, lidade política do País faz com que o mercado não na devida ordem. Apesar de um índice positivo sinta confiança para investir, comprar imóveis. Com em 0,06% na variação mensal, São José dos isso, as construtoras acabam se retraindo.” Campos registrou queda de 8,61% no acumulado É o que também afirma Maurício Palazzo, dido ano contra o mesmo período de 2014. Em 12 retor da Venire Empreendimentos Imobiliários, meses, a queda foi de 9,46%, o equivalente ao de Jaboticabal. Segundo o empresário, embocorte de 1.477 postos. ra possa considerar suas vendas deste ano bem Para o diretor regional de São José dos Campos, próximas às do mesmo período em 2014, não há Mário Cézar de Barros, o setor da construção civil é o confiança para novos lançamentos. “Falta seguranque reage mais rápido aos estímulos da economia e ça em relação ao futuro”, declara. consequentemente o que se retrai O período de recessão e a total mais imediatamente. “Se existe HARUO: falta de credibilidade são aponuma mudança na economia, ela “A SITUAÇÃO É MUITO tados pelo diretor da Regional parte para uma retração e isso Sorocaba, Elias Stefan Junior, implica desemprego”, destaca. DIFÍCIL E O NÍVEL como um fator agravante para o Em Bauru, o estoque de trabaDE CONFIANÇA ESTÁ setor. “Mais uma vez a incompelhadores com carteira assinada em MUITO BAIXO” tência do Estado será paga pelos julho de 2014 era de 10.283, encidadãos e pelo empresariado, por quanto, no mesmo mês de 2015, meio da abusiva taxa de juros e a escalada sem fim era de 9.977. Neste ano, a variação absoluta nesno aumento de impostos.” Na região de Sorocaba, te primeiro semestre fechou com saldo negativo de em julho, 87.010 pessoas trabalharam no setor 367 postos de trabalho. O diretor da Regional Bauru, com carteira assinada, enquanto no mesmo períRicardo Aragão, salienta que é preciso uma mudanodo do ano passado eram 92.875 funcionários – ça drástica com relação à legislação e mais apoio do retração de 6,31%. governo ao setor da construção. “O atual cenário é Segundo Renan Pérsio, diretor de Incorporações e assustador: economia desaquecida, leis que desfavoNovos Negócios da Prohidro, as demissões começarecem os empresários, aumento de tributos. É inconram no ano passado. “Tentamos outras alternativas, cebível as construtoras terem que demitir para pagar mas em alguns casos não tem como. Antes tínhamos mais impostos”. 300 colaboradores diretos, agora são 100”, conta. Na região de Campinas o setor também não vem “O interior passa neste momento por uma forte enfrentando seus melhores dias. Em 2015, o volume retração, cujos reflexos serão desemprego, poucos de mão de obra foi reduzido em 8,14%, com um total lançamentos e um desmonte dos quadros técde 2.735 trabalhadores a menos no mercado. “O monicos. No meu entender, isso gera uma tragédia. mento é de busca por oportunidades. Precisamos ficar Profissionais treinados e qualificados que poderiam atentos para corrigir falhas e melhorar os projetos”, diz contribuir enormemente para os desafios nacionais o diretor da Regional Campinas, Marcio Benvenutti. estarão desempregados e eventualmente imigranO diretor de Produção da MRV Engenharia em do para outros países”, analisa o vice-presidente Campinas, Túlio Pereira Barbosa, diz que a consde Interior do SindusCon-SP, Eduardo Carlos trutora entende que o mercado para o produto para Rodrigues Nogueira. o qual ela atua há 35 anos é bastante resiliente,
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SÃO JOSÉ DO RIO PRETO E GRANDE ABC SÃO OÁSIS NO ESTADO
Na região de São José do Rio Preto houve mais contratações que demissões em cinco dos seis meses de 2015. A razão para esse dado alentador está no comportamento peculiar do mercado imobiliário local. De acordo com o Secovi, diferentemente do que ocorre em outras cidades, a região não apresenta picos de euforia ou depressão. O detalhamento da pesquisa revela uma estabilidade. Foram 2.174 lançamentos até maio de 2013, 3.009 até maio do ano seguinte e 3.029 até maio de 2015. Para o diretor da Hugo Engenharia, Hilton Hugo Fabri, neste cenário há uma seleção natural do mercado, que hoje tem produtos melhores e construtoras que se profissionalizaram. “Nós vendemos R$ 70 milhões em 2014. Neste primeiro semestre já foram comercializados R$ 35 milhões com perspectiva de repetir até o final de 2015 o mesmo desempenho do ano anterior”, revela. O diretor da Regional Rio Preto, Germano Hernandes Filho, também acredita que os lançamentos seguraram os empregos e que a retração de julho foi baixa. No entanto, ele observa que esse cenário pode mudar
num futuro não tão distante. “Há uma tendência de queda no futuro. Os números da economia apontam para um segundo semestre complicado”, alerta. A região do Grande ABC registrou variação positiva no índice de emprego, com alta de 1,36% e criação de 604 postos de trabalho. A maior alta ocorreu em São Bernardo do Campo, com 260 novas vagas. O mercado da região apresentou uma pequena recuperação no número de lançamentos. “Neste primeiro semestre lançamos dois empreendimentos, o Innovare, com 85 unidades de duas suítes e dois dormitórios, em Santo André, e o Attuale, a 10 minutos do metrô Vila Prudente, com 148 unidades de dois e três dormitórios. Tivemos sucesso nas vendas e antecipamos as obras”, comemora Gilberto Daniel de Souza, da Construtora Lorenzini. Na avaliação do diretor da Regional Santo André, Sergio Ferreira dos Santos, apesar dos bons resultados, é preciso observar tudo com muita cautela. “Tivemos uma pequena evolução neste mês, mas que não deve se manter. Acreditamos que haja uma acomodação nestes números até o final do ano, com perspectivas de que, para o próximo ano, o setor comece aos poucos uma recuperação”, avalia.
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Regional
CPRs conscientizam sobre métodos de segurança nos locais de trabalho
E
FALTA DE PARTICIPAÇÃO laborada com o intuito de estabeleINTEGRADA PREJUDICA cer diretrizes que ordenem as conO FUNCIONAMENTO dições e meio ambiente de trabalho O regramento prevê que os CPRs sejam da indústria da construção, a Norma formados por três a cinco representantes Regulamentadora nº 18 (NR-18) inclui entitulares, além de suplentes, de governo, tre os seus itens a criação do Comitê Pertrabalhadores e empregadores, e por três manente Nacional (CPN), de abrangência a cinco titulares e suplentes de entidades nacional; e dos Comitês Permanentes Regiode profissionais especializadas em segunais (CPRs), instituídos nos Estados. Desrança e saúde do trabalho, para o apoio de o seu estabelecimento, o SindusCon-SP técnico-científico. No entanto, de acortem sido um forte aliado na implemendo com o vice-presidente de Relações tação de medidas que contribuam para Capital-Trabalho do SindusCon-SP, Haruo a conscientização de empresas e trabalhaIshikawa, no interior do dores sobre a importânEstado muitas vezes essa cia da adoção de proceCOMITÊS SÃO composição se vê comdimentos de segurança nos canteiros de obra. ESTRATÉGICOS PORQUE prometida pela ausência Atualmente, o sindicato DESENVOLVEM AÇÕES E de representantes do governo – via Ministério do participa dos CPRs insCONTEÚDOS ADEQUADOS Trabalho – e dos sindicatalados na capital e nas tos dos trabalhadores. cidades de Bauru, RibeiÀS CARACTERÍSTICAS “No interior, o rão Preto e Campinas, REGIONAIS SindusCon-SP acaba viaalém do Comitê de Sebilizando os CPRs, mas gurança do Trabalho de encontramos algumas dificuldades porque Sorocaba e da Comissão Paritária de Fiscauma das partes às vezes não está presente. lização de Presidente Prudente. Estas duas Mas a parte principal que falta nessa comisúltimas atuam em substituição aos CPRs são é o governo. Sem a participação de um nesses municípios. auditor do Ministério do Trabalho, o comitê Os CPRs têm como missão estudar e acaba não funcionando, pois é preciso ter a propor medidas para o controle e a melhochancela governamental”, afirma Ishikawa. ria das condições e dos ambientes de tra“O CPR da capital funciona muito bem, balho, implementar a coleta de dados sobre mas para manter as comissões funcionando acidentes de trabalho, participar e propor no interior a dificuldade é maior. É preciso campanhas de prevenção de acidentes, enhaver um esforço de todas as partes, tanto tre outras competências. Apesar da ampla do governo quanto dos trabalhadores. Essa abrangência de temas para os quais busca é a grande dificuldade”, avalia. desenvolver mecanismos que ampliem o O empresário ressalta que, embora as conhecimento sobre as normas de segurandificuldades de implementar os comitês no ça dos trabalhadores da construção civil, interior sejam muitas, o SindusCon-SP tem a NR-18 nem sempre consegue ser bem feito o seu papel com a realização de fóruns executada em razão da falta de integrantes e palestras nas regionais. O conteúdo busca que completem a sua composição.
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conscientizar sobre os procedimentos de segurança no trabalho e valorizar a importância de se investir em métodos de prevenção de acidentes. “O SindusCon-SP tem um slogan que diz: investir em segurança dá lucro. Segurança é investimento.” Ishikawa observa ainda que os CPRs regionais possuem um papel estratégico em razão de capacidade de desenvolver ações e conteúdos que sejam adequados às características das edificações de cada localidade. “A cidade de São Paulo conta com características típicas. Aqui, nós temos empreendimentos verticais e de grande altura. Se você pega o município de Presidente Prudente, por exemplo, encontrará mais construções de casas térreas. As edificações são diferentes, mas é preciso ter o mesmo tipo de cuidado na área de segurança”, afirma. “A atividade em cada localidade
oferece um tipo de risco e requer uma análise diferente. Isso ressalta a importância da criação dos CPRs por região, porque as discussões entre os representantes dos comitês avaliam a necessidade de cada região. Cada região tem uma peculiaridade de trabalho”, explica. REGIONAIS RESSALTAM A IMPORTÂNCIA DOS CPRs
No município de Bauru, a Regional SindusCon-SP está atualmente responsável pela coordenação do CPR local. As primeiras discussões do grupo de trabalho trataram acerca das condições nos ambientes de trabalho na indústria da construção civil e culminaram com o encaminhamento de sugestões de alteração da Norma Regulamentadora nº 35 (NR-35), durante o período de consulta pública, e da própria
BRUNA DIAS
Reunião do CPR em Bauru
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Regional NR-18, com destaque ao item que aborda os elevadores em obras. A Regional Campinas tem focado seus esforços no processo de conscientização da adoção de métodos de segurança nos canteiros. “Fazemos trabalhos preventivos, com visitas às obras e somos bem atuantes. Normalmente nos reunimos uma vez por mês e realizamos duas visitas, sempre com o intuito de orientar. Além disso, temos quatro encontros anuais com os representantes das Cipas para discutir as normas regulamentadoras”, diz Marcio Benvenutti, representante do SindusCon-SP no CPR regional. Segundo Benvenutti, os resultados do trabalho de conscientização já podem ser vistos nos canteiros de obra. “Estamos empenhados para que não haja mais nenhum acidente em obras”, conta. A ideia, afirma ele, é ampliar os debates e fazer com que todos os envolvidos no processo construtivo sejam responsáveis pela prevenção de acidentes no setor e incentivem debates para o aperfeiçoamento permanente das normas técnicas, regulamentadoras e de procedimentos. A área da Regional Ribeirão Preto, que envolve 92 cidades, conta com mais dois CPRs ativos que cobrem também as cidades de Franca e São Carlos. De acordo com o diretor da regional, Fernando Paoliello Junqueira, mais dois comitês deverão ser instituídos. “Agora vamos partir para a instituição do CPR também em Araraquara e Jaboticabal”, revela. “Esses comitês nos permitem trabalhar ativamente nas áreas de saúde e segurança do trabalhador, que são muito importantes para nós”, completa Junqueira. Atualmente, o CPR Ribeirão está finalizando a edição de uma cartilha orientadora, batizada de Sugestões Técnicas de Procedimentos (STP), que deve ser lançada até o fim do ano. “Com base nas experiências de todos que participam do comitê,
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essa cartilha tem como ideia explicar como fazer o que a legislação prevê”, diz o auditor fiscal do trabalho Édson Bim, que integra o CPR local. COMITÊ DE SEGURANÇA E COMISSÃO PARITÁRIA
A Regional Sorocaba integra, desde 2014, o Comitê de Segurança do Trabalho, um braço do Programa SindusCon-SP de Segurança (PSS). Segundo o coordenador Fernando Alonso, o grupo foi criado para suprir a ausência do CPR Sorocaba, que deixou de se reunir na cidade em 2013. “A implantação do nosso comitê teve o intuito de contribuir para zerar o número de acidentes de trabalho, o que vem ao encontro do compromisso do SindusCon-SP”, explica Alonso. Os participantes são técnicos e engenheiros de segurança das empresas associadas ao sindicato, bem como profissionais da área de saúde e medicina do trabalho, tais como o Seconci-SP, o Centro de Referência da Saúde do Trabalhador (Cerest), a Comissão Intersetorial de Saúde do Trabalhador (Cist), o Sindicato dos Técnicos de Segurança do Trabalho no Estado de São Paulo (Sintesp), o Sesi e o Senai. Já em Presidente Prudente, a regional integra a Comissão Paritária de Fiscalização (CTP). Criado em 1999, o grupo tem como objetivo combater a informalidade no mercado de trabalho da construção civil, melhorar a qualidade do emprego e das condições de segurança no ambiente de trabalho, além de aumentar a produtividade e a qualidade da construção. Periodicamente, o CTP promove visitas aos canteiros de obras, para orientar empresas, empreiteiros, engenheiros e donos de obras sobre o devido cumprimento das normas de segurança do trabalho e das legislações trabalhista e previdenciária.
classificados
classificados
NOVIDADES DO MERCADO
JORGE ROSENBERG
SindusCon-SP fecha parceria com Reed Exhibitions O presidente do SindusCon-SP, José Romeu Ferraz Neto, e o presidente da Reed Exhibitions Alcantara Machado, Juan Pablo de Vera, assinaram em 22 de setembro acordo de parceria para a realização do ConstruBR na Feicon Batimat 2016. “A Reed é reconhecida internacionalmente por sua excelência na organização de plataformas de lançamento de inovações para o mercado profissional. Agregaremos a isso nossa expertise na produção de conteúdo relevante e atual com lideranças do setor da construção no Brasil”, afirmou Romeu Ferraz. “Reconhecemos a liderança e representatividade do SindusCon-SP em trazer aos participantes, empresários e profissionais do setor soluções e respostas a essas dificuldades que estamos passando”, declarou Juan Pablo. Realizado pela primeira vez em 2014 em São Paulo, o ConstruBR retorna de maneira ainda mais forte em 2016, destacando a produtividade como principal solução para o futuro do setor no País.
Inovações de plástico no novo Galeão
Ponto de abastecimento domiciliar de GNV
A conclusão das obras de melhoria de infraestrutura para os Jogos Olímpicos de 2016, com investimentos de R$ 2 bilhões, caminha em ritmo acelerado no Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão). Com o objetivo de oferecer um espaço mais amplo, moderno e funcional, o Consórcio Construtor Galeão investiu em soluções inovadoras, como produtos de plástico para as áreas de estacionamento, cobertura e drenagem. A Braskem foi a responsável pelo fornecimento dos materiais. A aplicação de BubbleDeck – sistema composto de esferas de polipropileno inseridas de forma uniforme entre duas telas de aço – foi realizada nas lajes do edifício-garagem. A tecnologia reduz em 25% o uso de concreto na obra, contribuindo para uma emissão de CO2, em média, 46 kg menor por metro quadrado de laje construída.
A Comgás está implantando o primeiro ponto domiciliar de abastecimento de gás natural veicular (GNV) do Brasil. Por meio de um dispenser ligado à rede de gás natural, o sistema permite que o consumidor possa abastecer seu veículo em casa, enquanto deixa o carro na garagem. Esse conceito já existe em países como Itália, onde o equipamento é visto como um eletrodoméstico de fácil manuseio. A novidade será apresentada durante o evento de lançamento da Smart Eco House, uma casa inteligente na zona norte de São Paulo. A experiência vai permitir observar o comportamento do equipamento, sua praticidade e aplicabilidade para o segmento e contribuir para a criação de normas e certificações para que o produto possa ser usado de acordo com a legislação brasileira.
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Ano XIII | nº 3 | SETEMBRO 2015
ANÁLISE SETORIAL DA PRODUTIVIDADE DO TRABALHO
BALANÇO E PERSPECTIVAS DA INFRAESTRUTURA
O PARADIGMA DA SUSTENTABILIDADE E SEUS DESAFIOS ALTERNATIVAS PARA O FINANCIAMENTO HABITACIONAL E URBANO
Tânia Rêgo/Agência Brasil
AUMENTO DO DESEMPREGO E CRESCIMENTO DO PESSIMISMO
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NESTA EDIÇÃO
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PERSPECTIVAS BALANÇO E PERSPECTIVAS PARA A INFRAESTRUTURA ESTUDO UMA ANÁLISE SETORIAL DA PRODUTIVIDADE DO TRABALHO NO BRASIL SUSTENTABILIDADE UM NOVO PARADIGMA PARA O SETOR PLANEJAMENTO ALTERNATIVAS PARA O FINANCIAMENTO HABITACIONAL E O DESENVOLVIMENTO URBANO CONJUNTURA PESSIMISMO CRESCE
A Conjuntura da Construção está disponível para download nos sites: www.construdata.com.br www.sindusconsp.com.br
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Conjuntura da Construção é uma publicação trimestral conjunta do SindusCon-SP e da FGV. É permitida a reprodução total ou parcial da publicação. Vice-presidente de Economia do SindusCon-SP: Eduardo May Zaidan Editores: Ana Maria Castelo e Edney Cielici Dias (executivo) Colaboraram nesta edição: Denise Inoue, Laurent Broering, Flávia Souza Teles, Robson Gonçalves, Sérgio Camara Bandeira Produção Gráfica: Lucia Paiva Ilustração da capa e infográficos: Mario Kanno Fotos: Thinkstock Jornalista Responsável: Rafael Marko. MTE 12522 Publicidade: Ana Maria Castelo, Tel.: (11) 3799 2371, Fax: (11) 3799 2375, e-mail: ana.castelo@fgv.br. Av Paulista 548 - 6º andar, São Paulo - SP, 01310-000, Tel.: (11) 3799 2371 / 2356
Presidente: José Romeu Ferraz Neto Vice-presidentes: Eduardo Carlos Rodrigues Nogueira, Eduardo May Zaidan, Francisco Antunes de Vasconcellos Neto, Haruo Ishikawa, Jorge Batlouni, Luiz Antônio Messias, Luiz Claudio Minnitti Amoroso, Maristela Alves Lima Honda, Maurício Linn Bianchi, Odair Garcia Senra, Paulo Rogério Luongo Sanchez, Roberto José Falcão Bauer, Ronaldo Cury de Capua Representantes junto à Fiesp: Eduardo Ribeiro Capobianco, Sergio Porto,Cristiano Goldstein, João Claudio Robusti Diretores Regionais: Elias Stefan Junior (Sorocaba), Fernando Paoliello Junqueira (Ribeirão Preto), Germano Hernandes Filho (São José do Rio Preto), Márcio Benvenutti (Campinas), Mario Cézar de Barros (São José dos Campos), Paulo Edmundo Perego (Presidente Prudente), Ricardo Aragão Rocha Faria (Bauru) Ricardo Beschizza (Santos), Sergio Ferreira dos Santos (Santo André) SindusCon-SP: Rua Dona Veridiana 55, São Paulo - SP, 01238-010, Tel.:(11) 3334 5642, Fax: (11) 3224 0566 R. 306, www.sindusconsp.com.br
Instituto Brasileiro de Economia Diretoria: Luiz Guilherme Schymura de Oliveira Vice-Diretoria: Vagner Laerte Ardeo Superintendência de Clientes Institucionais: Rodrigo de Moura Teixeira Superintendência de Produção de Bens Públicos: Vagner Laerte Ardeo Superintendência de Estudos Econômicos: Marcio Lago Couto Superintendência de Planejamento e Organização: Vasco Medina Coeli Controladoria: Regina Célia Reis de Oliveira
Instituição de caráter técnico-científico, educativo e filantrópico, criada em 20 de dezembro de 1944, como pessoa jurídica de direito privado, tem por finalidade atuar no âmbito das Ciências Sociais, particularmente Economia e Administração, bem como contribuir para a proteção ambiental e o desenvolvimento sustentável. Sede: Praia de Botafogo 190, Rio de Janeiro - RJ, CEP 22253-900 ou Caixa Postal 62.591 - CEP 22257-970, Tel.: (21) 3799 6000, www.fgv.br Primeiro Presidente e Fundador: Luiz Simões Lopes. Presidente: Carlos Ivan Simonsen Leal. Vice-presidentes: Francisco Oswaldo Neves Dornelles, Marcos Cintra Cavalcanti de Albuquerque e Sérgio Franklin Quintella. Conselho Diretor Presidente: Carlos Ivan Simonsen Leal. Vice-presidentes: Francisco Oswaldo Neves Dornelles, Marcos Cintra Cavalcanti de Albuquerque e Sérgio Franklin Quintella. Vogais: Armando Klabin, Carlos Alberto Pires de Carvalho e Albuquerque, Ernane Galvêas, José Luiz Miranda, Lindolpho de Carvalho Dias, Manoel Pio Corrêa Jr.,Roberto Paulo Cezar de Andrade. Suplentes: Antonio Monteiro de Castro Filho, Cristiano Buarque Franco Neto, Eduardo Baptista Vianna, Gilberto Duarte Prado, Jacob Palis Júnior, José Ermírio de Moraes Neto, José Júlio de Almeida Senna, Marcelo José Basílio de Souza Marinho, Mauricio Matos Peixoto. Conselho Curador Presidente: Carlos Alberto Lenz César Protásio Vice-presidente: João Alfredo Dias Lins (Klabin Irmãos & Cia.) Vogais: Alexandre Koch Torres de Assis , Ary Oswaldo Mattos Filho, Dante Letti (Souza Cruz S.A.), Carlos Moacyr Gomes de Almeida , Heitor Chagas de Oliveira, Jaques Wagner (Estado da Bahia), Tarso Genro (Estado do Rio Grande do Sul), Luiz Chor (Chozil Engenharia Ltda.), Marcelo Serfaty, Marcio João de Andrade Fortes, Orlando dos Santos Marques (Publicis Brasil Comunicação Ltda.), Raul Calfat (Votorantim Participações S.A.), Ronaldo Vilela (Sindicato das Empresas de Seguros Privados, de Previdência Complementar e de Capitalização nos Estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo), Angélica Moreira da Silva (Federação Brasileira de Bancos), Sandoval Carneiro Junior, Sérgio Ribeiro da Costa Werlang, Mauro Sérgio da Silva Cabral (IRB-Brasil Resseguros S.A.), Tomas Brizola (Banco BBM S.A). Suplentes: Aldo Floris, Emerson Furtado Lima (Brookfield Brasil LTDA), Luiz Roberto Nascimento Silva, José Carlos Schmidt Murta Ribeiro, Manoel Fernando Thompson Motta Filho, Murilo Pinto de Oliveira Ferreira (Vale S.A.), Nilson Teixeira (Banco de Investimentos Crédit Suisse S.A.), Olavo Monteiro de Carvalho (Monteiro Aranha Participações S.A.), Patrick de Larragoiti Lucas (Sul América Companhia Nacional de Seguros), Rui Barreto (Café Solúvel Brasília S.A.), Sergio Lins Andrade (Andrade Gutierrez S.A.), Victorio Carlos de Marchi.
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EDITORIAL
Medidas necessárias e ajuste incerto umo ao encerramento de 2015, as sinalizações necessárias para a reversão de expectativas não foram tomadas. A Sondagem da Construção registra o vale mais profundo desde seu início em 1999 e o desemprego setorial vem acumulando saldos crescentes. É como se o país titubeasse em frente a um abismo, incapaz de tomar a decisão correta. O nó político tudo impossibilita e apaga a esperança do horizonte dos brasileiros. O roteiro básico de saída da crise não é desconhecido, muito pelo contrário. É necessário estancar a sangria de gastos que vem minando a sustentabilidade fiscal brasileira e, paralelamente, desobstruir e pavimentar as vias do investimento, o que passa pela retomada sustentável da indústria, da infraestrutura, da habitação. Para isso, é necessário desatar o nó político, o nó da imobilidade, o nó da desesperança. Esta edição traz subsídios para as visões de futuro, reflexões para o país que precisa trabalhar, gerar renda e emprego e, assim, melhorar a qualidade de vida de sua população. É o país que tem como desafio os investimentos em infraestrutura, cujos níveis se encontram muito abaixo do desejável. É o país que possui problemas habitacionais e urbanos que asfixiam suas cidades. É o país em que se desenham novos paradigmas de sustentabilidade, de eficiência e de produtividade – desafios a esperar respostas firmes e comprometidas da sociedade. Por acreditar que estas questões não podem ser colocadas em segundo plano é que esta revista mantém vivo o debate de alternativas, tendo convicção na defesa do futuro do Brasil. O momento requer coragem e decisão. Boa leitura.
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Frase
“Não foi o mundo que nos obrigou a ter 39 ministérios, 35 mil cargos em comissão, a fazer investimentos além do que era possível, o imprudente inchamento do Estado. O Brasil viveu dez anos mágicos. Agora, a realidade de novo se encontrou conosco. Mas dizer que a crise brasileira é devida à situação internacional é uma distorção excessiva. A influência exterior está muito aquém de nossa responsabilidade. Quem criou esta crise, por mistura de gigantismo do Estado, gastos excessivos, corrupção, demagogia e triunfalismo, fomos nós.” Marcos Azambuja, ex-secretário geral do Itamaraty, no jornal Valor Econômico de 18 de setembro.
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PERSPECTIVAS
BALANÇO E PERSPECTIVAS PARA A INFRAESTRUTURA Queda dramática de investimentos evidencia a necessidade de avanços institucionais e visão de prioridade estratégica para o Brasil Cláudio Frischtak* e Katharina Davies**
O país necessita de uma revolução em infraestrutura, mas o Estado simplesmente não tem a capacidade e os meios de levá-la adiante. O setor privado será o elemento estruturante dessa revolução. Há o reconhecimento de que o investimento em infraestrutura necessita ser uma política de Estado – uma política inteligente, estabelecendo as obrigações estatais no âmbito do planejamento e regulação, mas com suas limitações no plano do financiamento e da execução. A política desenhada para mobilizar o potencial de contribuição do setor privado, por sua vez, deve ocorrer sem subsídios ou artificialismos. De fato, o envolvimento do setor privado se tornou imprescindível não somente por conta das restrições fiscais de natureza conjuntural. Razão mais importante é o filtro que a iniciativa privada estabelece quanto à qualidade dos projetos, a eficiência na execução e os serviços resultantes. Nessa perspectiva, é essencial um maior envolvimento dos bancos privados e mercados de capitais no financiamento dos projetos. Pois quando são empresas privadas
Ao Estado cabe assegurar que os projetos obedeçam a uma lógica de planejamento e que sejam regulados e fiscalizados por agências de fato independentes. a propor os projetos, contratar as obras, equipamentos e serviços, e quando essas empresas têm seus recursos direta ou indiretamente expostos ao risco do projeto e de sua execução, o interesse público tende a ser mais bem atendido. Ao Estado cabe assegurar que os projetos obedeçam a uma lógica de planejamento e que sejam regulados e fiscalizados por agências de fato independentes, e não como apêndices do executivo.
Balanço geral O Brasil investiu no ano passado 2,37% do PIB em infraestrutura, o mesmo que o ano anterior – apenas as telecomunicações apresentam ganhos reais e como proporção
do PIB e nos demais setores houve retrocesso. Deveríamos investir 3% do PIB apenas para compensar a depreciação do capital fixo per capita e para sustentar um crescimento entre 4% e 5% a.a. – hoje acima do nosso potencial, mas alcançável com reformas na economia – os investimentos em infraestrutura deveriam ser da ordem de 6% do PIB. Ademais, a modernização da nossa infraestrutura irá requerer um esforço dessa ordem de magnitude por cerca de duas décadas, tal qual se realizou nas economias asiáticas, no sul da Europa e se vem fazendo no Chile e, mais recentemente, no Peru. As projeções da Inter.B sugerem uma contração em todos os segmentos em 2015, mais concentrada em transportes rodoviários e aeroviários. Projetamos para este ano que os investimentos deverão cair para 1,79% do PIB (com base numa expansão nominal de 6,9%, sendo o crescimento real projetado de -1,6%). Reverter esse quadro e ampliar os investimentos de forma sustentável é o grande desafio. Não apenas há necessidade de ampliar os investimentos, mas tam-
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O PERFIL DOS INVESTIMENTOS EM INFRAESTRUTURA Investimentos em infraestrutura por instância pública e privada, % PIB
2,5
2,0
1,41
1,02
1,01
1,11
1,27
1,22
1,28
Privado
0,79
0,96
1,29
1,26
1,06
0,99
1,15
1,09
Público
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
1,5
0,99 1,0
0,5
0,0
Em % do total investido em 2014 54,01% Empresas Privadas
23,22% Empresas Estaduais e Autarquias
O setor privado respondeu por 52% do investimento na média do período 2007 a 2014. Nesse último ano, o percentual alcançou 54%
11,96% Governo Federal (OGU) 10,82% Empresas Estatais Federais
Os investimentos em tranportes foram o que mais aumentaram no período e representam a maior parcela do total realizado
Investimentos em infraestrutura por segmento % PIB 1,2
1,0
0,96
Transportes
0,68
Eletricidade
0,53
Telecomunicações
0,20
Água e Saneamento
0,8
0,6
0,69 0,63 0,62
0,4
0,2
0,18 0,0
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2011
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Fonte: Inter. B
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bém melhorar a eficiência com que são realizados. O país desperdiça um grande volume de recursos que aplica por conta das conhecidas dificuldades de execução concentradas no setor público.
Público e privado Não houve uma alteração significativa na composição dos investimentos em infraestrutura no período 2007-14. Os investimentos se mantiveram aproximadamente com a mesma participação no PIB, com um pequeno aumento no âmbito privado e diminuição da esfera pública. Os investimentos em infraestrutura tiveram uma expansão nominal de 7,10% em 2014, um crescimento real de apenas 0,66%. Esse valor diz respeito à soma dos investimentos nos setores de energia, telecomunicações, saneamento e transportes. Como porcentagem do PIB, não houve alteração: os investimentos permaneceram em 2,37%. Ao decompor o valor total de R$ 130,9 bilhões investidos em 2014, a maior participação advém do setor privado. Com gastos totais no valor de R$ 70,7 bilhões e representando uma variação nominal de 12,31% com relação a 2013, as empresas privadas foram as que mais investiram em infraestrutura, tendência observada nos últimos anos, desde 2007. O governo e as estatais federais – no seu conjunto – investiram aproximadamente o mesmo que as empresas e autarquias estaduais, 0,54% e 0,55% do PIB, respectivamente. Numa comparação do período 2007-12 e a média dos dois últimos anos, enquanto o incremento de gastos foi de 0,18% do PIB, a participação privada se ampliou em 0,11% e o setor público em 0,7%. Essas mudanças foram pouco per6 CONJUNTURA DA CONSTRUÇÃO
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Em 2015, os gastos em infraestrutura somarão R$106,4 bilhões, o que representa uma queda nominal de 19% em relação a 2014 e uma queda real próxima a 28%. ceptíveis, ainda que em 2014 as dificuldades das empresas estatais federais, assim como estaduais e autarquias de ampliarem seus investimentos tenham ficado mais explícitas, num preâmbulo para o corrente ano.
Visão setorial Quando desagregados setorialmente, os maiores desembolsos vêm ocorrendo historicamente no setor de transportes, que somaram R$ 53,1 bilhões em 2014. Porém o incremento nominal nos gastos (1,99%) não acompanhou a inflação, por conta de uma diminuição de 25,1% nos investimentos das empresas estatais federais, seguida do próprio governo federal. O setor que recebeu o segundo maior volume de investimentos em 2014 foi o de energia, com aportes de R$ 37,5 bilhões, uma expansão nominal de apenas 0,67% e que resulta em uma queda real nos investimentos. O maior gasto foi das empresas privadas, principalmente no subsetor de geração. As empresas estaduais e autarquias são as que menos investem em infraestrutura de energia – o governo federal investe no setor por meio da Eletrobras, que apresentou crescimento nominal de 1,63% no ano passado em relação a 2013. Os investimentos totais em 2014 de fato não se reduziram em termos reais por conta do comporta-
mento em telecomunicações, que apresentou investimentos na ordem de R$ 29,3 bilhões, e a maior variação positiva em relação ao ano anterior (32%). Finalmente, o saneamento absorveu recursos de R$ 11 bilhões, ou 0,2% do PIB, possivelmente menos de um terço que deveria estar sendo investido no setor. Tradicionalmente, a maior parte dos investimentos em saneamento no país é decorrente de gastos de empresas estaduais e autarquias, ainda que nos últimos três anos tenham ocorrido um aumento da participação privada, como se verá mais abaixo. O setor de transportes abrange os subsetores rodoviário, ferroviário, portuário, aeroportuário, hidroviário e de mobilidade urbana. No seu conjunto, são as empresas privadas, assim como as estaduais e autarquias que têm posição dominante. O setor rodoviário é o que concentrou a maior parte dos investimentos em transportes. No ano de 2014, ao contrário do observado nos anos anteriores, o principal investidor em rodovias no Brasil foram empresas estaduais e autarquias. Ainda que a maior gasto tenha sido de responsabilidade dos Estados, vale ressaltar que o governo federal também aumentou seus investimentos em 19% na comparação com 2013. O setor ferroviário representou um aumento de 12,2% em relação ao ano anterior. A maior parte foi decorrente dos gastos de empresas privadas. Os investimentos no setor portuário são da mesma forma predominantemente privados. Ainda que os desembolsos do governo federal tenham se expandido, a queda nos gastos do setor privado dominou o saldo final, gerando uma redução de 16,9% nos gastos totais no setor. O setor aeroportuário teve a maior queda no investimento, com queda
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PERSPECTIVAS DO INVESTIMENTO EM INFRAESTRUTURA Investimento em infraestrutura, % PIB 8 7
2,37
2,37 2,31
2,37
6
6% do PIB
5
2,27
2,26
4 3
2,17
2 1 0 2007
1,78
2007
1,80
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015*
Os investimentos em infraestrutura deveriam ser da ordem de 6% do PIB para atender às necessidades brasileiras
2015*
Projeções para 2015 a 2018 por setor (R$ bilhões) Para o período 2016 a 2018, se os projetos mais viáveis do Plano de Investimento em Logística (PIL II) e o Plano de Investimento em Energia Elétrica (PIEE) se concretizarem, Para 2015, projeta-se haverá uma recuperação dos investimentos a partir de uma retração nos 2016, e de forma mais acentuada a partir de 2017. investimentos de 19% 150
134,2 TOTAL GERAL
130,9
128,0 30,2
ENERGIA ELÉTRICA
20,5
TELECOMUNICAÇÕES
113,6
120
37,5
36,0
106,4 35,2
36
32,6 90
18,2
29,3
18,2
16,9
13,4
19,8 11,0
60
53,1
60,3 11,1
10,0
50,4
44,1
26,0
9,2
9,0
2014
0
0,7
6,5 2,3 6,5 3,9
2015
7,5 4,7
1,1
6,6 5,7
2016
Rodoviário
6,7
30
3,8
7,5
31,0
24,7
8,9
27,7
69,7 TOTAL TRANSPORTE
9,2
27,7
23,8
4,7
SANEAMENTO
13,7
60,3
7,3 7,5
Mobilidade Urbana
2 9,1
Portos
13,4 8,6
Ferroviário Aeroportos Hidrovias
128 8,0
6,7 1,2
11,0 7,3
2,0
2017
2,0
2018
Fonte: Inter. B
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de 17,4% em relação a 2013. Os investimentos do setor historicamente foram direcionados pela Infraero, porém, com as privatizações a partir de 2012, os gastos privados no setor aumentaram, e assim, as concessionárias privadas passaram também a impulsionar os investimentos. Em 2014, no entanto, ambas as instâncias (pública e privada) diminuíram os aportes no setor, marcado principalmente pela queda de 25% dos investimentos públicos e a desaceleração nos investimentos pós-Copa dos aeroportos privatizados. Quanto à mobilidade urbana, a maior parte dos investimentos de R$ 8,9 bilhões decorreu de decisões de gastos de empresas estaduais e autarquias. Assim, a queda dos investimentos do governo federal em 40% não afetou significativamente o setor como um todo, sendo compensada pelo aumento em 12% dos gastos da esfera estadual. O setor que apresentou maior variação positiva nos investimentos recebidos foi o hidroviário, com um aumento em 16,67% relativos ao ano de 2013. Esse acréscimo se deve principalmente à participação privada no setor, que aumentou em 50% os gastos com obras hidroviárias. Ainda assim, o setor continua sendo o que menos recebe investimentos e possivelmente permanece como sendo o modal de transportes mais subutilizado.
Perspectivas A primeira projeção para 2015 aponta que os gastos em infraestrutura somarão R$106,4 bilhões, o que representa uma queda nominal de 19% em relação a 2014, e uma queda real próxima a 28%. Todos os setores apresentariam uma queda nos investimentos, com exceção do hidroviário. Nesse caso, é esperado um aumento da ordem 8 CONJUNTURA DA CONSTRUÇÃO
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É possível reverter o declínio projetado para este ano desde que haja um efetivo e sustentado compromisso com a estabilidade macroeconômica e responsabilidade no trato da coisa pública. de 59% em relação a 2014. Para os demais subsetores de transporte, foram projetados quedas nominais de: 9% em rodovias, 27% em ferrovias, 27% em mobilidade urbana, 18% em aeroportos e 40% em portos. Ainda que seja esperada uma diminuição total dos gastos com transporte (21% em relação a 2014), o setor continuará sendo aquele que mais recebe investimentos, com um total previsto em R$ 42,9 bilhões. No caso do setor de energia elétrica, projeta-se uma diminuição em 13% dos investimentos, totalizando R$ 34,6 bilhões. Esse setor será, com toda probabilidade, um dos com menor queda (após o setor de saneamento), pois as empresas que estão construindo grandes ativos de geração e transmissão possuem obrigações regulatórias e contratuais, inclusive data determinada em que devem começar a operar, diminuindo a possibilidade de postergar os investimentos. Ademais, para as geradoras, havendo como escoar a energia (a exemplo das hidrelétricas do rio Madeira) há um forte incentivo de antecipar a conclusão e suprir o mercado livre. No caso do setor de telecomunicações, projeta-se que, ao contrário de 2014, irá se observar uma forte
queda nos investimentos, que deverão totalizar R$ 19,8 bilhões, uma variação negativa de 32%. Assim, os investimentos no setor voltariam ao nível histórico de cerca de R$ 20 bilhões anuais, reflexo de um aumento desproporcional e atípico em 2014. Finalmente, também se projeta uma redução dos investimentos no setor de saneamento para R$ 10,0 bilhões, direcionado pelos ajustes sendo realizados nas empresas estaduais que dominam o setor como o governo federal. Para o período 2016 a 2018, se os projetos mais viáveis do Plano de Investimento em Logística (PIL II) e o Plano de Investimento em Energia Elétrica (PIEE) se concretizarem, haverá uma recuperação dos investimentos a partir de 2016, e de forma mais acentuada a partir de 2017. Em conclusão, estamos vivendo um período de forte ajuste nas contas públicas e baixa visibilidade. Na medida em que o investimento por definição é “uma aposta no futuro”, e sendo os ativos de infraestrutura de longa duração, o elemento de incerteza cobra um prêmio e leva ao retraimento dos investimentos. É possível reverter o declínio projetado para este ano, desde que haja um efetivo e sustentado compromisso com a estabilidade macroeconômica, a responsabilidade no trato da coisa pública, e uma agenda construtiva para a infraestrutura. Muito do que se requer é mais bom senso econômico, menos voluntarismo, e a disposição de defender o setor frente às barganhas políticas que levam a investimentos de elevados custos e má qualidade. * Cláudio Roberto Frischtak é doutor em economia pela Universidade Stanford e presidente da Inter.B Consultoria Internacional de Negócios. ** Katharina Davies é analista da Inter.B
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ESTUDO
UMA ANÁLISE SETORIAL DA PRODUTIVIDADE DO TRABALHO NO BRASIL Setores mais intensivos em mão de obra, como construção, comércio, transporte, ainda possuem um nível de produtividade muito baixo Fernando Veloso*
Uma característica marcante do desenvolvimento econômico é o processo de transformação estrutural, definido como o deslocamento da atividade econômica entre diferentes setores ao longo do tempo. Em geral, toda economia passa por uma redução da participação do setor agrícola e um aumento da importância do setor de serviços no emprego e no PIB ao longo do tempo. A participação relativa da indústria tende a se elevar inicialmente, mas posteriormente sofre uma redução em favor do setor de serviços. Como a produtividade média do trabalho na agricultura em geral é menor que nos outros setores, a transformação estrutural provoca um aumento da produtividade agregada da economia nos seus estágios iniciais. Na medida em que a indústria perde espaço para os serviços, no entanto, é possível que ocorra uma desaceleração do crescimento da produtividade agregada, já que a indústria (em particular, a indústria de transformação) em geral caracteriza-se por uma produtividade do trabalho mais elevada.
Enquanto a produtividade recuou, em média, 0,2% ao ano entre 1995 e 2003, o crescimento acelerou para 2,2% ao ano entre 2003 e 2013. Nesse sentido, este artigo apresenta dados sobre produtividade setorial da economia brasileira com base em medidas de valor agregado e horas trabalhadas em cada setor. A metodologia de cálculo da produtividade setorial é baseada em Veloso, Matos e Coelho (2014). Com relação ao valor adicionado (VA), utilizamos os dados dos 12 setores das Contas Nacionais Anuais (20002011) e Trimestrais (1995- 2013). As séries de valor adicionado seguem a reformulação divulgada pelo IBGE neste ano. O marco metodológico anterior (Sistema de Contas Nacionais Referência 2000) introduzido em março de 2007 (com séries históricas iniciando em 1995) foi substituído pelo SCN Referência
2010.1 Com isso, houve uma revisão das séries de valor adicionado para os 12 setores da economia desde 1995. O setor que sofreu a maior alteração foi o da construção. Pela metodologia antiga, o VA era calculado apenas utilizando os insumos típicos para produção. Agora é calculado utilizando também a massa salarial, medida pela Pnad para o emprego informal e pela Paic para o emprego formal, deflacionando com o IPCA de mão de obra. Para o cálculo da proporção utilizada entre insumos típicos e massa salarial, o IBGE utiliza, respectivamente, a proporção do consumo intermediário e o valor da produção e a razão do valor adicionado menos o excedente operacional bruto sob o valor da produção. Com relação ao fator trabalho, usamos uma medida de horas trabalhadas obtida a partir da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios (Pnad), de acordo com a metodologia proposta em Veloso, Matos e Coelho (2015). A Pnad é divulgada anualmente e o último dado disponível é de 2013. 1 Para mais detalhes, ver “Notas metodológicas da nova série do Sistema de Contas Nacionais (SCN) - referência 2010”.
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EVOLUÇÃO DA PRODUTIVIDADE Tabela 1 – Participação setorial no VA (preços constantes de 2009) e no emprego: 1995-2013 (%) VA (%) Agropecuária Ext. Mineral Transformação Construção SIUP Indústria Comércio Transporte, armazenagem e correio Serviços de informação Interm. financeira e seguros Outros Serviços Serviços imobiliários e aluguel APU Serviços Total
1995 4,7 1,8 18,5 5,9 2,7 29,0 12,8 4,0 2,6 5,3 16,9 7,8 17,0 66,4 100,0
Horas (%) 2013 5,4 2,2 15,0 6,2 2,6 26,0 12,6 4,2 4,7 6,8 15,9 8,8 15,6 68,6 100,0
1995 22,9 0,3 11,8 6,8 0,6 19,6 17,0 4,6 0,4 1,1 24,8 0,3 9,1 57,4 100,0
2013 10,9 0,3 13,0 9,7 0,5 23,5 19,0 6,0 1,1 1,4 26,6 0,8 10,8 65,7 100,0
Tabela 2 – Taxa de crescimento médio da produtividade (% a.a., horas trabalhadas) 1995-2013 6,3 3,1 -0,5 -0,4 2,5 -0,4 1,3
Agropecuária Ext. Mineral Transformação Construção SIUP Indústria Total
1995-2003 6,2 6,1 -2,1 -2,4 3,0 -1,6 0,2
2003-2013 6,4 0,8 0,8 1,1 2,1 0,6 2,2
Gráfico 1 – Produtividade do trabalho agregada e dos principais setores
Gráfico 2 – Produtividade do trabalho dos subsetores da indústria
(R$ por hora trabalhada, preços constantes de 2009)
(R$ por hora trabalhada, preços constantes de 2009)
Indústria Serviços
Agropecuária Total
Indústria Construção
Transformação SIUP (Dir.)
Ext. Mineral (Dir.) 140
25
25
130 120
20 20
110 100
15 15
90 80
10
70 10 60
5
50 5
0
1995
2000
2005
2010
2013
1995
40
2000
2005
2010 2013
Fonte: Elaboração dos autores a partir de dados da Pnad e Contas Nacionais Trimestrais
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Análise dos dados A Tabela 1 mostra a evolução da participação setorial no VA e nas horas trabalhadas para os 12 setores de atividade do PIB entre 1995 e 2013. O setor de serviços concentra a maior parcela do valor adicionado e do emprego. Em 1995, a participação dos serviços nas horas trabalhadas era de 57,4%. Em 2013, essa participação elevou-se para 65,7%. Também houve um aumento da participação dos serviços no VA de 66,4% em 1995 para 68,6% em 2013. Entre 1995 e 2013, a agropecuária teve pequena elevação da participação relativa no VA (de 4,7% para 5,4%). Por outro lado, o peso relativo da indústria diminuiu. Apesar do ganho de importância da indústria extrativa mineral (aumento de 1,8% para 2,2% do VA) e da construção (elevação de 5,9% para 6,2%), houve redução significativa da participação da indústria de transformação (de 18,5% para 15,0%).2 Com relação à evolução da produtividade do trabalho, entre 1995 e 2013, a produtividade do trabalho da economia brasileira cresceu, em média, 1,3% ao ano (Gráfico 1 e Tabela 2). Esse crescimento da produtividade, no entanto, não foi homogêneo ao longo do período. Antes de 2003, a produtividade cresceu, em média, 0,2% ao ano, mas acelerou a partir desse ano. Entre 2003 e 2013 o crescimento médio foi de 2,2% ao ano. Existe grande heterogeneidade na trajetória das produtividades setoriais. Na agropecuária, observa-se um crescimento elevado entre 1995 e 2013, enquanto a indústria apresenta queda ao longo do período, em particular na indús2 Essa queda de participação da indústria de transformação no valor adicionado tem sido objeto de vários estudos recentes, como Bonelli, Pessoa e Matos (2013) e Bacha e de Bolle (2013).
com exceção de uma pequena recuperação no biênio 2003-2004.
Enquanto a produtividade da agropecuária cresceu a taxas elevadas entre 1995 e 2012, a indústria teve queda e os serviços, pequeno avanço. tria de transformação e na construção. Observa-se também no Gráfico 1 que a produtividade de serviços teve crescimento modesto entre 1995 e 2013. Como esse setor concentra 2/3 das horas trabalhadas na economia, sua dinâmica é determinante para a evolução da produtividade agregada. Como mostra a Tabela 2, a indústria de transformação apresenta dois momentos distintos: uma forte queda de produtividade no período inicial (1995-2003) e uma pequena recuperação no período 2003-2013. O setor de construção apresenta uma trajetória parecida, com queda de 2,4% a.a. entre 1995 e 2003 e aumento de 1,1 % a.a. entre 2003 e 2013. O Gráfico 2 mostra a evolução da produtividade no período 19952013 para os setores que compõem a indústria. A primeira ressalva é que extrativa mineral e SIUP, por serem setores com produtividade muito acima dos demais, estão representados no eixo da direita. O setor de construção apresenta uma ligeira queda entre 1995 e 2009, seguida de uma estabilidade desde então. Outro ponto interessante é que as séries da indústria de transformação e do agregado da indústria são praticamente indistinguíveis. Essas séries apresentam uma queda contínua no período 1995-2009,
Conclusão Entre 1995 e 2013, a produtividade por hora trabalhada da economia brasileira cresceu, em média, 1,3% ao ano. No entanto, essa taxa de crescimento variou significativamente no período. Enquanto a produtividade recuou, em média, 0,2% ao ano entre 1995 e 2003, o crescimento acelerou para 2,2% ao ano entre 2003 e 2013. Por trás desse comportamento da produtividade agregada, existe grande heterogeneidade na trajetória das produtividades setoriais. Enquanto a produtividade da agropecuária cresceu a taxas elevadas entre 1995 e 2012, a indústria teve queda da produtividade e o setor de serviços teve um pequeno avanço. Também deve ser destacado que os setores mais intensivos em mão de obra, como construção, comércio, transporte e outros serviços, ainda possuem um nível de produtividade muito baixo. A elevação da produtividade desses setores tem grande potencial para aumentar a produtividade agregada. * Pesquisador da FGV/Ibre.
Referências Bacha, E. e de Bole, M. (2013). O Futuro da Indústria no Brasil: Desindustrialização em Debate. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. Bonelli, R., Pessôa, S. e Matos, S. (2013). “Padrões de Crescimento Industrial no Brasil”, In: Veloso, F.; Ferreira, P.; Giambiagi, F. e Pessôa, S. (Orgs.). Desenvolvimento Econômico: Uma Perspectiva Brasileira. Rio de Janeiro: Campus/Elsevier, pp. 347-380. Veloso, F. Matos, S. e Coelho, B. (2014). “Produtividade do Trabalho no Brasil: uma Análise Setorial.” In: Regis Bonelli; Fernando Veloso. (Org.). Ensaios IBRE de economia brasileira - II. Rio de Janeiro: Editora Elsevier. Veloso, F. Matos, S. e Coelho, B. (2015). “Metodologia de ajuste da série de população ocupada da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios (Pnad)”. Nota Técnica. IBRE/FGV.
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SUSTENTABILIDADE
UM NOVO PARADIGMA PARA O SETOR A construção sustentável comprovadamente dispõe de ferramentas e métodos que reduzem custos e melhoram a produtividade e os resultados financeiros Francisco Antunes de Vasconcellos Neto*
A indústria da construção civil, assim como o restante da indústria brasileira, vive momentos muito difíceis. Tecnicamente, o pais vive uma recessão, após queda do PIB por dois trimestres consecutivos e o índice de desemprego tendo alcançado a marca dos 8,3%, o maior nível desde 2012. Estima-se que, em 2015, em torno de 500 mil trabalhadores da construção perderão seus empregos e, com isso, perde-se quase todo o investimento feito pelas empresas em formação e treinamento. No entanto, apesar de o setor, antes da fase atual, ter experimentado um crescimento expressivo, sua produtividade manteve-se em níveis muito baixos se comparada à de outros países. A persistência dessa baixa produtividade, neste momento de crise, transforma essas dificuldades em obstáculos quase intransponíveis ou muito difícil de serem superados. Mas nem tudo é pessimismo. Para algumas empresas, essa baixa produtividade é encarada como oportunidade, pois acreditam que, nessas horas, é que ocorrem as grandes mudanças de paradigma e, portanto, as melhorias de processos acontecem. Os conceitos de sustentabilidade,
Está definida uma equação complicada: produzir construções mais sustentáveis, trabalhando com maior produtividade, num país em crise profunda. Belo desafio. de construções sustentáveis, estão já demonstrando as grandes mudanças que o setor enfrentará neste front e que será necessária uma nova forma de produzir construções em um futuro próximo. Dez anos atrás, esse conceito, até então limitado às discussões acadêmicas e a algumas poucas experiências empresariais, ganhou corpo, regras, metodologias e – claro – respeito. A experiência e os padrões de eficácia comprovados mostram a viabilidade dos conceitos de sustentabilidade para a grande maioria dos empreendimentos. A construção sustentável deixou de ser vista como uma alternativa onerosa, pois comprovadamente dispõe de ferramentas e métodos que reduzem custos,
melhoram a produtividade e os resultados financeiros. Premissas como a economia de recursos naturais através do uso de materiais reciclados, da gestão dos resíduos gerados nas obras, do uso racional da água e da eficiência energética se unem a outros atributos que reduzem o impacto ambiental na implantação dos empreendimentos na estrutura urbana. Questões como a mobilidade urbana, o acesso à infraestrutura, o paisagismo e outros atributos sociais são analisadas e inseridas na concepção do projeto não apenas como temas periféricos, mas, sim, como prioridades que ao serem analisadas em profundidade podem mudar a decisão de se construir ou não um edifício. Isso muda tudo. Um novo paradigma está sendo construído e se consolidando ano a ano, não apenas pelos empresários ou empresas do setor, mas por seus clientes, sejam eles grandes ou pequenos, privados ou institucionais, não importa, pois quem está liderando esse processo é a sociedade como um todo. Por ser uma ação externa, as empresas não têm controle sobre esse processo, da mesma forma que, em sociedades democráticas, não têm controle sobre
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o preço dos seus produtos, que é definido pelo mercado. Está definida, portanto, uma equação complicada: produzir construções mais sustentáveis, trabalhando com maior produtividade, num país em crise profunda. Belo desafio.
Mercado altamente competitivo Detalhando esse contexto, pode-se enxergar certas semelhanças e potencialidades entre o desafio de aumentar a produtividade das empresas e o de produzir construções
mais sustentáveis. Num mercado altamente competitivo, principalmente em tempos de crise, sobrevivem as empresas que venderem seus produtos e serviços com maior margem de lucro. O lucro é função direta da produtividade da
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empresa, da relação entre o preço de venda e o custo de produção. Aumentar a produtividade da empresa significa aumentar o lucro e, consequentemente, aumentar a capacidade da empresa de sobreviver e até crescer. É possível, portanto, aumentar a produtividade de uma empresa através do aumento do preço unitário dos produtos ou através do aumento da quantidade produzida, mantendo-se o custo de produção. Da mesma forma, podemos aumentar a produtividade mantendo a receita e atuando na diminuição dos custos dos fatores de produção: os insumos materiais, a mão de obra e o capital. Existe, claro, uma terceira via, a de atuar nas duas frentes simultaneamente. Atuar no aumento das receitas, através do aumento de preços do produto, não seria uma estratégia possível numa economia estável, pois a contrapartida provavelmente seria a perda de vendas e market share e, consequentemente, diminuição da receita com perda da produtividade global da empresa. Imagine isso numa economia recessiva. Impossível. Focar o aumento da produção, otimizando o uso dos recursos disponíveis, parece em princípio ser uma boa estratégia, mas, novamente, as empresas dependeriam do mercado e este, numa crise como a atual, onde as vendas despencam e os distratos de contratos prevalecem, não responderia positivamente a esse movimento. As empresas do setor estão fazendo isto: adotar ações para a manutenção das vendas e do nível de produção ou, na impossibilidade dessa estratégia, cuidar para que a perda seja a mínima possível e buscar a otimização dos fatores de produção. E onde, nesse raciocínio, se encaixa a construção sustentável? Os fatores de produção são sempre escassos em uma empresa e a competente gestão desses fatores é 14 CONJUNTURA DA CONSTRUÇÃO
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Estudos demonstram que, se forem adotados princípios de sustentabilidade desde o momento da concepção de um empreendimento, o edifício poderá gerar economias de até 40% ao longo de sua vida útil. o que distingue as empresas que sobrevivem e prosperam daquelas que sucumbem em face das dificuldades e crises. Para otimizar os fatores de produção, podem ser adotadas atitudes que estão relacionadas ao ambiente externo à empresa, ou atitudes que se relacionam com os processos internos de produção da empresa. A escolha dos insumos que vamos consumir e a forma como vamos nos relacionar com nossos fornecedores são tipicamente ações externas que influenciam os fatores de produção. Por outro lado, o ambiente de trabalho e a relação estabelecida com os colaboradores, a otimização dos processos de produção, privilegiando a desburocratização, a transparência e a eliminação de desperdícios, são tipicamente ações internas que também impactam nos fatores de produção.
Muito além da discussão do preço O uso racional dos recursos naturais, o uso de material reciclado, o uso eficiente de água e de energia nos processos produtivos das construções sustentáveis, gera economias em todo o processo produtivo e continua gerando economias em toda a vida útil do edifício. Estudos demonstram que, se forem adotados princípios de sustentabilidade desde o momento da concepção de um empreendimento, o edifício poderá
gerar economias de até 40% ao longo de sua vida útil. Esses edifícios, para atingirem esse padrão de desempenho, são fruto de um processo produtivo que privilegia o trabalho em equipe, o compartilhamento de ideias, a inovação e o compromisso com o desempenho final do produto. Para obter sucesso nesse processo, a relação com os fornecedores também é alterada, pois se privilegiam os atributos qualitativos de cada fornecedor com base na sustentabilidade do produto final e não mais numa simples discussão do preço do insumo em si. Questões como o local onde o insumo é retirado da natureza ou produzido, transporte, qualidade, desempenho e aderência às normas técnicas passam a ser critérios de decisão de compra, assim como o preço. Essas novas práticas de conceber, projetar, construir e operar edifícios, atuam diretamente na produtividade das empresas e no alinhamento destas com um novo padrão de demanda mais e mais exigido pela sociedade. Não é coincidência que novas tecnologias apontam diretamente nessa direção, ao oferecerem ferramentas que facilitam e otimizam a transparência de informações e o trabalho compartilhado em equipe. Não por acaso, novas ferramentas de projeto e gestão, como o Building Information Modeling – BIM, estão se tornando indispensáveis e revolucionando o setor. No entanto, talvez o fator de maior importância nesse processo seja a quebra de paradigmas há muito arraigados nas empresas de construção em relação aos seus métodos de produção e modelos de negócio. Enfim, os desafios são grandes, o mercado está em crise, mas as oportunidades estão aí para aqueles que acreditarem. * Vice-presidente do SindusCon-SP.
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PLANEJAMENTO XXXXXXXX
ALTERNATIVAS PARA O FINANCIAMENTO HABITACIONAL E O DESENVOLVIMENTO URBANO Praticamente todos os municípios brasileiros apresentam pouco ou nenhum recurso para investir na provisão habitacional de interesse social e tampouco no desenvolvimento urbano de modo geral Kazuo Nakano*
Para iniciar uma discussão a respeito de alternativas para o financiamento habitacional e do desenvolvimento urbano é preciso, antes de tudo, apresentar um entendimento amplo a respeito do sentido básico desse desenvolvimento no qual a provisão habitacional para a população de baixa renda possui papel preponderante. O desenvolvimento urbano não concerne somente à execução de obras para a implantação de serviços, equipamentos e infraestruturas que converte um solo não urbanizado em um solo urbanizado. Tampouco se trata da promoção e produção de empreendimentos imobiliários, tais como novos loteamentos e edificações em determinadas localizações urbanas. Em sintonia com Marcelo Lopes de Souza1, entende-se o desenvolvimen1 SOUZA, Marcelo Lopes de. “O que Devemos entender por Desenvolvimento Urbano?”. In: SOUZA, Marcelo Lopes de. ABC do Desenvolvimento Urbano. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.
Grande número de prefeitos corre atrás de contratos de repasses geridos por diferentes ministérios e, principalmente, de emendas parlamentares que, em geral, são descontínuos e contribuem pouco para o fortalecimento de processos de planejamento. to urbano como a criação e universalização de condições de vida em espaços da cidade nos quais se produzem mudanças a partir das quais ocorrem, na vida cotidiana das pessoas, altera-
ções de um estado pior para um estado melhor. Desse modo, tais mudanças de condições propiciam, para todos os cidadãos e cidadãs, melhor qualidade de vida e maior bem-estar social que favorecem o desenvolvimento das capacidades humanas as quais, por sua vez, contribuem para a promoção e fortalecimento da vida coletiva com base nos princípios da democracia, da ética, da equidade e da sustentabilidade. Apesar de o desenvolvimento urbano não se limitar somente à provisão de serviços, equipamentos e infraestruturas urbanas e à construção de novos loteamentos e edificações, essas ações são fundamentais, pois promovem transformações nos espaços habitacionais que, por conseguinte, afetam diretamente tanto as condições de vida das pessoas quanto o bem-estar social. Tais ações, em geral viabilizadas pelo investimen-
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rupedas us-
to de grande quantidade de recursos públicos oriundos de toda a sociedade, são promotoras do desenvolvimento urbano desde que realizadas de acordo com aqueles princípios da democracia, da ética, da equidade e da sustentabilidade.
Bloqueio do financiamento urbano Normalmente, os recursos que financiam a provisão de serviços, equipamentos e infraestruturas de mobilidade urbana, saneamento básico, habitação, saúde, educação, assistência social, lazer, esporte, cultura, dentre outros setores, integram os orçamentos públicos cujos recursos são arrecadados junto à sociedade como um todo e administrados por diferen-
tes entes da Federação. Os orçamentos e as finanças da grande maioria dos municípios brasileiros são altamente dependentes das transferências intergovernamentais originárias de governos estaduais e da União. A dependência desses municípios em relação ao Fundo de Participação dos Municípios (FPM) do governo federal é largamente conhecida. Nesses municípios, há pouca arrecadação própria e baixa capacidade de endividamento por causa da existência de base econômica local frágil, predomínio de população de baixa renda e ineficiência na gestão das finanças públicas. Em geral, a maior parte dos orçamentos municipais está comprometida com o custeio da máquina pública, princi-
palmente com a folha de pagamento dos funcionários da administração direta e indireta, e também com as obrigações constitucionais relativas à destinação de recursos para a implementação das políticas básicas de saúde e educação. Nesse contexto nacional, praticamente todos os municípios brasileiros apresentam pouco ou nenhum recurso para investir na provisão habitacional de interesse social e tampouco no desenvolvimento urbano de modo geral. Com isso, grande número de prefeitos corre atrás de contratos de repasses geridos por diferentes ministérios e, principalmente, de emendas parlamentares que, em geral, são descontínuos e contribuem pouco para o fortalecimento
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de processos de planejamento. Diante dos déficits verificados em vários setores de atendimento das necessidades sociais e urbanas, responsáveis pelo agravamento das precariedades e iniquidades existentes nas cidades brasileiras, somados à baixíssima capacidade de investimento e de endividamento de governos municipais e estaduais, tem-se um bloqueio no financiamento do desenvolvimento urbano. Esse bloqueio se agiganta em contextos marcados por crises econômicas e recessões, como na atual conjuntura nacional. Como superar, ou pelo menos contornar, esse bloqueio? Em primeiro lugar, é preciso planejar e estabelecer prioridades. No que diz respeito à promoção do desenvolvimento urbano e à viabilização de provisões habitacionais, especialmente de interesse social destinada às populações de baixa renda, é necessário fortalecer os instrumentos e processos de planejamento e gestão urbana de modo a definir quais são as medidas regulatórias mais importantes e quais são os investimentos prioritários. O bom planejamento se faz mais importante nos momentos de escassez dos recursos. Os instrumentos de planejamento e gestão urbana podem fornecer alternativas para as prefeituras obterem recursos que podem ser investidos na produção habitacional?
Alternativas para o investimento A resposta à pergunta acima é sim. Uma das principais bases para o poder público realizar o planejamento e a gestão urbana de modo eficiente e efetivo é o cadastro imobiliário e a planta genérica de valores. Essas bases cartográficas e de dados são usadas para estabelecer os valores venais sobre os quais são aplicadas as alíquotas de cobrança do IPTU. Na
É necessário fortalecer os instrumentos e processos de planejamento e gestão urbana de modo a definir quais são as medidas regulatórias mais importantes e quais são os investimentos prioritários. O bom planejamento se faz mais importante nos momentos de escassez dos recursos. maior parte dos municípios brasileiros, essas bases encontram-se incompletas e desatualizadas. A simples melhora na cobertura e atualização dessas bases e daqueles valores venais pode aumentar a arrecadação municipal sem que haja reajuste nas alíquotas. Isso ocorreu na década de 1990 quando o Município de Belém organizou seu cadastro multifinalitário de modo bastante detalhado em um sistema de informação geográfica (SIG). Parece que, posteriormente, a manutenção desse cadastro não foi bem feita e o trabalho realizado, infelizmente, perdeu-se em grande parte. Observações similares podem ser feitas em relação à cobrança do ISS. O IPTU e o ISS são as principais fontes municipais de arrecadação. Uma experiência incomum de arrecadação municipal em âmbito municipal foi implementada no Município de São Paulo na década de 2000. Essa experiência ficou conhecida como “Cidade Limpa” e baseou-se em um esquema de controle e fiscalização que conseguiu reduzir significativamente a presença de placas, anúncios e outdoors no espaço
e na paisagem urbana gerando, assim, maior conforto visual para os transeuntes. Após um período conflituoso seguido pelo reconhecimento dos resultados benéficos alcançados com a adoção das medidas de controle, restringiram-se os espaços que eram tradicionalmente explorados por estabelecimentos comerciais, prestadores de serviços e empresas de comunicação. Com isso, criou-se uma oportunidade para a prefeitura conceder onerosamente outros espaços para a exposição de anúncios, peças publicitárias e propagandas como em mobiliários urbanos, equipamentos públicos, estações e veículos de transportes coletivos, dentre outras superfícies e dispositivos. Com isso, esses espaços passaram a ser fontes alternativas de geração de recursos para o poder público. Outra alternativa para as prefeituras obterem recursos para o financiamento da provisão habitacional e do desenvolvimento urbano é a aplicação dos instrumentos de mobilização da valorização fundiária que devem ser instituídos no ordenamento jurídico municipal a partir do Plano Diretor. Essas prefeituras podem lançar mão da outorga onerosa do direito de construir, da transferência do direito de construir e de operações urbanas consorciadas. Todos esses instrumentos baseiam-se no uso inteligente de potenciais construtivos adicionais de imóveis valorizados e localizados em áreas urbanas bem providas por serviços, equipamentos e infraestruturas urbanas. Esses potenciais construtivos adicionais devem ser entendidos como bens públicos dominicais e, portanto, serem outorgados onerosamente ou mediante exigências de contrapartidas e compensações. Pode-se fixar um percentual dos recursos obtidos com essas outorgas para a provisão
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habitacional de interesse social. Ademais, pode-se autorizar a transferência do direito de construir mediante doação de imóveis para a prefeitura utilizar nessa provisão. Nesses casos, o potencial construtivo adicional passível de ser transferido pode ser ampliado e multiplicado por fatores de incentivo. É preciso dizer que aqueles instrumentos de mobilização de valorizações fundiárias funcionam melhor em cidades com mercados fundiários e imobiliários relativamente fortes. Isso vale principalmente para as operações urbanas consorciadas que “pegam” em áreas urbanas onde investidores privados vêem vantagens econômicas e possuem interesses. Nessas operações urbanas consorciadas, é possível trabalhar com perímetros ampliados e expandidos nos quais se pode aplicar parte dos recursos arrecadados junto à iniciativa privada exclusivamente na provisão habitacional de interesse social ou em urbanização de assentamentos precários ocupados por populações de baixa renda. Um instrumento de política urbana que está entrando em cena nas cidades brasileiras é a chamada cota de solidariedade. Esse instrumento foi pensado, principalmente, para ser aplicado em contextos urbanos com valorização imobiliária muito alta a ponto de inviabilizar o acesso à terra urbana para a provisão habitacional de interesse social. Não cabe em todo e qualquer contexto urbano, pois a intenção é acessar localizações inseridas em circuitos com alta mercantilização das terras urbanas. A cota de solidariedade foi adotada no recente Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo sancionado em 2014. Foi inspirada em um instrumento denominado como inclusionary housing aplicado desde a década de 1980 na cidade de Nova
Uma das principais bases para o poder público realizar o planejamento e a gestão urbana é o cadastro imobiliário e a planta genérica de valores. Na maior parte dos municípios brasileiros, essas bases encontramse incompletas e desatualizadas. York. Com a aplicação desse instrumento, grandes empreendimentos imobiliários, previstos para ser implantados em lotes ou glebas maiores e com alta metragem de área construída, ficam obrigados a destinar um percentual das unidades imobiliárias ou dessa área construída para a provisão habitacional de interesse social. No Município de São Paulo, abriu-se a possibilidade desse percentual ser convertido em terrenos ou glebas desocupadas que devem ser doadas para a prefeitura. Caso o investidor não queira destinar parte das unidades imobiliárias produzidas ou da área construída do empreendimento para provisão habitacional de interesse social, tampouco tenha interesse em doar terreno ou gleba desocupada para o poder público, pode pagar em dinheiro. Esse recurso financeiro deve ser obrigatoriamente utilizado para aquela provisão habitacional. A aplicação do parcelamento, edificação e utilização compulsória, IPTU progressivo no tempo e desapropriação mediante pagamentos em títulos da dívida pública também pode ajudar a prefeitura a acessar lotes ou glebas, bem como edificações,
que se encontram ociosos, não edificados, não utilizados ou subutilizados. Uma vez notificado em relação à aplicação daqueles instrumentos de política urbana, os proprietários desses imóveis ociosos podem propor a realização de consócio imobiliário para a prefeitura. A realização desse consórcio imobiliário pode viabilizar o acesso àqueles imóveis ociosos por parte da prefeitura em prazos mais curtos. Esses imóveis podem ser aproveitados para a realização de empreendimentos habitacionais de interesse social.
O problema da terra A promoção do desenvolvimento urbano com provisão adequada de habitações de interesse social depende largamente do acesso a terras urbanas por parte da prefeitura. De maneira geral, esse acesso está bloqueado porque, a décadas, essas prefeituras deixaram de lado as políticas de formação de banco de terras. Esse bloqueio se torna mais sólido quando as prefeituras possuem poucos recursos financeiros e os preços dos imóveis urbanos ficam cada vez mais altos. Os instrumentos de política urbana mencionados anteriormente, bem como parcerias público-privadas formatadas com base no interesse público e social, podem ajudar a superar ou pelo menos contornar esses bloqueios. Depende das capacidades técnicas e institucionais das prefeituras. Depende, principalmente, dos compromissos políticos com uma agenda de desenvolvimento urbano e de provisão habitacional enraizada na busca incessante por melhorias nas condições de vida das pessoas e no bem-estar social. * Arquiteto urbanista, mestre em estruturas urbanas e ambientais pela FAU-USP e doutor em demografia pelo Nepo-Unicamp. É professor do curso de pós-graduação em direito imobiliário da FGV Direito SP, do curso de graduação em arquitetura e urbanismo e do mestrado profissional em projeto, produção e gestão do espaço urbano do FIAM FAAM Centro Universitário.
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CONJUNTURA
PESSIMISMO CRESCE Sondagem da Construção mostrou que a avaliação do desempenho das empresas atingiu o pior resultado desde agosto de 1999; o emprego com carteira na construção registrou sua 17ª retração consecutiva Ana Maria Castelo e Robson Gonçalves
A cada pesquisa realizada com os empresários da construção, o pessimismo sobe alguns degraus. A última Sondagem da Construção realizada pelo SindusCon-SP em agosto mostrou que a avaliação do desempenho das empresas piorou significativamente na comparação com a pesquisa realizada há 12 meses e alcançou novo piso da série iniciada em agosto de 1999. Ou seja, os empresários da construção estão mais pessimistas do que estavam naquele ano. A percepção de desempenho é um indicador síntese que acompanha alguns quesitos relacionados ao nível corrente da atividade (emprego, volume de negócios e faturamento), assim como à situação da empresa (rentabilidade e concorrência). Todos os componentes retratam uma situação bastante negativa para as empresas, mas tem sido o emprego o que tem registrado os piores desempenhos a cada trimestre. Por ser uma atividade intensiva em mão obra, o mercado de trabalho reflete rapidamente e de forma intensa o declínio setorial. O encarecimento do crédito é outro grande problema para as empresas que assinalaram aumento nas dificuldades financeiras – o quesito se mantém próximo do recorde da série alcançado no trimestre anterior. As perspectivas de desempenho
O IBGE também mostra um cenário crítico para o emprego na construção: no trimestre findo em junho, o número de ocupados alcançou 7,137 milhões, o que representou redução de 673 mil vagas na comparação com o mesmo trimestre do ano passado. também seguiram se deteriorando revelando um pessimismo grande dos empresários em relação à retomada do crescimento. De fato, as notícias de novos cortes nos investimentos públicos se somam à queda nas vendas no mercado imobiliário e ao adiamento dos investimentos das empresas, contribuindo para aumentar a percepção negativa em relação à evolução da atividade setorial nos próximos meses. Esse pessimismo é agravado pela avaliação ainda mais negativa do empresário da construção em relação ao cenário econômico. Por fim, o único indicador a ter evolução favorável foi o que capta a percepção em relação
aos custos setoriais. O indicador melhorou significativamente, refletindo a evolução dos custos, especialmente, no que diz respeito aos custos com materiais, que têm se mantido abaixo da inflação. Muita coisa mudou no cenário setorial nesses últimos 16 anos. O crédito habitacional multiplicou-se por 10, já descontada a inflação do período, atingindo em julho de 2015 quase 10% do PIB. A produção formalizou-se de modo importante – as empresas passaram a responder por mais de 60% do PIB setorial - e o emprego com carteira cresceu, alcançando um total de mais 3 milhões de trabalhadores. No entanto, os números do IBGE para o segundo trimestre de 2015 confirmaram uma guinada brusca, mostrando retração severa no PIB do setor da construção. A queda de 8,2% foi o pior resultado para esse indicador desde o final de 2003 e configura a quinta retração consecutiva na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior. Ou seja, desde o segundo trimestre de 2014, o PIB setorial passou a ser menor que o do ano anterior. Na verdade, a perda de dinamismo já podia ser percebida desde o segundo trimestre de 2013, quando o setor alcançou seu melhor resultado. Desde então a atividade da cons-
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EFEITOS DA CRISE NO PIB DA CONSTRUÇÃO PIB Brasil
Construção Brasil
Construção São Paulo
Redução de postos de trabalho na cadeia da construção (12 meses até julho - em mil)
0
-1,9
-2
-2,6
-2,1
-4
-5,5
-6
-8
Tri/Tri anterior Tri/tri ano anterior
-7,1 -8,4 -8,2
-10
Acumulado ano Fonte: IBGE, Fundação Seade
trução encolheu 13%. A desaceleração se acentuou por conta do arrefecimento do mercado imobiliário e das dificuldades persistentes para fazer decolar os investimentos em infraestrutura. Por fim, a retração severa veio com a paralisação e postergação do cronograma das obras públicas e do Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV) e com a maior dificuldade na obtenção do crédito por parte das famílias e das empresas, quadro que foi se tornando claro ao longo de 2015. De fato, a grave crise fiscal compromete a capacidade do setor público de realizar investimentos. Assim, nem o lançamento do PMCMV fase 3 deve alterar os ânimos setoriais. Antes de iniciar as contratações de uma nova fase, o governo terá que encerrar o pagamento das contratações já realizadas, o que só deverá ocorrer em 2016. Para os empresários, o cenário se torna mais difícil ante as incertezas nos cenários político e econômico. Esse quadro se agravou com a perda do grau de investimento determinado pela S&P, fato que tende a
-7,6 -8,8
-9,3 -9,3 Total da -9,7 Construção -15,6 -21,9 414,2 -33,4 mil -35,7 -47,3 -93,9 -194,6
Comércio de materiais Obras de acambamento Outros serviços Preparação de terrenos Incorporação de imóveis Obras de instalação Serviços de engenharia Indústria de materiais Infraestrutura Imobiliário
Fonte: Caged, SindusCon-SP/FGV
dificultar e encarecer a captação de recursos em um momento em que o setor depende cada vez mais de fontes privadas de financiamento. O governo reagiu ao rebaixamento com o anúncio de um pacote de cortes de gastos cujos impactos sobre a construção ainda não estão claros. A piora do rating do País não afetará as projeções de curto prazo, mas os números recentes do IBGE contribuíram para a revisão das expectativas setoriais para o ano que passaram para uma retração de 7% no PIB e de 11% no estoque de empregados com carteira.
Mercado de trabalho O fechamento de postos de trabalho vem se acentuando nos últimos meses, indicando o aprofundamento da crise setorial. A pesquisa SindusCon-SP/FGV, realizada a partir do Caged, mostrou que em julho o emprego com carteira na construção registrou sua 17ª retração consecutiva na comparação dessazonalizada com o mês anterior. Em julho, as empresas da construção empregaram 3,134 milhões de trabalhadores com carteira o
que, na comparação com julho de 2014, representa queda de 11,67%. Ou seja, desde aquele mês o setor perdeu 414,2 mil postos. Vale notar que, nessa mesma comparação, o País perdeu 778,7 mil empregos com carteira considerando todas as atividades. A construção foi a atividade com o segundo maior saldo líquido negativo. O pior resultado foi o da indústria de transformação, com a redução de 427,8 mil empregos. Somando-se os números da indústria de materiais de construção, que registrou retração de 47,3 mil empregos nessa comparação 12 meses, e do comércio de materiais de construção, com queda de 9,2 mil, a cadeia da construção acumulou redução de 471 mil postos de trabalho nos últimos 12 meses. Os números da PNAD contínua do IBGE também mostram um cenário crítico para a ocupação no setor em todo País. No trimestre findo em junho, o número de ocupados na construção alcançou 7,137 milhões, o que representou redução de 673 mil vagas na comparação com o mesmo trimestre do ano passado.
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INDICADORES
CUSTOS SETORIAIS E INFLAÇÃO Em agosto, o IPCA registrou alta acumulada em 12 meses de 9,53%, pressionado especialmente pelos preços administrados. O resultado previsto para o ano deverá situar-se um pouco abaixo desse patamar, o que representará uma aceleração expressiva na comparação com a taxa acumulada de 6,41% em 2014. Por sua vez, os custos setoriais mantêm tendência de menor elevação na comparação com a inflação, assim como em relação ao resultado alcançado em 2014. O INCC-M alcançou em agosto alta de 7,12% em 12 meses. No mesmo período do ano passado, o indicador havia subido 7,09%. A principal contribuição para a alta mais comedida dos preços setoriais vem da cesta de materiais e equipamentos, que registra aumento em 12 meses de 5,99%. No mesmo período do ano passado, o aumento foi 6,71%. Itens com participação elevada como aço, cimento e concreto registram taxas acumuladas de -0,80%, 3,98% e 1,49%, respectivamente. O componente mão de obra continua a responder pela maior pressão sobre os custos – registra taxa acumulada em 12 meses de 8,20% ante 7,93% no ano passado. Ou seja, a despeito da retração forte no mercado de trabalho, a inflação elevada pressiona os acordos. De todo modo, como parte expressiva deles foram realizados no primeiro semestre, quando a inflação registrava taxas menores, o resultado em 12 meses do componente mão de obra está abaixo da inflação. Entre as capitais que compõem o INCC, apenas Recife ainda tem acordo para ser realizado em 2015.
Materiais de construção – consumo e produção
22
Mercado imobiliário
23
Investimentos em habitação
24
Rentabilidade do mercado brasileiro de imóveis comerciais
25
Custo da construção residencial no Estado de São Paulo
26
Preços de materiais de construção no Estado de São Paulo
27
Emprego da construção nos Estados
28
Emprego da construção nos Estados
29
Emprego da construção brasileira por segmento
30
Emprego da construção paulista por segmento
31
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MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO – CONSUMO E PRODUÇÃO No primeiro semestre de 2015, a produção e o consumo aparente de vergalhões diminuíram respectivamente 15,16% e 10,84% na comparação com o mesmo período de 2014. A Produção Brasileira de Materiais de Construção caiu 10,08% até julho em relação ao mesmo período do ano anterior.
CONSUMO DE CIMENTO ANUAL – BRASIL
CONSUMO DE CIMENTO ANUAL – SÃO PAULO
mil toneladas
mil toneladas
80.000
20.000
70.000
71.703 15.472
15.000
60.000 50.000
10.000
40.000 30.000
5.000 16.440
20.000
3.552
10.000
0 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Fonte: SNIC
2011
2012 2013 2014 2015*
* dados referentes ao período de janeiro a março.
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Fonte: SNIC
VERGALHÃO BRASIL
2011
2012
2013
2014 2015*
* * dados desde março de 2014 são estimativas
PRODUÇÃO MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO – BRASIL
mil toneladas
Por mês - Média 2012 = 100
5.000
115 Produção Produção
4.000
Consumo Consumo
4.252 4.238
108
109,30
101
3.000
94 2.000
1.903
85,50
87
1.898
1.000
80 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Fonte: MDIC-SECEX / Aço Brasil
2011
out/12 dez/12 mar/13 jun/13 set/13 dez/13 mar/14 jun/14 set/14 dez/14 mar/15
2012 2013 2014 2015*
* dados referentes ao 1º semestre
Fonte: IBGE
Consumo de cimento Brasil
Mil t
2014 Abr* Mai* Jun* Jul* Ago* Set* Out* Nov Dez 2015 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul
5.784 6.147 5.505 6.257 6.337 6.462 6.636 5.886 5.251 5.643 4.918 5.878
No mês 1,1 6,3 -10,5 13,7 1,3 2,0 2,7 -11,3 -10,8 7,5 -12,8 19,5
Vergalhões ‑ Brasil São Paulo
Variação (%) Período
jul/15
Produção
Variação (%)
Consumo aparente
Variação (%)
Variação (%)
No ano
Mil t
No mês
No ano
Mil t
No mês
No ano
Mil t
No mês
No ano
3,8 3,2 2,4 1,8 1,2 1,4 1,3 0,9 1,0 -18,1 -7,9 -38,1
1.286 1.361 1.190 1.364 1.419 1.400 1.405 1.245 1.091 1.156 1.066 1.330
-0,9 5,9 -12,6 14,6 4,0 -1,4 0,4 -11,4 -12,4 6,0 -7,8 24,8
3,7 3,9 2,9 2,7 2,3 2,5 2,6 2,5 2,5 -11,8 -0,7 -35,4
393 381 343 338 355 374 376 355 213 322 331 329 339 323 259
-1,2 -3,1 -9,9 -1,7 5,1 5,4 0,5 -5,4 -40,1 51,2 3,0 -0,8 3,2 -4,7 -19,9
4,7 2,5 0,4 -1,3 -2,5 -2,9 -3,2 -4,1 -5,4 -12,0 -10,2 -12,8 -13,0 -13,5 -15,2
328 384 320 370 383 356 389 338 273 324 273 358 320 290 334
-8,8 17,0 -16,6 15,4 3,4 -7,0 9,4 -13,0 -19,2 18,3 -15,6 31,1 -10,7 -9,4 15,1
0,8 0,0 -0,8 -1,4 -2,0 -3,1 -3,3 -4,3 -4,2 -10,8 -18,9 -12,8 -10,5 -13,5 -10,8
Produção brasileira de materiais de construção (índice: média de 2002 = 100)
93,90 97,80 88,20 97,90 101,00 100,70 104,30 95,40 81,00 84,00 82,00 92,50 83,90 84,30 80,90 85,50
Fonte: SNIC, IABr e IBGE. * Dados para consumo de cimento são preliminares.
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MERCADO IMOBILIÁRIO Os lançamentos no mercado imobiliário da cidade de São Paulo registraram retração de 15% até julho na comparação com o mesmo período do ano passado. Na Região Metropolitana de São Paulo (excluindo a capital) houve crescimento de 22,3%.
VELOCIDADE DE VENDAS
LANÇAMENTOS
em % – média anual
unidades 60.000
25 São Paulo
RMSP
Belo Horizonte
40.000
15 Porto Alegre
31.778
30.000
10
8,9 7,7 7,4
5
9,2 6,7
20.000
4,8
10.000
19.173 10.478 9.574
0
0 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015*
Fonte: CBIC
Município de São Paulo
50.000
20
**dados de Belo Horizonte e Porto Alegre até junho, São Paulo até maio
2.000
* dados até julho
INVESTIMENTO EM HABITAÇÃO CDHU
UNIDADES HABITACIONAIS
R$ mil
São Paulo 80.000
Investimentos* Repasses a CDHU**
1.500
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015* Fonte: Embraesp
Entregues no ano
60.000 50.000
1.026
1.000
Em andamento
70.000
1.515
40.000
31.332
30.000
634
500
30.510
20.000
10.897
10.000
353
0
1.317
0 2005
2006
2007
Fonte: Secretaria da Fazenda SP e CDHU
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015*
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015* Fonte: CDHU
* dados até junho
Velocidade de venda (%)
2014 Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 2015 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul
Belo Horizonte Porto Alegre São Paulo
4,5 8,3 7,0 4,8 10,5 5,0 6,8 17,4 2,9 8,7 3,5 8,4 9,2 2,7 7,9
12,8 7,0 6,5 6,4 9,7 6,9 6,5 6,8 16,0 5,3 4,1 19,7 10,4 8,2 7,7
ICMS no Estado de São Paulo
Lançamentos Município de São Paulo
Período
* unidades entregues no ano até junho e unidades em andamento em junho
9,8 9,4 4,8 3,4 7,7 11,1 3,9 10,1 10,7 2,7 2,7 4,4 7,2 7,1
RMSP
Unidades habitacionais
No mês Em 12 meses Unidades
Repasses à Investi‑ Em andamento CDHU mentos Entregues no (média No mês Em 12 meses (R$ milhões) (R$ milhões) ano do ano)
-7,7 13,7 -10,0 -59,7 117,4 90,0 -41,9 169,7 -25,8 -88,3 59,7 -11,4 291,1 -20,5 -15,3 -59,5
-27,1 45,9 77,0 -70,2 64,8 51,1 30,8 12,6 6,0 -94,3 89,9 431,7 -20,3 56,3 34,7 -61,8
Variação (%) Unidades
CDHU
2.358 2.681 2.413 973 2.115 4.018 2.336 6.301 4.675 546 872 773 3.023 2.403 2.036 825
2,9 3,4 -7,0 -7,4 -11,9 -6,4 -9,9 -6,3 -4,3 -3,2 -0,7 -5,4 -2,2 -4,1 -1,7 -0,7
Variação (%)
987 1.440 2.549 759 1.251 1.890 2.472 2.783 2.950 168 319 1.696 1.351 2.111 2.844 1.085
-17,8 -16,7 -20,3 -13,8 -12,6 -18,2 -27,1 -30,7 -23,1 -22,7 -22,2 -21,1 -18,2 -15,4 -13,8 -12,8
88 78 58 99 133 58 117 58 53 45 45 107 45 45 65
97 149 95 147 176 97 169 94 117 82 94 153 91 113 101
544 657 1.439 1.247 862 713 363 867 3.594 180 171 16 348 602
34.467 37.066 35.811 35.994 34.707 34.155 33.981 33.117 31.332 31.283 31.283 31.160 31.542 31.194 30.510
Fonte: Secovi-SP, Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, CDHU e Bacen/Decad
SETEMBRO 2015 - CONJUNTURA DA CONSTRUÇÃO
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23
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INVESTIMENTOS EM HABITAÇÃO Em julho de 2015, o saldo total da carteira de crédito com recursos direcionados para financiamento imobiliário somou R$ 547 bilhões, o que representou 9,59% do PIB do País. As concessões de créditos para financiamentos imobiliários caíram 2,5% nos últimos 12 meses em relação aos 12 meses anteriores.
CARTEIRA DE CRÉDITO
FINANCIAMENTO IMOBILIÁRIO
R$ milhões
% do PIB
3.500
60%
3.000
50%
2.500
40%
2.000
10% 8% 6%
30%
1.500
20%
1.000
10%
500 0 dez/2007 dez/2008 dez/2009 dez/2010 Saldo Total
Fonte: Banco Central
dez/2011
dez/2012
dez/2013
0% dez/2014
4% 2% 0% dez/2007 dez/2008 dez/2009 dez/2010 dez/2011 Pessoa Física
% do PIB
dez/2012 dez/2013 dez/2014
Pessoa Jurídica
Fonte: Banco Central
CONCESSÕES DE CRÉDITO Financiamento Imobiliário - R$ milhões 15,0 12,0 9,0 6,0 3,0 0
dez/2011
dez/2012
dez/2013
Fonte: Banco Central
Pessoa Jurídica
dez/2014
Pessoa Física
SBPE mês a mês Saldo Total da Carteira de Crédito
Período
(R$) milhões
% do PIB
Saldo Total de Financiamento Imobiliário Total - R$ (milhões)
% do Crédito Total
Saldo de Financiamento Imobiliário Pessoa Jurídica % do PIB
% do Crédito Imobiliário
Saldo de Financiamento Imobiliário Pessoa Física % do PIB
% do Crédito Imobiliário
Concessões de crédito com recursos direcionados Financiamento Imobiliário
Total
Pessoa Jurídica
Pessoa Física
2014 Jul Ago Set Out Nov Dez
2.830.844 2.857.674 2.896.570 2.919.447 2.956.599 3.017.456
52,66% 52,90% 53,26% 53,41% 53,83% 54,65%
452.424 461.755 468.682 478.901 487.877 497.848
15,98% 16,16% 16,18% 16,40% 16,50% 16,50%
1,15% 1,16% 1,17% 1,18% 1,19% 1,20%
13,64% 13,58% 13,53% 13,45% 13,35% 13,30%
7,27% 7,39% 7,45% 7,58% 7,70% 7,82%
86,36% 86,42% 86,47% 86,55% 86,65% 86,70%
14.529 13.719 14.971 15.541 14.178 16.387
2.488 2.341 2.728 2.944 3.096 4.010
12.041 11.378 12.243 12.597 11.082 12.377
2015 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul
3.012.721 3.024.316 3.060.731 3.061.492 3.082.530 3.100.215 3.110.762
54,36% 54,39% 54,59% 54,35% 54,52% 54,61% 54,53%
505.986 512.101 519.553 528.421 534.231 540.398 547.012
16,79% 16,93% 16,97% 17,26% 17,33% 17,43% 17,58%
1,20% 1,21% 1,21% 1,21% 1,21% 1,22% 1,23%
13,11% 13,15% 13,01% 12,87% 12,84% 12,85% 12,85%
7,93% 8,00% 8,06% 8,17% 8,24% 8,30% 8,36%
86,89% 86,85% 86,99% 87,13% 87,16% 87,15% 87,15%
15.030 10.702 13.573 13.761 10.400 11.191 10.837
3.225 2.198 1.994 1.863 1.922 2.359 1.966
11.805 8.504 11.579 11.898 8.478 8.832 8.871
Fonte: Bacen/Decad, CBIC
24
CONJUNTURA DA CONSTRUÇÃO – SETEMBRO 2015
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RENTABILIDADE DO MERCADO BRASILEIRO O IGMI-C é um índice de rentabilidade do mercado brasileiro de imóveis comerciais cujo objetivo é retratar a evolução da valorização dos preços e dos rendimentos do segmento de imóveis comerciais em todo o Brasil.
Índice geral do mercado imobiliário brasileiro ‑ Comercial Total
Capital
Variação (%) Índice (base 1°tri/ 2000 = 100)
No trimestre
No ano
2004 2 3 4
208,50 213,52 218,62
3,56 2,41 2,39
7,90 10,50 13,14
2005 1 2
223,55 231,19
2,26 3,42
3 4
239,23 245,11
2006 1 2
Renda
Variação (%) Em 12 meses
Índice (base 1°tri/ 2000 = 100)
No trimestre
No ano
15,58 14,26 13,14
146,19 147,39 148,83
1,29 0,82 0,97
3,81 4,67 5,69
2,26 5,75
11,04 10,89
150,47 152,25
1,10 1,18
3,47 2,46
9,43 12,12
12,04 12,12
154,86 156,79
254,73 266,87
3,93 4,76
3,93 8,88
13,95 15,43
3 4
275,79 285,60
3,34 3,56
12,52 16,52
2007 1 2
297,88 311,55
4,30 4,59
3 4
326,45 343,62
2008 1 2
Variação (%) Em 12 meses
Índice (base 1°tri/ 2000 = 100)
No trimestre
No ano
Em 12 meses
7,72 6,72 5,69
143,74 146,02 148,09
2,27 1,58 1,42
4,01 5,66 7,15
7,43 7,18 7,15
1,10 2,30
4,26 4,14
149,79 153,15
1,15 2,24
1,15 3,42
6,58 6,54
1,72 1,25
4,06 5,35
5,07 5,35
155,84 157,72
1,76 1,21
5,23 6,51
6,72 6,51
160,96 164,89
2,66 2,44
2,66 5,16
6,97 8,30
159,73 163,44
1,27 2,32
1,27 3,62
6,63 6,72
15,28 16,52
167,59 169,81
1,64 1,33
6,88 8,30
8,22 8,30
166,22 169,93
1,70 2,23
5,39 7,74
6,66 7,74
4,30 9,08
16,94 16,74
174,82 178,45
2,95 2,07
2,95 5,09
8,61 8,22
172,22 176,55
1,35 2,52
1,35 3,90
7,82 8,03
4,79 5,26
14,30 20,32
18,37 20,32
183,11 187,88
2,61 2,61
7,83 10,64
9,26 10,64
180,39 185,18
2,17 2,65
6,15 8,97
8,52 8,97
371,69 394,70
8,17 6,19
8,17 14,86
24,78 26,69
196,61 202,37
4,64 2,93
4,64 7,71
12,46 13,41
191,70 197,94
3,52 3,25
3,52 6,89
11,31 12,11
3 4
416,59 443,58
5,55 6,48
21,23 29,09
27,61 29,09
206,91 212,69
2,24 2,79
10,13 13,20
13,00 13,20
204,49 212,02
3,31 3,69
10,43 14,50
13,36 14,50
2009 1 2
481,10 513,30
8,46 6,69
8,46 15,72
29,43 30,05
223,33 230,70
5,00 3,30
5,00 8,47
13,59 14,00
219,35 226,79
3,46 3,39
3,46 6,96
14,42 14,57
3 4
538,21 568,49
4,85 5,63
21,33 28,16
29,19 28,16
234,83 240,13
1,79 2,26
10,41 12,90
13,49 12,90
233,74 241,61
3,06 3,37
10,24 13,95
14,31 13,95
2010 1 2
605,38 640,38
6,49 5,78
6,49 12,65
25,83 24,76
248,30 254,97
3,40 2,69
3,40 6,18
11,18 10,52
249,07 256,78
3,09 3,09
3,09 6,28
13,55 13,22
3 4
675,01 713,45
5,41 5,69
18,74 25,50
25,42 25,50
260,87 265,93
2,31 1,94
8,64 10,74
11,09 10,74
264,72 274,66
3,09 3,75
9,57 13,68
13,26 13,68
1 2
748,68 780,81
4,94 4,29
4,94 9,44
23,67 21,93
270,61 274,53
1,76 1,45
1,76 3,24
8,99 7,67
283,39 291,45
3,18 2,84
3,18 6,11
13,78 13,50
3 4
809,99 842,12
3,74 3,97
13,53 18,04
20,00 18,04
277,18 280,71
0,96 1,27
4,23 5,56
6,25 5,56
299,53 307,60
2,77 2,69
9,05 11,99
13,15 11,99
2012 1 2
878,79 910,98
4,35 3,66
4,35 8,18
17,38 16,67
285,25 288,71
1,62 1,21
1,62 2,85
5,41 5,16
316,02 323,76
2,74 2,45
2,74 5,25
11,51 11,09
3 4
946,61 991,02
3,91 4,69
12,41 17,68
16,87 17,68
293,00 298,92
1,49 2,02
4,38 6,49
5,71 6,49
331,60 340,46
2,42 2,67
7,80 10,68
10,71 10,68
2013 1 2
1.037,18 1.081,88
4,66 4,31
4,66 9,17
18,02 18,76
305,38 311,69
2,16 2,07
2,16 4,27
7,06 7,96
348,97 356,80
2,50 2,24
2,50 4,80
10,43 10,20
3 4
1.126,83 1.171,54
4,15 3,97
13,70 18,22
19,04 18,22
317,48 322,32
1,86 1,52
6,21 7,83
8,35 7,83
365,00 373,91
2,30 2,44
7,21 9,83
10,07 9,83
2014 1 2
1.214,21 1.257,80
3,64 3,59
3,64 7,36
17,07 16,26
326,12 330,70
1,18 1,40
1,18 2,60
6,79 6,10
383,12 391,50
2,46 2,19
2,46 4,70
9,79 9,73
3 4
1.299,91 1.338,26
3,35 2,95
10,96 14,23
15,36 14,23
334,38 336,69
1,11 0,69
3,74 4,46
5,32 4,46
400,25 409,29
2,23 2,26
7,04 9,46
9,66 9,46
2015 1 2
1.379,80 1.420,16
3,10 2,93
3,10 6,12
13,64 12,91
339,41 341,73
0,81 0,68
0,81 1,50
4,07 3,33
418,68 428,07
2,29 2,24
2,29 4,59
9,28 9,34
Período
2011
O IGMI-C é um índice de rentabilidade do mercado brasileiro de imóveis comerciais, cujo objetivo é retratar a evolução da valorização dos preços e dos rendimentos do segmento de imóveis comerciais em todo o Brasil. Fonte: FGV
SETEMBRO 2015 - CONJUNTURA DA CONSTRUÇÃO
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25
26/09/15 16:22
CUSTO DA CONSTRUÇÃO RESIDENCIAL NO ESTADO DE SÃO PAULO O Custo Unitário Básico (CUB) representa o custo por metro quadrado de construção residencial do projeto-padrão R8-N, calculado de acordo com NBR 12721/2006.
Custo da construção residencial no Estado de São Paulo ‑ Padrão R8‑N Índice (Base Fev/ 07 = 100)
No mês
No ano
Mai
143,34
3,28
4,31
Jun
145,82
1,73
Jul
146,52
Ago
146,72
Set Out
Período
2012
2013
2014
2015
Global Variação (%)
Mão‑de‑obra Variação (%)
Em 12 meses
Índice (base Fev/ 07 = 100)
No mês
No ano
6,04
158,01
5,21
6,10
6,11
6,54
162,44
2,81
0,48
6,62
6,99
163,33
0,14
6,77
7,06
163,33
146,83
0,07
6,85
7,00
163,26
147,12
0,20
7,06
7,15
163,44
Material Variação (%)
Em 12 meses
Índice (base Fev/ 07 = 100)
No mês
No ano
8,49
127,25
0,80
2,05
2,97
9,07
9,49
127,45
0,16
2,21
2,60
0,55
9,67
10,02
128,00
0,43
2,65
2,98
0,00
9,67
10,02
128,43
0,34
3,00
3,26
-0,04
9,62
9,83
128,74
0,24
3,25
3,35
0,11
9,74
9,95
128,16
-0,45
2,78
2,75
Em 12 meses
Nov
147,39
0,18
7,26
7,27
163,90
0,28
10,05
10,12
129,20
0,81
3,62
3,57
Dez
147,44
0,03
7,29
7,29
163,90
0,00
10,05
10,05
129,31
0,09
3,71
3,71
Jan
147,43
-0,01
-0,01
7,18
163,90
0,00
0,00
9,98
129,29
-0,02
-0,02
3,54
Fev
147,42
0,00
-0,01
6,80
163,90
0,00
0,00
9,54
129,27
-0,02
-0,03
3,20
Mar
147,77
0,24
0,23
6,63
164,36
0,28
0,28
9,44
129,52
0,19
0,16
2,94
Abr
148,03
0,18
0,40
6,66
164,52
0,10
0,38
9,55
129,91
0,30
0,46
2,91
Mai
154,60
4,44
4,86
7,86
176,53
7,30
7,71
11,72
130,39
0,37
0,84
2,47
Jun
156,76
1,39
6,32
7,50
180,00
1,97
9,82
10,81
130,82
0,33
1,17
2,64
Jul
157,25
0,32
6,66
7,33
180,72
0,40
10,26
10,65
131,11
0,22
1,39
2,43
Ago
157,51
0,16
6,83
7,35
180,84
0,07
10,34
10,72
131,51
0,31
1,70
2,40
Set
157,70
0,12
6,96
7,40
180,95
0,06
10,40
10,84
131,78
0,21
1,91
2,36
Out
157,97
0,17
7,14
7,37
181,07
0,07
10,48
10,79
132,21
0,33
2,24
3,16
Nov
158,12
0,09
7,24
7,28
181,07
0,00
10,48
10,48
132,53
0,24
2,49
2,58
Dez
158,21
0,06
7,30
7,30
181,23
0,09
10,57
10,57
132,56
0,02
2,51
2,51
Jan
158,28
0,05
0,05
7,36
181,28
0,03
0,03
10,60
132,61
0,04
0,04
2,57
Fev
158,65
0,23
0,28
7,61
181,71
0,24
0,27
10,87
132,93
0,24
0,28
2,83
Mar
158,77
0,08
0,36
7,44
181,91
0,11
0,38
10,68
132,97
0,03
0,31
2,67
Abr
159,02
0,15
0,51
7,42
181,96
0,03
0,41
10,60
133,44
0,35
0,66
2,72
Mai
161,74
1,71
2,23
4,62
185,90
2,16
2,58
5,31
134,74
0,97
1,64
3,33
Jun
166,21
2,77
5,06
6,03
193,59
4,14
6,82
7,55
135,52
0,58
2,23
3,59
Jul
167,19
0,59
5,68
6,32
194,79
0,62
7,48
7,79
136,30
0,57
2,82
3,96
Ago
167,97
0,47
6,17
6,65
196,02
0,63
8,16
8,40
136,61
0,23
3,06
3,88
Set
167,99
0,01
6,18
6,52
196,02
0,00
8,16
8,33
136,50
-0,08
2,98
3,58
Out
168,19
0,12
6,31
6,48
196,43
0,21
8,39
8,48
136,39
-0,09
2,89
3,16
Nov
168,23
0,02
6,34
6,40
196,43
0,00
8,39
8,48
136,46
0,05
2,94
2,97
Dez
168,28
0,03
6,37
6,37
196,43
0,00
8,39
8,39
136,57
0,08
3,03
3,03
Jan
168,83
0,33
0,33
6,66
197,31
0,45
0,45
8,84
136,71
0,10
0,10
3,09
Fev
169,00
0,10
0,43
6,52
197,31
0,00
0,45
8,58
137,08
0,27
0,37
3,12
Mar
169,10
0,06
0,48
6,50
197,67
0,18
0,63
8,66
137,28
0,15
0,52
3,24
Abr
169,66
0,33
0,82
6,69
197,31
-0,18
0,45
8,43
138,48
0,88
1,40
3,78
Mai
173,41
2,21
3,05
7,21
204,17
3,48
3,94
9,83
138,80
0,23
1,63
3,01
Jun
175,52
1,22
4,30
5,60
208,16
1,95
5,97
7,53
138,91
0,08
1,71
2,50
Jul
176,00
0,27
4,59
5,27
209,06
0,43
6,43
7,33
138,91
0,00
1,71
1,91
Ago
175,94
-0,03
4,55
4,74
209,06
0,00
6,43
6,65
138,68
-0,17
1,54
1,51
(*) Valor referente ao último mês do período. Fonte: SindusCon‑SP/IBRE‑FGV
26 CONJUNTURA DA CONSTRUÇÃO
CC-set-2015.indd 26
– SETEMBRO 2015
26/09/15 16:22
PREÇOS DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO NO ESTADO DE SÃO PAULO* O CUB para obras sem desoneração registrou alta de 4,55% no ano até agosto. O custo dos materiais teve aumento de 1,54%, enquanto a mão de obra subiu 6,43% no mesmo período.
Agosto de 2015 – Ordem decrescente de variação percentual em 12 meses Variação (%) Material (*)
Unidade
Preço
Mês
milheiro
474,95
0,00
7,04
8,75
Índice
588,04
0,28
5,34
7,55
m
2
15,99
1,27
4,24
7,10
lata
169,18
0,46
4,79
6,18
Emulsão asfáltica c/elastômero p/imperm.
kg
7,25
0,00
4,47
5,07
Chapa compensado plastificado 18mm
m2
30,13
0,00
4,40
4,62
unidade
9,77
0,00
2,73
4,49
m2
55,54
0,00
4,10
3,70
Bloco de concreto 19x19x39cm
unidade
1,97
0,00
3,14
3,14
Registro de pressão cromado Ø=1,27cm
unidade
60,65
0,30
3,11
3,02
Areia média lavada
m3
67,78
0,19
2,28
2,74
Janela de correr 2 folhas 1,2x1,2 m
m2
265,46
1,59
2,75
2,59
Tubo PVC-R rígido p/ esgoto Ø 150 mm
m
23,69
0,00
2,02
2,51
saco
20,96
-0,10
1,85
2,49
Tubo de ferro galv. c/ costura Ø 2 1/2"
m
43,46
0,00
0,56
2,40
Placa de gesso p/ forro s/ colocação
m
2
10,65
0,00
2,01
2,01
unidade
89,32
-0,13
1,12
1,91
m
2
308,37
0,22
1,45
1,63
R$/m2
453,12
-0,17
1,54
1,51
unidade
63,38
0,49
1,31
1,49
m2
16,56
0,00
0,67
1,10
Bancada de pia de mármore 2x0,6x0,02cm
unidade
284,43
0,00
0,56
0,97
Fechadura, tráfego moderado acab. cromo
unidade
40,25
0,55
0,88
0,88
rolo
71,68
-0,42
0,60
0,83
unidade
169,98
-0,09
0,30
0,79
m3
73,29
-0,56
0,25
0,70
R$/mês
197,20
0,00
0,19
0,58
Concreto FCK=25 MPa
m3
248,94
-0,17
-0,51
-0,22
Aço CA-50 Ø 10 mm
kg
3,53
-1,40
-1,67
-3,29
Bloco cerâmico p/ alv vedação 9x19x19cm IGP-M -Agosto/2015 Telha ondulada fibrocimento 6 mm Tinta látex branca PVA
Alimentação tipo marmitex nº 8 Vidro liso transparente 4 mm c/ massa
Cimento CPE-32 saco 50kg
Porta lisa p/ pintura 3,5x70x210cm Esquadrias correr 4 folhas al. 2,0x1,4m CUB- Materiais Disjuntor tripolar 70 A Placa cerâmica (azulejo) 15x15cm 1ª linha PEI II
Fio cobre antichama isol. 750 V 2,5 mm2 Bacia sanit. branca c/ cx. acoplada 6 L Brita 2 Locação de betoneira elétrica 320 l
Ano
12 Meses
(*) Preços médios informados pelas construtoras Fonte: Secon/SindusCon‑SP
SETEMBRO 2015 - CONJUNTURA DA CONSTRUÇÃO
CC-set-2015.indd 27
27
26/09/15 16:22
EMPREGO DA CONSTRUÇÃO NOS ESTADOS Em julho de 2015 o setor da construção empregava 3,13 milhões de pessoas. No acumulado do ano até julho, o estado do Ceará foi o único a registrar crescimento no nível de emprego no setor em relação ao mesmo mês do ano anterior.
EMPREGO NA CONSTRUÇÃO CIVIL dezembro 3.500.000 Brasil
3.000.000
São Paulo
3.134.034
2.500.000 2.000.000 1.500.000 1.000.000
813.883
500.000 0
2007
2008
Fonte: SindusCon‑SP/FGV e MTE
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015*
*dados ref. a julho
ESTADOS QUE MAIS EMPREGAM NA REGIÃO NORDESTE
ESTADOS QUE MAIS EMPREGAM NA REGIÃO NORTE
dezembro
dezembro
250.000
140.000
187.500
105.000
Amazonas
Pará
Rondônia 110.120
172.583 123.496
125.000
70.000
113.072
Bahia 0
30.542
35.000
62.500
2007
2008
2009
Fonte: SindusCon‑SP/FGV e MTE
Pernambuco
2010
2011
2012
24.105
Ceará
2013
2014
0 2007
2015*
*dados ref. a julho
2008
2009
Fonte: SindusCon‑SP/FGV e MTE
Rondônia
Acre
Amazonas Roraima
2014 Abr
35.829
8.161
35.625
Mai
37.180
8.283
2011
2012
2013
2014
2015*
*dados ref. a julho
Região Norte
Período
2010
Região Nordeste
Pará
Amapá
Tocantins Maranhão
4.024
115.090
8.869
14.505
34.924
4.003
120.219
8.602
15.483
Rio Grande do Norte Paraíba
Pernambuco
Alagoas
Sergipe
173.628
37.264
36.205
207.821
54.478 169.689
36.354
36.306
207.022 203.778
Piauí
Ceará
60.255
40.506
109.814
53.715
53.778
60.326
40.804
111.133
52.843
Bahia
Jun
37.232
8.469
34.560
4.099
125.795
8.532
16.153
61.174
40.418
110.269
51.645
54.617
167.453
35.881
36.213
Jul
37.202
8.833
33.829
4.022 130.637
8.730
16.806
63.900
40.493
111.219
50.510
54.828 164.638
35.817
35.939
205.187
Ago
36.540
8.853
33.638
4.184
8.703
17.270
65.768
40.192
113.662
49.883
54.705 163.809
35.981
35.882
207.323
131.796
Set
34.906
8.714
33.940
4.127 134.035
8.601
17.172
67.230
39.034
115.956
51.194
163.561
36.199
35.507
209.587
Out
33.752
8.401
33.402
3.986
131.047
8.568
16.580
64.288
40.049
116.478
50.953
54.595 159.842
55.035
36.638
35.193
204.605 208.006
Nov
32.552
7.822
32.569
3.678
126.814
8.420
15.669
61.246
39.474
117.368
49.895
53.809
153.167
36.239
34.799
Dez
30.541
7.153
31.190
3.529
115.908
7.658
14.199
57.195
38.856
113.006
47.940
52.548
147.481
35.149
33.621
197.939
2015 Jan
29.921
6.799
30.952
3.483
114.093
7.314
14.057
55.677
38.340
111.898
47.868
52.209
142.793
34.729
33.629
195.304
Fev
27.393
6.609
30.737
3.439
112.705
7.023
14.085
53.983
37.941
112.488
47.126
51.247 139.480
34.527
33.334
191.199
Mar
27.158
6.384
30.624
3.400
111.678
6.706
13.936
52.964
37.306
111.654
46.670
50.618 136.889
34.557
33.284
189.024
Abr
26.138
6.377
30.000
3.283 109.298
6.512
13.580
51.628
36.410
111.028
46.150
49.528
132.388
34.683
33.021
185.971
Mai
25.638
6.313
29.859
3.055
109.156
6.224
13.739
52.983
35.461
111.530
45.315
48.572
129.213
34.187
32.754
181.030
Jun
24.570
6.394
30.374
2.774 108.043
6.240
13.797
55.011
34.450
112.537
44.311
47.509
126.873
33.412
32.536
175.977
Jul
24.105
6.387
30.542
2.607
6.309
13.565
56.548
33.622
113.072
43.692
46.315 123.496
33.524
32.558
172.583
110.120
Fonte: SindusCon‑SP/IBRE‑FGV e MTE
28 CONJUNTURA DA CONSTRUÇÃO
CC-set-2015.indd 28
– SETEMBRO 2015
26/09/15 16:22
EMPREGO DA CONSTRUÇÃO NOS ESTADOS A região Sudeste, que compreende 50,21% do total de empregados com carteira na construção, apresentou redução de 10,1% na comparação de julho de 2015 contra julho de 2014. A região Nordeste teve queda de 14,1% na mesma comparação.
ESTADOS QUE MAIS EMPREGAM NA REGIÃO SUDESTE dezembro 1.000.000
São Paulo
Minas Gerais
Rio de Janeiro
813.883
800.000 600.000 400.000
354.558 347.260
200.000 0
2007
Fonte: SindusCon‑SP/FGV e MTE
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015*
*dados ref. a julho
EMPREGO NA REGIÃO CENTRO‑OESTE
EMPREGO NA REGIÃO SUL
dezembro
dezembro 200.000
120.000 179.490
GO
DF
MT
MS
100.000 164.337 131.304
150.000
90.322 80.000 68.583 60.000
100.000
49.641 PR
RS
40.000
SC
31.194
50.000 2007
2008
Fonte: SindusCon‑SP/FGV e MTE
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015*
*dados ref. a julho
Minas Gerais
Espírito Santo
2007
2008
2009
Fonte: SindusCon‑SP/FGV e MTE
Região Sudeste
Período
20.000
2010
Região Sul
Rio de Janeiro
São Paulo
Paraná
Santa Catarina
2011
2012
2013
2014
2015*
*dados ref. a julho
Região Centro‑Oeste Rio Grande do Sul
Mato Grosso do Sul
Mato Grosso
Goiás
Distrito Federal
90.990
2014 Abr
409.598
71.972
384.198
898.008
185.503
135.471
182.705
40.731
56.452
105.203
Mai
411.237
71.367
384.891
891.703
189.224
135.997
181.614
39.964
57.173
107.620
89.361
Jun
410.357
71.344
383.768
886.578
188.365
136.089
180.261
39.561
57.313
108.607
86.684
Jul
410.716
70.857
381.551
886.872
188.556
136.618
179.270
39.889
57.542
108.633
85.100
Ago
409.941
71.114
382.644
884.037
188.666
137.480
178.276
40.746
57.285
108.695
84.072 83.449
Set
411.417
71.560
383.267
883.802
189.858
137.455
179.333
40.692
56.621
108.908
Out
409.920
70.302
381.412
876.535
187.967
136.741
178.460
38.150
56.172
107.279
81.373
Nov
399.764
69.344
377.685
867.523
186.319
135.559
177.953
36.215
53.678
103.030
79.127
Dez
377.233
65.986
371.376
838.899
178.593
130.221
172.135
33.196
47.508
93.791
75.843
2015 Jan
378.882
66.115
362.984
844.528
181.012
133.122
172.534
32.320
47.283
94.568
74.883
Fev
378.059
63.956
358.431
839.250
180.740
133.316
171.665
32.054
47.625
94.225
73.698
Mar
373.026
63.227
357.048
837.792
180.054
133.858
171.148
31.685
47.707
92.255
73.291
Abr
366.994
62.462
355.704
837.169
179.117
134.285
171.467
31.661
48.520
92.067
73.065
Mai
359.425
60.232
356.412
826.875
179.490
133.248
168.720
31.734
48.732
90.457
71.382
Jun
352.336
59.235
357.202
819.853
177.458
132.492
166.104
31.312
49.539
91.382
69.734
Jul
347.260
58.006
354.558
813.883
175.901
131.304
164.337
31.194
49.641
90.322
68.583
Fonte: SindusCon‑SP/IBRE‑FGV e MTE
SETEMBRO 2015 - CONJUNTURA DA CONSTRUÇÃO
CC-set-2015.indd 29
29
26/09/15 16:22
EMPREGO DA CONSTRUÇÃO BRASILEIRA POR SEGMENTO O segmento de Edificações, que representa 38% do emprego no setor da Construção, registrava retração de 14,1% em julho de 2015 em relação a julho de 2014. A maior variação aconteceu no segmento de Infraestrutura, que em julho de 2015 empregava 15,2% menos empregados do que em julho de 2014. EMPREGO NO BRASIL ‑ EDIFICAÇÕES
EMPREGO NO BRASIL ‑ INFRAESTRUTURA
dezembro
dezembro
1.262.138 971.980
1.365.162
1.364.108
1.364.830
1.287.147
493.022
1.189.693
593.296
575.328
539.275
598.833
549.125
522.066
431.740
1.063.160 366.677
825.673
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
Fonte: SindusCon-SP/IBRE-FGV e MTE *dados ref. a julho
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015*
Fonte: SindusCon-SP/IBRE-FGV e MTE *dados ref. a julho
EMPREGO NO BRASIL ‑ INCORPORAÇÃO DE IMÓVEIS
EMPREGO NO BRASIL ‑ ENGENHARIA E ARQUITETURA
dezembro
dezembro
269.836
275.661
288.707
285.895
277.528
282.716
261.962
222.403 196.815
200.852 158.941
155.757
2007
306.503
253.339
241.964
112.643
295.331
132.614
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015*
Fonte: SindusCon‑SP/IBRE-FGV e MTE *dados ref. a julho
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015*
Fonte: SindusCon-SP/IBRE-FGV e MTE *dados ref. a julho
Obras
Serviços
Preparação de terreno
Edificações
Infra‑ Estrutura
Obras de instalação
Obras de acabamento
Total
Incorporação de imóveis
Engenharia e Arquitetura
2014 Mar
142.408
1.395.322
605.134
445.569
183.990
2.772.423
298.229
299.205
Abr
143.498
1.394.711
610.147
441.501
185.329
2.775.186
299.227
298.937
182.570
780.734
3.555.920
Mai
145.111
1.391.577
615.973
438.816
185.981
2.777.458
299.573
297.779
182.990
780.342
3.557.800
Jun
145.115
1.383.236
615.552
436.109
185.826
2.765.838
299.691
297.477
182.209
779.377
3.545.215
Jul
146.530
1.384.331
615.965
435.458
186.171
2.768.455
299.430
297.704
182.605
779.739
3.548.194
Período
Outros serviços
181.016
Total
Total
778.450
3.550.873
Ago
147.471
1.384.690
615.217
435.468
186.533
2.769.379
299.874
297.972
183.920
781.766
3.551.145
Set
148.857
1.385.795
616.416
438.622
187.283
2.776.973
300.828
298.596
184.763
784.187
3.561.160
Out
147.960
1.371.750
603.480
433.479
187.271
2.743.940
298.334
296.174
184.240
778.748
3.522.688
Nov
144.872
1.350.171
585.728
431.012
185.705
2.697.488
297.405
291.033
181.798
770.236
3.467.724
Dez
137.937
1.287.147
549.125
417.909
179.651
2.571.769
288.707
282.716
175.502
746.925
3.318.694
2015 Jan
136.212
1.286.563
538.332
415.870
182.943
2.559.920
288.992
280.763
177.622
747.377
3.307.297
Fev
133.940
1.275.507
531.597
411.841
182.275
2.535.160
288.000
276.616
176.559
741.175
3.276.335
Mar
132.946
1.261.930
526.409
413.231
182.259
2.516.775
287.551
272.878
176.739
737.168
3.253.943 3.228.506
Abr
132.317
1.248.395
522.826
408.241
181.934
2.493.713
287.000
271.040
176.753
734.793
Mai
132.032
1.227.490
521.670
403.486
180.310
2.464.988
284.503
266.562
175.683
726.748
3.191.736
Jun
132.225
1.207.595
521.150
402.033
178.451
2.441.454
281.460
263.455
175.086
720.001
3.161.455
Jul
130.966
1.189.693
522.066
402.089
176.850
2.421.664
277.528
261.962
172.880
712.370
3.134.034
Fonte: SindusCon‑SP/IBRE‑FGV e MTE
30 CONJUNTURA DA CONSTRUÇÃO
CC-set-2015.indd 30
– SETEMBRO 2015
26/09/15 16:22
EMPREGO DA CONSTRUÇÃO PAULISTA POR SEGMENTO No Estado de São Paulo, o emprego na construção diminuiu 8,2% em julho na comparação com o mesmo mês do ano anterior. No período, o segmento de Edificações teve queda de 10,7% e o de infraestrutura de 9,8%.
EMPREGO EM SÃO PAULO ‑ EDIFICAÇÕES
EMPREGO EM SÃO PAULO ‑ INFRAESTRUTURA
dezembro
dezembro
296.904 273.210 237.929
290.800
273.859
250.800
260.150
250.258
208.783
109.024
113.214
2009
2010
125.668
121.739
116.648
108.307
106.476
2014
2015*
96.108 76.115
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015*
Fonte: SindusCon-SP/IBRE-FGV e MTE *dados ref. a julho
2007
2008
2011
2012
2013
Fonte: SindusCon-SP/IBRE-FGV e MTE *dados ref. a julho
EMPREGO EM SÃO PAULO ‑ INCORPORAÇÃO DE IMÓVEIS
EMPREGO EM SÃO PAULO ‑ ENGENHARIA E ARQUITETURA
dezembro
dezembro
68.754
72.855
71.527
72.026
73.331
71.613
2007
45.807
2008
2010
2011
2012
2013
2014
2015*
Fonte: SindusCon-SP/IBRE-FGV e MTE *dados ref. a julho
2007
2008
2009
Preparação de terreno
2012
91.733
78.818
86.070
2010
2013
2014
2015*
Fonte: SindusCon-SP/IBRE-FGV e MTE *dados ref. a julho
Obras Período
2011
95.368
50.651
51.855
2009
90.996
64.575
60.996 38.897
87.985
Serviços
Edificações
Infraes‑ trutura
Obras de instalação
Obras de acabamento
Total
Incorporação de imóveis
72.847
Engenharia e Arquitetura
273.210 250.80095.180
296.904 Outros serviços 290.800 Total
225.206
Total
40.843
284.023
119.375
147.674
77.637
669.552
Abr
41.100
285.302
119.298
147.448
78.579
671.727 208.783
73.501
95.083
57.697
226.281
Mai
40.833
282.189
118.930
145.671
78.578
666.201
73.663
94.224
57.615
225.502
891.703
Jun
40.283
279.992
118.784
143.769
78.140
660.968
73.682
94.601
57.327
225.610
886.578
237.929
57.179
273.859
2014 Mar
256.606 894.758257.506
898.008
Jul
40.228
280.108
118.058
144.467
78.427
661.288
73.521
94.617
57.446
225.584
886.872
Ago
40.034
278.341
117.858
143.615
77.898
657.746
73.694
94.937
57.660
226.291
884.037 883.802
Set
39.866
277.407
117.067
144.288
78.338
656.966
73.978
95.270
57.588
226.836
Out
39.843
274.533
115.660
142.434
78.583
651.053
73.523
94.479
57.480
225.482
876.535
Nov
39.239
270.807
114.406
142.102
77.686
2007 644.240
2008 2010 73.121 2009 93.490
2013 223.283
2014867.523 2015*
838.899
201156.672 2012
Dez
38.090
260.150
108.307
138.071
75.275
619.893
72.026
91.733
55.247
219.006
2015 Jan
38.096
262.310
107.728
139.342
76.988
624.464
72.139
91.084
56.841
220.064
844.528
Fev
37.916
260.315
106.619
139.170
76.592
620.612
72.105
89.874
56.659
218.638
839.250 837.792
Mar
37.801
259.197
106.845
139.185
76.086
619.114
72.278
89.501
56.899
218.678
Abr
37.970
260.414
106.595
136.455
76.411
617.845
72.664
88.992
57.668
219.324
837.169
Mai
37.534
257.506
106.701
132.561
74.930
609.232
72.355
87.776
57.512
217.643
826.875
Jun
37.246
254.351
106.642
131.567
74.402
604.208
71.998
86.576
57.071
215.645
819.853
Jul
36.828
250.258
106.476
132.648
73.390
599.600
71.613
86.070
56.600
214.283
813.883
Fonte: SindusCon‑SP/IBRE‑FGV e MTE SETEMBRO 2015 - CONJUNTURA DA CONSTRUÇÃO
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